Mente Curiosa - Ano 2, Nº 25 - 2018
CORPO E MENTE AFETADOS
Saiba o que atrapalha o descanso e prejudica a memória
Curi sa POR QUE SONHAMOS?
Junção de lembranças ou desejos reprimidos? Conheça as funções do sonho
Confira dicas para boas noiteter de sono! s
DURMA BEM E
RACIOCINE MELHOR! Sono de qualidade é fundamental para as habilidades cognitivas
Você dorme bem?
Antes de responder essa pergunta, pense bem em como são as suas noites: se você se deita e demora para pegar no sono, quantas horas dorme, se desperta muitas vezes de madrugada... Pense também em como são seus dias depois que você acorda: tem disposição para realizar as atividades? Sua memória e concentração estão a todo vapor? É só refletindo sobre isso tudo que você realmente vai saber se tem um sono de qualidade. Noites tranquilas, com um intervalo de sono adequado para cada pessoa, são fundamentais para o bom funcionamento do organismo todo, inclusive do cérebro, claro. Por isso mesmo, se você tiver qualquer dificuldade para dormir, o ideal é rever os hábitos e até buscar ajuda médica para diagnosticar algum possível distúrbio. Boa leitura e bons sonhos! Marisa Sei, editora
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A IMPORTÂNCIA DO SONO
Entenda como uma noite bem dormida influencia nas habilidades cognitivas
POR QUE SONHAMOS?
Apesar de ainda existirem diversos mistérios sobre os sonhos, já se sabe que nessa fase acontecem processos importantes para a saúde mental
VOCÊ DORME MAL? A insônia pode ser resultado de distúrbios ou de hábitos inadequados
O QUE ACONTECE QUANDO VOCÊ NÃO DORME? Efeitos físicos da insônia
PARA DORMIR MELHOR Recomendações simples para o dia a dia
Entenda como uma noite bem dormida pode, além de descansar o corpo, melhorar o funcionamento cerebral e as habilidades cognitivas
A importância do sono
O
tempo gasto com o sono, entre outras atividades, é o que mais consome os minutos da vida do ser humano: o total é aproximadamente 24 anos. Mais precisamente, o brasileiro passa 23 anos, nove meses e sete dias de sua vida dormindo. Essa conta considera oito horas de sono diárias e a expectativa de vida no país que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é hoje de 71,3 anos. Ao contrário do que muitos podem pensar, o sono não serve somente para relaxar e desacelerar o cotidiano estressante que vivemos — dormir é importante, também, para manter a saúde física e mental em dia.
“Durante o sono, o organismo reorganiza seus sistemas para uma nova jornada de atividades: a imunidade é reforçada, as células de todo o corpo são renovadas, radicais livres prejudiciais ao organismo são neutralizados e a memória é consolidada”. Maria Teresa Garcia, neurologista
Corpo repousado, cérebro em ação
Apesar do descanso físico, o sono é um estado ativo do cérebro. Nesse estágio, a frequência de descargas dos neurônios aumenta e ocorre a limpeza de conexões e toxinas indesejadas, que são subprodutos do funcionamento das células cerebrais. Segundo o neurocirurgião Eduardo Barreto, a “faxina” desses elementos é muito importante, pois eles atrapalham o bom funcionamento dos circuitos e atividades do órgão. Além disso, o momento de descanso envolve diversos processos metabólicos que, se alterados, podem afetar e desequilibrar o organismo a curto, médio ou longo prazo. Quem dorme menos do que o necessário possui menor vigor físico, envelhece precocemente e está mais propenso a possuir infecções, hipertensão, diabetes e obesidade.
Origem do sono
Todos os dias – e praticamente o tempo inteiro –, somos bombardeados por um número quase incontável de estímulos, sejam as notificações de redes sociais no celular, os minutos que assistimos à televisão, os sons de veículos e pessoas na rua ou os compromissos no trabalho. Com essa quantidade excessiva de mensagens que recebemos, há a necessidade de um esforço a mais do órgão que controla praticamente tudo na nossa vida. “O sono é importante para o restabelecimento do funcionamento cerebral. Durante o dia, por exemplo, as atividades que realizamos requerem energia, que é obtida pelo consumo de ATP (trifosfato de adenosina)”, explica a neurofisiologista Leticia Soster. Essa substância está presente em todas as células e é responsável pelas reações químicas realizadas pelo cérebro. No entanto, com a quantidade de estímulos da rotina, elas vão perdendo sua eficácia. “O acúmulo dessa quebra (chamada adenosina) é um dos fatores que dá origem ao sono, e, durante esse processo, o cérebro refaz essas moléculas de ATP para que haja energia para o próximo dia”, descreve Leticia.
