(Compendio de Matéria Médica Dietética) compreendendo 10 volumes. Este livro resumiu e sistematizou mais uma vez a dietética terapêutica. Sumário de preparações medicinais A maioria da matéria médica apresenta-se sob uma forma “bruta”. Algumas não podem ser tomadas directamente devido às suas propriedades gravosas; algumas não podem ser armazenadas durante muito tempo porque se deterioram facilmente. Algumas necessitam que lhes sejam removidas partes impuras ou inúteis e algumas são desagradáveis porque cheiram mal. Desde o início, a preparação de medicamentos recebeu bastante atenção em MTC. O processo de preparação de matéria médica tinha por objectivo a melhoria das funções medicinais, o aumento das propriedades curativas e a redução da toxicidade e efeitos colaterais, assim como a aplicação e armazenamento adequados. A preparação de matéria médica é uma tecnologia farmacêutica exclusiva da MTC. Formou-se e desenvolveu-se com base numa escolha dialéctica em MTC. Os seus princípios estão também em concordância com a teoria base da MTC. Utilizando estes conceitos, a matéria médica pode atingir padrões de elevada qualidade e certificar a respectiva segurança e eficácia. A preparação tem pelo menos 2000 anos de história. Shen Nong Ben Cao Jing (Clássico de matéria Médica de Shen Nong), a primeira publicação sobre matéria médica, regista a preparação de matéria médica. Nas Dinastias do Sul, o livro Lei Gong Pao Zhi Lun (Tratado de preparação de matéria médica de Lei) de LeiXiao foi o primeiro trabalho que surgiu sobre preparação de matéria médica no Sul da China. Lei Gong Pao Zhi Lun (Tratado de preparação de matéria médica de Lei) consiste em 3 volumes que especificam cerca de 300 tipos de drogas. O autor Lei Xiao, foi um farmacêutico das Dinastias do Norte e do Sul cuja biografia difere com os autores. Uma das expressões concretas da prosperidade médica das Dinastias Jing e Tang reside nos seus famosos médicos e na publicação em grande escala de extensos trabalhos médicos, incluindo o aparecimento de livros de fórmulas. No séc. VII, surgiram as obras de fórmulas intituladas Si Hai Lei Ju Fang (Colecção de fórmulas chinesas e estrangeiras) e Si Hai Lei Ju Dan Fang (Colecção de receitas populares chinesas e estrangeiras). A primeira consiste em 2600 volumes e a segunda em 300 volumes, ambos numa escala sem precedentes. Sun Simiao (581-682)219, nasceu em Hua Yuan, Jin Zhao na Dinastia Tang (província de Shanxi). Ele adquiriu um domínio excelente do Taoismo e dos princípios de 100 escolas de pensamento das épocas “ Chūnqī u - Primavera e Outono” e zhànguó - Reinos Combatentes (770-22 a.C.) e foi um estudioso erudito do Budismo, 219
Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.453
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Taoismo e Confucionismo. prosperidade.
Sun Simiao viveu num período de grande
Assim, com base na sua síntese de conhecimentos médicos até às Dinastias Sui e Tang , fez uma recolha extensiva de prescrições e simplificou-as eliminando elementos supérfluos. Posteriormente escreveu Qian Jin Yao Fang (Fórmulas de Mil Ducados) constituído por 30 volumes. Este foi denominado por um historiador médico moderno como “a primeira enciclopédia de medicina clínica na história da MTC”. 220 Sun atribuiu mais importância aos cuidados de saúde nas mulheres e crianças. Como médico experiente, Sun era esplêndido em vários ramos da medicina, com particular consideração pelo diagnóstico e tratamento de doenças em mulheres e crianças. Sentiase profundamente preocupado com os escassos estudos em ginecologia, obstetrícia e pediatria. Sum era extremamente científico na sua relação com os recém nascidos. Por exemplo, imediatamente após o nascimento os dedos do bebé deviam ser envoltos em algodão e o sangue e mucosidades da sua boca eram prontamente removidos; depois de cortado o cordão umbilical, o umbigo devia ser coberto com um pedaço de algodão macio e limpo de aproximadamente 4 cun quadrados e 1 cun de espessura. Era também apologista de que a ferida do umbigo devia ser cauterizada pela moxibustão, uma prática de grande valor na prevenção do tétano e consequentemente muito louvável. Defendia que após o nascimento do feto, este devia ser lavado com bílis de porco, o que pode prevenir várias doenças, em particular dermatoses. Preconizava também que os bebés não deviam ficar tapados em berços com cortinas, mas sim ao ar livre em dias de sol e sem vento, tendo observado que o sol frequentemente dava vigor e durabilidade à sua pele, aumentando a sua resistência contra as gripes e outras doenças. Sun afirmou que todas as doenças deviam em primeiro lugar serem tratadas pela dietoterapia, e só se isto fosse ineficaz seriam prescritos medicamentos. Ele dizia que “a fundação da vida reside nos alimentos, enquanto a cura das doenças existia nos medicamentos”, e “os alimentos podem dissipar as influências nocivas do meio ambiente, acalmar as vísceras e incentivar a consciência do homem para desenvolver o seu fluido vital, Se o médico conseguir suprimir o sintoma, fazer o paciente sentir-se melhor e expulsar a doença com alimentos, este merece o nome de droga boa”. Afirmou também que “o médico deve em primeiro lugar entender a causa da doença e o tipo de ataque que o paciente sofreu, tratá-lo primeiro com alimentos e se não obtiver resultados, então deixá-lo tomar medicamentos”. 221
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Zhenguo, Wang, et alii - History and Development of traditional Chinese Medicine. Science Press, Beijing, 1999, p. 127 221 Zhenguo, Wang, et alii - History and Development of traditional Chinese Medicine . Science Press, Beijing, 1999, p. 130
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Sun Simiao prestou um contributo notável para o entendimento da preservação da saúde. “A forma para manter o estado de saúde reside no facto de praticar exercício físico leve regularmente sem se cansar a fazer o que não se pode”. “A água corrente nunca é bafienta e a dobradiça de uma porta nunca é corroída por vermes porque nunca param de se movimentar” 222, formavam o princípio dos seus cuidados de saúde. A sua teoria de cuidados de saúde tinha já começado a afastar-se dos pensamentos religiosos da longevidade e tornou-se científica. Em suma, tratamentos “nutritivos” preveniam as doenças. Um menção especial deve ser feita relativamente ao contributo de Sun Simiao para a disciplina da ética médica. Preconizava que uma vez que a medicina era de enorme importância para a vida e saúde do Homem, um médico devia possuir um bom carácter moral assim como capacidades médicas. Os médicos das Dinastias Wei, Jin, Sui e Tang realçaram a importância da ética em artigos e livros, de entre as quais as de Sun Simiao foram as mais notáveis. Sun defendia que a vida era mais valiosa do que mil ducados de ouro, daí o título dos seus livros, praticando o que ele defendia para estabelecer um exemplo nobre para os médicos que viriam a seguir. Sun escreveu dois ensaios denominados “Da Yi Xi Ye (Como estudar medicina)” e “Da Ye Jing Cheng (Ser um médico honesto e conscencioso). Sun dizia que um médico devia concentrar a sua energia sem qualquer desejo pessoal, aumentar incessantemente os seus conhecimentos e capacidades médicas e tratar todos os pacientes de forma igual sem discriminação entre nobres e humildes, ricos e pobres, jovens e idosos, bonitos e feios, sábios e ignorantes, parentes afastados e amigos íntimos, Han e minorias, o que significava que o médico deveria ser indulgente para com os seus pacientes e tratá-los com igualdade. Para além disso, um médico não deveria medir os seus passos pensando na sua própria sorte ou segurança, mas sim aliviar as dificuldades e perigos e não poupar esforços noite e dia para auxiliar os seus doentes, compreendendo os seus sofrimentos como se fosse o seu próprio. Avisava também os outros médicos de que ao chegarem a casa de um paciente deviam actuar com dignidade sem lançar olhares como que à procura de algo que lhes agradasse. Ser cuidadoso sem o intuito de bisbilhotar ou intrometer-se, troçar dos outros, fazer exclamações confusas, exibir a sua própria fama, dizer mal de outros médicos ou ser jactancioso. As recomendações de Sun para a conduta perante os doentes e seus familiares e nas costas dos seus colegas médicos reflecte as suas virtudes ideológicas nobres. O grande desenvolvimento da Medicina Clínica Zhou Hou Bei Ji Fang (Fórmulas de emergência para se estar preparado) foi o primeiro manual de primeiros socorros em MTC escrito há cerca de
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Zhenguo, Wang, et alii - History and Development of traditional Chinese Medicine . Science Press, Beijing, 1999, p. 131
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1600 anos. Foi elaborado por GeHong (261-341)223, consistindo num manual apropriado para diagnosticar e tratar casos de emergência e desequilíbrios comuns, sendo semelhante a um manuam moderno de primeiros socorros. As drogas prescritas neste manual são fáceis de encontrar e baratas. Além disso contém, ainda, tratamentos por acupunctura e moxibustão, sendo uma obra pensada para utilização nas camadas sociais mais desfavorecidas. Porém, a obra é suficientemente completa, contendo tratamentos para AVC, comas, dores abdominais agudas, etc. Na sua panóplia de acções, inclui-se o tratamento de mordedura por cães raivosos. Deve-se a GeHong a descoberta da acção de yī nchén (artemisiae capillaris herba) 224 usada para fins terapeuticos contra a malária, conforme ele refere: “mergulha uma mão cheia de yī nchén em 2 litros de água, extrai o seu sumo e bebe” 225. A prova científica da acção da artemisina só hoje em dia se verificou, porém, a sua acção em MTC tem 1600 anos. Na dinastia Jin houve um avanço marcado na ciência de acupunctura e da moxibustão. O trabalho mais importante e representativo em acupunctura nesta época foi escrito por Huangfu Mi226 , cuja obra foi Zhen Jiu Jia Yi Jing, ou seja, o (clássico A – B de acupunctura e moxibustão). Huangfu Mi viveu entre 215 e 282 d.C., também conhecido por Shi An ou por Xuan Yan, nasceu em Chaona na província de Gansu durante a dinastia Xi Jin (Jin Ocidental) Aos 40 anos de idade ele sofreu uma doença que o tornou surdo. Na sequência deste acontecimento, passou a considerar que a saúde era a base da vida do homem e segundo ele “se não se tiver um conhecimento bom de medicina mesmo que o seu monarca, o seu pai ou o seu filho esteja seriamente doente não se pode tratá-lo” . Zhen Jiu Jia Yi Jing é um trabalho representativo de Huangfu Mi. O trabalho é uma absorção de conteúdos importantes relativos à acupunctura e moxibustão, tratados em Su Wen, por Ling Shu e por Ming Tang Kong Xue Zhen Jiu Zhi Yao, sendo um resumo de alcance em acupunctura e moxibustão desde épocas anteriores, tais como a época dos três estados. Para além de conter um estudo sistemático combinado com experiências clínicas feitas pelo próprio Huangfu Mi. A obra é composta por 12 volumes com 128 capítulos, que podemos dividir em duas partes. A primeira uma base teórica de Medicina Tradicional Chinesa e o conhecimento fundamental em Acupunctura e moxibustão, a outra constituída por tratamentos clínicos incluindo etiologias, patogenia, sintomatologia, e indicações para cada ponto. Um dos alcances deste livro é a grande sistematização teórica em acupunctura e moxibustão, discutindo as funções fisiológicas e as mudanças patogénicas e a circulação nos 12 meridianos principais e nos 8 meridianos curiosos. Outro dos alcances desta obra baseia-se na confirmação da existência de 348 pontos com a sua localização incluindo 49 pontos simples e 299 pontos bilaterais; além disso 223
Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.921 224 Wiseman, Nigel – Dictionary of Chinese Medicine. English-Chinese/Chinese-English. Taichung, 1995, p.731 225 Zhenguo, Wang, et alii - History and Development of traditional Chinese Medicine . Science Press, Beijing, 1999, p. 139 226 Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.921
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dá indicações da profundidade das agulhas, o número de cones de moxa a utilizar e as contra indicações de cada ponto; trata também da forma como manipular as agulhas. Esta obra teve uma grande influência durante muito tempo na acupunctura e moxibustão porque Huang “eliminou o supérfluo e as repetições desnecessárias retendo apenas o seu essencial”, o que torna este livro um elemento bastante prático e de fácil consulta e utilização. Cirurgia É também desta época a primeira monografia acerca de cirurgia. A obra chama-se Liu Juan Zi Gui Yi Fang , também conhecido por Gui Yi Fang , foi a primeira obra monográfica a cerca de cirurgia na China e foi escrito por Liu Juanzi, que viveu na Dinastia LiuSong (420-479) (do Sul). É interessante saber que nestas épocas tão recuadas esta obra já inclui o conhecimento de tratamento de diversas feridas, traumas, carbúnculos, celulites, soros, etc, com a inclusão de diversos tipos de pele. A obra contém 140 fórmulas tanto para uso oral como para uso tópico; suas terapias incluem hemostase, analgesia, sedação e desintoxicação. Nesta obra já se refere a utilização de plantas tal como Huanglian ( Rhizoma Coptidis)227 para o tratamento de feridas. Além da referência a terapias externas, este livro também inclui terapias internas segundo os síndromas identificados de acordo com o estado do desequilíbrio energético. Os princípios do tratamento para as terapias internas tais como a clarificação do calor e a eliminação de toxinas, promover a circulação do sangue e remover a estase sanguínea, dispersar patogenias Xié 228 e remover acumulações e promover a regeneração de tecidos e músculos em combinação com tratamentos externos, influenciarão a cirurgia em gerações posteriores. Traumatologia Data também deste período a obra monográfica acerca de traumatologia: Xian Shou Li Shang Xu Duan Mi Fang (Fórmulas Secretas para tratar injúrias dadas pelos Celestiais). Esta obra foi escrita entre 841 e 846 d.C., por um Taoista de nome Lin. A obra é a mais antiga monografia acerca de traumatologia já com valor científico e mostra como era desenvolvida esta temática durante as Dinastias Sui(589-618) e Tang (618-907). O seu autor viveu entre 790 e 850 d.C., tendo nascido na província de Shenxi. Seguindo os princípios Taoistas, Lin viveu em reclusão até que um dia o seu vizinho Peng caiu de uma montanha quando apanhava lenha ficando gravemente magoado numa vértebra e no úmero, causando-lhe dores intoleráveis deixando de poder trabalhar
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Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology. Vol. II. State Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, p. 43 228 Wiseman, Nigel – Dictionary of Chinese Medicine. English-Chinese/Chinese-English. Taichung, 1995, p.701
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normalmente. Tal facto levou Lin a deixar a sua reclusão tratando pessoalmente de Peng até que este recuperou a sua saúde anterior. A partir desse momento Lin teve uma reputação extraordinariamente importante como terapeuta a nível ósseo; reputação essa que fez aumentar consideravelmente o seu número de doentes. A obra põe em evidência as rotinas utilizadas quando há fracturas e deslocamentos bem como a limpeza das zonas afectadas, a inspecção dos traumas após o diagnostico, redução por tracção e todo um conjunto de técnicas para tratar estes elementos traumáticos. Relutante à vida que levava anteriormente de reclusão, Lin ensinou a Peng todos os seus conhecimentos médicos, o que levou Peng , após a sua morte, a continuar o trabalho do seu antigo vizinho, tendo-se tornado num excelente terapeuta. Obstetrícia Também neste período podemos citar a primeira obra monográfica obstetrícia: Jing Xiao Chan Bao (prescrições testadas em Obstetrícia). A obra foi escrita por Zan Yin em 852, durante a dinastia Tang . Zan Yin 229 era um conhecido médico da província de Sichuan. O prefácio da obra refere que o seu autor foi levado a escrever a obra pelo primeiro ministro Bai Minzhong na sequência de excessivo número de dificuldades de parto que havia, o que levou o seu autor a compilar a sua obra em 3 volumes. Inclui 52 capitulos e 317 fórmulas. O primeiro volume apresenta fórmulas para tratar a amenoreia, leucorreia e as desordens durante a gravidez; o segundo volume trata das desordens que ocorrem durante cada mês de gravidez e as dificuldades do parto; o terceiro volume trata das desordens pós parto. Zan Yin refere ainda que os problemas durante o parto são causados tanto pela mulher que está gravida como pelo próprio feto; deste modo os tratamentos terão que estar de acordo para cada caso em si. Zan criou uma fórmula que inclui plantas como Xuduan ( Radix Dipsaci)230 , Aiye (Folium Artemisiae Argyi)231 , Danggui (Radix Angelicae Sinensis)232 , Dihuang seca ( Radix Rehmanniae)233 e Ejiao (Colla Corri Asini) 234, entre outras. Todos estes ingredientes têm a função de tonificar o Rim, alimentando os fluidos do Yin e preservando a gravidez.
