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Copyright by Luzia Margareth Rago
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Revisão: Suely Bastos Silvio Chagas Beatriz Siqueira Abrão Composição: Linoart Fotos: Arquivo EDGÁRD LEUENROTH Capa: Ca pa: Tsab Tsabel, el, sobre ilustrações da Revista Eu Sei Tudo, 1920, A.E.L., st àdo o de' de' São P aulo, aulo, álbum publicado UNICAMP e fofo de O E stàd em 1918.
UNIVERSJDJIDE FEDERÍL DE UBERLllDIl
BIBLIOTECA CENTRAL Procedên Procedênci ciaV aV fLl *9 J U M Ü iC -* ç jl
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Direitos adquiridos pela Editora Paz e Terra S/A Rua S|o José, 90 — 18.° andar Centro — Rio de Janeiro, Ri Tel. 22:1-3996 Ruaa dò* Ru dò* Triunfo,"'T77 ' ' Santa. Santa.:Efi :Efigê gênia nia — São Paulo, Paulo, SP SP Tel. Tel. 223 -652 2 ' -
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1985 Impresso no Brasil Printed in Brazil
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Brasil: 1890 — 1950
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INTRODUÇÃO
Uma imagem mítica:- Átila, o temível guerreiro huno, comanda aúnvasão dos bárbaros. »Gom a espada de -Martè, deus- da guerra , semíeiava tei&òr.-pòr todá a parte. Nas terras que seus exércitos devastam-a grama'ja não cresce. Desestabilização1dá ordem social, amea ça"'ide èàoÉpMíifaág id: dd vidã divilidãda. 'Ncá tempos' modernos, o périgo da-devastação provém de outras plagas. Ou antes, 'do. mundo mais‘mviliMdo: os imigrantes que chegam com outros hábitos, outras cabeças,- estranhos desconhecidos. “Não é certamente so.b as leis do inipério dissoluto, onde domihám á*s prostitutas nacionais,' que se revolve a mocidade levia na e^vicibsa destá* corte, mas é debaixo da pressão ou da influênciá tirânica*que'nela exercem as prostitutas estrangeiras que geme e sedefirili'a .bolidiahámente grande .parte da sociedade do Rio de Janeiro”, lastimava o medico Ferraz de Macedo em 1873. A degradação; Idos costumes, as práticas dissolutès, o alcoolismo, o jogo, o crime,; {as doenças" que penetram pelo porto de Santos em companhia dos |trabalhadores italianos, espanhóis, portugueses, polacos, a nova j mania das greves, a “lepra” da luta de classes: tudo se passa como! ?se os “ novos bárbaros” ^aportassem entre no:s. Marca de uma ruptura profunda: um passado tranqüilo, ca-; raçterrstico da “índole pacífica de nossos concidadãos”,, desta nossa; gente que no dizer de um chefe de polícia, em 1904, “acolheu; comeprofunda simpatia” o reforço da ação policial sobre a cidade; de S|o Paulo. De outro lado, a: constatação-de um presente onde; |imperam as dissensões sociais, osconflitos políticos, os surtos: epidêmicos, a criminalidade ampliada, os hábitos dissolutos, a pro1,mi-scuidade das.?habitações sujasde-fétidas; a-proliferação dos gate-; I nis, vadios-e cafiéns. A,ameádadã~ intranqüílidade social, da conta-) ■'slí'.-" -V-iíXíy.i-
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minagão-física e moral, da destruição da nação,' da“ raça: resultados-aef-astQs^^sQmbrios da„chegadã; dos lmi^rantes. -C* ‘ “Basta .(, . .) penetrar na habitação aglomerada deitZian^Tpara se depreender, desde logo, que o menor preceito de higiene e; de moral, que é a base do edifício social, ali não existe”, constatava desolado o inspetor sanitário de São Paulo, dr. ÈVáristo' lin^éigaj ao visitar as habitações operárias do Bom Retiro, Bexiga e Brás, em 1894. Indícios de uma anormalidade social, as práticas Populares de vi d a^e la zer do^TribalRSdirEs IIaBiii^do s^ improdutivos. dos pobres, das mulheres públicas, das crianças que vagueiam abaiidonadas nas ruas-vão "se tornando objeto de profunda preocupação de médicos-higienistas, de autoridades públicas,,de setores da bur guesia industriai, de filantropos e reformadores sociaÍs7nas-<^ iniciais do séciulo^XX. Crescimento úrbano-industrial, expansão demográfica, na cidade moderrmT'— ta~— os vizinhos já não se conhecem, não se pode oonfiar em qnem está do lado, os sentimentos se tornamrniais- superficiais,--Os antigos laços de solidariedade se rompem, a xlíja-já, .nã,o é como antes* Percebidos como selvagens^HtpiOíantes^imeivilizadosT rudes,! feios e -grevistas-Jsohre os trabalhadores urbanos , que compõem a classe operária ..fo -■«------ •* Brasil-jconstitui-se-maulatinamente Mma y a sta^ ^ ^ te morciMr de" uma m m trabalhador.. {aócih^uSmTssòTlinase ^ ser, _ lal.a o pfole|;^mvi assim já^podemos chanfá-lo. ^ S j u racao d $ ;m a l/ |S.v convúlsõè^íuturas da hlstdrià,^rentaMa rariado pàs^p élâicòni&àfã^M oS^^ te^cKtoaaejMiiRO íSam en. .
gem projetiva de “ bárbaros^ justifica, 'deSdobralse^èm ^ V iy •
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perseguem o trabalhador em ^todos; os momentos ide sua Vida,-*âtè nas horas de lazer, buscando ^definir sua maneira de pensai?, de sentir, de agir e erradicar praticas e hábitos considerados^erniciosos e-tradicionais. ■■ >/•;* Para tanto, a reddimcãíuisL.família consfituinpeca mestra., Idm modelo imaginário, de mulher, voltada para a intimidadeffdo lar> e
na. redirecionada para a escola que se criam no pais do nascimento da intimidade operária ,, para píejirôs' e autoridades competentes sugerem a construção tjíçges higiênicas e confortáveis, ^ente, nem tudo se passa com©* se imagina. Para realireformadoras^ as classes dominantes enfrentam zar as^resisténciaelenazeS de trabalhadores que prese n^ln 'suai tradi(pfesTTsisf^^ que valorizam sua aHvidãde“ que"cukuam^eae~santos. que possuem.todo um código ;de\representações simbólicas.- E. além disso, que progressivamente aderem às bandeiras de luta levantadas pelos anarquistas e anarcosindicalistas que, ao lado de outras correntes políticas, procuram impulsionar o movimento operário no país. ^^^Poütadorgs- de. um ípifáfÊ x^ e transformação radical da socie dade, os 4ibertários aparecem comò depositários das esperanças de j realizaçãq dos anseios de indivíduos negados e oprimidos em todos osftnpmehtos: de; sua vida cotidiana e qüe sé.unem numa solidariedadqfdéiej^ssei a partin de uma experiência comum. Assim entendo, reeórre^ágíaà* ensinamentos do hisWrfador inglês'E. P. Thompson, iam© sen processo; dêtcohstituição eir^pántè^ d^S^sBfè$utand*é? eohtra* as imposições'autoritárias dos domi Obtido suas fóririás de vida,, definindo seu modo nantes, ^cpltural ei construindo suas entidades de resistência política .1 filiação dòs âharqúistas no Br||i§e sua influência de e justo,’ dl! fim da exploração do trabalho e da doifeàbp^jpdlítidáí ida autogestão .da produção, do fim do Estado, ^pfejxíèta educ®lifflK do amor livre e de tantos Oflfèi te!Éá'^áej;lho míhímo, são profundamente fascinantes. Assim tamííjSm entendo o eco' que ressoou de vozes que falavam nó processed ^ 'fo rm ação do proletariado, acredito "que devemos mterrõgáSps^iguilo que se propuseram,-o que certamente exclui a construç|6 àójpariido político dito revolucionário-e a participação no campo da luta político-parlamentar. Seria apenas por ingenuidadè^que se recusaram a criar uma instituição que consideravam hierárquica e centralizadora? Seria tão-somente a propalada “falta de. visão política”?
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l. 'E. P., Thompson. lona, Laia,, 1977.
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na ruja. Desvendam os inúmeros e sofisticados mécãhisfnòs tecnoló»! gicos Ido exercício da dominação burguesa. . ,*•; A análise do poder em sua positividade, como rede de relações, que se exerce molecular, ininterrupta e ramificadamente, em’ todo'sj os domínios da vida social, produzindo individualidades, adestrandq os gestos, elevando a rentabilidade do trabalho ~ -como| apontja Michel Foucault — , abre to da uma* perspectiva'metodOlogica que pjermite repensar a atuação dos;anarquistas a partir- de.outros’ parâmetros.2 Embor;a situados em eâàppos teóricos e’‘metodológicos diferenciados, Thompson e Foucault chamam*a atenção.pára Outros moméntos do exercício da dominação burguesa, possibilitando■re cuperar as práticaspolíticas “não-Qrgamzadas” do proTetatiádp é desfazer o generalizado mito do atraso e do apoliticismO^dds liber tários/ • . ■ ■F,Gom estas lentes e com < fábricas, dos bairros e vilas < no país, àtenftja para todas "as que a a n a r q u i s t a n pelo1discurso patronal dos. cobertas foram muitas. Ao 1 viagem. . . '
2. Michel Foucault. Vigiar e Punir. Petrópolis, Vozes, 1977.
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I. FÁBRICA. SAT-ÂNICA/FÁBRICA HIGIÊNICA
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^.■•-ffiPrNttpequena'e mal iluminadasala da gráfica situada à rua Santa Cruz da Figuéifá, n.9 1, em São'Paulo, 0 tipógrafo -Edgard Eeuenrpth conversa* epm alguns- compánhèiros. Discute corn 0 .advogado Ngno Va£cp. e com .0 -linotipistai-Mota Assunção a elaboração "do .primeirojnúmero ,de um.jornal operário: A Terra Livre. O espanhol MampèlMosçosO; também participa da reunião. Estamos: no ano'de 1905. O primeiro número desteiiperiódico anuncia:
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.. SorrtQS socialistas- e anarquistas. Como socialistas,, atacamos o instituto da..mropriedade^.-pm:ada^^jnQral^ue-,aJfeiHLjijorJbase. P°* todos,,.sem., que •a pãrte
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anarquista, OipintonGigi Damiani, desembarcará dois anos ^antgs no Brasil, após ser libertado das ilhas-prisões da Itália, onde permane cera detido em função de sua militância^política nos regentes^movimentos populares de sua terra. Nas «prisões por onde passa, conyive com outros tantos militantes libertários, entre os quais Orestes Ristori e GercMai.: Todos ioptaní ipelai imigração aò Brasil. Encontrando-se aqui e conhecendo outras figuras de destaque do movím^to~~oinr ário q üeT e^ terão intensá participação política nos -acontecimentos que se sucedem. Junta mente eo m ~O restiT TQ p^ ^ em~S ao”"? aulo, Gigi Damiani funda o jornal libertário La Battaglia, enquanto que em 1903, com Alexandre Cerchiai e Rodolfo Felipe, inaugura outro periódico de tendência-semelhante: La Barricata. Mas é muitos- anos depois que surge a mais famosa de todas.as publicações libertárias: A P leb er pnidallosam^ Leuenroth. Folheando as páginas já bastante amareladas destes jornais, reunidos há não muitos anos, a primeira impressão que me causam é a de uma riqueza muito grande? ide idéias e de acontecimentos de um período que yem sendo recentemente recuperado. Um uni verso vai-se delineando gradativamente aos meus olhos e é inevitável a pergunta: o que queriam aqueles loucos românticos? Loucos? Românticos? ' Muitos são os que se preocupam ou mesmo antecipam a realiza ção deste sonho: mudar a vida, transformar o mundo embíutébido e infernaF das longas horas-de trabalho: extenuante è ’insújapna^ i das humilhações doídas e das derrotas cptidiânas, num pa^s^lpp|sjvel. A J;qra dó sono,quebra -se ^eúnem ;e decidem òs rumós jd^lugriclo"d lausegpi^ -at e - 4Pfeigos püblícaHòs nesta imprensa nascent^e^artesanaltproeu^m^âncentivar o espírito de luta, (estimular..as rejsistenpias, nos, locafssde .tçabalho, informar e apoiar as pequenas guerras que se travam diariamente: denúncias de exploração-,, notíciasffida 4batalha motióis®®;* ifegistros de avanços e recuos, de vitórias e--fracassos. ;nb • Mas não só destes temas j vive a^imprensa apariltúfem^dàs pri meiras décadas do século -no•-Bsásilh**'•&!&-fala Mazer, registra excursões e piqueniques, sessões, culturais, conferências educativas, -discute uma nova moral/ Bropõe> uma* nova maneira de viver, *anuncia rum mundo fundado na igualdade, na liberdade, e na felicidade, que deve ser construído ‘ por todos■os oprimidos,1' aqui e agora. .i Procuro recuperar este projeto de fundação de uma mova' -sõCie-
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a adesão de milhares de trabalha-: doresu>a<á^cemm> com a.' promessa^da instituição de um mundo em •■= que éáda *temem;, Será;, dono dos Dg.Q.prÍQS-MQa. Propondo a reorgani zação -da--.atividade dp trabalho e dos múltiplos campos da vida social^ie&j^elhari^os desejos e prometem realizar as perspectivas de inúmeros, tyabfAhadores, frustrados passo a passo, pela imposição incessante- da -vontade, dos dominantes. O:;|no^im|i^o ^-alas-tpfrsç. rapidamente, conquistando várias fá bricas, dp .-^aj^a^|d6fes?.- á despeito de toda a violência da repressão'ptl^mzada'peips setores privilegiados e das inúmeras estrategias^di'seipjinares'constituidas com o- obietivo de produzir umeu mova-, figura =do.-trabalho. politicamente submissa, mas economica mente rentáyél. " *"■“ •Desde^cedo, afinal, os dominantesVvêem desmoronar a imagem disciplinada | laboriosa que haviam projetado sobre, o imigrante "êiofopeyT^Nêm da Asia, nem da Alrlca'’, os trabalhadores provê“mentes do sul da Europa, brancos e civilizados como se desejara, trazem consigo não apenas uma forca de trabalho, mas todo um "TKO coniunto de expectativas _ de, ...y-akumJIIde^ entrarem nó país, fazem explodir todas, as projeções continuámente lançadas sobre seus ombros.. procurando cada vez^miais^-incisiva^-. mente áfirmar suamrópria identidade. Indolentes, preguiçosos, boê mios, gteytsta's'cm'anarquistas,•-segundo. a, representação imaginária ç^f|^íg^j;pela sociedade .burguesa, lutam para definir sua nova s^|ernas :ide representações, dos .valores e 3ãsf çrênçás qúê lhes' são próprios.1 ,.t ^s^pectatiyas•'burguesa^^ir.ojetadas.-sobre o imigrante recém-* * ^ contto.amente. Em contrapartida, os induscf e iciíám Lfixar sua. mão-de-obra nas fábricas,.- recorrendo a. ..... Üp.,mterior. dtp"espaço ,da,,produção ao -— percurso —r de volta à casa., •• , penetram em sua, habrtaçao, invadindo e procurando controlar ate mesmo mementos mais inesperados de sua viaa^cotidianarM ais 3o que quatq^ier outro"~grupó social, os imigrantes aparecem aos qlhos dos setores privilegiados 'da sociedade- imersos num estágio ameaçador de*transição:, recém-saídos de seus países, de suas regiões de orige^'aipda não definiram o novo mo.do de vida. Como será ele? Ó desconhecido assusta: é preciso que se ensine aos trabalhado-----
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l•M:3£Í£,"§Íjel].a; \Br.esciaiji, -Liberalismo: i deologi a e C ontrole Social. Tese de Doutoramento, USP, ]976.
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rès njtdes e ignorantes uma novià ‘f< adeqúada, antes ’que eles mesrrfòs o ser ofganizado segundo os interest do.'capita a'pajtu da cdnstkSp^He^EnFSi^^rME Todoi tipo de compdrta^ ^ 1~o4^^
/fesfijFsiT' íbenllHa^ nheciNa-íábrica,'' w^mtSWSz^^ de um mentos e de técnicas coercitivas visa tránsformar súa^^éttrutúta psíquica e jn cu tir hjábitos regulares de trabalho,, desde as origehs da industrialização. Q~ que .p o r sua vez, provoca- a eclosão de violentas manifestações *3ê resistência jà nova disciplina industri^L. > Ks inúmeras formas de luta desencadeadas dentro e fòra dos ( murols da fábrica, durante as duas décadas iniciais do século, ates\tam à recusa operária a se submeter às exigências da__explqração j capitklista e, mais ainda, a desesperada tentativa de concretizar? a ....
\a radicalização das lutas travadas Contra a orgMlzàçaÕ ! do processo produtivo aponta para a proposta /ah>arquist& p íã s U â D r o d u g ^ . <3 c õ n t r o r r d F p t e ^ S ^ horizontes do movimento operário, eÜmféstb^da* cor t . ,-.l *»*«*, <3*mm sindicalista, ao lado das mais efetivadas no cotidiano da produção.1* Choque de duas vontades/ emMte' de o mundo do trabalho aparece, na lugar privilegiado do exercício dè u que ele deveria destruir, ocg& . força produtiva, expressa nãor ape eclodem no período, mas també industriais procuram convencer a aumento da prodpLtividade der naçãb por esses homens, mulHferes ter-se sem nenhuma,o,bieção. LíÍos._^mekoa.. an òs^ ^sé cu lQ ^^té-^ ^nO ^a^ áiM Jdá.- défcàjlE, irabalhádb^^r^iíitM
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•passagem para a suaimfe’lissiste :á „unxa~jmttdança nos regimes s5ZT5;O.ÍQto.. racional de?-produção do’"novo v ií K jbI ^ e7reHefín!doenqüanwvkggtimfe^ ryMfÍMà"lC^,mòd&tMaA^e¥efia entãO' constituir -o-,palco, formador ^nèja^giimjòrbdíftfeia,'atraivés ife formai cadà>/ez'mais'insidiosas I gv^^|yp55^I]âQn^-naç^X)r.-Ivi-as,..ao mesmo tempo, deveria figurar como p jugar da atuação de um outro tipo de patrão, moderno e agilizado, em ^oposição à antiga figurando. proprietário \3êsp2 im l "arbltyãfio T nide do^pass'acbr-—Do império da violência física e direta exercida no âmbito da fábrica, onde 0 industrial ditava irreverentemente as normas de conduta, procurando padronizar os comportamentos segundo sua vontade, determinando os horários, oè\salarios e todas as formas de relacionamento entre capital e trabalho, passa-se progressivamente para a introdução de novas, técnicas moralizadoras, discipli nas'doces é suaves. Portanto^ antes .raesmo da introdução dq-taylorismo e do fordismp,'^ delineia:&e o desejo burg.uês: de construção da Sfíéáhij
Üm%ftov^e4^o|nla(dos gestos
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^âáfáb^ba ferfha*«significado um campo de experimentação íl^ l^ fra m 'esfraféffês* ’dè controíe e 'de fixação .cia força Wnpárece fora de dúvida. A ^elaboração de procedimentos ^^,||ígúaís a burguesia industrial procura. impon. sua vontade M % d e , ° H a ,rebddei# viiencia,se na^própria representa-unidade p r o ^ v a ^ v •, >' “péçfiva Ho trabalho, a} fábrica- apareceícomo lugar detes-
tável da dominação e doaniquilamentodacriatividade dá^èlasse operária, constantemente constrangida -a stfjeitar-ge •'ás imp%si^o'es exacerbadas dos patrões, '>Associadã^àsrima,»feãdgg|ájMgdi.-dte§fe . 3ijBgg)U'. do*wséaaeàí£>, as prliiiras^jaQtiiiàs •dá^ imbrfen^anafQtiléta retratam o sistema de fábrica como ■dispositivo dè ,’fabficàçãò dos *(corpos ■dóceis ” , na ’ expressão de ’Foucault;'' Desde os primeiros números, os jornais operários atacam com unhas e dentès esta instituição disciplinar que os dominantes que riam apresentar revesHda dá i i ^ g ^ 'd a neiâMKdadfe, da neceésidade econômica e do progresáo^sóèM. Se. t>eló ládó dós pátrõéá/á | Unidade fabril é represeútâdá í coihò espaço héütrô dá píòdp<çãõ, } através de uma. composição estática que procura registrar o nú me-, ro de máquinas, de peças, de compartimentos e dê *ò||fêâ]EÍb&. tani-'• bém considerados como. fatores de produção, pelo lado destes, esta construção imaginária dá fábrica responde a uma intenção* disciplinadora precisada. de incitar explicitamente áo trabalho^ obrigando o operário a reápeitar as normas da hierarquia fabril f" O discurso operário sobre a fábrica traduz, desde cedo, a | revolta contra a, imagem edulcorada do mundo do tràbalho projeI tada pelo imaginário burguês. F à lp dar'fábficá. Significa, nesta | perspectiva, questionar praticamente a organização capitalista do processo de produção por vários lados. Neste movimento, as estra tégias de luta preconizadas pelos libertários, desde a sabotagem, o boicote, o roubo, a destruição de equipamentos, até a greve geral, confíuem na direção dás práticas' dè' resistência cq.tftiaqf *criacias. I pèla combatividade operária. V n Diante da recusa inesperada que os industriais enfrentam por parte de um operariado que se neg?i, a xomppjfcar.rS^ipassixf^í^Híf de acordo com normas de conduta preestabelècidas, os patrões in troduzem progressivamente tecnologias cada vez mais aperfeiçoadas de adestramento e controle no interior da fábrica. ( . . . ) desgraçadamente poucos têm algum interesse pelas suas 1tarefas ( . . . ) não se submetem a . nenhum controle sistemático, / n ã o permanecem em seus empregos, não se importam côm os ^-j contratos ( . . . ) , I
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reclnmavafn os proprietários da'fábrica Uniãò ítabirana, de Minas. Gerais,
bperário^’mdisCibljhad& que abandõnãvam_aeus empregos, d e s i l ^
internos, negavambse a obedecer às normas impostas pela organização capjtalista da produção.2 Nem mesmo o apelo do salário parecia ter^uita^jÉ|ç^çía7em forçar -o trabalhador a submeter-se aos horá rios e. aó rjitmo dà produção: entregues às suas vidas indolentes, trabalhando três ou quatro dias por semána, eles não querem ganhar mais do que um salário mise rável, porque só pensam em comer, mastigar palitos, beber cachaça e se bbtfrompêrem;3 " t
Como na nau de Ulisses, os trabalhadores deveriam tampar os cérâ pãrá^riâq -fcèdêrèmr' às'’'tpntãções do encantamento ctas'-áeírfiW&. tf&b* áü btòér^eíft' aòs' impulsos que os atraíssem para fora. Deveriam tornar-se práticos: Viçosos jfc concentrados, os trabalhadores devem olhar para fren te é deixar de ladp o* que'estiver ao lado. Eles devem sublimar o impülsò que os pressiona ao desvio, aferrando-se ao esforço suple mentar.4 .
Obstinadamente, os operários resistem às técnicas punitivas introduzidas no espaço produtivo pará sujeitá-los às rígidas imposi çõesdos patrões: a imagem da fábrica-prisão construída pelo dis curso operário^ visa a desmistificar a idealização do espaço de tra balho realizada pela linguagem do poder. Na imprensa anarquista, inúmeros artigos retratam as situações de opressão, de humilhação e de violência física e moral vivenciadas pelos produtores, constan temente vigiados por superiores hierárquicos? 1 ÒS PRESÍDIOS. INDUSTRIAIS A Companhia Paulista : -•O chéfe* dá estaçab Jündiaí da Companhia Paulista de Vias F é r reas é umímódeló de tirânia, um carcereiro exemplar, e é por isso qúè^aíGia.^ © estima e. ampara. È este pequeno czar que estabelece os regulamentos despóticos que pesam sobre os empregados como uma; barra;dç chumbp: (ví Terra Livre, 12-4-1906). 2h Stanley Stein, O ri gens ç Evolução da I ndústri a Têxti l. Rio de. Janeiro, Campus, 1979, p. 71. 3. /dé/n,, p. 71. 4 / Max HOrklièimere T. Adorno, “Conceito de Iluminismo”, in: Os Pen sadojres. Sãò, Paulo, Abril Cultural, 1980,. ;p. 110. 21
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^meaçadora pára a por esta geraçaO* opçrana como. antfQ~'rda perl!çl0 e:"da^ pf^llàlcão ração!promíscua da desagregação da família em função dá.paMcí^açao’ infantil nas: fábricas reaparece no discurso operário, refl meSmá percepção moral ‘ do espaço da produção que s,e eyidencia nás descrições de Marx e de Engels, sobre os estabelecimentos fabris ingleses:5 ( . . . ) as fábricas, isto e, esses lupanares, essas pççilgfs onde sé encerram milhares de proletárias, sap sem.dúvida possívelX..,’., fpcos permanentes de degradação e de prostituição ( O A r r i j g o do Povo, 5- 7-1902).
Çonstantemente desvalorizado por esta forma d a exg|$ípip, da violêpcia direta, física e visível sobre se,u corpo^4p?tinad& a Pro* duzir uma nova economia dos gestos adaptados à dinâmica da produção, o trabalhador luta pela revalorização de sua figura en quanto produtor direto da riqueza socfal. e,enquanto.SPÍ dpt^do tie criatividade e de um sa.ber próprios. Para. enfrentar esta,orèsist«|ncia, todo um conjunto de encarregados qta exercício da ,yigjl|nejá, mes tres, contramestres, inspetores, fiscais deve ser integrado
«5< * >.'*
A irregularidade
do ritmo de trabalho, o?absenteí&iaq^q pouco comprometimento aos trabalhadores icqm as exigênciâ^.jío'5capífal e cpm o novo modelo produtivo explicam a introduçãQíd^rigorosos regulamentos internos de fábrica destinados a constfasrgê-los ao trabalho. Reuni-los num espaço facilmente controláVetiftiãd' fora suficiente para garantir a realização das tarefas e seu- envolvimento com a produção. Por isso, os industriais procuram definir normás estritas de comportamento pára assegufqr não apenas o .compareti■! K-. . '' 5. Karl Marx, O Capital. México, Fondo de Cultura Econômica, 1’946,* vol, 1., p. 328; Friedrich Engels, A Si tuação da 'C'tasse* I n ‘ ’ ' '~r ! .sy.. glaterra. Portp, Apontamento, 1977.
