Gestão Educacional Gestão Financeira Murilo Carneiro
UNIDADE 1 -
CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SOBRE GESTÃO
FINANCEIRA ....................................................................................................8
1.1 As organizações e seus recursos ............................................... 10 1.2 Departamento financeiro e administração financeira .............. 11 1.3 Rentabilidade versus liquidez ...................................................... 13 1.4 Funções do departamento financeiro ......................................... 15 1.5 Estrutura organizacional do departamento financeiro ............. 16 1.6 Papel do administrador financeiro .............................................. 20 1.7 Reflexão .......................................................................................... 24 1.8 Leitura recomendada .................................................................... 24 1.9 Referências .................................................................................... 25 UNIDADE 2 -
MERCADO FINANCEIRO .........................................................26
2.1 Conceito e características ............................................................ 28 2.2 Subdivisões do mercado financeiro............................................ 29 2.2.1 Mercado monetário .................................................................... 30 2.2.2 Mercado de crédito ..................................................................... 32 2.2.3 Mercado de capitais ................................................................... 32 2.2.4 Mercado cambial ........................................................................ 33 2.3 Sistema financeiro nacional ......................................................... 34 2.4 Subsistema Normativo .................................................................. 35 2.5 Subsistema de Apoio .................................................................... 36 2.6 Subsistema de Intermediação ..................................................... 37 2.6.1 Instituições Financeiras Bancárias .......................................... 37
2.6.2 Instituições Financeiras não Bancárias .................................. 38 2.6.3 Instituições Auxiliares ................................................................ 39 2.6.4 Instituições não Financeiras ..................................................... 39 2.7 Reflexão .......................................................................................... 41 2.8 Leitura recomendada .................................................................... 42 2.9 Referências .................................................................................... 42 UNIDADE 3 -
GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO E DAS
DISPONIBILIDADES .....................................................................................44
3.1 Relação entre capital de giro e balanço patrimonial ................ 46 3.2 Conceito de capital de giro .......................................................... 48 3.3 Capital de giro líquido (CGL) ....................................................... 49 3.4 Manutenção de saldo de caixa.................................................... 51 3.5 Gestão de contas bancárias ........................................................ 54 3.5.1 Concentração bancária.............................................................. 56 3.5.2 Linhas de crédito ........................................................................ 56 3.5.3 Float .............................................................................................. 57 3.6 Gestão das aplicações financeiras de curto prazo .................. 58 3.7 Reflexão .......................................................................................... 61 3.8 Leitura recomendada .................................................................... 62 3.9 Referências .................................................................................... 62 UNIDADE 4 -
FONTES DE FINANCIAMENTO PARA PESSOAS
JURÍDICAS .....................................................................................................63
4.1 Finalidades da captação de recursos financeiros .................... 65 4.2 Tipos de fontes de financiamento ............................................... 65 4.2.1 Fontes de Financiamento Próprio ............................................ 66 4.2.2 Fontes de Financiamento de Terceiros .................................. 66 4.3 Fontes de curto prazo via mercado de crédito ......................... 68
4.4 Fontes de longo prazo via mercado de crédito ........................ 70 4.4.1 FUNDEF / FUNDEB ................................................................... 71 4.5 Recursos financeiros via mercado de capitais ......................... 73 4.6 Valores Mobiliários negociados no mercado de capitais ........ 74 4.7 Reflexão .......................................................................................... 77 4.8 Leitura recomendada .................................................................... 77 4.9 Referências .................................................................................... 78 UNIDADE 5 -
GESTÃO DOS VALORES A RECEBER .................................79
5.1 Política de crédito .......................................................................... 81 5.2 Elementos de uma política de crédito ........................................ 82 5.3 Análise de crédito .......................................................................... 85 5.4 Pontuação de crédito (Credit Score) .......................................... 88 5.5 Classificação de créditos (Rating) .............................................. 90 5.6 Política de cobrança...................................................................... 91 5.7 Reflexão .......................................................................................... 95 5.8 Leitura recomendada .................................................................... 96 5.9 Referências .................................................................................... 96 UNIDADE 6 -
ORÇAMENTO EMPRESARIAL ................................................98
6.1 Conceito e características ............................................................ 99 6.2 Instrumento de planejamento .................................................... 100 6.3 Instrumento de controle .............................................................. 102 6.4 Princípios para a implantação ................................................... 105 6.5 Vantagens e limitações .............................................................. 106 6.6 Método de elaboração ................................................................ 109 6.7 Reflexão ........................................................................................ 112 6.8 Leitura recomendada .................................................................. 113
6.9 Referências .................................................................................. 113 UNIDADE 7 -
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .............115
7.1 Conceito ........................................................................................ 116 7.2 Objetivos da análise .................................................................... 117 7.3 Fontes de dados para análise ................................................... 118 7.4 Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício ....................................................................................... 119 7.5 Metodologia de análise ............................................................... 123 7.6 Usuários da análise ..................................................................... 127 7.7 Reflexão ........................................................................................ 128 7.8 Leitura recomendada .................................................................. 129 7.9 Referências .................................................................................. 129 UNIDADE 8 -
CÁLCULO DO PONTO DE EQUILÍBRIO..............................130
8.1 Conceito e tipos de pontos de equilíbrio .................................. 131 8.2 Fórmulas para se calcular os pontos de equilíbrio ................ 132 8.3 Cálculos dos pontos de equilíbrio contábil e econômico ...... 134 8.3.1 Cálculo do Ponto de Equilíbrio Contábil ............................... 136 8.3.2 Cálculo do Ponto de Equilíbrio Econômico .......................... 136 8.4 Ponto de equilíbrio de organizações com vários produtos ... 137 8.5 Cálculo do ponto de equilíbrio de organizações com vários produtos ........................................................................................ 139 8.6 Vantagens e limitações à utilização do ponto de equilíbrio .. 141 8.7 Reflexão ........................................................................................ 145 8.8 Leitura recomendada .................................................................. 145 8.9 Referências .................................................................................. 146
Os conceitos básicos de finanças são muito úteis aos gestores de Entidades Educacionais. Mesmo que não pretendam ser especialistas no assunto, é importante que possuam alguns conhecimentos nesta importante área da gestão organizacional.
O
foco
da
disciplina
Gestão
Financeira é apresentar conceitos e técnicas financeiras para que possam gerir de forma mais satisfatória as Entidades Educacionais das quais fazem parte. A gestão dos recursos financeiros não é necessária apenas às empresas industriais e comerciais. Todos os segmentos empresariais, incluindo o setor de ensino, não podem mais deixar de utilizar instrumentos gerenciais capazes de garantir uma boa performance econômica e financeira, pois só assim, estará sendo assegurada a possibilidade de sucesso e, até mesmo, a sobrevivência e a continuidade da instituição. A Gestão Financeira procura estabelecer um conjunto de conceitos que ajudam a organizar o pensamento das pessoas sobre como alocar recursos ao longo do tempo. Apresenta também um conjunto de modelos quantitativos para ajudar as pessoas a avaliarem alternativas, tomarem decisões e implementá-las na gestão dos empreendimentos. O objetivo principal na aplicação da disciplina Gestão Financeira no curso de Gestão Educacional é adequar, na medida do possível, os conceitos básicos de Finanças para o setor de educação, com a finalidade de criar condições específicas ao gestor para as tomadas de decisões. Não fique apreensivo em começar a estudar esta disciplina, pois os conceitos matemáticos que utilizaremos são muito fáceis de compreender.
Para abordarmos a Gestão Financeira de forma didática, dividimos o assunto em oito unidades. A primeira unidade tratará de conceitos introdutórios sobre a administração financeira, área da ciência da Administração que estuda os recursos financeiros. Dentre os conceitos que serão apresentados, podemos destacar as funções e a estrutura organizacional do departamento financeiro. Além disso, também trataremos do papel do administrador financeiro e da questão da agência. A segunda unidade apresentará os conceitos, características e subdivisões do mercado financeiro. Também abordaremos os papéis exercidos pelas principais instituições que compõem o sistema financeiro nacional. Na terceira unidade, você aprenderá que dinheiro parado no caixa representa perda de rentabilidade; portanto, as organizações devem exercer controle sobre este item, levando em conta uma série de fatores. Além disso, trataremos da importância de se efetuar negociações bem elaboradas com as instituições financeiras, como forma de aperfeiçoar a gestão das disponibilidades. A quarta unidade foi destinada à apresentação das linhas de crédito disponíveis às Entidades Educacionais, tanto da rede pública quanto da rede privada. A estruturação e a importância das políticas de crédito e de cobrança serão apresentadas na unidade cinco, enquanto na unidade seis, mostraremos e explicaremos a importância de se elaborar um Orçamento Empresarial. Na sétima unidade, trataremos de aspectos e conceitos relacionados à análise das demonstrações financeiras. Na última unidade da apostila, para finalizarmos o estudo da Gestão Financeira, apresentaremos o cálculo do ponto de equilíbrio como uma ferramenta que as organizações podem utilizar para elaborar seu planejamento e controle financeiro.
CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SOBRE GESTÃO FINANCEIRA Na Unidade 1, relembraremos o conceito de organizações, assim como quais são os recursos necessários para que possam atingir seus objetivos. Posteriormente, detalharemos a importância dos recursos financeiros. Além disso, apresentaremos o conceito de administração financeira e explicaremos as funções exercidas pelo departamento financeiro. Na sequência, conheceremos a estrutura organizacional do departamento financeiro e o papel do administrador financeiro.
Objetivos da sua aprendizagem Conhecer a importância de utilizar os recursos financeiros de forma eficiente para que as organizações sejam eficazes. Saber o que é administração financeira e conhecer as funções que devem ser executadas pelo departamento financeiro. Visualizar a estrutura organizacional do departamento financeiro de uma organização de grande porte e conhecer o papel do administrador financeiro em uma organização.
Educação
Gestão Educacional – Unidade 1
Você se lembra? Você se lembra de ter ouvido falar em gestão financeira? Será que sabe exatamente quais devem ser as funções do departamento financeiro? Já viu o organograma do departamento financeiro de uma empresa de grande porte? Conhece os papéis do administrador financeiro? Nesta unidade, você terá oportunidade de aprender estes e vários outros temas relacionados ao estudo da Gestão Financeira. Bons estudos!
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Educação
Gestão Educacional – Unidade 1
1.1 As organizações e seus recursos Antes de se começar o estudo da gestão financeira, é importante que se resgatem dois conceitos básicos: o que é uma organização e o que são os recursos empresariais. Organização: é uma combinação de esforços individuais que têm por finalidade realizar propósitos coletivos. As empresas, que são um tipo de organização, utilizam diversos tipos de recursos para atingir seu propósito, que é o lucro. De acordo com Chiavenato (1994), existem cinco tipos diferentes de recursos empresariais: a) Recursos Materiais: são também denominados recursos físicos. Correspondem aos prédios, edifícios, máquinas, equipamentos, instalações, matérias-primas etc., enfim, todos os meios materiais ou físicos de produção; b) Recursos Financeiros: são os meios financeiros que permitem financiar as operações de uma organização, como o próprio capital investido, o fluxo de caixa e os recebíveis (cheques pré-datados e duplicatas); c) Recursos Humanos: são os indivíduos que trabalham na organização, como os diretores, os gerentes, os supervisores e os funcionários. São os únicos recursos vivos e inteligentes da organização e, portanto, aqueles que operam e dinamizam os demais recursos empresariais; d) Recursos Mercadológicos: são os meios pelos quais a organização entra em contato com o seu ambiente externo, principalmente com a parcela do ambiente que constitui o seu mercado. São as vendas, a promoção, a propaganda, a distribuição dos produtos etc. Quando a
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Gestão Educacional – Unidade 1
organização coloca seus produtos no mercado por meio de intermediários – como atacadistas ou varejistas – estes também podem ser catalogados como recursos mercadológicos; e) Recursos Administrativos: constituem o esquema administrativo da empresa, como a direção, a gerência e a supervisão. Sua finalidade é integrar e coordenar todos os demais recursos empresariais.
1.2 Departamento financeiro e administração financeira Para utilizar e administrar os cinco recursos empresariais da melhor maneira
possível,
as
organizações
agrupam
indivíduos
com
conhecimentos técnicos específicos em cada área. Este processo é conhecido por departamentalização e tem como resultado final a definição de um organograma. FIGURA 1. ORGANOGRAMA ORGANIZACIONAL
Departamento Administrativo
Departamento
Departamento
Departamento
Departamento
Financeiro
de RH
de Produção
Comercial
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Gestão Educacional – Unidade 1
Em cada um dos cinco principais departamentos de uma organização, são exercidas funções específicas, apresentadas na sequência: a) Departamento Administrativo: são realizadas funções relacionadas à integração e sincronização de todos os recursos empresariais, isto é, com a administração de cúpula de todas as demais funções essenciais da organização; b) Departamento Financeiro: são realizadas funções relacionadas à obtenção, utilização e aplicação dos recursos financeiros da organização; c) Departamento de Recursos Humanos: são realizadas funções relacionadas à gestão dos recursos humanos da organização, isto é, com as pessoas, desde o diretor executivo até o faxineiro; d) Departamento de Produção: são realizadas funções relacionadas à gestão dos recursos materiais, isto é, relacionadas à produção de bens ou à prestação de serviços oferecidos pela organização; e) Departamento Comercial: são realizadas funções relacionadas à gestão dos recursos mercadológicos da organização, isto é, relacionadas com a venda ou a comercialização dos produtos ou serviços
oferecidos
pela
organização.
São
as
funções
de
relacionamento da organização com seu mercado. Com o objetivo de se estudar e desenvolver técnicas e procedimentos para aumentar a eficiência na utilização dos recursos empresariais, a ciência da Administração possui cinco principais áreas de estudo.
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Educação
Gestão Educacional – Unidade 1
QUADRO 1. ÁREAS DE ESTUDO DA ADMINISTRAÇÃO
Recursos Empresariais
Áreas de Estudo da Administração
Administrativos
Administração Geral
Financeiros
Administração Financeira
Humanos
Administração de Recursos Humanos
Materiais
Administração da Produção
Mercadológicos
Administração de Marketing
De forma simplificada, pode-se definir administração financeira como a área de estudo da Administração que se preocupa em estudar e desenvolver técnicas e procedimentos para aumentar a eficiência na utilização dos recursos financeiros.
1.3 Rentabilidade versus liquidez O departamento financeiro pode ser definido como a área responsável pela gestão dos recursos financeiros de uma organização, proporcionando condições que garantam sua rentabilidade e liquidez. Garantir a rentabilidade significa fazer com que a organização proporcione a maximização dos retornos dos investimentos feitos pelos proprietários, ou seja, fazer com que seja gerado o lucro máximo possível. Por outro lado, garantir a liquidez significa garantir que a organização tenha dinheiro em caixa para arcar com suas despesas. Alguns autores afirmam que a maximização da rentabilidade e da liquidez ao mesmo tempo não é possível, por isso, um dos maiores desafios do departamento financeiro é mantê-las em um nível satisfatório. Para que você possa entender melhor tal desafio, acompanhe o exemplo simplificado apresentado na sequência.
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Gestão Educacional – Unidade 1
Imagine que o Sr. Tom Theira possuísse R$ 5.000,00 para investir no segmento de máquinas de calcular, que seriam adquiridas por R$ 100,00 e vendidas por R$ 200,00 a unidade. Em tal segmento, os produtos demoram em torno de 30 dias para “girarem”, ou seja, ficam mantidos estocados por 30 dias. Caso o Sr. Tom Theira investisse todo seu dinheiro na compra de máquinas de calcular, conseguiria adquirir 50 unidades. Durante um mês, ao vendê-las, apuraria um lucro bruto de R$ 5.000,00 (desconsiderando-se as despesas fixas que terá para manter o negócio). Repare que, ao utilizar todo o dinheiro de que dispunha para obter a rentabilidade máxima possível, o Sr. Tom Theira ficou
Faturamento = R$ 10.000,00 (50 unidades vendidas por R$ 200,00) Despesa Variável = R$ 5.000,00 (50 unidades adquiridas por R$ 100,00) Lucro Bruto = R$ 5.000,00 (faturamento – despesa variável)
sem dinheiro no caixa, ou seja, sem liquidez. Ao ficar sem liquidez, não terá dinheiro para arcar com as despesas fixas do negócio. Por outro lado, caso deixasse dinheiro em caixa para pagar as despesas fixas, não poderia investir os R$ 5.000,00 na compra das máquinas de calcular, fazendo com que sua rentabilidade fosse menor. Ao analisar este exemplo simplificado, conclui-se que realmente a maximização da rentabilidade e da
liquidez
ao mesmo tempo não é possível; portanto, um dos maiores desafios do departamento financeiro é mantê-las em um nível satisfatório, sempre buscando priorizar a rentabilidade, que é o grande propósito com o qual uma empresa é criada.
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Gestão Educacional – Unidade 1
1.4 Funções do departamento financeiro De acordo com Assaf Neto (2003), o departamento financeiro de uma organização possui quatro funções principais; a) Planejamento Financeiro: procura evidenciar as necessidades de expansão da organização, assim como identificar eventuais desajustes futuros. Por meio do planejamento, ainda, é possível ao administrador financeiro selecionar, com maior margem de segurança, os ativos mais rentáveis e condizentes com os negócios da organização, de forma a estabelecer a mais satisfatória rentabilidade sobre os investimentos; b) Controle Financeiro: dedica-se a acompanhar e a avaliar todo o desempenho financeiro da organização. Analisa desvios que venham a ocorrer entre os resultados previstos e realizados, assim como propostas de medidas corretivas necessárias, estas são algumas funções básicas da controladoria financeira; c) Administração de Ativos: deve perseguir a melhor estrutura, em termos de risco e retorno, dos investimentos empresariais, e proceder a um gerenciamento eficiente de seus valores. A administração dos ativos acompanha também as defasagens que podem ocorrer entre entradas e saídas de dinheiro do caixa, o que é geralmente associado à gestão do capital de giro; d) Administração de Passivos: obtenção de recursos financeiros e o gerenciamento de sua composição, procurando definir a estrutura mais adequada em termos de liquidez, redução de custos e risco financeiro. Depois de se apresentar as principais funções do departamento financeiro, também é importante destacar que sua importância dentro das
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Gestão Educacional – Unidade 1
organizações tem aumentado muito nas últimas décadas. Weston e Brigham (2000) afirmam que antes o gerente de marketing projetava as vendas, a equipe de engenharia e produção determinava os ativos necessários para atender a essas demandas e o departamento financeiro simplesmente levantava o capital para adquirir a fábrica, os equipamentos e os estoques requeridos. Tais autores comentam que essa situação não existe mais, já que as decisões são atualmente tomadas de uma forma bem mais coordenada, e o departamento financeiro, em geral, tem responsabilidade direta pelo processo de controle.
1.5 Estrutura organizacional do departamento financeiro O número de áreas e de pessoas que compõem o departamento financeiro depende do tamanho da organização. Megliorini e Da Silva (2009) comentam que, em empresas de pequeno porte, a estrutura organizacional, muitas vezes, não comporta um departamento financeiro, e o próprio proprietário desempenha a atividade de administrador financeiro. Tais autores ressaltam que, à medida que a organização cresce, passa a ser necessária a definição de uma estrutura organizacional. Para organizações de grande porte, sugere-se a seguinte estrutura para o departamento financeiro:
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Gestão Educacional – Unidade 1
FIGURA 2. ORGANOGRAMA DO DEPARTAMENTO FINANCEIRO.
Departamento Financeiro
Controladoria
Tesouraria
Contabilidade Geral
Relações Bancárias
Orçamento
Contas a Pagar
Auditoria
Caixa
Contabilidade de Custos
Contas a Receber
Na prática, o departamento financeiro de uma organização de grande porte é composto por duas áreas: controladoria e tesouraria. Na sequência, são apresentadas, de forma resumida, as funções de tais áreas, assim como dos órgãos que as compõem. Controladoria: é a área que assessora a Tesouraria, fornecendo controles e informações para seu funcionamento. a) Contabilidade Geral: tem como função registrar os fatos já ocorridos para orientar as decisões financeiras que são projetadas para o futuro;
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Gestão Educacional – Unidade 1
b) Orçamento: coordena a montagem dos orçamentos de gastos e receitas da organização. Por intermédio de relatórios, deve acompanhar, ao longo do exercício, se eles estão sendo realizados devidamente; c) Auditoria: é um órgão de controle e de verificação dos procedimentos contábeis executados não só pela Contabilidade, mas por todos os órgãos da organização envolvidos nesses procedimentos; d) Contabilidade de Custos: analisa todos os gastos, classificando-os como custos e despesas (fixos e variáveis) e alocando-os pelos diversos departamentos da organização. Tesouraria: é a área onde os recursos financeiros ingressam, são utilizados por meio do pagamento das contas e aplicados em investimentos internos ou externos. a) Relações Bancárias: mantêm relacionamento com Bancos e outras Instituições Financeiras; b) Contas a Pagar: incumbido do planejamento e execução de todas as contas a serem pagas, a curto, médio e longos prazos; c) Caixa: incumbido da operacionalização dos valores a receber e a pagar; d) Contas a Receber: incumbido do controle das contas a receber. Também é responsável pela análise dos clientes que efetuarão compras a prazo (área de análise de crédito) e pelos recebimentos de créditos problemáticos (área de cobrança).
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Gestão Educacional – Unidade 1
Contabilidade: é uma ciência que tem como objeto de estudo o patrimônio das entidades, seus fenômenos
e
variações,
tanto
no
aspecto
quantitativo quanto no qualitativo, registrando os fatos e atos de natureza econômico-financeira que o afetam e estudando suas consequências na dinâmica financeira (http://pt.wikipedia.org). Curiosidade: em organizações de pequeno porte, normalmente,
não
existe
um
departamento
contábil, pois tais funções são terceirizadas para escritórios de contabilidade. FONTE: BANCO DE IMAGENS DA EDITORA COC - ID:172169.
O departamento financeiro de uma organização de grande porte é coordenado pelo Diretor Financeiro. Subordinados a ele estão o Controller, responsável pela Controladoria, e o Gerente Financeiro (também conhecido pelo nome de Tesoureiro), responsável pela Tesouraria. A principal função do Controller é desenvolver e prover informações para mensurar o desempenho da organização. Os dados utilizados por ele provêm da contabilidade; portanto, seguem o princípio do regime de competência, ou seja, as receitas são contabilizadas quando ocorrem as vendas, e os gastos, quando ocorrem as compras. Por outro lado, o Gerente Financeiro enfatiza o princípio do regime de caixa, ou seja, as receitas são contabilizadas quando o dinheiro entra efetivamente no caixa e os gastos, quando o dinheiro efetivamente sai. Ele mantém a liquidez da organização por intermédio da elaboração do fluxo de caixa (projeção das entradas e saídas efetivas de dinheiro).
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Educação
Gestão Educacional – Unidade 1
Diante dessas considerações, Gitman (2001) ressalta que os Gerentes Financeiros devem olhar além das demonstrações contábeis para refletir sobre os problemas atuais ou potenciais de uma organização. Também lembra que os Controllers estão bem conscientes da importância de se analisar os fluxos de caixa. Contudo, a maior ênfase dos Controllers é o regime de competência, assim como a maior ênfase dos Gerentes Financeiros é o regime de caixa.
