2012/2013
Escola E.B 2,3 Dr. António Francisco Colaço Língua Portuguesa – 9º ano
Profs. Manuela Pereira 1º Período
Teste de Avaliação Formativa – 3-dezembro-2012
GRUPO I
TEXTO A
(50 Pontos)
1. Lê atentamente o seguinte excerto de um conto de Eça de Queirós. Começou por me dizer que o seu caso era simples – e que se chamava Mac ário… Devo contar que conheci este homem numa estalagem do Minho. Era alto e grosso: tinha uma calva larga, luzidia e lisa, com repas1 brancas que se lhe eriçavam em redor: e os seus olhos pretos, com pele em roda engelhada e amarelada, e olheiras papudas, tinham uma singular clareza e retidão – por trás dos seus óculos redondos com aros de tartaruga. Tinha a barba rapada, o queixo saliente e resoluto. Trazia uma gravata de cetim negro apertada por trás com uma fivela; um casaco comprido cor de pinhão, com as mangas estreitas e justas e canhões 2 de veludilho3. E pela longa abertura do seu colete de seda, onde reluzia um grilhão4 antigo – saíam as pregas moles de uma camisa bordada. […]
Disse-me ele que, sendo naturalmente linfático 5 e mesmo tímido, a sua vida tinha nesse tempo uma grande concentração. Um trabalho escrupuloso 6 e fiel, algumas raras merendas no campo, um apuro 7 saliente de fato e de roupas brancas, era todo o interesse da sua vida. A existência, nesse tempo, era caseira e apertada8. Uma grande simplicidade social aclarava os costumes: os espíritos eram mais ingénuos, os sentimentos menos complicados. Jantar alegremente numa horta, debaixo das parreiras, vendo correr a água das regas – chorar com os melodramas9 que rugiam entre os bastidores do Salitre10, alumiados a cera, eram contentamentos que bastavam à burguesia cautelosa. Além disso, os tempos eram confusos e revolucionários: e nada torna o homem recolhido, conchegado à lareira, simples e facilmente feliz – como a guerra. É a paz que, dando os vagares da imaginação, causa as impaciências do desejo. Macário, aos vinte e dois anos, ainda não tinha – como lhe dizia uma velha tia, que fora querida do desembargador Curvo Semedo, da Arcádia – “sentido Vénus11”. Mas por esse tempo veio morar para defronte do armazém dos Macários, para um terceiro andar, uma mulher de quarenta anos, vestida de luto, uma pele branca e baça, o busto bem feito e redondo e um aspeto desejável. Macário tinha a sua carteira 12 no primeiro andar por cima do armazém, ao pé de uma varanda, e dali viu uma manhã aquela mulher com o cabelo preto solto e anelado, um chambre 13 branco e braços nus, chegar-se a uma pequena janela de peitoril, a sacudir um vestido. Macário afirmou-se, e, sem 1
Repas – cabelo raro; farripas de cabelo;
2
Canhões – extremidade da manga;
3
Veludilho – veludo feito a partir do algodão;
4
Grilhão – forte corrente de metal; grosso cordão de ouro;
5
Linfático – pessoa calma, tranquila, que gosta de rotinas;
6
Escrupuloso – minucioso; cuidadoso; cuid adoso; meticuloso;
7
Apuro – esmero; cuidado; minúcia;
8
Apertada – controlada;
9
Melodrama – espetáculo teatral;
10
Salitre – referência ao Teatro do Salitre, que era o nome de um teatro de Lisboa que se situava na Rua do Salitre, este teatro foi demolido em 1879; 11
Vénus – na mitologia romana é a deusa de usa do Amor;
12
Carteira – secretária;
13
Chambre – corpete solto e leve para traje doméstico feminino; peça de vestuário;
mais intenção, dizia mentalmente que aquela mulher, aos vinte anos, devia ter sido uma pessoa cativante e cheia de domínio: porque os seus cabelos violentos e ásperos, o sobrolho espesso, o lábio forte, o perfil aquilino e firme, revelavam um temperamento ativo e imaginações apaixonadas. […] E ao o utro dia, ainda impressionado, sentou-se à sua carteira com a janela toda aberta, e, olhando o prédio fronteiro, onde viviam aqueles cabelos grandes – começou a aparar vagarosamente a sua pena de rama. Macário estava enfastiado, pesado – e o trabalho foi l ento. […] E, quando fechou a carteira, sentiu defronte correr -se a vidraça; eram decerto os cabelos pretos. Mas apareceram uns cabelos louros. Oh! E Macário veio logo salientemente para a varanda aparar um lápis. Era uma rapariga de vinte anos, talvez – fina, fresca, loura como uma vinheta inglesa: a brancura da pele tinha alguma coisa da transparência das velhas porcelanas, e havia no seu perfil uma linha pura, como de uma medalha antiga, e os velhos poetas pitorescos ter-lhe-iam chamado – pomba, arminho14, neve e ouro. Macário disse consigo: - É filha. […]
