Os Aspectos Destrutivos da Dependência nas Relações Amorosas Aut or :Chr i st i aneSouzadeAndr adeSi l va a |Publ i cadonaEdi çãode:Set emb mbr ode2013 Cat egori a:P :Ps i c ol ogi aCl í ni c a o
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Re s u mo mo : O
pr esent e ar t i go t em como mo pont o de par t i da anal i saros aspect os dest r ut i vos da dependênci a amo mor osa.Pr et endemos f azer uma ma expl anaçãosobr eadependênci aaf et i vadesdeseupr ocessodef or maçãoat é suasr eper cussõesna vi dado i ndi vi duo.Consi der amosr el evant ef al arsobr e um t i podeamo morquepr ovoca,par amui t os,sof r i ment opsí qui co,ansi edadee queem mui t assi t uaçõespr eenchem sessõesdepsi cot er api aemudançade umar ot i naf unci onalpar auma madi sf unci onal .Dent r odamesma mal i nhat emát i ca f al ar emo mosdoapegocomo moobj et odevi ncul açãoeuma madaspr i nci pai scausasda f or maçãodadependênci a.Def ender emo mosqueum ví ncul omalf or madocom a pr i nci palfigur adeapegonai nf ânci at r ar i at r anst or nosnosr el aci onament osna vi daadul t a.O vi ci oaf et i vopossuicar act er í st i cascomoqual querout r aadi cção epar ai ssopr eci sadeum ol hari ndi vi dual i zado,di f er ent edeout r aspat ol ogi as. Abor dar emo moscomp mpl eme ment ar ment eospr ocessosque envol vem ai deal i zação do amo more como mo est ão associ adas à dependênci a af et i va.Não t emo mos a pr et ensão de anal i sarcom ef ei t o de j ul game ment o os ef ei t os de um amo mor dependent e,l emb mbr amo mosant esdi ssoque,em mui t oscasosadependênci aé úni cor ecur soque o suj ei t o pode l ançarmão em det r i ment o de sua saúde psí qui ca. Pa l a v r a s c ha v e : Dependênci a
af et i va, Apego, Adi cçao, I deal i zação
amo mor osa. Ot ema ma par a est e ar t i go sur gi u da i nqui et ação sobr e al guns model os confli t ant esder el aci oname ment osamo mor ososeosf at or esquel evam ospar cei r os af azer as escol has com quem se vi ncul ar ão af et i vame ment e.Par ai sso, ut i l i zar emo moscomo mopont odepar t i daadependênci aaf et i vaquer evel acomo moo i ndi ví duoseapoi aeconfianoout r opar asuaexi st ênci ae,por t ant o,possuiuma r ef er ênci adi sf unci onal .Sabemosqueconst r uí mosnossaaf et i vi dadedesdeo moment opr i már i o,nor el aci onament opr of undoent r emã mãeefil honaspr i mei r as
f ases da vi da, e que qual quer quebr a nessa r el ação pode i nfluenci ar negat i vament e na f or ma como o suj ei t oi r á se r el aci onarcom o out r o.A dependênci aaf et i vaéum dosf at or esquef azem osconsul t ór i ospsi col ógi cos est ar em abar r ot ados.Nem sempr easpessoasconseguem l i darcom of at ode est ar só e veem no out r o a esper ança,mesmo que a r el ação est ej a compl et ament ef adadaaoi nsucessoeor ompi ment oemi nent e.O apegoacaba ger andomai ssof r i ment oeum gast odi spendi osodeener gi a,t r ansf or mandoos r el aci onament osno“ maldoamor ” . Def ender emos t ambém como a dependênci a af et i va est ál i gada ao c ç ão[ t er moadi 1]que comument e é associ ada à dependênci a quí mi ca,mas t em mui t ar el açãocom adependênci aaf et i vaemoci onal ,umavezqueenvol ve aadoçãopat ol ógi cadeum obj et oquenãonecessar i ament eadr ogasi nt ét i ca, o ál coolou o t abaco,na t ent at i va f r ust r ada de l i darcom seus confli t os psí qui cos.Nodependent eaf et i vonãodevemosnosat eruni cament eem sua dependênci a,mascomo aspessoasenvol vi dasi nt er nal i