Resumo de Our Inner conflicts
Nossos Conflitos Interiores Uma teoria construtivista da neurose
Karen Horney
Resumo traduzido da edi ção de 1945, da editora W. W. NORTON & COMPANY, INC.
Índice Biografia A personalidade neur ótica do nosso tempo'') tulos de '' A Introdução (resumo de tr ês capí tulos
Parte I. Conflitos Neur óticos e suas tentativas de solu ção
Capí tulo tulo 1: A mordacidade dos conflitos neur óticos Capí tulo tulo 2: O conflito b ásico Capí tulo tulo 3: Em dire ção às pessoas Capí tulo tulo 4: Contra as pessoas Capí tulo tulo 5: Afastando-se das pessoas Capí tulo tulo 6: A imagem idealizada Capí tulo tulo 7: Externaliza ção Capí tulo tulo 8: Metas auxiliares para uma harmonia artificial
Parte II. Consequ ências de conflitos n ão resolvidos
Capí tulo tulo 9: Medos Capí tulo tulo 10: Empobrecimento da personalidade Capí tulo tulo 11: Desesperan ça Capí tulo tulo 12: Tend ências sádicas Conclus ão: Resolução de Conflitos Neur óticos
Biografia Karen Horney nasceu em Hamburgo, na Alemanha. O pai era capit ão de um navio, homem religioso e taciturno, muito mais velho que a esposa, mulher ativa e liberal. Ela deixava muito claro a Karen que desejava a morte do marido e que se casara apenas por medo de permanecer solteira. Rejeitava a filha e demonstrava nitidamente a prefer ência pelo filho mais velho, de quem Karen sentia muita inveja simplesmente por ser menino, e o pai a menosprezava por causa da sua apar ência e intelig ência. Consequentemente, ela se sentia inferior, in útil e hostilizada (Sayers, 1991). Essa falta de amor por parte dos pais provocou o surgimento, mais tarde, do que ela chamou de *ansiedade b ásica , outro exemplo da influ ência da experi ência pessoal na vis ão do teórico. Um biógrafo comentou: "Em todos os trabalhos psicanal í ticos de Karen Horney era visí vel a sua luta para encontrar o sentido da pr ópria existência e para superar as dificuldades" (Paris, 1994, p. xxii).
Precocemente, j á aos 14 anos, Horney teve várias paixões de adolescente na busca fren ética do amor e da aceita ção que não encontrava em casa. Criou um jornal que chamava de " órgão virginal para supervirgens" e andava pelas ruas frequentadas por prostitutas. Em seu di ário escreveu: "Na minha imaginação não há sequer uma parte de mim que n ão tenha sido beijada por uma boca ardente. Na minha imagina ção não existe deprava ção do mais baixo n í v el que eu n ão tenha experimentado" (Horney, 1980, p. 64). Contra a vontade do pai, Horney ingressou na escola de medicina da University of Berlin, recebendo, em 1913, o t í tulo de Doutora em Medicina. Casou-se, teve tr ês filhas (duas das quais se submeteram a análise de Melaine Klein) e come çou a sofrer de profunda depress ão. Ela afirmava sentir-se muito tempo infeliz e oprimida e passar por dificuldades no casamento. Apresentava sintomas como crises de choro, dores de est ômago, cansaço crônico, comportamento compulsivo e incapacidade para trabalhar, além de pensamentos de suic í dio. Depois de manter v ários casos, divorciou-se para continuar a busca incans ável pela aceita ção pelo resto da vida. Seu relacionamento mais duradouro foi com o psicanalista Eric Fromm e, quando a real ção terminou, ela ficou arrasada. Resolveu submeterse à psican álise para tratar da depress ão e dos problemas sexuais. Seu analista freudiano disse-lhe que a busca por amor e a atra ção por homens mais fortes refletiam paix ões edipianas que da inf ância pelo pai severo (Seyers, 1991). Quando Horney percebeu que a an álise freudiana n ão estava ajudando, passou para a auto-an álise, prática que adotou pelo resto da vida. Impressionada com a observa ção de Adler sobre a falta de atrativos f ís icos como causa dos sentimentos de inferioridade, concluiu que, estudando medicina e adotando uma vida sexual prom í scua, estava agindo mais como homem que como mulher. Essa atitude a ajudava a sentir-se superior, mas, mesmo assim, nunca desistiu de encontrar o amor. De 1914 a 1918, Horney estudou psican álise ortodoxa no Berlin Psychoanalytic Institute. Mais tarde, tornou-se professora do instituto e come çou a atender pacientes particulares. Escrevia artigos de revista abordando os problemas da personalidade feminina, descrevendo alguns pontos discordantes em relação a conceitos de Freud. Em 1932, seguiu para os Estados Unidos para ser diretora adjunta do Chicago Institute for Psychoanalysis. Lecionou tamb ém no New York Psychoanalitic Institute e continuou a atender seus pacientes. O crescente descontentamento com a teoria freudiana logo a levou ao rompimento com o grupo. Fundou o American Institute of Psychoanalysis e ali permaneceu como diretora at é a morte. [nota] *Ansiedade básica: definição de Horney para a solid ão invasiva e a impot ência, sentimentos que d ão origem a neurose.
Introdução - Resumo dos 3 primeiros cap í tulos de A personalidade Neur ótica do nosso tempo As neuroses s ão geradas n ão apenas pelas experi ências individuais acidentais, mas tamb ém pelas condições culturais espec í ficas na qual vivemos. Quando percebemos a grande import ância das condições culturais em rela ção as neuroses, as condi ções biológicas e fisiol ógicas, as quais s ão consideradas por Freud as ra í zes neuróticas, caem por terra. As pessoas neur óticas são diferentes das pessoas comuns em suas rea ções. Assim o termo neur ótico, sendo originalmente m édico, não pode ser agora usado sem suas implica ções culturais. A concepção do que é normal varia n ão só com a cultura, mas tamb ém dentro da mesma cultura, no curso do tempo. Essa concep ção de normalidade tamb ém varia de acordo com as diferentes classes da sociedade. A neurose envolve deriva ção da normalidade. Este crit ério é importante, embora n ão seja suficiente. H á duas caracteristicas, entretanto, cada um pode discernir em todas neuroses sem um conhecimento í ntimo da estrutura da personalidade: uma certa rigidez na rea ção e uma discrepancia entre as potencialidades e realiza ções. Ambas caracteristicas precisam de explica ções. Por rigidez nas reações quero dizer uma falta de flexibilidade na qual nos permite reagir diferentemente em diferentes situações. Porém, rigidez s ó é indicativo de neurose somente quando deriva de padr ões culturais. Do mesmo modo, uma discrepancia entre as potencialidades de uma pessoa e suas realiza ções na vida pode ser devido apenas para fatores externos. Mas isso é um indicativo de neurose se o neur ótico tem a impressão que ele est á em seu próprio caminho. H á um fator essencial em todas as neuroses: ansiedades e as defesas construidas contra elas. Esta ansiedade é o motor no qual define para onde está indo o processo neur ótico e o mant ém em a ção. O significado desta afirma ção ficará mais clara nos seguintes cap í tulos. Em geral, o medo e a defesa s ão um dos centros din âmicos de uma neurose, mas constituem uma neurose apenas quando desvia em quantidade ou qualidade a partir dos medos e das defesas padronizadas na mesma cultura. A grande maioria de n ós tem que lutar com os problemas de competi ção, medos de falhar, isolamento emocional, desconfian ça dos outros e de n ós mesmos, somente para mencionar um pouco dos problemas que podem estar presentes em uma neurose. O fato de que em geral a maioria dos indiví duos numa cultura tem de encarar os mesmos problemas sugere a conclus ão de que esses problemas foram criados pelas condi ções especí ficas de vida existentes naquela cultura. Um jeito no qual a similaridade nos conflitos b ásicos se expressa é a similaridade de atitudes abertas para uma observa ção superficial. Significa que um bom observador pode descobrir sem as ferramentas de técnica psicanal í tica, preocupa ções das pessoas com quem ele é familiar, como ele mesmo, seus amigos, membros de sua fam í lia ou seus colegas. Algumas poss í veis observa ções. Primeiro, atitudes interessadas dar e receber afei ções; segundo, atitudes interessadas em avalia ções do ego; terceiro, atitudes interessadas em auto-afirma ção; quarto, agress ão; quinto, sexualidade. Uma das tend ências predominantes dos neuroticos de nosso tempo é a dependência deles em rela ção à aprovação ou afeição dos outros. Nas pessoas neur óticas a dependencia da afei ção ou aprova ção alheia é desproporcional a real significancia das outras pessoas em suas vidas. A insegurança interior expressa nessa depend ência dos outros é a segunda caracter í stica que nos choca nos neuróticos na observação de superf í cie. Sentimentos de inferioridade e inadequa ção são caracter í sticas que nunca falham. Elas devem aparecer como uma convic ção de incompetencia, de estupidez, de inatratividade- e elas podem existir sem nenhuma base na realidade. Esses sentimentos de inferioridade podem aparecer abertamente na superf í cie na forma de reclama ções ou preocupa ções. Por outro lado, eles podem ser camuflados pela compensa ção de necessidades por auto-enaltecimento, por uma propensidade compulsiva para exibir-se, para impressionar os outros e a si mesmo com todos
os tipos de atributos que geram prest í gio em nossa cultura, como dinheiro, possess ão de velhas fotos, velhos móveis, mulheres, contatos sociais com pessoas promenientes, viagens, ou conhecimento superior. A terceira dessas atitudes, aquelas interessadas em auto-afirma ção, involve inibi ções definitivas. Por auto-afirmação eu quero dizer o ato de afirmar sua pr ópria personalidade ou reivindica ções. Os neuróticos tem inibi ções na express ão de seus desejos ou no questionamento de algo, sobre fazer algo no seu pr óprio interesse, expressar uma opini ão ou cr í tica sólida, ordernar algu ém, selecionar as pessoas que eles desejam se relacionar, fazer contatos com pessoas e assim por diante. Particularmente, a incapacidade de fazer planos, seja uma viagem ou um plano de vida: neur óticos deixam-se levar, mesmo nas importantes decis ões como uma profiss ão ou casamento, ao inv és de ter claras concep ções do que eles querem na vida. Eles se deixam levar por certos medos neur óticos. Ansiedade é o centro din âmico das neuroses e assim n ós temos que lidar com ela o tempo todo. Medo é uma reação que é proporcional ao perigo que deve ser enfrentado. Ansiedade é uma desproporcional reação ao perigo, ou at é mesmo uma rea ção ao perigo imagin ário.
