Universidade Federal do Amazonas Departamento de Psicologia Aluno: Jackson José de Jesus Ferreira Junior
Rupert Sheldrake e os Campos Morfogenticos: Uma contri!ui"#o $ teoria dos Ar%utipos
&!'etivo
O presente artigo tem como finalidade uma breve exposição acerca das similaridades, e de uma possível convergência, entre as teorias elaboradas pelo biólogo inglês upert !"eldrake e as construídas pelo médico suíço #arl $ustav Jung% &a década de '(, final do séc% )), *uando !"eldrake prop+s sua inovadora teoria sobre a essonncia -órfica e a #ausalidade Formativa, tal correlação surgiu de imediato% .orém, o próprio autor, apesar de ciente da teoria Junguiana, não seguiu adiante em possíveis correlaç/es, visto *ue não era este seu ob0etivo% &as idéias *ue se seguem, tentaremos dar maior amplitude a tais correlaç/es, visando sempre 1 integração do con"ecimento, atitude ressaltada por Jung como de fundamental importncia para a .sicologia%
2 motivação para este trabal"o ocorreu3me logo após meu primeiro contato, por indi indica caçã ção o de um gran grande de amig amigo, o, com com as idéi idéias as de !"el !"eldr drak ake e acer acerca ca dos dos #amp #ampos os -orfogenéticos% .orém, pela limitação de min"as compreens/es, evitei *ual*uer aventura escrita a respeito% .or ser um con"ecimento um tanto *uanto novo, e por exigir uma reflexão um pouco mais 4ousada5 por parte da*ueles *ue a apreciam, a teoria acerca dos #ampos de !"eldrake não encontra, ainda, em nosso meio acadêmico 6refiro3me ao meio no *ual vivo, ou se0a, &orte do 7rasil8, certa repercussão% 9al fato 0ulgo ser devido, se não a total, mas a grande incompreensão e descon"ecimento acerca da mesma% :ivemos um momento de grand grande e atras atraso o no pensa pensamen mento% to% Os inte integr grant antes es de noss nosso o mund mundo o acadê acadêmi mico co anda andam m impregnados impregnados por um entendimento entendimento anti*uado anti*uado do con"ecimento con"ecimento científico% científico% 7asta di;er *ue a maioria ainda 0ulga ser os avanços da Física mera ficção científica% !em damentavelmente, ainda existem a*ueles *ue pregam a escol"a de um
!"eldrake pode descortinar novos entendimentos acerca de problemas propostos pela teoria Junguiana, e vice3versa% 2 seguir explanaremos sobre tal teoria, apontando no contínuo do raciocínio do autor inglês as conex/es com a .sicologia 2nalítica% -as afinal, de *uê trata !"eldrake? @ em *ue uma teoria da 7iologia poderia ter a ver com a .sicologia 2nalítica? .ois bem, a proposta do autor inglês pode ser resumida, ainda *ue parcamente, da seguinte formaA @xiste um princípio diretor, ainda não recon"ecido pela Física e nem pela Buímica, *ue ordena toda e *ual*uer organi;ação, de todo e *ual*uer sistema material% @xemploA a organi;ação dos elementos físico3*uímicos em =tomos, moléculas, tecidos, órgãos etc% .or *ue tais estruturas se dão de uma forma tão específica e est=vel? Ce mil"ares de possibilidades de combinaç/es de C&2, por *ue apenas uma determinada organi;ação se d=, e de forma tão característica? Bual é causa disso? upert !"eldrake se ocupa do problema da morfogenia, ou se0a, como e por*ue certos elementos se agregam para dar origem a sistemas específicos e com uma forma característica, como por exemplo, um coração "umano% @sse princípio diretor é c"amado por !"eldrake de #ampo -orfogenético% @m seu livro A New Science of Life (London: Blond & Briggs, 1981; pág. 13) , o autor, em um primeiro momento, esboça o *ue seria tal campoA 49"ese fields order t"e sDstems Eit" E"ic" t"eD are associated bD affecting events E"ic", from an energetic point of vieE, appear to be indeterminate or probabilistic t"eD impose patterned restrictions on t"e energeticallD possible outcomes of p"Dsical processes5% .orém, !"eldrake não demora a expandir este conceito% .ara o autor, um campo morfogenético associado a determinado sistema, por exemplo, um tecido muscular es*uelético, direciona a dinmica do funcionamento de tal sistema, em todos os níveis de complexidade% &a verdade, este campo é formado pela soma de uma série de outros campos *ue controlam desde a dinmica molecular dos íons de c=lcio, até