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Onde está o Infinitopessoal?
Onde está o Infinito-pessoal? – Caio Fábio D’Araújo Filho
Caio Fábio D’Araújo Filho
2 Onde está o Infinito-pessoal? – Caio Fábio D’Araújo Filho
Onde está o Infinito pessoal? Caio Fábio D’Araújo Filho
Digitalizado por: Herisson Barbosa Pereira em: 05/03/2013
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Capítulo I A Pergunta de Muitos
Quem é Deus? Como conhecê-LO? Onde achá-LO? Como obedecê-LO? São perguntas que normalmente nos fazem e que são peculiares à existência de todos os homens. Estejam onde estiverem, perguntam as mesmas coisas. Seja na tribo mais longínqua, na comunidade mais primeva, na Antártida mais gelada, no Tibet mais pobre, na cidade mais neurotizante e massificada, a pergunta, no entanto, é a mesma. Fazem-na uns enquanto pesquisam nos laboratórios mais sofisticados do mundo científico. Outros, depois de um exaustivo dia de trabalho numa cidade mecanizada e alienadora; outros, no oriente religioso, e outros, ainda, conscientemente deixam de fazêla, mas seus gritos frenéticos de desespero, na busca incessante de encontrar razões para a existência, revelam tal inquirição em meio à profunda inquietação espiritual que essa pergunta causa enquanto não lhes vem a resposta. Pensamentos Indefinidos
As estatísticas revelam que 96% dos cidadãos americanos crêem na existência de Deus. Mas para uma grande parte deles, Deus é um ser distante, alienado por vontade própria, perdido num universo sem paredes e totalmente incognoscível para o homem. Não é de admirar que tais pessoas lutem entre o pessoal e o impessoal, entre o "Deus-Ser" e o "Deus-Energia". Há aqueles cujas questões ainda não tiveram nenhuma linha escrita nas páginas das respostas para a razão devida para se, e se encontram perdidos num ponto finito do Universo. Olham ao redor e não encontram nada de uma existência infinita, pessoal e absoluta e, por nada encontrarem de infinito em redor do finito, perdem-se na total destituição do significado s ignificado existencial. Platão lutou com este conflito existencial até que compreendeu o que mais tarde Jean-Paul Sartre viria a anunciar em nossa perturbada geração do século XX: "Um ponto finito não tem significado algum, a menos que haja um ponto infinito como referência." Diante de tal assertiva, temos que ser co-beligerantes ao lado de Sartre para admitir que isto é verdade. Se o homem, a matéria e tudo quanto é particular e finito na existência não tiverem ao redor de si s i o universal e infinito-pessoal, perdem total significado e razão.
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A Teosofia não Responde
Não obstante a nossa cultura científica, tecnológica e materialista aqui no Ocidente, há o oriente religioso, pobre, mórbido e lânguido nos seus anseios materiais. No entanto, a ênfase por eles dada ao abstrato, paradoxalmente, como se fosse o que há de mais real na existência, não os tem aproximado da satisfação espiritual e, ao contrário, lhes tem impingido uma cultura existencial dependente de seres espirituais mitológicos, dotados de poderes que são exercidos despoticamente no controle das vidas dos homens. Na Índia religiosa e sedenta de coisas espirituais, reina, de modo absoluto, um panteísmo que se impregnou em todas as áreas da concepção religiosa do hindu. Tal conceito da existência declara: "Tudo é Deus e Deus é tudo." Este conceito não torna elucidativa a natureza de Deus, porque neste sistema Deus é uma Unidade Energética destituída de virtudes e sentimentos. No panteísmo, as coisas particulares da existência não têm significado, mas tãosomente o possui a Unidade Energética. Sendo assim, o homem, como ser particular, não tem sentido em suas aspirações particulares de encontrar paz, significado e satisfação para a vida, visto que ele é apenas uma engrenagem no sistema e o sistema é Deus, e Deus, no sistema, vai do homem à erva. Em tal raciocínio, o homem é igual a erva, e Deus, que é o homem e a erva, passa a ser "nada" para a existência particular. A Política Existencial não Responde
Considere-se agora outro sistema totalmente oposto ao que há pouco foi abordado. Digo totalmente oposto referindo-me muito mais à área de sua existência no contexto mundial do que propriamente aos efeitos oriundos de sua prática, porque tanto ele como o panteísmo trazem influências semelhantes no que tange à pouca importância dada ao pessoal, individual e particular na existência e à total atenção dada à unidade, ao coletivo e impessoal. Refiro-me ao comunismo. Nesse sistema, o homem não tem valor individual, mas apenas como membro de uma sociedade. E para que revele valores reais na sociedade, necessário é que ele entenda que a vida na área do ser humano só tem significado político-existencial e que fora da máquina política o homem não tem qualquer valor transcendental, pois é apenas um animal social, sem qualquer elemento imaterial na sua existência e personalidade. Não havendo respeito pela dignidade
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particular do homem, pelos seus anseios, por sua paz interior nem pela satisfação existencial e valorização do individual, mata-se, elimina-se e debulha-se o próprio homem, em nome da seleção dos mais aptos para a existência coletiva. Como consequência dessa ideologia, Deus, como ser pessoal, é colocado fora da existência do cosmo, para que a ideologia do impessoal, aliada ao estatal, possa sobreviver no coração dos homens, num autêntico suicídio da razão, da poesia e da pessoalidade. Levanto, no entanto, uma questão: Qual o homem que já encontrou significado para a existência num cosmo sem um ponto infinito como referência para o finito? Marx, Frustrado na Base do Ser
Vejamos se, na prática, a teoria política de Karl Marx funcionou, trazendo-lhe satisfação interior. Meditemos em seu poema "Invocação de um Desesperado": Um deus roubou-me "o meu todo" nas maldições e nos golpes da sorte. Todos os seus mundos se desvaneceram sem esperança de retorno, e a mim nada mais resta que a vingança. Eu quero construir um trono nas alturas, o seu cume será glacial e gigantesco, terá por muralhas o terror e a superstição, por comandante a mais sombria dor, alguém que se volte para este trono com um olhar são, desviá-lo-á, pálido e mudo como a morte, caído nas garras de uma mortalidade cega e arrepiante. Possa a sua felicidade cavar o seu túmulo. (Karl Marx, Obras escolhidas, vol. I, N. York International Publishers, 1974.) Leiamos o final do seu poema intitulado "Oulanem": Se existe qualquer coisa capaz de destruir, eu entregar-me-ei de alma e coração. Livre para levar o mundo à ruína. Sim, este mundo que se interpõe entre mim e o abismo, eu despedaçá-lo-ei em mil bocados,
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à força de maldições, eu apertarei nos meus braços a realidade brutal, nos meus abraços ele morrerá sem uma palavra e afundar-se-á no nada. Liquidado, sem existência: sim, a vida passará a ser exatamente isso. (Do livro de Robert Payne, Karl Marx Desconhecido, New University Press, 1971.) Estas poesias revelam o total desânimo em relação à vida e o bem arraigado ideal de suicídio racial de Marx. Marx e a Dessensibilização Filial
Bom seria se houvesse tempo para um melhor estudo da personalidade de Marx e mesmo isso foge ao escopo da presente discussão. Não obstante, cremos que as ideologias marxistas impingiram à mente e à vida de seu fundador uma cauterização sentimental. Vejamos a prova disso: Marx zangou-se com sua mãe e, em dezembro de 1863, escreveu a Engels: "Há duas horas recebi um telegrama que me anunciava a morte de minha mãe. Foi necessário que o destino levasse mais um membro de minha família. Eu próprio já tenho os pés na cova, mas, nas circunstâncias atuais, a minha saúde é bem mais útil do que a daquela mulher velha. Certamente irei a Treveros por causa da herança". Sendo um homem culto, foram apenas estes os recursos que teve para falar acerca da morte de sua velha e certamente alquebrada e sofrida mãe! É inquestionável que o sistema comunista aniquila o sentimental, o pessoal e particular na existência, como consequência do afastamento de Deus e como debilitado fruto da conversão à mensagem ateística! Marx e a Dessensibilização Familiar
Vejamos a ideologia de Marx posta à prova no seu relacionamento familiar, onde jamais se encontrou a presença de Deus ou, melhor dizendo, o temor e o respeito pelo Criador! Arnold Kunzli, no seu livro Karl Marx, A psychogram (Europa, Verlag, Zurich, 1966), narrando-nos a vida de Marx, informa-nos que ele levou ao suicídio duas de suas próprias filhas e um genro. Sob sua responsabilidade, três crianças morreram por má nutrição.
