UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE ARTES
LEONARDO DOS SANTOS
O ESTILO DE IMPROVISAÇÃO DE EDDY PALERMO: TRANSCRIÇÃO E ANÁLISE
PONTA GROSSA 2014
LEONARDO DOS SANTOS
O ESTILO DE IMPROVISAÇÃO DE EDDY PALERMO: TRANSCRIÇÃO E ANÁLISE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para a obtenção do título de Licenciado em Música na Universidade Estadual de Ponta Grossa, Área de Ciências Humanas, Letras e Artes. Orientador: Prof. Me. Rogério Bergold
PONTA GROSSA 2014
LEONARDO DOS SANTOS
O ESTILO DE IMRPOVISAÇÃO DE EDDY PALERMO: TRANSCRIÇÃO E ANÁLISE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para a obtenção do título de Licenciado em Música na Universidade Estadual de Ponta Grossa, Área de Ciências Humanas, Letras e Artes.
Ponta Grossa, _______ de ____________________ ____________________ de _______.
Prof. Ms. Rogério Bergold- Orientador Mestre em Musicologia Universidade Estadual de Ponta Grossa
Emmanuel Bach Camargo Técnico em Performance Berklee College of Music
Prof. Ms. Felipe Augusto Vieira da Silva Mestre em Música Universidade Federal do Paraná
RESUMO Através de algumas transcrições dos improvisos do guitarrista italiano Eddy Palermo, presentes no CD Bossa Jam Session, tentou-se identificar os principais elementos que ele utiliza para construção de seus improvisos. Esses elementos foram conceituados e exemplificados durante o trabalho.
Palavras-chave: Eddy Palermo. Bossa Jam Session . Improvisação. Transcrição. Análise.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1
- Aproximações em notas do acorde ........................ ...................... 12
FIGURA 2
- Aproximações em notas de tensão ........................... ...................
FIGURA 3
- Aproximações de tensões de superposições ...................... ......... 12
FIGURA 4
- Aproximações de aproximações .......................... ........................
13
FIGURA 5
- Exemplos de aproximações com notas cromáticas .....................
13
FIGURA 6
- Exemplo de aproximações com notas diatônicas ..................... ... 14
FIGURA 7
- Exemplos de aproximações cromáticas em notas do acorde usadas por Eddy (EX.1 a-i) ......................... ................................... ................... ................
12
15
FIGURA 8
- Exemplos de Aproximações cromáticas em notas de tensão usadas por Eddy (Ex. 2 a-i) ......................... ................................... ................... ................ 17
FIGURA 9
- Exemplos de superposição de arpejo em acordes do tipo x7M e xm7 usadas por Eddy (Ex. 3 a-l) ....................................... ................ ....................... .............
22
FIGURA 10
- Exemplos de superposição de arpejo em acorde do tipo 7(dominante) usadas por Eddy (Ex. 4 a-t) ..................................... 25
FIGURA 11
- Exemplos Exemplos de superposição de arpejos em acordes do tipo diminuto usadas por Eddy (Ex. 5 a-b) ...................... ......................
29
FIGURA 12
- Acordes e suas principais escalas 1 ...................... ......................
30
FIGURA 13
- Acordes e suas principais escalas 2 ...................... ......................
31
FIGURA 14
- Exemplos Exemplos de de escala escala maior sem sem quarto quarto grau grau usada por Eddy (Ex. 6 a-g) .............................................. ..................... ......................... ........................... .............. 32
FIGURA 15
- Exemplos de escala menor sem 13 usada por Eddy (Ex. 7 a-c) .
FIGURA 16
- Exemplos de escala menor melódica usada por Eddy (Ex. 8 a-c) 34
FIGURA 17
- Exemplos Exemplos de escala mixolídia e suas suas variações usadas por Eddy (Ex. 9 a-e) ........................ ............................. ......................... ................ ......... 34
FIGURA 18
- Escala diminuta (tom-semitom) ........................... ........................
FIGURA 19
- Escala diminuta (semitom-tom) ........................ ......................... ... 36
FIGURA 20
- Exemplos Exemplos de escala dominante diminuta usada por Eddy (Ex. 10 a-b) .............................................. ..................... ......................... ........................... ...................
