Pós-Graduação em Educação Módulo Básico
A Psicologia Psicologia do Comportamento Escolar Rita de Cássia Spréa Uhle
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A Psicologia do Comportamento Escolar Resumo O presente artigo tem como objetivo expor os comportamentos influentes em sala de aula, apresentando suas causas, contextos e as consequências ocasionadas pelas ações e decisões dos alunos, que muitas vezes impedem o desenvolvimento próprio e de seus colegas. Visa explanar a respeito do comportamento escolar por intermédio das teorias de aprendizagem, a fim de compreendê-lo. Por meio desse reconhecimento, aplicar estratégias, assim como teorias que a psicologia proporciona para um tratamento e acompanhamento efetivo na busca de bons relacionamentos sociais, melhorando as condições em sala de aula e aperfeiçoando o
aprendizado. Destaca transtornos e atitudes que influenciam o ambiente estudantil. Utiliza como fonte diversas bibliografias para compreender e basear informações a respeito do assunto. Discute questões relacionadas ao papel do educador no processo de aprendizagem e no manejo com problemas característicos no comportamento escolar, com opções de estratégias e práticas.
1. Introdução
A relevância se dá pela necessidade de os professores reconhecerem cada tipo de transtorno, para assim lidarem da maneira mais adequada com toda a turma, identificando os conflitos, aprendendo a lidar com eles e encontrando soluções para o convívio dentro da escola.
O comportamento escolar é reflexo do contexto e dos relacionamentos de cada aluno. As situações marcantes, problemáticas ou não, influenciam diretamente as ações das crianças em seu ambiente, no caso a escola, no qual precisam lidar com suas questões, colegas e professores e também se encontrar no processo de aprendizagem. Quando existem falhas, esse processo é interrompido ou distorcido, gerando prejuízos para a própria criança e para o ambiente escolar. Problemas como desatenção, transtornos emocionais ou psicológicos, traumas e até mesmo violência são entendidos como fatores determinantes no comportamento individual, que influenciam e ocasionam crises nas salas de aula. O objetivo deste trabalho é compreender esses comportamentos e indicar as possibilidades oferecidas pela psicologia no intuito de colaborar para um aprendizado dentro dos limites aceitos e, também, relacionamentos aceitáveis tanto na escola quanto em casa. Essa abordagem da psicologia comportamental escolar é necessária, uma vez que, alunos reconhecidos como preguiçosos ou desatentos na verdade podem sofrer algum distúrbio e, com a intervenção correta, podem se adequar ao padrão escolar e aprender dentro de seus limites.
Palavras-chave Comportamento escolar. Psicologia. Transtornos.
2. Teorias da aprendizagem O que é aprendizagem? Todas as mudanças relativamente permanentes no potencial de comportamento, que resultam da experiência, mas não são causadas por cansaço, maturação, drogas, lesões ou doenças (LEFRANÇOIS, 2008, p. 6).
A aprendizagem pode ser considerada um resultado da experiência vivida e vai além da definição de obtenção de informações, uma vez que as informações obtidas nem sempre se fazem óbvias no processo de aprendizagem. As mudanças de comportamento são evidências da ação da aprendizagem, mas isso não significa que todas as mudanças de comportamento a procedam, pois alterações resultantes de cansaço e drogas são temporárias, e não se caracterizam como prova de que houve aprendizagem. Ela implica em mudanças na capacidade de fazer algo e na disposição em realizá-lo. A generalização e a discriminação são importantes na aprendizagem. A generalização diz respeito ao envol-
vimento com os comportamentos aprendidos anteriormente, na solução de novas situações. Nem todas as situações podem ser apresentadas em sala de aula, por isso a importância da generalização, uma vez que se ensina para generalizar (LEFRANÇOIS, 2008, p. 127). Já a discriminação complementa a generalização e implica na distinção entre situações semelhantes que precisem de respostas diferenciadas, agregando valor ao aprendizado social, o que é certo fazer ou não.
formulação de planos de tratamento e orientação das ações do terapeuta. Possui dois princípios centrais (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008, p. 15):
2.1 Teoria científica
Existem três proposições fundamentais que definem as características presentes na terapia cognitivo-comportamental (DOBSON apud KNAPP, 2004, p. 19):
x as cognições têm uma influência controladora sobre as emoções e os comportamentos dos indivíduos. x o modo como as pessoas agem ou se comportam pode afetar profundamente seus padrões de pensamentos e suas emoções.
Teoria científica é o conjunto de afirmações congruentes que objetiva explicar determinadas observações. A teoria tem o propósito de avaliar, resumir e organizar fatos, assim como ser compreensível e simples para melhor compreensão. E para entender as mudanças comportamentais existe a teoria da aprendizagem.
x a atividade cognitiva influencia o comportamento. x a atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada. x o comportamento desejado pode ser influenciado mediante a mudança cognitiva.
Essa teoria, também conhecida como teoria comportamental, tem como objetivo organizar as hipóteses, as observações feitas a respeito do comportamento humano (LEFRANÇOIS, 2008, p. 22).
Essa terapia tem como objetivo a correção das distorções do pensamento (KNAPP, 2004, p. 20) e se baseia na relação existente entre cognição, emoção e pensamento, responsável pelo funcionamento normal do ser humano.
As teorias da aprendizagem tiveram suas origens na explicação do comportamento baseado em instintos e emoções (LEFRANÇOIS, 2008, p. 22). Existem duas classificações para essas teorias:
Knapp (2004) afirma que a TCC se apoia no pressuposto teórico de que as experiências de cada indivíduo são determinantes na interpretação das situações em seu contexto. O que ele pensa a respeito dos acontecimentos gera determinadas emoções e comportamentos. Esses pensamentos que influenciam, muitas vezes, podem ser distorcidos, fato que é conhecido como distorções cognitivas.
x behaviorismo – foco nos aspectos mais objetivos do comportamento, como estímulo, resposta e recompensa. x cognitivismo – concentração nos conceitos biológicos, na atividade mental humana. Os psicólogos behavioristas examinam o comportamento real e as condições que levam a tal atitude, lidam com estímulos, respostas ao comportamento. Já os psicólogos cognitivistas, sem contradizer o behaviorismo, acreditam que o comportamento humano se baseia em atividades como pensar, desejar, raciocinar, o que envolve o processo intelectual, a formação de conceitos, a memória e a percepção.
De acordo com Knapp, Se a situação é avaliada erroneamente, essas distorções podem amplificar o impacto das percepções falhas. As distorções cognitivas podem levar o indivíduo a conclusões equivocadas mesmo quando sua percepção da situação está acurada. O objetivo da terapia cognitiva é corrigir as distorções do pensamento (2004, p. 20).
3. Terapia cognitiva
As técnicas utilizadas na TCC auxiliam na identificação, na avaliação e na modificação de pensamentos e crenças disfuncionais, pois sabe-se que a alteração desses pensamentos tem impactos significativos na vida do paciente. As crenças, conceitos incondicionais esta-
comportamental – TCC
A terapia cognitiva comportamental surgiu nos anos 60 do século XX e foi implementada pelo psiquiatra Aaron Beck. Baseia-se em teorias desenvolvidas na
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belecidos, formam-se com as experiências e se consolidam durante a vida. Knapp (2004, p. 21) diz ainda que “as crenças disfuncionais são absolutistas, generalizadas e cristalizadas; [...] sendo ativadas nos transtornos emocionais”.
Essas teorias são utilizadas pelos profissionais em diversas situações, como no relacionamento e no comportamento em sala de aula. Aprendizagem social pode significar toda a aprendizagem que ocorre como resultado da interação social (uma definição de processo) ou o tipo de aprendizagem que está envolvido na descoberta de quais comportamentos são esperados e aceitáveis nas diferentes situações sociais (LEFRANÇOIS, 2008, p. 391).
