Nãosomos,queremos-
Notassobreodeclíniodoessencialismoestratégico*
RichardMiskolci**
Recentemente,nomovimentosocialorganizadoLGBT,tem-seouvidocom frequênciaqueestaríamosvivendoummomentodedivisãoentredoisgrupos chamadosde“identitários”e“queer”.Aindaquediga,deinício,discordardesta classificação simplista, decidi partir dela (feito rasura) para refletir preli relimi mina narm rmen ente te sob sobre ques questtões ões que que marc marcam am o movi movime ment nto o brasi rasilleiro eiro no presen presentee tee que, espero espero,,aux auxilie iliem ma acom compre preende ender rosdesafio osdesafios squedefin quedefinirã irão osuas suas perspectivas. Para muitos, vivemos alg algo similar ao caso aso português uês, o que pude cons consta tata tar r pela pela recep recepção ção posi positi tiva va da fala fala recen recente te do antr antrop opól ólogo ogo e deput deputado ado Miguel Vale de Almeida na conferência de encerramento do Seminário Internacion Internacional al Fazendo Fazendo Gênero Gênero 9,emFlorianópolis. 1Estanãoéminhavisão.Ao
contráriodosqueaplaudiramaconferênciadeAlmeida,meimpressioneicoma rápidaadesãodaplenáriabrasil rápidaadesãodaplenáriabrasileiraaoposiciona eiraaoposicionamentodeleafavordalutapelo mentodeleafavordalutapelo casamen casamento to entre entre pessoa pessoas s do mesmo mesmo sexo sexo e da já velha velha ideia ideia do essenci essencialis alismo mo estratégico. Esta impressionante adesão se deu sem ao menos duas consideraçõescríticasfundamentais.Primeiro,ofatodequeAlmeidafalaapartir docasodePortugal,bem docasodePortugal,bemdistinto distintodonossoe,segund donossoe,segundo,porqu o,porqueseuobjetodeluta eseuobjetodeluta contrastacomofocobrasileironahomofobia. *ArtigoapresentadonaMesaNovasPerspectivaseDesafiosPolíticosAtuaisdoeventoStonewall
40+oquenoBrasil?–Salvador,17desetembrode2010. Professor Professor do Departamento Departamento de Sociologia-UFSCar Sociologia-UFSCar e Pesquisador-Co Pesquisador-Colaborado laborador r do Núcleo de Estudos Estudos de Gênero Gênero Pagu-UNI Pagu-UNICAMP CAMP.. Coorden Coordenado ador r do Grupo Grupo de Pesquisa Pesquisa Corpo, Corpo, Identid Identidade ades s e Subjetivações(www.ufscar.br/cis Subjetivações( www.ufscar.br/cis)/e-mail: )/e-mail:
[email protected] [email protected] 1 AconferênciadeAlmeida,intitulada“Ser masnãoser,eisaquestão.Opro nãoser,eisaquestão.Oproblemaper blemapersistented sistentedo o essencialismoestratégico”,buscaconciliaraexperiênciapolíticaatualdoantropólogocomsuas leitu leitura ras s acad acadêm êmica icas. s. Desde Desde o iníci início o se ident identif ifica icand ndo o com a luta luta pelo pelo casam casamen ento to e pelo pelo faze fazer r políticoestabelecido,otextofazumarespeitosaavaliaçãodascontribuiçõesdaTeoriaQueer, mas a relega relega à academ academia ia mantend mantendo o a política política sexual sexual dentro dentro de um enquadr enquadrame amento nto liberal. liberal. A conferênciadeAlmeidafazlembraraposiçãodamaioriadosengajadosnoBrasilnadécadade 1970 1970 com com rela relaçã ção o às dema demand ndas as do femi femini nism smo. o. Defe Defend ndia iam m a “uni “união ão” ” cont contra ra a dita ditadu dura ra e o adiamentodastransformaçõesgêneroparadepoisdaconquistadademocracia. **
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Minhaproposta,nestabrevefala,éadeapresentaralgumasdasrazões pelasquaisoquese pelasquaisoquesepassanomovim passanomovimentoLGBTbras entoLGBTbrasileironãosereduzàelusiva ileironãosereduzàelusiva oposição“identitários”versus“queer”tampoucopodeserresolvidapelasimples adesão adesão ao essenci essencialis alismo mo estrat estratégi égico. co. Neste Neste sentido sentido,, começa começarei rei com um breve breve históricodaformação históricodaformaçãodonossomovimen donossomovimentosocial, tosocial,adentrare adentrareiemumaanálisedo iemumaanálisedo modelodesuaexpansãoeconso modelodesuaexpansãoeconsolidaçãoaté lidaçãoatéchegar,por chegar,porfim,commaiselem fim,commaiselementos entos hist histór óric icos os e soci sociol ológ ógico icos, s, a uma uma refle reflexã xão o prel prelim imin inar ar sobre sobre os dile dilema mas s que que o movimentoenfrentanopresente. OmovimentoLGBTnasceucomomovimentosocialorganizadonoBrasil há pouco pouco mais mais de trin trinta ta anos. anos. Fo Foii no final final da década década de 1970 1970 que que a ditadu ditadura ra militar começou um process esso gradual dual de abertura política, o qual criou condiç condições ões para para o flores florescim ciment ento o desses desses novos novos atores atores políti políticos cos,, os movime movimento ntos s sociais.Nospaísescentrais,estessurgiramumadécadaantes,associadosàluta pelo pelos s dire direit itos os civi civis s dos dos negr negros os nort nortee-am amer eric ican anos os,, à cham chamad ada a segu segund nda a onda onda feminista,omovimentopacifistaeocaçuladosmovimentos,que,nosEstados Unidos,surgejácomomovimentogay. Em nosso nosso caso, caso, o movi movime ment nto o homo homoss ssex exual ual surg surge e nas nas gran grandes des cidad cidades es,, form formad ado o princ rincip ipal alm ment ente por hom homens ens bran branco cos s de clas classe se-m -méd édia ia e alt alta com com formaçãouniversitária.UmretratomaisacuradodestahistóriaédadoporJúlio Assis Assis Simões Simões e Regin Regina a Facc Facchi hini ni no prem premia iado do livr livro o Na tril trilha ha do arco arco-í -íri ris: s: do movimentohomossexualaoLGBT(2009).Aqui,fareigrandessimplificaçõescom