zar am seusobj et os pr i már i oseat équepont onecessi t am compensarassuasf al t as. No segundo moment o abor dar emos a expect at i va cr i ada pel o amor i deal i zadoeoamorr eal ,ondedi ant edenossaspr i mei r asaspi r açõesi nf ant i s embasadas pel o amor que vi venci amos em nossas f amí l i as de or i gem t r ansf er i moseoi deal i zamoscom ospar cei r os.Nessescasosodesf echoé sempr eomesmo,f r ust r açãoeconfli t onamai orpar t edasvezes,porquer er f or çarumasi t uaçãoouum mododeserquenãocor r espondear eal i dade,e si m aumaf ant asi ager adanoi nconsci ent e. Ent endemos ent ão,que t odo ví ncul o amor oso t em i nt er f er ênci a das r el açõespr i már i asedocont ext of ami l i ar ,deum padr ãovi ncul arqueoi ndi ví duo desenvol veapar t i rdesuai nt erei nt r asubj et i vi dade,causandodependênci a,na r el ação com out r o.Desej amossempr e um amori deal ,maso pr ocesso de mat ur i dadeexi geumaadequaçãodasf ant asi asàr eal i dade. O homem vi vei nt ensament eabuscadaconexãot ot al ,aquel esent i ment o dei nt egr açãoquet emosnoút er o.A pr ocur adesseest ági osubl i mepodeser um at o de saúde ou doença, e que a t emos f r agment adament ee i nconsci ent ement eat r avésdo sexo,da r el i gi ão,dasdr ogas,da dependênci a af et i va.O f at o éque quer emos i ncansavel ment e vi verasf ant asi as de uma i nf ânci a sem fim.Tr at ase de uma r ecusa neur ót i ca ao cr esci ment o.Ao buscar mosgr at i ficarnossodesej odeuni ãot ot al ,queéum desej oquet odos t êm, el es t endem a ser vi vi dos de f or ma passagei r a, ger ando assi m exper i ênci asi nt ensas,massuper fici ai squeapr of undam enãoameaçam nosso eu.
Est r ei t arl açosaf et i vosequi val eacenderum si naldeal er t aquet em uma mensagem subl i mi nar de sof r i ment o por que vi ncul ação i mpl i ca em gr at i ficaçõeseper das.Adependênci aemoci onalt i r adosuj ei t oapossi bi l i dade deserel emesmo,sem dúvi daumar el açãoquei mpl i queoani qui l ament odo eupodeger aransi edadedeani qui l ament o. Ent r egar nosdef or madesmedi daporamorouqual querout r af or made pai xãopodenospar ecerumaper daenãoumavant agem.Comoépossí vel quesej amost ãopassi vos?Tãosem cont r ol e?Comof azerpar anosencont r ar novament e? Aoserconsumi do poressasansi edadesosuj ei t opodeer guer mur osi nt r ansponí vei senãof r ont ei r as,i sol andosedequal querexper i ênci ade ent r egaemoci onalver dadei r a.Si m,por queof at odeumapessoavi veruma r el ação amor osa si mbi ót i ca não i mpl i ca que houve ent r ega emoci onal saudável ,oqueseconfigur anesset i poder el açãoseapr oxi madapat ol ogi a.É oqueMar t i ns( 2009)chamader el açãof usi onal ,par aaaut or aem consonânci a com vár i ost eór i cos,ar el açãof usi onalser vi r ácomobasena const r uçãode nossadi nâmi caemoci onali nconsci ent e,nabuscadonossoobj et odeamore desej o. Hápes so asque f us i onam em ex ce ss oco m ocompanhei r oevi v em umadependê nc i a ext r ema,por quepr ovavel ment evi ver am umasepar açãoouumar el açãomui t ocur t acom a mã ed ur a nt ee s s emo me nt oi n i c i a l .Vi v e mn osr e l a c i o na me nt o sa t u ai s ,u md es l o c ame nt o de af et os mat er nos com t odasasconsequênci asa que i ssol eva,t ant o no t empo da r el ação comonassepar ações,quet endem aserdr ást i caseavassal ador as,l evandoà vi ol ênci a,àdepr essãoeàconexãocom omedodeper ders uapr ópr i asensaçãodeser al guém nomundo,separ adodoout r o( MARTI NS,2009,p. 278) .
