GUARULHOS TEM HISTÓRIA
QUESTÕES SOBRE HISTÓRIA NATURAL, SOCIAL E CULTURAL
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Dos mesmos autores
Guarulhos: Espaço de Muitos Povos
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QUESTÕES SOBRE HISTÓRIA NATURAL, SOCIAL E CULTURAL
Organizador Elmi El Hage Omar Autores Adriana de Araújo Aleixo | Antonio Benedito Prezia | Antonio Manoel dos Santos Oliveira | Beatriz de Aguiar Hanssen | Caetano Juliani | Edson José de Barros | Elton Soares de Oliveira | Gláucia Garcia de C. Guilherme Bagattini | José Elmano de M. Pinheiro | Marcio Roberto M de Andrade | Maria Claudia Viera Fernandes | Sandra Emi Sato | Silvia Piedade de Moraes | Vagner Carvalheiro Porto | William de Queiroz
1ª EDIÇÃO
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ficha técnica
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SUMÁRIO 09 Apresentação Elmi El Hage Omar 11 Introdução Elton Soares de Oliveira PARTE I | CONTEXTUALIZANDO A HISTÓRIA DEGUARULHOS: ANTES E APÓS 1560 15 Guarulhos no contexto colonial paulista Elton Soares de Oliveira PARTE II | HISTÓRIA NATURAL, GEOGRAFIA, GEOLOGIA E MEIO AMBIENTE 25 Aspectos fisiográficos da paisagem guarulhense Marcio Roberto M de Andrade, Sandra Emi Sato, Antonio Manoel dos Santos Oli veira, Edson José de Barros, Adriana de Araújo Aleixo, Guilherme Bagattini, William de Queiroz 38 Passado geológico de Guarulhos Caetano Juliani, Marcio Roberto M. de Andrade, Edson José de Barros 47 Expansão urbana e problemas geoambientais
do uso do solo em Guarulhos Marcio Roberto M. de Andrade, Antonio Manoel dos Santos Oliveira PARTE III | HISTÓRIA SOCIAL, POLÍTICA E ECONÔMICA 59 Maromomi, os primeiros habitantes de Guarulhos:
da perambulação ao aldeamento Antonio Benedito Prezia 74 O ciclo do ouro em Guarulhos José Elmano de Medeiros Pinheiro 88 Lutas sociais e resistência cultural em Guarulhos Elton Soares de Oliveira, Maria Claudia Vieira Fernandes
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97 Ciclo do tijolo, imigração, trabalho assalariado, agricultura e comércio Elton Soares de Oliveira 106 Momentos industrialização guarulhense: do nascedouro das fábricas ao da neoliberalismo Maria Claudia Vieira Fernandes, Elton Soares de Oliveira, Willian de Queiroz 123 Philips: Fábrica desativada transformando-se em campus universitário Elmi El Hage Omar PARTE IV | HISTÓRIA CULTURAL, PATRIMÔNIOS E IDENTIDADES 139 Arqueologia histórica: o caso de Guarulhos Vagner Carvalheiro Porto 146 A presença feminina na construção da cidade Beatriz de Aguiar Hanssen, Silvia Piedade de Moraes 161 Memória e preservação. O cemitério São João Batista como fonte histórica Gláucia Garcia de Carvalho 167 Patrimônios culturais guarulhenses: questões sobre memória,
identidade e cidadania Elmi El Hage Omar PARTEV | AUTORES 197 Sobre os Autores
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“O saber histórico só é possível através do conhecimento mútuo” Elmi E. H. Omar
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APRESENTAÇÃO
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APRESENTAÇÃO Elmi El Hage Omar História e interdisciplinaridade; são essas as abordagens e desafos deste livro, ruto do trabalho de historiadores, geógraos, geólogos, arqueólogos, arquitetos, jornalistas, ambientalistas, flósoos, otógraos e estudantes, que compreenderam a importância de se unirem nesse esorço científco. O objetivo dos autores é sensibilizar e ormar leitores com inormações confáveis obtidas de maneira científca, sistemática e interdisciplinar. Promover, enfm, uma acareação entre passado e presente como nunca oi proposta na história de Guarulhos. Como uma obra de enoque histórico, um dos objetivos é continuar levantando questões a história Guarulhos, por issocom a escolha do sub-tema, questões de históriasobre natural, social de e cultural. A proposta, essa escolha, é provocar nos leitores e estudantes a participação no processo de construção do conhecimento. É bom lembrar que a história é construída por um conjunto de elementos sociais, culturais, econômicos, religiosos, ambientais, flosófcos entre outros e assim nenhum deve ser desprezado, portanto discutir as raízes e as conseqüências historicamente construídas nesse espaço, que aetam o presente, comumente de modo negativo, é de capital importância. eremos aqui também representadas diversas correntes de pensamento, ormações, áreas e ideologias convivendo de modo eqüitativo, como diligentemente tem eito o grupo Guarulhos em História nas suas atividades sociais, culturais, políticas e outras. O livro aborda grandes áreas temáticas: A colonização e seus aspectos geológicos, geográfcos, econômicos, sociais e culturais. A ormação geológica e seus processos em nosso território. A história de como oram apropriadas as riquezas naturais e suas produções cíclicas de acordo com as demandas internas e externas, de onde surge o conceito de ciclos econômicos. Por fm a história cultural e patrimonial, priorizando padrões comportamentais de grupos, instituições e suas produções resultantes, transormando-se em patrimônios que devem ser valorizados, preservados para destacar as etnias representadas em Guarulhos. Idealizamos contribuir de modo dierente com o conhecimento histórico pro-
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duzido. Diversos autores abordaram a história guarulhense com propriedade e nosso desejo é enriquecer o trabalho eito por eles. Continuaremos sempre visualizando um uturo melhor quando, todos estarão conscientes dos processos históricos, que nos conduziram contexto Consciência críticamudar e reexão para aprender com os erros doaopassado sãopresente. os elementos que poderão a desigualdade que tanto aeta a sociedade em que vivemos, independente do espaço. O grupo de pesquisadores que compõem o movimento Guarulhos em História, agradece de modo raternal, a secretaria de Cultura, ao secretário e uncionários que possibilitaram a publicação do livro. Não podemos deixar de expressar nossos agradecimentos aos membros do conselho do Funcultura por acreditarem no projeto. Agradecemos também aos nossos proessores que dedicaram seus proundos conhecimentos e aos nossos alunos que nos estimulam com suas questões. ambém a todos os amiliares, amigos, colegas de profssão, as amílias tradicionais, que nos cederam imagens e inormações e ao povo de Guarulhos que apoiou a realização desse empreendimento.
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INTRODUÇÃO
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INTRODUÇÃO Elton Soares de Oliveira Há dois anos, o grupo de pesquisadores que compõe o movimento Guarulhos em Historia, deu início a uma série de debates sobre a história local partindo de uma pergunta: Como Guarulhos se inseriu no contexto colonial paulista e porque ganhou projeção no cenário nacional e internacional? As primeiras atividades oram listar e ler as publicações sobre a história da cidade, em seguida realizar alguns debates com personalidades da esera acadêmica que estudaram a localidade. O processo resultou, entre outras coisas, na criação do movimento “Guarulhos em História”, na estruturação de um site sobre a história local, (www.guarulhostemhistoria.com.br) no ingresso com pedido de tombamento do sítio arqueológico do garimpo de ouro do Ribeirão daslivro Lavras. Lançamento do livro “Guarulhos Espaço de Muitos Povos” e agora no “Guarulhos em História, Questões de História Natural, Social e Cultural ”. O título “Guarulhos em História” tem vários objetivos, entre eles apontar episódios na historiografa local que requerem aproundamento; propiciar aos leitores percepção da relação entre as atividades sociais e os aspectos naturais. O livrovisa, acima de tudo, abrir discussões sobre os temas abordados e, nas lacunas existentes, despertar a necessidade da realização de novas pesquisas sobre outros aspectos da vida cotidiana e, ao mesmo tempo, ser mais um recurso didático para pesquisadores, proessores e alunos. O livro “Guarulhos tem História” em alguns artigos de orma sintética, ordena os ciclos de desenvolvimento econômico local e o processo de expansão territorial urbano, sem perder de vista a ligação externa que aponta para a relação entre o avanço capitalista mundial e a sua inserção na cidade. Reerenciado no conceito tempo e espaço, trata do povoamento, do patrimônio natural e cultural. Guarulhos não é apenas um espaço territorial. Historicamente é uma região produtiva e sua ormação teve início em unção da globalização econômica, nos marcos do surgimento e dinamização do sistema capitalista mundial. O processo de expansão territorial urbano aconteceu em conseqüência das atividades econômicas. Sobre os conceitos espaço territorial e região produtiva adotamos a defnição do geógrao Milton Santos.
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O território é ormado através dos eixes que são criados em unção das atividades da população. Para conhecermos a estrutura interna é necessário entendermos sua circularidade interna, já para entendermos uma região produtiva, precisamos estudar suas relações internas e externas, pois elasonde se inter-relacionam. classifcarmos as regiões produtivas devemos saber estão e o que são,Óbvio quais para seus meios de produtividade antigos e atuais, analisando todo o processo de evolução desta região (natureza e classes sociais) isso nos obriga a um estudo minucioso, pois o espaço, a economia, a política e a cultura de cada local é variável (SANOS, 1980)
Planejado sob a luz da temporalidade e da espacialidade, o livro oi organizado em quatro partes. A primeira traz inormações preliminares sobre a localidade atualmente chamada Guarulhos, sob o título: “Contextualizando a história de Guarulhos: Antes e Após 1560”, bem como, sua inserção no contexto colonial paulista. Nela apresentamos um resumo da história, enatizando os objetivos da Colonização portuguesa, a undação da Aldeia de Nossa Senhora da Conceição, - Distrito e Freguesia - até se tornar Município, em 1880. A segunda parte: “História Natural, Geografa, Geologia e Meio Ambiente” apresenta a história geológica de Guarulhos e a ormação de suas riquezas minerais. Baseia-se em pesquisa desenvolvida por um grupo de geólogos, geógraos, em cujo constataram queque a aixa do território ondedehabitamos oi ormadae há 1,6resultado bilhões de anos, tempo remonta a existência vulcões, terremotos mar. Nesse capítulo, também descrevemos o relevo, tipos de solos, a vegetação, as bacias hidrográfcas e o aqüíero Cumbica. A terceira parte: “História Social, Política e Econômica”, trata da srcem indígena da cidade, ampliando a compreensão sobre a cultura dos primeiros habitantes: os índios Maromomi que são citados por todos os pesquisadores da história de Guarulhos, porém pouco conhecidos. É abordada, também, a polêmica que envolve os índios “Goarulho”. Na seqüência, tratamos da colonização portuguesa no território guarulhense; enumeramos o ciclo do ouro, o trabalho escravo indígena e aricano. Destacamos, ainda, a importância do tijolo cozido para a economia local, período que coincide com a chegada dos imigrantes europeus (italianos, alemães, espanhóis, portugueses, asiáticos e libaneses). Finalizando, abordamos os atores que levaram a cidade a se tornar um dos maiores pólos industriais brasileiros, com a discussão sobre os três momentos da industrialização do município, bem como a imigração interna e o vertiginoso crescimento urbano. A quarta parte: “História Cultural, Patrimônios e Identidades” contém artigos que tratam de aspectos culturais, patrimoniais e de identidades múltiplas do povo guarulhense.
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PARTE I |
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Guarulhos no Contexto Colonial Paulista: Antes e Após 1560 Elton Soares de Oliveira Os contornos atuais da cidade, espaço onde moramos, nos divertimos ou trabalhamos têm, aproximadamente, 60 milhões de anos. Nesta ase, relativamente recente da história geológica do município, houve um grande aundamento da terra ao longo do rio Baquirivu-Guaçu; região onde se localiza o Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos, em Cumbica, evento geológico que moldou a paisagem que conhecemos. Sobre a ocupação humana, os primeiros habitantes oram os índios Maromomi, que expulsos do litoral paulista pelos índios de língua tupi-guarani, passaram a reqüentar a região por volta do ano de 1400 da era Cristã. Eram nômades, praticavam a caça, a pesca e a coleta de rutose não chegaram a desenvolver a agricultura. São do tronco lingüístico Macro-Je, da amília Puri. Há registros que inormam sobra a tentativa rustrada de escravizar os Maromomi, que resistiram ateando ogo e destruindo plantações em diversas azendas, entre as quais a de João Sutil de Oliveira. o advento colonização territórioe paulista, ocorre, em 1560,Com a undação da da aldeia de Nossaportuguesa Senhora dano Conceição a tentativa de aldeamento dos índios Maromomi. Sobre a data de undação e o padre responsável pelo eito há controvérsia. Na letra do hino a Guarulhos, lançado por ocasião do quarto centenário de emancipação do município, em 1960, consta o nome do padre João Álvares. Já na Lei Municipal número 789 de 1983, a undação é atribuída ao padre Manoel de Paiva. Para o pesquisador Benedito Prezia, o responsável seria o padre Manuel Viegas. Passados os primeiros anos da undação, em 161, o português Geraldo Correia Sardinha descobre uma mina de ouro na parte leste do território guarulhense. O local, na época, oi batizado com o nome de Lavras do Geraldo, e fcava no ribeirão Baquirivu. As atividades de mineração de ouro em São Paulo, Guarulhos, Sorocaba e Paranaguá antecedem às de Minas Gerais em quase 100 anos e oram responsáveis pelo início do processo de ormação urbana do município e pela escravização dos índios e dos negros trazidos da Árica. A constituição das aldeias e a mineração de ouro oram momentos signifcativos para a consolidação dos objetivos do império português, a partir do território paulista. Em Guarulhos, ao impor seu modelo de ocupação do espaço, os colonizadores destruíram a orma de organização social dos índios que era baseada em um estilo de vida nômade e no uso coletivo dos recursos naturais. O modo português impôs um estilo sedentarizado, assentado na exploração do trabalho
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humano e na apropriação dos recursos minerais para fns comerciais. Ao esgotamento das atividades de mineração interpor-se-ia outro modelo de ocupação do espaço territorial no uturo município: o povoamento e as atividades econômicas deslocaram dos morros para a região próxima aos rios ietê, Cabuçu de Cima e se Baquirivu-Guaçu. A partir de 1870, a imigração subvencionada trouxe milhares de imigrantes europeus para o território paulista. A presença, principalmente, de italianos e alemães, a expansão da caeicultura no estado de São Paulo, a implantação da rede erroviária e as condições naturais existentes em Guarulhos (água, argila, madeira, areia e pedra) possibilitaram o desenvolvimento de um novo momento econômico, baseado na produção de tijolos cozidos. A nova matéria prima substituiu a taipa de pilão, técnica adotada pelos colonizadores portugueses por três séculos. O ciclo do tijolo, entre tantas coisas, trouxe três elementos novos para o cenário político da cidade: a ormação das primeiras indústrias; o salário como orma de remuneração do trabalho; e o surgimento dos primeiros operários urbanos. Vários atores oram decisivos para o avanço da industrialização em Guarulhos tais como: a posição geográfca da cidade - situada entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais; a primeira e a segunda guerra mundial; a existência do aqüíero Cumbica; isenção de impostos municipais; êxodo rural; direcionamento investimentos públicos criando inra-estrutura, especialmente a via Dutra, asde siderúrgicas (Volta Redonda e Usiminas), hidroelétricas e plataormas de petróleo, etc. Dierentemente dos ciclos econômicos anteriores, que dispunham de toda matéria prima no próprio município, a produção industrial depende de produtos semi-industrializados trazidos de outras localidades da cadeia produtiva. A industrialização na região metropolitana e, também, em Guarulhos, gerou enorme contraste social, criou riquezas e muita pobreza, e, , degradação ambiental. Junto com a industrialização se deu a ormação do operariado urbano e a organização de seus membros em sindicatos, partidos políticos, associações; realizando inúmeras greves, passeatas, protestos, ocupações e etc. De orma muito objetiva podemos afrmar que o povoamento guarulhense e os ciclos econômicos são correspondentes. Antes da chegada dos colonizadores, habitavam o território os índios Maromomi, que sobreviviam em uma espécie de economia natural. A presença dos colonizadores portugueses se corresponde ortemente com o ciclo do ouro. A imigração subvencionada possibilitou a chegada de italianos, alemães e o desenvolvimento do ciclo do tijolo cozido. No segundo momento, chegaram os libaneses, japoneses, entre outros, que se integraram ao processo econômico em curso, ocupando-se em atividades comerciais e no meio rural. A partir de 1940 intensifca-se o êxodo rural brasileiro, com a construção da
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Base Aérea de São Paulo (Basp), em Cumbica; da rodovia Presidente Dutra; e com a expansão industrial. Quanto às contribuições culturais de cada etnia, é preciso realizar novas pesquisas e publicá-las em outra oportunidade. O espaço é o resultado da geografzação de um conjunto de variáveis, de sua interação localizada, e não dos eeitos de uma variável isolada. Sozinha, uma variável é inteiramente carente de signifcado, como o é ora do sistema ao qual pertence. Quando ela passa pelo inevitável processo de interação localizada, perde seus atributos específcos para criar algo novo (SANOS, 1985, p e 3)
Um caminho seguro para compreender os primeiros séculos da história de Guarulhos é começar os estudos pesquisando a srcem da capitania de São Vicente, a undação da vila de São Paulo de Piratininga e os objetivos da expansão comercial portuguesa durante a crise conjuntural européia do século XIV. No quadro das novas demandas econômicas da Europa, rente à exclusividade Árabe-Veneziano do comércio de produtos orientais, principalmente as especiarias, a Europa vivia a chamada ome monetária, devido à drenagem de metais para o Oriente. Portugal, após longo período de preparação, se lança ao mar em busca de novas rotas comerciais pelo oceano atlântico. A solução oi navegar para buscar especiarias metais preciosos, especialmente Após asetrês primeiras décadas da presençaouro. portuguesa em território brasileiro, em 0 de janeiro de 1535, é undada a capitania de São Vicente, e doada por D. João III a Martim Aonso de Souza, por alvará. Nesse período, o território Vicentino correspondia aos atuais estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. Em 5 de Janeiro de 1554, os padres jesuítas, entre eles, José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, cruzaram a serra do mar e celebraram a primeira missa no planalto paulista, local conhecido por Pátio do Colégio, inaugurando o povoado de São Paulo de Piratininga. Em 1560, o povoado de São Paulo oi elevado à condição de Vila, sendo implantado a Câmara, o Pelourinho e uma orca, símbolos expressivos do estatuto jurídico de uma vila da época . A Câmara era ormada por um juiz, dois vereadores, um procurador, um escrivão, um capitão-mor e o porteiro da vila. Os membros da Câmara eram eleitos pelos “homens bons”. Eram considerados “homens bons”, aqueles de cor branca, proprietários de escravos, terras e da religião católica. A ocupação do espaço territorial na vila de São Paulo signifcou a concentração de religiosos, indígenas e colonizadores em um ponto estratégico para a deesa dos interesses da coroa portuguesa rente aos espanhóis. A vila de São Paulo de Piratininga constituiu um caso singular na história da colonização, era a única vila portuguesa construída aastada do litoral. Por quê?
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São Paulo aparecia para Castela como um entroncamento de caminhos que ora echado em 1553, por medo dos Castelhanos, e que propiciava a ligação procurada de longa data entre os dois oceanos, através do interior, chegando a Potosi(HEODORO & RUIZ, 004)
Na guerra colonial entre as potências econômicas no século XVI, a vila de São Paulo e suas aldeias indígenas, no primeiro momento, cumpriram um papel de deesa dos interesses da coroa portuguesa contra os espanhóis. No segundo momento, a partir de 1579, portugueses e espanhóis se juntaram em torno de um plano para garantir a exploração de metais preciosos. As minas de Potosi, na Bolívia, sob o controle dos espanhóis, e as da capitania de São Vicente dos Portugueses. Em 160, aumenta a crença dos colonizadores que o vasto território da capitania de São Vicente era rico em metais preciosos. O Brasil oi dividido em duas regiões administrativas, norte e sul: a região sul passou a ser prioritária em unção da caça ao ouro. O antigo governador geral do Brasil, D. Francisco de Souza, oi nomeado governador geral da região administrativa sul e superintendente das minas. Logo no início, D. Francisco ordenou que osse utilizada orça de trabalho indígena escravizada na mineração — com tratamento igual aos índios das minas de Potosi, nade Bolívia. trouxe Santo, do território dos Goarulho, região norte do Rio JaneiroNoe omesmo estado ano, do Espírito 00 índios para as minas da capitania de São Vicente. Neste contexto histórico, sem documentação que comprove, em 1560 ocorre à tentativa de concentrar os índios Moromomi na aldeia de Nossa Senhora da Conceição. Inicialmente, chamada de Nossa Senhora da Conceição dos Moromomi. Posteriormente, em 1640, passou a se chamar Nossa Senhora da Conceição dos Goarulho, data aproximada quando houve a troca do nome dos Maromomi para Goarulho. Em sintonia com a política da capitania de São Vicente, em 1597, o bandeirante paulista, Aonso Sardinha, descobre ouro em Guarulhos, na Serra do Jaguamimbaba, atual Serra do Itaberaba ou do Gil. O ato atraiu a Guarulhos Dom Francisco de Sousa, o sétimo governador geral do Brasil na época, (NORONHA, 1986, p.116). Em 1638, Geraldo Correa Sardinha, (não é o flho bastardo de Aonso Sardinha com o qual não tem nenhum parentesco; o flho bastardo oi Aonso Sardinha, o moço) ganha carta de sesmaria para explorar ouro no rio Baquirivu-Guaçu. Em 1741, a Câmara de São Paulo proíbe, através de um edital, a criação de porcos soltos nas proximidades das lavras velhas do Geraldo. A medida visava proteger os canais condutores de água, utilizada na lavagem de cascalho.
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... Mandamos que pessoa nenhuma assistente naquela dita paragem traga porcos soltos ora do chiqueiro pena de ser condenado... “Os trabalhos de mineração devem ter durado cerca de dois séculos (XVI e XVII), não havendo qualquer notícia de extração de ouro no século passado (Id., p.p.53 e 56)
Observamos que ao modelo de uncionamento econômico no período correspondeu uma orma de administração política centralizada. De 1560 a 1880, a vida política de Guarulhos esteve ligada a São Paulo. Durante 30 anos a localidade oi aldeia, distrito e reguesia de São Paulo. Somente em 1880 Guarulhos se torna município, desmembrando-se da capital paulista. A mudança de aldeia para distrito aconteceu em 1675. Dez anos após, em 8 de maio de 1685, passou a ser reguesia, concorreu para as alterações a presença dos mineradores de ouro, que, na época, exerciam o domínio político na localidade. Por reguesia se deduz um pequeno povoado, com misto de índios e colonizadores de cunho eclesiástico. Na mesma data oi undada a paróquia de Nossa Senhora da Conceição, atual Catedral (conhecida, também, por igreja Matriz), na Praça ereza Cristina. Em 4 de março de 1880 é criado o Município de Guarulhos, também chamado de Vila, mediante a sanção da Lei número 34 pela Assembléia Provincial. A presença de grandes latiundiários da época e suas inuências pessoais fzeram com que ocorresse a mudança. Fica elevada à categoria de vila de reguesia de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos compreendendo as reguesias de Nossa Senhora da Penha de França e a de Juquery (atual Bairro da Penha e Mairiporã) com suas atuais divisas(Id. ib, p.13)
Em 1886 a Penha volta a pertencer a São Paulo, em 1889, Mairiporã se separa de Guarulhos tornando-se vila. A instalação do Município de Guarulhos ocorreu em 4 de janeiro de 1881, com a posse dos vereadores eleitos, capitão Joaquim Francisco Paulo Rabello, Francisco Soares da Cunha, Joaquim Rodrigues de Miranda, José de Sant´Ana, Marciano Ortiz de Camargo e José Alves de Almeida Pinho. Após a instalação, o capitão Joaquim Francisco Paulo Rabello oi eleito intendente municipal; correspondente ao cargo atual de preeito. Guarulhos, só ganhou o estatuto de cidade em 1906, através da Lei nº. 1.038.
oponímia: O Nome Guarulhos Há muito tempo vem sendo adotada a elaboração deendida por eodoro Sampaio sobre a srcem do nome da cidade.
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Em upi, na Geografa Nacional, eodoro Sampaio defne Guaru como sendo: “o indivíduo que come — o comedor, em alusão ao ormato do peixe desse nome, cuja parte ventral é saliente”. Sobre srcem doMonteiro: termo Guarulhos,são signifcativas as palavras do historiador Johna Manuel Então como eu comecei a colocar, existem mais dúvidas do que certezas. Eu vou alar de algumas das dúvidas que eu tenho sobre a história de Guarulhos, e sugerir, talvez, alguns caminhos de pensar como resolver essas questões. Eu acho que uma primeira questão oi aquilo que o Benedito já estava colocando, que é o próprio nome: de onde vem e o que signifca Guarulhos? Aí é evidente que tem toda uma tradição que é grande no Brasil, de tentar resolver a partir de uma tupinologia amadora, ou seja, de usar os vocábulos, e as sílabas da língua geral, que é aquilo que surgiu a partir do tupi, como oi alado no início do período colonial e sistematizado por europeus, sobretudo por jesuítas. Isso, sobretudo, a partir da independência do Brasil, começou a ser um instrumento importante da nacionalidade. udo era chamado de nomes tupis e, mesmo em lugares em que não existiam populações tupis, as populações eram não tupis, como no caso de Guarulhos. Quase todos os nomes aqui são nomes de língua geral; são nomes de tupis. Isso sugere, evidentemente, que são nomes que oram atribuídos posteriormente, e às vezes é um exercício enganoso, porque muitas vezes a gente acha, que tem um nome indígena é porque os índios deram esse nome. A maior parte dos lugares no Brasil tem nomes índios que oram dados por não índios, e muito posteriormente. No caso de Minas Gerais é muito claro, tem muitos nomes tupis, mas que são nomes que oram dados pelos paulistas, que oram lá no século XVIII minerar e escravizar índios, enfm, só que leva a uma idéia ingênua de que esse lugar, por exemplo, Aiuruoca, que é o lugar das araras, pedra das araras, alguma coisa assim, enfm seria algo, como tinha araras fcou assim, mas não, chegou um paulista deu esse nome e pegou. Só que posteriormente a gente vai conundindo um pouco esse processo. No caso dos Guarulhos é muito curioso porque é o nome que fcou de ato. A partir do século XVII, não se sabe exatamente quando, mas que pegou, e substituiu o nome anterior para designar certo grupo indígena, esses que eram chamados Maromomi e que mais tarde isso oi corrompido para Guaru-Mirim, que seria o tupi para Guaru pequeno, enfm, seria uma corruptela para Marumirim. É algo bastante revelador esses processos de mudança que a gente tem que tomar cuidado, ter bastante atenção. O que aconteceu no meu entender? Bom eu acho que e o Benedito escreveu isso num outro livro, de uma maneira bastante interessante, é um momento crítico, no início do século XVII. Eu fz uma pesquisa procurando onde é que aparece esse termo Guarulhos. O Benedito identifcou um momento por volta de 1599 se não me engano, 98, 99, ainda no século
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TOPONIMIA: O NOME GUARULHOS
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XVI em que se azia reerência aos índios Guarulhos, mas não eram desta região propriamente dita, mas que era um lugar que posteriormente acabou chamado de Santo Antonio dos Guarulhos no Rio de Janeiro... (Palestra do historiador John Manuel Monteiro, proerida em 005, em atividade do Movimento Guarulhos em História)
Consideramos que os colonizadores europeus, na tentativa de resolver as difculdades de comunicação e compreensão da diversidade lingüística dos povos indígenas criaram uma tupinologia amadora, sistematizada na língua geral e expressa na toponímia nacional e local. A atribuição do nome Guarulhos, aos Moromomi, reete o processo de dominação dos colonizadores portugueses no território brasileiro e no espaço que veio a se chamar Guarulhos. A noção de espaço é assim inseparável da idéia de sistemas de tempo. A cada momento da historia local, regional, nacional, ou mundial, a ação das diversas variáveis depende das condições do correspondente sistema temporal. (SANOS, 1985, p. )
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BIBLIOGRAFIA AQUINO, Rubim Santos Leão de. Sociedade brasileira: uma historia através dos movimentos
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PARTE II |
HISTÓRIA NATURAL, GEOGRAFIA, GEOLOGIA E MEIO AMBIENTE
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Aspectos Fisiográfcos da Paisagem Guarulhense Marcio Roberto M. de Andrade Antonio Manoel dos Santos Oliveira William de Queiroz Sandra Emi Sato Edson José de Barros Guilherme Bagattini Adriana de Araújo Aleixo O município de Guarulhos localiza-se entre os paralelos 3º16’3” e 3º30’33” de latitude Sul e entre os meridianos 46º0’06” e 46º34’39” de longitude Oeste, ou seja, o município encontra-se na latitude do rópico de Capricórnio, que passa na altura do km 15 da Rodovia Presidente Dutra, no bairro de Cumbica. Distante 17 quilômetros do centro da cidade de São Paulo, Guarulhos é um dos 39 municípios que compõem a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), localizado a nordeste desta, tem como limites os municípios de Mairiporã e Nazaré Paulista (norte), Santa Isabel (nordeste), Arujá (leste), Itaquaquecetuba (sudeste) e São Paulo (sudeste, sul, oeste e noroeste).
Mapa da RMSP. Localização de Guarulhos
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Em 1964, uma revisão (Lei 89/64) havia apontado 334 km2 e em 1983, o IGC — Instituto Geográfco e Cartográfco defnia um perímetro que levava a uma área de 341 km2. Atualmente a área legal do município é de 30,5 km2, divididos em 47 bairros, segundo estabeleceu levantamentos aéreosae Preeitura de campo. Municipal de Guarulhos, em 1993, com base em
Cidades circunvizinhas ao município de Guarulhos
Clima Guarulhos situa-se na transição entre duas grandes zonas climáticas do planeta, delimitadas pelo rópico de Capricórnio: a Zona ropical e a Zona emperada. A região de Guarulhos tem como característica predominante um domínio climático mesotérmico brando úmido, com um a dois meses secos. A temperatura média anual está entre 18°C e 19°C, sendo a média do mês mais rio inerior a 15ºC, enquanto que nos meses de verão a média pode variar entre 3°C e 4°C. O índice pluviométrico está entre 1.50 e 1.500 mm/ano. Segundo Koppen o clima pode ser classifcado como Cwb temperado quente (C), com época seca coincidente com o inverno (w) e temperatura média do mês mais quente inerior a °C (b). Como característica básica, tem-se o inverno seco e o verão chuvoso, com inuência de rentes rias antárticas e da umidade proveniente do oceano Atlântico. O período chuvoso é marcado pela ocorrência de pancadas de chuvas que podem atingir valores superiores a 50 mm acumulados em uma hora, sendo reqüente a
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ocorrência de enchentes nestas ocasiões. Por outro lado, a umidade do ar pode atingir valores ineriores a 0%, em episódios problemáticos à saúde pública e risco de incêndios. A área mais intensamente da RMSP eao denorte Guarulhos encontra-se numa região abrigada entre asurbanizada Serras da Cantareira e do Mar ao sul onde a circulação atmosérica nem sempre é avorável, podendo ocorrer eventos de baixa qualidade do ar, haja vista a enorme quantidade de gases lançados pelos veículos automotores da metrópole, indústrias e aeronaves, agravados ainda mais pelo enômeno de inversão térmica que pode ocorrer nos períodos de inverno.
Geologia
Mapa geológico de Guarulhos (EMPLASA, 1984)
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O território de Guarulhos é constituído por dois conjuntos geológicos como pode ser observado no seu mapa geológico: os terrenos do embasamento cristalino do pré-cambriano e os terrenos sedimentares do Cenozóico, períodos erciário e Quaternário. (vercristalinos pág. 3) se distribuem, principalmente, na região norte do terOs terrenos ritório. Eles são ormados por rochas magmáticas tais como os granitos e dioritos; e metamórfcas como os migmatitos, anfbolitos, micaxistos, flitos e quartzitos. Pertencem à Região de Dobramentos Sudeste, também conhecida como orógeno Ribeira, integrante da Província Mantiqueira que é representada por um sistema orogênico neoproterozóico situado no sul e sudeste do Brasil, também defnido como Orogênese Brasiliana que teve início em torno de 880 milhões de anos (M.a.) e fndou há cerca de 480 M.a. A orogênese é um processo decorrente da tectônica global que orma as cadeias de montanhas nos continentes, como é o caso das Cordilheiras dos Andes, na América do Sul. Isto signifca que esses terrenos cristalinos em Guarulhos resultam de antigas cordilheiras que oram desgastadas pela erosão geológica e hoje representadas por morros e montanhas mais baixas, exemplo das Serras da Cantareira e do Itaberaba. (ver pág.5)
e d a r d n A e d . M to er b o R o ic r a M
Cachoeira na Serra da Cantareira (Núcleo Cabuçu) ormada por uma alha geológica em rocha granítica
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Os terrenos sedimentares erciários correspondem à denominada Bacia Sedimentar de São Paulo e se distribuem na região sul do território. A Bacia de São Paulo é hoje entendida como uma das unidades integrantes do denominado Ri Continental do Sudeste do Brasil- RCSB, eição tectônica anteriormente designada Sistema de Ris Continentais da Serra do Mar. Os terrenos Quaternários correspondem de orma expressiva às aluviões nos undos dos vales que estão em ormação até os dias de hoje, especialmente relacionados aos rios ietê, Cabuçu de Cima e Baquirivu-Guaçu, incluindo, ainda, os depósitos de
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encosta (colúvios) e as coberturas pedológicas (solos) de orma generalizada. O levantamento geológico de maior detalhe desenvolvido em Guarulhos oi elaborado pelo geólogo Caetano Juliani, concluído em 1993, que caracterizou uma unidade conhecidapara poroGrupo Serrapois, do Itaberaba. Esta unidade geológica tem geológica grande signifcado município, historicamente, proporcionou a exploração de ouro como o garimpo denominado de apera Grande no século XVI. O aproveitamento mineral está presente até os dias de hoje, destacando-se a exploração de brita em granitos (terrenos cristalinos) nas pedreiras Firpavi, Basalto 10 (antiga Reago) e Paupedra. Há também exploração de areia nos sedimentos terciários e quaternários, como nos casos dos portos de areia Atic, Floresta Negra, Felício e Areísca. Outra atividade signifcativa é a exploração das águas subterrâneas por empresas que atuam, principalmente, nos terrenos sedimentares, com destaque na região de Cumbica. A exploração de argila para uso em olarias (abricação de tijolos) oi uma atividade que teve grande importância durante o século XX e esteve sempre associada às áreas de várzea.
Relevo O município de Guarulhos está sobre o Planalto Atlântico que corresponde a uma grande unidade geomorológica do relevo do Brasil meridional e do Estado de São Paulo.
Perfl geológico-geomorológico no Estado de São Paulo (modifcado de AB’ SABER, 1956)
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O relevo mais acidentado do território de Guarulhos, composto especialmente por morros e montanhas ao norte e nordeste do município, está associado aos terrenos cristalinos, apresenta uma densa rede de drenagem. Os aspectos mais marcantes relevo sãovales as encostas longas e comEncontram-se alta declividade (inclinação), as grandes desse elevações e os muito encaixados. nesta região as serras denominadas de Pirucaia (Cantareira), Bananal e de Itaberaba (Pico do Gil), que atingem mais de 1000m de altitude. O Pico do Gil ou do Itaberaba, ponto culminante do município situado no extremo nordeste na divisa com o município de Nazaré Paulista, tem altitude de 1.4 metros que é muito superior a do pico do Jaraguá (município de São Paulo) do Pico do Urubu na Serra do Itapeti (município de Mogi das Cruzes), ambos com 1.135 metros. Esse ato indica que Guarulhos possui a maior elevação da Região Metropolitana de São Paulo. Na região sul de Guarulhos a topografa é mais rebaixada e orma um relevo de colinas e planícies com um padrão de drenagem com densidade menor. Neste caso o relevo apresenta encostas que, no geral, apresentam comprimentos e declividades menores, ocorrendo planícies mais abertas nos undos de vale. Esta região encontra-se associada aos sedimentos da Bacia de São Paulo e às aluviões quaternárias. A menor encontrada em Guarulhos ocorreambém junto ao córrego do Jaguari, na divisa comaltitude o município de Arujá com 660 metros. merece destaque a oz do Rio Cabuçu de Cima, próximo a barragem da Penha no rio ietê, na divisa com o município de São Paulo, com 70 metros. Na região sul, onde o relevo é mais suave, iniciou-se o povoamento, a ormação da vila, utura reguesia, dos bairros e do centro. Ali se desenvolveu a urbanização e industrialização de orma relativamente mais avorável sob o ponto de vista topográfco e geotécnico. Entretanto, grande impacto teve a ocupação das várzeas, como oi o caso de alguns loteamentos e do próprio aeroporto, que geram áreas de risco a enchentes, agravadas pela intensa impermeabilização do solo devida ao crescimento da cidade. As planícies aluvionares quaternárias são geotecnicamente desavoráveis quanto à undação e à estabilidade de cortes, especialmente em obras de escavações subterrâneas. Onde ocorre o relevo de morros e montanhas ao norte nos terrenos cristalinos, a paisagem ainda é predominantemente rural. Entretanto, o surgimento de alguns núcleos urbanos vem causando sérios problemas ao meio ambiente, tais como: desmatamento, erosão e assoreamento de corpos d’ água, contaminação da água e do solo, assim como o surgimento de áreas de risco geológico, vulneráveis a escorregamentos. O mapa hipsométrico de Guarulhos permite observar a topografa do território por meio das altitudes dos terrenos.
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Solos Os solos predominantes são os latossolos, variedade vermelho-amarelo e, secundariamente, argissolos, ambos geral muito argilosos. Em de montanhas podemosser encontrados os em cambissolos e neossolos, querelevos são solos rasos sobre as rochas, enquanto nos undos de vale encontram-se os gleissolos orgânicos e argilosos que podem ocorrer de ormar expressiva nas várzeas dos rios ietê e Baquirivu-Guaçu. Embora os solos sejam muitas vezes rasos com menos de um metro de espessura, o manto de alteração da rocha é muito proundo com dezenas de metros. udo isso indica que o intemperísmo químico que causa a alteração da rocha para ormar os solos é intenso, resultante de um clima úmido agindo há muito tempo.
Mapa Hipsométrico de Guarulhos (OLIVEIRA, 2007)
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As associações entre os componentes naturais, geologia, relevo e solos são muito evidentes. As rochas cristalinas e as grandes eições estruturais ocorrem em associação a relevos mais acidentados tais como serras e morros, podendo apresentar argissolos, cambissolos e até neossolos. As colinas onde predominam os sedimentos terciários estão associadas aos latossolos. Os depósitos sedimentares quaternários ormam as planícies aluviais e as várzeas associadas às baixadas de undos de vale onde estão os gleissolos. Um aspecto marcante associado aos solos é a presença de colúvios que são reconhecidos de orma generalizada no território de Guarulhos, através da presença de linhas de pedra que podem ser observadas nos perfs de solo, indicadoras de movimentação dos solos nas encostas. Os solos correspondem a um recurso natural undamental ao desenvolvimento de qualquer sociedade humana. Neste aspecto os solos de Guarulhos oram muito explorados como bem mineral, nas antigas lavras de ouro e nas cavas de argila para as olarias, e são ainda muito explorados como áreas de empréstimo para obras de terra. Ainda hoje, existe alguma atividade rural de produção de madeira de reorestamento, plantio de algumas culturas e criação de animais. A utilização de solos para obras de terra é a prática que mais altera as condições ambientais dos solos em Guarulhos. Devido suas características, os latossolos constituem materiais mais indicados para este prounda, fm. No entanto, porsão serem restritos a umaoscamada superfcial em geral pouco também aproveitados os materiais subjacentes, do manto de intemperísmo da rocha. Este ato proporciona muita erosão nos aterros constituídos por esses materiais, acarretando o assoreamento de drenagens, especialmente nas áreas de relevo mais acidentado, onde podem ocorrer, também, deslizamentos de terra. Em áreas de gleissolos ocorrem solos moles também problemáticos para o uso e ocupação do solo. Sob o ponto de vista agrícola, os solos não apresentam grandes potenciais, sendo pouco érteis. Em geral, são usadas áreas onde ocorrem os latossolos e os gleissolos, cujo aproveitamento é bom, especialmente para a horticultura, dada a presença de matéria orgânica e umidade. Entretanto, as áreas de gleissolos são, hoje, pouco expressivas tendo em vista a ocupação das várzeas, especialmente pela zona aeroportuária de Guarulhos.
Bacias Hidrográfcas Guarulhos está inserido em duas grandes bacias hidrográfcas: a do ietê e a do Paraíba do Sul. Em correspondência ao ietê, Guarulhos situa-se na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHI do Alto ietê com uma área de, aproximadamente, 59km2, ou seja, 80,9% do município. Em correspondência ao Paraíba do Sul, situa-se na UGRHI Paraíba do Sul,
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com uma área de, aproximadamente, 61km2, ou seja, 19,1% do município. Principais Sub-bacias Encontradas no Município de Guarulhos: Bacia
Sub-Bacia Baquirivu-Guaçu CabuçudeCima
A l toietê
Central Parati-mirim
Paraíba do Sul
Jaguari
Áreaaproximada 149km2
%Aproximada 46,6
49km2
15,3
3k3m2
10,3
km2 4 61 km2
1,3 19,0
Mapa das Bacias Hidrográfcas de Guarulhos (OLIVE IRA, 2007)
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O município está representado no Comitê da Bacia do Alto ietê (Sub-Comitê Cabeceiras) e no Comitê do Paraíba do Sul (Sub-Comitê Jaguari). Apresenta três áreas de proteção aos mananciais: do Cabuçu, do anque Grande e do Jaguari. As sub-bacias em do Guarulhos têmdecaracterísticas dierenciadas relação ao relevo. As sub-bacias rio Cabuçu Cima, do córrego do Jaguarieme dos cursos contribuintes da margem direita do rio Baquirivu-Guaçu, tem suas cabeceiras ormadas num relevo de morros e montanhas, sendo os canais encaixados e ortemente condicionados por estruturas tectônicas, ormando um padrão de drenagem dendrítico a subparalelo, de alta densidade. Quando atingem a região da bacia sedimentar onde o relevo é ormado principalmente por colinas, assim como os demais cursos d´água que surgem nesta região, mudam para uma densidade de drenagem baixa, em vales mais amplos, por vezes com canais meandrantes em planícies uviais. Os canais dos rios ietê, Cabuçu de Cima e Baquirivu-Guaçu, dos córregos Itapegica, Cocaia, Cocho-Velho e Baquirivu-Mirim, são especialmente problemáticos com respeito às enchentes que ocorrem nas antigas várzeas. Embora com perspectivas mais recentes de implantação de estações de tratamento de esgoto, em Guarulhos todo euente doméstico é lançado nos cursos d’água do seu território, e assim ocorre especialmente naqueles córregos e rios que passam pelas são áreas mais urbanizadas. Porpor outro lado, oslegal, euentes industriais em grande parte tratados pelas empresas obrigação havendo entretanto lançamentos clandestinos, o que agrava a contaminação da água.
