Finanças Aplicadas ao Agronegócio
FORMAÇÃO TÉCNICA
Curso Técnico em Agronegócio
Finanças aplicada aplicadass ao agronegócio
SENAR - Brasília, 2016
S474c SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Curso técnico em agronegócio: fnanças aplicadas ao agronegócio / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural ; Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, Rede e-Tec Brasil, SENAR (Organizadores). – Brasília : SENAR, 2016. 174 p. : il. (SENAR Formação Técnica) ISBN: 978-85-7664-103-2 Inclui bibliografa.
1. Finanças. 2. Agroindústria - ensino. I. Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. II. Rede e-Tec Brasil. III. Título. IV. IV. Série. CDU: 336
Sumário Introdução à Unidade Curricular ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
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Tema 1: Introdução à administração financeira ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 1 Tópico 1: A administração financeira no agronegócio –––––––––––––––––––––––––––
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1. A formalização da propriedade rural como pessoa jurídica ––––––––––––––––––––
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2. Elementos para a administração financeira no agronegócio –––––––––––––––––––
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3. Valor do dinheiro no tempo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
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4. Risco e retorno –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 2 4 5. Orçamentos––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 2 8 Tópico 2: Estrutura do capital no agronegócio –––––––––––––––––––––––––––––––––– 3 6 1. O capital imobilizado fixo ou de longo prazo ––––––––––––––––––––––––––––––––– 3 8 2. O capital imobilizado semifixo ou de médio prazo –––––––––––––––––––––––––––– 4 0 3. Capital de giro ou capital de curto prazo –––––––––––––––––––––––––––––––––––––
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4. Fluxo de caixa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 4 3 5. Livro-caixa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 4 5 6. Balanço patrimonial ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 4 7 Tópico 3: Administração dos estoques no agronegócio––––––––––––––––––––––––––
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1. O estoque insumo, o estoque produto e a logística dentro da propriedade ––––– 5 3 2. O estoque silencioso e o seu custo –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 5 5 Encerramento do tema ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 5 9 Atividade de aprendizagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 5 9
Tema 2: A gestão financeira do empreendimento do agronegócio ––––––––––––––––––– 6 5 Tópico 1: Custo de produção ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 66 1. Organização dos fatores de despesas ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 70 2. Fatores que devem compor o custo de produção no agronegócio –––––––––––––– 75 3. Depreciações–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 76 4. Os fatores do custo de produção que podem gerar polêmicas ––––––––––––––––– 79 5. Os fatores do custo de produção que não geram polêmicas ––––––––––––––––––– 85 6. O fator do custo de produção de difícil mensuração pastagens –––––––––––––––– 89 7. Planilhas de custo de produção de pecuária de leite, corte, soja e milho: modelagem simplicada e tradicional ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 94 8. Planilhas de custo de produção: a modelagem denominada custo dinâmico ––
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Tópico 2: Avaliação da rentabilidade do empreendimento no agronegócio ––––––– 105 1. Características próprias do agronegócio –––––––––––––––––––––––––––––––––––
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2. A análise nanceira do empreendimento no agronegócio –––––––––––––––––––
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3. Mecanismos avaliadores: TIR e VPL ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
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4. Mecanismos referenciadores: relação benefício-custo ––––––––––––––––––––––– 120 5. Mecanismos referenciadores: payback descontado e break even point (ponto de equilíbrio) –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 121 Encerramento do tema –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 126 Atividade de aprendizagem –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 127
Tema 3: Financiamentos e outras operações financeiras no agronegócio –––––––––––
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Tópico 1: Crédito rural –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 132 1. Os agentes nanceiros do crédito rural no Brasil –––––––––––––––––––––––––––– 134 2. Formatos de projetos para a obtenção do crédito rural –––––––––––––––––––––– 136 3. As operações de crédito rural para o agronegócio ––––––––––––––––––––––––––– 138 4. Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) ––––––––––––––––––
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5. Cédula de Produto Rural e demais títulos do agronegócio: o nanciamento privado da agropecuária –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 142 6. Endividamento do crédito rural: como prevenir ––––––––––––––––––––––––––––– 145 Tópico 2: Contrato futuro e de opções agrícolas ––––––––––––––––––––––––––––––– 147 1. Contratos de commodities agrícolas disponíveis na BM&FBovespa com liquidação nanceira ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 149 2. A lógica operacional dos contratos futuros e do contrato de opções agrícolas –– 152 Encerramento do tema –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 157 Atividade de aprendizagem –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 157 Encerramento da Unidade Curricular –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 159 Gabarito –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
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Referências ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
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Introdução à Unidade Curricular
Introdução à Unidade Curricular Seja bem-vindo à Unidade Curricular de Finanças Aplicadas ao Agronegócio! A essa altura do curso você já viu que os empreendimentos agropecuários apresentam algumas diferenças em relação aos empreendimentos da área urbana, devido, principalmente, à existência de elementos da natureza, como insumos de produção. Solo, umidade, luz, calor ou frio acabam inuenciando de forma signicativa a nalização dos produtos, sejam eles bovinos, suínos, aves, leite, verduras, legumes, madeira, ores, grãos, entre outros. Pensar em nanças no agronegócio pode parecer desaador. Por isso, conhecer bem a cadeia produtiva é essencial. No esquema a seguir, você pode rever os agentes que atuam antes, dentro e depois da porteira.
Ambiente Organizacional DENTRO DA PORTEIRA
Fornecedores de Insumos
Propriedade Agrícola
D E P O I S Agroindústria
Comércio Atacadista
ANTES DA PORTEIRA
Ambiente Institucional
Comércio Varejista
Consumidor Final
D A P O R T E IR A
Essa ideia de cadeia do agronegócio foi introduzida por Ney Bittencourt, um dos precursores da biotecnologia na agropecuária no Brasil (STAL, 1993). A etapa “antes da porteira” inclui fornecedores de insumos e serviços voltados à produção agropecuária. A fase “dentro da porteira” é caracterizada pelos produtores rurais, responsáveis pela produção da matéria-prima primordial ao funcionamento de toda cadeia alimentar até o consumidor nal, que é o alimento em seu estado bruto. Já a etapa “depois da porteira” é caracterizada pelas agroindústrias, que
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adquirem diretamente dos produtores rurais ou suas organizações (associações, cooperativas etc.) o resultado de suas produções. O produto processado é então encaminhado aos atacadistas ou varejistas para comercialização junto aos consumidores nais. As relações de conança que se criam entre os participantes das três etapas da cadeia produtiva do agronegócio são importantes e podem ser determinantes no sucesso da atividade, mas o conhecimento e a prática da administração nanceira são fundamentais para o sucesso no setor.
Comentário do autor
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Nesta unidade curricular, vamos focar no aspecto nanceiro e seus desdobramentos na etapa “dentro da porteira”, ou seja, a gestão nanceira na produção agropecuária. A partir dela, pode-se avaliar a relação custo-benefício dos resultados produtivos alcançados.
Existem diversas modalidades de nanças em agronegócio. A escolha deverá considerar aquela que melhor se encaixa nas características da atividade, pensando nas inuências das variações climáticas regionais, nos aspectos das plantas, dos animais e dos demais organismos vivos presentes no processo produtivo. A compreensão do todo é necessária porque cada elemento precisará ser transformado em números para que possa ser avaliado de forma econômica e nanceira. o ã ç a i c o g e N
D i a g n ó s t i c o
ã o ç a l t r i t a i s p n i m c a A d d e
Gestão Financeira
Planejamento
Estruturação
Maximizar os resultados
s t o e n a m r ç O
C o n t r o l e s
Espera-se que você possa entender a importância do conhecimento das condições econômiconanceiras de uma propriedade rural, a m de garantir receita futura estável, maximizando o retorno da atividade agropecuária.
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Objetivos de aprendizagem Com seu empenho, ao nal desta unidade curricular, você será capaz de:
• Formular o planejamento e o orçamento nanceiro da empresa rural.
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• Conhecer as principais fontes de nanciamento para o negócio rural. • Empregar o conhecimento sobre gestão nanceira à realidade do negócio rural. • Realizar os principais cálculos nanceiros para o negócio rural.
Concentre-se no estudo da apostila e explore as videoaulas, o AVA e as diversas publicações disponíveis na biblioteca do AVA. Lembre-se de que você conta com apoio da tutoria a distância para dúvidas e aprofundamentos.
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Finanças aplicadas ao agronegócio
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Introdução à administração fnanceira
Tema 1: Introdução à administração fnanceira Em geral, entende-se que o objetivo de uma empresa ou negócio agropecuário, antes de qualquer coisa, é obter o maior volume possível de lucro, ou seja, a sua maximização (GITMAN, 2010). Lucro é o resultado nanceiro obtido pelo negócio agropecuário após o pagamento de todas as despesas (inclusive impostos e outras contribuições correntes) e o imposto de renda anual. A relação entre o investimento, o valor gasto e o que se recebe como lucro origina a relação custo-benefício (C/B). Ela estabelece em linhas gerais o quanto uma unidade monetária (R$ 1,00) investida na atividade poderá gerar em novas unidades monetárias.
Por exemplo, a relação C/B = 1:1,15 signica que, a cada R$ 1,00 investido, o retorno será de R$ 1,15. 11
Além do resultado dessa relação, é preciso avaliar o tempo para sua obtenção. Isso porque ganhar R$ 1,15 para cada real investido poderá não ser lucrativo, caso exista outra opção de investimento que retorne o mesmo valor de face (valor nal sem possibilidade de alteração) em um tempo menor. Note que a análise passa a ganhar a dimensão do valor do dinheiro no tempo, que é outra forma de se olhar para o nanceiro. Finanças aplicadas ao agronegócio
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Comentário do autor
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O gestor do negócio agropecuário deverá ter a preocupação constante em trabalhar a obtenção de resultados nanceiros positivos levando em consideração os princípios éticos que devem reger qualquer empreendimento e, em especial, o agropecuário, que usa a natureza como base operacional
Neste tema, espera-se que você desenvolva as seguintes competências: • Conhecer os princípios básicos que regem o fator nanceiro no empreendimento, a m de poder determinar a linha básica operacional em que as decisões estejam baseadas no custo e valor do dinheiro no tempo e seu risco. • Compreender a função do estágio do capital no empreendimento, identicando o tempo de retorno e o custo para cada momento do capital, sob controle e monitoramento de todo o empreendimento. • Aplicar estratégia administrativa sobre as questões da formação dos estoques operacionais obrigatórios, procurando amenizar seus impactos no custo de produção e na captação de nanciamentos.
Tópico 1: A administração nanceira no agronegócio Os negócios no meio rural podem ser desenvolvidos como empresa ou como pessoa física. Mas qual seria a melhor forma? A princípio, a formação de uma empresa para o desenvolvimento do empreendimento agropecuário poderá demonstrar, para as pessoas da sociedade, maior sensação de organização e segurança nas diversas transações comerciais de compra e venda que estarão acontecendo no dia a dia do negócio. O produtor rural tradicional, que pode ser chamado produtor rural pessoa física, ao contrário do produtor rural pessoa jurídica (empresa), tem como diferença básica sua inscrição ou registro junto à Receita Federal brasileira. Desse modo, o produtor rural pessoa física tem CPF e o pessoa jurídica tem CNPJ. A legislação tributária brasileira tem especial atenção ao produtor rural pessoa física, permitindo que ele tenha inscrição junto ao sistema tributário estadual, chamado de inscrição estadual (IE) e municipal (ISS). Isso possibilita a emissão de nota scal semelhante a uma empresa, chamada de nota scal do produtor rural. Na imagem a seguir, uma prefeitura do interior do Paraná está chamando os produtores rurais para apresentação de suas notas scais e argumentando sobre as vantagens para ele e para o estado. ISS Imposto Sobre Serviço. É uma tributação de abrangência municipal. Os percentuais sobre o faturamento/avidade ou até mesmo isenções são denidas pelo município em que a propriedade
rural está localizada.
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Fonte: Divulgação/Prefeitura Municipal de União da Vitória.
O produtor rural pessoa jurídica (empresa) tem tratamento tributário diferente do produtor rural pessoa física. Requer mais organização e escrituração contábil, gerando mais despesas de escritório, mas em contrapartida poderá se beneciar de alguns direitos tribut ários existentes na legislação. Em linhas gerais, as empresas podem apresentar quatro tipos de formações básicas.
MEI
Empresa individual, atualmente com a denominação de Microempreendedor Individual (MEI). É a pessoa que trabalha por conta própria e se legaliza como microempresário.
EIRELI
A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli) pode ter um faturamento bruto anual bem superior ao de uma MEI, preservando a individualidade do proprietário, entre outros detalhes.
LTDA.
Empresa de sociedades de pessoas, envolvendo no mínimo duas pessoas ou sócios, também chamadas empresas de sociedade limitada (Ltda.)
S.A
Empresa por sociedade em ações, podendo também ter um número limitado de sócios ou não, também chamada de sociedade anônima (S.A.). Elas podem ter capital aberto ou fechado.
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As empresas chamadas de S.A. com capital aberto podem lançar (vender) papéis no mercado nanceiro, por meio da bolsa de valores, chamados de ações ordinárias ou preferenciais para obter sócios (ações ordinárias) ou investidores (ações preferenciais) com objetivo de captação de recursos nanceiros para investimentos na própria empresa. Atualmente, existem 21 empresas do ramo do agronegócio brasileiro com ações negociadas em bolsa, segundo a classicação da BM&FBovespa (2015). Destas, apenas três atuam com foco principal na produção, ou seja, “dentro da porteira”. Atenção
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É muito importante que os empreendimentos voltados ao agronegócio estejam devidamente legalizados. Isso afeta diretamente os envolvidos na cadeia produtiva, como a iniciativa privada, o governo e os consumidores.
A legislação tributária brasileira é complexa e sofre alterações constantes. Assim, a m de se manter informado sobre seus direitos e deveres e, inclusive, para decidir se seu empreendimento deverá ser pessoa jurídica ou não, é recomendado que o produtor rural, pessoa física ou jurídica, conte com o auxílio de uma consultoria na área contábil, seja ela dos sindicatos rurais, cooperativas ou particulares. Leitura complementar
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Na biblioteca do AVA, você encontra dois textos: um estudo comparativo da tributação do produtor rural e um estudo do imposto de renda na atividade rural de pequeno porte. Acesse e saiba mais!
1. A formalização da propriedade rural como pessoa jurídica A formalização da propriedade rural como empresa (pessoa jurídica) poderá se dar sob duas formas. Na primeira, assim que a empresa agropecuária estiver formalizada, a escritura da propriedade rural será feita no nome da empresa. Essa alternativa levará a propriedade rural a compor o ativo da empresa, portanto, ela deverá comprovar a origem dos recursos (passivo) para aquisição da propriedade rural pela empresa. Essa opção poderá ser feita também durante a formalização da empresa agropecuária, momento em que os valores de aquisição ou incorporação da propriedade rural deverão fazer parte do capital social da empresa agropecuária. A maior despesa dessa operação é o imposto municipal denominado de ITBI (imposto sobre transmissão de bens imóveis). O valor a ser pago dependerá da avaliação da propriedade pela prefeitura local, sobre a qual incidirá a alíquota de 2% como ITBI a ser pago, somado as demais despesas cartorárias. Outra solução poderá ser o estabelecimento de contrato de arrendamento da propriedade rural para a empresa agropecuária. Dessa forma, não haverá despesas de troca de titularidade da propriedade rural, assim como ela não fará parte do ativo da empresa agropecuária.
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Informação extra
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Uma estratégia utilizada por empreendedores do agronegócio, a m de evitar o pagamento de ITBI nas transações imobiliárias, tem sido a incorporação das propriedades rurais aos ativos de empresas e ao se negociá-la, entre a série de ativos que devem existir, a propriedade rural passa a ser mais um dos ativos, evitando a troca de titularidade da terra, já que o que foi negociado foi a empresa, não cabendo, assim, a incidência de ITBI.
Fonte: Shutterstock.
Apesar da possibilidade de formalização como pessoa jurídica, a maioria dos negócios rurais “dentro da porteira” no Brasil é feita por pessoa física, devido à simplicidade operacional e à dimensão reduzida dos empreendimentos. Nesse caso, a credibilidade comercial, a conança e o valor do produto são construídos pelos gestores do agronegócio ao longo do tempo. No campo, a antiga expressão “o do bigode” ainda tem reconhecimento.
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Atividade prática Converse com conhecidos que possuem experiência na área e observe quais as vantagens e as desvantagens de ser produtor pessoa física ou pessoa jurídica.
2. Elementos para a administração nanceira no agronegócio O termo “nanças” pode ser denido como a arte e a ciência de administrar o dinheiro. Finanças diz respeito ao processo, às instituições, aos mercados e aos instrumentos envolvidos na transferência de dinheiro entre pessoas, empresas e órgãos governamentais. O gestor nanceiro do agronegócio deve se manter rme com acompanhamento das relações econômicas existentes no município, estado e país (PINHO, 1988). Isso signica que essa pessoa não pode trabalhar de forma isolada, mas sim estar atenta a todos os possíveis fatores que possam inuenciar a exploração agropecuária, buscando compreender as variações da atividade e de políticas econômicas do seu meio. As decisões tomadas “dentro da porteira”
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afetam a continuidade no “antes” e no “depois” da porteira. Essa atenção gera mais segurança na análise de custo-benefício em um novo projeto. Comentário do autor
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O ideal é que, antes das decisões localizadas, o gestor do agronegócio já tenha um bom nível de esclarecimento sobre os diversos riscos inerentes à atividade. Todo negócio envolve risco, desse modo, certeza no sucesso não deve existir, mas sim conança e responsabilidade.
A experiência também é outro fator importante. Quando associada a estudos sérios, com bom embasamento, ca mais fácil promover a inovação e a diferenciação na administração de resultados positivos e constantes para a produção agropecuária. A decisão nal sobre a viabilidade ou não de uma proposta de produção deverá considerar diferentes mecanismos de análise nanceira, os quais você verá nesta unidade curricular. Contudo, as opiniões especícas do gestor ou proprietário também precisam ser consideradas. Acompanhe o exemplo a seguir para ver alguns dos possíveis desdobramentos na análise decisória com base nas nanças.
Exemplo: cultura de milho – despesas para 1 ha. Sistema atual • Expectativa de produção – 80 sc/ha. • Custo – semente variedade x a R$ 45,00/sc + 1 t/adubo/ha a R$ 600,00/t = R$ 645,00 + demais serviços a R$ 400,00 = R$ 1.045,00/ha. • Receita esperada – 80 sc a R$ 16,00/sc = R$ 1.280,00/ha. Sistema proposto • Expectativa de produção – 110 sc/ha. • Custo – semente variedade Y a R$ 70,00/sc + 1,5 t/adubo/ha a R$ 900,00 = R$ 970,00 + demais serviços a R$ 400,00 = R$ 1.370,00/ha. • Receita esperada – 100 sc a R$ 16,00/sc = R$ 1.600,00/ha.
No exemplo, o sistema proposto considera a utilização de uma nova variedade de semente de milho para produção de grão. Essa variedade tem preço maior e exige mais adubo químico. Em contrapartida, oferece a expectativa do aumento da produção por hectare de 80 para
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100 sacas (aumento de 25%). O novo projeto exige o aumento de capital de giro ou custeio, elevando a despesa por hectare de R$ 1.045,00 para R$ 1.370,00 (aumento de 31,1%). Custeio Somatório de todas as despesas necessárias para pagar um ciclo produtivo da atividade de exploração. Em culturas vegetais de ciclo curto, vai do plantio à colheita. Em culturas vegetais de ciclo perene e na produção animal, normalmente, representa as despesas de 12 meses da atividade.
Considerando que o produtor terá de buscar nanciamento no mercado nanceiro para fazer frente ao aumento de capital de giro, deverá ser considerado o custo do dinheiro nanciado. A necessidade de capital de giro (custeio agrícola) será de R$ 325,00/ha, que é a diferença nos custos entre o sistema atual e o proposto. Imagine que o produtor consiga crédito rural ao custo de 8,75% ao ano (a.a.) e que a operação de crédito entre a contratação e o retorno do empréstimo ao banco demore seis meses. Com isso, temos que o custo nanceiro será de 4,37% de juros no período = (8,75% juros a.a./12 meses) x 6 meses , elevando a despesa adicional para R$ 339,53 (R$ 325,00 + R$ 14,53 de juros). Por certo, devido ao maior volume de colheita, nesse cálculo, deverão ser adicionadas as despesas de contratação da operação de crédito rural, o aumento das operações em horas máquina e, em alguns casos, o aumento das despesas de comercialização, a necessidade de armazenagem ou alguma despesa especíca da propriedade ou local de plantio. Para ns de nivelamento do exemplo, não consideraremos esses acréscimos de despesas, mas em uma situação real tais despesas não poderiam ser deixadas de ser calculadas, OK? Com isso em mente, o balanço sobre a nova proposta cou: • No sistema atual – ao nal de seis meses, o produtor teria lucro líquido de R$ 235,00/ha (R$ 1.280,00 receita - R$ 1.045,00 despesa capital próprio). • No novo sistema proposto – ao nal de seis meses, o produtor teria lucro líquido de R$ 215,47/ha (R$ 1.600,00 receita - R$ 1.045,00 capital próprio - R$ 339,53 (dívida + juros)). A relação custo-benefício, sem considerar o valor do dinheiro no tempo (que veremos mais adiante) cou da seguinte forma: • Sistema atual – para cada R$ 1,00 investido, o retorno foi de R$ 1,22 (R$ 1.280,00 / R$ 1.045,00) • Sistema proposto – para cada R$ 1,00 investido, o retorno foi de R$ 1,15 (R$ 1.600,00 / (R$ 1.045,00 + R$ 339,53)). A partir disso, podemos concluir que se a produtividade esperada do novo projeto é de 110 sacas por hectare, essa opção deverá ser rejeitada, mesmo que não houvesse necessidade de se buscar nanciamento para fazer frente à necessidade de aumento do capital de giro.
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Em nanças, os números disponíveis devem ser o principal caminho para a tomada de decisão, no entanto, o mundo "fora da porteira" também fala, só que em uma linguagem especíca. Entender esses "recados" e criar valor ao empreendimento poderá levar a diferenciação no agronegócio.
Mais adiante, vamos utilizar este mesmo exemplo para calcular a rentabilidade real de dois sistemas de produção de milho, confrontando os resultados encontrados com as oportunidades oferecidas no mercado nanceiro e ainda estabelecer o ponto de equilíbrio, a TIR (taxa interna de retorno) e o VPL (valor presente líquido) dos dois sistemas de produção. Para ns de análise nanceira, seja de uma nova proposta ou de uma atividade corrente no agronegócio, você precisará trabalhar com um tipo de demonstrativo que facilita a comparação entre as receitas e as despesas para ns de avaliação: o “uxo de caixa”. Leitura complementar Aprofunde-se nesse assunto acessando os textos disponíveis na Biblioteca do AVA sobre:
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• “Custos, um desao para a gestão no agronegócio”; • “Análise da utilização de ferramentas contábeis e gerenciais de controle nanceiro no ramo do agronegócio”; • “Viabilidade econômico-nanceira da implantação de um sistema de armazenagem de grãos”.
3. Valor do dinheiro no tempo O ponto central de qualquer empreendimento que vise lucro deverá ser a remuneração de seu capital, isto é, o retorno de toda a soma em dinheiro investida ou disponibilizada para o empreendimento ou o agronegócio.
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Fonte: Shutterstock.
O empreendimento no agronegócio, em linhas gerais, necessitará de capital para compra de terras, animais, máquinas, equipamentos etc. Na gestão das nanças, os investimentos direcionados para aquisição desses itens deverão ser tratados como investimentos ou imobilizações nanceiras de médio e longo prazo. Já o capital disponibilizado para aquisição dos insumos (custeio da atividade) para determinado sistema de produção no agronegócio deverá ter outro tipo de tratamento, pois se trata de imobilização nanceira de curto prazo.
Imobilizações nanceiras de médio e longo prazo
Investimentos em bens e serviços que deverão ser usados em vários ciclos produtivos, tendo um tempo de vida de utilização de vários anos, no qual o horizonte de anos poderá ser determinado para cada bem.
Imobilizações nanceiras de curto prazo
Investimentos em bens e serviços que deverão ser usados em apenas um ciclo produtivo, também chamado de custeio da atividade no agronegócio. Conforme a utilização, poderá ser denido como custeio pecuário ou custeio agrícola.
Sobre o capital imobilizado em terras, você verá esse assunto quando estudar o custo de produção, já que este item poderá ter diferentes visões sobre a forma e que tipo de retorno que esse capital poderá proporcionar ao empreendimento no agronegócio. Esses são os capitais ou os montantes de dinheiro que podem ser investidos no agronegócio. A análise do valor do dinheiro no tempo tem como premissa procurar avaliar o rendimento que será obtido frente ao valor desse dinheiro. Podemos avaliar ainda um valor já apurado em relação ao que foi utilizado no negócio.
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Para avaliar um empreendimento que ainda será realizado, é necessário saber se a rentabilidade oferecida pelo projeto conseguirá superar o valor do dinheiro a ser investido, caso ele fosse aplicado em alternativa produtiva ou no mercado nanceiro (aplicação nanceira). A análise de um empreendimento já realizado também poderá levar em consideração o valor do dinheiro no tempo, pois o rendimento obtido no empreendimento poderia ser comparado, por exemplo, com o rendimento desse mesmo dinheiro, caso ele tivesse sido aplicado no mercado nanceiro, vericando qual foi o melhor resultado nanceiro alcançado.
Pro je to A
Projeto B
Mer ca do F inanc eir o
Legenda: O dinheiro tem dois tipos de valor: o seu poder de compra e o quanto ele poderá render em mais dinheiro. Fonte: Shutterstock.
Na Unidade Curricular de Matemática Básica e Financeira, você viu que um dos frutos da relação do dinheiro no tempo é o juro. O rendimento do dinheiro é feito pelos juros que ele pode gerar. Portanto, como os juros são calculados pelo tempo de uso do dinheiro, eles podem ser dimensionados na forma diária, mensal ou anual. Vale lembrar que eles podem ter dois tipos de cálculos: juros simples ou juros compostos.
Juros simples Nos juros simples, aplica-se determinada taxa de juros sobre o montante de dinheiro, obtendo o valor nal. Por exemplo: Um capital de R$ 1.000,00 à taxa de juros de 1% ao mês durante seis meses (período). Cálculo dos juros = R$ 1.000,00 x 1% (0,01) x 6 meses = R$ 60,00 de juros. Em que R$ 1.000,00 é o principal (p) e os R$ 60 são os juros (j). Montante ou valor final = R$ 1.060,00.
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O mesmo cálculo poderá ser feito pela seguinte fórmula:
M = p + (p X j X t) Em que: M = montante ou valor nal P = principal = R$ 1.000,00 j = taxa de juros no período = 1% = 1/100 = 0,01 t = período = 6 meses R$ 1.060,00 = R$ 1.000,00 + (R$ 1.000,00 x 0,01 x 6)
Juros compostos Nos juros compostos, aplica-se determinada taxa de juros a cada período. Sobre o novo valor obtido será aplicada a mesma taxa de juros repetindo a operação até o m do prazo pactuado. Por exemplo: Capital de R$ 1.000,00 à taxa de juros de 1% ao mês durante seis meses.
1. Cálculo dos juros 1º mês = R$ 1.000,00 x 1% (0,01) = R$ 10,00 de juros. Em que R$ 1.000,00 é o principal e os R$ 10 são os juros do primeiro mês. Valor total ao n al do 1º mês = R$ 1.010,00. 2. Cálculo dos juros 2º mês = R$ 1.010,00 x 1% (0,01) = R$ 10,10 de juros. Valor total ao nal do 2º mês = R$ 1.020,10. 3. Cálculo dos juros 3º mês = R$ 1.020,10 x 1% (0,01) = R$ 10,20 de juros. Valor total ao nal do 3º mês = R$ 1.030,30. 4. Cálculo dos juros 4º mês = R$ 1.030,30 x 1% (0,01) = R$ 10,30 de juros. Valor total ao nal de 4º mês = R$ 1.040,60. 5. Cálculo dos juros 5º mês = R$ 1.040,60 x 1% (0,01) = R$ 10,40 de juros. Valor total ao nal do 5º mês = R$ 1.051,00. 6. Cálculo dos juros 6º mês = R$ 1.051,00 x 1% (0,01) = R$ 10,51 de juros. Valor total ao nal do 6º mês = R$ 1.061,52.
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O mesmo cálculo poderá ser feito pela seguinte fórmula:
M = p x (1 + i)t Em que: M = montante ou valor nal p = principal = R$ 1.000,00 i = taxa de juros = 1% = 0,01 t = tempo = 6 (meses) R$ 1.061,52 = R$ 1.000,00 x (1 + 0,01) 6
O mercado nanceiro trabalha com juros compostos. As taxas de juros podem ser pactuadas em valores diários, mensais ou anuais. De qualquer maneira, elas deverão ser sempre anualizadas (transformadas em “ao ano”) para se ter melhor noção do real valor d os juros. Vale ressaltar, conforme demonstrado no exemplo, que nas mesmas condições de taxa de juros e de tempo, juros compostos elevam o valor nal frente à aplicação de juros simples sobre o mesmo valor inicial. Observe o comparativo no gráco a seguir. 170
M (R$) 160
s /m ê 1 % s s t o o p m o c s o J u r ê s m / s 1 % e l i m p s s J u r o
150
140
130
120
110
n (mês) 100 0
6
12
18
24
30
36
42
48
Legenda: Comparação juros simples x juros compostos.
Como o valor do dinheiro varia no tempo, o gestor de nanças no agronegócio deverá estar sempre avaliando o “valor futuro” ou o “valor presente” dos investimentos que serão ou já foram realizados.
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Valor futuro (VF) É o valor que determinado capital valerá em um período esperado sob determinada taxa de juros, que também pode ser chamado de VF. O valor futuro é exatamente a aplicação dos juros compostos sobre um investimento, com taxa de juros e período determinado. Ou seja, utilizando o exemplo anterior, o VF para R$ 1.000,00 em seis meses a 1% ao mês é igual a R$ 1.061,52.
VF = p X (1 + i) t >> VF = R$ 1.061,52 Em que: VF = valor futuro P = principal = R$ 1.000,00 j = taxa de juros no período = 1% = 0,01 t = período = 6 meses Valor presente ou valor atual (VP) É o valor que determinado capital, para ser recebido em data futura, valeria hoje, também chamado de VP. Em outras palavras, é quando precisa investir agora para chegar em certo valor. Ele segue o mesmo princípio dos juros compostos, funcionando do m para o começo. Assim, utilizando o exemplo anterior, o VP para R$ 1.061,52 em seis meses a 1 % ao mês é igual a R$ 1.000,00. VP = p / (1 + i) t → VP = R$ 1.000,00 Em que:
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VP = valor presente ou valor atual p = principal = R$ 1.061,52 j = taxa de juros no período = 1% = 0,01 t = período = 6 meses Dica
'
Para facilitar o cálculo dos juros compostos, valor futuro e valor presente, você pode utilizar uma calculadora nanceira ou softwares de planilhas eletrônicas como o Excel. Para o gestor do agronegócio o ideal é ter o mínimo domínio sobre planilha, pois ela servirá para um grande número de cálculos e organização dos diversos números que envolvem o empreendimento agropecuário. Revise as unidades de Informática Básica e Matemática Financeira, caso necessário.
Finanças aplicadas ao agronegócio
Para entender melhor a dinâmica dos valores presente e futuro, veja o esquema a seguir.
24 Valor composto o r u t u F r o l a V
R$ 1.000,00
R$ 1.010,00
R$ 1.020,10
R$ 1.030,30
R$ 1.040,60
R$ 1.051,00
R$ 1.061,52
Primeiro mês
Segundo mês
Terceiro mês
Quarto mês
Quinto mês
Sexto mês
e t n e s e r P r o l a V
Valor descontado No cálculo do VP, costuma-se chamar a taxa de juros a ser aplicada como taxa de desconto, passando a nomear o valor encontrado após a aplicação da fórmula como valor descontado. No cálculo do VF, a taxa de juros a ser aplicada pode ser chamada de taxa de composição, que após a aplicação da fórmula recebe a nomenclatura de valor composto. A plena compreensão do valor do dinheiro no tempo, seja para levar valores para o futuro (VF) ou trazer valores do futuro para o presente (VP), será fundamental para as mais diversas análises de rentabilidades que o empreendimento no agronegócio possa disponibilizar, no sentido de facilitar a tomada de decisões. Nas avaliações nanceiras relacionadas aos VF e VP, assim como o cálculo de juros composto sobre determinado capital, não serão contabilizados os valores da inação da moeda, somente a taxa de juros deverá ser avaliada. Valores inacionários têm baixa previsibilidade em seus reais níveis e acontecem sempre para o futuro. Em previsões orçamentárias, existe a possibilidade de estabelecimento de valores alocados como reserva para suprir possíveis necessidades de aumento de capital de giro provocado por problemas inacionários.
4. Risco e retorno Em princípio, todas as resoluções nanceiras acontecem em condições de incerteza, visto que são decisões tomadas hoje, mas que dizem respeito a eventos que ocorrerão no futuro. Por isso, é necessário que o gestor nanceiro do agronegócio tenha alguma noção do risco e retorno (GITMAN, 2010). Curso Técnico em Agronegócio
Risco pode ser denido como a chance de perda nanceira, decorrente de problemas de várias ordens em um empreendimento. O retorno obtido em uma atividade deverá ser sempre mensurado em porcentual, tendo como base o capital investido. Retorno não deve ser mensurado de forma monetária. Os retornos obtidos no passado, sejam eles positivos ou negativos, não deverão servir como parâmetro de garantia que serão repetidos. Novos ciclos em novos momentos econômicos podem reverter o quadro de resultados nanceiros das atividades no agronegócio. Cada tipo de negócio pode apresentar um risco diferente, de acordo com sua natureza. Em geral, quando o país está com a economia em bom nível de estabilidade, adquirir papéis dos governos, como letra do tesouro nacional ou similares, deverá representar a menor possibilidade de exposição ao risco de um capital. Quando bem conduzido, o rendimento do capital empregado poderá acompanhar a taxa Selic, que é a taxa de juros da economia. Existe ainda a caderneta de poupança, que apresenta garantias governamentais até determinado teto, sendo considerada de baixo risco, fácil operação e com rendimento nanceiro que nem sempre supera os índices inacionários, como é o caso da poupança brasileira. Por outro lado, há também a possibilidade de investir no chamado mercado de capitais ou bolsa de valores, que normalmente apresentam grande exposição ao risco, mas, no entanto, podem gerar altíssima rentabilidade para o capital. De alguma forma, o risco poderá estar ligado ao retorno. A princípio, atividades de maiores riscos deverão proporcionar maiores retornos ou devido ao maior risco, maior prejuízo.
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Fonte: Shutterstock.
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O mercado nanceiro e suas possibilidades de investimentos devem sempre ser utilizados como referência ao gestor do agronegócio para avaliar as rentabilidades alcançadas nos empreendimentos ou para comparar a rentabilidade prometida em novos projetos dentro do agronegócio. Pensando nos riscos, inicialmente, existem três distintos para o agronegócio. O primeiro deles é o nanceiro, que poderá acontecer de várias formas, como a falta de recurso para dar continuidade a determinado projeto para compra de parte dos insumos, equipamentos, pagamentos diversos etc. O risco nanceiro também poderá ocorrer pela não obtenção de crédito rural para atendimento do projeto pretendido, seja por não cumprimento de ordem documental por parte do empreendedor ou até por falta de recursos nanceiros junto ao banco para o crédito rural. Portanto, é crucial ter a fonte de nanciamento bem resolvida, independentemente de ela ser bancária, originada de aporte de capital próprio ou de investidores. Esse tipo risco deve ser sempre administrado para não existir. Informação extra
O
Para o risco de quebra de safra ou outros tipos de problemas relacionados à produção nanciada pelo crédito rural, nas situações de sinistros 1 previstas pelo Banco Central do Brasil (Bacen) existe a possibilidade, em determinados casos, da contratação do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária, o Proagro, seguro agrícola com modalidade especíca, que tem a nalidade de segurar a dívida junto ao agente nanceiro. Você verá esse assunto quando tratarmos de crédito rural.
O segundo risco seria o chamado risco técnico. Ele envolve todas as possibilidades como fenômenos da natureza (chuva, seca, calor, frio etc.) ou está diretamente ligado ao processo produtivo, como doenças, pragas, manejos inadequados, uso de técnicas duvidosas, uso de tecnologia com despesas superiores às possibilidades de retorno, etc. Produtores experientes e com bom assessoramento técnico conseguem manter boa parte desses riscos sob controle. O terceiro tipo seria o risco de preço, ou seja, se, no momento da comercialização da produção, os preços praticados no mercado não atingirem os valores remuneradores pode ser que o produtor não supere as despesas do desenvolvimento da atividade. Esse é um risco real e que apresenta diculdades operacionais para se ter melhor domínio. Para determinados produtos existe a possibilidade da utilização do chamado “mercado futuro”, ferramenta operada pela bolsa de valores que realiza o “travamento” de preços de certos produtos. Você verá esse assunto em detalhes no Tema 3: Financiamentos e outras operações nanceiras no agronegócio.
1. Sinistro: no caso, quebra parcial ou total da safra nanciada.
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Leitura complementar Quer saber mais sobre o valor do dinheiro no tempo e como isso afeta o agronegócio? Na biblioteca do AVA, você encontra os seguintes textos:
c
• “O valor do dinheiro no tempo”; • “Custos de produção, expectativas de retorno e risco na cultura da uva”; • “Gestão de riscos do agronegócio no contexto cooperativista”; • “Escala hierárquica de risco das atividades agrícolas e pecuárias”.
Além do mercado futuro, há outras possibilidades para amenizar o risco de preço. Uma delas é a venda antecipada junto às agroindústrias ou processadores. É possível ainda o fornecimento de determinados insumos por parte desses compradores, que passariam a ser chamados de parceiros. Assim, eles auxiliam os produtores e garantem o fornecimento de matéria-prima para suas empresas, sejam elas transformadoras ou não. As negociações que visam garantir matérias-primas para os processadores, junto aos produtores, são baseadas em títulos do agronegócio operados pelos agentes nanceiros e registrados juntos a BM&Bovespa, assunto que você verá mais adiante. Essas negociações, fora do mercado de títulos do agronegócio, que envolvem a chamada “delização” na venda da produção via fornecimento de insumos, necessitam de bom estudo sobre as relações de nanças envolvidas em todo o negócio. É preciso conhecer bem as relações de troca entre valor de insumo e valor de produto e as produtividades mínimas e seguras que poderão ser alcançadas para, então, fazer frente ao valor do dinheiro no tempo, trazendo sobra nanceira ao produtor em níveis satisfatórios, possibilitando o retorno para a atividade em um próximo ciclo produtivo. Outra forma de amenizar o risco de preço é a diversicação de atividades. Essa estratégia se baseia na possibilidade de que uma atividade pode não apresentar preços satisfatórios em relação à outra, ou outras atividades podem amenizar os investimentos que não tiveram retorno satisfatório. Essa alternativa, contudo, não é muito fácil de ser aplicada, pois requer mais capital e organização, já que o desenvolvimento de atividades concomitantes necessita de atendimento a todas as suas necessidades, além de bom nível de especialização no sentido de obtenção de produtividades superiores às médias em todas as atividades desenvolvidas em paralelo. Com base no que já viu até aqui, podemos concluir que existem diferentes situações dependendo do nível de risco e de retorno. Um empreendimento com risco baixo e retorno alto é altamente atraente, enquanto que riscos altos e um retorno baixo devem ser evitados.
