OSHO NEO – TARÔ: SEQUENCIA DE CARTAS. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
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Osho. Comuna. Iluminação. Entrega. Acidente Final. Avidez. Além da Avidez. Discipulado. O maior dos Milagres. Valor. Simplicidade. Receptividade. Abandonando o Conhecimento. Confiança. Vulnerabilidade. Imitação. Consciência. Meditação. Centramento. Compreensão. Doação. Inocência. Prece. abuso do Poder. Praticidade. Comparação. Julgamento. Auto-aceitação. Gratidão. Morte/Aquilo que Nunca Morre. Aceitação. Além da Pequena Família. Renascimento/Momento a Momento. Raiva. Mestria sobre os Humanos. Portões do Inferno. Portões do Céu. Transformação. Criatividade. Inteireza.
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Fracasso. Preocupação/Ansiedade. Mente. Desejo. Adiamento. Procurando, Buscando, Questionando. Esperança. Desafio. Amor. Compaixão. Coragem. Arrependimento. Jogo. Totalidade na ação. Sexo. Devoção. Inteligência. Trabalho/ Adoração. Venha, Venha, mais uma vez, Venha. Gargalhada.
1 – OSHO – O SUPREMO 2 – COMUNA Comuna significa uma sociedade alternativa... um pequeno oásis no deserto do mundo. Entre mais e mais harmonia. Viva a vida em oração, alerta, consciente, desperto. Permita que seu pequeno riacho se uma a outros pequenos riachos, formando um grande rio s caminho do oceano. Uma shangha, uma comuna, é uma irmandade de discípulos e devotos que se reuniram à volta de um Buda. É uma irmandade de abelhas que vieram para o florescimento do Buda. The White Lótus Pág 29.
Todo Buda cria uma comuna... Comuna significa seu campo de energia, significa as pessoas que se tornaram unidas a ele, significa uma sociedade alternativa... um pequeno oásis no deserto do mundo... na qual a vida é vivida com um gestalt totalmente diferente, uma visão totalmente diferente, um objetivo totalmente diferente; onde a vida é vivida com propósito e significado, em oração, alerta, consciente, desperta; onde a vida não é apenas acidental, onde a vida começa a se tornar mais e mais um crescimento em uma determinada direção, para um determinado destino, onde a vida não é mais um vagar sem destino. The Book of Wisdow Vol 2, discurso.
Na comuna de um Buda, todos têm individualidade, ninguém tem personalidade. Ninguém é egoísta, mas todos têm sua singularidade; a pessoa contribui para a comuna á sua maneira própria e pessoal. É todos são respeitados por aquilo que fazem; há um imenso respeito pelo individuo... Existem poetas, pintores, autores de vários livros, alguns famosos e conhecidos... E eles podem estar fazendo sapatos, ou apenas trabalhando na carpintaria ou fazendo algum trabalho manual no jardim, porque uma coisa é absolutamente clara; o trabalho não provoca distinções; sua individualidade permanece intacta em todos os lugares. Seu
trabalho não lhe proporciona uma posição mais elevada, não cria uma hierarquia. Todos estão trabalhando à sua própria maneira, com total dedicação. I Am That. Discurso 15.
Um lugar onde se vê iniciantes, onde se vê pessoas que foram um pouco mais além do que os iniciantes, pessoas que alcançaram quase a metade da jornada, pessoas que foram além da metade, e pessoas que estão quase alcançando a meta; e pelo menos um Mestre que tenha alcançado. É um lugar onde se pode ver toda a gama de estágios espirituais, onde se pode ver toda a jornada. Isso dá coragem. Você sabe que não está movendo num “cul de sac.”, que não está se movendo na escuridão, que não está encontrando em algum tipo de ilusão ou alucinação, que seus esforços vão trazer resultados você pode ver os resultados á sua volta. The Secret Págs 156-161
E todo este experimento é para trazer um tipo de estado búdico ao mundo. Esta comuna não é uma comuna comem. Este é um experimento para provocar Deus. Estou tentando criar um espaço onde Deus possa descer mais e mais. Esta comuna será uma conexão. O mundo perdeu a conexão. Deus já não é realidade. Em relação a este século, Nietzshe tem razão quando afirma que Deus está morto. A conexão foi quebrada... Esta comuna é um experimento para criar uma ponte. Entre mais e mais em harmonia. Reúna suas energias. E lembre-se, um pequeno riacho não pode alcançar o oceano. Ele se perderá em algum lugar, está tão distante... Ele se perderá em algum deserto, em alguma terra árida. Mas se vários pequenos riachos se reunirem em um, tornam-se um Ganges. Então ele pode alcançar o oceano... Sufis: the people of the path Vol. 2, págs 318-322.
3- ILUMINAÇÃO. Abandone toda ambição de ser o primeiro a se iluminar. Não existe iluminação individual. Todos os indivíduos estão unidos ao todo. Buda chegou á porta do paraíso. Naturalmente as pessoas de lá esperavam por ele. Abriram a porta, deram-lhes as boas-vindas, mas ele deu as costas para a porta, olhando para o mundo – milhões de almas no mesmo caminho, debatendo-se, atormentadas em angustia, lutando para alcançar esta porta do paraíso e do êxtase. O porteiro disse: “Entre, por favor! Estávamos esperando por você”. E Buda replicou: “Como posso entrar se outros não alcançaram? Este parece ser o momento apropriado. Como posso entrar se o todo ainda não entrou? Terei que esperar. É como se minha mão alcançasse a porta sem que meus pés a tenham alcançado. Terei que esperar. A mão, sozinha, não pode entrar”. De acordo com esta bela história, Buda ainda está esperando. Ele tem que esperar – ninguém é uma ilha, formamos um continente, estamos unidos. Talvez eu tenha dado alguns passos adiante de você, mas não posso estar separado. E agora sei disso profundamente; esta não é apenas uma história para mim – estou esperando por você. Agora não se trata apenas de uma parábola; sei que não existe iluminação individual. Indivíduos podem dar alguns passos adiante, isso é tudo, mas permanecem unidos ao todo. Tantra: The Supreme Understanding Págs 130-131 (em português: Tantra: A Suprema Compreensão).
4 – ENTREGA. Se você quer obter o beneficio máximo de uma situação, deve se entregar totalmente. Isto lhe dará a chave.
Bodhidharma tornou-se iluminado na Índia, onde procurou um discípulo, mas não pode encontrar nenhum. Assim, precisou ir á China... Ele tinha a chave, mas estava envelhecendo e não conseguia encontrar o sucessor certo... E durante nove anos esperou em uma caverna, simplesmente esperou... Olhando para a parede. Estava criando uma imensa força magnética, estava tentando atrair aquele que seria capaz de levar adiante essa tradição. E havia dito: “Quando a pessoa certa vier somente então me voltarei para encará-la. Caso contrário continuarei a encarar minha parede”. E então, num dia, a pessoa certa veio. Ela permaneceu atrás dele... Esse homem que viera não disse uma palavra. Simplesmente esperou, pacientemente esperou... E dois silêncios se encontraram E no dia seguinte, ao amanhecer, o recém-chegado cortou uma de suas mãos, mostrou-a a Bodhidarma e disse: “Volte-se para mim, senão a próxima coisa que vou cortar será a minha cabeça!”. E Bodhidarma voltou-se imediatamente. Ele tinha que se voltar. Durante nove anos não havia olhado para ninguém. E disse: “Então você veio”?... Porque um discípulo é somente aquele que está pronto a dar sua cabeça. Essas são histórias simbólicas. Mão significa: “Entreguei minha ação a você. Use-me”. Mão significa: “Estou pronto para torna-me seu mensageiro. Levarei tudo àquilo que queira levar tudo aquilo que veio para entregar”. Mão significa simplesmente: “Minha ação, a partir deste momento, pertence a você”. Eu próprio não serei mais o agente. Agora farei apenas o que você disser. “Eis minha mão” – esse é o significado. Não que tenha realmente cortado a mão. Isso teria sido estúpido. E então disse: “Volte-se para mim, senão cortarei minha cabeça!”... Isso é entrega. Bodhidarma voltou-se, olhou nos olhos do homem, e a chave foi transferida. Nem uma única palavra foi dita; não havia necessidade. Ele tornou-se o sucessor. Zen continuava uma tradição viva. The wisdom of the sands Vol 2. págs 148-150.
5 – O ACIDENTE FINAL. Seja autentico em sua busca; faça tudo por ela. É a sede de conhecer o original atrás d reflexo que o torna digno do “acidente final”. Chiyono ia de um mosteiro a outro receber sannyas, para torna-se uma monja. Mas até grandes. Mestres a rejeitavam, porque era tão linda... Os monges esqueceriam Deus e tudo o mais. Assim, não encontrando outra saída, queimou sua face, marcou toda a sua face. E então foi a um mestre – ele nem ao menos podia definir-se ela era uma mulher ou um homem. Então ela foi aceita como monja. Ela estava pronta. A busca era autentica. Era digna do acidente, mericia-o. Ela estudou, meditou durante trinta anos, quarenta anos, continuamente. Então, repentinamente, numa noite... Ela estava olhando para a lua refletida no balde d‟água que carregava. Até mesmo reflexos são belos, porque refletem a beleza absoluta. O verdadeiro buscador conheceu tanto no reflexo, ele era tão lindo, havia tamanha musicalidade nele, que agora surge o desejo de conhecer a fonte. E ela estava caminhando, observando a lua cheia refletida no balde d‟água. De repente as tiras de bambu que seguravam o balde ficou em pedaços. A água escorreu, o reflexo da lua desapareceu – e Chiyono tornou-se iluminada. Ela escreveu estes versos: De muitas maneiras diferentes Tentei manter o balde inteiro, Na esperança de que o frágil bambu Jamais fosse romper. De repente o fundo se soltou. Não havia mais água, Não havia mais lua dentro da água – Apenas o vazio em minhas mãos. A iluminação é como um acidente. Mas não me entenda mal – não estou dizendo para não fazer nada por ela. Se você fizer nada por ela, até mesmo o acidente deixará de acontecer. Ele acontece somente para aqueles que têm feito
muito por ele, mas jamais acontece devido à sua ação – e jamais acontece sem sua ação. Todas as suas meditações simplesmente criam uma disponibilidade para o acidente, um convite; isso é tudo. Esteja pronto para o acidente, para o desconhecido – pronto, esperando, receptivo. Sem convite o visitante jamais virá. No Water No Moon. Págs 1-19 (em português: nem Água nem Lua)
6 – AVIDEZ Esteja consciente da mente que você tem, de sua avidez e falta de confiança. Através da consciência surge a oportunidade para a avidez transformar. 7 – ALÉM DA AVIDEZ Volte sua consciência para uma direção positiva, confiando que tudo aquilo que lhe é dado absolutamente certo, e a partir dessa confiança, permita-se dançar em gratidão. Narada, o grande místico indiano, estava indo visitar Deus. Tocando sua veena, passou por uma floresta e encontrou um sábio muito velho, sentado sob uma árvore. O velho sábio disse: “Por favor, faça uma pergunta a Deus por mim. Tenho feito todo tipo de esforço durante três vidas, e agora, quanto mais é necessário? Quando minha liberação vai acontecer?”. Narada riu e disse: “Tudo bem”. E enquanto seguia adiante, encontrou, sob outra árvore, um jovem dançando e cantando com a sua ektara. Brincando, Narada indagou: “Você também gostaria de fazer alguma pergunta a Deus?”. O jovem não respondeu. Ele continuou sua dança como se nada tivesse ouvido. Alguns dias depois, Narada retornou. Ele disse ao velho: “Perguntei a Deus. Ele disse três vidas mais”. O velho ficou furioso. Jogou longe suas contas e suas escrituras, e disse: “Isso é absolutamente injusto! Três vidas mais!”.
Narada dirigiu-se ao jovem, que estava novamente dançando, e disse: “Embora não tenha pedido, de passagem perguntei a Deus sobre você. Mas agora estou em duvida se devo ou não lhe contar. Vendo a fúria do velho, estou hesitante.”. O jovem nada falou, continuando a dançar. Narada contou-lhe; ”Quando perguntei, Deus disse: „ Diga ao jovem que ele terá que nascer tantas vezes quanto o número de folhas dá árvore sob a qual está dançando!”. E o jovem começou a dançar com mais entusiasmo ainda. Ele disse: “Tão depressa? Existem tantas árvores neste mundo, e tantas folhas... tão poucas vezes? Da próxima vez que encontrar Deus agradeça-lhe!”. E diz-se que o jovem se liberou naquele exato momento. Quando há uma confiança tão total, nenhum tempo é necessário. Quando não há confiança, então nem mesmo três vidas são suficientes. E minha sensação é que aquele velho deve estar por aí agora, em algum lugar. Uma mente como essa não pode se liberar. Uma mente dessa é o próprio inferno. The perfect Máster Vol 2 pags 287-289
8 – DISCIPULADO Permita que toda situação em sua vida lhe traga um ensinamento. Quando o grande místico sufi Hasan estava morrendo, alguém lhe perguntou: “Hasan, quem foi seu mestre?”. Ele respondeu: “Tive milhares de Mestres”. Se apenas enumerasse seus nomes, precisaria de meses, anos, e agora é tarde demais. Mais certamente vou contar-lhe sobre três Mestres. “Um deles foi um ladrão”. Uma vez me perdi no deserto, e quando cheguei a uma aldeia já era muito tarde, tudo estava fechado. Mas finalmente encontrei um homem, que estava tentando fazer um buraco na parede da casa. Perguntei a ele onde poderia ficar e ele respondeu: „ A esta hora da noite será difícil, mas pode ficar comigo – se for capaz de ficar com um ladrão! ‟
“E o homem era tão belo – fiquei por um mês”! E toda noite ele dizia: „Agora vou para meu trabalho. Você descanse, reze‟. E quando ele voltava lhe perguntava: „ Conseguiu alguma coisa? E ele dizia: „ Esta noite não. Mas amanhã tentarei novamente, e se Deus quiser... ‟ Ele nunca perdia a esperança, e estava sempre de bom humor. “Quando eu meditava e meditava por anos a fio, e nada me acontecia, muitas vezes havia momentos em que ficava tão desesperado, tão sem esperanças, que pensava em parar com toda aquela bobagem”. E de repente me lembrava do ladrão que toda noite dizia: „Se Deus quiser, amanhã vai acontecer. ‟ E meu segundo Mestre foi um cachorro. Eu estava indo a um rio, sedento, e um cachorro apareceu. Ele também estava com sede. Olhou para o rio, e lá viu outro cachorro – sua própria imagem – e ficou com medo. Ele latia, afastava-se correndo, mas sua sede era tamanha que acabava voltando. Finalmente, apesar do medo, simplesmente pulou na água, e a imagem desapareceu. E eu sabia que aquela era uma mensagem de Deus para mim: devemos dar o salto, apesar de todos nossos medos. E o terceiro mestre foi uma pequena criança. Cheguei numa cidade, e uma criança estava carregando uma vela acesa. Ela se dirigia a mesquita para lá colocar a vela. “Apenas de brincadeira, perguntei ao menino: „ Você mesmo acendeu a vela”? ‟ Ele respondeu: „Sim senhor‟ E continuei: „Houve um momento em que a vela esteve apagada, depois houve um momento em que se acendeu. Você pode me mostrar à fonte da qual a luz veio? “E o menino riu, assoprou a vela, e disse: „Agora você viu a luz se indo”. Para onde ela foi? Diga-me! ‟ “Meu ego ficou despedaçado, todo meu conhecimento ficou despedaçado. E nesse momento senti minha própria estupidez. Desde então abandonei toda a minha erudição.” É verdade que não tive Mestre. Mas isso não significa que não fui discípulo – aceitei toda a existência como minha mestra. Meu discipulado foi um envolvimento maior que o seu. Confiei nas nuvens, nas árvores... Confiei na própria existência. Não tive Mestre porque tive Milhares de Mestres – aprendi em todas as fontes possíveis. Ser discípulo é uma necessidade absoluta no caminho. O que significa ser discípulo? Significa ser capaz de aprender,
estar disposto a aprender, ser vulnerável a existência. Com um Mestre você começa aprendendo a aprender... E muito lentamente fica harmonioso, e muito lentamente vê que, da mesma maneira, é possível harmonizar-se com toda a existência. O Mestre é uma piscina onde você pode aprender a nadar. Uma vez que tenha aprendido, todos oceanos são seus. The Secreto f the secrets Vol 1 pags 184-188.