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d i ^ o ’do^Õperariado na fábrica, mas ainda a execução regu lar *d%sunâtividhde produtiva. ' v-'0 ’s*l^gulahi&htos internos dé -fábrica, definem as «modalidades d6., exèftíéiò'-
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\ A entrada é feita sempre* pela porta'do ângulo formado pela rua
Ufiigúaiana e travessa do Rosário, a qual será fechada cinco minu tos^ depois das horas estabelebidas para a entrada e a' volta* das refeições. * ;
ÇLaffigó continua questionando as normas disciplínadoras, imp^^as^arèitrariameníe segundo avVontade patronal: “são feitas pèlSs;íp'atrõds para os operários e modificam-se áo bel-prazer dos patrppsr^lsfum momento em que inexistia; qualquer legislação tra balhista que limitasse a exploração desenfreada do capital -no inte rior dó ^processo produtivo, os únieps- obstáculos impostos ao exer cício arbitrário: e voraz do poder -patrórtal eram representados pela resistência conflitual dos trabalhadores. Na verdade, tòdos'os movi mentos-:dò> operário, sua postura,-,seus atos, seu ritmo de trabalho, sua próptíadiistórra-pessoal e profissional são objetQ.dc um controle dis cip linary: imagem de um acampamento military, objetivando-se 6. Michel FÒucáult, Vigiar e Punir, op, cít., p. 159.
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extrair o máximo rendimento e anestesiar a explosão ,da rrevqfta latente. . Os regulamentos internos incideln sobre a própria distribuição dos indivíduos no espaço da produção de modo a impedir sua livre circulação, fixando-os junto à s. máquinas e curforcircuitando toda forma de articulação espontânea. O despotismo da hierarquia fa bril, determinando minuciosa e arbitrariamente o .cotidiano d.o tra balhador contradiz, portanto, , o argumento ideológico da liberdade dás relações contratuais. As normas disciplinam às idas e perma nências no banheiro, dispjpem sobre a duração do almoço, proíbem as conversas n a é íi o ra s^ f frabáiho,^ instauram üma vigilância inin terrupta através do jogo de olhàres entre empregadores e empre gados . Segundo A T e r r a L i v r e , de 12-4-1906: O empregado que se achar conversando, quer com colegas, quer com estranhos no serviço, ou fumando, ou fora do postp, embora por força maior, será severámenlfe.punido. ( . . . ) Áo rtíiçtório só pode ir um empregado dè cada Vez, devendo pedir licença e expli car o que váF fazer. sã o% ^ têh S^ ^ ^ õ^ iw ioy rb loq ue ar tòda troca que possa refôrçar ' isso mesmo, na Fábrica Cedro e Cachoeira, de Minas Gerais, proibia-se a circulação dos operários no interior da empresa ou fora dela, estipulando-se ainda as seguintes interdições: —- Deixar seu lügar, máquina ou repartição, para passear ou con versar com pessoas de Outras máquinas ou repartições; — sair da fábrica sem licença por escrito do administrador ou mestre; — Passear de uma para oütras repartições sem autorização dos mestres; ( . . . ) —- Escrever, ler livros, jornais ou outra qualquer distração incom patível com a boa ordem do trabalho.7
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aparece corno ameaça de perigo, assim como toda
que podem'significar uma. tomada de consciência v por parte do
. 7. Centenário da Fundação da Fábrica Cedro, “Histórico, lS72-.1972”, .p .,77. 24
m w w m m m * W m t m u m m m m i* — m m *. ##§>»? &ÊÊÈmm trabalhador.® Tática de antiaglomeração, se por um lado as normas atingem o operário como um corpo coletivo, pretendendo constituir um- conjunto ordenado e coerente de trabalhadores, anulando ten dências caóticas. e hábitos individuais, por outro lado, distribuem individuálmádamente os produtores diretos, buscando dissolver os laços’ique'OS'unem no processo de trabalho. •*, A Tepressão ào álcool,, ao fumo, aos jogos, às diversões e aos j ‘•$.a#°s&srê^ela, -por.-siiô. vez,. a- tentativa de negar o sentido confli- \ tu al‘da.ação operária, .desqualificada como manifestação instintiva, 1 selüagtm descontrolada e .dçsviante. • /n pelos iCLjneios utilizados pelos patrões para M c ^ o s rentfeen to e_eara_insiaii= tar, a confoafoêncifl entre ftles^lP.nquanta na Ciá. Fabril Paulista um
avfsú: anunciada'a introdução desta, prática de. estímiilo material:
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vDaq^ííipara4 frente diráçãd dará* uma'graüficação mensal de •./I'Í^iÍ0)^];s“às íecèlãs qüe fizerem uto máximo de tfabalho — uma *grâtífícáção dé 101000 rs às que fizerem um mínimo de — . Ainda àquelas operárias qüe tiverem merecido seis gratificações mensais de 15S000 durante o ano, haverá um prêmio anual de 60$000, em 1907, os.operários da fábrica Votorantim denunciavam o siste ma de prêmios como “pernicioso e imoral”.89 8. Charles Dickens, em seu livro Hard Times (Penguin, 1979 ), mostra que a classe trabalhadora inglesa sofreu o mesmo cerco por parte dos patrões, no início do século XIX. Segundo ele, os patrões ficavam aturdidos com as- leituras dos operários, que se recusavam a se tornarem sóbrios cida dãos: “Havia em Coketown uma biblioteca que todos podiam freqüentar, e o senhor Grandgrind muito se preocupava com o que poderíam ler ali; ponto a respeito do qual pequenos riachos de estatísticas corriam periodicamente para o grande oceano de estatísticas, no qual nenhum mergulhadtír conseguiriacdéseer w certa profundidade, voltando ileso. Notava-se, con tudo, certa . circunstância, desanimadora, triste, pois mesmo estes leitores insistiam em admirar-se. Adpiíravam-se da natureza, das paixões, das espe ranças humanas, das dúvidas, lutas, triunfos e derrotas, despreocupações, pensamentos, sofrimentos, da vida e da morte de certos homens e de cer- ' tas mulheres cdmúns! Âs vezes, depois de quinze horas de trabalho, punham-s;e a ler histórias.a respeito de homens e mulheres.que sé assemelhavam^mâis ou menos a eles, ou de jovens que também’ se .lhes assemelhav&m” P. Thompson, opi 'ci t., Capítulo 16, pinta também corn cores vii. momento' lde;}réjíféissão- 'patronal à cultura da classe operária. 9T1J^íáÍii,«Alice(-BL. Éi béi ro,: Condi ções de Trabalho nas I ndústri as Têxtei s j^aiíl/^ia^.-ipipseí-de^Mesitrado,, Unieamp»-P- 187. .
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Poder.normativo, os regulamentos inlernos pretendem diferen ciar e classificar os produtbres diretos, estabelecendo aéírbferfeácfâs do péssimo ao bom comportamento através da comparação das condutas. Permite, assim, hierarquizá-los .segundo os preceitos da moral burguesa: aos ..“indesejáveis ’’, a punição e a ridicularização peja exp0 sição-de...sua§,..fqtografias no quadro de avísósTTCDs retratos /dos,operários penalizados nas fábricas têxteis deveriamiseF afixados “ em lugar bem., visível da fábrica de_JVV.SS^*-^para- qng"sirva) de escarnamento para o seu pessoal pp eráno”, propunham os indus triais articulados no Centro dos~Industrials.'.de Fiação e Tecelagem de São Paulo (CIFTSP), em 1928, em circular 'confádenciakde&n0 29. Certamente, muitos outros mecanismos coercitivos ' átoàtò^ nb sentido de determinar a produção dos comportamentbsridifeipI|fe| dos e produtivos exigidor*peÍo. midação pessoal, remuneração extremamente baixa, “listais nb^rás”; identificação policial nos livretes, s.é|undo o.exexpplor4o^ipdustriais frpncesbs e pelos quais -os emp£e$árii§>s?Je a,poMpia.pops|tp^'|jafo^rmaçêjes minuciosas sobre a ^história pqsspal le^p^|ssippq|^dp', trab[aThadbr,-demissões-nos setores em quesa meeapizaçâ©»(|gesçen|t^des qualifica. a atividade profissional, como-’m«stúndúátri&&&êxtei£) de alimentação, de vestuário, de fósforos, etc. . ; Estas modalidades de disciplinarização da força ,‘|?e jrajijàlhp fábril convergem no sentido de'se exercerem de maneira cada vez mais insídiosa e sutil, tendo em vista fazer com que o 'trabalhador interiorize a vigilância do “olho dtí poder” , iífuá|Ç ^^s xJH^qpe seja realmente vigiado, à medida qué a lógica da 'disciplina IffSril sé sofistica com a mecanização. . ,Vs - : Progressivamente, os industriaisJprocúram‘'^ 8 p çbfn "quedos operários inl roje tem a disciplina ^nõ tica N do trâíiaíf^ .indu^ ^à l, pjrescindindo do recurso à utilização llaTqrça br.qta ,e pgáscarajiçjó P exercício do poder por um dispurspjCLue^se apresenía^eomo científjeo, racional e moderno. As formas de vigilância^©;'controle f l l K l 1 deixam paulati namente de se maniféstarjem esseífcíatmente' pela rppressão exterior e subjetiva da vontade patronal,.i^nsfefinâV^ê para. o interior do p rocesso técnico de organizaçãp .do^trabâlho.
Fora da fábrica. „a.„r^efirdpãffL4 Q ^ ^ a^ &s^ ^ ^ es!;: al yês da promoção _da^imjaamLmQjÍelo dê & e de uma_nova„percepçl.a cu lte 3 -- d a --.cm ^ a,^ p ix ^ ^ lJi|
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^^ica5;:^tmu^r^^consid&radas ameaçadoras 3ar|, a. ^sgHilj^gaEdg. lQj%ffiL.Í.ò,la1’
âJ^l^stèio^gs.^^diaiiâS do proletariado,. proktariadQ-aQ
r a n â ^ i f e inúmeras formas de resistência, surdas, difusas, organiZá<áà$ ou‘M<^ ‘t^ás’^permanentes, efetivadas no interior do.espaço dâ questionamento prático da lógica da organização cápitàiisfa' do trabalho assume expressões diferenciadas, como o roubo de peças, a destruição de equipamentos, a sabotagem, o boi cote, além das grevesv, e são ppsitivamente valorizadas pelos anarqip^tqs e Vnarcp:sindicálistas/-co;mo “manifestação dâ acão dire ta,'.( > v ) -^aue. trazem ^em si carafêrT^ volucionário no, >(*U w sentido„de transformação>da sociedade” (A Terra Livre » 12-11-1^07). rsadâs ^a ipartrr demma- perspectiva que recusa-a lógica do ás'dutas miúdas e diárias do proletariado traduzem uma atMdadetradica'1 de contestação ao modelo burguês de organização! dá-produção. ‘C entra a tentativa de atomização dos produtores dire tos, a pí6|>ria "situação do trabalho na fábrica cria a necessidade de-sua socializagão, a partir da formação de grupos'informais, unidos por uma Mentidade de^ interesse e de objetivos, e que vai frontalfhenfê'-cqirarái á* imposição' de uma organização "formal e exterior. ÂÓ'"sê reci^fr'"I*obedecer -às normas do trabalho e aos" ritmos produ tivos impÔStos pelo capital1, esta Çòntó-qrg_amzacJd'dos trabalhado| res mámfesfa uma tendência no sentido de determinar as regras de- comporiamênto dentro da fábrica e de organizar sua própria atiyidarde,^: apdfitando para a gestão "autônoma da produção.10 As ^kitàs “ocültas^)do proletariado,, silenciadas pela tradição acadêmica, coítícah^efn”Xeque o prõpr|o'1fundamento da rea:lidáde capitalista de-produção. Exigem a mobilização de todo um aparato de vigilânciapâFa cõnklrarfger ò trabáÍHador a submeter-se' às normas disci plinarás % um''amplo arsenal ;de saberes qúe permitam que os indus„&Jús prescindam ca,da vez máis não so dà habilidade profissio nal' ddvoperáriò, màs de stía própria presença física, hojèámeaçada pelos robôs. 10. Cornelius Castoriadis,’1 U E xpéri ence du M ouvement O uvri èr. Paris, 10/ 18, 1974, vol. I, p. 95; Amnéris lÉaronh A E stratégi a'da R ecusa. São Pau lo, Brasiliensé, 1982. 27
As formas originais de resistência criadas^jajXjaQtijdiano pelos próprios operários, desde o início; da irtdüstrializaçãQAísão amnla-
cão social, sem ter de -passar,' peLa^ ea ia çãQ ^ á,m n cL.organismo burocrático' coústituído ncálimlreduzidõ n ssim Domingos Passos explicãvá ò valor da àçê de 9-7-1920: A açaò direta é a-principal característica dos sindicatos operários revolucionários, em contraposição à ação indireta, qué Constitui a norfha, principal das Organizações operárias de* orien tação marxista ou socialista ( . . . ) . . : Nas lutas pela ação direta o trabalhador, com o principal inte-. ressado nas questões,1é chamado a- agir diretamente .:e oníraós: seus éxploradores, .enquanto pela ação.mdiretaj.preconfeáda^ppídS!mar xistas, burgueses e socialistas, o tra ba lh ad or; é; lèvadó: a entregar nas mãos de felizardos políticos,, ditos proletários, todos os seus interesses sociais ( . . . ) .
Para os anarco-sindicalistas, ao lado das lutas explícitas,, que deveríam ser travadas através dos sindicatos,..considerados como as organizações mais perfeitas de resistência, as. lutas miúdas e subter râneas efetivadas no âmbito da fábrica minariam ,a propjig, organi zação capitalista da; produção. Portanto, não teriam utn caráter meramente ‘‘economicista”, como considerou a tradição marxistaleninista, nem unicamente negativo: o que estaria em jogo seria a própria constituição das relações de produção que sustentam a ordem burguesa. Embora a greve geral seja considerada como o .principaPmeio de resistência política pelos libertários, as lutas cotidianas efetivadas no espaço do trabalho, como a qtíebra de equipamentos, a contesta ção dos regulamentos internos, a sabotagem, o questionamento, dire to da. hierarquia fabril são amplamente propagandeadas como táti cas valiosas e como meios de educação .e de preparação do. prole tariado para sua emancipação, geral. Segímdo A Voz do T ra balh a. . ' • . .. dor, de 3-8-1909: '
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( . . . ) Quando'um patrão quer reduzir os salários, aumentar o horário ,de trabalho, ou suprimir, por caprich o, por ser mais conve nien t^ e sem causa justificada, algum operário da; oficina, aplica-se a . boicoiàgem a este patrão, por meio de anúncios, circulares, reuniões, manifestações ( . . . ) con vidando o público a que não compre os seus produtos ( . . . ) .
Alguns estudos mencionam os boicotes organizados pelos anar quistas' ^ Moinho Matarazzo e das demais empresas?^$sfe grupo, em Í9Ò7; em 1909, contra a cerveja da Cia. Antártica, cpmplementando a greve dos vidreiros da fábrica Santa Marina^ de. propriedade dos mesmos donos; ou, ainda, em 1919, contra, as mercadorias da Cia. Antártica Paulista, visando defen der os interesses do consumidor, mas também reforçar as greves desencadeadas contra os patrões.11 A saboíâgem também é considerada como método comple mentar à greve ou como tática alternativa^ no caso da impossibili dade de se cruzarem os braços na fábrica. Significa não apenas reduzir á 'éxtraçãò- da mais-valia, ao diminuir o ritmo da produção, cdmo tàmb^ém dèteriorar Ò produto, o que acarretaria maior pre juízo ãb proprietária a ainda “inutilizar a matéria-prima” , encare cendo os custos dé produção. Entre as discussões do Segündo Con gresso: (>pêráriò Estadual' de São Paulo, reunido emM.9.08, os ope rários ressaltavam a importância da sabotagem, em relação aos outrõ^M fííétbdbs de luta possíveis: ' ( . . . ) A sabotagem é, de por si, um método de luta que pode, em certos casos, surrogar (sie) com alguma vantagem, a greve e consiste erri pr ej udi car o propri etári o de oficina ou da fábrica, con tinuando a. pe rm an ecer. no trabalho. D i mi nui r consi derav elmente a produção , fazer com que a mesma resulte de quali dade i nfer i or , inutilizar a matéria-prima: tudo isto é ação de sabotagem, e desde que se proceda com a devida cautela pode esta ação trazer à nossa 4^usa, muitas vantagens,12
porta-voz do COB, explicava, em 30 •8.-1909, a origem da palavra sabotagem. Proveniente de um méto A
Vo z
do
T ra b a lh ad o r ,
lí. Franciséo Foot Hardman e V. Leonardi, História da indústria e do Trabalho na Brasil. São Paulo, Global, 1982, p. 340; Michael Hall e Paulo Sérgio'Pinheiro, A Classe O perári a no Brasi l. São Paulo, Alfa-Ômegá, 1979.
voLíI^f.
T7C-r
12, idem, opi Cití, p. 105.
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do cie; iulet utilizado pelos trabalhadores ingleses e conhecido como
Go Cdfimy, significava "caminhar devagar, com toda a Cófnodidade’’, e (oral muito empregada desde 0 sécujlò XVIII.' A tradição política dos trabalhadores ingleses, que défáidta a contestação direta das relaçõies hierárquicas na fábrica, era buscada pelos anarco-sinclicaIislas no Brasil: y
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( . . . ) os patrões declaram que o trabalho e a ligeireza são mercadorias à venda, da mesma forma que õs chapéus, ás camisas ou a carne. iJá que são mercadorias venrdêda-emos da mesma fòrmà^queío chapeleiro vende os seus chapéusA mau- preço dão má mercadoria. Nós taremos o mesmo. (."..) Nós pode.moáupòr em piá ti ca o Go Canny, a t ática d e .‘‘trabalhemos: pouco re*'mal”, aité qpe nos escutem e atendam. (. . . ) . I Eis aqui. claram ente definido o G o Canny, a sabotagem: Ã má
paga. man trabalho.
da propaganda e difusão .deste,s;.mét^QSt-fíle.^^^tênc^. os jqrnais libertários registram ump profusaot-.-de combativas nas indústrias do período, desmistifieando o mito; (Jp atraso político dos operários em geral, A Terra Livre , de 13-10-1907, publica uma reportagem stí<|b|f a resistência dos produtores na fábrica de tecidos Sã o . Jjo|gpím, em que reivindicavam, entre outras coisas,-aumerUo .salarial:,, eronçle a ameaça de sabotagem obtivera bons resultados: Klém
O dono da fábrica, sabendo que o pessoal estava disposto a qmpregar a “sab otag em” (de struição dos m ate ria is) , ^tratou de qhamar os op erá rios, e disse-lhes. quev ce d ia -a tudo o que
■Em 8-8-1909, comentando os choques decorrentes da repres são que se abatia sobre o movimento operário, A Voz do Trabalhador noticiava o emprego da sabotagem em outra fábrica: Em Santos, deram-se no mês passado fatos que assumiram a maior gravidade e que, no entanto, a imprensã, que tanto barulho IIcz pela .sabotagem praticada na fábrica de gás,, apenas noticiou em lacônicos telegramas.
Constantes denúncias de boicote, roubo, sabótagemb.desitrMtíj cão dos meios de produção, na imprensa anarquista ouvnas eire # 1 70 íssfe:
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lares -GonfMenoiais dosvpatroest enraivecidos- dão o colorido das agi-í tações véi>sl’ -que■cobrem
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( . . . ) . m a s ’ quando óSi^d^eráríôs, em vez de cruzarem-se de braços. (sicf[ assumiram um'a »ouíra atitude, quando pensaram que antes de abandonar joOtrabàlho deviam destruir os maquim smos e todos o s : instrumentos, de trabalho, quando pen saram em inutilizar o que reprèsèWtava o'cápítai*b.ttrguês, as coisas mydâram de aspecto. Os operários adquirem-se com a maiof ‘facilidade e por qualquer preços mas, as máquinas não se ’ podem adquirir da mesm a maneira. .G fotem 'gPttHí léf qi i áffldsl' dâs quais hão sé pode dispor em todos os moméheps ( . . : ) r( A VO z do Trabalhador, 134-1909, grifes m e u s ). . • •. ’ r '
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compreensão de que a riqueza material está diretamente nas m ^ s,4 o - produtor, embora pertença ao capitalista, e. de que isto si^m ica uma ameaça muito grande ^ o capital revela; a- profundidaaj^da crítica, operária. Os trabalhadores estavam cientes de que o industrial necessita de todo um aparato físico e moral para con trolar seus passos, garantir a conservação dos meios de produção que, emb.ora não lhes pertençam’ juridicamente, estão em suas mãos nã práfiçá cotidiana.' Os anarquistas, por sua vez, quebram esta estratégia de'disciplinarização do trabalhador ao propor como meio de lutá a própria destruição dos instrumentos de trabalho ,e da fá brica, õu seja', 'da riqueza material, e não o respeito servil ; ao cumprimento das obrigações. Em 19G8, o mesmo jornal informava sobre a destrufção de armazéns por operários que trabalhavam na construção da ligaçfo^ de Muniz Freire a Engenho Beeve ( . . . ) ; levantaram seu protesto contra o ato abusivo desse empqeiteirp usurpador , demoli ndo alguns ar mazéns (o que já deviam ter feito) e casti gando-o,.poirp assobios (A Voz do Trabalhor , 6-’12-l 9 0 8 ).
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Frente à resistência operária.^persistente-, os dominantes: sãó^ forçados a reelaborar as formas de'relácionament03;com.òs empre gados, inventando meios cada vezumàisu.sQfistic^dõs ,.e cengenhpsós j de adestramento físico e móral: buscas-; -tate-ant-esr.-p'oldtiihadaso'de | erros e acertos, que evidenciam a crescente preocupação' patronal j em. impor autoritariamente sua maneira de organizar as relações sociais, dentro e fora dos -muros da . fábrica, definindo inclusive: as relações familiares e as formas de habitação da classe trabalhadora^
À pedagogia “paternalista” dos patrões A ausência marcante de publicações oficiais que informem so bre as condições de trabalho do proletariado emergente nas pri meiras décadas do século sugere o desinteresse .por parte do poder instituído,, diante da situação dos trabalhadores noí; país.. Situação que a imprensa operária não cansou, de denunciar,, A-preocupação com a “questão social” evideneia-s.è de. maneira .mais. concreta no período das .manifestações-gr^istas d e ’19.1:7 a 1920v'como respos ta às crescentes mobilizações. dos dominados13. Várias associações patronais são cohstituídas-em função das ç ^ greves desencadeadas pelos trabalhadores, cujo nível dè orgãniza(jcão aumenta visivelmente no final dos anos 10. Desde o final'clo século X IX , os operários procuravam se drgartizar .criartdo . ehtidades de classe como a Liga Opérária da Cia'. Pàulista, dos ferroviá rios; a União dos Trabalhadores Gráficos, criadà em 1890; a Uniãò Auxiliadora dos Artistas Sapateiros, sistência dós Trabalhadores em ;ítT ciedade l.° de Maio, formada em Santos, emM^Q4re- qüe incluía pedreiros, carpinteiros e pintores'; a JJniãò dòs pperáriós em Cons trução Civil ou p Sindicato dós! Trabalhadores em'Fabricas de Te cidos. ' .7 ... Pelo lado dos patrões, a grove : d.os,sapateiros desencadeada em 1906, no Rio de Janeiro, determina a formação do Centro dos 13. Ângela C. Gomes, Burguesi a e Trabalfí ò~. Rio de lánéíro, 'Uãnipus. T9f?. A autora mostra Weste estudo a eihefgêricia das *discussões ique sé trayam na Câmara dos Deputados sobre à legislação- ;sòcial; assim còmo a^jprópria constituição •'das entidades organizãtivas do" •patrotíato,s' em *função>N â à s ' mandas cada vez mais pressionantes do movimento operário (p. 119 e-ss).
52 ■xéJê''
Industriais de Calçados e Classes Corretivas.14 Em seguida às gre ves de 1*91-7/ que se iniciam no setor têxtil, os industriais do ramo fundam o "Centro dos Industriais de Fiação e Tecelagem do Algo dão (CIF3*A)' no Riõ de Janeiro, e no ano seguinte, o Centro dos Industriai^ de Fiação e Tecelagem de S. Paulo (CIFTSP), O empresariadodecide unir-se e tomar decisões conjuntas mais sistemá- . ticas TelMazés. faH^as^criscentes mobilizações do movimento ope rário. Não é mero acaso que a década dé 20 assista a<5 lortaíecimento do patronato, cada vez mais articulado com as forças re pressivas do Estado, e que a “questão social” ocupe um espaço progressivámente maior no conjunto de suas .preocupações. Afinal, as primeiras medidas da legislação trabalhista nascem em . proporIffiTãò- aSaient^a Tepitéssao pollciaíiõbre a classe operária. ^ Em alguns casos, as iniciativas de criação de entidades de de fesa dós intefesses dò; proletariado, tòrriadas por ele próprio, são •absorVidás^hlás'industriais, apropriadas e devolvidas reformisticamente sob. a forma de “benefícios”, como no caso da Liga Operária dòs'Tèrfdviários Ha-Cia. Paulista, ^quêpassa, a formar a Sociedade Bèheficente dos'Empregados da Çia/dirigida pela empVesa. Do mesmô 'módò; a Associação Protetbra* oas 'Famílias dos Empregados da Cia.,'também fundada por ferroviários, é assumida pela cúpula direto r^ àã^ ém pfte, ddgo~em ségüída; as cooperativas de consumo of’ganizadas pelos trabalhadores desta mesma empresa, em 19 02, fãmbém :sSd‘/capi'd*áme'átd ílpropriadasfpêlos ‘patrões è devolvidas na fòrnia de;fmèdidás;í:pfótètoras tomadas pelos empresários para de fender ;sdu!s êm pregádõs.15 ‘''‘' ’Etó^sfcá, .0 dèéilo^trónay^è dêtetraitifir m namipfros da for mação' d o j ^ im^dind.o sua auíoconsírncão espontânea cada vez mais sofisticada— o movimento-oneráriQ-seesea-par -ao cõntrólé do poder..No -entanto, a nr.â-direta e o “pajSS^riid^defendido- pot.alguns patrões. É evidente que o empre gador não podería apenasvreprimir, excluir e punir a força de tra balho,1já que precisava garantir sua coesão e unidade no interior... . .
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14. Maria Cecília Baeta Neves, “Greve dos sapateiros de 1906 no Rio de Janeiro: notas .de pesquisa”, i n: R evi sta de A dmi ni stração de Empresas, vol. 13, n.° 2, Rio de Janeiro, 1973. P $ í %n\ m^Ferr óvi à e Ferroviários. São Paulo, Cortez, 1982, p.