As divergências com Freud Horney discordava da vis ão de Freud que a personalidade depende de for ças biológicas imutáveis. Negava a predomin ância dos fatores sexuais, questionava a validade da teoria do complexo de Édipo e não aceitava os conceitos de libido e da personalidade estruturada em tr ês partes. No entanto, concordava com a vis ão da motivação inconsciente e da exist ência de raz ões emocionais irracionais.
fat í d ica para a espé c ie humana parece-me ser saber se, e at é que ponto, seu '' A quest ão desenvolvimento cultural conseguir á dominar a perturbaçã o de sua vida comunal causada pelo instinto humano de agressã o e autodestruiçã o' '
(FREUD, Sigmund. O Mal-estar da civiliza ção.)
Horney e Freud tamb ém divergiam a respeito da natureza humana. Horney dizia:
''O pessimismo de Freud em relaçã o à neurose e ao respectivo tratamento resulta da sua profunda descrença na bondade e na capacidade de evoluçã o do homem. Para ele, o homem est á fadado ao sofrimento e à destruiçã o. (...) A minha crença, no entanto, é no dotado de capacidade e do desejo de desenvolver a sua potencialidade e de tornar-se um ser humano decente. (...) Creio na capacidade do homem de mudar e continuar mudando por toda a vida''. ( Horney , 1945, p. 19).
... “Neurose é uma mentira esquecida na qual você ainda acredita” Dr. Juan Alfredo César Müller
Parte 1- Conflitos Neuróticos e tentativas de solução Capí tulo 1- A mordacidade dos conflitos neur óticos Não é neurótico ter conflitos. N ós devemos estar cientes de quais s ão nossos desejos, ou mais ainda, de quais são nossos sentimentos. N ós não sabemos o que n ós realmente sentimos ou queremos. Finalmente, para fazer uma decis ão pressupõe a vontade e a capacidade de assumir a responsabilidade por isso. Isso incluiria o risco de tomar uma decis ão errada e disposi ção para arcar com as consequ ências sem culpar os outros por eles. Isso envolveria sentimento, "Esta é a minha escolha, minha ação", e pressupõe mais força interior e independência do que a maioria das pessoas aparentemente t êm hoje em dia. Preso como tantos de n ós estamos no aperto estrangulador de conflitos- no entanto n ão reconhecidonossa inclina ção é olhar com inveja e admira ção as pessoas cujas vidas parecem fluir sem problemas, sem ser perturbado por qualquer desta turbul ência. Para experimentar conflitos conscientemente, embora possa ser doloroso, pode ser um trunfo inestimável. Quanto mais n ós enfrentamos nossos pr óprios conflitos e buscamos solu ções próprias, mais liberdade interior e for ça vamos ganhar. Somente quando estamos dispostos a suportar o peso é que podemos aproximar do ideal de ser o capit ão do nosso navio. O conflito normal, preocupa-se com uma escolha real entre duas possibilidades, o que a pessoa encontra realmente desej ável, ou entre as convic ções, os quais ela realmente valoriza. Por isso, é possí vel para ela chegar a uma decis ão viável, embora isso possa ser duro com ela e exigir algum tipo de renúncia. A pessoa neur ótica está envolvida em um conflito e, n ão é livre para escolher. Ela é impulsionada por forças igualmente atraentes em dire ções opostas que, nem ela quer seguir. Assim, uma decis ão no sentido usual é impossí vel. O neur ótico está preso, sem sa í da. O conflito s ó pode ser resolvido por trabalhar as tend ências neuróticas envolvidos, e por isso a mudan ça de suas rela ções com os outros e consigo mesmo é que ele pode dispensar as tend ências completamente. Estas caracter í sticas representam a pung ência de conflitos neur óticos. Não só eles são dif íc eis de reconhecer, n ão só eles tornam uma pessoa indefesa, mas eles t êm também uma for ça perturbadora que o neurótico tem boas raz ões para ter medo. A menos que conhe çamos estas caracter í sticas e mantê-las em mente, n ão vamos entender as tentativas desesperadas de solu ção que o neur ótico entra em cima, e que constituem a maior parte de uma neurose.
Capí tulo 2- O conflito b ásico O fato é que todo sintoma neur ótico aponta para um conflito subjacente. Outro sinal que indica que os conflitos est ão em opera ção é a inconsist ência [de comportamento]. Em algumas circunst âncias, o conflito interno pode ser externalizado e aparecer na consci ência da pessoa como uma incompatibilidade entre ela e o ambi ênte. Eu vejo que o conflito b ásico de um neur ótico está nas atitudes fundamentalmente contradit órias que ele adquiriu de outras pessoas. O conflito nasce de atitudes incompat í veis constituindo o n úcleo da neurose e portanto merece ser chamado de conflito ''básico''.
Capí tulo 3- Em dire ção às pessoas Para simplificar classificarei alguns tipos como o complacente, o agressivo e a personalidade avulsa. Em cada um desses tipos encontraremos que a atitude b ásica em relação aos outros criou, por assim dizer, o crescimento de certas necessidades, qualidades, sensibilidades, inibi ções, ansiedades, e, por último mas não por menos, um estabelecimento particular de valores. Grupo 1- o tipo complacente.
Manifesta todos os tra ços que vão ''em direção às pessoas''. Ele mostra uma not ável necessidade por afeição e aprova ção e em especial por um ''parceiro''- isto é, um amigo, um amante, um marido ou esposa ''quem vai preencher todas as expectativas de vida e tomar responsabilidade pelo bem e o pelo mal, sua manipula ção sucedida se torna a tarefa predominante.'' [1] Essas necessidades tem caracter í sticas comuns com todas as tend ências neur óticas; ou seja, eles s ão compulsivos, indiscriminados, e geralmente anciosos quando frustrados. Eles operam quase que independentemente do valor intr í nseco dos ''outros'' em quest ão, como tamb ém dos sentimentos reais da pessoa perto deles. No entanto, essas necessidades podem variar em sua expressão, todas elas centram em torno de um desejo por intimidade humana, um desejo por ''pertencer''. Por causa da indiscriminada natureza de suas necessidades, o tipo complacente estar á propenso a superestimar sua simpatia e os interesses que ele tem em comum com aqueles ao redor dele e desconsiderar os fatores de separa ção. Isso tudo é determinado por suas necessidades compulsivas. Em suma, esse tipo (complacente) precisa ser gostado, querido, desejado, amado; sentir-se aceito, bem-vindo, aprovado, apreciado; ser necessitado, ser de importancia para os outros, especialmente para uma pessoa em particular; para ser ajudado, protegido, cuidado e guiado. Em direção às pessoas , tipo complacente.
