Fernando Pessoa Ortónimo Modernismo Movimento estático de vanguarda, que apregoa a liberdade criadora e a
originalidade artística. Conceitos relacionados com o modernismo:
Simbolismo (Decadentismo) É marcado pelo subjectivismo, pela musicalidade e
pelo transcendentalismo (preferência pelo vago e irreal)
Paulismo Foi um movimento literário criado por Fernando Pessoa, no poema
“Impressões no Crepúsculo” e derivada da palavra “Paúis” com que inicia o poema.
Define-se pela voluntária confusão entre o objectivo e o subjectivo. Utilizam-se frases nominais, maiúsculas que traduzem a profundidade espiritual de determinadas palavras e o vocabulário pertence ao campo de tédio e do vazio da alma.
Tem como objectivo explorar o sentimento humano atravês da saudade. Tendo a saudade como príncipio dinâmica e renovador, pretende levar a regeneração do país.
Interseccionismo
Sensacionalismo
Futurismo
Saudosismo
Caracteriza-se pela intersecção no poema de vários níveis simultâneos da realidade: a interior e a exterior, a objectiva e a subjectiva, o sonho e a realidade, o presente e o passado, o eu e o outro. Assume-se como um príncipio psicologico e estético que concebe a sensação como a única realidade existente. Nasce com a publicação do “Manifesto Futurista”, pelo italiano Filipe
Marinetti. Rejeita o moralismo e o passado, e consideram que a arte deve estar enquadrada com a realidadeem que se vive. Baseam-se na velocidade e nos desenvolvimentos tecnológicos no final do século XIX.
O Modernismo desenvolveu-se durante a última década do século XIX e as duas primeiras primeir as do século XX. Sobre Fernando Pessoa:
Em 1914, surge a heteronímia. 8 de Março é o dia triunfal de Pessoa, pois nasceu Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Em 1915, surge a revista “Orpheu”, liderada por Pessoa e Sá-Carneiro que escandalizou a sociedade da época, muito embora seja um marco na literatura, uma vez que, intriduziu o modernismo em Portugal. O “Orpheu” apenas saiu dus vezes.
Em 1935, Pessoa publica “Mensagem”, o ú nico livro de escrita em português editado
ainda em vida do poeta.
Vertente Tradicional
Continuidade do lirismo português, muitas vezes marcado pelo desencanto e pela melancolia (como sucede no “Cancioneiro” ) e pelo Sebastianismo e Saudosismo. Poemas de métrica curta; Abundam aliterações e rimas internas; Linguagem simples e Suavidade ritmica e musical.
Vertente Moderna
Na vertente de feição modernista, há uma ruptura que lhe
permite inovações como a do paulismo (em “Impressões do Crepúsculo”) ,
caracterizado pelo vago, pelo subtil e pelo sonho, com refinamento de processos simbolistas, ou o interseccionismo (em Chuva Oblíqua), que mistura diversas sensações numa só, que incorpora a sensação de realidade observáveis e sentida com a sensação de realidades desejáveis e idealizadas. Poemas de grande liberdade formal; Desarticulação sintática.
Temáticas:
Saudade da infância;
Dor de pensar;
Fingimento Poético;
Fragmentação do “eu”
Dicotomias: Sinceridade/ Fingimento; Consciência/ Incosciência; Sentir/ Pensar.
Fingimento Poético: Para Fernando Pessoa, escrever poesia é um trabalho árduo, uma produção díficil e complexa. Defende que, a inspiração e sinceridade na obra de arte, reduz o valor do produto (obra de arte). O método de produção poética de Pessoa radicava no acto de reprimir a sua sinceridade humana, de modo a atingir a sinceridade artística. A emoção precisa de “existir intelectualmente”, o que só é possível na recordação. Há uma necessidade da intelectualização do sentimento para exprimir a arte. Ao não ser um produto directo da emoção, mas uma construção mental, a elaboração do poema confunde-se com “fingimento”.