9 – O MAIOR DOS MILAGRES Uma lembrança para não se deixar enredar em fenômenos parapsíquicos, ataques de êxtase, milagres. Não os tome como indicação de que alcançou algum lugar. Não há lugar algum para se alcançar. Seja apenas comum, e desfrute. Conta-se sobre Rinzai: Um de seus discípulos estava conversando com um discípulo de outro Mestre religioso, que disse: “Nosso mestre é um homem de milagres. Ele pode fazer qualquer coisa que tenha vontade. Vi muito de seus milagres, eu mesmo os testemunhei. E o que seu Mestre tem de grandioso? Que milagres ele pode fazer?”. E o discípulo de Rinzai disse: “O maior milagre que meu Mestre pode fazer é não fazer milagres.”. Medite sobre isto: “O maior milagre que meu Mestre pode fazer é não fazer milagres.” Quando poderes milagrosos começam a acontecer, somente os fracos irão faze-los. O mais forte não irá faze-los – porque sabe que agora essa é uma outra armadilha. Novamente o mundo está tentando puxa-lo de volta. Essa é a ultima armadilha, se você puder evitar as energias parapsíquicas, silenciosamente, testemunhando, se for capaz de passar por elas sem se prender a elas, sem se deixar aprisionar por elas, somente então chegará em casa. Essa é uma grande cilada. Sufis: The People of the path Vol 1, págs 287-288 (em português: Sufis o Povo do Caminho)
10 – VALOR. Não tente provar seu valor, reduzindo a si mesmo a uma mercadoria. Lembre-se, a maior experiência da vida não vem através do que você faz, mas através do amor, através da meditação. Lao Tzu estava viajando com seus discípulos, e chegaram a uma floresta onde centenas de lenhadores cortavam árvores. Toda floresta havia sido cortada, exceto uma grande árvore com milhares de galhos. Ela era tão grande que dez mil pessoas podiam se sentar sob sua sombra. Lão Tzu pediu a seus discípulos que fossem perguntar por que aquela árvore foi poupada. Eles foram e perguntaram aos lenhadores, que disseram: “Essa árvore é absolutamente imprestável. Não se pode fazer nada com ela, porque seus galhos têm muitos nós – nada é reto nela. Não podemos usá-la como lenha porque a fumaça é perigosa para os olhos. Essa árvore é absolutamente imprestável, por isso não a cortamos.”. Os discípulos voltaram e contaram a Lão Tzu. Ele riu e disse: “Sejam como essa árvore. Se forem úteis, serão cortados e se tornarão mobília na casa de alguém. Se forem belos, serão vendidos no mercado, tornar-se-ao uma mercadoria. Sejam como essa árvore, absolutamente inúteis.. e então crescerão grandes e amplos, e milhares de pessoas encontrarão sombras sob vocês”. Lão Tzu tem uma lógica completamente diferente da sua. Ele diz: seja o último, . Mova-se no mundo como se você não existisse; não seja competitivo, não tente provar seu valor – não há necessidade. Permaneça inútil e desfrute. Tão: The Three Treasures Vol 1, págs 69-71.
Medimos as pessoas pela utilidade. E não estou dizendo para não fazermos nada de útil; faça coisas úteis, mas lembrese que a verdadeira e maior experiência da vida e do êxtase vêm de se fazer o que não tem utilidade. Ela vem através da poesia, através da pintura, através do amor, através da meditação. O maior contentamento flui somente quando você é capaz de fazer algo que não pode ser reduzido a uma
mercadoria. A recompensa é interior, intrínsica; ela nasce da própria atividade. Assim, se você se sente inútil, não se preocupe. Usarei sua inutilidade também. Farei de você uma árvore enorme, cheia de folhas. E pessoas que estão envolvidas em atividades úteis precisarão às vezes descansar à sombra. The Wisdom of the sands Vol 2, págs 308,309,311,312.
11 – SIMPLICIDADE. Ser simplesmente comum é um milagre. Não ansiar por ser alguém é um milagre. Deixe a natureza tomar seu curso, permita-o. Uma vez aconteceu que Bankei, um Mestre Zen, estava trabalhando em seu jardim. Um buscador chegou e perguntou a Bankei: “Jardineiro, onde está o Mestre”? Bankei riu e disse: Por aquela porta, lá dentro você vai encontrar o Mestre”. Assim o homem virou-se e entrou, e lá dentro viu Bankei sentado numa poltrona, o mesmo homem quer fora o jardineiro lá fora. O buscador disse: “Você está brincando? Saia dessa poltrona! Isso é sacrilégio! Você não está respeitando o Mestre”? Bankei levantou-se sentou no chão, e disse: “! Agora você não vai encontrar o Mestre na poltrona – porque eu sou o Mestre”. Era difícil para o homem ver que um grande Mestre pudesse ser tão simples. Ele foi embora... E perdeu a oportunidade. Um dia Bankei estava calmamente falando a seus seguidores, quando sua palestra foi interrompida por um sacerdote de outra seita. Esta seita acreditava no poder dos milagres. O sacerdote gabava-se que o fundador de sua religião era capaz de ficar na margem de um rio com um pincel em sua mão, e escrever um nome sagrado em um pedaço de papel que um assistente segura na margem oposta do rio. Então ele perguntou: “Que milagres você pode fazer?”
Bankei respondeu: “Apenas um. Quando tenho fome, como e quando tenho sede, bebo”. O único milagre o milagre impossível, é o de simplesmente ser comum. O desejo da mente é o de ser extraordinário. O ego está sedento por reconhecimento. E isto é um milagre – quando aceita não ser ninguém, quando pode ser tão comum como qualquer outra pessoa, quando não pede por reconhecimento, quando existe como se não tivesse existido. O poder jamais é espiritual. Pessoas que fazem milagres não são espirituais de maneira alguma, estão apenas difundindo magia em nome da religião, o que é muito perigoso. Sua mente dirá: “Que tipo de milagre é este; quando com fome, como, quando sonolento, durmo”. Mas Bankei disse a maior verdade. Quando você sente fome, a mente diz: Não estou em jejum.” Quando você não sente fome, quando o estomago esta cheio a mente diz: “ Continue comendo, a comida está deliciosas. Sua mente interfere. Bankei está dizendo: “Eu fluo com a natureza. Qualquer coisa que todo meu ser sinta, eu faço. Não existe nenhuma mente fragmentada manipulando”. Também só conheço um milagre: deixar a natureza seguir seu curso, permiti-lo. Roots and Wings Págs 212-221 (em português: Raízes e Asas)
12 – RECEPTIVIDADE Está na hora de parar de buscar respostas agressivamente. Esvazie-se totalmente, torne-se receptivo a toda existência. Simplesmente relaxe, espere desfrute. Um professor de filosofia foi ao Mestre Zen Nan-In, e perguntou-lhe sobre Deus, meditação e tantas coisas... O Mestre escutou-o silenciosamente, e então disse: “Voce parece cansado. Voce subiu esta alta montanha, vindo de um lugar distante. Deixe-me primeiro lhe servir um chá”.
O professor aguardou. Ele estava fervendo com perguntas. Mas enquanto o samovar estava assobiando e o aroma do chá começava a se espalhar, o Mestre disse-lhe:” Espere! Não tenha tanta pressa. Quem sabe? Talvez até mesmo bebendo chá suas perguntas possa ser respondidas.” O professor começou a pensar que talvez toda aquela jornada fora um desperdício, “Este homem parece ser louco. Como pode minha pergunta sobre Deus ser respondida bebendo-se chá?” Mas também estava cansado; seria bom tomar uma xícara de chá antes de descer a montanha. O mestre trouxe a chaleira, serviu o chá na xícara, e o chá começou a transbordar para o pires, mas continuou despejando. Então o pires também ficou cheio. Apenas uma gota mais e o chá começaria a escorres pelo chão. O professor disse: “Pare! O que você está fazendo? Não vê que o pires está cheio?”. E Nan-In respondeu: “Esta é exatamente a situação em que voce se encontra. Sua mente está tão cheia, de perguntas, que mesmo se eu responder, voce não terá espaço para que a resposta entre voce. E lhe digo desde que entrou nesta casa, suas perguntas! Volte, esvazie sua xícara, e então venha. Primeiro crie um pouco de espaço dentro de si”. Voce veio a um homem ainda mais perigoso do que NanIn, porque comigo uma xícara vazia não basta. A xícara tem que ser quebrada completamente. Mesmo vazio9, se voce existe, então voce está cheio. Somente quando voce não é, o chá pode ser vertido para dentro de voce. Na verdade, somente quando voce não é não há necessidade alguma de verter chá para dentro de voce. Quando voce não é, a existência inteira começa a verter em abundância, de todas as dimensões, todas as direções. Root and Wings Pág 3 (em português: Raízes e Asas)
13 – ABANDONANDO O CONHECIMENTO. Voce está pronto para abandonar a falsidade, abandonar o conhecimento emprestado, e entrar em sua sabedoria, em sua própria compreensão.
Naropa era grande erudito, um grande filósofo – esta história aconteceu quando ainda não era iluminado. Conta-se que ele era o grande vice-reitor de uma importante univerdade, tendo ele próprio dez mil discípulos. Em toda volta se espalhavam milhares de escrituras, muito antigas e raras. Repentinamente adormeceu e teve uma visão. Foi tão significativa que chama-la de sonho não seria correto – foi uma visão. Ele viu uma mulher muito velha, feia, horrível, uma bruxa. Sua feiúra era tanta que ele começou a tremer durante um sono... Ela perguntou: “Naropa, o que voce está fazendo?“ Ele respondeu: “Filosofia, religião, epistemologia, línguas, lógica...” A velha perguntou: “Voce entende esses assuntos?”. Naropa respondeu: “... Sim, eu os entendo.”. A mulher perguntou novamente: “Voce entende a palavra ou o sentido?” E seus olhos eram tão penetrantes que era impossível mentir para ela... Diante de seus olhos, Naropa sentiu-se completamente despido, transparente... Ele disse: “Eu entendo as palavras.” A mulher começou a dançar e a rir... E sua feiúra foi transformada. Uma beleza sutil começou a emanar de seu ser. Naropa pensou. “Eu a tornei tão feliz, porque não a tornar um pouco mais feliz? Assim ele acrescentou: “ Sim, e eu entendo o sentido também”. A mulher parou de rir... E sua feiúra foi transformada. Uma beleza sutil começou a emanar de seu ser. Naropa perguntou: “por que isso?”. A mulher respondeu: “Estava feliz porque um grande erudito como voce não mentiu. Mas agora estou chorando porque voce mentiu pra mim. Eu sei, e voce sabe que voce não entende o sentido.” A visão desapareceu – e Naropa estava transformado. Ele deixou a universidade e nunca mais tocou uma escritura em sua vida. Ele entendeu... Um homem com sabedoria, um homem com compreensão, tem frescor, uma fragrância em sua vida, totalmente diferente de um filosofo, de um homem com conhecimento intelectual. Aquele que entende o sentido torna-se lindo, aquele que entende apenas a palavra torna-se lindo, aquele que entende
apenas a palavra torna-se feio. E a mulher era apenas uma projeção da interioridade de Naropa, seu próprio ser que tornara feio devido ao conhecimento intelectual. Naropa partiu para a busca. Agora as escrituras não serão ajuda agora um Mestre vivo é necessário. Yoga: The Alpha And The Omega. Vol. 5 pags 51-53.
14 – CONFIANÇA. Quando voce está sentindo profunda confiança, essa qualidade da confiança transforma sua vida, não importam as circunstancias. Quando Milarepa foi até seu Mestre, no Tibete, ele era tão humilde, tão puro, tão autentico, que outros discípulos ficaram com inveja. Ele certamente se tornaria o sucessor; então tentaram mata-lo. Milarepa era muito, muito confiante. Um dia os outros discípulos disseram: “Se você realmente acredita no Mestre, então é capaz de saltar do rochedo. Se existe confiança, então não há perigo. Nenhum mal vai acontecer”. E Milarepa saltou, e sem hesitar um único instante. Os discípulos correram para baixo... Era uma vale de quase mil metros de profundidade. Eles desceram, esperando encontrar os ossos espalhados, mas ele estava lá sentado, em posição de lótus, tremendamente feliz. Ele abriu os olhos e disse: “Vocês estão certos – a confiança salva!”. Eles pensaram que houve alguma coincidência. Assim, num dia em que uma casa estava em chamas, disseram-lhe: “Se voce ama o Mestre e se confia, então pode entrar fogo”. Ele rapidamente entrou na casa, para salvar uma mulher e uma criança que lá estavam. O fogo estava muito forte, e tinham esperança de que ele morreria, mas ele não se queimou, nem um pouco. Ele ficou mais radiante, devido à confiança. Um dia eles estavam em uma viagem, e deviam atravessar um rio, quando lhe disseram: “Voce não precisa ir de barco. Voce tem tanta confiança que pode caminhar sobre a água.” E ele caminhou.
Essa foi a primeira vez que o Mestre o viu. Ele disse: “O que voce está fazendo? Isso é impossível.” E Milarepa respondeu: estou fazendo isso graças a seu poder, Mestre.” Então o Mestre pensou: “Se meu nome e meu poder podem fazer isso por um homem estúpido, ignorante... eu mesmo nunca o tentei”. Então ele tentou, e afundou... E depois disso, jamais se ouviu falar dele. Mesmo um Mestre não-iluminado, se voce tem profunda confiança, pode revolucionar sua vida. E o inverso também é verdadeiro; até mesmo um Mestre iluminado pode não ser de qualquer ajuda. Depende totalmente de voce. The Beloved Vol 1 pags 126-127.
15 – VULNERABILIDADE. Lembre-se de confiar que com um Mestre, qualquer situação, em qualquer momento, pode ser usada para desperta-lo. Não se proteja. Seja inseguro, seja vulnerável, entregue-se e deposite sua confiança em seu Mestre. O Mestre japonês Ekido era um professor severo, e seus discípulos tinham medo dele. Um dia um discípulo estava batendo as horas no gongo do templo. De repente deixou passar uma batida – vendo uma linda moça atravessar os portões do templo, o discípulo se perdeu. Ele não estava mais presente, tornou-se desejo, começou a seguir a moça, entrou em um sonho... Nesse momento o Mestre, que estava parado atrás dele, deu-lhe uma forte pancada na cabeça com um bastão, tão forte, que ele caiu e morreu. No Japão esta era uma das mais antigas tradições: sempre que um discípulo vinha ao Mestre, ele dizia: “Minha vida e minha morte, ambas são suas. Se quiser me matar, voce pode.” E assinava isso dando-o por escrito. Apesar dessa tradição, as pessoas começaram a condenar Ekido. Ainda assim, a tradição de Ekido tornou-se uma das mais importantes do Japão. Dez de seus discípulos se iluminaram, um número raro.
E depois que seu discípulo morreu, Ekido continuou como se nada tivesse acontecido. Sempre que alguém perguntava sobre o discípulo, ele começava a rir. Ele nunca disse que algo dera errado, que fora um acidente, ele ria. Por quê? Devido á historia oculta. Esse discípulo alcançara algo. Seu corpo caiu, mas internamente ele se tornou alerta. O desejo desapareceu, o sonho desapareceu tudo se foi com o corpo despedaçado. E neste estado de vigilante ele morreu. E se voce puder o unir o estar alerta com a morte, voce se ilumina. Ekido utilizou o momento da morte magistralmente, e o discípulo alcançou a iluminação. Ele era um grande artista, um grande Mestre. Olhando para esta história, voce é capaz de pensar que o Mestre matou seu discípulo. Isso não é o que aconteceu. O discípulo ia morre de qualquer maneira, e o Mestre sabia disso. Isso não é dito na história; não pode ser dito, mas foi assim que aconteceu. Não fosse assim, não haveria necessidade do Mestre ficar atrás do discípulo enquanto este batia o gongo – apenas uma coisa comum, um ritual diário... Não tinha Ekido nada mais importante pata fazer? Naquele momento não havia nada mais importante. A morte do discípulo precisa ser utilizada. Mas esse é um segredo interior, e eu não poderia defender Ekido em um tribunal. Um Mestre olha profundamente dentro de voce, ele sabe o momento exato de sua morte. E se voce estiver entregue, a morte pode ser utilizada. Sempre que leio esta história, pergunto-me por que apenas dez discípulos se iluminaram posteriormente – esse homem poderia ter iluminado muitos. Os outros devem ter se protegido. Sua proteção é sua ruína. Junto ao Mestre, seja inseguro, porque ele é a sua segurança. Esteja protegido. Mestres estão interessados apenas em torná-lo totalmente iluminado... Mas é preciso estar pronto. Maturidade e entrega são necessárias. Roots and Wings Págs 285-282 (em português: Raízes e Asas)
16 – IMITAÇÃO. De uma olhada para ver se voce está imitando os outros. Com a imitação, a semente da autencidade dentro de voce permanece dentro de voce permanece morta. Pegue a espada da consciência e corte esta imitação completamente, não importa quão doloroso pareça ser. O sofrimento tem que ser profundo, mas através do choque, seu ser emerge, sua própria autencidade emerge. O Mestre Zen Gutei costumava erguer seu dedo sempre explicava uma questão sobre Zen. Um discípulo muito jovem começou a imitá-lo, e toda vez que alguém perguntava ao discípulo sobre o que seu Mestre havia falado, o rapaz erguia o dedo. Gutei chegou a ouvir a respeito, e um dia, quando presenciou o rapaz fazendo aquilo, agarrou-o, puxou uma faca, decepou seu dedo e o jogou fora. Quando o rapaz saiu correndo, berrando, Gutei gritou: “Pare!”. O rapaz parou, voltou-se e olhou para o Mestre, através de suas lágrimas. Gutei mantinha erguido o próprio dedo. O rapaz, por hábito, começou a erguer seu dedo também... e quando se deu conta de que não estava lá, fez uma reverencia. Naquele instante ele se iluminou. Mestres nunca fazem algo desnecessariamente, nem mesmo erguer um dedo... Gutei nem sempre levantava o dedo, somente quando explicava alguma questão sobre Zen. Por quê?... Todos seus problemas surgem porque voce esta fragmentado, porque é uma desunião, um caos, não uma harmonia. E o que é meditação? Nada mais que chegar à unidade. As explicações de Gutei eram secundárias; aquele dedo erguido era fundamental. Ele estava dizendo: “Seja um!... e todos seus problemas estarão resolvidos”. O rapaz começou a imitá-lo. Ora, a imitação não pode levá-lo a lugar algum. Imitação significa que o ideal vem de fora, não é algo que esteja acontecendo dentro de voce. Voce tem uma semente dentro de si; se está imitando os outros esta semente permanecerá morta. A imitação deve ser severamente cortada. O dedo é apenas simbólico. O rapaz deve ser severamente sacudido, e o sofrimento deve ir até a própria raiz do seu ser.