Macário, nesse tempo, era louro, com a barba curta. O cabelo anelado e a sua figura devia ter aquele ar seco e nervoso que depois do século XVIII e da Revolução foi tão vulgar nas raças plebeias. A rapariga loura reparou naturalmente em Macário, mas naturalmente desceu a vidraça, correndo por trás uma cortina de cassa 15 bordada. Estas pequenas cortinas datam de Goethe 16 e elas têm na vida amorosa um interessante destino: revelam. Levantar-lhe uma ponta e espreitar, franzi-la suavemente, revela um fim; corrê-la, pregar nela uma flor, agitá-la fazendo sentir que por trás um rosto atento se move e espera – são velhas maneiras com que na realidade e na arte começa o romance. A cortina ergueu-se devagarinho e o rosto louro espreitou. Macário não me contou por pulsações – a história minuciosa do seu coração. Disse singelamente que daí a cinco dias – “estava doido por ela”. O seu trabalho tornou -se logo vagaroso e infiel e o seu belo cursivo17 inglês, firme e largo, ganhou curvas, ganchos, rabiscos, onde estava todo o romance impaciente dos seus nervos. […] Excertos de “Singularidades de uma rapariga loura”, in Contos de Eça de Queirós
Após a leitura atenta dos excertos de “Singularidades de uma rapariga loura” , responde às questões que se seguem:
2. Atenta nas personagens: 2.1. Identifica as personagens do texto e classifica-as quanto ao relevo. Justifica a tua resposta. (5 pontos) 2.2. Caracteriza o protagonista salientando os diversos momentos da sua vida apresentados no texto e as suas principais características em cada um desses momentos. (5 pontos) 2.3. Transcreve uma dupla adjetivação, na qual um adjetivo remeta para um aspeto físico e o outro para um aspeto psicológico. (5 pontos) 14
Arminho - mamífero carnívoro da família dos mustelídeos, vizinho das doninhas, cujo pelo fulvo, no Verão, é alvíssimo no Inverno; 15
Cassa – tecido transparente de linho ou de algodão;
16
Goethe (n. 1749- m.1832) – escritor alemão, é um dos mais importantes escritores do seu país e até da Europa, pois a sua obra marca o início do romantismo na literatura ocidental; 17
Cursivo – letra manuscrita, extremamente desenhada e minuciosa, estilo de caligrafia;
2.4. Salienta as tarefas desempenhadas por Macário no seu emprego, e destaca o seu desempenho de acordo com o estado de espírito dessa personagem. Justifica com citações do texto. (5 pontos) 2.5. Atenta na frase: “ E Macário veio logo salientemente para a varanda aparar um lápis.” (6º parágrafo) 2.5.1 Comenta, relativamente à frase citada, o valor expressivo do uso do advérbio. (5 pontos) 3. Transcreve a referência temporal usada pelo narrador. (5 pontos) 3.1. Para que tempo histórico nos remete esta narrativa? Justifica. (5 pontos) 4. Caracteriza o espaço social frequentado por Macário. Justifica a tua resposta. (5 pontos) 5. Relê o quinto parágrafo – “Macário, aos vinte e dois anos, ainda não tinha… « sentido Vénus».”. 5.1. Identifica o recurso estilístico usado na expressão em destaque e comenta o seu valor expressivo. (5 pontos) 6. Classifica o narrador do texto quanto à presença e quanto à ciência. Justifica a tua resposta. (5 pontos) GRUPO II – Interpretação de texto – Resposta fechada – (10 PONTOS) TEXTO B Concurso jovens cientistas e investigadores 2007 Introdução – O Concurso Jovens Cientistas e Investigadores (JCI) é desenvolvido, em Portugal, pela Fundação