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28 o t l A
O N R O T E R
Altamente atraente
o i d é M o x i a B
Evitar a todo custo
Baixo
Médio
Alto
RISCO
Os gestores de sistemas de produção em agronegócios devem, de forma constante, trabalhar mecanismos e ferramentas, que visem amenizar os vários tipos de riscos da atividade. Uma boa ferramenta de gestão é o estudo e montagem de orçamentos.
5. Orçamentos Orçamento é um plano nanceiro estratégico que compreende a previsão de receitas e despesas futuras na administração de determinado exercício ou período de tempo. Mesmo que rotineiras, as operações de um sistema de produção no agronegócio devem ser precedidas de um orçamento, ou seja, da montagem de uma planilha estipulando as ações, os insumos e os valores que serão necessários para o desenvolvimento da atividade. Com base no orçamento, o gestor poderá viabilizar as fontes de nanciamento para a realização das rotinas operacionais ou de um novo projeto.
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No conceito de uxo de caixa, você viu que a saída de dinheiro ou o uso de dinheiro para pagamentos de construções, aquisições de máquinas e equipamentos, insumos de produção, mão de obra etc. tem que ter uma origem. Essa origem é chamada de fonte de nanciamento. As fontes de nanciamento podem ser empréstimos bancários, reaplicação dos saldos obtidos pelo empreendimento ou nova injeção de capital próprio, o chamado aporte de capital. É importante demonstrar na planilha de orçamento a origem do dinheiro para realizar cada atividade programada. Antes de elaborar um orçamento, você precisa denir quais atividades serão desenvolvidas. Elas podem ser voltadas para um novo projeto ou para continuidade de projetos em andamento (ampliações ou retrações, redirecionamento operacional etc.). Os planos orçamentários podem apresentar diversas possibilidades, considerando as peculiaridades do tipo de agronegócio que está sendo desenvolvido, podendo incluir ainda determinados fatores exclusivos da região ou mesmoda propriedade em que o empreendimento está sendo desenvolvido. Por isso, os orçamentos também devem ser precedidos pelos projetos desenvolvidos pela área técnica, já que a maior parte da necessidade de dinheiro deverá ter sido planejada pela área, por exemplo: os assuntos ligados a construções e/ou a aquisições novas, à denição das exigências técnicas do sistema de produção, às quantidades de insumos necessárias de acordo com as projeções realizadas pelo setor técnico etc. O importante é que seja feita uma previsão das necessidades e despesas com a maior delidade possível, a m de diminuir possíveis impactos de riscos. Comentário do autor
d
Empresas de maior porte podem ter um setor exclusivamente para denições técnicas. No entanto, essa não é a realidade da maioria dos empreendimentos no agronegócio. Nesse caso, é indicado que o gestor procure uma consultoria técnica para tomar decisões mais seguras, procurando diminuir riscos e incertezas. Pode-se contar com empresas particulares, entidades governamentais (municipal, estadual e federal), setores técnicos de cooperativas e sindicatos da categoria, assim como técnicos autônomos que realizam estudos técnicos prévios para embasar os orçamentos no agronegócio.
Com base no que você já viu até aqui, podemos dizer, em linhas gerais, que antes de elaborar um orçamento o gestor deve denir: • As fontes de nanciamento – de onde virá o dinheiro? • As atividades a serem desenvolvidas – o que produzir e como? • As particularidades técnicas da atividade – do que a atividade necessita?
O plano orçamentário é uma importante ferramenta de gestão do empreendimento no agronegócio, tanto na pequena quanto na grande iniciativa. Com ele, o gestor pode diminuir a exposição a riscos.
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A confecção de orçamento poderá ter estrutura bem simples, listando os objetivos de despesas e seus valores. Esse mesmo orçamento poderá ganhar mais informações ao estabelecer o momento de utilização dessas despesas, podendo ser distribuídos ao longo do ano. Poderá citar também fontes e necessidades de recursos de nanciamentos, assim como a programação de receitas, passando a ganhar o formato de um plano orçamentário anual. Conra um exemplo, a seguir. Exemplo de plano orçamentário anual – Fazenda Alvorada Atividades/Meses Manutenção de pastagens Concentrados Adubo químico Calcário Mão de obra + impostos sociais Total mês/anual Atividades/Meses Manutenção de pastagens Concentrados Adubo químico Calcário Mão de obra + impostos sociais Total mês/anual
Jan 11.000 14.500 25.500 Ago 11.000 14.500 14.500 40.000
Fev 11.000 14.500 25.500
Set 19.000 11.000 14.500 44.500
Mar 11.000 14.500 25.500
Out 19.000 11.000 14.500 44.500
Abr 11.000 14.500 25.500
Nov 19.000 11.000 14.500 44.500
Maio 11.000 14.500 25.500
Dez 11.000 29.000 40.000
Jun 11.000 14.500 25.500
Jul 11.000 8.000 14.500 33.500
Total/item 57.000 121.000 14.500 8.000 159.500 360.000
Com essa estrutura, o gestor das nanças do empreendimento consegue ter uma visão geral do sistema de produção em relação às necessidades de capitais e às suas fontes, buscando minimizar algumas das possibilidades de risco. A partir desse orçamento simples, é possível fazer o acompanhamento do que foi programado e realizado. Você pode colocar um valor em porcentagem nas etapas já cumpridas e a cumprir. Com essa estrutura e outras informações que considerar importante, o orçamento ganhará a forma de um cronograma orçamentário. Quando realizado em planilhas eletrônicas, tipo Excel ou similar, o cronograma orçamentário se torna uma importante ferramenta de gestão, facilitando simulações de preços e despesas, acertos de rumos (aumento da exigência de capital) e tudo mais que poderá variar ao longo do ciclo produtivo. Ao estabelecer os prazos de utilização de insumos, facilita-se a melhor administração dos estoques e seus custos, evitando o aumento de despesas devido à possibilidade de ociosidade de matéria-prima.
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Uma planilha bem detalhada consegue determinar o orçamento de 1 ha, de qualquer que seja a cultura a ser implantada. A partir dessa base, multiplica-se o valor pela área total a ser plantada. Todavia, é preciso considerar que o valor para cada 1 ha poderá variar dentro da mesma propriedade, já que existem mudanças no tipo de solo, topograa e até mesmo distâncias, inuenciando na logística interna. Esta deverá ser a base não só para fazer as aquisições ou programações de aquisições de insumos junto aos fornecedores, como também para estabelecer os volumes das necessidades operacionais durante o desenvolvimento da cultura, assim como nas fases de colheita e comercialização. Leitura complementar
c
Para saber mais sobre orçamento, acesse a biblioteca do AVA e conra os seguintes textos: • “A utilização do orçamento como ferramenta de apoio a decisão”; • “Estratégias de gestão: orçamento no agronegócio”; • “Uma contribuição à melhoria do processo orçamentário”.
Uma das grandes vantagens dos orçamentos é que eles auxiliam nas negociações junto aos fornecedores. Por exemplo, pode-se negociar os volumes a serem utilizados, os prazos de entrega (que a princípio deverão estar próximos a utilização), a logística do frete (que poderá considerar o local de entrega e a fonte original que são as fábricas) e assim por diante. O objetivo é a constante busca da redução de despesas sem deixar de atender as necessidades operacionais do sistema de produção.
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Os valores, os volumes e os prazos estabelecidos nos orçamentos deverão ter exibilidade para atenuar as possíveis ocorrências de fatos inesperados, sempre no sentido de também tentar administrar os riscos. Os orçamentos em pecuária também devem ser desenvolvidos como ferramenta de gestão. Apesar de se tratar de um processo contínuo de produção, as necessidades de reposições ou reformas sempre existirão. Nesse caso, o objetivo é a manutenção em níveis satisfatórios do sistema de produção. Maiores taxas de ocupação por animais ( UA/ha) visam ao ganho em escala – mais animais pastando na mesma área ajudam a diminuir custos operacionais. Para tanto, um programa de manutenção de pastagens com sua devida orçamentação deverá servir de base para tomada de decisão. UA Unidade animal, representada por 450 kg de peso vivo.
Fonte: Shutterstock.
Reforma e manutenção de pastagens representam signicativas inversões nanceiras para os pecuaristas. Normalmente, devem ser feitas em etapas e nos momentos do ano em que os aspectos climáticos sejam favoráveis. Sem calor e chuva o desenvolvimento das pastagens pode apresentar complicações na produção de forragem. Os orçamentos destinados à reforma e à manutenção deverão ter forte base técnica. Análises de solos, tipos de forrageiras existentes e suas exigências nutricionais para atendimento de determinada carga animal (UA/ha) projetada demandam especicidades que terão forte inuência nos valores dos orçamentos. Observe a seguir um exemplo de plano orçamentário anual para pecuária.
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Exemplo de plano orçamentário anual – Fazenda Alvorada (Pecuária) MESES Atividades
JANEIRO Volumes Orçado
Manutenção pastagens
45 ha
Concentrados
132 t
Adubo químico
7t
Calcário
53 t
Mão de obra + imp. sociais
7 func.
Total mês/ anual
FEVEREIRO
Realizado
Orçado
Orçado
JANEIRO Orçado
Realizado
19.000
19.000
FEVEREIRO Orçado
11.000
11.000
11.000
11.000
11.000
14.500
14.500
14.500
29.000
14.500
25.500
25.500
44.500
59.000
25.500
80.000
70.000
Realizado
RECEIRA PROJETADA Tourinhos
60 cab
Novilhas
104 cab
Total receita mês/anual
80.000
60.000
60.000
60.000
130.000
60.000
60.000
TOTAL ITEM Atividades
Orçado
Manutenção pastagens
57.000
Concentrados
121.000
Adubo químico
14.500
Calcário
8.000
Mão de obra + imp. sociais
159.500
Total mês/anual
341.000
Realizado
RECEIRA PROJETADA Tourinhos
150.000
Novilhas
250.000
Total receita mês/anual
400.000
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Os orçamentos destinados às pastagens servem para projetar a relação custo-benefício diante dos tempos e pesos esperados aos bovinos no momento da comercialização, com base na carga animal planejada. Riscos maiores poderão ocorrer devido ao fator preço, pois no caso da arroba do boi gordo há a possibilidade de se negociar os chamados contratos futuros, com "travamento" de parte dos preços esperados no momento da comercialização dos animais, objetivando amenizar o risco preço do empreendimento pecuário. Travemaneto de preço Operação denominada de contrato futuro realizada pela BM&FBovespa, com a nalidade de “travar” determinado preço na época de comercialização dos produtos, no caso, bovinos de corte.
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Os orçamentos também são importantes para os pecuaristas leiteiros, já que a operacionalização dos sistemas de produção exige a constante aquisição de ração concentrada, além de outros insumos correntes na atividade. Poderá exigir, ainda, o preparo de alimentação para ensilagem ou outro tipo de conservação, como fenação. A alimentação do bovino leiteiro representa a maior parte dos custos de produção, pois, envolvendo ou não a utilização de pastagens, é certo que haverá alimentação suplementar. Portanto, é preciso capital de forma pontual no preparo dos alimentos forrageiros para conservação e de forma corrente nas constantes aquisições de rações concentradas, minerais, medicamentos, suplementos operativos de apoio ao uxo de ordenha e pagamento de mão de obra e suas obrigações sociais.
Fonte: Shutterstock.
A receita gerada pela atividade leiteira normalmente é obtida mensalmente, aliviando as pressões sobre o caixa do empreendimento. No entanto, negociações antecipadas de determinados insumos para entrega futura poderão criar um diferencial nos preços. Por isso, indica-se a confecção do plano orçamentário anual da atividade leiteira, a m de facilitar ao gestor do empreendimento a visualização de volumes necessários que poderão vir a ser nanciados por operações de crédito rural. Ao gestor caberá analisar as taxas de juros, as carências e os prazos para o pagamento desses empréstimos, quando deverão ser confrontados com as vantagens que possam existir de uma negociação antecipada com fornecedores.
Seja na pecuária ou agricultura, as compras antecipadas com base nos planos orçamentários devem exigir bom nível de precisão nas projeções dos volumes dos insumos a serem utilizados. Excessos criarão a chamada ociosidade dos estoques e pesados custos nanceiros. Curso Técnico em Agronegócio
O não atendimento das necessidades deverá criar problemas de continuidade, podendo elevar os custos de produção devido a novas bases de preço das mesmas aquisições por causa de volumes menores e da possível incidência de fretes com valores desproporcionais. Para fechar esse subtópico sobre orçamento, conra a seguir um exemplo de planilha orçamentária. Orçamento de caixa
MARÇO 1
2
3
4
5
6
...
26
27
28
29
30
31
Total do mês
Entradas Arrendamento Cereais/Arroz Suinocultura Prestação de serviços Empréstimos bancários 1. Total de entradas
Entradas Fornecedores em atraso Fornecedores Cheques pré-datados SICREDI (empréstimos futuros) A802248047 VENC 30/03/2016 A802366600 VENC 30/03/2016 Custeio Banco do Brasil
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Empréstimo longo prazo Investimentos/Máquinas Impostos parcelados Despesas com pessoal Encargos sociais Mão de obra temporária Fretes/Serv. de transporte Óleo diesel
Combustíveis e lubricantes Consertos de veículos e máquinas Alimentação Energia elétrica Outros Segurança Dedetizações
Finanças aplicadas ao agronegócio
Equipamentos e acessórios
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Material de limpeza Plano de saúde Impostos atrasados/parcel. Telefone/Internet Celulares Aluguéis Cartórios Honorários contábeis Material de escritório Empréstimo consignado Consórcios Correção monetária e juros contr. Despesas bancárias IOF
2. Total de saídas 3 - Diferença do período (1-2) 4 - Saldo inicial de caixa 5 - Saldo nal de caixa (3-4)
Informação extra
O
No caso de compra antecipada, é preciso atentar para a logística, principalmente, no caso de rações concentradas. Esses alimentos são fortes atrativos de ratos e algumas outras pragas que acabam por contaminar os alimentos e, consequentemente, os animais do sistema de produção. A possibilidade da transmissão de leptospirose por roedores é comum em armazéns sem o devido preparo para receber grandes quantidades de matéria-prima ou ração concentrada. Vale o alerta, pois essa doença poderá exigir a extinção do rebanho. O melhor será o estabelecimento de armazéns adequados e, quando for possível, a negociação de entrega parcelada.
Tópico 2: Estrutura do capital no agronegócio O gestor do agronegócio deverá ter informação bem estruturada de como se apresenta a distribuição do capital no agronegócio. A visão não é muito diferente de qualquer outra atividade econômica, mas, sem dúvida, por envolver questões fortemente relacionadas às forças da natureza, vale a pena buscar novos olhares sobre esse assunto. Capital Lembre-se de que, quando falamos de capital, estamos falando da soma de todo dinheiro (em todas suas formas) utilizado no empreendimento – o ativo.
Curso Técnico em Agronegócio
O capital ou dinheiro no agronegócio sempre tomará alguma forma operativa. Para entender melhor, vamos fazer uma analogia com a água, que pode estar em qualquer um de seus estados físicos (sólido, líquido ou gasoso), mas será sempre água. Independentemente do seu estado físico (ou tipo de capital), cabe ao gestor no agronegócio trabalhar para que entre mais água (dinheiro) no sistema e que os vazamentos (pagamentos etc.) que deverão acontecer sejam menores do que as entradas. A boa gestão do capital no sistema de produção é que deverá determinar as diferenças entre as entradas e as saídas nanceiras, criando rentabilidade ao empreendimento.
$$
Capital
$ OPERAÇÃO LUCRATIVA
$
$
Capital
Capital
$$ OPERAÇÃO EM PREJUÍZO
$ OPERAÇÃO SEM LUCRO
O capital no sistema de produção do agronegócio deverá estar distribuído basicamente em duas formas: capital imobilizado e capital de giro. O capital imobilizado poderá estar difundido em outras duas formas: capital imobilizado xo e capital imobilizado em semixos.
Capital imobilizado xo
A quantidade de dinheiro que foi disponibilizado para comprar terras, construir currais, galpões de produção, cercas, sistema de drenagem, saleiros, estradas, as chamadas benfeitorias xas. Algumas pessoas consideram as pastagens como investimentos xos e outras como semixos, aqui trataremos como capital imobilizado xo.
Capital imobilizado semixo
A quantidade de dinheiro que foi disponibilizada para aquisição de equipamentos e máquinas, como tratores, colheitadeiras, beneciadores, arados, grades, ordenhadeiras, ensiladeiras, picadeiras etc. Os animais do sistema de produção, no caso de matrizes e reprodutores, também são denominados de imobilizado semixo. Animais de engorda não são considerados investimentos semixos, apesar de serem um imobilizado semixo.
Finanças aplicadas ao agronegócio
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Capital de giro
A quantidade de dinheiro que estaria em constante transformação. Como papel moeda (dinheiro propriamente dito), parte desse dinheiro é transformada em insumos de produção (calcário, adubo, defensivos, insumos para ração, medicamentos etc.) e outra parte em serviços como mão de obra e outros possíveis compromissos voltados ao sistema de produção. Em seguida, o capital de giro vira produto (grão, carne, leite etc.), e, no agronegócio, cada tipo de atividade tem ciclo de produção diferente: pecuária leiteira e avicultura de postura em produção diária; pecuária de corte em ciclo anual ou conforme programação; pequenos animais (aves e suínos) e olericultura conforme programação; grãos e agricultura perene em safras. O último momento é quando esses produtos voltam a ser papel moeda, que, no caso, seria o resultado da comercialização da produção, dando início a um novo ciclo de capital de giro.
O QUE É CAPITAL DE GIRO?
Dinheiro
Contas a receber
Matériaprima
Produto acabado
A forma em que está distribuído o capital no agronegócio é fundamental para as diversas tomadas de decisões sobre a condução do empreendimento, assim como as decisões sobre incrementos ou a adoção de novos projetos. As decisões de como imobilizar capital, seja ele de giro ou xo, deverão ser o passo inicial para o sucesso da atividade, esteja ela em andamento ou um novo projeto.
1. O capital imobilizado xo ou de longo prazo O ponto central do agronegócio, quando falamos de capitais imobilizados, é a questão da terra. Comprar ou arrendar? A terra tem duas visões bem claras: seu valor imobiliário ou o seu valor como base produtiva para a agropecuária. Ela, normalmente, tem preço alto em qualquer parte do mundo. Esses preços poderão ser ditados pelo que existe ao redor ou por sua capacidade de produzir no agronegócio. Os dois fatos podem, de forma conjunta ou separada, inuenciar o valor. Curso Técnico em Agronegócio
Arrendamento Operação por meio da qual um fator de produção (como a terra) é cedido pelo seu proprietário para que outro o explore durante um período de tempo denido e mediante determinada remuneração.
Por exemplo, se uma região é forte produtora de grãos devido às condições naturais favoráveis, a facilitação criada estabelece vantagem competitiva para a atividade principal e, como consequência, a valorização da terra. Nesse mesmo caso, poderiam ser incluídos os mais diversos tipos de pecuárias como tipos de agriculturas. Vantagem competitiva Pode ser entendida como uma vantagem que uma empresa ou um empreendimento tem em relação aos seus concorrentes.
39 Legenda: Qual é o valor da terra? Fonte: Shutterstock.
Muito dinheiro imobilizado em terras poderá inviabilizar o empreendimento. Esta armativa poderá ser verdade ou não, dependendo de como o gestor do agronegócio vai estabelecer o valor da terra em seu custo de produção. Entre variadas visões sobre o custo da terra em um sistema de produção, podemos considerar que a terra é um bem valioso, que por si só representa grande reserva de valor. Quanto mais favorável for, mais condições de valorização terá, seja por questões imobiliárias ou por questões direcionadas às qualidades produtivas – a liquidez e o valor comercial no momento da venda serão maiores. A mesma linha de pensamento poderá ser utilizada para terras sem qualidades imobiliárias e/ ou produtivas. Elas têm menor liquidez e menor valor comercial no momento da venda, como
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deve ter sido no momento da compra. Portanto, imobilizar capital em terras de baixa aptidão eleva os custos de produção. O contrário também deverá ser verdade, ou seja, imobilizar capital em terras de ótima aptidão deverá baixar os custos de produção. Mais adiante, vamos estabelecer como usar o valor da terra para avaliar o custo de produção. O arrendamento de terras é um tipo de solução competitiva, pois evita a imobilização de capital em terras, porém cria despesa obrigatória de aluguel. Nesse caso, não existe a criação de reserva de valor em terras e não é possível fazer uma capitalização signicativa com a venda delas, caso paralisem as atividades. Leitura complementar Aprofunde seus conhecimentos sobre estrutura de capitais. Na biblioteca do AVA, você encontra os seguintes textos:
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• “Determinantes da estrutura de capital das maiores corporações brasileiras no agronegócio”; • “Fatores determinantes da estrutura de capital no agronegócio - o caso das empresas brasileiras”; • “Como decidem os executivos nanceiros sobre estrutura de capital em cooperativas agropecuárias”.
As imobilizações nanceiras em investimentos xos, como instalações voltadas para o sistema de produção e demais benfeitorias, devem merecer atenção especial, já que o gestor estará transformando dinheiro em bens sem liquidez. As instalações que não cumprirem o seu melhor papel no sistema de produção se tornarão os chamados "capitais irrecuperáveis" – dinheiro jogado no lixo. Esses itens aparecem no custo de produção, devido às depreciações exigidas para formação desse custo, sem gerar qualquer tipo de resultados ou receitas. Portanto, os projetos de instalações devem ser feitos por prossionais que realmente conheçam a atividade m, que consigam atender as necessidades reais de interação entre o uso de instalações e a atividade de produção, seja ela animal ou vegetal. É muito comum, ainda, a repetição ou a cópia de instalações que já existem, sem avaliar a sua real funcionalidade produtiva e operacional.
Os valores utilizados em benfeitorias normalmente são signicativos, visto que necessitam de manutenção para seu pleno funcionamento. Por isso, os valores devem ser depreciados ao longo dos anos, pesando nos custos de produção. 2. O capital imobilizado semixo ou de médio prazo A imobilização de capital em equipamentos também deve ser muito bem analisada pelo gestor. Determinados equipamentos com uso pontual poderão ser alugados, evitando imobilização de capitais e demais custos de operação e manutenção. Para isso, recomendase fazer estudos sobre o tempo de uso de certos equipamentos em horas durante o ano, vericando a disponibilidade de alugá-los na região. Essa opção não é tão fácil para o gestor Curso Técnico em Agronegócio
do agronegócio em regiões onde a atividade m não esteja disseminada. Mas deverá ser sempre objeto de estudo, inclusive, caso decida pela compra, pois é possível disponibilizar o equipamento para aluguel a terceiros.
Legenda: Alugar ou comprar? Equipamentos com pouco uso podem ser alugados. Fonte: Shutterstock
A organização de produtores em cooperativas sempre deverá ser bem vista, pois abre a possibilidade da criação de patrulhas mecanizadas de uso comum, sistemas de armazenagem de grãos compartilhados e outras possibilidades que possam ser organizadas em grupos. A cooperativa é sempre uma boa opção de redução de custos, desde que sob gestão competente e honesta. Determinadas atividades no agronegócio apresentam imobilizações signicativas em equipamentos e com pouco uso diário, como é o caso das salas de ordenha mecanizadas. Como costumam ser utilizadas apenas em dois momentos do dia, sob o ponto de vista da logística interna, há grande ociosidade, carregando os custos de produção e sem grandes possibilidades de resolução desse gargalo, pois elas são fundamentais na atividade leiteira. Os animais que compõem os sistemas de produções, como plantéis de matrizes e reprodutores, também devem ser localizados como investimentos semixos. Portanto, precisam ter seus respectivos valores de mercado depreciados para ns de composição do custo de produção da atividade. Entre esses animais estão: reprodutores e matrizes bovinas, bubalinas, suínas, caprinas, ovinas, matrizes de aves de corte, aves de postura, codornas de postura e todas as demais espécies que vierem a compor o plantel reprodutivo de um sistema de produção.
3. Capital de giro ou capital de curto prazo O capital de giro no agronegócio é composto pela disponibilidade nanceira líquida (dinheiro em mãos ou bancos), estoque de insumos e produtos acabados. Recebem esse nome devido à rotatividade dentro do empreendimento e devem merecer total atenção, pois a má administração do capital de giro do empreendimento poderá levar à deciência de caixa (dinheiro). Finanças aplicadas ao agronegócio
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Os prazos descasados entre recebimento e pagamentos, os prazos de recebimentos sem considerar do valor do dinheiro no tempo, a não consideração do custo do capital próprio ou de terceiros nas negociações de compra e venda, os preços não remuneradores em relação ao custo de produção, entre outros são fatores que levam o negócio agropecuário a se tornar insustentáveis pelo aspecto nanceiro. Mesmo com eciência técnica no sistema de produção, negociações que desrespeitem a relação custo de produção x preço do produto e/ou o valor do dinheiro no tempo tendem a reduzir a disponibilidade de capital de giro para o empreendimento. Esses seriam os chamados vazamentos nanceiros comentados anteriormente, levando à deciência operacional com diminuição do tamanho produtivo, já que houve transferência ou perda de capital de giro para terceiros. A busca de soluções para recompor o capital de giro com capitais de terceiros, como empréstimos, deverá passar por novos crivos de análise nanceira para ver se a oferta nanceira e seu custo poderão ser interessantes ao empreendimento.
Comentário do autor
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Em resumo, o capital xo tem longo prazo de maturação (ponto ideal para utilização), o capital semixo tem médio prazo de maturação e o capital de giro tem maturação em cada um de seus ciclos produtivos. Cada um deles precisa de um tratamento diferenciado por parte do gestor do agronegócio, seja na sua utilização ou na busca de nanciamentos que, conjugados com o capital próprio, deverão auxiliar a operacionalidade do sistema de produção.
ESTRUTURA DE CAPITAL
Capital fixo
Empréstimo longo prazo
Capital semifixo
Empréstimo curto prazo
Capital de giro
Capital próprio
FONTE DE CAPITAL
SISTEMA DE PRODUÇÃO
Mais à frente, deixaremos de denominar o tipo de organização dos capitais empregados ao empreendimento no agronegócio como investimento xo, investimento semixo e capital de giro, passando a chamá-los de ativo do empreendimento ou empresa. Da mesma forma, o que neste tema estamos chamando de “fonte de capital” como capital próprio e capital de terceiros (nanciamentos de longo e curto prazo), passaremos a denominar de passivo do empreendimento ou empresa, onde deverão ser agregadas outras formas de caracterização de fonte de capital. A Curso Técnico em Agronegócio
relação entre ativo e passivo, que deverá ser de igualdade em termos de valores monetários, será chamado de balanço patrimonial do empreendimento ou da empresa.
4. Fluxo de caixa O uxo de caixa é um demonstrativo nanceiro que permite visualizar as receitas e as despesas do que já aconteceu ou as previstas em um novo projeto, permitindo a análise nanceira e os seus desdobramentos. Para que o gestor nanceiro no agronegócio conheça a situação econômica do empreendimento ou da empresa, será necessária a leitura e a interpretação do balanço patrimonial. Perceba que muitos dos conceitos que estamos vendo você já conhece de unidades curriculares anteriores, como contabilidade rural. A atividade de nanças no agronegócio, realmente, tem relacionamento com a contabilidade, no entanto, essas áreas podem, de alguma forma, serem operadas separadamente. Enquanto as nanças servem para fazer a gestão do agronegócio, a contabilidade deverá atender as necessidades escriturais ou a escrituração contábil do empreendimento agropecuário. As duas atividades são complementares e se utilizam das mesmas informações básicas. Finanças As nanças têm compromisso primordial com o chamado regime de administração do caixa, ou seja, o dinheiro que entra e sai, os compromissos a pagar e a receber, a gestão nanceira dos projetos, os orçamentos e as suas viabilidades.
Contabilidade A contabilidade está mais comprometida com a documentação escritural, os tributos, o cumprimento das diversas leis tributárias, trabalhistas e ambientais, o relacionamento com a scalização em todos os níveis relacionados à legalidade operacional do empreendimento agropecuário.
No agronegócio de pequeno porte, de alguma forma, o gestor trabalha com maior intensidade a parte de nanças e, em algumas situações mais simples, consegue atender algumas necessidades da contabilidade. O agronegócio de pequeno porte, de maneira geral, contrata escritórios de contabilidade para manter a parte escritural legal do empreendimento sob a legislação do momento. Empreendimentos de maior porte costumam estabelecer setores de contabilidade. Em alguns casos, setores da área jurídica também se fazem presentes na administração desses empreendimentos. Decisões estratégicas e/ou operacionais devem ser tomadas com base nos pareceres dos três setores: nanceiro, contábil e jurídico. O objetivo é tomar decisões empresariais com mais segurança em relação à disponibilidade nanceira e à expectativa de retorno dos investimentos, ao atendimento das necessidades tributárias nas esferas municipais, estaduais e federais e, por último, aos aspectos legais relacionados aos mais diversos campos, com destaque para os aspectos trabalhistas e ambientais. As nanças no agronegócio devem ter ênfase no uxo de caixa, uma ferramenta que controla a movimentação nanceira, as entradas e saídas de dinheiro em um período determinado de uma empresa ou negócio. Você também poderá encontrar o termo na língua inglesa cash ow , muito usual no meio empresarial. Observe a seguir um exemplo de uxo de caixa.
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1º ano
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Entradas Tourinhos Novilhas Total - entradas Saídas Investimentos Custeio Total - saídas Saldo operacional Imposto de renda (IR) Lucro
2º ano
3º ano
150.000,00 260.000,00 410.000,00
180.000,00 295.000,00 475.000,00
211.000,00 336.000,00 547.000,00
360.000,00 360.000,00 50.000,00 7.500,00 42.500,00
385.000,00 385.000,00 90.000,00 13.500,00 76.500,00
425.000,00 425.000,00 122.000,00 18.300,00 103.700,00
Fonte: Elaborado pelo autor
O exemplo anterior caracteriza o uxo de caixa em um empreendimento de bovinocultura, apresentado de forma bem simples, demonstrando o quadro de “entradas” (as vendas ou receitas). Podem ser caracterizados também como entradas os nanciamentos, o aporte de capital do proprietário ou sócios e qualquer outro tipo de receita ou entrada de dinheiro no empreendimento. No quadro de “saídas”, estão as saídas de dinheiro do empreendimento para realizar qualquer tipo de pagamento, tanto para o custeio da atividade quanto para novos investimentos (formação de pastagens, construção de currais, galpões, drenagem etc.). Dica
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Custeio são as despesas necessárias para pagamento de um ciclo da atividade. Em culturas de curta duração, o custeio vai do preparo do solo à colheita (milho, soja, olerícolas etc.). Em culturas perenes (fruticultura, seringueira etc.) e pecuárias (bovinos de corte e de leite, suínos etc.), o custeio deverá representar as despesas anuais.
Especicamente no caso da avicultura de corte, o custeio representa todas as despesas do ciclo produtivo da atividade, que poderá ser em torno de 42 dias. Na avicultura de postura, ele poderá ter um ciclo maior que 12 meses, já que entre o recebimento do pintinho de um dia até o descarte da galinha em nal de postura transcorrem aproximadamente 16 meses.
A diferença entre o somatório das “entradas” e o somatório das “saídas” ainda não será chamado de lucro, mas sim de “saldo operacional”. Somente após o pagamento do imposto sobre a renda anual é que o valor resultante poderá ser chamado de lucro. O imposto de renda (IR) se paga sobre o saldo operacional, se for negativo não existirá IR. O valor de IR demonstrado no exemplo é ctício. As alíquotas de IR aplicadas ao agronegócio variam pelo tipo de tributação, pelo limite de faturamento bruto anual etc., cabendo ao
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prossional de contabilidade o melhor enquadramento de apuração do imposto, seja o produtor rural pessoa física ou jurídica. Atividade prática
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Na biblioteca do AVA, você encontra um arquivo do Excel com um modelo de uxo de caixa. Aproveite para explorar os campos e suas implicações nas diferentes planilhas. O nome do arquivo é “Fluxo de caixa em planilha excel.xlsx”.
O uxo de caixa poderá ser uma poderosa ferramenta, sob o olhar de gestores que procuram se aprofundar nas informações subliminares que existem nos números de despesas e receitas de um empreendimento rural. Mais adiante, voltaremos ao uxo de caixa para fazer a análise nanceira de um projeto (planejamento de novos investimentos ou inovações nos sistemas de produção que necessitem mais dinheiro) e a avaliação nanceira de uma atividade ao nal de seu ciclo produtivo. Leitura complementar
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Na biblioteca do AVA, você encontra:
•
“Proposta da implantação de modelo de uxo de caixa”.
•
“Controle nanceiro em propriedades rurais - estudo de casos”.
5. Livro-caixa Livro-caixa (ou simplesmente caixa) é uma ferramenta para fazer a administração do capital de giro líquido, que poderá estar disponível em moeda, em mãos do tesoureiro ou administrador e/ou bancos. Veja a seguir um exemplo de estrutura de caixa diário que pode ser elaborado em uma planilha eletrônica.
Data
Descrição Saldo anterior:
MOVIMENTO DE CAIXA Detalhes Entrada
Saída
Saldo
Total do mês: Saldo nal: Capital de giro líquido
Dinheiro com real disponibilidade para realizar os pagamentos dos compromissos assumidos dentro de seus prazos. Finanças aplicadas ao agronegócio
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A administração do livro-caixa é uma operação bem simples de ser executada. Nele são anotados diariamente todos os eventos que venham a ocorrer relacionados a entradas (vendas) e saídas nanceiras (despesas), podendo ser incluídas as promessas de pagamentos, como cheques e outros recebíveis, assim como pagamentos futuros. Esses recebíveis e compromissos de pagamento deverão ter a sua descrição detalhada no livro-caixa em seu período de fechamento (diário, semanal ou mensal). No entanto, só deverão ser demonstrados quando estiverem efetivamente creditados ou debitados. A utilização dos valores dos cálculos de depreciação de animais de reprodução, construções, máquinas e equipamentos para ns de apuração de imposto de renda deverá ser feita pelo balanço contábil da empresa. No livro-caixa, não deverão ser lançados valores de depreciações, pois se trata de um valor contábil e não nanceiro, portanto, não fazendo parte do capital de giro da empresa. Lançar mão das depreciações calculadas para ns de apuração tributária é uma prerrogativa legal da empresa rural e não do produtor rural. A receita federal brasileira tem regulamentação especíca para os limites e bens que podem sofrer depreciações para ns de apuração tributária, cabendo ao prossional de contabilidade escriturar os valores contábeis permitidos pela legislação tributária brasileira, regulada e normatizada pela Receita Federal. Em tempo, as depreciações calculadas sobre bens como equipamentos, máquinas, construções e animais de reprodução deverão ser utilizadas para ns de cálculo de custo de produção tanto pelo produtor rural pessoa jurídica (empresa) quanto pelo produtor rural pessoa física. Ao realizar o cálculo do seu custo de produção, o produtor rural pode inserir a depreciação da terra em sua planilha, chamando de “custo da terra”. Isso não é obrigatório, apenas cria outra visão nanceira e econômica do cálculo do custo de produção. Mais adiante, você verá um tópico especíco sobre o custo de produção na agropecuária, no qual abordaremos detalhadamente o assunto “custo da terra”. As informações para preenchimento do livro-caixa da Receita Federal poderão ser obtidas a partir do livro-caixa diário do empreendimento. Não há nenhuma ilegalidade operacional na utilização do livro-caixa próprio. A preocupação por parte dos produtores deverá ser a melhor organização do movimento do dinheiro em seu negócio.
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Fonte: Shutterstock.
6. Balanço patrimonial Conforme o porte da empresa do agronegócio e o tipo de regime tributário em que ela está inserida, poderá existir a obrigatoriedade da apresentação do balanço patrimonial, tanto para autoridades scais quanto para bancos e outros players do agronegócio. Já os produtores rurais pessoas físicas não são obrigados a apresentar o balanço patrimonial de seus empreendimentos às autoridades scais do estado brasileiro. Cabe ao prossional contador a elaboração do balanço patrimonial da empresa. Ao gestor nanceiro cabe a interpretação do balanço para então tomar decisões sobre os caminhos a serem seguidos pela empresa. Apesar da não obrigatoriedade desse documento para a grande maioria dos empreendimentos no agronegócio, o gestor nanceiro desse setor pode utilizar os conceitos econômicos envolvidos nesse demonstrativo com o objetivo de fazer algumas análises paralelas junto aos empreendimentos em que estiver participando. Entender a diferença entre o que é o econômico e o que é o nanceiro poderá ajudar em algumas decisões, passando a melhorar ou a criar valor ao agronegócio sob o seu olhar. É comum no meio rural conhecermos produtores que estejam em uma boa situação econômica e ao mesmo tempo em péssima situação nanceira. Quando encontramos um produtor como o Sr. Fabrício, que tem uma propriedade rural com bom valor no mercado imobiliário, mas no empreendimento que desenvolve lhe sobra pouco ou, às vezes, nenhum dinheiro, estaremos diante de um quadro de boa situação econômica e péssima situação nanceira. O mesmo se aplica ao produtor Gabriel, um pecuarista com bom patrimônio em animais, mas com baixa produtividade, levando seus custos de produção a se tornarem altos demais e o mesmo não obtém lucratividade. Como não pode se desfazer dos animais por ser seu único meio de vida, ele segue caminhando no sentido do "empobrecimento", apesar de ter uma boa posição patrimonial ou econômica. Um rebanho tem representação patrimonial e faz parte dos ativos do empreendimento, mesmo não sendo terras ou benfeitorias, como construções etc. Finanças aplicadas ao agronegócio
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Nesses dois casos, se fosse feito o balanço patrimonial de cada empreendimento caria bem claro, não só o tipo de problema dessas “empresas”, mas também o tamanho nanceiro do problema. O ideal seria que esses fazendeiros tivessem conservado os valores patrimoniais de suas terras e animais e, com a presença de sobra de dinheiro, reinvestissem nas suas atividades para prover suas contas pessoais. Como você já estudou o Balanço Patrimonial na Unidade Curricular de Contabilidade Rural, vamos aproveitar para reforçar as informações básicas que compõem esse documento. O demonstrativo denominado de balanço patrimonial basicamente é composto por duas colunas, ativo e passivo. Ativo
Passivo
Na coluna do avo estão localizados os valores
Na coluna do passivo estarão localizados os
referentes aos patrimônios, como terras, animais,
valores que possibilitaram as diversas aquisições que passaram a compor a coluna do avo. Valores e suas origens, que podem ser de capital próprio (aporte de capital), nanciamentos, obrigações a pagar como duplicatas ou outros pos de dívida com fornecedores e governo, ou seja, dívidas reconhecidas e ainda não pagas cujos valores estarão, de alguma forma, nanciando o avo da empresa.
máquinas, equipamentos, capital de giro e tudo mais que compõe o conjunto de elementos – bens xos ou não, para o funcionamento da avidade desenvolvida.
