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INTRODUÇÃO
Em tempos pós-modernos, e entenda-se por pós-moderno o momento histórico/filosófico em que as correntes de pensamentos são: o pessimismo; o pluralis plur alismo; mo; o relati r elativism vismo; o; a idéia i déia social soci al individu indi vidualis alista; ta; a espiri es piritual tualidad idadee míst m ística; ica; e sua su a verdade como heterodoxa e é exatamente quanto a este último ponto a verdade como heterodoxa, heterodoxa, como aqueles que não têm os princípios centrados em uma só verdade e mesmo que tenha alguma, não desprezam a dos outros, ou seja, não discordam por entenderem que cada uma tem a sua própria verdade. Na sociedad soci edadee em que vivemos, vive mos, principa prin cipalmen lmente te no âmbito âmbi to do mundo cristão, nota-se o desinteresse no aprofundamento em assuntos que são de cunho teológico e, contrariamente, um grande entusiasmo ao particip part icipar ar de cultos cult os , estudar , presenci pres enciar ar , provar prov ar , das coisas espirituais. Esta idéia que tem t em tomado conta das igrejas tem permitido que o povo conheça cada vez menos as Escrituras e principalmente as questões teológicas que são levantadas, sendo que os Sacramentos é uma delas. Talvez seja por este ser um assunto fechado, ou seja, que todos já sabem o que é. Porém o que se percebe ao freqüentar as igrejas que este é um tema dos que mais têm
8 sido negligenciados, sendo desprezado tanto no seu ensino como na sua prática no sentido de rito e significado. É de vontade do autor, que este instrumento de pesquisa seja a ponta de um iceberg de de onde possa assim reativar o interesse do estudo com mais profundidade nesta área. Os Aspectos Teológicos dos Sacramentos na Teologia Reformada , tem como seu pressuposto principal a Teologia Reformada e como seu instrumento, os sacramentos, observando seu conceito na história e, também, ambos os sacramentos que a Teologia Reformada tem como postura bíblica: batismo e Ceia do Senhor. Este visa compreender os sacramentos conforme a Teologia Reformada e expõe suas implicações e seus aspectos teológicos conceitualmente dentro do âmbito desta teologia. A abordagem, neste trabalho, visa apontar para este ponto da teologia que é aceito com facilidade como um conceito da ortodoxia 1 reformada. Um conceito que se desenvolve no decorre da história, porém sem atingir e mudar o principio que está na sua essência ( sina ( sinall visível vis ível de uma graça graç a invisí inv isível vel ). ). Portanto, mesmo que, as controvérsias aconteçam em momentos históricos específicos a Teologia Reformada permane perm anece ce com co m seus s eus princíp pri ncípios ios intacto int actoss dentr d entroo de um ortodoxi orto doxiaa reforma re formada. da. Este trabalho, em seu primeiro capítulo, faz uma abordagem, mesmo que sucinta, sobre a história do sacramento e, a etimologia da palavra, bem como alguns conceitos de teólogos do período patrístico, até o período contemporâneo, sendo citados alguns deste teólogos demonstrando o desenvolvimento do conceito de Sacramento. 1 Entenda-se
por ortodoxia conceitos criados, onde seus princípios não são mudados pelo tempo e cultura, construindo assim uma doutrina ortodoxa.
8 sido negligenciados, sendo desprezado tanto no seu ensino como na sua prática no sentido de rito e significado. É de vontade do autor, que este instrumento de pesquisa seja a ponta de um iceberg de de onde possa assim reativar o interesse do estudo com mais profundidade nesta área. Os Aspectos Teológicos dos Sacramentos na Teologia Reformada , tem como seu pressuposto principal a Teologia Reformada e como seu instrumento, os sacramentos, observando seu conceito na história e, também, ambos os sacramentos que a Teologia Reformada tem como postura bíblica: batismo e Ceia do Senhor. Este visa compreender os sacramentos conforme a Teologia Reformada e expõe suas implicações e seus aspectos teológicos conceitualmente dentro do âmbito desta teologia. A abordagem, neste trabalho, visa apontar para este ponto da teologia que é aceito com facilidade como um conceito da ortodoxia 1 reformada. Um conceito que se desenvolve no decorre da história, porém sem atingir e mudar o principio que está na sua essência ( sina ( sinall visível vis ível de uma graça graç a invisí inv isível vel ). ). Portanto, mesmo que, as controvérsias aconteçam em momentos históricos específicos a Teologia Reformada permane perm anece ce com co m seus s eus princíp pri ncípios ios intacto int actoss dentr d entroo de um ortodoxi orto doxiaa reforma re formada. da. Este trabalho, em seu primeiro capítulo, faz uma abordagem, mesmo que sucinta, sobre a história do sacramento e, a etimologia da palavra, bem como alguns conceitos de teólogos do período patrístico, até o período contemporâneo, sendo citados alguns deste teólogos demonstrando o desenvolvimento do conceito de Sacramento. 1 Entenda-se
por ortodoxia conceitos criados, onde seus princípios não são mudados pelo tempo e cultura, construindo assim uma doutrina ortodoxa.
9 Após uma compreensão, até certo ponto conceitual de sacramento na história, no segundo capítulo a proposta é tratar dos aspectos propriamente ditos da Teologia dos Sacramentos, aspectos estes que são conceitos da Teologia Reformada. Pode-se afirmar até que alguns destes são exclusivos desta Teologia, e, ou, que apontam para pressupostos que somente esta Teologia se preocupa levantar, como por exemplo, o Sinal e o Selo. Selo . Nos capítulo capít ulo 3 e 4 os sacrament sacr amentos os serão serã o observad obse rvados os através atrav és de conceito conc eitoss e particul part icularid aridades ades de cada um, a saber; sab er; batismo bati smo e Ceia do Senhor. Senh or. Para Par a melhor melh or clareza, clar eza, nestes serão levantados alguns pontos específicos sobre cada um destes sacramentos, apontando sempre e tendo como nosso aio a Teologia Reformada. Conclusivamente, Conclusivamente, o trabalho visa mostrar que a Teologia dos Sacramentos é sim conceitualmente ortodoxa, apontado tanto pela história, como nos próprios conceitos teológicos.
10
CAPÍTULO 1 O SACRAMENTO NA HISTÓRIA DA TEOLOGIA REFORMADA
Antes de ser tomada a análise dos sacramentos, é importante que se faça um pequeno apanhado histórico sobre o uso do termo Sacramento, termo este que é usado sem qualquer discussão, ou que pelo menos há uma concordância geral de seu conceito até nos nossos dias. Sacramento , foi usado pelos reformadores do passado como Calvino e teólogos reformados modernos como Louis Berkhof, por exemplo, perpetuando assim o uso do termo para indicar as instituições dadas por Jesus à Igreja: Batismo e Santa Ceia. Sacramento é um termo latino, para denotar algo sagrado. Esta palavra não aparece nas Escrituras nenhuma vez. O contexto secular em que se usava esta expressão era para indicar duas situações, as quais foram identificadas assim:
Primeiro era usado para questões de procedimento legais, onde as duas partes litigiosas depositavam em dinheiro para julgamento da causa,
11 este dinheiro era chamado de sacramentum. Da parte perdedora o seu dinheiro era aplicado a propósitos sacros ou ao Estado.
Em segundo lugar expressava um sentido militar, tinha significado de juramento no qual o soldado tinha uma obrigação para com o seu superior ou país. 2
No uso eclesiástico, a palavra foi influenciada por várias circunstâncias, como, por exemplo, ser aplicada com um significado sacro ou oculto e, portanto, ligando o seu uso ao sentido religioso, apontando para a idéia de que era um conhecimento para qual alguém tinha que ser iniciado. 3 Na Vulgata Latina (390-405), o termo com o sentido mais próximo deste conceito é a palavra mysterion (Ef: 1:9; 3:9; 5:32; Cl 1:27; 1 Tm 3:16; Ap 1:20; 17:7) onde no uso escriturístico apontava para a o mistério da salvação, portanto, abrindo para qualquer sinal que tinha significação secreta, ou qualquer coisa que apontava para algo com entendimento interno, entendimento próprio, que fazia parte do meio. Conclui-se que o termo é usado e aponta para os ritos de iniciação ou, ainda, que era somente para os membros, ou para pessoas que faziam parte daquela sociedade. Antes do uso da Vulgata, Tertuliano (150-234) já fazia uso de sacramentum como um termo técnico indicando o batismo, a Ceia do Senhor e outros ritos que eram praticados pela igreja 4.
2 HODGE,
Charles; Teologia Sistemática; Editora Exodus; São Paulo; 2001; pgs. 1380-81. confundir com a idéia gnóstica ou pré-gnostica, que criam que através dos sacramentos eles recebiam os segredos da salvação contida no conhecimento superior, e, assim guardava-os do caminho através do mundo espiritual. 4 LAMBERT, J. C.; Editor: James Orr; The International Standard Bible Encyclopedia; Copyright, by Wm. B. Eerdmans Publishing Co.; 1939; EUA; Record 58.182. (Minha tradução). 3 Não
12 Hodge5 afirma que eram todos os ritos e cerimônias religiosas, que a igreja praticava: o sinal da cruz, a unção com óleo: etc. Na Era Patrística o termo, como já vimos acima, era usado livremente, usado como um termo que designas se ‘‘…tudo que era misterioso e incompreensível na igreja cristã’’ 6. Segundo os historiadores, era usado o termo sacramento com um sentido que envolvesse santidade. São citados vários rituais na igreja que eram considerados como um Sacramento, por exemplo: todas as obras do Criador, bem como a obra do filho encarnado (segundo Tertuliano 7); o sinal da cruz; o sal dado aos catecúmenos; a ordenação de sacerdotes; o matrimônio; o exorcismo; a celebração do sábado cristão; a unção com óleo e outros. Após este momento inicial (pós-igreja patrística), o conceito da palavra Sacramento permanece o mesmo, ainda, no período da Idade Média e da Escolástica. Observa-se isto nas vozes de Agostinho (354-430) 8 no final do período patrístico e início da Idade média, de Ratramno (m. 868) já no período Escolástico, e, ainda, Berengário de Tours (m. em 1088) já no período da Alta escolástica, onde todos estes tinham em acordo o conceito de Sacramento como sinais para a igreja visível. 9 Os sacramentos naquela época variavam entre 5 a 30, Hugo de São Vítor por volta do séc. XII enumera pelo menos 30 sacramentos. Neste mesmo período, séc.
5 HODGE,
Charles; Teologia Sistemática; 1380-81. Louis, A História das Doutrinas Cristãs; Editora PES; São Paulo; 1992; pg. 217. 7 Ibidem; Pg. 217. 8 O conceito agostiniano sobre sacramento está contido exatamente nos dois aspectos: sinal visível de uma graça invisível . Na concepção de Agostinho os sinais externos são símbolos que apontam para realidades espirituais, ou seja, o conceito do sacramento como meio de graça, que comunica as bênçãos espirituais de Deus a nós. Ver HAGGLUND, Bengt; História da Teologia; Editora Concórdia; Porto Alegre; 1999; pgs. 106-107. 9 Ibidem; pgs.131-133, 140-141. 6 BERKHOF,
13 XII, Pedro Lombardo 10 sugere que o numero dos sacramentos seja de 7 na sua obra Setentiae. Em 1439 no Concílio de Florença 11 a igreja segue a posição de Pedro Lombardo e resume os sacramentos em 7 na seguinte ordem: batismo, confirmação, eucaristia, penitência, ordens sacras, matrimônio e extrema unção. Tal disposição foi ratificada no Concílio de Trento (1547), permanecendo com esta postura dos 7 sacramentos até os dias de hoje na Igreja Católica Romana. No entanto, a Teologia Reformada adotou somente dois sacramentos: o do batismo e da Ceia do Senhor. Discordou tenazmente dos critérios de tradição e do amparo bíblico usado pela Igreja Católica Romana para a determinação dos seus sacramentos. A Teologia Reformada usa de uma análise Bíblico/Teológica, aponta princípios para que se limite o número dos sacramentos em dois,. Charles Hodge cita pelo menos 4 desses princípios: 1. 2. 3. 4.