Tempo ideal de repouso
Em algum momento da sua vida, você já deve ter ouvido falar que são necessárias oito horas de sono para recuperar as energias perdidas no dia a dia. Segundo o neurologista Eduardo Barreto, não existem regras específicas quanto ao tempo de descanso, pois cada organismo possui um determinado ritmo de funcionamento. No entanto, sabe-se que a qualidade de sono também está relacionada à faixa etária dos indivíduos. De acordo com um estudo publicado no periódico científico Sleep Health: Journal of The National Sleep Foundation, recomenda-se, para adultos de 18 a 64 anos, de sete a nove horas de sono. No caso dos idosos, a sugestão é que o repouso dure de sete a oito horas. “Bebês, crianças e adolescentes possuem uma necessidade de maior tempo de sono, podendo variar de oito a doze horas de sono”, explica a neurologista Maria Teresa Garcia.
Descanso precioso
A lista de benefícios que o sono pode proporcionar é grande. Durante esse período, nosso organismo realiza funções importantíssimas com consequências diretas à saúde, como o fortalecimento do sistema imunológico, a renovação de células de todo corpo, a consolidação da memória e o repouso da musculatura. Logo quando dormimos, passamos por um processo de profundo relaxamento. Além disso, nesta ocasião, ocorre a secreção e liberação de substâncias, como os hormônios. “Após aproximadamente meia hora de sono, o hormônio de crescimento é ativado. Sua produção ocorre predominantemente durante este momento, o que além de propiciar o crescimento, auxilia no vigor físico e reduz a osteoporose”, explica a neurologista Maria Teresa Garcia. Outros hormônios inclusos no processo são a leptina, responsável por controlar a ansiedade, e a insulina, que retira o açúcar do sangue. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 40% da população mundial sofre com insônia, que se caracteriza pela dificuldade em começar a dormir ou para manter o sono com qualidade. Pessoas que ficam privadas deste importante momento podem possuir a coordenação motora prejudicada e ter menos capacidade de raciocínio. “Isto evidencia o efeito direto do sono sobre nosso cérebro”, aponta Maria Teresa. A qualidade do sono pode, também, influenciar na produção de adrenalina, hormônio relacionado ao estresse, o que pode trazer consequências negativas à saúde, como elevar os níveis pressóricos. Além disso, na ausência de luz, há a liberação de melatonina pela glândula pineal, que reduz a atividade cerebral nas fases mais profundas do sono. No sono, ocorrem vários processos bioquímicos que mantêm o equilíbrio cerebral. Além da estabilidade, que é fruto desse período, muitos benefícios são proporcionados, principalmente em relação às habilidades cognitivas. A ação ocorre em processos ligados à fixação da memória – tanto de curto quanto de longo prazo – do raciocínio lógico-matemático, da criatividade e da concentração, além do fortalecimento do sistema imunológico.
Cérebro em alerta
Após dormir a primeira noite em uma cama estranha, você já ficou com a sensação de que não descansou o suficiente? Saiba que a possível explicação para esse fato não está no colchão, mas sim no seu cérebro. Pelo menos é o que indica um estudo realizado na Universidade Brown, nos Estados Unidos, e publicado na revista Current Biology. Segundo a pesquisa, há uma assimetria da atividade cerebral e uma alteração na estrutura do sono. Dessa maneira, uma parte do órgão não se aprofunda totalmente no momento de descanso. “Este fenômeno está relacionado com a substância ativadora ascendente do tronco, que libera acetilcolina (neurotransmissor que aumenta a atividade elétrica dos neurônios). Em estados de alerta ou medo, em locais desconfortáveis ou não familiares ou após um barulho, ela pode ativar todo o cérebro ou apenas parcialmente como um recurso ancestral para defesa e sobrevivência”, explica o professor de medicina e especialista em neurologia Mário Guimarães. TEXTO Jéssica Pirazza/Colaboradora | ENTREVISTAS Jéssica Pirazza e Vitor Manfio/ Colaboradores | CONSULTORIAS Eduardo Barreto, neurocirurgião especialista em coluna vertebral e dores crônicas; Leticia Soster, neurofisiologista; Maria Teresa Fernandes Garcia, neurologista e professora da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), em Presidente Prudente (SP); Mário Guimarães, professor de medicina e especialista em neurologia
? a i b a s ê c o V o sono
É durante bro que o cére s consolida a memórias. ! o Entenda com r/ b . m o c . l a r t s ltoa a . w w w / / : s as/ p i r o htt m e m o a ac d i l o s n o c r i m dor
Como se formam os sonhos?