Ri so( 2011)j ádi zi aquedependerdeumapessoaqueseamaéumaf or ma de se ent er r arna vi da,of er t amos del i ber adament e nosso amor pr ópr i oa al guém.Quandoadependênci aest ápr esent e,um at odecar i nho,naver dade, vem embut i daaexpect at i vader et r i bui çãoet er na,i dei adequeapessoaest á sempr eem f al t aeanecessi dadedequer ersempr emai s,poi spormai squese r eceba,sempr epar eceseri nsufici ent e. Quando uma cr i ança cr esce,sent i ndo que a mani pul ação é necessár i a par aobt eroquequer ,cr i aseumasi t uaçãol ament ável .Quandoadul t o,pode se t or narenvol vi do numa t ei ai nt r i ncada de ameaças vel adas e poses de desampar o.O mai st r i st eéquesempr enossent i mosdesol adosno í nt i mo. Quando consegui mos al guma coi sa de manei r ai ndi r et a,essasvi t ór i as são vazi as,enãoaument am nossaconfiançaeamorpr ópr i o. Padr ões de comuni cação que as cr i anças apr endem no i ní ci o do desenvol vi ment o são mar avi l hosament e út ei s e apr opr i ados as si t uações cor r ent esdavi da.Mas,deum modoger al ,sur gem pr obl emasquandosol uções
ant i gassãoapl i cadasasi t uaçõesnovas.O queer aapr opr i adocom um pai podeserdest r ut i vocom um namor adoadul t o. Éf undament alr econhecerqueogat i l hol at ent enocompor t ament odej ogo é o medo de não consegui ro que se pr eci sa.Todosmer ecem t ersuas necessi dades bási cas at endi das.O pr obl ema não est á nas necessi dades pr opr i ament edi t as,massi m nosmei osapr opr i adosdesat i sf azêl as.É t ol i ce acr edi t arqueoj ogoéum mei ovi áveldeal cançaresseobj et i vo.Nãoé,ser ve apenaspar aal i enareaf ugent araspessoas. Um dosper cussor esdat eor i adoapego,JohnBowl by,desenvol vei dei as cent r ai s par a compr eendercomo os ser es humanos i nt er agem e porque al gumascr i ançascr escem f el i zeseaut oconfiant es,enquant oout r ascr escem ansi osasedepr i mi daseout r as,ai nda,emoci onal ment ef r i aseant i ssoci ai s. O aut or define o compor t ament o de vi ncul ação como um conj unt o i nt egr adode si st emascompor t ament ai s,quevi saàobt enção de segur ança pessoale t em suasor i gens na i nf ânci a( BOWLBY apud RODRI GUES e CHALHUB,2010) .Foir eal i zadoum est udoquepr ocur ou i nvest i garoef ei t o noci vo que acompanha a separ açãode cr i ançaspequenas dassuasmães apóst er em f or madoví ncul oemoci onalf or t e,acr i ançat er i amai ordi ficul dade com asepar açãoeessepoder i aserum dosf at or esel i ci adordepr obl emas amor ososno f ut ur o.Com o t empo,expandi mososnossosaf et osa out r as pessoasaf r ouxandoum poucool açosi mbi ót i co.Assi m,nat ur al ment edásea passagem dopapelant esocupadopel ospai spar amani f est ar seem um ami go e,quandosur geum parr omânt i co,est esi st emadeapegoencont r aseunovo por t odeancor agem,sempr ebuscandopr eencherumal acunanoseui nt er i or . Rodr i gueseChal hub( 2010)f al am queem vi r t udedasi nt er açõesquea pessoavi venci adur ant eai nf ânci aháumagr andei nfluênci apar ael aesper ar ounãoumabasepessoalsegur a,bem comoacondi çãopar aest abel ecere mant erl açosaf et i vosgr at i ficant es.El esf al am ai ndaquesej am quai sf or em essasi nt er açõesi ni ci ai s( segur o,i nsegur oansi oso,i nsegur oambi val ent e)as quepr i mei r oseest abel ecem sãoasqueper si st em dur ant esuavi da. Osi nd i v í d uoss eg ur o sap r esent am i nt er açõesmai ssegur aspornãot er em
encont r adogr andesdi ficul dadesde r el aci onament o em suavi da passadae dessa f or ma ficar ão mai s nat ur ai s e conf or t ávei s no r el aci onament o com t e r c e i r o s . Os i n di v í du os i ns e gur o sse sent i r ão mai s a vont ade em t ar ef as que o
i sol am docont at ocom t er cei r os.Suasegur ançamai orest áem t r abal hosque envol vam umar el açãomai sdi r et acom oobj et odoquecom aspessoas.
