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cuidadores de pessoas idosas dependentes Coordenação:
María Ángeles García Antón
Módulo I
Introdução e cuidados básicos às pessoas idosas dependentes
Com a colaboração de
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cuidadores de pessoas idosas dependentes
Módulo I
Introdução e cuidados básicos às pessoas idosas dependentes
Grupo de Trabalho da SEGG Coordenadora do Grupo
D.ª María Ángeles García Antón Trabalhadora Social. Hospital Central da Cruz Vermelha “San José y Santa Adela”, Madrid. Professora Docente Practicum na “Escola Universitária de Trabalho Social da Universidade Complutense de Madrid”. Psicóloga. Coordenadora do Grupo de Trabalho Trabalho SEGG Seguimento Lei de Dependência. Ex vice-presidente social da Sociedad Española de Geriatría y Gerontología.
Autores
Dr. José Ramón Campos Dompedro Médico Geriatra. Master em Gerontologia Social. Direção de negócio Saúde 4 (MAPFRE).
D.ª Ana María Fernández Rodríguez Trabalhadora Social. Hospital Central de la Cruz Roja “San José y Santa Adela”, Madrid. Pós-graduação em Direção de Centros de Serviços Sociais.
D.ª María Ángeles García Antón Trabalhadora Social. Hospital Central da Cruz Vermelha “San José y Santa Adela”, Madrid. Professora Docente Practicum na “Escola Universitária de Trabalho Social da Universidade Complutense de Madrid”. Psicóloga. Coordenadora do Grupo de Trabalho Trabalho SEGG Seguimento Lei de Dependência. Ex vice-presidente social da Sociedad Española de Geriatría y Gerontología.
D.ª Rosa Matilla Mora Terapeuta Ocupacional. Diretora do www.terapia-ocupacional.com. Coordenadora do Grupo de Trabalho de Terapia Ocupacional SEGG.
D.ª Mónica Merino Alainez Trabalhadora Social. Fundação Instituto San José. Pós-graduação em Direção de Centros de Serviços Sociais.
D.ª Silvina Molinero Aguilera Trabalhadora Social. Ex chefe do Serviço de Centros de Idosos do IMSERSO.
Dr. Antonio Moya Bernal Médico de Família. Centro de Saúde Embarcaciones Tres Cantos. Direción Asistencial Norte. SERMAS. Master em Bioética.
Dr. Primitivo Ramos Cordero Médico Geriatra. Coordenador Médico Assistencial do Serviço Regional de Bem-estar Social. Comunidade de Madrid. Secretário-geral da Sociedade Espanhola de Geriatria e Gerontologia.
D.ª Eva María Sanz Peces Enfermeira. Equipe de Suporte e Atenção Cuidados Paliativos Domiciliários. Direção Assistencial Norte. SERMAS. Educadora Social.
D.ª María Antonia Valle Martín Trabalhadora Social. Hospital Central da Cruz Vermelha “San José y Santa Adela”, Madrid.
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Módulo I
Introdução e cuidados básicos às pessoas idosas dependentes
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© Sociedad Española de Geriatría y Gerontología Príncipe de Vergara, 57-59. 28006 Madrid www.segg.es Coordenação editorial
Alberto Al cocer, 13, 1.° 1.° D 28036 Madrid Tel.: 91 353 33 70. Fax: 91 353 33 73 www.imc-sa.es •
[email protected] Todos os diretos reservados. Nenhuma parte desta publicaç ão pode ser reproduzida, transmitida sob nenhuma forma ou meio algum, eletrónico ou mecânico, incluindo fotocópias, gravações ou qualquer sistema de recuperação de armazenamento de informação, sem a autorização escrita do titular do copyright. ISBN: 978-84-7867-304-9
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cuidadores de pessoas idosas dependentes Prólogo .........................................................4 Prólogo à edição portuguêsa ... 6 Introdução Cuidados básicos da pessoa idosa dependente .................................. 7
1 Envelhecimento e dependência. Aspetos sociodemográficos
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– Envelhecimento. Indicadores demográficos ............................................. 9 – Dependência. Indicadores ....................10 – Saúde. Indicadores .................................11
2 O cuidado ..................................................13 3 O cuidador: papel, habilidades e competência ........................................15 – O cuidador ................................................15 – Tipos de cuidadores ...............................15 – Atitudes que os cuidadores devem ter ..................................................16 – Elementos para a formação no cuidado ................................................17 – Papel do cuidador ...................................18 – Fases de adaptação do cuidador ....... 19 – Tarefas e competências do cuidador ..............................................19
4 Cuide-se… para poder cuidar. ..... 22 – Ser cuidador implica .............................. 22 – O que pode fazer para cuidar de si.... 23 – O duelo ..................................................... 25
5 A comunicação, as relações e a convivência no domicílio com a pessoa idosa dependente .......... 27 – Conselhos gerais .....................................27 – As relações e a convivência no domicílio ....................................................28
6 Higiene pessoal .....................................31 – – – – – – –
Antes de começar a higiene................ 31 Conselhos gerais .....................................31 Para dar banho na cama ...................... 32 Como fazer a higiene da boca ............35 Como fazer a higiene dos olhos .........35 Como fazer a higiene dos ouvidos .......36 Como cuidar das mãos e dos pés .......36
Módulo I
Introdução e cuidados básicos às pessoas idosas dependentes 7 Vestuário ................................................... 37 – – – –
Conselhos gerais .....................................37 A roupa ......................................................37 Os sapatos ................................................ 38 Se a pessoa tem alguma extremidade afetada ou imobilizada ............................................... 38
8 Transferências e mobilizaçõe. ...... 39 – Em primeiro lugar, cuide da sua postura .........................................39 – Mobilizações na cama ...........................40 – Transferência da cama para a cadeira ....................................................44 – Manter a postura correta na posição sentado numa cadeira. .......... 44 – Transferência da cadeira de rodas para o seu assento habitual.................45 – Transferência de sentado para de pé .................................................46 – Ajudas para caminhar ........................... 47
9 Alimentação e nutrição ................... 48 – Conselhos gerais para a alimentação .......................................... 48 – Se tiver de lhe dar de comer ............... 50 – Sobre a má nutrição deve saber que… ............................................. 50 – Caso surgirem problemas .................... 50 – Nutrição enteral ...................................... 51
10 Atividade e exercício físico ........... 54 – Conselhos gerais .....................................54 – Exercício físico ..........................................56 – Tipos de exercício ................................... 58
11 Descanso e sono ...................................61 – Fases do sono .......................................... 61 – Sobre o sono precisa saber… ............. 61 – Insónia ........................................................62
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Prólogo A Sociedade Espanhola de Geriatria e Gerontologia tem imenso prazer em proporcionar-lhes este curso, dirigido a todos os cuidadores familiares, cuidadores dedicados e comprometidos, que desejem ampliar os seus conhecimentos sobre o cuidado dos idosos. As alterações demográficas verificadas na nossa sociedade, como o aumento da esperança de vida e o aumento significativo do número de pessoas com mais de 80 anos, estão geralmente ligadas a um crescimento das doenças crónicas. Este facto é acompanhado por um claro aumento da deterioração funcional e da perda de autonomia destas pessoas, o que condiciona a necessidade de cuidados, em muitos casos de longa duração, como apoio à realização das atividades da vida diária. Atualmente, existem mais de 2 milhões de pessoas idosas que sofrem de algum tipo de dependência e que requerem a ajuda de um cuidador, seja um familiar não remunerado (73,5%), um cuidador informal remunerado (18,1%), ou um cuidador profissional em lares de idosos (4,5%) ou em serviços professionais de apoio domiciliario (3,9%). Existe uma clara e lógica tendência no sentido das pessoas idosas com algum tipo de dependência preferirem a sua casa como o local adequado para receber assistência e cuidados, considerando a família como a principal fonte de cuidadores (cônjuge, filhos/as, etc.). Vivemos numa sociedade que cuida e que, no futuro, continuará a cuidar de um número cada vez mais elevado de idosos. Graças ao cuidado prestado por todos vós, os familiares, é possível a sustentabilidade do nosso sistema, possibilitando que a maioria dos nossos idosos possa receber tudo o que necessita, desde o afeto à higiene, passando pela alimentação e por tantos outros aspetos. Nós sabemos que existe um sofrimento maior para a carga do cuidador: por um lado, ver a dependência do seu familiar e, por outro, o esgotamento físico e mental
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a que estão sujeitos. Além disso, existem problemas administrativos e económicos que também influem na sobrecarga exercida por todos vós. Permitam-nos que, através deste curso, possamos conhecer mais um pouco as vossas vidas e oferecer-vos a nossa ajuda para tornar mais assumível o cuidado que realizam cada dia. Permitam-nos também sugerir-lhes algumas recomendações e orientações para explicar-lhes o que pode ser bom ou, simplesmente, então sinta-se reforçado em todas as coisas boas que fazem. Permitam-nos também que tentemos, através deste curso, melhorar ou, pelo menos, cuidar da sua saúde física e emocional. A Sociedade Espanhola de Geriatria e Gerontologia, consciente do importantíssimo trabalho que levam a cabo, bem como da dura realidade que estão a viver, e comprometida em zelar pela saúde e pelo bem-estar das pessoas idosas e seus cuidadores, desenvolveu este curso de formação, que conta com a garantia científica da nossa própria Sociedade. Aqui fica o meu agradecimento e apreço a toda a equipa de profissionais, parceiros da SEGG, que elaborou com todo o cuidado o material deste curso de formação, e à Lindor Arbora, empresa com a qual é sempre um orgulho colaborar, e cujo patrocínio e colaboração o tornaram possível. Para todos vós, o nosso maior reconhecimento pelo seu trabalho, desejando que este curso vos seja tão útil como o interesse que os seus autores puseram na sua elaboração, e que tudo isso se traduza num cuidado de qualidade dos nossos idosos.
