SUMÁRIO Introdução Passos para operar no Mercado Futuro Derivativos Mini-Í ndice ndice Futuro Futuro Margem de garantia Ajuste diário Ajuste diário Quem opera Quem opera no mercado futuro? Imposto de Renda Hedge de Hedge de carteira Surfando Surfan do na tendência tendência do mercado – Operações a seco Noções básicas sobre o dólar futuro Conceito Conce ito de Stop Stop Entradas Entrad as e saídas parciais par ciais Gestão de dinheiro e controle de risco Comentários Come ntários Finais Leituraa recomendada Leitur recomendada Créditos
INTRODUÇÃO Preservação do capital: este deve ser o primeiro objetivo de qualquer investidor. O mercado de ações é muito volátil e cíclico. Ele é maníacodepressivo: alterna momentos de euforia euforia com outros de pânico, por vezes no mesmo dia, por vezes sem razão lógica alguma. Quase tudo depende do humor dos operadores, das notícias externas e do movimento dos grandes investidores – os famosos “tubarões” da bolsa. Em tempos de incerteza não podemos ficar totalmente expostos ao mercado de renda variável, sem nenhuma proteção, aguardando dias melhores. A maioria dos pequenos investidores sequer conhece os mecanismos de proteção (hedge), mas eles existem! Os que já ouviram falar acham que as ferramentas de hedge são complexas e “exclusivas” dos operadores profissionais. Ledo engano. É muito mais fácil do que você pensa. O Índice Bovespa Futuro tem justamente este propósito: proteger seu capital em períodos de crise. Desta forma, o principal objetivo deste livro é mostrar para você que operar o mercado futuro é relativamente simples. E melhor, com bons resultados! Basta um pouco de conhecimento e uma dose generosa de disciplina. Aliás, esta é a palavra chave. Não opere o mercado futuro sem disciplina. É um mercado simples, todavia, perigoso, e sempre deve ser operado com muita sabedoria e respeito. Mas não se preocupe, neste livro vou comentar todos os prós e contras, todos os detalhes, todos os atalhos. Aprendi sozinho na prática. A minha trajetória foi longa e árdua. Entretanto, tenho convicção que posso ajudar a encurtar sua curva de aprendizado. Boa leitura! Mais informações, dúvidas e comentários: Investir cada vez melhor
PASSOS PARA OPERAR NO MERCADO FUTURO Primeiro passo. Antes de entrar no mercado futuro, você precisa ter algum conhecimento sobre o mercado de ações. Não tem como ser diferente. Ninguém entra no ensino médio, sem passar pelo fundamental. Se você não tem o domínio sobre o mercado de ações, indico a leitura dos meus dois primeiros livros – Investir Cada Vez Melhor e 5 Investimentos que Garantem seu Futuro – eles darão a você o suporte básico necessário para compreender o fascinante mercado de ações. Lá você encontrará também outros livros recomendados. Conhecimento nunca é demais! Segundo Passo. Monte uma carteira de ações diversificada e com boas empresas. Esta é a sua maior proteção. No longo prazo, os bons fundamentos das empresas são imunes às turbulências passageiras e o resultado quase sempre é muito bom... Nunca aposte todas as suas fichas numa única empresa, mesmo que pareça uma grande oportunidade. Esta regra nunca pode ser violada! A diversificação é fundamental para a proteção de nosso patrimônio. Terceiro passo. Opere o mercado futuro em parceria com sua carteira de ações, por dois motivos: proteger seu capital e potencializar seus ganhos. Como já dito, a razão principal das ferramentas de hedge é a proteção do capital em momentos de crises e de obras do acaso (“cisnes negros”). As crises funcionam como o mercado de renda variável e também são cíclicas. Por vezes com ciclos longos e cansativos. Por outro lado, fatos não previstos e não recorrentes, podem mudar o rumo de qualquer economia. O ataque às Torres Gêmeas nos Estados Unidos no dia 11 de setembro de 2001 é um grande exemplo. O estrago no mercado de ações foi terrível... Como potencializar nossos ganhos? O mercado de ações é cíclico, mesmo numa forte tendência de alta, os momentos de correção (queda nos preços) ocorrerão. Assim, podemos utilizar estas pequenas retrações do mercado para maximizar nossos lucros.
Quarto passo. Habilite-se junto a sua corretora para operar o mercado futuro. Quase sempre é uma tarefa fácil. Sugiro que você opere na mesma corretora onde você tem as ações em custódia. Porém, certifique-se que sua corretora está habilitada junto a BM&FBOVESPA para a manutenção de posição dos contratos futuros. Após estes comentários iniciais, acho que já podemos entrar diretamente na proposta do livro. Neste começo comentarei sobre o que são derivativos e os aspectos básicos mais importantes relacionados ao Índice Bovespa futuro – IBOV Futuro.
DERIVATIVOS Por definição, derivativo é um ativo que deriva de outro. Desta forma, o dólar futuro deriva do dólar americano, o IBOV futuro, do IBOV (Índice Bovespa) e qualquer opção – mercado de opções – da sua ação base. O mercado futuro também negocia todos os tipos de commodities: boi, grãos, ouro, etc. O mercado de derivativos tem como função básica a proteção do investimento (hedge). Deste modo, o investidor que tem em sua carteira ações da VALE5 e PETR4 pode usar o mercado de opções e / ou o mercado futuro para proteger parte do seu capital frente a uma importante queda nos preços, fazendo uma espécie de seguro, como veremos nos próximos tópicos. Várias operações podem ser montadas, das mais simples às mais complexas, mas o intuito é sempre o mesmo: proteger o capital investido. Obviamente, sempre que protegemos parte do capital, reduzimos o nosso potencial de lucro – lembre-se do conceito de trade-off*. Os grandes fundos e gestores estão constantemente montando estas operações. * Qualquer investimento é baseado no tripé: retorno, risco e liquidez. Assim, ao investir, buscamos retorno financeiro no futuro (lucros), mas devemos estar cientes do risco inerente ao investimento e também sua liquidez, que é a capacidade de convertê-lo em dinheiro. O investimento ideal seria aquele com alta rentabilidade, baixo risco e ótima liquidez. Entretanto são características mutuamente excludentes a partir de certo ponto. Para conseguir um pouco mais de uma, temos que abrir mão de outra. Daí surge o conceito de Trade-off , que é a relação de compensação entre estes três fatores, ou seja, ganha-se num quesito e perde-se em outro. Um ativo com alto risco em geral apresenta elevada rentabilidade. Ao optarmos por proteger nosso capital, limitaremos nosso ganho em caso de alta do mercado!
Um aspecto bem peculiar do mercado de derivativo é a alavancagem, ou seja, podemos montar grandes posições com um capital reduzido, pois inicialmente pagamos apenas um prêmio (mercado de opções) ou uma margem de garantia (mercado futuro), e não o valor total da
operação. Em virtude deste aspecto, o mercado de derivativos atrai muitos especuladores. O objetivo deles é completamente diferente dos investidores. Apenas “apostam” no curto prazo e não visam a proteção de capital – estas operações são chamadas pelo mercado de “operações a seco”. Assim, fortunas podem ser criadas em pouco tempo, mas o risco é muito alto, o que leva frequentemente à perda total do capital investido, haja vista que operações mal estruturadas têm sempre o mesmo desfecho: grande prejuízo! Entretanto, nós, investidores, também podemos aumentar nossos ganhos através de operações bem executadas, com pouco capital e baixo risco, como veremos nas táticas operacionais (surfando na tendência do mercado). Outra característica bem típica do mercado de derivativos é o prazo de validade. Um derivativo sempre tem um prazo de vencimento, a partir do qual ele perderá seu valor. Neste livro abordarei apenas o mercado futuro do Índice Bovespa, especialmente os minicontratos (miniíndice), e no final apresentarei noções básicas sobre como operar o dólar futuro (minidólar).
MINI-ÍNDICE FUTURO COMO OPERAR O MINI-ÍNDICE FUTURO? O mini-índice é um contrato do mercado futuro que deriva do Ibovespa (IBOV) acrescido de juros. Através dos minicontratos podemos preservar parte da nossa carteira de ações ou apenas apostar no caminho mais provável do mercado... Cada minicontrato equivale ao valor de 20% dos pontos do IBOV futuro. Se o IBOV futuro estiver cotado a 60.000 pontos, cada contrato valerá R$ 12.000,00. Entretanto, para adquirir ou vender um contrato não é necessário desembolsar toda esta quantia, e sim apenas uma margem de garantia, que equivale aproximadamente a 25% do valor do minicontrato. Assim, com cerca de R$ 3.000,00 em garantia é possível comprar um minicontrato. A compra pode ser feita através do Home Broker (HB) ou através da mesa de operações da corretora. No HB a compra ou venda é muito semelhante à negociação de qualquer ação. O código do mini-índice sempre é composto por quatro letras e dois números. As três primeiras letras são fixas (WIN), a última representa o mês de vencimento. O contrato vence na quarta-feira mais próxima do dia 15, sempre nos meses pares, ou seja, a cada dois meses: fevereiro (G), abril (J), junho (M), agosto (Q), outubro (V) e dezembro (Z). Ao fim de um contrato, temos o início da série seguinte. Os números finais representam o ano. Desta forma, em 2014, todos os contratos apresentavam o final 14. Como exemplo, o contrato com vencimento em outubro de 2014 tinha o seguinte código: WINV14 (WIN + mês de vencimento + ano de 2014).
O dólar futuro e o minidólar, diferentemente do mini-índice, têm vencimento todo mês e não somente nos meses pares. Nos meses coincidentes, as letras são as mesmas do mini-índice.
POR QUE O TERMO “MINI-ÍNDICE”? A resposta é simples. Existe também o contrato padrão, “índice cheio”, o chamado de Índice Futuro do IBOV, representado pelas letras IND, que tem rigorosamente as mesmas características do minicontrato, existindo apenas algumas diferenças básicas, como veremos a seguir. A margem de garantia do mini-índice é cinco vezes menor e a oscilação de cada ponto do índice, gera um lucro ou prejuízo de R$ 0,20. Isso equivale a dizer que cada minicontrato oscila 20% do IBOV. Já no contrato cheio, cada oscilação de ponto do IBOV futuro equivale a R$ 1,00, ou seja, 100% do IBOV. Vamos a um exemplo prático: você compra um contrato de mini-índice a 60.000 pontos. Se o índice subir para 61.000 pontos, quanto você ganhará? Simples: 1.000 pontos vezes R$ 0,20 é igual a R$ 200,00. Numa eventual queda de 1.000 pontos (IBOV cai para 59 mil pontos), o prejuízo seria de R$ 200,00. Já no contrato cheio, o lucro ou prejuízo seria de R$ 1.000,00. A última diferença é que no mini-índice podemos comprar os contratos de um
em um (o lote padrão é igual a 1). No índice cheio, apenas de cinco em cinco (lote padrão de 5). Portanto, para operar o contrato cheio precisamos ter um capital muito mais robusto. Ambos os contratos apresentam ótima liquidez. A minha escolha pelo mini-índice é por estar mais acessível a todos, pelo menor valor de mercado. Todavia, todos os fundamentos de operação são semelhantes. Como já dito, os minicontratos podem ser adquiridos normalmente pelo HB. Mas atenção! Nem toda corretora está apta a operar o mercado futuro. Consulte a sua.