1.6 Papel do administrador financeiro Você pôde observar no subitem anterior, que uma organização de grande porte possui três principais profissionais responsáveis por gerir seus recursos financeiros: diretor financeiro, gerente financeiro e controller. Enquanto o gerente financeiro e o controller possuem funções primordialmente operacionais, o diretor financeiro possui funções mais estratégicas e está diretamente ligado ao departamento administrativo (alta administração da organização: presidente e proprietários). Como já foram apresentadas as principais funções do gerente financeiro e do controller, resta abordar quais são os papéis do principal administrador financeiro de uma organização, ou seja, do diretor financeiro. Tal profissional também é conhecido pela sigla “CFO”, que são as letras iniciais de tal cargo na língua inglesa: Chief Financial Officer. Quando uma empresa é constituída, o principal objetivo de seus proprietários é que ela gere lucro, ou seja, que haja um retorno sobre o capital que foi investido. Logicamente, o retorno deve ser maior do que o retorno que teriam caso mantivessem tal capital investido no mercado
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Educação
Gestão Educacional – Unidade 1
financeiro
(aplicações
bancárias
como
poupança
e
fundos
de
investimento). Como o diretor financeiro deve prestar contas diretamente aos proprietários, seu maior objetivo deve ser o de maximizar o retorno do investimento feito por eles. De forma simples e objetiva, seu principal papel é fazer com que a empresa aumente seu lucro.
Na língua inglesa, os proprietários ou acionistas de uma determinada organização são chamados de shareholders.
É importante destacar que, na busca por seu objetivo principal, o diretor financeiro também deve estar preocupado com os interesses dos stakeholders, pessoas físicas e jurídicas que possuem
algum
tipo
de
interesse
direto
(clientes,
fornecedores, instituições financeiras, funcionários e governo) ou indireto (comunidades próximas e sociedade como um todo) com a organização. O diretor financeiro deve buscar formas de maximizar o lucro da organização sem prejudicar os interesses dos stakeholders. Caso sejam adotadas medidas que os prejudiquem, o lucro pode até aumentar no curto, mas, com certeza, pode ficar comprometido no longo prazo. Para comprovar tal afirmação, basta você imaginar uma situação em que o diretor financeiro decida aumentar o lucro da organização reduzindo os benefícios oferecidos aos funcionários (stakeholders diretos) e não lhes fornecendo condições dignas de segurança. Ao adotar tal estratégia, as despesas serão reduzidas e, consequentemente, o lucro será aumentado (no curto prazo). Por outro lado, tal estratégia fará com que os funcionários trabalhem desmotivados e diminuam seu comprometimento, gerando um aumento na rotatividade (troca de funcionários) e, consequentemente, nos
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Gestão Educacional – Unidade 1
gastos com recrutamento, seleção e treinamento de novos funcionários. Além disso, abre-se espaço para que os funcionários entrem com ações trabalhistas na justiça. Todas estas conseqüências, geradas pela busca do aumento no lucro prejudicando um dos stakeholders, farão com que a organização tenha uma redução do lucro no médio e longo prazo. Logicamente, o diretor financeiro deve priorizar o aumento do lucro da empresa; portanto, Gitman (2001) sugere que sua meta não seja de maximizar o bem-estar dos stakeholders, mas sim de preservá-lo. Tal autor também lembra que a questão dos stakeholders não altera a meta de maximização da riqueza dos proprietários. Tal assunto é muitas vezes considerado parte da “responsabilidade social” da empresa. Espera-se que ela forneça benefícios em longo prazo para os proprietários por intermédio da manutenção de relações positivas com os stakeholders. Tais relações devem minimizar a rotatividade de stakeholders, conflitos e litígios. Claramente, a empresa pode atingir melhor sua meta de maximização da riqueza dos proprietários com a cooperação de – em vez do conflito com – seus outros stakeholders. Tanto o exemplo citado de prejudicar os funcionários para reduzir despesas e aumentar o lucro, quanto outros que podem citados em relação a outros stakeholders (governo: sonegação de impostos; clientes: produtos fora das normas do Inmetro etc.), levantam a questão da ética (padrões de conduta ou julgamento moral). Gitman (2001) afirma que a comunidade de negócios em geral e a comunidade financeira em particular estão desenvolvendo e impondo padrões éticos. A meta desses padrões é motivar as empresas e os participantes do mercado a aderir tanto ao texto quanto ao espírito das leis e regulamentações que dizem respeito aos negócios e às práticas profissionais.
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Educação
Gestão Educacional – Unidade 1
Responsabilidade Social: o quadro de funcionários deve ser o primeiro stakeholder com o qual o gestor financeiro deve preocupar-se quando decide atuar com responsabilidade social.
Exemplo:
fornecendo
benefícios além daqueles que a lei exige. FONTE: BANCO DE IMAGENS DA EDITORA COC - ID: 905460.
Atividades
Para que você possa revisar os conceitos teóricos apresentados, responda às seguintes questões: 1ª) Em sua opinião, por que os “intermediários” também podem ser catalogados como recursos mercadológicos? 2ª) Em sua opinião, qual dos departamentos de uma organização deve ser considerado o mais importante? Por quê? 3ª) Pode-se afirmar que a importância do departamento financeiro tem aumentado nas últimas décadas? Por quê? 4ª) Qual a diferença entre regime de caixa e regime de competência? Descreva um “fato financeiro real” para exemplificar tal diferença. 5ª) Elabore um exemplo prático para mostrar que o lucro no curto prazo pode ser aumentado caso o diretor financeiro deixe de preservar devidamente o bem-estar do cliente, um dos stakeholders de uma organização. Quais seriam os impactos desta atitude no longo prazo? Por quê?
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Gestão Educacional – Unidade 1
1.7 Reflexão Ao ler a primeira unidade da apostila, você iniciou seu estudo sobre Gestão Financeira. O foco de tal área de estudo é estudar e desenvolver técnicas e procedimentos para aumentar a eficiência na utilização dos recursos financeiros de uma organização. Em organizações de grande porte, torna-se necessária a estruturação de um departamento financeiro para gerir de forma mais eficiente os recursos financeiros. O profissional responsável por tal departamento é chamado de diretor financeiro. Este profissional, na busca por atingir seu principal objetivo, que é contribuir para a maximização dos lucros dos proprietários da organização, enfrenta duas grandes dificuldades que podem ser resumidas por intermédio de duas indagações: 1) Como aumentar o lucro sem prejudicar a liquidez? 2) Como aumentar o lucro sem prejudicar o relacionamento com os stakeholders? Pode-se dizer que o administrador financeiro que conseguir contornar essas dificuldades exercerá seu papel com sucesso e contribuirá para que a organização onde esteja atuando consiga ter um crescimento sustentável.
1.8 Leitura recomendada Sugere-se a leitura do artigo discriminado na sequência:
Título do artigo: A ética empresarial como diferencial competitivo nas organizações
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Educação
Gestão Educacional – Unidade 1
Autor: Juliana Lucas de Sousa Fonte: www.administradores.com.br
1.9 Referências ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.
BREALEY, Richard A., MYERS, Stewart C., MARCUS, Alan J. Fundamentos da Administração Financeira. 3º ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill Irwin, 2002. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2º ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
CHIAVENATO, Idalberto. Iniciação à Administração Geral. 2º ed. São Paulo: Makron Books, 1994.
MEGLIORINI, Evandir, DA SILVA, Marco Aurélio Vallim Reis. Administração Financeira: uma abordagem prática. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
WESTON, J. Fred e BRIGHAM, Eugene F. Fundamentos da Administração Financeira. São Paulo: Makron Books, 2000.
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MERCADO FINANCEIRO Na Unidade 2, apresentaremos os conceitos
e
características
do
mercado
financeiro, assim como das suas quatro subdivisões: mercado monetário, mercado de crédito, mercado de capitais e mercado cambial. Posteriormente, definiremos o que é e qual a importância do Sistema Financeiro Nacional. Na sequência, mostraremos que, didaticamente, o sistema financeiro nacional pode ser subdividido em três grandes subsistemas: normativo, apoio e intermediação financeira. No final da unidade 2, conheceremos as características e algumas curiosidades das principais instituições que compõem o sistema financeiro nacional.
Objetivos da sua aprendizagem Aprender o conceito de mercado financeiro e visualizar suas características e subdivisões. Entender a importância de tal mercado para a eficiente gestão dos recursos financeiros de uma organização. Conhecer as principais características e algumas curiosidades sobre as instituições que compõem o sistema financeiro nacional.
Educação
Gestão Educacional – Unidade 2
Você se lembra? Você sabe exatamente o que é mercado financeiro? Será que já ouviu dizer que ele pode ser subdividido em quatro outros mercados? Conhece a relação entre o mercado financeiro e o sistema financeiro nacional? Sabe quais são e qual a importância das instituições que compõem o sistema financeiro nacional? Nesta unidade, você terá oportunidade de aprender estes e vários outros temas relacionados ao estudo do mercado financeiro. Bons estudos!
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2.1 Conceito e características Ao recorrermos ao dicionário, podemos encontrar diversas definições para a palavra “mercado”. Entre tais definições, a que melhor se adéqua ao sentido que utilizaremos em nosso estudo é: “oferta e procura de bens e/ou serviços e/ou capitais”. Dependendo do que será ofertado e procurado, podemos classificar os mercados em tipos diferentes. No mercado financeiro, compra-se e vende-se “dinheiro” e também alguns tipos de “papéis” que podem ser facilmente convertidos em dinheiro neste mesmo mercado. Um dos papéis mais conhecidos são as ações ofertadas pelas Sociedades Anônimas (S/A) de capital aberto e compradas por investidores. Por meio da figura 1, você pode observar a dinâmica de funcionamento do mercado financeiro, que, segundo Rudge e Cavalcante (1993), é composto por três participantes:
Tomadores finais: são aqueles que se encontram em posição de déficit financeiro, isto é, aqueles que pretendem gastar (em consumo e/ou investimento) mais do que sua renda. Eles precisam do complemento de poupanças de outros para executar seus planos, dispondo-se a pagar juros pelo capital que conseguirem;
Ofertadores finais: são aqueles que se encontram em posição de superávit financeiro, isto é, aqueles que pretendem gastar (em consumo e/ou investimento) menos do que sua renda;
Sistema financeiro: é o conjunto de instituições e instrumentos financeiros que possibilitam a transferência de recursos (dinheiro) dos ofertadores finais para os tomadores finais, e criam condições para que os “papéis” tenham liquidez no mercado financeiro.
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FIGURA 1. PARTICIPANTES DO MERCADO FINANCEIRO MERCADO FINANCEIRO
Capital
Ofertador
Sistema
Tomador
Final
Financeiro
Final
Capital + juros
FONTE: RUDGE E CAVALCANTE (1993, P. 57)
Conforme você estudou no subitem 1.5 desta apostila, “Relações Bancárias” é um dos órgãos que compõem a Tesouraria de uma empresa de grande porte. Sua função é manter relacionamento com Bancos e outras Instituições Financeiras, tanto para obtenção de empréstimos ou financiamentos externos (quando a empresa apresenta déficit), como para utilização de contas bancárias, e ainda para aplicação de excedentes financeiros (quando a empresa apresenta superávit).
2.2 Subdivisões do mercado financeiro Didaticamente, segundo Assaf Neto (2005), o mercado financeiro pode ser subdividido em quatro tipos de mercado: monetário, de crédito, de capitais e cambial. Tal autor afirma que, apesar de servirem de 29
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referência para o estudo do mercado financeiro, essas subdivisões muitas vezes se confundem na prática, permitindo que as várias operações financeiras interajam por meio de um amplo sistema de comunicações. Na sequência, você poderá conhecer as características de cada uma das quatro subdivisões do mercado financeiro.
2.2.1 Mercado monetário Neste mercado, são comprados e vendidos títulos privados e públicos. Tais títulos são negociados utilizando-se como parâmetro uma taxa de juros. Os títulos são “papéis” emitidos por instituições públicas (exemplo: Banco Central) ou instituições privadas (exemplo: Bancos Comerciais), que neste caso, atuam como tomadores, com o intuito de captar dinheiro das pessoas físicas ou jurídicas que estão com superávit de caixa, os ofertadores.
Títulos públicos: podem ser emitidos pelo Banco Central com o objetivo de aumentar ou diminuir a liquidez do mercado [Exemplo: Letra do Banco Central (LBC)], ou pelos Governos Federal, Estadual ou Municipal, com o objetivo de antecipar receitas orçamentárias ou financiar déficits fiscais [Exemplo: Letra do Tesouro Nacional (LTN)];
Títulos privados: são emitidos por instituições financeiras bancárias com o objetivo de levantar recursos financeiros para seu caixa. Exemplos: Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), que é negociado somente entre instituições financeiras, e Certificado de Depósito Bancário (CDB), negociado entre as instituições financeiras e os ofertadores do mercado financeiro.
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Os títulos estaduais e municipais, segundo Assaf Neto (2005), apresentam baixa liquidez no mercado, tendo uma circulação mais restrita, enquanto os títulos federais, ao contrário, possuem uma maior aceitação e liquidez. Como a imensa maioria dos títulos públicos e privados são escriturais, ou seja, não são emitidos fisicamente, é imprescindível que as negociações que ocorrem no mercado monetário sejam registradas “em algum lugar”. Somente assim os investidores (ofertadores) terão confiabilidade em adquirir tais títulos. Diante dessa necessidade, foram criados dois sistemas de informática para registrar, controlar, custodiar e liquidar os títulos públicos e privados, conhecidos por Selic e Cetip.
Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic): foi desenvolvido pelo Banco Central do Brasil e pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto (Andima) em 1979, tendo por finalidade registrar, controlar, custodiar e liquidar os títulos públicos de emissão do Banco Central e do Tesouro Nacional;
Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados (Cetip): foi desenvolvido em 1986 como um sistema bastante semelhante ao da Selic, porém, abrigando títulos privados. De acordo com Assaf Neto (2005), algumas vezes, o sistema opera também com títulos públicos que se encontram em poder do setor privado da economia. Para controlar a utilização dos depósitos à vista, o Banco Central
criou contas de depósito compulsório, ou seja, uma parcela do volume de recursos que os correntistas mantêm em depósito à vista deve ser depositada em uma conta que as instituições financeiras bancárias mantêm junto ao Banco Central. O percentual do depósito compulsório
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pode ser alterado como forma de controlar a quantidade de dinheiro que existe na economia, estimulando ou inibindo, dessa forma, seu crescimento.
2.2.2 Mercado de crédito Neste
mercado,
as
instituições
financeiras
atuam
como
“ofertadoras”, pois “vendem”, por intermédio de contratos de empréstimos e financiamentos, recursos financeiros às pessoas físicas e jurídicas que se encontram em posição de déficit financeiro, atuando, neste caso, como “tomadoras”. Na unidade 4 desta apostila, serão apresentadas algumas operações que as instituições financeiras disponibilizam para as Entidades Educacionais suprirem suas necessidades de recursos financeiros para capital de giro e para investimentos.
2.2.3 Mercado de capitais Além das pessoas jurídicas conseguirem levantar recursos financeiros no mercado de crédito junto às instituições financeiras, também podem obter recursos de investidores via mercado de capitais, desde que sejam constituídas juridicamente como Sociedades Anônimas (S/A). O mercado de capitais pode ser definido como o “lugar” onde são comprados e vendidos títulos chamados de valores mobiliários (exemplos: debêntures, commercial papers e ações). Quando os investidores, pessoas físicas ou jurídicas, direcionam seus recursos financeiros às Sociedades Anônimas que procuram o mercado de capitais, podem assumir dois tipos de papéis diferentes:
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Credor: quando compra um título de crédito (debênture ou commercial paper) emitido por uma Sociedade Anônima de capital aberto ou de capital fechado. Nesse caso, a S/A passa a ter uma dívida com o investidor, com prazo de vencimento e incidência de juros, que é contabilizada no Passivo Circulante (quando o título é de curto prazo) ou no Exigível a Longo Prazo (quando o título é de longo prazo);
Sócio: quando compra uma ação emitida por uma Sociedade Anônima de capital aberto. Nesse caso, a S/A também passa a ter uma dívida com o investidor, mas não há prazo de vencimento nem incidência de juros, pois, na verdade, ele se tornou sócio da empresa, com direito a receber dividendos caso a S/A obtenha lucro. Portanto, a “dívida” com o novo sócio é contabilizada no Patrimônio Líquido.
2.2.4 Mercado cambial Neste mercado, são negociadas moedas internacionais conversíveis em moeda nacional [Real (R$)]. O mercado cambial reúne todos os agentes econômicos que tenham motivos para comprar ou vender moeda estrangeira. As empresas exportadoras, por exemplo, vendem seu produto para o exterior e recebem em moeda estrangeira; portanto, precisam vender a moeda estrangeira que receberam e comprar Reais, que é a moeda utilizada em nosso país. Por outro lado, as empresas importadoras compram produtos do exterior; portanto, precisam comprar moeda estrangeira para efetuar o pagamento à empresa que efetuou a venda.
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As operações de compra e venda de moeda estrangeira são realizadas pelo Banco Central por intermédio das corretoras de câmbio, que elaboram e intermediam todo o processo operacional envolvido na compra ou venda de moeda estrangeira pelos agentes econômicos (empresas importadoras ou exportadoras).
2.3 Sistema financeiro nacional Conforme definido no subitem 2.1, o sistema
financeiro
é
o
conjunto
de
O Banco Central atua no mercado cambial visando principalmente ao controle das reservas cambiais da economia e à manutenção do valor da moeda nacional em relação às outras. A atuação do BC dá-se pela compra ou venda de moeda estrangeira no mercado.
instituições e instrumentos financeiros que possibilitam a transferência de recursos (dinheiro) dos ofertadores finais para os tomadores finais, e criam condições para que os “papéis” tenham liquidez no mercado financeiro. É imprescindível que existam tais instituições no mercado financeiro, pois, do contrário, os ofertadores e os tomadores não conseguiriam realizar sozinhos suas transações de compra e venda de dinheiro e de títulos (papéis). Além disso, também é imprescindível que existam instrumentos financeiros, ou seja, regras e procedimentos para que tais transações sejam realizadas com segurança e transparência. Didaticamente, o sistema financeiro nacional pode ser subdividido em três grandes subsistemas: normativo, apoio e intermediação financeira, conforme pode ser observado na figura 2.
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FIGURA 2. ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
Sistema Financeiro Nacional
Subsistema Normativo
Subsistema de Intermediação
Conselho Monetário Nacional
Instituições Financeiras Bancárias
Banco Central do Brasil
Inst. Financeiras Não Bancárias
Monetário Nacional Comissão de Valores Mobiliários
Subsistema de Apoio
Instituições Auxiliares
Instituições Não Financeiras
Banco
Banco Nacional de
Caixa
do
Desenvolvimento
Econômica
Brasil
Econômico e Social
Federal
FONTE: ADAPTADO DE ASSAF NETO (2005, P. 81)
2.4 Subsistema Normativo Para que qualquer mercado possa funcionar de forma organizada e transparente, é imprescindível que exista “alguém” para ditar as “regras do jogo”. Além disso, também deve existir “alguém” para verificar se tais regras estão sendo cumpridas. Portanto, o subsistema normativo é 35
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composto por instituições que ditam as normas de funcionamento do mercado financeiro e as controlam, ou seja, verificam se estão sendo cumpridas.
2.5 Subsistema de Apoio Enquanto Assaf Neto (2005) chama de “especiais” as instituições do
Box Conexão As principais instituições que compõem o subsistema normativo brasileiro são o Conselho Monetário Nacional (CMN), o Banco Central do Brasil (BACEN) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Para maiores informações sobre tais instituições, consulte, respectivamente, os seguintes sites: www.fazenda.gov.br/portugues/orgaos/cmn/cm n.asp, www.bacen.gov.br e www.cvm.gov.br/. Para maiores informações sobre as instituições que compõem o subsistema de apoio, consulte, respectivamente, os seguintes sites: www.bb.com.br, www.bndes.gov.br e www.caixa.gov.br.
sistema financeiro que fazem parte deste grupo: Banco do Brasil (BB), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Caixa Econômica Federal (CEF), Fortuna (1999) as chama de “autoridades de apoio”. Acredito que você deva concordar que o nome “autoridades de apoio” seja melhor, pois um dos principais objetivos dessas instituições é “apoiar” o Governo Federal a colocar em prática algumas de suas políticas. O BB apoia o Governo Federal a colocar em prática sua política oficial de crédito rural (empréstimos a agricultores), enquanto o BNDES é responsável pela política de investimentos de longo prazo para aquisição de máquinas e equipamentos, exportação etc. Além deles, ainda existe a CEF, que é o principal agente do Sistema Financeiro de Habitação
(SFH),
atuando
no
financiamento
da
casa
própria,
principalmente no segmento de baixa renda.
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2.6 Subsistema de Intermediação Este subsistema é composto por instituições que atuam em operações de intermediação financeira, por isso, também é conhecido como subsistema operativo. Didaticamente, de acordo com características semelhantes que possuem, as instituições que compõem este subsistema podem ser classificadas em quatro categorias, apresentadas na sequência.
2.6.1 Instituições Financeiras Bancárias Possuem como principal característica a possibilidade de abrirem contas correntes para seus clientes. Ao movimentarem tais contas, os clientes podem manter um saldo positivo, que é chamado de depósito a vista. As instituições financeiras bancárias podem emprestar para outros clientes, descontando-se o percentual do depósito compulsório (vide subitem 2.2.1), o montante que possuem em depósitos a vista. Nesta categoria, são classificadas três tipos de instituições:
Bancos
Comerciais:
executam
operações
de
crédito
caracteristicamente de curto prazo (exemplo: cheque especial), atendendo, dessa maneira, às necessidades de recursos para capital de giro das pessoas físicas e jurídicas. Além disso, prestam diversos outros tipos de serviços, tais como: pagamento de cheques, transferência de fundos, cobranças diversas etc;
Bancos Múltiplos: na verdade, são várias instituições do mesmo grupo econômico agrupadas em uma única instituição financeira com personalidade jurídica própria, visando à redução de custos operacionais;
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Caixas Econômicas: são instituições públicas cujo principal objetivo é conceder financiamentos para programas e projetos que contribuam com o desenvolvimento da sociedade. Além disso, também prestam os mesmo serviços que um banco comercial.
2.6.2 Instituições Financeiras não Bancárias Ao contrário das instituições financeiras bancárias, as instituições classificadas nesta categoria não possuem permissão para abrir contas correntes para seus clientes, ficando impossibilitadas de utilizarem recursos provenientes de depósitos a vista.
Bancos de Investimentos: sua principal função é conceder empréstimos e financiamentos para pessoas jurídicas, objetivando a aquisição de capital de giro (estoques) ou capital fixo (“imobilizado”: móveis, imóveis, veículos etc). Também são especializadas em preparar empresas para a abertura do capital junto à Bolsa de Valores (venda de ações);
Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento: são mais conhecidas no mercado pelo nome de Financeiras e se dedicam ao financiamento de bens duráveis às pessoas físicas por intermédio de uma operação de crédito conhecida por Crédito Direto ao Consumidor (CDC). Também oferecem uma operação de empréstimos conhecida pelo nome de Crédito Pessoal;
Sociedades de Arrendamento Mercantil: são mais conhecidas como empresas de Leasing e financiam, por intermédio de um contrato de arrendamento (aluguel), a compra de bens, como máquinas, equipamentos e veículos.
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2.6.3 Instituições Auxiliares São instituições que “auxiliam” e viabilizam a existência do mercado de capitais, ou seja, do mercado onde são negociados os valores mobiliários (debêntures, commercial papers e ações).
Bolsa de Valores: por intermédio de um acordo firmado em agosto de 2000, todas as Bolsas brasileiras foram integradas em uma só: a Bolsa de Valores de São Paulo. Atualmente, a BOVESPA é o maior centro de negociação com ações da América Latina. Até agosto de 2007, era uma associação civil sem fins lucrativos. A partir de tal data, tornou-se uma Sociedade Anônima. Seu objetivo básico é o de manter um local em condições adequadas para a realização de operações de compra e venda de valores mobiliários;
Corretoras de Valores: são empresas cuja principal atividade é intermediar a compra e a venda de valores mobiliários para seus clientes. A negociação é feita por “operadores”, que são funcionários das corretoras.
