Por um cinema imperfeito Júlio Garcia Spinoza*
Hoj eem di a,um ci nema maper f ei t o-t écni caear t i st i came ment ebem pr oduzi do -équasesempreum ci nema mareaci onári o. A mai ort ent ação que se of er ece ao ci nema cubano nest es moment os quando al cançaseu obj et i vodeum ci nema dequal i dade,de um ci nema com si gni ficação cul t ur al dent r o do processo r evol uci onári o - é pr eci same ment eadeconver t er seem um ci nema maper f ei t o. O“ doci nema mal at i noame mer i cano -com Br asi leCuba encabeçando, bo om” segundo os apl ausos e as boas vi st as da i nt el ect ual i dade eur opéi a -é si mi l ar ,na at ual i dade,ao que vi nha desf rut ando com excl usi vi dade a novel í st i cal at i noameri cana. Porque nosapl audem? m? Sem dúvi da,se al cançou uma ce rt a qual i dade. Sem dúvi da,háum cert ooport uni smo mopol í t i co.Sem dúvi da,háumacer t a i nst rument al i zaçãomú mút ua.Massem dúvi daháal goma mai s. Porquenospreocupaquenosapl audam? m?Nãoest á,ent r easr egr asdoj ogo art í st i co,a final i dade de um r econheci ment o públ i co? Não equi val eo r econheci ment o eur opeu - a ní vel da cul t ur a ar t í st i ca, a um r econheci ment omu mundi al ?Qu Queasobr asr eal i zadasnosubdesenvol vi ment o obt enham um r econheci ment odet alnat ur ez a,nãobenefici aàart eeaos nossospovos? Curi osame ment e a mot i vação dessas i nqui et udes,é necessári o escl arecer , 1
nãoésódeordem ét i ca,mast amb mbém, m,esobr et udo,est ét i ca,seéquese pode t r açar uma l i nha t ão ar bi t r ari ame ment e di vi sór i a ent r e amb mbos os t er mos. Quandonosper gunt amo mosporquenóssomosdi r et or esdeci nema maenãoos out r os,querdi zer ,osespect adores,aper gunt anãoémo mot i vadaapenaspor uma preocupação de or dem ét i ca. Sabemo mos que somo mos di r et or es de ci nema ma,por quet emo mospert enci do a uma mi nor i a quet ev eo t emp mpo eas ci r cunst ânci asnecessári as para desenvol ver ,em simesma,uma cul t ur a art í st i ca;e por que os r ecur sos mat er i ai s da t écni ca ci nema mat ográfica são l i mi t adose,port ant o,ao al cance de poucose não de t odos.Mas o que acont ece se a uni ver sal i zação do ensi no uni ver si t ári o, se o desenvol vi ment o econômi mi co e soci alr eduz as hor as de t r abal ho,se a evol ução da t écni ca ci nema mat ogr áfica ( como mo j á apr esent a si nai sevi dent es) t orna possí velque est a dei xe de ser pri vi l égi o de uns poucos,o que de o t ape sol acont ece se o desenvol vi ment o do vi uci ona a capaci dade
i nevi t avel ment el i mi t ada dos l aborat óri os,seos aparel hos det el evi são e sua possi bi l i dade de “ proj et ar” com i ndependênci a da pl ant a mat ri z, t ornam
desnecessár i as a
const rução ao
i nfini t o
das sal as
ci nema mat ogr áficas? Ocor r e ent ão não só um at o de j ust i ça soci al :a possi bi l i dade de que t odos possam f azer ci nema; senão um f ei t o de ext r ema mai mport ânci apar aacul t ur aart í st i ca:apossi bi l i dadeder esgatar , sem compl exos, nem sent i ment os de cul pa de nenhuma ma cl asse, o ver dadei r o sent i do da at i vi dade ar t í st i ca. Ocorr e ent ão que podemos ent enderqueaart eéuma maat i vi dadedesi nt er essadadohome mem. m.Queaart e nãoéum t r abal ho.Queoart i st anãoépr opri ame ment eum t r abal hador . 2
O sent i ment o de que i st o éassi m,e a i mpossi bi l i dade de pr at i cál o em conseqüênci a,éaagoni aeaomesmot emp mpo,of ari saí smo modet odaaart e cont emp mporânea. Def at o exi st em as duas t endênci as.Osquepr et endem r eal i zál a como mo umaat i vi dade" desi nt er essada"eosquepr et endem j ust i ficál acomo mouma at i vi dade" i nt er essada" .Unseout r osest ãoem um becosem saí da. Qual querum quer eal i zeumaat i vi dadeart í st i caseper gunt aem um dado mome ment oquesent i do t em oqueel ef az.O si mpl esf at odequesur geest a i nqui et udedemo monst r aqueexi st em f at or esqueamot i vam. m.Fat or esque,por suavez ,evi denci am queoar t i st anãosedesenvol vel i vr eme ment e.Osquese propõem a negar l heum sent i do especí fico,sent em opesomo mor alde seu egoí smo mo.Osquepret endem i mpor l hei ssocomo moregr a,compensam com a bondade soci alsua má consci ênci a.Não i mport a que os medi ador es ( crí t i cos, t eóri cos e et c. )t r at em de j ust i ficar uns e out r os casos. O medi ador é, para o art i st a cont emp mporâneo, sua aspi ri na, sua pí l ul a t r anqüi l i zant e. Mas, como mo est a, some ment e t i r a a dor de cabeça t emp mporari ame ment e.É cert o,sem dúvi da,que a art e,como mo um di abi nho capri choso,segueassoma mandoespor adi came ment eàcabeça,nãoi mport aem qualt endênci a. Ent r et ant o,éma mai sf áci ldefini raart epel oquenãoé,seéquesepodef al ar dedefini çõesf echadasnãoj áparaaart esenãoparaqual querat i vi dadeda vi da.O espí ri t o de cont r adi ção a i mpr egna t ot al ment e,e pornada nem ni nguém sedei xam f echarem um mar co,pormai sdour adoquees t esej a. É possí velque a art e nos dê uma vi são da soci edade ou da nat ur ez a 3