MARGEM DE GARANTIA Quando compramos ou vendemos um minicontrato futuro, devemos “depositar” uma margem de garantia na corretora por exigência da BM&FBOVESPA – parte do nosso dinheiro ou dos nossos ativos ficará indisponível durante a operação. A garantia pode ser moeda corrente, ações, títulos públicos, ouro físico, etc. Atenção: as cotas dos fundos de investimentos imobiliários até o momento (outubro de 2014) ainda não podem entrar como garantia. A chamada de margem é automática e aparecerá no seu extrato no dia seguinte. Caso não haja saldo, você pagará uma multa sobre o saldo devedor. Para colocar ações na margem de garantia, em geral, você deverá fazer a solicitação na sua corretora por telefone ou email. Não é automático! Outra coisa, comumente existe um pequeno deságio no valor dos ativos colocados em garantia. Por exemplo: você colocou em garantia 1.000 ações da VALE5, com um valor de mercado total de R$ 30.000,00; o valor da garantia ficará abaixo deste valor, comumente entre 10 e 15% de deságio, dependendo da qualidade do ativo. A margem de garantia exigida oscila diariamente – em caso de dúvidas consulte sua corretora. A margem para day trade é bem menor. Em agosto de 2014 a margem de garantia para operações de day trade era de aproximadamente R$ 600,00, e para manutenção de posição – manter o contrato de um dia para o outro – cerca de R$ 3.000,00 por contrato.
Use suas próprias ações em carteira para fazer a margem de garantia, especialmente aquelas ações que visam o longo prazo. Para evitar transtornos, coloque mais ações do que o inicialmente previsto. Não haverá nenhum prejuízo para você, inclusive os dividendos são recebidos normalmente. A única coisa que você não poderá fazer é vendê-las antes de solicitar que as mesmas sejam retiradas da margem de garantia, o que pode ser feito de um dia para o outro. Importante: apenas as ações já liquidadas (após o D3) podem entrar como garantia. Assim, caso você tenha comprado ações, mas as mesmas estiverem no prazo de
liquidação, não servirão como garantia!
HORÁRIO DE NEGOCIAÇÃO O mercado futuro tem um pregão mais longo do que o mercado de ações. Abre às 9 horas da manhã e fecha às 18 horas, sem intervalos. Antes da abertura, temos o leilão de abertura, que determinará o preço inicial do IBOV futuro. Nos 5 minutos finais do pregão temos o leilão de fechamento, com a mesma finalidade. Na vigência do horário de verão, comumente, temos o atraso em uma hora nas negociações. No mercado futuro não existe o after-market .
COMO PREENCHER A BOLETA? SIGA OS SEGUINTES PASSOS: Selecione a boleta de compra ou venda do seu HB. Insira o código do minicontrato vigente. WINV14, por exemplo. Preencha o número de minicontratos desejados. Coloque o valor da ordem. Sempre em múltiplos de cinco: 60.000, 60.005, 60.010, etc. A ordem pode ser a mercado ou limitada (particularmente uso somente as ordens limitadas). Coloque sua senha e clique em enviar. Pronto!
O uso de stop é permitido, porém válido somente para o mesmo dia, pois no final do dia teremos o ajuste diário de posição.
AJUSTE DIÁRIO Após o término do pregão ocorrerá um ajuste diário de posição, ou seja, todo dia nossa posição será ajustada: ou receberemos um crédito em conta corrente ou sofreremos um débito. Será creditado ou debitado no dia seguinte, gerando uma nota de corretagem. Há também a remota chance de ficarmos no zero-a-zero (comprar ou vender o contrato pelo mesmo valor do preço de fechamento).
O preço de fechamento do minicontrato é calculado pelo preço médio das negociações no fim do pregão (na verdade, uma complexa média ponderada, levando em conta também o volume negociado). Sempre à noite a BOVESPA divulga o ajuste do pregão com o valor exato. Desta forma, o último preço registrado pelos softwares de análise técnica pode dar uma noção do preço de fechamento, porém não reflete o valor exato de fechamento.
TAXAS As taxas no mercado futuro são semelhantes às de outras operações, ou seja, emolumentos, liquidação e registro. Para minicontratos estas taxas em conjunto têm um valor muito baixo. As taxas de corretagem também são bem mais camaradas quando comparadas às do mercado de ações, especialmente para day trade. Consulte sua corretora!
Para minicontratos não há nenhuma taxa para manutenção de posição de um dia para o outro, diferentemente de outros derivativos que podem pagar uma taxa de permanência mensal.
VENCIMENTO DOS CONTRATOS Todo contrato futuro tem seu dia de vencimento. O mini-índice vence a cada dois meses, sempre nos meses pares, na quarta-feira mais próxima do dia 15. Caso seja feriado, o vencimento passa para o dia
seguinte. Ao término de um contrato, no dia seguinte começamos uma nova série. Como o ajuste é diário, diversamente do mercado de opções, os contratos futuros não viram “pó”. Apenas são encerrados! No dia do vencimento você não é obrigado a encerrar suas posições, pois caso você não o faça, o próprio sistema da bolsa o fará (se você estiver comprado o sistema venderá contratos na mesma proporção de sua posição, e se estiver vendido, o sistema fará o inverso). A seguir, confira o calendário de vencimento para o ano de 2014.
Frequentemente o último dia de negociação do mercado é marcado pelo baixo volume de negociação. O motivo? Grande parte dos investidores já migrou para a nova série no dia anterior ao vencimento. Faça o mesmo!
ROLAGEM DOS CONTRATOS No vencimento do contrato, caso você queira permanecer “comprado” ou “vendido” no mini-índice, é preciso fazer a rolagem
dos contratos. Se você estiver comprado, você deverá vender a quantidade exata de sua posição atual e comprar a série seguinte, sempre ao mesmo tempo, evitando assim oscilações bruscas e mantendo o objetivo original de sua operação. Se você estiver vendido, faça o inverso!
DIFERENÇA ENTRE A COTAÇÃO DO IBOV E DO IBOV FUTURO Geralmente, o IBOV futuro está cotado num valor superior ao do IBOV, basicamente em virtude do acréscimo de juros relacionados ao dia do vencimento (contrato futuro). Porém, em raras ocasiões, o IBOV futuro pode estar cotado abaixo da cotação do IBOV, como ocorreu no segundo semestre de 2013. A razão? Pessimismo do mercado. Outro dado: a série seguinte também tem uma cotação acima da série vigente, decorrente do maior prazo de vencimento do contrato (maior taxa de juros).
QUEM OPERA NO MERCADO FUTURO? Basicamente temos cinco grupos de investidores: 1. Institucionais (Fundos de pensão, Fundos de investimentos, etc. – eles movimentam grande volume financeiro); 2. Estrangeiros; 3. Pessoas jurídicas financeiras (Bancos); 4. Pessoas jurídicas não financeiras (empresas comuns); 5. Pessoas físicas. Os três primeiros grupos representam a grande maioria. O uso do mercado futuro por eles é uma rotina. Eles não podem ficar totalmente expostos ao mercado de renda variável sem proteção, pois lidam com grandes fortunas. Seus clientes não permitiriam grandes erros. Desta forma, por que não operar como eles? Este é o ensinamento. Se eles fazem com as grandes fortunas, porque não podemos fazer o mesmo com as nossas pequenas economias? O objetivo é o mesmo. Veja o gráfico a seguir (fonte: Investmax): a linha laranja representa o número de contratos em aberto (a escala está à direita do gráfico, portanto entre 270 e 300K). Perceba o aumento recente dos contratos em aberto (aumento de cerca de 50% em um mês). Já as barras verticais representam o saldo final diário de cada participante. Neste gráfico foi colocado apenas o saldo dos três grupos principais (escala à esquerda): IE (investidores estrangeiros), II (investidores institucionais) e PJF (pessoa jurídica financeira); positivo ou negativo. Assim, neste exemplo entre outubro e novembro de 2013, temos um saldo positivo para os investidores estrangeiros e pessoas jurídicas financeiras (mais contratos comprados do que vendidos). E negativo para os investidores institucionais (mais contratos vendidos).
Os grandes investidores operam o “índice cheio” e não o mini-índice. Entretanto, como já comentamos, os fundamentos são rigorosamente os mesmos! E o mais importante, a liquidez também!
CONTRATOS EM ABERTO Diariamente ao final do pregão a BM&FBOVESPA divulga o número de contratos em aberto e a relação dos grupos de investidores que estão posicionados. O saldo final de contratos vendidos e comprados é sempre zero! Para um comprador, sempre teremos um vendedor.
Dois fatores são extremamente importantes para prevermos a direção mais provável do IBOV futuro no curto prazo. Primeiro, o número de contratos em aberto. O aumento de contratos indica que mais investidores estão preocupados com o futuro, mostrando um viés negativo para o IBOV. O segundo fator é o saldo dos investidores estrangeiros. Sempre é importante recordar que os estrangeiros representam mais de 30% dos investidores na Bolsa de São Paulo. Assim, uma forte posição de contratos comprados pelos estrangeiros também infere um viés positivo. Por outro lado, os investidores institucionais estão sempre com saldo negativo, ora mais vendidos, ora menos vendidos. O motivo? Hedge de carteira, que comentarei em breve.
IMPOSTO DE RENDA O imposto de renda (IR) para o mercado futuro é semelhante ao mercado de ações, ou seja, 20% para ganhos de day trade (DT) e 15% para operações comuns, não DT. As porcentagens do imposto de renda retido na fonte (IRRF) também são as mesmas, 1,0% e 0,005%, respectivamente. O controle é feito através dos ajustes diários. Para facilitar o controle das operações no mercado futuro, faça uma planilha simples do programa excel (veja a seguir), contendo todos os dias do mês. Ao final de cada dia em que você fizer operações, você receberá uma nota de corretagem somando todos os custos (despesas), além dos ganhos ou perdas (ajustes diários). Coloque na tabela apenas o saldo final do dia (positivo ou negativo), pois nele estará incluso todas as despesas e o ajuste diário. No final do mês, após somar todas as operações diárias, você saberá se teve lucros ou prejuízos. Se obtiver lucros você deverá pagar o IR no mês seguinte. Entretanto, nunca misture as operações comuns com as de DT!
Os lucros e prejuízos auferidos no mercado futuro devem ser somados aos obtidos nos mercados de ações e opções para efeito de cálculo do
IR mensal, ou seja, eles devem ser calculados separadamente, porém no cálculo mensal final do imposto a pagar, os resultados devem ser somados (ver tabela a seguir a tabela mensal do ajuste anual). Por outro lado, no ajuste anual, o saldo de cada mês do mercado futuro deverá ser colocado separadamente na planilha de ajuste anual.
Diferentemente do mercado de ações, não existe isenção para vendas inferiores ou iguais a R$ 20.000,00. Qualquer ganho no mercado futuro é tributável.
Terminamos aqui a parte de fundamentos básicos para operar o mercado futuro. Em caso de dúvida, releia o texto. Se persistir a dúvida acesse meu site e envie suas dúvidas: Investir cada vez melhor. Após a perfeita compreensão destes fundamentos, você poderá operar. Vou descrever duas maneiras de operar o mercado futuro. A primeira delas, e mais importante, é a proteção de carteira – o Hedge.
Depois, vou apresentar algumas táticas operacionais para você “operar a seco”. Neste segundo modelo você obrigatoriamente precisará de algum domínio sobre análise técnica, se não tem noção sobre os gráficos, acesse o primeiro livro na Amazon, lá você encontrará todos os fundamentos básicos sobre a análise técnica no mercado de ações. É bem mais fácil do que você imagina!