2.6.4 Instituições não Financeiras São instituições que, apesar de não serem consideradas financeiras, exercem papel importante no mercado financeiro.
Sociedades de Fomento Comercial – Factorings: são empresas comerciais (não financeiras) que adquirem recebíveis (duplicatas e cheques pré-datados) de pessoas jurídicas. A Factoring antecipa o montante do recebível para seu cliente, descontando um valor que é calculado por intermédio da cobrança de uma taxa de juros;
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Companhias Seguradoras: estão consideradas no sistema financeiro pelo fato de terem a obrigação de aplicar parte de suas reservas técnicas no mercado de capitais. São instituições que, mediante o recebimento de um valor cobrado dos segurados, garantem a cobertura financeira do objeto selecionado para o seguro;
Administradores de Cartão de Crédito: prestam serviços de intermediação entre os consumidores e as empresas do setor varejista. O consumidor titular do cartão de crédito paga anuidade à Administradora e a empresa “varejista” paga uma comissão sobre os valores vendidos por intermédio do cartão de crédito.
Atividades
Para que você possa revisar os conceitos teóricos apresentados, responda às seguintes questões: 1ª) Atualmente, você se considera um tomador ou um ofertador no mercado financeiro? Por quê? 2ª) Caso possuísse uma quantia expressiva para investir no mercado monetário, você preferiria comprar um título público (LTN) ou um título privado (CDB)? Por quê? 3ª) Para uma Sociedade Anônima (S/A), quais as vantagens e as desvantagens de se captar dinheiro por intermédio da venda de ações ou por intermédio da venda de títulos de crédito? 4ª) Caso você fosse a Brasília, seria possível conhecer a sede do Conselho Monetário Nacional? Por quê?
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5ª) Cite e comente a principal vantagem que as instituições financeiras bancárias possuem em relação às instituições financeiras não bancárias? 6ª) Caso uma empresa queira se “transformar” em uma Sociedade Anônima de capital aberto, visando à obtenção de recursos financeiros por intermédio da venda de ações, deve procurar qual instituição do sistema financeiro? Por quê?
2.7 Reflexão No mercado financeiro, compra-se e vende-se “dinheiro”, e também alguns tipos de “papéis”. Didaticamente, podemos dividi-lo em quatro tipos de mercado: monetário, de crédito, de capitais e cambial. No mercado monetário, são comprados e vendidos títulos privados e públicos. No mercado de crédito, as pessoas físicas e jurídicas que se encontram em posição de déficit financeiro podem obter empréstimos e financiamentos. No mercado de capitais, as organizações constituídas juridicamente como Sociedades Anônimas (S/A) podem obter recursos de investidores por intermédio da venda de valores mobiliários. No mercado cambial, são negociadas moedas internacionais conversíveis em Real. O sistema financeiro é o conjunto de instituições e instrumentos financeiros que possibilitam a transferência de recursos (dinheiro) dos ofertadores finais para os tomadores finais, e criam condições para que os “papéis” tenham liquidez no mercado financeiro. Didaticamente, o sistema financeiro nacional pode ser subdividido em três grandes subsistemas: normativo, apoio e intermediação financeira.
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O subsistema normativo é composto por instituições que ditam as normas de funcionamento do mercado financeiro e as controlam, ou seja, verificam se estão sendo cumpridas. O subsistema de apoio é composto por instituições que “apoiam” o Governo Federal a colocar em prática algumas de suas políticas. O subsistema de intermediação é composto por instituições que atuam em operações de intermediação financeira, por isso, também é conhecido como subsistema operativo.
2.8 Leitura recomendada Sugere-se a leitura do artigo discriminado na sequência:
Título do artigo: Avanço verde-amarelo Autor: Rodolfo C. Bonventti Fonte: http://revistaensinosuperior.uol.com.br
2.9 Referências ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado Financeiro. São Paulo: Atlas, 2005.
FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro: produtos e serviços. 12º ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999.
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GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2º ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
RUDGE, Luiz Fernando, CAVALCANTE, Francisco. Mercado de Capitais. Belo Horizonte: CNBV, 1993.
WESTON, J. Fred e BRIGHAM,
Eugene F. Fundamentos da
Administração Financeira. São Paulo: Makron Books, 2000.
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GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO E DAS DISPONIBILIDADES Na Unidade 3, apresentaremos o balanço patrimonial como uma fonte de dados para se obter o valor do capital de giro. Posteriormente, mostraremos como são calculados os valores do capital de giro líquido e do índice de liquidez corrente. Na sequência, mostraremos os motivos que levam as organizações a manterem determinado nível de saldo em caixa, assim como os fatores que afetam sua gestão. No final da unidade 3, conheceremos a forma pela qual deve ser feita a gestão de contas bancárias e de aplicações financeiras de curto prazo.
Objetivos da sua aprendizagem Visualizar a estrutura do balanço patrimonial e aprender sua relação com os cálculos do capital de giro líquido e do índice de liquidez corrente. Conhecer os motivos que levam as organizações a manterem determinado saldo em seu caixa. Entender a importância de se gerir com eficácia as contas bancárias e as aplicações financeiras de curto prazo.
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Você se lembra? Você sabe o que é capital de giro líquido? Será que já ouviu dizer que as organizações precisam manter determinado nível de saldo em seu caixa? Conhece a importância de se gerir com eficácia as contas bancárias e as aplicações financeiras de curto prazo? Nesta unidade, você terá oportunidade de aprender estes e vários outros temas relacionados à gestão do capital de giro e das disponibilidades. Bons estudos!
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3.1 Relação entre capital de giro e balanço patrimonial
Antes de se iniciar o estudo do Capital de Giro Líquido (CGL), é importante que sejam fornecidas algumas explicações sobre a fonte de dados utilizada para calculá-lo. Para se calcular o CGL de uma organização, devem ser extraídos dados de seu Balanço Patrimonial.
De acordo com Matarazzo (2003), Balanço Patrimonial é a demonstração contábil que apresenta todos os bens e direitos da empresa (chamados de ATIVOS), assim como todas as suas obrigações (chamadas de PASSIVOS), em uma determinada data. A diferença entre os bens e direitos e as obrigações com terceiros (bancos, fornecedores etc.) é chamada de Patrimônio Líquido e representa o capital investido pelos proprietários, quer por meio de recursos financeiros trazidos de fora da empresa, quer gerados por esta em suas operações e retidos internamente.
De forma simplificada, pode-se dizer que o Balanço Patrimonial permite que se identifique:
As fontes de recursos financeiros utilizados pela organização (devese olhar o valor total do PASSIVO, lembrando-se que o valor do Patrimônio Líquido representa o valor que foi investido pelos proprietários, e os valores do Passivo Circulante e do Exigível a Longo Prazo representam o valor que a organização pegou emprestado de terceiros, como Instituições Bancárias, por exemplo); Os bens e direitos em que esses recursos financeiros se acham investidos. (Deve-se olhar o valor total do ATIVO, lembrando-se de que o valor do Ativo Permanente representa o montante de bens 46
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que a empresa possui, enquanto os valores do Ativo Circulante e do Realizável a Longo Prazo representam seu total de direitos, como, por exemplo, o valor das vendas a prazo que têm a receber de seus clientes).
Para que você conheça a estrutura de um Balanço Patrimonial, apresentamos um exemplo fictício simplificado, ou seja, contendo poucas contas (vide Quadro 1). Em seguida, definimos o que são o ativo e o passivo circulante, pois tais itens do Balanço Patrimonial serão utilizados para se calcular o Capital de Giro Líquido de uma organização (vide subitem 3.3).
QUADRO 1. BALANÇO PATRIMONIAL FICTÍCIO DE UMA ORGANIZAÇÃO EM 31/12/2007
Valores (em $ milhões)
2007
Valores (em $ milhões)
2007
Ativo Circulante
164
Passivo Circulante
127
Disponibilidades
10
Fornecedores
57
Aplicações Financeiras
25
Empréstimos Bancários
26
Contas a Receber
72
Salários e Encargos Sociais
9
Estoques
57
Impostos e Contribuições
35
Realizável a Longo Prazo
44
Exigível de Longo Prazo
75
Contas a Receber
44
Empréstimos Bancários
75
Ativo Permanente
123
Patrimônio Líquido
129
Imobilizado
111
Capital Social
89
Investimentos
12
Lucros Acumulados
40
ATIVO TOTAL
331
PASSIVO TOTAL
331
Ativo Circulante: representa o somatório de todos os direitos que a organização possui no curto prazo, ou seja, valores disponíveis
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para utilização imediata ou conversíveis em moeda corrente a qualquer momento;
Passivo Circulante: compreende os valores de todas as obrigações da organização vencíveis no prazo de um ano. Essas obrigações devem ser tanto as conhecidas (por exemplo, as duplicatas a pagar), como as calculáveis com precisão (por exemplo, valores de juros e do 13º salário dos funcionários). Pode-se dizer que são as obrigações que se tem com “terceiros”, ou seja, com pessoas físicas ou jurídicas que não sejam os proprietários da organização.
3.2 Conceito de capital de giro Após você ter conhecido a estrutura de um Balanço Patrimonial, retomamos o assunto inicial, que é o cálculo do Capital de Giro Líquido (CGL). Ao se utilizar o termo “líquido”, subentende-se que exista o Capital de Giro “Bruto”, ou, simplesmente, Capital de Giro. Podemos definir Capital de Giro como o somatório das disponibilidades (“dinheiro”) que uma organização possui e todos os outros direitos que, no curto prazo, podem ser convertidos em disponibilidades. Diante desta definição, podemos concluir que o Capital de Giro, na prática, pode ser obtido ao se identificar o valor do Ativo Circulante, pois ele representa o somatório de todos os direitos que a organização possui no curto prazo, ou seja, os valores disponíveis para utilização imediata ou conversíveis em moeda corrente a qualquer momento. Caso utilizemos os dados apresentados no Quadro 1, podemos concluir que a organização possui um Capital de Giro de $ 164.000.000,00. Lembre-se: Capital de Giro = Ativo Circulante
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O estudo do Capital de Giro é fundamental para a administração financeira, porque toda organização precisa recuperar os gastos envolvidos no processo produtivo e obter o lucro desejado, por meio da venda do produto ou da prestação do serviço. O nome Capital de Giro é utilizado pelo fato dos recursos ficarem “girando” dentro da organização, transformando-se em itens diferentes e sofrendo acréscimos a cada etapa, até transformarem-
se
novamente em “dinheiro”, devendo estar maior do que o valor original.
3.3 Capital de giro líquido (CGL) Após termos definido o que é
Nos segmentos comerciais e industriais, a conta estoques representa um valor expressivo no total do Capital de Giro de uma organização. No caso das Entidades Educacionais, contabilizam-se na conta estoques somente os valores dos estoques de materiais de escritório e limpeza; portanto, não se tratam de valores expressivos.
Capital de Giro, podemos, finalmente, definir o que é Capital de Giro Líquido. Tecnicamente, a circulação do capital de giro não fica restrita ao ativo circulante, pois ela também pode circular pelas contas do passivo circulante. Por exemplo, a organização pode adquirir matéria-prima e não pagar o fornecedor à vista, dessa forma, não haverá saída de dinheiro e passa-se a ter uma dívida com tal fornecedor,
que
será
contabilizada
no
passivo
circulante.
Consequentemente, o cálculo do Capital de Giro Líquido (CGL), também conhecido por Capital Circulante Líquido (CCL), é obtido por meio da seguinte fórmula:
CGL = Ativo Circulante – Passivo Circulante
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Ao calcularmos o CGL de uma organização, também é importante que se calcule seu Índice de Liquidez Corrente (ILC), pois duas organizações podem possuir valores idênticos de CGL e realidades financeiras totalmente diferentes. Para que você entenda melhor tal afirmação, observe o Quadro 2. QUADRO 2. VALORES DE CGL DE DUAS ORGANIZAÇÕES
Organizações
Ativo
Passivo
Circulante
Circulante
CGL
A
$ 1.200.000,00
$ 1.100.000,00
$ 100.000,00
B
$ 120.000,00
$ 20.000,00
$ 100.000,00
Ao observar o Quadro 2, você pode constatar que, apesar de possuírem valores idênticos de CGL, a empresa B possui uma situação muito mais confortável que a empresa A, ou seja, ela tem “direitos” de curto prazo ($ 120.000,00) seis vezes maiores que suas “obrigações” de curto prazo ($ 20.000,00). Ao estabelecermos tal relação, na realidade, estamos calculando o Índice de Liquidez Corrente (ILC) da organização. Para se calcular o ILC, basta dividirmos o valor do Ativo Circulante pelo valor do Passivo Circulante (vide Quadro 3), ou seja, o ILC é obtido por meio da seguinte fórmula:
ILC = Ativo Circulante / Passivo Circulante
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QUADRO 3. COMPARAÇÃO ENTRE OS VALORES DO CGL E DO ILC
Organizações
CGL
ILC
A
$ 100.000,00
1,09
B
$ 100.000,00
6
Para concluirmos o tema CGL, é importante lembrarmos que, ao calculá-lo, podemos encontrar três tipos de resultados:
CGL nulo (0) AC = PC (índice de liquidez corrente = 1);
CGL negativo (-) AC PC (índice de liquidez corrente 1);
CGL positivo (+) AC PC (índice de liquidez corrente 1).
Caso utilizemos os dados apresentados no Quadro 1 (vide subitem 3.1), podemos concluir que a organização fictícia possui:
Capital de Giro Líquido de $ 37.000.000,00 ($ 164 MM - $ 127 MM);
Índice de Liquidez Corrente de 1,29 ($ 164 MM / $ 127 MM).
3.4 Manutenção de saldo de caixa As disponibilidades de uma organização são o somatório de seu dinheiro, dos seus depósitos bancários à vista (saldos em contas correntes) e das suas aplicações financeiras bancárias. Portanto, a gestão de disponibilidades envolve o controle dos saldos que a empresa possui em seu próprio caixa (dinheiro) e dos saldos que mantém em instituições financeiras bancárias (depósitos à vista e aplicações financeiras).
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Quanto maior a manutenção de liquidez (dinheiro em caixa), menor será o retorno obtido, pois tais recursos poderiam estar investidos na atividade que a organização exerce, gerando maior lucratividade. Diante desta afirmação, você pode concluir que o saldo ideal de caixa que uma organização deveria manter é zero. Na verdade, a manutenção de um saldo de caixa igual a zero é praticamente impossível, visto que, segundo Keynes (apud ASSAF NETO, 2005), existem três motivos que levam as organizações a manterem determinado saldo em seu caixa:
Transação: honrar os compromissos previamente assumidos (exemplos: pagamento do aluguel e da folha de pagamento dos funcionários). Caso fosse possível projetar um fluxo de caixa onde houvesse uma sincronia perfeita entre os recebimentos e os pagamentos, a demanda de caixa pelo motivo transação seria desnecessária. É importante ressaltar que uma organização que mantém recursos em caixa para fazer face à necessidade de troco, também o faz pelo motivo transação;
Precaução: refere-se a compromissos futuros nem sempre totalmente previsíveis (exemplos: inadimplência de clientes e manutenção corretiva). Como o gestor financeiro também deve buscar reduzir o risco de insolvência da organização que gerencia, deve manter em caixa uma quantidade de recursos para tais eventualidades. É importante ressaltar que as organizações mais arrojadas, quando possuem facilidade ao crédito bancário, não mantêm recursos em caixa pelo motivo precaução;
Especulação: perspectiva de uma oportunidade futura para aumentar a lucratividade (exemplo: aquisição de matérias-primas ou mercadorias com desconto pelo fato do pagamento ser efetuado à vista).
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Educação
Gestão Educacional – Unidade 3
Tendo em vista que dinheiro parado no caixa representa perda de rentabilidade, Assaf Neto (2005) comenta que as organizações devem exercer controle sobre este item sem aumentar, em nível indesejado, o risco. Tal autor também afirma que o saldo mínimo que uma organização manterá em seu caixa dependerá de uma série de fatores, cujos principais são relacionados na sequência:
Falta de sincronização entre pagamentos e recebimentos de caixa tende a elevar o saldo de caixa necessário. A projeção do fluxo de caixa pode ser um importante instrumento para reduzir as diferenças temporais de entrada e saída de recursos financeiros;
Grande possibilidade de ocorrência de eventos não previstos na projeção do fluxo de caixa;
A existência de um mercado financeiro desenvolvido pode reduzir a exigência de um montante alto no caixa, pois a organização poderá obter recursos de forma relativamente fácil e a uma taxa de juros não muito alta;
Política de crédito da organização, em especial a morosidade dos pagamentos e a probabilidade de que clientes não efetuem pagamentos, o que implica em uma maior necessidade de caixa;
Existência de prazo de pagamento reduzido. A organização deve aumentar, sempre que for economicamente vantajoso, o prazo de pagamento de suas despesas;
Nível de taxa de inflação. Por um lado, em ambientes inflacionários, a perda decorrente da manutenção de valores no caixa tende a aumentar. Por outro lado, ambientes inflacionários tendem a gerar mais oportunidades de investimento, aumentando a demanda de dinheiro pelo motivo especulativo.
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Gestão Educacional – Unidade 3
Inflação: em economia, inflação é a queda do valor de mercado ou do poder de compra do dinheiro. Isso é equivalente ao aumento no nível geral de preços. Existem dois principais tipos de inflação: demanda (aumento da procura pelos produtos) e custos (aumento dos gastos dos insumos dos produtos). (http://pt.wikipedia.org). Curiosidade: os índices de inflação no Brasil são medidos de duas maneiras. Uma, pelo INPC, aplicado a famílias de baixa renda (renda de um a oito salários mínimos). Outra, pelo IPCA, aplicado para famílias que recebem um montante de
até
quarenta
salários
mínimos.
(http://pt.wikipedia.org). FONTE: BANCO DE IMAGENS DA EDITORA COC - ID: 175805 E 816409.
Ao observar os fatores que acabaram de ser relacionados, você pode concluir que cada organização precisará definir, de acordo com suas características e peculiaridades, o montante que deverá manter em caixa para atender a suas necessidades financeiras.
3.5 Gestão de contas bancárias Atualmente, para a imensa maioria das empresas, o percentual de “disponibilidades” que circula pelas contas correntes bancárias é muito maior que o percentual que circula pelo caixa interno, ou seja, a maioria dos pagamentos e dos recebimentos é feita por intermédio dos bancos e não por intermédio do caixa interno que a empresa possui. Para que este conceito fique mais claro, basta imaginar que, quando pagamos alguma 54
Educação
Gestão Educacional – Unidade 3
conta proveniente de algum produto que compramos ou de algum serviço que nos foi prestado, na maioria das vezes, o pagamento é feito por intermédio de um boleto bancário; portanto, não precisamos nos deslocar à empresa para efetuar o pagamento.
Atualmente, os bancos se tornaram a fonte de uma variedade de serviços de gerenciamento de caixa. Por exemplo, bancos agora vendem pacotes de processamento de informações sofisticados para clientes comerciais. Esses pacotes lidam com tudo, de contabilidade e orçamento básicos até complexos desembolsos multinacionais e controles de caixa centralizados. Todos são projetados para ajudar administradores financeiros a maximizar a disponibilidade dia a dia de caixa e facilitar o investimento em curto prazo. É claro, serviços bancários devem ser usados apenas quando os benefícios obtidos com eles são maiores que os custos (GITMAN, 2001, p. 504).
Diante dos comentários de Gitman (2001), podemos afirmar que uma gestão eficaz do disponível de uma empresa passa por uma negociação bem elaborada com as instituições financeiras, que oferecem diversos produtos e serviços aos clientes pessoa jurídica, tais como: compensação de cheques, linhas de crédito para empréstimos e financiamentos, cobrança por intermédio de boletos bancários, internet banking, aplicações financeiras etc. Para que a negociação com as instituições financeiras seja bem elaborada, o gestor financeiro deve conhecer alguns detalhes sobre três temas, apresentados abaixo.
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Gestão Educacional – Unidade 3
3.5.1 Concentração bancária Uma das preocupações do gestor financeiro é definir se a empresa que gerencia estabelecerá parceria com uma, duas ou mais instituições financeiras. Uma das vantagens de ser cliente de apenas um banco é o fato da empresa poder concentrar um volume maior de negócios, como cobrança, seguros, aplicações financeiras etc. Dessa forma, ao oferecer uma grande reciprocidade, a empresa passa a ter um poder de barganha maior com o banco, refletindo em benefícios como isenções de tarifas, taxas mais baixas para empréstimos e taxas mais altas para aplicações financeiras. Por outro lado, ao estabelecer parcerias com mais instituições financeiras, a empresa passa a ter mais opções de negócios, pois a concorrência entre os bancos é grande e, normalmente, são lançados produtos e serviços inovadores. Além disso, ao possuir parceria com vários bancos, a empresa pode fazer um “leilão de preços” quando necessita de algum produto ou serviço, podendo conseguir, dessa forma, condições mais vantajosas. Cabe ao gestor financeiro, ao conhecer as características e necessidades da empresa que gerencia, decidir pela concentração ou não de negócios com uma única instituição financeira.
3.5.2 Linhas de crédito Na gestão do disponível, é importante que o gestor financeiro conheça a capacidade de obtenção de crédito da empresa, ou seja, ele precisa saber a quantidade de dinheiro que poderá obter nas instituições financeiras com as quais possui parceria (valor das linhas de crédito).
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Gestão Educacional – Unidade 3
Em relação a este tema, Hoji (2003) comenta que, ao conhecer antecipadamente o limite máximo de recursos financeiros que a empresa poderá tomar emprestado de terceiros, é possível planejar com maior eficácia a expansão do nível de atividades e resolver eventuais problemas de oscilações nas disponibilidades de caixa. Também é importante ressaltar que as atividades da empresa devem ficar sempre dentro de seu limite de capacidade de obtenção de caixa. Caso a empresa exceda esse limite, poderá enfrentar sérias dificuldades financeiras, comprometendo a continuidade de suas atividades.
3.5.3 Float Na língua inglesa, o verbo to float significa flutuar. No mercado financeiro, a palavra float significa o tempo que um recurso financeiro fica “flutuando” dentro de um banco até que seja transferido para uma determinada empresa. Gitman (2001) explica que, no sentido mais amplo, float se refere aos recursos que foram remetidos pelo pagador (a empresa ou o indivíduo efetuando o pagamento), mas não estão ainda em uma forma disponível ao beneficiário (a empresa ou indivíduo recebendo o pagamento). Para que o conceito de float fique mais claro para você, vamos imaginar o caso de uma empresa de telefonia que estabelece uma parceria com um banco para que ele receba as contas de telefone de seus clientes. A parceria é feita devido ao fato da empresa de telefonia não possuir uma estrutura operacional que pudesse receber as contas de todos os seus clientes. Além disso, para o cliente, é mais cômodo e prático efetuar o pagamento no banco, que possui uma rede de agências.
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Gestão Educacional – Unidade 3
Quando a conta de telefone é paga pelo cliente, o dinheiro fica “flutuando” dentro do banco, e é utilizado por ele. Somente depois de um determinado período o dinheiro é transferido para a empresa de telefonia. Quando este período é de apenas um dia, o float é conhecido no meio bancário como D+1, quanto é de dois dias: D+2, e assim, sucessivamente. Quanto maior o float, melhor para o banco e pior para a empresa; portanto, o gestor financeiro deve tentar negociar floats menores nas operações de cobrança bancária, para que o banco transfira, o mais rápido possível, os recursos financeiros a que a empresa tem direito.