33
36
36
FIGURA 21
- Escala alterada ....................... ............................. ......................... 37
FIGURA 22
- Exemplos de escala alterada usada por Eddy (Ex. 11 a-c) .........
FIGURA 23
- Escala Blues ........................... ............................. ......................... 38
FIGURA 24
-
FIGURA 25
- Exemplos de escala cromática usada por Eddy (Ex. 13 a-h) ....... 38
QUADRO 1
- Superposições Superposições de arpejos arpejos em acordes acordes do tipo: x7M, x7M, xm7, xm7, xm7(b5) e x° ............................................ ................... ......................... ............................. ..........
37
Exemplos de escala Blues usada por Eddy (Ex. (Ex. 12 a-d) ............. 38
20
QUADRO 2
- Superposições de arpejos em acorde do tipo x7 (dominante) ..... 21
QUADRO 3
- Algumas Algumas superposições usadas por Eddy Palermo em acordes do tipo 7M e m7 .............................................................................................. 22
QUADRO 4
- Algumas Algumas superposição superposição de arpejos arpejos usadas por Eddy Palermo em acordes do tipo 7 (dominante) ...................... ............................. ..... 25
SUMÁRIO
1
Introdução.................................................................................................
7
2 2.1 2.2
Pressupostos teóricos............................................................................. Revisão de Literatura......................... Literatura.................................................... ........................... ............................. .................. ........... Improvisação............................................................. Improvisação................................. ............................ .................. ...............
8 8 9
3 3.1 3.1.1 3.1.2 3.1.2.1 3.1.3
Transcrição e Análise.............................................................................. 11 Itens Analisados................................ Analisados........................................................... ........................... ........................... ... 12 Aproximações Cromáticas (Approaches).................................... ............... 12 Superposição de Arpejos......................... ....................... ........................... 20 Superposições em Eddy Palermo..................... ......................... ................ 22 Relação Escala/Acorde ........................ ........................... .......................... 30
4 Conclusão................................................................................................. Referências............................................................................................................. Discografia.............................................................................................................. Apêndice-SolosTrancritos.....................................................................................
41 42 43 44
7
1. Introdução
O trabalho aqui apresentado tem a finalidade f inalidade de analisar alguns recursos utilizados pelo guitarrista italiano Eddy Palermo em seus improvisos. Para isso foram transcritos 6 solos presentes no CD Bossa Jam Session, gravado em parceria com o músico brasileiro Roberto Menescal. A escolha por esse guitarrista guitarrista é uma tentativa de entender entender um pouco a abordagem que um músico de outro país tem quando improvisa sobre a música brasileira, pois o CD conta com vários clássicos da Bossa Nova como: Eu sei que vou te amar, Samba de Verão, O barquinho etc. barquinho etc. Através da análise das transcrições foi possível identificar identificar alguns elementos que apareceram com maior frequência, esses elementos estão presentes no Capítulo 3, onde serão conceituados e exemplificados. No Capítulo 2 temos algumas definições de improvisação e uma breve revisão de literatura, onde elenco alguns trabalhos que colaboraram para a concretização dessa pesquisa. Finalizando com o Capítulo 4 onde se encontra as considerações finais e um Apêndice com as 6 transcrições transcrições completas.
