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Copyright by Luzia Margareth Rago
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Revisão: Suely Bastos Silvio Chagas Beatriz Siqueira Abrão Composição: Linoart Fotos: Arquivo EDGÁRD LEUENROTH Ca pa: Tsabel, sobre ilustrações da Revista Eu Sei Tudo, 1920, A.E.L., UNICAMP e fofo de O Estàdo de' São Paulo, álbum publicado em 1918.
UNIVERSJDJIDE FEDERÍL DE UBERLllDIl
BIBLIOTECA CENTRAL Proc edên ci aV fLl *9 J U M Ü iC -* ........... ............ ..
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Direitos adquiridos pela Editora Paz e Terra S/A Rua S|o José, 90 — 18.° andar Centro — Rio de Janeiro, Ri Tel. 22:1-3996 Ru a dò* Triunfo,"'T77 ' ' Santa.:Efi gênia — São Pa ulo, S P Tel . 223 -652 2 ' -
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1985 Impresso no Brasil Printed in Brazil
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Do cabaré ao Tar nA Utopia da Cidade Disciplinar
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Brasil: 1890
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— 1950
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Paz a Terra
INTRODUÇÃO
Uma imagem mítica:- Átila, o temível guerreiro huno, comanda aú nv as ão dos bár baro s. »Gom a espa da de -Martè, deus- da guer ra , semíeiava tei&òr.-pòr todá a parte. Nas terras que seus exércitos devastam-a grama'ja não cresce. Desestabilização1dá ordem social, amea ça"'ide èàoÉpMíifaág id: dd vidã divilidãda. 'Ncá tem po s' mod ernos , o périgo da-devastação provém de outras plagas. Ou antes, 'do. mundo mais‘mviliMdo: os imigrantes que chegam com outros hábitos, outras cabeças,- estranhos desconhecidos. “Não é certamente so.b as leis do inipério dissoluto, onde domihám á*s prostitutas nacionais,' que se revolve a mocidade levia na e^vicibsa destá* co rte , mas é debai xo da press ão ou da influênciá tirânica*que'nela exercem as prostitutas estrangeiras que geme e sedefirili'a .bolidiahámente grande .parte da sociedade do Rio de Janeiro”, lastimava o medico Ferraz de Macedo em 1873. A degradação; Idos costumes, as práticas dissolutès, o alcoolismo, o jogo, o crime,; {as doenças" que penetram pelo porto de Santos em companhia dos |trabalhadores italianos, espanhóis, portugueses, polacos, a nova j mania das greves , a “ lep ra ” da luta de class es: tudo se passa c omo! ?se os “ novos bá rb ar o s” ^aportassem entre no:s. Marca de uma ruptura profunda: um passado tranqüilo, ca-; raçterrstico da “índole pacífica de nossos concidadãos”,, desta nossa; gente que no dizer de um chefe de polícia, em 1 90 4, “ acolheu; comeprofunda simpatia” o reforço da ação policial sobre a cidade; de S|o Paulo. De outro lado, a: constatação-de um presente onde; |imperam as dissensões sociais, osconflitos políticos, os surtos: epidêmicos, a criminalidade ampliada, os hábitos dissolutos, a pro1,mi-scuidade da s.?habitações suja sde -fétid as; a -p ro lif er aç ão dos gate-; I nis, vadios-e cafiéns. A,ameádadã~ intranqüílidade social, da conta-)
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minagão-física e moral, da destruição da nação,' da“ ra ç a : resultados-aef-astQs^^sQmbrios da„che gad ã; dos lm i^ ran tes . -C* ‘ “Basta .(, . .) penetrar na habitação aglomerada deitZian^Tpara se depreender, desde logo, que o menor preceito de higiene e; de moral, que é a base do edifício social, ali não existe”, constatava desolado o inspetor sanitário de São Paulo, dr. ÈVáristo' lin^éigaj
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ao em visitar 1894. as habitações operárias do Bom Retiro, Bexiga e Brás, Indícios de uma anormalidade social, as práticas Populares de vi da^e la z e r do^Tri balRSdirEs IIa B iii^ do s^ improdut ivos. dos pobres, das mulheres públicas, das crianças que vagueiam abaiidonadas nas ruas-vão "se tornando objeto de profunda preocupação de médicos-higienistas, de autoridades públicas,,de setores da bur guesia industriai, de filantropos e reformadores sociaÍs7nas-<^ iniciais do séciulo^XX. Crescimento úrbano-industrial, expansão demográfica, na cidade moderrmT'— . .
ta~—dooslado, vizinhos já não se conhecem , não se superficiais,--Os pode oon fiar emantigos qnem está os sentimentos se tornamrniaislaç os de solidaried ade se rompe m, a xlíja -já, .nã,o é com o antes* Percebidos como selvagens^HtpiOíantes^imeivilizadosT rudes,! feios e -grevistas-Jsohre os trab alh ador es urbanos , que comp õem a cla sse op er ári a ..fo -■«------•* Brasil-jconstitui- se-maulatinamen te Mma y a sta^ ^ ^ te morciMr de" uma m m trabalhador.. {aócih^uSmTssòTlinase ^ ser, _ l a l .a o pfole|;^mvi assim já ^p od em os ch anfá-lo. ^ S j u ra cao d $ ;m a l/ convúlsõè^íuturas da hlstdrià,^rentaMa rar iad o pàs^p élâi còni&àfã^M oS^^ te^cKtoaaejMiiRO
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gem projet iva de “ bá rb aro s^ justifica, 'deSdobralse^èm ^
perse guem o tr ab al ha do r em ^todos; os momentos ide su a Vida,-*âtè
nas horas de lazer, buscando ^definir sua maneira de pensai?, de sentir, de agir e erradicar praticas e hábitos considerados^erniciosoi ys e- trad icio na is. ■■ >/•;* ° Par a tanto, a reddimcãíuisL.família consfituinpeca mestra., Idm modelo imaginário, de mulher, vo ltada p ar a a intim idadeffdo lar> e
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na. redirecionada para a escola que se criam no pais do nascimento da intimidade operária ,, para píejirôs' e autoridades competentes sugerem a construção tjíçges higiênicas e confortáveis, ^ente, nem tudo se passa com©* se imagina. Para realireforma doras^ as classes dominantes enfrentam zar as^re sistén ciaele naze S de trabalhadores que prese n^ ln 'su ai trad i(pfesTTsisf^^ que va lor iz am sua aHvidãde“ que"cukuam^eae~santos. que possuem.todo um código ;de\represe nta ções simbólic as.- E . além disso, que pro gres sivam ente aderem às bandeiras de luta levantadas pelos anarquistas e anarcosindicalistas que, ao lado de outras correntes políticas, procuram impulsionar o movimento operário no país. ^^^P oü tad org s- de. um ípifáf Ê x^ e transformação radical da socie dad e, os 4ibertár ios apa recem comò depositários das espe ranças de j realizaçãq dos anseios de indivíduos negados e oprimidos em todos
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osftnpmehtos: de; sua vida cotidiana e qüe sé.u ne m numa solidariedadqfdéiej^ssei a partin de uma experiência comum. Assim entendo, re eó rre ^á gía à* ensina mento s do hisWrfad or inglê s'E. P. Thompson , iam© sen processo; dêtcohstituição eir^pántè^ d^ S^ sB fè$ ut an d* é? eohtra* as im posiç ões'au toritária s dos domi Obtido suas fóririás de vida,, definindo seu modo nantes, ^cpltural ei construindo suas entidades de resistência política .1 filiação dòs âharqúistas no Br||i§e sua influência de e justo ,’ dl! fim da expl ora ção do trabalh o e da doifeàbp^jpdlítidáí ida autogestão .da produção, do fim do Estado, ^pfejxíèta educ®lifflK do amor livre e de tantos Oflfèi te!Éá'^áej;lho míhímo, são profundamente fascinantes. Assim tamííjSm entendo o eco' que ressoou de vozes que falavam nó pr ocessed ^ 'f o r m a ç ã o do prolet ariado, acredito "que devemos mterrõgáSps^iguilo que se propuseram,-o que certamente exclui a construç|6 àójpariido político dito revolucionário-e a participação no campo da luta político-parlamentar. Seria apenas por ingenuidadè^que se recusaram a criar uma instituição que consideravam hierárquica e centralizadora? Seria tão-somente a propalada “falta de. visão política”? l. 'E. P., Thompson. lona, Laia,, 1977.
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na ruja. Desvendam os inúmeros e sofisticados mécãhisfnòs tecnoló»! gic os Ido ex er cí ci o da do min açã o bu rgu esa . . ,*•; A análise do poder em sua positividade, como rede de relações, que se exerce molecular, ininterrupta e ramificadamente, em’ todo'sj os domínios da vida social, produzindo individualidades, adestrandq os gestos , elevando a rentabilid ade do trabalh o ~ -como| apontja Michel Fou cau lt — , abre to d a uma* perspectiva'metodOlogica que pjermite repensar a atuação dos;anarquistas a partir- de.outros’ parâmetros.2 Embor;a situados em eâàppos teóricos e’‘metodológicos diferenciados, Thompson e Foucault chamam*a atenção.pára Outros moméntos do exercício da dominação burguesa, possibilitando■re cuperar as práticaspolíticas “não-Qrgamzadas” do proTetatiádp é desfazer o generalizado mito do atraso e do apoliticismO^dds liber tá r i o s / • . ■ ■F ,Gom estas lentes e com < fábricas, dos bairros e vilas < no país, àtenftja para todas "as qu e a a n a r q u i s t a n pelo1discurso pa tron al dos. cobertas foram muitas. Ao 1 via ge m. . . '
2. Michel Foucault.
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Petrópolis, Vozes, 1977.
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I. FÁBRICA. SAT-ÂNICA/FÁBRICA HIGIÊNICA
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^.■•-ffiPrNttpequena'e mal iluminadasala da gráfica situada à rua Santa Cruz da Figuéifá, n.9 1, em São'Paulo, 0 tipógrafo -Edga rd E euenrpth conversa* epm alguns- com pán hèir os. Discu te corn 0 .advogado Ngno Va£cp. e com .0-linotipist ai-Mota Assunção a elab oraç ão "do .primeirojnúmero ,de um.jornal operário: A Terra Livre. O espanhol MampèlMosçosO; também participa d a reuni ão. Es tam os: no a n o 'de 1905. O primeiro número desteiiperiódico anuncia:
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.. SorrtQS socialistas- e anarquistas. Como socialistas,, atacamos o instituto da..mropriedade^.-pm:ada^^jnQral^ue-,aJfeiHLjijorJbase. ; P°* todos,,.sem., que •a pãrte
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anarqu ista, OipintonGigi Da miani, dese mba rcará dois ano s ^antgs no Brasil, após ser libertado das ilhas-prisões da Itália, onde permane cera detido em função de sua militância^política nos regentes^movimentos pop ulares de sua ter ra. Nas «prisões por onde passa, conyive com outros tantos militantes libertários, entre os quais Orestes Ristori e GercMai.: Todos ioptaní ipelai imigração a ò Brasil. Encontrando-se aqui e conhecendo outras figuras de destaque do moví m^to~~oinr á rio q ü e T e ^ terão intensá pa rtic ipa ção políti ca nos -acontec imento s que se sucedem. Junt a mente eo m ~ O re stiT T Q p^ ^ em~S ao”"? aulo, Gigi Damiani funda o jornal libertário La Battaglia, enquanto que em 1903, com Alexandre Cerchiai e Rodolfo Felipe, inaugura outro periódico de tendência-semelhante: La Barricata. Mas é muitos- anos depois que surge a mais famosa de todas.as publicações libertárias: A P leb er pnidallosam^ Leuenroth. Folheando as páginas já bastante amareladas destes jornais, reunidos há não muitos anos, a primeira impressão que me causam é a de um a riqueza muito grande? ide idéias e de aco ntec ime ntos de um período que yem sendo recentemente recuperado. Um uni verso vai-se delineando gradativamente aos meus olhos e é inevitável a pergunta: o que queriam aqueles loucos românticos? Loucos? Românticos? ' Muitos são os que se preocupam ou mesmo antecipam a realiza ção deste sonho: mudar a vida, transformar o mundo embíutébido e infernaF das longas horas-de trabalho: extenuante è ’insújapna^ i das humilhações doídas e das derrotas cptidiânas, num pa^s^lpp|sjvel.
A ún J; qem ra ;dó sono ,quòebra -se ^e e dec idem s rumós jd ^l ug ricl o"d lau seg pi^ -at e - 4Pfeigos püblícaHòs nesta imprensa nascent^e^artesanaltproeu^m^âncentivar o espírito de luta, (estimular..as rejsistenpias, nos, locafssde .tçabalho, informar e apoiar as pequenas guerras que se travam diariamente: denúncias de exploração-,, notíciasffida4batalha motióis®®;* ifegistros de avanços e recuos, de vitórias e--fracassos. ;nb • Mas não só destes temas j vive a^imprensa apariltúfem^dàs pri meiras décadas do século -n o •-Bsásilh**'•&!& -fala Mazer, registra excu rsões e piqueniques, sessões, culturais , conferências educativas, nova Bropõe> uma* nova maneira de vi ver , *an-discute unc ia ruuma m mun do moral/ fundado na igualdade , na li berda de, e na fe lic id ad e, que deve ser construído ‘ po r to do s■os o pr im id os ,1' aqui e agora. .i Pr ocu ro rec up er ar este projeto de funda ção de uma mova' -sõCie-
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a adesão de milhares de trabalha-: doresu>a<á^cemm> coma.'promessa^da instituição de um mundo em •■= que éáda *te m em ;, Será;, dono dos Dg.Q.prÍQS-MQa.Propondo a reorgani zaç ão -da--.atividade dp trabal ho e dos múltiplos campos da vida social^ie&j^elhari^os desejos e prometem realizar as perspectivas de inúme ros, tyabfAhadores, fru stra dos passo a passo, pela imposição incessante- da -vontade, dos dom inan tes. O:;|no^im|i^o ^-alas-tpfrsç. rap id am en te , con quista ndo vár ias fá br ic as , dp .-^ aj^ a^| d6f es?.- á despeito de toda a violência da repressão'ptl^mzada'peips setores privilegiados e das inúmeras estrategias^di'seipjinares'constituidas com o- obietivo de produzir umeu mova-, figur a =do .-tr aba lho . polit icam ente submi ssa, mas ec ono mic a me nte re nt áy él . " *"■“ •Desde^cedo,afinal, os dominantesVvêem desmoronar a imagem disciplinada | laboriosa que haviam projetado sobre, o imigrante "êiofopeyT^Nêm da Asia, nem da Alrlca'’, os trabalhadores provê“mentes dosul da Europa, brancos e civilizados como se desejara, não apenas forca de^ trabalho, mas todo "TKO um trazem coniuntoconsigo de expectativas _de,uma ...y-aku mJIIde entrarem nó país, fazem explodir todas, as projeções continuámente lançadas sobre seus ombros.. procurando cada vez^miais^-incisiva^-. mente áfirmar suamrópria identidade. Indolentes, preguiçosos, boê mios, gteytsta's'cm'anarquistas,•-segundo. a, representação imaginári a ç^f|^íg^j;pela sociedade .burguesa, lutam para definir sua nova s^|ernas :ide re pre sen taç ões , dos .va lo re s e 3ãsf çrênçás qúê lhes' são próprios.1 ,.t ^s ^p ect ati yas •'bu rgu esa ^^i r.oj eta das .-so bre o imig rante recém-* cf* e
^ ici íám Lf ixa r csu o na.tt mãoo .a mde-o e n t ebra . Emnas c o nfábri trapcas,.ar tid arecorren , os inddo us- a.
..... Üp.,mterior. dtp"espaço ,da,,produção ao percurso de volta•• à casa., -— —r , penetram em sua, habrtaçao, invadindo e procurando controlar ate mesmo mementos mais inesperados de sua viaa ^co tid ian arM ais 3o que quatq^ier outro"~grupó social, os imigrantes aparecem aos qlhos dos setores privilegiados 'da sociedade- imersos num estágio ameaçador de*transição:, recém-saídos de seus países, de suas regiões de srce^'aipda não definiram o novo mo.do de vida. Como será ele? Ó desconhecido assusta: é preciso que se ensine aos trabalhado-----
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l•M:3£Í£,"§Íjel].a; \Br.esciaiji, -Liberalismo : i deologi a e C ontrole Social. Tese de Doutoramento, USP, ]976.
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rès njtdes e ignorantes uma novià ‘f< adeqúada, antes ’que eles mesrrfòs o ser ofganizado segundo os interest do.'capita a'pajtu da cdnstkSp^He^EnFSi^^rME Todoi tipo 1~o4^^
de compdrta^^
/fes fijF siT' íbenllHa^ nheciNa-íábrica,'' w^mtSWSz^^ de um mentos e de técnicas coercitivas visa tránsformar súa^^éttrutúta psíquica e j n c u tir hjábitos regulares de trab alh o,, desde as srcehs da industrialização. Q~ que . p o r sua vez, provoca- a eclosão de violentas man ifesta ções *3ê resistência jà nova disciplina industri^L. > Ks inúmeras formas de luta desencadeadas dentro e fòra dos ( murols da fábrica, durante as duas décadas iniciais do século, ates\tam à recusa operária a se submeter às exigências da__explqração jcapitklist a e, mais ainda, a desesperada tentati va de concretizar? a ....
\a radicalização das lutas travadas Contra a orgMlzàçaÕ ! do proces so pro du tiv o apo nta pa ra a propos ta / ah>ar qu ist& pí ã s UâDr o du g^ . <3 c õ n tro rr d F p te ^ S ^ horizontes do movimento operário, eÜmféstb^da* cor . ,-.l t *»*«*,<3*mm sindicalista, ao lado das mais efetivadas no cotidiano da produção.1* Choque de duas vontades/ emMte' de o mundo do trabalho aparece, na lugar privilegiado do exercício dè u que ele deveria destruir, ocg& . forç a produtiva, expressa nãor ape eclodem no período, mas també industriaisdaprocuram convencer aumento prodpLtividade dera naçãb por esses homens, mulHferes ter-se sem nenhuma,o,bieção. Lí Íos ._ ^mek oa. . an ò s^ ^ sé cu lQ ^ ^ té -^ ^ n O ^ a^ ái M Jdá.- défcàjlE, irabalhádb^^r^iíitM
se dç forma pontual.(manifestando o d e s c o n c e S M § ^ ^ !m ^ l] £
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•passagem para a suaimfe’lissiste : á „unxa~jmttdança nos r egimes s5ZT5;O.ÍQto.. racional de?-produção do’"novo v i í K jbI ^ e7reHefín!doenqüanwvkggtimfe^ ryMfÍMà"lC^,mòd&tMaA^e¥efia entãO' constituir -o-,palco, formador ^nèja^giimjòrbdíftfeia,'atraivés ife formai cadà>/ez'mais'insidiosas I gv^^|yp55^I]âQn^-naç^X)r.-Ivi-as,..ao mesmo tempo, deveria figurar como p jugar da atuação de um outro tipo de patrão, moderno e agilizado, em ^oposição à antiga fig ura nd o. prop rietário \3êsp 2 i m l "arbltyãfio T nide do^pass'acbr-— Do império da violência física e direta exercida no âmbito da fábrica, onde 0 industrial ditava irreverentemente as normas de conduta, procurando padronizar os comportamentos segundo sua vontade, determinando os horários, oè\salarios e todas as formas de relacionamento entre capital e trabalho, passa-se progressivamente para a introdução de novas, técnicas moralizadoras, discipli nas'doces é suaves. Portan to^ antes .raesmo d a introdução dq-taylorismo e do fordismp,' ^ delineia:&e o desejo burg.uês: de constr ução da Sfíéáhij
Üm% fto v^e4 ^o| nla(dos gestos
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^âáfáb^ba ferfha* «significado um campo de experimentação í l ^ l ^ f r a m 'esfraféffês* ’dè controíe e 'de fixaç ão .cia força Wnpárece fora de dúvida. A ^elaboração de procedimentos ^^,||ígúaí M % d e s, °aHburguesia a ,rebddeindustrial i# vi ie nc iapr ,soc e nura^a.pim rópo prin. a sua r eprvontad esenta-e -unidade p r o ^ v a ^ v •, >' “péçfiva Ho trabalho,a} fábrica- apareceícomo lugar detes-
tável da dominação e doaniquilamentodacriatividade dá^èlasse o p e rá ri a , con st an tem en te con str ang ida - a stfjeitar-ge •'ás imp%si^o'es exa cer bad as dos patrõ es, '>Associadã^ àsrima,»fe ãd gg |á jM gd i.-d te§ fe . 3ijBgg)U'. do*wséaaeàí£>, as p rl ii ir a s^ ja Q ti iiàs •dá^ im brfen^an af Qtilé ta retr ata m o sis tema de fáb ric a com o ■dispositivo dè ,’fab fic àçã ò dos *(corp os ■dóc eis ” , na ’ expre ssão de ’F ou ca u lt; '' Desde os primeiros números, os jornais operários atacam com unhas e dentès esta instituição disciplinar que os dominantes que riam apresentar r evesHda dá i i ^ g ^ ' d a neiâMKdadfe, da neceé sidade econômica e do progresáo^sóèM. Se. t>eló ládó dós pátrõéá/á | Unidade fabril é represeútâdá ícoihò espa ço héütr ô d á píòdp<çãõ, } através de uma. composição estática que procura registrar o nú m e- , ro de máquinas, de peças, de compartimentos e dê *ò||fêâ]EÍb&. tani-'• bém considerados como. fatores de produção, pelo lado destes, esta con stru ção imaginá ria dá fábric a responde a uma intençã o* disciplinadora precisada. de incitar explicitamente áo trabalho^ obrigando o operário a reápeitar as normas da hierarquia fabril f" O discurso operário sobre a fábr ica traduz , desde cedo , a | revol ta co ntr a a, imagem edulc orada do mundo d o tràbalho projeI tada pelo i maginári o burguês. F à lp da r'fábficá. Significa, nesta | persp ectiva , questionar praticamente a org anização capitali sta do processo de produção por vários lados. Neste movimento, as estra tégias de luta preconizadas pelos libertários, desde a sabotagem, o boicote, o roubo, a destruição de equipamentos, até a greve geral, confíuem na direção dás práticas' d è ' resistênci a cq .tftiaqf *criacias. I
pèla combatividade V n Diante daoperária. recusa inesperada que os industriais enfrentam por pa rte de um o pe ra ria do que se neg?i, a xomppjfcar.rS^ipassixf^í^Híf de acordo com normas de conduta preestabelècidas, os patrões in troduzem progressivamente tecnologias cada vez mais aperfeiçoadas de adestramento e controle no interior da fábrica. ( . . . ) desgraç adamente pouco s têm algum int ere sse pelas suas 1tarefas ( . . . ) não s e s ubm etem a . ne nh um contr ole sist emá tic o, / n ã o pe rm an ec em em seus em pr ego s, não se im po rta m cô m os ^-j co nt ra tos ( . . . ) , I
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reclnmavafn os proprietários da'fábrica Uniãò ítabirana, de Minas. G er ai s, < fp 7! n^ referindo-se áo s>bperário ^’mdisCibljhad& que aban dõn ãvam_a eus emp regos, d e s i l ^
internos, negavambse a obedecer às normas impostas pela organização capjtalista da produção.2 Nem mesmo o apelo do salário parecia ter^uita^jÉ|ç^çía7em forçar -o trabalhador a submeter-se aos horá rios e. aó rjitmo dà produção: entregues às suas vidas indolentes, trabalhando três ou quatro dias por semána, eles não querem ganhar mais do que um salário mise rável, porque pensam e se bbtfr ompsóêrem ;3 em " t comer, mastigar palitos, beber cachaça
Como na nau de Ulisses, os trabalhadores deveriam tampar os cé râ pãrá^riâq -fcèdêrèmr' às'’'tpntãções do en can ta me nto ctas'-áeírfiW&. tf&b* áü b tò ér ^e íf t' aò s' impulsos que os atra íssem par a fora. Deveriam tornar-se práticos: Viçosos jfc conce ntrad os, os trabalhadores devem olhar pa ra fren te é deixar de l adp o * qu e'es tiv er ao lado. Ele s d evem sublimar o impülsò que os pressiona ao desvio, aferrando-se ao esforço suple mentar.4
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Obstinadamente, os operários resistem às técnicas punitivas introduzidas no espaço produtivo pará sujeitá-los às rígidas imposi çõesdos patrões: a imagem da fábrica-prisão construída pelo dis curso operário^ visa a desmis tificar a idealiz ação do espaç o de tr a balho realizada pela linguagem do poder. Na imprensa anarquista, inúmeros artigos retratam as situações de opressão, de humilhação e de violência física e moral vivenciadas pelos produtores, constan temente vigiados por superiores hierárquicos? 1 ÒS PRESÍDIOS. INDUSTRIAIS A Companhia Paulista : -•O chéfe* dá estaçab Jündiaí da Compa nhia Pau lista de Vias F é r reas é umímódeló de tirânia, um carcereiro exemplar, e é por isso qúè^aíGia.^ © estima e. ampara . È este pequeno cz ar que estabele ce os regulamentos despóticos que pesam sobre os empregados como uma; barra;dç chumbp: (ví Terra Livre, 12-4-1906). 2h Stanley Stein, O ri gens ç Evolução da I ndústri a Têxti l. Rio de. Janeiro, Campus, 1979, p. 71. 3. /dé/n,, p. 71. 4 / Ma x HOrklièim ere T. Adorno, “Conceito de Iluminismo”, in: Os Pen sadojres. Sãò, Paulo, Abril Cultural, 1980,. ; p. 110. 21
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^meaçadora pára a por esta geraçaO* opçrana como. antfQ~'rda perl!çl0 e:" da^ p f^ ll à lc ã o ração!promíscua da desagregação da família em função dá.paMcí^açao’ infantil nas: fábricas reaparece no discurso operário, refl meSmá pe rce pç ão mo ral ‘ do espaç o da pro duç ão que s,e eyidencia nás descrições de Marx e de Engels, sobre os estabelecimentos fabris ingleses:5 ( . . . ) as fábricas , is to e, e sses lupa nare s, es sas pççilgfs o nd e sé encerram milhares de proletárias, sap sem. dúvida po ss ív el X. .,’., fpcos permanentes de degradação e de prostituição (O Arrijgo do Povo, 5- 7-1902).
Çonsta nteme nte desvalorizado por esta fo rma d a exg|$ípip, da violêpcia direta, física e visível sobre se,u corpo^4p?tinad& a Pro* duzir uma nova economia dos gestos adaptados à dinâmica da produção, o trabalhador luta pela revalorização de sua figura en quanto produtor direto da riqueza socfal. e,enquanto.SPÍ dpt^do tie criatividade e de um sa.ber próprios. Para. enfrentar esta,orèsist«|ncia, todo um conjunto de encarregados qta exercício da ,yigjl|nejá, mes tres, contramestres, inspetores, fiscais deve ser integrado
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irregularidade do ritmo de trabalho, o?absenteí&iaq^q pouco comprometimento aos tr abalh adores icqm as exigênciâ^.jío'5capífal e cpm o novo modelo produtivo explicam a introduçãQíd^rigorosos regulamentos internos de fábrica destinados a constfasrgê-los ao trabalho. Reuni-los num espaço facilmente controláVetiftiãd' fora suficiente para garantir a realização das tarefas e seu- envolvimento com a produção. Por isso, os industriais procuram definir normás estritas de comportamento pára assegufqr não apenas o .comparetiA
■! K-. . '' 5. Karl Marx, O Capital. México, Fondo de Cultura Econômica, 1’946,* vol, 1., p. 328; Friedrich Engels, A Si tuação da 'C'tasse* I n Por tp, Apon tam ento , 1977. ‘ ’ ' '~r ! glaterra. .sy..