humana e que,ao me mesmo t empo,não se possa defini r como mo vi são da soci edadeou danat ur ezahumana.É possí velquenopr azerest ét i coest ej a i mpl í ci t o um cer t o narci si smo mo da consci ênci a em r econhecer sepequena consci ênci a hi st óri ca,soci ol ógi ca,psi col ógi ca,fil osófica,et c.eao mesmo mo t emp mponãobast aest asensaçãopar aexpl i caropr azerest ét i co. Não é mui t o mai sf áci lpara a nat ur ez a art í st i ca concebêl a com seu pr ópri o podercogni t i vo? I st o querdi zerque a art e não é i l ust r ação de i déi as quepodem serexpr essas pel a fil osofia,soci ol ogi a epsi col ogi a? O desej odet odoart i st adeexpr essaroi nexpr essávelnãoéma mai squeodesej o deexpressaravi sãodot ema maem t er mosi nexpressávei sporout r asvi asque não sej am as art í st i cas?Tal vezseu podercogni t i vosej a como mo o do j ogo par aacri ança.Tal vezopr azerest ét i cosej aopr azerquenospr ovocasent i r af unci onal i dade( sem um fim especí fico)denossa pr ópri ai nt el i gênci ae nossa pr ópri a sensi bi l i dade.A art e pode est i mul ar ,em ger al ,a f unção cr i ador adohome mem. m.Podeoper arcomo moagent edeexci t açãoconst ant epar a adot arumaat i t udedemu mudançaf r ent eàvi da.Mas,àdi f er ençadaci ênci a, nosenri quecedet alf orma maqueseusr esul t adosnãosãoespecí ficos,nãose podem apl i carpar aal goem part i cul ar .Daíqueapodemo moschama mardeuma " at i vi dade desi nt er essada" , que podemo mos di zer que a art e não é pr opri ame ment eum t r abal ho,queoart i st aét al vezomenosi nt el ect ualdos i nt el ect uai s. Porque o art i st a,ent r et ant o,sent e a necessi dade de j ust i ficar se como mo “ t r abal hador ” , como mo “ i nt el ect ual ” , como mo “ pr ofissi onal ” , como mo home mem di sci pl i nadoeorgani zado,ao pardequal querout r at aref apr odut i va?Por 4
quesent ea necessi dadedehi per t r ofiara i mport ânci a desua at i vi dade? Porquesent eanecessi dadedet ercr í t i cos–me medi adores-queodefinam, m,o j ust i fiquem, o i nt erpr et em? Por que f al a or gul hosament e de " meus crí t i cos" ? Porquesent enecessi dadedef azerdecl araçõest r anscendent es, como moseel ef osseover dadei r oi nt ér pr et edasoci edadeedoserhumano? Porquepr et endeconsi der ar secrí t i coeconsci ênci adasoci edade-sebem es t es obj et i vos possam es t ar i mpl í ci t os ou ai nda expl í ci t os em det er mi nadasci r cunst ânci as-em um ver dadei r opr ocessor evol uci onári o essasf unções as devemo mos exer cert odos,querdi zer ,o povo? E porque ent ão,porout r ol ado,sevênanecessi dadedel i mi t arest esobj et i vos,est as at i t udes,est as caract er í st i cas? Porque ao mesmo mo t emp mpo,pl ant a essas l i mi t açõescom mo ol i mi t açõesnecessári as para quea obr a não seconvert a em um panflet o ou em um ensai o soci ol ógi co? Por que há semel hant e f ari saí smo mo? Porquepr ot eger see ganhari mport ânci a como mo t r abal hador , pol í t i co e ci ent i st a( r evol uci onári o,ent endase)e não est ar di spost oa correrosri scosdi st o? O probl ema maécomp mpl exo.Nãoset r at af undament al ment edeoport uni smo moe nem sequerdecovar di a.Um ver dadei r oart i st aest ádi spost oacorr ert odos os ri scos se t em a cert eza de que sua obr a não dei xar á de ser uma expr essãoart í st i ca.O úni cori scoqueel enãoacei t aéodequeaobr anão t enhaumaqual i dadeart í st i ca. Também háosqueacei t am edef endem af unção" desi nt er essada"daart e. Pr et endem serma mai s conseqüent es.Pr ef er em a ama mar gur a de um mundo f echadonaesper ançadequeama manhãahi st óri al hesf aráj ust i ça.Maséo 5
casodequet odavi ahoj eaGi nãoapodem desf rut art odos.Devi am oc onda det ermenoscont r adi ções,devi am deest arme menosal i enados.Masdef at o nãoéassi m,ai ndaquet alat i t udel hesdêapossi bi l i dadedeum pr et ext o mai spr odut i vonaor dem pessoal .Em ger alsent em aest er i l i dadedesua “ pur ez a”ou sededi cam a l i ber arcomb mbat es corr osi vos mas semp mpre na def ensi va.Podem i ncl usi ver echaçar ,numaoper açãoi nver sa, oi nt er esse de encont r arna obra de art ea t r anqüi l i dade,a harmoni a,uma cert a comp mpensação,expr essandoodesequi l í bri o,ocaos,ai ncer t eza,oquenão dei xadesert amb mbém um obj et i vo" i nt er essado" . O que é, ent ão, que t orna possí vel prat i car a art e como mo at i vi dade " desi nt er essada" ?Porqueest a si t uação éhoj emai ssensí velquenunca? Desdequeom mu undoému mundo,querdi zer ,desdequeom mu undo ému mundo di vi di do em cl asses essa si t uação t em est ado l at ent e.Se hoj et enha se t or nado mai s aguda é preci same ment e por que hoj e come meça a exi st i ra possi bi l i dadedesuper ál a.Nãoporumat oma madadeconsci ênci a,nãopel a vont ade expr essa de nenhum art i st a,senão por que a pr ópri ar eal i dade come meçou a r ev el arsi nt oma mas ( nada ut ópi cos)de que “ no f ut ur oj á não haver á pi nt or essenão,quando mui t o,home mens,que,ent r e out r as coi sas pr at i quem api nt ur a” .