São ordenanças instituídas por Cristo; São significativos em sua própria natureza: o batismo, de purificação; a Ceia do Senhor, de nutrição espiritual; Foram designados para serem perpétuos; Foram designados para significar e instruir; selar, e assim confirmar e fortalecer; e comunicar ou aplicar, e assim santificar os que pela fé os recebem .12
A divisão causada na Reforma com a Igreja Católica Romana, tem seu ponto culminante quando Lutero prega na porta da Igreja de Wittemberg suas 95 teses (1517). Nelas, o reformador tem a intenção de mostrar os erros que a igreja vinha cometendo, dentro dessas teses havia questionamentos na sua maioria sobre as
10
HAGGLUND, Bengt; História da Teologia; pg. 217. concílio (segundo Justo L. Gonzalez; A Era dos Sonhos Frustrados Vol. 5; Edições Vida Nova; 1981; pgs. 77,78) é o mesmo que o XVII Concílio Ecumênico de Basiléia (1431-1449), que teria sido transferido primeiro para Ferrara e depois para Florença, por uma ação estratégica com o propósito da união da igreja Ocidental com a Oriental. É bom lembrar aqui, que os únicos concílios reconhecidos pelos Reformados são os sete primeiros concílios. 12 HODGE, Charles; Teologia Sistemática; pg. 1382. 11 Este
14 indulgências, autoridade papal, etc. nascendo a partir daí várias controvérsias inclusive sobre os sacramentos. Após esta breve introdução sobre a definição do termo Sacramento e o número deles, da era patrística até a Reforma deve-se agora considerar na reforma o debate de teólogos e seus conceitos a respeito de sacramento, a nossa análise irá prosseguir até teólogos contemporâneos. Sem sombra de dúvida, o momento histórico em que houve mais controvérsia sobre o Sacramento, entre os protestantes, foi no período da Reforma. Principalmente Lutero, Zwinglio e Calvino; estes tiveram sérias divergências a respeito de tal assunto. Martinho Lutero (1483-1546) como o marco da Reforma, definia Sacramento assim: ‘‘Sacramento é um sinal da intenção divina… …lembranças na vida e na morte da infalível promessa de Deus e de sua graça sustentadora.’’ 13, então Hagglund analisando o assunto, traz uma interpretação mais clara do que Lutero compreendia a respeito de Sacramento: Em sua estimativa apenas estes são sinais instituídos por Deus que acompanham a promessa da graça. O que há de fundamental num sacramento é a palavra da promessa unida ao sinal. Lutero rejeitou a idéia que o sacramento é eficaz por si mesmo (conceito ex opere operato 14). O que é eficaz nos sacramentos é a Palavra divina, e não a ação humana como tal. 15
É importante que se observe ainda a eficácia do sacramento para Lutero, e o que eles produzem para a vida e na vida do cristão. Para ele os sacramentos tinham alguns propósitos na vida cristã. Héber Campos o cita falando a respeito destes propósitos, dentre eles, de gerar fé e nutri-la: 13 GEORGE,
TImothy; Teologia dos Reformadores; Edições Vida Nova; São Paulo; 1994; pg. 94. expressão denotava a teoria aquiniana (Tomas de Aquino), que dizia que os sacramentos não são simplesmente sinais da graça que Deus outorga de maneira invisível, mas são em sentido real a causa da comunicação da graça. Acreditava, portanto, que a ação sacramental é por si mesma eficiente, independente da fé nas palavras da promessa. 15 HAGGLUND, Bengt; História da Teologia; pg. 204. 14 Esta
15 Através da Palavra e do rito Deus simultaneamente move o coração a crer...Como a Palavra entra através dos ouvidos para acender o coração, assim o rito em si mesmo entra através dos olhos para mover o coração. A Palavra e o rito têm o mesmo efeito, como Agostinho disse bem quando chamou o sacramento de 'a Palavra Visível', porque o rito é recebido pelos olhos e é uma espécie de pintura da Palavra, significando a mesma coisa que a Palavra. Portanto, ambos têm o mesmo efeito. 16
Para Lutero estava claro que os sacramentos, em especial a Ceia do Senhor, cumpriam também o papel de fonte de alimentação, nutrição para a vida cristã. Para Lutero o efeito da Ceia do Senhor, como a dos sacramentos em geral, é que a fé e seu equivalente a nova vida, são fortalecidas e aumentadas constantemente. Lutero afirma ainda que a Ceia do Senhor: é apropriadamente chamada a comida da alma visto que ela nutre e fortalece o novo homem. A Ceia do Senhor é dada como uma comida e sustento diários, de forma que nossa fé possa ser alimentada e fortalecer-se a si mesma e não enfraquecer-se na luta, mas crescer mais forte continuamente. Porque a nova vida deveria ser tal que continuamente desenvolve-se e progride. Portanto, este reformador é consciente, da eficácia dos sacramentos na vida cristã, ele está afirmando que se a vida cristã é progressiva, no sentido santificador, os sacramentos são necessários para o desenvolvimento na vida espiritual do cristão. Lutero
é
determinativo
a
respeito
dos
sacramentos.
Afirma
categoricamente no seu Large Catechism, quanto ao batismo que: ‘‘Cada cristão deveria ter ao menos alguma instrução elementar breve sobre eles, porque sem estes ninguém pode ser um cristão, embora infelizmente no passado, nada foi ensinado sobre eles.’’ E sobre a Santa Ceia: ‘‘Que seja entendido que as pessoas que se abstêm e que se ausentam do sacramento num período longo de tempo, não devem ser consideradas cristãs.’’ 17
16
CAMPOS, Héber Carlos de; Controvérsias Eucarísticas do Séc. XVI ; São Paulo; 1996, pg 74. (material não editado). 17 Ibidem; pg. 75.
16 O pensamento, portanto, de Lutero, quanto a Sacramento foi baseado ainda no conceito que imperava desde os tempos patrísticos, que os sacramentos são um sinal visível da graça de Deus e essenciais para o crente na sua vida de comunhão com Deus e os irmãos. Outro reformador que se destacou nesse momento histórico da Reforma foi Ulrich Zwínglio (1484-1531). Esse reformador também foi um dos que pelo seu conceito, mais especificamente na Santa Ceia. O conceito zwíngliano sobre sacramentos, talvez fosse, o que mais se aproximava do uso do termo, nos meados da igreja primitiva, como uso militar. 18 A definição de sacramento para ele, era então que: …um sacramento é o meio pelo qua l alguém prova para a igreja que ele intente ser, ou que já é, um soldado de Cristo, e que informa à toda igreja, antes do que a si mesmo, de sua fé. No batismo, o crente jura lealdade à comunidade da igreja; na eucaristia, ele demonstra essa lealdade publicamente. 19
Recordando que a palavra sacramento vem então de um conceito secular que denota o sentido de juramento como termo legal, e, ainda, analisando o princípio de Calvino onde também dá o sentido de juramento, onde se reside na perspectiva da aliança feita com o homem. O próprio Calvino citando João Cristóstomo a respeito do vínculo do sacramento com o pacto sendo o pacto uma aliança legal entre Deus e o homem. Percebe-se também no conceito zwingliano, o sentido de legalidade no sacramento, onde a diferença parece ser apenas em termos técnicos, Calvino usa aliança e pacto enquanto Zwínglio usa jura, ambos para denotarem o vinculo criado com Deus onde é refletido através dos sacramentos como compromisso expresso pelos símbolos.
18
Ver pág. 1 onde expressava um sentido militar, tinha sentido de juramento no qual o soldado tinha uma obrigação para com o seu superior ou país. 19 CAMPOS, Héber Carlos de; Controvérsias Eucarísticas do Séc. XVI ; pg. 76.
17 No caráter da conseqüência prática, ou efeitos do uso do sacramento na vida cristã, os dois reformadores têm o mesmo pensamento, ou seja, o mesmo conceito sobre o que se é gerado pela prática dos sacramentos na vida cristã. Calvino afirma secundariamente que o produto da fé gerada pelos sacramentos é o testemunho da nossa crença, enquanto para Zwínglio é lealdade à igreja e lealdade pública. Analisando ligeiramente esses dois conceitos, eles parecem estar em dimensões diferentes, mas, no entanto, só são de fato citados por duas pessoas com estilos de vida distintos, onde um é pastor/teólogo e o outro um pastor/militar/teólogo. Porém, seus conceitos redundam basicamente na mesma conclusão, reflexo de vida transformada redundando em testemunho no meio em que se vive. João Calvino (1509-1564) o pai da Teologia Reformada Calvinista, tem também o seu conceito quanto a Sacramento muito perto do conceito de Agostinho e conseqüentemente do de Lutero. Calvino define nas suas Institutas o que é Sacramento: É um sinal exterior pelo qual o Senhor sela em nossas consciências as promessas de Sua boa vontade para conosco, a fim de suster-nos na fraqueza de nossa fé; e nós, por sua vez, atestamos nossa piedade para com Ele na presença do Senhor de seus anjos e diante dos homens. 20
Quando Calvino usa o termo é um sinal exterior fica claro que o seu conceito é o mesmo de é um sinal visível , e ainda quando diz que sela em nossas consciências, está apontando para uma benção invisível , portanto, fica claro que Calvino, como já citamos anteriormente, permanece com o mesmo conceito que a própria palavra sacramento traz no seu conteúdo. Para Calvino, os sacramentos têm uma ação eficaz na vida do cristão, onde traz em aos crentes, benefícios espirituais. Estes benefícios estão ligados às 20 CALVINO,
João; As Institutas ou Tratado da Religião Cristã Vol. IV ; Editora CEP; São Paulo; pg 259.
18 promessas de Deus para com a nossa vida, como, por exemplo, o caráter escatológico, que traz esperança aos nossos corações, e, conseqüentemente fortalece a nossa comunhão com ele, e nossa fé nele. João Calvino une este conceito com o conceito da fé, ou melhor, para alimento desta, para o crescimento espiritual e, conseqüentemente crescimento em santidade. É bom que se compreenda pelo menos o conceito de fé para Calvino, pois se para ele os sacramentos são alimentadores da nossa fé, ele diz que fé é ‘‘o firme conhecimento da divina benevolência para conosco, que, fundado na verdade da graciosa promessa em Cristo, não só é revelado à nossa mente, mas é também selado em nosso coração, mediante o Espírito Santo.’’ 21 Após conhecermos o conceito de fé de Calvino agora pode-se seguir um linha de pensamento e compreendermos o entendimento da eficácia dos sacramentos na vida do cristão, a respeito disso ele diz: …eles são testemunhos de graça e salvação do Senhor, assim, com respeito a nós, eles são marcas de profissão pela qual nós juramos abertamente pelo nome de Deus e obrigando a nós mesmos a sermos fieis a ele. João Crisóstomo em uma de suas obras lhes dá o nome de pactos pelo qual Deus entra em aliança com nós, e nós somos chamado s a santidade e pureza d e vida, porque um mútuo contrato é interposto aqui entre Deus e nós. Deus promete cobrir e apagar qualquer culpa e penalidade que nós podemos ter incorrido por transgressão, e nos reconcilia para ele pelo seu único Filho por ele criado, assim nós, como vol ta, nos obrigamos para este trabalho de devoção e retidão. E conseqüentemente pode ser dito justamente, que tais sacramentos são cerimônias pelas quais Deus se agrada para treinar as pessoas dele, primeiro para estimular, apreciar, e fortalecer fé dentro de nós; secundariamente, é para que testemunhe nossa crença para os homens. 22
Fica claro então, porque Calvino aponta, pelo menos para duas conseqüências, uma primária e outra secundária, quanto à ação dos sacramentos na vida cristã, no caso fortalecer a fé e testemunho sobre o que cremos. O fato mais controverso no período da Reforma, não é o conceito em si de Sacramento, apesar de um ou outro acrescentar ou retirar idéias no que diz respeito 21
GEORGE, Tmothy; Teologia dos Reformadores; pg. 224. Calvin, John; Institutes of the Christian Religion Vol. IV ; The Sage Digital Library Theology; Sage Software Albany, OR USA; © 1996. 22
19 aos efeitos na vida cristã. Essencialmente todos os conceitos remetem ao princípio básico no passado, ou seja, a idéia comum sobre Sacramento, sinal visível de uma graça invisível . No entanto, a grande divergência que houve no período da Reforma estava na discussão sobre a presença real de Cristo na Ceia do Senhor 23 e em menor escala de discussão o pedobatismo 24, discussão esta que foi fora do meio reformado acontecendo entre os anabatistas e os reformados. Outros teólogos reformados, após o momento da Reforma Protestante, também permaneceram com o mesmo conceito a respeito do Sacramento, por exemplo, Jonatham Edwards, Benjamim Warfield e outros. Teólogos Reformados dos períodos moderno e contemporâneo também tem o seu conceito de Sacramento muito ligado ao dos teólogos da Reforma, e, conseqüentemente, ligados ao conceito que se inicia desde a era mais antiga da igreja (a Patrística). Charles Hodge (1797-1878), em um momento histórico adverso ao protestantismo reformado, o Liberalismo Teológico 25 ganhava força dentro e fora do protestantismo. O conceito do Jesus Histórico, do Jesus que não é Deus, onde a visão liberal trazia o conceito do sacramento para o nível dos seus pensamentos racionais. Observe o conceito geral que ele tinham a respeito do assunto: Os racionalistas reduziam os sacramentos a meros memoriais e emblemas de confissão, que visariam à promoção da virtude. Schleiermacher fez a tentativa de manter-lhes o caráter objetivo, unindo todo os diferentes pontos de vista numa síntese mais elevada, contudo não 23
Tema que será retomado no Capítulo 4. de crianças. 25 O liberalismo foi claramente uma reação ao Cristianismo histórico como ele havia sido confessado em séculos precedentes. Os dogmas da Igreja foram abertamente rejeitados, eles foram geralmente rejeitados como a pressuposição ou ponto-de-partida do liberalismo. Naquelas muitas pressuposições já estão contidas as conclusões nas quais o liberalismo chegou. As pressuposições do liberalismo foram as do Iluminismo (Foi um movimento do começo do século XVIII que tentou secularizar todos os departamentos da vida humana e do pensamento. Ele foi não somente uma revolta contra o poder da igreja institucional, mas também contra a religião como tal). Em conseqüência disso o Cristianismo histórico foi rejeitado, e não somente alguns dos antigos dogmas da Igreja. 24 Batismo
20 teve êxito. No séc. XIX, muito neo-luteranos e os puseistas da Inglaterra advogavam uma doutrina dos sacramentos parecidíssima com a concepção Católico Romana. 26
Enquanto que, neste mesmo período, Hodge escrevia sua Teologia Sistemática e mesmo diante deste contexto, o seu conceito de sacramento permanecia como na história da igreja, ou seja, próxima ao conceito dos reformadores, que tinha o seguinte teor: Todos esses pontos são claramente apresentados nos padrões de nossa 27 igreja. Os sacramentos são proclamados como sendo meios de graça, ou seja, meios que significam, selam e aplicam os benefícios da redenção. Nega-se que tal virtude esteja neles ou naquele por quem são ministrados. Afirma-se que sua eficiência em comunicar a graça se deve exclusivamente à benção de Cristo e a cooperação do Espírito; e que tal eficiência é experimentada unicame nte pelo s crentes. 28
O que se observa no conceito de Hodge, e de outros teólogos reformados, é que à medida que o tempo passa, os conceitos são mais elaborados sobre o que é Sacramento, são mais extensos, e com maior profundidade de informações; são mais completos. No pensamento reformado de Hodge percebemos, a indicação dos sacramentos como meios de graça, e, portanto aplicadores, seladores e significadores dos benefícios da redenção. Aponta ainda para o gerador e o veículo desta bênção, e, referindo-se ainda ao objeto, ou o recipiente da bênção, que são exclusivamente os que crêem em Cristo. O conceito ganhou, com um pouco mais de palavras, quase toda a idéia teológica que circunda o significado de sacramento, trazendo no seu bojo aquilo que se percebe claramente em Calvino: o vinculo com o sentido da aliança entre Deus e o homem. Um teólogo mais contemporâneo, que está mais perto da nossa época logo em seguida a Charles Hodge é Louis Berkhof (1864-1957). Vive e escreve no período
26
BERKHOF, Louis; História da Teologia Cristã; pg. 221. meu. Note bem que ele chama de nossa igreja a igreja reformada. 28 HODGE, Charles; Teologia Sistemática; pg. 1391. 27 Grifo
21 da morte do Liberalismo Teológico e o nascimento do Existencialismo. Ele escreve a sua obra Teologia Sistemática e, como reformado, baseia-se nos conceitos da Teologia Reformada e, claro, nas Escrituras, para a elaboração do conceito de Sacramento. Sua abordagem teológica sobre este assunto segue também a mesma linha de raciocínio de Hodge, da Reforma e do surgimento do conceito, assim como do período Patrístico. O conceito de Berkhof sobre Sacramento é: Sacramento é uma santa ordenança instituída por Cristo, na qual, mediante sinais perceptíveis, a graça de Deus em Cristo e os benefícios da aliança da graça são representados, selados e aplicados aos crentes, e estes, por sua vez, expressam sua fé e sua fidelidade a Deus. 29
Deve-se atentar para este conceito de Berkhof, pois estão nele os mesmos detalhes presentes nos outros teólogos reformados, anteriormente na teologia patrística e nas seguintes. Berkhof usa a expressão sinais perceptíveis onde outros usam sinais visíveis . Este teólogo aponta ainda para os salvos que recebem os sacramentos, mostrando que eles recebem os benefícios da aliança da graça que são aplicados aos crentes, onde estes, por sua vez, cumprem sua parte, expressando sua fé e fidelidade a Deus . Berkhof também em seu livro Teologia Sistemática , deixa claro o seu ponto de vista a respeito da eficácia do Sacramento. No tópico A Graça Espiritual interna, significada e selada , Berkhof aponta para o resultado do Sacramento na vida do cristão: Os sacramentos não significam meramente uma verdade geral, mas uma promessa dada a nós e por nós aceita, e servem para fortalecer a nossa fé com respeito à realização dessa promessa… Eles representam visivelmente e aprofundam a nossa consciência das bênçãos espirituais da aliança, da purificação dos nossos pecados e da nossa pa rticipação na vida que há em Cristo. 30
29 BERKHOF, 30 Ibidem;
Louis; Teologia Sistemática; pg. 622. pg. 623.