HEDGE DE CARTEIRA Apesar do nome estranho (da língua inglesa: proteger, limitar, cercar), muitas pessoas já conhecem na prática o fundamento deste importante mecanismo de proteção. Um exemplo: quando compramos um carro, a primeira coisa que providenciamos é a compra de um seguro. Desta forma, estamos fazendo um hedge, ou seja, estamos comprando uma “opção de venda” em caso de sinistro, e para tanto pagamos um prêmio (valor do seguro). O mercado futuro e o mercado de opções tem fundamentalmente o mesmo propósito: proteger um bem, neste caso uma carteira de ações. Outro exemplo: quando uma empresa adquire uma dívida em moeda estrangeira para a compra de um equipamento importado, uma maneira simples de proteger a sua capacidade de pagar as dívidas atreladas ao dólar é aplicar parte de suas reservas em fundos cambiais. Assim, uma oscilação brusca na moeda estrangeira não afetará a capacidade da empresa em honrar suas dívidas. Para proteger nosso capital através do hedge, temos que abrir mão de alguma coisa: se o mercado de ações subir, deixaremos de ganhar. Em contrapartida, em caso de correção, nosso patrimônio estará preservado. Outro ponto positivo: a proteção de carteira nos permite a manutenção das ações em carteira e, por conseguinte, o recebimento natural dos dividendos. E mais: em caso de queda do IBOV, o valor total de nossa carteira continuará o mesmo, mas as ações cairão de preços e nosso caixa aumentará (dinheiro líquido oriundo dos ajustes diários), permitindo a aquisição de mais ações, aumentando nossa carteira, nossos dividendos e nosso patrimônio. Esta é lógica!
CENÁRIOS IDEAIS PARA O HEDGE Basicamente temos dois cenários ideais para a execução de um hedge no mercado de ações: o primeiro baseado no cenário macroeconômico e o segundo em análise técnica. Vejamos: 1. A perspectiva ou a vigência de uma crise no mercado acionário, local ou global, incluindo as incertezas políticas, como as ocorridas
em 2014 relacionadas à corrida presidencial no Brasil. Não podemos ficar completamente reféns das especulações eleitorais. Nestes casos, o uso do hedge é primordial, quase obrigatório. Neste modelo podemos fazer o hedge sem o auxílio da análise técnica, como veremos em breve. A intenção é a proteção do capital e aguardar momentos menos insanos. Em momentos de incertezas o mais prudente é ficar protegido e evitar riscos. 2. A expectativa de uma correção do índice Bovespa após altas consecutivas. Este segundo cenário também é importante para aumentar nossos ganhos, porém exige maior conhecimento por parte do investidor. Altas consecutivas do IBOV por mais de seis, sete pregões seguidos são extremamente raras. Portanto, temos que ter em mente que nenhum ativo sobe em linha reta, ele quase sempre o faz através de altas seguidas de correções nos preços. É óbvio que num mercado altista os períodos de euforia são preponderantes. Assim, podemos aproveitar este zigue-zague natural da evolução dos preços. Todavia, devemos estar cientes de que acertar os pontos exatos de inflexão (virada) do mercado não é uma missão muito fácil. Para tanto, a análise técnica é imprescindível. Os fundamentos das empresas ou macroeconômicos, neste cenário, não têm muita importância. O que precisamos saber é se o mercado está sobrecomprado e consequentemente passará por uma correção em breve. Se você não domina a análise técnica e não tem um bom corretor para auxiliar, o melhor é não arriscar. Fique de fora!
O horário ideal para executar o hedge é sempre ao final do dia, depois das 17 horas, pois já temos o preço de fechamento das ações durante o pregão normal e o mercado futuro ainda está aberto até às 18 horas. Assim, calcule o valor total de sua carteira e faça o hedge. Evite ao máximo realizar o hedge em outros períodos, especialmente na primeira hora do dia, uma vez que grandes distorções podem ocorrer em virtude da volatilidade de IBOV futuro de um dia para o outro. Lembre-se: a intenção é proteger o nosso dinheiro e não especular sobre qual será o movimento do dia!
FERRAMENTAS DISPONÍVEIS PARA O HEDGE Sem dúvida, as principais ferramentas de hedge para uma carteira de ações são o mercado futuro (IBOV Futuro) e o mercado de opções. O primeiro é o nosso grande objetivo. O segundo, pela maior complexidade, foge do objetivo deste livro. Todavia, posso garantir que o mercado de opções é uma bela ferramenta de hedge e de remuneração de carteira. Se você tiver interesse indico dois livros: o meu primeiro livro “Investir Cada Vez Melhor” contém um capítulo sobre noções no mercado de opções, numa linguagem bem simples e acessível; lá você encontrará os primeiros ensinamentos deste fascinante mercado. O outro livro que gosto muito e que recomendo é o “Comprando ações e vendendo opções”, dos autores Wolwacz e Roxo. O Índice Futuro deriva do Índice Bovespa (IBOV). Assim, antes de estudarmos o hedge propriamente dito é preciso entender a composição do IBOV e suas principais ações. Veja a seguir as 10 empresas de maior peso no IBOV em abril de 2014. Reparem que juntas elas representam quase 60% do índice. Assim, fica claro que o movimento destas ações é fundamental para a oscilação do IBOV.
ÍNDICE BOVESPA – IBOV O índice Bovespa foi criado em 1968 e é considerado o mais importante indicador de desempenho médio do mercado de ações brasileiro. Sua importância está no fato de reunir os principais papéis negociados na bolsa de São Paulo. Com o intuito de aprimorar o desempenho do índice e corrigir falhas na metodologia, no final de 2013 a direção da Bovespa anunciou a primeira mudança metodológica no cálculo do índice. Assim, desde maio de 2014 já temos a nova composição do IBOV. Agora haverá prioridade do valor de mercado da empresa e não somente o volume financeiro negociado das ações. A vantagem é que ativos ruins podem até ter grande volume financeiro negociado em bolsa, mas não têm bons fundamentos. Outra mudança é a exclusão de ações com valor inferior a R$ 1,00. O índice é composto por aproximadamente 70 ações e é revisto a cada quatro meses, ou seja, algumas ações podem entrar ou sair do índice, além de poder ocorrer alteração no peso de cada ação.
A cada ação do índice é dado um peso de importância. Confira a seguir, no site da Bovespa a composição atual do novo IBOV.
COMO FAZER HEDGE DE SUA CARTEIRA NUM CENÁRIO HIPOTÉTICO DE QUEDA DO IBOV? Chegou a hora de aprender a fazer o hedge. Veja como é simples. Primeiro calcule o valor de sua posição acionária: some o valor de todas as ações em carteira. Depois faça a análise do mercado de ações. Se o cenário do IBOV for de queda, devemos vender minicontratos – como se fosse uma “venda a descoberto”, pois não temos o ativo em carteira. A intenção é recomprar o minicontrato por um preço mais baixo. Assim, com a queda do valor das ações, perderemos. Entretanto, com a queda do IBOV, ganharemos. Simples, uma posição cobre a outra.
Para isso basta usar a seguinte fórmula: o número de contratos a vender é igual ao valor financeiro (valor total em ações) dividido pelo
resultado (pontuação do IBOV x R$ 0,20). Para ficar mais fácil, vamos ao exemplo: você tem R$ 120.000 em ações e o IBOV futuro está cotado a 60.000 pontos (agosto de 2014). Então, quantos contratos você deverá vender? Vamos às contas: 120.000 / (60.000 x R$ 0,20) = 10 minicontratos. Simples. Obviamente não teremos uma proteção total do capital, pois os ativos podem sofrer uma queda mais acentuada que o IBOV, e vice-versa. Entretanto, a ideia é minimizar a queda, sem desfazer das ações. Ajustes podem ser feitos e serão comentados a seguir. Veja os exemplos a seguir:
Na tabela anterior temos uma simulação de hedge em duas carteiras de ações, uma com 240 mil reais (coluna 2) e outra com 60 mil reais (coluna 3). O hedge foi iniciado com o IBOV cotado a 60.000 pontos. Na primeira carteira vendemos 20 minicontratos e na segunda 5 (reveja a fórmula para o cálculo). No primeiro cenário, queda de 20% do IBOV, temos uma redução no valor nominal das ações, porém houve uma entrada de dinheiro em nossa conta: uma posição cobre a outra. Perceba que o valor das carteiras permanece o mesmo neste hipotético hedge perfeito... Já no cenário de alta do IBOV (10%), ocorre justamente o contrário: o ajuste diário é negativo (debitado em dinheiro da conta corrente na corretora), todavia houve um aumento do valor nominal da carteira.
Faça um balanço semanal ou mensal do seu hedge, comparando o valor final da sua carteira. Num hedge bem feito, não deveremos ter oscilações bruscas no patrimônio total. Para minimizar o erro no hedge de carteira, devemos ajustá-lo ao coeficiente Beta de sua carteira. Veja a seguir.
COEFICIENTE BETA É muito comum ouvirmos no mercado financeiro sobre o Coeficiente Beta de um ativo, ou simplesmente, Beta. Ele é um cálculo matemático baseado na oscilação de um ativo durante um período, geralmente 60 meses (prefiro usar um período menor, como veremos em breve), comparando sua oscilação com a de seu principal benchmark , que no caso do mercado de ações brasileiro é o próprio IBOV. O Índice Bovespa, por definição, é composto por várias ações, teoricamente compondo uma “carteira perfeita”. Assim, se uma ação tem o Beta igual a 1, indica que ela tem o mesmo grau de oscilação do IBOV, ou seja, a mesma volatilidade, tanto nos períodos de queda, como nos de alta. Ativos com Beta acima de 1 (Beta alto) apresentam maiores valorizações na alta, porém tendem a grandes desvalorizações nos períodos de baixa, portanto apresentam maior risco de mercado. Já os ativos com Beta inferior a 1 são considerados mais defensivos, pois suas quedas são mais limitadas que as do IBOV, entretanto, as altas também são menos agudas. A fórmula do Beta é muito complexa, contudo, no meu site (Investir cada vez melhor) você encontrará de forma gratuita o Beta atualizado dos principais ativos, inclusive com periodicidades menores (3 a 12 meses), o que usualmente oferece melhores resultados para o hedge no mercado brasileiro. Resumindo, quanto maior o Beta de um ativo maior será sua oscilação frente à variação do IBOV. Como exemplo, cito as ações do setor de construção civil e as ações Small Caps que em geral apresentam um Beta muito alto. Em contrapartida, a maioria das ações do setor elétrico usualmente apresenta um Beta menor que o IBOV.
No mercado de ações não existe um “porto seguro”. Até 2012, o setor elétrico era considerado defensivo e seguro nos momentos de crises, entretanto, o Governo Federal editou novas regras tarifárias e de concessão (MP 579), o que derrubou os preços das ações destas empresas e aumentou a volatilidade destas ações.
AJUSTE DO HEDGE PELO BETA A princípio pode parecer complicado, mas não é. Além dos dados necessários para o cálculo do hedge, já comentados, precisamos calcular a porcentagem de cada ação em relação à carteira total e procurar o Beta de cada ação (dica: utilize o Beta de 3 ou 6 meses, já calculados no meu site). Depois, multiplique o Beta de cada ação por sua respectiva porcentagem na carteira, e em seguida some todos os dados, assim teremos o Beta final ajustado. Veja o exemplo abaixo. Desta forma, teremos uma proteção mais fidedigna à própria carteira, porém mesmo assim, o hedge nunca será perfeito, pois estamos utilizando critérios passados para “prever” a movimentação futura dos ativos.
