207
GLOSSÁRIO C Cantiga: composição curta, geralmente em versos de redondilha maior, alternando com redondilha menor, dividida em mote e glosa de oito a dez versos. O assunto da cantiga renascentista é invariavelmente o amor, a ausência e o sofrimento único do homem.
G Glosa: estrofe que recupera e explica um determinado tema apresentado num mote, que é colocado no início do poema e do qual se pode repetir um ou mais versos em posição certa, como um refrão. Inicialmente, fazia parte de composições poéticas breves, como o vilancete, que apresentava uma ou mais glosas de sete versos, ou como a cantiga, que apresentava uma glosa de oito ou dez versos. A glosa continuou a sofrer transformações durante a Renascença, começando a ser constituída por um mote de quatro versos que lhe servia de introdução e quatro estrofes de dez versos, cujo último verso era a repetição de cada um dos versos do mote inicial, mantendo a medida velha.
L Locus amoenus : expressão latina que designa a paisagem
ideal, sempre presente na poesia amorosa em geral e, com maior incidência, na poesia bucólica. No espaço literário português, no que diz respeito à poesia de inspiração bucólica, encontramos Sá de Miranda (1481-1558) e Diogo Bernardes (1520-1605), que, in�uenciados pelos clássicos greco-latinos e por outros seus contemporâneos, como é o caso de Petrarca, e ainda pelo lirismo galaico-português, apresentam na sua produção literária o ideal da comunhão com a natureza, que assume papel de con�dente.
bulação por entre os meandros da interioridade, nas suas mais profundas dimensões.
P Petrarquismo: fenómeno de modelização que se processa a partir da obra de Francesco Petrarca, alargou-se às literaturas de toda a Europa e para além delas, tendo também repercussões nas artes plásticas, na música, no pensamento, na �lologia, no plano antropológico, na produção editorial […]. No que diz respeito à literatura, dominou o lirismo ao longo dos períodos que vão do Renascimento até ao Neoclassicismo, com ecos que se estendem até aos nossos dias. […] A mulher é envolvida por um halo angelicado, que dela faz uma presença serena e grati�cante. Platonismo: doutrina do �lósofo grego Platão […], caracterizada especialmente pela conceção de que as ideias eternas e transcendentes originam todos os objetos materiais, e que a contemplação dos seres suprassensíveis determina parâmetros de�nitivos para a excelência no comportamento moral […]. Por extensão, o amor platónico identi�ca-se pela castidade e idealidade. Segundo Platão, o amor mundano e carnal pode tornar-se, através da meditação �losó�ca, uma afeição contemplativa por realidades suprassensíveis. Em termos �gurados, pode dizer-se que o amor platónico é amor à distância, frequentemente inconfesso e idealizado.
V Volta: estrofes ou glosas que desenvolvem o conteúdo do mote nas composições em medida velha.
M Mote: mote, moto ou cabeça é o verso ou pequeno conjunto de versos, que encabeça o poema, geralmente com três versos, sobre os quais os poetas glosam as suas cantigas ou vilancetes.
N Neoplatonismo: escola �losó�ca alexandrina que surgiu no século II. […] O neoplatonismo penetra em toda a cosmovisão renascentista, enquanto sustentáculo de um sistema de correspondências que liga o homem a Deus e ao universo. Petrarca seguiu e fez a apologia do pensamento de Platão […]. […] O neoplatonismo dos [vários] pensadores italianos do Renascimento implica um movimento circular duplo, mas vertical, que de Deus desce até ao homem e do homem ascende até Deus. A Camões, o neoplatonismo não oferece possibilidades de elevação. […] À impossibilidade de atingir um estádio grati�cante, corresponde a deam-
Bibliogra�a/Webgra�a do Glossário António José Saraiva e Óscar Lopes, História da literatura portuguesa , 17.ª edição, Porto, Porto Editora, 1996 Carlos Ceia (org.), E-dicionário de termos literários (disponível em http:// www.edtl.com.pt) Dicionário Houaiss da língua portuguesa , Instituto Antônio Houaiss de Lexicogra�a, Lisboa, Temas e Debates, 2005 Massaud Moisés, Dicionário de termos literários , 12.ª edição, São Paulo, Cultrix, 2004 Vítor Aguiar e Silva (coord.), Dicionário de Luís de Camões , Alfragide, Editorial Caminho, 2011
Unidade 4 // LUÍS DE CAMÕES
208
FICHA FORMATIVA
Grupo I A Lê atentamente o seguinte poema e depois responde aos itens que se seguem, de forma clara e bem estruturada.