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d i ^ o ’do^Õperariado na fábrica, mas ain da a exec ução regu lar *d%sunâtividhde produtiva. ' v-' 0 ’s*l^gulahi&htos internos dé -fá br ica , definem as «modalidades d6., ex èf tí é iò '-
'náife; ■'('• •*•)' ‘ p ’ , íxtV\
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\ A entrada é feita sempre* pela porta'do ângulo formado pela rua
Ufiigúaiana e travessa do Rosário, a qual será fechada cinco minu tos^ dep ois das horas estabe lebidas p ara a ent rad a e a ' volta* das re f e içõ e s. * ;
ÇLaffigó continua questionando as normas disciplínadoras, imp^^as^arèitrariameníe segundo avVontade patronal: “são feitas pèlSs;íp'atrõds para os operários e modificam-se áo bel-prazer dos patrppsr^lsfum momento em que inexistia; qualquer legislação tra balhista que limitasse a exploração desenfreada do capital -no inte rior dó ^processo produtivo, os únieps- obstáculos impostos ao exer cício ar bit rár io : e voraz do poder -patrórtal eram represen tados pela resistência conflitual dos trabalhadores. Na verdade, tòdos'os movi mentos-:dò> operário, sua postura,-,seus atos, seu ritmo de trabalho, sua e profissional são mobjetQ.dc um controle d is cpróptíadiistórra-pessoal ip li n a r y : imagem de um acampamento ilitary, obje tivan do-se 6. Michel FÒucáult, Vigiar e Punir, op, cít.,
j-
'v
p. 159. 23
ex tra ir o máxim o rendimento e anestesiar a explosão ,da rrevqfta latente. . Os regulamentos internos incideln sobre a própria distribuição dos indivíduos no espaço da produção de modo a impedir sua livre cir cu laç ão , fixando-os junto à s . máquinas e curforcircuitando toda forma de articulação espontânea. O despotismo da hierarquia fa bril, determinando minuciosa e arbitrariamente o .cotidiano d.o tra balhador cont radi z, portanto, , o argument o ide oló gic o da liberdade dás relações contratuais. As normas disciplinam às idas e perma nências no banheiro, dispjpem sobre a duração do almoço, proíbem as conversas n a é íi o r a s ^ f frabáiho,^ inst auram üma vigi lânc ia ini n terrupta através do jogo de olhàres entre empregadores e empre gados . Segundo A Terra Livre , de 1 2 -4 -1 9 0 6 : O empregado que se achar conversando, quer com colegas, quer com estranhos no serviço, ou fumando, ou fora do postp, embora por força maior, será severámenlfe .punido. ( . . . ) Áo rtíiçtório só pode ir um empregado dè cada Vez, devendo pedir licença e expli car o que váF fazer. sã o% ^ têh S^ ^ ^ õ^ iw ioy rb loq ue ar tòd a t ro ca q ue p ossa re fô rç ar ' isso mesmo, na Fábrica Cedro e Cachoeira, de Minas Gerais, proibia-se a circulação dos operários no interior da empresa ou fora dela, estipulando-se ainda as seguintes interdições: —- De ixar se u lügar, máquina ou repartiçã o, pa ra passear ou con versar com pessoas de Outras máquinas ou repartições; — sair da fáb rica sem licença por escrito do administrador ou mestre; — Passear d e uma pa ra oütra s repartiç ões sem autorização dos me stres; ( . . . ) —- Escrever, ler livros, jornais ou outra qualquer distração incom patível com a boa ordem do trabalho.7
p p '.
apare ce corno ameaça de perigo, assim como toda
que po de m 'sig nif ica r uma . tomada de consciência v por parte do
. 7.Centenário da Fundação da Fábrica Cedro, “ Histórico, lS72 -.1972 ”, .p ., 77. 24
mwwmmm* Wmtm ummmmi * &ÊÊÈmm — m m *. ##§>»? trabalhador.® Tática de antiaglomeração, se por um lado as normas atingem o operário como um corpo coletivo, pretendendo constituir um- conjunto ordenado e coerente de trabalhadores, anulando ten dências caó ticas . e hábitos individua is, por outro lado, distribuem individuálmádamente os produtores diretos, buscando dissolver os laços’ique'OS'unem no processo de trabalho. •*, A Tepressão ào álcool,, ao fumo, aos jogos, às diversões e aos j
‘•$.a#°s &sr ê^e la, -por.-siiô. vez ,. a- te nt ati va de ne ga r o sentido confli- \ tu a l‘da .aç ão operária, .desqualificada como manifestaçã o instintiva, 1 selüagtm descon trolada e .dçs vian te. • /n pelos iCLjneios utilizados pelos pat rões para M c ^ o s re nt fe en to e_eara_insiaii= tar, a confoafoêncifl entre ftles^lP.nquanta na Ciá. Fabril Paulista um
avfsú: anunciada'a introdução desta, prática de. estímiilo material:
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vDaq^ííipara4 frente diráçãd dará* um a' gr aü fi ca çã o mensal de •./I'Í^iÍ0)^];s“às íecèlãs qüe fizerem uto máximo de tfabalho — uma *grâtífícáção dé 101 0 00 rs às que fizerem um mínimo de — . Ainda àquelas operárias qüe tiverem merecido seis gratificações mensais de 15S000 durante o ano, haverá um prêmio anual de 60$000, em 1907, os.operários da fábrica Votorantim denunciavam o siste ma de prêmios como “pernicioso e imoral”.89 8. Charles Dickens, em seu livro Hard Times (Penguin, 197 9 ), mostr a que a classe trabalhadora inglesa sofreu o mesmo cerco por parte dos patrões, no início do século XIX. Segundo ele, os patrões ficavam aturdidos com as- leituras dos operários, que se recusavam a se tornarem sóbrios cida dãos: “Havia em Coketown uma biblioteca que todos podiam freqü entar, e o senhor Grandgrind muito se preocupava com o que poderíam ler ali; ponto a respeito do qual pequenos riachos de estatísticas corriam periodicamente para o grande oceano de estatísticas, no qual nenhum mergulhadtí r conseguiriacdéseer w ce rta profundidade, voltando ileso. Notav a-se, con tudo, c e r ta . circunstância, desanimadora, triste, pois mesmo estes leitores insistiam em admirar-se. Adpiíravam-se da natureza, das paixões, das espe ranças humanas, das dúvidas, lutas, triunfos e derrotas, despreocupações, pensamentos, sofrimentos, da vida e da morte de certos homens e de cer- ' tas mulheres cdmúns! Âs vezes, depois de quinze horas de trabalho, punham-s;e a ler histórias.a respeito de homens e mulheres.que sé assemelhavam^mâis ou menos a eles, ou de jovens que tam bé m ’ se .lhes assemelha-
1
v&m” P. T hoto' mplde;}ré son, jíopi Capítulo à16,cultur pinta também cores t., 'patronal momen féis'ci sãoa da classe corn operária . vii. 9T1J^ íá Íi i,«A lice( -BL. Éi béi ro,: Condi ções de Trabalho nas I ndústri as Têxtei s j^aiíl/^ia^ .-ipipseí-de^ Mesitrado,, Unieamp»-P- 187. .
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Poder.normativo, os regulamentos inlernos pretendem diferen ciar e classificar os produtbres diretos, estabelecendo aéírbferfeácfâs do péssimo ao bom comportamento através da comparação das condutas. Permite, assim, hierarquizá-los .segundo os preceitos da moral burgu esa: aos ..“ indesejáveis ’’, a punição e a ridiculariz ação peja exp0 sição-de...sua§,..fqtografias no quadro de avísósTTCDs retratos /do s,o pe rár ios penaliza s têxte eFsir afix os “ em lu gar bem ., visíveldosdanas fá bfáb ri caricade_JV V.SisS^deve *-^pariamis ra- qn g" va)ad de escarn ame nto pa ra o seu pessoal pp e rá n o ” , propun ham os in dus triais articulados no Centro dos~Industrials.'.de Fiação e Tecelagem de São Paulo (CIFTSP), em 1928, em circular 'confádenciakde&n0 29. Certam ente, muitos outros mecanismos coercitiv os ' átoàtò^ nb sentido de determinar a produção dos comportamentbsridifeipI|fe| dos e produtivos exigidor*peÍo. midação pessoal, remuneração extremamente baixa, “listais nb^rás”; identificação policial nos livretes, s.é|undo o.exexpplor4o^ipdustriais frpncesbs e pelos quais -os emp£e$árii§>s?Je a,poMpia.pops|tp^'|jafo^rmaçêjes m inuc iosa s sobre a ^história pqsspal e^p^| l ssippq|^dp', trab[aThadbr,-demissões-nos setores em quesa meeapizaçâ©»(|gesçen|t^des qualifica. a atividade profissional, como-’m«stúndúátri&&&êxtei£) de alimen tação, de vestuário, de fósforos, etc. . ; Est as mod ali dad es de discip lina rizaçã o da f or ça ,‘|?e jrajijàlhp fábril convergem no sentido de'se exercerem de maneira cada vez mais insídiosa e sutil, tendo em vista fazer com que o 'trabalhador interioriz e a vigilância do “ olho dtí poder” , iífuá | Ç ^ ^ s xJH^qpe seja realmente vigiado, à medida qué a lógica da 'disciplina IffSril sé sof istica com a me ca ni za çã o. . ,Vs - : Progressi vamente, os industria isJprocúra m‘' ^ 8 p çbfn "quedos oper ários inl roje tem a disciplina ^ nõ tica N do trâ íia íf^ .in d u^ ^à l, pjrescindindo do recurso à utilização llaTqrça br.qta ,e pgáscarajiçjó P exercício do poder por um dispurspjCLue^se apresenía^eomo científjeo, racional e mod erno. As formas de vigilância^©;'controle f l l K l 1 de ixa m paulati namente de se maniféstarjem esseífcíatmente' pela .i^nsfefinâV^ê rppressão exterior e subjetiva da vontade patronal, para. o interi or do p rocesso técnico de organizaçãp .do^trabâl ho.
Fora ção da f _da áb ri^im ca . „jaa a.„mL r^em firQdjÍpeãlo ffL4dêQ ^ ^ a^ &s^ ^ ^ & es!;: al da promo e de uma_n ov a„ pe rc ep çl .a cu lte 3 -- d a --.cm ^ a,^ p ix ^ ^ lJi|
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^^ica5;:^tmu^r^^consid&radas ameaçadoras 3ar|, a. ^sg H il j^ ga Ed g. lQj%ffiL.Í.ò,la1’
âJ^l^stèio^gs.^^diaiiâS do proletariado,. proktariadQ-aQ
r a n â ^ i f e inúmeras forma s de resist ência , surda s, difu sas, o rganiZá<áà$ ou‘M<^ ‘t^ás’^permanentes, efetivadas no interior do.espaço dâ questionamento prátic o da lógica da organi zação cápitàiisfa' do tra ba lh o assume expressõ es diferenciadas, como o roubo de peças, a destruição de equipamentos, a sabotagem, o boi co te , além das grevesv, e são ppsitivamente valo riza das pelos anarqip^tqs e Vnarcp:sindicálistas/-co;mo “manifestação dâ acão dire ta,'.( > v ) -^aue. trazem ^em si carafêr T^ vo lu cionário no, >(*U w sentid o„de transform ação>da sociedade” (A Terra Livre » 12-11-1^07). rsadâs ^a ipartrr demma- perspectiva que recusa-a lógica do ás'dutas miúdas e diárias do proletariado traduzem uma atMdadetradica'1 de contestação ao modelo burguês de organização! dá-produção . ‘C en tra a tentativa de atomi zação dos produt ores di re tos, a pí6|>ria "situação do trabalho na fábrica cria a necessidade de-sua socializagão, a partir da formação de grupos'informais, unidos por uma Mentidade de^ interesse e de objetivos, e que vai frontalfhenfê'-cqirarái á* imposição' de uma organização "formal e exterior. ÂÓ'"sê rec i^ fr'"I *ob ede cer -às normas do tra balh o e aos" ritmos pro du tivos impÔStos pelo ca pi tal 1, esta Çò ntó-q rg_am zacJ d'dos traba lha do| res mámfesfa u ma tendê ncia n o sentido de deter minar as regra s de- compo riamê nto dentro da fábrica e de organi zar sua próp ria atiyidarde,^: apdfitando pa ra a ge stão "autônoma da pr od uç ão .10 As ^kitàs “ocültas^)do proletariado,, silenciadas pela tradição acadêmica, coítícah^efn”Xeque o prõpr|o'1fundamento da rea:lidáde capitalista de-produção. Exigem a mobilização de todo um aparato de vigilânciapâFa cõnklrarfger ò trabáÍHador a submeter-se' às normas disci plinarás % um ''amp lo arsenal ;de saberes qúe permitam que os indus„&Jús prescindam ca,da vez máis não so dà habilidade profissio nal' ddvoperáriò, màs de stía própria presença física, hojèámeaçada pelos robôs. 10. Cornelius Castoriadis,’1U E xpéri ence du M ouvement O uvri èr. Paris, 10/ 18, 1974, vol. I, p. 95; Amnéris lÉaronh A E stratégi a'da R ecusa. São Pau lo, Brasiliensé, 1982. 27
As formas srcinais de resistência criadas^jajXjaQtijdiano pelos próprios operários, desde o início; da irtdüstrializaçãQAísão amnla-
cão social , sem ter de -passa r,' peLa ^ e a ia ç ã Q ^ á ,m n c L.or gani smo burocrático' coústituído ncáli m lre du zid õ n ssim Domingos Passos exp licã vá ò valor da àçê de 9-7-1920: A açaò direta é a-principal característica dos sindicatos operários revolucionários, em contraposição à ação indireta, qué Constitui a norfha, principa l das Organizaç ões operárias de* orien tação marxi sta ou s o c i a lis ta ( . . . ) . . : Nas lutas pela açã o direta o traba lhad or, com o principal i nte-. ressa do nas questõ es,1 é c ham ado a- ag ir diretam ente .:e o n ír a ó s: seus éxploradores, .enquanto pela ação.mdiretaj.preconfeáda^ppídS!mar xistas, burgueses e socialistas, o tra ba lh ad or ; é; lèvadó: a entre gar nas mãos de felizardos políticos,, ditos prolet ários, todos os seus interesses soc ia is ( . . . ) .
Para os anarco-sindicalistas, ao lado das lutas explícitas,, que deveríam ser travadas através dos sindicatos,..considerados como as organizações mais perfeitas de resistência, as. lutas miúdas e subter râneas efetivadas no âmbito da fábrica minariam ,a propjig, organi zação cap italista da; produçã o. Por tanto, não teriam utn cará ter meramente ‘‘economicista”, como considerou a tradição marxistaleninista, nem unicamente negativo: o que estaria em jogo seria a própria constituição das relações de produção que sustentam a ordem burguesa. Embora a greve geral seja considerada como o .principaPmeio de resistência política pelos libertários, as lutas cotidianas efetivadas no espaço do trabalho, como a qtíebra de equipamentos, a contesta ção dos regulamentos internos, a sabotagem, o questionamento, dire to da. hierarquia fabril são amplamente propagandeadas como táti cas valiosas e como meios de educa ção .e de pr epa raç ão do. prole tariado pa ra sua em ancipação, geral. Segímdo A Voz do T ra balh ad e 3- 8-1 909: ' . . ' • . .. dor,
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( . . . ) Quando'um patrã o qu er re du zi r os s alário s, aument ar o ho rário ,de trabalho, ou supri mir, por caprich o, por ser mais co nve ni en t^ e sem causa justifi cada, algum operário d a; ofic ina, apli ca-s e a . boicoiàgem a este patrão, por mei o de anún ci os, cir cula res , reun iõ es , ma nif esta ções ( . . . ) con vidando o públ ico a que não compre o s seus produ tos ( . . . ) .
Alguns estudos mencionam organizados pelos quistas' ^ Moos inhboicotes o Mataraz zo e das de mais anar empresas?^$sfe grupo, em Í9Ò7; em 1909, contra a cerveja da Cia. Antártica, cpmplementando a greve dos vidreiros da fábrica Santa Marina^ de. proprie dade dos mesmos donos ; ou, aind a, em 19 19 , con tra, as mercadorias da Cia. Antártica Paulista, visa ndo defen der os interesses do consumidor, mas também reforçar as greves desencadeadas contra os patrões.11 A saboíâgem também é considerada como método comple mentar à greve ou como tática alternativa^ no caso da impossibili dade de se cruzarem os braços na fábrica. Significa não apenas reduzir á 'éxtraçãò- da mais-valia, ao diminuir o ritmo da produção, cdmo tàmb^ém dèteriorar Ò produto, o qu e a carr etar ia maior pre juízo ãb propr ietá ria a ainda “ inutilizar a matéria-prim a” , encare cendo os custos dé produção. Entre as discussões do Segündo Con gr ess o: (>pêráriò Estadual' de São Paulo, reunido emM.9.08, os ope rários ressaltavam a importância da sabotagem, em relação aos outrõ^M fííétbdbs de l u t a possíveis: ' (...) A sabotagem é, de por si, um método de luta que pode, em certos casos, surrogar (sie) com alguma vantagem, a greve e udiancar propri etári o deD oficina consiste da fábrica, con tinuandoerria. pr peejrm ec ero. no trabalho. i mi nui rouconsi derav elmente a produção , fazer com que a mesma resulte de quali dade i nfer i or , inutilizar a matéria-prima : tudo isto é ação de sabotagem, e desde que se proceda com a devida cautela pode esta ação trazer à nossa 4^usa, muitas vantagens,12
porta-vo z do CO B, exp lic av a, em 3 0 •8.-1909, a srcem da palavra sabotagem. Proveniente de um métoA
Vo z
do
T ra b a lh ad o r ,
lí. Franciséo Foot Hardman e V. Leonardi, História da indústria e do Trabalho na Brasil. São Paulo, Global, 1982, p. 340; Michael Hall e Paulo Sérgio'Pinheiro, A Classe O perári a no Brasi l. São Paulo, Alfa-Ômegá, 1979.
voLíI^f.
T7C-r
12, idem, opi Cití, p. 105.
29 \
do cie; iulet utilizado pelos trabalhadores ingleses e conhecido como
Go Cdfimy , significava "caminhar devagar, com toda a Cófnodidade’’, e (oral muito empregada desde0 sécujlò XVIII. ' A tradição política dos trabalhadores ingleses, que défáidta a contestação direta das relaçõies hierárquicas na fábrica, era buscada pelos anarco-sinclicaIislas no Brasil: /
y
\
( . . . ) os p atr ões declar am que o trabal ho e a ligei rez a são mercadorias à venda, da mesma forma que õs chapéus, ás camisas ou a carne. iJá que são mercadorias venrdêda-emos da mesma fòrmà^queío chap eleir o vend e os seus chapéusA mau- pre ço dão má mercadoria. Nós taremos o mesmo. (."..) Nós pode.moáupòr em piá ti ca o Go Canny, a t áti ca d e . ‘‘trabalhemos: pouco re*'mal ”, aité qpe nos escu tem e atendam. (. . . ) . I Eis aqu i. clar am en te definido o G o Can ny, a sabotagem: Ã má
paga. man trabalho.
da propaganda e difusão .deste,s;.mét^QSt-fíle.^^^tênc^. os jqrnais libertários registram ump profusaot-.-de combativas nas indústrias do período, desmistifieando o mito; (Jp atraso político dos operários em geral, A Terra Livre , de 13-10-1907, publica uma reportagem stí<|b|f a resistência dos produtores na fábrica de tecidos Sã o . Jjo|gpím, em que reivindicavam, entre outras coisas,-aumerUo .salarial:,, eronçle a ameaça de sabotagem obtivera bons resultados: Klém
O dono da fábrica, sabendo que o pessoal estava disposto a qmpregar a “sab otag em ” (de stru ição dos m ate ria is) , ^tratou de qhamar os op erá rio s, e disse-lhes. quev ce d ia -a tudo o que
■Em 8-8-1909, comentando os choques decorrentes da repres são que se abatia sobre o movimento operário,A Voz do Trabalhador noticiava o emprego da sabotagem em outra fábrica: Em Santos, deram-se no mês passado fatos que assumiram a maior gravidade e que, no entanto, a imprensã, que tanto barulho IIcz lacônicos pela .sabotagem praticada na fábrica de gás,, em telegramas.
apenas noticiou
Constantes denúncias de boicote, roubo, sabótagemb.desitrMtíj cão dos meios de produção, na imprensa anarquista ouvnas e ire # 1 70 íssfe:
Ê Ê Ê E W
lares -GonfMenoiaisdosvpatroestenraivecidos- dão o colorido das agi-í tações véi>sl’ -que■cobrem
nA
compreensão de que a riqueza material está diretamente nas m ^ s ,4 o - produtor, embora pertença ao c apitalista, e. de que is to si ^m ic a uma am eaça muito grande ^ o capital revela; a- profundidaaj^da crítica, operária. Os trabalhadores estavam cientes de que o industrial necessita de todo um aparato físico e moral para con trolar seus passos, garantir a conservação dos meios de produção que, emb.ora não lhes perte nçam ’ jurid icam ente, estão em suas mãos nã práfiçá cotidiana.' Os anarquistas, por sua vez, quebram esta estratégia de'disciplinarização do trabalhador ao propor como meio de lutá a própria destruição dos instrumentos de trabalho ,e da fá brica, õu seja', 'da riqueza ma ter ial , e não o respeito servil ; ao cumprimento das obrigações. Em 19G8, o mesmo jornal informava sobre a destrufção de armazéns por operários que trabalhavam na construção da ligaçfo^ de Mun iz Freire a Engenho Beev e ( . . . ) ; leva nt ar am seu protesto contra o ato abusivo desse empqeiteirp usurpador , demoli ndo alguns ar mazéns (o que já deviam ter feito) e casti gando-o,.poirp assobios (A Voz do Trabalhor , 6 -’1 2 -l 9 0 8 ) .
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Fre nte à resi stência operária.^persistente-, os do m in an tes : sãó^ forçados a reelaborar as formas de'relácionament03;com.òs empre gados, inventando meios cada vezumàisu.sQfistic^dõs ,.e cengenhpsós j de ad es tr am en to físico e m ó ra l: bu sc as-; -tate-ant-esr. -p'oldtiihadaso'de | erros e acertos, que evidenciam a crescente preocupação' patronal j em. impor autoritariamente sua maneira de organizar as relações soci ais, dentro e fora dos -muros da . fá bri ca , definindo inclusive: as relações familiares e as formas de habitação da classe trabalhadora^
À pedagogia “paternalista” dos patrões A ausência marcante de publicações oficiais que informem so bre as condições de trabalho do proletariado emergente nas pri meiras décad as do século sugere o desinteresse .por pa rte do poder instituído,, diante da situa ção dos trabal hadore s noí; país .. Situa ção que a imprensa operária não cansou, de denunciar,, A-preocupação c o m a “ questão so ci al ” evideneia-s.è de. mane ira .mais. co ncr eta no período das .m an ifesta çõe s-gr ^ist as d e ’19.1:7 a 19 20v 'com o respos ta às crescentes mobilizações. dos dominados13. ç Várias associações patronais são cohst ituíd as-em função das ^ greves desenc adeadas pelos traba lhadore s, cujo nível dè orgãniza(jcão aumenta visivelmente no final dos anos 10. Desde o final'clo século X I X , os operários procuravam se drgar tizar .criartdo . ehtidades de classe como a Liga Opérária da Cia'. Pàulista, dos ferroviá rios; a União dos Trabalhadores Gráficos, criadà em 1890; a Uniãò Auxiliadora dos Artistas Sapateiros, sistência dós Trabalhadores em ;ítT ciedade l.° de Maio , forma da em Sa ntos , emM ^Q4re- qüe incluía pedreiros, carpinteiros e pintores'; a JJniãò dòs pperáriós em Cons trução Civil ou p Sindicato dós! Trabalhadores em'Fabricas de Te cid os. ' .7 ... Pelo lado dos patrõe s, a grove : d.o s,sa pate iros desenca deada em 19 06 , no Rio de Janeiro, determina a form açã o do Centro dos 13. Ângela C. Gomes, Burguesi a e Trabalfíò~. Rio de lánéíro, 'Uãnipus. T9f?. A au to ra mostra Weste estudo a eihefgêricia das *discussões ique sé trayam na Câ m ar a dos Deputados sobre à legislação- ;sòcial; assim còmo a^jprópria constituição •'das entidades organizãtivas do" •patrotíato,s' em *função>N â à s ' mandas cada vez mais pressionantes do movimento operário (p. 119 e-ss).
52 ■xéJê''
Industriais de Calçados e Classes Corretivas.14 Em seguida às gre ves de 1*91-7/ que se iniciam no setor têxtil, os industriais do ramo fundam o "Centro dos Industriais de Fia ção e Tecelagem do Algo dão (C IF3*A)' n o Riõ de Janeiro, e no ano seguinte, o Cen tro dos Industriai^ de Fiação e Tecelagem de S. Paulo (CIFTSP), O empresariadodecide unir-se e tomar decisões conjuntas mais sistemá- . ticas TelMazés. faH^as^criscentes mobilizações do movimento ope rário. Não é mero acaso que a década dé 20 assista a<5 lortaíecimento do patronato, cada vez mais articulado com as forças re pressivas do Estado, e que a “questão social” ocupe um espaço progressivámente maior no conjunto de suas .preocupações. Afinal, as primeiras medidas da legislação trabalhista nascem em . proporIffiTãò- aSaient^a Tepitéssao pollciaíiõbre a classe operária. ^ Em alguns casos, as iniciativas de criação de entidades de de fesa dós intefesses d ò; prole tariad o, tòrriadas p or ele própr io, são •absorVidás^hlás'industriais, apropriadas e devolvidas reformisticamente sob. a forma de “benefícios”, como no caso da Liga Operária dòs'Tèrfdviários Ha-Cia. Paulista, ^qu êpas sa, a form ar a Sociedade Bèheficente dos'Empregados da Çia/dirigida pela empVesa. Do mesmô 'módò; a Associação Protetbra* oas 'Famílias dos Empregados da Cia.,'também fundada por ferroviários, é assumida pela cúpula dire to r^ à ã^ ém p ft e , ddgo~em sé güída; as cooperat ivas de c onsumo of’ganizadas pelos trabalhadores desta mesma empresa, em 19 0 2, fãm bém :sSd‘/capi'd*áme'átd ílp ro pr ia da sf pêlos ‘patr ões è devolvidas na fòrnia de;fmèdidás;í:pfótètoras tomadas pelos empresários para de fend er ;sdu!s êm pr eg ád õs .15 ‘''‘' ’Etó^sfcá, .0 dèéilo^trónay^è dêtetraitifir m namipfros da for maç ão ' d o j ^ im^ din d. o sua auí oco nsí rn cã o espo ntân ea cada vez mais sofisticada— o movimento-oneráriQ-seesea-par -ao cõntrólé do poder..No -entanto, a nr.â-direta e o “pajSS^riid^defendido- pot.alguns patrões. É evidente que o empre gador não podería apenasvreprimir, excluir e punir a força de tra balho,1já que precisava garantir sua coesão e unidade no interior... . .
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14. Maria Cecília Baeta Neves, “Greve dos sapateiros de 1906 no Rio de Jan eir o: notas .de pesquisa”, i n: R evi sta de A dmi ni str ação de E mpresas, vol. 13, n.° 2, Rio de Janeiro, 1973. P $ í %n\ m^Ferr óvi à e Ferroviários. São Paulo, Cortez, 1982, p.