i am osque mai sseenquadr am em Osi ndi v í d uosamb i v a l e nt e sque ser nosso obj et o de est udo,porsempr et er em vi vi do em uma mont anhar ussa emoci onal ,acabam di r i gi ndoseusaf et osut i l i zandosedasmesmasdi f er ent es est r at égi as de mani pul ação usadasporseuscui dador es a out r as pessoas, mant endo seuspadr õesde l i gação ant er i or ese aut oest i ma em ní vei smai s bai xos,pr opi ci ando dessa f or ma uma pr obabi l i dade el evada à dependênci a af et i v a. Umabasede l i gaçãoi nsegur aansi osa ser i ar evel adapel aexposi ção de umaou mai s agent es est r essor es: ausênci a de cui dados e/ ou r ej ei ção; descont i nui dade da par ent al i dade( per í odosdei nt er naçãoem hos pi t aloui ns t i t ui ç ão) ;ameaç asper s i s t ent es porpar t edospai sdenãoamar ,c omomei odec ont r ol e;ameaç adeabandono,mor t eou s u i c í d i oei n du ç ão d ec u l p a àc r i a nç a .Qu al q ue rd es s a se x pe r i ê nc i a sp od el e v a ru ma cr i ança,um adol escent eou um adul t oa vi verem const ant eansi edade,com medo de per ders ua fi gur a e,porc ons egui nt e,t erum bai x ol i mi arpar a a mani f es t aç ão do co mpor t ament odel i gaç ão( BOWLBYapudRODRI GUESeCHALHUB,2010,p. 6) .
Essaéumadaspr i nci pai sr azõespel aqualopadr ãoder el açõesf ami l i ar es queumapessoaexper i ment adur ant eai nf ânci aser evest edeumai mpor t ânci a t ãodeci si vapar aodesenvol vi ment odaper sonal i dade.Abaseapar t i rdeonde um adul t ooper aser ásuaf amí l i adeor i gem,ouent ão,umanovabasequeel e cr i oupar asimesmo,equal queri ndi ví duoquenãopossuat albaseéum ser sem r aí zesei nt ensament esol i t ár i o. O quedeveserconsi der adoéqueháumagr ander el açãocausalent r ea vi vênci a de um i ndi vi duo com seus pai se sua capaci dade de est abel ecer ví ncul osaf et i vos,equecer t asvar i açõescomunsdessacapaci dade quese mani f est am em pr obl emasconj ugai seem di ficul dadescom osfil hos,podem ser at r i buí das a cer t as var i ações comuns no modo como os pai s desempenhar am seuspapéi s. Um t er mo que est ái nt i mament er el aci onado a dependênci a é Adi cção ant esr est r i t oaocampodasdependênci asquí mi cas.Amar cadaadi cçãoéa buscaobr i gat ór i apel oobj et o,qual querobj et o,quedesi gnar ánessabuscaa r epet i ção dos at os suscept í vei s de pr ovocarpr azer ,por ém mar cados pel a dependênci aaum obj et omat er i alouaumasi t uaçãodebuscaeconsumocom avi dez( PEDI NI ELLE;ROUAN;BERTAGNEapudPOSTI GO,2010) . Essa avi dez,esse car át ercompul si vo,apar ece de f or ma vi ol ent a na adi cção:t r at asedeumar el açãoaoqualexi st eaescr avi dãodeum suj ei t oa um obj et o,que possuium car át er“ i mper at i vo” ,obr i gat ór i o,que domi na a r el açãoecompel eosuj ei t oabuscari ncessant ement eomesmoobj et o.Esse car át ercompul si vodet er mi naadependênci a.O pr ópr i ot er moadi cçãoder i va c c t uest do gr egoadi ando associ ado à escr avi dão e ser vi dão, j unt o h osque r com Pat emet e a pai xão e passi vi dade car act er i zando
et i mol ogi cament eot er mo adi cção em sua i dei a or i gi nal ,que é o i ndi vi duo acomet i dodef or t epai xãopassi vaaum obj et o,t endendoaser vi dãoael e.Na compr eensãodapai xão,oapai xonadovi ver i aanecessi dadedef azerper dur ar umar el açãoant i quadadef usãoesubmi ssãol i gadaasfigur aspar ent ai st i das comooni pot ent es,em queoobj et odepai xãosai r i adaor dem dodesej oeda l i vr eescol hapar acol ocar senaor dem danecessi dade.Post i go( 2010)afir ma queosuj ei t obusca,noobj et odapai xãoamor osaumaf or madecur apar aas suasf r agi l i dadesegói cas,nat ent at i vadenegaroseudesampar or epr esent ado o obj et o da pai xão é t omado como i nsubst i t uí vel . Na r adi cal i dade da dependênci aaoobj et o,osuj ei t oficanumasi t uaçãodeser vi dão. Deacor docom aper spect i vapsi canal í t i cadeFr eudencont r amosnat eor i a das pul sões ent endi ment o de como a adi cção se f or ma, at r avés da compr eensãodeum f unci onament opar adoxalnomecani smodecompul sãoà r epet i ção,acompanhamoscomoaadi cçãoéumar espost a,umat ent at i vade domi nação de um apassi vament o ant e a pul são,que é uma manei r a de r esponder , ai nda que pr ecár i a e el ement ar ao t r aumát i co advi ndo dos pr i mór di osdaconst i t ui çãodasubj et i vi dade( POSTI GO,2010,p.63) Par aodependent esej aqualf orseuobj et oel et em af unçãodepr azerpar a at enuarest adosaf et i vosi nt ol er ávei se,como t al ,é vi vi do,pel o menos no pr i mei r omoment ocomoum obj et obom. Op ar a do x oa pr e s en t a dop el oo bj e t oa di c t i v oéos e gu i n t e :a p es a rd es e up ot e nc i a la s v e z esl e t al ,e s t ás emp r ei n v es t i d oc omoo bj e t ob om p ore s t ao up oraq ue l ap ar t ed ame nt e . Qu al q ue rq ues ej ae s t eo bj e t ot e ms empr eoe f e i t od et or na rav i t i mad aa di c ç ãoc ap azde r eduzi rr api dament e,embor a de f or ma f ugaz,seu confli t o ment ale sua dorpsí qui ca ( MCDOUGALLapu dPOSTI GO,201 0,p.102 ) .
