ANAIS DA VIII MOSTRA CIENTÍFICA DO CESUCA CESUCA – NOV./2014 ISSN – 2317-5915
Técnicas psicoterápicas da Gestalt – reflexões reflexões a partir do documentário Caso Glória Katia Adriana Padilha Pessoa¹ Vera Rosani Sturmer 1 Aline Piason2
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo relacionar e analisar as técnicas psicoterapêuticas da Gestalt, a partir do documentário: Uma sessão de Psicoterapia Gestalt com Fritz Perls. O mesmo discorrerá de forma breve pela história da formação da Gestalt Terapia, analisará os procedimentos referentes às técnicas utilizadas pela terapia gestaltica e procurará analisar a funcionalidade e os alcances terapêuticos de tais tais técnicas. : Gestalt Terapia; Fritz e Laura Perls; Técnicas da Gestalt. Palavr as Chave This paper aims to relate and analyze the Gestalt psychotherapeutic This Abstract: techniques, from the documentary: A session with Fritz Perls Gestalt Psychotherapy. The same will talk briefly the history of the formation of Gestalt Therapy, examine the procedures relating to the techniques used by the Gestalt therapy and seek to examine the functionality and scope of such therapeutic techniques. Keywords: Gestalt Therapy; Fritz and Laura Perls; Gestalt techniques.
1. INTRODUÇÃO Como fundo para o entendimento da funcionalidade da Gestalt Terapia, Terapia, o caso Glória, um breve documentário em que Fritz Perls realiza uma sessão de terapia com uma de suas clientes, nos abre caminho para o olhar de como acontece a psicoterapia em Gestalt . Segundo Monteiro Jr (2010), a Gestalt -terapia, -terapia, trabalha com o ‘todo’, ‘todo’ , o sujeito é tido t ido como participante do universo circundante, em toda a sua integralidade. Segundo Fadiman e Frager (2004, p. 75) “o princípio fundamental da abordagem gestaltica é que a análise das partes nunca pode oferecer uma compreensão do todo, pois o todo consiste das partes mais as interações e interdependências entre elas”. Ginger complementa a ideia da Gestalt como perspectiva holística, acrescentando que a mesma visa portanto a manutenção e o desenvolvimento deste bem-estar harmonioso e não a ‘cura’ ou a ‘reparação’ de algum distúrbio, seja ela qual for – o – o que subentenderia uma referência implícita a um estado de ‘normalidade’, posição oposta ao próprio espírito da Gestalt que que valoriza o direito a diferença, a originalidade irredutível da cada ser. (GINGER 2007, p.17)
1 Acadêmicas
do Curso de Psicologia do Cesuca – Cesuca – Faculdade Faculdade Inedi – Inedi – Disciplina Disciplina da Teorias e Técnicas Técnicas Psicoterápicas - Humanismo 2 Doutora e Professora da Disciplina de Teorias e Técnicas Psicoterápicas - Humanismo F A C U L D A D E
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É objetivo deste trabalho, discorrer sobre a Gestalt Terapia a partir do documentário ‘Uma sessão de Psicoterapia Gestalt com Fritz Perls’, produzido em meados da década de 70. Tal documentário faz parte de uma série de atendimentos psicoterápicos. Sendo que Glória, a cliente, é atendida por diferentes psicoterapeutas da Linha Humanista. Destacaremos neste relato, em particular, o atendimento feito a partir da Psicoterapia da Gestalt. Gestalt é o aqui e agora, qualquer mudança para o futuro ou o passado é considerado resistência, conforme explica Perls no início do documentário em estudo. Perls chama a atenção para o fato que o homem moderno se alienou e sua capacidade para lidar com sua experiência tornou-se severamente empobrecida. “A palavra Gestalt , como utilizada pelos Perls, alude ao trabalho realizado sobretudo com a Psicologia da Percepção, iniciado no final do século XIX, na Alemanha e na Áustria”. (FADIMAN e FRAGER, 2004, p.75) Segundo Naranjo, citado por Bock (2008, p.95), são três os princípios gerais da Gestalt Terapia: “a valorização da realidade temporal (presente versus passado ou futuro); a valorização da tomada de consciência e aceitação da experiência; e a valorização do todo ou responsabilidade”. Levando em consideração os aspectos aqui citados é possível verificar que os conceitos que fundamentam a Gestalt Terapia tanto dão suporte à teoria em si como na prática da mesma. Em relação a sua prática, de acordo com Ginger (2007), pode ser utilizada em diferentes contextos, com objetivos distintos, sendo eles: a psicoterapia individual; a psicoterapia de casal; a psicoterapia familiar; em grupos de terapia ou de desenvolvimento pessoal; em instituições e no quadro de empresas do setor industrial ou comercial. O presente artigo discorrerá de forma breve pela história da formação da Gestalt Terapia; analisará os procedimentos referentes às técnicas utilizadas pela terapia gestaltica; procurará analisar a funcionalidade e os alcances terapêuticos de tais técnicas, a partir do documentário proposto.