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!da produção: por isso mesmo, a,,auto-imagem..p;aternalista quedai-/ guns industriais constroem, e que l^çfógfogggfj. questionar sua dimensão ideológica.,- *vjsa,,4efo^ça^pj# simbolizada na figura do pai, e assegurar a integrand dor ao aparato produtivo. .yytóav.A - m,;,:;. : ^ ! Átravés de <‘cpnççssões,\,cotn!o,?ja? ip^talaçãp^d operativas, farmácias, restaurantes, escolas, vilas: têpcia médica junto às fábricas, ejgeifêp; torpa-se mais consistente, sistemático e tilar, juntamente com estes “benefíeios”, a idéiatdé.&uôLtrsfcfiIíi^4Q!res |e patrões pertencem a u pa interesses comuns. A imagem da jfàmflfa. titUiiàd^rpacà^j^nsár á fábrica, cumpre a função explícita de negar -ai existência do, con / flito capital/trabalh o, sugerindo a idéia de urna h g r^ m o s a , co operação. entre pessoas identificadas. Representação.:qpe ps•operá rios criticam violentamente. . v;: , . ' j A inspeção, realizada pelo Departamento.Estadual ido.Trabalbp (DÇT), em 1912, nas fábricas instaladas na cap jMÍq^l^tapforngçe alguns dados, ilustrativos do “paternalismo” dos patrqgs* pos 31.res tabelecimentos visitados pelos inspetores públicos, a, grande maip^ia é rçtratada como higiênica, bem equipada, instalad&.-em-, edifíçios apijopriados, contando com equipamentos modernos. Também ;sfp mencionadas algumas medidas de assistência' social', postas em .çiáticá por alguns.industriais: instalação de farmácias, seguro con|ga acidentes, assistência médica, habitações e uma esqçl.a; para osnfiihos dos operários. Segundo o DET, no entanto,,,qstas medidja^de caráter assistencial relatiyas à s^Ú^i^do tra^aj^d^r^^condifpps de [trabalho eram ainda muito limitadas e este» org^i múblico «pfpcuràva incentivar sua adoção pelo còrijunto Ha.^eníprps^iado. t O caráter pedagógico deste discurso, degtij^|J©í,ao^|nd,q|| ‘ cuja mentalidade pretendia transformar, explica anaf^gü-idad^ descrições das unidades produtivas, visitadas. D^uinjajtfo,,, os ji tores públicos realçam a higiene e a prosperi§ad%i|leste& nfe! ções, reafirmando o sentido positiyOjj da atu.a^q^-jnp^^n^z.a ‘ i'~ empresariado; de outro, reclamam,sua maipr^arfipip^ap» dernização das fábricas, ao mesmo tempo que-Justificará :a pr|; neéessidade de sua presença física, como irxspetpres a exemplo da Votorantim, onde j^pp ma; clubes, escolas, quadras de têrns, pisçihnjil
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água encanada, luz elé,trica e esgoto. 16 Certamente, iniciativas co mo esta !sãò;'exceçõès à regra, á exemplo da Vila Maria Zélia,,ponsiderada-çdmo empreendimento modelar pelo conforto proporciona do aos trabalhadores e suas 'famílias. Oytras insta]açpes habitacio nais e r^rê^tivas podiam ser encontradas junto às fábricas de Antoniò ‘PáKeidò l no Brás, ou ainda na Cia. Antártica, cujas casas eram^spefejalmente reservadas para os cervejeiros, ou então na Cia. de.CffipÇg Clark. . , *■ Né'ííti©,de. Janeiro, .a Ci% *P-rogr^s^o,,Ip d u stri^ d o. Brasil, fundadab'em' 1#89, possuía casas -para operários,: com luz elétrica e agiia;:eiioanac|a. A Cia* América Fabril construíra 259 casas para sèiifí’^Ê^te^adiós,.:àítedpjippWos “benefícios”j enquanto que a Cia. de Fiação e Tebéla|em Aliánga fornecia, afém dè 152 residências, um serviço de assistência médica, uma farmácia, duas escolas, uma crecH'èüfe?-i0Ítid'à um furido^-dê^assistêneia para atender às pensões dos ópeririòs "falecidos. A Fábrica de Fiação e Tecidos Corcovado põssuíá dúás’ escolas para crianças, uma* creche, .armazém de-alimentos^e fâtniácia. A empresa eohstruírãf também-um edifício para o lazer jdps^Ojiérários, onde se realzavabí -bailes :e-'representações t e a t r a i s b b u m â sala de b ilh ar.^ Os exemplos se sucedem e mostram que, embora pouquíssimas' medidás'*de proteção social ao trabalhador fossem tomadas-neste períodò, não se podejnferir que os industriais como nm tndo ahjgpdOnassem os trabalhadores às pressões do mercado, no sen tido'^de forçados ao trabalho na luta pela sobrevivência. A burguesia indus-'A trial interfere desde cedo nos rumos da formação da classe operá- / ria, procurando neutralizar os movimentos políticos dos trabalhado-/ res efrelacionar-se com,pies de maneira individualizada, ignorando| suarejntM?,dP^de classb; tanto quanto possível. Por outro lado, in centiva a assimilação de práticas moralizadas e tenta adestrar os dominados -para extrair o maior rendimento, possível, acompanhan do-os também* nos momentos de não-trabalho. Portanto, a atnacãoi , patronal1foi marcada, ahtbigbamemte pela intenção de proteger os 'trabSàdéfesfque"17M^ mas, ao mes? nrotéinpb/^g^ b n t r o ^ ,•■ naIFntativa de integrar á força^^^^^^alhogalguns em presários se esforçam para fazer; passar uma auto-imagem paterna lista: os discursos de Jorge Street revelam a preocupação de mo:>.
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1^. Os Estadps^nidos do Brasil, jp,. 234, i n: Maria Auxjliajdora Guzzo Dac ca, A Vi da F ora da Fábri ca. Dissérlação de Mestrado, Unicamp, 1983, p. 52.
trar que ele se sensibilizava com a sorte de fiseus” ;èínprêgàdos, ‘a&' sim como de stiâs famílias, e. que agia em seu bbhefídípf( . . . ) a tese americana, com Henrjç Fo rd à frente, doutrinava não ser o chefe da indústria,- tutor dos séus operaínòs?: a estes incumbia prover à sua subsistência e a dos seus, não só material como intelectual è moral. •(. . .) Para o 'Brasil eu desde logo dis cordei da tese, pois conhecendo, como me prezava de conhecer, a mentalidade e a cultura de nosso povo, eu entendia que deve riamos até melhores tempos passar por um período intermediário, em que nós patrões serví ssemos de conselhei ros e gui as, sem que a meu ver isso constituísse uma tutoria pesada ou inconveniente aos nossos auxi li ares de trabalho.11 (Grifos meus.)
Por sua vez, as próprias pressões do movimento operário for*çam o patronato e o Estado a se posicionarem frente aos proble mas enfrentados. pelos trabalhadores. Nesse sentido, todo um con junto de práticas disciplinares, paulatinamente constituídas, apon tarão para a construção da “fábrica higiênica”, antítese da fábrica escura e satânica odiada pelos operários, e de uma cidade ,purifi cada e absolutamente saneada. Por certo, o objetivo dos patrões não^se limita- à .redefinição das relações de trabalho. Ambiciosos, seu sonho de erradicação da “lepra” da luta de classes passará pela elaboração de um amplo projeto, de transformação de toda a sociedade.1718 Éjnêsse sen.tidc.qUe se pode observar que a elaboração positiva -da (figure implica- também a promoção de um novo. tipo. de Ao..antigo proprietário; rude e. despótico, que o imaginário,copiai assimilava ao fazendeiro -dono do escravqsyprocura-.s.eidpMi^^ttfeagábi.^atrão moderno e civilizado^ á exemplo de umtJpjgeiS fberto Simonsem Ou. seja, ao- tra balhad or,m odern^'|^^Sl© >’P'pro'dutivo, deveria* corresponder-, na “nova fábricà”,.-r^etializada e ; apolítica, a figura do novo industrial, dinâmico e educado,, que se . relacionaria dignamente com seüs “empregados” ê emicujãlpfópfiedade já se teria superado o “antigo problema” da íülá de classes 17. Evaristo Moraes Filho (Org.), I déi as Soci ais de Jor ge Street. Rio de Janeiro, Casa de Rui Barbosa, 1980, p. 448. ,18. Edgar S. de Decca analisa a constituição, no final dos anos 20, de um projeto de industrialização cujo sentido era o de orientar toda a sociedade sob os moldes da fábrica. O Silêncio dos Vencidos. São Paulo, Brasiliensé, 1982, Cap. IV. 36
Purificar o espaço fabril Quando, em 1912, o DET realiza uma primeira inspeção esta tal nas fábricas existentes na capital paulista, sugere aos patrões re calcitrances a modernização dos estabelecimentos onde os inspeto res registram condições,de trabalho instifimeniafv-^^^ das normas higiênicas exigidas pelo Serviço Sanitário. Ao mesmo tempo, elogia as iniciativas patronais de introdução das inovações tecnológicas e de remodelação interna e externa dos edifícios fabris: Apenas em um reduzido número de fábricas ( . . . ) a defeituosa disposição das transmissões e o. pequeno espaço existente entre as máquinas favorecem a ocorrência de acidentes. ( . . . ) Esses defeitos . e outros — como a deficiência de ventilação e iluminação, a falta de aspiradores de pó, a ausência de vestiários principalmente para as operáríaS|'— , notãdos em alguns estabelecimentos, seriam facil- » mênté corrigidos desde que houvesse, por. parte dos industriais, um póücò de ■'boa vontade. Com ‘ pequeníssimo dispêndio de capital, põderiam ■’esses estabelecimentos igualar, nesse sentido, as fábr i casmodelos, côrrfo a Santista, a Labor ou a Ipiranga.19
A valorização do modelo da “fábrica higiênica” marca o des pontar da mudànca .para, um novo regime disciplinar, que pretende tornar.-o espaço dá-produção tranaüiío. agradável, limpo e atraente pãam.o trabalhador e traiddo^como um “cidadão consciente e inteaGordoupom os movo? >preceitos da saúde, da higiene e ’dlv^r^l^^vP^T/ç^^Jau^S; indnsfriais; liberais resistentes às i-novações<,:5o ;.n ^ d p . mo
e-P. S. Pinheiro. A classe oper ár i a no B rasi l. São Paulo, Brasiliense, 1981, vol. 2, p. 59. 37
do pouco caso ligado à segurança do operário — exc^panen^e^ as pausas mais fácei s de- serem rempgi dps, e,.os aparelhpj^àis simples de se tornarem .protegidos,; sem grande, trabalho nem cf& §^sa exces si va — que causam tão g rande.trfún%ertq. de. aci dentes, ..que; incapa citam, no mínimo parcial e per^.án|ntementé, tantas dezenas detrabalhadores que poderíam contiMliar. a servir corno elementos úteis jpara, o nosso progresso industrial.^0 'fòrifos meus.)
Deodato Maia, futuro' integrante do Ministério dd Tfrabàlhõ, Indústria e Comércio, também se revolta contra a négli|'lricia dos patrões diante das condições insalubres e anti-Higiênicas do traba lho fabril, no mesmo ano: Os edifícios de nossas fábricas, com pouquíssimas exceções, são jvelhos pardieiros ajeitados pa ra ;esta ou aquela indústria;, rnas nas Instalações ou. adaptações à la diqtble, ;para tudo, . s ç ; qíha rçenos jpara. a saúde do operário. Falta aós vetustos pas^õqsdijZjnafural, ;e a luz artificial é irregular..e defeituosa,;,mão: clispoerp ^ lçs.d e ar suficiente para o núm ero de pesetas ; qpj^,tcaf)aifeatn,..^u^r .$nglo* badamente, quer. em estreitos compartimentos; pão existe reserva tório de águ a de aco rdo com as ■prescrições higiênicas nem tam pouco aparelhos de desinfecção e daí as vertigens, as dores tora• ! cicas, a cefaJalgia, a antropoxim a e ' outros •r i í á f é s ' a s pessoas que vivem em atmosfera viciada.2’
! A necessidade de higienização da fábrica, de sua racionalizaiçao e modernização, idéia que apenas se esboça no discufso do ■DET, será desenvolvida na década seguinte e amplathente* valoriza da fios anos 30, tanto no Brasil quaríto intèrnacionaim^tp,22102 1 A representação da “nova fábrica” , q'ué o % i ^ p ~os fnedicos defendem perante os industriais, já fora anbnci^p,' désde o fi nal ‘do século anterior, nos Estados' Unidòs, por FrèoeWíJk W. Tay lor,! autor dos Princípios da Administração 'Científica éhpor setís discípulos. Pretendia eliminar e contrapor-se à imagem da “fabrica satânica”, escura e fétida, detestada pelos trabalhadores, que se 20. j“Condições do Trabalho na. Indústria Têxtil ’d'è S. :?k d{èfç '3olétirri dò ; „ D epartamento Estadual do Trabalho, 1914; pr 26.'. 21. Maria. Alice Ribeiro, op. ci t., p. 128. ■ ‘ í. : 22. Ver Anson Rabinbacb, “A estética da produção no Terceiro Reich”, i n: R echer ches : L e Soldat du Travail, n.° 33-34; íParis, Cerfi; 1978’;í Aleir Lenharo, C orpo e A lma: M utações Sombri as d&*M’odkr 30 è 40. Tese de Doutoramento, USP, 1985. . ' 38
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JÊttttkfôjfcÉfc tprt^p|p>lM Xátãtammà w (*; TJjJt sentiam sugf-d^em todas as suas .energias para realizar o objetivo particular e individualista dos pátfões.23 A fáBirica “satânica”, representação criada pelos operários in-, gleses durante a Revolução Industrial, opdseram-se inicialmente artesãos exjpjpgriados, e operários que viram’na imposição do sistema d ^ tB m la S S ^ m E iõ d e ^ e u mòclo de vida* anterior. A "reação dos trabmia@ys à. introdução dos novos maquinismos foi violenta, levS iE o 'iam^esmb^Tô^ ..de grupos organ izad ^”^ dútes 4èjmaqui|iast como os luditas, que simbolizavam no dano matej^ijaí" s^a^-r'eslstenóia Tp ^ ^ ^ lF^ p róp ria identidade e à expropriação do saberdàzer tradicional. :,“ :r i/”’ ' <1)1 ihdbstriàis e tí Estádo nã^o'hesitaram em responder: a cons trução ;da-;“ ridva"í8B$
óperanos^sê^^ lurliiqlid^^ ~clQ vd.e••vi??a$Ifcç.rç.S; gná\çida.s trabalhando doze horas consççutiWas,,-ou>: ainda, dé acidentes de trabalho ocasionados pela colpç^çlo ikdevida das máquinas. Ãitraniíormação da aparência.interna e externa da fábrica vi sava a;’transformação .da subjetividade do trabalhador, do mesmo modo que uma casa limpa e confortável, mesmo que pequena, de veria; despertar, o desejo de intimidade no operário, reconfortado pelo aconchego Mo lar. Além disso, uma nova finalid,ade.. er.a atri buída .àt eleyaçao da produtividade do. trabalho: ©, enriquecimento dSjãaçãeira*#*^^ mais o mero ideal ds-satisfadfcjdttiW& ciS icioriafT^ ^ Embora estas idéias de, uma nova, gestão do trabalho fabril só tenham- sido implementadas na década de .50, com a taylorização da pt-odução e a criação do IDORT (Instituto de Organização Cien tífica do Trabalho)-, desde as décadas anteriores algumas vozes afi navam no mesmo diapasão: como o DET e Deodato Maia, fambpm alguns industriais mmêdiéos sanitáristas preconizavam a construção 23, L. Margareth Rago e Eduard 9 Moreira. O Qut è Taylorismo? São Paulo, Brasilieiíife, 1984. 59
da fábrica organizada à imagem do l à r .^ ,n .p£betiàbiél .1 íntima ie
Roberto Simonsen, em conferência pronunciada aos seus colegas i E mano, ,191 9, Jorge Street, médico Moderno e industrial'“ sím mesmo descrevia O Trabalho comoprogressista”, produto da or§ bolo do “científica” novo patrão,dorepreendia publicamente Os empresários nização processo produtivo, utilizado como meiopor i não considerarem “asque necessidades vitaispara de seus trabalhadores” “evitar a todo transe sejam trazidas o nosso Brasil as 1 . tas de classe, as organizações artificiais ” .24 Em sua opinião, inspirada no próprio Taylor, a antiga discipli na importada do exército, que fornecia, à indústria regras de con duta e a maneira de conformar o trabalhador às exigências.'da acumulação do capital, devería ser substituída pela “disciplina inte ligente e consciente — oriunda do conhecimento exato que tem o operário da natureza de seu trabalho e da certeza do juslo reconhe cimento de seus esforços ” .25 Dois anos após a greve geral de 1917, Simonsen defendia a importância da introdução dé um método de racionalização da produção que traria “a cooperação cordial entre patrões e operários”. Tomando como exemplo a organização industrial d-as- empre sas norte-americanas, ele propunha à diretoria da Gia. Construtora de Santos, em 1918, sua reorganização interna “em moldes mais chegados da administração científica”. Reforka que foi iniciada no ano seguinte. Argumentando segundo a lógiéa do “engenheiro” nor te-americano, este industrial afirmava que; pretçn
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Simonsen, OTr abalho de S. P aulo , 1919, p. 1. p, 11. p. 35,
M oder no.
São Paulo, Seção de Obras de
T p ía m çs deste modo individualizado o operário, interessando-o diretajjpente na produção, tornando-o um fator crescente da riqueza e incorporando-o grandemente na sociedade estimulada.27
Nesta' lógica, a disciplina do trabalho na fábrica deveria ser apresentada como~necessidãdV~õFfêÍwã~l¥ru^^ .. ^cjrenife~lIevgnOef^ .normas” ^p rod u^ ãó Slgriit'ifeg3à-subinétés^
s dn p rn -.
tgresso tecnológico e do 'desenvolvimento .rienilficQ^Ci&tcfa. técnica e progresso apa£.eeiámJnextdcav.elmente.associados neste, discurso dej glarizag ã& jl&Jll^ da produção. *As normas disciplinares deixariam de ser impostas pelo capricho de patrões ambiciosos e de contramestres desalmados, para apare cerem autonomizadas e inscritas no aparato técnico da produção, isto é, dotadas de uma aparência de objetividade e de exterioridade. A uma. foitoia de exercício do poder concretizada na figura hu mana do contramestre ou do patrão tradicional, opunha-se a vigi lância mecânica, exercida pelo maquinismo, aparentemente inde pendente de qualquer, interferência subjetiva da vontade patronal. Assim, esta estratégia de despolitizacão da fábrica, que se con figura pãúlatinamente na déc^a de..!tn!!!!Ljcuj£ se consolidanas seguintes, representava a possibilidade "c[F*obtêr a intensificacão~dÍT "HaTorcir^lraba J& or ^ opfqpór condições' àtfaerítes e confortáveis no intenoFlfa gWrícf,.. pretèndia çõntrápor-se às antigas modalidades coercitivas qi|e V íg õra V a^ . A fábrica, dqveria ser valorizada como “ a grandâ -i:amftia”,%com a. quil cada trabalhador se identificaria. no mesmo momento em qüè se domesticavam as relações da família OÇeráidqoie em que se. destilava o. gosto .pela intimidade do lar no prpietanãdò. Detalhes como a cor do ambiente, o grau de iluminaçáòÇ' ct lareiâménBV.a, .mstàlacàor de ’-sanitários, de refeitórios, de íarHins' em 1volta tdas' fábricas serão difundidos em função -da in., fluência civilizadora que poderiam exercer no espírito dos^japy&gá». rios, ou ainda y.la possibilidade de garantir sua saúde _ eaálarido custo,S e perdas»maiores para os industriais. Também- o- poder médico, ná’ década de 20 , procurava denun ciar as péssimas condições de trabalho das indústrias paulistas, res ponsabilizando o desinteresse dos empresários pelo estado de degeneração física e moral da classe operária. Fundamentado na teoria •
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I dem,
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biológica do meio, que sè'constitui na França ria priníèfra metade do século X IX , o dr. José Ribeiro de Oliveira‘ Ne,tto áfiríhava, ém 192b, que a insalubridade da maioria das fábricas têxteis paulistas, o silêncio e o desinteresse» do governo e ainda “a má edu,cação do operário, que não tem orientadores sinceros-e'inteligentes^nas suas reivindicações”, dántficavam o próprio" organismo-qo írafealfeadòr. Segundo ele, embora existisse'na capital um Serviço Sanitário :de “idéias modèrníSsittias”;''é‘st'ãs'nto eram aplicadas:e ft grande máfüria jdas indústrias sé encontrava ifúma* situação ltstítnãveí. Á dei’ gene ração então resultante para a saude e para o caráter do traba lhador era inevitável: Os (edifícios das fábricas) do nosso Estado, além dç acanhados, quase todos construídos sem orientação da engenharia sanitária, ! são' inteiramente destituídos de dispositivos hé,gés£ân.q$ à ‘renovação ido agente purificador. Dest’arte ê o ar destes estabelecimentos con! finado, oferecen do cheiro característico, repugtíàhtè. © operário, em tais dependências exercend>o- s e u s ‘M steres, viac^de regra -se ! habitua facilmente com esse estado;' não ■'-séntévi-s* dêsagraxíáveis ; sensações e fenômenos conhecidos que um estrahhove?fpéFÍmenta, í ao se deter por instantes nesse qmbiente. Tqdayia o ataque se vai j operando lentamente. Apresenta* distúrbios á ' quê não ,liga impór! tância. De assíduo ao trabalho come ça a fàltar, sentindo'é dizendo i aos seus não ser o mesmo homem eriérgicó^dé tempos pãssárdos, i Enfraquece-se a atividade de suas funções orgânicas. -É menos I capaz, resiste menos à fadiga, Moléstias infecciosas b atlngém com j frequência. Dom ina-o a fadiga. Em breve, a anemia, a tuberi culose ( . . . ) .28 " ' 1 f:'
A obsessão com a sujeira, com a poeira, com a.....émármc^ ,d e gajseThòcfvõs ê com a falta (te arêjSiéútoÍAe ^ u s t i f i c á v a a preocupação médica d á d ã Q trabaího~ noturno era imi?eii^|%é elê usufruísse de luz natural', essehciâbpara o organismoroomoítárnbém porque “ a temperatura 'noturría iav or^c^ ^u àlD ^(lip |)Í 54’à abuso de bebidas alcoólicas” . D saneamento' eíaff cónáibóes5"tnateriais de trabalho, nesta perspectiva, produziría a eliminação natu 28. José JR. Oliveira Netto, “Profilaxia das causas»;diretas* de dnsalubridáde dás fábricas de fiar, tecer e tingir algodão. Comentários à situação das fábricas paulistas em face destas causas”, i n: B oleti m da Soci edade de V '4 M edi ci na e C i rur gi a de São P aulo, 1922, n.° 5, p. 181.
ral ;de>spj^M'Gcâi^iÉipui<ás> ou. antes, impediría sua emergência. Da mesma lormavip saber médico defendia a mecanização de certas tarefas manuais, como a mistura ;do; algodão,, como meio de defesa da saude do .tfgbslhadprj •a ^tródu&ãp dé ventiladores e aspirado res! artificiais; a..rujy^tz^|jO; 4 e,íp-ventaisu e,.calçados especiais de trabalhp ..pgr^^os, operários;, a pintura externai 4a fábrica com tinta branca, parf. neutralizar, a influência, térmica do sol; a pulverização da . água^.através ;de,bombas especiais; a abolição do trabalho ik h tumo-e, .gobretudp, .a.in£tal£çj|q.'de “bons consultórios médicos com profissionais à testa bem remunerados”. A mesma lógica do discurso médico aparece nas reflexões do dr, F„ Figueira, de Mello, relativas às condições de habitação do operariado. Insalubridade e falta de higiene só p oderíam nrndii7Ír mdl yí duos . o que sianificaviscum" .alto custQ. veconoin^.;^aQdialp^a. a nação: O homem sendo o produto do meio, qual o que poderíam gerar estes*covis que são atentados os mais revoltantes à nossa civili
zação e ao nosso progresso ( . . . ) . Neles hãò pode haver espírito sereno e alegre* alma animada dos sãos intuitos de, progredir, desejo salutar de aspirar mais folgada situação, nem propósito de obediência e ordemj morando ò ojperájiotnesSesfèortiços,. sendo pelo conírério^ mais natural, que % escuri-" dão :,daS; álcovas reflitaí-se em sua alma, gerando a maldita tristeza, mãe das revpltas, p^ldutora dos crimes, impulsora do alcoolismo e dos vícios.29 Nesjfes discursos,a idéia de que os gastos, despendidos na ins talação „<}e novos aparelhos de salubridade nas fabricas e nas habi tações] assim cdmo na mecaHiZaçãõnde certas^atividades manuais, PT-xkrT^Sunênto dcT trabalhador. na da higiériizaçao .dycòndlgpes ç & HoIÈSo^ambiénte seria. <:auhM jETpraíü bafa*
OS patfões; ppis pro.duzjrjaenifI p ^ ç-ontro w m s n F s w m : ÕsTndustriais poderíam con trolar mais eficazmente seus empregados, ou mesmo redefinir as
29. Francisco Figueira de Mello, “ Habitações coletivas em São Paulo”, in: Boletim dmiSoefêâüde de Medicina e Cirurgia de São Paulo, vol. IX, 3.8 série, junho de 1926, n.° 4.
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normas ,•de funcionamento; da ilábrica Ao
normas ,•de funcionamento; da ilábrica, -Ao %de produção, mestavperspeetiva^Areduzida anum prdítemt" téctóeo que os espeQÍalisías..deye:riam.^m!ar&f>ulár ;e r e s o l y e r ; - ■*/ Neste mêSmo péifíodo, re;defínè-’Sè' òLcãfríp‘cf ci*e átuá^ÔJã^s'médicos sanitariãtasi segundo" aú o v a lhfiuên'ciav*dã escoIèF^rTé^atííéricaiia, expressa pela figura dè Gèfóârldê H."de Patilá' Sôíizã*;’ iQriticando as pMticasyaíitoritáriâS' do" péríodò •enKqiié' ‘ E M iò TRIM'S^di rigira' o Servi‘ço -Sanitário dojEstado -de-São^ Paulo1, :ó ‘ ndvo“ diretbr defendia arteseisègundo -a* qual a' afUaça#inéêieá^f*rerifè; à pójftíláção pobre deveria visar a- coWs6ie‘ntizaporfd6 indiVídud, éfèfivada a partir da criação delGfentfOs-e^ postos-de; saúde/. ReòPgáríizándo o Serviço Sanitário,-Paula Souza determina a substituição das cam panhas autoritárias de effadiéaçãoMas- doenças pôr Um trabalho co tidiano; e permanente de ifêedueapo e de âomeSticápo dos hábitos da população, aliado ao saneamento ambiental .30 As -concepções que informam estas transformações das práticas sanitaristas devem ser registradas.' ':J Substituindo a teoria dos mia,snia£ .a 'tepxia; pasteuriana; dos germes indicava que a doença,não,,prqvinha ,.fiindam,entalmente dos pontos concentrados de- sujeira, mas poderia -emanar de qualquer parte: assim, todo indiv:íduo*se tornava suspeito, aparecendo como um portador em potencial do micróbio. A: ameaçar do contágio po deria estar em toda parte. Veremos que a mesma* representação da virtualidade da doença, física ou moral, %*termittá"-á reorientapo dos poderes públicos e dos industriais em reláçãò^ifóÇãê^flê cri minalidade. A atuação dos médicos higienistàs ou da polícia deve ria recair'sobre toda a popu lapop emAespeciál ds* jfobrès, e não localizar-se aperiás sobiVôs' fócfos' âe vcorfíágio7 ou ipcidlr exclúsivamente sobre criimnosbsnjá ícbmprôàadòst': yÁ A ■■ . « 5 * » '* '' ' Assim, toda umaPredefimcao iBjri "loralizaçac ^..-£«3331 nolétariado pode “ser jpejcebi(JàcenÇjbive^^ social, segundo" úmâ’' cia, da tecmca e do progresso. Fim -daaera da aispiplma m|||ar-na fabrica, fim das punições co er^ ti v a| ^ egj^la, Jip i va-, cinações obrigatórias, registro- defihe os códigos de pond^ta^aponta npvos, smg|^ cje, in vestimento do poder, segundo uma4lógica que se pretende “cientí-
m:
30. Emerson Elias Méhry, .A E mer ^ênci andàâ^WMH' cas^Sàni í ári àsrino * %•« de São P aulo. Tese de Mestrado, USP; pp. Í08-9I - * *.
