Graduação em Farmácia – Centro Universitário da Zona Oeste - UEZO
Disciplina: Microbiologia e Imunologia Clínica. Professora: Dra. Flávia Pellegrino.
RICKETTSIA E CHLAMYDIA Davi Vicente Douglas Nunes Kariny Gomes Lucas Lopes
Rickettsia
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Rickettsia
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Rickettsia Estrutura Família Rickettsiaceae. Bastonetes Gram-negativos, aeróbios intracelulares obrigatórios.
Contém Contém DNA, RNA e enzimas para para ciclo de Krebs. Krebs.
Não possuem flagelos – cercado por uma camada viscosa fracamente
aderente.
Encontrado livremente no citoplasma de células infectadas.
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Rickettsia Estrutura Camada LPS – apresenta fraca atividade de endotoxina. Camada da míni mínima ma de pept peptid ideo eogl glic ican ano o – cor coraa-se se frac fracam amen ente te com com Cama
coloração de Gram.
Bem observados em colorações de Giemsa ou de Gimenez – mais
sensíveis.
Coloração de Gimenez de células infectadas com Rickettsia . Extraído
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Rickettsia Fisiologia
Fonte: Mayer, G. RICKETTSIA, ORIENTIA, EHRLICHIA, ANAPLASMA, COXIELLA AND BARTONELLA.
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Rickettsia
Grupo de febre maculosa Crescem
no citoplasma e núcleo de células
Grupo do Tifo Acumula
no citoplasma da célula
infectadas.
até que ocorra lise de membrana.
São
Sinaliza
continuamente liberados através de
a morte celular e a
longas projeções citoplasmáticas.
liberação bacteriana.
Capaz
Não
de polimerizar a actina da célula do
apresenta o gene necessário
hospedeiro.
para polimerizar a actina.
Ex.: R.
Ex.: R. prowazekii, R. typhi.
rickettsii, R. africae, R. akari, R. conorii.
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Rickettsia rickettsii Patogênese e Imunidade Agente
etiológico da febre maculosa das Montanhas Rochosas.
Manifestações Clínicas Primárias: Replicação de bactérias em células
endoteliais, com subseqüente lesão das células, resultando em vasculite.
Hipovolemia e Hipoproteinemia – falência múltipla dos órgãos.
Destruição intracelular mediada por citocinas.
Resposta Imune do hospedeiro
Eliminação por linfócitos citotóxicos CD8. 7
Rickettsia rickettsii Epidemiologia
Carrapatos são os reservatórios e vetores principais por transmissão
transovariana.
Para transmissão, é necessário contato prolongado (24 a 48h).
Mamíferos, como roedores selvagens, também podem servir como
reservatórios.
Distribuição mais comum nos EUA.
A doença
é mais comum de abril a outubro.
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Rickettsia rickettsii Doença Clínica – Febre maculosa das Montanhas Rochosas.
Se desenvolve entre 2 a 14 dias após a picada do carrapato – pode ser
indolor.
Sinais e sintomas iniciais: febre alta, calafrios, cefaléia e mialgias.
Após
três dias – pode desenvolver um exantema – inicialmente
membros e depois dissemina para o tronco.
Complicações
incluem
sintomas
gastrointestinais,
insuficiência
respiratória, encefalite e insuficiência renal.
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Rickettsia rickettsii Diagnóstico Laboratorial Cultura:
Isoladas em cultura de tecidos ou ovos embrionados – procedimento
fácil. Microscopia:
Coradas com coloração de Giemsa ou Gimenez.
Anticorpos
específicos marcados com fluoresceína também podem ser
usados para corar as bactérias intracelulares em amostras de biópsias.
Detecção direta de antígeno é um método rápido e específico para
confirmação do diagnóstico clínico da febre maculosa. 10
Rickettsia rickettsii Diagnóstico Laboratorial Sorologia:
Teste de Weild Felix – aglutinação diferencial de antígenos de Proteus. • Não é o mais recomendado – não é sensível nem específico.
Teste de microimunofluorecência (MIF) – detecta anticorpos de
Rickettsia, antiproteínas da membrana externa e antígeno LPS.
Teste de Western blot – realizado para definir as espécies individuais.
Diagnóstico Molecular:
Testes em PCR (reação em cadeia da polimerase) – utilizado para
detecção do gênero. 11
Rickettsia rickettsii Tratamento, Prevenção e Controle
Doxiciclina (tetraciclina) ou Fluoroquinolonas (ciprofloxacina) são
drogas de escolha. As
pessoas devem evitar áreas infectadas por carrapatos, usar
roupas protetoras e inseticidas eficientes.