Eles verdes são a este moto alheio: COTAÇÕES
Minina dos olhos verdes, porque me não vedes?
Grupo I A 1. 2. 3. 4.
15 pontos 15 pontos 15 pontos 15 pontos
5
B 5.
40 pontos 100 pontos 10
PROFESSOR Grupo I A 1. O mote relaciona-se com o con-
teúdo das voltas da cantiga, pois apresenta o tema que aí será desenvolvido. Neste caso, apresenta o tema a desenvolver nas voltas: a ignorância e o desprezo por parte da «minina» dos olhos verdes face ao sujeito poético. 2. A contradição reside no facto de os olhos verdes sugerirem esperança, mas nas «obras», nos atos, tal não acontecer. 3. Esta expressão sugere a rendição completa, por amor, do sujeito poético à «minina». 4. Como a «minina » não lhe dá esperança de correspondência no amor, isso significa que não o «vê», logo os seus olhos não podem ser olhos verdes: «mas fazeis-me querer / que já não são verdes, / porque me não vedes » (vv. 21-23).
15
Voltas Eles verdes são, e têm por usança na cor, esperança e nas obras, não. Vossa condição não é d’olhos verdes, porque me não vedes. Isenções a molhos que eles dizem terdes, não são d’olhos verdes, nem de verdes olhos. Sirvo de giolhos, e vós não me credes, porque me não vedes.
20
25
30
Haviam de ser, porque possa vê-los, que uns olhos tão belos não se hão de esconder; mas fazeis-me crer que já não são verdes, porque me não vedes. Verdes não o são no que alcanço deles; verdes são aqueles que esperança dão. Se na condição está serem verdes, porque me não vedes?
Luís de Camões, op. cit., pp. 17-18
1. Relaciona o conteúdo do mote com o assunto desenvolvido nas voltas. 2. Explicita a contradição presente nos quatro primeiros versos da primeira volta. 3. Apresenta um sentido para o verso «Sirvo de giolhos » (v. 14). 4. Atenta nas terceira e quarta voltas e refere porque é que o sujeito poético põe em causa a cor dos olhos da «minina ».
2
Índice geral Unidade 0
Diagnose e projeto de leitura
pp. 12
Avaliação diagnóstica
Unidade 1
18
Poesia trovadoresca
pp.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
22
Mensagens cruzadas
24
Contextualização histórico-literária
30
Projeto de leitura
pp.
GRAMÁTICA
31
Classes e subclasses de palavras
35
Funções sintáticas
«Ondas do mar de Vigo» Martim Codax
37
Tempos e modos verbais. Processos fonológicos Fonética e fonologia. Processos fonológicos (inserção, supressão e alteração)
34
«Ai �ores, ai �ores do verde pino» D. Dinis 38
36
«Levad’, amigo que dormides as manhanas frias» Nuno Fernandes Torneol
40
«Bailemos nós já todas tres, ai amigas» Airas Nunes
41
Classes de palavras. Tempos e modos verbais. Lexicologia: arcaísmo
45
Tempos e modos verbais. Adjetivos
48
«Proençaes soem mui bem trobar» D. Dinis
49
A frase complexa: coordenação e subordinação.
48
«Quer’eu em maneira de proençal» D. Dinis
51
Processos fonológicos. Formas verbais
59
Funções sintáticas. Classes e subclasses de palavras
64
O português: génese, variação e mudança. Principais etapas da formação e evolução do português
50
«Se eu podesse desamar» Pero da Ponte Cantigas de escárnio e maldizer
56
«Ai, dona fea, fostes-vos queixar» João Garcia de Guilhade
58
«Roi Queimado morreu com amor» Pero Garcia Burgalês
60
«Quen a sesta quiser dormir» Pero da Ponte
68
Mensagens de hoje
69
Glossário
ORALIDADE Apreciação crítica: Mixórdia de temáticas ,
35
Cantigas de amigo
Cantigas de amor
pp.
«Níveis prejudiciais de amor», Ricardo Araújo Pereira
44
Compreensão: Anúncio publicitário
45
Apreciação crítica: «A idade média está na moda» Apreciação crítica:
61
O país onde a maledicência é melhor que o silêncio ,
Mariana Seruya Cabral pp.
ESCRITA
42
Exposição sobre um tema: Piropo , Miguel Esteves Cardoso (crónica)
52
Apreciação crítica: O beijo , Francisco García Lorca (desenho)
pp.
LEITURA Exposição sobre um tema:
54
O rei que refundou Portugal , Luís Miguel
Queirós
70
Ficha formativa
3
Unidade 2
Fernão Lopes – Crónica de D. João I
pp.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
pp.