A diferença entre o ativo e o passivo deverá compor um terceiro quadro que precisará estar localizado na coluna do passivo, que se chama patrimônio líquido e representará a sobra nanceira que poderá ser revertida em novos investimentos no empreendimento ou ser convertido como lucro para o proprietário. Grandes empresas com ações no mercado nanceiro ou não retiram do patrimônio líquido os dividendos e as bonicações para seus acionistas. Dividendo e bonicações Dividendos correspondem à parcela do lucro apurado por uma sociedade anônima, distribuída aos acionistas por ocasião do encerramento do exercício social. Já as bonicações são pagamentos feitos por uma empresa a seus acionistas, em espécie ou em ações.
Em todos os casos, os valores do balanço patrimonial devem apresentar uma igualdade: ativo = passivo + patrimônio líquido, visto que os valores disponibilizados pelo passivo são os possibilitaram a formação do ativo. Conra essa relação no exemplo simplicado a seguir.
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A
P+PL
Balanço patrimonial Ativo
Passivo Obrigações c/ terceiros R$ 80
Bens + direitos = R$ 100
PATRIMÔNIO LÍQUIDO Obrigações com o proprietário R$ 20
TOTAL ATIVO
R$ 100
TOTAL PASSIVO
R$ 100
Se fossemos montar um balanço patrimonial dos produtores rurais que utilizamos como exemplo anteriormente, Fabrício e Gabriel, certamente o patrimônio líquido dos dois fazendeiros seria zero ou bem próximo a zero, já que eles não obtêm lucro em suas atividades. Atividades práticas
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Gostaria de ver na prática um balanço patrimonial? Na biblioteca do AVA, você encontra as demonstrações nanceiras do ano de 2014 de duas grandes empresas do agronegócio brasileiro, com atuação “dentro da porteira”: • Demonstrações nanceiras Renar Maçãs S.A. • Demonstrações nanceiras LSC Agrícola.
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Empresas com ações no mercado nanceiro, além da obrigação da realização do balanço patrimonial, devido ao lançamento de ações no mercado nanceiro, também são obrigadas a disponibilizar uma quantidade enorme de informações sobre seus resultados e obrigações, com o objetivo de ser transparente junto aos investidores. Podendo ainda usar o canal de divulgação eletrônica (website) para demonstrar seus projetos e produtos, atraindo novos acionistas ou investidores. Apesar da complexidade desses documentos, procure identicar os ativos, os passivos e o patrimônio líquido das empresas e tente alguns cálculos no exemplo ctício demonstrado a seguir. Balanço patrimonial – Fazenda Alvorada – 2014 ATIVO Terras
PASSIVO 408.190,00
Aporte
500.000,00
Rebanho
213.450,00
Contas a receber
45.780,00
Máquinas
86.700,00
Financiamento
150.000,00
Capital de giro
84.000,00
PATRIMÔNIO LÍQUIDO TOTAL
792.340,00
Lucro
96.560,00
TOTAL
792.340,00
O patrimônio total da Fazenda Alvorada é de R$ 792.340,00. R$ 408.190,00 ou 51,5% do patrimônio total está imobilizado em terras, capital imobilizado de baixa liquidez ou de demorada realização (venda). 10,9% do patrimônio tem média liquidez, e se trata de máquinas e equipamentos que podem ter aceitação no mercado de usados. 37,5% do patrimônio têm altíssima liquidez, pois o capital de giro está circulando e à disposição e a comercialização de animais, que, no caso de bovinos, funciona quase como moeda corrente. Como é comum na atividade pecuária desenvolvida em terras próprias, como é o caso da ctícia Fazenda Alvorada, boa parte do patrimônio está imobilizada em terras. A Fazenda Alvorada tem nanciamento de R$ 150.000,00, equivalente a 18,9% do patrimônio total. Estes 18,9% são chamados de grau de “alavancagem”, que é dinheiro de terceiros (nanciamentos) na operação da empresa ou empreendimento. Em uma análise supercial, esse grau de endividamento não deve apresentar perigo ao empreendimento. Para conrmar essa análise, será necessário conhecer a taxa de juros e o prazo total para pagamento dessa dívida.
Os valores, os volumes e os prazos estabelecidos nos orçamentos deverão ter exibilidade para atenuar as possíveis ocorrências de fatos inesperados, sempre no sentido de também tentar administrar os riscos.
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Altas taxas de juros e/ou prazos curtos demais para pagamento de nanciamentos voltados a investimentos (aquisições de equipamentos, formação de pastagens, construções de instalações etc.) podem prejudicar de forma radical a rentabilidade do empreendimento, podendo inviabilizá-lo. O nanciamento de curto prazo para o agronegócio deverá ser voltado apenas para custeio das atividades, e devidamente atrelado sua liquidação aos resultados das vendas. Normalmente, balanços patrimoniais de empresas são acompanhados de notas explicativas, indicando os detalhes sobre as informações que podem ser relevantes para quem estiver analisando o documento. Note que 5,7% (R$ 45.780,00) é o porcentual de contas a receber em relação ao patrimônio total do empreendimento, o famoso “pendura”. É um valor próximo da metade do capital de giro, não indicando sinais de possíveis problemas futuros. O ideal seria não existir esse passivo. Por último, pode ser visualizado o lucro obtido no ano de 2014, que foi de R$ 96.560,00. Este valor signica um retorno de 12,2% do patrimônio total, o que em épocas de inação baixa pode ser considerado um ótimo retorno. O patrimônio total se manteve valorizado e em operação durante 2014, se comparado com o ano de 2013 e havendo crescimento no patrimônio total de um ano para o outro cará demonstrado que o empreendimento tem boa administração e apresenta rentabilidade. Os planos do gestor nanceiro para 2015 deverão buscar o aumento da rentabilidade líquida, visando ao crescimento e à estabilidade operacional ao sistema de produção. Para o proprietário a rentabilidade deverá ser aferida em relação ao capital próprio (aporte) que foi investido no empreendimento, que no ano de 2014 representou 19,3%. Isso porque havia aporte ou investimento de R$ 500.000,00 e o lucro líquido foi de R$ 96.560,00. Comentário do autor
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A análise do balanço patrimonial de um empreendimento pode apresentar algumas divergências entre especialistas em determinados itens observados, devido à subjetividade de algumas informações. No entanto, informações como o grau de endividamento ou grau de alavancagem, assim como a rentabilidade obtida e visualizada no patrimônio líquido, sendo imediatamente comparada com o capital próprio e o ativo do total, são análises objetivas e de comum acordo a qualquer pessoa que venha a analisar um balanço patrimonial.
Construir o balanço patrimonial para melhor domínio e conhecimento do empreendimento no agronegócio poderá ser o diferencial para tomada de decisões, mesmo não tendo qualquer tipo de obrigação legal para essa iniciativa.
Tópico 3: Administração dos estoques no agronegócio Francischini e Gurgel (2004) consideraram que estoques são materiais e suprimentos qu e uma empresa ou um empreendimento utilizam para a produção de seus produtos. Nos estoques, muitas vezes, é possível encontrar insumos, suprimentos, componentes ou produtos acabados.
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Dependendo do tipo de negócio, é crucial que o empreendimento mantenha seus estoques abastecidos, por isso, a área de estoques deverá ser um local de grande atenção, visto que é onde estará concentrada boa parte do capital do empreendimento.
Fonte: Shutterstock.
No agronegócio “dentro da porteira”, a administração de estoques apresenta situações diferenciadas, necessitando de formas adequadas para lidar caso a caso. Deve-se ter preocupação constante com a carga nanceira que qualquer estoque carrega. O custo de estocagem de qualquer que seja o material, insumo ou produto, gera, no mínimo, custos nanceiros equivalentes aos juros que poderiam ser pagos se esse mesmo valor estivesse investido no mercado nanceiro. Quanto esse capital parado no estoque poderia estar rendendo? Esta preocupação é comum em qualquer setor comercial no mundo atual, em economias estabilizadas com baixos índices inacionários, diante da formação desnecessária de estoques que passam a concentrar capitais, pois diminui a velocidade de circulação do dinheiro no empreendimento. Os problemas estruturais e sistêmicos sejam eles relacionados às estradas, às ferrovias, aos portos, aos armazéns governamentais, aos altos custos de frete etc. devem ser sempre considerados. Cabe ao gestor do agronegócio minimizar os custos da "logística interna". Leitura complementar Existem diversas teorias sobre a melhor forma de lidar com os estoques, sejam eles de insumos ou produtos. Há processos modernos, técnicas administravas, assim como sowares que visam aumentar a velocidade dos ciclos de estoque. Acesse a biblioteca
do AVA e saiba mais:
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•
“Gestão de estoques” (apresentação de slides);
•
“A gestão de estoques e suas implicações para a compevidade empresarial”;
•
“A gestão de estoques e suas implicações”;
•
"Evidenciação e análise gerencial de custos no reconhecimento da receita durante a maturação dos estoques".
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1. O estoque insumo, o estoque produto e a logística dentro da propriedade Na Unidade Curricular de Gestão da Produção e Logística você pôde perceber como essa atividade é essencial para o agronegócio. Contudo, em boa parte dos empreendimentos voltados à produção agropecuária ainda existe pouca preocupação com a administração de estoques, incluindo problemas graves de logística interna com os vários tipos de insumos e em certos casos de produtos, sejam eles para agricultura ou pecuária. A falta de local adequado para armazenar determinados insumos, como adubos e corretivos, é um problema porque eles normalmente são higroscópicos (absorvem a umidade do solo do ar), acabando por se deteriorarem, perdendo boa parte de sua capacidade original. Não é porque eles serão utilizados em curto tempo que não compensa o armazenamento adequado. Como grande parte dos insumos da agricultura são comercializados a granel, em situações em que a mecanização permitir, eles podem ser acondicionados em embalagens tipo bigbag, que melhoram a conservação.
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Fonte: Shutterstock
Note que um problema de logística ao longo do tempo vai afetar o custo de produção, não só pela perda física de parte do insumo, mas também pela diminuição de sua qualidade. Esses fatos também podem acontecer com qualquer outro tipo de insumo quando mal armazenados. No caso de sobras, quando inevitável, o problema é ainda maior, pois acabam por se perder em quase sua totalidade devido ao armazenamento inadequado. Existem vários casos de equipamentos que, após o uso, cam jogados no tempo, não sofrem manutenção de armazenamento e quando precisam ser utilizados novamente não estão funcionando. Esse fato também eleva o custo de produção e é tratado como um descaso de logística interna.
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Não importa o tamanho do empreendimento, se não houver organização para todo tipo de estoque, o sistema de produção sempre será afetado, seja pelo aumento dos custos operacionais, seja pela perda da qualidade de determinado insumo, que com sua capacidade de gerar menor resposta, também deverá afetar o custo de produção. Os demais fatores que podem aumentar o custo de produção, pensando na logística, são a falta de local adequado para armazenamento de supersafras e a falta de regulagem e manutenção em colheitadeiras, ordenhas mecânicas ou qualquer outra ferramenta ligada à produção. A pecuária, em especial, costuma apresentar outros tipos de problemas relacionados aos estoques de insumos, já que seus produtos têm processos de comercialização atrelados à manutenção da qualidade do produto, sejam eles os bovinos, suínos ou aves. A produção leiteira, por exemplo, pela Instrução Normativa nº 62/2011 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), já tornou a coleta do leite brasileiro quase 100% a granel, retirando os antigos e os problemáticos latões de leite do sistema. Gestores de explorações intensivas de aves e suínos, com grande volume de animais percebem com facilidade os grandes problemas que podem ser gerados quando a administração de seus estoques e logística do sistema de alimentação não são operadas adequadamente. Problemas sanitários, como contaminações das mais diversas ordens, seja por roedores ou pássaros ou por insumos armazenados com teores de umidade inadequados, podem levar a situações de grande prejuízo nesses sistemas de produção via alimentos contaminados.
Legenda: O armazenamento inadequado de ração, por exemplo, apresenta inúmeros riscos e custos signicativos no processo produtivo. Fonte: Shutterstock.
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Para solucionar esses problemas, deve-se investir em intensa mecanização de todo o processo produtivo de rações concentradas, já que representam a base da alimentação desses animais, podendo signicar mais de 80% do custo de produção em suínos e aves. Mesmo assim, o desperdício poderá ser notado nesses tipos de granjas. Equipamentos desregulados ou mesmo quebrados podem desperdiçar gramas, perdem desde a área de recepção de granéis, moagem, mistura, ensaque ou embarque em transportadores até silos pré-alimentadores e sua distribuição automática ou manual nos diversos tipos de comedouros. Ao nal de um ano, as pequenas perdas poderão gerar toneladas de alimentos desperdiçados por má gestão da logística interna. Problemas relacionados à baixa produtividade em produção animal, no caso, índices zootécnicos abaixo do que seria alcançável, também acabam por elevar estoques de animais e, consequentemente, o aumento do custo de produção. O índice de natalidade consegue informar ao gestor a formação de estoque desnecessário de animais em um rebanho. Índices zootécnicos e de natalidade
Índices zootécnicos são o conjunto de índices obtidos a partir do desempenho produtivo de animais em um sistema de produção. Já o índice de natalidade é o percentual obtido a partir do total de fêmeas paridas em relação ao total de fêmeas em reprodução.
Um dos grandes problemas dos sistemas de produção no agronegócio é não conseguir mensurar essas perdas por desperdício ou qualquer outro processo mal elaborado durante a operacionalidade produtiva. Em geral, detalhes operacionais que venham a afetar o desempenho nanceiro do empreendimento só costumam ser percebidos no balanço nal. Por isso, a gestão de nanças no agronegócio deve estar fortemente vinculada com as estratégias utilizadas no sistema de produção, de maneira a impedir que as falhas operacionais venham a pressionar de forma desproporcional os custos de produção. Gerir nanças com competência, sem um sistema produtivo competitivo, poderá impedir a obtenção de lucratividade.
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2. O estoque silencioso e o seu custo Como antigamente não havia dinheiro, a quantidade de bovinos passava a signicar riqueza. A palavra pecuária vem do latim pecus, signicando cabeça de gado, que também originou a palavra "pecúnia" que é igual a riqueza. Apesar de todo avanço, ainda persiste no campo esse conceito de que o fato de ter um grande número de bovinos representa algum tipo de riqueza. Mas nem sempre é assim. Poucos produtores conseguem perceber que ter animais em um rebanho sem estar desempenhado sua função produtiva, estando ociosos, elevam os custos de produção. Eles disputam o mesmo local de pastagens com outros animais em ciclo de produção normal, têm necessidades básicas em comum com animais produtivos causando despesas sem gerar resultados. O pior de tudo é, por causa da sua ocupação na disputa por alimentação, esses animais acabam por piorar o desempenho dos que estão em ciclo normal. Animais ociosos funcionam como estoque mal administrado, só geram despesas aumentando o custo de produção. E tudo começa com as matrizes.
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A atividade pecuária, por exemplo, não consegue atingir índices de 100% de natalidade, mas a gestão deve trabalhar entre os 70 a 80% de resultados reprodutivos, caso contrário, poderá ter problemas com a rentabilidade do sistema. Ainda assim, os números médios da pecuária brasileira, seja corte ou leite, oscilam entre 50% e 60% de natalidade, existindo os casos de pecuaristas que operam suas atividades dentro dos limites satisfatórios para esse importante índice. Uma base xa de matrizes bovinas disponíveis para reprodução que não alcance entre 70% e 80% de matrizes paridas (sejam elas para a pecuária de corte ou leite) merece atenção, pois deixará animais ociosos sem produzir nada (leite e/ou bezerros), ocupando espaço, mão de obra, medicamentos e alimentação.
Fonte: Shutterstock.
O índice de natalidade pode ser considerado o mais importante em um rebanho. O alcance de melhores resultados deverá ser obtido com a utilização adequada da alimentação dos animais e a gestão sistemática do processo reprodutivo via administração e monitoramento das informações de cobertura e parição, monitorando os ciclos dentro dos prazos técnicos. Técnicas reprodutivas como inseminação articial (IA), inseminação articial em tempo xo (IATF) ou transferência de embriões podem melhorar esse índice, mas não conseguem resolver o problema do rebanho, cabendo ao gestor entender todo o processo, buscando diminuir o forte impacto nanceiro gerado por índices de natalidades pouco competitivos. Veja na tabela a seguir os índices de natalidade indicados. Matrizes do rebanho – 100 cabeças Índice de natalidade 80% 75% 70% 65% 60% 50% Fonte: Elaborado pelo autor.
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Matrizes em produção 80 cab 75 cab 70 cab 65 cab 60 cab 50 cab
Matrizes ociosas
Metas
20 cab 25 cab 30 cab 35 cab 40 cab 50 cab
ideal bom mínimo evitar evitar evitar
Leitura complementar Falamos da relação de ociosidade de matrizes frente ao índice de natalidade para dar ênfase às questões de estoque e logísca. Contudo, ociosidade não é um índice discudo na área de zootecnia ou produção animal. Veja mais nos textos disponíveis
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da biblioteca AVA:
•
“Avaliação de estoque em pecuária de corte”;
•
“Combatendo o desperdício de ração”;
•
“A abordagem enxuta aplicada ao agronegócio”.
O tempo de engorda de bovinos também pode gerar estoque ocioso. Quanto maior o tempo para os animais atingirem o peso comercial, maior deverá ser o estoque de animais em crescimento para atender as vendas anuais. A atividade de bovinocultura de corte que realiza todas as etapas (como cria, recria e engorda) carrega grande número de animais em todas suas categorias de produção, imobilizando valores expressivos de capital em animais. A situação piora quando se soma o índice de natalidade baixo com o tempo de engorda longo. Para entender melhor, acompanhe o seguinte exemplo. Imagine um rebanho de pecuária e corte com 100 matrizes, realizando cria, recria e engorda dos animais. Procurou-se variar o índice de natalidade entre 50% e 80% e o tempo de abate dos animais entre três e cinco anos para todas variações de natalidade. Também foi aplicado índice de mortalidade do nascimento até o abate. A consideração é que independentemente do tempo de abate o peso dos animais comercializados tem que ser semelhante. O importante é medir o quanto de ocupação física a mais o sistema de exploração estará suportando, o que chamaremos de estoque a mais ou ocioso. Matrizes do rebanho – Pecuária de corte – 100 cabeças TEMPO DE ABATE
ESTOQUE / TEMPO DE ABATE
Índice de natalidade
Matrizes em produção cabeças
Matrizes ociosas
Masc./ Masc./ Masc./ Masc./ Masc./ Rebanho Rebanho Rebanho Fem. até Fem. até Fem. até Fem. até Fem. até abate abate abate 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 3 anos 4 anos 5 anos (cabeças) (cabeças) (cabeças) (cabeças) (cabeças) (cabeças) (cabeças) (cabeças)
80%
80
20
80
77
76
75
74
333
408
482
75%
75
25
75
72
71
70
69
318
388
457
70%
70
30
70
67
66
65
64
303
368
432
65%
65
35
65
62
61
60
59
288
348
407
60%
60
40
60
57
56
55
54
273
328
382
50%
50
50
50
47
46
45
44
243
288
332
Fonte: Elaborado pelo autor.
Para compor a totalidade de animais dos supostos rebanhos, foram somados os animais de todas as categorias: matrizes em produção, ociosas, todos machos e fêmeas até seu limite previsto de tempo de engorda que foram de três, quatro e cinco anos. O cálculo dessa ociosidade levará em consideração que um sistema de produção com bom nível tecnológico conseguiria colocar o bovino com peso comercial no mercado ao nal do
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terceiro ano. Portanto, a composição do rebanho total para ns de comparação será a soma de todas as categorias de animais até o terceiro ano, nos diversos índices de natalidade, considerando que este deveria ser o número máximo de cabeças necessárias para obter a produção desejada anual. O cálculo pressupõe que todos os animais que estiverem presentes acima desse teto serão estoque a mais ou estoque ocioso. Para ns de complementação dos animais ociosos, somaram-se também as matrizes consideradas ociosas pelos diversos índices de natalidade. O quadro resultante dessa análise é: Índice de natalidade 80%
Ociosidade para abate 4 anos 29%
Ociosidade para abate 5 anos 50%
75%
30%
51%
70%
31%
52%
65%
33%
53%
60%
34%
54%
50%
39%
57%
Fonte: Elaborado pelo autor.
Destas informações, podemos concluir que em uma análise teórica, um rebanho em pecuária de corte que realize as fases de cria, recria e engorda de bovinos, que tenha o índice de natalidade de 50% e envie seus animais para o abate ao quinto ano, teria 57% de animais a mais do que precisaria para obter a mesma produção em termos de cabeças vendidas anualmente, com o agravante de só conseguir desmobilizar o capital empatado nos animais de engorda dois anos (abate com cinco anos) após do que poderia conseguir (abate aos três anos). A análise pode seguir com os mesmos princípios, apenas variando o tempo de abate e o índice de natalidade, nos quais outros índices de ociosidade de rebanho poderão ser visualizados.
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Leitura complementar Saiba mais lendo o texto “O reconhecimento do custo de estoque de bezerros nascidos no setor agropecuário”, disponível na biblioteca do AVA.
Qual será o impacto nanceiro de se carregar mais da metade de todo o rebanho de forma ociosa para ter a mesma produção de outro sistema que opera de maneira mais "enxuta"? Ocupação de terra, despesas de pastagens, medicamentos, mão de obra, maior tempo empate de capital etc. – estes seriam alguns dos itens utilizados desnecessariamente para obter a mesma produção comparados a um sistema com maior controle e tecnologia. Outro índice importante que resulta de uma boa gestão no agronegócio da pecuária de corte é a taxa de desfrute, também chamada de taxa de abate. No exemplo a seguir, pode se notar as variações que acontecem com esse índice, quando se confronta o tempo de abate e a natalidade. Taxa de desfrute
Relação entre o total de cabeças de um rebanho e a quantidade de animais enviados anualmente para o abate.
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Taxa de desfrute para rebanho hipotético de pecuária de corte Índice de natalidade 80% 75% 70% 65% 60% 50%
Taxa de desfrute abate 3 anos 22,8% 22,3% 21,8% 21,2% 20,5% 18,9%
Taxa de desfrute abate 4 anos 18,4% 18,0% 17,7% 17,2% 16,8% 15,6%
Taxa de desfrute abate 5 anos 15,4% 15,1% 14,8% 14,5% 14,1% 13,3%
Fonte: Elaborado pelo autor.
Encerramento do tema No início deste tema, abordamos a forma jurídica em que deve ser constituído o empreendimento no agronegócio. Procuramos esclarecer os prós e os contras entre a atividade produtiva a ser explorada por um produtor rural pessoa física ou jurídica. A partir dessas informações, espera-se que você consiga denir a opção jurídica que apresenta melhor adequação ao empreendimento. Discorremos também sobre o capital, a sua estrutura, o seu valor no tempo, a sua organização e as diversas formas e disponibilidades que o mesmo apresenta no empreendimento no agronegócio. O objetivo é que você possa tomar as mais diversas decisões administrativas com base no valor do dinheiro.
Atividade de aprendizagem 1. Considerando os motivos para que um empreendedor opte entre ser produtor rural pessoa física e produtor rural pessoa jurídica, escolha, entre as alternativas seguintes, qu al é a correta. a) Para o empreendimento no agronegócio prosperar, é fundamental a existência de organização em todas as direções, mas somente a constituição de uma empresa agropecuária vai possibilitar essa alternativa. b) A determinação da opção do empreendimento no agronegócio ser organizado em forma de pessoa física ou jurídica vai depender, fundamentalmente, do porte ou tamanho da atividade perante a avaliação muito bem fundamentada na relação custo-benefício. c) A escolha é muito simples, a maioria dos empreendimentos no agronegócio é feita como produtor rural pessoa física, como apresenta maior simplicidade operacional, não há dúvidas, essa deverá ser a opção. d) A escolha é muito simples, se o empreendimento no agronegócio tem pretensão de ganhar maior porte, a opção correta será criar imediatamente uma empresa. e) A escolha vai depender do tipo de atividade desenvolvida.
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2. Considerando a utilização das nanças para tomada de decisão sobre uma nova iniciativa, dentro da mesma atividade, com base na análise nanceira, leia as alternativas a seguir e marque a correta. a) A obtenção de nanciamento para ns de aumento de capital de giro para uma nova iniciativa ou incremento de uma iniciativa existente eleva as possibilidades de sucesso na atividade. b) Um novo sistema de plantio no qual a produtividade possa aumentar em 25% e as despesas em 31,1% será sempre inviável. c) O aumento das despesas acessórias referentes ao maior volume esperado de produção da colheita e comercialização perdem a importância diante da maior quantidade de produtos para venda e o consequente aumento do faturamento. d) Podemos considerar que os termos “antes, dentro e fora” da porteira visam congurar de forma descontraída a visão sistêmica e conjugada da cadeia produtiva e seus processos produtivos, transformadores e comerciais. e) Toda nova iniciativa que buscar aumentar a produção e a produtividade deverá ser implantada. 3) Com relação ao valor do dinheiro no tempo, valor presente, valor futuro, risco e retorno, leia as armativas seguintes e indique a correta. a) Os valores utilizados no empreendimento do agronegócio, basicamente, estão divididos nas despesas de custeio e de investimento. As despesas de custeio por ter ciclo rápido não necessitam ser avaliadas pelos princípios que utilizam o valor do dinheiro no tempo. b) Os parâmetros de avaliação do valor do dinheiro no tempo não devem ser utilizados em operações correntes, devendo ser apenas utilizados em projetos novos, visando apurar a rentabilidade desses novos empreendimentos. c) As aplicações nanceiras disponíveis no mercado poderão ser utilizadas como balizadoras no tocante às rentabilidades oferecidas para tomada de decisão sobre novos projetos. d) O mercado nanceiro procura utilizar como base de cálculo de nanciamentos a metodologia de juros simples. e) No cálculo de juros compostos de determinado capital se utiliza o número de p eríodos para realizar a incidência da taxa de juros pactuada. 4. Em relação aos orçamentos nos empreendimentos do agronegócio, assinale a alternativa correta.
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a) O orçamento é um projeto no sentido de oferecer suporte ao gestor para tomada de decisão relacionada a novos projetos. b) O plano orçamentário para um novo ciclo deve apresentar informações diferentes de um orçamento tradicional para o agronegócio. c) No agronegócio, o plano orçamentário serve como uma importante ferramenta de gestão, no entanto, ela apresenta a impossibilidade de realizar simulações relacionadas a alguns fatores de risco para a atividade. d) A utilização de um bem elaborado plano orçamentário vai possibilitar o conhecimento dos volumes nanceiros perfeitamente adequados ao empreendimento, oferecendo boa base de dados para embasar uma proposta de crédito agrícola. e) O orçamento das atividades correntes do empreendimento no agronegócio deverá ser a única base de decisões para realização de compras antecipadas dos insumos necessárias para a atividade agropecuária analisada. 5. A distribuição do capital é um assunto que merece o foco do produtor/gestor de um empreendimento no agronegócio. Com base nisso, qual das alternativas a seguir é correta? a) O capital ou o dinheiro no empreendimento voltado ao agronegócio tem sua distribuição semelhante a qualquer outro tipo de empreendimento. b) Não há diferenças signicativas entre os chamados capitais imobilizados em investimentos xos e semixos. c) Os rebanhos de forma geral devem ser caracterizados como capital imobilizado semixos. d) A principal função do gestor de nanças no agronegócio deverá ser buscar o equilíbrio adequado das formas de utilização dos capitais no empreendimento, deixando as fontes de nanciamento em plano secundário, já que a busca de lucratividade deverá ser administrada no sistema de produção. e) A agricultura denominada de perene, ou seja, de longa duração, deverá ter enquadramento na fase de crescimento como capital de giro e na fase de produção como capital imobilizado em semixo. 6. O uxo de caixa é muito importante para organização e controle da situação nanceira de um empreendimento. Entre as armativas seguintes, qual é a correta? a) O uxo de caixa do empreendimento no agronegócio é uma importante ferramenta gerencial para o prossional de contabilidade, mas para gestão nanceira ele não apresenta muita utilidade. b) Os nanciamentos bancários obtidos para um novo projeto dentro de um empreendimento que esteja em operação não devem ser demonstrados no uxo de caixa. c) O gestor do empreendimento no agronegócio não deverá considerar o resultado da subtração entre receitas e despesas como lucro.
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d) O livro-caixa poderá substituir o uxo de caixa do empreendimento, facilitando as operações de contabilidade do empreendimento pecuário. e) O cálculo das depreciações pouco importa para o produtor rural pessoa física, já que ele não poderá abater esses valores de seu saldo operacional para ns de redução de imposto de renda anual. 7. Considerando o que você aprendeu sobre balanço patrimonial (BP) de um empreendimento no agronegócio e o entendimento do que é nanceiro e o que é econômico na distribuição do capital nesse tipo de atividade, acesse o arquivo "Balanço patrimonial - Fazenda Campo Largo", de uma propriedade ctícia, e faça uma breve análise da situação econômica e nanceira dessa empresa no ano de 2013.
Bal Balanços patrimoniais em 31 de dezembro de 2013 e de 2012 - Em milhares de reais Ativo Circulante Caixa e bancos Aplicações nanceiras Contas a receber de clientes Estoques Impostos a recuperar Adiantamento a fornecedores Despesas antecipadas Demais contas a receber Total do ativo circulante Não circulante Depósitos judiciais partes relacionadas (Contas correntes) Outros investimentos IRPJ e CSLL Diferidos Imobilizados Ativo biológico Total do ativo não circulante TOTAL DO ATIVO
Passivo e patrimônio líquido Circulante Fornecedores Empréstimos e nanciamentos Debentures emitidas Salários e encargos sociais Impostos e contribuições a recolher Adiantamento de clientes Demais contas a pagar Total do passivo circulante Não circulante Fornecedores Adiantamento de clientes Empréstimos e nanciamento
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Nota explicativa 5 6 7 8 9 10
11 14 12 13
Nota explicativa 15 16 16
18
15 18 16
2013
2012
11 4.631 1.998 146 810 128 2 7.726
61 52 4.975 1.772 137 1.271 50 5 8.323
60 106.771 5 3.924 1.621 505 112.886 120.612
60 119.203 2 1.660 2.065 13.404 136.394 144.717
2013
2012
10.290 2.206 24.999 1.319 826 2.641 36 42.317
3.982 2.764 25.387 1.053 171 8.619 45 42.021
12 7.029 26.006
3.704 24.257
Debentures emitidas IRPJ e CSLL Diferidos Total do passivo circulante Patrimonio líquido Capital social Reserva de capital Prejuízos acumulados Total do passivo e patrimônio líquido
16 14
65.058 70 98.175
76.161 2.616 106.738
19 19
3.684 72 23.636 19.880 120.612
3.684 72 7.798 4.042 144.717
Depois de descrever a sua análise, indique, entre as alternativas a seguir, qual é a correta. a) A partir do BP demonstrado, pode-se considerar que o empreendimento está em péssima situação econômica, pois em seus ativos só possuem aproximadamente 51,5% do total do patrimônio do empreendimento imobilizados em terras. b) A partir do BP demonstrado, pode-se considerar que o empreendimento está em boa situação nanceira, pois em seus ativos só possuem aproximadamente 51,5% do total do patrimônio do empreendimento imobilizados em terras. c) O BP demonstra em seu passivo a existência de uma dívida bancária no valor de R$ 150.000,00 (18,9% do patrimônio total). Caso esse valor não existisse, o patrimônio líquido dessa empresa seria maior. d) O mais importante para um empreendimento no agronegócio é ter sua posição econômica em níveis de equilíbrio com sua posição nanceira. 8. Pensando nas questões sobre estoque e logística interna no agronegócio, leia as alternativas seguintes e marque a correta. a) A presença de bovinos na propriedade, por si só, representa uma boa reserva de valor devido à sua alta liquidez no mercado, dessa forma, sua capacidade produtiva poderá car relevada a segundo plano. b) As falhas relacionadas à logística interna são difíceis de serem percebidas com relação à sua inuência no aumento do custo de produção. Por isso, devem ser monitoradas e corrigidas, imediatamente, para evitar sua recorrência. c) A chamada ociosidade relacionada à carga animal (UA) em um sistema de produção pecuária é fácil de ser mensurada, pois independe de modelos de controles e gestão de rebanhos operados diariamente. d) A gestão nanceira agressiva do empreendimento no agronegócio poderá ser capaz de criar valor para o modelo exploratório, de formas a superar as demais deciências. e) Só cabe a aplicação de medidas organizacionais relacionadas aos estoques de insumos de produção, suplementos de apoio e produtos nais, em sistemas de produção de certo porte, devido às despesas envolvidas nesses procedimentos.
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A gestão fnanceira do empreendimento do agronegócio
Tema 2: A gestão fnanceira do empreendimento do agronegócio Neste tema, vamos rever e aprofundar os conceitos estudados na Unidade Curricular Gestão de Custos. Para isso, você vai acompanhar alguns casos que servirão como exemplo, analisando também outras possibilidades no desenvolvimento de ferramentas para obter e controlar o custo de produção. Dica
'
Na Unidade Curricular 13 - Gestão de Custos, você estudou os conceitos básicos dessa área, os fatores que interferem nos processos de gestão e a análise do gerenciamento dos custos de uma propriedade rural. Se necessário, retome a leitura da apostila dessa unidade para reforçar seus estudos.
É importante lembrar que essas ferramentas devem ser baseadas nas especicidades do empreendimento e do negócio e atender as individualidades e preferências do gestor nanceiro, sempre respeitando os critérios básicos da administração e da contabilidade. Objetivos de aprendizagem Com seu empenho, ao nal deste tema, você será capaz de: • Reconhecer e aplicar as principais ferramentas administrativas e nanceiras que devem ser utilizadas no agronegócio para a etapa dentro da porteira.
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• Compreender o custo de produção como ferramenta estratégica para o agronegócio. • Aplicar métodos de apuração do custo de produção. Interpretar e traçar novas estratégias operacionais para o ciclo com o uso do custo de produção dinâmico. • Entender os mecanismos de avaliação e referência, que possibilitam compreender a viabilidade e rentabilidade do negócio. • Avaliar os resultados projetados ou alcançados pelo empreendimento.
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Dedique-se ao estudo da apostila e aproveite as videoaulas, o AVA e as diversas publicações disponíveis na biblioteca do AVA. Lembre-se de que a tutoria a distância também está disponível para você tirar dúvidas e auxiliá-lo no aprofundamento dos assuntos. Bons estudos!
Tópico 1: Custo de produção A denição clássica diz que custo de produção é o somatório de todas as despesas realizadas para se obter um bem ou um serviço; ou, ainda, que são os gastos realizados pelo empreendimento na aquisição dos fatores xos e variáveis que foram utilizados no processo produtivo. Bem Em economia, um bem é tudo o que tem utilidade, podendo satisfazer uma necessidade.
Há diversas metodologias de formação de preço com base no custo, para remunerar (cobrir) todos os fatores produtivos - matérias-primas, serviços, tributos e capitais. Para se obter o preço de comercialização, os gestores nanceiros utilizam uma planilha de custo de produção. O custo de produção no agronegócio serve para balizar as operações no sistema de produção, buscando os valores de custos unitários dos diversos produtos com o máximo de delidade em relação à realidade de retorno nanceiro diante dos preços praticados pelo mercado. Veja, no gráco a seguir, um exemplo da composição do curso de produção do leite. Custo de produção do leite na visão do custo dinâmico Mão de obra 30%
Alimentação 50%
Outros 10%
Outros 20% Pastagens ou silagens Concentrados 30% Fonte: Projeto Geroleite Rastrear (2004).
Curso Técnico em Agronegócio
60%
O gestor nanceiro no agronegócio deverá ter cuidado para não fazer uma planilha de custo de produção semelhante a um orçamento. Ao contrário do custo de produção, no orçamento o valor encontrado não aponta quanto custa, mas sim quanto deveria custar. Isso pode acontecer, por exemplo, se o gestor resolver que deve agregar a remuneração de vários fatores ao custo de produção, aqueles envolvidos em todos os tipos de capitais do processo produtivo. Informação extra
O
O setor industrial tem como característica fundamental a transformação da matéria-prima em produtos. Inicialmente, o setor industrial ganhou força, teve seu apogeu comercial e depois foi economicamente superado pelo terceiro setor, de serviços, mas sem perder sua importância na economia dos países.
Altos e baixos na área econômica acontecem em qualquer país, e esses momentos podem levar os setores produtivos a ter prejuízos, de d e forma conjunta ou alternada. Normalmente, a demonstração desses prejuízos acaba sendo levada aos governos, e, para isso, a planilha plani lha de custo de produção é o documento base para o início das discussões entre os setores e o governo. Esses fatos ocorreram no Brasil, principalmente na época em que o governo achava que congelar preços seria a solução para neutralizar a inação. As empresas utilizavam as planilhas de custo de produção na esperança de ter seus preços congelados. Embora elas estivessem repletas de valores economicamente justicáveis, tinham a representação estratégica de buscar segurança nanceira aos setores reivindicantes. Imagine: você comprava um insumo em determinada época, mas meses depois ele já estava muito mais caro. No agronegócio, os empreendedores não zeram diferente: montaram suas planilhas de custo de produção sob os mesmos princípios da indústria, procurando buscar segurança nanceira dos preços que seriam pagos a determinados setores produtivos do agronegócio. Assim, esses modelos vêm sendo repetidos por vários técnicos no agronegócio ao montarem seus custos de produção. Na maioria das vezes, isso ocorre porque há o entendimento de que deve existir uma teoria a ser seguida e que quebrá-la levará a erros nos valores encontrados como custo unitário de produção.
