Enfermeiro Carlos Aguiar
Funchal, 17 de Dezembro de 2013
ÍNDICE NOTA INTRODUTÓRIA .......................................................................................................... 3 1. DEFINIÇÃO ............................................................................................................................ 4 2. OBJETIVOS DAS TÉCNICAS DE MOVIMENTAR E TRANSFERIR .......................... 4
2.1. PROFISSIONAIS....................................................................................................... 4
2.2. CLIENTES ................................................................................................................. 4
3. PRINCÍPIOS BÁSICOS APLICÁVEIS ÀS TÉCNICAS DE MOVIMENTAR E TRANSFERIR CLIENTES ........................................................................................................ 4 4. RISCOS .................................................................................................................................... 6
4.1. RISCOS ASSOCIADOS À TAREFA ....................................................................... 6
4.2. RISCOS ASSOCIADOS AO CLIENTE ................................................................... 6
4.3. RISCOS ASSOCIADOS AO AMBIENTE ............................................................... 7
4.4. OUTROS RISCOS ..................................................................................................... 7
5. EXEMPLOS DE TÉCNICAS DE MOVIMENTAR E TRANSFERIR CLIENTES ........ 7 5.1. MOVER UM CLIENTE NO SENTIDO DA CABECEIRA DA CAMA ......................... 8 5.1.1. Dois prestadores com a ajuda de resguardo ................................................................ 8 5.2. MOVER UM CLIENTE EM DECÚBITO DORSAL PARA UM DOS LADOS DA CAMA SEM ALTERAR O DECÚBITO ................................................................................. 9 5.2.1. Dois prestadores ........................................................................................................ 10 5.3. TÉCNICA PARA ALTERAR UM DECÚBITO LATERAL PARA O LATERAL CONTRÁRIO ......................................................................................................................... 11 5.4. AJUDAR UM CLIENTE A SENTAR-SE NA CAMA ................................................... 12 5.5. TRANSFERÊNCIA DA CAMA PARA A CADEIRA DE RODAS .............................. 13
5.5.1. Dois prestadores de cuidados ............................................................................. 14 5.6. TRANSFERÊNCIA UTILIZANDO PEQUENOS MEIOS AUXILIARES .................... 14 5.7.LEVANTAR UM CLIENTE NA CADEIRA ................................................................... 14 5.8. UTILIZAÇÃO DE ELEVADOR HIDRÁULICO PARA TRANSFERIR CLIENTES .. 15 5.9. ACOMPANHAR O CLIENTE NO ANDAR .................................................................. 16 BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................... 16
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NOTA INTRODUTÓRIA Este manual surge como um dos auxiliares pedagógicos da ação de formação “Técnicas de Movimentar e Transferir Clientes na prestação de cuidados de saúde” – a ser desenvolvida na instituição, Lar Vale Formoso, no âmbito do programa de Estágio Profissional em que me encontro e destinada às Assistentes Operacionais e outros Profissionais do lar interessados. O prestador de cuidados de saúde atua no colmatar de várias necessidades do cliente, tais como a capacidade para mobilizar-se, transferir-se e andar. As tarefas de movimentar e transferir são efetuadas com grande gasto energético e carga física, dependentes das circunstâncias e características antropométricas dos clientes e prestadores de cuidados de saúde. As tarefas mais comuns de transferência, efetuadas pelos prestadores de cuidados, atingem perigosamente os limites estabelecidos(1). As lesões dorso-lombares e as lesões nos ombros constituem as principais preocupações, podendo ser extremamente debilitantes. Os prestadores de cuidados de saúde possuem, assim, maior risco no que respeita a dores dorso-lombares. A causa principal destas lesões está relacionada com as tarefas de movimentar e transferir clientes, como o levante, a transferência e o posicionamento(1). A necessidade de prevenir o risco de lesões é uma realidade a que os profissionais terão que fazer frente. Entre as medidas preventivas, assumem importância, os aspetos da organização do trabalho, o uso de equipamentos facilitadores e a adoção de técnicas corretas de movimentação e transferência de clientes(2). A implementação de métodos adequados de levante e posicionamento contribui para alcançar resultados significativos na redução das lesões relacionadas com o trabalho e dos custos de compensação aos trabalhadores. Além disso, pode ajudar, igualmente, na redução da rotação de pessoal, no absentismo e custos administrativos, no aumento da produtividade e numa maior satisfação dos funcionários(1). Este Manual pretende, assim, apresentar recomendações e exemplos dos procedimentos técnicos de movimentar e transferir clientes que previnam lesões músculo-esqueléticas na prestação de cuidados de saúde e promovam a saúde do cliente. Ambiciona ser o orientador da sessão, não querendo ser exaustivo ou intransigente na abordagem temática e considerando todas as sugestões como uma mais-valia para a implementação de métodos adequados de levante e posicionamento.