da Juventude, desde 1992, e tem por objetivo promover os ideais de cooperação e de intercâmbio entre jovens cientistas e investigadores, bem como estimular o aparecimento de jovens talentos nas áreas da Ciência, da Tecnologia, da Investigação e da Inovação. De âmbito nacional, o Concurso pretende incentivar um salutar espírito competitivo nos jovens, através da 5 realização de trabalhos científicos inovadores, integrados em processos educativos regulares. Quem pode participar – Podem participar no Concurso estudantes a frequentar em Portugal o ensino básico, o ensino secundário ou o primeiro ano do ensino superior, com idades compreendidas entre os 15 e os 20 anos (sendo que devem ter mais de 14 anos a 1 de setembro de 2007 e menos de 21 anos a 30 de setembro do 10 mesmo ano). São admitidos a concurso trabalhos individuais ou de grupo com o máximo de três elementos. Os projetos devem ter sido concluídos antes da entrada do aluno no ensino superior. Participações internacionais – Os projetos premiados no Concurso JCI podem vir a participar em certames europeus e mundiais, por decisão da Fundação da Juventude, de acordo com as áreas de estudo dos trabalhos, a sua 15 qualidade, originalidade e os requisitos de participação desses certames. Como participar – Os trabalhos devem enquadrar-se numa das seguintes áreas de estudo: Biol ogia; Química; Ciências da Terra; Economia; Engenharias; Ciências do Ambiente; Informática e Ciências da Computação; Matemática; Ciências Médicas; Física; Ciências Sociais. Não são admitidos a concurso trabalhos em que se utilizem substâncias radioativas, materiais tóxicos ou 20 cancerígenos e experiências que impliquem o sofrimento físico ou psicológico de animais vivos, pela prática de atos de abuso, crueldade ou morte. Os trabalhos devem ser apresentados da seguinte forma: . relatório de 20 páginas A4, das quais 10 páginas, no máximo, deverão ser digitadas, e as restantes deverão conter ilustrações originais, tais como: gráficos, desenhos, fotografias; 25 . resumo do trabalho, no máximo de 10 linhas, para incluir no catálogo geral do Concurso; . uma cópia em CD.
30
O trabalho deverá ser escrito em português. Com a entrega das candidaturas, para além do referido anteriormente, deverá ser entregue o formulário de inscrição devidamente preenchido, assim como duas fotos tipo passe identificadas no verso com o nome do candidato, uma cópia do Bilhete de Identidade e uma declaração da escola a confirmar o ano que frequenta. Os trabalhos deverão ser remetidos até 20 de abril de 2008 (data-l imite de receção de candidaturas, fazendo prova o carimbo dos CTT) para a Fundação da Juventude. In http://www.fjuventude.pt/jcientistas2008/, 26 de março de 2008 (adaptado) Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas. Usa a folhas de resposta. 1. Para cada uma das afirmações que se seguem (1.1. a 1.8.), escreve a letra correspondente a Verdadeira (V) ou Falsa (F), de acordo com o sentido do texto. (4 pontos)
1.1. O Concurso pretende contribuir para a descoberta de novos valores entre jovens cientistas e investigadores. 1.2. Através do desenvolvimento de trabalhos científicos inovadores, o Concurso visa fomentar rivalidades entre os seus participantes. 1.3. O objetivo principal do Concurso é permitir a participação de jovens em concursos de âmbito Internacional. 1.4. Um aluno do ensino básico com 14 anos a 2 de outubro de 2007 é impedido de participar no Concurso. 1.5 Os trabalhos são realizados pelos alunos durante a sua frequência do ensino básico ou do ensino secundário. 1.6. A Fundação da Juventude reserva-se o direito de seleção dos projetos premiados, com vista à participação em certames internacionais. 1.7. Os participantes podem apresentar a concurso projetos em que foram manuseados produtos tóxicos, desde que com proteção adequada. 1.8. Os gráficos, os desenhos e as fotografias integram o catálogo geral do Concurso. 2. Relê o sexto parágrafo (ll. 12 - 15) e indica a que se refere a expressão “desses certames ” (l.15) (3 pontos) 3. Para cada um dos itens que se seguem (3.1. a 3.3), escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra correspondente à alternativa que completa cada afirmação de acordo com o sentido do texto. (3 pontos) 3.1. No oitavo parágrafo (ll. 19-21 ), a forma verbal “impliquem” (l. 20 ) pode ser substituída por...