3.6 Gestão das aplicações financeiras de curto prazo Conforme dissemos no item 3.4, existem três motivos que levam as organizações a manterem determinado saldo em seu caixa: transação, precaução e especulação. Porém, o que deve ficar efetivamente “parado” é a quantidade de dinheiro (papel moeda) necessária para arcar com as despesas que são pagas pelo caixa interno da empresa. É importante ressaltar que alguns tipos de organizações, como as de transporte coletivo urbano e os supermercados, devem manter uma quantidade maior de dinheiro em seu caixa interno, em virtude da necessidade de fornecer “troco” para os clientes. Uma vez definida a quantidade de dinheiro que deve ficar efetivamente parada no caixa interno da empresa, deve-se depositar o valor excedente em uma conta corrente bancária. O valor que foi depositado no banco é chamado de depósito à vista e não gera nenhum tipo de ganho para a empresa. Na verdade, gera uma perda, pois,
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Gestão Educacional – Unidade 3
conforme
já
estudamos,
dinheiro
parado
representa
perda
de
rentabilidade. O gestor financeiro de uma organização, para evitar a perda de rentabilidade gerada pelo saldo “parado” em depósito a vista, deve investi-lo em algum tipo de aplicação financeira oferecida pelos bancos. Ao aplicar os recursos que ficariam parados, a empresa receberá juros; portanto, reduzirá a perda de rentabilidade que teria caso mantivesse o dinheiro parado em depósito à vista. Os bancos oferecem diversos tipos de aplicações financeiras para se adequar às necessidades dos clientes. Os tipos mais
As empresas não precisam deixar o montante do caixa mínimo efetivamente “parado”. Parte desse montante deve ser investido em aplicações financeiras, visando à redução da perda de rentabilidade gerada pelo dinheiro parado.
conhecidos e utilizados são os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e os Fundos de Investimento Financeiro (FIFs).
Certificados
de
Depósitos
Bancários
(CDBs):
conforme
estudamos no subitem 2.2.1, os CDBs são títulos privados emitidos por instituições financeiras bancárias com o objetivo de levantar recursos financeiros para seu caixa. Normalmente, os CDBs possuem um prazo predeterminado de vencimento e os clientes são remunerados por intermédio de taxas prefixadas ou pós-fixadas (exemplos: 22% ao ano ou 8% ao ano + variação da TR);
Fundos de Investimento Financeiro (FIFs): são aplicações onde o banco investe o dinheiro do cliente de diversas maneiras, de acordo com o regulamento do fundo e as regras de enquadramento definidas pelo Banco Central. Os fundos mais conhecidos são os de Renda Fixa, onde o dinheiro do cliente é investido em títulos
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Gestão Educacional – Unidade 3
públicos, e os de Renda Variável, onde o dinheiro do cliente é investido predominantemente em ações de empresas constituídas como Sociedades Anônimas (S/A). Antes de o gestor financeiro optar por um investimento, deve analisar as características de cada tipo de aplicação financeira: risco, rentabilidade e periodicidade do recebimento dos juros (exemplo: na poupança a periodicidade é mensal e nos fundos é diária). Além disso, deve conhecer o fluxo de caixa da empresa, para que possa prever o tempo que o dinheiro poderá ficar aplicado. Logicamente, cada empresa possui características diferentes e optará por aplicações financeiras que atendam às suas necessidades. Apesar disso, independentemente do setor de atividade da empresa, sugerimos que seu gestor financeiro aplique parte dos recursos financeiros destinados a aplicações financeiras em fundos de renda fixa de curto prazo com resgate automático. Caso a empresa tenha parte de seus recursos financeiros aplicados nesse tipo de fundo, não precisará deixar nenhum valor parado em sua conta corrente, ou seja, o valor de seu depósito à vista será igual a zero. Quando os cheques que foram emitidos pela empresa forem compensados, sua conta corrente não ficará negativa, pois o “sistema” do banco resgatará automaticamente da aplicação o valor necessário para cobrir o cheque. Dessa forma, ao manter seus recursos financeiros aplicados, a empresa reduzirá a perda de rentabilidade gerada pelo dinheiro que ficaria parado em depósito a vista.
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Gestão Educacional – Unidade 3
Atividades 1) Utilizando os saldos de algumas contas extraídas do balanço patrimonial das organizações C e D, classifique-as como ativo circulante e passivo circulante. Posteriormente, calcule seus CGL’s e ILC’s. Organização C
Organização D
Caixa.............................1.200
Caixa..............................1.950
Contas a receber...........1.650
Contas a receber................410
Estoques.......................2.400
Estoques.........................1.560
Duplicatas a pagar........2.720
Duplicatas a pagar...........1.320
Outras contas a pagar....2.380
Outras contas a pagar......1.250
3.7 Reflexão O balanço patrimonial é a fonte de dados utilizada para se calcular o capital de giro líquido de uma organização. Enquanto o capital de giro é representado pelo somatório das contas que compõem o ativo circulante, o capital de giro líquido também leva em consideração as contas do passivo circulante. O saldo ideal de caixa que uma organização deveria manter é zero. Porém, isto é praticamente impossível, pois existem três motivos que levam as organizações a manterem determinado saldo em seu caixa: transação, precaução e especulação. Como dinheiro parado no caixa representa perda de rentabilidade, as organizações devem exercer controle sobre este item, levando em conta uma série de fatores. O percentual de “disponibilidades” que circula pelas contas correntes bancárias é muito maior que o percentual que circula pelo caixa interno. Em virtude disso, uma gestão eficaz do disponível passa por uma
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Gestão Educacional – Unidade 3
negociação bem elaborada com as instituições financeiras, levando-se em conta aspectos como concentração bancária, linhas de crédito e float. Além disso, por intermédio das aplicações financeiras oferecidas pelos bancos, pode-se evitar a perda de rentabilidade gerada pelo saldo “parado” em depósito a vista.
3.8 Leitura recomendada Sugere-se a leitura do artigo discriminado na sequência: Título do artigo: Estratégias de curto prazo de uma instituição educacional Autores: Lousanne Cavalcanti Barros, Érika Burkowski e Alfredo Alves de Oliveira Melo Fonte: www.egepe.com.br
3.9 Referências ASSAF NETO, Alexandre. Mercado Financeiro. São Paulo: Atlas, 2005. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2º ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. HOJI, Masakazu. Administração financeira: uma abordagem prática. 4º ed. São Paulo: Atlas, 2003. MATARAZZO, Dante. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6º ed. São Paulo: Atlas, 2003.
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FONTES DE FINANCIAMENTO PARA PESSOAS JURÍDICAS Na Unidade 4, mostraremos as finalidades da captação de recursos financeiros para as pessoas jurídicas, assim como as formas de contabilizá-los. Na sequência, apresentaremos os produtos de crédito de curto e de longo prazo que as Entidades Educacionais podem obter nas instituições que compõem o Sistema Financeiro Nacional.
Objetivos da sua aprendizagem Conhecer os motivos que levam as pessoas jurídicas a terem necessidade de buscar recursos financeiros. Visualizar os tipos de financiamento que podem ser obtidos pelas pessoas jurídicas e aprender a forma pela qual são contabilizados em seus balanços patrimoniais. Ter contato com alguns produtos de crédito de curto e de longo prazo ofertados para as Entidades Educacionais pelas instituições financeiras. Conhecer as características dos títulos emitidos pelas Sociedades Anônimas para captarem recursos financeiros de investidores no mercado de capitais.
Educação
Gestão Educacional – Unidade 4
Você se lembra? Você conhece os motivos que levam pessoas jurídicas a terem necessidade de buscar recursos financeiros? Sabe como devem ser contabilizados no balanço patrimonial os financiamentos obtidos por pessoas jurídicas? Conhece os principais produtos de crédito de curto e de longo prazo ofertados para as Entidades Educacionais? Será que já ouviu falar que as Sociedades Anônimas podem captar recursos financeiros de investidores no mercado de capitais? Nesta unidade, você terá oportunidade de aprender estes e vários outros temas relacionados ao estudo das fontes de financiamento para pessoas jurídicas. Bons estudos!
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Educação
Gestão Educacional – Unidade 4
4.1 Finalidades da captação de recursos financeiros No item 1.4 dessa apostila, dissemos que uma das principais funções do departamento financeiro de uma organização é a Administração de Passivos, ou seja, a obtenção de recursos financeiros e o gerenciamento de sua composição, procurando definir a estrutura mais adequada em termos de liquidez, redução de custos e risco financeiro. De acordo com Santos (2003), as pessoas jurídicas (organizações) buscam obter recursos financeiros para atender a três finalidades básicas:
Hot Money: destina-se a cobrir eventuais descasamentos de caixa, ou seja, desequilíbrios entre os prazos de recebimento e pagamento, ocorridos por poucos dias;
Capital de giro: recursos para financiar o ciclo operacional das organizações. Durante o ciclo operacional, organizações com descasamentos de caixa buscam financiamentos para amortizar dívidas
com
os
fornecedores,
funcionários
e
entidades
governamentais;
Investimentos: recursos para financiar imobilizações (instalações, máquinas, equipamentos e veículos), visando aumentar
à
capacidade produtiva das organizações.
4.2 Tipos de fontes de financiamento Para que as pessoas jurídicas (organizações) possam exercer suas atividades, devem adquirir bens e direitos (matérias-primas, mercadorias, máquinas, equipamentos etc), que serão contabilizados em seu ATIVO. Para adquiri-los, necessitam de recursos financeiros. Quando uma
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Educação
Gestão Educacional – Unidade 4
organização obtém tais recursos financeiros, deve contabilizá-los em seu PASSIVO. Conforme vimos no item 3.1 dessa apostila, as obrigações que uma organização assume, ou seja, suas fontes de financiamento, estão representadas no PASSIVO de seu balanço patrimonial e são classificadas em dois grupos: próprio e de terceiros.
4.2.1 Fontes de Financiamento Próprio
Autofinanciamento: ocorre quando os lucros obtidos pela organização não são apropriados pelos sócios e são reinvestidos nela mesma;
Investimento dos sócios: ocorre quando os sócios investem mais recursos na organização da qual são proprietários;
Abertura do capital: ocorre quando a empresa se torna uma Sociedade Anônima de capital aberto e vende ações no mercado de capitais, passando a possuir mais sócios (vide subitem 4.6).
4.2.2 Fontes de Financiamento de Terceiros
Instituições Financeiras: ocorre quando a organização obtém empréstimos em instituições financeiras, principalmente em Bancos Comerciais. Normalmente, as operações para Hot Money e Capital
de
Giro
são
contabilizadas
no
item
PASSIVO
CIRCULANTE do Balanço Patrimonial, enquanto as operações para financiar Investimentos são contabilizadas no item EXIGÍVEL EM LONGO PRAZO;
Fornecedores: ocorre quando a organização compra matériasprimas ou mercadorias dos fornecedores a prazo e passa a ter uma 66
Educação
Gestão Educacional – Unidade 4
dívida para com eles. Normalmente, tal dívida é contabilizada no item PASSIVO CIRCULANTE do Balanço Patrimonial;
Outros: além das organizações obterem recursos financeiros de terceiros por intermédio de empréstimos bancários e da negociação de prazos com seus fornecedores, elas também podem obtê-los indiretamente, segundo Matias (2007), por intermédio da prorrogação do prazo de pagamento de impostos e da folha de pagamento dos funcionários. Caso observemos o Passivo Total
do
Balanço
Patrimonial
de
uma
organização (vide Quadro 1), poderemos descobrir qual é a sua Estrutura de Capital,
As fontes de recursos financeiros próprios são contabilizadas no item Patrimônio Líquido do Balanço Patrimonial. As dívidas com terceiros de curto prazo devem ser contabilizadas no Passivo Circulante, enquanto as de longo prazo no Exigível em Longo Prazo. Para Weston e Brigham (2000), o crédito de curto prazo é definido como qualquer exigibilidade originalmente programada para pagamento dentro de um ano.
ou seja, quanto ela deve para os próprios sócios (Patrimônio Líquido) e para terceiros (principalmente para instituições financeiras e fornecedores). Quadro 1. Estrutura de Capital de uma Organização
PASSIVO CIRCULANTE (capital de terceiros de curto prazo) ATIVO
EXIGÍVEL EM LONGO PRAZO (capital de terceiros de longo prazo) PATRIMÔNIO LÍQUIDO (capital próprio)
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Educação
Gestão Educacional – Unidade 4
4.3 Fontes de curto prazo via mercado de crédito Os produtos apresentados na sequência recebem esta classificação devido ao fato de as pessoas jurídicas programarem o pagamento da obrigação para o período máximo de um ano. Conta Garantida Trata-se de uma conta de crédito com um valor-limite, normalmente movimentada diretamente pelos cheques emitidos pelo cliente, desde que não haja saldo disponível na conta corrente da movimentação. À medida que, nessa última, existam valores disponíveis, estes são transferidos de volta, para cobrir o saldo devedor da conta garantida. Pode-se dizer que a conta garantida é o cheque especial para a pessoa jurídica. De acordo com Fortuna (1999), para o cliente, o produto garante uma liquidez imediata para suas emergências. Para o banco, é um instrumento mercadológico forte, mas que, se mal administrado, pode representar uma perda significativa, tendo em vista seu impacto sobre a administração de reservas bancárias, já que é necessário deixar recursos de suas reservas de livre movimentação em stand by para atender à eventual demanda e, portanto, sem aplicação. Hot Money É um empréstimo de curtíssimo prazo, normalmente por um dia, ou um pouco mais, no máximo em 10 dias. É comum, de forma a simplificar os procedimentos operacionais para os clientes tradicionais neste produto, criar-se um contrato com um valor de limite de crédito, estabelecendo as regras deste tipo de empréstimos e permitindo a transferência de recursos ao cliente a partir de um simples telefonema ou 68
Educação
Gestão Educacional – Unidade 4
e-mail, garantidos por uma nota promissória já previamente assinada, evitando-se assim o fluxo corrido de papéis para cada operação. Empréstimos para Capital de Giro São as operações tradicionais de empréstimos vinculadas a um contrato específico que estabeleça prazo, taxas, valores e garantias necessárias e que atendam às necessidades de capital de giro das organizações. O plano de amortização é estabelecido de acordo com os interesses e necessidades das partes e, normalmente, envolve prazos de até 180 dias. Em relação a garantias, Fortuna (1999) afirma que normalmente, esse tipo de empréstimo é garantido por duplicatas, em geral numa relação de 120% a 150% do valor principal que foi emprestado. Nesse caso, as taxas de juros são mais baixas. Quando a garantia envolve aval e notas promissórias, os juros são mais altos. Desconto de Recebíveis Recebível é um “título” que uma organização passa a possuir após vender seus produtos ou serviços a prazo para um determinado cliente. O recebível deverá ser pago na data do vencimento nele definido. O desconto de recebíveis (cheques pré-datados, duplicatas, comprovantes de venda via cartão de crédito e notas promissórias) é uma operação de crédito em que a organização os negocia com um Banco Comercial, este desconta do valor nominal do recebível uma taxa de juros e credita na conta corrente da organização o valor líquido. Além deste tipo de operação ser oferecida pelos Bancos Comerciais, também é oferecida pelas empresas de Factoring. Normalmente, as Factoring são de pequeno porte e atuam em uma única
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Educação
Gestão Educacional – Unidade 4
cidade, sem possuírem filiais; portanto, como não possuem “economia de escala”, cobram taxas de juros mais altas que os Bancos Comerciais. A Instituição Financeira (Banco ou Factoring) passa a ter a responsabilidade de receber o título na data do vencimento; portanto, envia ao sacado um boleto bancário ou fica com o cheque pré-datado e depois o deposita em sua conta corrente na data programada. Caso o boleto não seja pago pelo sacado ou o cheque pré-datado não tenha fundo, o valor será cobrado da organização e o título será devolvido. Cabe à organização cobrar os recebíveis que não forem pagos por seus clientes. De acordo com Matias (2007), trata-se de uma operação de fácil liberação em função da garantia oferecida (os próprios recebíveis), e que facilita a análise de crédito. O principal cuidado tomado pelas Instituições Financeiras quando descontam duplicatas está relacionado à concentração de sacados, ou seja, tentam coibir uma carteira de recebíveis que apresente um maior número de títulos emitidos contra um único sacado, fato que aumenta o risco da operação em função da capacidade de solvência deste sacado. As Instituições Financeiras têm por hábito a checagem aleatória da qualidade e veracidade dos recebíveis apresentados para desconto, bem como de sua análise por intermédio de centrais de informações de crédito.
4.4 Fontes de longo prazo via mercado de crédito Os
empréstimos
destinados
à
o credor que emite uma duplicata recebe o nome de cedente, enquanto o devedor, que efetuou a compra do produto ou serviço com o pagamento negociado a prazo, recebe o nome de sacado.
implantação de investimentos, cujo pagamento das parcelas está programado para um período
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Educação
Gestão Educacional – Unidade 4
superior a um ano, são classificados como fontes de longo prazo. Dependendo do tipo de investimento que será implantado, as instituições financeiras poderão oferecer empréstimos com características diferentes (prazos, taxas de juros, carência, tipo de garantia etc.), que se enquadrem na necessidade da organização que o está solicitando. Como exemplo, podemos citar o Banco do Brasil. Segundo o site Pede Verba (2010), ele opera algumas linhas de financiamento e investimento atraentes, mas que, por não serem convencionais, são pouco conhecidas. O Banco do Brasil é agente financeiro do BNDES e opera as diversas linhas de financiamento e investimento para projetos ligados à implantação, expansão, relocalização e modernização de atividades produtivas ou de infraestrutura, capacitação tecnológica, treinamento e qualificação de pessoal. Cabe ao gestor financeiro da Entidade Educacional consultar as instituições financeiras com as quais possui relacionamento, visando conhecer às linhas de crédito e os tipos de empréstimos que são oferecidos para a Box Conexão: Acesse o site www.pedeverba.com.br para ter acesso ao arquivo Empréstimos & Financiamentos, que lista várias instituições, públicas e privadas, que frequentemente atuam como parceiros na implantação dos mais diversos tipos de projetos. O arquivo conta com os nomes e com os endereços eletrônicos destes parceiros, trazendo ainda uma série de informações e os principais programas de financiamento de cada um deles.
implantação de investimentos.
4.4.1 FUNDEF / FUNDEB O que é FUNDEF e FUNDEB? O
FUNDEB
é
o
Fundo
de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. Esse novo fundo deverá substituir o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), instituído pela Emenda Constitucional n.º 14, de
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Educação
Gestão Educacional – Unidade 4
setembro de 1996, regulamentado pela Lei n.º 9.424, de 24 de dezembro do mesmo ano e pelo Decreto nº 2.264, de junho de 1997. O FUNDEF foi implantado no país em 1º de janeiro de 1998, quando passou a vigorar a nova sistemática de redistribuição dos recursos destinados ao ensino fundamental. Em 2004, foram atendidos pelo FUNDEF 32 milhões de alunos. Com a criação do FUNDEB, a previsão é de que sejam atendidos mais de 47 milhões de estudantes. Diferença entre FUNDEF e FUNDEB Enquanto o FUNDEF destina-se exclusivamente ao ensino fundamental, o FUNDEB financiará toda a Educação Básica: educação infantil (creches para crianças de 0 a 3 anos e pré-escola para crianças de 4 a 6), o ensino fundamental e o ensino médio da rede pública, em todas as modalidades de ensino (educação de jovens e adultos, educação indígena, educação profissional, educação do campo e educação especial - destinada às pessoas com deficiência). Na proposta inicial do executivo, o FUNDEB não previa a inclusão das creches, bem como de outras reivindicações da sociedade civil. Após longa discussão entre os parlamentares da Comissão Especial - que analisam a proposta de criação do novo fundo - e os ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Educação, além de muita pressão da sociedade civil, as creches foram incluídas no parecer final. Como funcionam? Da mesma forma que o FUNDEF, no FUNDEB, parte da receita de impostos estaduais e municipais vai para 27 fundos contábeis estaduais. Os recursos retornam aos estados e aos municípios, conforme o número
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Gestão Educacional – Unidade 4
de matrículas existentes em suas redes de ensino. Devido às profundas desigualdades econômicas entre estados e regiões do país, a União exerce um importante papel redistributivo. Assim, em janeiro de cada ano, ela decreta um valor de investimento mínimo por aluno, abaixo do qual nenhum estado nem o Distrito Federal poderão ficar. Os que estiverem abaixo desse valor recebem uma complementação para que alcancem o valor mínimo nacional por aluno. Com o atual FUNDEF, o governo federal investe em média R$ 570 milhões/ano para a complementação do fundo. Já o FUNDEB, que terá duração de 14 anos (2006 a 2019), será implantado de forma gradativa nos quatro primeiros anos, e durante esse período, o fundo receberá R$ 4,5 bilhões da União. A partir do quinto ano, 10% da arrecadação do governo federal terá de ser destinada à educação básica.
4.5 Recursos financeiros via mercado de capitais Além das organizações conseguirem levantar recursos financeiros junto às instituições financeiras, também podem obter recursos de investidores via mercado de capitais, desde que sejam constituídas juridicamente como Sociedades Anônimas (S/A). O mercado de capitais pode ser definido como o “lugar” onde são comprados e vendidos títulos chamados de valores mobiliários (debêntures, commercial papers e ações). Quando os investidores direcionam seus recursos financeiros às Sociedades Anônimas que procuram o mercado de capitais, podem assumir dois tipos de papéis diferentes:
Credor: quando compra um título de crédito (debênture ou commercial paper) emitido por uma sociedade anônima de capital
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Educação
Gestão Educacional – Unidade 4
aberto ou de capital fechado. Nesse caso, a S/A passa a ter um dívida com o investidor, com prazo de vencimento e incidência de juros, que é contabilizada no Passivo Circulante (quando o título é de curto prazo) ou no Exigível a Longo Prazo (quando o título é de longo prazo);
Sócio: quando compra uma ação emitida por uma Sociedade Anônima de capital aberto. Nesse caso, a S/A passa a ter um “compromisso” com o investidor, mas não há prazo de vencimento nem incidência de juros, pois, na verdade, ele se tornou sócio da empresa, com direito a receber dividendos caso a S/A obtenha lucro. Portanto, o “compromisso” com o novo sócio é contabilizado no Patrimônio Líquido. Sociedade
Anônima:
é
uma
forma
de
constituição de empresas na qual o capital social não se encontra atribuído a um nome específico, mas está dividido em ações que podem ser negociadas livremente, sem necessidade de Sede da Petrobras S/A (RJ)
escritura pública. (http://pt.wikipedia.org).
FONTE: BANCO DE IMAGENS DA EDITORA COC - ID: 12313.