2. METODOLOGIA Para realização deste estudo, foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica. Como metodologia de trabalho se procedeu à coleta de fontes bibliográficas, onde se realizou o levantamento da bibliografia escrita e filmada; a coleta de informações e o levantamento de dados. Na revisão da bibliografia foram selecionados: o filme documentário, artigos publicados em periódicos nacionais e/ou traduzidos para a Língua Portuguesa. A busca pelos textos foi realizada a partir dos seguintes termos chave: Gestalt Terapia, Fritz e Laura Perls. Quanto à ação, frente à bibliografia selecionada, se realizou, num primeiro momento: o assistir ao documentário sobre a aplicação da Gestalt Terapia em uma jovem senhora conhecida como Glória; a leitura exploratória em cerca de dois artigo ; sites relacionados à área de pesquisa, e em seis livros publicados nos últimos anos. A partir destas posturas exploratórias, partiu-se para a leitura seletiva, tal atividade teve cunho crítico e interpretativo, buscando atender aos objetivos deste artigo.
3. BREVE HISTÓRICO DA GESTALT TERAPIA Cabe primeiramente um breve histórico sobre o casal criador da Gestalt Terapia, e sobre a teoria em si. Segundo Bock (2008), o médico Frederick S. Perls (1893 – 1970) e a psicanalista Laura Perls (1905 -1990) foram os mentores da Gestalt Terapia. Em suas F A C U L D A D E
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caminhadas pela Psicologia, o casal fez parte da Psicanálise, tendo como companheiros de trabalho Otto Fenichel e Karen Horney. Fritz Perls trabalhou também com Wilhelm Reich e foi assistente de Kurt Goldestein, que pertencia ao grupo da Psicologia da Gestalt, sendo muito influenciado pela Fenomenologia, fato este que se considera, como provável motivo do título dado a sua corrente. Ainda segundo Bock (2008) com a aproximação da segunda grande guerra, Perls se exilou na África do Sul, onde fundou o Instituto Sul-Africano de Psicanálise. No final de década de 40 migrou para os EUA, onde escreveu e lançou os primeiros escritos sobre a Gestalt Terapia. Apesar da experiência psicanalítica dos Perls, a Gestalt Terapia se assemelha, muito mais, a Fenomenologia, pois a mesma não trabalha com o conceito de inconsciente, ponto central da Psicanálise e nem mesmo com o passado, onde a Psicanálise busca os fatores das neuroses, mas sim com a centralidade no presente. Fadiman e Frager (2004) consideram que a Gestalt seja uma forma sintetizada de compreensão dos diferentes formas de se fazer Psicologia e de compreender o comportamento humano. Acrescentam a terapia gestaltista incorporou proveitosamente muito da psicologia psicanalítica e existencial, bem como alguns elementos do behaviorismo (a ênfase no comportamento e no óbvio), do psicodrama (a representação de conflitos), da psicoterapia de grupo (trabalhos em grupos) e do zen-budismo (a ênfase na sabedoria mais do que na intelectualização e o foco na consciência presente). (FADIMAN e FRAGER, 2004, p.80)
Sendo Humanista, a Gestalt Terapia é orientada ao crescimento, dando importante força ao movimento do potencial humano. Sofre criticas, porém, no que diz respeito à ênfase nos pensamentos e no processo, mais do que no conteúdo.