No entanto, a agropecuária é diferente do setor industrial. Utilizar as mesmas teorias de contabilidade para realizar o custo de produção poderá gerar expectativas jamais alcançáveis, pois o setor não suporta certas cargas de despesas que, no setor industrial, são consideradas obrigatórias para encontrar o custo de produção real. A saída, então, é usar valores intermediários, que podem levar o custo de produção de determinado produto a até três resultados:
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Custo operacional efetivo (COE)
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Custo com base nas despesas desembolsadas. Portanto: Despesas de custeio COE = Total da produção
Custo operacional total (COT) Soma às despesas desembolsadas os diversos tipos de depreciações (investimentos xos e semixos, podendo incluir também a mão de obra do proprietário). Portanto: Despesas de custeio + depreciações COT = Total da produção
Custo total (CT) Soma ao COT a remuneração de todos os capitais envolvidos na operação, inclusive o custo da terra. Portanto: COT+ juros sobre o capital investido CT = Total da produção
Mas em qual desses custos o gestor deve se basear para determinar se a atividade apresenta lucratividade ou não? Essa é uma decisão que ele mesmo deve tomar considerando a realidade do setor em que o empreendimento atua. Por isso, você vai ver, neste tema, exemplos de planilha de custos simples, fáceis f áceis de serem inseridas na rotina operacional e baseadas no caixa. A partir desses exemplos, você poderá encontrar os caminhos para realizar contabilidade de custos gerenciais.
A planilha de custos de produção é uma importante ferramenta administrativa que possibilita tomadas de decisões melhores e mais seguras, auxiliando na busca pelo aumento da competitividade do empreendimento. É, portanto, uma ferramenta estratégica interna.
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Diferentes fatores inuenciam no custo de produção e podem fazer com que ele aumente ou diminua, o que causa também a variação do lucro. Geralmente, ações internas do empreendimento, como otimizar as atividades operacionais, são boas práticas que ajudam a reduzir o custo de produção.
Custos diretos com maniquinário + pessoal
Custos diretos com insumos
Custos indiretos
Custos de produção Os preços praticados pelos diversos tipos de compradores, de maneira geral, navegam ao sabor do mercado, ou seja, a lei da oferta e da procura somada às oscilações econômicas do país. Os problemas de preços são fortemente sentidos pelos produtores nos chamados momentos de baixa, normalmente gerados por superoferta ou outra variável mais complexa.
Quem manda é o mercado
Se o seu custo é alto ou baixo
Preço de mercado
Pouco ou nada importa para o comprador
Determinado por empresas altamente eficientes
Esta parece ser uma verdade para os setores “antes” e “depois da porteira”
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As agroindústrias necessitam das matérias-primas produzidas pelo agronegócio para manter suas plantas industriais funcionando. Essa mesma teoria também indica que os preços médios anuais praticados por elas devem manter a sobrevivência dos produtores. Caso contrário, haverá escassez e os preços das matérias-primas subiriam, elevando os custos da agroindústria, o que levaria a diculdades de repasse adiante na cadeia produtiva. Se os preços médios praticados proporcionam a manutenção operativa da maioria dos produtores rurais, os produtores que obtiverem maiores produtividades baseadas no custo de produção (R$/unidade de produto), e não na área de produção, nem em algum outro índice técnico, terão melhores condições de obter real rentabilidade em sua atividade.
Comentário do autor
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Recomenda-se que os gestores do agronegócio tenham total atenção na produtividade que pode ser alcançada. Com exceção dos produtores de grãos e outras culturas de alto desempenho, assim como os suinocultores e avicultores que dispõem de alta tecnologia, a grande maioria dos produtores rurais apresenta baixa produtividade. E baixa produtividade carrega um custo alto de produção.
É importante que o gestor de nanças do empreendimento no agronegócio tenha liberdade para desenvolver suas próprias ferramentas e estabelecer metodologias simples e objetivas para obter o custo de produção por unidade de produto. Confrontando essas ferramentas e o livro-caixa, ele poderá avaliar constantemente o aspecto nanceiro do empreendimento e, assim, evitar erros administrativos que podem reduzir o lucro e causar prejuízos.
1. Organização dos fatores de despesas Em economia, o custo de produção é denido como a expressão monetária do consumo ou desgaste de fatores necessários à produção de um bem ou serviço. Assim, o conceito de custo está ligado ao gasto de insumos e bens usados para produzir o produto nal. A contabilidade procura criar uma denição um pouco mais prática, classicando o custo de produção como resultado da observação de três fatores: os custos xos, os custos variáveis e o horizonte de análise (tempo de maturação do objeto de produção).
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Legenda: Se o preço do seu produto é denido pelo mercado, obrigatoriamente você precisa ter domínio do custo de produção para ser competitivo. Fonte: Shutterstock.
Custos xos Custos xos são as despesas necessárias para produção de um bem ou serviço que, a princípio, não deveriam variar em relação ao volume desse bem ou serviço. Por exemplo, utilizando a mão de obra de dois funcionários, um pecuarista leiteiro poderia produzir 300 litros de leite por dia. Porém, esse mesmo pecuarista, usando a mesma quantidade de funcionários, conseguiria produzir 500 litros de leite por dia. Com isso, as despesas de mão de obra poderão ser encaradas como um custo xo, já que, produzindo 300 ou 500 litros de leite por dia, as despesas de mão de obra seriam as mesmas. Portanto, nesse exemplo, a incidência do item mão de obra na planilha de custo de produção teria maior peso na produção de 300 litros dia – anal, gastar o mesmo para produzir apenas 300 litros acaba saindo mais caro, não é? Continuando o exemplo da pecuária leiteira, imagine que esse produtor pretenda triplicar sua produção, saindo de 300 para 900 litros de leite por dia, e que dois funcionários não mais dariam conta de todos os trabalhos necessários para esse aumento de produção, sendo necessária a contratação de mais um funcionário. Nesse momento de análise, o item mão de obra passaria a poder ser considerado como um custo variável, variável, já que haveria relação entre o volume de produção e a necessidade de mais funcionários para obtenção da produção pretendida. Aumento de produção = mais funcionários. f uncionários.
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Fonte: Shutterstock
Analisando esse caso da pecuária leiteira, a mão de obra pode ser vista como um custo xo dentro do máximo de produção que a atividade conseguiria ter com dois funcionários. Não explorar o máximo rendimento da mão de obra disponível no sistema de produção representaria aumento do custo de produção devido à relação entre o custo fixo (mão de obra) e a produção obtida. Comentário do autor
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No momento do dimensionamento ou da projeção de produção, a mão de obra deverá ser vista como uma despesa ou custo variável com forte inuência de competitividade no custo de produção de qualquer produto do agronegócio.
Para saber quais são os custos xos, deve-se relacionar as despesas obrigatórias, independentemente do nível de produção do sistema. Por exemplo, depreciações de investimentos xos (currais, galpões, cercas, demais instalações) e semixos (tratores, arados, grades, colheitadeiras, ordenhas mecânicas, equipamentos de irrigação, matrizes e reprodutores etc.), alguns impostos e tributos, assim como qualquer outra despesa que esteja inserida no sistema de produção e necessite de mais de um ciclo produtivo para ser amortizada ou paga.
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Leitura complementar
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Acesse a biblioteca do AV AVA A e saiba mais sobre custos. Lá você encontra os textos:
•
“Gestão estratégica estratégica de custos na tomada de decisão”;
•
“Análise dos sistemas de custeio por absorção e variável”;
•
“Análise de custos na pecuária leiteira: estudos de casos”.
Custos variáveis Custos variáveis são as despesas necessárias para produção de um bem ou serviço que variam em relação ao volume desse bem ou serviço, ou seja, as despesas necessárias para concluir um ciclo produtivo do objeto de produção. Pode-se considerar como despesas variáveis do empreendimento no agronegócio os seguintes itens: adubos, corretivos de solo, defensivos, medicamentos, rações e suas matérias-primas, mão de obra dentro do nível produtivo, energias, embalagens sem retorno, fretes etc. Esses itens poderão variar quando o volume produzido variar. No caso de determinados tipos de produção vegetal, como na cafeicultura, exige-se mão de obra para os diversos tratos culturais que são feitos ao longo do ano. No momento da colheita, passa a exigir mais mão de obra, a chamada mão de obra temporária, em quantidade relacionada ao volume de produção esperado. Como prática, a remuneração dessa mão de obra é relacionada às sacas de café colhidas, tendo forte caracterização como custo variável; enquanto a mão de obra relacionada aos tratos culturais poderia ter caracterização como custo xo. Essa mesma visão se aplica à fruticultura, à produção de madeira, cana-de-açúcar, borracha, produção de lã, mel e demais produções oriundas das chamadas culturas perenes e suas safras. Vale ressaltar que a contratação de mão de obra temporária poderá ocorrer independentemente do nível de mecanização de colheitas. Para entender a relação entre custo variável e xo, basta compará-los com a quantidade produzida: o variável aumenta com a produção.
Custo variável
Custo fixo
Quantidade
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Horizonte de análise
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Para efeito de apuração dos custos de produção, o horizonte de análise deverá considerar o curto e o longo prazo. No curto prazo, o custo de produção deverá considerar as despesas ou custos xos e as despesas ou custos variáveis no somatório das despesas totais. No longo prazo, contudo, o custo de produção terá de considerar todas as despesas como totalmente variáveis. Para compreender melhor, vamos usar como exemplo uma cultura de eucalipto para lenha ou carvão. Considerando uma cultura de duração média de 14 anos, com dois cortes, ao sétimo e ao décimo quarto ano: • para ns de análise de custo de produção, o corte de sete anos consideraria as despesas de tratos culturais e despesas anexas ocorridas nesse período; • as despesas de mudas e implantação da cultura poderiam ser inseridas como depreciações com horizonte de 14 anos ou rateadas com os dois cortes; • como a planta se manteria em produção até o nal do segundo e último cortes, para ns de análise do custo de produção, entrariam as despesas de tratos culturais do período e as despesas de plantio e implantação da cultura na forma escolhida pelo gestor nanceiro; • assim, a análise do custo de produção do primeiro corte poderia ser chamada de horizonte de curto prazo; e a análise do segundo e último cortes, de análise de longo prazo. A fruticultura, por sua vez, apresenta diculdades na análise do custo de produção devido a sua longevidade produtiva e a melhor forma de amortizar as despesas de implantação. Por exemplo, a macadâmia é uma planta que poderá se manter produtiva por mais de cem anos. As pastagens também apresentam diculdades na apuração de seus custos, em razão da possibilidade de um longo horizonte produtivo.
Resumindo, o horizonte de curto prazo analisa um ciclo produtivo, enquanto o horizonte de longo prazo analisa determinado período de ciclos produtivos em culturas perenes ou o ciclo produtivo de culturas de maturação de mais de um ano, tendo produções intermediárias ou não, como o caso da cultura do eucalipto. Custos diretos e indiretos Os custos também podem ser classicados como diretos e indiretos.
Custos diretos
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São aqueles facilmente identicados na produção de um bem ou serviço. Por exemplo, as despesas de adubo para determinado plantio ou a quantidade de ração concentrada utilizada na engorda de um lote de animais.
Custos indiretos
Participam parcialmente na produção de um bem ou serviço. Por exemplo, a energia elétrica que é utilizada pelo sistema de produção, também é usada na sede da propriedade ou nas residências de funcionários que participam parte do tempo na agricultura e parte do tempo na pecuária da mesma propriedade. Pode-se chamar também de custos indiretos as depreciações, tema que será abordado mais adiante.
2. Fatores que devem compor o custo de produção no agronegócio O custo de produção terá de ser pautado pela objetividade e simplicidade operacional. O gestor nanceiro do agronegócio, a princípio, não deverá ter compromissos com a contabilidade formal do empreendimento ou empresa rural. A realização da contabilidade ocial ou formal para atendimento na integralidade da legislação contábil brasileira terá de car a cargo de um prossional da contabilidade. Ao gestor nanceiro no agronegócio, deverá caber a observância do cumprimento irrestrito da aplicação da legislação tributária brasileira, não devendo permitir o uso de qualquer subterfúgio no sentido de sonegar as reais informações nanceiras do sistema de produção, o chamado “caixa dois”.
DIRETOS
INDIRETOS CUSTOS FIXOS
VARIÁVEIS Legenda: Componentes dos custos de produção
Comentário do autor
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O agronegócio necessita de conhecimentos especícos sobre o comportamento da produção, as peculiaridades, as questões siológicas das plantas e dos animais, o regime climático etc. Detalhes que a Receita Federal brasileira desconhece, pois faltam técnicos do setor produtivo que possam melhorar o “meio de campo” entre o sco e a produção no agronegócio. A legislação tributária para o agronegócio não é adequada, mas é a que existe e deve ser cumprida. Denir os custos em sistemas de produção que envolvam a natureza como insumo principal exige um novo olhar por parte do gestor no agronegócio.
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Em linhas gerais, no empreendimento do agronegócio devem existir três mecanismos de administração nanceira: contabilidade ocial, livro-caixa e custo de produção. • A contabilidade ocial terá de seguir a legislação tributária. • O livro-caixa deverá transcrever, diariamente, a realidade nanceira do empreendimento (recebimentos, pagamentos, contas a pagar e receber, saldo de caixa e/ou bancos) e representar a realidade nanceira da operacionalidade do sistema de produção. • O custo de produção terá de ser a principal ferramenta de gestão nanceira do empreendimento, simples e objetivo, devendo disponibilizar informações rápidas e buscar a máxima aproximação com a realidade do livro-caixa.
Custo de produção jamais deverá ser comparado a orçamento de custos, visto que não representa o quanto deveria custar, mas sim o quanto está custando ou custou. 3. Depreciações No caso da contabilidade de custos, a depreciação deve representar determinado valor a ser inserido na planilha de custo de produção, com a nalidade de, ao longo de certo tempo, realizar a amortização dos capitais investidos na aquisição ou obtenção desse bem.
Legenda: Você reserva um valor para manutenção e troca dos equipamentos? Fonte: Shutterstock.
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Objetivamente existem três formas de lidar com a aplicação prática das depreciações:
Sob as regras tributárias vigentes, é possível criar despesas contábeis baseadas nos valores calculados sobre os ativos utilizados no sistema de produção. O objetivo é a diminuição do chamado saldo operacional (saldo antes do imposto de renda) visando à diminuição do pagamento do imposto de renda anual. Mas atenção! Essa "vantagem" só é aplicável para a empresa rural, e não ao produtor rural pessoa física.
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No desenvolvimento de um novo projeto, o valor residual obtido pela aplicação das teorias de depreciação servirá para avaliação total do empreendimento. Isso quando exigida a imobilização de investimentos fixos e semifixos e quando examinada ao longo de um horizonte que tenha início, meio e fim. Valor residual é o valor de um ativo que sofre depreciação ao final de sua vida útil.
A forma mais importante para os custos de produção é a aplicação dos valores depreciados, relativos aos investimentos fixos e semifixos utilizados no sistema de produção, como despesas (custos indiretos) na planilha do custo de produção de um determinado produto.
O objetivo do cálculo de depreciação é incluir nos custos, de forma parcelada, os investimentos (valores de aquisição) realizados para o desenvolvimento da atividade, e os bens adquiridos (máquinas, equipamentos, instalações, matrizes etc.) serão usados em vários ciclos produtivos, não podendo ser amortizados de uma única vez. As depreciações têm por objetivo, além de pagar ao longo do tempo o bem utilizado, criar capacidade nanceira para reposição quando do nal de sua vida produtiva. Na contabilidade ocial da empresa rural, é permitido aplicar a depreciação sobre os bens xos (currais, instalações produtivas, galpões, casas de colonos voltadas ao sistema de produção, cercas etc.) e os bens semixos (máquinas, equipamentos, matrizes e reprodutores, as chamadas culturas perenes etc.).
Na contabilidade ocial, não existirá cálculo de depreciação para a terra porque a terra não deprecia, não perde valor, não precisa de reposição. A única possibilidade legal de utilizar as depreciações em terra estará relacionada à mineração, em que a terra propriamente dita é o produto, portanto sofre exaustão patrimonial.
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Leitura complementar Na biblioteca do AVA, você encontra o texto “Tratamento contábil de avos biológicos e produtos agrícolas”. Leia e saiba mais!
O que determina a contabilidade para o correto cálculo da depreciação de um bem O valor a ser depreciado será igual ao valor de aquisição do bem ou a soma de valores gastos para construir esse bem. Deverá ser previsto pelo gestor o tempo de vida útil desse bem, mensurado em anos. Ao nal da vida útil, terá de ser previsto também o valor residual, ou seja, o valor que teoricamente seria obtido na venda desse bem ao nal de sua vida útil. Normalmente, o valor residual está na faixa de 10% do valor de aquisição. Do valor de aquisição, deverá ser subtraído o valor residual. O resultado encontrado terá de ser dividido pelo número de anos que foi previsto como a vida útil desse bem. O valor encontrado será utilizado como uma despesa indireta na planilha do custo de produção, no caso, o valor anual. Esse valor poderá ser divido por doze meses e, então, será encontrado o valor mensal, podendo ser desdobrado para quinzenal, semanal ou diário da depreciação do bem analisado. Será preciso fazer um cálculo separado para cada bem xo e semixo que estiver participando do sistema de produção, visto que cada bem tem determinado valor e vida útil diferente entre eles. A fórmula a seguir está de acordo com os princípios da contabilidade. O problema é como aplicála de forma prática para a determinação do custo em sistema de produção no agronegócio.
Valor de aquisição
-
Valor residual =
Valor a ser depreciado
R$ 10 - R$ 9 9 anos
= R$ 1/ano
Vida útil
Normalmente são vários equipamentos e máquinas que funcionam há muitos anos, construções que podem ser antigas etc., levando a grandes diculdades para os cálculos. A cada novo ciclo produtivo, essa formula deverá ser reavaliada. No caso de novas aquisições xas e da pecuária, os descartes anuais de matrizes e reprodutores com as devidas reposições levam a uma nova avaliação do conjunto de fórmulas. Por isso, é importante ter um banco de dados dinâmico para as constantes reavaliações das depreciações que deverão constar no custo de produção. Proposta simplicada para o cálculo das depreciações Na contabilidade gerencial, o cálculo da depreciação segue alguns princípios de arbitragem de valores e tempos feitos pelo gestor, diferente do cálculo permitido pelo sco que seguem regras legais.
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O cálculo mais prático e simples para o agronegócio é a avaliação sumária de todos os valores imobilizados em investimentos xos e semixos usados pelo sistema de produção. Ao valor resultante deverá ser aplicado um porcentual que satisfaça o(s) proprietário(s) ou o gestor nanceiro do empreendimento. O valor do porcentual a ser utilizado poderá representar o tempo exigido de retorno dessa soma de dinheiro investido. Pode-se usar o chamado custo de oportunidade desse capital como base de depreciação para o cálculo. Veja, a seguir, a fórmula simplicada da depreciação. Soma dos valores imobilizados em investimentos
x
Porcentual arbitrado
=
Valor a ser depreciado
R$ 10 x 10% =
R$ 1/ano
fixos e semifixos
No exemplo, evitou-se o cálculo da depreciação para cada item imobilizado, realizando orçamento sumário dos valores imobilizados – que deverão ter como pressuposto o possível preço de venda no momento da realização do orçamento. Caso haja novas aquisições ou vendas de algum bem, eles terão de ser incluídos ou excluídos do valor total. No caso de matrizes e reprodutores, os valores a serem utilizados deverão ser os de aquisição ou os de mercado, no caso da reposição de matrizes oriundas do próprio rebanho. Se o percentual previsto em 10% ao ano teve como objetivo esgotar o tempo de uso dos bens, ele deverá ser de dez anos (10% ao ano = 100% em dez anos). Caso a opção seja pelo custo de oportunidade do capital, a remuneração dos capitais imobilizados seria calculada com rendimentos de 10% a.a. (10% representa o valor previsto pelo gestor nanceiro para remuneração anual do capital). Vale lembrar que 10% também poderão representar 0,83% ao mês, ou 0,027% ao dia. Cabe ao gestor escolher qual método utilizará em sua planilha.
4. Os fatores do custo de produção que podem gerar polêmicas O custo da terra na planilha de custo de produção Se a decisão do gestor nanceiro no agronegócio for a colocação do custo da terra na planilha de custo de produção, vale relembrar que este será classicado como custo indireto e xo. Os princípios da contabilidade estabelecem que todos os bens xos e semixos envolvidos no sistema de produção devam participar, dentro de suas proporcionalidades e classicações, como despesas na planilha de custo de produção de determinado bem. Esse princípio é adotado com certa tranquilidade operacional para os setores “antes” e “depois da porteira”, pois não têm a terra como base interativa de suas produções – na maioria dos casos, a terra representa a base física para as operações. A localização territorial dessa base física poderá ser um diferencial para alguns setores, devido à uidez operacional e/ou comercial ou, em outros casos, em que a localização física tenha algum outro tipo de diferencial competitivo.
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Legenda: Quanto custa a terra? Fonte: Shutterstock.
Os empreendimentos que utilizam a terra apenas como base operacional ou física normalmente não apresentam problemas em colocar o valor imobilizado dessa base operacional (terra) em suas planilhas de custos gerenciais. A representação desses valores é sempre proporcional aos negócios desenvolvidos nesses setores, que têm preços e expectativas comerciais bem diferentes do agronegócio, pois operam de forma mais ágil e apresentam maturação técnica, nanceira e econômica em níveis jamais comparáveis aos agronegócios. Informação extra
O
Existem empreendimentos no chamado primeiro setor que se utilizam da terra, como a mineração, e recebem um tratamento especíco pelo sco. A terra de mineração opera em condições totalmente diferenciadas do agronegócio, pois o valor da terra a ser minerada e seu alto valor patrimonial é usado no sentido de não vir a inviabilizar contabilmente a atividade, permitindo a depreciação da “terra”.
Empreendimentos do terceiro setor, por exemplo, carregam grandes valores patrimoniais. Nessa situação, o sco também possibilita tratamento diferenciado para não haver inviabilidade contábil. É o caso de empresas de transporte aéreo: o valor de um único avião, se aplicado no mercado nanceiro, poderá gerar mais resultados para o seu proprietário do que os lucros que possam ser auferidos por esse avião. Por isso há um incentivo scal, uma vez que as empresas possuem centenas de aviões. A sociedade encontrou uma forma de viabilizar essas importantes empresas: o sco permite que elas tenham um patrimônio mínimo e operem seus equipamentos em sistema no qual não se compra efetivamente esses equipamentos caros. Eles são alugados, e essas despesas contabilizadas como qualquer outra. Esse sistema é conhecido como leasing (uma espécie de aluguel ou arrendamento com opção de compra). Navios podem ter nanciamentos de órgãos Curso Técnico em Agronegócio
governamentais que duram o mesmo que a sua vida útil, com juros baixos e longos prazos. Ao nal da operação nanceira, o equipamento vai para o ferro velho e o valor patrimonial que vai se formando ao longo da vida útil com base no pagamento do nanciamento também vai sofrendo depreciação. Duas despesas são criadas ao mesmo tempo para ns de diminuição de saldo operacional. Objetivamente o valor da terra no agronegócio representa o ativo de maior imobilização nanceira. Utilizar mecanismos no sentido de imputar o valor da terra como despesa indireta na planilha de custo de produção no agronegócio será decisão do gestor nanceiro. Não haverá diminuição da qualidade e veracidade do custo encontrado se colocar ou não o valor da terra na planilha, pois, em quase todos os casos, ao se colocar o valor real da terra na planilha e aplicar o custo de oportunidade real sobre esse valor, não deverá haver atividade agropecuária que consiga suplantar os ganhos prometidos pelo chamado custo de oportunidade. Esse fato é de percepção mundial, guardadas as devidas proporções. Aproveitar ou não o diferencial e a vantagem competitiva da terra para o agronegócio? Para entender melhor o peso da terra como vantagem competitiva para o agronegócio, observe o comparativo entre as chamadas “terra boa” e “terra ruim” no quadro a seguir.
Terra boa
Terra ruim
Mais cara
Mais barata
Topograa, solos, água e clima favoráveis. Poderá vir acompanhada, ainda, de condições altamente favoráveis nos aspectos operacionais e comerciais na região de sua localização, indicativos também de boa liquidez (resguardados os momentos econômicos do país).
Topograa, solos, água, clima e regionalismos desfavoráveis deixam terra a mais barata e com baixa liquidez.
Teoricamente, produzir na terra boa é mais fácil, visto que as condições naturais são favoráveis, indicando custo de produção mais baixo.
Na terra ruim, em princípio, os custos seriam mais altos, devido ao uso de mais insumos e às produtividades diminuídas pelas condições naturais inadequadas.
Ao se colocar o valor da terra no custo de produção, nos produtos oriundos da terra boa o valor do custo da terra seria mais alto.
Nos produtos oriundos da terra ruim, o valor do custo da terra seria mais baixo.
Os produtos produzidos na terra boa teriam menos exigências em insumos (menos despesas) e produtividade maior devido as boas condições da natureza.
Os produtos produzidos na terra ruim teriam mais exigências de insumos (mais despesas) e produtividade menor devido às más condições da natureza.
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Com base nessa análise mais teórica, os custos dos produtos produzidos nos dois tipos de terras seriam idênticos no plano contábil. Isso porque, apesar de ser mais fácil produzir na
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terra boa, ela é mais cara. Por outro lado, o preço da terra barata pode compensar os gastos maiores com a produção. Já no plano gerencial, os produtos da terra cara teriam custos mais baixos. Isso porque o que importa para gestão nanceira no agronegócio é o plano gerencial, a gestão de caixa, a manutenção da capacidade operacional e a maximização dos lucros. Na visão gerencial a terra boa é uma vantagem competitiva, e não reserva de valor patrimonial que tem de ser remunerada. O agronegócio é caracterizado por ter custo alto de entrada e de saída; e na saída, caso aconteça, o valor da terra automaticamente deverá compensar o alto custo de entrada. A única forma de não ter alto custo de entrada na questão da terra é a opção da exploração com base em arrendamento de terras, evitando alta imobilização nesse tipo de ativo. Porém, o valor do aluguel terá de compor o custo de produção e não haverá ganho patrimonial durante o período, se for o caso, ao nal das operações. Remuneração dos capitais imobilizados no sistema de produção Você viu que, na formação do ativo de um empreendimento no agronegócio, é necessário imobilizar capitais. Em linhas gerais, esses capitais estarão distribuídos entre os bens classicados como xos e semixos, assim como em capital de giro. Há diversas formas de remunerar esses capitais. Alguns modelos utilizados em planilhas de custo de produção procuram remunerá-los aplicando sobre eles o chamado custo de oportunidade. Há planilhas que só remuneram o custo da terra, outras remuneram os ativos fixos e semifixos, bem como o capital de giro, havendo também casos apenas da remuneração do capital de giro. Ao aplicar algum índice de remuneração sobre os capitais usados pelo sistema de produção, seja de que forma for, o custo de produção estará sendo onerado (gerando gastos excessivos) com despesa nanceira contábil. Desse modo, na prática, o produtor rural não realizará ou realizou essa despesa, no entanto o modelo de custo determina que o produto deverá ser capaz de pagar o custo de oportunidade desses capitais. Quando as planilhas de custo de produção apresentam excessivas despesas contábeis, elas passam a ter forma de orçamento, ou seja, o resultado deixa de representar o quanto custou, passando a representar o quanto deve custar, perdendo o cunho gerencial. O gestor se atentará apenas ao custo de produção e só reconhecerá a existência de lucratividade se o preço de comercialização suplantar o “custo orçamentado”.
Comentário do autor
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Seria, então, errado aplicar a planilha de custos com esses princípios? Errado não é, pois o gestor decidirá a forma que lhe convier para tomar suas decisões. Mas, como você já aprendeu, a confecção de custos de produção em um sistema produtivo tem nalidade estratégica: serve para tomada de decisões nanceiras sobre o empreendimento, não estando sob as regras da contabilidade. O resultado encontrado interessa apenas ao gestor nanceiro.
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A decisão de desenvolver planilhas de custo com cara de “custo orçamentado” não deve ser utilizada pelos gestores nanceiros no agronegócio, pois cria cenários com aspectos de irrealidade operacional. A modelagem do chamado “custo orçamentado” pretende remunerar o empreendimento de forma duplicada: a atividade tem de apresentar resultados satisfatórios em seu objetivo principal e, ainda, pagar juros sobre os capitais empregados para produção.
Fonte: Shutterstock.
Cabe ressaltar que a utilização de nanciamentos bancários – como o crédito rural para a aquisição de bens xos, semixos e capital de giro –, não deve entrar no custo de produção, já que os diversos ativos formados a partir desse crédito entraram na forma de elementos de despesas, seja pela via direta ou indireta, como as depreciações na planilha de custo de produção. As despesas de juros e outras referentes ao crédito bancário devem entrar no custo de produção. Obtido o saldo operacional do empreendimento, a disponibilidade nanceira primeiramente será usada para cumprir compromissos de nanciamentos de crédito rural. A sobra nanceira que venha a existir será submetida ao imposto de renda, gerando o lucro e a rentabilidade real da atividade. Leitura complementar Você já deve ter percebido que a biblioteca do AVA está repleta de materiais interessantes para complementar os seus estudos. Aproveite e saiba mais consultando os textos: • “Análise dos custos de produção de citros em uma pequena propriedade no RS”;
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• “Avaliação do custo de produção de arroz em pequenas propriedades rurais no RS”; • “Gestão de custos no agronegócio: um estudo de caso em uma propriedade rural”; • “Gestão de custos na suinocultura”; • “Gestão de custos aplicada ao agronegócio: culturas temporárias”; • “Custo de oportunidade”; “Análise econômica em gado de corte”. Finanças aplicadas ao agronegócio
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Remuneração do(s) proprietário(s)
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Objetivamente, podemos começar este item com uma armativa: o dono só vê dinheiro se sobrar! Planilhas de custo de produção podem colocar, entre seus fatores de despesas, a remuneração do(s) proprietário(s), seja empreendimento pessoa física ou jurídica. Outra vez esse fator estará representando valor contábil, pois o proprietário só terá acesso a qualquer tipo de remuneração se houver sobra ou lucro, diferentemente dos funcionários, que são contratados para trabalhar no sistema de produção – já que, independentemente de haver sobra nanceira ou não, seus salários e compromissos deverão ser cumpridos sob a forma legal. Não importa se o agronegócio desenvolvido é de grande porte ou familiar, pois até mesmo na agricultura familiar a remuneração do proprietário será o lucro, mesmo este sendo o único trabalhador da atividade. Essa é a visão do custo gerencial. No chamado “custo orçamentado”, o gestor passa a imputar valores salariais ao(s) proprietário(s). Prevê-se um valor de um salário mensal e coloca-se na planilha, passando a ser um valor onerador.
Apesar de o possível envolvimento laboral ou administrativo do proprietário no sistema de produção ter valor nanceiro, na visão do custo gerencial esse valor só existirá se houver sobra. As despesas necessárias para que o proprietário possa usar sua força de trabalho no sistema de produção (como alimentação, transportes etc.) devem entrar na planilha, mas a remuneração salarial cará a cargo do que gestor nanceiro decidir.
Comentário do autor
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No que se refere à denição do valor do “salário do proprietário”, alguns proprietários entendem que seu salário deveria ter um valor determinado e maior do que o de uma pessoa que fosse contratada para fazer o mesmo trabalho. No entanto, o recomendado é que o dono realmente “só veja dinheiro se sobrar”. Houve lucro? Tudo bem, você pode tirar a sua parte.
Novamente cabe reforçar que, se o gestor nanceiro optar por construir a planilha de custo de produção com viés voltado ao que se passou a chamar de “custo orçamentado” (com a utilização dos itens descritos como os mais polêmicos em sua forma contábil), os resultados a serem encontrados devem assumir posições intermediárias, com o uso do custo operacional efetivo (COE), do custo operacional total (COT) e do custo total (CT), formando perl mais contábil do que gerencial. A opção será do gestor.
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Leitura complementar Busque na biblioteca do AVA os seguintes textos e leia-os:
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• “Custo de produção: uma importante ferramenta gerencial na atividade leiteira”; • “O custo de produção agrícola na visão da Conab”; • “Custos: sistema de custos de produção agrícola”
5. Os fatores do custo de produção que não geram polêmicas Insumos utilizados durante o ciclo produtivo Seja qual for a atividade do agronegócio, a planilha do custo de produção deverá conter os diversos insumos utilizados durante o ciclo produtivo. Para tanto precisará ser desenvolvida uma metodologia para cumprir essa trabalhosa rotina, em que o tipo de insumo, as quantidades e o preço de aquisição terão de ser cuidadosamente anotados. Veja na tabela a seguir um exemplo de insumos de mensuração direta. Insumo Mão de obra + Leis sociais Pastagens Concentrado Sal mineral
Quantidade
R$\Unid.
R$
4 60 ha 160 t 1,8 t
1.200 386,6 1.350 2.350
57.600,00 23.196,00 216.000,00 4.230,00
Fonte: Elaborado pelo autor
Cabe destacar que, quanto aos insumos existentes em estoque e aos insumos empregados, o custo de produção deverá trabalhar somente com os insumos efetivamente utilizados e seus preços de compra. O estoque e seus custos não deverão constar nessa planilha, já que não foram usados no processo produtivo. A boa ou a má gestão das despesas nanceiras geradas pelos estoques apresentarão seus bons ou maus resultados no livro-caixa. Poderá ocorrer o caso de determinado produtor que tenha custos baixos apresentar baixa ou nenhuma rentabilidade na atividade devido à má gestão nanceira do empreendimento, seja na gestão do estoque e/ou nas contas a pagar ou receber. Para os pecuaristas que utilizam como insumo alguns alimentos para os animais produzidos na propriedade (como silagem, feno, banco de leguminosas, capim picado, cana etc.), poderá ser mais difícil estabelecer os valores a serem usados na planilha de custo de produção. O gestor nanceiro tem duas alternativas para obter o valor a ser utilizado para esses alimentos. A primeira alternativa, e a mais complicada, é desenvolver uma nova planilha de custo de produção para cada alimento de produção própria. Nessa opção, cada alimento produzido deverá ter todas as suas etapas devidamente contabilizadas, realizar a colheita e, com o resultado da produção, encontrar o custo por tonelada de alimento produzido. O gestor teria de trabalhar com os chamados “centros de custos” e as devidas proporcionalidades das Finanças aplicadas ao agronegócio
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despesas em comum que forem geradas pelos denominados custos indiretos, somados às despesas diretas e às despesas variáveis. Esse tipo de trabalho cria melhor aproximação com a realidade no custo do preparo do alimento nas individualidades de cada propriedade e nos sistemas de produção, no entanto sua prática é complicada devido à utilização de rotina sobre rotina. Como grande parte das propriedades rurais tem diculdade na manutenção das rotinas de anotações, sistemas como esses provavelmente terão problemas operacionais. Exemplo de centro de custos
Custo anual de máquinas e equipamentos
Custo anual de produção de leite
Custo anual de instalações Custo anual de mão de obra
Custo da fêmea de reposição e instalações
Custo da silagem de milho Custo da cana-deaçúcar Custo da silagem de capim
Custo das pastagens
A outra alternativa para os gestores obterem os preços dos vários alimentos que possam ser produzidos na propriedade seria o uso dos preços correntes no mercado para esses alimentos. A visão é simplista e clara: se o alimento tem determinado preço no mercado, o produtor poderia vender ou comprar esse insumo alimentar, portanto o preço de mercado, e não o de custo, é que deverá compor a planilha do custo de produção do produto principal. Pode-se usar essa perspectiva mais simples também na produção agrícola. Caso se empregue algum tipo de insumo na produção do produto principal, pode-se considerar o seu valor de mercado. Por outro lado, se for utilizado algum insumo produzido na propriedade que o mercado não comercializa, então o gestor terá de desenvolver uma planilha própria de custo desse insumo, podendo até criar algum tipo de referencial de valores para uso em novos ciclos produtivos para o produto principal.
Curso Técnico em Agronegócio
Legenda: Insumos produzidos na propriedade podem ter o seu custo baseado no valor de mercado ou então calculados à parte Fonte: Shutterstock.
Vale ressaltar que o conceito de custo de produção no agronegócio, deve ser estratégico. Não é obrigatório que ele esteja atrelado às regras estabelecidas pela contabilidade. O custo deverá ser sempre o resultado da soma das despesas diretas e indiretas, sejam elas xas e/ou variáveis, soma essa que deverá ser dividida pela produção obtida. O livro-caixa terá, ao longo do ciclo produtivo, de raticar ou não os princípios adotados pelo gestor no tipo e na forma de planilha de custo adotada. Resumindo, do ponto de vista estratégico, o custo não tem a ver com a contabilidade, mas é uma ferramenta para tomada de decisões pelos gestores do agronegócio. As despesas de mão de obra Você já estudou sobre a imputação de remuneração ou salários aos proprietários (pró-labore), independentemente de seu porte. Agora, verá os valores disponibilizados para pagamentos de funcionários e o cumprimento das obrigações de pagamentos que incidem sobre as chamadas leis sociais. As despesas geradas pelas leis sociais ou obrigações trabalhistas envolvem diversos valores que são efetivamente realizados em diferentes momentos. Entre eles estão pagamentos como previdência social, FGTS, vale-transporte e vale-alimentação, creche, férias, 13 o salário, descanso semanal remunerado, indenizações etc. Cada porte e tipo de empreendimento ou empresa poderá apresentar diferenciações nas despesas referentes às leis sociais. O gasto com salários pode variar de 60% a 120%, ou até mais, sobre os valores efetivamente pagos como salários; ou seja, alguém com salário de R$ 1.000,00 na verdade pode custar mais de R$ 1.600,00.
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Fonte: Shutterstock.
Existem, ainda, despesas relativas ao pagamento do prossional da contabilidade, visto que não é tão simples entender e cumprir com o pagamento de todas essas obrigações. A despesa
Finanças aplicadas ao agronegócio
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referente ao pagamento da prestação de serviço do contador deverá ser colocada como despesa administrativa, já que este prossional terá de, também, auxiliar no cumprimento de outras obrigações legais do empreendimento ou empresa. Se a metodologia adotada pelo gestor do agronegócio estiver baseada no horizonte temporal do ano civil (de janeiro a dezembro), deverão ocorrer praticamente todas as despesas referentes às chamadas leis sociais. Então bastará manter as anotações de despesas que se derem dentro de cada momento, somá-las e obter, no mês de janeiro do ano seguinte, o valor total que foi gasto com o cumprimento do pagamento das leis sociais. Este valor é somado aos salários efetivamente pagos aos funcionários e, então, ter-se-á o total de despesas com o item mão de obra.
