Teste 2
Sequência 1. Fernando Pessoa
Sequência 1. Fernando Pessoa
Teste Tes te 2
Grupo I Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada.
A Lê o excerto do Livro do Desassossego. Desassossego .
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Eu nunca fiz senão sonhar. Tem sido esse, e esse apenas, o sentido da minha vida. Nunca tive outra preocupação preocupação verdadeira verdadeira senão a minha vida interior. interior. […] Há tambm as paisa!ens paisa!ens e as vidas "ue não foram inteiramente inteiramente interiores. #er$ tos "uadros, sem subido re%evo art&stico, certas o%eo!ravuras "ue havia em paredes com "ue convivi muitas horas ' passam a rea%idade dentro de mim. ("ui a sensa$ ção era outra, mais pun!ente e triste. (rdia$me não poder estar a%i, "uer e%es fossem reais ou não. Não ser eu, ao menos, uma fi!ura a mais desenhada ao p da"ue%e bos"ue, ao %uar %uar "ue havia numa pe"uena !ravura !ravura dum "uarto onde dormi )á não em pe"ueno* Não poder poder eu pensar pensar "ue estava a%i a%i ocu%to, no bos"ue bos"ue + beira do rio, por por a"ue%e %uar eterno embora ma% desenhado-, vendo o homem "ue passa num barco por baio do debruçar$se debruçar$se de um um sa%!ueiro* ("ui o não poder poder sonhar inteiramente do&a$me. (s feiç/es da minha saudade eram outras. 0s !estos do meu desespero eram diferentes. ( impossibi%idade "ue me torturava era de outra ordem de an!1s$ tia. (h, não ter tudo isto um sentido em 2eus, uma rea%ização conforme o esp&rito de nossos dese)os, não sei onde, por um tempo vertica%, consubstanciado com a di$ reção das minhas saudades e dos meus devaneios* Não haver, pe%o menos s3 para mim, um para&so feito disto* Não poder eu encontrar os ami!os "ue sonhei, passear pe%as ruas "ue criei, acordar, acordar, entre o ru&do dos dos !a%os e das !a%inhas !a%inhas e o rumore)ar rumore)ar matutino da casa, na casa de campo em "ue eu me supus… e tudo isto mais perfeita$ mente arran)ado por 2eus, posto na"ue%a perfeita ordem para eistir, na precisa forma para eu o ter "ue nem os meus pr3prios sonhos atin!em senão senão na fa%ta de uma dimensão do espaço &ntimo "ue entretm essas pobres rea%idades… Er!o a cabeça de sobre o pape% em "ue escrevo… 4 cedo ainda. 5a% passa o meio$ $dia e domin!o. 0 ma% da vida, a doença de ser consciente, entra com o meu pr3$ prio corpo e perturba$me. perturba$me. Não haver i%has i%has para os inconfortáveis, inconfortáveis, a%amedas vetustas, inencontráveis de outros, para os iso%ados no sonhar* Ter de viver e, por pouco "ue se)a, de a!ir6 ter de roçar pe%o facto de haver outra !ente, rea% tambm, na vida* Ter Ter de estar a"ui escrevendo isto, por me ser preciso + a%ma faz7$%o, e, mesmo isto, não poder sonhá$%o apenas, apenas, eprimi$%o sem sem pa%avras, sem consci7ncia consci7ncia mesmo, mesmo, por uma construção de mim pr3prio em m1sica e esbatimento, de modo "ue me subissem as %á!rimas aos o%hos s3 de me sentir epressar$me, e eu f%u&sse, como um rio encan$ tado, por %entos dec%ives de mim pr3prio, cada vez mais para o inconsciente e o 2is$ tante, sem sentido nenhum eceto 2eus. 8E990(, :ernando, ;<<=. Livro do Desassossego CC<$CC>Desassossego. >.? ed. @isboaA (ss&rio B (%vim pp. CC<$CC>-
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1. Estabelece uma relaço entre a primeira frase do texto e a reflexo do narrador sobre “Certos quadros” !ll. 3"#$. 2. %escre&e o estado de esp'rito do su(eito enunciador) confirmando as tuas afirmaç*es com elementos textuais. 3. Explica) fundamentando) a rele&+ncia do son,o no quotidiano do narrador.