Dessaf or ma,mesmor econhecendoocar át ernef ast oquepodepr ovocara dependênci aaal guém,osuj ei t osent eopr azerdemant êl oper t o,poi sde al guma manei r a em sua psi que el e est á compensando ou subst i t ui ndo um bur aco que t ende a se t or narmai orse abandonál o.Como j á abor damos ant er i or ment e,essesbur acosemoci onai st em r el ação com a i nt er nal i zação mat er na,os obj et os de adi cção t er i am como f unção pr eencher a post o mat er nant e que t er i af al hado,ou mel hor ,pr eencheros suj ei t osadi ct osque t er i am f r acassadoem suat ent at i vadei nt r oj et araf unçãomat er na.At r avésda i ncapaci dade de i nt er nal i zação do suj ei t o na r el ação mat er na nasce “ obj et o m obj et odoqualosuj ei t onãoconseguesesepar arecom qual t r ans i t ór i o”éu vi ve uma dependênci a, ou mel hor , a pr ópr i a mãe vi ve um est ado de dependênci a que pr omovea dependênci a na cr i ança.O obj et o adi ct i vo,ou sej a,apessoapel aqualédi r i gi daapai xãoser i aent ãoum obj et ot r ansi t ór i o, uma vez que r esol ver i a moment aneament eat ensão psí qui ca at r avés de
sol ução somát i ca.O obj et odaadi cçãoé t r ansi t ór i o,poi sse f aznecessár i o subst i t uí l oconst ant eecompul si vament e. Noamornãoét ar ef af áci lest abel ecerol i mi ardoqueénor maledoqueé pat ol ógi co.Mui t as vezes o suj ei t o que est á envol vi do na r el ação não t em di scer ni ment opar adi st i ngui roquant of azmalcompar t i l harumavi daasfixi ando esendoasfixi adoporum amordel i r ant eet r azem siai l usãoqueagi ndode f or ma coer ci t i vai r ámant eroobj et o amado ao seu l ado,pr eenchendo uma l acunaquenaver dadej amai sser ápr eenchi da,poi svi vert ambém éf al t a,é vazi o,e éi ncompl et ude.Esse amorpat ol ógi co pode sercar act er i zado pel o compor t ament o de pr est ar cui dados e at enção ao par cei r o, de manei r a r epet i t i vaedespr ovi dadecont r ol eem um r el aci onament oamor oso( SHOFI A apud RODRI GUES e CHALHUB,2009) .Podemosacr escent arque aonos envol ver mos com al guém qual quersent i ment o associ ado à posse,cont r ol e excessi vo,at i t udesdesegr egaçãoe/ ousensaçõesqueger em sof r i ment opar a ambas as par t es pode ser consi der ado como amor pat ol ógi co e/ ou dependent e. Hi st or i cament eoamorsempr ef oiper meadoder omant i smoeconcepções f ant asi osas,onde épost ono out r oexpect at i vasi r r eai squenãopossuem a menorchance de ser em cumpr i das.Em ger al ,ai nda que exi st am di ver sas concepçõesacer cadoamor ,amai or i aécont ami nadaporumaf undament ação i r r ealt alqualum devanei o.Cul t ur al ment eapr endemosaveroamorem l ent es corder osa,ameni naapr endeem cont osdef adaqueseupr í nci pechegaa caval opar asal vál adabr uxamáeomeni noapr endequeamul hercompl et aé aquel aquedácont adaf amí l i aem t empoi nt egr aleai ndadevecor r esponderas expect at i vasfinancei r asesexuai squeamoder ni dadei mpõem.Todosesses sonhos post os no cal dei r ão acabam f al i ndo r el aci onament os e ger ando sof r i ment opor queacabamosper pet uandoum pensament oeachamosqueao t r ocar mos de par cei r o como mági ca nossos pr obl emas ser ão r esol vi dos. I l usõesr omânt i casei deal i zaçõescom al t asexpect at i vasnoquedi zr espei t oao out r osemescl am par af or j ál onospensament osdaspessoas.O out r oassume l ugardedeus,esãoat r i buí dosael easpect osdi gnosdevener ação. O amorr omânt i cof al adeum encont r oamor osopr of undoat éa r ai zda al ma,i ncompat í velcom ar eal i dadedavi daconj ugalcomum.Napr át i ca,acaba pr ovocandof r ust r açãonaspessoasquequer em encont r arêxi t onumaf or mul a amor osat ãoi dealquant oi mpossí vel . O ser humano se r el aci ona amor osament e medi ant e as est r ut ur as pessoai s de cada um, a i dent i dade pessoalgui a as r el ações e seus desdobr ament os.Por ém,nãopodemoscompr eenderai dent i dadecomofixoe si m como um const r ut o que é hi st or i cament e el abor ado.A i dent i dade é