intuitodidáticoedecomunicaçãoimediata,masreforçoanecessidadedeseater commaiscuidadoàhistória. Meu Me u pont ponto o é que que o movi movime ment nto o homo homoss ssex exua ual,l, na déca década da de 1980 1980,, se deparo deparou ucom com umdrama,a umdrama,a epidemi epidemia adehiv/ai dehiv/aidse dse foibem-suce foibem-sucedido dido nodiálogo nodiálogo comoEstadoparaauxiliarnacriaçãodaquelequeé,talvez,omelhorprograma assi assist sten enci cial al de aids aids do mund mundo. o.2 Ao mesm esmo tem tempo, po, o movi movime ment nto o cres cresce ceu u e abarcounovasdemandastornando-se,jánadécadade1990,movimentoGaye Lésb ésbico e, posteriorment ente, GLB GLBT. Recent entemen ementte, em 2008 008, na primeira ira Confer Conferênc ência ia Naciona Nacionall GLBT GLBT – Direit Direitos os Humanos Humanos e Políti Políticas cas Públic Públicas, as, mudou mudou a 2ParaumaanálisecríticadomodelopreventivodeaidsconsultePelúcioeMiskolci(2009).
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ordenaçãodasletrasdesuasiglacolocandooLàfrente.Emsuma,ahistóriado movimen movimento to tem um enquadr enquadrame amento nto no qual se desenro desenrolou lou e explic explicitáitá-lo lo pode pode nosajudaradefinirseusdilemaspresentes. O rela relati tivo vo suce sucess sso o do movi movime ment nto o bras brasil ilei eiro ro se deu deu por por meio meio de uma uma relaçãoprivilegiadacomoEstadonaconstituiçãodepolíticaspúblicas-comoa já refer ferida na área área de saúd aúde – e na ampliaçã ação de sua “bas “basee” por meio da somatóriadeidentidadessexuais.Emoutraspalavras,paraentenderoquese passahojecomomovimentoLGBT,noBrasil,temosquelevaremconsideração queeleédinâmicocomosuahistória,“plástico”eseusdilemascontemporâneos, talvez, apontem para um esgotamento deste modelo de crescimento e consolidação.Porque? Enum Enumer eroo duas uas razõ azões prelim elimiinares ares ass associada adas às histor storiicame amente apon aponta tada das: s: a rela relaçã ção o com com o Esta Estado do está está muda mudand ndo o e o mode modelo lo “etn “etnic iciz izan ante te”, ”, “ess “essen encia ciali list sta” a” ou “iden “identi titá tári rio” o” que que perm permit itia ia a expan expansão são do movim movimen ento to pela pela somatóriadas“letra somatóriadas“letras”dásinaisclaro s”dásinaisclarosdeterchegadoaumlimite. sdeterchegadoaumlimite.Écontraestas Écontraestas mudanças,inexor mudanças,inexoráveisemseucaráter áveisemseucaráterhistóricoesocial, históricoesocial,quealgunsqueseautoquealgunsqueseautointitulamidenti intitulamidentitários táriosbuscamunirforças buscamunirforçascriandoesteOutr criandoesteOutroquechamamde“os oquechamamde“os queer”. A mudan mudança ça na rela relaçã ção o com com o Esta Estado do deriv deriva a da ampl amplia iação ção do lequ leque e de dema demand ndas as do movi movime ment nto o e da nova nova dinâ dinâmi mica ca na obte obtenç nção ão de recu recurs rsos os.. As demandasdomovimento,felizmente,nãosevoltammaisapenasparaaáreade saúdeeganhamcadavezmaisespaçoempolíticasnaáreadeeducação,cultura e,porfim,masnãopormenos,nasdemandasdereconhecimentodedireitos. 3As verbas,antesdisponibilizadasaONGsesimilares,cadavezmaissãooferecidas– por meio eio de edit editai ais s – tamb também ém para ara univ univer ersi sida dade des. s. Assim ssim,, per percebe cebe-s -se e que que aquele aqueles/a s/as sque que antesquasemono antesquasemonopol polizav izavamo amo acessoàs acessoàs verbas verbas esuaaplic e suaaplicaçã ação o 3Paraumaanálisecríticadesteprocessodejudicializaçãodapolíticasexualbrasileiraconsulte
Carrara,2010.SegundoopesquisadordoCLAM-UERJ,aluta políticanalinguagemdosdireitos temaomenosduasconsequênciasperigosas:1.Oacessodiferencialàjustiçaeàsuaaplicaçãoem umpaísdesigualcomooBrasilpodefazercomqueconquistas“legais”resultememresultados concr concreto etos s desi desigua guais is e acess acessíve íveis is apena apenas s a uma uma elite elite;; 2. A luta luta por por dire direito itos s també também m marc marca a a definiçãodequemsãosujeitosdedireitos,oquepoderesultaremumahierarquizaçãodosque são mais detentores de direitos do que outros e/ou em uma estratificação da respeitabilidade/cidadaniaapartirda“identidade”sexual.