8
2. Pressupostos Teóricos Teóricos
2.2. Revisão de literatura
Para a concretização desta pesquisa foi necessário buscar trabalhos que envolvessem a mesma temática, ou seja, transcrição e análise de improvisação. Existem vários trabalhos sobre este assunto, principalmente fora do Brasil, mas minha busca foi por aqueles que tratassem da improvisação dentro da música brasileira. Sendo assim, resumo agora alguns trabalhos que de alguma forma contribuíram para a realização desta pesquisa, sobre o estilo de improvisação de Eddy Palermo. Presta (2004) transcreveu 59 músicas de 6 discos do guitarrista Olmir Stocker (conhecido com Alemão) para definir seu estilo de improvisação mas principalmente sua maneira de compor, pois foram transpostos tanto os improvisos como as músicas em si destes destes 6 discos. discos. Silva (2009) fez a transcrição de 25 solos do saxofonista Vinícius Dorin gravados entre 1990 e 2005 em takes de estúdio, com o objetivo de esclarecer a mudança da improvisação de Dorin após sua entrada no grupo de Hermeto Pascoal que ocorreu em 1993. Pellet (2008) transcreveu a versão da música Mulher Rendeira gravada pelo guitarrista Hélio Delmiro esclarecendo os recursos utilizados na construção de seu solo, como relação escala/acorde, sobreposição de arpejos, improvisação motívica, cromatismo. Visconti (2005) utilizou outra fonte para as transcrições que foi uma vídeo aula do guitarrista Heraldo do Monte de onde foram retirados 3 de seus improvisos e ainda
4 transcrições de 4 músicas de diferentes CD´s de Heraldo Heraldo do Monte,
tentando mostrar a colaboração deste guitarrista para a construção do vocabulário da guitarra brasileira. Prandini (1996) analisou as improvisações de Hermeto Pascoal em algumas músicas gravadas entre 1985 e 1992, definindo a metodologia da transcrição da seguinte forma: transcrição do tema, análise harmônica do tema, audições repetidas do solo improvisado, transcrições (nota a nota) do solo improvisado para a partitura computadorizada, sequenciamento digital do solo no computador, execução no
9
computador do solo transcrito simultaneamente ao disco para checagem e correção do material, análise do solo conclusões. Silva (2011) transcreveu todas as músicas do CD O Som do saxofonista João Theodoro Meirelles um dos fundadores do estilo samba-jazz e separou os elementos recorrentes em seus improvisos como: sequência, repetição, padrão escalar e de digitação, arpejos, escalas pentatônicas, cromatismo, enclosure, ornamentações e quartas. Através da leitura desses trabalhos foi possível direcionar os objetivos da minha pesquisa, eles também serviram como modelo de como estruturar o mesmo e indicaram alguns elementos que seriam mais relevantes em analisar.
2.1 Improvisação
A improvisação musical é uma manifestação que ocorreu em diversos períodos da história da música, e diferente de um compositor que tem todo tempo disponível para compor um minuto de música, o improvisador cria um minuto de música dentro de um minuto de música, sendo classificada como composição extemporânea1 por Collura (2008, p. 8): A improvisação pode ser definida como a arte de criar algo no momento, portanto, em tempo limitado, com um material também limitado. Esse processo implica a necessidade de tomar decisões certas para criar algo que funcione naquele instante. De certa forma, a improvisação pode ser definida como uma composição extemporânea.
Muitos músicos relacionam a improvisação a um "dom", e sabemos que as ferramentas para sua construção podem ser aprendidas, porém dominar as técnicas não garante um resultado final satisfatório musicalmente sendo necessários diversos itens
como:
domínio
técnico
do
instrumento,
conhecimento
teórico
sobre
improvisação (relação escala/acorde, reharmonização, sobreposição, criação de motivos etc.), ouvir e transcrever o estilo que se quer improvisar, criatividade etc.
1
Esse termo é utilizado exclusivamente por Collura, significando uma composição instantânea, ou seja, criada no momento.
10
Como disse, precisamos das regras, mas não podemos nos prender somente a elas como afirma Aebersold afirma Aebersold (1967, (1967, p. 26): Aprenda as regras e depois trate de rompê-las. Certifique-se de apre ndê-las direito, se não quando você decidir rompê-las os outros vão pensar que você nunca soube que elas existiam.
Ainda na busca de conceituar o que é improvisação, Bob Taylor (2000, p. 4) faz três breves definições em seu livro “The “ The art of Jazz Improvisation” Improvisation” sobre a improvisação no Jazz :
Definição A: Improvisação no Jazz é composição e execução simultâneas. Definição B: Improvisação no Jazz é é a escolha de notas que se encaixam nos acordes.
Definição C: Improvisação no Jazz é é uma comunicação através da música. Ainda neste livro Bob Taylor (2000, (2000, p. 2) cita alguns elementos que servem de base para o desenvolvimento da improvisação que são: melodia, ritmo, expressão, desenvolvimento, progressões de acordes, performance e análise. E elenca também alguns pré-requisitos que ajudam o músico a desenvolver suas ideias na improvisação que são: boa leitura musical, domínio de escalas e arpejos, som e técnica do seu instrumento, reconhecimento de intervalos e treinamento auditivo, vontade de sempre aprender mais sobre improvisação.