José A. López Trigo Presidente Sociedade Espanhola de Geriatria e Gerontologia
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Prólogo à edição portuguêsa Em meu nome e da Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia tenho grande prazer em anunciar este curso, organizado pela Sociedade Espanhola de Geriatria e Gerontologia (SEGG), destinado a todos os cuidadores familiares que desejem aumentar os seus conhecimentos sobre a prestação de cuidados às pessoas idosas. É conhecido o desejo comum da maioria das pessoas idosas e seus familiares de permanecer na sua própria casa o mais tempo possível, evitando ou adiando até ao limite o internamento em instituições, tipo Lares para idosos. Mas a partir de certa altura o eventual aparecimento de determinadas incapacidades pode tornar impossível, a muitos idosos, uma vida autónoma na sua própria casa, sem a ajuda de prestadores de cuidados, familiares ou outros. Esta iniciativa é particularmente oportuna para uma população portuguesa, crescentemente envelhecida, a viver uma prolongada crise social e económica. A justificação deste curso assenta nesta realidade que não é muito diferente da que se vive em Espanha. Neste Curso, que tem o aval científico da Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia, transmitem-se de forma compreensível e pratica os últimos conhecimentos científicos, que baseados na grande experiencia dos formadores, irão ajudar a tornar mais fácil não só a vida das pessoas idosas, como também dos seus cuidadores familiares, que abnegadamente ajudam os seus entes queridos a permanecer no seu lar. Para terminar, não posso deixar de apresentar, os meus agradecimentos á Direção da SEGG, bem como aos colegas espanhóis, autores deste Curso, pelo seu excelente trabalho, e ainda por generosamente o terem tornado acessível à população portuguesa.
Prof. Doutor Manuel Carrageta Presidente da Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia
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Introdução Cuidados básicos da pessoa idosa dependente Os cuidados das pessoas dependentes são realizados na sua maior parte através do denominado “apoio informal”, quer dizer, a família ou cuidadores que não receberam estudos regulamentares que os capacite profissionalmente. “Saber cuidar” é muito importante, uma vez que evitará o aparecimento de complicações, problemas de saúde e, em definitivo, garantir que a pessoa dependente tenha a melhor qualidade de vida. Neste primeiro módulo dirigido aos cuidadores que atendem pessoas dependentes abordamos aspetos gerais da atenção e todos os cuidados relacionados com as atividades básicas da vida diária. Saber cuidar começa por compreender os conceitos gerais do cuidado, o papel desempenhado pelo cuidador, as atitudes e as competências da pessoa que está a cuidar. Outro dos capítulos abordados está referido à necessidade de “cuidar de si mesmo para poder cuidar”, como parte essencial para garantir a continuidade e a qualidade dos cuidados. Devemos pensar também em nós mesmos e conhecer e estabelecer as estratégias que nos ajudem a realizar esta atividade. Todos os capítulos foram realizados do ponto de vista prático, baseado nos conselhos e no modo como interagir ou “fazer as coisas”, evitando a terminologia científica e com uma linguagem clara e simples. No capítulo da comunicação faz-se a abordagem, a partir deste enfoque, além de tratar da questão das relações e da convivência no domicílio. Seguidamente, nos capítulos subsequentes, abordam-se os aspetos relacionados com a higiene pessoal, o vestuário, as transferências e as mobilizações, a alimentação e a nutrição, a atividade e o exercício físico e o descanso e o sono. Temas todos eles relacionados com as atividades básicas da vida diária e onde, através de
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desenhos (para tornar mais gráfica e clara a explicação do texto), de diagramas ou mediante o uso de mensagens esquemáticas, aborda-se em cada capítulo cada uma das tarefas. A nossa intenção, ao realizar os capítulos, foi transmitir os aspetos gerais de cada atividade, mas do ponto de vista do cuidado do cuidador. Por isso, insistiu-se na “forma de realizar as tarefas” para evitar uma lesão ou dano ao cuidador, das estratégias ou “truques” que podemos utilizar e das ajudas técnicas existentes no mercado, que irão facilitar-nos não só a realização mais fácil da atividade, mas também evitar que possamos sofrer danos. Por último, em cada uma das atividades são tratadas situações complexas ou complicações que, se bem não estão presentes em todas as pessoas dependentes (nutrição enteral, acamados, etc.), consideramos que existe um número suficiente justificativo da necessidade da sua inclusão, e além disso, podem ser um desenvolvimento normal no devir do processo e, portanto, conhecê-las pode ajudar-nos a antecipá-las ou defrontá-las de uma maneira mais positiva.
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Envelhecimento e dependência. Aspetos sociodemográficos Envelhecimento. Indicadores demográficos O envelhecimento da população em Espanha é devido, essencialmente a três motivos:
• O aumento da esperança de vida, que passou de 34,8 anos ao princípio do século XX a situar-se em torno dos 82,3 anos (85,21 para as mulheres e 79,3 para os homens), sendo a terceira mais alta na União Europeia por detrás da Suécia e da Itália.
• A diminuição da taxa de natalidade, situada presentemente em 10 nascimentos por 1.000 habitantes e ano, com um nível baixo de fecundidade (1,26 filhos por mulher). Para garantir a renovação geracional considera-se necessário o nascimento de 2,1 filhos por mulher.
• A diminuição da taxa de mortalidade, que passou de 21,9 por mil no início do XX para 8,35 por mil atualmente, com uma grande diminuição da mortalidade infantil. Os dados do Instituto Nacional de Estatística, com a data de 1 de janeiro de 2014, indicam que a população total em Espanha é de 46,7 milhões de pessoas, das quais, 8,4 milhões têm mais de 65 anos, o que representa 17,7% da população, calculando-se que esta percentagem será de 36,5% no ano 2050. Um fenómeno que deve chamar a nossa atenção é aquilo que tem sido apelidado de “envelhecimento do envelhecimento”. Quase um terço das pessoas com mais de 65 anos têm 80 anos ou mais, o que supõe 5,2% do total da população espanhola. Este dado tem uma grande transcendência, já que esta faixa etária é a que aglutina uma maior probabilidade de desenvolver doenças, deficiência e dependência.
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Dependência. Indicadores Podemos considerar a dependência como um processo no qual as mudanças fisiológicas relacionadas com a idade, as doenças crónicas e os processos agudos e intercorrentes, junto com a interação do ambiente e a influência dos estilos de vida, atuam sobre o indivíduo produzindo-lhe uma situação impeditiva de valer-se por si mesmo. As doenças crónicas tendem a estar associadas e a produzir diferentes graus de deficiência, encontrando que 35% das pessoas com mais de 65 anos são dependentes para alguma atividade básica da vida diária (ABVD), ultrapassando o 50% nos que têm mais de 80 anos. Segundo os dados facilitados pelo Sistema para a Autonomia e Atenção à Dependência, até à data de 31 de maio de 2014, 20% da população com mais de 65 anos pediu o reconhecimento do grau de dependência, o que representa 77% de todos os pedidos (1.640.490). Foi reconhecido algum grau de dependência (I, II e III) a um total de 920.837 pessoas. Importa referir que após as modificações introduzidas na Lei de Promoção da Autonomia Pessoal e Atenção às Pessoas em Situação de Dependência de dezembro de 2006, pelo Real Decreto de julho de 2012, a classificação em graus e níveis de dependência foi alterada, tendo sido eliminado o grau I e os níveis 1 e 2 de cada grau, mantendo apenas os graus II e III. Foi considerada a situação de dependência a 10% da população com idade superior a 65 anos, tendo sido atingido um 15% na faixa com mais de 80 anos. Um 53% das pessoas com algum tipo de ajuda recebe prestações pecuniárias para cuidados no ambiente familiar. Se adicionarmos as prestações/recursos no ambiente domiciliário (teleassistência, apoio domiciliario, centros de dia/noite) a percentagem obtida representa 94% de todas as prestações concedidas. Em síntese, as pessoas dependentes em Espanha continuam a ser maioritariamente cuidadas pela família no seu ambiente, e toda a sociedade está obrigada a zelar por que estes cuidados tenham a maior qualidade possível.
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Saúde. Indicadores Segundo o Inquérito Nacional de Saúde (ENS) de 2014, 34,3% das pessoas com mais de 65 anos considera que a sua saúde é boa ou muito boa, empiorando a perceção da saúde à medida que aumenta a idade, especialmente na mulher. O padrão de doença e mortalidade atual tem sofrido uma grande transformação como consequência do desenvolvimento social, económico e sanitário. Tem vindo a evoluir de doenças agudas, de caráter transmissível (infetocontagiosas), para doenças influenciadas pelos hábitos e estilos de vida, de caráter degenerativo, com tendência à cronicidade e à associação de mais de uma doença. Este padrão está representado essencialmente pelas doenças circulatórias (21,4%), respiratórias (15,5%) e pelo cancro (12,4%), seguidas de outras como a diabete, as doenças neurodegenerativas, as doenças digestivas, etc. O Inquérito Nacional de Saúde (ENS) do ano 2013 indicava que 73% das pessoas com idade superior a 65 anos tinha, no mínimo, uma doença crónica, aumentando a 78,5% nos que tinham mais de 75 anos, e que a média de doenças crónicas nas pessoas entre 65 e 74 anos era de 2,8 doenças por pessoa, aumento a 3,23 doenças por pessoa nos que tinham mais de 75 anos. Por esse motivo, as pessoas idosas encontram-se frequentemente polimedicadas para poderem controlar ou melhorar os seus problemas de saúde. 88,9% das pessoas com idades superiores a 65 anos consome algum medicamento, atingindo 93,4% quando a avaliação é efetuada aos que têm idades superiores a 75 anos, e 94% das pessoas que padecem doenças crónicas estão polimedicadas. Calcula-se que as doenças crónicas consomem 80% dos centros de Atenção Primária e que um 20% das pessoas com mais de 65 anos utiliza este recurso uma vez por semana. Um 41,90% de todas as altas hospitalares ocorridas em Espanha são de pessoas com mais de 65 anos. Atualmente, mais de 50% das estadias nos hospitais correspondem a pessoas com 65 e mais anos. O padrão de mortalidade também mudou e atualmente 84,9% das pessoas falecidas em Espanha têm mais de 65 anos, quando no início do século XX apenas representavam 30%. Entre as causas de morte destacam, por ordem decrescente, os
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problemas cardiocirculatórios, o cancro e os problemas respiratórios, encontrando que nos últimos anos aumenta a mortalidade por problemas neurodegenerativos (demências, doença de Parkinson, etc.). Os dados apresentados incidem no facto de que o envelhecimento da população implica importantes mudanças sociais e económicas no nosso país. Entre outras, o aumento da esperança de vida condiciona um aumento das pessoas em situação de dependência, quer dizer, pessoas necessitadas de cuidados.