Um momento muito intenso de consciência, uma estratégia grandiosa... Gutei gritou: “Pare!” E no instante da parada não havia mais dor... Apenas devido ao velho hábito, quando o Mestre ergue o dedo, o rapaz ergue o seu, que não existe. E pela primeira vez compreende que ele não é o corpo – ele é vigilância, consciência.. É uma alma, e o corpo é apenas a casa. Voce é a luz interior – não é a lâmpada, mas a chama. No Water No Moon Págs 104-122 (em português: Nem Água, Nem Lua).
17 – CONSCIENCIA. Toda vez que voce perceber que está agindo inconscientemente, pare. Não seja um robô. Não aja a partir do ego. Tome uma xícara de chá, acorde – e então aja com consciência. O chá é um símbolo Zen, o qual significa consciência, porque o chá torna voce mais alerta, mais consciente. O chá foi inventado pelos budistas, e por séculos eles o têm usado como um auxilio à meditação. E o chá ajuda. Conta a história que Bodhidharma estava meditando em uma certa montanha da china chamada “Ta”.De “Ta”, vem o nome “chá”; e é por isso que na Índia o chá é chamado “chai” ou “chá”. Bodhidharma estava meditando, e ele era realmente um grande meditador. Gostava de meditar por dezoito horas, mas isso era difícil. Muitas vezes sentia-se sonolento, suas pálpebras fechavam-se repetidamente. Assim ele cortou suas pálpebras e as jogou longe. Agora não havia qualquer possibilidade de fechar os olhos. A historia é linda – aquelas pálpebras tornaram-se as primeiras sementes de chá, e uma planta nasceu delas. Com essa planta Bodhidharma preparou o primeiro chá do mundo, e ficou admirado ao perceber que se pegasse as folhas e as bebesse, podia permanecer alerta por períodos mais longos. Assim, por séculos, as pessoas praticam Zen bebem chá, e o chá se tornou algo muito, muito sagrado.
The Grass Grows By Itself Págs 272-273.
18 – MEDITAÇÃO. Preste atenção a tudo. Não existe nada “ grande” e nada “pequeno”. Tudo é divino. Voce pode encontrar Deus em todo o lugar. Um discípulo que estava praticando por algum tempo veio ver Ikkyu. Estava chovendo, e ao entrar, deixou seus sapatos e seu guarda chuva do lado de fora. Depois de apresentar seus cumprimentos, Ikkyu perguntou-lhe de que lado de seus sapatos ele havia deixado seu guarda chuva. Ora, que tipo de pergunta é essa...? Voce espera que Mestres perguntem sobre Deus, sobre kundalini subindo, sobre chacras se abrindo, luzes acontecendo dentro de sua cabeça! Mas Ikkyu fez uma pergunta muito comum. O que sapatos e guarda chuvas tem a ver com espiritualidade? Mas há algo de imenso valor nisso; a pergunta tem importância. O discípulo não podia lembrar – quem se importa com o lugar em que colocou seus sapatos e de que lado colocou seu guarda chuva? Mas isso foi o suficiente – o discípulo foi recusado. Ikkyu Disse: “Então vá e medite por mais sete anos”. “Sete anos!”, disse o discípulo. ”Apenas por essa pequena falha?” “Falhas não são pequenas ou grandes”, disse Ikkyu. “Voce simplesmente ainda não está vivendo meditativamente, isso é tudo.” Não façam nenhuma distinção entre coisas, de que isso é trivial e aquilo é muito, muito espiritual. Preste atenção esteja atento, e tudo se torna espiritual. Se voce não prestar, não for cuidadoso, tudo se torna não espiritual. A espiritualidade é dada por voce, é sua dádiva ao mundo. Quando um Mestre como Ikkyu toca um guarda chuva, o guarda chuva é tão divino quanto qualquer coisa possa ser. A energia meditativa e alquímica: ela transforma o mais baixo no mais elevado. Descasque uma laranja como se estivesse conduzindo uma sinfonia, e voce estará se aproximando mais e mais. Quanto mais meditativo voce se
torna, mais vê Deus em toda a parte. No topo supremo, tudo é divino. Take It Easy Vol 2 pags 488-491
19 – CENTRAMENTO Fique centrado. Não se deixe manipular pelas opiniões dos outros ou pelas suas tentativas de empurrar voce para cá e para lá. Não se rebaixe ao nível dos outros. Uma vez, nos tempos de Buda, aconteceu que uma das mais lindas e famosas prostitutas se apaixonou por um monge budista, um mendigo... Ela pediu que ele viesse à sua casa e que lá permanecesse por quatro meses, durante a estação das chuvas em que os monges budistas interrompem suas viagens. O monge disse: “Terei que perguntar ao Mestre. Se ele permitir, eu irei.”. Os outros monges ficaram com muita inveja. Quando o jovem veio até Buda e fez o pedido, muitos ouviram. Todos se levantaram e disseram: Isso está errado. Até mesmo ter permitido aquela mulher tocar seus pés foi errado, porque Buda disse: “Não toque nas mulheres, não deixe que elas o toquem. Voce quebrou a regra... e agora está pedindo para ficar com uma mulher por quatro meses!” Mas Buda disse: “Eu lhes disse para não tocarem nas mulheres, para não serem tocados por elas, porque vocês ainda não estão centrados. Para este homem, essa regra não mais se aplica. Eu o estive observando – ele já não faz parte da multidão. E ao monge ele disse:” Sim, voce tem permissão”. Ora, isso é demais! Nunca aconteceu algo assim antes. Todos os discípulos ficaram zangados, e durante meses, milhares de fofocas circularam, exagerando o que estava ocorrendo na casa de Amrapalli – que o monge não era mais monge, que havia caído. Depois de quatro meses, quando o monge, seguido por Amrapalli, Buda olhou para eles e disse: “Mulher, voce tem algo a me dizer?” Ela disse: “Vim para ser iniciada”. Tentei distrair seu discípulo, e falhei. Esta é a minha primeira derrota. Sempre
tive sucesso com homens, mas não pude distraí-lo, nem ao menos um centímetro. Um grande desejo nasceu em mim também; como posso alcançar este centramento? “Ele viveu comigo, eu dancei diante dele, cantei diante dele, tentei seduzi-lo de todas as maneiras, mas ele sempre permaneceu ele mesmo. Nem por um único momento vi qualquer nuvem em sua mente ou qualquer desejo em seus olhos. Tentei converte-lo, mas ele me converteu, e sem dizer uma única palavra. Ele mão me trouxe aqui; vim por conta própria. Conheci pela primeira vez o que é dignidade. Gostaria de aprender a arte”. Ela tornou-se discípula de Buda. Ele sempre segue seu caminho por si mesmo... Não há maneira de empurrá-lo para cá e para lá. Ele permanece absolutamente ele mesmo, de tão centrado que é, de tão enraizado que está em seu ser. Quando se conhece turiya, o quarto estado, então não existe distração, então pode-se viver em qualquer lugar. Não tente mudar as circunstancias de sua vida; tente mudar suas atitudes. Utilize a situação exterior para mudar seu estado interior. Mudar a situação não é uma grande mudança – voce está enganando a si mesmo e enganando o mundo. A verdadeira religião consiste em mudar o estado de consciência. Busque o mais elevado. Quando voce conhece as esferas superiores de sua energia, o inferior começa a murchar espontaneamente. Essa é a verdadeira religião. The Sun Rises In The Evening Págs 213-216
20 – COMPREENSÃO. Compreenda que aquilo que voce vê nos outros é aquilo que voce tem dentro de si mesmo. Seus julgamentos são, na verdade, reflexos daquilo que está reprimido ou rejeitado dentro de voce. Dois monges Zens estavam atravessando um rio. Encontraram uma mulher muito jovem e bonita, que também queria atravessar o rio, mas ela estava com medo. Assim, um dos monges colocou-a sobre os ombros e carregou-a para a outra margem.
O outro monge ficou furioso. Ele não disse nada, mas estava fervendo por dentro. Aquilo era proibido! Um monge budista não deveria tocar numa mulher, e este monge não apenas tocou, mas também a carregou sobre os ombros. Quilômetros se passaram. Quando alcançaram o mosteiro, enquanto entravam pela porta, o monge enraivecido voltou-se para o primeiro e desse: “ olhe, terei que falar ao Mestre a este respeito, terei que comunicar isto. É proibido!”. O primeiro monge disse: “Do que voce está falando? O que é proibido?”. “Voce esqueceu?”, perguntou o segundo. “Voce carregou aquela linda jovem sobre os seus ombros!”. O primeiro monge riu e replicou: “ Sim, eu a carreguei. Mas a deixei lá no rio, quilômetros atrás. Voce ainda a está carregando?” O seu interior – reprimido, rejeitado, jogado no porão – também se mantém refletido em suas ações. Mesmo quando às vezes voce evita algo, ai também, no próprio ato de evitar, sua compreensão é exposta. The Discipline Of Transcedente Vol.4, pág. 220
21 – DOAÇÃO Agora é hora de abrir-se, de parar de ser avarento, de dar o melhor que voce pode e o melhor que voce tem; de repartir a abundancia de seu amor, de seu coração. Voce lembra de Maria Madalena? Para mim ela parece ser a única verdadeira seguidora de Jesus. A sua autenticidade era imensa. Um dia ela veio e derramou um perfume muito, muito valioso sobre os pés de Jesus. Judas estava lá, e não perdeu a oportunidade. Ele disse: “Olhe, voce deveria te-la impedido! Isso é um desperdício! Aquele óleo era tão valioso... poderia ter sido vendido. As pessoas estão famintas, e esse perfume é tão caro, por que desperdiça-lo?” Parece lógico. Mas o que diz Jesus? O que Jesus diz é muito ilógico. Ele diz: “Os pobres sempre existirão; quando eu me for, voce poderá cuidar deles. Voce não entende o coração
dessa mulher. Deixe-a derramar o perfume – cara ou não caro, isso é irrecão. Isto é prece... não posso perturbar sua prece”. Jesus compreendeu que Maria Madalena tinha uma beleza no coração. Não é para o perfume que Jesus está olhando... Ele está olhando para o coração da mulher. Zen: The Path Of Paradox Vol. 3, pág 312 The Wisdom Of The Sands Vol.1, págs 265-266
22 – INOCENCIA O coração pode falar com uma pedra... O amor total revela esse mistério. Torne-se um louco do coração. São Francisco de Assis certamente estaria em um hospício. Conversando com as árvores, dizendo à amendoeira: “Irmã, como vai voce?” Se ele estivesse aqui, teria sido preso. “Irmã, cante sobre Deus para mim”, dizia a amendoeira. E não apenas isso – ele ouvia a canção que a amendoeira cantava! Maluco! Necessita de tratamento! Ele conversa com o rio e com os peixes – e diz que os peixes respondem a ele. Conversa com as pedras e rochedos – é preciso mais alguma prova de que é louco? Ele é louco. , as voce não gostaria de ser louco como são Francisco de Assis? Imagine só – a capacidade de escutar a amendoeira a cantar e o coração que pode sentir as árvores como irmãos e irmãs, o coração que pode conversar com a pedra, o coração que vê Deus em todo lugar, por todos os lados, em todas as formas... Este deve ser um coração de extremo amor. O amor total revela esse mistério a voce. Mas para a mente lógica, certamente essas coisas são bobagens. Para mim, essas são as únicas coisas significativas. Torne-se louco, se puder, torne-se um louco do coração. Ancient Music In The Pines. Pág 171
23 - PRECE Não interfira no amor e na prece de outra pessoa. Abandone a idéia de que voce sabe a maneira de amar ou rezar. Simplesmente respeita as outras pessoas; seja qual for sua maneira de amar ou rezar, está é a forma perfeita para elas. Uma vez Moises se deparou com um homem que estava rezando. Mas estava fazendo uma oração tão absurda que Moises o interrompeu. E não era apenas absurda, mas a oração insultava Deus! O homem dizia; “deixe eu me aproximar de voce, Deus, e prometo que limparei seu corpo quando estiver sujo”. Se houver piolhos, eu os tirarei. E sou um bom sapateiro, eu lhe farei sapatos perfeitos. Ninguém cuida de voce, Senhor... Eu cuidarei de voce! Quando estiver doente, eu o servirei e lhe trarei medicamentos. E também sou ótimo cozinheiro!” Moises gritou: “Pare! Pare com essa bobagem! O que voce está dizendo? Que Deus tem piolhos pelo Corpo? E que suas roupas estão sujas e que voce vai limpa-las? E que será seu cozinheiro? De quem aprendeu essa oração?” O homem disse: “Não aprendi em lugar nenhum”. Sou um homem pobre, sem instrução, e sei que não sei orar. Eu inventei a oração... E essas são as coisas que conheço. Piolhos me incomodam muito, portanto devem incomodar Deus. E algumas vezes a comida que consigo não é muito boa, e meu estomago dói. Deus também deve sofrer algumas vezes. Esta é apenas minha própria experiência; ela se tornou minha prece. “Mas se voce conhece a prece correta, por favor, ensineme.” Assim Moises lhe ensinou a prece correta. O homem inclinou-se em reverencia a Moises, com lágrimas de profunda gratidão. Ele partiu, e Moises ficou muito contente, pensando que fizera uma boa ação. Olhou para o céu para ver o que Deus pensava sobre aquilo. E Deus estava muito zangado! Ele disse; “enviei-o para que aproximasse as pessoas de mim, mas agora voce jogou fora uma das que mais me amam. Agora essa “prece correta” que voce lhe ensinou não será de modo algum uma prece nada tem a ver com lei; ela é amor. O amor é uma lei em si mesmo, e não necessita outra lei”.
E com amor, a graça acontece. E com o amor, a verdade. Lembre-se, se voce é capaz de entender a verdade, a verdade o libera. Então existe outra liberação. Come Follow Me Vol 1 pags 25-28 (em português: Palavras de Fogo)
24 – ABUSO D0 PODER Quando voce usa o poder, deve ter um profundo respeito e amo pelos outros e por toda a existência. Não interfira na vida do outro a partir de suas próprias concepções intelectuais. Se voce tem poder, não manipule os outros; use-os criativamente. Ramakrishna tinha um discípulo, Vivekananda, e no asham havia um homem muito simples, inocente, cujo o nome era Kalu. Vivekananda, que era um tipo intelectual, argumentativo, sempre implicava com Kalu. Kalu fizera de seu quarto um tempo. Na Índia, qualquer pedra pode se tornar um deus. Assim, ele tinha quase trezentos deuses em seu quarto. Vivekananda estava sempre lhe dizendo: “Jogue todos esses deuses no Ganges! Isso é bobagem – Deus está dentro. Mas Kalu dizia:” Eu amo essas pedras. Elas são tão lindas. O Ganges deu-as para mim, ora, como posso jogá-las de volta? “Não, eu não posso.” No dia em que Vivekananda atingiu seu primeiro satori, com o primeiro afluxo de poder, a idéia veio á sua mente... Apenas para se divertir, projetou uma idéia na mente de Kalu; “Kalu, agora pegue todos seus deuses e jogue-os no Ganges.” Ramaskrishna estava sentado do lado de fora. Ele viu toda a brincadeira. Ele deve ter visto a idéia sendo projetada, mas esperou. Então Kalu apareceu com uma grande trouxa; estava carregando todos os deuses dentro de um grande saco. Ramakrishna o fez para e disse: “Espere! Para onde voce está indo?” Kalu respondeu: “Uma idéia surgiu em minha mente, de que isso é bobagem”. “E estou indo jogar fora todos esses deuses”. Ramaskrishna disse: “Espere.” E Vivekananda foi chamado.
Ramaskrishna bradou muito zangado: “É essa maneira de usar o poder?” e disse a “Kalu;” Volte para seu quarto, ponha seus deuses de volta nos seus lugares. Esta não é sua idéia, “é de Vivekananda”. Kalu admitiu que a idéia parecera estranha, como se o tivesse possuído; como se tivesse atingido de fora. Ramaskrina estava tão zangado com Vivekananda que lhe disse; “Agora guardei sua chave”. Voce nunca mais terá outro satori... E “recebera esta chave somente três dias antes de morrer”. E foi assim que aconteceu. Ele chorou e se lamentou durante anos, mas não por outro satori. Ele tentou arduamente. Quando Ramakrishna estava morrendo, ele lhe pediu; “ Devolva minha chave.” Mas Ramakrishna replicou; “ Não, porque voce parece perigoso. Tal poder não pode ser usado desta maneira. Espere, voce ainda não está suficientemente puro. Continue a chorar e continue a meditar”. E exatamente três dias antes de morrer, Vivekananda teve outro satori. Então soube que sua morte chegara. Sufis: The People Of The Path Vol 1, págs 209-292 (em português: Sufis: O Povo Do Caminho)
25 – PRATICIDADE Não fique encantado ou enredado naquilo que lhe mostra seu próprio ser divino interior. Em vez disso, mantenha-se na trilha, no caminho da divindade. Ouvi falar de dois homens que certa vez estavam perdidos na floresta, numa noite muito escura. Era uma floresta muito perigosa, cheia de animais selvagens, muito densa, tudo escuro ao redor. Um homem era filosofo, e o outro um místico – uma era um homem de duvidas, o outro um homem de fé. De repente veio uma tempestade, estrondo, de trovoes e grandes relâmpagos. E no instante em que relampejou, o filosofo olhou para o céu, e o místico olhou para o caminho.