3.1 Relacionamento
professor-aluno sob a influência da TCC
Em pesquisas realizadas a respeito da psicoterapia, Michael Lambert constatou que “o impacto do terapeuta pode ter caráter tanto positivo, quanto negativo, por isso a importância dos aspectos pessoais do profissional, bem como da sua formação e treinamento” (LAMBERT apud PICCOLOTO; WAINER; PICCOLOTO, 2008, p. 14). Pode-se traçar um paralelo entre essa pesquisa com o relacionamento vincular entre professor e aluno na sala de aula. O vínculo positivo que o professor estabelece com seu aluno influencia o seu desempenho durante todo o ano letivo. Beck sempre considerou a necessidade de alguns fatores específicos no tratamento terapêutico, tais como: calor humano, empatia, genuinidade e confiança. A base da TCC é a utilização do questionamento como instrumento de abordagem.
A teoria de aprendizagem social dá dois significados ao termo, uma aprendizagem ocorrida da interação social, como uma consequência, e o processo pelo qual todos aprendem. Essa aprendizagem é o conhecimento a respeito do que é aceitável socialmente. Para Guy Lefrançois, uma das mais importantes tarefas de acompanhar o crescimento infantil é o ensinamento sobre os comportamentos adequados no aspecto social (2008, p. 373). Isso é a socialização. As instituições são consideradas as maiores influências nesse processo. E essas instituições são: família, igreja, meios de comunicação, escola. As crianças recebem delas valores e crenças que definem a cultura em que estão inseridas. Mas como uma criança aprende o que é socialmente aceitável? Albert Bandura, psicólogo, dá a resposta com o termo “aprendizagem” por observação, que vem da imitação.
Uma das características atraentes da terapia cognitivo-comportamental (TCC) é o emprego de um estilo de relação terapêutica colaborativa, simples e voltada para a ação. Embora a relação entre terapeuta e paciente não seja considerada o mecanismo principal para a mudança como em algumas outras formas de psicoterapia, uma boa aliança de trabalho é uma parte essencialmente importante do tratamento (BECK apud WRIGHT; BASCO; THASE, 2008, p. 33).
A teoria reconhece a enorme significância da nossa capacidade de antecipar as consequências de nossos comportamentos, de simbolizar e perceber as relações de causa e efeito. O poder dos modelos tem a ver, principalmente, com sua função informativa. Os modelos nos informam não apenas como fazer certas coisas, mas também as consequências que os nossos comportamentos podem ter (LEFRANÇOIS, 2008, p. 376).
Esses fatores específicos que Beck coloca como fundamentais no vínculo terapêutico são habilidades necessárias para o educador no ambiente escolar. A relação entre aluno e professor/educador define o curso do comportamento no ambiente escolar. Para os autores, há a necessidade de o profissional se envolver, demonstrar compreensão e flexibilidade ao reagir às características singulares de sintomas, crenças e influências em cada pessoa. A colaboração entre ambos auxilia na identificação dos problemas e na busca por soluções.
Dentro da aprendizagem por observação, encontram-se alguns processos diferentes que completam essa etapa:
x processo de atenção – a atenção é necessária para aprender. Segundo Brandura (apud LEFRANÇOIS, 2008), estar atento ao comportamento depende da importância dada a ele. Aquilo que é valorizado tem muita atenção.
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x processo de retenção – além de prestar
alunos, com muito mais atenção, disposição e motivação (2007, p. 17).
atenção, é preciso lembrar o que foi visto. Existem dois tipos de representação no processo de aprendizado: visual e verbal. Ambos são importantes, porém cada um tem sua relevância para a transmissão de informações. x processo de reprodução motora – comportamentos concretos são alcançados através dessa imitação, que é feita com habilidade física e intelectual. Pode promover a correção da ação ou ensinamento passado. x processos motivacionais – motivos são razões e causas do comportamento e, para aprender, é preciso haver motivação.
Essa característica surge a partir do temperamento da pessoa, de seu contexto cultural, das marcas e feridas que possui, e do apoio que ela recebe. Ela está na ajuda de organizações, no amor próprio, valorização pessoal, religião e, por não ser uma constante, deve ser incentivada sempre. [...] cada um vive seus dramas e feridas de maneira única e individual. Não se pode fazer uma descrição padronizada das consequências de um trauma ou outro numa criança. A maneira pela qual ela vai superá-lo ou não depende de seu patrimônio genético, das circunstâncias de sua primeira infância, das mensagens que recebeu, das ligações afetivas que criou e da segurança que estas lhe fizeram sentir (POLETTI; DOBBS, 2007, p. 40-41).
Para Brandura (apud LEFRANÇOIS, 2008), não se pode definir o comportamento apenas pelas intervenções externas ou internas. Os estímulos externos não são os únicos responsáveis pelo comportamento humano, e o mesmo pode ser dito de estímulos internos. O autor acredita que existem três sistemas que, em conjunto, determinam o comportamento das pessoas:
A resiliência, como comportamento, pode ser ensinada às crianças. Ela se constrói na união dos fatores internos, por meio de mensagens verbais e visuais ou elementos externos, com a presença de adultos, acontecimentos importantes. Ela pode ser promovida nas escolas pela motivação, pois com esse incentivo a criança desenvolve competência social, aprende a conviver bem com os outros, aprende a se comunicar e busca a resolução de suas questões, estabelecendo seus objetivos e pedindo auxílio quando necessário.
ações reflexas usadas para responder a determinados estímulos, como medo, espirro, amor, susto. x controle de resultados – alguns comportamentos são controlados por suas consequências, são ações condicionadas. x controle simbólico – atividades humanas influenciadas por processos internos. Um exemplo é o pensamento, que pode afetar o comportamento das pessoas.
x controle de estímulos
–
As autoras acreditam que a escola é um lugar essencial para as crianças que estão sofrendo, independemente dos problemas (POLETTI; DOBBS, 2007, p. 50). Lá, ela precisa encontrar pessoas preocupadas com seu bem-estar, assim como em casa; ter esperança, tendo uma razão para acreditar em si mesma; ter oportunidade de participação, aumentando sua autoestima e se sentindo parte de um todo, segura, ativa e feliz.
Existem vários fatores que influenciam o comportamento, o qual pode ser determinado por problemas, perdas e abusos. Mas, mesmo em face de situações complicadas e desestruturadoras, há uma possibilidade de manter um bom comportamento através de cuidados, compreensão. Isso pode ser conhecido como resiliência.
4. Gestão de
relacionamento e comportamento escolar
A resiliência, que pode ser definida como resistência aos choques, é uma maneira de enfrentar grandes problemas. Segundo Poletti e Dobbs, a resiliência pode ocorrer em situações de risco devido a fatores de estresse e tensão. As autoras dizem não ser uma tarefa fácil acabar com todas as cicatrizes, mas os resilientes podem viver com dignidade, ainda que tenham sofrido abusos quando crianças. Para elas, os educadores podem enxergar de outra maneira a evolução de seus
Em qualquer escola, os mesmos alunos podem se comportar de maneira diferente, em diferentes cenários e com diferentes professores. O comportamento do professor e o comportamento do aluno têm um efeito recíproco um sobre o outro e sobre o sempre presente “público” de colegas (ROGERS, 2008, p. 17).
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Bill Rogers afirma que tanto o professor quanto o aluno ensinam um ao outro pelo seu comportamento relacional diário (2008, p. 17). Rogers acredita que, ainda que professor ou o aluno estejam passsando por um dia ruim, o comportamento e a sua administração podem influenciar na ocorrência de incidentes. Uma importante ferramenta para benefícios em sala de aula é ser um profissional reflexivo, que avalia a prática e a gestão de ensino.
alguns princípios básicos para o desenvolvimento dessa linguagem, entre eles pode-se destacar uma interação corretiva, declarações assertivas, tom de voz respeitoso e positivo. O processo de ensino flui à medida que o professor se apresenta interessado e envolvido no progresso de seu aluno com atitudes como encorajamento, dedicação e positivismo. De acordo com Bill Rogers, um professor precisa de habilidade para se relacionar e se comunicar com os alunos. Esses são atributos essenciais para motivar o trabalho com tarefas e relações interpessoais (2008, p. 151).