Garantir uma boa qualidade de vida e cuidados para as pessoas idosas dependentes deve ser um objetivo prioritário da sociedade no seu conjunto Tanto o Estado como cada um de nós devemos esforçar-nos para dar uma resposta a estas pessoas e às suas famílias, colaborando também para que as pessoas atendidas nos seus domicílios por familiares recebam os cuidados adequados, oferecendo-lhes a formação, os recursos e o apoio social e sanitário necessários para responder às suas procuras e necessidades.
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O cuidado Cuidar é um verbo de uso comum e quotidiano. Segundo a Real Academia Espanhola (RAE), cuidar significa assistir, guardar, conservar. Também prestar atenção para a própria saúde e pôr diligência, atenção e solicitude na execução de alguma coisa. O cuidado é definido pela RAE como a ação de cuidar. Por extensão, cuidador é aquele que cuida. Cuidar, em definitivo, implica uma ação que deve ser desenvolvida com atenção, dedicação e esmero, e a pessoa que a realiza é o cuidador. Pode-se afirmar que o ser humano e o cuidado têm ido sempre de mãos dadas, desde a origem da humanidade. Cuidar é universal, plural e possui aspetos acentuados vinculados com a cultura proporcionando-lhe diversidade. Compreender o cuidado significa também compreender a cultura. O cuidado está presente ao longo de todo o ciclo vital. Nos somos cuidados a partir do momento do nascimento, durante a adolescência, a idade adulta, a velhice e, de um modo muito especial, quando adoecemos, no fim da vida e na morte. As pessoas, as famílias, os grupos e as instituições organizam-se de modo formal e informal para garantir estes cuidados. As dificuldades na organização dos diferentes agentes repercutem negativamente na qualidade dos mesmos. Podemos identificar diferentes dimensões do cuidado, na medida em que este responde às diversas necessidades humanas. Assim, falamos de cuidado integral e das suas componentes biológicas, psicológicas, sociológicas, culturais e espirituais. A partir da promoção da saúde e da prevenção da doença são desenvolvidos cuidados realizados de forma quotidiana pelas pessoas visando conservar a saúde e prevenir doenças. Estas ações são denominadas autocuidados.
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Ao longo da vida, as pessoas defrontam-se com situações (mudanças vitais, doenças, deficiências), que podem gerar um desequilíbrio entre as necessidades de cuidado e os recursos pessoais para defrontá-las. Nestas ocasiões, necessitamos da assessoria e da ajuda dos profissionais. Quando cuidamos de uma pessoa, devemos respeitar os seus valores, costumes, crenças e preferências, respeitando e promovendo a sua autonomia e evitando situações de sobreproteção. Não o fazer supõe vulnerar a sua dignidade. Cuidar implica oferecer o tempo necessário ao outro, ouvir, reforçar positivamente e acompanhá-lo. Historicamente, o cuidado das pessoas idosas tem recaído na família e, hoje, a família continua a ser o principal agente fornecedor de cuidados. Neste contexto, destaca a figura do cuidador principal, como aquela pessoa que organiza, presta cuidados e é o referente e interlocutor para os profissionais. Nos últimos anos, a figura do cuidador principal tem adquirido especial relevância no âmbito sociosanitário devido à grande importância das tarefas desenvolvidas, e, por este motivo que insistimos na necessidade de cuidar de si mesmo (e cuidado para ele) assim pode continuar cuidando. Nesta linha está enquadrada esta iniciativa que tenta contribuir para a formação e o cuidado dos nossos cuidadores.
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O cuidador: papel, habilidades e competência O cuidador É aquela pessoa que dedica grande parte do seu tempo e esforço para conseguir que a pessoa idosa dependente possa desenvolver-se na sua vida diária, ajudando-a a adaptar-se às limitações importas pela sua dependência. O cuidador desempenha também outras funções importantes, tais como:
• Ser informador da situação e evolução do estado de saúde da pessoa dependente.
• Participar na tomada de decisões na vida da pessoa idosa dependente. O cuidador deve respeitar as decisões e as preferências da pessoa idosa dependente quando a sua situação o permita
Tipos de cuidadores Cuidador formal É o profissional que apoia o cuidado a partir dos serviços públicos ou privados de forma estruturada. Os objetivos dos cuidados formais são:
• Fortalecer e apoiar os sistemas de apoio informal. • Estabelecer estratégias de coordenação entre os apoios formais e os informais.
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Cuidador informal É aquela pessoa que cuida e pertence ao ambiente de familiares, amigos ou vizinhos. Características:
• Existe afetividade na relação. • Realiza o cuidado com certa permanência ou duração e nunca de modo ocasional. • Trata-se de uma prestação altruístas, ao estar dentro do ambiente da família ou dos amigos. • O número de cuidadores para a atenção da pessoa idosa dependente tem um tamanho reduzido. • Ajuda a que a pessoa idosa dependente permaneça no seu ambiente habitual e social. • Evita ou atrasa a institucionalização da pessoa idosa. • Reduz a necessidade de utilização de recursos formais. Existem aspetos que fazem com que cuidador seja único em função do que se cuida, de a quem se cuida, da relação prévia com a pessoa cuidada, a causa e o grau de dependência, o apoio formal e informal recebido, os requisitos estabelecidos pelo cuidador, etc.
Os cuidados prestados às pessoas idosas dependentes pela família constituem a rede de apoio mais importante e melhor valorizada por elas
Atitudes que os cuidadores devem ter • Flexibilidade e adaptabilidade:
– Desejar que tudo saia como desejamos pode limitar-nos na altura de encarar a realidade.
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– Aceitar que as coisas podem ser como esperamos ou diferentes, permite preparar-nos para defrontá-las e ajuda-nos a procurar ideias ou soluções perante problemas imprevistos.
• Evitar a vitimização:
– Vitimizar-se faz-nos perder a possibilidade de mudar a realidade. – Na adversidade torna-se necessário analisar friamente os recursos que possuímos, quais são as ferramentas que temos nas nossas mãos para poder alterar a situação.
• Ter esperança e visão positiva da vida:
– Procurar sempre os aspetos positivos das situações que estivermos a viver, apesar de pensarmos que são muito negativas e confiar em poder melhorá-las.
– Rejeitar a visão negativa de que não é possível mudar nada. Elementos para a formação no cuidado • SER (atitudes):
– A reflexão sobre as nossas atitudes aproxima-nos de conhecer-nos a nós mesmos e conhecer os nossos afetos, facilitando que tenhamos um melhor relacionamento com os outros.
• SABER (conhecimentos):
– Para saber e aprender é preciso manter a mente aberta ao conhecimento. – Aprender coisas novas para não ficarmos enquadrados em conceitos estagnados.
• SABER FAZER (habilidades):
– Permite que passemos do conhecimento do cuidado para a ação do cuidado diário, desenvolvendo as habilidades necessárias para poder fazer bem o nosso trabalho.
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Papel do cuidador O papel do cuidador não é sempre o mesmo, porque os problemas da pessoa idosa dependente à qual atende são progressivos e complexos. Inclusivamente nas situações em que se torna necessária a institucionalização da pessoa idosa dependente, é possível que o papel do cuidador mude, mas isso não supõe o fim da dedicação ao cuidado. O papel da pessoa cuidadora pode variar ao longo do tempo. A intensidade, a complexidade e a duração dos cuidados são fatores determinantes na altura de estabelecer as atividades do cuidado e na avaliação da sua repercussão no cuidador, o qual terá de encarar, além disso, a incerteza sobre a situação dos cuidados a longo prazo.
Aspetos positivos e negativos na atividade do cuidador POSITIVOS
NEGATIVOS EMOCIONAIS
• Desenvolvimento da empatía. • Satisfação.
• Estrés. • Depressão.
SAÚDE
FISICOS • Maior atividade física.
• Cansaço. • Dor muscular.
FAMILIARES RELAÇÕES SOCIAIS
• Maior união nas relações familiares.
• Deterioração e redução das relações familiares.
EXTRAFAMILIARES • Reconhecimento familiar e social.
• Redução nas relações e atividades sociais.
Cuidar de um familiar dependente é uma das experiências mais dignas e merecedoras de reconhecimento por parte da sociedade
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Fases de adaptação do cuidador O cuidado da pessoa idosa dependente precisa de um processo de adaptação por parte do cuidador, no qual podem ser identificadas as seguintes fases: 1.
Negação ou falta de consciência do problema:
– É preciso tentar controlar o medo e a ansiedade. 2.
Procura de informação e aprendizagem:
– Para poder exteriorizar os sentimentos difíceis e saber como encarar a irritação, a ira, a culpa, etc. 3.
Aprender a dar respostas perante a perda de controlo da própria vida.
4.
Reorganização:
– Permite ao cuidador sentir mais controlo sobre a situação e aceitar melhor as mudanças na sua vida. 5.
Resolução:
– Permite sentir-se com maior capacidade para manejar com sucesso as necessidades da pessoa idosa dependente e da sua situação.
Tarefas e competências do cuidador A competência é o conjunto de conhecimentos, capacidades, qualidades e comportamentos que contribuem para o sucesso na execução de uma determinada tarefa. Atividades quotidianas da vida
• Atividades básicas da vida diária (ABVD): Las ABVD são aquelas que a pessoa dedica ao cuidado do corpo e estão orientadas para a sobrevivência. O cuidador, na altura de levar a cabo estas atividades, terá de motivar a pessoa idosa dependente para colaborar na sua realização de acordo com as suas capacidades.
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ABVD (atividades básicas da vida diária)
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ATIVIDADES
TAREFAS
• Higiene pessoal.
• Fazer o banho ou o duche. • Fazer a limpeza bucal, pentear-lhe, etc.
• Vestir.
• Vestir a pessoa cuidada. • Calçar, etc.
• Alimentação e nutrição.
• Dar de comer e de beber, etc.
• Controlo da eliminação (micção e excreção).
• Colocação de absorventes. • Controlo da diurese.
• Deslocações no interior do domicílio.
• Ajuda nas mobilizações. • Como fazer nas transferências (habilidad para mover o idoso da cama para a cadeira, etc..).