Junção de memórias, expressão do inconsciente, forma que o cérebro tem para organizar as informações... Enfim, para que os sonhos (e os pesadelos) servem?
S
onhar ainda é um misterioso fenômeno para o ser humano. Quem nunca teve a sensação de acordar confuso com toda a sequência de imagens vivenciada durante uma noite de sono? Essa artimanha da mente já se revelou tema de muitos estudos ao longo da história. No imaginário popular, o sonho foi considerado fruto de premonição e ainda hoje carrega muitos significados, beirando o misticismo. Apesar de possuir esse caráter, “o sonho tem uma função fisiológica de fazer com que o sono continue”, explica Ernesto Duvidovich, psicólogo e psicanalista do Centro de Estudos Psicanáliticos de São Paulo.
Ao longo da construção científica, teses sobre os sonhos surgiram a fim de explicar o significado de seus símbolos. O que poucos sabiam era o fato de que o fenômeno realizado pelo cérebro, a partir do momento em que o corpo relaxa e aumenta a frequência da conexão entre os neurônios, durante as horas de sono, pode ser interpretado com base na análise da vida e dos desejos de cada um.
Sonhos inconscientes
A noção de inconsciente demonstrou um avanço no campo da psicanálise. Um dos expoentes desse ramo foi o neurologista austríaco - e pai da psicanálise Sigmund Freud, com sua conhecida e polêmica obra A Interpretação dos sonhos, na qual o autor analisa os sonhos através de uma perspectiva psicológica, afirmando que todas as representações são reflexos de desejos reprimidos. Seus estudos permitiram um avanço no entendimento de como a mente atua. Anos mais tarde, Freud concluiu que a mente é regida em grande parte pelo inconsciente. Por isso, a teoria de Freud perpetua-se no campo científico. Segundo a corrente freudiana, a análise de um sonho dependeria da interpretação dos elementos que o constituem a fim de revelar o desejo por trás das projeções. Em uma das análises mais conhecidas dentro dessa perspectiva, os desejos apresentam-se em sonhos graças à forte repressão causada a eles, geralmente, por valores morais impostos à sociedade. Assim como afirma Ernesto Duvidovich, “sonhos e inconsciente são praticamente uma equivalência”. No inconsciente, assim como estão memorizadas ações triviais como correr, falar e escrever, situações traumáticas e sentimentos mal resolvidos também estão armazenados. Por assim dizer, Freud justifica que os sonhos mostram-se como portas para a vivência daquilo que nos foi censurado em algum momento.
Freud x Jung
Não foi apenas a teoria freudiana a despontar lugar na ciência. O psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, após anos como discípulo de Sigmund Freud, deteve-se aos seus estudos na área da psicologia. Envolvendo mitos, conceitos de alquimia e estudo de religiões em sua obra, o teórico foi responsável pela produção de textos que enfatizam a naturalidade do sonho. Ernesto afirma que, para Jung, “os sonhos manifestam energias coletivas. Contudo, uma abordagem não elimina a outra. São teorias sustentadas em paradigmas diferentes.” Para Freud, a teoria junguiana diverge de sua tese por apresentar uma perspectiva mais mística. Jung não descartou manifestações externas ao organismo, como a arte, a religião e a música como influenciadoras da construção dos sonhos. Inseridos neste cenário, esses temas foram relacionados às projeções a partir da amplificação dos sonhos pela teoria junguiana, ou seja, em um contexto coletivo, a tradição cultural pode ter peso na interpretação dos sonhos.
Alertas durante o sono
Apesar de passarem despercebidos durante a rotina, as projeções podem ser alarmes de pontos negativos em nossa saúde. Você sabia que sonhos violentos podem indicar algum tipo de transtorno neurodegenerativo? Foi o que a revista científica Neurology publicou em 2009. Segundo a pesquisa realizada, as desordens no comportamento durante o sono podem sugerir que o portador tenha sintomas precoces de disfunções como a doença de Parkinson.