( Marx) Não pode haver ar t e" desi nt er essada" , não pode haver um novo e ver dadei r osal t oqual i t at i vonaart e,senãoset ermi na,aomesmot empoe parasemp mpr e,com oconcei t o ea r eal i dade“ el i t i st a”na art e.Trêsf at ores podem f avor ecernossoot i mi smo mo:odesenvol vi ment odaci ênci a,apr esença soci al das massas, a pot enci al i dade r evol uci onári a no mundo 6
cont emp mporâneo.Ost r êssem ordem hi er ár qui ca,ost r êsi nt er r el aci onados. Porqueset eme meàci ênci a?Porqueset eme mequeaart epossaseresmagada di ant e da pr odut i vi dade e ut i l i dade evi dent es da ci ênci a? Porque esse comp mpl exodei nf er i ori dade?É cer t oquel emo moshoj ecom mui t oma mai spr azer , um bom ensai oqueumanovel a.Porquer epet i mosent ão,com horr or ,que omu mundoset ornama mai si nt er essado,mai sut i l i t ári o,mai sma mat eri al i st a?Não éreal ment ema maravi l hosoqueo desenvol vi ment odaci ênci a,dasoci ol ogi a, da ant r opol ogi a, da psi col ogi a, cont ri buam par a“ depur ar” a art e? A apari ção,gr aças à ci ênci a,de mei os expr essi voscomo mo a f ot ografia e o ci nema ma( oquenãoi mpl i caem i nval i dál osart i st i cament e)nãof ezpossí vel umamai or“ depur ação”napi nt ur aenot eat r o?Hoj ea ci ênci anãot orna anacr ôni cost ant as anál i ses“ art í st i cas”sobrea al ma humana? Não nos permi mi t eaci ênci al i vr ar noshoj edet ant osfil meschei osdechar l at ani ase di sf ar cescom i sso que t em sedado chama marde mundo poét i co?Com o avançodaci ênci aaart enãot em oqueper der ,aocont r ári o,t em t odoum mundo queganhar .Qualéo t emor ,ent ão?A ci ênci a desnuda a art ee parecequenãoéf áci landarsem r oupaspel arua. Aver dadei r at r agédi adoar t i st acont empor âneoéest arnapossi bi l i dadede exer cera art e como mo at i vi dade mi nori t ári a.Di zse que a art e não pode seduzi rsem acooper açãodosuj ei t oquef azaexper i ênci a.Est ácer t o.Mas oquef azerpar aqueopúbl i codei xedeserobj et oeseconver t aem suj ei t o? O desenvol vi ment o da ci ênci a,da t écni ca,das t eori as e pr át i cas soci ai s mai s avançadas,t em f ei t o possí vel ,como mo nunca,a presença at i va das massasnavi dasoci al .Nopl anodavi daart í st i cahámai sespect adoresque 7
em nenhum out r omo mome ment odahi st ór i a.É apri mei r af asedeum processo " desel i t ári o" .Do queset r at a agora é de sabersecom me eçam a exi st i ras condi çõespar a que esses espect ador esseconver t am em aut or es.Quer di zer , não em espect adores mai s at i vos, em coaut or es, senão em ver dadei r os aut or es. Do que se t r at a é de per gunt ar se se a art eé r eal ment euma at i vi dadedeespeci al i st as.Sea art e,pordesí gni osext r ahumanos,épossi bi l i dadedeal gunsou possi bi l i dadedet odos. Como mo confiar as per spect i vas e as possi bi l i dades da art e à si mpl es educaçãodopovo,em nadama mai squeespect ador es?O gost odefini dopel a “ al t a cul t ur a” ,uma vezsuper ada porel a mesma,não passa ao r es t o da soci edadecom mo ores í duoquedevor am er umi nam osnãoconvi dadospar ao f est i m?Não t em si doest a uma et er na espi r alconver t i da hoj e,afinal ,em cí r cul ovi ci oso?O cam ( t endênci aquereval ori zaoqueest áf orademo moda. mp p N.Do T. )e sua ót i ca ( ent r e out r as)sobr e o vel ho,é uma t ent at i va de r esgat ar es t es r esí duos e encurt ar a di st ânci a com o públ i co.Mas a di f er ençaéqueocam osresgat acomo moval orest ét i co,apesardequepara mp p opúbl i cocont i nuam sendot odavi aval oresét i cos. Nos per gunt amo mos se é i rr emedi ável par a um pr esent e e um f ut ur o r eal ment er evol uci onári os t er“seus”art i st as,“ seus”i nt el ect uai s,como mo a bur guesi at eveos“ seus” .O ver dadei r ament er evol uci onári onãoét ent ar , desde j á, cont ri bui r com a super ação desses concei t os e prát i cas mi nori t ári as,mai squeem per segui ri a“qual i dadeart í st i ca”da nae t e r num obr a?A at ualper spect i vadacul t ur aart í st i canãoéma mai sa possi bi l i dade dequet odost enham ogost odeal guns,senãoadequet odospossam ser 8