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socialagoracompetemcomnov@satores/asdedentrodomovimentoetambém daacademia. AssociadaàmudançanarelaçãoentreoEstadoeasdemandassociaisna esferadasexualidade,sedáumaampliaçãodosquadrosdomovimentosocial por por meio meio da entr entrad ada a de pess pessoa oas s com com perf perfis is muit muito o vari variad ados os e não não afei afeito tos s à soma somató tóri ria a alfa alfabé béti tica ca do mode modelo lo esse essenc ncia iali liza zant nte e das das letr letras as.. Os “que “queer er”, ”, se toma tomarm rmos os a peri perigos gosa a e elusi elusiva va clas classif sifica icaçã ção o a que que me refer referii no iníci início, o, seri seria a o conjuntoformadopornov@satores/assemletras;aqueles/asqueatépodendo sereconhec sereconhecernasletra ernasletras,cadavezmaisseveemforadelasdevi s,cadavezmaisseveemforadelasdevidoà doà sombra sombra de abjeção abjeção quetrazem quetrazemaomovime aomovimento nto (comoas (comoas ativist ativistastraves astravestis tis etra e transcríti nscrític@s c@s com com rela relaçã ção o à medi medica cali liza zaçã ção) o) ou aind ainda, a, outr outros os,, cujo cujo traç traço o de uniã união o está está no inte intere ress sse e de asce ascend nder er ao topo topo do movi movime ment nto. o. Perc Perceb ebee-se se quão quão nume numero rosa sa e divers diversaé aé amul a multidã tidãoa oa que ogrupo“identit ogrupo“identitári ário”no o”nomov movime imento nto atribu atribuio io rótulo rótulo simplificadoreerrôneodequeer. As tran transfo sform rmaçõ ações es - brev breve e e sinte sinteti tica came ment nte e apre apresen senta tadas das acima acima - têm têm mudad mudado o o perf perfil il do movi movime ment nto o LGBT LGBT,, alte altera rand ndo o o “nós “nós” ” a que que nos nos refer referim imos os quandoestamosdentroouforadele.Nofundo,estenóssemprefoiinstávele variávelhistoricamente,jáquenadécadade1970,dizernóserasereferiraos homossexuais,naseguinteamuit@soutr@s,emespecialaosinfectadospelohiv e, após após a década década de 1990, 1990, este este “nós “nós” ” tem tem sido sido democ democra rati tica came ment nte e expan expandid dido o como como nas repetid repetidas as frasesfrases-ficc ficcion ionais ais “nós, “nós, pessoa pessoas s LGBT”. LGBT”.4 A uniã união o polí políti tica ca é necessáriaparaaação, necessáriaparaaação,masnaturali masnaturalizá-laésinaldemiop zá-laésinaldemiopiahistóric iahistóricajáquehá20 ajáquehá20 anosatrásestamesmafrasenãoseriapossíveletampoucodeveráserdaquihá 20 anos. anos. Atualm Atualment ente, e, quando quandose se diz“nó diz “nós” s” no movimen movimento to LGBT LGBT brasil brasileir eiro, o, isto isto com com maior maior forç força a em algu alguns ns Estado Estados s do que que em outro outros, s, pare parece ce oper operar ar - para para 4RespeitandoosquesecompreendemcomoLGBT,nãopossodeixardealertarparaocaráterde
ficçãopolíticaexistenteemfrasescomo“pessoasLGBT”,particularmentequandoempregadas para para se referir referir ao conjunto conjunto da populaçã população o que vivenci vivencia a suasexualidad suasexualidade e emdesa em desacord cordo o comas convençõesculturaisdominantes.Aoempregar,nestecontexto,frasescomo“apopulaçãoLGBT”, membrosdomovimentooudaacademiaontologiz membrosdomovimentooudaacademiaontologizamumgrupopolíticohistóri amumgrupopolíticohistóricoesocialmente coesocialmente delimitadocomosefossealgoacabadoegeneralizadonaexperiênciasocialcotidiana.Também tendem,talvezatémesmocontrasuaprópriaintenção,areduzirmuitassexualidadesaapenasàs oficialmentecontem oficialmentecontempladasnasiglaatualdomovim pladasnasiglaatualdomovimento,deixand ento,deixandodereconheceraexistên odereconheceraexistênciade ciade outras,comsingularidadesedemandasaindaporseremreconhecidas.
