o Planeta Futebol - Luís Freitas Lobo

Título O Planeta do Futebol  Autor  Luís Freitas Lobo Esta obra foi digitalizada sem fins comerciais e destina-se unicamente à leitura de pessoas portadoras de deficiência visual Por for!a da lei de direitos de autor" este fic#eiro n$o pode ser distribuído para outros fins" no todo ou em parte" ainda %ue gratuitamente Luís Freitas Lobo PLA&ETA F'TE(OL Em busca da alma" dos magos e das t)cticas %ue fizeram #ist*ria +As origens e o presente do futebol moderno, índice ntrodu!$o Pref)cios . Futebol at/ à eternidade 0 T)ctica1 a evolu!$o das esp/cies 2 3undos paralelos 4an!ando com a bola" o futebol como ballet  A import5ncia de ser o centro do mundo 3ul#eres de futebol 6 As 7ltimas fronteiras 8 A serpente e a bola 9 :;underteam:, > O mp/rio do :;3: +.=2?-.=28, @ O despertar dos símbolos Torino Torino +.=60-.=6=, = ungria" as terras do 3aBor Calopante PusDas" o primeiro eal 3adrid :gal)ctico: .? O estran#o mundo do pressing .. .. :Transi!esG a terceira dimens$o do futebol .0 T)ctica e arte 4e .=8@ a .=>?1 4o 6H0H6 ao 6H2H2 O (rasil de .=@0  A essência de Pel/ Iantos" obra divina +Anos 9?, .2 Am/rica do Iul" o :&ovo 3undo: 4iego e os 7ltimos rom5nticos  Andrade" a maravil#a negra Os primeiros campees 'ruguai +.=2?,

.6 Futebol-for!a1 o discurso e o m/todo (aJern 3uni%ue +>6->9, .8 Leitura de Bogo" o futebol como um bom livro Treinadores e Bogadores" c#o%ue de egos Komo eHplicar a arte (alada por futebolistas insubmissos .9 As mil e uma noites do futebol inglês .> O sorriso do diabo +as t)cticas defensivas,  A defesa em :lin#a: e a t)ctica do :fora-de-Bogo: .@ A pedra Filosofal +Futebol-T + Futebol-Total, otal, .= O futebol científico O careca polaco 0? O penaltJ de PanenDa  A inven!$o do penaltJ 0. 6H6H0" o triunfo do meio-campo O 6H6H0 :losango: ou em dois tri5ngulos O 3ilan de Iacc#i A zona pressionante 00 A dimens$o física 02 O lado mental" :omens e 3)%uinas: Onde param os grandes líderes do antigamente 06 Os :duplos-cra%uesG" talento e forma!$o 08 Os Bogadores1 #abitat e estilo Os trincos e os pivots-defensivos Os laterais modernos e o fim dos eHtremos Cuarda-redes" o Bogador solit)rio 09 A (ola de Ouro ItanleJ 3att#eMs1 o Kavaleiro de ItoDe Nogadores 4ourados 0> Os novos ritmos e espa!os1 a :desorganiza!$o organizada: 0@ As diferentes faces do 2H6H2 0= A cultura do Futebol  As diversas eHpresses do futebol latino Os dias em %ue o futebol português mudou EHiste um verdadeiro estilo de futebol português  As p/rolas ultramarinas  As li!es de Cuttmann 2? A pista africana" os camin#os de 4rogba 2. O fim dos estilos 20 O 7ltimo testamento (ibliografia ntrodu!$o Todos os dias penso" veBo" falo e escrevo sobre futebol Por isso" antes de ser escrito este livro foi vivido &$o ten#o curso" mas n$o consigo ver um Bogo sem o pensar pelo prisma do treinador K#ego a ter alguns problemas no dia-a-dia com isso  comum" por eHemplo" ir a conduzir e pensar como pun#a a Bogar o 'ni$o

de Leiria ou como faria para o Kelta gan#ar em Iarago!a Penso nos Bogadores" suas características" na estrat/gia Em termos de periodicidade semanal" o Planeta do Futebol surgiu em 0??." nas p)ginas de :A (ola: I* agora" %uando muitas dessas refleHes e outras ideias %ue surgiram por outras p)ginas e Bornais" gan#am forma de livro" sistematizando ideias e temas em diferentes capítulos" / %ue se pode identificar uma verdadeira filosofia de pensamento 'm livro para pensar futebol a partir do 7nico ponto %ue o entendo ser possível conceber1 a emo!$o" cruzando o deseBo de viaBar no tempo e entrar num espa!o sagrado onde" desde vel#os tempos at/ ao presente" #abitam grandes e%uipas e  Bogadores 3udam os estilos" as t)cticas" a velocidade e a mobilidade" mas o A4& A4& do bom futebol %uando um Bogador tem a bola nos p/s permanece evisitando #ist*rias de muitos :3agos do Futebol:" descobrimos camin#os para pensar o Bogo Arte" t)ctica" t/cnica e pensamento pensa mento A bola" o ritmo e os espa!os" a zona e os segredos das transi!es" o losango e o pressing" a cultura t)ctica e o perfume dos dribladores As e%uipas %ue dominaram cada /poca" de K#apman" 3eisl e Cuttmann" at/ Kapello" (enitez e 3ourin#o" passando por errera" appel e Iacc#i O sistema cl)ssico" o ;3" os m)gicos #7ngaros" o nascer do 6H0H6" o m*rbido catenaccio" a revolu!$o re volu!$o do Futebol Total" Total" as lin#as do 6H6H0 6 H6H0 Em cada /poca" cada e%uipa eHpressou as suas ideias de futebol" escritas pelas botas divinas de poetas como 4i Itefano" KruJff" PusDas" Pel/" 3aradona" idane at/ aos m)gicos do presente" 3essi" obin#o" 4rogba" QaD)" Fabregas" enrJ e o maravil#oso mundo dos onaldin#os O futebol / uma linguagem universal com v)rios dialectos corporais EHistem mais de mil maneiras de gan#ar ou perder um Bogo A mais educativa / a%uela %ue respeita o talento A mais cruel / a %ue ignora as a s boas ideias Klaro %ue este n$o / um livro para decifrar segredos do futebol Apenas para falar de futebol A t/cnica / a palavra A t)ctica / um vocabul)rio din5mico As %uatro lin#as s$o as delimita!es de cada p)gina Pref)cios O autor deste livro pediu-me para falar de uma das min#as eHperiências en%uanto  Bogador de futebol Komo provavelmente devem saber tive a felicidade de Bogar Bogar em v)rios países" todos eles t$o ricos como diferentes culturalmente E viver num país diferente do nosso / cultura" / eHperiência de vida" n$o tem pre!o Poderia a%ui falar da louca paiH$o dos gregos pelo futebol ou da fria mentalidade alem$ mas optei por escrever sobre a cultura %ue mais me marcou en%uanto Bogador de futebol E essa foi sem d7vida o calcio italiano t)lia / um país latino" de mentalidade latina e" portanto" / um país de eHageros" de eHtremos River dentro do futebol italiano / perder a paz" o descanso" mas / tamb/m viver com entusiasmo" paiH$o ) press$o constante sobre o Bogador de futebol" todo o mundo eHigeS os media" os tiffosi" a direc!$o" o adepto famoso Para terem uma ideia de como por l) se vive o futebol" posso dizer-vos %ue %uando c#eguei à Nuve at/ Pavarotti falou sobre mim maginem %ue (erlusconi foi primeiro-ministro de t)lia durante v)rios anos e mesmo assim nunca admitiu afastar-se de presidente do seu 3ilan" de manter coment)rios sobre os Bogos e

sobre os Bogadores do clube Ora isto eHemplifica bem o %ue / fazer parte deste mundo fant)stico %ue / o calcio &o entanto" essa eHigência %ue o meio coloca nos Bogadores" nos treinadores" nos directores" levou o futebol italiano para um beco de difícil saída 4ifícil saída por%ue o resultado se tornou numa cultura E essa cultura foi-se enraizando ao eHtremo durante as 7ltimas d/cadas Os interesses econ*micos em torno do futebol :obrigaram: as e%uipas a gan#ar e o espect)culo passou para segundo plano Katenaccio" libero" pressing foram algumas das estrat/gias encontradas pelos italianos para refor!ar as suas defesas A fobia do perder ou a fiHa!$o pelo obter resultados positivos" resultou no privil/gio ao Bogo defensivo e ao contra-ata%ue" %ue s$o #) v)rios anos características da maior parte das e%uipas italianas Esta cultura est) t$o enraizada %ue se c#egarem ao p/ de um grupo de crian!as e l#es perguntarem %uem s$o os seus ídolos ou %ue tipo de  Bogador %uerem ser" grande parte vai dizer %ue %uer ser defesa como o Kannavaro" ou stopper como Cenaro Cattuso Esta obsess$o pelo resultado traduz-se num futebol com características dominantes de anti-Bogo" contra-ata%ue" sistemas t)cticos rígidos e físicos" renunciando-se ao talento dos Bogadores" deiHando o espectador e o espect)culo para segundo plano O culto do físico / tamb/m uma conse%uência desta involu!$o ecordo-me bem %ue os italianos acentuavam imenso o lado físico Tanto %ue s* de pensar no início da pr/-/poca eu at/ nem dormia tumultuado por imaginar as cargas %ue ia levar Os treinos eram bidi)rios" duravam uma m/dia de duas #oras e meia" três #oras Cin)sio" muscula!$o" corrida" carga e mais carga obrigam a %ue os m7sculos trabal#em sempre acima do limite E esta forma de trabal#ar causou-me danos s/rios a m/dio
detal#e sem fronteiras" realizando" enfim" opini$o s/ria" rica e credível I$o pessoas com esta paiH$o" esta dedica!$o" %ue o futebol precisa e fundamentalmente n$o pode desperdi!ar Paulo Iousa - +Kampe$o Europeu" Nuventus .==9" (orussia 4ortmund" .==>, En%uanto aluno da op!$o de futebol" da Faculdade de 4esporto" da 'niversidade do Porto" sempre se / confrontado com dois eHercícios formativos1 pensar e falar de futebol &essas apaiHonantes tert7lias" dinamizadas por n*s" muitos nomes por l) passaram 3as um dos residentes" atrav/s dos seus interessantes e pertinentes teHtos" foi :Luís Freitas Lobo:  A regularidade das conversas relativas a Freitas Lobo prendiam-se c om a sua peculiar vis$o do Bogo de futebol  A sua permanência" embora ausente fisicamente" nas aulas de op!$o tem atravessado gera!es" desde ui Faria +eH - T/cnico do K#elsea e do Futebol Klube do Porto," passando por Karval#al +Treinador do Rit*ria de Iet7bal, e muitos outros" prende-se por ser dos poucos a escrever sem compleHos ou preconceitos sobre um tema comum a todos - o Bogo de futebol oBe" o Luís / um amigo e" fre%uentemente" aparece na Faculdade para fazer o %ue mais gosta" falar de futebol" Futebol Parab/ns Luís por mais este valioso incentivo à refleH$o em volta da%uilo %ue todos n*s adoramos" Futebol Rítor Frade e Nos/ Cuil#erme - Professores 'niversit)rios +Faculdade de 4esporto da 'niversidade do Porto, . Futebol at/ à eternidade &o seu tempo fora um Bogador fant)stico" um defesa implac)vel %ue impun#a respeito Tin#a o perfil de um gal$ de cinema mudo Bogando futebol 4uro" mas caval#eiro Kom autoridade A bola surgia-l#e perto e logo baiHava as orel#as 3as os anos passaram depressa Fugiram-l#e como areia fina por entre os dedos Os tempos foram mudando O futebol tamb/m E" com ele" vieram novos costumes" outras ideias %ue l#e foram retirando o encanto Os Bogadores passaram a ser m)%uinas O Bogo passou a ser disputado numa Baula t)ctica 4esiludido" Norge Cibson (roMn decidiu ent$o" ap*s noites vagueando pela casa sem dormir" com um cigarro na m$o por compan#ia aBudando-o a pensar" %ue era #ora de parar e pendurar as c#uteiras N) n$o sentia o mesmo entusiasmo de antigamente Por isso" na #ora de anunciar o fim" deiHou a senten!a de %ue se retirava por%ue a%uele futebol B) n$o era o mesmo dos seus vel#os tempos Aí sim" / %ue eHistiam grandes Bogadores E bateu com a porta Est)vamos em .=02 Todos n*s temos a%uilo %ue consideramos o :nosso tempo: Por esta simples #ist*ria" percebe-se o efeito %ue o c#amado :futebol do antigamente: sempre causou com os seus ecos nost)lgicos Norge (roMn fora o capit$o da primeira selec!$o argentina da #ist*ria Esteve na sua primeira grande con%uista" em .=?9" na ancestral Kopa Lipton" frente ao 'ruguai" numa altura em %ue %uase todo o onze era formado por Bogadores do Alumni" o grande clube argentino de início do s/culo Fez os primeiros Bogos como avan!ado I*

depois recuara para defesa" tornando-se o grande c#efe da dupla defensiva num tempo em %ue mandava o 0H2H8" a estrutura %ue marca o início t)ctico da disposi!$o dos Bogadores em campo Era a idade da inocência Kal!es pelos Boel#os" bril#antina no cabelo" atil#os nas golas das camisolas e botas %ue eram umas travessas Tudo a preto-e-branco Os  Bogadores eram caval#eiros Portavam-se como tal Aparentavam como tal Falta uma m)%uina do tempo para nos transportar at/ esses tempos remotos" mas ouvimos falar tanto deles %ue / %uase a mesma coisa E as fotos desses tempos n$o deiHam mentir Em mais nen#um local" como nas profundezas do f7tbol argentino" na Am/rica do Iul" ou nos ba7s de mem*rias do football inglês" na Europa" se abrigam tantos m)gicos esconderiBos de lendas Risitando o museu do K#elsea" descobre-se" a certo ponto" vel#as fotos de .=?8  Vs portas do Est)dio" aparentando ent$o ser todo erguido com pregos e martelos a bater na madeira" a multid$o move-se como formigas em direc!$o a um buraco O grande Bogo estava para come!ar &a foto da e%uipa" no centro dos onze gentlemen" um gigante guarda-redes" inverosímilmente gordo" %uase mais largo %ue alto1 ;illie FoulDe Pesava .9@Dg 3edia ."=@m &ascido em I#effield" onde Bogou v)rios anos e se fez famoso - alin#ou na selec!$o inglesa em .@=> - c#egou ao K#elsea B) no início do s/culo seguinte Kontinuava" por/m" imponente &$o s* pela sua monstruosidade física" temida num tempo em %ue as cargas aos guarda-redes e deles aos avan!ados eram permitidas" mas tamb/m pela sua agilidade entre os postes (ill FattJ +gordo, FoulDe foi um dos maiores guarda-redes de fins do I/c WW Konta-se %ue uma vez" num desses c#o%ues" agarrou pelo pesco!o dois advers)rios e atirou-os para o fundo das redes &outra ocasi$o" ao defender uma bola para canto" obrigou a %ue o Bogo ficasse interrompido longo tempo" ap*s partir com um soco a barra da baliza ist*rias entre o real e o imagin)rio mas %ue n$o custam a acreditar revendo a sua gigantesca figura FoulDe morreria novo" com apenas 6? anos" vítima de pneumonia &o mesmo espa!o" %uando ol#amos as fotos de Peter Kec#" mais de cem anos depois" / inevit)vel pensar se eHiste ainda algum ponto de contacto entre dois tempos t$o distantes Costo de pensar %ue sim E penso %ue o futebol s* faz sentido dessa forma" procurando rela!es entre as suas diferentes /pocas" suas personagens" e%uipas" treinadores" adeptos" apan#a-bolas e vendedores de gelados Em %ual%uer era moraram sempre grandes Bogadores Podemos con#ecer os antigos" podemos con#ecer os cl)ssicos" podemos con#ecer os #omens do I/c WW e at/ os %ue marcaram o I/c WW 4ifícil" mais difícil" / con#ecer os contempor5neos I$o muitos e o tempo ainda n$o revelou a sua antologia &o futebol" cada um tem a sua pr*pria filosofia para interpretar o Bogo For!a" t/cnica" Beito e m7sculo Kriar um modelo de Bogo e definir um sistema t)ctico /" em suma" decidir como distribuir a inteligência pelos Bogadores no relvado  Ao longo dos tempos" o futebol mudou muito" ad%uiriu novas formas t)cticas e estilos" mas em todas as /pocas a inteligência foi o ponto de partida para entender  o seu sentido colectivo ao %ual at/ as grandes individualidades se devem submeter  nessa perspectiva %ue faz tanto sentido falar #oBe em :princípios de  Bogo: Komo o pr*prio nome indica" eles s$o um :princípio:" um ponto de partida

para modelar o :Bogar: da e%uipa" traduzindo-se num conBunto de normas e movimentos comportamentais %ue orientam o Bogador em campo na procura das solu!es mais eficazes em diferentes situa!es de Bogo I$o eles %ue determinam e balizam o posicionamento e a movimenta!$o dos Bogadores &este conteHto global" pode-se dizer %ue o primeiro :princípio de Bogo: para a constru!$o do dito futebol moderno ter) sucedido ainda em finais do I/c WW  A estrutura t)ctica de disposi!$o dos Bogadores em campo remonta aos inícios da Federa!$o nglesa de Futebol Kom a cria!$o da Ta!a de nglaterra" a mais antiga competi!$o do mundo" tornou-se mais f)cil identificar essas primitivas forma!es %ue marcaram as primeiras grandes abordagens ao Bogo do ponto de vista colectivo Em .@>8" o oJai Engineers" onze amador %ue deiHou marcas nas primeiras edi!es da Ta!a de Iua 3aBestade" surgiu em campo com a seguinte estrutura1 um guarda-redes" um defesa central" dois m/dios e sete avan!ados +.-0->, Os dois m/dios" por/m" tamb/m tin#am ordens para defender %uando o advers)rio atacasse Ficava assim com três defesas em campo 4ois vigiavam os pontas +eHtremos, contr)rios" e um outro permanecia fiHo" no centro" perto da baliza O mais curioso / verificar %ue" nesse tempo" os Bogadores n$o usavam a cabe!a para Bogar a bola Tudo passava pelos p/s Ieria" rezam os registos" esse defesa do oJai Engineers" o alferes Iim" %uem primeiro adoptaria esse recurso" o cabeceamento" para cortar a bola Estava em frente da baliza e" segundo as cr*nicas da /poca" ele valia tanto como um segundo guarda-redes &esse tempo" por/m" B) come!ara a correr por toda nglaterra os ecos do futebol diferente %ue uma e%uipa escocesa" o UueenXs ParD FK" praticava Eles foram" #istoricamente" os primeiros a ol#ar de lado o Bogo directo e desordenado praticado pelos inventores ingleses Perspicazes" inventaram ent$o o c#amado :dribling and passing game:  esta a grande raiz da eHpress$o t)ctica do futebol moderno1 o Bogo do drible e do passe Tudo nasce destas duas simples defini!es Progredir no terreno Bogando colectivamente" passando a bola uns para os outros" e n$o com meros pontap/s para a frente" tentando colocar a bola o mais rapidamente possível perto da baliza Embora os anos seguintes criassem uma clara divis$o entre a escola inglesa +de  Bogo directo, e a escocesa +de passe e drible," seria" em .@@8" uma e%uipa de nglaterra" o (lacDburn overs" a apresentar a inova!$o em termos de estrutura t)ctica %ue traduzia essa maior predilec!$o pelo Bogo menos directo" preocupando-se tamb/m em Bogar apoiado A inova!$o traduziu-se na adop!$o de três m/dios puros Era o nascer do 0-2-8 A pir5mide" o c#amado sistema cl)ssico Perduraria" na vanguarda" mais de cin%uenta anos  nesse tempo %ue come!am a surgir" nos escritos da /poca" um conceito %ue" mantendo-se atrav/s dos tempos" ainda #oBe perdura" embora com aplica!es diferentes" fazendo muita da essência da an)lise futebolística1 : 3ostrem-me uma boa lin#a de m/dios e eu mostrar-vos-ei uma boa e%uipa: Outros factores foram" no entanto" fazendo a diferen!a de /poca para /poca1 a condi!$o atl/tica e o ritmo de Bogo ecentemente" um estudo sobre o tema" demonstrava" estatisticamente" o tempo %ue um Bogador tin#a para segurar a bola antes de um advers)rio l#e cair em cima para o desarmar1

.=8@1 Carrinc#a 6: .=901 Carrinc#a1 2"8: .=991 Eus/bio1 2: .=>?1 ivera1 2: .=>61 KruJff1 0"8: .=@01 ico1 0: .=@91 3aradona1 ."8: .==6 e .==@1 (aggio e idane1 .: &o 3undial do K#ile" em .=90" um Bogador corria 8"8@ Dm por Bogo Rinte anos depois B) corria = Dm oBe" a m/dia B) vai nos .."66 Dm O tempo para pensar e eHecutar diminuiu (asicamente" estes dados s$o um refleHo de como o futebol evoluiu sobretudo na abordagem colectiva do Bogo  Antes" essas grandes individualidades %uase viviam num mundo à parteS #oBe" os seus legítimos sucessores" como onaldin#o" Q)D) ou Kristiano onaldo" têm" para sobreviver" de se integrar nas manobras de todo o onze e incorporarem" em campo" a c#amada din5mica da t)ctica 4i Itefano ou Carrinc#a continuariam #oBe" naturalmente" pela sua %ualidade m)gica" a ser grandes estrelas" mas" fisicamente" teriam de ser Bogadores diferentes" pois os defesas e seus sistemas de pressing est$o #oBe muito mais activos " no fundo" uma %uest$o de velocidade e ritmo oBe" o cra%ue / obrigado a decidir mais r)pido O tempo e o espa!o s$o" em %ual%uer /poca" dois factores fundamentais para entender a evolu!$o do futebol &o fundo" eles / %ue d$o a moldura onde a t)ctica e a t/cnica" no final do Iec WW como no início do Iec WW" se devem en%uadrar e descobrir formas de se eHprimirem eflectindo em recentes entrevistas sobre o actual momento do futebol mundial" e KruJff concordaram num ponto1 #) %ue devolver %ualidade t/cnica ao Bogo Este apelo à arte" vindo de dois símbolos do divino futebol" espel#a um sentimento %ue" desde #) algum tempo" vem invadindo o cora!$o dos amantes do beautiful game" como l#e c#amou o ei Pel/1 a alma do futebol" antes das preocupa!es de pensamento colectivo do Bogo" reside no talento criador" na capacidade t/cnica individual do Bogador" e n$o na ind7stria muscular %ue #oBe o domina 4epois" #) a moldura da t)ctica" por%ue no Bogo" essa t/cnica individual s* gan#a vida real dentro do conBunto Tudo se centra na rela!$o entre um Bogador e uma bola Era por isso %ue 4idi" o Príncipe do (rasil dos anos 8?" dizia %ue :um Bogador devia dormir com uma bola debaiHo da cama" para logo de man#$" ao acordar" a tocar" acariciar" sentir o seu to%ue e c#eiro" gan#ar sensibilidade e" assim" criar intimidade com ela: Formar um Bogador / como criar uma personagem Formar uma e%uipa / como criar um estilo" uma atmosfera Trata-se" acima de tudo" de dar uma alma a um conBunto de onze Bogadores  um mundo de emo!es %ue a certo ponto parece envolver as personagens futebolísticas" Bogadores e treinadores" numa aur/ola %uase mística ou misteriosa Por isso" 4i Itefano nunca responde à %uest$o de :%uem foi o mel#or Bogador do mundo: Ou mel#or" para driblar essa %uest$o metafísica fala na parte de uma e%uipa" a lin#a atacante do iver Plate do início dos anos 8?" com a %ual iniciou" ent$o pibe %ue c#egava ao f7tbol adulto" a sua aprendizagem sobre o %ue / :Bogar bem: K#amaram-l#e :La 3a%uina:1 3uYoz" 3oreno" Pedernera" Labruna e Losteau Os

c5nticos %ue envolviam a%uela e%uipa en%uanto Bogava eHpressavam bem a sua" ao mesmo tempo" veia /pica e po/tica1 :Iale el sol" sale la luna" centra 3uYoz" gol de Labruna: Formavam um grupo divinal %ue Bogava de mem*ria e com os ol#os fec#ados 3oreno e Losteau" por eHemplo" comunicavam um com o outro em campo atrav/s de assobios" %ue era um c*digo para saber %uando passar ou trocar a bola El K#arro 3oreno" %ue 4i Itefano destaca como a pe!a principal da m)%uina" era completo" sabia sempre %uando fintar ou passar Os adeptos adoravam-no" apesar da sua vida bo/mia Todos sabiam %ue aos s)bados ele ficava a p/ at/ de madrugada Era visto a dan!ar pelos bares" a fumar e a Bogar cartas" at/ %ue" muitas vezes com o dia a nascer" ol#ava para as #oras e dizia %ue tin#a de se ir preparar para Bogar à tarde Komia ent$o uma sopa de galin#a bem %uente" vestia a camisola" entrava em campo e Bogava divinamente O futebol mudou muito nos 7ltimos anos mas o %ue continua a definir a %ualidade de uma e%uipa / a sua rela!$o com a bola Os bons Bogadores tamb/m A din5mica dos Bogadores em campo / #oBe" no entanto" muito diferente O tempo para pensar diminuiu As posi!es continuam semel#antes" mas a ocupa!$o dos espa!os mudou O segredo" portanto" para as grandes e%uipas e Bogadores do presente / dar tanta import5ncia aos espa!os como à bola O Bogador con#ece mais relva do %ue no passado E tamb/m mais advers)rios ao longo dos noventa minutos O vel#o papel de organizador de Bogo diluíu-se Ou mel#or" ele muda conforme a bola Es%ue!am os ancestrais maestros %ue %uase  Bogavam de m$os nos bolsos e treinavam sentados em cima da bola" apenas medindo" com o ol#ar" os passes %ue iriam fazer no dia do Bogo oBe" %uem tem a bola / %uem tem de organizar Bogo Kada passe / uma etapa dessa organiza!$o colectiva Uuanto mais Bogadores uma e%uipa tiver com essa consciência mais forte ela se torna 3as claro %ue" em cada e%uipa" continuam a eHistir as referências supremas na constru!$o A diferen!a / %ue esse Bogador / #oBe obrigado" para ser um supremo organizador" a ter uma amplitude perif/rica de Bogo muito maior Kon#ecer o campo em toda a largura" correr mais" invadir e controlar outros espa!os Tamb/m eHiste" no entanto" %uem eHagere nessa ambi!$o de rela!$o perfeita com a bola oBe" como antigamente &esse estilo" fica imortalizada a imagem e fama de 4omingos da Cuia" patr$o da defesa brasileira nos anos 2?" dos primeiros a %uerer :levar a bola para casa: mesmo Bogando como defesa-central Tin#a" por/m" um forte argumento para o fazer 4izia %ue a demorava em soltar por%ue a amava tanto %ue custava muito ter de a ver partir dos seus p/s Parava a bola no peito" matava na coHa e colocava-a por cima da cabe!a dos avan!ados advers)rios indo busc)-la mais à frente Eram as c#amadas 4omingadas 'm caso de amizade sincera" eHpressa numa declara!$o emocionada" ap*s terminar a carreira1 :Est) a%ui" a bola" %ue me aBudou muito Ela e as irm$s dela I$o uma família a %uem ten#o uma gratid$o enorme &a min#a passagem pela terra" ela foi a principal Por%ue sem ela" ningu/m Boga Eu comecei numa f)brica de (angu Trabal#ando" trabal#ando" at/ %ue encontrei esta min#a amiga E estive sempre muito feliz com ela a meu lado Cra!as a ela" con#e!o o mundo inteiro" viaBei muito" tive muitas mul#eres As mul#eres tamb/m s$o uma coisa gostosa" n$oG O italiano (agni %ue compartil#ou com 3aradona os mel#ores anos da vida do &)poles" conta %ue muitas vezes l#e intrigava o facto de" acabado o treino" e

en%uanto todos recol#iam ao balne)rio bebendo )gua esgotados" o pelusa ficava para tr)s e" uma a uma" recol#ia as bolas espal#adas pelos %uatro cantos do relvado" levando-as" ora com pe%uenos to%ues sem a deiHar cair" ora brincando com ela" ora acariciando-a e dando-l#e beiBin#os" at/ ao saco %ue as iria abrigar para a sess$o seguinte 'm ritual de arte %ue intrigava (agni" at/ %ue" ao fim de alguns dias" gan#ou coragem e perguntou-l#e por%ue o fazia se #avia tantos aBudantes de campo para o fazer : s* por%ue gosto de estar sozin#o com elas" trat)-las com carin#o" falar-l#es ao ouvido para %ue no dia do Bogo me obede!am" amo-as tanto %ue todo o tempo do mundo com elas seria pouco para mimG" eHplicava 4iego Em %ual%uer /poca" de 4omingos da Cuia a 3aradona" a cumplicidade do artista com o seu instrumento de arte" a bola" / sempre a essência suprema do bom futebol &em sempre" por/m" vencer / produto de uma superioridade moral em campo &as #ist*ricas estrat/gias de Bogo das e%uipas italianas" mesmo %uando era imperioso gan#ar" sempre eHistiu um espa!o vazio eHcessivamente longo entre a lin#a do meio-campo e o ata%ue 'ma imensid$o de relva por onde #íbridos  Bogadores" m/dios ofensivos ou segundos avan!ados" tre%uartistas ou mezzapuntas" conduzem a bola da mesma forma como algu/m rema sozin#o em mar aberto O futebol actual encontra-se dividido em duas esp/cies de Bogadores1 os %ue crêem num determinado tipo de Bogo e %ue ficam contentes %uando no dia do Bogo as coisas saem conforme tacticamente pensadas previamente" de acordo com o imaginado pelo treinador I$o os Bogadores t)cticos" as 5ncoras e os pêndulos da e%uipa %ue a agarram ao Bogo e l#e marcam o ritmo" onde se inserem" tal como" cada %ual na sua /poca" Bogadores como Ic#uster" Cuardiola ou 3aDeleleS e os %ue crêem em si mesmo" uma esp/cie irascível %ue gosta do imprevisível e %ue durante o Bogo aconte!am coisas nunca imaginadas" apelando" assim" ao seu virtuoso instinto de sobrevivência" aroma e g/nio à solta I$o os artistas dos dribles m)gicos" %ue marcam golos de bicicleta Para eles" personagens do maravil#oso mundo dos onaldin#os" a palavra t)ctica soa a amarras &$o / f)cil descobrir Bogadores %ue" com precis$o t/cnica e no!$o t)ctica" impondo a ordem" conciliem os dois atributos I$o cra%ues com a mec5nica controlada pela imagina!$o Algumas /pocas atr)s" aJnald 4enoueiH" %uando treinador da eal Iociedad" dissera antes do Bogo com o eal 3adrid" %ue a c#ave seria a posse da bola e como escondê-la o mais tempo possível das estrelas merengues Essa s)bia estrat/gia iria render-l#e uma goleada #ist*rica" mas" em campo" tudo isso assentou na batuta de um Bogador catedr)tico %ue conciliou na perfei!$o a%uelas duas %ualidades1 Wabi Alonso A f*rmula m)gica para iluminar a e%uipa a partir da%uela posi!$o central" à frente da defesa" #abitat das :5ncoras e pêndulos: do futebol moderno" reside em ler o Bogo com precis$o" pensar e eHecutar a um" dois ou três to%ues" saber gerir ritmos e fazer a bola rodar  de flanco para flanco  Afinal" onde come!a o futebol &a t/cnica" na t)ctica" na condi!$o física ou nas emo!es do povo &o conBunto" o futebol / tudo isto 3as" sem t)ctica" perde a sua essência de Bogo colectivo Fica sem o pensamento 3as" pode-se responder a esta %uest$o tendo v)rios pontos de partida Falamos a%ui" repare-se" do futebol de alta competi!$o Por isso" a refleH$o nasce a partir

da vis$o de um grande Bogo da Liga inglesa Iucedeu-me pensar nisto %uando via" num dos muitos s)bados à tarde de futebol" o Ful#am-Totten#am Futebol aberto" duas e%uipas em velocidade" a atacar e o p7blico nas bancadas em delírio O Totten#am c#ega a 0-? O Ful#am reduz" mas os spurs voltam a marcar" .-2 O  Bogo cansa s* de ver &esta altura" fico ansioso para ver os grandes planos dos treinadores e tentar decifrar as suas ideias nesse momento O Bogo continua igual como o p7blico" o povo" %ueria %ue ele fosse As e%uipas deiHam-se levar pelo ambiente euf*rico Penso ent$o1 isto" assim" ainda acaba .-8 ou 2-2 Acabou 22 Ou seBa" em nen#um momento o Totten#am acalmou e geriu a vantagem &em mostrou" ali)s" inten!$o de o fazer 4ir$o %ue isto / %ue / espect)culo e %ue assim / %ue deviam ser todos os Bogos Para o espectador imparcial e rom5ntico" at/ concordo 3as" analisando o Bogo pelas eHigências do futebol de top" onde / obrigat*rio controlo emocional" tudo a%uilo foge de como" em muitas fases dos =? minutos" o Bogo deve ser pensado O futebol abriga todos a%ueles elementos referidos" mas" no início" sendo um Bogo colectivo" a base / a t)ctica Pensar o Bogo como e%uipa A t/cnica / importante" claro" mas n$o eHiste no vazio I* faz sentido se inserida na ideia t)ctica colectiva" a essência do Bogo de e%uipa A emo!$o faz parte de todo este processo" mas n$o pode ser o seu gestor e catalizador  fundamental para motivar a e%uipa" mas" depois" o treinador tem de a filtrar para %ue se transforme num factor do processo t)ctico e t/cnico unificador Rolto a pensar na %uest$o em outros Bogos ReBo o 3ilan-Fiorentina e" sem as correrias brit5nicas" veBo um bom Bogo" pensado t)ctica e tecnicamente E com emo!$o A pensar o Bogo" dois m/dios-centro E como o futebol" e suas e%uipas" / diferente %uando eHistem dois bons m/dios--centro frente-a-frente &o caso" Pirlo e Liverani O Bogo sai pensado e" com dois grandes treinadores no banco" Ancelotti e Prandelli" sai ao mesmo tempo emocional epare-se como o K#elsea sem Lampard ou 3aDelele at/ fica mais empolgante para o adepto imparcial" mas" simultaneamente" menos cerebral para gerir tacticamente o Bogo e control)-lo emocionalmente 3ais perto de o perder" portanto Por tudo isto" a pergunta %ue muitos gostam de transformar em debate" faz pouco sentido O futebol / tudo a%uilo 3as sem t)ctica" perde a sua essência de Bogo colectivo Fica sem o pensamento Kom a bola nos p/s" o Bogador / livre para criar" mas deve entender %ue essa liberdade termina %uando c#oca com a ordem colectiva e o modelo de Bogo subBacente A capacidade do treinador - e dos seus Bogadores- entenderem e interpretarem estes conceitos / %ue marcam a diferen!a entre as grandes e%uipas da actualidade" como o (arcelona muitas vezes t$o bem eHplicou nas 7ltimas /pocas 3esmo o gesto mais mirabolante de 3essi produz Bogo" pois tem em mente um princípio colectivo Kristiano onaldo" por eHemplo" / muito mais Bogador de e%uipa no 3anc#ester do %ue na selec!$o portuguesa 'ma prova" afinal" para dizer %ue mais do %ue na t/cnica ou na t)ctica" o bom futebol" #oBe como nos anos 8?" come!a na inteligência t)ctico-t/cnica +por esta ordem, individual e colectiva 0 T)ctica1 a evolu!$o das esp/cies

Pode-se falar de futebol a partir de v)rias formas Os grandes debates t)cticos ou os eHcessos das discusses de caf/ Todas s$o legítimas E uma n$o impede a outra Em banda desen#ada tamb/m 4e forma s/ria Komo faz o ga7c#o Kaloi" em livros profundamente disparatados" mas com grande ast7cia &um deles" conta o di)logo entre um treinador e um Bogador na #ora da substitui!$o1 :&ota bem" Boga como m/dio recuado mas subindo ao ata%ue Fec#a no meio e sobe em diagonal Faz passes cruzados" curtos e longos" e surge de surpresa nas costas dos defesas: O treinador falava" falava" na sua obsess$o t)ctica :&$o te es%ue!as P)ra" acelera e desmarca-te de meia dist5ncia" abre espa!o para as subidas dos compan#eiros Iimula e tenta de meia-dist5ncia: O bombardeamento de instru!es prolonga-se por v)rios %uadradin#os A cara do pobre Bogador / de algu/m confuso e assustado :3ete a bola e Boga entre-lin#as %uando caíres na faiHa Entra de cabe!a nos cantos" e eHplora as costas dos defesas" %uando o teu colega for ao primeiro poste" mas n$o saias da posi!$o: &o 7ltimo %uadradin#o" o Bogador B) est) com um p/ dentro do campo %uando o treinador se levanta como uma mola e diz-l#eS :A#" outra coisa1 Noga solto" alegre" sem te preocupares com nadai:  uma boa #ist*ria EHagerada" claro" mas %ue traduz" em caricatura" a mente de um treinador durante um Bogo O %ue pretende ele" afinal 3isturar v)rios tipos de  Bogadores Artistas e r7sticos 4isciplinados e rebeldes Kontrolar o risco" tornar o  Bogo previsível 'm al%uimista" portanto &$o acredito em c#o%ues de gera!es" nem na teoria da nova vaga de treinadores em oposi!$o aos da vel#a guarda &$o faz sentido Acredito em #omens avan!ados no tempo" %ue acompan#am as evolu!es" e em #omens perdidos no tempo" %ue vivem presos em :trinc#eiras: de /poca &o futebol" como na vida O pensamento sobre o Bogo con#eceu" atrav/s dos tempos" diferentes conteHtos" mas os ensinamentos dos mestres" #omens avan!ados no tempo" s$o sempre actuais &unca aceitei a divis$o entre vel#as e novas escolas Uuando sinto necessidade de aprender mais" busco esses mestres e seus livros actuais" :modernos: Por eHemplo Em :Footbal T/cnica e T)ctica:" de .=28" K5ndido de Oliveira eHplica %ue :Em grandes lances" o Bogo oferece aspectos de ser organizado em tri5ngulos" colaborando estreitamente um ala com o m/dio correspondente ou os dois interiores com o m/dio centro" este sistema gan#ou a designa!$o de Bogo triangulado ou de triangula!$o &o diagrama indica-se a forma!$o #abitual de uma e%uipa dentro de tal sistema e as lin#as de liga!$o" ou seBa" os passes #abituais" como norma de Bogo A progress$o no terreno" por regra" / feita pelo regresso da bola ao m/dio %ue est) no v/rtice do tri5ngulo voltado para o pr*prio campo: Iegue-se" depois" o es%uema reproduzido em baiHo" com tri5ngulos desen#ados ao longo de todo o campo numa e%uipa com cinco lin#as :O sistema t)ctico n$o / sen$o o conBunto de princípios" de ideias ou de es%uemas de Bogo destinados a combater o advers)rio A anular o seu sistema atacante e destro!ar o seu dispositivo de defesa: Escritos de 3estre K5ndido de Oliveira" no livro :A Evolu!$o da T)ctica no Futebol:" datado de .=6= epare-se nos termos1 sistema" ideias" princípios ) %uem #oBe os rotule de novas terminologias Têm raz$o Por isso" os escritos e ensinamentos de K5ndido de Oliveira est$o #oBe t$o avan!ados e actuais" mesmo %ue eHpressos #) mais de

sessenta anos oBe" como nesses tempos" s$o :novos pensamentos: %ue aBudam a entender o Bogo Em .=6= como em 0??> As :novas: terminologias de mestre K5ndido serviram" sobretudo" para mel#or sistematizar o con#ecimento sobre o  Bogo e" com isso" criar uma filosofia pr*pria de interpreta!$o O futebol / um ecossistema onde cabem todos Por isso" Kapello diz %ue o mel#or  treinador do mundo / :o maior dos ladresG E eHplica1 :Por%ue esfor!a-se sempre em aumentar os con#ecimentos ReBo Bogos ou treinos e procuro sempre roubar %ual%uer coisa Uuando era Bogador" roubei e aprendi com todos os treinadores oubei a errera a ideia de intensidade do treino" e com Lied#olm aprendi %ue nunca se sabe tudo sobre t/cnica  contactando com estes #omens" directamente ou pelos seus escritos" %ue se aprende a pensar futebol Ou seBa" no fundo" os %ue" en%uanto Bogadores" tiveram consciência disso" acabaram" indirectamente" tamb/m por se licenciarem" na 'niversidade da relva e do balne)rio Ter sido Bogador / importante" mas s* como base para construir o con#ecimento &o livro Futebol Total +.=>8," Qovacs dizia %ue" no início" perguntava se era necess)rio aprender pedagogia" fisiologia" biologia" etc" %uando tudo n$o passava de dar pontap/s numa bola O tempo iria o esclarecer1 :oBe afirmo %ue o %ue faz o treinador moderno e l#e permite Bulgar os diversos aspectos do futebol" / o valor e for!a da sua bagagem e n$o a %ualidade do Bogador %ue foi:  Ao longo dos tempos" o futebol con#eceu diferentes tendências t)cticas e diferentes ciclos de poder estilísticos &o conteHto europeu" a evolu!$o #ist*rica reflectiu um secular c#o%ue filos*fico e at/ morfol*gico +Boga-se como se vive, entre o latino :futebol da t/cnica: e o anglo-saH*nico :futebol da for!a: 'm c#o%ue de estilos #oBe esbatido em nome da discutida :globaliza!$o: Todas estas nuances de movimenta!$o %ue fal)mos espel#am" afinal" :princípios de Bogo:1 . :4ribling and passing game: +.@>0,S o Bogo do drible e do passe1 :princípio de  Bogar: atrav/s de dribles e passes 0 A :Pir5mide cl)ssica:1 +.=2?, os onze Bogadores devem estar em permanente movimento para impedir o advers)rio de adivin#ar as suas inten!es +0H2H8, 2;3 +.=26, recuo de dois dos cinco Bogadores do ata%ue" %ue assim passavam a ocupar postos %ue seriam designados por interiores Ao mesmo tempo" com o recuo de um m/dio centro para o meio da defesa" criando o stopper" en%uanto os dois m/dios ala flectiam no terreno" ficava desen#ado um %uadrado a meiocampo &asce a partir da altera!$o da lei do fora-de-Bogo 6 A din5mica da t)ctica +.=86, Apresentado ao mundo pela ungria frente à nglaterra 'm falso ponta de lan!a recua no terreno" dando passos atr)s no campo" obrigava o seu marcador a subir para o acompan#ar Era ent$o nesse momento %ue metia a bola nos espa!os vazios" nas costas da defesa inglesa" com esse movimento colocada fora do seu posicionamento #abitual" onde" ap*s velozes diagonais" surgiam em velocidade os eHtremos fugindo às marca!es e entrando no espa!o vazio criado na zona central da defesa motivada pelo facto do central inglês ter acompan#ado o falso ponta de lan!a #7ngaro Em termos de desen#o passa-se do ;3 para um :33: Era o nascer do 6H0H6" o mesmo es%uema utilizado %uatro anos mais tarde pelo (rasil no 3undial-8@" embora com particulares nuances estrat/gicas

8 :&ova dimens$o física do Bogo:1 +.=99, A primeira abordagem de um conceito moderno sobre como a forma de uma e%uipa deve integrar conBuntamente a no!$o física e t)ctica" nunca as dissociando da sua prepara!$o A sua eficaz aplica!$o depende da correcta interliga!$o das duas em campo 9 Futebol Total +.=>6,1 circula!$o de bola" com constantes mudan!as de flanco" o c/lebre :carrossel m)gico:" e aproveitamento dos espa!os vazios Uuando" por eHemplo" %uem conduzia a bola pela es%uerda via %ue n$o tin#a lin#a de penetra!$o" passava-a para um elemento recuado" mais para dentro do campo" para esse #omem virar o Bogo para a direita" at/ o espa!o ser criado A Bogada come!a num flanco e acaba no outro &ormas %ue regem o posicionamento e movimentos din5mico-comportamentais dos Bogadores em face das diferentes situa!es de Bogo >6H6H0 +.=>@, O meio-campo assume-se como o grande centro da %uest$o t)ctica" pois / nessa zona de Bogo %ue se passa a verificar a maior acumula!$o do n7mero de Bogadores O :futebol do centro-campismo: est) ainda ligado" em muitos casos" a :Bogos de pares:" mas / com os novos conceitos da zona interligados com o pressing e o encurtar de espa!os %ue as novas tendências do  Bogo se estendem As e%uipas procuram Bogar em largura e em profundidade tendo como sub-estrat/gia as constantes mudan!as de orienta!$o de Bogo  Automatizavam-se movimentos defensivos e d)-se mais liberdade aos ofensivos @ Os blocos do presente +.==@-0??@, O tempo para pensar e eHecutar / cada vez menor A t/cnica s* encontra aplica!$o se cruzada com a precis$o e velocidade  a c#amada :intensidade: de Bogo 4eiHa definitivamente de fazer sentido falar-se em futebol defensivo ou ofensivo O segredo / unir as duas fases at/ %ue elas seBam indissoci)veis a ol#o nu Uuem fizer mel#or" de forma mais r)pida e precisa" as transi!es" gan#a os Bogos A diferen!a entre controlar e dominar um Bogo" cruza-se com a no!$o de %uantidade e %ualidade de posse da bola &a actualidade" eHistem poucos Bogadores com nível para recriar o c#amado perfume de outras eras" onde a bola era tratada com carin#o" viaBava de p/ para p/ levitada pela leveza dos magos %ue a tocavam e %uase pedia m7sica celestial para acompan#ar todos os seus movimentos oBe" %uando surge um poeta da bola a recriar esses gestos" muitos estudiosos pragm)ticos logo o catalogam de lento lus$o de *ptica Pensem em idane" QaD) ou (aggio &unca denotam nervos ou pressa em campo A aparente lentid$o apenas esconde a inteligência capaz de devolver à vida a bola ou a Bogada mais moribunda Para eles" a bola / um prolongamento do seu corpo Lembra o c#amado :futebol do cuco: %ue pe os ovos em nin#o al#eio &o campo" tamb/m eles pem a bola em espa!o al#eio" onde outros Bogadores a transformam em golo 3ais do %ue verdadeiros eHtremos" %uem vemos agora encostados às faiHas ou s$o flan%ueadores sem profundidade para ir à lin#a" ou" sobretudo" segundos avan!ados ou m/dios ofensivos encostados a um flanco por imperativos t)cticot/cnicos Esta encruzil#ada posicional confunde" por/m" muitos talentos e pode" a m/dio-longo prazo" turvar-l#es a carreira" pois os grandes líderes nascem e crescem no centro do relvado  nessa zona %ue se organiza todo o onze" como

referência base da circula!$o de bola O flanco fica num eHtremo do campo" de onde / impossível eHercer a autoridade como patr$o da e%uipa 4esta forma" %uando se pondera um desses camin#antes das faiHas flectir no terreno para eHercer o papel de organizador de Bogo" / not*ria a falta de cultura de lugar %ue %uase todos evidenciam Figo" por eHemplo" construiu" sem os individualismos eHcessivos dos eHtremos do passado" o bril#o da sua carreira na faiHa direita ecebe" simula" encara o defesa" passa o p/ por cima da bola" finta" acelera e eHecuta um mortal cruzamento enroscado para a )rea Perfeito Uuando" em 3adrid" tentou desafiar a normalidade" flectindo no terreno" procurando zonas mais centrais" descobriu %ue" nesse espa!o" B) l) estava outro líder" desde o ber!o" por voca!$o" idane" pois claro &este conteHto" a 7nica din5mica t)ctico-posicional %ue pode permitir a um flan%ueador-eHtremo converter-se em m/dio centro organizador reside" a espa!os" nas diagonais eHecutadas a partir do seu flanco" flectindo no terreno em posse de bola" para" depois" aí c#egado" soltar a sua capacidade organizativa" em passes verticais %ue rompem pelo meio da defesa e deiHam o avan!ado isolado num espa!o vazio" em frente à baliza 'ma mortal lin#a de passe celebrada" no passado" por Laudrup Para o recol#er" na )rea" dever) surgir o ponta-de-lan!a ou outro avan!ado" tamb/m concluindo" na recep!$o da bola" um movimento diagonal Rendo nos 7ltimos anos Bogar muitas grandes e%uipas europeias" era possível descobrir a beleza pl)stica destes movimentos" %uase artísticos" feitos por Bogadores como  Aimar" 4el Piero" Ieedorf ou (ecD#am  Antes do Bogo" entendendo o conceito em termos #)beis" uma e%uipa /" em tese" duas e%uipas1 uma %uando defende e outra %uando recupera a bola e ataca O obBectivo seria ent$o uni-las o mais possível na din5mica de Bogo" depois de a bola come!ar a rolar" at/ elas %uase n$o se distinguirem e" ent$o" poder sempre" em %ual%uer momento do Bogo" ser apenas uma e%uipa 4efender bem para atacar mel#or Atacar bem para defender mel#or E o mundo das transi!es Em ambos os momentos" por/m" #) uma elite de Bogadores %ue teimam viver nesse mundo à parte &o primeiro momento" buscam posi!$o &o segundo" com a bola" detonam o seu talento 3as tamb/m #) o percurso t)ctico inverso em campo Iem grandes m/dioscentro" os cl)ssicos nZ .?" o futebol passou a moldar um novo estilo de :regista:" plantado nas costas do ponta de lan!a" sem a liberdade de outrora" mas com uma ast7cia t)ctica maior 'm perfil no %ual se reviu idane" o 7ltimo maestro dos tempos modernos Apesar dessa base gen/tica" tamb/m o francês sofreu com essa tendência %ue coloca esses g/nios numa zona )rida do terreno" a meio do meio-campo advers)rio" onde os espa!os se reduzem e o tempo para pensar rareia  por isso %ue" para encontrar maior liberdade" muitos aproveitam os breves momentos em %ue a bola est) longe e refugiam-se nas bandas" de onde" face à eHtin!$o dos eHtremos fiHos" partem depois" rumo à )rea" levando a bola atada aos p/s" em direc!$o à zona de remate" repetindo o movimento diagonal %ue" #) muito tempo" nasceu como desen#o t)ctico profundo &o início dos anos 8?" fez furor" pela m$o do t/cnico brasileiro Fl)vio Kosta" a c#amada 4iagonal" no fundo apenas uma corrente do vel#o ;3" %ue derivava de uma esp/cie de asa estabelecida entre um defesa" um m/dio interior e o ponta de

lan!a recuado Era um movimento geom/trico desen#ado pela bola" variando todo o Bogo da e%uipa em torno dessa diagonal feita de forma a rasgar meio-campo e defesas contr)rias" atrav/s de uma ou duas sucessivas lin#as de passe" efectuada entre três Bogadores1 (igode" izin#o e Ademir Em campo" podia-se observar uma disposi!$o %ue proporcionava o lan!amento de ata%ues" partindo do defesa-es%uerdo e terminando no eHtremo-direito" com o natural avan!o do interior-es%uerdo &o caso da Bogada partir do outro flanco" o es%uerdo" dava-se naturalmente o inverso da desloca!$o dos Bogadores Era como um sentido de passagem obrigat*ria no Bogo I* mais tarde" por/m" %uando os Bornais come!aram a publicar desen#os da distribui!$o dos Bogadores em campo / %ue as pessoas passaram a entender mel#or este es%uema Ademir e izin#o estavam apontados em campo para a meia direita" mas depois moviam-se e Ademir fiHava-se como avan!ado centro" en%uanto izin#o ficava como meioarmador Komo defesa-es%uerdo" numa lin#a de :2:" ficava (igode &$o era" portanto" bem um sistema" mas antes uma estrat/gia de movimenta!$o da bola e dos Bogadores em campo oBe" / obra de um Bogador sozin#o 2 3undos paralelos 4an!ando com a bola" o futebol como ballet O futebol / uma linguagem universal com v)rios dialectos corporais Kesc Fabregas e T5mara oBo vivem os dois em Londres Espan#*is famosos na capital da Rel#a Albion Ele / futebolista do Arsenal Ela / primeira bailarina do oJai (allet Pode parecer %ue vivem em mundos muito distantes Futebol e dan!a 3as estar$o estes dois universos assim t$o separados O %ue faz do futebol uma linguagem universal / a eHpress$o corporal dos seus int/rpretes Kada %ual com o seu estilo Uuando Kristiano onaldo arranca desde a sua )rea at/ à advers)ria" a sua cumplicidade em velocidade com a bola" combina dan!a" for!a" alma" t/cnica e instinto Fabregas" mais cerebral" em vez da velocidade pura" es%uiva-se ao c#o%ue 4an!a mais com o pensamento do %ue com o instinto &unca tin#a visto um espect)culo de ballet na sua vida T5mara tamb/m nunca vira um treino de futebol Uuando o fazem" con#ecendo balne)rios e diferentes e%uipamentos" entendem como s$o mundos %ue se tocam Os dois" Fabregas" futebolista" T5mara" bailarina" baseiam todo o seu trabal#o no mesmo instrumento corporal" os p/s O futebolista com :c#uteiras: A bailarina cl)ssica com umas sapatil#as pr*prias Em ambos os casos" desen#adas em modelos personalizados para os seus p/s T5mara treina nove #oras por dia Fabregas" menos" #ora e meia 4iferente" o tratamento das leses Para uma bailarina partir o metatarso" n$o / nada Para um futebolista afasta-o por meses ooneJ ia perdendo o 3undial por causa disso &essa altura" nos vesti)rios do oJai (allet" conta T5mara %ue as bailarinas riam-se da gravidade dessa les$o Toda esta #ist*ria faz-me viaBar ainda mais pelas belezas secretas do futebol 3ozart" IimplJ ead ou PiHies Kada Bogador ter) a sua banda sonora Aí est) a dan!a Kom a bola O maior elogio %ue vi fazerem a KruJff foi %uando o definiram

como o:&ureJev do futebol: Iobre Kristiano onaldo" eHiste %uem %uestione a forma estran#a dele correr Kom os p/s meios para fora" %uase como K#aplin  Bogando futebol em proBec!$o ainda mais acelerada" como um pato gigante com bola Faltou ensinar-l#e a correr %uando era mi7do para #oBe ser ainda mel#or" dizem alguns te*ricos Estran#o Carrinc#a era o dese%uilíbrio perfeito a Bogar futebol 'm enigma para muitos m/dicos para %uem ele nem devia poder andar" %uanto mais correr e fintar Era a nega!$o do corpo de atleta 3as ningu/m fintava mel#or do %ue ele Tin#a o Boel#o es%uerdo virado para o lado de fora e o direito virado para dentro Oscar Icaglietti" m/dico desse tempo op[s-se ferozmente a %ue ele fosse operado1 :Eu at/ recomendo uma cirurgia" mas s* depois dele abandonar o futebol Antes" tal s* poderia comprometer seus dribles maravil#osos: EHiste uma forma cientificamente correcta de correr I* eHiste uma forma certa de dan!ar Talvez" mas cada um fabrica a sua" cada um descobre a sua f*rmula certa \nica 4e forma selvagem &$o se trata a%ui de movimentos t)cticos ou cenogr)ficos Fala-se de dan!ar com a bola" onde os impulsos corporais devem fluir cruzados com o atrevimento individual e o instinto do talento ecordo a #ist*ria de Carrinc#a e penso no nosso m)gico OQ" ensinem Kristiano onaldo correr" mas s* depois de deiHar de Bogar Agora" essa correc!$o s* podia comprometer o seu futebol maravil#oso O futebol" em %ual%uer /poca" esconde muitos rostos Todos diferentes 3undos %ue se cruzam como se fossem um ref7gio de lendas e son#os 'ma forma de entrar numa esp/cie de %uinta dimens$o" onde real e imagin)rio se confundem ou coeHistem pacificamente sem ser possível distinguir um do outro A vel#a nglaterra" com seus mitos" / uma das maiores babil*nias futebolísticas 4entro e fora do relvado Para %uem gosta do futebol em estado puro" o seu estilo sempre teve a for!a de uma ideia %ue" atrav/s das /pocas" resistiu aos invasores estrangeiros O novo s/culo c#egou" no entanto" com um espírito diferente O grande feito continua a remontar a .=99" mas nen#um da%ueles Bogadores tin#a a for!a da imagem para os tornar em ícones (obbJ K#arlton era meio careca" algo %ue tentava disfar!ar puHando cabelo do lado para o meio" Itiles tirava a dentadura antes de entrar em campo Perfil de gal$" talvez s* (obbJ 3oore" mas" mesmo esse" era demasiado penteado numa /poca em %ue os (eatles ditavam moda Rer um Bogo da nglaterra /" no entanto" um acto de cultura futebolística suprema  Aleman#a" 3undial 0??9 &a tribuna" #oras antes do apito inicial" no meio de um opíparo buffet" tento encontrar alguma face %ue" mesmo devorada por alguns anos" me fa!a regressar ao passado em %ue o futebol inglês era" para mim" como um mundo de lendas 3ais de %uarenta anos depois" (obbJ K#arlton continua a tentar disfar!ar a careca da mesma forma Alan Imit#" outra girafa da infinita casta de pontas de lan!a ingleses inest/ticos" / agora comentador Ol#o em volta A busca estava a ficar menos intensa %uando" pelo meio da multid$o RP" surge um ícone do outro futebol Ieguran!as em seu redor" ol#ares %ue se voltam CelsenDirc#en sente o abalo Rictoria Pos# (ecD#am invade e con%uista" com passos elegantes em saltos altos" o territ*rio do futebol lend)rio EHtenses no cabelo" corpo bronzeado esculpido" nariz %ue parece desen#ado com um l)pis finin#o Kome fruta e bebe coca-cola 

o outro futebol inglês Em campo" o verdadeiro (ecD#am inicia o a%uecimento Kada gesto seu / uma foto de capa de revista Os seus cruzamentos enroscados %ue" como dizia Raldano" at/ permitem ver o pre!o e a marca da bola %uando ela vai no ar s$o das coisas mais fascinantes do futebol actual" mas a for!a da imagem consumiu os novos tempos Embora em locais opostos" a imagem dos dois continua a fazer parte da mesma encena!$o 4urante as transmisses televisivas" as suas imagens" um no relvado" outro na bancada" sucedem-se" mas ningu/m entende essa altern5ncia como algo %ue foge do Bogo Eles fazem parte do mesmo Bogo iconoclasta 4urante v)rias /pocas" (ecD#am conseguiu o son#o de" ao mesmo tempo" ter o mel#or carro" a mul#er bonita" marcar a moda e continuar a ser o mel#or em campo &os 7ltimos tempos" por/m" abandonou a inten!$o de continuar a conciliar  a 7ltima Assumiu-se como uma popstar e na #ora de decidir o futuro" aos 2. anos" em vez de ouvir Calliani %ue o %ueria no 3ilan" ouviu Tom Kruise e assinou pelo LA CalaHJ Ele e Rictoria" claro Em vez da posi!$o em %ue vai Bogar" fala-se da mans$o %ue vai comprar Em vez dos Bogos" fala-se dos locais %ue vai fre%uentar &as saídas dos treinos" acena e sorri a %uem ol#a para ele &em por um segundo perde a no!$o da imagem Penteado na moda" cal!as 4olce e Cabbana e um to%ue de Rersace O perfil ideal na antec5mara de ollJMood  Ainda estar) verdadeiramente ali um Bogador de futebol Es%ue!am (ecD#am / mais do %ue isso &ingu/m como ele entendeu" na plena dimens$o" o %ue / #oBe futebol e s#oMbiz 'ma popstar com a bola nos p/s 'ma cultura iconoclasta %ue deiHou o futebol puro e selvagem para tr)s 'ma #ora depois do Bogo terminar B) a camin#o do par%ue" a nova face do outro futebol inglês volta" por/m" a invadir o territ*rio das lendas I$o seis" sete" ou oito seguran!as &o meio" Pos#" agora com uns enormes *culos de sol" abandona o est)dio Atr)s dela" disseram-me" seguia Pierluigi Kolina &$o o vi Rascul#o Bornais vel#os e veBo" datada de .=8@" uma foto de NoJ (e-verleJ" namorada de (illJ ;rig#t" antiga estrela inglesa desse tempo" vendo um Bogo" na tribuna do ;olver#ampton" Bunto com as suas colegas das (everleJ Iisters" onde era vocalista A rela!$o entre Bogadores e popstars n$o /" portanto" nova" mas ningu/m como o casal (ecD#am simboliza #oBe de forma t$o perfeita a teoria de oland (art#es %uando escreveu em :K5mara Klara: %ue o %ue difere a sociedade actual das de antigamente" / %ue estas" ao contr)rio da presente" consumiam cren!as e n$o s* imagens  A import5ncia de ser o centro do mundo &o fundo" tudo passa sobretudo por entender %ue uma e%uipa de futebol / um ecossistema onde cabem diferentes esp/cies de Bogadores Kada %ual com a sua forma de vida Kada %ual com a sua miss$o Iac#a CuitrJ dizia %ue :%uando se ouve 3ozart" o silêncio %ue se segue tamb/m / de 3ozart: Penso nessa frase vendo Bogar Kristiano onaldo" 3essi" onaldin#o" Uuaresma ou outro geniozin#o do futebol dos nossos dias" %uando" ap*s cada uma das suas maravil#as com a bola" regressam para tr)s a passo  o silêncio dos g/nios depois da m7sica da sua Bogada 4everia" dizem os críticos" ser da e%uipa Ou seBa" para al/m de atacar" tamb/m devem defender para

crescer tacticamente Para serem Bogadores :completos: 'ma defini!$o estran#a Rirem a e%uipa e seus personagens do avesso e pensem no pêndulo t)ctico das e%uipas" estilo 3aDelele" Wavi" Assun!$o ou KarricD Kortam e passam &unca ningu/m ouviu" no entanto" dizer %ue para serem Bogadores :completos: tamb/m têm de ir à frente fazer golos e fintas fant)sticas 4ir$o %ue / diferente Uue / natural eHigir a perfei!$o aos g/nios 4e acordo" mas como definir essa perfei!$o no futebol &o fundo" tudo passa" sobretudo" por entender %ue uma e%uipa de futebol / um ecossistema onde cabem diferentes esp/cies de Bogadores Kada %ual com a sua forma de vida Kada %ual com a sua miss$o  na s)bia concilia!$o dessas diferentes formas de eHpress$o t/cnicas e t)cticas %ue cada Bogador tem" %ue um treinador consegue o e%uilíbrio entrelin#as %ue tanto busca (asta recuarem para tr)s da lin#a da bola e o e%uilíbrio t)ctico est) protegido  por isso %ue n$o acredito na divis$o entre futebol ofensivo e futebol defensivo O %ue eHiste / futebol e%uilibrado" #armonioso  esse o verdadeiro bom futebol colectivo Kom t)cticos e artistas Kom gênios e Bogadores normais Todos :completos: ao seu estilo 3ozart era um g/nio Ouvimos a :Flauta 3)gica: e nos segundos seguintes apetece fec#ar os ol#os e saborear os seus acordes Komo um arrepio %ue percorre o corpo Kom Kristiano onaldo" 3essi" onal-din#o" Uuaresma" / igual 4epois de vermos umas das suas fant)sticas Bogadas" a seguir n$o combina vêlos a perseguir um advers)rio para fazer um corte de carrin#o a meio-campo Pensem nisto na pr*Hima vez %ue os virem Bogar e" se possível" %uando eles pegarem na bola" tirem o som da televis$o e ou!am 3ozart IeBamos realistas EHiBamos a perfei!$o Konta a actriz francesa Nuliette (inoc#e %ue uma das raras vezes em %ue discutiu com um realizador foi %uando" durante a rodagem de um filme" algu/m l#e pediu" numa cena" para se deslocar um pouco para o lado de forma a poder ver-se um  Barro %ue estava atr)s :Era s* o %ue faltava comparares-me a um Barro Ie %uiseres %ue ele se veBa" levanta-te" pega nele e muda-o de lugarf &$o sei o %ue ter) feito o realizador" mas com essa simples resposta" (inoc#e colocava" afinal" as coisas no seu devido lugar Uuem faz o filme / o actor" n$o a disposi!$o dos adere!os" por mais valiosos %ue estes seBam At/ os figurantes o entendem &o futebol #) muitos realizadores" isto /" muitos treinadores" %ue confundem o essencial e o acess*rio 3ove-te antes para a%uele espa!o" para %ue o trinco possa entrar mel#or pelo meio Kuidado" por%ue ai eles tem um lateral durin#o Noga antes por dentro ndica!es e mais indica!es O Bogador" em geral" at/ aceita" mas" no fundo" est) a suceder-l#e o mesmo %ue à bela Nuliette 4$o-l#e a mesma import5ncia de um obBecto" %uando" pelo contr)rio" devia ser ele" protagonista essencial" a ditar onde as outras pe!as" entenda-se Bogadores" se deviam colocar &$o / s* coreografia I$o %uestes de personalidade Leio uma entrevista de Pen/lope Kruz onde ela fala de como construir uma personagem" dar-l#e alma e captar bem a sua essência Komo o papel era de uma mul#er de aspecto vulgar" teve de construir a sua forma de andar Komo se trata uma emigrante albanesa em t)lia" teve de estudar o idioma e o sota%ue Para o captar mel#or" gravava tudo numa fita e ouvia" ouvia" repetia" repetia  uma constru!$o conBunta com o realizador" mas tem muito de

trabal#o isolado Iolit)rio I* buscando interpreta!es mais compleHas e eHtremas / possível evoluir 'm Bogador de futebol tamb/m passa por processos semel#antes na constru!$o da personagem %ue representa em campo Trabal#a com o treinador" mas depois #) o trabal#o solit)rio Komo ficar" ap*s o treino" sozin#o" a ensaiar remates Livres" em arco ou no 5ngulo obert de &iro tamb/m dizia %ue na constru!$o de %ual%uer personagem" primeiro era selvagem e eHcessivo I* depois" preciso e controlado O futebolista cada vez mais se afasta destes princípios Altera-os" mesmo E com isso" deiHa de fazer sentido" %uer o papel %ue representa em campo" %uer a sua essência individual Em ambos os casos" fala-se em criar #)bitos sem os tornar mec5nicos Fala-se em colocar a criatividade na tarefa %ue se tem de cumprir O treinador ou o realizador definem o gui$o O Bogador ou o actor descobrem o camin#o &o filme :Poderosa Afrodite: eHiste" a certa altura" uma cena em %ue a personagem de ;oodJ Allen se assusta e foge de uma briga a toda a velocidade  A sua compan#eira" 3ira Iovino" diz-l#e espantada1 :&$o %uero acreditar %ue afinal seBas um cobardeG ;oodJ Allen fica embara!ado" mas responde-l#e1 :Iim" bem" mas" na realidade" s* em casos concretos: 4urante um Bogo de futebol / legítimo %ue %ual%uer e%uipa passe tamb/m por diferentes situa!es 3esmo as mais poderosas &umas c#eios de confian!a" noutras mais receosos  normal &uma pessoa" como num colectivo O importante mesmo / definir bem %uais os momentos concretos em %ue deve colocar o receio como catalizador das suas atitudes &o final dos campeonatos / costume surgir a %uest$o se o campe$o deveu-se mais ao m/rito pr*prio do %ue ao dem/rito do advers)rio EHiste a ideia de %ue a superioridade moral de um campe$o s* / possível Bogando sempre bem" deslumbrando" sem medos &$o / verdade Tamb/m #) tempo para sentir medo Faltam poucos minutos para o fim e gan#a s* por .-? Em vez de adornar com a bola" sai um c#ut$o para a bancada :&$o posso acreditar %ue ac#es bem teres feito isso:" dir$o alguns :(em" na verdade" s* o fa!o em casos concretosG" ouve-se como resposta O futebol tem" de facto" muitos rostos Uuando o realizador francês Luc (esson montou o seu filme de fic!$o científica :O %uinto elemento:" o an7ncio para o casting dizia procurar :3ul#er de beleza supraterrena e aparência c*smica: no #orizonte de encontrar o ente #umano perfeito e redentor A eleita acabou por ser uma ninfa de beleza perturbante com antepassados eslavos" nascida em Qiev da uni$o entre uma actriz russa e um pediatra Bugoslavo 4urante o tempo em %ue durou o simples abrir e fec#ar dos seus #ipn*ticos ol#os azuis" 3illa Novovic# descobriu as c#aves do paraíso Passou a desfilar felinamente a colec!$o Rersace e no filme seguinte incorporou a vida de Noana 4XArc" a #eroína francesa %ue ardeu na fogueira Kom apenas duas d/cadas de vida" bastou outra forma de ol#ar para sentir o mundo a seus p/s O mundo do futebol tamb/m fica mais feliz %uando descobre novos talentos A pressa de descobrir novos #er*is supra-terrenos e de aparência c*smica / enorme 'ma obsess$o Todas as grandes competi!es deviam ter no seu lan!amento o mesmo an7ncio %ue o filme de (esson O problema / entender %ue" nos relvados" raramente esse :casting: de g/nios encontra um protagonista ideal para os modernos filmes de futebol Os olling Itones continuam a rolar Em grande 4iz Qeit# ic#ards %ue" nos seus

piores pesadelos" est) no palco e os riffs das m7sicas confundem-se Itart 3e 'p torna-se (roMn Iugar %ue" sucessivamente" se torna Numpin]NacD Flas# Tudo no concerto s$o s* varia!es sobre um tema %ue como %ue gan#a vida pr*pria em palco e" depois" confunde-se com outros As t)cticas e os sistemas no futebol tamb/m nascem diferentes 4epois" inicia-se o Bogo e come!am a gan#ar vida pr*pria em campo 4e repente" o 6H2H2 torna-se num 6H6H0" %ue" logo a seguir" torna-se num 6H8H. Tudo em =? minutos s$o s* varia!es sobre um modelo de  Bogo %ue no relvado se vai eHpressando de formas diferentes &$o / um pesadelo" mas pode tornar-se se essas muta!es n$o forem bem interpretadas 4iz Qeit# ic#ards %ue o mais difícil / descobrir como come!ar uma can!$o Para o treinador" definir a estrat/gia para o Bogo tamb/m / o momento decisivo 3as se" como diz a alma dos Itones" nove em cada dez vezes inventa %ual%uer coisa" e n$o fal#a" num Bogo de futebol" pensando em muitos Bogadores e treinadores" essas inven!es n$o têm o mesmo g/nio &em podiam ter A capacidade para domar uma arte" passa muito por n$o recear %ue ela gan#e vida pr*pria 4e um grande concerto a um grande Bogo de futebol 'sar o instinto e a eHperiência para encaiHar nas suas muta!es 3ul#eres de Futebol Ielec!$o feminina de futebol do r$o" 0??8S adepta raniana" Aleman#a 0??9 Uuando estive em FranDfurt" tin#a as imagens de Ia#i e (abri na mem*ria maginava como seriam e se tamb/m estariam ali Iem burDas ou c#adors" mas em ocidentais mini-saias Costo de acreditar %ue me cruzei com elas Afinal" todas eram como elas ) %uem acredite %ue a vida / um pacto entre o real e o imagin)rio  %uase impossível imaginar uma solid$o mais terrível do %ue a de um #omem perdido no deserto sabendo como ser) impossível encontrar aí a )gua %ue l#e garanta n$o morrer de sede A solid$o pode ter" no entanto" v)rios rostos e atmosferas Iima (abri tem uma imagem de ;innie t#e Poo# a dan!ar no seu telem*vel" vislumbra-se %ue usa 4e-nim Beans e cal!a t/nis" mas o c#ador" o largo rect5ngulo %ue l#e cobre o corpo oculta o resto da sua eHistência feminina" eHpressa numa face em tra!os de eterna suavidade como o len!o %ue flutua na sua cabe!a e deiHa" c7mplice" algum do seu cabelo preto esvoa!ar livremente Teer$o / uma cidade para ser entendida em passos lentos (abri / uma mi7da de 0. anos 'm dia decide mudar de visual Por entre .6 mil#es de almas" disfar!ase com roupas de #omem" pinta na cara as cores da bandeira iraniana" verdebranco-vermel#o" e ruma ao Est)dio Azedi +%ue significa liberdade em iraniano, para assistir a um importante Bogo da selec!$o do r$o depois de passar os 7ltimos três dias atr)s do gradeamento" à porta do Est)dio" na esperan!a de ver um pouco do treino (abri podia tamb/m c#amar-se Iima Ia#i" e ter s* .> anos" como a personagem do filme Off-side do cineasta iraniano Nafar Pana#i Ambas ousam ol#ar o mundo com sentimentos indecifr)veis à luz do Kor$o Assistir a um  Bogo de futebol 4eseBo proibido" desde a eclos$o da revolu!$o isl5mica em .=>=" às mul#eres iranianas" impedidas de assistir a Bogos de futebol" espect)culo violento e incontrol)vel" nas palavras do supremo líder iraniano AJatolla# Ali Q#amenei" onde poderiam ver eHpostas pernas de #omens estran#os e ouvir a

linguagem conden)vel da multid$o Iima foi descoberta %uando estava %uase a entrar no Est)dio por um Bovem soldado mais atento 4epois de largar o telem*vel" / levada para um espa!o reservado Bunto ao Est)dio" onde se Bunta a outras cinco mi7das com os mesmos son#os de futebol Kada uma delas tem uma identidade pr*pria definida 'ma fuma muito e fala num tom desafiante Outra" meiga" suplica docilmente %ue a deiHem entrar Outra avisa %ue o pai / membro com patente superior no eH/rcito 4urante o Bogo conseguem saber o %ue acontece em campo atrav/s de um Bovem soldado %ue o espreita mas" como n$o gosta de futebol" tem muitas dificuldades em eHplicar verdadeiramente o %ue se est) passar &o filme" %ue romanceia a realidade" elas conseguem escapar" perto do final" %uando o p[r do sol envolve o campo %uase num lusco-fusco" e assistir aos 7ltimos cinco minutos do Bogo &a realidade" apesar da tentativa dos guardas em impedir a entrada" pelo menos cem mul#eres" pela primeira vez em 09 anos de #ist*ria da revolu!$o isl5mica" assistiram" Buntas" ao Bogo %ue terminou em festa" com a vit*ria do r$o sobre o (a#rain e apuramento para o 3undial Uuando estive em FranDfurt" em Nun#o de 0??9" no dia em %ue Portugal defrontava o r$o" tin#a as imagens de Ia#i e (abri na mem*ria maginava como seriam ) %uem acredite %ue a vida / um pacto entre o real e o imagin)rio &as ruas n$o se vislumbravam" no entanto" burDas ou c#adors Em vez desses longos mantos %ue l#es cobriam o corpo" as mul#eres iranianas eHibiam-se em ocidentais mini-saias Em vez de c#inelos" taces altos 3as #avia o ol#ar Ol#os negros" rasgados por tra!os de eJeliner preto A sua beleza #ipnotizava por%ue parecia %ue nos ol#avam desde esse outro mundo" da mesma forma %ue vemos os ol#ares da%uelas mul#eres %ue" embora sem ma%uil#agem" penetram-nos com a mesma intensidade por uma brec#a do manto negro Todas abrigam a mesma essência #umana Embora %uase todas elas B) n$o fossem produto desse outro mundo e tivessem crescido partil#ando o seu corpo e essência com a luz do dia" #) nelas como %ue uma met)fora da eHistência e da beleza escondida de %ue Ia#i e (abri %uiseram fugir Costo de acreditar %ue me cruzei com elas Afinal" todas eram como elas Em .==@" &)dia Pizzuti" Bornalista italiana" foi a primeira mul#er" na #ist*ria das terras de 3aom/" admitida a entrar num est)dio de futebol no r$o &)dia teve" igualmente" de cobrir o corpo de cabe!a aos p/s &as profundezas de Teer$o" as mul#eres continuam sem poder assistir a um  Bogo de futebol &o 7ltimo ano" por/m" foi criada uma selec!$o de futebol feminino no r$o I* mul#eres podem assistir aos seus Bogos ou treinos O e%uipamento traduz as mesmas eHigências isl5micas em rela!$o ao corpo e Bogam" por isso" cobertas da cabe!a aos p/s 3anto na cabe!a" pernas tapadas" roupas largas e mangas compridas 'm c*digo de vestu)rio %ue torna indecifr)veis as curvas de um corpo de mul#er Pela primeira vez na sua #ist*ria" participaram" este ano" nos  Bogos asi)ticos Ficaram em segundo lugar" atr)s da Nord5nia" %ue Bogou com e%uipamento normal" de cal!es A derrota na final foi a maior vit*ria de uma gera!$o &a alvorada do I/c WW" as guerras abandonaram as ideologias e passaram a ser  um c#o%ue de civiliza!es %ue se espel#a atrav/s de diferentes contornos 4as ruas de Teer$o" com burDas e longos mantos negros" ao calor de FranDfurt" em