AJUSTE TEMPORÁRIO DO HEDGE PELOS GRÁFICOS – “HEDGE PARCIAL” Você poderá utilizar a análise técnica para dar uma “sintonia fina” ao seu hedge. Uma aproximação do IBOV em cima de fortes suportes ou da linha inferior das Bandas de Bollinger, e também o estado
sobrevendido do índice (IFR), indicam que você poderá assumir o risco de reduzir o hedge. Ao invés de ficar 100% de hedge, você pode reduzi-lo para 50% ou menos, na dependência do grau de confiança nos dados. Como? Comprando parte dos minicontratos vendidos, assim você estará encerrando parcialmente o hedge. Não tenho uma fórmula mágica para estes cálculos. Quanto mais experiência você acumular, maior será seu índice de acerto nestes ajustes.
QUANDO ENCERRAR O HEDGE? O hedge deverá ser encerrado quando o cenário macroeconômico estiver melhor e estável. Porém, ninguém te avisará pelas redes sociais ou por telefone. Será uma decisão pessoal. Quanto mais informações de qualidade você obtiver, melhor será sua decisão. Um bom corretor poderá lhe ajudar. Para a estratégia de hedge, esqueça o curto prazo e pense somente no médio e longo prazo. Como não existe uma receita ideal, o melhor é reduzir o hedge aos poucos, de acordo com a evolução dos fatos. Aqui, mais uma vez a análise técnica é útil. Teoricamente, deveríamos retirar o hedge apenas quando o mercado retornasse para uma clara tendência primária de alta.
APROVEITANDO O “SALDO POSITIVO” DO HEDGE Se fizermos o hedge corretamente e o cenário de queda for confirmado, os preços das ações cairão e o IBOV também. Com a queda das ações perderemos, porém com a queda do IBOV ganharemos. Uma coisa pela outra. Certo?... Nem tanto. Apesar do valor nominal da carteira ser o mesmo (soma das ações em carteira e do dinheiro em conta corrente na corretora), neste cenário de hedge, entrará mais dinheiro em nossa conta. Quanto maior for a queda do IBOV, mais robusto será o nosso caixa – dinheiro líquido. Assim, passada a tempestade, teremos maior liquidez para aumentar nossa posição acionária e potencializar ainda mais nossos ganhos. É uma tática muito eficiente!
O ESTRESSE DOS AJUSTES DIÁRIOS DO HEDGE: NEM TUDO É PERFEITO!
Um dado que pode gerar muita dor de cabeça e estresse na estratégia de hedge é o ajuste diário. Como ele deve ser feito em cash, dinheiro na conta da corretora, caso o mercado suba fortemente (e isto pode acontecer, como ocorreu várias vezes em 2014 em virtude das eleições presidenciais, por vezes com altas diárias vertiginosas), você precisará de uma boa reserva financeira. Portanto, para evitar maiores preocupações e insônia, mantenha uma folga no seu caixa, pelo menos uma variação positiva de 10% sobre o IBOV. Por exemplo: você começou o hedge em 60 mil pontos e está vendido em 10 minicontratos; o ideal é você ter fôlego para aguentar até os 66 mil pontos, ou seja, você precisa ter em conta na corretora pelo menos 12 mil reais (resultado da variação do IBOV x 10 minicontratos x R$ 0,20). Por outro lado, uma alta vigorosa no IBOV num curto espaço de tempo, como neste caso, especialmente se acompanhada de bom volume financeiro, pode ser o primeiro sinal de alerta: é hora de pensar em desfazer o hedge! Um bom exemplo é a reversão do IBOV em março de 2014, como comentarei em breve.
Algumas boas corretoras oferecem o serviço personalizado de compra e venda de minicontratos: basta uma ligação telefônica e uma autorização por email. As taxas de corretagem mais pesadas podem ser recompensadas pelos bons resultados. Porém, fique de olho nos resultados... Se no começo você tiver dúvidas, opere pela “mesa”, e depois migre naturalmente para a compra e venda direta pelo HB. Sim, é possível fazer sozinho!
SURFANDO NA TENDÊNCIA DO MERCADO – OPERAÇÕES A SECO Aqui a intenção é ganhar com o movimento direcional do IBOV Futuro. É uma operação completamente distinta do hedge. Esqueça os objetivos do hedge e nunca misture os fundamentos. Se você não tem tempo ou disposição para acompanhar de perto o mercado, esqueça os próximos ensinamentos. O conhecimento e a dedicação são primordiais para o sucesso neste modelo operacional. Você poderá fazer day trade, pouco recomendado para pessoas não profissionais, manter a sua posição por alguns dias – swing trade – ou manter o negócio por alguns meses – position trade. A análise técnica é fundamental. O uso de stop também. O controle de risco dever ser rígido, como veremos no final do livro. Lembre-se que os fundamentos das empresas pouco importam nesta tática. Antes de comentar algumas técnicas operacionais propriamente ditas (set-ups), leia e mantenha na sua mente as valiosas recomendações a seguir: 1. Nenhuma tática operacional é perfeita. No mercado de capitais não existem certezas e sim probabilidades. 2. É preciso saber perder. Quase ninguém está preparado para o fracasso. Todavia, neste modelo operacional, o erro é frequente. 3. Para obtermos sucesso, precisamos acertar mais do que errar. Esta é a lógica. Uma boa tática operacional precisa ter um índice de acerto de pelo menos 70%. 4. Na análise gráfica utilizamos várias ferramentas. Cada uma, isoladamente, tem pouca confiabilidade e força. Entretanto, os sinais gráficos concordantes são poderosos. Quanto mais, melhor. 5. E o mais importante: o volume financeiro. Qualquer sinal gráfico precisa ser acompanhado de bom volume negociado. É o principal fator de confiança num determinado movimento dos preços. 6. Por último, nunca opere muito alavancado. Na maioria das vezes esta tática é ineficaz e suicida. O estresse perturba o controle
emocional e atrapalha nossas decisões. É preciso manter o foco. Mantenha-se lúcido. 7. Os lucros devem ser pequenos, mas constantes. Não queira ficar rico da noite para o dia. O mercado de derivativos não é um cassino. 8. O controle das operações no mercado futuro é imprescindível por dois motivos: para a declaração do imposto de renda e para o gerenciamento do resultado de suas operações. É preciso obter bons resultados. Não insista em táticas perdedoras. Tenha o controle total!
Não desanime com os resultados iniciais. A curva de aprendizado é lenta. É preciso ter confiança e conhecimento. O mais importante é o resultado no longo prazo. Prepare-se bem para o longo combate.
SET-UPS ÚTEIS Podemos utilizar o gráfico do índice Bovespa (IBOV) ou do índice futuro (sob o código INDFUT INDFUT nos softwares de análise técnica). Nas operações de position trade e nas seguidoras de tendência de médio e longo prazo, o gráfico mais útil é o semanal. Para as operações de swing trade prefira o uso do gráfico diário do IBOV. Já para as operações de curtíssimo prazo, use o gráfico de 15 minutos do índice futuro. Os fundamentos técnicos e os principais conceitos das táticas operacionais são semelhantes, porém com algumas nuances. Para obter sucesso nestas táticas operacionais é preciso operar o mercado futuro tanto na compra como na venda de minicontratos. O primeiro passo é identificar a tendência do IBOV: alta, baixa ou indefinida. Como já dito na estratégia de hedge, no primeiro cenário vamos operar comprados, no segundo vendidos, e no terceiro o melhor é ficar de fora. Quanto mais potente for a tendência vigente, mais fácil será o nosso trabalho. Mais uma vez, o domínio da análise técnica é primordial. Seguem os principais set-ups:
1 – OPERANDO AS GRANDES REVERSÕES Aqui está o tesouro perdido. Se você conseguir detectar o fim de uma tendência e surfar numa nova onda, sem dúvida, será a tática de maior sucesso. Você poderá lucrar muito. Infelizmente não é fácil. Toda tendência de um ativo, seja de alta ou de baixa, seja primária, secundária ou terciária, uma hora chegará ao fim. Quase sempre! Para comprovar a regra, existem as exceções. Desta forma, precisamos operar com cautela e munidos de boas ferramentas – aqui, as boas ferramentas são os sinais gráficos. Numa forte tendência de baixa, veja alguns sinais gráficos importantes que podem mostrar que o ciclo de queda está perdendo força e uma reversão está iminente: 1. Aproximação de fortes fortes suportes. Avalie o gráfico de longo prazo e identifique os fortes suportes no passado. Faixas de preços, gaps, retrações de Fibonacci. Todos estes sinais são úteis. Quando eles são concordantes, eles ficam ainda mais poderosos e confiáveis. 2. Divergência altista pelo MACD. Segundo o Dr. Alexander Elder é um dos sinais mais potentes em análise técnica. 3. Índice de Força Relativa (IFR 14) muito baixo, inferior a 30. Isoladamente tem pouca importância. Em conjunto com outros achados se torna uma ótima referência. 4. Alteração no volume financeiro. Numa tendência de baixa clássica, as quedas são acompanhadas de maior volume financeiro do que os repiques de alta. A inversão deste achado é um bom sinal de alerta. 5. Quebra de um canal de baixa. Quase sempre uma tendência segue uma faixa de oscilação dos preços. O rompimento da linha superior pode ser o primeiro sinal de reversão. 6. Candles de convicção. A presença de um grande candle de força, em sentido contrário à tendência vigente, também pode ser o primeiro alerta. 7. Formação de um pivot de alta. É um ótimo sinal. Porém, muito cuidado com os falsos pivots, pois eles são muito frequentes no
gráfico diário. Obviamente, um pivot de alta no gráfico semanal é muito mais fidedigno. Entretanto, em geral, o pivot de alta no gráfico semanal é um sinal tardio. 8. Estes sinais podem ser identificados no gráfico diário ou semanal. Sempre o gráfico de maior periodicidade é muito mais confiável, porém os sinais podem ser mais demorados e escassos. Qual escolher? Analise os dois. Acredito que um complementa o outro. Uma grande reversão começa pelo gráfico diário e depois segue pelo semanal. Para exemplificar esta tática operacional, vou comentar os aspectos gráficos da reversão da tendência de baixa do IBOV em março de 2014. Escolhi o gráfico semanal, pois neste caso, os sinais foram mais evidentes. Veja a sequência dos gráficos e leia o texto a seguir.