cri adoresdacul t ur aart í st i ca.Aart esemp mpr ef oiumanecessi dadedet odos. O que não t em si do uma possi bi l i dade de t odos em condi ções de i gual dade.Si mul t aneame ment eàart ecul t avem exi st i ndoaart epopul ar . A art epopul arnãot em nadaavercom achamadaart edemassas.A art e popul ar necessi t a, port ant o t ende a desenvol ver , o gost o pessoal , i ndi vi dual ,dopovo.A art edema massasou paraasmassas,pel ocont r ári o, necessi t aqueopúbl i conãot enhagost o.Aart edema massaser ánareal i dade t al ,quando ver dadei r ame ment esej af ei t a pel as massas.A art edema massas, hoj eem di a,éaart equeal gunspoucosf azem paraasma massas.Gr ot owski di zqueot eat r odehoj edev eserdemi mi nori aspor queéoci nema maquepode f azeraart edema massas.Nãoest ácer t o.Possi vel ment enãoexi st eumaart e mai smi mi nori t ári ahoj equeoci nema ma. O ci nema mahoj e,em t odaa part e,é f ei t oporumami mi nori aparaasm ma assas.Possi vel ment esej aoci nema maaart e quedemo mor ema mai spara chegaraopoderdasma massas.A art edema massasé, poi s,aart epopul ar ,oquef azem asma massas.Art eparaasma massasé,como mo bem di zHauser ,apr oduçãodesenvol vi daporumami nori apar asat i sf azer a demanda de uma massa r eduzi da ao úni co papelde espect ador ae consumi dor a. A art epopul aréoquet em f ei t osempr eapart emai si ncul t adasoci edade. Mas est e set or i ncul t o consegui u pr eservar para a art e caract er í st i cas prof undament ecul t as.Um Umadel aséqueoscr i ador essãoaome mesmot emp mpo osespect ador ese vi cever sa.Não exi st eent r equem a produze quem a r ecebe uma l i nha t ão mar cadame ment edefini da.A art ecul t a,em nossos di as,al cançou t amb mbém essasi t uação.A gr andecot adel i ber dadedaart e 9
modernanãoéma mai squea conqui st adeum novoi nt er l ocut or :O própri o ar t i st a. Por i sso é i nút i lesf orçar se,l ut ar par a que se subst i t ua a bur guesi apel asmassas,comonovoepot enci alespect ador .Est asi t uação mant i da pel a art epopul ar ,conqui st ada pel a art ecul t a,devef undi r see convert er seem pat ri môni odet odos.Esseenãoout r odeveserogrande obj et i vodeumacul t ur aart í st i caaut ent i cament er evol uci onári a. Poré m aart epopul arconservaout r acaract erí st i caai ndamai si mport ant e para a cul t ur a.A art epopul arsereal i za como mouma at i vi dadea mai sda vi da.A art ecul t a ocont r ári o.A art ecul t a sedesenvol vecomoat i vi dade úni ca,especí fica,querdi zer ,sedesenvol venãocomo moat i vi dadesenãocomo mo r eal i zaçãodet i popessoal .Ei saíopr eçocrueldehavert i doquema mant era exi st ênci a da at i vi dade art í st i ca às cust as da i nexi st ênci a del a no povo. Pr et enderr eal i zar seà margem da vi da não t em si do um pre t ext o mui t o dol orosoparaoart i st aeparaapr ópri aart e?Pr et enderaart ecomo mosei t a, como mosoci edadedent r odasoci edade,como mot er r apr ome met i da,ondepodemo mos r eal i zar nos f ugazment e por um mome ment o, por uns i nst ant es , não é cr i armos a i l usão de que r eal i zandonos no pl ano da consci ênci a nos r eal i zamo mos t amb mbém no da exi st ênci a? Não r esul t at udo i sso dema masi ado óbvi onas at uai sci r cunst ânci as? A l i ção essenci alda art epopul aréque es t a éreal i zada como uma at i vi dadedent r o da vi da,queo home mem não dever eal i zar secomo moart i st asenãocomo mohome mem. m. Nomundomoder no,pri nci pal ment enospaí sescapi t al i st asdesenvol vi dos enospaí sesem pr ocessorev ol uci onári o,há si nt oma masal arma mant es,si nai s evi dent esquepressagi am umamudança.Di rí amo mosquecome meçaasur gi ra 10
possi bi l i dade de super aressa t r adi ci onaldi ssoci ação.Não são si nt oma mas pr ovocadospel aconsci ênci a,maspel apr ópri ar eal i dade.Gr andepart eda bat al hadaart emodernaé,def at o,par a“ democr at i zar ”aart e.Queout r a coi sa si gni fica comb mbat erasl i mi t ações do gost o,a art epara museus,as l i nhas marcadament e di vi sór i as ent r e cr i adore públ i co? Que é hoj ea bel eza?Ondeseencont r a?Nosr ót ul osdesopasCampbel l ' s,nat ampade umal at adel i xo?Nos “ Publ i caçãopart i cul arme ment edest i nada muñe q ui t o s ”( a cr i ançascom hi st ori nhasou pi adasquesão narr adasporvi nhet asou quadr oscont endoi l ust r açõeset ext osem ger al . N doT. ) ?Sepr et endehoj e at équest i onaroval ordeet erni dadenaobr adeart e?Qu Quesi gni ficam essas escul t ur as,apareci das em r ecent esexposi ções,f ei t asdebl ocosdegel oe que,porconseqüênci a,sederr et em enquant oopúbl i coasobser va?Nãoé - ma mai s que a desapari ção da art e - a pret ensão de que desapareça o espect ador ?E oval ordaobr acomo moval ori rr eprodut í vel ?Têm menosval or ar