22 O sentido de Sacramento para Berkhof está afinado com os conceitos anteriores, como a eficácia, ou, o que se produz na prática do Sacramento. Também concorda com os teólogos do passado, que os sacramentos produzem fortalecimento da fé, e a nossa união com Cristo. Um teólogo contemporâneo, que está com sua vida literária ativa, R. C Sproul, em livros de discipulado doutrinário, onde trata de várias questões fundamentais da fé, ele traz também seu conceito de sacramento. Para Sproul, os sacramentos, ‘‘são meios reais de graça que comunicam as promessas de Deus’’ 31, ainda neste mesmo compêndio, ele fala de várias máximas a respeito dos sacramentos que compactuam com a doutrina da fé reformada como: o poder não está nos elementos; a salvação não se opera por meio deles; os sacramentos estão ligados à palavra de Deus. A idéia central, a respeito de sacramento, traça uma linha contínua desde o princípio, na criação do conceito, até os nossos dias. O cerne da idéia, o princípio que permeia o conceito de Sacramento está presente nas definições mais antigas, como também, nas atuais. Os conceitos que circundam, toda a história, principalmente a história da Teologia Reformada, apontam para o Sacramento como uma forma visível de uma benção invisível , para a qual o cristão é abençoado com as bênçãos da redenção na sua prática, bem como, as bênçãos da aliança. A Teologia Reformada, mais especificamente a Igreja Presbiteriana do Brasil que tem cunho reformado, tem os seus símbolos de fé: a Confissão de Fé, o Catecismo Maior e o Breve Catecismo, os quais trazem no seu corpo doutrinário tudo
31 SPROUL,
pg. 13.
R. C.; Verdades Essenciais da Fé Cristã 3.º Caderno; Editora Cultura Cristã; Cambuci; 1999;
23 que a Igreja tem como base no seu conceito sobre Sacramento. Aqui citamos o texto da Confissão de Fé, como declaração dos princípios doutrinários aceito por ela: Os sacramentos são santos sinais e selos do pacto da graça, imediatamente instituídos por Deus para representar Cristo e os seus benefícios e confirmar o nosso inte resse nele, bem como para fazer uma diferença visível entre os que pertencem à Igreja e o resto do mundo, e solenemente obrigá-los ao serviço de Deus em Cristo, segundo a sua palavra. Ref. Rm. 6:11; Gn. 17:7-10; Mt. 28:19; I Co. ll:23, e 10:16, e 11:25 -26; Ex. 12:48; I Co. 10:21; Rm. 6:3-4; I Co. 10:2-16. 32
É debaixo deste conceito, e dos teólogos reformados que se baseia a nossa crença a respeito do Sacramento. O nosso pressuposto está baseado exatamente no conceito da nossa Confissão de Fé, conceito este, que observado com a devida consideração está intimamente ligado aos conceitos das Escrituras, e da tradição da Teologia.
32 Confissão
de Fé de Westminster; Cap. XXVII; Seção1; pg.
24
CAPÍTULO 2 OS ASPECTOS TEOLÓGICOS DO SACRAMENTO
São vários os aspectos que circundam os sacramentos, os quais os caracteriza. Tais aspectos são de suma relevância para a compreensão do funcionamento de ambos os sacramentos aceitos pela Teologia Reformada, bem como, sua administração. A importância do estudo e do entendimento de tais aspectos, consiste primariamente em conhecer os embasamentos teológicos numa analise bíblica, na qual se enraíza os sacramentos de uma forma geral. Particularmente estudar -se-á cada um depois. E secundariamente, perceber por este estudo os efeitos destes, conhecendo então sua teologia para a igreja, e, ainda, perceber a ortodoxia existentes nestes conceitos.
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2.1 – Os sacramentos como Meio de Graça
Em primeiro lugar é preciso que se defina o que é um meio de graça. Para a Teologia Reformada, ‘‘Esta expressão é apropriada para indicar aquelas instituiç ões que Deus ordenou como meios ordinários da graça, ou seja, das influências supernaturais do Espírito Santo, para a alma dos homens.’’ 33 Entendam-se aquelas instituições como: A Palavra, os sacramentos e a oração 34. Onde o interesse a priori, neste ponto, são os sacramentos em um dos pontos sua relação com a P alavra de Deus pelo estrito vínculo. Num segundo momento portanto, é importante que se entenda a relação do sacramento como meio de graça e a Palavra de Deus, uma vez que o primeiro depende da segunda para a sua compreensão. A Palavra de Deus é o veículo pelo qual é conhecida a obra de Cristo para salvação, enquanto os sacramentos são ordenanças que não salvam, no entanto, edificam a fé dos que são salvos. No relacionamento com a fé, Packer diz a respeito que: ‘‘Os sacramentos são vistos corretamente como meios de graça, pois Deus os faz meios para a fé, usando-os para fortalecer a confiança da fé em suas promessas e produzir atos de fé para receber as boas dádivas significadas’’ 35. Na Teologia Reformada a compreensão dos sacramentos como meio de graça, é que, a verdade da Palavra de Deus é chegada aos ouvidos através dos sacramentos. Esta verdade é representada simbolicamente aos outros sentidos do corpo humano. Porém, como já dissemos, somente a Palavra pode dar consciência para a salvação. 33 HODGE,
Charles; Teologia Sistemática; pg. 1367. A oração não é aceita por alguns teólogos reformados como meio de graça, (Ex: Louis Berkhof). 35 PACKER, J. I.; Teologia Concisa: Síntese dos Fundamentos Históricos da Fé Cristã; Editora Cultura Cristã; Campinas; 1999; pg. 195. 34
26 A Palavra de Deus sobrepuja os sacramentos, segundo Pierre Ch. Marcel 36, os sinais do conteúdo dela, são selos que Deus agrega a seu testemunho. Enquanto a Palavra por si mesma é completa e nela se encontra a pregação do benefício da salvação que se recebe somente pela fé, o sacramento é totalmente dependente desta para sua eficácia e compreensão, e são, os sacramento, também um ensino resumido da promessa do evangelho (salvação), quando lida nas Escrituras as passagens que contém as palavras sacramentais 37.
2.2 – O número dos Sacramentos
Uma das discussões que giram em torno do Sacramento, é exatamente sobre o número ou a quantidade de sacramentos que se admite na Igreja. Discutimos este assunto com brevidade no capítulo anterior, sendo que seus argumentos se baseiam mais na tradição da igreja e na autoridade papal, do que propriamente nas Escrituras. Por conseguinte, a partir da Reforma, os protestantes limitaram o número em dois, pois os argumentos se basearam primariamente numa análise bíblica. A palavra Sacramento por si mesma não expressa o número. A Teologia Reformada, para chegar à conclusão de quantos sacramentos são, partiu de alguns critérios, critérios, que estão apontados na Confissão de Fé de Westminster, estipulados por pensadores de cunho reformado. Os argumentos são estes: 1. Um sacramento é uma ordenança imediatamente instituída por Cristo. 2. Um sacramento consiste sempre de dois elementos – 2.1. Um sinal externo, sensível; e 2.2. e Uma graça interna espirit ual, significado pelo sinal.
36 MARCEL,
Pierre Ch.; El Bautismo del Pacto de Gracia; Fundación Editorial de Literatura Reformada;
1968; pg.55. 37 Passagens que falam direta e indiretamente a respeito dos sacramentos, tanto no AT como no NT, onde expressam sempre uma salvação através de Cristo.
27 3. O sinal em cada sacramento, está sacramentalmente unida à graça que o significa; e a partir desta união, o uso bíblico surgiu do fato de se atribuir ao sinal tudo quanto procede daquilo que o sinal significa. 4. Os sacramento foram designados para representar , selar e aplicar aos crentes os benefícios de Cristo e do novo pacto. 5. Foram designados para ser penhores de nossa fidelidade a Cristo, obrigandonos ao seu serviço, e ao mesmo tempo são emblemas de nossa profissão de fé, caracterizando visivelmente o corpo dos que confessam a Cristo, distinguindoos do mundo.38
Diante destas pressuposições é que então se determina o caráter de um sacramento. Entende-se, portanto, porque a igreja protestante (evangélica) admite somente dois sacramentos, a saber: Batismo e Ceia do Senhor. Os demais sacramentos da Igreja Católica Romana, não se baseiam nesses princípios, a extrema unção, a confirmação (crisma), a penitência, as ordens e o matrimônio, não foram determinados por Cristo, não como ordenança sacramental, bem como não há vínculo destes com o pacto da graça e os seus sinais não apontam para Cristo. O Batismo é um Sacramento instituído por Cristo, em Mateus 28:19,20 a ordem de Cristo para o Batismo é clara, após o mandato da comissão para a evangelização ‘‘Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando -os em nome do Pai e do Filho e do espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. (Mt 28:19) ’’. Assim como a palavra Ide (), a palavra batizando-os (), ambas são particípios e ambos estão condicionados ao tempo e modo do verbo principal da sentença, ambas ligadas a façam ( que está no imperativo aoristo, ou seja, o seu modo é de
38 HODGE,
A. A.; Confissão de Fé de Westminster Comentada por A. A. Hodge; Editora Os Puritanos; São Paulo; 1999; pgs. 444-45. 39 Revista Teológica Latino-Americana; Volume VI – Número I, Março de 1996. Artigo Mateus 28:18-20: Missão conforme Jesus Cristo; Vox Scripturae; pgs. 40-42
28 ordem, portanto, dá certeza que a ordem dada deveria ser obedecida como uma ação seguida da pregação e a formação de discípulos para o Senhor Jesus. A Ceia do Senhor, de igual modo, foi instituída pelo Senhor Jesus como ordenança. O apóstolo Paulo na sua carta aos coríntios (11:23-25) cita que assim como recebeu do Senhor ele ensinava, que deviamos comer o pão e tomar o vinho em memória de mim, ou seja, como ordenança perpétua do Cristo com o objetivo de anuncia-lo (v. 26) e para edificação do seu povo. Fica claro então a ordenança de Cristo a respeito destes dois sacramentos por ele instituídos.
2.3 – Os Símbolos
Na Teologia Reformada a matéria usada (água, pão e vinho) em ambos os sacramentos, Batismo e Ceia do Senhor, são representações ou, emblemas que apontam para Cristo e sua obra redentiva. Peter Bloomfield afirma: ‘‘como qualquer ‘SINAL’ ele nos leva a olhar para outra direção, para Deus e sua misericórdia e sua prontidão para salvar qualquer que, como Abraão, tome Deus pela sua palavra e creia nele.’’ 40. Os sinais dos sacramentos por não terem inerentemente poder místico em si próprios, seus emblemas significam; o batismo, a lavagem de regeneração e a renovação do Espírito Santo na vida do que confessou cristo no seu coração; e a Ceia do Senhor, ‘‘que todos os benefícios do novo pacto estão significados, selados e aplicados aos crentes’’ 41, ou seja, esse sacramento traz ao povo de Deus todos os benefícios da aliança, que estão ligados inerentemente à salvação do homem, dados através da redenção em Cristo. 40
Apostila de Peter Bloomfield; O Batismo da aliança; ministro da Igreja Presbiteriana do Leste da Austrália. (Material não editado). 41 HODGE A A.; Confissão de Fé de Westminster Comentada por A. A. Hodge; pg. 478.