O Aqüíero Cumbica Guarulhos, assim como os outros municípios da RMSP, depende de recursos hídricos limitados, considerando a grande demanda relativa à região economicamente mais ativa do País e à sua localização na região hidrográfca das nascentes que ormam a Bacia do Rio ietê. A dispoa ire nibilidade hídrica social da v li O RMSP é, por vezes, até inerior s to a algumas regiões do nordeste n a S s semi-árido, tendo em vista a o d l en o a M io n to n A
Represa do Cabuçu, 2005
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elevada taxa demográfca e baixa vazão hídrica da Bacia do ietê na RMSP. A água para abastecimento das atividades sócio-econô-
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micas de Guarulhos é ornecida principalmente pela SABESP, a partir dos sistemas Cantareira e Alto ietê, cujas áreas de captação estão distantes de Guarulhos. No entanto, Guarulhos também obtém água em seu próprio território através do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) nos reservatórios doaqüíeros anque Grande (10 l/s) e do Cabuçu (300 l/s) e, ainda, em poços que exploram subterrâneos. Esses recursos hídricos explorados na cidade apresentam de orma geral uma boa qualidade e potabilidade, embora atendam a menos de 10% das necessidades atuais. As águas subterrâneas em Guarulhos podem ser obtidas em duas ormações aqüíeras que estão relacionadas à geologia de seu território. O aqüíero fssural está associado aos terrenos cristalinos com distribuição na região norte do município e apresenta vazões baixas. O aqüíero sedimentar está associado aos terrenos sedimentares que possuem distribuição na região sul e pode apresentar vazões superiores. No Graben do rio Baquirivu-Guaçu podem atingir vazões excepcionais que, segundo estudo realizado pelo geólogo Hélio Diniz, alcançam até 10 m3/h. O Graben é uma eição tectônica ormada por blocos de alha que aundam na crosta terrestre. O Graben do rio Baquirivu-Guaçu orma um importante sistema aqüíero muito procurado para obtenção de água por indústrias e pelo Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos. Este sistema é conhecido por Aqüíero Cumbica que é considerado como uma área especial que requer medidas de proteção aos mananciais subterrâneos.
Flora e Fauna Guarulhos é um dos municípios inseridos na Reserva da Biosera do Cinturão Verde da cidade de São Paulo, conorme título outorgado pelaUnesco em 09/06/94. O território de Guarulhos se apresenta, aproximadamente, 33% recoberto por remanescentes de Mata Atlântica, incluindo o domínio de Floresta Ombrófla Densa– ormação Montana, que pode ser dividida em natural (primária) e secundária (antrópica). Estes remanescentes estão distribuídos principalmente ao longo da Serra da Cantareira, porção norte e nordeste do município, e em algumas manchas na paisagem urbana. Pode ser encontrada, ainda, ormação orestal típica de várzea, ou seja, de áreas mais úmidas, assim como pequenas manchas de vegetação com características de Cerrado (savana), que ocorriam na área ao longo de rodovia Presidente Dutra e ainda podem ser encontradas em alguns morros na região do Cabuçu. A conservação da biodiversidade e a manutenção dos processos ecológicos estão diretamente relacionados à cobertura vegetal existente, assim a porção norte do município é a que detém atualmente maior biodiversidade. Nesta biodiversidade, a Mata Atlântica abriga espécies da ora tais como: jequitibá-branco, cedro
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rosa, açoita cavalo, palmito juçara, pau-jacaré, embaúba, canela, jacarandá, samambaia-açu entre outros. Segundo levantamento realizado pela Preeitura Municipal de Guarulhos oram espécies identifcados 190 espécies de animais silvestres. encontradas na região selvagens comuns em ambientes orestais,Foram tais como: Puma concolor (suçuarana), Lontra longicaudis (lontra), Gallictis cuja (urão comum), Allouata usca (bugio), Cebus apella (macaco prego), Euphractus sexcintus (tatu peba), Didelphis marsupialis (gambá) entre outros. A orte pressão exercida pelo histórico de uso do solo em Guarulhos causou uma intensa ragmentação dos maciços orestais, com sérias conseqüências aos serviços oerecidos pela biosera. Assim, a vegetação nativa praticamente oi extinta na região sul do município. Já na região norte se encontra muito ameaçada pela expansão urbana. Esta situação de ameaça levou Guarulhos a criar a APA do Cabuçuanque Grande - unidade de conservação de uso sustentável no entorno do Parque Estadual da Cantareira que, aproximando-se da APA do Paraíba do Sul, orma um mosaico de Unidades de Conservação na direção da Serra da Mantiqueira. A região sul é marcante a presença do Parque Ecológico do ietê e da APA da Várzea do Rio ietê, esta última se desenvolve a partir do município de BiritibaMirim, região das nascentes do rio ietê, até o município de Guarulhos.
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O Passado Geológicos de Guarulhos Caetano Juliani MarcioJosé Roberto M. de Andrade Edson de Barros Quando andamos pela cidade raramente prestamos atenção nas ormas da topografa do local que nos cerca, pois, geralmente, não vemos mais os rios e as suas encostas, agora cobertas por ruas e ediícios. Alguns de nós poderemos, ainda, lembrar de algum lugar onde existia um riacho, ou até mesmo uma casa antiga. Mas, quando ela é demolida e substituída por uma casa de comércio, rapidamente nos esquecemos do que já existiu ali. Se nos esorçarmos um pouco, talvez possamos lembrar de algo de nossa inância ou de estórias contadas por nossos avós; o que leva à memória dos seres humanos sobre o ambiente em que vivemos até no máximo há poucas décadas atrás. Quando estamos no campo, às vezes, fcamos admirados ao vermos uma bela montanha que se ergue no horizonte, ou um rio que serpenteia pela planície. Entretanto, nunca imaginamos que um dia, num tempo muito longínquo, muito antes dos primeiros seres vivos existirem na erra, que nada poderia ter existido naquele nemmar; riose nem Até ter mesmo, onde hoje há montanha, pode ter local, sido um ondemontanhas. o rio está, pode sido um deserto ou auma região glacial, como nos pólos norte ou sul. Isto ocorre porque o tempo geológico tem uma dimensão muitíssimo maior do que o transcorrer de uma vida humana, e até mesmo da existência do ser humano. Por isso, e por serem os eventos geológicos transormações muito lentas que, em geral, não podemos observar diretamente (exceto num vulcão). Nossa lembrança jamais alcança o passado geológico. A descrição dos grandes eventos geológicos que ocorreram na região de Guarulhos depende da compreensão de qual é a dimensão do tempo geológico. Este é muito grande, pois a erra surgiu há, aproximadamente, 4,5 bilhões de anos, quando nem os continentes nem os oceanos existiam. A superície do planeta era tão quente que, devido às atividades vulcânicas e aos impactos de meteoritos, a água não podia se condensar na superície para ormar rios, lagos e oceanos. Lembremos ainda que, muito embora seres microscópicos tenham existido há mais de três bilhões de anos, a vida prolierou abundantemente na erra há pouco mais de 570 milhões de anos. Os hominídeos sugiram há apenas 5 – 10 milhões de anos (se considerarmos uma geração humana de 70 anos em média, este tempo equivaleria a algo entre 70 mil e 140 mil gerações) e as civilizações há pouco mais
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Coluna do tempo geológico e os principais acontecimentos da história da v ida na Terra (OLIVEIRA,2005)
Gondwana, antigo megacontinente que reunia a América do Sul e a Árica há cerca de 140 Milhões de anos atrás (Souza-Lima, W. & Hamsi Junior, G.P., 2003).
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Durante a evolução geológica da erra, continentes inteiros surgiram e oram destruídos várias vezes; e assim, as ormas dos continentes que hoje conhecemos são geologicamente recentes. Na região dedeGuarulhos, o evento antigo corresponde ao desenvolvimento muitos vulcões, quegeológico resultarammais na ormação de derrames de lavas há pouco mais de 1,5 bilhões de anos. Mas, estas lavas se ormaram no undo de um oceano. Ou seja, naquela época, para passar por onde hoje é Guarulhos somente com um bom barco. A ormação deste oceano ocorreu devido à quebra e à separação de um grande continente que hoje não existe, e as partes resultantes se aastaram um do outro, como ocorre hoje com a separação da América do Sul e a Árica, com a ormação do oceano Atlântico entre eles.
Fisiografa atual da região oceânica exibindo as principais eições topográfcas do undo oceânico (Souza-Lima, W. & Hamsi Junior, G.P., 2003)
Neste antigo oceano onde está Guarulhos hoje havia muitos vulcões como aqueles que ocorrem no meio do caminho entre a Árica e a América do Sul, ou em ilhas como no Hawai. As rochas ormadas nestes vulcões são distribuídas hoje, principalmente, no sopé da Serra do Itaberaba ou do Gil em Guarulhos, mas podem, também, ser observadas mais para nordeste e para sudoeste; até a região de Araçariguama, perto de São Roque.
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Perfl da Evolução Geológica de Guarulhos
Esquema em perfl ilustra a evolução geológica (Juliani, 1993)
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Resumo da evolução geológica da região de Guarulhos (JULIANI, 1993) 1.
Há cerca de 1,6 bilhões de anos, começa a ocorrer uma série de raturas proundas na
crosta continental rosa escuro) ocasionando o aparecimento dos primeiros vulcões (cor verde) e a separação(cor da crosta em dois blocos; 2. Os dois blocos continentais se aastam e entre eles se orma uma crosta oceânica (cor verde) ormada por rochas vulcânicas e sedimentares (cor amarela e rosa claro) relacionadas à Formação Morro da Pedra Preta; 3. Há cerca de 1.395 Milhões de anos, os blocos continentais começam a se aproximar e causam a deormação (alhas e dobras) das rochas da Formação Morro da Pedra Preta, encurtando cada vez mais a crosta oceânica pela sua subducção, ormando também um arco de ilhas vulcânicas no oceano (cor roxa e rosa escuro); 4. Com o avanço desta ase, há a ormação de um arco de ilhas e ocorre a deposição de sedimentos relacionados à Formação Nhanguçu (cor azul); 5. Há cerca de 630 milhões de anos, os blocos continentais começam a se aastar novamente e se orma um mar continental onde há a deposição de sedimentos ormadores do Grupo São roque (cor azul escuro); 6. Há cerca de 540 milhões de anos, volta a ocorrer o choque entre os blocos continentais com a deormação do Grupo São Roque, como resultado fnal se tem a ormação de uma cadeia de montanhas. Nesta ase ocorre a ormação de rochas graníticas (cor vermelha); 7. No período recente temos um relevo de morros e serras, pois a erosão geológica destruiu grande parte das rochas desta antiga cadeia montanhosa.
Entretanto, com as mudanças que ocorrem no interior da erra, estes continentes inverteram seu movimento de distanciamento e passaram a se deslocar um em direção ao outro há cerca de 1, bilhões de anos atrás, gerando zonas de subdução (processo geológico onde o undo do oceano penetra dentro da erra), quando se ormou um arco de ilhas (como o Japão), com grandes vulcões na superície e no undo do mar, e ocorrência de terremotos. Nesta época se ormaram concentrações de ouro junto a estes vulcões. O mar oi diminuindo gradativamente pela aproximação dos antigos continentes e os registros geológicos de suas praias se encontram hoje onde fca a Serra da Pirucaia, e rochas ormadas em rios estão presentes na região da rodovia Anhangüera. Estes eventos geológicos fzeram com que os materiais depositados no undo dos oceanos e na margem do continente ossem empurrados para dentro da erra, sob pressão e temperatura muito altas (alcançando mais de 8.000 atmoseras, ou seja, uma pressão equivalente à que ocorre hoje a 30 km de proundidade, e 650°C); o que resultou numa deormação e transormação intensa do solo, ormando rochas conhecidas como metamórfcas. O material rochoso, quando sub-
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metido a condições de pressão e temperatura como estas, são dobrados como um papel, sem que se quebrem. Muitos registros desse metamorfsmo - suas dobras e seus minerais - podem ser vistos nos arredores de Guarulhos. A colisão dos dois antigos continentes “amarrotou” todas as rochas da região, resultando numa grande cadeia de montaar nhas, como a dos Andes, ei v li por volta de 1,1 bilhão de O s to anos. E, ainda mais, como a n a S s o temperatura aumenta muito d el o com o aundamento das n a M rochas, parte delas se undiu, o i n to gerando rochas magmáticas n A em proundidade e um sem Dobras em camadas de flito (rocha metamórfca) no Recreio São número de vulcões na superJorge, bairro do Cabuçu, Guarulhos, 2005 ície; diversos deles muito explosivos. Guarulhos, nessa época, era como os Andes - uma grande cadeia de montanhas, com muitos vulcões e terremotos. Acalmados eventos aopor longo de milhões de anos. A erosão, pelas chuvas, ventos,estes geleiras e rios milhares de anos, desgastou as causada montanhas e levou os materiais erodidos pelos rios até lagos e mares. Entretanto, há cerca de 900 milhões de anos, novamente o continente se partiu e iniciou um novo ciclo geológico (chamado de ciclo geotectônico) e ormou um novo oceano que se echou à cerca de 650 milhões de anos. Houve, a partir daí, a ormação de uma nova cadeia de montanhas, novos vulcões e magmas que teve como resultado: granitos das serras da Pedra Branca, Cantareira, Mairiporã, Paupedra, Basalto 10, etc., e grandes terremotos. Um bom registro deste evento vulcânico pode ser encontrado em Pirapora do Bom Jesus e nos depósitos arenosos das praias no Pico do Jaraguá e na Serra do Boturuna. No fnal desta época, a partir da colisão dos continentes que também estavam soldando-se um ao outro, com movimentos convergentes laterais, grandes alhas geológicas (rupturas das rochas, com movimentação horizontal entre os blocos), ocorreram grandes terremotos (devido ao atrito entre os dois blocos) por volta de 550 milhões de anos atrás. A soldagem desses blocos resultou num novo continente que já era, em grande parte, a América do Sul (exceto parte dos Andes) e a Árica que hoje conhecemos. Muitas destas alhas, que ainda se movimentam um pouco nos dias de hoje, podem ser observadas ao longo do rio Jaguarí, do Mandaqui, dos ribeirões dos Macacos e anque Grande, na Serra Lagoa e, tembém, na região do Cabuçu (ver mapa Geológico de Guarulhos).
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Este grande continente permaneceu estável por um longo período. Mas, depois oi coberto (a partir de, aproximadamente, 360 milhões de anos) por diversas ormações geológicas (Bacia Sedimentar do Paraná, que compõe o Planalto Ocidental noaté Estado de São Paulo) geradas em ambientes: que chegam a região de Itú); marinho continental (maresglacial rasos (com sobre geleiras o continente); desértico (como o Sahara); uviais (como hoje é a Amazônia); pantanoso (como o Pantanal mato-grossense). Alguns destes ambientes geológicos se repetiram algumas vezes. Nesse longo período, se destaca que por volta de 140 milhões de anos, no local onde é o rio Paraná, desenvolveu-se uma fssura prounda e enormes derrames de magmas saíram, tendo chegado até é o litoral do Brasil. Estes derrames vulcânicos de basaltos (uma rocha magmática escura e fna) chegaram a constituir camadas com espessuras de milhares de metros. Pelo menos, partes destas ormações geológicas devem ter recoberto onde hoje é a cidade de Guarulhos. Mas, devido à erosão do Planalto Atlântico, que constitui parte do território paulista, não sobraram mais registros destes depósitos na região. Por volta de 10 milhões de anos, o continente novamente começou a partirse e a separar-se, criando o oceano Atlântico e o que hoje conhecemos como América do Sul e Árica, que continuam se aastando cerca de três centímetros por Mas ano. Guarulhos não tinha ainda se acalmado geologicamente. Aquelas grandes alhas ormadas há mais de 550 milhões de anos voltaram a se deslocar há cerca de 60 milhões de anos com movimentos verticais e fzeram com que uma grande região aundasse, como, por exemplo, onde está instalado o Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos (ao longo do Baquirivu-Guaçu), e gerou o chamado o sistema de ries (bacia de aundamento) do Sudeste. Em Guarulhos, a bacia é conhecida como “Sedimentar de São Paulo”. As chuvas torrenciais levavam grande quantidade de pedras, lama e areia das partes mais altas; acima das escarpas das alhas, para a parte aundada (chamada de bacia sedimentar). Isso gerou, inicialmente, grandes escorregamentos, cujos depósitos oram retrabalhados por rios, com lagos, pântanos, orestas e matas, entre eles. Hoje, nas partes mais altas, esses materiais - conhecidos como sedimentos do período erciário -, já oram removidos pela erosão, preservados quase que exclusivamente nas baixadas. Bem, mas o tempo geológico não pára e hoje podemos ver os rios erodindo as encostas e se espraiando e as lagoas (aquelas que ainda não oram preenchidas com entulhos) entre eles, na região de Guarulhos. O maior exemplo é o rio ietê que, srcinalmente tinha um traçado cheio de curvas, hoje está bastante alterado por obras de engenharia e uma planície ormada por sedimentos recentes conhecidos como aluviões.
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Transormações ocasionadas à várzea do Rio Tietê próximo ao centro de Guarulhos. Em 1959 havia muitas olarias onde hoje se encontra o Parque Ecológico do Tietê (otos da Preeitura Municipal de Guarulhos)
A geologia de Guarulhos está expressa no relevo de seu território. Assim, podemos observar na região norte do município à ocorrência de morros e montanhas; estas últimas correspondendo a elevações com mais de 300 metros de altitude, que são ormadas pelas rochas de srcem pré-cambriana (Grupos São Roque e Serra do Itaberaba). Como destaque temos a Serra da Cantareira e a Serra do Itaberaba (a maior altitude é de 1.433 metros). Já ao sul, onde encontramos o centro e os bairros mais ocupados da cidade, percebemos que o relevo é ormado por colinas cujas elevações não passam de 40 metros de altitude e planícies que são áreas muito baixas sujeitas às inundações dos rios ietê, Cabuçu de Cima e Baquirivu-Guaçu. As colinas são ormadas por sedimentos terciários e as planícies por aluviões quaternárias. Assim, quando olhamos a paisagem ao nosso redor, teremos a certeza que há muito mais para ver do que os nossos olhos nos mostram, não só na História, como na História Geológica de Guarulhos.
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BIBLIOGRAFIA JULIANI, C.
Geologia, Petrogênese e aspectos metalogenéticos dos Grupos Serra do
Itaberaba e São Roque na região das Serras do Itaberaba da5Pedra Branca, NE da de Doutoramento IGUSP, ev., mapas, 803p, 1993. cidade de São Paulo, SP.ese JULIANI, C; BELJAVSKIS, P.; JULIANI, L. J. C. O.; GARDA, G. M.As mineralizações de ouro de Guarulhos e os métodos de sua lavra no período colonial.Rev. Ciência e écnica, n. 13. CEPEGE, São Paulo, p8-5, 1995. MENDOZA, X.B. & ROLLO, R. Aconcágua – A sombra de um gigante.Matéria publicada na edição nº 144 da revista Os Caminhos da erra, 004. Disponível em: www.uol.com.br/caminhosdaterra/reportagens/144_aconcagua. Acesso em: 30 novembro 006. OLIVEIRA, A. M. S. Diagnóstico ambiental para o manejo sustentável do Núcleo Cabuçu do Parque Estadual da Cantareira e áreas vizinhas do município de Guarulhos. Universidade Guarulhos: Relatório FAPESP, 109p. v., 005. PREFEIURA MUNICIPAL DE GUARULHOS (1959) Levantamento aerootogramétrico. Guarulhos-SP. PREFEIURA MUNICIPAL DE GUARULHOS (000) Levantamento aerootogramétrico. Guarulhos-SP. RICCOMINI, C.; COIMBRA, A. M. da Bacia Negro Junior , A. A. Ferreira, U. R. Alonso, P.Geologia A. Luz (ed.). SolosSedimentar.In:A. da Cidade de São Paulo. ABMS/ ABEF. São Paulo, 199. SALGADO-LABOURIAU, M. L. História ecológica da Terra.São Paulo. Ed. Blucher, 307p.1998. SOUZA-LIMA, W.; HAMSI JUNIOR, G.P. Bacias Sedimentares brasileiras – Bacias da . Disponível em: www.phoenix.org.br/Phoenix50. Margem Continental, 2003 Acesso em 30 novembro 006.
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Expansão Urbana e Problemas Geoambientais do Uso do Solo em Guarulhos Marcio Roberto Andrade Antonio ManoelM. dosdeSantos Oliveira A metrópole de São Paulo é considerada a região mais desenvolvida do Brasil e, ao mesmo tempo, a mais populosa. Guarulhos entre os 39 municípios, apresentava um crescimento populacional no fnal do século XX superior a taxa média da região e da capital do Estado de São Paulo, enômeno este que ainda se maniesta através de uma das mais elevadas taxas de crescimento da região na primeira década do século XXI. No Brasil, a grande concentração habitacional em áreas reduzidas é um aspecto em destaque. Conorme Ferraz (1991), este enômeno resulta de vários atores, alguns de natureza regional, denunciando uma tendência mundial de migração de massa humana em direção aos centros urbanos, resultando no gigantismo das cidades com toda uma gama imensa de problemas. Analisando a urbanização no Brasil como um ato, Santos (1993) observa que há na região sudeste brasileira uma signifcativa mecanização do espaço, desde a segunda metadepara do século passado, a serviçomais da expansão desde então contribui a divisão do trabalho acentuadaeconômica, e gera umao que tendência à urbanização. Prandini et al.(1995), a expansão da urbanização na Região Metropolitana de São Paulo se dá sob a ótica quase que exclusiva das razões especulativas de mercado, que vêm ignorando as reais potencialidades e limitações das áreas a serem ocupadas. Isto acaba determinando a ocupação inadequada de regiões e locais extremamente problemáticos, tais como áreas propícias ao desenvolvimento de escorregamentos ou erosões intensas, vertentes sujeitas à eclosão de boçorocas, áreas sujeitas a inundações, terrenos capazes de desenvolver subsidências e colapsos, áreas com nível d’água raso, etc. O Município de Guarulhos apresenta um cenário geomorológico contrastante sobre o qual se estabelece um processo de ranca expansão urbana potencializada especialmente pelo seu desenvolvimento industrial e de serviços e uma ampla malha viária que de orma constante se amplia na região como um todo.. A construção do espaço urbano, especialmente nas grandes metrópoles, se az pela ocupação de glebas por tipos de uso com fnalidades residenciais, comerciais, industriais e de serviços. A vegetação nativa é suprimida para dar lugar a estas atividades e os serviços da biosera são substituídos por uma dinâmica de processos notadamente oposta. O melhor exemplo é a mudança no sistema ormado pela infltração e escoamento das águas no solo.
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O parcelamento do solo vai se concretizar, na maioria dos casos, pela execução de expressivas alterações na geometria srcinal dos terrenos para a abertura de loteamentos e eixos viários, levando a verdadeiras intervenções de engenharia civil através de de terra pela execução e aterros devezes, grandes dimensões, práticas de obras terraplenagem que necessit am,de emcortes grande parte das de áreas onte conhecidas como áreas de empréstimo, para a retirada e aproveitamento de terras. Este processo de aplainamento do relevo para ocupação urbana deve ser obrigatoriamente considerado em qualquer ação de planejamento do uso e ocupação do solo. O sistema urbano precisa ser analisado sob o enoque da interação entre os atores naturais e as ações humanas dirigidas ao uso e ocupação das terras, devendo ainda considerar a direção do seu crescimento e a gradativa saturação dos núcleos urbanos. Analisar um ambiente equivale a desmembrá-lo em termos de suas partes componentes e apreender as suas unções internas e externas, com consequente criação de um conjunto integrado de inormações representativas (SILVA & SOUZA,1988).
Problemas Geotécnicos da Urbanização em Guarulhos alterações potenciais do meio ísico pore na processos tecnológicos precisam ser As previstas no caso de projetos urbanísticos implantação de grandes inraestruturas (IP, 199). A organização do território exige um diagnóstico preliminar destinado a esclarecer a escolha do tipo de ocupação do solo compatível às limitações do meio (RICAR, 1977). Este conceito é undamental para se planejar o desenvolvimento territorial de orma sustentável. A urbanização observada em Guarulhos traz no seu bojo um histórico alarmante de problemas geotécnicos onde são marcantes as conseqüências econômicas e impactos ambientais resultantes de loteamentos e condomínios com grandes dimensões, implantados sem os devidos critérios técnicos e em terrenos que apresentam condições de ragilidade natural a processos de degradação. Na perieria da urbanização mais consolidada, onde os remanescentes de terra são mais desvalorizados e há mais oerta de terrenos, pode-se observar a predominância de loteamentos ou ocupações implantadas em glebas com topografa acidentada. Em muitos casos estas ocupações vão confgurar verdadeiras áreas de risco geológico à erosão e aos escorregamentos. Principais problemas geológicos/geotécnicos de ordem natural induzidos, resultantes da prática da terraplenagem aplicada ao parcelamento do solo e assentamento urbano, nas condições reinantes no Município de Guarulhos (adaptado de ANDRADE, 001a).
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Principais problemas Geológicos/ Geotécnicos Problemas Geológico Geotécnicos
Condicionantes do meio ísico
Erosão e Escorregamentos
Forma e declividade das vertentes e tipologia do horizonte C pedológico
Assoreamento
47Áreaslocalizadasnascotasmaisbaixasdosvales principais km2
Recalques e Fundações
Presençade Solos Hidromórfcos Húmicos associados aos Depósitos de Planície Aluvionar
Escavaçãoemobras
PresençadeBlocosdeRochaassociadosaLitologia
Fica evidente que o desenvolvimento econômico de Guarulhos vem ocasionando uma urbanização inadequada sobre terras com ortes limitações geotécnicas com consequências ambientais graves que marcam o território do município. Erosão intensa, escorregamentos, assoreamentos e enchentes são os enômenos encontrados, e assim a ormação de paisagens degradadas impedem a regeneração natural da Mata Atlântica.
O Relevo na Paisagem de Guarulhos O relevo território de como Guarulhos é ortemente condicionado substrato geológico dado mesma orma é marcante em todo o Planalto pelo Atlântico que “com sua paisagem de morros mamelonares e pequenos maciços montanhosos, acidentados e irregulares, criaram sérios problemas para localização das aglomerações urbanas” (AB’ SABER, 004). Este ato deve-se a uma estrutura geológica que reete um intenso tectonismo com registros que vão desde há 1,6 B.a. (bilhões de anos) no mesoproterozóico (JULIANI, 1993) até cerca de 54 M.a. (milhões de anos) no eoceno-oligoceno (RICCOMINI, 1989). O relevo de colinas ocorre preerencialmente na região sul, associado aos sedimentos erciários da Bacia de São Paulo, apresentando, por vezes e de orma restrita, associação com as rochas cristalinas (gnaisse, xisto, flito e metanfbolito). O mesmo ocorre com o relevo de morrotes, destacando-se a sua presença na transição para o relevo de morros em unidades geológicas cristalinas a leste. Destaca-se ainda a presença de morrotes no extremo sudeste, associados a sedimentos erciários e gnaisses. O relevo de morros baixos e altos, e de serras, encontram-se sempre associados ao substrato de srcem cristalina, presente na região norte do município. As cristas das serras encontram-se associadas a rocha granítica (Serra do Itaberaba) e a quartzitos e gnaisses (Serra da Pirucaia). Os morros baixos ocorrem especialmente no alto curso do Rio Cabuçu de Cima (oeste) e nas adjacências do Rio Jaguari (leste). Os morros altos ocorrem
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amplamente distribuídos numa aixa de leste a oeste na zona norte, associado aos morros baixos e serras. Classifcação Morológica do relevo em Guarulhos Unidaded eRelevo Planície
Características Predominam declividades de até 5% e amplitudes ineriores a 10 metros. Canais de drenagem sinuosos quando não retifcados.
Colinas
Predominam declividades de até 30% e amplitudes topográfcas de até 40 metros. Padrão dendrítico a sub-paralelo com média densidade de drenagem
Morrotes
Predominam declividades de até 30% e amplitudes topográfcas de até 60 metros. Padrão dendrítico a sub-paralelo com média desidade de drenagem
Morros Baixos
Predominam declividades com até 45% e amplitudes de até 100 metros. Padrão dendrítico com alta densidade de drenagem
Morros Altos
Predominam declividades superiores a 45% e amplitudes de até 150 metros. Padrão dendrítico com alta densidade de drenagem
Serras
Predominam declividades superiores a 45% e amplitudes superiores a 150 metros. Padrão dendrítico com alta densidade de drenagem (ANDRADE, 1999, com base em Ponçano et al., 1979)
Degradação Física do Ambiente em Guarulhos problemas do solocom pela solos supressão do soloEntre értil os e pela erosão,geoambientais, especialmente adedegradação aterros eetuados siltosos, despontam como o enômeno mais grave, responsável pela maior proporção dos volumes de sedimentos que assoreiam os cursos d’água e agravam as enchentes urbanas, em muitos casos ocorrendo antes ou após os escorregamentos. Os solos de alteração de rochas (horizontes C pedológico) do Pré-Cambriano destacamse por apresentar altos índices de erodibilidade comparados aos sedimentos da Bacia de São Paulo (SANOS & NAKAZAWA, 199; ANDRADE, 1999).
Sobre estas rochas cristalinas, amplas áreas são intensamente terraplenadas para a implantação de loteamentos residenciais desconsiderando técnicas que tais condições exigem, especialmente em zonas de declives mais acentuados, bem como em cabeceiras e linhas de drenagem natural. Os solos de alteração de rocha fcam expostos as chuvas e aos ventos, com o agravante de não apresentarem propriedades agronômicas que permitam a colonização ou plantio de espécies vegetais. A composição granulométrica dos dierentes solos de alteração de rocha correspondente a cada litologia presente, permite analisar o aspecto erodibilidade. É marcante a dierença entre os resultados relativos aos sedimentos da Bacia de São Paulo (erciário) e aos solos de alteração das rochas cristalinas (Pré-Cambriana),
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Mapa do Relevo em Guarulhos (Laboratório de Geociência da UnG)
permitindo agrupá-los em dois conjuntos distintos, terrenos cristalinos e terrenos erciários, que podem apresentar dierenças de erodibilidade da ordem de uma centena de vezes. Os assoreamentos em undos de vale, uma das causas principais das enchentes urbanas, são decorrência direta da erosão. Estudo realizado em área de ocorrência de rochas cristalinas (flitos) na microbacia do Pau d’alho no bairro do Cabuçu (SOUZA, 007), demonstra que a taxa de produção específca de sedimentos pode alcançar valores cerca de 0 vezes superiores entre a ase de ocupação urbana (implantação de loteamentos) em comparação com a ase de ocupação rural (agricultura, pastagem, etc.), Pode-se concluir destes resultados, que os solos de alteração de rocha cristalina ormam um conjunto muito erodível, dierentemente da maioria dos sedimentos erciários da Bacia de São Paulo que podem ser classifcados como pouco erodíveis. Assim em Guarulhos encontram-se (ANDRADE, 001a):
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a) Os solos siltosos associados às rochas cristalinas (solo residual saprolítico), distribuem-se preerencialmente na região norte do município, numa aixa ampla que abrange desde a porção oeste até a nordeste, destacando-se nos bairros do Cabuçu, Bananal, Fortaleza,erciários, Capelinhahavendo e Aguazul. Aoram de orma isoladaInvernada, no domínio dos sedimentos exposições junto aos undos de vale na zona central, no bairro da Ponte Grande e de orma mais concentrada no extremo sudeste do território no bairro dos Pimentas e Itaim. Em grande parte ainda ocorrem livre da ocupação urbana que avança; b) Os solos argilosos associados aos sedimentos erciários, ocorrem preerencialmente na região sul do município, onde se encontra maior concentração urbana. O limite norte deste conjunto é dado pela Falha do Jaguari, que o separa da região de domínio das rochas cristalinas; c) Os solos aluviais e hidromórfcos ocorrem preerencialmente em áreas associadas às várzeas amplas do Rio ietê e do Rio Baquirivu-Guaçu, onde se encontra uma expressiva ocupação industrial, complementada com o aeroporto internacional. Secundariamente, ocorrem em áreas mais restritas associadas especialmente às várzeas do Rio Cabuçu de Cima, Ribeirão das Lavras, Ribeirão Guaraçau e Rio Jaguari. As características mais avoráveis às obras de terraplenagem para fns de assentamento urbano, estão presentes nos solos argilosos em unção da sua menor erodibilidade e melhor compactação. Alguns problemas presentes devem-se especialmente à existência de argilas expansivas que podem, em alguns casos, ocasionar movimentos de massa (empastilhamento e escorregamento) e à ocorrência de ácies ranco-argilo-arenosa mais erodível. Por outro lado, as características mais desavoráveis para a prática da terraplenagem estão presentes no conjunto ormado pelos solos derivados de rochas cristalinas, especialmente pela sua alta erodibilidade, difculdade de compactação (micáceo, pouco argiloso e siltoso), problemas de escavação quando ocorrem blocos, desplacamento pelas raturas e oliação, entre outras. É percebido que as características de alteração intensa e prounda associada à incoerência dos solos de alteração (saprolítico) das rochas do tipo gnaisse, granito e diorito, são atores que agravam o eeito da erosão. Noutro sentido, as características de alteração e coerência observadas para os sedimentos erciários, assim como para os flitos e quartzitos, classifcadas como medianas, revelam maior resistência in situ aos agentes erosivos, o que não vale quando o material é desragmentado, passando a imperar as características texturais da granulometria.
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Planejamento Conservacionista da Região Norte de Guarul hos A prática da terraplenagem desponta como um dos principais condicionantes dos impactos e degradações ambientais meio ísico ocasionados pela ocupação urbana em Guarulhos. A supressão dono solo superfcial értil, a erosão intensa e deslizamento de solos, rochas e aterros, o assoreamento de canais e as enchentes, apresentam consequências graves à população, e ormam o conjunto de eeitos resultantes de práticas inadequadas de desmatamento e movimentação de terra. Dentre os atores de ordem natural e ísica que regem estes enômenos, está a constituição dos materiais manipulados na terraplenagem, ou seja os solos e rochas, e as ormas que o relevo possui, que é responsável pela intensidade destes processos (ANDRADE, 001b).
Imagem de satélite da cidade de Guarulhos
A imagem de satélite mostra o contraste entre a área de ocupação urbana, a sul, impermeabilizando o solo, e a área que ainda apresenta cobertura vegetal, a norte, propiciando a presença dos serviços ambientais da biosera, como a provisão de água, para o abastecimento; a regulação do escoamento de água; o conorto térmico e a redução da poluição.
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Entretanto, a expansão urbana dirige-se para norte onde ocorrem os terrenos menos aptos à ocupação, devido ao relevo de maiores amplitudes e declividades, de morros e montanhas, em terrenos cristalinos, cujos solos são mais suscetíveis à erosão edea enchentes. áreas de risco a escorregamentos, à produção de sedimentos e intensifcação Assim, o impacto ambiental da expansão urbana é duplo, pois, além da perda dos serviços da biosera, proporcionados pela cobertura vegetal, como a perda de conorto térmico, perda de mananciais, etc; sua orma inadequada de avançar sobre os terrenos vem gerando os processos geológicos acima reeridos, com conseqüências neastas sobre o bem estar humano. Além disso, todos estes processos terão conseqüências sobre a área urbanizada, pois esta área a sul encontra-se a jusante da área norte, conorme a disposição das bacias. Desta orma, a ocupação inadequada nas cabeceiras de drenagem promoverá, além da perda dos mananciais e nascentes, maiores escoamentos de água a jusante. Em condições inadequadas de ocupação, devem ser esperadas enchentes maiores e mais reqüentes nas áreas urbanas a sul. Erosões e escorregamentos constituirão ontes de sedimentos importantes para assorear córregos e rios na área urbanizada intensifcando as enchentes, caso não sejam promovidas orientações para que o uso e ocupação do solo se realizem de orma adequada às limitações geotécnicas dos O novos terrenos que município vem ocupando. planejamento do ouso do solo baseado nas características geotécnicas e sob um enoque conservacionista é condição undamental para a manutenção dos serviços da biosera na região norte do município de Guarulhos. Neste sentido, a criação de Unidades de Conservação de Uso Sustentável como são organizadas no Brasil, em especial as Áreas de Proteção Ambiental, corresponde a uma política pública voltada à racionalização das atividades sócio-econômicas sob uma perspectiva ecológica. As regiões do Cabuçu, anque Grande, Capelinha e Morro Grande, situadas a norte de Guarulhos dependem deste conceito para propiciar condições avoráveis à prática de uma ocupação adequada, com a preservação dos mais importantes mananciais locais de abastecimento de Guarulhos, assumindo medidas e ações necessárias para a prevenção dos processos geológicos reeridos e manutenção de serviços ambientais undamentais ao bem estar da comunidade guarulhense. ais medidas podem corresponder não só a criação de novas unidades de conservação como também e, sobretudo, à orientação de uma ocupação adequada aos condicionantes das novas áreas de expansão da cidade de Guarulhos.
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EXPANSÃO URBANA E PROBLEMAS GEOAMBIENTAIS DO USO DO SOLO EM GUARULHOS
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PARTE III|
HISTÓRIA SOCIAL, POLÍTICA E ECONÔMICA
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Maromomi, Os Primeiros Habitantes de Guarulhos: d a Perambulação ao Aldeamento. Antonio Benedito Prezia Para conhecer a história dos indígenas Maromomi1, chamados posteriormente de Guarulho ou Guarulhos, precisamos recuar no espaço e no tempo, reportandonos a milhares de anos antes de nossa era, quando chegaram os primeiros povoadores no litoral. As atuais pesquisas indicam a presença humana no litoral paulista há pelo menos cinco mil anos. Eram povos coletores, que viviam de peixes, mariscos e pequenos animais que povoavam as orestas costeiras. Alguns grupos amiliares, para enrentar as inundações das marés, construíram pequenos montes com conchas, onde passaram a viver e enterrar seus mortos. Mais tarde, esses locais oram chamados de sambaqui, palavra provavelmente tupi, que signifca ostreiro - nome usado até hoje. Acreditamos que os Maromomi sejam descendentes desses povos, pois viveram no litoral por muito tempo, como se vê em mapa do século XVII, onde a baía de Caraguatatuba era chamada de Enseada dos Maromomi (ALBERNAZ
Indígena Puri, aparentado aos Maromomi. Ilustração de Rugendas (c. 1821).
VELHO, [c. 1630], 1969). Por volta do século XIV, chegaram ao litoral de São Paulo, procedentes do Paraguai, povos de língua tupi, que eram guerreiros com uma tradição social mais complexa. Ocuparam todo o litoral do Sul e Sudeste, expulsando antigos moradores de lá, sendo que alguns povos migraram para a Mata Atlântica, como os Puri e Guaianá ou Guainazes. Outros, como os Maromomi, oram para a Serrada Mantiqueira, em regiões onde havia pinhão e
nozes de sapucaia, ontes de alimentação. Por isso, a Mantiqueira, durante um bom tempo oi chamada deMontes1 Adotamos para nomes indígenas a orma sem exão, seguindo uma norma da Associação Brasileira de Antropologia-ABA.
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Guarimunis ou Marumininis, como relata o aventureiro holandês Wilheim Glimmer, que participou de uma expedição em busca de mina de ouro, nesta região, em 1601 (In: RIHGSP, v. 6, 1900-1901, p. 3). Seu nome, por ser de Maramomi, diícil pronunciação, recebeu várias grafas como Maromomi, Maromemim, Jeromomim, Garumimim e Garomemim. No Rio de Janeiro oram conhecidos como Guarulho e Gessaruçu.
erritório, raços Culturais e Forma de Vida Com o extermínio dos upinambá no fnal do século XVI, vários grupos amiliares Maromomi voltaram a ocupar a serra do Mar. Ocupavam um extenso território, que ia do litoral norte paulista até a divisa com o atual estado do Espírito Santo. Os jesuítas, que conviveram com eles, assim os descrevem: “Andavam de mato em mato, caçando, colhendo rutas e mel silvestre, que abundam nessas montanhas” (Vasconcelos, [167] 1943, v. 1, p. 193). Por serem coletores, não tinham roças. Não construíam casas, mas simples abrigos, dormiam “no chão, ou quando muito sobre olhas de árvores e se contentavam por ter os pés voltados para o ogo” (Rodrigues, 1599. In: HCJB, id., ib.) Ao contrário dos povos upi, não praticavam a antropoagia. Era São um Paulo, povo esportivo, como relata o Pe. Jácome Monteiro, que esteve com eles em em 1610: “êm muitos e mui vários jogos, os quais realizam em terreiros abertos, ganhando e perdendo arcos e outras coisas que usam. Neste assunto são os únicos, pois nenhum indígena dá importância para jogo algum” (In: HCJB, apênd., v. 8, 1949, p. 395). Faziam pouco artesanato e abricavam apenas objetos utilitários, como arcos, echas e cestos; além de alguns eneites pessoais. Não eram ceramistas e, por isso, hoje sua presença é diícil de ser identifcada. A Câmara de São Paulo, em 1593, insistia para que a população do planalto “não osse à terra do Guaramimis [Maromomi] e Goaianazes para não se alevantar com os do sertão [que] estavam alevantados (...) que não osse nem resgatasse [permutasse] entre eles em suas terras, visto que eles terem pouco que dar” (ACSP, sessão de 15.08.1593. 1915, v. 1, p. 469).