• Atividades instrumentais da vida diária (AIVD): São aquelas atividades orientadas para o relacionamento com o ambiente no qual vivemos. As atividades instrumentais são mais complexas do que as atividades básicas mas, contudo, não são tão pessoais, podendo ser facilmente delegáveis em outros.
AIVD (atividades instrumentais da vida diária)
ATIVIDADES
TAREFAS
• Transporte fora do domicílio.
• Ajuda nas deslocações. • Acompanhar à farmácia, ao médico, etc.
• Atividades da casa.
• Fazer a limpeza da casa. • Cozinhar, passar a ferro. • Ir às compras, etc.
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ATIVIDADES
TAREFAS
• Gestões administrativas.
• Tramitação de documentação.
• Administração do dinheiro e/ou bens.
• Proteger os bens. • Levar as contas corretamente. • Executar os pagamentos de faturas.
• Tomar a medicação.
• Controlar os horários dos medicamentos. • Administrá-la corretamente.
• Comunicação.
• Relacioná-la com outras pessoas através de visitas, por telefone, etc. • Comunicação afetiva e efetivamente, etc.
AIVD (atividades instrumentais da vida diária)
Módulo I
Os melhores cuidados são sempre os que mantêm o equilíbrio entre a manutenção da máxima independência funcional possível e a segurança da pessoa idosa dependente
A informação e formação para poder dar os cuidados supõe uma garantia na qualidade de atenção da pessoa idosa dependente
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Cuide-se… para poder cuidar Cuidar de uma pessoa idosa dependente significa ajudá-la, respondendo às suas necessidades básicas e tentando manter o seu bem-estar com a maior qualidade e aconchego.
O cuidador principal é a pessoa que assume a responsabilidade de cuidar e a supervisão dos cuidados.
Ser cuidador implica • Responsabilizar-se por todos os aspetos da vida do doente: higiene, alimentação, vestuário, medicação, segurança, etc.
• Decidir onde e quando é preciso investir os esforços e os recursos pessoais e económicos.
• Ter de enfrentar a sobrecarga física e emocional que supõe a dedicação continuada ao cuidado.
• Enfrentar-se à perda paulatina da sua autonomia, sendo preciso compatibilizar os cuidados com a manutenção das suas relações no ambiente familiar, laboral e social, lazer, etc.
O cuidador desconhece quanto tempo terá de ser, por isso, deve formar-se, planiicar-se e preparar-se para poder desempenhar a sua função nas melhores condições
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Módulo I
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O que pode fazer para cuidar de si • Cuide da sua própria saúde e bem-estar. • Evite o isolamento e a perda de contactos com o seu ambiente familiar e social.
• Peça ajuda às pessoas do seu ambiente sem aguardar o seu oferecimento. Partilhe e delegue tarefas e responsabilidades.
• Expresse os seus sentimentos abertamente. • Valorize e reconheça o esforço que está a realizar. • Estabeleça limites perante a procura de cuidados da pessoa idosa. • Utilize os recursos profissionais e sociais disponíveis. • Procure que não ocorram situações de desequilíbrio entre a necessidade de cuidados e os recursos e ajudas existentes.
• Mantenha uma conduta reflexiva, aprenda da experiência e t enha segurança nas suas próprias capacidades.
• Conserve a sua firmeza e capacidade para tomar decisões apesar das dúvidas e pressões do ambiente.
• Considere as dificuldades como oportunidades de mudança em vez de ameaças.
Mantenha-se alerta perante os sinais de sobrecarga Peça ajuda!
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Sinais físicos
Módulo I
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• Cansaço, falta de apetite. • Alterações do sono. • Dor muscular, palpitações. • Aspeto físico pouco cuidado.
Sinais psíquicos/ emocionais
• Tristeza, sentimentos de culpa. • Diminuição da autoestima. • Mudanças de humor, irritabilidade. • Dificuldade para concentrar-se. • Perda de memória
Sinais sociais
• Rutura das relações com familiares e amigos. • Falta de interesse em atividades anteriormente executadas. • Solidão e sentimento de isolamento.
Conselhos para prevenir a sobrecarga do cuidador Físicos
• Cuide a sua saúde e consulte o seu médico regularmente. • Vigie o seu descanso. • Respeite os horários das refeições e mantenha uma dieta equilibrada. • Desenhe um plano de cuidados. Priorize as atividades e distribua o tempo e o esforço que dedica à cada uma. • Seja consciente de seus limites. • Aprenda a dizer NÃO aos pedidos não urgentes.
Psíquicos/ emocionais
• Mantenha uma atitude otimista e motivadora para evitar cair na monotonia. • Dedique algum tempo durante o dia para fazer algo que goste sem ter remordimentos. • Aprenda a descontrair e atue com paciência perante situações em que se sinta desbordado. • Fomente a sua autoestima, valorizando tudo o que faz diariamente.
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Sociais
Módulo I
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• Procure informação e assessoria profissional sobre recursos e ajudas sociais, bem como utensílios e produtos de apoio para o cuidado. • Continue a realizar as atividades ou hobbies gratificantes, ajudasse-lhe a relaxar-se e prevenir o isolamento e a solidão. • Se os cuidados não lhe permitem ir à rua frequentemente, utilize o telefone para continuar o contacto com os seus amigos e/ou familiares.
O duelo Normalmente, o fim dos cuidados é marcado pelo falecimento da pessoa idosa cuidada. A morte de um ser querido, o qual foi cuidado durante muito tempo, é sempre um acontecimento stressante na vida do cuidador. O duelo é o processo de adaptação que permite restabelecer o equilíbrio pessoal após esse falecimento.
Conselhos gerais
• Conceda-se. Cada pessoa tem o seu próprio ritmo e necessita um tempo diferente para se adaptar.
• Permita-se estar em duelo. Imponha-se pequenas obrigações diárias que impeçam o seu isolamento.
• Mantenha uma alimentação adequada e faça exercício. • Aceite a realidade da perda, fale com normalidade de modo como o falecimento ocorreu, da sua tristeza, etc.
• Expresse as suas emoções e sentimentos. É normal ter sentimentos de culpa, solidão, tristeza, alívio, ansiedade, etc. Não se envergonhe de chorar.
• Organize e recolha os bens pessoais do falecido quando estiver preparado para isso.
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Módulo I
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• Procure o apoio de familiares e amigos e, se considera necessário, de profissionais que o ajudem a enfrentar a situação.
• Deixe que surjam as recordações e partilhe-as. O duelo convida-nos a fazer memória, não a esquecer a pessoa querida.
• Tente entreter-se e realize atividades que o ajudem a adaptar-se à nova situação.
• Desfrute dos momentos agradáveis e alegres sem sentir-se culpável. Recorde que tem um projeto de vida própio e direito a ser feliz.
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A comunicação, as relações e a convivência no domicílio com a pessoa idosa dependente A comunicação determina as relações e a convivência no domicílio. A pessoa dependente pode ter dificuldade para articular sons ou sofrer mudanças que alterem o processo de comunicação e façam que a informação verbal perca significado.
Conselhos gerais • Tenha paciência e empatia quando existam dificuldades na comunicação. • Mantenha o contacto visual. Coloque-se sempre diante e à sua altura. • Não caminhe enquanto estiver a falar nem quando estiver afastado. • Preste atenção muito especialmente à linguagem corporal como nexo de comunicação.
• Transmita-lhe segurança, confiança e mantenha o contacto físico. • Respeite os seus desejos e preferências. • Mantenha o senso de humor, sem ridiculizar as suas ações. • Não dê importância aos erros. • Reforce situações ou respostas positivamente. • Evite falar com a pessoa dependente em situações de nervosismo. • Procure clareza e simplicidade nas suas exposições e ponha atenção nas respostas.
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As relações e a convivência no domicílio Desde o momento em que se propõem a necessidade dos cuidados no domicílio de uma pessoa idosa dependente é preciso detetar as dificuldades que podem surgir e analisar aforam de abordagem. Assumir as mudanças e adaptar-se a elas vai facilitar:
• Um clima de convivência normalizado. • Relações afetivas positivas. • Qualidade de vida no núcleo de convivência. Aspetos a ter em conta
• Perda de autonomia física/psíquica A pessoa idosa dependente é a primeira afetada. As mudanças incidem diretamente na sua imagem, na valoração de si mesma e na sua autoestima. O seu bem-estar integral irá influir no modo de relacionar-se com os outros.
• Aceitação de ajuda para atividades básicas e/ou uso de produtos de apoio Frequentemente, o pudor, a não-aceitação da situação, o desconhecimento ou o medo influem na altura de aceitar ajuda. Normalizar as mudanças e incorporá-las à rotina diária facilita a aceitação.
Perante objeções ou negativas de ajuda, procure para a sua realização um momento no qual se sinta preparado, estabeleça uma comunicação de coniança que estimule as suas capacidades e proponha a atividade como uma tentativa ou prova
• Novas rotinas e realização de tarefas quotidianas Em ocasiões, surgem conflitos ou resistências para adquirir novos hábitos ou mudar alguns deles. Facilite a cooperação e promova a sua autonomia na
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medida em que seja possível, permitindo-lhe emprega o tempo que precise para realizar as atividades.
• Estrutura familiar O envolvimento da família é fundamental para uma abordagem integral dos cuidados. As relações familiares sofrem alterações decorrentes da necessidade de reorganização, o que implica mudanças na estrutura familiar, nos papéis dos seus membros e nas dinâmicas de interação entre eles.
Conhecer a evolução da doença, antecipar-se aos problemas ou prever situações diíceis são estratégias para evitar problemas e tomar decisões antes que a situação se torne crítica
• Reorganização de cuidados É frequente identificar uma figura familiar como cuidador principal. Uma maneira de enfrentar e dar suporte à pessoa dependente no domicílio é distribuir a carga dos cuidados entre diversos familiares e partilhar o cuidado com os profissionais de referência.
• Rede social e lazer O aumento do tempo de estadia no domicílio pode ser vivido com sentimentos de solidão ou isolamento forçoso. O bem-estar emocional da pessoa idosa pode ser afetado ao reduzir ou prescindir das relações sociais, ou da sua participação em atividades comunitárias.
• Facilite visitas de amigos e/ou familiares favorecedores de momentos de distensão. • Procure atividades de lazer conforme os seus gostos ou preferências e que possam ser realizadas no domicílio.