Voce está perdido numa floresta mais densa que a da historia. A noite é mais escura. Ás vezes vem o lampejo de um relâmpago... Olhe o caminho. Um Chuang Tzu é um relâmpago, um Buda é um relâmpago, eu sou um relâmpago. Não olhe para mim, olhe para o caminho. Se voce olha para mim, já perdeu a oportunidade... Porque o relâmpago dura apenas um instante. É raro o momento em que a eternidade penetra no tempo, é exatamente como um relâmpago. Se voce olha para o relâmpago, se olha para um Buda – e ele é lindo, seu rosto fascina, seus olhos são magnéticos -, se o olha voce perde o caminho. Olhe para o caminho... Siga o caminho. The Empty Boat. Págs 127-128
26 – COMPARAÇÃO. Um lembrete de que voce é necessário. Ninguém é mais alto e ninguém é mais baixo; ninguém é superior e ninguém é inferior. Tudo se encaixa. Um samurai, um guerreiro muito orgulhoso, veio véu um Mestre Zen. O samurai era muito famoso, mas olhando para o Mestre, olhando para a beleza do Mestre e para o encanto daquele momento, repentinamente sentiu-se inferior. Ele disse ao Mestre: “ por que estou me sentindo inferior? Apenas um momento atrás tudo estava muito bem. Quando aqui entrei, repentinamente me senti inferior. Nunca me senti assim antes. Encarei a morte muitas vezes, e nunca senti medo algum – por que estou sentindo medo agora? O Mestre disse: “ Espere. Quando todos tiveram partido, responderei.” Durante todo o dia pessoas chegavam para ver o Mestre, e o samurai estava ficando mais e mais cansado de esperar. Ao anoitecer o quarto estava vazio, e o samurai perguntou: “agora voce pode me responder?” O Mestre disse: “Venha para fora.” Era uma noite de lua cheia, a lua estava justamente surgindo no horizonte. E ele disse: “olhe para estas árvores –
está arvore alta no céu, e esta pequena, ao lado”. Ambas estiveram juntas, ao lado de minha janela, durante anos, e nunca houve problema algum. A arvore menor jamais disse a arvore maior: “Por que me sinto inferior diante de voce”? Esta arvore é pequena, e aquela arvore e grande – e porque nunca ouvi nenhum sussurro sobre isso? O samurai respondeu: “Porque elas não podem se comparar.” E o Mestre replicou: “Então voce não precisa me perguntar. Voce sabe a resposta”. Quando voce não compara, toda inferioridade e toda superioridade desaparecem. Então voce é – voce simplesmente existe. Um pequeno arbusto ou uma grande alta árvore – não importa, voce é voce mesmo. Uma folhinha da relva é tão necessária quanto a maior das estrelas. Este canto do cuco é tão necessário quanto qualquer Buda – o mundo será menos rico se este cuco desaparecer. Simplesmente olhe a sua volta. Tudo é necessário e tudo se encaixa. É uma unidade orgânica; ninguém é mais alto e ninguém é inferior. Cada um é incomparavelmente único voce é necessário. Se voce não é capaz de sentir isso em minha presença, onde irá sentir? Todos os dias me inclino diante de voce apenas para lembrá-lo de que voce é perfeito, que nada esta faltando, que voce já chegou – nem um único passa deve ser dado; tudo é como deveria ser. Isso é consciência religiosa. The Sun Rises In The Evening Págs 130-131
27 – JULGAMENTO Julgamento significa um estado mental estagnado. E a mente sempre deseja julgar, porque estar em processo é sempre arriscado e desconfortável. Seja muito, muito corajoso; não pare de crescer, viva o momento, simplesmente permaneça no fluxo da vida. Esta historia aconteceu nos dia de Lao Tzu, na china, e Lao Tzu a amava muito. Havia numa aldeia um velho muito pobre, mas até reis o invejavam, pois ele tinha um lindo cavalo branco... Reis ofereciam quantias fabulosas pelo cavalo, mas o homem
dizia: “Este cavalo não é um cavalo para mim, é uma pessoa. E como se pode vender uma pessoa, um amigo?” O homem era pobre, mas jamais vendeu o cavalo. Numa manha descobriu que o cavalo não estava na cocheira. A aldeia inteira se reuniu, e disseram: “Seu velho estúpido! Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado. Teria sido melhor vende-lo. Que desgraça!”. O velho disse: “Não cheguem a tanto. Simplesmente digam que o cavalo não esta na cocheira. Este é o fato; o resto é julgamento. Se se trata de uma desgraça ou de uma benção, não sei, porque este é apenas um fragmento. Quem pode saber o que vai se seguir?”. As pessoas riram do velho. Elas sempre souberam que ele era um pouco louco. Mas quinze depois, de repente, numa noite, o cavalo voltou. Ele não havia sido roubado, ele havia fugido para a floresta. E não apenas isso, ele trouxera uma dúzia de cavalos selvagens consigo. Novamente as pessoas se reuniram e disseram: “Velho, voce estava certo. Não se tratava de uma desgraça; na verdade provou ser uma benção”. O velho disse: “Novamente vocês estão se adiantando. Apenas digam que o cavalo está de volta... quem sabe é uma benção ou não? Este é apenas um fragmento. Voce lê uma única palavra de uma sentença – como pode julgar todo o livro?”. Desta vez as pessoas não podiam dizer muito, mas interiormente sabiam que ele estava errado. Doze lindos cavalos tinham vindo... O velho tinha um único filho, que começou a treinar os cavalos selvagens. Apenas uma semana mais tarde ele caiu de um cavalo e fraturou as pernas. Novamente as pessoas se reuniram, e mais uma vez julgaram. Elas disseram: “Voce tinha razão novamente. Foi uma desgraça. Seu único filho perdeu o uso das pernas, e na sua velhice ele era seu único amparo. Agora voce esta mais pobre do que nunca”. O velho disse: “vocês estão obcecados por julgamentos. Não se adiantem tanto. Digam apenas que meu filho fraturou as pernas. Ninguém sabe se isso é uma desgraça ou uma benção. A vida vem em fragmentos, mais que isso nunca é dado”. Aconteceu que, depois de algumas semanas, o país entrou em guerra, e todos os jovens da aldeia foram forçados
a se alistar. Somente o filho do velho foi deixado para trás, porque era aleijado. A cidade inteira estava chorando, lamentando-se, porque aquela era uma luta perdida e sabiam que a maior parte dos jovens jamais voltaria. Elas vieram até o velho e disseram: “Voce tinha razão, velho – aquilo se revelou uma benção. Seu filho pode estar aleijado, mas ainda está com voce. Nossos filhos foram-se para sempre”. O velho disse mais uma vez “Vocês continuam julgando. Ninguém sabe! Digam apenas que seus filhos foram forçados a entrar para o exercito e que meu filho não foi. Mas somente Deus, a totalidade, sabe se isso é uma benção ou uma desgraça.”. Não julgue, porque dessa maneira jamais se tornará uno com a totalidade. Voce ficará obcecado com fragmentos, pulará para as conclusões a partir de coisas pequenas. Quando voce julga voce deixa de crescer. Julgamento significa um estado mental estagnado. E a mente sempre deseja julgar, porque estar em processo é sempre arriscado e desconfortável. Na verdade a jornada nunca chega ao fim. Um caminho termina, outro começa; uma porá se fecha, outra se abre. Voce atinge um pico; sempre existe um pico mais alto. Deus é uma jornada sem fim. Somente aqueles que são corajosos, não se importam com a meta e se contentando com a jornada, satisfeitos, simplesmente de viver o momento e de nele crescer... Somente aqueles que são capazes de caminhar com a totalidade. Until You Die Págs 36-40 Em português: (Antes Que Voce morra)
28 – AUTO -ACEITAÇÃO Voce não pode ser ninguém alem de voce mesmo. Então relaxe! A existência necessita de voce tal como voce é. Ouvi contar: Um rei foi a seu jardim e encontrou arvores, arbustos e flores definhando e morrendo. O carvalho disse que estava morrendo porque não podia ser tão alto como o pinheiro. Voltando-se para o pinheiro, descobriu que estava murchando porque era incapaz de dar
uvas como a parreira. E a parreira estava morrendo porque não podia desabrochar como a roseira. Então ele encontrou uma planta, o amor perfeito, florida e viçosa como nunca. Indagando, recebeu a resposta: “Assumi que quando voce me plantou voce queria um amor perfeito. Se quisesse um carvalho, uma parreira, uma roseira, voce as teria plantado. Então pensei: Como não posso ser ninguém além de mim mesmo, tentarei sê-lo da melhor maneira possível”. Voce esta aqui porque esta existência necessita de voce tal como voce é! Senão outra pessoa estaria aqui. Voce esta preenchendo algo muito especial, muito fundamental, como voce é! Por que voce deveria ser um Buda? Se Deus quisesse outro Buda ele teria produzindo tantos Budas quantos quisesse. Ele produziu somente um Buda. E foi o suficiente. Desde então não produziu nenhum outro Buda, ou outro Cristo. Em vez disso, ele o criou. Veja só o respeito que o Universo tem por voce! Voce foi o escolhido – não o Buda, não o Cristo, não o Krishna. O trabalho deles esta feito, eles contribuíram com sua fragrância para a existência. Agora voce esta aqui para contribuir com sua fragrância. Simplesmente olhe para voce mesmo. Voce só pode ser voce mesmo... Não há possibilidade de ser outra pessoa. Voce pode apreciar isso e florescer, ou pode condenar isso e definhar. Take It Easy Vol 2, págs 101-103
29 – GRATIDÃO Quando seu coração esta pleno de gratidão, qualquer porta aparentemente fechada pode ser uma abertura para uma benção ainda maior. Muito poucas mulheres alcançaram o ápice do Zen. Rengetsu é uma dessas mulheres. Ela estava em peregrinação, e chegando a uma vila ao por do sol, pediu hospedagem para a noite. Mas os moradores fecharam suas portas. Eles deviam ser budistas tradicionais
na vila, e não permitiram que essa monja Zen lá permanecesse; jogaram-na fora da vila. Era uma noite fria, e a velha mulher sem hospedagem... e com fome. Ela teve que fazer de uma cerejeira dos campos o seu abrigo. Estava realmente frio, e ela não podia dormir direito. E era perigoso também – animais selvagens e tudo. A meia noite ela acordou – estava com muito frio – e viu, no céu noturno da primavera, as flores da cerejeira totalmente abertas, rindo para a lua envolta em nevoa. Tomada pela beleza, levantou-se e fez uma reverencia em direção à vila. Pela sua bondade em me recusarem hospedagem, encontrei-me sob as flores, no luar desta noite em névoas. Com grande gratidão ela saudou aquelas pessoas que lhe recusaram hospedagem, pois de outra forma estaria dormindo sob o teto comum e teria perdido está benção – estas flores da cerejeira e este sussurrar com a lua nevoenta, e este silencio da noite, este absoluto silencio da noite. Ela não sente raiva, ela aceita... Não só aceita, mas acolhe. Ela sente-se grata. A vida é imensa, e a cada momento traz mil e uma dádivas para voce. Mas voce está tão envolvido, preocupado, com sua mente desejosa, voce está tão cheio de pensamentos, voce recusa todas estas dádivas... Deus vem; voce recusa continuamente. Um homem se torna um Buda no momento em que aceita com gratidão tudo que a vida traz. Zen: The Path Of Paradox Vol. 3, págs 179-180
30 – MORTE/ AQUILO QUE NUNCA MORRE Coloque sua atenção em olhar dentro de si mesmo para aquilo que nunca morre. Voce agora está preparado para se desapegar do que morreu ou se foi. Esqueça-se de tentar trazelo de volta e não tome o fato de ter-se ido como algo pessoal.
Os milagres de Buda são totalmente diferentes daqueles de Jesus. Uma mulher vai a Buda: sua criança está morta e ela está chorando e se lamentando, e ela é viúva; nunca mais terá outro filho, e seu único filho está morto, e para ele ia todo o seu amor e toda sua atenção... Mas o que fez Buda? Buda sorriu e disse a ela: “Vá para a cidade e simplesmente encontre algumas sementes de mostarda de uma casa onde ninguém tenha morrido”. E a mulher correu para a cidade e foi de casa em casa. Onde quer que fosse eles diziam: “Podemos lhe dar quantas sementes de mostarda voce quiser, mas a condição não será cumprida – porque muitas pessoas já morreram em nossa casa”. Isso aconteceu repetidamente. Mas ela tinha esperança: “Talvez... quem sabe? Pode haver alguma casa em algum lugar que não tenha conhecido a morte.” E ela perambulou todo o dia. Ao anoitecer uma grande compreensão aflorou na mulher. “A morte faz parte da vida. Ela acontece. Não é algo pessoal, não é uma calamidade pessoal que aconteceu comigo”. Com esta compreensão ela foi até Buda. E ele perguntou: “onde estão as sementes de mostarda?” E ela sorriu e caiu a seus pés, dizendo: “Inicia-me. gostaria de conhecer aquilo que nunca morre. Não peço pela minha criança de volta, pois mesmo que seja dada, morrerá novamente. Ensina-me algo, de tal modo que possa conhecer dentro de mim mesma aquilo que nunca morre.” The Wisdom Of The Sands Vol. 1 pags 103-110
31 – ACEITAÇÃO Aceite a vida tal como ela é. Seja feliz sem qualquer razão. Numa vila onde o grande Mestre Zen Hakuin estava vivendo uma jovem ficou grávida. Seu pai pressionou-a para saber o nome de seu amante, e, por fim, para escapar da punição, ela disse que era Hakuin. O pai não disse mais nada, mas quando chegou o tempo e a criança nasceu imediatamente levou o bebe para Hakuin,
jogando-o ao chão. “Pelo visto esta é sua criança”, ele disse, e despejou todas a s ofensas que conhecia. O Mestre Zen disse apenas: “ Ah, é mesmo?” e segurou o bebê em seus braços. Dali em diante, onde quer que fosse, levava o bebê, enrolado na manga de seu velho manto. Durante dias chuvosos e noites de tempestades ele saia para mendigar leite nas casas vizinhas. Muitos de seus discípulos, considerando-o decaído, voltaram-se contra ele e partiram. E Hakuin não dizia uma só palavra. Enquanto isso a mãe viu que não podia agüentar a agonia de estar separada de sua criança. Ela confessou o nome do pai verdadeiro a seu pai, que correu para Hakuin e se prostrou diante dele implorando repetidamente perdão. Hakuin apenas disse: “Ah, é mesmo?” e devolveu-lhe a criança. Isso é aceitação. Isso e tathata. Tudo o que a vida traz está bem, absolutamente bem. Esta é a mesma qualidade que tem o espelho – nada é bom, nada é mau, tudo é divino. Aceite a vida como ela é. Ao aceita-la, os desejos desaparecem, as tensões desaparecem, as insatisfações desaparecem. Aceitando-a como ela é a pessoa começa a sentir-se muito feliz, e sem haver razão alguma. Quando a felicidade tem uma razão de ser, ela não dura muito. Quando a felicidade não tem razão alguma de ser, estará presente para sempre. Zen: The Path Of Paradox Vol. 3, págs 175-176.
31- ALEM DA PEQUENA FAMILIA Voce é parte do todo, voce pertence à existência. Não deixe o apego à parte impedi-lo de entrar no todo maior. Há uma historia muito misteriosa sobre Jesus, parecendo bastante dura de sua parte. Ele falava a multidão, e alguém disse: “Jesus, sua mãe o está esperando lá fora, mas a multidão é tão grande que ela não pôde entrar, ela quer vê-lo”. Jesus disse: “Ninguém e minha mãe.” E numa ocasião, quando Jesus era criança e seus pais foram ao grande templo dos judeus para o festival anual,
Jesus se separou deles. Eles procuraram muito, mas somente ao anoitecer puderam encontrá-lo, quando já estavam bastante perturbados e preocupados. Ele estava sentado com alguns eruditos – apenas uma criança, e discutindo com eles coisas sobre o desconhecido. Seu pai veio até ele falou: “Jesus, o que está fazendo aqui? Estivemos preocupados. Com voce o dia todo.”. Jesus disse: “Eu sou seu pai... e que tipo de negocio voce tem aqui? Eu sou um carpinteiro.”. E Jesus respondeu: “Meu pai está no céu – voce não é meu pai”. Da mesma maneira que uma criança deve deixar o corpo da mãe, assim também, um dia deve sair do útero dos pais. Não apenas física, mas mentalmente também; não apenas mental, mas espiritualmente também. E quando a criança nasce espiritualmente, está fora do passado por completo, desligou-se dele completamente; apenas então, pela primeira vez, ela se torna um ser, uma realidade independente. Antes disso era apenas uma parte da mãe, ou do pai, ou da família, mas nunca ela mesma. No Water No Moon Pags 173-179 (em português: Nem Água, Nem Lua)
Se voce esta amando uma família, deve ir alem desse amor. Caso contrário esse mesmo amor, esse mesmo apego, não permitirá que voce penetre no todo maior. Come Follow Me Vol. 2 pag 122
34 – RENASCIMENTO/ MOMENTO A MOMENTO. Mesmo numa situação em que seus próprios sentimentos esteja completamente justificados, e voce sente que está absolutamente certo, ainda assim esteja aberto para a possibilidade de algo além de tudo aquilo que voce jamais conheceu. Salte fora da experiência do passado, e mergulhe em uma dimensão completamente nova.