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aquelesquedividiramomovimentomentalmenteemdoisgruposantagônicos- umdualismo:“nós”osLGBTemoposiçãoao“eles,osqueer”. Taldivisãoentre“identitá Taldivisãoentre“identitários”e“queer”pouc rios”e“queer”poucadiferençafazparaoresto adiferençafazparaoresto dasociedadebrasileira,aqualsóconheceumúnicomovimento,oatualLGBTe esta esta divisã divisão o inte intern rna, a, onde onde ela ela oper opera, a, esco escond nde e uma uma luta luta decla declara rada da entr entre e os os esta estabe bele leci cido dos s que que teme temem m perd perder er sua sua hege hegemo moni nia a e os supo supost stam amen ente te recé recémmchegadosqueaameaçariam.5Oqueestáemjogo,portanto,nãoéoquedefineo “nós”domovimentoLGBT,estenóscondenadohistoricamenteaserreinventado atodomomento,masquaisrelaçõesomovimentovaimantercomoEstadoea sociedade.Osestabele sociedade.Osestabelecidossãoosquedefendem cidossãoosquedefendemumarelaçãode“parc umarelaçãode“parceria”com eria”com oEstado,aqualgerouvitórias,mastambémcooptaçãoeclientelismo.Dentrea multidãoquedenominaerroneamentedequeer,osquemaistememsãoosque podemprop podemproporumarelaç orumarelaçãomaiscrít ãomaiscríticacomo icacomo Estadoe/ou Estadoe/ou colocar colocar emxeque a “essencialização”identitárianaqualseumodeloatualsebaseia. O suce sucess sso o pass passad ado o asso assom mbra bra as persp erspec ecti tiva vas s do movim ovimen ento to LGBT LGBT bras brasil ileir eiro, o, já que que a rela relação ção bembem-su suced cedida ida com com o Esta Estado do no enfr enfren entam tamen ento to da epide epidemi mia a de hiv/a hiv/aid ids s estabe estabele lece ceu u entr entre e eles eles uma uma prox proxim imida idade de inve invejáv jável el por por outrasrealidades.Estarelaçãosedeuporobjetivoscomuns,masfoipagapor uma imagem imagem libera liberal,“limp l,“limpa”e a”e submis submissado sado movime movimento nto com relação relação aoEstado. aoEstado. Emoutraspalavras,aaidscatalizouasrelaçõesentreEstadoemovimentograças àsuahigienizaçãoexteriorque,agora,aparec àsuahigienizaçãoexteriorque,agora,aparececomforçatambéminternam ecomforçatambéminternamente ente nacriaçãodesteoutroabjetoqueosestabelecidoschamamdequeer.Nãodeixa deserumaironiaqueosestabelecidoschamemdequeer,abjetos,tod@sque ameaçamo ameaçamoconfor confortodaidentidadequeconstr todaidentidadequeconstruíram. uíram.JádiziaJuliaKristevaqueo JádiziaJuliaKristevaqueo abjetoéalgoquehabitanossocorpo,mastambémpodeserexpelido–diga-sede passagem,quasesemprecomdor-comoosangueeaslágrimas. Não seri seriam am os cham chamado ados s queer queer a enca encarn rnaçã ação o fanta fantasm smát átic ica a da abjeç abjeção ão dent dentrro do próp própri rio o movi movime ment nto o soci social al LGB LGBT? Ou seja seja,, aque aquele les s nos quai quais s os estabe estabelec lecidos idos querem querem projet projetar ar a fronte fronteira iraent entre reo o movime movimento nto conceb concebido idocom como o 5UtilizoosconceitosdeestabelecidoseoutsidersdeNorbertElias,poismaisdoqueumadivisão,
tratam-sedeconceitosinterrelacionadosquepermitemcompreenderumamesmadinâmicade relaçõesdepoder.Sobreaquestão,consulteEliaseScotson(2000).
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limp limpo, o, masc mascul ulin ino o e libe libera rall e o que que é sujo sujo e ameaç ameaça a com com a cont contam amin inaçã ação o pelo pelo feminino e pelo crítico, radical? Afinal, os chamados de queer não são exat exatam amen ente te outs outsid ider ers s recé recémm-ch cheg egad ados os,, ante antes s aque aquele les s e aque aquela las s em que que os estabelecido idos projetam o retorno do repr eprimido pelo movimento em sua trajetóriabem-sucedida,ouseja,aquelesquemarcamafronteiraentreosgays higi higien eniza izados dos,, bran branco cos, s, masc mascul ulin inos os,, disc discre reto tos s e de clas classe se alta alta e tod@s tod@s com @s quai quais s têm têm que que lidar lidar,, muit muitas as veze vezes s cont contra ra a vont vontade ade:: suj@s suj@s,, negr negr@s @s,, pobr pobres es,, “efeminados”epintosas. Não quer quero o incor incorpo pora rar r a estra estraté tégi gia a maniq maniqueí ueíst sta a de class classif ifica icar r pess pessoas oas comonóse@soutr@s,oqueresultarianasimplistaeessencializanteoperação de iden identi tifi fica car r home homens ns gays gays,, bran branco cos, s, de clas classe se médi média a ou alta alta,, masc mascul ulin inos os e discretoscomoosquetêmdirigidoestadivisãointerna.Minhapropostaéade analisá-laemsualógica,masreiterandoqueelaoperadentrodeumafantasia política,umaestraté política,umaestratégiainteres giainteressadaquefogedofatode sadaquefogedofatode quesãomuit@spessoas com o mesmo mesmo perfil perfil social social dos estabe estabelec lecidos idos que propõe propõem m as transf transform ormaçõ ações es temidas. Porqueistoépossível?Porquesetratadarelaçãoestabelecidasobrea agen agenda da do movi movime ment nto o e qual ual a imag