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Sua filha Laura, casada com o socialista Lafargue, teve também de enterrar três de seus filhos e em seguida suicidou-se juntamente com o marido. Outra de suas filhas, Eleonor, decidiu com o marido fazer o mesmo; ela morreu, mas ele, no último minuto, desistiu de seu tresloucado intento. No dia 25 de maio de 1883, Marx escreveu a Engels: "Oh! Como a vida é vã e vazia e, simultaneamente tão apetecível!". Percebe-se nestas palavras a total ausência de significado para a vida e um frenético desespero de busca de razões existenciais! A União de Dois Sistemas Frustrantes
Falamos na presente discussão sobre o panteísmo, com seu sistema teosófico, e também em comunismo, citando a incongruência do proposto com o vivido na prática por Marx. A relação entre o marxismo e o teosofismo não é acidental. A teosofia fez alastrar no Ocidente a doutrina hindu da inexistência da alma individual. O comunismo, por outro lado, despersonaliza os homens para transformá-los em "robôs", escravos do deus impessoal chamado de "o Estado". No entanto, em ambos os sistemas observa-se uma total ausência de satisfação espiritual, sendo absolutamente certo afirmar-se que o homem necessita conhecer um Deus pessoal e infinito capaz de satisfazer-lhe o coração, este um universo de anseios, de anelos variados e de sonhos de felicidade. Os Anos Não Responderam
A história, a religião e o racionalismo não têm podido aproximar o homem de Deus e, consequentemente, não foram e nem serão suficientes para trazer-lhe realização interior. Será que, por ironia do destino, sendo o homem um ser ansioso por Deus, tem que viver sempre sem Deus no mundo? Será que Deus é um omisso? Ou será que na vida há uma espécie de dicotomia, onde só encontram Deus aqueles que dão um salto cego de fé ou aqueles que encontraram a morte? Estas perguntas já começam a alicerçar-se em muitas mentes no século XX. O pior é que com estas indagações vêm também o conformismo e o descanso, culminando na morte do desejo de perseguir a verdade. Com a transferência dos ideais sublimes do coração humano para a responsabilidade de Deus ou para o dualismo vida-morte, o homem torna-se um bambu seco, vazio por
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dentro e, alquebrado pelo repetido impacto das desilusões, tantas vezes não tem maiores ideais senão o materialismo e a boêmia. É lícito que tomemos conhecimento de tão grande catástrofe no interior dos homens sem que esbocemos qualquer reação no sentido de ajudá-los? Ou será que as soluções que temos já caducaram e se tornaram obsoletas para a exigente geração do século XX, que não se satisfaz mais com os antigos conceitos que motivaram a existência de centenas de gerações? Penso que, se permanecermos calados, seremos acusados de desumana, cruel e fria omissão. O Homem Não Mudou
Estou convencido do fato de que o homem não mudou nos seus anseios interiores. Mudaram os rótulos, as palavras, as roupas, o ambiente e os costumes aparentes, mas os anseios básicos continuam os mesmos. Há três mil anos atrás exclamava o homem: "Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim por ti, ó Deus, suspira a minha alma." A forma poética mudou, o ambiente comum da vida do homem também, mas o anseio continua sendo o mesmo. Trata-se apenas de uma nova forma de poesia e não de uma mutação de valores humanos, dado que não mudamos interiormente. Ouçamos Solzenitsyn, no século da bomba, exclamar: "No coração de cada homem russo há um vazio do tamanho de Deus." Consideramos ser desnecessário estabelecer um paralelo entre o homem do passado e o homem do século XX, ainda porque não nos sobra tempo nem espaço na presente discussão. Todavia, apelamos para a simplicidade dos que nos lêem, no sentido de que recebam essa premissa da imutabilidade dos anseios básicos do coração humano como algo estabelecido e comprovado, para que, sobre esse alicerce, ergamos o edifício da faculdade do conhecimento de Deus! Deus Sempre Falou Para Quem Quis Ouvir
Há um livro cujos relatos nos dão notícia da comunhão que o homem, nas mais diferentes fases da história, manteve com o seu Criador. Trata-se do livro mundialmente chamado "A Bíblia". É assim intitulado por ser a reunião de vários livros harmônicos proclamando a sabedoria de Deus, os seus decretos, os seus juízos e os seus propósitos para com o homem. Na Bíblia, encontramos algumas matérias básicas para a faculdade do conhecimento de Deus. São quatro canais da revelação
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divina: dois naturais e comuns à percepção de qualquer homem; dois especiais, ligados à investigação pessoal de cada homem. Bom é, então, que nos despertemos para o conhecimento de Deus, visto que este é o fato mais importante na existência do homem. Você precisa desta contundente resposta para corresponder à exigência do seu espírito insatisfeito!
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Capítulo II A Natureza Demonstra Que Ele Está Aí
A Bíblia ensina, no Salmo 19:1, que: "Os Céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos. Um dia discursa a outro dia e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem nem há palavras e deles não se ouve nenhum som, no entanto, por toda terra se faz ouvir a sua voz e as suas palavras até aos confins do mundo." A natureza tem consigo uma mensagem do Deus Criador, Eterno e Sublime. Paulo, apóstolo do cristianismo primitivo, declara em Romanos 1:20: "Porque os atributos invisíveis de Deus, assim como o seu eterno poder e também a sua própria divindade, claramente se reconhecem desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas". Dando prosseguimento à declaração feita acima, Paulo diz que os homens, conquanto tivessem conhecimento de Deus, não o glorificavam como Deus, sendo por isso indesculpáveis diante de Deus. A Monumental Demonstração
A natureza, na sua grandiosidade, traz consigo uma mensagem do Deus Infinito e Criador, Todo-Poderoso. Contemplar nos nossos dias um céu maior do que aquele que contemplaram os nossos antepassados, em razão dos amplos conhecimentos científicos que hoje possuímos, de modo especial no campo da física e da astronomia, bem como através da tecnologia de um modo geral, e não ter nenhum vislumbre da glória do Criador Infinito é estar, no dizer de Paulo, louco e alienado. Saber hoje em dia que um raio luminoso no espaço, à velocidade de 300 mil quilômetros por segundo, percorre, no período de um ano, cerca de 9.467.480.000.000 km é assustador. Mas saber também que o homem tão pequeno é dotado de possibilidades que o levam a perscrutar e a descobrir estas coisas, é
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encantador! Sim, deslumbra-nos saber que o sol tem um diâmetro de 1.390.600km, aproximadamente cem vezes maior que o da Terra, com 12.757km, o que significa dizer que, se o sol fosse oco, caberiam dentro dele um milhão de planetas Terra! Há ainda outra estrela na nossa galáxia, a Antares, cujo diâmetro é de 241.350.000km. Vemos, portanto, que dentro dessa estrela cabe todo o sistema solar, abrangendo desde o sol até a órbita do planeta Marte. Diante de tão grande manifestação de grandeza no espaço físico, e sabendo nós que a matéria não é filha do "nada-nada", destituída de partículas invisíveis, simplificamos a questão, para que não nos adentremos num campo onde a metafísica cristã tem sido incontestável, afirmando tão-somente que este tão grande espaço físico traz consigo uma mensagem estupenda do Criador Infinito, soberano na sua criação, não sendo o Universo a extensão da essência divina, mas sendo o Criador independente de sua criação e Infinito em sua imaterialidade. A Artística Demonstração
A beleza, a poesia e as cores da natureza também nos trazem uma mensagem do Criador. Contemplar os prodígios da beleza no mundo e não reconhecer a realidade de Deus é estar cego e enclausurado no ostracismo incompatível com a beleza de uma vida plena e abundante! A variedade e a harmonia, bem como as cores agressivas ou suaves da natureza, concitam o espírito do homem a louvar e reverenciar o Criador. Nosso Amazonas é um colosso repleto de variedade natural, possuindo a fauna e a flora mais diversificadas de todo o planeta. Mas não só no Amazonas, como em todas regiões e países do mundo, há lugares que são verdadeiros testemunhos da Criação. Um Paraíso que no curso dos anos foi sendo destruído, poluído e arrasado pelo homem! Visitar o Oriente, com sua topografia acidentada, com seus ciprestes, pinheiros e olivais, traz fascínio ao espírito. Ver as grutas misteriosamente iluminadas das ilhas mediterrâneas no litoral italiano é encantador para os olhos. Pasmar diante dos Alpes e dos outeiros constantemente cobertos de neves e contrastar tal majestade com os campos verdes e vales bem regados que os circundam normalmente é como ver suntuosos príncipes tendo a seus pés imensos tapetes verdes, cuja harmonia com a abóbada azul do castelo revela o exuberante gosto do grande artista que os trabalhou.