Além dos alertas físicos já comprovados pela ciência, os sonhos representam no imaginário popular, até os dias atuais, avisos prévios de possíveis acontecimentos rotineiros, influenciando totalmente no comportamento humano. Estudiosos na área da psicologia afirmam que muitas pessoas têm seus comportamentos e suas relações sociais alterados pela convicção de que os sonhos possuem influência no dia a dia. Atenção aos movimentos durante o descanso e ao caráter das imagens, produzidas pelos sonhos, deve ser considerada, visto que essas informações podem estar, essencialmente, ligadas a como nosso organismo se apresenta. Mas não se assuste! O conteúdo deste fenômeno é realizado a partir de muitas referências coletadas durante a rotina e que são imperceptíveis aos olhos.
Para resolver problemas, durma!
A influência dos sonhos pode ser tão grande que, segundo a psicóloga Deirdre Barrett, da Universidade de Harvard, resoluções de problemas podem surgir através de um período de sono. Graças às imagens formadas no período de adormecimento e ao caráter irreal delas, soluções para problemas diários podem ser descobertas a partir da fuga de métodos óbvios. Sendo assim, a possibilidade de encontrar a solução a partir de uma noite de sono é muito maior do que em um período de intensa atividade.
CONSULTORIA Ernesto Duvidovich, psicólogo e psicanalista do Centro de Estudos Psicanáliticos de São Paulo (SP) e autor do livro Diálogos sobre Formação e Transmissão em Psicanálise, da editora Zagodoni.
SAIBA MAIS! De onde os sonhos vêm? www.altoastral.com. br/sonhos-voce-sabecomo-eles-surgem/
Curiosidades www.altoastral.com. br/duvidas-sobresonhos/
É possível não sonhar? www.altoastral. com.br/sonhosatividade-cerebral/
Conheça os fatores que atrapalham o seu sono
Você dorme mal?
V
ocê tem passado muitas noites em claro ou se revirado na cama sem saber qual é a melhor posição para dormir? De fato, algo tem atrapalhado seu sono. Apesar de conseguir dormir – após muito esforço –, acorda cansado e sem a sensação de ter recuperado as energias gastas no dia anterior? Sua rotina noturna, o estresse, acontecimentos que provocaram preocupação constante ou até o tipo de alimentação que você manteve no dia podem prejudicar o descanso.
Como dormimos?
Possuímos quatro fases de sono, classificadas com o uso de eletroencefalogramas. A primeira e a segunda são as superficiais, nas quais nosso sono é “leve”. A terceira e a quarta – a REM (Rapid Eye Movements, em inglês) – são mais profundas. São nessas últimas em que podemos recuperar melhor as energias gastas durante o dia. Quem sofre com a insônia, na verdade, tem a dificuldade em iniciar, manter ou consolidar o sono, que, segundo o psiquiatra
Rafael Brandes Lourenço, pode “levar a prejuízo diurno, como alterações do humor e irritabilidade, redução da disposição, cansaço físico, redução da concentração e atenção, e sonolência diurna”.
Possíveis causas
A insônia, muitas vezes, não tem uma causa propriamente dita. Entretanto, existem fatores que podem desencadeá-la e perpetuar o transtorno. O estresse, por exemplo, pode ser um fator, assim como o luto ou, como dito anteriormente, acontecimentos da vida pessoal que podem provocar uma preocupação constante. Pode ser uma dívida financeira, um problema no trabalho, o término de um relacionamento ou qualquer outra situação
que “não sai do pensamento”. Além disso, de acordo com o psiquiatra, “alguém que não tem uma rotina adequada de sono e não tem bons hábitos de higiene do sono – toma café à noite, não dorme em ambiente adequado, faz atividade física à noite ou tem horários desregrados – possui maior chance de desenvolver insônia caso passe por um período de estresse”. Há ainda os fatores perpetuadores que são aqueles que mantêm a pessoa dormindo mal mesmo após o período mais estressante já ter terminado. Normalmente, pensamentos automáticos como o indivíduo se preocupar em relação ao sono, tendo a certeza de que não vai conseguir dormir bem para acordar recuperado no dia seguinte.
Papel do estresse
É óbvio que não acordamos felizes após uma noite mal dormida. Ainda mais quando se trata de uma sequência de dias. Em geral, nossa disposição diminui, bem como nossa concentração e atenção. Em relação ao estresse diário, dificilmente o problema será a causa da insônia. Porém, uma dificuldade no trabalho pode ajudar a não conseguirmos iniciar o sono. Por outro lado, “a longo prazo, a insônia não causa necessariamente estresse, mas nos torna mais suscetíveis a ele, ou seja, a pessoa com insônia, mais irritada e cansada, se deixa atingir mais facilmente por eventos estressantes”, explica Rafael.