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• Adaptação da habitação Adaptar novos espaços pode proporcionar um ambiente agradável e seguro favorecedor das mudanças. Preste uma atenção especial para a privacidade da pessoa idosa. Existem inumerables dispositivos favorecedores da autonomia e facilitadores do cuidado. Consulte as suas preferências e faça que a pessoa idosa participe na tomada de decisões para conseguir sua aceitação.
• Situação económica Planifique uma boa organização para cobrir as necessidades essenciais e informe-se das ajudas mais adequadas à sua situação.
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Higiene pessoal Uma higiene corporal adequada mantém a pele limpa e hidratada, previne problemas da pele e infeções, ajuda a melhorar a circulação do sangue e colabora para que a pessoa cuidada se senta limpa e relaxada.
Antes de começar a higiene • Avalie o grau de autonomia da pessoa idosa que está a cuidar, motive-a para colaborar na medida das suas possibilidades e ajude-a apenas no que for necessário.
• Explique-lhe sempre o que vai fazer e peça a sua colaboração. • Respeite ao máximo a sua intimidade. • Tenha em conta as suas preferências pessoais em relação com a higiene corporal.
• Estabeleça um horário de hábitos higiénicos. Apesar de algumas pessoas não necessitarem tomar banho todos os dias, recomenda-se que a cara, as mãos e os genitais sejam lavados todos os dias.
• Avalie se durante a higiene produzam-se moléstias e dores.
Conselhos gerais • Depois de realizar a lavagem da pele, leve a cabo a secagem sem arrastar para evitar causar danos nas peles frágeis.
• Tenha um cuidado especial com as dobras da pele, sobretudo nas pessoas obesas (por debaixo das mamas, nas virilhas, zonas entre os dedos dos pés, abdome, etc.).
• Utilize cremes para hidratar a pele.
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Prepare o material
• Sabonete neutro e champô. • Creme hidratante. • Creme barreira (cremas com óxido de zinco). • Desodorizante sem álcool. • Cortador de unhas. • Escova de dentes, creme dental e antissético bucal sem álcool. • Pente ou escova. • Urinol. • Luvas de látex.
Para dar banho na cama • Prepare todo o material. Proteja o paciente das quedas. • Mantenha a temperatura da água em redor de 35 ºC. • Mude a água o número de vezes necessário e sempre quando lavar os genitais.
• Utilize um recipiente para a água com sabão e outro para a água de enxaguar.
• Use luvas de látex se houver fezes ou fluidos corporais. • Destape apenas a zona a limpar e siga os passos: lavagem, enxaguamento e secagem. Depois tape a zona lavada.
• Procure não molhar zonas tapadas com pensos. • Advirta a pessoa dependente dos movimentos que vai realizar. Se apresentar dores, consulte com o seu médico previamente a possibilidade de lhe dar um analgésico.
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Siga esta ordem: 1. Lave em primeiro lugar a cara só com água, depois lave as orelhas e o pescoço. 2. Braços e axilas. Se a pessoa pode lavar as mãos, aproxime a bacia à cama. Mude a água. 3. Continue com o peito e o abdome. Nas mulheres, lave e seque a dobra por debaixo das mamas. 4. Pernas. 5. Coloque a pessoa de lado e lave as costas e as nádegas. 6. Coloque a pessoa de costas, mude a água e acabe na zona genital. 7. Seque bem as dobras. 8. Aplique creme hidratante. Inspecione a pele para vigiar o aparecimento de vermelhidões, feridas, bolhas ou hematomas
Como lavar os genitais na cama
• Coloque una um urinol. • Borrife a água morna do púbis até o ânus. • Lave a zona com sabonete neutro e enxague com água. • Nas mulheres, lave sempre da frente para trás. • Nos homens, puxe para trás o prepúcio e lave a glande. Não se esqueça de voltar a cobrir a glande depois de secar.
• Seque bem, especialmente as dobras. • Nas pessoas com incontinência recomenda-se utilizar um creme barreira nas zonas expostas à humidade.
Realize a higiene dos genitais todos os dias
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Como lavar o cabelo na cama
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• Ponha uma toalha em redor do pescoço. • Coloque a cabeça num dos lados da cama e debaixo dela um oleado ou plástico, fazendo um canal cujo extremo vai ter a um balde ou bacia.
• Molhe o cabelo com um jarro de água. • Lave com champô e enxague. PODE AJUDÁ-LO
– Se for possível tirar a cabeceira da cama, a lavagem pode ser feita pela parte superior, colocando a cabeça na borda da cama. – Pode utilizar produtos para a lavagem a seco do cabelo. – Existem utensílios portáteis e insufláveis para facilitar a lavagem.
Produto de apoio para facilitar a lavagem do cabelo em cama
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Como fazer a higiene da boca • Escove os dentes após as refeições ou pelo menos duas vezes por dia. Se a pessoa está consciente, escovar também a língua.
• Utilize uma escova macia e pasta dentífrica. • Escovar os dentes da gengiva até o dente e pela parte externa, interna, superior e inferior.
• Se a pessoa está inconsciente, coloque a cabeça de lado. Use um depressor com uma gaze enrolada, molhando-a numa solução antissética diluída com água.
• Tire a prótese dental durante a noite. Escove com creme dental e enxague com água.
• Pode utilizar colutórios ou antisséticos sem álcool. A ter em conta: – Vigie o aparecimento de feridas na boca. – Se a língua está muito vermelha ou apresenta placas brancas, pode sofrer uma infeção fúngica. Consulte seu médico. – Se a pessoa idosa utiliza inaladores, recomenda-se limpar a boca com água com bicarbonato.
Como fazer a higiene dos olhos • Peça ao paciente para fechar os olhos. • Utilize uma gaze diferente para limpar cada olho. • Humedeça uma gaze com soro fisiológico e comece a limpeza pela zona lacrimal, deitando fora depois a gaze. Posteriormente, com outra gaze, limpe a pálpebra superior, a inferior e a borda externa do olho.
• Tenha cuidado para não roçar a conjuntiva do olho com a gaze. • Vigie o aparecimento de vermelhidão na conjuntiva e secreções.
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Como fazer a higiene dos ouvidos • Lave as orelhas com água e sabonete. • Se a pessoa idosa utiliza um aparelho auditivo, tire durante a noite e limpe os restos de cerúmen.
Não insira cotonetes nos ouvidos
Como cuidar das mãos e dos pés • Leve-os com água morna e sabonete. • Seque com um cuidado especial as zonas entre os dedos. • Controle o tamanho das unhas uma vez por semana. • Recorde que o melhor momento para cortar as unhas é depois do banho. • Corte as unhas dos pés em linha reta para evitar as unhas encravadas • Vigie o aparecimento de feridas, especialmente se a pessoa que está a ser atendida padece de diabetes ou tem problemas circulatórios.
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Vestuário Vestir corretamente a pessoa idosa dependente é importante para melhorar a sua autoestima, proteger dos agentes externos e ajudar a manter a temperatura corporal normal.
Conselhos gerais • Fomente a autonomia da pessoa idosa, vestindo-se sozinha ou com pouca ajuda.
• Promova a mudança de vestimenta todos os dias. A roupa limpa e atraente ajuda a ter uma boa imagem favorecedora da autoestima do idoso e da satisfação dos que o rodeiam.
• Selecione a roupa conforme as preferências da pessoa idosa. Incentive-a para participar na escolha.
• Coloque a roupa perto e na ordem em que vai ser posta. É melhor que a pessoa idosa esteja sentada.
A roupa • Deve ser folgada para permitir liberdade e amplidão de movimentos e aberta pela parte da frente.
• Utilize elásticos e fitas de velcro como substitutivos de fechos, botões ou fechos éclair.
• Descarte a roupa difícil de colocar: peças ajustadas, golas e punhos estreitos, tecidos pouco elásticos, etc.
• Utilize tecidos naturais (como o algodão), laváveis e fáceis de passar a ferro. • Simplifique o vestuário eliminando o que não use habitualmente ou não corresponda à época sazonal.
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Os sapatos • Utilize sapatos confortáveis, não apertados, com sola de borracha antiderrapante e que segurem bem o pé.
• Se a pessoa a qual está a cuidar, frequentemente, retém líquido nos pés (edemas), é recomendável usar um calçado especial e sistema de fecho de velcro.
Se a pessoa tem alguma extremidade afetada ou imobilizada • Comece a vesti-la pela extremidade afetada e a despir no sentido oposto, tirando em primeiro lugar as peças das extremidades não afetadas.
• Sente-o para vestir a parte superior do corpo e comece pelo braço mais afetado ou imobilizado.
• Mantenha-o deitado na cama para vestir a parte inferior do corpo e comece pela perna mais afetada ou imobilizada. PODE AJUDÁ-LO
– Existem “abotoadores” que facilitam abotoar os botões com uma única mão.
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Transferências e mobilizações As mobilizações são os movimentos realizados numa mesma superfície para mudar de posição a pessoa idosa dependente. As transferências são os movimentos realizados para mobilizar a pessoa de uma superfície para outra, por exemplo, da cama para o cadeirão. A realização destes movimentos é essencial para evitar a aparição de úlceras por pressão, atrofias dos músculos ou rigidezes nas articulações e favorece que a pessoa dependente possa estar confortável e segura.
Em primeiro lugar, cuide da sua postura • Pare durante alguns segundos para pensar qual é postura que tem e os movimentos que vai realizar.
• Deve adotar uma postura que distribua a tensão por todos os músculos do seu corpo e evite lesões:
– Costas direitas. – Joelhos flexionados. – Pés separados 30 cm, aproximadamente. – Corpo voltado na direção de realização do movimento e o mais perto possível da pessoa dependente.
Realize os movimentos com lentidão, sem brusquidão e evitando fricções
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PODE AJUDÁ-LO
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Sistemas de ajuda – Esteira de deslizamento: utiliza-se para mudar de posição uma pessoa na cama. – Tábua de transferência: ajuda a levantar a pessoa em situação de dependência. – Tábua de deslizamento: apoia a transferência de uma pessoa de uma superfície para outra. – Disco de transferência: facilita a rotação da pessoa. – Escada de cordas: utilizada para que uma pessoa na cama se possa incorporar sem ajuda. – Grua: usada para elevar ou transferir a pessoa. – Cadeira de rodas. – Camas articuladas e colchões independentes. Peça conselho Centro de Autonomia Pessoal e Ajudas Técnicas CEAPAT em ESPANHA. Telf. 917 033 100
Mobilizações na cama • Peça ajuda a outra pessoa. • Utilize um lençol dobrado ao longo do seu comprimento com a metade (entremetido).