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1. DEFINIÇÃO Para o conceito movimentar considera-se as deslocações no leito, ou seja, conduzir os clientes entre os diferentes decúbitos conhecidos - conduzir para cima no sentido da cabeceira da cama; sentar com a cabeceira levantada; sentar com as pernas pendentes; ou ainda deslocar no mesmo decúbito, mais para a esquerda ou para a direita. As transferências são um conjunto de técnicas coerentemente organizadas e padronizadas, que visam facilitar a deslocação do cliente de uma superfície para outra. Entende-se por superfície as camas, as cadeiras de rodas, outras cadeiras, as sanitas, as banheiras, entre outras(2).
2. OBJETIVOS DAS TÉCNICAS DE MOVIMENTAR E TRANSFERIR As técnicas de movimentar e transferir contribuem para vários objetivos tanto para os profissionais que as executam como para os clientes. 2.1. PROFISSIONAIS(1)
Prevenir lesões músculo-esqueléticas na prestação de cuidados de saúde;
Reduzir o número e a gravidade de lesões músculo-esqueléticas resultantes de
atividades de movimentar e transferir os clientes. 2.2. CLIENTES(3)
Estimular o padrão respiratório, de mobilidade e de eliminação;
Manter a integridade da pele;
Prevenir complicações músculo-esqueléticas;
Promover o autocuidado;
Facilitar o relacionamento com os outros e com o meio ambiente;
Promover conforto e bem-estar.
3. PRINCÍPIOS BÁSICOS APLICÁVEIS ÀS TÉCNICAS DE MOVIMENTAR E TRANSFERIR CLIENTES Qualquer tipo de operação de movimentar e transferir, mesmo com recurso a meios auxiliares, envolve vários princípios básicos da mecânica corporal para os prestadores de cuidados de saúde.
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Quadro 1 – Mecânica Corporal para os Prestadores de Cuidados de Saúde(3)(4)
Ação
Fundamentação
Quando planear mover um cliente,
Duas pessoas a elevarem algo em
providenciar a ajuda adequada;
conjunto dividem a sobrecarga a meio. Isso promove as capacidades e força do
Estimular o cliente a ajudar em tudo
cliente ao mesmo tempo que reduz a
o que puder;
sobrecarga para o prestador de cuidados. Minimiza a força necessária.
Posicionar-se o mais perto possível do cliente (ou objeto a ser levantado);
Cerca de 4,5kg perto do nosso corpo correspondem a cerca de 45kg quando temos os braços em extensão (Patterson, 1993).
Fletir os joelhos e manter as pernas
Uma base de sustentação larga aumenta
afastadas;
a estabilidade.
Usar os membros superiores e inferiores (não as costas). Primeiro
Os músculos dos membros inferiores
fletindo e depois estendendo
são mais fortes e longos, capazes de
lentamente os joelhos ao levantar o
maior esforço sem lesão.
cliente; A coluna vertebral deve ser mantida numa posição de acordo com a sua curva natural, tendo o cuidado de evitar sobrecargas ao alongar ou fletir. O prestador de cuidados deve sempre
A rotação aumenta o risco de lesão na coluna vertebral.
tentar deslocar o seu peso de acordo com o movimento que está a executar e evitar assim a rotação;
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O deslizamento requer menos esforço Fazer deslizar o cliente para junto de
que a elevação. A utilização do
si, utilizando um resguardo;
resguardo minimiza a fricção, que pode provocar lesões na pele do cliente.