imagem em que que ele ele quer uer proje rojettar de si para para a soci socied edad ade e e, em espe especi cial al,, para para seu seu parc parcei eiro ro pode podero roso so,, o Esta Estado do.. Os “que “queer er” ” servem servem apenas apenas como comocat cataliz alizador adoresdos esdos medos medos dos estabe estabelec lecidos idos,,os osqua quais isnem nem semp sempre re são são tão tão “dis “discr cret etos os” ” quan quanto to go gost star aria iam m tam tampouc pouco o são são tão tão ajus ajusta tado dos s soci social alme ment nte e quan quanto to go gost star aria iam m de acre acredi dita tar. r. Assi Assim, m, som somam-s am-se e aos aos clar claros os inte intere ress sses es econ econôm ômic icos os amea ameaça çado dos, s, os temo temore res s já conh conhec ecid idos os e que que marc marcam am historicamen historicamente,emdiversospaíses, te,emdiversospaíses,a adinâmic dinâmicado adomovim movimento.Segund ento.SegundoMichael oMichael Warner(2000),oativismosexualsempreosciloudevidoàdifícilequaçãoentre demanda demandas s de enquadr enquadrame amento nto e assimil assimilação ação e as persis persisten tentes tes experi experiênc ências ias de rechaçosocial. Infelizmente,dentrodomovimentoLGBT,pouc@srealmenteleemouse interes interessam sam pelasreflex pelasreflexões ões queer.Daí,nas queer.Daí,nasrar rarasocasiõ asocasiõesem esem que surgealgum surgealguma a referênciaaestavertenteteórica,ficarpatentesuatrágicavulgarização,fatoque convid convidaa aa umparalelocomo umparalelocomoque que sepassouanteri sepassouanteriorm orment entecomo ecomo marxis marxismono mono
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movim movimen ento to oper operár ário io.. Em muit muito o papo papo supost supostam ament ente e queer queer,, a pala palavr vra a abjeç abjeção ão poder poderia ia ser ser inte interc rcam ambi biada ada por por alien alienaç ação ão e hete hetero rono norm rmati ativi vidad dade e por por capi capita tall resu result ltan ando do no mesm mesmo o uso uso desc descri riti tivo vo e supe superf rfic icia iall de term termos os orig origin inal alme ment nte e analíticoseprofundos.6 Em meio meio à mult multid idão ão dos dos cham chamad ados os pelo pelos s esta estab belec elecid idos os de “que “queer er”, ”, chegamos,enfim,aos“acadêmicos”,osquaisnaconferênciadeAlmeidaforam alocadosnosupostamenteelegante,massubordinadopapeldacríticacultural. Talvez Talvez isto istoten tenhasidoo hasidoo que mais maisagr agradou adou apla a plateia teia brasil brasileir eira,parado a,paradoxal xalmen mente te formada formada majoritariame majoritariamente nte por intelectuais, intelectuais, fazendo-me fazendo-me pensar na necessidade necessidade deserelerAntonioGramsciesuasábiareflexãosobrecomoculturaepolítica estã estão o inex inextr tric icav avel elm ment ente asso associ ciad adas as.. De for forma muit muito o gené genéri rica ca,, é possí ossíve vel l sintetizaroargumentodopensadoritalianocomoodequeamudançapolíticasó pode pode ocor ocorre rer r por por meio meio da tran transfo sform rmaçã ação o cult cultur ural al de forma forma que que uma uma divis divisão ão entrepráticaecríticanãoseriaapenasindesejável,masimpossível. A recusa de espaço político e acesso à ação social concreta aos inte intele lect ctua uais is,, ao meno menos s no cont contex exto to bras brasil ileir eiro, o, escon esconde de dois dois fatos fatos.. Prim Primeir eiro, o, o descontentamentoeaperdadeterrenodaquelesquehaviamsehabituadoauma relação privilegiada com o Estado e o acesso a verbas que agora são disponibiliz disponibilizadasporeditaiseabertastambémàsiniciati adasporeditaiseabertastambémàsiniciativasnascidasdentr vasnascidasdentrodas odas univ univer ersi sida dade des. s. Segu Segund ndo, o, o fato fato de que que esta esta mudan udança ça se dá em meio meio a uma uma tran transfo sform rmaçã ação o na área área de estu estudos dos de sexua sexuali lidad dade e no Brasi Brasil,l, a qual qual não não mais mais auxi auxili lia a os estab estabel elec ecido idos s na manu manute tenç nção ão de uma uma mesm mesma a forma forma de pens pensar ar,, se reconhecereagir.Aoinvésdecomemorararenovaçãoteóricaeconceitualque poderia auxiliar o movimento a se adaptar ao presente e planejar
6Nestavulgarização,éelucidativaaformacomootermoheteronormatividade,oqualsereferea
atitudesnormalizadorastantodeheterosquantodehomos,temsido“transformado”meramente emsinônimodeheterossexista.Estadeturpaçãodoconceitorevelaaresistênciademuit@sem encararqueboaparted@sho encararqueboaparted@shomossexua mossexuaistambéméconse istambéméconservadora rvadoraepreconceitu epreconceituosa.Umhome osa.Umhomem m gay,porexemplo,podeserextremamenteheteronormativosebuscarvivereseapresentarcomo sefosseheterossexualrele sefosseheterossexualrelegandoàabjeçã gandoàabjeçãoquemnãofazomesmoqueele. oquemnãofazomesmoqueele.Paraumaintrodu Paraumaintrodução ção àTeoriaQueereseusconceitosconsulteMiskolci,2009eLouro,2001.