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Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.732 230 Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology . Vol. II. State Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, p. 204 231 Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology. Vol. II. State Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, p. 140 232 Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology. Vol. II. State Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, p. 208 233 Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology. Vol. II. State Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, p. 209 234 Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology. Vol. II. State Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, p. 211
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Zan escreve com exactidão e brevidade as reacções da gravidez e recomenda três fórmulas nas quais se inclui Renshen (Radix Ginseng)235 , Houpo (Cortex 236 237 Magnoliae) , Baizhu (Rhizoma Atractylodis Macrocephalae) e Fuling 238 (Poria) que são usados para tonificar o Baço e induzir a diurese; além destes também o Jupi (Pericarpium Citri Reticulatae) 239 e Zhuru (Caulis Bambusae in 240 Taeniam) que são utilizados para eliminar as mucosidades e precaver os vómitos. Aliás estas fórmulas para tratar os vómitos, ou agonias durante a gravidez são largamente usadas nas clínicas ainda hoje em dia. Pediatria Também é deste tempo a primeira monografia pediátrica: Lu Xin Jing (Manual da fontanela e da cabeça). Talvez como uma consequência da especialização rápida de alguns médicos na área da pediatria, criaram-se monografias e formulários médicos dedicados, com discussões detalhadas acerca da infanticultura, enfermagem, tratamentos de saúde, factores patogénicos e manifestações patogénicas bem como os respectivos tratamentos. Segundo a obra Nan Shi o governador Ren Fang fez uma lei em que “se a puérpera dá à luz uma criança, mas se se recusa que ela fique viva, no sentido estrito da palavra, os pais têm a mesma culpa que um assassino” 241. Aliás Sun Simiao 242 (581-682), médico da dinastia Tang também afirmou “que entre os meios de tratar com a vida no dia a dia, nada era mais importante que dar lugar ao nascimento de uma criança” 243. Tal era a importância da pediatria naqueles tempos, que dentro dos diversos departamentos do Instituto Médico Imperial na dinastia Tang , havia o departamento de pediatria. Se se quisesse ser pediatra teria que se estudar durante 5 anos e passar no exame respectivo. A obra Lu Xin Jing , conhecida como tendo sido a primeira monografia pediátrica na China, apareceu durante as dinastias Sui(589-618) e Tang (618-907). O livro inclui dois volumes, o primeiro trata das diferentes condições dos pulsos num adulto e nas desordens do adulto e da criança; o segundo volume, discute etiologias, patogenias e tratamentos correspondentes, tais como convulsões infantis, desinterias, 235
Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology. Vol. II. State Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, p. 194 236 Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology. Vol. II. State Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, p. 86 237 Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology. Vol. II. State Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, p. 197 238 Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology. Vol. II. State Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, p. 91 239 Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology. Vol. II. State Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, p. 110 240 Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology. Vol. II. State Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, p. 164 241 Conferir com Hipócrates, nota 131 242 Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.453 243 Zhenguo, Wang, et alii - History and Development of traditional Chinese Medicine. Science Press, Beijing, 1999, p. 147
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erisipelas assim como as respectivas fórmulas para tratamento fitoterápico. Além de um sem número de doenças nele inclusas, nas quais se trata o problema da má nutrição. A educação médica e o sistema administrativo Antes da dinastia Jin (265-420) não havia educação médica nacional. A produção de médicos fazia-se através do sistema de geração, ou seja pai/filho, ou através do sistema mestre/aprendiz. Esta situação durou centenas de anos até ao inicio do período das dinastias Liu Song (420-479), quando começou a educação médica académica em 443. Qin Chengzu, o presidente médico imperial, na altura sugeriu á corte a criação de uma educação médica nacional, infelizmente desconhece-se os pormenores de sua criação. Em 581, depois do estabelecimento da dinastia Sui, o instituto médico imperial já tinha sido fundado; tinha especialidades em medicina, massagem e magia. De acordo com o volume 28 da obra de Sui Shu, dentro da especialidade tinha dois médicos e professores. Os professores da especialidade de medicina e massagem ensinavam os conhecimentos da sua profissão e a parte tecnológica separadamente. Na especialidade de medicina havia também dois assistentes que ajudavam os professores no seu trabalho. O trabalho era praticado por cerca de 200 médicos, além disso também havia jardineiros que trabalhavam as ervas. Havia responsáveis pelo pessoal administrativo e pessoal médico. Julgando pelas suas obrigações, podemos ver que o Instituto Médico Imperial da dinastia Sui, já se tinha tornado o embrião do instituto médico nacional. Em 618, depois do estabelecimento da dinastia Tang , a maior parte dos sistemas médicos seguiram o que estava implementado na dinastia Sui, mas a escala da sua influência alargou-se consideravelmente a nível educacional, uma vez que não se restringia apenas à corte imperial, mas a todo o país. De acordo com os dados históricos o intituto médico imperial da dinastia Tang era uma escola médica estabelecida pelo governo nacional, tinha um presidente e dois vice presidentes que estavam encarregados da sua administração. Tinha 4 médicos supervisores e 8 vice-supervisores que estavam encarregues da educação médica; 8 farmacêuticos e 24 assistentes de farmácia estavam encarregues de fazer os medicamentos. O intituto médico imperial incluía duas faculdades maiores de medicina e farmacologia. No inicio dividia-se em medicina, acupunctura, moxibustão e massagem. Havia professores encarregues de ensinar cada uma destas especialidades. Cada uma destas divisões também tinham o seu corpo de apoio, assim os professores de medicina tinham os assistentes de professor, os médicos e os assistentes de médicos, para a divisão de medicina; havia assistentes de professores acupunctores e assistentes de acupunctores para a divisão de acupunctura e moxibustão; e havia massagistas e assistentes de massagistas para a divisão de massagem. Este corpo de apoio médico tanto exercia clínica como acção docente médica, o que leva a pensar que o intituto médico imperial tanto ensinava como praticava medicina. De acordo com a especialização, o período de aprendizagem diferia entre as 5 especialidades em medicina: a medicina interna requeria 7 anos; a medicina externa 5 anos; a pediátrica, alias como já vimos, 5 anos; olhos, ouvidos, nariz e garganta 2 anos; ventosas 2 anos. 77
Os primeiros textos que eram utilizados eram: o Su Wen, Bĕ n C ǎ o Jing , o Mai Jing e o Zhen Jiu Jia Yi Jing .
Shén Nóng
Os alunos podiam aprender o conhecimento e as técnicas das suas especializações mais tarde. Os cursos tirados para estas especialidades em acupunctura e moxibustão eram basicamente os mesmos que os da especialização em medicina. Os estudantes de massagem aprendiam sobretudo terapia através da massagem e exercícios respiratórios os quais eram usados para tratar tanto doenças internas como traumas e fracturas. Os alunos tinham exames mensais, sazonais e anuais relativos aos seus estudos; os exames eram muito estritos. Mensalmente era o professor de medicina que se encarregava dos exames, o presidente encarregava-se sazonalmente dos exames, o supervisor enviado pelo templo Tai Chang , que era equivalente ao ministro de educação nacional, era responsável pelo exame anual. A avaliação dos exames tanto era escrito como incluía perícia clínica. No momento da graduação, aqueles que tinham tido notas excelentes recebiam recomendações para posições importantes, aqueles que tinham estudado durante 9 anos e ainda não tinham passado no exame prescreviam. A faculdade de farmácia no Instituto Médico Imperial Tang tinha um jardim farmacêutico com cerca de 3 hectares, cujos jardineiros forneciam ervas frescas para usos clínicos; outras matérias médicas utilizadas no instituto eram medicinas nativas dirigidas de diferentes áreas. Sob a orientação dos seus professores, os estudantes de farmácia estudavam a variedade, a plantação, a colheita, os tratamentos, o armazenamento e as compatibilidades em fitoterapia. A educação oficial nos Tang era feita através do Intituto Nacional, o Intituto Imperial e o Instituto Médico Imperial. Entre eles o Instituto Nacional e o Instituto Imperial estavam a cargo da criação de oficiais, e abriam somente a elementos da família imperial, à aristocracia e a estudantes estrangeiros. Os estudantes da faculdade médica, responsável pela criação de médicos, eram também muitas vezes filhos de oficiais, mas muitos estudantes de farmacologia eram, a sua maior parte, estrangeiros. Não obstante o Instituto Médico Imperial ser estabelecido para necessidades das classes dirigentes, pela sua composição em faculdades, especialidades, estruturas de apoio, tempo de escolaridade, curriculum, número de estudantes, sistema e examinação, etc., podemos dizer que foi o primeiro Instituto Médico mais bem equipado do mundo; aliás basta referir que o primeiro sistema de ensino (a 1ª escola médica) europeu surgiu em Itália, em Salerno em 846, dois séculos mais tarde. A dinastia Tang , podemos dizer que foi um momento de grande desenvolvimento económico e literário. O Instituto Médico Imperial exerceu grande influencia nos países vizinhos. Nesta sequência o Japão no século VIII, seguiu o exemplo Chinês. Durante o período das dinastias Wei–Jin e Sui–Tang outros sistemas médicos apareceram. Na dinastia Jin aparece a clínica e a farmácia Imperial equivalente hoje em dia às lojas móveis e foram uniformizados os pesos e medidas médicos; aliás de acordo com registos do reino de Yuan Kang ( 291-299 d.C.) um médico eminente Fei Wei, fez um pedido ao Imperador para que fosse feita a reforma dos pesos e medidas médicas; esta é a referencia mais antiga de pedido de reforma das doses médicas. Nas dinastias do Norte e do Sul foi dada grande atenção aos problemas médicos. De acordo com os registos de Wei Shu, no 3º ano de Yong Ping (em 501), foi construída uma clínica para tratamentos, ensinamentos e também para investigação.
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Em 501, quando apareceu uma epidemia bastante grande, foi criada uma clínica para receber os doentes. Estes foram os primeiros hospitais de Medicina Tradicional Chinesa. Numa parte do Instituto Médico Imperial, na dinastia Sui, foi também estabelecida uma posição para Nutricionistas, Farmacêuticos e assistentes de médicos, bem como uma secretária de farmácia e outras organizações administrativas médicas por oficiais. Na dinastia Tang foi dada a atenção aos tratamentos de saúde pública e remédios, que eram dados as pessoas do povo, todos os anos para prevenir as epidemias. No 3º ano de Zhen Guan, cada prefeitura tinha indicação para criar centros médicos e de recuperação para tomar conta de pobres com doenças. Ao mesmo tempo eram feitas instalações para idosos e órfãos.
As trocas médicas entre a China e os Países estrangeiros No período das dinastias Sui – Tang desenvolveram-se uma prospera economia, uma unidade nacional e uma avançada comunicação promovida palas trocas comerciais internas e externas e tocas cientificas e culturais. A capital Chang’an, era a maior cidade do mundo daquela época e o centro económico e cultural internacional, conforme escreve o Dr. Joseph, famoso historiador Britânico “Na história da China houve duas atitudes em relação à Europa, ora de abertura e bem vinda aos estrangeiros, ora de fecho e recusa das ligações com o estrangeiro. A dinastia Tang foi o período em que os estrangeiros eram bem vindos à capital, levando a hospedarem-se uma Galáxia de figuras internacionais eminentes. Os árabes, os círios, e os persas chegaram a Chang’an vindos do oeste e encontraram-se com coreanos e japoneses” 244. A rota da seda, aberta no século II a.C., foi até à dinastia Tang a rota mais importante de ligação à China, à Ásia Central, Ásia Ocidental e ao Mediterrânico Ocidental via mar. O desenvolvimento médico da dinastia Tang encontrava-se no topo do mundo e as trocas de conhecimentos médicos nas dinastias Sui – Tang foram mais prósperas do que em qualquer outro período cronológico. A China teve ligações amistosas com a Índia, a Arábia, a Coreia, Japão e Vietname. Desde as dinastias Jin e Tang que houve trocas culturais entre a China e o Japão tendo aumentado, consideravelmente, a partir desta época. Os contactos entre a China e a Coreia também eles se foram fazendo ao longo do tempo muito antes das dinastias Jin–Tang; especialmente do século II d.C., começou, uma troca cultural mais sistemática, tendo-se incrementado ainda mais durante as dinastias Sui e Tang . Frequentemente os Coreanos iam para a China estudar Medicina Tradicional Chinesa; nesse tempo muitos conhecimentos de fitoterapia foram dando 244
Zhenguo, Wang, et alii - History and Development of traditional Chinese Medicine. Science Press, Beijing, 1999, p. 151
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também entrada na China tais como Wuweizi ( fructus Schisandrae) 245 e Kunbu ( Thallus Laminaria) 246 . Enriquecendo desta forma a fitoterapia Chinesa. A estes dois juntamos também Baifuzi ( Rhizoma Typhonii) 247 e Renshen ( Radix 248 Ginseng) que são claramente Coreanos. As trocas medicinais entre a China e a Índia também elas muito precocemente tiveram lugar nomeadamente a China muito cedo exportou drogas e matéria médica ou seja fitoterapia; estas incluíam Renshen (Radix Ginseng), Fuling (Poria), Danggui (Radix Angelicae Sinensis), Yuanzhi ( Radix Polygalae), Wutou (Radix Aconiti), Fuzi (Radix Aconiti Praeparata), Mahuang (Herba Ephedrae) e Xi Xin ( Herba Asari) , etc. Ao contrário também se verificou nomeadamente da parte dos Budistas Indianos com a China, uma vez que muitos Budistas se dedicavam à medicina. Assim podemos dizer que quando o Budismo se desenvolveu na China, também a medicina indiana se desenvolveu neste País. Aliás, segundo as crónicas, houve mais de 11 tratados médicos indianos transcritos para Chinês; tendo estes trabalhos tido alguma influência na Medicina Tradicional Chinesa. Também os elementos fitoterápicos produzidos na Índia tais como Lóngnǎ oxiāng (Borneolum)249 e Yùjī nxiāng (Radix 250 Curcumae) passaram a ser usados na China. Muitos dos médicos Indianos que passaram a praticar na China eram Oftalmologistas. Em relação à Arábia havia frequentes trocas médicas. Como vimos, o estudo dos pulsos parece despertado no mundo Árabe bastante importância uma vez que Avicenna, aliás, ÅÎm ÅI ɼ»Af J§ ÅI ÅÎ n ‡AÏ ¼§ Ì IC(Abu ‘Ali al-Hussayn ibn ‘Abd-Allah ibn Sina), que viveu entre 980 e 1037 depois de Cristo, escreveu o livro Canon - K ¡ »AÏ ¯ ÆÌÃB´»A (Cannon de Medicina), tendo muitas explicações acerca das condições do pulso e eventualmente tirados do Mai Jing (Clássico dos Pulsos). Muitos outros conhecimentos da M.T.C. foram registados em livros Árabes, bem como o contrário também se verificou, que muitos conhecimentos médicos foram absorvidos pela M.T.C. As drogas introduzidas na M.T.C. originárias da Arábia, podemos referir:
245
Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology. Vol. Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, p. 224 246 Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology. Vol. Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, p. 166 247 Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology. Vol. Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, p. 483 248 Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology. Vol. Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, p. 194 249 Wiseman, Nigel – Dictionary of Chinese Medicine. English-Chinese/Chinese-English. 1995, p.550 250 Wiseman, Nigel – Dictionary of Chinese Medicine. English-Chinese/Chinese-English. 1995, p.741
II. State II. State II. State II. State Taichung, Taichung,
80
§
Olibano
- ÆBJ» - cujo nome na China
passou a
Rǔ xiāng (Resina
Olibani)251, §
Mirra - j ¿ - cujo nome na China passou a
§
Sangue de Dragão
Mòyào (Myrrha)252,
- ÅÍÌ aÞ Âe - cujo nome na China passou a
Xuèjié
(Resina Draconis) 253. “[…] actua no coração, fígado e a nível do sangue, é bom para remover a estase sanguínea. Se for usado para parar a dor e promover a regeneração dos tecidos, a droga pode para a dor activando o sangue e pode pode promover a regeneração do tecido removendo a estase de sangue”254 §
Bardana
- ÆÌΡ ³iC - cujo nome na China passou a
Muxiang (Radix
Aucklandiae)255. Também algumas drogas foram introduzidas na China, mas tendo sido o mundo Árabe apenas intermediário, nomeadamente o “Ferro Grego” - ÒÎ ¿Ëi ÒJ¼U - cujo nome na China passou a
Húlúbā (Semen Trigonellae)256.
251
Wiseman, Nigel – Dictionary of Chinese Medicine. English-Chinese/Chinese-English. Taichung, 1995, p.606 252 Wiseman, Nigel – Dictionary of Chinese Medicine. English-Chinese/Chinese-English. Taichung, 1995, p.564 253 Wiseman, Nigel – Dictionary of Chinese Medicine. English-Chinese/Chinese-English. Taichung, 1995, p.715; 254 WangAng Bencaobeiyao (Essência de Matéria Médica) , início da dinastia Quing . 255 Wiseman, Nigel – Dictionary of Chinese Medicine. English-Chinese/Chinese-English. Taichung, 1995, p.566 256 Wiseman, Nigel – Dictionary of Chinese Medicine. English-Chinese/Chinese-English. Taichung, 1995, p.497 ; vide também Coutinho, A. X. Pereira – Flora de Portugal . Lehre, Verlac Von J. Cramer, 1974, p. 398
81
Sistematização Médica, Desenvolvimento e Debates de Aprendizagem (Dinastias Song e Ming 960 – 1368 D. C.) 82
Cronologia de 895 a 1644 Mongólia exterior
Confins do NO
Confins do NE
China do Norte
China do Sul
Shanxi Reino de Jin (895-923) WuDai (5 din. – 907960) (em Kaifeng)
Reinos de Shu (907-923) em Sichuan Chu (907-951) e Jingnan (907-963) em Hunan
HouLiang (907-923) HouTang (923-936)
Império Mongóis, 1206.