• Ponha a pessoa idosa de lado, o mais perto possível da borda da cama. • Coloque “o entremetido” a partir dos ombros até às coxas. • Faça a rotação da pessoa dependente para o outro lado e extraia a parte do “entremetido” que falta por colocar.
• Agarre com força pelos laterais do lençol e mobilizem a pessoa para qualquer lado da cama sem produzir fricções.
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Para mobilizar no sentido da cabeceira da cama Se a pessoa cuidada pode colaborar:
• Peça para se agarrar à cabeceira da cama, flexionar os joelhos e ponha as plantas dos pés em contacto com o colchão.
• Situe-se à mesma altura das ancas da pessoa idosa, colocando os seus braços por debaixo.
• Incentive-a a elevar o seu corpo fazendo força com os seus braços e os seus pés e ajude-o a fazer a sua mobilização a partir das ancas.
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Se a pessoa cuidada não pode colaborar:
• Peça ajuda a outra pessoa. • Tire a roupa superior da cama e as almofadas. • Situe-se à beira da cama, diante da pessoa idosa e com o corpo ligeiramente voltado para a cabeceira da cama, com os pés separados e os joelhos ligeiramente flexionados.
• Coloque um braço por debaixo do ombro da pessoa idosa e o outro por debaixo da coxa.
• Realize a mobilização mantendo os joelhos retos até conseguir a posição desejada.
• Se o “entremetido”, estiver colocado, situem-se, o cuidador e a pessoa que colabora, cada um de um lado da cama, agarrem com força o “entremetido” pelos laterais e mobilizem a pessoa no sentido da cabeceira da cama.
Posição correta deitada de costas (decúbito costal)
• Ponha a cabeça da pessoa alinhada com a coluna vertebral. A inclinação da cabeça não deve ser superior a 30º.
• Procure que o corpo permaneça alinhado e ponha os braços paralelamente e um pouco afastados do tronco.
• Verifique que os punhos e as mãos não fiquem dobradas e que estas não fiquem fechadas.
• Coloque as pernas estendidas e ligeiramente separadas, evitando a sua rotação lateral. Ponha os joelhos com uma ligeira flexão.
• Utilize almofadas para descarregar determinadas zonas, por exemplo, sob as barrigas das pernas para os tornozelos e os calcanhares, na cabeça, cotovelos, sacro, etc.
Posição correta de lado (decúbito lateral)
• Ponha a cabeça da pessoa cuidada alinhada com a coluna e coloque uma almofada debaixo da cabeça e o pescoço.
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• Procure que as costas permaneçam inclinadas de 30 a 45º para trás. Apoiá-la numa almofada para aliviar a pressão no osso da anca.
• Coloque-lhe o braço que fica debaixo para diante e sob a almofada e o que fica encima ligeiramente flexionado sobre uma almofada.
• Desloque o ombro no qual está apoiado para a frente para evitar um apoio excessivo nele.
• Ponha a perna que fica por debaixo quase estendida e a de cima flexionada. Ajude-se colocando uma almofada entre as pernas, a partir da coxa até o tornozelo, permitindo que a anca fique alinhada e evitando o roçamento das pernas.
Mobilização de deitado a sentado na cama
• Coloque a pessoa idosa de lado e com as pernas flexionadas. • Rodeie as pernas por detrás dos joelhos com um braço e com o outro agarre-o pelo tronco, passando a mão pelo ombro e posicionando-a na parte superior das costas, por forma a apoiar a cabeça da pessoa idosa no seu antebraço. Não agarre ou apanhe pelo pescoço.
• Tire as pernas para fora da cama e com um movimento coordenado sente-o, subindo o tronco ao mesmo tempo que desce as pernas.
• Para deitá-lo, realize as manobras no sentido oposto.
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Transferência da cama para a cadeira • Situe-se diante da pessoa idosa e dê-lhe as instruções necessárias para rodear com os braços as suas costas, por cima dos ombros.
• Ponha as suas mãos nas nádegas da pessoa idosa para guiar o movimento: em primeiro lugar inclinando o seu tronco para a frente e depois levantando para cima.
• Utilize os seus joelhos para bloquear os da pessoa idosa, evitando o seu deslizamento para diante.
• Sente-o. Ao mesmo tempo que a pessoa idosa está a descer para a cadeira, terá de afastar as suas nádegas para atrás para não cair para diante.
Manter a postura correta na posição sentado numa cadeira • Sente-o em cadeiras com as costas altas e a superfície do assento amplo para evitar a pressão nos trocánteres.
• Coloque-o numa postura erguida, com as ancas, joelhos e tornozelos em 90º. • Utilize almofadas para evitar o contacto dos glúteos com a superfície da cadeira. • Separe-lhe os joelhos com uma almofada pequena.
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• Utilize os apoios para os pés nas cadeiras de rodas ou almofadas no chão onde poder apoiar os pés e mantê-los numa posição neutra (90º).
• Evite que o corpo possa deslizar da cadeira. • Realizar mudanças de posição cada 2 horas.
Transferência da cadeira de rodas para o seu assento habitual • Situe as cadeiras numa posição em “L”. • A perna mais forte da pessoa idosa tem que ficar no lado da cadeira onde vai ser sentado, para poder apoiar o peso nela.
• Tire o apoio dos braços e dos pés do lado pelo qual vai tirar o idoso • Situe-se diante da pessoa idosa e dê-lhe as instruções necessárias para rodear com os braços as suas costas por cima dos ombros.
• Ponha as suas mãos nas nádegas da pessoa idosa para guiar o movimento: incline em primeiro lugar o tronco para a frente e quando levante um pouco as nádegas, gire e sente-lha.
• Utilize os seus joelhos para bloquear os da pessoa idosa.
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Se a pessoa dependente não é capaz de deslizar as nádegas para atrás até atingir as costas da cadeira:
• Situe-se detrás da cadeira e peça-lhe para cruzar os braços no seu abdome. • Situe-se com uma perna mais adiantada do que a outra para não forçar as suas costas.
• Agarre-o por debaixo das axilas, inclinando o tronco da pessoa idosa para a frente e realizando um movimento para cima e para atrás.
A posição correta das costas na posição sentada previne dores e contraturas e favorece o bom funcionamento dos pulmões e de outros órgãos
Transferência de sentado para de pé • Situe-se diante da pessoa idosa com as pernas flexionadas, situando uma perna entre as da pessoa idosa e a outra mais atrás.
• Ponha os seus antebraços por debaixo dos do idoso; apoiando os seus cotovelos do cuidador na sua própria cintura.
• Dê instruções à pessoa idosa para inclinar o seu tronco para a frente e utilize como ponto de apoio os braços que lhe está a oferecer.
• Oscile o seu corpo para atrás para ajudá-lo a levantar. • Certifique-se de que a pessoa idosa mantém o equilíbrio antes de começar a caminhar. PODE AJUDÁ-LO
Existem no mercado dispositivos que podem aumentar a altura do assento e facilitar que a pessoa idosa se incorpore, como uma cadeira com costas altas e apoios para os braços que permitam apoiar confortavelmente o antebraço e deslocar o corpo.
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Ajudas para caminhar Se a pessoa dependente caminha arrastando os pés, com passos curtos e postura encurvada:
• Situe-se diante da pessoa idosa e ponha os seus antebraços por debaixo dos do idoso.
• Caminhe deslocando o braço oposto da perna que dá o passo. Se caminha com as pernas muito rígidas e pouco apoio no chão:
• Situe-se por detrás da pessoa idosa e segure-o por debaixo das axilas. • Deslocando o ombro oposto ao pé que adianta. Se a pessoa idosa tem hemiplegia:
• Ofereça o seu apoio no lado saudável, introduzindo o seu antebraço por debaixo do da pessoa afetada.
Caminhar com dispositivos de ajuda Bengala ou muleta
• Informe-o de que a bengala ou a muleta devem ser usadas sempre no lado saudável.
• Dê-lhe instruções para adiantar em primeiro lugar a perna saudável e depois a bengala ou a muleta junto com a perna afetada. Andarilho
• Dê instruções para avançar em primeiro lugar com o andarilho (não demasiado, porque aumenta o risco de quedas) e depois as pernas de forma alternativa.
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Alimentação e nutrição Existe uma relação estreita entre a doença e a malnutrição: os problemas de saúde constituem um fator de risco para a malnutrição e a malnutrição é um fator de risco para o desenvolvimento de doenças. As pessoas idosas dependentes são um coletivo vulnerável para o aparecimento da malnutrição e esta pode piorar a deterioração funcional e a dependência. Nas pessoas idosas a alimentação e o estado nutricional estão condicionados: pelas mudanças fisiológicas do envelhecimento, pelas alterações dos sentidos, pelas doenças, pelos problemas relacionados com a mastigação e a deglutição, pelos regimes ou restrições dietéticas decorrentes de algumas doenças, pela deficiência, solidão, depressão, limitações económicas e ingestão de alguns medicamentos. Para manter a atividade diária e um peso estável é necessária uma dieta saudável e equilibrada.
Conselhos gerais para a alimentação • Facilite que a pessoa idosa faça, no mínimo, quatro refeições por dia (pequeno-almoço, almoço, lanche e jantar) e que, opcionalmente, coma alguma coisa a meio da manhã.
• Distribua os horários das refeições ao longo do dia, espacejando-as suficientemente.
• Tente que os alimentos tenham um aspeto atrativo, uma textura adequada e que possam ser ingeridos com facilidade.
• Evite dietas restritivas e regimes dietéticos nas pessoas com uma idade superior a 70 anos, exceto se forem estritamente necessários e tenham sido receitados por um médico. Dietas inferiores a 1.500 quilocalorias/dia devem ser complementadas e com controlo nutricional rigoroso.