Idioma Quanto ao idioma, “têm muita variedade de língua”, escrevia o mesmo Pe. Rodrigues, o que mostra as dierenças dialetais. Quando o Pe. Jácome passou pelo aldeamento de Guarulhos, em 1610, anotou em seu relatório: “Falam com muita pressa, e na pronunciação se parecem com os espanhóis. A linguagem que usam é muito difcultosa: não há como entendê-los” (In: HCJB, apênd., 1949, v. 8, p. 396).
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Foi o Pe. Manuel Viegas quem melhor osconheceu e dominou o idioma, chegou a traduzir para esta língua o catecismo tupi, usadonos aldeamentos jesuíticos. Escreveu também uma gramática, que havia sidoiniciada por Anchieta. Inelizmente, tanto a gramática o catecismo perderam-se as perseguições os jesuítas,quanto expulsos de São Paulo, em 1640, ecom do Brasil, em 1759. de que oram alvos Deste idioma oram conservadas apenas duas palavras. Numa carta de 1585, onde este missionário relata seus contatos com eles, comenta: “Já têm conhecimento e notícia dos padres, a quem eles chamam arê, e a Deus chamam Nhamã nhaxê muna” (In: HCJB, 1949, v. 9, p. 385). Ao conrontar com outras línguas de povos da região, como os Puri e os Coroado, chegamos à conclusão, pela semelhança existente, que os Maromomi pertenciam à amília lingüística puri (PREZIA, 000, p. 179).
Os Primeiros Contatos com a Missão A história dos Maromomi, em Guarulhos, está muito ligada à atuação dos jesuítas no litoral e no planalto paulista. Os primeiros contatos remontam ao período em que o Pe. Anchieta era superior do convento de São Vicente, por volta de 1570. Essa inormação nos vem do próprio Anchieta, relatada na sua “História da Companhia Jesus no Brasil”, século XVI, obra perdida,o Pe. masPero cujoRodrigues, trecho específco sobre osdeMaromomi oi transcrito por seu biógrao, e que reproduzimos na íntegra: Desceram uns poucos destes [Maromomi] da serra à barra [da capitania] de São Vicente, chamada Bertioga; acudiu logo a recebê-los o capitão da vila. Veio com eles o padre José, que então era superior, e por seu companheiro o padre Manuel Viegas, e em 15 dias que ali esteve, por meio de uma escrava, intérprete, ez o padre um pedaço de vocabulário e, também, o princípio da arte [gramática da língua].
Mas, pelas ocupações do cargo e outras que lhe sobrevieram, não podia ali assistir [a esses indígenas] e deixou a tarea ao padre Manuel Viegas, que tomou esse trabalho e começou a tratar esse gentio [indígena] com tanto amor e zelo, que parece que não cuidava e nem tratava de outra coisa. Andava em busca deles para os ajuntar e ensinar, por serras, campos, vales e praias; levava à [sua] casa os flhos deles pequenos, para que aprendesse a língua geral [dos upi], para que depois lhe servisse de intérpretes. Venceu muitas difculdades, soreu muitas contradições e incomodidades nesta santa obra, por lhe dizerem que trabalhava em vão, por ser gente que anda sempre inquieta, sem se ajuntar em aldeia. Mas, tudo resistia, prosseguindo seu intento. (...) E, pouco a pouco, com sua
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paciência e continuação, sem nunca se enadar de os tratar, acabou, depois de muito tempo e trabalho, que fzessem assento [em aldeia] em alguns lugares da mesma capitania. (In: CAXA & RODRIGUES [1598], 1988, p. 65-66) Comnão a ida de Anchieta em itinerante 1577, o superior, que o substituiu São Vicente, concordou comà oBahia, trabalho do Pe. Viegas, por passarem muito tempo ora do convento, vivendo entre os indígenas. Importante é o testemunho deste missionário, relatado numa carta escrita a 1 de março de 1585, ao seu Superior Geral em Roma, que mostra que até esta data não estavam aldeados: Esta gente é muito boa, amigável e tem boa inclinação, e olga muito de saber e aprender as coisas de nossa santa é. (...). E saiba V. Roma, que nas suas aldeias, não sendo cristãos, têm já cruzes arvoradas [levantadas]. O padre Visitador determina agora, com a ajuda de Nosso Senhor, mandar-me alar com eles” (HCJB, 1949, v. 9, p. 385).
Somente nesse ano, com a vinda de um visitador jesuíta, a missão itinerante oi retomada. Por isso, o missionário escrevia com alegria: “Agora, com a vinda e chegada do padre Visitador se há de abrir aqui em São Vicente uma porta nova a um gentio [indígena] que se chama Maromemim” (Id., ib.). O retorno das visitasHavia aos Maromomi da Serra do que Marpudessem não signifcou nouma seu imediato o aldeamento. escassez de missionários assumir nova missão. Muitos, porém, já reqüentavam a vila de São Vicente, como relatava o padre Viegas na mesma carta: “Esta gente está aqui muito perto de São Vicente, e já algumas de suas flhas e flhos estão com os brancos e alguns já são cristãos e se conessam na língua desses nossos indígenas, que se chamam tupi” (Id., ib.).
Os Guarulhos do Rio de Janeiro O aldeamento dos grupos que perambulavam pela capitania do Rio de Janeiro teve um encaminhamento mais rápido. Por volta de 1590, algumas amílias Maromomi que viviam na Serra do Mar oram reunidas pelo Ir. Pedro de Gouveia, perto do aldeamento amoio de São Barnabé, na região de Itaboraí, no atual estado do Rio de Janeiro. Foi ali que o Pe. Pero Rodrigues celebrou uma missa, em 1599 (LEIE, RIHJSP, 1937, v. 3, p. 55). Esses indígenas eram chamados no Rio de Janeiro de Guarulhos, como se vê na toponímia local, havendo um rio Guarulhos, no município de Casemiro de Abreu, não longe do antigo aldeamento Sacra Família, no litoral norte uminense. Isto mostra que deve ter havido grupos desta etnia na região. Foram aldeados em Campos, onde a missão recebeu o nome de Aldeia Santo Antônio dos Guarulhos.
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Mapa São Paulo Indígena
Baseado no mapa de Pasquale Petroni, 1995 Por aí se vê que a convivência dos Maromomi com os aldeamentos cristãos do litoral era bastante estreita.
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O Aldeamento de Nossa Senhora da Conceição Depois da expedição punitiva que os paulistas fzeram contra os upi do sertão, em 159, passaram a atacar gruposdemenores, como os Maromomi e os Guaianá Por isso, em 1593, a Câmara São Paulo censurava essas entradas e ameaçava com degredo e açoites os que ossem negociar com os Maromomi em suas aldeias: [Que] ninguém osse resgatar ao [com os] guaramemis [Maromomi] enquanto a terra não estiver bem segura, porquanto havia lá ido algumas pessoas e se vieram com escândalo entre os ditos guaramemis (...) isto com pena de dez cruzados, dois anos de degredo e de ser açoitado publicamente” (ACSP, sessão de 31.07.1593, v. 1, p. 466).
al ordem não surtiu eeito, pois as expedições escravistas aumentaram. Com a desculpa de “serem pobres e para remediar suas necessidades” (ACSP, v. , p. 313), os paulistas montaram um verdadeiro comércio de escravos não só para as lavouras do planalto, como também para os engenhos de açúcar do litoral. Violentas oram às entradas bandeiristas de Aonso Sardinha, o moço (1598 e 1603), flho natural do conhecido minerador do Jaraguá, e a de Nicolau Barreto (160) nos sertões O trabalho dodo Pe.Paraná. Viegas junto aos Maromomi continuava de orma lenta. alvez a undação da Missão de Cananéia, em 1601, tenha atrasado mais ainda a criação de um aldeamento próprio. Diante da pressão por mão-de-obra escrava, os jesuítas de São Paulo, em 1604, pediram mais uma vez ao Superior Geral a autorização para aldear os Maromomi no planalto. A resposta oi avorável, recomendou-se que se construísse a missão em lugar seguro, ao abrigo de ataques dos índios, para não ter que abandoná-la depois, com prejuízo destes (In: LEIE, RIHJSP, 1937, v. 3, p. 55). Os padres devem ter solicitado também ao capitão-mor de São Vicente terras para o novo aldeamento, talvez do mesmo tamanho que a missão de São Miguel, três léguas em quadra, como também supõe Azevedo Marques (AHGPSP, p. 308). Foi-lhes concedida uma gleba, à margem direita do ietê, região de pouco interesse econômico. Seguindo a orientação dos superiores, a igreja e a missão devem ter sido construídas na parte alta da área, entre os anos de 1606 e 1607. A capela, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, passou a designar o aldeamento. Esta undação oi o coroamento dos trabalhos do Pe. Viegas, que morreu em 1608. No ano seguinte, o Pe. Simão de Vasconcelos, reerindo-se às missões dos jesuítas em São Paulo, cita a de Nossa Senhora da Conceição, cujo superior era o Pe. Sebastião Gomes (In: HCJB, v. 6, l. 4, c. 1, p. 501). Assim quanto à reerência que Azevedo Marques
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az do Pe. João Álvares, como construtor da capela, é possível que seja a que veio substituir a primeira igreja construída pelos jesuítas (AHGPSP, p. 308). O aldeamento não interrompeu a escravização dos Maromomi e nem a intromissão Câmara deno Sãopróprio Paulo: aldeamento, como se vê na sessão de outubro de 1608, da (...) A notícia lhe era vindo que os moradores e vizinhos desta vila aziam muitas avexações [mau tratos] aos maramomis indo às suas aldeias contra os mandados e penas que sobre isso eram lançados, e lhes tomavam suas flhas e flhos contra suas vontades e outros agravos [abusos] de que eles se queixavam e, outrossim, algumas pessoas vinham a esta vila se apoderavam de índios que pelo caminho achavam aposentados [aldeados] como sejam ao longo desse rio Anhembi o que era em muito prejuízo desta terra (...) porque se tornassem a levantar seria muita perda desta capitania, como é notório pelo que lhes requeria em nome deste povo mandassem prover nisso “(ACSP, sessão de 5.10. 1608, v. , p. e 3).
Foi nessa ata de 1608, que aparece a primeira reerência aos Maromomi reunidos num aldeamento, situado próximo ao Anhembi, isto é, o rio ietê. Portanto, não procede a inormação de Azevedo Marques, que coloca a undação do aldeamento em 1560 (AHGPSP, p.o308) e que inuenciou erradamente as(RANALI, pesquisas posteriores, que identifcaram Pe. Manoel de Paiva como undador 1985, p. 4; 31-34; ROMÃO & NORONHA, 1980, p. 4-6). Aliás, os jesuítas só oram ter aldeamentos missionários próprios no planalto em 1584, como se vê por ocasião da passagem do visitador (CARDIM, [165] 1978, p.13). As primeiras missões só aparecem no catálogo dos jesuítas no ano de 1586 (HCJB, . 6, l. 4, c. 1, p. 500). A missão da Conceição aos poucos se frmou. Salvador de Sá, governador dasca3 pitanias do Sul, escrevia ao rei que por volta de 1640 havia cerca de 800 amílias . Alguns anos depois, com a expulsão dos jesuítas de São Paulo, o aldeamento entraria em crise, com a uga em massa de quase todos seus moradores.
Quanto a esta polêmica e à localização da igreja, ver as considerações de ROMÃO & NORONHA, 1980, p. 6-8). 3 “Sou testemunho de vista, que em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde ui durante muitos anos governador, quiseram as câmaras ter jurisdição secular nas aldeias, pondo capitães por ela nomeados; e havendo na aldeia de Marueri [Barueri] 1.000 casais, na de São Miguel 700, na de Pinheiros, 300 e na de Guarulhos mais de 800, quando os padres da Companhia as largaram” (In: HCJB, v. 6, p. 39-40).
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Acampamento dos Coroado, de Catagalo (RJ), sendo um povo próximo culturalmente aos Maromomi. Gravura de Debret (1827).
Padre Manuel Viegas, o “Pai dos Maromomi” Pouco se conhece a vida desse jesuíta, que tanto se dedicou ao povo Maromomi. Nasceu em Portugal, em 1533. Ficou órão cedo e veio ao Brasil com o grupo de outras crianças órãs que os jesuítas haviam pedido, para que se tornassem catequistas das crianças indígenas no Brasil. Em 1556, aos 3 anos, entrou na ordem dos jesuítas, tendo sido ordenado padre na Bahia, em 156. Cinco anos depois veio para São Paulo, fcando em São Vicente, com o Pe. José de Anchieta, na época dos primeiros contatos com os Maromomi do litoral. Foi um ardoroso deensor do ensino de línguas indígenas nas casas de ormação dos jesuítas, pois se queixava que aqui os padres “só queriam ser pregadores dos portugueses, subir ao púlpito a pregar aos brancos e não se lembravam desta pobre gente de lhe pregar em sua língua”. Coletou vocabulário na língua maromomi, ez uma gramática, iniciada por Anchieta e traduziu para essa língua o catecismo tupi, usado nas missões. Foi chamado, à época, de Pai dos Maromomi. Dele testemunhou o visitador Pe. Cristóvão Gouveia, que esteve no Brasil em 1585: “Ainda que não viera de Portugal a esta terra [São Paulo] por outra coisa, senão somente para ver o Pe. Manuel Viegas, tivera bem empregada essa vinda, apesar de todas as difculdades
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[da viagem]”. (In: VASCONCELOS, 1658, p. 76). Morreu em São Paulo, em 1608, aos 75 anos de idade.
O Aldeamento sob Pressão Colonial O estabelecimento da missão dosMaromomi oi, de certa orma, umganho para a colônia portuguesa. O jesuíta Fernão Guerreiro escrevia naépoca que “os maromomins antes eram contra os portugueses; e depois, com a intervenção dos padres, têm igrejas e ajudam os brancos” (Relação anual, I, p. 384. In: HCJB, 1938, v. , p. 566). Se o aldeamento correspondeu a uma expectativa da colônia, a pacifcação indígena rustrou o projeto missionário, que acreditava que a missão poderia ser um amparo contra a escravização reinante. Há poucas reerências desses primeiros anos do aldeamento. Mas pelo que se escreveu, pode-se deduzir que os problemas surgiram desde o início.
Aldeamento missionário jesuítico, a partir de ilustração do holandês Zacarias Wagner, da comitiva de Maurício de Nassau (c. 1630).
Carvalho Franco, que estudou a vida dos bandeirantes paulistas, afrma que em 161 Geraldo Correia Sardinha descobrira ouro de aluvião no rio Maquirobu (Baquirivu), que cortava as terras indígenas da missão dos Maromomi, estabelecendo aí um garimpo que levou seu nome (1954, p. 360). Convém observar que não há nenhum parentesco entre ele e Aonso Sardinha, que teve lavras de ouro no morro do Jaraguá e em Sorocaba (Id., p. 360).
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Seguramente, os jesuítas devem ter protestado não somente contra a invasão da área, como também com as exigências cada vez maiores de solicitação de trabalho externo para particulares. Uma atade daDiogo Câmara São Paulo alusão a esse assédio, como se vê numa reclamação de de Quadros, queaz se queixava da alta de mão-de-obra: (...) de um ano a esta parte até hoje não tivera das aldeias mais que oito índios que lhe dera Antônio Roiz, capitão dos marmemis [Maromomi], dois índios em 9 de julho e 5 de agosto da aldeia dos índios marmemis [Maromomi] que lhe fzeram três arrobas de carvão pela qual razão deixou de azer quantidade de erro” (ACSP, sessão de 15.0.1609, v. , p. 34-35).
Diogo de Quadros oi “mineiro”, isto é, técnico em metalurgia, enviado pelo rei de Portugal para montar ornos para undição de erro. Ergueu um orno no Ibirapuera (próximo à atual Santo Amaro) e reativou o orno de Araçoiaba, hoje Sorocaba, construído por Aonso Sardinha. Por isso pedia indígenas para esse trabalho. Mas a história paulista relata que ele se dedicava muito mais em fnanciar expedições para ir ao sertão buscar indígenas do que em trabalhar o erro (FRANCO, 1954, p. 31). O mesmo ocorreu com Geraldo Sardinha. vereador, tenha ticipado de duas bandeiras de preação - a de Embora Nicolau osse Barreto, em 160, e aparde Raposo avares, em 168 -, sendo que essa última atacou as missões jesuíticas do Guairá, de onde oram trazidos milhares de Guarani (Id., p. 360). Em 1607, a Câmara registrava a reclamação de todos “os principais das aldeias” que protestavam, juntamente com seu procurador, contra a nomeação de um capitão que, além de utilizá-los para transporte de carga para Santos sem lhes pagar, recolhia os órãos dos aldeamentos, difcultando até mesmo os trabalhos de roça (ACSP, sessão de 0.01.1607, v. , p. 185). Os ataques paulistas contra as missões do Paraguai levaram aqueles missionários a denunciar a violência desses trafcantes e a conseguir do papa Urbano VIII um documento que determinava excomunhão para os que escravizassem indígenas e para os padres que não denunciassem tal prática. Devido à sua promulgação em São Paulo, os jesuítas oram expulsos de orma humilhante, em 1640, tendo sido suas missões e propriedades invadidas e confscadas (BOXER, 1973, p. 14-15). Desta orma os aldeamentos passaram a ser dirigidos por civis, que mais se preocupavam com seus próprios interesses do que com os interesses indígenas. Além da invasão das terras, os indígenas oram submetidos a trabalhos orçados nas azendas e usados nas entradas para o sertão. Com seu estilo orte, denunciava o Pe. Antônio Vieira os maus tratos que so-
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riam os indígenas de São Paulo: “[Os paulistas] se serviam dos índios pela manhã até a noite, como azem dos negros da Guiné. Nas cáflas [caravanas] de São Paulo a Santos, não só iam carregados como homens, mas sobrecarregados como bestas de carga, quase cingidos com um trapo, e com umaHistória espiga de milhodas como ração detodos cada nus dia”ou(Carta 1.07.1693. In: AUNAY, Geral Bandeiras, 194, v. 4, 9). Depois da saída dos jesuítas, houve uma acilitação de transerência de indígenas aldeados para os moradores. Num levantamento eito em inventários do século 17, John Monteiro identifcou nas azendas de São Paulo cerca de 50 Guarulhos, sendo 17 homens, 1 mulheres e 11 crianças. Não é um número expressivo, comparado aos Guaranis, que somavam 641 pessoas. É possível que tenham sido mais numerosos, pois havia uma tendência em omitir o número real de indígenas nos inventários (MONEIRO, 1994, p. 84). E convém observar que a vida útil de um indígena era muito curta, pois a maioria morria de gripe, peste, varíola e outras doenças européias, para as quais não possuíam imunidade. Não se sabe bem o motivo, mas desde os primórdios, a capela da missão tornou-se local de romaria, como se lê na sessão da Câmara do dia 1 de agosto de 163, que se reere a “um caminho real antigo pelo qual se serve o gentio de paz Guaramimins [Maromomi] e gente moradora desta vila que vai tratar com eles eFernando a romariaFolgado a Nossapedia, Senhora da Concei ção”testamenteiro (ACSP, v. , p.que 30). 168, Luís também, a seu “vá Em cumprir uma romaria à Nossa Senhora da Conceição dos Maromemis” (In: ROMÃO & NORONHA, 1980, p. 37). Com o tempo, os Maromomi começaram a ser chamados Guarulhos, talvez por inuência dos moradores do Rio de Janeiro, que assim identifcavam aqueles outros indígenas que lhes eram aparentados, como se vê num testamento de 163 (estamento de Antônio Rodrigues Velho. In: ROMÃO & NORONHA, 1980, p. 38).
Rebeliões e Fugas Frente à escravização, os Maromomi tiveram três atitudes: aceitá-la como um mal inevitável, reagir de orma guerreira, ou ugir para o interior. A aceitação deve ser encarada como uma orma de sobrevivência e seguramente oi uma minoria que optou por essa saída. Muitos reagiram de orma violenta. Algumas revoltas ocorreram nesse período, como a de 165, na azenda de João Sutil de Oliveira, quando todos os não-índios oram assassinados, e a propriedade oi destruída. (Invent. João Sutil de Oliveira, 165. In: MONEIRO, 1984, p. 37). Oito anos depois, em 1660, a Câmara de São Paulo ala de outra rebelião envolvendo Guarulho, sem identifcar a localidade, quando três azendas oram incendiadas e seus donos assassinados (ACSP, sessão de .11.1660, v. anexo ao 6, p. 09-10).
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As ugas oram constantes, pois além da escravidão, o temperamento andarilho desses indígenas os levava a constantes deslocamentos. Naquele momento, já não havia nenhuma vantagem em permanecer aldeados. Por volta de 1645, quando o ex-governador do Sul, Salvador passou pordos SãoGuarulho Paulo, numa carta enviada aodas reicapitanias de Portugal, afrmava que de noSá, aldeamento residiam apenas 70 amílias (In: LEIE, HCJB, v. 6, p. 39-40).
Escravização indígena em São Paulo, que perdurou por muitos séculos. Gravura de Debret (185)
Esse esvaziamento continuou, pois em meados de 1660, representantes da Câmara encontraram apenas duas pessoas: o capitão indígena, Diogo Martins Guarulho, e o capitão português (ACSP, sessão de 5 de maio de 1669. v. 6, p. 160). Fugindo para o interior, para a região da Mantiqueira, esses indígenas continuavam sendo “caçados” e levados de volta para o aldeamento ou para azendas paulistas. E a Câmara afrma que o vigário de São Paulo, o Pe. Mateus Nunes de Siqueira, em 1665, “desceu do sertão (...) quantidade de gentio goarulho”,tendo sido concentrados na “paragem chamada Atubaia [Atibaia]” , de onde eram levados para São Paulo para “receber a água do santo batismo” (ACSP, vol. anexo ao 6, p. 48). Outros devem ter sido encaminhados à missão, pois quatro anos mais tarde os vereadores ainda reclamavam das ugas no aldeamento dos Guarulho. Pediam a Antônio Lopes de Medeiros, capitão do aldeamento, que “pusesse cobro” à uga desses índios “que vão despejando [ugindo] da dita aldeia de Nossa Senhora da Conceição (...) e se vão passando para Cajusara ou Atubaia [Atibaia]” (ACSP, sessão de 5 de maio de 1669, v. 6, p. 160).
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Atibaia, na Mantiqueira, era seguramente um dos lugares tradicionais de parada dos Maromomi, devido aos pinhais ali existentes, cujo alimento era undamental para eles. Deve ter sido também um pouso obrigatório no caminho do sertão. Dentro deste quadro deFrei abandono, surge,provavelmente para irritação dos paulistas, ávidoe de escravos, o capuchinho Gabriel, vindo do Rio de Janeiro, estava “em Atubaia”. Ele tentava acompanhá-los neste momento diícil. Por isso, a Câmara reagiu imediatamente, pedindo que “se escrevesse [ao rei] que não consinta lá os índios e índias Goarulhos de Sua Majestade, e que os mande para suas aldeias antigas desta vila porquanto são necessários ao serviço de Sua Majestade” (ACSP, sessão de 13.05.1669, v. 6, p. 161). Não se pode esquecer, que com a expulsão dos jesuítas, em 1640, todos os aldeamentos dirigidos por eles se tornaram aldeamentos reais, passando para as mãos de administradores civis, nomeados pelo capitão-mor. Como o rade não deve ter concordado com tal determinação, os vereadores vão exigir sua saída imediata, expulsando-o e acusando-o de “amotinar os índios goarulhos” (ACSP, 5.05.1669, v. 6, p. 165). As terras do aldeamento continuavam invadidas ou arrendadas, como as de outros aldeamentos, apesar da legislação ofcial contrária (PERONE, 1995, p. 18-193). A partir desse momento, tornamse muito escassas as reerências ao aldeamento da Conceição. A ausência de documentação sobresequer este povo não signifca poucos, que nem mereciam registro.que deixara de existir. Deviam ser tão Com o descobrimento das minas, houve uma verdadeira evasão populacional dos aldeamentos paulistas, seja por pressão dos colonos, que solicitavam mão-deobra; seja por convocação das autoridades ou por livre iniciativa dos indígenas. Como relatava o capitão Rodrigo César de Menezes ao governador do Rio de Janeiro, em 174, fcou “a maior parte deles [dos indígenas aldeados] nas minas, onde hoje se acham, e que apenas pude ajuntar ainda que poucos, para mandar ao novo descobrimento dos Goayazes [Goiás], fcando só alguns casais velhos” (Doc. Interessantes, v. 0, p. 94-96. PERONE, 1995, p. 188.3). No auge dos descobrimentos auríeros, em 1733, a documentação ala de uma indígena, que abandonara o aldeamento da Conceição, indo viver como agregada de uma amília, por “passar necessidades” (BAESP, v. 7, p. 10-1. In: PERONE, id., p. 188). A partir desse momento, praticamente não há mais reerências sobre o aldeamento de Nossa Senhora da Conceição e nem sobre os Guarulhos. De orma melancólica termina na história deste povo, em uga e pressionado pelo trabalho escravo. Como escreveu John Monteiro, estudioso desta época, “trabalhando numa azenda escravista ou morando numa aldeia marginalizada, o índio na São Paulo seiscentista era condenado a uma existência pobre, alienada e indigna” (1984, p. 41). alvez se não tivessem sido aldeados teriam sobrevivido por um tempo maior, como seus contemporâneos, os Puri.
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ABREVIATURAS
ACSP: Actas da Câmara da villa de S. Paulo AHGPSP: E. Azevedo Marques, HistóricosManuel e Geográfcos da Província deApontamentos São Paulo. BAESP: Boletim do Departamento do Arquivo do Estado de São Paulo. HCJB: Serafm Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil. RIHGSP: Revista do Instituto Histórico e Geográfco de S. Paulo. BIBLIOGRAFIA ACAS DA CÂMARA DA VILLA DE S. PAULO. SÃO PAULO:
Arquivo Municipal de São
Paulo: Duprat & Comp., 1915, 6 v. ALBERNAZ VEL HO, João eixeira. (c.1640). Mapa da Capitania de S. Amaro. Contracapa
da Coleção Grande Personagens da nossa História, no 3. São Paulo: Ed. Abril, 1969. ANCHIEA, José. Textos históricos. São Paulo: Loyola, 1989. (Obras completas, v. 9) AZEVEDO MARQUES, Manuel E.. Apontamentos Históricos e Geográfcos da Província de São Paulo, a.Ed. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1980. (Col. Reconquista do Brasil, Nova Série, v. 3). BOMEMPI, Sylvio. O bairro de São Miguel Paulista. São Paulo: Secretaria de Educação e Cultura, 1970. (Col. História dos bairros de São Paulo). BOXER, C.R. Salvador de Sá e a luta pelo Brasil e Angola.São Paulo: Comp. Ed. Nacional, 1973. (Col. Brasiliana, v. 353). CARDIM, Fernão. Tratados da terra e gente do Brasil.São Paulo: Comp. Ed. Nacional, 1987. (Col. Brasiliana, v. 168). CAXA, Quirício & RODRIGUES, Pero. Primeiras biografas de José de Anchieta [1598]. São Paulo: Loyola, 1988. (Obras completas, v. 13). FRANCO, FRANCISCO DE ASSIS DE CARVALHO. Dicionário de Bandeirantes e Sertanistas do Brasil. São Paulo: Ed. IV Centenário, 1954. LEIE, Serafm. Os jesuítas e os índios Maromomis na Capitania de São Vicente. São Paulo: Revista do Instituto Histórico e Geográfco de S. Paulo, v. 3, 1937, p. 53-57. _____________.História da Companhia de Jesus no Brasil.Lisboa: Portugália; Rio de Janeiro: Civilização Brasileira/INL, 1949. MONEIRO, Jácome. Relação da Província do Brasil, 1610. In: LEIE, Serafm. História da Companhia de Jesus no Brasil. Lisboa: Portugália; Rio de Janeiro: Civilização Brasileira/INL, 1938-1949, v. 8, p. 393-45. MONEIRO, John. Vida e morte do índio: São Paulo colonial. VV.AA. Índios no estado de São Paulo, resistência e transfguração. 1984, p. 1-44. _______________. Negros da Terra, índios e bandeirantes nas srcens de São Paulo.
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a língua Tupi e os Índios Maromemins.In: LEIE, Serafm. História da Companhia de Jesus no Brasil. Lisboa: Portugália/Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1949, v. 9, p. 384-385. AUNAY, A onso d’E. História Geral das Bandeiras,194, v. 4.
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Ciclo do Ouro de Guarulhos José Elmano de Medeiros Pinheiro As histórias, os mitos e as lendas estão presentes nos espaços ísicos e humanos da atualidade. Já se disse que por trás de uma lenda existe alguma verdade. Se a gente pensar nos nomes das localidades da cidade de Guarulhos podemos fcar curiosos pelas coincidências com a sua história. A cidade de Guarulhos caminha para os seus 450 anos de existência e boa parte dessa história está ligada às práticas mineiras no seu território. Sua história está articulada, desde a undação ofcial, em 1560, com a da cidade de São Paulo e dos seus municípios vizinhos. Partindo de antigos caminhos e dos cursos uviais utilizados no período colonial pode-se encontrar algumas pistas sobre sua srcem e ormação. O rio ietê e seus auentes e tributários, como é o córrego Baquirivu de Guarulhos, guardam lembranças que ajudam a entender algumas peculiaridades do passado colonial dessa e de outras cidades paulistas. Os rios, percorrendo longos caminhos até desaguar no mar, em lagos ou em outros rios sulcam o relevo e as entranhas dos solos e das rochas, atravessam galerias subterrâneas consigo mais diversos estes, os minerais metálicos arrastando que, por serem maisospesados do que minerais. a água e aDentre areia, são carregados mais lentamente pelas águas deixando boa parte desses materiais no undo dos rios ormando depósitos de sedimentos que, no primeiro século da história do Brasil colonial, eram ricos em ouro de aluvião. Os rios principais recebem muitos outros e, assim como esses, também acumulam depósitos de areias, cascalhos, calhaus e matações pelo caminho e é por isso que é possível afrmar que todos os rios, em maior ou menor grau, são portadores de areias auríeras, embora nem sempre compense o trabalho e o custo da extração (OLEDO, 1997, p.0).
Estes depósitos minerais, que no Brasil recém-descoberto se apresentavam virgens à exploração sistemática, constituíram a cobiça de muitos europeus e o interesse da coroa lusa em achá-los e explorá-los antes que qualquer outra nação na época. Não podemos ignorar que estes movimentos podem ter sido um dos motivos que impulsionou a colonização pioneira do Planalto Paulista e a undação de muitas vilas e cidades do estado de São Paulo. As areias douradas, assim como as pedras preciosas, davam como “rutos” nos rios oerecendo verdadeiras joalherias naturais a céu aberto, dando pistas e indicações da presença de veios mais ricos a montante, nas cabeceiras e em sítios ainda desconhecidos.
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Geralmente, quando nos reerimos à exuberância da natureza srcinal do Brasil de outrora, imaginamos orestas antásticas e uma grande diversidade animal. Citamos menos seus rios cristalinos e, às vezes, minimizamos ou transormamos em artigo olclórico a riqueza cultural dosmineral povos dasrcinal. terra ePois deixamos de estimar e considerar a importância daquela riqueza é, terra, auna, ora, ar, águas e culturas humanas enriquecem e complementam as visões que podemos ter das paisagens dos lugares, presentes ou passadas.
Capitania de São Vicente, onde se vê os nomes “guarús” e “jaguamimbaba”, esse último, segundo Silveira Bueno (Bueno, p.170, 1987), signifca “o cão doméstico” ou “criado em casa”. Apud B. Ca lixto, “Capitanias Paulistas”, in: BONEMPI, p.6, 1970.
Entre os primeiros europeus a chegar às terras que hoje pertencem a Guarulhos estavam, também, os primeiros mineiros, que pesquisavam nos rios e nas suas margens a ocorrência de pedras e metais preciosos: Os primitivos colonos da capitania de Martim Aonso de Souza, logo após a undação de São Vicente, Piratininga e Santos, começaram a investigar a existência de riquezas minerais na baixada da segunda daquelas povoações e nos cursos de água que descem da serra de Cubatão (MAGALHÃES, 1978, p. 6).
O método antigo de extração de ouro consistia no uso de bateias, espécie de panelas de madeira com um uro no meio, onde o garimpeiro az movimentos cir-
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culares e contínuos para concentrar o ouro no undo. al método ainda é utilizado em muitos garimpos brasileiros. Vários objetos usados na mineração colonial no território dos atuais estados de São Paulo e Minas Gerais, como as bateias e o carumbés (arteatos eitos madeira e parecidos com cascos gigantes), entre outros, podem ser de vistos no subsolo do Museu Paulistadedatartarugas USP, no bairro do Ipiranga na cidade de São Paulo. A história da mineração no Brasil ainda está por ser contada em detalhes, mas muitos autores concordam que esse movimento se iniciou nas lavras de São Paulo, Parnaíba, Curitiba e Paranaguá, como uma ase preparatória e necessária do ciclo do ouro de Minas Gerais (AB’SABER, 004, p.59). No caso da área da atual metrópole não é diícil imaginar que naqueles tempos já se aziam pesquisas mineiras nos leitos e nas margens dos rios. Mas, vejamos o que mais “garimpamos” para reconstituir um pouco da história do ciclo do ouro de lavagem de São Paulo, Guarulhos e adjacências. O ouro, tornado base monetária internacional por volta da década de 1440, ou mais exatamente em 1447, quando se decide em Gênova que sejam eetuados em ouro todos os pagamentos (AB’SABER, 004, p.9), teria sido um dos elementos propulsores dessas incursões nas terras da então Capitania de São Vicente. Mesmo antes da undação do povoado de São Paulo, elevado a Vila somente em 1560, representantes do povo ibérico deouro, outrasprata, partes da Europa deagraram expedições para o Atlântico Sul em buscaede pedras preciosas e outros metais. Em pouco tempo, começam a entrar nos sertões ocidentais próximos, além da Serra do Mar. Dois anos antes de nascer o Colégio Jesuíta chegam a Portugal notícias da descoberta de riquezas minerais na região paulista. Estas afrmações contradizem o que aprendemos e estão cristalizadas na historiografa nacional, ou seja, a de que o ouro oi descoberto somente no fnal do século XVII e da inexistência de riquezas minerais no território paulista; que teria se mantido como núcleo regional, graças à caça ao índio, aos aldeamentos de jesuítas, suas lavouras e à sua privilegiada posição estratégica. É certo que esses atores agiram com igual importância no pioneirismo da vila de São Paulo - a “boca do Sertão”. Mas, esses movimentos parecem não explicar por si só a precoce permanência de colonos, fdalgos e jesuítas, neste ponto do planalto. Embora não tenha sido a extração de ouro ou de qualquer outro metal a atividade econômica mais importante observada nas primeiras décadas da história de São Paulo - pois colonos e mamelucos tão distantes dos centros de troca da Europa pareceram preerir caçar, aprisionar e comerciar os nativos do que procurar e explorar riquezas minerais-, tudo indica, apesar das difculdades impostas pelo meio natural e da hostilidade de muitas tribos indígenas, que empreendimentos mineiros já extraíam recursos minerais metálicos antes mesmo do fnal do século XVI.
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Algumas reerências históricas encontradas, aliadas a evidências geológicas e arqueológicas apresentadas por pesquisas recentes, nos azem crer que existe uma lacuna de monta na história bandeirante. Emenvia 1 decarta julho deJoão 155, Fernandes Sardinha, primeiro bispo do Brasil, a D. IIIDom com aPero notícia de que havia achado ouro em grande “cópia no sul“. al registro é confrmado, na quadrimensal de maio a setembro de 1554, do ainda irmão José de Anchieta: Agora, fnalmente, descobriu-se uma grande cópia de ouro, prata, erro e outros metais, até aqui inteiramente desconhecidos (como afrmam todos)...”. A reerida carta é assim datada: “Piratininga, na casa de São Paulo, 1554” Esse documento histórico encontrase nos Anais da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro (MAGALHÃES, 1978, p.63).
O ciclo do ouro de lavagem, pouco considerado na história dos Bandeirantes, e que segundo Basílio de Magalhães teria iniciado em 156, com a incursão de Aleixo Garcia, saída de São Vicente ao território peruano, oi responsável pelo descobrimento de ouro de aluvião em vários rios e ribeirões do território paulista, constituindo-se em considerável atividade mineira que se estendeu por mais de dois séculos. Os primeiros registros legados de lendas, se conundem com os relatos de europeus em busca de estão minasencobertos de ouro e prata no Peru. As inormações dadas por Pelo Lopes, constadas no seu diário de navegação a Martim Aonso de Souza, quando aportou em Cananéia, em 1 de agosto de 1531, teria provocado a segunda expedição ofcial lusitana nas terras interiores do Brasil, pois até então mal se conheciam os litorais. As “copiosas minas metálicas em ponto não muito distante do litoral” parecem ter impressionado a Martim Aonso: “o dito Francisco Chaves se obrigava que em dez meses tornaria ao dito porto com 400 escravos carregados de prata e ouro” (MAGALHÃES, 1978, pp.18-19). Não se sabe ao certo o que aconteceu, mas essa expedição nunca retornaria. Capistrano de Abreu comentou a respeito do grande êxodo da vila de São Paulo no último quartel do século XVII. Comenta que “para mobilizar todas essas orças bastou o descobrimento do ouro; ouro corrido é verdade, como se conseguira já em tantos córregos e rios, mas com abundância de que só em terras de língua inglesa se encontrou o equivalente em nossos dias”. O comentário eito no início do século XX pelo historiador a respeito do ouro de Minas Gerais poderia, nesse caso, muito bem servir para explicar o êxodo constatado em meados do século XVI, da baixada litorânea para o planalto do Piratininga. Sobre esse século, no entanto, ele deixa registrado que:
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as asperezas do caminho difcultavam o trato entre o interior e o litoral. E não avoreciam as condições econômicas, pois Piratininga só precisava de sal, pólvora e alguns tecidos e quase só podia dar em troca algum ouro de lavagem, que desde logo oi sendo extraído, e os índios apanhados nas bandeiras... (ABREU, 1963, pp.63-65).
As cartas de dom Pero Fernandes Sardinha, de 155, as dos padres Manoel da Nóbrega e Anchieta, nos dois anos seguintes, citam descobertas nas regiões do Jaraguá, de Pirapora do Bom Jesus, Sorocaba e Guarulhos, aproximadamente, meio século antes da criação do Regimento das erras Mineiras do Estado do Brasil, em 1603, pela coroa lusitana. Esses atos, aparentemente ocultos, convidamnos a reconsiderar alguns aspectos históricos sobre a undação de São Paulo, a saga dos bandeirantes, o povoamento e a expansão geográfca nessa parte do território brasileiro. Sérgio Buarque de Holanda, no capítulo III de seu livro Visão do Paraíso “peças e pedras”, observa que eodoro Sampaio explica o nome “serra resplandecente” como correspondente ao tupi Itaberaba e, no aumentativo, taberabaoçu e, fnalmente, Sabarabuçu, tendo sido esta palavra então a aceita geralmente pelos historiadores. Ainda, argumentando sobre as difculdades de situar os atos, muito romanceados e discutíveis, daquela “geografa antástica” descrita nos primeiros relatos sobre as riquezas minerais da terra, o historiador cita o aventureiro inglês Anthony Knivet. Este, em 1597, saiu com doze portugueses de Paraty, se reerindo “depois, entre as muitas maravilhas de sua jornada, que os índios daquelas partes se valiam do ouro para suas pescarias, atando à extremidade da linha um granete dele”. Além de “montanhas deslumbradoras”, Knivet vira também muitas pedras preciosas e pelas amostras julgara estar a “pouca distância de Potosi”. “Ao tomar o rumo de sudoeste oi dar, porém, com os companheiros, a uma grande serra áspera e selvagem; depois, passada ela, a um lugar de terras pardacentas, todo cheio de colinas, penedias e ribeiros. Aqui acharam de novo muito ouro, que se apresentava em ragmentos do tamanho de avelãs ou deseito em pó. Deste pó havia grandíssima quantidade, que cobria como se osse areia, as beiradas de muitos riachos” (HOLANDA, 004, p.39). A serra de Itaberaba poderia ser a de Guarulhos? Ainda mais levando em conta a direção tomada pela entrada, a partir de Paraty para o sudoeste? A data também é sugestiva, assim como a descrição do relevo, do lugar de “terras pardacentas”, nos remete aos campos de Piratininga. Essa especulação é possível, pois os estudos sobre esses aspectos da história nacional oram pouco estudados. Ainda, prosseguindo a narrativa, Holanda escreve que era grande “a crença de que Potosi não fcaria longe, sugere-a o inglês ainda em outra ocasião, ao descrever a entrada de Martim de Sá. Nessa jornada, os expedicionários, depois de
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transposta a Mantiqueira e alcançar certa ‘montanha de pedras verdes’, chegaram a um rio de nome Jaguari (Jawary), o qual tinha suas cabeceiras no próprio ‘cerro de Potosi’, para as bandas do Peru” (id., pp.39-40). Ao observarmos ísicosfcamos de São Paulo e deaGuarulhos, comparando os nomes dos lugaresosàsmapas narrativas, tentados tomar conclusões apressadas. Estão aí, porém, linhas de pesquisa interessantes a serem eitas. Podemos ter a certeza de que a caça aos índios – que aziam o trabalho pesado nas minas, pois escravos aricanos eram raros em São Paulo nos dois primeiros séculos da história colonial - deu-se ao mesmo tempo da procura de riquezas minerais, visto que este era um dos objetivos principais do capitalismo mercantil europeu. Para serem descobertas as grandes riquezas de Minas Gerais e de outras regiões do País houve um processo anterior ainda pouco esclarecido. Os bandeirantes paulistas detinham o “saber azer” acumulado por mais de um século de práticas mineiras na própria região paulista, eram eles especialistas no aprisionamento e uso da mão-de-obra escrava nativa e também os mais capacitados tecnicamente na procura e extração mineral do subsolo brasileiro. O geólogo Caetano Juliani ressalta que as controvérsias de diversos autores (como Derby, Eschwege e Saint-Hilaire), a respeito da data da primeira descoberta de ouro no Brasil, não existem quando se trata de afrmar que nos primeiros anos dobem século XVII a atividade mineira em São Paulo e em suas cercanias estava muito estabelecida e se constituía numa importante atividade econômica. Uma carta de sesmaria de 1638 menciona terras concedidas a Geraldo Sardinha, próximas ao rio “maquirebu”, conhecido como Baquirivu atualmente, onde se encontram as “Lagoas velhas do Geraldo” ou “Lavras do Geraldo” como são reeridas em diversos papéis da época, para onde se voltaram muitos colonos atraídos pelo rumor da existência de ouro já em 161 (BONEMPI, 1970, p.49). O sobrenome Sardinha aparece muitas vezes ligado às atividades mineiras na então capitania de São Vicente. Aonso Sardinha, o “velho”, “aleceu em seu estabelecimento de mineração no Jaraguá, perto do de Santa Fé...” e de seu flho homônimo, o “moço”, que com “Clemente Álvares, seu sócio”, descobriu, em 1589, minas de prata e erro em Araçoiaba (Sorocaba) e, em 1597, as minas de ouro no Jaraguá, Vuturuna e Jaguamimbaba (Guarulhos). O Sardinha moço teria construído undições de erro em Sorocaba e possuía azenda junto ao rio Jurubatuba, hoje rio Pinheiros (Rodrigues, 1956). Outra onte associa o nome de Aonso Sardinha – do pai e do flho - a datas entre 1590 e 1597, esta última é a que mais aparece nos apanhados de Pedro aques nos documentos da Câmara Municipal de São Paulo. “Aonso Sardinha, cognominado ‘o moço’, localizou ouro de aluvião na Serra da Mantiqueira, em Guarulhos, no Jaraguá e em São Roque” (AB’SABER, 004,p.91). É, sobretudo no fnal do século XVI e início do XVII, que muitos relatos atestam
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intensifcação da atividade mineradora na perieria da então vila de São Paulo. Juliani, ainda (1995, p.1 a 15), relata os aspectos históricos encontrados ao pesquisar a geologia da área, cita Laet (1640) que, em sua viagem iniciada em 1601 seguindo roteiro(D.daFrancisco expediçãodede Andrédescreveu de Leão, as organizada Geral do Brasil Souza), minas de pelo ouro Governador descobertas por eles encontradas ou as descobertas nos anos precedentes. Dentre elas estão as da Serra dos Guaramumis ou Marumimins. Muitos registros ainda estão por ser encontrados ou revistos, principalmente os reerentes aos séculos XVII e XVIII, no que diz respeito à atividade mineira em Guarulhos.