Não há propriemente uma rejeição da “sinceridade de sentimentos” do “eu”
individualizado e real do poeta, apenas implica o trabalho de representar, de exprimir intelectualmente as emoções. O conceito de fingimento é transfigurar, pela imaginação e inteligência, aquilo que se sente naquilo em que se escreve. A crítica da sinceridade ou teoria do fingimento está presente na dialéctica da sinceridade/ figimento que se liga à da consciência/ inconsciência e do sentir/ pensar e que leva Pessoa a afirmar que “fingir é conhecer -se”. O poeta considera que a criação artística implica a concepção de novas relações significativas, graças à distanciação que fez do real, o que pode ser entendido como acto de fingimento ou de mentira.
Ex: “Autopsicografia” e “Isto”. Análise do poema “Autopsicografia”:
Dor real (“que deveras sente”)
Dor fingida
“Dor lida”
O acto poético apenas pode comunicar uma dor fingida (intelectualizada), a dor real (sentida) continua no sujeito e a dor lida não é a dor que os leitores sentem, mas que apreendem de acordo com a sua experiência de dor. A produção poética parte da realidade da dor sentida, mas distância-se criando uma dor fingida, graças à interracção entre a razão e o coração (sensibilidade), que permite a elaboração mental da obra de arte. Análise do poema “Isto”:
Neste poema, há uma dialéctica entre o “eu” do escritor Fernando Pessoa, inserido num espaço social e quotidiano, e o “eu” poético, personalidade fictícia e criadora, capaz
de estabelecer uma relação mais livre entre o Mundo real e o Mundo ideal. Por isso, não tem de se pedir a sinceridade de sentimos, mas a criação de uma personalidade livre nos sentimentos e emoções (“livre do meu enleio”).
O poeta codifica o poema que o receptor descodifica à sua maneira, mas sem necessidade de encontrar a pessoa real do escritor.
A Dor de Pensar: Fernando Pessoa, sente- se condenada e ser lúcido, a ter de pensar (“o quem em mim sente ‘stá pensado”). Gostava, muito vezes, de ter a inconsciência das coisas ou de seres
comuns que agem como uma pobre ceifeira ou que cumprem apenas as leis do instinto como o gato que brinca na rua. Com uma intelegência analítica e imaginativa a interferir em toda a sua relação com o mundo e com a vida, o “eu” lírico tanto aceita a consciência como sente uma verdadeira dor de pensar, que traduz a insatisfação e dúvida sobre a utilidade do pensamento. Impedindo do ser feliz, devido à lucidez, procura a realização do paradoxo de ter uma consciência incosciente (“Ah, poder ser tu, sendo eu!/ Ter a tua alegre inscosciência/ e a
consciência disso!”). Mas ao pensar sobre o pensamento, percebe o vazio que não permite conciliar a consciência e a incosciência. O pensamento racional não se coaduna com sentir verdadeiramente. Ex: “Ela canta, pobre ceifeira” e “Gato que brincas na rua”
A Nostalgia da Infância: A infância, tomada como realidade e como mito, ocupa na obra de Fernando Pessoa, esse lastro harmonizador, coincidindo com a solidão e dor criativas. A infância é a possibilidade do bom, da unidade, da incosciência, da verdade e da posse. Na infância é tudo longo, impreciso, sem carga real, como covém às construções do sonho e aspirações de fuga. Do mundo perdido da infância, Fernando Pessoa sente nostalgia. Um profundo desencanto e a angústia acompanham o sentido da breviedade da vida e da passagem dos dias. Ao mesmo tempo que gostava de ter a infância das crianças que brincam, sente a saudade de uma ternura que lhe passou ao lado. Busca múltiplas emoções e abraça sonhos impossíveis, mas acaba “sem alegria nem aspiração”. Frequentemente, para Pessoa o passado é um sonho inútil pois nada se concretizou, antes se traduziu numa desilução. Por isso, o constante cepticismo perante a vida real e do sonho. Daí, tembém, uma nostalgia do bem perdido do mundo fantástico da infância, único momento possível de felicidade. Ex: “O menino de sua mãe” e “Chuva Oblíqua”
Análise do poema “O menino de sua mãe ”:
Um soldado jovem jaz abandonado num cenário de guerra, a farda está rajada de sangue, de um bolso prende-lhe a cigarreira e do outro um lenço branco. Numa situação de guerra, deixa-se de ser menino, perde-se a inocência e caminha-se para a morte. Esta morte representa o fim da inocência e da esperança. O menino enquanto viveu a sua infância foi feliz. Também, o poeta, durante a sua infância foi feliz, quando cresceu tomou consciência da realidade, desde aí a dor de pensar tem comandado a sua vida, impedindo-o de ser feliz.