O psiquiatra ainda destaca: “Uma consequência disso é um aumento importante da prevalência de depressão em pessoas com insônia quando comparadas as que não sofrem com o transtorno”.
“Será que tenho insônia?”
Um diagnóstico exato só pode ser feito com orientação médica. Provavelmente, o especialista da área de saúde irá pedir um exame físico e outro de sangue para realizar um check up. Em alguns casos, os pacientes também são conduzidos a centros especializados onde são realizados os monitoramentos do corpo enquanto dormem. O intuito é avaliar as atividades cerebrais, a respiração,
os batimentos cardíacos e os movimentos dos olhos. Então, se você tem dificuldades para iniciar ou manter o sono, deve procurar um profissional o quanto antes para identificar as causas do seu problema. O ideal, segundo a medicina em geral, é dormirmos de seis a oito horas para termos uma noite “bem dormida”. Por isso, são sugeridas mudanças nos hábitos noturnos ou medicamentos são prescritos para auxiliar no início ou manutenção do sono. “Lembrando que apenas um médico pode indicar o medicamento mais adequado, assim como a dosagem e duração do tratamento”, ressalta o psiquiatra Rafael. A automedicação nunca deve ser feita e pode piorar o quadro clínico.
Paradas respiratórias
Um outro distúrbio que pode atrapalhar as noites de descanso é a apneia do sono, que ocorre quando os músculos da via respiratória alta relaxam, fazendo com que os tecido moles na parte de trás da garganta colapsem, obstruindo a passagem do ar em direção aos pulmões. “Sendo assim, a queda rápida na taxa de oxigenação do sangue alerta o cérebro, que responde provocando uma súbita interrupção do sono para que o indivíduo possa voltar a respirar. Esse padrão de obstrução das vias aéreas, seguida de interrupção do sono, pode ocorrer centenas de vezes em uma noite”, explica a otorrinolaringologista Mirele Wong. A apneia é multifatorial e consiste nas interrupções curtas e repetidas da respiração durante a noite, causando sintomas como o ronco. Se não for tratada, a longo prazo, alguns problemas de saúde podem surgir em consequência da apneia. “Alterações da cognição, redução do rendimento e distúrbios cardiovasculares e metabólicos. Além das alterações da saúde física, a apneia obstrutiva também produz redução da qualidade de vida e constragimento social”, conta o otorrinolaringologista Victor Carvalho Lamônica. Assim, se você sente sonolência diurna, desperta muitas vezes durante a madrugada e tem dificuldades para iniciar o sono, o ideal é consultar um médico e investigar as causas. CONSULTORIAS Lia Clerot, psicóloga; Mirele Wong e Victor Carvalho Lamônica, otorrinolaringologistas; Rafael Brandes Lourenço, psiquiatra pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), psicogeriatra e médico do sono pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Noites em claro Ficar sem dormir pode trazer incômodos físicos e problemas de saúde. Conheça melhor esses prejuízos e a importância de se render ao descanso
Que fome!
Além de perder o controle do açúcar no sangue, o corpo produz menos leptina, hormônio que controla o apetite, e mais grelina, que aumenta a fome. Assim, durante o dia, bate aquela vontade de devorar coisas gordurosas e cheias de açúcar.
• É durante o sono que o organismo libera o hormônio GH, conhecido como “hormônio do crescimento”. Entre outras funções, o GH retarda o envelhecimento. Por isso, fica mais fácil aparecerem as rugas, que são intensificadas pelo estresse.
Neurônios exaustos
A privação do sono pode prejudicar a qualidade de alerta da pessoa e provocar mal-estar físico e mental, comprometendo atividades diurnas. Se o problema é a insônia crônica, o mal-estar é contínuo.
•Pesquisa feita nos Estados Unidos, revelou que ficar sem dormir prejudica o desempenho cognitivo. Outro estudo norte-americano, da Universidade de Princeton, mostrou que a insônia prejudica a produção de novos neurônios.
PÂNCREAS
Menos insulina
O desequilíbrio do INSULINA corpo reduz a produção de insulina, hormônio necesGLICOSE sário para as células absorverem glicose, que passa a circular em excesso no sangue. Isso prejudica os diabéticos e aumenta os riscos de desenvolvimento da doença em quem não a tem.
No coração...
O corpo produz em maior quantidade o cortisol, hormônio do estresse, que comprime as artérias, elevando a pressão e acelerando os batimentos cardíacos. Com o tempo, podem surgir problemas graves, já que as artérias ficam endurecidas.