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A Rigorosa Demonstração
A exatidão da natureza também traz uma mensagem do seu Criador. As leis da fecundação, tanto no reino animal como no vegetal, revelam-nos a mais alta forma de equilíbrio e coletivismo dirigidos. As rigorosas leis que regulam o desenvolvimento embrionário e pós-embrionário das criaturas são simplesmente assombrosas e inexplicavelmente organizadas. A pontualidade cronométrica dos movimentos de todos os astros conhecidos nos diz de um universo ordenado e dirigido por leis estabelecidas de modo inteligente e sábio. E onde há leis, pressupõe-se a existência de um legislador que não pode ser menor do que as leis por ele instituídas. Eminente cientista, conhecido no campo da pesquisa estatística, revelou que poderia provar estatisticamente a existência de Deus, ainda que restringindo a pesquisa apenas ao espaço do corpo humano! Cuidado com a Alienação
Sem dúvida alguma a natureza traz consigo uma mensagem do seu Criador, e alienar-se de tal revelação natural é, no dizer do apóstolo Paulo, estar indesculpável diante de Deus. Pobre do homem que rompe relações com Deus, ainda que tais relações sejam as expressas na reverência que lhe devemos em razão do seu poder manifesto nas coisas criadas. Olhemos, por exemplo, para Darwin, que reconheceu várias vezes em seus escritos que duas coisas se iam apagando em sua mente à medida que envelhecia: a primeira delas era sua alegria e satisfação pelas artes e a segunda, sua alegria pela natureza. Isto é deveras desconcertante! Darwin emitira a teoria de que a natureza, incluindo o homem, está baseada apenas no impessoal mais o tempo e a casualidade. E, no final de sua vida, reconhece que isto tivera nele uma repercussão negativa. A dificuldade em explicar a natureza e o homem através do tempo vezes o acaso foi o que levou Darwin a declarar em sua autobiografia e em cartas publicadas por seu filho o seguinte: "Com a minha mente não posso crer que essas coisas venham ao acaso." Já velho, disse isso muitas vezes! Em duas ocasiões, acrescentou esta estranha nota: "Em meu intelecto, sei que isto não pode ser verdade, mas meu intelecto é como o de um macaco, e quem pode confiar em semelhante intelecto?"
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Isto levanta um grande problema. Com esse raciocínio, como poderíamos aceitar quaisquer conclusões da mente humana, inclusive a própria teoria de Darwin? Permitam-me, dentro deste contexto, inserir a narrativa de Francis Schaeffer, escritor suíço, analisando a atual teoria do tempo vezes o acaso: "A ironia de tal situação é representada por um evento acontecido a John Cage, compositor moderno que escreve música através da teoria do acaso e seleção ao acaso. Certa vez Leonardo Bernstein pôs à sua disposição a Orquestra Filarmônica de Nova York. Cage dirigiu sua própria música ao acaso e quando terminou e começou a se curvar em agradecimento, pensou ter ouvido vapor escapando do aquecedor. Então percebeu que eram os músicos que o estavam vaiando. Como expressa John Cage, esta foi uma traumática experiência. Mas tenho pensado com frequência no que gostaria de ter dito aos músicos naquela noite. Tenho certeza de que se alguém convivesse uma hora com aqueles músicos teria chegado à conclusão de que a maioria deles, filosoficamente, acreditava exatamente no que John Cage cria - que o universo começa com o impessoal somado ao tempo e ao acaso. Por que estavam vaiando, então? Porque não gostaram dos resultados do seu próprio ensinamento quando o ouviram na base em que eram sensíveis; estavam vaiando a si próprios." Vejamos a razão de tal concepção absurda narrada honestamente por um dos seus pais filosóficos. Aldous Huxley confessa sua parcialidade, numa sincera declaração de seus motivos ateus, em um dos seus livros (Fins e meios, pág. 270), onde escreve: "Eu tinha motivos para desejar que o mundo não tivesse finalidade; consequentemente, assumi que ele não a tivesse e fui capaz, sem muitas dificuldades, de encontrar razões satisfatórias para essa suposição. O filósofo que não encontra nenhum significado no mundo não está preocupado exclusivamente com um problema de mera metafísica, mas sim em provar que não há razão válida para que ele não possa fazer aquilo que bem entender fazer; ou para que seus amigos não possam se apoderar do poder político e governar da maneira que acharem mais vantajosa para si mesmos (...) Quanto à minha própria pessoa, a filosofia de não haver significado no universo foi essencialmente um instrumento de libertação sexual e política."
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Não é comum encontrarmos tão honestas confissões de alienamento deliberado. De fato, há uma total incompatibilidade entre a teoria do tempo vezes o acaso em relação a tanta grandeza, beleza, poesia e ordem existentes no universo. Depois disso, há o fato que mais sufoca tal conceito destituído de sensibilidade: é a dignidade do homem e a sua sensibilidade para tudo o que é belo e poético, sendo isso consequência de ter sido feito à imagem e semelhança de Deus, que é um ser pessoal e infinito. É inalienável o fato de que a natureza prega uma vigorosa mensagem a respeito de Deus. Como indivíduos, membros de uma sociedade que a passos gigantescos torna-se tecnológica em quase todas as suas áreas, não devemos nos robotizar em programações fechadas no sistema homem-máquina. Olhemos ao redor e nos lamentemos, mas não com as lamentações dos omissos, e sim com o propósito daqueles que agem na direção da preservação da natureza. Saibamos, no entanto, o seguinte: no programa do amor divino, a natureza não traz a mensagem da plena identificação do homem com Deus, mas sim a pregação da existência real do Criador, que pode, em sendo conhecido pessoalmente, satisfazer totalmente às necessidades básicas do espírito perscrutador da criatura humana. Volvamos os nossos olhos para outro canal da revelação comum da existência do Criador, conforme linhas adiante.
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Capítulo III A Consciência Fala que Ele Está Aí
Em Provérbios 20:27, lemos: "O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, o qual sonda todo o mais íntimo do corpo". Notamos na história do homem a valentia de muitos, que em razão de normas interiores não se dobravam diante dos mais drásticos e ignominiosos castigos ou dos mais sedutores apelos da sensualidade e da corrupção moral. Na vida de milhares de homens e mulheres, a consciência de nobres atitudes relacionadas com conceitos interiores mais profundos tem sido, no curso de milênios, coisa das mais importantes a se observar. A Bíblia chama tal necessidade de coordenação de valores e manifestação de CONSCIÊNCIA. Em Jó 27:6, lemos: "À minha justiça me apagarei e não a largarei; não me reprova minha consciência por qualquer dia da minha vida". A Bíblia ensina que a consciência dita ao interior dos homens as normas básicas de conduta universal. Na investigação bíblica, há várias funções da consciência em relação à conduta humana. Ela pode reprovar, acusar, arguir, golpear, testemunhar e imprimir deveres ao interior dos homens. Há, no entanto, na apreciação bíblica, a possibilidade de enfraquecimento e até mesmo de cauterização para a consciência, vindo assim a cessação completa de sua voz ou dos seus juízos. Da observação da conduta humana, depreende-se o fato do imperativo de suas leis interiores, ficando patente, em tal observação, que as normas interiores dos seres humanos não devem ser ditadas por sua própria vontade ou condicionamento, e sim pelo mais soberano desígnio da existência: a vontade de Deus. Em sua Crítica da Razão Pura, Emanuel Kant dizia que apenas duas coisas lhe causavam assombro - os céus estrelados e a consciência de um homem. Nos seus diversos graus de sensibilidade, a consciência dá testemunho de Deus ,e sua existência dentro de nós constitui um manancial de águas vivas, formulando a inarredável prova do reflexo divino na alma e na existência humana. Sem consciência, seríamos como navios sem bússolas e sem estrelas para orientação, como ovelhas que em momento algum ouvem a voz do pastor ou como mísseis desprovidos de sistema orientador.
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O Rigor da Consciência Fala
As piores prisões e flagelos que um homem pode sofrer são aqueles que a consciência ferida lhe impõe. Não há prisão tão fria e suja que possa ser comparada com a acusação promovida pela consciência ferida de um homem honesto, que, momentaneamente, se desviou da coerência e da integridade. Já houve quem dissesse: "Não sei o que é a consciência de um homem desonesto. Desonesto não o sou, mas a consciência de um homem honesto é horrível!" Violentá-la é violentar-se a si próprio; aniquilá-la é destruir-se por dentro; calá-la é reconhecer que o silêncio deprime: cauterizá-la é decretar o futuro estado animalesco da própria existência! As normas da consciência são pronunciadas ao rei que governa sem piedade e ao mendigo que rouba por estar com fome, pois a própria consciência não se acovarda diante de um nem é conivente diante do outro. A consciência pode ser amiga fiel ou inimiga implacável, dependendo da coerência que houver entre a sua voz e as atitudes humanas. Se a deixarmos falar, ela é como um sábio que no decorrer nos anos desdenha da insensatez e aplaude a verdade. É guia no labirinto dos enganos. É fio de prumo mostrando as edificações tortuosas que edificamos. É juiz pronunciando sentenças só revogáveis mediante sincero arrependimento do réu. Onde houver a coerência entre as suas normas e a conduta humana ela estará sossegada, mas ao menor gesto no sentido de rebelião interior, levanta-se ela qual guerreiro defensor da verdade, brandindo sua espada no ar, não se importando com a posição social ou intelectual do rebelado, porém com a disciplina que ele merece. Quando a Consciência Morre
Encontramos na Bíblia referências à cauterização interior, sendo ela consequência do desrespeito perpetuado contra a voz reprovadora da consciência. Um homem sem consciência ativa é mais perigoso que qualquer besta fera. Cabe a advertência no sentido de que ninguém despreze a voz que se faz ouvir no seu interior, quer seja de aprovação ou reprovação dos atos atuais ou dos pensamentos elaborados para a prática futura. A recalcitrância no estado de erro declarado e reconhecido é perigosíssima, pois é capaz de, no decorrer do tempo, fazer calar no jazigo da inconsciência a voz orientadora do desígnio divino em nossos corações.