a) envolvam. b) expliquem. c) afetem. d) impeçam. 3.2. Os candidatos devem entregar ...
a) o relatório, uma cópia em CD, o formulário de inscrição preenchido, uma declaração da escola, a cópia do BI e duas fotografias. b) o formulário de inscrição preenchido, o resumo do trabalho, uma cópia em CD, uma declaração da escola, duas fotografias, a cópia do BI e o catálogo geral. c) o relatório, o resumo do trabalho, uma cópia em CD, o formulário de inscrição preenchido, uma declaração da escola, a cópia do BI e duas fotografias. d) o resumo do trabalho, o formulário de inscrição preenchido, uma declaração da escola, a cópia do BI, duas fotografias e um postal dos CTT.
3.3. Para apresentar um trabalho a concurso, os candidatos podem produzir...
a) um relatório com 2 páginas de texto digitado e 10 páginas com ilustrações. b) um relatório com 9 páginas de texto digitado e 11 páginas com ilustrações. c) um relatório com 9 páginas de texto digitado e 4 páginas com ilustrações. d) um relatório com 12 páginas de texto digitado e 8 páginas com ilustrações.
Grupo III – Funcionamento da Língua – (20 PONTOS) Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas. Usa a folha de respostas. 2. Reescreve a frases seguinte, substituindo os complementos indicados na alíneas pela forma adequada dos pronomes pessoais. Procede às alterações necessárias. a) Complemento direto e complemento indireto (2 pontos)
Enternecida, a avó mostrará aos seus netos os objetos antigos. Enternecida, a avó mostrar-lhos-á.
3. Identifica e classifica as funções sintáticas da seguinte frase: ( 6 pontos)
Macário, que era um rapaz recatado e tímido, quando conheceu aquela rapariga, considerou-a uma deusa. 3.1. Identifica e classifica as orações que compõem a frase anterior. (6 pontos) 4. Reescreve na forma passiva a frase seguinte. ( 3pontos)
As gargalhadas de Augusto surpreenderam os vizinhos daquele bairro. 5. Transcreve a oração subordinada que integra a frase complexa que se segue. (1 ponto)
As tecnologias que facilitam as tarefas diárias afetam alguns prazeres da nossa vida. 5.1. Classifica a frase que transcreveste. (2 pontos) Grupo IV – Expressão Escrita – (20 PONTOS)
Numa passagem do texto A afirma-se o seguinte: 18
“Estas pequenas cortinas datam de Goethe e elas têm na vida amorosa um interessante destino: revelam. Levantarlhe uma ponta e espreitar, franzi-la suavemente, revela um fim; corrê-la, pregar nela uma flor, agitá-la fazendo sentir que por trás um rosto atento se move e espera – são velhas maneiras com que na realidade e na arte começa o romance.” (quarto parágrafo da segunda página)
Tendo em conta a afirmação anterior - o importante papel das cortinas, na arte e na vida, - redige um texto narrativo no qual relates o início de uma paixão, e no qual se destaque a importância do elemento referido. O teu texto deve apresentar pelo menos a descrição de uma personagem e de um espaço. Escreve um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras.
18
Goethe (n. 1749- m.1832) – escritor alemão, é um dos mais importantes escritores do seu país e até da Europa, pois a sua obra marca o início do romantismo na literatura ocidental;
Correção do teste “Singularidades de uma rapariga loura”
2. Atenta nas personagens: 2.1.Identifica as personagens do texto e classifica-as quanto ao relevo. Justifica a tua resposta. (5 pontos) Macário é a personagem principal, visto que o texto narra a história da sua vida. O narrador é personagem secundária, pois é através do narrador que nós ficamos a conhecer Macário, é o narrador quem nos relava a vida dessa personagem. A mulher de quarenta anos e a jovem rapariga loura são figurantes, uma vez que, apesar do interesse de Macário, não chegam a intervir diretamente na ação destes excertos de “Singulari dades de uma rapariga loura” de Eça de Queirós.