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j|jaderna ;e, constituída acima dos interesses particulares das : E s ^ imodifícafiov das :tecn®iogias> disciplinares pode ainda ser percêHeFa1 nos novos procedimentos de vigilânc.ia^adatados--na- íntenor"(?a"'fÍbrica. fí de acordo com. esta lógica que os industriais têxteisi órgardzados, no CIFTSP, .introduzem o sistema de identifica ção “científica” dos'Operários, em substituição à antiga identifica ção policial5Obrigatória, “que representaria talvez aspecto de vio lência”, irritando'ainda mais os empregados, (circular n.° 38, 1921). Já>. de^algum tempo os patrões vinham se preocupando com a questão da "“repressão aos roubos de peças” , praticados nas fá bricas* têxteis,, ato que .percebiam-como resistência política dos tra balhadores à exploração do capital. Na circular confidencial n.° 39 enviada aos industriais associados do CIFTSP, o.secretário-geral da associação ^patronal, Pupo Nogueira, informava; k O nosso venerando. Presidente, tão pr.oíundamente observador, \ chegou à conclusão, de que, para os nossos operários, imbuídos de idéias novas e inquietadoramente ousadas , o roubo já não repre senta delito: o roubo, 'o fur to, repr esentam tri buto pago à for ça pel o pàtfãò. Quem retira das fábricas, sub-i'epticiamente, um objeto qualquer^'retira a sua parte dé lucros e, ou muito nos enganamos .ou-lsto é -comunismo en herbe (CIFTSP, circular n.° 39, 25-61921, grifos meus).
/
O ríbvò' sistema de enquadramento dos têxteis apresenta-se co mo método de “identificação científica”, procurando com este ape lo àlnoÇãlPdê ciêficíâ jt i S i Ç a í ^ ‘i^mb ’necessidade objetiva do deserivoiviínênto iíidugtríal. Si^undo *este.uQarabal.hador.^teria...uma ficha cont^idi sétis dadò&pessoáls ê>uma fotografia na fábrica em dl^ ^m ipav a; Ü vincBB tmr,g5‘/
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eerco còmp-lètò sobre ò operário, as portas dÓ^mercãdò o -pressioriando-o )
qpalquer, dpsi -,srs.. associadas,. quiser livrar-se de um 'a 8 i t a t ^ m fe^is^ erci, fazer do; s.que; {cpmuniçar-se ■com este Centrè è’ o Centro providenciará imediatamente no sentido de ser
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io elemento perigoso afastado d ir fábricay fábricay A sua fich fi chaa ser s eráá com c omun unic icad adaa às fábrica fábricas'-' s'-' associadâs, associ adâs,w wÍM‘'e ÍM‘'e ‘ífüÉ^sèífüÉ^sèjfará com os ladrões (“Represo aos Roübds-^ Furtes’’; p. 2, grifós meus). : ínicialmente, o fichamento dos operários deveria ser feito pelp próprio CIFT CI FTSP SP e pelos pelos patrões ^em; cada cad a fábric f ábrica;*aos a;*aosipou ipoueos, eos, as despesas acabaram sendo custeadas pelo próprio trabalhador, à raedidá que esta técnica punitiva foi sendo institucionalizada. Nesse momento, seu conteúdo passou a ser mascarado de maneira mais sutil sutil e totalmente invertido, apresentando-se com sentido sentido . contrário ao óriginal, õu seja, como garantia e benefício ao trabalhador e não como expressão de uma estratégia que visava discipliná-lo den tro da fábrica. fáb rica. . ' f \A resisíând^uanerária contra a introdução do fichamento pes^ soalj não' tardou a explodir. A Pl&be, de 31-10-l^Ú^L-demmciava ) esH H n ^ jco mo^ mo^ u ma humilhácaò vefgonhosa lv para o trabalhador, tratado como um criminoso 1qualqüer: ..
Até agora a polícia identificava jtpenas os criminosos de crimes de certas gravidades, e os anarquistas, que são ã eles equiparados;. Agora, para a polícia, ser operário é ser-suspeito, é ser quase crimino criminoso so.. ( . . . ) Isto é uma infâm infâmia ia contra contra a qua quall ,é nece necess ssár ário io que os trabalhadores se rebelem, Do contrário, a moda pegará e a medida se estenderá a todo o Estado, quiçá todo o Brasil. ; A crít cr ític icaa oper op erári áriaa jeyide jeyidenci ncip p ; $a representação imaginária do criminosq: se, num pripiei.rocmojnepto, a npção de culpaé^dade designa^# indivíduos^ que-ítia^i^mT.çon|f|tido alguma falta grave, grav e, como assassinato õu roubo roubof, f, e dem de m and an d ava av a uma ação policial estritamente repressiva, agora fodps os -indivíduos passavam a ser considerados consid erados comp^elementos comp^elementos . potencialmehte* perigosios, 0 que exigia uma açlo- conjunta preventiva^ ppif^parte do pjDder. de r. Qualquer operário oper ário apare ap arecia cia como com o um *Gíin íin|inç inçfso em^potépciaj: o que estava em jogo já n|p n|p era e ra o crime crim e praticado,» prati cado,» .ma .mas» dade do ato. Portanto, todas as medidas possíveis-de,p possívei s-de,preven revenção ção .ao comportamento desviante deveriam ser tomadas pelos poderes ins tituídos. ; Os opgxáriQ opgxáriQs. reagiram reagira m violentam viole ntamente ente ,8tahtoi denunciando 0 sentido ti do do novQ._m ._mét®á t®áQ~dZ cn q u Íd r a m eitõ~di eit õ~di -: *' .. ..
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•®:;ob| ®:;ob|èti ètiv© v©;-.d ;-.de& e&tai tai Medida, Me dida, consiste consis te em impedir a intro in trodu duçã çãoo 'de .grevisfàiC^de/o .grevisfàiC ^de/outras utras fá^r fá^rie ieas asyK yK os quais não conseguirão consegu irão trabalho trabal ho . em , p arte ar te alguma algu ma,, porque porq ue ifeáp ifeápss os patrões patrõ es distribuirão entre en tre si “listas negras” com os. nomes dos operários demitidos, em ocasião de greve (A Plebe, 15-10-1919), quánto recusando-se a ,§^ g m -fotografades7l: -fotografades7l:Qm Qm cL.informavam cL.informavam caujAlosés-xis^^ em circular confidenciaT^ dol^rFT SP, de 2 2 -6 -1 9 2 7 . . ... ■
Ainda em-julho deste ano, os canteiros irrompiam em greve wmmmmmwmimm protes te stando ■■con contra a ■; ww '**.*.
A .despeito da adesão unânime dos industriais ao sistema pro posto por Pupo Nogueira, as e^pdlsões e demissões dos “indesejáyeis” prolõngám.;se .por'ítpda-.a dé.çada dè 20 r atestarído sua insubor dinação .lios métodos métodos repressivos da burguesia industrial: industrial : as listas s^spee^em .indicando demis.sões por roubo.de peças, boicote, sahot|gem, destruição de materiais, infração das normas disciplinares, greves, etc.
O controle da fábrica: os anarquistas e a auíogestão : Se, pelo la-d la-do o dos dos patrões, o ■perío período. do.que que vai vai de 19 1918 18 a - 1 9 2 ^
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Bfocedimen Bfoced imentos tos de mtfttzaGãokda.trabalhd^aüe.,ameiaAwa, mtfttzaGãokda.trabalhd^aüe.,ameiaAwa, as' as ' ntsegggTtercttncigr ntsegggT tercttncigr de.^éerêiW êkdedmrogressor^ophiiurandoi umibroieto^ rST^Sõya ST^ Sõya ^ábriá ^ábriáà^^^ à^^^^i ^iõ^t õ^tlQ^ lQ^ llis^oéS llis^o éS^H ^H èirT^iten èirT ^iten sificagão sificagã o das das formas*de r^èisféMiá áponfampara‘qlWta^éld controle do "prÕce&sa.dê
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do moyimfi moyi mfiat ataa-Q Qpftr4 ftr4an an.= .=fl fl -questão:: da toma to mada da .das .das fábr fá bric icas as e da-e da -eee*. organização,-do processo produtivo. neste momentCL-Mstóiico 42IÊ*1
CISO*.
A proposta alternativa: de uma organização autônoma das re lações de trabalho aparece, na verdade, desde os primeiros núme-
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ros da imprensa-anarquista. Mesmo que difusamente; os ‘libertários propunham ’a .edificação .edific ação da nova speied eiedaadfe a^p árti ár tir^ r^d d j^á j^ á nsj^ ns j^rm rm á ç ã o da da- atividade^ecoii^thiea, dg- r^ á p t W p r k ç ã o ' rfcjuezãs "naturais "naturais e Sbciã bciãis^^ is^^a^ a^aS aSotl otlr^^ r^^de der-ro r-rodo do pode po der• r•politico; politico; sustensusten'tó H llo ll o ~ 3 r^m r^ m ina in a g ão de classe:" classe:" J'' '" "' '' ' * ( . . . ) é preciso preciso abolir abolir o princípi princípioo indiv individ idua uall da proprieda propriedade de das das riquezas riquezas ( . . . ) . Todas as gíãndes e pequenas empresas de produ produ ção., que são exploradas por proprietários tendo por fim !os pró prios interesse interesses,, s,, devem devem ser i reorga reorganiza nizadas das poror- com issões'papular issões'papulares tendo ;por*mÍEa, «exclusisameBit©,. «exclusisameBit©,. as necessi necessidades dades do po p o vb (A Terra JUyrgit JUyr gittt 6-Jfl-j
Expondo Expo ndo ''As ''A s vantagens vantag ens dá revòlueão sócia T*. o anarquista Lu cas Mascolo imaginava a sociedade' do futuro como aquela em que os meios dé droducão :seriáni:ioclaí^ád^^à 'pr 6^ddãB''::seria orga nizad ni zadaa pelo peloss própri próprios os trabalhadores; trabalhadores; a p l b ^ a sèr^ sèr ^ elir elirti tiin inad adaa iuniuntamente tame nte com co m as guerras e outros outros,, problemas -socia -so ciais; is; uma série de / tra tr_ a b■alho ^w ^M dÓ fripfr .* --ó-dulri»-if^ "iflfrW M gw m »— — nu,T „■á i ó s ^Tfrip i-Tr-f— --»frim l,i('---.'--rlr|T| -* ' -fró seriamj^allzadòá:.PÓr empresas públicas cóleüM^dás ;3 às correnfelr dos rios, r ios, o vént-o,-a- l u i ^ O^iol ^iol,, ás ‘nquéz nq uézas as mineM mine M iF^5 iF ^5d^ d^na nam m >T's& 's&r tra tr a nsfo rmados rmados dutivas. Os próprios produtores diretos seriam os únicos capazes de realizar as tarefas de execução e as de' concepção, já qüé so- 13 mente eles conheceríam de fato e na prática a realidade'*dà pròdução: aí, a possibilidade de superação da divisão social do trabalho, instaurada pelo sistema'capitalista ’.^ m . .^ 1 31. Assim como os marxistas, marxista s, os anarquistas partem par tem,, de uma^ uma^ tnadfção tnadfção inte lectual comum e recolhem tpda uma Jdeaü Jde aüza zaçjã çjão, o,utópica utópica ?da sociedade ante an te riormente formulada. Enf- Sáfnf-Simor^[expressão'maior 'dá ínspiraçãosociólógica que se difunde na Europa, nas-primeiras décadas do século'XIX, Proudhon e Marx, encontram grande grande parte ’das 'formulações-,que .constitu .constituem em suas problemáticas. Os três pensadores, refletem ;no interior de um mesmo universo intelectual, debatendo questões que lhes são comuns, emboç^ lhes dêém respostas diferentes; A "concepção dá sociedade como um sistema coe rente, passível passível de ser conhecido conhecido eientificaménteí vcomo um tdf t dfiò iò'^g '^gan anid idoo constitu con stituído ído pelas pel as;re ;relaç laçõe õess sociais é - que\ que\se" se"Op Opõeí õeííaO íaO>E >Estã stãclõ clõ;; -pòdêr'!àútonqí -pòdêr'!àútonqírlirlizado; o poder revolucionário das clas classe sess produtoras; „a „a necessidade. necessidade.,da ,da trans tran s formação social a partir da reorganização dã vida econômica e a decadengif do Esta Es tado do,, temas tem as de reflexão ref lexão tanto de de Marx, quanto de Proudhon, pnscrepnscr evem-sè nafcoristéfôçãondàs preocupações saint%imbhiánâs'. Ve/'ÇièWe 'Ansart,_ ‘ * M arx ar x y el A narqui nar qui smo. Barcelona^ Barra i, 1972; *
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Npíf.ntanto, se 119s anos 10 os libertários anunciam a necessi dade da-ífoEmaçãoi de "comissões populares’', que deveríam gerir as ) pequenas ^.grandes, empresas ^pando unicamente a satisfação dos interesses do povo (A Terra Livre, 6-1-1910), é em especial entre os anos de 19,18 a 1-922 que surgem vários artigos na imprensa anarquista, .enfatizando a importância da constituição de formas al ternativas de :poder na fábrica. Em 25-9-1920, A Plebe publica o artigo intitulado “ Aspectos da luta de classes”, em-que se propõem estratégias de luta cotidia na a serem:travadas,,no âmbito dá .produção, culminando na forma ção de. comitês de fábrica pelos operários de cada unidade fabril. As organizações instituídas pelos trabalhadores ingleses eram vistas como um.princípio de expropriação, “uma limitação real do direito de propriedade ( . . , ) que conduz naturalmente à formação do comitê. de oficinas", 0 qual se encarregaria do controle -da adminis tração e então^a ocupação direta das fábricas, “como fazem neste momento os operários italianos’’, referindo-se aos movimentos conselhistas de Turim. Ao controlarem a administração da fábrica, os comitês colocariam 0 produtor direto em contato imediato com to do ò mecanismo de funcionamento da unidade produtiva. Deste modo, cada trabalhador podería inteirar-se progressivamente da ati vidade de direção da Indústria, capacitandorse a substituir os espe cialistas, burgueses .e. realizar a expropriação final. Nesse sentido, os anarquistas propunham a reapropriação de um saber que lhes. Ipra foubâdó pela gerência científica: Uma outra conquista realizada em parte na Inglaterra e nos Estados Unidos e a que já nos referimos, a for mação de comi tês opérários nas oficinas e nas fábricas para o controle da adrninis• tfaçõoy teirtvuma consequência ainda maior,
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pfodütor èm -contato direto com o mecanismo da segredos da administração das indústrias, . o : interessa*© ná sua marcha e coloca-o em condições de dirigi-la ;;^após,.ja expropriação final ( . . . ) .
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'm '«viOumíféçp tece uma crítica contundente à hierarquia despótiçá irfereritejaor*processo capitalista de produção e que se reproduz até mesmb-nd interior.de um mesmo ofício, criando uma “hierarquia dpbfdpç%s'h^Q 9ítcfui-que. este procedimento resulta de duas con cepções fundamentais na ordem burguesa: de„um lado, a idéia de qüe seqv autoridade, hierarquia e mando' não pode haver disciplina
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e organização. De outro, que o trabalho deve ser remunerado ;segundo a. importância de cada ofício e a capacidade dê cada um. Prosseguindo em sua crítica, demdistra como esta situação vivem ciada no cotidiano pelos operários visa dividi-los, na medida em que se pautem por valores ditos universais, instaurando uiha con corrência ferrenha entre aqueles que deveríam solidarizar-se. Mas, aç mesmo tempo, o artigo revela a preocupação do militante anar quista em fazer com que trabalhadores de vários ofícios se identi ficassem com a figura desqualificada e expropriada do proletário. Certamente, a valorização do ofício não era apenas uma imposição ideológica dos dominantes, mas uma afirmação pessoal do trabalha dor diante de sua atividade. /''T ( . . . ) Esta situação cria e mantém na mentalidade op erária essas / jdéias e contribui para dividi-los e atirá-los uns co ntra os outros, \ pficio co ntra ofício, profissão con tra profissão, classe con tra classe \ è dentro da mesma classe, da mesma profissão, só porque há uma I iniserável diferença de salários, o que m arca a distinção hierárquica, (um. indivíduo contra outro, tornando assim impossível a solidape / Idade entre os explorados para maior segurahçã dos exploradores. ( Notem por exemplo a diferença entre ura lindtipista e um tipógra”\ jfo; entre este e entre um fotogravador. Avaliem bem ò orgulho j com que olha um decorador para um pedreiro e esté pára seu ájúI jdante. E donde vêm estes sentimentos? Que é que o s 1cria, que é I [que alimenta tantas distinções? Á diferença de sa lár ios ,po ss ib ilh . [ [dade de maior ou menor conforto e a noçãò decorrente.çfé que? há j (profissões superiores e infe rior es ... (A Plebes 25-9-1920).
Vi • IDois pontos parecem fundamentais: primeim- a .percepção aguda de como os dominantes se utilizam de mecanismos jsutis que Instauram a divisão no interior -darmépFia- ^Siii^ãBãB^cEra, ins'dfeyendò 'uma linha divisófia que èlemèntd#. de pro-' fissões diferentes. Segundo: a denuncrà; de aue'a diferenciacao salariaí jconstitui outro dispositivo estratégico do-poder visando imjpêdir |a articulação ã o s ^ S a nosTpolSli i i ^ ^ ^ ^esp ^^W cittqorrência e a luta pòFob-jetivos estritamente pessoais. Assim, questiona-se o argumente amplamente dífundidc) de que a diferenciação dos salários obedecería à lógica neutra e impessoal do. mercádÓ, di monstrando seu conteúdo político e não técnico. : Como alternativa de luta contra estes mecanismos sutis da do minjação burguesa, propõe-se no mesmo artigo: .
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j Dué^se pcganizèm uniões de indústria ao invés de uniões ou \ ginâiçatos de ofício. QueTlléntro de cada indústm se equiparem / o sofícios, reivindicando pafe todos igual salário, Que dentro das J fábricas e das oficinas a administração interna seja dirigida por I
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I
comit ês elei tos pelos operár i os substi tui ndo a or dem hi er árqui ca por uma disci plina voluntári a ( A P lebe , 2 5 - 9 - 1 9 2 0 , grifos meus).
A constituição de organismos operários de gestão do processo
jpro dutívõ Tivãm à^^'^boiiçaõjdã^^ do trabalho. À su pressão dá Bifêrenciação dos salários desênyõívenã na mentalidade:; d'Q'f'ribaífiidor a idéia da ju stiça social, ou seja, a compreensão do’ princípio: “a cada um segundo suas necessidades, de cada um se gundo suas forças”. (“Problemas da reconstrução”, A P lebe, 1 ,°-4-1 92 2) .
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Em “Métodos de organização operária”, também publicado por aquele jornal, o autor visualiza a formação em cada fábrica, navio, oficina, etc., de um conselho de fábrica, que .teria por fun ção a administração da .unidade produtiva, resolvendo todos os pro blemas emergentes. De cada conselho de fábrica sairia um repre sentante, eleito pelos operários, que se reunindo aos outros forma ria ipn conselho de indústria, pste, por sua vez, elegéria um dele. g.a^p.iregipnal de todas, as indústrias, que formaria o conselho executiyp. Em çqda bairro ou localidâde, se .constituiriam comitês de relações distritais, voltados para a propaganda e educação. Os car gos seriam revogáveis e todas as ações dos delegados de base deveriàm.sercòntrôládairpela base: ( . . . ) Gomo medida'necessária à salvaguarda da autonomia do trabalhador, .todos os délegàdos o seriam com mandato imperativo e neáhúnia . resolução seria, executada sem referendu m dos organiv zaãqfp^ l ã fábrica, da "indústria ou.d e todas as indústrias .conforme ; fqssevess^ resolução dé interesse particular ou geral ( A P l eb e , 1 .°. 4- 19 22 , grifos me us).
Á autoridade,.e a, mecpssidai^ técnicos capitalis tas ou “comissários do povo” r— são questionadas nos. artigos cita dos, denuneia'kdo-se sua fu nçã o meramente repressiva, isto é, de vigilância e controle sobre o trabalhador, impedindo que se orga nizem eontra-poderes alternativos no interior da fábrica, jeguip do os anarquistas, por serem os operários os que produzem e os "que vivenclim^^ da produção, a eles deveria caber _a direção e a administração do trabalho' organizados em' conselhos
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de fábrica ou em outras formas descentralizadas de poder. A expe
de fábrica ou em outras formas descentralizadas de poder. A expe riência da Revolução Bolchevique, com a supressão dos sovietes é invocada para apontar a necessidade^de se ‘‘tomâr outro caminho'’: ( . . . ) É preciso' que cada operário Conheça tão bem oü melhor que seus patrões o rriecanismo complexo da produção na industria, em que trabalha. Se se organizarem conselhos de fábri ca, órgãos de combate sobre a administração das fábricas que este. seja escolhido como o meio v ■ ’..mais adequado às investigaçõesi desta natureza. ( . . . ; ) ; *•>;. Conhecedores da .capacidade atual da produção do país, do 1 estoque de mercadorias existentes e dos meios de .transportes utili záveis; tendo o preparo técnico necessário a pôr em movimento as indústrias terão os trabalhadores adquirido uma das condições necessárias para construir, a sociedade nOVa ("Problemas da re construção”, ^ P lebe, l . ° - 4 - 1 9 2 2 ) .
Vale atentar para a importância de .Urna proposta que questio na a valorização hierárquica dó ofíclóV instituída pelo irriâginário burguês, num momento em que o taylorismo ainda não tiiansformárá a estrutura da indústria no país e em que bs operários ainda mantinham uma certa margem de controle sòbre o processo produ tivo, em alguns ramos da produção. Ou seja, propõe-se o redimen sionamento das estratégias de luta a partir de uma Outra represen tação da atividade do trabalho. rAo invés da identif-ícnçãn db'"trn-' balhador com a função, que lhe é outorgada dentro de uma hierar quia definida pelo imaginário social’ pela bázão técnicâ, sügere-se a equiparacão"Vãlãriardos ofícios e a umao dos operários errf filS ^ O ilS l a lc Õndição de explorados pelo,capital. L|mJ>re-se que antes da reorganização tqy lqris,ta..pA p h d Ç t í S H U , , tra* balhaüores valorizavam ie aeiendiam sua, plIOÍiSiáSTrrf urganrzauálnff^e em sindicatos clexofício. alie^pronuray^nxia^pha^siia,jÇArgem^de interferência sobre, as relaçõesde~trab alho. Von isso;me|mo é que s”erão introd ^id a^ fo ^ ik a r^ ^ fõ au cã o T d S qualificando radicalmente .o c.trabálhahe^ro^cancioiio descofiteffbj nentcT e a résístência^osv operátiog..em^ tocha. parte!^Á o ' ^ hierarquização das .profissões''instituída^ pelo imaginário,- burguês., e que resulta na divisão competitiva entre: os,trabalhadores, prõpõese a união dos operários em sindicatos de. industria, em;substituição aos sindicatos de ofício, neste início da.década de. 2 ,0’..©s anar procuravam mostrar as fraquezas da estrutura de ofício;:do sindf calismo brasileiro e incitavam os
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> çle J u ta,, num momento em que a organização da indústria-sfLjn o” b dernizaYâ^aeentu adamants'.
Processo semelhante parece ter ocorrido em outros países. Os operários norteramericanos advogavam a substituição dos sindicatos de 0fÍQÍpítP®los de industria, como resposta à reorganização taylorista.-do-proGesso de-trabalho, nas décadas iniciais do século .32 Este momento histórico assiste, nos Estados Unidos, ao confronto entre patrões e Operários qualificados pelo controle das relações de tra balho' nò âmbito da. fábrica. Os primeiros desejavam limitar a j autonomia dos trabalhadores ,e intensificar o ritmo da produção j \ Os segundos' questionavam a forma tradicional do exercício do / poder simbolizada pela figura do contramestre e sua perda crescente ( de autonomia dentro da fábrica. É neste contexto que surge o 1 taylorismo como estratégia patronal para quebrar a.relativa margem \ de autonomia que os operários qualificados detinham no interior ) da produção e a crescente força do sindicalismo americano. — Enquanto os sindicatos defendiam, desde fins do século X IX , fdê Os: Contratos de trabalho fossem negociados de acordo com 'sitas exigências e, nesse sentido, que os salários fossem fixados por categoria, Taylor e Henry Gantt propunham a individualização dos pagamentos e que as tarefas e os rendimentos de cada trabaIfíadõr fossem avaliados separadamente, instituindo-se o salário por peças, tão combatido pelos sindicatos operários. No Brasil, se o sistema de Tavlor só é introduzido plenam^níe na .indústria na década, de 30, desde a década de T 10 estavam ocorr„„ : -8 f , ■~ •' -------- r -- --- “J=:" rendonmldancas'''Trgfniicativas em vários,.ramos da produção, no .
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este! movimento, os operários, influenciados pelos ^anafeo-sindicalistas,! desenvolviam ampla luta na esfera da produ ção. ^Boris Fausto fornece algumas indicações sobre as resistências trayãdas contra a introdução de novas máquinas, provenientes do extêidor, na ferrovia (Dia. Paulista, no final de 1905, e que resultam na/greve de 1906. Entre as queixas dos ferroviários, a Liga Operária de jundiáí apontava a redução da jornada de trabalho e as demis ,3‘2. Davdçl ;Mpntgomery, W ork er’s C ontrol in A meri ca. Cambridge Univer sity Press', 1978, p. 114. 3*3. Edgar 'S, de Decca, “A Ciência da Pr oduçã o: Fábrica Despolitizada”, i n: R hvista,Br asi lei ra de H i stóri a, n.° 6, Rio de Janeiro, Marco Zero, 1984. p. 69 e ss.