Afeta as emoções!
Como a transmissão de impulsos nervosos não ocorre com eficiência, mau humor e irritabilidade marcam presença. A falta de sono prolongada pode, inclusive, levar à depressão.
Para dormir bem Preste atenção aos hábitos (principalmente os mantidos à noite) para ter um sono de qualidade
Outra alternativa
Se, ao se deitar, o sono demorar mais de 30 minutos para chegar, não fique deitado na cama, pois isso é capaz de gerar ainda mais estresse. Ou seja, levante-se e tente realizar outra atividade que dê prazer e, ao mesmo tempo, seja relaxante. Vale ler algum livro ou revista e ouvir música, assim fica mais fácil pegar no sono.
S
abe quando uma pessoa vai deitar e fica rolando de um lado para o outro da cama, sem conseguir dormir? Ou quando trabalha demais, deixando isso afetar o sono? Essas situações, quando ocorrem de maneira rotineira, podem causar exaustão, mau humor e até estresse. Por isso, conseguir ter uma boa noite de sono é fundamental para começar o dia relaxado e bem-disposto.
Horários definidos
Manter um horário regular para se deitar é uma ótima forma de conseguir descansar com mais facilidade. “Lembre-se que cada hora dormida antes da meia-noite equivale a duas horas após, ou seja, o ser humano foi criado para dormir enquanto está escuro. Fisiologicamente, o sono antes desse horário é mais saudável”, conta a nutróloga Alice Amaral.
Longe de eletrônicos
Desligar o celular e deixá-lo longe, de preferência em outro cômodo da casa, por exemplo, também é uma medida eficaz para dormir bem. Isso é indicado porque o uso desse tipo de aparelho pode ‘afastar’ o sono.
Alimentação controlada
Evitar comer antes de dormir é importante, ou seja, procure fazer a última refeição algumas horas antes de ir para a cama. Assim, a digestão estará completa no momento em que se deitar. Além disso, é fundamental consumir alimentos leves e fáceis de serem digeridos, uma vez que, durante o sono, o metabolismo desacelera, podendo aumentar o fluxo sanguíneo no estômago e gerar refluxo. Além disso, é necessário evitar alguns alimentos, como café, bebidas alcoólicas, chocolate e açaí.
Longe de problemas
Procure pensar somente em coisas boas e deixe as preocupações do lado de fora do seu quarto. “Não tente resolver problemas antes de se deitar, pois o cérebro não é uma máquina que você clica e ele desliga”, justifica a nutróloga. Ou seja,
quando a pessoa fica preocupada com alguma situação, é difícil deixar de pensar nisso, atrapalhando o descanso. Outra dica interessante é, após as 20h, procurar ler somente coisas boas e descompromissadas, como revistas em quadrinhos.
Ambiente ideal
Escurecer bastante o quarto é um hábito simples e bastante eficaz, pois é no escuro que a glândula pineal é ativada e consegue produzir melatonina, substância capaz de regular o sono. “Use cortinas com blackout para vedar a luz externa”, sugere a profissional. Além disso, utilizar a cama somente para dormir fará com que o cérebro sempre a associe ao sono. “Ao escolher um bom colchão e um bom travesseiro, que dão a sensação de conforto, o corpo consegue relaxar”, acrescenta Alice.
Banho a seu favor!
Tomar um banho morno antes de deitar é uma medida que pode trazer efeitos positivos, ou seja, é capaz de gerar uma boa noite de sono. “A água morna relaxa a musculatura e ajuda a pegar mais fácil no sono. Aplicar óleos com essências calmantes no corpo, após esse banho, também ajuda”, conta a profissional.
Para aliviar a insônia
Se você tem dificuldades em pegar no sono, o médico e psicólogo Roberto Debski recomenda uma técnica de meditação: “deite com as pernas descruzadas, costas na cama e mãos ao lado do corpo. Feche os olhos e perceba como se sente. Tome consciência da respiração, entrando e saindo. Se sentir alguma parte de seu corpo tensa, imagine a respiração indo suavemente até estes pontos e desbloqueando a dor e a tensão. Se vierem pensamentos, lembranças ou imagens, não se apegue a elas, perceba e observe que estão aí, e deixe que passem como uma nuvem no céu e volte a prática observando a respiração. Faça isto quantas vezes for necessário. Com o decorrer da meditação, você irá relaxando e o sono será induzido suave e naturalmente”.
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