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estrat estrategi egicam cament ente e seufuturo tem sido mais simple simples s culpar culpar a TeoriaQueerpelo TeoriaQueerpelo fimdeumaEraouxingarde“queer”osnovosadversáriosinternos. 7 Gosta Gostari ria a de chama chamar r a aten atenção ção para para o anti antiin intel telect ectual ualis ismo mo pres presen ente te na (des) des)qu qual alif ific icaç ação ão dos dos “que “queer er” ” como como acad acadêm êmic icos os.. Ela Ela busca usca nega negar r visã visão o e capa capaci cidad dade e de forn fornec ecer er ferra ferrame ment ntas as para para a ação ação polí políti tica ca concr concret eta a a ativ ativist istas as dentro dentro dasuniversid dasuniversidades ades,,loc local alque, que, histori historicam cament ente, e,ser serviu viu como como base, base, apoio apoioe e celeir celeiro ode delid lideran erançaspolít çaspolíticas icas desde desde aemer a emergên gênciados ciados movimen movimentos tos sociaisnos sociaisnos paísescentraisnadécadade1960passandopornossaprópriahistória,daqualo movimentofeministaéumbomexemplo.8 Concl Concluin uindo, do, os “iden “identi titár tários ios” ” são são algu alguma mas s vozes vozes dent dentro ro do movi movime ment nto o LGBT que, por serem estabelecidas, demandam para si o termo LGBT denomi denominan nandoaquele doaqueles sque que não compar compartil tilham ham desua formade formade fazer fazerpol políti íticade cade “os queer eer”. O que unific fica os autoproclamados “ide identitários” não é uma uma identidadeouocompromis identidadeouocompromissocomosLGBT,antes socomosLGBT,antessuadefesadeposiçãointer suadefesadeposiçãointerna, na, priorização de verbas governamentais para si e a míope aspiração da manutençãodahegemoniaemumfazerpolíticoemmutação.“Osqueer”nãosão nece necess ssar ariam iamen ente te “anti “anti-id -iden enti titár tários ios” ” e/ou e/ou acadêm acadêmico icos, s, mas mas aque aquele les/ s/as as que que o movimentodemocraticamenteacolheunosúltimosanosequetêmcontribuído paraaconstruçãodeumoutrofazerpolítico,paraacomplexizaçãodosdebates inte intern rnos os e a prob proble lema mati tizaç zação ão da rela relaçã ção o do movi movime ment nto o com rela relação ção às suas suas basese,sobretudo,comoEstado. Para Para refl reflet etir ir sobr sobre e as pers perspe pect ctiv ivas as do movi movime ment nto o LGBT LGBT bras brasil ilei eiro ro,, é imprescindív imprescindívelretomar elretomare eaprend aprendercomahistóriadomovimento ercomahistóriadomovimentofeminista, feminista,pois pois ofem o femini inismo smo jápassou por moment momento osim simila ilar raoenfren aoenfrentado tado hoje hoje pelo peloLGB LGBT.De T.De um movimen movimento to formado formado por mulhere mulheres s branca brancas, s, educadas educadas e de classe classe-mé -média, dia, o femi femini nism smo o se espa espalh lhou ou pelo pelo mundo mundo tendo tendo que que lidar lidar com real realida idades des locai locais s no 7Estarenovaçãoteóricasedeutambémquebrando“monopólios”sobreaáreadepesquisaem
sexualidade,jáqueaTeoriaQueerentrouemcenanaacademiabrasileiraapartirdaEducaçãoe outras outras áreas áreas do saber. saber. Em outras outras palavra palavras, s, a recepçã recepção o desta desta vertent vertente e de análise análise se associa associa a mudan mudança ças s histó históri ricas cas e cultu culturai rais s que marca marcam m a socie socieda dade de brasil brasilei eira, ra, e os desa desafi fios os atuai atuais s do movimentoLGBT,assimcomocontribuiparamodificareageopolíticadosaberemnossopaís. 8Paraumaanálisedarelaçãoentreacademia,intelectuaiseaemergênciadosnovosmovimentos soci sociai ais s na déca década da de 1960 1960 leia leia os prim primei eiro ros s capí capítu tulo los s de A Voz e a Escuta – Encontros e DesencontrosentreaTeori DesencontrosentreaTeoriaFeministae aFeministaeaSociologia aSociologiaContemporânea Contemporânea(2009)deMiriamAdelman. (2009)deMiriamAdelman.