Entretanto, muitos comportamentos inadequados em determinadas situações impedem que haja uma real reflexão e, até mesmo, uma mudança de posicionamento. Rogers nomeia comportamentos secundários atitudes como olhar de desaprovação, mau humor, irritação e rebelião e diz que estes são considerados mais intolerantes que os comportamentos primários, quais sejam: não realizar tarefas, atrasos, etc. Para haver um bom desenvolvimento do grupo de alunos é necessário o estabelecimento da gestão comportamental por meio de práticas e habilidades. Durante essa fase, o professor faz um acompanhamento para destacar responsabilidades da turma, seus direitos e deveres. Existem algumas metas da gestão de comportamento a serem alcançadas (ROGERS, 2008, p. 49):
x reconhecer/ser responsável por seu comportamento; x respeitar os direitos, sentimentos e necessidades dos outros; x construir relações funcionais.
Todo comportamento gera uma consequência e o professor necessita saber gerenciá-las. Consequências comportamentais, como uma característica de disciplina cuidadosa, são uma tentativa do professor de ligar o comportamento perturbador ou errado do aluno a um resultado que, espera-se, enfatizará a imparcialidade e a justiça, e até mesmo ensinará à criança alguma coisa sobre responsabilidade final (ROGERS, 2008, p. 156).
A aplicação de consequências sugere uma organização de resultados, permitindo aos alunos experimentarem a reação de suas atitudes comportamentais. Assim como escolhem incomodar, optam por enfrentar as consequências geradas.
Muitas escolas utilizam o acordo comportamental em sala de aula para estabelecer direitos e responsabilidades compartilhados.
As detenções também podem ser usadas para rastrear se alunos, turmas e professores estão passando por dificuldades. Elas são uma “advertência antecipada” de que professores experientes podem (e deveriam) oferecer apoio moral e prático (ROGERS, 2008, p. 172).
Os alunos participam, juntamente com seus professores, de “um acordo” abordando direitos, responsabilidades e regras em comum sobre o comportamento e aprendizagem; as consequências principais para um comportamento inaceitável e uma estrutura de apoio para auxiliar os alunos quando eles estão se esforçando com seu comportamento e aprendizagem (ROGERS, 2008, p. 51).
Para lidar com essas reações, é preciso haver uma administração das consequências negociáveis e não negociáveis. Ambas devem ser explicadas de antemão, apresentando as questões envolvidas como comportamentos aborrecedores frequentes ou não. Também é necessário equilibrar os aspectos disciplinares com o apoio adequado: mediação, restituição, aconselhamento e até planos de comportamento para cada aluno.
Para que os alunos entendam o que lhes é proposto, é preciso comunicação e linguagem adequada ao contexto, assim como uma expressão dinâmica. Quando utilizada de maneira correta, pode ser a base para relacionamentos positivos e funcionais. Existem
5. Inteligência emocional É a capacidade natural que nós, os humanos, temos para gerir nossas emoções com o objetivo de nos adaptarmos às circunstâncias de
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Segundo Silvia Parrat-Dayan “a disciplina é um conjunto de regras de conduta estabelecidas para manter a ordem e o desenvolvimento normal das atividades de uma aula ou num estabelecimento escolar” (2008, p. 20). A autora diz que o conceito de indisciplina se traduz de várias maneiras e também por diversas interpretações, existem três referências para a avaliação, a do aluno, a do professor e a da escola. A indisciplina se mostra nas condutas e nos relacionamentos interpessoais do aluno.
nosso ambiente; capacidade que podemos melhorar mediante a introspecção e a prática (AGÜERA, 2008, p. 91).
Baron (apud AGÜERA, 2008, p. 92) define a inteligência emocional a partir de três fatores:
x percepção da emoção – itens que reconhecem as emoções por expressões faciais, desenhos e relatos. x compreensão da emoção – itens que reconhecem a mudança das emoções ao longo do tempo e como se misturam. x regulação das emoções – testes qualificadores das estratégias a serem seguidas, situações problemáticas de ordem emocional.
A avaliação é feita pela escola, por exemplo, na ausência de valores democráticos ao se declarar como tal, e da perspectiva do professor se ele obedece ou não as normas estabelecidas e sua intervenção em questões problemáticas com seus alunos.
Para Agüera (2008), a inteligência emocional é fator determinante para o sucesso profissional e até mesmo de domínios científicos. A inteligência emocional é composta por competências; a primeira é emocional, a segunda, competência pessoal e, por fim, competência social. Com uma boa administração de ambas, é possível um contentamento individual, apesar de dilemas, e um bom relacionamento interpessoal.
As crianças precisam, assim como todos os indivíduos, de regras para manter um bom relacionamento no ambiente em que estão inseridas, nesse caso, a escola. Quando essas regras não são devidamente assimiladas ou seguidas, existe o problema indisciplinar, o qual é associado a problemas de moral. Agir moralmente significa se conformar às regras da moral, que são exteriores à consciência da criança porque foram elaboradas sem ela. Mas chegará o momento em que a criança entrará em contato com essas regras. Esse momento da existência da criança é decisivo no que diz respeito à formação da disciplina (PARRAT-DAYAN, 2008, p. 32).
Goleman (apud AGÜERA, 2008, p. 95) define a competência emocional como: uma meta-habilidade composta pelas habilidades de saber controlar os impulsos emocionais, saber desprender-se dos estados de ânimo negativos e saber adiar gratificações (2008, p. 95).
As regras são necessárias ao ambiente escolar, uma vez que agem como instrumentos no processo de educação moral. A autora sugere que uma escola democrática promove e favorece a cooperação e a interação entre os alunos e que é a fonte de autonomia intelectual e moral.
5.1 Comportamento em sala de aula
A indisciplina é um problema comum em salas de aula e demanda do professor atitudes corretivas e disciplinares. A conduta indisciplinar pode ser causada por diversos fatores, como problemas psicológicos, familiares, estruturação familiar e pode, também, transformar-se com o contexto social em que a criança esteja inserida.
Os motivos para a indisciplina podem ser encontradas tanto nas escolas como fora delas. As causas externas podem ser influência de programas de TV, relacionamentos sociais, falta de valores e problemas familiares. Já as internas estão presentes na relação professor-aluno, adaptação ao contexto, perfil do aluno, interesse e habilidades.
As situações de indisciplina têm relação com uma perspectiva pedagógica, uma vez que problemas pedagógicos influenciam atitudes indisciplinares.
As crianças precisam, assim como todos os indivíduos, de regras para manter um bom relacionamento. MÓDULO BÁSICO
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De um modo geral, a indisciplina pode ser entendida como um problema de razão social e, por isso, deve ser considerada uma questão pedagógica para ser compreendida nos relacionamentos entre professor e aluno (intervenção escolar). Ela deve ser vista não apenas como um problema pessoal, mas como parte da responsabilidade das instituições de ensino. É na sala de aula que o aluno vai aprender tanto o conteúdo quanto o manejo de conflitos.
É preciso levar em consideração algumas questões: quantos são os alunos perturbadores, quão frequentes são suas ações e quem são os líderes desse comportamento. Assim que reconhecidas, o professor pode fazer reuniões com sua turma a fim de responder à seguinte pergunta: o que podemos fazer para mudar nossa sala de aula e como? O professor pode destacar os direitos e as responsabilidades dos alunos, provando que o comportamento pode afetar a segurança da turma e mostrando quais as consequências de não agir conforme as regras estabelecidas. Segundo Bill Rogers (2008), os alunos devem estar cientes dos resultados da reunião e o professor deve publicá-los sempre que possível, de maneira positiva e estimulante. O autor oferece um roteiro de ações para lidar com o mau comportamento em sala de aula, com o apoio de colegas:
Para combater a indisciplina nas escolas é preciso levar em consideração o desenvolvimento da criança e adotar postura e ideia construtivistas e motivacionais. Isso por meio de democracia, estímulo ao respeito, debate, atitudes que dependem da formação do professor. Segundo Dayan, educar não é estabelecer exigências às crianças, é fixar normas e supervisionar para que sejam cumpridas (2008, p. 69).
x análise do problema – por meio de um
Um projeto de investigação, que foi dirigido por Neuenschewander (apud PARRAT-DAYAN, 2008, p. 70), sugere quatro tipos de gestão de classe, com as regras sociais elaboradas:
contato planejado, estruturado. x estabelecimento de objetivos – conquistar a atenção dos alunos ou habilidades particulares na linguagem da disciplina, por exemplo. x feedback – apresentar os resultados dos objetivos conquistados. x desengajamento – o professor recebe o apoio mais distante, dando-lhe a oportunidade de se ajustar às habilidades encontradas.
x soberano – equilíbrio entre regras e flexibilidade. x regulamentado – pouco flexível. x relacional – há muita flexibilidade e poucas regras. x desorganizado – não há regras ou flexibilidade.