1. A necessidade por afei ção e aprova ção; agradar outras pessoas e ser gostado por elas. 2. A necessidade por um parceiro; quem se possa amar e quem vai resolver todos os problemas.
[Nota] 1. Cf. The Neurotic Personality of Our Time, op. cit., Chapters 2 and 5, dealing with the need for affection, and SelfAnalysis, op. cit., Chapter 8, dealing with morbid dependence.]
Capí tulo 4- Contra as Pessoas Discutindo o segundo aspecto do conflito b ásico- a tend ência de ''ir contras as pessoas''- vamos proceder como antes, examinando aqui o tipo no qual as tend ências agressivas predominam. Assim como o tipo complacente tende a acreditar que as pessoas s ão ''boas'', mesmo quando a experiência mostra o contr áio, os do tipo agressivo tendem a acreditar que todos s ão hostis, e recusa admitir que eles n ão são. Para este tipo, a vida é uma luta de todos contra todos. Sua atitude é, por vezes, bastante evidente, mas mais frequentemente é coberto com um verniz de polidez suave, justa mentalidade e bom companheirismo. Essa "frente" pode representar uma concess ão maquiavélica a oportunidade. Como regra geral, no entanto, é um composto de pretextos, sentimentos genu í nos e necessidades neur óticas. Um desejo de fazer os outros acreditar que ele é um bom sujeito pode ser combinada com uma certa quantidade da benevol ência real enquanto n ão há nenhuma d úvida na mente de ningu ém que ele mesmo est á no comando. Pode haver elementos de uma necessidade neurótica de afeto e aprova ção, posta a servi ço de metas agressivas. Nenhuma "frente" é necess ária para o tipo complacente, porque seus valores coincidem com qualquer forma de aprova ção social ou virtudes crist ãs. Sua necessidade prim ária se torna o controle sobre os outros. Varia ções nos significados de controle s ão infinitos. Concomitantemente, ele precisa se sobressair, para alcan çar o sucesso, prest í gio ou reconhecimento de qualquer forma. Esfor ços neste sentido s ão, em parte orientada para o poder, na medida em que sucesso e prest í gio emprestam o poder em uma sociedade competitiva. Mas eles tamb ém contribuem para uma sensa ção subjetiva de for ça através da afirma ção de fora, elogios de fora, e o fato de supremacia. Uma forte necessidade de explorar os outros, ser mais esperto que eles, para torn á-los úteis para si mesmo, faz parte do quadro. Qualquer situa ção ou relacionamento é olhado do ponto de vista "O que posso fazer com isso?", Se ele tem a ver com dinheiro, prest í gio, contatos ou id éias. A pessoa se é consciente ou semiconscientemente convencido de que todo mundo age desta maneira, e assim o que conta é fazê-lo de forma mais eficiente do que o resto. As qualidades que ele desenvolve s ão quase diametralmente opostas às do tipo complacente. Ele se torna duro e resistente, ou d á aquela apar ência. Ele considera todos os sentimentos, o seu pr óprio, bem como dos outros, como "sentimentalismo superficial." Amor, para ele, desempenha um papel insignificante. N ão que ele nunca est á "apaixonado" ou nunca tem um caso ou se casa, mas o que é a maior preocupação é ter um companheiro, que é eminentemente desej ável, um atrav és de cuja atratividade, prest í gio social, ou a riqueza ele pode melhorar sua pr ópria posição. Ele não vê razão para ser atencioso com os outros. "Por que eu deveria me importar, deixe que os outros cuidam de si mesmos." Em termos do velho problema ético de duas pessoas em uma jangada dos quais apenas um poderia sobreviver, ele diria que é claro que ele ia tentar salvar sua pr ópria pele, porque n ão seria est úpido e hip ócrita. Ele odeia a admitir o medo de qualquer tipo e vai encontrar formas dr ásticas de traz ê-lo sob controle. Enquanto o tipo complacente tende a acalmar, o tipo agressivo faz tudo que pode para ser um bom lutador. O tipo agressivo da mesma forma n ão está convencido de que o outro est á errado, ele simplesmente assume que ele est á certo porque ele precisa deste fundamento de certeza subjetiva, da mesma forma que um exército precisa de um ponto seguro para lan çar um ataque. Para admitir um erro quando ele não é absolutamente necess ário, lhe parece uma imperdo ável exibição de fraqueza, se n ão loucura. O tipo agressivo parece uma pessoa extraordinariamente desinibida. Ele pode fazer valer os seus desejos, ele pode dar ordens, expressar a raiva, defender-se. Seu conjunto de valores é constru í do em torno da filosofia da selva. Aqui n ós temos valores n ão muito diferentes daqueles com que os nazistas fizeram-nos t ão familiar.
A razão pela qual sua rea ção é tão extrema é que ele é alertado por sua necessidade de lutar contra todos os sentimentos mais suaves dentro de si. Nietzsche nos d á um bom exemplo dessa din âmica, quando ele faz o seu super-homem ver qualquer forma de simpatia como uma esp écie de quinta coluna, um operacional inimigo de dentro. "Suavidade" para este tipo de pessoa significa n ão apenas afei ção genuí na, compaix ão, e assim por diante, mas tudo impl í cito nas necessidades, sentimentos e padr ões do tipo complacente. A esperança de fundir suas unidades divergentes, que o tipo complacente deposita no amor, é procurado pelo tipo agressivo em reconhecimento. Para ser reconhecido promete-lhe n ão só a afirmação de si mesmo ele exige, mas mant ém a atração adicional de ser querido pelos outros e de ser capaz, por sua vez a gostar deles. Como o reconhecimento, portanto, parece oferecer solu ção de seus conflitos, isto torna-se a miragem salvadora que ele persegue. A lógica interna da sua luta é em princí pio idêntico ao apresentado no caso do tipo complacente e, portanto, só necessita de ser brevemente aqui indicadas. Para o tipo agressivo, qualquer sentimento de simpatia, ou obriga ção de ser "bom", ou atitude de respeito seria incompat í vel com toda a estrutura de vida que ele construiu e abalaria os alicerces. Al ém disso, o surgimento dessas tend ências opostas poderia confrontá-lo com o seu conflito b ásico e assim destruir a organiza ção que ele tem cuidadosamente cultivado, a organiza ção da unidade. A conseq üência será que a repress ão das tendências mais suaves ir á reforçar os agressivos, tornando-os ainda mais compulsivos. Se os dois tipos que discutimos agora est ão vivos em nossas mentes, podemos ver que eles representam extremos polares. O que é desejável para um é repugnante para o outro. No primeiro tipo, a pessoa tem que gostar de todo mundo, o outro tem de considerar todos como inimigos potenciais. O primeiro procura evitar a luta a todo custo, o outro acha que é seu elemento natural. Um se agarra ao medo e desamparo, o outro tenta negar-lhes provimento. Um que se move, por ém neuroticamente, na direção dos ideais humanit ários, o outro em dire ção à filosofia da selva. Mas ao mesmo tempo nenhum desses padr ões é livremente escolhido: cada um é compulsivo e inflex í vel, determinado pelas necessidades interiores. N ão h á meio termo em que eles podem se encontrar. Estamos prontos para dar um passo na nossa aprenseta ção de tipos e por qu ê discutimos eles. Partimos para descobrir exatamente o que é o conflito b ásico envolvido, e at é agora temos visto dois aspectos operacionais como as tend ências predominantes em dois tipos distintos. Quando os dois padr ões são neuróticos, no entanto, ambos s ão prejudiciais para o nosso crescimento. Dois indesej áveis somados não fazem um todo desej ável, nem dois incompat í veis fazer uma harmoniosa entidade. Contra as pessoas:
1. A necessidade de poder, a capacidade de dobrar vontades e conseguir o controle sobre os outros, enquanto a maioria das pessoas procuram a for ça, o neurótico pode estar desesperado por isso. 2. A necessidade de explorar os outros, para obter o melhor deles. Para se tornar manipulador, fomentando a cren ça de que as pessoas est ão ali simplesmente para serem usadas. 3. A necessidade de reconhecimento social; prest í gio e notoriedade. 4. A necessidade de admira ção pessoal, pois ambas qualidades- interior e exterior- deveriam ser valorizadas. 5. A necessidade de realiza ção pessoal, embora praticamente todas as pessoas desejam fazer conquistas, o neur ótico pode estar desesperado por isso.