Estamos em março de 2014. A economia local cambaleante e o cenário externo preocupante. Eleições Presidenciais à vista. Bom, mas aqui, como já comentado, os fundamentos macroeconômicos pouco interessam, é preciso concentrar nos dados de análise técnica. Pelos gráficos, vínhamos numa forte tendência de baixa desde a primeira semana do ano de 2013. Após o fundo de julho de 2013 (44 mil pontos), o IBOV fez um bom repique de alta até outubro de 2013 (cerca de 56 mil pontos). Desde lá, vínhamos caindo por quase seis meses consecutivos, de forma semelhante ao primeiro semestre de 2013... Retornemos a março de 2014. O IBOV se aproxima do último forte suporte em 44 mil pontos (gráfico 1). Veja também que o IBOV segue um “rigoroso” canal de baixa (linhas azuis oblíquas paralelas – gráfico 2)... Aqui, é preciso fazer uma pausa: a aproximação de qualquer ativo de um forte suporte é sempre muito importante. Basicamente, porque temos três caminhos a seguir: perder o suporte, fazer uma congestão em cima do suporte ou gerar uma reversão de tendência... Voltemos ao gráfico semanal de março de 2014. Perceba que na terceira semana de março o IBOV faz uma forte semana de alta: candle de força, alto volume financeiro e quebra da linha superior do canal de baixa (gráfico 3). Todos estes fatores corroboram para o início de uma reversão. Será? Para os investidores mais arrojados chegou a hora de comprar. Para os mais conservadores é preciso esperar um pouco mais, pelo menos até a próxima semana. Na
semana seguinte, outra forte alta e com mais volume financeiro (gráfico 4). Pronto. A reversão chegou. Podemos comprar o índice futuro, aproveitar os ganhos e aguardar uma próxima reversão. Infelizmente não é uma tarefa simples. Estudar os gráficos passados é muito tranquilo, mas quando estamos vivendo o presente, nem sempre é fácil tomar as decisões de forma correta, pois o cenário econômico e político, e as notícias nos afetam de maneira taxativa. Afinal, somos de carne e osso. É preciso ficar imunes a eles: criar uma barreira, uma proteção. Quem conseguiu pegar este ciclo de alta está surfando em 35% de ganhos (gráfico 5). Até quando? Escrevo este capítulo no último dia de agosto de 2014 e uma pergunta insiste em atormentar a minha mente: até onde vai esta alta do IBOV? Por enquanto, não há sinais de reversão. Na última semana de agosto, apesar do estado excessivamente sobrecomprado, o IBOV subiu forte e com volume financeiro. Chegou a furar a linha superior do canal de alta (gráfico 6). Assim, a tendência de alta continua forte. O mais provável seria uma breve correção na próxima semana, talvez duas semanas, e retomar a alta em busca da próxima resistência, em 63 mil pontos (topo de janeiro de 2014). Até lá, o mais importante é ficar atento e acompanhar o desempenho do IBOV, semana a semana, passo a passo. Por mais que deveríamos ficar alheios ao noticiário, na prática isso é quase impossível. As eleições estão chegando e sem dúvidas o resultado final terá grande impacto sobre o futuro do IBOV. Aliás, esta forte alta de 35% de março a agosto de 2014 é claramente atrelada à possibilidade de vitória da oposição. Porém, qualquer que seja o futuro Governo, teremos um caminho árduo pela frente, pois mudanças drásticas na área econômica são necessárias para voltarmos a crescer de forma sustentável. Enquanto isso, o mais importante é surfar nesta bela onda de alta... Fiz questão de deixar este último relato sobre a perspectiva do IBOV no final de agosto, com o intuito de ilustrar a dificuldade em operar o mercado: na primeira semana de setembro o IBOV testou a faixa de resistência (62.300 pontos) e iniciou uma forte correção nas semanas seguintes. Espero que este exemplo seja muito ilustrativo para você. Reflita
sobre os comentários e aprenda com eles. Reveja os gráficos. Estudeos com muito cuidado. O sucesso no mercado financeiro está nos detalhes. O conhecimento nunca é demais. A análise técnica é uma ferramenta muito útil, especialmente quando utilizada com sabedoria. Relembro a você, mais uma vez, que o meu primeiro livro contém um bom capítulo de análise técnica básica, com dezenas de gráficos de alta resolução. Se você já tem conhecimento básico sobre o tema, busque outras e novas informações. No próximo item vou abordar as táticas de curto prazo: swing trade.
Recentemente um grande amigo, Reginaldo Spenciere, que mora na cidade do Porto em Portugal e opera o INDFUT, desenvolveu uma tática operacional muito interessante para operar o mini-índice do IBOV. Ele fez um “ back test ” e o set-up se mostrou muito eficaz nos últimos seis anos (2008 a 2014). Ele utilizou o cruzamento de duas médias móveis (MM) exponenciais no gráfico semanal do IBOV (fiz uma pequena adaptação para médias aritméticas). Uma MM de 13 períodos (cor azul) e outra de 7 (cor vermelha). A compra ou venda é baseada exclusivamente no cruzamento entre elas (veja o gráfico abaixo). Se a MM mais curta (7 períodos) cruzar a mais longa de baixo para cima: você deverá comprar minicontratos. Se cruzar de cima para baixo, vender. Simples! É uma bela tática seguidora de tendência: veja o gráfico a seguir. Mas tenho um a crítica: qual o ponto exato de execução do trade? Olhar para os gráficos passados é uma coisa, operar o presente é outra bem diferente. Todavia, como o resultado é muito bom e o cruzamento das MM é ocasional, cerca de quatro vezes ao ano, podemos esperar e confirmar o verdadeiro cruzamento entre elas, e entrar um pouco tardiamente na operação (uma ou duas semanas depois). Ainda não testei este set-up na prática, mas os resultados preliminares são animadores. Num breve futuro vou publicar no blog (Investir cada vez melhor) mais detalhes. Até lá, faça você mesmo o teste, e se necessário, execute alguns ajustes!
2 – TÁTICAS DE SWING TRADE (CURTO PRAZO) As operações de swing trade na bolsa de valores, em geral, têm a duração entre 2 a 15 dias. O objetivo é aproveitar o sobe e desce natural do mercado de renda variável no curto prazo. As táticas operacionais são as mais diversas possíveis e um capítulo mais extenso foge do objetivo original deste livro. Evite um número excessivo de trades. Opere apenas quando os sinais gráficos forem marcantes e concordantes. Vou descrever apenas quatro táticas operacionais. Mas antes, gostaria de comentar sobre uma importante teoria no mercado de renda variável: “o retorno dos preços à média”. Qualquer ativo, em qualquer tendência e em qualquer periodicidade, no futuro buscará o preço médio. Sempre! Desta forma, o uso das Bandas de Bollinger é fundamental. Primeiro, porque esta ferramenta gráfica é baseada numa linha central, na verdade, uma média móvel (uso a MM de 21 períodos). Segundo, porque ela delimita os preços em outras duas bandas externas, uma superior e outra inferior (desvios-padrão da média móvel central). Curiosamente, de uma maneira geral, os preços tendem a oscilar dentro das bandas. Elas funcionam como um verdadeiro envelope, conduzindo os preços do ativo. Os preços fora das bandas são exceções. Assim, precisamos utilizar esta poderosa ferramenta em nosso favor... Veja a seguir, as táticas operacionais sugeridas, todas baseadas no gráfico diário do IBOV.
Os alvos nas táticas operacionais não acontecem da noite para o dia. É preciso dar tempo ao tempo. Por mais que são operações de curto prazo, muitas vezes os preços demoram um pouco a caminhar em nosso favor. Somente mude de ideia se surgirem dados gráficos confiáveis que o mercado seguirá para o caminho oposto ao planejado. Paciência. Esta é a palavra chave!
2.1 – VENDENDO TOPOS E RESISTÊNCIAS Num mercado de alta, o ciclo de escalada dos preços é preponderante sobre os momentos de queda. Porém, os períodos de correção são importantes para aliviar o estado sobrecomprado do índice e potencializar novas altas. Para aproveitar este zigue-zague, devemos vender minicontratos quando o IBOV mostrar sinais de cansaço nos períodos de alta. Importante: estas pequenas correções, em geral, não mudam a tendência de alta. Veja os principais sinais de reversão de curto prazo: 1. Altas consecutivas por mais de seis / sete pregões. 2. Aproximação de uma forte resistência; quanto mais recente for a resistência, mais confiável ela será. 3. Quando o índice atinge ou supera a linha superior das bandas de Bollinger. 4. Estado sobrecomprado pelo IFR. 5. Candles de dúvida e, principalmente, candles de reversão, em cima de zonas de resistências ou na linha superior da banda. 6. Redução gradativa do volume financeiro nas altas mais recentes. Altas confiáveis são acompanhadas de bom volume financeiro. Quando o ativo insiste em se valorizar, porém sem volume, temos uma clara indicação que a correção está chegando. Todos estes sinais indicam uma correção iminente do IBOV. Assim, devemos vender minicontratos. Veja o exemplo a seguir. Quantos contratos vender? Depende muito do seu capital operacional. Todavia,
o limite máximo descrito no item “o estresse dos ajustes diários do hedge” é um ótimo parâmetro. Mais uma vez, evite operar acima dos seus limites. O buraco pode ser mais fundo que o esperado, pois trabalhamos com probabilidades e não certezas. Agora, quando recomprar os minicontratos e embolsar os lucros? Veja a sequência de 3 gráficos e acompanhe o texto a seguir.
No final de agosto, o gráfico diário do IBOV mostrava várias altas consecutivas (lado direito do gráfico). Nos últimos 12 pregões foram 10 de alta. Ganho acumulado de mais de 10%. Uma correção está próxima. Perceba também que o IBOV aproxima-se da linha verde (cerca de 62.500 pontos), uma forte resistência dada pelo gráfico semanal, não mostrado aqui. No dia primeiro de setembro, o índice cai e fecha na mínima, com um candle muito baixista (seta vermelha). Porém, perceba que o volume financeiro foi abaixo da média, o que dificulta uma venda mais confiável. É hora de vender? Talvez. Mas para os investidores mais conservadores é melhor esperar mais um pouco (eu vendi e coloquei um stop acima da resistência). Nos dias seguintes, o IBOV até tenta subir, mas não consegue. No terceiro dia após a seta vermelha o mercado começa a cair com força, gerando um ciclo de baixa e, quem não vendeu, está “autorizado” a vender minicontratos. Quando recomprar? Leia os dois próximos set-ups. Porém, neste exemplo, precisamos esperar um sinal de reversão, que foi gerado 10 pregões após a seta vermelha (candle de alta – seta verde). Aqui, devemos encerrar o trade, no lucro.
2.2 – COMPRANDO O RETORNO DOS PREÇOS À MÉDIA Adoro este set-up e os preços amam o retorno à média. Eles sobem e
se afastam dela, indiscriminadamente, apenas para, logo em seguida, retornarem calmamente para a “casa”. São cartas marcadas. É infalível. Aproveite esta característica peculiar do mercado. A média móvel de 21 períodos (MM21) é o grande ponto de retorno. Assim, quando os preços retornarem a este patamar, chegou a hora de comprar os minicontratos (ou recomprar, se você estiver vendido). Este set-up funciona em qualquer periodicidade, mais aqui estamos usando o gráfico diário. Para melhorar o índice de acerto faça o seguinte: deixe os preços se aproximarem da MM e aguarde um candle de dúvida. O sinal de compra será dado no surgimento de um candle de reversão e principalmente se houver a superação da máxima do candle anterior, aquele de dúvida. Cheque o volume e compre ao final do dia! Veja o exemplo (sequência de três gráficos):
Neste exemplo, o IBOV vinha numa boa tendência de alta, afastando da média móvel de 21 períodos (linha vermelha). Após esta alta, o IBOV faz uma congestão e depois perceba que, no canto direito do gráfico, o índice aproxima-se da MM21 e gera uma candle de indefinição (seta verde do primeiro gráfico). Comprar agora? Ainda não. É preciso esperar um sinal mais claro. Três dias após o índice sobe com força e volume (segunda seta verde no segundo gráfico). Chegou a hora de comprar minicontratos. O terceiro gráfico mostra a continuidade da alta.
As retrações e as projeções de Fibonacci são ferramentas valiosas para prever o futuro dos preços. Não deixe de usar esta poderosa ferramenta gráfica. Elas potencializam o sucesso da tática do retorno à média. No nosso mercado, a faixa mais frequente de correção está entre 50 e 61,8% do movimento de alta precedente. Num mercado fortemente altista a correção costuma ser mais curta (38,2%).