33
!da produção: por isso mesmo, a,,auto-imagem..p;aternalista quedai-/ guns indu str iais co ns tro em , e que l^çfógfogggfj. ques tion ar sua dimensão ideológica.,- *vjsa ,,4ef o^ça^pj# simbolizada na figura do pai, e assegurar a integrand dor ao ap ara to prod utivo . .yytóav.A - m,;,:;. : ^ ! Átra vés de <‘cpn çç ssõ es, \,cotn!o,?ja? ip^talaçãp^d
/
operativas, farmácias, escolas, vilas: têpcia médica junto às restaurantes, fábricas, ejgeifêp; torpa-se mais consistente, sistemático e tilar, juntamente com estes “benefíeios”, a idéiatdé.&uôLtrsfcfiIíi^4Q!res |e patr ões perte nce m a u p a interesses comuns. A imagem da jfàmflfa. titUiiàd^rpacà^j^nsár á fábrica, cumpre a função explícita de negar -aiexistência do, con flito cap ital/tra balh o, suge rindo a idéia de urna h g r ^ m o s a , co operação. entre pessoas id entificadas. Represe ntação.:qp e p s•operá rios critic am violentame nte. . v ;: , . ' A
Departamento.Estadual ido.Trabalbp (DÇj T), inspeção, em 1 91 2, realizada nas fábripelo cas ins taladas na cap jM Íq^ l^ta pfo rng çe alguns dados, ilustrativos do “paternalismo” dos patrqgs* pos 31.res tabelecimentos visitados pelos inspetores públicos, a, grande maip^ia é rç tra ta da como higiêni ca, bem equipa da, instalad&.-em-, edifíçios apijopriados, contan do com equipamentos modernos . T ambé m ;sfp mencionadas algumas medidas de assistência' social', postas em .çiáticá por alguns.industriais: instalação de farmácias, seguro con|ga acid ente s, assis tência méd ica, habitaçõ es e uma esqçl.a; para osnfiihos dos operários. Segundo o DET, no entanto,,,qstas medidja^de caráter assistencial relatiyas à s^Ú^i^do de [trabalho eram ainda muito limitadas tra^aj^d^r^^condifpps e este» org^i múblico «pfpcuràva incentivar sua adoção pelo còrijunto Ha.^eníprps^iado. t O ca rá te r ped agógic o deste di sc ur so , degtij^|J©í,ao^|nd,q|| ‘ cuja mentalidade pretendia tra ns fo rm ar , ex p li ca anaf^gü-idad^ descrições das unidades produtivas, visitadas. D^uinjajtfo,,, os ji tores públicos realçam a higiene e a prosperi§ad%i|leste& nfe! çõ es , reafirmando o sentido positiyOjj da atu.a^q^-jnp^^n^z.a ‘ i'~ empresariado; de outro, reclamam,sua maipr^arfipip^ap» derniz ação das fábricas, ao mesmo tempo que- Justif icará :a pr|; neéessidade de sua presença física, como irxspetpres a exem plo da Votoran tim, onde j^pp ma; clubes, escolas, quadras de têrns, pisçihnjil
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água encanada, luz elé,trica e esgoto. 16 Certamente, iniciativas co mo esta !sãò;'exceçõès à regra, á exemplo da Vila Maria Zélia,,ponsiderada-çdmo empreendimento modelar pelo conforto proporciona do aos trabalhadores e suas 'famílias. Oytras insta]açpes habitacio nais e r^rê^tivas podiam ser encontradas junto às fábricas de Antoniò ‘PáKeidò l no Brás, ou ainda na Cia. Antártica, cujas casas eram^spefejalmente reservadas para os cervejeiros, ou então na Cia. de .Cf fip Ç g Cla rk. . , *■ Né'ííti©,de. Janeiro , .a C i% *P-rogr^s^o,,Ip d u s t r i ^ d o . Bra sil , fundadab'em' 1#89, possuía casas -para operários,: com luz elétrica e agiia;:eiioanac|a. A Cia* América Fabril construíra 259 casas para sèiifí’^Ê^te^adiós,.:àítedpjippWos “benefícios”j enquanto que a Cia. de Fiação e Tebéla|em Aliánga fornecia, afém dè 152 residências, um serviço de assistência médica, uma farmácia, duas escolas, uma crecH'èüfe?-i0Ítid'à um furido^-dê^assistêneia para atender às pensões dos ópeririòs "falecidos. A Fábrica de Fiação e Tecidos Corcovado põssuíá dúás’ escolas para crianças, uma* creche, .armazém de-alimentos^e fâtniácia. As,empresa edifício para s o lazer jdps^ Ojiérário onde seeohstruírãf re alz av abtambém-um í -bail es :e-'rep resen taçõe t e a t r a i s b b u m â sala de b i l h a r . ^ Os exemplos se sucedem e mostram que, embora pouquíssimas' medidás'*de proteção social ao trabalhador fossem tomadas-neste períodò, não se podejnferir que os industriais como nm tndo ahjgpdOnassem os t rab alh ad ores às pressões do me rc ad o, no sen tido'^de forçados ao trabalho na luta pela sobrevivência. A burguesia indus-'A trial interfere desde cedo nos rumos da formação da classe operá- / ria, procurando neutralizar os movimentos políticos dos trabalhado-/ .
res efrelacionar-se classb; com,pies de quanto maneirapossível. individualizada, suarejntM?,dP^de tanto Por outroignorando| lado, in centiva a assimilação de práticas moralizadas e tenta adestrar os dominados -para extrair o maior rendimento, possível, acompanhan do-os também* nos moment os de não -tra bal ho. Portanto, a atnacãoi , pa tro na l1foi ma rca da , ahtbigbamemte pela inte nçã o de prote ger os 'trabSàdéfesfque"17M^ mas, ao mes? nro téi npb/ ^g^ b n t r o ^ ,•■ naIFntativa de integrar á força^^^^^^alhogalguns em presários se esforçam para fazer; passar uma auto-imagem paterna ..
lista: os discursos de Jorge Street revelam a preocupação de mo:>1^. Os Estadps^nidos do Brasil, jp,. 2 3 4, i n: Maria Auxjliajdora Guzzo Dac ca, A Vi da F ora da Fábri ca. Dissérlação de Mestrado, Unicamp, 1983, p. 52.
trar que ele se sensibilizava com a sorte de fiseus” ;èínprêgàdos, ‘a&' sim como de stiâs famílias, e. que agia em seu bbhefídípf( . . . ) a te se amer ic ana, co m Henrj ç Fo rd à fr ent e, do ut ri na va não ser o chefe da indústria,- tutor dos séus operaínòs?: a estes incumbia prover à sua subsistência e a dos seus, não só material como intele ctual è moral. •(. . . ) Pa ra o 'Brasil eu desde logo dis cordei da tese, pois conhecendo, como me prezava de conhecer, a mentalidade e a cultura de nosso povo, eu entendia que deve riamos até melhores tempos passar por um período intermediário, em que nós patr ões serví ss emos de conselh ei ros e gui as, sem que a meu ver isso constituísse uma tutoria pesada ou inconveniente aos nossos auxi li ares de t rabalho.11 (Grifos meus.)
Por sua vez, as próprias pressões do movimento operário for*çam o patronato e o Estado a se posicionarem frente aos proble mas enfrentados. pelos trabalhadores. Nesse sentido, todo um con junto de práticas disciplinares, paulatinamente constituídas, apon tarão para a construção da “fábrica higiênica”, antítese da fábrica escura e satânica odiada pelos operários, e de uma cidade ,purifi cada e absolutamente saneada. Por cer to, o objetivo dos patrões não^se limita- à .redefinição das relações de trabalho. Ambiciosos, seu sonho de erradicação da “lepra” da luta de classes passará pela elaboração de um amplo projeto, de transformação de toda a sociedade.1718 Éjnêsse sen.tidc.qUe se pode ob serva r que a elab oraç ão positiva -da (fig ur e implica- também a pro moç ão de um novo. tipo . de Ao..antigo proprietário; rude e. despótico, que o imaginário,copiai assimilava ao fazendeiro -dono do escravq syprocu ra-.s.eidpM i^^ttfeagá bi.^atrão moderno e civilizado^ á exemplo de umtJpjgeiS fberto Simo nsem Ou. seja, ao- tra b a lh ad o r,m o d er n ^ '| ^ ^ S l© >’ P'pro'dutivo, deveria* corresponder-, na “nova fábricà”,.-r^etializada e ; a pol ític a, a figura do novo industria l, din âm ico e educado, , que se . relacionaria dignamente com seüs “empregados” ê emicujãlpfópfiedade já se teria superado o “antigo problema” da íülá de classes
17. eir Evaristo (Org.), Jan o, Casa Moraes de Rui Filho Barbosa , 1980 ,I déi p. as448Soci . ais de Jor ge Street. Rio de ,18. Ed ga r S. de De cca analisa a constituição, no final dos anos 20, de um projeto de industrialização cujo sentido era o de orientar toda a sociedade sob os moldes da fábrica. O Silêncio dos Vencidos. São Paulo, Brasiliensé, 1982, Cap. IV. 36
Purificar o espaço fabril Quando, em 1912, o DET realiza uma primeira inspeção esta tal nas fábricas existentes na capital paulista, sugere aos patrões re calcitrances a modernização dos estabelecimentos onde os inspeto res registram condições,de trabalho instifimeniafv-^^^ das normas higiênicas exigidas pelo Serviço Sanitário. Ao mesmo tempo, elogia as iniciativas patronais de introdução das inovações tecnológicas e de remodelação interna e externa dos edifícios fabris: Apenas em um r eduzido núm ero de fábr ica s ( . . . ) a de fei tuo sa disposição das transmissõ es e o. pequen o espaço existente e ntre as máqui nas favorec em a ocorrência de acide ntes. ( . . . ) Ess es def eit os . e outros — com o a deficiência d e ventilação e iluminação, a falt a de aspiradores de pó, a ausência de vestiários principalmente para as operáríaS|'— , notãd os em alguns estabe lecim ento s, seriam facil- » mênté corrigidos desde que houvesse, por. parte dos industriais, um póücò de ■'boa vontade. Com ‘ pequeníssimo dispêndio de capital, põ de ria m ■’esses esta bel ecim ent os igu alar , nesse s enti do, as fábr i casmodelos, côrrfo a Santista, a Labor ou a Ipiranga.19
A valorização do modelo da “fábrica higiênica” marca o des pontar da mudànca .para, um novo regime disciplinar, que pretende tornar.-o espaço dá-produção tranaüiío. agradável, limpo e atraente pãam.o trabalhador e traiddo^como um “cidadão consciente e inteaGordoupom os movo? >pre cei tos da saú de, da hig iene e ’dlv^r^l^^vP^T/ç^^Jau^S; indnsfriais; liberais resistentes às i-novações<,:5o; . n ^ d p . mo
e-P. S. Pinheiro. siliense, 1981, vol. 2, p. 59.
A classe oper ár i a no B rasi l. São Paulo, Bra-
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do pouco caso ligado à segurança do operário — exc^panen^e^ as pausas mais fácei s de- serem rempgi dps, e,.os aparelhpj^àis simples de se tornarem .protegidos,; sem grande, trabalho nem cf& §^sa exces si va — que causam tão grande.trfún%ertq. de. aci dentes,..que; in ca p a citam, no mínimo parcial e per^.án|ntementé, tantas dezenas detrabalhadores que poderíam contiMliar. a servir corno elementos úteis jpara, o nosso progresso industrial.^0 'fòrifos meus.)
Deodato Maia, futuro' integrante do Ministério dd Tfrabàlhõ, Indústria e Comércio, também se revolta contra a négli|'lricia dos patrões diante das condições insalubres e anti-Higiênicas do traba lho fabril, no mesmo ano: Os edifícios de nossas fábricas, com pouquíssimas exceções, são jvelhos pardiei ros ajeitados pa ra ;esta ou aquela indústria; , rnas nas Ins tal açõ es ou. ad ap taç ões à la diqtble, ;pa ra tudo, . s ç ; qíha rçenos jpara. a saúde do operário. Falta aós vetustos pas^õqsdijZjnafural, ;e a luz art ifi ci al é ir re gu la r.. e defei tuosa ,;,m ão: clispoerp ^ l ç s .d e ar suficiente pa ra o núm ero de p eset as ; qpj^,t caf)a ifeatn,.. ^u^r .$nglo* badamente, quer. em estreitos compartimentos; pão existe reserva tório de águ a de aco rdo com as ■pre scriçõ es higiênicas nem t am pouco aparelhos de desinfecção e daí as vertigens, as dores tora• ! c ic a s , a c e f a Jalg ia , a a n tr o p o x ima e ' o u tro s •r i í á f é s ' a s pessoas que vivem em atmosfera viciada.2’
! A necessidade de higienização da fábrica, de sua racionalizaiçao e modernização, idéia que apenas se esboça no discufso do ■DET, será desenvolvida na década seguinte e amplathente* valoriza da fios anos 30, tanto no Brasil quaríto intèrnacionaim^tp,20212 1 A representação da “nova fábrica” , q'ué o % i ^ p ~os fnedicos defendem perante os industriais, já fora anbnci^p,' désde o fi nal ‘do século anterior, nos Estados' Unidòs, por FrèoeWíJk W. Tay lor,! autor dos Princípios da Administração 'Científica éhpor setís discípulos. Pretendia eliminar e contrapor-se à imagem da “fabrica satânica”, escura e fétida, detestada pelos trabalhadores, que se 20. j“Condições do Trabalho na. Indústria Têxtil ’d'è S. :?k d{èfç '3oléti rri dò „ D epartamento 21. Maria. AliceEstadual Ribeiro,doop.Trabalho, . 12819 . 14 ; pr 26.'. ■ ‘ ; cipt., í. : 22. Ver Anson Rabinbacb, “A estética da produ ção no Ter ceir o Reich”, i n: R echer ches : L e Soldat du Travail, n.° 33-34; íParis, Cerfi; 1978’;í Aleir Lenharo, C orpo e A lma: M utações Sombri as d&*M’odkr 30 è 40. Tese de Doutoramento, USP, 1985. . ' 38
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JÊttttkfôjfcÉfc tXátãtammà prt^p|p>lM w T(*; JjJt sentiam sugf-d^em todas as suas .energias para realizar o objetivo particular e individualista dos pátfões.23 A fáBirica “satânica”, representação criada pelos operários in-, gleses durante a Revolução Industrial, opdseram-se inicialmente artesãos exjpjpgriados, e operários que viram’na imposição do sistema d ^ tB m la S S ^ m E iõ d e ^ e u mòclo de vida* anterior. A "reação dos trabmia@ys à. mb^Tô^ introdução dos novos maquinismos foi violenta, levS iE o 'iam ^es ..de grupos organ izad ^”^ dútes 4èjmaqui|iast como os luditas, que simbolizavam no dano matej^ijaí" s^a^-r'eslstenóia Tp ^ ^ ^ lF^ p róp ria identidade e à expropriação do saberdàzer tradicio nal. :,“ :r i/”’ ' <1)1 ihdbstriàis e tí Estádo nã^o'hesitaramem responder: a cons trução ;da-;“ ridva"í8B$
óperanos^sê^^ lurliiqlid^^ ~clQ vd.e••vi??a$Ifcç.rç.S; gná\çida.s trabalhando doze horas consççutiWas,,-ou>: ainda, dé acidentes de trabalho ocasionados pela colpç^çlo ikdevida das máquinas. Ãitraniíormação da aparência.interna e externa da fábrica vi sava a;’transformação .da subjetividade do trabalhador, do mesmo modo que uma casa limpa e confortável, mesmo que pequena, de veria; despertar, o desejo de intimidade no operário, reconfortado pelo aconchego Mo lar. Além disso, uma nova finalid,ade.. er.a atri buída .àt eleyaçao da produtividade do. trabalho: ©, enriquecimento dSjãaçãeira*#*^^ mais o mero ideal ds-sa tisfadfc jdt tiW& ciS icioriafT^ ^ Embora estas idéias de, uma nova, gestão do trabalho fabril só tenham- sido implementadas na década de .50, com a taylorização da pt-odução e a criação do IDORT (Instituto de Organização Cien tífica do Trabalho)-, desde as décadas anteriores algumas vozes afi navam no mesmo diapasão: como o DET e Deodato Maia, fambpm alguns industriais mmêdiéos sanitáristas preconizavam a construção 2 3, L. Margareth Rago e Eduard 9 Moreira. O Qut è Taylorismo? São Paulo, Brasilieiíife, 1984. 59
da fábrica orga nizada à im agem do l à r . ^ , n .p£betiàbié l .1 íntima ie
Roberto Simonsen, em conferência pronunciada aos seus colegas i E m ,1 91 9, Jorge Str médicoModerno e indu strial'“ progressist a” , sím Oeet, Trabalho mesmo como da or§ bolo do ano, novodescrevia patrão, publicamente Os produto empresários por nização “científica” do repreendia processo produtivo, utilizado como meio i não conside rarem “ asque necessid vitaispara de seu s trabalh adorases”1 . “evitar a todo transe sejamades trazidas o nosso Brasil tas de classe, as organizações artificiais ” .24 Em sua opinião, inspirada no próprio Taylor, a antiga discipli na importada do exérci to, que forn ecia , à indústria regras d e con duta e a maneira de conformar o trabalhador às exigências.'da acumulação do capital, devería ser substituída pela “disciplina inte ligente e conscie nte — oriunda do conhecimento exato que tem o operário da natureza de seu trabalho e da certeza do juslo reconhe cimento de seus esforços ” .25 Dois anos após a greve geral de 1917, Simonsen defendia a importância da introdução dé um método de racionalização da produção que traria “a cooperação cordial entre patrões e operários”. Tomando como exemplo a organização industrial d-as- empre sas norte-americanas, ele propunha à diretoria da Gia. Construtora de Santos, em 1918, sua reorganização interna “em moldes mais chegados da administração científica”. Reforka que foi iniciada no ano seguinte. Argumentando segundo a lógiéa do “engenheiro” nor te-americano, este industrial afirmava que; pretçn
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T p ía m çs deste modo indi vid ualizado o operário, interessando-o diretajjpente na produção, tornando-o um fator crescente da riqueza e incorporando-o grandemente na sociedade estimulada.27
Nesta' lógica, a disciplina do trabalho na fábrica deveria ser apresentada como~ necessidãdV~õFfêÍwã~l¥ru^^ .. ^cjrenife~lIevgnOef^ .normas” ^p rod u^ ãó Slgri it 'i feg3à- subinétés ^ s dn p rn -. técnitgresso tecnológico e do 'desenvolvimento .rienilficQ^Ci&tcfa. ca e progresso apa£.eeiámJnextdcav.elmente .associados neste, discurso de j glarizag ã& jl&Jll^ da pro duç ão. *As normas disciplinares deixariam de ser impostas pelo capricho de patrões ambiciosos e de contramestres desalmados, para apare cerem autonomizadas e inscritas no aparato técnico da produção, isto é, dotadas de uma aparência de objetividade e de exterioridade. A uma. foitoia de exercício do poder concretizada na figura hu mana do contramestre ou do patrão tradicional, opunha-se a vigi
exercida pelo maquinismo, inde lância mecânica, pendente de qualquer, interferência subjetiva aparentemente da vontade patronal. Assim, esta estratégia de despolitizacão da fábrica, que se con figura pãúlatinamente na déc^a de..!tn!!!!Ljcuj£ se consolidanas seguintes, repr esen tava a possibilidade "c[F*obtê r a in tens ifica cão ~dÍT "HaTorcir^lrabaJ & o r ^ o p f q p ó r co n d iç õe s' àtfaerítes e con fort áve is no in te n o F lf a gW rícf,.. pretèndia çõntráp or-se às antigas modalidades coer citivas qi|e V íg õ ra V a ^ . A fábrica, dqveria ser valorizada como “ a gra nd â -i:amftia” ,%com a. qu il cada traba lhador se identifica ria. no mesmo momento em qüè se domesticavam as relações da família OÇeráidqoie em que se. destilava o. gosto .pela intimidade do lar no prpietanãdò. Detalhes como a cor do ambiente, o grau de iluminaçáòÇ' ct lareiâménBV.a, .mstàlac àor de ’-sanitários, de refe itóri os, de íarHins' em 1volt a tda s' fábr icas serão difundidos em fun ção -da in., fluência civilizadora que poderiam exercer no espírito dos^japy&gá». rios, ou ainda y .l a possibilidade de garan tir sua saúde _eaálarido custo,S e perdas»maiores para os industriais. Também- o- poder méd ico, ná’ década de 20 , pr oc ur av a denu n ciar as péssimas condições de trabalho das indústrias paulistas, res ponsabilizando o desinteresse dos empresários pelo estado de degeneração física e moral da classe operária. Fundamentado na teoria •
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27. I dem, p. 12. 41
biológica do meio, que sè'constitui na França ria priníèfra metade do século X I X , o dr. José Ribeiro de O liv ei ra‘ Ne,tto áfiríhava, ém 192b, que a insalubridade da maioria das fábricas têxteis paulistas, o silêncio e o desinteresse» do governo e ainda “a má edu,cação do operário, que não tem orientadores sinceros-e'inteligentes^nas suas reivindicações”, dántficavam o próprio" organismo-qo írafealfeadòr. Segundo ele, embora ex istiss e'na capital um Serviço Sanitário :de “idéias modèrníSsittias”;''é‘st'ãs'nto eram aplicadas:e ft grande máfüria jdas indústrias sé encontrava ifúma* situação ltstítnãveí. Á dei’ gene ração e ntão resultante para a saude e para o cará ter do traba lhador era inevitável: Os (edifícios das fábricas) do nosso Estado, além dç acanhados, quase todos construídos sem orientação da engenharia sanitária, ! são' inteiramente destituídos de dispositivos hé,gés£ân.q$ à ‘renovação ido agente purificador. Dest’arte ê o ar destes estabelecimentos con! finado, oferecen do cheiro cara cterís tico, repugtí àhtè. © operário, em tais dependências exercend>o- s e u s ‘M ster es, viac^de regra -se ! ha bit ua fa ci lm en te co m esse es tad o; ' nã o ■' -séntévi-s* dêsagraxíáveis ; se ns açõ es e fen ôm eno s co nh ec id os que um estr ahh ove? fpéF Íme nta, í ao se deter por insta ntes nes se qmbi ente. Tqda yia o ataque se v ai j operando lentament e. Apre sent a* distúrb ios á ' quê não ,liga impór! tância. De assídu o ao trabalho come ça a fàltar, senti ndo 'é dize ndo i aos seus não ser o mesmo homem eriérg icó^dé tem pos pãssárdos, i Enfraque ce-se a at ividade d e sua s funções orgâ nicas. -É meno s I capaz, resi ste menos à fadi ga, Moléstia s infecci osas b atlngém com ij cfrequênci u lose (...)a. .Dom 28 ina-o a "fad ' iga . Em bre ve, 1 a anemia, f: ' a tub er-
A obsessão com a sujeira, com a poeira, com a.....émármc ^ , d e gajseThòcfvõs ê com a falta (te arêjSiéútoÍAe ^ u s t i f i c á v a a preocupação médica d á d ã Q trabaího~ noturno era imi?eii^|%é elê usufruísse de luz natural', essehciâbpara o organismoroomoítárnbém porque “ a tempe ratura 'noturrí a iav or ^ c^ ^u àlD ^ (lip | )Í 54’à abuso de bebidas alc oó lic as” . D san eam ent o' eíaff cónáibóes5"tnateriais de trabalho, nesta perspectiva, produziría a eliminação natu 28 . Jos é JR. Oliveira Netto, “P rofila xia das causas»; diretas* de dnsalubridá de dás fábricas de fiar, tecer e tingir algodão. Comentários à situação das fábricas paulistas em face destas causas”, i n: B oleti m da Soci edade de 19 22 , n. ° 5, p. 18 1. V '4 M edi ci na e C i rur gi a de São P aulo,
ra l ;de>spj^M'Gcâi^iÉipui<ás> ou. antes, im pediría sua em ergência. Da mesma lormavip saber médico defendia a mecanização de certas tarefas manua is, como a m ist ur a ;do; algodão,, como meio de defesa d a saude do .tfgbslhadp rj •a ^tr ód u& ãp dé ventiladores e aspirado res! artificiais; a..rujy^tz^|jO; 4 e,íp-ventaisu e, .c al ça do s especiais de trabalhp ..pgr^^os, operários;, a pintura externai 4 a fábrica com tinta branca, parf. neutralizar, a influência, térmica do sol; a pulverização da . água^.através ;de, bo mb as especiais; a abolição do trabalho ik h tumo-e, .gobretudp, .a.in£tal£çj|q.'de “bons consultórios médicos com profissionais à testa bem remunerados”. A mesma lógica do discurso médico aparece nas reflexões do dr, F„ Figueira, de Mello, relativas às condições de habitação do operariado. Insalubridade e falta de higiene só p oderíam nrndi i7Ír mdl y í duos . oquesianificaviscum" .alto custQ. veconoin^.;^aQdialp^a. a nação: O homem sendo o produto do meio, qual o que poderíam gerar estes*covis que são atentados os mais revoltantes à nossa civili
zação e ao nosso progresso ( . . . ) . Neles hãò pode haver espírito sereno e alegre* alma animada dos sãos intuitos de, progredir, desejo salutar de aspirar mais folgada situação, nem propósito de obediência e ordemj morando ò ojperájiotnesSesfèortiços,. sendo pelo conírério^ mais natural, que % escuri-" dão :,daS; álcovas reflitaí-se em sua alma, gerando a maldita tristeza, mãe das revpltas, p^ldutora dos crimes, impulsora do alcoolismo e dos vícios.29 Nesjfes discursos,a idéia de que os gastos, despendidos na ins talação „<}e novos aparelhos de salubridade nas fabricas e nas habi tações] assim cdmo na mecaHiZaçãõnde certas^atividades manuais, PT-xkrT^ Sunênto dcT trab alha dor. na da higiériizaçao .dycòndlgpes ç & HoIÈ So^a mb iénte seria. <:auhM jET praíü bafa*
OS patfões; ppis pro.duzjrjaenifI p ^ ç-ontro w m s n F s w m : ÕsTndustriais poderíam con trolar mais eficazmente seus empregados, ou mesmo redefinir as in: 29 . FrandmiSoefêâüde cisco Figueirade de Mello,“ Ha coletivas emão S Paulo” vol. IX, , 3.8 Boletim Medicina e bitações Cirurgia de São Paulo, série, junho de 1926, n.° 4.