2.2.Caracteriza o protagonista salientando os diversos momentos da sua vida apresentados no texto e as suas principais características em cada um desses momentos. (5 pontos) O texto apresenta-nos diversas fases da vida de Macário, no início é nos apresentado o velho Macário , homem calvo, “com repas brancas”, olhos negros, enrugado, com “barba rapada” vestido com cas aco comprido, gravata negra, um fio de ouro. Trata-se da descrição de Macário, no momento em que o narrador o conhece. Posto isto o narrador conta-nos como é que Macário era antigamente, quando era mais novo, e ficamos a saber que ele fora um jovem com uma vida social pouco ativa, limitando-se a trabalhar e a fazer poucas extravagâncias (apenas por vezes ia fazer merendas ao campo, e ia ao teatro). No quinto parágrafo refere-se que aos vinte e dois anos Macário, (louro, cabelo encaracolado e magro), ainda nunca se apaixonara, no entanto essa situação muda, quando se mudam para defronte do seu escritório uma família constituída por mãe e filha. Aí Macário apaixona-se pela jovem loura. 2.3.Transcreve uma dupla adjetivação, na qual um adjetivo remeta para um aspeto físico e o outro para um aspeto psicológico. (5 pontos) Existem no texto diversas duplas adjetivações, nas quais cada adjetivo remete para um diferente tipo de caracterização (físico/psicológico), tais como “…queixo saliente (físico) e resoluto (psicológico).” (segundo parágrafo); “…cabelos violentos (psicológico) e ásperos (físico) …” (sexto parágrafo); ; “perfil aquilino(físico) e firme (psicológico)…” (sexto parágrafo); e “…ar seco (físico) e nervoso (psicológico)…” (nono parágrafo).
2.4.Salienta as tarefas desempenhadas por Macário no seu emprego, e destaca o seu desempenho de acordo com o estado de espírito dessa personagem. Justifica com citações do texto. (5 pontos) Macário desempenhava um trabalho meticuloso, no escritório, por cima do armazém dos Macários, possivelmente ele era escriturário, visto que no texto é referido que aparava a pena (“…começou a aparar vagarosamente a sua pena…”), tinha uma secretária (“…tinha a sua carteira…” cf. nota 12), há referência à letra de
Macário e ao seu tato comercial. Normalmente Macário era rigoroso no seu trabalho (“Um trabalho meticuloso e fiel…”), mas quando se apaixona o seu trabalho torna-se menos rigoroso, mais lento, como se verifica no décimo primeiro parágrafo: “O seu trabalho
tornou-se logo vagaroso e infiel e o seu belo cursivo inglês, firme e largo, ganhou curvas, ganchos, rabiscos, onde estava todo o romance impaciente dos seus nervos.”.
2.5. Atenta na frase: “ E Macário veio logo salientemente para a varanda aparar um lápis.” (6º parágrafo) 2.5.1 Comenta, relativamente à frase citada, o valor expressivo do uso do advérbio. (5 pontos) O advérbio “salientemente” é usado neste contexto para referir que Macário se fez notar na varanda, deu nas
vistas de propósito. 3. Transcreve a uma referência temporal usada pelo narrador. (5 pontos) O narrador para nos indicar a passagem e o distanciamento no tempo usa a expressão “nesse tempo”, a qual
é diversas vezes repetida ao longo do texto. 3.1.Para que tempo histórico nos remete esta narrativa? Justifica. (5 pontos) Esta narrativa remete-nos para o início do século XIX, para a época após a revolução francesa, e mesmo para as invasões francesas, visto que há aqui várias referências textuais a uma revolução e a uma guerra. Note-se que no quarto parágrafo, o narrador afir ma “…os tempos eram confusos e revolucionários: e nada torna o homem recolhido, conchegado à lareira, … como a guerra.” No nono parágrafo diz-se “... depois do século XVIII e da Revolução…”, deste modo concluímos que os
tempos revolucionários e a revolução referida pode ser a revolução francesa, a qual, como sabemos ocorreu no
final do século XVIII (1789), e a guerra que foi referida no texto é possivelmente a guerra que ocorreu em Portugal no século XIX – invasões francesas. 4. Caracteriza o espaço social frequentado por Macário. Justifica a tua resposta. (5 pontos) Macário, embora seja tímido e pouco sociável, (“Uma grande simplicidade social aclarava os costumes…”) movia-se num ambiente burguês, (“… contentamentos que bastavam à burguesia…”). Diria que per tence à alta
burguesia, visto que há referências textuais que nos remetem para frequência do teatro, e para o ambiente comercial em que se movia Macário. Tal como verificamos nos seguintes excertos: “… chorar com os melodramas que rugiam entre os bastidore s do Salitre…”, “Era conhecido vantajosamente: a nitidez do seu trabalho, a sua honra tradicional, o nome da família, o seu tato comercial…”.