mini-saia e roupa ocidental" eHiste um abismo a separar os dois mundos 'm mundo de #omens %ue" como cantou Names (roMn" n$o seria nada sem uma mul#er ou uma rapariga 6 As 7ltimas fronteiras Ter) sido s* por breves instantes mas acredito %ue" no Rer$o de 0??>" o ideal grego %ue ambicionava a perfeita #armonia entre o corpo e a mente ter) sido atingido em Londres durante a apresenta!$o do novo patrocinador do Arsenal" uma con#ecida marca de rel*gios suí!os de luHo Lado a lado" uma dupla de son#o" est/tica e futebolisticamente falando T#ierrJ enrJ e Cisele (undc#en  Aparentemente personagens de mundos t$o distantes" aproHimaram-se %uando a modelo brasileira se levantou e" ao lado do futebolista gaulês" ensaiou" de saltos altos" um ou dois pontap/s numa bola de futebol Todos de belo efeito" naturalmente Uuem disse" afinal" %ue a perfei!$o era impossível no futebol Poucos dias depois" enrJ abandonava Londres e assinava pelo (arcelona para se Buntar a onaldin#o" EtoXo e 3essi Todos no mesmo onze 4epois do remate de Cisele" muitos disseram %ue estava criado o #abitat perfeito para o esplendor do seHJ football 3as ser) possível" num prisma tacticamente racional" conciliar estes %uatro feiticeiros na mesma e%uipa Pois bem" / um desafio aliciante Tornar gan#ador um ideal de beleza te*rico Os %uatro vivem" no relvado" do meio-campo para a frente Ragabundos 3)gicos EHperimentem" ao vê-los Bogar" seguir s* a bola &os p/s de %ual%uer um deles" ela mais parece uma lebre correndo solta" saltando obst)culos por entre a floresta I* assim faz sentido o futebol destas estrelas  difícil dizer em %ue posi!$o  Bogam eHactamente 'mas vezes s$o alas" noutras pontas-de-lan!a" depois eHtremos" a seguir m/dios-ofensivos Atr)s deles" imaginamos os m/dios mais defensivos Estilo 4eco e Wavi ou ^aJaTour/" dupla de recupera!$o e transi!$o à frente do %uarteto defensivo" com os laterais mais presos Tento esbo!ar o es%uema no papel e lembro-me de uma ideia %ue ouvira numa palestra de Karlos  Alberto Parreira O futebol camin#a em direc!$o ao 6H9H? Uuatro defesas e" depois" seis Bogadores" com c/rebro" imagina!$o" e" claro" condi!$o física" para enc#er o resto do campo Kom ou sem bola Kontinua a eHistir uma defini!$o de misses mas" em termos posicionais" perde-se rigidez e aumenta a amplitude perif/rica Os advers)rios deiHariam de ter referências precisas de marca!$o Ier) este" com maior ou menor magia" o futuro t)ctico do futebol Talvez Komo seria um onze com ivelino" Tost$o Nairizin#o e Pel/" protegidos por Cerson e Klodoaldo &omes familiares Klaro %ue sim Eles foram o :9: do (rasil de >?  Afinal" / sempre possível conciliar obras de arte" com raz$o t)ctica" emo!$o t/cnica e inteligência superior com vida pr*pria E" nesse admir)vel mundo novo" o estilo de Cisele ser) sempre mais do %ue uma utopia do momento .0 de Outubro de .=2> Estreia de Fernando PeJroteo no Iporting Est) %uase a fazer >? anos Para come!ar" um (enfica-Iporting &as Ial/sias &o seu belo livro de memorias" conta a vel#a gloria leonina" %ue antes do Bogo as pernas l#e tremiam como varas verdes Todos brincavam com ele" mas um #omem mantin#ase calado O treinador O vel#o :3ister: Izabo Pouco antes de entrar em campo" falou à e%uipa1 :Iin#ores" a avan!ado-centro Bogar Fernando apaz novo" n$o ter 

eHperiência de Bogo Iin#ores mais v/lios aBudar ele" bem dê clube &$o fazerem malandragem (rincadeira custar dez-per-cente para sin#ores: Falava assim mesmo" num português desengon!ado mas engra!ado" de %uem tin#a vindo de longe 4epois c#ama PeJroteo à parte1 :Iin#or Fernando" n$o pêrtubar com Bogo &$o ter import5ncia Bogar mal 4ificuldades a campo para emendar no treining Eu ver uns" sin#or sentir outros e ter!a-feira corrigir dez" cin%uenta vezes e tudo ficar bem 4efesas irem dizer coisas muito feitas" Bogar com algod*n nos ouvidos" n$o engolir isca &$o es%uecer principal de avan!ado-centro1 rematar" rematar (ola  Bunto dê poste" longe de guarda-redes" como fazer no treininG Os tempos #oBe s$o outros" mas" vendo bem" a essência do Bogo permanece a mesma O treinador falar) de forma diferente com o seu ponta-de-lan!a" mas os passes" o controlo emocional" o treino e os remates continuam l) 3ic#ael Nordan diz %ue o mel#or treinador %ue teve na carreira foi 4eam Imit#" ainda na 'niversidade" por%ue l#e ensinou a import5ncia do b)sico Ou seBa" ensinou-o a descobrir os fundamentos do Bogo &o futebol / igual Em .=2> como em 0??>" a grande preocupa!$o de um treinador deve ser %ue essas bases" individuais e colectivas" nunca se percam Para mim" o futebol superior parte de um con#ecimento real do Bogo Os bons Bogadores e treinadores percebem esta ideia Trabal#ar a t/cnica desde as bases Kontrole" passe" remate" desmarca!es &o fundo" um  Bogador sente-se mel#or numa e%uipa %ue l#e permite____Bogar" do %ue noutra %ue tem ponto de partida nas amarras e na disciplina t)ctica prisioneira T)ctica e disciplina s$o duas palavras %ue n$o combinam 4evia dizer-se antes inteligência t)ctica Todos os Bogadores" nesse sentido" s$o livres para" conduzidos pela inteligência" poder tocar a bola" mudar de flanco" fazer tabelas" inventar  Bogadas e combina!es EHiste um conceito b)sico no %ual se determina %ue %uem deve correr / %uem n$o tem a bola Assim" o seu portador nesse momento" ol#a em seu redor e descobre sempre três ou %uatro op!es de lin#as de passe Komo o (rasil de @0 Komo o mel#or Arsenal de ;enger Ter a bola e toc)-la com precis$o e mobilidade 4izem %ue n$o têm eHtremos e por isso ocupam mal os flancos Pura ilus$o Komo con#ecem e dominam t$o bem a essência do Bogo" ocupam as faiHas alternadamente L) est)" a inteligência t)ctica outra vez Ie" depois" adicionar a estes princípios dois bons laterais" o bom futebol est) desen#ado Os m/dios s$o fundamentais nesta filosofia Alargar e encurtar o campo +isto /" a dist5ncia entre a lin#a mais recuada e a adiantada, %uando / mais oportuno ecordo-me da%uele maravil#oso eal 3adrid dos anos @? O da Uuinta dei (uitre Ianc#iz" 3ic#el" 3artin Ras%uez e (utragueno 4epois Buntaram-l#e a Uuinta dos 3ac#os" leia-se Cordillo" 3aceda" Raldano e 6? golos de ugo Ianc#ez Komo Bogavam Komo fintava El (uitre Foi o 7nico Bogador na vida %ue vi fintar parado Arrancava com a bola e travava Roltava a arrancar e voltava a travar K#egava a fazê-lo dentro da )rea &essa altura fica %uase est)tico frente ao defesa %ue o marcava (ra!os em baiHo" bola a seus p/s Est)tico Tudo suspenso no Est)dio 4e repente" finta seca" para um lado ou para outro" espa!o descoberto" remate" passe ou golo Eram Bogadores %ue gostavam de futebol 4e ver e Bogar Kruzando os conceitos do passe e do golo Por esta ordem A essência do Bogo est) no passe" n$o no remate Passes matem)ticos Ie forem

uns centímetros mais ao lado" o defesa intercepta-os Ie tiver de eleger um embaiHador deste conceito de futebol" o nome / Laudrup Ol#ava para um lado" e colocava o passe noutro Tin#a ol#os por todo o corpo A disciplina t)ctica n$o permite isto A inteligência t)ctica" sim 8 A serpente e a bola O poeta Naime Cil de (iedma dizia %ue #) duas formas de um #omem se fazer notar 'ma / fazendo algo de grande" outra / fazendo algo de diferente Uuando consegue reunir ambas no mesmo tempo e espa!o" acaricia a imortalidade O driblador" d*cil e m*rbido" aproHima-se de mansin#o As suas c#uteiras parecem feitas de veludo1 a bola parada" submissa a seus p/s e os defesas fiHando-o com a cara aterrorizada pela d7vida1 ser) %ue vai fintar para a direita Ou ser) para a es%uerda 'm dilema imposto por um intruso m)gico" impertinente e rebelde" mas %ue apesar de sempre adorado pelo p7blico" / #oBe como uma ironia nos labirintos do futebol actual" onde" insubmisso" amea !a a ordem colectiva ) uns tempos" falando sobre futebol" Qopa resolveu assim o eterno debate sobre a sua abordagem est/tica1 : 'm grande driblador e tudo muda  4o alto da sua autoridade artística" o artista gaulês dos anos 8?" definia" sublimemente" o buraco da fec#adura por onde" atrav/s dos tempos" a arte" apesar de todas as amarras t)cticas" sempre penetrou nos relvados 'm grito de rebeldia de magos do drible" eHpresso desde ItanleJ 3att#eMs e Carrinc#a at/ onaldin#o e Kristiano onaldo" passando por muitos outros feiticeiros" como o nobre da gambeta Ricente 4e la 3ata" estrela argentina dos anos 2?<6?" de %uem Buram os vel#os  Bornalistas" nunca terem visto fazer um passe" sem antes driblar" pelo menos" dois advers)rios &a bancada ou a camin#o do Est)dio" os adeptos cantavam1 A donde va la gente A ver 4on Ricente" ou La genteJa se mata" por ver a 4e la 3ata Os dribladores sempre cativaram as emo!es e o imagin)rio dos reais adeptos do futebol feito sentimento &eles est) a mais clara ruptura com o futebol-m7sculo" o som das trombetas de Nerico %ue derruba %ual%uer mural#a t)ctico-defensivo erguida pelos pragm)ticos treinadores do presente 3as" atrav/s dos tempos" o futebol foi reduzindo" progressivamente" o espa!o para os seus grandes cra%ues" dribladores ou organizadores Kom o tempo" gan#ou m7sculo e mudou de forma 3esmo assim" ainda #) uma elite de m)gicos %ue re7nem" no corpo" os encantos de dois tempos onaldin#o" 3essi ou Kristiano onaldo Eles s$o dribladores dos tempos modernos" treinados para" como toda esta vel#a casta m)gica" n$o fazerem sempre um drible a mais 'm pedido ingl*rio" pois como diria Art#ur 3iller  :resiste-se a tudo menos a uma tenta!$o: &o conteHto modernizado do Bogo" seria difícil encontrar #oBe um treinador como o saudoso Albert (ateuH" %ue" nos remotos finais dos anos 8?" %uando em eims a crítica come!ou a dizer %ue Qopa se agarrava demais à bola" logo saiu em sua defesa" amea!ando tir)-lo da e%uipa se ele parasse de driblar I)bio e apreciador de arte" o pai do futebol francês tin#a" pura e simplesmente" percebido %ue o drible era a arma essencial %ue moldava o belo futebol do &apole$o da bola Uuando se fala em grandes dribladores / inevit)vel falar-se de Carrinc#a Kontase %ue uma vez" %uando treinava o (otafogo" Aimor/ 3oreira c#egara ao treino

decidido a incutir maior disciplina na e%uipa %ue" dizia" :driblava demais: Para tal colocou no relvado uma cadeira assinalando o lugar onde se devia obrigatoriamente centrar Estavam todos os Bogadores a cumprir o pedido %uando c#egou a vez de Carrinc#a e logo toda a l*gica foi %uebrada &a #ora em %ue c#egou perto do obBecto" Carrinc#a driblou a cadeira e tudo" centrou com a perna torta e colocou a bola na cabe!a do avan!ado 3oral da #ist*ria1 apesar da t)ctica ser a personalidade da e%uipa e definir o seu estilo de Bogo" ser) sempre o g/nio do Bogador a resolver os Bogos &en#uma vive" por/m" sem a outra" dentro do relvado e de um Bogo colectivo como o futebol O futebol evoluiu" / certo" mas n$o ao ponto de se renunciar à magia dos dribladores para l#e introduzir o tra!o de imprevisibilidade" capaz de levantar o Est)dio e desembrul#ar o Bogo mais fec#ado O problema / %ue o dram)tico futebol actual B) n$o os entende" pois" num tempo em %ue todos Bogam com o cora!$o nas m$os e" usando um termo indispens)vel a %ual%uer e%uipa" em pressing" eles permanecem relaHados" tran%uilos" driblando com a mesma naturalidade como respiram E" depois" regressam para tr)s a passo 3itos foram 4i Itefano" Pel/" KruJff e 3aradona Kra%ues foram Eus/bio" K#arlton" Platini" idane e om)rio &o presente" onaldin#o vira sozin#o Bogos de pernas para o ar" mas" em campo" ele / muito mais do %ue um rebelde individualista" pois o seu talento tem subBacente uma ordem t)ctica nas suas costas Ele consegue dese%uilibrar" por%ue" atr)s de si" tem rel*gios de cuco +3ar%uez" 4eco ou Wavi, %ue fazem os pilares - entenda-se seguran!a- da e%uipa 4a mesma forma %ue idane era muito mel#or Bogador %uando tin#a 3aDelele atr)s de si" onaldin#o ou 3essi podem soltar esse talento com outra liberdade respons)vel" por%ue têm nas costas a%uele trio t)ctico &o Bogo de iluses t)ctico-posicionais" o facto destes talentos  Bogarem nos flancos trocados" o destro na es%uerda" e o can#oto na direita" aumenta o tra!o de imprevisibilidade Kausa" tamb/m" maiores dificuldades aos seus marcadores mais directos - o lateral e o m/dio interior do flanco respectivo - pois %uando avan!am com a bola dominada" em drible ou come!ando a flectir" puHam a bola para dentro" onde est) o seu p/ favorito" e obrigam os marcadores a fazerem a cobertura" ou tentar o corte" com o seu pior p/" numa posi!$o contra-natura O futebol entrou numa era em %ue o seu factor de evolu!$o primordial passa" essencialmente" pela interliga!$o de v)rias no!es conBuntas do Bogo Uuer a nível da posse e do passe" %uer a nível do tempo e do espa!o Kom ou sem bola 3esmo assim" / difícil filosofar sobre o significado da frase Bogar bem futebol Todos n*s" amantes do belo futebol" partil#amos recorda!es emocionadas sobre grandes e%uipas e seus Bogadores Nogos e lances ines%uecíveis" apenas por%ue realizaram os nossos son#os de futebol" a ilus$o de gan#ar e Bogar bem 3as" afinal" como se poder) eHplicar" em tese" e tendo em conta a evolu!$o dos tempos" esse conceito sagrado de Bogar bem 3enotti" mais do %ue um simples treinador" / algu/m %ue desde #) muito passeia pelo mundo vendendo uma ideia de futebol belo e ofensivo" pois" como gosta de dizer" :atrav/s da forma de Bogar das min#as e%uipas" eu falo da sociedade em %ue gostaria de viver: Por isso" todos se assustaram %uando o ouviram dizer %ue 3aDelele entendia muito mel#or do %ue onaldo o conceito de Bogar bem futebol

&o fundo" a %uest$o lan!ada por 3enotti girava em torno do futebol en%uanto Bogo colectivo &esse conceito de Bogar bem" cabe o controle do tempo e do espa!o" saber %uando Bogar curto ou longo" arrancar ou parar" recuar ou avan!ar" apoiar a recupera!$o de bola" marcar e desmarcar-se Ou seBa" resolver o maior n7mero de ac!es no menor tempo possível Por esse prisma" n$o #) d7vida" 3aDelele Boga mais do %ue onaldo A diferen!a est) em %ue 3aDelele / a%uilo e ponto final" en%uanto onaldo pode ser todas as coisas diferentes" eHplosivas e imprevistas" em cada Bogo A evolu!$o estilística do futebol brasileiro prova" para o bem e para o mal" esse conceito utilit)rio de Bogar bem" no %ual a prepara!$o atl/tica e as novas bases t)cticas geraram um novo Bogador Iempre tecnicista" mas mais t)ctico" estilo 4unga" in#o ou 3auro Iilva" campees do mundo em =6 Esse onze n$o entraria" por/m" na nossa mem*ria emotiva Em tese" podem-se destacar cinco princípios %ue definem uma e%uipa %ue Boga bem futebol1 Primeiro1 a rela!$o com a bola independentemente da sua utiliza!$o Rendo a forma como ela / tratada" com t/cnica e do!ura" vê-s e a sua categoria Iegundo1 a %uantidade de oportunidades de golo criadas atrav/s de Bogadas elaboradas e n$o por erros do advers)rio ou bolas bombeadas Terceiro1 o controle do ritmo de Bogo Iaber %uando deve acelerar ou reduzir o ritmo" Bogando em ata%ue organizado ou em contra ata%ue Uuarto1 como defende I* a marca!$o à zona" onde todos dobram todos" consagra a solidariedade indispens)vel ao espírito de e%uipa A marca!$o individual apenas visa anular o advers)rio Uuinto1 E o mais importante1 a rela!$o entre a ordem e o talento Em teoria" a ordem colectiva serve para empatar um Bogo O talento individual serve para o gan#ar O to%ue" conceito %ue" num impulso revivalista" ressurgiu nos dias de #oBe A sua origem mora na Am/rica do Iul e" no fundo" mais do %ue definir" numa palavra" um gesto t/cnico %ue na din5mica do colectivo se traduziria num estilo de Bogo" antes descrevia a superioridade t/cnica e moral de uma elite de Bogadores %ue" com grande vis$o de Bogo" trocavam a bola" tocando" tocando Penso nisso %uando passeio na tribuna do Est)dio em &uremberga O tempo passa lentamente en%uanto espero pelo início de mais um Bogo do 3undial 0??9 Kalor sufocante 3eninas simp)ticas em traBe azul claro conferem as cores das pulseiras RP Foi ent$o %ue" %uase an*nimo para maioria dos presentes" sobe as escadas" com credencial de imprensa" um #omem %ue" embora #) alguns anos afastado dos grandes palcos" solta" no meu imagin)rio" um intenso aroma a bom futebol1 Pac#o 3aturana" um treinador colombiano %ue foi autor de um dos proBectos futebolísticos mais atraentes dos anos =? O To%ue Estilo rendil#ado %ue fazia a e%uipa avan!ar em campo em to%ues curtos e apoiados" como %ue zurzindo uma teia %ue envolvia o advers)rio A Kol[mbia de Pac#o 3aturana era um poema Uuando me cruzei com ele" ainda tin#a essa imagem na mente Est) bem mais vel#o Parece cansado maginava-o ainda com o vigor dos anos =?" mas o tempo passa Os seus ideais tamb/m entristeceram N) n$o acredita no to%ue como ideal revolucion)rio Kaiu no mundo real e tornou-se mais um" digamos" treinador do regime nsiste" no entanto" em dizer %ue continua com a mesma filosofia O problema foi %ue :%uando tin#a todas as respostas" mudaramme as perguntas: K#amaram o To%ue a esse estilo" mas" no fundo" tal traduz-se" muito

simplesmente" na utiliza!$o de um dos mais b)sicos princípios do bom futebol1 posse e circula!$o de bola Era o %ue faziam as fabulosas e%uipas da olanda e do ABaH nos anos >?" o divino (rasil de >? e @0" ou o 4re-am Team de KruJff no (arcelona de início dos =? O futebol actual tornou-se" de facto" num cemit/rio de son#o s para os amantes desse :outro futebol: do to%ue Iem pestaneBar" muitas e%uipas e selec!es atrai!oaram a sua gen/tica futebolística Es%ue!am a arte" portanto sto / o futebol como amea!a Por isso" muitas vezes penso %ue a mel#or solu!$o ser) mesmo a de seguir a op!$o do pai de Pac#o Fec#ar-se numa casa nos arredores de Uuibd*" na Kol[mbia" rodeado de )rvores %ue crescem na terra #7mida" e seleccionar as imagens na nossa mem*ria &a parede" logo à entrada" a receber os visitantes" um %uadro com uma frase %ue resume a filosofia dos amantes das causas perdidas1 :(em vindos ao recinto de um loco feliz: 9 :;underteam: a e%uipa maravil#a +.=2.-.=2>, &o futebol cada um tem a sua pr*pria filosofia de interpretar o Bogo For!a" t/cnica"  Beito e m7sculo 4efinir um sistema t)ctico /" em suma" como distribuir a inteligência pelos Bogadores" os actores em campo Todas as grandes e%uipas da #ist*ria do futebol" cada %ual na sua /poca e dentro das circunst5ncias e correntes %ue dominaram a natural evolu!$o do pensamento futebolístico" tiveram presente a no!$o de uni$o entre ordem e talento &uma simples interpreta!$o literal das palavras elas parecem inconcili)veis ou inimigas A ordem est) para limitar o talento O talento" esse" e st) para subverter a ordem Errado Ambas est$o para o futebol como a moldura e a tela para pintura 4esde sempre O talento" como a t/cnica" n$o eHiste no vazio O driblador %uando solta a sua arte" solta-a" n$o num relvado deserto" mas com outros 0. Bogadores" colegas e advers)rios" em seu redor O modelo de Bogo / um conBunto de referências colectivas e individuais As referências s$o os princípios de Bogo definidos pelo treinador Ora" ao longo dos tempos" desde o Iec WW at/ ao presente" todas as e%uipas tiveram referências colectivas e individuais Estas 7ltimas" no entanto" devem estar condicionadas pela ordem
apaiHonado por futebol" interessado em descobrir todos os seus segredos Riveu entre .@@. e .=2> A sua obra confunde-se com as origens do c#amado futebol moderno Foi um vision)rio" mas" na disposi!$o da e%uipa em campo" nunca abandonou o sistema cl)ssico de 0H2H8" a pir5mide" em alus$o ao desen#o %ue a distribui!$o dos Bogadores em campo ad%uiria Kedo se perceberia %ue o seu pensamento estava muito para l) de desen#os no papel 4os Bogadores %ue interpretavam a estrutura t)ctica de 3eisl pode-se dizer %ue apresentavam as seguintes características1  A constru!$o do Bogo ofensivo pertencia" sobretudo" ao m/dio-centro e ao avan!ado centro" atrav/s de passes longos em profundidade" lan!ando a bola no sentido dos flancos +tendo como referência de direc!$o a bandeirola de canto," para %ue os eHtremos" em grande velocidade" conseguissem alcan!)-la e" depois" centrar para o remate de %ual%uer dos Bogadores do trio central %ue surgiam em zona de finaliza!$o O avan!ado-centro era" ent$o" o c/rebro do Bogo atacante Foi o tempo do avan!ado-centro elegante" com eHcelente domínio de bola" imaginativo e essencialmente #abilidoso Os interiores eram" fundamentalmente" os rematadores da e%uipa 4essa forma" um dos passes mais vistos nessa /poca" era" %uando perto da baliza" do eHtremo para o interior do lado contr)rio O ata%ue era sempre apoiado pelo m/dio-centro Por isso" a afirma!$o de ele ser >?` de ata%ue e 2?` de defesa Ele seguia o ata%ue de perto e isso fazia dele" durante a maior parte do Bogo" a primeira figura da e%uipa A%ui nasce" portanto" a import5ncia do m/dio-centro" futuro nZ .?" como suprema referência na constru!$o e organiza!$o do :Bogar: de uma e%uipa &a ustria" PeDareD 3as" pela península ib/rica" no nosso futebol e nos campos espan#*is" foi o tempo )ureo de en/ Petit" 3ac#inbarrena" Nos/ 3aria (elauste" 3anolo de Kastro"  Artur Nos/ Pereira" Augusto Iilva e Albino" entre outros" todos eles nomes imortalizados nos registos da /poca &a pr)tica" c#egava-se a atacar com seis #omens" %uando o m/dio-centro se aproHimava do %uinteto ofensivo A defender" surgia com %uatro unidades" os dois defesas" e os m/dios ala %ue" sem bola" recuam para fec#ar" para al/m" naturalmente" do guarda-redes Risto assim" ol#ando a din5mica %ue 3eisl l#e dava" o sistema em campo n$o era t$o dese%uilibrado como o primeiro ol#ar à distribui!$o do onze no papel poderia parecer &o fundo" a raz$o para este ree%uilíbrio em campo" estava numa percursora ideia de pressing e da consciência de %ue uma coisa / o valor t/cnico do Bogador visto individualmente" outra coisa" / esse valor inserido no decorrer do Bogo 3eisl percebeu isso antes de todos os outros t/cnicos no futebol &$o meHeu" como mais tarde faria erbert K#apman" na estrutura inicial" e at/ desconfiou %uando viu o ;3" mas" mesmo mantendo o c#amado modelo cl)ssico" ele alterou a forma de abordar o Bogo Teve ao seu dispor" naturalmente" um fabuloso grupo de Bogadores  A c#amada ;underteam" a e%uipa maravil#a %ue assombrou a Europa no início dos anos 2?" %uando fez uma digress$o pelo Rel#o Kontinente e" impar)vel" somou res ultados fant)sticos1 (/lgica1 9-.S Esc*cia1 8-?S ungria1 @-0S Fran!a1 6-?S Aleman#a1 9-? e 8-?S Iuí!a1 @-.S Iu/cia1 6-2 e t)lia1 0-.A 7nica derrota sucedeu frente à nglaterra" em .=20" por 6-2" num dos Bogos em %ue" reza a #ist*ria" se assistiu a uma das primeiras implac)veis marca!es ao #omem" movida em torno da grande estrela ofensiva

da selec!$o austríaca" 3at#ias Iindelar Poucos meses depois" a ustria bateu a mesma e%uipa inglesa" por 0-." %uando esta retribuiu a visita deslocando-se a Riena  A%uela derrota em nglaterra serviria" no entanto" para 3eisl perceber o %ue ainda faltava à sua e%uipa maravil#a1 maior capacidade física  o %ue se pode perceber  dos testemun#os %ue ficaram de outra figura lend)ria dos remotos anos 2? NimmJ ogan 'm treinador inglês %ue fez amizade com muitos treinadores do centro europeu e esteve" atrav/s das suas ideias" na base do muito %ue austríacos e #7ngaros" mentores do mais avan!ado futebol mundial no início do s/culo" colocaram em pr)tica" dando novos mundos ao mundo do futebol 3eisl convidara-o a passar uma temporada em Riena e passavam #oras falando de futebol En%uanto o ouvia" ia percebendo %ue se a esses conceitos lineares e #erm/ticos" acrescentasse o perfume t/cnico dos Bogadores austríacos" poderia conceber uma e%uipa nunca antes vista ogan foi um pensador do Bogo com %uem" ainda #oBe" os ingleses mantêm uma rela!$o d7bia O título da sua biografia / elucidativo1 :ogan" profeta ou traidor: &o fundo" os ingleses nunca aceitaram %ue as suas ideias tivessem saído da il#a para serem aplicadas noutros países Poucos anos depois" faria tamb/m amizade com os #7ngaros A verdade" por/m" / %ue ogan nunca foi muito bem aceite dentro da sua Rel#a  Albion" pouco receptiva a ideias %ue alterassem as suas concep!es do Bogo" mesmo %uando dogmatizadas" antes ou depois do ;3 &o p*lo oposto" a escola centro-europeia sempre recusou a t)ctica como um :livro fec#ado: e" atrav/s dos seus mestres e influências multiculturais" inovou o futebol &a vanguarda dessa mudan!a" ugo 3eisl" %uer no Bogo" como no treino" %uer na an)lise individual" como na colectiva Foi da sua autoria a c/lebre frase" ainda #oBe muito utilizada" :a mel#or defesa / o ata%ue: As refleHes %ue fazia em torno do :Bogar: da sua e%uipa reflectia muitas dessas preocupa!es" como se pode ver no seu livro :3anual para os treinadores de futebol em Riena:" escrito em .=.=" onde" a certo ponto falando da din5mica da pir5mide" dizia %ue :&a min#a e%uipa" os onze Bogadores devem estar em permanente movimento para impedir o advers)rio de adivin#ar as suas inten!es 3esmo um m/dio" se tiver oportunidade" deve avan!ar no terreno e surgir" de surpresa" na )rea advers)ria" mas" nesse mesmo instante" um seu colega deve imediatamente ocupar o seu posto em campo subitamente vazio pelo seu adiantamento no ata%ue O meu sistema" em suma" / n$o ter nen#um sistema nteligência" velocidade e surpresa s$o os factores de sucesso: Kom esta atitude crítica perante o Bogo" a escola centro-europeia marcou o início do pensamento sobre o grande futebol Ieria" ali)s a escola de 3eisl a inspirar" duas d/cadas depois" a revolu!$o t)ctica da ungria %ue iria marcar os anos 8? &$o se pense" por/m" %ue esta preocupa!$o com a %uest$o t)ctica" desprezava o valor das grandes individualidades" dos grandes Bogadores %ue ent$o B) passeavam pelo mundo do futebol Pelo contr)rio A grande diferen!a / %ue 3eisl percebera %ue essa %ualidade individual n$o podia ser vista eHactamente dessa forma1 individualmente Ela devia ser vista integrada no colectivo I* assim seria verdadeiramente %ualidade futebolística Eram preocupa!es %ue tin#a tanto no  Bogo" como no treino1 :Todos os eHercícios %ue o Bogador faz no treino com bola

contêm em si mesmo um certo perigo O perigo de poder ad%uirir uma forma de controlar a bola %ue nunca poder) por em pr)tica no Bogo real ) muita gente %ue pode ser vista praticando nos campos desportivos" impec)vel na sua t/cnica" sendo capaz de dominar a bola" c#ut)-la" etc" na perfei!$o 3as %uando en%uadrados num Bogo real" s$o in7teis &unca conseguem ter a bola em boa posi!$o para um dos seus remates" fre%uentemente fal#am o mais simples dos passes  certo %ue tal pode ser devido ao nervosismo 3as" mais fre%uentemente" a raz$o deve procurar-se no facto de %ue" no treino" todos os remates s$o feitos a partir de uma posi!$o est)tica Uuando metidos num Bogo de competi!$o" vêm-se confrontados com dificuldades impossíveis de transpor pelo facto de %ue" num Bogo real" raramente um Bogador se pode permitir ao luHo de estar parado en%uanto Boga a bola &um Bogo" %uase todas as movimenta!es s$o feitas em corrida" fre%uentemente com mudan!as bruscas de direc!$o" rodopiando" transpondo um advers)rio" acelerando" saltando" sendo carregado" etc: Para ultrapassar as e%uipas advers)rias tin#a incorporado o princípio da din5mica da t)ctica : Os onze Bogadores devem estar em permanente movimento para impedir o advers)rio de adivin#ar as suas inten!es 3esmo um m/dio" se tiver oportunidade" deve avan!ar no terreno e surgir" de surpresa" na )rea advers)ria" mas" nesse mesmo instante" um seu colega deve imediatamente ocupar o seu posto em campo subitamente vazio pelo seu adiantamento no ata%ue:  AneHado pelos nazis" a ustria e a sua e%uipa maravil#a foram desfeitas pela Iegunda Cuerra 3undial Uuando esta terminou" ap*s a morte de 3eisl" em .=2>" a sua escola futebolística perdera grande parte da sua identidade &ost)lgicas" muitas das suas selec!es e e%uipas partiram" nos anos seguintes" à procura do tesouro e do espírito da ;underteam &unca mais o encontraram > O mp/rio do :;3 +.=2?-.=28, Kom o passar dos anos" o futebol tornara-se uma not)vel for!a social no c/u nublado" nevoeiro e c#uva miudin#a da capital do eino 'nido Em .=09" a altera!$o da lei do fora-de-Bogo" onde passava a eHigir-se a presen!a de apenas dois Bogadores atr)s da lin#a da bola para o avan!ado estar em Bogo" %uando antes eram três" seria o preteHto para um #omem vision)rio lan!ar novas ideias no pensamento t)ctico sobre o Bogo1 erbert K#apman Ele iria mudar a consciência t)ctica do Bogo e criar o sistema" talvez" mais famoso de todos os tempos" pela sua ast7cia" originalidade e sedu!$o geom/trica1 o ;3" assim c#amado por%ue a forma!$o dos Bogadores em campo lembrava as pontas de ambas as letras evolucion)rio" seria o sistema %ue serviria de base a toda a evolu!$o t)ctica %ue ciclicamente marcou o I/culo do Futebol  curioso notar %ue K#apmam congeminou todo o sistema durante v)rios anos em %ue esteve afastado do futebol Iucedeu numa /poca em %ue Londres oferecia ao mundo uma li!$o de coragem ao enfrentar os bombardeamentos da Luftafe nazi K#apman retira-se do futebol e passa grande parte do tempo da Iegunda Cuerra 3undial como director de uma f)brica de armamento 4os seus tempos de Bogador  ficara-l#e a impress$o %ue eHistia" por parte de todos os agentes futebolísticos" um total desprezo por estas %uestes t)cticas &en#uma e%uipa revelava grandes

cuidados na abordagem te*rica do Bogo :&en#uma tentativa era feita para organizar a vit*ria O m)Himo de %ue me recordo eram ocasionais conversas entre" por eHemplo" dois Bogadores %ue iam actuar no mesmo flancoG" lembra no seu livro :Football Emperor: K#arles (uc#an" Bogador fundamental do seu super Arsenal" afirmava %ue o segredo da grandeza de K#apman era o de ouvir os outros t/cnicos e aproveitar as suas ideias para aperfei!oar os seus sistemas e pensamento sobre o Bogo  Amigo íntimo de ugo 3eisl" o famoso treinador austríaco" K#apman foi um inovador tamb/m noutras )reas como" por eHemplo" no uso em treinos e Bogos de uma bola branca" n7mero nas camisolas" campos mol#ados para a bola rolar mais depressa e a previs$o de %ue eHistia um grande futuro para o futebol Bogado à noite sob luz artificial 4isse-o em .=2?" ap*s ver algumas eHperiências" ent$o desprezadas" na olanda e na (/lgica A todas estas propostas" a Federa!$o nglesa dissera-l#e sempre" como respostas" %ue estava louco &outro ponto" incentivou sempre o contacto com outros países" numa /poca em %ue os ingleses desprezavam %ual%uer contacto internacional Em .=0." o udersfield %ue ent$o treinava" Bogou e venceu" 0-?" o campe$o francês ed Itar" em Paris Apesar da amizade com 3eisl" por %uem tin#a um respeito enorme" K#apman reBeitou sempre o sistema cl)ssico como um dogma (asicamente" a revolu!$o t)ctica provocada pelo ;3" %ue surge em oposi!$o à pir5mide do 0H2H8 cl)ssico" estava no recuo de dois dos cinco Bogadores do ata%ue" %ue assim passavam a ocupar postos %ue seriam designados por interiores Ao mesmo tempo" com o recuo de um m/dio centro para o meio da defesa" criava o stopper" o policia do avan!ado-centro contr)rio" e com ele as marca!es individuais mais cerradas" en%uanto os dois m/dios ala flectiam no terreno" ficando desen#ado um %uadrado a meio-campo %ue garantiria todo o e%uilíbrio da e%uipa" pelo %ue tamb/m c#amaram ao sistema o :%uadrado m)gico: de K#apman Foi tendo em conta estes recuos de posicionamento t)ctico" sobretudo o do m/dio centro para o eiHo da defesa %ue se c#amou a este novo sistema o :t#ird bacD game:" em tradu!$o livre" o Bogo dos três defesas Em confronto com o ;3 de K#apman" o cl)ssico 0H2H8 possuía" numa primeira an)lise" um car)cter nitidamente mais ofensivo" menos e%uilibrado" portanto" na ocupa!$o do espa!o a defender e a atacar &a origem do maior e%uilíbrio num/rico em campo criado pelo ;3" uma opera!$o simples1 a desloca!$o do m/dio-centro" antes fonte de organiza!$o ofensiva" para o espa!o %ue o sistema cl)ssico abrira diante da baliza" entre os dois defesas" em face da amea!a %ue a presen!a do avan!ado-centro constituiu desde %ue o fora-de-Bogo a dois passou a vigorar &a din5mica t)ctica do ;3" os defesas em vez de marcarem os avan!ados interiores do advers)rio" deslocavam-se para marcar os alas" en%uanto %ue os defesas mais adiantados marcavam em cima os interiores da e%uipa contr)ria" em vez dos alas 'ma invers$o no processo de marca!$o %ue confundia os avan!ados advers)rios Os m/dios Bogavam em frente do defesa-central" pelo %ue" na distribui!$o defensiva" a e%uipa formava um :3: Os avan!ados-interiores" NacD e Names +depois (astin," aguentavam a posi!$o para preenc#er o meiocampo Estavam criados os c#amados m/dios-interiores %ue desen#avam um %uadrado a meio-campo e um :;: na lin#a ofensiva" com os dois alas +Mingers, e

o avan!ado centro Em termos de estilo de Bogo" o ;3 assenta em longas lin#as rectas Faz desaparecer a figura organizacional do m/dio-centro para distribuir essa miss$o por cinco elementos em vez de apenas um +os do %uadrado magico" m/dios de ata%ue e interiores" e" tamb/m" ainda o antigo m/dio-centro em certos momentos do Bogo, A cria!$o e aproveitamento dos espa!os s$o a essência do sistema As posi!es dos Bogadores em campo gan#am maior import5ncia por%ue delas podem nascer e partir mais e variados 5ngulos de cria!$o de Bogo Aumentam espa!os vazios entre os Bogadores e cria-se a no!$o de passe e desmarca!$o :EHiste uma ideia base Uuanto mais depressa c#egar à baliza advers)ria menos obst)culos uma e%uipa ir) encontrar &$o eHiste mais o espa!o para to%ues %ue s$o apenas para a bancada Uuero o mel#or futebol possível" mas n$o pretendo %ue os alas insistam no #)bito de ir à lin#a final cruzar Em vez disso" %uero %ue os alas ultrapassem o defesa por dentro e arran%uem para o golo eles pr*prios Os meus Bogadores n$o s$o escravos do sistema" mas" no global" têm de seguir os princípios fundamentais da ideologia de Bogo da e%uipa:" escrevia K#apman no início dos anos 2?" ent$o em colunas de t)ctica àofootball como colaborador do IundaJ EHpress  A diversidade de movimentos dos Bogadores %ue compun#am o %uadrado m)gico do meio-campo s* era possível" no entanto" por%ue os membros da defesa ficavam sempre fiHos atr)s" como verdadeiros escravos da marca!$o Esta foi outra grande conse%uência do ;31 a cria!$o das marca!es individuais cerradas" em contraste com o anterior sistema de marca!$o por zonas %ue tin#a inspirado a pir5mide %ue o antecedeu O Bogo transforma-se numa sucess$o de :Bogos de pares: #omem-a-#omem 3as" repare-se" era" numa /poca como noutra" uma op!$o natural" mais resultado da inferioridade ou igualdade num/rica a defender do %ue de um pensamento estrat/gico defensivo muito elaborado  f)cil ver %ue no sistema cl)ssico de 0H2H8 nem podia ser de outra forma" devido à densidade provocada pela aglomera!$o dos cinco avan!ados contra dois defesas" s* refor!ados" a defender pelo recuo dos três m/dios &o ;3" com K#apman" pela primeira vez na #ist*ria do futebol #avia e%uilíbrio entre o n7mero de defesas e avan!ados Por isso" a marca!$o ao #omem En%uanto os nossos m/dios se colocam ao lado dos interiores advers)rios" os nossos interiores s$o perseguidos pelos m/dios contr)rios Os nossos avan!ados s$o vigiados pelo trio defensor advers)rio e os avan!ados destes s$o marcados em cima pelos nossos três defensores Para K#apman eram claras as bases para construir uma grande e%uipa de futebol1 :&o futebol eHistem %uatro Bogadores c#ave1 os dois alas e os avan!ados interiores Ie tivermos um bom guarda-redes e um bom stopper" tudo o %ue / necess)rio s$o dois bons eHtremos e um grande avan!ado centro O resto / indiferente: +.=2., Fun!es especificas dos avan!ados em ;1 os interiores s$o criadores de movimentos de ata%ue e preparadores" atrav/s do passe" dos remates a serem efectuados pelo avan!ado centro" essencialmente rematador Os eHtremos" condutores de ata%ues e rematadores Kom esta ideologia" os Bogadores %ue passam a ser a suprema referência de organiza!$o s$o os interiores e n$o o m/dio-centro Por isso" seriam c#amados" mais tarde" na terminologia peninsular"

os :interiores armadores: sto implicaria" tamb/m" uma mudan!a no estilo" físico e t/cnico" de v)rios Bogadores Komo em vez de combativos e rematadores os interiores passaram a ser os c/rebros da estrat/gia ofensiva" tiveram de passar a ter eHcelente domínio de bola Os eHtremos para al/m de velozes" tamb/m deveriam ser rematadores O avan!ado-centro %ue" no sistema cl)ssico" tin#a de ser um Bogador fino e #abilidoso" passa a eHigir-se" por Bogar em cun#a na defesa advers)ria" %ue seBa possante e batal#ador" apto para c#ocar com o terceiro defesa" o stopper advers)rio" para al/m" claro de ter um forte remate à baliza O stopper" deve ser" numa interpreta!$o contr)ria" tamb/m forte e poss ante" %uando antes da metamorfose t)ctica" ainda como m/dio-centro" devia ser mais elegante e tecnicista Em campo" o criador deste novo sistema se ria o Bogador K#arles (uc#an Tudo isto" características individuais e op!es colectivas de Bogo deviam" no entanto" permanecer sempre interligadas1 : O Bogador de futebol actual deve ter  em conta o %ue sabe fazer mas nunca poder) isolar-se do resto dos compan#eiros de e%uipa" visto os seus estilos serem t$o diferentes uns dos outros As características individuais de cada um nunca podem ser desprezadas" mas a coes$o de movimentos tem de ser o primeiro mandamento de uma lin#a ofensiva dizia K#apman Kom o ;3" o seu Arsenal venceria %uatro Ligas em cinco anos +.=2?<2." fazendo .0> golos" 20<22" 22<26" 26<28 I* fal#ou a de 2.<20" perdida para o Everton, &a /poca de 2?<2." a e%uipa do Arsenal faria .0> golos durante toda a Liga A sua paiH$o pelo futebol e pela t)ctica B) vin#a" no entanto" desde outros tempos" mesmo %uando muito novo &um tempo em %ue o profissionalismo ainda n$o c#egara ao sport" o Bovem K#apman ingressou na prestigiada I#effield Tec#nical Kollege" e tornou-se engen#eiro mineiro 3anteve sempre" no entanto" o futebol na mente 4urante a semana" descia às profundezas das minas de lanterna na testa Aos s)bados à tarde" como amador" Bogava football &esse per curso" dividido entre as minas e os relvados" passou pelos modestos ItalJbridge" overs" oc#dale" CrimsbJ" IMidon" I#eppeJ 'nited e ;orDs#op" at/ %ue em .=?." / convidado pelo &ort#ampton" cativado pela sua #abilidade com a bola" a assinar o seu primeiro contrato profissional 4ois anos depois" em .=?2" transfere-se por 2?? libras" para o grande &otts KountJ Ieguiu-se o Totten#am" at/ %ue em .=?>" ap*s dois anos passados %uase sempre nas reservas" regressou ao &ort#ampton e tornou-se seu treinador-Bogador Os seus primeiros grandes resultados B) tin#am surgido" por/m" no uddersfield ToMn" onde ingressa no início dos anos 0? Kom a sua ast7cia t)ctica avan!ada para o tempo" K#apman forma uma s)bia e%uipa %ue se destacava pela sua inteligência a defender e a contra-atacar" ensaiando novos princípios de Bogo" baseados no entendimento inovador %ue uma e%uipa se devia come!ar a construir  pela defesa" incutindo um ent$o pioneiro rigor defensivo Kom este sistema base" o udersfield vence três campeonatos da Primeira 4ivis$o nglesa" o 7ltimo" em .=08" sendo a primeira e%uipa na #ist*ria do futebol inglês a passar toda uma /poca sem sofrer mais de dois golos por Bogo &esse percurso" rezam os registos" %ue B) eHistira um ensaio t)ctico semel#ante ao feito futuramente no Arsenal em rela!$o à cria!$o do stopper" %uando no decorrer da FA Kup Final de .=00" o  Bogador Tom ;ilson" do udersfield" Bogara %uase todo o Bogo como terceiro defesa" entre os full-bacDs" defesas centrais &o fundo" dizem os estudiosos"

K#apman tin#a descoberto a raiz do contra ata%ue" grande arma futebolística do futuro O curso da #ist*ria come!ava a mudar Cuiado pelos seus s)bios consel#os" o udersfield vence a FA Kup em .=00 e três campeonatos da Primeira 4ivis$o" o 7ltimo" em .=08" sendo a primeira e%uipa na #ist*ria do futebol inglês a passar toda uma /poca sem sofrer mais de dois golos por Bogo O seu ingresso nos gunners -nome por%ue / con#ecido o Arsenal devido a ter sido fundado por funcion)rios de uma f)brica de armamento- nasceu numa man#$ de 3aio de .=08 em %ue fol#eava o Bornal At#letic &eMs e" de repente" deparou com o seguinte an7ncio1 :O Arsenal Football Klub est) desde #oBe aberto a receber propostas para a posi!$o de Treinador Principal EHige-se eHperiência e altas %ualifica!es para o lugar" re%uerendo-se" em ambas" ast7cia e grande personalidade : K#apman seria o eleito Uuando morreu" a 9 de Naneiro de .=26" cerca das três #oras da madrugada" vítima de um s7bito ata%ue de pneumonia %ue o levaria à morte em pouco tempo" num dia em %ue o Arsenal se preparava para receber nessa tarde o I#effield ;ednesdaJ" K#apman deiHou o futebol inglês numa encruzil#ada t)ctica  Alguns anos depois" B) na d/cada de 8?" ap*s um confronto #ist*rico em %ue uma lend)ria selec!$o #7ngara em 6H0H6 derrubaria um onze inglês ainda em ;3" muitos estudiosos fizeram dessa batal#a t)ctica como %ue um obitu)rio t)ctico a K#apman Penso ser inBusto A verdade / %ue o mestre inglês morrera cedo demais para poder continuar a liderar" atrav/s dos tempos" a evolu!$o t)ctica do futebol Ie tivesse vivido mais tempo" muito provavelmente o seu ;3 teria evoluído e o futebol inglês nunca o teria tornado %uase num dogma com p/s de barro Essencialmente" ningu/m soube recome!ar o seu trabal#o e" desta forma" a nglaterra estagnou os seus conceitos sobre o Bogo" convencida de uma superioridade %ue" como se iria em breve provar" deiHara de eHistir @ O despertar dos símbolos Torino +.=60-.=6=, O romance do Crande Torino dos anos 6?" iniciou-se" no final da d/cada de 2?" com a c#egada à presidência do clube fundado no início do s/culo por uma s/rie de dissidentes da Nuventus" do lend)rio Komendador Ferruccio &ovo" um influente industrial de Turim 4esde ragazzo %ue era um apaiHonado pelo Torino" onde Bogara nos Buvenis Kom o tempo" fizera-se #omem e" numa /poca em %ue o futebol era para rom5nticos" a vida destinou-l#e trabal#ar com o irm$o numa f)brica de utensílios de couro" %ue ambos geriam em conBunto  por entre o barul#o das m)%uinas" %ue Ferrucio &ovo" ent$o com 60 anos" sobe em .=2= à presidência do Torino" onde B) se encontrava como director ApaiHonado pelo Kalcio e gestor de empresas bem sucedido" vai conciliar estes dois factores na direc!$o do seu Torino Avan!ado no tempo" ele ser) o primeiro #omem a entender" e a antecipar" o modelo org5nico %ue iria" dali a muitos anos" reger os clubes de futebol" sociedades futebolísticas" distante do conceito de mecenas %ue ent$o come!ara a invadir todos os clubes" um pouco por todo o mundo Rision)rio" Ferrucio decide profissionalizar a direc!$o do clube A imagem

empresarial" cada membro tin#a uma competência específica" com respectiva )rea de autonomia e poder de decis$o &um tempo em %ue a cultura multieuropeia da ungria e da ustria produzia" Bunto com os ingleses" o mel#or %ue se via no futebol mundial" decide rodear-se de treinadores com essa forma!$o Foi o caso de Ernst Erbstein" um #7ngaro de religi$o #ebraica %ue" para al/m de entender de futebol" eH-Bogador do (AQ de (udapeste" era professor de educa!$o física e famoso por ser um grande condutor de #omens  ele %ue" apoiado na vis$o de Ferrucio para a contrata!$o de Bogadores e descoberta de talentos" no %ue era apoiado pelos consel#os e influências do mítico Ritorio Pozzo" seleccionador campe$o do mundo em 26 e 2@" seu amigo pessoal" vai come!ar a construir o Crande Torino As bombas da guerra tornavamse" no entanto" cada vez mais intensas Aos poucos" a louca persegui!$o antisemita de itler invade todo o mundo &um país dominado por 3ussolini" Erbstein sente a amea!a aumentar e" com a família pela m$o abandona em fuga o país 4eiHara" por/m" em gesta!$o uma grande e%uipa de futebol  assim" no ver$o de .=60" em plena Iegunda Cuerra 3undial" %ue o emblema do Toro" ap*s na /poca anterior ter terminado no segundo posto" contrata o fabuloso grupo de calciatore %ue iria formar a grande s%uadra dos anos seguintes1 da Nuventus" c#egam o guarda-redes (o-doira" o lateral (orel e o avan!ado centro Cabetto 4a Florentina e da Ambrosiana-nter" c#egam" respectivamente" os dois m/dios ala 3enti e Ferraris 4o Rarese" Ossola" e daTriestina" Crezar Apesar da categoria de todos eles" seria" no entanto" de Reneza %ue c#egariam os grandes nomes capazes de" sozin#os" virar um Bogo1 o m/dio avan!ado" LoiD e o maestro nZ .? Ralentino 3azzola" ent$o B) credenciados internacionais Ralentino 3azzola era o odolfo Ralentino dos relvados 'm futebolista à moda antiga" da%uele %ue mandava flores" perfil de gal$ de cinema mudo" cabelo coberto de bril#antina" passos elegantes e a bola tratada como uma pe!a de cristal 'm perfil latino" rom5ntico e sedutor" mas %ue" %uando as circunst5ncias o eHigiam" tamb/m cerrava os dentes e voava para um tacDle Foi o primeiro grande nZ .?" entendido como o regista do colectivo" no futebol europeu Antecipou o futebolista moderno Forte fisicamente" perfeito controlo de bola" drible apurado" grande vis$o de Bogo e remate forte Para ele" a bola n$o tin#a segredos Fez .>?  Bogos com a maglia granata e apontou => golos 3orreu com 2? anos Para muitos %ue ainda o viram em ac!$o ele foi o mel#or Bogador italiano de todos os tempos Tacticamente vivia-se um período de transi!$o 4e Londres" c#egavam os ecos de um revolucionador sistema inventado no Arsenal por um mago t/cnico c#amado erbert K#apman1 o ;3  nesse novo sistema" interpretado por Bogadores de grande talento e inteligência %ue" na /poca de .=60<62" o Torino" ent$o treinado por Andrea QutiD e" depois" por Antonio Nanni" inicia" abandonando o vel#o m/todo de 0-2-8" o seu demolidor ciclo de domínio O título desse ano B) fora con%uistado por entre as bombas da guerra Toda a t)lia est) feita em estil#a!os" dividida entre fascistas e partigiani" os resistentes %ue apoiavam as for!as aliadas &esse conteHto" o futebol n$o pode continuar e" em .=62" o K)lcio sucumbe à guerra e at/ .=68 os campeonatos param Finda a guerra" com 3ussolini enforcado em plena pra!a p7blica" toda a t)lia regressa aos poucos à vida O futebol vai" por entre essa atmosfera de ressurrei!$o nacional" desempen#ar um papel fundamental Ele" com os seus

m)gicos calciatore e os Est)dios c#eios" ser$o uma fonte de alegria dentro de um país %ue recuperava dos traumas da guerra 4ois anos depois" o Torino ainda conserva o onze %ue" em .=62 come!ara a deslumbrar todo o K)lcio As estrelas %ue formavam a base do onze" Buntam-se o guarda-redes (aciglupo" do Iavona" o lateral (allarin" da Triestina e o m/dio Kastigliano" do Ipezia Ainda fora do país" Erbstein espera pelas mel#ores condi!es para regressar  com Luigi Ferrero no banco %ue" em .=68<69" o Crande Torino reinicia a sua cruzada vencedora Os analistas actuais %ue tiveram o privil/gio de ainda verem in loco essa grande e%uipa falam %ue ela antecipou em" pelo menos 0? anos" o c#amado Futebol Total %ue surgiria nos anos >?" base do futebol moderno Era um  Bogo onde os Bogadores n$o tin#am posi!$o fiHa no terreno 4otados de grande condi!$o atl/tica corriam o campo todo" desdobravam-se em compensa!es e todos tin#am a baliza na mente mpar)vel" con%uista os primeiros dois Icudettos do p*s-guerra Em .=6>" Erbstein regressa ao clube O presidente Ferrucio &ovo recebe-o de bra!os abertos Nunto com oberto Kop/rnico" v$o continuar a epopeia futebolística Os seus Bogadores" com 3azzola sempre como grande líder terreno e espiritual" gan#am uma )urea divina Em 6@<6=" &ovo sente %ue / #ora de renovar e contrata o m/dio #7ngaro Ic#ubert e os avan!ados franceses (ongiorni e Crava O campeonato" por/m" n$o come!a bem Os resultados n$o surgem e &ovo decide afastar o t/cnico inglês Leslie LievesleJ" pedindo a Erbstein" ent$o director t/cnico" para regressar ao banco ncapaz de dizer n$o" o #7ngaro volta a pegar na e%uipa e" num )pice" o Toro retoma a senda de vit*rias  A fama %uase sobrenatural da e%uipa come!a a percorrer toda a Europa" mas" num tempo em %ue as competi!es europeias ainda n$o tin#am sido inventadas" faltava a consagra!$o internacional deste fabuloso onze A%uelas fant)sticas eHibi!es eram %uase eHclusivas dos italianos e dos tiffosi %ue" em dia de Bogo" enc#iam as bancadas do vel#o Est)dio Filad/lfia" casa do Crande Torino Por isso" muitas vezes" Ferrucio &ovo aceitava disputar particulares por essa Europa fora Em todos os países por onde passavam eram recebidos %uase com #onras de Estado  dentro desse espírito %ue" a 2 de 3aio de .=6=" se deslocam a Lisboa para defrontar o (enfica na festa de despedida do capit$o encarnado Francisco Ferreira  Ap*s o Bogo" %ue o (enfica venceu por 6-2" a comitiva embarcou de regresso  Apesar do mau tempo" tudo parecia normal no momento em %ue o avi$o %ue a transportava" se fez à pista do aeroporto turinense 3as" %uando se prepara para aterrar" o temporal intensifica-se e os pilotos perdem o controle do avi$o" %ue" desgovernado" esmaga-se contra a colina de Iuperga" nas traseiras da (asílica com o mesmo nome" às portas da cidade O estrondo foi gigantesco &$o #ouve um 7nico sobrevivente 3orrem 2. pessoas" %uando o avi$o %ue traz a e%uipa de Lisboa se despen#a no momento em %ue se prepara para aterrar Entre elas est$o os .@ Bogadores do Crande Torino dos anos 6?1 3azzola" igamonti" Crava" LoiD" (aci-glupo" (allarin " (allarin " Fadini" Kastigliano" Cabetto" (ongiorni" Ceza r" 3aroso" 3artelli" 3enti" Ossola" Operto e IupertS 0 Treinadores1 Egri Erbstein e LievesleJ" e 0 dirigentes" Agnisetta e Kivalleri 'm sentimento de desespero e emo!$o percorreu toda a t)lia Todo o Crande Torino morria na%uele terrível acidente Kom todo o mundo em estado de c#o%ue"

o funeral colectivo dos míticos Bogadores fica para a eternidade como a maior manifesta!$o de dor e sofrimento %ue alguma vez viveu o futebol mundial &a mem*ria de %uem ama o futebol" ser$o eternamente campees = ungria" as terras do 3aBor Calopante K#amaram-l#e nAranJacspat -e%uipa de ouro" em #7ngaro A sua constru!$o" vida e obra" mudando a face t)ctica do futebol para sempre" / das mais apaiHonantes p)ginas da #ist*ria do futebol mundial Kriada pela política e pela for!a das armas" acabaria por con#ecer o seu fim" alguns anos depois" atrav/s dos mesmos meios Em campo" uma e%uipa :eHtraterrestre:" com Bogadores %ue entendiam o futebol como mais ningu/m no mundo na%uela /poca O p)ssaro louco Qocsis" o fantasma idegDuti" o veloz Kzibor" o intelectual alearías" a batuta de (osziD" o el)stico Crocis e" claro" o 3aBor Calopante" PusDas" mais do %ue um Bogador de futebol" uma par)bola da vida nos relvados e fora deles Ie recuarmos cerca de meio-s/culo na #ist*ria do futebol mundial" vamos encontrar uma correla!$o de poderes e estilos %ue colocava em confronto %uatro escolas e filosofias bem definidas1 o futebol latino" escola de virtudes t/cnicasS o futebol sul americano" paraíso de magos" mas" num tempo em %ue as fronteiras ainda eram o %ue eram" distante dos ol#os europeusS o futebol inglês" rude e tradicional" com lan!amentos longos e correriasS e o futebol centro-europeu" misto de frieza de Leste com bordado de t/cnica" onde crescera o estilo rendil#ado e" ao mesmo tempo" atl/tico" da ustria" K#ecoslov)%uia e ungria ntegrado no cen)rio centro europeu" ber!o da ;underteam austríaca de 3eisl" os #7ngaros cultivavam um re%uintado estilo de futebol %ue se e%uilibrava" de forma %uase sobrenatural" entre a for!a e a t/cnica 4epois de terem c#egado à final do 3undial-2@" com uma e%uipa construída em torno de Iarosi e do interior es%uerdo Izengeller" a 3agJar LaddarugoD Izovets/ge" a Federa!$o 7ngara de Futebol" ambicionava reconstruir um onze capaz de assombrar o mundo O inspirador %ue aBudaria à constru!$o dos pilares ideol*gicos seria o mesmo %ue estivera ao lado de 3eisl na funda!$o do estilo da ;underteam austríaca dos anos 2?" NimmJ ogan 4esta vez" o seu compan#eiro de : trinc#eira: para nova revolu!$o futebolística seria um treinador" menos vision)rio" mas igualmente s)bio a pensar o Bogo Custav Iebes 4izia %ue" para ele" o futebol era uma %uest$o eHistencial 4esportiva e at/ política Kostumava dizer %ue %ual%uer Bogo internacional era como um confronto entre o capitalismo e o socialismo Uue esse desafio acontecia num relvado de futebol" como em %ual%uer outro sector da sociedade  A primeira apari!$o deste onze de ouro magiar deu-se com a vit*ria nos Nogos Olímpicos de .=80" em elsín%uia" mas a sua consagra!$o eterna na #ist*ria do futebol mundial" sucederia a 08 de &ovembro de .=82" data em %ue se deslocaram a Londres para defrontar a nglaterra num Bogo particular Tacticamente astuto" Iebes sabia %ue ia defrontar o famoso ;3" rígido" com as suas implac)veis marca!es individuais e um poder físico inesgot)vel" tradi!$o do cl)ssico futebol inglês" adepto do c#o%ue" perseguindo os advers)rios at/ os fazer  desaparecer por %ual%uer buraco na relva Iabia" tamb/m" das conversas com ogan" %ue fora nesses factores %ue apesar da maior %ualidade individual e colectiva com a bola" a bela ustria de 3eisl" fil#a da mesma escola centro-

europeia" perdera em Londres o 7nico Bogo da sua vida durante os idos anos 2? N) tin#am passado duas d/cadas" mas pouco mudara em termos globais na abordagem do Bogo O ;3 derrubara o sistema cl)ssico" mas a vis$o t)ctica do  Bogo continuava demasiado posicional" rígida mesmo Iemanas antes do dia do Bogo" Iebes desloca-se a Londres para assistir a um  Bogo entre a nglaterra e uma selec!$o do resto do mundo Amigo de ItanleJ ous" presidente da Federa!$o nglesa" de %uem recebera pessoalmente o convite para visitar nglaterra" Iebes desceu ao relvado pouco antes do início do  Bogo e reparou %ue a bola nunca saltava mais de um metro Ficou curioso e na man#$ seguinte regressou ao Est)dio Kal!ou umas c#uteiras e" de fato e gravata" correu com a bola no relvado" fez uns remates e observou os ressaltos %ue ela fazia 3ediu a largura e o comprimento do campo" perante o ol#ar espantado dos tratadores de relva e" antes de partir de regresso a (udapeste" pediu ao amigo ItanleJ ous %ue l#e oferecesse três bolas de marca inglesa egressado à ungria" alargou o campo de treinos para ..? por >? e" três vezes por semana" os  Bogadores treinavam com as bolas inglesas" simulando situa!es de Bogo" um eHercício %ue nessa altura ainda era muito pouco vulgar na maioria dos países Uuando meses depois a selec!$o magiar entrou no ;embleJ B) nada l#e era estran#o Iebes tin#a reproduzido" num simples campo de treinos de (udapeste" todos os importantes pormenores do fant)stico cen)rio inglês Iebes vivia preso a pe%uenos detal#es Todos eram decisivos para o Bogo Pela primeira vez os n7meros nas camisolas - at/ #) poucos anos uma referência da posi!$o %ue os Bogadores ocupam em campo- foram utilizados para confundir os advers)rios &essa tarde" os brit5nicos" no relvado e na bancada" n$o entendiam onde  Bogavam os magiares" com" por eHemplo" o nZ = a surgir na defesa e o nZ 2 presente no ata%ue (astaria" depois" meHer uma ou duas pe!as em campo" a din5mica da t)ctica" para o rígido ;3 se desmoronar como um castelo de cartas  Ao entrar em campo" at/ parecia %ue os #7ngaros iam Bogar no mesmo sistema Uuando se come!aram a mover" no entanto" viu-se %ue n$o Iabendo %ue os ingleses iriam Bogar em marca!es individuais" o grande segredo t)ctico esteve nos recuos estrat/gicos do falso avan!ado-centro +idegDuti, e dos eHtremos %ue se colocavam sempre bem abertos sobre os flancos &esses movimentos eram acompan#ados pelos seus marcadores 3al idegDuti recuava e o :stopper: No#nston %ue Bogava em cima dele era obrigado a subir três-%uatro passos no terreno Era ent$o nesse momento %ue" transformado em segundo avan!ado" fazia o passe para os espa!os vazios" nas costas da defesa inglesa" com esse movimento colocado fora do seu posicionamento #abitual" onde" ap*s velozes diagonais" surgiam a voar baiHin#o" nas costas desprotegidas dos defesas ingleses %ue tin#am subido para marcar individualmente" os eHtremos +(udai e Kzibor, ou os interiores +PusDas e Qocsis, B) isolados diante do guarda-redes inglês 3erricD &o meio-campo" atrasava um dos m/dios" en%uanto %ue outro mantin#a-se adiantado Ou seBa" a defender mantin#a-se a forma!$o em :3: A atacar" por/m" bastou recuar o avan!ado-centro" e o :;: tamb/m passou a ser um :3: Iob a sumptuosa relva de ;embleJ" diante do nariz dos altivos ingleses" um grupo de onze #7ngaros reduziria a cinzas o vel#o ;3 orgul#osamente criado e Bogado

pelos ingleses" at/ ent$o considerado um sistema invencível e %uase perfeito Ritoria por 2-9 A primeira derrota em casa da nglaterra contra uma s elec!$o n$o brit5nica 'm mês depois" em Praga" voltaram a vencer1 >-. Foi o nascer da figura do segundo avan!ado" origin)ria no avan!ado-centro recuado Tamb/m os eHtremos passaram a ter no!es de apoio e os interiores assumiam-se como construtores" finalizadores e recuperadores O 6H0H6 come!ava a amea!ar marcar  uma /poca Era uma boa base" em termos de estrutura" mas n$o seria nada se com ele" em campo" n$o estivessem" depois" elementos como o pressing" a velocidade e" sobretudo" entender %ue mais do %ue marcar e controlar os advers)rios" o importante / dominar os espa!os e o timing da entrada da bola neles Era" pura e simplesmente" o nascer do Futebol Total %ue" 0? anos mais tarde" o mundo %uis atribuir apenas à escola #olandesa &$o foi Os percursores foram os #7ngaros e" lembrando a ustria dos anos 2?" todo o futebol centro europeu desde .=2? a .=89 3uito do %ue #oBe se fala sobre polivalência dos  Bogadores B) tin#a sido feito pelos #7ngaros em meados do s/culo passado PusDas" o primeiro eal 3adrid gal)ctico Konta (est" no seu livro As min#as #ist*rias de futebol favoritas" %ue %uando B) retirado #) alguns anos foi" em finais dos anos @?" visitar uma escola de futebol com outras estrelas do passado" notou %ue um dos grupos de mi7dos resmungava com a sua sorte1 Kom tantos cra%ues logo a n*s nos #avia de cal#ar este vel#o gordo e baiHote (est ia a passar" reparou e decidiu parar K#amou ent$o tal figura gordita e pediu-l#e para" diante da plateia" matar a bola no peito e" a cerca de 2? metros da baliza" c#utar à barra 4ito e feito epetiu o tru%ue uma e outra vez 4epois" %uando l#e pediu" o gordito parou a bola no calcan#ar" levantou-a suavemente e" com um tiro colocado" colocou-a na baliza mesmo Bunto ao 5ngulo &um )pice os mi7dos ficaram bo%uiabertos 3as nem sabemos o seu nome" Koac#" disse um míudo (est n$o o deiHou responde r Ol#ou para o petiz futeboleiro e disse-l#e com solenidade e de dedo espetadoS Eu" posso-o tratar por tu Para vocês" ele / 3ister PusDas &essa altura" #) muitos anos %ue PusDas B) n$o regressava à sua ungria 4a mesma forma %ue fora formado" o onved" base da selec!$o #7ngara dos anos 8?" tamb/m seria desfeito pela for!a das armas e da política Tudo sucederia em .=89" na c#amada Primavera de Praga" %uando os tan%ues sovi/ticos invadiram a cidade e esmagaram a revolu!$o O onved e os grandes Bogadores #7ngaros estavam ent$o em (ilbao para disputar um Bogo da Ta!a dos Kampees 3uitas figuras da e%uipa decidiram ficar no Ocidente em eHílio for!ado Entre eles" Qocsis" Kzibor +%ue acabariam ambos no (arcelona, e PusDas nclemente" a FFA" pressionada pela Federa!$o 7ngara aplicou-l#e um castigo de .@ meses sem Bogar Uuando terminou a suspens$o" em Nul#o de .=8@" PusDas estava com 2. anos e tin#a engordado .@ %uilos Os grandes clubes n$o se interessaram pela sua contrata!$o Foi ent$o %ue surgiu o eal 3adrid" atrav/s do #7ngaro Emil sterreic#er" antigo director do onved %ue tamb/m fugido da p)tria magiar se refugiara em Espan#a" onde se tornara director do eal 3adrid Foi ele a convencer Iantiago (ernab/u a contratar PusDas Apesar de uns %uilos a mais" dizia" continuava um grande Bogador" capaz" ainda" de fazer muitos golos