Os carrapatos devem ser removidos imediatamente.
Não há vacinas disponíveis atualmente.
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Rickettsia akari Causa
Riquetsiose pustulosa.
Ocasionalmente Infecção
isolado no EUA.
é mantidas na população de redores através da picada de
ácaros. Os
humanos tornam hospedeiro acidentais quando picados por ácaros
infectados.
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Rickettsia akari
Infecção bifásica: • Desenvolvimento de uma pápula onde o ácaro picou o
hospedeiro, progredindo rapidamente para ulceração e formação
de crosta – período de disseminação da bactéria no hospedeiro. • Após período de incubação a doença se desenvolve com febre
alta, cefaléia intensa, calafrios, sudorese, mialgias e fotofobia –
surgimento de exantema semelhante à varicela.
Doença leve e descomplicada – recuperação em 3 dias sem
tratamento. •Uso de doxiciclina ou cloranfenicol acelera o processo.
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Rickettsia Prowazekii Epidemiologia • R. Prowazekii é o agente etiológico do tifo epidêmico
ou tifo transmitido por piolho.
• Seu principal vetor é o Pediculus Humanus.
• Os humanos são o principal reservatório do tifo. 15
Ricketssia Prowazekii •
O tifo epidêmico ocorre entre pessoas que vivem em condições de habitação superpovoadas e com pessimas condições de higiene, que favorecem a disseminação do piolho.
•
As maiores ocorrências da doença encontram-se
na América do Sul, América Central, África e menos comumente nos Estados Unidos. • A doença recrudescente por R. Prowazekii
(doença de Brill-Zinsser ) pode ocorrer anos após a infecção inicial.
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Ricketssia Prowazekii Doença Clinica •
Febre alta, cefaléia intensa, calafrios, mialgias, artralgia e anorexia.
•
Menos de 40% dos pacientes apresentaram um exantema petequial ou macular.
•
As complicações
incluem miocardites e disfunção do Sistema
nervoso Central.
Virulência O Crescimento intracelular protege as bactérias da resposta imune. Multiplicação em células endoteliais resulta em vasculite. 17
Bactérias pequenas intracelulares
A multiplicação ocorre no interior de Células infectadas
Fisiologia e estrutura Coram-se fracamente com Gram
Giemsa ou Gimenez
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Ricketssia Prowazekii Diagnóstico Laboratorial: •
O teste Mif* é o método diagnóstico de escolha para relatar a
doença R. prowazakii.
Tratamento, prevenção e Controle Tratamento com antibióticos: Tetraciclinas e Cloranfenicol Somar os antibióticos a um controle efetivo dos piolhos Vacina inativada por formaldeído contra Tifo* 19
Rickettsia Typhi •
Causadora do tifo endêmico ou murino
•
A doença se distribui por todo o mundo, principalmente em regiões quentes e humidas.
•
Roedores
são
os
principais
reservatórios e a pulga de ratos (Xenopsylla cheopis) é o principal vetor.* •
A Maioria dos casos ocorre nos meses mais quentes. 20
Pouco corada com Gram
Fisiologia e estrutura
Diagnóstico é baseado na sorologia
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Doença Clínica •
Os sintomas surgem abruptamente
•
Os mais comuns são: Febre, cefaleia intensa, calafrios, mialgias e náusea.
•
Metade dos pacientes infectados desenvolvem um enxatema*
•
A duração da doença geralmente dura três semanas, mesmo em pacientes não tratados
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Rickettsia Typhi Diagnóstico Laboratorial: •
Um ensaio fluorescência indireta (IFA) específico para R. Typhi é usado para confirmar o diagnóstico de tifo murino
•
Um aumento de quatro vezes na titulação ou uma única titulação de pelo menos 1:128 serve como diagnóstico
Tratamento, prevenção e controle
Doxiciclina é muito efetivo no tratamento do tifo murino.
É difícil controlar ou prevenir o tifo endêmico, porque o reservatório e
vetor estão amplamente distribuídos. 23
Orientia Tsutsugamushi •
Agente etiológico da doença tsutsugamushi
•
É transmitido aos humanos por percevejos.
•
O reservatório é a população de ácaros na qual a bactéria é transmitida por mecanismos transovarianos
•
A doença esta presente em pessoas que vivem no leste da Ásia, Australia, Japão e em outras ilhas do oeste do pácifico.
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Doença Clínica •
A doença decorre no organismos apresentando cefaleia intensa, febre e mialgias.
•
Um enxantema macular a papular se desenvolve no tronco em centrifuga para os membros.