A pessoa com a carga mais pesada
A elevação simultânea minimiza o
coordena os esforços da equipa
esforço de cada uma das pessoas que
envolvida, contando até três.
estão envolvidas.
Verificar alinhamento corporal do
Assegurar o alinhamento da coluna
cliente;
vertebral.
Lavar as mãos antes e depois de cada
Prevenir a transmissão cruzada de
procedimento.
microrganismos.
4. RISCOS(1) Existem vários fatores relacionados que tornam as atividades de movimentar e transferir perigosas. Estes aumentam o risco de lesões músculo-esqueléticas ou de dano ao cliente. 4.1. RISCOS ASSOCIADOS À TAREFA
Força – O esforço físico necessário para executar a tarefa (como levantar corpos pesados, puxar e empurrar) ou para assegurar o controlo de equipamentos e ferramentas;
Repetição – Executar o mesmo movimento ou série de movimentos de forma contínua ou frequente ao longo do dia de trabalho;
Posições incorretas – Assumir posições que exercem tensão sobre o corpo, tais como inclinar-se sobre uma cama, ajoelhar ou rodar o tronco ao mesmo tempo que se efetuam movimentos de elevação. 4.2. RISCOS ASSOCIADOS AO CLIENTE
Os clientes não podem ser levantados como cargas, pelo que as “regras” de elevação segura nem sempre são aplicáveis;
Os clientes não possuem pegas;
Os clientes são volumosos; 6
Não é possível prever o que acontecerá ao mobilizar um cliente. 4.3. RISCOS ASSOCIADOS AO AMBIENTE
Risco de escorregar, tropeçar e cair;
Superfícies de trabalho desniveladas;
Limitações de espaço (salas pequenas/presença de muitos equipamentos). 4.4. OUTROS RISCOS
Nenhuma ajuda disponível;
Equipamento inadequado;
Calçado e vestuário desajustados;
Falta de conhecimentos ou formação.
5. EXEMPLOS DE TÉCNICAS DE MOVIMENTAR E TRANSFERIR CLIENTES Qualquer tipo de operação de movimentar e transferir, mesmo com recurso a meios auxiliares, envolve os princípios básicos anteriormente descritos. A escolha da técnica adequada de movimentar e transferir o cliente abrange uma avaliação das necessidades e capacidades do cliente em questão(1). A avaliação do cliente deve incluir o exame de fatores como:
O nível de assistência exigido pelo cliente;
O tamanho e o peso do cliente;
A capacidade e a vontade do cliente em compreender e cooperar;
Condições clínicas que possam influenciar a escolha dos métodos de levante ou posicionamento, feridas, contracturas, presença de cateteres, fraturas, entre outras.
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5.1. MOVER UM CLIENTE NO SENTIDO DA CABECEIRA DA CAMA(1)(4) Ajustar adequadamente a altura da cama em função da sua própria altura; Pedir ao cliente que flita o joelho, ou os dois, olhe para os pés e, por fim, que faça força sobre um pé, ou sobre os dois. Deste modo, aumenta a cooperação do cliente; Se não existir um trapézio ou impossibilidade de o cliente se agarrar na barra da cabeceira da cama. Colocar um dos braços por baixo dos ombros do cliente, agarrando e apoiando o ombro do lado oposto. Passar o outro braço sobre o tronco; Dizer ao cliente que faça força com os pés após contagem até três; Durante a transferência, deslocar o seu próprio peso de um lado para o outro, mantendo as costas direitas; Se existir um trapézio ou cliente conseguir agarrar barra da cabeceira da cama, colocar um dos braços por debaixo das coxas do cliente e o outro por baixo do tronco; Dizer ao cliente que, após contagem até três, se eleve com a ajuda da barra da cama ou do trapézio e/ou faça força com os pés.