4. A GESTALT E O CASO GLÓRIA A técnica que Perls usou no documentário com Glória, não é explicada para a paciente, ele ofereceu a ela a oportunidade de descobrir e entender a si mesma, para isso ele manipula e confronta a paciente para que se confronte. Um exemplo deste confronto se dá no início da sessão, onde a paciente diz que está nervosa. Ele pergunta como ela pode estar nervosa se está sorrindo; ela diz que sempre que está nervosa ou com medo, sorri, brinca. Ela não diz o porquê de estar ali para fazer terapia, fica sempre na defensiva, como se brincassem de ‘gato e rato’, ela se utiliza o tempo todo de mecanismos neuróticos para se proteger. Ele, por sua vez, tenta fazer com que ela se abra para que ele a ajude a lidar melhor com seus temores, sendo que uma das características da Gestalt Terapia é fazer com que o outro enxergue além de si mesmo, quebrando seus bloqueios e proporcionando lhe um encontro pleno para consigo e para com o mundo. Os mecanismos neuróticos, segundo Fadiman e Frager (2004) constituem-se de quatro modos de se fazer com que se impeça o crescimento próprio, podendo ser assim caracterizados: Introjeção: “é o mecanismo pelo qual os indivíduos incorporam padrões, atitudes e modos de agir e pensar que não lhes são próprios e que eles não assimilam ou digerem suficientemente para torná-los seus”. (FADIMAN e FRAGER, 2004, p.77) Confluência: “os indivíduos não sentem o limite entre si mesmos e o ambiente. A confluência torna um ritmo saudável de contato e afastamento impossível, pois tanto o contato como o afastamento pressupõem experiência acurada do outro com o outro”. (FADIMAN e FRAGER, 2004, p.77)
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Retroflexão: “os indivíduos que retrofletem, voltam-se contra si mesmos e, em vez de dirigir suas energias para a mudança e manipulação de seu ambiente, dirigem essas energias para si mesmos”. (FADIMAN e FRAGER, 2004, p.77) Projeção: “é a tendência de tornar os outros responsáveis pelo que se origina do self. Ela envolve o repúdio de nossos impulsos, desejos e comportamentos, pois colocamos o que pertence ao self fora do self”. (FADIMAN e FRAGER, 2004, p.77) Para Monteiro Jr (2010), o gestalt -terapeuta em sua função procura catalisar a autopercepção de si mesmo e do ambiente ao seu redor, a isto a Gestalt Terapia chama de awareness, que nada mais é do que a redescoberta da vida, onde somos capazes de agir deixando o que passou e seguindo em frente, fazendo novos planos, tendo novas perspectivas. Em um dos momentos do documentário Perls chama Glória de falsa. Ela fica muito incomodada com aquilo, irritada diz que ele se acha superior, que ela queria que ele fosse alguém que a protegesse e confortasse, e não que a julgasse como falsa. Tal fala do terapeuta é a busca da frustração do eu da paciente, de fazer-se sincera consigo mesma, a demonstração do que realmente está sentindo.
5. FUNCIONALIDADE E ALCANCES PSICOTERAPÊUTICOS DAS TÉCNICAS EM TERAPIA GESTALT As diferentes técnicas utilizadas pela Gestalt na tentativa de fazer com que os pacientes possam examinar sua consciência, sendo este o ponto focal desta abordagem serão aqui analisadas, frente ao atendimento registrado no documentário em estudo. Ginger e Ginger (1995) cita algumas das técnicas que a Gestalt usa, como, por exemplo, o exercício de awareness, que se trata de estar atento ao fluxo constante das sensações físicas (exteroceptivas e proprioceptivas), dos sentimentos, de tomar consciência da sucessão ininterrupta de ‘figuras’ que aparecem no primeiro plano, sobre o ‘fundo’ formado pelo conjunto da situação que se vive e do sujeito que se é, no plano corporal, emocional, imaginário, racional ou comportamental. (GINGER & GINGER 1995 apud MONTEIRO JR, 2010 s.p.).