dos em
ChengJiSiHan · anexa o Império dos XiXia, em 1227; anexa o · Império dos BeiJin, em 1234; · adopta o título dinástico dos Yuan, em 1271; · anexa o Império dos NanSong , em 1276/9
Mongóis são rechaçados para a Mongólia
257 258
HouJin (936-946)
Império dos Liao ( Qidan) (946-1125) em YanJing
NanHan (911-971) em Guang Zhou(Cantão)
HouHan (947-950) HouZhou (951-960) Reino dos BeiHan (951-979)
Império dos XiXia
(Ocidentais) 257
(1038-1227) em NingXia
Império dos BeiJin ( JuZhen)258 (1115-1234) em ZhongDu e, em 1215, em KaiFeng
Min (909-978) em FuJian WuYue (907-978) em ZheJiang NanWu e NanTang (902-975) em JiangXi
BeiSong (960-1126) BeiJin em 1126 Ü Anexados pelos NanSong (1127-1279) Nascimento em Nanjing do Império Chinês dos Ming (1368-1644)
Tribo tibetana dos DangXiangZu Antigo povo da Manchúria
83
Em 960, Zhao Kuangyin, (nome imperiar de Taizu) praticou um golpe de estado, apoderando-se do poder da dinastia Hou Zhou, sendo a sua capital em Bianliang . Esta é conhecida pela Dinastia BeiSong (do Norte). Em 979, o Imperador Zhao Kuangyi, irmão do anterior 259, anexou o Reino dos BeiHan(do Norte), terminando a separação daquilo que é conhecido pelas WuDai (5 dinastias – 907-960) Norte e ShiGuo (10 reinos – 902- 979) Sul assim criando uma relativa unidade chinesa. “Quando o império se reunificou sob os [Song] (960-1279), já o interior da Ásia era dominado por tribos nómadas, que invadiram [a China]. Em 1004 já haviam conquistado as províncias setentrionais e em 1125 toda a bacia do rio Amarelo […] passou a estar sob a sua autoridade” 260. Contudo, a China nunca foi completamente unificada pelos Song do Norte. Em 1115, estabeleceu-se um novo Império BeiJin ( JuZhen) (no Norte). Em 1126 eles avançaram para Sul e capturaram Bianjing , forçando o governo Song a escapar para o Sul para Nanjing e mais tarde para Linan. Este período é referido como a Dinastia NanSong (do Sul). A Dinastia do Sul e a Dinastia Jin do Norte confrontaram-se cerca de de cem anos, tomando o Rio Yangzi e o Rio Huai como fronteiras. Os imperadores trocaram então o comércio terrestre pelo marítimo e desenvolveram uma grande frota comercial, construindo, ao mesmo tempo, uma poderosa marinha de guerra capaz de suster as investidas dos inimigos estabelecidos a Norte. Os marinheiros chineses passaram então a frequentar os portos do Índico até regiões tão longínquas como Zanzibar, na costa oriental africana. A criação da nova rota comercial permitiu que aumentasse o volume de negócios e se diversificassem os produtos transaccionados; desenvolveu-se nessa época, por exemplo, a exportação de porcelanas. Os [Song] obtinham no comércio marítimo avultados lucros, que eram canalizados, todavia, para o pagamento de tributos às tribos que haviam conquistado a China Setentrional. Surgiram então cidades vocacionadas para o comércio marítimo intercontinental, entre as quais se salientou Ch'uan Chou. Nesta encontramos já o modelo de cidade mercantil que se difundiria mais tarde por várias regiões do oceano Índico. Viviam aí mercadores estrangeiros, agrupados em comunidades segundo a sua origem e a sua religião. A China estava nesta época ligada directamente à Índia, sendo Ch'uan Chou um dos «terminus» das rotas do tráfico intercontinental. Coulão, no extremo sudoeste da península indostânica, era o principal porto dos Chineses na Índia. A descoberta da bússola na época dos [Song] é como que paradigmática do crescimento da importância do mar na estratégia dos imperadores chineses”. 261 A certa altura os Mongóis levantaram-se do Norte aboliram a Dinastia Jin em 1234 e estabeleceram a dinastia Yuan em 1271, com a sua capital em Dadu, hoje em dia conhecida por Beijing . “O expansionismo mongol não se satisfez, contudo, com os avultados impostos com que os Sung pagavam a sua independência, pelo que prosseguiram as conquistas para sul, submetendo gradualmente toda a China. Em 1279, Kubilai Cã (1214-1294), neto de Gengis Cã, suprimiu os últimos [Song], colocando, assim, todo o 259
Shouyi, Bai (Dir.) – Precis d’Histoire de Chine. Editions en Langues Etrangeres. 1988, pp. 274-5 Tomaz, Luis Filipe – CHINA. In Albuquerque, Luís de (Dir.) «Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses», Círculo de Leitores, Lisboa, 1994, p.245 261 Tomaz, Luis Filipe – CHINA. In Albuquerque, Luís de (Dir.) «Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses», Círculo de Leitores, Lisboa, 1994, p.245 260
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Celeste Império sob a autoridade de uma dinastia estrangeira” 262. A Dinastia Yuan conquistou uma vasta área da Eurásia num período de tempo muito curto. voltando para trás com o seu exército em 1279 para novamente rechaçar a Dinastia Song do Sul. Nestas lutas, apenas a título de curiosidade, podemos referir a utilização do primeiro lança-chamas, Huoqiang 263, a petróleo, com a utilização de um êmbolo com duplo efeito para se obter jacto contínuo 264. “Com os Mongóis regressou-se a uma situação semelhante à da época T'ang: as estradas da Ásia Central, por onde passavam as caravanas da Rota da Seda, e a China estavam submetidas a uma mesma autoridade e esta possuía uma forte tradição terrestre. Poder-se-ia esperar que o comércio marítimo seria abandonado para se dar um regresso ao comércio caravaneiro, até porque este, beneficiando da pax mongolica, ganhava uma nova e maior dimensão. O que se passou foi, contudo, um fenómeno diferente: o comércio terrestre e o marítimo complementaram-se e Ch'uan Chou deixou de ser apenas o terminus das rotas navais para se transformar no nó de ligação entre as rotas terrestres e marítimas do grande comércio intercontinental. Nesta época os navegadores chineses frequentavam o Malabar, o Guzerate e também a África Oriental. Coulão continuava a ser o porto principal dos navegantes chineses. Alguns comerciantes chinas eram muçulmanos, o que lhes facilitava os contactos nos portos do Índico, pois os islamitas desenvolviam aí, nessa altura, uma larga rede de interesses em que a religião era, sem dúvida, o factor de solidariedade mais importante. Os Mongóis foram os primeiros a tentar dominar todo o Extremo Oriente e a Ásia do Sueste. Lançaram ataques por terra contra a Birmânia, o Vietname e a Coreia. Em 1274 e 1281, duas armadas tentaram conquistar o Japão e em 1293 uma outra armada atacou a ilha de Java. As expedições navais contribuíram, certamente, para o desenvolvimento das técnicas de construção naval em larga escala; saldaram-se, porém, em sucessivos fracassos, e, no caso do Japão, contribuíram até para uma intensificação dos ataques da pirataria nipónica junto do litoral chinês. Em 1368, os Chineses conseguiram expulsar a dinastia mongol e o imperador voltou a ser um chinês; com o reinado de Hung Wu (1368-1403) iniciou-se a dinastia dos Ming (1368-1644)” . 265 Durante as Dinastias Song, Jin e Yuan, a economia social umas vezes foi bastante energética, outras vezes estagnante, flutuando de acordo com a situação política do momento. A paz criada pela Dinastia Song fez desenvolver uma economia cuidada e um desenvolvimento cultural com um grande incremento marcado na agricultura, no comércio e na manufactura. A sequência do desenvolvimento de forças produtivas e económicas criaram-se bem a nível científico e tecnológico, aliás o famoso cientista Shen Kuo, (que viveu entre 1031 e 1094) descobriu a deflexão angular geomagnética266 no século XI, cuja aplicação prática se traduz na obra Wujing 267 Zongyao (Princípios gerais das técnicas militares) , de Zeng Gongliang , onde se 262
Idem, ibidem Needham, Joseph – La science chinoise et l’Occident , Éditions du Seuil, 1973, p. 63 264 Gernet, Jacques – Le monde chinois. Armand Colin, Paris, 1999, p. 273 265 Tomaz, Luis Filipe – CHINA. In Albuquerque, Luís de (Dir.) «Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses», Círculo de Leitores, Lisboa, 1994, p.245 266 Needham, Joseph – La science chinoise et l’Occident , Éditions du Seuil, 1973, p. 50 267 Gernet, Jacques – Le monde chinois. Armand Colin, Paris, 1999, pp. 273-275 263
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descreve uma bússola elaborada com um peixe flutuante; em finais do séc. XI, era corrente na China encontrar uma agulha magnetizada suspensa por um fio de seda. O livro de Shen Kuo, Meng Xi Bi Tan (Ensaios de torrentes de sonho), é conhecido hoje em dia pelos historiadores do desenvolvimento científico, no mundo, como uma obra prima chinesa da ciência e tecnologia, de então. Nesta época, por exemplo Guo Shoujing (1231-1316)268, durante a dinastia Yuan, foi o mais conhecido astrónomo e engenheiro hidráulico deste período. Ele descobriu a chamada oblíquidade da eclíptica naquilo que hoje podemos chamar em astronomia moderna, bem como criou um calendário do tempo, tendo reinstalado o observatório de Beijing . Em engenharia hidráulica, quando desenhava o canal Tonghui ele fez medidas topográficas, criando com elevação topografia em cartas chinesas. Aliás foi também durante a Dinastia dos Song do Norte, que foram divulgadas as três principais ou mais importantes invenções que se conhece dos chineses nomeadamente, a pólvora, a bússola e a impressão chinesa, ou seja a tipografia. Há quem pense que a pólvora tenha sido inventada no século IX, uma vez que já foram usadas no século XI armas utilizando pólvora. Porém, o conhecimento da pólvora apenas foi divulgado no século XIII pelos árabes. No século XI já era habitual utilizar-se a bússola na navegação. Quanto à impressão 269, tudo indica ter sido elaborada (1041–1048) por um artesão Bisheng , que veio criar uma nova era na história dos livros 270. Durante a Dinastia Song houve um aumento importante das condições sociais dos homens letrados e intelectuais, o que levou os oficiais, a também eles terem uma importância política cada vez maior. Na capital a Escola Nacional e o Colégio Imperial foram estabelecidos para treinar oficiais e outras escolas foram também estabelecidas para treinar talentos na área do direito, da matemática e da medicina, tanto os imperadores como os oficiais, todos consideravam que o conhecimento da medicina era o seu ponto de honra. Durante a Dinastia Song o encontro entre confucianos e budistas levava a grandes debates entre ambos, crendo vários pensadores, que criavam um sincretismo entre ambas as ideologias. O oposto também se verificava, ou seja, havia também quem se opusesse ao confucionismo e outros se opusessem ao budismo, extremando posições, sistematicamente. Durante as Dinastias Jin e Yuan, a economia chinesa, bem como a sua cultura foram seriamente atingidas pelas constantes guerras. Portanto a medicina foi-se desenvolvendo progressivamente, uma vez que sistematicamente era necessária pela existência da própria guerra. Porém, a existência de várias reformas médicas face também aos diversos pensamentos teóricos deram lugar a diversas escolas filosofico-médicas o que caracterizou o período histórico das Dinastias Jin e Yuan.
268
Needham, Joseph – La science chinoise et l’Occident , Éditions du Seuil, 1973, p. 71 Needham, Joseph – La science chinoise et l’Occident , Éditions du Seuil, 1973, p. 61, nota 4 270 Gernet, Jacques – Le monde chinois. Armand Colin, Paris, 1999, p. 294 269
86
Desenvolvimento da Educação Médica Durante a Dinastia Song , o governo deu atenção à preparação médica do pessoal. Vimos o Secretariado Médico Imperial era gerido pelo Templo Tai Chang . Porém, o nível e a qualidade da educação, não eram suficientemente boas. Em 1076, depois da reforma efectuada pelo imperador, saiu um édito Imperial criando uma separação entre o Secretariado Médico Imperial e o Templo Tai Chang . Desta forma, foi estruturado, que havia um presidente e dois vice presidentes, que teriam de ser médicos especialistas de acordo com as regras, as leis do governo. Noutro tempo, este Secretariado Médico Imperial foi aumentado no famoso sistema S ān Shè F ǎ , ou seja no Sistema de Três Graus, que foi desenvolvido na educação médica. A publicidade efectuada aos exames de entrada, era emitida no Verão. O limite máximo de lugares para estudantes era de trezentos. Os estudantes eram classificados em diferentes “graus” de acordo com as suas classificações nos exames de entrada : 40 estudantes na situação Shàng , ou seja, superior Shàng Shè (no grau Shang), 60 no grau Nèi, ou seja, intermédio e os restantes 200 no grau inferior (ou exterior) Wài. Havia três departamentos, o departamento de análise dos pulsos e prescrições, incluindo medicina interna, ginecologia e pediatria; o departamento de acupunctura e moxibustão e o departamento de medicina externa, incluindo cirurgia, traumatologia e terapia de ossos. Havia um professor estabelecido para cada departamento, que tinha de ser um membro da Academia Imperial, de um grau superior ou um praticante médico muito famoso. No periodo Yuan Feng , ou seja entre 1058 e 1078 (dinastia BeiSong ), os estudantes deste instituto, estudavam nove especialidades diferentes. Entre elas, temos novamente análise de pulsos e as prescrições para adultos, sentir os pulsos e as prescrições para crianças, doenças causadas pelo vento, medicina externa e traumatologia, obstetrícia, oftalmologia, estomatologia, dentistas e faringolaringologia, acupunctura e moxibustão, feridas de guerra e literatura médica. Os exames eram de acordo com o Secretariado Médico Imperial, isto é, testes mensais e exames abertos, etc. Os examinandos eram divididos em excelentes, passados ou reprovados. Cada dois anos, havia um exame para estudantes que se encontravam no grau mais baixo, Wai She, para o grau Nei She, ou seja para o grau intermédio e deste, Nei She para o grau superior Shang She. Os próprios alunos do nível Shang She, ou seja o superior, eram divididos em três níveis de acordo com os seus comportamentos e habilidades clinicas. O Sistema dos Três graus, não só dava ênfase ao estudo teórico, mas também à prática clínica. Os estudantes eram obrigados a registar em pormenor as suas actividades médicas e os resultados dos tratamentos e diagnósticos, que tinham feito. No fim do ano recebiam uma avaliação da sua prática clínica. Os estudantes excelentes eram apontados como exemplo. Aqueles que curavam apenas 50% dos seus pacientes, eram convidados a sair do instituto. Os conhecimentos práticos clínicos e os conhecimentos médicos teóricos conjugados, mostra o progresso da China na sua educação médica de então. Será interessante lembrar o que, sincronicamente, se passava na Europa. Lembremo-nos apenas, que no século XI, a Península Ibérica tinha sido, havia uns séculos, conquistada pelos árabes, só no século XII é que viria a ser reconquistada. A Europa, toda ela se encontrava retalhada por diversos reinos, cujo desenvolvimento médico deixava bastante a desejar. 87
Na China, durante este período o evolução da farmacologia pode ser confirmada através da produção de livros, cujas obras contêm, acerca de fitoterapia, como que um resumo do desenvolvimento na investigação médica e nas experiências que se foi sendo feita a nível clínico. Houve grandes contribuições para a identificação, colecção, cultivo, preparação e aplicação de drogas, bem como a administração médica. Assim, a China vai manter-se numa posição avançada na matéria médica do seu tempo, influenciando grandemente o desenvolvimento a nível da fitoterapia e dos conhecimentos acerca de drogas e plantas, ou seja de matéria médica. Várias tarefas foram levadas a cabo, nomeadamente durante a Dinastia Song para desenhar e sistematizar os conhecimentos acerca de plantas e de drogas, relativamente, à época do ano em que deveriam ser colhidas, como deveriam ser tratadas, etc. Dos livros mais importantes, elaborado durante a Dinastia Song podemos referir Jing Shi Zheng Lei Bei Ji Ben Cao (Clássico e História da Matéria Médica Classificada para Emergências), escrito por Tang Shenwei, que viveu entre 1056 e 1093, também foi conhecido por Sen Yuan, nasceu em Jinyuan, na Província de Sichuan, tendo praticado medicina em Chengdu. Características deste livro podem ser visualizadas em dois aspectos importantes: em primeiro lugar contém toda a matéria médica escrita nos livros anteriores, preservando todas as características acerca das drogas. Em segundo lugar, desenvolveu ou estabeleceu o desenvolvimento da compatibilidade entre as diversas drogas. Até à Dinastia Song , todos os livros acerca de matéria médica falavam relativamente às drogas em si, não as ligando às diversas fórmulas. Tang Shenwei, registou mais de três mil fórmulas e elementos de livros publicados anteriormente, incluindo também experiências rurais, caseiras e as suas experiências clínicas. Deste modo, ele fez a ligação entre as diferentes fórmulas e as respectivas drogas. Este método foi extremamente útil para a aprendizagem médica, no que diz respeito a farmacopeias posteriores. O livro Jing Zheng Lei Bei Ji Ben Cao ( Histórico e Clássico classificado com Matéria Médica para Emergência) bem como a obra Su Shen Liang Fang ( Fórmulas Efectivas de Su Shen), ambos fazem referência a um processo intitulado “Qiu Shi“ , ou seja, análise através da urina das hormonas esteróides-sexuais. Este meio de diagnóstico utilizado em 1920 a 1930, em que era utilizada a saponina para a precipitação dos esteróides já tinha sido usado pelos médicos chineses naquelas duas obras. Na obra Jing Shi Zheng Lei Bei Ji Bem Cao , foi utilizado durante cerca de 500 anos e serviu de livre modelo para a matéria médica. Compilado por Li Shizhen (15181655), passou a ter um novo nome , Ben Cao Gang Mu (Compêndio da Matéria Médica). Fórmulas O estudo das fórmulas foi um campo especial levado a cabo durante diversas dinastias. Durante as dinastias Song e Yuan, os livros acerca de fórmulas, tornaram-se mais sofisticados comparados com os anteriores, tanto em número como em variedade. Outro desenvolvimento notável, radica na criação de teorias para a sua formulação, nomeadamente, nos princípios de tratamento no tipo de fórmulas e drogas usadas, onde em três livros de fórmulas bem conhecidos podemos salientar: 88
-
o primeiro chama-se Tai Ping Sheng Hui Fang (Fórmulas Sagradas Benevolentes e Pacíficas ). Trata-se de uma obra compilada entre 987 a 992 por Wang Huaiyin271. A obra constituída por 100 volumes, dividida em 1670 categorias com cerca de 16.834 prescrições e uma grande colecção de formulários anteriores aos Song , bem como remédios populares. Este livro, faz menção, pela primeira vez, do diagnóstico através de sentir os pulsos e também faz menção da frase “princípios de tratamento” , e inclui também referências em etiologias e patologias, manifestações e prescrições de outro tipo de terapias.