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no rma s ,•de fu nci on am en to; da il áb ri ca , -Ao %de produ ção, mestavperspeetiva^Areduzida anum prd ítem t" téctó eo que o s e speQÍalisías..deye:riam.^m!ar&f>ulár ;e r e s o l y e r ; - ■*/ Neste mêSmo péifíodo, re;defínè-’Sè' òLcãfríp‘cf ci*e átuá^ÔJã^s'médic os sanitariãtasi segundo" a ú o v a lhfiuên'ciav*dã escoIèF^rTé^atííéri ca ii a, expressa pela figura dè Gèfóârldê H."d e Patilá' Sôíizã*;’iQritica nd o oasServi‘ço pMticasyaíi toritáriâS' dota " do pérío dò qiié' ‘ E, :ó M‘ nd i ò vo TR“IM 'S^tbr di rigira' -Sanitário d o jEs -de -Sã•enK o^ Pa ul o1 dire defendia arteseisègundo -a*qual a' afUaça#inéêieá^f*rerifè; à pójftíláção pobre deveria visar a- coWs 6ie‘ntizaporfd 6 indiVídud, éfèfivada a partir da criação delGfentfOs-e^ postos-de; saúde/. ReòPgáríizándo o Serviço Sanitário,-Paula Souza determina a substituição das cam panhas autoritárias de effadiéaçãoMas- doenças pôr Um trabalho co tidiano; e permanen te de ifêed uea po e de âo me Stic ápo dos hábitos da população, aliado ao saneamento ambiental .30 As -con cepç ões que informam estas transformações das práticas sanitaristas devem ser regi stra das .' a teoria dos mia,snia£ .a 'tepxia; pasteuriana; ':J Substituindo dos germes indicava que a doença,não,,prqvinha ,.fiindam,entalmente dos pontos con cent rado s de- sujei ra, mas p oderi a -emanar de qualquer parte: assim, todo indiv:íduo*se tornava suspeito, aparecendo como um portador em potencial do micróbio. A: ameaçar do contágio po deria estar em toda parte. Veremos que a mesma* representação da virtualid ade da doença, física ou moral, %*termittá "-á r eo rie nt ap o dos poderes públicos e dos industriais em reláçãò^ifóÇãê^flê cri minalidade. A atuação dos médicos higienistàs ou da polícia deve ria r ec ai r's o b re toda a p o pu la p o p emAespeciál ds* jfobrès, e não localizar-se aperiás so b iV ô s' fócfos' âe vcorfíágio7 ou ipcidlr exclúsivamente sobre criimnosbsnjá ícbmprôàadòst': yÁ A «■■ . 5 * » '* '' ' Assim, toda umaPredefimcao iBjri "loralizaçac ^..-£«3331 nolétariado pode “ser jpejcebi (Jàce n Ç jb iv e^ ^ so ci al , segundo" úmâ ’' cia, da tecmca e do progresso. Fim -daaera da aispiplma m|||ar-na fabri ca, fim das puni çõe s c o e r^ ti v a | ^ egj^la, Jip i va-, cinações obrigatórias, registro- defihe os códigos de pond^ta^aponta npvos, smg|^ cje, in vestimento do poder, segundo uma 4lógica que se pretende “cientí-
m: 30. Emerson Elias Méhry, .A E mer ^ênciandàâ^WMH'cas^Sàni í ári àsrino * %•« de São Paulo.Tese de Mestrado, USP; pp. Í08-9I - * *.
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j|jaderna ;e, con stituí da acima dos interesses parti cular es das : E s ^ i mo dif íca fiov das :tecn®iogias> disciplinares pode ainda ser percêHeFa1 nos novos procedimentos de vigilânc.ia^adatados--na- íntenor"( ?a"'f Íbric a. fí de acord o com. esta lógic a que os industriais têxteisi órgardzados, no CIFTSP, .introduzem o sistema de identifica ção “científica” dos'Operários, em substituição à antiga identifica 5Obrigatória, “que representaria talvez aspecto de vio ção policial lência”, irritando'ainda mais os empregados, (circular n.° 38, 1921). Já>. de^algum tempo os patrões vinham se preocupand o com a quest ão da "“re pressão aos roubos de peça s” , praticados nas fá bricas* têx tei s,, ato que .perc ebiam -com o resistência política dos tr a balhadores à exploração do capital. Na circular confidencial n.° 39 enviada aos industriais associados do CIFTSP, o.secretário-geral da assoc iação ^patronal, Pupo Nogueira , inform ava; k
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O nosso venerando. Presidente, tão pr.oíunda mente obse rvado r, chegou à conclusão, de que, para o s nossos operários, imbuídos de idéias novas e inquietadoramente ousadas , o roubo já não repre senta delito: o roubo, 'o fur to, rep r esentam tri buto pago à for ça pel o pàtfãò. Quem retira das fábricas, sub-i'epticiamente, um objeto qualquer^'retira a sua parte dé lucros e, ou muito nos enganamos .ou-lsto é -comunismo en herbe (CIFTSP, circular n.° 39, 25-61921, grifos meus).
O ríbvò' sistema de enquadramento dos têxteis apresenta-se co mo método de “identificação científica”, procurando com este ape lo àlnoÇãlPdê ciêficíâ j t i S i Ç a í ^ ‘i^mb ’necessidade obje tiva do de serivoiviínênto iíidugtríal. Si^undo *este.uQarabal.hador.^teria...uma ficha cont^idi sétis dadò&pessoáls ê>uma fotografia na fábrica em dl^ ^m ipav a; Ü vincBB tmr, g5‘ /
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eerco còmp-lètò sobre ò operário, as portas dÓ^mercãdò o -pressioriando-o )
í m* ■
qpalquer, dpsi -,srs.. associadas,. quiser livrar-se de um f e ^ i s ^ e r c i , fazer do; s. que; {cpmuniçar-se ■com este Centrè è’ o Centro providenciaráimediatamente no sentido de ser 'a 8 it a t^ m
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io elemento perigoso afastado d ir fábricay A sua ficha será comunicada às fábricas'-' associadâs,wÍM‘'e ‘ífüÉ^sèjfará com os ladrões (“Represo aos Roübds-^ Furtes’’; p. 2, grifós meus). : ínicialmente, o fichamento dos operários deveria ser feito pelp próprio CI FT SP e pelo s patrões ^em; cad a f ábric a;*aos ipou eos, as despesas acabaram sendo custeadas pelo próprio trabalhador, à raedidá que esta técnica punitiva foi sendo institucionalizada. Nesse momento, seu conteúdo passou a ser mascarado de maneira mais sutil e totalmente invertido, apresentando-se com sentido . contrário ao óriginal, õu seja, como garantia e benefício ao trabalhador e não como expressão de uma estratégia que visava discipliná-lo den tro da fáb rica. . ' f \A resisíând^uanerária contra a introdução do fichamento pes^ soalj não' tardou a explodir. A Pl&be, de 31-10-l^Ú^L-demmciava ) esH H n ^ jco mo ^ u ma humilhácaò vefgonhosa lv para o trabalhador, tratado como um criminoso 1qualqüer: ..
Até agora a polícia identificava jtpenas os criminosos de crimes de certas gravidades, e os anarquistas, que são ã eles equiparados;. Agora, para a polícia, ser operário é ser-suspeito, é ser quase criminoso. ( . . . ) Isto é uma infâmia contra a qual ,é necessário que os trabalhadores se rebelem, Do contrário, a moda pegará e a medida se estenderá a todo o Estado, quiçá todo o Brasil. ; A cr ít ic a op er ári a jeyidencip ; $a representação imaginária do criminosq: se, num pripiei.rocmojnepto, a npção de culpaé^dade designa^# indivíduos^ que-ítia^i^mT.çon|f|tido alguma falta grav e, como assassinato õu rou bof, e de m an d av a uma ação policial estritamente repressiva, agora fodps os -indivíduos passavam a ser consid erados comp^elemen tos . potencialmehte* perigosios, 0 que exigia uma açlo- conjunta preventiva^ ppif^parte do pjDde r. Qualquer oper ário ap are cia com o um *Gíin|inçfso em^potépciaj: o que estava em jogo já n|p e ra o crim e prati cado,» .mas» dade do ato. Portanto, todas as medidas possívei s-de,p reven ção .ao comportamento desviante deveriam ser tomadas pelos poderes ins tituídos. ; Os opgxáriQs. reagira m viole ntam ente ,8tahtoi denunciando 0 senti do do novQ._mét®áQ~dZ cn q u Íd r a m eit õ~di -: *' ..
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•®:;ob|ètiv©;-.de&tai Me dida, consis te em impedir a in tro du çã o 'de .grevisfàiC ^de/o utras fá^rieasyK os quais não consegu irão trabal ho . em , p ar te algu ma , porq ue ifeáps os patrõ es distribuirão en tre si “listas negras” com os. nomes dos operários demitidos, em ocasião de greve (A Plebe, 15-10-1919), quánto recusando-se jAlosés-xis^^ de 2 2 -6 -1 9 2 7 . .
a ,§^ g m -f otografades7l: Qm cL.i nformavam ... ■
cau-
em circular confidenciaT^ dol^rFT SP,
Ainda em-julho deste ano, os canteiros irrompiam em greve wmmmmmwmimm protestando ■■contra a ■; ww '**.
A .despeito da adesão unânime dos industriais ao sistema pro posto por Pupo Nogueira, as e^pdlsões e demissões dos “indesejáyeis” prolõngám.;se .por'ítpda-.a dé.çada dè20 r atestarído sua insubor dinação .lios métod os repressivos da burguesia industrial : as listas s^spee^em .indicando demis.sões por roubo.de peças, boicote, sahot|gem, destruição de materiais, infração das normas disciplinares, greves, etc.
O controle da fábrica: os anarquistas e a auíogestão : Se, pelo la-do dos patrões, o■período.que vai de 1918 a-192^
'”
Bfocedimentos de mtfttzaGãokda.trabalhd^aüe.,ameiaAwa, as' ntsegggTtercttncigr de.^éerêiW êkdedmrogressor^ophiiurandoi umibroieto^ rST^ Sõya ^ábr iáà^^^ ^iõ^tlQ^ llis^o éS ^H èirT ^iten sificagã o das formas*de r^èisféMiá áponfampara‘qlWta^éld controle do "prÕce&sa.dê
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do moyimfi at a- Qpftr4an.=fl -questão:: da to ma da .das fá br ic as e da -e e*. organização,-do processo produtivo. neste momentCL-Mstóiico 42IÊ*1 CISO*. A proposta alternativa: de uma organização autônoma das re lações de trabalho aparece, na verdade, desde os primeiros núme-
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ros da imprensa-anarquista. Mesmo que difusamente; os ‘libertários propunham ’a .edific ação da nova speiedadfe a^p ár ti r^ d j^ á ns j^ rm á ç ã o d a- atividade^ecoii^thiea, dg-r^ á p t W p r k ç ã o ' rfcjuezãs "natura is e Sbciãis^^ a^ aS otl r^^ de r-ro do po de r•politi co; sus ten'tó H ll o ~ 3 r^ m in a g ão de classe:" J'' '" "' '' ' * ( . . . ) é preciso abolir o princípio individual da propriedade das riquezas ( . . . ) . Todas as gíãndes e pequenas empresasde produ ção., que são exploradas por proprietários tendo por fim !os pró prios interesses,, devem ser i reorganizadas por- com issões'papul ares tendo ;por*mÍEa,«exclusisameB it©,.as necessidades do povb (A Terra JUyrgitt 6-Jfl-j
Expo ndo ''A s vantag ens dá revòlueão sócia T*. o anarquista Lu cas Mascolo imaginava a sociedade' do futuro como aquela em que os meios dé droducão :seriáni:ioclaí^ád^^à 'pr 6^ddãB''::seria orga nizada pelos próprios trabalhado res; a p l b ^ a sèr ^ elirtiinada iu ntame nte co m as guerras e outros, problemas -so cia is; uma série de tr_ a b■"if alho ^w ^ M d Ó— .* lfrM W gw m »— nT u, á„■i ó s ^Tfrip-fr --ó-du lri»-if^ i-Tr-f— --»frim l,i('---.'---rlr|T| -* ' seriamj^allzadòá:.PÓr empresas públicas cóleüM^dás ;3 às correnfelr dos rios, o vént-o,-a- l u i ^ O^iol, ás ‘nq uéz as mine M iF ^5 d^ na m >T's&r tr a nsfo rmados dutivas. Os próprios produtores diretos seriam os únicos capazes de realizar as tarefas de execução e as de' concepção, já qüé so- 31 mente eles conheceríam de fato e na prática a realidade'*dà pròdução: aí, a possibilidade de superação da divisão social do trabalho, instaurada pelo sistema'capitalista ’.^ 1 m . 31. Assim como os marxistas, os anarquistas partem , de uma^ tnadfção inte lectual comum e recolhem tpda uma Jde aü za çjã o, utópica ?da sociedade an te riormente formulada. Enf- Sáfnf-Simor^[expressão'maior 'dá ínspiraçãosociólógica que se difunde na Europa, nas-primeiras décadas do século'XIX, Proudhon e Marx, encontram grande parte ’das 'formulações-,que .constituem suas problemáticas. Os três pensadores, refletem ;no interior de um mesmo universo intelectual, debatendo questões que lhes são comuns, emboç^ lhes dêém respostas diferentes; A "concepção dá sociedade como um sistema coe rente, passível de ser conhecido eientificaménteí vcomo um t df iò '^g an id o constitu ído pel as ;re laç õe s sociais é - que\se"OpõeííaO>Estãclõ; -pòdêr'!àútonqírlizado; o poder revolucionário das classes produtoras; „a necessidade.,da tran s formação social a partir da reorganização dã vida econômica e a decadengif do Es ta do , tem as de reflexão tanto de Marx, quanto de Proudhon, pnscrevem-sè nafcoristéfôçãondàs preocupações saint%imbhiánâs'. Ve/'ÇièWe 'Ansart,_ M ar x y el A narqui smo. Barcelona^ Barra i, 1972 ; * ‘ *
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Npíf.ntanto, se 119s anos 10 os libertários anunciam a necessi dade da-ífoEmaçãoi de "comissões populares’', que deveríam gerir as ) pequenas ^.g rande s, empresas ^pando unicamente a sat isfaç ão dos interesses do povo (A Terra Livre, 6-1-1910), é em especial entre os anos de 19,18 a 1-922 que surgem vários artigos na imprensa anarquista, .enfatizando a importância da constituição de formas al ternativas de :poder na fábrica. Em de 25-9-1920, o arti go intitulade do luta “ Aspectos A Plebe sepublica da luta classes”, em-que propõem estratégias cotidia na a serem:travadas,,no âmbito dá .produção, culminando na forma ção de. comitês de fábrica pelos operários de cada unidade fabril. As organizações instituídas pelos trabalhadores ingleses eram vistas como um.princípio de expropriação, “uma limitação real do direito de propriedade ( . . , ) que conduz naturalmente à form ação do comitê. de oficinas", 0 qual se encarregaria do controle -da adminis tração e então^a ocupação direta das fábricas, “como fazem neste momento os operários italianos’’, referindo-se aos movimentos conselhistas de Turim. Ao controlarem a administração da fábrica, os comitês colocariam 0 produtor direto em contato imediato com to do ò mecanismo de funcionamento da unidade produtiva. Deste modo, cada trabalhador podería inteirar-se progressivamente da ati vidade de direção da Indústria, capacitandorse a substituir os espe cialistas, burgueses .e. realizar a expropriação final. Nesse sentido, os anarquistas propunham a reapropriação de um saber que lhes. Ipra foubâdó pela gerência científica: Uma outra conquista realizada em parte na Inglaterra e nos Estados Unidos e a que já nos referimos, a for mação de comi tês
opérários nas oficinas e nas fábricas para o controle da adrninis• tfaçõoy teirtvuma consequência ainda maior,
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pfodütor èm -contato direto com o mecanismo da segredos da administração das indústrias, . o : interessa*© ná sua marcha e coloca-o em condições de dirigi-la ;;^apó s,.j a expropriação final ( . . . ) .
'm '«viOumíféçp tece u m a crític a c on tun de nte à hie rar qu ia desp óti çá irfereritejaor*processo capitalista de produção e que se reproduz até mesmb-nd interior.de um mesmo ofício, criando uma “hierarquia
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dpbfdpç%s'h^Q9ítcfui-que. este procedimento resulta de duas c on cepções fundamentais na ordem burguesa: de„um lado, a idéia de qüe seqv autoridade, hierarquia e mando' não pode haver disciplina
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e organização. De outro, que o trabalho deve ser remunerado ;segundo a. importância de cada ofício e a capacidade dê cada um. Prosseguindo em sua crítica, demdistra como esta situação vivem ciada no cotidiano pelos operários visa dividi-los, na medida em que se pautem por valores ditos universais, instaurando uiha con corrência ferrenha entre aqueles que deveríam solidarizar-se. Mas, aç mesmo tempo, o artigo revela a preocupação do militante anar quista em fazer com que trabalhadores de vários ofícios se identi ficassem com a figura desqualificada e expropriada do proletário. Certamente, a valorização do ofício não era apenas uma imposição ideológica dos dominantes, mas uma afirmação pessoal do trabalha dor diante de sua atividade. /''T ( . . . ) E s ta si tu aç ão cr ia e m an té m n a me nta lida de op er á ri a essas / jdéi as e co nt rib ui p a ra dividi- los e at irá -lo s uns co n tr a os ou tro s, \ pfic io co ntr a ofíci o, prof issão con tra pro fissão, c lass e con tra cla sse \ è dentro da mesma classe, da mesma profissão, só porque há uma I iniser ável diferenç a de sal ários, o que m ar ca a dist inção hierárq uica, (um. indivíduo contra outro, tornando assim impossível a solidape/ Idade en tre os ex plo ra do s p a ra m a io r se gu ra h çã do s ex pl or ad or es . ( No tem por exemp lo a diferen ça entre ura lin dtipista e um tipógra”\ jfo; entre est e e entre um fotogravador. Avaliem bem ò orgu lho j com qu e ol ha u m decorador para um p edr ei ro e e st é pár a se u áj úI jdante. E donde vêm es tes senti mentos? Que é que o s 1cria, que é I [que al imen ta t an ta s di st inç õe s? Á di fer enç a d e sa lár ios ,po ss ib ilh . [ [dade d e ma ior ou m enor con forto e a noç ãò d ecorrente.çfé q ue? há j (profissões sup er io re s e infe rior es ... (A Plebes 25-9-1920).
Vi • IDois pontos parecem fundamentais: prime im- a .percepção aguda de como os dominantes se utilizam de mecanismos jsutis que Instauram a divisão no interior -darmépFia- ^Siii^ãBãB^cEra, ins'dfe ye nd ò 'uma linh a divisófia que èlemèntd#. de pro-' fissões diferentes. Segundo: a denuncrà; de aue'a diferenciacao salariaí j const itui outro dispositivo estra tégico do -po de r visando imjpêdi r |a articulação ã o s ^ S a n o s T p o lSl i i i ^ ^ ^ ^esp ^^W cit tqorrência e a luta pòFob-jetivos estritamente pessoais. Assim, questio.
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na-se o argumente amplamente dífundidc) de quedo. a diferenciação dos salários obedecería à lógica neutra e impessoal mercádÓ, di monstrando seu conteúdo político e não técnico. : Como alternativa de luta contra estes mecanismos sutis da do minjação burguesa, propõe-se no mesmo artigo:
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f
j Dué^se pcganizèm
ao invés de uniões ou QueTlléntro de cada indústm se equiparem \ ginâiçatos de ofício. / o s o f í c i o s , rei vi nd ica nd o p a fe to do s igual sal ári o, Que de ntr o das J fábricas e das oficinas a administração interna seja dirigida por I
l
I
uniões de indústria
comit ês elei tos pelos operár i os substi tui ndo a or dem hi er árqui ca por uma disc i plina vol untári a ( A P lebe , 25-9-1920, grifos meus).
A constituição de organismos operários de gestão do processo jp ro d u tí võ T iv ã m à^^'^boiiça õjd ã^ ^ do trabalh o. À su pressão dá Bifêrenciação dos salários desênyõívenã na mentalidade:; d'Q'f'r iba ífiid or a idéia da ju st iç a social, ou seja, a comp reen são do’ princípio: “a cada um segundo suas necessidades, de cada um se gundo suas forças”. (“Problemas da reconstrução”, A P lebe, 1 ,°-4-1 92 2) .
Em “Métodos de organização operária”, também publicado por aquele jornal, o autor visualiza a formação em cada fábrica, navio, oficina, etc., de um conselho de fábrica, que .teria por fun
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ção a administração produtiva, todos pro blemas emergentes. da De.unidade cada conselho de resolvendo fábrica sairia umosrepre sentante, eleito pelos operários, que se reunindo aos outros forma ria ipn conselho de indústria, pste, por sua vez, elegéria um dele. g.a^p.iregipnal de todas, as indústrias, que formaria oconselho executiyp. Em çqda bairro ou localidâde, se .constituiriam comitês de relações distritais, voltados para a propaganda e educação. Os car gos seriam revogáveis e todas as ações dos delegados de base deveriàm.sercòntrôládairpela base: ( . . . ) Go mo med id a' ne ce ss ár ia à salvaguarda da autonomia do trabalhador, .todos os délegàdos o seriam com mandato imperativo e n eáhúnia . resolução seria, execu tada sem referendu m dos organiv zaãqfp^ l ã fábrica, da "indústr ia ou.d e todas as ind ústr ias .conforme ; fqssev ess^ re so lu çã o dé inte res se p ar ti cu la r ou ge ral ( A P lebe , 1 .°. 4- 19 22 , gri fos me us).
Á autoridade,.e a, mecpssidai^ técnicos cap ital is tas ou “comissários do povo” r— são questionadas nos. artigos cita dos, denuneia'kdo-se sua fu n çã o meramente repres siva, isto é, de vigilância e controle sobre o trabalhador, impedindo que se orga nizem eontra-poderes alternativos no interior da fábrica, jeguip do os anarquistas, por serem os operários os que produzem e os "que vi ve n cli m ^ ^ da produção, a eles deveria caber _a direção e a administração do trabalho' organizados em' conselhos
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de fábrica ou em outras formas descentralizadas de poder. A expe riência da Revolução Bolchevique, com a supressão dos sovietes é invocada para apontar a necessidade^de se ‘‘tomâr outro caminho'’: ( . . . ) É pr eci so' que cada operári o Co nheça tã o bem o ü mel hor que seus patrões o rriecanismo complexo da produção na industria, em que trabalha. Se se organizarem conselhos de fábri ca, órgãos de combate sobre a administração das fábricas que este. seja escolhido como o meio v ■ ’..mais adequa do às inves tiga ções i dest a natureza. ( . . . ; ) ; *•>;. Co nh ec ed or es da .ca pac ida de atu al da pr od uç ão do país, do 1 esto qu e d e mer cador ias exis te ntes e dos me ios d e .tra nsp or te s u tili záveis; tendo o preparo técnico necessário a pôr em movimento as indústrias terão os trabalhadores adquirido uma das condições necessárias para construir, a sociedade nOVa ("Problemas da re co ns tru çã o”, ^ P lebe, l.°-4-1922).
Vale atentar para a importância de .Urna proposta que questio na a valorização hierárquica dó ofíclóV instituída pelo irriâginário burguês, num momento em que o taylorismo ainda não tiiansformárá a estrutura da indústria no país e em que bs operários ainda mantinham uma certa margem de controle sòbre o processo produ tivo, em alguns ramos da produção. Ou seja, propõe-se o redimen sionamento das estratégias de luta a partir de uma Outra represen ta çã o da atividade do traba lh o. rAo invés da identif-ícnçãn db'"trn-' balhador com a função, que lhe é outorgada dentro de uma hierar qu ia definida pelo i maginário socia l’ pela bázão téc ni câ , s ügere-se a umao f i l S ^aOequiparacão"Vãlãriardos i l S l a l c Õndição de explofícios orados epelo , capitdos al. Loperários |mJ>re-se errf que antes da reorganização tqy lqris,ta..pA p h d Ç t í S H U , , t r a* ba lhaü ores va loriza vam ie ae ie ndia m sua, plIOÍiSiáSTrrf urganrzauálnff^e em sindicatos clexofício. alie^pronuray^nxia^pha^siia,jÇArgem^de interf erê ncia sobre, as r el aç õe sd e~ tra b alho. V on isso;me|mo é que s”erão introd ^id a^ fo ^ ik a r^ ^ fõ au cã o T d S qualificando radica lmente .o c.trab álha he^ ro^ca ncio iio descof iteffbj nentcT e a résístência^osv operátiog. .em^ tocha. parte!^Á o ' ^ hi era rq ui zaç ão das .profissões''instituída^ pelo ima gin ári o,- burguês., e que resulta na divisão competitiva entre: os,trabalhadores, prõpõese a união dos operários em sindicatos de. industria, em;substituição aos sindicatos de ofício, neste início da.década de. 2,0’..©s anar procuravam mostrar as fraquezas da estrutura de ofício;:do sindf calismo brasileiro e incitavam os
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> çleJ u t a , num momen to em que a organiz ação da indústria-sfLjn o b der ni zaYâ ^aee nt u adamants'. ”
Processo semelhante parece ter ocorrido em outros países. Os operários norteramericanos advogavam a substituição dos sindicatos de 0fÍQÍpítP®los de industria, como resposta à reorganização taylorista.-do-proGesso de-traba lho, nas décadas iniciais do sé cul o.32 Este momento histórico assiste, nos Estados Unidos, ao confronto entre patrões e Operários qualificados pelo controle das relações de tra balho' nò âmbito da. fábrica . Os primeiros desejavam limitar a j autonom ia dos trabalhadores ,e intensificar o ritmo da pro duç ão j \ Os segundos' questionavam a forma tradicional do exercício do / poder simbolizada pela figura do contramestre e sua perda crescente ( de autonomia dentro da fábrica. É neste contexto que surge o 1 taylorismo como estratégia patronal para quebrar a.rela tiva margem \ de autono mia que os operário s qualificado s detinham no interior ) da produ ção e a crescen te for ça do sindicalismo americano. — Enquan to os sindicatos defendiam, desde fins do século X I X , fdê Os: Contratos de trabalho negociados acordo com 'sitas exigências e, nesse sentido,fossem que os salários de fossem fixados por categoria, Taylor e Henry Gantt propunham a individualização dos pagamentos e que as tarefas e os rendimentos de cada trabaIfíadõr fossem avaliados separadamente, instituindo-se o salário por peças, tão combatido pelos sindicatos operários. No Brasil, se o sistema de Tavlor só é introduzido plenam^níe na .indústr ia na década, de 3 0 , desde a déca da de T 10 estavam ocorr„„ : -8 f , ■~ •' --------r -- --- “J=:" rendonmldancas'''Trgfniicativas em vários,.ramos da produção, no .
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este! movimento, os operários , influenciados pelos ^anafeo-sindicalistas,! desenvolviam ampla luta na e sfer a da p ro du ção . ^Boris Faus to forne ce algumas indica ções sobre as resi stên cia s trayãdas contra a introdução de novas máquinas, provenientes do extêidor, na ferrovia (Dia. Paulista, no final de 1905, e que resultam na/greve de 1906. Entre as queixas dos ferroviários, a Liga Operária de jundiáí apontava a redução da jornada de trabalho e as demis,3‘2. Davdçl ;Mp ntg om ery , W ork er’s C ontrol in A meri ca . Cambridge Univer sity Press', 1978, p. 114. 3*3. Ed gar 'S, de Decca, “A Ciência da Pr od uçã o: Fá bri ca Despolitizada” , i n: R hvista,Br asi lei ra de H i stóri a, n.° 6, Rio de Janeiro, Marco Zero, 1984. p. 69 e ss.