cont i nuament ef or mada et r ansf or madaem r el açãocom amanei r acomoos out r osnosper cebem. Nadi al ét i caent r enossoeui dealeai dent i dadesoci al .Nãopodemosnem devemosesquecer nosdasr el açõesqueenvol vem confli t odegêner os,uma vezque,a f or ma de amaré l i gei r ament e di f er ent e do homem e da mul her t ant os pel as i nfluenci as f ami l i ar es quant o pel as quest ões cul t ur ai s.Mui t o embor aadependênci aaf et i vasej ai ner ent eàquest ãodosexodosuj ei t o. Par aRi os( 2008)numavi sãomai sgl obal ,oamorr omant i zadosur gecomo f enômeno soci al ,j unt o ao i ndi vi dual i smo,no conj unt o de est r at égi as de or gani zação da soci edade capi t al i st a.No espaço i ndi vi dualda pr odução da subj et i vi dade,ospr ocessosdoamort or namsef undament ai spar aaf or mação emanut ençãodai dent i dade ( COSTA apud RI OS,2008) .Com i ssoaaut or a querdi zerquepar aai dei adeconst r ui rumavi daem comum osuj ei t odevet er um espaçopar aconst r uçãodeum eui ndi vi dualesóassi m abr i respaçopar a compar t i l harnocol et i vo,eassi m at r avésdeum espel hament oser econhecer noout r o. Amardát r abal ho.Eoganhopodepar ecerpouco,especi al ment equando sevi veem mundocomoonosso,quenoscobr aabuscaporum fict í ci oest ado pr azer osoi ni nt er r upt o.O ganhoquenãoest ápr evi st onessacont aquesoma êxt ases,éaquel equenãoseper cebei medi at o:ast r ansf or maçõesdoeu na exper i ênci adai nt er subj et i vi dade.O eunãoéum pr odut opr ont oeacabadona saí dadapr i mei r ai nf ânci a.O eupassaavi dasef azendoeser ef azendonas r el ações com o mundo. A f al t a de r el ações i nt er subj et i vas aut ênt i cas i mpossi bi l i t aexper i ênci asdavi daquesãoi mpr esci ndí vei spar af el i ci dadedo eu.Ousej a,nãonosbast amos,mesmoquandoacr edi t amosqueémel hornão gost ardeni nguém par aevi t arsof r i ment o.Evi t amosasdor esdeamor espel o out r oeaf undamosnasdor esdovazi odesimesmo. O amorat r aipel apr omessado bem,mascut ucaumaf er i da nar cí si ca: expõenossacar ênci a,nossaf al t aem ser moscompl et oscomogost ar í amos. Quando amamos,sof r emos por que vemos no out r ot udo que nos f al t ae quer emos.Sof r emospor quet emosmedoqueoout r ogost emenosdenóse nosabandone,l evandoconsi goumapar t enossaquenosdesabi t a.Cont udo, apesar de t odas i nt er cor r ênci as que são i ner ent es a quem padece da dependênci aaf et i va,nãoadi ant ai mpornossaf or madeamar ,nãoadi ant aa doaçãoi ncondi ci onalaoobj et oamadosedent r odenósnãoexi st i ramorasi pr ópr i o.Aquel e encont r o conosco que ( r e) si gni fica nossa exper i ênci a e nos col ocanol ugardesuj ei t onost i r andodaposi çãodeapenasdesej ant e. Deacor docom Pi nhei r o[ s/ d]t udoaqui l oqueéi nvest i dopel osuj ei t ocom i deal i zação é expr essão do seu desej o e pr omot orde i l usões.Em ger al ,a