Modo como se extrai o ouro do rio das velhas, e nas partes que há rios. Encontra-se num volume manuscrito no Instituto de Estudos Brasileiros - IEB, USP. Essa gravura, certamente do século XVIII, ilustra as técnicas de mineração naquela época. Note à esquerda, no undo, um canal para captar água de lugar distante da mineração, semelhante às estruturas encontradas no Ribeirão das Lavras, em Guarulhos.
No século XIX, no entanto, Eschwege (1833) descreveu os métodos de lavra de ouro e um mapa de localização das minas de São Paulo, verifcando que as atividades mineiras se encontravam paralisadas. Os irmãos Andrada e Andrada e Silva descreveram as grandes estruturas geológicas regionais, bem como as lavras de ouro e os minerais a elas associados, da então Província de São Paulo (ANDRADA, 1846). Oliveira (1888) destaca que as lavras conhecidas como as de Maganino, oram paralisadas em 181, devido ao desabamento que vitimou diversos escravos, tendo havido nova tentativa, com prejuízo, em 1859, quando Joaquim Calbot tentou ex-
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trair ouro do “botado dos antigos”, ou seja, o rejeito das lavras anteriores. As reerências levam a crer que o declínio da atividade mineira ocorreu no início do século XIX, como atestam os trabalhos de Mawe(181) e Eschwege(1833). O primeiro evisitou as minas em atividade incluindo as dabem região de Guarulhos, o segundo, em 1818, constatouem que1808, estavam paralisadas, como Kidder (Egas, 195) em 1839. (JULIANI, 1995, p.15). As atividades mineiras produziram alterações signifcativas na região natural do planalto, muito tempo antes da chegada do caé e a industrialização. O uso de mercúrio, o “azougue” descrito por Pedro aques, remonta aos séculos XVI e XVII. Os “custosos serviços de rebaixo”, de quebrar “à orça de ogo de pólvora, marrões, picaretas, alviões, cunhas e outros instrumentos de erro as altas cachoeiras, como o ocorrido no “ribeirão das Minas de Santa Fé” da “Serra de Jaraguá” (LEME, 1953); a construção de canais e açudes, aterros e “desaterros” para efciência do transporte uvial, como ainda se observam ruínas no Ribeirão das Lavras, em Guarulhos, o desmatamento predatório, para, entre outros usos, servir para alimentar as undições pioneiras, e toda uma série de atividades que giraram em torno dessa mineração precoce, ainda estão por ser avaliadas. Alredo Ellis Jr. (1939), ao discutir as orças que impulsionaram o bandeirismo, cita Eschwege, que teria estimado o total da produção de ouro de lavagem nas capitanias período colonial em 930 arrobas, cercacomentou de 1.900.000 esterlinaspaulistas – moedanoinglesa - (ESCHWEGE, 1979, pp.58-59), que Libras o “cálculo não é exagerado se compreende o paranaense, mas é demasiado se apenas compreende o de Jaraguá e cercanias”. O historiador lembra que as “capitanias paulistas” abrangiam territórios que hoje pertencem a outros estados demonstrando como reerências antigas podem ser acilmente conundidas e embaralhar as interpretações. Pierre Monbeig, geógrao rancês, em “O estudo geográfco das cidades”, registrou que no tempo em que a cidade se limitava ao triângulo central, no início do século XIX, “os transeuntes - até os primeiros anos do século - eram compensados, depois de ortes chuvas, pelo aparecimento de partículas de ouro nos interstícios” das pedras do calçamento. O ilustre geógrao, proessor da Universidade de São Paulo na década de 1930, certamente leu os trabalhos de Mawe que visitou as minas de São Paulo, ainda em uncionamento, em 1808, prenunciando a decadência e inviabilidade econômica das mesmas. Eschwege também descreveu os métodos de lavra de ouro e mapeou as minas, em 1818, verifcando que estavam paralisadas. As lavras de Guarulhos tiveram as atividades interrompidas em 181, devido a um desabamento que teria vitimado vários escravos, onde décadas depois Joaquim Calbot ainda tentara extrair ouro do “botado dos antigos”, restos materiais de lavras anteriores, tendo prejuízo. As considerações sobre as técnicas de lavra de ouro nos garimpos do Ribeirão
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das Lavras (JULIANI, 1995, pp.15-19), em Guarulhos, esclarecem que os principais garimpos se desenvolveram não só nessa área, mas também no Ribeirão omé Gonçalves (Jaguari), no anque Grande, no Ribeirão Guaracaú e no Ribeirão Baquirivu-Guaçu. aindaassim ser encontradas arqueológicas, como vestígios de canais Podem e barragens, com paredesestruturas de taipa de pilão e das antigas lavras na região de apera Grande, assim como as encontradas no Ribeirão das Lavras, a esses se somam outros objetos encontrados e associados à mão-de-obra escrava, indígena e negra, que oi utilizada maciçamente nas atividades mineiras esperando para prospecção ou, simplesmente, para serem destruídos em conseqüência da expansão do município ou das práticas econômicas atuais. Juliani cita, ainda, os relatos de Kenecht (1939, 1950) que, em sua publicação de 1950, observou que nas terras de Samuel Ribeiro, em apera Grande, ainda eram visíveis ruínas de muros, onde existiram, anteriormente, os pilões para a trituração do quartzo auríero, e apresentou uma otografa de ruínas de taipa de pilão. Segundo inormação do Arquiteto Walter Pires (em 1994), do Departamento do Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, essas ruínas ainda existem. Segundo Noronha (1960) aí existia um casarão e pomares circundados por alto muro de taipa, no topo da colina; próximo a ela, a meia encosta, havia um pequeno valo por onde corria água destinada à mineração. Os trabalhos de Juliani (1993) indicam a atividade mineiravizinhas na Serranão de Itaberaba oi intensa. Embora o ouro de São que Paulo e de suas cidades tenham sido tão ricos e abundantes como o de Minas Gerais, os aspectos culturais, materiais e ambientais que envolveram práticas seculares nessas áreas ainda não oram mensurados e descritos a contento. Estão lá, na Europa, os “documentos sueltos”, os códices, a iconografa e a cartografa dos primeiros séculos reerentes ao Brasil e suas cidades. A Fundación avera, do Archivo Ultramarino português, possui documentos cronologicamente compreendidos entre os anos de 1603 e 163, período importante para entender o omento das pesquisas mineiras no território nacional. Além de termos que azer uma varredura nos arquivos de história natural e social do Brasil, teríamos que visitar os dos grandes centros europeus, se quisermos saber mais da história de uma importante aglomeração urbana e industrial da América. Os europeus parecem ter prestado mais atenção e cuidado com essas riquezas, tanto materiais como imateriais ou intelectuais. Deveríamos, ainda, cruzar as inormações, os conhecimentos e as descobertas da arqueologia, das ciências da erra e das ciências sociais, com mais reqüência. Os arquivos de Portugal, da Holanda, da Espanha, da Itália, da Alemanha e da Inglaterra, dentre outros, ainda nos esperam, para serem vistos com outros olhos: os de quem procura entender na história da sociedade e da natureza srcinal dos lugares, um pouco mais do seu presente.
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As écnicas de Lavra do Ouro nos Garimpos do Ribeirão das Lavras [Extraído e adaptado do texto: As mineralizações de ouro de Guarulhos e os métodos de Roberto sua lavraM. nodeperíodo colonial. Revista Ciência e Técnica 1995 (13). Por Marcio Andrade] As minas situadas na região de Guarulhos se desenvolveram aproveitando os depósitos de aluvião e dos solos encontrados nas vertentes (elúvio-coluviais), onde eram exploradas cascalheiras denominadas de gupiaras ou guapiaras. Os principais garimpos da região se desenvolveram no ribeirão das Lavras, ribeirão omé Gonçalves (Jaguari), ribeirão anque Grande, ribeirão Guaraçau, rio Baquirivuguaçú, etc. Vestígios de antigas lavras são observáveis em toda a região, indicando ter sido intensa a atividade de lavra na Serra do Itaberaba (que signifca pedra que brilha ou local das minas). A mineralização de ouro na rocha srcinal ou primária está principalmente associada às rochas de srcem vulcânica da Formação Morro da Pedra Preta. As mineralizações de ouro consideradas secundárias são aquelas resultantes da ação intempérica causada pelo clima e organismos vivos, assim como da erosão, transporte e sedimentação de partículas da rocha srcinal (mineralização primária) que resultaram emsimples, depósitosconsistindo de ouro nosnasolos e nosdireta aluviões. O método utilizado era lavagem dos cascalhos, através do desvio da drenagem da área a ser lavrada, pela construção de pequenos diques de cascalhos e blocos, de modoanálogo ao que é eito nos garimpos manuais atuais. Os seixos, calhaus e matacões eram removidos pelos escravos e depositados na borda da escavação, e o material restante era concentrado na batéia. Os locais (a), (b) e (c) na planta dos antigos garimpos de apera Grande ilustram estasestruturas. Devido ao pequeno volume de água do ribeirão das Lavras e para possibilitar a condução da água até locais mais altos oram eitas algumas barragens, possibilitando o desenvolvimento concomitante em várias rentes, com a água sendo conduzida das barragens até elas por meio de vários canais, como pode ser visto nos pontos (d) e (e) na planta dos antigos garimpos de apera Grande. Após o esgotamento do ouro das aluviões e/ou devido aos teores de ouro, oram iniciados os trabalhos de exploração dos solos transportados nas vertentes ou colúvios. Estes requeriam maior esorço e técnica por parte dos mineiros, inclusive pela necessidade de transporte da água para áreas topografcamente mais elevadas em relação ao nível da drenagem. A lavra era eetuada a partir da desembocadura do canal que trazia a água das barragens, pela abertura de uma vala (1), com até algumas dezenas de metros de comprimento, em direção ao sopé da elevação e outra paralelao acanal principal (), em nível mais baixo, isolando uma determinada área a ser lavrada, denominada de taboleiro.
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Estruturas arqueológicas criadas palas lavras de ouro desenvolvidas no local chamado de apera Grande (Juliani et al. 1995).
Esgotado o ouro do colúvio, oram exploradas as zonas de minérios dos solos residuais ou eluviais, sob as quais se encontram as rochas com mineralizações primárias, seja disseminada em rochas vulcânicas, seja em veios de quartzo, que constituíram na onte do ouro que mineralizou, vertente abaixo, os colúvios. Nestas zonas, após a lavra do elúvio, oi minerada a rocha alterada. Nesta etapa a lavra se desenvolveu sob a orma de bancadas, como pode ser visto no local (g) na planta dos antigos garimpos de apera Grande. A rocha alte-
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rada era desmontada manualmente e lavada em canais paralelos à bancada (3), ou em pequenas barragens eitas dentro da escavação principal (4). Finalmente esgotada as concentrações economicamente mais viáveis, a lavra oi gradualmente abandonada, resultando em áreas degradadas sucessivas escavaçõessendo e depósitos de rejeito. Após longo período ocorreu apelas regeneração da vegetação nativa da Mata Atlântica por sobre superícies que mantém a topografa herdada pela atividade do garimpo de ouro como pode ser observado atualmente.
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Lutas Sociais e Resistências Culturais em Guarulhos Elton Soares de Oliveira Maria Claudia Viera Fernandes Com o processo de ocupação territorial urbana de Guarulhos, os trabalhadores, vistos como orça de trabalho, empregaram energia essencial para concretização da produção da riqueza, na condição de escravos, agregados, meeiros, trabalhadores e operários assalariados. Para além do processo produtivo, se percebe nas diversas ormas de maniestações da cultura religiosa, gastronômica, na oralidade e na toponímia como se deu de orma ativa, a assimilação dos dierentes sujeitos neste território. A resistência das populações indígenas, negras e dos operários imigrantes estrangeiros e nacionais aconteceu, pelo menos, em dois níveis: na preservação de suas culturas como atores essenciais de resistência e em lutas diretas contra a exploração nas relações sociais de trabalho e por beneitorias nos locais de moradia. No intuito de identifcar as diversas ormas de resistências populares no transcorrer do processo de ocupação humana na região de Guarulhos, ao mesmo tempo contrariar os relatos ofciais que aastam o povo dos acontecimentos históricos, insinuando passividade nossa pesquisa ormas de luta. Seus atores combateme submissão, o preconceito e em outrasconstata ocasiõesmuitas buscam a superação de condições inadequadas de vida, nos locais de trabalho na vida social e particular. Inseridas em um contexto produtivo globalizado, as lutas populares da classe trabalhadora, e especialmente em Guarulhos, representaram o contraponto político denunciando as condições impostas ao povo trabalhador no processo de acumulação capitalista. Para melhor compreensão do processo no município agruparemos as experiências dos trabalhadores da cidade em três momentos: 1º período: mineração de ouro, colonização portuguesa e a resistência indígena e negra; º período: inuência da colonização inglesa, ciclo do tijolo cozido e a migração estrangeira; 3º período: expansão industrial, imperialismo norte americano e as lutas operárias. Sobre a colonização portuguesa e a mineração de ouro, rente ao regime escravocrata organizado para expropriar as terras indígenas e explorar metais preciosos especifcamente em Guarulhos as primeiras maniestações de resistência ísica e cultural vieram dos índios que não aceitaram docilmente a tentativa de aldeamento imposto pelos colonizadores portugueses, em seguida pelos negros seqüestrados na árica e escravizados no território guarulhense. Após a expulsão dos padres jesuítas, e diante da insistência dos representantes da coroa portuguesa em escravizar inicialmente os índios, em 1640, os Maromomi
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reagiram de orma violenta, ateando ogo em duas azendas e expulsando seus proprietários. Em 1660, a Câmara de São Paulo ala de outra rebelião envolvendo os Goarulho, sem identifcar a localidade, citam três azendas incendiadas e o assassinato respectivos Frente àdos brutal violênciaazendeiros. dos colonizadores, as lutas de resistência dos índios Maromomi não oram sufcientes para evitar o extermínio ísico dos primeiros habitantes da cidade. Do idioma alado por eles restaram duas palavras: arê que signifca padre, e Nhamã nhaxê muna que signifca Deus. Observando o mapa da mineração do município de Guarulhos, se percebe a existência do ribeirão dos Quilombos ou dos Pinheiros, o ribeirão fca localizado muito próximo à região da mineração na Serra do Itaberaba, divisas de Guarulhos, Nazaré Paulista e Santa Izabel. A reerência é testemunho dos anseios de liberdade e a indicação que no local pode ter existido um Quilombo. Outro ato que chama a atenção na historiografa local é a construção da igreja da irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos na rua Dom Pedro II, zona central histórica. Este aspecto revela uma expressiva quantidade de negros escravizados em Guarulhos e o poder organizativo dos aros brasileiros na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, em 1750, a reerida igreja oi benta ofcialmente pelo pároco da localidade. Conorme texto do historiador a existência de quilombolas em Guarulhos em 1776, oClovis texto Moura, tambémconstata-se revela o sistema de uncionamento da repressão por parte do Estado, para controlar os quilombolas na antiga Freguesia de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos e arredores. Narra ele: Martim Lobo Sardinha em 1776 mandava que o sargento-mor eotônioosé J Zuzarte sem perda de tempo convocasse os auxiliares necessários para dar combate aos quilombolas que se encontravam na saída da cidade, na aldeia Pinheiros e Sitio da Ponte....“Mandava aquela autoridade que o capitão mor providenciasse” Capitães-do-mato e Sertanejos” para desinestar os caminhos. Mas, ao que parece, as coisas não iam muito bem. Os quilombolas continuavam desafando as autoridades. Daí ter sido organizado um plano de proporções bem maiores para combatê-los. O governador Cunha Meneses enviou ofcio aos capitães-mores dos bairros da Penha, Cotia, Sto. Amaro, Conceição dos Guarulhos, Cangussu e S. Bernardo. No documento dava instruções para que osse executado um plano de vasta envergadura contra os escravos ugidos.(MOURA, 1988)
A colonização européia e a religião católica não conseguiram aniquilar os valores culturais e religiosos de srcem aricana trazidos pelas etnias negras para o Brasil e especialmente a Guarulhos. Atualmente são mais de mil espaços voltados a práticas religiosas de matrizes aricanas no município, locais onde prevalecem os cultos de candomblé e umbanda.
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Quanto aos reexos da imigração estrangeira e da colonização Inglesa em Guarulhos, se ez sentir a partir da exploração econômica dos setores de prestação de serviços: mais especifcamente das áreas de energia elétrica, teleonia e transporte erroviário. O crescimento industrial urbano da capitaluma paulista cidades localizadas nos corredores das estradas de eerro produziram novae confguração nos agrupamentos habitacionais. O projeto de reurbanização do centro da cidade de São Paulo, pautado em uma concepção higienista, levou à expulsão de vastas parcelas de assalariados da região central da capital paulista. Como conseqüência ocorreu o deslocamento para lugares aastados e sem estrutura urbana, como Guarulhos da época, onde terrenos e imóveis mais baratos uncionaram como elementos de atração. A chegada de muitas amílias vindas da cidade São Paulo para o município, fxadas em bairros sem inra-estrutura, oi o principal elemento indutor da organização de comissões populares na década de 190, os moradores passaram a exigir melhorias nas condições de transporte, água encanada, iluminação pública, escolas, postos de saúde etc. Foram muitas idas e vindas para conquistarem melhores condições de vida. A atuação das comissões populares dos bairros continuou na década seguinte com destacada participação da Comissão de ransporte em 1938. A orte presença dos imigrantes estrangeiros se ez presente na organização de associações culturais. Durante º Guerra mundial oram elasitalianos, que contribuíram para diminuir o isolamento e aadiscriminação aos imigrantes japoneses e alemães principalmente. Depoimento do Sr. Massami Kishi destaca a impossibilidade de deslocamento dos imigrantes entre cidades da região da grande São Paulo durante a º Guerra e a resistência dos japoneses residentes em Guarulhos no período. No decorrer da segunda guerra mundial, aconteceu o episódio do boicote a produção do bicho da seda, os nipônicos de Guarulhos retiraram da câmara municipal, cinco mil mudas de amora destinada á reprodução do bicho da seda e recusaram-se a plantar as amoreiras. Sabiam eles que o tecido seria usado para suprir a ação das tropas norte americana e aliadas em luta contra os japoneses. Como é de conhecimento da maioria, achamos que não seja necessário descrever o resultado da segunda guerra para o Japão. Se toda colônia nipônica tivesse adotado o mesmo procedimento, talvez a história pudesse ter sido dierente. Inelizmente muitos grupos de japoneses de outras cidades do estado de São Paulo, retiram as amoreiras e fcaram muito ricos com os incentivos comerciais da Segunda Guerra Mundial. Correspondente a implantação do parque industrial na cidade, se observa também o nascimento da classe operaria, bem como a aceleração da expansão urbana de orma “desordenada”. Cabe relembrar neste breve relato, que todo processo que culminou com a ormação da indústria no município se deu entre a pri-
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meira e a segunda guerra mundial. Outro dado importante a destacar e que após a segunda mundial os Estados Unidos da América do Norte assume a liderança no mundo capitalista. Outro aspecto essencial a enatizar que os sessenta que compreenderam a implantação do parque industrial, na ésegunda metade anos do século XX oram de intensa reorganização do sistema produtivo e das populações envolvidas no processo. Neste sentido concordamos com o argumento do historiador Eric Hobsbawm em sua obra “Era dos Extremos”, quando afrma que assistimos em um curto período do século XX, à diversas experiências de organização dos sistemas produtivos nas ormas capitalista e socialista. Período marcado por intensa disputa por hegemonia política, econômica e cultural, entre países dos dois blocos econômicos: capitalistas liderados pelos Estados Unidos da América do Norte e socialistas pela União das Republicas Socialistas Soviéticas. Neste brevíssimo período histórico se observa em Guarulhos as primeiras lutas nos locais de trabalho e a intensifcação das reivindicações por melhorias nos bairros. Contrariando o mito de um operariado dócil, os trabalhadores imigrantes nacionais assumiram rapidamente uma postura de classe, esse amadurecimento se expressa nas organizações de associações de moradores, partidos políticos, sindicatos entre outras ormas organizativas. Apósjáademonstravam ditadura do governo Getulio Vargas (1937Experiência a 1945), os trabalha dores brasileiros amadurecimento político. adquirida através de lutas sindicais, marchas e organizações partidárias de esquerda etc. Neste contexto histórico oram organizadas duas greves gerais em São Paulo no ano de 1917 e também a criação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 19, obrigando o estado brasileiro, após 1930, a defnir os direitos e deveres relativos à organização das relações e práticas produtivas, com aConsolidação das Leis rabalhistas – CL. Em Guarulhos, nas eleições de 1946, como expressão do amadurecimento dos trabalhadores oi eleito vereador Alredo Paiva, militante que se auto intitulava marxista leninista. Nas décadas de 50 e 60 várias categorias de trabalhadores criaram seus sindicatos e pela primeira vez, que se têm inormações, os operários das ábricas da cidade participaram da greve geral por 100 % de aumento salarial, movimento que atingiu todo país em 1963. A investida dos militares com o golpe de 1964 rereia a atuação organizada daqueles que batalhavam por aumento de salário e por melhorias nos locais de moradia, além da luta dos revolucionários socialistas. Impedidos de se reunirem em suas instituições de classe, os trabalhadores buscam outros espaços de convivência social. A resistência popular contra a ditadura passou a ser prioridade do movimento social progressista e de esquerda. Na década de 1960 e início dos anos 1970 tiveram importante participação na discussão dos problemas da cidade as Sociedades Amigos de Bairros: orres ibagi,
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Ponte Grande, Vila Galvão, Jardim Munhoz, Vila Sorocabana, ranqüilidade e Gopouva. As antigas comissões populares cederam lugar às Sociedades Amigos de Bairro, espaços de convivência comunitária e organização de lutas para melhoria condições deapós vida.o golpe militar, a preeitura passa a ser controlada pelo Emdas 1971, sete anos interventor civil Jean Pierre de Moraes Barros, o mesmo toma a iniciativa de criar o Conselho Comunitário de Guarulhos – CONSAGUA, órgão que reunia 11 sociedades amigos de bairro das regiões com relativa inra-estrutura urbana. Em 1975, aparece nos jornais paulistas e de Guarulhos a mobilização dos moradores ameaçados com desapropriação por conta da construção do aeroporto de Cumbica. Fora do CONSAGUA, verifca-se um movimento criando novas SABs nos bairros distantes da região do centro antigo e expandido. Num curto período de tempo, as novas SABs se tornaram verdadeiros comitês políticos a serviço de quem controlava o executivo municipal. Em 1979 é criada a USABG – União das Sociedades Amigos de Bairros de Guarulhos. NA década de 80 a USABG ultrapassou 00 SABs associadas. Dentro da estratégia de resistência a ditadura. Depoimentos de antigos operários guarulhenses destacam a importância que teve as CEB, comunidades eclesiais de base da igreja católica e suas pastorais sociais, as escolas de samba, os movimentos culturais, os campos de utebol de várzeae ediusão a casa de de idéias. cultura Paulo Pontes na Vila Fátima. Espaços de aglutinação pessoas As Comunidades Eclesiais de Base (CEB) surgiram a partir do II Concílio do Vaticano em 1965, ganharam orça com as defnições do II Encontro de Bispos da América Latina que aconteceu em Medellín na Colômbia no ano de 1968. Fortalecendo o movimento que fcou conhecido como eologia da Libertação e a opção preerencial pelos pobres. Em Guarulhos, a Igreja oi importante espaço de ormação de lideranças populares e sindicais e na elaboração de políticas publicas para a perieria. As atividades da igreja que mais se destacaram oram: Em 1970 o círculo de Cultura Paulo Freire na Paróquia da Vila Fátima; em 1977 a assembléia dos Problemas Sociais da Paróquia de Bonsucesso que reuniu 14 comunidades no Jardim Presidente Dutra. Da assembléia resultou um documento intitulado - Proposta de Obras para a Região, entregue à Preeitura e Câmara Municipal; em 1986 as CEB organizaram a constituinte municipal, muitas propostas tiradas do encontro oram incorporadas na constituição de 1988 e na lei orgânica do município. Nos duros anos da ditadura militar, o estado brasileiro buscou enraquecer as entidades de representação dos trabalhadores e as lutas nos locais de trabalho. Ao mesmo tempo ganhar legitimidade popular implantando programas de melhoria no meio urbano, através de iniciativas como cursos de alabetização, assistência médico-hospitalar e habitação. Em Guarulhos, neste período, oram construídos
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os conjuntos habitacionais do parque Cecap, Brigadeiro Haroldo Veloso e a implantação do movimento brasileiro de alabetização, por exemplo. No auge do propalado milagre econômico brasileiro, o movimento panela vazia, por creche e saneamento atrai as milhares de mulheres para novas rentesa luta de batalha. A partir das lutasbásico imediatas mulheres se descobrem como sujeitos históricos. Para além das reivindicações por direitos básicos, passam a ormular políticas que revolucionam os valores e práticas culturalmente enraizadas nos espaços domésticos e de convivência social. A participação das mulheres nas lutas coletivas altera substancialmente as ações do movimento de resistência à ditadura e às relações de gêneros e classe social. Passada a euoria da classe dominante com a política econômica da ditadura militar, sinais de crise eram perceptíveis. Neste contexto histórico os trabalhadores, há anos suocados, entram em cena exigindo seus direitos. Em Guarulhos, a Casa de Cultura Paulo Pontes, criada em 1977, oi o espaço aglutinador das orças políticas do bloco de esquerda, dos setores progressistas da igreja católica e dos operários independentes. Movimento que levou a construção do P e da Central Única dos rabalhadores no início dos anos 1980. Dentre os movimentos sociais do período ganharam reconhecimento publico as lutas dos metalúrgicos e Químicos, das oposições sindicais, bancários, dos proessores estadual, do pela anistia e a participação mulheresdanorede 1º Congresso demovimento Mulheres Paulista. Alémpolítica das várias organizaçõesdas de esquerda que atuavam na clandestinidade como: POLOP, LIBELU, MEP, PC do B, ALN e Liga Operária, Ala Vermelha, ANAMPOS etc. O movimento grevista de 1978 deagrado em São Bernardo do Campo, contou com a participação ativa dos trabalhadores de Guarulhos, paralisando as ábricas da Olivetti, Randon, Santa Maria, Mannesmann e IB. Em novembro a categoria metalúrgica parou por dois dias, no transcorrer da greve chegaram realizar assembléias com até 5 mil operários. Em 1979, sem o apoio do sindicato dos metalúrgicos, liderados pela oposição sindical de Guarulhos, os trabalhadores metalúrgicos realizaram uma greve de 1 dias, os operários exigiam 70% de aumento salarial e o reconhecimento de comissões de ábrica por locais de trabalho. Resultado da intensa mobilização dos trabalhadores da cidade e do campo, no fnal da década de 1980 a sociedade brasileira passa por mudanças em seus sistemas representativos a partir da reorma partidária, eleições diretas e a elaboração da constituição em 1988. Em Guarulhos intensifca-se a organização de novos sindicatos, eleição de direções sindicais Cutistas, legalização dos partidos políticos de esquerda e ONGs. Após o enraquecimento da ditadura militar com a eclosão do movimento grevista na grande São Paulo, verifca-se em Guarulhos a ormação do Centro de Deesa dos Direitos Humanos Pe. João Bosco Burnier em 1985 e também o
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Centro do rabalhador para Deesa da erra Paulo Canarin, entidade que contribuiu eetivamente para a mobilização dos avelados da cidade, na deesa dos direitos de moradia e regularização undiária em terras públicas. Conquista da lei nº 3.83/87, conhecida como direito de 90 anos, na verdade, concessão de direito real de popularmente uso. De 1986 a 1990 assistimos a várias categorias de trabalhadores organizarem suas representações de classe. Em 1986 oi criada a Associação dos Bancários de Guarulhos, em 1988 o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, Sindicato dos Aeroportuários, Sindicato do Comércio de Minérios. Em 1989 o Sindicato dos Bancários e dos uncionários de escolas públicas do Estado de São Paulo. Em 1990 os Sindicatos dos Feirantes e dos Vigilantes. No transcorrer dos últimos 17 anos são incontáveis os maniestos de grupos culturais e mobilizações por melhorias das condições de vida da população. Mobilizações que resultaram na ormação de grupos culturais e na organização de movimentos sociais que se mantêm vivos e atuantes. No tocante aos movimentos sociais, tanto no presente, quanto no passado, algo dierencia a atuação dos trabalhadores em suas lutas. odos pautam seus trabalhos a partir das necessidades imediatas da população. As dierenças se maniestam a partir da leitura que as direções dos movimentos dos problemas, causas e suas conseqüências. Acompanhando de pertoazem se percebe que algunssuas lutam por melhorais sem questionar o caráter de uncionamento do sistema capitalista. Outros além de azerem a luta imediata, criticam o sistema e divulgam o socialismo, como orma de superação dos problemas existentes na vida dos trabalhadores. Quanto ao debate sobre reorma ou revolução, há muito tempo, az parte da pauta de discussão dos trabalhadores. Ciente que o tema não oi esgotado relacionamos aqui, sem julgamento de caráter ideológico, algumas organizações e grupos conhecidos no município por suas atuações em deesa da cultura e dos interesses do povo trabalhador: Oposição Sindical Metalúrgica; Pastorais Sociais da Igreja Católica; União dos Estudantes Secundaristas de Guarulhos; Centro do rabalhador para Deesa da erra Paulo Canarin; Centro de Deesa dos Direitos Humanos Pe. João Bosco Burnier; Grupo Literário Letra Viva; Movimento Anarquista; Espaço Cultural Florestan Fernandes; Movimento de Saúde; Núcleo de Estudos Urbanos; Movimento dos rabalhadores Sem eto; Centro de Integração das Mulheres; Movimento de Luta por Moradia; Partido Socialismo e Liberdade; Movimento Contra a 3ª Pista do Aeroporto; Fórum de Direitos das Crianças e dos Adolescentes; Movimento de Gays, Lésbicas, ransexuais e Simpatizantes; Comissão de Negros e Negras; Coletivo dos rabalhadores Socialistas em Educação; Organização para o Desenvolvimento Sócio-cultural da Comunidade Aro-descendente; Partido
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Verde; Movimento Ambientalista; Conspiração Socialista; Partido Comunista Brasileiro; Movimento Hip-Hop; Direito, Integração, Educação e erapêutica em DS, HIV e AIDS; Conselho de Educação; Conselheiros utelares; Conselho de Saúde; Ong Projeto Cabuçu; Movimento Ong GritaFortaleza; Povo; Representação da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias; Espaço Cultural Zumbi dos Palmares; Associações dos Moradores de Favelas; Central Única dos rabalhadores; Associações dos Moradores de Bairros; Movimento de Camelôs; Partido Socialista dos rabalhadores Unifcado; Movimento dos Perueiros; Represente do Comitê de Deesa dos Povos em Lutas; Casas de Cultura; Movimento de Meninos e Meninas de Rua; Representantes da União Nacional dos Estudantes; Movimento de Regularização para o Bem Estar da Moradia; Federação das Associações Comunitárias do Estado de São Paulo; Oposição Servidores na Luta; Representantes do Movimento Nacional de Luta por Moradia; Associações de rabalhadores; Centro Acadêmico de História dos Estudantes da Figuinha; Partido Socialista Brasileiro; Grêmios Estudantis das Escolas Estaduais; Movimento das Religiões de Matrizes Aricanas; Fundo de Organização e Solidariedade entre rabalhadores; Liga Árabe Cultural; Circulo Italiano; Movimento dos Portadores de Necessidades Espaciais; Partido Comunista do Brasil; Movimento Vegetariano; Partido dos rabalhadores; Jornal “O Repórter de Guarulhos”; Movimento pela Democratização dos Meios de Comunicação Centro Acadêmico de Geografa dos Estudantes da Figuinha; Núcleo deSocial; Educação Popular 13 de Maio; Centro Acadêmico dos Estudantes da Unimesp; Movimento de Idosos e Aposentados; Educação e Cidadania de Aros-descendentes; União de Negros pela Igualdade; Movimento de Proteção dos Animais; Organização Novos Quilombos; Inormativo Rádio Peão; Movimento dos Sem Universidade; Partido da Causa Operária; Amigos do Movimento dos Sem erra; Associações e Grupos de Capoeira; Partido Popular Socialista; Movimento Antimanicomial; Associação de Pais e Alunos de Escolas Públicas de Guarulhos; CONLUAS; Centro Acadêmico de Ciências Sociais da Uniesp; Movimento Guarulhos em História.
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BIBLIOGRAFIA ARQUIVO DA CASA DE CULURA PAULO PONES.Textos,
inormativos, otografas, en-
trevistas, anotações, etc.19761980. . Os movimentos GIULANI, Paola Cappellin de trabalhadoras e a sociedade brasileira. In: História das Mulheres no Brasil.São Paulo: Contexto, 1997. HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos, O breve século XX1914-1991. São Paulo, Companhia das Letras, º ed, 1995 MOURA, Clóvis. Rebeliões da Senzala.Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988. OPOSIÇÃO SINDICAL MEALÚRGICA DE GUARULHOS. Inormativos: Jornal dos setenta e das comissões - coleção. OZAÍ, Antonio, 196 - Partido de Massas e Partido de Quadros: a social-democracia e o PT.São Paulo: CPV, 1996. PIEÁ, Eloí. Revirando a Historia de Guarulhos. CAJÁ, São Paulo, 199. SILVA, E xpedito L eandro. Guarulhos: Formação de uma Metrópole.Guarulhos: CDDH, SP, 1998. SKIDMORE, Tomas E. Brasil: de Castelo a Tancredo,1964- 1985. Rio de Janeiro: Paz e erra, 1988. RANALI, João. Repaginando a História: Guarulhos.Guarulhos SP: SOGE – Faculdades Integradas de Guarulhos, 00.
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Ciclo d o ijolo, Imigração, rabalho Assalariado, Agricultura e Comércio Elton Soares de Oliveira Ao conversarmos com pessoas mais idosas sobre a história da cidade, muitas delas lembram das olarias. A atividade oleira oi tão signifcativa que marcou a memória dos mais antigos e a paisagem da cidade. Placas de ruas e tijolos timbrados com iniciais de nomes e sobrenomes de amílias proprietárias de olarias podem ser um dos caminhos para compreender a importância da produção de tijolos cozidos na história e na economia local. O que talvez alguns moradores e mesmo pesquisadores não explicam é: Como começou? Quais as alterações ocorridas e as mudanças que a produção de tijolos trouxe para a cidade? A atividade, além de todos os signifcados históricos, aconteceu no período de transição da escravidão, para a orma de trabalho assalariado. A expansão do mercado consumidor, aliado ao conhecimento técnico dos imigrantes europeus na área da construção civil e a revolução tecnológica no mundo do trabalho, fzeram com que o sistema produtivo artesanal, soresse alterações, tanto na orma de produção de tijolos como no sistema de transporte. Em 1915 oi implantada em Guarulhos a primeira voltadaambos para a produção de tijolos eem a inauguração trenzinhoindústria da Cantareira, os acontecimentos Vila Galvão.da estação do
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Exemplar de tijolo eito em olarias Guarulhenses, acervo do Museu Histório Municipal de Guarulhos, 008
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Durante os três primeiros séculos de presença colonial portuguesa no planalto paulista, as construções de casas, igrejas, câmaras, cadeias etc., eram eitas em taipa de pilão. As olarias eram poucas e se restringiam as produções de telhas. A taipa representava um modo seguro e duradouro, utilizado pela comunidade lusa, construtivo sendo a terrabarato, a principal matéria prima. por isso O primeiro prédio de importância histórica do planalto de Piratininga, o colégio dos padres Jesuítas, oi erguido em taipa de pilão. As construções em taipa eram de simples execução, exigiam duas pranchas de madeira – as taipais – terra molhada e uma madeira para socar a massa, esperar secar e repetir o mesmo processo várias vezes.
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Portos de extração de areia no rio ietê, bairro Ponte Grande, 1959. Arquivo Histórico Municipal de Guarulhos
Da época das construções em taipa de pilão restou pouco em Guarulhos. Em 1685 oi erguida a igreja de Nossa Senhora da Conceição, atual Catedral matriz que mantém paredes de taipa revestidas com tijolos e as paredes do altar todas em taipa de pilão. No bairro de Bonsucesso, as igrejas de Nossa Senhora de Bonsucesso e a de São Benedito dos Homens Pretos em sua primeira versão construtiva eram eitas em taipa de pilão. No bairro das lavras, no meio da mata, resta um pedaço de parede construída com essa técnica. Moradores, através da tradição oral afrmam ser um pedaço de parede de uma antiga senzala, haja vista que há pouco tempo oram retiradas argolas de erro da reerida parede.
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Sobre a srcem das olarias em território Paulista, A primeira noticia que se tem a respeito da instalação de uma olaria em São Paulo data de 1575; em que o oleiro Gonçalves requereu áde Câmara terreno para aano implantação de umCristóvão orno destinado ao cozimento telhas Municipal de barro... Entretanto não pode haver dúvida de que em fns do século XVI – em torno de 1590 – já havia muitas casas cobertas de telha, pois em 1593 os oleiros tinham até a sua organização e o seu juiz – de – oício na povoação.(D`ALAMBER, 1993, p.74)
Antes de começar a alar do ciclo do tijolo cozido em Guarulhos, devemos pensar que sem argila não há produção de tijolos. A argila pelas qualidades maleáveis e plásticas que possui, desde o início da antiguidade era utilizada na Mesopotâmia e no Egito como material construtivo. Argilas são sedimentos minerais normalmente encontrados próximos aos rios e córregos. A existência de grandes jazidas de argila em Guarulhos se explica pelo relevo da cidade. Guarulhos está localizada no undo do vale do Planalto Paulista e da serra da Cantareira, planície por onde correm os rios ietê, Cabuçu de Cima, Baquirivu-Guaçu, inúmeros córregos e ribeirões. Da lavagem do solo resultou a ormação argilosa. Quanto à importância do tijolo cozido no estado de São Paulo, veja o que diz a pesquisadora Clara Correia D’Alembert: A expansão erroviária na década de 1860 e a imigração estrangeira trazem principalmente, alemães e italianos – colaboraram muito para a diusão do uso da alvenaria de tijolos no Estado de São Paulo. As azendas de caé do interior paulista oram pioneiras na utilização do tijolo em suas instalações [principalmente nos terreiros de secagem de caé na primeira metade do século XIX. Os caeicultores importaram para as cidades a novidade tecnológica do tijolo, que tão bem solucionaram problemas técnicos e construtivos nas suas azendas. .(Id. ib)
A Introdução do tijolo como material construtivo em substituição a taipa de pilão alterou a unção das olarias e ez com que Guarulhos reencontrasse seu espaço na economia paulista. O uso do tijolo impôs alterações na orma tradicional de uncionamento das olarias, que além de telhas, passou produzir tijolos cozidos. De poucas unidades artesanais nos bairro da Ponte Grande, Vila Augusta, Gopoúva o enômeno se espalhou por todos os cantos do Município, coexistindo duas ormas produtivas, a artesanal, através das olarias, e a industrializada. Ao esgotamento das atividades de mineração de ouro em Guarulhos, sucedeu outro modelo de ocupação do espaço. O povoamento e as atividades econômicas se deslocaram dos morros, regiões norte e leste da cidade, para as áreas próximas aos rios ietê, Cabuçu de Cima e Baquirivu-Guaçu. A partir de 1870 a imigração
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subvencionada trouxe milhares de imigrantes europeus para o território paulista; muitos italianos, alemães, espanhóis e portugueses vieram para Guarulhos. As condições naturais existentes em Guarulhos (água, argila, madeira, areia e pedra) e a proximidade com abaseado capital paulista, possibilitaram o desenvolvimento depara um novo ciclo econômico, no tijolo cozido. Outro ator importantíssimo o ciclo do tijolo oi à extração da cal no território paulista, mineral responsável pela eitura da massa.
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elha antiga produzida artesanalmente nas coxas dos escravos, acervo do Museu Histórico de Municipal de GUarulhos, 008
O consumo de tijolos cozidos na região metropolitana, utilizados em galpões industriais, vilas operárias, pontes, igrejas, prédios, moradias etc. fzeram aumentar a demanda, concorrendo para a ampliação do número de olarias, ábricas e, conseqüentemente, para a diversifcação econômica constatada na cidade. No bairro da Ponte Grande surgiu o porto, local de escoamento da produção de tijolos e areia, via rio ietê para a cidade de São Paulo, abertura de novas estradas, ampliação do comércio, incremento do rebanho bovino e do número de engenhos voltados para a produção de cachaça. Corresponde ao momento econômico, além da chegada dos imigrantes europeus, a presença dos imigrantes libaneses e japoneses. O ciclo do tijolo, entre outras coisas, trouxe três elementos novos para o cenário político da cidade: implantação das primeiras indústrias, a orma salário para a remuneração do trabalho e o aparecimento dos primeiros operários urbanos.