Análise do poema “ Chuva Oblíqua”:
É um poema intersepcionista, ou seja, cruza-se a passagem do presente e do ausente, o real e o imaginário. Partindo de uma imagem exterior (o concerto no teatro que o poeta está a assistir), o poeta atravessa-a com a sua memória. O poeta vai ao seu interior e invoca a sua infância, quando jogava à bola no quintal, essa memória é desencadeada pela audição da música. Este poema é marcadamente intersepcionista. O poeta conclui que a infância é irrecuperável, e quando acorda para a realidade procura a evsão, a fuga.
O sonho de evasão: O sonho é muitas vezes, para Fernando Pessoa, uma compensação para a realidade amarga e hostil. Perante a realidade decepcionante, o sonho aparece como o único caminho, uma forma de evação, de esquecimento. Porém, o sonho mais do que uma compensação, aparece por vezes como substituição à própria vida. Incapaz de aderir ao presente o poeta refugia-se no sonho. Assim, a vida estiola-se na inactividade, consome-se na inércia de resolver, de decidir, então, o sonho aparece como um projecto falhado, que só traz a desilução. A vida e o tempo passam, consomem-se “entre o sonho e o sono ”, que esgotam toda a realidade, ou melhor, ocupam-a. O sono torna-se um hábito para o poeta, que o leva à desistência e à fuga da vida. Ex: “Não sei se é sonho, se realidade ” e “Entre o sonho e o sono ”
Análise do poema “Não sei se é sonho, se realidade ”:
Para o poeta, na realide só há mal e não é possível encontrar a felicidade. O sonho não lhe basta, não lhe serve de impulso, porque acorda para a realidade e verifica que o sonho não lhe preenche porque não é real. Só no mundo do sonho é que consegue ser eternamente jovem e feliz. Pessoa, admite que o sonho não conduz a nada, mas o sonho acaba por se importante, uma vez que, é o único instante em que consegue deslumbrar a felicidade, embora reconheça que a realidade se sobrepôem sempre ao sonho.
Fragmentação do “ eu ”: O sujeito poético assume-se como uma espécie de palco, por onde desfilam diversas pesonagens, distintas e contraditórias ( “Assisto à minha própria passagem/ Diverso, móbil e só”). Incapaz de se manter dentro dos limites de si próprio, o poeta procura observar o seu “eu”, ou seja, conhecer-se a si próprio, o que o leva à fragmentação e à consciência de que é capaz de viver apenas o presente. Questina a sinceridade das emoções escrita nos seus textos, porque não sente hoje da mesma forma que sentiu no passado, pois as suas emoções, ao serem escritas de lidas, são intelectualizadas (“Noto à margem do que li/ O que julguei que senti./ Releio e digo: “Fui eu?”/ Deus sabe, porque o escreveu ”). Ex: “Não sei quantas almas tenho ” Análise do poema “ Não sei quantas almas tenho ”:
O poeta confessa a sua fragmentação interior em múltiplos “eu’s”. (“Não sei quantas almas tenho”). O poeta têm difuldade em olhar para si mesmo e não se consegue descobrir. Há uma indefinição relativamente à sua identidade. Não há continuidade no “eu”, pois aparece sempre um novo “eu” (“Cada momento mudei/ Continuamente me estranho ”). (“Quem tem alma não tem calma”) o poeta duvida de si próprio, e procura-se continuamente. Quem faz o esforço para ir à sua própria descoberta, não tem sossego. Pessoa é um ser em contínua viagem, pelo seu interior, um ser que assiste há sua passagem que lê nas páginas da sua vida, atravês da sua peregrinação interior. Que não pode prever o futuro, pois está sempre a mudar.