eproduçãodenossoscharmososcart azesqueoori gi nal ?E oquedi zer dasi nfini t ascópi asdeum fil me?Nãoexi st eum af ãporsal t arabarr ei r a daart e“ el i t ári a”nessespi nt oresqueconfiam aqual querum,nãoj áaseus di scí pul os,part e da r eal i zação da obr a? Não exi st ei gualat i t ude dos comp mposi t or escuj asobr asper mi t em amp mpl al i ber dade a seusexecut ant es? Nãohát odaumat endênci anaart emo moder nadef azerpart i ci parcadavez mai s ao espect ador? Se cada vez part i ci pa mai s,aonde cheg ar á? Não dei xar á,ent ão,de serespect ador? Não é est e ou não deve serest e,ao menos, o desenl ace l ógi co? Não é es t a uma t endênci a col et i vi st ae i ndi vi dual i st a ao mes mo t emp mpo? Se se i mpl ant a a possi bi l i dade da part i ci pação de t odos,não se est á acei t ando a possi bi l i dade de cr i ação 11
i ndi vi dualquet emo most odos?Qu QuandoGr Gr ot owskif al adequeot eat r odehoj e deve serde mi nori as não seequi voca? Não é j ust ame ment e o cont r ári o? Teat r o da pobr eza não quer di zer na ver dade t eat r o do mai s al t o r efiname ment o? Teat r o que não necessi t a de vest uár i o, cenogr afia, maqui agem, i ncl usi ve cenári o. Não quer di zer i st o que as condi ções mat er i ai sr eduzi r ammseao máxi mo e que,desde esse pont o de vi st a,a possi bi l i dadedef azert eat r oest á ao al cancedet odos?E of at odequeo t eat r ot enha cada vezme menos públ i co não querdi zerque as condi ções começam aest armadur aspar aqueseconvert aem um ver dadei r ot eat r o dema massas?Tal veza t r agédi a do t eat r o sej a dequet enha chegado cedo dema mai saessepont odesuaev ol ução. Quandool hamo mospar aa Eur opanóscruzamo mososbr aços.Vemo mosavel ha cul t ur ai mpossi bi l i t adahoj ededarumar espost aaospr obl ema masdaart e. Na ver dade sucede que a Eur opa j á não pode r esponder de f or ma t r adi ci onale,aomesmo mot emp mpo,l heémui t odi f í ci lf azêl odeumamanei r a i nt ei r ame ment enova.AEur opaj ánãoécapazdedarparaomu mundoum novo “ i smo mo”e não est á em condi ções de f azer l os desaparecerpara sempr e. Pensamos ent ão que chegou o nosso moment o. Qu Que enfim os subdesenvol vi dospodem di sf ar çar sedehome mens“ cul t os” .É nosso mai or per i go.Essaénossamai ort ent ação.Esseéooport uni smo modeal gunsem nossoCont i nent e.Porque,ef et i vame ment e,dadooat r asot écni coeci ent í fico, dada a pouca prese nça das massas na vi da soci al ,ai nda assi m est e Cont i nent epoder esponderdef orma mat r adi ci onal ,querdi zer ,r eafirmandoo concei t oeapr át i ca“ el i t ári a”naart e.E t al vezent ãoaver dadei r acausado apl ausoeur opeu aal gumasdenossasobr as,l i t er ári asef í l mi cas,nãosej a 12
out r aqueadeumacert anost al gi aquel hesprovocamo mos.Depoi sdet udoo europeu não t em out r a Eur opa a quem vol t aros ol hos.Ent r et ant o,o t er cei r of at or ,omai si mport ant edet odos,aRevol ução,est ápr esent eem nós como em nenhuma ma out r a par t e. E el a si m é nossa ver dadei r a oport uni dade.É aRevol uçãooquet ornapossí velout r aal t ernat i va,oque pode of er eceruma r espost a aut ent i came ment e nova, o que nos per mi t e varr er de uma vez e par a sempr e com nossos concei t os e pr át i cas mi nori t ári as na art e.Por queéa r evol ução eopr ocessor evol uci onári oa úni cacoi saquepodet ornarpossí velapr esençat ot alel i vr edasmassas. Por que a presença t ot al e l i vr e das massas ser á o desapareci ment o defini t i vodaest r ei t adi vi sãodot r abal ho,dasoci edadedi vi di daem cl asses e se t or es.Por i sso par a nós a Rev ol ução é a expr essão mai s al t a da cul t ur a, por que f ar á desapar ecer da cul t ur a art í st i ca como mo cul t ur a f r agme ment ári adohome mem. Par aessef ut ur ocert o,paraessaper spect i vai nquest i onável ,asr espost as no pr esent e podem ser t ant as quant as paí ses exi st em em nosso cont i nent e.Cada part e,cada mani f est ação art í st i ca dever á achara sua pr ópri a,post oqueascar act erí st i caseosní vei sal cançadosnãoi guai s. Qualpodeseradoci nema macubanoem part i cul ar ? Par adoxal ment epensamosque ser á uma nova poét i ca enãouma nova pol í t i ca cul t ur al . Poét i ca cuj a ver dadei r a final i dade ser á, ent r et ant o, sui ci dar se,desapar ecercomo mot al . Ar eal i dade,ao mesmo mot emp mpo,éque ai nda exi st i r ão ent r e nós out r as concepções art í st i cas ( que ent endemo mos, al ém di sso, produt i vas par a a cul t ur a) como exi st em a pequena 13
pr opri edadecamp mpesi naear el i gi ão.Masécert oqueem mat ér i adepol í t i ca cul t ur alencont r amo mos um probl ema ma séri o:a escol a de ci nema ma.É j ust o segui r desenvol vendo especi al i st as de ci nema?