11
3. Transcrição e Análise Análise
Para a análise foram transcritos 6 solos improvisados 2 do guitarrista Eddy Palermo (ITA), presentes no CD Bossa Jam Session Session (2003) gravado em parceria com Roberto Menescal. Os solos foram retirados das músicas: A rã; Bye bye Brasil; Samba de verão; Só danço samba; Eu sei que vou te amar e O barquinho . Este CD conta com 13 músicas sendo que algumas são arranjos para guitarra solo, mas o foco principal das análises foi as as músicas que apresentavam a forma “tema“tema improvisação- tema”, o que é muito comum no Jazz e também está presente na música brasileira. Por ser Eddy Palermo um músico com linguagem jazzística, linguagem jazzística, foi utilizado para o apoio das análises alguns dos materiais que buscam sistematizar alguns recursos utilizados pelos músicos de Jazz, como: “New “New York Guitar Method. Volume 2” de Bruce Arnold (2005); (2005); “How to Play Bebop. Vol ll” de David Baker (1978); “ How How To Improvise: an approac h to practicing improvisation” de Hal Crook (1991); “Elements of the Jazz Language for the developing improviser” de Jerry Coker (1991). O uso desses materiais se fez necessário para conceituar alguns elementos encontrados e analisados durante o trabalho que são: Aproximações Cromáticas, Relação Escala/Acorde e Superposição de Arpejos. Após analisar os solos transcritos foi identificado o uso mais frequente de alguns elementos que serão conceituados e exemplificados em (item 3.1) itens
analisados, sendo esses elementos o eixo principal na construção dos improvisos transcritos de Eddy.
2
Solos que não são escritos, sendo elaborados de forma simultânea com a música.
12
3. 1. Itens Analisados
3.1.1 Aproximações Cromáticas (Approaches)
De acordo com Arnold (2005, p. 15) “aproximações cromáticas são s ão notas cromáticas ou diatônicas que resolvem em uma nota alvo. Estas notas alvo podem ser notas do acorde ou tensões”. O uso de aproximações cromáticas é uma das características na construção de melodias no Jazz. Essas aproximações podem ser classificadas em quatro categorias, exemplificadas a seguir nas figuras 1,2,3 e 4 (os exemplos são de minha autoria, onde as aproximações estão circuladas, e as notas alvo entre parênteses, padrão esse que será seguido nos exemplos seguintes deste item):
1. Notas do acorde
FIGURA 1 – 1 – Aproximações Aproximações em notas do acorde
2. Tensões
FIGURA 2 – 2 – Aproximações Aproximações em notas de tensão
3. Tensões de superposições
FIGURA 3 – 3 – Aproximações Aproximações de tensões de superposições
4. Outras aproximações
13
FIGURA 4 – 4 – Aproximações Aproximações de aproximações
Abaixo segue duas figuras com os possíveis tipos de aproximações aproximações que podemos encontrar, tanto cromática como diatônica:
FIGURA 5 – Exemplos de aproximações com notas cromáticas Fonte: Arnold (2005, p. 17)
14
FIGURA 6 - Exemplos de aproximações com notas diatônicas Fonte: Arnold (2005, p. 18)
15
Através das transcrições dos improvisos de Eddy Palermo ficou claro o uso das aproximações cromáticas em diversas situações diferentes e de maneira consciente, baseando seus improvisos nessa técnica. Geralmente Eddy opta que suas notas alvo sejam notas do acorde como mostra os exemplos3:
Exemplo 1: Aproximações cromáticas em notas do acorde
a) A rã, rã, compasso 18:
b) A rã, rã, compasso 6:
c) Bye bye Brasil , , compasso 1:
d) Só danço samba, samba, compasso 9:
e) Samba de verão, verão, compasso 21:
3
Cada exemplo presente neste trabalho vem acompanhado de sua respectiva figura, composta por tr echos retirados das transcrições e organizados em ordem alfabética, podendo se estender por mais de uma página.