Capí tulo 5- Afastando-se das pessoas A terceira face do conflito b ásico é a necessidade por distanciamento, por afastar-se das pessoas. Antes de examinar,precisamos entender o que significa distanciamento neur ótico. Certamente n ão é o mero fato de querer solid ão ocasional. A mais óbvia peculiaridade deste tipo é o afastamento das pessoas. Ademais, afastamento das pessoas é somente uma indica ção de que as rela ções humanas estão perturbadas. Mas este é o caso em todas as neuroses. A extens ão do afastamento depende mais da gravidade da perturba ção do que sobre a forma particular que neurose toma. Outra caracter í stica que é muitas vezes considerada como peculiar ao afastamento é estranhar a si próprio, isto é, um entorpecimento de experi ência emocional, uma incerteza quanto ao que se é, o que se ama, odeia, os desejos, esperan ças, medos, ressentementos, crenças. Essa auto-alienação é novamente comum a todas as neuroses. O que todas as pessoas isoladas t êm em comum é algo completamente diferente. É a sua capacidade de olhar para si com uma esp écie de interesse objetivo, como seria olhar para uma obra de arte. O que é crucial é a sua necessidade interior de colocar uma distância emocional entre si e os outros. Mais precisamente, é a sua determina ção consciente e inconsciente para n ão se envolver emocionalmente com os outros de qualquer forma, seja no amor, luta, coopera ção, ou competi ção. Eles tiram em torno de si um tipo de c í rculo mágico que ningu ém pode penetrar. Todas as necessidades e qualidades que adquirem s ão direcionadas a esta grande necessidade de n ão se envolver. Entre as mais marcantes é a necessidade de auto-sufici ência. Sua express ão mais positiva é desenvoltura. O tipo agressivo tamb ém tende a ser criativo, mas o esp í rito é diferente, pois ele é um pré-requisito para lutar contra um caminho em um mundo hostil e para querer derrotar outros na briga. No tipo deslocado o esp í rito é como Robinson Cruso é: ele tem que ser criativo para viver. É a única maneira que ele pode compensar o seu isolamento. Outra necessidade evidente é a sua necessidade de privacidade. Ele é como uma pessoa em um quarto de hotel que raramente remove o sinal de "N ão-Perturbe" de sua porta. Mesmo livros pode ser considerado como intrusos, como algo a partir do exterior. Qualquer pergunta sobre sua vida pessoal pode chocá-lo, ele tende a mortalhar-se em um v éu de segredo. A auto-sufici ência e privacidade ambas servem a sua necessidade de maior destaque, a necessidade de independ ência total. Ele pr óprio considera sua independ ência uma coisa de valor positivo. E sem dúvida tem um valor do tipo. Pois, n ão importa quais s ão suas defici ências, a pessoa deslocada é, sem dúvida nenhum aut ômato. Sua recusa de concorrer cegamente, junto com a sua indiferen ça da luta competitiva, lhe d á uma certa integridade. A fal ácia aqui é que ele olha para a independ ência como um fim em si mesmo e ignora o fato de que seu valor depende em última instância sobre o que ele faz com ela. Sua independ ência, como todo o fen ômeno de descolamento da qual faz parte, tem uma orientação negativa, que visa n ão ser influenciado, coagido, amarrado, obrigado. Como qualquer outra tendência neurótica, a necessidade de independ ência é compulsiva e indiscriminada. Ela se manifesta em uma hipersensibilidade a tudo de alguma forma semelhante a coer ção, influência, obriga ção e assim por diante. O grau de sensibilidade é uma boa medida da intensidade do deslocamento. O seu senso de superioridade se expressa no sentimento de sua pr ópria singularidade. Este é um resultado direto de sua vontade de se sentir separado e distinto de outros. Ele pode comparar-se a uma árvore em p é sozinho no topo de uma colina, enquanto as árvores da floresta abaixo s ão frágeis. Onde o tipo compat í vel olha para seu companheiro com a pergunta em sil êncio, "Será que ele gosta de mim?" e do tipo agressivo quer saber,"Qu ão forte advers ário ele é?" ou "Será que ele pode ser útil para mim?", a primeira preocupa ção pessoa deslocada é: "Será que ele vai interferir comigo? Ser á que ele vai querer me influenciar ou ele vai me deixar em paz?"
Há uma tend ência geral para suprimir todo sentimento, at é mesmo negar sua exist ência. A rejei ção de sentir diz respeito principalmente aos sentimentos em rela ção a outras pessoas e aplica-se tanto ao amor e ódio. É uma conseqüência lógica da necessidade de se manter a uma dist ância emocional dos outros, em que o forte amor ou ódio, conscientemente experimentado, traria o neur ótico um tanto perto de outras pessoas ou em conflito com elas. Quanto mais as emo ções são controladas, o mais provável é que a ênfase será colocada sobre a intelig ência. A expectativa, ent ão, será que tudo pode ser resolvido pelo poder absoluto de racioc í nio, como se o mero conhecimento dos pr óprios problemas seria suficiente para cur á-los. Ou como se o racioc í n io só poderia curar todos os problemas do mundo! Podemos esperar para entender as fun ções de deslocamento e, eventualmente, ser útil terapeuticamente apenas se estivermos conscientes disto. Como vimos, cada uma das atitudes b ásicas para com os outros tem o seu valor positivo. Em movendo em dire ção às pessoas, a pessoa tenta criar para si uma rela ção amigável com o seu mundo. E indo contra as pessoas, ele prepara-se para a sobrevivência em uma sociedade competitiva. Ao afastar-se das pessoas, ele espera atingir uma certa integridade e serenidade. Por uma quest ão de fato, todas as tr ês atitudes s ão não só desej áveis, mas necessárias para o nosso desenvolvimento como seres humanos. É somente quando elas aparecem e operam em um quadro neur ótico que se tornam compulsivas, r í gidas, indiscriminadas e mutuamente excludentes. Isso diminui consideravelmente o seu valor, mas n ão o destr ói. O deslocamento neur ótico não é uma questão de escolha, mas de compuls ão interior, a única maneira poss í vel de viver. Deslocamento é uma parte intr í nseca do conflito b ásico, mas é também uma prote ção contra ele. O enigma se resolve por si pr óprio, no entanto, se formos mais espec í ficos. É uma proteção contra os dois parceiros mais ativos no conflito b ásico. Aqui, devemos reiterar a afirma ção de que a predomin ância de uma das atitudes b ásicas não impede que os outros conflitos contradit órios existam e operem. Podemos ver este jogo de for ças na personalidade deslocada mais do que nos outros dois grupos descritos. Para come çar, os impulsos contradit órios mostram frequentemente a hist ória de vida. Antes que o individuo tenha claramente aceitado seu dist ânciamento, uma pessoa desse tipo, muitas vezes, passou por epis ódios de conformidade e depend ência, bem como atrav és de per í odos de rebelião e agressividade cruel. Em contraste com os valores claramente definidos dos outros dois tipos, os seus conjuntos de valores s ão mais contradit órios. Além de sua avalia ção permanentemente alta do que ele considera como liberdade e independ ência, ele pode, em algum tempo na an álise de expressar uma valoriza ção extrema pela bondade humana, simpatia, generosidade, mod éstia, autosacrif íc io, e em outro momento ocilar para uma completa filosofia selvagem com caloroso interesse pessoal. O pr óprio indiv í duo pode se sentir confuso com essas contradi ções, mas com um pouco de racionaliza ção, ele vai tentar negar seu car áter conflitante. O analista facilmente se tornar á confuso se ele não tem perspectiva clara de toda a estrutura. Ele pode tentar seguir um caminho ou outro, sem ir muito longe em qualquer dire ção, porque uma e outra vez o paciente refugia-se no seu deslocamento, assim, fechando todas as portas como se fecharia os anteparos de um navio. Há uma lógica perfeita e simples subjacente à "resistência" especial da pessoa isolada. Ele n ão quer se relacionar com o analista ou para tomar conhecimento dele como ser humano. Ele realmente n ão quer analisar suas rela ções humanas em tudo. Ele n ão quer enfrentar os seus conflitos. E se entendermos sua premissa, vemos que ele n ão pode mesmo estar interessado em analisar qualquer um desses fatores. Sua premissa é a convicção consciente de que ele n ão precisa se preocupar com suas rela ções com os outros, enquanto ele se mant ém a uma dist ância segura deles. A função muito importante de deslocamento neur ótico, então, é manter os principais conflitos fora de operação. É o mais radical e mais eficaz das defesas erguidas contra eles. Uma das muitas maneiras neuróticas de criar uma harmonia artificial, é uma tentativa de solu ção através de evas ão. Mas não é
verdadeira solu ção, porque os desejos compulsivos de proximidade, bem como para a domina ção agressiva, a explora ção e a excel ência permanecem. Finalmente, a verdadeira paz interior ou liberdade jamais poderá ser alcançada enquanto os conjuntos contradit órios de valores continuam a existir.