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Guarde-se no recôndito mais interior da morada da obediência a voz educadora da consciência. Com ela vêm normas básicas da vontade divina e feliz é o homem que as pode atender. Não desprezará Deus esse esforço movido pelo temor e pela obediência. Conquanto saibamos que a consciência tem consigo normas da vontade divina, temos mais uma vez que admitir que ela não torna satisfatoriamente elucidada a natureza de Deus, pelo fato de que a nossa percepção da vontade divina não tem possibilidade de se aguçar, a ponto de entender e conhecer o divino, sem a revelação vinda do Alto para os corações humanos. Foi por isso que no início deste opúsculo falamos de dois canais comuns à percepção de todos os homens e de dois dependentes da averiguação particular de cada homem, pois são revelações verbalizadas, proposicionais e pessoais de Deus ao homem. Conheçamos então as revelações particulares de Deus, iniciando com sua manifestação proposicional e escrita.
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Capítulo IV As Escrituras Atestam que Ele Está Aí
Deus se revelou nas Escrituras. Ele tem dois manuais: um é comum à existência de todos os homens e manifesta-se de modo natural, sintetizado na natureza e na consciência e também chamado de revelação natural; outro, é o manual da revelação. No manual da revelação Deus se manifestou verbalmente, e essa palavra pronunciada sobreviveu a todos os ataques e golpes da pena humana. Resistiu aos assaltos dos céticos, agnósticos e ateus, e jamais se curvou diante das descobertas científicas. Continua suprema na sua forma e na sua essência, e quanto mais numerosas são as descobertas arqueológicas ou científicas, mais se apresenta comprovadamente idônea. Perseverantemente os autores da Bíblia declaram que Deus lhes falou. Duas mil vezes no Antigo Testamento encontra-se Deus falando aos antigos e sinceros profetas de Israel. No Pentateuco, que são os cinco primeiros livros, encontramos frases como estas: "O senhor Deus chamou Adão e disse:" "O Senhor disse a Noé". "Deus falou a Israel." "Disse Deus." "O Senhor falou dizendo." "O Senhor ordenou." "A palavra do Senhor." "Ouvi a palavra do Senhor." "Assim diz o Senhor." "A palavra do Senhor veio a mim." "Pus minhas palavras em tua boca." A coerência das afirmativas desses homens, bem como o cumprimento exato de suas profecias, afasta por completo a acusação de que eles eram mentirosos ou loucos em delírios e alucinações. Em II Timóteo 3:16, encontramos a seguinte declaração: "Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra".
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Esta foi a repercussão das Escrituras no interior do apóstolo Paulo, homem culto e bem dotado mentalmente. Vejamos agora o que Pedro, homem simples e sem instrução acadêmica, pescador convertido ao Evangelho, nos declara sobre o assunto: "Sabendo, primeiramente, isto, que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo". Pedro era um pescador acostumado a resultados práticos e palpáveis, mas se mostrava confiante e dependente da realidade e inspiração das Escrituras, sendo isso também resultado da sua própria experiência com ela. Falar em nome de Deus não é, como muitos pensam, missão fácil e tranquila. Sou muito agradecido a Deus pela liberdade religiosa que gozamos no Ocidente, mas há, na presente geração, milhares de homens e mulheres que sofrem nos países atrás da Cortina de Ferro por sua fé e pela mensagem proferida em nome de Deus! Na antiguidade, a perseguição não era menor, mesmo não sendo aquele um mundo cético quanto aos valores espirituais da existência. Entretanto, havia total incompatibilidade entre a mensagem pregada em nome do Senhor e a vida dissoluta que os homens viviam. Essa foi a razão da perseguição ou mesmo da morte de muitos profetas na antiguidade, mas a valentia, a intrepidez e a perseverança desses homens diante dos mais cruéis martírios trouxeram-nos a prova de que a mensagem por eles anunciada era digna de ser sustentada como verdade, ainda que a resultante fosse a morte, sabendo nós, inclusive, que ninguém morre por aquilo que conscientemente julga ser uma mentira. Deus Provou que Falou
Há ainda o aspecto científico da exatidão das Escrituras. Vejamos o que diz o doutor Henri Morris sobre o assunto: "No passado, era costume da alta crítica atacar tudo quanto está mencionado na Bíblia, taxando-o de não-histórico, escrito muito depois de os supostos eventos terem ocorrido, ou, por que não, simplesmente fabricado pelo escritor. Entretanto, desde que começaram a ser acumuladas as descobertas
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arqueológicas, em verdadeira multidão, nestes últimos 75 anos, o pêndulo está balançando para outro extremo, e a Bíblia é considerada, até mesmo por aqueles que não acreditam na sua inspiração, como um Livro digno de confiança em alto grau, do ponto de vista histórico". Sabemos que na cultura tecnológica do Ocidente os números vão se tornando sinônimo de verdade. Diante deste fato, lançaremos agora provas matemáticas de que as Escrituras e as profecias bíblicas são dignas de crédito, e não somente isto: são também inspiradas por Deus, constituindo-se assim em um dos canais da revelação do conhecimento de Deus para o homem. Damos, então, a palavra ao dr. Morris: "Existem mais de trezentas profecias no Antigo Testamento que foram cumpridas por Cristo na ocasião de sua primeira vinda. Na tentativa de determinar a significação científica desses cumprimentos proféticos, certo matemático do estado da Califórnia, nos Estados Unidos da América, o professor Peter Stoner, fez interessante experiência com uma de suas classes. A cada membro da classe foi dada uma profecia messiânica particular, para ser estudada com o propósito de determinar a probabilidade estatística de como aquele evento especial poderia ter sido predito sem o concurso da inspiração sobrenatural. Por exemplo, a profecia de Miquéas 5:2 diz que o Messias nasceria em Belém. Não havia mais motivo para essa aldeia ser escolhida do que qualquer outra aldeia em Judá. Por conseguinte, sua possibilidade de cumprimento por acaso é conseguida com a divisão pelo número das aldeias existentes em Israel naquele tempo. Dessa maneira, as probabilidades de cumprimento foram determinadas para cada uma das 48 profecias messiânicas". (Obs.: O dr. Morris refere-se às profecias que, de um modo objetivo, são reconhecidas como cumpridas claramente nas narrativas da vida de Jesus; no entanto, há uma sem-número delas que se cumpriram também no primeiro advento do Messias.)". "Ora as leis da probabilidade matemática mostram que a probabilidade das diversas ocorrências por acaso, independentes uma das outras, de serem realizadas simultaneamente, é igual ao produto das probabilidades das diversas ocorrências individuais. Assim, a probabilidade de
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todas essas 48 profecias se terem cumpridos simultaneamente em um indivíduo, o Messias e Salvador prometido, foi calculada como o produto de todas as probabilidades separadas. E o professor Stoner descobriu que a probabilidade resultante é a probabilidade entre o número que se escreve com o algarismo 1 seguidos por 181 zeros. Para percebermos a significação desse número tremendo, poderíamos imaginar uma enorme bola composta de elétrons solidamente amontoados. Os elétrons são as menores entidades que conhecemos. Seriam necessários 2,5 milhões de bilhões deles para fazer uma linha com uma polegada de comprimento. A maior coisa que conhecemos a respeito é nosso Universo físico, com cerca de quatro bilhões de ano luz de diâmetro (um ano luz é a distância que a luz viaja durante um ano, à velocidade de mais de trezentos mil quilômetros por segundo). Entretanto, nossa bola de elétrons compacta deveria ter um diâmetro cerca de quinhentos quatrilhões de vezes maior que o diâmetro de nosso Universo. Um desses elétrons seria a seguir destacado entre os demais, e então a massa inteira seria agitada completamente. Seria então enviado um homem de olhos vendados para encontrar dentre a enorme massa o elétron marcado. A probabilidade que ele teria de selecionar o elétron correto, na primeira tentativa, seria, em termos redondos, equivalente à probabilidade de que essas 48 profecias referentes ao Messias tivessem tido seu cumprimento sem o concurso da inspiração sobrenatural e divina." (Morris) Tivéssemos nós tempo, e entraríamos em interessantes descobertas arqueológicas, que tornam patente que as Escrituras não são simples registros históricos, mas sim a própria palavra de Deus, em face de sua autoridade e também do cumprimento de todos os seus veredictos pronunciados à história e aos homens. Cumpre-nos dizer que as Escrituras não apenas testemunham e revelam a natureza santa do Criador, mas também orientam o inquiridor sincero até a revelação pessoal de Deus, que está em seu Filho, Jesus Cristo, sendo Ele próprio a imagem do Deus, invisível, o Primogênito de toda a criação. Olhemos então para a revelação pessoal de Deus e conheçamo-LO intimamenteatravés dela.