noçãodef el i ci dadeest áat r el adaai l usõesquesemant êm at r avésder egi st r os de memór i a ant i gos que f or am f or t ement ei deal i zados.Não há pr ova de r eal i dadequepossacompet i rcom umaf or t ei deal i zaçãodeum obj et oper di do, ousej a,com umai magem eumai dei aquef oibast ant ei nvest i dapel osuj ei t o quer epr esent aal govi vi docom mui t ai nt ensi dade. Mui t asvezes,oobj et odeamordeum suj ei t oconf er eael easensaçãode umacompl et udenar cí si ca,umavezqueoout r ooi deal i za,opr ot egeeampar a, l egi t i mandosuai dent i dadesoci al .Porout r ol ado,esseobj et ode amorpode f r agment arai dent i dadedoamant e,l evandooasesent i rdesampar adoquando nãooacei t ael heagr i de.Fr eudj ádi zi aqueum dosmot i vosdei nf el i ci dadedos casai sest avanof at odesemi st ur ar em t ant oquenãosabi am mai squem er am. Nãoconseguem sedi f er enci areacr edi t am quei ssoéum f at o,edessaf or ma sãoger adasexpect at i vasqueem al gum moment onãopoder ãoserat endi das. Al i t er at ur apoét i caeamúsi camui t over sar am acer cadasdi ver sasf or mas de amar ,cont udo ni nguém f oimai sbr i l hant e ao f al ardas expect at i vase a busca pel o amorcompl et o como Chi co Buar que em sua canção i nt i t ul ada “ Ter ezi nha”quedi z: O pr i mei r o me c hegou c omo quem v em do fl or i s t a T r oux e um bi c ho de pel úc i a, t r oux e um br oc he de amet i s t a Me c ont ou s uas v i agens e a v ant agens que el e t i nha Me mos t r ou o s eu r el ógi o, me c hamav a de r ai nha Me enc ont r ou t ão des ar mada que t oc ou meu c or aç ão Mas não me negav a nada, e, as s us t ada, eu di s s e não O segundo me c hegou c omo quem c hega do bar T r oux e um l i t r o de aguar dent e t ão amar ga de t r agar I ndagou o meu pas s ado e c hei r ou mi nha c omi da Vas c ul hou mi nha gav et a me c hamav a de per di da Me enc ont r ou t ão des ar mada que ar r anhou meu cor aç ão Mas não me ent r egav a nada, e, as s us t ada eu di s s e não O t er cei r o me c hegou c omo quem c hega do nada El e não me t r oux e nada t ambém nada per gunt ou Mal s ei c omo el e se c hama mas ent endo o que el e quer Se dei t ou na mi nha c ama e me c hama de mul her Foi c hegando s or r at ei r o e ant es que eu di s s es s e não Sei n s t a l o uc o mopo s s ei r ode nt r odome uc o r a ç ão .
NessacançãoChi cof al aem seupr i mei r over sodasexpect at i vasi nf ant i se i deal i zadas do pr i mei r o amoronde pr oj et amos t odo nosso i dealno obj et o amado,mas a ausênci a de f r ust r ação t ambém é f ont e de i nsat i sf ação de desi nvest i ment o.Nosegundover so,f al adaent r egat ot aleuni l at er aldeuma daspar t es,dai nvasãoedesr espei t oquear el açãor epr esent aedet odadore ani qui l ament o que t r ouxe.No t er cei r o ver so,j á há i ndi cação de mat ur i dade
emoci onal ,ar el açãoévi st anãomai spar apr eenchi ment odovazi oenãot em as expect at i vas de r esol ução de confli t os i nt er nos. A esse t i po de r el aci onament oquedevemoscami nhar ,masabuscapr i mei r adeveserpornós mesmos.Quando souber mos serf el i zessozi nhos,a ent r ada de amorem nossavi daser ápar anoscompl ement arenãocom i nt ui t odenecessi dade. É oqueWi nni cot t( 1958)chamadecapaci dadedeest arsó,el ef al aque quando desenvol vemos a capaci dade de est arsó na pr esença de al guém at i ngi mos ver dadei r ament e a mat ur i dade emoci onalnecessár i a par a nos desl i gardasemoçõespr i már i asquecomandam nossavi da.El edi z: Consi der o,cont udo,que “ est arsó”é uma decor r ênci a do “ eu sou” ,dependent e da per c epç ãodacr i anç a daex i s t ênc i ac ont i nuade uma mãe di s poní v elc uj ac ons i s t ênci a t or napos sí v el par ac r i anç aes t ars óet erpr az erem es t ars ó,porper í odosl i mi t ados .Nes se s e nt i d oe s t o ut e nt a nd oj u s t i fi c a rop ar a do x oq ueac a pa c i d ad ed efi c a rs ós eb as e i an a exper i ênci a de est ars ó na pr esença de al guém,e que sem uma sufic i ênci a dessa e x p er i ê nc i aac a pa c i d ad ed efi c a rs ópo denã os ede s en v o l v e r( WI NNI COTT ,1 95 8,p .3 5) .