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A segunda obra que reina acerca de fórmulas, chama-se Tai Ping Hui Min He Ji Ju Fang (Fórmulas do Dispensário Benevolente e Pacífica ). O livro foi compilado oficialmente entre 1102 e 1106. Em 1107 e 1110, o livro foi revisto pelos médicos imperiais por instrução do próprio imperador, tendo elementos suplementares e sendo renomeado com o nome He Ji Ju Fang (Fórmulas do Dispensário). O seu conteúdo consiste em cinco volumes, dividido por vinte e uma categorias com 297 prescrições que se tornaram uma norma para a feitura de remédios. Depois de ter sido revisto por diversas vezes, em 1151, o ultimo revisor Xu Hong mudou-lhe o nome para o nome original. É um dos mais antigos formulários publicados por um dispensário nacional, em tudo o mundo. Por diversos acréscimos que foi tendo no seu conteúdo, levou-o a um número de dez volumes; pelo seu conteúdo foi classificado em catorze categorias, atingindo 788 prescrições. Cada prescrição tinha indicações, não só dos ingredientes, mas a forma de preparação das drogas bem como a posologia. . Esta obra passou a ser usada como um referencial, nomeadamente, como um livro de bolso acerca de fórmulas. A maioria do material utilizado nele, era material comum usado nas diversas prescrições e preparado em forma de pílulas e era aplicado em pó, ambas as formas facilmente armazenadas para os pacientes. Muitas destas fórmulas passaram a ser bem conhecidas, posteriormente, e, ainda hoje, usadas tais como Hua Gai San272, cujas indicações e sintomas visam directamente retirar o vento frio do pulmão, ou, acabar com a tosse. Estas acções, libertam directamente o biao , difundem o Qi do pulmão, tornando-o claro, eliminam as mucosidades; ou, ainda a fórmula Su He Xiang Wan 273, cuja acção é abrir os orifícios e expulsar o frio e transformar as mucosidades frio e humidade e problemas de humidade, tendo a particularidade de actuar nos comas ou perdas de conhecimento devidas a uma obstrução dos orifícios do coração pelo frio, humidade/frio ou mucosidades. Podemos ainda citar duas fórmulas bem conhecidas, nomeadamente a Si Wu Tang 274, conhecida hoje em dia no Ocidente e em Portugal por F2, “decocção/As pílulas das quatro substâncias” que alimenta e mobiliza o sangue
271
Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.113 272 Marié, Eric – Grand Formulaire de Pharmacopée Chinoise . Vitré, Editions Paracelse, 1991, p. 68 273 Marié, Eric – Grand Formulaire de Pharmacopée Chinoise . Vitré, Editions Paracelse, 1991, p. 631 274 Choy, Pedro – Fitoterapia Tradicional Chinesa – Formulário . Associação Portuguesa de Acupunctura e Disciplinas Associadas (APA-D.A.). Lisboa, (Ciclostilado). 1999, p.13
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e harmoniza o fígado; e ainda Xiao Yiao San275, F53, cuja acção é de tonificar o baço, alimentar o sangue e harmonizar o Qi do fígado e do baço. - A terceira obra chama-se Sheng Ji Zong Lu (O Registo Completo da Benevolência Sagrada). Trata-se de uma obra médica compilada em finais da dinastia dos Song do Norte, cujo autor original terá sido Song Heizong , conhecido por Zhao Ji. Porém, pensa-se que, de facto, a obra deverá ter sido compilada por um grupo de médicos organizados pela própria corte Song . Parte da constituição da obra deve-se a uma larga colecção de formulários médicos e de receitas populares de idades antigas que levou cerca de sete anos a ser compilada, isto é, de 1011 a 1017. O seu tamanho atingiu 200 volumes, e com cerca de 20 mil fórmulas, onde se inclui, em quase todas, registos de formulários de épocas passadas. A sua classificação incluiu 66 categorias de acordo com o tipo de tratamento. Nele se inclui um grupo de desequilíbrios a ser examinados, e em cada categoria, em primeiro lugar observa-se a etiologia seguido da prescrição e da posologia. Todos os desequilíbrios energéticos registados neste livro estão incluídos em 13 departamentos incluindo interna e externa, ginecologia, pediatria ,acupunctura , moxibustão e problemas de terapia com os ossos. Além destas três obras elaboradas a nível governamental, houve muitas obras individuais feitas por médicos. Entre elas podemos referir a obra Ji Sheng Fang 276 (Fórmulas para Ajudar a Viver), cujo autor foi Yan Yonghe ( NanSong ), que contêm mais de 400 fórmulas efectivas entre as quais podemos destacar a nossa F61 Gui Pi Tang 277, cujas três acções principais são as de tonificar o Qi e o sangue, tonificar fortemente o baço/pâncreas e alimentar o coração e acalmar o espírito. Durante as dinastias Song e Yuan, houve um grande progresso a nível médico nas diversas áreas clínicas, não somente a nível etiológico e de diagnóstico mas também a nível da diferenciação dos diversos departamentos, dos quais podemos referir a pediatria e a ginecologia na dinastia Song e a traumatologia durante a dinastia Yuan. Os hospitais imperiais, durante a dinastia Yuan, eram divididos em treze departamentos médicos diferentes. Durante estes períodos, especialistas bem conhecidos apareceram a registar os seus próprios estudos técnicos. O primeiro livro acerca da etiologia que tentava apresentar uma explicação acerca de factores patogénicos foi a obra San Yin Ji Yi Bing Zheng Fang Lun (Discussão sobre Doenças, Síndromes e Fórmulas Relacionados com a Unificação dos Três Grupos de Factores Patogénicos), mais conhecido pela abreviatura do seu nome San Yin Fang , criado por Chen Yan que viveu durante a dinastia NanSong . O seu autor classificou todos os factores patogénicos em três grupos: factores endopatogénicos ,demarcados por sete estados emocionais extremos: alegria, raiva, melancolia, ansiedade, aflição, medo e terror; os factores exopatogénicos, são marcados 275
Choy, Pedro – Fitoterapia Tradicional Chinesa – Formulário . Associação Portuguesa de Acupunctura e Disciplinas Associadas (APA-D.A.). Lisboa, (Ciclostilado). 1999, p. 81 276 Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.485 277 Choy, Pedro – Fitoterapia Tradicional Chinesa – Formulário . Associação Portuguesa de Acupunctura e Disciplinas Associadas (APA-D.A.). Lisboa, (Ciclostilado). 1999, p.84
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por seis condições climatéricas: o vento, o frio, o calor do Verão, a humidade, a secura e o fogo; e os factores não-endo-exo-patogénicos, referidos tais como: alimentação imprópria, esgotamento, trauma, feridas de guerra, abuso sexual, mordedura de insectos e outros animais e envenenamento. A sua sistematização levou a uma prática clínica mais objectiva, levando também a uma prevenção dos desequilíbrios energéticos mais precoces. Chen Yan discutiu sistematicamente cada um destes três grupos e advogou a prevenção para esses desequilíbrios, considerando que as suas causas poderiam ser encontradas em cada um deles e, portanto, ser prescrito um tratamento adequado. Chen, adiantou os princípios de tratamento, bem como as prescrições de acordo com cada factor patogénico. Há quem considere Chen Wuze, nome pelo qual ele próprio se chamava, fundador da medicina moderna . Acupunctura e moxibustão Tanto nas dinastias Song como Yuang , que temos vindo a tratar, a acupunctura e a moxibustão desenvolveu-se enormemente. Durante este período, de facto, apareceram novos estudos acerca de acupunctura e moxibustão, nomeadamente Xin Zhu Tong Ren Shu Xue Zhen Jiu Tu Jing (Manual Ilustrado de Acupunctura e Moxibustão com os pontos de acupunctura visualisados numa figura de bronze fundido recentemente) . Durante o período dos Song do Norte, apareceu um acupunctor bem conhecido , Wang Weiyi (987-1067)278, médico da corte imperial e autor da obra referida. O imperador pediu-lhe que criasse duas figuras de bronze que continham não só os 657 pontos de acupunctura gravados na sua superfície como poderiam ser desmanchados para se poder analisar o seu interior de forma a mostrar os orgãos que se encontram no seu interior. Estes elementos de bronze, podiam claramente estabelecer uma normalização da localização dos pontos de acupunctura, mas também, e ensinar e examinar os diversos discípulos em acupunctura e moxibustão,o que se passou a fazer. Aliás, durante este período, sabe-se que, durante os exames para qualificar os diversos estudantes de acupunctura, estes pontos de acupunctura eram cheios de orifícios que eram tapados com cera e era-lhes colocado um reservatório cheio de água. Desde que o aluno colocasse as agulhas no ponto apropriado que lhe era pedido, a água saía de modo a mostrar quais os pontos correctos, de acordo com as perguntas efectuadas. De facto, podemos dizer que a preocupação com o ensino desenvolveu-se através destes modelos médicos, levando a uma criatividade bastante rica em meios pedagógicos de forma a que esse ensino tivesse o máximo de qualidade . O livro acima referido contém as instruções escritas como usar as figuras de bronze. Comparado com a obra anterior: Zhen Jiu Jia Yi Jing, ou seja, o (clássico A – B de acupunctura e moxibustão), compilada por Huangfu Mi (215-282), podemos ver que a obra de Wang Weiyi contém um acréscimo de três pontos bilaterais, nomeadamente Qī nglíng (2C)279, Juéyī nshū (14V)280 e 278
Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.115 279 Ellis, Andrew et allii – Grasping the wind . Brooline (USA), Paradigm Publications, 1989, p.121; Choy, Dr. Pedro (Dir.) – Zhē njiǔ xuéwèi . «Curso de Acupunctura e Fitoterapia Tradicional
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Gāohuāngshū (43V) 281 e ainda dois pontos da linha média, nomeadamente o Língtái (10VG)282 e o Y āoyángguān (3VG)283. No início para identificar os pontos, este livro discute ainda a profundidade própria das agulhas e os efeitos terapêuticos de cada ponto, tendo servido como elemento de referência durante bastantes anos. Anteriormente à publicação deste livro, grande parte do seu conteúdo foi gravado em duas placas de pedra, com cerca de dois metros de largura e sete metros de comprimento, eririgidos em Bianliang de forma a que a população pudesse copiá-la se assim o quisesse fazer. Aliás, este livro, é conhecido como o marco do ensino de Acupunctura e Moxibustão em toda a História da MTC. Outro trabalho em Acupunctura e Moxibustão teve como titulo Zhen Jiu Zi Sheng Jing (Experiências em Terapia com Acupunctura e Moxibustão), foi escrito por Wang Zhi Zhong e está entre os mais importantes trabalhos acerca deste assunto durante este período, tendo sido publicado em 1220 e contém sete volumes. A proporcionalidade estandardizada por Tong Shen Cun, ou seja ,a unidade proporcional do corpo humano, criada neste livro ainda hoje se usa. Cún 284 é um apelido, mas passou a ser usado como unidade de proporção do corpo humano em Acupunctura285. Além disso, Cun, considerava que havia uma escolha de pontos dolorosos que deviam ser encontrados pressionando certos locais do corpo humano do paciente e a esses dever-se-ia dar maior atenção na selecção de pontos a punctuar. Mais tarde veio a verificar-se que estes pontos tinham um efeito terapêutico significativo 286. A Moxibustão foi largamente tratada neste livro, cumprindo quase todos os conhecimentos que se tinha acerca do assunto antes da dinastia Song.
Chinesa», 4º Ano, Textos de Apoio, Lisboa, Associação Portuguesa de Acupunctura e Disciplinas Associadas, Ciclostilado, 2000/2001, p.33 280 Ellis, Andrew et allii – Grasping the wind . Brooline (USA), Paradigm Publications, 1989, p.154; Choy, Dr. Pedro (Dir.) – Zhē njiǔ xuéwèi . «Curso de Acupunctura e Fitoterapia Tradicional Chinesa», 4º Ano, Textos de Apoio, Lisboa, Associação Portuguesa de Acupunctura e Disciplinas Associadas, Ciclostilado, 2001, p.27 281 Ellis, Andrew et allii – Grasping the wind . Brooline (USA), Paradigm Publications, 1989, p.174; Choy, Dr. Pedro (Dir.) – Zhē njiǔ xuéwèi . «Curso de Acupunctura e Fitoterapia Tradicional Chinesa», 4º Ano, Textos de Apoio, Lisboa, Associação Portuguesa de Acupunctura e Disciplinas Associadas, Ciclostilado, 2001, p.20 282 Ellis, Andrew et allii – Grasping the wind . Brooline (USA), Paradigm Publications, 1989, p.335; Choy, Dr. Pedro (Dir.) – Zhē njiǔ xuéwèi . «Curso de Acupunctura e Fitoterapia Tradicional Chinesa», 4º Ano, Textos de Apoio, Lisboa, Associação Portuguesa de Acupunctura e Disciplinas Associadas, Ciclostilado, 2001, p.29 283 Ellis, Andrew et allii – Grasping the wind . Brooline (USA), Paradigm Publications, 1989, p.330; Choy, Dr. Pedro (Dir.) – Zhē njiǔ xuéwèi . «Curso de Acupunctura e Fitoterapia Tradicional Chinesa», 4º Ano, Textos de Apoio, Lisboa, Associação Portuguesa de Acupunctura e Disciplinas Associadas, Ciclostilado, 2001, p.46 284 Em MTC, Cun também designa uma posição anatómica para a tomada dos pulsos: Cun, Guan, Chi. - Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.56 285 Wiseman, Nigel – Dictionary of Chinese Medicine. English-Chinese/Chinese-English. Taichung, 1995, p.432 286 Van Nghi, Nguyen; Bijaoui, André – Les Bases fondamentales de l’acupuncture/moxibustion – Zh ē n Jiǔ . Editions Autres Temps. 2000, pp.140-141
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Ginecologia Outros dos assuntos tratados durante a dinastia Song e Yuang foi a Ginecologia. Aliás, foi durante esta dinastia, que o departamento de ginecologia e obstétricia se tornaram secção clínica independente. Dos diversos livros, podemos destacar um que foi publicado em 1237, Fu Ren Da Quan Liang Fang (Fórmulas Completas e Efectivas para Mulher). O seu autor Chen Ziming , que se auto nomeava como Liang Fu He, criou a obra bastante completa que continha, por exemplo, um mecanismo fisiológico da menstruação e o tratamento para todos os tipos de desordens menstruais. A esterilidade era explicada como aparecendo na sequência do défice de Qi e sangue e na sequência de amenorréia, menorragia e menostaxis ou leucorreias anormais. Também na obra eram ensinados os problemas fetais, os estágios de desenvolvimento fetal, o diagnósio de gravidez e as drogas contra indicadas para a gravidez, bem como, aliás, as categorias de enfermagem utilizadas durante a gravidez. Pediatria Também a pediatria foi um assunto tratado durante as dinastias Song e Yuang. Aliás, durante este período foi uma temática que se desenvolveu bastante. Dos diversos médicos que se dedicaram à pediatria, podemos destacar Qian Yi, que viveu entre 10321113, tendo dedicado cerca de 40 anos da sua vida à especialidade de pediatria com a respectiva experiência clínica. Mais tarde, um dos seus alunos conhecido como Yan Xiaozhong , sistematizou todas as suas teorias médicas e experiências clínicas na obra Xiao Er Yao Xiaozhong (Chave para a Identificação do Síndroma e o Tratamento para Doenças Infantis), sendo constituída por 3 volumes. O primeiro trata da base da identificação do síndroma e nas condições do pulso, desenvolvendo a apresentação, o diagnóstico, a prescrição e discussão de cada um dos síndromas. O segundo volume contêm cerca de 23 casos tratados por Qian Yi. O terceiro, lista as formas mais comuns, a compatibilidade das drogas nela contidas e da sua própria posologia. Nesta obra é apontado que a fisiologia das crianças assenta num desenvolvimento ainda incompleto dos Zangfu, cujas patologias se desenvolvem em orgãos mais fracos e que facilmente se tornam com vazios ou com excesso de energia ou atingidos por calor ou frio. No tratamento das crianças, o seu autor preconiza o uso de drogas mais suaves de forma a regular as funções do baço, pâncreas, estômago e rins, no sentido de regularizar a energia destes orgãos, em vez de utilizar métodos mais evasivos. O autor, considerava, que a observação era entre os 4 métodos de diagnóstico, o mais importante em pediatria, quer dizer que, através da observação da complexão e da vitalidade da face e dos olhos, rapidamente se poderia chegar a um diagnóstico. Nas diversas fórmulas incluídas nesta obra podemos destacar a conhecida Liu Wei Di Huang Wan (F5), e que é adoptada para alimentar o Yin do rim e segundariamente, também o Yin do fígado e do Baço287. 287
Choy, Pedro – Fitoterapia Tradicional Chinesa – Formulário . Associação Portuguesa de Acupunctura e Disciplinas Associadas (APA-D.A.). Lisboa, (Ciclostilado). 2000, p.23; Marié, Eric – Grand Formulaire de Pharmacopée Chinoise . Vitré, Editions Paracelse, 1991, p. 726
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A varíola, neste período dos Song , era bem conhecida, bem como o sarampo e a varicela. Para além de se encontrarem bem identificadas, havia obras publicadas, isto é , monografias específicas acerca de cada uma destas doenças. Cirurgia e Traumatologia Antes da dinastia Tang, não havia um departamento de cirurgia e traumatologia. Os feridos de guerra eram chamados “feridas abertas por objectos de metal” , isto, ainda no início da segunda metade do século XIII. A compreensão dos problemas externos do corpo, levou a uma atenção durante a dinastia Song . A relação entre as áreas externas afectadas e as consequências em todo o corpo, e os tratamentos das doenças externas, deu ênfase á identificação dos síndromas, daí algumas obras mencionarem que as doenças externas deviam ser tratadas com a combinação do seu factor externo e concomitantemente com o seu factor interno. Aliás, durante a dinastia Yuan, Qi Dezhi, escreveu a obra Wai Ke Jing Yao (Essencial das Doenças Externas), no ano de 1335. Ele considerava que no tratamento das doenças externas, se deveria começar por regular a envolvente interna do corpo e dar mais atenção aos factores patogénicos. Para este médico, as doenças externas são fundamentalmente trazidas por uma descoordenação entre o Yin e o Yang e uma estagnação ora do Qi ora do sangue. Deste modo criou muitas terapias, tais como compressas quentes, drenagem do pús, promoção na formação de pús, expurgação de toxinas e alívio das dores. O tumor maligno em MTC, tem o nome de Ái (cancro), e foi pela primeira vez registado no ano de 1170, na obra Wei Ji Bao Su (Livro tesouro para o cuidado da saúde), que corresponde ao período da dinastia Song. A descrição do cancro mais antiga que se conhece, está referida na obra Ren Zhai Zhi Zhi Fang Lun (Tratado das Fórmulas da Direcção Correcta de Ajuda Benevolente das Doenças), escrita em 1264. Neste livro, o aparecimento do cancro, é descrito como por uma massa dura irregular, tal como uma pedra com superfícies côncavas e conflexas, com uma raíz profunda muito difícil de curar. A dinastia Yuang, foi um período em que a traumatologia se tornou fortemente desenvolvida. As expedições a cavalo dos Mongóis causava muitos traumatismos ósseos, tendo sido neste período que podemos considerar ter sido criado um departamento ortopédico, que também tratava das feridas de guerra. Já não se faz referência á traumatologia, mas do conteúdo osteotraumatológico que, aliás, se encontra incluído em diversas obras deste tempo. Nestas obras, observa-se a existência de capítulos específico acerca de ortopedia e feridas de guerra. Das diversas obras podemos referir Shi Yi De Xiao Fang (Fórmulas Efectivas das Gerações dos Físicos), escrito, em 1343, por Wei Yilin. Este médico, para além desta obra, escreveu outras dedicadas especificamente a fórmulas, nomeadamente Xian Shou Li Shang Xu Duan Mi Fang ( Fórmulas Secretas para Tratamento de Lesões Traumáticas Dadas pelos Céus) , onde se referem fórmulas para o tratamento de injúrias. Para além disso, outro desenvolvimento enorme de Wei Yilin, são as suas notas completas acerca de anestesia, que constitui o registo mais antigo no mundo acerca de anestesia. A anestesia deve ser administrada antes do tratamento de qualquer fractura ou entorse. 94
As drogas usadas para estes fins, eram o Estramónio, mais conhecido em Portugal por Figueira do inferno (Datura Stramonium L.) 288, como se sabe, uma planta venenosa com flores brancas ou levemente azuladas e frutos espinhosos, conhecida na China por Màntuóluó 289, ou ainda outra planta, mais precisamente a raíz da aconite, conhecida em chinês por W ūtóu 290, também altamente venenosa. De tal maneira eram fortes estes venenos que o autor do livro, Wei Yilin, incluiu na sua obra uma discussão acerca da posologia destas drogas, de acordo com a idade do paciente, as suas condições de saúde e a quantidade de sangue. Aliás, todos estes princípios ainda hoje se aplicam. Medicina Forense Também a medicina forense é temática em tempos tão recuados. Encontram-se aliás, registos fragmentados nas dinastias Qin, Han, Shui e Tang . Desta temática podemos referir, a obra Xi Yuan Ji Lu (Registos para Levar para fora a Injustiça), de Song Ci, que viveu entre 1186-1249. Na sua obra tenta-se utilizar o maior número de elementos médicos, de forma a tentar obter-se a verdade dos acontecimentos ocorridos durante os crimes, para que haja também o máximo de justiça, uma vez que o autor considerava que a pena de morte era a decisão mais séria de ser tomada pela Corte. A sua obra viria a ser, posteriormente, divulgada na Coreia, durante a dinastia Ming e nos tempos modernos, esta mesma obra tem sido traduzida para Japonês, Alemão, Francês, Holandês e muitas outras línguas. Debates Médicos durante as dinastias Jin e Yuan Até á dinastia Song, o desenvolvimento da Medicina Tradicional Chinesa, atingiu um bom desenvolvimento e experiências clinicas muito ricas. No fim dos anos dos Song , os governos estavam altamente corruptos e os pensamentos médicos eram bastante limitados. Durante as dinastias Jin e Yuan, as convulsões sociais continuaram acompanhadas de epidemias. Os médicos que viviam nesse tempo, concebiam muitas teorias e as reformas políticas que aconteceram também influenciaram o pensamento médico. Estes reconheceram que as prescrições antigas podiam não ser apropriadas para as doenças presentes. Isto levou-os a desejarem desenvolver a teoria médica e de criar novos tratamentos clínicos. Duas diferentes escolas médicas evoluiram antes do século XII, a primeira chamava-se “ He Jian” e a outra “Yi Shui “, mais tarde duas novas escolas se desenvolveram: “ Han lian” , liderada por Liu Wansu, e “Gong Xie”, liderada por Zhang ZiHe (Zhang Congzheng) que derivava da escola “ He Jian”, enquanto uma outra escola “ Bu Tu” liderada por Li Gao, derivava de uma segunda escola a ser criada ,“ Yi Shui”. Uma outra escola liderada por Zhu Zhenheng (1281-1358), nasceu das 288
Coutinho, A. X. Pereira – Flora de Portugal . Lehre, Verlac Von J. Cramer, 1974, p. 639 Wiseman, Nigel – Dictionary of Chinese Medicine. English-Chinese/Chinese-English. Taichung, 1995, p.558 290 Wiseman, Nigel – Dictionary of Chinese Medicine. English-Chinese/Chinese-English. Taichung, 1995, p.681; Gongwang, Lin (Ed.) – Chinese Herbal Medicine. Hua Xia Publishing House, 1999, p. 209 289