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Capítulo V Em Jesus Cristo Ele Veio Aqui
O professor T.W. Manson expressou sua opinião sobre o fascínio da vida de Jesus com as seguintes palavras: "Um dos aspectos mais surpreendentes da vida intelectual nos últimos dois séculos é o interesse ininterrupto na vida e no ensino de Jesus e um esforço contínuo para descobrir os fatos e avaliar sua significação. Pensar-se-ia que, logicamente, em um campo cultivado de modo tão diligente, por um período tão longo, nada mais haveria para ser feito e pouca novidade a ser revelada. É de espantar, porém, que esta expectativa razoável seja constantemente negada pelo que acontece." Jesus é a pessoa histórica mais importante que já existiu. Seu nascimento dividiu a história; Seu ensino revolucionou os costumes de dois terços do mundo existente, ainda que boa parte dessa influência tenha sido distorcida ou mesmo paganizada. Quem é Ele?
Com o Seu nascimento, começaram as perguntas a respeito d’Ele. Os magos do Oriente indagaram: "Onde está o recém-nascido Rei dos Judeus?" (Mateus 2:2). Ainda nos primeiros meses de Sua existência, ao ser levado ao templo, d’Ele já se dizia: "Eis que este menino está destinado tanto para a ruína como para levantamento, e para ser alvo de contradição, para que se manifestem os pensamentos de muitos corações." (Lucas 2:34-35). Logo ao iniciar seu ministério, as perguntas se ergueram das mentes em suspense: "Quem é este que diz blasfêmias?" (Lucas 5:20-21); diante dos seus discípulos espantados em face do sobrenatural, ouve-se: "Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?" (Mar. 4:41); diante dos fariseus intrigados pelo perdão dado a uma prostituta, escuta-se: "Quem é este que até perdoa pecados?" (Lucas 4:39). Quando no final do seu ministério entra em Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou e perguntavam: "Quem é este?" (Mateus 21:10). As mesmas perguntas continuam sendo feitas em muitos círculos, universidades, tribos ou grandes cidades. São perguntas
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nossas! E se as fazemos é porque sabemos que de alguma forma elas podem ser respondidas. Jesus, o Sui Generis
A pessoa de Jesus nunca foi nem será abandonada pelos homens. Há perguntas sobre Deus irrespondíveis para os homens que podem ser respondidas pelo próprio Deus. Um número incontável de pessoas tem afirmado que "n’Ele estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento", e todos os que assim pensam também afirmam: "n’Ele habita corporalmente toda plenitude da divindade" (Col. 2:9). No Evangelho de João, capítulo I, versículos 1 e 2, encontramos o que segue: "No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio d’Ele e sem Ele nada do que foi feito se fez". Concluindo seu pensamento sobre a existência anterior à matéria, João declara: "E o Verbo (Aquele que existe antes da matéria) se fez carne e habitou entre nós cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória como a do Unigênito do Pai" (Jo. 1:14). Mas as maiores afirmativas do cristianismo não foram feitas pelos discípulos de Jesus, e sim por ele próprio. As reivindicações feitas por Jesus assombram os filósofos, causam inquietação nos céticos, contradizem fundadores de religiões outras e acalentam os corações de milhares de homens de fé. O cristianismo está inseparavelmente ligado ao seu Fundador, o que não acontece com as outras religiões existentes no mundo. Há sobrevivência para o budismo sem a pessoa de Buda, para o confucionismo sem Confúcio, para o maometismo sem Maomé. Aliás, foi isso mesmo o que declarou um dos mais fervorosos discípulos de Maomé, quando este morreu em Medina. O povo de fé islâmica encontrava-se desolado com a morte do profeta do Corão. Todos lamentavam como por um sonho cheio de esperanças que se desfizera com a realidade do despertar, mas Bila, servidor ardoroso do Islã, subiu no alto da Mesquita de Medina e de lá gritou em alto e bom som para todo o povo: "Maomé está morto. Quem colocou fé em Maomé, com ele também morreu, mas Alá continua vivo e os que nele têm posto fé continuarão vivendo."
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Inserimos esta declaração de Bila no contexto, mas não concordamos com o fato de que um deus criado pela imaginação humana, como foi o caso de Alá na sua relação com Maomé, possa satisfazer os exigentes anseios do coração humano. O conceito que o Corão, livro dos maometanos, nos traz de Deus é o seguinte: "um Deus totalmente afastado dos homens, caprichoso em todos os seus atos, responsável tanto pelo bem como pelo mal." Este conceito não satisfaz o espírito sedento por uma relação pessoal com o seu Criador. Gostaríamos também de citar declarações de pessoas verdadeiramente insatisfeitas nesse sistema filosófico-religioso, bem como em muitos outros sistemas, mas a escassez de tempo não nos permite fazê-lo. Dos grandes líderes religiosos do mundo, só Cristo declara que é Deus. A ênfase que é dada às demais religiões do mundo não se prende aos seus fundadores, mas aos seus ensinos. Este não é o caso de Jesus. Ele fez de Sua própria pessoa e obra o ponto central dos seus ensinamentos. Thomas Carlile, historiador e filósofo do século XIX, afirmou: "Se se perder a doutrina da divindade de Cristo, o cristianismo desaparecerá como um sonho." Outra declaração extraímos do dr. W. H. Griffith Thomas, que chegou a ser diretor daWycliffe Hall, Oxford: "O cristianismo é a única religião do mundo que permanece na pessoa do seu Fundador." A pessoa e a obra de Jesus são a rocha inabalável sobre a qual o cristianismo está fundado. Sem Cristo, o cristianismo faleceria de tristeza e fraqueza. Cristo é o centro. Tudo em redor é circunferência. A diferença básica entre a mensagem de Jesus e a das outras religiões está no fato da relação do homem com o seu Criador. Nas outras religiões do mundo encontramosos homens se esforçando para alcançar a Deus. No cristianismo, encontramos Deus alcançando o homem e relacionando-se de modo pessoal e em plena identificação com ele. O dr. D. T. Niles, do Ceilão, declarou: "Nas outras religiões, as boas obras são 'a fim de'. No cristianismo, as obras são 'o portanto'. Noutras religiões, as obras são os meios pelos quais a pessoa espera ganhar a salvação. No cristianismo, a salvação se recebe como um dom gratuito através da obra completa realizada por Cristo, e o 'portanto (...) das obras vem a ser o imperativo do amor de Deus'. Como alguém já disse: 'As outras religiões são: faça'. O cristianismo é 'feito'". A mensagem de Jesus é: "Eu vim buscar e salvar o que se havia perdido." É uma pregação da preocupação de Deus com as suas
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criaturas, dotadas de existência pessoal, e o Seu imenso desejo de se relacionar com elas em amor. Ainda que os efeitos práticos do cristianismo possam ser reconhecidos na base existencial do dia a dia, não queremos apelar para um pragmatismo sem explicações. Desejamos, a partir desta hora, olhar para as reivindicações que Jesus fez para si próprio. Citamos nesta oportunidade H. P. Liddon, um antigo erudito e chanceler da Catedral de São Paulo: "Sua mais espantosa revelação não foi Ele próprio." Vejamos as reivindicações das palavras de Jesus. Palavras Inimitáveis
O pronome pessoal e o artigo definido são indispensáveis nas declarações de Jesus. Observemos: "Eu sou a Luz do mundo; quem me segue não andará em trevas; pelo contrário, terá a Luz da vida" (Jo. 8:12); "Eu sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo, 14:6); "Eu sou o Pão da Vida; o que vier a mim jamais terá fome; e o que crer em mim jamais terá sede" (Jo. 6:35); "Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crer em mim não morrerá eternamente" (Jo. 11:25-26). Em Lucas 4:18-22, encontramos uma espantosa reivindicação que Jesus fez para Si próprio. Nessa passagem, lemos que estando Jesus em sua cidade natal, entrou em uma sinagoga e manifestou o desejo de ler as Escrituras. Abriu num texto de Isaías, numa profecia referente ao Messias, leu-a, e depois, diante de todo o povo, exclamou: "Hoje se cumpriu a Escritura de acabais de ouvir." Em outras palavras, Ele asseverava: "Isaías escreveu isso sobre mim". Numa outra ocasião, diante dos judeus intrigados com Suas afirmativas, Jesus disse: "Vosso pai Abraão alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se." Perguntaram-lhe os judeus como isso poderia ter acontecido, porquanto Abraão vivera dois mil anos antes de Jesus. Ele lhes respondeu: "Antes que Abraão existisse, eu sou". Ele também afirmou que o Velho Testamento anunciava a Sua vinda e que Moisés havia escrito a respeito d’Ele. Diante de uma multidão de homens religiosos e monoteístas, Jesus afirmou: "Eu e o Pai somos um!" E na noite que antecedeu o Seu sofrimento e morte, estando reunido com os Seus discípulos, um deles, chamado Felipe, lhe perguntou: "Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta." Ao que respondeu Jesus: "Felipe, há tanto tempo estou convosco e não me tens conhecido? Quem me vê a Mim, vê o Pai; como dizes tu: mostra-nos o Pai? Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por