Quando Buda se tornou iluminado, a primeira coisa que fez foi voltar para sua família, assim poderiam ver o que havia ocorrido a ele... E é natural que ele se lembrasse de todos aqueles que havia amado. Mas sua mulher, Yasodhara, estava enfurecida, e isso também é natural e humano. Numa noite, de repente, aquele homem escapou, e sem ao menos lhe dizer para onde estava indo... e a ferida era profunda. E voce ficará surpreso ao saber que a ferida não era profunda porque Gautama Sidhartha a deixara este não era o problema. Ela amou tanto esse homem, que se ele quisesse ir para a floresta para a sua busca interior, ela teria permitido. A razão da ferida era o fato dele não ter lhe dito nada, de não ter confiado nela – esta era a ferida. Veja a diferença! Ela não era uma mulher comum. “Isto a estava machucando: Por que ele não pode confiar em mim?” E quando ele voltou naturalmente ela estava com raiva. “Disse: por que não me contou?” Eu não o teria impedido, e voce me conhece – voce me conhece perfeitamente bem. Vivemos muitos anos juntos. Alguma vez o impedi de fazer alguma coisa? Amei-o tão profunda e imensamente... Não teria me tornado uma barreira para a sua busca. Por que voce não me contou? Ela repetidamente lhe perguntava. E então, na sua raiva, chamou seu filho. Quando Buda se foi, o filho tinha apenas um mês de idade. Agora já estava com doze anos, e constantemente perguntava: “onde está meu pai? Quem é meu pai?” Ela chamou o menino e disse; lhe: “Rahul, este é seu pai. Ele fugiu como um covarde, este homem deu nascimento a voce. Agora peça a sua herança!”. Ela estava sendo sarcástica, porque Buda era agora um mendigo – que herança? O que ele tinha?... E voce sabe o que Buda fez? Ele iniciou a criança ao sannyas. Ele deu-lhe sua cumbuca de pedinte, e disse: “Na realidade vim para isto”. Eu encontrei, e gostaria que meu filho também encontrasse. E Yasodhara, termine com sua raiva. Isto é inútil agora, porque o homem de quem voce está com raiva não existe mais. “Eu morri e renasci. Compreendo seu rancor, mas o homem que a deixou naquela noite não existe mais. Olhe-me novamente!”
Embora seus olhos estivessem cheios de lágrimas, ela olhou... E reconheceu. E toda sua raiva desapareceu. Ela caiu aos pés de Buda e pediu para ser iniciada; tomou sua sannyasin. The Perfect Máster Vol.2, págs 208-210 The Book Of The Secrets Vol. 1 pags 197-200 (em português: o Livro dos Segredos).
34 – RAIVA Quando voce sentir raiva, não a jogue sobre o outro e nem a reprima. Ela é um belo fenômeno que pode ser transformado numa direção positiva. Um estudante de Zen veio a Bankei e disse: “Mestre, tenho um temperamento incontrolável. Como posso melhorálo?”. “Mostre-me esse temperamento”, falou Bankei, “soa fascinante.”. “Não o tenho neste exato momento”, disse o estudante, “assim não posso lhe mostrar”. “Então está bem”, disse Bankei, “traga-o quando o tiver”. “Mas não o posso simplesmente trazer quando ele aparecer”, protestou o estudante. “Ele surge inesperadamente, e com certeza o perderia antes de trazê-lo a voce”. “Neste caso”, disse Bankei, “isso não pode fazer parte de sua verdadeira natureza. Se fizesse, voce poderia mostrá-lo a mim em qualquer momento. Quando voce nasceu não o tinha – assim deve ter vindo a voce de fora. Sugiro que sempre que isso lhe acontecer, bata em si mesmo com um bastão, até que o temperamento não agüente e saia correndo”. Da próxima vez que sentir raiva, dê sete voltas em torno da casa, depois sente-se sob uma arvore e observe onde a raiva foi. Voce não reprimiu, não a controlou, não a atirou sobre alguém... a raiva é apenas um vomito mental... Não é necessário atira-la sobre alguém... Dê uma pequena corrida, ou pegue um travesseiro e bata nele ate que suas mãos e dentes estejam relaxados.
Na transformação voce nunca controla simplesmente se torna mais alerta. Está acontecendo a raiva – este é um belo fenômeno, é como eletricidade nas nuvens... Enquanto a raiva estiver ocorrendo, se voce subitamente se tornar consciente, ela desaparece. Tente! Bem no meio, quando voce está bem quente e gostaria de matar – subitamente fique consciente, e sentira que algo mudou: um encaixe interno, voce pode sentir o clique. Algo mudou, seu ser interior relaxou. O corpo levará um tempo para se acalmar, mas profundamente, no centro, tudo está calmo... Quando voce está calmo, pode desfrutar o mundo todo. Quando voce está quente, está perdido, identificou-se; tornase tão misturado naquilo, como pode desfrutá-lo? Pode parecer paradoxal, mas eu lhe digo: somente um Buda desfruta este mundo. And The Flowers Showered Págs 50-72
35 – MESTRIA SOBRE HUMORES Quer voce esteja feliz ou infeliz, lembre-se: “Isto também passará.” Esta chave permite-lhe tornar-se mestre de seus humores, ao invés de sua vítima. Um grande rei que empregava muitos sábios sentiu-se frustrado com suas riquezas. E um país vizinho, um país mais poderoso que o seu, estava se preparando para atacar. O rei estava com medo – da morte, da derrota, do desespero, da velhice. “Assim, chamou seus sábios e lhes disse:” Não sei por que, mas preciso encontrar um certo anel...aquele que me fará feliz quando estiver infeliz, e ao mesmo tempo, se estiver feliz e olhar para ele, tornar-me-ei triste”. Ele estava pedindo uma chave, uma chave com a qual pudesse abrir duas portas: a porta da felicidade e a da infelicidade. O que ele estava pedindo? Esta pedindo mestria sobre seus estados de animo. Estava dizendo que deseja se tornar mestre dos seus estados de animo; ele não queria mais ser vítima deles. Os sábios consultaram, mas não puderam chegar a conclusão alguma. Finalmente foram ter com um místico sufi e pediram seu conselho. O sufi apenas tirou o anel de seu dedo e lhes entregou, dizendo: “Há uma condição. Dê ao rei,
mas diga-lhe que só olhe sob a pedra quando tudo estiver perdido, quando a confusão for total, a agonia completa e ele estiver absolutamente desamparado. De outra forma perderá a mensagem.” O rei obedeceu. Seu país estava perdido, ele estava fugindo de seu reino para salvar sua vida. O inimigo o estava seguindo, ele podia ouvir os cavalos... E seu cavalo morreu; então ele correu a pé... e chegou a um beco sem saída. Havia apenas um abismo. No último instante lembrou-se do anel. Abriu-o, olhou atrás da pedra, e lá estava a mensagem. Ela era: “Isto Também Passará”. Until You Die Págs 192-204 (em português: Antes Que Voce Morra)
36 – PORTÕES DO INFERNO Lembre-se a todo instante – voce tem a escolha de estar no céu ou no inferno. Se voce está consciente, esta no inferno. Depende de você 37 – PORTÕES DO CÉU Quando voce está consciente, está no céu. Fique acordado, fique alerta, fique consciente! Novamente, depende de voce. O Mestre Zen Hakuin é um raro florescimento. Um guerreiro veio até ele, um samurai, um grande soldado, e perguntou: “Existe algum inferno? Existe algum céu? Se existem inferno e céu, onde estarão os portões? Por onde entro?”. Ele era um simples guerreiro. Guerreiros são simples, sem calculismos em suas mentes, sem aritmética. Eles conhecem apenas duas coisas: vida e morte. Ele não veio para aprender uma doutrina; queria saber onde estava o portão, assim poderia evitar o inferno e entrar no céu. E Hakuin replicou de uma forma que apenas um guerreiro podia entender. Hakuin disse: “quem é voce?”
E o guerreiro respondeu: “Sou um samurai.” No Japão é um grande orgulho ser um samurai. Significa um homem que não hesitará, em momento algum, em dar sua vida. E acrescentou: “Sou um samurai, e sou um líder de samurais. Ate mesmo o imperador me reverencia.”. Hakuin riu e disse: “Você um samurai? Voce parece um mendigo!”. Seu orgulho foi ferido. O samurai esqueceu para que tinha vindo. Desembainhou sua espada e estava a ponto de matar Hakuin. Então Hakuin riu e disse: “Este é o portão do inferno. Com esta espada, esta raiva, este ego, o portão é aberto.”. Isso um guerreiro pode entender. Imediatamente o samurai compreendeu. Ele colocou de volta sua espada na bainha... e Hakuin disse: “Aqui se abre o portão do céu.” Inferno e céu estão dentro de voce. Ambos os portões estão dentro de voce. Quando voce age inconscientemente, ai está o portão do inferno; quando se torna alerta e consciente, ai está o portão do céu. A mente é céu, a mente é inferno, e a mente e tem a capacidade de se tornar um ou outro. Mas pessoas continuam pensando que tudo está em algum lugar fora... Céu e inferno não estão não final da vida, estão aqui e agora. Em todos os momentos a porta se abre... Num único momento voce pode se mover do inferno para o céu, do céu para o inferno. Roots And Wings Págs 82-98 (em Português: Raízes e Asas)
38 – TRANSFORMAÇÃO Simplesmente experimente o exercício de Atisha. Traga todos os sofrimentos do mundo para dentro de seu coração, e verta bênçãos. Isso traz resultados imediatos. Faça-os hoje, e veja. Ele diz: “Comece sendo compassivo.” E o método é: quando voce inspira – ouça cuidadosamente, este é um dos maiores métodos – pense que está inspirando todas as misérias de todas as pessoas do mundo. Toda escuridão, toda negatividade, todo o inferno que existe em todos os lugares,
voce está inspirando. E deixe que isso seja absorvido pelo coração. Quando voce inspira, inspire todo o tormento e o sofrimento de todos os seres do mundo – passado, presente, e futuro. E quando expira, expire toda alegria que voce tem toda a beatitude que voce tem toda a benção que voce tem. Expire, derrame-se na existência. Este é o método da compaixão: beber todo o sofrimento e verter todas as bênçãos. E voce ficará surpreso se os fizer. No momento em que trouxer todos os sofrimentos para dentro de si, eles deixam de ser sofrimentos. O coração transforma a energia imediatamente. O coração é uma força transformadora: beba o tormento e ele é transformado em beatitude... Então verta-a. Uma vez que tenha aprendido que seu coração pode fazer está mágica, este milagre, voce gostará de fazer isto muitas vezes. Tente. Este é um dos métodos mais práticos e simples, e traz resultados imediatos. Faça-o hoje, e veja. The Book OF Wisdom Vol 1, págs 21-22
39 – CRIATIVIDADE Pare de usar sua loucura, sua negatividade, sua destrutividade contra si mesmo e contra os outros. Isso tem sido fácil. Destruição até mesmo uma criança pode fazer. Agora volte-se para algo interno, completamente não familiar. Isso exige tremenda coragem, tremenda força, permita-se expressar sua criatividade. Esta é uma historia contada a respeito de Buda. Havia um homem meio louco, um assassino louco. Ele tinha feito um juramento de que mataria mil pessoas, não menos que isso, porque a sociedade não o havia tratado bem. Ele estaria se vingando ao matar mil pessoas. E de cada pessoa assassinada tirava um dedo, e os colocava como um rosário ao redor do pescoço – um rosário de mil dedos. Devido a esse juramento, seu nome passou a ser Angulimala: o homem com o rosário de dedos.
Ele matou novecentos e noventa e nove pessoas. Onde as pessoas ficavam sabendo que Angulimala estava por perto, ninguém ia àqueles lugares, o transito parava. E então ficou muito difícil para ele encontrar o ultimo homem, e apenas mais um homem era necessário para cumprir o juramento. Buda estava se aproximando de uma floresta, e as pessoas vieram dos povoados e disseram: “Não vá! Angulimala está lá, aquele assassino louco. Ele não pensa duas vezes, simplesmente mata. Ele não levará em conta que voce é um Buda. Não vá por este caminho...” Mas Buda disse; “Se eu não for, quem irá?... ele é uma pessoa, ele necessita de mim. Tenho que correr o risco. Ou ele me matará ou eu o matarei.” Buda foi. Mesmo seus discípulos mais próximos, que haviam dito que ficariam com ele até o final, começaram a ficar para trás. Era perigoso! Assim, quando Buda chegou a colina onde Angulimala estava sentado sobre uma pedra, não havia ninguém com ele; ele estava só. Todos os discípulos tinham desaparecido. Angulimala olhou para esse homem inocente, inocente como uma criança, tão belo que até mesmo ele, um assassino, sentiu compaixão por Buda. “Ele pensou: “Esse homem parece não saber que eu estou aqui; ninguém vem por este caminho” E então pensou:” É melhor não matar esse homem. Eu o deixarei ir: “posso encontrar outra pessoa.”. Ele gritou para Buda: “Volte! Pare ai mesmo e volte! Não dê outro passo! Sou Angulimala, e estes aqui são novecentos e noventa e nove dedos, e preciso de mais um dedo – mesmo que minha mãe venha eu a matarei e cumprirei meu juramento! Não chegue perto. Sou perigoso! E não acredito em religião... voce pode ser um monge muito bom, talvez um grande santo, mas não me importo. Seu dedo é tão bom como o de qualquer outro. Não de mais um passo e eu o matarei. Pare!”, mas Buda continuou se aproximando. Então Angulimala pensou: “Ou esse homem é surdo ou é louco.” Novamente ele gritou: “Pare! Não se mova!” Buda respondeu: “Eu parei há muito tempo. Não estou me movendo, Angulimala, voce está se movendo. Não tenho uma meta... e quando não há motivação, como pode haver movimento? Voce está se movendo – e eu lhe digo, pare voce!”
Angulimala começou a rir: “Voce é realmente um idiota, ou então está louco”, disse ele.” Não sei que tipo de homem voce é!” Buda aproximou-se e disse: “Soube que voce necessita mais um dedo. No que diz respeito a este corpo, minha meta foi alcançada, este corpo é inútil. Voce pode usá-lo, seu juramento pode ser cumprido – corte meu dedo e corte minha cabeça. Minha vinda é proposital, porque esta é a ultima chance para que meu corpo seja usado de alguma maneira”. Angulimala atingiu a árvore com sua espada, e um grande galho caiu. Então Buda disse; “Apenas mais uma coisa: junte o galho outra vez à árvore.” Angulimala respondeu: “Agora tenho certeza que voce é mesmo louco. Eu posso cortar, mas não posso juntar.”. Então Buda começou a rir e disse: “Quando voce é capaz apenas de destruir, porque a destruição pode ser feita por crianças, não há valentia nisso. Este galho pode ser cortado por uma criança, mas para junta-lo, um Mestre é necessário. E se voce nem mesmo é capaz de voltar a unir um galho a árvore, o que dizer de cabeças humanas? Voce alguma vez pensou nisso?” “Angulimala fechou os olhos e disse: Guie-me nesse caminho.” E diz-se que naquele mesmo instante ele se tornou um iluminado. Uma pessoa que tem a energia para enlouquecer, também tem a energia para se iluminar – é a mesma energia, apenas a direção muda. Se voce não é capaz de ser criativo, a energia torna-se destrutiva. The Mustard Seed Págs. 137-142 (em português: A Semente de Mostarda).
40 – INTEIREZA Olhe para dentro e veja se voce está inteiro. Tesouras são como a mente. Elas cortam, dividem. A agulha é como o amor, une coisas, restaura o que está despedaçando. Abra seu coração para o amor, e o amor o tornará inteiro.
Conta-se da vida do grande místico sufi Farid, que um rei veio vê-lo, trazendo-lhe um presente: uma linda tesoura de ouro ornamentada com diamantes – muito valiosa, muito rara, algo único. Ele trouxe a tesoura de presente para Farid. Tocou os pés de Farid e deu-lhe a tesoura. Farid pegou a tesoura, olhou-a e devolveu-a ao rei, dizendo: “Senhor, muitíssimo obrigado pelo presente que trouxe. É um lindo objeto, mas completamente inútil para mim. Será melhor se puder me dar uma agulha. Não necessito de tesouras, uma agulha é o suficiente.” O rei disse: “Não compreendo. Se voce necessita uma agulha, necessitará também uma tesoura!” Farid respondeu:” Não necessito tesoura porque tesouras são para separar. Necessito uma agulha, porque ela une. Eu ensino o amor, todo meu ensinamento é baseado no amor, na união, na comunhão das pessoas. Necessito uma agulha para tornar as pessoas unas. Tesouras são inúteis, pois cortam, separam. Da próximas vez que vier, simplesmente uma agulha comum será suficiente.” Unio Mystica Vol.2, págs 217-218
41 – FRACASSO Quando voce tenta fazer algo sozinho, separado do todo, isso se torna um fracasso. O sucesso está em Deus e com Deus. Converso com meu amor interior, e digo: Por que tanta pressa? Sentimos que há algum tipo de espírito, que ama os pássaros, os animais, as formigas. Talvez o mesmo que lhe deu uma radiancia no útero de sua mãe. Faz sentido caminhar por ai, inteiramente órfão agora? A verdade é: Voce mesmo voltou às costas e decidiu ir no escuro sozinho. Agora voce está confuso e esqueceu O que soube uma vez.
