ORQUESTRAL AMARILDO NASCIMENTO
PRÁTICA ORQUESTRAL
Material elaborado para a reunião na cidade de Alogoinhas-BA
Suzano-SP 08-05-2015
AMARILDO NASCIMENTO
Assuntos: - A orquestra - Afinação - Escalas - Sonoridade - Tocar em conjunto - Percepção de grupo - Dinâmica na música - Acompanhar a regência - Divisão rítmica dos hinos - Aprender as quatro vozes dos hinos
A orquestra é uma das mais belas formas artísticas de nossa civilização. Através dela é possível vislumbrar a engrenagem de dezenas ou centenas de vozes entoando num mesmo sentido a música escrita numa partitura. Num conjunto orquestral se encerram valores de uma grande sabedoria intrínseca. A responsabilidade de cada um é gerar harmonia para um conjunto. O uso de tal denominação (orquestra) começou nos primórdios da renascença, quando nasceu a ópera, e a encenação das óperas necessitava de um conjunto instrumental. Na CCB a orquestra nasceu pela necessidade de auxiliar a irmandade no cantar dos hinos. E essa é a nobre missão do músico na CCB. E, Auxiliar a irmandade a cantar os hinos requer uma atenção especial para se colocar em prática cada um do tópicos a seguir.
- Afinação: a afinação é o processo de produzir um som equivalente a outro (de timbres iguais ou diferentes), por comparação. É classificado qualitativamente como bom ou mau (boa afinação/má afinação). A afinação envolve o ajuste por uníssonos ou intervalos naturais (distância entre as notas); da altura das notas de um instrumento às de um outro. Se o intervalo não estiver afinado, naturalmente, ouve-se uma ondulação sonora produzida pelos harmônicos desafinados (por exemplo: ouve-se uma vibração «uáuáuáuá»); se estiver afinado, não se ouve essa ondulação. Todos os instrumentos (exceto o Órgão ou o acordeon na CCB) devem ser afinados antes e, possivelmente durante, a execução dos hinos nos cultos e ensaios. Como mencionado antes, a afinação é feita por comparação, portanto, não existe instrumento que vem afinado de fábrica pronto pra tocar nos cultos. Nossa referência de afinação na CCB é o órgão que é o instrumento de afinação fixa, portanto, a comparação será feita sempre com esse instrumento. Em outras palavras, todas as vezes em que for ouvida a nota Lá1 tocada pelo órgão no momento da afinação, deve-se estar muito atento observando se o instrumento (de sopro) necessita ser aberto ou fechado e se a corda (dos instrumentos de corda) precisa ser “esticada ou afrouxada” porque isso sempre irá ocorrer. A afinação não ficará resolvida fazendo uma ‘marquinha’ no instrumento de sopro porque as condições climáticas alteram a afinação dos instrumentos. Como afinar meu instrumento? (Basicamente) Como citado anteriormente, a afinação é feita por comparação. Ouça atentamente a nota lá que está sendo tocada pelo órgão e tente reproduzila cantando (só pra você) com a boca fechada (compare se está na mesma frequência que a nota tocada pelo órgão). Agora toque a nota no seu instrumento e faça duas perguntas básicas sempre comparando com a nota que está sendo tocada pelo órgão: minha nota está igual (na mesma frequência)? Se a resposta for sim, ok, você está afinado. Se a resposta for não, descubra se a frequência da sua nota está mais alta ou mais baixa que a tocada pelo órgão. Se estiver difícil de descobrir, vá aos extremos, por exemplo: se for instrumento de sopro, abra todo o instrumento e vá tocando e fechando devagar até atingir a mesma frequência da nota 1
Em 1953, em uma Conferência Internacional, estabeleceu-se que a Nota Lá-3 (Lá central do piano) corresponderia à freqüência de 440 Hz. Tomando essa nota como referência, pode-se localizar todas as outras a partir das proporções de cada intervalo. Sendo que o menor intervalo entre duas notas deverá ser de semitom.
executada pelo órgão. Se for instrumento de corda, “afrouxe” a corda e vá “esticando-a” e tocando até atingir a mesma frequência.