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mim mesmo; mas o Pai que permanece em mim faz as suas obras".(Jo. 14:8-10) Não há possibilidade de coadunarmos qualquer sentido de megalomania da parte de Jesus e de suas reivindicações pessoais, a não ser com Sua própria divindade. Como disse C. S. Lewis: "A discrepância entre a profundidade e a sensatez do Seu ensino moral de um lado e, do outro, a incomensurável megalomania que teria que subjazer atrás do Seu ensino teológico, a menos que Ele fosse realmente Deus, nunca foi superada e explicada satisfatoriamente." Há aqueles, no entanto, que acham que Jesus mentiu quando fez as asseverações de Sua divindade para atrair a atenção dos Seus crédulos e ignorantes discípulos. Há outros que O têm na conta de sincero, porém enganado basicamente naquilo que cria com sinceridade. Há ainda aqueles que lhe atribuem o plano da paranoia e da loucura, dizendo que só um louco poderia fazer tais reivindicações. Mas para enfraquecimento dos argumentos acima mencionados, não há qualquer análise séria que possa detectar mentira, engano ou loucura na pessoa de Jesus; muito pelo contrário, Suas afirmativas são perfeitamente congruentes com as obras por Ele operadas diante dos homens. Se as reivindicações das obras de Jesus podem ser usadas como elemento apologético incontestável, dando assim realidade às suas palavras, começa a tornar-se claro o mistério, para milhares de homens, no que diz respeito a um Deus distante e incognoscível, pois nas reivindicações de Jesus patenteia-se a realidade de uma mensagem impregnada da unidade existente entre o seu pregador e o Criador de todas as coisas. Sendo isso verdade, Deus passa a estar perto e ser cognoscível. Obras Inigualáveis
Seu nascimento é narrado como algo sobrenatural. Aliás, só um nascimento sobrenatural explica uma vida tão cheia de fascínio e poder. Toda a Sua vida foi marcada pela manifestação do incomum ou mesmo do extraordinário na relação com as leis da natureza. Encontramo-Lo no início do Seu ministério jejuando quarenta dias e noites, e sobrevivendo diante de tão grande abstenção alimentar. A partir daí, vemo-Lo operando toda sorte de sinais e
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prodígios na cura dos enfermos, paralíticos, lunáticos, cegos, mudos e surdos, sem que de Sua parte fosse feito qualquer ritual misterioso. A harmonia entre as Suas palavras e o efeito por elas obtido na recuperação dos flagelados do corpo humano é tão encantadora quanto tudo o que o mais hábil de todos os maestros pode arrancar da mais atenta e afinada orquestra. Quando observamos todos os homens dotados de possibilidades de efetuar o sobrenatural, verificamos sempre a necessidade, para eles imprescindível, de humilhação, petição e espera da manifestação sobrenatural. Tal não acontecia com Jesus, que com a autoridade d’Aquele que pode todas as coisas com simplicidade e consciência ordenava. Em João 10:25, lemos: "Já vo-lo disse, e não credes. As obras que eu faço em nome de meu Pai testificam a meu respeito." Vejamos, então, como estas obras podem testificar a respeito de Jesus e de Sua divindade. Entendamos antes de darmos prosseguimento a essa argumentação que, se de fato as maravilhas operadas por Jesus nos revelam a Sua divindade, podemos, a partir daí, conhecer a natureza, o caráter e a personalidade de Deus em Cristo Jesus. Ele tinha poder para transformar os elementos básicos da matéria, pois demonstrou isto transformando água em vinho. Cristo nos revelou que tinha possibilidade de saber o que as pessoas estavam fazendo ou iriam fazer, ainda que delas estivesse distante no tempo e no espaço. Demonstrou isso ao dizer para Natanael o que este estava fazendo naqueles dias antes de encontrar-se com Jesus. Revelou-nos, também, na casa do fariseu Simão, quem era a mulher que lhe lavava os pés. E quando, na cidade de Sicar, narrou para a mulher com quem conversava à beira do poço toda a história de sua vida pregressa, patenteou este Seu poder. Entrando em Jericó, ao passar embaixo de um sicômoro, olhou para cima e disse a um desconhecido: "Zaqueu, desce depressa, pois hoje me convém pousar em tua casa". Revelou-nos Sua autoridade sobre a matéria e sua existência tirando-a quase do nihilo, ou seja, quase "do nada", e num certo sentido "do nada" mesmo. Manifestou isso duas vezes, sendo uma delas junto ao Mar da Galiléia, diante de cinco mil pessoas famintas e sem terem o que comer. Quando lhe trouxeram cinco pães e dois peixes, debaixo da crítica racionalista dos seus discípulos que diziam "Que é isto para tanta gente?", Ele, entretanto, tendo dado graças, distribuiu os pães e os peixes aos seus discípulos, e estes, ao povo. E dessa insignificante quantidade de alimentos participaram cinco mil pessoas, tendo sido recolhidos ao final doze cestos cheios dos pedaços que haviam sobejado.
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Tornou-se-nos também evidente o Seu poder no governo soberano da natureza e das suas leis quando atravessou o Mar da Galiléia para a cidade de Gadara, na companhia de seus discípulos. Estes remavam e Jesus, cansado da viagem, dormia um pouco na popa do barco, quando, de repente, os imensos corredores de pedra que existem em volta do mar, em face de tantos montes que o circundam, canalizaram para dentro deste uma indomável tempestade de vento, ficando o barco a ponto de soçobrar. Os discípulos, então, no mais natural desejo de salvação, acordaram a Jesus, dizendo-lhe: "Mestre, não te importas que pereçamos?" E Ele, despertando, disse ao tempestuoso vento: "Cessa." E ao mar: "Acalma-te, emudece." Imediatamente tudo cessou e fez-se grande calmaria em todo mar. No mesmo mar, vemo-lo indo ao encontro de seus discípulos andando por sobre as águas, demonstrando a harmonia que havia entre Ele e a natureza. Se nos detivéssemos ainda diante dos milagres manifestados por Jesus na área do corpo humano, simplesmente não nos sobraria mais tempo nem espaço para analisar o vasto material que os Evangelhos nos apresentam a respeito do assunto. E, em virtude da exiguidade do tempo, apreciaremos apenas dois acontecimentos milagrosos. Parecendo elegante negar os milagres de Jesus, muitas pessoas cultas - ou aparentemente cultas - levaram esses milagres para o plano da influência poderosa de Sua mente sobre as pessoas, causando uma influência psicossomática. Sabemos hoje em dia que muitas doenças, em vez de terem uma origem orgânica, surgem na fábrica grandiosíssima que há dentro de cada ser humano. Comumente, a cura para este tipo de doença opera-se com a reorganização das condições normais da mente, o que de imediato traz o reajuste à condição física. Pode ser que algumas das curas que Jesus operou tenham uma conotação dessa benéfica influência, mas algumas estavam obviamente fora desta categoria. Consideremos, por exemplo, as curas de vários leprosos, ocorridas no ministério de Jesus. É óbvio que estes não sofriam de influência simplesmente psíquica. Eles haviam tido uma experiência direta com o Deus que tem poder sobre todos os males. Detenhamo-nos na fascinante história narrada por João no capítulo 9 do seu Evangelho. Lá encontramos Jesus na cidade de Jerusalém, confrontando-se com um homem cego desde o nascimento, tendo, portanto, uma doença congênita. Deste aproximou-se Jesus, untando-lhe os olhos com saliva e dizendo-lhe: "Vai e lava-te no tanque de Siloé (que quer dizer Enviado). Ele foi, lavou-se e voltou vendo." Ao ser interrogado pelos fariseus, o que