Outra técnica, conhecida por cadeira quente, segundo Monteiro Jr (2010) é uma das mais aceitas e utilizadas pelos psicoterapeutas da Gestalt. A técnica consiste em colocar o cliente frente a uma cadeira vazia. A esta cadeira, segundo a vontade do cliente, ele projeta um personagem imaginário, mas real em seu dia a dia. Nesta situação o cliente poderá dizer ao seu personagem imaginário o que gostaria de dizer a pessoa real que ali esta sendo representada pela cadeira vazia ou cadeira quente. Sendo uma variação do psicodrama, o monodrama é outra técnica utilizada em sessões psicoterápicas da Gestalt. A técnica consiste, segundo Monteiro Jr (2010, s.p.) “ em que o próprio protagonista desempenha, de maneira alternada, os diferentes papéis da situação por ele evocada (...). Troca sempre de lugar quando for mudar de papel para que a situação fique clara”. Ainda, segundo o mesmo autor, essa técnica auxilia na percepção do próprio sentimento, à medida que este surge na encenação, sem interferência do outro. E, por fim, a amplificação, também citada por Monteiro Jr (2010, s.p.) “que torna mais explícito o que está implícito, projetando na cena exterior aquilo que acontece na cena interior. Permite, assim, que todos adquiram mais consciência do modo como se comportam aqui e agora, na ‘fronteira do contato’ com o meio”. As técnicas acima elencadas e outras, também utilizados pela Gestalt podem ser assim discriminadas, segundo Andrade (2007, p. 143): F A C U L D A D E
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Contato: Sendo o homem um ser de relação e estando inserido no mundo, para a Gestalt Terapia o contato é um dos conceitos relevantes a serem trabalhos em terapia. O como a pessoa vivencia suas funções de contato determina a qualidade do mesmo. Para Yontef (1998), citado por Andrade (2007, p. 143) “contato é o processo de reconhecer a si mesmo e ao outro em um duplo movimento: o de conectar-se e de afastar- se”. É possível verificar este fator no caso Glória, quando a cliente demostrava-se incomodada com aquilo que não aprovava como ser o procedimento correto de Perls. De acordo com Perls (1988), citado por Andrade (2007, p.144) nem todo contato (conectar) é saudável, e nem toda fuga (afastamento) é doentia, visto que as escolhas de aproximação ou distanciamento – meios de satisfazer as necessidades emergentes – são necessárias e só se tornam nítidas se advêm do contato. : “É ter consciência da própria consciência, é olhar o próprio olhar”. Awareness (Andrade, 2007, p. 147). Para a Gestalt Terapia, awareness pode ser definida como uma consciência ampliada; é dar-se conta de algo. No documentário em questão, Perls busca levar sua cliente a dar-se conta de sua ‘falsidade’, o que lhe causava grande mal estar. Andrade, cita Yontef, ao afirmar que O objetivo da Gestalt-terapia é o continuum da awareness, a formação continuada e livre de Gestalt , onde aquilo que for o principal interesse e ocupação do organismo, do relacionamento, do grupo ou da sociedade se torne gestalt, que venha para o primeiro plano, e que possa ser integralmente experienciado e lidado (reconhecido, trabalhado, selecionado, mudado ou jogado fora, etc.) para que então possa fundir-se com o segundo plano (ser esquecido, ou assimilado e integrado) e deixar o primeiro plano livre para a próxima gestalt relevante (YONTEF, 1998 apud ANDRADE, 2007).
Mudança Paradoxal : Para Beisser (1980) citado por Andrade (2007, p. 151 e 152) o terapeuta deve reconhecer, aceitar, identificar e entender como e onde o cliente está. Yontef (1998) citado pela mesma autora, afirma que a mudança paradoxal significa estar em contato com o que é; com o que somos, permitindo-se crescer. Mais uma vez é possível a relação com o documentário – caso Glória, pois vemos nos procedimentos de Perls o confronto com sua cliente na busca de fazer com que a mesma viesse a conhecer-se, permitindo que isso acontecesse de forma natural. Auto-regulação: Pode-se entender como a constante renovação, é a satisfação daquilo que considera ser necessário, passando a uma nova fase da vida. Glória somente passaria a uma nova fase se saísse do ‘canto’, se estivesse disposta a renovar -se. Figura-fundo: Segundo Andrade (2007) a qualidade do processo de figura-fundo determina a qualidade de consciência de uma pessoa e de sua auto-regulação, partindo de um processo dinâmico. Quanto mais saudável a pessoa e mais nítida a sua necessidade, maior a probabilidade dela alcançar o