29 Calvino42 ao comentar a respeito desses símbolos, declara que as Escrituras, por várias vezes, usa de símbolos, a fim de apontar para algo. Ele dá o exemplo de João ao apontar para o Espírito como uma pomba (Jo 1:32.), e, é bom que notemos que Calvino vivia num momento histórico onde a discussão eucarística estava no auge, onde o cerne da discussão era sobre: a presença real de Cristo, consubstanciação43, ou transubstanciação 44 nos elementos da Ceia. Considerando que tais sacramentos são fundamentados na palavra e obra de Cristo, diz Theodor Haarberck que: ‘‘…a água do santo Batismo é o símbolo da graça perdoadora, purificadora e reavivadora de Cristo, do crucificado e ressurreto.’’ 45 Haarberck, portanto, admite a água como símbolo, um símbolo que indica algo que aponta para a graça. Em toda a Escritura a água tem uma conotação símbólica de purificação, tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, uma das formas usadas é na purificação dos sacerdotes, Ex 30:19-21; 2 Cr 4:6; 1 Rs 7:27-39; e ainda Lv 8:30; 14:7,51; Ex 24:5-8; Nm 8:6,7; Hb 9:12-22. Além desse caráter purificador que a água tinha no Antigo Testamento, também tinha sua função, não mística, sem poder sobrenatural de transformar, mas indicadora da necessidade do estado de pureza interior da pessoa, e para seu reconhecimento da santidade de Deus. 46
42
CALVIN, John; Commentary on Mattew, Mark, Luke Vol. 3; The Ages Digital Library; Albany, or USA; 1997; pg. 159. 43 Bengt Hagglund em seu livro História da Teologia traz a definição do que é consubstanciação: Esta idéia sustenta que os elementos retêm não apenas suas características externas mas também sua própria substância natural, enquanto servem, ao mesmo tempo, de portadores da presença de Cristo, como substância nova, celestial. Pg. 141. 44 O mesmo autor (Bengt Hagglund) na mesma obra ( História da Teologia) traz também a definição do que é transubstanciação: o pão na Ceia do Senhor é transformado pelo poder de Deus no corpo de Cristo e o vinho no sangue de Cristo. Pg. 141. 45 HAARBERCK, Theodor; Está escrito: Dogmática Bíblica; Dist. Lit. União Cristã; São Bento do Sul; 1987; pg. 143. 46 KAISER, Walter C., Editores: R. Laird Harris, Gleason L. Archer Jr.; Bruce K. Waltke; Dicionário Internacional do Antigo Testamento; Edições Vida Nova; São Paulo; 1998; pg. 1189.
30 Não obstante obst ante termos term os no Novo Testament Test amentoo o con conceit ceitoo de água como fator fat or purifica puri ficador, dor, ou símbolo sím bolo de purifica puri ficação, ção, para o batismo bati smo não é, de forma form a alguma algu ma apontado como água que erradica impurezas carnais ‘‘…a qu al, figurando o batismo agora também vos salva, não sendo a remoção da imundícia da carne…’’ (1 Pe 3:21). O pão e o vinho da Ceia do Senhor, também são símbolos que apontam para a obra obr a expiatór expi atória ia de Cristo Cri sto na cruz do calvário calv ário,, o que devemos deve mos sempre semp re lembrar lemb rar , pois sela sel a a nossa noss a comun c omunhão hão com Cristo. Cris to. O pão representa o corpo do Senhor desde o Antigo Testamento. No Tabernáculo (Lv 24:1-9) havia no lugar santo diante de Jeová uma mesa com o Pão da Proposição, que na realidade eram doze bisnagas de pão (representa (representando ndo as doze doze tribos), esses pães eram comidos pelos levitas no lugar santo. A Mesa do pão no Tabernáculo simbolizava Jesus, a fonte do sustento diário para todo o povo eleito. 47 Relaciona-se com o evangelho de João nos capítulos quatro ao sete quando o próprio Senhor Jesus, a si mesmo se chama água da vida e pão da vida, apontando para que aquele que bebesse dele e comesse dele teria a vida eterna. Em João 6, Jesus alimenta de forma milagrosa mais de 5.000 pessoas, e seguidamente discute com eles sobre o sinal do maná (vs. 30-35). Jesus disse que em sua pessoa se cumpre o simbolismo do maná, pois (Jesus) ele é o pão da vida que desceu do céu e dá a vida pelo mundo. O vinho representa o sangue do Senhor, no Antigo Testamento, no sistema de oferendas ensinadas por Moisés, estavam incluídas as chamadas libações, libações , oferendas de vinho que se tomava e se derramava junto com as oferendas, pelo
47 LEGTERS,
David; Los David; Los Sacramentos de la Fé Cristiana; Cristiana ; material retirado da Internet www.thirdmill.com/spanish; pg. www.thirdmill.com/spanish; pg. 6.
31 pecado peca do e pela pel a culpa. culp a. Em João 15, Jesus Jesu s disse diss e ‘‘Eu ‘ ‘Eu sou a videira vide ira ver dadeira ver dadeira e meu Pai é o agricultor’’. Jesus derramou seu pr óprio pr óprio sangue como oferta (libação) por nós. A Ceia do Senhor substituiu o que no Antigo Testamento era celebrado na Páscoa, com o sacrifício de um cordeiro, recordando assim a libertação da escravidão no Egito. Cristo é o sacrifício único pelos crentes. Ele derramou seu sangue como sacrifício cruento. 48
2.4 – Os Os sacramentos como sinal e selo
É de suma importância para a Teologia Reformada o entendimento deste ponto, pont o, a compreen comp reensão são do que é sinal sin al e selo sel o no sacrame sac ramento. nto. Os sacramen sacr amentos tos oferecem ofer ecem um sinal visível externo: no batismo, a água; na Ceia, o pão e o vinho. Tanto estes emblemas, como todo o rito que gira em torno da ministração dos sacramentos, servem-nos como um indicador para melhor compreendermos as promessas dos benefíci bene fícios os do pacto. pact o. Estes Este s indi cadores cado res (o sinal sina l visível) visí vel) servem serv em para par a apon apontar tar para os sinais e selos dos bens invisíveis da salvação. Calvino 49, nas Institutas, diz que os sacramentos são sinais e selos das promessas de Deus para o fortalecimento de nossa fé. O que Calvino demonstra é que os sacramentos são muito mais do que figura, muito mais do que somente o rito em si mesmo, pois são indicadores do pacto que Deus fez ao homem, trazendo assim as bênçãos e maldições decorrentes deste pacto. A questão da Teologia Reformada é que os sacramentos não podem ser simples ilustrações, ou algo meramente visível, e vazio de significado, porém como
48
Cristiana ; material retirado da Internet LEGTERS, David; Los David; Los Sacramentos de la Fé Cristiana; www.thirdmill.com/spanish; pg. 6. www.thirdmill.com/spanish; pg. 49 CALVINO, João; As João; As Institutas; Institutas; Casa Editora Presbiteriana; Cambuci; 1989; pg. 260ss.
32 diz Berkouwer ‘‘…sinais e selos da promessa de Deus.’’ 50 E, ainda, Berkouwer citando o Catecismo de Heidelberg: ‘‘que Deus quer, por esta marca e sinal div inos, nos assegurar que nós somos espiritualmente purificados de nossos pecados tão verdadeiramente verdadeiramente como somos externamente lavados com água (Pergunta 73).’’ 51 Os sinais e os selos dos sacramentos, são as bênçãos da promessa do evangelho gravadas em nossos corações, pela presença real e evidente de Cristo, operada pelo Espírito Santo. Marcel, diz que ‘‘O pacto da graça, a justificação pela fé, a remissão de pecados, fé e conversão, comunhão com Cristo, etc. Em resumo, a matéria interna de um sacramento, a graça interior significada e selada, é J esus Cristo e suas riquezas espirituais.’’ 52 Porém, como veremos no ponto posterior, estas riquezas espirituais não podem pode m ser ministr mini stradas adas pelo ministro mini stro,, nem mesmo mesm o pelos pelo s emblemas embl emas,, somente some nte Deus pode operar oper ar a graça, graç a, pois só ele é o dispensa disp ensador dor da graça graç a pelo Espírito Espí rito que ministr mini straa a graça invisível. De forma resumida, pode-se dizer então que um sacramento é sinal e selo do pacto da graça. E através dele que Cristo ministra os benefícios benefícios de seu sacrifício que são representados neles, as promessas da aliança que são seladas em nossas consciências, as riquezas da graça de Cristo são aplicadas a nós de maneira que somos sustentados na fraqueza da nossa fé, as diferenças entre os cristãos e os do mundo são evidenciadas e os crentes expressam sua fidelidade a Deus e ao seu serviço. 53
2.5 – O O oficiante 50 BERKOUWER,
G. C.; Editor: Donald K. Mckim; Grandes Temas da Tradição Reformada; Reformada ; Editora Pendão Real; São Paulo; 1998; pg. 180. 51 Ibidem; pg. 180. 52 MARCEL, Pierre Ch.; El Ch.; El Bautismo del Pacto de Gracia; Gracia; pg. 36. 53 Apostila Reverendo Jadiel Martins de Souza; assunto: Santa Ceia: Privilégio ou Necessidade; Necessidade; pg.9.
33
Para a Teologia Reformada, não há poder nos elementos em si mesmos, bem como não há no oficiante do sacramento algo místico em suas palavras que venha tanto alterar como m odificar aqueles elementos. Os reformados crêem que o oficial ministrador dos sacramentos deverá ser um ministro do evangelho, ou seja, alguém comissionado e preparado para tal fim. Como vemos nas palavras de Moisés C. Bezerril: Os sacramentos sempre são tratados nas Escrituras como sendo algo ministrado apenas por pessoas comissionadas. Não está clar o nas páginas do Novo Testamento que eles eram ministrados por qualquer um. A igreja hoje, se guia exatamente por este princípio, entendendo que hoje permanece aquele aspecto ordinário daqueles dons e comissões dados aos apóstolos e cristãos do primeiro século. Portanto, se eles lá eram comissionados para tal função pela voz do Pai, do Filho e do Espírito, aqui nós somos comissionados pela vocação da Palavra de Deus confirmada e realizada visivelmente pela igreja. Como geralmente se diz que as Escrituras em nenhum lugar afirma que os sacramentos são privacidade dos pastores, deve-se salientar também que em nenhum lugar elas dizem que pessoas sem serem comissionadas de vam ministrar-lhes.54
O que vimos acima é que os ministros do Senhor são preparados para tal atribuição; a ministração dos sacramentos. Porém, é bom que se recorde que a validade do sacramento ministrado não está inerentemente no ministrador, mas sim no sacramento, nem nas palavras da instituição, pois o sacramento sem a pregação da palavra e a fé são inócuos. Este assunto provocou sérias discussões trazendo grande distúrbio entre e através dos donatistas 55 no seio da igreja por volta do século IV e V. A posição reformada ecoa com melhor som ainda nas palavras de Charles Hodge, que diz quanto se há eficácia naqueles que ministram ou não: Tampouco o poder ou a eficácia devidos aos sacramentos residem na pessoa por quem são administrados, nem dela emanam. Não residem em seu ofício. Não há poder 54 Artigo
do Professor Moisés C. Bezerril, do site: www.ipb.org/teologia. Sacramento e Clericalismo. Justo L.; A Era dos Gigantes Vol. 2; Edições Vida Nova; 1980; pg. 79,80 e 173. A cisma donatista se baseava na discussão em que no momento de perseguição aqueles que negaram a fé para salvar suas vidas deveriam ser expulsos da igreja, e que os sacramentos por eles ministrados não tinham validade, porem Agostinho defende que o valor do sacramento não está ligado a moral do que oficia, porque senão o sacramento estaria sempre debaixo de duvida. 55 GONZALEZ,
34 sobrenatural no homem, em virtude de seu ofício, para tornar os sacramentos eficazes. Tampouco a eficiência deles depende do caráter do ministro diante de Deus, nem da sua intenção, ou seja, de seu propósito de torna-las eficazes. O homem que administra os sacramentos não é um operador de milagres. 56
A Teologia Reformada admite que a eficácia dos sacramentos não está então depositada no homem, mas sim na ação do Espírito Santo e em Cristo.
2.6 – A Eficácia dos Sacramentos
A eficácia do sacramento não está ligada aos elementos, ou aos símbolos, ou no ministrante, ou mesmo naquele que recebe o benefício do sacramento. A eficácia reside na pessoa do Espírito Santo. Em sua ação junto aos sacramentos, ele os usa como instrumento apontando para o Cristo e as benesses do pacto sobre o crente. Berkouwer citando Calvino diz a respeito da ação do Espírito Santo nos sacramentos: A administração dos sacramentos não cumpre sua função com respeito à nossa salvação a menos que o Espírito como ‘‘mestre’’, envie seu poder,… Se não fosse por causa dessa atuação do Espírito, diz Calvino, os sacramentos não teriam efeito em nós… pois somente a operação do Espírito é capaz de encher os sacramentos com poder (Institutas, 4:14-9). 57
Partindo deste pressuposto, da atuação do Espírito na eficácia dos sacramentos, que a Teologia Reformada tem como um dos cernes de sua doutrina sacramental, enumera-se alguns pontos que Hodge aponta 58 quanto ao objetivo da eficácia dos sacramentos na vida cristã: 1. São verdadeiros meios de graça, para comunicar os benefícios da redenção aos cristãos; 56
HODGE, Charles; Teologia Sistemática; pg. 1391. G. C.; Editor: Donald K. Mckim; Grandes Temas da Tradição Reformada; pg. 180. 58 HODGE, Charles; Teologia Sistemática; pgs. 1390-393. 57 BERKOUWER,
35 2. O Espírito Santo converte-os (os sacramentos) eficazmente para um fim santificador; 3. São eficazes para somente aqueles que o recebem pela fé; 4. São as graças e os benefícios espirituais recebidos mediante o sacramento. Estes estão relacionados mais com a necessidade do sacramento. A eficácia do sacramento, portanto, está intrinsecamente ligada à ação do Espírito Santo como ministrador da graça salvífica, regeneradora e santificadora, através do sacrifício de Cristo. Então, percebe-se que ambos os sacramentos, estão ligados ao que chamamos de ordo salutis (ordem da salvação), o batismo apontando, publicamente, para a obra da redenção: regeneração, con versão, justificação e adoção; e o sacramento da Ceia do Senhor aponta para o restante desta doutrina: santificação, perseverança dos santos, e finalmente a glorificação.