Imagem retirada de Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, 2008
5.1.1. DOIS PRESTADORES COM A AJUDA DE RESGUARDO(4)
Técnica utilizada para movimentar clientes que não têm capacidade de ajudar. Baixar a cabeceira da cama até à posição mais baixa tolerada pelo cliente;
Virar o cliente para um lado e para o outro, colocando debaixo dele um resguardo que vá dos ombros às coxas. Pode improvisar-se um resguardo, dobrando um lençol a meio; Com um prestador de cuidados de cada lado do cliente agarrar o resguardo firmemente, colocando uma das mãos junto dos braços e outra junto das coxas do cliente; 8
Enrolar o resguardo, de modo a fazer um rolo, até as suas mãos estarem próximas do corpo do cliente; Os joelhos dos prestadores devem estar fletidos com o corpo virado para a direção do movimento. O pé mais afastado da cama voltado para a frente de forma a proporcionar uma ampla base de sustentação; Dizer ao cliente para manter os membros superiores sobre o corpo e levantar a cabeça após contagem até três; Elevar e movimentar o cliente em direção à cabeceira da cama após contagem até três. Repetir o movimento se necessário;
Imagem retirada de Queirós, 1998
5.2. MOVIMENTAR UM CLIENTE EM DECÚBITO DORSAL PARA UM DOS LADOS DA CAMA SEM ALTERAR O DECÚBITO(1)(5) Ajustar adequadamente a altura da cama em função da sua própria altura; Colocar o cliente em decúbito dorsal com a cabeceira da cama na posição mais baixa tolerada pelo cliente; Quando só está disponível um prestador de cuidados dividir o processo em três fases: pernas – cintura – ombros; Retirar a almofada debaixo da cabeça e dos ombros do cliente e coloca-la à cabeceira da cama; Começar pelos pés do cliente; posicionar-se aos pés da cama num ângulo de 45º. Afastar os pés, com um pé ligeiramente à frente a fim de assegurar uma base de apoio mais ampla. Fletir os joelhos e a anca, conforme necessário, para colocar os membros superiores ao nível dos membros inferiores do cliente. Transferir o peso do cliente,
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utilizando o seu próprio peso, do pé da frente para o de trás e deslizar os membros inferiores do cliente, na diagonal, em direção ao lado pretendido. O posicionamento começa nos pés do cliente porque são mais leves e fáceis de mobilizar. Estar de frente para a direção do movimento assegura o equilíbrio adequado; Fletir novamente as pernas paralelamente à anca do cliente e movimentar a mesma, na diagonal, na direção pretendida; Colocar-se ao nível da cabeça e ombros do cliente; fletir os joelhos e anca, conforme necessário. Colocar um dos braços por baixo dos ombros do cliente, agarrando e apoiando o ombro do lado oposto. Passar o outro braço sobre o tronco, movimentando o seu tronco, ombros, cabeça e pescoço em direção ao lado pretendido; Pedir ao cliente que olhe para os pés aumenta a tensão muscular abdominal do mesmo, permitindo maior cooperação nos movimentos.
Imagem retirada de Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, 2008
5.2.1. DOIS PRESTADORES(1) Um prestador de cuidados deve colocar um dos seus antebraços debaixo dos ombros e pescoço do cliente e outro sobre a região do tórax; O outro prestador coloca um braço sobre a região glútea do cliente e o outro braço sob a face posterior das coxas; Permanecer com uma das pernas em frente da outra, com os joelhos e quadris fletidos, trazendo os braços ao nível da cama; Deslocar o cliente de modo coordenado, para próximo da equipa.