4.6 Valores Mobiliários negociados no mercado de capitais No subitem anterior, você pôde observar que as Sociedades Anônimas podem obter recursos financeiros via mercado de capitais de duas formas: emitindo títulos de crédito (debênture ou commercial paper), passando a ter credores, ou emitindo novas ações, passando a ter novos sócios. Na sequência, apresentaremos as principais características dos commercial papers, das debêntures e das ações. 74
Educação
Gestão Educacional – Unidade 4
Commercial Papers São títulos de crédito emitidos por sociedades anônimas não financeiras, que possuem as seguintes características:
Vencimento: o prazo mínimo deve ser de 30 dias e o máximo de 180 dias para S/A de capital fechado e 360 dias para S/A de capital aberto;
Remuneração e forma de pagamento: na data de emissão, o título é vendido com deságio, ficando implícita uma taxa de juros, normalmente pré-fixada (15% ao ano). No vencimento, resgata-se o valor nominal do título;
Garantia: sem garantia real, podendo ser garantido por fiança bancária;
Negociação: normalmente ocorre na Bolsa e é registrada no Bovespa Fix (sistema de negociação de títulos de renda fixa). As S/A também podem colocar os títulos diretamente aos investidores. Debêntures São títulos de crédito emitidos por S/A
A vantagem para a S/A em relação a um empréstimo bancário é que o commercial paper é isento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Além disso, ao optar por esse título, ela manterá suas linhas de crédito bancário sem utilização, o que aumenta suas fontes de financiamento.
não financeira de capital aberto. Principais características:
Vencimento: nunca deve ser inferior a um ano. Há exemplos de debêntures com prazo de 10 anos ou mais;
Remuneração e forma de pagamento: juros pré-fixados (15% ao ano) ou pós-fixados (8% ao ano + IGPM) pagos periodicamente (semestre ou ano) e principal no vencimento final do título;
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Gestão Educacional – Unidade 4
Garantia: normalmente possui garantia “flutuante”, ou seja, o próprio ativo da empresa, sem definição específica. Também pode possuir garantia real, ou seja, a S/A, emissora da debênture, oferece como garantia um bem específico;
Processo: a emissão e as características das debêntures devem ser aprovadas pelos sócios em assembleia;
Negociação: ocorre na Bolsa de Valores e é intermediada por uma corretora de valores. Ações O valor mobiliário mais conhecido é a ação, que pode ser definida
como o título representativo da menor fração do capital social de uma empresa. Uma ação não tem prazo de resgate, sendo convertida em dinheiro a qualquer momento mediante negociação no mercado. Basicamente, existem dois tipos de ações:
Ordinárias (ON): conferem ao seu titular o direito de voto na assembleia de acionistas. Cada ação dá direito a um voto;
Preferenciais (PN): que oferecem preferência, em relação aos acionistas ordinários, no recebimento de dividendos ou no reembolso do capital em caso de liquidação da companhia. Atividades
1º) Relacione as fontes de financiamento utilizadas pela Entidade Educacional onde atua e os motivos pelos quais elas são utilizadas. 2º) Tente obter o Balanço Patrimonial da Entidade Educacional onde atua para que possa conhecer sua Estrutura de Capital, ou seja, quanto ela deve para os próprios sócios (Patrimônio Líquido) e para terceiros (Passivo Circulante e Exigível em Longo Prazo). 76
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4.7 Reflexão As pessoas jurídicas buscam obter recursos financeiros para atender a três finalidades básicas: hot money, capital de giro e investimentos. As fontes de financiamento das pessoas jurídicas são classificadas em dois grupos: próprio e de terceiros. As fontes de financiamento próprio são o autofinanciamento, os novos investimentos feitos pelos sócios e a abertura do capital. As instituições financeiras são a principal fonte de financiamento de terceiros, oferecendo produtos de curto e de longo prazo. Além das pessoas jurídicas conseguirem levantar recursos financeiros junto às instituições financeiras, também podem obter recursos de investidores via mercado de capitais, desde que sejam constituídas juridicamente como Sociedades Anônimas (S/A). Os títulos negociados no mercado de capitais são chamados de valores mobiliários (debêntures, commercial papers e ações).
4.8 Leitura recomendada Sugere-se a leitura do artigo discriminado abaixo: Título do artigo: Noções gerais sobre o financiamento da educação no Brasil Autores: José Marcelino de Rezende Pinto e Thereza Adrião Fonte: http://portal.uninove.br
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4.9 Referências ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003. FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro: produtos e serviços. 12º ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2º ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. MATIAS, Alberto Borges (coordenador). Finanças corporativas de curto prazo: a gestão do valor do capital de giro. São Paulo: Atlas, 2007. PEDE VERBA. Empréstimos e Financiamentos. Disponível em: . Acesso em fev 2011. SANTOS, José Odálio dos. Análise de Crédito: empresas e pessoas físicas. 2º ed. São Paulo: Atlas, 2003. WESTON, J. Fred e BRIGHAM,
Eugene F. Fundamentos da
Administração Financeira. São Paulo: Makron Books, 2000.
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GESTÃO DOS VALORES A RECEBER Na Unidade 5, apresentaremos o conceito de política de crédito, assim como os elementos que devem compô-lo. Posteriormente, veremos como deve ser elaborada uma análise de crédito e mostraremos a importância de se elaborar também a pontuação e a classificação de crédito dos clientes de uma organização (credit score e rating). No final da unidade 5, conheceremos o conceito de política de cobrança, assim como as principais técnicas que devem ser utilizadas pelas organizações para realizar tal atividade.
Objetivos da sua aprendizagem Conhecer a relação entre os elementos da política de crédito e o volume de vendas de uma organização. Visualizar as etapas que compõem um modelo de processo de análise de crédito. Entender a importância de se elaborar a pontuação e a classificação de crédito dos clientes de uma organização Aprender as técnicas de cobrança mais utilizadas para se cobrar clientes em atraso.
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Você se lembra? Você conhece as etapas que devem compor um processo de análise de crédito? Será que já ouviu falar em credit score e rating? Você sabe que as técnicas de cobrança devem ser utilizadas dentro de uma sequência lógica? Nesta unidade, você terá oportunidade de aprender estes e vários outros temas relacionados ao estudo da gestão dos valores a receber. Bons estudos!
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5.1 Política de crédito No mundo corporativo atual, a imensa maioria das organizações possui um percentual maior de vendas a prazo que à vista. Na verdade, segundo Weston e Brigham (2000), as organizações prefeririam vender à vista que a prazo. Porém, as pressões competitivas (concorrência) forçam a maioria delas a oferecer crédito. Além do problema do aumento no ciclo de caixa (período de tempo entre o momento do desembolso para se pagar as despesas e o momento no qual se recebem as receitas), que pode ser contornado com um aumento nas margens de lucro dos produtos e serviços, as vendas a prazo sujeitam as organizações a riscos que não existem nas vendas à vista, associados à possibilidade de não-recebimento. Para contornar este outro problema, é necessário que a organização defina uma política de crédito. No estudo da Administração das Organizações, a palavra política, de acordo com Oliveira (1998), significa: parâmetro ou orientação para a tomada de decisão, definição dos níveis de delegação, faixas de valores e/ou quantidades-limites e de abrangência das ações para que os objetivos sejam atingidos. A palavra crédito, segundo Assaf Neto (2003), diz respeito à troca de bens presentes por bens futuros. De um lado, uma organização que concede crédito troca produtos por uma promessa de pagamento futuro. Já uma organização que obtém crédito recebe produtos e assume o compromisso de efetuar
O “fornecimento de crédito” ocorre quando é feita a venda de um produto ou serviço, cujo recebimento ocorrerá no futuro.
o pagamento futuro. Diante das duas definições, pode-se conceituar política de crédito como o conjunto de parâmetros, regras e procedimentos utilizados por uma organização para 81
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fornecer crédito aos seus clientes.
5.2 Elementos de uma política de crédito A política de crédito de uma organização, segundo Assaf Neto (2003), deve ser composta por três principais elementos: padrões de crédito, prazo de crédito e descontos financeiros. Para que tal política fique mais completa, também é necessário que sejam incluídos três outros elementos: limite de crédito, taxas de juros e garantias.
Padrões de crédito: o padrão tem relação com os critérios mínimos para a liberação de crédito a um cliente. Estes critérios podem ser rígidos ou não. Quanto mais rígidos, em tese, menores serão os riscos de inadimplência e insolvência, mas também, menores os volumes de venda;
Prazo de crédito: o prazo tem relação ao tempo médio de recebimento. Em tese, quanto maior o prazo, maior também será a chance de não-recebimento. Por outro lado, o aumento do prazo de recebimento tende a gerar um aumento nas vendas.
Descontos financeiros: o desconto para a venda à vista ou antecipação de pagamento pode motivar os clientes a escolherem tal forma de pagamento, fazendo com que a organização adiante recebimentos, melhorando, dessa forma, seu ciclo de caixa.
Limite de crédito: refere-se ao valor total de crédito que determinado cliente poderá ter com a organização. Quanto maior o limite, mais o cliente poderá comprar, aumentando o faturamento. Por outro lado, quanto maior o valor devido, maior será a perda caso o cliente deixe de pagar;
Taxas de juros: é uma taxa aplicada ao valor à vista para se encontrar o valor a prazo. Quanto maior a taxa, maior será o preço 82
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a prazo, diminuindo, por consequência, o volume vendido. Logicamente, taxas de juros mais baixas farão com que as vendas aumentem, pois o preço a prazo ficará mais baixo;
Garantias: é a vinculação de um bem ou de uma responsabilidade conversível em dinheiro, que assegure a liquidação do crédito. Existem, basicamente, dois tipos de garantia: a garantia pessoal (ex: avalista) e a garantia real (ex: o carro financiado fica como garantia do crédito concedido). Quanto maior for a exigência de garantias, menor tende a ser o volume vendido. Caso você analise os elementos que devem compor a política de
crédito de uma organização, poderá observar que influirão diretamente no volume de vendas e, consequentemente, no volume de produção. Assim sendo, as organizações que adotam políticas de crédito conservadoras tendem a ter um volume de vendas menor que as que adotam políticas mais arrojadas. Em contrapartida, as arrojadas têm maiores chances de perdas com clientes que deixarão de pagar suas dívidas. Na sequência, são apresentadas as características das políticas de crédito conservadoras e arrojadas:
Política de crédito conservadora: os padrões de crédito são mais rígidos, os prazos para vendas a prazo são menos extensos, os descontos financeiros são altos, os limites de crédito são menores, as taxas de juros mais altas e são exigidas garantias (pessoais ou reais);
Política de crédito arrojada: os padrões de crédito são menos rígidos, os prazos para vendas a prazo são mais extensos, os descontos financeiros são baixos, os limites de crédito são maiores, as taxas de juros mais baixas e não são exigidas garantias (pessoais ou reais).
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Quando se trata do tema política de crédito, outro ponto importante a ser destacado é o aumento de gastos que uma organização terá ao passar a vender a prazo. Dentre tais gastos, Assaf Neto (2003) destaca:
Despesas de crédito: envolvem os gastos com a manutenção de uma área de crédito, tais como: pessoal (salário, encargos e benefícios), material de escritório, serviços de informação contratados (Serasa e SPC) etc;
Despesas de cobrança: envolvem os gastos com a manutenção de uma área de cobrança, tais como: pessoal (salário, encargos e benefícios), material de escritório, ações judiciais etc;
Insolvência de clientes: perdas referentes a clientes que não pagaram sua dívida. Obviamente, uma organização que vende a prazo tem gastos
maiores que uma organização que só vende à vista. Portanto, tais gastos devem ser repassados ao preço do produto. A forma de se repassar tais gastos ao preço é a utilização de uma taxa de juros para as vendas a prazo. SPC: o Serviço de Proteção ao Crédito é um serviço prestado no Brasil pela empresa SPC Brasil, para entidades que queiram saber a situação de adimplência e inadimplência de pessoas físicas ou jurídicas em uma relação de negócios. (http://pt.wikipedia.org). Serasa: é uma empresa brasileira que presta serviços de informações para decisões de crédito. Presta serviços dentro do Brasil e em outros países, por meio de parcerias com outras empresas de informações. (http://pt.wikipedia.org). FONTE: BANCO DE IMAGENS DA EDITORA COC - ID: 188001.
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No caso das Entidades Educacionais privadas, normalmente, não são utilizadas taxas de juros para o pagamento das mensalidades. Porém, para evitar problemas futuros com inadimplência, pode-se oferecer um desconto para os alunos que paguem o valor integral do curso em uma única parcela (anual), ou mesmo em duas (semestral). Deve-se calcular o valor do curso anual colocando-se uma margem de lucro mais alta, que permita que se dê o desconto caso o aluno faça o pagamento anual ou semestral. Ao se colocar uma margem de lucro mais alta nos preços dos cursos, as Entidades Educacionais privadas ficam com uma margem de segurança financeira, possibilitando que arquem com possíveis casos de inadimplência.
5.3 Análise de crédito Após uma organização definir as características dos elementos que compõem sua política de crédito, deve definir como será seu processo de análise de crédito. Santos (2003) comenta que o objetivo do processo de análise de crédito é o de averiguar se o cliente possui idoneidade e capacidade financeira para amortizar a dívida. Caso o processo de análise de crédito seja eficaz, a lucratividade da organização aumentará, pois serão reduzidas as perdas com clientes que se tornam insolventes (não conseguem quitar sua dívida). Isto ocorre pelo fato de tais clientes não terem seus créditos aprovados. Entre as técnicas utilizadas para se realizar uma análise de crédito, a mais utilizada pelas organizações é chamada de análise subjetiva. De acordo com Santos (2003), a análise subjetiva, ou caso a caso, é baseada na experiência adquirida pelos analistas de crédito, no conhecimento técnico no bom-senso e na disponibilidade de informações (internas e externas) que possibilitem diagnosticar se o cliente possui idoneidade e
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capacidade de gerar receita para honrar o pagamento do crédito concedido. A análise subjetiva consiste na coleta de dados do cliente que está pleiteando o crédito. Posteriormente, os dados serão avaliados pelo analista de crédito e a venda a prazo será liberada ou não. Caso o crédito seja liberado, o analista deve estipular, dentro dos parâmetros da política definida pela organização, as características do crédito liberado: limite, taxa de juros, prazo e garantia. Como as pessoas físicas (pessoas) e jurídicas (organizações) possuem características diferentes, os processos de análise de crédito para analisá-las são diferentes. Para que você conheça um
A profundidade de uma análise de crédito está diretamente relacionada ao valor que está sendo pleiteado. Quanto maior o valor, maior a profundidade da análise. Você pode verificar tal diferença ao observar os processos bancários de análise para concessão de cheque especial e financiamento habitacional. O processo de análise para o cheque especial é bem mais simples, pois o valor a ser liberado é bem menor.
modelo, apresentaremos as etapas de um processo de análise de crédito para pessoas físicas: 1ª) Análise de Idoneidade: sugere-se que seja a primeira informação averiguada. Caso o cliente não apresente informações negativas, ou tenha
regularizado
as
restrições
existentes,
as
demais
informações deverão ser coletadas. As informações sobre a idoneidade do cliente podem ser obtidas por intermédio de organizações de proteção ao
crédito,
tais como o Serasa e o SPC; 2ª) Análise Cadastral: refere-se à análise de dados de identificação dos clientes, tais como: escolaridade, estado civil, idade, número de dependentes, tipo de moradia (própria ou alugada), tempo no emprego atual etc; 3ª) Análise Financeira: consiste na identificação da renda do cliente e posterior análise de compatibilidade com o crédito que está sendo
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pleiteado. Normalmente, o valor da parcela mensal do crédito não deve ultrapassar 30% da renda total do cliente. A fonte mais usual para determinação da renda do cliente é o demonstrativo de pagamento (holerite); 4ª) Análise de Relacionamento: baseia-se em informações sobre o caráter do cliente e seu relacionamento com o mercado de crédito. Tais informações podem ser obtidas em instituições financeiras (referências bancárias), em outras organizações com as quais o cliente se relaciona (referências comerciais) e com pessoas físicas (referências pessoais). 5ª) Análise Patrimonial: é importante que os credores obtenham informações sobre o patrimônio dos clientes, para que possam vinculá-lo em contratos de crédito, sempre que constatarem aumento de risco e/ou julgarem necessário. O patrimônio de uma pessoa física pode ser obtido por intermédio da declaração do imposto de renda ou de documentos que comprovem a posse de um bem (documento de um veículo ou escritura de um imóvel); 6ª) Análise do Negócio: quando pessoas físicas têm suas rendas extraídas de atividade empresarial, liberal ou autônoma, os analistas de crédito devem coletar informações (cadastrais, de idoneidade e financeiras) do negócio e de seus gestores. A análise do negócio é importante para que se verifique se a renda obtida pela pessoa física tem perspectivas de continuidade ou pode cessar a qualquer momento. Exemplo: uma pessoa que trabalhe em um segmento de mercado que esteja em crise pode perder o emprego a qualquer momento e vir a se tornar inadimplente.
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5.4 Pontuação de crédito (Credit Score) Pudemos observar no subitem anterior que o primeiro passo no processo de análise de crédito é a coleta de dados do cliente. Posteriormente, para cada um dos dados coletados, devemos atribuir uma nota. Quanto maior a nota atribuída, menor a chance de o cliente vir a se tornar insolvente (não pagar a dívida). Ao final deste procedimento, ao se atribuir um “peso” para cada nota e somá-las, cada cliente terá uma pontuação de crédito (também conhecida como credit score). O “peso” é atribuído para cada uma das notas porque alguns dados são considerados mais importantes que outros (para dados mais importantes é atribuído um peso maior). Segundo Gitman (2003), a pontuação final de crédito é tirada de uma média ponderada de notas obtidas em características-chave financeiras e de crédito. Cada organização deve definir internamente as notas e os pesos para cada um dos dados coletados dos clientes, pois, segundo Matias (2007), os sistemas de credit score são únicos porque são baseados em experiências individuais dos credores com seus clientes. Para desenvolver um sistema de notas e pesos, a organização deve escolher uma amostra aleatória de seus clientes e analisá-la estatisticamente, visando a identificar os dados que poderão ser utilizados para demonstrar credibilidade. Para ilustrar um sistema de credit score, recorre-se ao exemplo apresentado por Megliorini e Da Silva (2009), o qual contempla as seguintes variáveis com as respectivas pontuações, pesos e pontuação de crédito:
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QUADRO 1. MODELO DE CREDIT SCORE
VARIÁVEIS
PONTUAÇÃO
PESO
PONTUAÇÃO PONDERADA
Tempo de
40
30%
12
60
20%
12
Imóvel próprio
100
20%
20
Histórico de
80
30%
24
100%
68
atividade Faturamento mensal
pagamentos TOTAL FONTE: MEGLIORINI E DA SILVA (2009)
Conforme diretrizes da organização, para cada variável é atribuída uma pontuação que varia entre 0 e 100. Os pesos de cada variável são ponderados pela pontuação a ela atribuída, o que determina a pontuação final do cliente. O total de pontos é confrontado com os padrões de crédito da organização, definindo-se, então, o limite de crédito do cliente, ou negando o crédito a ele. Os padrões de crédito da organização são:
Até 50 pontos: negado o crédito;
Entre 51 e 70 pontos: aprovado o crédito até um valor máximo estipulado pela diretoria da organização;
Acima de 71 pontos: concedido crédito em condições especiais. Quando a organização finaliza o processo, cada cliente terá sua
pontuação de crédito (credit score). É importante ressaltar que, em tese, quanto maior a pontuação obtida, menor será a probabilidade do cliente se tornar insolvente.
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5.5 Classificação de créditos (Rating) Depois de definir as pontuações de crédito de cada um de seus clientes, a organização deve classificá-los, levando em conta o risco de insolvência que apresentam. Tal procedimento é mais conhecido no mercado como rating. Utilizando o exemplo de credit score que apresentamos (vide Quadro 1), a organização poderia elaborar a seguinte classificação de seus clientes (rating): QUADRO 2. MODELO DE RATING DE CLIENTES.
PONTUAÇÃO
CLASSIFICAÇÃO DO
PONDERADA
CLIENTE
91 A 100
A
81 A 90
B
71 A 80
C
61 A 70
D
51 A 70
E
0 A 50
F
A elaboração da classificação dos clientes é muito importante para as organizações, pois permite que forneçam condições melhores de crédito àqueles que apresentem menores riscos de insolvência. Observando o Quadro 2 e conhecendo os padrões de crédito da organização apresentados no subitem anterior, você pode constatar que os clientes classificados como “F” teriam o crédito negado, podendo comprar somente à vista. Por outro lado, para os clientes classificados como “A” podem ser oferecidas taxas de juros menores, limites de crédito e prazos de pagamento maiores.
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Segundo Santos (2003), os ratings são opiniões sobre a capacidade futura dos devedores de efetuarem, dentro do prazo, o pagamento do principal e dos juros de suas obrigações. Assim, refletem o conjunto de observações e percepções de risco das agências especializadas, e não devem, em hipótese alguma, ser utilizados isoladamente como parâmetro para justificar decisões em propostas de crédito, investimentos em títulos de renda variável, transações financeiras estruturadas etc. Santos (2003) também lembra que, uma vez publicado o rating, este permanecerá sob constante monitoramento do “classificador”, que tem a prerrogativa de ir ao mercado para informar aos investidores acerca de eventuais alterações no risco percebido. Os sistemas de ratings estão sujeitos a variações qualitativas, influenciadas, entre outros, pelos seguintes aspectos: competência técnica e experiência dos avaliadores, metodologia de mensuração de riscos empregada; modelo de coleta, qualidade e confiabilidade das fontes de informações utilizadas no desenvolvimento da análise.
5.6 Política de cobrança Por melhor que seja o processo de análise de crédito de uma organização, com certeza existirão clientes que não pagarão sua dívida na data do vencimento. Portanto, além de se definir uma política de crédito, é imprescindível que também seja definida uma política de cobrança, ou seja, um conjunto de parâmetros, regras e procedimentos que a organização utilizará para cobrar os clientes que não quitam sua dívida na data correta. De acordo com Matias (2007), existem cinco tipos de comportamento de pagamento por parte dos clientes:
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Pagamento antecipado: o cliente prefere honrar antecipadamente seu débito, quer para evitar perder o dia do pagamento, quer para tentar obter descontos;
Pagamento na data do vencimento: esta é a situação mais comum*;
Pagamento com atraso: parte dos clientes atrasa o pagamento de seus compromissos, sendo alguns de forma eventual e outros de forma contínua;
Pagamento com renegociação: constituem-se em clientes com maior dificuldade para pagamento, que acabam por renegociar seus débitos junto ao credor. Consideram-se, aqui, atrasos entre 31 e 180 dias;
Não pagamento: constitui-se na perda de crédito. Consideram-se, aqui, atrasos superiores há 180 dias, que passam a fazer parte de ações judiciais para recuperação do crédito. Em decorrência dos cinco tipos de comportamento de pagamento,
os clientes podem ser classificados em três grupos: a) Adimplentes: são clientes que pagam em dia ou antecipadamente, ou seja, aqueles que
não
apresentam
nenhuma
obrigação “em aberto” com a organização; b) Inadimplentes: são clientes que pagam com atraso de até 30 dias;
*Dados de instituições financeiras do período de 2000 a 2004 indicam que, em média, os adimplentes representam em torno de 85% dos clientes, os inadimplentes cerca de 11%, e os insolventes, aqui entendidos como os que não pagam há mais de 180 dias, cerca de 4%. (MATIAS, 2007).
c) Insolventes: são clientes que estão em fase de renegociação de dívidas vencidas há mais de 31 dias. A recuperação de créditos é o grande objetivo do processo de cobrança e pode ser classificada 92
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Gestão Educacional – Unidade 5
como amigável (acordo entre as partes) ou judicial (envolve uma ação na justiça). A renegociação de dívidas pode ser classificada como uma técnica amigável para recuperação de créditos e, segundo Matias (2007), é o meio mais tranquilo e seguro para que credor e devedor, juntos, façam uma composição adequada, em que possam ser estabelecidos novos valores e prazos para pagamento, assim como garantias. É a medida mais saudável em um contexto de inadimplência, pois ambas as partes acordam para a legítima liquidação da dívida. A renegociação, que pode ser feita por intermédio do telefone ou pessoalmente, é uma técnica muito importante, porém, não é o primeiro passo a ser dado no processo de cobrança. Gitman (2003) apresenta diversas outras técnicas de cobrança, lembrando que à medida que uma conta se torna cada vez mais vencida, o esforço de cobrança deve se tornar cada vez mais pessoal e mais intenso. Diante dessa afirmação, você pode concluir que as técnicas de cobrança devem ser utilizadas dentro de uma sequência lógica. Abaixo, são listadas sugestões de algumas técnicas de cobrança, apresentadas dentro da ordem na qual devem ser utilizadas: 1º) Cartas: após um certo número de dias, a organização envia uma carta educada lembrando ao cliente de sua conta vencida. Se a conta não é paga dentro de certo período após o envio da carta, uma segunda carta mais exigente é enviada, podendo conter um aviso de possível inclusão do nome do cliente em Instituições de Proteção ao Crédito (ex: Serasa) caso a conta não seja paga até certa data; 2º) Telefonemas: se as cartas não surtirem o efeito desejado, um telefonema pode ser feito para o cliente, solicitando o pagamento imediato. Caso o cliente tenha uma desculpa razoável, um acordo pode ser feito para estender o período do pagamento. Um
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telefonema do advogado do credor pode ser usado se todas as outras discussões parecerem não ter sucesso; 3º) Visitas pessoais: essa técnica é muito mais comum ao nível de crédito ao consumidor, mas também pode ser empregada por fornecedores da indústria. Enviar um vendedor local ou um cobrador para confrontar o cliente pode ser muito eficiente. O pagamento pode ser feito no local; 4º) Empresas de cobrança: uma organização pode levar suas contas não-cobradas para uma empresa de cobrança ou para um advogado. As taxas para esses serviços são um tanto altas e a organização pode receber menos que 50 centavos sobre a unidade monetária de uma conta cobrada dessa forma; 5º) Ação judicial: é o passo mais rigoroso no processo de cobrança. É uma alternativa para o uso da empresa de cobrança. Não apenas sua ação legal direta é cara, mas pode forçar o devedor a ir à falência, por conseguinte, reduzindo a possibilidade de um futuro negócio sem garantir ao final o recebimento do montante vencido. Empresas de cobrança: caso a empresa não queira estruturar um departamento de cobrança, pode terceirizar tal serviço para empresas especializadas nesta atividade, concentrando-se, dessa forma, somente em sua atividade principal, que é produzir e vender seu produto ou serviço. FONTE: BANCO DE IMAGENS DA EDITORA COC - ID: 188004.