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entã então o cham chamado ado Tercei Terceiro ro Mundo Mundo e inco incorp rpor orar ar em seu “nós, “nós, mulh mulher eres” es” as nãonãobrancas,pobresesemacessoàeducaçãoassimcomoomovimentohomossexual brasileiroincorporoulésbicas,bissexuais,travestis,transexuaiseoutr@s.Mais tarde, o feminismo se deparou com o desafio de des-naturalizar, desessencializar essencializar,osujeito“mulheres ,osujeito“mulheres”a ”apartir partirda daemergê emergênciadoconceitodegênero nciadoconceitodegênero assimcomoomovimentoLGBTagoralidacomaTeoriaQueer. Nosanos1980,falava-sedegênerocomouma“ameaça”despolitizadora, desa desagr greg egad ador ora, a, em suma suma,, como como uma uma inve invenç nção ão acad acadêm êmic ica a impo imposs ssív ível el de ser ser incorporadapoliticamenteequerelegariaofeminismoàautodestruição.Oque sepassou,sabemos,nãofoinadadisso,ofeminismoavançouesuaagendase espr espraio aiou u socia socialm lmen ente te para para além além da atuaç atuação ão diret direta a do movi movime ment nto o real realiza izand ndo o trans ransfo form rmaç açõe ões s cult cultur urai ais s e econ econôm ômic icas as admi admirá ráve veis is.. De cer certa mane maneir ira, a, é a cons consol olid idaçã ação o do conc concei eito to de gêne gênero ro que que marc marca a tant tanto o o suce sucesso sso do femin feminis ismo mo quantoaemergênciadaTeoriaQueer. JudithButlerconsideraqueateoriaeapolíticamudouapartirdoque deno denomi mina na de No Nova va Polí Políti tica ca de Gêne Gênero ro,, a que que marc marca a a hist histór ória ia do femi femini nism smo o contemporâneo.9Éestavertentequeuneofeminismoealutadasmulherespor equidadedegênerocomumatransformaçãoprofundadentrodosmovimentos LGBT GBT mund mundo o afor afora. a. Lá Lá,, est estes movim ovimen ento tos s nem nem sem sempre pre oper operam am de form forma a unifica icada como no Brasi asil. Nos Est Estado ados Unidos dos, do pouco que conheço, ço, o movimentoLGBTjama movimentoLGBTjamaisalcançou isalcançouosucessoeaconsolidaçãoqueadqu osucessoeaconsolidaçãoqueadquirimos irimosno no BrasilquernarelaçãocomoEstadoquercomasociedade. Na Euro Europa pa,, tão tão dive divers rsa a quan quanto to pode podemo mos s imag imagin inar ar,, há caso casos s – como como o inglês, inglês, oholandêseo oholandêseo alemão- alemão-emqueboapart emqueboapartede edegay gayse se lésbic lésbicasadqui asadquirir riram am umperfilpolíticoneoliberaldemandandoassimilaçãosocialpormeiodedireitos comoocasamentoe,nãoporacaso,aderiandoaoxenofobismoemergenteem
Refi Refiro ro-me -me aqui, aqui, à sua refl reflexã exão o sobre sobre as relaç relações ões entre entre a Teori Teoria a Quee Queer, r, o Femin Feminis ismo mo e os movimentossociaisapresentadaem UndoingGender(2004).
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seuspaísesassimcomoaumcompr seuspaísesassimcomoaumcompromissohete omissoheteronor ronormativo mativoqueosdissociadas queosdissociadas lutasdetranssexuais,travestiseoutr@ssexualidadesnão-normativas. 10 NoBrasil,ofatodapropostadelegalizaçãodaparceriacivilterficado“em suspenso”devido,entreoutrasrazões,daatuaçãodabancadareligiosa,fezcom queomovimentocamin queomovimentocaminhasseemdireç hasseemdireçãoàlutacontr ãoàlutacontraahomofobia, aahomofobia,umobjetiv umobjetivo o políticomaisunificadoremenoshierarquizantedoqueoanterior. 11Assim,aluta cont contra ra a homo homofo fobi bia a nos torn tornou ou poten otenci cial alme ment nte e mais mais “rad “radic icai ais” s” do que que o movimen movimento topor portug tuguês, uês, por exemplo exemplo,, e,portanto, e,portanto, mais mais sensív sensíveise eise dedicado dedicados s às proble problemát mática icas s da maioria maioria daquele daqueles/a s/as s cujas cujas demandas demandas de reconh reconhecim eciment ento o se fundanaexperiênciadavergonha,dahumilhaçãoedaviolênciacotidiana. AhistóriadomovimentoLGBTbrasileiroémarcadapelaexpansãodesua base,demovimentohomossexualtornou-seLGBTe,comaentradadosquenão cabemnasletrinh cabemnasletrinhaseoacolhimen aseoacolhimentodosqueastro todosqueastrocam,tem cam,temsetornadocadave setornadocadavez z menosunitário,leia-sepluraledemocrático.Sualutainternaatualmaisvisível pode ode apon aponta tar r para para dive diverrsos sos cam caminho inhos, s, mas mas parec arece e apen apenas as um sin sintoma toma de resi resist stên ênci cia a inte intern rna a à ampl ampliaç iação ão do diálo diálogo go com com o femin feminis ismo mo,, à criaç criação ão de um diálogomaiscríticocomoEstadoeaofimdomodeloidentiáriodasletrinhasque se dá, ao mesm mesmo o temp tempo, o, que que emer emerge ge um novo novo quadr quadro o teór teóric ico o e conc conceit eitual ual na esferadosestudossobresexualidade.12 Porfim,comointelect Porfim,comointelectualquetemsededicad ualquetemsededicadohámuitosanosaestud ohámuitosanosaestudare are pesq pesquis uisar ar em uma uma pers perspe pect ctiv iva a queer queer,, poss posso o afir afirma mar r que que a prop propos osta ta polí políti tica ca queer eer não apont onta para ara nenhuma div divisão, ão, antes é um apelo unif unifiicado ador à 10JanWillenDuyvendak,jáem1996,publicouumartigoemqueexploravacomoomovimento