que lhe falta. Ajustamento criativo: É o processo em que as necessidades do organismo e os estímulos do ambiente interagem. Ao sentir uma necessidade, a pessoa busca a resposta no ambiente. “Em terapia, deve-se favorecer ao cliente estabelecer contato com suas soluções já conhecidas, presentes e disponíveis e a encontrar novas soluções”. (Andrade, 2007, p.161 e 162) Aqui-agora: Dando ênfase ao presente, ao espaço (aqui) e ao tempo (agora). Se experiências passadas fizerem parte do seu presente e se expectativas futuras fazem parte do processo atual, devem ser trabalhadas na terapia. É possível perceber na fala de Glória as vivências passadas na relação com o esposo e com o pai. Diálogo: A relação terapeuta-cliente é um aspecto fundamental na Gestalt Terapia. Justifica-se a necessidade de o terapeuta engajar-se num diálogo, em vez de manipular o cliente em direção a um objeto. F A C U L D A D E
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Foram elencadas as técnicas que podem auxiliar nas sessões psicoterápicas na Abordagem Gestalt , levando em consideração que se deve ter em mente a individualidade de cada cliente e a melhor forma de atuar em relação a cada um. Os diferentes métodos de atuação podem ser utilizados de acordo com o que o psicoterapeuta considerar ser mais abrangente para levar o cliente à tomada de consciência. Cabe salientar, também, que as técnicas podem ser utilizadas em conjunto, conforme a análise do terapeuta.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Finalmente, é possível ver tanto no documentário assistido como nos textos que serviram de apoio que a Gestalt Terapia tem o desejo de um caráter libertador. A terapia como se pode perceber, consiste em propiciar ao outro a possibilidade de dispor mais facilmente de si, experimentar novas formas de ser, na busca de um sentido em sua vida, na coragem de ser, de sentir. É possível perceber que o cliente depara-se com a emergência de novas figuras, com o surgimento de conteúdos muito íntimos, como o sofrimento, a angústia e a ansiedade, fatores estes que fazem parte do viver humano, mas que podem ser melhores vivenciados, quando nos dispomos a aceitá-los e a enfrentá-los. Cada terapeuta tem seu estilo e modo de ser e isso está diretamente relacionado com a vivência do próprio terapeuta como humanista, e o modo como percebe a si mesmo, os outros e o mundo. A intenção dessa abordagem não é moldar o paciente, e sim inspirá-lo para que se conheça melhor e assim volte a estar em equilíbrio. A Gestalt trabalha com o tempo presente, não que não tenhamos influencia do tempo passado, mas que nossas ações agora possam influenciar no futuro, o que temos é o tempo presente, e é com isso que trabalha a Gestalt. O filósofo Platão (428/27 a.C. – 347 a.C.) nos diz que: “O corpo humano é a carruagem; eu, o homem que a conduz; os pensamentos as rédeas; os sentimentos são os cavalos”. Para Monteiro Jr (2010 s. p.) “o gestalt -terapeuta seria aquele que alimentaria os cavalos na noite anterior para que a viagem flua harmoniosa e chegue ao seu destino, a fim de que a carruagem cumpra sua missão existencial e tenha, ela própria, sentido ”.
REFERÊNCIAS ANDRADE, C.C. A Vivência do Cliente no Processo Psicoterápico – Um estudo fenomenológico da Gestalt Terapia. Goiânia: Universidade Católica de Goiás. 2007. 271f. Tese (Mestrado em Psicologia) - o Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Psicologia, Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2007. BOCK, A.M.B. Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia . 14 ed. São Paulo: Saraiva. 2008 FADIMAN, J; FRAGER, R. Personalidade e Crescimento Pessoal . 5ed. Porto Alegre: Artmed. 2004. FULL VIDEO. Gestalt Therapy - Fritz Perls' session with Gloria (Three Approaches to Psychotherapy). Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=8y5tuJ3Sojc (acesso em 15/10/2014) F A C U L D A D E
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GINGER, S. Gestalt: a arte do contato – nova abordagem otimista das relações humanas. Petrópolis, RJ: Vozes. 2007 GINGER, S; GINGER, A. Gestalt: uma terapia do contato . 2 ed. São Paulo: Summus. 1995 MONTEIRO JR, F. A. B. Da teoria à terapia: o jeito de ser da Gestalt. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI . v.3, n.1, Jan/Fev/Mar, 2010. PERLS, F. S; HEFFERLINE, R; GOODMAN, P. Gestalt- terapia. Tradução Fernando Rosa Ribeiro. 2 ed. São Paulo: Summus, 1997.
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