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soes jprovocadas pela introdução de ufti-a .•teenolbgijá'Gápi€âMnfén$tygi a des va lo riz aç ão da ativida de profissional, a ifttGhsiftoáçSO'ifovtfafto do trabalho e o congelamento dos salários. Os trabalhadores recla mavam contra a desquàlificação de suas profissões: 0 maquinista executaria o trabalho de um foguista, este o de um limpador de máquinas e ambos se tornariam simples carregadores de carvão oü limpadores de lixo .34 Em 1906, no Rio de Janeiro, os sapateiros;lutavam para que o código de ética profissional defendido pela União Auxiliadora dos Artistas Sapateiros fosse respeitado. Este procurava impedir o "av iltam ento da ‘ar te ’ ” , assegurando um certo grau de controle sobre as relações de trabalho. O regulamento da União estipulava, entre outros pontos, os seguintes artigos: Art. 3 .° — Não co ser obras de outra s fábricas, ne m ter e m sua fábrica operários fora da oficina, salvo acordo feito cçm a União. * , A rt . 4 .° •— Só da r tra ba lho ao s sóc ios da U n iã o , de ac or d o co m a Comissão do Sindicato.35
Em 19 09 , os sindicatos da construção civil de San tos . conse guiam que os patrões reconhecessem suas entidades de classe, tendo obtido deles a ga ran tia d e . que somente os traba lhadoíres Sindicalizados seriam contratados! a permÍs§ão;para”Séíecádnar life (fiscal em ca d a ca nt ei ro o u oficin a, ,eydtar qufe os fu rá- gr bf e fossem* admitidos e permitir aos ò^arázakf&ès «dô: movilniftlo' íivair adiàiítè a sua “propag and a” durante o trábalh o.36 1'
O sindicato dos gráficos cariocas também procurava manter algu|ma margem de controle sobre ás relações^éi trátóhbdexigindo que (só os sócios da associação fossém admitidos icofflo empriégádòs? inctjmbindo-se de garantir o forne cime nto da (força de trabalho necessária, acompanhada “das respectivas tabelas dé ordenado”; asstimindo a responsabilidade de resolução de? qualquer conflito entre industriais e empregados, tentando impedir que os conflitos
Trabalho Urbano e Conflito Social. SãoPaulo, Dlfel, 1977, ijdaria Cecília B. Neves, op. cit., p. 52. Sheldon L. Mararn, A narquistas, I mi gr antes e o M ov i mento O perári o Brasileiro. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979, p. 52-3. 34. p. 35. 36.
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Boris Fausto, IÍ6.
f^s^m^'tósoÍ^(áps,individualmente entre ambos; e, finalmente, pro pondo-se a organizar uma ativa propaganda para o levantamento moral e artístico da classe, por meio d o sèu Ór gão oficial, conferências e pub licações educativas, criando, também, uma oficina própria para o ensino técnico
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escolas de português e desenho
1.*-6-1909);
( A V oz do Tr abalha dor
,
O elevado numero de greves desencadeadas no setor têxtil, no / entan to, e suas respecti vas derrotas revelam a intr ansi gên cia do's ’V patrões no caso dos ramos in dustriais em que o trabalho era des^ qualificado , possibilitando jogar com o emprego maciço da fo rça j de trabalho feminina e infantil. As iniciativas patronais visando / redu zir a cap acid ade de pressão e de inte rvenç ão dos op erá rio s f con tra a crescen te explor ação do capital se fazem sentir tant o pela \ introd ução das inovações tecnológicas, quanto pela con stituiç ão de seus ’Órgãos associativos de defesa. Em 1917, convoca-se uma assem! bléia da União dos Operários em Fáb ricas d e Tecid o (U O FT ) do Rio I de Janeiro para discutir a, crescente substituição dos trab alh ado res. masculinos pelo -emprego dê mulheres é c r i a n ç a s Re cla ma ção , aliás, constanfB“na'iiTipTêrisa operária, e que denota a progressiva desqualificação que sofriam os operários, mesmo nos setores mais meca nizados' como* o têx til, ao l ado d ap ré o cu p aç ão moral com a explo raçãodo trabalho'femiriirici é-i&faritih ““controle É cla rp que das a const atação' .exemplo da existênci de ocorria uma pro sta de operário fábriça^ã do aque napoItália no per íod o,- não é suficiente ípar a : dem ons trar a dimensão de sua penètMçã©‘:na 'classe ep er ár ia . Os dados fornecidos pela imprensa anarquista também riãó?nos levam a conclusões mais avançadas. Atestam, no entanto, a colocação do problema pelo movimento opéráriò dá época e as; tentativas esparsas de constituição e de reconhecimento destes cõntrapoderes na fábrica, ou ao contrarie a int enção de silenciame nto e ’rde súb sunção destes o rganismo ■. seja pelos sindicatos seja pelos patrões. Dentre os artigos publicados pelos jornais anarquistas refe rentes à Tór mação de comissões o per árias de base, A Plebe, de 16-10-1919,"'fornece algumas indicações. Noticia a ocorrência de uma asseríiblèíá realizada pelos operários têxteis durante uma greve na fábrica Jaffet, em que reivindicam, entre outros pontos, o re conhecimento de uma comissão interna e da União dós Operários
em Fábricas de Tecidos. Alguns dias antes, o mesmo periódico publicava trechos de uma carta do Cotonifício Crespi, dirigida à UOFT, em que os industriais exprimiram suas resoluções diante da recusa dos trabalhadores de aceitarem as imposições anterior mente formuladas. Num tom paternalista, a empresa respondia que: Dada a forma como foi redigido o artigo 4.° dè dita sua comu nicação, não d eve riam os. ter dado resposta alguma, mas para de monstrar a nossa boa vontade para com os nossos operários (. . .) comu nicam osrlhe s quanto seguem ( . . : ) Pelo que diz respeito à Co miss ão i n t er n a precisamos saber quais as atribuições e como foi eleita a mesma. Repetimos que os nossos operários ficarão livres dè reclaríiàr perante os seus superiores e, em. último caso à' gerência, seja individualmente ou em comissão entre si escolhida em qualquer oc as iã o e. par a qu al qu er as su nto. ■ • Cotonifício Rodolfo Crespi (30-3ri919).
A UOJFT, neste mo mento, não :estaya sob con tro le dos an ar quistas, embora contasse cora s eu apoio. ..... . A P le be, de 3 0- 9 -1 9 19 , registra ainda , o mesmo, proc esso de formação de comitês de fábrica em outros estabelecimentos, pau listas: Na sucursal da Mooca, presidindo o camarada Antonio Ealelli, o. pessoal da fábri ca La bo r escolheu as suas comissões internas tomo u impor tan te s de liber aç õe s. ( . . . ) Às 17 hòfas reuniram-se, ná mesma sede os operários que tra balham na fábrica de seda Ítalo-Brasileira, para nomear òs com
e
comis são i nterna de panheiros que faltavam pára que completar fábr i ca e discutirem o modo deviama proceder com os com
pa nh eiro s qu e a inda nã o s ão só ci os da União ( . . . ) .
Nas negociações entre a UOFT, fundada em agosto de 1917, e os industriais, que se realizam em setembro de 1918, estes, lide rados por Jorge Street, reconhecem a existência do sindicato têxtil, exigindo em troca que a UOFT. fizesse “cessar a ingerência dos delegados de fábrica, que havia se tornado intolerável, e era de fato um ponto básico sobre o qual não havia transigência possí vel”. Também o sindicato dos têxteis, de linha moderada, procurava estabelecer relações de controle sobre as comissões de fábrica exis tentes nas ind ústr ias do ramo, que deveria m, subordinar- se a ele. Segundo o jornal O Combate, a diretoria da UOFT declarava que:
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A União não aprova nenhum ato de indisciplina que se verifique dentro das fábricas (praticado) por operários e também, não aprova aqueles que incitem outros para a paralisação do serviço. Para os que. assim procederem, a União intervirá com energia, tomando as nédéssâfias-medidas para fazer-se respeitada em benefício da classe. O nosso programa é bem definido: conseguir o máximo bem-estar para os trabalhadores. . . A s C omi ss ões I nternas não elevem absolutamente consenti r que o trabalho .seja i nterrompi do, sem pri mei r o a União haver autorizado essa medida, da qual só se lançará mão quando se. trata r, de um caso de impo rtância e que n ão pos sa ser resolvido por negociações e discutido em Assembléia Geral, nas sedes da União e da sucursal.* 37
Asreferências à constituição destes organismos alternativos de poder operário são, no entanto, escassas-nos jornais anarquistas pesquisados,. i;eferindo-s.e ao período de 19 18 a 19 22 e à indústria têxti l’ pa ul ist a.* £)e qualquer, modo, os artigos apresentados nos' JJ jornais operários revelam que a questão do controle do processo//'’ de ^a ^a lh p não estava ausente do co njunto das preocupações dos j P traí^ Jhad pves, não jus tifican do sua total omissão nas produ ções | ^ aGad|mica,S:‘SOÍ)re o movimento operário brasileiro. No entanto, a questão do controle operário do processo pro dutiv o não pass ava,-ne ste mome nto histórico, pel a crític a da tecno- ' íogia eni'Si. ’Dotada de’neutralidade, a tecnologia capitalista ainda . nãò; era represérftadà como a contrett^àeão de um saber produzido pela luta de classes, da mesma fòrmá que não se questionava a ideologia dò trabalho, como hoje fazem os operários não identifi cados com. unia atividade totalmente mecanizada.38 Tanto quanto \ marxistas e socialistas, os anarquistas participavam da crença no / poder libertador da técnica, instituída pelo imaginário burguês. (. A ..questão da .apropríação..,.dmiábjdca e da reo rg an iz açã o do pro^ f cesso de produção r.effiÉia*se--.à^destruição... das funções diretivas \ da diferenciação sa 1arial~J5~A .l m n s for-.^-u maçao das condições materiai.a^le-^TablllTõ': Assim, os textos libertários relativos à máquina são apologéticos,' apresentando-a como grande conquista da humanidade, a des-, péitp;d.e seus efeitos negativos para os trabalhadores. Mesmo quaiv do, no ano de 1928, os operários da fábrica Mariângela realizam ..
37. Boris Faústo, op. cit., p. 187. 38. Cornelius Gast.oriadis, “Technique”, in: Carrefours du Labirynthe. Paris, Sepilr GqllV Esprit^.. £9 78 a sair em português, pela Ed ito ra Pa z e Terra.
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umja greve contra a introdução dè teares a,ut'oináticés, que dobrariam a quantidade de máquinas com as quais cada operária deveria lidar, nenhuma menção é, feita ao progresso técmco ou arniaq^naria egii si. Apenas se questiona sua utilização social em detrimento do tcalmUaaáíMU-. | Do mo mod o, embo ra em o t aylor sujeite em um que a forte res is tência pormes parte do operariado todosismo osspaíses é introdujrido, nos Estados Unidos; na França, ma*Itália, ow m? -Rússia, é cohtra sua apropriação pelos interesses pârticuliaristàs de íima* determijnada classe social que se investe e não conjtra o sistema Tàylor pròpriamente dito. À mesma operação ideológica que dissocia técnica e política, m qo s e fins, rec orr en te no dischráo ‘ de markistas, anarquistas e sopialistas em geral, em Iiênin ou em Trotsky] reaparece no: artigo do anarquista Fíorêncio de Carvalho, ao criticar a faylprizaeao da ptjodução no Brasil. Segundo ele: A ciência a serviço do capitalismo favorece aos industriMis e prejudica, era razão inversa, os trabalhadores. O operário!emréxercicio nas fábricas ou oficinas é obrigado a empregàr'todas*as suas faculdades e adquirir uma perícia superior para entregar-se ao torvelinho dos cilindros dos colossais aparelhos mecânicos, que se movem com vel oc id ad e e lét ric a ( . . . ) . Como s e vê, a tay lor iza ção, a estandardização, a racionalização, vêm sendo, pelos chefes indus triais, adotadas e aplicadas no que elas lhe 0 ierqççm.,de; 4 tU.. (Jugjito à utilidade que possam oferecer aos trabalhadores, isso não lhes interessa, mesmo porque o mercado de braços" e de inteligências (A está abarrotado e, desse produto, a natürèisá & assáz pfódigâ P lebe, 3 - 1 3 - 1 9 3 2 ) . ;
Também os anarquistas sonhavam, com unia sociedade em que o desenvolvimento da tecnologia libertaria ò homem do “reino da neces sidad e” , permitindo uma vida mais :li yr e e. cri ativ a, dnfdê o trabalho seria transformado enquanto atividade' de âutocriaçlb da humanidade, esde c e d o .a ftvólfocãn, sua ap itc açãó no rníèriòrBa ho i5íi setíH3o3e eiíffllira II ....~iii .. '*..'-“■■•."'•■niiT'■11pròclítção 0ii1 Ti orientou-se '1'-r 'i' * im ihí àl £__ H W ü*? *m *~ .
niterferência leSen dent es subietivadt^^ d á téc nica, .mas não "do homem. As resistê ilqãá dos tu lffi maquinismós, fab.ris,, destrtíi^do e Ince ndi and o f ábr icas , teares aniquilando >as inovações teehcrlègicas jque su bstituía in seu saSer-íazer trad itio na l,, revelàm até* que aponto
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o desenvolvèue nto téoniço contém, sua própria, lógica o desejo' patronal de dominação^ q,ue os primeiros operárips fabris ingleses compreenderam nitidamente. v, ... No *Bras il, .o anarquista-Pylptá Assun ção proc urav a dissuadir os tipógrafos, em 1909, da firme intenção de destruir os novos equipamento s m ec ân ic os ,que «,£>;..patrão pret endi a int rod uzi r. Argu mentava que o processo de mecanização da indústria era irrever sível, neces sário e posit ivo, a s.despéito dos males imediatos ^qye oca sio nav a.,E n\ sua opinião, os jyipógrafos n f q , cojnpreendiam este sinal dos tempos modernos, ao* afirmarem em seu, jornal O Componedor.
que-todasas desgraças dos tipógrafos eram devidas à maldade de certos patrões e chefes e, corno gxejmplç), citava-se o dr. Edmundo Bittencourt. proprietário-diretqr do C orre i o da M anh ã , um dos últi mos jornais a introduzir as máquinas (A V oz do Tr abalha dor, 15-6-1909, grifos meus).
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Muitas vezes, no entanto, a repressão policial utilizou da violência física contra as prostitutas e homossexuais. Jacob Penteado recorda que freqüentemente a polícia prendia as prostitutas do Brás que, quando não levavam uma surra, recebiam uma ducha de água fria e tinham suas cabeças totalmente raspadas. As resis tências também se faziam sentir: Vingavam-se, porém, do delegado Bandeira de Mello, cantando: “O Doto Bandaio de Merda é home muito canaia. Pega cabeça de neg a e manda rap á a nava ia!” 32
Procedimento que, aliás, prossegue nos dias de. hoje. Apesar dos regulamentos da polícia de costumes visarem às prostitutas, de todas as classes sociais, na prática eles incidem mais severamente sobre a prostituição clandestina popular. As críticas que vários setores da sociedade dirigem ao sistema regulamentarista de controle da prostituição avolumam-se na déca da de 20, no Brasil. Segundo a nova corrente que passa a.predo minar princip almen te nos meios médicos — o abolicionismo —r, tal como ocorrera anteriormente em outros países europeus,-o antigo método de vigilância da prostituição comportava inúmeras falhas: em primeiro lugar, visava apenas a mulher persegui'ndo-a por um tipo de relação em que o homem também estava envolvido. Ela era seqüestrada e confinada em casas isoladas e especiais, fichada na polícia como prostituta profissional, vigiada severamente pela polí cia e pelos médicos, acusada de ser transmissora de sífilis e de outra s doenças venére as, sofrendo sozinha tto da a repressão de práticas intoleráveis para a sociedade, enquanto qüe o homem ficava isento de qualquer responsabilidade. Além aisso, o resultado do sistema regulamentarista então adotado fora o oposto do que se propusera: a prostituição clandestina aumentara a olhos vistos, tanto aqui quanto em outros países. As prostitutas inscritas fugiam quando estavam doentes ao invés de se apresentarem às visitas sanitárias, e tornavam-se clandestinas. Mas o ponto sobre o qual incidia mais vigorosamente a crítica abolicionista aos regulamentaristas era que o registro legal das prostitutas prendia-as e impedia sua possível recuperação. A polícia de costumes era vista como uma máquina que transformava “putas 32. Jacob Penteado, p. 56.
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M emór i as de um P ostali sta.
São Paulo, Martins, s/d.,
ocasi ona is” em “ putas eternas ” : a prostituta inscrita acaba s e tor nando uma prisioneira perpétua da polícia .33 Ao contrário dos regulamentaristas, os abolicionistas recusavam a legalização da prostituição, pois viam neste ato uma medida de, repressão é de controle sobre as mulheres públicas. O objetivo dos abolicionistas não era, no entanto, mas a eliminação da prostituição que também consideravam necessária, a libertação das prostitutas das garras da polícia, que exercia sobre elas um poder arbitrário e violento, e a destruição d e ' um sist ema que m arginalizava as mulheres e violava o direito de liberdade individual. No entanto, se por um- lado os abolicionistas defendem pontos como a liberdade individual, òs. direitos do homem, o fim da intervenção do Estado nas relações pessoais, por outro, a campanha abolicionista era levada em nomeada decência da família, das ruas e da salvação, do casamento. Evidentemente, não há nenhuma apologia do prazer. Outros alv os-dê : ataque dos médicos abo licionistas , com o o dr. Flávió Góulárt, refériam-se às visitas sanitárias forçadas e muito rápidas que n ão permitiam diagn osticar seguram ente a sífi lis; à brevidade dos tratamentos; ao medo-do internamento nos hospitais, levando as pro stitu tas a fugirem ou a usarem, de “ diversos truqu es para dificultar o .ex am e” . Segundo eles , a administração públic a deveria oferecer tratamento gratuito às meretrizes e aos indigentes nois dispensários estabelecidos pela saúde pública.' No caso dos que abandonassem o tratamento, deveríam ser enviadas cartas que advertissem contra os possíveis perigos resultantes. No entanto, apesar dó discur so lib er al dos abolicionistas, vale lembrar que é em nome da moralização das condutas, da repressão dos instintos e do controle das pulsões que eles batalham e nisso . distinguem-se radicalmente dos anarquistas.
Os anarquistas! e o campo da moral . “A vida não cabe dent ro: de um .pr og ram a. . . M. Lacerda de Moura
.Creio que não se pode afirmar tranquilamente a existência de uma unidade absoluta de opiniões entre os anarquistas a respeito
33. Fíávio Goulart,Profilaxia da Sífilis. Tese de Doutoramento, Rio de Janeiro, 1922, p. 43.
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de questões como a nova família, a emancipação da mulher, o amor livre, o direito ao prazer, ,que constifu;èm*5ò;;.çáfiípo ;da.;iftòr.aL No entanto apesar da abundância’ de reflexões mdiyiduais sobre estes temas, entre outros, tento'delinear os contornos,de um projeto libertário relativo a uma nova moral. Enquanto crítica da ordem burguesa, as divergências se neutralizam e encontra-se uma unidade de problematizações e valores interligando os assuntos discutidos na imprensa anarquista em geral.,endereça-se à sociedade burguesa Fundamentalmente, a crítica que, assentada na exploração do trabalho e na dominação política, produz uma moral decadente, repressiva, opressora e que se funda em relações sociais autoritárias, injustas e corruptas. Assim, sem pretender definir ab.solutamente um projeto libertário de instituição da- nova*moral, tento perceber as intuições dominantes da reflexão anarquista relativas às relações afetivas, familiares, à moral sexual, a partir dos artigos colhidos nesta imprensa operária. Três principais núcleos de problematização se evidenciam quando os anarquistas abordam' questões que procuram definir uma nova economia do desejo: a emancipação da mulher; as rela ções afetivas e a moral sexual; e as práticas condenáveis. ^
‘
...
"y A eman cipa ção da mulher
^
Tema freqüeu te^n a-4m pj^^ condigâ.Q 4e opres são da nluíKeT,- não jÓjda-UDperáij^brnas ta m b ém . d a ; burguesa, é pén sàd a e ànalisad a por_v.ários..wantíetil^^ a Co ntra õ mito da mul_her-passiVidade>,s en tÍDã^ to v - . a b t l ^ a cãò.>:fSombra do homem, várias vozes ~~se.. leva nta m; m ul he re s, cotnp a , J á conhecida Maria Lacerda de Moura (professora, jornalista e escrito ra), Matilde Magrassi, Maria de Oliveira, Tibi, Josefina Stefani Bertacchi, Maria S. Soares, quê assinam artãgos nostjoría^s anar quistas. Além destas publicações defendendo a causa feminina,«elas promovem reuniões, conferências, palestras educativas em vários cantos do país-e..fundam uma Êederàcão Internacional Feminina. Se é possível perceber no conjunto dos textos libertários uma ..
representação masculina edadamulher, que a torna da mater nidade, da passividade fragilidade, esta sesímbolo opõe uma outra construção contestadora dos valores dominantes. Partindo de vozes femininas no in terio r dos anarquistas, nra nõ e-se a em a n d naçã o da mulher d.e.todas as classes sociais dos papéis que lhe são atrjbuí-
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dos sqçialmeiite. Ao lado.da tradicional representação da -mulher* submis são, .e me rge uma ou tra figura fpjmmina-; simbelizada .-pela que' lüfã pela transformlT çã^^ , tanto _a partir*cia próp ria pres ença "destas..ativistas. q u & O' 0'elas -:rsuáf.. projeções,. Maria Lacerda de Moura, por exemplo, 'discutindo as concepções dos "especialistas” sobre a inferioridade biológica da mulher, afirmava criticamente: . .
Eu não discuto com um homem apenas, com o Sr. Bombarda (médico por tugu ês, M R ), com Lom broso ou com Fe rri: pro tes to contra a opinião antifeminista de que a mulher nasceu exclusiva* mente pará ser mãe, para o lar, para brincar com o homem, para
diverti-lo.34
minnuM*
r»ami
m . ,, .
IH iin ___ Não é ocasional, portanto, que encontremos nos jornais tários artigos que, ao cri tic ar em a situa ção social da mulher^ no sistema capitalista, apontem a instrução como arma privilegiada de libertação. Matilde^Magrassi, por exemplo, propõe que a mulher operária nãó luto apenas põF~seus direitos no interior do espaço' " da fábric.a,.J^a.Jinijd&jGaelhorar um^pouco'a'^ossT cMícã”situaçao 1’, obtendo uma .jornada de trabalHo mais curta e salários mais eleva dos, mas que procure instruir-se para poder defender-se melhor frente à exploração,..do.capital. à eâ uc açl o da" muíE er trabalhadora aparece como instrumento de luta cbniffà*"asilasses dominantes, contfáTdi?odeií-'da Igreja e .contra o Estado,, na medida em que efã“se consçie.atize,.de. seus direitos pessoais e ainda, possibilitando a ín st ru ^ ^ ajude. áJfi mpêdlíLaue„se jam depois vítimas do .inlnsto sistema social em que vivemos^ (Õ Ârmgõ''ão Povo^^lj. 1- 19 04 ). A instrução da operária será também funda mental para que ela desmistifique a religião e a figura imperiosa do padre, como conselheiro e guia espiritual: Compreendereis que é inteiramente inútil q.ue confieis aos padres .as vossas ,dores. Aconse lhando-vo s a re sign ação , o que ele faz é impedir-vos de reagir contra quem vos oprime.
Revoltando-se, a mulher enquanto mãe e educadora servirá dp exemplo aos. filhos que, por sua vez, também se rebela rão. E poderá compreender ainda que a noção de pátria é uma ilusão, 34. M. L. Moura, A M ul her é uma D egener ada? Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1932, p. 62.
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À
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que os vossos ilhos f nenhum de verf,têm a dcumpriri^ará^com%lk, e que quando, em home dessa pátriá, õs viérem árráhcar^òs vossas !braços, deveis revoltar-vqs contra1semelhante léi (...). . A idéia de que a mulher não é apenas p o rta do ra ! de sentimentos e emoções, mas de que pOssúi a meéma capacidade de
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pensa r, de questionar e de brigar que o homem e pa ra a qual -a educação é uma arma importante de luta, revela a recusa do modelo de [feminilidade instituído pelo imaginário soçiâl. Izabel Cerruti reafirma esta posição ao analisar as causas dá situação alienante e ojpressiva em que se encontra a mulher na sociedade atual. Esta só poderá libertar-se se compreender os motivos da exploração social e desmistificar à mTtòíog ia iu sti fic ad or a de suai condição : s-jsí» • ' ' ;
Antes de tudo, e isso é o essencial, ela deve fazer uso do seu iraciocínio para se despir dos vãos temores, dçs tolos preconceitos e dos ridículos escrúpulos que lhe incutiu a falsa moralDeus de e da Pátria, para assim, obter o seu pensamento emancipado (A Plebe, 20-11-1920). : As barr eiras à superação da alienação da mulher não se local i zam em sua natureza ou em sua consjtituição física, como pretende o saber burguês, mas resultam da ação das classes dominantes junt am ente com o Est ado e a Igrej a. O apelo à ed uc aç ão , à form açã o de uma consciência crítica como meio de desmistificar sua condição social e de derrubar as cadeias impostas pelo poder çlerícal, re apa rece m em. vários artigos, como o de Maria de jDliveira, “ A emáncipação da mulher”, publicado em O Amigt do Povo, de 11-9-1902.
: Aliás, a questão.- da libe rtaçã o feminina não s&Jimita à o perá ria. De modo geral, o discurso anamuista-^ecdra^evelar a condiçãoi de sujeição.e. .de 4H «n ilh aç ão »xpâf£issâreBi.
as classes sociais, npma sociedade domihadajpelQ^ode^masculinó. Por isso, elas devem preparár-se intelectualmente para po.der^^RT' frentar a concorrência masculina. Assim como a mulher trabalhadorja, a bur.guesa'-é'-''õprTftiída, teve. íu a ^y içfejá ecididá ;desde a infâ n ci a , aprendeu... a. rep rim ir seus sentímentjbs;je j ^3 !^ E Í)_ íiuí S.Jlio sen te, a “ fingir dotes que não possui” : tainbjêm ela, que “ nao é livre nem feliz”, deve participar da luta pela-sua auto-emancipaçã o — afir ma Maria Lacerda. . r Estas anarquistas sugerem que as proletárias se organizem em
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sociedades -dewresistência, park que possam conquistar melhores condiçüèkídè m SÊ e
O programa anarquistaà émulher, mais vasto neste terreno; é vastíssimo: quer fazer compreender na sua inteira concepção, o pa pel grandioso que ela deve desempenhar, como fatora histórica, para a nossa inteira integràlização na vida social ( A Plebe, 20-111920). A luta.,dasJ,mulhere.s.....na^concepgãQ-4ibcr.tária.,,.deve passar pe lo . questiOjjjimsQiQ^^ , tattfó rio interior da família^uanto^na^f^r-kar^Mão se" tra ta ‘ de ccffu ju^^ jno^çam po da- políti ca instituí-' "do^pelas;classes, domina ntes,, mas de b atal har pelo cr esci me nto pes .
soal, eomrilêtor^integrab-♦
’ ........
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Qualquer reforma nas leis vigentes que venha a conferir-lhe díreitó^ytriolítiçc!S ; iguais ae>$ hoipens, não; a põe a salvo das chacotas e humilhações, não a livra d e ; ser espezinhada, pelo sexo forte e prepotente, enquanto perdurar a moral social que constrange e prptege a prostituição(A Plebe, 2041-1920). •K r Vfcrdade; atr kn kfo irm açã ora dic al da‘ condição da mulher só será possível numa ótítrá òfgarifèáçãò *da sociedade, mais justa, onde o amor livre assegure a integridade das relações familiares, onde òs jovens possam escolher livremente seus companheiros e form ar, , setn contar com es obst ácul os econômicos aviltantes do mundo capitalista.