2.7 – Necessidade dos Sacramentos
Sobre a necessidade dos sacramentos, não estão e nem mesmo podem estar ligados à salvação como necessários para tal, pois, caso estivessem, seria uma afirmativa que vincularia a salvação a uma obra ritualística humana, ou seja, que a salvação dependeria de alguma ação humana. Por um outro lado, a Teologia Reformada defende que a participação nos sacramentos é uma ordenança divina, que
36 diferencia-se de ordem de necessidade de preceito e ordem de necessidade de meios59. A posição reformada consiste, e está entendida na necessidade de preceito, pois, como os sacramentos não são por si mesmos salvíficos, o homem que crendo em Cristo, mesmo que não participe deles será salvo. O exemplo clássico nas Escrituras é o do ladrão na cruz, onde, o próprio Senhor Jesus afirma àquele ladrão Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso (Lc 23:43), afirmação categórica de salvação para aquele homem, mesmo que o mesmo não houvesse participado dos sacramentos, logo ele encaixava-se dentro da situação de necessidade de preceito . Não havendo oportunidade, portanto, não havia como fazê-lo. É importante então que fique claro que para aqueles para quem há oportunidade e, no entanto, não participam estão desobedientes à ordem divina e conclusivamente debaixo de sua disciplina. Quanto a ser desnecessário para a salvação Louis Berkhof enumera os seguintes fatos: (1) do caráter espiritual e livre da dispensação do Evangelho, na qual Deus não prende a sua graça ao uso de certas formas externas, Jo 4:21,23; Lc 18:14; (2) do fato de que a Escritura menciona unicamente a fé como condição instrumental da salvação, Jo 5:24; 6:39; 3:36; At 16;31; (3) do fato de que os sacramentos não originam a fé, mas a pressupõem, e são ministrados onde se supõe a existência da fé, At 2:41; 16:14,15,30,33; 1 Co 11:23-32; e (4) do fato de muitos foram realmente salvos sem o uso dos sacramentos.60
Na Teologia Reformada, a fé é o único elemento necessário para a salvação, não dependente então de qualquer outra obra (no caso o sacramento) ou
59 Charles
Hodge na sua Teologia Sistemática, pg. 1403, traz a definição de necessidade de preceito que consiste em obedecer as ordens de Cristo, ou das Escrituras, onde estas dependem das circunstancias externas, p. ex. observar o sábado, visitar o enfermo, para sua obediência dependerá das circunstâncias e. ainda, pode ser obstruída a ação por ignorância ou infundados escrúpulos de consciência. Por necessidade de meios geralmente se entende uma necessidade absoluta, ou seja, sem sua execução é impossível satisfazer a necessidade, p. ex. assim como o alimento é necessário para a vida e a luz para se enxergar, a Palavra de Deus é necessária para o exercício da fé, porque é seu objeto, porque é o ato de receber a graça de Deus, oferecida na Bíblia. 60 BERKHOF, Louis; Teologia Sistemática; pgs. 623-24.
37 mesmo sentimento humano, que regenere ou justifique, sendo que tal fé é implantada pela soberania do Deus triuno pela ação do Espírito Santo.
2.8 – A Escatologia nos Sacramentos
Em ambos os Sacramentos existe aspectos ligados a escatologia, ou seja, à perspectiva futura que anuncia tanto a volta de Cristo como o estado de glorificação na qual o homem deve ter sempre a sua esperança firmada. Portanto, ambos os sacramento na sua ação e no seu significado tem ligação escatológica. O batismo tem o seu aspecto escatológico; quando observamos a carta do apóstolo Paulo aos Romanos no capítulo 6, o batismo dá, citado no texto, dá testemunho da morte e ressurreição de Cristo, na qual participamos, não só em arrependimento e fé, produzida pela ação do Espírito Santo, mas também em mortificação do velho homem e renovação diária do nosso modo de andar de vida. A argumentação é que o batismo em Jesus Cristo, é batismo em sua morte e sepultamento em nós, portanto, somos desafiados agora a reconhecermos que estamos mortos para o pecado e vivos para Deus, apontando para uma necessidade constante por parte do cristão então para a mortificação da carne e a renovação de vida. É neste aspecto que a realidade escatológica está presente no batismo, pois, se há conversão, após esta inicia-se o processo da santificação, que e uma busca contínua, onde redundará na glorificação, ou seja, morre-se finalmente no corpo e ressuscita-se em um corpo novo e espiritual para a plenitude da nova criação e vida eterna em Cristo.
38 No Novo Testamento a evidência de vivermos uma vida de busca de santidade baseada numa esperança segura de redenção final é clara, por exemplo em Rm 8:23; 1 Co 15:53-54; 1 Pe 1:4,5; e outros. 61 Na Ceia o aspecto escatológico esta muito mais claro, principalmente com Paulo escrevendo aos coríntios parafraseando as palavras da i nstituição, e, quando ele fala …até que ele venha… (v. 26) correspondendo a expressão usada nos evangelho …até que venha o Reino de Deus… (M7
26:29; Mc 22:25; Lc 22:18), ambos os termo
mostram que a instituição da Ceia está ligada à mensagem de confiança, que a igreja pode ter na volta de Cristo. O ato da Ceia tem um significado escatológico para a igreja e o cristão: praticando a Ceia, a igreja antecipa o banquete messiânico que a espera. Porém ela deve esta preparada para cumprir o seu chamado, bem como, ela deve estar pronta para o dia que o noivo virá recolher sua noiva, a Ceia aponta, portanto para o futuro quando Cristo voltará. E esta mensagem é uma mensagem de esperança ‘‘na Ceia a igreja vivifica a sua esperança – esperança de quem já alcançou a vitória (cf. Cl 2:14s) – para a qual foi chamada por Deus (1 Ts 1:9,10).’’ 62 O aspecto escatológico é extremamente importante para a igreja, ela renova os laços de comunhão, confirmando e participando assim dos benefícios espirituais que da morte sacrificial de Cristo, ela renova a esperança desta comunidade, exortando-a à uma vida de santidade para a espera do Senhor que virá consumar o plano eterno de Deus.
61 BROMILEY,
Geofrey W.; Editor Donald K. McKim; Grandes Temas da Tradição Reformada – Artigo O Significado e o Objetivo do Batismo; Pgs. 202,203. 62 ZABATIERO, Júlio Paulo Tavares: Editores: Lothar Coenem e Colin Brown; Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento; pg. 335.
39
CAPÍTULO 3 BATISMO: SACRAMENTO DA TEOLOGIA REFORMADA
Como vimos no capítulo anterior, na Teologia Reformada só são aceitos como sacramentos o Batismo e a Ceia do Senhor. Portanto, neste capítulo, há de se fazer uma análise do batismo, cuja proposta é a análise da sua teologia numa perspectiva reformada, bem como, as suas peculiaridad es, ou características próprias, características estas que identificam a nossa teologia, a Teologia Reformada. O conceito que apresenta a Confissão de Fé de Westminster , nos aponta, mesmo que de forma sucinta, uma apresentação do batismo dentro da Teologia Reformada. Segue o conceito: Seção 1 – O Batismo é um sacramento do Novo Testamento instituído por Cristo, não só para a admissão solene do batizando na Igreja visível, mas também para servir-lhe de sinal e selo do pacto da graça, de seu enxerto em Cristo, de sua regeneração, ou remissão de pecados, e de sua total entrega a Deus através de Jesus Cristo, para andar em novidade de vida. Este sacramento, segundo a ordenação do próprio Cristo, há de continuar em sua igreja até o final do mundo. 63
63 Confissão
de Fé de Westminster; Cap. XXVIII, Seção I
40 No sacramento do batismo, existem particularidades dentro de seu arcabouço teológico, por exemplo, o modo do batismo, o batismo de crianças, etc. seguem, portanto, características próprias deste sacramento.
3.1 – A fórmula e o Modo do Batismo:
Pode-se neste item dividir o modo como: a fórmula batismal, que seriam as palavras que constituem a ordenança em si mesma; e o modo propriamente dito; a ação no ato do batismo, ou o uso do símbolo do derramar da água.
3.1.1 – Fórmula batismal A fórmula batismal está intrinsecamente ligada à ordenança escriturística do batismo, ou seja, a instituição por Cristo em Mateus 28: 19,20 em relação à forma como deve ser ministrada. A fórmula, como a própria palavra ensina: é a forma pela qual seria então ministrado o sacramento. A sua ministração é uma ação trinitária 64 na sua fala, ou seja, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo . A importância dessa forma está ligada à teologia do pacto na qual a teologia reformada se apóia. Todo o Deus trino faz parte como agente do pacto, e, todo ele de forma objetiva age no homem, e, sem sua ação pessoal e sua intervenção sobrenatural não há salvação sobre a vida do homem. Observa-se nesta frase de Pierre Ch. Marcel um resumo da ação do Deus trino na ação salvadora como regente e age nte do pacto: ‘‘O pacto tem sua origem no amor e na graça eletiva do Pai; acha seu fundamento 64 Todas
as vezes que aparece a expressão fórmula trinitária ou ministração trinitária, entenda-se que se refere as palavras ditas no batismo cristão em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo.
41 justificador na garantia do Filho; e só se realiza plenamente na vida dos pecadores por meio da obra eficaz do Espírito Santo (Jo 1:16; Ef 1:1- 14; 1 Pe 1:2).’’ 65. A fórmula trinitária no batismo, fica claro que tem a sua determinação no tocante a ordem de Cristo quanto a grande comissão em Mt 28:19,20. Portanto, além da fórmula batismal com apontamento trinitário na sua locução, este ato é uma ordem direta de Cristo, como os discípulos deveriam fazê-lo, até mesmo apontando para o tipo de relação agora com Deus atuando na vida do homem onde este deveria ter ‘‘uma profissão de fé em alguém e sincera obediência a alguém’’ 66, e, este alguém é alguém pessoal que se relaciona com ele, o homem. Apesar desta evidência clara e incisiva nas escrituras deste critério do batismo, trinitário, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Porém, vemos a ocorrência principalmente em Atos, acontecendo o batismo em nome de Jesus Cristo (ou só: Cristo). A primeira situação em que temos que pensar é que o período de Atos é atípico, é um período transitório, onde o batismo que era realizado, em cada momento tinha a sua característica própria, vejamos esta citação: O batismo é batismo de conversão; é administrado em nome de Jesus Cristo, i.é., em relação a Jesus cristo (At 22:16) assim como o nome é pronunciado sobre ele, significando a quem ele pertence (cf. Tg 2:7); é ‘‘para o perdão dos pecados’’, e tem em vista o dom do Espírito Santo. Variações desta norma (notavelmente em At 8:14 e segs; 10:44-45; 19:1 e segs.) refletem a variedade que sempre existe nas circunstâncias e experiências do Espírito Santo em um período de transição. 67
Portanto, o que está sendo apontado, não é uma negligência na formula batismal de Mateus 28:19,20, mas sim uma adequação, ou seja, um ensino por parte doa apóstolos à nova igreja, onde esta, não estava mais ligada ao batismo de João 65 MARCEL,
Pierre Ch; El Bautismo Sacramento del Pacto de Gracia; pg. 75. (minha tradução) BERKHOF, Louis; Teologia Sistemática; pg. 630. 67 MURRAY, G. R. Beasley: Editores: Lothar Coenem e Colin Brown; Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento; Edições Vida Nova; São Paulo; 2000; pg. 182. 66
42 Batista68, dos judeus ou prosélitos 69 e nem mesmo ligados mais aos rudimentos do mundo, mas que agora pertenciam ao Cristo Jesus, então este tipo de batismo no período de Atos. Louis Berkhof 70, aponta ainda para algumas possibilidades do uso só do nome de Cristo nos batismos feitos em nome dele: no caso de At 2:38 se refere a um batismo
baseado na confissão de Jesus como
o Messias,
a expressão
(em nome de), no caso de Cristo apontando para a sua autoridade, e,
também por serem judeus aponta para o Cristo que era o Messias que viria.
3.1.2 – O modo do batismo A Teologia Reformada, ou, muitos de seus teólogos não têm a sua preocupação centrada no modo do batismo no sentido prático, ou seja, que fosse ela por imersão, efusão ou aspersão. Apesar da Confissão de fé de Westminster não condenar os outros modos, ela traz uma afirmação que denota uma preocupação deste símbolo de fé que não está ligada propriamente à forma do batismo, mas sim primariamente do uso de água. Esta, absolutamente tem que fazer parte deste rito sacramental, assim diz a Confissão: ‘‘Seção III – Não é necessário imergir o batizando na água, mas o Batismo é corretamente administrado aspergindo água sobre o batizando.’’ 71
68 Chamado
de batismo de arrependimento, que não era a instituição sacramental, tinha a função de chamar o judeu de volta para Deus e apontar para o desfeche messiânico do batismo com o Espírito e com fogo (juízo). 69 Segundo Charles Hodge em seu livro O Batismo Cristão: Imersão ou Aspersão; CEP; Cambuci; 1988; pgs. 10-15; aponta para o batismo que era muito mais antigo do que o batismo de João Batista, uma tradição judaica que apontava para o costume judeu de batizar utensílios e pessoas, as pessoas eram batizadas após a circuncisão. 70 BERKHOF, Louis; Teologia Sistemática; pg. 630-31. 71 Confissão de Fé de Westminster; Cap. XXVIII, Seção III.