 Assim foi Treinou muito" perdeu algum peso" e" %uando c#egou a 3adrid" encontrou B) uma grande e%uipa 'ma esp/cie de vers$o antiga da era gal)ctica %ue nos tempos modernos voltou a invadir a casa merengue E a voca!$o multinacional do eal 3adrid" onde" ao longo dos tempos" c#egaram Bogadores e treinadores de todo o mundo Entre #7ngaros" Bugoslavos" argentinos e franceses" cada um deles deiHou algo de si e do seu futebol" gerando um estilo %ue" embora temível" carecia de #omogeneidade t)ctica e estilística O primeiro a c#egar foi 4i Itefano A #ist*ria da sua contrata!$o nascera em .=82 3ais ou menos por essa altura" o eal 3adrid comemorava o seu cin%uenten)rio Para tal" organizou-se um torneio internacional convidando o 3ilion)rios de (ogot)" dono de uma e%uipa fant)stica" o (ailado Azul" onde Bogava um Bovem lourin#o ent$o pouco con#ecido na Europa Foi ent$o %ue" frente ao eal e perante o p7blico madrileno" os 3ilion)rios deram um festival de futebol 4i Itefano esteve endiabrado1 fez dois golos e comandou toda a e%uipa 'm maestro com uma varin#a m)gica" cada vez %ue tocava na bola tudo à sua volta ficava suspenso" #ipnotizado pela sua t/cnica" velocidade e vis$o de Bogo &unca na Europa tin#a sido visto algo igual &a tribuna" deslumbrado" Iantiago (ernab/u n$o #esitou1 Uuiero el rubio Uuiero %ue me fic#en el rubio O verdadeiro :maestro:" capaz de" na mesma e%uipa" ser" ao mesmo tempo" o mel#or defesa" o mel#or m/dio e o mel#or avan!ado Konduzidos pelo glamour t/cnico" de re%uinte %uase real do mago gaulês Qopa" %ue se revelara pela selec!$o francesa e pelo Itade eims" 3adrid descobriria os encantos do belo football &um tempo em %ue o perfume dos dubladores ainda encantava o mundo do futebol" o seu talento t/cnico seduzia %ual%uer bola" em %ual%uer relvado do mundo &o flanco direito" Cento" o supers[nico eHtremo branco a %uem um Bornalista sul-americano Bura ter contado seis pernas e %uatro bra!os Nuntos" 4i Itefano" PusDas" Qopa e Cento iriam provocar um furac$o em todo o futebol espan#ol e europeu" dando ao eal" cada %ual na sua /poca" cinco Ta!as dos Kampees Europeus consecutivas" de .=89 a .=9?" a 7ltima demolindo o campe$o alem$o Eintrac#t FranDfurt" em ClasgoM" por >-2 &a evolu!$o do estilo de Bogo de PusDas da ungria e do onved para a Espan#a e o eal 3adrid" est)" para al/m das suas evidentes altera!es morfol*gicas e avan!ar da idade" a ilustra!$o de como o contra-ata%ue passara a ter" a partir dos anos 9?" um papel dominante na estrat/gia das e%uipas em campo &a ungria" PusDas" embora com vis$o ofensiva e goleadora" era estruturalmente um #omem do meio-campo" ou" numa defini!$o mais precisa" um Bogador %ue actuava nessas )reas" ficando depois Qocsis mais perto da )rea" como avan!ado puro Era um organizador com precis$o de passe" rente à relva ou pelo ar" aproveitando as desmarca!es dos compan#eiros e o Bogo a/reo fabuloso de Qocsis  Alguns anos mais tarde" no eal 3adrid" vamos descobrir um PusDas diferente Pode parecer estran#o" mas agora sim" aproHimava-se mais no estilo de Bogar à denomina!$o de 3aBor Calopante" fintando em espa!os curtos" escondendo-se das marca!es 3ais frio e simplista a eHecutar Apesar de mais pesado" a velocidade at/ parecia ter aumentado nos espa!os mais longosTudo isto era"

afinal" conse%uência da nova vida %ue o seu Bogo de segundo avan!ado-centro encontrava em campo Kom muitos advers)rios em seu redor" sentia necessidade de recuar no terreno" esperar a subida deles e" depois" aproveitar o contra-ata%ue para eHplorar os momentos em %ue a densidade defensiva nas zonas contr)rias B) n$o estava t$o forte Ou seBa" o seu g/nio individual gan#ou maior amplitude em campo e passava a eHplodir menos vezes" mas %uando o fazia" era como um rel5mpago no Bogo Pensem nos golos %ue marca ao (enfica na Final da Ta!a dos Kampees de (erna em .=90 'm espel#o perfeito dos princípios da velocidade de contra-ata%ue imposta no corredor central de forma independente N) n$o o vi Bogar" claro" ao vivo I* imagens de vídeo 4essas fitas" #) uma %ue nunca es%ue!o" numa /poca em %ue" por mais estran#o %ue pare!a" ele B) pendurara as botas #) pouco mais de meia d7zia de anos Foi em .=>." B) a cores" data do início do ciclo de domínio de KruJff e seus poetas #olandeses no futebol europeu O cen)rio" ;embleJ mpar)vel" o ABaH vencia o Panat#inaiDos e con%uistava a sua primeira Ta!a dos Kampees Europeus &o entanto" apesar do talento do g/nio #olandês" para muitos %ue estiveram presentes ou viram pela televis$o o Bogo dessa tarde" a principal mem*ria reporta aos minutos antes do apito inicial" %uando" durante cerca de meia #ora" o relvado fora pisado por um mago de outras eras PusDas" pois claro" ao tempo treinador do campe$o grego 4urante o período de a%uecimento ao seu guarda-redes Donomopoulos deslumbrou as bancadas repletas com um festival de remates de fora da )rea %ue terminavam invariavelmente no fundo das redes" entrando no 5ngulo ou sem #ip*tese para o seu :Deeper:" tal a coloca!$o %ue levavam Para muitos foi aí %ue o Panat#inaiDos come!ou a perder o Bogo" como mais tarde o pr*prio guardaredes #el/nico admitiria num desabafo1:Ie levo golos do vel#o" o %ue me espera frente a KruJff" Qaiser" 3u#ren e compan#ia: &esse tempo" o 3aBor galopante" B) tin#a 66 anos mas continuava" como nos seus )ureos tempos de Bogador" no cora!$o dos anos 8?" a passear o mesmo porte com o cabelo reluzente c#eio de bril#antina .? O estran#o mundo do pressing 4iz ector Kuper %ue :em cada dez anos muda o físico dos Bogadores e com isso as suas capacidades de pressing" corrida e tacDle  uma refleH$o interessante %ue nos leva para o centro do cora!$o do futebol moderno A intensidade de Bogo Iem bola" sobretudo 4iz Platini %ue" no futebol" tudo o %ue / defensivo +sistemas de marca!$o, depende do treinador" en%uanto %ue tudo o %ue / ofensivo +remate ou passe, depende do Bogador Outra refleH$o te*rica" %ue" pelo seu conte7do" leva-nos a pensar numa esp/cie de Bogadores %ue molda #oBe a atitude competitiva de muitas grandes e%uipas1 os recuperadores de bola &o fundo" outro camin#o para c#egar ao mesmo destino" onde est) a palavra %ue devora #oBe o futebol competitivo1 Pressing Uuando surgiu" atrav/s da ungria dos anos 8?" embora sem esse nome" o pressing a todo o terreno" iniciado ainda no meio-campo advers)rio" tin#a dois obBectivos claros1 impedir o advers)rio de pensar elaborando Bogadas e recuperar a bola o mais cedo possível Kom a olanda" na d/cada de >?" gan#ou uma forma mais sistematizada em campo e adicionaria a filosofia de posse Ter a bola a

maioria do tempo para controlar os diferentes ritmos de Bogo e gerir as suas mudan!as conforme a conveniência t)ctica do momento" mais r)pido ou mais lento" mais vertical ou mais apoiado  essa efic)cia em maneBar estes dois tempos +recupera!$o de bola e controlo da sua posse, %ue muitas e%uipas têm dificuldade em realizar Por todo o mundo" abundam" cada vez mais" os c#amados ladres de bola Em muitos casos" por/m" esse pressing esgota-se na ac!$o defensiva sto /" pressiona-se apenas para n$o deiHar o advers)rio Bogar Por cada três bolas recuperadas" perdem-se duas logo a seguir  necess)rio" portanto" para dar sentido construtivo ao pressing" %ue" no momento seguinte" a e%uipa saiba trocar a bola Ou seBa" depois do esfor!o" o talento Ontem como #oBe" Bogadores com essa característica bífida s$o os verdadeiros motores do onze Em vez de Bogar para pressionar Pressionar para Bogar Parece a mesma coisa" mas n$o / E a diferen!a / grande Pensem nas v)rias Nuventus de Lippi" nos anos =?" com 4esc#amps" Iousa ou 4avids" tudo Bogadores com a mec5nica controlada pela imagina!$o Kolectivamente" estes dois tempos dividem-se" primeiro" no pressing sem bola" encurtando o campo" segundo" ap*s a sua recupera!$o" na capacidade de a fazer  girar" alargando-o às %uatro lin#as Era o %ue fazia a olanda de >6 ou o 3ilan de Iacc#i nos anos @?" este com a c#amada zona pressionante" ou" noutro registo" lan!ando a bola em profundidade" como o (arcelona de KruJff" outra referência do pressing" embora em moldes diferentes" com precisos passes longos eHecutados pelo libero Qoeman para os eHtremos ou alas bem abertos nos flancos 4efender e atacar Apenas Bogadores da%uele tipo" %ue bril#am tacticamente com e sem bola" s$o capazes de entender essas duas formas de vida numa zona de risco como a do espa!o na frente da defesa I$o Bogadores muitas vezes %uase invisíveis Esta teoria da invisibilidade para  Bogar bem" lembra uma #ist*ria contada por 3asc#io" vel#o cra%ue argentino a  Bogar em t)lia por início dos anos 9? Era um artista" s* %ue uma tarde" pressionado por um desses tais recuperadores de bola %uase nem tocou na bola" at/ %ue" agastado" foi ter com o seu marcador e disse-l#e1 :Ouve" rapaz" sabes por%ue /s importante na tua e%uipa" Por%ue n$o te vêem Portanto" continua assim" mas deiHa-me a bola: Klaro %ue este bom ladr$o de bolas nem o ouviu E 3asc#io continuou sem tocar nela at/ ao fim Ap*s o Bogo" confessou %ue deseBou voltar à sua Argentina A%uilo n$o era o :seu futebol: 4ois conceitos de pressing" o lateral basculante e o vertical em profundidade I* com o pressing vertical" ficando ap*s a recupera!$o de frente para o meio-campo advers)rio" uma e%uipa controla o Bogo e d) profundidade aos seus movimentos  um pressing construtivo Uuando feito lateralmente" coloca a e%uipa virada para a lin#a lateral ap*s a recupera!$o  um pressing destrutivo Ieguindo este símbolo de modernidade" as e%uipas s$o #oBe muito avaliadas em fun!$o da capacidade de pressing EHiste a teoria de %ue uma e%uipa para pressionar bem" tem de pressionar alto &$o / verdade O pressing pode ser da mesma forma bem feito em bloco m/dio" m/dio--baiHo ou at/ baiHo Tudo depende da filosofia de Bogo do treinador" características dos  Bogadores e forma de Bogar do advers)rio O treinador e suas circunst5ncias Falamos a%ui" aten!$o" de uma ideia colectiva de pressing" diferente da press$o isolada" feita apenas por alguns Bogadores" os mais agressivos" mas sem uma

consistente no!$o pr/via de organiza!$o Por princípio" pressionar alto significa adiantar lin#as e tentar recuperar a bola em zonas o mais adiantadas possíveis" evitando %ue a e%uipa recue ap*s a sua perda" tentando resgat)-la logo onde a perdeu Para activar esse pressing alto / comum destacar-se um Bogador para o eHercer numa primeira inst5ncia" logo ap*s a perda da bola Em geral" %uem o faz / um m/dio interior As movimenta!es s$o determinadas pelos princípios da zona e têm sempre como referência a bola  a c#amada zona pressionante 'm bom eHemplo foi o LJon com Nunin#o e Tiago sempre muito subidos 3as" repare-se" o pressing" por si s*" n$o produz nada Kada Bogador tem de saber %ual o movimento subse%uente à recupera!$o 'ma %uest$o %ue nos leva a debater dois conceitos de pressing" o lateral basculante e o vertical em profundidade I* com o pressing vertical" ficando ap*s a recupera!$o de frente para o meio-campo advers)rio" uma e%uipa controla o Bogo e d)" ao mesmo tempo" profundidade aos seus movimentos  um pressing construtivo Uuando" ao inv/s" ele / feito lateralmente" coloca a e%uipa virada para a lin#a lateral ap*s a recupera!$o" com" naturalmente" maiores dificuldades em dar seguimento construtivo à Bogada E um pressing destrutivo Para Bogar assim" numa zona pressionante em profundidade" / preciso ter" por/m" Bogadores com %ualidade t)ctica +marca-desmarca, e t/cnica +recep!$o-passe, para eHecutar essa tarefa &em sempre" no entanto" a press$o alta / mel#or %ue a press$o em bloco baiHo" com a lin#a intermedi)ria encostada à defesa  verdade %ue nesta op!$o as lin#as da e%uipa recuam" mas" ao mesmo tempo" as do advers)rio sobem" dando mais espa!o nas suas costas 3ant/m-se a cobertura atr)s e" recuperada a bola" pode surgir uma transi!$o r)pida com passes longos para os espa!os vazios Ie" noutra estrat/gia" %uiser tornar o ritmo mais lento" pode sair em Bogo apoiado" congelando a bola I$o din5micas diferentes  A pr*pria zona pressionante pode ser eHecutada t$o eficazmente dentro dos princípios do pressing alto como nos de pressing em bloco baiHo Para isso" tem" naturalmente" de ter Bogadores %ue dominem os espa!os em zonas mais recuadas e ten#am capacidade de passe longo Este conceito de pressing baiHo n$o est) obrigatoriamente ligado a e%uipas com menores atributos t/cnico-t)cticos  tudo uma %uest$o de estrat/gia Fazer campo pe%ueno a defender e campo grande a atacar 'ma filosofia típica das cínicas e%uipas italianas" como o nter de Kuper ou 3ancini" com dois m/dios-defensivos posicionais e grande dist5ncia entre-lin#as meio-campo e ata%ue &a maior parte do ciclo de 3ourin#o" o K#elsea Boga num bloco m/dio por iniciativa pr*pria ndependentemente da mudan!a de estrutura do 6H2H2 para o 6H6H0 processo idêntico ao feito no Porto" essa nova sistematiza!$o da zona pressionante / a %ue mel#or e%uilibra o onze nas transi!es defesa-ata%ue Os  Bogadores escol#idos tiveram em mente esta ideia de press$o epare-se1 3aDelele fica sempre posicional atr)s" e" a seguir" a lin#a de três m/dios à sua frente +Essien-(allacD-Lampard, recua e avan!a conforme os diferentes momentos do Bogo" mas" sem bola" n$o #esitam em aproHimar-se de 3aDelele" a 5ncora do onze" ficando a e%uipa a pressionar num bloco m/dio-baiHo 4epois" voltam a adiantar lin#as e surgem mais perto do meio-campo" num bloco m/dioalto O fundamental /" em todos os momentos do Bogo +e zonas onde ele se desenvolve, ter sempre presente a c#amada no!$o construtiva do pressing As

grandes e%uipas do futebol europeu s$o a%uelas %ue sabem dominar a zona pressing por todo o campo sem nunca perder disciplina e elasticidade posicional &unca es%uecer %ue ele / o primeiro passo para Bogar Ie ap*s recuperar a bola n$o eHistir uma ideia clara do %ue fazer com ela" a press$o esgota-se em si mesmo Tudo deve ser" portanto" sistematizado no colectivo I* assim se decide %ual a mel#or forma de pressionar1 em bloco alto" baiHo ou m/dio &este conteHto" o mais importante para uma e%uipa se sentir personalizada em campo passa por conseguir manter sempre a no!$o de pressing vertical )" por/m" a%uelas %ue assimilam mel#or esse conceito de tal forma %ue ele passa a ser a base da constru!$o e aplica!$o dos seus princípios de Bogo &um dos confrontos entre 3ourin#o e ;enger" em 0??9" o K#elsea-Arsenal - Bogo pouco atraente mas tacticamente muito rico - foi" nesse sentido" um eHcelente eHemplo E isto por%ue na forma das duas e%uipas o realizar" podiam ver-se duas faces da press$o Por um lado" a press$o em profundidade eHecutada pelo K#elsea" num movimento sublimado pelo trio do meio-campo 3aDelele-Lampard--CudBo#nsen" apoiado" na recupera!$o" pelos alas obben-4uff Todos eles pressionam na vertical" dominando espa!os e vigiando marca!es  A tentativa de recupera!$o da bola contempla sempre" ao mesmo tempo" o %ue fazer com ela a seguir" mal se recupere a sua posse 'm eHercício bífido de recupera!$o-distribui!$o no %ual o Arsenal sentiu ent$o maiores dificuldades" visto tanto a sua defesa" como" sobretudo" o seu meio-campo +Kesc-Cilberto Iilva" no centro" leb-LBungberg" nas alas, terem antes praticado uma press$o atrav/s de bascula!es laterais" em vez da indicada press$o vertical" na %ual s* Kesc se mostrou activo a realizar Foi" no entanto" um esfor!o individual ingl*rio" pois o pressing" entendido como instrumento base do  Bogar de uma e%uipa" s* faz sentido se for feito em conBunto" por todo o onze" e n$o apenas em esfor!os isolados I* com o pressing vertical a e%uipa controla os timings de recupera!$o e d)" ao mesmo tempo" profundidade aos seus movimentos sem bola Outra e%uipa %ue eHecutou com classe este movimento de pressing foi a Nuventus de Kapello Para perceber estas no!es na pr)tica" bastava seguir os passos de Rieira e Emerson Klasse t)ctica pura .. :Transi!es: a terceira dimens$o do futebol &os anos 2?" ugo 3eisl criou o primeiro dogma :A mel#or defesa / o ata%ue: &os anos 9?" elenio errera" mestre do Kate-naccio" afirmou %ue :os bons avan!ados gan#am as finais" mas s$o os bons defesas %ue gan#am os campeonatos: 'm c#o%ue de conceitos %ue se resolve com uma frase de (oris  ArDadiev" vel#o t/cnico sovi/tico" professor de LobanovsDi1 :&$o eHiste futebol ofensivo ou futebol defensivo EHiste futebol #armonioso: egressar às raízes / sempre bom no debate filos*fico-futebolístico Os resultados actuais n$o deiHam d7vidas1 uma e%uipa %ue saiba defender / sin*nimo de um lugar no alto da classifica!$o  errado" por/m" na aprecia!$o colectiva a uma e%uipa" distinguir-se" %uase como compartimentos estan%ues" o momento defensivo do momento atacante Ambas est$o relacionadas e a coes$o do bloco depende" eHactamente" dessa no!$o conBunta" cuBa consagra!$o m)Hima

emerge na efic)cia e velocidade das transi!es defesa-ata%ue-defesa 4epois" nesse Bogo de din5micos tri5ngulos t)cticos entre-lin#as" ter) de eHistir sempre" sem subverter a moldura colectiva" %uem crie o dese%uilíbrio no bloco advers)rio  a" digamos" ordem criativa" sagrada uni$o entre o pressing alto e o pressing construtivo Partindo do dogma t)ctico do presente %ue define as verdadeiras e%uipas como um bloco %ue nunca se deve partir" %uem fizer essas transi!es de forma mais r)pida e eficaz estar) sempre muito mais perto de Bogar bem e gan#ar o Bogo &esta ideologia est) sempre implícito" em %ual%uer momento do Bogo" o c#amado tri5ngulo da vida do futebol1 t)ctica" t/cnica e velocidade Tudo emoldurado no e%uilíbrio entre-lin#as e no controle do ritmo de Bogo O (arcelona de iBDaard sentiu" de início" v)rios problemas para incorporar a no!$o de transi!$o r)pida  atraente mas a%uilo %ue faz em ><@ passes" muito controle e to%ue" o K#elsea fazia em 2 ou 6 Podia ser menos atractivo" mas era terrivelmente eficaz e aumentava a capacidade de apan#ar o advers)rio em contra-p/ Kada passe / de m)Himo rendimento O ritmo %ue o Bogo ad%uire vai mudando ao longo dos noventa minutos" pelo %ue para o dominar" alternadamente com ou sem bola" s$o necess)rias velocidades diferentes O (arcelona s* o conseguia fazer %uando em posse" sobretudo devido a n$o ter a mesma efic)cia no movimento inverso da transi!$o" a de ata%ue-defesa" na #ora da recupera!$o Pensem nos movimentos de Lampard e Essien e entendem o verdadeiro sentido destas no!es %ue dominam o futebol moderno &o mesmo estilo" salvo as devidas propor!es" s* a Nuventus de Kapelo" em 6H6H0 e com m/dios de perfil bífido no tri5ngulo das transposi!es defesa-ata%ue-defesa" miss$o gerida ent$o pela batuta de Emerson" apoiado pelo duro (lasi na intercep!$o das lin#as de passe" en%uanto ambrota e Kamoranesi fec#avam ou abriam nos flancos" consoante a posse ou n$o da bola 4esta forma" com as transi!es feitas em 2<6 to%ues" nunca eHiste grande dist5ncia entre o meio-campo e o ata%ue" mesmo %ue" à partida" se ten#a a inten!$o de alongar o campo para mel#or especular com ele tacticamente &outra dimens$o" o 3anc#ester 'nited de Ferguson ou o  Arsenal de ;enger &um dia inspirado e com a bola controlada" podem passar por cima de %ual%uer advers)rio &um dia mais fec#ado" sofrem muito na tal din5mica das transi!es O futebol / uma combina!$o de organiza!$o colectiva" mas de eHalta!$o da capacidade individual Ou seBa" o talento dos Bogadores tem de ter um crit/rio I* neste prisma faz sentido analisar o rendimento de uma e%uipa atrav/s das estatísticas" descodificando a frieza dos n7meros com ac!es no relvado Para al/m deles" est) a t/cnica dos Bogadores posta ao servi!o da t)ctica e vice versa ReBamos" nesse prisma" duas eHibi!es de K#elsea e (rasil Em tese pode-se definir" como metas a atingir por uma e%uipa de top durante =? minutos1 ata%ues finalizados com remate1 0?" sendo a maioria à balizaS cruzamentos1 0?S oubos de bola1 @?" entre os %uais se deve distinguir os simples cortes destrutivos" das verdadeiras recupera!es" isto /" resgatar a bola com possibilidade real de logo iniciar uma Bogada de ata%ue Estas devem ser" teoricamente" pelo menos doister!os do total de bolas roubadas I$o metas difíceis de atingir e dependem" tamb/m" da din5mica definida e" claro" da %ualidade defensiva do advers)rio

 Analisemos" neste prisma" dois Bogos de selec!es e e%uipas de referência1 (rasil e K#elsea Frente ao fec#ado Peru de Autuori" em casa" o (rasil" em 6H6H0" fez .8 remates" 9 à baliza" logrou 0@ centros +> deles logo nos primeiros .8 minutos," contando com os cantos" e recuperou 6@ bolas +2? no primeiro tempo, 4ominou todo o Bogo" caiu 6 vezes em offside e faz o golo ap*s uma triangula!$o onaldoonaldin#o-Q)Da" com um remate dentro da )rea Kontra o (aJern de 3agat#" o K#elsea" em 6H6H0 ou 6H2H0H." fez .9 remates +.. à baliza," cruzou .@ bolas +entre elas @ cantos 2 lan!amentos longos de lin#a lateral, e recuperou 8? bolas Rê-se" assim" %ue apesar das recupera!es e remates" poucos terminaram ou derivaram de cruzamentos Optou mais por verticaliza!es" diagonais e passes longos para a combatividade a/rea de 4rogba O golo do 2-. teve" por/m" as tais três componentes da avalia!$o de %ualidade estatística1 recupera!$o e centro +ambos por 3aDelele, e remate" B) na )rea +Lampard, EHiste como %ue uma falsa superioridade moral da ac!$o ofensiva E um monstro com p/s de barro sto por%ue" na pr)tica" o futebol ofensivo nasce" no relvado" da forma como os elementos mais recuados conseguem pr/-conceber" mesmo antes de recuperada a bola" o movimento ou passe %ue v$o fazer ap*s consumada essa recupera!$o Ou seBa" o dito futebol de ata%ue tem origem na postura +entendida como correcta distribui!$o posicional e da c#amada ac!$oreac!$o do pr/ e p*s recupera!$o da bola, dos Bogadores mais recuados Uuando n$o tem a bola" para al/m de pensar s* em recupera-la" a e%uipa B) deve saber" com clareza" o %ue fazer com ela ap*s resgatar a sua posse  esta a g/nese da transi!$o r)pida 3udar na mente do Bogador o :c#ip: da ac!$o defensiva para a ofensiva" e viceversa" da forma mais r)pida possível 3as agora repare-se1 Para poder recuper)-la no local certo para uma mais eficaz transi!$o defesa-ata%ue" o papel decisivo pertence" tamb/m" aos avan!ados I$o eles os primeiros a defender (asta ver %uando o ponta-de-lan!a cai em cima do defesa na saída de bola" impede-o de subir" obrigando-o a um passe lateralizado &esse momento" toda a e%uipa e suas lin#as sobem pelo menos dez metros e B) ficam em condi!es de iniciar a manobra de recupera!$o em zonas mais adiantadas  o ber!o t)ctico-zonal do pressing alto Kaso contr)rio" as lin#as n$o conseguem subir e a e%uipa encosta-se à sua )rea Ie" pelo contr)rio" subir as lin#as devido à ac!$o dos avan!ados" a transi!$o defesa-ata%ue poder) ser feita em zonas mais adiantadas e disso depende a sua velocidade e conse%uente efic)cia  A simples posi!$o de 3aDelele %uando Bogava no eal 3adrid servia" por si s*" para e%uilibrar uma e%uipa por defini!$o dese%uilibrada Ele / um eHemplo perfeito de um Bogador %ue funde" com mestria" a fase defensiva- fase ofensiva  por isso %ue as e%uipas de top n$o podem pensar separadamente em momento defensivo e momento ofensivo Eles fundem-se num s* atrav/s da coordena!$o de movimentos" com e sem bola" gerindo tempo e espa!o Kontemplam-se reciprocamente e um tem sempre subBacente o outro" ao ponto de estes dois timings serem imperceptíveis para um analista a ol#o nu E este o segredo do mel#or e competitivamente mais eficaz futebol do presente Por isso" / um erro falar-se em e%uipas defensivas e e%uipas ofensivas a partir de meros sistemas no papel &$o eHistem dois 6H2H2 iguais Eles dependem das ideias do treinador" dos princípios de Bogo %ue l#es incute e das características dos

 Bogadores Pode" por eHemplo" at/ ser mais ofensiva uma e%uipa a Bogar" no papel" em 6H8H." do %ue uma a Bogar em 6H2H2 (asta" no primeiro caso" pedir %ue os m/dios ala se adiantem para dar profundidade pelas faiHas" ao mesmo tempo %ue o m/dio enganc#e mais ofensivo se solta e aproHima nas costas do ponta-delan!a" para esse 6H8H ." ser mais ofensivo do %ue um 6H2H2 em %ue o treinador pede aos eHtremos para recuarem no apoio ao meio-campo" para fec#ar na marca!$o" en%uanto o m/dio centro ofensivo tem como principal miss$o encostar no pivot-defensivo advers)rio e impedi-lo de sair a Bogar Em tese" distinguem-se %uatro grandes momentos no Bogo +ata%ue" defesa e respectivas transi!es," mas / nos segundos %ue medeiam entre eles" os c#amados momentos de fronteira" %ue pode estar a c#ave Ou seBa" definido o posicionamento em press$o dos Bogadores em fun!$o do advers)rio" a %uest$o reside em saber at/ %ue ponto fica depois condicionada a transi!$o ofensiva sto por%ue" a estrat/gia at/ pode impedir o advers)rio de sair a Bogar" mas tamb/m pode" depois" impedir a pr*pria e%uipa de lan!ar o ata%ue" devido ao desposicionamento em %ue os Bogadores encarregues de fazer esse pressing < recupera!$o ficaram O grande problema reside" portanto" na posi!$o em %ue os Bogadores ficam ap*s a recupera!$o Uuanto menos se desviarem das suas posi!es naturais" mais eficaz ser) a transi!$o ofensiva A recupera!$o s* faz sentido se" resgatada a bola" a e%uipa for capaz de l#e dar uma din5mica ofensiva de movimentos imediata Pensem num confronto 6H2H2 contra 6H6H0 Uuando o treinador pede" por eHemplo" a um eHtremo para sem bola flectir em press$o sobre o pivot-defensivo advers)rio" pode realmente travar a saída de bola do advers)rio" mas tal nuance desposiciona todo o ata%ue ap*s recuperar a posse +fica ent$o o ponta-de-lan!a mais descaído na ala" o eHtremo no centro e o outro eHtremo entre zonas interiores e a faiHa,  A din5mica ofensiva n$o pode ficar t$o condicionada pela estrat/gia de recupera!$o Ou seBa" ambas nunca podem dissociar-se uma da outra Assim" a press$o sobre o pivot-defensivo passa a ser feita" primeiro" pelo recuo do pontade-lan!a" e" depois" saltada essa primeira zona de press$o" pela subida de um m/dio interior marcando à zona o Bogador advers)rio %ue tente ent$o fazer a transi!$o ofensiva 4esta forma" ap*s a recupera!$o" os Bogadores permanecem todos correctamente posicionados para lan!ar o ata%ue +eHtremos abertos nas faiHas" ponta-de-lan!a no centro e os m/dios de transi!$o subidos" dominando zonas interiores" com os laterais a apoiar conforme o lado em %ue caísse a bola, Es%ue!am portanto o debate futebol ofensivo-futebol defensivo" %uase como %uerendo demonstrar a superioridade moral de um sobre o outro A c#ave est)" no fundo" em regressar às raízes do conceito de ArDadiev O %ue eHiste / :futebol #armonioso: Fim de discuss$o 4esta forma" tendo em conta no!es como pressing" velocidade e t)ctica" deiHa de fazer sentido falar em fase atacante e fase defensiva como compartimentos estan%ues na din5mica de Bogo de uma e%uipa de futebol %ue %uer ser de top Ambas est$o relacionadas e a coes$o do bloco depende" eHactamente" dessa no!$o conBunta" cuBa consagra!$o m)Hima emerge na efic)cia e velocidade das transi!es A recupera!$o da bola" por eHemplo" mais do %ue uma ac!$o defensiva" / o início da ac!$o ofensiva A efic)cia de ambas est) de tal forma relacionada ao ponto de serem uma s* na din5mica de Bogo"

funcionando como um bloco 7nico" sincronizado" no pressing e na constru!$o" na recupera!$o e na distribui!$o .0 T)ctica e arte 4e .=8@ a .=>?1 4o 6H0H6 ao 6H2H2  A refleH$o actual %ue se faz em torno dos :princípios de Bogo: / importante para entender o seu verdadeiro sentido e ver como eles fizeram ao longo dos tempos parte da ideologia de Bogo de todas as grandes e%uipas Todas elas tin#am os movimentos-base %ue orientavam os Bogadores em campo na procura das solu!es mais eficazes &esta perspectiva" / fant)stico ver como Bogavam as grandes selec!es do passado" procurando identificar os seus :princípios:" mecanizados ou n$o" sua evolu!$o conceptual e %uais os sistemas e modelos %ue l#es serviam de base ReBamos" por eHemplo" o mítico (rasil de Pel/ e Carrinc#a" Kampe$o do mundo em .=8@ Es%uematizava-se em 6H0H6 e revendo os seus Bogos no vídeo" / evidente" detectarem-se movimentos-tipo na organiza!$o
em 90" apenas eHistiria uma diferen!a (astou" no entanto" meHer apenas uma pe!a do Hadrez t)ctico para o sistema e a din5mica do sistema mudarem O  Bogador c#ave voltou a ser agallo %ue ao recuar no terreno faria o sistema evoluir  +ou regredir, do 6H0H6 para o 6H2H2 &o fundo" agallo apenas passaria a ter como ponto de partida posicional um lugar na ala do meio-campo" de novo sobre a es%uerda" espa!o %ue em 8@ s* ocupava na din5mica da transi!$o ofensiva" %uando a e%uipa perdia a bola Ou seBa" passou-se de um posicionamento %ue resultava da movimenta!$o inerente a um princípio de Bogo" para um posicionamento de referência %ue visava e%uilibrar mel#or as três lin#as no seu conBunto &$o foi assim por acaso %ue" gra!as à sua ac!$o em 8@ e 90" agallo ficaria para a eternidade con#ecido como :a formiguin#a de ouro:  Tratou-se" portanto" de um :recuo inteligente: %ue espel#ava a cada vez maior dimens$o t)ctica da abordagem do Bogo  Apesar da enorme categoria t/cnica individual dos seus int/rpretes" #avia muito de mec5nico em tudo isto (asta ver poucos minutos da Final de 8@ para se identificarem todos estes :princípios de Bogo:" os tais movimentos comportamentais %ue orientam o Bogador em campo" determinando as movimenta!es dos Bogadores  A %uest$o reside" assim" em saber se eles se transformam n$o num :princípio:" mas antes %uase num :fim: em si mesmo do :Bogar: da e%uipa sto /" deiHarem de ser princípios" esp/cie de estrada conceptual onde iriam camin#ar as din5micas e sub-din5micas do sistema" para se tornarem num conBunto de comportamentos mec5nicos controladores dos movimentos dessas e%uipas 4essa forma" os  Bogadores perdem liberdade para agir e ficam aprisionados a um modelo comportamental rígido" sendo ent$o f)cil de identificar pelos seus advers)rios e" conse%uentemente" passível de mais f)cil anula!$o" pois falta-l#e o tra!o de imprevisibilidade inerente à sua defini!$o de :princípio: Ora o %ue se pretende / eHactamente o contr)rio sto /" conseguir" em campo" uma interliga!$o din5mica entre a ordem e o talento individual" balizada pelo modelo e pelos seus princípios de Bogo n$o mecanizados  para isso %ue servem os :princípios de Bogo:" pontos de partida comportamentais para uma certa ideia de :Bogar:" integrando ordem e talento individual 4eve-se procurar uma" direi" :mecaniza!$o n$o mecanizada e n$o uma mera :mecaniza!$o mecanizada pura: A inteligência /" por isso" o grande princípio da movimenta!$o no futebol O Bogador / livre para agir" mas n$o pode agir livremente A sua liberdade acaba %uando c#oca com a ordem colectiva superior %ue rege o :Bogar colectivo: Os princípios de Bogo s$o" assim" as balizas e os limites dessa liberdade Ie n$o forem mec5nicos" standardizados e permanentemente repetidos eles d$o crit/rio à liberdade e ao talento individual %ue" de outra forma" estaria desen%uadrado" n$o teria ordem e sairia fora do conceito colectivo do :Bogar:" tornando-se in*cuo e at/ subversivo em rela!$o aos tais princípios de Bogo O (rasil de >?" embora es%uematizado em 6H2H2" tem" em alguns momentos" :princípios de Bogo: semel#antes aos de 8@ O :Bogar: /" no entanto" muito diferente Komo ponto de partida" à frente da cl)ssica defesa a :6:" coloca dois volantescabe!as de )rea1 Cerson e Klodoaldo 4estes" o farol da e%uipa %ue gere todas as

saídas para o ata%ue" / Cerson Konduz a bola com tran%uilidade" invade o meiocampo advers)rio e nesse momento espera pelo desen#ar de lin#as de passe 'ma dessas lin#as tipo surge %uando os eHtremos ivelino ou Nairzin#o" com espa!o abrem por :fora:" ou %uando marcados" flectem em diagonal &este aspecto" a din5mica deste princípio difere de 8@" onde agallo ou Carrinc#a nunca procuravam movimentos interiores" apenas Bogando encostados à lin#a Essa combina!$o ordem-liberdade individual est) #oBe mais activada &as e%uipas do passado" eHistia maior mecaniza!$o dessas referências A ideia de Bogo do treinador transformava-se num dogma %ue raramente admitia desvios agallo" por eHemplo" fazia no 3undial 8@ a mesma coisa do primeiro ao 7ltimo minuto A prop*sito" ele conta %ue" nos treinos" o t/cnico Fleitas Iolis" ent$o no (otafogo" apitava sempre falta %uando ele fazia mais um drible &o fundo" esse drible a mais podia subverter o princípio de Bogo Em >?" Carrinc#a ou ivelino sabiam" ora dar profundidade pela faiHa como verdadeiros eHtremos" ora flectir em diagonal procurando desi%uilíbrios interiores de penetra!$o sto /" referênciasbase e liberdade para as interpretar sem subverter os princípios )" em tudo isto" um conte7do t)ctico subBacente" sempre din5mico e %ue traduz a organiza!$o de Bogo em movimento A%ui est)" portanto" uma evolu!$o do tal conceito ordem-talento individual balizado pela liberdade de interpreta!$o dos princípios sem %ue com isso comprometa a ordem Tanto ivelino como Nairzin#o sabiam %uando podiam sair do corredor sem dese%uilibrar - ou desordenar - a e%uipa" tendo tamb/m os laterais +Karlos Alberto-Everaldo, um papel muito importante nessa din5mica conBunta do onze" ora %uando subiam em apoio" ora %uando fec#avam atr)s o corredor Outro movimento típico +entenda-se princípio de Bogo, da e%uipa" resultava dos recuos de Pel/ para receber a bola -%ue ent$o estava %uase sempre nos p/s de Cerson - arrastando marca!es E este conceito :arrastar marca!es: faz todo o sentido ser aplicado a%ui" pois a t)lia" na final" apostou claramente numa marca!$o ao #omem Perante e%uipas com esta postura" a mobilidade n$o standardizada dos Bogadores / crucial para iludir esse :Bogo de pares: 4entro da mesma din5mica de princípios" Tost$o" o ponta de lan!a" tamb/m saía muitas vezes da sua zona de referência" entre os centrais advers)rios" para receber a bola e iniciar Bogadas de triangula!$o com Pel/ ou com os eHtremos %ue entravam em diagonal &o fundo" estamos a%ui perante um conceito ou varia!$o moderna da ordem A c#amada :desorganiza!$o organizada:" %ue" %uatro anos mais tarde" a olanda transformaria verdadeiramente num modelo e numa filosofia de Bogo agalo defende %ue" em campo" o sistema de Bogo estava sempre a mudar 3ais do %ue um 6H6H0 ou de 6H2H2" ele fala num 6H8H. oBe" revendo todos a%ueles  Bogos" #) %uem fale num 6H9H? Uuando a e%uipa atacava" s* ficavam atr)s o Everaldo %ue" embora lateral" devia flectir para marcar o ponta de lan!a advers)rio e dobrar os defesas centrais (rito e Piazza" num es%uema %ue utilizava sempre a marca!$o à zona &$o eHistiam marca!es individuais Rendo Bogar este mítico (rasil de >?" podem-se detectar alguns movimentos t)cticos preferenciais %ue at/ #oBe s$o a base do seu futebol1 &a baliza" F/liH" o guarda-redes" tratado como o Cato F/liH" c/lebre figura de desen#os animados da /poca" ficou con#ecido pela forma como repun#a" com as m$os" a bola em Bogo nos laterais" sobretudo na direita em Karlos Alberto" incutindo na e%uipa" desde o

início da Bogada" uma toada de Bogo pausada e pensada &unca repun#a a bola com um pontap/ a/reo para o meio-campo advers)rio &a defesa" a principal miss$o dos centrais" os zagueiros Piazza e (rito" era descobrirem algu/m nas alas para de imediato entregarem a bola lateralizando o Bogo sso obrigava" desde logo" o advers)rio a esticar-se para defender" criando mais espa!os de penetra!$o" come!ando" desde tr)s" a abrir-se a frente de ata%ue &a cabe!a da )rea" plantado na meia lua" Cerson" pautava o ritmo Kom espa!o para manobrar" recebia a bola das laterais e eHecutava" muitas vezes" com tempo" um preciso passe em profundidade A seu lado" Klodoaldo guardava mel#or a bola" fintava e girava com ela Em tra!os gerais" com Klodoaldo a progress$o era feita atrav/s do passe curtoS com Cerson era atrav/s do passe longo Os m/dios ofensivos" ivelino" na es%uerda" e Nairzin#o" sobre a direita" combina!$o em passes de meia dist5ncia" alternando a conserva!$o da bola com a progress$o" mas sempre tocando" tocando &a frente" Tost$o ficava sempre mais adiantado à espera da compan#ia de Pel/ %ue surgia em %ual%uer lugar" a %ual%uer #ora do dia ou da noite O (rasil de @0 Falc$o" Kerezo" I*crates e ico Ouvir estes %uatro nomes tem um efeito #ipnotizante em muitos son#adores de futebol Eles s$o o cora!$o" alma e essência de uma e%uipa brasileira %ue ainda #oBe nos faz ficar com um sorriso tonto ao falar ou lembrar-se dela Para muitos estudiosos foi mesmo a mel#or selec!$o brasileira de todos os tempos O ano da apari!$o foi .=@0 &o 3undial de Espan#a" o 7ltimo a ficar na nossa mem*ria como referência de %ualidade indiscutível" cruzando emo!$o com bom futebol Rer a%uela e%uipa a Bogar era ver um festival de passe e t/cnica 4e um lado ao outro do campo" a bola vagueava alegremente de p/ para p/ &as tribunas" os adeptos cantavam e dan!avam Futebol e samba Kom e sem bola (atucada de futebol divino Kada golo era uma Busta recompensa Kerezo" o #omem de borrac#a" no meio" foi o primeiro trinco ofensivo %ue o futebol alguma vez vira Em seu redor" I*crates e seus to%ues de calcan#ar" ico e suas maravil#as" com ol#os por todo o corpo" e Falc$o" artes$o imponente do passe e arran%ue &$o eHistiam posi!es fiHas mas eles surgiam em todas as partes Uuando parecia a  Bogada ir desenvolver-se por um lado" de repente" um-dois-três to%ues e a bola B) estava no outro lado" confundido os advers)rios %ue" a certo ponto" B) nem sabiam se deveriam deitar as m$os à cabe!a ou aplaudir Uuando tudo parecia estabilizado" eis %ue surgia N7nior no ata%ue vindo desde o lado es%uerdo da defesa Fazia uma tabela e aparecia na )rea 4o outro lado" Leandro tamb/m se disfar!ava de eHtremo" com Eder sempre preparado para soltar o seu pontap/ can#$o Entretanto" a bola divertia-se Tudo isto foi a mais bela mensagem de bom futebol %ue eu vi em toda a min#a vida &$o acredito %ue volte a ver" e sentir" coisa semel#ante &em %ue viva mais mil anos Para tornar tudo isto mais belo e rom5ntico" no fim" perderam  A derrota sucedeu contra uma t)lia cínica %ue soltava um intenso c#eiro a enHofre %uando Bogava A maior parte desse aroma sat5nico saía do corpo de ossi Iabem o %ue ten#o mais presente desse Bogo %ue segui com o cora!$o t$o

apertado com medo de nunca mais os voltar a ver Foi como os brasileiros saíram do campo Estava eu meio estendido no sof)" ainda incr/dulo com a derrota" en%uanto Eder" Paulo sidoro ou Leandro saíam de cabe!a erguida" tocando as m$os" com passo decidido 4izem" por/m" %ue nessa tarde em %ue o son#o c#ocou com a realidade" I*crates n$o gostou de ver ao entrar no balne)rio os seus colegas de cabe!a baiHa1 :O %ue se passa Eles gan#aram" e depois 4emos-l#es um baile de futebol %ue nunca mais se es%uecer$o na vida: Assim foi" de facto Por isso" %uando #oBe falamos do 3undial @0" seBa com %uem for" ningu/m fala da selec!$o italiana Logo falam da%uele (rasil e ficamos todos com o tal sorriso idiota de %uem nunca respeitou tanto uma e%uipa de futebol na vida como esse (rasil Portanto" n$o me falem mais %ue" no futebol como na vida" o 7nico importante / gan#ar As mel#ores selec!es do mundo de todos os tempos" a%uelas %ue mel#or Bogaram e fizeram o futebol avan!ar" perderam todas no fim A ungria de 86" a olanda de >6 e o (rasil @0 Komo escreveu o poeta sevil#ano  Antonio 3ac#ado1 :I* recordo as emo!es das coisas %ue vivi" tudo o resto es%ue!o: Observando os magos canarin#os do meio-campo" o #abit natural dos grandes artistas" no palco dos 3undiais p*s->?" pode-se entender as indefini!es t)ctico estilísticas do futebol brasileiro" %ue a partir de >6" data do advento do moderno futebol europeu" come!ou a namorar a t)ctica" tornou-se mais cerebral" mas sempre #esitante entre a arte típica e a racionaliza!$o semi-imposta de forma %uase contra natura ReBamos1 .=>6 - ivelino" Karpegianni" Paulo K/sar Lima e Raldomiro" Bogando 4irceu e Nairzin#o" com 2? anos e sem o fulgor de >?" mais perto da baliza advers)ria T/cnico1 agallo .=>@ - Kerezo" Cil e (atista" alternando com o Bovem ico e o vel#o ivelino &o ata%ue" 4irceu e einaldo T/cnico1 Klaudio Koutin#o" %ue ent$o" nesse tempo" B) fora acusado de estar a intelectualizar o futebol brasileiro .=@0 - Kerezo" ico" I*crates" Falc$o e" como substituto" Paulo sidoro" atr)s de der e Iergin#o T/cnico Telê Iantana .=@9 - Os mesmos magos de @0" s* %ue %uatro anos mais vel#os Todos na ternura dos 2?" foram meras sombras errantes dos g/nios de Espan#a &a frente da defesa" come!a a desen#ar-se" com Elzo e  Alem$o" o novo perfil t/cnico-t)ctico do meio-campo .==? - Lazaroni encetou revolu!$o t)ctica com o 2-8-0 +8H2H0 no papel, introduzindo o libero no sistema canarin#o" disfar!ado com a m)scara dos laterais ofensivos" (ranco e Norgin#o Em =? o (rasil Bogou em 2-3auro Calv$o +Bibero," 3ozer e icardo 8- +0-Norgin#o e (ranco e 2- 4unga" Alem$o" Raldo, 0- 3uller e Kareca .==6 - Kom Parreira" o escrete completou a europeiza!$o do seu futebol compondo um meio-campo de recuperadores de bola +4unga" in#o" 3auro Iilva e 3azin#o, O (rasil con%uista o tetra mas perde o futebol arte .==@ - 4urante %uatro anos o futebol brasileiro viveu um e%uívoco %ue s* a eHplos$o de onaldo disfar!ou Em Fran!a" sem os seus golos e sem om)rio" o onze perdeu personalidade em campo" demasiado dependente do carisma de 4unga T/cnico1 agallo 0??0 - Konsagra!$o do 2H8H01 4ois trincos-volantes +Cilberto Iilva e Qlebersson," três defesas +o%ue N7nior" Edmilson e L7cio," laterais ofensivos +oberto Karlos e Kafu, e três s m)gicos no ata%ue +onaldin#o" ivaldo e onaldo, T/cnico1 Icolari 0??9 - 4ois volantes +/

oberto e Cilberto Iilva, e dois magos vagabundos +QaD)-onaldin#o,  Assim" nos 7ltimos 2? anos" (rasil com verdadeiro sabor dos bons vel#os tempos" s* tivemos em .=@0" mas os erros defensivos e uma t)lia fria at/ ao tutano traíram a #ist*ria po/tica do seu futebol  A essência de Pel/ Komo seria estar dentro do relvado e ver Pel/ passar por perto Ieguir-l#e os passos" sentir o aumentar da pulsa!$o %uando ele se aproHimava esitar" gan#ar for!a para o defrontar" com uma bola pelo meio Rítor" antigo defesa central do I$o Paulo" %ue o teve de marcar muitas vezes" respondia a esta %uest$o dizendo %ue :o %ue assusta / o ol#ar do Pel/ N) mar%uei atacantes %ue ol#am na bola e ten#o Beito para lidar com eles ) outros %ue ol#am no ol#o da gente e isso nunca me incomodou ) outros %ue ol#am para os compan#eiros de e%uipa e vê-se logo %ue / o tipo de gente boa %ue n$o meHe com a nossa vida Agora" o ol#ar do Pel/" eu n$o consigo entender nem pegar Parece %ue s* os ol#os est$o ali no rosto O ol#ar n$o Rocês compreendem o %ue estou a dizer: Todos os dias tomamos op!es +o %ue vestir" o %ue comer" %ue filme ver, mas" ao longo da vida" acredito %ue n$o s$o mais do %ue %uatro ou cinco as decises %ue podem verdadeiramente alterar o curso da vida de forma decisiva O pai de Pel/" 4ondin#o" era tamb/m Bogador de futebol &unca Bogou num grande clube" andava sempre de uma terra para outra em e%uipas de segundo plano" nunca atingindo a categoria de um verdadeiro cra%ue Uuando foi Bogar para o (auru  Atl/tico Klube" son#ou ter" por fim" uma oportunidade de mostrar o seu futebol aos ol#ares de clubes maiores 'ma les$o grave no Boel#o" por/m" %ue B) trazia dos tempos em %ue Bogara em 3inas" iria roubar-l#e essa ambi!$o Tin#a 2> anos Teve de parar" deiHar o futebol e sustentar a família apenas com o pouco %ue gan#ava como empregado na f)brica de armas de taBub) Uuando podia" ia ver o seu garoto mais novo" 4ico" nome por%ue era tratado" a  Bogar num baldio de terra pelos Buvenis do time do (auru Outras vezes" tamb/m o via na sua primeira e%uipa" o Iete de Ietembro" em duras peladas &as margens do campo" acotovelam-se ol#eiros de v)rios clubes Entre eles" Raldemar de (rito" vedeta do futebol brasileiro dos anos 2?" %ue um dia fiHa-se na arte e na fantasia de 4ico" %ue ent$o B) respondia ao nome de Pel/" e convida-o a ir para o Iantos O problema maior estava" no entanto" em %ue eles moravam muito longe do campo do Iantos" no meio da cidade de I$o Paulo Pel/ teria de ficar no lar do clube" longe do :papai: 4ondin#o e da :mam$e: Keleste Raldemar de (rito c#egou a c#orar para tentar convencer 4ona Keleste" mas isso nem era muito invulgar" pois ele era um sentimental 'm cora!$o de manteiga %ue passava a vida a c#orar por tudo e por nada Ieduzido pelo son#o" Pel/ acabou por ir" mas logo poucos dias depois ficou tonto de saudades" at/ %ue decidiu fugir1 :&$o aguentava mais I* %ueria voltar para casa 'ma noite" %uando tudo dormia" eram seis da man#$" vi a porta do lar aberta" sem o guarda" arrumei uma troHa e botei p/s ao camin#o Ao sair da porta" por/m" surgiu Iabuzin#o" um #umilde funcion)rio do Iantos" fil#o da cozin#eira do clube %ue à%uela #ora se preparava para ir à feira %ue me perguntou onde / %ue você pensa %ue vai Rolta B) para seu %uarto" seu mole%ue Rocês imaginam a

loucura %ue eu ia fazer Eu ia fugir: Ie Pel/ tem conseguido escapar" o futebol #oBe seria bem diferente sem a arte %ue o ei l#e deu 'm pe%ueno epis*dio na vida de um garotin#o com saudades %ue podia ter mudado toda a #ist*ria do futebol 3esmo assim" os remorsos remoeram-no durante dias e ;aldemar Kaetano" vel#o compan#eiro desse tempo" conta no livro 4e Edson a Pel/" ainda #oBe conservar religiosamente uma carta %ue Pel/ l#e enviou de Iantos desculpando-se1 :Komo foi possível eu deiHar %ue o Iete ten#a perdido com o 3arab) Uue vergon#a Pronto" estarei de volta Ie 4eus %uiser ainda vou p[r ordem na e%uipa do Iete de Ietembro :Anos depois" o dedicado Iabuzin#o" morreria afogado %uando B) era auHiliar de roupeiro e uma esp/cie de faz-tudo do Iantos" mesmo na frente de Pel/" e durante uma folga tin#am ido pescar para o alto de uma pedra na Praia Crande Foi %uando" distraído" Iabuzin#o" escorregou e caiu ao mar Apesar dos gritos de Pel/" %ue n$o sabia nadar" pedindo socorro" seria impossível salv)-lo e assim" morria" an*nimo" o #omem %ue" afinal" pouco tempo antes" sem se%uer desconfiar" ao agarrar um mole%ue fuB$o" mudara" para sempre" a #ist*ria do futebol mundial Pel/ viveu em (auru durante onze anos" saindo para o Iantos em .=89" com apenas .9 anos 4ois meses depois" ele B) era titular da primeira e%uipa de I$o Nanu)rio &ove meses depois" B) era titular da selec!$o brasileira e" um ano e nove meses depois" B) era campe$o mundial com todo o universo do futebol a seus p/s Foi" para %uase todos o mel#or Bogador do mundo de sempre PusDas discordava Para o #7ngaro o maior fora 4i Itefano Por uma raz$o simples1 :ecuso-me a classificar Pel/ como Bogador Ele est) acima de tudoG An)lise s)bia para um Bogador %ue" em campo" como diria KruJff" :ultrapassou os limites da l*gica: Pel/" ."@? m de altura" foi tudo num s* Bogador Komo escreveu Luiz 3endes" :nasceu para o futebol" trouHe no sangue o ritmo do samba aplicado ao futebol e  Bogava com a eleg5ncia de um sambista do morro" driblava com a firmeza de um passista e as suas arrancadas nos faziam escutar uma estran#a sonoplastia" como se rufassem tambores ou como se cuícas e tamborins se fizessem ouvir na voz roufen#a e vibrante das multides empolgadas Pel/ era a mescla de tudo o %ue foi e / bom nos outros cra%uesG &a final do 3undial de >?" o primeiro golo" apontado de cabe!a p or Pel/" foi um #ino ao futebol" como descreve" como simples ser #umano" o defesa italiano Facc#etti1 :Iubimos Buntos" mas fora de tempo" para cabecear a bola Eu era mais alto e tin#a maior impuls$o Pensei %ue nen#um podia l) c#egar Uuando desci ao c#$o" ol#ei para cima" perpleHo Pel/ ainda est) l) no alto" cabeceando a bola Parecia %ue podia ficar no ar o tempo %ue %uisesse: Antes do Bogo" o defesa italiano (urgnic#" encarregue de marcar Pel/" tentara desdramatizar a situa!$o1 :Pensei1 ele / de carne e osso como eu Enganei-me :Para &elson odrigues" at/ a bola do Bogo pedira" no fim" um aut*grafo a Pel/ 4ele" Tost$o guarda a imagem de :um guerreiro %ue" no campo" crescia %uanto mais dura era a marca!$o Iua perfei!$o unia-se com a simplicidade Para al/m do bril#o e magia" o seu futebol era obBectivo Uuase nunca Bogava para tr)s" nem fintava para os lados Ol#ava sempre em frente" em direc!$o ao golo 4epois" era difícil derrub)-lo devido à sua potência muscular e e%uilíbrio O seu futebol n$o contin#a eHcessos" nem carências:

Edson Arantes do &ascimento" na certid$o de &ascimento Pel/" na assinatura do mel#or futebol do mundo de todos os tempos Kurioso / ver como a origem do nome Pel/ tem a ver com um guarda-redes %ue praticamente ningu/m con#eceu Tudo come!ou %uando 4ondin#o" seu pai" foi Bogar no Rasco da Cama de I$o Louren!o Komo o menino Edson tin#a apenas 6 ou 8 anos e n$o podia ficar sozin#o em casa" o :papai: futebolista levava-o para os treinos &esse tempo  Bogava ent$o no clube um guarda-redes c#amado (il/ %ue" ac#ando muita piada ao garoto" costumava brincar com ele" dando-l#e bolas para ele c#utar à baliza 4epois" o garoto durante os Bogos" ouvia a torcida a gritar1 :Iegura (il/" (oa (il/: e a%uilo foi ficando na sua cabe!a at/ %ue" um dia" em .=66" %uando a família B) mudara para (auru" resolveu incorporar esse guarda-redes %uando brincava com o pai 4ondin#o Uuando agarrava a bola c#utada por ele" repetia :4efendeu (il/.: s* %ue o seu sota%ue mineiro tratou de mudar o nome e" trocando b pelo p" acabava por pronunciar Pel/" %uando %ueria dizer (il/ Toda a gente ac#ava piada e assim come!aram a c#am)-lo tamb/m por  Pel/" ou por 4ico Esta #ist*ria foi confirmada por v)rias pes soas" inclusive o pr*prio Pel/ %ue confessa ter discutido com %uase todos os seus colegas por%ue n$o %ueria" de maneira alguma" %ue o tratassem assim A lenda falaria" no entanto" mais alto Uuanto ao (il/ verdadeiro" sabe-se %ue" depois de passar pelo Rolta edonda" deiHou o futebol e tornou-se electricista" mas" conta %uem o con#eceu" %ue n$o passava um dia sem contar esta #ist*ria de ter sido ele a dar o nome ao maior Bogador de futebol de todos os tempos 3orreria em .=>8" sem nunca mais voltar a encontrar Pel/ Para o ei" o futebol era mais do %ue um Bogo" era o filme da vida" como descreve este di)logo" nos idos anos 9?" com &ilton Iantos" lateral-es%uerdo dos inolvid)veis :escretes canarin#os: dessa /poca - :&ilton" o %ue passa pela cabe!a da gente na #ora de uma Bogada -pergunta Pel/ - : Tem nego aí %ue n$o passa nada:" respondeu &ilton - :Pois na min#a" passa um filme de longa-metragem:" confessa Pel/ Iantos" obra divina +Anos 9?, Fora da selec!$o" no conteHto de clubes" Pel/ fez do Iantos do início dos anos 9? a mel#or e%uipa do mundo Renceram 0 Kopas Libertadores +frente a PeYarol e (oca Nuniores, e 0 Ta!as ntercontinentais +frente a (enfica e 3ilan, K#egou a contar no seu onze com seis Bogadores campees do mundo O grande patr$o da e%uipa era" no entanto" outro #omem1 ito" o c#efe do meio-campo seria ito 4urante os .9 anos %ue esteve no clube" con%uistou 02 títulos" entre Paulistas" (rasileiros" ios-I$o Paulo" Libertadores e ntercontinentais Konta-se %ue o carisma de ito" uma lenda do futebol brasileiro" era tanto %ue mandava mais do %ue o treinador 4urante o Bogo s* se ouviam os seus gritos" eHigindo a m)Hima entrega dos seus colegas At/ Pel/ ouviu e acatava" sem responder" os seus gritos &o ata%ue" ao lado de Pel/" estava Koutin#o" muito parecido fisicamente com o ei" tamb/m fez muitos golos 4iz mesmo %ue alguns %ue atribuem ao Pel/ nesse tempo foram na verdade marcados por ele s* %ue num tempo em %ue n$o eHistiam muitos registos filmados" s* os relatos das cr*nicas dos Bornais" valia o

%ue o %ue os Bornalistas escrevia E muitas vezes enganavam-se" reclamava" mesmo muitos anos depois" o inBusti!ado Koutin#o A seu lado" o terrível Pepe"  Bunto com 3auro amos" Formiga" 4orval" 3eng)lvio" Pag$o" Lima" ito" e" claro Pel/" todos feitos na Rila (elmiro &a baliza" Cilmar" dono das redes do escrete To%ue de bola com ritmo de samba Em campo" a :torcida: n$o se limitava" no entanto" a esperar pelos golos Ela torcia por golos maravil#osos" s* esses a satisfaziam 4epois %ueria dribles %ue deiHassem o advers)rio sentado" um passe de letra ou uma bicicleta Costavam de ver um zagueiro" o defesa-central" matar no peito e sair a Bogar de cabe!a erguida Kada passe tin#a de ser milim/trico Partia e tin#a de cair eHactamente no p/ do compan#eiro" pontas r)pidos e dribladores" atacantes %ue se fartavam" depois" de marcar golos" um mais espectacular %ue outro Tudo isto sem gastar muito din#eiro Uuase nada" mesmo Komo dizia Koutin#o" :O Iantos montou um time de gra!aG" com Buvenis ou Bogadores %ue vieram sem nen#uma forma!$o especial" como se o pr*prio 4eus do futebol tivesse resolvido reunir numa cidade do litoral brasileiro todas as pe!as de uma m)%uina divina de fazer golos" esp/cie de Clobe-Trotters do futebol :Rocê s* pensa em futebol Rai ver %ue B) nem lembra do dia do nosso casamento:" diz a esposa - :Klaro %ue me lembro" meu amor R/spera de um Iantos-Korint#ians Noga!o" gan#ou o Iantos" 6-.:" responde o marido apaiHonado (ettJ 3ilan" em :O país e a bola: .2 Am/rica do Iul O :&ovo 3undo: Foi Pier Paolo Pasolini" poeta" escritor e cineasta %ue encontrou a mel#or forma de os distinguir EHiste um futebol em prosa" %ue / o Europeu E eHiste um futebol em poesia" %ue / o sul-americano Prosa e poesia" duas formas de vida dentro de um relvado 4uas formas de intimidade com a bola 4ir$o %ue o lado po/tico do  Bogo ser) sempre mais rom5ntico Tamb/m penso assim 4omesticar uma bola / mais difícil do %ue ensinar um sistema t)ctico O primeiro s* ter) paralelo nos sons da flauta de um encantador de serpentes Ie virmos com aten!$o" ele faz" perante o cesto" os mesmos gestos %ue ico" obin#o" 3aradona ou 3essi" frente à bola Templos do io de Naneiro e (uenos Aires" o 3aracan$ e o 3onumental" enlou%ueceram ao longo dos tempos com essa poesia Iempre %ue os veBo Bogar" #oBe ou em grava!es dos anos 8?" lembro-me da sublime defini!$o de Pasolini Tem toda a raz$o io de Naneiro" Ietembro de .=@0 O italiano (runo Konti" pouco tempo antes coroado campe$o do mundo" est) a passar uns dias de f/rias no (rasil 4escontraído" passeia por Kopacabana" sem ningu/m o recon#ecer Ao seu lado" no eHtenso areal de praia" sucedem-se Bogos de futebol N) estava a andar #) algum tempo %uando" a certo ponto" vendo mais um grupo de garotos numa peladin#a de praia" decidiu pedir para tamb/m Bogar um pouco :Tudo bem:" responderam Pouco tempo depois" por/m" um dos garotos" muito educado" vendo %ue c#egava atrasado outro coleguin#a mulato descal!o" foi ter com o turista italiano e pediu-l#e1 :4esculpa" mas n$o te importas de agora ir para a baliza: Feroz defensor do futebol-arte" o treinador argentino Karlos (ianc#i dizia #)

tempos" respondendo ao pretenso compleHo de superioridade futebolístico do Rel#o Kontinente" %ue" sem os Bogadores sul americanos" o futebol europeu" suas grandes e%uipas e respectiva #ist*ria" n$o teria" nem de longe" o mesmo nível e %ualidade eHibidos desde sempre (runo Konti foi" claramente" o mais virtuoso  Bogador italiano da sua gera!$o 'm tratado a Bogar futebol" mas" no tra!o ir*nico da%uele epis*dio" pode-se detectar %ue" apesar dos dribles e zigzags do m)gico de oma" eHiste uma esp/cie de fronteira a!ucarada %ue nos faz ficar" %uase #ipnotizados" com a arte do &ovo 3undo 4esta forma" filtrando a opini$o" ou provoca!$o" de (ianc#i" n$o custa admitir %ue" por eHemplo" e pensando s* nas 7ltimas d/cadas" o (arcelona sem onaldin#o e 3essi" o &)poles sem Kareca e 3aradona" o eal 3adrid sem onaldo e o-bin#o" ou at/ o 7ltimo FK Porto campe$o europeu sem 4eco e Karlos Alberto" entre muitas outras grandes e%uipas" decoradas" da defesa ao ata%ue" por brasileiros e argentinos" seriam muito diferentes sem a arte desses fant)sticos Bogadores 'ma gal)Hia %ue" nos 7ltimos anos" gan#ou um novo guia espiritual" moldado B) pelos novos conceitos do futebol arte" agora tecnicamente mais musculado e" assim" menos sensível ao c#o%ue de ritmos e culturas %ue os seus magos antes sentiam ao deparar-se com o duro Bogo de marca!es dos relvados europeus1 Q)Da 4esintegrando à sua passagem e%uipas advers)rias" o seu futebol" eHplos$o de t/cnica" remate e inteligência em velocidade" / a prova de %ue a perfei!$o / possível dentro das %uatro lin#as &$o cultiva os malabarismos brasileiros As suas fintas e arrancadas com a bola têm uma eleg5ncia de topmodel a desfilar alta-costura na passerelle 3esmo %uando imprime maior velocidade parece %ue impe uma pausa no Bogo A indispens)vel combina!$o entre velocidade e precis$o de eHecu!$o emerge com a mesma naturalidade de um cartaz empun#ado pelos seus adeptos1 :QaD) falli bailar:" QaD) f)-los dan!ar Os defesas sentem bem de perto essa arte A idade vai avan!ando" mas continua sempre com a%uela cara de menino %ue tin#a com .= Iem adornos de imagem  Ac#o %ue vai ficar assim at/ ao final da carreira 'm to%ue Pausa Outro to%ue E arranca para a baliza Iente-se na atmosfera %ue" %uando uma bola" de couro ou de trapos" est) nos p/s de Q)Da" o mundo fica muito mais belo Est/tica perfeita Konta aí %ue desde mi7do ouvira falar no estatuto do Bogador brasileiro no mundo" mas para ter a prova definitiva foi necess)rio sair do país Iucedeu em Fran!a" logo no seu primeiro treino ap*s c#egar ao Paris It Cermain" durante um simples eHercício de correr com a bola" por entre uma s/rie de cones" trocando-a de p/ para p/ ao primeiro to%ue :3al o comecei a fazer" sem fal#as" os meus colegas eHclamaram1 3ais" cJest le (r/siti Fi%uei surpreendido" por%ue em nossa casa" a%uilo / normal" todos o fazem 3as" na%uele momento" tive em conta %ue ali era diferente e %ue tendo esse estatuto particular" tin#a a obriga!$o de estar sempre à sua altura: O futebol sul-americano evoluiu muito nos 7ltimos anos Uuer no plano colectivo" como no individual" o futebol brasileiro possui #oBe muito maior cultura de Bogo A velocidade elegante de Q)D) e os rasgos geniais de onaldin#o emergem nos momentos em %ue todo o Est)dio eHige %ue eles demonstrem por%ue s$o considerados cra%ues Por isso" a afirma!$o de (ianc#i" aparentemente arrogante" n$o / mais do %ue uma constata!$o #ist*rica (uenos Aires" final do I/c WW Nunto ao cais" na sombra de navios e fumos

escuros saídos das c#amin/s de f)bricas" um bando de europeus ruivos e corados de tanto correr aos pontap/s a uma bola" despertavam a curiosidade dos pibes ga7c#os %ue assistiam incr/dulos :Uuem s$oG - perguntou um mi7do :Loucos: respondeu-l#e o padre da par*%uia :ngleses loucos:" concretizou &este epis*dio de ingleses loucos atr)s de uma bola Bunto ao cais" contado pelo vel#o Bornalista Nuan Nos/ ellJ" est) descrito esplendorosamente os primeiros tempos do futebol na Argentina" onde" desde cedo" a bola aos saltos seduziu os porten#os" como se c#amam os #abitantes de (uenos Aires" %ue" ap*s gan#arem coragem" tamb/m logo o come!aram a Bogar nos famosos potreros" os campos baldios %ue eHistiam nos bairros 4uraria mais tempo" por/m" a conseguir a mesma consagra!$o mundial dos brasileiros e" claro" dos pioneiros magos uruguaios Para K/sar Luiz 3enotti o problema do futebol argentino era claro e residia no facto de todos os anos procurar copiar algo em conformidade com o campe$o de servi!o em vez de aperfei!oar as condi!es naturais dos seus Bogadores sem compara!$o no mundo1 : como o %ue aconteceu com (uenos Aires Kome!amos a construí-la com os ol#os postos em Paris" copiando at/ os seus mais ínfimos pormenores e depois trat)mos de a adaptar sempre às 7ltimas novidades" mas nunca foi possível vergar o seu espírito nem o seu estilo de vida O porten#o / e ser) sempre porten#o 4epreendo %ue dentro do emaran#ado de conceitos est$o encerrados os segredos ou as c#aves mais importantes %ue continuo a procurar" mas penso %ue / tudo um problema de sensibilidade Ten#o repulsa pelo trivial" tento c#egar à profundidade do Bogo" à pureza do encontro colectivo atrav/s de uma bola 'm Bogo %ue se alimenta da pr*pria picardia e desembara!o %ue o garoto do bairro utiliza para sobreviver Pratica o seu futebol e defende-se por isso %ue acredito %ue o Bogador argentino / 7nico" n$o se parecendo a nen#um outro" nem mesmo ao uruguaio: ) %uem acredite %ue o nascimento da verdadeira identidade do futebol argentino aconteceu na%uele dia em %ue" no crep7sculo dos anos 9?" com as meias caídas e a gambeta inventada #) pouco" Ernesto Crillo fez um golo à nglaterra desde um 5ngulo %ue a raz$o B) n$o seria capaz de conceber Teria sido arte" magia" feiti!aria ou" simplesmente o espírito porteYo feito adulto Ernesto Crillo era uma estrela de cinema mudo a Bogar futebol 4riblador" goleador e visceral adepto do ndependiente" c#orou %uando em .=8> o clube decidiu transferi-lo para o 3ilan" de t)lia Eu ac#o %ue o futebol argentino nasce todos os dias E sempre com a mesma forma de uma est)tua %ue" um dia" um vel#o Bornalista desportivo sul-americano" discípulo do continente dos magos da bola" pretendeu lan!ar" com a inten!$o de erguer um monumento ao drible Ieria :um pe%ueno Bogador mole%ue de cara suBa" com um cabelo %ue fez valer ao pente o direito a ser rebelde" de ol#os inteligentes" rebolantes e enganadores" donos de um ol#ar faiscante %ue parecem rir-se do advers)rio e do mundo" com dentes pe%uenos" saídos como os de um coel#o e gastos de tanto morder o p$o do dia de ontem: Ficaria perfeito &as ruas de %ual%uer povoa!$o argentina" o mi7do mais admirado e deseBado n$o / o %ue marca mais golos ou o %ue defende mais" mas antes o %ue finta e depois passa a bola mel#or Esta / uma característica inata do futebolista argentino %ue depois se reflecte no Bogo das suas e%uipas e selec!$o

4esde .=@2" o confronto futebolisticamente filos*fico %ue ope os dois t/cnicos argentinos campees do mundo" 3enotti" em >@" e (i-lardo" em @9" transformouse para os te*ricos do futebol num símbolo mundial do conflito entre duas formas de entender o Bogo 4e um lado" os adeptos do belo Bogo" ofensivo e virado para o prazer" simbolizados em 3enotti 4o outro" os adeptos do realismo" da ditadura da t)ctica e do resultado" espel#ados em (ilardo O estilo inato do futebol argentino est) na base da ideologia de 3enotti1 :&unca pe!o a um Bogador argentino %ue corra ou mar%ue um advers)rio" apenas l#e pe!o %ue invente Entra no campo e inventaG (ilardo" El &arigon" por sua vez" afirma-se adepto do realismo" do espírito de sacrifício e da ditadura do resultado1 :o espect)culo / para o teatro ou para o cinema" no futebol o importante / gan#ar: 4uas formas de entender e viver  o fen*meno dos relvados" %ue dividiu em duas fac!es t)ctico-t/cnicas os treinadores do f7tbol argentino 4iego e os 7ltimos rom5nticos &um país de mitos" ao lado de Cardel" K#e ou Evita" mora outro ser imortal 3aradona Nogar ao lado dele foi um presente dos 4euses %ue muitos Bogadores argentinos" simples mortais" tiveram privil/gio de partil#ar Entre eles" Raldano1 :Em .=@8" na Kol[mbia atiraram-l#e uma laranBa %uando se preparava para marcar um canto e ele viu-a ainda no ar Uuando caía" amorteceu-a com o p/" fazendo um movimento com o calcan#ar" tobillo" %ue a permitiu ficar colada à sua bota" sem se desfazer Ent$o come!ou a dar-l#e to%ues curtos e r)pidos" sem a deiHar cair" tic" tic" tic 4e repente" levantou-a meio metro" deu a volta" de costas para o p7blico" e pegou uma bicicleta na laranBa %ue a devolveu mais ou menos ao sítio de onde tin#a vindo" mas agora B) desfeita sso vi eu" n$o me contaram: ) %uem defenda %ue a bola / um ser vivo" dotada de vontade pr*pria" %ue s* se aproHima da%ueles %ue a sabem tratar bem" com amor e carin#o Tamb/m penso assim 4urante muito tempo" pensou-se %ue o tesouro do futebol estava guardado num lugar seguro" fec#ado a sete c#aves1 O corpo de 4iego 3aradona Por isso" na%ueles dias mais dram)ticos em %ue ele disputou o :outro Bogo:" o da pr*pria vida" longe do 7nico local onde se sentiu feliz" um campo de futebol" nunca consegui imaginar como seria possível dizer adeus a um 4eus do futebol Para al/m dessas m)gicas %uatro lin#as" a vida nunca respeitou o seu talento divino Cuardo religiosamente todos os resumos dos seus Bogos e golos" do (oca ao &)poles" entre eles um livre indirecto marcado" numa tarde de c#uva" frente à Nuventus" com um c#ap/u à entrada da pe%uena )rea fazendo a bola sobrevoar" como um p)ssaro" toda a e%uipa bianconera" at/ ao 5ngulo superior da baliza de Tacconi 'm poema em forma de futebol Em %ual%uer momento ou local %ue repouse a sua eHistência" 4iego seguir) driblando para a eternidade na min#a mem*ria como um desafio ao impossível" rompendo fronteiras no tempo" por%ue vê-lo Bogar" como pibe com a camisola do Argentinos Nuniors ou como capit$o da selec!$o argentina" foi" para mim" um agn*stico %ue gosta e respira futebol" a 7nica prova de %ue 4eus eHiste 'ma vez" %uando estava em (arcelona" B) aborrecido por estar numa recep!$o" encafuado dentro de um grande sal$o c#eio de obBectos valiosos" muitos deles em ouro" descobriu uma bola e resolveu" ali mesmo" come!ar a dar-l#e to%ues (rinca

e diz ent$o %ue a vai meter num cesto %ue estava do outro lado do sal$o" em cima de um pe%ueno m*vel &ingu/m acredita  ent$o %ue a levanta e remata na sua direc!$o A bola passeia pela sala" passa ao lado" sempre muito perto" das pe!as de ouro e prata" estatuetas douradas" vasos da dinastia 3ing" e" no meio de um conter de respira!$o geral" enfia-se" obediente" no cesto colocado no outro eHtremo EHiste a obra divina e eHiste a obra #umana EHiste a obra perfeita e eHiste a obra imperfeita &este cen)rio" o futebol de 3aradona ter) sido uma obra divina ou um feito meramente terreno  Aposto %ue para responder a esta pergunta est$o a pensar no %ue foi" e no %ue ainda /" o 4iego fora do relvado" fora do futebol A verdade / %ue n$o entendo esta rela!$o" pois o mais inBusto %ue pode eHistir para um artista / Bulg)-lo por algo %ue fa!a para al/m das suas obras Ieria como Bulgar Picasso por ter mau feitio ou pelas acusa!es de violência familiar Para al/m do 3aradona divino ser futebolístico" eHiste o 4iego #umano %ue sofre" ri" c#ora" ama" odeia" engorda" opera-se" cai na droga" fuma c#arutos" faz tatuagens" fica doente e gosta de mul#eres Koisa estran#a" n$o Komo fosse igual a todos n*s 4ele reten#o uma frase no dia da sua 7ltima #omenagem numa bombonera enlou%uecida1 :3uc#ac#os" na vida todos nos podemos enganar" mas a bola" essa" nunca se magoa: 3uitos dizem %ue os povos apenas constroem #er*is para depois os poder derrubar &esse pensamento uma imagem causou-me #) tempos uma sen sa!$o estran#a Foi %uando" em pose de estado" 3arion Nones" num discurso travado pelas l)grimas mas sempre convicto" pediu desculpa e assumiu perante todo o país" os E'A" %ue se dopara no auge da sua carreira Uuando a via correr recordava sempre outro veloz ícone americano" Florence Crifift# NoJner" lenda dos Nogos Olímpicos de @6 Tamb/m Tamb/m ela viveu sob suspeitas de dopping &unca as confirmou 3orreria nova" enigmaticamente Tento Tento estender o %ue seria a mesma sensa!$o com um #er*i do futebol  difícil aplicar a #ist*ria a 3aradona" pois tudo o %ue fez ao seu corpo s* preBudicou o seu futebol Lembro-me de Pavarotti ter dito uma vez %ue ele pr*prio tamb/m sempre tomou subst5ncias %ue o aBudavam a manter e aumentar o poder da sua voz e nem por isso ac#avam %ue estava a enganar o p7blico  duro perder os nossos #er*is  como ficar *rf$o de emo!es (usco sentido para par a tudo isto Talvez Talvez ele esteBa numa frase de 3arguerite ^ourcenar1 ^ourcenar1 : Todo o momento de perfei!$o cont/m em si mesmo a palavra fim:  A bola e a velocidade" da mente e das pernas" dois conceitos subBacentes à ideia de %ue o futebol / um desporto para ser Bogado" primeiro com a cabe!a e" s* depois" com os p/s 3uitos Bogadores sul-americanos %uando c#egam ao futebol europeu sentem nos primeiros tempos grandes dificuldades para maneBar estes conceitos cruzados" onde a rela!$o entre a bola" o espa!o e as mudan!as de ritmo s$o muito diferentes da Am/rica do Iul Rendo Rendo Bogar muitos desses dess es cra%ues vindos de al/m-mar recordo uma vel#a #ist*ria passada com (oc#ini 'ma vez" durante um da%ueles Bogos de eHibi!$o" alin#ou ao lado do Bovem inglês 4uncan I#aM A certo ponto" I#aM" pensando como um inglês" fez-l#e um passe menos preciso" com a bola a passar-l#e cerca de um metro ao lado (oc#ini irritou-se 4iscretamente c#egou perto de I#aM e disse-l#e1 :3ira" pibe" ao (oc#a d)-se a

bola no p/: O Bovem I#aM" f$ de (oc#ini" n$o respondeu" ruborizou at/" mas no seu íntimo pensou1 :Pois" mas na Europa d)-se a bola no espa!o: " afinal" um c#o%ue de ritmos continentais %ue" muitas vezes" condiciona a entrada dos sul-americanos na Europa A muitos sul-americanos %uando come!am a pisar relva europeia" cortada mais curta do %ue a sul-americana" faltal#es entender %ue" para dar maior velocidade ao Bogo e às triangula!es %ue fazem a e%uipa avan!ar no terreno" n$o / sempre possível receber e passar a bola no p/  necess)ria maior velocidade de pensamento e pernas para a receber dois metros à frente e" depois" no passe subse%uente" fazê-la circular e avan!ar no mesmo estilo Ier) uma %uest$o de acultura!$o estilística ao ritmo europeu &a velocidade de eHecu!$o" dominando os timings para o drible ou para o passe a um-dois to%ues" estar)" depois" implícito o conceito de Bogador de e%uipa 4i Itefano costumava dizer %ue :se na Am/rica do Iul a bola corre com a velocidade de um porco" na Europa corre com a velocidade de uma gazela: Uuando se retirou" Laudrup deiHou no ar uma profecia1 :4a%ui a dez anos" n$o #aver) mais Bogadores como eu Todos Todos ir$o preferir atletas Uuase uma d/cada depois" assim / A velocidade e a capacidade de c#o%ue retiraram espa!o a  Bogadores %ue faziam uma pausa no Bogo Pouco depois" retirou-se outro poeta de igual casta Ralderrama 4ar a bola a Laudrup ou a Ralderrama era como deposit)la num banco 'm lugar seguro %ue permitia ao resto da e%uipa descansar mas %ue" no colectivo" condicionava todo o Bogo da e%uipa Por%ue este tipo de  Bogadores s* se sentem bem %uando têm a bola" %uando o Bogo passa por eles Os outros Bogadores em campo tamb/m sentem isso e respeitam essa #ierar%uia" entregando-l#a Percorro os relvados actuais e descubro %ue ainda #) %uem resista em manter o futebol acorrentado a esses vel#os tempos i%uelme Uuem ol#a para ele" à primeira vista" at/ pode pensar %ue ele n$o sente o Bogo" mas" basta a bola vir ter com ele para se perceber %ue" no fundo" eles nasceram um para o outro Cago" embora Bogando mais atr)s" tamb/m tem a mesma essência de Bogo O problema reside na falta de profundidade %ue este conceito de bom futebol pode ter sem a correcta ocupa!$o dos espa!os Kom ou sem bola eparem bem em como Boga i%uelme1 parte do círculo central" ol#a em redor e vê onde est) o Bogo 3ove-se" ent$o" na sua direc!$o e espera %ue o veBam e l#e passem a bola At/ aí" perfeito Uuando a recebe" ol#a em frente Ie o espa!o estiver livre" avan!a" mas tal / raro no futebol actual" sobretudo no europeu &esse momento ent$o" o normal / fazer um passe atrasado Para o trinco &ada de grave" pensar$o" mas / a%ui %ue nasce" %uase sempre" o problema da din5mica posicional Por princípio" depois de feito o passe" ele devia sair dessa zona" avan!ar no terreno e tentar dar uma lin#a de passe ao portador da bola e" assim" permitir à e%uipa progredir Em geral" por/m" o %ue acontece / %ue ele volta a recuar" aproHima-se do Bogador a %uem passou a bola" fica %uase a umdois metros dele" e este %uase como se sente obrigado a fazer-l#e um novo passe Kom isto" o Bogo fica travado i%uelme" como Cago" vive" em muitos momentos" ainda aprisionado a este vício Iolta-se mel#or no conteHto sulamericano" com espa!os maiores" fazendo do to%ue um camin#o tran%uilo para c#egar onde %uer Noga como se tivesse todo o Bogo na cabe!a Komo tamb/m faziam Laudrup e Ralderrama Têm uma tal convic!$o em si pr*prios %ue se