2.3 – COMPRANDO FUNDOS E SUPORTES Aqui seremos como vampiros em busca de sangue. Queremos comprar barato, muito barato. Estamos sedentos por uma pechincha. Frequentemente, o mercado exagera na correção dos preços e oferece verdadeiras barganhas. Ele está depressivo. Esqueça este insano... Os fundamentos deste set-up são semelhantes ao primeiro, porém de forma inversa. Buscamos a compra de um ativo sobrevendido, em cima de suportes ou pairando na linha inferior das Bandas. Também gosto muito desta tática, todavia ela pode ser traiçoeira. Esta queda “exagerada” pode ser um prenúncio de uma virada do mercado. Assim, o uso do stop é fundamental! Porém, evite o stop curto. O mercado é cruel. Ele costuma “furar” falsamente o suporte, apenas para tirar o pirulito dos amadores e dos pequenos investidores. Seja firme. Não tenha medo, tenha confiança. Acredite nos seus verdadeiros aliados: os sinais gráficos... Espere pelo melhor, prepare-se para o pior. Sempre! Veja o exemplo:
O IBOV em tendência de alta, após superar a resistência (linha horizontal preta) na parte central do gráfico, fez um período de alta e depois começou a recuar, buscando a MM21. Passou inclusive a trabalhar abaixo dela, porém acima da resistência. Devemos esperar um sinal claro de compra, um candle de convicção, o que ocorreu no canto direito (seta verde). Compre neste candle.
2.4 – OPERANDO CONTRA A TENDÊNCIA Neste modelo vou comentar duas variações táticas utilizando as Bandas de Bolinger (BB). A filosofia de ambas é a mesma e o resultado
também. Quando bem executadas, o resultado é quase sempre muito bom: o primeiro set-up é presença de um candle de dúvida fora das bandas e o segundo é o set-up “fechou fora fechou dentro” (FFFD). Estas táticas funcionam melhor para as ações do que para o IBOV propriamente dito, e por esta razão, utilizei os exemplos a seguir. Entretanto, a filosofia pode ser adaptada para o índice e melhor ainda para o INDFUT. Candles de dúvida ou reversão fora das bandas indicam reversão momentânea da tendência vigente. Assim, numa tendência de baixa, o ativo que faz o referido candle tende a fazer um repique nos preços. Veja a seguir três exemplos: O primeiro da VALE5. Este ativo vinha numa clara tendência de baixa pelo gráfico semanal. No começo de agosto de 2011 fez um candle de reversão fora das bandas (seta verde). A partir daí os preços buscaram a MM21 com uma valorização de quase 20%.
O outro exemplo é da ELET6 (Eletrobrás) em novembro de 2012. Após uma forte queda nos preços (acima de 70%), o ativo produz um candle de dúvida (seta verde) totalmente fora das bandas e a partir daí fez um movimento de forte alta nos preços – mais de 40% em apenas seis dias.
Já no set-up FFFD, primeiro você deve esperar por um candle com fechamento dos preços fora das bandas, depois outro com fechamento dentro das bandas. De maneira semelhante ao set-up anterior, este tem o mesmo objetivo, ou seja, indica reversão momentânea da tendência com os preços buscando a média móvel de 21 períodos. A seguir, veja uma ampliação do penúltimo gráfico (VALE5). Logo após o candle de reversão, nas duas semanas seguintes (os dois próximos candles), o ativo faz um set-up FFFD ratificando o set-up anterior.
Terminamos aqui os set-ups de curto prazo, mas antes de apresentar
as táticas operacionais de curtíssimo prazo, é preciso reforçar e comentar rapidamente mais duas grandes ferramentas em análise técnica.
VOLUME FINANCEIRO – O NOSSO FIEL ESCUDEIRO Como já comentado, o volume financeiro negociado no período avaliado é o principal fator de credibilidade em análise técnica. O volume não faz parte do gráfico de preços e comumente está plotado abaixo do mesmo (reveja os exemplos anteriores – nos meus gráficos o volume está sempre plotado em vermelho abaixo do gráfico dos preços). Na verdade ele é um indicador, mas para uma análise técnica adequada, é imprescindível avaliar o volume em conjunto com a análise dos preços. Uma alta nos preços com grande volume negociado confirma a movimentação do mercado, enquanto uma alta nos preços sem volume não terá credibilidade e deve ser avaliada com bastante precaução. Nunca deixe de avaliar o volume antes de suas decisões!
ANALISANDO OS CANDLES – INFORMAÇÕES VALIOSAS A análise de um candle pode mostrar dados relevantes do comportamento do mercado. Candles de convicção e com boa amplitude, ou seja, com corpo cheio e sem sombras, demonstram força do mercado, seja nos movimentos de alta ou de baixa. Já candles de dúvida (corpo pequeno) confirmam a indecisão do mercado, que posteriormente poderá seguir para qualquer lado. Sombras superiores indicam pressão dos vendedores, enquanto sombras inferiores revelam a presença de força compradora naquele patamar. O estudo isolado do candle traz resultados frágeis e não consistentes em análise técnica, todavia, associado a outros dados, como tendências, resistências, bandas e suportes, é um poderoso instrumento para nos auxiliar na tomada de decisões. Existem inúmeros tipos de candles, por vezes com nomes estranhos. Esqueça os nomes. Não se preocupe em memorizá-los, procure
entender o significado de cada um, pois este aspecto é o mais importante! Veja abaixo alguns exemplos de candles.
Uso geralmente o termo candle de reversão para aquele que faz um movimento contrário ao movimento prévio. Desta forma, candle de reversão não é sinônimo de candle de dúvida!
3 – DAY TRADE (DT) Para finalizar a seção de set-ups, vou tecer alguns rápidos comentários sobre as operações de curtíssimo prazo. É provável que este tópico não seja do seu interesse, porém a compreensão dos fundamentos básicos pode ser útil na execução dos outros prazos operacionais.
OS FUNDAMENTOS PARA AS OPERAÇÕES DE CURTO PRAZO 1. As operações de DT são iniciadas e terminadas no mesmo dia. Não há a intenção do investidor em manter a posição no ativo. 2. As margens de garantia são bem menores, usualmente apenas 20% da margem habitual para a manutenção do ativo de um dia para o outro. Consulte sua corretora. Desta forma, é possível uma maior
alavancagem, o que pode ser um grande perigo! 3. As taxas de corretagem também são menores, porém o número excessivo de operações, comumente afeta o lucro. 4. O objetivo de lucro é bem menor que nos outros prazos operacionais. Aqui, lucrar 1% por trade já é um grande negócio. 5. O nível de estresse é altíssimo e o desempenho da maioria dos traders é muito ruim. 6. Desta forma, decididamente não é um mercado para amadores. Pratico muito pouco as táticas de DT. Já citei os motivos: não vivo exclusivamente do mercado financeiro e, por enquanto, não tenho esta pretensão. Todavia, em algumas situações esporádicas, os setups que comentarei abaixo se tornam muito evidentes e chamativos. Isso me leva a fazer algumas operações e com bons resultados, comprovando a eficácia dos mesmos. Todavia, o mais importante, sempre com um capital muito limitado! Basicamente, temos três tipos de pregão: o de alta, o de baixa e o de lado. Neste último, inicialmente o mercado abre numa direção, porém perde força durante o dia e termina no zero a zero (veja o exemplo a seguir). Se pudéssemos adivinhar o futuro, o melhor seria ficar de fora do pregão de lado. A seguir, as principais referências que podem nos auxiliar com o intuito de prever o caminho mais provável do IBOV.
No dia 14 de outubro o mercado abre em um pequeno gap de baixa (seta vermelha). A linha horizontal vermelha marca o fechamento do dia anterior e a verde a abertura do dia. Perceba que o INDFUT faz uma pequena alta no começo do pregão (primeira hora do pregão), testa a linha vermelha e volta a cair. Em seguida testa a linha verde (abertura) e volta a subir. Depois rompe a linha vermelha e produz uma alta de cerca de 1.000 pontos. Porém, no final do pregão, o INDFUT volta a cair e devolve todo o ganho do dia. Apesar de possível, este tipo de movimento é muito complicado de ser operado. É preferível ficar de fora!
AS GRANDES REFERÊNCIAS PARA AS OPERAÇÕES DE DT Antes de começar o dia, faça a análise da tendência do IBOV futuro no gráfico diário. Lembre-se que operar a favor da tendência é sempre mais fácil e com melhores resultados. Por uma questão didática, vou abordar principalmente os set-ups para compra de minicontratos. Para a venda, utilize as mesmas ferramentas, porém de maneira inversa. Para as operações de curtíssimo prazo sempre utilizo o gráfico de 15 minutos. É o que oferece melhores resultados. Agora, observe o desempenho na última hora do dia anterior, eventualmente ela pode sinalizar o movimento do dia seguinte. O fechamento próximo da máxima é um bom sinal de compra. Depois, trace a linha de fechamento, pois ela poderá ser um forte suporte ou resistência, dependendo da abertura do dia seguinte. O mercado futuro abre uma hora antes da Bovespa, às 9 horas da manhã. Evite operar na primeira hora do pregão, pois os movimentos costumam ser erráticos. Entretanto, a análise desta primeira hora é de suma importância para o restante do dia. Os gaps de abertura são importantíssimos no intuito de prever o movimento do índice futuro. Quanto maior for o gap, mais fidedigno ele será, especialmente se ele for a favor da tendência vigente. Cuidado com os gaps frágeis (“gaps de sardinhas”) de pouca amplitude
(veja exemplo anterior). Eles costumam falhar e o mercado seguir em direção oposta. Identifique o preço de abertura do pregão e trace outra linha. A zona compreendida entre as linhas de fechamento e abertura, comumente funciona como suportes numa tendência de alta. Aguarde o primeiro movimento do pregão, de pelo menos uma hora, ou seja, quatro candles de 15 minutos. Trace a linha da máxima do primeiro movimento. Agora, o interessante é aguardar uma pequena correção ou uma congestão nos preços. A seguir, as táticas operacionais propriamente ditas:
SET-UPS DE CURTÍSSIMO PRAZO O primeiro set-up é o rompimento da máxima do primeiro movimento acima descrito, de preferência associado a um aumento do volume financeiro e determinado por um candle de força. Estes sinais indicam compra.
Veja o exemplo anterior. O INDFUT abriu em gap de alta (a linha vermelha representa o fechamento do dia anterior e a verde a abertura do dia seguinte). A seguir fez quatro candles de indefinição. Devemos marcar a máxima deste movimento (linha azul). A superação desta linha e com volume financeiro gerará compra, o que ocorreu no
candle seguinte (seta vermelha). Lembre-se: opere sempre a favor da tendência! O segundo set-up é o teste da zona de suporte (faixa compreendida pelos preços de fechamento e de abertura). Aqui, após a abertura em alta e a subida dos preços, é comum que os mesmos recuem e voltem a testar este patamar (pullback). Compre na reversão deste teste. O terceiro set-up é o rompimento de uma longa congestão no intraday (mais de 10 a 12 candles). Aqui, poderemos ter movimentos mais amplos após o rompimento. Compre no candle que romper a congestão com força e volume financeiro. Veja o exemplo a seguir.