Afastando-se de Pessoas:
1. A necessidade de auto-sufici ência e independ ência; enquanto a maioria deseja alguma autonomia, o neur ótico pode simplesmente desejar descartar outros indiv í duos inteiramente. 2. A necessidade de perfei ção, enquanto muitos s ão levados a aperfei çoar as suas vidas na forma de bem-estar, o neur ótico pode apresentar um medo de estar um pouco falho. 3. Por último, a necessidade de restringir as pr áticas de vida para dentro das fronteiras estreitas, para viver uma vida t ão discreta quanto poss í vel.
Capí tulo 6- A imagem Idealizada Nossa discuss ão das atitudes fundamentais do neur ótico em rela ção aos outros tem se familiarizado com duas das principais formas em que ele tenta resolver seus conflitos, ou, mais precisamente, para eliminá-los. Uma delas consiste na repress ão a certos aspetos da personalidade e os seus opostos trazidos à tona, o outro é colocar essa dist ância entre si e os outros em que os conflitos s ão descartados de opera ção. Ambos processos induzem uma sensa ção de unidade para o indiv í d uo , mesmo a um custo consider ável para si pr óprio. Uma nova tentativa que , aqui deve ser descrita, é a criação de uma imagem do que o neur ótico acredita-se ser, ou do que no momento ele sente que pode ou deve ser. Consciente ou inconsciente, a imagem est á sempre em grande medida, fora da realidade, embora a influência que exerce sobre a vida da pessoa é muito real, de fato. Em todos os seus aspectos essenciais a imagem idealizada é um fenômeno inconsciente. Embora a sua auto-inflação pode ser mais óbvia, mesmo para um observador destreinado, o neur ótico não tem conhecimento de que ele est á idealizando a si mesmo. Em contraste com os ideais aut ênticos, a imagem idealizada tem uma qualidade est ática. Não é um objetivo para cuja realiza ção ele se esfor ça, mas uma id éia fixa que ele adora. Ideais t êm uma qualidade dinâmica, que despertam um incentivo para aproxim á-las, pois eles s ão uma força indispens ável e inestimável para o crescimento e desenvolvimento. Para come çar com o que é talvez a sua fun ção mais elementar: os substitutos da imagem idealizada para o orgulho e auto-confian ça realista. Uma pessoa que eventualmente torna-se neur ótico tem pouca chance de construir auto-confian ça inicial por causa das experi ências de esmagamento que ela foi submetida. Essa auto-confian ça que ele pode ter se enfraqueceu ainda mais no curso de seu desenvolvimento neurótico porque as pr óprias condi ções indispens áveis para a auto-confian ça são aptas de serem destru í das. É dif í cil formular estas condi ções brevemente. Os fatores mais importantes s ão a vivacidade e disponibilidade das pr óprias energias emocionais, o desenvolvimento de objetivos aut ênticos de si pr óprio, e a faculdade de ser um instrumento ativo em sua própria vida. No entanto, uma neurose se desenvolve, apenas se essas coisas s ão passí veis de serem danificadas.
A segunda fun ção está intimamente ligada com a primeira. O neur ótico não se sente fraco no v ácuo, mas em um mundo povoado de inimigos prontos para enganar, humilhar, escravizar, e derrot á-lo. Ele deve, portanto, constantemente medir e comparar-se com os outros, n ão por razões de vaidade ou capricho, mas por necessidade amarga. E já que no fundo ele se sente fraco e desprez í vel, como veremos mais tarde, ele deve procurar algo que lhe far á se sentir melhor, mais digno do que outros. Se ele toma a forma de se sentir mais santo ou mais cruel, mais amoroso ou mais c í nico, ele deve em sua pr ópria mente se sentir superior de alguma forma, independentemente da qualquer unidade espec í fica para sobressair. Para a maior parte dessa necessidade cont ém elementos de querer triunfar sobre os outros, porque n ão importa qual a estrutura da neurose h á sempre vulnerabilidade e prontid ão para se sentir desprezado e humilhado. A necessidade de triunfo vingativo como um ant í doto para seus sentimentos de humilha ção pode ser executado em cima ou pode existir, principalmente na pr ópria mente do neur ótico, que pode ser consciente ou inconsciente, mas é uma das for ças motrizes da necessidade neur ótica de superioridade e lhe dá seu colorido especial. Vimos como os substitutos da imagem idealizada para a verdadeira auto-confian ça e orgulho. Mas h á ainda uma outra forma na qual ela serve como substituto. Desde que os ideais do neur ótico são contradit órios, não podem, eventualmente, ter algum poder de obriga ção; permanecendo fraco e indefinido, eles podem lhe dar nenhuma orienta ção. A imagem idealizada é, portanto, uma tentativa de resolver o conflito b ásico, uma tentativa de pelo menos tão grande import ância como as outras que eu descrevi. Ela tem o valor enorme subjetivamente de servir como uma cola, de segurar em conjunto um indiv í duo dividido. E, embora ela s ó existe na mente da pessoa, ela exerce uma influ ência decisiva sobre as suas rela ções com os outros. Finalmente, embora a imagem idealizada é criada para remover o conflito de base e de uma maneira limitada consegue faz ê-lo, gera, ao mesmo tempo uma nova fratura na personalidade quase mais perigosa do que a original. Grosseiramente falando, uma pessoa constr ói uma imagem idealizada de si mesma porque ele n ão pode tolerar-se como ela realmente é. Assim, um novo conflito é criado entre impulsos compulsivos, contradit órios, por um lado e uma espécie de ditadura interna imposta pela perturba ção interior. E ele reage a essa ditadura interior assim como uma pessoa pode reagir a uma ditadura pol í tica compar ável : ele pode se identificar com ela, isto é, sentir que ele é tão maravilhoso e ideal como o ditador diz que ele é, ou ele pode ficar na ponta dos pés para tentar medir-se às suas exig ências, ou ele pode se rebelar contra a coer ção e se recusar a reconhecer as obriga ções impostas. Se ele reage na primeira forma, temos a impress ão de uma pessoa "narcisista", inacess í vel à crí tica; a brecha existente, ent ão, não é conscientemente sentida como tal. No segundo caso temos a pessoa perfeccionista, ao estilo do superego de Freud. Na terceira, a pessoa parece n ão prestar contas a alguém ou alguma coisa, ele tende a tornar-se err ático, irrespons ável, e negativista. A pior desvantagem da manuten ção da imagem idealizada é, provavelmente, a conseq üente aliena ção do eu. Não podemos suprimir ou eliminar partes essenciais do nosso eu sem nos afastarmos de n ós mesmos. A pessoa simplesmente vai-se esquecendo do que realmente sente, gosta, rejeita ou acredita em suma, do que realmente é. Sem o saber, pode estar vivendo a vida de sua imagem A pessoa perde o interesse pela vida porque n ão é mais ela que a vive; n ão pode tomar decis ões porque n ão sabe realmente o que quer; suas dificuldades crescem, pode sentir-se invadida por uma sensa ção de irrealidade - uma express ão acentuada da sua situa ção permanente de ser irreal perante si mesma. Para compreender esse estado, devemos ter em mente que um v éu de irrealidade que envolva o mundo interior tender á a cobrir o mundo exterior.
A tarefa da terapia, portanto, é tornar o paciente consciente de sua imagem idealizada em todos os seus detalhes, para ajud á-lo a compreender gradualmente todas as suas fun ções e valores subjetivos, e para mostrar-lhe o sofrimento que inevitavelmente acarreta. Ele ent ão começa a se perguntar se o preço não é muito alto. Mas ele pode renunciar a imagem apenas quando as necessidades que o criaram s ão consideravelmente diminu í das.
