UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA LICENCIATURA EM QUÍMICA COMPONENTE CURRICULAR: FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO PROFESSOR: FERNANDO MONTEIRO ALUNO: DANÚBIO LEONARDO B. DE OLIVEIRA
RESPOSTA À PERGUNTA: O QUE É ESCLARECIMENTO? ESCLARECIMENTO?
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BIOGRAFIA: IMMANUEL KANT Immanuel Kant (1724 - 1804) foi um filósofo prussiano amplamente considerado como o principal
filósofo da era moderna. Nascido numa família protestante (Luterana), Kant teve uma educação rigorosa. Contudo, tornou-se muito cético na sua vida adulta embora preservasse a crença em Deus. As questões de partida do Kantismo Kantismo são o problema do conhecimento conhecimento e a ciência.
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O TEXTO PELO TEXTO No ano 1783, a publicação é feita em jornal da época, na qual os professores eram remunerados pela
fluência do público, o consumo intelectual. Foucault considera um dos primeiros textos direcionados ao público, sendo uma época pré-revolução francesa, e que igualmente a Rousseau a revolução não seria suficiente para mudar a sociedade, temendo as consequências. consequências. Percebe-se facilmente que o estilo literário empregado por Kant nesse texto é, deveras, muito diferente daquele que se encontra nas três Críticas, além de ser um texto imbuído de intenção política e com um forte apelo ao público. O texto em questão foi traduzido por Luiz Paulo Rouanet, diplomata, filósofo, professor universitário, tradutor e ensaísta brasileiro e membro da Academia Brasileira de Letras desde 1992 além de responsável responsável pela criação da lei brasileira de incentivos fiscais à cultura, a chamada Lei Rouanet.
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A POLARIDADE DA ANTIGUIDADE E DA MODERNIDADE A modernidade classificada como ―a capacidade de pensar por si mesmo‖ é alocada em período
posterior à antiguidade que iniciou com a revolução francesa, rompendo com o pensamento pensamento escolástico, método de pensamento crítico ainda ligado aos preceitos da Igreja Católica, e o estabelecimento da razão como forma autônoma de construção de conhecimento, desligado de preceitos teológicos, foram alguns dos primeiros passos em direção à construção do pensamento moderno. O desenrolar da Revolução Francesa LICENCIATU LICENCIATURA RA EM QU MICA | FILO FILOSO SOFI FIA A DA EDU EDUCA CAÇ Ç O 1
teve como base a construção ideológica que convencionamos chamar de Iluminismo, tendo como René Descartes, em sua principal obra, Discurso do método, caminho a ser tomado para a construção do conhecimento cientifico. ―A nossa época é a época da crítica, à qual tudo tem que submeter se. A religião, pela sua santidade,
e a legislação, pela sua majestade, querem igualmente subtrair se a ela. Mas então suscitam contra elas justificadas suspeitas e não podem aspirar ao sincero respeito, que a razão só concede a quem pode sustentar o seu livre e público exame‖.
(KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura (Edição A). Lisboa: Calouste Goulbenkian, 1997, p. 5.)
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DO QUESTIONAMENTO Immanuel Kant escreve um artigo tentando responder a pergunta posta pela academia de ciências de
Berlin: ―Vivermos uma época esclarecida?‖. Para Kant, a resposta diretamente seria não, porém ―Vivemos em uma época de esclarecimento?‖ o questionamento seria afirmativo. Muitas divergências pairam sobre a correta tradução de ―Aufklärung‖. Sabe-se
que não há uma
tradução exata dessa palavra para o português. A tradução para o português, baseada na versão francesa, traduziu ―Aufklärung‖ como
iluminismo, talvez pela influência que essa obra tenha feito no movimento
revolucionário francês no século XIX. Do alemão, considerou como esclarecimento, por considerar ―Aufklärung‖ um processo de ―elevação do ser humano‖, uma forma de sair da menoridade e não apenas
uma corrente de pensamento. Dessa forma, trabalha-se então, preferencialmente, com o termo esclarecimento, tendo em vista que ele pode representar todo um processo que passa o homem, retirando este da menoridade e elevando sua condição pessoal e principalmente seu modo de pensar. 4.1
O QUE É ESCLARECIMENTO? ―O que é esclarecimento?‖.
Segundo Kant, esclarecimento é a saída do homem de sua minoridade 1.
Minoridade esta que é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. E o culpado dessa minoridade é o próprio indivíduo. De um lado tem-se a perspectiva subjetiva que se refere ao indivíduo, de outro, a perspectiva objetiva, que se refere a uma qualificação atribuída a uma época histórica. Pode-se dizer que o texto aborda tanto o significado de esclarecimento, quanto o ―espírito‖ do Esclarecimento. Esta oscilação deve-se pelo fato do texto possuir um caráter muito mais publicitário do que acadêmico, já que público alvo não se restringia aos pares, mas almejava pessoas letradas em geral.
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O dicionário MICHAELIS considera menoridade e minoridade como formas corretas para o português. A segunda forma, como variação, também aceita, deriva do francês “minorité”. Neste exercício, utilizou-se as duas formas.