limitam a encol#er os ombros %uando algu/m l#es fala em velocidade e press$o i%uelme / o 7ltimo dos rom5nticos  A prova de %ue" em determinado momento" os Bogos deiHam de pertencer aos treinadores" para passarem a ser dos Bogadores  Andrade" a maravil#a negra Entrela!ado pelo cacimbo da noite %ue caíra sob a cidade das luzes" El loco omano desembrul#ou mais uma vez o papel B) amarrotado para confirmar a morada %ue o seu amigo Nos/ Luis Andrade" compan#eiro de dribles e tiBeras de outras eras nas canc#as de 3ontevideo" l#e dera tempos atr)s para %ue %uando fosse ao vel#o continente n$o se es%uecesse de o visitar Rivia-se o início da d/cada de 2? Eram tempos de magia na bril#ante noite de Paris" ainda levitada pela aura dos loucos anos 0?" inebriada pelo esplendor eHcêntrico" negro e #ipnotizante de Nosep#ine (aDer" mito da belle /po%ue" rain#a de cabarets" onde dan!ava e seduzia ao ritmo da evue &egre &ingu/m imaginava %ue um outro negro" vindo do outro lado do Oceano" nascido no bairro pobre de Kac#imba" tornado c/lebre nos Est)dios de f7tbol" fosse capaz de ofuscar o seu bril#o Uuando c#egou à morada %ue Andrade l#e indicara" omano abriu os ol#os de espanto &a sua frente estava um sumptuoso apartamento Pensou1 4evo ter-me enganado 3esmo assim" tocou na campain#a" surgindo uma bela donzela %ue s* falava francês e do %ue omano l#e disse s* percebera a m)gica frase1 mesi/  Andrade E eis %ue a 3aravil#a &egra" como l#e c#amaram os Bornalistas gauleses %ue o viram nos Nogos Olímpicos de .=06" surge vestindo um longo Dimono de seda" por entre uma luHuosa #abita!$o decorada com peles" estatuetas em ouro" c#eiro a perfume caro e abat-Bours milion)rios 4urante o tempo de futebolista" num tempo em %ue atravessar o Oceano durava meses" nunca %uisera sair do 'ruguai onde sempre Bogou 4epois de abandonar o futebol" rumou à m)gica capital francesa" onde alternou uma vida de bo/mia com a de artista de variedades" no %ual era eHímio bailarino" dan!ando e deslumbrando com o seu corpo alto" moreno e musculado" tornando-se deseBado por muitas mul#eres" da mais fina sociedade" %ue o admiravam %uase como um amuleto Entre os #omens" apesar de" no início do s/culo" o football ainda n$o cativar grandes paiHes" nen#um es%uecera a sua deslumbrante apari!$o com a fant)stica selec!$o uruguaia nos Nogos Olímpicos de Paris" em .=06 &esse tempo nunca a Europa vira um negro a Bogar futebol Por esses remotos tempos de início de s/culo era impens)vel para os erectos europeus ver o football praticado por negros Em .=.9" na primeira Kopa Am/rica da #ist*ria" %uando o 'ruguai venceu o K#ile por 6-?" os c#ilenos protestaram o  Bogo por%ue os uruguaios tin#am alin#ado dois africanos Eram os negros sabellino Cradín e Nuan 4elgado" bisnetos de escravos" mas %ue" fil#os de emigrantes" B) tin#am nascido na Am/rica do Iul Cradín era um saltimbanco malabarista %ue tin#a sempre a cara de %uem comera o p$o duro de ontem Fisicamente era um monte de ossos" com perfil de gazela" %ue antes fora tamb/m campe$o sul-americano dos 6?? metros Foi uma grande figura do PeYarol de início do s/culo" mas num tempo em %ue o futebol e cada parte do mundo ainda vivia encurralado nos seus continentes" nunca ficaria con#ecido

internacionalmente Andrade seria o primeiro" em meados dos anos 0? Poucos dos %ue o viram Bogar estar$o #oBe vivos" mas para a #ist*ria fica o registo de um defesa lateral direito" %ue marcava o eHtremo e depois" acariciando a bola" subia pelo seu flanco com a eleg5ncia de um bailarino" driblando num Bogo de cintura %ue parecia dan!a Konta-se %ue num Bogo atravessou meio-campo com a bola dominada na cabe!a Uuando na postura defensiva" roubava a bola" pela terra e pelo ar" guardava-a nos labirintos de m7sculos das suas pernas de dan!arino" com um estilo %ue na%uele tempo era algo nunca visto" sobretudo se eHecutado com a beleza pl)stica de Andrade &esse tempo" no entanto" B) Andrade era um amante da bo/mia %ue son#ava con#ecer a bela e provocante Nosep#ine (aDer &o Karnaval saía bailando com um tamborim" nos relvados" dan!ava com uma bola presa aos p/s" al#eio aos consel#os de seus pais %ue insistiam em dizer-l#e para estudar" como fizera o seu dedicado irm$o &icasio 3as Andrade vivia noutro mundo Iublime" forte como uma )rvore centen)ria" )gil como um felino" deslumbrou o mundo com o seu futebol de encantar serpentes  Anos depois" sob as estrelas de Paris" manteve a mesma personalidade feita de grandezas e tristezas Apesar de venerado pelos mais finos ol#ares femininos" nas noites do Pigalle" Andrade era um #omem impossível de prender O amor das mul#eres" para ele" ia e vin#a em cada noite Anos depois" regressaria à sua 3ontevideo" a bordo do Raldivia" c/lebre navio" vestindo uma gabardina cruzada" c#ap/u e cac#ecol de fina seda 3ais do %ue )s essências perfumadas da douce France" Andrade pertencia à maresia rude da costa uruguaia" onde o sol %ueima e a noite se ilumina nos tangos de Cardel Kom o passar do tempo foi ficando cada vez mais isolado Os seus ol#os foram escurecendo e com o silêncio a sua alegria desvaneceu-se Acabaria por morrer tuberculoso" sozin#o" em .=8>" na mais profunda mis/ria" mas sem nunca pedir nada" nem esperar %ue o auHiliassem apesar de desde #) tempos a doen!a o ter come!ado a minar &o seu epit)fio ficaria por/m gravado" %ue foi negro" sulamericano e pobre" o primeiro ídolo internacional do futebol mundial Komo diria Nulio K/sar Pupo" #) algo de admir)vel e grande em tudo isto Algo admiravelmente dram)tico nesta vida original %ue se levantou desde uma terra com c#eiro a c$o" at/ aos l)bios perfumados das mais finíssimas parisienses" para ser" depois" devolvido às ruas" mais pobre e abandonado %ue antes ) at/ poesia )" sim Poesia %ue / letra de tango Os primeiros campees 'ruguai +.=06-.=2?, O futebol do 'ruguai dos anos 0? e 2? esteve avan!ado no tempo Tacticamente" revelava tra!os nunca antes vistos do ponto de vista do entendimento do futebol como Bogo colectivo Partindo do cl)ssico 0-2-8" marcou" desde o início" uma clara diferen!a de maturidade t)ctica para com os argentinos En%uanto estes" resultado miscigenado de italianos" espan#*is e crioulos indígenas" mentores de um paraíso futebolístico dotado de sublime categoria t/cnica" nunca deram" #ipnotizados com essa classe artística" grande aten!$o à %uest$o t)ctica" os uruguaios" ao inv/s" cientes do seu limite demogr)fico" embora tamb/m evoluídos domadores de bola" mas menos dotados tecnicamente" cultivaram uma ast7cia

t)ctica %ue se revelaria avan!ada no tempo" espel#ada no valor individual dos  Bogadores %ue fizeram a base da sua selec!$o vencedora dos Olímpicos em 06 e 0@ e do 3undial de 2? Apenas %uatro #omens con%uistaram esses três títulos1 profetas da c#amada pir5mide m)gica" nome %ue consagrou a disposi!$o em campo do onze uruguaio orientado por Alberto Iupicci" contando tamb/m para isso" para al/m do %uarteto m)gico &asazzi-Andrade-Icarone-Kea" com o volante 3ac#eroni e os artil#eiros Petrone e Kastro Nos/ &asazzi" o Cran 3ariscal" era um central intranspon ível" por %uem" dizia-se" nem se%uer passava o raio H Para muitos foi o primeiro libero da #ist*ria do futebol mundial" s* %ue na%uela altura o termo ainda n$o fora inventado" pelo %ue era c#amado de defesa-vassoura A e%uipa s* obedecia aos seus gritos ector Iacarone era um polivalente" %ue Bogava no campo todo Orientava a defesa e lan!ava o ata%ue &ingu/m deu tantos golos a marcar como ele na #ist*ria do futebol mundial 4izia-se %ue cantava en%uanto Bogava Outros ironiza vam rotulando-o de La borelli" nome de uma c/lebre artista uruguaia dos anos 0?" %ue tal como ele" tin#a um car)cter capric#oso Andrade" a 3aravil#a negra" era a mistura de futebolista e bailarino Pedro Kea" El Peon" era um es%uer-dino %ue" embora lento" tin#a uma ast7cia diab*lica e dele se dizia ter o estran#o dom de adivin#ar sempre a Bogada seguinte  Ao contr)rio do (rasil" onde o futebol nasceu aristocr)tico e elitista" crescendo" durante os anos .? e 0?" sob segrega!$o racial" o 'ruguai desde o seu início" cultivou um estilo multirracial" diferente do %ue sucedia em terras de Rera Kruz" onde era visto apenas como um desporto de brancos" apesar da crescente curiosidade indígena pelo Bogo Aos poucos" por/m" foram c#egando à Europa os ecos do futebol do &ovo mundo %ue anunciavam diferentes formas de rela!$o com a bola e o Bogo O grande vision)rio era o misterioso 'ruguai" ber!o do futebol crioulo .6 Futebol for!a1 o discurso e o m/todo (aJern 3uni%ue +>6->9, Uuando viu c#egar para treinar a%uele avan!ado baiHote" morfologicamente arredondado" a ro!ar o gordito" o treinador KBaDovsDJ nem %ueria acreditar :&$o posso crer %ue pretendam %ue eu colo%ue este pe%ueno elefante a Bogar entre as min#as torres de a!o:" ter) dito ent$o Uuando o fez pela primeira vez" bastariam" no entanto" poucos minutos para abrir os ol#os de espanto perante o %ue via Era o nascer do :bombardeiro: Cerd 3uller A sua #ist*ria e morfologia s$o uma par)bola do futebol-for!a alem$o e um símbolo goleador da sua maior e%uipa de todos os tempos" o (aJern 3uni%ue" campe$o europeu três vezes consecutivas" entre .=>6 e .=>9 'ma e%uipa de ferro e com Bogadores de grande classe Komo libero" Iua maBestade Franz (ecDenbauer" pois claro Física e tecnicamente portentoso" inventou um novo conceito de libero" distinto do redutor conceito defensivo %ue l#e fora dado pelos italianos Kom o Qaiser" o posto de libero gan#ou nova vida 3uitas vezes era comum ver (ecDenbauer sair em velocidade da defesa %uando a e%uipa recuperava a posse da bola &as vezes em %ue n$o

era ele %ue a transportava nessa manobra" en%uanto corria para o meio-campo" nunca era lan!ado" s* recebendo os passes" %uando parava em zonas mais adiantadas do relvado Uuando a e%uipa perdia a bola" rapidamente recuperava a posi!$o inicial" regressando" em grande velocidade" para tr)s da defesa Ainda agora seria um libero avan!ado no tempo A seu lado" o gigante Ic#MarzenbecD" impiedoso" fiel aos ditames da famosa mandecDug" a dura marca!$o #omem-a-#omem %ue fez escola no futebol alem$o e %ue grandes estrelas do futebol mundial sentiram na pele e" sobretudo" no osso &a baliza" estava o #omem das luvas gigantes" Iepp 3aier" um guarda-redes estilo polvo gigante %ue %uando estendia os bra!os parecia tapar toda a baliza &o meio-campo" a batuta pertencia a Paul (reitner" o escritor" com cara de poucos amigos e farta cabeleira" típica dos anos >? 4itava ordens no meio-campo e lan!ava o ata%ue em =? minutos de um s* f[lego 4ono de um car)cter temperamental" cultivava a pose maoista de intelectual de es%uerda LatteD +em >6, e Kramer +em >8 e >9, foram ap*s a partida de KBaDo-vsDJ" os dois treinadores %ue guiaram este grupo de panzers" mas nen#um deles gan#aria espa!o de desta%ue na #ist*ria t)ctica do futebol mundial Eram profetas do futebol-for!a numa /poca em %ue este" na dicotomia de estilos frente ao futebol da t/cnica" impun#a leis de forma clara Fazia-o atrav/s da velocidade e da potência muscular Face a estes princípios atl/ticos e de ritmo" a t/cnica n$o tin#a tempo nem espa!o para se eHpressar E perdia %uase sempre  A #ist*ria t)ctica do futebol mundial pouco fica a dever ao futebol germ5nico em termos de inova!$o Por isso" os seus maiores pensadores sobre o Bogo preocuparam-se em antecipar a evolu!$o dos tempos Ieria difícil manter" na evolu!$o dos tempos" um domínio %ue tin#a apenas a %uest$o física como base da sua filosofia &esse sentido" para muitos" a escola do mel#or futebol alem$o nos anos >? n$o estava em 3uni%ue mas sim em 3nc#engladbac#" uma cidade tran%uila" relativamente pe%uena" onde ainda era comum encontrarem-se mi7dos a Bogar bola nas ruas" longe da cosmopolita 3uni%ue" onde essa imagem rom5ntica deiHara de eHistir &a passagem dos anos 9? para a d/cada de >?" 3nc#engladbac# ainda tin#a isso &um )pice" por/m" por for! a da%uele fabuloso grupo de talentos" passou de simples cidade de província para capital do futebol do bom futebol germ5nico 3ais do %ue a típica puBan!a física alem$" o (orussia de ;eisMeiller tamb/m bril#ava pela t/cnica refinada dos seus Bogadores A face mais visível desta mescla for!a-t/cnica estava numa e%uipa %ue cruzava v)rios estilos diferentes de Bogadores" entre eles &etzer" Overat# e Iimonsen" a pe%uena serpente dinamar%uesa &a pose de (ecDenbauer" nos gestos de (reitner" ou" na selec!$o" nos gestos de Overat#" estrela de 3onc#engladbc#" via-se algo mais para l) da condi!$o atl/tica" mas seria com o emergir de uma nova grande estrela" Qarl einz ummenigue" %ue o futebol germ5nico gan#aria outro perfume t/cnico real Foi" talvez" o Bogador" com estilo menos alem$o" de todos os %ue fizeram a gl*ria do futebol germ5nico Os seus movimentos musculados denotavam" por/m" a sua escola Konservando ao mesmo tempo a for!a e o inesgot)vel vigor físico" geneticamente ad%uiridos e futebolisticamente moldados nas escolas dos seus clubes" ummenigue acrescentou" a esse legado físico" uma eleg5ncia e um

re%uinte t/cnico %ue fizeram dele" para muitos" um dos mel#ores Bogadores europeus dos anos @? Foi conciliando as distintas sensibilidades %ue emergiam das duas grandes escolas do futebol alem$o" a de 3uni%ue" mais robusta" e a de 3nc#engladbac#" mais t/cnica" ambas inspiradas nos livros de Kol*nia" %ue elmut Ic#on con%uistou o título 3undial em >6 com uma selec!$o %ue B) tin#a presente a inten!$o da simbiose for!a-t/cnica 3ais do %ue dedicado a glorificar as vit*rias da /poca" ele revelava as preocupa!es do futuro &a base do seu pensamento estava B)" num tempo em %ue o futebol for!a con#ecia os seus dias de gl*ria" a import5ncia da t/cnica no futebol moderno e seu papel decisivo nas tendências do futebol em fun!$o do futuro Estes seriam os seus temas em dois trabal#os apresentados nos cursos da 'EFA de .=>> e .=@? &ada #) de novo em dizer %ue os treinadores de Futebol pertencem a diferentes escolas de pensamento Assim1 . Alguns consideram a condi!$o física perfeita como a panaceia de acordo com o lema1 o físico acima de tudo 0 Outros preferem um treino menos puHado" acentuando a mel#oria da t/cnica 2 Outros pensam encontrar a solu!$o em eHercícios e teorias t)cticas O treino moderno postula" portanto" a pr)tica de três elementos b)sicos1 . Obten!$o de *ptima condi!$o física 0 Obten!$o de boa t/cnica de competi!$o 2 Elabora!$o de t)ctica Budiciosa O sistema de Bogo deve adaptar-se às faculdades dos Bogadores +/ desnecess)rio lembrar %ue nos 7ltimos tempos o comportamento t)ctico das e%uipas sacrifica todas as outras %ualidades do Bogo, Konse%uentemente" o treino deve incluir três directivas b)sicas1 . O assunto central do treino / o pr*prio Bogo" isto /" a bola 0 Aptid$o físico-t/cnica e t)cticaS três elementos diferentes" mas %ue nos treinos e nos Bogos interpenetram-se 2 O Bogo determina tudo  o come!o e o fim de um ciclo %ue se inicia no final de cada Bogo e se inicia com o treino e conclui-se no Bogo seguinte  Actualmente" o %ue define a boa aptid$o t/cnica / a capacidade de dominar a bola a alta velocidade com pouco tempo para o fazer estorvado pelo advers)rio avia um ditado %ue dizia1 :p)ra" ol#a e c#uta: oBe" ele pertence ao passado &o futebol actual s$o raras as ocasies em %ue um Bogador tem tempo de controlar calmamente a bola" ol#ar à sua volta e decidir a %uem pass)-la O %ue actualmente conta / a t/cnica din5mica" a perícia com a bola em movimento" e %ue deve ser alvo de especial aten!$o durante o treino Uual ser)" no futuro" a imagem do Bogo ideal %ue re7na a sede de vencer e a beleza &$o es%ue!amos %ue / mais f)cil para o treinador elaborar um treino de condi!$o física do %ue ensinar t/cnica ou t)ctica em condi!es de competi!$o Estou convencido %ue as nossas mel#ores e%uipas do mundo n$o progredir$o" a curto prazo" no plano da condi!$o física  verdade %ue tamb/m / muito importante para %ue se associem os eHercícios t/cnico e t)cticos à mel#oria da procura de Bogadores universais" mas o treino desmesurado da for!a pode ter repercusses negativas no comportamento t/cnico do Bogador Trata-se em absoluto de Bogar bem e de maneira diferente e isso s* / possível se n$o se omitir

o aspecto t/cnico do futebol  por isso %ue / fundamental o controlo da bola" pois ela constituí o factor principal para conservar as %ualidades e o poder de fascina!$o do nosso Bogo oBe" como aman#$" o domínio da bola em pleno movimento" pressionado pelo advers)rio e o tempo" reveste-se de uma import5ncia maior O tempo resolve onde se pode parar" controlar" ol#ar à volta e eHecutar um passe ) Bogadores bril#antes" de boa t/cnica e dribladores %ue perdem bril#o %uando marcados de perto I$o" ent$o" pressionados pelo tempo A t/cnica est)tica" do mesmo modo %ue cem to%ues de cabe!a ou malabarismos parados s$o in7teis 'ma e%uipa %ue atinge o auge no futebol moderno tem de basear o seu sistema de Bogo em #armonia com as aptides dos seus Bogadores e tem de possuir Bogadores capazes de aplicar a sua t/cnica mesmo debaiHo das mais diversas condi!es e com grande velocidade do princípio ao fim do Bogo .8 Leitura de Bogo" o futebol como um bom livro 'ma coisa / a t/cnica individual" outra coisa / a t/cnica colectiva A primeira" esgota-se no Bogador" a segunda" parte do Bogador e / posta ao servi!o do colectivo &$o / f)cil encontrar Bogadores com esta no!$o Ter) de ser o treinador a dar à e%uipa essa capacidade Kom Bogadores inteligentes" partindo do primado da t/cnica para c#egar à vis$o t)ctica" at/ descobrir uma forma de Bogar onde as duas camin#em lado a lado" deiHando para segundo plano outras ideias de Bogo menos perfumadas na rela!$o com a bola Lampard" Kesc ou 4eco s$o belos eHemplos desta tese 4esta forma" a raz$o de ser da t)ctica reside na %ualidade t/cnica dos Bogadores Ela / indispens)vel para a tornar eficaz" no passe" recep!$o e controlo" a essência do modelo de Bogo onde" afinal" a t)ctica / a t/cnica EHistem v)rias formas de tentar definir um bom Bogador mas a mel#or" pensando nesta rela!$o da t/cnica com a t)ctica" / %uando se diz %ue tem eHcelente :leitura de Bogo: Penso %ue / o maior elogio %ue se pode fazer a um Bogador Ol#ar para o Bogo como %uem ol#a para um livro Kada passo ou passe %ue d)" / como se estivesse a fol#ear cada p)gina Observar os movimentos de todos os intervenientes" da sua e%uipa e do advers)rio" como se o estivesse a ler" sem saltar lin#as e fazendo a pontua!$o +vírgulas e par)grafos, sempre nos locais certos  este o princípio do bom futebolista1 Iaber :ler o Bogo: &$o / obrigat*rio" no entanto" ol#ar para ele sempre da mesma maneira 4urante noventa minutos" #) tempo para diferentes ol#ares e estados de espírito ecordo uma entrevista de Ieveriano (allesteros em %ue ele" falando sobre a sua carreira" dizia %ue o segredo do Colf estava em %ue :/ um desporto %ue deve ser Bogado sempre entre o muito s/rio e a brincadeira: Fala sobre isso nas longas camin#adas %ue" durante um Bogo" se d) pelo green" onde #) tempo para tudo Crande concentra!$o na altura da tacada 4escompress$o e relaHe logo ap*s" %uando se parte" na direc!$o a outra Bogada Ramos trocar o green de golfe por um relvado de futebol E" claro" um Bogo por outro Ier) %ue n$o sucede" ou deve suceder" a mesma coisa" com um Bogador de futebol  Acredito %ue sim  impossível" e pouco aconsel#)vel" em %ual%uer posi!$o" seBa ela" por defini!$o" mais criativa ou mais mecanizada" manter sempre a mesma atitude interior )

%ue saber fec#ar a cara ou abrir um sorriso Primeiro" concentra!$o s/ria com a bola" seguindo o Bogo 4epois" nas pausas" %ue no futebol s$o muitas como se vê pelo escasso tempo 7til %ue tem cada Bogo" a oportunidade para descomprimir" sorrir 3uitos Bogadores sabem entender os momentos certos para estas diferentes atitudes Outros" confundem-nas Encontrando os timings certos" encon tram a atitude certa para se sentirem confort)veis dentro do relvado Para ter" afinal" prazer no Bogo  comum agora" no final dos Bogos das competi!es europeias" surgir o n7mero de %uil*metros %ue cada Bogador correu ao longo dos =? minutos I$o n7meros impressionantes1 :.0"8 %uil*metros:" :.. %uil*metros:" :="@ %uil*metros: E por aí fora Rendo estes n7meros a primeira tenta!$o / pensar1 %ue grande Bogo eles fizeram 3era ilus$o O princípio do bom futebol n$o est) em correr mais" mas sim em %uem corre mel#or Em vez do n7mero de %uil*metros %ue cada Bogador fez em campo" o mais importante era contar o n7mero de %uil*metros %ue esse  Bogador fez a bola correr Komo dizia 3estre Lied#olm" em campo" %uem deve suar / a bola Por isso" muitas vezes" %uando veBo Bogadores %ue sabem :ler o Bogo: a correr muito" ten#o a tenta!$o de fazer a crítica1 :sim" / um bom Bogador" mas corre demais:  comum fazê-lo ap*s ver Bogar No$o 3outin#o Fico cansado s* de o ver a7l e Tevez tamb/m s$o outros bons eHemplos  impossível ler um bom livro a correr  impossível ler um bom Bogo em alta velocidade Kontrolar o ritmo" controlar a ansiedade Fazer as pontua!es nos locais gramaticalmente certos Fazer as pausas" para :ler: mel#or o Bogo nos pontos futebolisticamente correctos Fala-se na for!a" na resistência e na potência Onde encaiHa isso tudo sem inteligência" t/cnica e talento Kom rapidez de pernas" mas sem velocidade de pensamento para %ue serve um Bogador Karl LeMis foi um atleta de velocidade impressionante Fabuloso 3as num campo de futebol" Laudrup seria sempre muito mais r)pido do %ue LeMis Por%ue a bola ser) sempre mais r)pida do %ue o  Bogador Por%ue correr em campo s* faz sentido com a bola como ponto de referência Pensem no golo fant)stico de 3aradona à nglaterra no 3undial @9  Agarrou na bola a meio-campo" dan!ou sobre ela e arrancou para a baliza" fintando e driblando advers)rio" at/" no 7ltimo momento" :comer: o guarda-redes e fazer o golo Agora" veBam bem Ie tivessem nesse mesmo instante" colocado 3aradona a correr" em lin#a recta" igual dist5ncia desde o meio-campo ao lado de todos os ingleses por %uais passou" o mais prov)vel seria %ue o mago argentino c#egasse entre os 7ltimos Kom a bola" por/m" correndo e pensando ao mesmo tempo +velocidade física e de mente," saltando obst)culos" c#egou primeiro e sem discusses ReBo o 3undial de Atletismo" fico deslumbrado com as performances de atletas %uase supra-#umanos" mas / cada vez mais difícil bater recordes &este campo" recordo sempre um atleta" %ue" anos atr)s" os batia %uase como respirava Era Iergei (ubDa" no salto à vara Uuando se pensava %ue tin#a atingido o auge" l) vin#a ele e saltava mais um centímetro 'm assombro A verdade" por/m" / %ue (ubDa tin#a tudo planeado Ele sabia %ue a sua superioridade na modalidade traduzia-se em pelo menos dez centímetros I* %ue em lugar de os saltar todos de uma s* vez" preferia ir progredindo aos poucos Pelo meio" fal#ava ensaios  Assim" em vez de bater o recorde por uma 7nica vez" batia-o v)rias vezes e a

admira!$o %ue cada um suscitava ia aumentando na directa propor!$o Embora neste caso" num desporto individual" (ubDa escondesse a sua for!a como estrat/gia de marDeting" podem eHistir outras razes para n$o se revelar todas as armas numa simples apari!$o  como com os laterais no futebol Ie sobem duas vezes" surpreendem duas vezes Ie sobem oito vezes" surpreendem %uatro Ie sobem vinte vezes" B) n$o surpreendem nunca" pois todos os defesas B) est$o à espera deles Em vez dos saltos de (ubDa" pensem nas Bogadas de 3essi" Uuaresma ou os v)rios onaldos &unca enganam Por cada bola %ue pegam" parecem sentir a necessidade de gan#arem o Bogo sozin#os Iempre %ue os vê pegar na bola" o advers)rio fica alerta Iabe %ue eles v$o sempre tentar lances fant)sticos Iinceridade pura Ou seBa" nunca apan#am os advers)rios adormecidos En%uanto o russo vendia centímetros" onaldo ou Uuaresma vendem fintas e dribles Rendo-os os Bogar" sinto %ue" às vezes" deviam disfar!ar-se de Bogadores banais Enganar" assim" os advers)rios ludindo-os Iem tentar resolver o Bogo em cada lance r colocando aos poucos a!7car no Bogo At/ transformar essas iluses no salto" ou na Bogada" %ue faz a diferen!a Komo vendedores de bom futebol Treinadores e Bogadores" c#o%ue de egos 3as se eHiste uma forma de definir um bom Bogador a partir da :leitura de Bogo: tamb/m eHiste um ponto de partida para encontrar a mel#or defini!$o para o %ue /" afinal" ser treinador Podem eHistir igualmente muitas respostas" todas v)lidas" mas #) uma bem clara1  saber de Bogadores Kon#ecer-l#es os tra!os t/cnicos e t)cticos" o lado #umano e o desportivo" ac!es e reac!es" enfim" tudo &aturalmente" esta ideia aplica-se" primeiro" aos seus pr*prios Bogadores Komo os colocar em campo" como os motivar fora dele 'ma no!$o %ue depois se transfere para o colectivo na escol#a do modelo de Bogo a adoptar Kada e%uipa tem um c*digo gen/tico 'ma forma de agir e reagir perante o Bogo Kada Bogador" tamb/m O plano colectivo cruzado com o individual Kabe ao treinador unir estas duas sensibilidades Primeiro o seu :Bogo: 4epois o dos seus Bogadores Por fim" unir" em campo" as suas sensibilidades de leitura Em geral" %uando se afirma %ue o futebol est) a ficar muito t)ctico" / comum as culpas serem atribuídas aos treinadores Os Bogadores" pelo contr)rio" significam liberdade 3as" seguindo a teoria culpabilizante %ue vê os treinadores como seres essencialmente receosos" os Bogadores seriam ent$o %uase como vítimas dessa corrente pragm)tica %ue coloca o resultado à frente da eHibi!$o &$o / assim t$o simples eparem nas declara!es mais comuns de treinadores e Bogadores Uuando falam tanto da e%uipa" em vez dos Bogadores" os treinadores est$o" no fundo" a falar do seu trabal#o e de como a ideia colectiva %ue definem para o Bogar  do onze / mais importante do %ue as eHibi!es individuais  compreensível Ten#o mais dificuldade em ver como os Bogadores" esses símbolos de liberdade" n$o gostam de falar das suas eHibi!es" afirmando %ue o mais importante / a e%uipa" mesmo no dia em %ue fez dois golos" e %ue nem têm posi!$o preferida em campo Ier) uma forma de se protegerem Talvez ) pouco tempo" falava deste tema com dois treinadores 4e como gerir egos dos

 Bogadores 4ebateram-se ideias e de como a pureza do Bogador c#oca com o lado egocêntrico %ue os domina A certo ponto" um desses treinadores deu-me um bom eHemplo Tin#a a ver com as :peladin#as: %ue se organizam nos treinos" em campo reduzido" e %ue todos disputam arduamente para gan#ar e depois tirarem fotos rindo-se na cara dos colegas Essas e%uipas" geralmente" s$o feitas pelos  Bogadores :Iabes %uem / %ue eles escol#em primeiro na #ora de as fazer Os defesas Iempre os defesas: Kom este eHemplo" esse treinador procurava demonstrar-me como o Bogador de futebol na alta competi!$o se torna essencialmente um ser egoísta" futebolisticamente falando" claro Em campo" defende-se dos seus defeitos" mas %uando colocado na pele de treinador" pensa por fim nele e" por inerência" na e%uipa ao mesmo tempo sto /" as e%uipas s* s$o dos treinadores at/ a bola come!ar a rolar 4entro do campo" elas s$o dos Bogadores O treinador decide onde os colocar no campo" mas depois / o Bogador %ue vai decidir %uando driblar" passar ou rematar E o Bogo e seu resultado" no concreto" depende mais destas sucessivas decises isoladas dos Bogadores do %ue das colectivas tomadas pelo treinador antes do início O mais difícil /" ent$o" conseguir a participa!$o de todos numa filosofia comum O bom futebol tem sempre a no!$o de solidariedade implícita Por isso" ser treinador /" sobretudo" saber de Bogadores Ler-l#es a mente e os egos" :domestic)-los: ou :dar-l#es asas: Fazer com %ue nas :peladin#as: escol#am primeiro os avan!ados Por%ue para escol#er primeiro os defesas" eHistem os treinadores O treinador vive" no entanto" com o :monstro: da press$o em cima Para al/m das t)cticas" / Bulgado por cada gesto 4urante as transmisses televisivas / comum eHistir o c#amado :rep*rter de pista: Fica" em geral" perto dos bancos e relata sobretudo as reac!es do treinador Rira meia volta" sai uma an)lise1 :Fulano est) de p/" n$o p)ra de dar ordens e gritar com o Bogador H e J: Ap*s esta simples aprecia!$o" %uem ouve fica" em geral" logo com uma opini$o positiva sobre ele O #omem" afinal" est) a dar tudo para gan#ar Uuando" pelo contr)rio" se ouve :fulano continua sentado e ainda n$o deu %ual%uer ordem para dentro do campo:" logo fica uma ideia negativa no ar O #omem B) nem sabe o %ue fazer Ele / o c#efe Tem / de gritar com eles Nulgamentos sum)rios" ilus*rios O mel#or /" %uase sempre" eHactamente o contr)rio Critar ou gesticular durante um Bogo para dentro do campo / um acto %uase sempre est/ril e in7til Os Bogadores" metidos no Bogo" nem ouvem 3as" para o treinador s$o importantes a%ueles gestos 4escarrega os nervos e sossega os adeptos Por isso" o mel#or mesmo / levantar-se e gritar Uuando um acto primitivo e est/ril se torna recomend)vel" todo o futebol necessita de um colete-de-for!as Komo eHplicar a arte Rer um cra%ue como onaldo ou 3essi fazer um grande golo / normal O espantoso / %uando esse momento sublime de Bogada e golo nasce dos p/s de um Bogador dito :normal: Ier) o momento de uma vida Uuando veBo esses lances fico a pensar1 como nasceu esse golo na cabe!a do Bogador  A noite estava fec#ada e n$o se viam estrelas no c/u O FK Porto n$o descobria forma de vencer o 3arsel#a 4e repente" um marro%uino com ar meio sonolento

apan#ou com a bola" e" nesse momento" arrancou para a baliza francesa como estivesse a voar sobre um tapete voador L) em baiHo ficava o at/ ent$o desordenado Bogo da sua e%uipa" incapaz de descobrir outra maneira de gan#ar o  Bogo" pela ordem colectiva Uuando desceu à terra" cara a cara com o guardaredes do 3arsel#a" TariD B) passara por todo o :Kas#ba: gaulês P/ es%uerdo" p/ direito" p/ es%uerdo Colo O fil#o predilecto de Al) nessa noite de K#ampions descobriu a eHplica!$o para esse momento à medida %ue a inventava :Primeiro" %uando tin#a a bola Bunto à lin#a lateral" apenas pensei em ultrapassar o defesa-es%uerdo: 'ma %uest$o burocr)tica" portanto :4epois" pensei apenas em servir um compan#eiro: A inten!$o de manter a ordem social da e%uipa em campo :4epois" vi %ue #avia muito espa!o e como a velocidade / um dos meus fortes" arris%uei seguir com a bola em fintas: A percep!$o da obra de arte surge na sua cabe!a sem desen#os pr/vios TariD procurou decifrar o mist/rio do seu golo recordando o %ue pensava a cada respira!$o  a mel#or forma de procurar Iegundos antes de a fazer" nem a imaginava se%uer Todos os grandes golos de rasgo individual nascem assim Oliveira foi dos mel#ores Bogadores portugueses %ue vi a Bogar e a pensar o Bogo" mas ele pr*prio dizia-me em conversa %ue :às vezes lembro-me de receber a bola e" num curto espa!o" com marca!es em cima" fintar um" dois" três advers)rios e sair a Bogar Tudo em frac!es de segundo Komo por magia" ficando" depois" na min#a cabe!a" a perguntar-me1 mas como foi possível tu teres feito isto: Foi como se as c#uteiras tivessem vida pr*pria Era por isso" %ue embora n$o o tivesse afirmado pensando em futebol" (ernard I#aM dizia %ue :o mais absurdo %ue podem pedir a um artista / uma eHplica!$o para sua obra" B) %ue essa eHplica!$o pode bem ser o %ue ele procurava: (alada por futebolistas insubmissos Pense um pouco e responda Uue palavra domina #oBe uma e%uipa ao entrar em campo1 medo ou esperan!a Pois bem" o futebol / t/cnica e t)ctica 3as tamb/m / instinto e sentimento ) v)rias formas de procurar definir a uni$o destes v)rios factores Eu sei %ue" como diria KruJff" o futebol / um Bogo para ser Bogado com a cabe!a" inteligência em movimento" mas a raiz da atrac!$o fatal entre o #omem e a bola tem outra essência Eu ac#o %ue 3antorras personifica #oBe esse lado selvagem" eHcessivo at/" %ue faz a nossa primeira aproHima!$o ao futebol E isso" ironia das ironias" / nos transmitido por um Bogador %ue est) condenado a n$o  Bogar Talvez por isso" tem alegria at/ no a%uecimento Faz lembrar uma bela prosa de 4rumond de Andrade para %uem se eHistisse um 4eus %ue regulasse o futebol ele seria ir*nico e farsante" pelo %ue" confidencialmente" ia colocando pelos campos alguns dos seus delegados incumbidos de zombar de tudo e todos 3antorras / um pouco isso I* %ue" como tamb/m / um 4eus cruel apenas l#e deu possibilidade de Bogar vinte e poucos minutos por Bogo Kusta ver como um Bogador %ue transmite esse sentimento a adeptos" colegas ou simples vendedores de %ueiBadas de Iintra" esteBa condenado" por %uestes físicas" a Bogar t$o pouco tempo 3as" se cal#ar / mesmo essa sua #ist*ria de sofrimento %ue torna o seu futebol mais romanceado e sedutor

&uma e%uipa de futebol cabem personagens de v)rios tipos Os calmos" os temperamentais" os %ue sabem esperar e os %ue por cada vez %ue pegam na bola %uerem resolver um Bogo Pensem nos Bogadores %ue Bogam à frente da defesa a marcar os ritmos de Bogo 3ais do %ue meros recuperadores" s$o tamb/m as primeiras referências na constru!$o de Bogo Trincos reciclados A sua import5ncia / enorme" mas %uando se fala dela" o comum / dizer-se como est) agora a e%uipa a Bogar mel#or O seu trabal#o dilui-se no colectivo e raramente o %ue ele faz aparece nos resumos Ie" noutra perspectiva" falarmos em Uuaresma" nos seus :raids: e :tri-velas:" logo dizemos" :meu 4eus:" como Boga este Bogador e eHaltamos as suas capacidades individuais Pressente-se a%ui como %ue uma luta entre o pensamento racional e o instinto Klaro %ue" pensando no Bogo como gosto de fazer" pegando na e%uipa como numa balan!a" colocando um peso de um lado" e depois outro no lado oposto" e assim sucessivamente" at/ encontrar o e%uilíbrio perfeito %ue permita dominar os movimentos defensivo e ofensivo" o ideal seria usar os dois estados de espírito para criar uma ideia racional de Bogo Ie a ordem serve para o empatar" s* o talento serve para o gan#ar A diferen!a nota-se %uando a esperan!a de gan#ar supera o medo de perder Ora aí est) um bom preteHto para voltar à pergunta inicial 3edo ou esperan!a Pois" seBamos #onestos Remos Bogar a maioria das e%uipas" as ordens dos treinadores" a press$o +sempre a press$o, %ue os domina" e n$o custa dar a primeira resposta 3uitas vezes" %uando termina um Bogo" mesmo gan#ando ou conseguindo um bom empate / comum vermos mais alívio do %ue alegria na cara dos Bogadores :'ff" conseguimos cumprir o plano t)ctico: )" por/m" Bogadores %ue nos mostram outro camin#o 3antorras / um pouco isso 'm símbolo das causas perdidas Rinte minutos para ver o futebol a partir de outro sentimento N) / mel#or do %ue nada Can#a muitos mil#ares de libras por mês mas continua sem arranBar os dentes partidos numa riHa de rua %uando era mi7do Penso %ue isto" por si s*" diz muito da personalidade de um #omem O desdentado" %ue tamb/m tem na face uma longa cicatriz de %ueimadura provocada pela %ueda de uma panela de )gua a ferver %uando ainda mal sabia andar" assombra agora os relvados ingleses Karlos Tevez As emo!es %ue as imagens transmitem surgem primeiro %ue as an)lises mais frias  difícil imaginar Tevez" seu futebol e estilo" sem ser o principal protagonista do clube onde Boga Iem dentes" claro" cabelo desgren#ado e o mesmo ol#ar fiHo na bola" crescido no bairro de maior criminalidade de (uenos  Aires" Fuerte Apac#e  Acontece-me muitas vezes fazer refleHes sobre futebol a partir de teHtos ou declara!es de outras actividades O m7sico Pedro turralde" dizia %ue o Bazz / uma m7sica %ue :primeiro sente-se" s* depois pensa-se: Ac#o %ue a an)lise a um Bogador de futebol passa pelas mesmas etapas 3esmo %ue de forma inconsciente O Bogo de Tevez gan#a outra dimens$o %uando se tem presente ao mesmo tempo a sua #ist*ria" pois" afinal" o futebol passa sempre primeiro pela emo!$o Ie vemos Bogar" por eHemplo" Pirlo" o ponto de partida para o analisar / logo diferente Tudo o %ue faz parece pensado primeiro 'ma esp/cie de emo!$o mecanizada" se / %ue isso eHiste Pelo menos tudo indica %ue sim" tal a forma cerebral e racional como decide cada passe ou movimento em campo Tevez /

outra esp/cie O lado emocional do futebol 3as" pode uma carreira construir-se s* a partir de decises emocionais Iartre dizia" sobre a essência do #omem" %ue :ningu/m / mais do %ue parece: Ier)" acredito" uma afirma!$o filosoficamente discutível" mas se adaptada para a refleH$o futebolística parece-me correcta Uuando se contrata Tev/z ou Pirlo" para l) de Bogadores diferentes para posi!es diferentes" est)-se a contratar duas essências futebolísticas diferentes Ou seBa" para as potenciar" / necess)rio tocar-l#e nos seus pontos mais sensíveis A emo!$o" no caso de Tev/z A raz$o" no caso de Pirlo Remos Tev/z e dizemos1 :Komo Boga este Bogador: Remos Pirlo e dizemos1 :Komo pensa este Bogador:  A forma de lidar com eles no Bogo e" sobretudo" no treino" tamb/m ter) de passar por ter sempre a consciência dessa essência A raz$o e a emo!$o &a constru!$o de um Bogador nen#uma eHiste sem a outra" mesmo %ue o tra!o de racionalidade seBa incutido apenas pelo treinador Tev/z ser) um desses casos &a capacidade de despertar a sua essência depende a vingan!a do apac#e argentino na Europa No#n Lambi nunca foi um treinador famoso no futebol inglês" mas eHistiu uma tarde em %ue pensou estar muito perto Ientava-se no banco do modesto PatricD T#istle e foi %uando um dos seus avan!ados c#ocou com um defesa" perdeu a mem*ria em pleno relvado e nem sabia %uem era Uuando o massagista l#e comunicou o sucedido" Lambi abriu os ol#os de esperan!a1 :Perfeito 4iga-l#e %ue / o Pel/ e %ue volte rapidamente para o campo: &$o sei se o avan!ado meio torpe do T#istle incorporou mesmo a personalidade do ei e desatou a fintar toda a gente e a marcar golos" mas muitas vezes" ao ver  Bogos" lembro-me desta #ist*ria pela facilidade com %ue alguns Bogadores aparecem e desaparecem do Bogo Passam longos minutos %uase desligados do mundo" e" de repente" acendem-se luzes na sua cabe!a" e fazem uma Bogada deliciosa" um golo at/ Komo n$o acredito %ue tal seBa obra de amn/sias tempor)rias" o enigma permanece &o meu altar de cra%ues por %uem ten#o a devo!$o mais profunda" est) um  Bogador %ue viveu muita da sua carreira entre estes dois universos Ieedorf 3ais ningu/m venceu três Ligas dos Kampees em três clubes diferentes Noga de nariz empinado" discute com o treinador e o mundo se for preciso" mas alterna Bogos e Bogadas fabulosas com outras eHibi!es amorfas e rebeldes ) Bogadores %ue encaiHam sem dificuldade nos mecanismos colectivos de uma e%uipa Outros têm mais dificuldade Pelo estilo" pelo temperamento A carreira de Ieedorf viveu tempo demais nesta segunda fase Pelo seu estilo e vis$o de Bogo" seria" nas tendências do futebol moderno" um pivot-defensivo %uase perfeito O seu ego %ueria" por/m" algo mais Ier um .? Kom essa ambi!$o n$o correspondida por v)rios treinadores %ue foi encontrando" desligou-se muitas vezes do seu bom futebol &o 3ilan" acabou como um @" partindo da ala es%uerda para" depois" soltar a sua personalidade de cra%ue Ancelotti foi lidando com o seu car)cter e o onze gan#a outra dimens$o construtiva de tr)s para a frente %uando ele pega na bola e transporta-a at/ à )rea advers)ria EncaiHa em %ual%uer mecanismo colectivo desde %ue este esteBa sob seu controle 3ais do %ue nunca" o grande son#o da imprensa na actualidade / conseguir vender a mais profunda intimidade de uma e%uipa de futebol (alne)rio e

gabinetes &$o / f)cil" claro 3ais difícil" por/m" / decifrar a mente de Ieedorf Ele nunca perde a consciência em campo mas como / usual desconfiar do Bogo" nesses momentos" ao treinador e seus admiradores" s* resta mesmo esperar %ue ele volte a recuperar a mem*ria Uuando o faz" resolve-se o enigma e o Bogo / outro O Bogador" 4eus e a bola" um caso de amor  .9 As mil e uma noites do futebol inglês ipnotizada pelos modernos vendedores de son#os" a Europa de início do Iec WW alucina com os novos clubes ingleses" proBectos fara*nicos compostos de grandes estrelas vindas de todo o mundo &o passado" por/m" o clube inglês %ue mais alto elevou o ego e o nome da Rel#a Albion foi" sem d7vida" o fabuloso Liverpool" a cidade dos (eatles e do futebol rom5ntico" a%uele %ue mel#or definiu um clube de futebol como a m)gica uni$o entre os seus adeptos e os Bogadores %ue" ao longo das /pocas" vestiram a camisola desse clube" %ue / um estado de alma" um bocado das suas vidas Erguida no estu)rio do rio 3ersJ" na regi$o do Lencas#ire" a bela #ist*ria do Liverpool come!a em .=8= %uando" com o clube na  4ivis$o" c#egou ao seu comando" o escocês (ill I#anDlJ" vindo do uddersfield Este #omem mudaria para sempre a imagem do Liverpool Em .=90" com o regresso à  4ivis$o" estava cumprida a primeira fase da sua promessa1 Tornar o Liverpool no primeiro clube do mundo &essa miss$o" I#anDlJ correu toda a Cr$-(retan#a em busca de talentos 3uitas vezes contratava-os muitos novos" fazendo-os Bogar nas reservas durante dois anos" aprendendo o :Liverpool spirit:" at/ ocupar o lugar das estrelas %ue se retiravam Assim" para ele as duas mel#ores e%uipas do mundo eram o Liverpool e as reservas do Liverpool O segredo de I#anDlJ era a dedica!$o e paiH$o %ue transmitia a todos" com um sentido de motiva!$o 7nico 'ma tarde" os Bogadores do Liverpool ouviam ansiosos a sua palestra antes do  Bogo com o poderoso 3anc#ester de (usbJ I#anDlJ falou de todos os #omens do advers)rio" eHplicou como os anular e como fracos eles eram Falou de todos menos de três" como logo um Bogador se apressou a lembrar1 :E %ue fazemos com K#arlton" (est e LaM" 3ister I#anDlJ: mpar)vel" o escocês sentenciou1 :&$o me digam %ue n$o s$o capazes de gan#ar a uma e%uipa %ue s* tem três Bogadores: Iabia como ningu/m incentivar os Bogadores1 :Rai" entra em campo" e abana-l#e os ossos para a gente ouvir:" dizia a TommJ Imit# antes de entrar em campo para marcar um advers)rio 4epois disto ele at/ parecia capaz de iniciar um motim num par%ue infantil &outra ocasi$o" antes de um Bogo contra o Anderlec#t disse aos Bogadores para n$o se preocuparem1 :Eles n$o valem nada: &o fim" depois de vencer 2-? afirmou solenemente1 :Acabaram de bater uma das mel#ores e%uipas da Europa: Os  Bogadores viviam enfeiti!ados com as suas atitudes Era um #omem de contrastes" nada dado a conversas sociais" ora era capaz de p[r um Bogador na lua" ora era capaz de l#e pregar uma descompostura tal %ue o colocava de rastos Uuando uma vez um Bogador se %ueiHou dizendo %ue :&$o posso Bogar" 3ister" estou c#eio de dores no meu Boel#o:" I#anDlJ respondeu-l#e furioso1 :Uue %ueres dizer com o meu Boel#o sso B) n$o / o teu Boel#o Esse / um Boel#o do Liverpool: Por outro lado" sabia cultivar a rivalidade com o Everton" o grande inimigo futebolístico de

Coodison ParD" mesmo no %uarteir$o ao lado1 :Ie por absurdo o Everton estivesse a Bogar no Bardim de min#a casa" eu corria logo as cortinas:  Aos poucos surgiam os grandes nomes do Liverpool Em 96 torna-se pela seHta vez na sua #ist*ria campe$o inglês ap*s .> anos de vazio" mas os grandes :diabos vermel#os: ainda estavam por c#egar Os anos >? ainda se espregui!avam" %uando numa madrugada de >." on As#man" manager do Icunt#orpe" teve de se levantar cedo 4ias antes comprometera-se com I#anDlJ em levar" nessa man#$" a Anfield oad um :little boJ: de 0? anos %ue fazia o %ue %ueria da bola e %ue" na brincadeira" descrevera como um terrível buldog em forma de Bogador de futebol O seu nome era Qevin Qeegan Os clubes tin#am acordado uma transferência por 22??? libras 'ma pe%uena fortuna para o modesto Icunt#orpe &o camin#o" por/m" o mi7do Qeegan apenas lembrava as palavras do seu pai" um #umilde mineiro" %ue antes de sair de casa l#e aconsel#ara sabiamente a nunca se vender barato Uuando c#egou a Anfield" Qeegan encontrou um ambiente confuso Estava-se a cinco dias da final da Ta!a com o Arsenal 4urante meia #ora esperou numa sala para ser recebido Kome!ava a ficar nervoso %uando ouviu" com típico sota%ue escocês" a inconfundível voz de I#anDlJ Levantou-se de imediato e" num instante I#anDlJ entrou na sala e mal ol#ou para o seu ."92m" ficou impressionado1 :eJ" son" B) alguma vez pensaste em ser boHer Uue físico" costumas fazer pesos: 3uitos n$o sabem" mas I#anDlJ estava certo" antes de Bogar futebol" Qeegan fora pugilista na sua adolescência em 4oncaster A proposta de I#anDlJ foi 68 libras por semana Qeegan ouviu" lembrou-se dos consel#os do pai" fingiu-se pouco impressionado e disse %ue :&$o sei" no Icunt#orpe gan#o 28 mais .? de b*nus de vit*ria :As#man ia desmaiando vendo os seus 22??? a voar I#anDlJ ol#ou-o e ripostou1 :OQ" 8?por semana: &eg*cio fec#ado &a viagem de regresso"  As#man" furioso" repreendeu Qeegan" %ue" na verdade" apenas gan#ava 2? libras :OQ" mas pelo menos falei verdade no .? de b*nus:" disse o pe%ueno le$o de 4oncaster :Iim" mas %uando / %ue alguma vez gan#aste um b*nus em Icunt#orpe: respondeu As#man" no final" felizes" ambos terminaram a rir e a brindar ao eHcelente neg*cio (ons tempos  Assim come!ava o fabuloso camin#o de Qeegan em Liverpool Ainda #oBe ele / a sua figura mais recordada Era um Bogador fant)stico 4esenvolveu uma tal intimidade com a bola %ue muitos passaram a atribuir os seus lances de g/nio a pura sorte &esse conteHto" NacD K#arlton" eH-internacional e eHímio pescador" disse uma vez %ue se Qeegan trope!asse e caísse no io TJne levantar-se-ia com um salm$o na boca 4elírios brit5nicos" claro est) Qeegan era um talento nato Reloz" mudando constantemente de posi!$o" parecia voar baiHin#o O c#amado estilo :3icDeJ 3ouse: em =? minutos de um s* f[lego Uuando em >6" I#anDlJ" com 9. anos" decidiu parar" o seu 7nico lamento era o de nunca ter gan#o a Ta!a dos Kampees Kon%uistara a Ta!a 'EFA" mas n$o era a mesma coisa &a #ora do adeus deiHou uma grande e%uipa" liderada por Qeegan" com diabos como 3c4ermott" ei-g#MaJ" Kase" Kallag#an" &eal e Tos#acD" mas" sobretudo" deiHou o mais importante tesouro do reino de Liverpool1 uma atmosfera sobrenatural de conBunto e uni$o entre todos os elementos da casaS o famoso segredo do boot room" o balne)rio" %ue iria passar de gera!$o em gera!$o 4epois de I#anDlJ" a mística passou para (ob PaisleJ +>6<@2," anterior adBunto" e

depois para Noe Fagan +@2<@>," sempre com o apoio do fiel onnie 3oran Em 8=" foram estes três #omens a receber I#anDlJ 4epois" durante 2? anos foram eles a abrigar o segredo Uuando I#anDlJ abandonou Anfield" dirigir o Liverpool era como conduzir um olls-oJce O Liverpool de PaisleJ foi" por/m" diferente do de I#anDlJ" sobretudo a nível internacional Essa era" ali)s" a maior crítica %ue se fazia a I#anDlJ" para %uem o futebol inglês era o mel#or do mundo" minorando o do continente" %ue dizia ref/m de es%uemas t)cticos e picardias sem fair-plaJ Kom PaisleJ" o Liverpool cresceu t)ctica e tecnicamente" tornou o seu estilo mais continental" privilegiando a posse e a circula!$o de bola Os seus defesas passaram a sentir-se mais confort)veis com a bola nos p/s Ora / eHactamente esse o segredo das grandes e%uipas Iaber iniciar e desen#ar mentalmente na defesa as suas Bogadas ofensivas  Assim" os defesas do Liverpool durante a era-PaisleJ" T#ompson" ug#es" estes ainda formados na /poca de I#anDlJ" ansen e LaMrenson" cultivaram um perfil elegante &$o se limitavam a despeBar bolas para a )rea advers)ria Para al/m de eHímios no Bogo a/reo e no tacDle" passeavam classe com a bola Bunto à relva" à frente de guarda-redes como Klemence e Crobellar Em nove /pocas" PaisleJ con%uistou 2 Ta!as dos Kampees" . Ta!a 'EFA" . IuperTa!a Europeia" 9 Ligas nglesas e 2 FA Kup" tornando-se o treinador de maior sucesso na #ist*ria do futebol inglês Em .=>> teve de encontrar um substituto para Qeegan %ue rumara para amburgo O eleito seria o escocês 4alglis#" comprado ao Kel-tic por 6?? mil libras 4alglis# e Qeegan envergaram com igual garra a mítica camisa > do Liverpool Eram dois líderes com personalidades diferentes Qeegan" mais emocional" 4alglis#" mais e%uilibrado Ambos tin#am assombrosos rasgos de g/nio" mas en%uanto Qeegan era r)pido e imprevisível" capaz de surgir vindo do nada sem ningu/m estar à espera" o escocês era um Bogador mais adulto 4esmontava o Bogo pe!a por pe!a na sua mente e com a bola nos p/s era capaz de escrever contos e pintar %uadros de #ipnotizante beleza pl)stica menso" foi .?0 vezes internacional pela Esc*cia Kom 4alglis# e uma nova gera!$o de talentos" o Liverpool seguiu a cruzada europeia Pouco depois" novo dilema1 descobrir o sucessor de Tos#acD" a outra face da dupla atacante Em @?" seguindo os ensinamentos de I#anDlJ" PaisleJ apostou num Bovem galês de .= anos" profissional #) apenas um ano" em K#ester1 us# A vel#a #iena" como seria depois apelidado tal a forma como aparentava passar todo o Bogo a sorrir Nogou .6 /pocas" tornando-se numa m)%uina goleadora Uuando a bola caía na )rea e ol#ava para us# B) nem perguntava o %ue fazer e de imediato %uase por magia tomava o camin#o da baliza Uuando em .=@6" com Fagan" o Liverpool con%uistou a %uarta Ta!a dos Kampees o seu capit$o era o terrível Iouness" um duro %ue carregava a e%uipa às costas O espírito de e%uipa era incrível 4urante os est)gios" %uando visitados pela imprensa e adeptos" os Bogadores divertiam-se fazendo caretas aos outros #*spedes do #otel" brincando e cantando can!es tradicionais da #ist*ria do Liverpool Ier do Liverpool era fazer parte de uma das mais importantes p)ginas da #ist*ria do futebol mundial Para nele Bogar seria necess)rio" antes do mais" entender o seu estado de espírito 'ma imensa constela!$o de simples rapazes tornados estrelas nas m)gicas noites de Anfield oad Todos eles bril#aram

perante a :Qop:" a mítica bancada atr)s da baliza" onde em dia de Bogo se concentravam de p/ cerca de 0? mil loucos adeptos" gritando e cantando sem parar durante =? minutos1 :A Qop garantia pelo menos um golo de avan!o Ier seu membro / como pertencer a uma institui!$o sagrada A press$o %ue ela fazia era tal %ue %uase sugava a bola para dentro da baliza" outras vezes assustavamna e ela fugia para longe A Qop era uma institui!$o Ier seu membro fazia uma pessoa sentir-se membro de uma grande sociedade" com mil#ares de amigos ao seu redor" sempre unidos e leais:" palavras de I#anDlJ O sucesso europeu do Liverpool inspirou todo o futebol inglês %ue nos anos >?<@?" gerou temíveis e%uipas Em >= e @?" o &otting#am Forest de (rian Kloug#" reunindo um not)vel grupo de Bogadores" onde figuravam o guarda-redes I#ilton" o capit$o 3cCovern e o :striDer: Tre-vor Francis" venceu duas vezes a Ta!a dos Kampees" afastando o pr*prio Liverpool Em @0 seria o sensacional Aston Rilla de ;als# e ;#ite a bater o (aJern 3uni%ue" sagrando-se" tamb/m" rei da Europa A epopeia do grande Liverpool teria por/m um fim dram)tico Em @8" no #orror de eJsel" o Liverpool perde com a Nuventus a %uinta Ta!a dos Kampees 4epois do terror %ue antecedeu o Bogo" o resultado pouco interessava &esse clima" o )rbitro apontou um penaltJ dois metros fora da )rea" e deu a Ta!a à Nuventus Kastigado pela 'EFA" durante 8 anos" o Liverpool e todos os clubes ingleses" n$o voltariam à Europa da bola &o mesmo ano" a retirada de Fagan e a promo!$o de 4alglis# a  Bogador-treinador indicava %ue o clube c#egara a um ponto de viragem na sua #ist*ria Uuando em =." Iouness" vindo do ClasgoM angers" tomou conta da e%uipa" depois de 4alglis# pedir a demiss$o por%ue :n$o consigo aguentar mais esta press$o:" a ruptura com a dinastia I#anDlJ B) era evidente O clube passou a gastar fortunas com Bogadores" mas nem oJ Evans" ainda um produto do boot room" empossado em .==6" reergueu a c#ama dos vel#os tempos" at/ %ue" no seu lugar" surgiu em .==@" o francês Cerard oulier Era o %uebrar da dinastia I#anDlJ e o fim do segredo do boot room 3uito do misticismo e idolatria %ue gira à volta dos Bogadores ingleses resulta sobretudo do seu carisma e da acessibilidade %ue reveste as suas rela!es com as massas adeptas %ue os seguem religiosamente I#anDlJ e Qeegan eram o eHemplo perfeito disso mesmo Em Iout#ampton os Bogadores costumavam dizer %ue %uando Qeegan se atrasava para o autocarro da e%uipa era por%ue estava a correr a cidade à procura de algu/m %ue ainda n$o tivesse o seu aut*grafo  Apesar do din#eiro %ue foi gan#ando" I#anDlJ permaneceu o mesmo #omem simples %ue encontrou a raz$o de viver no eHistencialismo do p*s-guerra abitava a mesma casa de três assoal#adas" guiava o mesmo vel#o carro e passava os domingos a cortar a relva e a pentear o seu c$o" um cocDer Uuando algu/m parava para l#e pedir um aut*grafo n$o se limitava a d)-lo e" muitas vezes" convidava essa pessoa" con#ecida ou n$o" para entrar e tomar um c#) e umas bolac#as" a sua refei!$o preferida I#anDlJ s* pensava em futebol e a sua mul#er" %ue se %ueiHava %ue raramente o via a falar sobre outra coisa" lembra %ue" certo ano" no dia do anivers)rio de casamento" ele finalmente a convidou para dar um passeio rom5ntico ncr/dula e esfuziante colocou o mel#or vestido e a mel#or ma%uil#agem &$o tardaria por/m a saber %ue a surpresa de I#anDlJ seria passar a tarde a ver um Bogo das reservas do oc#dale" um clube da 2

4ivis$o1 :Rês" &essie" dizia I#anDlJ" / a%ui %ue às vezes se descobrem os grandes Bogadores do futuro: &ada mais rom5ntico" de facto" para os apaiHonados do futebol feito sentimento oBe a sua est)tua" tal como a de (usbJ em Old Traford" guarda dia e noite a catedral de Anfield oad" ao lado das famosas :I#anDlJ Cates:" o port$o %ue / a entrada principal para a casa do Liverpool FK Uuando a noite cai sobre este mítico lugar" muitos Buram ainda por vezes ver o vulto de I#anDlJ" abandonando solit)rio o seu local de culto" a camin#o do seu vel#o carro A realidade" por/m" / outra Em .=@. I#anDlJ" vítima de um ata%ue de cora!$o" partiu deste mundo &o seu epit)fio" uma frase singular1 (ill I#anDlJ" .=.2-.=@." e madepeople #appJ Ele fez as pessoas felizes .> O sorriso do 4iabo +T)cticas defensivas, Observando a evolu!$o t)ctica ao longo dos tempos" / pacífico afirmar %ue as modifica!es nos sistemas +estruturas, de Bogo foram evidenciando cada vez maior preocupa!$o com os m/todos defensivos para assegurar a defesa da baliza &os ventos da #ist*ria" um #omem" para uns El mago" para outros El diablo" eternizou-se como o grande símbolo desse futebol defensivo %ue Bogava cinicamente com o sorriso do diabo1 elenio errera Local de gesta!$o do plano tacticamente ma%uiav/lico1 t)lia" claro 'm traBecto de ast7cia e inova!$o %ue o celebrizou como inventor do m*rbido Katenaccio" suprema inspira!$o das t)cticas defensivas futuras errera era" por/m" um #omem e um treinador para al/m desse redutor conceito defensivista Trota-3undos desde mi7do" sempre misturou com mestria" ao longo da sua carreira" todos os ensinamentos das v)rias escolas de futebol %ue foi con#ecendo Embora tendo nascido na Argentina" esse início de aprendizagem futebolística deu-se em 3arrocos" nas ruas de Kasablanca" uma bela escola da vida" onde Bogou com )rabes" italianos" portugueses" espan#*is" etc &os movimentos puros dos mi7dos da rua" descobriu as características inatas de cada futebol 4epois" %uando treinador" soube colocar todos esses talentos ao servi!o dos seus discutidos conceitos t)cticos  Antes da t)ctica" foi a sua personalidade %ue fez de errera um #omem avan!ado no tempo oBe / comum falar-se das e%uipas %uase como propriedade intelectual dos treinadores I$o eles" antes dos Bogadores" %ue surgem colados a elas como designers do seu estilo em campo errera foi um precursor desse estilo numa /poca em %ue os  Bogadores ainda detin#am o protagonismo A partir dele" come!ou a falar-se no nter de errera 3escla de confian!a e arrog5ncia" procurava c#amar todas as aten!es para si" libertando os Bogadores dessa press$o Era o início dos c#amados mind games Fez #ist*ria pela forma como enfurecia os advers)rios Para isso" muitas vezes bastava apenas a frase %ue" em momentos cir7rgicos" repetia antes dos Bogos1 : Renceremos mesmo sem ser preciso descer do autocarro: 4epois" c#egava ao est)dio" e en%uanto os Bogadores se e%uipavam no balne)rio" subia sozin#o ao relvado provocando os adeptos advers)rios %ue o recebiam com um coro de insultos e assobios ensurdecedor A seguir" regressava aos vesti)rios e anunciava1 :agazzi" B) podem entrar em campo" deiHei-os sem voz:

 As cínicas t)cticas defensivas de errera tin#am" no entanto" as suas raízes em outras m*rbidas estrat/gias B) ensaiadas anos atr)s Komo fundador desta forma cínica de pensar o Bogo esteve" em meados dos anos 2?" um astuto treinador austríaco" mas %ue ao contr)rio dos seus compatriotas" como 3eisl" n$o seguira a escola de artes de Riena1 Qarl appan O inventor do ferrol#o e inspirador" no futuro" do Katenaccio A grande apari!$o de appan no mundo do futebol sucedeu em .=2@" %uando era treinador da selec!$o da Iuí!a" país onde se radicara como t/cnico do Crass#opers Rendo %ue" apesar de tecnicamente limitados" os  Bogadores suí!os eram fortes e duros" decide" ent$o" congeminar um sistema t)ctico mordaz %ue" antes de %ual%uer outra coisa" impedisse o advers)rio" teoricamente superior" de Bogar Era o nascer dos gr andes sistemas defensivos  Assim" idealizou um rígido sistema de marca!es individuais" a cargo dos três defesas fiHos1 Loertc#er" Le#man e Ipringer Tin#am nas suas costas um outro elemento" para Bogar nas dobras" %uando a bola furasse a lin#a de três stoppers e entrasse na )rea 'ma esp/cie de sMepper" o c#amado defesa-vassoura" religiosamente interpretado por 3inelli V frente da lin#a defensiva" na entrada da )rea" dois m/dios recuados" apenas com tarefas defensivas" os trincos dos nossos dias" Rernatti e ;alaceD" apoiados por Abegglen" m/dio ala es%uerdo 4e alcun#a Trello" era um Bogador dotado" dos mel#ores %ue a #ist*ria do futebol #elv/tico produziu 3uitas vezes sentia a tenta!$o de soltar-se e tentar c#egar perto dos três #omens mais avan!ados" Amado" (icDel e Aebi" %ue" mesmo assim" tin#am a obriga!$o de marcar os Bogadores mais recuados da e%uipa advers)ria e" na maioria das vezes" s* recebiam a bola em espor)dicos contra-ata%ues ou nos passes em profundidade do eficaz Rernatti Era o nascer do ferrol#o" o c/lebre Rerrou em francês" um sistema com %uatro defesas e dois trincos" tendo ainda como princípio a meio-campo a marca!$o individual aos eHtremos contr)rios" entalar o avan!ado centro entre dois defesas centrais e inserir mais dois m/dios no sector defensivo 'ma autêntica ratoeira onde cairia a poderosa Aleman#a no 3undial-2@ 3ais tarde" nos anos 6?" ecoava por toda a t)lia o feito de um vel#o t/cnico c#amado Cipo Riani" %ue com uma ardilosa t)ctica defensiva" levara o modesto onze da Ialernitana à subida de divis$o (asicamente" Riani alin#ava um nZ =" Piccinini" avan!ado centro por eHcelência" como um m/dio %ue logo ap*s o início do Bogo" recuava no terreno at/ à defesa" para marcar individualmente o avan!ado centro advers)rio Ao mesmo tempo" o m/dio (uzzegoli colocava-se a tr)s da lin#a de defesa Assim" %uando o avan!ado contr)rio pensava" depois de fugir à marca!$o ao #omem de Piccinni" encontrar o camin#o para a baliza todo livre" nele surgia (uzzegoli %ue dobrava todo o sector e varria a bola para longe da zona de perigo &ascia assim o primeiro libero da #ist*ria do K)lcio Em sua #omenagem c#amou-se a este sistema :Rianema: Ieguindo esta ideologia t)ctica" cuBa inspira!$o estava claramente no vel#o ferrol#o suí!o" Alfredo Foni con%uistaria" no nter" dois campeonatos consecutivos +8.<80 e 80<82, &esse tempo" o libero era (lason Kom errera" o libero seria Picc#i" antes um discreto defesa-es%uerdo  A estrat/gia baseava-se num frio es%uema defensivo %ue depois usava o contra ata%ue como uma mortífera arma secreta 4epois do ferrol#o #elv/tico dos anos 2?" obra de appan" surgia uma nova proposta t)ctica baseada num sistema

defensivo I* %ue ao inv/s do ferrol#o %ue tin#a implícito o recon#ecimento de %ue o advers)rio era superior" o Katenaccio era uma arma para vencer" posta em pr)tica por um advers)rio teoricamente superior" onde a condi!$o atl/tica dos  Bogadores era decisiva para o sucesso errera nunca criticou a%ueles %ue atribuíam a inven!$o do sistema a Riani e Foni" mas lembrava %ue antes B) ele tamb/m o tin#a utilizado : En%uanto Bogador actuei como lateral es%uerdo do Itade Fran!ais Foi ent$o %ue num Bogo importante %ue vencíamos por .-?" eu %ue era o capit$o" e perante as dificuldades %ue est)vamos a sentir para segurar o resultado" resolvi" em pleno campo" mudar o sistema ;3 em %ue Bog)vamos Kolo%uei-me atr)s da defesa" à frente do guarda-redes e disse a um m/dio para fazer o meu lugar no flanco Uuando mais tarde me tornei treinador da mesma e%uipa lembrei-me da%uela eHperiência e passei a adoptar o sistema sobretudo nos Bogos fora ou nos encontros mais importantes ou difíceis Os meus Bogadores c#amavam-l#e o sistema-cimento" por%ue o posto de libero garantia uma defesa %uase impenetr)velG Ie o ;3 ficara famoso por ter criado o sto-pper" o defesa central de marca!$o cl)ssico" o Katenaccio" tornou-se uma referência de ruptura por ter inventado o libero" %ue em italiano significa livre +isto / liberto de tarefas de marca!$o directa," cuBo termo diz dever-se :ao meu colega Angelo Crizzetti: &o fundo" este triunfo t)ctico limitava-se a tirar uma unidade ao ata%ue para a acrescentar na defesa A g/nese ofensiva do futebol estava amea!ada Apesar das críticas estilísticas" o Katenaccio criaria raízes e desde esse tempo at/ #oBe" colou-se ao futebol italiano como a sua imagem de marca  Konta-se %ue" na d/cada de 9?" no nter" elenio errera tin#a escrito nas paredes do vesti)rio1 :classe h prepara!$o atl/tica h inteligência  Kampeonato: Para ser vencedora a sua f*rmula necessitava" por/m" de grandes Bogadores no plano da inteligência e cultura t)ctica em campo 'ma f*rmula vencedora materializada no campo por uma promessa %ue fora buscar às camadas Bovens" Iandro 3azzola" fil#o de Ralentino do Torino dos anos 6?" Iuarez" o ar%uitecto espan#ol" os m/dios Korso e (edin" e Nair" %ue descobrira no K#ile" vendo um treino da selec!$o canarin#a O papel dos m/dios era" sobretudo" o de anular os movimentos do meio-campo contr)rio" povoando o miolo do terreno" para onde" silenciosamente" se incrustava um dos eHtremos 3as sempre preparado para" %uando os advers)rios adormeciam" avan!ar em grande velocidade no contra ata%ue Esse #omem era Nair O grande suporte do onze estava" no entanto" na defesa alicer!ada em torno de Facc#etti" com (urgnic# e Facc#etti como laterais ofensivos" Cuarneri" central de marca!$o" e Tagnin" trinco :4iziam %ue era ultra-defensivo" mas es%uecem-se %ue fui o primeiro a transformar os defesas-laterais em m/dios-ala Kom Facc#etti" era o eHtremo advers)rio %ue tin#a de marcar o meu lateral 3as" / verdade" no meu sistema" o cora!$o da e%uipa estava na defesa Kom efeito" ol#ando para o pensamento e para o sistema de errera" nele detect)mos muitas das grandes bases do futebol moderno &ele est$o os três centrais" dois fiHos e um falso" o trinco %ue recua" os laterais ofensivos" três m/dios na zona central" um ponta-delan!a e outro falso" situando-se mais atr)s" e cuBa movimenta!$o se solta entre o meio-campo e o tal Bogador mais adiantado 3as o %ue / verdadeiramente o futebol defensivo O conceito / subBectivo ) %uem defenda no limite da )rea e #) %uem o fa!a a meio-campo" mas o certo /