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Na Inglaterra, as ofcinas artesãs precederam à indústria. Já em Guarulhos, o processo industrial oi antecedido pelas olarias, também chamadas de proto - indústrias. O ciclo industrial guarulhense começou a se ormar, paralelamente, ao ciclo do tijolo. EmAgrícola 1915, aeprimeira instaladano nobairro município, propriedade da Companhia Industrialábrica de Guarulhos, de ViladeGalvão, produzia tijolos cozidos e telhas. A presença dos povos que chegaram no segundo momento da imigração (libaneses e japoneses) e suas contribuições para a história pode ser constatada nas áreas do comércio local e da agricultura hortirutigranjeira.
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Antigos trabalhadores e olaria no b airro da Ponte Grande. Acervo Pessoal de Pedro Dalphorno.
Evolução Histórica da Atividade Oleira em Guarulhos. Dos elementos constitutivos para o pleno desenvolvimento da atividade oleira em São Paulo, vários deles são comuns a Guarulhos. A atividade no Estado de São Paulo começa a ganhar orça a partir de 1860, com a expansão da agricultura do caé, a implantação da rede erroviária e com a imigração européia subvencionada. O primeiro registro sobre a presença de imigrante europeu italiano em Guarulhos consta de 1883. Dos 447 anos da história de Guarulhos, 30 deles estão nos arquivos de São Paulo. odo período que compreende 1560 a 1880, Guarulhos pertenceu a São Paulo. Da historiografa local extraímos alguns trechos de livros,
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das atas da Câmara e depoimentos de moradores sobre a evolução histórica da atividade oleira na cidade. Em 8 de da abril de 1883,dos consta no livroo de atasdo daitaliano, CâmaraFrancisco municipalMuro, da vila de Nossa Senhora Conceição Guarulhos, nome requerendo ser aliviado de multa que lhe oi imposta. No dia 1 de novembro de 1891, a Câmara proíbe, sem que haja prévia licença da Intendência, o corte de madeira em áreas pertencentes à municipalidade para uso como lenha ou para qualquer outra fnalidade. (RANALI, 1986, pp 31-37)
É provável que antes de 1880 vários imigrantes europeus tenham vindo para Guarulhos. Esses registros devem constar nos arquivos de São Paulo. A preocupação dos vereadores e do intendente da época expressa a necessidade de preservação da oresta nativa, o alto consumo de madeira na queima de tijolos pode ter sido o ator que tenha levado os vereadores a votarem à proibição do corte de arvores em áreas publicas. O cozimento de tijolos, ainda hoje, é um dos motivos que muito contribui para o alto índice de devastação orestal no território Brasileiro. No dia 9 de setembro de 1896, a Câmara de vereadores, considerando ser o território rico em materiais de construção e com muitas olarias, das quais várias ornecem diariamente tijolos para as edifcações da Capital. Justifcam a necessidade do poder público dotar a localidade com uma estação de subúrbio da Estrada de Ferro da central do Brasil, prolongamento Penha de França a Guarulhos. No dia 14 de agosto de 190 a colônia de italianos em Guarulhos, totalizando um terço da população local, viu chegar ao cargo de Intendente Municipal (preeito), o médico Leonardo Vallardi, cidadão italiano natural de Milão, posteriormente, reeleito em 7 de janeiro de 1903. Diante da necessidade de maior arrecadação da Preeitura, Vallardi determinou aumento de imposto de cinco mil réis sobre os barcos que trabalhavam no rio ietê e de 10 mil réis sobre as olarias. (id. Ib)
O pedido dos vereadores visava resolver um problema antigo de acesso entre Guarulhos e São Paulo. O rio ietê, desde os primórdios, sempre representou uma barreira natural entre as duas cidades. Em épocas de cheia do rio ietê as atividades de extração de areia, produção de tijolos e o acesso Guarulhos/São Paulo fcavam paralisados, nestes momentos, o caminho alternativo era a estrada da Conceição, via Santana, que também fcava obstruída em épocas de cheia, impedindo o acesso de Santana ao pátio do Colégio. Um ramal da estrada de erro seria a solução para o transporte de carga e passageiros. Quanto ao lançamento de impostos sobre as olarias e os barcos que aziam transporte de areia e tijolos via rio ietê, para a ponte das bandeiras em São Paulo,
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signifca que as atividades eram bastante expressivas, justifcando a taxação especial por parte do Poder Público Municipal. Os barcos que traegavam pelo rio ietê abarcavam no antigo porto na região da Ponte Grande. Na época, o bairro oi batizadoPara comseochegar topônimo bairro do Porto da Igrejao corredor de Nossado Senhora da Conceição. ao local existiam dois acessos, porto que saía do bairro Macedo e a estrada da Conceição, via Penha de França. Em 196, o corredor do porto, recebeu o nome de rua José Campanella - que era proprietário de um dos matadouros de gado do município. Em 191, a população guarulhense era de sete mil pessoas, sendo: brasileiros – 4.950; estrangeiros – .050; entre os estrangeiros: 1.800 italianos, 100 portugueses, 75 espanhóis, 50 árabes, 5 outros (Fonte – Arquivo Histórico de Guarulhos). No dia 4 de evereiro de 1915, acontece a inauguração do ramal do trenzinho da Cantareira, ligando Guarulhos a São Paulo pela zona norte da capital”. “Com um levantamento eito nas olarias de italianos, meu pai oi à Cantareira e propôs que osse eito um ramal até a área onde havia o armazém, comprometendo um preço “x” pelo transporte, independente de ter ou não movimento . O depósito do meu pai, que fcava no loteamento Parque Estrela, onde tem hoje o restaurante Guaru-Center. (Depoimento de Primo Poli à Revista Guarulhos/Olho Vivo).
Os barcos do rio ietê e o rem da Cantareira oram, por um bom período, os principais meios de transportes de mercadorias e passageiros de Guarulhos a São Paulo. Em Guarulhos chegou a existir seis estações e uma parada do trem: vila Galvão, orres ibagy, Gopoúva, Vila Augusta, Parada Sorocabanos, Estação Guarulhos (praça IV Centenário) e Base Aérea de São Paulo, em Cumbica. O trem da Cantareira transportava passageiros, tijolos e outros tipos de carga. Em 1934, existia ofcialmente mais de 50 olarias em Guarulhos, entre seus proprietários constam as amílias: estai, Romano, Zamataro, Bonanata, de Ricio, Faccini, Lombardi, Fanganielo, Vilano, Camisoti, Delbúcio, Mandoti, Calegari, Mignela, Fantazini, Martelo e Demari. Há vinte anos (1936), a economia guarulhense não se explicava senão através da produção de tijolos. Lembro-me de que meu pai, quase pioneiro no ramo da panifcação, assemelhava-se a um habitante egípcio das margens do rio Nilo. O seu bem-estar e de sua amília se ligavam, estreitamente, à maior ou à menor enchente do rio ietê. Quando o rio transbordava em demasia as olarias paravam de produzir. O pão fcava sobrando nos cestos e as cadernetas de fado aumentavam-lhe a aição.(Fonte: Boletim do Rotary Club de Guarulhos – Amizade (1956) entrevista de Mario Boari amassia).
A primeira indústria a se instalar no município oi a Companhia Agrícola e Industrial de Guarulhos - ábrica de tijolos e telhas inaugurada em 1915, na Vila
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Galvão. Em 1956, um relatório de atividades econômicas do município constava o registro de 50 olarias, 90 indústrias de grande porte, 80 pequenas ábricas, 40 portos de extração de areia e três matadouros, responsáveis pelo abate de 50.415 cabeças de gado.
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Foto de olaria no bairro da Ponte Grande. Acervo Pessoal de Pedro Dalphorno
A expansão territorial urbana em Guarulhos começou com a mineração de ouro, em seguida com o ciclo do tijolo, sendo a extração de ouro sob o domínio colonial português, a produção de tijolos no período da expansão colonial inglesa. Os impactos da revolução industrial e o domínio político da Inglaterra mudaram radicalmente a técnica e a sociedade. O eeito da revolução industrial se ez sentir no mundo. De modo particular, a revolução tecnológica no mundo do trabalho e no sistema de transporte chegou a Guarulhos por meio da liberação de orça de trabalho do mercado europeu, nas novas técnicas construtivas, na implantação de indústrias e do trenzinho da Cantareira, entre outras coisas.
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BIBLIOGRAFIA D’ALAMBER, Clara Correia.
O Tijolo nas Construções Paulistas do Século XIX.
Dissertação a Faculdade de Mestre, Arquitetura e Urbanismo de São Pauloapresentada para obtenção de grau de São Paulo, 1993. da Universidade LIVRO DE AAS DA CÂMARA MUNICIPAL DE GUARULHOS Nº. 1. MOA, Levi Araújo da. Os Antonios – A história da imigração
. no Estado de São Paulo São Paulo: Ministério da Cultura/ Divisa Produções e Projetos Especiais, 006. MOURA, Antônio Cerveira de & MACHADO, João. Guarulhos: do barro sem orma sai a . São Bernardo do Campo: Usina orma do sonho…do sonho que se desaz em pó de Idéias, 005. RANALI, João. Cronologia Guarulhense – 1º Volume. Publicação da Revista Guarulhos Hoje – 419 anos. RIBEIRO, Silvio. Destino…Guarulhos – A história do trem da Cantareira.Diadema - SP: Germape, 006. SANOS, Carlos José Ferreira dos. Identidade urbana e Globalização: a ormação dos múltiplos territórios em Guarulhos – SP. São Paulo: Annablume/ Simpro Guarulhos, 006.
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Momentos da Industrialização Guarul hense: do Nascimento das Fábricas ao Neoliberalismo MariaSoares Claudia Fernandes Elton deViera Oliveira Willian de Queiroz
Processo de Metropolização Guarulhos az parte do seleto grupo das dez cidades brasileiras responsáveis por 5% do Produto Interno Bruto (PIB). A cidade conta com mais de .500 indústrias, 15 mil estabelecimentos comerciais e 45 mil empresas prestadoras de serviços. Em 006, atingiu o 9º maior PIB do País, sendo os dez maiores: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Manaus, Belo Horizonte, Campos dos Goytacazes, Curitiba, Macaé, Guarulhos e Duque de Caxias. Como se deu esse processo? A expansão econômica e urbana, do período industrial na cidade, pode ser compreendida a partir do estudo que envolve a combinação de atores sociais e de recursos naturais do município. Aspectos que possibilitaram a inserção da cidade no contexto do desenvolvimento produtivo, local, regional, nacional e mundial tendo como base a indústria estabelecida. Nossa reexão destaca os eeitos comerciais da primeira e da segunda guerra mundial no Brasil e em Guarulhos. Concomitante a industrialização ocorreu implantação da estrada de erro e a ocupação do espaço aéreo para fns estratégicos militares, e o embrionário modal de transporte de carga aérea, a partir da base aérea de Cumbica. Nos dias atuais, analisamos os impactos da política neoliberal. Para o estudo de evolução da indústria na cidade, bem como a ormação do proletariado urbano, entre outros aspectos, é importante periodizar a analise, para isso, defnimos três momentos. Primeiro momento: de 1915 a 1945; segundo momento de 1946 a 1989 e o terceiro momento de 1990 aos diais atuais.
Primeiro Momento Processo Econômico Entre as Duas Guerras Mundiais. O primeiro momento, de 1915 a 1945, a cidade começa seu processo de industrialização com uma indústria e terminou o período com 58 unidades abris empregando 64 operários. Importante destacar que as primeiras indústrias oram instaladas na região central da cidade, no eixo que vai da Vila Galvão ao bairro do Macedo. Em termos de Brasil, no primeiro censo econômico posterior á primeira
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guerra, realizado em 190, o levantamento aponta a existência de 13.336 estabelecimentos industriais, do total, 5.936 oram implantados no qüinqüênio 1915-1919. Ao primeiro momento da industrialização em Guarulhos corresponde também, a implantação docentro RamaldedaGuarulhos, ramway Cantareira, erroviário trouxeáo trem de erro ao bem como, trecho a implantação das que primeiras bricas ao longo das imediações da linha da rede erroviária na cidade. A primeira indústria a se instalar em Guarulhos oi a Cerâmica Paulista em 1915, implantada no bairro de Vila Galvão e as indústrias produtoras de bens de consumo na região do centro antigo e expandido por onde passava o trem da Cantareira, posteriormente, chamada de Rede Ferroviária Sorocabana. O trem da Cantareira oi tão importante para a industrialização do município, quanto a Estrada da Conceição no ciclo do ouro, a hidrovia tiete no inicio do ciclo do tijolo cozido, ou mesmo as rodovias Dutra e Fernão Dias a partir da década de 50 para consolidação do processo industrial do município. O ramal do trem da Cantareira em Guarulhos oi um dos principais acilitadores da indústria nascente. Nos primeiros anos do século XX Guarulhos se insere no contexto paulista como ornecedora de produtos para construção civil, produtos agrícolas, alimentícios e bens de consumo.
i h is K i m a ss a M
Companhia Industrial de Matais Laminados - Cindumel
As barreiras naturais, (Rio ietê e a Serra da Cantareira), representavam um impedimento ao deslocamento da produção guarulhense, a existência de cami-
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nhos com a capital por Bonsucesso, Penha e Jaçanã, o rio ietê até 1915 era o principal corredor de transporte de mercadorias da cidade. A região da Ponte Grande, localizada estrategicamente na via de ligação com o mercado emda191, abrigava 45 Senhora das 137 casas do município as 1 olarias existentes.paulista, Do Porto Igreja de Nossa da Conceição saiame os materiais para o porto da capital, localizado na atual Ponte das Bandeiras.
i h is K im a ss a M
Indústria de Couro AtlÂntica S/A, Vila Galvão
A construção do Ramal da ramway até o centro de Guarulhos possibilitou a diversifcação da economia local e o deslocamento do eixo produtivo para outros bairros da cidade, principalmente para as regiões atendidas pelo trem. Integrando Guarulhos pela Zona Norte da capital, o trem tornou-se a principal via de transporte de passageiros e de mercadorias do município. Nesta ase aconteceu a implantação de ábricas de bens de consumo para o atendimento da demanda criada com a rápida urbanização da cidade de São Paulo e para substituição das importações, interrompidas pela 1ª Guerra Mundial. A Inauguração da estação de trem Cabuçu (Vila Galvão) coincide com a instalação da 1ª ábrica em 1915 – de propriedade de Francisco Galvão Vasconcelos, dono da Fazenda Cabuçu. A Cerâmica Paulista, localizada ao lado da estação de rem da Vila Galvão, ª maior empresa do ramo do estado de São Paulo e olarias tradicionais transportavam sua produção de tijolos e materiais cerâmicos para atendimento da demanda da urbanização da cidade de São Paulo através do trem da Cantareira. A Primeira Guerra Mundial desorganizou o sistema de abastecimento dos mercados
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dependentes de produtos da economia européia. Este ator contribuiu para o desenvolvimento da indústria nacional e no município. Guarulhos neste contexto histórico recebe investimentos em indústrias, que oram implantadas ao longo ramalexpandido, do trem dasua Cantareira, assim as primeiras ábricas na região do do centro economiasurgindo no período contava com três empresas do ramo têxtil: Empresa Carbonel, de Henrique Carbonel inaugurada em 193; tecelagem situada próximo a Estação Guarulhos, () empresas dos senhores Gíacomo Candenuto e Evaristo Bisognini; () ábricas de polainas, sandálias e artigos de couro, uma de propriedade de José Saraceni, situada nas proximidades da estação de Vila Augusta; (1) Fábrica de alpargatas do Senhor Cerdam Galvez também na Vila Augusta, Moinhos Reisa de moagem de grãos eabricação de arinha dos irmãos Fiúza na Vila Augusta, (1) Matadouro Municipal de propriedade de Gino Montagnani inaugurado em 199 no localonde hoje é o iro de Guerra. Nas palavras do Preeito José Maurício de Oliveira a Estrada de Ferro oi undamental para a expansão urbana do município. Apesar da alta de comodidade que se verifca na Estrada de Ferro do ramway da Cantareira, que diariamente nos dá 14 trens, é extraordinário o progresso que esta estrad a trouxe ao município não só à sede e seus arredores como também às estações vizinhas. Assim é que por ocasião da inauguração do Ramal da estrada de Ferro da Cantareira a 4 de evereiro de 1915 eram completamente desabitados os lugares onde hoje orescem e prosperam as estações de Vila Galvão e Vila Augusta, cheias de habitações, desde casas operárias até os palacetes luxuosos. (Oliveira Sobrinho, 190 in: Santos, 006)
Sem corresponder ao desenvolvimento de uma tecnologia nacional os investimentos industriais oram principalmente de empreendedores imigrantes europeus e grandes proprietários agrícolas, os investimentos de capital estrangeiro, principalmente inglês, concentraram-se nos setores de serviços públicos como transporte erroviário, energia elétrica, teleonia etc. A imigração européia oi o principal ator de crescimento populacional do período, constituindo um contingente de orça de trabalho envolvida neste primeiro momento da industrialização. Em Guarulhos, tanto nas olarias como nas indústrias são italianos, portugueses, espanhóis, alemães, japoneses, libaneses que exerciam unções produtivas e comerciais, transormando matéria prima e mercadorias para venda no crescente mercado paulista. Os eeitos da primeira guerra mundial, além de induzir a ampliação do parque industrial, acarretaram também em São Paulo a eclosão de três greves gerais, onde os trabalhadores buscavam solução para o problema da carestia, denunciavam a especulação com gêneros alimentícios e as condições precárias de trabalho, greves realizadas em 1917.
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O movimento grevista oi duramente reprimido pela polícia. Não temos inormações se houve a participação de trabalhadores de Guarulhos nas greves gerais de 1917. Neste contexto de ormação e crescimento do proletariado urbano, aparece em 198 a comissãocoletivo; popularprimeiro pela regularização e aumento do número de auto-ônibus no transporte movimento social de Guarulhos. No inicio da década de 1930 o estímulo à industrialização da cidade passou pela edição da primeira lei isentando empresários do pagamento de impostos ao governo municipal, lei nº. 0, de 4/03/1937. No ano seguinte em 11 de março de 1938 chegam ao município às primeiras multinacionais, trata-se das ábricas Norton Meyer S. A e a Harlo do Brasil Ind. E Com. S. A, situadas no bairro do Macedo nas proximidades da estação erroviária Guarulhos e uturas instalações da rodovia Presidente Dutra. No início da década de 1940 contabilizava aproximadamente 58 ábricas que empregavam 64 trabalhadores em atividades industriais. A necessidade de orça de trabalho para construção da base aérea de Cumbica e a Via Dutra, entre os anos de 1944 e 1950 oi atendida pela migração nordestina. A liberação da população rural e constituição de um mercado de reserva de trabalhadores nos centros urbanos oi condição imprescindível para concretização da política de desenvolvimento capitalista brasileira a partir dos anos de 1930. Além disso, oi necessária também a integração do país através de uma rede de rodovias que epossibilitasse o deslocamento populacional para aosimigração principais centros urbanos de investimentos governamentais para avorecer interna. As transormações econômicas e sociais ocorridas nas décadas seguintes alteraram a confguração populacional com a chegada maciça de imigrantes nacionais, vindos principalmente do interior de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia e outros estados, ampliando a zona urbana e confgurando novos espaços de convivência que causaram estranhamento aos moradores estabelecidos, grande percentual de imigrantes estrangeiros e guarulhenses natos. As experiências culturais preservadas na memória de antigos moradores e materializadas na geografa da cidade demonstram uma apropriação do espaço pelos moradores anteriores ao processo de imigração interna, maniestações e expressões culturais ainda hoje presentes na cidade. Experiências de sociabilidade que possibilitaram a ormação de um sentimento de pertencimento da vida local. A partir da década de 1950, quando a população ultrapassou 35 mil habitantes, o ato começou a causar estranhamento às amílias mais antigas do município. A nova composição social gerou uma situação conituosa, entre as amílias de imigração européia, asiática, libanesa, guarulhenses natos e os imigrantes nacionais. A presença dos migrantes nacionais implicou em novas praticas culturais e hábitos sociais. O período em análise abre com a implantação do trem da Cantareira e echa com a construção da Base Área de Cumbica. Dois modais de transportes que mo-
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difcaram o cenário da cidade, o primeiro com grande inuencia na expansão da economia local. O segundo, que, além da ocupação do vasto espaço na azenda Cumbica, signifcou também a ocupação do espaço aéreo do município, para fnalidades e início do transporte de carga aérea, processo que vai se ampliar com amilitares construção do aeroporto internacional. Os eeitos da segunda mundial (1939-1945) impulsionaram a industrialização do Brasil e de Guarulhos. Além da produção para o mercado interno, muitos grupos empresariais brasileiros, passaram a vender seus produtos para os países em guerra, com isso a indústria cresceu. Isto é o que veremos nas páginas seguintes. Estrada de Ferro – Em 1896 vereadores discutem a implantação do trem. A partir do fnal da década de 1860, com aimplantação da primeira errovia em São Paulo – a ‘ São Paulo Rail Way’ em 1868 – surge um novo e importante elemento articulador do desenvolvimento econômico da província, responsável pelo progresso que marcou proundamente a sociedade / paulista e a sua civilização material. (D’ Alambert, p.7, 1993).
No fnal do século XIX, em 1896, já se discutia na Câmara Municipal de Guarulhos a necessidade da região ser servida por uma estrada de erro, ligando Guarulhos a estação do bairro da Penha. A justifcativa recaía sobre a arta quantidade de recursos especifcamente à produção de madeira e pedra, além da naturais produçãodaderegião, tijolos.mais Sendo que toda a produção estava direcionada às crescentes edifcações da Capital, justifcando então a implantação do ramal erroviário que se eetivou somente em 1915, com a inauguração do Ramal Guapira - Guarulhos, o trem da Cantareira. Existiram seis estações e uma parada de trem em Guarulhos: Vila Galvão, orres ibagy, Gopoúva, Vila Augusta, Parada Sorocabanos, Estação Guarulhos e Estação Cumbica na Base Aérea. O ramal de Guarulhos começou como uma extensão da Estrada de Ferro da Cantareira, que, aberto em 15 de novembro de 1910, saía da estação do Areal e atingia o Asilo dos Inválidos, no Guapira (depois Jaçanã). Somente em 1913 oi aberta a primeira estação intermediária, ucuruvi, e aos poucos outras estações passaram a ser abertas na linha, que atingiu Guarulhos, em 1915. Em 1947, a linha teve a bitola ampliada de 60 cm para 1 metro, quando esta já atingia o aeroporto militar de Cumbica. Em 31 de maio de 1965, o tráego do ramal oi suprimido, um ano depois de o trecho Areal - Cantareira ter sido extinto. Os trilhos oram retirados, logo depois diversas estações oram demolidas. A estação Guarulhos oi inaugurada em 1915, como terminal do ramal de Guarulhos. A partir da primeira metade dos anos 1940, passou a sair de lá um ramal - na verdade, a continuação da linha - para a Base Aérea de Cumbica. Esse ramal oi extinto aparentemente juntamente com o ramal de Guarulhos, em 1965.
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A estação Guarulhos oi desativada em 1965, atualmente serve de sede para a Guarda Civil Metropolitana, na Praça IV Centenário, situada no Jardim Santa Francisca. A praça é uma dos logradouros mais antigos do município e abrigava a antiga estação de trem Guarulhos. Hoje a estação não existe, mas as instalações que ela possuía oram restauradas e oi colocada na praça uma locomotiva antiga da Usina amoia, de Araraquara, que, segundo consta oi resgatada pela Preeitura, que a deixou exposta em rente à plataorma da antiga estação. Junto a ela, de um lado, a casa que abrigava o chee da antiga estação de trem oi restaurada e se apresenta em pereitas condições e é conhecida como “Casa Amarela”, que hoje é a sede do arquivo municipal.
a id c e h n o cs e D ia r o t u A
Fabrica de tecidos Carbonel na área central, na década de 190. Arquivo Histórico Municipal de Guarulhos
Segundo Momento Migração, Explosão Demográfca e Crescimento Desordenado. No segundo momento, de 1946 a 1989, cabe destacar que as indústrias passaram a se instalar na região de Cumbica. Entre muitos atores, cinco oram essenciais para o avanço da industrialização guarulhense neste período: conclusão das obras da Base Aérea de Cumbica e a implantação da Estrada de Rodagem Rio - São Paulo; orca de trabalho disponível com a maciça migração interna; implantação do loteamento Cidade Satélite Industrial de Cumbica, em 1946, pela amília Guinle e a disponibilidade de água do Aqüíero Cumbica. Estes atores oram essenciais para a próxima ase da industrialização da cidade, sem desconsiderar os demais.
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As obras ederais da Base Aérea de Cumbica e da estrada de rodagem Rio - São Paulo, cujo traçado atinge a parte mais baixa da cidade, tem concorrido também para o progresso crescente que se verifca, principalmente pela grande valorização de propriedades (Oliveira, 1943 in: do Santos, 006). A transerência da base área Campo de Marte em São Paulo para Guarulhos, como parte do Plano Qüinqüenal de Desenvolvimento do governo Getúlio Vargas, modifcou radicalmente a vida da cidade, até aquele momento as atividades econômicas se davam em terra. A chegada do equipamento militar signifcou também o início da ocupação do espaço aéreo para fns militares e comerciais, parte dos pousos e decolagens na pista da base aérea era voltados para o transporte de carga. A implantação do loteamento Cidade Satélite Industrial de Cumbica, e a respectiva inra-estrutura vinda com da Base Aérea, mudaram o eixo de implantação de indústrias e a logística na cidade. O eixo produtivo da cidade, que era localizado na Região Central, defnido pela Estrada de Ferro Sorocabana, transere-se para Cumbica, zona sul e leste, nas proximidades da Rodovia Presidente Dutra. A partir da Segunda Guerra Mundial, investimentos do capital estrangeiro, principalmente norte americano, impulsionaram o desenvolvimento do setor industrial de bens de consumo duráveis e capitais caracterizando uma nova ase do processo industrial A predominância de desenvolvimento dependente sobre o brasileiro. desenvolvimento nacionalistadosemodelo confgurou com o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek (1956 -1961). Com o lema “50 anos em 5”, acelera o desenvolvimento com a entrada maciça de capital estrangeiro na implantação da chamada indústria pesada. Guarulhos, neste contexto histórico, é avorecida por sua localização geográfca na Região Metropolitana de São Paulo e por estar no principal eixo industrializado, entre Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. O ciclo industrial, dierentemente dos ciclos do ouro e do tijolo que dispunham de sua matéria prima no próprio município, passou a contar com matérias primas vindas de outras regiões. Para isso as duas principais artérias rodoviárias, a Rodovia Presidente Dutra e a Fernão Dias oram também importantes atores de estimulo à industrialização do município. Além da localização no triangulo entre Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro o Aqüíero Cumbica oi essencial para o pleno desenvolvimento do ciclo industrial na cidade. Nas palavras do geólogo Dr. Hélio Nóbile Diniz: ...a região de Guarulhos e de Arujá é industrializada e necessita de grande quantidade de água para suas atividades e processos. A ausência de um sistema municipal eetivo de abastecimento de água ez com que as perurações de poços aumentassem bastante durante a década de 1960. Os Aqüíeros nunca antes explorados avoreciam boas vazões.
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O sucesso do desenvolvimentismo associado pode ser observado na quantidade e velocidade da instalação do parque industrial na cidade. Em 1953, eram 7 grandes indústrias; em 1956, eram 90 grandes ábricas e 80 pequenas. Ao processo de implantaçãouma dasaceleração indústriasdo de processo grande porte nas décadas 1950,de1960 e 1970 correspondeu migratório para a de cidade Guarulhos, provocando proundas mudanças na sua estrutura urbana e social. A cidade vê multiplicada sua população como podemos verifcar na tabela demográfca: Crescimento Populacional Ano
População
1940
13.439
-
Migraç% ão
1950
35.53
-
1960
101.73
-
1970
35.865
57,5
1980
53.74
71,3
1990
787.866
-
000
1.071.99
-
Fonte: IBGE/Preeitura de Guarulhos - população 1.83.53 pessoas.
Conorme observa o economista Paul Singer: ...o desenvolvimento capitalista da economia brasileira oi proundamente marcado por esta ampla mobilização do exército industrial de reserva, que deu lugar a um abundante suprimento de orça de trabalho pouco qualifcada, mas dócil e de aspirações modestas (SINGER, 1980, p.13)
A concentração de indústrias oi acompanhada pela aglomeração de orça de trabalho em loteamentos populares e ocupações de terras públicas e particulares criando uma demanda por serviços públicos de abastecimento de água, transporte, pavimentação, educação, saúde entre outras. Para criação de inra-estrutura necessária da indústria houve a socialização dos gastos e até fnanciamento pelo Estado, porém, para a satisação da demanda surgida pela ocupação desordenada, decorrente do processo industrial, os gastos oram assumidos prioritariamente pelo poder público. Com o intuito de ordenar o crescimento e ocupação do solo, a Lei municipal nº. 1.503, de 1969, defne as zonas de expansão urbana da cidade, incluindo na zona urbana, vários bairros tais como: Jardim Rosa de França, Cocaia, aboão, Cidade Serôdio, Santos Dumont, Jardim Maria Dirce, Jardim Presidente Dutra. Vila Nova Bonsucesso, Jardim Leblon, Parque São Miguel, entre outros. Em 1950 habitavam Guarulhos 35.53 moradores, em 1990 a cidade contava
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com 787.866 habitantes. Em 40 anos vieram para Guarulhos 75.334 novos moradores. A maioria absoluta dos novos moradores da cidade oi morar nos loteamentos populares da perieria, áreas de ocupação e avelas, nas proximidades dos locais de Os baixos salários pagos aos trabalhadores e as precárias condições dostrabalho. bairros levaram a ormação de movimentos reivindicatórios de bairros e sindicais.
Sistema de ransportes Nesse momento é apropriado considerar com mais detalhes os sistemas de transportes que existem em Guarulhos para visualizarmos as suas implicações, relacionado a questão industrial. O sistema viário da cidade de Guarulhos conta com importantes vias de acesso e cortada por três importantes rodovias: - Rodovia Presidente Dutra (BR-116) que liga São Paulo ao Rio de Janeiro (RJ), inaugurada em 19 de janeiro de 1951; - Rodovia Fernão Dias (BR-381) que liga São Paulo à Belo Horizonte (MG), inaugurada em julho de 1961; - Rodovia Ayrton Senna das Silva (SP-070) que liga São Paulo à cidade de Guararema, inaugurada em 1º de maio de 198. Além destas, temos também as rodovias Hélio Smidt (SP-019/BR-610) que liga a Rodovia Ayrton Senna ao Aeroporto Internacional e Vereador Francisco de Almeida (SP-036), antiga Estrada de Nazaré, que liga Guarulhos a Nazaré Paulista. O transporte público coletivo atende por mês cerca de 1,8 milhões de usuários guarulhenses, principalmente nos bairros periéricos da cidade, que dependem para se deslocar de suas residências para o trabalho, estudo, consultas médicas, lazer, compras, etc. Atualmente a cidade conta com quatro empresas de transportes coletivos que atendem as 97 linhas municipais: - E. O. Guarulhos – atuando na cidade desde 1946; - E. O. Vila Galvão – atuando na cidade desde 1966; - Guarulhos Transportes – atuando na cidade desde 1996; - Viação Transguarulhense – atuando na cidade desde 1998; Um consórcio ormado por estas quatro empresas e outras da região atendem além de Guarulhos cidades vizinhas totalizando 140 linhas intermunicipais. Além dos ônibus, a cidade conta também com transportes alternativos “Lotações” que atendem também linhas municipais e intermunicipais e táxis distribuídos em 70 pontos da cidade.
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O Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, teve suas obras iniciadas no ano de 1980 e oi inaugurado em 0 de janeiro de 1985. Operando com dois terminais de embarque e desembarque, movimenta cerca de 17 milhões de passageiros/ano. Desde sua inauguração, mais de 00 milhões de passageiros embarcaram e desembarcaram por estes terminais (INFRAERO). Elaborado por Willian de Queiroz, 008 Segundo a INFRAERO - Empresa Brasileira de Inra-Estrutura Aeroportuária cerca de 50% dos postos de trabalho do aeroporto são de profssionais que residem na cidade. A ampliação do aeroporto prevê a construção do terceiro terminal e estimase ampliar a capacidade de atendimento do aeroporto de 17 para 9 milhões de passageiros/ano. Guarulhos já teve seu transporte erroviário indo até a capital. O Ramal Guarulhos da ramway da Cantareira, chamado de “renzinho da Cantareira” chegou em 4 de evereiro de 1915, com uma extensão de 10.500 metros e com cinco estações e uma parada:
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· · ·
Vila Galvão – inaugurada em 3/10/1915; Torres Tibagy – inaugurada em 4/05/1931; Gopouva – inaugurada em 31/0/19;
·· ·
– inaugurada em 01/1/1916; Vila Augusta Parada Sorocabana Guarulhos – inaugurada em 04/0/1915;
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co n ia B l e d o tr e lb A o v re c A . n n a m h a H z n i e lh r a C
rem da Cantareira. Acervo Alberto del Bianco
Em 5 de janeiro de 1945 é inaugurada a estação Base Aérea de Cumbica que serviria apenas para uso dos militares. Em 31 de maio de 1965 o ramal Guarulhos da ramway fnaliza suas atividades. Está previsto a construção do trem que irá ligar o centro de São Paulo ao Aeroporto Internacional (Expresso Aeroporto) e outra linha até o Parque Cecap.
erceiro Momento Das Medidas Neoliberais aos Dias Atuais. Período que vai de 1990 aos dias atuais; momento em que tratamos como a economia da cidade oi impactada com a política neoliberal e o quadro atual. Em 1990, algumas grandes empresas aliram e outras mudaram do município. Neste período se alava que a cidade havia deixado de ser industrial e se tornava uma cidade de serviços. O que aconteceu em Guarulhos reete uma tendência mundial das economias periéricas rente à política neoliberal nos marcos da globalização.
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Em 1989, na cidade de Washington, representantes das oito maiores economias do mundo se reuniram e elaboraram um plano para os demais países capitalistas, a estratégia visava resolver a crise de superprodução de mercadorias e excedentes de capitais constatadas eles. consiste em abertura comercial, De orma resumida, a políticaentre neoliberal estado mínimo e garantia de contratos por parte do Estado nacional. A economia guarulhense, nesse contexto, oi aetada com a política de abertura econômica. A alência de empresas e a redução da participação das exportações do Brasil no mercado internacional trouxeram conseqüências para a vida da cidade. Amplos setores do poder econômico passaram a apostar na perspectiva de abertura da economia brasileira com a implantação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e na otimização das atividades aeroportuárias, como elemento privilegiado para amplo desenvolvimento dos setores de serviços e comércio. Esperando a grande mudança de rota econômica, o município passou a receber muitos hotéis na região central e o incentivo ao turismo de negócio. A repercussão das alências de algumas empresas no início da década de 1990 (governo Collor) e a instalação de vários hotéis no centro da cidade levou a construção do mito da mudança de perfl econômico do município. Para o censo comum, a economia da cidade havia deixado de ser industrial e se tornara de serviços. A conusão sobre o destino da economia brasileira e ados vocação econômica do município durou, aproximadamente, dez anos. A vitória movimentos sociais no plebiscito em 00, onde 10 milhões de pessoas votaram contra a Alca e a publicação de um estudo do IBGE, em 005, avoreceu a compreensão sobre a situação e os rumos da economia da cidade. Segundo estudo: Onde se instalam indústrias concentra serviços e população. al concentração é reexo direto do nível de industrialização. Além do próprio peso da atividade, a indústria agrega uma série de serviços em torno de si, o que az crescer a economia local. É a indústria, e não diretamente o Aeroporto Internacional, a grande responsável pelo Produto Interno Bruto de Guarulhos. A produção se reete na receita do Município: cerca de 60% da arrecadação vem, segundo a Preeitura, das atividades industriais. Guarulhos az parte do seleto grupo das nove cidades brasileiras responsáveis por 5% do Produto Interno Bruto (PIB). São .00 indústrias; 15 mil comércios e 45 mil empresas prestadoras de serviço, isso az com que Guarulhos seja a 7ª economia do país. (Estudo IBGE/ IPEA-005).
Atualmente o município ocupa a nona posição no cenário econômico, sendo responsável por 1,03% do PIB Brasileiro (IBGE-006). Com um parque industrial diversifcado, conta com 91.847 trabalhadores e mais de .500 indústrias. A produção chega a R$ 1,06 bilhões anuais no setor industrial, a cidade fgura
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no cenário nacional com um PIB de R$ 18.194.94 bilhões. O emprego no setor ormal contabiliza 7.914 mil trabalhadores. Os setores de comércio e serviços completam os números do PIB local. Segundo inormações da Preeitura, o setor de serviços é o que cresce em ritmo mais intenso: Seja em unção das indústrias, que cada vez mais terceirizam serviços, como entregas, contratação de pessoal, manutenção, ou da presença do aeroporto, que impulsiona a implantação de uma série de serviços de transporte e logística, hotelaria, turismo e eventos. Atualmente, são mais de mil empresas dos setores de transporte e logística atuando em Guarulhos. Além disso, a privilegiada localização atraiu, nos últimos anos importantes centros de distribuição e logística. (PREFEIURA DE GUARULHOS, 005)
Para atender as exigências da produção, distribuição e estocagem de mercadorias, da economia local e regional estão em andamento a modernização do terminal de cargas do aeroporto de Cumbica. Como parte das obras previstas, em 1 de janeiro de 008, o governo ederal, diante da resistência do movimento social organizado, abandonou a idéia de construir a terceira pista do aeroporto, alegando inviabilidades técnicas. Obras para interligação do porto de Santos ao aeroporto de através extensão da industrial Avenida Jacu-Pêssego, Paulo a Guarulhos e aCumbica, revitalização da da cidade satélite de Cumbica,São onde aproximadamente três mil amílias de trabalhadores serão removidas. A industrialização na região metropolitana e especialmente em Guarulhos, gerou enorme contraste social, criou riquezas e, também, muita pobreza, inclusive um grande passivo sócio-ambiental. Junto com a industrialização se deram a ormação do operariado urbano e a organização dos seus membros em sindicatos, partidos políticos, associações etc. No município se registra inúmeras greves e protestos, conduzidas por trabalhadores nas ábricas e nos bairros. Que se têm registros, a undação do primeiro sindicato na cidade ocorreu em 1958 (Sindicato dos Condutores). A primeira greve operária ocorreu em 1963, por 100% de aumento salarial. Do processo de desenvolvimento e da orma como se deu a expansão territorial urbana, decorre a quantidade de problemas ambientais e sociais: desmatamento, água e solo contaminados e poluição atmosérica. A posição geográfca do município é arta em água subterrânea e escassa em corrente de ar, o que agrava ainda mais a dispersão dos poluentes. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto utiliza apenas 8% de água dos mananciais da cidade. Quando analisamos os indicadores de desenvolvimento humano do município, educação, renda e longevidade, apenas a educação se mantém em níveis satisatórios. O índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,0798 que
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coloca a cidade na 191ª posição entre os municípios paulistas e 607º entre os municípios da ederação. Em Guarulhos existem 380 núcleos de avelas e, segundo a Secretaria de Habitação município, 17e%respectivamente da população local mora nesseAlém tipo de Isso totalizado80 mil pessoas 54 mil amílias. de habitação. inúmeros loteamentos clandestinos e irregulares, 50 mil amílias moram de em bens imóveis alugados caracterizando os sem teto . De acordo com o IBGE, apenas 10 % da população mora em avelas. O critério adotado pelo instituto contabiliza apenas núcleos com número acima de 50 unidades de moradia. Guarulhos fgura no cenário nacional como a quarta cidade em número de avelas fcando apenas atrás da cidade de São Paulo, Rio de Janeiro e Recie.
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Philips: Fábrica Desativada ransormando-se em Campus Universitário Elmi El Hage Omar Introdução O que existe em comum entre a história de uma ábrica e de um campus universitário? Que similaridades e contradições existem na metamorose desse espaço sob o olhar do capitalismo? Quais oram as repercussões sociais e culturais dessas transormações no espaço? Esta reexão propõe iniciar a discussão dessas questões. Entendemos que no mundo globalizado o estudo deste micro espaço nos remete à reexões de todo o sistema. As atividades realizadas no espaço são dierentes, porém importantes dentro de seus respectivos campos. A ábrica produziu aparelhos de televisão em enormes quantidades que representaram mais do que simples mercadoria para entretenimento, mas, como instrumento de propagação da comunicação de massa, aetaram signifcativamente as relações amiliares. Mais tarde, após a metamorose, o espaço continuou sendo usado como pólo de produção e irradiação de inormação. que ocupamde e ocuparão o mundo globalizado ormam-se no localProfssionais, de onde saiam aparelhos televisão. De qual tarea se ocuparão? Massifcadora, crítica? Na ocupação inicial houve a constatação de demora dos poderes públicos em produzir a inra-estrutura necessária para a instalação das ábricas em Guarulhos e isto tem hoje representado um desafo. A análise desse espaço como personagem histórico é embasada nos laços íntimos entre a história e oespaço. O estudo histórico não está atrelado ao passado por si, somos pessoas viventes no presente e nossos interesses nele e no uturo estão.,; Propomos uma história atuante, que aponte soluções em vista da experiência social que levantamos do passado. Portanto, a partir desse estudo, problematizaremos acontecimentos alhos repetidos durante o tempo que, por alta de conhecimento histórico, têm reproduzido situações que podem ser evitadas. .