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soes jprovocadas pela introdução de ufti-a .•teenolbgijá'Gápi€âMnfén$tygi a desvalorização da atividade profissional, a ifttGhsiftoáçSO'ifovtfafto do trabalho e o congelamento dos salários. Os trabalhadores recla mavam contra a desquàlificação de suas profissões: 0 maquinista executaria o trabalho de um foguista, este o de um limpador de máquinas e ambos se tornariam simples carregadores de carvão oü limpadores de lixo .34 Em 1906, no Rio de Janeiro, os sapateiros;lutavam para que o código de ética profissional defendido pela União Auxiliadora dos Artistas Sapateiros fosse respeitado. Este procurava impedir o "aviltamento da ‘arte’ ”, assegurando um certo grau de controle sobre as relações de trabalho. O regulamento da União estipulava, entre outros pontos, os seguintes artigos: Art. 3.° — Não co ser obras de outras fábricas, nem ter em sua fábrica operários fora da oficina, salvo acordo feito cçm a União. * , Art. 4.° •— Só dar trabalho aos sócios da União, de acordo com a Comissão do Sindicato.35
Em 1909, os sindicatos da construção civil de Santos. conse guiam que os patrões reconhecessem suas entidades de classe, tendo obtido deles a garantia d e . que somente os trabalhadoíres Sindicalizados seriam contratados! a permÍs§ão;para”Séíecádnar life (fiscal em cada canteiro ou oficina, ,eydtar qufe os furá-grbfe fossem* admitidos e permitir aos ò^arázakf&ès «dô: movilniftlo' íivair adiàiítè a sua “propag anda” durante o trábalho.36 1'
O sindicato dos gráficos cariocas também procurava manter algu|ma margem de controle sobre ás relações^éi trátóhbdexigindo que (só os sócios da associação fossém admitidos icofflo empriégádòs? inctjmbindo-se de garantir o fornecimento da (força de trabalho necessária, acompanhada “das respectivas tabelas dé ordenado”; asstimindo a responsabilidade de resolução de? qualquer conflito entre industriais e empregados, tentando impedir que os conflitos 34. Boris Fausto, Trabalho Urbano e Conflito Social. SãoPaulo, Dlfel, 1977, p. I Í 6 . 35. ijdaria Cecília B. Neves, op. cit., p. 52. 36. Sheldon L. Mararn, A narqui stas, I mi gr antes e o M ov i mento O perári o Brasileiro. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979, p. 52-3.
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f^s^m^'tósoÍ^(áps,individualmente entre ambos; e, finalmente, pro pondo-se a organizar uma ativa propaganda para o levantamento moral e artístico da classe, por meio d o sèu Órgão oficial, conferências e publicações educativas, criando, também, uma oficina própria para o ensino técnico 6 escolas de português e desenho ( A V oz do Tr abalhador ,
1.*-6-1909); / ’V ^ j
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O elevado numero de greves desencadeadas no setor têxtil, no entanto, e suas respectivas derrotas revelam a intransigência do's patrões no caso dos ramos industriais em que o trabalho era desqualificado, possibilitando jogar com o emprego maciço da força de trabalho feminina e infantil. As iniciativas patronais visando reduzir a capacidade de pressão e de intervenção dos operários contra a crescente exploração do capital se fazem sentir tanto pela introdução das inovações tecnológicas, quanto pela constituição de seus ’Órgãos associativos de defesa. Em 1917, convoca-se uma assembléia da União dos Operários em Fábricas de Tecido (UOFT) do Rio de Janeiro para discutir a, crescente substituição dos trabalhadores. masculinos pelo -emprego dê mulheres é crian ças Reclamação, aliás, constanfB“na'iiTipTêrisa operária, e que denota a progressiva desqualificação que sofriam os operários, mesmo nos setores mais meca nizados'como* o têxtil, ao lado dap réocu pação moral com a explo raçãodo trabalho'femiriirici é-i&faritih ““ É clarp que a constatação' da existência de uma proposta de controle operário das fábriça^ã .exemplo do que ocorria na Itália no período,- não é suficiente ípara : demonstrar a dimensão de sua penètMçã©‘:na 'classe eperária. Os dados fornecidos pela imprensa anarquista também riãó?nos levam a conclusões mais avançadas. Atestam, no entanto, a colocação do problema pelo movimento opéráriò dá época e as; tentativas esparsas de constituição e de reconhecimento destes cõntrapoderes na fábrica, ou ao contrarie a intenção de silenciamento e’rde súbsunção destes organismo ■. seja pelos sindicatos seja pelos patrões. Dentre os artigos publicados pelos jornais anarquistas refe rentes à Tórmação de comissões operárias de base, A Plebe, de 16-10-1919,"'fornece algumas indicações. Noticia a ocorrência de uma asseríiblèíá realizada pelos operários têxteis durante uma greve na fábrica Jaffet, em que reivindicam, entre outros pontos, o re conhecimento de uma comissão interna e da União dós Operários
em Fábricas de Tecidos. Alguns dias antes, o mesmo periódico publicava trechos de uma carta do Cotonifício Crespi, dirigida à UOFT, em que os industriais exprimiram suas resoluções diante da recusa dos trabalhadores de aceitarem as imposições anterior mente formuladas. Num tom paternalista, a empresa respondia que: Dada a forma como foi redigido o artigo 4.° dè dita sua comu nicação, não deveriam os. ter dado resposta alguma, mas para de monstrar a nossa boa vontade para com os nossos operários (. . .) comunicamosrlhes quanto seguem ( . . : ) Pelo que diz respeito à C omi s são i n t e r n a precisamos saber quais as atribuições e como foi eleita a mesma. Repetimos que os nossos operários ficarão livres dè reclaríiàr perante os seus superiores e, em. último caso à' gerência, seja individualmente ou em comissão entre si escolhida em qualquer ocasião e. para qualquer assunto. ■ • Cotonifício Rodolfo Crespi (30-3ri919).
A UOJFT, neste momento, não :estaya sob controle dos anar quistas, embora contasse cora seu apoio. ..... . A P le be, de 3 0-9-1919 , registra ainda , o mesmo, processo de formação de comitês de fábrica em outros estabelecimentos, pau listas: Na sucursal da Mooca, presidindo o camarada Antonio Ealelli, o. pessoal da fábrica Labo r escolheu as suas comissões internas e tomou importantes deliberações. ( . . . ) Às 17 hòfas reuniram-se, ná mesma sede os operários que tra balham na fábrica de seda Ítalo-Brasileira, para nomear òs com panheiros que faltavam pára completar a comis são i nter na de fábr i ca e discutirem o modo que deviam proceder com os com panheiros que ainda não são sócios da União ( . . . ) .
Nas negociações entre a UOFT, fundada em agosto de 1917, e os industriais, que se realizam em setembro de 1918, estes, lide rados por Jorge Street, reconhecem a existência do sindicato têxtil, exigindo em troca que a UOFT. fizesse “cessar a ingerência dos delegados de fábrica, que havia se tornado intolerável, e era de fato um ponto básico sobre o qual não havia transigência possí vel”. Também o sindicato dos têxteis, de linha moderada, procurava estabelecer relações de controle sobre as comissões de fábrica exis tentes nas indústrias do ramo, que deveriam, subordinar-se a ele. Segundo o jornal O Combate, a diretoria da UOFT declarava que:
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A União não aprova nenhum ato de indisciplina que se verifique dentro das fábricas (praticado) por operários e também, não aprova aqueles que incitem outros para a paralisação do serviço. Para os que. assim procederem, a União intervirá com energia, tomando as nédéssâfias-medidas para fazer-se respeitada em benefício da classe. O nosso programa é bem definido: conseguir o máximo bem-estar para os trabalhadores. . . A s C omi ss ões I nternas não elevem absolutamente consenti r que o trabalho .seja i nterrompi do, sem pri mei r o a União haver autorizado essa medida, da qual só se lançará mão
quando se. trata r, de um caso de impo rtância e que n ão possa ser resolvido por negociações e discutido em Assembléia Geral, nas sedes da União e da sucursal.*37
Asreferências à constituição destes organismos alternativos de poder operário são, no entanto, escassas-nos jornais anarquistas pesquisados,. i;eferindo-s.e ao período de 1918 a 1922 e à indústria têxtil’ paulista.*£)e qualquer, modo, os artigos apresentados nos' JJ jornais operários revelam que a questão do controle do processo//'’ de ^a^alhp não estava ausente do conjunto das preocupações dos jP traí^Jhadpves, não justificando sua total omissão nas produções | ^ aGad|mica,S:‘SOÍ)re o movimento operário brasileiro. No entanto, a questão do controle operário do processo pro dutivo não passava,-neste momento histórico, pela crítica da tecno- ' íogia eni'Si. ’Dotada de’neutralidade, a tecnologia capitalista ainda . nãò; era represérftadà como a contrett^àeão de um saber produzido pela luta de classes, da mesma fòrmá que não se questionava a ideologia dò trabalho, como hoje fazem os operários não identifi cados com. unia atividade totalmente mecanizada .38 Tanto quanto \ marxistas e socialistas, os anarquistas participavam da crença no / poder libertador da técnica, instituída pelo imaginário burguês. (. A ..questão da .apropríação..,.dmiábjdca e da reorganização do pro^ f cesso de produção r.effiÉia*se--.à^destruição... das funções diretivas \ da diferenciação sa 1 arial~J5~A.lm ns for-.^-u maçao das condições materiai.a^le-^TablllTõ': Assim, os textos libertários relativos à máquina são apologéticos,' apresentando-a como grande conquista da humanidade, a des-, péitp;d.e seus efeitos negativos para os trabalhadores. Mesmo quaiv do, no ano de 1928, os operários da fábrica Mariângela realizam ..
37. Boris Faústo, op. cit., p. 187. 38. Cornelius Gast.oriadis, “Technique”, in: Carrefours du Labirynthe. Paris, Sepilr GqllV Esprit^.. £9 78 a sair em português, pela Editora Paz e Terra.
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umja greve contra a introdução dè teares a,ut'oináticés, que dobrariam a quantidade de máquinas com as quais cada operária deveria lidar, nenhuma menção é, feita ao progresso técmco ou arniaq^naria egii si. Apenas se questiona sua utilização social em detrimento do tcalmUaaáíMU-. | Do mesmo modo, embora o taylorismo sujeite uma forte resis tência por parte do operariado em todos osspaíses em que é introdujrido, nos Estados Unidos; na França, ma*Itália, ow m? -Rússia, é cohtra sua apropriação pelos interesses pârticuliaristàs de íima* determijnada classe social que se investe e não conjtra o sistema Tàylor pròpriamente dito. À mesma operação ideológica que dissocia técnica e política, mqos e fins, recorrente no dischráo ‘ de markistas, anarquistas e sopialistas em geral, em Iiênin ou em Trotsky] reaparece no: artigo do anarquista Fíorêncio de Carvalho, ao criticar a faylprizaeao da ptjodução no Brasil. Segundo ele: A ciência a serviço do capitalismo favorece aos industriMis e prejudica, era razão inversa, os trabalhadores. O operário!emréxercicio nas fábricas ou oficinas é obrigado a empregàr'todas*as suas faculdades e adquirir uma perícia superior para entregar-se ao torvelinho dos cilindros dos colossais aparelhos mecânicos, que se movem com velocidade elétrica ( . . . ) . Como se vê, a taylorização, a estandardização, a racionalização, vêm sendo, pelos chefes indus triais, adotadas e aplicadas no que elas lhe 0 ierqççm.,de;4 tU.. (Jugjito à utilidade que possam oferecer aos trabalhadores, isso não lhes interessa, mesmo porque o mercado de braços" e de inteligências está abarrotado e, desse produto, a natürèisá & assáz pfódigâ ( A P lebe , 3-1 3 -1 9 3 2 ). ;
Também os anarquistas sonhavam, com unia sociedade em que o desenvolvimento da tecnologia libertaria ò homem do “reino da necessidade” , permitindo uma vida mais :liyre e. criativa, dnfdê o trabalho seria transformado enquanto atividade' de âutocriaçlb da humanidade, esde cedo.a ftvólfocãn, sua apitcaçãó no rníèriòrBa ho i5íi setíH3o3e .... ~i0ii1Ti orientou-se .. '*..'-“■■•."■'•niT'■11pròclítção 'i' ihíàl£__ eiíffllira IH W ü*?* m *~ '1'-r * im niterferência subietivadt^^ leSendentes dá técnica, .mas não "do homem. As resistêilqãá dos tu lffi maquinismós, fab.ris,, destrtíi^do e Incendiando fábricas, teares aniquilando >as inovações teehcrlègicas jque substituíain seu saSer-íazer traditional,, revelàm até* que aponto .
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o desenvolvèuento téoniço contém, sua própria, lógica o desejo' patronal de dominação^ q,ue os primeiros operárips fabris ingleses compreenderam nitidamente. v, ... No *Brasil, .o anarquista-Pylptá Assunção procurava dissuadir os tipógrafos, em 1909, da firme intenção de destruir os novos equipamentos mecânicos ,que «,£>;..patrão pretendia introduzir. Argu mentava que o processo de mecanização da indústria era irrever sível, necessário e positivo, a s.despéito dos males imediatos ^qye ocasionava.,En\ sua opinião, os jyipógrafos n f q , cojnpreendiam este sinal dos tempos modernos, ao* afirmarem em seu, jornal O Componedor.
que-todasas desgraças dos tipógrafos eram devidas à maldade de certos patrões e chefes e, corno gxejmplç), citava-se o dr. Edmundo Bittencourt. proprietário-diretqr do C orrei o da M anhã , um dos últi mos jornais a introduzir as máquinas (A V oz do Tr abalhador, 15-6-1909, grifos meus).
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Muitas vezes, no entanto, a repressão policial utilizou da violência física contra as prostitutas e homossexuais. Jacob Penteado recorda que freqüentemente a polícia prendia as prostitutas do Brás que, quando não levavam uma surra, recebiam uma ducha de água fria e tinham suas cabeças totalmente raspadas. As resis tências também se faziam sentir: Vingavam-se, porém, do delegado Bandeira de Mello, cantando: “O Doto Bandaio de Merda é home muito canaia. Pega cabeça de nega e manda rap á a nava ia!” 32
Procedimento que, aliás, prossegue nos dias de. hoje. Apesar dos regulamentos da polícia de costumes visarem às prostitutas, de todas as classes sociais, na prática eles incidem mais severamente sobre a prostituição clandestina popular. As críticas que vários setores da sociedade dirigem ao sistema regulamentarista de controle da prostituição avolumam-se na déca da de 20, no Brasil. Segundo a nova corrente que passa a.predo minar principalmente nos meios médicos — o abolicionismo —r, tal como ocorrera anteriormente em outros países europeus,-o antigo método de vigilância da prostituição comportava inúmeras falhas: em primeiro lugar, visava apenas a mulher persegui'ndo-a por um tipo de relação em que o homem também estava envolvido. Ela era seqüestrada e confinada em casas isoladas e especiais, fichada na polícia como prostituta profissional, vigiada severamente pela polí cia e pelos médicos, acusada de ser transmissora de sífilis e de outras doenças venéreas, sofrendo sozinha ttoda a repressão de práticas intoleráveis para a sociedade, enquanto qüe o homem ficava isento de qualquer responsabilidade. Além aisso, o resultado do sistema regulamentarista então adotado fora o oposto do que se propusera: a prostituição clandestina aumentara a olhos vistos, tanto aqui quanto em outros países. As prostitutas inscritas fugiam quando estavam doentes ao invés de se apresentarem às visitas sanitárias, e tornavam-se clandestinas. Mas o ponto sobre o qual incidia mais vigorosamente a crítica abolicionista aos regulamentaristas era que o registro legal das prostitutas prendia-as e impedia sua possível recuperação. A polícia de costumes era vista como uma máquina que transformava “putas 32. Jacob Penteado, p. 56.
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M emór i as de um P ostali sta.
São Paulo, Martins, s/d.,
ocasionais” em “ putas eternas” : a prostituta inscrita acaba se tor nando uma prisioneira perpétua da polícia .33 Ao contrário dos regulamentaristas, os abolicionistas recusavam a legalização da prostituição, pois viam neste ato uma medida de, repressão é de controle sobre as mulheres públicas. O objetivo dos abolicionistas não era, no entanto, a eliminação da prostituição que também consideravam necessária, mas a libertação das prostitutas das garras da polícia, que exercia sobre elas um poder arbitrário e violento, e a destruição d e ' um sistema que marginalizava as mulheres e violava o direito de liberdade individual. No entanto, se por um- lado os abolicionistas defendem pontos como a liberdade individual, òs. direitos do homem, o fim da intervenção do Estado nas relações pessoais, por outro, a campanha abolicionista era levada em nomeada decência da família, das ruas e da salvação, do casamento. Evidentemente, não há nenhuma apologia do prazer. Outros alvos-dê: ataque dos médicos abolicionistas, como o dr. Flávió Góulárt, refériam-se às visitas sanitárias forçadas e muito rápidas que não permitiam diagnosticar seguramente a sífilis; à brevidade dos tratamentos; ao medo-do internamento nos hospitais, levando as prostitutas a fugirem ou a usarem, de “ diversos truques para dificultar o .exam e” . Segundo eles, a administração pública deveria oferecer tratamento gratuito às meretrizes e aos indigentes nois dispensários estabelecidos pela saúde pública.' No caso dos que abandonassem o tratamento, deveríam ser enviadas cartas que advertissem contra os possíveis perigos resultantes. No entanto, apesar dó discurso liberal dos abolicionistas, vale lembrar que é em nome da moralização das condutas, da repressão dos instintos e do controle das pulsões que eles batalham e nisso . distinguem-se radicalmente dos anarquistas.
Os anarquistas! e o campo da moral . “A vida não cabe dentro: de um .pr og ram a. . . M. Lacerda de Moura
.Creio que não se pode afirmar tranquilamente a existência de uma unidade absoluta de opiniões entre os anarquistas a respeito
33. Fíávio Goulart, Profilaxia da Sífilis. Tese de Doutoramento, Rio de Janeiro, 1922, p. 43.
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de questões como a nova família, a emancipação da mulher, o amor livre, o direito ao prazer, ,que constifu;èm*5ò;;.çáfiípo ;da.;iftòr.aL No entanto apesar da abundância’ de reflexões mdiyiduais sobre estes temas, entre outros, tento'delinear os contornos,de um projeto libertário relativo a uma nova moral. Enquanto crítica da ordem burguesa, as divergências se neutralizam e encontra-se uma unidade de problematizações e valores interligando os assuntos discutidos na imprensa anarquista em geral. Fundamentalmente, a crítica ,endereça-se à sociedade burguesa que, assentada na exploração do trabalho e na dominação política, produz uma moral decadente, repressiva, opressora e que se funda em relações sociais autoritárias, injustas e corruptas. Assim, sem pretender definir ab.solutamente um projeto libertário de instituição da- nova*moral, tento perceber as intuições dominantes da reflexão anarquista relativas às relações afetivas, familiares, à moral sexual, a partir dos artigos colhidos nesta imprensa operária. Três principais núcleos de problematização se evidenciam quando os anarquistas abordam' questões que procuram definir uma nova economia do desejo: a emancipação da mulher; as rela ções afetivas e a moral sexual; e as práticas condenáveis. ^
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...
"y A emancipação da mulher
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Tema freqüeute^na-4mpj^^ condigâ.Q 4e opres são da nluíKeT,- não jÓjda-UDperáij^brnas também. da; burguesa, é pén sàd a e ànalisad a po r_v.ários..wantíetil^^ aContra õ mito da mul_her-passiVidade>,sentÍDã^to v-.abtl^acãò.>:fSombra do homem, várias vozes ~~se... levantam; mulheres, cotnp a,Já conhecida Maria Lacerda de Moura (professora, jornalista e escrito ra), Matilde Magrassi, Maria de Oliveira, Tibi, Josefina Stefani Bertacchi, Maria S. Soares, quê assinam artãgos nostjoría^s anar quistas. Além destas publicações defendendo a causa feminina,«elas promovem reuniões, conferências, palestras educativas em vários cantos do país-e..fundam uma Êederàcão Internacional Feminina. Se é possível perceber no conjunto dos textos libertários uma representação masculina da mulher, que a torna símbolo da mater nidade, da passividade e da fragilidade, a esta se opõe uma outra construção contestadora dos valores dominantes. Partindo de vozes femininas no interior dos anarquistas, nranõe-se a em and nação da mulher d.e.todas as classes sociais dos papéis que lhe são atrjbuí..
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dos sqçialmeiite. Ao lado.da tradicional representação da -mulher* submissão, .emerge uma outra figura fpjmmina-; simbelizada.-pela que' lüfã pela transformlTçã^^ , tanto _a partir*cia própria presença "destas..ativistas. q u & O' 0'elas -:rsuáf.. projeções,. Maria Lacerda de Moura, por exemplo, 'discutindo as concepções dos "especialistas” sobre a inferioridade biológica da mulher, afirmava criticamente: . .
Eu não discuto com um homem apenas, com o Sr. Bombarda (médico português, M R ), com Lom broso ou com Fe rri: protesto contra a opinião antifeminista de que a mulher nasceu exclusiva* mente pará ser mãe, para o lar, para brincar com o homem, para
diverti-lo.34
m i n n u M * r » a m i m . , ,. I H i i n ___ -
i
Não é ocasional, portanto, que encontremos nos jornais tários artigos que, ao criticarem a situação social da mulher^ no sistema capitalista, apontem a instrução como arma privilegiada de libertação. Matilde^Magrassi, por exemplo, propõe que a mulher operária nãó luto apenas põF~seus direitos no interior do espaço' " da fábric.a,.J^a.Jinijd&jGaelhorar um^pouco'a'^ossT cMícã”situaçao 1’, obtendo uma.jornada de trabalHo mais curta e salários mais eleva dos, mas que procure instruir-se para poder defender-se melhor frente à exploração,..do.capital. à eâucaçlo da" muíEer trabalhadora aparece como instrumento de luta cbniffà*"asilasses dominantes, contfáTdi?odeií-'da Igreja e .contra o Estado,, na medida em que efã“se consçie.atize,.de. seus direitos pessoais e ainda, possibilitando a ín st ru ^^ ajude. áJfimpêdlíLaue„sejam depois vítimas do .inlnsto sistema social em que vivemos^ (Õ Ârmgõ''ão Povo^^lj. 1-1904). A instrução da operária será também funda mental para que ela desmistifique a religião e a figura imperiosa do padre, como conselheiro e guia espiritual: Compreendereis que é inteiramente inútil q.ue confieis aos padres .as vossas ,dores. Aconselhando-vos a resignação, o que ele faz é impedir-vos de reagir contra quem vos oprime.
Revoltando-se, a mulher enquanto mãe e educadora servirá dp exemplo aos. filhos que, por sua vez, também se rebelarão. E poderá compreender ainda que a noção de pátria é uma ilusão, 34. M. L. Moura, A M ul her é uma D egener ada? Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1932, p. 62.
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À
À
:
que os vossos filhos nenhum deverf,têm a dcumpriri^ará^com %lk, e que quando, em home dessa pátriá, õs viérem árráhcar^òs vossas . !braços, deveis revoltar-vqs contra1semelhante léi ( . . . ) . A idéia de que a mulher não é apenas portado ra! de sentimentos e emoções, mas de que pOssúi a meéma capacidade de pensar, de questionar e de brigar que o homem e para a qual -a educação é uma arma importante de luta, revela a recusa do modelo de [feminilidade instituído pelo imaginário soçiâl. Izabel Cerruti reafirma esta posição ao analisar as causas dá situação alienante e ojpressiva em que se encontra a mulher na sociedade atual. Esta só poderá libertar-se se compreender os motivos da exploração social e desmistificar à mTtòíog iaiustificad ora de suai condição: s-jsí» • ' ' ;
Antes de tudo, e isso é o essencial, ela deve fazer uso do seu iraciocínio para se despir dos vãos temores, dçs tolos preconceitos e dos ridículos escrúpulos que lhe incutiu a falsa moral de Deus e da Pátria, para assim, obter o seu pensamento emancipado (A Plebe, 2 0 - 1 1 - 1 9 2 0 ) . : As barreiras à superação da alienação da mulher não se locali zam em sua natureza ou em sua consjtituição física, como pretende o saber burguês, mas resultam da ação das classes dominantes juntamente com o Estado e a Igreja. O apelo à educação, à formação de uma consciência crítica como meio de desmistificar sua condição social e de derrubar as cadeias impostas pelo poder çlerícal, re aparecem em. vários artigos, como o de Maria de jDliveira, “ A emáncipação da mulher”, publicado em O Amigt do Povo, de 11-9-1902.
: Aliás, a questão.- da libertação feminina não s&Jimita à operá ria. De modo geral, o discurso anamuista-^ecdra^evelar a condiçãoi de sujeição.e..de4H«nilhação »xpâf£issâreBi.
as classes sociais, npma sociedade domihadajpelQ^ode^masculinó. Por isso, elas devem preparár-se intelectualmente para po.der^^RT' frentar a concorrência masculina. Assim como a mulher trabalhadorja, a bur.guesa'-é'-''õprTftiída, teve. íua ^yiçfejáecididá ;desde a infância, aprendeu... a. reprimir seus sentímentjbs;je j ^3 !^ E Í)_ í iuíS. Jlio sente, a “fingir dotes que não possui” : tainbjêm ela, que “ nao é livre nem feliz”, deve participar da luta pela-sua auto-emancipação — afirma Maria Lacerda. . r Estas anarquistas sugerem que as proletárias se organizem em
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sociedades -dewresistência, park que possam conquistar melhores condiçüèkídè m SÊ e
O programa anarquista é mais vasto neste terreno; é vastíssimo: quer fazer compreender à mulher, na sua inteira concepção, o pa pel grandioso que ela deve desempenhar, como fatora histórica, para a nossa inteira integràlização na vida social ( A Plebe, 20-111920). A luta.,dasJ,mulhere.s.....na^concepgãQ-4ibcr.tária.,,.deve passar pe lo . questiOjjjimsQiQ^^ , tattfó rio interior da família^uanto^na^f^r-kar^Mão se" trata ‘ de ccffuju^^ jno^çampo da- política instituí-' "do^pelas;classes, dominantes,, mas de batalhar pelo crescimento pes soal, eomrilêtor^integrab- ♦ ’ ........ ’• .