Fernando Pessoa Heterónimos
Alberto Caeiro (1889 – 1995): O Mestre Alberto Caeiro, nasceu em Lisboa, mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão, nem educação quase alguma, só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Viveu com uma tia -avô velha. Morreu de tuberculose. Albero Caeiro, escreveu os 49 poemas da sério “O Guardador de Rebanhos”, na noite de 8 de Março de 1914, de um só fôlego sem interrupções. Esse processo criativo, traduz exactamente a busca fundamental de Caeiro: completa naturalidade.
Para Caeiro, fazer poesia é uma atitude involutária, espontânea, pois vive no presente, não querendo saber de outros tempos. É o poeta do real, do objectivo , pois recusa a introspecção, a subjectividade, tem uma atitude antilirica, só se importa em ver de forma objectiva e natural a realidade com que contacta (“Pensar numa flor, é vê-la e cheirá-la”) É um poeta do olhar, pois procura ver as coisas como elas o são, sem lhes atribuir significados ou sentimentos humanos. Tem uma relação de harmonia coma a Natureza – Poeta da Natureza (“Sou o Descobridor da Natureza”). Caeiro contrói uma poesia das sensações , apreciando-as por serem naturais. É um sensacionalista, que vive aderindo espontameamente às coisas, tais como são, e procura gozá-las com despreocupada e alegre sensualidade. (“Sou o Argonauta das sensações verdadeiras”). Reijeita o pensamento, os sentimento e a linguagem porque desvirtuam a realidade, é basicamente, um antí-metafísico (“Pensar incomoda com andar à chuva”, “Pensar é estar doente dos olhos ”, “Eu não tenho filosofia: tenho sentidos ”) É um poeta que deambula pelo campo (“Minha alma é como um pastor./ Conhece o vento e o sol/ E anda pela mão das Estações/ A seguir e a olhar”)
Caeiro canta o viver sem dor, o envelhecer sem angústia, o morrer sem desepero, o fazer concidir o ser com o estar, o cambate ao vício de pensar, o ser um ser uno, e não fragmentado. Cartacterísticas da estilíscas:
Verso livre, métrica irregular; Ritmo espontâneo; Vocabulário simples, familiar; Adjectivação pobre e objectiva; Predomínio do presente do indicativo; Predomínio da comparação; Metáforas simples.
Caeiro é o Mestre de Pessoa (ortónimo) e dos outros heterónimos. Os ensinamentos que Caeiro, quer trazer ao ser humano ao quotidiano e ao integrá-lo na simplicidade da Natureza, tornam-no o Mestre. Ao anular o pensamento metafísico e ao voltar-se apenas para a visão total perante o mundo, elimina a dor que afecta Pessoa. Para o ortónimo, para Álvaro de Campos e para Ricardo Reis, Caeiro representa um regresso às origens, ao paganismo primitivo, à sinceridade plena. Caeiro ensinou-lhes a filosofia do não-filosofar. Fernando Pessoa ortónimo descrê da possibilidade de, pela razão, compreender o mundo tal como Caeiro, mas enquanto este aceita, tacticamente, a realidade o ortónimo decepcionase e nfrenta o desespero. Álvaro de Campos, que como Caeiro recorre a versos livres, é o homem da cidade, que procura a lição sensacionalista ao mundo da máquina. Mas, ao não conseguir acompanhar a pressa mecanicista e a desordem das sensações, sente uma espécie de desumanização e frustação. Falta a Campos a tranquilidade olímpica de Caeiro. Ricardo Reis, que adquiriu a lição de paganismo espontâneo de caeiro, cultiva um neoclassicismo neopagão, recorrendo à mitologia greco-latina, e considera a brevidade da vida, pois sabe que o tempo passa e tudo é efemero; Caeiro aceita a vida sem pensar. Reis chega a ser o contrário do Mestre, sobretudo ao procurar vivenciar poeticamente um sensacionalismo de caractér reflexivo, com a emoção controlada pela razão.