História da Philips Mundial A história da Philips sempre esteve ligada a novas tecnologias, principalmente no campo eletroeletrônico. O início de suas atividades oi ortemente inuenciado por esse paradigma. Em Menlopark, Nova Iorque, em 1879, um estudante de engenharia mecânica, Gerard Philips (1858-194) holandês de 1 anos, fcou encan-
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tado com o amoso inventor da lâmpada elétrica Tomas Alva Edison. Depois de doze anos (1891) oi undada na cidade de Eindhoven, na Holanda a Philips & Co. Com um capital inicial de 75.000 orins fnanciado pelo banqueiro Fredérik Philips(1830-1900), pai em de Gerard.. A empresa começa um salão de 360 metros quadrados, com dez empregados, tendo por fnalidade a abricação de luminárias e flamentos de carvão para lâmpadas incandescentes. Após um ano de uncionamento recebe uma grande encomenda de lâmpadas de um abricante de velas. Sua produção eleva-se e, em 1895, chega a 500 unidades por dia. Nesta mesma época, Anthon Philips (1874-1951), irmão mais novo de Gerard, entra para empresa e participa da expansão dos negócios da amília para o exterior. No começo do século XX a empresa se torna a maior abricante de lâmpadas do mundo e, em 191, o nome Philips & CO é mudado para “N.V Philips Gloeilampenabrieken”, tornando-se uma empresa de capital aberto. Um marco importante da história dessa indústria é a abertura, em 1914, em plena Primeira Guerra Mundial quando as nações européias disputavam a hegemonia de poder, do amoso laboratório de ísica e química (Natlab), que impulsionaria a empresa com as invenções, pesquisas e descobertas que desenvolveu e que modifcariam o modo de vida da sociedade. Entre elas estão o emissor de raios-X e a transmissão/recepção de sinais rádio,sucesso. produtos que na década de 0 oram patenteados e comercializados com de grande Em 1918, a Philips lança uma válvula compatível com equipamentos operados a baterias “Miniwatt”, que seriam muito utilizadas naquela época, pois nem todos tinham à disposição à eletricidade. Em 195, começam as primeiras experiências na transmissão/recepção de sinais de V. Nesse ínterim, a Philips contabiliza fliais em todo o mundo. odas supridas com o material abricado pela matriz na Holanda. A produção de aparelhos receptores de rádio teve início em 197 e a Philips registrou a marca de um milhão de aparelhos vendidos em 193, ao mesmo tempo em que investia nas estações emissoras de rádio em todo o mundo; um exemplo é a construção da Rádio Clube Português, uma das estações mais potentes da Europa. Um ano após é iniciada nos Estados Unidos a produção de equipamentos de raios X, utilizados até hoje para diversos fns. No fnal desta mesma década é lançado o aparelho de barbear elétrico “Philishave”. Com toda essa gama de produtos, e apesar da crise da economia mundial, com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, o aturamento da multinacional salta para US$ 70 milhões. Nesta altura já conta com 45 mil pessoas empregadas em todo o mundo. O orte investimento em propaganda associado à expansão das companhias produtoras de energia elétrica determinou um posicionamento de vendas invejável à empresa.
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Durante a Segunda Guerra Mundial, o exército aliado destruiu a matriz da indústria, na Holanda sob a justifcativa de que aquele parque abril estava sendo usado para construção de material bélico pelas orças nazistas, que na época ocupavam opelas país.tropas Na realidade a ábrica produzia radiotransmissão, usados do eixo(Alemanha, Itáliaequipamentos e Japão). Essede tempo oi marcado por grande desenvolvimento na ciência e tecnologia, como acontece em todos os períodos de guerra, resultando em pesquisas que revolucionariam o mercado como a invenção e produção de transmissores e circuitos integrados, que permitiram a elaboração dos tubos “Plumbicon”, utilizados nas câmeras de V. Outro exemplo é a aplicação das propriedades do ósoro para melhorar a qualidade de reprodução das imagens transmitidas pela V que inciava suas transmissões. Na década de cinqüenta, em parceria com a IBRAPE (Indústria Brasileira de Produtos Eletrônicos), empresa associada, a Philips produz válvulas eletrônicas. Esses componentes tornar-se-iam motor de desenvolvimento da indústria eletroeletrônica mundial. Foi nesse período também, que as lâmpadas orescentes ganharam espaço, iluminando sem provocar aquecimento e com economia. Os anos 60 são marcados pelo aparecimento dos primeiros circuitos integrados e das ftas cassete, saídos dos laboratórios da Philips que cria uma nova revolução na área eletrônica. Esse processo permitiu o início da miniaturização e redução de custos dos produtos eletroeletrônicos como Vs e aparelhos de som. Marco nesse processo de massifcação darádios, comunicação e internacionalização da economia oi a transmissão direta, via satélite elstar, da Holanda para os Estados Unidos de uma entrevista do presidente da multinacional Frits Philips. Foi essa a primeira vez que um trabalho jornalístico utilizou-se desse sistema. A criação, pelo Instituto Internacional Philips, em Eindhoven, Holanda, de um curso de pós-graduação que possibilitava aos cientistas se especializarem em áreas técnicas, por meio de bolsas de estudo oerecidas pela empresa. Em 1964, é inaugurada a “Inbelsa” (Indústria Brasileira de Eletricidade), que além de produzir equipamentos de comunicação, se destaca na abricação de equipamentos para uso militar e atrai a atenção das orças armadas dos Estados Unidos, em plena guerra ria com a União Soviética. Em 1966, a Philips comemora o seu 75° ano de criação como uma das 10 maiores empresas do mundo. Nos anos 70, a empresa investe de orma expressiva em armazenamento e transmissão de imagens, sons e dados. Como resultado surge o primeiro videogame eletrônico da história, o “Odyssey 100”, produzido pela Magnavox e que revolucionaria o entretenimento inantil. Foi criada também, nessa época, a gravadora, “Polygram”, destacando-se logo de inicia como a maior empresa onográfca do mundo. Em 1974, a Philips lança e populariza o videocassete doméstico e também aparelhos de mapeamento do corpo humano que se utilizam da medicina nuclear.
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Em 1981, a Philips lança seu invento que revoluciona o mercado onográfco, o Compact Disc, conhecido como “CD”. Em setembro de 1984, comemora a abricação de 100 milhões de televisores no mundo, marco para o qual a unidade Dutra ativamente. Em 1989, os barbeadores Philishave atingiram a marca de contribuiu 50 milhões de aparelhos vendidos. Outro aspecto interessante éa criação, nessa época do protótipo do DVD, popularizado em breve uturo. Na década de 90, a Philips reestrutura o seu gerenciamento central e opta pelas parcerias com empresas de grande porte; defne áreas de atividades prioritárias e passa a investir em capital especulativo (Bolsa de Valores). Como resultado, algumas empresas do grupo oram vendidas para permitir uma lucratividade maior. Entre elas está a unidade de Guarulhos que, em 1967, chegou a ser o segundo maior abricante de Vs do continente americano. Esse relato da história mundial da Philips mostrou como ela está inserida no processo de globalização. Com esse processo as empresas passaram a adquirir mobilidade maior, ocasionando a redução de mão de obra e maior poder. Pode-se dizer, em última análise, que a competitividade acaba por destroçar as antigas solidariedades, reqüentemente horizontais, e por impor uma solidariedade vertical, cujo epicentro é a empresa hegemônica, localmente obediente a interesses globais mais poderosos e, desse modo, indierente ao entorno (SANOS, 000, p. 85)
Conseqüentemente, isso os leva onde os salários, impostos e incentivos sejam melhores, em detrimento dos interesses do Estado e da sociedade onde se instalam. Esse domínio multinacional dos negócios proporcionou para empresa maiores lucros.
História da Fábrica em Guarulhos: O Espaço Inicial. A idéia de conceituar o espaço como a inter-elação entre o homem, a sociedade e o meio natural em que vive, torna-se clara quando registramos onde oi construída a ábrica da Philips em Guarulhos. Recorrermos então à conceituação de espaço oerecida por Milton Santos, que parece mais apropriada para este tipo de trabalho:“O espaço é o resultado da ação dos homens sobre o próprio espaço, intermediados pelos objetos, naturais e artifciais” (SANOS, 1996, p. 71). O local da construção não era habitado e se constituía de um terreno com mata nativa, ainda que próximo da antiga estrada da Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos (atual avenida Guarulhos, a qual existia desde os primórdios da existência da própria cidade (NORONHA, 1980, p. 64). Era muito usada como parte do caminho para os que desejavam ir para o Rio de Janeiro e Minas Gerais. Antes de se construir a rodovia Presidente Dutra, os proprietários deste
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local eram: Abelardo Zalacain, Maria Regina Maierovitch e seu esposo Ignácio Maierovitch, até 1947, quando essa propriedade oi vendida para Nelo Morganti, grande proprietário de terras em Guarulhos. Segundo Braudel: “ligações viárias, rotas são a inra-estrutura de toda história coerente” p. 316). posteriormente, que seu papel preciso coloca diíceis(1983, problemas de Acrescenta, solução no tempo longo, isto é, não se deve deter em analisar somente o período proposto, mas azer uma investigação abrangente do decorrer da ocupação. Princípio que será apropriado por este autor na presente análise. A rodovia Presidente Dutra margeia esse espaço, torna-se conveniente, então, azer um breve histórico desta rota. Inaugurada em julho de 1951, sob a égide desenvolvimentista do governo JK, a rodovia Presidente Dutra (com 40 km), substitui a antiga Rio - São Paulo (198). O tempo gasto para unir os dois pólos oi variável; em 1908, através de estradas e picadas, levou-se 876 horas num veículo Brassier. Em 195 um grupo de veículos gastou 144 horas em estradas em melhores condições. Em 198, dez horas oram necessárias. E, fnalmente, a partir da inauguração da Dutra, seis horas, desenvolvendo uma velocidade média de 70 km/h. O projeto conseguiu reduzir a distância por estrada em 111 quilômetros, vencendo obstáculos que desafaram a engenharia rodoviária na época. O aterro com cerca de 15 metros região da do Paraíba e o rebaixamento, através de escavações no na “paredão” devárzea granitodo devale 14 metros no trecho da chamada Viúva da Graça, ao pé das Serra das Araras oram os maiores desafos. O encurtamento do trajeto acilitou a locomoção de pessoas e mercadorias produzindo vários pólos industriais. Em Guarulhos, inicialmente, essa centralização na instalação de indústrias aconteceu no bairro Itapegica (vizinho onde se encontra a ábrica Philips) e, posteriormente, em Cumbica. Estrategicamente, em 1958, a Philips compra o terreno de rente para a Dutra (hoje quilômetro 9) e põe em execução a construção da ábrica de Guarulhos,. próxima à sua primeira unidade abril, que uncionava desde o ano de 1948, no bairro da Vila Maria, São Paulo, para atender o crescente mercado de rádios, radioones e televisores. A localização é também vizinha à rodovia Fernão Dias, que seria construída mais tarde, permitindo a ligação com Belo Horizonte, importante centro urbano em Minas Gerais. Nesta época, a preeitura de Guarulhos concedeu isenção de impostos para empresas que se instalassem no município. Em âmbito nacional vivíamos sob a euoria desenvolvimentista do governo Juscelino Kubistchek, incrementando o acesso e a ampliação da indústria, entre outras no seu plano de metas. Nessa década São Paulo soreu grande expansão ampliando o espaço urbano para cidades adjacentes. Porém o modelo equivocado de crescimento e despojado
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de planejamento de longo prazo produziu ocupação desordenada, ausência de inra-estrutura e uma longa série de problemas ainda hoje reetidos na problemática social e urbana que vive o município de Guarulhos e outros que soreram o mesmo processo. duplicação da rodovia em 1967 resolve parte do problema de escoamento que .aAindustrialização produziu.
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Rodovia presidente Dutra com a abrica ao undo, início da década de 1970. Extráido do livro: Philips 80 anos a rente.
A Urbanização do Espaço e a Construção da Fábrica Embora esse local osse apenas parte de um caminho importante ainda não havia sido aetado pelo modo urbano (contrário aos aspectos rurais)nos anos fnais da década de 50. Começa, então, a construção do que seria o maior conjunto industrial de eletrônica da América Latina. A multinacional oi benefciada por isenção de impostos pelo período de 15 anos, concedida pelo poder público municipal. A instalação do complexo industrial, em um local onde não existia inra-estrutura nenhuma, obrigou o poder público municipal realizar obras de inra-estrutura urbana. como luz, esgoto,teleone e outras, em mais uma demonstração da distorção política que coloca o estado como patrocinador da iniciativa privada. Neste caso fca mais do que confgurada essa questão, pois além da renúncia fscal, o município ainda investiu em obras que benefciariam principalmente à empresa recém instalada.
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Destacando a questão da água, a empresa ao se instalar, procurou achá-la primeiro pelo sistema de radioestesia (método de pesquisa rudimentar), depois através de poços artesianos, resultando em racasso. escavados da indústria, porém sódas oi encontrada águaForam na várzea do rio poços ietê, nas localredondezas distante cerca de um quilômetro instalações da empresa que,como parte da solução, construiu o próprio reservatório junto a uma espécie de coletora e recicladora de águas pluviais:. uma piscina de aproximadamente cinco metros de proundidade, 5 metros de comprimento por 0 de largura em orma de ele (L) que lhe garantiria água sufciente para suas necessidades. Mais tarde, na década de setenta, o Serviço de Abastecimento de Àgua e Esgoto de Guarulhos (SAAE) construiu uma grande caixa de água no bairro vizinho (Jardim Munhoz) que resolveu a questão do abastecimento. A alta de planejamento peculiar à maioria das regiões de São Paulo e Guarulhos, desde os tempos coloniais, ocasionou problemas para o recebimento das grandes multinacionais. Situações resolvidas sempre de última hora trouxeram sérias conseqüências.
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Inicio das obras no fnal do ano de 1958. Extráido do livro: Philips 80 anos
Devido a todas essas difculdades, a ábrica começou uncionar de modo parcial em meados de 1960. Havia uma placa no prédio inormando que ora inaugurado em 1 de agosto de 1963, por ocasião da visita, do então presidente mundial da empresa, Fredérik Philips, planejada para esse fm. Na ocasião, o dirigente doou uma ambulância à preeitura que retribuiu dando o nome do pai do industrial, , Anthon Philips, à avenida através da Lei Municipal nº 831 de 03/09/196 (RANALI, 1986. p. 195). Mais tarde, pressionada pela demanda crescente dos
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produtos que abricava, a indústria dobrou as instalações e mais uma vez o poder público custeou a inra-estrutura urbana. Ao analisar o resultado desse processo específco de industrialização, pode ser constatado que houve sobre beneícios nesteemespaço. Masinra-estrutura, a questão histórica social nos remete a reetir a demora produzir levandoe a uma relação de troca de avores entre empresa e preeitura que não é salutar. Conseqüentemente a empresa procurava mão de obra barata e só iria encontrar em países periéricos com essas condições. Na questão ambiental a empresa atualmente tem práticas salutares, segundo o relatório do Observatório Internacional Social (OIS, 005). No entanto, não encontramos nenhuma prática que preservasse o meio ambiente por ocasião de sua instalação, quer de tratamento de esgoto ou de dejetos industriais nas diversas pesquisas no arquivo histórico de Guarulhos. A indústria não emitia de poluentes gasosos.
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Vista aérea da ábrica, parcialmente construída, década 1960 Extráido do livro: Philips 80 anos a rente
Na década de setenta, outras importantes construções surgiram: a Divisão de Distribuição Física (DDF) cerca de um quilômetro da ábrica, na mesma margem da Dutra. Foi responsável pela logística e transporte dos bens produzidos pela empresa. Ainda oram construídos nesse períodoum clube recreativo, uma biblioteca com publicações em braile, . Na década de 80, é erguido o bloco de escritório O complexo industrial passou a contar com área construída de, aproximadamente, 45 mil metros quadrados. A Philips torna-se uma das maiores empresas de Guarulhos, gerando milhares de empregos diretos e indiretos.
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Os Impactos Sociais, Culturais e E conômicos. A música “Fábrica”, do grupo Legião Urbana, reete bem o que a maioria dos trabalhadores quer aoem ingressar eméuma empresa. parte diz:um trabalho ho“Quero trabalhar paz/ não muito que lheEm peço/ eu ela quero nesto/ em vez de escravidão...”.(Legião urbana: dois, 1986) Os trabalhadores da Philips no inicio, usuruíram beneícios sociais e culturais dierenciados. como oportunidade de estudono exterior,nos centros tecnológicos da empresa; oerta de cursos de línguas estrangeiras no Laboratório de Idiomas, que tinha por objetivo prepará-los para atuar no mercado internacional. Em 1977, criou-se um programa pioneiro de previdência privada, a Associação Philips de Seguridade Social (PROVER) garantindo aposentadoria com maiores recursos. Havia participação dos uncionários quanto ao apereiçoamento dos serviços através de sugestões colocadas em uma caixa, com direito a prêmios para as sugestões escolhidas e assistência médica dierenciada, a empresa detinha tecnologia de ponta em aparelhos de diagnóstico. A biblioteca continha volumes em braile para que uncionários com defciência visual também usuruíssem desse beneício. Era uma iniciativa inclusiva, independentemente da unção que exercessem na empresa. 197, havia no setor de metalurgia, mulheres empregadas entre os 195 Em uncionários dessa (Philips, 004). Visto3que o relatório do Observatório Internacional Social (OIS, 005) aponta para um preconceito de gênero atualmente, como eram remuneradas essas mulheres?
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Mulheres metelúrgicas no início da década de 70 Extraído do livro: Philips 80 anos a rente
Quando a empresa era gerenciada com maior capital da amília o então presidente Fredérik Philips ala em entrevista a revista Veja:(depois a empresa abriu mais o seu capital) “A empresa tem também deveres com relação ao progresso econômico e social, respeitando as tradições e os valores culturais da sociedade que opera”. (Revista Veja, agosto de 1970) Responsabilidade social: a empresa declara que oi uma das precursoras desse
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modelo no Brasil. Quanto a isso discute-se a questão do recrutamento ideológico, que o jargão empresarial chama hoje de endomarketing. Os uncionários deveriam orgulhar-se de azer parte da “amília Philips” e obter beneícios dierenciados dos oerecidos porera outras empresas: estratégia para construção de imaginário positivo sobre como o trabalho na empresa. Na greve geral em São Paulo, em julho de 1978, não houve paralisação na ábrica, apenas um acordo de reajuste de salários em 13%, ao contrário das empresas na vizinhança. (Jornal O Repórter, Julho, 1978) Os impactos econômicos oram signifcativos para o entorno. Muitos moradores da localidade trabalharam na ábrica, o que era muito conveniente, pois não seria necessário usar transporte coletivo. O movimento de pessoas acelerou o crescimento de comércios locais correlacionados. No entanto, no início da década de 90, a Philips empreende mudanças no núcleo de gerenciamento e uma reestruturação mundial oi eita. A base de produção oi transerida para alguns países do Oriente à procura de mão de obra barata. Esta é abundante e tem uma flosofa dierente com respeito ao trabalho e autoridade. Houve também uma centralização na abricação de produtos que ornecessem maior lucratividade e terceirização de mão de obra ondenão oi possível a mudança para China. Após ter empregado cerca de cinco mil pessoas em seu tempo áureo, a decisão uncionários oi transerir aoram unidade Dutra, para a unidade de Manaus, na zonamantendo ranca. Muitos demitidos e outros convidados a mudar-se, os beneícios que usuruíam na unidade de Guarulhos, mas poucos aceitaram. Essa atitude leva à reexão sobre a posição de nacionalistas contra o capital estrangeiro, pelo menos até que o país alcance condições para deesa integral de sua soberania. Fernando Gasparian ez uma interessante ironia sobre a questão: ...discursos na administração econômica do país, mostra-nos que a empresa estrangeira era tratada como tímida donzela capaz de se atemorizar com a mais distante ameaça.(GASPARIAN, 1973, p. 4). A mudança defnitiva de todo o parque industrial de Philips causou medo e ansiedade na vizinhança. Com essa situação surge uma grande ansiedade por parte de todos os envolvidos, principalmente da vizinhança. O que seria desse local agora vazio? Seria ocupado por uma indústria poluidora? Haveria uma ocupação do espaço, ou fcaria ocioso permitindo uma natural ocupação dos sem tetos urbanos, por causa de demandas fnanceiras, ideológicas e biológicas?
A Metamorose do Espaço: Instalação do Campus Como já abordamos anteriormente, de um local desabitado surgiu uma ábrica, inaugurando-se então, em Guarulhos, o processo que Milton Santos descreveu após citar a Revolução Industrial:
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Agora o enômeno se agravava, na medida em que o uso do solo se torna especulativo e a determinação do seu valor vem de uma luta sem trégua entre os diversos tipos de capital que ocupam a cidade e odessa campo. O composição enômeno seatingem espalha apor toda ace terra e os eeitos diretos ou indiretos nova totalidade dada espécie. Senhor do mundo, patrão da natureza, o homem utiliza o saber científco e as invenções tecnológicas sem aquele senso de medida que caracterizará as suas primeiras relações com o entorno natural. O resultado está se vendo, é dramático. (SANOS, 1996, p. 44).
Corroborando as afrmações do geógrao, houve no local especulação do uso do solo - compra do terreno antes da construção da rodovia e a venda para a multinacional - e conseqüentes mudanças do entorno, incluindo-se o aumento populacional, o aparecimento do asalto como orte símbolo do progresso, da água, do esgoto, da rede elétrica, teleônica além da larga oerta de empregos. A continuidade do processo ainda se inclui e completa a assertiva proposta pelo geógrao pois em moto contínuo segue provocando transormações através de movimentos especulativos e desmedidos. A compra do espaço antes ocupado pela indústria eletrônica pelo Grupo Internacional prevendo a construção de um centro de convenções anexo ao Shopping Internacional de Guarulhos criou nova onda de incertezas modifcam oem entorno que, fnalmente, dá-se novo destino à áreaque queatingem é então etransormada novo até campus da Universidade de Guarulhos, revelando ainda mais o poder de ascendência desses processos, pois agora atinge uma área muito maior, incluindo até bairros da zona leste da capital paulista. Na década de 90 a ábrica é gradualmente desativada e há um vácuo preocupante com relação ao local. O Grupo Internacional então adquire a área com o objetivo de transormá-lo em um centro de convenções em anexo ao Shopping Internacional. Porém, aproveitando as instalações, localização e a demanda de alunos instala-se em parte de sua propriedade o campus V (Unidade Dutra UnG), atraindo alunos das redondezas e de diversos bairros de São Paulo, principalmente da zona Leste. Contudo, mantêm parte do complexo (prédio O) como centro de eventos, também usado para ormaturas dos alunos e, ainda, alugou outro bloco para uma empresa de logística e transporte (prédio B); atualmente é um Autoshopping de propriedade do Grupo Internacional.
Uma Breve História da Universidade Guarulhos Em 30/08/1970, a Faculdade de Filosofa, Ciências e Letras Farias Brito é inaugurada com 560 alunos. Em 1985 é transormada em Universidade Guarulhos
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(UnG). A ampliação torna mais ampla a idéia diundida no site da universidade: “Os cursos são as sementes lançadas, os rutos serão colhidos pela comunidade”. (UnG, 005) Em 000 é inaugurado campus DutraMedicina com cursos de graduação em História, Administração, Pedagogia,o Matemática, Veterinária, posteriormente, Engenharia Civil entre outros. O espaço atual produz tecnologia na área de educação. Dentre os beneícios sociais produzidos por esse campus cita-se a clínica veterinária, com cerca de 1 mil atendimentos até 006, e o laboratório de matemática que atrai alunos das escolas públicas da região. A instalação do campus trouxe mais uma vez ortes mudanças à vida da população que reside no seu entorno. Inúmeros e variados tipos de comércio instalaram-se ali buscando atender à demanda dos estudantes, além de novas linhas de ônibus e uma passarela sobre a rodovia Presidente Dutra.
Conclusão Embora não tenha havido planejamento na ocupação dessa área, as atividades que ali se processaram não oram tão predatórias como constatam-se em outros lugares de Guarulhos. Foidoespaço signifcativo naàshistória do município, estado e país. por ter eito parte caminho que levava primeiras lavras de ouro do Brasil e também por ter sido usado como rota para tropeiros e, mais recentemente, por ter abrigado a gênese da revolução industrial guarulhense, tema já artamente abordado neste capítulo. Imbricada à idéia de ormação geopolítica, ísica e humana, há também a constatação de um importante processo que promoveu a produção em grande quantidade de aparelhos de televisão que inuenciaria de modo revolucionário o entretenimento da amília brasileira e a construção do paradigma da boa relação entre capital e trabalho na Philips que é ainda hoje aceito.. Doutrinação ideológica ou responsabilidade social? De qualquer maneira os uncionários não participariam da grande greve no fnal da década de 1970 e no imaginário dos trabalhadores guarulhenses, trabalhar na multinacional holandesa era um marco na carreira. A metamorose ocorrida nesse espaço também promove tecnologia, principalmente na área da educação, o que é muito importante. Embora a universidade seja de iniciativa privada, os alunos, na sua maioria, são aqueles que saíram de escolas públicas. A consciência dessa realidade, az reetir sobre a qualidade da ormação desses profssionais e uturos proessores, a maioria deles atuará no ensino público. Que espaços ocuparão na questão educacional, cultural e social? Esta é uma outra história.
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Nota do autor: este artigo é o resultado da pesquisa e trabalho de iniciação cientifca durante minha ormação no curso de História da Universidade Guarulhos, com orientação dos proessores Nilo Lima e Everaldo Andrade, em 2007.
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BIBLIOGRAFIA BRAUDEL, Fernand,
O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Felipe II.
Vol. Paulo: S.P,Capital Martinsestrangeiro Fontes, 1983. GASPI.São ARIAN, Fernando. e desenvolvimento da AméricaLatina.Rio de Janeiro: RJ Civilização Brasileira, 1973. BRESCIANNI, Maria Estela M. In: Historiografa Brasileira em perspectiva.São Paulo: SP Contexto, 003. ENGELS, F, IN: LEFREBVRE, Henri . A cidade do Capital.Rio de Janeiro: RJ, DP e A Editora, 001. NORONHA, Adolo de Vasconcelos & ROMÃO, Gasparino José. Guarulhos, 1880 a 1980. SP: Artes Gráfcas Guaru, 1980. PIEÁ, Elói. Revirando a História de Guarulhos. São Paulo: Caja, 199. RANALI, João. Cronologia Guarulhense, vol I e II.Guarulhos: SP, Artes Gráfcas Guaru, 1986. ______________. Repaginando a História:Guarulhos. São Paulo: Soge, 00. RIBEIRO, Silvio. Guarulhos “uma explosão” - uma breve História.São Paulo: Maitiry, 1995. SADER, Emir. Quando Novos Personagens entraram em cena: Falas e Lutas dos Trabalhadores da Grande São Paulo, 1970-1980. Rio de Janeiro: Paz e erra, 1988. SANOS, Milton. Metamorose do espaço habitado.São Paulo: Hucitec, 1996. 4° Edição. SEVCENKO, Nicolau. A corrida para o século XXI: No loop da Montanha Russa.São Paulo: Companhia das Letras, 001. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científco.São Paulo: Cortez, 00. 80 ANOS À FRENE – História Ilustrada da Philips do Brasil.Jornalista responsável Ana Valeria Haddad, São Paulo: 004.
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PARTE IV |
HISTÓRIA CULTURAL, PATRIMÔNIOS E IDENTIDADES
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Arqueologia Histórica: O Caso de Guarulhos Vagner Carvalheiro Porto
Questões Gerais a Respeito da Arqueologia Este trabalho tem como proposta se inserir no contexto do livro Guarulhos tem História, sugerindo a reexão sobre as potencialidades da Arqueologia para uma ampliação do conhecimento da História e do Patrimônio de Guarulhos. O capítulo basicamente discutirá a natureza da ciência arqueológica assim como o seu desenvolvimento no Brasil. A primeira questão que se az necessária é entender o que vem a ser Arqueologia e o que tem a ver com a vida de Guarulhos. A Arqueologia fcou imortalizada pelo cinema hollywoodiano na fgura do jovem aventureiro que passa por grandes perigos em suas “expedições arqueológicas” ou, por outro lado, se construiu a imagem do arqueólogo como um senhor que fca em seu laboratório desenvolvendo um trabalho sistemático e sem nenhum atrativo. Os cientistas ligados a essa disciplina procuram cada vez mais desmistifcar esses olhares estereotipados a respeito da Arqueologia, mostrando que essa é uma ciência séria ede que sua contribuição pode ser muito valiosaescritas. para preencher lacunas impossíveis serem preenchidas somente pelas ontes A partir da análise do objeto, principalmente em seu contexto de achado, a Arqueologia tem conseguido resultados interessantes na reconstrução da história de diversos grupos seja no Brasil ou no exterior. Em uma proposta de história cultural, tem-se o objeto como centro de uma série de indagações relativas à vivência dos diversos grupos que o coneccionaram. Incluam-se os mineradores da Guarulhos dos séculos XVI e XVII com a mão-deobra indígena diretamente associada. O sítio arqueológico Ribeirão das Lavras, por exemplo, tem grande potencial para o entendimento da evolução dastécnicas de mineração desde o século XVI, muito pouco conhecidas e documentadas no Brasil. Questões ligadas às unções e a utilização do objeto por determinado grupo, as inormações provenientes das características ísicas, o valor do objeto, as associações com outras ontes materiais, até a direta ou indireta cronologia da época em que o objeto oi abricado podem se constituir em uma importante erramenta para se aproximar de uma história mais plausível dos povos que se pretende contar. Arqueologia não deve ser entendida somente como o estudo de “caquinhos”, mas, trata-se do estudo de uma cultura material como as estruturas evidenciadas na região do Ribeirão das Lavras como: montículos, escadas de pedra, dutos de terra e pedra na região, o que indica que houve na área uma exploração intensiva e contínua dos recursos naturais, principalmente, geológicos por se tratar de uma
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área de mineração. A reorganização do espaço, ocasionando grandes mudanças daquela paisagem, também é conteúdo estudado pelo arqueólogo. Mas, para conseguirmos entender todas questões arqueológicas que dizem respeito ao Brasil, São Paulo e a Guarulhos um pouco no tempo e conhecer melhora onde e a partir de quandodevemos começourecuar a se desenvolver a ciência arqueológica. A palavra arqueologia já era utilizada, mesmo que num sentido dierente do que a conhecemos hoje em dia, com os gregos antigos. Mas será a tradição ortemente ligada ao colecionismo praticado por reis e aristocratas europeus, desde períodos medievais, que levará a Arqueologia a adquirir a característica de coleção de objetos, os mais variados (RENFREW; BAHN, 1993, p. 0-4). De acordo com Bruce G. rigger o desenvolvimento da Arqueologia Histórica se dá, principalmente, a partir do período moderno (RIGGER, 004, p. 35-37). A partir do século XIX duas tradições arqueológicas irão se opor: a tradição mediterrânica ligada ao já alado colecionismo e a História da Arte e a Arqueologia Pré-histórica, ligada à Antropologia. A Arqueologia Americana tem suas bases alicerçadas teoricamente na tradição antropológica. Já a Arqueologia no Brasil se constituiu desde o seu início sob inuência das duas tendências teóricas. Por um lado, ortemente ligada ao mundo antigo e medieval sob desenvolvimento a égide da Históriados da estudos Arte e, por outro lado, mais atualmente, depoisà do maior antropológicos e etnológicos ligados pré-história brasileira, da história marxista e dos estudos indigenistas em geral, a Arqueologia Brasileira se sustentou principalmente nas teorias antropológicas. A Arqueologia Brasileira pode ser dividida em arqueologia Pré-histórica e Arqueologia Histórica. A Arqueologia pré-histórica propõe um estudo do Brasil pré-cabralino com análise dos diversos grupos indígenas do litoral e do interior do Brasil, que viveram antes do contato com os portugueses. A Arqueologia Histórica Brasileira examina culturas passadas que estiveram de alguma orma em contato com culturas que dominam a escrita. Os arqueólogos históricos usam documentos escritos como parte de sua investigação, e usualmente trabalham em colaboração com os historiadores. Este tipo de arqueologia se desenvolveu primeiro na América do Norte e na Inglaterra. Continua crescendo nesses dois lugares, mas também está começando a ser praticada em muitas outras partes do mundo, inclusive com grande orça no Brasil. A Arqueologia Histórica no Brasil se propõe a estudar a História do Brasil depois do contato com Portugal, desenvolvendo estudos bastante enriquecedores acerca dos engenhos de cana do período colonial, das relações entre os colonos e os indígenas no Brasil Colonial, das missões jesuíticas no sul, da história de lutas como Canudos e Palmares, dos bairros operários de São Paulo do início do século XX e, em nosso caso específco, dos trabalhos nas minas de ouro da Guarulhos de
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séculos passados, o que está oerecendo novas leituras para diversas histórias que estavam assentadas em bases relativamente intocáveis, mas que, com a ajuda da Arqueologia Histórica estão podendo rever vários de seus conceitos.
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Fragmento de cerâmica com motivos geométricos aricanos, encontrado na região das minas – Ribeirão das Lavras.
Para atingir seus objetivos a Arqueologia se propõe como uma ciência, uma metodologia própria, específca, mas que se pretende essencialmente interdisciplinar. Praticamente todas as áreas do conhecimento humano dialogam com a Arqueologia, umas diretas e outras indiretamente. A principais são a História, a Geografa, a Geologia, a Antropologia, a Arte, a Química, a Física e a Arquitetura, entre tantas outras. Em termos profssionais, a Arqueologia ainda engatinha em nosso país. O reconhecimento da profssão ainda tramita no Congresso Nacional e, ainda, não temos uma cultura ligada ao trabalho arqueológico no Brasil. Mesmo com todas essas difculdades há aqueles que se aventuram em trabalhar com Arqueologia no
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Brasil, com atuação, principalmente, na Arqueologia de Campo. A Arqueologia de Campo é desenvolvida atualmente no Brasil por meio de escavações em sítios pré-históricos e históricos quase em todo território nacional. rata-se de trabalhos em obras públicasde ouImpacto privadasAmbiental que precisam passarpara pelomostrar trabalhosedodeterminada arqueólogo, que az Relatório – RIMA, área possui vestígios arqueológicos ou não, através de prospecção arqueológica e, posteriormente, de escavações propriamente ditas.
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Parede de Azulejo, descoberta em escavação na obras da R. Dom Pedro II e Praça Conselheiro Crsipiniano no centro de Guarulhos, 008
Outras possibilidades de trabalhos ligados à Arqueologia consistem em trabalhar com Patrimônio Histórico e Arqueológico, com Museologia, com Numismática, Restauro ou mesmo lecionar em cursos de extensão ou Lato Sensu, uma vez que se torna uma atividade corrente, principalmente, no Estado de São Paulo. A Arqueologia de “Resgate” ou de Conservação é uma moderna especialização da Arqueologia que se encarrega de velar pela conservação do Patrimônio Arqueológico. Estuda maneiras de prevenir a exploração do meio-ambiente com sua posterior introdução nos registros: o estabelecimento de leis que os tutelem e protejam as áreas de grande impacto destrutivo, e que garantam sua segurança antes que qualquer obra, construção, invasão, depredação, tenham lugar. ambém, estes arqueólogos se preocupam por determinar se um sítio particular tem alguma
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importância histórica signifcativa. Como o fzemos juntamente com nossos colegas pesquisadores ao observar as minas de ouro do Ribeirão das Lavras. Após a avaliação do Arqueólogo, dá-se o registro do sítio no IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), auma escavação arqueológica tem lugar e se iniciam os passos que conduzirão preservação do lugar de sua possível destruição. Mas, antes disso temos que ter bem claro que o trabalho do Arqueólogo não se resume à escavação de sítios arqueológicos, mas inicia-se com os trabalhos de localização dos sítios, seguido da prospecção arqueológica e da escavação propriamente dita, depois vem a análise e interpretação dos vestígios (arteatos e estruturas), encerrando-se o trabalho Arqueológico com a curadoria, publicação e projetos educacionais. A Arqueologia tem uma unção social muito importante, pois interage com a comunidade desde a localização de um sítio arqueológico até o momento em que se integra à comunidade para o trabalho de Educação Patrimonial. No caso de Guarulhos, mais propriamente no sítio arqueológico do Ribeirão das Lavras, nos propusemos a mostrar de que maneira a Arqueologia se az imprescindível para a reconstrução do passado guarulhense. Além do que, o trabalho arqueológico também nos permite ajudar na preservação, não só dos vestígios materiais removíveis mas, das estruturas maciças.
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Fragmento de cerâmica inglesa encontrado nas escavações da obra da R. Dom Pedro II e Praça Conselheiro Crispiniano, 008
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O trabalho arqueológico permitirá, se tomarmos como exemplo o caso do Ribeirão das Lavras, uma reconstituição do contexto da mineração, do trabalho nas lavras de ouro pelos trabalhadores indígenas, conjugando de orma interdisciplinar a pesquisa arqueológica com a geologia, geografa ísica, biologia e com a educação patrimonial, um dos principais expoentes do trabalho do arqueólogo no Brasil e no mundo. O intuito fnal da Arqueologia para a região de Guarulhos deve passar pela criação de um espaço educativo que possa se constituir em uma reerência para pesquisadores universitários e estudantes das redes estadual e municipal de ensino de Guarulhos. A reconstrução da História de Guarulhos passa pela importante documentação textual deixada por jesuítas, viajantes ou historiadores do passado, com importantes contribuições como as de João Ranali, Benedito Prezia, Caetano Juliani, entre tantos outros, como também pelos veios de ouro do Ribeirão das Lavras. Por fm, considero importante destacar o projeto de Geo-Parque que deverá considerar espaços histórico-arqueológicos como as Igrejas da Matriz e Bonsucesso, as capelas de Bom Jesus e Santa Cruz do Mulato, a Fazenda da Candinha e sítio arqueológico do Ribeirão das Lavras, dentre tantas outras importantes áreas históricas de Guarulhos. Assim como as pessoas ligadas à conecção deste livro e tantos outros expoentesdasdamais vidavariadas. guarulhense, como alunos, ONGs, instituições deimportantes ensino e associações E é justamente aí, somada a todos esses expedientes, que a Arqueologia se apresenta como de undamental importância para se recontar essa história.
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BIBLIOGRAFIA CARANDINI, A.
Arqueología y cultura material.Barcelona, Mitre, 1984.
CLARK, G. Arqueologia e Sociedade.Coimbra, Almadina, 1988. 1984. FUNARI, P.P.A.Arqueologia.São Paulo, Ed. Ática, FUNARI, P.P.A. & PELEGRINI, S.C.A. Patrimônio Histórico e Cultural.Rio
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A Presença Feminina na Construção da Cidade Beatriz de Aguiar Hanssen Silvia Piedade de Moraes Oralidade: Um Novo Olhar Sobre a História Quem disse que elas são o sexo rágil? Na década de 40, a principal orma de sustento das amílias guarulhenses era retirada do trabalho nas olarias. Havia por aqui 31 unidades oleiras. Famílias inteiras trabalhavam na produção de tijolos, e por lá fxavam residência. Não oi dierente para Geralda Del Busso Fantazzini e Joana Viciano Del Busso. A primeira relata que começou a trabalhar nas olarias aos nove anos idade, coisa da qual não se arrepende. Disse que gostaria apenas de ter completado os estudos. Mas, não oi o trabalho que a impediu de estudar; oi por alta de incentivo. Muitas meninas trabalhavam e estudavam, mas seu pai achava que o estudo era opcional e nunca exigiu que osse à escola. Apesar de não ter estudado, aprendeu a escrever e azer contas, apenas observando. Seu primeiro emprego
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oi na olaria de seu que tinha o nome de pai, “Olaria Antonio Del Busso”. Lá trabalhavam, também, seus irmãos e a mãe. Em 1947, seu pai comprou uma olaria no bairro Porto da Igreja e passam a residir neste local. Aos 13 anos, Geralda Del Busso Fantazzini, dona Dina, conheceu seu namorado, com quem se casou aos dezenove anos e teve dois flhos de parto normal; o primeiro em hospital particular e o segundo em casa com a ajuda de parteira. Dona Dina, só parava de trabalhar na olaria quando a gravidez chegava no sexto mês, pois sua barriga im-
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pedia que ela pegasse os tijolos no chão, então fcava como cozinheira. Joana conseguiu trabalhar com até sete meses e meio de gravidez. As mulheres oleiras retornavam ao serviço após uns quinze dias depois do parto. Essa ase era diícil, porque quando o bebê chorava as mulheres paravam a produção para amamentar ou verifcar outras necessidades da criança, com o passar do tempo acompanhavam a mãe ao trabalho. Mesmo se tivessem com cólicas ou grávidas continuavam no serviço pela orça ísica; todos trabalhavam com a mesma coisa, uns ‘batiam’ o tijolo, outros ‘lançavam’, outros emparedavam e uns queimavam, a única dierença é que elas tinham jornada dupla de trabalho.
O trabalho igual ao dos homens não dispensava as mulheres dos aazeres domésticos. Acordavam por volta das três da madrugada, aziam o tijolo, na hora do almoço preparavam a comida, voltavam ao trabalho e fcavam até o anoitecer, depois tinham que azer a janta, lavar roupa e o dia da axina fcava para o domingo.
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Antiga Olaria, Cerimonial da Câmara Municipal de Guarulhose Arquivos Pessoais
De acordo com as entrevistadas, elas nunca conheceram nenhuma mulher que osse contratada para o trabalho nas olarias; os contratados eram os maridos e eles levavam a amília. Havia homens sozinhos que trabalhavam na atividade oleira. No caso de casais, as mulheres sempre tinham que estar sobre a tutela do marido, flho ou pai; estes sim eram registrados como trabalhadores. Mesmo
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assim, muitas mulheres se destacavam pela destreza com que realizavam seu trabalho. Como cita dona Joana: “oi a minha mãe, ereza adeu, quem ez os tijolos para a chaminé do Adamastor, ela azia muito bem, fcavam mais bem eitos”. Além damuitas dupla vezes jornada trabalho, havia mulheres que agressões do marido, porde ciúme ou descontentamento com soriam os serviços. Dona Joana relatou que certa vez uma mulher deixou o trabalho para olhar o flho que estava chorando a revelia do marido, começaram uma discussão, que terminou com graves agressões ísicas à mulher, ninguém impediu o ato, porque esse comportamento rotineiro era visto como problema do casal. O divertimento da época era a eira de domingo, localizada no centro da cidade, na Rua Dom Pedro, e o cinema. Muitas meninas, como dona Dina e dona Joana, não iam porque os pais não deixavam. Elas também não participavam dos atos políticos e nem se lembram do envolvimento de suas mães. Dona Dina lembra que, constantemente seu pai dizia que em dia de eleição ninguém deveria sair de casa, tamanho o perigo. Dona Dina, com 7 anos de vida, e dona Joana, com 77 anos, relembram seus dias: Foi bem melhor do que estar na rua... Éramos pobres, mas, a comida era boa”, diz dona Dina. “Vim para cá, quando minha flha tinha 57 dias. Foi diícil. Desistir não. ínhamos amor um pelo outro, queria vencer, afrma emocionada dona Joana.