•
Também podem ocorrer lifadenopatia generalizada,
esplenomegalia, complicações do sistema nervoso central e insuficiência cardiaca.
Tratamento, prevenção e controle
Tetraciclina, dioxiciclina e cloranfenicol respondem efetivamente
Não há vacina disponível 25
Chlamydia
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Chlamydiaceae
Chlamydia
Chlamydophila
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Espécies Gênero: C h l am y d i a
Gênero: Chlamydophila
C. t r a c h o m a t i s
C. muridarum C. suis
C. p n e u m o n i a e C. p s i t t a c i
C. pecorum C. abortus C. caviae C. felis
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Fisiologia e estrutura Ciclo de desenvolvimento diferenciado: Corpos elementares [CEs] e corpos reticulares [CRs]. São parasitas intracelulares obrigatórios. São parasitas energéticos, algumas cepas parasitam aminoácidos da células.
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O que são corpos reticulares ou elementares? CEs : As proteínas de membrana externa formam ligações cruzadas
extensas por ligações por pontes
dissulfeto entre resíduos de cisteína. Nesta forma não há potencial replicativo, no entanto são infecciosas para as células suscetíveis.
CRs : é a forma metabolicamente ativa e replicante de clamídias. Nesta forma as proteínas
que formam ligações
cruzadas extensas estão ausentes, tornando-a osmoticamente frágil (está forma localiza-se somente no meio intracelular). 30
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Chlamydia trachomatis •
3 variedades: tracoma, LGV (linfogranuloma venéreo) e pneumonite de camundongos.
•
Entra no corpo por pequenas abrasões ou lacerações.
•
Infecções por variedades não-LGV estimula uma intensa resposta de neutrófilos, linfócitos e plasmócitos.
•
Infecções por LGV formam lesões nos linfonodos, drenando o local da inflamação primária (forma um granuloma).
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Fisiologia e Estrutura: •
Pequenos
bastonetes
gram-negativos
sem
camada
peptídeoglicana na parede celular. •
Parasita intracelular estrito de humanos
•
Infecta células epiteliais não-ciliadas colunares, cuboides e transicionais (mucosa da uretra, parte interna do colo do útero, endométrio, trato respiratório e conjuntivas).
Virulência: •
Multiplicação intracelular
•
Impede a fusão do fagossomo com o lisossomos celulares 33
Tracoma • Processo inflamatório granulomatoso crônico da superfície
ocular. • As conjuntivas passam a apresentar cicatrizes fazendo com
que as pálpebras se invertam pra dentro. • Os cílios voltados pra dentro provocam abrasões na córnea,
cicatrização, formação de pannus (invasão da córnea por vasos) e cegueira.
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Conjuntivite de inclusão do adulto • Foi documentada em adultos sexualmente ativos. • A infecção se caracteriza por secreção mucopulrulenta,
ceratite (inflamação na córnea), infiltrados da córnea. • Vascularização da córnea na doença crônica.
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Conjuntivite neonatal • As pálpebras do recém-nascido se tornam inchadas e surgem
hiperemia e secreção purulenta copiosa. • Em infecções não tratadas, pode ocorrer cicatrização da
conjuntiva e vascularização da córnea. • Recém-nascidos não tratados, ou tratados com terapia
tópica, apresentam risco de pneumonia.
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Pneumonia infantil • Inicialmente se observa rinite nos recém-nascidos, seguida
por tosse seca. • A criança permanece sem febre ao longo da doença clínica,
que pode durar muitas semanas.
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Linfogranuloma Venéreo Ocular
• Os sorotipos LGV foram relacionados à conjuntivite
oculoglandular de Parinaud. • Inflamação conjuntiva associada à linfodenopatia pré-
auricular, submandibular e cervical.
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Infecções Urogenitais Em mulheres causa: •
Bartolinite - Inflamação das glândulas de Bartholin, acessórias dos
genitais externos. •
Cervicite - Inflamação do colo do útero.
•
Endometrite - Inflamação do endométrio.
•
Periepatite - processo inflamatório intra-abdominal adjacente ao fígado.
•
Salpingite - inflamação pélvica das tubas uterinas.
•
Uretrite - infecção na uretra.
•
Secreção mucopurulenta e hipertrofia ectópica são vistos em pacientes com infecções sintomáticas.
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Infecções Urogenitais •
Os homens, normalmente, possuem infecções sintomáticas.
• Antibióticos
β-lactâmicos
não são eficazes contra a C.
trachomatis. •
Acredita-se que a síndrome de Reiter (uretrite, conjuntivite, poliartrite e lesões mucocutâneas) seja iniciada por uma infecção
genital por C. trachomatis. •
Aproximadamente 50% a 60% dos pacientes com síndrome de Reiter apresentam infecções genitais por Chlamydia.