Silvia Parrat-Dayan acredita que o professor não pode apenas transmitir seu conhecimento, e sim guiar e acompanhar o seu aluno nas atividades, investigações e tentativas (2008, p. 116).
O soberano é o mais exigente, contudo, eficaz por sua avaliação de ensino.
5.2 Habilidades sociais Turmas difíceis de lidar podem desestruturar um bom professor, abalando a confiança dos mais experientes. Por essa razão, é importante contar com o apoio dos colegas no desenvolvimento de um plano de ação colegial para restabelecer a turma “difícil”.
Além do mais, o educador é o personagem-chave no que se refere ao desenvolvimento de interações positivas; portanto, ele desenha, em colaboração com toda a equipe educativa, uma estratégia que mostre aos alunos a necessidade de escutar, de dialogar, de ter tolerância, de enfrentar os conflitos, de reconhecer os erros e de conseguir progressivamente a independência de critério (PARRAT-DAYAN, 2008, p. 116-117).
O professor precisa, por meio de habilidades, estruturar interações sociais educativas, pois seu posicionamento – maneira de lidar com os objetivos propostos com os alunos – pode interferir no comportamento da sala em geral.
Sentimentos, transtornos, família e acontecimentos são peças expressivas na construção do caráter das crianças e ajudam a definir a personalidade e as ações de cada uma. Quando passam por situações embaraçosas, constrangedoras ou até mesmo problemáticas, as
em sala de aula – professor e aluno
A PSICOLOGIA DO COMPORTAMENTO ESCOLAR
7.
crianças tendem a revelar suas frustrações por meio de comportamentos, assim como ocorre em momentos de alegria. Esses comportamentos influenciam seu aprendizado e os relacionamentos sociais.
6. Bullying influenciando o
comportamento escolar
A definição de bullying , segundo Fante:
Com dinamismo, trabalhos criativos e motivação, um professor pode proporcionar uma mudança em sala de aula, incentivando responsabilidade e o anseio por aprender.
Palavra de origem inglesa, adotada em muitos países para definir o desejo consciente e deliberado de maltratar uma outra pessoa e colocá-la sob tensão; termo que conceitua os comportamentos agressivos e antissociais, utilizado pela literatura psicológica anglo-saxônica nos estudos sobre o problema da violência escolar (2005, p. 27).
O profissional que cuida de uma criança com dificuldade de aprendizagem, para garantir a normalização das aquisições de conhecimento, precisa conhecer a maneira como se dá o aprendizado, os fatores influentes, as características pessoais e de desenvolvimento. Somente assim terá as condições necessárias para determinar a melhor opção terapêutica.
Esse fenômeno é antigo, mas professores e educadores só começaram a ter consciência da relevância dele a partir dos anos 70 do século XX. Conflitos entre alunos são comuns em determinadas situações, porém, se essa agressividade é intencionada, há uma influência no contexto da sala de aula, promovendo comportamentos similares.
A aprendizagem, como um fenômeno psicológico, precisa ser compreendida em diversos fatores, tanto biológicos quanto psicossociais, já que a inteligência interage com a emoção, agregando valor ao processo cognitivo.
Não é um comportamento restrito a crianças de baixa renda e sua ação é percebida em muitas escolas em todo o país, sejam elas municipais, estaduais ou particulares. O bullying é um problema crônico, que gera baixa autoestima e dificuldades de relacionamento.
5.3 Emoção na sala de aula As emoções são sinais entre animais da mesma espécie, que comunicam duas mentes entre si (HOBSON apud AGÜERA, 2008, p. 78). Essas emoções podem ser positivas ou negativas, mas sempre são traduzidas pelo comportamento social. Em uma sala de aula, os alunos estão sempre apresentando suas emoções com variados comportamentos, ansiosos por atenção, mesmo que para isso desafiem, instiguem, questionem ou, até mesmo, ofendam. Esses alunos são conhecidos como desafiadores.
Agressões marcam a personalidade e a vida de uma criança e de um jovem por toda sua vida. As consequências são diversas e podem ocasionar decisões erradas, assim como falhas de comportamento. Questões como essas são preocupantes tanto para pais e educadores quanto para psicólogos, por isso a necessidade de se investigar mais sobre esse tema, descobrindo causas, coibindo a violência, trazendo as informações relevantes a respeito do bullying para dentro das salas de aula e indicando opções de tratamento de casos relacionados.
Esses estudantes fazem parte de um grupo que representa 5% do geral, com comportamentos característicos, inconvenientes e perturbadores. Existe também o grupo de alunos que participa e se dedica, o qual, segundo que segundo as estatísticas, é a maioria, 80%.
Uma reação para incidentes de bullying na escola envolve algumas características como a colaboração e a contextualização da perspectiva. A colaboração implica uma atitude dos educadores de minimizar a problemática entre os alunos necessitados de assistência, buscando cooperação e colaboração com uma parceria positiva no controle de problemas relacionados ao desrespeito e ao bullying . Já a contextualização serve para indicar uma perspectiva sociocultural, otimizando uma análise dos contextos da vida social da criança.
O comportamento, para Rudolf Dreikurs (apud ROGERS, 2008, p. 171), dirige-se a objetivos específicos e particulares, tendo como base a busca por aceitação social. Há crianças que procuram se adaptar por meio de comportamentos atentivos. O autor desafia os educadores a encontrarem o objetivo comportamental de seus alunos.
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Uma forma para diminuir esses problemas é a exteriorização de pensamentos e sentimentos, o que pode transformar a visão de uma criança briguenta na de alguém que precisa de ajuda para lidar com a raiva, a frustração e a violência. Os problemas, quando exteriorizados, podem ser encarados como algo a ser controlado, o que pode gerar um sentimento de responsabilidade no tratamento deles.
dos problemas, o que os torna comuns a todos e propicia um envolvimento geral na busca da solução concreta para ele.
6.1 Perfis existentes no bullying Existem três personagens envolvidos nessa realidade: o agressor, a vítima e o espectador ou testemunha. O perfil do agressor é caracterizado pela presença de violência, muitas vezes aprendida com adultos relacionados. Ele tem um caráter provocador e intimidador e possui dificuldades de relacionamento, pois acredita que tudo deve ser feito conforme seu desejo.
É preciso que haja o conhecimento da realidade da escola, reconhecendo as diversas formas de violência escolar. O educador deve ter como objetivo e, a partir daí, compreender seu papel para evitar e até mesmo eliminar esse tipo de atitude dentro de sala de aula. Para identificar o bullying , faz-se uma investigação em sala de aula, utilizando um questionário, que pode abranger um contexto mais amplo ou ser mais específico e fazer perguntas descritivas e diretas. Existem instrumentos de investigação que servem como identificação de alunos problemáticos, vítimas de agressões, como a redação sobre a vida familiar ou uma entrevista particular, em que o aluno é questionado sobre sua rotina e costumes familiares.
A vítima é a criança tímida e retraída, que não tem capacidade de se defender, por se sentir insegura, discriminada e excluída. Ela não se sente à vontade no ambiente escolar e pode desenvolver inúmeros distúrbios de personalidade, como se tornar uma pessoa ansiosa, depressiva, com grandes danos à sua autoestima. Já a testemunha é a criança que não participa do ato de violência ou é submetida a ele, mas o presencia em seu cotidiano e não denuncia por insegurança ou medo da reação do agressor. Isso gera conivência e até mesmo a falsa sensação de que ações como o bullying não são tão erradas.