- Escalas: É uma sequência de sons que se sucedem por certo número de graus conjuntos, ascendentes ou descendentes dentro da oitava. A escala musical mais utilizada, em praticamente todo o mundo, foi desenvolvida pela civilização ocidental e baseia-se numa gama de doze sons. A origem das escalas musicais reside na Série Harmônica 2, fenômeno que é de fundamental importância para o entendimento das relações entre as notas musicais, a formação das escalas, os intervalos, o porquê dos sons “agradáveis” e “desagradáveis” etc. Apesar de aparecerem pequenos trechos em tonalidade menor nos hinos, na CCB essas composições são sempre baseadas em uma tonalidade maior. Como todas as escalas musicais, a escala maior natural é uma ferramenta para o músico se orientar. É importante enfatizar que qualquer música tonal (como é o caso dos nossos hinos) é escrita a partir de uma escala. Portanto, é imprescindível o estudo de escalas. Na CCB, todos os músicos devem se esforçar para decorar, no mínimo, todas as escalas maiores. O estudo de escalas auxilia o músico a ter uma boa afinação e uma melhora na sincronia dos dedos. (Colocar escalas em anexo ou na sequência). Como aprender a tocar as escalas? Só existe uma forma de aprender a tocar e decorar as escalas: tocando escalas todos os dias. Toque devagar, sempre atento e vá aumentando a velocidade do estudo conforme for ganhando confiança na digitação das notas. Faça escalas em diversas variações. Seguem anexas as escalas para as diferentes tonalidades de instrumentos.
2
É a série de notas (freqüências) que se formam a partir da nota fundamental, i.e., quando uma corda vibra em uma determinada freqüência fundamental, esta mesma corda ressoa internamente outras freqüências que são seus múltiplos.
- Sonoridade: é a propriedade que têm certos corpos que emitem sons intensos ou sons de frequência regular. Som claro, som suave, agradável ao ouvido, qualidade daquilo que é sonoro, som harmonioso. Quando existem vários instrumentos tocando uma mesma voz, como é o caso nos hinos, o som da orquestra deve ser homogêneo de forma que haja fusão de sons e timbres não aparecendo nenhum instrumento em particular gerando, assim, um som harmonioso. Para isso, cada músico deve se dedicar ao máximo em estudar seu instrumento diariamente de maneira que possa produzir o melhor som possível. Outrossim, para cada estilo musical existe uma sonoridade apropriada como por exemplo: no jazz, no blues, na bossa nova, no rock, na música sinfônica do período barroco/clássico/romântico e etc. Na CCB tocamos música sacra e, para isso, a orquestra precisa produzir uma sonoridade nesse estilo musical que é muito próximo do estilo da música, considerada, erudita ou clássica. Nos nossos hinos não cabem outros estilos musicais nem a sonoridade desses estilos. Como melhorar a sonoridade da orquestra? O primeiro passo é incentivar os músicos a terem o hábito de estudar seus instrumentos procurando produzir o melhor som possível. Na orquestra comece a trabalhar a sonoridade pelos instrumentos graves (porque é a base da série harmônica) sempre incentivando os músicos a reproduzirem o som de forma homogênea. (A melhor forma é enfatizar que eles devem tocar na dinâmica piano). Conforme for trabalhando as categorias de instrumentos mais agudos, incentive-os a tocarem também de forma homogênea fazendo com que haja a fusão dos sons. Os instrumentos agudos não precisam forçar o som porque o agudo já está na série harmônica. Quando esses instrumentos forçam o som a orquestra soa estridente.
- Tocar em conjunto: Conjunto significa o que está unido ou incorporado a outra coisa; que se encontra mesclado, combinado ou aliado com outra coisa diversa. Um conjunto, portanto, é um agregado de várias coisas ou pessoas. Quando estamos louvando a Deus com nossos instrumentos, devemos nos lembrar que nosso instrumento ou nosso louvor não é mais importante que o instrumento do irmão que está à nossa volta. Devemos
ter o cuidado de fazer com que haja a fusão do som com os instrumentos à nossa volta de maneira que possamos tocar em conjunto ajudando a criar uma boa sonoridade para a nossa orquestra.
- Percepção de grupo: Percepção é a capacidade de assimilar através dos sentidos ou da inteligência; ação ou efeito de perceber; capacidade para discernir; juízo consciencioso acerca de algo ou alguém. Quando se começa a estudar música na igreja, o candidato precisa ser conscientizado de que ele sempre estará tocando em grupo ou conjunto. Ele nunca estará fazendo música sozinho na igreja porque, mesmo no dia em que ele for o único instrumento no culto, ainda assim, ele estará tocando com um grupo de irmãos cantando. Portanto esse músico deverá perceber como esse grupo está cantando e auxiliá-lo da melhor forma possível. Quando estiver tocando em outra congregação que não seja a sua comum, deverá perceber como esse grupo de irmãos tocam e procurar tocar em conjunto com esse grupo de maneira que se adeque à sonoridade dessa orquestra.