E é por isso que em tudo o que voce faz há um inevitável fracasso. Voce já não observou isso em sua própria vida? Tudo o que voce faz resulta em fracasso. Voce continua a não entender a razão... Pensa que não fez como deveria. Então tenta outro projeto, e fracassa novamente. Então pensa que não tem habilidade suficiente, e desenvolve a habilidade, mas fracassa novamente. Ai pensa: “O mundo está contra mim,” ou “Sou vitima dos ciúmes das pessoas.” Voce vai encontrando explicações para o porquê de seu fracasso, mas nunca atinge a verdadeira raiz do fracasso. Kabir diz que o fracasso significa voce subtraído de Deus. Voce, com voce, é a causa essencial do fracasso. O sucesso está em Deus e com Deus. Perceba o espírito cósmico, o Tão, a lei que impregna e permeia toda existência, da qual voce nasce e para a qual retornará. The Revolution Págs 150, 177-179
42 – PREOCUPAÇÃO/ANSIEDADE Quando voce esta separa e tem metas particulares, há tamanha tensão que sua consciência torna-se muito limitada; voce fica fechado. Renda-se simplesmente, permitas que a existência o carregue. Ouvi falar a respeito de uma velha que estava viajando em um ônibus. Ela estava muito ansiosa, tremula e perguntando continuamente ao motorista que parada era aquela. O desconhecido sentado a seu lado disse: “Relaxe, não fique preocupada. O cobrador está anunciando todas as paradas, e se voce está muito preocupada, posso chamá-lo. Voce pode dizer-lhe onde quer descer e ele tomará nota. Relaxe!” Ele chamou o cobrador e a mulher disse: “Por favor, tome nota. Não quero perder minha parada. Tenho que chegar onde estou indo com muita urgência!” O cobrador disse: “Tudo bem, eu me lembrarei. Mesmo sem voce pedir, estarei anunciando as paradas, mas virei
especialmente e lhe avisarei quando sua parada chegar. Não se preocupe. Então onde voce quer descer?” A mulher – transpirando, tremendo e muito tensa – falou: “Oh, muito obrigada. Tome nota – preciso descer no ponto final!” Sua consciência fica mais e mais limitada quando voce está tenso. Voce fica fechado. E torna-se muito mais difícil, em tamanha ansiedade... E sem necessidade. Ora, se é o ponto final, por que se preocupar? Como voce pode deixá-lo passar? No momento em que descansa, no momento em que relaxa, voce sabe que a existência já está se movimentando, indo em direção aos mais altos cumes. E voce é parte dela! Voce não necessita ter ambições separadas. Isso é entrega: relaxar, abandonando todas as metas particulares, abandonando toda a mente conquistadora, todas as projeções do ego. Este é todo o segredo da iluminação: ela acontece num profundo estado de descanso. Guida Spirituale Págs 302-303
43 – MENTE Esteja pronto para tomar responsabilidade pela criação de sua própria miséria, alegria, negatividade, positividade, inferno ou paraíso. Quando essa responsabilidade é entendida e aceita, mudanças começam a acontecer. Esteja aberto a uma nova possibilidade. Há uma famosa parábola: Uma vez um homem estava viajando e, acidentalmente, entrou no paraíso, e no conceito indiano de paraíso existem arvores dos desejos. Voce simplesmente senta debaixo delas, deseja qualquer coisa e imediatamente seu desejo é realizado – não há intervalo entre o desejo e sua realização. O homem estava cansado, e pegou no sono sob a árvore dos desejos. Quando despertou, estava com muita fome, então disse: “Estou com tanta fome, desejaria poder conseguir alguma comida de algum lugar.” E imediatamente apareceu comida vinda do nada – simplesmente uma deliciosa comida flutuando no ar. Ele estava tão faminto que não prestou atenção de onde a comida viera – quando se está com muita fome, não se é
filosófico. Começou a comer imediatamente, e a comida era tão deliciosa... Depois, a fome tendo desaparecido, olhou a sua volta. Agora estava satisfeito. Outro pensamento surgiu em sua mente: “se ao menos pudesse conseguir algo para beber...” e como não há proibições no paraíso, imediatamente apareceu um excelente vinho. Bebendo o vinho relaxadamente na brisa fresca do paraíso, sob a sombra da árvore, começou a pensar: “O que está acontecendo? O que esta havendo? Estou sonhando ou existem espíritos ao redor que estão fazendo truques comigo?” E os espíritos apareceram. E eram ferozes, horríveis, nauseantes. E ele começou a tremer, e um pensamento surgiu em sua mente: “Agora vou ser assassinado, com certeza...”. E ele foi assassinado. Esta é uma antiga parábola, e de imenso significado. Sua mente é arvore dos desejos – o que voce pensa mais cedo ou mais tarde se realiza. Às vezes o intervalo é tão grande que voce se esquece completamente que desejou aquilo; então não faz a ligação com a fonte. Mas se olhar profundamente perceberá que todos os seus pensamentos estão criando voce e sua vida, Eles criam seu inferno, criam seu paraíso. Criam seu tormento, criam sua alegria. Eles criam o negativo, criam o positivo... Todos aqui são mágicos. E todos estão fiando e tecendo um mundo mágico a seu redor... E aí são apanhados. A própria aranha é pega em sua própria teia. Ninguém o está torturando a não ser voce mesmo. E uma vez que isso seja compreendido, mudanças começam a acontecer. Então voce pode dar a volta, pode mudar seu inferno em paraíso; é simplesmente uma questão de pintá-lo a partir de um ângulo diferente... a responsabilidade é toda sua. E assim surge uma nova possibilidade: voce pode parar de criar o mundo! Não há necessidade de criar paraíso e inferno, não há necessidade alguma de criar. O criador pode relaxar aposentar-se. E a meditação é a aposentadoria da mente. Take It easy Vol.2 pags 176-179
44 – DESEJO É hora de para de buscar fora de voce àquilo que poderia fazê-lo feliz. Olhe para dentro. Existe uma historia sufi muito famosa. Um imperador estava saindo de seu palácio para seu passeio matinal, quando encontrou um mendigo. Ele perguntou ao mendigo: “o que voce quer?”. O mendigo riu e respondeu: “Voce está perguntando como se fosse capaz de satisfazer meu desejo!”. O rei ficou ofendido, e disse: “Certamente sou capaz de satisfazer seu desejo. O que é? Simplesmente me diga.”. E o mendigo respondeu: “pense duas vezes antes de prometer qualquer coisa”. O mendigo não era um mendigo comum, ele tinha sido o Mestre do imperador em sua vida passada. “E, naquela, vida, tinha prometido; Voltarei e tentarei desperta-lo em sua próxima vida”. Voce perdeu a oportunidade nesta, vida, mas voltarei. Mas o rei tinha esquecido completamente – quem se lembra de vidas passadas? Então ele insistiu: “! Eu realizarei qualquer coisa que voce pedir. Sou um imperador muito poderoso; o que é possível que voce deseje que eu não possa lhe dar?”. O mendigo respondeu: É um desejo muito simples. Esta vendo esta cumbuca de pedinte? Voce pode enchê-la com alguma coisa?”“ O imperador respondeu: “certamente!” ele chamou um de seus vizires e falou: “ Encha a cumbuca deste homem com dinheiro”. O vizir foi, pegou algum dinheiro e despejou na cumbuca... e o dinheiro desapareceu. E ele despejou mais e mais, e no momento em que despejava o dinheiro, este desaparecia. E a cumbuca permanecia sempre vazia. Todas as pessoas do palácio reuniram. Aos poucos o rumor se espalhou pela capital, e uma multidão enorme juntou-se. O prestigio do imperador estava em jogo. Ele disse aos vizires: “se o reino inteiro for perdido, estou pronto a perdê-lo, mas não posso ser derrotado por este mendigo.”. Diamantes, pérolas, esmeraldas... Seus tesouros estavam se esvaziando. Aquela cumbuca de pedinte parecia não ter fundo. Tudo que era colocado nela - tudo! – desaparecia
imediatamente, saia da existência. Finalmente a noite chegou e as pessoas estavam paradas ao redor em absoluto silencio. O rei ajoelhou-se aos pés do mendigo e admitiu sua derrota. Ele falou: “Diga-me apenas uma coisa. Voce venceu, mas antes de ir-se apenas satisfaça minha curiosidade. De que é feita essa cumbuca?” O mendigo riu e respondeu: “é feita da mente humana. Não existe segredo... é feita simplesmente do desejo humano.”. Esta compreensão transforma a vida. Entre num desejo – qual é o mecanismo dele? Primeiro há um enorme interesse, uma enorme emoção, aventura. Voce sente uma enorme excitação. Algo vai acontecer, voce está a ponto de alcançá-lo. E então voce tem o carro, tem o iate, tem a casa, tem a mulher... E de repente tudo novamente não tem significado. O que acontece? Sua mente desmaterializou tudo. O carro esta ali parado, mas não há mais excitação. A excitação estava somente em consegui-lo... Voce ficou embriagado com o desejo que esqueceu seu vazio interior. Agora – o desejo realizado, o carro na garagem, a mulher em sua cama, o dinheiro em sua conta bancaria – novamente a excitação desaparece. Novamente o vazio está presente, pronto para devorá-lo. Novamente voce tem que criar outro desejo para escapar desse abismo de tédio. Essa é a maneira pela qual nos movemos de um desejo para outro. Essa é a maneira pela qual permanecemos mendigos. Toda sua vida prova isso muitas vezes – todo desejo frustra. E quando a meta é alcançada, voce necessita outro desejo. No dia em que voce entender que o desejo como tal resulta sempre em fracasso, chegou o ponto da virada em sua vida. A outra jornada é para dentro. Mova-se para dentro, volte-se para casa. Zen: The Path Of The Paradox Vol.2, págs 208-220
45 – ADIAMENTO
Veja a futilidade de se correr atrás da satisfação no futuro, e perceba que nada mais é necessário. Não adie. Diógenes, o místico grego, é um dos raros florescimentos da consciência humana. Quando Alexandre o grande estava a caminho da Índia, encontrou Diógenes. Era uma manhã de inverno; uma brisa fresca soprava, e Diógenes estava à margem do rio, na areia, tomando sol, nu... Ele era um homem belo – quando uma alma bela existe, surge uma beleza que não é deste mundo. Alexandre não podia acreditar na graciosidade desse homem. Ele estava admirado, e disse: “Senhor...” aquela era a primeira vez que ele dizia “senhor” a alguém. Ele disse: “Senhor, estou imensamente impressionado pelo seu ser, e gostaria de fazer algo por voce. Há alguma coisa que possa fazer por voce?” Diógenes respondeu: “Apenas mova-se um pouco para o lado, porque voce está bloqueando o sol – isso é tudo. Não preciso mais nada.” Alexandre disse: ”Se eu tiver uma outra chance de voltar a Terra, pedirei a Deus que, em vez de me fazer Alexandre novamente, faça-me Diógenes”. Diógenes riu e perguntou: “Quem o está impedindo neste momento”? Onde voce está indo? Tenho visto exércitos se movendo por meses... Onde está indo? E para que? Alexandre respondeu: “Estou indo para a Índia conquistar o mundo.”. “e depois, o que voce fará”? Diógenes perguntou. Alexandre disse: “então descansarei.”. Diógenes riu novamente e afirmou: „Voce está louco! Eu estou descansando agora. Eu não conquistei o mundo, não vejo necessidade disso. Apenas no final voce quer descansar e relaxar; por que não agora? Quem disse a voce que antes de descansar voce tem que conquistar o mundo? E eu lhe digo se não descansar agora, nunca descansará. Voce nunca será capaz de conquistar o mundo... Voce morrerá no meio da jornada. “Todos morrem no meio da jornada.” Alexandre disse que ficaria com isso em mente, e que estava muito grato, mas neste momento não poderia parar. E ele morreu no meio da jornada. Nunca alcançou sua casa novamente; ele morreu no meio do caminho. E então uma estranha historia tem sido contada através dos tempos, que Diógenes também morreu no mesmo dia. E
eles se encontraram a caminho de Deus, na travessia do rio. Alexandre estava alguns metros a frente, quando viu alguém atrás dele... Olhou para trás e viu que era Diógenes, o mesmo homem belo. Ele ficou surpreso e envergonhado. Tentando se esconder sua vergonha, disse: “De novo nos encontramos, o imperador e o mendigo.”. E Diógenes replicou” É verdade.mas voce não compreende, não sabe quem é o mendigo e quem é o imperador. Por eu ter vivido minha vida totalmente e a ter desfrutado, posso encarar Deus. Voce não será capaz de encara-lo, porque posso ver: voce não pode nem me encarar. Voce não pode olhar dentro dos meus olhos toda a sua vida será um desperdício.” Take It Easy Vol. 1 pags 136-139
46 – PROCURANDO, BUSCANDO, QUESTIONANDO Voce está em grande perigo! A qualquer momento –pode estar amando, rindo, curtindo – voce pode acidentalmente encontrar Deus. Esta é uma linda historia de Rabindranath Tagore: “Eu estava procurando Deus por milhões de vidas”. Eu o via... às vezes longe... Eu corria... Quando alcançava o lugar, ele já tinha ido mais longe. Eu seguia adiante. Mas finalmente cheguei a uma porta, e na porta havia uma placa: „esta é a casa onde mora Deus‟ Rabindranath diz: “Fiquei preocupado pela primeira vez”. Fiquei muito perturbado. Tremendo, subi as escadas. Estava a ponto de bater na porta, e de repente num flash, percebi... “Se eu bater na porta e Deus a abrir, e então? Tudo estará acabado – minhas jornadas, minhas peregrinações, minhas grandes aventuras, minha filosofia, minha poesia, todos os desejos de meu coração-, tudo estará acabado” será um suicídio!” Percebendo o fato, Rabindranath diz: “ tirei os sapatos... porque descer as escada poderia criar algum barulho... e no momento em que alcancei o final da escada, corri. E não olhei para trás. Desde então tenho estado a correr por milhares de anos.