Cerzideiras e Marcadeiras na Sala de Pano da Fábrica Adamastor: Aprendendo Sobre o rabalho e a Vida Em 197, Antonieta Cassiano Vieira, ao completar 14 anos, emprega-se na ábrica de casimiras Adamastor. A morte do pai a trouxe para o mundo do trabalho adada pela necessidade. Para auxiliar a mãe no orçamento doméstico, Antonieta az teste de admissão como cerzideira na ábrica “Adamastor S/A Fiação e ecelagem” e consegue a vaga. Foi então que ela tirou sua documentação. Para se manter no emprego, teve que parar de estudar e por diversas vezes trabalhava dois turnos consecutivos. Na “sala de pano”, como era chamada a seção, trabalhavam, em média, 0 mulheres divididas nos cargos de cerzideira, marcadeira e revisão. Como muitas mulheres, Antonieta passou pelos três oícios, mas adaptou-se melhor ao de marcadeira. O primeiro salário oi dado todo para a mãe que pagava as contas de roupas compradas na barraca da eira, já que nada tinha de interessante no centro da cidade, que na época contava com poucas lojas. Segundo ela, era rigoroso o controle de qualidade. Uma mulher que acumulasse muitos erros no tecido em que aziam, podiam ser punidas até com demissão. As marcadeiras verifcavam todos os grandes rolos de pano etique-
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tados com o número da uncionária e anotavam em cadernos cada tipo de erro e em seguida solicitavam assinatura da trabalhadora e o conserto imediato. Pouco adiantava, já que os registros eram verifcados pela supervisão. “Muitas vezes deixei de anotar os deeitos no caderno para não prejudicar a pessoa”, afrma Antonieta. A convivência com mulheres de dierentes idades trazia uma aprendizagem do novo, da qual a amília não dava conta... Falar da vida, dos problemas, de amor e de sexo. Muitas meninas, assim como eu, chegava lá sem ainda “ser moça”. Lembro que um dia a supervisora precisou explicar o que era aquele sangue na calça e cortou um pedaço do tecido dos rolos e deu para ela. Algumas mulheres sem dinheiro para comprar absorvente usavam tecidos de lá... As trabalhadoras recebiam em dinheiro na própria empresa (segundo ela, não tinha perigo, nunca ouviu alar de assaltos por ali) e assinavam um holerite. Só sabia o que era sindicato porque verifcava todos os meses o desconto no pagamento.
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Carteira profssional de Antonieta Cassiano Vieira, Cerimonial da Câmara Municipal de Guarulhos e Arquivos Pessoais
Antonieta relata que a maioria das mulheres, assim como ela, deixavam de trabalhar ao marcar a data do casamento e assim iniciavam a carreira de “rainha do lar”. Aos 49 anos, Antonieta relembra: “oi um serviço que gostei, me dava bem com todo mundo”.
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Registro profssional Antonieta, Cerimonial da Câmara Municipal de Guarulhos e Arquivos Pessoais
Mulheres: Colonização e Posse da erra A estudiosa eminista Carmen Deere nos apresenta um panorama conitante sobre a posse de terra por mulheres no mundo. Segundo ela apenas cerca de 1% das mulheres no planeta tem registro de posse de seus terrenos. Uma pequena parte das mulheres adquire por meio de herança amiliar ou viuvez. Mesmo sendo casada, nada consta em seus nomes. De acordo com a historiografa guarulhense, somente em 1639 a viúva Maria Rodrigues é citada como benefciada de uma sesmaria4 de 3000 braças em seu nome. Naquela época grandes doações de lotes eram eitas por ordens de expedientes, onde amílias residiam e ormavam aldeias de exploração, cultivo e sobrevivência. Ação necessária para o povoamento local, mas que também representou verdadeiras regalias oerecidas aos clãs inuentes. Outra orma de citação de mulheres se destaca pela generosidade concedida ao Estado ou à Igreja. Em 1846, dona Joaquina Josepha Brotelho Bustamante Rondon, doou jóias, em ouro e diamantes, em testamento à padroeira “Nossa Senhora da Conceição”.
4 Sesmaria, lote de terra doado pelos reis para moradia e cultivo.
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Em 19, a senhora Deolinda Ramos Bueno propõe que a Câmara pague metade de uma quantia junto com interessados, aos pobres que trabalhassem na abertura da estrada do Sacramento, em Bonsucesso. Por unanimidade, oi rejeitado pelosNanobres incentivando que a senhora arcasse o pagamento solitário. mesmaedis, época, a senhora Vitalina Souza Matos doacom terreno na Rua Claudino Barbosa para ser construído o Centro de Saúde e a senhora Cândida Rodrigues Barbosa, no bairro Bananal, doa lote para a instalação de escola primária. Como supomos, embora na época as mulheres tivessem pouquíssimas participações, já dedicavam tempo e dinheiro ao progresso local.
Educação: A Presença Marcante das Mulheres O primeiro registro5 que se tem de grande presença de mulheres na história local, verifca-se a partir da obrigatoriedade do ensino. Proessora Nicolina Bispo, dentre as primeiras proessoras da época, teve grande destaque e oi elogiada através de oício por lecionar no município de orma gratuita, além das aulas que já ministrava. Além disso, em 1960, a proessora participa de um concurso para escolha do Hino de Guarulhos e vence, sendo então imortalizada. A massifcação das mulheres na educação, nada tem haver com dons ou afnidades. Este ecaráter oerecido às mulherescom comoênase fgura mãe-educadora (educação assistência) é compreendido avançoa no Brasil, assim se conclui que o município não “ugiu à regra” da década de 1930, ano da expansão do ensino. ...A docência era considerada, em princípio, uma atividade que podia ser desempenhada por qualquer ser humano, sem distinção de sexo. Mas, tendo em conta, a identidade eminina acreditava e enatizava que mulheres poderiam realizar muito melhor esta tarea. Assim, as brasileiras oram incorporadas à docência sobre a base da articulação de eminilidade e atividade docente, o que colocava em evidência as dierenças de gênero existentes na sociedade. (BAUER, 001, p.134)
Assim não nos surpreende que em Guarulhos a maioria das nomeações de corpo docente osse ocupada por mulheres, como segue: proessora titular da Escola da Vila, Maria Joaquina de Carmo, em Bonsucesso, Inácia Joaquina Homens e Adelaide Vilela Bastos. Lecionava na sede a proessora Brasiliana
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Nogueira; na Ponte Grande, Maria Delfna Marcondes Machado; e, em Bonsucesso, Cristina Rinaldi. 5 Ranali, Cronologia Guarulhense: 1986, p.110 6 Até então não havia concursos públicos e as nomeações fcavam a cargos dos preeitos.
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A proessora leiga, Eugênia Ângela Cardoso, assume a escola da apera Grande; proessora Serafna de Castro, na vila Galvão; proessora Durvalina de Castro, para o aboão. As escolas da vila Rio de JaneiroLígia e JardimBrancaleoni vila Galvão, Maria e Amália Sampaio. Dentre estas, até 1951, estão Anita Vasconcelos ognem, Cacilda Caçapava, Maria Gertrudes Desbrausser, Josefna Machado, Guiomar Rocha Camargo, Amália Sampaio, Maria José Rinaldi Barbosa, Henriquieta de Jesus Pinto Carvalho, Julieta Augusta de Miranda, Alexandrina Casado de Oliveira e Durvalina da Costa. Em 1944, a proessora Maria José Coelho de Souza, diretora do Grupo
a d eci h n co es d ia r o t u A
Escolar a distribuiçãoGuarulhos de lanche inicia escolar. Em 1913, a proessora Brasilina Marcondes Machado reúne uma comissão para reA diretora Ernestina Del Bueno, Cerimonial da Câmara Municipal alizar estudo sobre adoção de de Guarulhos e Arquivos Pessoais terrenos, com vista a suprir as necessidades educativas. Fato interessante que nos reporta a pensar que, desde essa época, o proessorado se organiza não só por melhores salários, mas por condições de trabalho, acesso, permanência e qualidade de ensino. Lembremos que em 15 de outubro de 187, ainda no Império D. Pedro II, é promulgada a Lei que abre as escolas para meninas; e mesmo com currículo dierenciado7, tal ato, é de notória importância para o avanço social de hoje. Em 199, Guarulhos calculava 475 meninos em escolas e 410 meninas. Em 1930, esse número diminuiu para 464 meninos e 407 meninas. Com tão recente aplicabilidade da lei, as meninas já se equiparavam quantitativa e qualitativamente nos bancos escolares.
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Às meninas era ensinado: leitura, escrita, as quatro operações , bordados e boas maneiras.
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Pioneiras Políticas A primeira vereadora eleita em Guarulhos é Ernestina Del Buono rama (1948). Segundo nosForghiere aponta o livro “Cronologia Guarulhense”, em 1937,daErnestina junto com Otávio elabora o primeiro Regimento Interno Câmara. Era mulher provida de qualifcado conhecimento em Direito e boas relações e participação na política local. Há poucas inormações registradas em Guarulhos, mas a proessora é patrona de uma escola em Guaianazes, de onde oi possível localizarmos mais dados sobre sua biografa. Nascida na capital, em 1901, cursou contabilidade, ormou-se proessora primária e lecionou em um sítio de Guarulhos. Foi para Bebedouro em 19, e lá undou um dos colégios mais requisitados de Contabilidade. Com a crise de 199 e a destruição deste projeto, veio para Penha e undou o Colégio “Ateneu Ruy Barbosa”, que se manteve com grandes difculdades. Radicada por dois anos em Guarulhos, elegeu-se vereadora. Segundo consta nas atas de sessões da Câmara Municipal, a vereadora assina somente a primeira ata da sessão ordinária. Há registro de sessenta ausências não justifcadas e a perda do mandato em 31 de julho de 1948. Sem deixar registros dos possíveis empecilhos, no mesmo ano, a Câmara aprova louvor à ex-vereadora sem justifcar motivos. Nosendo registro biográfco da patrona da escola,e Ernestina aparece comotais eleita atuante, uma vez presidente da Câmara por duas vezes secretária, o que demonstra uma grande controvérsia histórica. Ernestina Del Buono rama se ormou em Direito e aleceu aos 70 anos de idade. Em 1948, é eleita, também, a senhora Udinela Wanda de Mendonça Falcão. Esta permanece por mais tempo no mandato, até 1949, e realiza em curto período uma atividade parlamentar ativa. Em 1948, solicita linha de ônibus para o percurso São Paulo/Guarulhos e propõe nomear importante avenida da cidade, a Monteiro Lobato (mantida até os dias atuais), em homenagem à data de morte do escritor. Em 1949, a vereadora se licencia para não mais voltar; os motivos da qual ainda são obscuros. ivemos, também, a senhora Dulce Insuleo Macedo, uncionária pública que assume, em 1947, o cargo de preeita por treze dias; encontra-se aqui toda difculdade de citar atos e registros sobre esta mulher.
Ativas e Populares Francisca Luzanira Pinheiro Candêa, chegou à cidade de Guarulhos com 31 anos, em junho de 1953. Seu marido já estava aqui desde janeiro do mesmo ano. Ela já tinha sua primeira flha Maria Gorete e seu marido era sapateiro. Eles moraram um tempo com seu irmão. Como sempre ora muito ativa, logo se interessou pela política local, sendo
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“cabo eleitoral” na campanha de Mario Antonelli para preeito. Seu comportamento alante e audacioso chamou a atenção do partido, que a convidou para se candidatar como vereadora. Achando que era uma brincadeira recusou tal proposta, pois muito de política, desde o para tempo em que no interior do apesar Ceará, de nãogostar achava que estivesse preparada o cargo de morava vereadora. Explicou que nem mesmo sabia se seu marido aceitaria que ela osse candidata, então o grupo disse que conversaria com ele. Seu marido não negou o pedido e deixou que ela resolvesse a questão. Luzanira, então, acabou aceitando. Sua amília nunca criou objeção. eve quatro flhos e sempre cuidou da casa. No domingo, seu marido a ajudava com o almoço, mas isso não a isentava da sua dupla jornada de trabalho. Foi em 1968 que saiu pela primeira vez como candidata. Percebeu que a população não a discriminava por ser mulher, somente alguns candidatos tinham esse preconceito. Na primeira candidatura recebeu entre 1500 a 1600 votos. Na tribuna, se sentia muito insegura, porque só tinha estudado até a 4ª série e discursaria ao lado de médicos e advogados presentes. Algumas vezes Luzanira ouviu oensas machistas de outros vereadores, como por exemplo, “mulherzinha de porta de ábrica” ou “lugar de mulher é na cozinha”. Ficou vinte anos na política, suas campanhas e seus mandatos eram eitos na “raça”, saía a pé eefcava bairros o dia todo. Assime que pôde, voltou a estudar, ia à biblioteca tinha nos um proessor de Matemática de Português. Depois ez o curso de madureza8. Ajudou as comunidades nas questões ligadas à água e luz. Fazia relatórios e os levava para a Light9. Dentre muitas histórias relembradas, nos conta que, uma vez, numa tarde de sábado, uncionários da Preeitura abriram uma valeta na porta de sua casa. Foi verifcar do que se tratava e responderam que iriam asaltar até a porta de sua casa. Ela fcou muito irritada, pois queria que o beneício se estendesse para a rua inteira. Ela não se conormou, pediu para que parassem o serviço, explicou que era vereadora, oi alar com o preeito e conseguiu que modifcassem o projeto e asaltassem a rua toda. Sua participação na política oi de grande primazia. Por ser única mulher eleita permaneceu por três mandatos, sozinha entre um legado de homens na Câmara Municipal de Guarulhos: “Achei importante a colaboração ao município que nos adotou. Reconhecer isso numa época diícil, de repressão... amo São Paulo e amo Guarulhos. Aquilo que o povo me confou era meu dever e minha obrigação. Nunca deixei de atender à população”. (Luzanira , 007). 8 9
Antigo modo de supletivo. Empresa concessionária de energia da época.
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Adola Alexandrina Santos, nasceu em Morrinhos, Goiás, e, em 1965 se mudou para Guarulhos, já casada. Dona Adola ajudava em asilos e oranatos desde solteira, possuía uma motivação especial para a caridade. Em 197 conheceu um motorista ambulância, amigos e ele passou a ajudá-la entrega de brinquedosdeque ela azia nofcaram Natal. Ela arrecadava brinquedos com na os abricantes e ele se vestia de Papai Noel e os distribuíam nas avelas. Moradora do bairro Picanço procurava políticos para conseguir coisas que altavam no bairro como, por exemplo, um posto de Saúde. Em 1976 saiu candidata a pedido do povo e convidada por Waldomiro Pompeu. Algumas pessoas que a conheceram dizem que oi uma mulher muito autêntica, guerreira, dinâmica e com voz ativa. Afnal, conseguiu azer com que seu marido aceitasse sua candidatura. Candidatou-se seis vezes, e segundo relata seu flho Nelson: “três vezes ela dormiu vereadora e acordou como suplente, por ter muitas coisas contra o sistema e nunca ter se vendido. Isso não deixou que ela se sobressaísse mais”. Predestinada a auxiliar a comunidade, muitas vezes estava dormindo e o teleone tocava; era alguém precisando de algo urgente, sem se importar com o horário, procurava com os órgãos públicos alguma orma de ajuda.
População e Censo. Afnal, quem são estas Mulheres? Segundo registro do IBGE, a população do município de Guarulhos em 187, com o nome de Freguesia Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, ora recenseada com 370 pessoas, sendo 1136 homens e 115 mulheres (acima de 10 anos). Passados 135 anos, o município apresenta uma população de 861.868 (pessoas acima de 10 anos), sendo 441.64 mulheres e 40.604 homens. Analisando dados do IBGE (000), percebemos que desde o “achamento”10 do Brasil e por conseguinte a undação e ocupação das cidades (inclusive Guarulhos, em 1560), as mulheres em geral , mesmo estando em maioria quantitativa não conseguiam representar-se como tal no que tange a qualidade de vida. Ao citarmos histórias de mulheres nos trabalhos e na política, percebemos que, culturalmente, o rompimento com idéias patriarcais11 se acha ainda endurecido no seio das amílias. Haja vista que a maioria das mulheres não consegue se desvencilhar do trabalho doméstico gratuito como dupla jornada, mesmo exercendo trabalhos que requeiram orça ísica ou aparato intelectual maior ou semelhante aos dos homens.
10 Expressão usada para contrapor-se a idéias de descobrimento. 11 Patriarcado - expressão usada para designar posturas e idéias machistas ou a supervalorização do homem em detrimento da mulher.
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Embora as escolas ossem abertas às mulheres ofcialmente 1 em 187, muito mais tardiamente que para os homens, elas avançam para dominar a profssão de educadoras no ensino inantil e primário, isso porque dentre os atores que corroboraram estão o caráter dadoe àaseducação da época, em exigindo da proessora uma posturaaetivo/caritativo materno-educadora aulas ministradas meio período, o que não a impediria de cuidados com o lar e a amília. Resta assinalar que o estado estimulou o papel docente das mulheres. Mães e mestras oram interpeladas politicamente quando chamadas a colaborar no processo de integração nacional, por meio da atividade docente dirigida à ormação dos uturos cidadãos do país. (id. p. 133).
Ainda hoje em Guarulhos, assim como o perfl brasileiro, calcula-se inestimável quantidade de proessoras nas séries iniciais, como cita Bauer: A compreensão da orte presença eminina da profssão remonta o período compreendido entre 1870 e 1930, quando teve lugar um processo de eminização da docência, no marco da organização do estado, do sistema educativo e da procura de uma identidade nacional. (id.,ib p. 134)
Interessadas pela vida pública, as mulheres citadas na política representaram uma audaciosa resistência aos “palanques alocêntricos”.13 Advindas da caridade ou das lutas locais, elas puderam responder às pessoas que a mulher tem lugar em todos os lugares; certas que mesmo assim, às vezes, estavam em dois ou três lugares ao mesmo tempo: política, casa e amília. abela de evoluçao eminina na política de 1948-1976: Legislatura
1948-1951 195-1955 1956-1959 1960-1963 1964-1968 1969-197 1973-1976
Vereadoras
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1
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Vereadores
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otal
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abela de evoluçao eminina na política de 1977-004: Legislatura
1977-198
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Ofcialmente, porque muitas amílias ensinavam suas flhas ou contratavam preceptores. Falocêntricos - centrado na fgura do pênis.
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Mesmo não chefando (reconhecidamente) a amília, elas organizavam e realizavam tareas com a mesma orça ísica e moral que os homens, e ainda alternavam dores menstruais com as dores do parto, dores da violência com as dores do cansaço. Mesmo assim, quando estavam em menos remunerados davam sua orça e presença para osnão rendimentos dostrabalho homens. Esta dierença de gênero entre responsabilidades e rendimentos é perceptível na mostra quantitativa da administração pública municipal de (005), setor onde as mulheres correspondem a 59% da classe trabalhadora. Isso se deve ao ato de que saúde e educação serem culturalmente relacionados pelo perfl de “cuidados”, como elucidamos a seguir: no marco da expansão do capitalismo, a docência, com a enermagem, oram consideradas atividades de trabalho, que na medida em que se envolviam os cuidados dos outros... demandavam para realizar-se atributos tidos como essencialmente emininos (id., ib. p. 134).
Em maior quantidade, dentro do setor público, as mulheres recebem remuneração média de R$ 1.578,73, enquanto que para os homens os rendimentos mediam entre R$ .03,66. Isto se deve a alguns atores preponderantes: concentração mulheres nasparticipação áreas de enermagem e docência; em cargos das de chefa, pouca política o que difculta obaixa acessoocupação aos “cargos de confança”. Dados IBGE 000, perfl de mulheres, segundo município. Responsáveis por domicílios odas
Mulheres
89.978
Homens
68.033
%Mulheres
%Homens
3,5
76
1.946
Porcentagem de mulheres com 15 anos ou mais responsáveis por domicílios odas
15-19
0-4
5-9
30-34
35-39
40-44
45-49
50-54
55-59
68.013
0,9
4,8
8,4
10,7
1,3
13,
11,7
10,1
7,8
60-64 65-+ 6,7
13,4
Anos de estudo: mulheres e homens responsáveis por domicílio Mulher
Homem
5,9
6,6
Rendimento fnanceiro de responsaveis por domicílios Mulher R$561,60
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Homem 884,97
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O Surgimento das Ong’s Feministas e a Exigência de Políticas Públicas para Mulheres que as mulheres, estiveram parorganizações das necessidades e urgênciasVimos da sociedade. Ainda hoje,sempre elas são maioria anas e movimentos comunitários, como as associações de bairro e de moradores. Organizam-se na maioria das vezes, para reivindicar o bem comum (água, escola, asalto, posse da terra). Por se depararem diariamente com tristes realidades estão em massa nos movimentos de base. Quando analisamos a participação das mulheres em dierentes espaços, percebemos o enômeno do “aunilamento”, isto quer dizer que as mulheres estão em grande quantidade nas lutas mais imediatas, e quanto mais precisam fcar ou se aastar do lar, menor será sua participação. Caberá, pois, aos homens encabeçarem postos de decisão e arcarem com a participação nos espaços políticos. Entendemos então porque tão poucas mulheres se candidatam ou se fliam a partidos, visto que isso demanda tempo e dinheiro. Após o ortalecimento do eminismo com a “luta por creche” em 1970, surgem diversas Ong’s de deesa das mulheres, sobretudo, voltadas ao apelo da não-violência contra elas. Em 197, um grupo Casa de Cultura Paulo Pontes, se afm de debater não de só mulheres problemasdagenéricos a toda sociedade, masorganizaaqueles relativos à mulher especifcamente. Atuantes, elas pesquisam nos bairros necessidades e anseios das mulheres, e participam do “Encontro da Federação de Mulheres Paulistas”. Por volta de 1980, com toda pressão dos movimentos populares e eministas a primeira Delegacia de Deesa dos Direitos da Mulher surge no Brasil. Seguindo este cronograma, Guarulhos inaugura a Delegacia da Mulher em 1986. Mesmo com tal aparato do Estado, desenvolve-se uma cultura de denúncia, o que az aumentar o número de mulheres dispostas a buscar apoio psicológico e jurídico. Em 1997, a Asbrad (Associação Brasileira de Deesa da Mulher e do Adolescente) abre com este perfl de atendimento. Com o eminismo avançando para dentro da universidade, muitas organizações começam a debater política e culturalmente as desigualdades de gênero. Surgem, assim, grupos de mulheres dentro de outras instituições, como o PM (udo Pelas Mulheres) organizado pelo Espaço Cultural Florestan Fernandes, e o Centro de Deesa dos Direitos Humanos “Pe. João Bosco Burnier”, na divulgação dos direitos das mulheres com a cartilha Manual de Cidadania. Muitos sindicatos e partidos criam departamentos ou setoriais de mulheres. A primeira ONG eminista com caráter de educação para igualdade de gênero é o Centro de Integração da Mulher - CIM, undado em 001. A instituição rea-
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liza centenas de encontros de mulheres, produz diversos materiais inormativos e contribui para a Câmara Municipal cedendo Projetos de Lei que posteriormente se tornam importantes instrumentos de deesa das mulheres. Como órgão inovador, o CIM relaciona a mulher em todas as interaces (moradia, educação, meio ambiente, saúde). Na mesma época, o poder público inaugura a Casa da Mulher Clara Maria, no Centro, destinada a receber gestantes e nutrizes para cursos. Em seguida, lançamse importantes espaços políticos eministas: o Fórum de Mulheres de Guarulhos e o Fórum da não-violência contra a mulher. Em 00, a Casa Rosas, Margaridas e Beths inicia suas atividades para atender mulheres em situação de violência. De lá para cá a Casa Clara Maria se expandiu com a regionalização do atendimento nos bairros: Pimentas (00), Haroldo Veloso (003) e vila Galvão (006). O maior e mais importante espaço de discussão para as mulheres aconteceu em 004 com a I Conerência de Políticas para as Mulheres que resultou num vasto relatório de propostas e reivindicações, dentre elas a consolidação de uma Coordenadoria da Mulher, que surge em 006. Em 007, realiza-se a II Conerência para Mulheres e, em ambas, Guarulhos leva representantes à Conerência Nacional em Brasília.
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BIBLIOGRAFIA BAUER, Carlos.
Breve história da mulher no mundo ocidental. São Paulo, Edições
Pulsar, 001. Diana & LEON, Magdalena. O empoderamento da mulher: direitos a terra DEERE, Carmen e direitos de propriedade da América Latina.Rio Grande do Sul Editora UFRGS, 00. FERNANDES, Maria Cláudia Vieira. Casa de cultura Paulo Pontes: Guarulhos de 1977 a 1980 – cidade e cultura - espaços e lutas e construção de poder dos trabalhadores. Monografa de especialização em história PUC, São Paulo, 003. PIEÁ, E lói. Revirando a história de Guarulhos.São Paulo, CAJA, 199. RANALI, João. Cronologia Guarulhense.Vol I Artes gráfcas Guaru, 1986 REDE H. Abrealas: O eminismo na virada do século XIX / XX.Rio de Janeiro, Arte Sem Fronteiras, data. RIBEIRO, Silvio. Destino... Guarulhos a história do trem da Cantareira.Diadema, Gemarp 006. VENURI, Gustavo; RECAMAN, Marisol & OLIVEIRA, Suely (orgs.). A mulher brasileira nos espaços públicos e privados.São Paulo. Fundação Perseu Abramo, 004. SITES CONSULTADOS
www.ibge.gov.br/home/estatistica/população/perfldamulher/tabelasmunicipais acesso em 13/08/007 www.ibge.gov.br/cidadesat - acesso em 13/08/007 FOTOS
Cerimonial da Câmara Municipal de Guarulhos e Arquivos Pessoais ratamento | Renan Guedes
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Memória e Preservação: O Cemitério São João Batista como Fonte Histórica Gláucia Garcia de Carvalho “Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos”. Essa rase, atribuída a William Shakespeare ornamenta o portal de entrada de um cemitério no estado do Maranhão. Ainda que seja chocante, ilustra a grande dierença dos humanos em relação aos demais seres vivos do planeta: a espécie humana é a única que reconhece sua própria condição de vida, seus limites e sua morte. Ao longo da vida, lida-se com o tema morte de dierentes maneiras. De enômeno natural, a cultura de medo e temor, a morte passou por algumas interpretações flosófcas até ser encarada no período iluminista como uma aronta à condição humana, concepção teórica deendida pelos primeiros habitantes das nascentes cidades ocidentais erguidas em torno dos Burgos. Enquanto que para os camponeses e pobres europeus, a morte uncionava como possibilidade de descanso e salvação da alma.
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Vista aérea do cruzamento da Rua Luis Gama com a Rua Oswaldo Cruz. Á direita o Cemitério São João Batista na sua antiga confguração espacial.
A palavra cemitério vem do grego “koumetérion” que signifca “eu durmo” e do latim “coemeterium” que designa “lugar onde se descansa”. Até o fm do século
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XIX, os mortos eram sepultados dentro das igrejas, acreditava-se que seria uma orma dos santos protegerem o ente querido. Segundo Carollo: “primitivamente a palavra designava lugares sepulcrais dos judeus e cristãos, e oi usada pela primeira vez na literatura cristã por Hipólito”. p. 05) O uso expresso da palavra, oiertuliano adotado noe ano III por (CAROLLO,1995, Emiliano – na acepção que lhe oi conerida em Roma, designando toda área sepulcral, enquanto na Grécia tinha o sentido de túmulo da amília. Para pobres desvalidos, escravos, negros rebeldes e seguidores de outras religiões, considerados pagãos, os enterros eram realizados ora das igrejas, em cemitérios a céu aberto, onde ossas comuns abrigavam milhares de deuntos, echadas nas épocas de epidemia ou quando fcavam completamente cheias. Com base em teorias higienistas, que apontavam a necessidade de se transerir os enterros para locais separados dos templos religiosos, em 1789, D. Maria de Portugal enviou recomendação ao bispo do Rio de Janeiro, Dom José Joaquim Justiniano Mascarenhas Castelo Branco, para que se construíssem cemitérios separados das igrejas. Diante do costume arraigado de católicos e de inúmeras irmandades que praticamente se dedicavam à inumação dos mortos em igrejas, assim como a reza de missas e demais aparatos adotados para o cortejo únebre, o apelo não surtiu eeito, Em 1801, a carta-régia príncipe, D. reiterou necessidade7apontada por D. Maria mesmo assim asdo construções deJoão, cemitérios sóacomeçaram anos depois. Fato é que a existência da igreja católica, undamentada no teocentrismo, construiu uma rede de crenças e costumes que oram incorporados ao ritual da morte e do sepultamento a partir da diusão dos valores do cristianismo no mundo colonizado a partir da idade moderna. Um destes costumes exportados oi o enterro ad sanctus, (dentro das igrejas, próximas aos santos) que perdurou até o século XIX ,. quando o movimento sanitarista no Brasil, passa a exigir eetivamente a construção de cemitérios separados dos templos religiosos católicos, saindo em deesa da saúde pública. Por outro lado, os religiosos e a população organizaram movimentos de resistência em deesa da continuidade dos enterros que seguiam a tradição do catolicismo. Neste período, percebe-se a ormação de inúmeros movimentos populares contra o sepultamento em cemitérios ora dos domínios católicos. A Revolta da Cemiterada ocorrida em Salvador (BA) em 1836 é um bom exemplo do que estava acontecendo no Brasil. rês mil pessoas em menos de uma hora quebraram e incendiaram o recém inaugurado cemitério, pedindo a anulação da lei que havia proibido enterros nas igrejas, mas nada adiantou. Esse sentimento coletivo tinha como grito de guerra à rase “morte ao cemitério”. Após longo período e com ritmos dierentes, a população se adapta à nova orma de sepultamento. O surto epidêmico de gripe e ebre amarela, em meados
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do século XIX, serviu como alerta para que a mudança de costume ocorresse. Em Guarulhos, nos registros de óbitos, sob responsabilidade da Cúria Diocesana consta que os mortos eram enterrados em três igrejas: Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, atualPretos, Igreja construída Matriz, Igreja da Irmandade Senhora do Rosário dos Homens na rua D. Pedro IIdee Nossa demolida por volta de 1930, e a Igreja Nossa Senhora de Bonsucesso, no bairro de Bonsucesso. O primeiro registro legível de óbito em Guarulhos é do ano de 1751, com a seguinte redação: aos sete de março de mil sete centos ”sintoenta” e um alecia Luiz Catijo de idade de 80 anos e morreu com todos os sacramentos e oi “embirrado” debaixo dos bancos da parte do Evangelho e pagou “nove centos” e “se senta.
Finda a polêmica entre católicos e sanitaristas, devemos observar as distâncias que oram construídos os dois cemitérios mais antigos de Guarulhos, em relação às igrejas situadas nas proximidades dos mesmos. Falamos do cemitério de Bonsucesso e do cemitério São João Batista. Não trataremos do cemitério de Bonsucesso, nesta oportunidade, nosso enoque é para o cemitério São João Batista, espaço mortuário localizado na Rua Felíciocatólicas Marcondes no centro de Guarulhos. Mais que um local aastado das igrejas da região central, repleto de esculturas e lápides, o cemitério abriga parte da história da cidade. Ainda que possa parecer um assunto assustador, o registro sobre mortos pode ser aproveitado como onte de pesquisa histórica, capaz de viabilizar dados importantíssimos para compreender-se a ormação social de certo lugar. Neste caso, os mortos “contam história”. oda espécie de tipo material ou imaterial de lembranças, memórias, registros documentais orais, textuais ou, ainda otos, plantas, mapas, flmes, constitui um acervo de grande importância para a história de uma comunidade rural ou urbana, vila, bairro, rua, cidade e município. se uma comunidade possui historia, então ela tem um valor patrimonial inestimável e singular... em se tratando de um bem cultural como um cemitério, por exemplo, o respeito à sua preservação e revitalização se torna, assim, um dever de todos os cidadãos residentes na cidade, bem como do poder publico. (ARIÈS, 003, p. 135).
A partir do censo das pessoas enterradas é possível identifcar a srcem, religião, média de idade e causa mortis mais comuns da época, entre outros dados. O cemitério destituído de seus atributos únebres, que o torna um lugar de luto, de saudade, de assombrações e no qual se ritualiza a dor da despedida, é revisitado
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em um discurso histórico e iconográfco, capaz de agregar potenciais turísticos e contribuir com a identidade da cidade. Visto sobre este prisma o cemitério São João Batista passa a ser um lugar a conhecer-se no município, como museus, bibliotecas, zoológico, memória e parques. Um local ondeseus é depositado não apenas corpos, mascasas juntodea eles uma história de vida com signifcados específcos envoltos no sentimento de continuidade amiliar. Guarulhos tem essa riqueza que a sociedade conserva guardado em determinado local. Entre outros aspectos, um que chama atenção no cemitério São João Batista, são os túmulos. Verdadeiros monumentos arquitetônicos, identifcados com a construção do passado da cidade e de certa orma, com a identidade e memória da imigração estrangeira e nacional. O cemitério fca aberto ao público e é um local bastante visitado. Não osse a resistência das amílias tradicionais da cidade em 1965, o São João Batista teria sido totalmente destruído. Onde atualmente se encontra a biblioteca Monteiro Lobato, o Ambulatório da Criança e o Serviço Funerário Municipal, havia pessoas enterradas e que oram removidas para o cemitério São Judas adeu no bairro do Picanço. Inormações orais e documentos da Preeitura atestam que a grande maioria dos cadáveres removidos oram os dos pobres. remanescente estava fnalizado, prevista a porém construção de umaCom praçao eterreno da própria biblioteca do quecemitério, teve seu projeto a praça não saiu do papel. Ao andarmos pelas dezesseis quadras deste espaço mortuário, verifcamos nas lápides que os nomes das pessoas ali sepultadas estão vinculados aos das ruas e avenidas tradicionais de diversos bairros guarulhenses, principalmente da região central como Paulo Faccini, Luiz Faccini, José Maurício de Oliveira, Otávio Braga de Mesquita, Sebastião Walter Fusco. Pessoas que ajudaram a escrever a história da nossa cidade ali se perpetuam. São nove os preeitos enterrados: Capitão João Francisco da Silva Portilho (mandato 1896 – 1902). Quadra 15 sepultura 6. Preeito escolhido pela Câmara dos Vereadores e reeleito no Legislativo, porém renunciou. Capitão Teóflo de Assis Ferreira (mandado 1906 – 1907). Quadra 15 sepultura 1. Juiz de paz e comandante de polícia. Foi Intendente escolhido pela Câmara dos Vereadores. Capitão Gabriel José Antônio (mandato 1908 – 1915).Quadra 8 sepultura 14. Aflhado do Cerqueira César, oi escolhido pela Câmara e tinha amizade com diversos políticos de São Paulo conseguindo obter da Ligth & Power os primeiros postes para iluminação pública em 1914.No seu mandato possibilitou a vinda dos trilhos do ramway da Cantareira em 1915. Contratou a Rede Pindamonhangalense para a instalação dos primeiros aparelhos teleônicos em 1910.
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Zeerino Pires Freitas (mandato 1917 – 1919). Quadra 8 sepultura 1. Eleito pela Câmara dos Vereadores tinha um grande carinho na parte urbanística da cidade arborizando ruas e distribuindo mudas. José 15 Saraceni (mandato 26 de evereiro de 1936 á João 13 deFrancisco março deda1936). Quadra sepultura 1. No mesmo jazigo encontra-se Silva Portilho. Nomeado para substituir o então preeito Guilhermino Rodrigues de Lima. Lutou para implantar uma linha de ônibus, porém oi impedido pela Câmara. eve o primeiro automóvel registrado em Guarulhos (chapa nº 1). José Maurício de Oliveira Sobrinho (mandato 1919 -1930 / 1940-1945). Quadra 8, sepultura 9. Escolhido sucessivamente pelo Governo do Estado. O ex – preeito ez um leilão para arrecadar undos para a construção da nova sede da Preeitura, hoje posto da Guarda Civil Municipal. Dr. Heitor Maurício de Oliveira (mandato 1945 – 1947). Quadra 8, sepultura 30. Nomeado pelo Governo do Estado, também oi Deputado Estadual. Vasco Elídio Egídio Brancaleoni (mandato 27 de novembro de 1945 a 18 de dezembro de 1945). Quadra sepultura 1. Preeito comissionado pelo Governo do Estado durante o aastamento do então Preeito Dr. Heitor Maurício de Oliveira. Dr. Rinaldo Poli (mandato 1953 – 1957). Quadra 4,sepultura 15. Deu início a era industrial de durante Guarulhos sendoindústrias benefciado pela inauguração da Dutra. Isentou de impostos 15 anos que investiam em Guarulhos. Foi o primeiro preeito eleito pelo povo. O morto está vinculado ao homem e, portanto az parte integrante da história. Pelo lugar que se concede a ele uma determinada sociedade pode defnir a sua cultura. udo o que diz respeito aos usos, costumes e ritos unerários, interessa às pessoas que se dedicam a ciência histórica e independe da religião seguida, pois o cemitério é um local onde existem diversas etnias ocupando o mesmo espaço. ...memórias nos ajudam a azer sentido no mundo em que vivemos... embutido em relações complexas de classe, gênero e poder, que determina o que pode ser relembrado (ou esquecido), por quem e para que fm. (CHAUÍ, 199, p. 4).
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BIBLIOGRAFIA. ARIÈS, Philippe. Historia
da Morte no Ocidente.Ediuro, Rio de Janeiro. 003.
CHAUÍ, Marilena. Direito à memória.São GRASSI, Clarissa. Um olhar... Arte no
Paulo: Fundação Abramo,Curitiba 199. Autores Perseu Paranaenses. Silêncio.
– Paraná, 006. ORGANIZAÇÃO. Departamento de Patrimônio Histórico, Secretaria Municipal de Cultura e Preeitura do Município de São Paulo. O Direito à Memória. Patrimônio histórico e cidadania.São Paulo, 199. PAGOO, Amanda Aparecida.Do âmbito sagrado da igreja ao cemitério público: transormações únebres em São Paulo (1850-1860).São Paulo: Arquivo do Estado, Imprensa Ofcial do Estado de São Paulo, 004. RANALI, João. Repaginando a História.Soge, Guarulhos – São Paulo.00. __________. Cronologia Guarulhense: vol I Guarulhos– São Paulo. 1986. REIS, João José. A Morte é uma Festa.São Paulo: Companhia das Letras. 1991. São Paulo: Necrópolis, 006 REZENDE, Eduardo CoelhoMorgado.O Céu Aberto na Terra. CURIA DIOCESANA DE GUARULHOS, Livro de óbito I, 1750
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Patrimônios Culturais Guaru lhenses: Questões S obre Memória, Identidade e Cidadania. Elmi El Hage Omar Analisar o signifcado e o conceito da palavra patrimônio nas ciências humanas, e constatar como se encontram alguns desses patrimônios assim como são conduzidas as políticas públicas de conservação e valorização, nos motivou a incluir nesta obra este capítulo que ará algumas reexões de caráter sócio político com a revelada intenção de ormar convencimento sobre o que se costuma chamar de política de governo e política de estado. É necessário discutir memória e identidade. Dá-se assim a orma para entender a importância de valorizar e preservar os patrimônios, termo que segundo o dicionário Aurélio signifca: riquezas, bens herdados. Em ciências humanas a palavra ganha amplitude e se liga à idéia de memória e identidade. Assim, quando alamos em preservação dos patrimônios o intuito é preservar mais do que um objeto ísico, uma riqueza material e sim símbolos e identidades. Além do entendimento sobre o objeto há a questão importante da discussão critérios usados valorar este ou aquelee dominados objeto. Quem desenvolve essa dos norma de escolha ? Épara sabido que dominadores atuam na história, porém são os primeiros que a escrevem. Sob a sua ótica e paradigmas. À luz dessa racionalidade é que são desenvolvidas avaliações do que preservar ou não preservar, provocando lacunas e distorções em qualquer estudo que se pretenda sério. Como qualquer experiência humana, a memória histórica constitui uma das ormas mais ortes e sutis da dominação e da legitimação do poder. Neste sentido, os grupos dominantes vencedores na história tentam impor a sua visão e a perpetuação de uma memória da dominação. Aos vencidos, restam apenas o esquecimento e a exclusão da historia e da política preservacionista. (ORIÁ, 00, p.136 in BIENCOUR)
“Salve o navegante negro, que tempor monumento as pedras pisadas nocais”. Esse trecho citado da música Mestre-Sala dos Mares, de João Bosco e Aldir Blanc, trata dos marinheiros negros que se revoltaram devido ao duro tratamento que recebiam dos seus superiores. Cansados de serem chibatados, insurgiram-se em 1910 naquilo que oi posteriormente chamado de Revolta da Chibata. Esses resistentes não tiveram monumento erguido por lutarem por uma condição mais justa no exército, como diz a letra da música, apenas as “pedras pisadas no cais”. Demonstra-se aí que
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monumentos são objetos de memória que ratifcam o vencedor, mesmo que hoje se reconheça legítima a luta dos vencidos. Felizmente há um resgate constante dessas histórias de resistência, o que impede o seu entanto, sentir-se algo tão almejado pelos queesquecimento. assumem umaNo posição de para liderança nessecidadão, estado de coisas, o indivíduo precisa ter um sentimento de pertencimento signifcativo no meio em que vive. Precisam de valorização da memória e identidade. Os monumentos resgatam constantemente esse sentimento, por meio do símbolo material. Em prejuízo a lei constitucional que determina que nossos patrimônios tenham cunho histórico e exaltem nossa composição étnica plural, ainda observamos, por parte de alguns setores sociais de Guarulhos, uma resistência à implantação deste modelo mundial. As indicações de patrimônios reorçam a memória dos vencedores, do elemento europeu e suas consecuções e cultura.14 Como exemplo de resistência da memória plural, podemos citar o tombamento do Sítio da Candinha, que segundo a Secretaria de Cultura de Guarulhos, é o único remanescente do período escravagista que possui senzala na região metropolitana de São Paulo. ombado pelo Decreto nº 1143/000 e declarado de utilidade pública pelo decreto nº 787/004, para implantação do Centro de educação e cultura negra com um parque para visitação. Mesmo com todo o reconhecimento legal, a iniciativa tem encontrado resistência em interesses ligados à especulação imobiliária. Para uma plena identifcação e manutenção dos patrimônios culturais é preciso que toda a população nitidamente plural se identifque com esses símbolos, se reconheça neles e veja a sua memória sendo perpetuada por meio da educação, assim, a preservação será automática. Um equivoco que persiste durante décadas é o de associar os patrimônios com edifcações e monumentos, reerências materiais. Pode-se defnir patrimônio como: ... toda produção humana, de ordem emocional, intelectual e material, independente de sua srcem, época ou aspecto ormal, bem como a natureza, que propiciem o conhecimento e a consciência do homem sobre si mesmo e sobre o mundo que o rodeia (GODOY, 00, p.7 in BIENCOUR)
Com essa conceituação entendemos quão abrangentes são as questões relacionadas aos patrimônios culturais. Categorias diversas podem pertencer a essa 14 Adiante no artigo consideraremos um breve histórico dos bens tombados de Guarulhos que ilustra bem a ênase eurocêntrica.