GRAMÁTICA
pp.
ORALIDADE
76
Mensagens cruzadas
85
A frase complexa: coordenação
86
88
Predicativo do complemento direto
Apresentação: «O meu 25 de abril», Francisco Sousa Tavares (crónica)
pp.
ESCRITA
93
Funções sintáticas. A frase complexa
94
98
Processos irregulares de formação de palavras
Exposição sobre um tema: «Fome e miséria»
98
Apreciação crítica: «Manifestação cultural»
pp.
LEITURA
97
Apreciação crítica: «A estranha vida de Steve Jobs», João Pedro Pereira
102
Ficha formativa
78
Contextualização histórico-literária Crónica de D.João I
83
«Do alvoroço que foi na cidade cuidando que matavom o Meestre, e como aló foi Alvoro Paaez e muitas gentes com ele»
90
«Das tribulações que Lixboa padecia per mingua de mantiimentos»
100
Mensagens de hoje
Unidade 3
101
Glossário
Gil Vicente – Farsa de Inês Pereira
pp.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
pp.
GRAMÁTICA
pp.
108
Mensagens cruzadas
119
Fonética e fonologia. Processos fonológicos
128
124
Frases complexas: coordenação e subordinação
152
Reportagem: «Educação: de iletradas a superletradas»
128
Funções sintáticas
pp.
ESCRITA
129
Complemento do nome
124
Apreciação crítica: Excerto do programa 5 para a meia-noite
Contextualização 110 histórico-literária
ORALIDADE Apreciação crítica: Cartoon
Farsa de Inês Pereira
117
«Sem casamento, que enfadamento…»
120
«Pretendente apresentado e logo rejeitado…»
126
«Aparece um escudeiro e é solteiro…»
132
«Casamento celebrado, casamento frustrado?»
139
Processos fonológicos. Funções sintáticas
Do português antigo ao português contemporâneo. 146 Tempos e modos verbais. Funções sintáticas.
«Bem casar para livre estar…»
154
Mensagens de hoje
Farsa de Inês Pereira
Exposição sobre um tema: 140 A construção do tempo na A Farsa de Inês Pereira
«Que casamento e que 137 tormento!» 142
Exposição sobre um tema: 136 A relevância do espaço na
Exposição sobre um tema: 146 «A farsa de Inês Pereira , crítica de costumes» 155
Glossário
156
Ficha formativa
4
Unidade 4
Luís de Camões, Rimas
pp.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
pp.
162
Mensagens cruzadas
164
Contextualização histórico-literária
Funções sintáticas. 172 A frase complexa: subordinação
Apreciação crítica: 174 «Se eu fosse um dia o teu olhar», Pedro Abrunhosa Exposição sobre um tema: «Estâncias na medida velha que têm duas contrariedades: 180 louvando e deslouvando uma dama», análise e comparação de «[Vós] sois a Dama» e «De grão merecer», Luís de Camões
GRAMÁTICA
170
«Leva na cabeça o pote»
A frase complexa: coordenação e subordinação. 174 Funções sintáticas. Campo lexical
171
«Posto o pensamento nele»
175
Campo lexical e campo semântico
173
«A verdura amena»
177
Campo semântico
176
«Aquela cativa»
179
178
«Um mover d’olhos brando e piadoso»
Funções sintáticas. A frase complexa: subordinação
A representação da amada
A experiência amorosa e a re�exão sobre o Amor 182
«Tanto de meu estado me acho incerto»
182
«Pede o desejo, Dama, que vos veja» A representação da natureza
«Alegres campos, verdes 185 arvoredos» A re�exão sobre a vida pessoal 188 188
191
«Erros meus, má fortuna, amor ardente»
Classes de palavras. 183 Processos regulares de formação de palavras Funções sintáticas. A frase complexa: 186 coordenação. Classes de palavras. Pronominalização 189
A frase complexa: subordinação
Funções sintáticas. Conectores frásicos. 192 Processos regulares de formação de palavras. Étimo
ORALIDADE
Apresentação: «Amor é um fogo que arde sem 183 se ver», de Luís de Camões e versão musicada do mesmo poema, Polo Norte 186
Exposição sobre um tema: «A Gaivota dos Alteirinhos», Jorge Palma
pp.
ESCRITA
Exposição sobre um tema: Leitura comparativa entre «Ondas do mar de Vigo», 172 Martim Codax, e «Posto o pensamento nele», Luís de Camões
194
«O dia em que eu nasci, moura e pereça»
Étimo, palavras divergentes e convergentes
197
Funções sintáticas
177
O desconcerto do mundo
199
Complemento do adjetivo
«Os bons vi sempre passar»
203
Principais etapas da formação e da evolução do português
Exposição sobre um tema: 189 «O erro, o arrependimento e as consequências»
Exposição sobre um tema: Belle , Amma Asante (�lme)
Apreciação crítica: «O futuro das nossas 197 crianças», Trayko Popov (cartoon )
A mudança 196
pp.
«Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades»
Síntese: «Camões tornado 201 carne», Raquel Ribeiro (notícia)
206
Mensagens de hoje
207
Glossário
208
Ficha formativa
5
Unidade 5 pp.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
214
Mensagens cruzadas
217
Os Lusíadas
A epopeia: natureza da obra
pp.
GRAMÁTICA
pp.
ORALIDADE
223
Complemento do nome. A frase complexa: subordinação
235
Apreciação crítica: Anibaleitor , Rui Zink (romance)
226
Funções sintáticas
238
Síntese: Uma geração (des) interessada , Teresa Teresa Camarão Camar ão (documentário)
251
Anúncio publicitário: «Azeite Gallo – Poema»
pp.
ESCRITA
230
Exposição sobre um tema: «A importância do sonho»
Os Lusíadas
222
Constituição da matéria épica: canto I, ests. 1 a 3 (Proposição)
226
Constituição da matéria épica: canto I, ests. 4 e 5 (Invocação)
228
Constituição da matéria épica: canto I, ests. 6 a 18 (Dedicatória)
Re�exões do poeta: canto I, ests. 231 105 e 106 («Bicho da terra tão pequeno») Re�exões do poeta: canto V, ests. 233 92 a 100 (Partida de Vasco da Gama) Re�exões do poeta: canto VII, 237 ests. 78 a 87 (Ninfas do Tejo e do Mondego) Re�exões do poeta: canto VIII, 240 ests. 96 a 99 (O poder corrupto do dinheiro) Constituição da matéria épica/ /miti�cação do herói: canto IX ests. 244 52-53 e 66 a 70 (A chegada à Ilha dos Amores) Re�exões do poeta: canto IX, ests. 248 88 a 95 (A Ilha dos Amores e a imortalidade) Constituição da matéria épica: 254 canto X, ests. 75 a 79 (A Máquina do Mundo)
Funções sintáticas. Campo lexical. 230 Arcaísmos e neologismos. Hiperonímia e hiponímia Campo lexical. 232 Classes de palavras. Antonímia A frase complexa: subordinação. Processos fonológicos. 235 Processos regulares e irregulares de formação de palavras 239
Arcaísmo e neologismo
255
Processos fonológicos
Arcaísmos. A frase complexa: subordinação. 259 Campo semântico. Palavras divergentes. Funções sintáticas 267
Funções sintáticas
269
Do português antigo ao português contemporâneo
Exposição sobre um tema: A ambição humana; «O homem, bicho da Terra 232 tão pequeno», Carlos Drummond de Andrade (poema) 241
Apreciação crítica: Cartoon , Luís Afonso
Exposição sobre um tema: Comparação entre 259 Os Lusíadas , de Luís de Camões, e Troia , �lme de Wolgang Petersen Síntese: Sob o signo do 262 Império , J. Oliveira Macêdo (ensaio, excerto)
Constituição da matéria épica: 256 canto X, ests. 80 a 91 (A Máquina do Mundo) 260
Re�exões do poeta: Canto X, ests. 145 a 156 (Lamentações e profecia de futuras glórias nacionais)
pp.
LEITURA Artigo de divulgação
266 cientí�ca: «Como se faz um
campeão»
274
Mensagens de hoje
275
Glossário
276
Ficha formativa
6
Unidade 6
História trágico-marítima
pp.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
pp.
GRAMÁTICA
282
Mensagens cruzadas
287
Funções sintáticas
284
A literatura de catástrofe: a História trágico-marítima
298
Campo lexical e campo semântico; arcaísmos e neologismos
Literatura de viagens
pp.
ORALIDADE Documentário: Caravelas e
288
naus – um choque tecnológico no século XVI
294
Síntese: «A milionária cadeia da pirataria na Somália», Gabriel Bonis (artigo)
285
«O início da aventura do herói Albuquerque»
290
«Um duplo ataque: os corsários e a natureza»
pp.
LEITURA
pp.
ESCRITA
295
«Acabam-se os trabalhos: a justa recompensa»
301
Relato de viagem: «Marrocos, uma comarca exótica», Tiago Salazar
298
Apreciação crítica: História trágico-marítima , Helena Vieira da Silva (pintura)
304
Mensagens de hoje
305
Glossário
306
Ficha formativa