No mome ment o parece
i nevi t ável .E qualser á nossaet er na ef undame ment all avr a? Osal unosdas Escol asdeArt eeLet r asdaUn Uni ver si dade?E nãot emo mosquepl anej ardesde agorasedi t aescol adever át erumavi dal i mi t ada?O queper segui moscom aEscol adeArt eseLet r as?Fut ur osar t i st asem pot enci al ?Fut ur opúbl i co especi al i zado? Não t emo mos que i rper gunt ando sedesde agor a podemo mos f azeral go para i racabando com essa di vi são ent r e cul t ur a art í st i ca e cul t ur a ci ent í fica? Qualéo ver dadei r o pr est í gi o da cul t ur a art í st i ca?De ondevem essepr est í gi oque,i ncl usi ve,t ornapossí velmonopol i zarpar asi o concei t ot ot alde cul t ur a? Não es t á baseado,por acaso,no enorme me pr est í gi oquegozara semp mpr eo espí ri t oaci ma docorpo?Não set em vi st o sempr e à cul t ur a art í st i ca como mo uma part e espi ri t ualda soci edade e à ci ent í ficacomo moseu corpo?A r ej ei çãot r adi ci onalaocorpo,àvi damat eri al , aosprobl ema masconcr et osda vi da mat er i al ,não sedevem t amb mbém a que t emo mos o concei t o de que as coi sas do espí ri t o são mai s el evadas,mai s el egant es,mai sséri as,mai spr of undas?Nãopodemo mos,desdej á,i rf azendo al go par a acabarcom essa art i fici aldi vi são? Não podemo mos i rpensando desdeagor aqueocor poeascoi sasdocor posãot amb mbém el egant es,quea vi damat eri alt ambém ébel a?Nãopodemosent enderque,nar eal i dade,a al ma est á no corpo,como mo oespí ri t o na vi da mat er i al ,como mo –para f al ar i ncl usi ve em t er mos est ri t ame ment e art í st i cos -o f undo na super f í ci e,o cont eúdo na f or ma? Não devemo mos pr et enderent ão que nossos f ut ur os al unose,port ant o,nossosf ut ur osci neast assej am ospr ópri osci ent i st as 14
( sem que dei xem de at uarcomo mo t ai s,desde j á) ,os pr ópri os soci ól ogos, médi cos, economi st as, agr ônomo mos, et c. ? E
por out r o
l ado,
si mul t aneame ment e, não devemos t ent ar o mesmo par a os mel hor es t r abal hador esdasme mel horesuni dadesdo paí s,ost r abal hador esquema mai s est ão sesuper ando educaci onal ment e,quema mai sest ão sedesenvol vendo pol i t i came ment e?Parecenosevi dent equesepossa desenvol verogost o das massasai nda queexi st a a di vi sãoent r easduascul t ur as,ai nda queas massasnãosej am asver dadei r asdonasdosme mei osdepr oduçãoart í st i cas? A r evol ução nos l i ber ou como set or art í st i co. Não nos par ece compl et ame ment el ógi coquesej amo mosnósm me es mosquem cont ri bui r ácom a l i ber ação dos mei os pri vados de produção art í st i ca? Sobre es t es pr obl ema mas,nat ur al ment e,haver áquesepensaredi scut i rmui t oai nda. Uma nova poét i capar a o ci nema se r á,ant esdet udo esobr et udo,uma poét i ca " i nt er essada" ,uma art e" i nt er essada" ,um ci nema ma consci ent ee r esol ut ame ment e" i nt er essado" ,querdi zer ,um ci nema ma i mper f ei t o.Uma art e " desi nt er essada" ,como mo pl ena at i vi dade est ét i ca,j á só se poder áf azer quando f oropúbl i coquem f açaàart e.A art ehoj edev er áassi mi l aruma cot adet r abal honoi nt er essedequeot r abal hováassi mi l andoumacot a daart e. A di vi sa dest eci nema i mperf ei t o( quenão há quei nvent arpor quej áf oi cr i ada) é: " Não nos i nt er essam os probl ema mas dos neurót i cos, nos i nt er essam ospr obl ema masdosl úci dos" ,como modi ri aGl auberRocha. Aart enãonecessi t amai sdoneur ót i coedeseuspr obl emas.É oneur ót i co quem seguenecessi t andodaart e,eo necessi t acomo moobj et oi nt er essado, 15
como moal í vi o,como mopr et ext oou,como modi ri aFr eud,como mosubl i maçãodeseus pr obl ema mas.O neur ót i copodef azerart ema masa art enãot em porquef azer neur ót i cos.Tradi ci onal ment e se consi der ou que os pr obl ema mas para art e não es t ão nossãos,masnosdoent es,não es t ão nosnor mai s,masnos anor mai s,nãoest ãonosquel ut am, m,masnosquechor am, m,nãoest ãonos l úci dos,mas nos neur ót i cos.O ci nema ma i mperf ei t o es t á mudando es t a i mposi ção.É noenf er moenãonosadi oem quem mai sacr edi t amo mos,em quem mai sconfiamo mos,por queasuaver dadeapuri ficao seu sof ri ment o. Ent r et ant oosof ri ment oea el egânci anãot êm porqueser em si nôni mos. Hát odavi aumacor r ent enaart emo moder na–r el aci onada,sem dúvi da,com at r adi çãocr i st ã-quei dent i ficaaser i edadecom osof ri ment o.O f ant asma ma deMar ( " Cami mi l l e"( " A Dama madasCamél i as"( t í t ul onoBr asi l ) g ar i t aGaut hi e r ou " Margari daGaut hi er "( t í t ul oem Port ugal )éum fil menort eame mer i cano de1937,dogêner odr ama ma,di ri gi doporGeor geCukoreest r el adoporGr et a Garbo eRobertTayl or .N.Do T. )i mpr egna ai nda a at i vi dadeart í st i ca de nossosdi as.Sóoquesof r e,sóoqueest ádoent e,éel egant eeséri oeat é bel o.Sónel er econhecemosapossi bi l i dadedeumaaut ent i ci dade,deuma seri edade,de uma si nceri dade.