Ricardo Reis (1987 –
)
Ricardo Reis, nasceu no Porto, em 19 de Setembro de 1897 e estudou num colégio jesuíta e formou-se em Medicina. Por ser monártico, partiu para o Brasil em 1919. É “latinista por educação alheia, e um semi-helenista por educação própria. É médico.
Epicurismo é a doutrina filosófica que defende que o caminho para a
felicidade se resume à serenidade alcançada através de uma atitude de ataraxia. Ataraxia tranquilidade, ausência de qualquer perturbação. aceitação das leis do destino (“… a vida/ passa e não fica, nada Estoicismo deixa e nunca regressa”), indiferença face às paixões e à dor, abdicação de tudo (“Abdica e sê/ Rei de ti mesmo”) carpe dium e area mediocritas: a felicidade possível no Horacianismo sossego do campo (proximidade de Caeiro) Paganismo Crença nos deuses. Poesia construida com base em ideias elevadas e odes. Neoclassismo
Ricardo Reis é o poeta pagão que, ciente da efemeridade da vida, tenta viver o momento presente, mas sempre de forma tranquila, sem excessos, com muita auto-disciplica. (“Pagãos inocentes da decadência”) A filosofia de Reis rege-se pelo ideal “Carpe Dium” – a sabedoria que consiste em saber-se aproveitar o momento presente, porque se sabe que a vida é breve. (“Colhe o dia porque és ele”) Ricardo Reis é o poeta da serenidade epicurista, que aceita, com calma lucidez, a relatividade e a fugacidade de todas as coisas. (“passamos como um rio”, “ a vida/ passa e não fica”) A filosofia de vida de Ricardo Reis, é a de um epicurismo triste, pois defende o prazer do momento, o carpe dium, como caminho para a felicidade, mas sem ceder aos impulsos dos instintos. Apesar deste prazer que procura e da felicidade que deseja alcançar, considera que nunca se consegue a verdadeira calma e tranquilidade, ou seja a ataraxia. (“Mais vale saber passar silenciosamente ”, “o desejo de indiferença ”) Reis sente que tem de viver em conformidade com as leis do destino, indeferente à dor e ao desprazer, numa ilusão da felicidade. As referências aos deses da Antiguidade (neo-paganismo) greco-latina são uma forma de referir a primazia do corpo, das formas, da natureza, dos aspectos exteriores, da realidade, sem cuidar da subjectividade ou interioridade – ensinamentos de Caeiro, o Mestre. Ricardo Reis recorre à ode e a uma ordenação marcadamente clássica. Para o poeta, o homem está dependente dos deuses, contudo, acima destes ainda há o destino, a quem homens e deuses se submetem voluntariamente. Qualquer esforço é em vão, tudo é inutil face à força implacável do Fatum, que dita as leis do universo. Angustiado com a passagem irreversível do tempo que arrasta os homens para a velhice e para a morte, Reis aceita serenamente o Fado, sem revolta, ao contrário do que seria de esperar. Na sua perspectiva, a sujeição deliberada aos deuses e ao destino é a única forma de o homem ter a ilusão de liberdade, já que, na sua óptica, nem os deuses são livres, dada a sua subjugação ao destino. A liberdade e a felicidade são inantigíveis e os homens têm de se contentar com a ilusão desses sentimentos. (“Nós, imitando os Deuses/ Tão pouco livres ”, “Só esta liberdade nos concedem os deuses: submetermos-nos ”) Em consonância com a ética estóica, o poeta considera que o homem deve viver afastado do convívio social que cria laços e impõe crompomissos. O homem deve evitar as paixões e desporjar-se de sentimentos e afectos que coarctam a liberdade.
Ex: “Pois nada que dure, ou que, durando ”, “Não quero recordar-me nem conhecer-me ”, “Uns com os olhos postos no passado ”, Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira rio”.
Cartacterísticas da estilíscas:
Verso livre, métrica irregular; Recurso à ode de influência horaciana; Vocabulário erudito; Uso de latinismos; Predomínio de frases complexas; Utilização recorrente do imperativo, o que se adequa ao tom moralista das composições; Utilização frequente do hipérbato e anátrofes; Utilização de perífrases que remetem para a mitologia greco-latina.