Consi der açõesFi nai s Par af r aseando Ri so ( 2010)embor at odo amort enha al gum ní velde dependênci a,amarsem dependênci aser evel aumaar t eemoci onal ,umavez queosmecani smosqueenvol vem umar el açãoaf et i vapl enanem sempr esão bem vi st as pornossa soci edade.Tal vez a soci edade r ef or ce um amor dependent e por que ai nda não é bem vi st o,i ndependent e do gêner o que al guém possaser ,compl et osem t erumacompanhi apar avi dai nt ei r a.Amí di a est i mul aàdependênci aaf et i vacom hi st ór i asnovel escasdecasai squesósão f el i zesapóspassar em pori nt ensosof r i ment o,ent ão,aspessoasadqui r em a cr ençaquepr eci sam sesubmet eraal gunsr el aci onament osconfli t ant es,poi s aofinaldet udovi ver ãoot ãosonhado“ f el i zespar asempr e” . Apr endemosqueoamari ncondi ci onal ment eéant esum pr i ncí pi obí bl i co quedevesersegui do,ent r et ant oJesusf al avaquedevemosamaropr óxi mo comoanósmesmos,enesseensi nament oqueachamossubsí di ospar anos embasar . Or a, se não nos amar mos pr i mei r o como i r emos adqui r i ra capaci dadedeamaroout r o?Sendof at oqueamamosnoout r oaqui l oquenos f al t a,esse mesmo out r of unci ona como espel ho de nós mesmos,que em al gunsmoment osr eflet esensaçõesagr adávei senout r osmost r aexat ament e aqui l o que quer emos esconder .Quando se t r abal ha o amorpr ópr i oeo aut oconheci ment o fica mai sf áci lr econhecero gat i l ho que dest r óinossa aut oest i maenosl evaem di r eçãoar el aci onament osdest r ut i vos.Enquant onão t i ver mosa compr eensão da necessi dade de um t r abal ho pessoalpr of undo, vi ver emosr ef énsdenossospr ópr i osmedos.
O apegoger adependênci aqueger asof r i ment o.Al i ber dadeem assumi ro comandodenossapr ópr i avi danãoét ar ef af áci l ,i mpl i caem abdi carumasér i e deamar r aseessasamar r asmui t asvezesapar ecem com ganhossecundár i os. Éf at o,queni nguém éf el i zsozi nho. Reconhecemosnosno out r o desde a f aseembr i onár i a,masamarsem apegos i r r aci onai s é amarsem medos.É assumi ro di r ei t o de expl or ar i nt ensament eomundo,det omarcont adesimesmoedebuscarum sent i dona vi da. Evi dent ement equenenhumaf or madeví ci o,compul sãooudependênci a exager adaésaudáveldopont odevi st adenossasani dadement al .Passamos nossasvi dasem buscadenossamet adedal ar anj a,masogr andebal dede água f r i aque r ecebemosdá cont aque não podemossermet ade denada, ant espr eci samosseri nt ei r ospar anósmesmos. Esper amost ercont r i buí do par ao ent endi ment o dosaspect os negat i vos queenvol vem adependênci a.Nãot emosapr et ensãodeabar cart odat emát i ca nem f or marj uí zodeval orar espei t o,poi scomoj ádi ssemosant er i or ment e,em mui t oscasosodependent eaf et i voévi t i madeumar el açãocausalenr edado numat ei af ami l i aresoci alaoqualnãoapr endeuout r af or madeamar . Lembr amos,ai nda,quenenhumat eor i zaçãoécapazdedarcont adet oda compl exi dade humana,cabendo nesse caso mai sest udosnessa ár ea que deem al t er nat i vaspar aoi ndi vi duoqueamacom dependênci adef or mai mat ur a podendo causardi ficul dade de vi ncul ação ou pr ej uí zo emoci onala sie ao outro. Sobre os Autores: Ch r i s t i a neSo u z adeAn d r a deSi l v aPsi cól oga,pósgr aduadaem gest ão
soci alet er api af ami l i arpel oLI BERTAS. Or i e n t a do r a : F e r n a n daAn d r a d eL i ma