Qualquer reforma nas leis vigentes que venha a conferir-lhe díreitó^ytriolítiçc!S; iguais ae>$ hoipens, não; a põe a salvo das chacotas e humilhações, não a livra de; ser espezinhada, pelo sexo forte e prepotente, enquanto perdurar a moral social que constrange e prptege a prostituição (A Plebe, 2041-1920). •K r Vfcrdade; atrknkfo irm açãoradical da‘ condição da mulher só será possível numa ótítrá òfgarifèáçãò *da sociedade, mais justa, onde o amor livre assegure a integridade das relações familiares, onde òs jovens possam escolher livremente seus companheiros e form ar, , setn contar com es obstáculos econômicos aviltantes do mundo capitalista.
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Assim, a luta pela emancipação; da mulhervpão^^^saí.pela.-rei
Assim, a luta pela emancipação; da mulhervpão^^^saí.pela.-rei vindicação de aceder à esfera pública simplesmente;®ks é primei ramente uma questão de ordem moral: tráta-se da necessidade de libertar-se do modelo burguês, que lhe é imposto ^ _ík^,.consiruir umanova figu fâ^iTegador a d aquela foriada nela representação bur guesa e máscula niò^e~apenas sentimento é nassividadè7 daí a necessidaúe^ilillnstruir-se, de utilizar_sg tL jg Q te a ^ ^ íS lectual na crítica ideológica das instituições e das mitologias religio- • sas e de lutar pela própria independência. Dentre as autoras que pesquisamos, a que nos parece mais inovadora e radical pelas suas indagações e propostas é Maria La cerda de Moura. Além de vários livros publicados, dirige a revista Renascença em 1923 e, dois anos antes", funda a Federação Inter nacional' Feminina, com o objetivo de “canalizar todas as energias femininas dispersas no sentido da cultura filosófica, sociológica, éti ca, estética — para o advento de uma sociedade melhor” (A Plebe, 15-4-1922). Ela realiza conferências em vários centros culturais, nos círculos operários ou na Federação Filosófica e Espiritualista de São Paulo, contando sempre com numerosa assistência., A condição feminina foi tema de reflexão contínua de Maria Lacerda, preocupada com a libertação da mulher da sujeição em que se encontra na sociedade capitalista. Ela pregava a luta pelos. seus direitos,..a necessidade da instrução, da educação sexual aos jòvensT^adiberdMe^e" amar, a maternidade “livre e lidnsclén''fe” e a independência da mulher.,eni,,xelacãQ-àJmnosição social do casamento. Crítica ferrenha das relações de dominação que se estabe lecem entre homens e mulheres, pretendia conscientizarias mulhe res de sua situação opressiva e mostrar-lhes a possibilidade de uma participação social efetiva: ..
Até aqui, temos vivido a civilização uni-sexual, a mulher não passou de espectador no cenário dá' Vida, afirma em Han Ryner e o A mor PluraP1'. Embora tentem libertarse da dominação machista, as mulheres, têm de enfrentar a oposição dos que não querem perder seus privilégios:3 5
35. M. L. Moura, H an R yner e o A mor P lural. São Paulo, Unitas, 1932,
E o homem continua a querer entravar-lhe os movimentos e, portanto, a. cercear-lhe o. progresso. A mulher só tem direito de sair, de se' locomover se vai trabalhar, ganhar dinheiro. Continua dando conta ao homem de todos os seus passos e até' do, seu salário. Ê outra espécie de exploração. É o caftismo em família ( . . . ) ,36 T ambém para ela a questão da degradação das relações fami liares só pode ser resolvida socialmente: apenas em uma nova orgamzaeat^^ ós.meçm *^ suas diferenças~pbHerâo.ser respeitaia s—Outros problemas sociais como a miséria, o alcoolismo, a tuber culose, a sífilis, a prostituição, a exploração da mulher e da criança, “a exploração do fraco pelo forte, a voragem açambarcadora de tantas vidas na oficina, nos cortiços, na penúria — tudo, tudo nasce do atual regirrè social cuja máxima se resume nestas palavras: se eu não arrancar os olhos do próximo, ele arrancará os meus” .37 •Mas a transformação radical das relações... sociais, em sua.opi nião, não deve passar pela ditadura do partido político. Posição que a aproxima totalmente dos anarquistas: A política de partidos é sinônimo de farsa, astúcia, ambição pessoal, de hipocrisia, de preconceitos.38 As relações sociais, tanto na esfera da produção quanto no in terior da família, na escola, ou em outros espaços de sociabilidade, não podem ser organizadas pelo partido político, mesmo que este se considere representante dos interesses do proletariado: é o caso, por exemplo, do amor, impossível (segundo ela) de ser '‘organizado” . Em trabalho recente, Miriam Moreira Leite procura desvendar os; caminhds de Maria Lacerda de Moura, cujo pioneirismo em sua opinião Pse deu basicamente na área de estudos sobre a condição feminina”. 39 Tam l^j^em seu parecer, ela não .poderia ser consi derada como uma anarquista propriamente dita, ou como comunis-, ta ou socialista, no sentido de afiliação política. Na verdade, se esr tá escritora mineira em muito se aproxima dos libertários, ao negár 36. 37. 38. 39.
I dem, p. 35.
M. L. Moura, A M ulher ê uma D egenerada? , op. cit., p. 257. I dem, p. 177. Miriam M. Leite, op, cit., p. 21. 101.
qualquer vínculo com o partido político, òu naé críticas que ende reça ao governo e ao clero, ou ainda na defesa de uma nova mo ral, do amor livre, da libertação da mulher, ela mesma nega qual quer rotulação política, considerando-se uma pensadora indepen dente. Se nos^ tsnnos ao ickaLifiinifliflájfls^^
anarquistas, principalmente os escritos por multieras^mcL-as iá citãd^ãrperceBemos a negação da figura da miffibr “ raiáfôt .do 'ter” , desimadã'excluslvamente~~ã' TiM^q7de'”procriaç|o.. Por outro ladtT não se trata de HefêndeTTlêmmista "g|||g^adfô ãirTbrO ;nostai âja
nqyj .mulher .d a Jà se fina S. ! de equilíbrio. Em ‘tosque deveria ser a mulher”, ela explicita süa concepção de feminilidade: — ^ i Entre a feminista ultra, forma híbrida, sexual e a massaia no sentido romano da palavra: Stetti in casa e filò lana, existe ò Í justo meio: a verdadeira mulher. A mulher, nem patroa. nem escrava, _nem^femina nem angelica, nem asséptica nem me^almal imaf" a“mulfieiH m ^^ gérmen, maturando-o na dor, cpns^FgS^-b''ícom^ seu sangue, \ dá à humanidade o milagre da'viHa para ela.-jo.ela e com ela .'eter\: namente se renovando,;ate a o j^ S if lL X . . .) ' \ Se de um lado nós.,condenamos & J m uni síaL„uUmJL . . ) doutro :Uado"nSo" Queremoa_tãa_nonco a mulher máqu ina. a..múlher besta de carga, a chamada governadeirà £A Terra Livre, 15-6-1910).
! O ideal feminino que aparece nos textos anarquistas édeliiieado difusamente: não se pretende construir um modej^ acabado, èvidentemente. De q u ala ue£.Jo ro aa,^ modelo burguês da espÕsa-mãe-dona-de-casa, vigilante, assexuada^ordeira .corriüT defendiam os médicos T lTlanfr^ ^ ; do; séculb. : ^
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Critica-se mesmo a exigência que je^ faz do trabalho-excessivo da mulher naquelélhôdelB feminino, que contraditoriamenté lhe átribhi características de„tMQjencia, passividade, inércia: i ■■ ' ‘ ^ Qual foi até hoje a noiva ideal ou a admirável m ão de família nas classes pobre e média? Aquela que sabe fazer tudo, que tra balha sem tréguas, e que por conseguinte ( . . . ) acaba com a própria saúde e envelhece antes do tempo,
já que não se diverte e que não tem tempo para si. própria. Imagi na-se então a possibilidade do crescimento pessoal da mulher, livre
!
a';-p'fiâáó' dò'$^tóêrieíô'\díbfÉiiêlticos ou da extensa jornada de traballió foíá dè câsa: 4
Com á subdivisão do trabalho, pelo contrário, satisfeita a ta refa qúe Mie coriipete como costureira, tecedeira, lavadeira, cozi nheira; e educadora,. artista ou talvez médica, ( . . . ) poderá de pois dispor a seu'bel-prazer das horas livres, quer dedicando-se ao estudo ou a exercjcios .artísticos, quer gozando as diversões a todos‘.proporcionadas .,jpela; vida social (A Terra Livre, 15-6-1910). A discussão sobre, a necessidade da emancipação da mulher remete evidentemente à recusa do casamento monogâmico, da im posição dos cônjuges e leva à proposta de uma nova forma de rela cionamento afetivo. A moral sexual AMOR LIVRE I Virgens: erguei o olhar que as sombras do convento Açostumçu a andar cerrado para a luz.
instante só ^êx&ées- dé. cruzi , e enchèi-vos deste sol que brilha turbulento. . Vipde gozar a. vida em toda a plenitude e não fapeis assim a, vossa, juventude com sonhos infantis duma bánál' pureza. II A virgindade é quase um crime. Cada seio deve florir num-ser tál como a terra em flores. Vencer o preconceito e os falsos vãos pudores ;‘em-.que;vos abismais num subitâneo enleio. (...)
Como na antiga Grécia esteta, rediviva, ó virgçns, desnudai a vossa carne altiva e fecundai, após, num sopro de energia. B vós, homens do amor e vós que a desejais, Arrancai-lhes da fronte as coroas virginais, beijai-as livremente à grande luz do dia. C. Leite (A Plebe, 21-10-1917).
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Em um de seus livros,. Maria. Lacerda de Moura revela que o tema do amor livre “é hoje muito discutido e necessário nas rodas de intelectuais e proletários ” .40 Afirmação intrigante para . quem acreditava que esta questão fosse colocada recentemente. A crítica à virgindade, exigência “ridícula para .o homem” e “profundamentè humilhante para a mulher”, segundo esta mesma autora, remete efe tivamente à negação do casamento como relação monogâmica eter na, legitimada pelo clero e pelo Estado. Os libertários questionam• a institucionalização das relações afetivas e à forma pela qual as relações sexuais se manifestam numa sociedade autoritária e repres siva de ponta a ponta. Por que esta necessidade obsessiva de en quadramento dos comportamentos sexuais, principalmente em rótu los prontos, acabados, aceitáveis ou condenáveis? A despeito de to da acusação atuàl do moralismo dos anarquistas, não se pode deixar de considerar avançadas suas propostas de relacionamento afetivo entre homens e mulheres. Somente é válida uma união conjugal que se estabelece livre mente, independente dos interesses econômicos ou das obrigações sociais. Vários artigos publicados na imprensa anarquista discutem a questão do amor livre, procurando diferenciá-lo de uma valoração burguesa: Amor livre, não é, como alguns pretendem e outros julgam, as relações sexuais havidas de momento em praça pública, ou num' andar registrado sob um número de polícia. ( . . . ) Ê um todo formado pelo homem e pela mulher que se completam. ( . . . ) Vivem juntos porque se querem, se estimam no mais puro, belo e desinteressado sentimento de amor; vivem juntos porque é essa a sua vontade e não estão ligados por determinação alheia nem por interesses que a unv digam respeito. ( . . . ) Am or livre é a plena liberdade de amar e iiãó a forma hipócrita do casamento em que o homem è a mulher ligados indissoluvelmente pêlo ca samento civil ou religioso são Obrigados pelo preconceith a su portarem-se com enjôo. ( . . . ) Antonio Altavila (A Voz do Trabalhador, l . ° - 2 -1 9 1 5 ) . K ri
Oreste Ristori, também preocupado em desfazer qualquer iden tificação entre amor livre e prostituição, comiam na representação 40. M. L. Moura, R eli gi ão do A mor e da Beleza. São Paulo, Condor, 1926, p.. 110.
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imaginária- do sexo na sociedade burguesa, afirma que “Amor livre e livre união” não devem ser tomados como sinônimos, um poden do existir sem o outro, e define sua concepção de amor livre: O amor livre não significa a apropriação comum da mulher, mas qüer dizer: a liberdade ilimitada para a mulher, como para. o homem, de amar quem quiser, a liberdade de concentrar sobre uma pessoa, antes que sobre outra, todos os afetos. Quer dizer noutros termos: subtrair-se à terrível tirania dos pais, dos parentes e dos seus substitutos, que querem impor-lhe um marido do gosto deles, para amar livremente o objeto dos seus sonhos ( A T e r r a L i v r e , 2 - 4 - 1 9 0 7 ) .
Na sociedade atual, as relações afetivas entre o homem e a mulher são fáí|as e imorais, porque se fundam em interesses eco nômicos e consagram uma situação de dominação: a mulher se tor na escrava do homem, a quem deve obedecer servilmente. Isto, por sua vez, significa sua total anulação social, refletindo a hipocrisia dos sentimentos: O matrimônio apenas serve para abreviar a duração do amor, tornar odiosa a união. No lar, a mulher é a escrava, o homem é o senhor; este tem o direito de mandar, aquela o direito de. . . o bed ec er. ( . . . ) Com o pode .existir o am or entre uma escrava e um senhor? ( . . . } P or isso se diz: o casam ento é a morte do am or . . . ( O A m i g o do Povo, 2 - 8 - 1 9 0 2 ) .
A anarquista Tibi, autora deste artigo, continua suas reflexões mostrando que a organização familiar que se forma a partir do ca samento monogâmico legal gera seu oposto: a prostituição. Aliás, pergunta, no casamento ou na prostituição, o amor não é objeto de um comércio? Ao menos, a prostituta não precisa fingir. Todos sabem que o seu amor é vendido, a ninguém engana.
Finalmente, conclui incitando as mulheres a se revoltarem contra os- papéis humilhantes que devem representar, já que não podem esperar que sua libertação seja fruto da providência divina: 105
A emancipação da mulher há de ser obra dela própria.
A emancipação da mulher há de ser obra dela própria. Embora acreditem na possibilidade da constituição de umas no va família na sociedade anárquica, como os marxistas, os libertá rios não se aprofundam no exam e da natureza do laço, conjugal fu turo. No regime capitalista, a família se funda sobre relações de interesse e pretende manter unidas pessoas cujos desejos são di' vergentes, cujas ligações são artificiais, que se qfendém, que se violenjtam, ou que se odeiam, pois umas oprimem as outras. Trata-se portanto de desmistificar os dois pilares de sustentação da ordem burguesa: tanto o contrato de trabalho quanto! o contrato de casa mento. Ao contrário, no “comunismo anárquico” a base única da família é o amor e não uma relação mercantil: livres de preocupa ções econômicas, seus membros se respeitam e se aproximam, por arriizade. Se acaso estas relações se,alterarem e tornarem-se insupor táveis, dissolvè-se a família e a comunidade ampara seus fillips. Não há (nada a temer (A P l e b e , 1 2 -1 0 19 1 9 ). Condenando o casamento indissolúvel, portanto, os anarquistas defendem o divórcio quç, ao contrário do que se afirma, não virá trazer a discórdia no interior da família, mas ; ofe re ce r um abrigo seguro, um porto de salvação àqueles p ara os quais não mais sorria na terra a esperança de um cla rão de ventura. ( . . . ) O divórcio não facultará a separação com pleta dos casais, senão ! em casos perfeitamente definidos e quando á séparàçãò "dos C ônj0 ges redundar em felicidade relãtiva para íàmbOs (A L anterna, 10 -8-19 12 ). . f
O divórcio é uma necessidade fundamental numa, sociedade qúe não sabe amar, que não tem tempo pára^istè,, q^cpnsèm® as energias dos indivíduos explorando-os até os linptSS; §uas fo rças. Preocupadas com a sobrevivência material, copio podem as pessoas neste sistema social relacionarem-se de outro modo que não competitiva e autoritariamente, ameaçadas o tempo todo de perderem seu ganha-pão, humilhadas pelos dominantes, ou. nas classes privilegiadas, lutando para se auto-afirmarem continuamente? Quem tem “O direito de amar?”, pergunta A. Vizzotto, no artigo que A Plebe, de 18-7-1917, publica: Quando o proletário, ( . . . ) após uma jornada de 10 a 12 horas de trabalho, volta exausto de forças para sua casa, poderá, se é só
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e qüer*airriá*4família, proeurar.tranqüila é serenamente aquela que fterá’ de.ser a’ sua companheiraMK ? .)í7f£erá tempo, vontade, dispo•iu^ição^ipAra ,©jrientar?lhe o caráter, conhecer-lhe os sentimentos e as ,aspiraçpes? Xerá , ao menos, forç a para .eupriinir-lhe p seu carinho? A resposta tern de ser forçosamente negativa.
Portanto, o amor entre duas pessoas deve ser livre, porque não comporta regras, não pode ser enquadrado nas formas já definidas pelo imaginário socia},. deve fluir sem imposições. A liberdade de amar, explica Maria Lacerda, refere-se à libçrdade interior de cada um “aprender a amar’V sem-regras, livremente, sem qualquer inter ferência externa sobre as opções individuais, sem imposições sociais ou ainda spm a orientação do pqrtido: (. . . ) . , sonhar com o dominio.de um partido ou de uma ideolo ,.gia, para todo o prbé è ‘‘orgâMizar’’ o amor segundo* os interesses ! \dé^'*paitié'õ ou desisa, câtóssê ou ideologia — é sufocar a liberdade, dêsprézar às' éxpedêhóias do passado ( . . . ) . 41 " •: *’vMària Lácerda diverge de Alexandra Kollontai, membro da (XpõMpão Operária do Paftldò Bolchèvique, em relação ao enqua dramento do aidor pela- moral proletária, questionando que este posSâ^ser^-hn^anizado^-aegundo Os interesses*'do partido?' -suQrfã, diz élm qüando se esquece do partido KõHontai^afirma cOiãàWmtnt© ihfêiessantês, mas rW amor deve ser livre e plural, isto évMõ^institètndtt^^dOj Não^se Màfà, 'èfÊdentèménte-, d-a";“ eòoperat# a ^âmbrdsé' 'Suféifá à léi da oferta e da'''iprdeurav, como -a* rdeolo'lití^p^sff^çpiè^-f^eif.- crer, mas da possibilidade de se criarem nõltãs fõfnMs afetivas dè refeciõnamento: •: ;’i •Oeixem •0. am or livré, absolutamente livre. H om ens e mulheres
èneofftrãrãò, nas leis biológicas e nas necessidades afetivas e espi , ril^iais^ ,pv^§p.^p^iinlii,p,..a sua;>yerdade e. a sua vida. . . A solução . só poddser individual. Gada qual ama como pode. . <42 . O, casamento monogâmico, afirma Maria Lacerda, produz ‘.'anomalias s.exu.àis”, porque nele os dois sexôs estão em absoluta desigüaldâdè de direitos: é impossível o amor entre pessoas que se oprimem, que têm medo de se perderem, que vivem uma relação 41. M. L. Moura, H an R yner e o A mor Plural, op. cit., p. 128. 42. I dem, p. 132.
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de dependência e de posse; o amor-plural, o amor-camaradagem, que é o oposto do amor exclusivista e possessivo que -conhecemos, libertará a mulher e o homem, acabará com a exploração femini na, com o infanticídio, com as figuras humilhantes criadas-pela re presentação burguesa dos papéis atribuídos à mulher, a exemplo da “solteirona” e da prostituta. A mulher poderá então unir-se a quem amar e ser mãe quando quiser: Por que só divinizar a Maternidade-dentro do casamento legal? ( . . . ) Aceitar um senhor imposto pela religião, pela léi ou pelas conveniências é que ê imoralidade.43
Apesar da radicalidade e da novidade de suas posições, a crí tica libertária desta pensadora mineira à organização burguesa das relações sociais esbarra com os limites da assimilação de idéias que dominavam o pensamento cultural do momento: é o caso da idéia de eugenia, do aperfeiçoamento da raça, da influência do positivis mo e do evolucionismo em seus escritos e,. ao mesmo tempo, a ex plicitação de uma postura moralista diante de certos temas, como a condenação dos “ tangos e ( . . . ) da fanfarra louca do jazz-band infernal — meio seguro de abafar vozes interiores.” No entanto, diante da prostituição, Maria Lacerda. se sente in dignada com a marginalização e com a infajitilização. de mulheres a quem se qualifica como “perdidas” , como^ “ a peste das pestes” , refletindo uma posição novamente muito próxima da dos anarquis tas. Para estes, o fenômeno da prostituição é visto cpmo ma| necessário observável em todo tipo de sociedade descíç os feynpos an tigos. No sistema capitalista, a sobrevivência da; .família burguesa, forma de prostituição não-oficial, pois fundad^ a partir de um con trato comercial, exige o funcionamento deste comércio sexual ignó bil. As jovens privilegiadas não podem participar da iniciação de seus namorados, enquanto que uma série -dè'•intérdipjes '§exuáis re caem sobre a casada. Além do que, muitas vezes, a mulher sé casa com um homem escolhido pelos pais e não por ela própria. Fundameritalmente, a prostituição é dénunciada hb discurso anarquista em relação à d o h u M ^ dutor que explora operarias inocentes; a fábrica é um antro... da pefcdiçàb‘'e“a "miséTiâ financeira leya al' miilHeres pobres a venderem
43. M. L. Moura, R eli gi ão do A mor e da B eleza, op. ci t,, p; 45. .
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,
Ê Êm m m cm m m — ® mm. mumtff o próprio
corpD-para garantirem o jsustento da família. A, .qjigem do problema é essencialmente econômica: Sabemos, e temos consciência de estar com a verdade, que a mulher de nossa época que recorre à vida ignominiosa e antinatural da prostituição, a ela foi levada principalmente por motivos econômicos: (A P lebe , 1 9 -1 -1 9 3 5 ).
. Nisto, este discurso segue um caminhqdjLametralmente oposto,, ao burguê s,, que apresenta o e s ta do deprostituiçã o -eomo-antmomi-
Op aTT'cle^ trabdho. A prostituta trã'B'Sha,».se.cansa. é usada ,.e. explora3a fànto quanto a operária. Por isso ela não deve ser desprezada nern marginalizadãíT^Bení os libertários, já que è mais uma vítima ”observar~ã origem social de grande Sc ‘pa rtÇ a ã í mulheres, públicas para se dar conta de que o proleta riado fornece o Jtantingente principal. O.burguês sedutor, eterna-, mente InsafisfsiíQ'^vai buscar a satisfação de 3 u§„.capdchosJãádir,. nosos^masA ovens .de classê"ToaM~4n-fer-ior-, iludidas com promessas de luxo, de ascensão ou He~cõ'rifõftò7 e não entre as mulheres de sua própria classe, embora isto também possa ocorrer. ..
Ao contrário do que dizem os médicos burgueses, a “vocação para a prostituição” não^ nasce de um instinto natural, mas provém de um problema econômico. A imprensa libertária se insurge con tra, a teoria da prostituta nata-e, nesse sentido, são os únicos a rein tegrarem a puta na sociedade. Os médicos e os sociólogos, “esses falsos homens de ciência que folheiam os livros e reviram bibliote cas, com o intuito de, por todos os meios, mesmo os mais repug nantes, fazerem a defesa do atual regime”, afirma A P lebe (19-11935), querem explicar a existência da prostituição por outros mo tivos que não os econômicos: Esses médicos e sociólogos, que sempre viveram confortavel. mente, vãó descobrir em todas as prostitutas supostas taras he re ditárias po sistema nervoso, ou então, pronunciada preguiça e incapacidade para a luta ( . . . ) . Dessas supostas taras hereditá rias , ( . . . ) eles, os “homens de ciência”, procuram fazer todo o fundamento da prostituição.
Na verdade, *Gs anarquistas, o saber burguês não pode explicar dev^am ente pi problema prostitucional porque teria de fa zer a çrítica çlo sistema ^capitalista, do governo e da família exis-
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tentje, teria de encarar a questãosocial-d superação:
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Tocar, também nos motivos1Verdadeiros da prbstiiuição, séria (mostrar uma das calamidades do atUal sistemá capitalista, e,ássim |desprestigiar um pou co a tão' celebrada organ ização èconômicopolítica em que nos encontramos.
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( A eliminação da prQâliftàegtoTiftm;tmtoT'^^^ a revolução social e a mudança..r-adieal-éas-esUrufaTg^eenoiriicaS' com o^ íim-5o- -^ud o-e'-so teftlld d^ ^m '1 TT1íveis#<^^ gueàa. d:" ' Na nova ordem-_so,cial, a mulher terá co n d id ^ & ^ ^ ed d ir li-
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casã quanto^do -s^utor.-quQ_a jahijgaLâ frdqüeátar ' bffifléfe. Enta© exisjtirá uma nova moral, elaborada para ’osTiòfEens’ é 'p'afa' as thúí lherjes, que determinará uftla nova fo rm a te càmpbrtãriíbnto 'ehtle os sjexos. Ambos se aproximarão naturaliÉBHte/impelídòs^Jior tinia simpatia e atração mutuas e não pela' impòsiçaò dVmis&ria óu dáá frusjtrações inerentes a'o -casamento- biírgüês:’A prostituição' deixará de ser necessária. w j O "direito ao prazer” que o s ;libertários reivindiepd'ipard' Ms muljheres^e ;para os homens só-posferá áèf bOhcrélMdi^lia 'fiol'k sociedade, onde todos estàrão livres da éujèiçãó ^s méi^sáffidè^rhà4teriéis imediatas e também dos precoi&bitcís è pela[ religião. Os jovens rião ptfeéi&ài®^ flWtèetir se iijiiciarem na vida sexual, nem asMtiçaí^màhtérbínf-áè' o dita do casamento: '
A virgindade é quase um crime. Gáda; seio *deve;rflbWr miírSti ser tal como a terra em flores. Muitas vezes, os anarquistas têm sido qualificados*'de'.moralis tas p acusados de não terem praticado o amor livre qUe TfetO :fexaltarám e de condenarem práticas como dança, carnavál®’fumo, bebi da, corno veremos no próximo item. Na vérdádepuma certa morali zação da classe operária se evidencia nó discurso libertário: o vício é encarnado peio burguês, o patrão é censurado por só pensar nos prazeres materiais. Ele é apresentado como um 'bon vivant, eércâdo de ljuxo e refestelando-se -em orgias, dom-juah Mfátigávdl:'%hqháhfó queio operário honesto e sem defeitos trabálhá^inmterrupfãméhlfè.