43 Apesar de muitos colocarem a ênfase no modo do batismo, as Escrituras tem o seu total interesse em não demonstrar se é com muita água ou com pouca água que se efetua o batismo, mas sim o interesse é que se aponte para o batismo como um simbolismo de limpeza e purificação espiritual (At 2:38; 22:16; Rm 6:4,5; 1 Co 6:11; Tt 3:5; Hb 10:23; 1 Pe 3:21; Ap 1:5). Veja esta afirmação de Theodor Haarberk sobre este ponto: o modo batismal: O principal no Batismo não é a forma exterior, e, sim, a relação essencial do Batismo ou da água com o nome de Cristo, o Crucificado e Ressurreto. E a fé que nele procura a salvação. A água do Batismo é figura da purificação e avivamento através do sangue e do Espírito de Cristo. A experiência do poder do sangue e do Espírito de Cristo, contudo, não depende da quantidade ou da qualidade da água. 72
A ênfase percebida nos textos que se referem direta e indiretamente ao batismo está ligado aos termos e onde o seu significado é de imergir, umedecer, molhar, purificar, lavar, banhar e aspergir. Fica claro pelos verbos usados, especificamente denunciam que para que aconteça a ação destes é preciso a presença da água. Portanto, é relevante observar o conceito de água nas Escrituras e seu modo de uso e sua significação. A princípio ela tem um significado que aponta para a purificação, os ritos veterotestamentários sempre apontam para a purificação por aspersão com água. No Antigo Testamento, o método preferido para obter a purificação (limpeza, no sentido cerimonial, que permitia a pessoa buscar a Deus em adoração), o modo mais comum era a aspersão. Veja no estudo sobre sacramentos pelo Pastor David Legters 73:
72 HAARBECK,
Theodor; Está Escrito: Dogmática Bíblica; pg. 141. (os grifos e itálicos do texto são ênfases
do original.) 73 LEGTERS, David; Los Sacramentos de la Fé Cristiana; material retirado da Internet www.thirdmill.com/spanish.
44 a) Ex 19:10, por ocasião da realização do pacto; b) Ex 29:14, no ministério sacerdotal; c) Nm 8:7, ‘‘…asperge sobre eles a água da expiação!’’ d) Nm 19:11-13 (por contato com um cadáver) ‘‘aspergia’’. e) Lv 14:6-7 (por causa de lepra) ‘‘aspergirá 7 vezes’’ e soltar uma ave viva. f) Lv 15:11 y 11:29-44 (antes de comer) o que era interpretado assim pelos fariseus, que não comiam sem ‘‘se lavar’’. Ver Mc 7:3 -4 (‘‘batizavam’’ seus irmãos; provavelmente tomando água do rio [água corrente] e derramando -a sobre seus irmãos). g) 1 Sm 16:5 no sacrifício; h) Sl 51:7 ‘‘purifica-me com hissopo (seria por aspersão; logo ‘‘lava me’’). i) Ez 36:25-27 ‘‘aspergirá sobre vós água limpa, e sereis limpos de todas vossas imundícias’’ No Antigo Testamento a água tinha ainda um aspecto escatológico 74, pois apontava a vinda do Messias como aquele que haveria de aspergir água pura sobre as tribos restauradas e elas seriam purificadas de toda a sua imundícia Ezequiel 36:2425, texto que se compreende como o batismo e sua representação para o povo de Deus. O comentário de nota de rodapé de página da Bíblia de Genebra 75 aponta para o tipo de ritualismo que caracteriza esta aspersão de água sobre o povo, a qual, 74 KAISER,
Walter C., Editores: R. Laird Harris, Gleason L. Archer Jr.; Bruce K. Waltke; Dicionário Internacional do Antigo Testamento; pg. 1189. 75 Bíblia de Estudo de Genebra, Editor: R. C. Sproul; Editora Cultura Cristã e SBB; São Paulo e Barueri; 1999; pgs. 965 e 649.
45 que tinha o sentido de purificação, ou para remover contaminação (Ex 30:17-21; Lv 14;52; Nm 19:17-19). Também e usado como um símbolo do derramamento do Espírito, é um sinal da era do Messias (Ez 37:14; 39:29; Is 42:1; 44:3; 59;21). Sendo que a mensagem do vs. 25-27 reportam para o salmo 51:7-11, que parece denotar todo o conteúdo do processo do batismo: arrependimento, volta para Deus, limpeza com hissopo representando a água aspergida da purificação (Lv 14:6,7). No Novo Testamento sobre o batismo não há com consistência argumentos para se crer que o único meio deste seja o de imersão, ao contrario disto as evidências nos remontam a um modo batismal por aspersão ou efusão, mesmo que insistamos em dizer que: não importa a forma ou quantidade de água. Os argumentos neotestamentários para um batismo por estes dois modos, são baseados em argumentos no emprego da palavra e suas variações, que podem ser entendidas de acordo com seus respectivos contextos: derramar sobre, lavar, limpar, tingir, mandar, imersão parcial, imersão total, absorção, ou efusão. 76 Um segundo argumento e baseado no batismo feito por João Batista, pois ao contrário do que pensamos, o batismo que ele exerceu não era uma inovação , mas sim um rito conhecido e feito pelos judeus, que começou com os banhos rituais e o batismo daqueles que se anuíam a eles se chamava de batismo de prosélitos, diante disto, a forma que João Batista usava era a forma ritual conhecida que consistia em fazer ablução, ou aspergir, à semelhança que se fazia na lavagem de utensílios (comparar Hb 9:10 com Nm 8:5-7 e Nm 18:17,18 com Hb 9:13, 19 e 21). 77 Outro argumento muito usado é o da improbabilidade do uso da imersão em determinadas situações de batismo, como por exemplo, em At 2:41, quando três 76 HODGE,
Charles; O Batismo Cristão; pg. 8. Philippe; O Batismo Cristão: Modo de Administra-lo – A Quem Batizar ; pg. 11.
77 LANDES,
46 mil foram batizados, onde a água de Jerusalém era para consumo, portanto sem possibilidade de imergir esta quantidade de pessoas. 78 O carcereiro de Filipos (At 16:33), onde este e sua família foram batizados a noite em sua casa, local que como carcereiro ele não podia se ausentar. Outros textos que mencionam que entraram na água para serem batizados como: Mt 3:16 (o batismo de Jesus) que se enquadra no ato de João batizar como o batismo de prosélitos, 79 e At 8:38,39 (Felipe batizando o Eunuco), neste segundo caso Berkhof 80 cita uma análise da preposição onde ele diz que tem o não só o sentido de para dentro de, mas também sentido de a ou para, concluindo então que o sentido é de que ambos entraram na água demonstrando que Filipe tenha se imergido junto com o Eunuco, portanto, sendo inconcebível que ele tenha pratica o batismo por imersão. Diante destas análises e o fato de que não há nenhum texto explícito que indique imersão, conclui-se que o Novo Testamento não defende a imersão como únicas formas de batismo, e, sim uma propensão à aspersão ou efusão.
3.2 – Os Receptores do Batismo
3.2.1 – Batismo de adultos: Quanto ao Batismo de adultos, há um consenso geral, de que todos as pessoas adultas podem receber o sacramento do batismo. As igrejas cristãs asseveram diante deste fato que a pessoa que é candidata ao batismo deve apresentar sinal de 78
Ibidem; pg. 12. Louis, Teologia Sistemática; pg. 636. 80 Ibidem; Pg. 636. 79 BERKHOF,
47 arrependimento, de fé, e declarar sua vontade em obedecer a Jesus Cristo, sendo que, a igreja precisa ensinar e exigir aos seus candidatos: as doutrinas fundamentais do evangelho, fazer profissão sincera de fé em Jesus Cristo, e mostrar uma conduta que seja isenta de escândalo. Estes são os critérios exigidos tanto dos membros, que já passaram pelo batismo, como daqueles que serão batizados. Mesmo diante de tantos critérios, a igreja cristã nunca poderá afirmar com certeza absoluta que seus membros recebidos pelo batismo são verdadeiramente salvos, somente Deus é quem pode sondar os corações, e somente ele é que é onisciente. Portanto, a igreja de Deus sempre correrá o risco de batizar alguém que verdadeiramente não faça parte do pacto da graça. Pierre Ch. Marcel afirma: A igreja batiza seus adultos e administra a Ceia do Senhor, sem ter jamais prova total de que os participantes são verdadeiros crentes (e, ainda) 81. É importante mostrar que a administração dos sacramentos aos adultos, a igreja não está nunca segura de estar fazendo de todo certo, nem de distribui-los só a quem são verdadeiramente filhos de Deus e os recebe por fé. 82
Portanto, a igreja reformada diferente de outras não defende que todos os batizados, e claro, membros da igreja visível, fazem parte do corpo invisível da ig reja de Cristo. 83
3.2.2 – Batismo de crianças: Talvez em todo o estudo a respeito deste sacramento, o batismo infantil, seja o mais polêmico e o que cria dentro e fora da igreja Reformada as mais acirradas discussões. A polêmica, em si mesma, não é interessante para este trabalho. Contudo, 81 Meu
acréscimo. Pierre Ch; El Bautismo Sacramento del Pacto de Gracia; pg. 188,189.. 83 Entenda-se por igreja visível como aqueles que fazem parte da membresia da igreja, e, no entanto podem não fazer parte da igreja invisível, ou, o conjunto total dos eleitos que formam esta. Ver Louis B erkhof; Teologia Sistemática; pg. 569-570. 82 MARCEL,
48 é uma das doutrinas da Teologia Reformada com maior brilho teológico na teologia pactual. Cremos, que a teologia pactual é o alicerce para se entender, assim como, para trazer luz ao ensino deste sacramento. Portanto, parte-se do pressuposto que para melhor compreensão do batismo infantil, é necessário entendermos alguns conceitos sobre pacto. Para definir e entender um pouco sobre este pacto, o Reverendo Mauro F. Meister traz uma definição curta que se relaciona com o batismo, porém, conveniente: ‘‘pacto é um vínculo ou elo de amor, iniciado e administrado pelo Deus Triúno com a sua criação, representada pelos nossos pais.’’ 84 Alguns autores preferem chamar de pacto da graça, este relacionamento entre Deus e o homem, send o que este relacionamento estava antes sobre o povo judeu que estava debaixo desta aliança, e, agora os cristãos debaixo da mesma aliança, sendo que o símbolo da inclusão dos judeus neste pacto era a circuncisão e agora dos cristãos é o batismo. Os cristãos agora podem ser chamados à comunidade do pacto, ou seja, somos como os cristãos do passado que se convertiam, Paulo Anglada fala desta bênção que recebemos, bem como, o povo da aliança no Antigo Testamento, observe: Somos os verdadeiros descendentes de Abraão. ‘‘Os da fé é que são filhos de Abraão’’ (Gl 3:7). Somos (a igreja cristã) os ramos que foram enxertados; tornamo-nos participantes da mesma raiz e da mesma seiva da oliveira (Rm 11:17). Somos salvos hoje do mesmo modo como foram os crentes na época do Antigo Testamento, isto é, pela graça soberana de Deus mediante o arrependimento e a fé na suas promessas, entre as quais a principal era a vinda do Messias, o Redentor de Israel ( Rm 4:1-17).85
84 MEISTER,
Mauro F.: Revista Fides Reformata; artigo: Uma Breve Introdução ao Estudo do Pacto (II); Volume IV, Número 1, janeiro-julho de 1989; Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, pg. 89. 85 ANGLADA, Paulo R. B., Editor: Manoel Sales Canuto; O Batismo Infantil ; Editora Os Puritanos; Recife; 2000; pgs. 43-44.
49 A circuncisão era uma operação que se fazia na pele do prepúcio, pele que sobrava na cabeça do órgão genital masculino, Palmer Robertson, traz uma significação do ritual. A circuncisão tem significação especial com relação à propagação da raça. Este rito único serve como o selo para o pacto total que Deus fez com Adão. A promessa concernente à descendência, à terra e à bênção, tudo está selado por este sinal único. Mas porque e o órgão reprodutivo masculino que está envolvido na circuncisão, parecera que o rito tem significação especial com respeito à propagação da raça.86
Palmer Robertson 87, ainda conclui que este tipo de selo é um selo com um alto caráter de propagação da raça, indicando duas coisas: (1) a circuncisão apontando para a culpa da raça humana como pecadora, por causa do seu caráter purificador do órgão genital; e (2) a propagação da raça está intimamente ligada às famílias, onde, Deus na sua obra de redenção quer estabelecer a solidariedade da criação da família restaurando-a. O Reverendo Elias Dantas Filho, quanto a circuncisão fala da sua conexão com o batismo como selo sacramental, da seguinte forma: …na circuncisão, Deus trata com a família ou povo, e não somente com indivíduos. …a circuncisão é, em sua instituição e natureza básica, um sinal do pacto. Circuncisão, então, foi mais do que um estatuto no código de leis mosaico. Ela foi aliancista e sacramental em caráter – observe a identificação sacramental comum do sinal com a coisa significada. 88
O sentido, portanto de pacto está intimamente ligada a esta noção de família a partir de Abraão, na circuncisão. Este por sua vez, como selo sacramental, ou seja, apontando para o elo entre o fato circuncisão e o seu valor espiritual, que é: arrependimento, regeneração e purificação valores inerentes também no batismo. Veja-se em Gênesis 17:10 e 11: ‘‘Disse mais Deus a Abraão: Guardarás a minha 86
ROBERTSON, O. Palmer; Cristo dos Pactos; Luz para o Caminho; Campinas; 1997; pg. 137. pg. 137,38. 88 FILHO, Elias Dantas; Filho e Filhas da Promessa; Descoberta Editora Ltda; Curitiba; 1998; pg. 37. 87 Ibidem;
50 aliança, tu e a tua descendência no decurso das suas gerações. Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós e a tua descendência: todo macho entre vós será circuncidado.’’ É inegável no texto bíblico que o pacto feito está estritamente ligado à descendência, mesmo sendo Abraão o pai da fé, o sinal não está restrito somente a ele, mas sim a toda a sua descendência. Fica claro então quando nos remetemos ao Novo Testamento, principalmente, nos escritos paulinos, quando este menciona em suas cartas o vínculo do batismo com a circuncisão. Um dos textos de maior relevância é o de Colossenses 2:11,12: ‘‘Nele , também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo; tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo,no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos.’’ onde o cerne de sua mensagem está claro ao apontar: ‘‘Tanto o batis mo quanto a circuncisão ter o mesmo significado intrínseco.’’ 89 Robertson 90, mostra que o texto aponta para o individuo que está em Cristo e que nele fostes circuncidados e aponta também que tendo sido sepultados com ele no batismo , mostrando que a purificação por intermédio do rito da circuncisão, a coisa significada deste rito, e, ainda a idéia de sepultar (morrer) o velho homem em Cristo, além disso, o contexto aponta para o despojar-se do corpo da carne (purificação). Este texto de forma muito clara, estabelece a relação do batismo com circuncisão. Assim como a Ceia substituiu a Páscoa para, na nova aliança a circuncisão substituiu o batismo.