o desli;amento *ue ocorre entre as microfibras ocasionando a contração muscular% 9al organi;ação dessas estruturas diretoras se d= "ierar*uicamente, permitindo *ue cada campo morfogenético oriente o sistema ao *ual est= associado não apenas em relação a si mesmo, mas em consonncia com a globalidade do processo em *ue est= inserido% &o mesmo livro citado (pág. 8), !"eldrake esclareceA 4Gn living organisms, as in t"e c"emical realm, t"e morp"ogenetic fields are "ierarc"icallD organi;ed t"ose of organelles H for example t"e cell nucleus, t"e mitoc"ondria and c"loroplasts H act bD ordering p"Dsico3c"emical processes Eit"in t"em t"ese fields are sub0ect to t"e "ig"er3level fields of cells t"e fields of cells to t"ose of tissues t"ose of tissues to t"ose of organs and of organs to t"e morp"ogenetic field of t"e organism as a E"ole5% .odemos indicar a*ui um primeiro ponto de encontro entre Jung e !"eldrake% 2mbos elaboram um conceito central *ue tem por finalidade a coordenação dos fen+menos por eles pes*uisados% 2 teoria 0unguiana vê no ar*uétipo não só um elemento formador, mas também um princípio norteador de todo o psi*uismo "umano% &as palavras de JungA 4%%% o ar*uétipo
representa o elemento autêntico do espírito, mas de um espírito *ue não se deve identificar com o intelecto "umano, e sim com o seu spiri!"s rec!or Iespírito *ue o governa% O conte
Cessa forma, estabelecemos uma primeira correlação entre as teorias a*ui citadas% Ce acordo com Jung, o simples fato de se procurar um princípio ordenador, se0a *ual for o fen+meno em *ue isto se faça, 0= é por si só uma apreensão ar*uetípica deste aspecto da realidade% 2 psi*ue "= de criar sempre formas espontneas, estruturas primordiais, *ue nos permitam fundamentar a nossa existência, preenc"endo3a de sentido% Ca mesma forma, di; !"eldrake a respeito de todo e *ual*uer sistema material% 2 este "aver= sempre um campo morfogenético conectado, originando3o, organi;ando3o, dirigindo3o% Juntamente com idéia de campo morfogenético, !"eldrake elabora outro conceito de fundamental importncia para sua teoria% Fa;endo isso, o autor visava compreender a ra;ão pela *ual os sistemas materiais existentes no passado, como, por exemplo, uma =rvore de carval"o, continuam a se organi;ar da mesma forma "o0e em dia% apidamente, poderíamos di;er *ue tal fato seria devido 1 transmissão genética% -as, o próprio !"eldrake adverte *ue isso não responderia a *uestão, pelo contr=rio, apenas a deslocaria% 2tualmente, a ciência ainda não conseguiu identificar os mecanismos *ue controlam e determinam a atividade genética% .ara !"eldrake, tal fen+meno ocorre pelo simples fato de *ue os novos sistemas surgidos se associam com o mesmo campo morfogenético *ue orientava o sistema anterior% .orém, esta conclusão leva o autor a um novo *uestionamentoA #omo e por *ue os campos morfogenéticos existentes "o0e se dão da mesma forma *ue no passado? #omo este princípio diretor sobrevive através do espaço e do tempo? Ce forma um tanto resumida 6por não ser o aprofundamento dessa teoria o enfo*ue do presente trabal"o8, o autor afirma *ue, entre todo e *ual*uer campo morfogenético semel"ante, ou se0a, entre a*ueles *ue orientam sistemas materiais semel"antes, ocorre um fen+meno pelo *ual os campos se comunicam% 2 este fen+meno !"eldrake c"ama de essonncia -órfica% !egundo eleA 4-orp"ic resonance takes place t"roug" morp"ogenetic fields and indeed gives rise to t"eir c"aracteristic structures% &ot onlD does a specific morp"ogenetic field influence t"e form of a sDstem 6K8, but also t"e form of t"is sDstem influences t"e morp"ogenetic field and t"roug" it becomes present to subse*uent similar sDstems5% 6 A New Science of Life (London: Blond & Briggs, 1981; pág. 9 8 !"eldrake esclarece *ue nem o campo, nem a sua ressonncia são algum tipo de energia, mas, se comportam nos moldes dos campos energéticos e de suas ressonncias% .ara o autor, tais princípios agem sobre a matéria, mas não fa;em parte da mesma% .ortanto, ambos os fen+menos estão livres das leis *ue governam o movimento das partículas, dos corpos e das ondas% 2 principal conse*Lência disso ser= *ue todo campo, e principalmente sua ressonncia, não serão atenuados por nen"um tipo de separação