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'A0 -liíésmõ. ifèjripQV ümá icería rdefèsa dos padrões familiares e do modelO’-’séxüa^burguês pode ‘rse!r-percebida no discurso anarquista. Em aíguns fhofhenfõs, a luta contra a prostituição se move em de fesa ya mòfâddãdfe' de uma famíliá Operária cujos valores se asse melham em vários aspectos àqueles que fundam a família burguesa: castidade pré-conjugal, fidelidade, exaltação da maternidade. Como peftsâr ésta ambigüidáde? Ás práticas condenáveis Já se tomou conhecida à crítica ao moralismo dos anarquistas quando cqpdenam o carnaval, o baile, o álcool, o fumo e mesmo o fütepÒl corno vícios, sinais da degeneração da sociedade instituída.;;Pq 3faJo,,uma çertaÉ,assimilação, das representações burguesas do la^r,-do se&o,ítç|Q>alcoolismo ou do .fumo pode sgr constatada no disc.tnisOjlibertário,.que revela a nítida intenção pedagógica de controtetfasTormas de lazer do proletariado. Por outro.’lado, é insuficiente constatar a cóntradição ‘que permeia este. discurso que, ao mesmo tempó^ddé piega d- ámor li^rre e d direito do" prazer para homens e mulheres, condena a dança, o bar, a bebida ou o esporte. Talvez se4*possa enveredar por uma .outra direção e pèrguntaL Sobre os ob.fMiWs-% dsddversários -visados* pela *doutrina anarquista. G que diiáef^ffespbito dásLdéCessÍdadés que póderiám estar ppr trás destas 'híuití priipéiro momento, todas as formas de lazer promovidas péíás clashes dominantes, do baile ao futebol, são censuradas como prMdás ifcrais que; visam èrifraquecef e entorpecer a classe operáíiál désviápdd-ia do cumprimento de sua função histórica revolucíoíiáriá ^'0 c^rhaval é associado à idéia de degradação do indivíduo, è VistÒ cómp ato/ dè imoráíidadè, representando ò momento em que ó:'trábálÍB
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cem, e morrem, vitimados pela sua própria culpa, perdendo noites de sono, ingerindo refrescos gelados, tendo o corpo a suar por V todos os poros, caminhando horas inteiras, sob um sol caustican te, j rufando caixas, tocando bombos, empunhando estandartes. ( . . . ) / O carnaval é uma imoralidade!
A mesma imagem do trabalhador que abandona o aconchego do lar em troca do bar, deixando seus filhos doentes e famintos chorando, enquanto a mulher se desespera e a filha se prostitui, tal como aparece nos romances naturalistas do século X IX , a exemplo do Germinal , de Émile Zola, é sugerida no discurso anarquista ao criticar o bar: ( . . . ) se em lug ar de as passar (as poucas horas de descanço) na taverna ou em outros antros do vício, se as passásseis nas asso ciações discutindo e trocando idéias uns com os outros sobre os assuntos que. vos interessam mais de perto ( . . . ) chegareis à conclu são de que é melhor, mais digno e mais humano exigir do patrão um ordenado suficiente para sustentar a . família do que trabalha rem mulheres e filhos para o próprio sus ten to.( . . . ) ... .. Albino Moreira (A V oz do Tr abalhador, 19-3-1913).
Recrimina-se o operário que, ao invés de lutar pelos interesses de sua classe, aliena-se nos “antros do vício”, bebendo, jogandp, fumando, desperdiçando tanto seu dinheiro quanto suas energias, enfim, fazendo exatamente o jogo do inimigo. O trabalhador politi zado é aquele que se mantém lúcido, consciente da guerra cotidia na que se trava entre as classes, que acumula energias para empre gá-las no momento certo e que, portanto, sabe quão importante é reforçar os laços de solidariedade que o une aos seus. familiares e a seus companheiros de luta. A taberna deve ser evitada porque é um espaço privilegiado da alienação política, lugar onde se con traem os grandes vícios e se perdem as grandes idéias. É interessan te observar que exatamente pelo motivo oposto o bar é condenado no discurso burguês, ou seja, porque é o lugar da germinação e propagação de idéias subversivas, entre outros vícios. A Ter ra Liv re , de 23-10-1906, publica um artigo endereçado “Aos jovens”: A vós que só pensais em vos divertir, que para nada vos ocupais da vida social, que, ao sair da Oficina, correis à taberna- ou ao lupanar, a vós me dirijo, como muitos outros têm feito pedindovos que sejais homens verdadeiros, que deixeis de ser bestas como
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tendes sido, embora penseis ao contrário, que estudeis trocando a venda e o lupanar pelo centro de estudos alcançando a dignidade e a força de ser pensante e consciente dos seus direitos e do seu valor. José Postigo.
O centro de estudos versus o bar ou o bordel; o estudo, a conscientização versus os prazeres da bebida, do sexo, do fumo; a razão versus os sentidos; o espaço ventilado e higiênico versus o salão abafado, escuro, aglomerado de corpos. Além do que, a ta berna é o lugar onde o operário aprenderá a beber, se tornará um alcoólatra e será perdido para a revolução social. Dupla arma dos capitalistas, o álcool deve ser combatido: àqueles interessa o au mento de seu consumo pela classe operária, tanto economicamente quanto por mantê-la num estado de ignorância e de alienação polí tica. Assim, o ^Jcool é condenado no discurso anarquista como fla gelo das classes trabalhadoras porque degrada o operário, transfor ma-o num ser émbrutecido, arrasta-o para o submundo, entorpece seu raciocínio, retira-lhe as forças, a perspectiva e a iniciativa para a luta de emancipação social. Na medida em que condena a bebida e o fumo por enfraquece rem física e moralmente o trabalhador, o discurso anarquista se aproxima do burguês, segundo ò qual são necessários homens fortes e sadios para “construírem a riqueza da nação” . Num e noutro, o bordel, o bar, a bebida, ò fumo e o jogo são condenáveis porque destroem a saúde e o caráter do trabalhador: para os libertários, o operário aliena-se, despolitiza-se e degenera-se; para os dominantes, ele se perde como força produtiva e se corrompe porque adquire idéias e hábitos subversivos. Não existe no pensamento burguês uma linha divisória entre vícios morais e idéias políticas: ambos são nefastos para o espírito do trabalhador e para o crescimento da na ção. Evidentemente, no discurso anarquista ou operário em geral, a causa do alcoolismo nos meios populares encontra-se no tipo de so ciedade em que vivemos, onde a bebida, o fumo, o jogo surgem co ,m o válvulas de escape diante de um cotidiano massacrante. No dis curso do poder, por seu lado, a questão remete à falta de cultura/ de educação e de civilização dos pobres, ainda em estado pré-civilizado. G baile, por sua vez, é censurado como prática imoral, alienante e corrompida, pelas tentações que desperta ao aproximar os corpos de sexos diferentes. Os anarquistas concordam com a moral burguesa que condena
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a dança diante da ameaça que representa o: aqntato fís ico des jpvens e por alienar o trabalhador de sua missão! histórica: Quando começa o baile, assiste-se à cena mais repugnante deste mundo, capaz de nausear as próprias meretrizes. A orquestra entoa as primeiras notas para saltar, ê todos aqueles espasmados mancebos correm como loucos em busca da mais bem feita, para» satis fazer a ânsia de a apertar nos braços, de Il h e , revelar - r- iSpb form a de am or — todo o seu desejo de posjse, po is ,que daqpele ( . . .) enlace libidinoso ( . . . ) , daquelas' cócegas, nãò ppde resul tar senão a excitação dos sentidos de ambos; ( A T er r a L i v r e, , 52-1907).
Até mesmo o futebol não escapa à crítica veemente dos anar quistas como prática degradante qup embrutece p trabalhador e des perdiça suas energias, que deveriam ser canálizàdás pam á milifancia política. j Não obstante a frequência deites artigos-ná imprensa; anarquis
ta, reprimindo estas práticas festivas, devemos lèmbrar qu§; também eram comuns os anúncios ou comentários de. cluindç» bailes após as sessões de conferência ou de ;pní®é;manifes tação política. A título de ilustração, um cartaz de  Plebe, 22-j7-1922, convidava: GRANDE FESTIVAL PRÓ-A PLEBE Organizado pelo Centro Libertário “Terra livre” realizar-se-á no dia 12 de agosto, às 20 horas, no Salão Celso Garcia, sito à rua do Carmo, 23. Este festival obedecerá ao seguinte: PROGRAMA
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I — “A Internacional” , pela orquestra; 5 II — Conferência; 1III — Será levado à cena o bèlo drama histórico e social, ém quatro atos: OS CONSPIRADORES; j IV — Baile Familiar. l Nos intervalos haverá quermesse e venda de flores.
; Fica evidente a intenção pedagógica que permeia o discurso anárquista, preocupado em formar o militante político conscience, combativo e produtivo. Nessa medida, entende-sé omoralismoidèsta doutrina que visa atingir um número cada. vez maior deTrqbal3h§ipres je trazê-los para a causa da revolução, fazêdqs manter, u®a »cpnstância relativa na participação nos centros de estudo, na leitura dos 114
jornais operários, nas discussões com seus companheiros e nas mahifeslá|8Ís^iBlieas/tíirármánèira de viver, pode-se dizer, está comprometidl'Bbm este discürsò: não se trata apenas de introduzir uma série dê: interdições, impedindo que òs operários joguem, dancem ou bebam nas horas de lazer, mas de interferir positivamente, fazéndõ' óòiòi^qitè' sé‘-engájeih- póliífcaménte e que abram'mão de uma atividade ehS benefício dèòütfas. Aléhí distò, pode estar em jogo uma questão mais profunda. A condenação véèmente das atividades festivas, de bebedeiras, far ras, freqüêiidias a bares e bòrdéis, fumo, nesta perspectiva, visaria -menos a repressão e a vigilância efetivas, isto é, teria. menós uma função negativa do que visaria funcionar como mecanismo de autodefesa e de prpteção da classe trabalhadora . frente à violência da dominação çlhssistá. Como outros tantos grupos políticos que se cònsidèrãm representantes do proletariado, os anarquistas se vêem na obrigação de defender os representados contra a ação punitiva dós dominantes. Reprimir o alcoolismo, a embriaguez, o fumo, e cohdénâr o boteco e o bordel significa proibir tudo o que possa dar márgem ou pretexto para o poder atacar. O reforço da sanção morãl :pÔderia ser uma maneira de escapar da penalidade do Estado e da violenta repressão policial que recaíam sobre o trabalhador e òs;pobres ém geral .44 Além disso, e$ta tentativa de regulamentar a moralidade cotidiana da vida social seria uma maneira que os tra balhadores teriam de assegurar sua própria ordem e, deste modo, destruir a imagem operária fabricada pelo adversário, segundo a qual os' èlemêntos das classes! sociais1inferiores são seres pré-civiíizados, irresponsáveis, de vida desregrada e de hábitos perniciosos. O que, por sua vez, justificaria à mobilização de um enorme apa rato policial e judicial repressivo. O que estaria em jogo na conde nação dás práticas referidas seria, então, a luta para desmistificar no plano do real a imagem imoral do trabalhador construída pelo discurso do poder e para convencer a opinião pública de que o imi grante podería comportar-se de acordo com a ética moral dominan44. E. P. Thompson, “Lucha de clasês sin clases?”, i n: T radi ción, R evuelta y C onsci ênci a de.C las e, Barcelona, Crítica/Grijalbo, 1979, p. 31. Neste exce lente artigo, o autor mostra como a cultura dos dominantes pode ser reaprópriada no interior das práticas dos trabalhadores. Para Thompson, o conceito de hegemonia está intimamente ligado à idéia de encenação e de teatro. Neste, a construção de um contrateatro por parte dos dominados marca a possibilidade da imprevisibilidade da ação. Ver Michel Foucault, La Verdqd y L as Formas Jurí dicas. Barcelona, Gedise, 1980, 4.a Conferência. 115
te, negando assim a necessidade do aparato policial constantemente mobilizado pelos patrões e pelo Estado para conter os impulsos po pulares. Ao anarquista perigoso, subversivo, corruptor de menores, assassino, ladrão, promíscuo e grevista, que a lei Adolfo Gordo ex pulsou do país, contrapor-se-ia o operário produtivo, honesto, vir-, tuoso, educado, comportado, disciplinado, cumpridor de seus deve res, mas consciente de seus direitos. Trata-se, portanto, de demar car nitidamente as fronteiras que separam o vagabundo, o desor deiro, o imoral, de um lado, e o trabalhador pobre, sério, produti vo, disciplinado e civilizado, de outro. A condenação moral de certas práticas sociais visaria conseqüentemente garantir o controle sobre a organização do lazer ope rário, proteger o proletariado contra a violência do exercício da dominação burguesa, e formar o militante combativo, dedicado, la borioso, figura com a qual deveriam identificar-se os trabalhadores urbanos do período. A construção deste modelo normativo, de-com portamento, militante refletiria como num espelho a imagem, do tra balhador que, inúmeras vèzes, aparece desenhado nas páginas do jornal operário: jovem, forte, saudável, símbolo do. crescimento eco nômico e do progresso da nação, garantia da possibilidade do novo mundo, contra-imagem da projeção burguesaAÀ representação ima ginária do operário bêbado, fumante, decaído,''selvagem e arruacei ro, o trabalhador sóbrio, sério e produtivo; 3 )operária prostituta. . debochada, ameacadora-maxa os casamentos m c^gân^os.-das»>&tasses privilegiadas, a j: ra h,albad ^ r i i ^ lia, austera e asseada.,.Aos jovens que levam “uma vida inútil .e .ve nenosa”, os militantes estudiosos, combativos, enérgicos e rngienizados. À imagem de um mundo operário confundido c q h i d , sub mundo da marginalidade e da criminalidade,, contrapor-se-ia o mun do do trabalho e da luta, associado à noção de produtividade e de progresso.
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III. A PRESERVAÇÃO DA INFÂNCIA Apropriação Médica da Infância
3o
De hoje em diante ficais sabendo que a higiene é a parte da medicina que cuida da saúde de pessoas, estabelecendo as regras do modo de viver com cuidados imprescindíveis, sobre a habitação, a alimentarão, o vestir, o dormir, a educação, etc. Dr. Moncorvo. Filho, 1901.
Na empresa de constituição da família nuclear moderna, higiê nica e privatiVa, a redefinição do estatuto da criança pelo poder médico desempenhou um papel fundamental. De uma posição se? „A..manr S â i ó i j a â l d â t i l l â n ^ ^ c e n iiaLnO-inlfixiOJlxk^^ e aten ção espeeiáh tratamento e alimentação específicos, vestuário, brin. quedos e horários especiais, cuidados fundamentados nos novos saberes racionais da pediatria, da puericultura, da pedagogia e da psi cologia .1 Se, até o final do século XVIII, a medicina não se interessava particularmente pela infância nem pelas mulheres, o século X IX as siste à ascensão da figura do “rèízinho da família” e da “rainha do lar”, cercados pelas lentes dos especialistas deslumbrados diante do desconhecido universo infantil e do território inexplorado da se xualidade feminina. A conquista deste novo domínio de saber, o objeto-infância', abriu as portas da- casa para a interferência deste corpo de especia listas, os médicos higíenistas, no interior da família. Através de três 1. Phillipe Ariès, História Social da Criança e da Família. 2.a ed., Rio de Janeiro, Zahar, 19 81 ; J. Donzelot, op. cit.
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as peças eram reaquecidas para o acabamento”. Com isso, as crian ças operárias acabavam trabalhando ainda mais que os mais-velhose quando a rusao do vidro retardava, aumentavam para onze, do ze e até quinze horas de trabalho ” .30 Se o retrato da exploração infantil foi tema constante nas pá ginas da imprensa anarquista e operária -em geral, 'a problématizacão da relação co m ’a infância para os'libertários certamente.enve redou por outras direções. Não apenas uma atitude defensiva de denúncia da violência fabril, mas um pensar .sobre a formação do, ho.mem novo, desde a mais tenra idade. A pedagogia libertária, e a formação do homem novo
Como então formar este novo personagem capacitando-o a con viver com as mais variadas diferenças, de idade, sexo, cor, nacio nalidades, sem todos estes preconceitos que. nos atravessam, crian do tantos desencontros, tantas dificuldades de comunicação e en-' tendimento? Seremos capazes de quebrar tantas molduras, de desfazermo-nos de nossas máscaras? A infância é uma esperança. Uma educação especial, capaz de respeitar sua individualidade, de dei xá-la falar em sua linguagem, sem ter de suportar obrigações, deve res, punições. Por que não deixá-la encontrar seus rumos, expressar sua diferençassem recriminações? Suportaremos não nos yer refle tidos em suas pulsões infantis,.como diante de.um grande espelho, cujas formas projetassem nossas imagens reduzidas? As experiências de/Ferrgfi abrem perspectivas .sedutoras.. Afinal, em Barcelona, 1901, põe em.prática, suas idéffas,-' seu. projeto . educativo e funda a “escola moderna”. Por vários anos, a imprensa, anarquista homenageia. Francisco Ferrer y Güardia,. na data de süa morte: fotos, artigos, poesias, manifestações públicas., Q fuzilamen to em 1909 pelo governo autoritário. espanHòl é rememorado na.' poesia publicada em A P le b e ; ’■ ’■ A M EMÓRIA D E F E R R E R Educar para a vida a mocidade. Para uma vida forte e sem mentira? Horror! Isto é a anarquia, isto conspira ■Contra o céu, mais o trono, mais o 'abade! 30. 146
I dem,
p. 117.
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•' Morte ao infiel, ao que à loucura aspira! A Terra é muito nossa propriedade, Não deixemos, m orrer a autoridade, Como se esvai „o fumo duma pira! ' Morte ao infiel — E a terra horrorizada Viu á ressurreição de Torquemada . Dum m ar de sangue, horrível e iracundo; Num renascer da inquisitoria sanha, . Viu Fer rer sucum bir dentro da Espanha, — Pára. viver no coraç ão do mundo! Beato da Silva
O que se pode esperar da educação tradicional, senão que cons. titua indivíduos PaárjJiiizadQa^jdblcek^ ? Ê para isso"’que sqgve a escola burguesa: .para fazer as pessoas .acei tarem cegamente as normas, estabelecidas, para incutir valores so ciais e morais da classe dominante, para produzir e reproduzir in divíduos concebidos à sua imagem, E isto através de relações auto ritárias, punitivas, coercitivasy estabelecidas entre professores, de um lado, e alunos, de outro.;-A escola não nàsceu para disciplinar, como afirma Ariès?
O eixo da crítica formulada pela pedagogia libertária dirige-se"' contra o exercício dò. poder !mas—relneQes~--q-ue~se.„pj:Q.duzem...em ,todÃF^õs^spãgSF de soçiá,bliida.de:. na escola, na casa,, rio trabalho, nos luiáres.de Iazêr/FefEerpropõe um tipo de escola que.não incentlve o espinto ..de.:Co,mpetição'entre as.cfmnpfo, pomo-oçorre .nos institutos, disciplinares burgueses, mas que crie condições para a descnheria dft-nnvfl,s na r.pQpp.rflçãn, ria- confiança e no. respeito mútuo. A escola-racional ou moderna não .pbete:ri3tó"?e^i2*ar'. urria’grande obra de ortopedia social, .nem se grega as pe.ssoas/.segunçlo', as suas diferenças. Ela pode- ser freqüentada -por indivíduos de. meios sociais diferentes, de idades variadas,, de ,am|?(Dá7ósdex&Âsylscolas. mistas facilitam o convívio e o cohom%s7e‘^^mTEerès, colocando-os numa relação ^^LJiigPiiiiãliÍ8>d^«,»d£sdd' cedo, A educação anarquist.a...devx^fazer„da>xidanca_umml^ nimai seivagem'', na expressão , da pedagoga . sueca. Ellen Key (1894 -192 6), colaboràdora do Boletirn. da.-Escola Mo.de.rna -publicado por Férrer entre 19Ò1 e 1909 e admirada por Maria'Lacerda de Moura: porque ' ela deve,.te^XriJ.ÇÍ.qdX4j vontade firme, tornar-se um conquistador,
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um ser observador, cheio de imaginação, forte o suficiente para po-,
s n r T ã l T " p e T ^ ^ e u n d a n te s ,e h s inan cio-a a acom odar-se, a não se rebela r, a obe dec er às inúm eras interd ições: ' “ é proibi. do. . . O nov o homem deve ser cap az de and ar so b re •as. p ró p ria s^ / -e=r«sS3teassi — .. Jy.!.,...». (X pernas, voar com asas seguras para espaços novos e dqscp.nhecidosV^ aven turar-se, m ergu lhar profu nda m ente. N ada disso -é possível com uma educação que exige, obediência ejpJ^iissão: aos pais, aos mes tres, aos chefes, aos governantes, aos preconceitos, a toda sorte de imposições. E que cobrâ um alto preço aos que se recusam e pre \ferem escolher um caminho próprio. .V A co nc e pção libertária da form ação do homem novo se cho ca frontalmente com o preconceito burguês de que os castigos e a re pressão são instrum entos necessários e funda m entais .para a fo rm a ção do caxáter desde a máis tenra idade. N st Jrêprè sêntà çâcr'biílrgoe^ sa,)a criança se assemelha a um selvagem em que prevãT^em. "os instintos que, por n'aturéza7~saõ”p en g õ sò sm àK fiç q s.„ q y ,e devem ser d om esticados pela razão.* Está oposição entre natu reza-e cultura aparece nitidamente numa comunicação, apresentada no l.° Con-. gresso Brasileiro de Pro teção à Infância por Tacia no . Basílio, em 1922, cujo eixo é a defesa do Castigo às Crianças: ....
.....
Com essa orientação racional, só há vantagens em reprimir com firmeza as más inclinações, infligindo-se. gradativamente os castigos .em geral, para que a criança perceba obter maior lucro para si na abstenção da prática, de determinados atos. Ligará então a idéia de 'bem ao que lhe é pérmítido e de rriaí ao que lhe é vedado ou na linguagem, familiar ••'se'r‘á- ‘bonifú' ;s.è;tt-ão ' 'disâgriádàr■ aos pais e fe ia no casò contrário.31 ' A repressão das tendências naturais da criança deverá ser, se gundo ele, tanto física, através dos castigos’corporais, safanões; pal madas e bofetadas, quanto passar de modo sutil pelo gésto, pelô jo go do olhar, pelo tom da voz, ou pelo silêncio pesado. À/coHcepçB*^ exatarhente ò opôsto’ destnt forma de relacionamento opressivo com a criança: busca fÒrriiàr pèSsóas crííicas, desenvDlxerL^ues.pon4^^ o homem das 31. Basílio Tácito, Castigo às Crianças. Memória apresentada ao I Con gresso Brasileiro de Proteção à Infância. Riò de Janeiro, Revista dos Tril-'iinais, 1922, p. 11.
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iiiihem^fiiL^^ ■através,de uni' outro .procedimento pedagógico. Partindo de uma ou tra representação da criança, os anarquistas’ não aceitam que clare ia. esta “cera mole", na expressão do dr. Moncorvo Filho, onde de vem ser inscritos os preceitos de uma moral puritana, ou um peri goso, ielvãgem em que predominam instintos perversos. Ao contrá. rio, pata os libertários, a criança possui aptidões naturais positivas que as práticas pedagógicas devem ajudar a desenvolver,. A educa ção deve respeitar á personalidade infantil, a tribuindo imporra nd a |s suas necessidades' remsó_£_j*mfundas. Recuperando a fé rousseauniarta na bondade natural do homem, os anarquistas conside ram que não há por que reprimirem-se as tendências naturais da in fância por uma educação autoritária e vitoriana. ■:Ferrer ^criticava .os niétodos de ensino da escola tradicional, instrumento dommacão-_de classe: a escola racionalista não deveria ser esta “espécie de aparelho para exame ininterrupto que acompanha em todo o seu cumprimento a operação de ensino", como.diz Foucault .32 Nada de exames codificando, registrando, ano tando, informaad.Q:se. sobre, cada gesto do aluno. Nejii„;pi:em-iGs, nem punições., nem castigos físicos' ou morais, hierarqui-zando os indivíduos, distribuindo-os nas escolas do melhor ao pior, do mais bem comportado ao preguiçoso, estimulando as rivalidades.. ..e-caralogando. . . Contra o sufoco da educação burguesa, Ferrer pretende que a escola moderna consiga fazer de cada aluno seu próprio professor. E si un dia , con ei ardor y la liberíad que nos deberán , . .
..
çombaten los dogmas de nuestra imperfecta sabiduria, tanto mejorl 33
- A escola racionalista é laica e privada, pois sendo a religião e o. Estado, sustentáculos dos privilégios sociais só podem oferecer um ensino autoritário e dogmático, a serviço dos dominantes. A cultura deve ser democratizadá, seu acesso facilitado às camadas slesjjivorecidas da população e deve estar adaptada às sjaj^Lmeceestétvées, sem a parafernália dos conhecimentos livr.eseos e inúteis. Nenhuma classe ou grupo social tem o direito de deter o monopólio da cultu ra: na sòciédade burguesa, o saber torna-se uma arma nas mãos dos ppderosòs;. a verdade semprêHihes pertence. Mas não se trata sirrirfÕpna^ò^do saber, É também a própria ciência, 32, Michel Foucault, Vi giar e . P uni r, op. ci i ., p. 166. 33. H. Hoorda Van Eysinga, "Le pedagogue n'aime pas les enfantsü i n: H oleti n de. la Excuela M oderna . Barcelona, Tusquets. 1978. p. 15. 149
que se constitui pararíegitimar a dominação, que deve ser questio nada. Com Bakunin, ^Fep:wc©mpartilha da desconfiança em reMçtío ao eientificismo, considerando a ciência não como um-saber neutro mas como “instituição de classe”. Não é à" toa, afirmà eièj que aque les 'que detêm o poder “ esforçando-se por >consertar ás crenças sobre as que antes se baseava a disciplina soeialy trát-aram de dàr às concepções resultantes do esforço científico uma signifibação ..que não podería prejudicar às instituições estabelecidas”. 34'Bakuhin, por sua vez, nptmha_àciência oficial, posta a séryiç.Quda burguçsia; a ciência popular; oue devería' -estudaFêã' e^aè esperanças do povo. . T ^ ê g u n ^ a doutrina anarquista, o conhecimento deveria baséarna .. e não nas “longas e íatisantes nretec sem sentido” (A Terra Livre , 23-2 -1 907). Assini, O que é verificável pelo próprio aluno, o que é demonstráveí, o que é acessível, claro, lógico par a a cria nça, o. que ela pode por si mesm a descobrir ou desenvolver — iáso será preferido a !todas as divagaçÕes metafísicas oiui filosóficas, a todas as afirmações impostas pela autoridade do pedante, que não podem senão habi tuar à. preguiça intelectual.
; Ao contrário da concepção originária de educar — do latim educare, que significa endireitar o que está torto, concepção que justifica a adoção de métodos autoritários de unqüadrariiéntp da infâhcía e da adolescência — , a escola racionalista pretende favo recei: o desenvolvimento das' té n ® professor tem pouco que ensinar, más deve observar ‘/muito, apro veitar as circunstâncias para que seu aluno descubra pon si mesmo os inúmeros fatos de todo gênero, as min t j s E têm en tr e s iT l^ n ^ moderna,, *:.. toda impQrícãíx^iagmáMc qualq ue r, ipcursão na járea metafísica abandonada e, pdueo a pouco, a experiência,, for mava a nova ciência pedagógica, não só por meu empenho, mas pela ação dos primeiros professores e, em ocasiões, até’’’pelas dú vidas e manifestações dos alunos.3345 34. Albert Mayol (Org.), B oleti n de la E scueí a M oder na, op. ci t., p. 14. 35. iMaurício Tragtenberg, “Francisco Ferrer e a pedagogia libertária”, i n: Educação & Sociedade , n.° 1, 1978, p. 30.
