CÂNCER DE MAMA: A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE No campo da saúde pública, o câncer de mama feminino emerge como uma doença de importância cada vez maior em todas as partes do mundo. Isso ocorre, principalmente, devido à sua freqüência elevada e à dimensão do problema. De acordo com a estimativa de incidência de neoplasias no Brasil para 2006, divulgada pelo Instituto Nacional do Câncer, dentre as diversas neoplasias humanas, o câncer de mama será o segundo mais incidente, com 48.930 casos, e o principal responsável pelas mortes por câncer entre as mulheres. Ainda baseado nessa estimativa, o Estado de Minas Gerais tem uma taxa estimada de 42,82 casos de câncer para cada 100.000 mulheres. O câncer de mama é caracterizado por um desenvolvimento neoplásico, ou seja, uma multiplicação descontrolada e desordenada de células epiteliais mamárias. Essas células alteradas possuem a capacidade de migrar e de se implantar em gânglios linfáticos ou órgãos distantes, processo conhecido clinicamente como metástase. Qualquer mulher pode desenvolver o câncer de mama e, mais raramente, observa-se sua ocorrência também em homens. Dentre os fatores relacionados ao surgimento de neoplasias mamárias podemos relatar: o histórico familiar (ter mãe ou irmã com câncer de mama); nunca ter tido filhos; ter tido ti do o primeiro filho após os 30 anos; ter feito o uso de tratamentos hormonais (estrogênio); ter histórico de exposição à r adiação, ao fumo e ao uso excessivo de álcool; apresentar ferimentos no seio. Além desses, existem ainda os fatores clínico-nutricionais que estão associados à obesidade e alterações hormonais. Atualmente, vários estudos permitem uma melhor compreensão dessa alteração. Entretanto, o câncer mamário ainda tem sido responsável responsável por altos índices de mortalidade em vários países. Em um estudo realizado pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica, em 2001, os autores demonstraram que em países sul-americanos como o Brasil, Argentina, Chile e Uruguai, a incidência do câncer de mama apresenta escalas semelhantes semelhantes aos da maioria dos países da Europa. Ainda foi possível caracterizar que, no Brasil, após o câncer de pele, o câncer de mama é o segundo tipo mais freqüente. O câncer é considerado um grave problema de saúde pública mundial, não só pelo número de casos crescentes diagnosticados diagnosticados a cada ano, mas também pelo investimento financeiro que é demandado para realizar diagnósticos e tratamentos. Um estudo realizado pela Universidade Federal de Pelotas demonstrou que o exame clínico pode confirmar cerca de até 70% dos casos de câncer e a mamografia 83%. Os autores dessa pesquisa concluíram que a correlação entre esses métodos propedêuticos eleva a acuidade diagnóstica mostrando a grande importância desta associação no controle do câncer. Entretanto, a ampliação de oportunidades de diagnóstico precoce tem sido considerada a melhor forma de investimento nesse setor. Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas publicaram um trabalho na revista científica: Boletín de la Oficina Sanitaria Panamericana no qual foi possível demonstrar que a realização de testes regulares para a detecção do câncer em mulheres acima de 65 anos pode reduzir a mortalidade pela doença em até 45% .
A inspeção e palpação das mamas, além da mamografia, são procedimentos utilizados para o diagnóstico precoce do câncer. A palpação das mamas pode ser executada pela própria mulher ou por um profissional treinado da área médica. Quando executado pela paciente, conhecido como auto-exame, é recomendado que esse exame seja realizado no sétimo dia do ciclo menstrual. Em mulheres menopausadas a palpação deve ser feita sempre em um mesmo dia de cada mês. O sucesso desse procedimento, quando realizado em alta escala populacional, requer forte motivação e o reconhecimento de que o câncer de mama é um perigo em potencial. A instrução sobre essas técnicas pode contribuir para alertar às mulheres sobre os potenciais riscos do câncer de mama. A detecção do câncer nos estágios iniciais possibilita um aumento das chances de utilização de tratamentos menos agressivos e com maior possibilidade de cura do paciente. A maior parte dos protocolos disponíveis para o tratamento do câncer de mama baseia-se no diagnóstico estabelecido nas fases iniciais da doença. A não realização de exames de mama precoces não pode ser justificada somente pela falta de conhecimento ou recusa das pacientes em submeter-se a esse tipo de exame. O’Malley e colaboradores divulgaram uma pesquisa no American Journal of Public Health, no ano de 2001, na qual foi possível observar que 90-99% das mulheres têm o conhecimento sobre como examinar suas mamas, porém somente 15-40%, realizam o auto-exame mensalmente. O estudo e o tratamento do câncer exigem uma importante integração dos profissionais da área da saúde. Porque assim como os médicos, outros especialistas da área como os enfermeiros, os farmacêuticos, os fisioterapeutas, os psicólogos, os psiquiatras, os nutrólogos, possuem papel relevante no tratamento e na orientação do paciente com câncer. A capacitação desses profissionais exige, dentre vários processos, a instrução dos estudantes durante a sua formação no ensino superior. Saber os dados estatísticos é tão importante quanto identificar os motivos para a não realização de exames clínicos precoces. Ciente dessa situação, a Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira (Funcesi), por meio dos professores da Faculdade Itabirana da Saúde (FISA), iniciou neste ano uma série de estudos clínicos e sociais. Tais estudos permitirão, principalmente, a elaboração dos meios de conscientização da população sobre a importância do diagnóstico e do tratamento precoce do câncer de mama, bem como uma melhor compreensão de outras doenças que atingem a sociedade atualmente. Com base nesse contexto, será realizado no próximo dia 28 desse mês, sábado de 8h30 às 17h, na Funcesi, um dia inteiro de atividades integradas à comunidade de Itabira e região. Nesse evento, conhecido como Dia da Ação Total, serão abordados vários temas, dentre eles o de prevenção do câncer de mama. Durante o evento serão realizadas atividades educativas sobre a doença, além de ser oferecida gratuitamente a consulta de enfermagem para a realização do exame clínico das mamas. Ainda nesse dia, as mulheres presentes no evento poderão contribuir para a realização de uma pesquisa desenvolvida pelos professores e alunos da FISA/Funcesi sobre o conhecimento, a atitude e a prática da população na realização do auto-exame de mama.