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defnição: elementos da natureza, meio ambiente, hábitos, música, conhecimentos, técnicas, coisas, arteatos, obras e construções resultantes do trabalho humano no espaço ocupado. Usando o pressuposto descrito acima, propomos a preservação antigos espaços de mineração de ouro em Guarulhos no Ribeirão das Lavras,dos na Serra do Itaberaba (pedra que brilha no idioma upi-Guarani) e outros locais 15. Importantes sítios arqueológicos ainda preservados oram e são ontes de estudo de alguns cientistas das áreas de história, geologia e arqueologia da USP, UnG, FaG. Atentos quanto a real possibilidade da expansão urbana colocar em perigo a conservação desta área, pesquisadores do Movimento Guarulhos em História, solicitaram ao CONDEPHAA, IPHAN e ao CCMPHAAPG, o tombamento de parte deste sítio, para o desenvolvimento de um Centro de educação e cultura da história da mineração do ouro e seus personagens envolvidos: bandeirantes, indígenas, negros. Nesse espaço seria criado, um núcleo de estudos interdisciplinares e integradores de diversas áreas do conhecimento como: história, arqueologia, geologia, geografa, antropologia, biologia. Como resultado da implantação desse centro de estudos sobre a história da mineração, proporcionaríamos aos nossos estudantes, em diversos âmbitos, a oportunidade de conhecer um dos ciclos importantes nosso município, parte da história paulista, seus personagens múltiplos e suas de realizações. Ao revisitarmos a história da mineração constatamos apenas a valorização do bandeirante, porém, na realidade, houve trabalho conjunto de diversas outros atores. Há muito que se descobrir com respeito ao trabalho realizado nas minerações e lavras; poucos têm conhecimento sobre essa atividade em São Paulo e em Guarulhos. Antecedente à grande exploração de minérios nas Minas Gerais.16 Outra proposta, que tem apoio dos movimentos sociais, é a criação e instalação de um monumento na Praça Conselheiro Crispiniano que recupere a história, memória da resistência e identidade dos pretos escravizados pertencentes às diversas irmandades que se reuniam na antiga igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Exatamente neste local, nos tempos coloniais, no primeiro quarto dos anos 1700, os pretos das irmandades construíram uma igreja, com muito esorço viveram sua é, e, através de ajuda mútua, lutaram e sobreviveram ao duro período da iníqüa escravidão.
15 Veja o mapa das antigas estruturas arquológica das lavras na p. 84 deste livro 16 Veja o artigo sobre o Ciclo do Ouro em Guarulhos na p. 74 e as técnicas de lavra do ouro nos garimpos do Ribeirão das Lavras p. 83 deste livro.
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Não bastando, após a abolição da escravidão, com o advento da república, sob o lema positivista de ordem e progresso e os alardeados princípios de igualdade, raternidade e liberdade, soreram a expropriação de sua identidade, memória, cultura epor religião. Estratégia processoade branqueamento (idéia de quearquitea “raça branca” ser superior iria do sobrepujar “raça negra” na miscigenação), tado e executado pela elite republicana. A velha igreja que era reerência da presença negra e que um dia serviu até de matriz oi demolida, sendo uma das justifcativas a expansão urbana em unção de alargamento da Rua Dom Pedro II que, diga-se de passagem, não oi eita de modo pleno até hoje (RANALI, 1986, p.97). Após a mudança de local e não bastante, oi suprimida no nome do templo, a expressão “dos Homens Pretos”, reorçando a hipótese do branqueamento, mencionada anteriormente. Resgatar essa e outras histórias é reconhecer os erros cometidos no passado que aetaram o presente, e mais ainda tomar medidas reparatórias que envolvam a responsabilidade e participação de todos no processo histórico. Perspectiva que serve como modelo ao presente O artigo 6 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n° 9.394/96) aborda a observação das características regionais e locais da sociedade e cultura. Isto abre oportunidade para a dinamização do ensino de história local no currículo que certamente valorizará a memória além oda maior consciência de nossa srcem. e o acervo cultural dos municípios A proposta é a criação de reerências ísicas que valorizem as diversas identidades étnico-culturais guarulhenses tais como a Casa de Memória e História da Mineração Paulista ligada a um parque temático de cunho educativo e preservador e o monumento aos resistentes irmãos pretos das irmandades pertencentes à igreja velha de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, na atual Praça Conselheiro Crispiniano. A consideração dos patrimônios históricos, arquitetônicos e culturais de Guarulhos; um breve histórico, seus decretos legais, locais, algumas inormações relevantes e otos antigas, servirão de base para entender as etapas e os resultados que levaram a sua preservação.
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Relação e Breve Histórico dos Patrimônios Culturais ombados
Antigo Museu Histórico Municipal Situado na Rua Sete de Setembro, nº 150, esquina com a Rua Felício Marcondes, Centro de Guarulhos de propriedade particular da amília de José Mauricio de Oliveira Sobrinho (preeito em Guarulhos de 1919 a 1930 e 1940 a 1945), e seus sucessores.
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Antigo Museu Histórico Municipal, acervo do Arquivo HIstórico Municipal de Guarulhos
Em 1911, o proprietário adquire como doação condicionada um terreno, benefciando-se de uma iniciativa da preeitura que: ... mandando limpar um terreno próximo ao Cemitério Municipal, aorou-o aos que quisessem nele edifcar, determinando para isso um prazo improrrogável de seis meses, sob pena de rescisão contratual. (lei Municipal nº 13 / 1911)
O prazo não oi respeitado, sendo o prédio construído somente em 1937. Em 1973, é alugado pelo município para ser instalado o Fórum Municipal. Posteriormente em 1977, abriga a Secretaria de Obras e, nos anos 80, abriga a Junta de Alistamento Militar do Ministério do Exército. Nos anos 90 oi sede do Museu Histórico, mas por alta de pagamento dos aluguéis, soreu ação de despejo no ano 000.
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Em 1988 a então Secretaria de Educação e Cultura, solicita o tombamento do reerido imóvel. Em 7 de evereiro de 199 o preeito Paschoal Tomeu eetua o tombamento como Patrimônio Histórico Municipal, através do decreto nº em 16 de de 199 é publicado o decreto do de Conselho nº 1706/9 que16963/9 revoga oeanterior, sobjunho alegação de que sem a participação do Patrimônio Cultural o preeito não teria como atribuição tombar o reerido imóvel. Outra argumentação esvaziava o valor histórico do prédio não justifcando assim o tombamento Finalmente é tombado pelo Decreto nº 1143/000. oda essa disputa ocasionou provocou o abandono da edifcação que atualmente, encontra-se vazia e em péssimo estado de conservação. Um exemplo, em pleno Centro de Guarulhos, da diícil relação entre especulação imobiliária e preservação patrimonial.
o t a S i m E a r d n a S
Condição atual do Antigo Museu Histórico Municipal de Guarulhos, 008
Antigo Paço Municipal Localizado na Rua sete de setembro, nº 146, 156 e 166, Centro de Guarulhos, esquina da Rua Felício Marcondes, de propriedade pública municipal. ombado pelo decreto nº 1143/000. De acordo com inormações contidas no verso de uma otografa encontrada no arquivo histórico da cidade de Guarulhos, preeito Zeerino Pires de Freitas, em 15 de março de 1919, desapropriou um terreno para
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a construção do Paço Municipal e para o alargamento da Rua Felício Marcondes através da Lei nº 4.
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Antigo PaçoMunicipal, 193,acervo do Arquivo Histórico Municipal de Guarulhos
Em 18 de agosto de 191 oi aberta concorrência pública para construção do ediício. No ano de 193, o Governo do Estado contribui com seis mil e oitocentos réis, com intuito de azer a Delegacia de Polícia. Nesse prédio também se instalou o Departamento de Educação e Cultura, Biblioteca e o IBGE, simultaneamente. Por muitos anos uncionou como Departamento de Obras, época em que soreu várias reormas que o descaracterizou. Ultimamente a instalação serviu como Departamento de Administração da Preeitura Municipal e está em boas condições de conservação.
Escola Estadual Capistrano de Abreu No Centro de Guarulhos, situada na Rua Capitão Gabriel, nº 385, propriedade da Secretaria do Estado da Educação. ombada pelo Decreto nº 1143/000. Em 16 de maio de 1913 um grupo de personalidades guarulhenses, como: Padre Celestino, úlio Brancaleoni, José Maurício de Oliveira, José Esperança da Conceição, proessor Artur Marret, entre outros, enviaram um oício ao preeito, Capitão Gabriel José Antônio, propondo a doação de um terreno ao Estado para a construção de uma escola pública. Em 196, terminadas as obras, oi inaugurado o primeiro “Grupo Escolar de
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Guarulhos”. Em 1937 passou a chamar-se Grupo Escolar Capistrano de Abreu, em homenagem ao historiador cearense. Em 1948 a escola matriculou alunos adultos para alabetização no período noturno. Atualmente unciona como escola estadual do ensino undamental.
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Grupo Escolar Capistrano de Abreu, 1940, acervo do Arquivo Histórico Municipal de Guarulhos
Antiga Estação de rem Central Guarulhos Situado na Praça IV Centenário, s/nº, Centro de Guarulhos, propriedade pública municipal, atualmente encontra-se em uso pela Guarda Civil Metropolitana. ombada pelo Decreto nº 1143/000, porém descaracterizada em seu interior. Remanescente das cinco estações do ramal Guapira-Guarulhos da ramway da Cantareira (depois Estrada de Ferro Sorocabana) que era composto por : Vila Galvão, orres ibagy, Gopoúva, Vila Augusta e Guarulhos. Estaestação e linha oram inauguradas em 4//1915. Em 1946, houve um prolongamento da linha até a base aérea de São Paulo, em Cumbica, onde se construiu uma estação em alvenaria. A linha toda oi desativada em 1965. Na atual Praça, se encontram uma velha máquina “Maria Fumaça”, a estação restaurada, o casarão amarelo do antigo chee da estação e os bancos do pátio que acomodavam os passageiros que esperavam o trem, ainda conservando parte da arquitetura da época. Ornamentos artísticos em erro, desenhados nas paredes antigas, sustentam a estrutura metálica dessa construção.
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Antiga Estação de rem Central de Guarulhos, acervo do Arquivo Histórico Municipal de Guarulhos
Casa Amarela ambém situada na Praça IV Centenário, s/nº, Centro de Guarulhos, de propriedade municipal. Localizada atrás da estação erroviária dedaGuarulhos, serviu de pública residência ao chee da estação do ramal Guapira-Guarulhos ramway da Cantareira. ombada pelo Decreto nº 1143/000. Nesse local unciona atualmente o Arquivo Histórico e o Núcleo do Patrimônio Cultural da Cidade de Guarulhos.
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Antiga casa do zelador da estação central do “trenzinho da Cantareira”, atual sede do Arquivo Histórico Municipal de Guarulhos, 007
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EEPSG Conselheiro Crispiniano Localizado na Avenida Arminda de Lima, nº 75, Centro de Guarulhos, de propriedade da Foi Secretaria do Estado Educação e tombado nomeado pelo Decreto nº 1143/000. o primeiro GinásiodaEstadual de Guarulhos, E.E. Conselheiro Crispiniano, em homenagem ao guarulhense João Crispiniano Soares, conselheiro do Império e presidente das províncias de Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. A escola oi projetada pelos arquitetos João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, em 1960 e a construção oi concluída no ano seguinte. Esta oi à primeira obra em que Artigas utilizou a iluminação zenital. Nela também há um painel mural pintado pelo concretista Mário Gruber. No ano de 1994 o ediício passou por uma reorma e recebeu um anexo que intereriu no seu entorno, porém sem prejuízo ao seu valor como patrimônio cultural da cidade de Guarulhos.
Praça Getúlio Vargas Situada no Centro de Guarulhos e de propriedade pública municipal, essa Praça abrigava o antigo prédio da Câmara Municipal de Guarulhos. ombada pelo Decreto nº 1143/000.
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Praça Getúlio Vargas,acervo do ArquivoHistórico Municipal de Guarulhos
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Antigo campo do Paulista F.C., desapropriado em 1951, a Praça Getúlio Vargas oi ormada em 195. Em 1958 oram inaugurados o gabinete do Preeito e a Câmara Municipal. Em 1960, recebeu o monumento-símbolo do IV Centenário de Guarulhos, pela comunidade cidade. Quanto A Praçaao passou por ampla reorma doado com objetivo de restaurarjaponesa aspectosdasrcinais. uso das dependências da antiga câmara, há várias discussões que apontam para implantação de um museu ou arquivo histórico, o que seria muito apropriado visto que atual museu é carente de espaço e encontra-se em local descentralizado, em rente ao Lago dos Patos em Vila Galvão.
Sanatório, Igreja e eatro Padre Bento. Com endereço na Avenida Emílio Ribas, nº 1573, bairro Jardim ranqüilidade, propriedade do governo do Estado de São Paulo. Complexo hospitalar conhecido como Hospital Padre Bento. O tombamento do sanatório ocorreu pelo decreto nº 1143/000 proposto pelo Conselho Municipal de Patrimônio de Guarulhos. A igreja e o antigo cine-teatro oram tombados pela Lei nº 3587/90 do Conselho de Deesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e urístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAA).
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Sanatório Padre Bento, aproximadamente 1950, acervo do Arquivo Histórico Municipal de Guarulhos
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Inicialmente ali uncionou o Sanatório São Paulo, uma casa de saúde particular para doentes mentais, posteriormente nomeado como Padre Bento, em homenagem ao padre Bento Dias Pacheco, que dedicou grande parte de sua vida à assistência (leprosos). O espaçoaos oihansenianos adquirido pelo governo do Estado, em maio de 1931, para o tratamento de portadores do mal de Hansen. Com a demanda oram adquiridos terrenos e construídas novas dependências: uma vila com moradias, um prédio que abrigava uma caixa benefcente (cooperativa), além de cinema, palco para peças teatrais, biblioteca, cassino, salão de baile com tribuna para orquestra e barbearia. Como parte do complexo oram construídos: um campo de utebol, igreja, chácara com criação de gado, laboratórios, escola profssional, sala de palestras e reeitórios, ormando um complexo de aproximadamente 340 mil metros quadrados, que deu enorme impulso à vida social, artística, cultural e desportiva dos internos do hospital, enfm uma pequena cidade. Em 1931, a pintora modernista arsila do Amaral, retrata em óleo sobre tela, o amoso Padre Bento. Por longo tempo o quadro fca exposto no próprio sanatório. Em 1965 o quadro oi para o Rio de Janeiro, no Centro de Restauração de Bens Culturais (CRBC) e fcou lá por cerca de 0 anos. Retornou para o município permanecendo no Gabinete do Preeito. A obra provavelmente deverá fcar exposta eatrode Padre Bento. Até anodécada 60, os hansenianos viviam isolados. Devido à doença ser transmissível e não haver um tratamento efcaz oi criada toda essa grande estrutura social. A partir do controle da doença pelas novas descobertas da medicina, houve um esvaziamento das atividades voltadas para a manutenção de internos proporcionando a abertura da estrutura para uso da população. O sanatório az parte hoje de um complexo hospitalar que atende como pronto socorro público (SUS), sendo reerência no tratamento de doenças dermatológicas. A igreja está em estado razoável de conservação. O eatro oi totalmente reormado e inaugurado em 8 de dezembro do ano 007.
Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso / Núcleo Cultural de Bonsucesso e Igreja de São Benedito Praça Nossa Senhora do Bonsucesso, nº 13, bairro de Bonsucesso. Compõe-se das Igrejas de N.Sra. do Bom Sucesso (à esquerda) e de São Benedito (ao undo, no fnal da Rua). De propriedade da Cúria Diocesana de Guarulhos. ombada pelo Decreto nº 1143/000. Parte do conjunto religioso de Bonsucesso, como a capela de São Benedito, era reqüentado por escravos e libertos de srcem aricana. A igreja N. Sra. do Bonsucesso oi construída em taipa de pilão no século XIX em substituição à antiga capela. Ali ocorre uma antiga maniestação religiosa po-
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pular existente na região; A Festa da Carpição, que é realizada anualmente, desde 1741, na primeira segunda-eira de agosto. No fnal do mesmo mês acontece a esta de N.Sra. do Bom Sucesso. Pessoas de diversas regiões de ora do município comparecem. Durante as estas ocorrem apresentações de Folias de Reis, Congadas, Moçambiques, Violeiros e Cantadores.
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Igreja N. Sra. doBonsucesso e Igreja de São Benedito,acervo do Arquivo Histórico unicipal M de Guarulhos, década de 1930
O principal rito consiste em apanhar punhados de terra e colocar em saquinhos ou lenços, considerados milagrosos, amarrá-los ao corpo, e caminhar orando em procissão até o lugar onde depositam a terra considerada sagrada e curativa. Em agosto de 004 o decreto nº 786/004, declara de utilidade pública para fns de implantação do Bosque dos Romeiros: área de terreno… situada na Avenida Dr. Arthur Marcondes de Siqueira nº 0, lote 13 loteamento/Bairro Bonsucesso,… pertencente a Ary Jorge Zeitune… de acordo com planta constante do processo nº 18760//04,… Área essa que tem orma irregular e peraz um total de 6.750,00 m2 (seis mil setecentos e cinqüenta metros quadrados) de terreno…
Esse espaço se destina a construção de um núcleo de cultura e artesanato para preservação da tradição caipira, e a continuação de atividades artesanais visando à ampliação do turismo.
Igreja Nosso Senhor do Bom Jesus da Capelinha. Situada na Estrada de Nazaré Paulista, Km 36, bairro da Capelinha de propriedade da Cúria Diocesana e undada em 194. Atualmente, no entanto, en-
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contra-se dentro do terreno da Pedreira Pau-Pedra. ombada pelo Decreto nº 1143/000.
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Igreja Nosso Senhor do Bom Jesus da Capelinha, acervo pessoal de Décio Pompeo.
Igreja do Bom Jesus da Cabeça Localizada na Estrada do Cabuçu, nº 58, bairro do Cabuçu e de propriedade da Cúria Diocesana de Guarulhos. ombada pelo Decreto nº 1143/000. Segundo inormações do arquivo histórico oi construída em 1850, como capela particular, pelo negro Raymundo Fortes, o Mestre Raimundo, nas terras de Joaquina Fortes Rendon de oledo, onde oi escravo e pajem. A primitiva cabeça do Bom Jesus de Pirapora está cercada por lendas sobre a srcem e a orma como chegou até o Cabuçu. Foi venerada em oratório particular da azenda por Dª Joaquina até sua morte, quando passou ao Mestre Raymundo e deste para o neto, também Raymundo Fortes.
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Capela do Bom Jesus da Cabeça no Cabuçu
Igreja São João Batista dos Morros Situado na Praça Nello Poli, s/nº, Jardim Adriana, bairro do Cocaia propriedade da Cúria Diocesana de Guarulhos. Sua construção oi concluída no fm década de 1940, restaurada no ano 000. ombada pelo Decreto nº 1143/000.
Igreja Bom Jesus de Pirapora do Macedo Localizada na Avenida Monteiro Lobato, s/nº ao lado do Centro Municipal de Educação do Adamastor, de propriedade da Cúria Diocesana de Guarulhos, a mesma não está aberta permanentemente para visitação. ombada pela lei n°4.635 de 16 de setembro de 1994. Interessante notar com respeito a essa igreja que no processo de urbanização não oi demolida e continua incrustada numa avenida de grande movimento bem próxima ao centro.
Parque Vicente Leporace Em homenagem ao amoso radialista essa praça situa-se no Jardim Santa Bárbara, s/n° de propriedade pública municipal, tombada pela lei nº 4.635 de 16 de setembro de 1994.
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Cemitério São João Batista Localizado na esquina da Rua Felício Marcondes com a Rua Oswaldo Cruz, no Centro de Guarulhos, de propriedade municipal. tombado como patrimônio histórico municipal pela Lei nºpública 364, de 7/8/1990.Foi Criado no fnal do século XIX. Em 194 oi ampliado e murado, no terreno doado por Francisco Antunes, novamente ampliado em 198, com a aquisição de terreno de rente para a Rua João Gonçalves.
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Vista aérea docruzamento da Rua 7 de setembro com a Rua Felício Marcondes. Á direita no alto o Cemitério São João Batista remodelado e a biblioteca Monteiro Lobato recém construída.
Posteriormente, a área total oi reduzida, com a construção do posto de saúde, na Rua Oswaldo Cruz, e a Biblioteca Municipal Monteiro Lobato, na Rua João Gonçalves. A denominação atual (São João Batista) oi estabelecida pela Lei nº 370 de 8/8/1956. Em 1995 o decreto nº 19041/95, confrma o tombamento em sua nova área, e túmulos. Este cemitério na composição atual abriga os restos mortais das tradicionais amílias guarulhenses. rata-se de um rico acervo histórico que pode ser explorado como roteiro turístico e histórico.17 17 Veja neste livro o artigo: Memória e Preservação. O Cemitério São João Batista como Fonte Histórica p. 161.
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Sítio da Candinha (Maria Cândida Barbosa) Encontra-se no bairro do Bananal de propriedade particular , tombada pelo decreto nº nº 787/004 1143/000,declaro os proprietários em litígio preeitura. O decreto u a área deestão utilidade públicacom paraa fns de criação de um parque para visitação pública e implantação do Centro de educação e cultura negra:
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Casa sede da antiga azendo do Bananal (Casa da Candinha), 008
Art. 1º – “pertencente a Francisco Assis de Almeida… de acordo com planta constante do processo nº 53875/03,…”. “Área essa que tem orma irregular e peraz um total de 117.000,00 m2 (cento e dezessete mil metros quadrados) de terreno”. Publicado no Diário Ofcial do Município em 6/8/004, p. 1 e . De acordo inormações do arquivo histórico está é uma das construções mais antigas do município de Guarulhos e casa-sede da Fazenda Bananal, a única remanescente do período escravagista na região metropolitana de São Paulo, sem reormas que alteraram sua srcinalidade.
Casa da Família Saraceni Com endereço na Rua José Saraceni, nº 16, bairro do Itapegica, de propriedade particular, localiza-se no meio do estacionamento do Shopping Internacional de Guarulhos. ombada pelo Decreto nº 1143/000.
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O italiano Giuseppe (José) Saraceni, nascido em Castiglione da Casauria, na região de Abruzzo. Chegou ao Brasil em 1895, instalando - se ao lado do que é hoje o batalhão obias de Aguiar. adquiriu esta de chácara, com aproduzia casa construída, e no porão einstalou umaEm das1919, primeiras ábricas Guarulhos; perneiras, calçados artigos de couro para o exército.
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Casarão em estilo Art Noveau, construída por volta de 1900, em 1973 vendida para a Olivetti e depois para o Shopping Internacional, acervo do Arquivo Histórico Municipal de Guarulhos.
José Saraceni teve o primeiro automóvel registrado em Guarulhos (chapa nº 1) e chegou a ser preeito interino da cidade, como participante de uma comissão designada pelo governo do Estado, de 6/ a 13/3/1936. A chácara da amília Saraceni oi vendida em 1953 a Olivetti, que construiu a ábrica e preservou o casarão, usando-o como escritórios. Vendido posteriormente para o Grupo Internacional Shopping que ameaçou demoli-lo sob alegação de que não teria condições de uso; sua demolição serviria para aumentar o número de vagas no estacionamento. Algumas disputas oram travadas entre o proprietário, a preeitura e parentes dos antigos proprietários, por fm os laudos comprovaram a solidez da obra. Atualmente a casa está bem preservada e incrustada no meio do estacionamento do shopping, cercado por um muro alto, sendo as suas dependências usadas como escritórios para administração.
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Antiga Fábrica Adamastor Situado na Avenida Monteiro Lobato, nº 690, bairro do Macedo, de propriedadedapública municipal, passoue da porSecretaria processode deCultura, restauração e adequação para uso Secretaria da Educação tombada pelo Decreto nº 1143/000 e decreto nº 16/001 que dispõe sobre a implantação do Centro de Formação de Educadores. As instalações pertenceram à ábrica de casimiras Adamastor, é um bom exemplo arquitetônico presente durante o processo de industrialização de Guarulhos, principalmente a sua chaminé ao nível do solo construída em tijolo aparente. Antigamente, o espaço constituía-se de uma antiga chácara. Foi vendida, em 1941, à Cerâmica Brasil. Em 1946 a mesma revende a uma tecelagem que se transeriu de São Paulo. Na década de 1980 oi locado por um atacadista, posteriormente para uma de pista de kart. Após, fcou um longo período vazio. A partir de dezembro do ano de 003, a preeitura az uma reestruturação com objetivo de abrigar um espaço educativo e cultural, o Centro de Educação Adamastor, e a sede da secretária de cultura e de educação em prédio adjacente projetado pelo arquiteto Ruy Ohtake.
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Lista de p atrimonios não tombados por lei, mas de interesse por parte de alguns setores da sociedade Igreja Matriz - Nossa Senhora da Conceição (C atedral) Situada na Praça ereza Cristina, s/nº, Centro de Guarulhos, propriedade da Cúria Diocesana Localizada na Praça eresa Cristina, no Centro. Sua construção, srcinalmente em taipa de pilão, iniciada possivelmente em 1741 e terminada entre 1761 e 1763. Soreu várias reormas, incorporando ampliações e outros materiais construtivos.
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Catedral Nossa Senhora da Conceição, 006
eatro Nelson Rodrigues Localizado na Praça Cícero Miranda, s/nº, Vila Galvão, propriedade pública municipal, não tombada pelo CCMPHAAPG (Conselho Consultivo Municipal do Patrimônio Histórico, Arquitetônico, Artístico e Paisagístico de Guarulhos). No ano de 1909, a Fazendinha do Cabuçu oi vendida para o Sr. Francisco Gonzaga
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de Vasconcelos. Na região, havia um descampado e água em abundância, uma lagoa rica em aguapés e aves aquáticas, grande pomar de jabuticabeiras, mata alta e viçosa que se estendia até às margens do rio Cabuçu, de águas claras, que na época produzia grandes O que ora antes sedelambaris. da azenda, hoje abriga o eatro Nelson Rodrigues, onde oram apresentadas peças de autores importantes. O belo solar tem ao seu lado o Museu Municipal de Ciências Naturais, construído entre os anos de 1908 e 1910. Segundo onte do arquivo histórico: “projeto eito por Ramos de Azevedo, soreu, no decorrer dos anos, inúmeras reormas e transormações, preservandose, todavia sua orma srcinal. A ostentosa varanda soreu alterações, perdeu as janelas coloniais, o apoio de madeira to do branco e trabalhado, a série de degraus em alvenaria, os porões e os vasos decorativos que não existem mais”.
Lago dos Patos ou Parque Balneário da Vila Galvão Praça Cícero Miranda, s/nº,Vila Galvão, propriedade pública municipal. É considerado relevante para a cidade de Guarulhos. Antigo parque balneário de Vila Galvão, implantado no início da década de 190 pelo dono da azendinhado Cabuçu e da Empresa Cerâmica Paulista, Francisco Gonzaga de Vasconcellos. A produção de tijolos e telhas ábrica possibilitou construção de prédiose ahistóricos da cidade de São Paulodessa como a Pinacoteca, Santaa Casa de Misericórdia Catedral da Sé. Este espaço é parte do atual complexo cultural da Praça Cícero Miranda.
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Lago dos Patos na Vila Galvão, 1950 (Noronha, 1960)
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Das antigas construções, ainda existem o coreto no pátio do Centro Cultural Proessor João Cavalheiro Salem, a casa que servia de salão de baile e abrigou a Biblioteca Municipal Paulo do Carmo Dias, o Museu de Ciências Naturais Sylvio Ourique Fragoso (hojeomuseu e, por último, antiga casa-sede azenda, que hoje abriga eatrohistórico) Nelson Rodrigues. Nesseacomplexo tambémdaestá a Academia Guarulhense de Letras. O Lago dos Patos construído em 1906 pelo proprietário, Carlos Reis, e inaugurado em 1908, é explorado comercialmente na década de 0, bastante reqüentado pelos paulistanos da época. No balneário existiam salões de bailes, bares, pequeno zoológico, bosque com jabuticabeiras, campos de utebol, um restaurante. Era possível azer cavalgadas e alugar bicicletas para passeio. Atualmente o local também é procurado para atividades ísicas e culturais.
Bosque Maia Situado na Avenida Paulo Faccini esquina com a Avenida Papa João XXIII, bairro Cidade Maia, propriedade pública municipal. O local abriga vários projetos de educação ambiental com monitoria e orientação da Secretaria do Meio Ambiente Possui áreas para diversas atividades esportivas, tais como: pista de cooper, bicicross e vasta ora.
Estação Ferroviária de Cumbica
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Estação de Cumbica, acervo Arquivo do Museu da Companhia Paulista, Jundiaí
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Segundo inormações do arquivo histórico trata-se da única estação da Estrada de Ferro Sorocabana, no ramal Guapira-Guarulhos, construída totalmente em alvenaria. Foi utilizada exclusivamente para transporte de materiais e pessoal em serviço nasrcinal base aérea deno Sãointerior Paulo.da Construída em 1945, permanece com sua estrutura íntegra, BASP.
Serra da Cantareira
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Serra da Cantareira. 008
Conjunto de importantes montanhas cobertas de matas, nascentes e rica auna e ora. No território guarulhense vai da região do Cabuçu até Bonsucesso. No seu biossistema há rica quantidade de nascentes que abastecem varias regiões de São Paulo. Nesse local existem sítios arqueológicos das lavras de ouro guarulhenses onde é urgente a implantação de políticas de desenvolvimento sustentável, como a criação da Casa de Memória e História da Mineração Paulista, bem como seu parque temático – educativo e preservacional, para que não haja corrupção do meio ambiente que pode ser aetado pelo crescimento urbano desordenado.
eto da Antiga Fábrica Olivetti O ormato do teto, visto do alto, se parece com uma máquina de datilograar. A ábrica oi construída em 1959 e fgurou como uma das maiores multinacionais instaladas no município. Hoje o espaço é ocupado pelo Shopping Internacional de Guarulhos cujos empreendedores decidiram pela preservação do teto.
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eto da antiga Fábrica da Olivetti Industrial S.A, 1960
Conclusão Os bens patrimoniais elencados, protegidos ou não por lei, conorme observamos, apresentam elementos de inuência européia, tidos como modelo de bom gosto e progresso pela sociedade da época. Vivemos, porém, em tempos de pleno acesso à inormação; em conseqüência, não é possível ocultar as contribuições aricanas, autóctones e mais tarde a oriental com destaque aos japoneses e libaneses que possuem expressiva representação. Não se deve mostrar o passado sem que o coloque em unção do presente, entre eles deve haver uma relação retroalimentadora. O conhecimento e compreensão do passado acilitarão o entendimento do presente que se vive (KERRIOU, 199, p. 94)
A política de branqueamento trouxe resultados desastrosos para todos. Conorme vimos as pessoas tendem a identifcar-se, valorizar-se e respeitar-se quando vêem sua memória ser resgatada através dos patrimônios tombados, tornando-se, então melhores cidadãos. Não é mais possível perpetuar a teoria eurocêntrica , impotente para representar a ormação do Brasil. Essa hegemonia sobre os outros elementos étnicos tem-se reetido nos tombamentos patrimoniais. Em que patrimônios, dos descritos aqui, as pessoas negras, orientais e indígenas podem se identifcar? Sobre isso, o antropólogo Darcy Ribeiro ala no último parágrao de seu livro
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“O Povo Brasileiro – A ormação e o sentido do Brasil”: Estamos nos construindo na luta para orescer amanhã como uma nova civilização, mestiça e tropical, em orgulhosa si mesma. Mais alegre, porqueporque mais sorida. porque incorpora si maisdehumanidades. Mais generosa, aberta àMelhor, convivência com todas as raças e todas as culturas e porque assentada na mais bela e luminosa província da erra. (001, p.???)
Portanto, o conhecimento histórico deve contribuir não para o ressentimento, mas para uma política social, educacional e cultural que recompense os resultados desastrosos dos erros cometidos no passado e permita realmente dizer que somos todos iguais.
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BIBLIOGRAFIA ACEIRO, Lineu Roque. Retratos
guarulhenses: crônicas, rabiscos e cartas.Guarulhos:
gerúndioGEedições, 004. ARQUIVO HISÓRICO DE GUARULHOS,
Listagem dos bens tombados. 005 em disquete. __________. Iconografa guarulhense. Secretaria da Cultura, Arquivo Histórico s/d FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. O mini dicionário da língua portuguesa.4º ed. Rio de Janeiro, RJ, Nova Fronteira, 001. FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. 45ª ed. Rio de Janeiro: Record, 001 HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 005 KERRIOU, Mirian Arroyo de. In. O Direito á Memória.Departamento de Patrimônio Histórico, Secretaria Municipal de Cultura, Preeitura do Município de São Paulo. São Paulo, 199. MACHADO, João. MOURA, Antonio Cerveira de. Guarulhos: do barro sem orma sai a orma do sonho... do sonho que se desaz em pó.São Bernado do Campo: Usina de Idéias, 005. MAOSO, Kátia M. de Q. Ser escravo no Brasil.3ª ed. São Paulo: Brasiliense, 001. MEC, Lei de Diretrizes e Base (LDB) Lei nº 9.394, de 0 de Dezembro de 1996. NORONHA, Adolo de Vasconcelos & ROMÃO, Gasparino José. Guarulhos. Guarulhos:
S.P,
Artes Gráfcas Guaru, 1980. NORONHA, Adolo de Vasconcelos.
Guarulhos cidade símbolo 1560-1960.São Paulo:
Gráfca Schmidt, 1960. et. tal. Conto, canto e encanto com a minha história...Guarulhos: espaço de muitos povos.São Paulo: Noovha América, 007. ORIÁ, Ricardo. Memória e ensino de História.In: Bittencourt, Circe (org) O saber histórico na sala de aula. 7 ° ed. São Paulo. Contexto. 00. p. 18-148. ORIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade nacional.São Paulo: SP, Brasiliense, 006. ____________ . A moderna tradição brasileira. São Paulo: Brasiliense, 001. PIEÁ, E lói. Revirando a História de Guarulhos.São Paulo: Caja, 199. RANALI, João. Repaginando a História: Guarulhos.São Paulo: Soge, 00. ____________. Cronologia Guarulhense,vol I e II. Guarulhos: S.P, Artes Gráfcas OMAR, Elmi E. H.;OLIVEIRA, Elton S.; FERNANDES, Maria Claudia;
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RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro – A ormação e o sentido do Brasil.São Paulo: Companhia das Letras, 001. RIBEIRO, Silvio. Guarulhos “uma explosão” - uma breve História.São Paulo: Maitiry, 1995.
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____________. Destino... Guarulhos.São Paulo: Germape, 006 . ROMÃO, Gasparino José & R ANALI, João. Igreja matriz de Guarulhos: resgate da história São Paulo: Scortecci, 006.
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PARTE V |
AUTORES
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Sobre os Autores Adriana de Araújo Aleixo Engª Agrônoma ormada pela Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) – UNESP écnica da Secretaria de Meio Ambiente da Preeitura Municipal de Guarulhos-SP - Divisão écnica de Avaliação Ambiental. E-mail:
[email protected] Antonio Benedito Prezia Com ormação em Filosofa é pesquisador da história indígena de São Paulo, sendo doutorando na PUC-SP, trabalhando o tema da resistência indígena em São Paulo, nos séculos 16 e 17. Além de escrever para o jornal indigenista Porantim (Cimi/Brasília), é autor de Indígenas do planalto paulista, nas crônicas quinhentistas e seiscentistas (Humanitas/USP, 000), e de vários livros paradidáticos, como erra à vista, descobrimento ou invasão (ª ed., Moderna, 007), Esta terra tinha dono ª (6ªed. ed.Paulinas, FD, 000), Indígenas São Paulo, ontem e hoje (caderno de atividades, 003). E-mail:em
[email protected]
Antonio Manoel dos Santos Oliveira Geólogo pela USP (1967), com título de Mestre em Geologia (1980) e Doutor em Geografa (1994), também pela USP. Foi pesquisador do Instituto de Pesquisas ecnológicas (IP) e, desde 1999, é Proessor itular do Curso de Mestrado em Análise Geoambiental da Universidade Guarulhos (UnG). Suas áreas de atuação são a Geologia de Engenharia, Geologia Ambiental, especialmente em pesquisas sobre transormações ambientais antrópicas. E-mail: aoliveira@pro.ung.br.
Beatriz de Aguiar Hanssen Formada em História, no Centro Universitário de São Paulo (UNIFIG). Integrante, desde 006, do Centro de Integração da Mulher e da Cia É-Voraz de Artes Cênicas. E-mail:
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Caetano Juliani Geólogo pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, Doutor em Mineralogia e Petrologia pelo Instituto de Geociências –emUSP, Proessor Associado do Instituto de Geociências – USP.Especialista Petrologia e Metalogênese. E-mail:
[email protected]
Edson José de Barros Geólogo ormado pelo Instituto de Geociências – USP Mestre em Geologia e Meio Ambiente pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas – UNESP – campus Rio Claro, Geólogo da Preeitura Municipal de Guarulhos-SP – Diretor de Departamento da Secretaria de Meio Ambiente e Proessor da Faculdades de Guarulhos. E-mail:
[email protected]
Elmi El Hage Omar em História pelaCo-undador Universidadee de Guarulhos UnG. Licenciado em Especialista História também pela UnG. co-coordenador do movimento Guarulhos em História. Proessor de História e Geografa da rede pública e particular em Guarulhos. Pesquisador e co-autor do livro: Guarulhos: espaço de muitos povos (ed. Novha América 006). E-mail:
[email protected]
Elton Soares de Oliveira Historiador. Nasceu no distrito de Irundiara, município de Jacaraci no Estado da Bahia. Em 1993 diplomou-se em história pelas aculdades Integradas de Ciências Humanas, Saúde e Educação de Guarulhos, sendo um dos Fundadores do Movimento Guarulhos em Historia norteado nos princípios de ecologia urbana, coordena algumas iniciativas de educação contextualizada em Guarulhos e na cidade Natal. E-mail:
[email protected]
Gláucia Garcia de Carvalho Licenciada em história pela Universidade de Guarulhos, é pesquisadora e desenvolve trabalhos e projetos sobre patrimônio cemiterial. Foi contemplada pelo
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SOBRE OS AUTORES 199
Funcultura em 006 com a monografa “Cemitério São João Batista: Memória e Preservação”. É co-undadora do Movimento Guarulhos em História e coautora do livro: Guarulhos: espaço de muitos povos (ed. Novha América 006). Proessora de história da rede pública do Estado de São Paulo. E-mail:
[email protected].
Guilherme Bagattini Biólogo ormado pelo Instituto de Biociências – USP, Biólogo da Secretaria de Meio Ambiente da Preeitura Municipal de Guarulhos-SP. E-mail:
[email protected]
José Elmano de Medeiros Pinheiro Geógrao e proessor da rede pública municipal da cidade de São Paulo, bacharelado e licenciado pela Universidade de São Paulo, co-undador do projeto Guarulhos em História. Pesquisador diletante do Ciclo do Ouro de Lavagem na região sudeste e sul do Brasil e suas metrópoles. E-mail: zemano004@yahoo. com.br
Marcio Roberto M de Andrade Geólogo ormado pelo Instituto de Geociências – USP, Mestre em Geografa Humana pelo Departamento de Geografa – FFLCH – USP, écnico da Secretaria de Meio Ambiente da Preeitura Municipal de Guarulhos-SP, Proessor e pesquisador da Universidade Guarulhos. E-mail: mmandrade@pro.ung.br
Maria Claudia Viera Fernandes Historiadora. Nasceu na Fazenda Cajazeiras dos Ivos, município de Mombaça, Ceará. Morou também nos municípios de Uiraúna e Sousa na Paraíba e São Luiz do Maranhão. Chegou em Guarulhos em 1986 onde se graduou em História e Pedagogia pela Faculdade de Filosofa, Ciências e Letras de Guarulhos e em 003 obteve título de especialista em História pela PUC-SP. Atualmente é diretora de escola na preeitura da cidade de São Paulo. E-mail:
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Sandra Emi Sato Graduação em Arquitetura e Urbanismo, especialista em Gestão Ambiental e mestranda emdoAnálise Geoambiental pela Universidade Guarulhos - UnG. universitária Laboratório de Geoprocessamento da UnG e proessora dosécnica cursos de urismo e Geografa da UnG. E-mail:
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Silvia Piedade de Moraes Proessora da rede pública municipal, graduada em Pedagogia, com especialização em “Gestão do Ensino e Educação” e “Direito Educacional”; undadora e membro da ONG eminista Centro de Integração da Mulher (CIM). E-mail: silvinhacim@yahoo. com.br
Vagner Carvalheiro Porto Doutor em Arqueologia pela Universidade de São Paulo – USP. Coordenador e Lato Sensu em Arqueologia oerecido –pela Universidade de SantodeAmaro –proessor UNISA. do Proessor das Faculdades de Guarulhos FaG e da Universidade Santo Amaro – UNISA. Curador da Coleção de moedas e arteatos antigos da Universidade de Santo Amaro – UNISA. E-mail
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William de Queiroz Licenciado em Geografa e Especialista em Gestão Ambiental pela Universidade de Guarulhos - UnG. écnico do Laboratório de Geoprocessamento da UnG e proessor de Geografa da rede pública em Guarulhos. E-mail:
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