89 FILHO,
Elias Dantas; Filho e Filhas da Promessa; pg. 33. O. Palmer; Cristo dos Pactos; pg. 147.
90 ROBERTSON,
51 Quanto à relação do que foi dito entre circuncisão e batismo infantil é relevante e tem a intenção de mostrar que o vínculo pactual entre os dois é de suma importância para apresentar o argumento do batismo infantil, já que ele está intimamente ligado com a prática da circuncisão, pois, atingia toda a família, onde era praticado, no oitavo dia de vida do filho. E ocorria nas famílias que estavam debaixo da promessa, ou da aliança de Deus. Podemos dizer que na Teologia Reformada, o batismo infantil tem a sua principal base no pacto de Deus com o homem; Pierre Ch. Marcel, confirma isso dizendo: ‘‘O pacto, com suas promessas, constituem o fundamento objetivo e legal do batismo de crianças. Este é o sinal, o selo e a garantia de tudo o que contém estas promessas..’’ 91 Assim, o batismo infantil passa na verdade a ser um direito da criança, bem como, um dever de seus pais pelo fato dessas crianças, estarem debaixo do pacto e serem herdeiros das promessas (At 2:39). Daí advém aos pais obrigações físicas e espirituais para com seus filhos, obrigações inerentes a aliança (Dt 6).
91 MARCEL,
Pierre Ch; El Bautismo Sacramento del Pacto de Gracia; pg. 203.
52
CAPÍTULO 4 CEIA DO SENHOR: SACRAMENTO DA TEOLOGIA REFORMADA
A Ceia do Senhor é o segundo sacramento que a Teologia Reformada aceita como determinação das Escrituras, uma instituição de Cristo Jesus, uma ordenança a qual ele inseriu nos últimos momentos de seu ministério com os discípulos, ela tem uma série de significados e tem seu próprio valor espiritual para os membros do corpo de Cristo. Neste capítulo estará em análise o significado, bem como a interpretação da Ceia do Senhor para a Teologia Reformada. Antes de entrarmos na análise, propriamente dita, a respeito da Ceia do Senhor, é bom que se recorde que houve entre os reformadores uma controvérsia, acerca da presença real de Cristo na Ceia do Senhor. Essa polêmica teve o seu ponto culminante de discussão na Reforma, e dividiu a opinião dos três maiores ícones daquele momento histórico: Lutero, Zwinglio e João Calvino. E claro que no presente trabalho tratar-se-á da questão reformada, cujo símbolo de fé, a Confissão de Fé de
53 Westminster defende, e por ser esta de posição calvinista, então aprofundaremos em tais conceitos. Quanto a esta questão da presença real de Cristo, há de se trazer os conceitos de Lutero e Zwinglio e também de Calvino, com o objetivo de se perceber a princípio as diferenças básicas entre eles.
4.1 – A Presença Real de Cristo na Ceia
A posição luterana quanto à presença real de Cristo na Ceia, era baseada em argumentos que visavam determinar o modo de sua presença, Lutero, carregava ainda da influência Católica Romana. Lutero embora não aceitando o conceito da transubstanciação, seu conceito era bem perto de uma presença literal, porém, não substancial, isto porque os seus argumentos para a sua defesa era pela literalidade das Escrituras. Ele defendia que as Escrituras tinham que ser interpretadas literalmente, isto é se as Escrituras dizem que o pão é o corpo de Cristo e o vinho é o sangue de Cristo, porque Cristo disse: ‘‘Isto é o meu corpo...isto é o meu sangue’’, assim se devia crer. E em segundo lugar quanto à onipresença de Deus e sua onipotência, apontava para o poder dele para tal milagre; o milagre da consubstanciação 92. Segundo Héber Campos 93, Lutero argumentava que era um verdadeiro milagre, sem explicações filosóficas e teológicas. Segundo Henry E. Dosker, a posição luterana
92 O
termo tem referência à co-existência da substância do corpo e do sangue de Cristo com a substância dos elementos do pão e do vinho. A substância de Cristo é dita estar realmente presente em, com e sob o pão e o vinho. Nessa concepção, a presença real e substancial de Cristo no sacramento é confessada sem qualquer mudança metafísica da substância do pão e do vinho como acontece no caso da transubstanciação. Na consubstanciação há a co-existência mas não a mistura das duas substâncias numa terceira e nova substância celestial-terreal de um pão e vinho deificados. A substância dos elementos permanecem presentes é metafisicamente distintas da substância de Cristo. 93 Apostila Héber Carlos de Campos; Controvérsias Eucarísticas; Material não editado; pg. 87.
54 quanto à presença real de Cristo era ‘‘em, com e debaixo da Ceia’’ 94 . Portanto, o conceito luterano é muito próximo da consubstanciação de Zwinglio. Já Zwinglio, este reformador que questionou Lutero, dizia que a presença de Cristo fisicamente não era possível, pois somente a parte divina de Cristo é onipresente. Seu corpo, portanto não poderia estar presente ali na Ceia. E remeteu a sua interpretação do texto da Ceia, totalmente como um símbolo, um símbolo que alimenta a nossa fé. Para Zwinglio ‘‘Na Ceia nós confessamos nossa fé, n ós expressamos o que aquela fé significa a nós, e nós fazemos isto em memória da morte de Cristo.’’ 95 Héber Campos traça em poucas palavras o conceito zwingliano da Ceia : ‘‘Os que participam da Ceia não recebem de fato o corpo e o sangue de Cristo, apenas os sinais da graça de Deus’’. 96 Portanto, para Zwinglio a Ceia do Senhor veio a tornar-se, portanto, um memorial, um ato alegre de ação de graças. Diante destes dois breves conceitos destes dois reformadores, poderíamos afirmar que a maioria dos evangélicos adota ou consciente, ou inconscientemente a prática zwingliana do memorial que edifica nossa fé, onde na verdade Cristo não está presente, e que de forma nenhuma este sacramento transmite algo, a na ser mesmo um memorial. Os conceitos que vimos, apesar de diferenciarem do pensamento básico da Confissão de Fé de Westminster , são de reformadores proeminentes, onde acabaram sendo certas posições vigentes que hoje se encontram dentro de algumas teologias, portanto participando de alguns credos, na Europa principalmente. Porém, o conceito que adotamos como base de nossa fé, é o da Confissão de Westminster cuja base doutrinária é calvinista, conseqüentemente o seu conceito vai estar muito próximo do 94
DOSKER, Henry E.: Editor: James Orr; The International Standard Bible Encyclopedia.
95 Ibidem.
96 Apostila
Héber Carlos de Campos; Controvérsias Eucarísticas; (Material não editado); pg. 91.
55 conceito de Calvino. Vejamos o conceito da Confissão comparando-a com o pensamento de João Calvino: Seção V – Os elementos exteriores deste sacramento, devidamente separados para os usos ordenados por Cristo, tem tal relação com o Cristo crucificado que, verdadeiramente, contudo só num sentido sacramental, são às vezes chamados pelo nome das coisas que representam, a saber, o corpo e o sangue de Cristo; sem bem que, em substância e natureza, ainda permanecem sendo real e somente pão e vinho, como eram antes. Seção VII – Os que comungam com dignidade, participando externamente dos elementos visíveis deste sacramento, também, pela fé, íntima, real e sinceramente, não carnal e fisicamente, mas espiritualmente, se alimentam de Cristo crucificado e recebem a todos os benefícios de sua morte; não estando o corpo e o sangue de Cristo, corporal o carnalmente nos elementos, Pão e vinho, nem com eles, nem sob eles, mas estão, real e espiritualmente, presentes a fé dos crentes nessa ordenança, como estão os próprios elementos em relação aos seus sentimentos externos. 97
A análise de Berkhof quanto ao conceito de Calvino em relação à presença real de Cristo na Ceia, em comparação com os outros reformadores é: (…) mas ele [Calvino] parece querer dizer que o corpo e o sangue de Cristo, embora ausentes e localmente presentes só no céu, comunicam uma influência, apesar de real, não é física, mas, sim espiritual e mística, é mediada pelo Espírito Santo e está condicionada ao ato de fé pelo qual o comungante recebe simbolicamente o corpo e o sangue de Cristo. Quanto ao modo pelo qual é efetuada esta comunhão com Cristo, há uma dupla descrição. Às vezes é descrito como se, pela fé, o comungante alçasse o seu coração ao céu, onde Cristo está; às vezes, como se o Espírito Santo fizesse baixar a influência do corpo e do sangue de Cristo ao co mungante.98
Depois de compará-las, conclui-se que, o conceito da presença real de Cristo nos elementos, em ambos os conceitos é a presença mística, espiritual na Ceia é fatual, onde aquele que participa recebe os benefícios espirituais inerentes a este sacramento, como: santificação, esperança, pregação do evangelho, etc. Estes benefícios só podem também acontecer, ou serem atuantes com a intervenção do Espírito Santo. O que Calvino e a Confissão fazem, é apontar para o estrito relacionamento que há entre a pessoa que participa do corpo e Cristo intermediado 97 HODGE,
A. A ; A Confissão de Fé de Westminster Comentada; pg. 477 e 486. Louis Teologia Sistemática; pg. 660.
98 BERKHOF,
56 pelo Espírito de Deus. Nesse ato, o participante recebe a graça que o Espírito Santo traz e se enleva por sentir-se parte do corpo místico – a igreja. Essencialmente, o conceito é de que a natureza divina de Jesus está em perfeita harmonia com a natureza humana, pois, a trindade se torna presente em nós, por meio da sua natureza divina onipresente. O próprio Senhor Jesus disse isto em Mateus 28:20, ‘‘Eis que estou convosco a te a consumação do século.’’ R. C. Sproul 99 representa graficamente o conceito de Calvino na sua relação, natureza humana e divina:
Natureza Humana no Céu Natureza Divina Onipresente
Igreja
Ao contrário do que os luteranos defendem ao dizer que tanto a parte física e a divina são onipresentes, para a Teologia Reformada, e o gráfico demonstra eloqüentemente, a natureza divina de Jesus se faz onipresente, portanto presente na Ceia, transmitindo todas as bênçãos espirituais.
99 SPROUL,
R. C. ; Verdades Essenciais da Fé Cristã; pg. 13.
57
4.2 – A Ceia e sua Relação com a Páscoa
A relação da Páscoa com a Ceia tem que ser entendida à luz das evidências bíblicas. Uma regra hermenêutica quanto à interpretação de um tipo, é que o tipo e o antítipo devem possuir uma correspondência ou semelhança exata; uma prenunciação do antítipo, e profético; encontra cumprimento no antítipo; é divinamente instituído; são especificados como tais no Novo Testamento. 100 A festa pascal tem todas estas características, de tipo e antítipo, portanto, o contexto da festa pascal no Novo Testamento criava todo o ambiente necessário para a instituição da Ceia, e, ainda, apontando para todos os tipos de Cristo na Páscoa instituída por Deus, como ‘‘estatuto perpétuo’’ (Ex 12:14). Isto encontra o seu paralelo no Novo Testamento é a menção de Paulo escrevendo aos coríntios usando o termo ‘‘…Cristo, nosso cordeiro pascal foi imolado.’’ (1 Co 5:7), comparando a festa pascal com o ato de Cristo na cruz, trazendo luz assim ao tipo – Páscoa – e ao antítipo – Cristo. A festa da Páscoa no período do NT era feita em Jerusalém, onde alguns historiadores estimam a presença de até 6.000.000 101 de pessoas naquela cidade por motivo da festa. O fluxo de pessoas de todas as classes sociais para a cidade santa era muito grande; dos ricos aos pobres, onde os pobres eram ajudados pelos outros a arranjarem o necessário para a celebração da Páscoa de acordo a lei determinava, o carneiro, vinho, e o pão (matzot uggot ). A preparação para a Páscoa nos dias de Jesus consistia basicamente os mesmos encontrados no capítulo doze de Êxodo. O cordeiro pascal continuava a ser 100 ZUCK, 101 ROPS,
Roy B.; A Interpretação Bíblica; Edições Vida Nova; São Paulo; 1994; pg. 208. Henri Daniel; A Vida Diária nos Tempos de Jesus, Edições Vida Nova; 1986; pgs.229-30.
58 sacrificado, seus ossos não podiam ser quebrados e a carne precisava ser assada e não cozida. Enfim todo o processo era mantido na festa da páscoa como uma das principais das três festas judias. O vinho era tomado nos intervalos da cerimônia e o pão sem fermento era comido junto com a carne do cordeiro. Portanto quando Cristo usa a figura do pão e do vinho ele estava já usando uma figura conhecida e já cheia de significados para os judeus. 102 Portanto, no momento da celebração e da instituição da Ceia do Senhor os discípulos que ali estavam presentes entendiam muito bem os significados dos símbolos usados por Jesus, e, também, a importância de se perpetuar esta cerimônia como uma determinação do Senhor (estatuto perpétuo).
4.3 – Sua Instituição.