Imagem retirada de Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, 2008
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5.3. TÉCNICA PARA ALTERAR UM DECÚBITO LATERAL PARA O LATERAL CONTRÁRIO(1)(3) Retirar a almofada da cabeça, assim como as restantes, em uso no posicionamento do cliente; A cama deve ficar plana sem a cabeceira ou as pernas elevadas e perfeitamente livre de cobertores ou lençóis; Posicionar ou assistir o cliente a posicionar-se em decúbito dorsal, no lado oposto ao do decúbito a executar; Executar flexão do membro superior e inferior do lado oposto ao decúbito e rodar o cliente com movimento firme e suave; O prestador de cuidados deve colocar uma das suas mãos no ombro e a outra no joelho, procurando segurar em tecidos ósseos, evitando a instabilidade dos tecidos moles. Eventualmente, se houver uma grande instabilidade do cliente, por exemplo, uma plégia, a mão colocada no joelho pode passar para a região trocantérica; Rodar o cliente à posição de decúbito lateral pretendida; Posicionar o membro inferior do lado do decúbito em ligeira flexão das articulações; Posicionar o membro inferior, do lado oposto ao do decúbito, de preferência sobre uma almofada, fazendo um ângulo de aproximadamente 90º a nível das articulações e coxofemoral; Posicionar a cabeça sobre uma almofada com volume ajustado à altura do ombro; Posicionar o membro superior do lado do decúbito com o ombro em ligeira flexão e o cotovelo em flexão; Posicionar o membro superior do lado oposto ao decúbito, com o ombro e o cotovelo em flexão sobre uma almofada (com dimensão aproximada ao volume do tórax e afastada do tronco) que acompanha todo o membro;
Imagem retirada de Queirós, 1998
Imagem retirada de Administração Central do Sistema de Saúde, 2011
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5.4. AJUDAR UM CLIENTE A SENTAR-SE NA CAMA(4)(5) Mover o cliente para o lado da cama em que este se vai sentar;
Com o cliente na posição de decúbito dorsal, elevar a cabeceira da cama a 30º;
Afastar os pés, colocando o pé mais próximo da cabeceira da cama em frente ao outro pé, com uma base de sustentação alargada; Colocar a sua mão mais próxima da cabeceira da cama na região escapulo-umeral do cliente, apoiando com o antebraço os seus ombros, cabeça e pescoço; Colocar o outro membro superior sobre as coxas, junto à região trocanteriana, do cliente; Elevar a parte superior do corpo do cliente ao mesmo tempo que roda os membros inferiores para fora da cama; Encorajar o cliente a ajudar o mais possível à medida que a técnica se desenvolve; Estimular o cliente a respirar profundamente 1 a 2 minutos. Encorajar o movimento dos ombros, dos membros inferiores, sem esquecer os pés e os dedos (a atividade muscular promove a circulação venosa e permite a adaptação à posição de sentado); Continuar a prestar apoio físico ao cliente mais dependente com alterações da cognição.
Imagem retirada de Perry, Anne Griffin; Potter, Patricia A, 2006
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5.5. TRANSFERÊNCIA DA CAMA PARA A CADEIRA DE RODAS(1)(3)(4) Colocar a cama e a cadeira de rodas perto de forma a que o movimento seja para o lado em que o cliente tem mais força. A cadeira deve de estar a uma distância adequada para permitir a participação e segurança do cliente; Certificar-se de que as rodas da cadeira de rodas estão bloqueadas; Remover eventuais obstáculos (apoios para os braços, apoios para os pés, estribos); Ajustar adequadamente a altura da cama em função da sua própria altura; Ajudar o cliente a sentar-se na cama como descrito na técnica anterior; Pedir ao cliente que olhe para os pés, pois aumenta a tensão muscular abdominal do cliente, permitindo maior cooperação; Ajudar o cliente a deslizar para a borda da cama, segurando-o na cintura, até apoiar os pés no chão; Pedir ao cliente que se incline para a frente e faça força nas pernas durante a transferência. Este procedimento facilita o levante do cliente da posição sentada para a posição de pé; Fletir e depois estender lentamente os joelhos ao levantar o cliente; Contrabalançar o peso do cliente com o seu próprio peso; Virar, ou ajudar o cliente a virar-se, segurando-o pela cintura ou região lombar até ficar enquadrado com a cadeira de rodas e com a região poplítea encostada ao assento; Se necessário, sustentar o joelho do cliente entre os seus próprios joelhos/pernas para orientar o movimento; Assistir o cliente a fletir o tronco e os joelhos, progressivamente, acompanhando com os seus joelhos, até ficar sentado; Instalar os pedais da cadeira de rodas em posição de apoio, ajustando-os ao cliente (a articulação coxofemural e a do joelho fletidas a 90º).