16
f) Samba de verão, verão, compasso 25:
g) O barquinho, barquinho, compasso 11:
h) Eu sei que vou te amar , compasso 1:
i)
Eu sei que vou te amar , compasso 6:
j) Eu sei que vou te amar , compasso 17:
k) Eu sei que vou te amar, compasso amar, compasso 20:
17
l)
Eu sei que vou te amar , compasso 24:
FIGURA 7 – 7 – Exemplos Exemplos de aproximações cromáticas em notas do acorde usadas por Eddy
Também foram identificados alguns casos de aproximações em tensões, mas em menor número do que as aproximações em notas do acorde.
Exemplo 2: Aproximações cromáticas em tensões
a) A rã, rã, compasso 31:
b) A rã, rã, compasso 22:
c) A rã, rã, compasso 20:
18
d) O barquinho, barquinho, compasso 30:
e) O barquinho, barquinho, compasso 36:
f) Só danço samba, samba, compasso 25:
g) Só danço samba, samba, compasso 31:
h) Samba de verão, verão, compasso 11:
i) Bye bye Brasil , compasso 17:
19
FIGURA 8 – 8 – Exemplos Exemplos de Aproximações cromáticas em notas de tensão usadas por Eddy
20
3.1.2 Superposição de arpejos
Arpejo é a execução melódica4 das notas do acorde. Superposição de arpejos é uma técnica com a qual, para tocarmos o arpejo do acorde com notas de tensão fazemos superposição de um arpejo de tríade ou tétrade sobre um acorde para obtermos como resultado as notas de tensão (FARIA, 1999, p. 40). O quadro a seguir mostra as principais superposições e seus relativos resultados, sobre acordes do tipo x7M, xm7, xm7(b5) e x°. As superposições sobre acordes do tipo x7(dominante) será demonstrada em um quadro separado, pelo grande número de superposições aceitáveis.
QUADRO 1 – 1 – Superposições Superposições de arpejos em acordes do tipo: x7M, xm7, xm7(b5) e x° 4
Execução sucessiva das notas,e não simultâneas como no acorde.
21
Quadro de superposições sobre acordes dominantes.
QUADRO 2 – 2 – Superposições Superposições de arpejos em acorde do tipo x7 (dominante)
22
3.1.2.1 Superposições em Eddy Palermo
Após a análise dos solos de Eddy Palermo observamos a predominância do uso de arpejos de tons vizinhos principalmente em acordes do tipo 7M e m7, o que resulta em poucas tensões por superposição, pois a maioria das notas superpostas já está presente no acorde de de origem como mostra o quadro quadro a seguir:
QUADRO 3 - Algumas superposições usadas por Eddy Palermo em acordes do tipo 7M e m7.
Para deixar mais claro o uso das superposições por Eddy Palermo coloco aqui alguns exemplos retirados das transcrições: tr anscrições:
Exemplo 3: Superposições de arpejos em acordes do tipo 7M e m7: a)
A rã, rã, compasso 13:
Ab7M
b)
A rã, rã, compasso 17:
Am7
c)
F7M
A rã, compasso rã, compasso 27:
23
F7M
Am7
d)
Bye bye Brasil , compasso 4:
G7M
e)
Bye bye Brasil , compasso 19:
Bm77
f)
G7M
Bye bye Brasil, compasso Brasil, compasso 27:
D7M
g)
Bye bye Brasil, compasso Brasil, compasso 35:
G7M
Gm(7M)
24
h)
Bye bye Brasil, compasso Brasil, compasso 49:
A#m7
I)
F#7M
Eu sei que vou te amar, compasso 10:
C7M
Am
J) Eu sei que vou te amar, compasso 18:
E
k) O barquinho, compasso 9:
Cm7
l) O barquinho, compasso 21:
Dm7 FIGURA 9 – 9 – Exemplos Exemplos de superposição de arpejo em acordes do tipo x7M e xm7 usadas por Eddy
Sobre acordes do tipo dominante vemos um número maior de superposições diferentes utilizadas por Eddy, mas geralmente ele se utiliza do mesmo recurso, que
25
é a superposição de um arpejo diminuto partindo da terça maior do acorde dominante, ou seja, sobre um acorde de E7 (E-G#-B-D) ele utiliza o arpejo diminuto de G#(G#-B-D-F) gerando uma tensão de b9. Abaixo um quadro com as superposições utilizadas por Eddy sobre acordes dominantes encontradas nas transcrições:
QUADRO 4 – 4 – Algumas Algumas superposição de arpejos usadas por Eddy Palermo em acordes do tipo 7 (dominante)