Além desses aspectos, existem algumas vantagens com o estímulo ao vínculo, como o esforço do aluno em ser o melhor que puder, a construção da autoestima, a segurança, a satisfação, o compromisso e a participação. Os educadores podem criar oportunidades de os alunos tornarem visíveis o eu de sua preferência e sua determinação, mesmo quando todas as pessoas têm uma história problemática a respeito desses alunos – casos de fracasso, de bullying ou de falta de respeito (BEAUDOIN; TAYLOR, 2006, p. 121).
6.2 O papel do educador Existem diversas causas que auxiliam no envolvimento de crianças e adolescentes com bullying . Os alunos, para Beaudoin e Taylor (2006, p. 45), não são o problema, mas sim “o sentimento da falta de opções (devido aos bloqueios contextuais) [...]”. De acordo com as autoras,
A colaboração de todos na turma é uma ação valorizada para minimizar os efeitos e as consequências do bullying . No entanto, para que ela aconteça, métodos de competitividade não devem coexistir. A autorreflexão também é uma ação necessária para que o contexto seja modificado. Ela traz vantagens ao permitir uma avaliação dos valores e intenções, habilidade de atenção e percepção e melhoria do relacionamento com outras pessoas.
Os jovens envolvidos em questões de desrespeito e bullying precisam de um auxílio que eles realmente possam fazer escolhas diferentes [...] isso não significa adultos expondo opções, mas sim jovens que são convidados a realizar um processo mais aprofundado de autoinvestigação, dado o contexto específico de suas vidas (2006, p. 44).
Reconehcendo e avaliando os problemas que envolvem bullying , é o momento de alterar a realidade escolar pelas estratégias de intervenção. Esse posicionamento facilita a reflexão, promovendo a humanização
O educador deve considerar o contexto em que cada um de seus alunos vive e está envolvido. Não
A PSICOLOGIA DO COMPORTAMENTO ESCOLAR
9.
pode apenas julgar a situação pelo ato em si, mas antes conhecer as histórias, problemáticas ou não. De acordo com Beaudoin e Taylor (2006, p. 48): Se os educadores reconhecerem que nenhuma verdade efetiva pode ser descoberta, mas sim apenas a perspectiva de cada aluno e sua experiência subjetiva da situação, estabelece-se um tipo bem diferente de conversa. Os alunos sentem-se então ouvidos e respeitados, talvez não tentem provar nem defender nada, e cria-se um contexto no qual pode surgir a compreensão e a resolução de problemas.
A verdade não pode ser encontrada, mas existe uma diversidade de perspectivas a serem conhecidas e analisadas. A punição para as consequências de atos irresponsáveis nem sempre é útil para modificar o comportamento do aluno, antes colaboram com as pressões, frustrações e resistência a autoridade. As punições constantes “levam professores e aluno a ficar presos em um ciclo vicioso cheio de problemas, no qual as mesmas reações se repetem” (BEAUDOIN; TAYLOR, 2006, p. 53). Para haver mudança no comportamento, as boas intenções contam e são importantes, mas por si só não são determinantes para a transformação. A presença da capacitação e do encorajamento aos alunos se faz necessária para que eles cumpram esse propósito.
Se a criança começa a apresentar mau rendimento ou um comportamento inaceitável em sala, ela pode estar passando por problemas em casa. Para trabalhar o problema de uma forma positiva, existem estratégias como: histórias e programas de TV que ajudem a turma a entender os sentimentos experimentados em situações semelhantes. Atividades esportivas, de lazer, podem ajudar a criança a esquecer ou a desviar seus pensamentos referentes ao problema, à frustração. Outra atividade interessante é a de expressão emocional, na qual a criança pode se expressar por meio de música, filme, arte, etc. A separação dos pais pode interferir no bom comportamento da criança e, se isso acontecer, ela precisará de apoio para enfrentar tal situação, necessitará de alguém que a escute, que lhe dê atenção e a motive a se ocupar com as tarefas escolares.
7. Influência dos
transtornos psiquiátricos/emocionais na sala de aula
6.3 Divórcio e novo
A criança pode sofrer transtornos psicológicos, sociais, físicos, ocasionados por perdas e frustrações. Problemas como esses estão presentes em sala de aula e precisam ser reconhecidos para serem tratados da maneira adequada.
A separação dos pais causa sofrimento na criança, sentimento que gera marcas, as quais, se não forem percebidas, podem ter influência no comportamento atual e futuro da criança, tanto na família quanto na escola. A autoestima é gerada pela identidade adquirida de ambos os pais e, quando há uma separação, essa identidade se perde, tornando a criança isolada e retraída.
Esses transtornos podem acontecer em qualquer fase da vida, contudo, são comuns à infância, e os professores devem estar preparados para receber crianças que passaram por algum problema. Situações como o ciclo inicial da escola básica, a não aceitação ou ridicularização por parte de crianças mais velhas podem causar euforia, mal-estar e angústia. Muitas vezes a criança não se sente acolhida na escola.
Após todo o processo de separação, a criança precisa se sentir segura, sabendo o que aconteceu a ela e à sua família. Por isso é preciso administrar sentimentos, informações e até o comportamento em sala de aula.
Para lidar com esses transtornos emocionais, não é preciso uma fórmula mágica ou um padrão preestabelecido, uma vez que cada criança tem características específicas e problemas individuais. A generosidade e a
casamento
A separação dos pais pode interferir no bom comportamento da criança. MÓDULO BÁSICO
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compreensão do contexto social e emocional são aliadas no reconhecimento e no tratamento de transtornos. As desordens emocionais são ocasionadas, em sua maioria, por abusos. Uma criança pode passar por situações problemáticas e ser abusada fisicamente, emocionalmente, sexualmente ou até por negligência.
x Abuso físico: tapas, socos e queimaduras, feitos por pais, familiares ou responsáveis. x Abuso emocional: causado por rejeição, maus tratos. É um dos mais difíceis de ser reconhecido, pois influencia diretamente no desenvolvimento emocional da criança. x Abuso sexual: toques inadequados, pornografia, ou algum envolvimento para o qual a criança não está preparada ou com o qual não consentiu. x Negligência: ignorância com relação às necessidades da criança, todo tipo de descuido, como deixar de alimentar, vestir ou até mesmo cuidar da saúde da criança. O abuso pode ocorrer no ambiente escolar, sendo que pode conter as características de um mais tipos de violência. Faz parte do papel de educar estar atento aos sinais de abuso. As crianças podem apresentar problemas específicos e transtornos característicos, os quais dificultam o processo de aprendizagem e interrompem o desenvolvimento de relações e do comportamento em sala de aula. Um transtorno conhecido e bastante comum em crianças de idade escolar é o transtorno de deficit de atenção.
7.1 Transtorno de
deficit de atenção e hiperatividade – TDAH
Trata-se de um problema comum e constante em escolas, muitos professores e educadores ainda não sabem lidar com portadores desse transtorno. De acordo com o DSM-IV-TR (2002, p. 112), a definição de TDAH é a seguinte: Alguns sintomas hiperativo-impulsivos que causam comprometimento devem ter estado presente antes dos 7 anos, mas muitos indivíduos são diagnosticados depois, após a presença dos sintomas por alguns anos [...].
Algum comprometimento deve estar presente em pelo menos dois contextos (por ex. em casa e na escola ou trabalho). [...] Deve haver claras evidências de interferência no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional próprio do nível de desenvolvimento [...].