gayholandêsfoicooptadopeloEstadoapartirdeumaaliançanaspolíticasdecombateàaids. Posteriormente,partedomovimentoaderiuaumaagendadeDireita,racistaexenofóbica. 11 Sobre Sobre o caráter caráter normali normalizado zador r e hierar hierarquiz quizado ador r da luta pelo casamen casamento to (ou parceri parceria a civil) civil) consulteMiskolci,2007. 12Omovimento,emseuperfilidentitário,floresceuemmeioàascensãodoconstrutivismosocial naacademia. naacademia. A ponte ponte entre entre ação ação política política e reflexã reflexão o sedeu se deu pela concili conciliação ação do“ess do “essenc enciali ialismo smo estratégico”,termocunhadoporGaytriSpivakparasereferiràadoçãodeumapráticafincadana ficçãonaturalizantedasidentidadescomomeioparaaobtençãodedireitos.Atualmente,ofoco em objeti objetivo vos s como como a luta luta contra contra a homo homofob fobia ia e o hete heteros rossex sexism ismo, o, se dá em outro outro conte contexto xto político.Ocorreumdeclínioquerdoperfil“identitário”domovimentoquerdoconstrutivismo socialnaacademia,deformaqueoelopelo “essencialismoestratégico”podesersubtituídopor discuss discussões ões mais mais nuançad nuançadas as do que as anteorio anteorioresbasead resbaseadas as em binário binários s como assimil assimilação ação ou marg margina inali lidad dade. e. No prese presente nte,, segun segundo do Eve Kosof Kosofsky sky Sedgwi Sedgwick ck (200 (2003) 3),, viven vivenci ciam amos os batal batalha has s novas,comoassobrequaltipodevisibilidadeequetipodeincorporaçãoqueremos.
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experiênciacomumdegays,lésbicas,bissexuais,travestis,transexuaiseoutr@s, ouseja,aexperiênciadavergonha.Serchamado,leia-se,serxingadodebicha, gay, gay, sapa sapatã tão, o, trav travest esti,i, anor anorma mall ou degen degener erad@ ad@ é a esper esperiên iência cia fund fundado adora ra da descobertadahomossexualidadeoudoquenossasociedadeaindaatribuiaela,o espaço espaço dahum da humilh ilhação ação e dosofr do sofrime imento nto..Tra Transf nsform ormar arest esta a experi experiênc ência iaem emfor força ça políticaderesistênciaéoobjetivodapropostaoriginalqueer.13 Ao contrá contrário rio de outras outras experi experiênc ências ias histór histórica icas s e nacion nacionais, ais, no Brasil Brasil,, o movim movimen ento to tem tem enco encont ntra rado do seu seu denom denomin inad ador or comu comum m em uma uma agend agenda a anti anti-homofob homofobia,não ia,nãoapen apenas asnaobtenç naobtenção ãode dedir direito eitos sa a partir partir demod de modelo elos s oferecid oferecidos os pelo pelo Estado. Estado.14 Isto Isto é cont contex extu tual al e pode pode muda mudar, r, mas mas perm permit ite e afir afirma mar r que que um movim ovimen ento to que que se inic inicio iou u com com o grup grupo o SOMO SOMOS S e que hoje hoje pass passa a por uma uma transfo transforma rmação ção identit identitári ária, a, pode modific modificar ar sua relação relação com o Estado Estadoe e encara encarar r semtemoresodeclíniodo“essencialismoestratégico”.Daícadavezmaispessoas dentrodomovimentoacharemque“nãosomos”oqueasociedadeeoEstado, cadaumàsuaforma,nosatribui,mas“queremos”serdiferentesdoquenosfoi atribuídoounoséoferecidocomomeioúnicodeadquiriraigualdade.
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Polit Politiza izar r a exper experiê iênci ncia a da verg vergonh onha a contra contrasta sta com a propo proposta sta de libera liberais is que que prefe preferem rem const constru ruir ir um movi movime mento nto conve converv rvad ador or em termos termos morai morais s e compr comprome ometi tido do em passa passar r uma uma imagemhigienizadaparaasociedadebrasileira. 14Alutaanti-homofobiapodesesofisticarevoltar-secontraoheterossexismoinstitucionalque aindareina.Infelizme aindareina.Infelizmente,atentativade“ident nte,atentativade“identitarizar itarizar”alutapormeiodaschamadastransf ”alutapormeiodaschamadastransfobia, obia, homofobia,lesbofobi homofobia,lesbofobiatendeaarrefecer atendeaarrefecerseupotencialaglutina seupotencialaglutinador,aindaquesemelimi dor,aindaquesemeliminá-lopor ná-lopor completo.SobreoconceitodehomofobiaconsulteJunqueira,2007. 13
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