“Ainda estou procurando Deus, embora agora saiba onde ele mora. Então, tudo o que tenho a fazer é evitar aquele lugar, assim posso procurar por ele em todos os outros lugares. Mas tenho que evitar aquela casa.. Aquela casa me assombra. Recordo-a perfeitamente. Se por acaso eu acidentalmente entrar naquela casa, então tudo estará terminado.” The Goose is Out Pags 283-284
47 – ESPERANÇA Não se perca na armadilha da esperança. Não se deixe levar pela idéia de que a ajuda vem de fora. O outro não preencherá. Preenchimento é interno Ouvi falar de um caçador que se perdeu na floresta. Por três dias não pode achar ninguém para perguntar o caminho de saída, e ele estava ficando mais e mais apavorado – três dias sem comida e três dias de constante medo de animais selvagens. Por três dias não tinha conseguido dormir, ficava sentado acordado em alguma árvore, com medo de ser atacado. Havia cobras, havia leões e outros animais selvagens. No quarto dia, ao amanhecer, viu um homem sentado sob uma árvore. Você pode imaginar sua alegria. Ele correu, abraçou o homem e disse: “que alegria!” e o outro homem abraçou-o, e ambos ficaram felizes. Então perguntaram um ao outro “Por que você está tão entusiasmado?” O primeiro disse: “eu estava perdido, e estava com esperança de encontrar alguém.”. “E o segundo disse:” Eu também estou perdido e esperando encontrar alguém. Mas se estamos os dois perdido... Então a euforia foi sem motivo. Agora estamos perdidos juntos!” Guiga Spirituale Págs 216-217
48 – DESAFIO Um pouco de luta é uma necessidade. Tornamos-nos mais ricos com as tempestades – relâmpagos, trovoes tristezas – assim como a alegria e a felicidade. Ouvi uma antiga parábola – deve ser muito antiga, porque naquela época deus costumava morar na terra... Um dia um velho fazendeiro veio a Deus e disse: “Olha, você pode ser Deus e ter criado o mundo, mas preciso lhe dizer uma coisa: Você não é fazendeiro, e não sabe o abc da agricultura. Você tem muito o que aprender.” Deus disse: “O que você sugere?”. O fazendeiro respondeu: “dê-me um ano e permita que as coisas sejam de acordo comigo, e veja o que acontece. Não haverá mais pobreza!”. Deus concordou, e um ano foi dado ao fazendeiro. Naturalmente ele pediu o melhor, pensava somente no melhor – nada de trovoes, nada de ventos fortes, nenhum perigo a safa. Tudo confortável, aconchegante, e ele estava muito feliz. O trigo estava crescendo tanto! Quando queria o sol, havia sol, quando queria chuva, havia chuva, o quanto quisesse. Neste ano, tudo estava certo, matematicamente certo. O trigo crescendo tanto... O fazendeiro ia a Deus e dizia: “olhe! Desta vez a safra será tão grande, que por dez anos, mesmo que as pessoas não trabalhem, haverá comida suficiente!” Mas quando fizeram a colheita, não havia grãos. O fazendeiro ficou surpreso. Ele perguntou a Deus: “o que aconteceu, o que saiu errado?”. Deus disse: “Por não existir nenhum desafio, nenhum conflito, nenhuma fricção, já que você evitou tudo de ruim, o trigo permaneceu impotente. Uma pequena fricção é uma necessidade. As tempestades são necessárias, os trovoes e os raios são necessários. Eles agitam a alma dentro do trigo!” Esta parábola tem um valor imenso. Se você for apenas, e feliz, e feliz, a felicidade perderá todo sentido. Será como se alguém estivesse escrevendo com giz branco em uma parede branca – ele pode continuar a escrever, mas ninguém jamais será capaz de ler. The Perfect Máster vol., 2 pags. 307-311
49 – AMOR Lembre-se de não de armazenar seu amor, de não ser calculista. Não seja mesquinho. Assim você perderá tudo. Ao contrário, permita que seu amor floresça, e compartilhar-o,, oferaça-o, permita que ele cresça. Um grande rei tinha três filhos, e queria escolher um deles para ser seu herdeiro. Mas isso era muito difícil, porque os três eram muito inteligentes, muito corajosos. E eram trigêmeos, tendo então a mesma idade, assim não havia maneira de decidir. Então ele perguntou a um grande sábio, e o sábio deu uma idéia. O rei foi para casa e chamou os três filhos. E a cada um deu uma sacola com sementes de flores, e os avisou que estava indo a peregrinação religiosa: “Levará alguns anos; um, dois, três, talvez mais. E isso é uma espécie de teste para vocês. Terão que me devolver estas sementes quando eu voltar. E aquele que as proteger melhor será meu herdeiro.” E partiu para a peregrinação. O primeiro filho pensou: “O que devo fazer com estas sementes?” ele trancou-as num cofre de ferro – porque quando o pai voltasse, teria que devolve-las como eram. O segundo filho pensou: “se eu as trancar como meu irmão fez, elas morrerão. E uma semente morta não é mais uma semente.” Então foi ao mercado, vendeu as sementes e guardou o dinheiro. E pensou: “Quando meu pai voltar, irei ao mercado, comprarei novas sementes e devolverei a ele sementes melhores que as primeiras”. Mas o terceiro foi ao jardim e jogou as sementes por todo o lugar. Após três anos, quando o pai voltou, o primeiro filho abriu seu cofre. As sementes estavam mortas, cheirando mal. E o pai disse: “O que? São as sementes que lhe dei? Elas tinham a possibilidade de desabrochar em flores e exalar um maravilhoso perfume – e essas sementes estão cheirando mal! Essas não são minhas sementes!” o filho insistiu que eram as mesmas sementes, e o pai disse: “voce é um materialista.”. O segundo filho correu ao mercado, comprou sementes, voltou para casa e as apresentou a seu pai. O pai disse: “Mas essas não são as mesmas. Sua idéia foi melhor que a do
primeiro, mas voce ainda não é tão capaz como gostaria que fosse. Voce é um psicólogo”. Ele foi ao terceiro – com grande esperança e também com medo: “O que ele fez?” e o terceiro filho o levou ao jardim, e havia milhares de plantas florescendo, milhares de flores a toda volta. E o filho disse: “Estas são as sementes que voce me deu. Logo que estiveram no ponto, colherei as sementes e as devolverei a voce.”. O pai disse: “Voce é meu herdeiro. Esta é a maneira de se agir com as sementes”. O avarento não compreenderá a vida, e a mente calculista também a perderá. Apenas uma mente criativa pode compreendê-la. Esta é a beleza das flores – elas não podem ser armazenadas. Elas representam Deus, e Deus não pode ser armazenado. Não é por acaso que a flor tem sido um símbolo do amor, através dos tempos, em todos os paises, para todo tipo de sociedade. O amor é uma flor – quando começa florescer em voce, voce precisa compartilhá-lo, voce precisa oferecê-lo. E quanto mais voce dá, mais o amor cresce. Se continuar dando, um dia virá em que se tornará uma constante e infinita fonte de amor. Zen: the path Of Pardox Vol.2, págs 43-45
50 – COMPAIXÃO Compaixão não é ter um coração transbordante de piedade para com os outros. Compaixão é um amor tão profundo que você está disposto a fazer o que for preciso para trazer consciência a uma situação. Deixe-me lembra-lo de uma situação que aconteceu na vida de Jesus. Ele pegou um chicote e entrou no grande templo de Jerusalém. Um chicote na mão de Jesus? Este é o significado das palavras de Buda: “Uma mão não ferida pode segurar um veneno”. Sim, Jesus pode segurar um chicote, não há problema; o chicote não pode se apoderar dele. Ele permanece alerta, tamanha é sua consciência.
O grande templo de Jerusalém tornou-se um lugar de assaltantes; um roubo sutil acontecia ali. Havia cambistas dentro do templo, e eles estavam explorando o país inteiro. Jesus entrou no templo sozinho e virou as mesas dos cambistas, jogou seu dinheiro e criou tamanho tumulto que os cambistas fugiram do templo. Eles eram muitos e Jesus estava só, mas estava com tamanha fúria, tamanho fogo! E isso tem sido um problema para os cristãos. Como explicar o acontecido? Porque todo o esforço deles estava em provar que Jesus é uma pomba, um símbolo da paz. Como ele pode pegar um chicote em suas mãos? Como pode ser tão furioso, tão raivoso, sua energia deve ter sido uma tempestade; eles não podiam enfrentá-lo. Os sacerdotes, os negociantes e os cambistas fugiram todos, gritando: “Este homem enlouqueceu”! Os cristãos evitam esta historia. Não há necessidade de evitá-la, se voce compreender este sutra de Buda: Uma mão não ferida pode segurar veneno. Os inocentes não são afetados. Jesus é absolutamente inocente! Ele não é violento, não é destrutivo – esta é sua compaixão, este é o seu amor. O chicote em suas mãos é o chicote nas mãos do amor. The Book Of The Boks Vol. 4, discurso 15.
51 – CORAGEM Este é um lembrete: quando você entra no caminho para encontrar Deus, não há retorno possível. E isso exige tremenda coragem. Uma vez, ao amanhecer, Jesus foi a um lago. Um pescador tinha acabado de jogar sua rede, e o sol despontava no horizonte. Jesus pos a mão no ombro do pescador, e o pescador olhou para ele. Por um momento nenhuma palavra foi dita. Jesus simplesmente olhou em seus olhos, e o homem se apaixonou. Algo foi transmitido.
Jesus disse: “Por quanto tempo você vai desperdiçar sua vida pescando? Venha comigo. Eu lhe mostrarei como pescar Deus”. O homem deve ter tido uma imensa coragem. Ele jogou sua rede no lago e seguiu Jesus sem fazer qualquer pergunta. Quando saiam da cidade, um homem veio correndo. Ele disse ao pescador: “Onde você está indo? Você enlouqueceu? Venha para casa! Seu pai, que estava doente, morreu; precisamos fazer os preparativos para a sua ultima cerimônia e os últimos rituais”. Pela primeira vez o pescador falou com Jesus. Ele disse: “Permita que eu vá para a minha casa por apenas três dias, a fim de cumprir minhas obrigações de filho para com o meu falecido pai.”. Jesus respondeu: “Não se preocupe. Existem tantas pessoas mortas na cidade – eles cuidarão disso. Os mortos enterrarão os mortos. Venha comigo. E se vier comigo, então haverá retorno”. E o homem o seguiu. Tao: The Golden Gate Vol.1 pags 236-237.
52 – ARREPENDIMENTO Esteja consciente de que mesmo quando você comete um erro, isso também pode ser uma oportunidade. Quando perceber que foi contra sua própria verdade e traiu o que sente em seu coração, permita que as lágrimas fluam profundamente em você, e eles podem ser uma transformação.
Nenhum outro homem se compara a Al-Hillaj Mansoor, da tradição sufi. No passado muitas pessoas foram assassinadas” pelas chamadas pessoas religiosa”. Jesus foi simplesmente crucificado, mas Mansoor foi cortado em pedaços. Ele foi crucificado, mas primeiro suas pernas foram cortadas – e ele estava vivo; depois suas mãos foram cortadas. Então a língua foi cortada, depois seus olhos foram arrancados – e ele estava vivo; e depois seu pescoço foi cortado.
E que crime Mansoor cometeu? O único crime foi este: ter dito “Ana‟l Hak!”Isto significa: “ Eu sou a verdade, eu sou Deus!” Na Índia ele teria sido venerado por séculos, mas os mulçumanos não podiam tolerar aquilo. Cem mil homens juntaram-se para apedrejar Mansoor, para ridicularizá-lo. Mansoor estava rindo. Quando cortaram seus pés, ele pegou o sangue em suas mãos... E alguém lhe perguntou o que estava fazendo. Mansoor disse; “Como se pode lavar as mãos com água? Porque você comete crimes com seu sangue, e com o sangue comete pecados; somente o sangue pode ser a purificação. Estou preparando-me para rezar”. Quando começaram a cortar suas mãos, ele disse: “Esperem um minuto! Deixem que eu reze agora, porque quando não tiver as mãos será difícil”. Então olhou para o céu e disse: “Você não pode me enganar! Posso vê-lo em cada pessoa presente aqui! Você veio como assassino? – em qualquer forma que venha eu o reconhecerei porque o reconheci dentro de mim!”. As pessoas estavam jogando pedras e lama nele, ridicularizando-, e Mansoor estava dando gargalhadas e sorrindo, mas de repente começou a chorar porque Shibli, seu amigo, seu discípulo, atirou-lhe uma rosa. Mas uma vez as pessoas ficaram confusas, e mais uma vez perguntaram por que. Mansoor disse; “as pessoas que estão jogando pedras não sabem o que estão fazendo, Mas Shibli sabe – ele tem que saber. Será difícil para ele obter o perdão de Deus”. Depois, quando perguntaram a Shibli porque tinha jogado a rosa, ele disse “Eu estava com medo da multidão. Se não jogasse nada, temia que se tornassem violentos para comigo. Não pude jogar pedras, porque sabia que Mansoor era inocente. Mas também não tive coragem suficiente para não jogar nada. A flor foi apenas um disfarce. E Mansoor chorou pelo meu medo, pela minha covardia”. As lágrimas de Mansoor mudaram Shibli completamente, trouxeram uma transformação para ele. Foram pelo menos doze anos em que viveu como um vagabundo, um mendigo, chorando continuamente com uma tremenda angustia. Arrependeu-se durante sua vida inteira. Ele dizia: “Eu matei Mansoor. Ninguém mais era responsável; eu poderia ter
compreendido, poderia te-lo salvo, mas me vendi para a multidão – joguei uma flor naquele homem”. O arrependimento pode torna-se um fenômeno muito, muito profundo em você, se você compreender a responsabilidade. Então mesmo uma pequena coisa, se tocar profundamente em suas raízes, se as lágrimas não vierem somente de seus olhos, mas de cada célula de seu corpo, pode se tornar uma transfiguração. Isto é o que um Mestre, somente um grande Mestre, pode fazer. Um mestre – quando está vivo, ou quando está morrendo, ou mesmo quando está morto – usa cada oportunidade para transformar as pessoas.. Until You Die Págs 218-222 (em português: Antes Que Você Morra).
53 – JOGO Lembre-s, seja o que for que voce estiver fazendo, isso é um jogo. Jogue sua parte. Se é uma luta, então lute. Fique centrado. Não há necessidade de ser sério. Simplesmente jogue. A guerra tinha que começar. Ambos os exércitos estavam se encarando, esperando apenas pelo sinal para que pudessem começar a matar uns aos outros. Arjuna, vendo milhões de pessoas, ficou um pouco tremulo. Ele pensou: “Isso é estúpido. Apenas pelo interesse do reino, apenas para seu um rei, não vale a pena matar milhões de pessoas”. Esse pensamento era tão penetrante que ele deixou cair seu famoso arco, e disse ao guia de sua carruagem, Krishna: “Vire a carruagem. Leve-me para a selva, deixe-me lá. Quero renunciar o mundo. Não quero lutar”. Krishna argumentou com ele, convence-o que era seu dever, que estava sendo covarde, que aquilo, era escapismo. E finalmente fez com que ele lutasse... Ele disse a Arjuna: “Está decidido por Deus – a guerra vai acontecer, é inevitável. Mesmo que voce escape, alguém terá que tomar seu lugar, mas a guerra vai acontecer. Assim, não se preocupe, voce é apenas uma desculpa. Voce não está matando essas pessoas; Deus já decidiu que essas pessoas têm que ser mortas, e essas pessoas têm que ser mortas para
salvar a religião. Essas pessoas têm que ser mortas pelo bem da paz. Voce tem que faze-lo – é seu dever!”. Ele oferece grandes argumentos. Ele diz: “e lembre-se, quando voce mata uma pessoa...”, e este é o argumento mais perigoso; ele diz: “Quando voce mata uma pessoa, voce mata apenas seu corpo”. A alma não é morta, a alma é eterna. Então por que se preocupar? Ela nascerá novamente. Terá outro corpo, na verdade terá um corpo novo. Voce tira-lhe o velho e ela estará ganhando um novo. Voce tira-lhe um velho modelo e ela estará ganhando um novo modelo, porque a alma é eterna. Guida Spirituali Págs 228-229
Isto é o que Krishna está tentando dizer a Arjuna: “Não fique preocupado com o jogo. Jogue! Se lhe tocar jogar o jogo de um guerreiro e lutar nesta guerra, lute. Simplesmente permaneça no centro e perceba que isso é um jogo. E não há motivo para ficar serio”. Com Krishna isso é um jogo. Ele promete um dia e esquece no dia seguinte. Ele é realmente liberado, sua liberação é perfeita impecável... Porque ele sabe que tudo é um jogo e tudo é um sonho, então por que se incomodar? Ele não está preocupado. Ele joga e permanece desapegado. The Path Of Love Págs 135-136
54 – TOTALIDADE NA AÇÃO real.
O erudito tem que ir ao vital. O plástico tem que ir ao
Saraha é o fundador do Tantra, da mesma maneira que Bhodhidharma é o fundador do Zen. Se eu tivesse que contar nos dedos cinco benfeitores da humanidade, Saraha seria um deles. Saraha nasceu em Vidarbha, em Maharashtra, bem perto de Puna. Ele era filho de um erudito brâmane que estava na corte do rei Mahapala... O rei estava disposto a dar sua própria filha a Saraha, mas Saraha queria renunciar tomar-se um sannyasin. Ele tornou-se discípulo de Sri Kirt, um budista.
A primeira coisa que Sri Kirti disse a Saraha foi para abandonar todos os Vedas, todo seu conhecimento. Anos se passaram, e Saraha tornou-se um grande meditador. Um dia, enquanto estava meditando, teve uma visão, uma visão na qual havia uma mulher no mercado que iria ser sua verdadeira instrutora. Sri Kirti tinha apenas colocado Saraha no caminho, mas o verdadeiro ensinamento viria de uma mulher. Ele disse a Sri Kirt: “Voce limpou minha lousa. Agora estou pronto para a outra metade de meu trabalho”. Ele partiu com as bênçãos de Kirti, que ria. E ele achou a mulher de sua visão no mercado. Ela estava fazendo uma flecha; ela fazia flechas – uma mulher de casta baixa. Para Saraha, um erudito brâmane que tinha pertencido a corte do rei, ir a uma pessoa que faz flechas é simbólico. O erudito tem que ir ao vital. O plástico tem que ir ao real. Ele viu essa mulher, uma mulher jovem, muito viva, radiante com a vida, cortando a haste de uma flecha, totalmente absorta no ato de fazer a flecha. Ele imediatamente sentiu algo extraordinário em sua presença... Ela estava totalmente absorta em sua ação. Saraha observou cuidadosamente. A flecha pronta, a mulher fechando um olho e abrindo o outro, assumindo a postura de quem mira um alvo invisível... E algo aconteceu algo como uma comunhão. Naquele momento, o significado espiritual do que ela estava fazendo despontou em Saraha. Ela não esta olhando nem para a esquerda, nem para a direita... Ele ouviu a respeito daquilo tantas vezes; ele tinha lido sobre aquilo, ponderado sobre aquilo, argumentando com os outros sobre aquilo, que estar no meio é o certo. Agora, pela primeira vez, ele viu aquilo em ação. E ela estava tão profundamente absorta, tão totalmente na ação... Novamente está é uma mensagem budista: ser total na ação. Seja total e voce estará livre. A beleza, a luminosidade da mulher surgia devido a total absorção. Pela primeira vez ele compreendeu o que é meditação... Não que voce fique sentado por um tempo especial repetindo um mantra, não que voce vá a uma igreja, ou a um templo, ou a uma mesquita, mas estando na vida... Fazendo coisas triviais, mas com tamanha absorção que a profundidade é revelada em cada ação. Ele podia sentir isso, tocar isso...