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influências da escola “He Jian” e “Yi Shui” em simultâneo. Até ao século XIV, podemos referir alguns médicos muito importantes, nomeadamente os quatro agora referidos, Liu Wansu, Zhang ZiHe (Zhang Congzheng), Li Gao e Zhu Zhenheng . Estes quatro eram conhecidos pelos quatro grandes médicos das dinastias Jin e Yuan. Os seus pontos de vista médicos e a sua prática clinica abriram novos horizontes, bem como teve uma influência muito profunda e significativa no desenvolvimento médico 291. 1. O primeiro de todos, Liu Wansu (cerca de 1120-1200), considerava que a maioria das doenças estão relacionadas com o factor patogénico fogo, que o levou a experimentar drogas com frio ou de natureza fria e fresca. À luz das teorias de Nei Jing, Liu classificava os factores patogénicos e a patogénese em seis grupos. São eles o frio, o vento , o calor do Verão, a humidade, a secura e o fogo. Ele demostrou que todas estas, derivavam do factor patogénico fogo, pelo que estabeleceu a doutrina “patogenia fogo”. Segundo um elemento teórico por ele considerado, baseava-se na doutrina da evolução dos cinco movimentos e dos seis tipos de factores naturais. Porém, não se limitava a este conteúdo. Ele considerava que os factores naturais influenciavam de perto a actividade fisiológica, levando ao aparecimento de patogenia nos seres humanos. Assim, o médico deve estudar a etiologia das doenças, a patogénese, o diagnóstico e o tratamento em combinação com os factores naturais. Aliás, da sua obra Su Wen Xuan Ji Yuan Bing Shi, podemos destacar: “Se considerarmos a prática clínica, encontramos que [no diagnóstico e tratamento da doença] toma-se somente em linha de conta ou [a dor] pertence à categoria yin ou à yang or se existe um sindrome de deficiência ou de plenitude. O [único e correcto] procedimento, contudo, a fim de conseguir uma compreensão acerca da doença [é o que se segue]. Somente quando as influências que dão lugar à doença tiverem sido investigadas de acordo com as modificações no [curso normal] dos cinco movimentos e dos seis factores climatéricos, pode [a natureza da doença e o seu tratamento] ser claramente compreendido” 292 2. O segundo médico a analisar foi Zhang ZiHe (Zhang Congzheng) 293 que viveu entre 1156-1228. Costumava referir que “É difícil ser um bom médico se se tiver pouco conhecimento” 294. Baseado na realidade clinica do seu tempo, ele considerava como era importante, em alguns casos, a utilização da purgação. As suas ideias podemos condensá-las em três aspectos principais. Na primeira, ele considerava que os factores patogénicos são as causas principais das doenças, pelo que deve-se empregar um tratamento em que elas sejam expelidas e purgadas. A boa saúde só poderá ser conseguida quando os factores patogénicos saírem. Muitos dos factores patogénicos, têm origem nas seis condições atmosféricas externas e na alimentação deficiente que pratica. Segundo o Zhang Congzheng , o segundo elemento que ele considerava, é que as doenças são causadas por invasões patogénicas que estagnam nos músculos estriados, 291
Shouyi, Bai (Dir.) – Precis d’Histoire de Chine. Editions en Langues Etrangeres. 1988, p. 323 Unschuld, Paul U. – Medicine in China – A History of Ideas . Univerty of California Press, Ltd, London, 1985, p. 172 293 Unschuld, Paul U. – Medicine in China – A History of Ideas. Univerty of California Press, Ltd, London, 1985, pp. 174-175 294 Zhenguo, Wang, et alii - History and Development of traditional Chinese Medicine. Science Press, Beijing, 1999, p. 189 292
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nos meridianos e nos colaterais, pelo que devem ser tratados através de diaforése . Aqueles que são causado por vento-mucosidade e estagnação alimentar acumulada no peito ou no diafragma e no abdómen superior, devem ser tratados por emese. Aqueles que são causados por humidade-fria e calor patogénico estagnante no aquecedor inferior, devem ser tratados por purgação via rectal. Ele classificava a acupunctura e moxibustão, lavagem, fumigação , Tuina e Qigong , todos eles como métodos que podem expelir os factores patogénicos através da diaforese. O terceiro elemento de Zhang Congzheng , diz respeito ao desenvolvimento da teoria Holística referida no Nei Jing , dando ênfase que as doenças devem ser examinadas de acordo com a época do ano, o clima, o estado social, o estado individual e a área geográfica. Por outras palavras, os princípios terapêuticos devem modificar-se de acordo com a época do ano. Desta forma, podemos dizer que ele contribuiu para a medicina social e psicológica. 3. O terceiro médico deste tempo , Li Gao 295, viveu entre 1180-1251. As suas teorias principais podem dividir-se em três aspectos. O primeiro afirma que o desequilíbrio ocorre se o baço e o estômago estiverem atingidos. Deste modo Li Gao dava importância preponderante á saúde do Qi do estômago. Para este médico, o papel do baço e do estômago, era extremamente importante na medida em que transformava e transportava as substâncias nutritivas para a produção do Qi vital. Por outras palavras, podemos dizer que o centro é fundamental para que todo o organismo possa funcionar em omniostaze. O segundo principio é uma consequência deste primeiro. A doutrina dos três factores, no qual um atingimento do baço e do estômago são devidos a alimentos impróprios, excessos e irritações mentais e podem atingir o funcionamento do estômago e do baço. A alimentação tomada irregularmente ou a indulgência do frio ou de comida demasiadamente gordurosa ou suja; o stress ou os excessos podem causar lacitude e um desejo da pessoa se deitar, irritação mental pode atingir o Qi vital e produzir um fogo do coração. De acordo com estes princípios, o terceiro elemento importante para este médico, é que o tratamento principal, se concentrasse no Qi do centro. Para ele, purificando o Qi do San Jiao, prioritariamente sobre qualquer outro tipo de acção, levará a uma precosidade do melhoramento do estado de saúde. Das diversas fórmulas que ele preconizava podemos encontrar a conhecida Bu Zhong Yi Qi Tang (F169). Que como se sabe, a sua acção principal é tonificar o Qi no aquecedor médio e fazer elevar o Yang e o Qi 296. Estes princípios clínicos passaram a ser usados de uma forma com sucesso em gerações posteriores. Estas ideias de Li, talvez tenham tido por base os tempos difíceis do seu tempo de vida. Momentos esses que estão ligados aos tempo de fome e de stress . 4. Zhu Zhengheng viveu entre 1281-1358, também conhecido como Zhu Danxi. Ele estudou profundamente as teorias dos famosos médicos do seu tempo, tais como Liu Wansu, Zhang Congzheng e Li Gao. Baseado nos princípios tanto das escolas “He Jian” como “Yi Shui” , combinando a sua prática clínica com os conhecimentos 295
Unschuld, Paul U. – Medicine in China – A History of Ideas . Univerty of California Press, Ltd, London, 1985, pp. 177-179 296 Choy, Pedro – Fitoterapia Tradicional Chinesa – Formulário . Associação Portuguesa de Acupunctura e Disciplinas Associadas (APA-D.A.). Lisboa, (Ciclostilado). 2000, p.119
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adquiridos através dos médicos referidos, Zhu criou o “Fogo Ministerial” e “O Alimento dos Fluidos Yin”. Yin”. Vários anos depois ele tornou-se bastante famoso. Relativamente às teorias de Zhu Zhengheng, estas poderão ser analisadas em três partes fundamentais: A primeira é a teoria principal do “Fogo Ministerial”297 . Baseia-se na discussão acerca do “Fogo Ministerial” contido no Nei Jing 298 e das obras de gerações subsequentes, Zhu considera que o “Fogo Ministerial” pode ser dividido nos seus aspectos fisiológicos e patológicos. O primeiro, o fisiológico é a fonte das funções dos Zangfu, Zangfu, o segundo é facilmente hiperactivo levando ao enfraquecimento e nfraquecimento dos fluidos Yin. Esta é a natureza dualista do “Fogo Ministerial”. Ministerial”. Esta doutrina não só enriquece os estudos feitos por Liu Wansu, Wansu, bem como desenvolve a doutrina do “Fogo Yin”, Yin”, primeiramente referida por Li Li Gao. Gao. O segundo aspecto das teorias de Zhu Zhengheng, diz respeito à questão da patogénese. patogénese. “O Yang usualmente é redundante, enquanto que que o Yin é sempre deficiente”. deficiente”. Aqui, o Yang redundante diz respeito à hiperactividade da sua função, enquanto o Yin deficiente refere o grave enfraquecimento do mesmo. Ele examina o ambiente natural em combinação com as análises fisiológicas do corpo e infere, que a produção de energia essencial e do sangue é dificultada enquanto o seu abaixamento é relativamente fácil de suceder. Além disso, a banalização das actividades sexuais, podem causar uma subida do “Fogo Ministerial”, Ministerial”, ou dando ao enfraquecimento da energia essencial e do sangue. O terceiro aspecto focado pelo autor, diz respeito à terapia principal de alimentar o Yin e baixar o fogo. À luz desta doutrina e compreendendo a patogénese, Zhu dá importância ao alimento dos fluidos Yin e o decréscimo do fogo, representando esta acção na fórmula Da Bu Yin Wan, cujas acções são de alimentar o alimentar o Yin e de baixar o 299 fogo dos rins, restaurando a água dos rins . Por outro lado, ele considerava que o alimento dos fluidos Yin deve ser combinado com um controlo apropriado das actividades sexuais, da tranquilidade mental e finalmente o uso de drogas que permitam controlar o “Fogo Ministerial”. Ministerial”. Trocas entre a China e países estrangeiros As reformas médicas efectuadas pelos médicos das Dinastias Jin e Yuan, alteraram a prática usada no passado, abrindo novas prespectivas na história da Medicina Tradicional Chinesa, desenvolvendo novas teorias e práticas em simultâneo. As trocas entre a China e os países estrangeiros foi aumentando, especialmente, após a invenção do compasso durante as Dinastias Song e Yuan, uma vez que o mesmo, levou a uma melhoria dos transportes, e à abertura ao tráfico internacional, como referimos. Tal facto, veio contribuir para uma permuta de conhecimentos médicos cada vez maior. Muitas drogas e muitos tipos de drogas foram encontrados nos navios, tais como Jiangxiang (Lignum Dalbelgiæ Odoriferæ) 300 , Tanxiang (Lignum Santali Albi) 301 , 297
Sterckx, Pierre e Jun, Chen – Le feu empereur et le feu minister . Guang Ming Press, in http://www.ping.be/chinamedd, 2001, p.25-29 http://www.ping.be/chiname 298 Sterckx, Pierre e Jun, Chen – Le feu empereur et le feu minister . Guang Ming Press, in http://www.ping.be/chinamedd, 2001, p.13 http://www.ping.be/chiname 299 Marié, Eric – Grand – Grand Formulaire de Pharmacopée Chinoise . Vitré, Editions Paracelse, 1991, p. 732 300 Gongwang, Lin (Ed.) – Chinese Herbal Medicine. Medicine . Hua Xia Publishing House, 1999, p. 249
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Chenxiang (Lignum Aquilariæ)302 , Hujiao (Piperis Fructus)303 , Binlang 304 305 (Semen Arecæ Catechu) , Ruxiang (Gummi Olibanum) , 306 Longxianxiang (Ambra Grisæ) , Zhusha (Cinnabaris) 307 , Shuiyin 309 308 (Hydrargyrum) , Daimao (Eretmochelydis Carapax) , etc.. Tal facto, mostra como o comércio em medicina, entre a China e os outros países, foi bastante próspero durante os tempos Song e Song e Yuan.
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Gongwang, Lin (Ed.) – Chinese Herbal Medicine. Medicine . Hua Xia Publishing House, 1999, p. 223 Gongwang, Lin (Ed.) – Chinese Herbal Medicine. Medicine . Hua Xia Publishing House, 1999, p. 219 303 Gongwang, Lin (Ed.) – Chinese Herbal Medicine. Medicine . Hua Xia Publishing House, 1999, p. 209; Wiseman, Nigel – Dictionary Dictionary of Chinese Medicine. English-Chinese/Chinese-English. English-Chinese/Chinese-English . Taichung, 1995, p.497 304 Gongwang, Lin (Ed.) – Chinese Herbal Medicine. Medicine . Hua Xia Publishing House, 1999, p. 394 305 Gongwang, Lin (Ed.) – Chinese Herbal Medicine. Medicine . Hua Xia Publishing House, 1999, p. 229 306 Wiseman, Nigel – – Dictionary of Chinese Medicine. English-Chinese/Chinese-English. English-Chinese/Chinese-English. Taichung, 1995, p.550 307 Gongwang, Lin (Ed.) – Chinese Herbal Medicine. Medicine . Hua Xia Publishing House, 1999, p. 353 308 Wiseman, Nigel – – Dictionary of Chinese Medicine. English-Chinese/Chinese-English. English-Chinese/Chinese-English. Taichung, 1995, p.646 309 Gongwang, Lin (Ed.) – Chinese Herbal Medicine. Medicine . Hua Xia Publishing House, 1999, p. 380; Wiseman, Nigel – Dictionary Dictionary of Chinese Medicine. English-Chinese/Chinese-English. English-Chinese/Chinese-English . Taichung, 1995, p.438 302
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Novos desenvolvimentos na teoria médica e prática (que vai cobrir a Dinastia Ming e a Dinastia Qing antes da Guerra do Ópio, i.e., desde 1368 a 1840) 100
A Dinastia Ming foi um regime feudal estabelecido por Zhu Yuanzhang, em 1368, após uma rebelião de camponeses, que terminou com a Dinastia Yuan. Em 1399, o Príncipe Zhu Di pôs fim à rebelião, capturando Nanjing, usurpando o trono e movendo a sua capital para Beijing em 1421. Depois do seu estabelecimento, a Dinastia Ming tomou medidas para consolidar o poder, tais como, reestruturação do governo central e local, estabelecendo uma unidade de base governamental, bem como um sistema de defesa militar, isto para poder controlar o povo e fazer a colecta de impostos. Além disso, adoptou uma série de políticas de desenvolvimento a nível económico e encorajando a reclamação de terras abandonadas, projectos de conservação de água e popularizando o cultivo de algodão, amoreira e cânhamo. Para além disto, os artesãos foram isentos do pagamento de impostos. Estas medidas levaram a uma evolução das forças produtivas muito rapidamente. Em meados da Dinastia Ming, à medida que se foi Fig.17 – A expansão da China durante a dinastia Ming desenvolvendo a (adapt. Cotterell, 1999) economia por todo o país, foi também aparecendo um desenvolvimento capitalista bastante acentuado, especialmente no Sul ( Fig.17). Tal existência levou ao desenvolvimento e crescimento de cidades. Apenas a título de exemplo, cito Suzhou com o desenvolvimento da seda, Hangzhou ligada ao comércio, Jingdezhen ligada à porcelana, Wuhu vila especializada em tinturaria, Cixian ligada à fundição de ferro, entre outras 310. “Vencedores dos estrangeiros, os Ming acentuaram um sentimento de xenofobia que se 310
Gernet, Jacques – Le monde chinois. Armand Colin, Paris, 1999, p. 371
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desenvolvera durante o governo dos Sung, ao mesmo tempo que privilegiaram a agricultura e reforçaram a autoridade do poder central. Se Hung Wu marcou um período de reorganização, o seu sucessor, Yung Le (1403-1424), marcou um novo período de expansionismo essencialmente marítimo. Em 1405 iniciou-se a primeira grande expedição do almirante Cheng Ho, que comandaria depois mais seis até ao ano de 1433. Estas viagens tiveram, acima de tudo, motivações políticas, certamente relacionadas com o vigor da primeira fase da dinastia Ming. Os Chineses impuseram então o pagamento de tributos às populações ribeirinhas. Cheng Ho, tal como uma parte considerável da sua tripulação, era muçulmano, facto que facilitou a sua acção pelo oceano. No almirante concentravam-se, pois, o poderio naval dos Chineses e a grande experiência até então adquirida pelos islamitas no fndico. As expedições eram compostas por dezenas de juncos e mais de 20 000 homens cada uma; a de 1405, por exemplo, tinha 63 navios e cerca de 30 000 marinheiros. Em 1433, as expedições foram interrompidas bruscamente: o Império Chinês estava de novo ameaçado pelos bárbaros do interior e teve de adoptar mais uma vez uma estratégia defensiva, com as atenções concentradas na sua fronteira terrestre. Nesta época já se desenvolvera o sultanato de Malaca, cujo sultão era vassalo do imperador chinês. Malaca tornou-se no ponto de encontro de várias redes de comércio com origem em diferentes regiões asiáticas. Os Chineses passaram a encontrar aí os produtos que lhes interessavam e que anteriormente só encontravam na Índia e os Guzerates ocuparam o vazio por eles deixado. Terminou então um período de cerca de quatro séculos em que a China foi a principal potência marítima da Ásia e as relações directas entre a China e a India foram interrompidas. Malaca tornou-se no «terminus» das grandes rotas do comércio intercontinental e a rota Malaca-China (Cantão) passou a ser apenas uma ligação regional. Os comerciantes chineses compravam aí pimenta […]; o negócio era completado com outros produtos, como o cravo, a noz, o incenso, o marfim, a cânfora, o sândalo ou os panos de várias qualidades. Em troca vendiam diversos tipos de seda e um número considerável de matérias-primas, como o salitre, o enxofre, o cobre ou o ferro. No porto malaio estabeleceu-se uma comunidade de mercadores chineses e o seu chefe (xabandar[ 311 ]) tinha autoridade sobre os restantes comerciantes vindos do Extremo Oriente. […] No início do século XVI, o sultão de Malaca continuava a ser vassalo do «Filho do Céu»: a China mantinha então um grande prestígio entre os reinos do Sueste asiático, embora já não dispusesse da mesma capacidade de mobilização militar do século anterior. Em 1511, Afonso de Albuquerque conquistou Malaca e estendeu a presença portuguesa até à Insulíndia: ficava, assim, aberto o acesso ao Império do Meio e outras regiões da Ásia Oriental” . 312 A Dinastia Ming também foi testemunha de muitos desenvolvimentos a nível científico e tecnológico. Por causa, do desenvolvimento da construcção naval e das necessidades politico-económicas, de 1405 a 1430 a corte Ming enviou Zheng He, um eunuco cuja alcunha era Sanbao taijian, que viveu de 1371 a 1435, enviou uma equipa bastante grande de barcos, em sete missões sucessivas para “o Ocidente” (nomeadamente a 311
Do persa «shāh-bândar» (rei do porto), i.e. Capitão do porto. “… em Malaca havia xabandares dos guzarates, dos quelins, dos chineses. Os xabandares de alguns pequenos reinos da Malásia eram mais governadores ou regentes do estado que simples capitães do pôrto …” . In Dalgado, Sebastião Rodolfo «Glossário Luso-Asiático». Asian Educational Services. New Delhi. 1988 312 Tomaz, Luis Filipe – CHINA. In Albuquerque, Luís de (Dir.) «Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses», Círculo de Leitores, Lisboa, 1994, p.245
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Oeste das ilhas do Sul da China). Estas viagens atingiram as ilhas do Sudoeste asiático, da Índia e mais de trinta países no Médio Oriente e África. As zonas mais comumente atingidas por estas missões, foram Aden na entrada do Mar Vermelho e Mogadishu na Somália. Se observarmos a época em que estas navegações se produziram (1405-1430), podemos verificar, que elas são precoces em relação às actividades de navegação no resto do Mundo. Aliás, lembremos que 1415, foi data da tomada de Ceuta pelos portugueses, que é considerada o início da expansão portuguesa. Podemos ainda referir, a precocidade da capacidade destes navios, na tonelagem, já que, atendendo a que os chineses tinham inventado o compasso, levaram a cabo, construcções de navios muito mais estáveis e equilibradas, do que, todos os outros povos da mesma época. As viagens de Zheng He, levaram a um acesso fácil ao Ocidente e a África, levando a que as relações entre a China e os países estrangeiros fosse rapidamente levada a cabo, mas também com esta abertura ao Mundo, a China conseguiu um incremento das trocas científicas e culturais incluindo-se nelas, a medicina chinesa com as medicinas dos outros países. Esta época de expansão chinesa deu lugar também, a um conjunto de produção de escritos acerca de diversas temáticas, nomeadamente de geografia, hidrologia, geologia, fauna e flora, dos lugares visitados, que podemos citar. Nesta primeira metade do séc. XVII, aparece um dos mais importantes geógrafos da História da China, Xu Hongzu (Xu Xiake) (1587-1641), cuja obra You Ji (“viagem”), mostra cerca de trinta anos de observação de cada região, tendo a atenção na geografia, hidrografia, geologia, vegetação e as condições de vida dos seus povos 313. Trabalhos em Medicina, tais como Ben Cao Gang Mu (Compêndio de Matéria Médica) escrito por Li Shizhen (1518-1593), é considerada a obra mais maravilhosa na história da ciência chinesa 314, e que desenvolveremos a seu tempo. Trabalhos como estes, não só foram importantes para demonstrar o desenvolvimento tecnológico e científico da China, mas também marcaram o desenvolvimento científico e tecnológico, a que níveis chegou a China no tempo da Dinastia Ming . “Em 1554 chegou ao mar da China Leonel de Sousa, que através de uma acção militar e diplomática conseguiu o que se afigurava impossível: uma base permanente na costa chinesa, o porto de Macau, cedido no ano de 1557. Este capitão soube negociar habilmente com as autoridades fiscais chinesas, disciplinar os aventureiros e expulsar a pirataria das águas de Cantão. Os mandarins desta cidade compreenderam então que se os Portugueses permanecessem junto da foz do rio das Pérolas, o rio que banha Cantão, seria a sua cidade a beneficiar dos lucros do comércio com o Japão, ao mesmo tempo que deixavam de ser apoquentados pelos piratas. Esta concessão, única na história chinesa, não impediu que os chinas continuassem a desconfiar dos estrangeiros. Macau era a ponte de ligação, mas a penetração de portugueses no interior do país era quase impossível, pelo que as relações de Portugal com a China depois de 1557 se resumem quase só à história de Macau. Fora das relacões comerciais, circunscritas a Macau, deve-se realçar a actividade evangelizadora: os missionários do
313 314
Gernet, Jacques – Le monde chinois. Armand Colin, Paris, 1999, pp. 389-390 Gernet, Jacques – Le monde chinois. Armand Colin, Paris, 1999, p. 388
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Padroado Português do Oriente chegaram a ocupar um lugar proeminente na corte imperial em Pequim”.315 Atrás dos portugueses, depois do século XVI, alguns países da Europa entram, também, em contacto com a China, trazendo certo tipo de conhecimentos e culturas, no sentido de tentarem servir os interesses dos seus próprios países. Os conhecimentos foram traduzidos e introduzidos na China, tendo tido a sua influência nos livros de Medicina Tradicional Chinesa. O contrário também de tornou uma realidade: “Em 1570 surgiu o primeiro livro sobre o Celeste Império, o Tratado em Que Se Contam muito por Extenso as Cousas da China com Suas Particularidades, e Assi do Reyno de Ormuz. Nos livros dos séculos xvI e xvü, a China foi apresentada como um modelo de organização social. A sua administração hierarquizada e centralizada impressionou vivamente os seus primeiros visitantes”. 316 Em finais do período Ming , a corte corrupta de eunucos começou a cobrar impostos pesados à população. Em Março de 1644, uma rebelião do exército, levada a cabo por Li Zicheng (1606-1645) apoderou-se de Beijing e terminou com a Dinastia e com a Corte Ming. Quase ao mesmo tempo, os líderes de nacionalidade Manchu entraram em colisão com o Wu Sangui, um burocrata Han, tendo ocupado Beijing . As tropas Qing ultrapassaram a China do Norte e fundaram a Dinastia Qing , o Fig.18 – A dinastia último sistema dinástico na História da China.