O problema de usar essa metodologia para obtenção do denominado custo estratégico é que alguns ciclos produtivos não ocorrem ao longo de todo um ano civil (de janeiro a dezembro). Então como mensurar as despesas de mão de obra somadas às leis sociais em atividades de ciclos menores que doze meses? Caso a atividade desenvolvida tenha mais de um ciclo anual ou ciclos curtos, podendo até ser mensais, a utilização das despesas ocorridas apenas no mês poderá acarretar distorções, pois existem meses em que as despesas referentes às chamadas leis sociais terão maior ocorrência, como férias, indenizações e pagamento de 13 o salário. Isso pode provocar um aumento desproporcional no custo de produção, já que o item mão de obra no agronegócio costuma ter valores signicativos na planilha de custo de produção. O gestor do agronegócio pode lançar mão de dois métodos para inserir os custos das leis sociais nos custos de produção, independentemente da passagem de um ano civil. O primeiro é o estabelecimento de um percentual médio sobre os valores efetivamente pagos como salários. Em números gerais, as leis sociais sobrecarregam em média o equivalente a 80% sobre os valores pagos como remuneração aos funcionários de um sistema de produção, ou seja, para cada R$ 1.000,00 pagos de salários, em média, deverá ocorrer despesa equivalente a R$ 800,00 para cumprimento das obrigações sociais. Portanto, na planilha de custo de produção, o gestor deverá onerar em 80% os valores que foram pagos em salários, possibilitando, dessa maneira, o cálculo do custo da mão de obra em ciclos produtivos que tenham seus horizontes menores que um ano civil.
d
Comentário do autor Nos exemplos que serão mostrados sobre custo de produção, esse percentual de 80% como despesas referentes às obrigações trabalhistas ou leis sociais sempre será utilizado.
No segundo método, as despesas referentes aos pagamentos das obrigações trabalhistas deverão ter também a utilização de determinado percentual sobre os valores pagos como salários. No entanto, ele será baseado nas experiências ou nos valores efetivamente gastos
Curso Técnico em Agronegócio
com o cumprimento das obrigações trabalhistas em anos anteriores. O gestor deverá fazer um levantamento em seu livro-caixa do ano anterior, destacar todos os valores que foram gastos para pagamentos das obrigações trabalhistas e confrontar com os valores t otais pagos em salários. A relação percentual encontrada é que terá de ser usada como referência para o cálculo em porcentual do pagamento das obrigações trabalhistas no ano seguinte.
Cada empreendimento ou empresa poderá ter caso especíco, seja por seu porte, seja pelas características de tipos de benefícios que podem ser utilizados além dos obrigatórios. Dessa forma, o percentual empregado deverá apresentar grande aproximação com a realidade de cada caso. 6. O fator do custo de produção de difícil mensuração: pastagens O cálculo do custo de produção das pastagens apresenta extrema diculdade. A utilização de pastagens como base alimentar de rebanhos bovinos como principal insumo da produção apresenta complicação para ser avaliada no custo de produção de seus respectivos produtos, como carne e/ou leite. Pastagens são culturas que podem ou não ter despesas de implantação, mas obrigatoriamente apresentam despesas de manutenção e, se bem manejadas, podem durar dezenas de anos. Como calcular seus custos então?
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Fonte: Shutterstock.
Em linhas gerais, a pastagem articial ou cultivada tem determinada rotina para sua implantação. Dentro da normalidade, as despesas referentes ao preparo de solo, correção de acidez, adubação e plantio acontecem na primavera ou no início da estação com calor e chuvas. No livro-caixa, essas despesas cam locadas e devidamente nalizadas no ano civil do plantio. No ano seguinte, seguem as despesas de tratos culturais, caso haja, e as primeiras
Finanças aplicadas ao agronegócio
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utilizações dessas pastagens, dependendo do caso, já podendo ocorrer as primeiras adubações de cobertura. No terceiro ano o sistema entra em uso normal, com as práticas de manejo que forem julgadas mais adequadas para a proposta de criação (podendo variar de acordo com a carga animal a ser empregada por hectare). Quanto maior a carga animal, maior a exigência de manejo adequado e maiores as adubações de reposição da fertilidade do solo para maior produção de forragem. Procura-se obter o chamado ganho de escala, mais bovinos por hectare ou mais unidades animais (UAs) por hectare. A questão é se esse seria um pasto mais caro do que um pasto cuja carga animal fosse menor, com pouca ou nenhuma reposição da fertilidade do solo, tendo como consequência um menor ganho de escala. Nesse caso, pode-se pensar que há uma proporcionalidade: gasta-se mais em adubação com mais animais por área/gasta-se menos em adubação com menos animais por área. Assim, o custo da forragem produzida na pastagem seria o mesmo. Outras questões ainda podem passar pelo processo decisório do gestor, por exemplo: • As despesas de implantação cariam perdidas no ano de sua implantação? • As despesas com as pastagens se limitariam apenas ao uso de fertilizantes e outros manejos de controle de pragas? • As pastagens que, apesar de serem articiais e terem despesas de plantio, o gestor entender que não deve adubar por considerar satisfatória a resposta de produção que está sendo obtida teria, então, custo zero? • No Brasil as pastagens naturais representam cerca de 45% do total de todas as pastagens do país. Essas pastagens naturais que não tiveram despesas de plantio, mas que podem ou não necessitar algum tipo de manejo, não teriam custos? Os diversos autores que publicaram trabalhos cientícos sobre pastagens como itens de despesas nos últimos 30 anos se utilizaram dos seguintes recursos para criar essas despesas: depreciação do valor da terra, valor de arrendamento da terra, percentual do valor do produto, percentual do valor da terra ou despesas correntes realizadas com as pastagens no período. Existem casos em que essas modalidades de avaliação das despesas com pastagens se sobrepõem.
d
Comentário do autor O uso desses métodos ocorre devido às diculdades de se avaliar as várias possibilidades que as pastagens podem apresentar. O gestor no agronegócio deverá avaliar qual método será utilizado em seu sistema de custos, procurando a aproximação com a realidade de cada caso.
As pastagens vistas como insumo
Curso Técnico em Agronegócio
Você verá agora um novo método para o cálculo das despesas referentes às pastagens. O objetivo é transformar a forragem pastejada em um insumo alimentar como qualquer outro; a diferença será que, em vez de o alimento ser fornecido em comedouros, os animais terão de ir às pastagens para obtê-lo. O primeiro pressuposto é de que a forragem produzida em pastagens deverá ter sempre o mesmo custo (OLIVEIRA, 2012). A princípio não tem cabimento uma pastagem ser mais cara do que outra. Determinada pastagem poderá gerar mais despesas do que outra e ter, como contrapartida, a possibilidade de aumentar o número de animais por área, criando o chamado ganho de escala. Esse pressuposto determina que o valor ou o custo da forragem produzida em pastagem deverá ser sempre o mesmo, seja a pastagem articial ou natural. Projeção teórica do comportamento do custo da pastagem diante da adubação Produção de forragem da pastagem Ganho de escala Ponto limite
Suporte pastagens S N E G A T S A P
Custo da pastagem Despesas com adubação
S A S E P S E D
Área de rentabilidade de pastagem
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ADUBAÇÃO Fonte: Elaborado pelo autor.
O passo seguinte é a determinação do valor da tonelada de forragem produzida em uma pastagem. Na biblioteca do AVA você encontra uma planilha com orçamento para formação e manutenção de cinco tipos de pastagens. Para atualização dos valores, será necessário colocar os valores correntes para a hora da máquina, a diária da mão de obra, o valor médio da tonelada do adubo químico composto e o valor médio para o quilo da semente de capim.
j
Atividades práticas Acesse a planilha “Custo da forragem.xlsx” e explore as possibilidades de cálculos.
Finanças aplicadas ao agronegócio
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A outra forma para obtenção do valor a ser utilizado para a tonelada da forragem produzida em pastagem é bem mais simples. O valor que poderá ser usado será o equivalente a 10% do valor comercial da silagem de milho; ou seja, se a tonelada de silagem de milho estiver sendo comercializada por R$ 150,00, o valor da tonelada da forragem produzida em pastagem deverá ser R$ 15,00. O gestor poderá escolher entre um método com maior fundamentação teórica, como o disponibilizado na planilha de cálculo, ou utilizar essa metodologia simplicada. Sob esse ponto de vista, transforma-se a forragem produzida nas pastagens em um produto. A partir da obtenção do valor ou preço de uma tonelada, agora é preciso determinar a metodologia para calcular o consumo desse produto pelos animais em pastagens. Com esse consumo determinado, ter-se-á a quantidade de forragem consumida em pastagem (em toneladas) para ser colocada na planilha de custo de produção de carne ou de leite no item “pastagem”. As pastagens vistas como insumo: predição de consumo de pastagens por bovinos e sua mensuração nanceira Os estudiosos da nutrição animal já determinaram, há muitos anos, que ruminantes bovinos podem consumir até 10% de seu peso vivo em alimentos verdes em 24 horas. Para ns de cálculo de organização e planejamento em pecuária bovina, utiliza-se como padrão de medida a unidade animal (UA). Uma UA equivale a 450 kg de peso vivo. Os bovinos são organizados em categorias que podem ser estipuladas pela idade e também pela fase produtiva. Cada categoria de bovino foi padronizada pelo sistema de unidades animais com determinado valor em UAs. São elas:
Bovinos machos e fêmeas de 1 dia a 12 meses de idade, bezerros(as)
0,25 UA
Bovinos machos e fêmeas de 13 a 24 meses
0,50 UA
Bovinos machos e fêmeas de 25 a 36 meses
0,75 UA
Bovinos machos e fêmeas de 37 a 48 meses
1,00 UA
Vacas não gestantes
1,00 UA
Reprodutores
1,25 UA
Fonte: Elaborado pelo autor
Com base nesse padrão e de posse da composição física do rebanho, seja ele de corte ou leite, bastará multiplicar o número de cabeças existentes em cada categoria pelo padrão de UA da respectiva categoria. O valor encontrado terá de ser o total de UAs que o rebanho aferido representa no momento do cálculo. O total em UAs multiplicado por 450 kg (valor padrão de uma UA) resultará na carga animal presumida total do rebanho em quilos ou toneladas. Se o rebanho só car em pastagens, poderá ser assumido que 10% do peso total obtido pelo cálculo de UAs foram de consumo de pastagens. Para conhecer, então, a despesa diária em
Curso Técnico em Agronegócio
pastagem desse rebanho analisado, bastará multiplicar o valor encontrado em quilos ou toneladas pelo valor do insumo pastagem, descrito anteriormente.
Rebanho em UAs
x
0,45 t. valor de 1 UA
30,5 dias x
(média anual de dias de um mês)
10% x
(máx. consumo fisiológico)
Despesa mensal de pastagens
=
R$ t. de pastagem
x
Consumo presumido de pastagem mensal
=
T. de alimentos fornecidos aos comedouros
Fonte: Elaborado pelo autor.
Alimentos que forem oferecidos aos bovinos em comedouros (como sal mineral, sal mineral proteinado, concentrado, silagens etc.) deverão ter os pesos devidamente subtraídos do volume nal presumido de consumo de forragens nas pastagens. Dica
'
Essa metodologia já é utilizada há mais de 15 anos em trabalhos de monitoramento junto a cooperativas leiteiras, laticínios e produtores independentes de carne e leite. A mesma metodologia poderá ser empregada na ovinocultura, seja de corte ou leite. Em caprinocultura de corte ou leite, também poderá ser usada, e o que deverá mudar é o valor em porcentual a ser aplicado sobre o peso em UAs encontrado para o rebanho caprino, que irá de 10% para 15% devido às características siológicas da espécie caprina.
O gestor nanceiro no agronegócio poderá escolher o melhor método para a obtenção dos valores a serem imputados nas despesas de pastagens em uma planilha de custo de produção em bovino. É importante ter sempre em mente a alta representação que as pastagens têm na produção pecuária, procurando evitar as subavaliações dessas despesas.
A aplicação dessa metodologia ao longo de 15 anos demonstrou, de forma resumida, que as pastagens representam em média 30% das despesas em pecuária leiteira não connada de média performance e 60% das despesas em pecuária de corte em modelagem t radicional. Sistemas de controles em pecuária que apresentem a possibilidade de fazer custo de produção poderão utilizar a metodologia da predição de consumo de pastagens em pecuária de forma automática. O cadastramento inicial do rebanho, acompanhado do movimento de nascimentos, mortes, descartes e vendas, deverá manter a quantidade de UAs do rebanho Finanças aplicadas ao agronegócio
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sempre atualizada, possibilitando melhor precisão no cálculo dessa despesa na planilha de custo de produção. Como a modelagem proposta utiliza a forragem da pastagem como insumo, as anotações das despesas realizadas para ns de implantação e/ou manutenção das pastagens não ent ram na planilha de custos. Essas despesas farão parte apenas do livro-caixa. Vale lembra que o custo de produção é estratégico, e não contábil.
c
Leitura complementar Leia o texto “Uma nova forma do cálculo do custo de produção na utilização de pastagens”, disponível na biblioteca do AVA.
7. Planilhas de custo de produção de pecuária de leite, corte, soja e milho: modelagem simplicada e tradicional As planilhas que se seguem apresentam os cálculos de custo de produção baseados na mesma propriedade ctícia denominada Fazenda Rio Novo. A Fazenda Rio Novo possui 100 ha, e suas terras foram avaliadas em R$ 400.000,00. Foram simulados quatro tipos de atividades. Para todos, os valores das benfeitorias foram iguais (R$ 120.000,00), assim como o chamado custo de oportunidade, que foi denido em 12% ao ano. Houve variação no valor dos equipamentos apenas para a opção de pecuária de corte. Também ocorreu variação nas áreas de pastagens que, no leite, foi de 60 ha e, no corte, de 75 ha. Para o plantio de grãos, as áreas usadas somam 70 ha em sistema de rotação de culturas na mesma propriedade com milho e soja. Vale reforçar que todos os valores são ctícios e não pretendem demonstrar o custo de produção das atividades, mas sim duas metodologias que foram denominadas de: simplicada (A) e tradicional (B).
Fazenda Rio Novo Pecuária de leite • Área da propriedade – 100 ha • Valor das construções e demais benfeitorias xas – R$ 120.000,00 • Custo de oportunidade – 12% a.a. • Natalidade – 75% / prod. 20 L/vaca/dia / 75 vacas lactação / 305 dias lact. • Rebanho – 100 vacas/ 1 reprodutor/ 12 novilhas/ 15 bezerras = 104 UAs • Valor da terra – R$ 400.000,00 • Valor equipamentos – R$ 110.000,00 • Valor da vaca – R$3.500,00 / reprodutor R$ 2.500,00
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MODELAGEM SIMPLIFICADA – A Insumo
Quant.
R$/unid.
R$
4
1.200
57.600,00
Pastagens
60 ha
386,6
23.196,00
Concentrado
160 t
1.350
216.000,00
Sal mineral
1,8 t
2.350
4.230,00
1
1
18.061,56
12%
582.500
69.900,00
Mão de obra + Leis sociais
Outros Depreciações (xos e semixos) Total despesas anuais
388.987,56
Custo de produção do litro de leite
0,85
Produção anual de leite/litros
457.500
MODELAGEM TRADICIONAL – B Insumo
Quant.
R$/unid.
R$
4
1.200
57.600,00
Pastagens
60 ha
386,6
23.196,00
Concentrado
160 t
1.350
216.000,00
Sal mineral
1,8 t
2.350
4.230,00
1
1
18.061,56
Mão de obra + Leis sociais
Outros Total despesas operacionais anuais
319.087,56
Custo operacional do litro de leite – CO Depreciações (xos e semixos) Mão de obra proprietário
0,70 12%
582.500
69.900,00
12 ms
2.500
30.000,00
Total despesas operacionais totais
418.987,56
Custo operacional total do litro de leite – COT Remuneração dos capitais*
12%
Total despesas Custo total do litro de leite – CT
0,92 1.301.588
156.190,51 575.178,07 1,26
* Terra + equipamentos + benfeitorias + rebanho matriz + custeio
Seguindo o princípio do custo de produção estratégico, a modelagem A estabelece o que pode ser considerado como a mínima remuneração que o produto deveria receber como valor para uma unidade, nesse caso o litro de leite. A modelagem A considerou as efetivas despesas de
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custeio ou diretas e as depreciações feitas pela modelagem simplicada utilizando a taxa de 12% a.a. sobre a avaliação de todos os investimentos xos e semixos, no caso: equipamentos, benfeitorias, matrizes e reprodutores. A modelagem B considerou os princípios da planilha de custos tradicional, obtendo três valores de custos diferentes, chamados de: custo operacional (CO), em que são avaliadas apenas as efetivas despesas de custeio ou despesas diretas; custo operacional total (COT), em que são avaliadas as despesas de custeio (CO) somadas às depreciações e os valores imputados para a mão de obra do proprietário; e custo total (CT), que soma ao CO e ao COT as remunerações de todos os capitais imobilizados, inclusive o valor da terra, sendo denominado de custo total de produção. Veja essas duas modelagens aplicadas na pecuária de corte.
Fazenda Rio Novo Pecuária de corte • Área da propriedade – 100 ha • Valor da terra – R$ 400.000,00 • Valor equipamentos – R$ 70.000,00 • Valor das construções e demais benfeitorias xas – R$ 120.000,00 • Custo de oportunidade – 12% a.a. • Rebanho: 100 vacas/2 reprod./32 f-32 m.2a3anos/33 f-33 m.2a3anos/ 35 - 35bza(o)s = 201 UAs • Natalidade – 70% / abate 36 ms com 540 kg • Valor da vaca – R$2.500,00 / reprodutor R$ 3.500,00
MODELAGEM SIMPLIFICADA – A Insumo Mão de obra + Leis sociais Pastagens Sal mineral proteinado Sal mineral Outros Depreciações (xos e semixos) Total despesas anuais
Quant. 2 75 ha 7,2 t 2,9 t 1 12%
R$/unid. 1.200 659,7 1.150 1.850 1 447.000
R$ 28.800,00 49.476,00 8.280,00 5.365,00 5.515,26 53.640,00 151.076,26
Custo de produção de 1 arroba
119,90
Produção anual de arrobas (machos/fêmeas)
1.260
Curso Técnico em Agronegócio
MODELAGEM TRADICIONAL – B Insumo
Quant.
R$/unid.
R$
2
1.200
28.800,00
Pastagens
75 ha
659,7
49.477,50
Concentrado
7,2 t
1.150
8.280,00
Sal mineral
2,9 t
1.850
5.365,00
1
1
5.515,35
Mão de obra + Leis sociais
Outros
97.437,85
Total despesas operacionais anuais
Custo operacional de 1 arroba – CO Depreciações (xos e semixos) Mão de obra proprietário
77,33 12%
447.000
53.640,00
12 ms
2.500
30.000,00 181.077,85
Total despesas operacionais totais
Custo operacional total de 1 arroba – COT Remuneração dos capitais* Total despesas
Custo total de 1 arroba – CT
143,71 12%
944.438
113.332,54 294.410,39 233,66
* Terra + equipamentos + benfeitorias + rebanho matriz + custeio
A modelagem simplicada (A), de forma bem clara, demonstra que os fatores de custos em que entram as despesas operacionais ou diretas (custeio) e as depreciações dos imobilizados xos e semixos devem representar os fatores imprescindíveis que precisam ser remunerados, sem os quais o empreendimento, obrigatoriamente, terá de operar no prejuízo. Apesar de os valores estabelecidos como depreciação efetivamente não terem sido desembolsados durante a avaliação, será fundamental a manutenção desses valores para possibilitar a futura reposição dos bens semixos que fazem parte do sistema de produção. Ficará a cargo do gestor nanceiro qual método utilizar para tomar decisões. Ele pode entender que o custo de produção no agronegócio deve remunerar tantos fatores chamados de “não caixa” ou não, sem perder de vista que o conhecimento do custo de produção sempre deverá ter função estratégica, voltado à tomada de decisão sobre o empreendimento. A real existência de rentabilidade na atividade será determinada pelas sobras nanceiras que serão apuradas no horizonte do ano civil pelo livro-caixa. As modelagens A e B também foram exemplicadas para produção de grãos na propriedade ctícia Fazenda Rio Novo. Nesse exemplo para a agricultura, foi analisada a utilização da propriedade durante doze meses, nos quais a infraestrutura foi usada nas duas culturas em rotação. O item “mão de obra contratada” foi contabilizado com utilização de seis meses para cada cultura, assim como as depreciações, com aplicação do valor do denominado custo de oportunidade em 6% para cada cultura. Conra os dados nas tabelas a seguir.
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Fazenda Rio Novo Produção de grãos - soja • Área da propriedade – 100 ha • Valor da terra – R$ 400.000,00 • Valor equipamentos – R$ 110.000,00 • Valor das construções e demais benfeitorias xas – R$ 120.000,00 • Custo de oportunidade – 12% a.a. • Plantio de soja e milho safrinha • Área de produção – 70 ha • Produção soja – 54 sc/ha • Produção milho – 130 sc/ha
MODELAGEM SIMPLIFICADA – A Insumo
Quant.
R$/unid.
R$
Mão de obra + Leis sociais (6 meses)
3 func.
1.200
21.600,00
Sementes/Fertilizantes
70 ha
730
51.095,80
Defensivos
70 ha
609
42.647,50
Operações com máquinas
70 ha
67
4.665,50
Outras despesas
70 ha
374
26.182,80
6%
230.000
13.800,00
Depreciações (xos e semixos)
159.991,60
Total despesas anuais
Custo de produção da saca de SOJA
42,33
Produção de SOJA / sacas / hectare
54
MODELAGEM TRADICIONAL B - SOJA Insumo
Quant.
R$/unid.
R$
3 func.
1.200
21.600,00
Sementes/Fertilizantes
70 ha
730
51.095,80
Defensivos
70 ha
609
42.647,50
Operações com máquinas
70 ha
67
4.665,50
Mão de obra + Leis sociais (6 meses)
Curso Técnico em Agronegócio
Outras despesas
70 ha
374
Total despesas operacionais anuais
26.182,80 146.191,60
Custo operacional da saca de soja – CO
38,68
Depreciações (xos e semixos) Mão de obra proprietário
6%
230.000
13.800,00
6 ms
2.500
15.000,00
Total despesas operacionais totais
174.991,60
Custo operacional total da saca de soja – COT Remuneração dos capitais*
46,29 6%
776.192
46.571,50 221.563,10
Total despesas
Custo total da saca de soja – CT
58,61
*Terra+equipamentos+benfeitorias+custeio
Fazenda Rio Novo Produção de grãos - milho MODELAGEM SIMPLIFICADA A – MILHO Insumo
Quant.
R$/unid.
R$
Mão de obra + Leis sociais (6 meses)
3 func.
1.200
21.600,00
Sementes/Fertilizantes
70 ha
893
62.512,80
Defensivos
70 ha
328
22.986,60
Operações com máquinas
70 ha
59
4.130,00
Outras despesas
70 ha
572
40.037,90
6%
230.000
13.800,00
Depreciações (xos e semixos) Total despesas anuais
165.067,30
Custo de produção da saca de milho
18,14
Produção de milho/sacas/hectare
130
MODELAGEM TRADICIONAL B – MILHO Insumo
Quant.
R$/unid.
R$
Mão de obra + Leis sociais (6 meses)
3 func.
1.200
21.600,00
Sementes/Fertilizantes
70 ha
893
62.512,80
Defensivos
70 ha
328
22.986,60
Operações com máquinas
70 ha
59
4.130,00
Finanças aplicadas ao agronegócio
99
Outras despesas
100
70 ha
572
40.037,90 151.267,30 16,62
6%
230.000
13.800,00
6 ms
2.500
15.000,00
Total despesas operacionais anuais
Custo operacional da saca de milho – CO Depreciações (xos e semixos) Mão de obra proprietário Total despesas operacionais totais
180.067,30
Custo operacional da saca de milho – COT Remuneração dos capitais*
19,79 6%
781.267
46.876,04 226.943,34
Total despesas
Custo total da saca de MILHO – CT
24,94
*Terra+equipamentos+benfeitorias+custeio
Apesar de os ciclos das duas culturas não ocuparem plenamente os doze meses do ano, no caso analisado, as culturas é que terão de pagar essas despesas xas, sendo escolhido o rateio de 50% para cada cultura. Com relação ao pagamento dos custos xos, seja na modelagem A ou B, cada caso poderá ter outras possibilidades. Por exemplo, mais culturas poderão ser rateadas sob os critérios que gestor entender como os mais adequados.
d
Comentário do autor O empreendimento no agronegócio apresenta riscos técnicos, climáticos, de preços e de gestão. As ferramentas administrativas podem ajudar a ver melhor o cenário produtivo e as possíveis inuências dos riscos.
8. Planilhas de custo de produção: a modelagem denominada custo dinâmico O custo de produção só será obtido no momento em que toda a produção esperada com o uso das despesas diretas e indiretas for obtida, ou seja, ao calcular determinada despesa que, necessariamente, deverá ser dividida pelo volume de produção para obtenção do custo unitário do produto avaliado. O problema é que, no momento da obtenção do custo por unidade de produto, nada mais poderá ser feito no sentido de buscar melhorar o desempenho desse custo encontrado, pois será uma situação do passado. A experiência obtida deverá servir para as próximas produções. O objetivo da modelagem de custo de produção denominada de custo dinâmico (OLIVEIRA, 2012) é poder inuenciar na gestão dos custos durante a operação produtiva, isto é, buscar obter a visualização parcial durante o processo e fazer a gestão no intuito de melhorar as performances voltadas ao encontro de custos sempre competitivos.
Curso Técnico em Agronegócio
Informação extra
O
Normalmente, no agronegócio, poderão existir as atividades denominadas de safristas, assim como as atividades de produção contínua. Mesmo estas últimas poderão apresentar maiores produções em determinados momentos do ano. Aspectos siológicos das plantas e dos animais, aliados às variações climáticas, podem inuenciar as diferenças de produções ao longo do ano.
O ciclo completo de produção da atividade agropecuária continuada ocorre ao longo de doze meses, que, passando pelas quatro estações climáticas do ano, deverá expor todo o seu potencial produtivo e econômico. Mesmo as atividades em sistema de connamento total estarão sendo inuenciadas em seus resultados econômicos devido às variações dos preços dos insumos alimentares ocasionados em momentos de safra e entressafra.
Para tentar inuenciar o custo de produção durante o processo produtivo, a modelagem de custo dinâmico buscará diminuir os prazos de avaliação do custo unitário do produto em análise, descongurando a passagem do ano civil como a única forma de obtenção do custo de produção no agronegócio, para sistemas de produção continuado. A modelagem do custo dinâmico deverá pontuar as despesas e produções ocorridas no mês e imediatamente confrontá-las com a média dos últimos doze meses para os casos de pecuária de leite, ovinocultura de leite, caprinocultura de leite, suinocultura, avicultura de corte e postura. Para a pecuária de corte, ovinocultura de corte e as culturas perenes (como a fruticultura, a cafeicultura etc.), a modelagem terá de fazer o acúmulo das despesas e produções dos últimos doze meses, pontuando o custo de produção mês a mês. O objetivo, nos casos de produções mensais, é ter um ciclo anual fechado todo mês e, para o caso das produções safristas, o acúmulo dos últimos doze meses, fechando também um ciclo anual a cada mês.
c
Leitura complementar Saiba mais sobre custo dinâmico lendo o texto “Custo de produção em pecuária de corte na visão do custo dinâmico”, disponível na biblioteca do AVA.
Destaca-se que produções de ciclo curto executadas apenas em determinado momento do ano, a princípio, não deverão se enquadrar na modelagem do custo dinâmico. Salvo os casos das propriedades que fazem agricultura de ciclos curtos de forma continuada, seja na continuação ou na troca de culturas, já que, para tanto, toda a infraestrutura (ou o que se pode chamar de custos xos) permanecerá sendo utilizada ao longo do ciclo de doze meses. A modelagem de custo de produção dinâmico claramente descaracteriza o ano civil (de janeiro a dezembro), procurando nalizar os últimos doze meses ao nal de cada mês de análise e confrontando imediatamente os resultados obtidos no mês com a média dos últimos doze
Finanças aplicadas ao agronegócio
101
102
meses – isso para produção contínua de um mesmo produto. Para produção safrista, a modelagem faz o acúmulo dos últimos doze meses, seja das despesas, seja das produções obtidas, gerando posicionamento anual do custo do produto de forma mensal. Para facilitar a compreensão dessa modelagem em atividades pecuárias e agrícolas, acompanhe os exemplos. Os itens analisados estão simplicados para facilitar os exemplos, mas você poderá estabelecer quantos e quais itens participantes do custo de produção de sua atividade deverão ser demonstrados no modelo dinâmico (C). Vamos tomar como base a Fazenda Rio Novo, com a mesma área e os principais valores utilizados nos exemplos anteriores. Houve variações nos valores de equipamentos devido ao tipo de atividade. Os princípios de cálculos são semelhantes aos das planilhas anteriores dos chamados custos simplicados (modelagem A) e custos tradicionais (modelagem B).
Fazenda Rio Novo Pecuária de leite • Área da propriedade - 100 ha • Valor da terra - R$ 400.000,00 • Valor equipamentos: R$ 110.000,00 • Valor das construções e demais benfeitorias xas - R$120.000,00 • Rebanho - 100 vacas/ 1 reprodutor/ 12 novilhas/ 15 bezerras = 104 UAs • Custo de oportunidade - 12% a.a. • Valor da vaca - R$3.500,00 / Reprodutor R$2.500,00 • Natalidade - 75% / Prod. 20 lts/vaca/dia / 75 vacas lactação / 305 dias lact.
MODELAGEM –C – CUSTO DINÂMICO – LEITE Média dos últimos 12 meses Insumo Mão de obra + L. sociais Pastagens Concentrado Sal mineral Outros Depreciações (xos e semixos)
Curso Técnico em Agronegócio
Quant.
R$/unid.
R$
%
4 60 ha 13,33 t 0,15 t 1
1.200 35,7 1.350 2.350 1
4.800,00 2.140,80 17.995,50 352,50 1.517,33
14,7% 6,6% 55,1% 1,1% 4,6%
1%
582.500
5.825,00
17,9%
Situação do mês atual R$/ Quant. R$ unid. 4 1.250 5.000,00 60 ha 35,7 2.142,00 12,6 1.480 18.648,00 0,13 t 2.380 309,40 1 1 1.565,96 1%
582.500
5.825,00
% 14,9% 6,4% 55,7% 0,9% 4,7% 17,4%
Total despesas mensais
Média últimos 12 ms >>
32.631,13
Mês atual >> 33.490,36
Custo mensal do litro de leite Média últimos 12 ms >> 0,86 Produção mensal de leite/L
Mês atual >> 0,89 Mês atual >> 37.653
Média últimos 12ms >> 38.125
Fazenda Rio Novo Pecuária de corte • Área da propriedade – 100 ha • Valor da terra –R$ 400.000,00 • Valor equipamentos – R$ 70.000,00 • Valor das construções e demais benfeitorias xas – R$ 120.000,00 • Rebanho – 100 vacas/2 reprod./32 f-32 m.2a3anos/33 f-33 m.2a3anos/35-35bza-bzos = 201 UAs • Custo de oportunidade – 12% a.a. • Valor da vaca – R$2.5000,00 / reprodutor R$ 3.500,00 • Natalidade – 70% / abate 36 ms com 540 kg
103
MODELAGEM C – CUSTO DINÂMICO – CORTE Média dos últimos 12 meses Quant. R$/unid. R$
Insumo Mão de obra + Leis sociais Pastagens Sal mineral proteinado Sal mineral Outros Depreciações (xos e semixos) Total despesas
2 75 ha 7,2 t 2,9 t 1
1.200 659,7 1.150 1.850 1
12%
447.000
Acumulado nos últimos 12 ms >>
28.800,00 49.477,50 8.280,00 5.365,00 5.515,35
% 19,1% 32,7% 5,5% 3,6% 3,7%
53.640,00 35,5% 151.077,85
Situação do mês atual Quant. R$/unid. R$ % 2 75 ha 0,6 t 0,14 t 1 1%
1.250 55,2 1.165 1.850 1
2.500,00 19,8 % 4.137,75 32,8% 699,00 5,5% 259,00 2,1% 531,70 4,2%
447.000 4.470,00 35,5% Mês atual >> 12.597,45
Custo de 1 arroba Últimos 12 ms >> 119,90 Produção acumulada de arrobas*
Últimos 12ms >> 1.260
Mês atual >> 85
*Produção acumulada comercializada nos últimos 12 meses
Finanças aplicadas ao agronegócio
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O custo da produção e das despesas pode ser visualizado mensalmente, sem perder o horizonte dos doze meses, período em que acontecem as interações entre as variações climáticas e siológicas entre os animais, as plantas e suas inuências no contexto econômico e nanceiro do empreendimento, independentemente do ano civil.
Fazenda Rio Novo Café Arábica • Área da propriedade – 100 ha • Valor da terra – R$ 400.000,00 • Valor equipamentos – R$ 260.000,00 • Valor das construções e demais benfeitorias xas – R$ 120.000,00 • 60 ha – 4.000 pés/ha • Custo de implantação lavoura – R$ 440.427,00 • Custo de oportunidade – 12% a.a. • Custo de implantação até a primeira colheita – R$ 612.603,00 • Produtividade – 40 sacas/ha
MODELAGEM C – CUSTO DINÂMICO – CAFÉ Após 24 meses de implantação Insumo Mão de obra + L.sociais (xos) Mão de obra - colheita Insumos diversos Outros Depreciações (xos e semixos)
Acumulado nos últimos 12 meses
Situação do mês atual
Quant.
R$/unid.
R$
%
6
1.200
86.400,00
12,3%
30 60ha 1
8.301 3.599 1
249.030,00 215.940,00
33.082,20
35,4% 30,7% 4,7%
1
12%
992.603
119.112,36
16,9%
1%
Total despesas Acumulado nos últimos 12 ms >> Custo de 1 saca de café Produção acumulada de sacas
Curso Técnico em Agronegócio
703.564,56
Quant. R$/unid. 6
R$
%
7.200,00
21,4%
0,00 0,00
16.541,10
0,0% 0,0% 49,1%
992.603 9.926,03
29,5%
1.200
1
Mês atual >> 33.667,13
Últimos 12 ms >> 293,15 Média 12ms >> 2.400
Mês atual >>
O objetivo é que você conheça os três conceitos de modelagem de custo de produção. Caberá ao gestor nanceiro do agronegócio estabelecer sua própria modelagem, podendo optar por uma das três sugestões ou desenvolver modelos que façam a interação entre os modelos sugeridos. O importante é compreender que custo de produção sempre deverá ser uma ferramenta para ns estratégicos, não tendo compromissos com as regras legais ou teóricas da contabilidade, e que a melhor conrmação de que a opção operacional das estratégias escolhidas pelo gestor nanceiro será os resultados que o livro-caixa terá de demonstrar.
Tópico 2: Avaliação da rentabilidade do empreendimento no agronegócio Imagine o seguinte cenário: como técnico em agronegócio, você é contratado por um médio produtor rural, dono de uma propriedade que produz leite de cabra, para auxiliá-lo a otimizar as atividades do ciclo produtivo. O objetivo é diminuir trabalhos que onerem os custos de produção e, com isso, a margem de lucro aumente. Depois de calcular os custos de produção e analisar os processos produtivos, incluindo as atividades de cada prossional, você percebe que é preciso medir a rentabilidade atual do investimento feito no negócio para saber como aumentar os ganhos!
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Fonte: Shutterstock
Para isso, você deverá encontrar a medida de rentabilidade, que também é conhecida como custo de oportunidade. Mas do que se está falando exatamente? Trata-se de uma medida para auxiliar a busca por bons resultados. Isso porque, no caso de projetos futuros, é com base no custo de oportunidade que os empreendedores conseguem empregar seus capitais de modo a obter um resultado melhor que o custo de oportunidade registrado. Também é uma medida para avaliar o ciclo produtivo em andamento ou os nalizados, bastando comparar a medida de rentabilidade com os resultados alcançados no momento. É importante lembrar que os resultados encontrados como medida de rentabilidade do capital investido no empreendimento devem ser sempre comparados a uma medida de rentabilidade estabelecida pelos donos do capital. Finanças aplicadas ao agronegócio
Comentário do autor
106
d
Quer ver um exemplo de como isso inuencia os resultados nanceiros da produção? No Tópico 1 do Tema 1, quando você estudou sobre o custo de produção, viu que os gestores adeptos da modelagem tradicional podem exigir que o sistema de produção analisado também remunere o custo de oportunidade para todos os capitais empregados na atividade. Nesse caso, a atividade tem de ser nanceiramente positiva e, ainda, remunerar os capitais que foram aplicados na alternativa oferecida pelo custo de oportunidade. E, como você também viu, usar essa modelagem não é certo nem errado, mas uma escolha que ca a cargo do gestor. Contudo, é importante compreender que tais escolhas podem inuenciar os resultados nanceiros.
Neste tópico, você vai compreender como calcular os resultados nanceiros oferecidos pelo projeto no futuro. Confrontando esses números com o volume de capital a ser disponibilizado pelos empreendedores, você encontrará a medida de rentabilidade, que baseará a tomada de decisão de realizar ou não o empreendimento. Portanto, quando utilizada na fase de planejamento de projetos futuros, a medida de rentabilidade auxilia o gestor a vericar a viabilidade do projeto. E, quando comparada ao resultado do ciclo produtivo concluído, será obtida a rentabilidade alcançada diante do capital que foi investido.
A função social da terra é mundialmente reconhecida, mas, se o produtor rural não tiver rentabilidade, como será cumprido esse compromisso? 1. Características próprias do agronegócio Independentemente da potencialidade dos empreendimentos no agronegócio, o lado “dentro da porteira” tem características próprias, como os volumes de capitais imobilizados em terras, animais e também plantas (no caso das culturas perenes). Ao se analisar o projeto de determinada atividade, deve-se ter o valor do desembolso inicial de capital, que inclui, por exemplo, a aquisição de terras e de animais, as despesas para implantação de uma cultura perene, a compra de equipamentos, as benfeitorias, além do capital de giro. Denido um período de tempo – também denominado horizonte de tempo – de maturação do empreendimento, o confronto entre as despesas de custeio, juntamente com as devidas depreciações, e as receitas geradas vai indicar os resultados anuais.
Curso Técnico em Agronegócio
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Ao nal do horizonte planejado, carão estabelecidos os valores residuais para os investimentos semixos (equipamentos, benfeitorias e animais), que, se somados ao valor da terra, resultarão na viabilidade do empreendimento proposto. RECEITAS
1º ano
o t n e m i t s e v n I
DESPESAS
RECEITAS
RECEITAS
2º ano
RECEITAS
3º ano
DESPESAS
DESPESAS
4º ano
DESPESAS
RECEITAS
5º ano
l a u d i s e R r o l a V
107 6º ano
DESPESAS
Horizonte do projeto
Legenda: Visão conceitual do ciclo de investimento Fonte: Elaborado pelo autor.