O INDFUT estava em congestão em meados de dezembro de 2013. No dia 11 de dezembro abriu em gap de baixa (fechamento do dia anterior: seta vermelha e linha horizontal preta; a abertura está representada pela linha horizontal superior vermelha). O primeiro candle do dia (seta verde), após o gap de baixa, tenta mostrar força de alta, porém sem volume financeiro. O índice sequer supera o preço do fechamento anterior. Depois, observamos uma longa congestão de 13 candles no intraday, dentro da zona compreendida entre os preços de fechamento e abertura. No décimo quarto candle, existe um claro rompimento do suporte para baixo e com volume financeiro, o que gerou uma venda do IBOV futuro. Perceba que o índice cai rapidamente, inclusive perdendo o outro suporte mais abaixo (linha
vermelha inferior) dado pelo gráfico diário (não mostrado). O quarto e último set-up é o surgimento de um “candle gigante”. Candle gigante? Sim, ele é um candle muito maior que os demais, com grande amplitude e usualmente contra a tendência vigente de curto prazo. Se acompanhado de bom volume financeiro, ele sugere a direção para onde o mercado caminhará. É uma ferramenta poderosa.
Nos gráficos anteriores temos um bom exemplo de um candle gigante. Após o topo em 63 mil, o INDFUT perde força e recua. Porém, no canto inferior à direita, surge um forte candle de alta (seta verde), o
que indica a repentina mudança de tendência de curto prazo. Devemos comprar na superação da máxima deste candle... Os preços voltam a subir e testam novamente o topo em 63 mil pontos (linha horizontal azul clara). Aqui, teoricamente deveríamos vender, pois atingimos uma resistência (reveja o primeiro set-up). Neste topo duplo o INDFUT começou um longo recuo no mês de setembro de 2014 (perda de mais de 10.000 pontos).
Todos os conceitos aqui repassados foram adquiridos em vários cursos e discussões sobre o tema, além da leitura de artigos escritos por especialistas em operações de curtíssimo prazo. Todos os set-ups foram testados na prática, contudo, como já dito, estas operações de curtíssimo prazo não fazem parte do meu dia a dia. Assim, recomendo um estudo mais aprofundado para os que pretendem operar DT. Lembre-se, conhecimento sempre é bem-vindo!
NOÇÕES BÁSICAS SOBRE O DÓLAR FUTURO A taxa de câmbio é a relação de valor entre a moeda local e uma moeda internacional. O dólar norte-americano é a principal moeda internacional de referência. No Brasil, a Taxa PTAX pode ser considerada como a cotação oficial do dólar norte-americano em relação ao real, sendo definida como a taxa média de todos os negócios com dólares praticados no mercado interbancário ao longo do dia. A PTAX é divulgada pelo BACEN e serve como base para correção de contratos vinculados à moeda americana. Em contrapartida, o dólar futuro é um consenso de mercado sobre a cotação do dólar num futuro próximo. Ele é baseado na cotação atual do dólar acrescido de juros – de maneira semelhante ao IBOV futuro. O regime oficial de controle da taxa de câmbio no Brasil é o de livre flutuação cambial, ou seja, não deveria existir controle direto por parte do governo. Porém, na verdade, poderíamos melhor classificá-lo como “regime de flutuação suja”, pois o governo atua de forma indireta, vendendo e comprando dólares, com o intuito de manter o dólar americano flutuando dentro de uma faixa desejável. Isso ocorreu no ano de 2014, em que o dólar foi “represado” artificialmente pelo Governo. Até 1999, a taxa de câmbio no Brasil era fixa e imposta pelo Governo Federal, o que muitas vezes não refletia o valor real da moeda. A taxa de câmbio tem grande impacto na balança comercial de um país. Uma moeda nacional sobrevalorizada prejudica a exportação e consequentemente a balança comercial, favorecendo o déficit. Por outro lado, o câmbio desvalorizado facilita a exportação e o superávit na balança comercial. Desta forma, num mundo com mais de uma centena de países, o somatório dos superávits comerciais dos países sempre deverá ser igual ao somatório dos déficits comerciais nos países restantes. De uma maneira geral, os países que apresentam superávit comercial tendem a emprestar dinheiro para os deficitários. Assim, chegamos à conclusão que a taxa de câmbio é um aspecto vital para a economia de qualquer país... Os países com economia forte
têm moeda forte, e países com economia fraca têm moeda fraca. Certo? Nem sempre, justamente pelo controle “sujo” da moeda. A China e o Brasil são grandes exemplos atuais. O primeiro mantém o câmbio sobredesvalorizado com o intuito de impulsionar as exportações. Já o Brasil segura “bravamente” o preço do dólar em 2014 para evitar uma maior pressão sobre a inflação. Só não se sabe até quando! Para nós, pequenos investidores, a cotação do dólar americano pode nos afetar diretamente, seja no aumento da inflação, seja no aumento do custo de uma viagem internacional ou na aquisição de bens importados. Assim, não podemos ficar alheios à cotação da moeda americana. E mais. Acredito que todo investidor deva aplicar uma parte de suas reservas financeiras em investimentos atrelados ao câmbio. Lembre-se dos conceitos de diversificação e preservação do capital... Basicamente existem três maneiras possíveis de investir em dólar: a aplicação em fundos cambiais (disponível em qualquer banco comercial), a compra direta de moeda estrangeira ou o investimento direto no mercado futuro. Sem dúvida, o mais simples e recomendado é o fundo cambial. Todavia, para os que têm um maior conhecimento sobre o mercado financeiro, a aplicação em derivativos é uma ferramenta valiosa. Para operar o dólar futuro use todos os fundamentos comentados neste livro, pois eles são semelhantes: margem de garantia, ajustes diários, imposto de renda, táticas operacionais, etc. O que muda, obviamente, é a tendência do ativo. Comumente o dólar caminha em sentido oposto ao do IBOV: se o IBOV sobe, o dólar cai, e vice versa. Porém, esta premissa nem sempre é verdadeira. Cuidado! A seguir comento os aspectos básicos para operar o minidólar.
OPERANDO O MINIDÓLAR FUTURO – JOGO RÁPIDO 1. Código do ativo: WDO + letra (mês) + ano. Diferentemente do IBOV futuro, o dólar vence todo mês. Sempre no primeiro dia útil. As letras referentes aos meses são semelhantes às do índice futuro. Exemplo: o dólar com vencimento em outubro de 2014 é o WDOV14.
2. A cotação unitária refere-se a um montante de 1.000 dólares. Atualmente, outubro de 2014, cerca de R$ 2.420,00. No HB, a cotação aparece de 50 em 50 centavos: 2.420,00; 2.420,50; 2.421,00... 3. Cada minicontrato tem o valor de 10.000 dólares, ou seja, 10 vezes o valor da cotação unitária... Já o contrato de dólar futuro “cheio” equivale a 50.000 dólares. 4. O lote-padrão é de 1, como no mini-índice, ou seja, podemos comprar de 1 em 1 contrato. As margens de garantia também são semelhantes e os ajustes diários idem. 5. Fórmula para cálculo do ajuste diário: diferença de cotação (fechamento de hoje – fechamento de ontem) x 10 x número de minicontratos. Exemplo: você está comprado em 5 minicontratos. Ontem o dólar futuro fechou em 2.350,00 e hoje subiu, fechando a 2.370,00. Qual será o ajuste? A fórmula: 20 (2.370 – 2.350) x 10 x 5 (minicontratos). Portanto, o ajuste será de 1.000 reais. Como estamos comprados e o dólar subiu, o ajuste será positivo. Dinheiro na conta!
A compra direta da moeda estrangeira com o intuito exclusivo de investimento, tanto nas lojas oficiais de Exchange, como no mercado paralelo, quase sempre é desvantajosa para o cliente, especialmente nas primeiras, pois o ágio para a compra é alto e o deságio para a venda também, ou seja, perdemos na entrada e na saída. São preferíveis as outras alternativas.
Antes de terminar o livro, gostaria de apresentar a você três tópicos do meu primeiro livro: o conceito de stop, as entradas e saídas parciais, e a gestão do dinheiro. Eles são fundamentais para operar qualquer ativo, em especial, o mercado de derivativos.
CONCEITO DE STOP Um dos principais objetivos no mercado financeiro é a preservação do nosso capital. Antes de fazermos planos com os futuros lucros, devemos nos preocupar com o potencial de perda do capital, caso a operação não flua como planejado. A utilização de stop é uma ferramenta essencial para evitarmos perdas substanciais, especialmente nas operações a seco do mercado futuro. Ao planejar uma operação financeira devemos estudar o potencial de lucro e o ponto em que sairemos da operação, caso a mesma fracasse. É comum nos mercados de ações e futuro, o relato de colegas com perdas absurdas de até 80, 90% do capital. Não deixe que aconteça com você. Nunca é demais relembrar que um ativo que perde 50% de seu valor, precisará subir 100% para retornar ao mesmo patamar. Por vezes, o uso do stop é cruel! Não raramente, após a nossa entrada, o preço do ativo recua, atinge o stop, e logo em seguida volta a subir “tranquilamente”, muitas vezes com altas expressivas – no jargão dos traders, fomos vítimas de uma “violinada”. É muito doloroso, mas acontece. Lembre-se de que o ativo poderia ter uma queda expressiva e você poderia perder muito dinheiro. Acostume-se com isso, pois neste tipo de mercado precisamos saber limitar as nossas perdas, uma vez que nenhuma operação é isenta de risco. Podemos utilizar vários critérios para colocar stops, como suportes, gaps, linhas de tendência, fundos anteriores, controle de risco, etc. A única coisa que não deveríamos fazer é deixar de colocá-los. Todo iniciante tem dificuldade em aceitar o uso do stop. Não estamos acostumados com o fracasso, mas no mercado de renda variável esta é a realidade e devemos aceitá-la. Operações no prejuízo sempre ocorrerão, mesmo entre os melhores profissionais. Provavelmente o uso do stop seja o ponto mais crítico em análise técnica, ou melhor, saber posicioná-lo no ponto mais adequado, nem muito curto, nem muito longo. A assimilação deste conceito somente vem com o tempo e a experiência. O stop curto – perdas mínimas após a entrada – não serve para absolutamente nada, ou pior, serve
para sairmos precocemente do trade e desperdiçar nosso dinheiro, além de pagar os custos da transação. As corretoras adoram! Desta forma, evite-o!