Qing (adapt. Cotterell, 1999)
No início desta Dinastia Qing , deu-se uma série de reformas para restaurar uma maior extensão das forças produtivas sociais. A Dinastia Qing unificou todo o país ( Fig.18), incluindo Taiwan, encorajando uma vez mais, como no passado, a reclamação de terras abandonadas, bem como a conservação de àgua, desta forma aumentando a estabilidade social. Em 1578, durante o reinado de Shen Zhong dos Ming , a população chinesa era de cerca de sessenta milhões de habitantes, mais ou menos. 315
Tomaz, Luis Filipe – CHINA. In Albuquerque, Luís de (Dir.) «Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses», Círculo de Leitores, Lisboa, 1994, p.245 316 Idem, ibidem
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Durante a Dinastia Qing , diversas acções foram tomadas no sentido de preservar as ideias antigas contra novas ideias que iam surgindo. Tal época tornou-se bastante conservadora, inclusivamente à entrada de conhecimentos vindos do Ocidente, ou seja, exteriores ao próprio mundo chinês. Porém, estas acções, tornaram-se muitas vezes extremistas, não deixando, ou pelo menos dificultando o desenvolvimento de novas formas de pensamento, dificultando o desenvolvimento da própria Medicina Tradicional Chinesa. Paralelamente, nos mesmos tempos alguns pensadores materialistas apareceram durante o período Ming e Qing, como Li Zhi (1527-1602) em finais do período Ming e Huang Zhongyi (1610-1695), bem como Gu Yanwu (1613-1682) e Wang Fuzhi (1619-1692) nos inícios da Dinastia Qing. As suas ideias eram bastante ligadas, ou pelo menos davam muita importância à realidade objectiva, à prática experimental e aos princípios de estudo das proposições de aplicação dos diversos métodos. Eles não só ajudaram o desenvolvimento da ciência e da cultura nesses tempos, mas também influenciaram consideravelmente o desenvolvimento da Medicina Tradicional Chinesa.
Farmacologia Tradicional Chinesa Não obstante muitos livros de matéria médica chinesa e aqui, matéria médica, corresponde a livros sobre fitoterapia, que tivessem sido escritos antes dos Ming , havia muita repetição e muita omissão e muitas referências eram incorrectas e ilógicas. Desde o tempo dos Song e dos Yuan, muitas novas drogas e ervas tinham sido descobertas,ou tinham vindo de fora nos contactos havidos com o exterior, como vimos. Naturalmente, elas precisavam de ser classificadas e integradas como elementos de fitoterapia. Li Shizhen, também conhecido por Binhu iniciou esse tipo de trabalho com tenacidade, entrando nas profundezas da realidade e com grande sucesso. Na sua obra inclui-se Binhu Mai Xue (Estudo detalhado dos pulsos de Binhu), cuja mestria o levou a, frequentemente, “servir de referência para esclarecimento de dúvidas, [nomeadamente], em relação aos pulsos patológicos” 317, bem como Qi Jing Ba Mai Kao (Estudo acerca dos oito meridianos curiosos) 318. Porém, pelo seu volume e conteúdo botânico, Ben Cao Gang Mu (Compêndio de Matéria Médica), talvez seja considerada como uma grande súmula de farmacologia tradicional chinesa e uma das maiores obras de arte, na história da Medicina Tradicional Chinesa, bem como da farmacologia.
317
Choy, Pedro – Método diagnóstico . Associação Portuguesa de Acupunctura e Disciplinas Associadas (APA-D.A.). Lisboa, (Ciclostilado). 2002, p.6 318 Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.321
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Este médico, Li médico, Li Shizhen viveu entre 1518 e 1593. A dado momento da sua vida, durante cerca de dez anos, actuou com uma profunda tenacidade, lendo medicina, história, filosofia e interpretando criticamente os textos antigos, nomeadamente tendo muita atenção a nomes, propriedades, eficácia, fontes e preparação de ervas medicinais. Ao longo das suas viagens por toda a China, foi fazendo uma colecção de vários exemplares de plantas, animais e minerais ligados portanto, à fitoterapia. Nas suas experiências, incluia-se a si próprio, administrando-se diversos tipos de ervas para saber quais eram os resultados da sua acção no corpo humano. Sempre que havia dúvidas, relativo a cereais, vegetais e frutas ele ia junto dos lavradores e dos camponeses esclarecê-las, para poder responder às suas dúvidas. Se as houvesse relativamente a animais marinhos, ele ia perguntar aos pescadores e assim por diante. Deste modo, junto das pessoas que mais conheciam os assuntos a que se estava a dedicar em cada momento, foi coligindo todo um conjunto de respostas e de esclarecimentos, face a cada uma das diversas temáticas. Fez muitas experiências farmacológicas e muitas vezes praticou-as em animais incluindo anatomia animal e anatomia comparada. A obra Ben Cao Gang Mu é o resultado de toda uma vida de investigação e foi terminada em 1578, quando ele se encontrava com sessenta anos de idade. A obra consiste em 52 volumes incluindo seis partes em sessenta categorias. Nela podemos verificar, que o número de plantas medicinais chinesas atinge, no seu tempo, 1892 espécies, das quais, cerca de 374 são completamente novas. Podemos pois afirmar, que a obra obra Ben Cao Gang Mu (Compêndio de Fitoterapia) contém portanto, como foi referido, 1892 tipos de elementos farmacêuticos, das quais 374 são novas, incluindo-se uma colecção enorme e uma classificação de medicamentos, que Fig.19 – Quadro de uma página de pode ser considerada única na Ben Cao Gang Mu (Compêndio de Matéria história da farmacologia tradicional Médica) escrito por Li Shizhen (1518-1593) chinesa. A sua obra inclui mais de (adapt. Gernet, 1999) 1160 ilustrações (Fig.19) e contém onze mil prescrições, das quais 8160 foram criadas por ele próprio. Na sua obra, ele não só desenvolve a organização de investigadores anteriores a ele, como também acrescenta todo um conjunto de experiências,que existiram ao longo de toda a feitura do próprio livro. A sua obra inclui ainda elementos farmacológicos de zonas nacionalistas de pequenas regiões na China, como também de elementos do estrangeiro. Para cada nome de erva, há items com a explicação dos nomes, a discussão 106
dos comentários, preparação, propriedades, indicações, experiências e prescrições e novas descobertas que ele sumariza mesmo a nível da posologia. O princípio de classificação das ervas medicinais, com o arranjo do inferior para superior, do mais barato para o mais caro, por exemplo, do inorgânico a orgânico de baixo nível para alto nível, Basicamente está de acordo com a teoria da evolução, ou seja, estamos perante um método de classificação mais avançado para o tempo. Nas dezasseis partesdo seu livro, ele organiza todo o material na seguinte ordem: água, fogo, solo, metal e pedra, erva, cereal, vegetal, fruta, madeira, insecto, escama, concha, animal e humano. Será interessante fazer referência, que Darwin usou os dados da obra Ben Cao Gang Mu no seu trabalho, mostrando que Li Shizhen deu uma grande contribuição para a teoria da evolução. A obra ainda corrigiu um número bastante grande de erros, que se encompravam em livros anteriores. Muitas vezes, duas ervas bastante parecidas confundiam-se e era fácil haver erros, ou a mesma erva tinha vários nomes, sendo considerado como coisas distintas. Li Shizhen corrigiu estes erros com um exame muito cuidado e uma identificação muito acutilante. Ele também fez criticas às conclusões não científicas e aos métodos utilizados anteriormente. A sua obra faz também referências a alguma magia, que eram consideradas terem certas e determinadas substâncias, nomeadamente o mercúrio, que poderia tornar as pessoas imortais ou certas substâncias que eram consideradas como não venenosas, o autor vai sistematicamente corrigir todo este tipo de erros. Na sua feitura, Li Shizhen consultou mais de 800 livros, livros, onde onde se podem incluir livros de medicina tradicional chinesa, de farmacologia tradicional chinesa, clássicos de literatura confucionista, livros de história, filosofia ou literatura. Uma vez que a China é um país multinacional, a obra Ben Cao Gang Mu inclui um conjunto de material precioso das minorias nacionalistas, tais como as terapias peculiares dos Mongóis de Qidan 319 , ou ainda das tribos de Tobo do Tibete. Esta obra irá influenciar, influenciar, após a sua introdução, introdução, o Japão, Coreia Coreia e países europeus, entre outros. A obra Ben Cao Gang Mu, foi posteriormente acrescentada por um período bastante alargado, nomeadamente em publicações que vão desde 1578 a 1887. Entre as mesmas, podemos referir a obra Ben Cao Gang Mu Shi Yi, Yi, ou seja, (Uma Adenda ao Compêndio de Fitoterapia), elaborada entre 1765 e 1802 por Zhao Xuemin 320. Esta obra, foi uma contribuição bastante grande à obra anterior, nomeadamente constitui uma súmula da farmacologia chinesa antes de 1802, onde se incluíam 921 ervas medicinais, das quais 716 não estavam descritas na obra Ben Cao Gang Mu. A súmula advoga a observação do desenvolvimento das coisas vivas com a compreensão da sua evolução, ou seja por exemplo, afirma-se nesta obra, que a 319
Povo do grupo mongol da Manchúria que, no séc. X fundou o Império dos Liao (946-1125) YanJing - Ideograma [463] do Dictionaire Français de la Langue Chinoise . Institut Ricci – Kuangchi Press, 1999, p. 84 320 Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.689
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chamada Herba Dendrobii, Dendrobii, conhecida em chinês por Shi Hu 321 , “que crescia nas montanhas, hoje tem uma forma pequena e um sabor doce” 322. As características novas, são devidas a modificações de lugares e de tempo. A obra inclui medicina estrangeira e novas ervas medicinais, tais como o Pang 323 Da Hai (Semen Sterculiae Scaphigerae) indicado para problemas de garganta, garganta, ou 324 ainda Ya Dan Zi (Fructus Bruceae) , indicado para a desinteria e finalmente Ji Xue Teng (Caulis Spatholobi) 325, indicado para a produção de sangue e para promover a circulação sanguínea, diminuindo a rigidez dos músculos e activa os colaterais . Estes exemplos entre muitos outros, que estão incluídos na sua obra, são ervas específicas que são originárias de países estrangeiros ou de origem popular.
Desenvolvimento Sem Precedentes e Popularização das Fórmulas de Farmacologia da Medicina Tradicional Chinesa A farmacologia em Medicina Tradicional Chinesa durante as Dinastias Ming e Qing continuaram a desenvolver-se, o que pode ser comprovado por estudos das ciências naturais, leis, métodos e ervas medicinais, bem como as discussões à volta delas, ou a produção de numerosos livros. O livro mais conhecido da Dinastia Ming foi Ming foi Pu Ji Fang (Prescrições Fang (Prescrições para Curar Todas as Pessoas), compilado sob os auspícios do Príncipe Zhu Príncipe Zhu Su, Su , com a cooperação de professores como Teng Hong e Hong e Liu Chun. Pu Ji Fang é Fang é ainda hoje, a obra mais volumosa usada na China. Contém 168 volumes e foi completada em 1406. Esta obra inclui praticamente todos os conteúdos dos livros de medicina usados antes do século XV, bem como um conjunto bastante alargado de prescrições contemporâneas. No seu conjunto, a obra consiste em sete partes principais, nomeadamente: generalização, forma do corpo, diferentes doenças, doenças da pele, ginecologia, pediatria, acupunctura e moxibustão, as quais são todas classificadas em mais de 100 categorias diferentes, onde se incluem teorias e fórmulas para cada síndrome e os dados estão bastante coloridos. Durante a Dinastia Qing , especialistas em medicina, também levaram a cabo a generalização e a popularização dos conhecimentos das fórmulas medicinais. Um conjunto bastante alargado de formulários médicos, tais como, Yi Fang Kao (Verificação de Fórmulas), Fórmulas), Yi Fang Ji Jie (Colecção de Fórmulas Com 321
Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology . Vol. II. State Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, p. 215 322 Zhenguo, Wang, et alii - History and Development of traditional Chinese Medicine. Medicine . Science Press, Beijing, 1999, p. 212 323 Gongwang, Lin (Ed.) – Chinese Herbal Medicine. Medicine . Hua Xia Publishing House, 1999, p. 336 324 Gongwang, Lin (Ed.) – Chinese Herbal Medicine. Medicine . Hua Xia Publishing House, 1999, p. 178 325 Gongwang, Lin (Ed.) – Chinese Herbal Medicine. Medicine . Hua Xia Publishing House, 1999, p. 240
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Notas), Tang Tou Ge Jue (Receitas en Verso), tornaram-se conhecimento generalizado e tiveram uma grande influência em toda a China. A primeira obra, Ya Fang Kao (Verificação de Fórmulas) foi escrita por Wu Kun (1551-1629?), onde se inclui cerca de 700 fórmulas de médicos famosos ao longo dos tempos, nas quais são verificadas as suas composições, testemunhos, nomes, sucessos e falhas,etc.. Esta obra foi compilada em 1584. O se autor, grande admirador da obra Nei Jing, advogava o uso simultâneo de acupunctura e fitoterapia para tratamento de patologias; esta praxis influenciou o tratamento médico em anos posteriores 326. Yi Fang Ji Jie (Colecção de Fórmulas Com Notas) e Tang Tou Ge Jue (Receitas en Verso), foram escritas por Wang Ang 327(1682). A primeira contém cerca de 300 fórmulas às quais foram ainda acrescentadas outras na experiência do próprio autor. As prescrições foram registadas no livro e foram classificadas em 21 categorias diferentes de acordo com tonificação, ou alimentação, aliviar o Sindrome Exterior através da diaforése, indução de vómito, atacando o Interior, o Exterior,etc.. O formato de cada fórmula, indica primeiro as suas indicações, em seguida a sua composição e só então, a posologia e variantes. Durante este período, temos que fazer referência a que as epidemias eram uma constante ao longo dos tempos. Este facto verificou-se desde a Dinastia Han, onde de facto, várias febres epidémicas e doenças, constantemente varreram a China, tendo-se tornado um dos grandes objectivos dos médicos chineses, combatê-las. Eram divididas em dois tipos: as infecciosas e as não infecciosas. Alguns médicos, consideravam que os tratamentos antigos não eram suficientes para combater este tipo de doenças. Antes das dinastias Song e Jin, as terapias para combater as doenças febris epidémicas baseavamse nas descritas na obra Shang Han Lun (tratado das doenças febris), de Zhang Zhongjing (cerca de 150-219). A convicção de que a terapêutica desta obra não seria suficiente para novas epidemias levaram Liu Wansu (cerca de 1120-1200) à administração de substâncias frias ou frescas, um dos quatro grandes médicos das Dinastias Jin e Yuan, que já foi abordado, e deram um importante incremento no combate às doenças febris epidémicas. Durante as Dinastias Ming e Qing , também as doenças infecciosas, por diversas vezes, varreram a China, causando graves perturbações. De acordo com estatisticas incompletas, estas epidemias ocorreram 64 vezes em cerca de 276 anos durante a Dinastia Ming e 74 vezes durante os 266 da Dinastia Qing . O número de pessoas que morreram de doenças febris epidémicas é difícil de estimar e, na luta contra estas doenças febris epidémicas, a ciência desenvolveu bastante, tanto teórica, como praticamente, para o seu combate, levando a que esta temática se fosse tornando progressivamente um sistema actuante independente, em relação ao resto da medicima tradicional chinesa. 326
Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.494 327 Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.546
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Durante as Dinastias Ming e Qing, as especialidades clínicas desenvolveram-se mais rapidamente, nomeadamente as especialidades de cirurgia, pediatria , obstetrícia e ginecologia, dermatologia e os órgãos dos cinco sentidos. Especialidade de medicina interna Durante este período, a especialidade de medicina interna, desenvolveu-se em dois aspectos principais: o primeiro desenvolveu-se o aspecto educacional das escolas médicas dos períodos Jin e Yuan, por outro lado, famosos médicos e trabalhos médicos acerca de diagnóstico e tratamento foram sistematicamente aumentados no que diz respeito aos Síndromes Internos. Os estudos acerca de medicina interna, ocuparam-se em várias discussões relativas à importância dos três aquecedores, bem como da teoria da purificação-aquecimento. insuficiências do “ Rim-Yin” e “Rim-Yang” do corpo humano. Aceitando inicialmente a teoria de Zhu Zhenheng (1281-1358), e opondo-se-lhe a partir de determinado momento, o famoso médico Zhang Jiebin (cerca de 328 1563-1640) advogava que se deveria alimentar tanto o yin como o yang , fazendo apelo a técnicas de acção refrescante ou purgativas, bem como ao uso simultâneo de técnicas de tonificação do yang . Foi autor de fórmulas de fitoterapia tais como a Zuo Gui Wan , cuja acção é alimentar o Yin dos rins e tonificar o Qi e o Jing dos rins e alimenta as medulas329 e a fórmula You Gui Wan, que tonifica e aquece o Yang dos rins, alimenta o sangue e tonifica o Jing 330. Ainda dentro da medicina interna, o médico Zhao Xianke 331 salientou o tipo de tratamento que se consegue através do aquecimento e tonificação do ponto Mingmen. Este médico pensava que o Mingmen era essencial ao funcionamento fisiológico normal e que o fogo do Mingmen era a fonte activa das funções do organismo. Para isso ele utilizava duas fórmulas, nomeadamente a Liu Wei 332 Wan , bastante semelhante à nossa F5, que alimenta o Yin dos rins e secundariamente o fígado, bem como a fórmula Ba Wei Wan, que alimenta o Yin e o sangue, consolida o Qi e restringe a transpiração.