Vale destacar que a terra não sofrerá depreciação, os animais ainda terão valor de mercado e, no caso de projeto com plantas perenes, estas já deverão ter chegado ao seu limite produtivo. Portanto, apesar de seguir de forma correta os princípios da contabilidade, essa análise não traduz da melhor forma os empreendimentos no agronegócio. O fato de ser obrigatória a renovação planejada do que se pode chamar de “parque fabril” no agronegócio, que seriam as plantas e os animais, aliada à capacidade innita de produção Finanças aplicadas ao agronegócio
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da terra – desde que manejada modo sustentável para manter saudáveis seus aspectos físicos e químicos –, leva os prossionais que lidam diretamente com sistemas de produção no agronegócio a repensar os modelos de avaliação dos reais resultados alcançados pela atividade. O fator natureza é forte demais nos resultados, e os modelos de avaliação nanceira geralmente não conseguem monetizar o potencial que ela possui quando aliada ao trabalho equilibrado – a denominada sustentabilidade na produção de alimentos. Monetizar Transformar algo ou alguma coisa em resultado nanceiro.
Nesse sentido, pode-se dizer que a matriz BCG, por exemplo, não se aplica porteira adentro. Mas há outras formas de gerir as nanças de um empreendimento rural que são mais voltadas para as atividades de dentro da porteira. O conteúdo que você está estudando nesta unidade curricular é exemplo disso. Matriz BCG A matriz BCG é uma análise gráca relacionada à gestão de marcas e produtos, sendo relacionada ao marketing . Leva esse nome porque foi desenvolvida pela empresa americana Boston Consulting Group.
Uma parte que deve ser indispensavelmente gerida é o estoque. Sem o estoque não é possível produzir, no entanto ele também traz grandes custos para a produção se não for bem adquirido e utilizado o mais breve possível. Esse fato, somado aos efeitos constantes da natureza nos resultados esperados, deve criar um olhar diferenciado para a análise nanceira do empreendimento no agronegócio, em que cada gestor poderá ter sua própria visão, um princípio também defendido por Ghemawat (2000). Leitura complementar
c
Você sabia que o estoque é um investimento? Geralmente, ele representa uma grande parcela dos investimentos totais do empreendimento. E, como todo investimento, o estoque tem um custo de nanciamento. Saiba mais sobre como analisar investimentos no arquivo “Análise de investimento”, disponível na biblioteca do AVA.
2. A análise nanceira do empreendimento no agronegócio Para ns de facilitação da análise nanceira, é preciso compreender dois tipos de mecanismos de avaliação do desempenho nanceiro do empreendimento no agronegócio: 1. Avaliadores – estabelecem índices e valores monetários para confrontação. Entre esses mecanismos, tem-se a taxa interna de retorno (TIR) e o valor presente líquido (VPL). Curso Técnico em Agronegócio
2. Referenciadores – estabelecem padrões físicos e/ou monetários de comparação. Entre eles, estão a relação custo-benefício, o payback descontado e o ponto de equilíbrio ( break even point ).
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3. Mecanismos avaliadores: TIR e VPL A TIR e o VPL são mecanismos que trabalham com a noção do valor do dinheiro no tempo. O objetivo, ao trabalhar com eles, é avaliar o uxo de caixa de um projeto, confrontando o investimento inicial com os resultados líquidos obtidos periodicamente. Esses avaliadores também serão usados para analisar os resultados alcançados em empreendimento que tenha terminado seu ciclo. A fórmula nanceira é baseada no princípio de apuração do valor presente. Para tanto, tem como referência a taxa de juros considerada pelo avaliador como justa para a realização da análise. Conheça-a um pouco melhor! Taxa interna de retorno (TIR) Com a aplicação desse mecanismo de avaliação nanceira sobre um uxo de caixa, será determinada a taxa de rentabilidade anual prevista para um projeto em dado horizonte de tempo. A TIR também informa a máxima taxa de juros que certo projeto suportaria para o custo nanceiro do capital que foi utilizado neste. Para isso, basta aplicar o mecanismo sobre o uxo de caixa, realizando a soma do investimento inicial (que será um valor negativo, pois é uma saída) com as receitas líquidas anuais projetadas para determinado tempo, considerando o valor presente a certa taxa de juros. O resultado disso deve ser igual a zero. Acompanhe a fórmula a seguir.
Finanças aplicadas ao agronegócio
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- investimento inicial + receitas
soma
� FC ⎲ ⎳ ⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼ ₌ (1 + TIR)
=0
resultado
1
horizonte de tempo
Olhando por cima, pode até parecer complicado, não é? Mas, hoje em dia, com o auxílio da tecnologia, é possível fazer esse cálculo de forma simplicada e automática. Para isso, no subtópico a seguir, será mostrado como calcular a TIR usando uma planilha do programa Microsoft Excel®.
Lembre-se: embora se possa utilizar a tecnologia para calcular a TIR, e também o VPL, entender a lógica das fórmulas também é importante para compreender o resultado e como esse mecanismo pode auxiliar o gestor do empreendimento rural. Valor presente líquido (VPL) O valor presente líquido indica se o projeto vai ter resultado positivo ou negativo, em determinado horizonte de tempo, para os capitais nele investidos. Assim, se comparar os VPLs de diferentes projetos, pode-se compreender também qual deles vai proporcionar um lucro maior. A fórmula do VPL é a soma do investimento inicial (número negativo) com todas as receitas líquidas anuais projetadas, trazidas para o momento da análise pela fórmula do valor presente a determinada taxa de juros. Acompanhe a fórmula seguinte.
fluxo de caixa
soma
� ⎲ FC ⎳ ⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼ ₌ (1 + i)
horizonte de tempo
0
Assim como a TIR, o VPL também pode ser facilmente encontrado com o uso de uma planilha do Excel®. Ficou curioso para ver como funciona? Então, siga em frente com os estudos, pois esse é o assunto do próximo item!
Curso Técnico em Agronegócio
Uso da TIR e do VPL para análise nanceira de projetos Lembra-se da Fazenda Rio Novo, uma propriedade ctícia dedicada à bovinocultura de leite que se usou para demonstrar as modelagens de custos de produção, neste mesmo tema? Agora, será estabelecido o uxo de caixa da Fazenda Rio Novo projetado para seis anos. Aqui se considera que o sistema de produção está estabilizado e não há variações de produção. Veja alguns dados da propriedade e do projeto de pecuária de leite. Área da propriedade 100 ha
Valor da terra R$ 400.000,00
Valor equipamentos R$ 110.000,00 Custo de Valor das construções e demais benfeitoria Pecuária de leite oportunidade xas - R$ 120.000,00 12% a.a. Rebanho - 100 vacas/ 1 reprodutor/ 12 novilhas/ Natalidade - 75% / Prod. 20 lts/vaca/dia 75 vacas lactação / 305 dias lact 15 bezerras = 104 Valor da vaca - R$ 3.5000,00 / Reprodutor R$ Receitas esperadas 2.500,00 Leite - 475.500 lts x R$ 1,14/l - R$ 542.070,00 Despesas anuais/ custeio = R$ 375.787,56 Bezerro/as = 56 cabeças x R$250,00 /cab - R$ 14.000,00 Valor total dos investimentos - R$ 982.500,00* Vacas descartes = 9 cabeças x R$1.500,00/cab R$ 13.500,00
Fazenda Rio Novo
Legenda: Projeto de pecuária de leite da Fazenda Rio Novo
A análise levará em conta todos os capitais investidos para implantação da atividade e as despesas de custeio. O valor do investimento total será correspondente ao valor da terra, dos equipamentos, das benfeitorias, dos animais e da necessidade de complemento nanceiro do custeio, já que, nesse caso, a atividade começou sua produção normal gerando receitas já no primeiro ano. As despesas de custeio desconsideraram o valor calculado para as depreciações, pois essa é uma despesa contábil, e não nanceira. Os valores relacionados ao custeio que aparecem no uxo de caixa foram retirados da modelagem de custo de produção simplicado para a pecuária de leite. Atenção
`
As análises de rentabilidade realizadas pela TIR e VPL devem ser feitas efetivamente pelo chamado regime de caixa, evitando a inserção de valores contábeis, como os juros sobre capitais próprios e a remuneração do proprietário. A prioridade deverá estar voltada para a confrontação dos desembolsos que realmente deverão acontecer ou aconteceram.
Para começar, precisamos do uxo de caixa do projeto da propriedade ctícia Fazenda Rio Novo para fazer o cálculo da TIR. A m de facilitar, o gestor nanceiro da propriedade já utiliza o Excel® para manter o uxo de caixa de cada projeto. Veja como cou. Finanças aplicadas ao agronegócio
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Fluxo de caixa - Fazenda Rio novo - Leite
112
RECEITAS/ DESPESAS Entradas Leite Bezerros Descarte Aporte de capital TOTAL ENTRADAS Saídas Investimentos Custeio TOTAL DE SAÍDAS SALDO OPERACIONAL
1º ano
2º ano
3º ano
4º anos
5º anos
6º anos
7º anos
542.070 14.000 13.500
542.070 14.000 13.500
542.070 14.000 13.500
542.070 14.000 13.500
542.070 14.000 13.500
542.070 14.000 13.500
542.070 14.000 13.500
1.301,587
569.570
569.570
569.570
569.570
569.570
569.570
982.500 319.087
319.087
319.087
319.087
319.087
319.087
319.087
1.301.587
319.087
319.087
319.087
319.087
319.087
319.087
0
250.483
250.483
250.483
250.483
250.483
250.483
0
250.483
250.483
250.483
250.483
250.483
250.483
732.017
Lucro
732.017 Legenda: Fluxo de caixa do projeto de pecuária de leite da Fazenda Rio Novo
A partir disso, pode-se preparar o uxo de caixa para fazer o cálculo no Excel ®. Nessa etapa, coloca-se em uma célula, em nova linha, o valor de aporte de capital (valor do investimento inicial desembolsado pelos empreendedores) como um número negativo. Em seguida, repete-se o uxo de caixa que foi gerado pela análise nanceira ao lado do valor de aporte. Acompanhe na imagem. LUCRO
0,00
250.483
250.483
250.483
250.483
250.483
250.483
250.483
250.483
250.483
250.483
732.017 -732.017
0,00
Legenda: Preparo do uxo de caixa para cálculo no Excel®
Curso Técnico em Agronegócio
Considerando tudo isso, que tal ver como calcular? Tendo o uxo de caixa gerado pela análise nanceira em uma planilha do Excel ®, seleciona-se uma célula vazia e depois utiliza-se as funções nanceiras do programa. Para isso, deve-se usar a funcionalidade “Inserir funções”, localizada na aba “Fórmulas”.
Clicando em “Inserir função”, será aberta uma nova janela. Nela, é preciso procurar a fórmula TIR. Para isso, digita-se “TIR” no campo “Procure por uma função” ou, em “Ou selecione uma categoria”, seleciona-se a opção “Financeira” e arrasta-se a barra de rolagem até achar a fórmula.
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Em “Selecione uma função”, clica-se sobre a opção “TIR” e, em seguida, em “OK”. Mais uma vez será aberta uma nova janela.
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Agora, no campo “Taxa”, precisa-se inserir o nome da primeira e da última célula do intervalo em que constam os valores do uxo de caixa a serem considerados. Então, informa-se a célula com o primeiro valor, que é o de aporte, e a célula com o último valor, separadas por dois-pontos (:).
Repare que, ao lado do campo, já aparecem os valores de todas as células e, na linha abaixo dos campos, o resultado em decimais. Agora, clica-se em “OK” e pronto! Já se tem o valor nal da TIR, arredondado e em percentual, para esse uxo de caixa.
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Veja que a TIR para o projeto de pecuária de leite da Fazenda Rio Novo, em horizonte de seis anos, foi de 15%. Isso signica que o aporte de capital proposto ao empreendedor no valor de R$ 732.017,00 para esse projeto deverá gerar uma rentabilidade equivalente a 15% de juros ao ano, superando o custo de oportunidade, que é 12% ao ano. Para analisar o ciclo total do investimento em horizonte de seis anos, o valor residual dos investimentos será acrescentado à receita líquida do sexto ano. Nesse caso, a TIR apresentaria uma rentabilidade de 25,4% ao ano. Duplicando a proposta do custo de oportunidade, no entanto, essa rentabilidade só seria alcançada se o empreendedor vendesse suas terras e demais imobilizados, ou seja, ele precisaria sair do mercado.
Portanto, o resultado de 15% ao ano, ao nal do sexto ano, deverá ser o mais importante para a decisão por parte do empreendedor sobre executar ou não o projeto, pois é o tempo mínimo para que ele comece a ter um retorno acima do custo de oportunidade se tudo correr bem. Execute o cálculo da TIR para os anos anteriores. Você verá que a TIR do projeto para o horizonte de cinco anos é de 9,5%; para quatro anos, de 0,9%; para três anos, de -14,1%; e, para dois anos, de -41,5%. Elevando o horizonte para acima de seis anos, a TIR passa a ter um valor superior. Por m, deve-se considerar, ainda, o valor residual, isto é, o valor dos ativos que sofrem depreciação ao nal de suas vidas úteis. Por exemplo, suponha que um equipamento tem vida útil de cinco anos e foi adquirido por R$ 30.000,00. Aplicando uma taxa de depreciação
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de 10% ao ano, se a empresa vender esse equipamento no quarto ano, seu valor residual será de R$ 18.000,00 e o valor depreciado de R$ 12.000,00. Para ns do cálculo do valor residual, foram considerados o valor da terra original (R$ 400.000,00); o valor residual dos equipamentos e das benfeitorias em 10% do valor original (R$ 23.000,00); e o valor original das matrizes e do reprodutor (R$ 352.500), já que a categoria animal teria substituição anual de 10% (descartes) para manter os animais sempre produtivos e com valor comercial. Desse modo, na última coluna do fluxo usado na análise da TIR, o valor passa de R$ 250.483,00 para R$ 1.025.983,00, que é o resultado de: R$ 400.000,00 (terra) + R$ 23.000,00 (10% de benfeitorias/equipamentos) + R$ 352.500,00 (matrizes e reprodutor) + R$ 250.483,00 (lucro do sexto ano) = R$ 1.025.983,00
c
Leitura complementar Para aprender a calcular a TIR manualmente, acesse a biblioteca e conra o texto “Método manual para cálculo da taxa interna de retorno”.
Valor presente líquido (VPL) Para calcular o VPL, continua-se utilizando o uxo de caixa do projeto de leite da Fazenda Rio Novo. Aliás, o cálculo do VPL usa o mesmo uxo de caixa que foi empregado para o cálculo da TIR. E, assim como para a TIR, no cálculo do VPL o valor de investimento inicial será negativo. A diferença é que aqui será considerada a taxa de juros do custo de oportunidade. Veja como é! Os primeiros passos são os mesmos realizados para a TIR. Para começar, seleciona-se uma célula vazia do Excel ® e depois clica-se novamente na opção “Inserir Função”, na aba “Fórmulas”. Feito isso, a janela para selecionar a fórmula será aberta. Nela, deve-se buscar e selecionar a fórmula VPL.
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Agora, no campo “Taxa”, insere-se a taxa de juros do custo de oportunidade, que é de 12%. Para inserir a taxa, é necessário que esteja em formato decimal, por isso, divide-se 12 por 100, chegando-se a 0,12. Feito isso, no campo “Valor 1”, insere-se as células que compõem o intervalo com valores do uxo de caixa e clica-se em “OK”.
Veja que o VPL encontrado para o uxo de caixa do projeto da Fazenda Rio Novo foi de R$ 66.227,77.
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Finanças aplicadas ao agronegócio
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É importante que o valor encontrado seja superior a zero. Isso indica que o investimento inicial terá retorno, logo, demonstra a viabilidade em investir no empreendimento. Assim, para o exemplo, vê-se que o investimento inicial em horizonte de seis anos terá retorno positivo, mostrando que o empreendimento proposto é viável. Mas e se fosse feita comparação com outro projeto? Nesse caso, a análise do VPL também informaria qual dos projetos deixaria maior sobra de dinheiro ao nal do horizonte analisado. Isso vale também para análise comparativa entre variantes dentro do mesmo projeto. Até aqui, tratou-se dos cálculos de TIR e VPL para projetos que estão sendo planejados, mas, como você já sabe, também se pode utilizar esses mecanismos para analisar projetos que já tenham nalizado suas atividades produtivas. Siga em frente para ver como funciona! Uso da TIR e do VPL para análise nanceira de atividades que tenham fechados seus ciclos produtivos Para compreender o cálculo da TIR e VPL de atividades que já tenham nalizado seu ciclo produtivo, como é o caso da produção contínua (em que consideramos 12 meses) e da produção safrista (período entre o início e a comercialização da produção), continuar-se-á a utilizar a propriedade ctícia Fazenda Rio Novo. Serão feitos os cálculos de TIR e VPL da bovinocultura de leite como uma atividade de ciclo contínuo e a produção de soja como ciclo safrista. Acompanhe! O cálculo da TIR para um ciclo da bovinocultura de leite da Fazenda Rio Novo é bem simples. Basta inserir na fórmula do Excel ®, as células com o somatório das despesas de custeio anual (que será um número negativo) e com a receita bruta total anual. Para o cálculo do VPL, deverá ser usado o mesmo procedimento, mas inserindo o custo de oportunidade.
'
Dica Aproveite para revisar o passo a passo e exercitar o cálculo da TIR e do VPL conforme viu no subtópico anterior.
São utilizados como despesas os valores demonstrados nas planilhas de custo de produção, analisando os dois modelos de custo: o simplicado (modelo A) e o tradicional com suas variações (modelo B). As receitas consideraram a venda de leite e animais, conforme apontado na tabela de pressupostos para essa atividade, que geraram o uxo de caixa. E para o VPL também se continua considerando o custo de oportunidade de 12%. Veja os resultados! Modelagem A Despesas Receitas TIR VLP
CT -R$ 375.787,56 R$ 569.570,00 52% R$ 118.533,11
Modelagem B CO -R$ 319.087,56 R$ 569.570,00 78% R$ 169.158,11
COT -R$ 405.787,56 R$ 569.570,00 40% R$ 91.747,40
Legenda: Resultados de TIR e VPL para projeto ciclo contínuo (produção de leite) nalizado
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CT -R$ 514.347,50 R$ 569.570,00 11% - R$ 5.181,12
Repare que, sob a ótica da modelagem A, o projeto apresentou rentabilidade. E, na modelagem B, que exigiu a inserção do pagamento de todos os capitais envolvidos na produção, inclusive a terra, não apresentou rentabilidade. Observe agora a análise de uma cultura safrista da Fazenda Rio Novo, que é a produção de soja. Para isso, considera-se um ciclo completo com seis meses, que abrange desde o plantio até a comercialização total da produção. O custo de oportunidade também será de 12% ao ano, mas, como serão analisados seis meses, isto é, meio ano, a taxa de juros utilizada também será a metade - 6% ao ano. E o preço da saca de soja usado para os cálculos é de R$ 61,00. Modelagem A Despesas Receitas TIR VLP
CT -R$ 159.991,60 R$ 230.580,00 44% R$ 54.279,91
Modelagem B CO -R$ 146.191,60 R$ 230.580,00 58% R$ 67.298,78
COT -R$ 174.991,60 R$ 230.580,00 32% R$ 40.128,96
CT -R$ 221.131,10 R$ 230.580,00 11% - R$ 3.398,86
Legenda: Resultados de TIR e VPL para projeto safrista (produção de soja) nalizado
Agora as análises apresentam o horizonte de seis meses, tempo que foi determinado para o completo ciclo da safra de soja. Como você pode ver, a modelagem A apresenta resultados positivos, mostrando que o projeto era viável e foi rentável. Já na modelagem B, o custo total não demonstrou viabilidade, pois o resultado da TIR cou abaixo do custo de oportunidade de 6% e apresentou VPL negativo.
Em casos de análises de projetos com culturas safristas, tanto a TIR como o VPL sempre representarão o horizonte determinado pelo ciclo total da safra. Lembre-se de que as análises de TIR e VPL devem priorizar o confronto de rentabilidade dos capitais efetivamente utilizados para o sistema de produção. A depreciação empregada no custo de produção também terá de ser considerada na análise, pois se trata da reposição de capital que já foi desembolsado, necessitando ser avaliado quanto à sua efetiva rentabilidade. Leitura complementar
c
Saiba mais sobre as controvérsias do uso da TIR e do VPL para comparar resultados de projetos. Acesse o texto “Análise de invesmentos: controvérsias na ulização da TIR e VPL na comparação de projetos”, disponível na biblioteca.
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4. Mecanismos referenciadores: relação benefício-custo
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A chamada relação benefício-custo, ou relação B/C, tem a nalidade de informar, dentro do horizonte de análise do empreendimento, quanto que cada unidade monetária - neste caso, R$ 1,00 - criará de valor também em unidades monetárias. O cálculo da relação B/C é muito simples: pega-se o VPL do projeto, divide-se pelo valor do investimento inicial e soma-se 1 ao resultado. Veja na fórmula:
B/C =
� ⎲ ⎳ FC (1 + i) ₌ ⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼ 0
VPL
+1
P0 investimento inicial
Como exemplo, será usado o quadro de análise de TIR e VPL para o ciclo de doze meses do projeto de bovinocultura de leite da Fazenda Rio Novo sob a ótica da modelagem A para analisar a relação B/C desse mesmo projeto, considerando o horizonte de doze meses. Então, pega-se o valor do VPL, que é R$ 118.533,00, e divide-se por R$ 375,787,00, que é a despesa relativa ao aporte de capital. Depois, soma-se 1 ao resultado encontrado. Assim, tem-se:
118.533,00 B/C = ⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼ +1 = 1,32 375.787,00
Com mais essa informação, o quadro de análise nanceira dos mecanismos de avaliação que utilizam índices e valores monetários, no caso do ciclo produtivo do projeto leiteiro da Fazenda Rio Novo, ca da seguinte forma: Modelagem A Despesas Receitas TIR VLP B/C
1:
CT -R$ 375.787,56 R$ 569.570,00 52% R$ 118.533,11 1,32
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Modelagem B CO -R$ 319.087,56 R$ 569.570,00 78% R$ 169.158,11 1,53
COT -R$ 405.787,56 R$ 569.570,00 40% R$ 91.747,40 1,23
CT -R$ 514.347,50 R$ 569.570,00 11% - R$ 5.181,12 0,99
E, para o ciclo produtivo de soja de seis meses, tem-se: Modelagem A Despesas Receitas TIR VLP B/C
1:
CT -R$ 159.991,60 R$ 230.580,00 44% R$ 54.279,91 1,34
Modelagem B CO -R$ 146.11,60 R$ 230.580,00 58% R$ 67.298,78 1,46
COT -R$ 174.991,60 R$ 230.580,00 32% R$ 40.128,96 1,23
CT -R$ 221.131,10 R$ 230.580,00 11% - R$ 3.398,86 0,98
Como você pode ver, as análises foram baseadas nos modelos de custo de produção exemplicados anteriormente - a modelagem A (simplicada) e a modelagem B (tradicional). No caso da modelagem B, foram analisados os resultados de custos de produção nas visões do CO, COT e CT; na modelagem A, analisou-se a visão do CT. Na modelagem B o projeto não apresentou resultado satisfatório, ou seja, o preço pago pelo produto não conseguiu cobrir todos os itens considerados pela modelagem em um de seus patamares de análise. Caberá ao gestor determinar qual modelo de custo utilizar a m de formar uma base para tomada de decisão. Vale ressaltar, ainda, a existência da modelagem C, de custo dinâmico, com os mesmos princípios da modelagem A, mas que possibilita a visão mensal das despesas e dos custos. Leitura complementar
c
Saiba mais sobre a aplicação da análise B/C em empresas orestais acessando o texto “Análise benecio-custo: instrumento de auxílio para tomada de decisões na empresa orestal”, disponível na biblioteca.
5. Mecanismos referenciadores: payback descontado e break even point (ponto de equilíbrio) Os mecanismos referenciadores, como o break even point (ponto de equilíbrio) e payback descontado, só devem ser utilizados para estabelecer padrões físicos ou monetários de comparação entre projetos, pois, ao contrário da TIR e do VPL, oferecem pouco efeito conclusivo para análises nanceiras de ciclos produtivos como os que você viu anteriormente. Conheça agora cada um deles! Break even point (ponto de equilíbrio)
O break even point mede quantas unidades de produto será necessário produzir para pagar as despesas de custeio. Portanto, indica quando a empresa vai conseguir igualar receitas e despesas, possibilitando reduzir riscos de prejuízo.
Finanças aplicadas ao agronegócio
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O cálculo se baseia na divisão do valor do custeio dividido pelo preço pago pela unidade de produto:
custeio preço da unidade
⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼ = x unidades/período Por exemplo, imagine uma propriedade ctícia em que é produzido leite de cabra. Com um plantel de 184 animais, a média anual de cabras lactantes é de 92, e cada cabra produz cerca de 2,7 litros/dia, o que dá uma produção de mais de 89 mil litros/ano. Para manter essa produção, todas as despesas resultam no custeio de R$ 84.875,20. Cada litro de leite é vendido por R$ 2,50. Qual seria o break even point para esse projeto? Para encontrar essa resposta, basta dividir 84.875,20 por 2,50, obtendo-se o valor de 33.950 litros/ ano. Portanto, essa é a quantidade de litros de leite que a propriedade deve vender para atingir o ponto de equilíbrio, zerando as despesas do ano para o projeto de produção de leite de cabra.
Payback descontado
O payback descontado é uma análise que considera o tempo que será necessário para que o empreendedor tenha o seu investimento inicial de volta.
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Informação extra
O
O payback sem desconto não informa corretamente o tempo necessário para que o empreendedor obtenha o retorno total do capital a ser imobilizado no projeto, pois não considera o valor do dinheiro no tempo. Dessa forma, é importante evitar o uso do payback sem desconto, pois com ele o tempo projetado de retorno do capital será menor que a expectativa projetada com base no custo de oportunidade oferecida para o capital.
O cálculo será baseado no VPL das receitas anuais, promovendo o desconto das receitas projetadas no futuro, em que são feitas as subtrações referentes ao investimento inicial, e contabilizando o tempo em meses ou anos que serão necessários para o empreendedor ter de volta o capital imobilizado no agronegócio. Desconto Em nanças, o desconto é a atualização por determinada taxa de juros (por exemplo, o custo de oportunidade) de um valor para o dia da análise.
Portanto, para realizar o cálculo, será preciso achar o VPL e somar com o aporte de capital. Em seguida, divide-se esse resultado pelo tempo, em meses, necessário para o empreendedor ter de volta o capital imobilizado no agronegócio. E, por m, divide-se o valor do aporte de capital pelo resultado da divisão anterior.
investimento inicial (VPL+investimento)÷horizonte de tempo
⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼⎼ = número de meses
123 Para facilitar a compreensão, a seguir você vai acompanhar um exemplo de cálculo desse mecanismo em um projeto de agronegócio. A análise nanceira de projetos no agronegócio Considere o resumo da análise nanceira do projeto de café da propriedade ctícia Fazenda Rio Novo que contempla os diversos investimentos da fazenda, assim como as entradas e saídas do projeto para um horizonte de tempo de seis anos (72 meses). Agora, serão utilizados os mesmos conceitos para fazer a análise nanceira do projeto d e café da propriedade ctícia Fazenda Rio Novo, com os pressupostos dos diversos investimentos e outras informações.
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Fazenda Rio Novo
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Café arábica
Área da propriedade Valor da terra 100 ha R$ 400.000,00 Valor das construções e demais benfeitoria xas - R$ 120.000,00
Valor equipamentos R$ 260.000,00 Custo de oportunidade 12% a.a.
60 ha - 400 pés/ha Custo de implantação até a primeira colheita Produtividade R$ 612.603,00 40 sacas/ha 1. colheita 6 sc/100 pés* / 2. colheita 8 sc/1000 pés* / 3. colheita em diante 10 sc/ 1000 pés*
Preço/saca R$ 480,00
* Variação das despesas de colheita em função do aumento de volume de produção
Considere o resumo da análise nanceira do projeto de café da propriedade ctícia Fazenda Rio Novo que contempla os diversos investimentos da fazenda, assim como as entradas e saídas do projeto para um horizonte de tempo de sete anos. Fluxo de caixa - Fazenda Rio novo - Café Receitas/ despesas Entradas Café Aporte de capital Total de entradas Saídas Investimentos Custeio Total de saídas Saldo operacional
1º ano
2º ano
3º ano
4º anos
5º anos
6º anos
7º anos
691.200
921.600
1.152.000 1.152.000 1.152.000 1.152.000 1.152.000
1.964.181
921.600
1.152.000 1.152.000 1.152.000 1.152.000 1.152.000
1.392.603 571.578 1.964,181
651.573 651.573
703.564 703.564
703.564 703.564
703.564 703.564
703.564 703.564
703.564 703.564
0,00
270.027
448.436
448.436
448.436
448.436
448.436
0,00
270.027
448.436
448.436
448.436
448.436
448.436
1.272.981
Lucro
Análises para o horizonte de 7 anos TIR VPL B/C Payback descontado Breack even point
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16,4% R$ 206.210,61 1: 1,16 72 meses 1.411 sacas/anos
Veja que o aporte de capital, no primeiro ano, foi de R$ 1.272.981,00. O VPL é R$ 206.210,61. E o período deve ser referente aos sete anos, portanto, são 72 meses. Agora, aplica-se esses dados na fórmula e, em seguida, realiza-se os cálculos. Primeiro, faz-se a soma do VPL e do aporte de capital. Isso dá R$1.497.191,61. Agora, é preciso dividir esse valor pelo número de meses em que o empreendimento deve ter o aporte de capital retornado, que é 84. Assim, chega-se ao valor de R$ 17.609,42. Por m, basta dividir o valor do aporte por esse resultado que acabou de ser encontrado. O resultado dessa divisão é 72,2. Portanto, o payback descontado informa que o aporte de capital deverá retornar após 72 meses de projeto. E então, cou mais fácil compreender como funcionam o payback descontado e o ponto de equilíbrio? Comentário do autor Relembre o resumo da análise nanceira do projeto de bovinocultura de leite da Fazenda Rio Novo, bem como as análises e os pressupostos para a atividade e a propriedade demonstrados anteriormente.
d
Os resultados encontrados para a análise nanceira do projeto de pecuária leiteira proposto para a Fazenda Rio Novo dizem que a TIR de 15% indica que o aporte de capital (R$ 732.017,00) necessário para a implantação do projeto deverá, ao longo de seis anos, ter rendimento anual de 15%, superando o custo de oportunidade para esse capital, que foi de 12% ao ano. O VPL encontrado (R$ 66.227,77) informa que, em princípio, o aporte de capital deverá ter resultado positivo, e ainda terá uma sobra nanceira líquida ao nal do horizonte do projeto. Já a relação B/C mostra que haverá retorno de R$ 1,09 para cada R$ 1,00 investido. O payback descontado informa que o aporte de capital deverá retornar no 66º mês do projeto, e o break even mostra que, para pagar as despesas médias de custeio, o projeto deverá possibilitar a produção mínima de 279.901 litros de leite por ano.
No início desta apostila, no Tópico 1 (“Introdução à administração nanceira no agronegócio”), do Tema 1, você viu um exemplo de análise de rentabilidade para a utilização de uma nova variedade de milho. Analisou-se 1 hectare pelo método benefício-custo, lembra-se? Com as informações passadas até aqui, você pode complementar a análise nanceira daquele exemplo. No quadro a seguir você encontra os resultados, que podem conrmar as suas conclusões.
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TIR VPL B/C
1:
Breakeven sacas
16,4% R$ 206.210,61 1: 1,16 65
17% R$ 117,13 1,15 86
Legenda: Complemento da análise nanceira do exempl o do Tópico 1 (“Introdução à administração nanceira no agronegócio”) do Tema 1
Nessa análise não cabe o payback descontado. A análise nal deverá comparar a TIR encontrada para os dois sistemas de produção de milho e a oportunidade de aplicação nanceira no mercado de capitais. Caso o empreendedor tenha rentabilidade para o capital proposto superior às informadas à TIR em horizonte de seis meses, caberá a ele a decisão entre plantar o milho ou ir para o mercado nanceiro, depois de analisados todos os riscos envolvidos nas alternativas. Leitura complementar
c
Na biblioteca você encontrará dois textos para se aprofundar nos estudos sobre o break even point e os pos de payback . Acesse “Break even point na avidade rural” e “Payback simples e descontado” para saber mais.
Encerramento do tema Neste segundo tema da Unidade Curricular Finanças Aplicadas ao Agronegócio, você acompanhou as questões relacionadas à gestão nanceira do empreendimento no agronegócio, com ênfase ao custo de produção. Você pôde ver que os preços praticados para os produtos do agronegócio navegam nas leis de mercado livre, o que torna necessário aos gestores nanceiros criar o entendimento da baixa inuência que a produção no agronegócio, por si só, poderá ter na formação de preços. Assim, resta aos gestores ter uma forte e persistente gestão sobre os custos de produção, procurando avaliar a relação benefício-custo como ferramenta básica. Além disso, você estudou também os mecanismos avaliadores da viabilidade e da rentabilidade para projetos agropecuários futuros, em andamento ou nalizados - a TIR e o VPL. E compreendeu os mecanismos referenciadores - o payback descontado e o break even point (ponto de equilíbrio) - que estabelecem padrões físicos e/ou monetários de comparação. Lembre-se de que o gestor nanceiro no agronegócio deve ter liberdade para escolher as ferramentas nanceiras que deverão auxiliar nas diversas tomadas de decisões.
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Atividade de aprendizagem 1. Com relação ao que você viu sobre o custo de produção relacionado às classicações das despesas, leia as alternativas a seguir e marque a correta. a) A contabilidade apresenta a visão do custo de produção com alguns conceitos dif erentes da visão da economia. b) As despesas de mão de obra no empreendimento do agronegócio são consideradas como um custo xo. c) As despesas de mão de obra no empreendimento do agronegócio do café são consideradas como custos variáveis. d) O horizonte de tempo para análise de custo de determinado empreendimento no d) agronegócio deverá ser sempre referente a um ciclo completo da atividade. e) Os custos indiretos e diretos não têm qualquer relação com os chamados custos xos e custo variáveis. 2. Quanto aos fatores do custo de produção e algumas polêmicas sobre suas utilizações na planilha de custo, assinale a armativa correta a seguir. a) A a) A realização do custo de produção em empreendimento do agronegócio deverá seguir as regras da contabilidade, a m de oferecer subsídios para a documentação contábil do empreendimento junto aos órgãos governamentais. b) Os valores de depreciação da terra só podem ser utilizados ut ilizados pelo produtor rural pessoa jurídica. c) No agronegócio as características naturais que se apresentem desfavoráveis para o desenvolvimento de determinada atividade podem ser suplantadas pelo uso da tecnologia, que poderão ser compensadas pelos resultados nanceiros que deverão ser obtidos. d) O termo “custo orçamentado” não existe no mundo da contabilidade, apenas foi empregado com a nalidade de destacar o excesso de utilização de fatores de despesas, na planilha de custo de produção, chamados de indiretos e de fundamentação contábil. e) A inclusão da remuneração do proprietário nas planilhas de custo de produção só deverá ocorrer na agricultura familiar. 3. Considerando 3. Considerando o que você estudou sobre os fatores que compõem os custos de produção, fatores de custos sem polêmicas e fatores de difícil mensuração em suas utilizações na planilha de custo, leia as alternativas a seguir e marque a incorreta.
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a) O a) O gestor nanceiro no agronegócio poderá, para ns do valor de insumos produzidos na propriedade, usar os valores de mercado praticados na região ou, em caso de não existir mercado regional para determinado insumo, utilizar os valores de outras regiões. b) O gestor nanceiro no agronegócio poderá, para ns do valor de insumos produzidos na propriedade, usar, visando ao preço desses insumos, planilha própria de custo de produção do próprio insumo, modelo que se pode chamar de centro de custos. c) As despesas de mão de obra e seus encargos sociais devem ser contabilizadas nas planilhas de custos de produção, imediatamente nos meses de ocorrência das referidas despesas. d) Os gestores nanceiros podem optar pela utilização de planilhas de custos d e produção, seja na modelagem A, B ou C, e até utilizar uma mescla das três, desde que isso seja favorável para seu controle e para a tomada de decisões. e) A modelagem de planilha de custo de produção denominada de custo dinâmico (modelagem C), no caso dos exemplos dados na apostila, apresenta pouca diferenciação em seus princípios de contabilização de despesas e também o custo unitário de produção. 4. Seja 4. Seja qual for a atividade do agronegócio, a planilha do custo de produção deverá conter os diversos insumos utilizados durante o ciclo produtivo. Para isso, o gestor nanceiro deverá desenvolver uma forma de controle dessa rotina. Com relação ao que você estudou sobre o assunto, assinale a armativa correta. a) O a) O tipo de insumo, as quantidades e os preços de aquisição deverão ser cuidadosamente anotados. b) O estoque e seus custos também terão de constar na planilha, embora ainda não tenha sido usado no processo produtivo. c) A má gestão das despesas nanceiras geradas pelos estoques não inuencia nos resultados no livro-caixa. d) Pecuaristas que produzem alguns alimentos para os animais na propriedade só têm uma alternativa para o controle dos custos desses insumos, que é trabalhar com centro de custos. e) O custo de produção no agronegócio deve, obrigatoriamente, estar atrelado às regras estabelecidas pela contabilidade. 5. Com 5. Com relação ao que você estudou sobre as avaliações de rentabilidade do empreendimento no agronegócio, leia as alternativas a seguir e marque a incorreta. a) Rentabilidade nanceira é igual para qualquer tipo t ipo de empreendimento, e o agronegócio não se difere dos demais.
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b) A TIR em um projeto, além de informar a rentabilidade proposta p roposta pelo empreendimento, também informa a máxima taxa de juros ju ros que o capital solicitado para o desenvolvimento desse mesmo projeto poderá suportar. c) O c) O VPL que se aproxima de zero informa que o empreendimento deverá pagar apenas as despesas operacionais. d) O payback sem sem desconto deve ser evitado pelo gestor, pois não trabalha com o valor do dinheiro no tempo. e) O chamado break even point , ou ponto de equilíbrio, poderá servir de ferramenta gerencial quando do uso do custo de produção denominado de dinâmico (modelagem C) pelo gestor nanceiro como avaliador de ciclos contínuos de produção.
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Finanças aplicadas ao agronegócio
03
Financiamentos e outras operações fnanceiras no agronegócio
Tema 3: Financiamentos e outras operações fnanceiras no agronegócio Quando o ser humano aprendeu a cultivar o próprio alimento, deixou de ser nômade. Com isso, passou, também, a domesticar animais e a habitar locais que, aos poucos, foram se tornando cidades. Portanto, podemos dizer que a agricultura e a pecuária foram a base para a construção de civilizações e a evolução da humanidade. Hoje, é difícil imaginar o mundo sem as atividades rurais, que produzem o alimento para abastecer nossos lares. No entanto, cultivar plantas e criar animais envolve riscos que são dif íceis de evitar. Mudanças climáticas, doenças e pragas inerentes à produção agrícola fazem com que o produtor rural tenha de conviver com frequentes quedas na produção, que diminuem a oferta de alimentos no mercado.