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dantes fora cego disse: "Desde que há mundo jamais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença". Mais assombrosa ainda é a história narrada no capítulo 11 do mesmo Evangelho. Lá encontramos uma cena das mais sui generis da história do homem. A ocorrência registrou-se na aldeia de Betânia, perto de Jerusalém. Lá adoeceu Lázaro, amigo de Jesus, vindo a falecer e a ser sepultado. Tendo sido informado da doença de Lázaro, ainda permaneceu Jesus alguns dias no lugar onde estava, sem se dirigir a Betânia, fazendo isso apenas depois de Lázaro ter morrido. Tendo consciência plena da morte do amigo, Jesus disse aos seus discípulos: "Lázaro morreu; e por vossa causa me alegro de que lá não estivesse, para que possais crer; mas vamos ter com ele". Dirigiram-se então ao pequeno povoado. E, lá chegando, encontraram Lázaro já sepultado havia quatro dias. Diante do sofrimento e das expressões do mais profundo sentimento de amor manifestos pelas irmãs e amigos de Lázaro, Jesus derramou lágrimas de comoção. Depois, dirigiu-se para o túmulo onde se encontrava o cadáver em putrefação, de acordo com o testemunho que as próprias irmãs do morto davam do seu estado, e, diante da gruta sombria que guardava o cadáver, Jesus ordenou: "Tirai a pedra." Depois, levantando os olhos ao céu, disse: "Pai, graças Te dou porque me ouviste; aliás, Tu sempre me ouves, mas assim falei por causa da multidão presente, para que creiam que Tu me enviaste". Depois de haver dito isto, com toda autoridade e poder, ordenou: "Lázaro, vem para fora." Diz-nos a Bíblia: "Saiu aquele que estivera morto, tendo os pés e as mãos ligados com ataduras, e o rosto envolto num lenço." Então lhes ordenou Jesus: "Desatai-o e deixai-o ir". Muitos têm se levantado impiedosamente contra esta narrativa, subestimando-a como verdadeira e superestimando a ignorância dos presentes. Mas, se é que há um conhecimento bem difundido em toda área e percepção do ser humano, este é na possibilidade de alguém perceber a morte de um semelhante, ainda mais quando o mesmo já está comprometido pela putrefação. Há, no entanto, um argumento que debulha e esmiuça todo o pensamento que se levanta contrário à verdade do fato apresentado. Trata-se do testemunho inconteste que os próprios fariseus presentes em Betânia, inimigos da divindade de Jesus, prestaram ao evento, sendo eles mesmos os primeiros a admitir a realidade do que Jesus operara, com as seguintes palavras: "Que estamos fazendo, uma vez que este homem opera grandes sinais? Se o deixarmos, todos crerão nele". O problema da incredulidade não se levanta apenas pela falta de evidências, mas na maioria das vezes é uma prevenção de muitos
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para encarar a verdade e diante dela não se curvar. Disse um ateísta convicto em certa ocasião: "O que impressiona... é que o ateísmo parece ter abandonado a sua busca pela verdade. Fatos e argumentos que pesam sobre o ateísmo são postos de lado sem resposta." Como alguém já disse: "Suas únicas cogitações são: Não há Deus". Não há como negar-se à contundência da ressurreição de Lázaro como realidade incontestável, inclusive quando sabemos que por duas vezes anteriores Jesus havia operado o mesmo sinal em pessoas diferentes, e também quando verificamos, na sequência da narrativa bíblica, que foi o fato da revivificação física de Lázaro o que imprimiu na mente das autoridades judaicas a necessidade de matar Jesus, em virtude das provas inalienáveis que ele tinha para fazer acompanhar a sua mensagem, irrefragavelmente patenteadora da sua divindade. De sorte que os fariseus disseram: "Vêde (...) eis aí vem o mundo após Ele". Muitos perguntam: "Teria sido Jesus um impostor deliberado? Será que ele tentou ganhar a adesão dos fariseus forjando para si próprio uma pseudo divindade?" Estes argumentos têm os seus protagonistas, mas isto é tão difícil de crer em relação a Jesus. Ele odiava a hipocrisia e sempre deixava transparecer a mais arraigada sinceridade em todas as suas ações. Dizem alguns: "Não precisamos chamá-lo de maluco; mas teria ele uma espécie de ilusão ou fixação com relação à sua própria existência?" Estes pensamentos também têm os seus partidários, mas é claro que a ilusão deles e maior do que aquela que pensam ver em Jesus. O caráter de Jesus mantém suas reivindicações; as obras de Jesus endossam tais apelos e Suas palavras com isso ganham toda autoridade e direito nos corações. Entretanto, há alguns que ainda dizem: "É cedo demais para crer. Mostrem-nos mais evidências." Graças a Deus, é exatamente isto que não falta na pessoa de Jesus: evidências. Vejamo-las imperativamente apresentadas em Sua histórica ressurreição de entre os mortos. O Fato dos Fatos
A ressurreição física de Jesus Cristo tem sido, no curso de dois mil anos de cristianismo, a rocha sobre a qual repousa o bem fundado alicerce da fé cristã. Não se trata de um fato criado pela mente nervosa dos discípulos, como tão frequentemente tem sido suposto por alguns homens céticos ou disfarçados com a máscara da altivez intelectual, afirmando que não podem crer, como verdade
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histórica, num fato presenciado por homens antigos e não intelectualizados pela academia da cultura da época em que viveram. Várias teorias têm sido levantadas por muitos que não querem se envolver com a ressurreição de Jesus, ou que conscientemente nela não crêem. Vejamos estas muitas teorias de um modo bem sintético, porém sem prejuízo dos argumentos necessários a serem expendidos. A primeira é a teoria do corpo roubado. Sustentada inicialmente pelas autoridades judaicas, na tentativa de explicarem as afirmativas que os discípulos faziam a respeitoda ressurreição de Jesus. Esta teoria foi mais tarde defendida pelo escritor Raimarus e outros. Porém nunca foi considerada, no campo da investigação histórica, como algo sério, em face do caráter idôneo e bem conhecido de todos os apóstolos e também de suas mortes pavorosas, em razão do testemunho vibrante que davam da ressurreição de Jesus. A segunda teoria é a do túmulo errado. Este argumento foi defendido por Kirsopp, mas é tão inconsistente que um simples esclarecimento pode derrubá-lo por completo. Quando eu e minha esposa estivemos em Israel, nos familiarizando com a geografia bíblica, observamos e também fomos informados que não há em todas as imediações do Monte Calvário nenhum outro túmulo, a não ser o do Jardim onde Jesus foi posto, sendo este um túmulo particular outrora pertencente a José de Arimatéia, não havendo, por isso, possibilidade de erro quanto ao túmulo. A terceira teoria é a da visão. Pregada fervorosamente por Strauss, afirma que os discípulos criam tão firmemente na ressurreição que começaram a ter alucinações individuais, as quais foram sendo narradas em reuniões mantidas com frequência após a morte de Jesus, e então, no decorrer do tempo, elas foram sendo escritas como acontecimentos coletivos. Essa teoria, no entanto, defronta-se com dois grandes problemas: o primeiro é que a ressurreição de Jesus foi algo admitido contra a vontade, até mesmo com reações ditadas pela incredulidade, dos próprios discípulos, fato que pode ser notado em todas as narrativas dos evangelhos, tendo, inclusive, como tema básico para tal afirmativa as palavras de Tomé, quando disse: "Se eu não vir nas Suas mãos o sinal dos cravos e no Seu lado não puser o meu dedo, de modo nenhum acreditarei." O segundo aspecto é que alucinações não são padronizadas e ordenadas na área da manifestação individual, quanto mais na ocorrência coletiva como foi no caso dos discípulos. A quarta teoria é a do longo desmaio. Esta postula que Cristo não morreu, tão-somente desmaiou e, tendo sido posto num túmulo
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fresco, restaurou a consciência e de lá saiu aparecendo aos seus discípulos, que o tiveram como ressuscitado. A respeito desta teoria dizia o crítico alemão David Strauss, que, diga-se de passagem, não acreditava na ressurreição, como já foi mencionado na teoria da visão: "É impossível que alguém que acabava de sair da sepultura, semimorto, que vinha se arrastando fraco e doentio, que se achava necessitado de tratamento médico, de ataduras, de fortalecimento, de minucioso cuidado e que por fim sucumbira ao sofrimento, pudesse jamais ter causado nos discípulos a impressão de que Ele era o vencedor da morte e da tumba, que Ele era o príncipe da vida. Isto formaria a base do futuro mistério deles. Uma ressurreição assim só poderia ter enfraquecido a impressão que Ele havia causado neles em vida e na morte - ou, no máximo, poderia ter dado a tal impressão um aspecto melancólico -, mas não poderia por nenhuma possibilidade ter mudado sua tristeza em entusiasmo ou elevado sua reverência ao nível da adoração!!!". Sem que possa valer a pena mencionar detalhadamente, há ainda as seguintes teorias: a do telegerama, a lendária e a hiperbólica, mas estas, menos que as anteriores, não têm virtude crítica que se esboce diante da realidade dos fatos apresentados pelos historiadores cristãos. A ressurreição de Jesus Cristo aconteceu de modo sobrenatural e objetivo em razão dos seguintes fatos: 1º) Cristo morreu - e tal veredicto foi sacramentado quando os soldados romanos lhe enfiaram uma espada no coração, já depois de ter sido dado como morto. (Jo. 19:31-37); 2º) O sepultamento de Jesus foi físico. O corpo de Jesus foi sepultado no tempo e no espaço, consequentemente, foi um evento histórico...! (Jo. 19:38-42); 3º) O túmulo de Jesus ficou vazio. Este fato foi testemunhado pelos soldados romanos que guardavam o túmulo e pelas mulheres que o visitavam na hora da manifestação dos anjos aos guardas romanos. Foi também testemunhado por Pedro, João e por Maria Madalena, posteriormente. No entanto, há evidência física de que a ressurreição se deu no corpo de Jesus e não na área do espírito e do subjetivismo. Pedro e João puderam observar, quando entraram no túmulo, que os lençóis de linho que envolviam o corpo de Jesus estavam em perfeita ordem, tornando patente a manifestação mais que ordenada do corpo passando através dos lençóis, e não se