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Linfogranuloma Venéreo •
Surge uma pequena lesão primária no local de infecção em pacientes LGV.
•
A ausência de dor diferencia estas
úlceras daquelas observadas em infecções por sífilis ou por herpes. •
O segundo estágio da infecção marcado por inflamação e crescimento dos linfonodos que drenam o local inicial da infecção.
• As manifestações sistêmicas podem incluir febre, calafrios,
anorexia, cefaleia, meningismo, mialgias e artralgia.
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Diagnóstico laboratorial Citologia:
O exame de raspagem de células coradas com Giemsa foi o primeiro
método usado para diagnosticar a infecção por C. trachomatis . Atualmente,
usa-se a coloração de Papanicolau do material cervical.
Esses dois métodos são pouco específicos e sensíveis.
Cultura:
Método mais específico para identificar C. trachomatis.
A
sensibilidade da cultura é comprometida se forem usadas amostras
inadequadas e se a viabilidade das clamídias for perdida. 42
Diagnóstico laboratorial Detecção de antígeno:
Tem-se usado imunofluorescência direta com anticorpos monoclonais
conjugados a fluoresceína e ensaios imunoenzimáticos.
Tem baixa sensibilidade.
Sondas de ácido nucléico:
O ácido nucleico não precisa ser amplificado (teste rápido e barato).
Baixa sensibilidade para identificar poucas clamídias.
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Diagnóstico laboratorial Alguns
testes como PCR, reação da ligase em cadeia, amplificação
mediada por transcrição e amplificação por transferência de fita, são altamente sensíveis.
Sorologia:
É impossível diferenciar entre infecções atuais e infecções passadas. Estes
testes
são
vantajosos
por
serem
menos
complicados
tecnicamente.
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Tratamento, Prevenção e Controle •
Pacientes com LGV são tratados com tetraciclina.
•
Crianças, grávidas e pacientes que não toleram tetraciclina, usam macrolídeo (eritromicina e azitromicina) ou sulfisoxazol.
•
Infecções oculares e genitais, em adultos, devem ser tratadas com
azitromicina ou doxiciclina. •
Conjuntivite e pneumonia, em neonatos, deve ser tratada com eritromicina.
•
Difícil prevenção, já que a população com doença endêmica possui acesso limitado a cuidados médicos.
•
Praticas de sexo seguro e tratamento precoce do paciente e
parceiros sexuais ajudam no controle das infecções. 45
Chlamydophila pneumoniae • Patógeno essencialmente humano; • Infecção transmitida por secreções respiratórias • Desencadeia :
-Bronquite -Pneumonia -Sinusite Obs.: Existem estudos que propõe o envolvimento da C. p n e u m o n i a na patogênese da aterosclerose
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Chlamydophila pneumoniae • Epidemiologia: Estima-se que ocorram entre 200.000 e 300.000 casos de pneumonia por C. peneumoniae, principalmente adultos. - 50% dos pacientes apresentam evidências sorológicas de infecções
prévias.
• Sintomatologia: A maior parte das infecções são assintomáticas ou leve, causado tosse persistente e astenia. -Em infecções graves observa-se tipicamente o envolvimento de um lóbulo pulmonar. 47
Chlamydophila pneumoniae • Diagnóstico: Dificilmente diagnosticada. A maior parte dos testes que são sensíveis para a detecção não usados nos laboratórios ( Ex.: NAATs). - Teste MIF(que utiliza CEs de C. pneumoniae como antígeno, portanto específica).
•
Tratamento: Macrolídeos
(eritromicina,
azitromicina,
claritromicina), tetraciclinas ou levofloxacina administrados por 10 a 14 dias. 48
Chlamydophila psittaci •
Patógeno muito relacionado a infecções em aves, desenvolvendo psitacose/ornitose ou “febre do papagaio”. Pode ser transmitida para humanos e outros animais.
•
Presente em sangue, tecidos, fezes e penas de aves infectados. A bactéria preferencialmente infecta células reticuloendoteliais do fígado e do baço.
• Desencadeia:
- Necrose focal - Edema - Hemorragia 49
Chlamydophila psittaci • Epidemiologia: Menos de 50 casos anuais nos EUA. No entanto esse valor é uma subestimativa da verdadeira prevalência da doença.
• Sintomatologia: cefaléia, febre alta, calafrios, astenias e mialgias. • Diagnóstico: MIF específica para essa espécie. • Tratamento: Tetraciclinas ou macrolídeos .
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