Imagem retirada de Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, 2008
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5.5.1. DOIS PRESTADORES DE CUIDADOS(1)(4) É uma boa técnica para clientes não colaborantes. Colocar a cama e a cadeira de rodas conforme a técnica com um prestador; Certificar-se de que as rodas da cadeira estão bloqueadas; Remover eventuais obstáculos (apoios para os braços, apoios para os pés, estribos); Ajustar adequadamente a altura da cama em função da vossa própria altura; Um prestador deve-se colocar por detrás do cliente e outro à sua frente. O primeiro passa os braços por debaixo das axilas e segura nos antebraços do cliente. Este deve ter, previamente, os braços cruzados; O segundo prestador de cuidados deve pegar no cliente pela região poplítea. Num movimento combinado e em simultâneo elevar o cliente e transferi-lo com suavidade.
Imagem retirada de Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, 2008
5.6. TRANSFERÊNCIA UTILIZANDO PEQUENOS MEIOS AUXILIARES(1) Para facilitar a transferência é possível utilizar pequenos meios auxiliares de movimentar e transferir clientes. Na execução dos métodos abordados anteriormente, podem ser utilizados: barra de trapézio; cinto ergonómico; prancha ou lençol deslizante e estribos rotativos.
Imagem retirada de Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, 2008
5.7. LEVANTAR UM CLIENTE NA CADEIRA(4)
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Quando as nádegas do cliente ficam muito à frente do acento da cadeira, dando origem a uma posição desadequada. Colocar um prestador de cuidados à frente do cliente para empurrar a região pélvica para trás, na cadeira; Colocar um segundo prestador de cuidados atrás do cliente, com os braços por baixo das suas axilas e agarrando com firmeza os seus pulsos, o que leva a que a força seja mais exercida nos membros superiores do que nas axilas, prevenindo, assim, as lesões por pressão nesta região; Ao mesmo tempo que o prestador de cuidados que está atrás do cliente o eleva, outro prestador empurra os joelhos na direção das costas da cadeira, fazendo deslizar as nádegas de modo a que fiquem alinhadas. Evitar a fricção.
5.8. UTILIZAÇÃO DE ELEVADOR HIDRÁULICO PARA TRANSFERIR CLIENTES(1)(4)(6) Os elevadores hidráulicos utilizam-se em clientes grandes e dependentes que não tenham lesão da coluna vertebral. Antes de usar o aparelho praticar de acordo com as instruções do manual de cada fabricante. Compreender como regular a largura da estrutura, os travões, como movimentá-lo, prender as cesta, elevá-lo, descê-lo e dispositivos de abaixamento de emergência; Comparar o peso limite para o elevador com o peso do cliente; Pedir ajuda a outro prestador de cuidados. Deslocar o elevador para junto da cama. Colocar uma cadeira confortável com braços no local pretendido; Levantar a cama até uma altura confortável. Virar o cliente de lado e colocar a cesta de lona por baixo do cliente, da região poplítea até ao pescoço. A abertura da lona é colocada por baixo das nádegas; Com o cliente em decúbito dorsal e com os membros superiores cruzados sobre o corpo, colocar o elevador com a base debaixo da cama e expandi-la; Na região superior do corpo, prender as alças mais curtas da cesta na báscula; Elevar a báscula lentamente e na região que apoia a bacia e as coxas, prender as alças mais compridas da cesta à báscula; Ajustar a cesta, se necessário, de modo a que o peso do cliente fique uniformemente distribuído;
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Pressionar a seta para cima do comando, do elevador, para o fazer subir apenas o suficiente para deixar de haver contacto com a superfície da cama e rodar os membros inferiores do cliente lateralmente; Explicar ao cliente que deve manter os membros superiores cruzados sobre o corpo, durante a transferência; Verificar a posição de estabilidade da cadeira antes de mover o cliente. Ao mesmo tempo que apoia o cliente, guiar o elevador até à cadeira sanitária ou cadeira de rodas, para que quando descer o elevador, o cliente esteja centrado no assento da cadeira; Pressionar a seta para baixo no comando e descer o cliente até a cadeira. Proteger a cabeça do cliente para não bater no equipamento. Uma vez o cliente sentado em segurança, retirar as alças e arrumar o elevador num local próximo. Deixar a cesta por baixo do cliente facilita a transferência para a cama.