%ue %uem n$o sabe defender nunca ir) a lado nen#um Trapattoni" por eHemplo" outro vel#o treinador da escola transalpina" pertence à classe %ue profetiza es%uemas %ue come!am a defender a meio-campo" na frente da defesa" com a c#amada primeira lin#a de conten!$o do meio-campo" pelo %ue sempre %uis" nas suas e%uipas" trincos ou m/dios defensivos aguerridos" recuperadores de bola e marcadores natos" em vez de volantes mais macios" %ue at/ podem ter maior capacidade t/cnica na saída de bola mas revelam" por outro lado" algum d/ficit de agressividade sem bola" na #ora em %ue / imperioso defender e fec#ar espa!os 4o seu glorioso tempo na Nuventus" nos anos @?" ficam c/lebres as discusses com o Platini" ao intervalo" nos balne)rios1 :3ister" vamos avan!ar no terreno" se tivermos a bola mais longe da nossa )rea arriscamos menos:" dizia o .? gaulês :(ravo" 3ic#el" tudo bem" mas para eu fazer isso" faz-me primeiro ver a bola sempre l) na frente e n$o a e%uipa sozin#a sem ela:" respondia o Trap sentenciando a discuss$o  A defesa em :lin#a: e a t)ctica do :fora-de-Bogo:  uma das mais cínicas li!es da #ist*ria do futebol europeu" uma estrat/gia com re%uintes de malvadez" mas" ao mesmo tempo" das mais arriscadas do futebol do passado e do presente A defesa em lin#a" a c#amada :t)ctica do fora-de-Bogo: 'ma voz de comando vinda do libero" colocado de perfil" e todo o %uarteto defensivo d) dois-três passos em frente com o fim de deiHar fora-de-Bogo os avan!ados advers)rios &o limite da perfei!$o" / a inteligência de movimentos aplicada instintivamente 'ma sincronia colectiva nascida na (/lgica dos anos 9?" lapidada nos @?" e #oBe seguida por muitas e%uipas europeias Eis a sua ideologia e base t)ctico-t/cnica Observando a #ist*ria do futebol" #) um momento c#ave %ue marca o nascer dessa armadil#a do fora-de-Bogo O seu mentor foi um treinador francês" em .=92" c#amado Pierre Iinibaldi" ent$o no Anderlec#t %ue" nessa /poca" utilizando essa cínica arma defensiva" levou à vit*ria sobre o grande eal 3adrid de 4i Itefano" na primeira eliminat*ria da Ta!a dos Kampees A base da estrat/gia passava por encarar o ata%ue espan#ol de occo-PusDas-4i Itefano" com uma defesa a :6:" eJlens-Rarbiest-Lippens-Kornelis" colocada em lin#a e marcando à zona num sistema t)ctico de 6H0H6 A essência da armadil#a residia no avan!ar de um desses defesas para fazer a zona e encurtar espa!os em rela!$o ao portador da bola na #ora em %ue este se aproHimava da )rea belga O ponto de referência era" assim" sempre a posi!$o da bola &o momento em %ue o madrileno ensaiava o passe" o trio recuado dava mais um-dois passos à frente" colocava-se de perfil com o libero %ue saíra na marca!$o e" nesse movimento" deiHava os avan!ados madrilenos fora-de-Bogo Era o nascer da c#amada defesa em lin#a %ue" mais tarde" seria lapidada pelos grandes clubes belgas e" sobretudo" pela sua selec!$o %ue" nos anos @?" com CuJ T#is se tornou" ent$o" de uma precis$o cir7rgica na realiza!$o dessa arte de enganar" %ue se traduz" afinal na forma mais sublime de defender sem bola Ieus autores1 Cerets" 3ille-camps" 3eeuMs" en%uin evendo os Bogos dessa (/lgica" nota-se" por/m" %ue a defesa em lin#a B) evoluíra nos seus contornos" ao ponto de servir de referência para o %ue se pratica na maioria das grandes e%uipas do presente" desde" por eHemplo" o 3ilan

de fins dos anos @?" %uando" ent$o em 6H6H0" adiantava a defesa" TassottiKostacurta-(aresi-3aldini" fazendo a zona" mas B) com o libero colocado desde o início de perfil com o %uarteto defensivo %ue avan!ava à sua voz de comando %uando os laterais" principal referência para o activar da subida conBunta e simult5nea do :6: defensivo" estavam alin#ados a toda a largura do campo oBe" em rela!$o ao passado" nota-se %ue cresceu o papel do guarda-redes" agora mais adiantado" %uase como um segundo libero %ue sai com os p/s a despeBar as bolas longas %ue caiam no espa!o vazio entre ele e as costas do %uarteto defensivo" %ue continua a posicionar-se à zona" movendo-se sempre em fun!$o da posi!$o da bola 'ma imagem do c/lebre Bogo Anderlec#t-eal 3adrid +. eliminat*ria" Ta!a dos Kampees" 90<92," onde o treinador francês do campe$o belga" Pierre Iinibaldi" lan!ou a defesa em lin#a &esta imagem" pode-se ver como se colocava a defesa do Anderlec#t numa fase do Bogo %uando Am5ncio +nZ >, se prepara para fazer um passe entre dois m/dios belgas O mais interessante / verificar a posi!$o do %uarteto defensivo do Anderlec#t V direita" Kornelis marca à zona occo 4i Itefano" entre os dois centrais" vai" em breve" ser colocado fora-de-Bogo" por Lippens" B) adiantado +à es%uerda," e Rerbiest +à direita de 4i Itefano," %ue vai avan!ar" dando dois passos em frente &a es%uerda" eJlens" B) fizera a zona %ue provocara o recuo de Am5ncio &o presente" alguns ecos do sistema de Iinibaldi dos anos 9? ainda se podem detectar" em tese" na forma como muitas grandes e%uipas da actualidade defendem alto" estrat/gia antes s* feita por um defesa %ue se destacava do %uarteto recuado à zona" mas agora eHecutada por todo o sector" fundindo-se depois" a meio-campo" com opressing sito" encurtando espa!os" reduzindo tempo para o portador da bola pensar  a zona pressionante Todos estes conceitos têm no seu subconsciente a inten!$o de colocar os advers)rios fora-de-Bogo O movimento base da estrat/gia reside em %ue cada vez %ue o advers)rio fa!a um passe para tr)s ou vire o Bogo" a nossa defesa ten#a sempre a tendência de avan!ar pelo menos um metro no terreno" aproHimando as lin#as 4esta forma" %uando o passe for eHecutado" / muito prov)vel %ue o advers)rio" com as suas lin#as" na interpreta!$o inversa do sistema" mais separadas" fi%ue com os avan!ados em posi!$o de fora-de-Bogo Estes novos conceitos de din5mica defensiva lan!am" noutra perspectiva" outro debate do futebol moderno sobre %uem s$o os novos patres da e%uipa Face ao eHposto" o epicentro cerebral recuou no terreno" deiHou o centro do relvado e passou para a zona dos trincos I$o eles" ou os volantes %ue utilizam esse espa!o como ponto de partida do seu Bogo" a nova autoridade m)Hima em campo  A sua import5ncia emerge" desde logo" na forma como controlam o ritmo de Bogo" entenda-se velocidade" %uando a e%uipa recupera a posse da bola Ie reunir no mesmo onze" centrais e trincos %ue saibam ter a bola nos p/s e fazer o primeiro passe na saída para o ata%ue com precis$o" a priorit)ria manobra burocr)tica de %ual%uer circuito preferencial de Bogo est) garantida Iem bola" / crucial a sua capacidade para gerir os espa!os" o segredo t)ctico-posicional %ue depois determina o sucesso" ou n$o" da defesa em lin#a na altura de subir para fazer o fora-de-Bogo : O trabal#o de construir uma e%uipa / igual ao de Leonard (ernstein em dirigir a

or%uestra filarm*nica nos E'A" onde um m7sico / mel#or %ue o outro Pede-l#es para tocarem Buntos" fec#a os ol#os" ouve e sentencia1 individualmente vocês s$o todos eHcelentes" mas" como or%uestra têm muito %ue progredir A perfei!$o" no colectivo" pode ser um longo camin#o entre os =8` e os .??` .@ A pedra Filosofal +Futebol-Total, evemos os Bogos das grandes e%uipas do passado e" apesar da sua beleza" %uase todas parecem" no ritmo e no estilo" ultrapassadas no tempo EHistem" por/m" duas eHcep!es1 o ABaH de início dos anos >? e a olanda do 3undial->6 Ainda #oBe o futebol praticado por estes dois míticos onzes #olandeses est) avan!ado no tempo  A d/cada de 9? B) abanava as consciências %uando" em .=98" o ainda Bovem inus 3ic#els" 2> anos" aceitara" depois de treinar o modesto andvoort3eeuMen" trabal#ar nas camadas Bovens do ABaH Era ali" como um fil#o da  Amsterd$o cosmopolita onde nascera em .=0@" numa rua bem perto do Est)dio" %ue se sentia mel#or Ao mesmo tempo" no banco da e%uipa principal" sentava-se o inglês Ric (ucDing#am Apesar de contar com figuras como Qeizer" Iurbier" IMart e um mi7do franzino de .> anos" KruJff" estava no fundo da classifica!$o Foi ent$o %ue o Presidente Naap van Praag decidiu-se pela c#icotada e" pela primeira vez na #ist*ria do ABaH" apostar num #olandês para orientar a e%uipa1 inus 3ic#els" um antigo ponta de lan!a do clube" entre 69 e 8@ 4urante esse tempo" con#ecera treinadores como NacD eJnolds" umenberger" (ucDing#am" Ipurgeon e NacD oMleJ" todos de origem anglo-saH*nica" adeptos sobretudo dos sistemas de tradicional Bogo directo 3esmo %uando estava em campo" 3ic#els B) imaginava outras formas de abordar o Bogo A base da sua ideologia" ent$o em embri$o" residia na escola #7ngara dos anos 8? &a sua mente" %uando a bola estava longe" idealizava outros movimentos" outra forma de elaborar as Bogadas" enfim" outro tipo de futebol 4e início" pensou aplicar essas teses nas camadas  Bovens Uuando surgiu a oportunidade de aplicar essas ideias a nível s/nior n$o #esitou e" transformando o ABaH num prot*tipo de uma precursora ideologia futebolística" mudou" para sempre" o curso da #ist*ria t)ctica do Bogo Kada /poca criou o seu futebol da era moderna &essa perspectiva #ist*rica" o Futebol Total foi" na g/nese" como o revitalizar do es%uema #7ngaro de .=86 acrescentando-l#e a circula!$o de bola e a permanente inten!$o de Bogar pelos flancos O primeiro impacto surgiu em .=9>" %uando goleou o Liverpool" 8-." nos %uartos-de-final da Ta!a dos Kampees A elimina!$o posterior pelo 4uDla" disse %ue a e%uipa ainda n$o estava totalmente lapidada" mas todos sentiram %ue em breve os g/niozi-n#os de 3ic#els iam assombrar a Europa Assim foi Em .=>. inicia-se o ciclo m)gico Apenas .8  Bogadores bastaram para con%uistar três Ta!as dos Kampees O guarda-redes ItuJ e os vagabundos Qrol" Iurbier" iBnders" uls#off" Rasovic" (laDenburg" uls#off" &eesDens" 3u#ren" KruJff" aan" IMart" Qeizer e Ran 4iBD 3ic#els s* esteve presente na primeira con%uista +as outras duas foram com Qovacs" seu devoto seguidor, Futebolisticamente po/tico" os #olandeses giravam em campo" lembrando as p)s de um moin#o Por isso" mais do %ue futebol total" talvez fosse mais correcto

c#amar-l#e futebol circular  errado definir-se o Futebol Total apenas como uma ideologia em %ue os  Bogadores n$o tin#am posi!$o certa em campo e trocavam constantemente de lugar A verdade / %ue at/ talvez em mais nen#um sistema os Bogadores soubessem eHactamente o seu papel em campo como no es%uema de 3ic#els O segredo residia na din5mica posicional %ue cada um deles incutia a cada posto O eliHir estava na circula!$o de bola" com constantes mudan!as de flanco" o c/lebre carrocel m)gico" e no aproveitamento dos espa!os vazios Uuando" por eHemplo" %uem conduzia a bola pela es%uerda via %ue n$o tin#a lin#a de penetra!$o" passava-a para um elemento recuado" mais para dentro do campo" para esse #omem virar o Bogo para a direita Era a c#amada desorganiza!$o organizada Futebolisticamente po/tico" os #olandeses giravam em campo" lembrando as p)s de um moin#o Por isso" mais do %ue Futebol Total" talvez fosse mais correcto c#amar-l#e futebol circular Tudo isto eHigia grande condi!$o atl/tica a todos os  Bogadores Por isso" %uem n$o viu Bogar ao vivo esta selec!$o #olandesa" ent$o nunca a viu verdadeiramente Bogar Antes" todos eram sistemas %ue se podiam traduzir no papel A partir do Futebol Total" tudo mudou Por isso" pode-se dizer %ue mais do %ue um sistema de Bogo" era uma atitude competitiva Es%uematizado" seria um 6H2H2" com defesa em lin#a em marca!$o zonal" três m/dios armadores e três avan!ados %ue partiam de perto do meio-campo &o relvado" por/m" com marca!$o à zona" nen#um dos Bogadores se limitava à sua posi!$o inicial e" nas sincronizadas movimenta!es colectivas" fazia com %ue a grande revolu!$o" mais do %ue no posicionamento" residisse na din5mica da t)ctica Assim" com a bola" o es%uema podia desen#ar-se num 2H.H2H.H0" ou seBa" :2: +Iuurbier-aan-Qrol, :.: +iBsbergen" o %uarto defesa %ue se adiantava, :2: +&eesDens" na direita" Nansen e Ran aneg#en" mais sobre o centro, H :.: +KruJff" interior armador es%uerdo, :0: +ep-esenbrinD" avan!ados m*veis,  A subida do %uarto defesa sempre se revelou muito importante na din5mica do sistema &a /poca seguinte" por eHemplo" em (arcelona" era 3arin#o Peres %uem ouvia constantemente as ordens para subir no terreno sempre %ue a e%uipa recuperava a bola Katorze anos depois" %uando guiou a olanda à vit*ria no Euro-@@" o defesa %ue se transforma em m/dio transportador %ue inicia a saída de bola para contra-ata%ue era um trinco adaptado" iBDaard Embora partisse dum 6H6H0 mas cl)ssico" a din5mica posicionai de Bogadores como Qoeman" iBDaard" ;outers e" sobretudo" Cullit" tin#am igualmente como base os ensinamentos do Futebol Total de >6  difícil precisar %uando e como surge pela primeira vez o termo Futebol Total para definir o sistema #olandês O pr*prio 3ic#els recusava a paternidade do termo" atribuindo-a aos Bornalistas %ue viram Bogar as suas e%uipas A sua fama como pedra filosofal ao bom futebol permanece" no entanto" at/ #oBe 3as faz ainda sentido" no presente" consider)-lo como uma referência em termos de sistematiza!$o t)ctica avan!ada Iem d7vida %ue sim A principal raz$o para esta conclus$o reside no segredo das grandes e%uipas do futebol actual1 a fase defensiva n$o se distingue da fase ofensiva e vice-versa Ou seBa" a no!$o de %ue a miss$o de defender e atacar nunca podem ser compartimentos estan%ues" pelo contr)rio" têm de ter interliga!$o plena" ao ponto da capacidade de distinguir

esses dois momentos fosse reduzido ao mais mínimo espa!o temporal" %uase imperceptível " por isso" %ue se pode afirmar %ue no Futebol Total todos atacavam e todos defendiam 3ic#els foi o primeiro a introduzir essa no!$o na din5mica de uma e%uipa em campo" facto %ue encontra #oBe corol)rio nas famosas transi!es defesa-ata%ue-defesa A e%uipa %ue as fizer mel#or e mais r)pido" / a competitivamente mais forte A base %ue sustenta toda esta teoria alicer!a-se" claramente" nos ensinamentos do Futebol Total Uuando fez a e%uipa" 3ic#els s* tin#a uma certeza1 ela teria de girar em torno de KruJff &o ata%ue" as op!es foram ep" revela!$o do novo ABaH" e esenbrinD" veloz eHtremo do Anderlec#t" %ue tirava lugar a Qaizer" #ist*rico do ABaH" mas B) sem a puBan!a de anos atr)s &a defesa" eHistia um s/rio problema1 a les$o do libero srael Foi ent$o %ue" astuto" 3ic#els inventou um dos mel#ores líberos da #ist*ria1 aan" %ue at/ ent$o fora sempre m/dio" mas %ue agora no centro da defesa" formaria com iBsbergen" %ue s* Bogara uma vez na selec!$o" uma imponente dupla de centrais &o meio-campo" tin#a de decidir entre o trio do ABaH +aan-&eesDens-3u#ren, e o do FeJenoord +4e Nong-Nansen-Ran a-negem, A op!$o seria feita face à capacidade de cada um se adaptar às suas directivas t)cticas Kom aan recuado e 3u#ren retirado devido a uma doen!a do fil#o" o trio do meio-campo acabaria por ser formado por1 &eesDens" Nansen e Ran anegem Era a primeira vez %ue este onze Bogaria Bunto e cinco Bogadores estreavam-se nas posi!es" mas Bogando com uma velocidade e liga!$o de sectores %uase sobrenatural" ele seria titular durante todo o 3undial O maior feito de 3ic#els fora" sem d7vida" o de conseguir esta coes$o e unidade num grupo %ue pouco antes parecia totalmente desintegrado Foi esta no!$o de tempo e espa!o" com a bola" %ue fez a revolu!$o do futebol #olandês Os primeiros a entender isto de forma clara foram" nos anos >?" os grandes ide*logos da escola #olandesa Komo principal símbolo dessa nova forma de pensar e Bogar futebol" temos a selec!$o laranBa de 3ic#els no 3undial->6 .= O futebol científico  A #ist*ria da vel#a 'II tem o sabor dos son#os ut*picos %ue provocam alucina!es 'ma farpa de gelo no atravessar do s/culo e %ue produziu" na vertente desportiva" um laborat*rio de lendas Em 3oscovo" na beleza #ist*rica da pra!a vermel#a" o frio disfar!a a m)goa e o silêncio convida à refleH$o O futebol russo" como o #omem e o tempo" reflecte desamparado Entre as diferentes regies %ue viveram ao lado da grande 7ssia" sobressaiu" aos ol#os do mundo" uma na!$o %ue apesar das represses" sofrimentos" tumultos políticos e desastres nucleares %ue a assolaram atrav/s dos tempos" permaneceu sempre como a orgul#osa e temperamental 'cr5nia" encruzil#ada obrigat*ria nas rotas %ue ligam o b)ltico ao mediterr5neo Iituada nas margens do rio 4niepr" a capital Qiev" com cerca de 2 mil#es de #abitantes" ofereceu ao mundo grandes tesouros artísticos e ar%uitect*nicos Apesar de manter sempre a sua identidade pr*pria" a sua #ist*ria recente confunde-se com a da 'II Por isso" a vida e obra do seu futebol" e do seu mais prestigiado clube" o 4ínamo Qiev" fundado em .=0>" apenas faz sentido se interpretada no conteHto do futebol sovi/tico

&os remotos tempos do ancestral reino de Qiev" os seus príncipes eram coroados na maravil#osa Katedral de It Iop#ia 3uito tempo depois" no auge do mecanizado futebol sovi/tico" os seus supremos príncipes tamb/m foram coroados noutro templo de Qiev" o OlJmpiJsDJi Ita-dium Para muitos" n$o eHistem grandes d7vidas %ue os maiores g/nios do temido futebol da 'II eram" na sua grande maioria" produto da escola de futebol ucraniana" dona de um g/nio criativo superior ao da escola russa Nuntas" elas eram" o m/todo e o g/nio Em &ivDi" um %uarteir$o da cidade de Qiev" capital da 'cr5nia" os ol#os de  AleHander Leonidov" embaciados como um copo de vodDa" viaBam pelo rio da mem*ria acima 'ma vida dedicada à escola de futebol do 4ínamo de Qiev" onde com o seu temperamento perfeccionista e eHigente gan#ou a admira!$o de todos &os 7ltimos tempos" as novas gera!es insinuavam %ue os seus m/todos" como os da ideologia sovi/tica" estavam ultrapassados Leonidov" cabelos brancos" perante os seus detractores" encol#e os ombros e diz en%uanto vira costas1 :v$o formar outro (loD#ine e depois ven#am outra vez falar comigo : Foi nos anos >? %ue" inspirado no futebol total" RalerJ LobanovsDJ" o #omem %ue nunca sorri" come!ou" finda a carreira nos relvados" a conge-minar" nos laborat*rios de Qiev" Bunto com o seu fiel amigo e adBunto Ras-siliev" o c#amado futebol científico Obra t)ctica sistematizada para deter  o menos tempo possível a posse da bola" reduzindo o tempo a pensar com ela nos p/s" preferindo o passe ao primeiro to%ue" com velocidade e eficaz ocupa!$o de espa!os vazios em lineares Bogadas de contra ata%ue O ideal colectivista em forma de movimento t)ctico futebolístico 'm estilo %ue foi" durante d/cadas" a imagem das e%uipas de leste" mais ou menos cotadas" %ue incutiam grande respeito nos an)r%uicos advers)rios do Ocidente Era raro ver um Bogador destacar-se num onze tipicamente de Leste" pelo %ue os eleitos teriam mesmo de ser Bogadores de grande dimens$o 4e início a escola de artes futebolísticas de Qiev come!ou a ser gerada em aparentemente complicadas fol#as de papel %uadriculado 4esde esses tempos em %ue toda a na!$o sovi/tica eHultava com as proezas espaciais de ^ouri Cagarine" o primeiro #omem no espa!o" três gera!es de talentos sublimam o laborat*rio de Qiev Tamb/m o futebol era obrigado a construir a nova e superior no!$o do c#amado #omo sovieticus" à imagem do #omem socialista" regido pelos ditames do colectivo  Ao longo dos tempos" a m)%uina de futebol de Qiev teve sempre um princípio b)sico1 a disciplina t)ctica unida ao estudo do comportamento físico e da disciplina mental 'm conceito %ue interpretado por Bogadores talentosos" ofereceu ao mundo um futebol feito de r)pidas triangula!es ao primeiro to%ue" com a bola a ser sempre Bogada nos espa!os vazios e onde o drible era considerado uma est/ril lateraliza!$o de Bogo &os anos 9?" LobanovsDJ compun#a ao lado de QanevsDi e (asile-vitc#" o trio ofensivo do 4inamo de Qiev Era um Bogador dotado" tecnicista e %ue gostava de fintar" embora n$o fosse um grande apaiHonado pelo futebol" %ue intercalava com os seus estudos superiores de termoel/ctrica niciou a carreira de treinador na /poca 9@<9=" com apenas 0= anos" tornando-se" à frente do 4niepr" no mais Bovem t/cnico do país 4esde logo fez-se notar pela meticulosa organiza!$o do seu trabal#o Em .=>6" com 28 anos" recebeu ent$o o convite para treinar o 4inamo

Qiev A partir dessa data nunca mais nada seria como antes Logo no primeiro ano" venceu o Kampeonato e a Ta!a da 'II &a /poca seguinte" em >6<>8 con%uistava a Ta!a das Ta!as e toda a Europa come!ava a falar no estilo veloz" atl/tico e tacticamente dotado do onze de Qiev Os mesmos ditames futebolísticos seriam depois aplicados à selec!$o sovi/tica" sendo o seu maior feito o segundo lugar no Europeu-@@  A primeira gera!$o" nos anos >?" teve um líder incontest)vel1 Oleg (loD#ine" o avan!ado %ue corria à velocidade da luz e conduzia a bola ao ritmo do QalinDa e aliava o g/nio ao sentido t)ctico K#amavam-l#e a flec#a da 'cr5nia" tal a velocidade de sprint %ue atingia +.?> segundos aos .?? metros, &o início da carreira Bogava a m/dio ala es%uerdo" mas com o passar dos anos" na escola de artes de Qiev" tornou-se um maestro do meio-campo Forte fisicamente" era um artista com um temperamento %uase latino %ue rompia a frieza de leste" tal a forma como improvisava os lances e gesticulava com os colegas e advers)rios Karism)tico" com estonteantes mudan!as de velocidade" capaz de virar um Bogo sozin#o" arrastava toda a e%uipa atr)s de si Konsiderava-se um libero do meio-campo para a frente Ie nem ele sabia o %ue iria fazer a seguir" ent$o muito menos #avia possibilidade de o advers)rio o descobrir Em .=>8 venceu a (ola de Ouro para o mel#or Bogador europeu do ano  A seu lado" na frente de ata%ue Bogava Onic#enDo 4uas flec#as apontadas as redes contr)rias &o meio-campo" o carrossel mec5nico era composto por (urBaD" Qolotov e Rermeiv 4ez anos depois do sucesso de .=>8" o laborat*rio de LobanovsDJ" ofereceu a segunda gera!$o de talentos onde ainda estava" na ternura m)gica dos 2? anos" o temperamental g/nio de (loD#ine" agora integrado num onze %ue" mantendo os mesmos princípios t)cticos" se desdobrava nas movimenta!es ofensivas com ainda maior velocidade" eHpressa" sobretudo" no futebol de 4emianenDo" ats" 3iD#ailic#enDo" avarov e (elanov O estilo ofensivo era agora en%uadrado num mais eficaz sistema defensivo" c#efiado pelo glacial libero Quznetsov Em .=@9" no Itade Cerlan de LJon" a consagra!$o europeia traduziu-se num autêntico festival de futebol ofensivo" %ue trocou os ol#os ao At 3adrid" impotente para travar a m)%uina de Qiev" rumo à con%uista da Iegunda Ta!a das Ta!as da sua #ist*ria" coroado com uma clara vit*ria por 2-? Entre .==? e .==2" durante o terramoto político e social %ue levou ao fim da 'II" LobanovsDJ foi seleccionador dos Emiratos rabes 'nidos" seguindo-se depois" de .==6 a .==9" uma passagem pelo QuMait Em .==9" assaltado pela fria nostalgia de leste" regressou a Qiev" mas encontrou uma paisagem muito diferente Onde antes #avia organiza!$o" #avia agora o caos" onde eHistiam estruturas" eHistiam agora campos abandonados Foi tempo de voltar a come!ar tudo do zero" mas desta feita sem os meios de antigamente Os ideais" por/m" permaneciam os mesmos Findo o mp/rio sovi/tico" este seu novo proBecto s* se aplicaria agora ao futebol ucraniano &a 7ltima d/cada do s/culo" *rf$ da vel#a 'II" LobanovsDJ" agora um respeitado seHagen)rio" congeminou a c#amada terceira gera!$o de Qiev" onde emergiram" como grandes símbolos" os talentos 4mJtrulim" I#evc#enDo e ebrov &o entanto" com as fronteiras abertas" n$o teve tempo para preparar uma nova aventura europeia" impotente face aos colossos do Ocidente"

%ue l#e resgataram os seus maiores tesouros futebolísticos" agora a Bogar em nglaterra e t)lia Konvidado" poucos anos antes da sua morte" a analisar o futebol actual" LobanovsDJ confessou-se desiludido1 :oBe n$o se pode falar em revolu!$o no futebol A 7ltima vez %ue se inventou algo foi em >6" %uando a olanda e a FA puseram em pr)tica o futebol total A partir dessa data" Bogam todos da mesma maneira: Apesar de tudo" continua a falar do son#o de construir o futebolista perfeito1 :E o %ue tiver .` de talento e ==` de garra 'm eHemplo I#evc#enDo" o mel#or avan!ado do mundo onaldo> E um Bogador capaz de inventar" mas I#evJ tem tudo1 passa bem" lê o Bogo com facilidade e / muito forte fisicamente  Ali)s" penso %ue o tipo de Bogador como onaldo est) a impedir o desenvolvimento do futebolG" sentenciava o Koronel" para %uem o futebol moderno se baseia em trabal#o sem bola e nunca vice-versa Uuando em meados dos anos @?" a eHpress$o t)ctica e t/cnica da ideologia futebolística de LobanovsDJ atingiu o auge" no seu 4ínamo de Qiev e na din5mica selec!$o sovi/tica %ue tamb/m orientava" muitos analistas concordaram %ue o Koronel estava de facto" como ele pr*prio insinuava" a antecipar o futebol do ano 0???" esp/cie de premoni!$o sobrenatural do estilo %ue iria marcar o futebol do início do I/c WW K#egado o novo s/culo" o vel#o futebol de leste carrega consigo uma imagem %uase fantasmag*rica Podem-se invocar v)rias razes para o seu idolatrado futebol do ano 0??? n$o ver #oBe materializada a sua premoni!$o de d/cada e meia atr)s Entre outros aspectos" registe-se o facto de" mesmo durante o apogeu do seu conceito futebolístico" LobanovsDJ nunca ter formado um verdadeiro onze base" onde os Bogadores tivessem sempre o seu posto em campo definido Ao inv/s" era constante" de Bogo para Bogo" a altera!$o de Bogadores e sua posi!$o no relvado Por eHemplo" na Final do Europeu-@@" colocou o genial 3iD#ailic#enDo a marcar Cullit" %uando antes do Bogo decisivo com a olanda" ele  Bogara sempre solto como m/dio ofensivo" ao mesmo tempo %ue recuava o m/dio  AleiniDov para central de marca!$o &outro Bogo" contra a t)lia" abdicou dos eHtremos e Bogou s* com um ponta de lan!a" Protasov  verdade %ue estas imprevisíveis altera!es t)cticas" suporte sempre de um Bogo apoiado" ao primeiro to%ue com os Bogadores a mudarem constantemente de posi!$o" rodando como no (asDet" produziram muitas grandes eHibi!es e resultados" confundindo os advers)rios" mas sem um onze base e es%uema t)ctico bem definido" nunca poderiam servir de modelo para outras e%uipas ou selec!es 3uitas vezes a organiza!$o fal#ava e a e%uipa parecia desintegrada em campo Era o tal futebol científico %ue ficava confuso %uando surgia alguma coordenada imprevisível ou descon#ecida &o passado todos sempre viram LobanovsDJ como o Kzar do futebol Iovi/tico &os seus 7ltimos tempos" a sua imagem no banco" durante os Bogos" lembrava a met)fora do #omem-montan#a %ue nunca sorri Fosse %ual fosse o resultado" LobanovsDJ manteve sempre" em toda a sua carreira anterior" o mesmo semblante imperturb)vel 'm ceberg em forma de treinador de futebol O careca polaco Uuando" em fins dos anos =?" ol#)vamos para a sala do parlamento polaco e

víamos um sen#or gordo" careca" de fato e gravata" com uns *culos pe%uenos a ler um Bornal desportivo muito compenetradamente" %uem n$o soubesse" nunca poderia adivin#ar %ue ali estava o mais famoso Bogador polaco de todos os tempos1 Crzegor Lato 4epois de encerrar a carreira nos relvados" B) com 6? anos feitos" aceitara o insistente convite de AleDsander QMasnieMsDi" Presidente da ep7blica polaca e antigo ministro dos desportos" e tornando-se senador da  Assembleia &acional da  ep7blica da Pol*nia As suas competências est$o directamente ligadas à comiss$o do desporto e da cultura física" algo em %ue Lato pensou durante toda a sua vida Kom ele" pela primeira vez na fase p*scomunista" foi eleito na sua regi$o" situada no sudoeste polaco" um senador com ideias assumidamente de es%uerda Uuando votaram nele" muitos estariam a votar" n$o s* nas suas propostas para o novo desporto polaco" mas tamb/m" e sobretudo" nos muitos golos %ue apontou durante a gloriosa d/cada de >?" o ponto mais alto da #ist*ria do futebol congeminado atr)s da cortina de ferro &esse período" uma das grandes na!es futebolísticas foi a Pol*nia Finalmente" ap*s longos anos" o nome de Ernest ;ilimoMsDi" descobria a seu lado outras estrelas para compor a constela!$o polaca" %ue" at/ ent$o tin#a ainda nesse lend)rio avan!ado dos anos 2?" a sua principal referência gloriosa" nascida depois de ter marcado %uatro golos ao (rasil no 3undial 2@" num Bogo onde a Pol*nia" apesar deste feito 7nico" perderia por 9-8 ;ilimoMsDi faria 00 Bogos pela selec!$o polaca" apontando 0. golos Findo o 3undial seria" no entanto" como todo o futebol polaco" aneHado pela invas$o nazi" passando a integrar" Bunto com outros seus compan#eiros" a soturna selec!$o da Crande Aleman#a" pela %ual faria oito Bogos 4urante muito tempo" revoltado com o facto de ele n$o se ter recusado" como outros resistentes" a Bogar pelos invasores teut*nicos" as autoridades polacas apagaram o seu nome dos ar%uivos desportivos I* recentemente" findo o regime comunista" o nome de ;ilimoMsDi voltou a ocupar o seu devido lugar na #ist*ria Komo símbolo da grande Pol*nia" Lato" o fen*meno do Ital 3ie-lec" destacava-se pela velocidade" surgindo do nada" sempre em movimento" :como a min#a t/cnica deiHava a deseBar" tin#a de compensar com a velocidade: &a baliza estava um guarda-redes fora-de-s/rie" %uase sul-americano no estilo louco %ue eHibia1 Nan TomaszeMsDi Pouco tin#a a ver com a fria escola de leste 4e cabelo comprido" fita na cabe!a e camisola amarela gostava de sair da baliza para Bogar a bola com os p/s Entre os postes era inultrapass)vel e com ele toda a defesa" dirigida por muda e Corgon" se sentia segura O assombro estava no fabuloso trio de avan!ados1 Izarmac#" o #omem do bigode farfal#udo" o eHtremo es%uerdo Cadoc#a e" claro" o careca Lato Iempre a trocarem de posi!es na procura de espa!os vazios" tendo no m/dio 4eJna" o principal mentor das Bogadas de ata%ue onde tamb/m surgia muitas vezes inserido &o banco" oriundo da tradicional escola de leste" o treinador Qazi-mierz CorsDi 3anteve o n7cleo principal de Bogadores inalter)vel durante os dois anos %ue mediaram entre os Nogos Olímpicos de >0 e o 3undial de Futebol de >6 Risando criar espírito de grupo" concentrou a e%uipa em est)gios sucessivos" submetendoos a uma apertada vigil5ncia m/dica" e a um intenso treino físico" sem ol#ar às conveniências dos clubes O seu obBectivo era %ue a e%uipa estivesse em condi!es de realizar um Bogo de três em três dias" sem denotar %ual%uer

desgaste atl/tico Ao mesmo tempo" decompun#a cada elemento das selec!es advers)rias para nunca ter surpresas Kom estes m/todos" congeminou uma forte e%uipa" polivalente e %ue corria durante noventa minutos Assistia-se à consagra!$o do Bogador-atleta" o competidor cientificamente treinado para eHplodir  no momento certo" num trabal#o t)ctico e t/cnico dotado de uma din5mica de elevado nível futebolístico Rer Bogar esta Pol*nia era ver Bogar a perfeita coordena!$o entre a capacidade t/cnico-atl/tica e a velocidade com bola evendo os seus Bogos no 3undial >6 n$o / eHagero afirmar %ue tamb/m ela" tal como a olanda" praticou o c#amado Futebol Total 0? O penaltJ de PanenDa Konta ugo Ianc#ez" uma autoridade %uando se trata de falar em grandes goleadores %ue" um dia" durante um Bogo disputado numa canc#a meHicana" um )rbitro muito astuto marcou três penalties" todos a favor do mesmo clube 3as" embora trocando sempre de marcador" essa e%uipa fal#ou-os todos &o 7ltimo minuto" o )rbitro" sempre :olbo-vivo:" marcou um %uarto penaltJ para o mesmo lado O Bogo estava empatado 'm teimoso ?-? &as bancadas" os #inc#as voltaram a levantar-se para assistir ao grande momento %ue poderia dar a vit*ria  Aterrorizado" o capit$o dessa e%uipa" assustado com a possibilidade de voltar a fal#)-lo" c#egou Bunto do )rbitro e" ao ouvido" pediu-l#e %ue o trocasse por um pontap/ de canto Perdida entre o mundo real e o imagin)rio" esta #ist*ria" algo caricata" espel#a" no entanto" a dimens$o dram)tica %ue o penaltJ ad%uire num Bogo de futebol O 7nico momento em %ue o carrasco se pode tornar" subitamente" em vítima" provando como est) errada a%uela vel#a teoria da :ang7stia do guarda-redes no momento do penaltJ: Ang7stia tem o avan!ado %ue o vai marcar Para o guarda-redes / apenas a grande oportunidade de se tornar #er*i  Antonin PanenDa foi um dos grandes Bogadores da #ist*ria do futebol c#eco" mas" apesar das grandes eHibi!es realizadas nas frias noites europeias com a camisola do (o#emians ou da vel#a selec!$o da K#ecoslov)%uia" toda a sua carreira acabaria por ser devorada por um simples penaltJ %ue cobrou na final do Europeu .=>9 Esse grande Bogo decisivo disputou-se em (elgrado" ent$o capital da antiga Nugosl)via Frente a frente" a poderosa Aleman#a" vel#a FA" de (ecDenbauer" (on#of" 3uller" Rogts" entre outros" e a sensacional K#ecoslov)%uia %ue eliminara" na meia-final" a idolatrada olanda de KruJff e do Futebol Total &o onze c#ecoslovaco" treinado pelo s)bio NezeD" bril#avam estrelas como &e#oda" Ondrus" NurDemiD" 3asnJ e Ri-Dtor 4epois do 0-0 no final dos =? minutos e prolongamento" a decis$o entrou no cruel desempate por grandes penalidades 4epois de ambos terem concretizado os %uatro primeiros pontap/s" no %uinto" oeness c#utou por cima da barra Kom 6-6" PanenDa tin#a o decisivo penaltJ nos seus p/s Ie marcasse a K#ecoslov)%uia era campe$ da Europa At/ esse momento" os seus compan#eiros tin#am sido infalíveis 4os %uatro remates" por/m" três tin#am sido praticamente para o meio da baliza" dois deles poucos centímetros desviados para o lado direito do gigante 3aier %ue tin#a sempre tendência em tombar ligeiramente para o lado contr)rio" o es%uerdo Assim tin#am

marcado &e#oda e 3asnJ" a meia altura" en%uanto %ue Ondrus marcara raso" ao canto inferior direito 3aier voara para o mesmo lado" mas n$o conseguira alcan!ar a bola &o 7ltimo remate antes do seu" PanenDa vira NurDemin optar por um potente pontap/ mesmo para o meio da baliza 3aier movera-se ligeiramente para a es%uerda e a bola passou-l#e como um bal)zio a centímetros da luva direita Uuando partiu para a bola" PanenDa tin#a toda a Europa suspensa a ol#ar para ele 3esmo assim" o seu bigode escovin#a nunca tremeu 4eu sete passos em corrida" c#egou Bunto da bola" e" na #ora de levantar a c#uteira para o remate" reparou %ue" como %uase sempre" 3aier B) come!ara a tombar lentamente" antes da bola partir" para o lado es%uerdo" esperando" talvez" um potente disparo como o anterior Frac!es de segundo suficientes para em vez de c#utar forte" PanenDa meter o bico da bota por baiHo da bola e dar-l#e apenas um leve to%ue %ue a fez levantar num pe%ueno c#ap/u %ue come!ou a descer" emfol#a-seca" mesmo ao passar pela lin#a de golo" perante o desespero de 3aier" uma montan#a em forma de guarda-redes %ue se deiHara cair como um castelo de cartas para o lado Apesar de ser um polvo gigante e estar a centímetros da bola %ue l#e passava t$o devagar a seu lado" era impossível" pela sua posi!$o" conseguir tocar-l#e Limitouse a assistir" desesperado" a como ela" t$o mansamente" se anin#ava no fundo das redes Colo En%uanto o gigante alem$o Bazia deitado na relva com as m$os na cabe!a" PanenDa corria eHtasiado at/ ser derrubado e submerso em abra!os pelos seus colegas Era a inven!$o do m*rbido estilo-PanenDa de marcar penalties" algo %ue" soube-se depois" ele pr*prio B) ensaiara meses antes" pelo (o#e-mians" em Bogos do campeonato c#eco 4esde essa data" muitos outros Bogadores" ao longo dos tempos" repetiram a sua forma ousada de marcar o tal pontap/ %ue" segundo Pel/" reveste-se de taman#a import5ncia num Bogo de futebol %ue deveria ser marcado pelo pr*prio presidente do clube &o desempate por pontap/s da marca da grande penalidade" entre olanda e t)lia" na meia-final do Euro-0???" Totti" outro profeta do futebol artístico tamb/m marcou ao esguio Ran der Iaar um m*rbido penaltJ fol#a-seca Postiga repetiu a ousadia" em iguais circunst5ncias" no Euro 0??6 Entre a galeria de magos italianos profetas do estilo-PanenDa" tamb/m moram Rialli e 4el Piero evisitando anos passados" detectamos tamb/m a mesma magia nos p/s de 4Balmin#a" provando como a arte de PanenDa atravessou continentes e penetrou no universo mais belo e artístico do futebol mundial" o (rasil" num gesto ent$o a!ucarado pelo seu aroma sul-americano %ue" entre outros muitos Bogos" emergiu em pleno ig#burJ ParD" frente ao Arsenal" %uando enganou o grande guarda-redes inglês 4avid Ieaman com um leve c#apeuzin#o da marca de penaltJ A 7ltima grande aventura de estilo PanenDa surgiu na final do 3undial0??9 Pelos p/s de idane A bola at/ subiu demais e bateu na barra" mas" %uando caiu" fez Busti!a com a lenda e bateu para l) da lin#a de golo  A f*rmula-PanenDa de marcar penalties assenta" basicamente" num ponto essencial1 o guarda-redes move-se sempre na #ora da cobran!a ou" para ser mais eHacto" %uando o marcador inicia o movimento de remate  muito raro o %ue fica parado no centro" im*vel" nesse momento Ie" por #ip*tese remota" ficasse

est)tico" ou n$o se lan!asse para um dos lados" agarraria" sem %ual%uer dificuldade" uma bola assim t$o docilmente c#utada  nesse aspecto" para al/m de ser impossível prever %uando ele ser) marcado dessa forma %ue repousa o segredo do sucesso do estilo-PanenDa de marcar penalties O %ue muitos n$o sabiam / %ue antes de o marcar nessa #ist*rica data" B) o tin#a ensaiado muito nos treinos Uuando todos se retiravam para o duc#e" ficava sozin#o com o guarda-redes a treinar remates Apostavam cerveBas e c#ocolates Komo perdia %uase sempre as apostas" o sagaz PanenDa saiu-se um dia com a%uele estilo Foi golo e a partir daí passou a fazê-lo nos Bogos Konta %ue marcou 28 penalties dessa maneira e s* fal#ou um 4urante os anos" muitas vezes se pergunta o %ue teria acontecido se essa fal#a tivesse sido na decis$o de >9 Kertamente" num tempo em %ue o comunismo respirava de plena sa7de e usava os trunfos desportivos como instrumento de propaganda" conta" sorrindo" %ue talvez fosse obrigado a mudar de profiss$o" passando a ser oper)rio de alguma f)brica Toda a sua fant)stica carreira foi" por/m" devorada por esse penaltJ Era um  Bogador para %uem a bola n$o tin#a segredos" moldado pelo estilo de leste" com grande sentido colectivo de Bogo Lutador" n$o parava um segundo" acabava sempre com a camisola enc#arcada" eHímio a Bogar ao primeiro to%ue" mas" ao mesmo tempo" capaz de lances individuais" %ue embora sem grandes malabarismos" o faziam bril#ar com luz pr*pria por entre um estilo %ue vivia sobretudo dos mecanismos colectivos Poucos dos adeptos do presente sabem %ue tipo de Bogador foi PanenDa Ao inv/s" todos con#ecem o seu nome e a sua forma inventiva e insolente de marcar penalties  A inven!$o do penaltJ 3ilford / uma pe%uena e pacata vila da rlanda do &orte" na província de Armag#  Apesar da natureza imaculada %ue a rodeia ainda nos nossos dias" poucas pessoas +perto de um mil#ar, #abitam #oBe as suas vel#as casas de pedra" palacetes de tra!o italiano e belas moradias vitorianas" todas construídas" em tempos remotos" pelos seus antecessores Entre eles" nessa distante era de prosperidade" em finais do I/c WW" estava a família 3cKrum" muito respeitada" sobretudo pelo facto do seu patriarca" obert Carmant 3cKrum" ser um pr*spero empres)rio têHtil" dono da f)brica %ue suportava toda a vila" e" sobretudo" c#efe de polícia" o ig# I#eriff" de toda a província 3uito empen#ado em dar a mel#or educa!$o aos seus fil#os &esse sentido" %uando c#egou a idade adulta" matriculou um deles" ;illiam" no reputado TrinitJ Kollege" 'niversidade de 4ublin 3uito respons)vel e estudioso" ;illiam 3cKrum distinguiu-se como um dos mais eruditos da sua classe 4e regresso a 3ilford" foi trabal#ar para a f)brica da família" a 3cKrum" ;atson e 3erver KompanJ 4entro de si trazia" no entanto" a paiH$o por um moderno elitista Bogo" o foot-ball" inventado noutra universidade" Kambridge" na nglaterra &esse sentido" passou a  Bogar no clube da terra" como guarda-redes do 3ilford Football Klub" um dos mais vel#os emblemas da rlanda Foi por sua iniciativa %ue" em .@@>" passou a disputar-se a Ta!a dos Klubes do 3id-'lster 3uito educado" um verdadeiro gentleman" em todas as suas conversas e actua!es em campo revelava-se um

modelo de fair-plaJ Por isso" demonstrava-se muito preocupado com as infrac!es às regras do Bogo %ue se assistia cada vez mais" sobretudo %uando algu/m se preparava para marcar um golo e era derrubado &esses casos era marcada uma simples falta Para mel#or entendermos a confus$o %ue se podia gerar nessas situa!es" rezam os registos" %ue no 7ltimo minuto dos %uartos-de-final da Ta!a de nglaterra" em .@@=" entre o ItoDe KitJ e o &otts KountJ" com o marcador em .-?" endrJ"  Bogador do &otts" defendeu com a m$o" %uase sobre a lin#a de baliza" um remate %ue ia dar o golo do empate Komo castigo foi marcada uma falta a centímetros da lin#a de golo Toda a e%uipa do &otts se perfilou na baliza" com o guard a-redes" de p/" im*vel" como uma parede" em frente à bola %ue" claro" %uando rematada" foi contra ele e" depois" c#utada para longe Pouco depois era o apito final O &otts KountJ gan#ava a FA Kup .-? Para um caval#eiro do football como ;iliam 3cKrum tal situa!$o era intoler)vel &esse sentido" pensou numa nova regra %ue" conBuntamente com outro pensador dos regulamentos" seu amigo NacD eid director-geral da Federa!$o rlandesa e tamb/m seu antigo Bogador internacional" prop[s" em .@=?" ao nternacional (oard" fundado pouco tempo antes" em .@@9 Em tradu!$o livre" ela dispun#a1 sempre %ue se derrubar" agarrar ou deliberadamente Bogar a bola com a m$o" ser) marcado um livre directo +at/ essa data s* eHistiam livres indirectos, Ie tal ocorrer a uma dist5ncia de .0 metros da baliza ser) ordenado um penaltJ Kom esse fim" desen#ou-se uma )rea de demarca!$o" a c#amada zona de penaltJ +n$o eHistiam nesse tempo a grande )rea dos nossos dias," %ue se estendia desde a lin#a de fundo" com a baliza no meio" fazendo um semicírculo com uma dist5ncia e%uidistante de .0 metros da lin#a de golo O remate podia ser eHecutado" sem oposi!$o" de %ual%uer ponto dessa lin#a e o guarda-redes podia mover-se at/ aos 9 metros I* em .=?0 a grande )rea ad%uiriria o desen#o %ue #oBe con#ecemos" com a respectiva marca de penaltJ  Ap*s uma primeira reBei!$o" por ter como subBacente a falta de correc!$o dos futebolistas" algo impens)vel se praticado pelos gentlemen %ue o inventaram %ue nunca dariam um pontap/ noutro s* por ele ir marcar um golo" a :mo!$o irlandesa:" como ficou con#ecida" acabou por ser aprovada e introduzida nas leis oficiais do foot-ball em 0 de Nun#o de .@=. 4urante o ano %ue mediou entre a sua recusa inicial at/ à data da aprova!$o" disputou-se" na /poca de .@=?<=." o primeiro campeonato irlandês da #ist*ria" no %ual participou o 3ilford Everton O seu guarda-redes" nessa pioneira edi!$o" foi ;illiam 3cKrum O clube perdeu todos os Bogos e terminou em 7ltimo lugar da classifica!$o" com um gol-average de .? golos marcados e 90 sofridos Apesar destas copiosas derrotas" o seu campo de Bogos" o T#e olm" ficou famoso" sendo propriedade da família 3cKrum" por nele se ter inventado e marcado" ainda em fase eHperimental" o primeiro penaltJ da #ist*ria do futebol mundial Esse terreno e campo de Bogos ainda #oBe eHiste" embora esteBa desactivado para a pr)tica do foot-ball &os 7ltimos anos" correu mesmo perigo de ser destruído e passar a ser propriedade de uma imobili)ria %ue viu no local um paraíso cercado pela natureza" ideal para" talvez" construir um #otel Kom efeito o T#e olm" situado nas traseiras da mans$o 3cKrum" um palacete de inspira!$o ar%uitect*nica italiana típica do Iec WW" era um campo invulgar Apenas tin#a

uma pe%uena bancada" onde estava a 7nica entrada e na %ual n$o cabiam mais de 0?? pessoas As outras três margens do campo eram rodeadas por um rio oBe" a casa" %ue nos 7ltimos anos" com a desertifica!$o da cidade e o desaparecimento da dinastia 3cKrum" acabou por ser utilizada como centro de sa7de" repousa abandonada #) mais de uma d/cada" apresentando um aspecto fantasmag*rico ;illiam 3cKrum morreu em .=20" ap*s longa doen!a Kom o tempo" as raízes familiares foram-se perdendo nas brumas do passado at/ as propriedades e mem*rias caírem no es%uecimento Foi ent$o %ue um pe%ueno grupo de resistentes #abitantes ou amigos da vila formou uma associa!$o para defender a #ist*ria de 3ilford Entre as suas lutas" est)" claro" o obBectivo de preservar o campo perto do rio onde se inventou o penaltJ  Apesar da maioria das ruas e suas vel#as casas permanecerem %uase todas abandonadas" #abitadas #oBe s* pelos fantasmas do passado" a biblioteca e a escola encerradas com o passar do tempo" e a vel#a f)brica com a sua patriarcal c#amin/ demolida" os 7ltimos #abitantes de 3ilford continuam orgul#osos da sua terra e #ist*ria" outrora pr*spera" das primeiras a ter luz el/ctrica em toda a rlanda O clube" 3ilford Everton FK %ue ainda #oBe eHiste" depois de ter sido refundado em .=96" est) nas divises regionais" mas B) n$o Boga nos terrenos da cidade 3udou-se" em .==6" para um novo campo" perto da capital do distrito  Armag#" o pe%ueno &eM olm ParD" construído por um grupo de amigos" o  Armag# (oJs Klub" com o apoio do Konsel#o 4istrital da regi$o 0. 6H6H0" O triunfo do meio-campo Em termos de evolu!$o t)ctica" assim como o 6H2H2 nasceu do recuo de um eHtremo do 6H0H6" a origem do 6H6H0 tamb/m estaria no recuo de um avan!ado do 6H2H2 4epois da no!$o :mostra-me um bom meio-campo e eu mostro-te uma boa e%uipa:" refina-se tacticamente o conceito1 :a%uele %ue controla o meiocampo" controla o Bogo: Para os mais directos" a an)lise ao trabal#o de um treinador durante um Bogo / simples1 meter mais avan!ados %uando se est) a perder" para dar a volta ao resultado" ou mais defesas %uando se est) a gan#ar" para segurar a vantagem I$o ideias %ue" por serem t$o l*gicas" o ilibam de %ual%uer responsabilidade face a um resultado negativo Esta an)lise simplista provoca" contudo" iluses enganadoras ) %uem defenda %ue se s$o os avan!ados %ue gan#am as finais" ser$o os defesas %ue gan#am os campeonatos A verdade" por/m" / %ue os grandes princípios de Bogo de uma grande e%uipa no futebol moderno s$o transversais a todos os sectores do onze nos %uatro grandes momentos do Bogo1 organiza!$o ofensiva" em posse de bola" organiza!$o defensiva" sem bola" e respectivas transi!es" a defensiva" reac!$o ap*s a sua perda" e ofensiva" atitude ap*s a sua recupera!$o Rivemos tempos com esconderiBos t)cticos mais profundos  Ao longo das /pocas" para al/m da tendência cada vez mais defensiva em termos de estrutura no desen#o inicial da distribui!$o dos Bogadores em campo" foi cada vez mais evidente a inten!$o de ocupar e dominar o meio-campo para neutralizar o advers)rio no espa!o onde se come!am a

congeminar" de forma mais precisa" as Bogadas de ata%ue Em termos de evolu!$o t)ctica" assim como o 6H2H2 nasceu do recuo de um eHtremo do 6H0H6" a origem do 6H6H0 tamb/m estaria no recuo de um avan!ado do 6H2H2 Por isso se come!ou" a partir dos anos >?" a falar cada vez mais do :futebol do centrocampismo: O 3undial de >@ e a Argentina de 3enotti foram um eHemplo dessa nova forma de pensar o Bogo t)ctico  uma op!$o t)ctica %ue espel#a a inten!$o e necessidade de aperfei!oar e combinar todos os componentes do Bogo1 condi!$o física" t)ctica e t/cnica" cruzada com conceitos din5micos como a recupera!$o" pressing" circula!$o de bola" contra-ata%ue" poder de desmarca!$o e aproveitamentos de espa!os livres" etc 4epois da no!$o pioneira" vinda dos anos 2? de K#apman" :mostra-me um bom meio-campo e eu mostro-te uma boa e%uipa:" refina-se tacticamente o conceito" :a%uele %ue controla o meio-campo" controla o Bogo:  A sistematiza!$o inicial da estrutura estende-se" no papel" em 6H2H. H0" com o tal recuo de um avan!ado Fica o meio-campo mais e%uilibrado e a ocupa!$o dessa zona intermedi)ria / mais racional e proporcional mpede-se a constru!$o do ata%ue advers)rio e" no nosso momento ofensivo" gan#a-se maior seguran!a de movimentos sem ao mesmo tempo dese%uilibrar nen#uma zona &$o /" no entanto" um sistema de operacionalidade f)cil &o futebol eHistem diferentes filosofias de Bogo" mas #) verdades transversais a todas  impossível Bogar +e treinar, bem" %uando eHiste uma contradi!$o clara entre as ideias do treinador e as características dos Bogadores ao dispor O 6H2H2" nesse sentido" / o sistema mais racional de ocupa!$o por todo o campo e o %ue mel#or defende a e%uipa dos seus defeitos O 6H6H0 / mais eHigente (asta ol#ar para a distribui!$o dos Bogadores no papel para se perceber %ue a ocupa!$o n$o / t$o racional por todo o relvado Can#a-se versatilidade no centro do meio-campo" mas perde-se largura nas alas E" portanto" um sistema mais difícil de  Bogar e mais eHigente do ponto de vista do treino" para incutir nos Bogadores a no!$o dos princípios de Bogo necess)rios para l#e dar din5mica e" assim" torn)-lo eficaz Por eHemplo" para os alas abrirem em posse" dando largura ao Bogo" e depois fec#ar ao centro" em recupera!$o" para blindar espa!os EHistem" por/m" diferentes variantes da mesma estrutura +6H.H2H0" 6H2H.H0" 6H.H6H., Em %ual%uer delas" n$o ser) eHagero afirmar %ue o 6H6H0" na organiza!$o ofensiva" gan#a vida sobretudo no contra-ata%ue" visto n$o ter" de raiz" eHtremos e donos naturais das faiHas a atacar A defender" o %uarteto recuado deve maneBar muito bem as subidas e descidas de forma a nunca abandonar o sentido posicional defensivo" independentemente do advers)rio atacar com dois avan!ados ou com um ponta-de-lan!a e dois eHtremos Os laterais nunca podem subir os dois ao mesmo tempo Uuando um sobe" o outro flecte" Bunta-se aos dois centrais" d) largura e mantêm a consistência defensiva com três elementos A atacar" os avan!ados podem Bogar de diferentes formas 4epende das suas características e das op!es do treinador Podem estar os dois abertos nas faiHas e depois partirem em movimentos interiores de fora para dentro" ou Bogar-se com um mais fiHo no cento e outro mais es%uivo" em seu redor" entrando nos espa!os vazios e descaindo nas faiHas 4entro das variantes mais comuns do sistema" detecta-se o 6H6H0 com o meiocampo em lin#a e o 6H6H0 com o meio-campo em losango &o primeiro caso"

 Bogando no início os %uatro elementos do meio-campo de perfil" deve-se procurar o entendimento entre os alas e as subidas dos laterais" en%uanto os Bogadores %ue actuam por dentro devem ser os transportadores de Bogo" um deles mais ofensivo jboH to boH, Bogando de )rea a )rea" do %ue o outro" mais fiHo e de recupera!$o" o trinco ou pivot-defensivo O 6H6H0 :losango: ou em dois tri5ngulos  As diferentes din5micas do losango Komo simbolizando uma nova tendência geom/trica" o losango tornou-se na variante preferencial do 6H6H0 Os espan#*is c#amam-l#e :rombo:" tradu!$o literal de losango em espan#ol &a base desta variante" esteve a ent$o emergente ideia de eliminar a concep!$o da coloca!$o est)tica do Bogador em campo Os sistemas" por si s*" n$o têm vida pr*pria Eles dependem da din5mica %ue as características dos Bogadores l#e imprimem ou" noutra perspectiva" da%uilo %ue o treinador l#e %uer incutir +por eHemplo" pode pedir aos alas %ue avancem at/ à lin#a" transformando o 6H0H2H. em 6H2H2" ou ao inv/s" pedir-l#es" pelo contr)rio" %ue se fiHem mais atr)s" marcando a meio-campo" desen#ando-se um 6H8H. ou" at/" um 6H.H6H." se for um dos trincos a dar alguns passos em frente  A din5mica do losango para cumprir a sua correcta base ideol*gica tem princípios de movimentos indissoci)veis da sua concep!$o tipo A c#ave est) no m/dio centro %ue Boga atr)s dos avan!ados apoiado por dois m/dios-alas com f[lego para subir e descer Por isso" pode-se dizer %ue o verdadeiro son#o do losango / tornar-se em dois tri5ngulos ReBamos1 em termos de posi!es" os dois lugares-c#ave no corredor central do meio-campo fiHam-se no v/rtice recuado" à frente da defesa +o trinco" elo de liga!$o defensivo, e" mais à frente" no v/rtice avan!ado" com um m/dio nas costas dos pontas de lan!a +elo de liga!$o ofensivo, I$o eles %ue gerem as transi!es defesa-ata%ue-defesa 4epois" ser) em fun!$o de %ual delas se encontra a e%uipa" %ue ser) determinada a posi!$o t)ctico-conBuntural desses dois elementos &a movimenta!$o ofensiva" para al/m do m/dio de ata%ue aproHimar-se dos avan!ados" entrando de tr)s ou desen#ando lin#as de passe verticais mais curtas" este movimento deve ser acompan#ado da subida dos m/dios ala" procurando triangula!es com o enganc#e ofensivo e" depois" recebida a bola no seu corredor respectivo" eHecutar cruzamentos para a )rea Kontrariamente" na movimenta!$o defensiva o onze deve ter elasticidade t)cticoposicional para n$o perder a din5mica inicial pois vai criar uma variante defensiva do sistema Por eHemplo" se Bogar contra um 6H6H0 em lin#a" pode ficar em inferioridade num/rica no meio-campo" o %ue obriga ao recuo do enganc#e ofensivo &esse momento" desaparece o losango e fica-se" tamb/m" com o meiocampo em lin#a" num es%uema de .H2 ou 2H." se os v/rtices laterais tamb/m flectirem sobre o centro em aproHima!$o ao pivot-defensivo Tal s* surge no aspecto defensivo" %uando a e%uipa" sem bola" est) em tarefas de recupera!$o ecuperada a posse" o rombo volta a desen#ar-se no desdobramento ofensivo Por isso" mais do %ue um losango" estamos" alternadamente" dentro destas subdin5micas" perante dois tri5ngulos" %ue se v$o alternando sucessivamente entre a

postura defensiva e a ofensiva O 3ilan de Iacc#i A zona pressionante Fiel aos seus genes defensivos" o futebol italiano cresceu tacticamente sob os rígidos ditames da marca!$o individual Kontudo" os devotos da zona nunca aceitaram este frio destino t)ctico Estruturalmente solid)rio" o Bogo de e%uipa s* seria fiel a essa ideologia utilizando a marca!$o à zona" onde as regras de marca!$o s$o ditadas n$o pelo Bogador da e%uipa advers)ria" mas pelo local da bola e da posi!$o %ue ocupam no terreno 4epois da era gloriosa de elenio errera" dogm)tico defensivista e defensor do :#omem-a-#omem:" o nter procurou estar novamente na vanguarda da inova!$o t)ctica e contratou para o substituir o paraguaio eriberto errera" dito 0" %ue" procurou" embora de forma t/nue" introduzir a zona no futebol italiano" atrav/s de um sistema de Bogo %ue se baseava na :press$o em todo o terreno:" alicer!ada num constante movimento dos onze Bogadores Por isso ficou este sistema con#ecido como o :movimento: &$o teria por/m o mesmo êHito do seu antecessor ncapaz de dominar um balne)rio de vedetas" acabou despedido a meio da /poca Kom nvernizzi" seu sucessor" regressariam os ditames do :#omem-a-#omem:" e o nter  acabaria por vencer o Icudetto Este triunfo do passado t)ctico mais refor!ou a consciência defensiva do K)lcio e os partid)rios da zona passaram a ser vistos %uase como tacticamente subversivos I* em .=@0" com Enzo (earzot os tempos come!am a mudar &asce tacticamente a c#amada zona mista &$o uma clara ruptura com o Bogo :à italiana " mas o nascer de um novo conceito t)ctico %ue daria um novo impulso a todos os sectores t)cticos do futebol italiano 3ais do %ue zona mista deveria" no entanto" c#amar-se :sistema misto:" pois" vendo Bogar a%uela inolvid)vel selec!$o italiana campe$ do mundo de @0" observa-se facilmente %ue a defesa continuava a adoptar a marca!$o individual I* o meio-campo se es%uematizava à zona Era" digamos" um Katenaccio de rosto #umano &o fundo" (earzot %ueria partir da seguran!a defensiva para depois" do meiocampo para a frente" soltar o talento de (runo Konti ou Antog-noni &a defesa o 7nico stopper" central de marca!$o fiHo era Kollovati Komo libero Bogava Icirea &as alas" os laterais Kabrini" a subir sob a es%uerda" e" sob a direita" o terrível Centile %ue" nascido na Líbia" era c#amado depois para misses impossíveis como as impiedosas marca!es %ue fez a 3aradona e ico O sistema à zona s* era" assim" utilizado no meio-campo" onde Tardelli e Oriali eram os trincos de cobertura 4esta forma" (earzot procurava" com a maior movimenta!$o dos m/dios" suprimir a inferioridade num/rica %ue a defesa com um libero" Icirea" impun#a ao meio-campo %ue continuava a beneficiar do avan!o dos laterais" %uando em posse da bola 4epois de novas tentativas goradas" como as de 3arc#ioro no 3i-lan e de Rinício no &)poles" os anos @? consagrariam" finalmente" em t)lia e um pouco por toda a Europa" o princípio da marca!$o à zona O primeiro grande profeta vencedor seria o sueco &ils Lied#olm" %ue levou a oma de Konti" Falc$o e 4i (artolmei à con%uista do campeonato italiano em @2 Ao mesmo tempo" na final da Ta!a dos Kampees" dava-se o confronto entre o :#omem-a-#omem: da Nuventus de

Trapattoni e a zona do amburgo de appel Ainda #oBe" Trapattoni recorda esse  Bogo como uma grande li!$o %ue o fez mudar a sua concep!$o de Bogo e condicionou as suas an)lises futuras 4iz ele %ue foi nesse dia %ue aprendeu o %ue era a verdadeira zona" no momento em %ue appel" um dos seus maiores profetas" soltou" durante =? minutos" olf sobre o espa!o onde aparecia Platini" e anulou a estrela Buventina sem ter de o perseguir por todo o lado" gan#ando assim o Bogo 3il$o" nverno de .=@> ero graus As montan#as brancas dos Alpes espel#am a geada %ue se faz sentir nos bos%ues de 3ilanello 4e meias pretas" cal!es pretos" camisola rossonera" emerge" por entre os gritos de Iacc#i ao megafone" Iubitto atacare" Adesso veloce" um futebolista em forma de arran#a-c/us1 ud Cullit Iubitamente" do c/u azul claro" um p)ssaro gigante" paira no ar e" segundos depois" aterra no relvado circundante E o #elic*ptero presidencial" de onde sai" sorridente" com sobretudo pele de camelo" o #omem %ue come!ava a mudar a face do 3ilan AK1 Iilvio (erlusconi (ungiorno" cumprimenta todos" um a um" parando mais tempo para falar com a t7lipa negra 4e seguida" dirige-se para a sala de reunies do soberbo centro desportivo O grande proBecto %ue far) do 3ilan AK a super s%uadra dos anos =? est) em marc#a" no fabuloso e inovador centro de treino de 3illanelo Era o son#o son #o de repetir a lenda de &ereo occo" o glorioso treinador defensivo %ue marcara os anos 9?" mas agora" em vez de um defensivista" com um profeta do ata%ue" capaz de refazer o proBecto do incompreendido 3arc#ioro Ap*s um início difícil" Iacc#i torna-se uma referência t)ctica Foi a suprema consagra!$o internacional da zona O grande 3ilan de Arrigo Iacc#i Finalmente" desaparece o libero à italiana e passa a Bogar-se numa cl)ssica lin#a de %uatro defesas" onde (aresi era o líder sempre de perfil com os outros elementos do sector" respons)vel" %uando de perfil com os laterais" pela ordem para todo o %uarteto subir e tornar eficaz a utiliza!$o da t)ctica do fora-de Bogo &o meio-campo" iBDaard era um trinco esp/cie de farol da e%uipa" apoiado por mais dois m/dios recuperadores de bola1 Ancelotti" sobre a direita" e Kolombo" sobre a es%uerda Kom bola" no entanto" ambos soltavam-se para auHiliar a subida dos laterais" Tassotti e 3aldini procurando triangula!es r)pidas %ue davam grande profundidade )s faiHas Iolto" à frente de iBDaard" Bogava 4onadoni %ue sem posi!$o certa" fazia trocas posicionais com Ancelotti Uuando um caía na direita" o outro entrava pelo meio" e vice-versa &o ata%ue" dois avan!ados" com Cullit mais recuado" entre-lin#as" em apoio ao ponta de lan!a" Ran Ran (asten Era um 6H6H0 estendido" no papel" em 6H6H.H. Por todo o campo" a e%uipa" mal pedia a bola" caía em cima do espa!o do advers)rio procurando a sua imediata recupera!$o" sem recuar as suas lin#as Foi a eHalta!$o da c#amada zona pressionante a todo o campo A nuance inspiradora da nova din5mica t)ctica surgia com a zona" mas no fundo" essa estrat/gia de marca!$o era apenas uma forma de proteger o g/nio atacante de Cullit" 4onadoni" Ran (asten" e at/ dos outros três m/dios iBDaard-Ancelotti-Kolombo" %uando se soltavam desde tr)s (aseava-se no pressing a meio-campo" aberto a toda a largura do terreno" e na astuta utiliza!$o da t)ctica do fora-de-Bogo  Atrasava-se um avan!ado" Cullit" e ele ficava situado à frente da da lin#a do centro do meio-campo e atr)s" nas costas" do ponta-de-lan!a" Bogando :entre-lin#as:

Esta postura / adoptada %uando a e%uipa est) sem bola e procura colocar-se n$o s* para a recuperar mas tamb/m para" logo ap*s o seu resgate" partir para o ata%ue da mel#or forma posicional possível As no!es de :posse: e :n$o posse: passavam a ser uma s* na interliga!$o das suas diferentes din5micas 4esde a defesa" a no!$o de :sair a Bogar: gan#a relevo na postura dos defesas com a bola  Assim" consegue uma maior posse de bola com %ualidade construtiva desde o primeiro to%ue Kom o trunfo do c#amado :sacc#ismo:" a zona vingou-se do Katenaccio O sistema de marca!$o n$o /" em si mesmo" uma t)ctica de Bogo" mas a op!$o pela marca!$o à zona ou pela marca!$o individual pode condicionar decisivamente a din5mica t)ctica de uma e%uipa em campo 4essa :nuance estrat/gica: de marca!$o depende muito n$o s* o %ue ela ser) a defender" mas" sobretudo" o %ue ser) no contra-ata%ue Entrando em campo com uma estrat/gia de marca!es individuais" o confronto transforma-se em sucessivos :Bogos de pares: &esse sentido" a forma como o (enfica de Qoeman defrontou o (arcelona na Liga dos Kampees em 0??9 foi uma eHcelente li!$o pr)tica das :luzes e sombras: das marca!es individuais 4esde o início" ficaram claros os tais :Bogos de pares: Três se destacavam1 icardo oc#a em cima de onaldin#o" (eto em cima de 4eco e 3anuel Fernandes" mais à frente" saindo sempre na primeira lin#a de pressing para marcar niesta e impedir %ue ele iniciasse à vontade a transi!$o defesa-ata%ue do (arcelona Embora recon#ecendo a impec)vel marca!$o feita por icardo oc#a a onaldin#o +foi busc)-lo a locais longe da )rea" onde sem arriscar fazer faltas" conseguiu marc)-lo logo à saída do meio-campo" impedindo-o de embalar como ele gosta" para depois c#egar perto da )rea em velocidade, a verdade / %ue %uando uma e%uipa marca ao #omem" acaba sempre por ver condicionada a sua auto-determina!$o de movimentos em campo Ou seBa" marcando individualmente corre-se sempre atr)s do advers)rio Korre-se" portanto" sempre por onde o advers)rio %uer" e %uase nunca por onde n*s %ueremos E" repare-se" n$o tendo todos os espa!os o mesmo valor" esta forma de Bogar - ou marcar - provoca %ue a e%uipa deiHe de pensar o Bogo colectivamente e" assim" perde facilmente o e%uilíbrio entre-lin#as Kom esta limita!$o de movimentos a e%uipa at/ pode impedir as grandes estrelas do advers)rio de Bogar" mas tal condiciona em muito a sua capacidade de contraatacar e" conse%uentemente" dominar as transi!es r)pidas defesa-ata%ue 4eiHase de pensar na atitude subse%uente à recupera!$o e a e%uipa passa a separar e a partir - a fase defensiva da fase ofensiva 4eve-se come!ar a defender %uando se ataca" e come!ar a atacar %uando se defende Este 7ltimo ponto s* / possível %uando se defende à zona e n$o individualmente" onde s* se pensa em anular o advers)rio e n$o no %ue fazer à bola depois de a recuperar O outro risco reside no facto de %ue marcando apenas ao #omem" n$o se cobrem os espa!os" e estando estes vazios" neles podem entrar os outros Bogadores %ue n$o est$o marcados individualmente Uuando isso sucede #) sempre algu/m %ue tenta dobrar mas com isto a e%uipa fica desposicionada e deiHa de cobrir todos os espa!os" %ue ficam vazios para os Bogadores n$o vigiados individualmente Pelo contr)rio" marcando à zona" continua a eHistir este Bogo de coberturas" e a e%uipa

n$o se desposiciona" pois entende toda a ac!$o defensiva de forma colectiva Kortar :lin#as de passe: e lan!ar o contra-ata%ue Kom essa press$o por todo o campo +em tempo e espa!o, a e%uipa advers)ria perde o timing para tra!ar lin#as de passe Tal s* se consegue reduzindo espa!os - reduzindo assim as dist5ncias entre sectores - e dominando o tempo Iem espa!os" o advers)rio /" ent$o" obrigado a Bogar para tr)s" circulando a bola à frente da nossa lin#a de meiocampo" movimento em %ue o controlo de Bogo +n$o o domínio, est) com %uem n$o tem a posse de bola Lendo o Bogo de frente" fazendo uma zona pressing vertical" est) dado o passo pr/vio para" depois" soltar o contra-ata%ue r)pido" no %ual s$o essenciais os passes verticais longos" eHecutados pelos pivots-defensivos para a velocidade" nos espa!os" dos avan!ados mais r)pidos O fundamental / ter sempre presente %ue a defesa à zona nunca deve assumir" na essência" uma posi!$o passiva" ficando apenas na eHpectativa %ue os advers)rios e a bola entrem no espa!o para sair na sua marca!$o &$o Trata-se" no campo" de um conceito din5mico" %ue permite à e%uipa gan#ar superioridade num/rica e posicional Para al/m dos espa!os / preciso gerir os tempos de recupera!$o e a subse%uente transi!$o r)pida de contra-ata%ue sto s* / possível com a c#amada zona pressionante A no!$o de defender à zona deve come!ar l) na frente" com os avan!ados sobre os defesas advers)rios %ue iniciam a saída de bola Tudo isto espel#a a no!$o moderna de pressing alto 'ma press$o eHercida sobre a bola e n$o apenas sobre o Bogador sto s* / possível gerindo os espa!os e o tempo Ou seBa" com uma ocupa!$o posicional em antecipa!$o e pensando primeiro %ue o advers)rio  tudo uma %uest$o de maior agressividade agr essividade a atacar os espa!os Todos Todos estes princípios estendem-se por todo o campo  a c#amada zona pressing Costo muito de #ist*rias de c$es 3as" veBam l)" consigo tamb/m pensar em futebol a partir de c$es Tem Tem a ver como c omo 3enotti eHplicava a um seu Bogador a diferen!a entre marcar à zona ou ao #omem" usando dois c$es1 :Iabes a diferen!a entre um c$o de guarda e um c$o feroz &$o epara Est) o c$o feroz à porta de casa e surgem dois ladres 'm aproHima-se" o c$o feroz ladra-l#e e atira-se a ele O ladr$o foge e o c$o vai atr)s dele e deiHa a porta Entra o outro ladr$o e rouba o %ue %uer Ao inv/s" o c$o de guarda ladra ao primeiro ladr$o" mantêm-no à dist5ncia" mas nunca sai de perto da porta e faz o mesmo ao segundo ladr$o O c$o de guarda marca à zona" o feroz marca ao #omem PercebesteG - :Iim:" disse o Bogador : 'm / um c$o bom" o outro / mauG Konse%uência1 o Bogador nunca mais foi titular Esse Bogador n$o est) de forma alguma sozin#o nessa incapacidade de distinguir os dois c$es &em" claro" em n$o perceber a diferen!a entre o bom e o mau futebol 00 A dimens$o física I* se vive duas vezes Entre o onaldo %ue nos come!ou a deslumbrar em .==8 e o %ue Bogou no eal 3adrid uma d/cada depois" #)" pelo menos" .8 %uilos de diferen!a 4os >8 para os =? O %ue motivou esta brutal transforma!$o física onaldo" PIR .==8 onaldo" eal 3adrid 0??9 4i Itefano" Pel/" KruJff e 3aradona 4epois deles" s* um Bogador" %uando surgiu me provocou" verdadeiramente" igual sensa!$o de g/nio onaldo A forma como

eHplodiu na Europa" nos anos =?" fazendo voar os advers)rios à sua passagem" ainda aumentou essa ideia Kuriosamente" a primeira vez %ue o vi ao vivo" pelo Kruzeiro" em .==6" ainda com apenas .> anos" numa tarde de 6? graus no Porto" com o Est)dio das Antas %uase vazio" tive uma impress$o %ue #oBe at/ me deiHa perturbado Fez um golo fabuloso mas lembro-me de pensar1 :O mi7do / mesmo um g/nio I* / pena ser t$o magrin#o: &$o" n$o estava a ver mal &essa altura ele era mesmo magro " talvez por ter essas imagens t$o presentes" %ue me impressiona tanto ver a transforma!$o física entre esse onald+in#o, e o %ue" dez anos depois" B) onaldo" foi contratado ao eal 3adrid pelo 3ilan Para se entender mel#or a diferen!a" diga-se %ue %uando c#egou ao PIR em =8" pesava >6Dg e media .">=m Em seis meses" gan#ou massa muscular" aumentou %uatro %uilos" para >@" e cresceria 0 cm  com esse peso %ue bril#a em (arcelona e vai para o nter O %ue motivou" ent$o" esta brutal transforma!$o física Tudo se inicia em 0???" na segunda /poca em t)lia" %uando as leses come!am a surgir &o dia em %ue o Boel#o volta a ceder" B) estava com @0Dg Os tendes n$o suportavam o aumento de peso :'m cami$o com rodas de bicicleta:" disseram os m/dicos Uuando regressa" no 3undial 0??0" regista @9Dg Nogou em 0??9" disseram na selec!$o" com =?"8Dg &o eal 3adrid atingiu os =. Dg &os primeiros testes no 3ilan acusou @@ Ancelotti disse %ue n$o" n$o estava gordo" estava robusto" mas entre o onaldo %ue nos deslumbrou em =8 e o actual #)" pelo menos .6 %uilos de diferen!a Os murm7rios %ue se ouviam" receosos de nova les$o" calaram-se mas" no entretanto" nasceu outro Bogador O %ue vale #oBe" ent$o" o seu futebol O aumento de peso" por si s*" faz dele um  Bogador muito diferente &o início" foi comparado com os mel#ores de sempre oBe" aos 2. anos" revendo a sua carreira" / pacífico afirmar %ue ficou longe desse Olimpo e manteve-se ao nível dos da sua gera!$o Antes precisava de um latif7ndio de relva para eHplodir em velocidade oBe Boga em 08 metros" perto da )rea" mas" claro" at/ ten#o tonturas %uando me lembro %ue um dia c#eguei a pensar %ue tin#a o defeito de ser fr)gil A sua capacidade de finaliza!$o continua" apesar de tudo" portentosa 3as eHistem outras teorias para este aumento morfol*gico 'ma delas ficou bem à vista" %uando" na bancada com idane" o catering do clube foi levar duas sandes a cada um 4iga-se %ue" em Espan#a" essas sandes s$o gigantescas Os c#amados bocadillos" um p$o comprido" com presunto serrano %ue parece dar para dois dias Pois bem" em 68 minutos onaldo comeu os dois" ol#ou para o lado" viu %ue izou n$o tin#a fome" e ainda comeu ao francês mais uma dessas opíparas sandes I* depois / %ue vai Bogar 3arcando uma ruptura com o passado" a prepara!$o física de uma e%uipa deiHou de fazer sentido" para muitos novos metod*logos do treino" como algo separado da %uest$o t)ctica Ambas as componentes" física e t)ctica" s$o agora preparadas simultaneamente com igual intensidade 3as #) %uem ten#a outra interpreta!$o em termos individuais Para se perceber mel#or o alcance desta %uest$o" #) um eHemplo com cen)rio e nome pr*prio Local1 o laborat*rio do 3ilan Nogador1 ^oan Courcuff Kom 0? anos" Courcuff / um cra%ue em potência 3/dio de forma!$o" destro" a sua mel#or posi!$o / caído sobre uma faiHa" n$o como um ala cl)ssico" mas como um interior %ue gosta de descair para flan%uear Bogo &$o / um driblador"

mas sabe ultrapassar o advers)rio no um para um" e tem uma mudan!a de velocidade %ue faz a diferen!a O 3ilan recebeu-o no início da /poca 0??9" vindo do ennes Fez alguns Bogos" viu-se a sua categoria" mas" observando-o bem" à luz da eHacerba!$o da dimens$o física do Bogo +e do Bogador," os cientistas de 3illanello detectaram %ue ele tem ainda uma enorme margem de progress$o física" o %ue pode" naturalmente" aumentar a %ualidade do seu Bogo 4isseram %ue apesar de ter 0? anos cronol*gicos" biologicamente Courcuff tin#a apenas .@ Os pr*Himos dois anos ser$o" desta forma" decisivos para o seu incremento atl/tico  Assim" depois de definirem os tra!os %ue fazem a for!a do seu futebol" criaram eHercícios individuais específicos %ue visam aumentar a capacidade física de os eHecutar cada vez mel#or 'm treino personalizado feito num espa!o de areia com 2? metros" no %ual Courcuff" para aumentar a potência muscular global" come!a por fazer sucessivos sprints em lin#a recta Para mel#orar a elasticidade muscular e articular percorre o mesmo espa!o em r)pidos zigzags" simulando bruscas mudan!as de direc!$o Os eHercícios s$o repetidos sucessivamente por .? vezes" repousando um minuto entre eles Em campo" durante o Bogo" estes s$o os movimentos atl/ticos mais repetidos por um Bogador com os tra!os de Courcuff Por isso / %ue no treino s$o os mais trabal#ados e repetidos at/ à eHaust$o 4esde 0??. %ue esta estrutura laboratorial do 3ilan eHiste 4esde essa data" dizem os registos" as leses musculares reduziram =. ` em rela!$o aos anos anteriores Trata-se" no entanto" de uma %uest$o individual pelo %ue n$o faz sentido trabal#)-la no colectivo Este princípio /" ali)s" aplic)vel a %ual%uer  Bogador ) %uestes físicas específicas %ue" apesar de reflectidas depois no conBunto" podem ser tratadas isoladamente O Bogo colectivo / uma coisa &esse" a t)ctica e o físico s$o contemplados em conBunto A performance individual / outra" pelo %ue física e tacticamente" pode ser trabal#ada individualmente" de forma específica" para" depois" a mel#or inserir e eHplorar no colectivo Trata-se" de %ual%uer forma" de uma opini$o discutível %ue divide diferentes correntes de metodologia de treino ) muita gente" n$o pertencente ao futebol" %ue tenta #oBe investigar o Bogo com toda a esp/cie de m/todos científicos" com vista a mudar o seu aspecto e eHercer controlo sobre ele Podemos" mesmo assim" estar descansados por%ue ningu/m vai conseguir dissecar o futebol apenas atrav/s da ciência ou" caso o consiga" eHistir) sempre uma esp/cie de Bogador em campo para derrubar e rir-se de todas essas teorias com uma simples finta ou um golo de assombrar O problema / %ue" na maioria desses casos" mudando a morfologia do Bogador de forma t$o radical" como sucedeu com onaldo" pode mudar tamb/m" a essência do seu Bogo Por isso" onaldo / #oBe um Bogador t$o diferente do %ue era no início da sua carreira t)lia est) c#eia de eHemplos desse tipo eparem tamb/m" por eHemplo" em 4el Piero Komparem o %ue era o seu físico" es%uivo e veloz" %uando come!ou" e o %ue / #oBe OQ" eHiste o avan!ar da idade" mas #) v)rias /pocas %ue o futebol de 4el Piero passou a fazer parte de outro corpo 3ais robusto" resistente ao c#o%ue" menos )gil e com Bogo de cintura Komo conserva as bases" continua a fazer maravil#as com a bola" embora a agilidade com %ue as faz seBa muito diferente" muito menor" claro 3ais disponível para o c#o%ue" do %ue para sprints longos Tudo isto faz-me lembrar um desabafo de Paul (reitner %uando no início dos anos @? decidiu colocar ponto final na sua carreira A #ist*ria tem mais interesse por%ue

se passa no glorioso imp/rio do futebol-for!a" na Aleman#a Iucedeu %uando regressara de Bogar no eal 3adrid e deparou-se com um cen)rio onde a condi!$o atl/tica ditava lei sobre a %ualidade t/cnica" colocada em plano secund)rio" %uase irrelevante" na forma!$o do novo Bogador alem$o E um Bogador  impressionava-o acima de todos os outros (rigel :Uuando vi pela primeira vez" num Bogo com o Qaiserlautern" fi%uei assustado e pensei1 3eu 4eus" mas o %ue se est) passar Era como ver IJlvester Itallonne a Bogar futebol I* depois soube %ue (rigel tin#a sido atleta de decatlo at/ aos .@ anos Agora" %ueriam elegê-lo como o novo prot*tipo do futebolista alem$o &$o / %ue ele estivesse mal" ou  Bogasse mal" s* n$o entendia como %ueriam desenvolver este tipo de Bogador na  Aleman#a depois do %ue a min#a gera!$o lograra I* pensavam na for!a A t/cnica era apenas um acess*rio Ap*s verificar esta situa!$o decidi retirar-me" a%uilo B) n$o era o meu futebol: 3as ser) %ue a capacidade física de uma e%uipa / assim t$o %uantific)vel Lembro-me muitas vezes de uma #ist*ria %ue contava Ardiles" franzino argentino dos anos >?<@? Era t$o franzino %ue l#e c#amavam mos%uito Pois bem" uma vez" %uando foi à Aleman#a" assustou-se ao ter de defrontar (on#of Ieria ."9=m contra ."@0m de altura Andou dias %uase sem comer At/ %ue" antes do Bogo" l#e mostraram" de forma descriminada" os dados dos 7ltimos cinco Bogos feitos por cada um deles Uuil*metros percorridos" roubos e transportes de bola" passes certos" remates" e %ual dos dois durante os =? minutos parara mais tempo para descansar Os dados eram implac)veis Ardiles estava por cima em todos os par5metros" menos no 7ltimo Abriu um sorriso no seu rosto narigudo %uando viu os n7meros e a partir daí subia ao relvado sempre convencido %ue podia comer o mundo E comia  A condi!$o atl/tica e a evolu!$o do modelo de Bogo 4esde #) d/cadas" criou-se no futebol a teoria de %ue a capacidade física de uma e%uipa depende directamente da carga de trabal#o atl/tica realizada na pr/-/poca  uma tese discutível" onde tamb/m se dirimem os conceitos de volume ou intensidade e se %uestiona se uma e%uipa pode ou n$o ser programada para ter o c#amado :pico: de forma em certo ponto da /poca ou se" em vez dele" n$o se deve falar antes em :picos: de modelo de Bogo egra geral" os meses de 3ar!o-Abril s$o decisivos para atingir os obBectivos pretendidos Ieria" assim" essa a altura ideal para o tal :pico de forma:" mas" a verdade / %ue uma e%uipa %ue n$o crie" ao longo de toda a /poca" uma regularidade eHibicional - t/cnica" t)ctica e atl/tica - difícilmente c#ega a esse momento com uma organiza!$o de Bogo e seus índices de confian!a num ponto alto O importante / definir" desde o primeiro dia" um modelo e uma filosofia de  Bogo 4epois" #) %ue fazer tudo para %ue eles ten#am sempre" em %ual%uer fase" as mesmas condi!es atl/ticas para se eHibirem Assim" teriam um status de forma estabilizada ao longo da /poca A grande %uest$o" nesta perspectiva" residiria em saber %uando o onze poder) interpretar o modelo de Bogo idealizado no início A descoberta desse momento depende dos índices de confian!a do grupo" algo %ue" naturalmente" s* os bons resultados trazem Ao longo da /poca #) tempo para diferentes sentimentos" vit*rias e derrotas" sistemas e suas variantes Os pilares onde assentam toda a estrutura da /poca dependem" no entanto" do %ue ser) feito nos treinos da pr/-/poca  este o tempo certo para

moldar o plantel" definir o modelo de Bogo e come!ar a treinar os seus princípios Ie n$o o tiver definido e treinado desde este momento" / impossível %ual%uer proBecto ter verdadeiramente bases s*lidas O %ue se faz no 7ltimo dia da /poca depende e tem liga!$o com a%uilo %ue se fez no primeiro treino 4eiHou" por isso" de fazer sentido falar-se em :picos de forma: &o processo de operacionaliza!$o do seu Bogar" a e%uipa deve lograr primeiro a precis$o de movimentos +entenda-se princípios, e s* depois a velocidade de eHecu!$o dos mesmos A velocidade" por si s*" sem precis$o n$o garante a aplica!$o eficaz do modelo de Bogo O primeiro passo /" portanto" incorporar a ocupa!$o dos espa!os +posi!$o e din5mica," garantindo a posse da bola" algo %ue a velocidade sem precis$o impede logo à partida I* depois" %uando os Bogadores dominarem os princípios +no!$o e eHecu!$o, / %ue podem come!ar a dar-l#e velocidade ) a%ui subBacente uma no!$o %ue deve presidir a %ual%uer e%uipa T)ctico-t/cnica e n$o t/cnico-t)ctica Parece a mesma coisa" mas n$o /  A t/cnica necessita da moldura certa +ocupa!$o de espa!os" movimentos e ritmo, para se eHprimir Essa moldura c#ama-se t)ctica +integrante do modelo de Bogo,  I* %uando esta no!$o de rela!$o com a bola e o Bogar pretendido estiver interiorizado pela e%uipa +individualidades e colectivo, / %ue a %ualidade t/cnica pode" na eHecu!$o dos princípios %ue compe o modelo" tornar-se eficaz A t/cnica / um atributo individual A t)ctica / uma no!$o colectiva Iendo o futebol um Bogo de e%uipa" colectivo por defini!$o" deve-se" portanto" falar em t)cticot/cnica 02 O lado mental1 :omens e 3)%uinas: Perguntando a Futre" o %ue dizia ou fazia (aresi para liderar o balne)rio do 3ilan por dez anos seguidos" a sua resposta foi lapidar1 :O (aresi n$o faz nem diz nada  Apenas ol#a para ti: A lideran!a" a capacidade de seduzir" gan#a-se de forma natural O %ue pensa um Bogador %uando vai isolado para a baliza s* com o guarda-redes pela frente Em muitas coisas" certamente &unca entendi a%uela frase :rematou sem pensar: Komo n$o 4urante a semana" à noite acordado" ou durante toda a carreira" / nesse momento %ue son#a estar Pode / l) c#egar de formas diferentes Iobre este tema" o vel#o fil*sofo da bola brasileiro &en/m Pranc#a tem um conto ir*nico fant)stico passado com um avan!ado meio torpe %ue Bogava num clube de província Passara toda a /poca a ser criticado Pelos adeptos" colegas" Bornalistas e dirigentes" %ue B) tin#am decidido correr com ele no fim da /poca Pois bem" mesmo assim" a e%uipa Bogou at/ ao fim para ser campe$ E foi nesse dia %ue" precisando gan#ar" o tal avan!ado se isolou" no 7 ltimo minuto" com ?-? no placar Todos se levantaram Ele avan!ou" correu" correu" aproHimou-se da baliza" driblou o guarda-redes e ficou com as redes desertas Uuando todos B) festeBavam o golo" passou-l#e tanta coisa pela cabe!a - os assobios %ue ouvira durante toda a /poca" os insultos" o desprezo dos colegas e directores" etc - %ue" com um imperceptível sorriso interior" c#utou a bola para fora com um intencional pontap/ desengon!ado à K#arlot Pensem no lado mental +e moral, desta #ist*ria 'ma e%uipa de futebol / uma babil*nia de personalidades Rinte e cinco Bogadores

no plantel Rinte e cinco diferentes personalidades" futebolísticas e #umanas Rinte e cinco formas de estar no futebol" dentro e fora do relvado O temperamental e o sereno O eHtrovertido e o tímido O destemido e o receoso  neste mundo de contrastes %ue emerge o treinador-gestor de emo!es O futebol / um mundo de emo!es onde a %uímica interpessoal tamb/m Boga Para um treinador" primeiro %ue descobrir %ual o mel#or sistema" / preciso con%uistar o balne)rio Antes de mobilizar as capacidades t/cnicas de um Bogador" #) %ue mobilizar as emo!es  Atrav/s dessas ideias" mais do %ue diferentes filosofias de interpretar o Bogo" distinguem-se" antes de tudo o mais" diferentes formas de estar na vida &este universo" o treinador" mais do %ue um estratega t)ctico" / um gestor de emo!es &a intimidade de um balne)rio" escondem-se medos" esperan!as" conflitos e motiva!es com c*digos de comportamento e comunica!$o muito particulares 3uitos acreditam %ue / eHactamente nesse ponto pr/vio" no tal domínio do balne)rio" %ue mora o segredo do seu sucesso ou fracasso  um pouco verdade O t/cnico deve ser" assim" acima de tudo" um sedutor )" por/m" v)rias formas de seduzir &a%uele espa!o de mist/rio para o p7blico" os líderes nascem" crescem e morrem a partir da capacidade de percepcionar e domar as emo!es antes dos outros Perguntando a Futre" o %ue dizia ou fazia (aresi para liderar o balne)rio do 3ilan por dez anos seguidos" a sua resposta foi lapidar1 :O (aresi n$o faz nem diz nada Apenas ol#a para ti: A lideran!a" a capacidade de seduzir" gan#ase de forma natural &o futebol" como na vida" #) sempre lugar para criar grupos Por empatia" obBectivos comuns" nacionalidade ou outra raz$o  natural O problema / %uando deiHam de ser uma divis$o natural e passam a ser focos de desconfian!a entre uns e outros magino a mente de um treinador no banco %uando as coisas correm mal e a e%uipa parece perdida em campo Por mais %ue berre e gesticule na berma das %uatro lin#as" os Bogadores n$o o ouvem  ut*pico pensar %ue se consegue nesse momento meHer verdadeiramente na atitude da e%uipa Pode-se alterar uma ou outra posi!$o" e com isso o Bogo at/ mel#orar" mas" %uando os elos de liga!$o" t)ctica e atitude" entre treinador e Bogadores" se partem" a e%uipa perde o controlo em campo &essas alturas" s* uma coisa pode aliviar um treinador1 encontrar um Bogador inteligente de grande car)cter A%uele com %uem basta um trocar de ol#os desde o banco" uma simples troca de impresses %uando ele se aproHima para beber )gua" e eis %ue surge uma palavra %ue se ouve sem ser preciso dizer1 :aBuda-me:" sussurra ou grita o mister mesmo %ue seBa por outras palavras" para o seu prolongamento de car)cter em campo  o tipo de Bogador %ue agarra o Bogo pelos colarin#os Ten#o esta refleH$o %uando veBo Bogar Paul Ic#oles no 3anc#ester 'nited Uuando o onze abala e AleH Ferguson" de ol#os esbugal#ados" come!a a mascar c#iclet com mais intensidade" o m/dio cenoura agarra na e%uipa" na bola" no Bogo" e leva-os por camin#os e para locais %ue s* ele con#ece Ran Caal dizia %ue a 7nica altura apropriada para falar de estrat/gia com os  Bogadores / antes do Bogo Em termos de interferir na atitude da e%uipa" ao treinador tamb/m resta o intervalo &$o eHiste uma 7nica forma de o fazer ) %uem o fa!a gritando" incentivos ou amea!as" outros preferem uma conversa calma individual" outros insultam e d$o pontap/s em baldes e murros nas portas" e

tamb/m #aver) %uem pouco fale &en#uma / infalível 4urante um Bogo" o líder mais do %ue no banco" tem de estar em campo (ill I#anDlJ costumava apelar ao car)cter dos seus Bogadores provocando-os com a s/rie televisiva de %ue mais gostava" Os ntoc)veis eunia-os no balne)rio e perguntava-l#es aos berros1 :Rocês pensam %ue s$o #omens duros Ol#em para estes tipos Esses sim" s$o duros de verdade: E atirava-l#es com fotografias de Names KagneJ" Ceorge aft e EdMard C obinson" actores de sobrol#o carregado %ue ficaram famosos em pap/is de gangsters ) %uem resuma este :lado mental: do Bogo com a capacidade de :aguentar a press$o:" o grande monstro %ue atormenta todas as e%uipas do futebol actual" competitivo at/ ao tutano Uuando treinadores e analistas condicionam o sucesso de uma e%uipa à capacidade ou n$o de aguentar a press$o" est$o" em síntese" a falar dum fantasma %ue tanto atrai!oa a t/cnica individual como condena os mel#or preparados es%uemas t)cticos  A diferen!a entre as grandes e%uipas e as outras est)" muitas vezes" no saber lidar com esse entorno %ue nasce de fora para dentro das %uatro lin#as  cada vez mais comum" antes ou no final dos Bogos" os treinadores debru!arem-se sobre a %uest$o se a e%uipa sentiu a press$o" se a soube aguentar" ou" pelo contr)rio" n$o a superou e deiHou-se dominar por ela" buscando aí as razes para o fracasso Vs vezes" at/ est$o certos  natural" mas" no competitivo futebol moderno" as grandes e%uipas s$o" cada vez mais" a%uelas %ue nunca se deiHam dominar pela press$o" criada por adeptos" media" necessidade de gan#ar" directores e o est)dio c#eio" o tal monstro impiedoso de .?? mil cabe!as  A raiz e a solu!$o do problema cruza diferentes factores" ambos decisivos para combater a press$o1 a mente e a t/cnica Ou seBa" em síntese" uma e%uipa para saber lidar com todo esse :entorno pressionante:" deve ter" por um lado" uma s*lida energia mental colectiva" onde se inclui" por todo o onze" a auto confian!a individual de cada Bogador" %ue" em campo" ter)" depois" de ser emoldurada por uma filosofia de Bogo perfeitamente definida Em vez da conota!$o física %ue l#e era dada no passado" penso mesmo %ue o conceito moderno de :pico de forma: de uma e%uipa durante a /poca depende #oBe n$o s* da optimiza!$o da condi!$o atl/tica" mas da conBuga!$o destes dois vectores &este conteHto" / decisivo o papel do treinador" %uer no 5mbito psicol*gico -isto /" capaz de entrar dentro da cabe!a dos Bogadores- %uer no t)ctico-t/cnico 4eve definir uma filosofia de Bogo e manter-se fiel a ela durante toda a /poca" n$o variando" de Bogo para Bogo" conforme as circunst5ncias  o treinador como construtor de mentalidade Lembro-me de uma vez" antes de uma final da Ta!a dos Kampees" terem perguntado a Arrigo Iacc#i" numa /poca em %ue todo o resto correra mal1 :3ister" o %ue acontecer) se perderemG Iacc#i fez uma pausa :&ada de grave:" respondeu :O mundo seguir) dando voltas" o sol voltar) a nascer nada de grave" portanto: Assim /" de facto Todos os treinadores gostariam de pensar o mesmo ) Bogadores %ue mudam radicalmente de rendimento de um clube +ou cidade" entendida como todo o entorno %ue o rodeia, para outro I$o %uestes de personalidade" motiva!$o e capacidade de lidar com a press$o ReBa-se o caso do talentoso alem$o 4eisler (ril#ante em pe%uenos clubes" mas %ue no (aJern

mergul#ou em sucessivas depresses psí%uicas" clinicamente diagnosticadas" por  n$o aguentar a press$o de Bogar num clube de maior dimens$o &outra perspectiva" a personalidade de AnelDa encaiHa mel#or no #abitat inglês do %ue no labirinto paparazzi de 3adrid &outros casos" tudo se resume à motiva!$o" como sucedeu com Cullit %ue no final da carreira perdeu fulgor no 3ilan" foi dispensado" ingressou na Iampdoria" eHplodiu de novo" fez eHibi!es fabulosas e voltou a ser contratado pelo 3ilan" mas" no regresso" as coisas nunca voltaram a ser iguais A motiva!$o perdera-se pelo camin#o Uuando c#ega um treinador novo / comum os Bogadores" antes do mais" tentarem entender a sua personalidade Konta 3ic#el %ue %uando Bogava no 3/Hico" no  Atl/tico KelaJa" todo o grupo ficou sem palavras na primeira palestra com o novo t/cnico" &ino 4iaz O seu discurso fora normal" duro" pois c#egava ap*s uma c#icotada" mas o seu bloco de notas suscitou m7ltiplas interpreta!es Iim" B) sei %ue eles est$o na moda" mas este tin#a uma particularidade1 Era um caderno rosa da pe%uena sereia O treinador segurou-o ao mesmo tempo %ue motivava o grupo apelando à revolta e à garra &o fim" um Bogador mais eHtrovertido perguntou-l#e se tin#a sido um presente da sua fil#a pe%uena ou de uma neta" %uem sabe espondeu %ue n$o" B) %ue esse cadernin#o andava sempre com ele por%ue l#e trazia sorte Pois" embora seBa difícil imaginar a mont-blanc de 3ourin#o tirando apontamentos num bloco da pe%uena sereia ou o rosto duro de Kapello eHpulsando Kassano de um treino com o mesmo livro rosa em pun#o" a verdade / %ue n$o #) treinador %ue n$o se renda a estes rituais de supersti!$o" com mais ou menos devo!$o O autocarro %ue n$o pode fazer marc#a-atr)s" Bogar a primeira parte sempre para o mesmo lado" o beiBo na medal#in#a ou outros gestos %ue se repetem Primeiro" s$o como um abrigo da sua inseguran!a 4epois" s$o uma fonte de auto-confian!a 3undo estran#o este" o dos treinadores de futebol" onde durante a insustent)vel leveza %ue os assalta durante noventa minutos at/ um desen#o animado pode aliviar a press$o Tot* Tot* Ic#illaci foi o grande gran de goleador da selec!$o selec!$ o italiana no 3undial de =? As suas imagens ent$o fizeram #ist*ria at/ pela cara %ue fazia ap*s cada golo Ol#os esbugal#ados" boca aberta" gritando" a careca bril#ando" escorrendo suor 'm dia" %uando visitou a selec!$o" o presidente italiano de ent$o" Francesco Kossiga disse-l#e1 :N) te viste bem na televis$o depois de cada golo %ue marcas A%uele teu ol#ar / de um #omem %ue n$o pode perder a nada na vidaG Tot* respondeu calmamente1 :&$o" Presidente" eu n$o me costumo ver assim t$o #abitualmente: Ic#illaci deslumbrou nesse 3undial" mas n$o fez grande carreira" e um ano depois B) andava aos tombos de clube em clube Foi um da%ueles c#amados meteoros do futebol Apareceu e desapareceu Komo / possível EHistem" certamente" v)rias eHplica!es" e" o caso de Ic#illaci n$o / 7nico ) muitos  Bogadores" inclusive no nosso futebol" %ue parecem ter tudo para uma grande carreira" mas" depois" como por enigma" desaparecem Penso Pen so no di)logo de Tot* Tot* e Kossiga e se cal#ar estaria nele a resposta Falta-l#es" muitas vezes" ol#ar mais para eles pr*prios Entender os momentos e distinguir" na longa camin#ada futebolística" os o)sis das miragens 'm castelo de areia at/ pode ser um bom princípio &unca um pilar

&o ba7 de míticas recorda!es" #) momentos %ue nunca se es%uecem" como as noites europeias protagonizadas pela eal 3adrid e suas fabulosas reviravoltas nos Bogos da segunda m$o" encetadas no inferno do (ernab/u" provocador" como diria Norge Raldano" de um paralisante :medo c/nico: c/n ico: nas e%uipas advers)rias ad vers)rias A :lenda das remontadas: atingiu o auge nos anos @? +com 6-? ao (orussia 3nc#engladbac#" 9-. ao An-derlec#t e 8-. ao nter, O seu grande catalisador era um nZ > baiHin#o capaz de virar o mundo1 Nuanito" o Bogador %ue" Buntando a f7ria natural com a t/cnica andaluza" sua terra natal" mel#or combinou o cocDtail de estilos do futebol espan#ol ecordar o seu carisma / penetrar num mundo %ue  B) n$o parece eHistir" %uando os futebolistas pareciam a eHtens$o passional dos deseBos de vit*ria do mais fan)tico adepto 4iz %uem o con#eceu %ue nessas noites europeias" onde era necess)rio virar resultados impossíveis" ele sozin#o era capaz de fazer todos acreditar no milagre" por%ue como dizia aos mais c/pticos1 :&oventa minutos no (ernab/u s$o muito longos: Tudo obedecia a um ritual domador da ansiedade combinado nos balne)rios" onde se selava o pacto em %ue os três primeiros remates" as três primeiras faltas" para n$o deiHar o advers)rio entrar no Bogo" e at/ %ue os primeiros três protestos contra o )rbitro fossem do eal Tudo precedido de uma entrada em campo com Nuanito aos murros nas barras met)licas %ue" no t7nel" separavam as e%uipas" gritandol#es de tudo" embora eles n$o entendessem nada" nem tin#am %ue entender" pois eram alem$es" ingleses" etc O futuro do futebol s* ter) sentido recuperando estes mitos Kaso contr)rio" / trair a sua gen/tica emocional" pois como diria Panzeri" vel#o Bornalista argentino :o futebol / a din5mica do impensado: Konta 3ic#el" estrela desse fant)stico onze merengue" %ue soube com eHactid$o %uando essa bela e%uipa terminara Foi ap*s um empate com o PIR %ue os eliminava da Ta!a Ta!a dos Kampees Em .=@@ O balne)rio estava esta va submerso pelo vapor da )gua %uente dos c#uveiros &ingu/m articulava uma palavra At/ o líder ficara com o ol#ar perdido I* se ouviam os pingos da )gua a cair &os treinos" como antes ou no fim dos Bogos" o pior inimigo para um balne)rio / o silêncio Onde param os grandes líderes do antigamente 4epois da autoridade %uase militar %ue durou at/ os anos 9?" surgiu" a partir dos >?" um outro tipo de Bogador Analisando Analisando as possibilidades t)cticas ao dispor" passou a colocar-se no centro do campo" pensando" en%uanto outros %uatro ou cinco Bogadores" com grande condi!$o atl/tica" interpretavam essas concluses 3eHendo no Bogo colectivo da e%uipa como um artista de rua maneBa as cordas de um boneco de marionetas" a autoridade desses líderes" os #omens para %uem" no relvado" todos ol#avam à espera de um grito ou um apontar de camin#o %ue subitamente iluminasse o Bogo mais difícil" traduzia-se" muitas vezes" em precisos e %uilom/tricos passes em profundidade" obra de pensadores como 3ic#el Platini ou Cuntar &etzer oBe" B) n$o eHistem Bogadores dessa casta Rivemos um futebol novo" onde se esfumam os líderes e os símbolos Esta refleH$o sobre um futebol sem líderes ou símbolos" traz à mem*ria uma publicidade televisiva %ue passava em meados dos anos @?" onde Platini e (onieD surgiam" B) no ano 0??? e tal" com uma longa barba branca" cabelos grisal#os" sentados segurando uma bengala" balbuciando1 :ecordas-te de (ottini:"

perguntava Platini :Uue l#e aconteceuG" %uestionava (onieD :Pobre ragazzo" morreu novo à for!a de correr por n*s dois durante toda a carreira:" respondia Platini" o grande c/rebro gaulês" o #omem %ue desde tenra idade aprendera %ue a bola correria sempre mais do %ue ele Embora fosse uma piada" #avia" no entanto" uma moral subBacente a esse tr[pego di)logo Pela mesma altura" na oma" onde Lied#olm afirmava %ue a bola / %ue devia suar" Bogava Falc$o A sua classe e confian!a c onfian!a era tanta" %ue eele le seria sempre o mel#or em campo mesmo se um dia l#e fosse proibido tocar na bola durante os noventa minutos" tal a personalidade com %ue se movia Konta-se %ue %uando c#egou a t)lia" no seu primeiro treino" pediu a bola e" de uma baliza à outra" atravessou o campo tocando-a sem a deiHar cair" com o calcan#ar" peito e outros rasgos &o final" afirmou a todos %ue o admiravam1 :OQ" agora %ue vos mostrei o %ue sei fazer à brasileira" terminou o espect)culo Agora" vamos Bogar futebol verdadeiro" a%uele %ue gan#a títulosG oBe" este tipo de Bogador" elegante e dono do mundo" %ue parecia comandar tudo" desde colegas de e%uipa at/ ao vendedor de coca-cola" %uase desapareceu  Ainda se descobriram alguns lampeBos dessa elite em idane" (aggio" Itoic#Dov" Itoic#Dov" agi e talvez om)rio" para %uem" face ao cen)rio actual" :o mel#or treinador / a%uele %ue n$o atrapal#a:" mas a%uele tipo líder cerebral" %ue %uase Bogava fumando c#aruto e todos respeitavam como um guru iluminado /" claramente" uma esp/cie em vias de eHtin!$o &a Am/rica do Iul" c#amam a esta estirpe de líderes" os caudillos" donos em campo de uma aura autorit)ria s* semel#ante à dos soturnos ditadores militares  At/ os treinadores deviam reverência a esses Cenerais do Futbol Era" nos anos 8?" o caso do mítico argentino &estor Pipo ossi Critava os noventa minutos 'ma vez" %uando durante uma palestra" antes de um Bogo contra o (rasil" o t/cnico Itabile disse-l#e" como instru!$o" para ter cuidado cu idado e vigiar 4idi" o caudillo ga7c#o respondeu-l#e" parado no meio do balne)rio" com toda a e%uipa em redor1 :3aestro" isso disse-me a min#a m$e antes de d e sair de (uenos Aires: 4epois" %uando entrava na canc#a" podia no banco estar sentando Cardel ou Nesus Kristo" pedia a bola e est)tico com ela" durante uns segundos" ol#ava tudo e todos como %ue dizendo1 :A%ui" %uem manda sou eu: 'm Bogador %ue me causa mais in%uieta!$o %uando o veBo Bogar neste sentido do %ue deve ser um grande comandante em campo / aul V dist5ncia" parece-me ter aura de líder" car)cter 4ecide rapidamente mas parece faltar-l#e serenidade O %ue l#e falta ent$o Korrer menos" talvez Pensem em grandes m/dios 4eco" idane" ui Kosta" (aggio &en#um deles demonstrava pressa em campo aul tem de Bogar mais com a cabe!a e menos com as pernas Talvez por isso %uando PusDas o viu Bogar pela primeira vez" numa altura em %ue toda a Espan#a o elogiava" l#e disse no fim1 :Korres demasiado" c#aval: &as 7ltimas duas d/cadas do s/culo" surgiu" na Kol[mbia" um outro líder" tran%uilo como os grandes c/rebros" mas %ue nem gostava de gritar muito Karlos Ralderrama Lento como um líder %ue sabe o %ue faz" Bogava %uase sempre a passo e %uem falava era a bola E como ela falava Uuando foi Bogar para Espan#a" os adeptos do Ralladolid n$o entenderam esse estilo cerebral O %ue eles %ueriam era f7ria e a língua arrastar-se pelos relvados" pelo %ue passaram a assobi)-lo constantemente 3aturana" o treinador na /poca" seu mentor na

Kol[mbia" sugeriu-l#e ent$o" para colocar )gua na fervura" s* disputar os Bogos em casa Orgul#oso" convencido da superioridade moral do seu Bogo de to%ues curtos" respondeu-l#e sem mover um pelo da sua gigantesca cabeleira loura1 :3ire Professor" fa!o-l#e outra proposta Entro sempre nos Bogos em casa e fico no banco nos de fora: Para este tipo de Bogadores" a palavra medo n$o faz parte do seu vocabul)rio  nesse estado de confian!a %ue nascem os verdadeiros líderes %ue o futebol actual amea!a tal a forma como os Bogadores est$o robotizados pela disciplina t)ctica 06 Os :4uplos-Kra%ues: Talento e forma!$o Costo de imaginar esta #ist*ria com o c/u muito nublado e tendo parado de c#over #) pouco Pelo local onde tudo se passa" n$o / imagina!$o a mais O telegrama" esse" foi mesmo verdadeiro :4ata1 .=9. (elfast rlanda Itop 4e 1 (op (is#op Itop Para1 3att (usbJ 3anager 3anc#ester 'nited FK Itop 3ensagem1 Karo sen#or Itop Encontrei um g/nio Itop: Foi desta forma %ue o ent$o ol#eiro do 3anc#ester na rlanda do &orte alertou o clube da descoberta de Ceorge (est Ac#o esta #ist*ria fant)stica E ideal para come!ar a pensar em como observar talentos 3as" com permiss$o da mem*ria de 3r (op (is#op" descobrir um g/nio / f)cil Ou mel#or" em rigor" um g/nio n$o se procura" encontra-se 4ifícil / detectar bons Bogadores %ue n$o fazem arregalar  os ol#os logo à primeira vista O ol#eiro Essa figura cada vez menos protegida Pelo menos" no seu lado rom5ntico e s)bio Rer Bogos na berma de um baldio de terra com po!as de lama e mi7dos a correr atr)s de uma bola 4epois" passem isso para campos de futebol mais rudimentares" pelados Costo de o imaginar meio confidencial" vendo o Bogo de longe" de p/" voz grave mas falando pouco" gabardina apertada" cigarro caído na ponta da boca 4evem estar a pensar %ue seria como umpreJ (ogart vendo um Bogo de futebol  uma boa imagem (op (is#op era mais ou menos assim 4urante muito tempo" este tipo de observador eHistiu mesmo Ainda resiste" mesmo %ue seBa de bermudas e c#inelos" procurando uma sombra debaiHo de uma )rvore" numa tarde de 28k-29k graus" numa %ual%uer paragem sul-americana ou africana &o fim" todos %ueriam saber o %ue pensava da%uele ou outro Bogador - :Uue l#e pareceu fulano: - :Elegante" faz umas coisitas +silêncio prolongado, 'm enganador: Fala sempre em Buízos curtos" secos e indiscutíveis - :E a%uele outro" %ue tal: - :Korre" / esfor!ado cumpre:  A verdade / %ue estas personagens esfumaram-se 3as o futebol" n$o A grande dificuldade est)" pois" na capacidade em detectar" antes dos outros" o talento fora da m/dia em Bogadores %ue n$o saltam logo à vista Penso nisso ao ler uma confiss$o de Cuardiola sobre o %ue pensava %uando foi ao seu primeiro treino de capta!$o em (arcelona Iem eHecutar grandes fintas ou marcar grandes golos" tornou-se um Bogador fundamental na manobra do onze da Katalun#a O seu estilo de Bogo /" por/m" o mesmo desde %ue come!ou nos infantis Komo ent$o saltou à vista o

seu talento Aplicando a :tese maradoniana:" %ue detectou o eventual g/nio 4epetris" Cuardiola correria o risco de at/ nem c#egar a ser Bogador de futebol" afastado nos treinos de capta!$o" enorme centro de filtragem %ue os clubes promovem aos Bovens %ue son#am em ser estrelas dos relvados Aí" no meio de mil#ares de mi7dos" salva-se" %uase sempre" o mais virtuoso ou o mel#or constituído fisicamente Ora" Cuardiola" n$o era" nem /" uma coisa nem outra :Em cada .? mi7dos catal$es" @ %uerem Bogar no (ar!a Eu era um deles" mas sempre fui muito realista Uuando saía de casa aos .2 anos" dizia sempre à min#a m$e1 Ie c#egar a Buvenil" B) fico feliz &unca pensei c#egar à primeira e%uipa Pensava %ue para Bogar futebol era necess)rio muito mais do %ue passa bem" Boga bem" toca ao lado e aguenta =? minutos O destino e um treinador %ue atendia mais ao gesto de passar do %ue ao de romper" foi o %ue me salvou Foi sorte" caso contr)rio" nada feito 3as" nesse tempo" eu apenas %ueria estar com a gente do futebol Estar no plantel" ver o treino da primeira e%uipa e" sobretudo" ver Ic#uster  treinar Esse" sim" era o meu son#o O resto sentia %ue era impossível: Ora aí est)" como descobrir um Bogador %ue" no futuro" possa vir a ser um grande pivot-defensivo A tal posi!$o tacticamente mais importante d o futebol moderno A verdade / %ue" mesmo no auge" esse Bogador n$o se destaca nem por ser veloz" fintar ou rematar Estran#o talento este" pensar$o Talvez" mas os :te*logos da bola: entendem bem o seu significado" pois / gra!as a esse Bogador-5ncora %ue os outros encontram espa!o para correr" fintar e fazer os rasgos %ue aparecem nos resumos Para o detectar" mais importante do %ue ver como correm" / ver como travam Komo fazem a pausa com a bola nos p/s  mais f)cil" desde logo" pensar parado do %ue a correr desenfreadamente Konseguir tomar uma decis$o / complicado  Agora se / difícil tom)-la sentado num gabinete e com tempo" imaginem ter de a tomar correndo" a suar sob c#uva ou sol" e em curtos segundos Foi pensando nisso" talvez" %ue um dia" Oriel Tort" vel#o ol#eiro do (ar!a disse virado para KruJff %uando via um Bogo das camadas Bovens1 :3ira No#an" como Boga como pensa a%uele c#aval: Era Cuardiola 4ias depois" estreava-se na primeira e%uipa do (arcelona" em pleno (ernab/u" frente ao eal 3adrid1 :Iabendo %ue ia Bogar" passei a semana toda a ver vídeos do eal" com a m7sica do filme :3iss$o mpossível: como pano de fundo:" recorda  As marcas da apari!$o divina de KruJff no mundo do futebol continuam bem vivas Kom ele o futebol con#eceu a sua %uinta dimens$o" um futebol de autor Kom a bola nos p/s" como treinador ou como mero observador 'm dom descrito no livro (rilliant Orange" onde se narra como analisava um Bogador longe do relvado :A sua t/cnica n$o / boa:" dizia :3as como pode dizer isso t$o seguramente: : *bvio Uuando ele c#uta a bola" o som / o errado Uuando c#utas correctamente" tens de antes tocar a relva" pente)-la um pouco por baiHo da bola como numa tacada de golfe sso ouve-se e / um som agrad)vel: Pelo simples som %ue a bola faz ao ser rematada" sabe-se para onde ela vai" a intensidade do remate" sua direc!$o e velocidade Falar em forma!$o causa sempre boa impress$o num debate futebolístico Est) a falar-se do futuro Para a incentivar" fala-se de boas condi!es de trabal#o" novas academias" campos relvados" belos e%uipamentos" etc Kondi!es ideais para despontarem novos grandes cra%ues Ier) 'ma das coisas %ue mais me

fascinam / pensar %ue o mel#or Bogador do mundo em 0?.6" estar)" neste momento" descal!o" a correr sobre terra e a passar fome num %ual%uer bairro de (uenos Aires ou Favela do io de Naneiro (asta pensar nas origens de 3aradona" om)rio" Pel/ ou Eus/bio" no #ipn*tico conteHto africano Ie pensarmos na origem dos mel#ores Bogadores do mundo" nelas n$o eHistem grandes academias" campos relvados e botas fant)sticas EHistem bairros de lata" baldios de terra revolta e p/s descal!os Komo eHplicar este fen*meno Esta refleH$o pode levar a colocar a %uest$o se afinal um grande Bogador / produto de fabrico laboratorial ou de gera!$o espont5nea 4ir$o %ue / uma mescla dos dois  verdade" mas" na origem est) o talento 4epois" estar$o as condi!es para o trabal#ar Procurando reproduzir o #abitat de origem" cruzando-o com acompan#amento do crescimento físico natural Iempre %ue ten#o esta refleH$o" entre o talento de gera!$o espont5nea ou resultado de processo laboratorial" lembro-me da c#amada teoria do duplo-cra%ue" inventada por Amadeo Karrizo" %uando falava de 4i Itefano1 :foi doble cracD" de nascimento e pelo %ue aprendeu: Fala-se do futebol de rua como universidade de cra%ues O %ue afinal os centros de forma!$o ou escolin#as devem procurar / isso mesmo eproduzir em laborat*rio o futebol de rua - %ue %uase desapareceu das nossas cidades- e cruz)-lo" depois" com mel#ores condi!es de lapidar o talento" a nível físico +nutri!$o" coordena!$o corporal" etc, Tudo por/m sem beliscar os instintos naturais Frases como :n$o levanta a bola: ou : Noga a um-dois to%ues:" n$o fazem sentido num processo de forma!$o %ue se %uer" no início" puramente selvagem e eHperimental O corpo deve come!ar a desenvolver a rela!$o com a bola de forma natural I* depois entra" anos mais tarde" a componente t/cnica" a no!$o do Bogo no sentido colectivo mais lato do termo e suas componentes t)cticas &as coisas mais simples Por eHemplo" na rua" onde cresceram os tais grandes cra%ues" Bogavam todos de igual" com a roupa de casa ou at/ sem camisola Para ver %uem era da nossa e%uipa" era preciso levantar a cabe!a" para ver a %uem est)vamos a passar a bola &as academias e escolas modernas" o usual / Bogarem com coletes florescentes para se distinguirem bem as e%uipas I$o de cores t$o berrantes" %ue" a certo ponto" o passe / feito para o vulto" %uase sem tirar os ol#os do c#$o Tirem os coletes" portanto" e Boguem todos de igual Komo na rua Rer$o como ser$o obrigados a levantar a cabe!a - princípio b)sico para Bogar bem futebol - e fazer o passe correctamente Procura-se o %ue / medível A %uest$o física Altura e peso Es%uece-se o %ue n$o / Nogar bem futebol 4urante Bogos de Buvenis" / costume ouvir-se nas bancadas1 :Ol#a a%uele mi7do" se crescer e gan#ar for!a" ser) um grande Bogador: &a Argentina" onde a mesma teoria tamb/m eHiste" este foi o mesmo pensamento %ue muitos dirigiram a um pibe no início dos anos >? Pois bem" o problema / %ue ele nem cresceu muito e ficou" at/" um pouco gordito O alucinante / %ue" mesmo assim" tornou-se no mel#or Bogador do mundo 3aradona" claro Estas simples #ist*rias dizem muito dos mitos e utopias %ue os debates sobre a forma!$o tocam constantemente &en#um talento nasce num laborat*rio O treinador
Leio um artigo na revista :&eM Icientist: e fico assustado Fala num cen)rio futuro em %ue as crian!as concebidas naturalmente se tornariam uma esp/cie de ra!a inferior %uando comparadas com as concebidas em laborat*rio Talvez da%ui a .?? anos" dizem Passa r)pido" penso A luta entre a cria!$o natural e a cria!$o artificial Ier) este o grande duelo do futuro Talvez 3as" vendo bem" B) eHiste #oBe %uem tente coisas parecidas &o futebol Estran#o ReBam" por eHemplo" a dicotomia de crit/rios de forma!$o de um Bogador ) o %ue cresce na rua 4escal!o" at/" se n$o tiver outro recurso Kria!$o natural" portanto ) o %ue / feito numa escola de futebol E%uipamento e botas 7ltimo modelo Kria!$o artificial" pois Komo a%ueles %ue têm surgido nas notícias" com apenas @ ou = anos" B) contratados pelo 3anc#ester 'nited e outros grandes clubes Ier) %ue estes s$o necessariamente mel#ores %ue os primeiros Klaro %ue n$o E a origem dos grandes g/nios da bola dizem bem do poder do c#amado futebol de rua Iempre natural Penso nisso e fico mais descansado A ambi!$o #umana de desafiar a natureza nunca teve grande sucesso &o futebol n$o ser) diferente Es%ue!am por isso mi7dos contratados com @ anos 4evolvam-nos à mel#or escola de futebol do mundo A rua Kria!$o natural no seu esplendor Telê Iantana" o 7ltimo t/cnico rom5ntico do escrete canarin#o" dizia %ue nen#uma bota no mundo conseguiu reproduzir a intimidade entre o p/ e a bola com %ue Bogam os garotos descal!os das favelas e dos baldios brasileiros1 :Ac#o %ue Bogar descal!o aumenta a #abilidade para driblar e dominar a bola: &ada mais certo  a%ui %ue nasce o incomensur)vel talento do Bogador brasileiro O %ue / #oBe importante no futebol B) o era #) 8? anos e tamb/m ser) da%ui a outros 8? :Nog)vamos por%ue gost)vamos e" como o fazíamos t$o bem" acabaram por nos pagar para o fazer:" dizia 4i Itefano Uuando deiHar de ser assim" es%ue!am N) n$o ser) um Bogo N) n$o ser) futebol 08 Os Bogadores1 #abitat e estilo EHiste uma verdadeira cultura de posi!$o Em termos te*ricos a resposta mais simples / sim Tal n$o /" no entanto" um :livro fec#ado: A forma de interpretar cada posi!$o vai depois depender" entre outras coisas" da escola em %ue se insere esse Bogador" das suas características inatas e da din5mica %ue o treinador l#e %uer incutir Em campo" %uando uma e%uipa tem a bola" o passo seguinte /" mais tarde ou mais cedo" perdê-la A eHcep!$o ser)" claro" %uando a Bogada termina em golo" mas isso" como se compreende" / a eHcep!$o durante os =? minutos &a maioria das vezes" perde-a para o advers)rio Tal sucede em dezenas de ocasies ao longo do Bogo Por isso" a import5ncia capital de saber reagir a essa perda e saber   Bogar sem bola Em geral" por passarem mais tempo sem ela" as e%uipas mais pe%uenas preparam-se mel#or antes do Bogo para viver sem a bola" para reagir a essa perda Uuando est$o em posse" contemplam o momento da perda de forma mais intensa Pelo contr)rio" as grandes e%uipas treinam mais o momento de posse O futebol de top n$o perdoa" no entanto" estas diferen!as de atitude nos distintos momentos do Bogo Komo no ata%ue as capacidades muitas vezes se e%uivalem" / na maior ou menor velocidade de reac!$o posicional à perda da bola %ue est)" %uase

sempre" a decis$o t)ctica de um Bogo Em Fran!a" mora uma das e%uipas %ue" na dimens$o internacional" mel#or eHemplifica esse dilema1 o LJon &en#um outro onze recebeu" nas 7ltimas /pocas" maiores elogios ao futebol praticado Ieis títulos de campe$o francês consecutivos &unca passou" no entanto" dos %uartosde-final da K#ampions evendo laboratorialmente os seus Bogos" observa-se %ue esse enigma reside no facto de" ao entrar em campo" faltar-l#e a tal consciência de %ue" na maior parte das vezes" todo a%uele seu plano sedutor de futebol ofensivo vai acabar com a bola nos p/s do advers)rio  A solu!$o para essa fatalidade /" desde logo" perdê-la o mais longe possível da sua )rea e em zonas %ue n$o facilitem o contra-ata%ue r)pido do advers)rio Esta / uma forma de abordar uma %uest$o cada vez mais discutida actualmente" fruto das constantes adapta!es de Bogadores a posi!es %ue n$o s$o suas de origem EHiste uma verdadeira cultura de posi!$o Em termos te*ricos a resposta mais simples / sim Em cada posi!$o" detectam-se movimentos" defensivos e ofensivos" com ou sem bola" %ue decorrem da natural ocupa!$o da%uela determinada zona do terreno Esta primeira constata!$o" remete-nos para a forma!$o  durante esses anos de aprendizagem %ue o Bogador gan#a essa cultura t)ctico-posicional da posi!$o Tal n$o /" no entanto" um livro fec#ado &$o eHiste um dogma posicional e a forma de interpretar cada posi!$o vai depois depender" entre outras coisas" da escola em %ue se insere esse Bogador" das suas características inatas" e" numa perspectiva mais concreta" da din5mica %ue determinado treinador l#e %uer incutir Por eHemplo" na escola brit5nica / comum o lateral encostar-se ao eHtremo advers)rio" fazendo uma marca!$o mais individual do %ue zonal" como sucede noutras escolas" como a preconizada por muitos treinadores latinos Para entender esta diferen!a" basta ver como marcam 3aldi-ni ou Panucci" controlando primeiro o espa!o e s* depois o #omem %ue nele surge" em compara!$o com &eville ou Nansen" mais atentos aos movimentos do advers)rio" procurando Bogos de pares %ue os levam %uase a passar o Bogo a respirar na nuca dos eHtremos contr)rios EHiste" por/m" sempre uma cultura de lugar subBacente Ie o lateral n$o dominar o posicionamento defensivo e controlar os timings de subida atacante e recupera!$o defensiva" nunca interpretar) a posi!$o e o espa!o correctamente sso depende muito da escola e" sobretudo" da sua cultura t)ctico-t/cnica Ambas s$o apreendidas durante a sua forma!$o e apenas poder$o ser lapidadas na idade s/nior &a babil*nia da frente de ata%ue" podem-se distinguir v)rias classes de avan!ados Kada %ual com o seu estilo" colam-se à imagem da e%uipa como um r*tulo numa garrafa de vin#o Em tra!os largos" podem-se distinguir" %uatro categorias1 Os r)pidos" os possantes" os #abilidosos e os cabeceadores  Assim" se vemos uma e%uipa com avan!ados velozes logo a catalogamos como de contra ata%ue I$o" por eHemplo" os casos de Iaviola" Kl)udio Lopez ou OMen &outro plano" temos o avan!ado :arm)rio:" %ue se impe pelo c#o%ue" casos" por eHemplo" de Luca Toni" Qoller ou Rieri 4esta forma" temos uma e%uipa mais est)tica" %ue afunila o Bogo para a meia-lua" pelo %ue se eHige desses avan!ados um trabal#o de sacrifício na persegui!$o da bola %uando na )rea ou nos p/s dos advers)rios ) Bogadores %ue n$o cativam logo à primeira  como se tivessem algo de

estran#o e n$o soub/ssemos eHplicar bem por%ue em campo eles at/ v$o resolvendo os problemas AdebaJor" Krouc# e igic Penso nisso tamb/m %uando veBo Bogar Qanout/ Fisicamente meio desengon!ado" ningu/m o definiria como um tecnicista" mas a verdade / %ue raramente perde o e%uilíbrio físico ou o controlo da bola e %uase nunca / desarmado 'sa o corpo como um escudo protector %uando os defesas se aproHimam dele Uuase parece mais um Bogador de bas%uetebol Kobre a bola e Boga simples &$o l#e pe!am / para driblar Kom o seu ."=0m" c#ega com a bota onde parece impossível" com instinto de baliza emata como respira e usa o corpo como instrumento &o campo virtuoso" surgem #abilidosos tecnicistas %ue driblam curto e rematam de primeira com uma naturalidade impressionante" o c#amado avan!ado es%uivo" tipo om)rio ou Papin Kom eles a e%uipa tem tendência a ficar mais lenta para %ue esses magos eHecutem mel#or a sua arte Esta /" no entanto" uma classe de elite Os advers)rios gelam %uando a bola l#es vem parar aos p/s Ralem o pre!o de um bil#ete mas pem os cabelos brancos a %ual%uer treinador Ie este l#es pede %ue recuem em sacrifício" ficam tacticamente a Bogar com .? %uando n$o têm a posse da bola Komo sublimemente definiu Alfredo ibeiro" om)rio" na maioria dos Bogos" camin#ava pelos relvados com a%uele andar de mole%ue %ue vai contrariado comprar leite para m$e na loBa da es%uina 4e repente" pimba" golo de om)rio Por isso" considero-o o mel#or Bogador do mundo %ue alguma vez vi dentro da )rea Por fim" temos os #omens %ue con#ecem os p)ssaros I$o os cabeceadores natos" altos como Ran (asten ou Nardel" %ue eHigem uma frente de ata%ue alargada" com eHtremos para eHecutar os centros Em .=@2" no grande amburgo campe$o europeu" #avia um ponta-de-lan!a %ue assustava s* pelo seu poderio físico rubesc#" umpanzer %ue arrombava as defesas advers)rias Era um gigante +."=.m," mas ao lado de outro monstro dos tempos modernos at/ pareceria normal Tem menos onze centímetros %ue igic" a girafa s/rvia de 0"?0m Ele prova como o motor do sucesso tanto pode ser o talento por si mesmo como a capacidade de ser diferente em campo &a atitude" na inteligência ou apenas" pela lei da natureza" na constitui!$o física  preciso" por/m" aprender a maneBar essa condi!$o atl/tica %uase s* ao alcance de um cartoon Em  Aaalesund" na &oruega" #abita outro bom gigante  Tor Ogne AaroJ" ponta-delan!a do Aalesunds FQ 3ede 0"?6m O Bogador mais alto da Europa Passeia pelo relvado falando com os p)ssaros mas nunca l#e deram muita import5ncia N) tem 2? anos e nunca teve grande intimidade com a bola Iem essa %ualidade" o estilo resume-se apenas à banda desen#ada Em cada classe" pode-se depois encontrar sub-grupos" os avan!ados #íbridos %ue mesclam dois ou mais atributos" tanto se es%uivam como enfrentam o c#o%ue" e por isso s$o mais valorados I$o os casos de (atistuta" ugo Ianc#ez" bra#imovic" LineDer ou Ran &istelrooJ EHiste ainda a classe anfíbia" criada nos laborat*rios t)cticos  o c#amado segundo ponta de lan!a" um mito do futebol contempor5neo" estilo aul ou ooneJ Ier$o estes" muito provavelmente" os mais completos oone J /" para mim" o prot*tipo do %ue deve ser um avan!ado Estica a e%uipa pelo corredor central" dando-l#e profundidade" ou d)-l#e largura noutras ocasies" %uando / necess)rio ir às faiHas Avan!a" recua" tabela ou arranca sozin#o e faz golos com um pontap/ %ue / uma metral#adora

 Assim" em teoria" uma e%uipa bem e%uilibrada deve ter %uatro classes de avan!ados ao dispor Kom essa diversidade" o treinador decidir)" em fun!$o do  Bogo" do advers)rio ou do momento" %ual a faculdade a utilizar Uuatro ou cinco estilos %ue" durante alguns anos" foram desintegrados por onaldo" o #omem %ue misturava todos estes conceitos" pun#a à sua passagem os defesas de pernas para o ar e fazia-os" num )pice" voltar às origens 3as #) outros avan!ados %ue nos causam sensa!es particulares Penso em nzag#i Por%ue ningu/m festeBa os golos com tanto entusiasmo como ele IeBa na final da K#ampions" como num simples Bogo em casa contra uma e%uipa %ue luta para n$o descer 'm Bogador %ue se relaciona mel#or com o golo do %ue com o Bogo 'm avan!ado %ue se relaciona mel#or com os espa!os do %ue com a bola 3el#or com a )rea" onde parece %ue tem um íman na bota %ue atrai a bola" do %ue com o resto do relvado nteligente a distrair os defesas 'm predador a Bogar na lin#a invisível %ue desen#a o limite do fora-de-Bogo &este mundo de ca!adores de golos" #) um avan!ado %ue vive noutra dimens$o Estilo :admir)vel mundo novo: T#ierrJ enrJ Est) no relvado como numa montan#a russa &o rosto" ora o sorriso malandro" ora o semblante fec#ado Em termos do estilo dos grandes pontas-de-lan!a do futebol mundial" enrJ rompeu com todos os c5nones estereotipados A sua forma de Bogar marca a d iferen!a" sobretudo" pela movimenta!$o e dimens$o - %uase desde o meio-campo - em %ue ela se desenvolve Posicionalmente" come!a como um tradicional avan!ado centro" mas depois" mal se inicia o Bogo" eclipsa-se" %uase como um fantasma" da vis$o dos defesas encarregues de o marcar Komo um predador %ue segue" escondido" a sua presa" recua no terreno" incrustando-se entre os m/dios" %uase  Bunto à lin#a" sob a faiHa es%uerda  ent$o %ue surge embalado" bola dominada" desintegrando as defesas Parecida com esta forma de Bogar" salvo as devidas dist5ncias t/cnicas" talvez s* an ;rig#t ou Asprilla" nos anos =? enrJ /" por/m" um verdadeiro cra%ue Klasse e categoria t/cnica e t)ctica unidas para fazer um ponta de lan!a invulgar %ue rompeu moldes e" ao contr)rio dos demais" Boga em 28 metros do relvado e n$o s* %uando a bola surge na )rea Esteticamente" no futebol / comum %ue os toscos seBam altos e possantes" e os #abilidosos tecnicistas algo fr)geis e menos corpulentos Kristiano onaldo desafia todos estes c5nones  alto" fisicamente musculado" e" a cada drible" com um bamboleante Bogo de cintura" %ue engata em progress$o os seus marcadores com os rins despeda!ados %ue parecem cair como troncos &$o /" por/m" o simples malabarista %ue arranca sorrisos ao p7blico Ele encara os advers)rios" gela-l#es o sangue" dribla para avan!ar no terreno" gan#a metros a cada crueldade" e" para al/m de criar beleza" inventa" em rasgos de g/nio" lances de golo certo ou cruzamentos de morte 3as se o g/nio luso contraria a tese geral sobre %ual a moldura física %ue mais se en%uadra nas diferentes categorias de  Bogadores" outros #) %ue a confirmam sem pestaneBar  o caso de Peter Krouc# O corpo esguio e duro" a est/tica desengon!ada em cada passo %ue d) Kada to%ue seu sobretudo %uando bem no ar" amortecendo de cabe!a para o segundo avan!ado ou visando a baliza" s$o %uase sempre Bogadas de meio-golo Para apreciar o seu estilo" / preciso vê-lo Bogar meia d7zia de vezes A Kristiano onaldo bastam poucos segundos Kada %ual tem" por/m" o seu lugar em campo" onde" como em mais nen#uma actividade" convivem Bogadores t$o antag*nicos e"

ao mesmo tempo" t$o complementares &o futebol" cada posi!$o em campo s* ad%uire a sua total dimens$o %uando analisada na perspectiva do funcionamento colectivo da e%uipa 'ma ligeira altera!$o posicional pode transformar o perfil base de um Bogador e a moldura colectiva em %ue ele se move Kolocado numa posi!$o mais adiantada no terreno" Cerrard confirma como simples vinte metros podem mudar a amplitude perif/rica de um Bogador em campo 'm simples caso de geografia futebolística dentro das %uatro lin#as %ue soltou o talento de um Bogador %ue nunca se desespera sem a bola" nem fica à espera %ue ela ven#a ter com ele 3ission)rio do futebol belo e competitivo" Cerrard procura cada bola com agressividade controlada e" depois" com ela" :%uebra lin#as:" invade outros espa!os e agarra o Bogo pelos colarin#os nteligente em todos os movimentos" / dos Bogadores %ue" no futebol actual" mel#or maneBa a correcta se%uência de constru!$o e eHpress$o do talento1 primeiro precis$o" depois velocidade Agora %ue Boga mais avan!ado" n$o precisa de correr tanto para dar essa maior velocidade ao Bogo N) pode resolver com umdois to%ues o %ue antes fazia atravessando todo o campo 'ma das coisas mais tran%uilizantes %uando se vê um Bogo / encontrar um  Bogador inteligente A%uele %ue" afinal" toma %uase sempre essas decises correctamente Acredito mais nos Bogadores especialistas do %ue nos polivalentes &o fundo" esta preferência resulta eHactamente de ac#ar %ue os primeiros tomam mais facilmente as decises correctas do %ue os segundos  A actua!$o de um Bogador depende muito da orienta!$o do treinador" mas" em campo" / a sua cabe!a %ue toma as decises  o momento em %ue a e%uipa deiHa de ser propriedade dos treinadores para ser dos Bogadores Passar ou reter a bola 3arcar ou desmarcar Acelerar ou travar E" n$o duvidem" #) zonas do campo onde / obrigat*rio tomar as decises certas sob pena de dese%uilibrar toda a e%uipa Penso nisso no lugar tacticamente mais importante do futebol moderno" à frente da defesa" a e%uipa nunca se dese%uilibra Iabe" sem bola" colocar-se a defender Iabe" com bola" iniciar a saída para o ata%ue Tudo no futebol" criatividade e magia" necessita de se apoiar numa ordem &outra dimens$o" #) Bogadores %ue" em campo" transmitem uma confian!a %uase insolente em si pr*prios Kristiano onaldo / um desses casos Iobre ele" dizia Platini %ue :n$o Boga mal: I* isso &$o" n$o" ele possui talento" muito talento : O problema / %ue" por vezes" fico com ideia %ue ser seu colega de e%uipa n$o /f)cil:  uma refleH$o intrigante Tamb/m sinto isso %uando o veBo Bogar  genial e vira sozin#o um Bogo de pernas para o ar" mas a verdade / %ue" em muitos momentos" parece disputar um Bogo à parte dos restantes dez compan#eiros e para o %ual s* ele est) #abilitado Kada Bogada de onaldo parece um grito de rebeldia contra o Bogo" a t)ctica" o advers)rio e at/ a pr*pria e%uipa 3el#orando esse aspecto" a e%uipa busca-o mais por%ue confia no seu talento Uuando a insolência individual gan#a sentido colectivo" todos ficam muito mel#ores Bogadores E" como %ueria dizer Platini" fica tamb/m mais f)cil ser seu colega de e%uipa Iabem o %ue têm em comum Einstein" 3arilJn 3onroe" Picasso" K#arlot e 3aradona I$o todos can#otos A Buntar a este elenco" onde tamb/m poderiam estar 4a Rinci ou ivelino" apontem mais um nome  o de um pibe tamb/m capaz de escrever magia com a bota can#ota Lionel 3essi

Em rela!$o aos outros can#otos" 3essi tem um tra!o %ue faz a diferen!a dentro do relvado" seBa ele bem tratado ou c#eio de lama1 Boga sempre com um sorriso malandro" mas diferente do de onaldin#o O da pulga 3essi / mais camuflado 3ais goz$o  insolente at/ a andar Kamin#a pelo campo como se estivesse ainda no p)tio da escola" encara os defesas com a picardia do futebol de rua" provoca-os e brinca com eles como um gato brinca com um novelo de l$" como sentiu na pele o espan#ol 4el orno" o lateral %ue pelo K#elsea o tentou marcar em Itamford (ridge" at/ %ue" irritado com tanta insolência" ap*s ver o cruel t7nel %ue o can#oto pregara a obben" resolveu voar sobre ele e assinar a senten!a da sua eHpuls$o &o meio da confus$o %ue ent$o se instalou" 3essi levantou-se" sacudiu a lama" ol#ou para todos com o sorriso escondido" encol#eu os ombros e seguiu o seu recital de bom futebol Kom arte" cinema" teatro" pintura e classe Em rela!$o aos #omens %ue Bogam nos flancos" vel#os eHtremos" sempre eHistiu um curioso dilema para os seus marcadores Eles at/ entravam em campo B) conscientes de %ual era a finta favorita do cra%ue %ue iam marcar Passavam toda a semana a ser educados pelo treinador para como o travar :epara" ele finta para a%ui e tu travas" antecipas" metes o p/" etc: O marcador" ouvia" ouvia e at/ percebia a l*gica : OQ" mister" ele faz sempre a mesma finta" mas %uando: Pois /" era sempre %uando ningu/m esperava E assim" saía sempre certo O recital de 3essi tem um conBunto de diabruras com v)rios contornos Tudo conduzido pela incompar)vel eleg5ncia dos es%uerdinos" por%ue como dizia 3aradona :n*s" os can#otos" somos muito mais elegantes: Faz lembrar uma vel#a #ist*ria passada com iveli-no durante o 3undial >? de Pel/ Iucedeu %uando" durante um treino" ivelino decidira com Cerson" outro es%uerdino" e Tost$o parar um pouco para descansar Foi ent$o %ue passou Pel/ e %uando todos B) esperavam uma reprimenda por n$o estarem a treinar no duro" ivelino ol#ou para o mel#or Bogador do mundo e perguntou-l#e1 :4iz-me a verdade" Pel/" tu terias gostado de ser can#oto" n$o: Os Trincos e os Pivots-4efensivos Os mais vel#os devem lembrar-se bem dele &obbJ Itiles Era um dos m/dios defensivos mais temíveis dos anos 9? Nogou na selec!$o inglesa de 99 Era pe%uenino e tirava a dentadura antes de entrar em campo mas tin#a um aspecto %ue metia medo e cada marca!$o sua era um acto de terror &a%uele tempo" por/m" n$o se dava tanta import5ncia aos Bogadores %ue Bogavam nessa posi!$o oBe" trincos ou pivots-defensivos" refinaram a forma de Bogar e aumentaram a influência no Bogo colectivo 4e carregadores de piano" cabe!a de )rea" m/dios de cobertura" trincos e pivots-defensivos &a Argentina" s$o os cl)ssicos nZ 8 &a Europa" eram o nZ 9 oBe" s$o" tacticamente" os Bogadores mais importantes para o e%uilíbrio da e%uipa" numa posi!$o %ue / como a :5ncora: %ue mant/m o onze preso ao campo durante =? minutos  Alf amseJ" treinador de Itiles" tamb/m l#e dava muita import5ncia" mas na #ora das instru!es perguntava-l#e apenas se tin#a c$o :Iim ptimo (asta lembrares-te dos passeios no par%ue %ue d)s com ele Uuando atiras uma bola" ele corre atr)s dela" agarra-a e volta para tr)s deiHando-a de novo aos teus p/s" certo Pois bem" %uero %ue fa!as o mesmo em

campo com o (obbJ K#arlton Agarra a bola e deiHa-a aos p/s dele: A maior eHigência t)ctica do futebol actual aumentou as responsabilidades deste Bogador para l) dessa fidelidade canina Iobretudo no plano construtivo" onde passou a ser o primeiro ar%uitecto da transi!$o defesa-ata%ue EHistem" por/m" v)rios tipos de pivots-defensivos 4iferentes estilos %ue condicionam a forma de Bogar de %ual%uer e%uipa istoricamente" a adop!$o clara por um Bogador plantado na frente da defesa" sucedeu" pela primeira vez" na Am/rica do Iul" em face da fra%ueza dos centrais %ue ao contr)rio dos duros e fortes europeus" eram" salvo eHcep!es" mais fr)geis e" por isso" mais vulner)veis às entradas dos avan!ados Tudo come!ou" diz-se" %uando 4idi" no 3undial-90" resolveu" por iniciativa pr*pria" Bogar na frente dos zagueiros 3auro e *zimo" alegando %ue eles sozin#os n$o tin#am condi!es para parar PusDas e Peir*" avan!ados da Espan#a K#amaram-l#e" por isso" cabe!a de )rea Tudo isto sucedeu em plena era do 6-0-6" ent$o sistema tamb/m reinante na Europa" onde surgiam os c#amados m/dios de cobertura 4e cariz defensivo" n$o estavam proibidos de descer no terreno %uando a e%uipa atacava e" por isso" com o aumento da sua resistência" fun!es t)cticas e %ualidades t/cnicas" gan#aram o nome de carregadores de piano O termo trinco s* surge no início dos anos @?" %uando as tendências defensivas assaltaram o futebol Ieria no (rasil %ue o posto conservaria maior nobreza1 Cerson e Klodoaldo" anos >?" Falc$o e Alem$o" anos @? oBe o segredo est) em roubar a bola ao advers)rio" aproveitar os seus erros e apan#)-lo em contra-p/ O local de gesta!$o desta estrat/gia / entre a entrada da )rea e a lin#a do meio-campo  nesse espa!o de terreno armadil#ado %ue vivem os novos líderes do presente Foi o caso da Fran!a campe$ mundial e europeia com dois e por vezes três  Bogadores - Petit" Rieira e 4esc#amps - nesse espa!o de terreno" mas nem por isso com três trincos no sentido estrito do termo O %ue sucede / %ue estes #omens s$o Bogadores eHcepcionais tanto em rendimento atl/tico como em capacidade de eHecu!$o 3ais do %ue fec#ar a defesa" estes m/dios asseguram o balan!o do onze no espa!o entre os defesas e os avan!ados &essa zona descobriu a Europa" no passado e no presente" personagens como Tardelli" Pirlo" (rJan obson" iBDaard" Paulo Iousa" 3aDelele" Cuardiola e muitos outros Todos trincos com batuta de maestro Essien / uma montan#a de m7sculo em movimento como se tivesse um motor magino" nas paragens" o advers)rio a aproHimar-se e" de repente" ouvir o ruído do motor escondido no seu corpo1 :Rrrrrrrrrrrrr: A /poca passada tive oportunidade de estar Bunto dele &o plaJers lunc#" uma sala Bunto ao balne)rio do K#elsea" onde os Bogadores passam à tarde em dia de Bogo Lembrei-me da teoria da m)%uina e aproHimei-me /lio" palavras de circunst5ncia e silêncio Tentei concentrar-me para ver se ouvia o roncar do motor 3as n$o &$o se ouvia nada  Apesar das d7vidas ao vê-lo Bogar" Essien /" portanto" mesmo #umano &um dos s)bados seguintes" agora B) a ver pela televis$o" voltei a perguntar-me1 Ier) %ue o motor s* se liga durante o Bogo  %ue durante os =? minutos" pareceu-me ouvir sempre o tal :vrrrrrrrrrrrr: %uando ele arrancava Ieria problema com o som Talvez ReBo-os Bogar e penso numa frase de Ialvador 4ali onde ele dizia %ue :o mínimo %ue se pode eHigir a uma est)tua / %ue n$o se mova: 3aDelele / um bom

eHemplo Fala-se muito em mobilidade" mas a primeira coisa %ue um Bogador deve ser nessa posi!$o / posicional &$o se meHer muito Pode parecer um paradoHo mas %uanto mais posicional estiver" maior din5mica e precis$o de transi!$o pode dar à e%uipa O %ue l#e falta ent$o Passe longo aramente fal#a um passe" / verdade" mas %uase todos s$o curtos" de primeira inst5ncia Por isso" para gan#ar  profundidade necessita %ue outro m/dio de segunda lin#a recue para ter bola Pirlo" nZ .? de forma!$o" por eHemplo" B) consegue" no mesmo lugar" Bogar curto ou longo com maior facilidade ObBectivo" gan#a maior profundidade mas sem perder o sentido posicional do lugar O caso de Pirlo / um eHemplo de adapta!$o not)vel Kome!ou como m/dio centro ofensivo" estilo nZ .?" e #oBe / um m/dio defensivo com voca!$o de organizador Os italianos c#ama-l#e um regista recuado pois n$o se limita a recuperar como seria natural nessa zona de terreno à frente da defesa A sua inteligência emerge %uando toca para tr)s serenando o Bogo e dando tempo para a e%uipa se organizar" como %uando toca para a frente" servindo" depois" %uando avan!a com a bola" a segunda lin#a do meio-campo" para" assim" abrir as defesas advers)rias Em ambos os movimentos elabora a Bogada e perde a bola sempre o mais longe possível da zona de risco para a sua e%uipa 3ais do %ue uma cultura 7nica de lugar" deve-se falar em cultura t)ctico-t/cnica para fazer cada lugar de forma a cumprir todas as suas obriga!es defensivas-ofensivas de base e" depois" dar-l#e a din5mica %ue cada treinador pretende" condicionado pelas características individuais %ue cada um permite Iem este tipo de Bogador em campo %ual%uer e%uipa perde o seu pêndulo nas %uatro lin#as Eles s$o a prova de como o futebol evoluiu nas 7ltimas d/cadas recuando o seu centro de gravidade t)ctico do cl)ssico m/dio-centro para o novo trinco reciclado" o pivot-defensivo" a tal :5ncora: da e%uipa Em todos os seus ateliers t)cticos" o futebol sempre reservou um espa!o divino para os seus mestres da cria!$o" os magos da bola %ue" ora com um rasgo de g/nio" ora com frieza cerebral" emergiram" ao longo dos tempos" como 4euses dos est)dios Falar nesta elite de Bogadores / falar nos lend)rios n7meros .?" ar%uitectos do colectivo" os maestros %ue regem a or%uestra com classe" resistência" inteligência e grande vis$o de Bogo O futebol moderno consagra os laterais ofensivos" desenvolvidos por elenio errera no início dos anos 9?" condena os eHtremos de raiz +nostalgia de Carrinc#a" Cento e Nair, e glorifica os trincos recuperadores +4unga" Reron" 4esc#amps, &o futebol moderno" eles s$o os novos donos do meio-campo" decisivos na liga!$o defesa-ata%ue" manobra burocr)tica nem sempre f)cil de eHecutar com velocidade &este cen)rio" os cl)ssicos nZ .? +Pel/" ico" 3aradona, atravessam uma crise eHistencial" o %ue levou Platini a afirmar1 :oBe" este tipo de Bogador n$o / nem nZ .? nem nZ =" / um ="8: 'm o)sis entre os avan!ados e o resto da e%uipa" onde vivem #omens como (ergDamp" ivaldo" (aggio" 3iBatovic" etc  A abordagem cada vez mais t)ctica do Bogo criou outros pontos decisivos na sua prepara!$o 4urante o K#elsea-Ralência da K#ampions" em 0??>" viu-se 3ourin#o por vezes a fol#ear um dossier sobre a coloca!$o dos seus Bogadores e do Ralência em v)rias situa!es de Bogo &essa abordagem científica" saltou-me à vista a relev5ncia dada a um aspecto1 a c#amada segunda bola e a import5ncia de gan#ar esse ressalto 3ourin#o colocava a zona c#ave para a con%uistar na

aproHima!$o das imedia!es da )rea O Bogo foi" assim" um duelo intenso pela segunda bola tal a for!a" tamb/m" do Ralência" treinado por Uui%ue Ianc#ez Flores" nessa ac!$o" atrav/s da combatividade de Albelda e Albiol" apoiados pelas subidas de AJala O K#elsea reagiu bem" com o meio-campo liderado por Lampard e" noutro capítulo" atrav/s da maior destreza no Bogo a/reo" sobretudo %uando 4rogba recuava para gan#ar a primeira bola nas alturas I* depois surgia a segunda bola" ou mel#or" a segunda luta pela sua posse &a capacidade de gan#ar estes duelos est) inserida um eliHir do novo futebol1 a intensidade de Bogo e a capacidade das e%uipas suportarem o seu aumento  algo %ue vive para l) da t/cnica" mas %ue tamb/m cruza a t)ctica no sentido posicional para estar no local certo para atacar e gan#ar a tal segunda bola Por%ue" em rigor" s* #) mesmo uma bola em campo Os laterais modernos e o fim dos eHtremos Konta Angel Kappa em :E o futebol" onde est): %ue %uando Tano izzo" seu vel#o amigo" o veio visitar a Espan#a em meados dos anos =?" #ouve uma noite" ao c#egar para Bantar" em %ue parecia ter visto um eHtraterrestre :Amigo" estive esta tarde na Kidade 4esportiva do eal 3adrid e" nem vais acreditar" vi Panucci a sair do treino num Porsc#eG" disse ainda incr/dulo :Iim" e depoisG" perguntaram todos :E depois Ie at/ os laterais B) têm Porsc#es" ent$o o futebol est) mesmo perdido:" sentenciou 3ais do %ue de outro país" o vel#o izzo vin#a de outro tempo Uuando o futebol era dos avan!ados e os Bogos eram decididos s* %uando se tin#a a bola e atacava Por isso" custava-l#e a admitir %ue os defesas pudessem roubar o protagonismo" e os mel#ores carros" aos avan!ados &o futebol" ao longo dos tempos" #) um dado incontest)vel1 ele foi tornando-se" progressivamente" cada vez mais defensivo Por estrat/gia ou por instinto Principais vítimas dessa tendência1 os eHtremos Konse%uência1 o nascer dos laterais ofensivos" os carrilleros" como l#e c#amam os espan#*is 4e repente" esses #omens %ue tin#am nascido com misses defensivas" descobriram um corredor inteiro" 9? metros para atacar &as brumas do passado" est) a%uela #ist*ria %ue se conta de Ricente Feola" o treinador brasileiro %ue" dizia-se" at/ dormia no banco &o 3undial-8@ Bogava-se o (rasil-ustria Nogo grande" num tempo em %ue" para falar de eHtremos %ue iluminavam o relvado" basta citar o nome de Carrinc#a Pois bem" mesmo assim" apesar das ordens para n$o passar do meio-campo" &ilton Iantos" o insubordinado lateral-es%uerdo brasileiro arrancou com a bola" correu 8? metros" entrou no meio-campo advers)rio e aproHimou-se da )rea como um eHtremo Feola" %ue raramente se levantava" s* gritava :Rolta" &ilton" volta: Orel#as moucas do can#oto carioca" tabela com Altafini" entra na )rea" remate e golo de &ilton Os gritos de Feola transformam-se" num )pice1 :(oa" &ilton" boa Colo: O (rasil venceu 2-? e muitos dizem %ue foi a%ui" neste Bogo" %ue os treinadores pela primeira vez na #ist*ria do futebol se ter$o apercebido do %ue poderiam ser" no futuro" os laterais ofensivos &ilton Iantos era um lateral-es%uerdo avan!ado no tempo Uuando alguns anos depois" B) veterano" l#e perguntaram como era possível %ue conservasse tanto f[lego para ir da defesa

ao ata%ue respondeu1 :Kon#e!o uns atal#os: Esta nova realidade dos laterais ofensivos turva a an)lise sobre a verdadeira mat/ria futebolística %ue faz um bom lateral" criando a ilus$o de maior din5mica ofensiva" ao ponto de muitos atestarem ou elogiarem as suas %ualidades partindo da din5mica ofensiva %ue incutem ao posto Es%uecem" por/m" as transi!es defensivas Est$o nestas as bases de um bom defesa-lateral A fase atacante tem duas faces1 come!a" de facto" por dese%uilibrar a defesa advers)ria" mas" depois" na transi!$o defensiva" se esta n$o for feita muito r)pida - o %ue sucede muitas vezes com esses c#amados laterais ofensivos do presente- tal acaba por dese%uilibrar tamb/m a defesa da sua pr*pria e%uipa Kom a dist5ncia de %uase 8? anos" &ilton" a Enciclop/dia como ficaria con#ecido na #ist*ria do futebol brasileiro" B) sabia" nesse saudoso tempo" o %ue fazia" afinal" um bom lateral Primeiro1 defender bem" com seguran!a" serenidade e perfeito sentido posicional Fec#ar os espa!os" cobrir a faiHa Bunto à lin#a ou marcar por dentro" fazer a bascula!$o interior e dobrar nas costas dos centrais ap*s um cruzamento longo vindo do flanco contr)rio Iegundo1 iniciar a saída de bola com seguran!a e precis$o no passe" curto ou longo Iubir no terreno" em apoio" indo at/ ao meio do meio-campo advers)rio" ou" astuto" aproveitar a faiHa e subir" dese%uilibrado em superioridade num/rica" procurar triangula!es" Bogadas de um-dois e cruzar para a )rea Tudo com disciplina t)ctico-t/cnica" sem nunca perder o controlo emocional do Bogo e do posto EHemplos de laterais" eHpoentes m)Himo do lugar %ue" nos 7ltimos 08 anos marcaram o futebol internacional como símbolos de efic)cia defesa-ata%ue-defesa Cerets" 3aldini" Qaltz" T#uram" 4emianenDo &uma an)lise mais t)ctica repare-se neste ponto1 um dos princípios de Bogo de %ual%uer grande e%uipa reside na posse e circula!$o de bola Ora para uma constru!$o pensada os laterais devem partir" posicional-mente" de posi!es recuadas" apoiando essa mesma circula!$o nas costas dos alas ou flan%ueadores do onze" cobrindo-l#es as costas e servindo de referências para" %uando os espa!os est$o fec#ados e a e%uipa ten#a necessidade de voltar ao princípio da circula!$o" eles esteBam no sítio certo para receber o passe e iniciar nova envolvência ofensiva" com uma mudan!a de flanco ou fazendo a bola circular por tr)s I* %uando a seguran!a defensiva e a superioridade num/rica na subida est) garantida / %ue os defesas-laterais encontram o timing certo para se inserirem nas manobras ofensivas e" aí sim" dese%uilibrarem as marca!es da organiza!$o defensiva advers)ria Kaso contr)rio" na maioria das vezes" apenas s$o uma ilus$o %ue faz levantar os adeptos" mas" perdida a bola" s$o gritantes as dificuldades de transi!$o defensiva 'm eHemplo oberto Karlos At/ pode ser um dos mel#ores Bogadores do mundo" mas" t)ctico-defensivamente" est) muito longe de ser um dos mel#ores defesas do mundo ReBam um Bogo seu e atestem como a%uela faiHa raramente est) coberta na transi!$o defensiva Este perigo /" desde logo" mais latente em sistemas de três defesas Em sistemas cl)ssicos de defesa a :6: o controlo posicional dos laterais /" claramente" mais facilmente de se ad%uirir &o fundo" voltamos ao princípio %ue molda" na din5mica de Bogo" uma boa e%uipa de futebol1 permanente e%uilíbrio e liga!$o entre-lin#as