A criança portadora de TDAH pode apresentar vários sintomas, contudo, destacam-se a desatenção, a hiperatividade ou a impulsividade, separadamente ou em conjunto. Esse transtorno, por ser crônico, não pode ser eliminado, mas tratado para que a criança com essa síndrome possa ter sua vida organizada, apresentando um comportamento funcional tanto em casa como na escola. O TDAH surge, geralmente, no início da infância e permanece durante toda a fase adulta, tendo como principais sintomas a distração e a impulsividade, além da incapacidade de relacionamento e adequação aos colegas. Mesmo que esses sintomas possam acontecer em idades diferentes, são mais acentuados na infância, e, mesmo que a criança conheça as regras estipuladas, não as obedece em situações sociais. A incidência de TDAH em crianças é muito comum, principalmente em idade escolar (6 a 12 anos). O comportamento dessas crianças pode ser exagerado em relação às atividades (tarefas chatas, complicadas, fáceis) e as habilidades se mostram deficientes, gerando prejuízos nas relações sociais. Educadores que lidam com crianças portadoras desse distúrbio devem levar em consideração os sintomas que variam de acordo com o estágio do desenvolvimento da criança, para auxiliar na identificação do problema, assim como no seu tratamento. A hiperatividade, por exemplo, é mais percebida em crianças mais jovens. Já a desatenção é percebida em crianças mais velhas, intensificando-se em jovens, uma vez que o grau de atenção exigido para determinadas atividades aumenta conforme a idade. Crianças com TDAH com prevalência de desatenção tendem a se isolar mais, dificultando os relacionamentos e a maturação, a qual depende de habilidades sociais para existir, assim como gera uma ansiedade e resistência no envolvimento grupal. Existem algumas técnicas de avaliação que podem ser usadas para o diagnóstico do TDAH, tais como:
A PSICOLOGIA DO COMPORTAMENTO ESCOLAR
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x entrevistas e coleta de histórias – o histórico familiar, médico, psiquiátrico e as entrevistas com familiares e com o próprio paciente são ferramentas importantes para identificar o perfil sintomático de TDAH. São avaliadas quatro áreas: ambiente familiar, desempenho escolar, relações sociais e funcionamento pessoal. x observação – é uma técnica pouco utilizada, porém, eficiente, pois auxilia no acompanhamento do paciente em situações regulares e pode melhorar o diagnóstico. São avaliados sinais como: inquietação motora, atenção e impulsividade, habilidades sociais e de relacionamento. Além de medicamentos, existe o tratamento psicológico que, muitas vezes, é a melhor indicação para determinados pacientes que apresentam, por exemplo, deficit de habilidades escolares. Ainda que o remédio auxilie na melhora em alguns pontos específicos, não é o suficiente. Uma intervenção utilizada com frequência no manejo do comportamento em sala de aula inclui o controle de contingência, em que a atenção positiva ou negativa do professor se faz reforço; as estratégias cognitivo-comportamentais, em que são trabalhadas a autoconversa; a repetição de instruções e a aprendizagem assistida por pares, um método eficaz no aumento das habilidades escolares (podem ser escolhidos colegas para ajudar a copiar as tarefas). As crianças com TDAH apresentam prejuízo no desempenho escolar em vários níveis. Assim, os programas para ensinar habilidades escolares precisam ter como alvo tanto habilidades gerais quanto específicas. As habilidades escolares geralmente são ensinadas por meio de estratégias cognitivo-comportamentais em aulas especiais ou professores particulares (CONNERS, 2009, p. 83).
A terapia multimodal é indicada por ser eficaz e consiste em medicamentos e tratamentos psicossociais e, além disso, há o treinamento dos pais, controle em sala de aula, reforço comportamental e terapia para habilidade social (CONNERS, 2009, p. 86-87).
O TDAH geralmente se apresenta com comorbidades, ou seja, outros transtornos em conjunto. Essas comorbidades podem ser: desvios de conduta, transtornos de humor (bipolaridade, depressão) e ansiedade. Quando há o diagnóstico desses transtornos é preciso haver também um tratamento específico para o convívio social adequado. Uma doença comórbida bastante comum é o transtorno desafiador de oposição.
7.2 Transtorno desafiador de oposição – TDO Esse transtorno consiste em um comportamento opositivo às figuras de autoridade e, em geral, é direcionado a pais e professores. Há sempre uma agressividade latente na criança, ela discute sobre tudo e culpa outros por suas atitudes. A criança com TDO apresenta, em geral, baixa autoestima devido às frequentes críticas que recebe e pela sensação de que está sendo injustamente criticada e punida. Esse padrão de comportamento gera consequências negativas a longo prazo, e está associado a vários marcadores de mau prognóstico na vida adulta (ROHDE; MATTOS, 2003, p. 86).
O tratamento indicado para TDO é o cognitivo-comportamental, no qual acontece um acompanhamento do paciente em questão e de sua família no conhecimento a respeito da doença e quais as maneiras possíveis para lidar com ela, tanto em casa como na escola, proporcionando assim uma vida social saudável.
7.3 Transtorno de conduta Outro transtorno possível de ser diagnosticado como comorbidade é o transtorno de conduta, no qual se reconhecem mentiras frequentes, fugas, abusos e crueldade. Esses fatores colaboram para destruir relacionamentos sociais, familiares e escolares, prevalecendo até a idade adulta. O transtorno de conduta, de acordo com o DSM-IV-TR (2002), é um padrão repetitivo e persistente de comportamento, no qual são violados os direitos
O TDAH geralmente se apresenta com comorbidades, ou seja, outros transtornos em conjunto. MÓDULO BÁSICO
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básicos dos outros ou as normas sociais. O transtorno envolve violar regras, causar perdas ou danos a propriedades, defraudar ou furtar e causar danos físicos a pessoas ou a animais.
de relacionamento com colegas e família. Essa interação de múltiplos fatores pode ocasionar grande dificuldade educacional, gerando um aprendizado fraco, quase inexistente.
A investigação e a avaliação correta em relação às comorbidades pode ajudar na identificação de grupos de pacientes específicos e na busca pelo tratamento correto. Estando ciente do histórico familiar, de acontecimentos marcantes e características pessoais do paciente, há a oportunidade de respostas para o manejo dos transtornos e a modificação cognitiva, já que esta pode ser alterada com o propósito de melhorias, tanto individuais quanto sociais.
As crianças em idade escolar podem receber estrutura a apoio nesse ambiente, para lidar com sentimentos fortes e muitas vezes incompreensíveis. Os professores, unidos aos pais, podem oferecer cuidados a fim de reduzir a reação depressiva, mostrando à criança que é amada e não ficará sozinha. Mas, além da intervenção de pais e educadores, profissionais podem colaborar nesse processo de solução do conflito, com avaliações mais aprofundadas, testes criteriosos e terapia individual, assim como familiar.
7.4 Depressão na infância Existe ainda a depressão infantil, em que são identificadas alterações no comportamento, como retraimento, irritação, desânimo e agressividade. Entre as razões existentes para o surgimento da depressão nessa fase, podem ser destacadas: o próprio diagnóstico de TDAH, baixa autoestima, aceitação da família e colegas, assim como problemas decorrentes desse transtorno. A depressão, aliada ao TDAH, prejudica a vida estudantil da criança, gerando mais falta de atenção e interesse pelas atividades propostas em sala, como também a dificuldade de aprendizagem. A depressão nessa fase pode existir por si só ou estar associada a alguns fatores relevantes na vida da criança. De acordo com Aquino (1999, p. 65), a infância é um tempo de desenvolvimento e aprendizagem, assim como de descoberta de oportunidades e desafios. Nesse período, a depressão é mal compreendida. A criança se mostra infeliz, desinteressada, com a autoestima baixa. Tem a sensação de não ser amada, não se sente segura e por essa razão sofre e se afasta dos demais, o que prejudica seu desenvolvimento e sua interação com outras crianças e também familiares. Ainda segundo Aquino, o prazer é parte integral da vida de uma criança e um componente necessário para a aprendizagem, crescimento e divertimento (1999, p. 67). Existem alguns comportamentos que indicam a presença da depressão na vida de uma criança: frequência e rendimento escolar baixos, fugas de casa, problemas
7.5 Transtorno da ansiedade generalizada De acordo com o DSM-IV-TR (2002), o transtorno de ansiedade generalizada consiste em ansiedade e preocupação excessivas com diversos eventos ou atividades. Ocorre na maioria dos dias durante aproximadamente seis meses, sendo que o indivíduo considera difícil controlar a preocupação. Esse transtorno está associado a sintomas como: irritabilidade, inquietação e dificuldade de concentração. A psicoterapia, terapia cognitiva comportamental em questão, busca conceder aos pacientes o desenvolvimento de estratégias para lidar com os sintomas da ansiedade.