ENTRADAS E SAÍDAS PARCIAIS Nos mercados de ações e futuro não existem certezas e sim probabilidades. Assim, mesmo os sinais gráficos mais fortes podem ser falhos. Diante disso, como proceder? Sem dúvida, a melhor maneira é fazer entradas e saídas parciais no ativo. Vou tentar explicar melhor como funciona na prática esta poderosa ferramenta. Após a escolha do ativo, vamos aguardar o melhor momento para comprá-lo, sendo que o timing exato geralmente é determinado pelos gráficos. O próximo passo é o controle de risco, onde separamos o montante financeiro que podemos aplicar naquela operação, calculando nosso prejuízo máximo ao posicionar adequadamente o stop. Feito isso, podemos executar as entradas. Exemplo: num rompimento de uma resistência podemos comprar parte do total desejado, 50% por exemplo, e o restante num eventual pullback do ativo. Assim, caso o rompimento inicial seja falso, limitaremos nossos prejuízos. Da mesma forma, ao realizarmos lucros devemos fazer o mesmo, pois não podemos limitar nossos ganhos vendendo integralmente nossa posição. Assim, o mais correto é vender parte das ações compradas quando os preços atingirem nosso primeiro alvo e o restante da posição permanecerá comprado. Uma tática interessante é subir o stop para o ponto de alijamento de risco da operação, ou seja, calculamos o ponto exato onde será o nosso novo ponto de stop, para que, caso a parte remanescente seja estopada, o prejuízo seja compensado pelo lucro inicial. Outra possibilidade ainda melhor, é subir o stop para o ponto de entrada, garantindo assim, os lucros iniciais já conseguidos. Por outro lado, após altas sucessivas e o surgimento concomitante de candles de dúvidas em cima de resistências ou das médias móveis, devemos vender a parte remanescente e embolsar todo o lucro. Posteriormente, faremos novos estudos para recomprar o ativo, especialmente, após uma infalível e salutar correção dos preços. Muitas vezes acertamos a direção do trade, mas o desempenho dos preços fica aquém do
inicialmente planejado. Nestes casos o melhor é encerrar toda a posição! Nas operações de vendas a tática segue o mesmo princípio, contudo num cenário totalmente oposto. Posso afirmar que no começo esta estratégia é muito difícil de ser assimilada pelo investidor, pois o mais comum é querer fazer a compra ou venda total do ativo. De uma maneira geral, o investidor inexperiente tende a aceitar enormes prejuízos no ativo, na esperança de revertê-los. Por outro lado, tende a limitar seus ganhos nas operações corretas. Esta é a regra. Fuja dela o quanto antes! Não insista em operações perdedoras. Tenho convicção de que a tática de entradas e saídas parciais é o melhor modo operacional.
GESTÃO DE DINHEIRO E CONTROLE DE RISCO Aqui está o calcanhar de Aquiles da maioria dos principiantes no mercado financeiro. Entram no mercado de renda variável, sem nenhum controle de suas operações. No mercado de ações ou no mercado futuro, quase todas as pessoas podem executar boas operações, porém poucas são capazes de aumentar o patrimônio. A razão principal do fracasso é a falta de disciplina. Infelizmente, boa parte dos iniciantes negligenciam a gestão de dinheiro e o controle de risco. No início foi assim comigo. Devemos lembrar que o primeiro objetivo no mercado financeiro é a sobrevivência, assim precisamos aprender a limitar nossos prejuízos. Segundo o Dr. Alexander Elder em seu livro – Aprenda a operar o mercado de ações – as operações de sucesso são baseadas em 3Ms, das iniciais em inglês, mente (Mind ), método (Method ) e dinheiro (Money ). O primeiro refere-se à psicologia inerente ao investidor, o segundo aos métodos operacionais (táticas operacionais e conhecimento sobre o mercado) e o terceiro refere-se à gestão do dinheiro. Os três componentes são fundamentais e cada um complementa o outro. Nenhum deles é dispensável! O outro objetivo da gestão de dinheiro é acumular riqueza, reduzindo o prejuízo nas más operações e potencializando os lucros nas boas. Antes de almejarmos lucros extraordinários, devemos saber preservar o nosso capital. Lembre-se da máxima do mercado: perder dinheiro é fácil e ganhar é muito difícil! Para operar no mercado financeiro é preciso aceitar riscos, entretanto, evite grandes perdas numa única operação. Qualquer que seja o prejuízo sobre o nosso capital total, precisaremos ganhar uma porcentagem muito maior para recuperar esta perda. Não se esqueça! Os investidores sonham apenas com o lucro e frequentemente ficam congelados e estáticos de medo quando fazem uma operação fracassada. Precisamos de regras que nos digam quando encerrar uma
operação equivocada. O bom operador deseja ganhar dinheiro durante um longo período. Numa operação isolada ele nunca tem a certeza do sucesso da mesma. O acúmulo de patrimônio deve ser contínuo e paulatino. A análise técnica é extremamente útil para posicionarmos adequadamente o stop. Por outro lado, o controle de risco tem a função de limitar uma grande perda. Assim, as duas ferramentas são complementares.
PASSOS PARA UM BOM CONTROLE DE RISCO O primeiro é calcular seu capital operacional total em bolsa no primeiro dia do mês, ou seja, calcule apenas a parte do seu patrimônio destinado a investir no mercado acionário. Deste capital, separe um pequeno montante que será usado exclusivamente no mercado futuro – ajustes diários. A partir daí comece a fazer a gestão do dinheiro. O segundo é ter uma ótima planilha de operações. Não existem investidores de sucesso sem boas planilhas. O controle sobre as operações deve ser total. O terceiro passo é seguir a sugestão do Dr. Alexander Elder. Ele recomenda duas regras básicas de controle de rico: a regra dos 2% e a regra dos 6%: A regra dos 2% é muito simples. Nenhuma operação deve comprometer mais de 2% do nosso capital operacional. Repito: nenhuma! Desta forma, ao abrirmos uma posição de compra ou venda, devemos colocar um stop que não comprometa mais de 2% do capital total (calculado no primeiro dia do mês). Os principiantes acham pouco e os profissionais acham muito. De que lado você ficará? A regra dos 6% também é muito simples. Num único mês não podemos perder mais que 6% do capital total. Caso isto ocorra, fique fora do mercado o restante do mês. Para verificar o prejuízo máximo, calcule todas as posições em aberto. Assim, com estas duas regras, as operações de sucesso num mês proporcionarão um aumento no nosso capital total de um mês para o outro, elevando nossos limites operacionais. O contrário também é verdadeiro.
Infelizmente, a vida útil dos operadores autônomos é medida em poucos meses. A razão básica do fracasso é a falta de regras de gestão do dinheiro. A maioria dos operadores autônomos em fase de má sorte insiste em continuar no mercado. Devemos abortar as más fases o quanto antes. Os operadores institucionais têm bons resultados porque as regras são extremamente rígidas. Não há espaço para perdas constantes. Os operadores passam frequentemente por oscilações emocionais; eufóricos nos momentos de alta e totalmente deprimidos no mercado em baixa. Se você quiser ser um operador disciplinado, as regras dos 2% e dos 6% converterão suas boas intenções em operações mais seguras e rentáveis. Evite posições exageradas para o seu capital operacional. Evite também uma alavancagem excessiva. Quando o nível de risco aumenta, o nosso desempenho cai. Operar em excesso é um erro fatal, pois em outras palavras, isto significa realizar operações excessivamente grandes para seu nível de conhecimento e segurança. Portanto, controlar os prejuízos nos mercados de ações e futuro é um fator primordial para a manutenção do nosso capital e a sobrevivência no mercado financeiro. Prejuízos exorbitantes podem ser irreversíveis. Assim, em toda operação devemos posicionar o stop e calcular o potencial prejuízo (exceto nas operações de hedge, pois o capital já está protegido). De uma maneira geral, o máximo que podemos perder numa única operação é 2% do capital. Num capital total hipotético de 100 mil reais, o máximo que podemos perder numa única operação é 2 mil reais. Outro ponto importante é que devemos evitar perdas superiores a 6% num único mês. Obviamente estes valores podem ser adaptados ao estilo de cada um, porém não podemos deixar de ter um controle rígido sobre nossas negociações. Evite montar múltiplas operações ao mesmo tempo e tenha sempre o controle total sobre as possíveis perdas. A gestão de dinheiro e o controle de risco são imprescindíveis para o sucesso do investidor!
COMENTÁRIOS FINAIS Neste meu terceiro livro sobre o mercado financeiro procurei mostrar ao pequeno investidor que é possível operar como os grandes investidores. O mercado futuro é fascinante e muito menos complicado do que as pessoas comuns imaginam. Entretanto, é preciso conhecimento e disciplina. Todos os conceitos mostrados neste livro foram adquiridos na minha prática do dia a dia. Os erros foram frequentes, mas os ensinamentos foram ainda mais marcantes. A literatura sobre o mercado futuro no Brasil é muito escassa. Busquei simplificar os conceitos e apresentá-los de uma forma simples e organizada... Opero o mercado futuro há cerca de três anos (desde 2011) e confesso que a cada dia fico ainda mais apaixonado. É um grande exemplo de vida. É preciso dedicação, sabedoria, paciência e disciplina para obter bons resultados. Por outro lado, sem dúvida, é um mercado de risco e devemos ter muito cuidado. Contudo, quando sabiamente aproveitado, o mercado futuro pode ser perfeitamente domado e gerar bons resultados. Espero que neste breve relato da minha experiência no mercado futuro, eu tenha contribuído para a sua formação como um bom investidor. O grande objetivo dos meus livros continua o mesmo: inserir as pessoas comuns no importante e complexo mercado financeiro. Muito obrigado por ter chegado até aqui. Boa sorte! Marcelo Montandon Jr. Mais informações, dúvidas e comentários: Investir cada vez melhor
LEITURA RECOMENDADA Como já comentado, o resultado deste livro foi baseado nos erros e acertos da minha prática do dia a dia. Não tenho um livro específico sobre o mercado futuro para indicar, mas acredito que os livros a seguir podem contribuir para a sua boa perfomance. ELDER, Alexander. Aprenda a operar no mercado de ações. Sexta edição. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2006. ELDER, Alexander. Aprenda a vender e operar vendido. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2009. Fortuna Eduardo. Mercado Financeiro. Décima nona edição. Rio de janeiro: Qualitymark Editora, 2013 GRAHAM, Benjamin & ZWEIG, Jason. O investidor inteligente. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007. GUNTHER, Max. Os axiomas de Zurique. Vigésima terceira edição. Rio de Janeiro: Editora Record, 2009. HALFELD, Mauro. Investimentos: como administrar seu dinheiro. São Paulo: Editora Fundamento Educacional, 2007. HALFELD, Mauro. Patrimônio – Para você ganhar mais e viver melhor. São Paulo: Editora Globo, 2009. KOBORI, José. Análise Fundamentalista. Primeira edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. MONTANDON JR, Marcelo. 5 Investimentos que garantem seu futuro. Goiânia: edição do autor, 2014. Ebook. LUEDERS, Anderson. Investindo em Small Caps: um roteiro completo para se tornar um investidor de sucesso. Terceira edição. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2008. MONTANDON JR, Marcelo. Investir Cada Vez Melhor. Primeira edição. Goiânia: edição do autor, 2013.
PIAZZA, Marcelo C. Bem-vindo a bolsa de valores. Sétima edição. São Paulo: Editora Novo Conceito, 2008. TOWN, Phil. Regra número 1. Primeira edição. Rio de Janeiro: Editora Best Seller, 2007. WOLWACZ, Alexandre. Táticas operacionais de posição em ações. Segunda edição. Porto alegre: Editora Leandro & Stormer, 2011.
CRÉDITOS Goiânia, Goiás - Edição do Autor - 2014 Marcelo Montandon Jr. 1ª EDIÇÃO 2014, Marcelo Montandon Jr. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, 1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito do autor, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. Capa: Portal Quest, Goiânia, Goiás. Revisão ortográfica: Raquel Eckert Montandon. Edição final: Marcelo Montandon Jr. Edição digital : Beto Marques Internet Solutions
NOTAS: 1. Este livro tem como simples objetivo informar o leitor sobre o funcionamento do mercado financeiro e as possibilidades de investimentos. O conteúdo do mesmo não deve ser interpretado como uma fonte de indicação de investimento. O autor não assume qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas pessoais, originados do uso desta publicação. 2. As regras no mercado financeiro são muito dinâmicas e frequentemente modificadas pelos órgãos competentes, desta forma, todas as informações aqui repassadas devem ser confrontadas com o cenário atual. 3. Muito cuidado e técnica foram empregados na edição deste livro, entretanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida conceitual. Nestas hipóteses, solicitamos a devida comunicação