Em seguida os exemplos retirados das transcrições, mostrando como Eddy utiliza a superposição de arpejo, sobre os acordes do tipo dominante:
Exemplo 4: Superposições de arpejos em acordes do tipo 7 (dominante):
a)
A rã, rã, compasso 44;
C#°
b)
A rã, rã, compasso 8;
Dm7
c)
A rã, rã, compasso 15;
26
D
d)
Bye bye Brasil , compasso 1;
D#°
e)
Bye bye Brasil , compasso 14;
B
f)
Bye bye Brasil , compasso 24:
Am7
g)
Bye bye Brasil , compasso 29:
G7M
h)
A7M
Cm7(b5)
Bye bye Brasil , compasso 40:
C#°
27
G
i)
Cm7
Eu sei que vou te amar , compasso 2:
Bm7(b5)
j)
Eu sei que vou te amar, compassos amar, compassos 10, 13 e 14:
C7M
k)
E7M(#5)
Eu sei que vou te amar , compasso 22:
G#°
l)
Eu sei que vou te amar , compasso 24:
A#°
m)
Eu sei que vou te amar , compasso 35:
A°
n)
O barquinho, compasso 12:
28
B°
o)
O barquinho, barquinho, compasso 24:
C#°
p)
O barquinho, barquinho, compassos 32 e 34:
Ebm
q)
C#°
Samba de verão, verão, compasso 6:
Em
r)
Samba de verão, verão, compasso 29:
C#°
s)
Só danço samba, samba, compasso 13:
D
t)
Só danço samba, samba, compasso 30:
29
Bm7 FIGURA 10 – 10 – Exemplos Exemplos de superposição de arpejo em acorde do tipo 7(dominante) usadas por Eddy
Analisando as transcrições transcrições não foi detectado o uso uso de arpejos sobre acordes do tipo m7(b5) e em poucos casos ele usou arpejos sobre acordes diminutos, sendo geralmente o arpejo do próprio acorde. Como mostra os exemplos a seguir:
Exemplo 5: Superposições de arpejos em acordes diminutos:
a) Eu sei que vou te amar, amar, compassos 5 e 6:
D#°
b) Eu sei que vou te amar, amar, compasso 31:
C#° FIGURA 11 – 11 – Exemplos Exemplos de superposição de arpejos em acordes do tipo diminuto usadas por Eddy
30
3.1.3 Relação Escala/Acorde
Neste item será analisada a utilização das escalas por Eddy Palermo. Todas as definições das escalas utilizadas nesse item foram baseadas no livro: “ Escalas Escalas para improvisação improvisação”” de Luciano Alves. Mais do que sequências ascendentes ou descendentes de notas, as escalas são grupos de determinadas notas disponíveis, que geram sonoridades características e podem ser agrupadas de várias formas a gerar certos padrões. A seguir um quadro com os tipos de acordes e suas principais escalas: escalas:
FIGURA 12 – Acordes e suas principais escalas 1 Fonte : Alves (1998, p. 14)
31
FIGURA 13 – 13 – Acordes Acordes e suas principais escalas 2 Fonte: Alves (1998, p. 15)
Sobre os acordes maiores Eddy geralmente utiliza a escala maior e diversas vezes ele omite o quarto grau, que dentro da escala maior é uma nota a ser evitada por antecipar a função seguinte. A seguir exemplos de Eddy usando a escala maior sem o quarto grau:
32
Exemplo 6: Escala maior sem quarto grau sobre acordes maiores:
a) Bye bye Brasil , compasso 21 (Escala B maior):
b) Eu sei que vou te amar , compasso 9 (Escala C maior):
c) Eu sei que vou te amar , compasso 16 (Escala F maior):
d) O barquinho, barquinho, compasso 2 (Escala C maior):
e) O barquinho, barquinho, compasso 5 (Escala Bb maior):
f) Samba de verão, verão, compasso 4 (Escala G maior):
33
g) Samba de verão, verão, compasso 8 (Escala C maior):
FIGURA 14 – 14 – Exemplos Exemplos de escala maior sem quarto grau usada por Eddy
Sobre os acordes menores Eddy utiliza o mesmo raciocínio em relação a omitir notas evitadas, que no caso dos acordes menores é a 13. Os trechos a seguir exemplificam essa abordagem:
Exemplo 7: Escala menor sem 13 sobre acordes menores:
a) A rã, rã, compasso 3 (Escala D menor):
b) Eu sei que vou te amar , compasso 33 (Escala C menor):
c) Só danço samba, samba, compasso 23 (Escala B menor):
FIGURA 15 – 15 – Exemplos Exemplos de escala menor sem 13 usada por Eddy
Também foi identificado sobre os acordes menores o uso da escala menor melódica, que possui o sexto e o sétimo grau elevados em um semitom.