Cada organização deve definir sua política de cobrança de acordo com as características de seu negócio e de seus clientes. Portanto, os prazos para se colocar em prática as técnicas de cobrança podem variar. Weston e Brigham (2000) sugerem, por exemplo, que uma carta 94
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amigável pode ser enviada aos clientes quando uma conta venceu há dez dias; uma carta mais severa, seguida de um telefonema, pode ser enviada se o pagamento não é recebido dentro de 30 dias; e a conta pode ser entregue a uma empresa de cobrança após 90 dias. Atividades Para que você possa revisar os conceitos teóricos apresentados, responda às seguintes questões: 1°) Quais são os dois problemas gerados quando uma organização vende a prazo para seus clientes? Cite e comente o que pode ser feito para amenizar tais problemas. 2°) O que é credit score e rating? É possível utilizarmos tais “instrumentos” em Entidades Educacionais? Por quê? 3°) As organizações podem ter problemas de insatisfação com seus clientes caso não utilizem as técnicas de cobrança dentro de uma seqUência lógica? Por quê?
5.7 Reflexão Política de crédito é o conjunto de parâmetros, regras e procedimentos utilizados por uma organização para fornecer crédito aos seus clientes, devendo ser composta pelos seguintes elementos: padrões de crédito, prazo de crédito, descontos financeiros, limite de crédito, taxas de juros e garantias. Análise de crédito é o processo de averiguação da idoneidade e da capacidade financeira dos clientes de uma organização, visando verificar se possuem condições para amortizar a dívida que estão querendo contrair. Utilizando os dados obtidos por intermédio da análise de
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crédito, a organização deve definir as pontuações de crédito (credit score) de cada um de seus clientes. Posteriormente, deve classificá-los (rating), levando em conta o risco de insolvência que apresentam. A elaboração da classificação dos clientes (rating) é muito importante para as organizações, pois permite que forneçam condições melhores de crédito àqueles que apresentem menores riscos de insolvência. Política de cobrança é o conjunto de parâmetros, regras e procedimentos utilizados por uma organização para cobrar os clientes que não quitam sua dívida na data correta. As técnicas de cobrança devem ser utilizadas seguindo uma ordem lógica, ou seja, à medida que uma conta se torna cada vez mais vencida, a organização deve passar a utilizar técnicas cada vez mais pessoais e mais intensas. Cada organização deve definir sua política de cobrança de acordo com as características de seu negócio e de seus clientes. Portanto, os prazos para se colocar em prática as técnicas de cobrança podem variar.
5.8 Leitura recomendada Sugere-se a leitura do artigo discriminado na sequência: Título do artigo: Medidas abusivas do profissional de cobrança Autor: Denis Siqueira Fonte: www.creditoecobranca.com
5.9 Referências ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.
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GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2º ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. MATIAS, Alberto Borges (coordenador). Finanças corporativas de curto prazo: a gestão do valor do capital de giro. São Paulo: Atlas, 2007. MEGLIORINI, Evandir, DA SILVA, Marco Aurélio Vallim Reis. Administração Financeira: uma abordagem prática. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 12º ed. São Paulo: Atlas, 1998. SANTOS, José Odálio dos. Análise de Crédito: empresas e pessoas físicas. 2º ed. São Paulo: Atlas, 2003. WESTON, J. Fred e BRIGHAM, Eugene F. Fundamentos da Administração Financeira. São Paulo: Makron Books, 2000.
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ORÇAMENTO EMPRESARIAL Na Unidade 6, você aprenderá o conceito e as principais características do orçamento empresarial, assim como sua utilização como um instrumento de planejamento e controle. Além disso, conhecerá os princípios, as vantagens e as limitações da utilização do orçamento nas organizações. Ao final da Unidade 6, teremos contato com um método de elaboração do orçamento empresarial.
Objetivos da sua aprendizagem Conhecer o conceito e as características do orçamento elaborado por uma organização, assim como os motivos pelos quais o orçamento empresarial é considerado um instrumento de planejamento e controle. Ter contato com as orientações, atividades e abordagens administrativas desejáveis para a devida utilização do orçamento empresarial, assim como suas vantagens e limitações. Ao final da Unidade, irá aprender um método para implantação de um programa de orçamento.
Você se lembra? Você se lembra de ter ouvido falar em orçamento? Será que sabe o que o orçamento realmente significa para as organizações? Nesta unidade, você terá oportunidade de conhecer este antigo e importante instrumento de gestão empresarial. Vamos então conhecê-lo! Bons estudos!
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6.1 Conceito e características Segundo o dicionário “Aurélio”, a palavra orçamento tem dois significados: 1. Ato ou efeito de orçar; avaliação; 2. cálculo da receita e dos gastos. No dia a dia, a grande maioria das pessoas conhece e utiliza a palavra orçamento com o sentido de cotação de preços. Por exemplo, a esposa e o marido estão fazendo um orçamento para compra de um novo aparelho de DVD, ou seja, estão cotando preços para adquirir um novo eletroeletrônico. Para a ciência da Administração, a palavra orçamento é mais utilizada para designar o cálculo das receitas e gastos de uma organização, ou seja, com seu segundo significado. Portanto, quando ouvimos que uma organização está fazendo seu orçamento, significa que ela está projetando suas receitas e gastos para o futuro e não simplesmente fazendo uma cotação de preços. De acordo com Lunkes (2009), o orçamento empresarial pode ser definido como um plano dos processos operacionais para um determinado período. Tal autor afirma que o orçamento é uma forma representativa dos objetivos econômico-financeiros a serem atingidos por uma organização, expresso por meio da formalização das projeções de suas receitas e gastos. Para se fazer as projeções, deve-se definir uma unidade de tempo.
Orçamento empresarial é a projeção de receitas e gastos que uma organização elabora para um determinado período de tempo.
Quando o orçamento é elaborado por uma organização, normalmente, a unidade de tempo utilizada é o ano, subdividido em meses. Por exemplo, quando um ano está terminando, faz-se a projeção de receitas e 99
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gastos para todos os meses do ano que irá iniciar. As origens da utilização do orçamento são antigas e estão no setor público. Dentre as leis da constituição inglesa, escrita em 1689, encontrase uma que estabelecia que o poder executivo (rei e primeiro-ministro) só poderia cobrar certos impostos ou gastar recursos mediante a autorização do poder legislativo (Parlamento). Lunkes (2009) afirma que o primeiro-ministro levava ao parlamento os planos de gastos envoltos em uma grande bolsa de couro, cerimônia que passou a ser chamada de opening the budget, ou abertura da bolsa. Naquela época, na língua inglesa, a palavra budget significava somente “bolsa grande”. A partir de 1800, a palavra budget foi incorporada ao dicionário inglês com o significado de orçamento. De acordo com Zdanowicz (1983), apud Lunkes (2009), em organizações privadas, o primeiro registro de utilização do orçamento foi em 1919, pela empresa Du Pont, nos Estados Unidos. No Brasil, apesar do orçamento passar a ser foco de estudos a partir de 1940, somente atingiu seu apogeu a partir de 1970, quando empresas passaram a adotálo com mais frequência em suas atividades. Atualmente, a grande maioria das empresas de grande porte utiliza o orçamento como instrumento de planejamento e controle de suas atividades. Infelizmente, por outro lado, as empresas de micro e pequeno porte, principalmente por falta de conhecimento, não o utilizam.
6.2 Instrumento de planejamento Na apresentação de sua obra, Sanvicente e Santos (1983) defendem a ideia de que o orçamento é um instrumento de planejamento das atividades de uma organização. Antes de concordarmos com tal afirmação, é bom definir o que significa a palavra “instrumento”.
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Educação
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Recorrendo novamente ao dicionário “Aurélio”, a palavra instrumento significa: o recurso empregado para se alcançar um objetivo. Diante dessa definição, lembrando que o principal objetivo das organizações é o lucro, podemos concordar com os autores e considerar o orçamento como um instrumento de planejamento empresarial, pois, ao se projetarem as receitas e os gastos, podemos obter também uma projeção de lucro. Dessa forma, por intermédio do orçamento, é feito um planejamento econômico-financeiro para se atingir o lucro desejado no ano seguinte. É importante ressaltarmos que mesmo as organizações juridicamente registradas como sem fins lucrativos, como a maioria das Entidades Educacionais, devem objetivar o lucro, pois, do contrário, seus gastos serão
Lembre-se que por intermédio do orçamento empresarial, defini-se: Projeção das receitas – projeção dos gastos = projeção do lucro Lucro = objetivo das organizações
maiores que suas receitas, fazendo com que nunca atinjam a autossuficiência financeira. Caso obtenham lucro, ele deverá ser direcionado à implantação de projetos de investimento na própria atividade que exercem. Como o orçamento é projetado para o período de um ano, trata-se de um instrumento de planejamento de curto prazo. Devido ao aumento da concorrência, que se acentuou nas últimas décadas, ocasionado, entre outros motivos, pelo processo
de
globalização, as organizações não devem fazer somente um planejamento de curto prazo. Torna-se necessário também fazer um planejamento de longo prazo, mais conhecido como planejamento estratégico. Lunkes (2009) comenta que o planejamento estratégico é definido para um período longo de tempo, normalmente de cinco ou mais anos, e deve abranger três principais pontos: 1º) decidir para onde a organização
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vai; 2º) avaliar o ambiente dentro do qual ela operará; e 3º) desenvolver estratégias para alcançar os objetivos definidos. Diante dessas considerações, Sanvicente e Santos (1983) lembram que deve ser o planejamento de longo prazo (estratégico) que deve fornecer as premissas (orientações básicas) para se dar início ao planejamento de curto prazo (orçamento).
6.3 Instrumento de controle Além de Sanvicente e Santos (1983) defenderem a ideia de que o orçamento é um instrumento de planejamento das atividades de uma organização, também o ressaltam como um instrumento de controle. Para que o orçamento seja utilizado como um instrumento de controle, basta que, por meio de relatórios gerenciais (vide Tabela 1), as projeções sejam comparadas com os resultados efetivamente obtidos. Ao analisar os relatórios gerenciais, Frezatti (2007) destaca que os gestores devem identificar se as metas foram alcançadas, quais foram as variações encontradas, analisar, entender as causas da variação e decidir ações que ajustem as metas no futuro ou que permitam manter aquelas que foram decididas.
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TABELA 1: COMPARAÇÃO ENTRE O ORÇADO E O REALIZADO DO TOTAL DA RECEITA
Orçado
Preço
Realizado
Norte Sul
Total Norte
20,00
25,00
22,73
50
60
1.000
1.500
Variação
Sul
Total
Norte Sul
Total
17,00
27,45
22,27
- 3,00 2,45
-0,46
110
56
57
113
6
-3
3
2.500
952
1.565
2.517
-
65,00
17,00
($) Quant. (unid.) Total Receita($)
48,00
FONTE: FREZATTI (2007, P. 92).
As afirmações de Frezatti (2009) podem ser constatadas na prática com a análide atenta da Tabela 1. Entre as análises que poderiam ser feitas, posso destacar duas principais a você: 1º) o preço orçado para o produto no Sul está “subestimado” ($ 25,00), pois, por um preço $ 2,45 acima ($ 27,45), chegou-se muito próximo da meta orçada (faltaram apenas 3 unidades). A situação no Sul está mais confortável, pois a meta de receita foi superada em $ 65,00; 2º) o preço para o produto no Norte está “superestimado” ($ 20,00), pois a meta só foi superada (foram vendidas 6 unidades a mais) cobrando-se um preço $ 3,00 abaixo do orçado ($ 17,00). A situação no Norte requer atenção, pois a meta de receita ficou $ 48,00 aquém do orçado. Retomando a idéia de que o orçamento é um instrumento de controle das atividades de uma organização, Padoveze e Taranto (2009) comentam que ele também pode ser utilizado como um sistema de autorização de gastos, ou seja, existindo verbas aprovadas no orçamento, os gestores de cada departamento não precisam pedir autorização à alta 103
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administração para utilizá-las. Este tipo de procedimento é muito importante para agilizar o processo decisório dos departamentos e liberar a alta administração para tomar decisões estratégicas, ao invés de ficar envolvida com questões operacionais. QUADRO 1: ANÁLISE DE RELATÓRIOS GERENCIAIS
Importante: normalmente, ao analisar relatórios de controle, a alta administração das organizações somente se preocupa em identificar as metas que não foram atingidas, com o objetivo de definir novas estratégias para contornar o problema, penalizando os indivíduos ou departamentos que não atingiram tais metas. Dica: além disso, a alta administração também deve analisar as metas que foram superadas, para identificar e disseminar, por toda a organização, as estratégias de sucesso formuladas por
um
determinado
indivíduo
ou
departamento,
valorizando-os. Para finalizar o tema que está sendo tratado neste item, é importante destacar que alguns gerentes condenam a utilização do orçamento como instrumento de controle, pois alegam que ele “engessa” o funcionamento das organizações. Esta crítica é feita utilizando-se o seguinte argumento: os gerentes só podem gastar os valores orçados para cada conta e, caso surjam eventualidades emergenciais, os gastos não poderão ser alterados. O argumento apresentado pode ser facilmente derrubado, caso a alta administração dê autonomia para os gerentes remanejarem os valores orçados para seus departamentos. O orçamento é remanejado quando o gerente retira verba de uma determinada conta e repassa para outra, desde que o gasto total de seu departamento não “estoure” o valor orçado. 104
Educação
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6.4 Princípios para a implantação Como
já
se
pôde
observar,
Em um determinado mês, por exemplo, caso o gerente verifique que os gastos com manutenção corretiva irão ultrapassar o valor orçado, deverá reduzir os gastos com outras contas (energia elétrica, treinamento etc), remanejando o valor economizado para a conta “manutenção corretiva”.
o
orçamento é um importante instrumento para
as
organizações
planejamento
de
elaborarem
curto
seu
prazo
e,
posteriormente, verificar se ele está sendo atingido (controle). Porém, as vantagens que uma organização pode obter, ao implantar um programa orçamentário, só serão efetivamente obtidas caso sejam seguidos alguns princípios. Segundo
Welsch
(1996),
estes
princípios
representam
orientações, atividades e abordagens administrativas desejáveis e necessárias em uma organização, para a aplicação apropriada, por intermédio de um programa orçamentário, do conceito de planejamento e controle de resultados. Entre os princípios apresentados por tal autor, pode-se destacar:
Envolvimento da Alta Administração: os funcionários
só levarão o orçamento a sério e se comprometerão com o processo caso a alta administração demonstre sua importância e os cobrem constantemente;
Sistema de Custeio bem definido: o sistema contábil
deve ser organizado de acordo com a estrutura de responsabilidades da organização, para que se saibam os gastos reais de cada um dos departamentos;
Comunicação Integral: o processo de comunicação na
organização deve ser ágil e eficiente (em relação aos equipamentos
105
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de informática) e participativo e sem barreiras (em relação às pessoas: chefes x subordinados);
Expectativas Realistas: na definição das metas de receitas e de gastos, deve ser evitado tanto o conservadorismo exagerado (metas fáceis geram acomodação) quanto o otimismo irracional (metas extremamente difíceis geram stress acentuado);
Destacar Diferenças Significativas: na comparação entre “orçado x realizado” devem
ser analisadas apenas as diferenças
significativas; do contrário, os chefes perderão muito tempo analisando distorções insignificantes. Portanto, sugere-se que sejam estipuladas “faixas de tolerância”;
Participação nos lucros: o comprometimento e o envolvimento dos funcionários serão muito mais significativos caso a organização desenvolva um programa de distribuição de resultados associados ao
cumprimento
das
metas,
tanto
individuais
quanto
departamentais, ou seja, deve-se reconhecer o esforço individual dos funcionários e também do departamento do qual fazem parte.
6.5 Vantagens e limitações Caso os princípios destacados sejam seguidos, a utilização do orçamento pode trazer inúmeros benefícios e vantagens para uma organização. Entre os mais significativos, Sanvicente e Santos (1983) destacam os seguintes:
Integração dos funcionários e dos departamentos: por meio de uma integração de diversos orçamentos parciais em um único orçamento global, o processo orçamentário força todos os membros da administração a fazerem planos de acordo com os planos de 106
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outras unidades da organização, aumentando o seu grau de participação na fixação de objetivos;
Quantificação dos objetivos: o processo orçamentário obriga os administradores a quantificarem e datarem as atividades pelas quais serão responsáveis, em lugar de se limitarem a compromissos com metas ou alvos vagos ou imprecisos;
Delegação de poderes: o processo orçamentário reduz o envolvimento dos administradores de alto escalão com as operações diárias, por intermédio da delegação de poderes e de autoridade que se refletem nos orçamentos das diferentes unidades ou departamentos da organização;
Avaliação detalhada do desempenho: o processo orçamentário permite identificar pontos de eficiência ou ineficiência no desempenho
das
unidades
ou
departamentos,
permitindo
acompanhar em que termos está havendo progresso no sentido da consecução dos objetivos gerais e parciais da organização;
Racionalização dos recursos: a preparação de um orçamento para toda a organização tende a melhorar a utilização dos recursos a ela disponíveis, bem como ajustá-los às atividades consideradas prioritárias, para que sejam alcançados os seus objetivos. Apesar dos benefícios e vantagens que podem ser gerados, Welsch
(1996) ressalta que durante o processo de preparação e utilização do orçamento empresarial, algumas limitações devem ser levadas em conta:
O plano de resultados baseia-se em estimativas: a força ou fraqueza de um processo orçamentário depende em grande parte da precisão com que as estimativas básicas são feitas. As estimativas devem apoiar-se em todos os fatos conhecidos e em julgamentos 107
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pessoais adequados. O processo de estimação das receitas e dos gastos pode não ser uma ciência exata; entretanto, existem numerosas técnicas estatísticas, matemáticas e outras que podem ser aplicadas eficazmente aos problemas encontrados, chegando-se a resultados satisfatórios se elas forem combinadas com raciocínios e julgamentos adequados. Caso se acredite que essas estimativas possam ser feitas em bases realistas, um esforço sério geralmente deverá produzir resultados satisfatórios. Como o plano de lucros baseia-se inteiramente em estimativas e julgamentos, é essencial haver flexibilidade na interpretação e utilização dos resultados;
Adaptação
às
circunstâncias
existentes:
um
processo
orçamentário em termos amplos não pode ser aplicado e aperfeiçoado em pouco tempo. As técnicas de planejamento e controle de resultados devem ser continuamente adaptadas, não só para cada organização, mas também em função de novas circunstâncias surgidas dentro da mesma organização. Diversas técnicas devem ser experimentadas, aperfeiçoadas ou abandonadas e substituídas por outras. Em outras palavras, um programa de planejamento e controle de resultados deve ser dinâmico em todos os sentidos. Normalmente, levará mais de um ano para se chegar a um programa razoável, e a administração não deverá ter expectativas muito elevadas durante esse período. É necessário haver uma educação orçamentária contínua, principalmente durante esse período de formação;
A execução do orçamento não é automática: uma vez concluído, um plano só poderá se tornar eficaz quando todos os executivos responsáveis o apoiarem e exercerem esforços continuados e agressivos no sentido de sua execução. Os chefes de departamento devem sentir-se responsáveis pela consecução ou superação dos
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Educação
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objetivos departamentais estabelecidos no plano de resultados. Uma conscientização constante em relação ao orçamento é necessária em toda a organização. Todos os níveis hierárquicos devem entender muito bem o programa, estar convencidos de sua relevância para as suas respectivas funções e participar de maneira significativa em sua execução.
6.6 Método de elaboração Após confrontar e analisar as limitações e as vantagens de um programa de orçamento, esperamos que esteja convencido de que se trata de um excelente instrumento para planejar e controlar as atividades de uma organização. Suponha agora que você fosse o presidente de uma grande organização e, após ter assistido a uma palestra sobre orçamento, tivesse decidido implantá-lo em sua empresa. Apesar de estar convencido de sua importância, sua grande dúvida seria: por onde devo começar? Logicamente, todo instrumento deve ser utilizado da maneira correta, do contrário, não trará os benefícios pretendidos. Portanto, o objetivo desse item da apostila é apresentar uma sugestão de método para implantação de um programa de orçamento. O primeiro passo para sanar sua dúvida seria definir qual o departamento da empresa ficará responsável pela implantação e controle do orçamento. Como o Departamento Financeiro lida com os recursos financeiros, será, logicamente, o responsável pela implantação e controle do orçamento. É importante lembrar que em organizações de grande porte, o Departamento Financeiro é subdividido em duas áreas: Controladoria e Tesouraria (vide subitem 1.5 da apostila). O departamento financeiro de uma organização de grande porte é gerido pelo Diretor Financeiro. Subordinados a ele estão o Controller,
109
Educação
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responsável pela Controladoria, e o Gerente Financeiro, responsável pela Tesouraria. A Controladoria é a área que assessora a Tesouraria e a Alta Administração, fornecendo controles e informações para a gestão da organização. A Tesouraria é a área onde os recursos financeiros ingressam, são utilizados por intermédio do pagamento das contas e aplicados em investimentos internos ou externos. Diante das funções definidas para a Controladoria, constata-se que cabe a ela a implantação e o controle do orçamento. Em organizações de grande porte, a controladoria é dividida em quatro outras áreas, sendo uma delas chamada de Orçamento, a qual será responsável pela condução de todo o processo orçamentário. É importante ressaltar que a Controladoria é responsável por conduzir o processo; não fazê-lo sozinho. Na verdade, cada um dos departamentos deverá fazer seus orçamentos de gastos, lembrando que o departamento comercial, além de orçar seus gastos, deverá elaborar a projeção de receitas, ou seja, o orçamento de vendas. Sugere-se que o processo de elaboração de um orçamento empresarial deva começar dois ou três meses antes do início de um novo exercício contábil. Sua condução e operacionalização, realizada pela área de Orçamento, deve seguir as seguintes etapas: 1) A área de Orçamento solicita ao
Em grandes organizações, existe uma área chamada Orçamento, ligada à Controladoria, que fica responsável pela condução do processo orçamentário
departamento comercial a projeção anual de vendas (quantidades e preços de cada um dos produtos ou serviços);
110
Educação
Gestão Educacional – Unidade 6
2) A projeção de vendas é repassada aos outros departamentos, para que eles a utilizem como base para projetar seus gastos anuais. Exemplo: o departamento de compras só poderá projetar os gastos com aquisição de uniformes após saber quantos alunos a Entidade Educacional terá durante o ano, ou seja, tendo em mãos a projeção de vendas de cursos; 3) Utilizando-se as projeções de receitas e de gastos, o departamento de orçamento elabora a projeção da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) para o ano seguinte; OBS: A DRE é um demonstrativo contábil que será apresentado e explicado na próxima unidade da apostila. 4) A DRE projetada é levada à Alta Administração para aprovação. Mudanças
podem
ser
sugeridas
e
negociadas
com
os
departamentos; 5) Após este processo de “lapidação”, a projeção da DRE é aprovada pela Alta Administração e os orçamentos são distribuídos aos departamentos, ou seja, o departamento comercial passa a saber quanto deverá vender durante o ano que irá se iniciar, assim como os outros departamentos saberão quanto poderão gastar; 6) A execução dos orçamentos pelos departamentos é acompanhada pela área de Orçamento durante todo o exercício contábil. Atividades Para que você possa revisar os conceitos teóricos apresentados, responda às seguintes questões: 1°) No estudo da administração, as palavras orçamento e cotação de preços têm o mesmo significado? Comente.