B Lê o soneto de Antero de -uental.
Das Unnennbare
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0h "uimera, "ue passas emba%ada Na onda de meus sonhos do%orosos, E roças cDos vestidos vaporosos ( minha fronte pá%ida e cansada* 5
@eva$te o ar da noite sosse!ada… 8er!unto em vão, com o%hos ansiosos, ue nome "ue te dão os venturosos No teu pa&s, misteriosa fada*
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5as "ue destino o meu* e "ue %uz baça ( desta aurora, i!ua% + do so%$posto, uando s3 nuvem %&vida esvoaça* ue nem a noite uma i%usão consinta* ue s3 de %on!e e em sonhos te pressinta… E nem em sonhos possa ver$te o rosto* FENT(@, (ntero de, ;<
0 indiz&ve%.
4. Explicita dois recursos expressi&os utiliados na apresentaço do /deal e respeti&o &alor. 5. elaciona a estrutura interna do soneto com a situaço emocional do su(eito potico.
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Grupo II as respostas aos itens de escol,a mltipla) seleciona a opço correta. Escre&e) na fol,a de respostas) o nmero do item e a letra que identifica a opço escol,ida. Lê atentamente o texto.
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0 diário uma moda%idade de escrita "ue não tem, por assim dizer, começo, meio ou fim. (usente de unidade, o seu percurso faz$se por um caminho sinuoso e osci%ante, sem nsias de che!ada, mas preso pe%o autor +s circunstncias do espaço e do tempo em "ue toda a escrita se desenro%a. 8ensamentos e sentimentos acomodam$se no pape% e !anham a força de um rea% "ue o autor começa por combater, mas "ue a força da pa%avra a)uda a transfi!urar, sentindo$se e%e %iberto para dominar o espaço "ue a escrita %he oferece. 9endo o diarista um so%itário "ue procura na escrita a força necessária para poder enfrentar o dia a dia de um mundo "ue %he d3i ter de aceitar e onde difici%mente encontra %u!ar para o "ue a ima!inação, tantas vezes, tece, e%e vai permitir "ue o seu eu se eprima na primeira pessoa e "ue o seu tom confessiona% crie uma dinmica nas suas )ornadas de rea%ismo, idea%ismo, passividade e esp&rito criador. ( sua escrita torna$se, assim, não s3 um escudo "ue %he permite enfrentar os desafios "ue o seu IeuJ teimosamente insiste em va%orizar, mas tambm uma a%avanca "ue o a)uda a "uebrar as suas hesitaç/es e o insti!a a vencer as incertezas da vida. 0 autor sente "ue o diário o apoia na fadi!a "uotidiana ao conse!uir, atravs de%e, criar um espaço onde os seus pensamentos se espraiam e !anham a dimensão do momento "ue a rea%idade difici%mente conse!ue manter. 8oderá i%udir$nos, mas haverá sempre ne%e um "uerer e um saber, um sosse!o e um desassos$ se!o de a%!um "ue encontrou na pa%avra a razão para conviver com todas as suas an!1stias e as suas a%e!rias. […] ( vida de :ernando 8essoa e Henri$:rdric (mie% foi demasiado introspetiva e desas$ sosse!ada. Encontraram na escrita uma dup%a sensação de a%&vio e de dor, […] um espaço onde o si%7ncio foi parte de um todo "ue os fez mer!u%har num mar profundo e incerto, numa so%idão imensa, marcada pe%o )u%!amento de si e do mundo. 9e em (mie% estes escritos tomaram uma forma de diário, em 8essoa são antes peças fra!$ mentadas, "ue e%e procurou teimosa e infrutiferamente encaiar com a a)uda do seu dup%o Kernardo 9oares. (mbos tiveram consci7ncia da vida "ue não "ueriam viver […], mas ambos se distra&ram da vida escrevendo* 8essoa, com o seu Livro do Desassossego, e (mie%, com o seu Journal intime […]. 0 desassosse!o de ambos tem em 8essoa uma marca mais forte do "ue em (mie%, ta%vez pe%a sua forma tão fra!mentária, pe%a sua incapacidade de !erir um dia a dia "ue se escreve e "ue fica como mem3ria. 1
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#0LLEM(, 5aria Teresa :ra!ata, ;<
8oeta e fi%3sofo su&ço C=;C$C==C- cu)o diário Journal intime foi pub%icado ap3s a sua morte, a partir de C==S, em fra!mentos.