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• Proporcione uma dieta equilibrada e variada, rica em cereais, frutas e hortaliças, e na qual as coisas c oisas doces e os enchidos sejam consumidos sempre com moderação. Controle as gorduras, o sal e os açúcares. Não se esqueça de uma contribuição diária adequada de fibra.
• Procure que o consumo de peixe seja superior ao da carne e que a pessoa idosa tome três ou quatro produtos lácteos diários.
• Ao cozinhar, controle o sal, as especiarias e os condimentos. Evite os alimentos fritos, os assados, os guisados e os molhos abundantes. Utilize os alimentos fervidos e grelhados.
• Tenha em conta que as pessoas idosas captam pior os sabores e os odores, especialmente dos alimentos salgados, e por isso costumam pedir um aumento na condimentação dos pratos. As ervas aromáticas podem ajudar a melhorar o odor e sabor dos alimentos. melhor, produzem um sensação de • Sirva os alimentos mornos, são tolerados melhor, saciedade menor do que quentes e potencia-se mais o seu aroma. litros de líquidos por • Incentive a pessoa idosa a beber aproximadamente 2,5 litros dia, preferencialmente água. É preciso insistir para que as pessoas idosas bebem líquidos apesar de não terem vontade, porque a sua perceção de sede diminui e a sensação de saciedade chega antes.
• Restrinja o álcool porque diminui o apetite e a absorção de alguns nutrientes. Só é saudável beber um copinho pequeno de vinho v inho ao almoço e jantar, jantar, se não estiver.
• Vigie o peso da pessoa idosa periodicamente e consulte o médico ou a enfermeira se durante 3 meses perde mais de 7,5%, ou aos 6 meses mais de 10% do peso inicial.
A perda de peso de uma pessoa pessoa idosa, por falta falta de apetite ou outras causas, é um sinal que deve alarmar-nos, alarmar-no s, porque pode estar associado à desnutrição, perda de força muscular muscular,, risco de quedas, fraturas ósseas, deterioração funcional e cognitiva, doenças infecciosas, etc.
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Se tiver de lhe dar de comer adequado, com intimidade, explicando-lhe o ato • Proporcione um ambiente adequado, que vai levar a cabo e estimulando-a para conseguir a sua colaboração.
• Dedique o tempo necessário, as pressas aumentam o risco de engasgamento e broncoaspiração.
• Corte os alimentos de forma homogénea e evite as mudanças de textura, designadamente nas pessoas com diminuição do nível de consciência, demência, etc.
• Realize uma higiene bucal adequada depois das refeições.
Sobre a malnutrição deve saber que… • Afeta a 3-5% das pessoas idosas que moram no seu domicílio, enquanto nas pessoas idosas institucionalizadas e nas hospitalizadas pode atingir percentagens superiores a 30%.
• As suas causas são multifatoriais, mas existem pessoas, como as dependentes, mais predispostas. Também aquelas que padecem doenças associadas, como o cancro ou o alcoolismo, ou insuficiências orgânicas avançadas, nomeadamente a demência. pior, são mais suscetíveis • As pessoas malnutridas têm uma qualidade de vida pior, de apresentar transtornos do estado de ânimo, infeções, recuperação cirúrgica deficiente, feridas cutâneas crónicas (úlceras por pressão), acidentes e quedas, perda da sua autonomia e um aumento da mortalidade.
• Os défices de vitaminas mais frequentes nas pessoas idosas são os de vitamina D, B12 e ácido fólico, e entre os minerais, destacam o cálcio, o fósforo, o ferro e o potássio.
Se surgirem problemas Disfagia A dificuldade para engolir é frequente nas pessoas idosas dependentes, sobretudo quando padecem processos como a doença de Parkinson ou a de Alzheimer, ou se tomam determinados medicamentos que ressecam a boca e diminuem a coordenação entre a boca e a faringe.
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A disfagia pode originar duas complicações graves:
• Malnutrição e/ou desidratação. engasgamento. • Broncopneumonia aspirativa por engasgamento. Conselhos gerais
• Não obrigue a ingerir. ingerir. Não utilize seringas a pressão nem palhinhas. • Ofereça alimentos com uma consistência homogénea. Existem dietas adaptadas com textura homogénea em forma de purés. alimentos e líquidos, até conseguir • Utilize espessantes acrescentando-os aos alimentos uma densidade ou textura da dieta (de néctar, néctar, mel ou pudding) que não lhe provoque engasgamentos.
• Use gelatinas ou águas gelificadas para conseguir uma hidratação adequada.
• Treine a postura e a deglutição. Coloque a pessoa idosa sentada, com as costas direitas e a cabeça ligeiramente inclinada para diante na altura de engolir.
• Incorpore-a ao máximo, se estiver acamada, com as costas o mais direitas possível, levantando a cabeceira da cama se for articulada ou com almofadas e travesseiros.
• Mantenha-a incorporada nessa postura 30-40 minutos após a ingestão. comer. Não tenha pressa. • Dedique o tempo necessário para dar de comer. • Procure que não fale quando estiver a comer. Não dar alimentos à pessoa idosa quando estiver deitada
Nutrição enteral É uma técnica de suporte nutricional na qual os nutrientes são administrados diretamente ao aparelho digestivo quando este funciona mas existem dificuldades insuperáveis para a ingestão através da boca. São utilizados preparados comerciais concentrados contendo os nutrientes necessários para o organismo.
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Os médicos podem recomendar, ocasionalmente, para as pessoas idosas com problemas importantes para a deglutição. Existem duas vias de acesso para a nutrição enteral:
• Sonda nasogástrica: colocada através do nariz até o tubo digestivo. • Gastrostomia endoscópica percutânea (PEG): a sonda é inserida através da parede do abdome, por um orifício (estoma), até o estômago.
Conselhos gerais Para manejar o produto alimentar:
• Conserve o preparado num local fresco e seco. • Verifique a data de caducidade do preparado. Registe no frasco o dia e a hora de abertura do mesmo.
• Lave bem as mãos e use luvas. • Administre o alimento à temperatura ambiente. • Agite o alimento antes de administrar verificando se está livre de grumos. • Feche o frasco, quando sobejar preparado, e guarde no frigorífico para usar posteriormente. Descarte 24 horas de ter sido aberto. Para administrar o alimento:
• Sente a pessoa idosa numa cadeira ou levante o tronco na cama 30-45º aproximadamente. Quando acabar deve permanecer nessa posição pelo menos 1 hora para evitar aspirações.
• Situe o alimento pendurado em algum dispositivo (dispositivo para pendurar a sonda, cabide, etc.) aproximadamente 60 cm por cima da cabeça da pessoa dependente. A administração pode ser realizada através de uma bomba de alimentação ou através da ação da gravidade ou com uma seringa.
• Verifique se a sonda está corretamente inserida: insira a extremidade num copo com água, e se saírem bolhas, é possível que tenha sido inserida nas vias respiratórias, em cujo caso não devem ser inseridos alimentos nem líquidos. Consulte a sua enfermeira ou o seu médico para a comprovação oportuna.
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• Mantenha a sonda pinçada para evitar a entrada de ar no estômago enquanto estiver a realizar manobras de ligação e desligação da sonda.
• Procure que a sonda não se dobre ou fique obstruída. • Proceda à limpeza da sonda fazendo passar lentamente 50-100 ml de água antes de começar a utilizar e com 30-50 ml após a utilização. Lave a sonda cada 6-8 horas.
• Lave a seringa, quando acabar a administração, com água e sabão, enxague e seque bem.
Cuidados do nariz, da boca ou do estoma
• Fixe a sonda no nariz com um esparadrapo hipoalérgico e substitua diariamente. Varie o ponto de fixação no nariz para evitar feridas e ulcerações.
• Limpe o nariz com água morna e sabonete e seque. Aplique creme hidratante. • Escove os dentes e a língua após a alimentação com sonda. • Convide para efetuar enxaguamentos com água ou soluções que refresquem a boca sem engolir.
• Humedeça a boca com gazes embebidas em água várias vezes por dia. Aplique vaselina nos lábios.
• Se a alimentação é realizada através de um estoma, realize a higiene do orifício lavando com água e sabonete diariamente. Depois, cobrir a zona de inserção da pele com uma gaze estéril e tape com esparadrapo antialérgico.
Administração de medicamentos
• Não misture os medicamentos com a alimentação nem vários medicamentos na mesma seringa.
• Se for possível, utilize xaropes, ampolas ou medicamentos líquidos não efervescentes.
• Triture os comprimidos até conseguir um pó fino e dilua em 30 ml de água. • Lave a sonda com 30-50 ml de água após cada utilização.
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Actividade e exercício físico As pessoas necessitamos fazer coisas e somos cientes do nosso potencial para fazê-las, necessitamos estar ocupadas. Em numerosas ocasiões, guiados pela boa intenção, impedimos que as pessoas idosas, que padecem alguma doença, realizem determinadas atividades porque pensamos que não são capazes, privando-as da possibilidade de realizá-las. Os cuidadores de pessoas dependentes devem fomentar a autonomia e a tomada de decisões da pessoa idosa à qual cuidam, permitindo e facilitando o seu envolvimento nas atividades com as que se sentam mais identificados, certificando-se de que não corram riscos desnecessários.
Conselhos gerais • Estimule a pessoa idosa para estar ativa, não a “estacione” num cadeirão. • Tenha em conta os interesses da pessoa que está cuidar: o que gosta de fazer? O que fazia quando era mais nova? fazendo coisas sente-se bem?
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• Certifique-se de que a atividade proposta tenha sentido para a pessoa idosa, pois caso contrário deixará de fazer.
• Peça a sua ajuda para alguma das atividades que é preciso realizar, produz sensação de utilidade.
• Não tenha pressa com a pessoa idosa, o envelhecimento supõe lentidão. • Tente que as atividades sejam feitas todos os dias, gerando assim hábitos de vida ativa.
• Avalie a capacidade de desempenho da pessoa que está a cuidar, pois a atividade deve estar de acordo com a habilidade e resistência do idoso.
• Seja realista. Algumas pessoas idosas, quando realizam novamente atividades que anteriormente faziam com sucesso e que abandonaram durante muito tempo, avaliam o seu desempenho como horrível e sentem frustração e sentimentos de derrota. Avalie substituir essas atividades por outras parecidas mais fáceis ou ajudar em alguns passos da atividade.