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Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.553 329 Marié, Eric – Grand Formulaire de Pharmacopée Chinoise . Vitré, Editions Paracelse, 1991, p. 724 330 Marié, Eric – Grand Formulaire de Pharmacopée Chinoise . Vitré, Editions Paracelse, 1991, p. 715 331 Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.689 332 Wiseman, Nigel – Dictionary of Chinese Medicine. English-Chinese/Chinese-English. Taichung, 1995, p.549
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Cirurgia e traumatologia Houve três características principais no desenvolvimento tanto da cirurgia, como da traumatologia, durante os períodos Ming e Qing : 1. o aparecimento de conhecimentos teóricos dos Síndromes cirúrgicos e traumatológicos; 2. a invenção de instrumentos e operações cirúrgicas; 3. o incremento sem precedentes dos trabalhos de cirurgia e traumatologia. Acerca dos trabalhos de cirurgia e traumatologia estes dois periodos são bastante ricos em diversas obras. Num dos trabalhos, podemos salientar o escrito por Wang Ji 333 (1463-1539) , cuja obra se chama Wai Ke Li Li (teoria e casos registados na medicina externa), no qual o autor refere que as causas das doenças internas devem dizer respeito ao interior, contudo no que diz respeito às doenças externas, deve conhecer-se o interior também. Uma outra obra, escrita por Wang Kentang (1553-1613)334 em 1608, um livro chamado Zheng Zhi Zhun Sheng (Normas para diagnóstico e tratamento), trata bastante profundamente os diagnósticos e tratamentos de doenças externas, salientando a importância do conhecimento do esqueleto que os ortopedistas devem ter e, ainda, registos de muitos métodos de operações cirúrgicas. Nesta obra, também se trata já de cirurgias plásticas, causadas por golpes e injúrias produzidos no corpo humano. Relativamente às escolas de cirurgia, podemos afirmar terem existido três escolas. Durante a Dinastia Qing a atmosfera de aprendizagem foi bastante activa. Os professores e os seus métodos eram diversos, formando-se uma dita “escola ortodoxa” e uma “escola sobrevivência” para além de uma “escola de estudo”, cada uma tendo à sua frente médicos cirurgiões bastante importantes. Obstetricia e ginecologia No periodo Ming e Qing , a obstetricia e a ginecologia, foram melhoradas através da acumulação de conhecimentos e de diagnósticos e tratamentos nesta área. Mais de cem trabalhos foram produzidos.
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Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.546 334 Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.113
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Pediatria Na área da pediatria, o período Ming e Qing teve também novos conhecimentos e desenvolveu diversas experiências, mantendo-se porém a ideia de que as doenças infantis devem ser tratadas com fórmulas suaves, que possam tratar a saúde das crianças, reforçá-la ou reduzi-la, mas nunca purgá-la. Na linha em que se deve reforçar, tonificar e ao mesmo tempo dispersar de uma forma combinatória sem que haja uma tendência apenas para uma delas, ou seja, um tratamento deve ser equilibrado. Também o conhecimento de convulsões infantis agudas e crónicas e discussões acerca dos sinais que reconhecem as convulsões infantis, tais como a afasia e a paralisia, deram uma nova luz à pediatria para gerações posteriores. Também no tratamento pediátrico, foi dada relevância à regulação do baço e do estômago, bem como o controlo da dieta, como métodos mais apropriados para tratar os problemas pedátricos. A obra pediátrica mais famosa do periodo Qing foi You You Ji Cheng (um trabalho completo em pediatria), escrito por Chen Fuzheng 335. A obra contém todo o material pediátrico dos seus predecessores e combina-o com 40 anos da sua própria experiência, tendo sido terminado em 1750. Esta obra refere a dificuldade da toma do pulso na observação de crianças, pelo que em alternativa considera ser preferível palpação da vénula do dedo indicador para o diagnóstico de doenças pediátricas, acrescida de análise do seu Shén, no entanto sem que se exagere na sua análise. O autor ilustra esta utilização da vénula superficial, referindo que o exterior e o interior devem ser distinguidos pela flutuação e pelo batimento da mesma vénula. O frio e o calor devem ser identificados pelo vermelho vivo ou pelo vermelho escuro. A Deficiência e o Excesso podem ser determinados pela estase de sangue. A obra refere ainda, que uma vez que os órgãos Zangfu infantis não estão ainda completamente formados é preferível utilizar-se às drogas internas, a utilização de terapias externas para crianças, tais como massagem, compressas quentes medicinais, ventosas medicinais, agulhas ou supositórios de mel. Especialidade de oftalmologia, estomatologia e dentista e laringologia
Na especialidade de oftalmologia, Yin Hai Jing Wei (Urdida e Trama do Mar Prateado), escrito por um médico desconhecido, que usou o nome de Sun Simiao, foi publicado durante a Dinastia Ming . O livro trata de todos os Síndromes de 335
Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.560
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oftalmologia em pormenor com desenhos e prescrições em verso para uso mais facilitado. Ainda podemos encontrar o livro Shen Shi Yao Han (Um Manual Valioso de Oftalmologia), escrito por Fu Renyu dos finais da Dinastia Ming e publicado em 1644, inclui 108 desordens dos olhos com vários tratamentos e mais de 300 prescrições, inclui-se também nele desenhos e dados completos. Há conhecimento da obra Yan Ke Da Quan (Um Manual Completo de Oftalmologia). O livro discute os registos médicos de oftalmologia e a teoria das cinco aberturas e das oito regiões do branco dos olhos e a relação dos olhos com os meridianos Zangfu e colaterais. O livro introduz acupunctura usada em oftalmologia. Na área da estomatologia, dos dentistas e da laringologia, podemos encontrar a obra, Kou Chi Lei Yao (Classificação Essencial para o Tratamento das Desordens da Boca e dos Dentes), escrito por Xue Ji (1486-1558)336 em 1528, onde se discute de uma forma compreensiva os diagnósticos e tratamentos das doenças da cavidade bucal e da laringe. O seu autor, porém, era grande especialista em dermatologia. Acupunctura Podemos dizer que durante a Dinastia Ming, a acupunctura continuou a desenvolver-se. Tanto nos séculos XV como XVI, continuaram a criar-se figuras de acupunctura em bronze com o objectivo de normalizar a localização dos diversos pontos. No século XVI pode referir-se Gao Wu como um dos acupunctores que se dedicou a esta prática. Durante a Dinastia Ming surgiram muitos estudos em acupunctura, entre os quais podemos referir a obra Zhen Jiu Da Cheng (Compêndio de Acupunctura e Moxibustão), escrito por Xu Feng em 1439, fala principalmente acerca das teorias dos pontos de acupunctura e moxibustão introduzindo o fluxo e refluxo, meio-dia / meianoite em moxibustão e acupunctura. O livro faz uma compilação de dados sobre todas as escolas e as suas ilustrações. A obra Zhen Jiu Wen Dui (Perguntas e Respostas acerca de Acupunctura e Moxibustão) escrito por Wang Ji, em 1530, descreve as teorias básicas em acupuncturologia na forma de perguntas e respostas principalmente de acordo com o Nei Jing (Clássico de Medicina Interna). Além disso, introduz métodos de acupunctura e moxibustão, meridianos, colaterais, pontos, etc. O livro apresenta várias teorias de acupunctura e moxibustão depois das Dinastias Jin e Yuan. O médico Gao Wu chamava-se a si próprio Meihu. O seu trabalho em acupunctura e moxibustão que pode ser classificado de duas formas, um primeiro trabalho, Zhen Jiu Ju Ying (Um Livro Sintético de Acupunctura e Moxibustão), era dedicado principalmente para principiantes. Referia as discussões importantes acerca de 336
Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.1082
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acupunctura e moxibustão tirados do Nei Jing, do Nan Jing e de outros. A segunda obra homónima, representava uma compilação do trabalho em 1592 e consta de uma colecção de teorias e de casos em tratamento para cima de dez tipos de clássicos de acupunctura e moxibustão antes do início do século XVI. Incluindo ainda os conhecimentos adquiridos por Gao Wu onde se critica a fé cega na parte teórica sem a confirmação prática. Relativamente a Yang Jizhou (1522-1620), chamava-se a si próprio Jishi, a sua obra Zhen Jiu Da Cheng (Compêndio de Acupunctura e Moxibustão) é consequência de clássicos anteriores ao século XVI em acupuntura, combinado com as suas próprias experiências, tendo sido publicado em 1601. O livro inclui meridianos e colaterais, pontos de acupunctura, formas de manipulação em acupunctura e moxibustão, indicações diversas, etc., bem como introduz estudos de casos de tratamentos complexos com acupunctura, moxibustão e medicina e pode verdadeiramente ser chamado o grande compêndio de acupunctura durante a Dinastia Ming . Alguns livros, de acupuntura e moxibustão que se referem e serviram de base à elaboração deste livro perderam-se, tendo-se tornado esta obra um livro base para estudos em acupunctura. Este livro foi traduzido para várias línguas e especialmente em francês, alemão, inglês, japonês e outras. É interessante referir que durante a Dinastia Qing , o desenvolvimento dos estudos de acupunctura foi restringido. Em meados da Dinastia Qing , foi estabelecido em 1822 um decreto em que o departamento de acupunctura e moxibustão no Hospital Imperial devia fechar para sempre. Contudo, uma vez que a acupunctura tinha tantas vantagens, ela continuou a ser usada pela população. Terapia Popular Na antiga China havia médicos do povo que andavam pelas ruas a badalar sinos, indo a todos os cantos da cidade e até às zonas mais remotas para tratar pacientes, eram conhecidos por os “médicos do sino” ou curandeiros. Frequentemente estes médicos usavam ervas medicinais que eram facilmente obtidas e tinham uma experiência bastante grande nos seus efeitos curativos. Contudo, eles situavam-se numa posição social inferior e não eram aceites pelos médicos ortodoxos, que os descriminavam e os atacavam nos seus tipos de tratamento como mezinhas vulgares, pelo que consideravam que estes médicos não tinham grande importância. Em meados da Dinastia Qing , o famoso médico Zhao Xuemin (1719-1805), profundamente sensibilizado pelo carácter do conhecimento médico popular, admirou e achou que as terapias dos “médicos do sino”, era barata, conveniente e eficaz e achava uma pena que se perdesse. Com a ajuda do médico popular Zhao Baoyun, Zhao Xuemin fez uma colectânea dos conhecimentos populares e das mezinhas populares, bem como das experiências médicas analisadas em conjunto pelos dois, tendo compilado a obra Chuan Ya (Tratamentos por Medicina Popular), em 1758.
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O livro está dividido em secções interna e externa coligindo para cima de 400 receitas populares. As palavras usadas são concisas e as experiências médicas introduzidas no livro incluem medicina clinica e de emergência, bem como exterminação de mosquitos, moscas, etc.; os métodos de tratamento incluém, para além da administração oral, os tratamentos externos, tais como manipulação de agulhas, moxibustão, compressas, aplicações, fumigação, vaporização e compressão. Muitas receitas consistem numa ou duas ervas, por exemplo o pó de Wubeizi (Galla Chinensis - noz de galha) 337, aplicada no umbigo para tratar o suor nocturno, o pó de Wuzhuyu (frutus 338 evodiæ) misturado com vinagre era aplicado no Yongquan - 1Rn para tratar as inflamações de garganta, o pó de enxofre Liu Huang (Sulphur) 339 e a semente de algodão eram queimadas de forma que o fumo fazia fugir os percevejos, todos eles bastante eficazes. No perfácio, Zhao Xuemin eleva a perícia utilizada pelos “médicos dos sinos”, como por exemplo a técnica “ding chuan” ; a perícia ding , era uma terapia na qual as ervas eram usadas para induzir o vómito e a apelidada técnica Chuan, era principalmente uma técnica em que se davam ervas para induzir a purgação. Zhao dizia que por muito pouco que fosse feito por estes médicos, elas eram de uma eficácia considerável. Também não interessava se as ervas eram baratas ou não, o que era importante é desde que fossem eficazes elas produziam uma boa medicina. As ervas usadas pelos “médicos do sino” eram baratas, efectivas e facilmente obtidas, pelo qual era também fácil para eles estudarem-nas e saberem aplicá-las. Investigação Efectuada sobre os Clássicos Médicos e Compilação de Diversos Trabalhos Médicos
Durante as dinastias Ming e Qing , houve bastantes trabalhos de investigação que passaram a estar em voga, nomeadamente acerca de trabalhos antigos, tais como o trabalho do Nei Jing , (Clássico da Medicina Interna) do Imperador Amarelo. Durante a Dinastia Ming , houve um famoso médico, Ma Shi 340, que investigou e reordenou a obra Nei Jing do Imperador Amarelo elaborando as obras Huang Di Nei Jing Su Wen Fa Wei (Elaboração das Principais Questões do Clássico do Imperador Amarelo de Medicina Interna) e Huang Di Nei Jing Lin Shu Fa Wei (Uma Elaboração Acerca da 337
Zhixian, Long (Ed.) – The Chinese Materia Medica. Beijing University of Traditional Chinese Medicine, Academy Press, 1998, p.327 338 Zhixian, Long (Ed.) – The Chinese Materia Medica. Beijing University of Traditional Chinese Medicine, Academy Press, 1998, p.142 339 Wiseman, Nigel – Dictionary of Chinese Medicine. English-Chinese/Chinese-English. Taichung, 1995, p.548 340 Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.89
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“Charneira Milagrosa do Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo”), nelas encontrando-se bastantes anotações. Outro investigador foi Zhang Jiebin (1563-1640)341, que acerca da mesma obra Nei Jing compilou a obra Lei Jing (Clássico Classificado) em 1624. Para além de suplementos acerca do mesmo, nomeadamente Lei Jing Tu Yi e Lei Jing Fu Yi. Estas obras efectuadas acerca do Nei Jing por Ma Chi e Zhang Jiebin foram também reestudadas por Li Zhongzi (1588-1655)342 , que compilou a obra Nei Jing Zhi Yao (Essencial do Clássico de Medicina Interna) em 1642, a sua intenção era de fazer uma obra dirigida a principiantes ou iniciadores da Medicina Tradicional Chinesa. Não só o Nei Jing serviu de base para estudos neste período, também a obra Shang Han Lun (tratado das doenças febris) e a obra Jin Gui Yao Lue (Sinopse da Câmara Dourada), foram objecto de estudos, de investigações. Além destes clássicos, foram também feitas compilações de trabalhos médicos e referências a diversos livros, cujo material foi obtido por várias fontes e estruturado de diversas maneiras, também durante este período dos Ming e dos Qing. Uma das primeiras obras é Gu Jin Yi Tong Da Quan (Enciclopédia de Trabalhos Médicos Antigos e Modernos) , foi escrito por Xu Chunfu em 1556343; este autor chamava-se a si próprio Ru Yuan, era um médico famoso no tempo dos Ming . Esta obra teve cerca de 390 fontes entre clássicos confucianos, história, filosofia, literatura, antes de meados dos Ming . Tem as bases teóricas da Medicina Tradicional Chinesa, incluindo biografias de médicos através dos tempos, das diferentes escolas, os métodos de tomada do pulso, doutrina dos cinco elementos e dos seis factores naturais, meridianos, colaterais, acupunctura e moxibustão, fitoterapia, preservação da saúde, diagnóstico e tratamento na prática clínica de diferentes departamentos e casos médicos. Outra obra, Jing Yue Quan Shu (Os Trabalhos Completos de Zhang Jingyue) foi compilado por Zhang Jiebin 344, já referido, em 1624, que se chamava a si próprio Jingyue. Esta obra inclui bases teóricas da Medicina Tradicional Chinesa, diagnóstico e tratamentos, fitoterapia, onde se inclui simples e fórmulas, etc.. A obra, Gu Jin Tu Shu Ji Cheng (Resumo dos Trabalhos Classificados dos Livros Médicos Antigos e Modernos) é uma parte da obra Gu Jin Tu Shu Da Quan (Enciclopédia dos Trabalhos Médicos dos Tempos Antigos e Modernos) compilado por Chen Menglei e outros no tempo dos Qing , tendo sido publicado no tempo do Imperador Yongzheng em 1726. A obra contém material dos 341
Chinese-English House, 1996, p.553 342 Chinese-English House, 1996, p.320 343 Chinese-English House, 1996, p.799 344 Chinese-English House, 1996, p.553
Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing
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trabalhos médicos através dos tempos e é o maior livro de referência médica da China. A obra contém uma selecção, cujo conteúdo abarca desde os tempos da obra Huang di Nei Jing (Clássico da Medicina Interna do Imperador Amarelo) até ao início dos Qing e está organizado por várias temáticas. Esta obra contém notas de clássicos médicos, diagnóstico, tratamento, teoria de base teórica das doenças nos diversos departamentos, nas diversas áreas, bem como técnicas médicas, registos e eventos, bem como biografias de médicos famosos. A teoria, os métodos, as fórmulas, os elementos simples estão completamente incluídos. A obra, Gu Jin Yi Tong Zheng Mai Quan Shu (Compêndio de Trabalhos Médicos dos Livros Médicos Antigos e Modernos) é uma série de livros médicos compilados por Wang Kentang 345 , em 1601, digamos que é uma condensação de 44 obras anteriores. Yi Zong Jin Jian (O Espelho Dourado da Tradição Médica) é um trabalho médico volumoso, compilado durante o tempo dos Qing , é organizado por vários médicos sob a orientação de Wu Qian 346. Esta última obra tem como vantagens a ordenação clara, uma escrita concisa, ilustrações precisas e uma descrição de compreensão fácil e tornou-se um livro fundamental na prática clínica e por essa razão passou a ser considerado um livro dos tempos modernos. Durante todo este período dos Ming e dos Qing , houve bastante permuta, tendo aumentado os contactos entre a China e os países estrangeiros, entre os quais podemos referir o Japão, a Coreia e mesmo os países europeus. Os dois primeiros países referidos, Japão e Coreia tiveram alguns elementos, que ao longo dos tempos se transferiam para a China e faziam o estudo da Medicina Tradicional Chinesa. Também várias obras, de muitas das que foram citadas foram copiadas e acrescentadas nestes dois países. No que diz respeito às trocas entre a China e os países europeus, podemos dizer que durante o período Ming e Qing , a Medicina Ocidental foi penetrando na China, nomeadamente na área da anatomia, fisiologia, farmacologia e terapias europeias, ao mesmo tempo que missionários médicos estudavam a Medicina Tradicional Chinesa. Aliás, “Quando os Portugueses chegaram à India, os Chineses já não frequentavam o seu litoral há mais de 60 anos; perdurava, contudo, na memória das populações costeiras, uma referência a navegantes de pele clara e aos seus navios grandes e poderosos. Foi junto dessas populações que os navegadores portugueses recolheram as primeiras informações acerca dos Chineses, referidos pela primeira vez, tanto quanto se sabe, pelo padre José de Cranganor, em 1501. Nos primeiros anos da sua presença no Indico, os Portugueses concentraram os seus esforços na consolidação de posições no mar arábico. Em 1508, porém, D. Manuel I alargou os seus interesses à Insulíndia, enviando uma frota a descobrir Malaca sob o comando de Diogo Lopes de Sequeira. 345
Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.113 346 Chinese-English Dictionary of Traditional Chinese Medicine . The People’s Medical Publishing House, 1996, p.495
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Esta expedição marca a entrada do Império Chinês no horizonte político da Coroa portuguesa. No regimento entregue ao capitão, o monarca pedia-lhe que se informasse sobre os «chins». Interessava ao rei saber qual era a religião desse povo, assim como o seu poderio, o seu comércio e o tipo de relações que mantinham com os Muçulmanos. Quando os navios de Diogo Lopes chegaram a Malaca, já em 1509, deu-se pela primeira vez um encontro entre portugueses e chineses. O facto de este primeiro contacto ter decorrido num porto dominado por Muçulmanos contribuiu, provavelmente, para que se estabelecessem relações amigáveis entre os homens do Extremo Ocidente e do Extremo Oriente. Foram mesmo os mercadores chinas que avisaram os recém-chegados de que o sultão Ihes estava a preparar uma cilada, permitindo, assim, a fuga dos homens de Diogo Lopes. País agrícola, praticamente auto-suficiente, o Celeste Império só se interessara pelo mar tardiamente” Os galeões portugueses abordam pela primeira vez as costas do Guangdong , nos anos entre 1514-1516. Os espanhóis chegam aos mares da Ásia oriental, em 1543 e os holandeses, cerca de 1600. Estes recém-chegados aos circuitos comerciais do extremo Oriente e à Ásia do Sudeste, apelidados de Folangji 347 e Hongmaoyi 348, poderão ter começado a exercer alguma influência europeia nas zonas marítimas da China do Sul e Sudeste, mas ela só começará a ter repercursões importantes após a entrada dos missionários jesuítas na China, cujos dados verão uma confirmação em finais do séc. XVI.349 […] “As primeiras informações que circularam em texto impresso sobre a China foram publicadas em 1555, num volume de cartas dos Jesuítas com o título «Informação de algumas cousas acerca dos costumes e leis do reino da China que um homem que lá esteve cativo seis anos contou em Malaca no colégio da Companhia»”. 350 Em 1557 os primeiros missionários retornaram à Europa com diversos livros de MTC. “Em 1570 surgiu o primeiro livro sobre o Celeste Império, o «Tratado em Que Se Contam muito por Extenso as Cousas da China com Suas Particularidades, e Assi do Reyno de Ormuz». Nos livros dos séculos XVI e XVII, a China foi apresentada como um modelo de organização social. A sua administração hierarquizada e centralizada impressionou vivamente os seus primeiros visitantes. Deu mesmo azo à criação de uma utopia, como é o caso da descrição inserida na Peregrinação de Fernão Mendes Pinto”.351 Durante as Dinastias Ming e Qing , alguns livros científicos Ocidentais foram introduzidos na China. A cultura europeia e o conhecimento científico iam sendo 347
Fólángjī (francos) – Durante a dinastia Ming , designa também os portugueses e os espanhóis. Ideograma [1599] do Dictionaire Français de la Langue Chinoise . Institut Ricci – Kuangchi Press, 1999, p. 304 348 Hongmaoyi («bárbaros de pelos vermelhos» – holandeses) - Gernet, Jacques – Le monde chinois. Armand Colin, Paris, 1999, p. 393 349 Gernet, Jacques – Le monde chinois. Armand Colin, Paris, 1999, p. 393 350 Tomaz, Luis Filipe – CHINA. In Albuquerque, Luís de (Dir.) «Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses», Círculo de Leitores, Lisboa, 1994, pp. 243-249 351 Tomaz, Luis Filipe – CHINA. In Albuquerque, Luís de (Dir.) «Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses», Círculo de Leitores, Lisboa, 1994, pp. 2 43-249
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introduzidos, principalmente pelos missionários dos quais podemos referir Matteo Ricci (1562-1610), que foi o mais antigo e mais famoso. Foi o primeiro a utilizar a medicina nas suas actividades na China. Viajou até Macau, em 1582, tendo, posteriormente vivido em Beijing por muitos anos, onde faleceu em 1610. Traduziu para chinês diversas obras médicas ocidentais. Uma delas, “Costumes dos países ocidentais”, trata da anatomia neural, tornando-se o primeiro trabalho em medicina e psicologia a ser introduzido na China. Depois dele, um número muito grande de missionários visitou a China, traduziram e publicaram livros numa grande variedade de assuntos, tais como astronomia, conservação da água e medicina. Em 1643, um missionário polaco, Michel Boym, viajou até à China. Aí seleccionou e traduziu algumas teorias de Medicina Tradicional Chinesa, o conhecimento do estudo dos pulsos e herbologia, que foram mais tarde publicados na Europa. O primeiro trabalho aparecido teve o nome “Flora Sinensis” , incluindo descrições de algumas plantas medicinais, foi publicado em lingua latina, na cidade de Viena, no ano 1656, profundamente baseado no Ben Cao Gang Mu (Compêndio da Matéria Médica), compilado por Li Shizhen. É o primeiro livro, que introduziu a matéria médica chinesa na Europa. Depois disto, ainda traduziu trabalhos em diagnóstico pela língua, a preparação de farmacopeia chinesa, e esfigmologia tradicional chinesa, que foram publicados em França, Itália e Alemanha. Com base neste último trabalho de Boym, o médico inglés Sir John Floyer traduziu-o para inglês, incluindo o seu conteúdo no livro Formas de Sentir os Pulsos pelos Médicos, que foi publicado em 1707. Floyer escreve que as condições do pulso inspiraram-no em inventar o valor da pulsação como um método de diagnóstico. 352 No século XVII, os países Ocidentais começaram a praticar acupunctura e moxibustão chinesa. Em 1676, havia dois livros sobre a prática da acupunctura e moxibustão publicados na Alemanha, um por B. W. Geilfusiius e o outro por H. Buschof . Estes, incluíam uma discussão sobre o tratamento da artrite com terapias em acupunctura no seu livro “Dissertatio de Arthride”, publicado pelo médico alemão William ten Rhyne, em Londres, em 1683, sendo os documentos mais antigos de registo de manipulação com agulhas chinesas. No mesmo ano, J. A. Gehema também publicou “Aplicação de Moxibustão Chinesa para Tratar Artralgia”, em Hamburgo, opinando que a moxibustão chinesa era a melhor, a mais isenta e o método mais confortável de tratar artralgias migratórias do tempo. S. Blankaart publicou “Discussões Especiais em Artralgias Migratórias”, em Amsterdão em 1684, também introduzindo o tratamento da artrite e com acupunctura e moxibustão. Após disto, a acupunctura e a moxibustão começou a ser praticada em Inglaterra, Paises Baixos, França, Alemanha, Russia, Itália, Espanha, Suécia e Bélgica. Os livros de medicina, tais como Ren Shen Tu Shuo (Explicação Gráfica do Corpo Humano), escrito por Diego Rho e outros, e Tai Xi Ren Shen Shuo Gai (Quadro resumo explicativo do Corpo humano) , escrito por Johann Terrentius e outros, são os livros mais antigos de fisiologia e anatomia, trazidos da Europa para a China. 352
Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology . Vol. I. State Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, p.97
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Enquanto as obras de fisiologia e anatomia, começavam a penetrar na China, a farmacologia Ocidental, também era aí introduzida, mas a sua influência na medicina chinesa não foi muito grande. Até ao imperador Qian long (1736-1796), a China vai mantendo uma abertura com o exterior, porém, com o imperador Jia qing (1796-1821), fecha-se sobre si própria. A sua economia era estagnante e atrasada e a sua força nacional tornou-se cada vez mais fraca. Entretanto a maior dos países Ocidentais tornavam-se cada vez mais prósperos e potentes. Até aquela data, o comércio pratica-se por intermédio do porto de Cantão, onde portugueses e ingleses trocam tecidos por de algodão e ópio por seda. Em 1839 o governo chinês proíbe a importação de ópio, e um carregamento de ópio indiano é lançado ao mar no porto de Cantão. Os ingleses enviam uma expedição como represália, que bombardeia Cantão, ocupa Xangai e Nanquim. A Inglaterra começou a chamada primeira“Guerra do Ópio” em 1840, que terminou em 1842 com a assinatura do “Tratado de Nanjing”, forçando o governo Qing a garantir concessões Britânicas, i.e., a cedência de Hong-Kong, a abertura de cinco portos da China Central entre Cantão e Xangai e uma tarifa alfandegária que limita a 5% os direitos de alfândega. Esta guerra foi como uma transformação, reduzindo a China de um sistema ditatorial feudal a um simples sistema semi-colonial, semi-feudal. De 1856 a 1860, a França e a Inglaterra juntas, , atendendo a que o governo chinês não cumpria o tratado de 1842, levantaram a segunda “Guerra do Ópio”, levando o governo Qing a assinar “O Tratado de Tianjin” e “O Tratado de Peking”. Mais tarde, em 1883-1885 aparece a Guerra Sino-Francesa e em 1894 a Sino-Japonesa. No que diz respeito à introdução e ao choque entre a cultura Ocidental e a Oriental, de facto as ciências naturais Ocidentais e a sua tecnologia, incluindo matemática, física, química, mineralogia, astronomia e medicina, vão-se seguindo uma após a outra e de facto a pouco e pouco, a medicina Oriental parecia como que esmagada por esta nova cultura, que a pouco e pouco foi entrando na China. Porém, alguns especialistas em Medicina Tradicional Chinesa, foram mantendo a chama desta cultura. Algumas escolas inclusivé, advogaram uma integração da medicina chinesa e da medicina Ocidental. Não obstante, a tentativa de integração das duas medicinas se ter verificado em várias escolas, a Medicina Tradicional Chinesa, no seu todo, não obstante ter declinado a sua importância durante os últimos cem anos, foi mantida a sua chama à custa de trabalhos de especialistas médicos, nomeadamente a nível de investigação, anotação, reprodução de clássicos médicos, tais como o Clássico da Medicina Interna, o Clássico das Dificuldades, o Tratado das Doenças Febris e o Clássico das Ervas de Shen Nong. Todos estes esforços importantes levaram à preservação e ao estudo do que existia há milénios. Podemos dizer que a Medicina Tradicional Chinesa foi continuando a enriquecer-se com o registo de trabalhos de médicos famosos, tais como Fei Boxiong com a sua experiência em medicina interna, tendo escrito o trabalho Yi Chun Sheng Yi (A 120
Medicina Pura e Honesta Benificia Todos), publicado em 1863. O trabalho de Zhang Shanlei, Zhong Feng Jiao Quan (Uma Compilação e Anotação de Trabalhos em Apoplexia), publicado em 1917, uma monografia acerca da apoplexia. O Livro das Experiências em Prática Cirúrgica, publicado por Ma Peizhi em 1892, um cirurgião famoso e ainda a obra Li Lun Pian Wen (Um Discurso sobre Terapias Externas) de Wu Shangxian em 1864. A nível da matéria médica, podemos dizer que investigações em trabalhos antigos, tais como Shen Nong Ben Cao Jing , deram lugar a uma reedição por Gu Guanguang em 1884, reavivando esta matéria. É evidente que o resumo das experiências do uso de ervas, de novos conhecimentos, de nova acção terapêutica, de novos efeitos, foram enriquecidos por alguma influência entre a Medicina Tradicional Chinesa e a fitoterapia trazida do Ocidente. Também houve tentativas de adicionar à farmacologia da Medicina Tradicional Chinesa elementos de prescrições populares, algumas tidas como secretas e compiladas numa Nova Compilação de Prescrições Provadas em 1846, uma compilação de Bao Xiangao. Fim do império Entretanto, os poderes Ocidentais juntam-se numa agressão sistemática contra a China. O sistema económico chinês não podia comparar-se ao sistema económico Ocidental. Assim, a pobreza existente na China comparada com a aparente riqueza Ocidental, foi dando lugar a movimentos anti-colonialistas e anti-feudais num crescendo de 1840 a 1919, começando com a primeira “Guerra do Ópio”, que se referiu, continuando com as reformas contitucionais e a modernização, em 1898, até que a Sun Yatsen 353 em 1911 pôs fim à corte Qing , fundando a Républica da China e declarando o fim da monarquia feudal que durou cerca de dois mil anos. Em momentos difíceis para a Medicina Tradicional Chinesa, a certa altura foram criadas escolas de Medicina Tradicional Chinesa, tal como o Instituto Shangai de Medicina Tradicional Chinesa, erigido por Ding Ganren e Xie Libeng em 1915, a Escola de Lan Xi de Medicina Tradicional Chinesa da Província de Zhejiang por Zhang Shanlei em 1920 e a Escola de Correspondência em Medicina Trasdicional Chinesa por Yun Tieqiao em 1925 em Shanghai, bem como o Colégio Médico Chinês de Medicina Tradicional Chinesa por Lu Yuanlei e outros em 1930 , ainda a Escola de Correspondência de Medicina Tradicional Chinesa por Zhang Xichun em Tianjin e entre outros ainda o Colégio de Beijing da Medicina Tradicional Chinesa por Xiao Longyou. Digamos que estas escolas foram um esforço para salvaguardar o desenvolvimento da Medicina Tradicional Chinesa e da farmacologia chinesa, compilando, criando material pedagógico, organizando sociedades académicas, publicando periódicos e revistas. Em 1929, o governo interdita o uso oficial da MTC. Porém, a acupunctura e a moxibustão continuaram entre as massas populares.354 353
Gernet, Jacques – Le monde chinois. Armand Colin, Paris, 1999, p. 546 Précis d’acupuncture chinoise – Éditions Dangles, Académie de médicine traditionnelle chinoise, 1977, p. 18 354
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O seu uso mantém-se entre os soldados, durante as diversas convulsões intestinas desenvolvidas até 1949. A Medicina Tradicional Chinesa e a farmacologia tradicional chinesa são o sincretismo do saber do povo chinês contra as doenças ao longo de milhares de anos. A Républica Popular da China e o seu governo, a partir de certa altura deram bastante importância ao desenvolvimento desta medicina tradicional. Sob os auspícios da Revolução Cultural, um novo incremento é dado à MTC. A 7 de Agosto de 1950 dá-se a 1ª Conferência Nacional acerca da Saúde preconisa a “união des medicinas chinesa e ocidental” 355 A partir dos anos cinquenta, começaram a verificar-se comprovações científicas acerca da Medicina Tradicional Chinesa e das suas tentativas de explicação e/ou estatística. Estes estudos, praticamente apontaram para experiências clínicas de analgesia e de anestesia através da Medicina Tradicional Chinesa, nomeadamente da acupunctura e da moxibustão. O estudo da acupunctura progressivamente foi-se introduzindo em centenas de países e regiões. Tratar doenças anais e intestinais com medicina chinesa através de ervas é extremamente seguro e eficaz. O tratamento de fracturas com a combinação de medicina chinesa e medicina Ocidental, parece ser melhor do que tratá-lo apenas com uma ou com a outra sozinhas; o tempo da acção conjunta encurta bastante, a recuperação das funções é mais rápida e as complicações são muito menores. A investiganção na acção química e fisioquímica da fitoterapia chinesa continua a ser uma realidade. Noutras áreas, nomeadamente nos estudos da acção sobre o baço e o rim, os métodos científicos ocidentais vêm comprovando o que tem vindo a ser estudado por bastantes biólogos, entre eles Zhu ZongXiang, que confirmou inicialmente a existência de meridianos no corpo humano dando lume ao grande mistério escondido da Medicina Tradicional Chinesa. A utilização da medicina nuclear através de métodos cintigráficos356, ou o uso da mecânica quântica em instrumentos como o SQUID – Superconducting Quantum Interference Device 357, com o fim de estudar o trajecto e fluxo do Qi nos meridianos, nada vêm acrescentar à eficiência do que a MTC realiza, num conhecimento que sem instrumentos tecnológicos o Mundo Chinês descobriu e utiliza há mais de 5000 anos. Os círculos médicos de vários países internacionais têm analisado e têm uma visão progressivamente diferente da que tinham da Medicina Tradicional Chinesa. A própria Organização Mundial de Saúde preocupou-se em aceitar e recomendar o uso da
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Medicina Tradicional Chinesa em várias patologias 358. A pouco e pouco, a Medicina Tradicional Chinesa tem tido um incremento de adeptos, especialmente aqueles que pretendem uma medicina mais próxima dos produtos naturais. Nos anos oitenta, trinta anos após o início da atenção das medicinas tradicionais por instituições especiais, ou determinadas pessoas foram a pouco e pouco desenvolvendo um sucesso ou uma comprovação do sucesso da Medicina Tradicional Chinesa. No início dos anos oitenta, foi criado outro instituto programa para as medicinas tradicionais, ao mesmo tempo os mistérios antigos da Medicina Tradicional Chinesa, bem como das suas ervas medicinais têm vindo a ser trazidas à luz pela ciência moderna e pela tecnologia, revigorando a própria Medicina Tradicional Chinesa também. A farmacologia, ou o sistema farmacológico chinês é, aparentemente, simples e prático, usando apenas elementos feitos de ervas naturais, minerais ou animais, sendo estes últimos progressivamente, pelo menos na sua introdução Ocidental, praticamente eliminados e substituídos por outros componentes. Doutra forma, há toda uma facção que vai opondo progressivamente, as medicinas biológicas e químicas devido à própria industrialização. Se dissermos que o século XXI é a era da biologia e da tecnologia biológica, estamos certos que a Medicina Tradicional Chinesa e as suas drogas estarão incluídas e trarão uma saúde a cada vez maior número de pessoas durante esta nova era.
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