espaço3temporal% 2ssim, estaria esclarecida, segundo a teoria de !"eldrake, a conexão *ue permite a viagem da informação, o campo morfogenético, através do espaço e do tempo% !em d
&a medida em *ue todo comportamento, considerando a*ui apenas o aspecto orgnico deste fen+meno, engloba necessariamente o movimento, se0a este do organismo em geral, ou apenas das suas estruturas internas e *ue este movimento se d=, exclusivamente, através das modificaç/es morfológicas nas estruturas respons=veis por tal ação 6da menor organela celular, até os órgãos ditos involunt=rios8 podemos concluir *ue todo e *ual*uer comportamento depende necessariamente da ação morfogenética% .or exemplo, os instintos controladores da alimentação, da adaptação, da regeneração, da regulação do organismo, e da reprodução do mesmo são em
tempo% !endo assim, todo comportamento *ue surge pode ser apreendido em *ual*uer lugar, e em *ual*uer momento da "istória% O campo morfogenético respons=vel por tal comportamento continua existente, mesmo após o fim de tal ação, e com isto sua ressonncia, permitindo *ue outros indivíduos se conectem ao mesmo campo% Buarto, para *ue outros indivíduos possam assumir determinado comportamento, basta *ue entrem em contato com o campo diretor do mesmo% !"eldrake afirma *ue *uanto mais indivíduos perpetrarem um determinado comportamento, mais forte e intensa se torna a ressonncia de seu campo, fa;endo com *ue mais e mais indivíduos entrem em sintonia com o mesmo, e assim se comportem da mesma forma% 2s implicaç/es do *ue foi mencionado são claras para a psicologia em geral% .roblemas como as 4epidemias psí*uicas5 citadas por Jung, a transmissão transgeracional de um comportamento em um grupo de indivíduos, e outras *uest/es poderiam encontrar novas possibilidades de compreensão através desta teoria% .or outro lado, com o transcorrer desta elaboração, fica cada ve; mais clara uma possível conexão entre Jung e !"eldrake% 9eríamos no 2r*uétipo o correlato do #ampo -orfogenético, e na ressonncia mórfica uma possível resposta para o problema da transmissão dos ar*uétipos% importante termos em mente *ue cada autor trabal"a sobre um determinado aspecto do mesmo fen+meno% !"eldrake contempla a materialidade do comportamento, e Jung seu psi*uismo% .orém, Jung sinali;a a inevit=vel união destes aspectos, 0= *ue na verdade ambos são um só% Jung afirmaA 4 exatamente como formula a filosofia cl=ssica c"inesaA Dang 6o princípio luminoso, *uente, seco e masculino8 contém em si o germe do Din 6o princípio escuro, frio,
as teorias% oportuno di;er *ue Jung não se ateve unicamente ao comportamento "umano, ele também expandiu sua teoria em relação ao comportamento em geral% &o livro A N#!"re$# d# %si"e ('di!or# o$es ***, p#rágr#fos 8 e ), afirmaA
42 *uestão de onde provêm os instintos e como foram ad*uiridos é extremamente complexa% O fato de eles serem invariavelmente "erdados não tra; nen"uma contribuição para explicar sua origem% O car=ter "eredit=rio dos instintos apenas remete o problema para nossos ancestrais% por demais con"ecida a opinião segundo a *ual os instintos se originaram de um determinado ato repetido da vontade, inicialmente individual e posteriormente generali;ado% @sta explicação é plausível, visto *ue podemos observar cada dia como certas atividades aprendidas laboriosamente se tornam gradualmente autom=ticas pelo exercício constante% .or outro lado, convém sublin"ar *ue o fator aprendi;agem falta inteiramente nos instintos mais maravil"osos, observados no mundo animal% @m muitos casos é impossível imaginar como ten"a podido "aver algum tipo de aprendi;agem e exercitação% !e0a por ex%, o instinto de reprodução extremamente refinado da %ron"# 4"cc#sell#, a mariposa da i
.ara !"eldrake, o *ue orientaria o comportamento da mariposa seria o campo morfogenético respons=vel pela sua reprodução% 2pesar de só se reali;ar uma
Refer(ncias )i!liogr*ficas +ung, #arl $ustav H &s Ar%utipos e o ,nconsciente Coletivo H PQ% @dição, .etrópolis, JA
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>ondonA 7lond T 7riggs, UV'U%