111
Educação
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2°) O orçamento empresarial pode ser considerado um instrumento de planejamento e controle das atividades de uma organização? Comente. 3°) As organizações devem adotar alguns princípios antes de iniciar a elaboração de seu processo orçamentário? Por quê? 4°) Caso fosse diretor executivo de uma organização, você implantaria um processo orçamentário para gerenciá-la? Comente sua resposta abordando as vantagens e limitações que tal instrumento financeiro apresenta.
6.7 Reflexão Orçamento empresarial é a projeção de receitas e gastos que uma organização elabora para um determinado período de tempo. Atualmente, a grande maioria das organizações de grande porte utiliza o orçamento como um instrumento de planejamento e controle de suas atividades. As vantagens que uma organização pode obter, ao implantar um programa orçamentário, só serão efetivamente obtidas caso sejam seguidos alguns princípios. Tal instrumento possui limitações; portanto, deve-se ficar muito atento a elas. Em grandes organizações, existe uma área chamada Orçamento, ligada à Controladoria, que fica responsável pela condução do processo orçamentário, que é composto por seis etapas. Ao terminar de ler esta unidade da apostila, esperamos que você tenha compreendido a importância do orçamento empresarial para as organizações. Além disso, segundo Carneiro e Matias (2010), também é importante que os conceitos do orçamento empresarial sejam aplicados em sua própria vida, pois as pessoas físicas também devem elaborar seu próprio orçamento, ou seja, projetar suas receitas e gastos para o futuro.
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Educação
Gestão Educacional – Unidade 6
6.8 Leitura recomendada Sugere-se a leitura do artigo discriminado na sequência: Título do artigo: Estudo do processo orçamentário do centro de formação profissional Nilza de Oliveira Pipino de Sinop - MT Autores: Cleidiane Heck e Valdiva Rossato de Souza Fonte: www.contabilidadeamazonia.com.br
6.9 Referências CARNEIRO,
Murilo,
MATIAS,
Alberto
Borges.
Orçamento
Empresarial: teoria, prática e novas técnicas. São Paulo: Atlas, 2010. FREZATTI, Fábio. Orçamento Empresarial: planejamento e controle gerencial. 4º ed. São Paulo: Atlas, 2007. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2º ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. LUNKES, João Rogério. Manual de Orçamento. 2º ed. São Paulo: Atlas, 2009. PADOVEZE, Clóvis L., TARANTO, Fernando C. Orçamento Empresarial: novos conceitos e técnicas. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
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Educação
Gestão Educacional – Unidade 6
SANVICENTE, Antônio Zoratto; SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na Administração de Empresas: planejamento e controle. 2º ed. São Paulo: Atlas, 1983. WELSCH, Glenn Albert. Orçamento Empresarial. 4º ed. São Paulo: Atlas, 1996.
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Nessa
unidade,
apresentaremos
os
objetivos que envolvem a análise das demonstrações contábeis, assim como as fontes de dados utilizadas para elaborá-la. Além disso, mostraremos a metodologia que deve ser utilizada para se preparar tal análise e quais são seus principais usuários.
Objetivos da sua aprendizagem Conhecer os objetivos e as fontes de dados da análise das demonstrações contábeis. Saber que deve ser utilizada uma metodologia para se elaborar tal análise e que existem diversos usuários interessados em elaborá-la.
Você se lembra? Você já ouviu falar em análise das demonstrações contábeis? Será que sabe exatamente quem pode ter interesse em elaborar tal tipo de análise? Nesta unidade, você terá oportunidade de aprender estes e vários outros temas relacionados ao estudo da análise das demonstrações contábeis. Bons estudos!
Educação
Gestão Educacional – Unidade 7
7.1 Conceito De
forma
resumida,
podemos
conceituar
análise
das
demonstrações contábeis como uma técnica que nos auxilia a avaliar a situação econômico-financeira das organizações, pois fornece diversos tipos de informações financeiras aos tomadores de decisão. Esta técnica consiste na análise das demonstrações contábeis, essencialmente do Balanço Patrimonial (BP) e da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Como as demonstrações contábeis são relatórios que possuem uma grande quantidade de informações diferentes e detalhadas, a técnica conhecida por análise das demonstrações contábeis acaba por simplificar esse processo, utilizando, para isso, indicadores financeiros, os quais relacionam duas ou mais contas, a fim de facilitar a análise. Análise das Demonstrações Contábeis e Análise Financeira são a mesma coisa. Na verdade, são duas formas de se nomear o mesmo tipo de técnica. Por outro lado, não devemos chamar tal técnica de Análise de Balanços, visto que é desenvolvida por meio da utilização de outras demonstrações contábeis além do Balanço Patrimonial. A análise das demonstrações contábeis, elaborada de forma mais sistematizada e organizada,
originou-se
e
desenvolveu-se dentro do sistema bancário, que, segundo Matarazzo (2010), até hoje é seu principal usuário.
Cronologicamente,
podemos determinar sua origem ao final do século XX, quando alguns banqueiros americanos passaram a
Box Conexão Serasa Experian, ou simplesmente SERASA, é uma das maiores empresas do mundo em análises e informações para decisões de crédito e apoio a negócios, atua com completa cobertura nacional e internacional, por meio de acordos com as principais empresas de informações de todos os continentes. No Brasil, está presente em todas as capitais e principais cidades, totalizando 140 pontos estratégicos. A SERASA conta com um quadro de pessoal com mais de 2.000 profissionais e a retaguarda de um amplo centro de telemática. Para obterem maiores informações, acessem a homepage: http://www.serasaexperian.com.br.
116
Educação
Gestão Educacional – Unidade 7
solicitar dados financeiros às empresas que estavam pleiteando empréstimos.
7.2 Objetivos da análise A análise das demonstrações contábeis, segundo Assaf Neto (2010), visa a relatar, com base nas informações fornecidas pelas empresas, a posição econômico-financeira atual, as causas determinantes da evolução apresentada e as tendências futuras. Matarazzo (2010) comenta que, por meio da análise, podemos extrair informações das demonstrações contábeis para a tomada de decisões. Tais demonstrações fornecem uma série de dados sobre a empresa. A análise das demonstrações contábeis visa a transformar esses dados em informações. O processo de análise será mais eficiente à medida que as informações produzidas possuírem mais qualidade, ou seja, apresentarem confiabilidade, veracidade, exatidão etc. No processo de elaboração de uma análise das demonstrações contábeis, é muito importante que façamos a distinção entre dados e informações. Em relação a este tema, Matarazzo (2010) apresenta as seguintes definições:
Dados: são números ou descrição de objetos ou eventos que, isoladamente, não provocam nenhuma reação no leitor;
Informações:
representam,
para
quem
as
recebe,
uma
comunicação que pode produzir reação ou decisão, frequentemente acompanhada de um efeito-surpresa. O primeiro passo para se elaborar a análise das demonstrações contábeis é produzir informação por meio do processamento de dados (vide Figura 1). Posteriormente, os analistas avaliarão as informações
117
Educação
Gestão Educacional – Unidade 7
obtidas, visando a conhecer aspectos da situação econômico-financeira da organização que está sendo analisada. FIGURA 1. SEQUÊNCIA DO PROCESSO DE ANÁLISE
Fatos ou
Processo
eventos econômicos
Demonstrações
Técnicas de
financeiras
contábeis = Contábil
-financeiros
dados
Informações
Análise das
para a
Demonstrações
tomada de decisão
FONTE: MATARAZZO (2010, PÁG. 04)
O grau de excelência de uma análise das demonstrações contábeis, segundo Matarazzo (2010), é dado exatamente pela qualidade e extensão das informações financeiras que forem geradas pelo processamento dos dados contábeis. Este comentário também é apresentado por Iudícibus (2009), ao afirmar que a análise das demonstrações contábeis é a arte de se saber extrair informações financeiras úteis dos dados contábeis, ressaltando que tais informações poderão variar de acordo com o objetivo econômico que o analista tiver em mente.
7.3 Fontes de dados para análise Os
relatórios
contábeis
elaborados
periodicamente
pelas
organizações são as principais fontes de dados para o processo de análise financeira. De acordo com Assaf Neto (2010), tais relatórios podem ser classificados em obrigatórios e não obrigatórios. Os relatórios não obrigatórios são aqueles que não fazem parte da estrutura básica das demonstrações contábeis elaboradas com fins de divulgação, sendo estes geralmente destinados para usos gerenciais 118
Educação
Gestão Educacional – Unidade 7
internos. Assaf Neto (2010) cita dois exemplos de relatórios não obrigatórios: projeções de vendas e desempenho por produto. Os relatórios obrigatórios são aqueles definidos pela legislação societária, sendo mais conhecidos como “demonstrações contábeis” ou “demonstrações financeiras”. Assaf Neto (2010) lembra que as demonstrações de cada exercício devem ser publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior. Os relatórios obrigatórios mais conhecidos e mais utilizados para se elaborar a análise das demonstrações contábeis são o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).
7.4 Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício O Balanço Patrimonial (BP) indica a situação financeira de uma organização em um determinado momento no tempo. Para isso, deve ser expresso em moeda corrente, em nosso caso, o Real, e possui uma série de contas divididas em três principais grupos:
Ativo Total: de maneira simplificada, correspondem aos bens e direitos que a empresa possui;
Passivo Exigível: basicamente são os deveres e obrigações a serem pagos pela organização com terceiros;
Patrimônio Líquido: representa o patrimônio da própria organização, ou seja, quanto sobra de recursos depois que as dívidas são pagas. O Patrimônio Líquido pode ter sua origem em duas fontes de recursos: o investimento realizado pelos sócios/acionistas e os lucros obtidos com a atividade da empresa. Os dados fornecidos por esse relatório contábil são totalmente
estáticos e, com grande probabilidade, sua estrutura estará relativamente 119
Educação
Gestão Educacional – Unidade 7
diferente algum tempo após o seu encerramento. Entretanto, devido às relevantes informações de tendências que podem ser obtidas de seus diversos grupos de contas, o Balanço Patrimonial servirá como elemento inicial fundamental para o conhecimento da situação econômicofinanceira de uma organização. A estrutura do Balanço Patrimonial apresentada na Figura dois foi elaborada com base na legislação em vigor no momento em que essa apostila foi escrita (Lei nº 11.638/07 e complementos). Segundo Assaf Neto (2010), todas as companhias obrigadas a seguir a Lei das S/A (basicamente as sociedades anônimas e empresas limitadas) devem seguir a Lei nº 11.638/07 e complementos, cuja vigência se iniciou a partir do exercício de 2008. A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), segundo Matarazzo (2010) procura fornecer, de maneira esquematizada, os resultados (lucro ou prejuízo) auferidos por uma organização em um determinado período de tempo (exercício social). Por meio da Figura três, podemos observar um exemplo real dos itens e valores que compõem a DRE de uma organização. O resultado (lucro ou prejuízo) é decorrente de receitas, custos e despesas incorridos pela organização no período e apropriados de acordo com o regime de
competência,
ou
seja,
independentemente de que tenham sido esses valores pagos ou recebidos.
Enquanto o Balanço Patrimonial pode ser considerado uma “foto”, pois mostra o valor dos bens, direito e obrigações que uma organização possui em um determinado momento, a Demonstração do Resultado do Exercício pode ser considerada um “filme”, pois mostra o resultado que uma organização obteve em um determinado intervalo de tempo.
RESULTADO = RECEITAS – (CUSTOS + DESPESAS)
120
Educação
Gestão Educacional – Unidade 7
Ao contrário do Balanço Patrimonial, que mostra a situação da organização em determinada data, Marion (2010) destaca que a DRE evidencia como foi formado o resultado em um determinado período, normalmente o ano. Portanto, a cada exercício social, existe a necessidade de apuração do resultado, de maneira a atender ao objetivo das organizações, que é gerar valor aos seus investidores. FIGURA 2. ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO TOTAL
PASSIVO TOTAL
ATIVO CIRCULANTE
PASSIVO CIRCULANTE
Disponível
Fornecedores
Caixa e bancos
Empréstimos e financiamentos
Títulos de negociação imediata
Impostos, taxas e contribuições
Aplicações Financeiras
Salários a pagar
CDB’s
Dividendos a pagar
Debêntures
Provisões
Realizável em curto prazo
Outros passivos de curto prazo
Valores a receber
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
(-) provisão para crédito de liquidação Empréstimos e financiamentos duvidosa (-) títulos descontados
Outros passivos em longo prazo
Outros valores a receber de curto prazo
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Estoques
Capital social realizado
Matérias-primas e embalagens
Reserva de capital
Produtos em elaboração
Reserva de lucros
Produtos acabados/mercadorias
Ajustes de avaliação patrimonial
Materiais de consumo e almoxarifado
Prejuízos acumulados
Despesas antecipadas
(-) Ações em tesouraria
Despesas apropriáveis 121
Educação
Gestão Educacional – Unidade 7
ATIVO NÃO CIRCULANTE Realizável em longo prazo Créditos diversos Investimentos Participações acionárias Outros investimentos Imobilizado Prédios e terrenos Máquinas e equipamentos Veículos, mobiliário etc Intangível Marcas e patentes Fundo de comércio FONTE: ASSAF NETO (2010, PÁGS 49 E 50)
FIGURA 3. ESTRUTURA DA DRE DA SADIA S.A.
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
Em milhares Em milhares
(DRE)
R$
R$
Exercícios findos em 31 de dezembro
2007
2006
Receita Líquida de Vendas e/ou Serviços
8.038.692
6.704.894
Custo de Bens e/ou Serviços Vendidos
(6.284.379)
(5.160.351)
Resultado Bruto
1.754.313
1.544.543
Despesas/Receitas Operacionais
(1.025.154)
(1.122.152)
Com Vendas
(1.330.507)
(1.172.189)
Gerais e Administrativas
(101.284)
(71.417)
Financeiras
3.614
(93.218)
Outras Receitas Operacionais
3.575
57.443
Outras Despesas Operacionais
(74.217)
(46.772)
Resultado da Equivalência Patrimonial
473.665
204.001 122
Educação
Gestão Educacional – Unidade 7
Resultado Operacional
729.159
422.391
Resultado Não Operacional
(9.677)
(4.527)
Receitas
0
0
Despesas
(9.677)
(4.527)
Resultado Antes Tributação/Participações
719.482
417.864
Provisão para IR e Contribuição Social
(8.682)
(8.006)
IR Diferido
(22.823)
(29.925)
Participações/Contribuições Estatutárias
0
0
Reversão dos Juros sobre Capital Próprio
0
0
Lucro/Prejuízo do Período
687.977
379.933
FONTE: COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (2009)
7.5 Metodologia de análise Após conhecermos o conceito e o histórico da técnica conhecida por análise das demonstrações contábeis, assim como seus objetivos e fontes de dados, precisamos agora entender como ela deve ser elaborada, ou seja, necessitamos aprender um método para que ela possa ser realizada. De acordo com Ribeiro (2009), o processo de análise começa quando termina o processo contábil; portanto, o trabalho do analista começa quando termina o trabalho do contador, pois, conforme já dissemos, os demonstrativos contábeis são a fonte de dados para a elaboração da análise. Não existe, tanto entre os autores que escrevem sobre o tema, quanto entre os profissionais que atuam na área, a indicação de um método único e ideal para se elaborar uma análise das demonstrações contábeis. Porém, é importante que você conheça um exemplo de
123
Educação
Gestão Educacional – Unidade 7
método. Diante dessa necessidade, apresentaremos o método sugerido por Assaf Neto (2010), que é composto por sete etapas: I. A Empresa e o Mercado O analista deve conhecer com maior nível de detalhe a organização e o seu mercado de atuação para avaliar melhor suas decisões financeiras (investimento e financiamento). Ao estudar o setor de atividade em que uma organização está inserida, é necessário avaliar o potencial atual e futuro do mercado consumidor, o tamanho e o nível da concorrência, os fornecedores, a política de preços adotada para o setor, a dependência tecnológica etc. II. Relatórios Financeiros Todas as demonstrações contábeis elaboradas pela organização servirão de base de informações para a análise econômico-financeira e são englobadas neste item. É fundamental aqui se avaliarem os procedimentos contábeis padronizados para o setor, o plano de contas etc. III. Análise Horizontal e Vertical O objetivo básico da aplicação dessas técnicas é a avaliação das demonstrações contábeis, pela evolução de seus valores com o passar do tempo, no caso da análise horizontal, e pela participação relativa de cada valor em relação ao total, no caso da análise vertical. IV. Análise da Liquidez Esse estudo objetiva conhecer a capacidade de pagamento da organização e também revela o equilíbrio financeiro e sua necessidade de investimento em capital de giro.
124
Educação
Gestão Educacional – Unidade 7
V. Análise do Endividamento O objetivo dessa análise é avaliar a proporção de recursos próprios e de terceiros mantidos pela organização, a dependência apresentada por dívidas de curto prazo, a natureza de suas obrigações financeiras e seu risco financeiro. VI. Análise de Rentabilidade e Lucratividade Apresenta
uma
avaliação
do
desempenho
econômico
da
organização, avaliando o retorno sobre investimentos realizados e a lucratividade atingida pelas vendas. VII. Conclusões Cada parte do esquema proposto de análise proporciona conclusões específicas, no entanto, essa parte final deve ser conclusiva, demonstrando de forma sucinta a real situação econômico-financeira da organização, bem como suas perspectivas de desempenho. As etapas do método apresentado por Ribeiro (2009) são muito semelhantes às etapas do método de Assaf Neto (2010). Porém, convém apresentar suas duas últimas etapas: comparação com padrões e relatórios, que em nosso entendimento, complementam o método que descrevemos como exemplo. Comparação com padrões Após a finalização da análise das demonstrações contábeis de uma determinada organização, é possível, por meio dos indicadores calculados (liquidez, endividamento, rentabilidade e lucratividade), elaborarmos um parecer sobre sua situação econômico-financeira. Porém,
125
Educação
Gestão Educacional – Unidade 7
para que o parecer tenha uma fundamentação mais precisa e realista, é necessário que os indicadores obtidos sejam comparados com os indicadores de outras organizações, que possuam o mesmo porte e atuem no mesmo segmento de atividade. Portanto, para que saibamos se a situação econômico-financeira de uma organização é realmente ótima, regular ou ruim, precisamos comparar os indicadores encontrados com os indicadores-padrão, que são os indicadores alcançados com maior frequência por organizações que exercem o mesmo ramo de atividade e atuam em uma mesma região. Relatórios de análise O relatório de análise é o meio utilizado para se formalizarem as conclusões obtidas. Na prática, o relatório de análise é um documento, elaborado pelo analista das demonstrações contábeis, que contém as conclusões resultantes do desenvolvimento do processo de análise. De acordo com Ribeiro (2009), para que se possa elaborar um relatório de análise eficaz, alguns pontos precisam ser considerados:
O relatório de análise deve ser elaborado em linguagem inteligível para leigos, ainda que alguns usuários possuam conhecimentos de Contabilidade;
Os
relatórios
de
análise
poderão conter muitas ou poucas
informações,
conforme a necessidade do usuário.
Antes de afirmarmos que uma organização que obteve um indicador de margem líquida de 14% ao ano está realmente em uma situação confortável, devemos compará-lo com o indicador-padrão do segmento de atividade onde atua. Caso o indicadorpadrão seja de 10% ao ano, significa que a organização está efetivamente em um situação confortável, pois possui um indicador acima da média. A situação não seria tão confortável quanto aparenta caso o indicador-padrão fosse de 20% ao ano, pois a organização possuiria um indicador abaixo da média.
126
Educação
Gestão Educacional – Unidade 7
7.6 Usuários da análise Depois de abordarmos diversos conceitos sobre o tema, é importante conhecermos quem são aqueles que têm interesse em elaborar uma análise das demonstrações contábeis, ou seja, quem são os usuários de tal técnica de análise:
Gestores: devem buscar medir o desempenho organizacional frente a suas metas e as demonstrações financeiras apresentam um reflexo claro sobre esta medida de eficiência;
Investidores: são os sócios ou acionistas atuais ou potenciais de uma determinada empresa, os quais desejam saber se sua situação é sólida para continuarem investindo (sócios atuais) ou para começarem a investir (sócios potenciais);
Credores: são aqueles que emprestam recursos para a empresa, seja por meio de vendas a prazo, neste caso atuando como fornecedores, ou mesmo em empréstimos e financiamentos de bancos e financeiras;
Governo: seja na esfera municipal, estadual ou federal, o governo tem interesse em saber a situação das empresas, tanto no sentido de controle de tributos, quanto na mensuração do desenvolvimento econômico proporcionado. É importante ressaltar que uma gama diferenciada de usuários da
informação pode dar enfoques diferentes ao analisar uma mesma empresa. Também é importante lembrar que, além dos citados, podem existir outros usuários desta informação, como funcionários, sindicatos, clientes, concorrentes e a própria sociedade, pois todos possuem interesses no desempenho da empresa.
127
Educação
Gestão Educacional – Unidade 7
Atividades Para que você possa revisar os conceitos teóricos apresentados, responda às seguintes questões: 1ª) Análise das Demonstrações Contábeis, Análise Financeira e Análise de Balanços são a mesma coisa? Comente sua resposta. 2ª) As conclusões sobre a situação econômico-financeira de uma determinada organização, obtidas por meio da análise das demonstrações contábeis, podem ser consideradas subjetivas? Por quê?
7.7 Reflexão A análise das demonstrações contábeis, também denominada por alguns autores como análise das demonstrações financeiras, ou, simplesmente, análise financeira, é uma técnica que nos auxilia a avaliar a situação econômico-financeira das organizações, pois fornece diversos tipos de informações financeiras aos tomadores de decisão. Apesar da existência de cálculos formalizados e técnicas desenvolvidas para o processo de análise, as conclusões sobre a situação econômico-financeira da organização analisada são subjetivas, ou seja, podem variar de analista para analista. Existem diversos usuários da análise das demonstrações contábeis, ou seja, diversos interessados em conhecer o desempenho econômicofinanceiro de uma determinada organização, tais como: seus próprios gestores,
investidores
atuais
e
potenciais,
credores
(bancos
e
fornecedores), governos (municipal, estadual e federal), funcionários, sindicatos, clientes, concorrentes e até mesmo a própria sociedade.