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Fonte: Shutterstock
Então, se é difícil, e por vezes até impossível, controlar certos riscos que podem comprometer os resultados da produção rural, como garanti-la? Ao longo deste tema, você verá que os Finanças aplicadas ao agronegócio
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riscos e o esforço do produtor rural são reconhecidos pela sociedade e pelo governo, que edita normas e desenvolve programas para apoiar e manter as atividades rurais do país. Você também conhecerá os instrumentos de crédito rural e verá como ter acesso aos programas de nanciamento que o compõem. Além disso, conhecerá um pouco sobre o mercado futuro e o de opções, cujas negociações são feitas por meio da bolsa de valores, que podem ser boas alternativas para nanciar o ciclo produtivo.
Tópico 1: Crédito rural O Sistema Nacional de Crédito Rural (SNRC) é um dos quatro grandes sistemas utilizados pelo Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED), criado em 1968 a m de aumentar a produção e a produtividade das atividades agropecuárias. Podemos entender que o crédito rural é o principal instrumento de nanciamento no agronegócio brasileiro, embora existam outros mecanismos nanceiros que, de alguma forma e em algum momento, também possam ser acionados para nanciar a produção agropecuária brasileira. Em 1965, houve a primeira resolução do Conselho Monetário Nacional para tornar obrigatória a aplicação de 10% dos depósitos à vista em operações de crédito rural. Esse direcionamento obrigatório de verba cou conhecido como exigibilidade.
Podemos entender a exigibilidade como a porcentagem do total dos depósitos feitos à vista nos bancos que deverá ser aplicada, obrigatoriamente, no crédito rural. A cada ano, os níveis de exigibilidade - ou seja, quanto dos depósitos à vista recebidos pelos bancos deverá ser aplicado em crédito rural - são alterados de acordo com a política de incentivo do governo e a disponibilidade nanceira para a agropecuária para o ano-safra, que ocorre a partir de julho do ano corrente até junho do ano seguinte.
Fonte: Shutterstock.
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Os recursos saídos da exigibilidade são chamados de recursos obrigatórios (RO) e recursos controlados (RC). Eles só podem ser utilizados com taxas de juros delimitadas no plano safra corrente e, normalmente, com algum nível de subsídio. Os bancos também podem gerar recursos de outras fontes para aplicar em crédito rural com taxas de juros que podem ser diferentes das taxas delimitadas pelo ano safra. Essas fontes são chamadas de recursos livres (RL). Para o gestor nanceiro do agronegócio, a informação fundamental para aderir ao crédito rural é a taxa de juros praticada nas operações. Além disso, deverá ser garantido o encaixe do contrato de nanciamento, independentemente da modalidade, como contrato de crédito rural. Desse modo, ele cará sob as condições estabelecidas pelo SNCR, e as nuances próprias das atividades rurais deverão ser respeitadas pelas partes, garantindo maior segurança ao tomador do crédito. Dica
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O assunto “crédito rural” também foi abordado na Unidade Curricular 10 Políticas Públicas para o Agronegócio. Lembra-se? Se sentir necessidade, retome a apostila dessa unidade curricular para recordar o conteúdo.
O governo federal e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) destinam os recursos para o crédito rural por meio do Plano Agrícola e Pecuário (PAP). O Plano de 2015/2016, por exemplo, garante mais de 180 bilhões de reais a serem destinados especialmente para o custeio e a comercialização das safras. Além disso, também aposta no crescimento dos médios produtores rurais, destinando 18,9 bilhões para o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) (MAPA, 2015). Quer ver um exemplo? Acompanhe, nos quadros a seguir, os dados resumidos do PAP 2015/2016 para as operações de custeio e investimento nos setores de agricultura e pecuária.
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PAP 2015/2016 – CUSTEIO AGRICULTURA E PECUÁRIA PROGRAMA Pronamp Estocagem de álcool Demais produtores
LIMITE PRODUTOR R$ 710.000,00 Não há R$ 1.200.000,00
PRAZO 2 anos 0,8 ano 2 anos
TAXA DE JUROS 7,75% TJLP* + 2,7% 8,75%
*Taxa de juros de longo prazo Fonte: Mapa (2015).
PAP 2015/2016 – INVESTIMENTO ‒ AGRICULTURA E PECUÁRIA PROGRAMA Moderfrota/PSI rural Pronamp Moderinfra Programa ABC Inovagro PCA – Armazém PSI – Cerealista
LIMITE PRODUTOR Não há R$ 385.000,00 R$ 2.000.000,00 R$ 2.000.000,00 R$ 1.000.000,00 Não há Não há
PRAZO 10 anos 12 anos 12 anos 15 anos 10 anos 15 anos 15 anos
TAXA DE JUROS De 7% a 9,5% 8,75% 8,75% De 7,5% a 8% 7,5% 8,75% De 9% a 10% Finanças aplicadas ao agronegócio
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Moderagro Prodecoop ProcapAgro Integ. cotaspartes Capital de giro Prorenova
R$ 800.000,00 R$ 100.000,00
10 anos 12 anos
8,75% 8,75%
R$ 50.000,00 De R$ 20.000 a R$ 60.000,00 Não há
6 anos
7,5%
0,6 ano
De 8,75% a 10,5%
1,8 anos
TJPL* + 2,7%
*Taxa de juros de longo prazo Fonte: Mapa (2015).
O PAP é um instrumento para garantir que os investimentos sejam estratégicos. Assim, o Brasil consegue aumentar a sua produção e também a qualidade dos alimentos ofertados, o que dá mais competitividade ao agronegócio brasileiro.
1. Os agentes nanceiros do crédito rural no Brasil Segundo o Manual de Credito Rural (MCR) de 2015, compõem o SNCR as seguintes entidades: Banco Central do Brasil (Bacen), Banco do Brasil, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal (CEF), bancos privados e estaduais, cooperativas de crédito rural, órgãos ociais de fomento e extensão agropecuária, assim como empresas e técnicos particulares de assistência técnica para a agropecuária. No SNCR, essas entidades se dividem em órgãos básicos e órgãos vinculados. Os básicos são o Bacen, o Banco do Brasil, o Banco da Amazônia e o Banco do Nordeste. Já, entre os órgãos vinculados, está, segundo a Lei n o 4.504/1964, o BNDES. Há, ainda, os vinculados auxiliares, que incluem agências de fomento, bancos estaduais, inclusive de desenvolvimento, bancos privados, CEF, cooperativas autorizadas a operar em crédito rural e sociedades de crédito, nanciamento e investimento, e, como órgãos vinculados incorporados, há as instituições integrantes do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) (BACEN, 2015). A entrada de outras entidades também pode ser permitida pelo Conselho Monetário Nacional. Já o controle do SNCR é responsabilidade do Bacen. Assim, qualquer instituição nanceira que queira atuar como agente nanceiro de crédito rural deverá ser autorizada pelo Banco Central.
Os agentes nanceiros são as partes responsáveis por captar os depósitos e operar o crédito rural; por isso, também são chamados de “operadores nanceiros do crédito rural”, tendo como obrigação cumprir a exigibilidade. Para isso, podem repassar os valores a outros agentes nanceiros ou para o Banco Central. Já os beneciários de crédito rural, isto é, as pessoas que podem utilizá-lo, são os produtores rurais e os pescadores que atuam como pessoas físicas ou jurídicas, as cooperativas de
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produtores e os prestadores de serviços voltados à produção e à tecnologia de sementes ou mudas certicadas, à inseminação articial, à topograa de lavouras, às atividades orestais e à patrulha mecanizada para agropecuária.
FONTES
AGENTES FINANCEIROS
BENEFICIÁRIOS
Recursos obrigatórios
Bancos públicos
BNDES
Bancos privados
Produtos rurais pessoas físicas
Fundos constitucionais
Cooperativas de crédito
Empresas rurais
Recursos livres Funcafé
Cooperativas de produtores rurais
Fonte: Adaptado de Sistema FAEP (2015)
Além desses, o MCR (BACEN, 2015) dispõe que também podem ser beneciárias as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam as seguintes operações: • atividades orestais; • medição de lavouras; • pesquisa ou produção de sêmen e embriões;
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• prestação de serviço de inseminação articial animal; • prestação de serviços mecanizados para agropecuária, incluindo a proteção do solo do imóvel rural; • pesquisa ou produção de mudas ou sementes scalizadas ou certicadas. Isso porque essas atividades são ligadas ao setor e também são muito importantes para que o agronegócio avance. Atenção
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Observe que a obtenção do crédito rural não é permitida para os sindicatos rurais, os estrangeiros residentes no exterior e para o parceiro do empreendimento, caso o contrato de parceria limite o acesso de uma das partes ao nanciamento.
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Para receber o crédito rural, são exigidas a revisão cadastral da pessoa física ou da empresa, os documentos da terra e o comprovante da inscrição da propriedade a ser beneciada no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Ao entregar esses documentos ao agente nanceiro, também deverá ser apresentado um orçamento e um plano simples ou um projeto completo sobre os objetivos da utilização do crédito rural. Esse plano deve ser elaborado por um técnico com formação na área de Agronomia ou Ciências Agrárias ou por empresas de projetos agropecuários devidamente credenciados aos agentes nanceiros. No subtópico a seguir, você verá mais sobre a elaboração do plano simples e do projeto completo para obter o crédito rural. Fique atento e acompanhe as informações.
2. Formatos de projetos para a obtenção do crédito rural Para obter o crédito rural, o produtor proponente deverá buscar um técnico autônomo ou empresas de projetos agropecuários, devidamente credenciados aos agentes nanceiros, para elaborar um plano simples ou um projeto completo, a ser entregue junto com os demais documentos exigidos para solicitar o crédito rural. Mas como esse plano ou projeto deve ser feito? Em linhas gerais, a composição mínima do plano simples e dos projetos de crédito rural deverá demonstrar ao agente nanceiro as seguintes informações: • identicação do proponente; • identicação da propriedade rural; • objetivos da proposta; • orçamento; • formatação técnica do uxo produtivo proposto (forma, índices, produções etc.); • uxo nanceiro da atividade com as respectivas amortizações do empréstimo pretendido; • descrição e avaliação das garantias.
Leitura complementar
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Para saber mais sobre os agentes nanceiros e os detalhes necessários para fazer o plano simples ou o projeto completo, você pode acessar o MCR, disponibilizado pelo Bacen no link . Ao acessar o MCR, você poderá baixar os trechos em arquivo para imprimir.
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Essas são as exigências dispostas no MCR e cobradas pela maioria dos agentes nanceiros, porém é possível que existam particularidades de cada agente. A CEF, por exemplo, opera o crédito rural diretamente aos produtores rurais e, por isso, utiliza modelos de projetos próprios, que são feitos em planilhas de Excel ® e apresentam uma série de limitações operacionais impostas. Apesar disso, a CEF também admite que o técnico apresente sua proposta em forma de projeto completo, desde que a atividade de produção sugerida não se enquadre na forma apresentada pelas planilhas. Esse é o caso da produção de animais para a comercialização de raças e do cultivo de produto agrícola com ponto técnico para comercialização diferente do tradicional. Por exemplo, a mandioca-farinha é uma atividade com prazo e preço de comercialização diferentes da mandioca de mesa. Assim, se o cultivo de mandioca-farinha não se enquadrar na forma da planilha da CEF, o técnico poderá apresentar um projeto completo nos moldes do MCR para solicitar o crédito rural. A assistência técnica prestada pelos elaboradores dos planos ou projetos é obrigatória em casos especícos ou de comum acordo entre o técnico e o proponente. Portanto, cabe ao produtor decidir se deseja contratar os serviços de assistência técnica, a menos que o agente nanceiro exija. As despesas de elaboração de projeto e assistência técnica também são nanciáveis pelo crédito rural.
A assessoria de técnicos para elaborar projetos de crédito rural é muito importante para se pensar sobre as tecnologias de produção que serão utilizadas nos sistemas de produção e, principalmente, pelo assessoramento nas questões relacionadas à operação de crédito rural e em todos os desdobramentos que possam acontecer. Essa assistência facilita a interlocução entre os produtores e os agentes nanceiros, dando mais segurança para ambas as partes. Atenção
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O técnico que dará a assistência deve ser um prossional registrado em um dos seguintes Conselhos Regionais: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea), Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) ou Conselho Regional de Biologia (CRB).
É importante saber, também, que as operações de crédito rural estão sujeitas a scalizações do agente nanceiro de acordo com seu cronograma interno e, em casos excepcionais, pelo Bacen. Além disso, também podem ser realizadas scalizações por sensoriamento remoto, como imagens de satélite.
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3. As operações de crédito rural para o agronegócio
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O crédito rural funciona por meio de operações que têm como objetivo viabilizar o custeio, o investimento e a comercialização da produção rural. As operações de custeio destinam-se a cobrir despesas de ciclos produtivos que tenham a duração média dos ciclos de produção, podendo chegar a até dois anos. A forma de pagamento deverá estar atrelada ao processo comercial do produto nanciado. O crédito pode ser pago em prestações mensais, seus múltiplos ou liquidação total ao nal da comercialização. As operações de investimento destinam-se à aquisição de bens e serviços que serão utilizados ao longo de vários ciclos produtivos. Elas poderão ter carência de pagamentos de acordo com a resposta produtiva provocada pelo uso dos bens e serviços incorporados ao sistema de produção. Assim, o pagamento pode ser prolongado por até 15 anos, conforme os retornos nanceiros alcançados. As operações de comercialização destinam-se a cobrir despesas da fase de colheita ou para emissão de títulos lastreados com produtos agropecuários entregues em cooperativas ou agroindústrias.
Títulos lastreados Nas operações do mercado nanceiro, lastros são os títulos dados em garantia de uma operação de mercado aberto, que é uma técnica de intervenção do Bacen no mercado monetário por meio da compra e da venda de títulos (ECONOMIANET, 2016). Nesse caso, trata-se de títulos que dão a garantia de entrega dos produtos agropecuários em cooperativas ou agroindústria.
As operações podem ocorrer conforme os programas de crédito rural. Podese dizer que eles sejam de três tipos, em que se encaixam contratos, fundos e programas especícos. São eles: Programas gerais • Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp). • Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). • Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). • Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro).
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Programas especiais • Fundo de terra e da reforma agrária. • Programa de recuperação da lavoura cacaueira baiana. • Programa de cooperação nipo-brasileira para o desenvolvimento dos cerrados. Programas com recursos do BNDES • Programa de capitalização de cooperativas agropecuárias (ProcapAgro). • Programa de incentivo à irrigação e à armazenagem (Moderinfra). • Programa de modernização da frota de tratores agrícolas e implementos associados e colheitadeiras (Moderfrota). • Programa de desenvolvimento cooperativo para agregação de valor à produção agropecuária (Prodecoop). • Programa para redução de emissão de gases de efeito estufa na agricultura (Programa ABC). • Financiamentos passíveis de subvenção econômica pela União. • Programa de incentivo à inovação tecnológica na produção agropecuária (Inovagro). • Programa de construção e ampliação de armazéns (PCA). • Programa de apoio à renovação e à implantação de novos canaviais.
Dica
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A Unidade Curricular 10 - Políticas Públicas para o Agronegócio descreve os programas de crédito rural com mais detalhes. Retome a leitura da apostila dessa unidade para relembrar o assunto.
Além desses programas, existe ainda um instrumento especial de política agrícola que é o contrato de opção de compra e venda. Esse instrumento é regulado pelo Bacen e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e é operado pela Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBovespa). Você verá mais sobre ele no Subtópico 2 – A lógica operacional dos contratos futuros e do contrato de opções agrícolas, do Tópico 2 – Contrato futuro e de opções agrícolas, deste tema. Também existe a possibilidade de negociação para outros tipos de recebíveis que são praticados com taxa de juros de crédito rural, como a nota promissória rural e a duplicata rural.
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Informação extra
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O
Segundo o Bacen (2015), tanto a nota promissória rural como a duplicata rural são títulos de crédito utilizados nas vendas a prazo de bens de natureza agrícola, extrativa ou pastoril quando essas vendas são feitas diretamente pelo produtor rural ou pela cooperativa de que ele participa. A nota promissória rural pode ser utilizada, por exemplo, quando a cooperativa entrega bens de produção ou de consumo aos seus cooperados. O devedor costuma ser uma pessoa física. Já a duplicata rural, uma vez emitida pelo vendedor, obriga-o a entregá-la ao comprador, que a devolverá depois de assiná-la. Nesse caso, o devedor geralmente é uma pessoa jurídica.
Os produtores rurais devem estar bastante atentos à documentação necessária para as operações de crédito rural. Cada vez mais, os agentes nanceiros aumentam as exigências para conceder o crédito, muitas vezes forçados pelas constantes alterações na prevenção do risco de crédito aliadas às mudanças das legislações municipal, estadual e federal. É necessário estar preparado para atender às questões relacionadas à regularização da propriedade ou de contratos de arrendamentos, às declarações de renda passadas relativas à atividade agropecuária e às pretensões de novos créditos. Atualmente, a regularidade das propriedades está diretamente relacionada o Cadastro Ambiental Rural (CAR), uma ferramenta importante para os agentes nanceiros e para o planejamento da utilização sustentável dos recursos da propriedade.
Atenção
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Para ter acesso ao crédito rural, o proprietário deve ter o comprovante da inscrição de sua propriedade no CAR conforme as exigências do Novo Código Florestal Brasileiro, o que inclui fazer o levantamento topográco da propriedade.
Agora que você já viu quais são as operações e os programas de crédito rural, conheça alguns detalhes sobre o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), um importante programa para quem exerce atividades rurais e um instrumento de política pública que é essencial para manter a atividade agropecuária no país.
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4. Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) As produções agropecuárias dependem de fatores externos sobre os quais, muitas vezes, os produtores têm pouco controle. É o caso do clima, da temperatura e das pragas e doenças que atingem plantações e rebanhos, causando perdas e prejuízo. Não é raro acontecerem, por exemplo, fenômenos climáticos que prolonguem os períodos de seca ou de chuva. Pensando nisso, o governo desenvolveu o Proagro, que tem como objetivos (BACEN, 2015): • isentar o produtor rural que recebe empréstimo de custeio de pagar suas dívidas caso haja perda de receita causada por chuva em demasia, geada, granizo, seca, variação excessiva de temperatura, ventos fortes, ventos frios, doenças e pragas sem método difundido de combate, controle ou prolaxia tecnicamente e economicamente viáveis; • indenizar os recursos do produtor rural que são utilizados no custeio; • promover o uso de tecnologia. Portanto, o Proagro cobre a parcela de nanciamento e, também, a parcela de recursos próprios utilizados para a implantação da cultura de produção. Porém, não cobre os lucros cessantes, isto é, aquilo que o produtor rural deixou de lucrar devido a um dano ocorrido.
O Proagro visa a atender pequenos e médios produtores rurais. Tanto produtores como cooperativas rurais podem ser beneciários, e o programa é válido também para o produtor rural em atividade que não esteja sendo nanciada. Há alguns fatores que não são cobertos pelo Proagro, como: • incêndio; • erosão;
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• plantio fora de época ou em momento impróprio; • práticas inadequadas de controle de pragas e doenças; • deciências nutricionais; • tecnologia inadequada; • cancro da haste; • nematoide de cisto na lavoura da soja; • gripe aviária; • mal da vaca louca. Mas como os operadores do crédito rural saberão qual é o caso e se ele pode ser encaixado ou não no programa? Para que o produtor tenha o amparo do Proagro, um técnico credenciado
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deverá avaliar o tamanho do dano ocorrido no sistema de produção e fazer um laudo. Somente depois disso o produtor rural poderá solicitar o crédito do Proagro no agente nanceiro. Nesse momento, é essencial que o produtor tenha pleno conhecimento de todas as obrigações a serem cumpridas e dos limites para a aplicação do dinheiro das indenizações. Por exemplo, no caso de danos inferiores a 100% da probabilidade de ter todo o resultado produção, o valor obtido pela venda da produção remanescente servirá para amortizar a dívida de crédito rural ou diminuirá o valor a ser pago pelo agente do Proagro para atividades não nanciadas. O programa terá custo mínimo de 2% e máximo de 6% sobre o valor orçado para a implantação da cultura, e todas as despesas realizadas deverão ser comprovadas por notas scais ou outros documentos compatíveis.
A atenção às regras vale para todos os programas e linhas de crédito. Portanto, quando pensar em solicitar, procure se informar sobre o melhor. Você pode buscar informações no MCR ou no próprio agente nanceiro. Caso o agente nanceiro negue o pedido do produtor rural para obter a cobertura do Proagro, este poderá recorrer à Comissão Especial de Recursos (CER) ligada ao Mapa.
5. Cédula de Produto Rural e demais títulos do agronegócio: o nanciamento privado da agropecuária Os títulos do agronegócio têm como objetivo viabilizar o nanciamento do setor agropecuário com recursos privados. Hoje, há cinco títulos do agronegócio, que são: • Cédula do Produto Rural (CPR); • Certicado de Depósito Agropecuário/ Warrant Agropecuário (CDA/WA); • Certicado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA); • Letra de Crédito do Agronegócio (LCA); • Certicado de Recebíveis do Agronegócio (CRA).
Warrant
Título emitido por armazém encarregado da guarda e da conservação de mercadoria, passível de negociação.
Conheça um pouco de cada um deles, com ênfase na CPR, pois ela é a mais acessível à produção no agronegócio. Fique atento às informações!
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Cédula do Produto Rural (CPR) A CPR, criada em 1994 pela Lei n o 8.929, é um título de crédito lastreado em garantia real que pode ser emitido tanto pelo produtor rural como por uma cooperativa de crédito. Entenda melhor o que isso signica! Esse é um título para uma venda a termo, ou seja, uma venda que será concluída no futuro. O produtor, ou a cooperativa de crédito, emite a CPR para comercializar seus produtos e recebe o valor por eles antecipadamente, cando obrigado a fazer o que se costuma chamar de pagamento em produto, ou em valor nanceiro, dependendo do tipo de CPR. Existem dois tipos de CPR: a física e a nanceira. Veja. CPR física Deve ser utilizada quando o interesse das partes é o pagamento em mercadoria. O produtor e emitente da CPR vende o produto e recebe o dinheiro quando o título é formalizado. Depois, ca obrigado a de entregar uma determinada quantidade de produto em uma data futura, conforme o ciclo de produção e o acordo rmado.
CPR nanceira É semelhante à CPR física, porém o resgate é em dinheiro. Nesse caso, o interesse do produtor é manter a mercadoria para comercialização posterior. Então, esse tipo de CPR serve como lastro, ou garantia, de nanciamento. Para corrigir a desvalorização da moeda, ca estabelecido um indexador (ou índice de reajuste) para o montante nanceiro disponibilizado pelo comprador, garantindo que, no momento do vencimento da CPR, ele receberá o valor emprestado com a correção nanceira.
No caso da CPR nanceira, não há incidência de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nem obrigação de declarar em Imposto de Renda (IR). Então, por exemplo, o produtor, ou sua cooperativa, pode emitir uma CPR para antecipar recursos e, assim, poder adquirir insumos para o desenvolvimento da sua atividade rural. Comentário do autor
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A CPR pode ser considerada uma evolução nas relações de troca entre os fornecedores de insumos, como pode acontecer nas cooperativas, que antecipam mercadorias a produtores para depois ter o pagamento em produto, criando uma forma de nanciamento diferente das fontes de crédito rural.
As CPRs são operacionalizadas por agentes nanceiros, e os títulos são registrados na BM&FBovespa. Além disso, elas podem servir de lastro para as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), que você conhecerá mais à frente.
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Complemente seus estudos sobre a CPR acessando a biblioteca do curso. Lá, você encontrará um texto sobre esse título que servirá como captação de recursos ou insumos para a produção rural.
Certicado de Depósito Agropecuário (CDA) Também chamado de Warrant Agropecuário (WA), esse título de crédito representa a promessa de entrega de produtos agropecuários, seus derivados, subprodutos e resíduos de valor econômico, emitidos por armazenadores devidamente credenciados para tal. Certicado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) Esse é um título de crédito de livre negociação e com promessa de pagamento em dinheiro. Trata-se de um recebível garantido por negócios entre produtores, cooperativas e terceiros, inclusive nanciamentos ou empréstimos relacionados à produção, à comercialização ou à industrialização de produtos relacionados ao agronegócio. Os CDCAs podem ser emitidos por cooperativas de produtores rurais ou outras pessoas jurídicas que trabalhem com beneciamento e comercialização de máquinas e equipamentos agropecuários. Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) Trata-se de um título de crédito de livre negociação e com promessa de pagamento em dinheiro que pode ser emitido por instituições nanceiras públicas e privadas. Em geral, é um título de renda xa oferecido por agentes nanceiros e que é isento de IOF e imposto de renda (IR) para os investidores. Títulos de renda xa São títulos que pagam, conforme juros denidos na aplicação ou no resgate, uma remuneração em períodos denidos. Ao comprar um título, pode-se dizer que o investidor empresta o dinheiro ao emissor. Os juros cobrados por emprestar esse dinheiro são a remuneração do investidor.
Assim como os CDCAs, trata-se de um recebível lastreado por negócios entre produtores, cooperativas e terceiros, inclusive nanciamentos ou empréstimos relacionados à produção, à comercialização ou à industrialização de produtos relacionados ao agronegócio. Certicado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) O CRA é também um título de crédito de livre negociação e com promessa de pagamento em dinheiro. Trata-se de recebível lastreado por negócios entre produtores, cooperativas e terceiros, inclusive nanciamentos ou empréstimos relacionados à produção, à comercialização ou à industrialização de produtos relacionados ao agronegócio.
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Esse título pode ser emitido por empresas securitizadoras de direitos creditórios do agronegócio, que colocam os CRAs no mercado nanceiro e de capitais.
6. Endividamento do crédito rural: como prevenir O crédito rural tem características diferenciadas em relação ao crédito convencional. Você sabe ou imagina o motivo? Isso ocorre porque é uma operação nanceira voltada para a produção de alimentos e atividades que envolvem riscos relacionados à natureza, sobre os quais é difícil, e às vezes até impossível, ter controle. Clima, doenças, pragas e preços praticados muito abaixo do razoável podem levar o produtor a não conseguir cumprir com suas obrigações de pagamentos aos bancos. A sociedade, o governo e os agentes nanceiros reconhecem as diculdades que envolvem a produção no campo, por isso a legislação voltada ao crédito rural procura criar possibilidades de renegociações de dívidas que podem ser geradas por essas operações toda vez que os fatores que fogem do controle do produtor rural trazem prejuízo para o resultado da produção nanciada. Dica
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No capítulo 18 do MCR, estão disponíveis todas as renegociações autorizadas pelo governo dentro das mais diversas regiões e atividades. Você pode consultálo pelo link , na pasta “MCR Normas”.
O Manual de Crédito Rural descreve, entre suas instruções, que o crédito destinado à produção agropecuária deve ser sempre oportuno, suciente e adequado. Assim, cria responsabilidade para todas as partes envolvidas na operação (produtores rurais, bancos e t écnicos). Os vários problemas que podem ocorrer e que venham a dicultar ou impossibilitar o pagamento de dívidas de crédito rural geralmente recebem tratamento especial por parte dos governos, que passam a criar normas relacionadas aos problemas ocorridos. Desse modo, desenvolvem-se possibilidades de renegociações e ampliações dos prazos de pagamento, podendo chegar a securitizar dívidas em alguns casos extremos. Securitizar Transformar as dívidas em títulos negociáveis no mercado.
No entanto, podem existir alguns problemas não relacionados a fatores de difícil controle, mas que também são capazes de provocar atrasos nos pagamentos pactuados, criando endividamento para o produtor rural. Por exemplo, problemas de ordem técnica devido às especicidades de cada atividade realizada na propriedade ou de comercialização local.
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Por isso, a orientação é a de que o crédito rural só seja adquirido para uma nalidade produtiva em que o produtor rural tenha experiência técnica e comercial ou, pelo menos, esteja devidamente orientado por técnicos com responsabilidade e experiência comprovadas na cultura a m de minimizar os problemas técnicos e comerciais da atividade. É muito importante estar bem orientado para conseguir antecipar a comunicação, ao agente nanceiro, de problemas que possam dicultar o cumprimento do cronograma de pagamentos. Essa comunicação deverá ser sempre feita com o laudo do técnico responsável pelo projeto, mas podem ser solicitadas vistorias antecipadas por parte dos bancos para a comprovação dos fatos. Com base nos laudos e nas vistorias, os bancos deverão reprogramar o cronograma de pagamentos de forma a adequar os valores a serem pagos com a realidade produtiva a m de evitar a inadimplência. Inadimplência Não pagamento na data de vencimento de um compromisso financeiro.
Há casos, também, em que o agente nanceiro oferece ao produtor o crédito em outras linhas de nanciamento que não o crédito rural a fim de liquidar parcelas em atraso. Essa opção deve ser evitada, pois o produtor sairá da faixa do crédito rural para o crédito comercial, mas sua fonte de receita será de origem rural, que, como você já viu, é sujeita a certas adversidades.
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Tópico 2: Contrato futuro e de opções agrícolas Neste último tópico, você irá rever alguns pontos de um assunto muito importante para as negociações no agronegócio: o contrato futuro e o contrato de opções agrícolas. Antes de começar esse assunto, é preciso relembrar um conceito essencial: commodities agrícolas. Você já estudou um pouco sobre isso na Unidade Curricular de Economia Rural, lembra-se? Agora, resgate essa denição aqui.
Commodities é o plural de commodity , que, em inglês, signica “mercadoria”.
Para o mercado, é a mercadoria produzida em larga escala, com características físicas homogêneas e destinada ao comércio externo, geralmente em estado mais básico.
É, portanto, uma mercadoria em seu estado bruto e que tem uma semelhança constante em seu conteúdo ou constituição. São exemplos o petróleo, o minério de ferro, o café e a soja. As commodities são divididas em quatro categorias: minerais, nanceiras, ambientais e agrícolas. Para o mercado futuro do agronegócio, as commodities que interessam são as agrícolas, que estão comentadas mais adiante, conforme descrito pela BM&FBovespa. Mercado futuro é um mercado em que se negociam compromissos de compra e venda que só serão efetivados em um momento futuro. Nele, são realizadas operações feitas por contratos que estabelecem o compromisso de que, em uma data futura e a um preço ali determinado, o comprador se obrigará a comprar e o vendedor se obrigará a vender o produto que é objeto desse contrato. Portanto, as negociações de contratos futuros também podem ser chamadas de operações de garantia de preço, e essa garantia pode valer tanto para produtores como para as agroindústrias. Além desse tipo de operação, há também as conhecidas como negociações de mercado a termo. Mercado a termo é o mercado em que são negociados todos os tipos de contratos de compra ou venda com prazo e valor predenidos - os contratos a termo. As operações desses mercados só são possíveis por meio de uma entidade que possa aproximar as partes interessadas. No caso do Brasil, essa entidade é a BM&FBovespa, que é a bolsa de valores ocial do país. Essa entidade tem a função de registrar as negociações e fazer as compensações nanceiras e a liquidação dos contratos, posicionando-se como garantidora das operações. Estas são realizadas por corretoras de valores e bancos credenciados à BM&FBovespa, e todos são regulados e scalizados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é uma entidade do governo.
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Bancos
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Corretores Governo Federal
BM&F Bovespa
Comissão de Valores Mobiliários
Além da existência dessa entidade garantidora, outro fator fundamental para que as operações a termo aconteçam é a existência de um mercado livre na formação dos preços das commodities - que são as mercadorias em que se baseiam os contratos. E, ainda, para executar a operação, o gestor nanceiro do agronegócio deve optar por um dos seguintes tipos de contrato: contrato futuro ou contrato de opções. Mas talvez você esteja se perguntando: “Por que optar por esse tipo de negociação no agronegócio?”. O objetivo do produtor rural, ou do gestor nanceiro do empreendimento rural, ao escolher esse tipo de negociação é garantir um determinado preço para seu produto no momento da comercialização. Essa é uma estratégia chamada de travamento de preço - ou, em inglês, hedge -, garantindo uma proteção contra oscilações inesperadas nos preços. Atenção
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Açúcar cristal, boi-gordo, café arábica, etanol, milho e soja são as commodities aceitas pela BM&FBovespa e que podem ser objeto de um contrato a termo. Portanto, apenas essas poderão ser objeto de um contrato a termo e ter seus preços travados no momento de suas comercializações.
No caso do mercado futuro para as commodities agrícolas, não é obrigatória a existência física do produto negociado no momento da liquidação do contrato, ou seja, no seu encerramento. Porém, é essencial que ocorra o pagamento do montante nanceiro estabelecido para qu e as partes consigam realizar o que foi acordado em contrato, isto é, a manutenção do preço do produto tanto para o comprador como para o vendedor.
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Dica Apesar da aparente semelhança com a CPR física, estamos falando de uma negociação a termo diferente. A CPR é exclusivamente uma venda a termo e, como vimos no Subtópico 5 – Cédula de Produto Rural e demais títulos do agronegócio: o nanciamento privado da agropecuária, d o tópico anterior, não exige a existência física do produto no momento da emissão do título, mas a sua entrega é obrigatória no momento do resgate.
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Os contratos, independentemente de serem futuros ou de opção, poderão ser negociados em seu vencimento ou em momentos anteriores, e as partes poderão decidir por t rocar a posição de seus contratos a qualquer momento. A operação é bem simples e funcional: uma vez tomada a decisão pelo travamento de preços, o produtor rural, ou o gestor nanceiro, deve solicitar o procedimento para uma corretora de contratos credenciada à BM&FBovespa. Em seguida, a corretora de contratos que atende ao empreendimento deve dar continuidade, conforme mostra o esquema a seguir. 1
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Produtor procura uma corretora da BM&FBovespa
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Corretora faz o cadastro do produtor
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Liquidação do contrato
Produtor faz o depósito em conta corrente
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Autorização da compra ou venda
Decisão sobre o valor e o prazo do contrato
Legenda: Fluxo operacional para a realização de compra ou venda de contratos futuros
1. Contratos de commodities agrícolas disponíveis na BM&FBovespa com liquidação nanceira Como você viu na introdução deste tema, o açúcar cristal, o boi-gordo, o café arábica, o etanol, o milho e a soja são as mercadorias que podem ser objeto de um contrato a termo. Para cada contrato, existe uma padronização com relação ao seu tamanho e à qualidade de cada uma dessas commodities, como mostra o quadro a seguir.
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Objeto de negociação
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Tamanho do contrato
Açúcar Açúcar cristal especial, com mínimo de 99,7° de polarização, máximo de 0,08% de umidade, máximo de 150 de cor ICUMSA, máximo de 0,07% de cinzas.
508 sacas de 50 kg líquidos ou 25,4 t
Boi-gordo Bovinos machos, com 16 arrobas líquidas ou mais de carcaça e idade máxima de 42 meses.
330 arrobas líquidas (1 arroba = 15 kg)
Café arábica Café cru, em grão, de produção brasileira, Coea arabica, tipo 4-25 (4/5) ou melhor, bebida dura ou melhor.
100 sacas de 60 kg líquidos
Café cru, em grão, de produção brasileira, Coea arabica, tipo 6-25 (6/7) ou melhor, bebida dura ou melhor.
100 sacas de 60 kg líquidos
Etanol Etanol anidro carburante, conforme as especicações técnicas da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
30 m³ ou 30.000 L a 20 °C
Etanol hidratado combustível, segundo as especicações da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
30 m³ equivalentes a 30.000 L
Milho Mercado interno Milho em grão a granel, amarelo, de odor e aspectos normais, em bom estado de conservação, livre de bagas de mamona, bem como de outras sementes prejudiciais e de insetos vivos, duro ou semiduro, proveniente da última safra e de produção brasileira, em condições adequadas de comercialização e próprio para consumo animal; e com (a) até 14% de umidade; (b) máximo de 1% de impurezas na peneira de 3 mm; (c) máximo de 6% de grãos ardidos ou brotados e livres de grãos mofados; (d) máximo de 12% de grãos quebrados, partidos ou chochos.
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450 sacas de 60 kg líquidos cada, correspondentes a 27 t de milho em grão a granel.
Mercado externo Se a região-base for uma localidade portuária, o objeto de negociação atenderá às especicações: milho em grão a granel, amarelo, da última safra e de produção brasileira, livre de insetos vivos, com (a) até 14,5% de umidade; (b) até 1,5% de impurezas na peneira de 4,76 mm; (c) até 3% de grãos quebrados; (d) até 20 ppb de aatoxina; (e) até 5% de grãos danicados, sendo no máximo 1% de ardidos e/ou germinados; e (f) livre de sementes venenosas, mas com uma tolerância máxima de 0,10% de mamona e cascas de mamona. Milho em grão a granel, com odor e aspectos normais, duro ou semiduro, amarelo, da última safra, com máximo de 14%.
450 sacas de 60 kg líquidos cada, correspondentes a 27 t de milho em grão a granel.
450 sacas de 60 kg líquidos cada, correspondentes a 27 t de milho em grão a granel
Soja Soja em grão a granel tipo exportação, com os seguintes limites máximos: 14% de umidade; 1% de matérias estranhas e impurezas; 30% de quebrados; 8% de esverdeados; 8% de avariados (queimados, ardidos, mofados, fermentados, germinados, danicados, imaturos e chochos), dos quais se permitem até 6% de grãos mofados, até 4% de grãos ardidos e queimados, sendo que este último não pode ultrapassar 1%; e 18,5% de conteúdo de óleo.
450 sacas de 60 kg ou 27 t
O Contrato Futuro Míni de Soja ( miniSized Soybean Futures) do CME Group
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Fonte: BM&FBovespa (2016).
Portanto, como já explicado, esses são os únicos produtos que podem ter seus preços travados por contratos a termo, e eles devem seguir o padrão de qualidade exigido. Leitura complementar
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Para ver alguns detalhes sobre os contratos futuros de commodities e especicações por eles exigidas, acesse a biblioteca do curso. Lá, você encontrará dois exemplos: “Contrato Futuro Boi-Gordo” e “Contrato Futuro Milho”.
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2. A lógica operacional dos contratos futuros e do contrato de opções agrícolas
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Para entendermos melhor como funciona o contrato futuro, vamos imaginar uma propriedade ctícia chamada Fazenda Rio da Prata, em que são cultivados milho e soja. Agora, suponha que o gestor nanceiro, junto com os proprietários da fazenda, tenha decidido pelo travamento de preço do milho.