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O processo de^ ?razero$ visando
deveria realizar-se de maneira &V'como os ]og.os, ejamjíâlaidzadas
arrancar o: aluno das salas de aula com mutismo e quietude insu portável, caracte rísticas da . morte, substituindo-as pela. alegria e bem-estar infantil.
Afinal, continuava A Terra .Livre (23-2-1907), a escola não deveria-, sèr umlngar. de tortura/r id d o j a ^ s u ,^ ^ , m ^ ^ T ^ a n o ^ p ra z er, onde.elas sé:sentissem à vontade e o ensino fosse, oferecido como uma diversão, procurando aproveitar a sua natureza irrequieta e alegre, as suas faculdades e sentimentos,, falando mais ao o lh ar que ao .ouvido, dedicando-se mais à inteligência do que à memória, esforçando-se por desenvolver harmônica e integrálmente os seus órgãos.
A experiência e os ensinamentos de Ferrer y Guardia, que n a . década de 80 do século,passado viajara para a França, onde entrara em contato com pedagogos e com instituições educativas inovado ras,..são 'discutidos na imprensa anarquista em. inúmeros artigos, ao lado de outros teóricos libertários, como Sebastian Faure e Eliseu Réclus. Seu projeto educativo é propagandeado desde antes de sua mórtê, embora, as primeiras escolas modernas no Brasil surjam em 1920vips comitês pró-escola racionalista debatem as idéias pedagó gicas daquele espanhol por vários anos antes da sua fundação. Em A T er ra L iv re (l.°-l-1910), eram expostos os objetivos deste projeto, educacional: . . A Escola Moderna propõe-se libertar â criança do progressivo . envenen amento moral que por meio de um ensino baseado no misticismo e na bajulação política, lhe comunica hoje a escola religiosa oú do governo; prOvqqar junto com o desenvolvimento da inteligência a formação do caráter, apoiando toda concepção moral sobre a lei de solidariedade; fazer db mestre um vulgarizador de verdades adquiridas e livrá-lo das peias das congregações . ou do Esta do, pa ra que sem. medo e sem restrições Ibe seja possível ensinar honestamente, não falseando a história e não escondendo as descobertas científicas.
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Assim como Proudhon e Bakunin.. Ferrer propunha , a supera ção da divisão entre trabalho,-;manual e intelectual,, de modo que' a humanidade pudesse recuperar súa unidade originária perdida, A sociedade cindida entre aqueles que detêm o saber e aqueles que executam as tarefas braçais só pode' comportar relações cíe dominação; assim, a superacãi poderia ser. conseguida na medida em que todos sTFiTünãh^âminte atividades manuais e intelectuais, sem. da instrução a_~iins~.e... todo trabalho físico e alienan_te—a—qu-í-h-^. Portanto, desde a própria escola;’ o aluno deveria participar da fabricação dos instrumentos didáticos, da manutenção das Jsalas. do cuidado com jardins e blbliotecai^tornando-se um sujeito ativo no processo pedagógico .cm^.todojL-Q.s.sentidos, O que seria, também, uma maneira de quebrar a. hierarquia e 'a distância dos papéis atribuídos a professores, alunos e funcionários,"'evitando' 'que cada um se especializasse rigidamente em uma atividade limitada. 'Além disso, deféndia-se a aprendizagem de um ofício manual na escola, que habilitasse os alunos pobres a enfrentarem as contingências A preocupação com a valorização da criança .. em todos os sentidos, com o respeito à sua particularidade, como ser que tem vontade própria e diferente da dos adultos constitui um dos princi pais pontos dá proposta de educação libertária. A denúncia do abandono dos pequenos a uma educação emboloracla, tradicional e alienante,-“em que a vontade individual era tida como um defei to, que a todo transe era necessário expurgar” (/I Terra Livre , 2-4-1907), remete à questão do direito das crianças; Pois à pergunta: a quem pertence a criança? respondo resolufamente: nem à família nem ao Estado, mas a si própria,- E ao suposto direito da Família e do Estado cujas entidades não têm respeito peba criança débil, ignorante e desarmada mais que deve res, oponho o direito Criança ( s i c ) . A criança tem direito ao pão do corpo, desenvolvimento físico: ao pão da intelig ência, desenvo lvimen to. intelectual* ,,e ao pão. do coração, desenvolvimento do seu ser afetivo (. ... ). ( A T er r a L i v r e , 1
.° - 1- 19 10).
eliminando as pretende ser romeiras que opõem o trabalho manual e o intelectual e as relações de dominação decorrentes. Meio de superar a alienação do homem, a ‘‘instrução íntegraiT7, impediría que o saber estivesse nas mãos
de uns poucos que ditariam,, a todos os demais os caminhos a serem ...perporridos, . permitiría, o desenvolvimento harmonioso de todas a§, pdténcialidaçlee humanas. Assim, a criança trabalhadora, que -na sociedade, burguesa é marginalizada, transformada desde cqqq' ém l‘‘3bqrrò...dç..carga” , porque, muito nova precisa entrar na fãÈ.riQà e s.úbmeter-se às vontades dos patrões, dos contramestres, dos próprios’Op;erários\e ainda às exigências d.a máquina, podevia ema.ncipár*se,; aprendendo a autogovernar-se e a fazer valer seus pró prios desejos.- Afinal, mesmo que na sociedade burguesa a criança pudesse freqüentar a escola e o trabalho infantil nas fábricas fosse proibido, analisa Eliseu Réclus, que tipo de instrução recebería? Úm saber.incompreensível, absurdo, decorativo, que lhe seria passa do à força, como obrigação, O absurdo da. educacão.e do saber burgueses: obrigam-se as crianças a assimilaremJadiLUJQLi ^ ^ .desnecessá rias p a r ca1. no interior de espaços celulares, fechados, onde se exerce uma vigilância ininterrupta sobre todos. Crianças: vocês não devem brincar, nem fazer algazarras, gritar ou agitar, nem devem colar nas provas, nem virar para o lado. As cadeiras já estão fixas nos devidos lugares, todos perfeitamente enfileirados. Tudo o que importa é garantir a ordem aqui dentro, lá fora e em toda a parte, literalmente. Sem turbulências, sem agitação, sem risinhos e coehichos. Crianças-operárias, crianças-estudantes, o con trole disciplinar não faz distinções de alvos: incide sobre todas. Ela deve aprender a respeitar, isto é, a temer, a submeter-se aos superiores hierárquicos, aos horários, aos regulamentos, às instru ções, responder devidamente aos estímulos, na instituição escolar ou no processo de trabalho. A própria materialidade dos edifícios, com grades'é cercas por todos os lados, deve servir para instruí-las quanto ao código ético aprovado. Cerfamente, mais que em outras doutrinas, o interesse pela educação ocupa posição de relevo no pensamento anarquista. A preocupação em alfabetizar e instruininxL-Q.timer.o.-cada_ve2: maior de possíveis leitores dá imprensa libertária...e..-di£:-,SAra^--fiub44&afQ^s--dg)utrihárias‘ é1 propagandísticas justifica também ’ seu interesse—pelo pròiètóedu^ãfivo. k Qs/^ornak^desempenharam papel de destaque no processo de conscientização do proletariado e atuaram como centro de organiza ção darclasse. Os inúmeros jornais libertários existentes no começo do'século no Brasil, como A Lan tern a , A Terra Livre, A Voz do Trabalhador, O Amigo do Povo, La Battaglia e A Plebe, entre 153
outros, tiveram uma tiragem relátivamente expressiva em São Paulo e no IRio' de Janeiro, durante sua existêndia.. Alguns possuíam uma biblioteca, como A Terra Livre, O Amigo do Povo q À Plebe, .cujo acervo era constituído por obras de teóricos ’do artárqüismo: Malátesta,| Kropotkin, Bakunin, Neno Vasco^José-Òiticicã/Gigi Damiàni;; de romances de autores nacionais e estrangeiros, entre’ Os quais figuram Eça de Queirós, Fábio Luz, Afonso Schmidt, Émile Zola, Alexandre Dumas, Tolstoi.36 A Lanterna, cujo primeiro número apa rece em março de 1901, dirigido por Benjamin Motta, tem inicial mente a expressiva tiragem de 10 mil exemplares, aumèntando de pois [para 26 mil, embora posteriormente se estabilize em cerca de 6! mil números. A Voz do Trabalhador, refundado em 19J3, atinge uma tiragem de 3 mil exemplares iniciais e ém oito meses passa para 4 mil, segundo informa o 3.° Congresso Operário Brasi leiro (COB). Portanto, como o próprio COB afiifmava, a imprensa aparecia para os anarquistas como “o meio mais eficaz para orientar as massas populares”.37 (Esta valorização especial do projeto educacional libertário • também pode ser explicada pela objetiva inelutável inscrita no desenvolvimento Histórico. ’’Ôs-Über•tariois'nao acreditamèm um•prõgfe s s ® “ciéflíi- . ficamente assegurado” no curso da história, levando à criação dá nova sociedade. Para eles, qualquer mudança radical dependería do esforço pessoal de cada um no séntido de sua' aüto-eniahçipação e aí Çaberia um papel fundamental à educação enquantpdfqrmadqra do homem novo.. O esforço/educãti?\ nesse sentido,,/figurá como uma ação moral e como um dos meios da aeão' direta: tanto quanto . o boicote, a sabotagem ou a greve, à edüçaçaoj mèif dé superar a- alienação a que o homem,está déstièadó'úà‘sociedade-huirguesá, (L_uma arma, de luta do proletariado p o r' süá autòleihahóipáção, serti depender das falsas mémações^reprèséhtadàs pelas' escolas públicas autoritárias ou pelo parlamentarismo. ' . . i Aprofundando esta discussão, Cfèio que o que torna a educa cão um valor social para os anarquistas é sua própria jzbncepjçMo  ã revolução social\A transformação radical da sociedade, ao con
36. >her a respeito E. Rodrigues, N aci onali smo e CU ltura Soci al. Rio ; de Ja neiro, Lae mmert, 1972; Boris Fausto, op. cil.\ Francisco Foot Hardman, op. cit.
37. Extraído de Michael Hall e Paulo S. Pinheiro, op. cit., pp. 198 e 217.
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— v jsju. teario -do que ^pregám os ' mamsitòè^ •’ri㮕-lexigê^. primeiramente o assalfo' acr P.Qj3j^da_aPiiratCLJSSta^^ re estruturadas todas as relações sociais, a partir daquelas que se constituem no âmbito da produção. Na doutrimaJanamuista. a recriação dà sociedade não é obtida pelo jogo político: a tomada^do áparelbo .:doJfctgdgjião se constitui numa preQCJimcãojanmdra. O Estado; aueiMbede a livre organização •dà' soèíéiládè; delve ser suprimido e não apropriado pará possibilitar a tránsformàçãò da estrutura econômica e social. Por isso mesmo, og anarquistas‘recusam a párticipaCãb na M a política "parlamentar. ou, então, à constituição de um pàrtidò político centralizado que deveria dirigir o ’movimento revolucionário de transformação social. Recusa que a historiografia tradicional considerou como índice da fragilidade de sua capacidade organizacional e não enquanto pro duto de uma outra lógica, que revela uma concepção diferenciada da política.
Ao contrário do marxismo, o. anarquismo não se afirma como ciência, nem pretende obter um conhecimento totalizante, científico ■c,,j ^ j g e t ^ pplmbaT Nem mesmo se coloca. ■.co.mQ..,....uma—teoma-xom-pleta ou ■.como único, capaz de conhecer cientificamente . a^hi^rià^e^.pprtâ^to, dé jefaboraf as estratégias e. táticas de luta “verdad^Ús O Corretas,’ para a ação'revolucionária, Bakunin afir* maya explt:èit#men;ter “não temoa^de .ensinar opovcLmas de incitá-lo à revolta”.^8 Criticando o cientificismo dos marxistas, Bakunin çõpsileráya que sendo á teoria e a •ciência “patrimônios de uns pjOgeoV..^, esta ppstqra acabaria levando à idéia de que “estes poucos dpvem dm^ir a yida social; não apenas fomentar e estimular, mas reg er-todos. os movimentos do povo” . E completava: Segundo eles, rjo dia seguinte da revolução, a nova organização social não tratará de estabele;©èr-$e sobre a livre integração das associações de trabalhadores, pòVds, Comunas e regiões, de baixo para cima ou conforme às necessidades e ao ihstinto do povo, mas sobre o poder ditatorial desta minoria ilustrada,' que suposta mente expressa a vontade geral do povo.
( . . . ) As palavras “socialista instruído” e “socialismo cientí38. Extraído de James J oil, A narqui st as e A nar qui smo. Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1977, p. 105.
fico”, que se encontram constantemente nos trabalhos e discursos de Lassalle e dos marxistas apenas provam que o pretendido Estado popular não será senão o governo despótico das: massas trab alha doras por u m a . nova ari stocraci a , numericam en te pequena, dè verdadeiros ou falsos científicos.3^
O anarquismo aprèsehta-se cómo uma doutrina política qüe. comporta variações em seü interior. Nao opera com os pressupostos do marxismo, muito embora autores, como Pierre Ansar,t procurem mostrar uma proximidade no pensamento de Proudhon e de Marx, herdeiros da tradição saint-simòniâna, muito, maior do que á me mória .históriça, construída a partir, de uma luta política
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, ; O advento da revolução social não está mais próximo em nenhum Qutr.Ó país do que na Itália. Na Itália não existe, como nos outros países europeus, uma classe privilegiada de operários, que, graças aos. seus salários consideráveis, se orgulham das hab ilitações lite rárias que adquiriram; são dominados pelos princípios dos burgue ses, pela sua ambição e vaidade, de tal modo que diferem apenas dos burgueses pela sua situação e não pela sua maneira de pen sar.41
. Embora anarquistas e comunistas sonhem com a instituição da sociedade igualitária, sem Estado e sem classes, em que os meios de ; produção. pertençam à coletividade, diferem quanto às suas concepções da política e da sociedade. Para os primeiros, a mu dança, social- se trava no- interior de um outro campo que, de certa forma, abrange as múltiplas formas das relações sociais. Trata-se da -redefinição do conteúdo destas relações que, na sociedade bur guesa, se caractlrizam por serem coercitivas e autoritárias, dado que se fundam sobre a exploração do homem pelo homem. A socie dade anárquica, ao contrário, deve evidenciar a ausência desta exploração e de toda forma de dominação: entre classes sociais,, entre sexos, entre idades, entre pessoas de cores diferentes, no interior da família, da escola, do trabalho ou em qualquer outro espaço de sociabilidade. Não se pretende instituir um outro regime 5 político em que as relações que se estabelecem no cotidiano perma§ neçam inalteradas, mesmo que provisoriamente. A transformação ^ - •£; revolucionária da sociedade passa pelo questionamento prático e ^ ^ / imediato dás relações de poder, onde quer que se constituam, o j qüe’ evidentemente inclui todo um sistema ético e um conjunto de ( valores estabelecidos. pela cultura burguesa num longo e lento v H* J prõèésso; Mas esta revoluçionarização da maneira de viver depende «£ & \ fúhdaméntâímente da atuação dos sujeitos históricos em busca de "lí £ ) uma ríõvá fòfhia social e não do amadurecimento das “'condições ^ -qJ ’ objetivas”, independentes da ação subjetiva voluntária. ^ Assim- seiido, todos devem estar empenhados na mudança revodk Sòcie%dey;J>‘orque ela parte de uma vontade pessoal. •aííàrqtiistâfc afirmam uma concepção da história, J qüe-k;Torhã um processo de criação permanente dos sujeitos histó\ ricos e não o resultado de determinações econômicas independentes \ daTntervdhção humana. Se a história é criação, a pedagogia, visan\ do formar .um homem novo, constitui o valor social mais seguro 41-. Extraído de James Joll, op. cit., p. 103-. 157
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e indispensável para a construção do novo mundo. A questãçj-se coloca, portanto, em um campo de luta que podemos'definir como sendo o da moral e não o da política propriamente dito. O tipo de sociedade que, os, libertários pretendem instituir deve construir-se a partir da cooperação natural è-da "ajuda mútua”, como diz Kropotkin, entre indivíduos que se solidarizam. No dugar do lEstado, “ fonte de todos os males” , a federação livre, a. livre organização das associações de produtores em comunas locais que, por sua vez, se agrupariam livremente em federações dás. comunas. O pstado, para os anarquistas, pretende estabelecer urna unidade artifical que violenta as tradições, os costumes e os interesses dos diversos grupos sociais, na tentativa de anular a diversidade do social e de criar àquilo que Lefort, comentando La Boétíè, dêfiniã como a “ficção do Um”. Por isso, deve ser destruído ê não apro priado, assim como todas as suas instituições: os bancos, as univer sidades, a política, o exército, etc. ! Tendo como horizonte a instituição de ümá organização sojciai formada por comunas aútônomas livremente fedéradaài bs^anarquis tas recusam a construção dè Um paftidõ político revqluciõnáriò que devéria liderar a classe operária ejnquânto sua “vanguárda revòfticionária”. Acreditam que esta instituição acabaria por reprodtíâr em seu interior a divisão social edfré Os que"cqncebèhi e %àn
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e "efíqüaritd existir ‘haverá “ governantes e governados, affids! d esóràívõs®1exploradorès ê explorados” . A revolução deveria resultar do “acordo voluntário e consi derado dos esforços individuais para o fim comum”. Se admite algu ma organização no processo revolucionário, Bakunin afirma que nenhuma .função deve ser permanente e todos os cargos devem ser temporários e revogáveis: “A ordem hierárquica e a promoção não existirão, de modo que o comandante de ontem pode tornar-se o subordinado de amanhã. Ninguém está acima dos outros, e se por momentos o es.tiver é só para não estar daí a momentos, como as ondas do mar, que vão é vêm segundo um salutar nível de igualdade”,42
O enraizamento do discurso anarquista no campo da educação ; Segundo dados fornecidos por Edgard Rodrigues e registrados pela imprensa anarquista, os libertários tiveram intensa participação .em atividades—culíumim e . .. especifiçamehte preocupados com a edqpaSão popular, fundaMm^dajnfinQS..25 escolas livres.oilman d^pasi,dentfos de ensinç profissional, grupos de, estudo, centros de ctílfura prqietária, centros de educa,ção; artística, grupos dramáticos e musicais.43 ;ç&^JM©>Bmlo> íemj <1909, fundou-se; a Escola Moderna dirigida ptorc^qâOi Penteado e situada ávavenida Celso ^Garcia, 2 62, com ã ^ M ^ fte lf fi^ ‘.fíótUrttáS 'parax rianças de ambos os sexos e também 'atfuftbs. Logo depois, surge à Escola Moderna n.° 2, localizada à rua Maria Joaquina, n.° 13, no Brás, sob a direção de Adelino de Pinho, e em São Caetano a ecola operária dijfigida pór José AÍvbsr^íO'M o’ ;de.Jáíféifco, sürge ii Escola l.° de Maio,' Hè”Vila Isabel, situada na rua do Senado, 63, é a Associação Éscolã' Mdderna. Em 19Í2, A Lantern a {3 1-5-1912) noticiava a fundação de uma outra escdla livre dirigida por João Penteado em São Paulo, localizada na rua Cotegipe, 26, no Bélenzinho, onde as vadias eram ministradas nos períodos diurno e. noturno para mèiiinos e meninas: 42. M. Bakunih, \ op. ci t., v ol. II, p. 45-56. 43. E. Rodrigues, op. cit.; Boris Fausto, op. cit.
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As suas aulas tanto diurnas quanto noturnas já estão funcionan do com regular frequência de alunos e; a inscrição para a matrícula se acha aberta, mediante a contribuição mensal de 3$ para as aulas diurnas e 4$ para as noturnas. O fornecimento de livros e materiais é feito- gratüitamente aos alunos da escola a fim de facilitar aos operários a educação e a instrução de seus filhos segundo o método racionalista. Seu diretor informa ainda que constam do programa as seguin tes matérias: português, aritmética, história do Brasil, geografia e princípios de ciências naturais, devendo esta programação ser alte rada posteriormente. A Liga Operária de Campinas também cria nesta cidade uma escola livre principalmente para crianças, em 1907 (A Lanterna, 23-2-1907). Em Sorocaba, Santos, no Estado do Rio de Janeiro, em Belém do Pará, Recife, Porto Alegre, em Niterói e Petrópolis também foram fundadas escolas racionalistasj referenciadas pelos ensinamentos do pedagogo espanhol. Em Belém, funcionava a Escola Racional Francisco Ferrer, até 1927 pelo menos, segundo notícia A P le b e em 26 -2-1 -2 -192 92 7. No-'eniahto, No-'eniahto, -19-19 -19-19// m árçá ár çá ;p ’i£ò ’i£òmé métt tttb tb7: 7:ei eiàà que a repressão: estatal aniquila ás mais importantes'experiências educativas libertárias, as escolas modernas de São Paulo, situádâs no Brás e no Belenzinho. João Pinheiro e Adelino de Piriho recebem ofícios da polícia estadual informando que tendo sido verificado pela Secretaria da Justiça que as süas escolas “visando a propaganda das idéias anárquicas e a implantação do regime comunista, ferem de modo ineludível a organização política e social do país”. Por isso foi decretado o...açu fechamento (A Plebe, 13-12-1919). A ausência de informações sobre o funcionamento das. escolas racionalistas, sobre o número de alunos inscritos, sobre as;atividades realizadas, realizad as, com raríssimas raríssimas exceções exce ções,, como por po r exempí exempíp^ p^ asr fiéis fiéis comemorações do aniversário dá morte do p>edagogo Féfrèr,,; im possibilitam qualquer afirmação ou conhecimento mais aprofun dado destas práticas pedagógicas. Seus limítés., portanto, fic^m.para ser determinados. Alguns Alguns poucos artigos informam inf ormam .soprè pVqursqs introduzidos na Escola Moderna do Belenzinho, divididos ém: curso primário, médio e adiantado. No primeiro, ofereeiâm-se noções de português, aritmética, caligrafia e desenho; no médio, gramática, aritmética, geografia, princípios de ciências, Caligrafia è desenho;
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e-,jn -,jnoo.;adiant adi antado ado,, .gramática .gram ática,, aritm a ritmétic ética, a, geografia, ge ografia, noções de ciências ciên cias físicas se ;natura ;n aturais, is, .história; .histó ria; geometria, g eometria, caligrafia, cal igrafia, desenho desenho e datilo datil o grafia.-Mas nada além disso. De qualquer maneira, os artigos e apelos propagandísticos recorrentes na imprensa anarquista suge rem: quê o.desejo, de criar estes centros de cultura operária, organi zar os proletários alfabetizando-os, conscientizando-os e mobilizan do-os, enfim, criando condições para o florescimento de uma cultura operária, foi imenso e teve de enfrentar não poucas barreiras. Sua prática, efetiva, entretanto, deve ter sido de alcance limitado, prinqip.almente na década de 20, em que os artigos sobre a tão fascinante e otimista pedagogia libertária vão progressivamente escasseando na imprensa anarquista. Ainda um outro sonho deste primeiro movimento operário no país merece ser registrado: a fundação da Universidade Popular de. de . Ensino Ensin o Livre, Li vre, no Rio de Janeiro, em 1 904. 90 4. OrganizadaOrganizada- nos mdídes preconilados por Ferrer y Guardia, este centro intelectual tinha por objetivo a “instrução superior e a educação social do A m igo ig o d ô P o v o , 2-4-1904). proletar proletariado” iado” -(O Am Além dos cursos, a universidade deveria organizar„c.Qnf.eren-cias sobre assuntos variados...enL^esjjmiTmSjLntercsse-4o^r^ balhad balhador oresr esr funda undaiui iuim m. saraus musicais. festas libertárias. excursões publicar um boletim informativo, “cstahdecer^enf^^ ^opüláf tendomorTím às vezes o„nrazer,.e-,a.-inst-ru-&ã€>------ ,e^^ ,e^^múéQ~^ múéQ~^ moral entre os cooperadores”. : A universidade universidade erad er ad irig ir igid idaa por um conselho administrativo do qual faziam parte Elísio de Carvalho, Carvalho , Vitor Vito r Schobnel, Tit Titoo de ’■ Miranda, Mota Assunção, entre outros, e deveria ministrar cursos em todas as áreas: Psicologia, Biologia, História, Literatura, Direito, Antropologia, Matemática, Sociologia, etc., contando com a adesão de vários intelectuais de formação positivista. Segundo O Am A m igo ig o do Povo , de 9 -4-1 -4 -190 9044 , a idéia da criaçã cri açãoo de uma univer un iversida sidade de popular tivera um precursor em Georges Deherme, operário tipó grafo grafo francês, em 1§98 1§ 98 — informava informava Élísio Élísio de Carvalho em confeconfe' rência pronunciada no Centro das Classes Operárias. A instituição, era paga e contava também com consultório médico e jurídico. A duração de tal empreendimento foi muito breve e encontramos apenas sucintas referências à sua existência. A atividade das Bolsas de Trabalho francesas, movimento cria do pelo pelo anarco-sindicalista anarco-sindicalista F. .Pelloutier, .Pellou tier, também referenciou as práticas culturais de cunho pedagógico desenvolvidas pelos sindi..
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catos brasileir b rasileiros. os. Várias V árias atividades culturais, cultura is, ^comò^conferências, representações de peças dramáticas, apreseritâ|lo*défígrupos musi cais, formação de círculos de discussão e estudtí'forám organizados pelçs sindicatos de orientação anarco-siridifealfStá: rio Brasil. Eiri l.°-0-19O7, A T e r r a L iv r e convidava os operâfids pára participarem dasl palestras organizadas pelo Sindicato dds Pedreiros è Carpin teiros, “com o intuito de alargar a propaganda entre o elemento operário” dos ideais do anarquismo. Noticiava ainda a realização de conferências na sede da Asso ciação dos Carroceiros e Anexos, assim como de séSsÕés publicais de propaganda organizadas aos domingos no Sindicaté dos Pedréi^õs e Carpinteiros. Os operários têxteis também possuíam seus grupos de cultura p roletári role tária, a, através atrav és dos* dos* quais preteridiám lançar lan çar mão do meio meio mais mais urgente urgente — a difus difusão ão dâ cultura en tre tr e is massa massass proletárias proletár ias das fábricas de tecidos, tecidos, JazendoJazen do- cora: cor a: qu quee em .breve .breve tempo os trabalfaadoresrTjliquem compenetrados db vàlor, da orga* nízaçao e compreendam qual qual deve deve ser a s ^ condutá. perante perant e *!| *!| associação (A Plebe, 22-7-1922), .
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