É necessári o que o ci nema ma i mper f ei t o acabecom essat r adi ção.Afinal ,não sóas cr i anças,t amb mbém osadul t os nasceram par aserf el i zes. O ci nema ma i mper f ei t o acha um novo dest i nat ári o nos que l ut am. m.E,nos probl ema mas dest es, encont r a sua t emá mát i ca.Os l úci dos, par a o ci nema ma i mperf ei t o,sãoaquel esquepensam esent em que vi vem em um mundo quepodem mudar ,que,apesardos probl ema mas edas di ficul dades,es t ão convenci dos que o podem mudar , que, apesar dos pr obl emas e das 16
di fic ul dades,
est ão
conv enci dos
que
o
podem
mudar
e
r evol uci onari ame ment e.O ci nema mai mper f ei t onãot em, m,ent ão,quel ut arpara f azerum públ i co.Aocont r ári o.Podedi zer seque,nest emo mome ment o,exi st e mai s“ públ i co”paraum ci nema madest anat ur ez aqueci neast aspar aodi t o “ públ i co” . O quenosexi geest enovoi nt er l ocut or ?Umaart ecarr egada deexempl os mor ai s di gnos de ser em i mi t ados? Não.O home mem é mai s cri ador que i mi t ador .Porout r ol ado,osexemp mpl osmo morai séel equenospodedar .Sepor acasopodenospedi rumaobr amai spl ena,t ot al ,nãoi mport asedi ri gi da conj unt a ou di f er enci adame ment e,à i nt el i gênci a,à emo moção ou à i nt ui ção. Podenospedi rum ci nema dedenúnci a?Si m enão.Não,sea denúnci a est á di ri gi da aos out r os, se a denúnci a é concebi da para que se comp mpadeçam denóset ome mem consci ênci a osque não l ut am. m.Si m,sea denúnci a servecomo moi nf or mação,como mot est emunho.Como mouma ar maa mai s de combat e para os que l ut am. m.Denunci ar o i mper i al i smo mo,para demo monst r arumavezmai squeém ma au?Paraquêseosquel ut am j ál ut am pri nci pal ment e cont r aoi mperi al i smo mo? Denunci ar o i mperi al i smo mo mas, sobr et udo,naquel esaspect osqueof er ecem apossi bi l i dadedepl anej ar l hes comb mbat es concr et os.Um ci nema,por exempl o,que denunci e aos que buscam os“ passosper di dos”deum capangaquet êm quej ul gar ,seri aum excel ent eexemp mpl odeci nema madenúnci a. Ao ci nema i mperf ei t o ent endemos que exi ge, sobr et udo, most r ar os processosdospr obl ema mas.Querdi zer ,o cont r ári o a um ci nema ma que se dedi que f undament al ment e a cel ebraros r esul t ados.O cont r ári o a um 17
ci nema ma aut osufici ent e e cont emp mpl at i vo.O cont r ári o a um ci nema que “ i l ust r a bel ame ment e”as i déi as ou concei t os que j á possuí mos.( A at i t ude nar ci si st anãot em nadaa vercom osquel ut am) m) .Most r arum processo nãoépr eci sament eanal i sál o.Anal i sar ,nosent i dot r adi ci onaldapal avra, i mpl i casemp mpr eum j uí zopr évi o,f echado.Anal i sarum pr obl ema maémo most r ar i o r ia o probl ema ma ( não seu processo)i mpregnado de j uí zosqueger a a pr
pr ópri aanál i se.Anal i sarébl oqueardeant emã mãoapossi bi l i dadedeanál i se do i nt er l ocut or .Most r aro pr ocesso deum probl ema ma ésubmet êl o a um j uí zo,sem emi t i rodi scur so.Háum t i podej ornal i smoqueconsi st eem dar ocoment ári oma mai squeanot í ci a.Háout r ot i podej ornal i smo moqueconsi st e em dar as not í ci as val or i zandoas porém at r avés da comp mposi ção ou pagi naçãodoj ornal .Most r aropr ocessodeum pr obl ema maécomo momo most r aro desenvol vi ment opr ópri odanot í ci a,sem ocome ment ári o,écomo momo most r aro desenvol vi ment o pl ur al i st a - sem val ori zál o - de uma i nf ormação. O obj et i vo é a sel eção de um probl ema ma condi ci onada pel oi nt er esse do dest i nat ári o,queéosuj ei t o.O obj et i voseri amost r aropr ocesso,queéo objeto. O ci nemai mper f ei t oéumarespost a.Por ém t amb mbém éumaper gunt aque i r áencont r andosuasr espost asem seupr ópri odesenvol vi ment o.O ci nema ma i mper f ei t opodeut i l i zarodocument ári oouaficçãoouamb mbos.Podeut i l i zar um gêner oou out r oou t odos.Podeut i l i zaroci nema macomo moart epl ur al i st a ou como expressão especí fica. Par a el eéi gual . Não são es t as suas al t er nat i vas,nem seuspr obl ema mas,nem mui t omenosseusobj et i vos.Não sãoest asnem asbat al hasnem aspol êmi mi casquel hei nt er essal i ber t ar .