7.6 Transtorno alimentar A bulimia nervosa (BN) e a anorexia nervosa (AN) são distúrbios alimentares, assim como o grupo dos não definidos (Ednos), que são mais comuns entre os pacientes. A TCC para o tratamento desse transtorno tem como objetivo a redução dos sintomas. Knapp explica que “o foco cognitivo é a preocupação extrema com a forma e peso e a proposta de atitudes alternativas mais saudáveis em relação à comida, peso, forma e imagem corporal” (2004, p. 301). Barlow acredita que tanto a BN quanto a AN podem ser tratadas pela TCC, ainda que a primeira seja mais
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pesquisada. Para ele, as estratégias terapêuticas se estendem a outros transtornos, como a AN (1999, p. 314). No caso da BN, o tratamento é realizado com a psicoeducação, com informações a respeito dos sintomas da bulimia, compulsões alimentares e as consequências médicas. A AN é considerada um transtorno grave e tem seu tratamento diferenciado da BN. Um programa de TCC de três estágios foi desenvolvido para a AN. Nele se avalia a natureza do distúrbio, auxiliando na motivação para uma mudança; prescrição de objetivos de peso; normalização de padrões alimentares; reconhecimento das crenças disfuncionais relacionadas à comida e o trabalho com a autoestima (KNAPP, 2004, p. 302). A observação desse quadro de distúrbio alimentar, muitas vezes, é vista em primeira instância no ambiente escolar. O banheiro é um local utilizado por várias crianças/adolescentes e estes percebem alguém realizando purgações (vômitos). Colegas notam que determinado colega nunca lancha e sempre está preocupado com sua aparência. Por meio de comentários e em redações e composições de texto, o aluno, muita vezes, coloca a distorção cognitiva. Educadores atentos e que conhecem os sintomas tomam providências imediatamente para ajudar o aluno.
7.7 Transtorno obsessivo compulsivo – TOC
terapêutica; treinamento na identificação dos sintomas; sessões de terapia com técnicas comportamentais e cognitivas para a correção de pensamentos e crenças disfuncionais e a prevenção da recaída com a terapia de manutenção (2004, p. 196).
7.8 Transtorno de personalidade A TCC, ainda que tenha sido elaborada para o tratamento do transtorno do humor unipolar, foi estendida a outros distúrbios, como o caso do transtorno de personalidade. Esse distúrbio dificulta a interação social do seu portador, já que este não tem um bom repertório para lidar com seus pensamentos e crenças distorcidas ou disfuncionais. Ele se torna um indivíduo desconfiado e evita contato íntimo com os demais. Para Knapp (2004), esse comportamento é caracterizado como um desafio para terapeutas que lidam com pacientes que apresentam esse transtorno. Para o tratamento, a TCC foca a modificação das crenças disfuncionais, como na aplicação de outros distúrbios. Mas há algumas características que forçam uma adaptação da terapia no acompanhamento ao paciente, pois este tem problemas de relacionamento interpessoal. Por essa razão, o terapeuta se apresenta mais confrontativo.
7.9 Transtorno afetivo
O DSM-IV-TR diz que O transtorno obsessivo compulsivo caracteriza-se por obsessões (que causam acentuada ansiedade ou sofrimento) e ou compulsões (que servem para neutralizar a ansiedade). As obsessões são ideias, pensamentos, impulsos ou imagens persistentes, que são vivenciados como intrusivos e inadequados e causam acentuada ansiedade ou sofrimento. [...] As compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais cujo objetivo é prevenir ou reduzir a ansiedade ou sofrimento, em vez de oferecer prazer ou gratificação (2002, p. 443).
As crenças no TOC são identificadas como disfuncionais e as técnicas cognitivas propõem a sua correção. Knapp mostra algumas etapas na utilização da TCC para TOC: avaliação do paciente e indicação do tratamento adequado; motivação e estabelecimento da relação
bipolar – TAB O transtorno bipolar é uma doença mental grave, crônica, recorrente e incapacitante. Enquanto alguns raros indivíduos podem experimentar somente um único episódio de mania e depressão em suas vidas, mais de 95% das pessoas com transtorno bipolar têm episódios recorrentes de depressão e mania ao longo da vida (GOODWIN; JAMISON apud KNAPP, 2004, p. 318).
Segundo Knapp, a TCC, no tratamento desse distúrbio, parte da premissa de que “os sentimentos e comportamentos das pessoas estão fortemente conectados, cada um influenciando o outro” (2004, p. 319). Se há alterações no humor, com início de depressão, o comportamento será influenciado.
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Existem alguns objetivos específicos para o tratamento do TAB que envolvem a psicoeducação do aluno a respeito de seu distúrbio, as dificuldades associadas à doença e o fornecimento de estratégias de habilidades cognitivas a fim de lidar com os problemas cognitivos e comportamentais, que sejam associados aos sintomas depressivos e maníacos.
7.10 Transtorno de pânico (TP)
suas relações dinâmicas e complexas na aprendizagem, porém, o foco deste trabalho é conhecer melhor sobre a visão da reeducação da dislexia, por uma abordagem estruturada. Atualmente, não se podem separar os aspectos psicossociológicos ou psicoculturais dos aspectos neurofisiológicos ou neurobiológicos da concepção das dificuldades de aprendizagem.
8.1 Dislexia
Circunstâncias desagradáveis e estressantes podem ocasionar o pânico, como a morte de pessoas significativas, doenças graves e conflitos. Essas ocorrências podem gerar sensações de ansiedade, característica presente no distúrbio. A técnica da TCC para o tratamento do transtorno do pânico é bem aceita entre os profissionais da saúde e professores, e tem mostrado sua eficácia ao longo do tempo de experimentos. O modelo cognitivo-comportamental tem como foco principal o papel do medo dos sintomas físicos associados à ansiedade, das cognições catastróficas e da conduta evitativa na gênese e na manutenção do transtorno de pânico (OTTO; DECKERSBACH apud KNAPP, 2004, p. 219).
8. Dificuldades de aprendizagem
Dificuldade de aprendizagem é uma expressão geral que se refere a várias desordens manifestadas nos processos de aquisição de leitura, escrita, fala, compreensão auditiva e raciocínio matemático. Essas desordens são intrínsecas ao indivíduo, presumindo-se que sejam dificuldades funcionais relacionadas ao sistema nervoso central, e podem ocorrer durante toda a vida. O órgão privilegiado da aprendizagem é o cérebro. O cérebro humano é um sistema complexo, que estabelece relações com o mundo que o rodeia. Portanto, as relações entre o cérebro e o comportamento e entre o cérebro e a aprendizagem são as mesmas quando se abordam as relações com as dificuldades de aprendizagem (DA). Faz-se necessário conhecer a estrutura e o funcionamento do cérebro para melhor compreender as
Quando se fala em dislexia, ainda é comum as pessoas reagirem da seguinte forma: “O que é isso? Já ouvi falar, mas não sei o que é”. A dislexia é uma dificuldade duradoura na aprendizagem da leitura e de seu automatismo em crianças inteligentes, normalmente escolarizadas e livres de interferências causadas por disfunções visuais, auditivas ou lesões cerebrais. Também não pode ter como causa comprometimentos de origem emocional. Vem acompanhada, quase constantemente, de grandes dificuldades na aquisição de regras ortográficas. Segundo Ciasca (2003), dislexia é a falha no processamento da habilidade da leitura e da escrita durante o desenvolvimento. É o mais incidente entre os distúrbios específicos da aprendizagem, pois tem como característica um atraso do desenvolvimento ou a diminuição em traduzir sons em símbolos gráficos e compreender qualquer material escrito. Ainda para Ciasca (2003), as dificuldades de aprendizagem ficam entre 5 e 7%, e as dificuldades escolares entre 10 e 15%. Sabe-se que a incidência da dislexia situa-se entre 10 e 15% da população, sem distinção entre raças, culturas ou condição socioeconômica. As crianças disléxicas apresentam as seguintes dificuldades: deficit perceptivo, transposições de letras e sílabas, inversões, substituições, inclusões, omissões, perseverações, confusões entre vogais, confusões entre sons surdos e sonoros. Para definir o que é dislexia, é necessário saber o significado de leitura, que é uma forma de aprendizagem simbólica, na qual mudanças podem alterar os significados das palavras. Para a comprerensão da escrita, são necessárias atenção, organização e imagem mental.