34
Exemplo 8: Escala menor melódica sobre acordes menores: a) Eu sei que vou te amar , compasso 8 (Escala D menor m enor melódico):
b) O barquinho, barquinho, compasso 31 (Escala D menor melódico)::
c) Samba de verão, verão, compasso 9 (Escala C menor melódico):
FIGURA 16 – 16 – Exemplos Exemplos de escala menor melódica usada por Eddy
Sobre acordes do tipo dominante Eddy faz um uso variado de escalas, mas sua principal escolha é pela escala mixolídia e algumas de suas variações como mixolídia b9 ,mixolídia b13 e mixolídia #11(não foi levado em consideração se a resolução desses acordes se fez em acordes menores ou maiores) Exemplo 9: Escala mixolídia sobre acordes dominantes (mixolídia, mixolídia b9, mixolídia b13 e mixolídia #11) a) A rã, rã, compasso 21 (Escala D mixolídio):
b) Bye bye Brasil , compasso 24 (Escala E mixolídio):
35
c) Bye bye Brasil , compasso 29 (Escala E mixolídio):
d) Eu sei que vou te amar , compasso 39 (Escala E mixolídio #11):
e) Só danço samba, samba, compasso 6 (Escala E mixolídio):
FIGURA 17 – 17 – Exemplos Exemplos de escala mixolídia e suas variações usadas por Eddy
Para construir fraseados mais ricos e com um maior número de tensões Eddy utiliza duas escalas muito comuns sobre acordes dominantes que são, a escala diminuta e a escala alterada. A escala diminuta é uma escala simétrica, ou seja, seus intervalos se repetem em um ciclo contínuo. No caso da escala diminuta o padrão é de intervalos de terça menor, sendo possível agrupá-la de duas formas diferentes: Escala diminuta (tom- semitom), é utilizada sobre acordes diminutos. (Ex. C5):
5
Nota: Serão utilizadas notas enarmônicas, para evitar o uso de notas com dobrado bemol, para facilitar a leitura.