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Esclarecimento é a forma pela qual o homem sai da menoridade, sai da tutela de outros homens. O esclarecimento só pode ser encontrado ou buscado com a liberdade. É apenas com a liberdade exercida com o uso público da razão que o homem encontra o esclarecimento. 4.2
O QUE É MINORIDADE E O QUE SIGNIFICA SAIR DA MINORIDADE? Kant afirma que todo individuo vive uma situação de menoridade em algum momento ou fase de sua
vida, isso pode acontecer tanto por comodismo como por oportunismo, medo ou preguiça. Mas o que não pode acontecer é o indivíduo permanecer na menoridade a vida toda, renunciando esse processo a si e aos outros. Na menoridade natural, a qual a pessoa nasce, é confundida com imaturidade. Já a menoridade autoimposta, regrada por autoridades (principalmente religiosas) é motivo do questionamento por Kant. Se, por um lado, esclarecer-se implica a recusa de uma forma de pensar baseada em argumentos de autoridade, por outro, esclarecer-se não conduz o indivíduo a uma espécie de ―egoísmo lógico‖, o qual traria consigo o relativismo e o ceticismo absoluto. No que segue como exemplo de ser menor e necessidade de tutores, ―o livro que possui entendimento por mim, Diretor espiritual que possui consciência em meu lugar e médico que decide meu regime‖, nota-se que o esclarecimento não se refere tanto ao que se pensa,
mas o modo através essas crenças
são adotadas. Esclarecer-se é a tomada de uma determinada posição, de uma postura frente as suas próprias crenças. Neste Panorama, implica-se uma atitude ativa e crítica por parte do sujeito sendo fundamental para a saída da minoridade. A autonomia, esta responsável pela saída da minoridade para a fase do esclarecimento, que pode ser comparada ao iluminismo, na qual a razão passa a ser praticada. A maioridade, neste contexto, não é condição cronológica, tal como completar 18 anos a fim de atingir a maioridade penal, e sim condição moral, discernimento, razão e autonomia. Para fugir da menoridade é preciso buscar o esclarecimento, é preciso pensar por si próprio, sair da caverna e ver o mundo com outros olhos. Em várias situações se pode questionar, mas não se pode desobedecer. O pagamento do imposto: pode-se questionar este pagamento, mas não se deve deixar de pagá-lo, pois acarretaria diversas consequências. 4.3
USO PÚBLICO E USO PRIVADO DA RAZÃO O uso público da razão é definido como ―aquele que qualquer um, enquanto erudi to, dela faz perante
o grande público do mundo letrado‖. Já o uso privado é aquele ―que alguém pode fazer da sua razão num certo cargo público ou função a ele confiado‖.
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O uso público da razão é considerado por outros autores como a prática da ―ação‖ na qu al esta seria
uma espécie de relação igualitária entre os indivíduos, na qual, todos eles livres, discutiriam suas ideias e, a partir dessa discussão, buscariam um consenso. A ação seria então a discussão em que igualmente os homens discutem e refletem livremente suas ideias. Assim acontecia no Estado Grego, onde os cidadãos exerciam a sua liberdade na esfera pública, e era na esfera pública que todos cidadãos tornavam-se iguais. Kant aponta alguns imperativos: ―O oficial diz: não raciocinai, mas fazei o ex ercício! O conselheiro
de finanças: não raciocinai, mas pagai! O padre: não raciocinai, mas crede! (Só existe um senhor no mundo que diz: raciocinai o quanto quiserdes, e sobre o que quiserdes, mas obedecei!)‖. Neles, apenas o primeiro se
apresenta como necessário para fomentar o esclarecimento, ou seja, o uso privado da razão pode ser restringido sem afetar o esclarecimento, seja dos indivíduos, seja da sociedade. Kant ressalta que só poderia fazer um uso público da razão aquele indivíduo que é erudito no assunto em questão, o que evita que o uso público da razão descambe para uma mera exposição de opiniões irrefletidas e sem sentido.
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CONCLUSÃO Kant, em 1783-1784, escreve dentro de uma perspectiva filosófica e atual para os correntes dias, seja
no campo do direito, economia e sociologia como na prática e princípios pedagógicos, no que concerne a liberdade crítica do educando, aperfeiçoando o saber pautado em conhecimentos pré-concebidos e ter a capacidade e a autonomia de discernir ativamente sobre suas ações, não no intuito de desobediências às regras impostas – e necessárias-, mas sim comportar-se como agente atuante da sua própria história na sociedade. O autor, neste sentido, expõem práticas de sua época que refletem ainda atitudes políticogovernamentais, militares e clérigas ainda recorrentes do autoritarismo, trazidos por legados datados de períodos antes de cristo, como no caso da cultura grega e romana, bastante influente no nosso povo. A tolerância passa a ser uma necessidade para atingir uma utópica época esclarecida. O período de transição de esclarecimento para esclarecido, apenas seja convergido na direta proporção de uma educação solidária, livre e crítica, quando for refletido no tutor um ser que instiga o debate e não simplesmente restrito à resolução, gabaritada, de antigas respostas. O verdadeiro salto da minoridade para o esclarecimento consiste em atingir o patamar kantiano.
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REFERÊNCIAS BAUMAN, Zygmunt; Modernidade e ambivalência / tradução Marcus Penchel. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999. FOUCAULT, Michel. O governo de si e dos outros : curso no Cul1ege de France (1982-1983) / Michel Foucault; tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010. KANT, I. (2008). Resposta à pergunta: que é Esclarecimento? . Tradução de Luiz Paulo Rouanet. Brasília: Casa das Musas. SIQUEIRA, G. S. (2006). Breves Considerações Sobre o Esclarecimento ou Iluminismo no Pensamento
de Kant. REVISTA JURÍDICA da UniFil, Ano III, nº 3, pp. 66 69. MICHAELIS.
Moderno
Dicionário
da
Língua
Portuguesa.
Disponível
em:
. Acesso em: 28 ago. 2016. KLEIN, J. T. A resposta kantiana à pergunta: que é esclarecimento? . in Ethic@ (UFSC), v. 8, p. 211227, 2009.
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