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O ci nema mai mper f ei t opodesert amb mbém di ver t i do.Di ver t i doparaoci neast a epar aoseunovoi nt er l ocut or .Osquel ut am nãol ut am àmar gem davi da masdent r o.A l ut aévi daevi cever sa.Nãosel ut apara“ depoi s”vi ver .A l ut aexi geumaor gani zaçãoqueéaorgani zaçãodavi da.Ai ndaque,naf ase mai sext r ema ma,como moéa guer r at ot aledi r et a,avi daseorgani za,oqueé organi zaral ut a.E navi dacomo monal ut ahádet udo,i ncl usi veadi ver são. O ci nema mai mper f ei t opodedi ver t i r se,pr eci same ment e,com t udoaqui l oqueo nega. O ci nema mai mperf ei t onãoéexi bi ci oni st anodupl osent i dol i t eraldapal avra. Nãooénosent i donarci si st a;nem oénosent i dome mer cant i l i st a,querdi zer , nomarcadoi nt er essedeexi bi r seem sal asou ci r cui t osest abel eci dos.Há que l emb mbrar que a mort e art í st i ca do vedet i smo mo nos at or es r esul t ou posi t i vame ment eparaaart e.Nãohápor queduvi darqueodesapar eci ment o do vedet i smo mo nos di r et or es possa of er ecer per spect i vas si mi l ares. Just ame nt eoci nemai mperf ei t odevet r abal har ,desdej á,em conj unt ocom soci ól ogos, di ri gent es r evol uci onári os,psi cól ogos,economi mi st as,et c.Por out r ol ado o ci nema ma i mper f ei t or echaça osservi çosda cr í t i ca.Consi der a anacrôni caaf unçãodeme medi ador esei nt er medi ári os. Ao ci nema i mperf ei t o não i nt er essa mai s a qual i dade nem a t écni ca.O ci nema mai mper f ei t opodef azerome mes mocom umaMi Mi t chel louumacâme mer a8 mm.O mesmosepodef az erem um est údi o,quecom umaguer ri l ha no mei o da sel va. Ao ci nema i mper f ei t o não i nt er essa mai s um gost o det er mi nadoemu mui t ome menoso“ bom gost o” .Daobr adeum art i st anãol he i nt er essama mai sencont r araqual i dade.A úni cacoi saquel hei nt er essade 19
um art i st aésabercomo morespondeàsegui nt eper gunt a:Quef azparasal t ar a barr ei r a de um i nt er l ocut or “ cul t o” e mi nori t ári o que at é agor a condi ci onaaqual i dadedesuaobr a? O ci neast adessanovapoét i canãodevev ernel aoobj et odeumareal i zação pessoal .Devet ert amb mbém desdej á,out r aat i vi dade.Devehi er arqui zarsua condi çãoou suaapari çãoderevol uci onári oaci madet udo.Devet r at arde r eal i zar se,em umapal avr a,como mohome mem enãosócomo moart i st a.O ci nema ma i mper f ei t o não pode esquecer que o seu obj et i vo essenci al é o de desaparecercomo monovapoét i ca.Nãoset r at ama mai sdesubst i t ui rumaescol a porout r a,um i smo moporout r o,umapoesi aporumaant i poesi a,senãode que,ef et i vame ment e,cheguem a sur gi rmi mi lflor es di st i nt as.O f ut ur o é do f ol cl or e.Não exi bamosmai sof ol cl or ecom or gul ho dema magógi co,com um car át ercel ebr at i vo,e xi bamol os mai s como mo uma denúnci a cr uel ,como mo t est emu munho dol or oso do ní velqueospovos f or am obri gados a det erseu poderdecri açãoar t í st i ca.O f ut ur oser á,sem dúvi da,dof ol cl ore.Porém, m, ent ão,j á não haver á necessi dade de chamá mál o ass i m por que nada nem ni nguém poder ávol t araparal i zaroespí ri t ocri adordopovo. Aart enãovaidesapar ecernonada.Vaidesapar ecernot udo. Havana, 7 de dezembro de 1969. * Texto que influenciou o Manifesto de los Cineastas de la Unidad Popular .
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Extraído de: Hablemos de cine , n !!"!6, #ima, $et"dez, 197%. &'. (7)+.
e'roduzido em: -/0 E&023, 4. Por un cine imperfecto . /araca$: ocinante, 197%. &'. 11)(+ e 555555555. La doble moral del cine . adri: E0/T"3llero 8 amo$, 1996. &' 1()+. Texto traduzido 'or #uzilene /ardo$o de ouza e #uciano 4o$ de ;reita$, a 'artir de oriniver$it?ria do udiovi$ual, e di$'onível no endere@o eletrAnico: =tt':""BBB.uf$car.br"rua"$ite"'C(%6! .
Sobre o autor: Julio García Espinosa (nascido em 1926) é um diretor de cinema cubano e roteirista. Ele dirigiu uator!e "ilmes entre 19## e 199$. Seu 196% "ilme &s &'enturas de Juan uin uin "oi inserido no esti'al de *inema de #+ ,osco- nternational. ("onte /i0ipedia)
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