128
Educação
Gestão Educacional – Unidade 7
7.8 Leitura recomendada Sugere-se a leitura do artigo discriminado na sequência: Título do artigo: Pesquisa de indicadores de desempenho econômico-financeiro em Instituições de Ensino Superior Privadas Autor: Celso da Rosa Filho Fonte: www.crcpr.org.br
7.9 Referências ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 9º ed. São Paulo: Atlas, 2010. IUDÍCIBUS, Sergio de. Análise de balanços. 10ª ed. São Paulo: Atlas, 2009. MARION, José Carlos. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços: abordagem gerencial. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. RIBEIRO, Osni Moura. Estrutura e análise de balanços fácil. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
129
CÁLCULO DO PONTO DE EQUILÍBRIO Na Unidade 8, apresentaremos o conceito de ponto de equilíbrio, assim como as formas pelas quais pode ser classificado. Na sequência, mostraremos o método de cálculo dos pontos de equilíbrio contábil e econômico e aprenderemos a calcular o ponto de equilíbrio de organizações que atuam com um portfolio de produtos. No final da Unidade 8, conheceremos as vantagens e limitações à utilização do ponto de equilíbrio.
Objetivos da sua aprendizagem Compreender que o ponto de equilíbrio pode ser utilizado como uma ferramenta para identificar o montante de receitas necessário para uma organização atingir a autossuficiência financeira. Aprender a calcular os pontos de equilíbrio contábil e econômico de organizações que atuam com um único produto, e também de organizações que possuam um portfolio de produtos ou serviços. Visualizar que, apesar das limitações, as organizações podem utilizar o cálculo do ponto de equilíbrio como uma ferramenta de planejamento e controle.
Você se lembra? Você sabe o que é ponto de equilíbrio? Em caso positivo, sabe como calculá-lo? Será que já ouviu falar que ele pode ser utilizado pelas organizações como uma ferramenta de planejamento e controle? Nesta unidade, você terá oportunidade de aprender estes e vários outros temas relacionados ao cálculo do ponto de equilíbrio. Bons estudos!
Educação
Gestão Educacional – Unidade 8
8.1 Conceito e tipos de pontos de equilíbrio Para que as organizações possam sobreviver e se desenvolver, é imprescindível que sejam lucrativas, ou seja, que suas receitas sejam superiores aos seus gastos. Quando uma organização consegue ter receitas superiores aos seus gastos, podemos dizer que atingiu a autossuficiência financeira. A autossuficiência financeira é um desafio que deve ser quantificado para poder ser atingido, ou seja, é importante que a organização saiba qual é o montante de receitas necessário para que se arque com os gastos envolvidos no negócio. A ciência da Administração Financeira oferece uma ferramenta para que encontremos tal montante: o cálculo do ponto de equilíbrio. Este cálculo também é conhecido por outras denominações, tais como: cálculo do ponto de ruptura, break-even point e análise-custo-volume-lucro. Segundo Gitman (2001), o cálculo do ponto de equilíbrio deve ser utilizado pelas organizações para determinar o nível de operações necessário para cobrir todos os seus gastos e para avaliar a lucratividade associada aos vários níveis de atividade. Podemos, de acordo com Assaf e Martins (1986), calcular três tipos de ponto de equilíbrio para uma organização: o contábil, o econômico e o financeiro. No cálculo do ponto de equilíbrio contábil, as receitas totais se igualam aos gastos totais. Neste caso, o resultado se anula, pois se obtém um lucro contábil igual a zero. Acima deste ponto, existe lucro; abaixo, prejuízo. No cálculo do ponto de equilíbrio econômico é introduzida, além dos gastos, uma outra variável: o lucro. Na verdade, qualquer organização persegue um lucro mínimo representado pelo custo de oportunidade do investimento feito pelos sócios, ou seja, um lucro 131
Educação
Gestão Educacional – Unidade 8
mínimo que compense o investimento realizado. Ao ponto que produz lucro desse valor mínimo se dá o nome de ponto de equilíbrio econômico. No cálculo do ponto de equilíbrio financeiro, são excluídos os gastos não desembolsáveis, como as depreciações. Na verdade, as depreciações são gastos incluídos na contabilidade de uma organização, mas que não representam desembolsos efetivos de caixa. Depreciação: gasto decorrente do desgaste ou da obsolescência dos ativos imobilizados da empresa (máquinas, veículos, móveis e imóveis). A perda de valor é apropriada pela contabilidade periodicamente até que esse ativo
tenha
valor
reduzido
a
zero.
(http://pt.wikipedia.org). FONTE: BANCO DE IMAGENS DA EDITORA COC - ID: 65621.
8.2 Fórmulas para se calcular os pontos de equilíbrio
De acordo com a definição do ponto de equilíbrio contábil, as receitas totais se igualam aos gastos totais. Portanto, podemos utilizar a seguinte fórmula para calculá-lo: FL = GT Onde: FL = Faturamento Líquido e GT = Gastos Totais.
132
Educação
Gestão Educacional – Unidade 8
Para encontrarmos as receitas totais de uma organização, as quais, em nosso estudo, estamos chamando de faturamento líquido, basta que multipliquemos o preço unitário de venda do seu produto ou serviço pela quantidade total vendida. Portanto, para se calcular o valor do faturamento líquido, podemos utilizar a seguinte fórmula: FL = p . q
Onde: p = preço unitário líquido de venda* e q = quantidade total vendida. Em relação às saídas, adotaremos o termo “gastos” para nos referirmos a todo e qualquer tipo de desembolso que ocorra no caixa da organização. Os gastos totais (GT) de uma organização são compostos pelos gastos fixos (GF) e pelos gastos variáveis (GV). Assaf e Martins (1986) definem gastos fixos como aqueles que, dentro de um mês (ou outra
unidade
de
tempo),
assumem
determinado
valor
independentemente de, nesse mesmo mês, a organização ter um nível maior ou menor de atividade, citando como exemplos: aluguéis, encargos financeiros, salários e encargos dos funcionários administrativos etc. Os gastos variáveis são aqueles que têm o seu valor total determinado
exatamente
como
decorrência direta do nível de atividade da organização, podendo-se citar como exemplos:
comissão
matéria-prima
etc.
dos
vendedores,
Portanto,
*para efeito de simplificação, não estamos considerando os impostos que podem incidir sobre a venda de um produto ou serviço, tais como: ICMS, IPI, COFINS, PIS e ISS, ou seja, estamos considerando o preço líquido de venda.
podemos
utilizar a seguinte fórmula para calcular os gastos totais:
133
Educação
Gestão Educacional – Unidade 8
GT = GF + GVu . q
Onde: GF = Gastos Fixos, GVu = Gasto Variável unitário e q = quantidade total vendida. Ao aplicarmos as definições de Faturamento Líquido e Gastos Totais à fórmula original apresentada para se calcular o ponto de equilíbrio contábil, podemos obter a seguinte fórmula: Fórmula “original”: FL = GT
Fórmula “modificada”: p .q = GF + GVu . q
De acordo com a definição que apresentamos no subitem anterior, para encontrarmos o ponto de equilíbrio econômico, é preciso que calculemos o valor de faturamento líquido necessário para, além de cobrir os gastos totais, garantir um montante de lucro. Portanto, é necessário que acrescentemos, na fórmula que é utilizada para se calcular o ponto de equilíbrio contábil, a variável “Retorno Operacional (RO)”. Ponto de Equilíbrio Contábil p .q = GF + GVu . q
Ponto de Equilíbrio Econômico p .q = GF + GVu . q + RO
8.3 Cálculos dos pontos de equilíbrio contábil e econômico Para que os conceitos abordados sobre os pontos de equilíbrio contábil e econômico fiquem mais claros para você, elaboramos um 134
Educação
Gestão Educacional – Unidade 8
exemplo fictício envolvendo um empreendedor que pretende montar um negócio para vender “sonhos”. Caso nunca tenho ouvido falar, sonho é um tipo de doce comumente vendido em padarias. Antes de abrir efetivamente o ponto de venda de sonhos, o empreendedor
deseja
saber
quantas
unidades
precisará
vender
mensalmente para que não tenha nem lucro e nem prejuízo, ou seja, deseja calcular o ponto de equilíbrio contábil. Posteriormente, também deseja saber quantas unidades precisará vender para, além de cobrir todos os gastos, obter um lucro mensal de $ 1.000,00. Ao efetuar tal cálculo, obterá o valor do ponto de equilíbrio econômico. O primeiro passo a ser dado por tal empreendedor é fazer um levantamento dos gastos fixos e variáveis que terá. Posteriormente, deve definir o preço que irá cobrar pelo produto. Após concluir os levantamentos, o empreendedor encontrou os seguintes dados: Gastos fixos: são aqueles que não variarão de acordo com a quantidade de sonhos que irá vender, tais como: aluguel do ponto = $ 250,00, energia elétrica = $ 80,00 e salário do ajudante = R$ 400,00. Total de gastos fixos mensais = R$ 730,00; Gasto variável unitário: são aqueles que variarão de acordo com a quantidade de sonhos que irá vender. Neste caso, serão os gastos com os ingredientes necessários para fazer uma unidade de sonho, tais como: farinha de trigo, fermento, leite, açúcar, ovos e manteiga. Total de gastos para se fazer uma unidade de sonho = R$ 0,85; Preço de venda: após a elaboração de uma pesquisa de mercado, o empreendedor constatou que os clientes potenciais estariam dispostos a pagar R$ 2,50 pelo sonho. Tendo tais dados em mãos, o empreendedor pode calcular quantas unidades precisará vender mensalmente para que não tenha nem lucro e
135
Educação
Gestão Educacional – Unidade 8
nem prejuízo (ponto de equilíbrio contábil) e, posteriormente, para que tenha um lucro mensal de $ 1.000,00 (ponto de equilíbrio econômico).
8.3.1 Cálculo do Ponto de Equilíbrio Contábil FL = GT p . q = GF + GVu . q 2,5 . q = 730 + 0,85 . q 2,5q – 0,85q = 730 1,65q = 730 q = 730 / 1,65 q = 442,42
q = 443 unidades
OBS: caso o empreendedor venda 443 sonhos por mês, não terá nem lucro nem prejuízo, ou seja, atingirá seu ponto de equilíbrio contábil. O ponto de equilíbrio contábil do empreendimento também pode ser
expresso
por
meio
de
unidades
monetárias,
ou
seja,
o
empreendimento precisa ter um Faturamento Líquido de $ 1.107,50 por mês para cobrir seus Gastos Totais. FL = p . q FL = 2,50 . 443
FL = $ 1.107,50
8.3.2 Cálculo do Ponto de Equilíbrio Econômico FL = GT + RO p . q = GF + GVu . q + RO 2,5 . q = 730 + 0,85 . q + 1000
136
Educação
Gestão Educacional – Unidade 8
2,5q – 0,85q = 1000 + 730 1,65q = 1.730 q = 1.730 / 1,65 q = 1.048,48
q = 1.049 unidades
OBS: caso o empreendedor venda 1.049 sonhos por mês, conseguirá cobrir seus gastos totais e obter um lucro de $ 1.000,00, ou seja, atingirá seu ponto de equilíbrio econômico. O ponto de equilíbrio econômico do empreendimento também pode ser
expresso
por
meio
de
unidades
monetárias,
ou
seja,
o
empreendimento precisa ter um Faturamento Líquido de $ 2.662,50 por mês para cobrir seus Gastos Totais. FL = p . q FL = 2,50 . 1049
FL = $ 2.662,50
8.4 Ponto de equilíbrio de organizações com vários produtos Os cálculos dos pontos de equilíbrio contábil e econômico, apresentados no subitem anterior, só podem ser utilizados em organizações que atuam com apenas um produto. Na prática, a grande maioria das organizações, como é o caso das Entidades Educacionais, possui um portfolio de produtos ou serviços, ou seja, vende vários tipos de produtos diferentes. Neste caso, para se expressar o ponto de equilíbrio, deve-se utilizar o valor do faturamento mensal e não o número de unidades a serem vendidas. Para que se faça este cálculo, é necessário que se saiba o valor dos gastos fixos mensais, os preços de venda unitários e os gastos variáveis unitários de todos os itens que compõem o portfolio de produtos ou 137
Educação
Gestão Educacional – Unidade 8
serviços da organização. Além disso, deve ser elaborada uma previsão de vendas de cada um dos itens. Para calcularmos o ponto de equilíbrio de organizações que possuem um portfolio de produtos ou serviços, devemos utilizar a seguinte fórmula: Ponto de Equilíbrio = Gastos Fixos IMCM Onde: IMCM = Índice de Margem de Contribuição Médio. Para calcularmos o Índice de Margem de Contribuição Médio (IMCM), devemos utilizar a seguinte fórmula:
IMCM = Rentabilidade Bruta Faturamento Total
Para calcularmos a rentabilidade bruta, devemos calcular as margens de contribuição e os índices de margem de contribuição de cada produto. Para obtermos tais dados, devemos utilizar as seguintes fórmulas: MC = p – GVu
IMC = MC / p
Onde: MC = Margem de Contribuição e IMC = Índice de Margem de Contribuição. OBS: a margem de contribuição expressa o ganho em unidades monetárias ($) que a organização obtém ao vender uma unidade de um determinado produto ou serviço. Exemplo: caso um produto seja 138
Educação
Gestão Educacional – Unidade 8
comprado por $ 15,00 e revendido por $ 22,00, a margem de contribuição será de $ 7,00, pois MC = p – GVu ($ 22,00 – $ 15,00 = $ 7,00).
8.5 Cálculo do ponto de equilíbrio de organizações com vários produtos Para que os conceitos abordados no subitem anterior fiquem mais claros para você, imagine que o empreendedor de “sonhos” decida vender outros tipos de doces em seu ponto de venda. Ele produzirá e venderá cinco tipos de doces e seu gasto fixo mensal passará a ser de $ 950,00. Conforme já explicamos, para que o cálculo possa ser feito, além de se levantar os valores dos preços de venda e dos gastos variáveis unitários, é necessário que seja elaborada uma projeção de vendas de cada um dos itens que compõem o portfolio de produtos ou serviços da organização (vide quadro 1). QUADRO 1. DADOS LEVANTADOS E PROJETADOS PELO EMPREENDEDOR
Produtos
Preço de Venda
Gasto Variável
Faturamento/mês
Unitário ($)
Unitário ($)
(previsão em $)
Sonho
2,50
0,85
580,00
Bomba
2,00
0,59
480,00
Pudim
2,00
0,48
360,00
Quindim
2,50
1,13
520,00
Brigadeiro
2,00
0,39
760,00
O primeiro passo para calcularmos o ponto de equilíbrio consiste na determinação das margens de contribuição e dos índices de margem
139
Educação
Gestão Educacional – Unidade 8
de contribuição de cada um dos itens que compõem o portfolio de produtos do empreendimento de doces (vide quadro 2). QUADRO 2. MARGENS DE CONTRIBUIÇÃO E ÍNDICES DE MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO DOS PRODUTOS
Produtos
Sonho
Bomba
Pudim
Quindim
Brigadeiro
MC ($)
1,65
1,41
1,52
1,37
1,61
IMC
0,660
0,705
0,760
0,548
0,805
Na sequência, você pode observar o cálculo da MC e do IMC do produto “sonho”: MC = p – GVu
IMC = MC / p
MC = 2,50 – 0,85
IMC = 1,65 / 2,50
MC = $ 1,65
IMC = 0,660
O próximo passo consiste na determinação da rentabilidade bruta, que é obtida somando-se as rentabilidades projetadas para cada um dos itens que compõem o portfolio de produtos do empreendimento de doces (vide quadro 3). A rentabilidade bruta de cada produto é obtida ao multiplicarmos a previsão de faturamento pelo respectivo índice de margem de contribuição (IMC). QUADRO 3. FATURAMENTO TOTAL E RENTABILIDADE BRUTA PROJETADOS PARA O EMPREENDIMENTO
s
Faturamento/mês (previsão em $)
IMC
Rentabilidade Bruta (previsão em $)
580,00
0,660
382,80
480,00
0,705
338,40
360,00
0,760
273,60
140
Educação
Gestão Educacional – Unidade 8
520,00 Q
0,548
284,96
760,00
0,805
611,80
2.700,00
#
1.891,56
Para que possamos finalizar o cálculo, precisamos encontrar o IMCM, por meio da utilização dos valores do faturamento total e da rentabilidade bruta. Ao dividirmos o valor dos gastos fixos pelo IMCM, obtemos o valor do ponto de equilíbrio do empreendimento. Acompanhe tais cálculos: IMCM = Rentabilidade Bruta
Ponto de Equilíbrio = Gastos Fixos
Faturamento Total IMCM = 1.891,56
IMCM Ponto de Equilíbrio = 950,00
2.700,00
0,70
IMCM = 0,70
Ponto de Equilíbrio = $ 1.357,14
8.6 Vantagens e limitações à utilização do ponto de equilíbrio A grande vantagem do cálculo do ponto de equilíbrio
é
sua
utilização
como
uma
ferramenta de planejamento e controle financeiro. Segundo Weston e Brigham (2000), o planejamento financeiro envolve a realização de projeções de vendas, renda e ativos baseados em estratégias alternativas de
Caso venha a se concretizar o IMCM que o empreendedor de doces projetou, o empreendimento precisará faturar $ 1.357,14 em um mês para atingir seu ponto de equilíbrio. Caso fature mais, passará a ter lucro, caso fature menos, terá prejuízo.
produção e de marketing seguidas pela decisão de
como
atender
às
necessidades
financeiras
previstas. Eles também sugerem que, neste processo, os gerentes também 141
Educação
Gestão Educacional – Unidade 8
deveriam avaliar os planos e identificar as mudanças nas operações que pudessem melhorar os resultados. Quanto ao controle financeiro, estes mesmos autores citam que ele se situa na fase de implementação dos planos, caracterizando-se como um processo de ajustamento em feedback para: (1) assegurar que os planos sejam seguidos; e (2) modificar os planos existentes em resposta a mudanças no ambiente operacional. Após o desenvolvimento do modelo de cálculo do ponto de equilíbrio, a organização passa a ter a informação de quanto precisa faturar para cobrir seus gastos, ou seja, passa a ter subsídios para elaborar seu planejamento financeiro. Dessa forma, ela pode estabelecer metas e desenvolver estratégias para aumentar seu faturamento ou reduzir seus gastos, para que consiga atingir sua autossuficiência financeira. Além disso, o modelo pode ser utilizado para se fazerem simulações e avaliar os impactos de algumas estratégias, antes que sejam efetivamente implantadas. Quanto às vantagens do cálculo do ponto de equilíbrio, Welsch (1996) afirma que, em situações onde ele pode ser feito com precisão razoável, pode constituir um instrumento de administração altamente valioso, pois, por intermédio dele, testa-se o efeito aproximado de vários tipos de decisões administrativas sobre os gastos e as receitas. Falando-se ainda sobre as vantagens do cálculo do ponto de equilíbrio, Briggs (2000) ressalta que decisões importantes, como alterações de preços e esforços extras para vender mais são mais fáceis quando se sabe o nível de atividade que faz a empresa ganhar dinheiro de fato. Apesar das vantagens apresentadas, devemos ter consciência que a aplicação do cálculo do ponto de equilíbrio, na prática, apresenta algumas limitações. Assaf e Martins (1986) apresentam três principais limitações:
142
Educação
Gestão Educacional – Unidade 8
1ª) Gastos fixos e variáveis: a diferenciação entre o que é fixo e o que é variável é uma tarefa muitas vezes complexa, e a quantificação mais ainda. Ocorre também que certos gastos têm comportamentos não uniformes durante o ano. Além disso, comumente, há itens que sabidamente têm parcela fixa e parcela variável, e a separação de um e outro nem sempre é fácil, como no caso da energia elétrica; 2ª) Curto versus longo prazo: a unidade de tempo adotada para se mensurar os gastos (semanal, mensal, semestral, anual, entre outras) tem influência muito grande na classificação do que é fixo ou do que é variável. Assim, o uso de uma classificação para períodos curtos pode ser confundido com o uso de outra que é utilizada para períodos maiores. Por exemplo, os salários e encargos do pessoal direto da produção, numa indústria, se tomados com relação a uma unidade de tempo pequena, o mês, tendem a ser chamados de fixos. Mas, caso se tome como unidade de tempo o ano, verifica-se que ele é variável, já que o seu total, dentro desse ano, passa a ter um nível muito alto de dependência das sazonalidades na produção; 3ª) Existência de vários produtos: neste caso, o cálculo é apenas possível, tecnicamente e com validade prática e teórica, em duas situações: quando todos os produtos têm a mesma margem de contribuição (preço unitário menos gasto variável unitário) em reais (R$); ou quando todos têm o mesmo percentual de margem de contribuição sobre o preço de venda. Comumente se incorre no erro de ratear os gastos fixos pelos vários produtos ou pelas várias linhas, mas isso é extremamente temerário, pois cada critério de rateio é mais arbitrário do que outro. OBS: nesta apostila, para se encontrar o ponto de equilíbrio de organizações que possuem vários produtos, utilizou-se a técnica de se calcular o Índice de Margem de Contribuição Médio (IMCM).
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Além dessas limitações, Weston e Brigham (2000) destacam outra importante: o cálculo do ponto de equilíbrio baseia-se na suposição de que o
preço
por
unidade
é
constante,
independentemente do volume de vendas e de
Apesar das limitações apresentadas, defendemos a utilização do ponto de equilíbrio como uma ferramenta de planejamento e controle para as organizações.
produção. Eles afirmam que isto não é realista, pois, se a demanda for baixa, normalmente, a organização reduz o preço de venda de seus produtos em um esforço para aumentar as vendas. Inversamente, se a demanda for alta, ela tende a aumentar os preços, buscando ampliar as margens de lucro.
Atividades 1º) Calcule os pontos de equilíbrio contábil e econômico do “empreendimento de sonhos” utilizando os seguintes dados: Gastos fixos mensais do empreendimento: $ 1.200,00; Gastos para se produzir uma unidade de sonho: $ 1,15; Preço unitário de venda do sonho: $ 3,00 Lucro mensal almejado pelo empreendedor: $ 1.500,00. 2º) Caso o empreendedor decida trabalhar com um portfolio de cinco produtos, os gastos fixos mensais passarão a ser de $ 1.800,00. Utilizando os dados do quadro 4, calcule o ponto de equilíbrio mensal do empreendimento de doces.
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QUADRO 4. NOVOS DADOS LEVANTADOS E PROJETADOS PELO EMPREENDEDOR
Produtos
Preço de Venda
Gasto Variável
Faturamento/mês
Unitário ($)
Unitário ($)
(previsão em $)
Sonho
3,00
1,15
780,00
Bomba
2,50
0,84
450,00
Pudim
2,70
0,96
864,00
Quindim
3,20
1,24
672,00
Brigadeiro
2,60
0,89
832,00
8.7 Reflexão O cálculo do ponto de equilíbrio pode ser utilizado como uma ferramenta para as organizações quantificarem o montante de receitas necessário para cobrir seus gastos, identificando o ponto onde atingirão sua autossuficiência financeira. Podemos calcular três tipos de pontos de equilíbrio: o contábil, o econômico e o financeiro. As organizações que possuem um portfolio de produtos ou serviços devem expressar seu ponto de equilíbrio por meio do valor do faturamento mensal, e não por meio do número de unidades a serem vendidas. Apesar das limitações que existem para se calcular o ponto de equilíbrio, as organizações podem utilizá-lo como uma ferramenta de planejamento e controle financeiro.
8.8 Leitura recomendada Sugere-se a leitura do artigo discriminado na sequência:
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Título do artigo: Métodos de custeio utilizados nas Instituições de Ensino Superior de Blumenau e suas finalidades Autores: Gilson Gilberto Bonelli e Maria José Carvalho de Souza Domingues Fonte: www.inpeau.ufsc.br
8.9 Referências ASSAF NETO, Alexandre, MARTINS, Eliseu. Administração financeira: as finanças das empresas sob condições inflacionárias. São Paulo: Atlas, 1986. BRIGGS, Roy. How to find your break-even point. Upholstery Design & Manufacturing (UDM). January, 2000. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. WELSCH, Glenn Albert. Orçamento Empresarial. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1996. WESTON, J. Fred e BRIGHAM, Eugene F. Fundamentos da Administração Financeira. São Paulo: Makron Books, 2000.
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