O golo do empate da Aleman#a contra a Argentina no 3undial-0??9 foi um bom eHemplo para entender a diferen!a entre o %ue / um lateral-es%uerdo e um defesa-es%uerdo Parece a mesma coisa" mas n$o / Iorin" um lateral por defini!$o" / o eHemplo perfeito para eHplicar essa dicotomia Faz todo o flanco can#oto como um carrillero" empolgante" mas falta-l#e" depois" voca!$o defensiva para gerir o timing posicional de cobertura em recupera!$o e" sobretudo" capacidade para acompan#ar o movimento global de bascula!$o da e%uipa em fun!$o do local da bola e surgir" depois" no segundo poste" %uase como um central" a cair em cima do advers)rio contr)rio (allacD ainda preparava o centro" e B) Iorin" em vez de atacar Qlose" o avan!ado do segundo poste" daval#e muito espa!o A bola parte" ainda sofre um desvio em (oroMsDi" e Iorin" em vez de atacar a lin#a de passe em antecipa!$o" continua passivo Uuando" por fim" vê %ue a bola vai para o espa!o dele" tenta" em desespero" atirar-se para cima de Qlose Tarde demais" golo 'm defesa-es%uerdo de verdade" com capacidade de fazer de central" tin#a lido o lance de outra forma" com vis$o defensiva de antecipa!$o e ocupa!$o do espa!o Por isso" se %ueria defender a vantagem" PeDerman" em vez de meHer no e%uilíbrio entrelin#as da e%uipa" devia ter" apenas" trocado o lateral es%uerdo +Iorin, por um defesa es%uerdo +Kufre, O ideal seria" pois" uma e%uipa Bogar com bom lateral de um lado" e um bom defesa-lateral do outro Parecem iguais" mas s$o coisas muito diferentes Kontemplar e prever o momento de perda da bola /" portanto" decisivo para uma e%uipa de futebol moderno Estar preparada para reagir a essa inevitabilidade do  Bogo 'ma das zonas fundamentais para pensar assim / nas faiHas O eHtremo s* pode dese%uilibrar a atacar" se atr)s estiver o lateral para e%uilibrar Por isso" os recuperadores" e os laterais" tamb/m podem ter carros de alta cilindrada &ada mais Busto Lembra uma #ist*ria passada uma tarde" %uando na prelec!$o antes de um Bogo" ugo Arduzzo" t/cnico do sorumb)tico PareBas FK" disse" empolgado" %ue %ueria mais ambi!$o" todos ficaram assustados Os Bogadores" dizia" tin#am de es%uecer as posi!es iniciais e mal recuperassem a bola" saírem como raios para o ata%ue Iilêncio total At/ %ue um deles perguntou1 :OQ" 3ister" parece-me bem" mas e a %ue #oras voltamos oBe" %uase / necess)rio partir de lanterna em pun#o" pelos relvados de todo o mundo para descobrir um eHtremo à moda antiga como Cento" Nair ou Carrinc#a  Ap*s longa vigília" durante muitos anos" s* detectamos alguns tra!os dessa esp/cie em vias de eHtin!$o nos rasgos de Overmars e Ciggs O refugio do futebol português revelou Kristiano onaldo e Uuaresma" mais do %ue eHtremos puros" camin#antes dos flancos %ue assumem v)rias identidades durante o Bogo A mais revivalista" contudo" / %uando recriam o perfume desses vel#os :pontas: &essas alturas" eles s$o eHtremos num futebol sem eHtremos Pensem em &edved" enrJ" Kole e onaldin#o O %ue têm em comum estes  Bogadores" para al/m do seu g/nio futebolístico I$o todos destros" mas gostam" preferencialmente" de Bogar pela ala es%uerda Ora %uando arrancam" imprevisíveis" com a bola dominada em raids serpenteados de 08-2? metros +enrJ e onaldin#o," ora %uando flectem em diagonal procurando remate ou passes de morte +&edved e Noe Kole, Os sistemas defensivos s$o feitos a pensar 

no %ue / previsível o advers)rio realizar em termos ofensivos &$o est$o" por isso" preparados para enfrentar o imprevisível Por mais %ue se estude o advers)rio" este tem de manter sempre a possibilidade de incutir um tra!o de criatividade no seu Bogo Kom as ac!es de espionagem cada vez mais intensas" isso torna-se" por/m" muito difícil frente a grandes e%uipas  V medida %ue uma e%uipa ataca" o relvado torna-se" progressivamente" menos longo" mas a largura permanece a mesma Iem eHtremos cl)ssicos" as e%uipas tentam abrir a frente de ata%ue de outras formas1 Kom laterais ofensivos" estilo oberto Karlos ou Kaf7 Outros" com os c#amados flan%ueadores" a maior aproHima!$o ao eHtremo cl)ssico" casos de Figo e (ecDam" %ue vivem sob as alas mas %ue em vez de ir à lin#a" optam" no enfiamento do bico da )rea" por mortíferos centros enroscados para a )rea" convidando algu/m a apenas tocar a bola para as redes Por fim" #) %uem utilize eHtremos disfar!ados %ue partindo de uma posi!$o central se encostam às alas %uando o onze ataca" casos de enrJ e 3essi Uuando se fala em eHtremos / impossível n$o falar de Cento" #istoricamente o eHpoente m)Himo da posi!$o 3as" como disse o inglês FoulDes" %ue teve de marcar pelo 3anc#ester" o mais impressionante em Cento" a%uilo %ue o fazia ser verdadeiramente uma arma impar)vel" nem era a velocidade estonteante com %ue embalava O %ue mais impressionava era a forma como travava Parava de forma imprevisível" mudava de ritmo e voltava a correr ncrível Cuarda-redes" o Bogador solit)rio &uma das raras incurses da literatura intelectual pelo mundo do futebol" Kamilo Nos/ Kela escreveu em Once Kuentos de F7tbol uma #ist*ria %ue embora profundamente disparatada" parece uma met)fora sobre a #ist*ria das t)cticas defensivas na evolu!$o da abordagem te*rica do Bogo  um conto sobre uma personagem inverosímil c#amado Cainsboroug# WW" veloz corredor de fundo" famoso por se ter sagrado campe$o da Europa mas logo de imediato desclassificado ao descobrir-se %ue" afinal" ele era um cavalo Pois bem" entristecido com este desfec#o" Cainsboroug# WW decidiria" ent$o" tornar-se treinador de futebol e come!ou a orientar o rec[ndito ;aldetrudis Pucar) FK A sua e%uipa levava at/ ao limite as t)cticas defensivas e Bogava com dois guardaredes1 Te*genes" guarda-redes direito e Teogonio" guarda-redes es%uerdo Era necess)rio ocorrer algum milagre para sofrerem um golo %ue fosse " estar$o a pensar" uma #ist*ria completamente absurda" mas o mundo est) c#eio delas" e" ao contr)rio do conto de 4on Kamilo Nos/ Kela" bem reais Em nen#uma" no entanto" uma e%uipa pode  Bogar com dois guarda-redes Em campo" este ser) sempre um Bogador solit)rio &$o tem compan#eiros directos de sector I$o" no limite do Bogo" os 7ltimos a defender e os primeiros a iniciar o ata%ue" mas" %uando se fazem es%uemas t)cticos eles desaparecem dos desen#os Em teoria" / o 7nico #omem do onze %ue vive à margem do Bogo colectivo da e%uipa Estran#o mundo este o dos guarda-redes Fala-se em 6H6H0 4evia falar-se em .H6H6H0 3ea culpa

eza a #ist*ria %ue o primeiro grande guarda-redes da #ist*ria do futebol mundial morou em Espan#a K#amava-se icardo amora" El 4ivino I$o poucos %ue ainda se lembram de o ter visto Bogar Eram os longín%uos anos 0? e 2? A sua lenda" no entanto" atravessou gera!es Uuando se despediu" deiHava para tr)s a alma1 :4ispo-me com lentid$o" entre o clamor triunfal O cord$o das botas apertado de mais -faz um n* e resiste a desprender-se Iinto no rosto o ro!ar da camisola como uma carícia de despedida Encontram-se ali" no banco e no c#$o" as pe!as de vestu)rio %ue mais vezes e mel#or usei Kom ele recortou-se a min#a sil#ueta em todas as balizas e todas as latitudes 4eram-me personalidade" fizeram-me no %ue sou A seguir" viria uma noite de ins*nia Uue fazer Abandonar  o futebol" agora Endoideceste 3ais um ano" s* mais um ano Ie fui capaz de fazer isto agora" por%ue n$o o farei dentro de um ano Estas s$o palavras de amora no %ue c#amaria ser o seu epit)fio futebolístico Foram as emo!es sentidas em .=29" no balne)rio do 3estalla" em Ralência" depois de disputar e vencer" pelo eal 3adrid" a final da Ta!a de Espan#a frente ao (arcelona Foi um Bogo memor)vel" eternizado por uma monumental defesa sua" no 7ltimo minuto" %uando desviou em voo" um m*rbido remate de Escola %ue se colava às redes" garantindo o triunfo por 0-. : Rinte anos de futebol concentraram-se aí" nesse momento:" escreveu El 4ivino" muito tempo depois O guarda-redes / um solit)rio por natureza" um eremita das balizas condenado a" num )pice" se tornar no salvador ou no carrasco da e%uipa O passar dos anos fez" por/m" a inclemente tribo do futebol entender %ue" no fundo" ele / apenas o fiel deposit)rio do Bogo t)ctico da e%uipa As posturas defensivas deram-l#e maior protec!$o" algu/m com %uem falar durante os =? minutos O seu papel e ac!$o / #oBe muito diferente do da antiguidade" mas os seus tra!os de base permanecem inalter)veis1 personalidade" agilidade e uma certa dose de loucura para meter a cabe!a onde os outros metem os p/s 3as #) um momento em %ue tudo muda Foi %uando" vindo de leste" surgiu um #omem todo vestido de preto %ue deu um novo sentido à vida entre os postes Era russo e c#amava-se ^as#ine A partir dele" a vida dos guardies das balizas nunca mais voltou a ser a mesma A lenda de Lev - le$o" em russo - ^as#ine" a aran#a negra" nome %ue o imortalizou por e%uipar sempre todo de preto" atravessou gera!es e ainda #oBe ele / visto como a referência mor %uando se fala em grandes guarda-redes &$o tanto pelos seus dotes t/cnicos" mas sobretudo por ter  sido o percursor de uma nova forma de estar na baliza A partir da era da aran#a" eles deiHaram de estar im*veis entre os postes" vivendo apenas nos 7ltimos onze metros do campo" passando a ter um papel mais activo" saindo da baliza e iniciando Bogadas de ata%ue" tornando-se de corpo inteiro um Bogador de e%uipa &o passado" os Bogos entre a selec!$o da FFA eram alvo de grande aten!$o EHibia-se a nata da bola mundial &os anos 9?" entre as redes" era usual Bogar" numa parte" IosDic" e" na outra" ^as#ine O Bugoslavo era um assombro" o %ue ele voava 'ma delícia para os fot*grafos 3as depois vin#a o russo e estragava tudo 4efendia de p/" sem malabarismos ou voos rasantes" o %ue o outro defendia com todo a%uele espect)culo &o final" todos ficavam deslumbrados com ^as#ine" %ue fazia o mesmo trabal#o" com metade do esfor!o  Ao longo dos anos" a escola de leste criou o mito do guarda-redes frio" %uase glaciar 'm ceberg entre os postes Apesar da mem*ria abrigar nomes como o

#7ngaro Crocis e o austríaco Qoncilia" s* nos anos @? o leste voltou a ter um guarda-redes verdadeiramente digno da #eran!a da aran#a1 4assaev 4urante os  Bogos" os adeptos cantavam %ue ele voava de 3oscovo aos imalaias Em .=@8" numa conversa" dizia %ue :&unca vi Bogar ^as#ine Era muito novo 3as foi um grande consel#eiro meu Falou sempre muito comigo" legando-me a sua eHperiência 4eu-me confian!a Para ele era o sangue-frio %ue faz um guardaredes distinguirse dos outros &os momentos difíceis penso sempre nisso 3entalizo-me %ue devo ficar calmo e tran%uilo  esse o segredo O segredo" afinal" da escola sovi/tica de guarda-redes1 'm guarda-redes sovi/tico pensa somente na efic)cia Ie n$o / preciso voar para uma bola" ele n$o o faz: 'ma escola %ue o desmembramento da 'II pode amea!ar no futuro O guarda-redes era sobretudo o atleta" o futebolista completo 3aslatc#enDo" um vel#o guardi$o do IpartaD costumava acabar os treinos com uma vari)vel sess$o de atletismo1 corrida" salto em altura" em comprimento" etc Assim trabal#ava a sua agilidade na vertical e na #orizontal A%ui est) um eHemplo de uma escola %ue nunca encontramos no Ocidente Por terras germ5nicas" cresceram polvos gigantes %ue" %uando a bola estava longe" pareciam guiar toda a e%uipa com as suas enormes luvas Para o alem$o Ic#umac#er " ídolo dos anos @?" um bom guarda-redes dever) ter" pelo menos" ."@?m de altura 3orfologicamente" os latinos s$o de baiHa estatura Ol#ando para um guardi$o francês ou português" por eHemplo" (art#ez ou (ento" nunca fic)vamos com a sensa!$o de %ue eles enc#iam a baliza O recurso s* podia ser a agilidade felina Komo provou (ento" .">?m com uma mola %ue o impulsionava para defesas impossíveis" como um dia" ap*s defender tudo na Esc*cia" obrigando o Bogo a ficar ?-?" os Bornais brit5nicos para eHplicar o Bogo apenas escreveram1 3agic 3anuel A toda a largura da primeira p )gina Em .==@" a Fran!a foi campe$ do mundo tendo na baliza o flJer" voador" (art#ez O careca gaulês %ue" apesar de algumas saídas suicidas" nunca temia antes de voar para uma bola" estivesse ele no limite da )rea ou sobre a lin#a de golo espirava fora dos postes como entre eles 'm contraste" por eHemplo" com o croata vDovic" símbolo das vel#as redes Bugoslavas" %ue" como outros da sua escola" %uase precisavam de uma botiBa de oHig/nio antes de sair a um cruzamento 'ma das mel#ores escolas de guarda-redes da actualidade est) em t)lia 'ma opini$o com muitos argumentos" mel#ores ou piores" nas 7ltimas d/cadas off" Peruzzi" Pagliuca" enga" Toldo" (uffon EHcelente posicionamento" agilidade" capacidade de orientar a defesa e loucura :%b: Atributos %ue se aplicavam a off" campe$o do mundo em .=@0 aos 6. anos Ent$o" o av[ off fazia valer a sua eHperiência e lideran!a como um vel#o c#efe K#egava ao fim dos Bogos rouco de tanto gritar com os defesas oBe" (uffon / o prot*tipo do guarda-redes %ue acaricia a perfei!$o nspira seguran!a s* de ol#ar para ele" / s*brio %uando necess)rio" e louco %uando se l#e pede 4efende sem aparato ou em voo Iai bem dos postes e entre eles parece ter um íman %ue atrai as bolas 4) alegria ao  Bogo ou coloca-l#e gelo 4igna de registo /" tamb/m" nos anos @?" a escola belga" geradora de guardaredes imensos %ue caíam com o corpo todo em cima da bola Pfaff e PreudX#omme Pareciam ter m$os e usar luvas maiores do %ue os outros" tal a forma como escondiam a bola %uando a ca!avam" nas alturas ou rente à relva

Tacticamente" eHistem três sectores numa e%uipa 4efesa" meio-campo e ata%ue  A no!$o de bloco %ue o Bogo moderno trouHe" impondo em nome da coes$o t)ctica %ue os sectores se devam manter unidos em campo" obriga" muitas vezes" a defesa" na tentativa de acompan#ar a din)mica desse bloco" a subir no terreno" aumentando ent$o a dist5ncia %ue a separa do guarda-redes 'm dos perigos %ue resulta da%ui s$o" por eHemplo" os passes em profundidade %ue colocam a bola nas costas da defesa ent$o subida Para preenc#er esse espa!o vazio impe-se o adiantamento do guarda-redes para perto da entrada da )rea" de forma a antecipar %ual%uer bola %ue surBa nessa zona Tal eHige leitura de Bogo atenta" velocidade e bom Bogo de p/s" para c#egar primeiro à bola %ue o avan!ado" numa zona onde / proibido Bogar com as m$os  uma esp/cie de guarda-redes líbero O facto de passarem a ser obrigados a Bogar com os p/s for!ou-os" desde logo" a ter outra base t/cnica 4urante algum tempo" notou-se a diferen!a entre a%ueles %ue fizeram toda a carreira podendo receber com as m$os passes de colegas" e os outros da nova gera!$o" desde o início limitados às novas regras Nongbloed" na olanda de >6" foi precursor nesse aspecto Por isso" mais do %ue nunca" um dos grandes atributos %ue se eHige aos guardies do presente / reposi!$o da bola em Bogo )pida e precisa" lan!ando o contra-ata%ue com as m$os Ic#meic#el era prodigioso nesse gesto" mas o primeiro a fazê-lo de forma sistem)tica foi" em >?" o brasileiro F/liH &o presente" elton / um dos %ue marca a diferen!a nessa ac!$o Komo definir" ent$o" um guarda-redes moderno Uuando a e%uipa tem a bola" / mais um Bogador Uuando a perde" tem de l#e conseguir dar pelo menos 0? metros de risco para estar subida" pois" nesse momento / ele %uem l#e protege as costas Tornou-se um Bogador de e%uipa de corpo inteiro Uuem n$o tiver um com estas duplas características" fica desde logo muito limitado" n$o a defender" mas sobretudo a atacar istoricamente" foi sempre not*rio o contraste entre guarda-redes europeus e sulamericanos &a forma de sair da baliza" por eHemplo En%uanto os europeus saem em %ueda aos p/s dos advers)rios" colocando um pouco lateralmente o corpo" na  Am/rica do Iul era comum vê-los a sair de Boel#os" com o corpo na vertical 'm estilo celebrizado" por eHemplo" pelos argentinos Pumpido" CoJcoc#ea e o eterno Pato Fillol" campe$o do mundo em >@ &ota-se menos" agora" essa diferen!a EH*tico aos ol#os europeus" foi ele %ue" vision)rio e atípico" antecipou a era dos guarda-redes iberos Fê-lo" por/m" atrav/s dos c#amados locos latinos" admirados na Europa pela sua eHcentricidade" mas sempre causando desconfian!a pelos seus dotes defensivos E" ao mesmo tempo" faziam crescer os cabelos brancos dos treinadores mais depressa O pioneiro foi o argentino ugo Catti &o seu tril#o" surgiria pouco depois" Uuiroga O pol/mico peruano" de origem argentina" famoso pelas suas piruetas Ieguiram as suas pegadas outros locos sublimes como K#ilavert" no ParaguaJ" e iguita" na Kol[mbia Kom um ego do taman#o do mundo esta classe de guarda-redes Boga sem %ual%uer esp/cie de medo 'm legado de loucura" oscilando entre o eH*tico e o genial Iem medo de fal#ar" sem medo das conse%uências" da ira dos adeptos ou do treinador Ie fal#arem encol#em os ombros" barafustam com todos e consigo pr*prios" e tentam de novo

O ol#ar sombrio de K#ilavert" com o eco dos aplausos como :cen)rio de fundo: vislumbra" a cada passo" a posse da bola Para al/m das defesas" destacou-se a marcar livres &o relvado e fora dele / o :alter-ego: da e%uipa" com uma personalidade fortíssima e grande poderio físico" colocado %uase sempre no limite da )rea &o 3undial-=@" %uando" ap*s tit5nica resistência paraguaia" (lanc o bateu com um tiro à %ueima-roupa B) na entrada da pe%uena )rea" ficou por momentos estendido no relvado Foi ent$o %ue" ainda caído" se apercebeu %ue %uase todos os seus compan#eiros tamb/m #aviam tombado de des5nimo e eHaust$o 4e imediato se voltou a levantar e" percebendo %ue o Bogo ainda n$o tin#a :terminado:" ergueu" um a um" os compan#eiros prostrados  este o perfil dos grandes líderes Outro caso especial foi o meHicano Norge Kampos 4istinguiu-se pelas suas berrantes camisolas coloridas" %ue ele pr*prio desen#ava" e pelos seus movimentos de libero" como por ser capaz de deiHar a baliza para Bogar a avan!ado-centro" desde %ue em .=@@" 3eBia (aron" treinador do '&A3" sem avan!ados v)lidos resolveu coloc)-lo na frente 'ma aposta de sucesso Em toda a /poca" Kampos fez 06 golos O rosa" o amarelo e o verde florescente s$o as suas cores preferidas1 :&a #ora de rematar o avan!ado n$o ol#a para a baliza e tem sempre tendência de" inconscientemente" c#utar contra ao %ue a sua vis$o perif/rica mais repara Kom estas cores ele s* pode reparar em mim: Pode-se admitir" em rigor" %ue em vez de 6H6H0" deve- se falar de .H6H6H0" mas" vendo bem" #) %uem desminta essa teoria en/ iguita" o louco guarda-redes colombiano %ue" entre os anos @? e =?" assombrou todos pela forma como saía da baliza com a bola dominada" tentando o drible e lan!ando o contra-ata%ue Ie cal#ar" para fazer o es%uema rigoroso da%uela Kol[mbia de 3aturana devia falarse at/ num 8H6H0  comum dizer-se %ue todos os guarda-redes têm sempre algo de loucos" mas iguita eHagerava na tentativa de provar essa teoria Era mais do %ue um guarda-redes libero Kada saída era uma aventura 4e alto risco Komo oger 3ila eHplicou no 3undial =?" roubando-l#e a bola e fugindo sozin#o para a baliza deserta iguita nem pestaneBou &o Bogo seguinte" fez o mesmo A defesa do escorpi$o em ;embleJ atingiu a perfei!$o da loucura &uma defini!$o ainda mais eH*tica" ele era um Bogador de campo %ue às vezes recuava para a baliza :Uuando acabar a min#a carreira" o meu nome ficar) na mem*ria das pessoas como um Bogador %ue trouHe um pouco de magia ao Bogo e à vida de pessoas comuns: 3as se a perfei!$o fosse atingível" ela seria" certamente" em termos de guardaredes" propriedade do inglês Cordon (anDs I*brio mas com um poder de impuls$o invulgar" ele fez a" talvez" mais famosa defesa de todos os tempos" no 3undial de >?" ao defender" Bunto à relva" um forte cabe-ceamento" de cima para baiHo" eHecutado por Pel/ &essa tarde" (anDs fez a c#amada :defesa impossível:" dando uma sapatada na bola e enviando desde o solo a passar por cima da barra : engra!ado %ue" ainda #oBe" as pessoas %uando vêm falar comigo para falar desse Bogo com a nglaterra" n$o me falam do resultado" do nosso grande golo %ue deu a vit*ria ou de como Boguei I* me falam dessa defesa do (anDs:" conta Pel/ A carreira do monstro da Rel#a Albion foi interrompida em .=>0" depois de um grave acidente de via!$o %ue l#e roubou a vista em um ol#o 3esmo assim" ainda voltaria a Bogar por algum tempo" nos E'A Ele foi um

#omem %ue serviria de modelo para os seus sucessores" Klemence" I#ilton e Ieaman Apesar de cultivarem o mesmo estilo" nunca nen#um deles atingiria a dimens$o de (anDs  A escola africana vive da conceptual coloniza!$o estilística %ue" em cada regi$o se fez sentir  curioso notar %ue para o fant)stico (uffon o guarda-redes %ue l#e serve de referência seBa o camarones &XQono Foi no 3undial @0 %ue ele se revelou ao Planeta A sua originalidade estava na forma im*vel como ficava" de bra!os caídos" %uando um avan!ado l#e aparecia isolado pela frente Apesar de n$o inspirar confian!a total" &XQono defendia bolas incríveis para depois escapar outras inofensivas Kom ele" nasceu nos Kamares uma tradi!$o de bom guardaredes A dinastia seguiria com (ell" Iongo: o e Qameni Todos de cal!as e bra!os enormes Podemos" portanto" em tra!os largos" distinguir" no futebol mundial" seis diferentes escolas de guarda-redes 4entro da Europa" a latina" a de leste" e por eHtens$o a eslava" a brit5nica" desen#ada por (anDs" e a do norte da Europa" cada uma com o seu estilo 4epois" noutros continentes" detecta-se a escola sul-americana e a africana" moldada pelos diferentes tipos de coloniza!$o" variando de regi$o para regi$o &as peladas: de rua" %uem vai para a baliza / sempre a%uele %ue eHibe menores dotes t/cnicos 'm destino tra!ado desde menino O (rasil / dono do futebol mais admirado em todo o mundo" mas os seus guarda-redes sempre foram alvo de piada &a Europa" diziam %ue eles cresceram com as galin#as 4epois do :gato: F/liH em >?" o escrete viveu de Le$o" at/ %ue a partir dos anos @?" com Raldir Peres e Tafarel" o problema se tornou s/rio  caricato notar como os Bogadores brasileiros ficam admirados %uando" na Europa" assistem nos treinos à forma dos guarda-redes europeus blocar a bola Embrul#ando-a com os bra!os" %uase como se segura um beb/" com firmeza" em oposi!$o à leveza com %ue os sulamericanos a agarram com a palma das m$os Tudo tra!os %ue definem diferentes formas de estar no futebol Em %ual%uer regi$o" no entanto" o guardaredes s* tem duas saídas1 er*i ou m)rtir (arbosa" a%uele #omem %ue todos os dias camin#ava Bunto à praia grande de Iantos" perto de I$o Paulo" com o passo lento e ol#ar nost)lgico de %uem parece %ue viveu duas vidas" n$o / um nome famoso do futebol brasileiro Por muitas vezes" durante as 7ltimas cinco d/cadas de vida" verteu l)grimas de tristeza e desgosto" esteve ol#os nos ol#os com a morte e agonizou na pobreza ) mais de meio s/culo" a .? Nul#o de .=8?" ele estava na baliza do (rasil" em pleno 3aracan$ 4uzentos mil brasileiros contra onze uruguaios Bogavam a partida decisiva do 3undial A onze minutos do final" Cigg#ia infiltrou-se pela direita do ata%ue c#arrua e com um remate colocado bateu (arbosa" marcando o golo %ue daria o título ao 'ruguai1 :Iem esse golo a min#a vida teria sido diferente Namais o (rasil me deiHaria con#ecer a fome ecordo-me do golo como se o tivesse sofrido ontem N) o revi centenas" mil#ares de vezes" e tive de me Bustificar todas essas mesmas vezes &$o posso me sentir respons)vel pela derrota &$o /por considerarem-me culpado ou n$o %ue a #ist*ria ir) mudar &o (rasil s* os vencedores gan#am a estima" o din#eiro e o respeito de todos Ier segundo / pior  do %ue n$o ser nada de nada 'ma vez" #) poucos anos" uma vel#a mul#er com o seu pe%ueno neto pela m$o recon#eceu-me numa loBa e disse-l#e apontando para

mim1 Ol#a" foi ele %ue fez c#orar mil#es de brasileiros: Entendem agora do %ue se trata %uando falamos destes #omens" o Bogador solit)rio Cuarda-redes1 onde eles pisam" at/ a relva deiHa de crescer 09 (ola de Ouro  o mais importante" prestigiado e cobi!ado trofeu internacional a ser anualmente atribuído" desde .=89" a Bogadores de futebol do Rel#o Kontinente &os 7ltimos anos" a FFA tamb/m lan!ou o seu trof/u" mas para os vel#os e reais amantes do belo futebol" nada substitui a vis$o rom5ntica e mitol*gica %ue desde os anos 8? rodearam a atribui!$o anual do (alon de Or" criado" como %uase tudo na moderna ordem competitiva do futebol" por franceses vision)rios 4e início" destinava-se a eleger o mel#or Bogador europeu a Bogar em campeonatos europeus 4epois do eclipse de muitos imp/rios coloniais e perante a invas$o de talentos sulamericanos e africanos" a organiza!$o sentiu a necessidade de refazer a f*rmula e a partir de .==8" passou a premiar o mel#or Bogador" de %ual%uer continente" a  Bogar nos campeonatos europeus Foi" assim" %ue depois de n$o #onrar 3aradona e om)rio" a (ola de Ouro descobriu" no final do s/culo" o camin#o m)gico dos g/nios do futebol de rua Primeiro foi onaldo" depois ivaldo 4ois cra%ues brasileiros ivaldo demorou a ser apreciado na Europa Tal resultava do facto de ele n$o ser" à primeira vista" um Bogador elegante e com classe Enorme e de pernas tortas e longas" / a antítese da perfei!$o %ue o futebol e o desporto glorificam" mas" %uando o seu fabuloso p/ es%uerdo toca na bola" / sublima!$o pura ntroduz no Bogo o tra!o de imagina!$o e imprevisibilidade capaz de" num passe de m)gica" o resolver com um golo ou uma Bogada genial O primeiro Bogador dourado da #ist*ria foi" no entanto" um inglês %ue desafiou todas as leis do tempo e Bogou at/ ultrapassar o limite do #umanamente admissível ItanleJ 3att#eMs1 o Kavaleiro de ItoDe Kondecorado por sua 3aBestade como :cavaleiro:" ad%uirindo o título de :Iir:" ItanleJ 3att#eMs" s* pendurou as pesadas botas" %ue no início dos anos 9? se tornaram mais leves" %uando corria o ano de .=92 e envergava a camisa do ItoDe" o clube da sua vida Kompletara 8? anos #) cinco dias Konta-se %ue o #omem %ue gan#ou a alcun#a de feiticeiro" apenas Bogava do meio-campo para a frente e %ue %uando embalava pelo seu corredor parecia desen#ar estran#os movimentos com a bola escondida entre os p/s" tocando-a com os calcan#ares" bamboleando em frente aos opositores" %ue #ipnotizados pela magia branca do feiticeiro da :Rel#a Albion: nunca entendiam o seu Bogo %ue terminava %uase sempre com um cruzamento enroscado" para o %ue #oBe se c#ama a :zona de ningu/m:" à espera de %ue algum striDer" solícito" a encamin#asse para o aconc#ego das redes As suas Bogadas eram obras de arte embrul#adas pelos seus p/s" os seus dribles pareciam n*s de marin#eiro impossíveis de desatar" os seus centros eram convites para a festa dos golos" s* faltava o convidado aceitar a opípara oferta e tornar real o son#o do cavaleiro de

ItoDe &en#um outro ser terreno ad%uiriu semel#ante aura de imortalidade Em .=2? come!ou no ItoDe com um sal)rio de uma libra por semana Em .=6> rumou para o (lacDpool" mas seria em .=9. %ue o seu nome causaria sensa!$o no mercado de transferências %uando" B) com 6> anos" regressou ao seu ItoDe" ent$o na  4ivis$o" por 0@?? libras" cerca de 008 contos Kom 3att#eMs o clube retornou à Liga principal e o Rictoria Cround voltou a enc#er-se de p7blico 4iziase %ue s* a presen!a de Iir 3at#eMs garantia pelo menos mais .? mil espectadores nas bancadas Para os ingleses nada se compara a uma final da Ta!a de nglaterra &em um 3undial significa tanto para os cora!es futebolísticos brit5nicos do %ue a mais antiga competi!$o do mundo %ue viu a luz do dia pela primeira vez em .@>0 Ieria nesse palco" na catedral de ;embleJ" %ue 3att#eMs realizou a sua mais memor)vel eHibi!$o com a cor azul do (lacDpool" %uando" a dez minutos do fim" o (olton vencia por 2-. Foi ent$o %ue o feiticeiro colocou o seu talento em ebuli!$o e" pelo seu corredor" inventou três golos" virou o Bogo" gan#ou a Ta!a e tomou em suas m$os as c#aves do Olimpo do futebol Korria o ano de .=82 e 3att#eMs tin#a B) 29 anos Uuando em .=92 abandonou os relvados brit5nicos gan#ava 8? libras por semana mas o seu nome continuava a arrastar uma incomensur)vel legi$o de adeptos Pendurou as botas e resolveu viver longe do clamor das multides" refugiando-se com sua mul#er na l#a de 3alta" numa vila mediterr5nica" perto de uma pe%uena aldeia de pescadores" curiosamente c#amada :oras dílicas: Passava os dias a pescar" ol#ando o mar" emoldurando mem*rias" descansando o cor po" acariciando a alma Estava tudo posto em sossego %uando em .=>? o ibernians" campe$o maltês" se preparava para receber o poderoso eal 3adrid O Bogo frente ao gigante espan#ol colocara toda a l#a em alvoro!o Ansiosos" os dirigentes malteses procuravam encontrar formas de combater o poderio casrel#ano Foi ent$o %ue decidiram falar com o #*spede inglês O apelo da bola e o c#eiro a relva e couro num )pice convenceram 3at#eMs %ue logo aceitou o convite" refor!ado com preciosos consel#os t)cticos" fruto de anos a fio a conviver com v)rios mestres da bola O Bogo terminou ?-?" ou seBa" com uma grande vit*ria do ibernians" o 7ltimo clube da carreira do feiticeiro %ue nos 7ltimos dias trocara o nevoeiro brit5nico pelo sol meditterr5nico &os tempos seguintes" 3at#eMs voltaria a repetir a eHperiência" at/ %ue um dia deiHou 3alta e rumou para a frica do Iul Para tr)s ficara um universo de sensa!es fant)sticas" must de magias futebolísticas %ue assombraram Iua 3aBestade 4e regresso à sua p)tria" viveu serenamente os 7ltimos dias na sua ItoDe" a capital das porcelanas %ue" numa das principais pra!as da cidade" ergueu uma est)tua em sua #omenagem O vel#in#o Rictoria Cround" onde viveu tantas tardes de gl*ria / agora propriedade de um (anco 4izia-se desanimado com o futebol actual" por ser muito fec#ado &o seu tempo Bogava-se mais aberto e :sem medo de preBuízos financeiros por%ue ent$o o futebol n$o obedecia s* às regras de mercado: Nogadores dourados Uuando Kannavaro" o central pica-pedra transalpino recebeu a (ola de Ouro 0??> das m$os da belíssima 3*nica (ellucci" as consciências do belo futebol abalaram

Em vez de um artista" consagrava-se eHactamente %uem tem por miss$o impedir %ue esses artistas pintem" em campo" essas obras de arte ) %uem defenda %ue uma e%uipa mais vocacionada para a seguran!a defensiva n$o pode" por defini!$o" ter o mesmo valor de uma outra %ue ten#a no ata%ue o seu maior poder  como uma superioridade moral do c#amado futebol ofensivo sobre o defensivo Trata-se" como B) vimos" de uma distin!$o sem sentido Para uma e%uipa ser verdadeiramente de top" o primeiro passo / nunca separar a defesa do ata%ue Ora" os principais respons)veis para %ue o onze gan#e essa no!$o de bloco unido em campo n$o s$o em primeira inst5ncia os avan!ados mas sim antes os defesas ou os m/dios mais defensivos ou de transi!$o" estilo Lampard e 4eco Uuanto aos defesas" basta recordar (ecDenbauer e Iammer" embora ambos ten#am ultrapassado em muito" na forma de Bogar" o conceito de defesa puro Kom eleg5ncia" tanto se colocavam atr)s da lin#a defensiva" como avan!avam para a frente dela" conduzindo a bola como o primeiro elemento a pensar o Bogo ofensivo da e%uipa Eram líberos %ue liam todo o Bogo 4ominados pela ideia do ata%ue" os pr/mios individuais no futebol sempre privilegiaram os avan!ados" ignorando os monstros %ue #abitavam espa!os mais recuados como (aresi" Facc#etti" (obbJ 3oore ou 3aldini" todos eles eHímios em unir defesa e ata%ue \ltimos defesas e primeiros avan!ados" alternadamente A atribui!$o da (ola de Ouro a um defesa podia reflectir essa vis$o de futebol total Pura ilus$o O eleito foi um defesa no mais estrito sentido do termo1 Kannavaro" capit$o da t)lia no 3undial-0??9 A sua entrega ao Bogo / insuper)vel" mas" em termos est/ticos" simboliza o c#amado lado lunar do futebol A sua miss$o / eHactamente a de impedir %ue magos como Totti ou onaldin#o fa!am os golos %ue nos encantam ) mil e uma maneira de entender e Bogar futebol Kada  Bogador tem um estilo e uma personalidade Uuando pediram a Kapello para definir cada (ola de Ouro da #ist*ria" ele foi falando em t/cnica" classe e velocidade Ao c#egar a Kannavaro" %ue treinou em 3adrid e na Nuventus" reformulou os adBectivos e disse %ue era a concentra!$o em forma de Bogador de futebol Esteticamente" n$o ser) o adBectivo mais sedutor Para os ditames do pragm)tico futebol moderno" no entanto" / perfeito A arte de um corte de carrin#o" o sacrifício de uma dobra ou at/ um pontap/ para a bancada &uma frase1 a arte de destruir belas Bogadas O curioso / %ue" at/ essa data" muitos se perguntam" afinal" o %ue / de ouro O  Bogador ou o avan!ado &o passado" apenas dois defesas" (ecDenbauer e Iammer" e um guarda-redes" ^as#ine" tin#am gan#o o trof/u O resto" tudo avan!ados ou m/dios ofensivos A atribui!$o do trof/u aos pontas-de-lan!a Paolo ossi e Nean Piere Papin" aves de rapina da grande )rea" confirmou %ue mais vale um golo decisivo do %ue uma infinidade de cortes" dribles e passes de morte ossi foi o mel#or marcador da t)lia campe$ do mundo em @0 Fez 9 golos" ap*s um ano em %ue" envolvido no esc5ndalo do Totonero" praticamente nunca Bogou (earzot" no entanto" apostou no seu instinto goleador %ue parecia adivin#ar sempre onde ia cair a bola O seu Bogo resumia-se a isso &$o fintava" era fr)gil fisicamente" tin#a deficiências no Bogo a/reo" mas" num ano em %ue (runo Konti e (onieD fizeram do futebol uma obra de arte" a Europa resolveu" ao inv/s" premiar o golo marcado na pe%uena )rea &os anos =?" eHplodiu um irredutível ca!a-golos francês1 a f)brica de golos de Nean Pierre Papin" a laborar em 3arsel#a e" depois"

em 3il$o Era um autêntico predador das balizas %ue rematava de %ual%uer lado Reloz" embora sem grandes dotes t/cnicos" fazia da velocidade e do remate pronto em corrida a sua grande arma abitante ilustre da grande 3anc#ester" a povoa!$o de Old Trafford sempre sentiu o futebol como uma eHtens$o da alma &os anos 8?" o desaparecimento tr)gico dos (usbJ (abes" na neve de 3uni%ue" tornou maior esse sentimento %ue desde essa data / uma esp/cie de tutor das bancadas do Teatro dos son#os Em finais dos anos 9?" %uando o vel#o EdMards dos tal#os B) era seu presidente" surgiu" por  fim" uma e%uipa" sempre comandada por 3att (usbJ" capaz de resgatar o espírito de 4u-can EdMards Entre todos" emergiam três ilusionistas" cada %ual com o seu estilo e personalidade (obbJ K#arlton" sobrevivente de 3uni%ue" 4ennis LaM e Ceorge (est 4ennis LaM" era um el/ctrico escocês %ue corria o campo todo com um sorriso demoníaco (obbJ K#arlton era um gentlemen do Foot-ball" mescla de Lord nglês com fig#ting spirit" o lend)rio espírito lutador brit5nico A alta nobreza do seu futebol era feita de dribles e remates %ue pareciam ter vida pr*pria" tudo sempre ao servi!o do colectivo (est" o g/nio de (elfast" foi uma das personagens mais perturbantes %ue #abitaram o s/culo do futebol" ao tornar a sua carreira num vertiginoso cocDtail de emo!es Iir 3att foi o 7nico #omem capaz de domar o seu forte car)cter Estilo rebelde" típico de uma estrela pop" eHplodia nos relvados com um m)gico controlo de bola" aliado a um Bogo de cintura el)stico e impetuosas mudan!as de velocidade" sempre com a baliza pregada nos ol#os &o imperial cen)rio da (aviera" secular regi$o da sumptuosa Aleman#a" amea!adora e de botas cardadas" escondem-se os mais atl/ticos tesouros do reino do futebol for!a 'm estilo sublime" %ue inspirou" toda a carreira de um pe%ueno panzer de 3nc#engladbac#" Lotar 3att#aus O seu futebol ocupou as %uatro lin#as do campo Fez-se grande como m/dio ofensivo" um verdadeiro nk.?" mas" na fase final da carreira" %uando as pernas come!aram a pesar" recuou para libero Foi um monstro em todos os pontos do terreno Foi o maior Bogador espan#ol de todos os tempos1 Luizito Iuarez endido" 4i Itefano c#amava-l#e" com venera!$o" o ar%uitecto &ascido na Caliza" fez furor no (ar!a e no nter" sempre sob a batuta de El 3ago errera Era um regista puro %ue tra!ava na mente todos os movimentos da e%uipa" sempre ansiosa pelos seus rasgos %ue transformava posturas defensivas em r)pidos lances de contra ata%ue Os seus críticos diziam %ue l#e faltava um pouco de temperamento" a tal f7ria #isp5nica" para se tornar um verdadeiro mito" mas a verdade / %ue Iuarez" cabelo coberto de bril#antina" era um poeta do meio-campo" driblando e conduzindo a bola com o mesmo carisma e sedu!$o %ue um toureiro ensaiava uma lide memor)vel Em 3il$o" no início dos anos 9?" &ereo occo" buscando um novo maestro para o meio-campo" lan!ou" com .> anos" o Colden (oJ Cianni ivera" um rebelde dos relvados Fazia o %ue %ueria da bola A sua vis$o de Bogo era sublime e %uando driblava parecia %ue todo o Bogo parava para admirar a sua eleg5ncia Para muitos a sua criatividade pun#a em perigo a disciplina t)ctica 'm drama t)ctico-estilístico %ue atravessa toda a #ist*ria do futebol italiano e %ue" nos anos =?" tamb/m aprisionou o mais apaiHonante Bogador azzurro da 7ltima d/cada do s/culo1

oberto (aggio Konduz a bola como ela fizesse parte do seu corpo 4ribla como se torneasse o centro de gravidade Uuando remata parece fazer a bola parar no ar" momento em %ue" com os seus ol#os" indica-l#e o camin#o a seguir O seu talento indom)vel acabou" no entanto" por perturbar os rígidos sistemas t)cticos italianos" onde um rebelde como (aggio se torna subversivo tacticamente &esse conteHto" o divino codino deiHou-se envolver em demasiados conflitos com treinadores" desde Iacc#i a Lippi" %ue o impediram de atingir uma dimens$o ainda maior Kom os imp/rios coloniais desintegrados" a (ola de Ouro abriu-se a todo o mundo futebolístico a evoluir na Europa Emergiu ent$o um c#efe africano %ue" possante e com um drible em corrida a lembrar uma manada de elefantes em f7ria" foi capaz de assombrar o Rel#o Kontinente1 o liberiano Ceorge ;ea#" um ponta de lan!a %ue eHplodiu com as cores do 3ilan e do PIC" uma autêntica for!a da natureza A magia africana" o dito futebol do futuro" voltava a fascinar a Europa da bola Ran (asten" o #olandês voador" fabuloso no Bogo a/reo" foi" para muitos" o mel#or ponta de lan!a de todos os tempos na #ist*ria do futebol mundial 'm produto das escolas do ABaH Parecia parar no ar à espera da bola 4ominava todos os espa!os da grande )rea e os seus remates ad%uiriam" muitas vezes" contornos incríveis Era um Bogador t$o elegante %ue parecia transformar o futebol em ballet mas %ue num abrir e fec#ar de ol#os transformava-se num pirata do golo 3artirizado pelas leses nos tendes" viu-se for!ado a retirar-se dos relvados em .==8" B) depois de duas /pocas sem Bogar A sua verdadeira 7ltima /poca foi com apenas 0@ anos  Permanece como o eHemplo da dureza" violência at/" a %ue o futebol actual se #ipotecou  A sua verdadeira 7ltima /poca foi com apenas 0@ anos 0> Os novos ritmos e espa!os1 A :desorganiza!$o organizada: Uuando se fala em espa!os e posse de bola no futebol" estamos" no fundo" a falar  de um problema geogr)fico %ue dar) vantagem a %uem ocupar todas as zonas do relvado de modo mais inteligente Os Bogadores nunca se devem es%uecer %ue o relvado tem .?6H9> metros e a bola deve" durante os =? minutos" ser apresentada a todos os pedacitos de relva" sem eHcep!$o 4izia recentemente o vel#o treinador gaulês Nean-Klaude Iuaudeau %ue o mal do futebol actual reside em eHistirem muitos passes %ue todos sabem à partida no %ue v$o dar Feitos na imedia!$o da )rea" em vez de futebol" %uase parecem típicos movimentos de andebol Faltam os c#amados :passes camuflados:" a%ueles %ue criam dese%uilíbrios O simples facto de ter maior posse de bola" n$o significa" por si s*" deter o controle do Bogo A posse de bola" tal como a t/cnica" n$o eHiste no vazio &ecessita de um crit/rio" de um modelo ou de um circuito preferencial de Bogo %ue a emoldure e a tornem na base de uma filosofia onde nen#um Bogador ten#a receio de a pedir" ao ponto de" na sua mente" en%uanto ela vem no seu camin#o" pr/-conceber antecipadamente o passe seguinte %ue ir) eHecutar e" numa perspectiva mais ampla" o desenvolvimento subse%uente de toda a Bogada Tudo isto nasce da combina!$o da t)ctica e da t/cnica" individual

ou posta ao seu servi!o do colectivo Tendo o meio-campo como zona cerebral do terreno onde a e%uipa se move" os m/dios devem saber %uando Bogar a um-dois to%ues ou %uando segurar a bola 3ais do %ue ter muito tempo a bola em seu poder" devem antes tocar na bola muitas vezes sto d) crit/rio à posse da bola e faz com %ue ela deiHe de ser um mero dado estatístico in*cuo" sem espel#o no resultado" e se torne no instrumento base para controlar o ritmo de Bogo" sem %ue este pare!a %uase andebol como sucede em muitas e%uipas do presente 4epois" na zona de cria!$o" devem emergir os tais :passes camuflados:" ultima inst5ncia da posse da bola %ue d) sentido a tudo %ue est) para tr)s 4izia Parreira #) uns anos %ue o 6H9H? seria o futebol do futuro A base desta tese reside eHactamente no estilo-#arm*nio do meio-campo" onde todos defendem e atacam" fundindo os dois movimentos %ue ter$o de ter uma coordena!$o perfeita Uuando Platini conta" no seu livro omance de um Bogador" como decidiu tornarse Bogador de futebol" percebe-se de forma sublime a rela!$o entre o Bogador
din5mico" ao longo de todas as lin#as %ue a e%uipa forme I* assim se controla os diferentes ritmos de Bogo" mesmo %uando s* se segue a bola com os ol#os Tal / mais evidente nos momentos iniciais do Bogo" onde se procura impor um ritmo essencialmente lento &essa fase" %uando recuperada a bola" tende-se sobretudo a conserv)-la" fazê-la girar" estudando o advers)rio" rodeando-o como um predador segue a sua presa" colocando ordem e controlando as mudan!as de velocidade Este / o momento em %ue a e%uipa gan#a confian!a Para esta burocracia inicial / necess)rio" desde logo" um re%uisito base às grandes e%uipas1 %ualidade t/cnica para tocar a bola" recep!$o e passe" curto ou longo Aos poucos" depois" o Bogo" e a bola" v$o sendo colocados em zonas onde mais d*i ao advers)rio" e" com três ou %uatro mudan!as bruscas de velocidade" sobretudo atrav/s dos flancos" em diagonais ou idas à lin#a com centros atrasados" atacar as posi!es e os espa!os nevr)lgicos do es%uema defensivo contr)rio  nesta capacidade de controlar os diferentes timings do Bogo" com ou sem bola" %ue se escondem as grandes e%uipas do presente Para distinguir %uantidade de posse de %ualidade de posse" deve-se atentar a como / feita essa posse" onde e se ela controla o ritmo de Bogo Por vezes" / eHactamente a e%uipa %ue se encontra na eHpectativa" gerindo os tempos de recupera!$o %ue controla o Bogo e os seus distintos timings de velocidade" embora n$o o domine" pois dominar implica correr riscos (asta lembrar a selec!$o da Cr/cia campe$ europeia em 0??6 %ue" apesar de ser a segunda e%uipa com menor posse de bola em todo o torneio" +atr)s da Let*nia," controlou os Bogos todos Pouco depois" no apuramento do 3undial-0??9" teve a maior percentagem de posse e nunca controlou os Bogos" acabando eliminada sem apelo  A base est) noutros sub-princípios %ue est$o ligados à posse de bola A progress$o em passe-recep!$o-passe +o Bogo de tri5ngulos %ue se estende a todo o terreno," criando dese%uilíbrios" com imprevisibilidade de velocidade +gerindo as suas mudan!as, ou de rasgos individuais +o maravil#oso mundo dos onaldin#os, epare-se1 Em tese" na din5mica do Bogo" o maior respons)vel pela efic)cia subse%uente do passe n$o / de %uem o eHecuta" mas antes de %uem o recebe Ou seBa" / este Bogador receptor %ue" m*vel" deve ocupar e gerir o ritmo para receber a bola" n$o no p/" mas no espa!o Ao mesmo tempo" %uem faz o passe" deve-o fazer nao para o p/ do receptor" mas para o espa!o vazio por este criado" mesmo %ue seBa apenas mais um-dois passes à sua frente  neste conteHto t)ctico-din5mico %ue se insere o princípio de %ue os m/dios devem tocar na bola muitas vezes" mas detê-la o menos tempo possível A sucessiva progress$o em posse impede" por defini!$o" esta evolu!$o fluida do Bogo I* sabendo gerir todos estes conceitos" a maior posse de bola pode ditar por inerência o simult5neo controlo do Bogo 4izia 4i Itefano1 :Uuando estava em campo e passava dez minutos sem tocar na bola" dava por mim a ol#ar para as bancadas e a perguntar o %ue ser) %ue toda esta gente estar) agora a pensar de mim: 4everia ser igual ainda #oBe" pensar$o  impossível O Bogo mudou" entretanto Relocidade" t)ctica e forma de o controlar Podia-se falar na import5ncia do ponta-de-lan!a segurar a bola" de costas para a baliza" permitindo %ue as lin#as mais recuadas" m/dios sobretudo" surBam em apoio e" at/" a rematar &a

inteligência de Bogar sem bola &o caso dos m/dios /" por/m" impossível sustentar  esta tese Pela simples raz$o %ue embora n$o seBa aconsel#)vel estes terem bola muito tempo /" por outro lado" obrigat*rio tocarem-na muitas vezes Entendendo esta diferen!a" entende-se o %ue / um m/dio a Bogar bem 'm aroma %ue depois se estender) a toda a e%uipa pois / no meio-campo %ue uma e%uipa gan#a a personalidade %ue a faz controlar e
simultaneamente" a vis$o ofensiva nos corredores Embora" no papel" o 6H0H2H." dê a garantía" te*rica" do controlo do meio-campo nas transi!es defesa-ata%uedefesa" tal" no entanto" devido à obriga!$o de Bogar com dois trincos ou m/dios mais defensivos" implica" muitas vezes" %ue as lin#as do meio-campo +recupera!$o-constru!$o, percam os seus elos de liga!$o" sobretudo na transi!$o ofensiva &esse momento" a principal inten!$o / subir os alas e" transformando-os em eHtremos" desen#ar o 6H2H2 Por%ue n$o" ent$o" Bogar de início em 6H2H2 &a cabe!a do treinador podem passar v)rias razes e" entre elas" est)" at/ certo ponto" o dilema sobre %uem est) primeiro" o sistema ou os Bogadores Em tese" o 6H2H2 / o es%uema mais f)cil de ser sistematizado por um treinador" sobretudo %uando c#ega de novo a um clube 3as / tamb/m o mais f)cil de ser anulado pelo t/cnico advers)rio" pois" ao contr)rio de outras variantes" as referências posicionais no 6H2H2 s$o perfeitamente claras" sobretudo %uando se Bogam com eHtremos pregados às lin#as e um ponta de lan!a isolado na frente de ata%ue Trata-se" portanto" uma ordem t)ctica previsível As lin#as distinguem-se claramente &este conteHto" / obrigat*rio incutir novas din5micas nessa organiza!$o em termos ofensivos Ou seBa" #) %ue desorganizar essa rigidez posicional e criar a c#amada :desorganiza!$o organizada: Konfuso &em por isso epare-se1 continuando a pensar nos eHtremos" deve-se antes falar em três avan!ados" com a particularidade dos #omens das faiHas terem liberdade - para flectirem no terreno" variarem de flanco" procurarem zonas interiores" permutarem de posi!$o com colegas e" assim" baral#ar as marca!es advers)rias Para isso" / necess)rio ter" naturalmente" Bogadores com capacidade t)ctico-t/cnica capaz de promover essa din5mica %ue" no final" acaba por ser a ordem na desordem sto /" apesar de desorganizar as referências posicionais iniciais" a e%uipa" e o treinador" nunca perdem a organiza!$o Perante estas movimenta!es tacticamente subversivas" torna-se muito difícil para a e%uipa advers)ria ler o :Bogar: do 6H2H2 contr)rio" deiHando" assim" de encaiHar as marca!es com a aparente facilidade inicial  a c#amada :desorganiza!$o organizada: Kom esta din5mica" o :Bogar: da e%uipa nunca corre riscos de se cristalizar 0@ As diferentes faces do 2H6H2 Para se debater verdadeiramente o 2H6H2 / necess)rio %uase como %ue entrar no espa!o sagrado do futebol europeu &a busca de referências de aplica!$o eficaz desse sistema +o ponto de partida para a" talvez" forma mais evoluída de Bogar," s* encontramos grandes e%uipas" com Bogadores fabulosos 3esmo nestes casos" por/m" a din5mica e solidez t)ctica do sistema varia conforme os seus int/rpretes e filosofia de Bogo Onde come!a a constru!$o de um modelo de Bogo Komo a cada posi!$o corresponde uma fun!$o" e cada fun!$o pede" dependendo da din5mica %ue o treinador %uer dar a essa zona" um Bogador com características específicas para a realizar" ent$o" em tese" o modelo de Bogo ideal seria sempre a%uele %ue permitisse ao Bogador fazer mais vezes as coisas %ue faz bem" e" ao mesmo tempo" fazer menos vezes as %ue faz mal 'ma %uest$o %uase de casting t)cticoposicional

Kada e%uipa deve ter uma ideia de :Bogar: pr/-estabelecida Ela / propriedade do treinador Kada um tem a sua  por esta" e s* %uando l#e d$o condi!es para a p[r em pr)tica" %ue deve ser analisado e Bulgado o seu trabal#o 4igamos" %ue" de forma mais ou menos vincada" cada treinador tem o seu :futebol de autor: 4epois" definida a filosofia" / tudo uma %uest$o de comportamentos Kriar #)bitos comuns susceptíveis de aplicar os seus princípios de Bogo e conceito de futebol +Bogar e treinar, Para os colocar em pr)tica / fundamental" por um lado" ter  Bogadores capazes de o interpretar" e por outro" criar uma ideia de Bogo comum a todos sto /" os movimentos t)cticos individuais devem ter sempre presente uma ideia de movimenta!$o colectiva Uuando essa sintonia n$o eHiste" os princípios de Bogo n$o saem do papel  em fun!$o destes aspectos" sua efectiva!$o ou n$o" %ue se pode falar na tal %uest$o da e%uipa estar ou n$o estar em forma &este conteHto" o treinar e Bogar em sistemas de três defesas / claramente o mais difícil O mais evoluído" mas tamb/m o mais arriscado  por isso %ue muitos treinadores o elogiam tanto" mas nunca o aplicam" a n$o ser em situa!es de 7ltimo recurso para tentar virar um resultado A e%uipa pode estar educada para entender todos os tradicionais princípios din5micos das diferentes variantes desse sistema" mas coloc)-los em pr)tica s* est) ao alcance de Bogadores fora-de-s/rie" sobretudo com uma din5mica tipicamente ofensiva +como o 2H6H2 #olandês" com a lin#a de :2: formada por dois laterais ao lado de um central," muito diferente" por  eHemplo" do 2H6H2 de Coet#als +com a lin#a de :2: formada por um trio de centrais, &o fundo" Bogadores com diferentes características sentem a mesma miss$o de forma diferente Kom menos elementos no sector" a largura da lin#a defensiva cresce e os seus integrantes s$o obrigados a uma constante bascula!$o superior sso eHige velocidade" precis$o e grande sentido t)cticoposicional" ligado a uma r)pida leitura de Bogo e conse%uente reac!$o ao mesmo" para fazer o fora-de-Bogo" apoiado por uma primeira lin#a do meio-campo sempre a pressionar alto Estas estruturas" podem criar" pela inerente superioridade num/rica a meiocampo" uma ilus$o inicial de maior din5mica ofensiva" mas / errado pensar-se neste sistema partindo das características dos laterais ofensivos &en#um Bogador" sector ou sistema pode ser s* analisado na fase ofensiva ou defensiva &a din5mica colectiva de defesa-ata%ue-defesa" esses movimentos fundem-se numa s* forma de :Bogar:" fazem parte dos mesmos princípios de Bogo aplicados e sem essa interpreta!$o e" posterior aplica!$o conBunta" %ual%uer sistema" sobretudo o 2H6H2" est) condenado à partida" sobretudo a nível de transi!$o defensiva" cuBa elasticidade posicional / t)ctico-físicamente muito mais eHigente A grande %uest$o do sistema reside" pois" na transi!$o defensiva Para poder c#egar a Bogar  neste sistema" um treinador tem de permanecer muito tempo num clube at/ solidificar neste processo de Bogar três pontos essenciais1 grande maturidade t)ctica colectiva e individualS automatismos afinados nas transi!es defesaata%ue-defesaS e grande capacidade de posse de bola Este 7ltimo / o ponto muito importante" pois Bogando em 2H6H2" com apenas três defesas +um central e dois laterais, o onze fica muito eHposto" pelo %ue a e%uipa nunca poder) perder a bola muitas vezes" sobretudo à frente da )rea advers)ria" zona de pressing mais arriscado ecuperada a bola nessa zona" permite contra ata%ues mais perigosos" visto apan#ar" no corredor central" a e%uipa

dese%uilibrada t)ctico-defensivamente I* %uando uma e%uipa for muito forte em posse de bola" com processos colectivos defesa-ata%ue-defesa muito s*lidos" se poder) pensar" de forma tacticamente realista" no Bogar em 2H6H2 Tudo se resume" portanto" a manter sempre o e%uilíbrio entre-lin#as Uuando ele se perde" e neste sistema se n$o eHistirem os tais automatismos e maturidade t)ctica subBacente" o %ue / f)cil acontecer" a e%uipa fica muito eHposta defensivamente" e a fase atacante desprende-se em termos de movimenta!$o t)ctico-colectiva da fase defensiva &essa altura" passa de um sistema arriscado" para um sistema suicida O 2H6H2 do (arcelona de KruJff gan#ou o r*tulo de :4ream Team: dos anos =? Kuriosamente" KruJff n$o pensava o Bogo s* em termos ofensivos" como mais tarde confirmou no seu fant)stico livro :3e Custa el f7tbol: onde afirma %ue tudo se resumia a uma %uest$o de lin#as En%uanto as lin#as aguentavam o espa!o entre si" tudo estava controlado A surpresa surge %uando l#e perguntam %uem era o #omem defensivamente mais importante esposta1 :om)rio: Por%uê Por%ue s* tin#a uma tarefa defensiva1 %ue o guarda-redes tivesse de lan!ar a bola no lugar %ue a tin#a agarrado deia %ue se aplicava" tamb/m" aos lances em %ue o central advers)rio iniciava a saída de bola &esses momentos" recorda KruJff" :ele tin#a de pressionar o guarda-redes de forma a permitir %ue a defesa avan!asse .? metros Ie ele estivesse a dormir ou a lamentarse" ou a %ueiHar-se do )rbitro" eperdesse a concentra!$o" permitia %ue o guarda-redes subisse at/ à lin#a de )rea e toda a e%uipa tin#a de recuar Ie" por outro lado" ele estava activo e pressionava o guarda-redes" isso dava-nos uma vantagem decisiva" B) %ue o espa!o se reduzia e as lin#as voltavam a Buntar-seG 3as revendo os Bogos vê-se facilmente %ue" na fase de finaliza!$o ofensiva" om)rio estava longe de ser o nZ = %ue se limitava a ficar entre os defesas à espera da bola 3ovia-se muito" mesmo sem descair para as faiHas" deambulando de um lado para o outro" procurando tra!ar lin#as de passe vertical para os m/dios %ue entravam desde tr)s com a bola controlada &outras ocasies" num sublime movimento sem bola" recuava arrastando as marca!es e abria espa!os para os m/dios ofensivos ou os eHtremos entrarem em diagonal Tudo em velocidade mas sem nunca perder a precis$o de movimentos" provando como o futebol / um Bogo para ser Bogado com a cabe!a Uuando" depois" a bola l#e era metida à sua frente" em zona de finaliza!$o" revelava uma frieza concretizadora impressionante" com o seu subtil remate de bico" muitas vezes antecedido do c#amado drible-col#er" %uando arrastava a bola presa ao p/ numa finta de corpo %ue partia os rins a %ual%uer defesa" %ue" num abrir e fec#ar de ol#os" ficara sem ver a bola ria" segundos depois" descobri-la no fundo da baliza Em síntese1 nteligência em movimento &o início dos anos =? vivia-se a era de ouro no 3ilan de Kapello" #erdeiro do 3ilan de Iacc#i Em duas finais consecutivas da Liga dos Kampees" encontra dois advers)rios es%uematizados em 2H6H2 O 3arsel#a de Coet#als" em =2" e o (arcelona de KruJff" em =6 Os resultados seriam" por/m" bem diferentes A eHplica!$o est)" afinal" em duas formas distintas de entender o 2H6H2 A%uele 3ilan era uma m)%uina de Bogar futebol" mas em %uatro Bogos realizados contra o 3arsel#a" o onze de Coet#als" gan#ou três e empatou um" no IIiro E das %uatro vezes Bogou da mesma maneira" em 2H6H2" embora com Bogadores diferentes O

segredo estava em descodificar o c*digo gen/tico do fio de Bogo da%uele 3ilan Funcionando como um bloco %ue se movia para tr)s e para a frente" Bogava em 8? metros de terreno" em 6H6H0" com a defesa subida" fazendo o fora-de-Bogo  Ao contr)rio da maioria dos advers)rios %ue %uando o defrontavam recuavam lin#as e s* alin#avam um avan!ado" Coet#als" em =." lan!ou três na desloca!$o a IIiro1 Pele" ;addle e Papin A filosofia" dizia Coet#als" era simples1 :%uem recuar  primeiro" perde o Bogo: Para bater a defesa em lin#a" o gesto mortal era um passe em diagonal Foi assim %ue o 3arsel#a marcou Para defender" o segredo" mais do %ue marcar em cima os avan!ados 3assaro e Ran (asten" era antes retir)-los da zona de perigo" for!ando-os a acompan#ar a lin#a defensiva do 3arsel#a %uando subia Kolocados numa zona distante da baliza" eles deiHavam" por inerência" de criar perigo &o fundo" era Coet#als %ue passava a ditar o comprimento do campo e colocava o Bogo todo %uase em apenas 28-6? metros de terreno Foi assim %ue fez na final de =2" ent$o B) com outro onze Os três defesas gigantes eram Angloma" 4esaillJ e (oli &as alas" à es%uerda 4i 3eco" e" à direita EJdelie" definido por Coet#als como um c$o de guarda %ue tin#a por miss$o n$o deiHar o eHtremo Lentini passar nem uma vez %ue fosse &o mesmo flanco" mais à frente" Pele" eHtremo-direito" tin#a como miss$o n$o deiHar subir 3aldini e impedir o Bogo de triangula!es ofensivas +3aldini-Lentini-Ran (asten, do 3ilan A ac!$o de Pele confundia-l#es" por/m" os movimentos &a%uele anterior Bogo em IIiro" ele pusera-l#es a cabe!a à roda a atacar Agora" surgia incans)vel a defender no ata%ue Entre os defesas" o c#efe era (oli" líbero" no centro" com uma puBan!a e velocidade impressionante A meio-campo" à frente dos centrais" 4esc#amps escondia a bola e retardava o ritmo" en%uanto Iauz/ lan!ava o ata%ue com passes de 8? metros colocando a bola para al/m do bloco formado pelas duas e%uipas" mas com uma diferen!a1 ela caía nas costas dos defesas do 3ilan e à frente dos avan!ados do 3arsel#a" (osziD" Roller e o diab*lico Pele O 3arsel#a gan#aria o Bogo por .-? 3arcou à beira do intervalo e" na segunda parte" transformou o Bogo num labirinto do %ual o 3ilan nunca descobriu a saída 0= A Kultura do Futebol Korria o ano de .=@>" %uando o Bornal :Liberation: colocou frente a frente" em di)logo" dois supremos artistas gauleses de diferentes gal)Hias1 3ic#el Platini e 3arguerite 4uras Futebol e literatura O m7sculo e o intelecto - :&*s somos um pouco o 7nico assunto francês %ue se fala" de resto" fala-se dos perfumes:" dizia o futebolista - :E da literatura:" corrige a dama escriba - :Iim mas se falar com os meninos pobres da 3al)sia ou da Am/rica latina eles n$o falam de livros nfelizmente:" responde Platini - :Eu sou traduzida em 2? países Ora" isso / mais do %ue a Europa e a Am/rica:" corrige 4uras - :Iim" mas se for às favelas do io n$o penso %ue a literatura seBa muito importante Pelo contr)rio" o futebol /a 7nica forma deles eHpressarem a sua arte e cultura:" sentencia o Ast/riH da bola