- Dinâmica na música: dinâmica é o grau de intensidade (volume) com o qual um determinado som é emitido. No hinário não tem indicação de dinâmica para a execução dos hinos e, por essa razão, muitos músicos tocam com uma intensidade muito forte ou muito piano. A dinâmica aconselhada para se tocar os hinos é mp que significa mezzo piano (meio piano) que é a dinâmica, por assim dizer, natural (sem forçar o som para o forte ou o piano). Entretanto, para que a orquestra interprete a poesia dos hinos, é necessário que haja diferentes dinâmicas durante a execução dos hinos. Todavia, não é possível explicar em palavras como trabalhar a dinâmica, é necessário vivenciar cada hino em especial.
-Acompanhar a regência: A regência é o ato de conduzir, coordenar e liderar as atividades musicais realizadas por um grupo de músicos, através
do gestual. É uma atividade que envolve diversos aspectos, por exemplo: musicais, gestuais, vocais, psicopedagógico e psicológicos. O regente é, portanto, o elo entre o compositor da peça musical e seus executores (os instrumentistas), que compreende o triângulo Compositor – Regente – Músicos. Nos cultos não temos a figura do regente, porém, nos ensaios locais e regionais temos a figura do regente nos encarregados locais e regionais. Todavia, muitas vezes os encarregados acabam sendo mero figurantes à frente dos músicos porque os irmãos não possuem o hábito de seguir a regência. É necessário que os irmãos músicos aprendam a acompanhar a regência porque, nessa atividade, o regente está indicando uma pulsação, dinâmica, equilíbrio sonoro da orquestra e etc. Como acompanhar a regência? Nós temos uma visão periférica que nos permite enxergar 180 graus à nossa volta. Mesmo quando o músico está olhando para o hinário ele consegue enxergar o encarregado. Para melhorar nesse quesito, o encarregado pode fazer exercícios simples com escalas pedindo que o grupo o acompanhe nas diversas nuances de velocidade, acentuação, dinâmica e etc. que o encarregado realizar.
- Divisão rítmica dos hinos: para que se obtenha fluência na leitura dos ritmos, é necessário tratar as figuras de som como se fossem letras, e as combinações dessas figuras como se fossem sílabas, cada uma com seu som. É comum encontrarmos irmãos músicos que não realizam a divisão rítmica correta dos hinos. Isso ocorre porque quando começamos a tocar os hinos, normalmente tocamos de ouvido não dando a devida importância ao que está escrito. Entretanto, para que haja entendimento deste assunto, é necessário vivenciar alguns exercícios extraídos dos hinos. (Colocar divisão rítmica em anexo ou na sequência).
- Tocar as quatro vozes dos hinos: Nossos hinos são escritos no formato de canto coral. Na idade média o canto coral era uma atividade reservada aos homens, portanto, os compositores escreviam suas peças no seguinte formato: Tenor - Barítono - Baixo. Após a Reforma Protestante, as mulheres começaram a participar do canto coral e os compositores se adaptaram no sentido de escrever no seguinte formato: Soprano - Alto ou Contralto - Tenor - Baixo. É importante que se aprenda a tocar as quatro vozes dos hinos porque irá nos ajudar a desenvolver uma boa sonoridade, a tocar em conjunto e a obter uma boa percepção de grupo. Como aprender a tocar as quatro vozes do hino? A primeira atitude a realizar é cantar a voz que se deseja tocar. Tocar um instrumento é tentar imitar a voz humana. Então, o músico deve sempre
se esforçar para cantar corretamente e depois tentar reproduzir no instrumento a voz cantada (soprano, contralto, tenor ou baixo) similar ao que conseguiu cantar.
Que o nosso Deus abençoe a cada irmão que se dispõe a louvá-lo com seu instrumento exercendo sua nobre missão de auxiliar a irmandade no cantar dos hinos. À Ele sejam dadas honras, glórias e louvores para todo o sempre. Amém!
- Bibliografia
A orquestra. Disponível em:
http://www.oliver.psc.br/musica/orquestra.htm Acesso em: 13-05-2015. PUCHNER, W. Som e Afinação. Disponível em: http://www.haryschweizer.com.br/Textos/afinacao.htm Acesso em: 1305-2015. http://www.dicio.com.br/sonoridade/ SANTOS, Paula Perin dos. A arte da regência e a postura do maestro. Disponível em: http://www.infoescola.com/musica/a-arte-da-regencia-ea-postura-do-maestro/ Acesso em: 13-05-2015.