Capí tulo 7- Externaliza ção Quando eu chamo essa tentativa de externaliza ção estou definindo a tend ência a experimentar processos internos como se eles ocorressem fora de si mesmo e, via de regra, para manter estes fatores externos respons áveis pelas nossas dificuldades. Tem em comum com a idealiza ção o propósito de ficar longe do verdadeiro eu. Mas enquanto o processo de retocar e recriar a personalidade real permanece, por assim dizer, dentro dos recintos do eu, a externaliza ção significa abandonar o território do eu completamente. Para dizer isto simplesmente, uma pessoa pode refugiar-se do seu conflito b ásico em sua imagem idealizada, mas quando as discrep âncias entre o eu real e o idealizado chegar a um ponto onde as tens ões tornam-se insuport áveis, ele não pode mais recorrer a qualquer coisa dentro de si. Externaliza ção, no entanto, é um fenômeno mais abrangente; o deslocamento da responsabilidade é apenas uma parte dela. N ão só as próprias falhas s ão experienciadas nos outros, mas a um maior ou menor grau todos os sentimentos. Uma pessoa que tende a exteriorizar pode ser, profundamente perturbada pela opress ão mortal de pequenos pa í ses, enquanto que desconhece o quanto ele se sente oprimido. Ele pode n ão sentir o seu pr óprio desespero, mas ir á emocionalmente experiment á-lo em outros. O que é particularmente importante neste contexto, ele n ão tem conhecimento de suas pr óprias atitudes em rela ção a si mesmo, ele vai, por exemplo, sentir que algu ém está com raiva dele quando ele realmente est á com raiva de si mesmo. A externaliza ção de auto-desprezo pode assumir a forma de desprezar os outros ou de sentir que s ão os outros que olham para baixo sobre ele mesmo. N ós não entenderemos a raiva de si mesmo do neurótico ou as dimens ões que ele assume sem que tenhamos em mente o qu ão imensur ávelmente é importante para ele manter a ilus ão de que ele é a sua imagem idealizada. Raiva de si mesmo é exteriorizada em tr ês formas principais. Onde a vaz ão dada à hostilidade é desinibida, a raiva é facilmente empurrada para fora. Ele est á ligado, em seguida, contra os outros e aparece tanto como irritabilidade, em geral, ou como uma irrita ção especí fica dirigida às próprias falhas nos outros que a pessoa odeia em si mesmo. A segunda maneira tem a forma de um medo incessante consciente ou inconsciente ou expectativa de que os defeitos que s ão intoleráveis para si mesmo vai enfurecer os outros. Uma pessoa pode ser t ão convencida de que determinado comportamento da parte dela vai despertar profunda hostilidade que ela pode ser honestamente desnorteada se nenhuma resposta hostil é encontrada. A terceira forma de exteriorizar a raiva é concentrar-se em dist úrbios corporais. Raiva contra si mesmo, quando n ão vivido como tal, aparentemente cria tens ões f í sicas de gravidade consider ável, que podem aparecer como doen ças intestinais, dores de cabeça, fadiga, e assim por diante. É esclarecedor ver como todos estes sintomas desaparecem com a velocidade da luz, assim como a raiva em si é percebido de forma consciente. Pode-se ficar em d úvida se a chamar essas manifesta ções externaliza ção f í s ica ou a considerá-los meramente como conseq üências fisiol ógicas de raiva reprimida.
A externaliza ção é, portanto, essencialmente um processo ativo de auto-elimina ção. A razão para que seja viável em tudo reside no estranhamento de si pr óprio que é inerente ao processo neur ótico de qualquer maneira. Com o eu eliminado, é apenas natural que os conflitos internos tamb ém devem ser removidos da consci ência. Mas, ao tornar a pessoa mais reprov ável, vingativa, e temerosa em rela ção aos outros, a externaliza ção substitui os conflitos internos com os externos. Mais especificamente, agrava o conflito que originalmente posto em marcha durante todo o processo neur ótico: o conflito entre o indiví duo e o mundo exterior.
Capí tulo 8- Metas auxiliares para uma harmonia artificial Racionaliza ção pode ser definida como auto-engano pelo racioc í n io. A idéia comum que é principalmente usada para justificar a si mesmo ou para levar nossos motivos e a ções em conson ância com as ideologias aceitas é válida apenas at é um ponto, a implica ção que haveria é que pessoas que vivem na mesma civiliza ção todas racionalizam ao longo dos mesmas linhas, enquanto que, na verdade, h á uma grande variedade de diferen ça individual em que é racionalizada, bem como nos métodos utilizados. Que isso deve ser assim é natural se considerarmos a racionaliza ção como uma forma de apoio a tentativas neur óticas para criar harmonia artificial. Em cada uma das t ábuas defensivas do andaime constru í da em torno do conflito b ásico, o processo pode ser visto em curso. A atitude predominante é reforçada pelo racioc í nio- fatores que traria o conflito à vista ou s ão minimizados ou ent ão remodelados como para caber dentro com dele. Como este auto-racioc í nio enganoso ajuda a racionaliza ção da personalidade aparece quando se compara o tipo complacente com o agressivo. O primeiro atribui seu desejo de ser útil aos seus sentimentos de simpatia, apesar de forte tendências de dominar que est ão presentes, e se estes s ão demasiado evidentes que ele racionaliza-os com cuidado. O último, quando ele é útil, firmemente nega qualquer sentimento de simpatia e coloca a a ção inteiramente a oportunidade. A imagem idealizada sempre exige uma boa dose de racionaliza ção de seu apoio: as discrep âncias entre o real eu e a imagem devem ser fundamentados fora da exist ência. Ao exteriorizar, é exercida para provar a relev ância de circunst âncias externas ou para mostrar que os traços inaceitáveis, para o pr óprio indiví duo são apenas uma rea ção "natural" para o comportamento dos outros. A tendência excessiva de auto-controle pode ser t ão forte que eu uma vez a contei entre as tend ências neuróticas originais. Sua fun ção é servir como uma barreira contra a ser inundada por emo ções contradit órias. Embora no in í cio, é muitas vezes um ato de for ça de vontade consciente, durante o tempo normalmente se torna mais ou menos autom ática. As pessoas que exercem tal controle n ão se deixam levar, seja por entusiasmo, excita ção sexual, auto-piedade ou raiva. Retidão arbitrária tem a dupla fun ção de eliminar d úvidas de dentro e influ ência de fora. D úvida e indecisão acompanham invariavelmente os conflitos n ão resolvidos e podem atingir uma intensidade poderosa o suficiente para paralisar toda a a ção. Em tal estado uma pessoa é naturalmente suscet í vel a influência. Quando temos convic ções genuí nas não seremos facilmente influenciados, mas se todas as nossas vidas n ós estamos em uma encruzilhada, indecisos se devemos seguir nessa dire ção, mesmo que apenas temporariamente. Além disso, a indecis ão se aplica n ão só para poss í veis cursos de a ção, mas tamb ém inclui as d úvidas sobre si mesmo, dos pr óprios direitos, e do pr óprio valor pessoal. Todas estas incertezas diminuem a capacidade de lidar com a vida. Aparentemente, no entanto, eles n ão são igualmente intoler áveis para
todos. Quanto mais uma pessoa v ê a vida como uma batalha cruel, mais ele vai encarar a d úvida como uma fraqueza perigosa. Quanto mais isolado e insistente ele é na independ ência, maior será a suscetibilidade à influência estrangeira ser uma fonte de irrita ção. Uma defesa eficaz contra o reconhecimento de conflitos, é a indefini ção. Os pacientes inclinados a esse tipo de defesa nunca pode fixar em qualquer declara ção, eles negam ter dito isso ou assegurar-lhe que não queria dizer isso dessa maneira. Eles t êm uma capacidade desconcertante para obscurecer as questões. Muitas vezes, é impossí vel para eles dar um relat ório concreto de qualquer incidente; que eles deveriam tentar fazer para que o ouvinte é incerto, no final, apenas o que realmente aconteceu. A mesma confus ão impera em suas vidas. Eles s ão viciosos num momento, simp áticos no outro, às vezes muito prudentes, impiedosamente imprudentes em outros; dominadores em alguns aspectos, modestos em outros. Eles chegam a um parceiro dominante, apenas para mudar para um "capacho", então de volta à variedade anterior. Depois de tratar algu ém mal, eles ser ão superados pelo remorso, tentam fazer as pazes, ent ão sentem-se como "ot ários" e voltam-se para serem abusivos de novo. Nada é muito real para eles. A defesa final contra o reconhecimento de conflitos é o cinismo, a negar e ridicularizar dos valores morais. A incerteza profunda no que diz respeito aos valores morais é obrigado a estar presente em toda neurose, n ão importa quão dogmaticamente a pessoa adere aos aspectos espec í ficos de seus padrões aceitáveis para ele. Embora a g ênese do cinismo varia, a sua fun ção sempre é negar a existência de valores morais, aliviando o neur ótico da necessidade de tornar claro para si mesmo o que é que ele realmente acredita. O que antecede, ent ão, são as defesas constru í das em torno do n úcleo do conflito b ásico. Para simplificar vou me referir a todo o sistema de defesa como a estrutura de proteção. Uma combina ção de defesas é desenvolvida em toda neurose, muitas vezes todoa elas est ão presentes, embora em diferentes graus de atividade.
