DIÁRIO DA REGIÃO
CIDADES
Domingo, 14 de abril de 2013 / 7B
NUNCA MAIS ESSE SORRISO Reprodução:Álbum de famíla
Nathália e Vinicius tinham planos de um filho para este ano; tudo acabou, quando um aposentado de 77 anos invadiu a pista na BR-153 e bateu de frente com a moto do casal
Nathália e Vinicius: o casal lindo e amado morava em Bady Bassit. A alegria da família acabou para sempre, devido à imprudência de um motorista na BR-153 Hamilton Pavam 28/3/2013
Rosilaine de Almeida s primeiras horas da manhã do dia 16 de janeiro deste ano marcaram meu coração para sempre. Perdi, de uma só vez, minha filha amada Nathália de Almeida Cicuto e meu genro Antônio Vinícius de Souza Theodoro, num trágico acidente na BR-153. Para começar a escrever estas linhas, foi preciso pensar muito, mas sei que através deste depoimento muitas mães e familiares se colocarão no meu lugar e sentirão a minha dor e indignação. Após muito esforço, meu genro conseguiu comprar uma casa em Bady Bassitt e juntamente com Nathália já faziam muitos planos para o futuro. Vinícius tinha apenas 27 anos de idade, era soldado do Corpo de Bombeiros e estava de folga naquele dia. Minha filha teria uma consulta médica naquela manhã. Ele a conduzia de moto até Rio Preto, assim, saíram de Bady e seguiram pela BR-153. Mesmo respeitando as leis de trânsito, algo terrível ainda estava por acontecer com eles. Uma Parati invadiu a pista contrária e bateu de frente com a moto pilotada por Vinícius. Segundo relato do policial rodoviário que fez a ocorrência, no momento da colisão, o outro veículo fazia uma ultrapassagem em local não permitido. Vinícius teve morte instantânea e minha filha foi arremessada a 50 metros e teve várias fraturas pelo corpo. Trabalho em Guarulhos, distante 450 quilômetros de Rio Preto. Eram 11h quando soube do acidente e quase enlouqueci. Não tenho carro e, precisei conseguir um veículo emprestado. Saí da Grande São Paulo aos gritos, e após seis horas de viagem, enfrentando muita chuva, cheguei a Rio Preto minutos antes do sepultamento do meu genro. Quando fui ao hospital e entrei na UTI, não pude acreditar no que via. A imagem da minha filha amada, com 24 anos, cheia de sangue, entubada, fria e morta jamais sairá da lembrança. Não pude dizer-lhe aquilo que mais queria em meu coração. “Nathi, mamãe está aqui, te amo”. Meu desespero era tanto que eu queria trocar minha vida pela dela e de meu genro. O motorista do automóvel,
A
Rosilaine: a imagem da sua filha de 24 anos, cheia de sangue, fria e morta, não sai da lembrança
Devido à idade, o motorista foi liberado. Quanto a mim, ficarei presa nesta dor. Perdi tudo o que tinha de mais lindo Rosilaine de Almeida
Rosilaine de Almeida
Mãe e filha, amigas em todas as horas; abaixo, o capacete perdido na pista, depois do acidente
Você pode fazer como Rosilaine e fazer o papel de repórter do Diário da Região nesta seção publicada quinzenalmente aos domingos. Para participar, o interessado deve enviar a sugestão do tema através do email milton.rodrigues@diarioweb .com.br e fornecer os primeiros detalhes de como será a abordagem. A seção comporta os mais variados temas, sendo que a preferência é para assuntos de abrangência e de interesse de toda a sociedade. A participação não tem custos.
Guilherme Baffi 16/1/2013
O ACIDENTE DE JANEIRO
NOTA DA REDAÇÃO
Em 16 de janeiro, o bombeiro Antônio Vinícius de Souza Theodoro e sua noiva Nathália de Almeida Cicuto seguiam de moto (foto ao lado) pela BR-153 quando colidiram com uma Parati que invadiu a pista contrária. Vinícus morreu no local e Nathália no hospital, após algumas horas. O motorista da Parati, Moacyr Rosan, chegou a ser detido sob acusação de homicídio doloso e a ficar sob escolta policial no hospital, de onde saiu em liberdade. Ele está respondendo processo por homicídio, em primeira instância.
Moacyr Rosan, 77 anos, permaneceu internado, com ferimentos leves, na Santa Casa. Ele teve escolta policial e foi preso por homicídio. No entanto, sua prisão não durou muito tempo. Devido à idade, foi liberado. Quanto a mim, ficarei presa nesta dor. Perdi tudo o que ti-
■ Rosilaine de Almeida é secretária, tem família em Rio Preto e reside em Guarulhos-SP. Perdeu a filha e o genro durante um acidente de trânsito em janeiro deste ano, o tema da sua reportagem nesta edição.l
Para participar
Reprodução: Álbum de família
As leis não funcionam, os políticos só sentirão isso na pele quando algo semelhante ocorrer com seus parentes
quem é
O aposentado Moacyr Rosan, envolvido no acidente relatado nesta página e citado por Rosilaine de Almeida, foi procurado durante as duas últimas pela reportagem do Diário da Região para dar a sua versão dos fatos, mas ele solicitou que fosse procurado o seu advogado. Segundo a secretária do advogado Carlos Eduardo Almeida de Aguiar, numa primeira tentativa de contato, o profissional estava em viagem. Numa segunda tentativa, na última semana, ela pediu que a reportagem entrasse em contato mais tarde. Mais tarde, ninguém mais atendeu.
nha de mais lindo, eu queria netos e nem isto poderei ter mais. As leis não funcionam, os políticos só sentirão isso na pele quando algo semelhante ocorrer com seus parentes. Hoje, 82 dias sem Nathi e Vinícius, minha família chora. Nunca mais teremos o sorriso
deles aos domingos, não recebo mais ligações dela no meu celular, não vejo meu genro fardado salvando vidas, não o vejo fazendo planos para nosso sonhado netinho, que seria pra este ano, não vejo meu esposo e meu filho sorrindo. Apesar de tamanha dor, te-
nho um profundo sentimento de agradecimento a todos que estiveram ali comigo e com minha família. Sempre terei em meu coração os soldados do 13º Grupamento de Bombeiros e do 17º e 52º batalhões da Polícia Militar. Também minha eterna gratidão ao sr. Renato,
do Ceasa, e a toda equipe de médicos e enfermeiros do Hospital de Base de Rio Preto. Apenas quero amenizar tamanha dor e mágoa em meu coração, que insistem em me ferir todos os dias. Quero justiça. (colaborou Salomão Boaventura)