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Assim, a luta pela emancipação; da mulhervpão^^^saí.pela.-rei vindicação de aceder à esfera pública simplesmente;®ks é primei ramente uma questão de ordem moral: tráta-se da necessidade de liberta r-se do modelo burguês, que lhe é imposto ^ _ík^,.consiruir umanova f igu fâ^iTegador a d aq uela fo riada nela repre senta ção bur guesa e máscula ni ò^ e~apenas sentimento é nassivida dè7 daí a nec essidaúe^ilillnstruir- se, de ut iliza r_sg tL jg Q te a ^ ^ íS lectual na c rí tica ide ológica das instituições e d as mitologias religio- • sas e de lutar pela própria independência. Dentre as autoras que pesquisamos, a que nos parece mais inovadora e radical pelas suas indagações e propostas é Maria La cerda de Moura. Além de vários livros publicados, dirige a revista Renascença em 1923 e, dois anos antes", funda a Federação Inter nacional' Feminina, com o objetivo de “canalizar todas as energias femininas dispersas no sentido da cultura filosófica, sociológica, éti ca, estética — para o advent o de uma sociedade melho r” (A Plebe, 15-4-1922). realiza ou conferências em Filosófica vários centros culturais, nos círculosEla operários na Federação e Espiritualista de São Paulo, contando sempre com numerosa assistência., A condição feminina foi tema de reflexão contínua de Maria Lacerda, preocupada com a libertação da mulher da sujeição em que se encontra na sociedade capitalista. Ela pregava a luta pelos. seus direitos,..a necessidade da instrução, da educação sexual aos jòv en sT^a dibe rdMe ^e" ama r, a mater nidad e “ livre e lidnsclén''fe” e a independência da mulher.,eni,,xelacãQ-àJmnosição social do casamento. Crítica ferrenha das relações de dominação que se estabe lecem entre homens e mulheres, pretendia conscientizarias mulhe res de sua situação opressiva e mostrar-lhes a possibilidade de uma participação social efetiva: ..
Até aqui, temos vivido a civilização uni-sexual, a mulher não passou de espectador no cenário dá' Vida, afirma em Han Ryn er e o A mor PluraP1'. Embora tentem libertarse da dominação machista, as mulheres, têm de enfrentar a oposição dos que não querem perder seus privilégios: 35
35. M. L. Moura,
H an R yner e o A mor P lural .
São Paulo, Unitas, 1932,
E o homem continua a querer entravar-lhe os movimentos e, portanto, a. cercear-lhe o. progresso. A mulher só tem direito de sair, de se' locomover se vai trabalhar, ganhar dinheiro. Continua dando conta ao homem de todos os seus passos e at é' do, seu salário. Ê outra espécie de exploração. É o caftismo em família ( . . . ) ,36 T ambém para ela a questão da degradação das relações fam i liares só pode ser resolvida socialmente: apenas em uma nova orgamzaeat^^ ós .meçm *^ suas diferenças~pbHerâo.ser respeitai a s —Outros problemas sociais como a miséria, o alcoolismo, a tuber culose, a sífilis, a prostituição, a exploração da mulher e da criança, “a exploração do fraco pelo forte, a voragem açambarcadora de tantas vidas na oficin a, nos cor tiços , na penúria — tudo, tudo nasce do atual regirrè social cuja máxima se resume nestas palavras: se eu não ar ra nc ar os olhos do próxim o, ele arr an car á os meus” .37 •Mas a transformação radical das relações... sociais, em sua.opi nião, não deve passar pela ditadura do partido político. Posição que a aproxima totalmente dos anarquistas: A política de partidos é sinônimo de farsa, astúcia, ambição pessoal, de hipocrisia, de preconceitos.38 As relações sociais, tanto na esfera da produção quanto no in terior da família, na escola, ou em outros espaços de sociabilidade, não podem ser organizadas pelo partido político, mesmo que este se considere representante dos interesses do proletariado: é o caso, por exemplo, do amor,recente, impossMiriam ível (segu ndo ela) de procura ser ' ‘ordesvendar gan izad o” . Em trabalho Moreira Leite os; caminhds de Maria Lacerda de Moura, cujo pioneirismo em sua opinião Pse deu basicamente na área de estudos sobre a condição feminina” . 39 T a m l^ j^ em seu parecer, ela n ão .poderi a ser consi derada como uma anarquista propriamente dita, ou como comunis-, ta ou socialista, no sentido de afiliação política. Na verdade, se esr tá escritora mineira em muito se aproxima dos libertários, ao negár 36. I dem, p. 35. 37. L. Moura, 38. M. p. 177. A M ulher ê uma D egenerada? , op. cit., p. 257. I dem, 39. Miriam M. Leite, op, cit., p. 21. 101.
qualquer vínculo com o partido político, òu naé críticas que ende reça ao governo e ao clero, ou ainda na defesa de uma nova mo ral, do amor livre, da libertação da mulher, ela mesma nega qual quer rotulação política, considerando-se uma pensadora indepen dente. Se nos^ tsnnos ao ickaLifiinifliflájfls^^ anarquistas, principalmente os escritos por multieras^mcL-as iá citãd^ãrperceBemos a negação da figurada miffibr “ raiáfôt .do 'ter” , desimadã'excluslvamente~~ã' TiM^q7de'”procriaç|o.. Por outro ladtT não se trata de HefêndeTTlêmmista "g|||g^adfôãirTbrO ;nostai âja
nqyj .mulher .d a Jà se fina S. ! de equilíbrio. Em ‘tosque deveria ser a mulher”, ela explicita süa concepção de feminilidade: — ^ i E n tr e a feminista ultra, forma híbrida, sexual e a massaia no sentido romano da palavra: Stetti in casa e filò lana, existe ò Í ju st o meio: a verdadei ra mulhe r. A ne mulh er, nem patroa. nem escrava, _nem ^femina nem angelica, m asséptica nem me^almal ima f"a“m ulfieiH m ^^ gérmen, maturando-o na dor, cpns^FgS^-b''ícom^ seu sangue, \ dá à humanidade o milagre da'viHa para ela. -jo.ela e com ela .'et er\:namen te se reno va nd o, ;at e a o j^ S if lL X . . .) ' \ Se d e um l ad o nó s. ,c ond en am os & J m uni síaL„ uUm JL . . ) do ut ro :Uado"nSo" Querem oa _tãa _no nco a mulher máqu ina. a..múlher besta de carga, a chamada governadeirà £A Terra Livre, 15-6-1910).
! O ideal feminino que aparece no s textos anarqu istas éde liiie ado difusamente: não se pretende construir um modej^ acabado, èvidenteme nt e. De q u a la u e £ .Jo ro a a, ^ modelo burguês da espÕsa-mãe-dona-de-casa, vigilante, assexuada^ordeira .corriüT defend iam os médic os T lT la nfr ^ ^ ; do; séculb. : ^
—-
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.
..................'
Critica-se mesmo a exigên cia que je ^ faz do tra ba lh o-e xc essivo da mulher naquelélhôdelB feminino, que contraditoriamenté lhe átribhi características de„tMQjencia, passividade, inércia: i ■■ ' ‘ ^ Qual foi até hoje a noiva id eal ou a admirável m ã o de família nas classes pobre e média? Aquela que sabe fazer tudo, que tra bal ha sem tr ég ua s, e que por con se gui nte ( . . . ) própria saúde e envelhece antes do tempo,
acaba c om a
já que nã o se diver te e que não tem tempo par a si. pró pria . Imagi na-se então a possibilidade do crescimento pessoal da mulher, livre
!
a';-p'fiâáó' dò'$^tóêrieíô'\díbfÉiiêlticos ou da ex tens a jornada de traballió foíá dè câsa: 4
Com á subdivisão do trabalho, pelo contrário, satisfeita a ta refa qúe Mie coriipete como costureira, tecedeira, lavadeira, cozi nheira; e educa dora,. artista ou talvez médica, ( . . . ) poderá de pois dispor a seu'bel-prazer das horas livres, quer dedicando-se ao estudo ou a exercjcios .artísticos, quer gozando as diversões a todo s‘.proporcionadas .,jpela; vida social (A Terra Livre, 15-6-1910). A discussão sobre, a necessidade da em ancipa ção da mulher remete evidentemente à recusa do casamento monogâmico, da im posição dos cônjuges e leva à proposta de uma nova forma de rela cionamento afetivo. A moral sexual AMOR LIVRE I Virgens: erguei o olhar que as sombras do convento Açostumçu a andar cerrado para a luz.
instante só ^êx&ées- dé. cruzi , e enchèi-vos deste sol que brilha turbulento. . Vipde gozar a. vida em toda a plenitude e não fapeis assim a, vossa, juventude com sonhos infantis duma bánál' pureza. II A virgindade é quase um crime. Cada seio deve florir num-ser tál como a terra em flores. Vencer o preconceito e os falsos vãos pudores ; ‘em-.que;vos abismais num subitâneo enleio. (...)
Como na antiga Grécia esteta, rediviva, ó virgçns, desnudai a vossa carne altiva e fecundai, após, num sopro de energia. B vós, homens do amor e vós que a desejais, Arrancai-lhes da fronte as coroas virginais, beijai-as livremente à grande luz do dia. C. Leite (A Plebe, 21-10-1917).
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Em um de seus livros,. Maria. Lacerda de Moura revela que o tema do amor livre “ é hoje muito discutido e necessário nas rodas de intelectuais e proletários ” .40 Afirm ação intrigante pa ra . quem acreditava que esta questão fosse colocada recentemente. A crítica à virgindade, exigência “ridícula para .o homem” e “profundamentè humilhante para a mulher”, segundo esta mesma autora, remete efe tivamente à negação do casamento como relação monogâmica eter na, legitimada pelo clero e pelo Estado. questionam• a institucionalização das relações afetivasOs e àlibertários forma pela qual as relações sexuais se manifestam numa sociedade autoritária e repres siva de ponta a ponta. Por que esta necessidade obsessiva de en quadramento dos comportamentos sexuais, principalmente em rótu los prontos, acabados, aceitáveis ou condenáveis? A despeito de to da acusação atuàl do moralismo dos anarquistas, não se pode deixar de considerar avançadas suas propostas de relacionamento afetivo entre homens e mulheres. Somente é válida uma união conjugal que se estabelece livre mente, independente dos interesses econômicos ou das obrigações sociais. Vários artigos publicados na imprensa anarquista discutem a questão do amor livre, procurando diferenciá-lo de uma valoração burguesa: A m or livre, não é, com o alguns pretendem e outros julgam, as relações sexuais havidas de momento em praça pública, ou num' anda r regi st rado sob um númer o de pol íc ia . ( . . . ) Ê um t odo for mado pel o home m e pel a mul he r que se c ompleta m. ( . . . ) Vivem juntos porque se querem, se estimam no mais puro, belo amor;por vivem juntos porque essa ae desinteressado sua vontade e sentimento não estão de ligados determinação alheia é nem por i nt eresses que a unv dig am re spe ito . ( . . . ) Am or li vre é a plena liberdade de amar e iiãó a forma hipócrita do casamento em que o homem è a mulher ligados indissoluvelmente pêlo ca samento civil ou religioso são Obrigados pelo preconceith a su po rt ar em- se com en jô o. ( . . . ) Antonio Altavila (A Voz do Trabalhador, l.°-2-1915). K ri
Oreste Ristori, também preocupado em desfazer qualquer iden tificação entre amor livre e prostituição, comiam na representação 40. M. L. Moura, R eli gi ão do A mor e da Beleza. São Paulo, Condor, 1926, p.. 110.
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imaginária- do sexo na sociedade burguesa, afirma que “Amor livre e livre união” não devem ser tomados como sinônimos, um poden do existir sem o outro, e define sua concepção de amor livre: O amor livre não significa a apropriação comum da mulher, mas qüer dizer: a liberdade ilimitada para a mulher, como para. o homem, de amar quem quiser, a liberdade de concentrar sobre Quer dizer uma pessoa, antes que sobre outra, todos os afetos. noutros termos: subtrair-se à terrível tirania dos pais, dos parentes e dos seus substitutos, que querem impor-lhe um marido do gosto deles, para amar livremente o objeto dos seus sonhos (A Terra Livre, 2-4-1907).
Na sociedade atual, as relações afetivas entre o homem e a mulher são fáí|as e imorais, porque se fundam em interesses eco nômicos e consagram uma situação de dominação: a mulher se tor na escrava do homem, a quem deve obedecer servilmente. Isto, por sua vez, significa sua total anulação social, refletindo a hipocrisia dos sentimentos: O matrimônio apenas serve para abreviar a duração do amor, tornar odiosa a união. No lar, a mulher é a escrava, o homem é o senh or; este tem o direito de man da r, aquela o direito de . . . ob e de ce r . ( . . . ) C om o pode .existir o am or entr e uma e scr av a e um senh or? ( . . . } P or isso s e diz: o casam ento é a morte do a m or . . . (O Amigo do Povo, 2-8-1902).
A anarquista Tibi, autora deste artigo, continua suas reflexões mostrando que a organização familiar que se forma a partir do ca samento monogâmico legal gera seu oposto: a prostituição. Aliás, pergunta, no casamento ou na prostituição, o amor não é objeto de um comércio? Ao menos, a prostituta não precisa fingir. Todos sabem que o seu amor é vendido, a ninguém engana.
Finalmente, conclui incitando as mulheres a se revoltarem con tra os- papéis humilhantes que devem repr ese nta r, já que não podem esperar que sua libertação seja fruto da providência divina: 105
A emancipação da mulher há de ser obra dela própria. Embora acreditem na possibilidade da constituição de umas no va família na sociedade anárquica, como os marxistas, os libertá rios não se aprofundam no exam e da natu reza do laço, conju gal fu turo. No regime capitalista, a família se funda sobre relações de pretende manter pessoas desejos ' interesse vergentes,e cujas ligações são unidas artificiais, que secujos qfendém, quesão se diviolenjtam, ou que se odeiam, pois umas oprimem as outras. Trata-se portanto de desmistificar os dois pilares de sustentação da ordem burguesa: tanto o contrato de trabalho quanto! o contrato de casa mento. Ao contrário, no “comunismo anárquico” a base única da família é o amor e não uma relação mercantil: livres de preocupa ções econômicas, seus membros se respeitam e se aproximam, por arriizade. Se acaso estas relações se,alterarem e tornarem-se insupor táveis, dissolvè-se a família e a comunidade ampara seus fillips. Não há (nada a teme r (A Plebe , 1 2 - 1 0 1 9 1 9 ) . Cond enan do o casa men to indissolúvel, portanto, os anarquistas defendem o divórcio quç, ao contrário do que se afirma, não virá trazer a discórdia no interior da família, mas ; o fe re ce r u m ab rig o seg uro , um p or to de sa lv aç ão àqu eles p a r a os | qua is não mais sorria na terra a esperança de um cla rão de ven- j tu r a . ( . . . ) O divórci o não facultará a separação com pleta d os c asai s, senã o : ! em c asos perf eita mente def in idos e qua ndo á séparàçãò "dos C ônj0 ; ges redundar em felicidade relãtiva para íàmbOs (A L anterna, 1 10 -8-19 12 ).
.
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O divórcio é uma necess idade fundam ental n uma, sociedade ! qúe não sabe amar, que não tem tempo pára^istè,, q^cpnsèm® as energias dos indivíduos exp lora ndo -os at é os linptSS; §uas fo rç a s. ; Preocupadas com a sobrevivência material, copio podem as pessoas neste sistema social relacionarem-se de outro modo que não compe- ; titiva e autoritariamente, ameaçadas o tempo todo de perderem seu ganha-pão, humilhadas pelos dominantes, ou. nas classes privilegia- : das, lutando para se auto-afirmarem continuamente? Quem tem “O direito de amar?”, pergunta A. Vizzotto, no artigo que A 18-7-1917, publica:
Plebe, de
Quand o o prol etár io, ( . . . ) ap ós uma jornada de 10 a 12 ho ras de trabalho, volta exausto de forças para sua casa, poderá, se é só
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e qüer*airriá*4família, proeurar.tranqüila é serenamente aquela que fterá’ de.ser a’ sua companheiraMK ? .)í7f£erá tempo, vontade, dispo•iu^ição^ipAra ,©jrientar?lhe o c ar át er , co nh ec er- lhe os sent imentos e as ,as pir açp es? X e rá , ao me nos , f o rç a p a ra .eup riinir -lhe p seu car inh o? A resposta tern de ser forçosamente negativa.
Portanto, o amor entre duas pessoas deve ser livre, porque não comporta regras, não pode ser enquadrado nas formas já definidas pelo imaginá rio s ocia },. deve fluir sem imposições. A liberd ade de amar, explica Maria Lacerda, refere-se à libçrdade interior de cada um “aprender a amar’V sem-regras, livremente, sem qualquer inter ferência externa sobre as opções individuais, sem imposições sociais ou ainda spm a orientação do pqrtido: ( . ..)., sonhar com o dominio.de um partido ou de uma ideolo,.gia, p ara todo o prbé è ‘‘orgâMizar’’ o amor segundo* os interesses ! \dé^'*paitié'õ ou desisa, câtóssê ou ideologia — é sufocar a liberdade, dêsprézar às' éxpedêhóias do passado(. .. ) .41 " •: *’vMària Lácerda diverge de Alexandra Kollontai, membro da (XpõMpão Operária do Paftldò Bolchèvique, em relação ao enqua dramento do aidor pela- moral proletária, questionando que este posSâ^ser^-hn^anizado^-aegundo Os interesses*'do partido?' -suQrfã, diz élm qüando se esquece do partido KõHontai^afirma cOiãàWmtnt© ihfêiessantês, masrWam or deve ser livre e plural, isto évMõ^institètndtt^^dOj Não^se M àfà , 'èfÊdentèménte-, d-a";“ eò oper at # a ^âmbrdsé' 'Suféifá à léi da ofe rta e da'''ipr de ur av , com o -a* rde olo 'lití^p^sff^çpiè^-f^eif.- cr er , mas da possibil idade de se c ria rem nõltãs fõfnMs afetivas dè refeciõnamento: •: ;’i •O eix em •0. am or livr é, abso lutam ente livre. H om en s e m ulh ere s
èneofftrãrãò, nas leis biológicas e nas necessidades afetivas e espi, ril^iais^ ,pv^§p.^p^iinlii,p,..a sua;>yerdade e. a sua vida. . . A solução . só po dd se r individual. Gada qual ama como pode. . <42 . O, casamento monogâmi co, afirma Maria La cerd a, produz ‘.'anomalias s.exu.àis”, porque nele os dois sexôs estão em absoluta desigüaldâdè de direitos: é impossível o amor entre pessoas que se oprimem, que têm medo de se perderem, que vivem uma relação 41. M. L. Moura,H an R yne r e o A mor Plura l, op. cit., p. 128. 42. I dem, p. 132.
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de dependência e de posse; o amor-plural, o amor-camaradagem, que é o oposto do amor exclusivista e possessivo que -conhecemos, libertará a mulher e o homem, acabará com a exploração femini na, com o infanticídio, com as figuras humilhantes criadas-pela re presentação burguesa dos papéis atribuídos à mulher, a exemplo da “solteirona” e da prostituta. A mulher poderá então unir-se a quem amar e ser mãe quando quiser: Por que só divinizar a Maternidade-dentro do casamento legal? ( . . . ) Aceitar um senh or imp ost o pel a r eli gião , pel a léi o u pe las conveniências é que ê imoralidade.43
Apesar da radicalidade e da novidade de suas posições, a crí tica libertária desta pensadora mineira à organização burguesa das relações sociais esbarra com os limites da assimilação de idéias que dominavam o pensamento cultural do momento: é o caso da idéia de eugenia, do aperfeiçoamento da raça, da influência do positivis mo e do evolucionismo em seus escritos e,. ao mesmo tempo , a ex plicitação de uma postura moralista diante de certos temas, como a conden ação d os “ tangos e ( . . . ) da fanfar ra l ouca d o jazz-ban d infernal — meio seg uro de abafar voze s inte riores.” No entanto, diante da prostituição, Maria Lacerda. se sente in dignada com a marginalização e com a infajitilização. de mulheres a quem se qualifica como “ perd idas” , como^ “ a peste das pestes” , refletindo uma posição novamente muito próxima da dos anarquis tas. Para estes, o fenômeno da prostituição é visto cpmo ma| necessário observável em todo tipo de sociedade descíç os feynpos an tigos. No sistema capita lista, a sobrevivê ncia da ; .família burguesa, forma de prostituição não-oficial, pois fundad^ a partir de um con trato comercial, exige o funcionamento deste comércio sexual ignó bil. As jovens privilegiadas não podem participar da iniciação de seus nam orad os, enqua nto que u m a série -dè'•int érd ipje s '§exuáis re caem sobre a casada. Além do que, muitas vezes, a mulher sé casa com um homem escolhido pelos pais e não por ela própria. Fundameritalmente, a prostituição é dénunciada hb discurso anarqu ista em re la ção à d o h u M ^ duto r que exp lora operarias inocentes; a fá br ica é um antro... da pefcdiçàb‘'e“a "miséTiâ financeira leya al' miilHeres pobres a venderem
43. M. L. Moura, R eli gi ão do A mor e da B eleza, op. c i t,, p; 45 . .
1:08
,
ÊÊ mm m cmm m — ® mm. mumtff o
próprio co rpD-para garantirem o jsustento da fam ília. A, .qjigem do problema é essencialmente econômica: Sabemos, e temos consciência de estar com a verdade, que a mulher de nossa época que recorre à vida ignominiosa e antinatural da prostituição, a ela foi levada principalmente por motivos econômicos: (A P lebe, 1 9 - 1 - 1 9 3 5 ) .
. Nisto, este discu rso segue um caminhqdjLametral mente oposto,, ao burguê s,, que apres enta o e s ta do dep rostituiçã o -eom o-ant momi-
Op aTT'cle^ trabdho. A prostituta trã'B'Sha,».se .cansa. é usada ,.e. explora3a fànto quanto a operária. Por isso ela não deve ser desprezada nern marginalizadãíT^Bení os libertários, já que è mais uma vítima ”observar~ã srcem socia l de gran de Sc ‘p a r tÇ a ã í mulheres, públicas para se da r conta de que o proleta riado for nece o Jtantinge nte principal. O .burguês sedutor, eterna-, mente InsafisfsiíQ'^ vai bu scar a s atisf ação de 3 u§„.capdchosJãádir,. nosos^masAovens .de classê"ToaM~4n -fer-ior-, iludidas com promessas ..
de luxo, de ascensão ou He~cõ'rifõftò7 e não entre as mulheres de sua própria classe, embora isto também possa ocorrer. Ao contrário do que dizem os médicos burgueses, a “vocação par a a pro stitu ição ” não^ nasce de um instinto na tura l, mas provém de um problema econômico. A imprensa libertária se insurge con tra, a teoria da prostitu ta nata -e, nesse sentido, são os únicos a re in tegrarem a puta na sociedade. Os médicos e os sociólogos, “esses falsos homens de ciência que folheiam os livros e reviram bibliote cas, com o intuito de, por todos os meios, mesmo os mais repug nantes, fazerem a defesa do atual regime”, afirma A P lebe (19-11935), querem explicar a existência da prostituição por outros mo tivos que não os econômicos: Esses médicos e sociólogos, que sempre viveram confortavel. mente, v ãó d escobrir em todas as pros titutas supostas tar as he re ditárias po sistema nervoso, ou então, pronunciada preguiça e inc apa cid ade para a lut a ( . . . ) . De ss as s upo st as t aras her edi tá ri as , ( . . . ) eles, os “h ome ns de ciência”, procuram fazer t odo o fundamento da prostituição.
Na ver dad e, *Gs anar quis tas, o sabe r burguês não pode explicar dev ^am ente pi probl ema prostitucional porque teria de fa zer a çrítica çlo sistema ^capitalista, do governo e da família exis-
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tentje, teria de encarar a questãosocial-d su pe raç ã o:
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Tocar, também nos motivos1Verdadeiros da prbstiiuição, séria (mostrar uma das calamidades do atUal sistemá capitalista, e,ássim |desprestigiar um pou co a tão' celeb rada organ ização ècon ôm icopolítica em que nos encontramos.
2
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( A elim inação da prQâliftàegtoTiftm ;t m t o T'^^^ ^ a revolução social e a mudança..r-adieal-éas-esUrufaTg^eenoiriicaS' co m o^ íi m-5 o- -^ud o-e'-so teftlld d^ ^m '1 TT1íveis#<^^ gueàa. d: " ' Na nova o rdem- _so,cial, a mulher terá c o n d id ^ & ^ ^ e d d ir li-
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cas ã quanto^do -s^u tor.-q uQ_ a jahijgaLâ frdqü eátar ' bffifléfe. Enta© exisjtirá um a no va mo ral , elab ora da pa ra ’osTiòfEens’ é 'p'afa' as thúí os lhersjexos. jes, queAmbos determisenará u ftla novanaturaliÉBHte/impelídòs^Jior f o r m a t e càmpbrtãriíbnto 'eht le aproximarão tinia simpatia e atração mutuas e não pela' impòsiçaò dVmis&ria óu dáá frusjtrações inerentes a'o -casamento- biírgüês:’A pr os tit ui çã o' deixará de ser neces sária . w j O " di re ito ao pra zer ” que o s ;libertár ios reivindiepd'ipard' Ms muljheres^e ;para os homens só-posferá áèf bOhcrélMdi^lia 'fiol'k socied ade, onde todos e stàrão livres da éujèiçãó ^s mé i^sá ffid è^rh à4teriéis imediatas e também dos precoi&bitcís è pela[ religião . Os jovens rião ptfeéi&ài®^ flWtèetir se iijiiciarem na vida sexual, nem asMtiçaí^màhtérbínf-áè' o dita do ca sa me nt o: '
A virgindade é quase um crime. Gáda; seio *deve;rflbWr miírSti ser tal como a terra em flores. Muitas vezes, os anarquistas têm sido qualificados*'de'.moralis tas p acusados de não terem pr ati cad o o a mor livre qUe TfetO :fexaltarám e de condenarem práticas como dança, carnavál®’fumo, bebi da, corno veremos no próximo item. Na vérdádepuma certa morali zação da classe operária se evidencia nó discurso libertário: o vício é encarnado peio burguês, o patrão é censurado por só pensar nos prazeres materiais. Ele é apresentado como um 'bon vivant, eércâdo de ljuxo e refestelando-se -em orgias, dom-juah Mfátigávdl:'%hqháhfó queio operário honesto e sem defeitos trabálhá^inmterrupfãméhlfè.
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'A0 -liíésmõ. ifèjripQV üm á icería rdefèsa dos pad rões familiares e do modelO’-’séxüa^burguês pode ‘rse!r-percebida no discurso anarquista. Em aíguns fhofhenfõs, a luta contra a prostituição se move em de fesa ya mòfâddãdfe' de uma famíliá Operária cujos valores se asse melham em vários aspectos àqueles que fundam a família burguesa: castidade pré-conjugal, fidelidade, exaltação da maternidade. Como peftsâr ésta ambigüidáde? Ás práticas condenáveis Já se to m ou con he cid a à cr ít ic a ao mor alis mo dos anarq uis tas quando cqpdenam o carnaval, o baile, o álcool, o fumo e mesmo o fütepÒl corno vícios, sinais da degeneração da sociedade instituída.;;Pq 3fa Jo ,,u m a çe rtaÉ, assimilação, das rep res en taç ões burguesas do la^r,-do se&o,ítç|Q>alcoolismo ou do .fumo pode sgr c o n s ta ta d a no disc.tnisOjlibertário,.que revela a nítida intenção pedagógica de controtetfasTormas de lazer do proletariado. Por outro.’lado, é insuficiente constatar a cóntradição ‘que permeia este. discurso que, ao mesmo tempó^ddé pi eg a d- ám or li^rre e d direito do" pr az er pa ra homens e mulheres, condena a dança, o bar, a bebida ou o esporte. Talvez se4*possa enve reda r por uma .outra dire ção e p èrg un taL Sobre os ob.fMiWs-% ds dd ve rs ár io s -visados* pela *dou trin a an arq uis ta. G que diiáef^ ffesp bito dá sLdéCessÍdadés que pód eriám est ar pp r trás destas 'híuití priipéiro momento, todas as formas de lazer promovidas péíás clashes dominantes, do baile ao futebol, são censuradas como prMdás ifcrais que; visam èrifraquecef e entorpecer a classe operáíiál désviápdd-ia do cumprimento de sua função histórica revolucíoíiáriá ^'0 c^rhaval é associado à idéia de degradação do indivíduo, è VistÒ cómp ato/ dè imoráíidadè, representando ò momento em que ó:'trábálÍB
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cem, e morrem, vitimados pela sua própria culpa, perdendo noites de sono, inge rindo refres cos gelados, tendo o cor po a suar por V todos os poro s, caminhand o horas inteir as, sob um sol caustican te, j ruf ando cai xas, toc ando bo mbo s, emp unha ndo es ta nda rt es . ( . . . ) / O carnaval é uma imoralidade!