36
FIGURA 18 – 18 – Escala Escala diminuta (tom-semitom)
Escala dominante diminuta (semitom-tom), é utilizada sobre acordes dominantes (Ex. C):
FIGURA 19 – 19 – Escala Escala diminuta (semitom-tom)
Para acordes dominantes é recomendado o uso da escala dominante diminuta, fato comprovado pelos exemplos retirados das transcrições. Exemplo 10: Escala dominante diminuta sobre acordes dominantes: a) Bye bye Brasil , compasso 5 (Escala A dominante diminuta):
b) Bye bye Brasil , compasso 10 (Escala B dominante diminuta):
FIGURA 20 – 20 – Exemplos Exemplos de escala dominante diminuta usada por Eddy
A escala alterada (também chamada de Super Lócria) é uma escala encontrada no sétimo grau da escala menor melódica, possui este nome por conter alterações na 5, 9 e 11, sua formação está demonstrada a seguir: Escala alterada (Ex. C)
37
FIGURA 21 – 21 – Escala Escala alterada
A seguir alguns exemplos exemplos de como Eddy utiliza a escala alterada
Exemplo 11: Escala alterada sobre acordes dominantes:
a) Eu sei que vou te amar , compasso 36 (Escala F alterado):
b) Eu sei que vou te amar , compasso 51 (Escala G alterado): al terado):
c) O barquinho, barquinho, compasso 38 (Escala G alterado):
FIGURA 22 – 22 – Exemplos Exemplos de escala alterada usada por Eddy
Também foi identificado o uso da escala de Blues por Eddy, a escala de Blues tem como característica principal em sua sonoridade uma passagem cromática entre o quarto e quinto grau. Abaixo ilustro a formação da escala Blues (EX. C):
38
FIGURA 23 – 23 – Escala Escala Blues
E agora como Eddy a utilizou em seus solos: Exemplo 12: Escala Blues a) A rã, rã, compasso 11 (Escala D Blues):
b) A rã, rã, compasso 25 (Escala D blues):
c) A rã, rã, compasso 29 (Escala D Blues):
d) Só danço samba, samba, compasso 10 (Escala D Blues):
FIGURA 24 – 24 – Exemplos Exemplos de escala Blues usada por Eddy
Em alguns momentos vemos que Eddy também se utiliza da escala cromática para completar alguns trechos, o uso de trechos cromáticos ajuda na ligação entre idéias musicais, dando mais fluência ao improviso.
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Exemplo 13: Escala cromática: a) Bye bye Brasil , compasso 7:
b) Bye bye Brasil , compasso 23:
c) Eu sei que vou te amar , compasso 43:
d) Eu sei que vou te amar , compasso 50:
e) O barquinho, barquinho, compasso 4:
f) O barquinho, barquinho, compasso 22:
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g) Só danço samba, samba, compasso 2:
h) Só danço samba, samba, compasso 20:
FIGURA 25 – 25 – Exemplos Exemplos de escala cromática usada por Eddy
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4. Conclusão
Inicialmente foram realizadas algumas conceituações do que é improvisação e os principais elementos para seu desenvolvimento como: melodia, ritmo, expressão, desenvolvimento, progressões de acordes, performance e análise. A partir disto foi possível iniciar a análise das transcrições dos improvisos de Eddy Palermo. Após essa análise ficou clara a consciência com que Eddy elabora seus improvisos, e também seu domínio e coerência harmônica, sempre optando por decisões que respeitassem as regras e relações de harmonia. Na parte das aproximações cromáticas essa questão da coerência harmônica é bem visível, pois Eddy deixa bem claro o acorde que está soando no momento, optando por aproximar notas do acorde e algumas tensões disponíveis que dão maior riqueza a seus solos e ajudam a definir a harmonia. Quando ele se utiliza de arpejos ar pejos para construir suas melodias, sobre acordes com função de tônica, há uma busca por escolhas que girem em torno do acorde do momento. Para que isso aconteça Eddy opta por superpor arpejos de tons vizinhos. Quando o acorde tem função de dominante a escolha da superposição é por acordes que contenham notas em comum, assim como o acorde diminuto partindo da terça maior do acorde dominante, que partilha de três notas em comum, e é a principal escolha de superposição utilizada por Eddy em acordes dominantes. No item Relação/Escala notou-se que Eddy procura usar as escalas omitindo suas notas evitadas, como demostrado nos vários exemplos sobre acordes maiores e menores, já em acordes de dominante há uma variedade maior de escalas utilizadas como: mixolídio, mixolídio b9, mixolídio #11, mixolídio b13, dominante diminuta e alterada. Todas essas decisões colaboram para que seus fraseados soem dentro da harmonina. Concluímos então que, indiferente do recurso que Eddy utiliza para compor seus improvisos, há sempre uma preocupação em respeitar o acorde do momento e as regras harmônicas, se utilizando de muitos cromatismos utilizados no Jazz . Espero que com essa pesquisa e os exemplos fornecidos possa ter contribuído para a definição do estilo de improvisação de Eddy Palermo.
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Referências
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Discografia
PALERMO, E. Bossa Jam Session. Albatroz Music, 2003. 1 CD.
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APÊNDICE - Solos Transcritos
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