Parte 2- Consequências de conflitos não resolvidos Capítulo 9- Medos A estrutura de proteção, por toda sua rigidez, é muito frágil e dá origem a novos receios. Um deles é o temor de que o equilíbrio será perturbado. Enquanto a estrutura empresta um sentido de equilíbrio, é um equilíbrio que é facilmente transtornado. A própria pessoa não está consciente desta ameaça, mas ele não pode deixar de sentir-lo em uma variedade de maneiras. A experiência ensinou-lhe que ele pode ser jogado fora da engrenagem sem razão aparente, assim ele se torna furioso, eufórico, deprimido, cansado, inibido quando ele antecipa ou deseja isto. A soma total de tais experiências lhe dá um sentimento de incerteza, uma sensação de que ele não pode confiar em si mesmo. É como se estivesse patinando em gelo fino. Seu desequilíbrio pode também ser expresso em marcha ou postura, ou em falta de habilidade em qualquer coisa que requer equilíbrio físico. A expressão mais concreta desse medo é o medo de insanidade. Quando que está presente em um grau acentuado que pode ser o sintoma da máxima importância que aciona uma pessoa a procurar ajuda psiquiátrica. Em tais casos o medo é também determinada por impulsos reprimidos para fazer todo tipo de coisas ''loucas'', principalmente de natureza destrutiva, sem sentir-se responsável por eles. O medo da insanidade, no entanto, não deve ser interpretado como uma indicação de que a pessoa pode realmente ser insana.
Outro medo que nasce da estrutura de proteção é o medo de exposição. Sua fonte está nas pretensões que vão para o desenvolvimento e manutenção do própria estrutura. Estes serão descritos na ligação com o comprometimento da integridade moral provocada por conflitos não resolvidos. Para o nosso propósito presente, precisamos apenas salientar que uma pessoa neurótica quer aparecer, tanto para ele próprio e outros, diferente do que ele realmente é, mais harmonioso, mais racional, mais generoso ou poderoso ou cruel. Seria difícil dizer se ele tem mais medo de se expor a si mesmo ou aos outros. Conscientemente, ele é muito mais preocupado com os outros, e quanto mais ele exterioriza seu medo mais ansioso ele é. Medo de ser exposto pode tanto aparecer como um sentimento nebuloso que é um blefe ou pode ser ligado a alguma qualidade especial apenas remotamente associada com o que se está realmente incomodado de fato. Uma pessoa pode ter medo de que ele não é tão inteligente, tão competente, tão bem educado, tão atraente quanto ele acreditou ser, então mudando o medo para qualidades que não refletem sobre sua personalidade. O medo da exposição pode ser provocado por qualquer situação que para o neurótico, significa que está ele sendo posto à prova. Isto inclui iniciar um trabalho novo, fazer novos amigos, entrando em uma nova escola, exames, reuniões sociais, ou qualquer tipo de desempenho que pode torná-lo visível, mesmo que seja nada mais que participar de um discussão. Freqüentemente o que é conscientemente concebido como um medo do fracasso tem realmente a ver com a exposição e, portanto, não é aplacado pelo sucesso. A pessoa vai simplesmente sentir que ele "foi pego" neste momento, mas e sobre o próximo? E se ele falhar, ele vai ser apenas mais convencido de que ele sempre foi um blefe e que desta vez ele foi pego. Uma consequência de tal sentimento é a timidez, particularmente em qualquer situação nova. Outra é a cautela em face do ser amado ou apreciado. A pessoa vai pensar, consciente ou inconscientemente: "Eles gostam de mim agora, mas se eles realmente me conhecem eles sentiriam o contrário." Naturalmente, este medo desempenha um papel na análise, cujo explícito propósito é "descobrir". Vamos entender o medo de exposição, quando respondi a duas perguntas: O que é uma pessoa com medo de se expor? E, o que é que ele teme, caso ele fosse exposto? O primeiro já respondi. A fim de responder à segunda temos de lidar com ainda outro medo que emana da estrutura de proteção, o medo de desrespeito, humilhação e ridicularização. Enquanto a irregularidade da estrutura é responsável pelo medo de um equilíbrio perturbado, e a fraude inconsciente envolvida gera medo de se expor, o medo da humilhação vem de uma lesão auto-estima. Nós falamos sobre este assunto em outras conexões. Tanto a criação de uma imagem idealizada e do processo de externalização são tentativas de reparação de danos auto-respeito, mas como vimos, tanto apenas prejudicá-lo ainda mais. Mais imperceptível do que os medos que descrevemos é aquele que pode ser considerado como uma condensação de todos eles bem como de outros medos que surgem em um desenvolvimento neurótico. Este é o medo de mudar qualquer coisa em si mesmo. Os pacientes reagem à idéia de mudança através da adoção de qualquer uma das duas atitudes extremas. Eles querem deixar o assunto como um todo nebuloso, sentindo que uma mudança ocorrerá por algum tipo de milagre, em algum momento nebuloso futuro, ou eles tentam mudar muito rapidamente, com pouca compreensão. Por trás do medo de mudar estão dúvidas sobre mudar para pior, isto é, perda de imagem idealizada de alguém, tornando-se o eu rejeitado, tornando-se como todos os outros, ou ser deixado pela análise de uma concha vazia; terror do desconhecido, de ter que abandonar dispositivos de segurança e satisfações até então adquirida, especialmente aquelas perseguições a fantasmas que prometem solução e, finalmente, um medo de ser incapaz de mudança- um medo que vai ser melhor entendido quando chegamos a discutir a desesperança do neurótico.
Todos esses temores são a primavera de conflitos não resolvidos. Mas porque devemos expor-nos a eles, se quisermos, eventualmente, a integração, que também se configuram como um obstáculo à nossa frente para nós mesmos. Eles são o purgatório, por assim dizer, através do qual devemos andar antes que possamos alcançar a salvação. Capítulo 10- Empobrecimento da personalidade Viver com conflitos não resolvidos envolve principalmente um desperdício devastador de energias humanas, ocasionado não só pelos conflitos em si, mas por todas as tentativas tortuosas para removêlos. Quando uma pessoa está dividida, ela basicamente nunca pode colocar suas energias de todo o coração em nada, mas quer sempre a perseguir dois ou mais objetivos incompatíveis. Isso significa que ela quer espalhar suas energias ou ativamente frustrar seus esforços. O mal direcionamento da energia pode ser resultado de três grandes perturbações, todas sintomas de conflitos não resolvidos. Uma delas é uma indecisão geral. Pode ser prevalente em tudo, desde futilidades a assuntos de maior importância pessoal. Pode haver uma oscilação infinita entre comer este prato, ou que, se comprar este ou aquele mala, seja para ir ao cinema ou ouvir o rádio. Pode ser impossível decidir por uma carreira ou em qualquer etapa dentro de uma carreira, para decidir entre duas mulheres, para decidir se deve ou não começar um divórcio; se para morrer ou viver. Uma decisão que deve ser feita e que seria irrevogável é uma prova real e pode deixar uma pessoa em pânico, e esgotados. Apesar de sua indecisão poder estar demonstrada, as pessoas desconhecem isto muitas vezes porque estão inconscientes de exercer todos os esforços para evitar a decisão. Elas procrastinam, elas simplesmente "não correm atrás para" fazer as coisas, elas se permitem ser seduzidas pelo acaso ou então deixar a decisão para outra pessoa. Outra manifestação típica das energias divididas é uma ineficácia geral. Se alguém quer ser amigável, mas ao mesmo tempo se ressente da idéia porque se sente insinunate, ele vai ser afetado; se ele pedir algo, mas também sente que deveria dar, ele vai ser displicente; se ele quer afirmar-se, mas também concordar com os outros, ele vai hesitar; se ele quer fazer contato com pessoas, mas antecipa a rejeição, ele será tímido. Uma terceiro sintoma relevante aqui é uma inércia geral. Os pacientes que sofrem com isso às vezes se acusam de ser preguiçosos, mas na verdade não podem ser preguiçosos e se divertirem. Eles podem ter uma aversão ao esforço consciente de qualquer tipo, e podem racionalizá-lo dizendo que ele é o bastante se eles têm as ideias e que cabe a outros realizar os "detalhes" - isto é, fazer o trabalho. A aversão ao esforço também pode aparecer como um medo que o esforço seria prejudicial para eles. A inércia neurótica é a paralisia da iniciativa e da ação. De um modo geral, é o resultado de uma forte alienação do eu e uma falta de direção no ideal de vida. Viver com conflitos não resolvidos, implica não apenas uma difusão das energias, mas também uma divisão em matérias de natureza moral, isto é, nos princípios morais e todos os sentimentos, atitudes e comportamentos que lidam sobre nossas relações com outras pessoas e afetam o próprio desenvolvimento. E, como no caso das energias a divisão leva ao desperdício, assim em questões morais isso leva a uma perda de todo senso moral, ou em outras palavras, a uma diminuição da integridade moral. Tal deficiência é provocada pelas posições contraditórias assumidas, bem como pelas tentativas de esconder a sua natureza contraditória. Começando com o mais óbvio, qualquer que seja o curso que uma neurose percorre, pretensões inconscientes são sempre um fator. Os fatores pendentes são os seguintes: A pretensão
do amor. A variedade de sentimentos e esforços que podem ser abrangidos pelo termo
amor ou que são subjetivamente sentidos como tal é espantoso. Pode abranger expectativas parasitas por parte de uma pessoa que se sente muito fraca ou muito vazia para viver sua própria vida.