A mesma imagem do trabalhador que abandona o aconchego do lar emenquanto troca doa bar, deixando seus filhos doentes e famintos chorando, mulher se desespera e a filha se prostitui, tal como aparece nos romanc es natura listas d o século X I X , a exemplo do Germinal , de Émile Zo la, é sugerida no discur so ana rqui sta ao criticar o bar: (...) se em lug ar de as passar (as poucas horas de descanço) na taverna ou em outros antros do vício, se as passásseis nas asso ciações discuti ndo e troca nd o idéia s uns com os outros sobre os assunt os q ue. vos int ere ssam m ais de pert o ( . . . ) chega rei s à conclu são de que é melhor, mais digno e mais humano exigir do patrão um ordenad o suficient e p ara sustentar a . família do que t raba lha rem mulhe res e fi lh os para o própri o sus ten to.( . . . ) ... .. Albino Moreira (A V oz d o Tr abalha dor, 19-3-1913).
Recrimina-se o operário que, ao invés de lutar pelos interesses de sua classe, aliena-se nos “antros do vício”, bebendo, jogandp, fumando, desperdiçando tanto seu dinheiro quanto suas energias, enfim, fazendo exatamente o jogo do inimigo. O trabalhador politi zado é aquele que se mantém lúcido, consciente da guerra cotidia na que se trava entre as classes, que acumula energias para empre gá-las no momento certo e que, portanto, sabe quão importante é reforçar os laços de solidariedade que o une aos seus. familiares e a seus companheiros de luta. A taberna deve ser evitada porque é um espaço privilegiado da alienação política, lugar onde se con traem os grandes vícios e se perdem as grandes idéias. É interessan te observar que exatamente pelo motivo oposto o bar é condenado no discurso burguês, ou seja, porque é o lugar da germinação e propagação de idéias subversivas, entre outros vícios. A Ter ra Liv re , de 23-10-1906, publica um artigo endereçado “Aos jovens”: A vós que só pensais em vos divertir, que para nada vos ocupais da vida social, que, ao sair da Oficina, correis à taberna- ou ao lupanar, a vós me dirijo, como muitos outros têm feito pedindovos que sejais homens verdadeiros, que deixeis de ser bestas como
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tendes sido, embora penseis ao contrário, que estudeis trocando a venda e o lupanar pelo centro de estudos alcançando a dignidade e a força de ser pensante e consciente dos seus direitos e do seu valor. Jo sé Po sti go .
O centro de estudos versus o bar ou o bordel; o estudo, a conscientização versus os prazeres da bebida, do sexo, do fumo; a razão versus os sentidos; o espaço ventilado e higiênico versus o salão abafado, escuro, aglomerado de corpos. Além do que, a ta berna é o lugar onde o operário aprenderá a beber, se tornará um alcoólatra e será perdido para a revolução social. Dupla arma dos capitalistas, o álcool deve ser combatido: àqueles interessa o au mento de seu consumo pela classe operária, tanto economicamente quanto por mantê-la num estado de ignorância e de alienação polí tica. Assim, o ^Jcool é condenado no discurso anarquista como fla gelo das classes trabalhadoras porque degrada o operário, transfor ma-o num ser émbrutecido, arrasta-o para o submundo, entorpece seu raciocínio, retira-lhe as forças, a perspectiva e a iniciativa para a luta de emancipação social. Na medida em que condena a bebida e o fumo por enfraquece rem física e moralmente o trabalhador, o discurso anarquista se aproxima do burguês, segundo ò qual são necessários homens fortes e sadios para “ construírem a riqueza da naçã o” . Num e noutro, o bordel, o bar, a bebida, ò fumo e o jogo são condenáveis porque destroem a saúde e o caráter do trabalhador: para os libertários, o operário aliena-se, despolitiza-se e degenera-se; para os dominantes, ele se perde como força produtiva e se corrompe porque adquire idéias e hábitos subversivos. Não existe no pensamento burguês uma linha divisória entre vícios morais e idéias pol ític as: ambos são nefastos para o espírito do trabalhador e para o crescimento da na ção. Evidentemente, no discurso anarquista ou operário em geral, a causa do alcoolismo nos meios populares encontra-se no tipo de so ciedade em que vivemos, onde a bebida, o fumo, o jogo surgem co,m o válvu las de escape diante de um co tidi ano m ass acr an te. No dis curso do poder, por seu lado, a questão remete à falta de cultura/ de educação e de civilização dos pobres, ainda em estado pré-civilizado. G baile, por sua vez, é censurado como prática imoral, alienante e corrompida, pelas tentações que desperta ao aproximar os corpos de sexos diferentes. Os anarquistas concordam com a moral burguesa que condena
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a dança diante da ameaça que representa o : aqnta to fís ic o des jpvens e por alie nar o trabalh ador de sua missão! histó rica: Quando começa o baile, assiste-se à cena mais repugnante deste mundo, capaz de nausear as próprias meretrizes. A orquestra entoa as primeiras notas para saltar, ê todos aqueles espasmados mancebos correm como loucos em busca da mais bem feita, para» satis fazer a ânsia de a apertar nos b raços, de Il h e , revelar - r- iSpb fo rm a de am or — todo o seu desejo de posjse, po is ,que da qpele ( . . .) enlace libidino so ( . . . ) , daquelas' cóc egas , nãò p pde res ul (A Terra L i vr e,, 5 tar senão a excitação dos sentidos de ambos; 2-1907).
Até mesmo o futebol não escapa à crítica veemente dos anar quistas como prática degradante qup embrutece p trabalhador e des perdiça suas energias, que deveriam ser canálizàdás pam á milifancia política. j Não obstante a frequência deites artigos-ná imprensa; anarquis ta, reprimindo estas práticas festivas, devemos lèmbrar qu§; também eram comuns os anúncios ou comentários de. cluindç» bailes após as sessões de conferência ou de ;pní®é;manifes tação política. A título de ilustração, um cartaz de  Plebe, 22-j7-1922, convidava: GRANDE FESTIVAL PRÓ-A PLEBE Organizado pelo Centro Libertário “Terra livre” realizar-se-á no dia 12 de agosto, às 20 horas, no Salão Celso Garcia, sito à rua do Carmo, 23. Este festival obedecerá ao seguinte: f PROGRAMA I — “A Internacional” , pel a orquestra; 5 II — Co nf er ên ci a; 1III — Será levado à cena o bèlo drama histórico e social, ém quatro atos: OS CONSPIRADORES; j IV — Baile Familiar. l Nos inter valos haverá quermesse e venda de flor es.
; Fic a evidente a intençã o pedagóg ica que per me ia o discurso anárquista,e preocupado em formar o entende-sé militante político conscience, combativo produtivo. Nessa medida, omoralismoidèsta doutrina que visa atingir um número cada. vez maior deTrqbal3h§ipres je trazê-los para a causa da revolução, fazêdqs manter, u®a »cpnstância relativa na participação nos centros de estudo, na leitura dos 114
jornais operários, nas discussões com seus companheiros e nas mahifeslá|8Ís^iBlieas/tíirármánèira de viver, pode-se dizer, está comprometidl'Bbm este discürsò: não se trata apenas de introduzir uma série dê: interdições, impedindo que òs operários joguem, dancem ou bebam nas horas de lazer, mas de interferir positivamente, fazéndõ' óòiòi^qitè' sé‘-engájeih- póliífcaménte e que abram'mão de uma atividade ehS benefício dèòütfas. Aléhí distò, pode estar em jogo uma questão mais profunda. A condenação véèmente das atividades festivas, de bebedeiras, far ras, freqüêiidias a bares e bòrdéis, fumo, nesta perspectiva, visaria -menos a repressão e a vigilância efetivas, isto é, teria. menós uma função negativa do que visaria funcionar como mecanismo de autodefesa e de prpteção da classe trabalhadora . frente à violência da dominação çlhssistá. Como outros tantos grupos políticos que se cònsidèrãm representantes do proletariado, os anarquistas se vêem na obrigação de defender os representados contra a ação punitiva dós dominantes. Reprimir o alcoolismo, a embriaguez, o fumo, e cohdénâr o boteco e o bordel significa proibir tudo o que possa dar márgem ou pretexto para o poder atacar. O reforço da sanção morãl :pÔderia ser uma maneira de escapar da penalidade do Estado e da violenta repressão policial que recaíam sobre o trabalhador e òs;pobres ém geral .44 Além disso, e$ta tentativa de regulamentar a moralidade cotidiana da vida social seria uma maneira que os tra balhadores teriam de assegurar sua própria ordem e, deste modo, destruir a imagem operária fabricada pelo adversário, segundo a qual os' èlemêntos das cl as se s! socia is 1inferiores são seres pré-civiíizados, irresponsáveis, de vida desregrada e de hábitos perniciosos. O que, por sua vez, justificaria à mobilização de um enorme apa rato policial e judicial repressivo. O que estaria em jogo na conde nação dás práticas referidas seria, então, a luta para desmistificar no plano do real a imagem imoral do trabalhador construída pelo discurso do poder e para convencer a opinião pública de que o imi grante podería comportar-se de acordo com a ética moral dominan44. E. P. Thompson, “Luch a de clasês sin clas es?”, i n: T radi ción, R evuelta y Barcelona, Crítica/Grijalbo, 1979, p. 31. Neste exce lente artigo, o autor mostra como a cultura dos dominantes pode ser reaprópriada no interior das práticas dos trabalhadores. Para Thompson, o conceito de hegemonia está intimamente ligado à idéia de encenação e de teatro. Neste, a construção de um contrateatro por parte dos dominados marca a possibilidade da imprevisibilidade da ação. Ver Michel Foucault, La Verdqd y L as Formas Ju rí dica s. Barcelona, Gedise, 1980, 4.a Conferência. C onsci ênci a de.C las e,
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te, negando assim a necessidade do aparato policial constantemente mobilizado pelos patrões e pelo Estado para conter os impulsos po pulares. Ao anarquista perigoso, subversivo, corruptor de menores, assassino, ladrão, promíscuo e grevista, que a lei Adolfo Gordo ex pulsou do país, contrapor-se-ia o operário produtivo, honesto, vir-, tuoso, educado, comportado, disciplinado, cumpridor de seus deve res, mas consciente de seus direitos. Trata-se, portanto, deo demar car nitidamente as fronteiras que separam o vagabundo, desor deiro, o imoral, de um lado, e o trabalhador pobre, sério, produti vo, disciplinado e civilizado, de outro. A condenação moral de certas práticas sociais visaria conseqüentemente garantir o controle sobre a organização do lazer ope rário, proteger o proletariado contra a violência do exercício da dominação burguesa, e formar o militante combativo, dedicado, la borioso, figura com a qual deveriam identificar-se os trabalhadores urbanos do período. A construção deste modelo normativo, de-com porta men to, militante refletiria num espelho anas imag em, do do tra balhador que, inúmeras vèzes, como aparece desenhado páginas jornal operário: jovem, forte, saudável, símbolo do. crescimento eco nômico e do progresso da nação, garantia da possibilidade do novo mundo, contra-imagem da projeção burguesaAÀ representação ima ginária do operário bêbado, fumante, decaído,''selvagem e arruacei ro, o trabalhador sóbrio, sério e produtivo; 3 )operária prostituta. .debo chad a, ameacadora-maxa os casamentos m c ^ g â n ^ o s .- d as»>&tasses pr ivile giad as, a j: ra h,albad ^ r i i ^ lia, austera e asseada.,.Aos jovens que levam “uma vida inútil .e .ve nenosa”, os militantes estudiosos, combativos, enérgicos e rngienizados. À imagem de um mundo operário confundido cqhi d , sub mundo da marginalidade e da criminalidade,, contrapor-se-ia o mun do do trabalho e da luta, associado à noção de produtividade e de progresso.
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III. A PRESERVAÇÃO DA INFÂNCIA Apropriação Médica da Infância
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De hoje em diante ficais sabendo que a higiene é a parte da medicina que cuida da saúde de pessoas, estabelecendo as regras do modo de viver com cuidados imprescindíveis, sobre a habitação, a alimentarão, o vestir, o dormir, a educação, etc. Dr. Moncorvo. Filho, 1901.
Na empresa de constituição da família nuclear moderna, higiê nica e privatiVa, a redefinição do estatuto da criança pelo poder médico desempenhou um papel fundamental. De uma posição se? „A..manr S âi ó i j a â l d â t i l l â n ^ ^ cen iiaLnO-inlfixiOJlxk^^ e aten ção espeeiáh tratamento e alimentação específicos, vestuário, brin. quedos e horários especiais, cuidados fundamentados nos novos saberes racionais da pediatria, da puericultura, da pedagogia e da psi cologia .1 Se, até o final do século XVIII, a medicina não se interessava particularmente pe la infânci a nem pelas mulheres, o século X I X as siste à ascensão da figura do “rèízinho da família” e da “rainha do lar”, cercados pelas lentes dos especialistas deslumbrados diante do desconhecido universo infantil e do território inexplorado da se xualidade feminina. A conquista deste novo domínio de saber, o objeto-infância', abriu as portas da- casa para a interferência deste corpo de especia listas, os médicos higíenistas, no interior da família. Através de três 1. Phillipe Ariès, História Social da Criança e da Família. Ja ne ir o, Za ha r, 19 81 ; J. Don zelo t, op. cit.
2.a ed., Rio de
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as peças eram reaquecidas para o acabamento”. Com isso, as crian ças operárias acabavam trabalhando ainda mais que os mais-velhose quando a rusao do vidro retar dav a, aumentavam par a onze, do ze e até quinze horas de trabalho ” .30 Se o retrato da exploração infantil foi tema constante nas pá ginas da imprensa anarquista e operária -em geral, 'a problématizacão da por relação c o direções. m ’a infâncNão ia par a os' libertários certamen te.enve redou outras apenas uma atitude defensiva de denúncia da violência fabril, mas um pensar .sobre a formação do, ho.mem novo, desde a mais tenra idade. A pedagogia libertária, e a formação do homem novo
Como então formar este novo personagem capacitando-o a con viver com as mais variadas diferenças, de idade, sexo, cor, nacio nalidades, sem todos estes preconceitos que. nos atravessam, crian do tantos desencontros, tantas dificuldades de comunicação e en-' tendimento? Seremos capazes de quebrar tantas molduras, de desfazermo-nos de nossas máscaras? A infância é uma esperança. Uma educação especial, capaz de respeitar sua individualidade, de dei xá-la falar em sua linguagem, sem ter de suportar obrigações, deve res, punições. Por que não deixá-la encontrar seus rumos, expressar sua diferençassem recriminações? Suportaremos não nos yer refle tidos em suas pulsões infantis,.como diante de.um grande espelho, cujas As formas projetassem nossasabrem imagens reduzidas?.sedutoras.. Afiexperiências de/Ferrgfi perspectivas nal, em B arc elo na , 1 9 0 1 , põe e m .p rát ica , suas idéffas,-' seu. projet o . educativo e funda a “escola moderna”. Por vários anos, a imprensa, anarquista homenageia. Francisco Ferrer y Güardia,. na data de süa morte: fotos, artigos, poesias, manifestações públicas., Q fuzilamen to em 1909 pelo governo autoritário. espanHòl é rememorado na.' poesia publicada em A P le b e ; ’■ ’■ A M E M Ó R I A D E F E RR E R Educar para a vida a mocidade. Para uma vida forte e sem mentira? Horror! Isto é a anarquia, isto conspira ■Contra o céu, mais o trono, mais o 'abade! ■ 30. I dem, p. 117. 146
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•' M or te ao infiel, ao que à lo uc ur a aspira! A Terra é muito nossa propriedade, Não deix emos, m orrer a auto rid ade, Co mo se esvai „o fumo duma pir a! ' Morte ao inf iel — E a terra horroriz ada Viu á ressurreição de Torquemada . Dum m ar de da sangue, horrívelsanha, e irac un do ; Num renascer inquisitoria . Viu F er re r sucum bir dentro da Espan ha, — Pára. vive r no coraç ão do mun do! Beato da Silva
O que se pode esperar da educação tradicional, senão que cons. titua indivíduos PaárjJiiizadQ a^j dbl cek ^ ? Ê para isso"’que sqgve a escola burguesa: .para fazer as pessoas .acei tarem cegamente as no rmas, estabelecidas, para incutir valores so ciais e morais da classe dominante, para produzir e reproduzir in divíduos concebidos à sua imagem, E isto através de relações auto ritárias, punitivas, coercitivasy estabelecidas entre professores, de um lado, e alunos, de outro.;-A escola não nàsceu para disciplinar, como afirma Ariès?
O eixo da crítica formulada pela pedagogia libertária dirige-se"' contra o exercício dò. poder !mas—relneQes~--q-ue~se.„pj:Q.duzem...em to, dÃF^õs^spãgSF de soçiá,bliida.de:. na escola, na casa,, rio trabalho, nos luiáres.de Iazêr/FefEerpropõe um tipo de escola que.não incentlve o espinto ..de.:Co,mpetição'entre as.cfmnpfo, pomo-oçorre .nos institutos, disciplinares burgueses, mas que crie condições para a descnheria dft-nnvfl,s na r.pQpp.rflçãn, ria- confiança e no. respeito mútuo. A escola-racional ou moderna não .pbete:ri3tó"?e^i2*ar'. urria’grande obra de ortopedia social, .nem se grega as pe.ssoas/.segunçlo', as suas diferenças. Ela pode- ser freqüentada -por indivíduos de. meios sociais diferentes, de idades variadas,, de ,am|?(Dá7ósdex&Âsylscolas. mistas facilitam o convívio e o cohom%s7e‘^^mTEerès, colocando-os numa relação ^^LJiigPiiiiãliÍ8>d^«,»d£ sdd' cedo, A edu ca çã o a narquist.a...devx^fazer„da>xidanca_umm l^ n imai seivag em '', na expressão , da pedagoga . sueca. Ellen Key (1 8 94 -1 92 6) , colaboràdora do Boletirn. da.-Escola Mo.de.rna -publicado por Férrer entre 19Ò1 e 19 09 e admirada por M ar ia' La ce rd a de Moura: porq ue ' ela deve,.te^XriJ.ÇÍ.qdX 4j vontade firme, tornar-se um conquistador,
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um ser observador, cheio de imaginação, forte o suficiente para po-,
s n r T ã l T " p e T ^ ^ e u nda nt e s , e hs i n a ncio-a a a c o mo d a r - s e , a não s e rebela r, a obe dec er às inúm eras interd ições: ' “ é pr oibi. do. . . O nov o homem deve ser cap az d e and ar so b re •as. p ró p ria s^ / -e=r«sS3teassi — .. Jy.!.,...». (X pernas, voar com asas seguras para espaços novos e dqscp.nhecidosV^ ....
.....
aven turar-se, m ergu lhar profu nda m ente. N ada diss o -é possível com uma educação que exige, obediência ejpJ^iissão: aos pais, aos mes tres, aos chefes, aos governantes, aos preconceitos, a toda sorte de imposições. E que cobrâ um alto preço aos que se recusam e pre \ferem escolher um caminho próprio. .V A co nc e pção libertária da form ação do homem novo se cho ca frontalmente com o preconceito burguês de que os castigos e a re pressão são instrum entos necessários e funda m entais .para a fo rm a ção do caxáter desde a máis tenra idade. N stJr ê p rè s ê n tà ç â c r'biílrgoe^ sa,)a criança se assemelha a um selvagem em que prevãT^em. "os in st in to s qu e, por n' atu réza 7~ sa õ”p en g õ sò sm àK fiç q s.„ q y ,e de ve m se r d om esticados pela ra zão .* Está oposição entre natu reza-e cultura aparece nitidamente numa comunicação, apresentada no l.° Con-. gresso Brasileiro de Pro teção à Infância por Tacia no . Basílio, em 1922, cujo eixo é a defesa do Castigo às Crianças:
Com essa orientação racional, só há vantagens em reprimir com firmeza as más inclinações, infligindo-se. gradativamente os castigos.em geral, para que a criança perceba obter maior lucro para si na abstenção da prática, de determinados atos. Ligará então a idéia de ao que lhe familiar é •pérmí tido e de rriaí que he l ■é vedado ou'bem na linguagem, •'se'r‘á - ‘bonifú' ;s.è;t t-ão 'ao 'disâgriádàr aos pais no efe iacasò contrário.31 ' A repressão das tendências naturais da criança deverá ser, se gundo ele, tanto física, através dos castigos’corporais, safanões; pal madas e bofetadas, quanto passar de modo sutil pelo gésto, pelô jo go do olhar, pelo tom da voz, ou pelo silêncio pesado. À/coHcepçB*^ exatarhente ò opôsto’ destnt forma de relacionamento opressivo com a criança: busca fÒrriiàr pèSsóas crííicas, desenvDlx erL^ue s.p on4^^
o homem das
31. Basílio Tácito, Castigo às Crianças. Memória apresentada ao I Con gresso Brasileiro de Proteção à Infância. Riò de Janeiro, Revista dos Tril-'iinais, 1922, p. 11.
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iiiihem^fiiL^^ ■atr av és, de uni' outro .procediment o pedagógico. Partindo de uma o u tra representação da criança, os anarquistas’ não aceitam que clare ia. esta “cera mole", na expressão do dr. Moncorvo Filho, onde de vem ser inscritos os preceitos de uma moral puritana, ou um peri goso, iel vã ge m em que predom inam instintos per versos. Ao contrá. rio, pata os libertários, a criança possui aptidões naturais positivas . .
que as práticas pedagógicas devem ajudar a desenvolver,. A educa ção deve respeitar á personalidade infa ntil, a tribuindo imporra n d a |s suas nec es sid ad es ' remsó_£_j*mfundas. Recup eran do a fé rousseauniarta na bondade natural do homem, os anarquistas conside ram que não há por que reprimirem-se as tendências naturais da in fância por uma educação autoritária e vitoriana. ■:Fer re r ^criticava . os niétodos de ensino da escola trad iciona l, instrumento dommacão-_de classe: a escola racionalista não deveria ser esta “espécie de aparelho para exame ininterrupto que acompanha em todo o seu cumprimento a operação de ensino", ..
como.diz Foucault .32 Nada de exames codificando, registrando, ano tand o, informaad.Q:se. sobre, cada gesto do aluno. Nejii„;pi:em-iGs, nem punições., nem castigos físicos' ou morais, hierarqui-zando os indivíduos, distribuindo-os nas escolas do melhor ao pior, do mais bem comportado ao preguiçoso, estimulando as rivalidades....e-caralogan do. . . Contra o sufoco da educaç ão burguesa, Ferr er pretende que a escola moderna consiga fazer de cada aluno seu próprio professor. E si un dia , con ei ardor y la liberíad que nos deberán , çombaten los dogmas de nuestra imperfecta sabiduria, tanto mejorl
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A esc ola racionalista é laica e pr iv ad a, pois sendo a religião e
o. Estado, sustentáculos dos privilégios sociais só podem oferecer um ensino autoritário e dogmático, a serviço dos dominantes. A cultura deve ser democratizadá, seu acesso facilitado às camadas slesjjivoàs sjaj^Lmeceestétvées, recidas da população e deve estar adaptada sem a parafernália dos conhecimentos livr.eseos e inúteis. Nenhuma classe ou grupo social tem o direito de deter o monopólio da cultu ra: na sòciédade burguesa, o saber torna-se uma arma nas mãos dos ppderosòs;. a verdade semprêHihes pertence. Mas não se trata sirrirfÕpna^ò^do saber, É também a própria ciência, 32, Michel Foucault, Vi giar e . P uni r, op. ci i ., p. 166. 33. H. Hoorda Van Eysinga, "Le pedagogue n'aime pas les enfantsü H oleti n de. la Excuela M oderna . Barcelona, Tusquets. 1978. p. 15.
i n:
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que se constitui pararíegitimar a dominação, que deve ser questio nada. Com Bakunin, ^Fep:wc©mpartilha da desconfiança em reMçtío ao eientificismo, considerando a ciência não como um-saber neutro mas como “instituição de classe”. Não é à" toa, afirmà eièj que aque les 'que detêm o po der “ esforçando-se por >co ns er tar ás crenças sobre as que antes se baseava a disciplina soeialy trát-aram de dàr às concepções esforço científico uma signifibação 34'Bakuhin, ..que não poderíaresultantes prejudicar do às instituições estabelecidas”. por sua vez, nptmha_àciência oficial, posta a séryiç.Quda burguçsia; a ciência popular; oue devería' -estudaFêã' e^aè espe ran ças do po vo . . T ^ ê g u n ^ a dout rina a nar qui sta , o con hecim ento deve ria baséarna .. e não nas “longas e íatisantes nretec sem sentido” (A Terra Livre , 2 3 -2 -1 9 0 7 ). Assini, O que é verificável pelo lógico próprioparaluno, o que demonstráveí, o que é acessí vel, cl aro, a a cria nç a,é o. que el a pode por si mesm a descobrir ou desenvolver — iáso será preferido a ! toda s as divagaçÕes me taf ísi cas oiui filo sóf ica s, a todas as afi rm aç õe s impostas pela autoridade do pedante, que não podem senão habi tuar à. preguiça intelectual.
; Ao con trá rio da con cepç ão srcin ária de edu car — do latim que significa endireitar o que está torto, concepção que justifica a adoção de métodos autoritários de unqüadrariiéntp da infâhcía e da adolescência — , a escola racion alista pretende favo recei: o desenvolvimento das' t é n ® profes sor tem pou co que ensinar, más deve obser var ‘/mu ito, apro veit ar as circun stân cias par a que seu aluno desc ubra po n si mesmo os inúmeros fatos de todo gêne ro, as min t j s E têm en tr e s iT l^ n ^ moderna,, *:.. educare,
toda impQrí cãíx^ iagm áMc q u alq ue r, ipcursão na járea metafísica abandonada e, pdueo a pou co, a experiência,, fo r mava a nova ciência pedagógica, não só por meu empenho, mas pela ação dos primeiros professores e, em ocasiões, até’’’pelas dú vidas e manifestações dos alunos.3 435 B oleti n de la E scueí a M oder na, op. ci t., p. 14. 34. Albert Mayol (Org.), i n: 35. iMaurício Tragtenberg, “Francisco Ferrer e a pedagogia libertária”, Educação & Sociedade , n. ° 1, 19 78 , p. 30 .
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O processo de^ ?razero$ visando
deveria realizar-se de maneira &V'como os ]og.os, ejamjíâlaidzadas
arrancar o: aluno das salas de aula com mutismo e quietude insu por táve l, car acte ríst ica s da . m orte , substituindo-as pela. alegria e bem-estar infantil.