A Ceia do Senhor é um sacramento instituído por Jesus nas Escrituras (Mt 26:26-29; Mc 14:22-25; Lc 22:19,20), e Paulo nas cartas a igreja de Corinto, reafirma as palavras da instituição (1 Co 11:23-25). Tomemos como base, a passagem da Ceia do relato de Mateus 26:26-29, para compreendermos o modo institucional da Ceia do Senhor, olhemo-la por uma perspectiva da análise exegética de parte do texto. A instituição de Cristo quanto a Ceia, observamos através do verbo que se encontra no particípio presente ativo ‘‘demonstrando uma ação
linear, acentuando o fato em seu processo, em moldes instantâneos, costumeiros ou
102 ROPS,
Henri Daniel; A Vida Diária nos Tempos de Jesus, pgs. 229-30.
59 progressivos, em perspectiva contemporânea do verbo dominante’’ 103. Pode, portanto, ser traduzido como: enquanto comiam, ou seja, procura demonstrar que a instituição da Ceia se realizou no momento, ou, após a refeição pascal, ou, ainda, após todo o rito cumprido, esta ultima analise é a que se encaixa melhor, dentro de um fator cultural, onde após o rito os judeus então comiam livremente, portanto, a expressão acima determina o momento em que o Senhor Jesus institui a Ceia, depois da refeição pascal, onde eles já iriam começar a comer dessa maneira. 104 O texto primeiramente demonstra que durante a realização da refeição da páscoa Jesus “tendo recebido um pão e o tendo abençoado, partiu -o, e tendo dado a seus discípulos, disse: Tomai, comei...” (Mt 26:26). Os verbos (tendo recebido – 2º aoristo), (tendo abençoado – 1º aoristo) e (tendo dado – 2º aoristo) se encontram no particípio aoristo. Em relação ao modo particípio, “assiste explícita noção quando o fato se dá. O aoristo é pontilear, ação inextensa, não continuativa, focalizando como simples ocorrência, o fato em si, não o processo desenvolvimental, nem os efeitos continuativos” 105. Assim, a ação de receber o pão abençoar e dá-lo a seus discípulos, simplesmente procura demonstrar que foi um ato único, realizado durante um evento, não procurando enfocar a progressividade do fato; mas simplesmente demonstrar que o fato ocorreu. Além disso, também, temos que observar que a palavra “isto” ( ) “é um pronome demonstrativo próximo, a enfocar o objeto a ser visto na perspectiva da pessoa que fala. Expressa mais propriamente proximidade do que localização ”106. Ou
103 LUZ,
Waldyr C.; Manual de Língua Grega Volumes I-III ; Casa Editora Presbiteriana; São Paulo; 1991; 1712. 104 ROPS, Henri Daniel-; A Vida Diária nos Tempos de Jesus; Edições Vida Nova; 1986; pgs. 229-30. 105 LUZ, Waldyr C.; Manual de Língua Grega Volumes I-III ; pg. 1858. 106Ibidem; pgs 534-5.
60 seja, visto que Jesus pegou o pão, e este está em suas mãos, ele procura demonstrar que o pão simboliza o seu corpo. O pão como um símbolo representativo do corpo de Jesus foi oferecido por nós, “um belíssimo, simples, comovente e poético símbolo de sua morte” 107. Pela sua divina autoridade, Jesus transformou aquele antigo simbolismo do pão (da festa judaica) em outro. Daquele momento em diante o pão representaria o próprio corpo de Cristo sacrificado para salvação do homem. Lucas reporta que Jesus acrescentou “dado por vós; fazei isto em memória de mim” (Lc 22:19), indicando a instituição do sacramento e do memorial de sua morte sacrificial para Seus seguidores observarem. A instituição da Ceia é também por outros argumentos, além dos textuais exegéticos, argumentos lógicos e históricos como: o exemplo apostólico (At 2:42). As freqüentes referências a esta ordenança que ocorrem nos escritos apostólicos, e que tudo isso faz crer que ela é uma obrigação perpétua; a prática invariável e universal da Igreja Cristã, em todos os seus ramos, desde o princípio. 108 É mais do que evidente que tanto os argumentos bíblicos a favor da instituição da Ceia do Senhor, assim como os argumentos históricos e de tradição, por unanimidade na crença cristã é irrevogável que a Ceia tem que ser praticado pela Igreja Cristã em todas as épocas como uma ordenança divina.
4.4 – O Propósito da Ceia do Senhor
Quanto ao propósito da Ceia, a teologia Reformada, talvez influenciada por crer na presença real de Cristo, afirma que a Ceia do Senhor tem propósitos 107
ROBERTSON, A. T.; Word Pictures in the New Testament – The Gospel According To Matthew-Mark Vol. I.; Ed. Harper & Brothers Publishers; Louisville-USA; 1930; pg. 209. 108 HODGE, A. A.; Confissão de Fé de Westminster Comentada; pg. 478.
61 relacionados com a vida espiritual do cristão, onde os benefícios trazidos para este s e cumprem no campo espiritual, são benefícios como; crescimento espiritual e nutrição, isto é, a vida cristã é fortalecida na sua fé em Cristo ao participar deste sacramento. Nutrição esta que se dá dentro do relacionamento com Deus e com o próximo, a recomendação paulina em 1 Co 11, quando do problema vivido ali, estava ligada a má observância e destrato que acontecia entre os irmãos na Ceia, a respeito da conseqüência era a morte para alguns e confusão entre os irmãos. Hodge argumenta, nesta proposição, que a união mística indicada na participação da Ceia, ou, que Cristo sendo o cabeça e a igreja ligada a ele faz com que comunicasse nesta união ‘‘sua vivificante influencia a todos os que se unem a ele pela fé e pela habitação de seu Espírito.’’ 109 O fato comunal da Ceia está claro, pois, a questão ali em I Corintios estava exatamente restrita ao egoísmo de cada um, na sua própria celebração da Ceia. Veja o que Schrage, diz a respeito: ‘‘Se a Ceia do Senhor integra na Igreja, como corpo de Cristo… na qual um é inteiramente responsável pelo outro… uma Ceia do Senhor com infração das obrigações sociais com os irmãos… perverte a celebração do sacramento.’’ 110 Portanto quando o sentido de comunhão é perdido na Ceia, também é perdido o próprio conceito de Igreja como corpo místico que reunido é o corpo de Cristo (1 Co 10:17; Rm 12:5). Um outro significado para a Ceia seria a indicação da certeza da vida eterna, pois o sacrifício de Cristo por aqueles que crêem é exatamente para a vida eterna, pois na Ceia que aponta o pão (seu corpo), e o vinho (seu sangue derramado), nos remete exatamente para o perdão de pecados, recebido pelo sacrifício de Cristo, e é neste sentido que a nossa fé é fortalecida, no exame pessoal que fazemos (1 Co 109 HODGE,
Charles; Teologia Sistemática; pg. 1498. Wolfgang; Ética do Novo Testamento; Sinodal e IEPG; São Leopoldo; 1994; pg. 180.
110 SCHRAGE,
62 11:28). Daí se conclui, através das palavras da instituição que o pecador deve buscar o arrependimento, confessando-se pecador reconhecendo o corpo de Cristo partido na cruz em seu lugar. Se não o fizer sofrerá julgamento de Deus (1 Co 11:30ss) caindo em decadência espiritual e ate morte como disciplina. 111 O caráter pessoal da Ceia é tanto motivante da fé como também disciplinar em caso de negligência.
4.5 – Quem Deve Participar da Ceia?
A Ceia é oferecida somente aos batizados e professos. Mesmo aos batizados na infância que ainda não professaram a fé não lhes é permitido participarem da Ceia. O motivo é que o Batismo e a Profissão de Fé são o meio de se testificar publicamente que certa pessoa faz parte do corpo de Cristo. Ela só fortalece a fé de quem já possui fé. Ela só renova a esperança de quem já a possui. Ela só renova os compromissos de lealdade para quem já assumiu compromisso de vida com Cristo. Logo, rigorosamente, o que a Escritura exige para que alguém participe da Santa Ceia é que seja discípulo de Cristo. Oferecer a Ceia aos batizados e professos é talvez a atitude mais segura, mas não nos preserva de oferecê-la a algum infiel que esteja entre os verdadeiros crentes. 112 O fato é que nem todos que são membros da igreja visível são de fato membros da igreja invisível, aquele que toma nesta situação toma juízo para si como diz 1 Co 11:27,29, bem como, aqueles que o tomam em pecados não confessados, trazem as maldiçoes inerentes ao próprio pecado. Calvino113 diz que nem o valor do sacramento é perdido em si mesmo, e que o ímpio ao participar destes só acumula para si juízo. 111 HAARBERCK, 112 Apostila
Theodor; Está escrito: Dogmática Bíblica; pg. 151. de Jadiel de Souza Martins: Santa Ceia: Necessidade ou Privilégio; pg. 17.
63 Portanto, todos os crentes devem participar de forma devida, e, que se porventura o ímpio ou joio vier a participar dos sacramentos eles estão retendo sobre si juízo de Deus.
113 CALVINO,
João; As Institutas:Vol. IV; Cap. XIV: 7 ; pg. 264.
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CONCLUSÃO
Ao chegar ao final deste trabalho, conclui-se que a doutrina da teologia do sacramento é uma doutrina que podemos chamá-la sem qualquer sombra de duvida de uma doutrina ortodoxa para a Teologia Reformada, pelo menos os seus conceitos teóricos nos levam a ter esta determinação clara em nossas mentes. O estudo da palavra sacramento no decorrer da história, onde o seu uso foi comparado na vulgata latina com mysterion, e secularmente o seu conceito era de um sacramentum, ou seja, ambas traziam uma conotação de uso onde somente as pessoas que faziam parte daquele meio poderiam participar dos ritos inerentes àquela sociedade. Após este momento os conceitos a respeito de sacramento basicamente estavam ligados a um sinal visível de uma graça invisível , a partir daí, fica claro que durante toda a história, principalmente na Reforma onde a controvérsia sobre a eucaristica era acintosa, o conceito inicial de sacramento permanecia, conceitos estes que se vê claramente nos teólogos reformados citados. Uma outra prova da ortodoxia que circunda os sacramentos são os vários aspectos teológicos que são exclusivas da Teologia Reformada, no sentido de que as
65 diferenças, são diferenças que denunciam a exclusividade da Teologia Reformada, onde mostra que os sacramentos tem sua característica própria. E, e exatamente os aspectos teológicos que compõem os sacramento, são os apontadores de que o a Teologia dos sacramentos são uma ortodoxia montada, dentro do contexto teológico/bíblico, porque sua análise é baseada exatamente numa interpretação exegética bíblica, e, ainda, no contexto tradicional, pois, a história mostra que os conceitos sobre o sacramento estão ligados entre si, onde a mudança está na forma do conceito e não no conteúdo da doutrina. Na questão prática tanto o batismo quanto a Ceia do Senhor, tem aplicações na vida cristã, que são esquecidos, e, conseqüentemente afetando a sua ministração, bem como, o propósito pelo qual eles foram criados: para fortalecimento da fé, da esperança, do nutrimento espiritual, e, ainda ate para proclamação do evangelho. Os conceitos levantados aqui neste trabalho, nos traz a tona, portanto os objetivos pelo qual a ministração a participação destes, mesmo que nenhum deles tenha o poder para salvação, mas o que transmitem é necessário para a vida cristã. Talvez hoje em dia o retorno ao ensino teológico, e do real significado dos sacramentos, renovaria o valor para a igreja, um retorno a consciência de se dar testemunho de Cristo com a vida e com os lábios e com os atos, sendo um deles a participação dos sacramentos, como prescreve as Escrituras. A prática das igrejas evangélicas atuais, tradicionais, pentecostais e neopentecostais, tem no aspecto da teologia dos sacramentos desprezado a sua significância, e, mais tem desprezado a atuação, a eficácia, a produção real e espiritual que os sacramento produzem na igreja de Cristo.
66 Se concluímos então que os sacramentos são ordenanças dadas por Cristo, e não a praticarmos e ainda não ensinarmos a igreja a cumprir estas ordenanças, as conseqüências virão sobre a própria igreja e o negligente. A desobediência, ou a negligência na execução dos sacramentos traz como conseqüência a não participação das bênçãos da aliança reservadas àqueles que estão debaixo dela, já que ambos apontam para a aliança feita entre Deus e o seu povo. Não participar dos sacramentos é não trazer a memória nossa e dos nossos filhos a esperança do resgate de Cristo, bem como, de seu cuidado e, pior é não lembrar o povo de Deus a providência a vitória prometida em Gn 3:15, para todos aqueles que cressem nele, trazendo assim depressão, falta de esperança e uma das evidencias mais claras na igreja hoje o desprazer em servir a Cristo na sua igreja, porque quando não rememoramos o sacrifício vicário de Cristo permitimos a mesma a não valorizar tal sacrifício. Quando não participamos dos sacramentos, ou os negligenciamos não temos, ou melhor perdemos a oportunidade de dizer ao mundo da poderosa transformação, libertação quanto ao pecado promovido por Cristo no Espírito Santo, perdemos o sentido da responsabilidade da santificação que esta sobre o homem convertido. Negligenciar os sacramentos é deixar de proclamar o evangelho, pois estes têm como propósito anunciar o derramar do sangue de Cristo no calvário, o seu sacrifício, o lavar regenerador do sangue de Cristo nas nossas vidas. Deixar de participar e praticar os sacramentos é deixar de cump rir o ministério da reconciliação que foi dada a igreja como obrigação a ser cumprida.
67 Na atual história a banalização dos sacramentos por parte de muitas igrejas evangélicas, tem redundado em crentes frios, sem vida, e pior que perderam o referencial cristão de vida e testemunho. É necessário o retorno à prática verdadeira dos sacramentos, a realçar o significado por trás do rito e de seus símbolos, e preciso restaurar a prática para que haja restauração de seu significado, restauração da esperança na volta do salvador, à volta da pregação do evangelho.
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