5. Relê o quinto parágrafo – “Macário, aos vinte e dois anos, ainda não tinha… « sentido Vénus».”. 5.1.Identifica o recurso estilístico usado na expressão em destaque e comenta o seu valor expressivo. (5 pontos) O recurso estilístico presente na expressão “sentido Vénus” é uma metáfora, porque se identifica a deusa do
amor, Vénus, com o próprio amor ou com o estar apaixonado, para realçar o facto de Macário ai nda nunca se ter apaixonado, ainda não conhecer o amor, ou seja, não ter “sentido Vénus”.
6. Classifica o narrador do texto quanto à presença e quanto à ciência. Justifica a tua resposta. (5 pontos) Quanto à presença o narrador é homodiegético, visto que é personagem secundária e é ele quem nos conta a história de partes da vida de Macário. Quanto à ciência o narrador é interno, pois apresenta-nos a visão de Macário, acerca da sua própria vida, muito embora por vezes o próprio narrador se encarrega de dar asas à sua própria imaginação como afirma na seguinte frase - “Macário não me contou por pulsações – a história minuciosa do seu coração. Disse singelamente que daí a cinco dias – “estava doido por ela””. Grupo II 1. Para cada uma das afirmações que se seguem (1.1. a 1.8.), escreve a letra correspondente a Verdadeira (V) ou Falsa (F), de acordo com o sentido do texto. (4 pontos)
1. 1.1. V 1.2. F 1.3. F 1.4. V 1.5. V 1.6. V 1.7. F 1.8. F 2. Relê o sexto parágrafo (ll. 12 - 15) e indica a que se refere a expressão “desses certames ” (l.15) (3 pontos) “certames europeus e mundiais” 3. Para cada um dos itens que se seguem (3.1. a 3.3), escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra correspondente à alternativa que completa cada afirmação de acordo com o sentido do texto.
3.1. a) 3.2. c) 3.3. b)
Grupo II 2. Reescreve a frases seguinte, substituindo os complementos indicados na alíneas pela forma adequada dos pronomes pessoais. Procede às alterações necessárias. a) Complemento direto e complemento indireto (2 pontos)
Enternecida, a avó mostrará aos seus netos os objetos antigos. Enternecida, a avó mostrar-lhos-á.
3. Identifica e classifica as funções sintáticas da seguinte frase: ( 6 pontos)
Macário, que era um rapaz recatado e tímido, quando conheceu aquela rapariga, considerou-a uma deusa. “Macário, que era um rapaz recatado e tímido …” é o sujeito simples; “…que era um rapaz recatado e tímido …” é o modificador apositivo; “…quando conheceu aquela rapariga , considerou-a uma deusa.” é o predicado; “…quando conheceu aquela rapariga…” é o modificador do grupo verbal; “-a” é o complemento direto; “uma deusa” é o predicativo do complemento di reto. 3.1. Identifica e classifica as orações que compõem a frase anterior. (6 pontos) “Macário (…) considerou-a uma deusa” é a oração subordinante; “que era um rapaz recatado e tímido” é uma oração subordinada adjetiva relativa explicativa. “quando conheceu aquela rapariga” é uma oração subordinada adverbial temporal. 4. Reescreve na forma passiva a frase seguinte. ( 3pontos) As gargalhadas de Augusto surpreenderam os vizinhos daquele bairro.
Os vizinhos daquele bairro foram surpreendidos pelas gargalhadas de Augusto. 5. Transcreve a oração subordinada que integra a frase complexa que se segue. (1 ponto) As tecnologias que facilitam as tarefas diárias afetam alguns prazeres da nossa vida.
A oração subordinada é “que facilitam as tarefas diárias ” 5.1. Classifica a frase que transcreveste. (2 pontos)
“que facilitam as tarefas diárias ” é uma oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
Grupo IV Resposta criativa