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desenrolando deles, como seria normal na área comum das possibilidades humanas. A mensagem bíblica da ressurreição apresenta-se como corporal e, consequentemente, histórica e digna de crédito. A dessemelhança da ressurreição está em suas propriedades manifestadas. Depois de ressuscitado, Jesus revelou-se em ambientes fechados, sem que, para entrar, tenha feito uso de portas e janelas. No entanto, em algumas narrativas da ressurreição vemos O Ressuscitado alimentando-se com alimentos do uso comum, tais como: peixes e pães. Encontra-se, entretanto, no livro The Truth of Christianity Series, a seguinte declaração: "Nenhuma substância material, porta ou qualquer outra coisa, é realmente sólida. Existem sempre espaços entre as moléculas, de modo que um corpo atravessar outro não é coisa mais difícil de imaginar do que um regimento passar por outro, marchando, num desfile militar, e se o regimento contivesse tantos homens quantas moléculas existem numa porta, provavelmente pareceria tão sólido quanto ela. Além disso, o corpo ressuscitado de Cristo, ainda que possuindo algumas propriedades materiais, é representado como tendo sido espiritual, e a maior aproximação de uma substância espiritual de que temos conhecimento científico é o éter, que também parece combinar propriedades materiais e imateriais, mostrando-se em algumas particularidades mais um sólido do que um gás. Pode, no entanto, atravessar todas as substâncias materiais, e isso certamente nos impede de declarar inacreditável que o corpo ressuscitado de Cristo passasse por portas fechadas. Na verdade, por tudo quanto sabemos, pode ser uma das propriedades de seres espirituais a de atravessar substâncias materiais (como fazem os raios-x) e se mostrarem em geral invisíveis, mas, ainda assim, serem capazes, se o desejarem, de assumir algumas das propriedades da matéria, tais como se tornarem visíveis ou audíveis. Na verdade, a menos que sejam capazes de fazê-lo, é difícil ver como pudessem manifestar-se. E uma pequena alteração nas ondas luminosas vindas de um corpo o tornariam visível aos olhos humanos, estando fora de dúvida dizer que Deus, o Onipotente, não pudesse operar tal transformação num corpo espiritual. Embora um corpo assim fazer-se tangível ou ingerir alimentos não seja realmente mais maravilhoso do que se tornar visível ou audível, porquanto quando ultrapassamos a fronteira entre o natural e o sobrenatural tudo é misterioso."
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Esta longa citação visa tão-somente demonstrar como, na presente ordem de coisas, há elementos interessantes, que elucidam basicamente o fato da ressurreição como algo real no espaço físico. Não estamos, no entanto, afirmando que as coisas se desenrolaram no campo científico-experimental, mas sim que não há necessidade para tanto ceticismo, quando na área experimental da ciência há um similar, ainda que ofuscado pelo brilho majestoso de tudo quanto envolveu o corpo ressuscitado de Jesus. A realidade da ressurreição de Jesus perpetrou-se de forma tão soberana na vida de suas testemunhas que nem o Coliseu, o Capitólio, as Catacumbas, as perseguições romanas e a fogueira puderam calar a mensagem que revolucionou o mundo! Encontramos mais historicidade a respeito do evento quando lemos de Josefo, historiador judeu, na época do século I d.C., o seguinte: "Levantou-se por este tempo Jesus, homem sábio, se é lícito chamar-lhe homem, pois realizava obras maravilhosas, um ensinador de homens que recebem a verdade com prazer. Ele persuadiu a segui-LO muitos judeus e muitos gentios. Ele era o Cristo. E quando Pilatos, a pedido dos principais homens entre nós, O condenou à cruz, aqueles que O amavam a princípio não O abandonaram; pois Ele apareceu-lhes vivo de novo ao terceiro dia; como os profetas divinos tinham predito estas e dez mil outras coisas maravilhosas a respeito d’Ele." Houve 13 aparições de Jesus no espaço de quarenta dias, sob todas as condições e circunstâncias concebíveis. Ele foi visto no Jardim do túmulo na manhã da ressurreição; pelas mulheres de caminho para casa; por dois discípulos no caminho para uma cidade chamada Emaús, tendo Jesus andado com eles alguns quilômetros; pelos seus discípulos no mesmo dia à noite no cenáculo onde estavam reunidos; pelo mesmo grupo uma semana depois, incluindo a presença de Tomé; em um monte da Galiléia, e mais tarde, também, a sete deles no Mar da Galiléia, numa das praias da cidade de Tiberíades; foi visto também por Tiago, por Pedro e finalmente por mais de quinhentas pessoas, que na época em que Paulo escreveu a primeira epístola aos Coríntios ainda estavam vivas para contar a história, se necessário fosse. Certamente se aquela fosse uma época que oferecesse os recursos que a tecnologia atual põe à disposição do homem, tais como máquinas de fotografar e filmadoras, teriam os discípulos, inevitavelmente, anexado às provas dos seus testemunhos um material fotográfico para corroborar com as afirmativas que com lucidez faziam.
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Independentemente de todas as aparições de Jesus, há também as dos anjos que anunciaram o evento, inclusive diante dos soldados romanos que guardavam o túmulo, tendo estes, com assombro, anunciado a realidade do que viram diante das autoridades judaicas. Torna-se totalmente idônea essa narrativa da aparição dos anjos, por não contar com o elemento "esperança visual", de inspiração strausiana, por parte dos guardas romanos. Negar a ressurreição do Senhor Jesus é ter também que negar credibilidade ao resto da história humana! Se há um fato histórico comprovado, este é o da ressurreição física de Jesus, sendo, portanto, necessário um melhor posicionamento diante daquele que não pode ser negado. Quando o Incognoscível se Torna Cognoscível
Não temos estado a falar todo este tempo sobre Cristo e suas reivindicações por sermos apaixonados pela advocacia da causa cristã. Nosso único interesse até agora tem sido fazer um apelo consubstanciado, com provas e premissas, para que sobre este escopo racional possamos descansar n’Aquele que é poderoso para desvendar todos os segredos de Deus, fazendo com que Este se torne uma pessoa tão íntima quanto possa haver intimidade entre dois seres pessoais. Lembrem-se os nossos leitores que falamos dos quatro canais da revelação divina. Assim, vimos a Natureza, a Consciência, as Escrituras e por último a pessoa de Jesus Cristo. Voltemos, portanto, depois de termos andado pelos campos variados da argumentação, a fazer as perguntas iniciais: Quem é Deus? Como encontrá-LO? Como conhecê-LO? Como obedecê-LO? Creio que depois dos concisos argumentos apresentados, estas perguntas já não soam com a mesma conotação do incognoscível como soaram no início deste pequeno trabalho. Se você, depois de meditar no proposto neste despretensioso opúsculo, sentiu que uma porta se lhe abriu, um horizonte se lhe mostrou, e nele o sol que ilumina a morada do "pessoal e particular" raiou, permita-me dizerlhe: entre por esta Porta, contemple este Horizonte e deixe-se iluminar por este Sol, que é Jesus. Não há razão para que você, como criatura de Deus, viva como se não o fosse. Também não há razão para que você, como ser criado para comunhão pessoal com Deus, viva em busca de uma relação impessoal com Ele; e ainda, como ser programado para a felicidade e a satisfação, viva em total desprogramação existencial! Hoje você pode atender a dois apelos. O primeiro é o apelo que o seu próprio