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1. A primeira frase do texto apresenta um &alor aspetual (A) perfeti&o. (B) ,abitual. (C) iterati&o (D) 4enrico. 2. recurso aos &oc6bulos “percurso” !l. 2$) “caminho” !l. 2$ e “jornadas” !l. 10$ confi4ura (A) um campo sem+ntico de “diário” !l. 1$. (B) um campo lexical que remete metaforicamente para o processo de construço do di6rio. (C) um campo lexical de “diário” !l. 1$. (D) um campo sem+ntico que remete metaforicamente para as di&ersas funç*es do di6rio. 3. as lin,as 11 a 13) o di6rio apresentado atra&s de (A) ,iprboles. (B) met6foras. (C) ant'teses. (D) an6foras. 4. Se4undo a autora) no se constitui como traço distinti&o do di6rio (A) o re4isto pri&ile4iado de reflex*es realistas. (B) o est'mulo emocional ao diarista. (C) a potencialidade transfi4uradora do real. (D) a dimenso intimista. 5. constituinte sublin,ado na oraço “o instiga a vencer as incertezas da vida” !l. 13$ desempen,a a funço sint6tica de (A) modificador. (B) complemento direto. (C) complemento obl'quo. (D) predicati&o do complemento direto. 6. as lin,as 13 e 27) a pala&ra “que” introdu (A) uma oraço subordinada ad(eti&a relati&a em ambos os casos. (B) uma oraço subordinada substanti&a completi&a em ambos os casos. (C) uma oraço subordinada substanti&a completi&a e uma oraço subordinada ad&erbial comparati&a) respeti&amente. (D) uma oraço subordinada substanti&a completi&a e uma oraço subordinada ad&erbial consecuti&a) respeti&amente.
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7. As passa4ens “Poderá iludir-nos” !l. 18$ e “talvez pela sua forma tão fragmentária” !ll. 27"29$ apresentam &alor modal de (A) permisso) em ambos os casos. (B) probabilidade) em ambos os casos. (C) de permisso e probabilidade) respeti&amente. (D) de obri4aço e certea) respeti&amente. 8. /dentifica o antecedente do pronome pessoal presente em “uma alavanca que o ajuda a querar as suas hesita!"es” !ll. 12"13$. . :lassifica a oraço subordinada introduida por “onde” ) na lin,a 7. 1!. /ndica a funço sint6tica desempen,ada pelo constituinte “demasiado introspetiva e desassossegada” !ll. 19"20$.
Grupo III 0 autor sente "ue o diário o apoia na fadi!a "uotidiana ao conse!uir, atravs de%e, criar um espaço onde os seus pensamentos se espraiam e !anham a dimensão do momento "ue a rea%idade difici%mente conse!ue manter . :E/A) ;aria . #p$ cit$
?artindo da transcriço) redi4e um texto de opinio em que defendas um ponto de &ista pessoal sobre a perspeti&a apresentada relati&amente @ redaço de um di6rio. Escre&e um texto bem estruturado) de duentas a treentas pala&ras) respeitando as marcas do 4nero. "#ser$a%&es' 1. ?ara efeitos de conta4em) considera"se ua paa$ra qualquer sequência delimitada por espaços em branco) mesmo quando esta inte4re elementos li4ados por ,'fen !ex. Bdir"se"iaB$. -ualquer nmero conta como uma nic a pala&ra) independentemente dos al4arismos que o c onstituam !ex. B201>B$. 2. %es&ios dos limites de extenso indicados implicam uma des&aloriaço.
Cota%&es
Grupo
I II III
Ite Cota%*o (e pontos) 1. a 5. 5 x 20 pontos
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1. a 1!. 10 x 5 pontos
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T"TA
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