Embora parecendo presos em dois diferentes mundos" 4uras e Platini s$o personagens do mesmo #abitat O Planeta da Arte &o momento em %ue se encontraram" a saga do antes an*nimo Bogador belga" Nean 3ar%ue (osman" ent$o condenado a uma carreira discreta em clubes franc*fonos de segundo plano" ainda era algo de impens)vel Percorrendo os relvados do Rel#o Kontinente europeu" como um mendigo de c#ap/u estendido suplicando por um pedacito de bom futebol" como diria Eduardo Caleano" continuam a descobrir-se" apesar das confuses estilísticas do presente" Bogadores capazes de nos tirar a respira!$o1 idane" um Bogador de plaJsation nos movimentos %ue %uase o fazem parecer em campo" pela eleg5ncia coordenada de movimentos" um desen#o de computadorS a7l" um c#ico %ue incorpora a f7ria espan#ola temperada com a t/cnica feita car)cter" um toureiro da bola de rasgos individuais alucinantesS ou" entre outros" T#ierrJ enrJ e Kristiano onaldo" mais r)pidos do %ue as suas pr*prias sombras" velocistas %ue transformam a bola %ue nos seus p/s parece uma :lebre: %ue vai desbravando camin#o furando atrav/s da floresta de advers)rios rumo à sua toca e refugio" a baliza Todos estes magos bril#am com luz pr*pria" para l) dos sistemas t)cticos" de %uem c#egam a rir-se e at/ dos estilos pr*prios %ue os seus países representam I$o Bogadores :do mundo:" nasceram assim Iouberam entender como poucos a rela!$o entre o #omem e a bola" e" #oBe" %uase s$o eHtra-terrestres num futebol %ue se alimenta dos mitos do passado  A evolu!$o cruzada da uni$o política europeia com o mundo do futebol levou ao fim de uma estrutura desportiva com mais de 8? anos 3ais de uma d/cada depois da sua eHplos$o" a Lei (osman continua a reger os destinos da Europa da bola" confusa perante a adultera!$o das suas distintas identidades futebolísticas &este conteHto" far) ainda #oBe sentido falar das diferentes grandes escolas do futebol europeu nos mesmos termos em %ue as fomos entendendo ao longo dos tempos E com o fim das fronteiras e a livre circula!$o de pessoas e bens" %ue levou a um movimento de transferências multinacional nunca visto no futebol europeu" ser) possível" no futuro" cada escola de futebol manter a sua genuína identidade Risitemos a #ist*ria Em nglaterra" cultivou-se o c#amado :Bogo directo:" adepto das bolas em profundidade e do espírito lutador %ue cansa s* de ver &a  Aleman#a" nasceu e cresceu" com gl*ria e #ossanas" o imp/rio do futebol for!a" um estilo de nariz no ar e botas cardadas %ue feito de m7sculos e caras feias assustou vel#os e crian!as &a olanda" nasceu uma superior filosofia de Bogo" o :Futebol-Total:" afinal o ovo de Kolombo do bom futebol baseado na inteligente posse da bola e sua circula!$o por todo o campo" girando os Bogadores como num carrossel m)gico sem posi!es fiHasS #oBe representa um Bogo cuBa miscegena!$o de ra!as" brancos e negros" gan#ou cor com a arte do Iuriname" antiga col*nia" terra de Cullit Em t)lia" ber!o da latinidade e sua maior eHpress$o de for!a" enraízou-se o dogma do futebol tactícista" mentor dos mais m*rbidos sistemas defensivos por entre um clima dram)tico %ue" ciclicamente" ao longo das /pocas" remeteu muitas vezes para o banco os individualistas tacticamente subversivos Tudo isto s$o diferentes formas de entender o futebol e abordar o Bogo Uuestes culturais" desportivas ou" at/" meras op!es de estilo e decora!$o de interiores"

nos %uais uns têm mais dilemas est/ticos do %ue outros &unca ningu/m" por eHemplo" viu um Alem$o muito preocupado com a beleza do seu monoc*rdico futebol musculado Ao inv/s" vemos os latinos" onde a arte tem outro entendimento" presos desde #) d/cadas à ideia de %ue s* eHiste nobreza numa vit*ria alcan!ada atrav/s de uma eHibi!$o com tra!os de beleza" corol)rio da c#amada superioridade moral futebolística O futebol /" afinal" o simples refleHo das idiossincrasias e morfologias dos seus povos 'm Bogo de espel#os entre a vida e o futebol %ue se pode detectar por todos os continentes 4eve-se dizer" por/m" %ue nada #) de negativo em diferentes treinadores ou at/  Bogadores" com as suas ideias e concep!es" influenciarem o estilo ou a mentalidade de outro país para onde emigraram 3uita da evolu!$o do futebol mundial passou eHactamente por esse facto (asta ver o futebol norte europeu como uma deriva!$o do estilo brit5nico" ou" noutro prisma" a eHtens$o à Am/rica do Iul de muitos conceitos das na!es latinas europeias" num cruzamento de influências %ue teve alternados cursos migrat*rios A %uest$o %ue preocupa as consciências europeias mais puristas ou devotas da tradi!$o" reside na dificuldade %ue perante este cen)rio de globaliza!$o seBa possível" no futuro" at/ as pr*prias selec!es manterem as suas diferentes identidades futebolísticas" amea!adas nos 7ltimos tempos por algumas duplas nacionalidades de contorno duvidoso %ue confundiram muitos espíritos dentro do status do futebol europeu  As selec!es nacionais" a bandeira e o #ino" devem ser entendidas como uma comunidade de cultura e emo!es " por isso" perfeitamente natural um português sentir-se" cultural e emocionalmente" muito mais pr*Himo de um angolano ou de um mo!ambicano do %ue de um sueco ou de um alem$o I$o s/culos de #ist*ria %ue %uase fazem parte do nosso A4& &$o se pode apagar todo esse legado com um simples teHto escrito num papel timbrado" no conforto de um %ual%uer gabinete" com ar condicionado situado num luHuoso edifício de (ruHelas  As diversas eHpresses do futebol latino Os seus livres em arco assombraram muitos nos anos @? Era a arte de 3ic#el Platini &a origem desse gesto t/cnico estava" antes do treino" o facto de em mi7do ter vivido numa rua estreita Estran#o Tudo se eHplica por%ue era a porta da garagem %ue fazia de baliza" pelo %ue para tocar nela mesmo na parte de cima" tin#a de dar um grande efeito na bola Foi aí %ue" sem ningu/m desconfiar" nem se%uer ele" 3ic#el iniciou a arte de cobrar livres directos %ue o faria admirado em todo o mundo do futebol1 :Adoro" sempre adorei marcar livres &$o sei eHplicar" n$o era por pensar %ue assim conseguiria mel#ores contratos Era como um Bogo à parte para mim" uma divers$o onde estava em vantagem e s* eu podia tocar e fazer o %ue %uisesse da bola: Kurioso ou aparentemente sem grande significado" este pe%ueno epis*dio da inf5ncia da%uele %ue viria mais tarde a ser um dos maiores Bogadores da #ist*ria do futebol europeu" sempre com a camisola fora dos cal!es" porte blaz/" classe pura" sem osso e com lan!amentos em profundidade com uma precis$o capaz de meter a bola dentro da abertura de uma lata de cerveBa Tudo isto espel#a as mais

profundas raízes do virtuoso futebol latino1 poema de t/cnica" inteligência" viveiro de grandes individualidades e consciente de %ue / a bola %ue tem sempre de correr mais O futebol latino - t)lia" Espan#a" Fran!a" Portugal e om/nia - tem" por sua vez" uma tendência geneticamente mais defensiva Em comum" a %ualidade t/cnica" o  Bogo apoiado" o to%ue curto e uma certa predilec!$o pelo contra-ata%ue Parece mais confort)vel %uando est) atr)s da lin#a da bola do %ue %uando / obrigado a  Bogar em ata%ue continuado Tudo pilares %ue cada país latino iria" depois" emoldurar nas suas distintas concep!es s*cio-futebolísticas  Apesar desses tra!os semel#antes n$o / possível detectar um verdadeiro estilo comum a todas essas eHpresses de latinidade futebolística Kada %ual tem as suas particularidades %ue foram evoluindo" ao longo dos tempos" devido" sobretudo" à maior ou menor abertura multi/tnica de cada na!$o  uma %uest$o" ao mesmo tempo" cultural e desportiva Portugal" por eHemplo" recebeu" no seu período mais glorioso" as influências vindas das suas antigas col*nias ultramarinas" um valor acrescentado de magia %uase felina %ue temperou o seu futebol com o aroma africano" ao mesmo tempo %ue permaneceu sempre um devoto admirador da arte sul-americana" o %ue levou muitos analistas internacionais a reverem no futebol luso os tra!os do tecnicista e bailado Bogo à brasileira  A Fran!a / o caso mais emblem)tico de como um país pode mudar o curso do seu futebol e com a influência de outras culturas construir um novo estilo sem" ao mesmo tempo" perder as suas principais referências t/cnicas Terra prometida para onde ao longo do s/culo rumaram muitos aventureiros desterrados" / #oBe um país socialmente muito diferente do %ue era #) 2? ou 6? anos O seu futebol tamb/m mudou 3anteve as suas raízes latinas defensivas" mas acrescentou a for!a e o talento de alguns Bogadores vindos da frica negra" l#as do Pacífico e muitas outras antigas col*nias e territ*rios" da regi$o norte africana às Karaíbas 'ma nova realidade %ue" ironicamente" pode levar-nos a dizer %ue as vit*rias no 3undial-=@ ou no Europeu-0??? come!aram" em termos #ist*ricos" a serem construídas em .928 com a coloniza!$o de Cuadalupe" terra de T#uram" e terminaram com uma miscegenada selec!$o de futebol Para o futebol" essa miscegena!$o / uma d)diva 4esaillJ nasceu no Cana e aí foi adoptado por um vice-c[nsul francês %ue l#e deu o nome T#uram" enrJ" cuBa m$e nasceu na 3artinica" e 4iomede" vieram da l#a de Cuadalupe Lizarazu / de origem basca Rieira nasceu no Ienegal e naturalizou-se francês Os pais de Lama s$o da Cuiana francesa (og#ossian tem raízes na Arm/nia Trezeguet / fil#o de argentinos Pires pertence à segunda gera!$o de emigrantes portugueses Qarembeu prov/m de um cl$ QanaDe da &ova Kaled*nia" uma il#a no Oceano Pacífico O pai de 4BorDaeff" tamb/m antiga gl*ria do futebol francês" nasceu no K)ucaso e a m$e / da Arm/nia Kandela tem sangue espan#ol e as origens de idane est$o no 3agreb" na Arg/lia  A om/nia" por sua vez" camin#ando na direc!$o das (alc$s" na sombra dos K)rpatos" sofreu a influência política" social e cultural de Leste" o %ue tornou o seu futebol dono de uma ideologia de Bogo mais colectivista em rela!$o aos rasgos t/cnicos individuais dos outros aromas latinos Observando a #ist*ria" pode concluir-se" assim" %ue" de todas as na!es do

:mundo latino:" a t)lia" #istoricamente a sua maior potencia +a nível de clubes e de selec!$o," foi a%uela %ue futebolisticamente mais permaneceu fiel ao seu estilo e car)cter Ao contr)rio de todas as outras na!es latinas %ue foram incorporando novas culturas atrav/s dos tempos 4os tempos de Pozzo aos de Trapattoni" o dilema :colectivo-individualidade: / uma amea!a ao e%uilíbrio t)ctico" sempre emoldurado num conteHto idiossincr)tico e futebolístico praticamente imut)vel O perfil dos seus Bogadores / #oBe o mesmo %ue era #) meio s/culo Fala-se em 4el Piero" (aggio ou Totti e logo a nossa mem*ria recua at/ à /poca de 3azzola" ivera ou iva At/ no recurso aos oriundi" os naturalizados argentinos" a na!$o italiana vive #oBe tempos de revivalismo" com a naturaliza!$o do m/dio-ala gauc#o Kamoronesi a fazer recordar os tempos longín%uos de Orsi e 3onti Por isso" as suas t)cticas defensivas" o ma%uiav/lico Katen-nacio continua a inspirar muitas mentalidades do futebol transalpino Elas s$o a eHpress$o mais genuína da escola italiana" dogmaticamente fiel às suas raízes estilísticas" congeminadas sobre um venenoso dolce fare niente t)ctico-t/cnico %ue" por vezes" parece mais perigoso %uando n$o tem a bola do %ue %uando a recupera &o conteHto latino" a%uela %ue sempre sentiu maior dificuldade em construir uma identidade nacional pr*pria" devido a razes culturais e por inerência futebolísticas" foi a Espan#a" %ue abriga no seu #íbrido territ*rio uma verdadeira babil*nia de povos" atmosferas e influências culturais Por isso" ainda #oBe se define o futebol espan#ol atrav/s da :F7ria:" mais do %ue um estilo de Bogo / antes um estado de 5nimo" eHpress$o de um futebol taurom)%uico %ue" a certo ponto da #ist*ria" teve o contributo do car)cter índio da Am/rica Latina" antigas col*nias" embri$o temperamental da maior agressividade competitiva sempre demonstrada pelo f7tbol #isp5nico em rela!$o ao lusitano" mais influenciado pelo a!ucarado ritmo canarin#o ou africano Essas diferentes atmosferas regionais produziram um futebol onde coeHistiram diferentes escolas" desde a combatividade basca à t/cnica andaluza" passando pela cosmopolita escola castel#ana" embri$o do grande eal 3adrid" onde ao longo dos tempos" c#egaram Bogadores e treinadores de todo o mundo Entre #7ngaros" Bugoslavos" argentinos e franceses" cada um deles deiHou algo do seu futebol e gerou um estilo %ue" embora temível" carecia de #omogeneidade t)ctica e estilística &o final do s/culo" a partir dos anos @?" sob o signo de (utragueYo" cra%ue inspirador de uma futura casta de tecnicistas" de Cuardiola a a7l" a nova gera!$o do futebol espan#ol" mesmo por entre a invas$o estrangeira dos seus relvados" ol#ou de lado a :F7ria e face à sua secular mescla de influências" inventou-l#e um novo estilo" mais t/cnico e personalizado" simbiose de t/cnica e picardia" raz$o de ser de uma d/cada de ouro eHpressa nas con%uistas das suas selec!es Bovens e %ue s* falta" agora" estender-se à dimens$o maior do principal conBunto nacional  Apesar de ter gan#o" ao longo dos anos" o respeito da comunidade futebolística internacional" nunca se tornou a nível de selec!es um verdadeiro gigante do futebol mundial 3ais do %ue em %uestes t)ctico-t/cnicas" o aspecto fundamental em %ue o futebol latino cresceu muito nos 7ltimos anos situa-se no plano mental" ou" por outras palavras" na sua maior resistência e fortaleza psicol*gica para enfrentar o  Bogo Tornou-se mais frio e concentrado" aproHimando-se" nesse aspecto" da mentalidade anglo-saH*nica Apesar da invas$o de estrangeiros dos seus

campeonatos e das diferentes propostas t)cticas" as %uatro grandes selec!es +t)lia" Fran!a" Espan#a e Portugal," no seu perfil essencial" continuam fieis às suas raízes e espel#am" #istoricamente" a g/nese tecnicista do futebol latino" devoto do Bogo apoiado e do to%ue curto" procurando fazer rodar a bola de p/ para p/" #ipnotizando o advers)rio" dando por vezes %uase a sensa!$o de Bogar sem baliza" num estilo onde o contra-ata%ue surge como um dos seus mais sublimes e virtuosos símbolos A sua presente superioridade - em resultados e na forma de controlar o ritmo de Bogo - sobre o futebol anglo-saH*nico tem" no entanto" bases diferentes da #egemonia verificada em muitos outros pontos do passado +anos 9?" sobretudo, %uando as diversas culturas futebolísticas estavam claramente separadas no discurso e no m/todo &o fundo" o futebol latino tornou-se mais realista e" na sua nova mentalidade competitiva" aproHimou-se das bases das vel#as Ielec!es Alem$ ou nglesa 4eiHou de ter" à semel#an!a do %ue sempre disseram os manuais anglosaH*nicos" grandes preocupa!es est/ticas com a abordagem do Bogo 4esta forma" o grande segredo do êHito das actuais selec!es latinas est) em n$o deiHar   Bogar o advers)rio e saber perfeitamente o %ue fazer em cada momento 4epois" com o frasco de veneno atado à cintura" a diferen!a / feita em r)pidas Bogadas de contra-ata%ue ou em pormenores incutidos por grandes individualidades Os dias em %ue o futebol português mudou  As imagens provocaram uma sensa!$o estran#a nc*moda" mesmo Toni" o mi7do guineense %ue" anos atr)s" celebrava os golos abanando a camisola" levando o país e um est)dio com .?? mil pessoas à loucura" tornara-se servente da constru!$o civil no LuHemburgo Em vez de bolas de futebol" carrega baldes e empurra carrin#os de m$o com cimento ) .9 anos" era o futuro ponta-de-lan!a do futebol português A vida e seus camin#os insond)veis" reser vou-l#e" entretanto" outros planos Uuando percebeu %ue B) n$o dava mais" fec#ou o livro da bola e passou a escrever outras p)ginas da vida Iem os aplausos" est)dios c#eios e son#os %ue invadiram ent$o os campees do mundo Iub-0? O tempo passa" de facto" depressa Uuando no Rer$o de 0??> ouvi os nossos  Bogadores" ao embarcarem em direc!$o ao Kanad) para o 3undial Iub-0?" sobre a%uelas con%uistas #ist*ricas" fi%uei perpleHo1 :&$o me lembroG" :&$o sei" nunca vi:" :Ie cal#ar ainda nem #avia televis$o: I* depois fiz bem as contas  verdade" nessa altura" .=@= ou .==." eles ainda estavam no ber!o ou s* tin#am 2 ou 6 anos 4escontando a obriga!$o %ue os respons)veis federativos +treinadores e directores, tin#am de l#es eHplicar o %ue significam essas con%uistas" evitando assim essas tristes declara!es" brincando com a #ist*ria" a verdade / %ue esta gera!$o B) / produto de um novo futebol português  impossível entendê-lo sem fazer uma interpreta!$o #ist*rica das diferentes fases pelas %uais passou E" nesse ciclo" a saga :%ueiroziana: mudou a face do nosso futebol K#amaram-l#e :gera!$o dourada: 3ais do %ue títulos" eles criaram uma nova mentalidade de Bogador português Em vez da%uele %ue" ao intervalo" ia ter com as estrelas advers)rias pedindo-l#es para trocar a camisola e sentia um terrível compleHo de inferioridade %uando Bogava no estrangeiro" surgiram Bogadores de nariz no ar" atrevidos" conservando a nossa :latinidade: muito pr*pria no trato da

bola" mas com outra confian!a" sem a l)grima f)cil de outrora Konta Karlos Uueiroz %ue uma vez" nesses tempos" %uando estavam no aeroporto à espera de embarcar para um Europeu de Iub-.@" surgiu Paulo Futre" ent$o o 7nico Bogador português a bril#ar no estrangeiro Os mi7dos correram logo para ele" pedindo-l#e aut*grafos Todos" menos um Por sinal" o mais pe%ueno e novin#o Franzino" com o cabelin#o louro Ficou num canto Uuando Uueiroz l#e perguntou por%ue ele n$o ia ter com Futre" o mi7do respondeu1 :Iabe" professor" o meu son#o / um dia o Futre vir pedir-me um aut*grafo a mim: Esse mi7do era o No$o Pinto  verdade %ue a pr*pria vida" fora do futebol B) obrigara o pe%ueno No$o a crescer muito depressa" mas na%uele simples gesto B) estava uma forma diferente de encarar o mundo E o futebol" tamb/m Rer e sentir o entusiasmo %ue rodeou a%uela Ielec!$o no Rer$o de .==." foi como ver o futebol português nascer de novo 4e repente" todo o país se libertara das guerras norte-sul e da fatalidade do destino" para descobrir" no futebol" pessoas %ue o faziam sorrir" saltar" c#orar de alegria e de %uem tin#a vontade de ficar amigo &em sabia em %ue clubes Bogavam As gera!es seguintes seguiram-l#e os tril#os e continuaram a revolu!$o oBe" muitos B) acabaram a carreira O nosso futebol precisa agora %ue revolucionem mentalidades fora do relvado" clubes e federa!$o &em todos" no entanto" seguiram essa estrela como as imagens de Toni disseram friamente Outros" fizeram carreiras discretas ou an*nimas Kao" Wavier" esende" Toz/" 3orgado" Cil Kada caso ter) uma #ist*ria" uma eHplica!$o E n$o #) drama nen#um nisto O futebol vive muito de estados de espírito 4e son#os destruídos  Ac#o engra!ado ver #oBe o tempo %ue passam muitos dos nossos Bovens  Bogadores a arranBar o cabelo Pintando-o de amarelo" compondo longas tran!as" fazendo madeiHas Uuando vi pela primeira vez Bogar Figo" por volta dos .> anos" pensei %ue estava a ver Krist*v$o Kolombo em forma de Bogador de futebol" tal era o seu penteado estilo medieval I* #oBe percebo como talvez B) #ouvesse algo de premonit*rio nesse visual 4a Ocidental Praia Lusitana" eram os dias em %ue o futebol português come!ava a mudar EHiste um verdadeiro estilo de futebol português O pilar sobre o %ual se construiria o estilo do futebol português dentro das lin#as latinas" depois de analisados os tra!os t/cnico-morfol*gicos %ue moldavam os seus futebolistas" seria a predilec!$o pelo passe curto" por ser mais belo e eHigir menor condi!$o atl/tica 'm futebol desen#ado pelos c#amados Bogadores de roda baiHa" es%uivos e pouco dados a duras lutas pela bola Era uma op!$o l*gica e natural" como eHplica K5ndido de Oliveira no seu livro :Football" T/cnica e T)ctica:" escrito pouco tempo depois do regresso de nglaterra" onde logo vira %ue o poder de Kliff (astin ou apgood" nada tin#a a ver com a fr)gil malícia lusa de Pinga ou Rítor Iilva Para fundar a escola do futebol português" com identidade pr*pria" teve como condi!$o essencial de desenvolver a capacidade t/cnica %uanto ao controle da bola e ao seu comando nas sucessivas triangula!es por todo o campo 'm futebol de m/dios" c#amaram-l#e os críticos" embora" noutras na!es latinas" outros factores - como a atitude competitiva em Espan#a" ou a

evoluída abordagem t)ctica em t)lia - tivessem mel#or preenc#ido a totalidade do relvado &um eHercício de Ielec!$o" em cada d/cada podemos tamb/m vislumbrar um  Bogador símbolo Anos 0?1 PepeS Anos 2?1 PingaS Anos 6?1 PeJroteoS Anos 8?1 3atateuS Anos 9?1 Eus/bioS Anos >?1 OliveiraS Anos @?1 FutreS Anos =?1 Figo &ovo s/culo1 Kristiano onaldo Todos eles bandeiras da Ielec!$o das Uuinas &esta perspectiva" e pensando na sua afirma!$o estilística ao longo dos tempos" ser) %ue o futebol português tem alguma coisa de pr*prio" ao ponto de constituir um estilo" ou /" apenas" o dec)logo latino temperado por uma ou outra lin#a caracterizante" como" por eHemplo" o contra-ata%ue &uma an)lise sint/tica" diga-se %ue durante muito tempo o facto de" como definiu Nos/ 3aria Pedroto" l#e faltar os tais 2? metros na fase ofensiva" inclinou a resposta para a segunda opini$o Era %uase um fatalismo abilidade fina" bolin#a no p/" mas uma vis$o curta do campo de Bogo impedia traduzir esse virtuosismo em resultados Risitando os 7ltimos 0? anos" podemos" paulatinamente" ver nascer o novo estilo" ou mel#or" as novas lin#as caracterizantes -a nível futebolístico e mental %ue formam o futebol português da era moderna Este / um percurso %ue" claramente" nasce em meados dos anos @? Pedroto dizia :devemos ser sempre fi/is ao nosso futebolzin#o %ue" %uando inteligentemente interpretado nas bruscas mudan!as de Bogo" em %ue o passe largo" aspecto do futebolz$o" tem o seu lugar imprescindível" faz emergir a nossa maneira peculiar de Bogar: O futebol mudou com o tempo" mas" em %ual%uer /poca" s* / possível construir a partir da organiza!$o e do estilo Penso como teriam sido diferentes" independentemente dos resultados" os 7ltimos 0? anos do futebol português se Pedroto n$o tivesse partido t$o cedo Fora e dentro das %uatro lin#as ecordome" ainda mi7do" de o ouvir num col*%uio na Kasa de 4esporto no Porto" em .=@0 &essa altura" vivíamos um terrível compleHo de inferioridade em rela!$o ao resto do mundo futebolisticamente civilizado Pedroto dizia %ue l#e faltavam os tais 2? metros Ainda #oBe #) %uem diga %ue" est) bem" mas a forma de Bogar das suas e%uipas era uma das grandes respons)veis por essa realidade &$o penso assim Penso / %ue ele entendeu o %ue era ser português dentro de um relvado e" para o bem e para o mal" forBou" ao tempo" a nossa identidade ecuada" OQ" de contra-ata%ue" demasiado longe da baliza" mas sempre com personalidade sso / %ue era importante Perguntaram-l#e" ent$o" se era possível a%uele Portugal acabrun#ado voltar ao nível de 99 ou" se pelo contr)rio" tín#amos de esperar por uma nova gera!$o de Eus/bios &um tempo em %ue ningu/m acreditava e eu s* percebia o %ue era o grande futebol pelos cromos" lembro-me de ficar estupefacto com a sua resposta1 :&$o" n*s temos dos mel#ores Bogadores da Europa e do mundo Tamb/m podemos ir a 3undiais e gan#ar Ta!as europeias Kom estes" sim" n$o com os Eus/bios do futuro: epetia com veemência e a plateia perguntava" :mas como %uando Kom %uem Pedroto: insistia1 :com o nosso estilo" com a nossa forma de Bogar &$o somos inferiores a ningu/m: 4izer isto %uando n$o gan#)vamos a ningu/m" parecia #eresia 3as n$o era Pedroto sabia o %ue era o nosso futebol For!as e fra%uezas A ideia era manter a identidade mas libert)-lo do compleHo de inferioridade Afinal" como fez no FK

Porto à escala nacional 4evolver-l#e o orgul#o e revolucionar mentalidades &este processo de crescimento" as Ielec!es Portuguesas de Figo" ui Kosta" Kristiano onaldo" Futre" icardo Karval#o" Iim$o e No$o Pinto" entre outros" foram e s$o um produto acabado dessa bela arte lusitana de Bogar futebol  As p/rolas ultramarinas Uuando (ela Cuttmann viu pela primeira vez os seus to%ues na bola e o poder da arrancada" virou-se de imediato para o lado e disse ao adBunto Fernando Kaiado1 : ouro" Kaiado Encontr)mos ouro" Kaiado: Pouco depois" os titulares Torres e Nos/ Augusto B) discutiam %ual deles #avia de sair para o mi7do Bogar Eus/bio c#egava à metr*pole do futebol português Kom ele trazia" em estado puro" a beleza suprema de frica" os movimentos felinos e futebolisticamente selvagens 4urante os anos 9? s* o seu nome gerava medo nos advers)rios e êHtase nos seus adeptos Uuando c#egou" em .=9?" o (enfica tin#a gan#o .? campeonatos" tantos como o Iporting &os .8 anos em %ue Bogou na Luz" o (enfica con%uistou mais .. e o Iporting apenas 6 O ei deiHou obra e dese%uilibrou a #ist*ria do futebol português  #umano %uerer domar o tempo E genuinamente português sentir saudade Em português" a 7nica língua onde essa bonita" rom5ntica e sofrida palavra eHiste" por%ue significa muito mais do %ue simples nostalgia Iignifica o incontrol)vel deseBo de fazer o tempo voltar para tr)s e recuar at/ aos anos 9?" %uando o 3undial de Futebol c#egou a nglaterra" a p)tria do futebol A%uele Bogo outrora inventado numa rica universidade inglesa tin#a saído de casa muito novo" irreverente e de pêlo na venta Kresceu pobre e na rua" onde os mi7dos o adoptaram como brincadeira" paiH$o" amor e" por fim" modo de vida e sentimento patri*tico 3uitas d/cadas depois ele regressou a casa" adulto e sen#or do seu nariz" mas" apesar da tropelia do passado" s* poderia ser recebido como um fil#o pr*digo K#egou acompan#ado de uma pantera negra" eHemplo dos diamantes em bruto %ue descobriu durante as suas viagens por outros continentes Os ditames colonialistas da /poca vestiram esse goleador felino com as destemidas %uinas da selec!$o portuguesa" com as %uais" pregadas ao peito" correu pelos relvados de todo o mundo" camisola nZ .2 ou nZ .?" gritando bem alto a for!a da genuína alma lusitana Os insond)veis desígnios de um Bogo de futebol provaram" no entanto" %ue uma pantera tamb/m c#ora e os aplausos da vit*ria ficaram em casa  impossível dissociar as v)rias /pocas do futebol português da influência do  Bogador ultramarino Ele esteve presente" at/ à revolu!$o de Abril" em todos os gloriosos movimentos da bola lusa nesse período" onde a coloniza!$o futebolística dos nossos tesouros africanos fez do futebol lusitano um dos mel#ores de todo o mundo 4urante a d/cada de 9? a Ielec!$o &acional c#egou mesmo a alin#ar com dez Bogadores vindos do ultramar e s* um da metr*pole Tal situa!$o resultava de uma importa!$o maci!a feita pelos clubes portugueses" a partir sobretudo de 88<89" data da Lei %ue l#es conseguia igualdade de direitos aos  Bogadores lusos Uuase todos eles vin#am rotulados de cra%ues" pois" indicados por observadores dos nossos clubes" tin#am sempre como principal re%uisito a sua boa eHecu!$o t/cnica" como diria o 3estre Rítor Iantos" típica da ra!a negra"

%ue tem na pele a viveza e a sagacidade do #omem do mato" %ue o perigo espreita por tr)s de cada arbusto .=92<96 - 69 Nogadores .=96<98 - 6= Nogadores .=98<99 - 8@ Nogadores .=99<9> - 68 Nogadores .=9><9@ - 8. Nogadores Uuando c#egavam aos nossos clubes eram depois lapidados tacticamente Komo se pode detectar pela forma como Otto Cl*ria e (ela Cuttmann" no início dos anos 9?" trataram desde a c#egada outra p/rola ultramarina 3)rio Koluna K#egou ao (enfica" em .=86" rotulado de goleador 4e início" n$o foi titular" at/ %ue Otto Cl*ria percebeu a sua verdadeira voca!$o em campo1 m/dio-centro Ieria aí" segurando as r/deas da e%uipa %ue ficaria famoso" com o seu perfil de patr$o" sereno" grande pulm$o" t/cnica e for!a Em .=9." (ela Cuttmann definia assim o Bogo de Koluna1 Ele n$o pode mais ser" dentro do sistema actual do (enfica" a%uele Bongleur a %ue o p7blico estava #abituado Eu n$o me recordo nunca de ter visto Koluna Bogar mal Pode estar infeliz" como %ual%uer mortal" mas / raro &$o pode ser" / um espect)culo Ele tem de ser" / o c#efe da e%uipaG  Ao longo dos tempos" pode-se detectar no %uadrante dos grandes ca!adores de golos do nosso futebol as sucessivas dinastias de fen*menos ultramarinos %ue impulsionaram os Onzes das Uuinas1 PeJroteo" 3ata-teu" Eus/bio" Nord$o PeJroteo foi o grande goleador da d/cada de 6? &ascido em um-pata" Angola" c#egou ao Iporting em .=2>" com .= anos eza a #ist*ria %ue tin#a uma condi!$o física espantosa e uma capacidade concretiza-dora infalível em frente às balizas &a d/cada de 8?" vindo de 3o!ambi%ue" Iebasti$o Lucas da Fonseca" o popular 3atateu E" na #ist*ria do futebol português" o 7nico nome mítico %ue entra no seu Olimpo sem o apoio dos grandes de sempre" (enfica" Iporting ou FK Porto Restiu sempre a camisola do (elenenses" à eHcep!$o de duas ultimas /pocas no  Atl/tico" B) na  4ivis$o Foi grande" mas podia ter sido um gigante Nord$o tin#a tudo o %ue um grande avan!ado centro devia ter Iemblante felino" intuitivo" predador da )rea" tin#a em corrida o porte de uma gazela Pernas ar%ueadas" %uase em bicos de p/s" ora cobrindo a bola" ora preparando o remate Esta referência às epopeias futebolísticas de contornos ultramarinos s$o indispens)veis para fazer a interpreta!$o #ist*rica do futebol português" uma /poca marcante de um longo traBecto %ue con#eceu ao longo dos tempos diferentes atmosferas" desde a /poca em %ue o Antigo regime #ipnotizava o país onde n$o acontecia nada com a trilogia F)tima" Fado e Futebol" at/ aos tempos presentes da fria e economicista Europa comunit)ria  As li!es de Cuttmann Cuttmann sabia muito de futebol Tin#a a escola supr ema do futebol centroeuropeu" onde fora um dos principais mentores do 6H0H6 Para regressar às raízes e aprender" nos tempos modernos" os seus ensinamentos" nada mel#or do %ue mergul#ar nas dezenas de entrevistas %ue o t/cnico #7ngaro concedeu durante os

sete anos %ue viveu em Portugal e procurar" sem retirar do conteHto as respostas" o seu pensamento sobre o futebol Para o feiticeiro magiar %ue c#egou a Portugal B) com 86 anos" em .=8=" :o segredo do êHito do (enfica n$o esteve na aplica!$o de teorias psicol*gicas mais ou menos ousadas e eficientes mas sim na estrutura!$o da e%uipa segundo um modelo de Bogo colectivo" tanto %uanto possível perfeito: &$o o fazia" por/m" partindo da rigidez t)ctica da %ual nunca foi adepto :Kreio nas t)cticas e na sua necessidade" mas escreveram-se tratados sobre estrat/gia e t)ctica O Bogador n$o / um estudante universit)rio" / sobretudo um pr)tico E s* passa a acreditar nesta estrat/gia ou na%uela t)ctica se ela se l#e demonstra em campo A solu!$o estava na f*rmula mais simples %ue fazia a essência do futebol1 :Passa" repassa e c#uta  indispens)vel para c#egar ao golo 3arca e desmarca Ie a bola n$o / nossa" marcaS se a bola / nossa" desmarca Este / o princípio" o princípio fundamental O sistema para os #omens e n$o os #omens para o sistema sto /" cada e%uipa precisa de ter um sistema pr*prio" adaptado às características dos seus Bogadores  assim como um alfaiate n$o faz o mesmo feitio de fato para um corcunda ou para um #omem normal" do mesmo modo um treinador de futebol n$o pode dar a todas as e%uipas %ue treina o mesmo figurino de BogoG Para al/m destes conceitos t)cticos" eHistia" tamb/m" o lado mental :&uma e%uipa" n$o c#ega" apenas" classe ) necessidade tamb/m de espírito de luta &$o pode #aver boas e%uipas sem espírito de luta: Komo f*rmula predilecta para atacar estava :o passe curto nas imedia!es da grande )rea contr)ria para aumentar a precis$oS passe longo" %uando se est) longe da baliza para gan#ar dist5ncia 3as" aten!$o1 o passe curto n$o pode manietar a ideia do remate: Uuestionado sobre" afinal" como se faz um bom Bogador" dividia a f*rmula em sectores diferentes1 : 'm bom Bogador de futebol tem de possuir 8?` de bom eHecutante e 8?` de condi!$o física I$o atributos %ue n$o podem deiHar de coeHistir" sob pena de ambos deiHarem de ter valor Em futebol n$o #) limites  sempre possível fazer mais %ual%uer coisa &unca se pode dizer %ue se atingiu o m)Himo:  como ter a certeza de escol#er sempre o onze certo %ue se manda para dentro do campoG :A resolu!$o final da constitui!$o da e%uipa depende tamb/m de factores importantes como o campo" o estado do tempo e tamb/m o nariz dos  Bogadores O nariz / muito importante" sabe Ie algum se constipa e n$o respirar bem" n$o BogaG Parece simples Afinal" tudo se resumia a um ponto1 : preciso saber lutar pela sorte" ou antes" n$o nos es%uecermos dela em todas as circunst5ncias Uuando se est) em dia-n$o luta-se pela sorteS %uando se est) em dia-sim" basta aproveit)-la Kompreende sen#or&ada tem nada de complicado: 2? A pista africana os camin#os de 4rogba Tem a sua eHistência dividida entre passear no tecto de um cami$o pelas ruas de terra de AbidBan" saudado por uma multid$o enlou%uecida %ue o persegue com p/s descal!os" e as elegantes montras de ;est End" plenas de roupas de marca" desde a (urberrJs à ugo (oss 4as profundezas da sua Kosta do 3arfim" frica profunda" aos ecos da moda de Londres" cora!$o moderno do Rel#o Kontinente Pelo meio" passou pelo calor dos ventos de 3arsel#a e pelo discreto to%ue

burguês de Le 3ans Cal)Hias distantes %ue emolduram a vida e o camin#o do mais espectacular Bogador africano do novo s/culo1 4idier 4rogba Cra#am Creene" escritor inglês %ue atravessou o s/culo" profundo con#ecedor de  frica" onde sentiu na pele a sua misteriosa carga emocional" invisível" eterna na memoria dos #omens %ue por l) passaram" escreveu uma vez sobre o continente negro1 :Kuidado" este n$o / um lugar para emo!es: Fala-se de frica como se fala de uma mul#er por seduzir" fatal" de uma paiH$o proibida Fala-se do seu futebol como de um diamante em bruto" finalmente a ser lapidado por entre um continente de muitos contrastes" mas sempre com uma atitude vibrante a gerir todas as situa!es por mais difíceis %ue elas seBam 4rogba / o 7ltimo eHemplar m)gico &a for!a física" nos remates %ue estremecem Londres" no car)cter com %ue Boga" na lealdade com %ue luta Em campo" ele / um embaiHador do mel#or %ue o futebol tem para dar ao mundo &o Bogo e nas atitudes  A aventura africana nos relvados europeus tem" no entanto" raízes profundas %ue n$o podem ser" naturalmente" dissociadas dos sofridos processos de coloniza!$o %ue atravessaram as suas #ist*rias seculares &o passado" Larbin (en (areD 4escoberto a Bogar descal!o nos baldios de Kasablanca por elenio errera" c#egou a 3arsel#a com 0? anos :ecordo um princípio de tarde em %ue fi%uei a assistir" apan#ando sol" a um Bogo num campo de prisioneiros Era uma ala contra outra eparei logo num moreno %ue corria com a bola literalmente colada aos p/s EHtraordin)rio Fui ter com ele e perguntei-l#e1 Komo te c#amas" meu fil#o :Larbi" sen#or:" respondeu Pois bem" eu c#amo-me elenio errera e um dia ven#o c) buscar-te para ires Bogar futebol para Fran!a Kom o %ue sabes fazer podes gan#ar muito din#eiro espondeu-me com um amplo sorriso Pensava %ue eu estava a gozar com ele Pouco depois descobriria %ue estava a falar muito seriamente: gil como um felino" driblador nato" c#amaram-l#e a P/rola &egra e seduziu" de imediato" o p7blico francês Permanecendo 3arrocos uma col[nia gaulesa" tornou-se internacional pela Fran!a logo com 0. anos Foi o primeiro grande Bogador africano de sempre e uma das primeiras grandes estrelas internacionais da #ist*ria do futebol mundial Para muitos uma esp/cie de Pel/ dos anos 6? rf$o desde muito cedo" era um rapaz tímido" %ue" apesar de B) ser uma estrela" ainda tratava os outros Bogadores com grande reverência" sobretudo atelli" %ue con#ecera ainda no &orte de frica Konta-se %ue sempre %ue l#e passava a bola" dizia :Roil)" pour vous" 3onsieur 3)rio: 4urante muito tempo" por/m" o comum dos europeus n$o conseguia entender a verdadeira dimens$o de frica Uuando" B) no final do s/culo" a selec!$o dos Kamares levitada por oger 3illa levou-os a descobrir os mais profundos e puros encantos do futebol africano" No#n Fas#anu" nigeriano" ent$o a Bogar no ;imbledon" recorda %ue :nesses tempos falei com muita gente sobre os Kamares e todos pareciam pensar %ue oger 3illa vivia l) sozin#o Nulgavam %ue s* eHistia um país africano e 3illa vivia l) sozin#o" sem mais ningu/m: oBe  B) n$o / assim Pelo menos imaginam %ue podem viver l) mais %uatro ou cinco pessoas 4rogba" Qanu" ODoc#a" 4iouf" Qon/ 4esses nomes" #) um %ue me fascinou acima dos outros ODoc#a 'm malabarista da bola" mago das fintas impossíveis" as fant)sticas :oDoc#ianas: %ue cativaram Paris e Londres" sempre receptivas à arte e à cultura &em sempre"

por/m" foram bem entendidas e ODoc#a acendia e apagava-se %uase misteriosamente O puro futebol africano parece uma par)bola do fascinante continente negro Faz lembrar outras" dos tempos da coloniza!$o" %uando se contava a #ist*ria de um dos muitos eHploradores brancos no continente %ue contratara um grupo de negros indígenas para carregarem v)rias caiHas de valiosa mercadoria at/ determinado destino Obcecado com o tempo" a cada minuto o eHplorador incentiva os carregadores a camin#arem mais depressa" cada vez mais depressa A cena prolongou-se por #oras At/ %ue" ainda longe do destino final" os negros" cansados" pararam" pousaram as valiosas caiHas e sentaram-se" calmamente" a descansar - 3as o %ue se passa - 4isse" enfurecido e surpreso" o eHplorador branco - &ada - responderam -  %ue temos vindo a camin#ar t$o depressa %ue as nossas almas n$o nos conseguiram acompan#ar e ficaram para tr)s Agora" temos de esperar at/ %ue elas nos voltem a alcan!ar" s* assim podemos voltar a camin#ar Uuando driblava e corria com a bola" ODoc#a era um futebolista com alma A sua ritmada e inconfundível alma negra I* %ue" às vezes" entre a floresta das defesas contr)rias" a velocidade confunde-se com a arte e a t/cnica cruza-se com a press$o do resultado &essas alturas" a alma ficava confundida Ent$o" como %ue se sentava no relvado e ficava à espera %ue ODoc#a a voltasse a reencontrar Uuando isso sucedia" era magia pura A alma de ODoc#a pelas noites de Paris ou Londres Futebolisticamente" o continente africano abriga tantos contrastes como a Europa possui estilos de Bogo Assim" na regi$o norte" na c#amada frica branca" moldado pela coloniza!$o franc*fona - Egipto" Tunísia e 3arrocos - cultiva-se um Bogo pausado" com rigor t/cnico" de to%ue curto 3uito diferente do Bogado a sul do Iara#" na zona ocidental" #abitat das rebeldes )guias verdes da &ig/ria e dos Lees indom)veis dos Kamares" frica negra" onde" subitamente" a bola come!a a saltar e a mover-se com alegria" produzindo um estilo mais veloz e artístico &o fundo" a descoloniza!$o e suas diferentes etapas" serviram de catalisador dos diferentes estilos emergentes Komo afirmou o liberiano ;#ea" o segredo esteve na capacidade de criar :uma identidade cruzada entre o futebol importado pelo colonizador e a assun!$o plena da nossa negritude: &a essência do mais profundo estilo do continente negro est) a sua rela!$o com a bola 4)-se a um mi7do branco uma bola e diz-se-l#e1 OQ" vamos treinar-te 4)-se a mesma bola a um mi7do negro e diz-se-l#e1 OQ" Boga 2. O fim dos estilos Porto" numa noite de 3ar!o de 0??> A bola vai no ar" %uase planando como um ser superior" voando em direc!$o à baliza de Kec# depois de sair da bota m)gica de Uuaresma 'ma par)bola %ue /" durante longos segundos" uma sedutora promessa de golo Os ol#ares seguem-na ansiosos Kom ela ia o son#o da arte vencer a ciência 4a cria!$o #umana vencer a frieza da m)%uina Iim" este / ainda um teHto sobre futebol Iobre um confronto %ue faz muitos momentos do  Bogo %uase parecerem um duelo bíblico entre o bem e o mal 3ourin#o regressa ao Porto no seu tradicional estilo blaz/ oupa escura e barba de três dias A

c#uva" o c/u nublado e o nevoeiro de Londres eram a moldura perfeita para o futebol do K#elsea 'ma nuvem escura a planar sobre cada Bogo %ue" ao mais pe%ueno gesto do seu mentor" faz c#over Acelerou o Bogo %uando %uis Leia-se obben Kolocou-l#e um bloco de gelo em cima" depois Leia-se Obi 3iDel FesteBa os golos %uase como um ponta-de-lan!a e %uando saiu de Itanford (ridge deiHou algu/m ainda mais poderoso O seu fantasma Komo no Porto" afinal &$o eHistem tenta!es artísticas e %uando 4rogba recua em cada bola parada" percebemos %ue em Londres os autocarros têm todos dois andares Costo muito de seguir os Bogadores em campo %uando a bola est) longe E nessas alturas %ue se percebe mel#or o seu compromisso com o Bogo" a capacidade de o lerem e tentarem influir nele decisivamente Iigo Luc#o Conzalez O argentino lê o Bogo sempre alguns segundos antes dos demais  Bogadores em campo Uuando o cubo de gelo do meio-campo londrino come!ou a dominar o relvado" mais do %ue Bogar" Luc#o preocupa-se em ordenar o Bogo Ientiu como as lin#as se partiam com a incapacidade de (runo 3oraes recuar para pegar no Bogo Crita com ele Pede para se aproHimar 4e cada vez %ue sobe" defende-se do desgaste físico e mant/m controlado o esfor!o de recupera!$o 'ma e%uipa vive muito do c/rebro destes Bogadores Noga simples 4ois" três to%ues e vira o Bogo A bola corre mais do %ue a e%uipa mas faltam inst5ncias de paragem O resto depende da vontade da bola Iim" o mesmo instrumento de arte ou ciência %ue voava em direc!$o à baliza de Kec# AproHimase dela Parece %ue vai entrar ifoMg<&a barra 3$os na cabe!a" os ol#ares voltaram a escurecer Uuaresma encol#e os ombros  duro viver com a realidade Roltem a fec#ar os ol#os e imaginem %ue a%uela bola entrou Komo o mundo seria mais belo E o futebol tamb/m O momento durante um Bogo em %ue o trabal#o de um treinador se mais torna visível e f)cil de avaliar / nos primeiros vinte minutos da segunda parte eparese %ue n$o falo a%ui na prepara!$o do Bogo" mas sim na reac!$o à sua evolu!$o Para al/m do poder das substitui!es" o intervalo / a altura em %ue pode falar com os Bogadores" transmitiras suas ideias e provocar uma altera!$o na atitude e din5mica da e%uipa Uuando a e%uipa regressa ao relvado ap*s o intervalo" entra com o impulso %ue l#e foi dado por essa conversa com o treinador no balne)rio Penso muito nisto no primeiro %uarto de #ora do segundo tempo 'ma das 7ltimas vezes" foi no intervalo da 7ltima Bornada da Liga Espan#ola de 0??> O eal 3adrid perdia em Iarago!a e nem conseguia pegar na bola Os Bogadores n$o encontravam as suas posi!es e os grandes planos revelavam os ol#ares ansiosos %ue trocavam entre si O título estava a fugir e n$o viam como o impedir Ao mesmo tempo" o (arcelona" empatado em casa" revelava uma ansiedade tremenda O medo parecia tomar conta dos seus Bogadores Ambas as e%uipas precisavam de uma conversa de balne)rio %ue as levasse" num caso" a resgatar a din5mica de vit*ria" e" noutro caso" a recuperar a tran%uilidade O duelo Kapello-i-BDaard saía do relvado e travava-se agora na capela sagrada do balne)rio Uuando no início do Bogo se mostram as forma!es iniciais" / comum as an)lises ficarem s* por esses onzes 'ma distrac!$o perigosa" at/ para o treinador advers)rio Por%ue a solu!$o %ue vai resolver o Bogo at/ pode estar nos suplentes %ue se sentam no banco Para al/m da palestra" Kapello usou essa arma de

forma s)bia e isso foi decisivo para meHer na e%uipa Tirou Emerson e deu nova din5mica ao duplo-pivot defensivo com a entrada de Cuti" resgatando o sentido de transporte de bola defesa-ata%ue &o ata%ue" tirou aul e meteu um avan!ado capaz de cair mais em cima dos defesas do Iarago!a" iguain Os vinte minutos revelaram ent$o os efeitos das altera!es I* agarrou o resultado perto do fim" mas o Bogo" esse" B) o tin#a agarrado #) muito Em (arcelona" sem altera!es" o onze n$o conseguia conservar a bola" mesmo depois de estar em vantagem eentrou ansioso Falta-l#e peso físico para o fazer niesta-4eco-Wavi n$o especulam com a bola 4ominam muitas vezes o Bogo" mas raramente o controlam" e este 7ltimo ponto / indispens)vel para gan#ar esses Bogos %uando a crise de confian!a se instala eal 3adrid e (arcelona eram ent$o duas e%uipas com estados de espírito muito diferentes sso influía muito no nível de Bogo praticado e foi decisivo para decidir o curso destes dois Bogos E" n$o duvidem" a%ueles primeiros vinte minutos a seguir ao intervalo s$o o mel#or espel#o de como est) um balne)rio  diferente meHer numa e%uipa para gan#ar um Bogo %uando se est) a perder e meHer %uando se est) em igualdade Os seus limites tornam-se mais evidentes O treinador pensa em t)cticas" em novas din5micas" mas tudo passa pela capacidade de dar intensidade t)ctica e t/cnica ao Bogo  preciso %ue" mais do %ue a e%uipa esperar  %ue o Bogo ven#a ter com ela" isto /" crescer com o seu aumento de ritmo" seBa" ao inv/s" ela pr*pria a ir ter com o Bogo e fazer crescer esse mesmo ritmo atrav/s da sua capacidade t)ctica" t/cnica e física &$o / f)cil Iobretudo %uando os seus limites B) come!am a surgir à flor da pele ) dias" falando sobre essa epopeia de como virar Bogos %ue se est$o a perder" 3arcelo Lippi dizia %ue :o segredo / agarrar o momento em %ue mais se sente essa possibilidade de gan#ar: I$o ent$o decisivos os Bogadores %ue conseguem eHpor as fra%uezas do advers)rio Em 0??9" atingiram os oitavos-de-final da K#ampions sete e%uipas latinas e apenas uma anglo-saH*nica +Arsenal, Falou-se" ent$o" no renascimento de um novo ciclo de domínio do futebol latino Passou um ano e" em 0??>" a tendência"  B) era diferente Kinco e%uipas anglo-saH*nicas +inglesas" alem$s e #olandesas, e s* três latinas Kome!a" dessa vez" a falar-se no novo domínio brit5nico A meiafinal inverte a ordem da /poca anterior 4os latinos" apenas resiste o 3ilan O resto" três e%uipas inglesas Face ao cen)rio politico-desportivo %ue gere #oBe o globalizado futebol europeu p*s-(osman" ambas as interpreta!es podem estar" no entanto" correctas O problema / s* um1 com o actual mercado aberto europeu estendido ao futebol e as e%uipas mudando muitas vezes de estrutura de ano para ano" os ciclos de poder tornaram-se cada vez mais curtos" c#egando a esfumar-se numa /poca apenas 4eiHou de fazer sentido falar em claros ciclos de domínio como a%ueles %ue" at/ meados dos anos =?" foram f)ceis de identificar entre o :futebol da t/cnica: e o :futebol da for!a: . Período de dominio latino 4e finais dos anos 8? at/ meados dos anos 9? O reinado do futebol da t/cnica" onde imperavam as e%uipas com maior talento individual" casos dos ib/ricos eal 3adrid e (enfica" ou" noutro prisma" de inteligência t)ctica" casos dos italianos 3il)n ou ínter 0 Período de domínio do futebol for!a" de raíz anglo-saH*nica Atravessou os

anos >? at/ início dos anos @? Foi a eclos$o do c#amado futebol atl/tico A dimens$o física do Bogo cresce e ultrapassa a t/cnica" como eHplicaram as vertiginosas e%uipas inglesas e alem$s +principalmente Liverpool e (aJern 3uni%ue, e" numa perspectiva mais t)ctico-física" o ABaH" modelo pioneiro da polivalência dos Bogadores em campo 2 egresso do novo futebol t/cnico Este renovado ciclo de domínio latino iniciouse em meados dos anos @? Ap*s um período onde se revelou competitivamente leve perante o futebol da for!a" refez os seus conceitos e passou a conBugar a t/cnica com a velocidade e a condi!$o atl/tica 'm ciclo protagonizado pelas recicladas e%uipas italianas" como 3il)n e Nuventus" at/" B) nos anos =?" ao renascer do grande eal 3adrid europeu 6 Konfirmando a evolu!$o desta nova correla!$o de for!as e estilos do futebol europeu" as e%uipas latinas refor!aram" no início do I/c WW" esta nova tendência do c#amado futebol moderno" onde t/cnica e condi!$o atl/tica deiHaram de fazer sentido %uando separadas A partir dessa data" com as multiculturais e%uipas do presente" / impossível falar-se em verdadeiros confrontos de estilos como no passado Es%ue!am at/ a%uelas ditaduras em %ue uma e%uipa" mantendo o mesmo onze" mandava na Europa por /pocas consecutivas A 7ltima e%uipa a gan#ar a K#ampions duas vezes consecutivas foi o 3ilan" em @= e =? O actual domínio inglês deve ser interpretado" portanto" à luz dos condicionalismos actuais 4esportivos" político-sociais" estruturais e" claro" financeiros I$o eles" no conBunto" %ue ditam os curtos ciclos de domínio" sazonais mesmo" da actualidade Em termos futebolísticos" pode parecer um paradoHo" mas vendo bem em campo o estilo das duas e%uipas inglesas %ue foram mais longe na K#ampions em 0??> +K#elsea e Liverpool, e as filosofias de Bogo dos seus treinadores nesses momentos +dois latinos puros" 3ourin#o e (enitez, para al/m do facto de" nos seus onzes iniciais serem cada vez mais raros Bogadores ingleses" n$o / abusivo afirmar %ue este ser) at/" no plano da abordagem #ist*rica do Bogo" mais um triunfo do futebol latino do %ue do brit5nico Ou seBa" em compara!$o com o vel#o ciclo de domínio brit5nico dos anos >?<@?" o futebol inglês mant/m o espírito e paiH$o" mas mudou o estilo e o perfil t)ctico &este 7ltimo sentido" foram as ideologias t)cticas latinas cruzadas com o espírito inglês %ue o fizeram voltar a gan#ar 4urante longos anos a ol#ar de lado os discursos t)cticos do Rel#o Kontinente europeu" a Am/rica do Iul tamb/m se rendeu às mesmas tendências O pensamento t)ctico sobre o Bogo / #oBe muito mais elaborado 4esde .===" com a entrada de (asile" a Argentina converteu-se aos sistemas de três defesas Nunto do 2H6H2" variante mais ofensiva da mesma filosofia de Bogo" / a forma mais avan!ada de es%uematizar uma e%uipa A mais arriscada tamb/m" sobretudo %uando defronta um 6H6H0 com flancos activos" press$o alta e grande %ualidade t/cnica na posse e circula!$o de bola" %uer na elabora!$o como na finaliza!$o Kabe" nesse momento" ao treinador dos três defesas entender o novo combate t)ctico e meHer no seu Hadrez com ast7cia" individual e colectiva Ie o n$o fizer" o seu es%uema revolucion)rio" atacado nos seus pilares" desmorona-se como um castelo de cartas Foi o %ue sucedeu com a Argentina de PeDerman frente ao (rasil de Parreira na final da Ta!a das Konfedera!es em 0??8 Tal como noutra variante de %ual%uer sistema com defesa a :2:" o 2H6H.H0 de

PeDerman tem premissas din5mico-posicionais b)sicas das %uais depende a sua efic)cia em campo1 .1 A distribui!$o dos Bogadores" mesmo tendo em conta as inerentes bascula!es ou dobras" deve sempre manter" por todo o campo" um Bogo de tri5ngulos %ue permita as permanentes compensa!es posicionais %ue a maleabilidade do sistema eHige 01 &essa din5mica permanente" as dist5ncias entre-lin#as têm de ser sempre muito curtas para impedir o advers)rio de manobrar ou roubar a bola entre elas 4a efic)cia deste ponto depende a superioridade num/rica em cada sector A primeira lin#a de :2: do meio-campo nunca poder) afastar-se" a defender ou a atacar" mais de três-%uatro metros em rela!$o à lin#a de :2: defensiva Assim" o pressing alto / feito verticalmente e os rec7os s$o feitos basculando lin#as em direc!$o ao lado %ue ataca o advers)rio Foi o %ue nunca sucedeu frente ao din5mico 6H6H0 brasileiro" no %ual" astuto" Parreira inseriu a sua diab*lica lin#a de %uatro m/dios +dois volantes" Emerson-/ oberto" e dois enganc#es vagabundos" onaldin#o-Q)D), entre as duas lin#as recuadas argentinas" criando sucessivas rupturas" em velocidade e penetra!$o" no es%uema de PeDerman Para nunca ficar em inferioridade num/rica a defender" resgatando a cl)ssica lin#a de 6 defesas" o sistema pode ter duas variantes sem bola Ou recua um trinco para o eiHo defensivo e um central abre na lateral Ou recua um lateral e um central fec#a mais no meio  o %ue faz a Argentina" com o recuo do lateral anetti" flectindo Koloccini para o eiHo" s* %ue" nesse movimento" tem um ponto fraco na es%uerda" onde Iorin / um lateral aventureiro" indisciplinado t)ctico-posicionalmente a defender" n$o recuando a fec#ar" facto agravado por" neste torneio" PeDerman ter colocado um lateral es%uerdo adaptado a central" Pl)cente Konfundido" nunca descobriu o timing certo a fec#ar como a sair com a bola Foi" eHactamente" por esta faiHa" autêntico buraco negro na organiza!$o defensiva argentina" %ue furou o lateral direito brasileiro Kicin#o" criando sucessivos lances de golo  A atacar" o 2H6H.H0 argentino tem v)rios movimentos c#ave1 a subida em dese%uilíbrio dos laterais" embora nunca os dois ao mesmo tempo" as entradas de tr)s do enganc#e ofensivo +i%uelme, e as desmarca!es em ruptura dos flan%ueadores ou do segundo avan!ado +K/sar 4elgado, %uando recua nas costas do ponta de lan!a +Figueroa, Kom i%uelme desinspirado" perdeu-se" por/m" o elo de liga!$o com o ata%ue" onde Figueroa e 4elgado Bogam muito distantes Atento" Parreira colocou ent$o a lin#a intermedi)ria do seu 6H6H0 nas costas do meio-campo argentino" Q)D)-onaldin#o-/ oberto" apoiados pela subida de Kicin#o Kom isso" formou uma lin#a de %uatro criadores atacantes %ue passou a deter superioridade num/rica contra a descompensada lin#a argentina" %ue" com as subidas de Iorin" ficava apenas com dois m/dios de cobertura +Kambiasso-(ernardi," pois anetti recuava para a lin#a defensiva sempre %ue a e%uipa perdia a bola Kolocando o Bogo t)ctico-posicionalmente neste ponto" o (rasil atropelou a Argentina O início do segundo tempo foi demolidor" com sucessivas incorpora!es desde tr)s dos seus m/dios e laterais" sempre em ruptura" velocidade e superioridade num/rica frente à anar%uia argentina PeDerman tem" pois" de repensar o sistema ou" noutra perspectiva" os seus int/rpretes" para n$o perder" t$o facilmente" o controle de um Bogo frente a advers)rios fortes" em 6H6H0 ou suas variantes" como o (rasil de Parreira I$o" no

fundo" as luzes e sombras dos sistemas de 2H6H.H0 ou 2H2H2H." ao mesmo tempo o sistema mais avan!ado e arriscado de Bogar 3antendo sempre superioridade num/rica em todos os sectores" nunca podem perder a ocupa!$o racional e din5mica dos espa!os" desen#ando tri5ngulos sem bola e" depois" capacidade de triangular recuperada a sua posse Iem essas premissas" como eHplicaram onaldin#o" QaD)" Kicin#o e compan#ia" um 6H6H0 din5mico" veloz e inteligente faz do Bogo o %ue %uer stambul" 0??8 'm golo no primeiro minuto 2-? ao intervalo" e" mesmo assim" o 3ilan" perdeu a final da Liga dos Kampees Ancelotti controlou o Bogo durante @8 minutos" mas bastaram %uinze a (enitez para mudar o destino Komo / possível 4e início" a entrada de QeMell tentou aproveitar o espa!o vazio %ue" por vezes" se abre entre a defesa e o meio-campo italiano jtrinco incluído, com a aposta num  Bogador ofensivamente mais criativo atr)s de (aros Para isso" por/m" recuou Cerrard para volante" e o onze perdeu o motor no meio-campo-ata%ue 4urante o primeiro tempo" com o Bogo a fugir-l#e minuto ap*s minuto" (enitez manteve sempre o 6H6H.H." limitando-se a incutir maior din5mica posicional a cada posto Passa de um pressing :m/dio-baiHo: para um pressing alto" mas com isso s* consegue sofrer mais dois golos em contra-ata%ue  A reviravolta surge no regresso do balne)rio Ap*s passar três Bogos fec#ado na sua )rea" o Liverpool teve" por fim" de se eHpor ofensivamente e surge a surpresa1 sai um lateral direito +Finnan," passa a Bogar com defesa a :2: +Karrag#er-JJpiaTraore," m/dios ala +iise-Imicer, transformados em laterais ofensivos" Wabi  Alonso atr)s a fazer girar a bola e" como factor-c#ave" no corredor central" resgatou a distribui!$o e din5mica certa1 Cerrard adiantou-se para mais perto da )rea advers)ria e o gigante amman surgiu à frente da defesa como a 5ncora %ue segurou um %uase suicida sistema de três defesas &esta din5mica" o Liverpool voou durante .8 minutos e empatou o Bogo Posto isto" recuou lin#as e" embora n$o voltasse" como parecia prov)vel" à defesa a :6:" redesen#ando e%uilíbrios" passou" em vez de três defesas" a Bogar com 2 centrais e cinco defesas" 8H2H.H." pois os laterais-alas recuaram para sobretudo fec#ar a faiHa &o ata%ue" (aros ou Kiss/ passaram a ter s* o apoio do intermitente de Luis Carcia e at/ Cerrard" no prolongamento" fisicamente esgotado" passou a Bogar como defesa-direito &o corredor central" cortando" varrendo e fazendo a e%uipa respirar" estava a c#ave do sucesso1 amann A partir daí foram os italianos +Pirlo-Ieedorf-QaD)I#evec#enDo, com a bola e os ingleses com a alma" reentrinc#eirados na sua )rea" guardando as redes com um polaco milagreiro e saltitante na #ora dos penalties" 4udeD O Liverpool resgatava o estilo %ue o levara à final Para entender a%ueles .8 minutos de ventania" talvez s* com o sobrenatural e imaginar  os espíritos de I#anDlJ" PaisleJ e Fagan" empurrando-os" invisíveis" de reencontro à #ist*ria  Atenas" 0??> 'm dos mais vel#os ensinamentos do futebol diz %ue #) uma grande diferen!a entre atacar como o advers)rio espera e se preparou para resistir" e atacar pensando numa estrat/gia imprevisível %ue o force a reagir sem essa prepara!$o pr/via O 3ilan de Ancelotti tin#a activado por todo o campo as suas armadil#as de recupera!$o de bola" pelo %ue nunca tremeu %uando esta estava na posse do Liverpool Esperava %ue ela entrasse em zonas mais perigosas" soltava um dos seus c$es de guarda" Cattuso ou Ambrosini" eles

voavam no seu encal!o e comiam-na (enitez ter) pensado o mesmo com Wabi  Alonso e 3asc#erano Kom esta sintonia t)ctica" a final da K#ampions de 0??> tornou-se uma batal#a de recupera!es de bola A forma como um recuperador como Ambrosini roubou o protagonismo a QaD)" diz bem do ponto a %ue c#egou o futebol moderno nas grandes decises (astou à teia de (enitez fal#ar uma zona de press$o sobre Ieedorf" para o 3ilan" cinicamente" gan#ar um livre na entrada da )rea e fazer o golo &a segunda parte" talvez ten#a passado mais tempo a ol#ar para o banco do Liverpool do %ue para o relvado Em campo" o 3ilan devorava a bola Fora dele" (enitez continuava meio deitado sobre o banco com um papelin#o e uma caneta  A seu lado" uma girafa permanecia com as meias em baiHo A certo ponto"  Ancelotti tamb/m ol#ou para l) Ac#o %ue todo o Est)dio ol#ava A raz$o era simples e tin#a ."=@m Peter Krouc#" claro 4urante toda a /poca" virou de pernas para o ar muitos Bogos com o seu Beito inest/tico de atacar a bola" parecendo %ue se ia desmontar todo" %uando" de repente" inventava um movimento" fazia golo ou abria um espa!o decisivo na )rea advers)ria &$o seria o mesmo para as armadil#as defensivas de Ancelotti com Krouc# em campo (enitez n$o acompan#ou o pensamento do resto do Est)dio Krouc# Bogou apenas .0 minutos O suficiente para alterar as coordenadas de Bogo" fazer  Ancelotti meter um lateral %ue soubesse flectir para terceiro central +Qaladze," ainda fez um remate para uma grande defesa de 4ida" gan#ou bolas de cabe!a" assustou p)ssaros e defesas centrais" mas foi pouco tempo para mudar o curso do Bogo Ieria" no p*lo oposto do relvado" %ue uma ave de rapina em forma de ponta-de-lan!a decidiria a final numa zona de ningu/m" um curto espa!o de terreno %ue se estende verticalmente no campo e %ue se traduz numa imagin)ria lin#a de fronteira entre estar ou n$o estar em fora-de-Bogo &ingu/m se move nessa zona desmilitarizada com tanta ast7cia como nzag#i Esconde-se entre os marcadores e arranca no momento certo" brincando com a bandeira do fiscal-delin#a Foi assim %ue amea!ou na primeira parte Foi assim %ue decidiu no final da segunda 4e Krouc# a nzag#i" (enitez intelectualizou demasiado a estrat/gia e esfumou do Bogo o elemento %ue l#e poderia ter dado a sua nota mais imprevisível Kristiano onaldo fazia tremer Old Trafford O p7blico levantava-se eHcitado sempre %ue um deles arrancava com a bola" mas a 7nica vez %ue Ancelotti se ergueu decidido foi %uando Cattuso" o seu m/dio pica-pedra" caiu e fez sinal %ue n$o dava para continuar O futebol tem meios m)gicos de nos des lumbrar" mas entre Bogadores e treinadores eHiste outro mundo de emo!es" temores" receios e esperan!as" %ue escapam ao simples adepto  A partir desse momento" Ancelotti passou a maior parte do tempo em p/ gritando com (rocc#i" o substituto de Cattuso Pedia-l#e para encostar em onaldo" n$o perder os espa!os de marca!$o O facto de estar a Bogar mesmo perto de si" Bunto à lin#a" aBudou à tarefa A par do futebol dos g/nios" selvagem e maravil#oso" eHiste o futebol dos treinadores" racional e calculista En%uanto uns pensam em como devorar o Bogo" os outros pensam em como anular o advers)rio &o relvado" dois estilos" duas estrat/gias" duas grandes e%uipas O 3anc#ester Boga na%uela intensidade toda a /poca  a 7nica %ue faz sentido em nglaterra O 3ilan n$o A

Liga italiana tem altos e baiHos e #) Bogos em %ue o ritmo desce muito &o domingo anterior descansara toda a e%uipa Podia-se pensar %ue estaria mel#or fisicamente na parte final do Bogo Aconteceu o contr)rio Foi o 3anc#ester +sem fazer uma substitui!$o durante os =? minutos, a acabar o Bogo imprimindo um ritmo vertiginoso &o s)bado anterior Bogara %uase com a mesma e%uipa A capacidade de imprimir e manter uma intensidade alta de Bogo" depende muito dos #)bitos físicos e competitivos ad%uiridos O Bogo est) perto do fim e a 7ltima imagem %ue nos oferece / um longo sprint de um Bogador com 22 anos Ciggs 4e uma )rea à outra" contra-ata%ue" passe vertical perfeito e a c#uteira de ooneJ feita metral#adora para o golo da vit*ria 3anc#ester vive o futebol como fizesse parte da sua alma 3il$o sente o futebol como ele fosse um fato de gala ooneJ  Boga como um gladiador As arrancadas de onaldo s$o /picas QaD) / diferente Personifica a alta-costura de 3il$o 20 O 7ltimo Testamento Cordo" despenteado" de bermudas" sapatil#as" t-s#irt ro!ada" o andar desengon!ado e o ol#ar perdido  difícil teorizar sobre os sentimentos mas" para %uem ama o futebol" a imagem mais impressionante do 3undial 0??0 foi a c#egada de 3aradona ao Nap$o para assistir à Final 'ma eHpress$o indecifr)vel" escurecida pela tristeza &essa perturbante imagem condensava-se metaforicamente o estado a %ue" na alvorada do terceiro mil/nio" os frios economicistas levaram o futebol" #oBe completamente #ipotecado ao lucro e aos crit/rios financeiros Observando a #ist*ria dos 3undiais" eHistem três e%uipas %ue" reunindo a beleza com o bom futebol" têm um espa!o mítico reservado no meu cora!$o de apaiHonado pelo futebol belo e lend)rio1 a ungria de 86" a olanda de >6 e o (rasil de @0 Para mim" elas foram o apogeu m)Himo da alian!a futebolística entre o sagrado e o terreno" e" para tornar mais rom5ntica a sua aura" nen#uma delas gan#ou %ual%uer título Assim" para %uem ama o futebol" foi penoso assistir à final entre o (rasil e a Aleman#a nesse ano Onde estava a famosa magia sulamericana sublimada por Carrinc#a" Pel/ ou ico Para onde teria fugido a imperial t/cnica musculada alem$" antes obra de (ecDenbauer" (reitner ou 3att#aus O (rasil / pentacampe$o" mas estes seus dois 7ltimos títulos nada têm a ver com a divinal #ist*ria do seu futebol Para ad%uirir a sua verdadeira dimens$o" o futebol actual" mais do %ue nunca" tem de se refugiar nos mitos do passado 3aradona c#egava depois de durante meses as autoridades Baponesas l#e terem impedido a entrada devido aos seus vel#os problemas com a droga Pouco importava %ue ele fosse o maior Bogador do mundo de todos os tempos" o pibe %ue os deslumbrou no 3undial de Nuniores em >=" ou a 7nica prova" para os agn*sticos %ue gostam de futebol" de %ue 4eus eHiste &$o sei %ue m7sica escutaria nos #eadp#ones %ue trazia" mas talvez s* s * a nostalgia do Tango" Tango" :essa emo!$o %ue se dan!a:" poderia decorar com precis$o esse momento  um erro pensar %ue o futuro apenas glorifi%ue os vencedores Ainda #oBe" KruJff diz %ue n$o trocaria todos os elogios recebidos em >6 pelo título em si" a mem*ria de PusDas sobrepe-se a todos os campees germ5nicos de 86 e a fama de Eus/bio

ofusca totalmente urst" autor de três golos na final de 99 Todos Todos eles" tal como 3aradona" foram rebeldes" cada um no seu estilo" na #ist*ria do futebol mundial Por isso" nunca como #oBe fez sentido aplicar ao futebol uma vel#a frase de Qevin Patterson segundo a %ual :todo o mundo admira os rebeldes e deseBa sempre %ue eles alcancem algo mais nobre do %ue a simples rebeldia: Es%uecem-se" por/m" %ue" finda a era de 3aradona" B) n$o eHistem mais rebeldes no mundo do futebol Futebol" futebol e futebol &ovo e vel#o Uuando as revolu!es faziam sentido" o futebol era como uma fronteira de liberdade oBe" as revolu!es s$o privadas" os adeptos transformaram-se em clientes e os sentimentos em sociedades an*nimas Os espa!os das emo!es têm cada vez mais dificuldade em encontrar abrigo Komo conta Ianfilippo" vel#o goleador argentino" em Futebol" o sol e sombra" sobre o dia em %ue" nost)lgico" decidiu voltar a um vel#o Est)dio para contar a um amigo como fizera o golo da sua vida Ao c#egar ao local" por/m" constatou %ue o campo fora demolido e l) erguera-se mais um #ipermercado Karrefour Em silêncio" entrou e passou ent$o a narrar1 :A baliza era a;" assinalando as caiHas para pagar :4isse a Kapdevilla para me meter a bola a%ui" apontando para uma pil#a de frascos de maionese A bola caiu atr)s dos defesas" saltei para ali onde est) o arroz" vêsG Aponta o local e salta para l) como um coel#o" :deiHei-apinc#ar  e todo no ar rematei de es%uerda: Ent$o" todos ol#aram para as caiHas" onde estava a baliza #) 6? anos" e B) conseguiam imaginar a bola a entrar no 5ngulo" mesmo Bunto de onde estavam as pil#as para r)dios Ianfilippo ergue os bra!os para festeBar Os clientes e funcion)rios eHplodem num n um aplauso fren/tico Ac#o esta #ist*ria divinal O plano t)ctico %ue domina #oBe o futebol tem esconderiBos profundos Iete
recupera!$o" faiHas sempre completas" controlo dos diferentes ritmos de Bogo e mudan!as de velocidade no contra-ata%ue" %uase sempre em triangula!es e to%ues curtos Enzo (earzot" o t/cnico italiano %ue tamb/m se sagrara campe$o do mundo 06 anos atr)s" em @0" disse um dia %ue se o futebol fosse m7sica" seria  Bazz" a arte da improvisa!$o Uuando disse isso n$o ter)" no entanto" reflectido muito sobre o Bogo italiano &en#um movimento / por acaso Tudo obedece a um rigoroso plano pr/concebido Para muitos" o futebol at/ pode ser um desporto Para os italianos" / uma ciência 3as" onde cabe um poeta da bola neste cen)rio Uuatro anos depois da alucina!$o de 3aradona outra imagem devorou o 3undial 0??9 Tem Tem um ar romanticamente r omanticamente triste Noga com uma eleg5ncia imperial" mas" mesmo nos lances mais artísticos ou no golo mais bonito" raramente esbo!a mais do %ue um t/nue sorriso de Cioconda  inedine idane O 7ltimo Bogador à moda antiga Rer Bogar i-zou" seguindo-l#e todos os passos pelo relvado" mesmo %uando a bola est) longe" buscando decifrar a sua eHpress$o ou o segredo dos seus mais pe%uenos ti%ues e to%ues" / um eHercício est/tico de grande beleza pl)stica e" ao mesmo tempo" perturbante para %ual%uer adepto do belo futebol Poucos Bogadores" em toda a #ist*ria" desde s/culos passados" ter$o tido um porte t$o altivo e elegante como o de mestre izou 'm perfil eHtra-terrestre" %ue ter) um dia aterrado nas trevas nocturnas de um bos%ue gaulês e" desde aí" se dedicou a estudar como os terr)%ueos Bogam futebol E" vendo bem" n$o #)" de facto" muitas razes para sorrir" tal a forma como o dito futebol moderno se tornou prisioneiro da t)ctica e da disciplina dos sistemas" encurralando neles alguns dos seus maiores artistas ) algo de ir*nico nesta forma de Bogar Pisa a relva como se fosse veludo As gotas de suor %ue escorrem pela sua cara" a careca %ue bril#a nas noites estreladas" parecem revelar um Bogador de outras eras" outro tempo" outro ritmo" outro mundo idane permanece eternamente como um símbolo de um futebol t/cnico" elegante e eficaz %ue" com o passar dos anos" se nos escapou das m$os como areia fina por entre os dedos &um instante o mago gaulês perdeu a cabe!a A provoca!$o de 3aterazzi ter) sido revoltante" violenta" mas o seu 7ltimo gesto dentro de um relvado en%uanto futebolista profissional amea!a devorar-l#e toda a carreira 'm final de brutal intensidade" perfeito" por/m" para escrever um romance sobre a decadência est/tica e artística do futebol moderno Para a eternidade" fica a 7ltima imagem ao abandonar o campo Passos lentos" cabe!a em baiHo" o suor escorrendo pela face paralisada" passando ao lado da Ta!a Ta!a do 3undo" at/ a sua careca desaparecer pelas escadas do t7nel ) algo de perturbante em tudo isto omanticamente grandioso" at/ 'm momento sublime %ue transporta muito de metaf*rico idane era grande demais para caber no triste futebol %ue se pratica no presente Por isso" em vez da foto com a Ta!a do 3undo ou a subida ao p*dio para receber a medal#a de finalista vencido" partiu com um gesto %ue simboliza todo o desprezo %ue sente pelo ponto a onde ele c#egou )" por isso" algo de romanticamente belo na tristeza do seu futebol" na brutalidade da sua despedida" na gl*ria do penaltJ marcado em c#ap/u e na decadência do 7ltimo gesto Komo um poema de amor n$o correspondido

(ibliografía ola 3ister" AleBandro Icopelli" AC Escorial" .=>? La intimidad del f7tbol" Angel Kapa" Tercera Prensa - irugarren Prensa I L" .==9 ^ El f7tbol donde est)" Angel Kappa" Ediciones del Futbolista" 0??6 La ona en el f7tbol" a7l Kaneda P/rez" ;anceulen Editorial e Lib/ria deportiva" IL" .=== (ancada de mprensa" Ritor Iantos" Edi!es A (ola" .=9@ Raldano" IueYos de F7tbol" Karmelo 3artin" El País Aguilar" .==6 Living to PlaJ" from soccer slaves to socceratti" No#n arding e Cordon TaJloir" obson booDs" 0??2 K#apman" Football Emeperor" Itep#en Itudd" Iouvenir Press" .= =@ Eu sou El 4iego" 4iego 3aradona" Oficina do Livro" 0??. Onze Kontos de Futebol" Kamilo Nos/ Kela" Edi!es Asa" .==6 3e Custa El F7tbol" No#n KruJff" La 3agrana" 0??0 T#e IundaJ Times lustrated istorJ of Football" K#ris &aMrat e Iteve utc#ings" amlJn" .==6 Obrigado Eus/bio" No$o 3al#eiro" Estar Editora Ltda" .==@ .?? Ani del Kampionati di Kalcio" Luca Cianelli" IcramaBaH Edizioni" . ==> El F7tbol de 3oc#el" Nos/ 3iguel Conzalez" Pearson Educaci*n" 0??0 3undiais >6" No#an KruJff" Liber Editora" .=>8 Liderazgo" Nuan 3atteo e Norge Raldano" El País Aguilar" .=== 3ourin#o" Por%uê tantas vit*rias" ( Oliveira" &Amieiro" & esende"  (arreto" Cradiva" 0??9 Estrela Iolit)ria" 'm brasileiro c#amado Carrinc#a" uJ Kastro" Kompan#ia das Letras" .==8 PaJs du Foot" 'ne Passion et des stJles" Astolfo Kagnacci" Editions Autrement" .==@ Pedro to" o 3estre" Alfredo (arbosa" .==@ Football T/cnica e T)ctica" K5ndido de Oliveira" edi!$o de autor  ;3" A Evolu!$o da t)ctica no Football" K5ndido de Oliveira" edi!$o de autor  Los Kuadernos de Raldano" Norge Raldano" El País Aguilar" .==>  As t)cticas do futebol" Luiz 3endes" Editora Tecnosprint IA" .=>@ (ill I#anDlJ" T#e (iograp#J" Itep#an F QellJ" Rirgin Publis#ing Ltda" .==@ PeJroteo" 3em*rias" Edi!$o de autor  aul" El Futuro" Luís RielareBo e Karlos (onelli" El País Aguilar" .==9 'ne Iicle de Football" Nean P#illipe (ouc#ard e Alain Konstant" Kal-mann LevJ" .==@ Larousse du Football" Eugene Iaccomano" Larousse (ordas" .==@ Os 3agos do Futebol" Luís Freitas Lobo" (ertrand" 0??0 O Almana%ue do Futebol (rasileiro" 3arco Aur/lio Qlein e I/rgio Audinino" .==@ El Futbol a sol J sombra" Eduardo Calean" Iiglo Reintiuno de Espana editores IA" .==8 Futbol sin Trampa" 3enotti e Kappa" Perfil" .=@9  mprensa