Em uma forma mais agressiva pode abranger um desejo de explorar o parceiro, para ganhar prestígio por ele, sucesso e poder. Pode expressar a necessidade de conquistar alguém e para triunfar sobre ele, ou se fundir com um parceiro e viver por meio dele, talvez de uma forma sádica. Isso pode significar a necessidade de ser admirado, e afirmação de modo seguro para a própria imagem idealizada. Pela mesma razão que o amor em nossa civilização é tão raramente um afeto genuíno, maus-tratos e traição não faltam. Ficamos com a impressão, então, que o amor se transforma em desprezo, ódio ou indiferença. Mas o amor não gira em torno tão facilmente. O fato é que os sentimentos e esforços que levam o pseudo-amor, eventualmente, vir à superfície. É desnecessário dizer que esta pretensão opera na relação pai-filho e na amizade, bem como nas relações sexuais. A pretensão de bondade, generosidade, simpatia, e que é parecido com o pretexto de amor. É característico do tipo complacente e é reforçado por um tipo particular de imagem idealizada, bem como pela necessidade para apagar todos os impulsos agressivos. A pretensão de interesse e conhecimento é mais evidente nas pessoas que estão alienadas de suas emoções e acreditam que a vida pode ser dominado apenas pelo intelecto. Eles têm de fingir que sabem tudo e estão interessados em tudo. Mas parece também de uma forma mais insidiosa de pessoas que parecem ter se dedicado a uma vocação particular, e sem estar ciente de que usam esse interesse como um degrau para o sucesso, poder, ou vantagem material. A pretensão de honestidade e justiça é mais freqüentemente encontrada no tipo agressivo, especialmente quando ele tem marcado as tendências sádicas. Ele vê através do pretextos de amor e bondade nos outros e acredita que porque não subscrever as hipocrisias comuns de fingir generosidade, a piedade, patriotismo, ou o que quer, ele é particularmente honesto. Na verdade, ele tem suas hipocrisias próprias de um tipo diferente. Sua falta de preconceitos atuais pode ser um protesto cego e negativista contra os valores tradicionais. Sua capacidade de dizer não pode não ser força, mas o desejo de frustrar os outros. Sua franqueza pode ser um desejo de ridicularizar e humilhar. A vontade de explorar pode estar por trás do legítimo interesse próprio para o qual ele confessa. A pretensão de sofrimento é a tendência para exagerar ou dramatizar qualquer aflição. O neurótico raramente toma uma posição, de acordo com os méritos objetivos de uma pessoa, idéia ou causa, mas sim em função de suas próprias necessidades emocionais. De um modo geral, o neurótico é especialmente averso, inconscientemente, a assumir a responsabilidade pelas conseqüências de suas ações. A fim de não reconhecer seu sofrimento e a haste de suas dificuldades internas, há o recurso neurótico para qualquer um dos três dispositivos, e muitas vezes para todos eles. Externalização pode ser aplicada ao máximo, neste ponto, em que tudo, desde alimentos, constituição do clima, ou os pais, esposa, ou o destino é culpado pela calamidade particular. Este tipo de pensamento, que pode ser consciente ou inconsciente, é duplamente errado, pois elimina não só a parte dele em suas dificuldades, mas também todos os fatores independentes de si mesmo que têm um peso em sua vida. No entanto, tem uma lógica própria. É o pensamento típico de um ser isolado que é centrado exclusivamente sobre si e cujo egocentrismo torna impossível para ele ver a si próprio como apenas uma pequena conexão em uma maior cadeia. O terceiro dispositivo é conectado com a sua recusa em reconhecer relações de causa e efeito. Conseqüências aparecem em sua mente como ocorrências isoladas, não relacionadas a si ou suas dificuldades. Capítulo 11- Desesperança Enquanto as fontes de desesperança são sempre inconscientes, o sentimento em si pode ser bastante consciente. Uma pessoa pode ter um difuso sentimento de condenação. Ou ele pode tomar uma atitude resignada em relação à vida em geral, esperando nada de bom, sentindo-se simplesmente que a vida
deve ser suportada. Ou ele pode expressá-lo em termos filosóficos, dizendo: com efeito, a vida é essencialmente trágica e os tolos só enganam a si mesmos sobre o destino inalterável do homem. Ele se sente sem esperança sobre nunca fazer nada de sua vida, nunca ser feliz ou livre. Ele se sente sempre excluído de tudo o que poderia tornar sua vida significativa. Talvez Søren Kierkegaard deu a resposta mais profunda. Em The Sickness unto Death , ele diz que todo o desespero é fundamentalmente um desespero de sermos nós mesmos. A desesperança é um produto final de conflitos não resolvidos, com sua raiz mais profunda no desespero de nunca ser sincero e indivisível. A escala crescente de dificuldades neuróticas leva a essa condição. Básica é a sensação de ser apanhado em conflitos como um pássaro em uma rede, sem possibilidade aparente de sempre desembaraçar-se. Além de tudo isso vêm todas as tentativas de solução que não só falham, mas cada vez mais afastam a pessoa de si mesma. Capítulo 12- Tendências sádicas O simples ato de machucar os outros é, em si nenhuma indicação de uma tendência sádica. É peculiar às relações sádicas manter um controle sobre a vítima, pois é mais interessante do que a vida da própria pessoa. Para o sádico, a exploração se torna uma espécie de paixão por direito próprio. Outro tipo encontra sua satisfação em jogar com as emoções de outra pessoa, como em um instrumento. Uma terceira característica é a de explorar o parceiro. A natureza da exploração se torna ainda mais clara quando percebemos que há, simultaneamente, uma tendência a frustrar os outros. Tão significativo quanto qualquer um desses é a tendência da pessoa sádica para denegrir e humilhar os outros. Para ser sádico significa viver de forma agressiva e em grande parte destrutiva, através de outras pessoas. As perversões sexuais são comparativamente raras. Quando elas estão presentes são apenas uma expressão de uma atitude geral para com os outros. As tendências destrutivas são inegáveis, mas quando nós as entendemos, vemos um ser humano que sofre estar por trás do comportamento aparentemente desumano. Com isso, abrimos a possibilidade de se chegar a esse ser humano pela terapia. Nós encontramos um indivíduo desesperado que busca a restituição de uma vida que o derrotou. Conclusão: Resolução de conflitos neuróticos A tarefa da terapia é analisar toda a estrutura de caráter do neurótico. Uma parte é analisar em detalhe todas as tentativas inconscientes de solução que um paciente em particular se comprometeu, juntamente com seus efeitos em toda a sua personalidade. Isso inclui estudar todas as implicações de sua atitude predominante, sua imagem idealizada, a sua exteriorização, e assim por diante, sem levar em consideração sua relação específica com os conflitos subjacentes. A outra parte abrange o trabalho com os próprios conflitos. O paciente deve adquirir a capacidade de assumir responsabilidade por si mesmo, no sentido de sentirse uma força ativa e responsável em sua vida, capaz de fazer decisões e de assumir as conseqüências. Com esta vai uma aceitação da responsabilidade para com os outros, uma prontidão para reconhecer obrigações cujo valor ele acredita que, se eles se relacionam com seus filhos, pais, amigos, funcionários, colegas, comunidade ou país. A análise é um dos meios mais potentes de provocar mudanças radicais, e quanto melhor entendermos o funcionamento das forças na neurose quanto maior a nossa chance de efetuar a mudança desejada.