Imagem retirada de Invacare
®
in Youtube, 2012
5.9. ACOMPANHAR O CLIENTE NO ANDAR(5)(7) São usados vários métodos para ajudar um cliente a andar. Apoiar o cliente pela cintura ou pelo cinto utilizado para a marcha, de modo a que o centro de gravidade do cliente permaneça na linha média. Os clientes não devem fazer lateralização, pois o seu centro de gravidade deixa de estar na linha média, o que altera o seu equilíbrio e aumenta o risco de queda; O cliente que parece instável ou que tem sensação de lipotimia deve regressar à cama ou cadeira mais próxima; Se o cliente tem um episódio de síncope ou começa a cair, o prestador de cuidados deverá ter uma base de sustentação alargada, com um pé em frente ao outro, suportando, assim, o peso do corpo do cliente. Baixar suavemente o cliente até ao chão, protegendo a cabeça do mesmo; Os clientes com uma hemiplegia ou hemiparesia necessitam de ajuda para andar.
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Colocar-se do lado afetado do cliente com um braço em volta da cintura e segurando-o, preferencialmente, pelo cinto indicado para a marcha. Colocar o outro membro superior de modo a que a sua mão suporte a axila do mesmo. O membro superior não afetado é deixado livre para permitir que o cliente ajude. Dar apoio, segurando o membro superior do cliente é incorreto, mas, por vezes, praticado e indicado na literatura, porque se este tiver síncope ou cair, o prestador não consegue suportar facilmente o peso e baixar o cliente até ao chão.
Imagem retirada de Alexandre, N. M. C; Rogante, M. M, 2000
BIBLIOGRAFIA (1) Técnicas de mobilização de doentes para prevenir lesões músculo-esqueléticas na prestação de cuidados de saúde (2008). Consultado a 10 de Junho de 2013. Disponível em https://osha.europa.eu/pt/publications/e-facts/efact28/view
(2) Queirós, Paulo Joaquim Pina [et al] - Manual Sinais Vitais. Técnicas de Reabilitação I. 2ª edição, Coimbra: FORMASAU, Formação e Saúde, Lda, 1998.
(3) Administração Central do Sistema de Saúde - Manual de normas de enfermagem. Procedimentos técnicos. (2011). Consultado a 01 de Junho de 2013. Disponível em http://www.acss.minsaude.pt/Portals/0/MANUAL%20ENFERMAGEM%2015_07_2011.pdf
(4) Elkin, Martha Keene; Perry, Anne Griffin; Potter, Patricia A. - Intervenções de Enfermagem e Procedimentos Clínicos. 2ª Edição, Loures: LUSOCIÊNCIA - Edições Técnicas e Científicas, Lda, 2005.
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(5) Perry, Anne Griffin; Potter, Patricia A - Fundamentos de Enfermagem. Conceitos e Procedimentos. 5ªedição, Loures: LUSOCIÊNCIA - Edições Técnicas e Científicas, Lda, 2006. (6) Invacare® - Manual de utilização Invacare® Reliant 100/150/200/250TM. (2007). Consultado a 11 de Junho de 2013. Disponível em http://www.medicalpluspt.com/conteudo/uploaded/videos/pdfs/Reliant150-250_manual.pdf
(7) Alexandre, N. M. C; Rogante, M. M. - Movimentação e transferência de pacientes: aspectos posturais e ergonômicos. Rev.Esc.Enf.USP, v. 34, n. 2, p. 165-73, jun. 2000. Consultado
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11
de
Novembro
de
2013.
Disponível
em
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v34n2/v34n2a06.pdf
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