Afinal, continuava A Terra .Livre (23-2-1907), a escola não deve ria-,sèr uml nga r. de tortura /r id d o j a ^ s u ,^ ^ , m ^ ^ T ^ a n o ^ p ra z er , onde.e las s é:s entissem à vo nt ad e e o ensino fosse, oferecido como uma diversão, procurando aproveitar a sua natureza irrequieta e alegre, as suas faculda des e sent imentos ,, falando mais ao o lh a r que ao . ouvi do, dedicando-se mais à inteligência do que à memória, esforçando-se por desenvolver harmônica e integrálmente os seus órgãos.
A experiência e os ensinamentos de Ferre r y Guardia, que n a . década de 80 do século,passado viajara para a França, onde entrara em contato com pedagogos e com instituições educativas inovado ras ,..sã o 'discutidos na imprensa anarquista em. inúmeros artigos, ao lado de outros teóricos libertários, como Sebastian Faure e Eliseu Réclus. Seu projeto educativo é propagandeado desde antes de sua mórtê, embora, as primeiras escolas modernas no Brasil surjam em 1920vips comitês pró-escola racionalista debatem as idéias pedagó gicas daquele espanhol por vários anos antes da sua fundação. Em A T er ra L iv re (l.°-l-1910), eram expostos os objetivos deste projeto, edu cac ion al: . . A Escola Moderna propõe-se libertar â criança do progressivo . envenen amento moral que por meio de um ensino baseado no misticismo e na bajulação política, lhe comunica hoje a escola religiosa oú do governo; prOvqqar junto com o desenvolvimento da inteligência a formação do caráter, apoiando toda concepção moral sobre a lei de solidariedade; fazer db mestre um vulgarizador de verdades adquiridas e livrá-lo das peias das congregações . ou do Esta do , pa ra que sem. medo e sem re striç õe s Ibe seja possível ensinar honestamente, não falseando a história e não escondendo as descobertas científicas.
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Assim como Proudhon e Bakunin.. Ferrer propunha , a supera ção da divisão entre trabalho,-;manual e intelectual,, de modo que' a humanidade pudesse recuperar súa unidade srcinária perdida, A sociedade cindida entre aqueles que detêm o saber e aqueles que executam as tarefas braçais só pode' comportar relações cíe dominação; assim, a superacãi poderia ser. conseguida na medida em que todos sTFiTünãh^âminte atividades manuais e intelectuais, sem. da instrução a_~iins~.e... todo trabalho físico e alienan_te— a— qu-í-h-^. Portanto, desde a própria escola;’ o aluno deveria participar da fabricação dos instrumentos didáticos, da manutenção das J salas. do cuidado com jardins e blbliotecai^tornando-se um sujeito ativo no processo pedagógico .cm^.todojL-Q.s .sentidos, O que seria, também, uma maneira de quebrar a. hierarquia e 'a distância dos papéis atribuídos a professores, alunos e funcionários,"'evitando' 'que cada um se especializasse rigidamente em uma atividade limitada. 'Além disso, deféndia-se a aprendizagem de um ofício manual na escola, que habilitasse os alunos pobres a enfrentarem as contingências A preocupação com a valorização da criança .. em todos os sentidos, com o respeito à sua particularidade, como ser que tem vontade própria e diferente da dos adultos constitui um dos princi pais pontos dá proposta de educação libertária. A denúncia do abandono dos pequenos a uma educação emboloracla, tradicional e alienante,-“em que a vontade individual era tida como um defei to, que a todo transe era necessário expurgar” (/I Terra Livre , 2-4-1907), remete à questão do direito das crianças; Pois à pergunta: a quem pertence a criança? respondo resolufamente: nem à família nem ao Estado, mas a si própria,- E ao suposto direito da Família e do Estado cujas entidades não têm respeito peba criança débil, ignorante e desarmada mais que deve res, oponho o direito Criança (sic). A criança tem direito ao pão do corpo, desenvolvimento físico: ao pão da intelig ência, desenvo lvimen to. intelectual * ,,e ao pão. do coração, desenvolvimento do seu ser afetivo (. ... ). (A Te rra Li vre , 1
. ° - 1- 19 10).
pretende ser eliminando romeiras que opõem o trabalho manual e o intelectual e as as relações de dominação decorrentes. Meio de superar a alienação do homem, a ‘‘instrução íntegraiT7, impediría que o saber estivesse nas mãos
de uns poucos que ditariam,, a todos os demais os caminhos a serem ...perporridos, . per mitiría , o desenvolvimento harmonioso de todas a§, pdténcialidaçlee humanas. Assim, a criança trabalhadora, que -na soci edade , burgues a é ma rginali zada, transform ada desde cqq q' é m l‘‘ 3bqrrò...dç..ca rg a” , porque, muito nova precisa entrar na fãÈ.riQà e s.úbmeter-se às vontades dos patrões, dos contramestres, dos próprios’Op;erários\e ainda às exigências d.a máquina, podevia ema.ncipár*se,; a autogovernar-se e a fazer valer aseus pró prios desejos.- aprendendo Afinal, mesmo que na sociedade burguesa criança pudesse freqüentar a escola e o trabalho infantil nas fábricas fosse proibido, analisa Eliseu Réclus, que tipo de instrução recebería? Úm saber.incompreensível, absurdo, decorativo, que lhe seria passa do à força, como obrigação, O absurdo da. educacão.e do saber burgueses: obrigam-se as crian ças a assimilaremJadiLUJQLi ^ ^ .desnecessá rias p a r ca1. no interior de espaços ce lula res, fechados, onde se exerce uma vigilância ininterrupta sobre todos. Crianças: vocês não devem brincar, nemnem fazer algazarras, gritarAsoucadeiras agitar, nem devem colar nas provas, virar para o lado. já estão fixas nos devidos lugares, todos perfeitamente enfileirados. Tudo o que importa é garantir a ordem aqui dentro, lá fora e em toda a parte, literalmente. Sem turbulências, sem agitação, sem risinhos e coehichos. Crianças-operárias, crianças-estudantes, o con trole disciplinar não faz distinções de alvos: incide sobre todas. Ela deve aprender a respeitar, isto é, a temer, a submeter-se aos superiores hierárquicos, aos horários, aos regulamentos, às instru ções, responder devidamente aos estímulos, na instituição escolar ou processo de trabalho. materialidade dosinstruí-las edifícios, comnogrades'é cercas por todos Aosprópria lados, deve servir para quanto ao código ético aprovado. Cerfamente, mais que em outras doutrinas, o interesse pela educação ocupa posição de relevo no pensamento anarquista. A preocupação em alfabetizar e instruininxL-Q.timer.o.-cada_ve 2: maior de possíveis leitores dá imprensa libertária...e..-di£:-,SAra^--fiub44&afQ^s--dg)utrih árias ‘ é1 propagandístic as justifica também ’ seu interesse—pelo pròiètó edu ^ãfivo. k Qs/^ornak^desempenharam papel de destaque no processo de conscientização proletariado e atuaram comoexistentes centro denoorganiza ção darclasse. Osdoinúmeros jornais libertários começo do'século no Brasil, como A Lan tern a , A Terra Livre, A Voz do Trabalhador, O Amigo do Povo, La Battaglia e A Plebe, entre 153
outros, tiveram uma tiragem relátivamente expressiva em São Paulo e no IRio' de Janeiro, durante sua existêndia.. Alguns possuíam uma biblioteca, como A Terra Livre, O Amigo do Povo q À Plebe, .cujo acervo era const ituído por obras de teóricos ’do artárqüismo: Malátesta,| Kropotkin, Bakunin, Neno Vasco^José-Òiticicã/Gigi Damiàni;; de romances de autores nacionais e estrangeiros, entre’ Os quais figuram Eça de Queirós, Fábio Luz, Afonso Zola, Alexandre Dumas, Tolstoi.36 cujoSchmidt, primeiroÉmile número apa A Lanterna, rece em março de 1901, dirigido por Benjamin Motta, tem inicial mente a expressiva tiragem de 10 mil exemplares, aumèntando de pois [para 26 mil, embora posteriormente se estabilize em cerca de 6! mil números. A Voz do Trabalh ador, refundado em 19J3, atinge uma tiragem de 3 mil exemplares iniciais e ém oito meses passa para 4 mil, segundo informa o 3.° Congresso Operário Brasi leiro (COB). Portanto, como o próprio COB afiifmava, a imprensa aparecia para os anarquistas como “o meio mais eficaz para orientar as massas populares”.37 (Esta valorização especial do projeto educacional libertário • também pode ser explicada pela objetiva inelutável inscrita no desenvolvimento Histórico. ’’Ôs-Über•tariois'nao a c re d i ta m è m u m •pr õgf e s s ® “ ciéflíi- . ficamente assegurado” no curso da história, levando à criação dá nova sociedade. Para eles, qualquer mudança radical dependería do esforço pessoal de cada um no séntido de sua' aüto-eniahçipação e aí Çaberia um papel fundamental à educação enquantpdfqrmadqra do homem novo.. O esforço/educãti?\ nesse sentido,,/figurá como uma açã o mo ral e como um dos meios da aeão' di ret a: ta nto qu anto . o boicote, a sabotagem ou a greve, à edüçaçaoj mèif dé superar a- alienação a que o homem,está déstièadó'úà‘sociedade-huirguesá, (L_uma arma, de luta do pr oleta riado p o r ' süá autòleihahóip áção, serti depender das falsas mémações^reprèséhtadàs pelas' escolas públicas autor itárias ou pelo parla men taris mo. ' . . i Aprofundando esta discu ssão, Cfèio que o que torn a a educa cão um valor social para os anarquistas é sua própria jzbncepjçMo  ã revolução social\A transformação radical da sociedade, ao con
36. >her a respeito E. Rodrigues, N aci onali smo e CU ltura Soci al. Ri o ; de Ja n e ir o , L ae m m e rt , 19 7 2; Boris Fa us to , op. cil.\ Francisco Foot Hardman, op. cit.
37. Extraído de Michael Hall e Paulo S. Pinheiro,
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op. cit., pp. 198 e 217.
Wm4»mi r*
— v jsju. te ar io -do que ^p regá m os ' ma msitòè^ •’ri㮕-lexigê^. prim eiram en te o assalfo' acr P.Qj3j^da_aP iiratC LJSS ta^ ^ re estruturadas todas as relações sociais, a partir daquelas que se constituem no âmbito da produção. Na doutrimaJanamuista. a recriação dà sociedade não é obtida pelo jogo político: a tomada^do áparelbo .:doJfctgdgjião se constitui numa preQCJimcãojanmdra. O Estado; aueiMbede a livre organização •dà' soè íéi lád è; delve ser suprimido e não apr op ria do pa rá possib ilitar a tránsformàçãò da estrutura econômica e social. Por isso mesmo, og ana rqu ista s‘recus am a párticipaCãb na M a política "parlamentar. ou, então, à constituição de um pàrtidò político centralizado que deveria dirigir o ’movimento revolucionário de transformação social. Recusa que a historiografia tradicional considerou como índice da fragilidade de sua capacidade organizacional e não enquanto pro duto de uma outra lógica, que revela uma concepção diferenciada da política.
Ao co ntrá rio do marxism o, o. anarquismo não se afirma c om o ciência, nem pretende obter um conhecimento totalizante, científico ■c,,j ^ j g e t ^ pplmbaT Nem mesmo se coloca. ■.co.mQ..,....uma—teoma-xom-pleta ou ■.como único, cap az de co nhe cer cien tific ame nte . a^hi^rià^e^.pprtâ^to, dé jefaboraf as estratégias e. táticas de luta “verdad^Ús O Corretas,’ para a ação'revolucionária, Bakunin afir* maya explt:èit#men;ter “não temoa^de.ensinar opovcLmas de incitá-lo à revolta”.^8 Criticando o cientificismo dos marxistas, Bakunin çõ ps ile rá ya que sendo á teoria e a •ciência “p atrimô nios de uns pjOgeoV..^, esta ppstqra acabaria levando à idéia de que “estes poucos dpvem dm^ir a yida social; não apenas fomentar e estimular, mas reg er- to do s. os movimento s do povo” . E co mpletava: Segundo eles, rjo dia seguinte da revolução, a nova organização social não tratará de estabele;©èr-$e sobre a livre integração das associações de trabalhadores, pòVds, Comunas e regiões, de baixo para cima ou conforme às necessidades e ao ihstinto do povo, mas sobre o poder ditatorial desta minoria ilustrada,' que suposta mente expressa a vontade geral do povo.
( . . . ) As palavras “socialista instruído” e “socialismo cientí38. Extraído de James J oil, A narqui st as e A nar qui smo. Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1977, p. 105.
fico”, que se encontram constantemente nos trabalhos e discursos de Lassalle e dos marxistas apenas provam que o pretendido Estado popular não será senão o governo despótico das: massas trab alh a doras por u m a . nova ari stoc raci a , n u m er ic am en te pe qu en a, dè verdadeiros ou falsos científicos.3^
O anarquismo aprèsehta-se cómo uma doutrina política qüe. comporta variações em seü interior. Nao opera com os pressupostos do marxismo, muito embora autores, como Pierre Ansar,t procurem mostrar uma proximidade no pensamento de Proudhon e de Marx, herdeiros da trad içã o saint-simòniân a, muito, maio r do que á me mória .históriça, constru ída a partir, de uma luta p olítica
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... Madri, Alíanza Editorial, -
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, ; O ad ve nt o da re vo lu çã o soc ial nã o está mais pr ó xi m o em ne nh um Qutr.Ó país do que na Itália. Na Itália não existe, como nos outros países europeus, uma classe privilegiada de operários, que, graças aos. seus salários consideráveis, se orgulham das hab ilitações lite rárias que adquiriram; são dominados pelos princípios dos burgue ses, pela sua ambição e vaidade, de tal modo que diferem apenas dos burgueses pela sua situação e não pela sua maneira de pen sar.41
. Em bo ra anarquista s e comunistas so nhem com a institu ição da sociedade igualitária, sem Estado e sem classes, em que os meios de ; pr od uç ão . pertençam à coletividade, diferem quanto às suas concepções da política e da sociedade. Para os primeiros, a mu dança, social- se trava no- interior de um outro campo que, de certa forma, abrange as múltiplas formas das relações sociais. Trata-se da -redefin ição do conteúdo destas relações que, na sociedade bur guesa, se caractlrizam por serem coercitivas e autoritárias, dado que se fundam sobre a exploração do homem pelo homem. A socie dade anárquica, ao contrário, deve evidenciar a ausência desta exploração e de toda forma de dominação: entre classes sociais,, entre sexos, entre idades, entre pessoas de cores diferentes, no interior da família, da escola, do trabalho ou em qualquer outro espaço de sociabilidade. Não se pretende instituir um outro regime 5 político em que as relações que se estabelecem no cotidi ano perma§ neçam inaltera das, mesmo que provisoriamente. A transformação ^ - •£; revolu cionári a da sociedade passa pelo questionamento prát ico e ^ ^ / imediato dás relações de poder, onde quer que se constit uam, o j qüe’ evidentemente inclui todo um sistema ético e um con junt o de ( valo res est abe leci dos . pela cul tur a burgu esa num longo e lento H*J\ prõèé sso; Mas esta revolu çionariza da maneira de viv depende «£v & fúhdaméntâímente da atuação dosção sujeitos históricos emerbusca de "lí £ )uma ríõvá fòfhia social e não do amadurec imento das “'condiç ões ^ -qJ ’ objetivas”, independentes da ação subjetiva voluntária. ^ Assim- seiido, todos devem estar empenhados na mud ança revodk Sò cie %d ey ;J>‘orque ela par te de uma vo nta de pessoal. •aííàrqtiistâfc afirm am uma concepção da história, J qüe-k ;Torhã um processo de criaçã o permanen te dos sujeitos histó\ ricos e não o resulta do de dete rminaçõ es econômicas in dependentes \ daTntervdh ção humana. Se a história é cri aç ão , a pedagogia, vi san\ do formar .um homem novo, constitui o valor social mais seguro 41-. Extraído de James Joll, op. cit., p. 103-. 157
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e indispensável para a construção do novo mundo. A questãçj-se coloca, portanto, em um campo de luta que podemos'definir como sendo o da moral e não o da política propriamente dito. O tipo de sociedade que, os, libertários pretendem instituir deve construir-se a partir da cooperação natural è-da "ajuda mútua”, como diz Kropotkin, entre indivíduos que se solidarizam. No dugar do lEstado, “das fonte de todosdeosprodutores mal es” , aem federação livre organização associações comunaslivre, locaisa .que, por sua vez, se agrupariam livremente em federações dás. comunas. O pstado, para os anarquistas, pretende estabelecer urna unidade artifical que violenta as tradições, os costumes e os interesses dos diversos grupos sociais, na tentativa de anular a diversidade do social e de criar àquilo que Lefort, comentando La Boétíè, dêfiniã como a “ficção do Um”. Por isso, deve ser destruído ê não apro priado, assim como todas as suas instituições: os bancos, as univer sidades, a política, o exército, etc. ! Tendo como horizonte a instituição de ümá organização sojciai formada por comunas aútônomas livremente fedéradaài bs^anarquis tas recusam a construção dè Um paftidõ político revqluciõnáriò que devéria liderar a classe operária ejnquânto sua “vanguárda revòfticionária”. Acreditam que esta instituição acabaria por reprodtíâr em seu inte rior a divisão social ed fré Os que"cqncebèhi e %àn
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e "efíqüaritd e xis tir ‘ hav erá “ governantes e governados, affids! d esóràívõs®1explo ra do rè s ê ex plo ra do s” . A revolução deveria resultar do “acordo voluntário e consi derado dos esforços individuais para o fim comum”. Se admite algu ma organização no processo revolucionário, Bakunin afirma que nenhuma .fun ção deve ser pe rmanen te e todos os cargo s devem ser temporários e revogáveis: “A ordem hierárquica e a promoção não existirão, de modo que o comandante de ontem pode tornar-se o subordinado de amanhã. Ninguém está acima dos outros, e se por momentos o es.tiver é só para não estar daí a momentos, como as ondas do mar, que vão é vêm segundo um salutar nível de igualdade”,42
O enraizamento do discurso anarquista no campo da educação ; Segundo dados forn ecidos por Edga rd Rodrigue s e registr ados pela imprensa anarquista, os libertários tiveram intensa participação .em atividades—culíumim e . .. especifiçamehte preocup ados com a edqpaSão popular, fundaMm^dajnfinQS. .25 escolas livres.oilman d ^ p a si ,dentfos de ensinç profissional, grupos de , estudo, ce ntros de ctílfura prqietária, centros de educa,ção; artística, grupos dramáticos e musicais.43 ;ç&^JM ©>B mlo > íemj <1909, fundou-se; a Es co la M od er na dirigida ptorc^qâOi Penteado e situada áv av en id a Celso ^G ar cia , 2 6 2 , com ã ^ M ^ f te lf f i^ ‘.fíó'atfuftbs. tUrttáS 'pa rax ria nç as de asurge mbos àosEscola sexos eModerna tam bém Logo depois, n.° 2 , localiza da à rua Maria Joaquina , n.° 13, no Brás, sob a direção de Adelino de Pinho, e em São Caetano a ecola operária dijfigida pó r José A Ívb sr^ íO'M o’ ;de.Jáíféifco, sürge ii Esc ola l.° de Maio,' Hè”Vila Isabel, situada na rua do Senado, 63, é a Associação Éscolã' Mdderna. Em 19Í2, A Lante rn a {3 1-5-1912) noticiava a fundação de uma outra escdla livre dirigida por João Penteado em São Paulo, localizada na rua Cotegipe, 26, no Bélenzinho, onde as vadias eram ministradas nos períodos diurno e. noturno para mèiiinos e meninas: 42. M. Bakunih, \ op. ci t., v ol. II, p. 45-56. 43. E. Rodrigues, op. cit.; Boris Fausto, op. cit.
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As suas aulas tanto diurnas quanto noturnas já estão funcionan do com regular frequência de alunos e; a inscrição para a matrícula se acha aberta, mediante a contribuição mensal de 3$ para as aulas diurnas e 4$ para as noturnas. O fornecimento de livros e materiais é feito- gratüitamente aos alunos da escola a fim de facilitar aos operários a educação e a instrução de seus filhos segundo o método racionalista. Seu diretor informa ainda que constam do programa as seguin tes matérias: português, aritmética, história do Brasil, geografia e princípios de ciências naturais, devendo esta programação ser alte rada posteriormente. A Liga Operária de Campinas também cria nesta cidade uma escola livre principalmente para crianças, em 1907 (A Lanterna, 23-2-1907). Em Sorocaba, Santos, no Estado do Rio de Janeiro, em Belém do Pará, Recife, Porto Alegre, em Niterói e Petrópolis também foram fundadas escolas racionalistasj referenciadas pelos ensinamentos do pedagogo espanhol. Em Belém, funcionava a Escola Racional Francisco Ferrer, até 1927 pelo menos, segundo notícia A P le be em 26 -2 -1 92 7. No-'en iahto, -19- 19/ m ár çá ;p ’i£òmétttb7:eià que a repressão: estatal aniquila ás mais importantes'experiências educativas libertárias, as escolas modernas de São Paulo, situádâs no Brás e no Belenzinho. João Pinheiro e Adelino de Piriho recebem ofícios da polícia estadual informando que tendo sido verificado pela Secretaria da Justiça que as süas escolas “visando a propaganda das idéias anárquicas e a implantação do regime comunista, ferem de modo ineludível a organização política (A e social do país”. Por isso foi decretado o...açu fechamento Plebe, 13-12-1919). A ausência de informações sobre o funcionamento das. escolas racionalistas, sobre o número de alunos inscritos, sobre as;atividades realizad as, com raríssima s exce ções , como po r exempíp^ asr fiéis comemorações do aniversário dá morte do p>edagogo Féfrèr,,; im possibilitam qualquer afirmação ou conhecimento mais aprofun dado destas práticas pedagógicas. Seus limítés., portanto, fic^m.para ser determinados. Alguns poucos artigos inf ormam .soprè pVqursqs introduzidos na Escola Moderna do Belenzinho, divididos ém: curso primário, médio e adiantado. No primeiro, ofereeiâm-se noções de português, aritmética, caligrafia e desenho; no médio, gramática, aritmética, geografia, princípios de ciências, Caligrafia è desenho;
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e-,jno.;adi ant ado , .gram ática , a ritm étic a, ge ografia, noções de ciên cias físicas se ;n atura is, .histó ria; g eometria, cal igrafia, desenho e datil o grafia.-Mas nada além disso. De qualquer maneira, os artigos e apelos propagandísticos recorrentes na imprensa anarquista suge rem: quê o.desejo, de criar estes centros de cultura operária, organi zar os proletários alfabetizando-os, conscientizando-os e mobilizan do-os, enfim, criando condições para o florescimento de uma cultura operária, foi imenso e teve de enfrentar não poucas barreiras. Sua prática, efetiva, entretanto, deve ter sido de alcance limitado, prinqip.almente na década de 20, em que os artigos sobre a tão fascinante e otimista pedagogia libertária vão progressivamente escasseando na imprensa anarquista. Ainda um outro sonho deste primeiro movimento operário no país merece ser registrado: a fundação da Universidade Popular de . Ensin o Li vre, no Rio de Janeiro, em 1 90 4. Organizada- nos mdídes preconilados por Ferrer y Guardia, este centro intelectual tinha por objetivo a “instrução superior e a educação social do prole tar iado” -(O Amigo dô Povo, 2-4-1904).
cursos, a universidade deveria organizar„c.Qnf.eren-cias Além sobre dos assuntos variados...enL^esjjmiTmSjLntercsse-4o^r^ bal had or esr fundaiui m . saraus musicais. festas libertárias. excursões publicar um boletim informativo, “cstahdecer^enf^^ ^opüláf tendomorTím às vezes o„nrazer,.e-,a.-inst-ru-&ã€>-----,e^^múéQ~^ moral entre os cooperadores”. : A universida de er ad ir ig id a por um conselho administrativo do qual faziam parte Elísio de Carvalho , Vito r Schobnel, Tit o de ’■ Miranda, Mota Assunção, entre outros, e deveria ministrar cursos em todas as áreas: Psicologia, Biologia, História, Literatura, Direito, Antropologia, Matemática, Sociologia, etc., contando com a adesão de vários intelectuais de formação positivista. Segundo O Amigo do Povo , de 9 -4 -1 90 4 , a idéia da cri açã o de uma un iver sida de popular tivera um precursor em Georges Deherme, operário tipó grafo francês, em 1§ 98 — infor mava Él ísio de Carvalho em confe' rência pronunciada no Centro das Classes Operárias. A instituição, era paga e contava também com consultório médico e jurídico. A duração de tal empreendimento foi muito breve e encontramos apenas sucintas referências à sua existência. A atividade das Bolsas de Trabalho francesas, movimento cria ..
do pelo anarco- sindicalista F. .Pellou tier, também referenciou as práticas culturais de cunho pedagógico desenvolvidas pelos sindi-
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catos b rasileir os. V árias atividades cultura is, ^comò^conferências, representações de peças dramáticas, apreseritâ|lo*défígrupos musi cais, formação de círculos de discussão e estudtí'forám organizados pelçs sindicatos de orientação anarco-siridifealfStá: rio Brasil. Eiri l.°-0-19O7, A Terra Liv re convidava os operâfids pára participarem dasl palestras organizadas pelo Sindicato dds Pedreiros è Carpin teiros, “com o intuito de alargar a propaganda entre o elemento operário” dos ideais do anarquismo. Noticiava ainda a realização de conferências na sede da Asso ciação dos Carroceiros e Anexos, assim como de séSsÕés publicais de propaganda organizadas aos domingos no Sindicaté dos Pedréi^õs e Carpinteiros. Os operários têxteis também possuíam seus grupos de cultura p role tári a, atrav és dos* quais preteridiám lan çar mão do meio mais urgente — a difusão dâ cultura en tr e is massas proletárias das fábricas de tecidos, Jazendo- cor a: que em .breve tempo os trabalfaadoresrTjliquem compenetrados db vàlor, da orga* nízaçao e compreendam qual deve ser a s. ^ condutá. perant e *!| associação 22-7-1922), (A Plebe,
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IV. A DESODORIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO
Gestão higiênica da imséria
A habitação do pobre não escapará ao desejo de disciplinarizaçao
^jJÊSamná' possibilidade',de instáuràr uma nova'gestão da vida J ~ tr^ p^ atb r| pobre j^ccmtroÍar^a^totaHda,d é 3 S e i r a ^ t o s > ao re organizar a fina rede, 4 a s ^ E ç | e r ',’^^31^anas ]S6^!^®Tr®?íaE(SEe© “^^™ !is;!9T5S7v33Êi3ia1í^|fe,l^ v!3 S33tS ^ESa7,SSu^^a5TcClIIIJa itl!IT^I^^ '^1ifítrT-.,1.^11 "T " ^ ■■O’^CStO^pE “ “ " intimidade K * mI ! l a2, m H f íB í I p M a i L i ^ q Qtfato atent0
do poder ass lá” a inter ft eS l Z j B t ái E ^ W raS S ^ i E i ear mo-
íprnn^ nrlvnt;
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P *ciais, ^ ot - —
p r è ouljoand, ctK çã ó 'fài ciqpb oth-hlgiehistas las cóhWI^Ssociais,'digados'aos fes^idl^âbítãbilídadepoderes do frtealhátíòr pkrte dds •fpWlbs.'' OcutfáWfb com ,a medicalização davcidade, com a desin-
ttÉÉ^^^ájjMMa^agjbmeracão perniciosa**, .em cubículos estreitos as^%stratégias a^mtarids’^ue'-se constituem neste mo mento hktórico de formação do mercado livre de trabalho no Brasil prétendem realizar o projeto utópico de desodorização do espaço urbano, através de uma açao que,''pontual num primeiro momento, •torna-àe depois- permanente e sistemática.