Saraha teve primeiro que abandonar todos os Vedas, asa escrituras, o conhecimento. Agora abandonou até mesmo a meditação. Cantar era agora sua meditação. Dançar era agora sua meditação. Agora celebração era todo seu estilo de vida. Saraha e a mulher que fazia flechas mudaram-se para um terreno de cremação, e viveram juntos vivendo em um terreno de cremação e celebrando! Vivendo onde somente a morte acontece, e vivendo alegremente! Se voce pode celebrar aí, então a felicidade aconteceu para voce. Agora ela é incondicional. A brincadeira entrou no ser de Saraha, e através da brincadeira, a verdadeira religião nasceu. The Tantra Vision Vol 1 pags 5-20
55 – SEXO Permita que o sexo seja o primeiro passo, mas não o ultimo. Quando dois amantes estão em profundo orgasmo sexual, eles se misturam um ao outro; então a mulher não é a mais a mulher, o homem não é mais o homem. É como se eles se transformassem no circulo do yin e yang, alcançando um ao outro, encontrando um ao outro, misturando-se, esquecendo suas próprias identidades... por isso o amor é tão lindo. Este estado é chamado mudra... e o estado do orgasmo final e chamado mahamudra – o grande orgasmo. Orgasmo é um estado onde voce não sente mais o corpo como matéria; ele vibra como energia, como eletricidade. Vibra tão profundamente, desde a própria raiz, que voce esquece completamente que ele é matéria. Ele transforma-se em um fenômeno elétrico, e ele é um fenômeno elétrico. E pouco a pouco, se lês se amam e se entregam um ao outro entregando-se a este momento de pulsação, de energia, e não sentem medo... Quando o corpo perde os limites, quando o corpo se torna algo vaporoso, quando o corpo evapora substancialmente e resta somente a energia, um ritmo sutil, voce descobre que é como se voce não existisse... Somente em profundo amor pode-se entrar nisso. O amor é como a morte:
voce morre no que diz respeito a sua imagem corporal, voce morre como corpo e se expande como energia, energia vital. E quando os amantes começam a vibrar em um ritmo, e o pulsar de seus corações e de seus corpos tornam-se um, isso transforma-se em harmonia...então eles não são mais dois. Agora eles são um circulo, e vibram juntos, pulsam juntos. Seus corações não estão mais separados, suas pulsações não estão mais separadas; eles se transformam em melodia, em harmonia. Essa é a mais grandiosa musica possível; todas as outras musicas são simplesmente músicas débeis comparadas com isso, ensombreadas comparadas com isso. Quando o mesmo acontece não com outra pessoa, mas com toda existência, então isso é mahamudra. Então isso é o grande orgasmo. Tantra: The Supreme Understanding Pags 20 – 135 (em português: Tantra: A Suprema Compreensão)
56 – DEVOÇÃO Penetre totalmente na mais profunda intensidade de amor possível. Deixe que ele seja uma abertura em voce para o divino. Permita que sua energia feminina floresça. Meera, uma grande mística indiana, era realmente uma devota apaixonada, uma bhakta, em tremendo amor e êxtase com Deus. Ela era uma rainha, mas começou a dançar nas ruas. A família desertou-a e tentou envenena-la, porque ela era a desgraça da família real. Aquela era uma das mais tradicionais partes da Índia, Rajasthan, onde durante séculos ninguém tinha visto de uma mulher, ele ficara coberto, sempre coberto. Naquela época, nessa estúpida atmosfera, a rainha começou a dançar nas ruas. Multidões se juntavam, e ela estava tão embriagada com o divino que seu sari escorregava, sua face ficava exposta, suas mãos ficavam expostas. A família, obviamente, ficava muito perturbada. Mas ela cantava lindas canções, as mais lindas jamais cantadas no mundo inteiro, porque vinham do fundo de seu coração. Elas transbordavam espontaneamente.
Ela disse a seu marido: “Não pense que voce é meu marido – meu marido é Kishna. Voce é um mero substituto.” O rei ficou muito furioso. Ele expulsou-a do reino. Ela foi para Mathura, o lugar de Krishna, onde existe um dos seus maiores templos. O sumo sacerdote do templo havia feito um voto de que não veria mulher alguma em sua vida; durante trinta anos não tinha visto nenhuma mulher. A nenhuma mulher era permitido entrar no templo, e ele nunca saia do templo. Quando Meera passou por lá, ela dançou no portão do templo. Os guardas ficaram tão encantados, magnetizados, que se esqueceram de impedi-la. Ela entrou n o templo; foi a primeira mulher, a entrar no templo. O sumo sacerdote estava venerando Krishna. Quando viu Meera, não pode acreditar no que estava vendo. Ele ficou enlouquecido, gritando para ela; “Saia daqui! Mulher, saia daqui! Voce não sabe que nenhuma mulher é permitida aqui”? Meera gargalhou e disse: ”Pelo que eu saiba, exceto Deus, todos são mulheres – voce também! Depois de trinta anos venerando Khishna, pensa que ainda é masculino”? Isso abriu os olhos do sumo sacerdote. Ele caiu aos pés de Meera e disse: “Jamais disse algo semelhante antes, mas posso ver, posso sentir – é verdade”. No mais alto pico, quer voce siga o caminho do amor ou da meditação, voce se torna feminino. The Book Of The Books Vol. 5, discurso 10.
O amor de Meera é o amor de um ser humano perfeito. Ela não tem necessidades, ela nada quer de Krishna, ela simplesmente oferece. Ela tem uma canção para cantar, ela canta. Ela tem uma dança para dançar, ela dança. Ela nada tem a receber – simplesmente oferece. E ela recebe mil vezes... Mais isso é uma outra coisa. Se voce quer se tornar Meera, primeiro terá que ser saciado pelas necessidades do amor humano. Senão seu Krishna será apenas sua imaginação, apenas sua projeção do desejo reprimido. Lembre-se da limitação do ser humano, e lembre-se de suas limitações. E qualquer que seja a qualidade de amor possível, penetre nele. Não ambicione o impossível, senão perderá até mesmo o possível. Passe pelo que é possível.
Deixe o possível ser terminado, permita que seu ser emerja disso saciado... Então o impossível pode também acontecer. Voce terá se tornado capaz disso. Primeiro passe totalmente pelas alegrias do amor humano e pelas misérias do amor humano. Permita a si mesmo torna-se maduro através dele. Sufis: The People Of the Path Vol. 2, págs 87-88.
57 – INTELIGENCIA Use a inteligência para olhar as coisas onde elas estão, em vez de onde não estão mesmo se estiver escuro. Olhe para dentro. Numa tarde, pessoas viram Rabiya procurando algo na rua em frente à sua cabana. Elas se reuniram – a pobre senhora... E perguntaram: “Qual o problema? O que voce está procurando?”. E ela disse: “Eu perdi minha agulha”. Assim elas começaram a ajudar. Então alguém pensou em perguntar: “Rabiya, a rua é grande e a noite está chegando, e logo não haverá luz, e uma agulha é algo muito pequeno – pode nos dizer exatamente onde ela caiu”? Rabiya disse: “A agulha caiu dentro de minha casa”. Elas disseram: “Voce ficou maluca? Se a agulha caiu dentro da casa, por que está procurando aqui”? E ela respondeu: “Porque aqui tem luz. Dentro da casa não tem luz”. Assim, alguém falou: “Mesmo a luz estando aqui, como podemos achar a agulha se ela não foi perdida aqui? A maneira certa seria trazer luz para dentro da casa, assim voce pode achá-la”! “Vocês são pessoas muito espertas para com as pequenas coisas”, ela disse. “Quando vocês irão usar sua inteligência para a vida interior? Tenho visto todos vocês procurando fora, e sei perfeitamente bem, sei agora pela minha própria experiência que aquilo que vocês estão buscando esta perdido dentro. Usem sua inteligência! Por que vocês estão buscando está perdido dentro. Usem sua
inteligência! Por que vocês estão buscando a felicidade suprema no mundo exterior? Vocês a perderam lá”? Elas ficaram perplexas, e Rabiya desapareceu dentro da casa. Sufis: The People Of The Path Vol. 1 pags 283-285 (em português: Sufis: O Povo do Caminho)
58 – TRABALHO/ADORAÇÃO Não negligencie sua responsabilidade! Esteja intensamente vivo no trabalho que voce faz e continue fazendo o que é humanamente possível, e ainda assim, ao mesmo tempo, não crie tensões; permaneça sem frustrações, confie e permita o seu fazer torna-se uma prece, sem apego ao resultado. Um Mestre estava viajando com um de seus discípulos. O discípulo estava encarregado de cuidar do camelo. Chegaram durante a noite, cansados, a uma pousada de caravanas. Era tarefa do discípulo amarrar o camelo, mas ele não se importou com isso e deixou o camelo solto do lado de fora. Simplesmente fez uma prece a Deus: “Cuide do camelo” e adormeceu. Pela manhã o camelo havia desaparecido – roubado ou desgarrado, não importa. O mestre perguntou: “Onde está o camelo”? E o discípulo respondeu: “Eu não sei. Pergunte a Deus. Eu disse a Alá para tomar conta do camelo, e estava tão cansado que não sei o que aconteceu. E tampouco sou responsável, porque disse a Alá, e bem claro! Voce está sempre ensinando‟ Confie em Alá‟, então confiei”. O mestre falou: “ Confie em Alá, mas amarre seu camelo antes – porque Alá não tem outras mãos além das suas”. Se Deus quiser amarrar o camelo, terá que usar as mãos de alguém, - ele não tem outras mãos. E é seu camelo! A melhor maneira, a mais fácil e a mais curta, é usar suas mãos. Amarre o camelo e então confie em Alá. Voce faz o que é possível fazer. Isso não torna o resultado seguro, não há garantia. Assim, faça tudo o que puder, e então aceite o que acontecer.
Este é o significado de amarrar o camelo: faça tudo o que for possível para voce fazer, não se esquive de sua responsabilidade; então, se nada a acontecer ou algo der errado, confie em Alá... É muito fácil confiar em Alá. E ser preguiçoso. É muito fácil não confiar em Alá e ser ativo. O terceiro tipo de pessoa é difícil – confiar em Alá e ainda permanecer ativo. Mas agora voce é somente o instrumento. Deus é quem realmente está agindo; voce é simplesmente um instrumento em suas mãos. A pessoa religiosa é aquela que faz o que é humanamente possível, mas não cria tensão por isso. Então não há frustração. A confiança o ajudará a permanecer sem frustrações, e amarrar o camelo o ajudará a permanecer ativo, intensamente vivo. The Wisdom Of The Sands Vol. 1 pags 70-72
59 – VENHA, VENHA, MAIS UMA VEZ, VENHA Não importa em que estado voce esteja. Não importa quem venha. O mestre está sempre pronto. Existe uma linda afirmação de Jalaluddin Rurni, um dos maiores Mestres sufis de todos os tempos. Leve-a para seu coração. Venha, venha, seja voce quem for, Peregrino, devoto, amante do saber, Não importa. A nossa não é uma caravana de desespero. Venha, mesmo que se quebrou seu voto, Mil vezes. Venha, venha, mais uma vez, venha. O Mestre é um anfitrião. Mestre verdadeiros jamais recusam alguém, eles não são capazes. Se voce vai sob uma árvore, uma arvore frondosa, cansado de sua jornada e do sol chamejante em sua cabeça, a arvore o recusa não lhe dá refugio, não lhe dá refugio, não lhe dá abrigo... Isso não acontece. A arvore está sempre disposta a lhe dar abrigo, a lhe dar sua sombra, seus frutos, suas flores, seu aroma. Se digo a alguém: “Primeiro vá e torne-se digno do sannya e depois venha a mim...” é como se voce fosse a um
medico e o dissesse: “ Minha condição para lhe dar o remédio é que voce esteja saudável. Nunca desperdiço meus remédios com pessoas doentes”!. Não importa quem venha. O mestre está pronto. Come, Come, Yet Again Cont Discurso 1.
60 – GARGALHADA A gargalhada é uma força tão transformadora que nada mais é necessário. Se voce transforma sua tristeza em celebração, então será capaz de transformar sua morte em ressurreição. Ouvi falar sobre três místicos chineses. Ninguém sabe seus nomes. Eram conhecidos apenas como “Os três Santos Risonhos”, porque nunca fizeram outra coisa – simplesmente riam. Eles iam de uma cidade a outra, ficavam no mercado e davam boas gargalhadas. Essas três pessoas eram realmente lindas, rindo, suas barrigas sacudindo... Contagiava – todo o mercado ria... por alguns segundo um mundo novo se abria. Eles andaram por toda a China, simplesmente ajudando as pessoas a sorrirem. Pessoas tristes, raivosas, avarentas, ciumentas, todas começavam a rir com eles. E muitas pessoas sentiram a chave, voce pode transformar. Então, num povoado, aconteceu que um dos três morreu. Os moradores disseram: “agora haverá problema. O amigo deles morreu – eles terão que chorar”. Mas ambos estavam dançando, rindo e celebrando a morte. Os moradores da vila disseram: “isso já é demais. Que grosseria! Quando um homem morre é profano rir e dançar”. Eles responderam: “Vocês não sabem o que aconteceu! Nós três estávamos sempre pensando sobre quem morreria primeiro. Este homem venceu, somos os perdedores. A vida inteira rimos com ele. Como podemos dar-lhe o ultimo adeus de outra maneira? Temos que rir, temos que curtir, temos que celebrar. “Esta é a única despedida possível para um homem que riu a vida inteira. E se não rimos, ele rirá de nós e pensará? Seus tolos! Então caíram outra vez na armadilha?” não o
consideramos morto. “Como pode a gargalhada morrer, como pode a vida morrer”? Quando o corpo estava para ser queimado, os moradores disseram: “Nos lhe daremos um banho, como prescreve o ritual” “Mas os amigos responderam:” Não, façam ritual algum, não mudem minhas roupas e não dêem banho. “Simplesmente coloquem-me na pira funerária como estou, portanto temos que seguir suas instruções”. E então, quando o corpo foi colocado no fogo, aconteceu uma grande surpresa. Aquele velho tinha pregado sua ultima peça. Ele havia escondido muitos fogos de artifício sob suas roupas, e, de repente aconteceu o Diwali! Então todo o povoado começou a dar gargalhadas. Os dois loucos amigos estavam dançando, e o povoado inteiro começou a dançar. Não era uma morte, era uma nova vida, uma ressurreição. Toda morte abre uma nova porta. Se voce transforma sua tristeza em celebração, também será capaz de transformar sua morte em ressurreição. Assim, aprenda a arte enquanto há tempo. Yoga: The Alpha And The Omega Vol. 4, págs 252-254.
SOBRE OSHO. Osho nasceu em Kuchwada, Madhya Pradesh, Índia, em 11 de dezembro de 1931, desde sua mais tenra infância, foi um espírito rebelde e independente, desafiando todas as religiões, todas as tradições sociais e políticas aceitas, e insistindo em experimentar a verdade de si mesmo ao invés de adquirir conhecimentos e crenças dados por outros. Aos vintes e um anos de idade, no dia 21 de março de 1953, Osho tornou-se iluminado. “Ele comenta sobre si mesmo;” não estou mais buscando, procurando alguma coisa. A existência abriu todas as suas portas para mim. Nem ao menos posso dizer que pertenço a existência, porque sou simplesmente uma parte dela... Quando uma flor desabrocha, desabrocho com ela. Quando o Sol se levanta, levanto-me com ele. O ego em mim, o qual mantém as pessoas separadas, não esta mais presente. Meu corpo é parte da natureza, meu ser é parte do todo. Não sou uma entidade separada” Graduou-se em Filosofia na Universidade de Sagar com as “Honras de Primeiro Lugar”. Quando estudante foi Campeão Nacional de Debates da Índia e vencedor da Medalha de Ouro. Depois de nove anos limitado pela função de professor de Filosofia na Universidade de Jabalpur, abandonou o cargo para viajar por todo o país, dando palestras, desafiando lideres religiosos ortodoxos em debates públicos, desconcertando as crenças tradicionais e chocando o status quo. No curso de seu trabalho, Osho tem falado praticamente sobre todos os aspectos do desenvolvimento da consciência humana. De Sigmund Freud a Chuang Tzu, de George Gurdjiieff a Gautama Buda, de Jesus Cristo a Rabindranath Tagore... Ele extraiu de cada um a essência do que é significativo na busca espiritual do homem contemporâneo, baseado não apenas na compreensão intelectual, mas testando com sua própria experiência existencial. Ele não pertence à tradição alguma – “Sou principio de uma consciência religiosa totalmente nova”, diz ele ”Por favor, não me associe com o passado – nem vale a pena lembra-lo”. Seus discursos para os discípulos e buscadores de todo mundo foram publicados em mais de seiscentos e cinqüenta títulos traduzidos em mais de trinta línguas. E ele diz: ”minha mensagem não é uma doutrina, não é uma filosofia. Minha
mensagem é uma certa alquimia, uma ciência de transformação; assim, somente aqueles que estão dispostos a morrer como são e a renascer em algo tão novo que nem podem imaginar...somente essas poucas pessoas corajosas estarão prontas a ouvir, porque ouvir será perigoso. Ouvindo, voce dá o primeiro passo em direção ao renascimento. Assim, ela não é uma filosofia que voce pode simplesmente vestir e se gabar a respeito. Ela não é uma doutrina a qual voce pode encontrar consolo para questões embaraçosas... Não, minha mensagem não é a comunicação verbal. Ela é muito perigosa. Ela é nada menos do que a morte e o renascimento”. Osho deixou seu corpo no dia 19 de Janeiro de 1990. Apenas algumas semanas antes dessa data, foi-lhe perguntando o que aconteceria com seu trabalho quando ele partisse. Ele disse; “minha confiança na existência é absoluta. Se houver alguma verdade naquilo que estou dizendo, isso irá sobreviver... as pessoas que permanecerem interessadas em meu trabalho irão simplesmente carregar a tocha, mas sem impor nada a ninguém”... “Permanecerei uma fonte de inspiração para meu povo. E é isso que a maioria dos sannyasins sentirá. Quero que eles desenvolvam por si mesmos as qualidades como o amor, à volta do qual nenhuma igreja pode ser criada; como a consciência que não é monopólio de ninguém; como celebração, deleite, e mantenham-se rejuvenescidos, com os olhos de uma criança”... “Quero que as pessoas conheçam a si mesmas, que não sigam as expectativas dos outros. E a maneira é ir para dentro”. Em conformidade com suas orientações, a comuna que cresceu à sua volta ainda floresce em Puna, Índia, onde milhares de discípulos e buscadores se reúnem, durante o ano inteiro, para participar das meditações únicas e dos outros programas lá oferecidos.