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• Tenha em conta o ambiente onde se a atividade é levada a cabo, quer o ambiente físico (luz, temperatura, espaço, móveis, utensílios, etc.), quer o ambiente social (pessoas que estão presentes ou ausentes) durante a realização. Avalie a possibilidade de alterar o ambiente para facilitar a atividade.
• Incentive a pessoa idosa a empreender uma atividade, inclusivamente, ajude-a nos momentos em que tiver dificuldades. O objetivo é que se sinta envolvida e deseje continuar a atividade. A repetição tornará a atividade cada vez melhor.
• Não trate a pessoa idosa como uma criança, não proponha atividades infantis.
Exercício físico A atividade física e o exercício físico são componentes muito valiosas no estilo de vida saudável das pessoas idosas. Atividade física
Qualquer movimento voluntário que queima calorias. Exercício físico
Atividade física seguindo um formato organizado, realizado com movimentos repetitivos, visando melhorar ou manter uma ou mais áreas específicas com saúde física.
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Sobre o exercício físico deve saber…
• Que gera inumeráveis benefícios fisiológicos para as pessoas idosas (tabela I).
TABELA I. Benefícios fisiológicos do exercício físico Diminuição do ritmo cardíaco. Diminuição da pressão sanguínea. Aumento do funcionamento cardíaco. Aumento geral da força. Aumento da resistência muscular. Aumento da rapidez do movimento e agilidade. Aumento da densidade óssea. Aumento da flexibilidade. Melhora a postura. Aumento do metabolismo. Diminuição da prisão de ventre. Aumento do oxigénio em diversos tecidos corporais. Diminuição do edema.
• As pessoas idosas podem melhorar também psicologicamente se fizerem exercício regularmente. O exercício físico diminui os sintomas depressivos, aumenta a autoestima, aumenta a sensação de bem-estar, diminui o stress e a tensão e favorece as oportunidades de socialização.
• Os benefícios decorrentes da participação em ocupações específicas e os resultados obtidos serão diferentes conforme a atividade.
• O conhecimento dos diferentes tipos de exercícios e os benefícios associados, bem como as precauções que é preciso ter em conta conforme as doenças da pessoa idosa dependente, são fundamentais para realizar os exercícios com segurança.
Antes de iniciar qualquer treinamento ísico, consulte com um proissional sanitário sobre as recomendações especíicas para a pessoa que estiver a cuidar
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Tipos de exercício Para o treinamento das pessoas idosas, o exercício físico pode ser dividido em quatro categorias: exercícios aeróbicos, de treinamento da força, de flexibilidade e de equilíbrio e coordenação. A tabela II mostra um resumo de alguns exemplos de cada tipo.
Exercício aeróbico ou de resistência
• Exige a participação das grandes massas musculares, com pouca tensão e com o oxigénio suficiente para manter a atividade durante um tempo.
• Para aumentar a resistência recomenda-se que as pessoas idosas façam exercício aeróbico de forma gradual, começando com 5 minutos ou durante algum tempo mais desde que não exija demasiado esforço.
• Quando o idoso tolere um nível de exercício aeróbico entre moderado e vigoroso que aumente a sua respiração e ritmo cardíaco, poderia manter a atividade durante 10 minutos e ir aumentando progressivamente até 30 minutos por dia.
TABELA II. Exemplos de exercícios em função do tipo Exercícios aeróbicos: andar, correr, step aeróbico, ténis, esqui, cavar ou escavar com pá, nadar, andar de bicicleta. Exercícios de força: circuito de máquinas de musculação, levantamento de pesos, método Pilates, exercícios com pesos. Exercícios de flexibilidade: ioga, tai-chi, método Pilates, exercícios com bolas grandes, exercícios na água, facilitação neuromuscular propriocetiva (PNF). Exercícios de equilíbrio e coordenação: tai-chi, tábuas de equilíbrio, método Pilates, kickboxing.
Treinamento da força
• O fortalecimento muscular nas pessoas idosos pode melhorar através de um treinamento apropriado da resistência.
• O incremento da força pode permitir a sua participação mais facilmente em atividades mantidas ao longo do tempo, como caminhar ou subir escadas, que geralmente não exigem um esforça máximo do sistema musculoesquelético.
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• A longo prazo, com uma participação continuada num programa de fortalecimento, os músculos aumentam e tornam-se mais ativos, facilitando o gasto de energia e a eliminação das substâncias tóxicas.
Flexibilidade Os aspetos chave dos alongamentos estáticos devem incluir as seguintes normas:
• Alongue apenas os músculos “quentes”.
• Evite as sacudidas ou embates, alongue apenas até o ponto médio de tensão e mantenha o alongamento entre 10 e 30 segundos.
• Realize alongamentos 3 dias por semana para manter os níveis de flexibilidade e de 5 a 7 dias por semana para aumentar a flexibilidade.
• As zonas específicas que devem ser alongadas à medida que envelhecemos são o peito, os músculos das barrigas das pernas, as coxas, a zona inferior das costas, o pescoço e os ombros.
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Equilíbrio e coordenação
• Definidos como um tipo de treinamento centrado nos músculos profundos do corpo, aqueles que seguram a coluna, a pelve, as ancas e os ombros. Este treinamento inclui atividades que exigem do corpo um maior equilíbrio, sensação propriocetiva e estabilização.
• O equilíbrio é o mais complexo das quatro componentes do exercício físico porque isso exige a integridade do sistema nervoso central, o sistema nervoso periférico, o sensorial e o sistema músculo-esquelético.
• Apesar de não existir uma evidência clara de qual é o comportamento motor que é preciso treinar para melhorar o equilíbrio, as investigações apoiam a existência de uma relação entre o equilíbrio e a força. Os estudos relacionam diretamente uma diminuição da força com uma perda do equilíbrio e um aumento das quedas.
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Descanso e sono O descanso das pessoas resulta essencial para o seu funcionamento vital e é determinado pelo sono. O sono é uma necessidade fisiológica e é absolutamente imprescindível para o bem-estar das pessoas em qualquer idade, e muito especialmente das pessoas idosas.
Fases do sono Ao longo de uma noite a estruturação do sono é efetuada em quatro-seis ciclos com repetição cada 90-120 minutos. Cada ciclo consta de cinco fases:
• Fase 1 (adormecimento): trata-se de um estado de sonolência que vai da vigília ao sono. Dura aproximadamente 10 minutos e supõe 5% do sono total.
• Fase 2 (sono ligeiro): supõe 50% do sono total. • Fase 3: transição para o sono profundo. Dura 2-3 minutos. • Fase 4 (sono delta): sono mais profundo, durante o qual é difícil acordar a pessoa e é determinante para a sensação subjetiva de ter tido ou não um sono reparador. Supõe 20% do sono total.
• Fase REM: é a fase durante a qual sonhamos e se acordarmos recordamos os sonos. Supõe 25% do sono total.
Sobre o sono precisa saber… • 40-60% das pessoas idosas apresentam problemas do sono, aumentando a percentagem quando estão institucionalizadas.
• O padrão e o ritmo do sono nos idosos vem a ser um reflexo do que levado ao longo da sua vida.
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• Na medida que envelhecemos, o padrão e o ritmo começam a apresentar alterações nos ciclos e fases do sono, aparecendo:
– Conciliação do sono mais difícil e mais superficial. – Sono mais ligeiro e menos reparador devido à diminuição do sono delta em 10%.
– Aumento do número de despertares por diminuição do sono REM. Insónia Denominamos insónia qualquer transtorno do sono que aparece de forma persistente, quer para a conciliação ou quer para a manutenção do mesmo ou bem porque não resulte reparador e produza um certo grau de cansaço ou fadiga ao dia seguinte. É necessário realizar uma avaliação adequada da insónia nas pessoas idosas, procurando as suas causas e os fatores de influência no seu aparecimento para poder atuar especificamente em cada caso. O tratamento da insónia deve começar sempre pela implantação de medidas higiénico-ambientais, e apenas quando estas sejam insuficientes, o seu médico avaliará se é necessário um tratamento farmacológico..
Medidas higiénico-ambientais
• Evite que a pessoa idosa passe muito tempo na cama ou durma durante o dia, exceto quando tiver sido prescrito.
• Incentive-o a realizar atividades e exercício físico regular durante o dia, evitando fazê-lo 1-2 horas antes de se deitar.
• Procure que o jantar seja leve, rico em hidratos de carbono complexos e ingerir pelo menos 1 hora antes de se deitar.
• Não proporcione bebidas excitantes antes de ir para a cama (café, chá, álcool). Pode oferecer leite ou uma infusão pelo menos 1 hora antes de ripara a cama.
• Mantenha horários regulares para deitar-se e levantar-se, repetindo sempre os mesmos hábitos e rituais.
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• Facilite-lhe a utilização de roupa pessoal e de cama ligeira, confortável, limpa e seca.
• Quando for necessário, ajude a colocar-se numa posição confortável na qual o colchão não se afunde.
• Procure a existência de um ambiente adequado para a conciliação e manutenção do sono: espaço agradável, silencioso, com boa temperatura, sem ruídos nem luz excessiva.
• Transmita segurança. Uma cama com uma altura adequada, a existência de pegas ou uma luz perto podem ajudar.
• Incentive-a a realizar atividades favorecedoras do sono, como uma leitura agradável, duche ou banho relaxante, utilizar técnicas de relaxação, etc.
As medidas higiénico-terapêuticas do sono são essenciais e constituem o primeiro degrau para o seu tratamento
Tratamento farmacológico Deve ser utilizado como último recurso, uma vez que as medidas higiénico-terapêuticas do sono foram insuficientes. Um 16% das pessoas idosas consume medicamentos para lutar contra a insónia (hipnóticos), chegando a sua utilização a 35% em aquelas que estão institucionalizadas. A prescrição de hipnóticos corresponde sempre ao médico. A sua utilização descontrolada produz efeitos adversos notáveis: lerdeza, falta de jeito, aumento do risco de quedas e acidentes, rendimento intelectual menor, prisão de ventre, retenção urinária, etc. Se considera necessária a sua utilização, terá de ser feita de forma prudente e seguindo uma série de fases escalonadas:
• Recorrer em primeiro lugar a produtos naturais, como a valeriana, avaliando o seu grau de eficácia e mantendo-os se tiverem um efeito benéfico.