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O Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais – DSM-IV (2002, p. 112) dá a seguinte definição para dislexia:
mulados com atividades para que seu desenvolvimento cognitivo e as relações dentro da sala de aula não sejam comprometidos.
Comprometimento acentuado no desenvolvimento das habilidades de reconhecimento das palavras e da compreensão da leitura. O diagnóstico é realizado somente se esta incapacidade interferir significativamente no desempenho escolar ou nas atividades da vida diária que requerem habilidades de leitura.
Duas estratégias importantes no manejo desse transtorno são: o trabalho dos conceitos numéricos, em que a criança faz associações dos símbolos à quantidade por meio de atividades; e as operações aritméticas trabalhadas de maneira a incentivar a criança na percepção da soma como acréscimo, subtração pela diminuição e assim por diante.
O diagnóstico da dislexia começa a partir da percepção dos pais com relação à alfabetização da criança, que mostra, aparentemente, um desinteresse pela leitura ou pela escrita. Além dos problemas específicos com a leitura, a criança passa por uma avaliação devido ao seu comportamento, resultado de um fracasso na aprendizagem. Mais que conhecer o histórico familiar e cultural da criança, é preciso observar sua leitura e escrita, se há confusão de letras, troca de sílabas e dificuldade de compreensão do texto lido. O tratamento adequado para esse distúrbio consiste na reestruturação da linguagem educacional e envolve uma avaliação específica, pois a dislexia tem causas e sintomas que variam de pessoa para pessoa.
8.2 Discalculia
8.3 Dispraxia Para entender o conceito de dispraxia, primeiramente deve-se conhecer sobre praxia, que pode ser definida como “a capacidade que o indivíduo tem de realizar um ato mais ou menos complexo, anteriormente aprendido, de forma voluntária, ou seja, sob ordem” (2006, p. 208). Segundo Ajurianguerra e Hécaen (apud ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 2006, p. 212), “a dispraxia é um transtorno de atividade gestual aparecido em um indivíduo cujos órgãos de execução da ação estão intactos e que tenha pleno conhecimento do ato a cumprir”. Segundo esses autores, existem alguns tipos de dispraxia, entre elas:
x alterações dos desempenhos motores – difi-
De acordo com a Academia Americana de Psiquiatria, a discalculia é a dificuldade em aprender matemática, com falhas para adquirir proficiência adequada neste domínio cognitivo, a despeito de inteligência normal, oportunidade escolar, estabilidade emocional e motivação necessária (ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 2006, p. 202).
culdades motoras; x dispraxia construtiva – mais comum em crianças; x discinesia espacial – falta de organização dos movimentos; x dispraxias especializadas – verbal, facial, ocular, etc.
Crianças com esse tipo de problema tendem a serem vistas como preguiçosas e desinteressadas, mas uma estimativa revela que cerca de 3 a 6% das crianças, em geral, possui discalculia do desenvolvimento.
A dispraxia é uma das causas para a dificuldade de aprendizagem escolar, já que, nessa fase, a criança se isola mais por causa de seus erros e falhas, sendo discriminada por seus colegas de classe por causa de suas limitações motoras.
Os sintomas mais comuns são: erros na formulação dos números, incapacidade de realizar operações simples, dificuldades de ler corretamente e realizar operações como multiplicação e divisão. É necessário haver um acompanhamento dos alunos que apresentam dificuldades em matemática, pois eles precisam ser esti-
Isso contribui para uma baixa autoestima, o que prejudica todo o processo de desenvolvimento cognitivo. Como tratamento, a alternativa é a educação psicomotora que dá uma noção de espaço e de como lidar com ele, por meio de exercícios ritmados, relaxamentos e o domínio sobre o corpo.
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x experimento comportamental – usado
8.4 Técnicas cognitivas
com o propósito de avaliar os pensamentos e crenças do aluno, examina os resultados de seu experimento e considera a modificação de suas crenças.
comportamentais que o professor pode utilizar no ambiente escolar
A psicologia do comportamento escolar utiliza muitas técnicas da terapia cognitiva comportamental. Embora sejam muito utilizadas para o tratamento de diversos transtornos, existem algumas técnicas bastante comuns para os comportamentos em sala de aula ou no ambiente escolar. Para a utilização da terapia, existem técnicas cognitivas que auxiliam o terapeuta no alcance de seus objetivos. Segundo Beck (apud KNAPP): [...] A terapia cognitiva não é definida pelas técnicas que são empregadas, mas pela ênfase que o terapeuta dá ao papel dos pensamentos na causa e manutenção dos transtornos (2004, p. 133).
Entre as técnicas comportamentais, podem ser destacadas:
x monitoramento – o aluno, com a ajuda do
x x
x
x
x
professor, controla comportamentos específicos. Por exemplo: com o uso do baralho das emoções. programação de atividades – o professor prescreve atividades diárias que podem trazer recompensas ao aluno. prescrição de tarefas graduais – como auxílio ao aluno para que não se sinta deprimido, sugestão de atividades benéficas que ele mesmo se propõe a realizar. resolução de problemas – o professor disponibiliza uma variedade de respostas como alternativas a situações problemáticas. Identificar o problema, avaliar as consequências de cada solução, escolher e colocar em prática a solução preferencial. controle de contingências – os professores, orientados pelo terapeuta, identificam o comportamento do aluno, cumprido por interesse, e estabelecem uma recompensa. avaliação e modificação de crenças – as crenças precisam ser modificadas, para isso, utiliza-se o exame de vantagens e desvantagens, experimento comportamental, etc.
A estruturação e a educação caminham unidas no processo de tratamento da TCC, pois ambas se complementam no incentivo ao aprendizado, “mantendo o tratamento bem-organizado, eficiente e focado” (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008, p. 59). A fim de utilizar o meio mais acertado, é preciso haver um minucioso diagnóstico, pois a criança não consegue, por mais que compreenda as circunstâncias dos problemas que enfrenta, estabelecer uma narrativa organizada para que seu terapeuta possa elaborar um diagnóstico de seu transtorno. Após esse diagnóstico, baseado em critérios e dados, o terapeuta usa a linguagem mais acessível e compreensível à criança, desde gráfica até a teatral. Os problemas podem ter várias raízes: ser associados a fatores genéticos, em que cromossomopatias podem alterar o comportamento do aluno; problemas familiares, em que abusos e traumas podem fazer a diferença. Qual seja a fonte do problema, ele precisa ser identificado, compreendido, diagnosticado e tratado, para que o educando não tenha prejuízos na fase adulta, em relacionamentos pessoais, sociais e de trabalho.
9. Considerações finais Tendo como base a relação existente entre o comportamento escolar e a psicologia, compreende-se que há a necessidade de um cuidado e acompanhamento maior em sala de aula, a fim de reconhecer e definir problemas a serem trabalhados com o auxílio de professores, profissionais da área – terapeutas, psicólogos, psicopedagogos, etc. – e a interação de alunos e pais. Todas as ações em sala de aula refletem situações vividas pelas crianças e podem ocasionar consequências influentes no desenvolvimento individual e social. Por essa razão, a criança precisa aprender a se relacionar sem que os problemas sejam fatores determinantes no processo de aprendizagem. A psicologia possui as ferramentas necessárias para identificar distúrbios que possam interromper a
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aprendizagem, mecanismos para lidar com as problemáticas como violência e desrespeito, que se refiram ao ambiente escolar ou familiar. Assim, é possível amenizar marcas características, ocasionadas por diversas cau-
sas e contextos que tendem a influenciar e, até mesmo, danificar o ambiente em sala de aula por meio de comportamentos inaceitáveis, agressivos e que prejudicam as relações sociais.
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MÓDULO BÁSICO
18.