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Tomada essa decisão pelo hedge, ele lança a solicitação ao corretor, que atende ao empreendimento. Suponha que ele solicite a venda de determinado número de contratos de milho para 15 de agosto com valor de R$ 38,00 por saca. A partir daí, o corretor procura por contratos de oferta de compra de milho para a data solicitada, com tamanho e valores próximos aos da solicitação de venda que recebeu. Com a operação de acordo com o pedido de seu cliente, o corretor solicita que o vendedor e o comprador depositem a margem de garantia na conta-corrente operacional da BM&FBovespa. O valor dessa margem pode variar por tipo de produto – para o milho, ca entre 5% e 6% do valor total do contrato. Até a data de vencimento do contrato, o vendedor deverá realizar depósitos para compensar altas no preço, e o comprador deverá depositar para compensar as baixas de preço. Os valores depositados como margem de segurança deverão sofrer correção monetária durante o período de depósito. O objetivo disso é que o preço contratado seja garantido ao nal do contrato. Quando chegar a data de vencimento do contrato, a BM&FBovespa deverá fazer a sua liquidação, concluindo a operação, com o preço de mercado do milho para o dia do vencimento, e as partes estarão com suas margens de segurança depositadas. A partir disso, é possível entender melhor como funciona a liquidação nanceira. Para tanto, veja três cenários que consideram o caso apresentado. Curso Técnico em Agronegócio
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Data: 15 de agosto Valor da saca de milho: R$33,00
O gestor nanceiro da Fazenda Rio da Prata, vendedor, propôs-se a vender a saca de milho por R$ 38,00, e o comprador se propôs a comprar a saca de milho a R$ 38,00. Nesse caso, a BM&FBovespa passa, do comprador para o vendedor, R$ 5,00 por saca. A venda vai para o mercado e é feita por R$ 33,00/saca, mas, com os R$ 5,00/saca que recebeu do contrato, o vendedor garante os R$ 38,00 que queria. O comprador vai ao mercado e paga os R$ 33,00 pela saca de milho, mas, com os R$ 5,00/saca que depositou por causa da diminuição do preço, pagou o valor de R$ 38,00 por saca, como tinha sido sua proposta de compra. A sobra existente no fundo garantidor, ou margem de segurança, deverá pagar as despesas administrativas, e o restante retornará para as partes contratantes.
Data: 15 de agosto Valor da saca de milho: R$38,00
O vendedor e o comprador vão ao mercado e negociam o milho a R$ 38,00 a saca, conforme a proposta inicial de ambos. Assim como no cenário anterior, a sobra do fundo garantidor deverá pagar as despesas administrativas do contrato e retornar aos clientes.
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Data: 15 de agosto Valor da saca de milho: R$43,00
O gestor nanceiro da Fazenda Rio Prata, vendedor, retornará R$ 5,00 por saca ao comprador por meio dos ajustes feitos ao longo do tempo. Como a proposta do vendedor era conseguir R$ 38,00 por saca, ele irá ao mercado e venderá por R$ 43,00 por saca, mas, por ter pagado R$ 5,00/saca para ajustar a margem, garantiu o preço de R$ 38,00. O comprador vai ao mercado e paga R$ 43,00 por saca, mas, como ele recebeu os R$ 5,00/saca pelo ajuste de margem, também garante a compra pelo preço de R$ 38,00.
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Veja que, nos três cenários, o preço acordado no contrato é mantido. As partes conseguiram travar o preço do milho para a data contratada em R$ 38,00 a saca, evitando possíveis transtornos caso viessem a existir grandes oscilações no preço de mercado. Esse mesmo princípio é utilizado para os demais produtos comercializados em contratos a termo na BM&FBovespa.
Esses contratos podem ser negociados a qualquer momento antes da data de liquidação, buscando melhores posições de preços futuros para as partes. Geralmente, atuam no mercado de contratos futuros os produtores, as agroindústrias e os especuladores - estes os principais responsáveis pelo aquecimento desse mercado. É importante atentar que o gestor nanceiro no agronegócio deverá operar com limites de volume para a negociação futura de sua produção traçando uma estratégia. Ele poderá, por exemplo, fazer o travamento para garantir o ponto de equilíbrio ( breakeven point ) da atividade. Outra estratégia é tirar proveito de oscilações de alta que possam ocorrer sem, no entanto, colocar em risco a receita operacional do empreendimento. Comentário do autor
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O indicado é que seja feito o travamento de um volume de produção que alcance o ponto de equilíbrio do sistema de produção. Assim, o produtor rural garante o pagamento das despesas realizadas e, a partir daí, outras negociações irão gerar o lucro do empreendimento rural.
Contrato de opção de compra ou de venda de produtos agrícolas O contrato de opção de compra ou de venda difere bastante do contrato futuro. Trata-se de um contrato em que uma das partes compra ou vende o direito de optar pelo preço estabelecido no acordo. No vencimento do contrato, o comprador do direito paga à outra parte a diferença entre o valor do contrato e o valor de mercado para exercer o seu direito e garantir o valor acordado.
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Para facilitar a compreensão, veja mais um exemplo! Suponha, agora, que o gestor nanceiro da Fazenda Rio da Prata lance a solicitação ao seu corretor para que ele venda um determinado número de contratos de opção opção de de soja para o dia 20 de outubro ao valor de R$ 48,00 por saca. saca . O corretor procurará por contratos de ofertas de opção opção de compra de soja para a data solicitada com tamanho e valores próximos ao pedido que recebeu. Se a operação estiver de acordo com a solicitação do cliente, o corretor deverá pedir ao comprador do contrato de opção o valor pactuado. Digamos, neste caso, que esse valor seja de R$ 10,00 por saca. O valor total de R$ 10,00 multiplicado pelo número de sacas de soja será depositado pelo comprador na conta transitória da BM&FBovespa. Esse valor deverá variar ao longo do tempo de acordo com as altas ou baixas do preço da soja para que, apenas na data do vencimento do contrato, em 20 de outubro, ocorra a efetivação do pagamento. Portanto, o vendedor, que é a Fazenda Rio da Prata, receberá R$ 10,00 por saca de soja do contrato para dar o direito ao comprador (por exemplo, uma agroindústria) de pagar R$ 48,00 pela saca de soja no dia 20 de outubro. Repare que esse exemplo é de um contrato de opção de venda de venda de soja e que o direito de optar será sempre de quem compra, pois é o comprador que paga pelo direito. Agora, entenda como funciona a liquidação do contrato de opção. Assim como demonstrado no contrato futuro, continue com o exemplo e veja outros três cenários de liquidação nanceira do contrato. Acompanhe com atenção.
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Data: 20 de outubro Valor da saca de milho: milho : R$33,00
O comprador do contrato pagou R$ 10,00 por saca, e sua expectativa era de travar o preço da saca de soja na data do vencimento em R$ 48,00 por saca. Na liquidação nanceira, o comprador não deverá exercer o seu direito de compra, devendo ir ao mercado e comprar o produto a R$ 33,00 por saca.
Data: 20 de outubro Valor da saca de milho: milho : R$48,00
Como o preço na data do vencimento cou igual ao preço do contrato, ou seja, R$ 48,00 por saca de soja, ninguém precisará fazer a opção de compra ou venda, pois não haverá lucro nem prejuízo na liquidação do contrato. Os ajustes de margem teriam sido zerados.
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Data: 20 de outubro Valor da saca de milho: milho : R$53,00
Com o preço da soja, o vendedor já deverá ter feito feit o depósitos na conta transitória para ajustar a margem de segurança de R$ 10,00, pois o preço variou contra ele. O comprador do contrato, ao contrário, não necessitou fazer depósitos para ajuste da margem, porque o contrato variou a seu favor. Assim, no vencimento do contrato, o vendedor caria com o prejuízo de R$ 10,00 por saca, e o comprador teria lucro nesse mesmo valor.
Perceba que este é um tipo de contrato de alto risco, por isso o gestor nannan ceiro deve avaliar muito bem se vai utilizar ou não esse instrumento. Cabe considerar que cada empreendedor no agronegócio tem um ponto de vista próprio sobre o que é risco, portanto a decisão nal sobre a forma de de exposição comercial será baseada conforme as características do empreendimento e a visão do seu gestor.
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Para conhecer as especicações dos contratos de opção de compra e de venda, acesse a biblioteca do curso. Lá, você poderá ver mais detalhes nos arquivos “Contrato de opção de milho – venda” e “Contrato de opção de milho – compra”.
Encerramento do tema No terceiro e último tema desta unidade curricular, você conheceu as formas de nanciamento público e privado para a produção no agronegócio e compreendeu a importância do crédito rural. Viu que os montantes destinados ao crédito rural são lançados anualmente pelo governo, dentro do chamado “ano safra”, por meio do Plano Agrícola e Pecuário (PAP). Também conheceu as características, as possibilidades e as formas para a obtenção do crédito rural. Outro assunto importante deste tema são os contratos que possibilitam o travamento de preços, ou hedge, para determinados produtos do agronegócio - as commodities. Esses instrumentos, quando bem utilizados, podem trazer segurança e bons níveis de estabilidade nanceira para empreendimentos no setor. Assim, você pôde ver as possibilidades de nanciamentos para o agronegócio, seja ele público ou privado, e compreender como funcionam os mecanismos de hedge para determinados produtos e como se dão a compra e a venda pela bolsa de valores.
Atividade de aprendizagem 1. Considerando o que você estudou sobre as possibilidades de nanciamentos e as demais d emais operações nanceiras para o agronegócio, leia as armativas a seguir e marque a correta. a) O crédito rural é o principal instrumento de nanciamento para os empreendedores no agronegócio, no entanto empreendimentos de grande porte devem procurar outras fontes de nanciamento. b) Todo agente nanceiro que consta no SNCR é obrigado a cumprir a exigibilidade p ara o crédito rural, realizando o repasse do dinheiro sempre exclusivamente aos produtores e às empresas rurais. c) O contrato futuro é uma garantia de que os participantes conseguirão manter os preços de seus produtos no momento da compra ou da venda. d) A CPR é, sem dúvida, a melhor alternativa entre as operações de custeio do crédito rural. e) O contrato de opção é uma alternativa de travamento de preços que tem t em alto risco, por isso sua utilização deve ser evitada no agronegócio.
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2. O crédito rural é o principal instrumento de nanciamento no agronegócio brasileiro, embora existam outros mecanismos que, de alguma forma, também possam ser acionados para nanciar a produção rural. Considerando o que você estudou sobre o crédito rural, leia as alternativas a seguir e assinale a correta. a) As operações de custeio, seja ele agrícola ou pecuário, têm a nalidade de nanciar todos os insumos necessários para a atividade a ser desenvolvida. b) As operações de investimento, seja ele agrícola ou pecuário, têm a nalidade de nanciar todos os insumos necessários para o funcionamento da atividade ao longo de vários ciclos, exceto as despesas de custeio. c) O programa de crédito rural que incentiva a agricultura de baixo carbono é o Moderfrota. d) O Proagro cobre qualquer tipo de problema que venha a ocorrer na atividade agrícola ou pecuária. e) A CPR substitui as operações de crédito rural que têm a exigibilidade como fonte. 3. Considerando o que você estudou sobre nanciamento para o agronegócio, leia as armativas a seguir e assinale a correta. a) O crédito rural é o principal instrumento de nanciamento para os empreendedores no agronegócio, no entanto empreendimentos de maior volume devem procurar outras fontes de nanciamento. b) Alguns agentes nanceiros do SNCR não são obrigados a cumprir a exigibilidade para o crédito rural. c) A CPR nanceira não é uma boa alternativa para custear a produção rural. d) O Proagro é um seguro do nanciamento agrícola e não faz o ressarcimento dos chamados lucros cessantes. e) O SNCR prevê os problemas que podem ocorrer com o empreendimento nanciado, evitando que o empreendedor do agronegócio assuma dívidas de crédito ru ral. 4. Mercado a termo é o mercado em que são negociados todos os tipos de contratos de compra ou venda com prazo e valor predenidos. Trata-se de um mercado especíco para negociar commodities e que tem as negociações feitas por meio da BM&FBovespa. Sobre isso, leia as alternativas a seguir e marque a correta. a) O leite bovino é uma commodity da BM&FBovespa, portanto pode ser negociada no mercado a termo. b) As operações no mercado a termo podem ocorrer livremente entre as partes interessadas.
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c) O mercado a termo opera, preferencialmente, com a liquidação física das mercadorias negociadas. d) O contrato de opções apresenta menos riscos que o contrato futuro. e) O contrato futuro é uma operação de garantia de preço, seja para o produtor rural, seja para a agroindústria. 5. Para executar a operação no mercado futuro, o gestor nanceiro do agronegócio deve optar por um dos seguintes tipos de contrato: contrato futuro ou contrato de opções. Considerando o que você estudou sobre esses contratos, leia as armativas a seguir e assinale a correta. a) O contrato futuro é uma garantia de que os participantes conseguirão manter os preços de seus produtos no momento da compra ou da venda. b) O contrato de opção é uma alternativa de travamento de preços de alto risco, por isso deve ser evitado. c) O contrato futuro pode ser realizado com qualquer tipo de produto agrícola que conste do plano de safra anual. d) O contrato de opção agrícola tem maior opção de produtos para ns de travamento de preço que o contrato futuro. e) O contrato futuro, para ter melhor performance, deverá ser realizado com base na totalidade de produção esperada pelo empreendimento.
Encerramento da Unidade Curricular Nesta unidade curricular, você compreendeu as relações entre os diversos aspectos e possibilidades do mundo nanceiro e a produção no agronegócio! Em linhas gerais, estudou três grandes temas, que abordaram, sequencialmente: a administração nanceira, a gestão do dinheiro e o nanciamento da produção. Ao longo do estudo, você pôde aproximar a teoria de Finanças Aplicadas ao Agronegócio com a realidade da produção agropecuária brasileira. Lembre-se de que a teoria que você estudou aqui, quando aliada à prática, é de grande importância para os produtores rurais melhorarem seus resultados e desenvolverem suas propriedades, garantindo a sustentabilidade do negócio. Como técnico em agronegócio, você também terá responsabilidade por essa evolução da propriedade e poderá buscar bons resultados nanceiros se baseando na utilização de boas técnicas produtivas, sempre respeitando a natureza e as pessoas.
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Espera-se que esta unidade curricular tenha sido de bom proveito e que você consiga não só praticar as várias teorias que viu aqui, mas também, e principalmente, que você possa melhorar e incrementar a gestão nanceira no agronegócio.
Gabarito Tema 1 Questão 1: B. a) Alternativa incorreta. A organização operacional em um empreendimento no agronegócio independe da constituição jurídica da iniciativa. Trabalhar de forma organizada é uma decisão dos gestores. b) Alternativa correta. A constituição de uma empresa para exploração do empreendimento no agronegócio deverá demandar mais despesas operacionais para fazer frente a determinadas exigências funcionais, portanto, as vantagens nanceiras oriundas dessa opção deverão estar bem denidas pelos gestores. c) Alternativa incorreta. Apesar de ser uma armativa correta, a opção entre a constituição jurídica do empreendimento no agronegócio deverá ser mais discutida entre os gestores. d) Alternativa incorreta. Várias as informações a se discutir sobre a decisão de se tornar uma empresa. Os tipos de atividades desenvolvidas no agronegócio poderão exigir operacionalidade administrativa própria, onde a formação de uma empresa seja mais interessante para seu proprietário ou não. O fato de a pretensão do empreendimento atingir no futuro maior porte não deverá ser motivo de decisão. A escolha deverá ser baseada em estudo bem fundamentado na relação custo-benefício, em que todos os fatores deverão ser considerados, como os tributários, os administrativos, os técnicos, os comerciais e também os fatores da vida prossional e comercial do proprietário. e) Alternativa incorreta. O tipo de atividade não interfere na forma jurídica da exploração produtiva no agronegócio. Questão 2: D. a) Alternativa incorreta. O risco técnico no desenvolvimento da cultura, assim como o risco de preço no momento da comercialização, existirá independentemente da existência de nanciamento. O risco nanceiro do nanciamento deverá existir se as taxas de juros e os prazos de pagamentos não estiverem de acordo com as possibilidades operacionais da natureza da cultura nanciada. O ideal será a utilização, quando de sua disponibilidade, do seguro de Proagro, atrelada à comercialização de parte da produção esperada no mercado futuro. b) Alternativa incorreta. Apesar de um novo sistema produtivo apresentar produtividade em porcentual menor do porcentual das despesas, isto por si só não deverá representar inviabilidade, e dependerá principalmente pelo valor do preço do produto no momento da comercialização deste.
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c) Alternativa incorreta. Apesar do aumento da produção e as despesas serem acessórias a esse aumento, haverá necessidade de aumento de capital de giro para fazer frente a mais despesas de colheita e comercialização, que após as vendas deverá ser reposto ao capital operacional do empreendimento. d) Alternativa correta. Esta visão, frequentemente apresentada de forma descontraída pelas expressões “antes, dentro e depois” da porteira, tem forte representação não só para os participantes do sistema, mas como também para toda a sociedade, facilitando a visão de cadeia agroalimentar, criando valor aos três setores e demonstrando a real importância para o setor. O “dentro da porteira”, pode ser considerado como o de mais alta fragilidade com necessidade constante de atenção de todos os atores participantes, devido às peculiaridades inerentes à produção de alimentos em sua primeira fase, sujeito aos riscos relacionados à natureza. e) Alternativa incorreta. Para que o empreendimento no agronegócio venha a desenvolver uma nova iniciativa, desde que haja viabilidade técnica, a mesma só deverá ser desenvolvida depois de realizadas as análises nanceiras de viabilidade e de riscos. Questão 3: C. a) Alternativa incorreta. Todos os valores envolvidos no empreendimento devem sofrer avaliações relacionadas ao valor do dinheiro no tempo, seja de custeio ou de investimento, independentemente se o ciclo é curto ou longo, se os investimentos são de médio ou longo prazo. As análises que visam vericar o valor do dinheiro no tempo deverão ser sempre realizadas. b) Alternativa incorreta. As operações correntes deverão ter sempre um momento de suas avaliações de retornos alcançados. Para ns de cálculos de rentabilidade obtida as análises que avaliam o valor do dinheiro no tempo deverão ser utilizadas. Os projetos, ou seja, as ideias que estão sendo estudadas para serem implantadas também devem merecer total atenção sobre o aspecto da rentabilidade e, consequentemente, seus riscos. Para ns de análise de rentabilidade será obrigatória a utilização das avaliações que levem em consideração o valor do dinheiro no tempo. c) Alternativa correta. Essa deverá ser a forma básica de comparação dos resultados de rentabilidade que venham a ser encontrados em projetos em andamento e também em novos projetos. Não havendo impedimento para que as análises de rentabilidade encontradas também possam ser comparadas com rentabilidades alcançadas em outros projetos, mas a referência deverá ser sempre o mercado nanceiro. d) Alternativa incorreta. O mercado nanceiro utiliza de forma quase que obrigatória a metodologia de juros compostos, podendo ter periodicidade diária ou mensal, acabando por elevar em alguns pontos a taxa de juros real praticada nas operações de crédito. e) Alternativa incorreta. O risco deverá ser sempre real, no entanto, o gestor no agronegócio deverá administrar da melhor forma possível todos os instrumentos possíveis para amenizar os riscos, a m de obter retornos em patamares mais seguros.
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Questão 4: D.
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a) Alternativa incorreta. O orçamento compõe o projeto, sendo uma importante ferramenta para o gestor avaliar os retornos que poderão ser alcançados como forma de remuneração dos capitais próprios investidos no empreendimento. Com orçamento denido e os valores necessários para desenvolver o novo projeto, acompanhado das projeções de receitas, o gestor poderá avaliar a viabilidade de desenvolver o novo projeto proposto. b) Alternativa incorreta. O plano orçamentário nada mais é do que um orçamento com detalhamento de mais informações. A decisão de melhorar a apresentação do orçamento não deverá provocar alterações nos valores orçados, mas sim oferecer melhor visualização e abrir possibilidades para que o orçamento se torne uma ferramenta mais amigável, ajudando a tomada de decisão, sem alterar os fundamentos nanceiros das projeções. c) Alternativa incorreta. Um bom plano orçamentário feito em planilha eletrônica, com criação de possibilidades de alterar determinadas informações, poderá se tornar um simulador e dependerá da criatividade e domínio operacional da planilha eletrônica de quem estiver construindo o orçamento. Portanto, os orçamentos ou planos orçamentários não são simuladores, mas poderão se tornar. d) Alternativa correta. A base da formação de uma proposta de crédito rural deverá ser o orçamento da atividade a ser nanciada e o seu enquadramento nas regras do nanciamento pretendido. A proposta de crédito rural baseada no orçamento do negócio agropecuário deverá atender as necessidades do empreendimento de forma mais adequada. e) Alternativa incorreta. O orçamento deverá oferecer os volumes necessários de insumos para que o gestor tome conhecimento da real necessidade. A partir daí, a negociação deverá ocorrer baseada nos descontos que possam acontecer devido à compra antecipada, ao custo e à origem do dinheiro para realizar a compra antecipada, vericando a existência de vantagem ou não, como também a questão de logística relacionada ao armazenamento de volumes maiores ou entrega parcelada. Portanto, várias decisões devem ser tomadas a partir da construção do orçamento, mas não com base exclusivamente dele. Questão 5: A. a) Alternativa correta. Os usos do capital nos empreendimentos, sejam de qualquer natureza, são semelhantes, recebendo a mesma nomenclatura. O agronegócio apresenta diferenciações por interagir com a natureza nas atividades desenvolvidas, podendo os empreendimentos, na mesma atividade, apresentarem diferenciais com expressivos por causa das peculiaridades de cada propriedade e região de exploração. Mesmo atividades em sistemas de connamento deverão ter diferenciação devido aos variados aspectos regionais, como clima, solos, disponibilidade de água etc. Inuências na velocidade de movimento do capital de giro e de respostas e a utilização de alguns usos de capital semixos poderão ser sentidos nas mensurações de resultados do empreendimento. b) Alternativa incorreta. A diferenciação existe e precisa ser bem administrada pelo gestor nanceiro. A utilização de depreciações de acordo com as expectativas de retornos e volumes de capital imobilizados devem se diferenciar entre os capitais xos e semixos por
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causa dos prazos de maturação. Também, deve-se estar atento aos nanciamentos, que precisam partir da premissa dos tempos de retorno para a programação dos pagamentos aos agentes nanceiros. Isto é, os capitais imobilizados em xos e semixos têm diferentes exigências de retorno para a atividade. c) Alternativa incorreta. Os reprodutores e as matrizes nas mais diversas atividades é que devem ser considerados como capital imobilizado semixo. Esses animais normalmente devem permanecer na atividade por mais de um ciclo produtivo, não exigindo o retorno dos capitais imobilizados nesses itens dentro de um mesmo ciclo. Os animais em produção, como bovinos em engorda e fêmeas em crescimento para ns de reposição de matrizes (reposição de descartes), enquanto não forem localizadas como matrizes, deverão ser consideradas capital de giro, já que poderão não ser utilizadas para o m reprodutivo, mas podem ser vendidas como fêmeas para corte. Os produtos nais, ou o resultado da atividade, são considerados como capital de giro. As fêmeas, quando forem selecionadas para compor o rebanho de matrizes, devido à reposição de animais descartados ou por mortalidade ocorrida nessa categoria, passarão a ser contabilizadas como capital imobilizado semixo, devendo então ter a atenção adequada exigida na gestão dos capitais semixos. d) Alternativa incorreta. O empreendimento só existe porque há fonte de capital para seu nanciamento (recursos próprios e de terceiros). Estas mesmas fontes devem compor com equilíbrio e competitividade a soma de capital necessária, capital este adequado e com custos compatíveis com a atividade desenvolvida. A relação entre custo do capital (no caso de empréstimos) e prazos de pagamentos podem levar a inviabilizar o empreendimento. A busca de lucratividade via operacionalidade do sistema de produção será fundamental e obrigatória na gestão do empreendimento no agronegócio, mas, sem o apoio adequado na melhor gestão da fonte de capital, o negócio poderá operar sob intenso risco, portanto, o gestor no agronegócio deverá ter atenção constante sobre a fonte de capital do empreendimento. e) Alternativa incorreta. A chamada agricultura perene, ou seja, atividade de produção agrícola em que as plantas produzem ao longo de vários períodos, deverá ter tratamento diferente da produção de matrizes em animais. Nessa cultura, todas as despesas, de sementes até iniciar a produção, deverão compor o chamado capital imobilizado semixo. Diferente dos animais, durante o crescimento até a maturação dessas plantas, ou seja, até começar efetivamente a produzir, não haverá possibilidade de comercialização. Em princípio, não há possibilidade de ser um produto antes de começar a produzir (a não ser que se trate de um produtor de mudas). Portanto, a organização ou a localização do capital investido até o início da produção seria como imobilizado semixo. Iniciada a produção, as despesas referentes à manutenção das plantas, no sentido de garantir os melhores níveis de produção, passariam então ao enquadramento de capital de giro. A comercialização dos produtos originados dessa cultura deverá cobrir as despesas de capital de giro (custeio) com a amortização da depreciação das despesas de implantação da cultura. No caso da produção de madeira, apesar de ciclo longo, a cultura deverá carregar todas as despesas até o ponto de comercialização, momento em que poderá ser obtido o custo de produção do metro cúbico da madeira. Procedimento nanceiro semelhante é encontrado nas culturas de ciclo curto.
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Questão 6: C.
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a) Alternativa incorreta. O uxo de caixa é uma importante ferramenta para o gestor nanceiro do empreendimento, pois por meio dele será possível realizar os cálculos de desempenho nanceiro de um empreendimento em curso, como também avaliar a viabilidade econômico-nanceira de um novo projeto. O prossional de contabilidade deverá ter sua melhor atuação na organização das contas e demais documentos contábeis, devendo ter também boa atuação nas informações de receitas e despesas utilizadas no uxo de caixa. b) Alternativa incorreta. Todo tipo de entrada nanceira deverá ser descrito no uxo de caixa. Os nanciamentos bancários, seja para qualquer nalidade, sempre deverão constar desse demonstrativo, inclusive, podendo ter breve descrição sobre sua nalidade. No caso do agronegócio, poderia ser para nanciar o custeio (agrícola ou pecuário) da atividade (amortização média em torno de 12 meses) ou investimento (agrícola ou pecuário) da atividade (amortização com prazo superior a 12 meses). As amortizações dos nanciamentos, assim como os juros, também deverão ser mencionadas, diferenciando o que é pagamento de juros e do principal (valor de face do nanciamento). c) Alternativa correta. A apuração do lucro da atividade só deverá ocorrer após o cálculo do imposto de renda (IR) anual a ser pago pelo empreendimento. O resultado da subtração entre receitas e despesas se chama saldo operacional e não lucro, que cará sujeito à apuração do pagamento anual do imposto sobre a renda obtida pelo empreendimento. d) Alternativa incorreta. Fluxo de caixa é uma coisa e livro-caixa é outra. O uxo de caixa avalia a relação de receitas e despesas ao longo dos períodos em que se desenvolve o empreendimento no agronegócio. O livro-caixa apenas registra as entradas e saídas de dinheiro, serve para fornecer informações ao uxo de caixa, mas não possibilita realizar avaliações sobre rentabilidade do empreendimento, como também não consegue substituir os livros de contabilidade. Livro-caixa é o diário nanceiro do empreendimento. e) Alternativa incorreta. Qualquer que seja a constituição jurídica do produtor rural, monitorar o custo de produção é fundamental para tomar algumas decisões perante aos preços pagos pelos seus produtos. Sem cálculo dos valores das depreciações dos bens moveis e imóveis que participam do sistema de produção, o cálculo do custo de produção deverá car prejudicado, informando resultado de valor que poderá efetivamente não estar sendo remunerado para o produtor. Os valores de depreciação dos bens que fazem parte do sistema de produção deverão compor a planilha de custo. Produtores mais organizados e que consigam obter lucro em suas atividades, conhecedores da necessidade da reposição e manutenção de seus bens de produção, poderão realizar reserva uma nanceira objetivando atender futuras substituições de tais bens, cumprindo ao “pé da letra” a função da formação desse valor. Questão 7: B. A sua análise poderá ser supercial, visto que não tem acesso às notas explicativas. A princípio, nota-se queda no valor dos ativos do ano de 2012 para 2013 em 16,6%. O ativo com maior queda foi o biológico, com pouco mais de 96% de diminuição. Como se trata de uma empresa agropecuária, em princípio, a base produtiva seriam os ativos biológicos (pecuária ou
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agricultura). Com essa queda, a empresa aparenta uma diminuição brusca de sua capacidade produtiva, podendo também ter optado por alguma diminuição estratégica de produção. No entanto, como não temos acesso às notas explicativas, ca a visão de redução da produção no ano de 2013. O capital de giro estava baixo em 2012 e piorou em 2013, cando pouco menos de 0,2% do ativo circulante. Na coluna de passivos, apresenta alavancagem de capital de giro em valores insignicantes, podendo demonstrar diculdades em conseguir dinheiro em bancos. Em contrapartida, apresenta a emissão em debêntures de quase 60% de seu passivo circulante – normalmente se trata de um título empréstimo junto a terceiros em melhores condições do que empréstimos bancários. Apresenta empréstimos de longo prazo em pouco mais de 20% de seu passivo total e emissão de debêntures de longo prazo próximo a 54%, apresentando grande grau de alavancagem com peso maior em debêntures. O prejuízo realizado no ano de 2013 foi em valores equivalentes a 16% do ativo total. A conclusão simplista determina que a empresa esteja em rota de nalizar suas operações, mas nada impede de que a emissão da maioria, ou mesmo da totalidade de debêntures, seja direcionada para os próprios acionistas e eles aguardem um melhor momento para voltar a crescer as operações. a) Alternativa incorreta. Em uma análise supercial do BP, cou demonstrado que 51,5% do patrimônio total do empreendimento estão locados em terras, sendo elas a base operacional do sistema de produção da fazenda. Portanto, a armativa não apresenta fundamentação. O patrimônio em terras demonstrado não apresenta qualquer tipo de passivo, trabalhista, fundiário ou ambiental, podendo dar suporte de garantias em operações de crédito rural de longo prazo, não demonstrando fragilidade patrimonial. b) Alternativa correta. Níveis altos de ativos imobilizados em terras são comuns no agronegócio, que, normalmente, fazem parte de atividades voltadas à pecuária. Nesse caso, essa observação não seria determinante para demonstrar uma boa situação nanceira, pois os valores imobilizados em terras podem ganhar relevância expressiva devido à valorização dela, e o empreendimento ter bom desempenho nanceiro. No BP, os níveis de imobilização em terras (51,5%) acabam por demonstrar equilíbrio na distribuição dos ativos, que apresentam liquidez imediata em 37,5% de seus ativos (rebanho + capital de giro) ajudando a caracterizar a boa situação nanceira da empresa. c) Alternativa incorreta. Se não existisse o nanciamento descrito no passivo, esse mesmo valor deveria ser coberto por alguma outra fonte, a m de manter a igualdade entre o ativo e o passivo. Se essa diferença estivesse sendo preenchida por mais contas a pagar, certamente, a empresa estaria enfrentando problemas nanceiros, pois seu capital de giro poderia estar sendo afetado. Se essa diferença estivesse sendo preenchida por dívidas assumidas e ainda não pagas, mais uma vez, a empresa poderia estar sobre uma "bomba relógio", necessitando de análise muito detalhada para conhecer o perl dessas dívidas. Se essa diferença estivesse sendo preenchida pelo capital próprio (aporte de capital) do proprietário a rentabilidade sobre o capital próprio deveria cair signicativamente, dos atuais 19,3% ao ano para 14,8% ao ano, aproximando-se da taxa de juros interbancários praticada (taxa Selic) no Brasil, que no mês de agosto de 2015 foi de 14,5% ao ano. Isso indicaria que se o capital próprio estivesse aplicado em algum título do governo federal, ele estaria rendendo próximo da rentabilidade oferecida pelo sistema de produção nessa última condição. Recordando que a rentabilidade apresentada como patrimônio líquido já teria pago o imposto de renda, enquanto a aplicação nanceira deveria pagar em torno de 15% da rentabilidade obtida em IR.
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d) Alternativa incorreta. O importante no empreendimento no agronegócio deve ser a apresentação de lucratividade. Efetivamente, a relação entre os níveis econômicos e nanceiros em um empreendimento não devem ser balizadores de rentabilidade. Cada tipo de empreendimento deverá exigir volumes diferenciados entre o nanceiro e o econômico. Empreendimentos desenvolvidos em terras arrendadas podem apresentar menor demonstração de acúmulo econômico e alta rentabilidade. Empreendimentos desenvolvidos em terras próprias com demonstração de maior acúmulo econômico também podem apresentar alta rentabilidade. As mesmas armativas anteriores poderão ser conrmadas com apresentação de prejuízo. Questão 8: B. a) Alternativa incorreta. A presença de bovinos em um sistema de produção tem que estar relacionada a alguma fase do processo produtivo, ou seja, compondo a etapa programada de determinado rebanho. Se for uma fêmea que deverá virar matriz, precisará estar em processo de engorda para entrar em reprodução o mais rápido possível. Se for uma matriz, sua situação reprodutiva tem que estar bem denida, ou está gestante ou está se preparando para ser cruzada e se for um macho deverá estar em processo de engorda e por aí vai. Animais sem destino competitivo denido em um sistema de produção são geradores de despesas, com baixa possibilidade de se obter rentabilidade adequada no momento de sua venda, apenas deverá representar uma forma de imobilizar capital pouco competitiva. b) Alternativa correta. Pequenas falhas operacionais relativas à logística interna costumam ser relevadas devido à continuidade das operações rotineiras, acabando por se tornar reincidentes e prejudicando um melhor e mais econômico uxo operacional. Essas falhas acabam por pressionar os custos de produção, aumentando as despesas de forma pouco perceptível e acabando por diminuir as sobras nanceiras. O importante será que as falhas relacionadas à logística interna sejam corrigidas imediatamente ou então entrem em programação de correção onde os gestores monitorem os resultados. c) Alternativa incorreta. A chamada ociosidade no rebanho necessita de sistema de monitoramento, com identicação individual dos animais e acompanhamento de seus momentos produtivos. O ideal deverá ser a utilização de sistema informatizado de controle e monitoramento de rebanhos, com ênfase na obtenção de índices de natalidade e desempenho produtivo dos animais, monitorando em regime mensal, evitando sistemas que deixem passar um ciclo produtivo, no caso de bovinos 12 meses, para informar o que aconteceu, pois já terá passado a maioria dos problemas, prejudicando atitudes corretivas por parte dos gestores. d) Alternativa incorreta. A gestão nanceira deverá criar valor ao processo produtivo, facilitar decisões, acertar rumos, administrar melhor o uxo de capitais dentro do sistema de produção etc., mas conseguir reverter um sistema de produção que opere com baixa competitividade técnica deverá ser muito difícil. Superar situações com procedimentos tecnológicos que não visem à busca constante de performances superiores por parte da planta produtiva do sistema de produção não poderá ser uma ação isolada do gestor nanceiro do agronegócio.
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e) Alternativa incorreta. Não importa o porte da atividade no agronegócio, princípios organizacionais relacionados à melhor administração de estoques e logística interna têm que ser utilizados por todos, possibilitando redução dos custos de produção e melhoria na qualidade dos produtos. Todas as pessoas que operem um sistema de produção no agronegócio, seja ele familiar ou empresarial, devem ter os princípios de organização, racionalização, higiene e preservação do meio ambiente como atitudes rotineiras. Ressaltando o grande problema do momento, que é o uso racional e inteligente da água, que ao ser mal utilizada poderá ser considerada como um grande desperdício e fato gerador de despesas ou de desequilíbrio ambiental desnecessário. Atenção e ação imediata de todas as pessoas envolvidas no processo acabam por viabilizar a execução dos princípios de qualidade com menores ou até mesmo insignicantes despesas voltadas às ações corretivas.
Tema 2 Questão 1: A a) Alternativa correta. A contabilidade estabelece visão prática sobre a importância e aplicação de ferramenta de obtenção de custo de produção. Já a economia tem uma visão relativa às questões de trocas entre as nanças e os diversos materiais, estabelecendo níveis conceituais de importância. b) Alternativa incorreta. Quando observadas dentro de determinado patamar produtivo real, a visão de mão de obra como custo xo teria colocação adequada. Quando as despesas de mão de obra passam a dimensionar o patamar produtivo ideal do sistema de produção, essas despesas podem ser vistas como variáveis. c) Alternativa incorreta. Como a produção da cafeicultura opera durante todo o ano, parte das despesas de mão de obra deverão ser consideradas como despesas xas e as despesas de mão de obra no momento da colheita terão de ser consideradas como variáveis. Portanto, para culturas desse tipo, as despesas de mão de obra são em parte xas e em parte variáveis. d) Alternativa incorreta. Nas culturas de ciclo curto, o horizonte de tempo para análise do custo de produção deverá ser o tempo total entre o início da atividade até a comercialização da produção. As culturas perenes ou atividades pecuárias em que matrizes e reprodutores permaneçam por vários ciclos ou safras, o custo de produção precisará ter horizonte dentro do ciclo produtivo. e) Alternativa incorreta. Custos indiretos e diretos podem estar embutidos entre os custos xos e os custos variados. A classicação e diferenciação dos chamados custos indiretos e diretos se dão pela dupla ou mais utilização de uma mesma fonte de despesas por outras atividades produtivas ou não. Já a classicação e diferenciação entre os custos xos e variados ocorrem pelo uso das despesas ser relacionado ou não ao aumento da produção.
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Questão 2: D
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a) Alternativa incorreta. Na visão gerencial voltada para a administração do caixa, o uso da ferramenta custo de produção como produto para tomada de decisões nanceiras não deverá ter ligação com a contabilidade ocial do empreendimento. A contabilidade ocial poderá oferecer algumas informações para a formação do custo gerencial. Em determinados casos a contabilidade ocial terá de desenvolver suas próprias planilhas de custo de produção de produtos a m de compor a contabilidade de estoques e demais necessidades contábeis do empreendimento, custo esse que deverá ser realizado sob a ótica da legislação tributária vigente. b) Alternativa incorreta. Para ns contábeis, a terra no agronegócio nunca deprecia, pois é considerada um bem que não se esgota. No caso da armativa C, o código tributário brasileiro, independentemente da formação jurídica do empreendimento no agronegócio, não permite a depreciação da terra para uso contábil na formação de despesas. c) Alternativa incorreta. A tecnologia disponível possibilita ao produtor rural suplantar quase todas as adversidades da natureza que possam existir para implantação e desenvolvimento do empreendimento no agronegócio; o problema deverá ser a relação custo-benefício. O agronegócio tem de apresentar a melhor rentabilidade quando as condições naturais lhe são favoráveis, ou seja, paga-se muito caro para brigar com a natureza. Portanto os resultados nanceiros de um empreendimento no agronegócio que se utilizou de recursos nanceiros substanciais para enfrentar as adversidades da natureza poderão não apresentar viabilidade econômica. d) Alternativa correta. O objetivo da criação desse termo foi dar ênfase às planilhas de custos de produção, que se parecem mais com orçamento do que com custo, ou seja, quanto deveria custar o bem, e não quanto custou. e) Alternativa incorreta. Apesar de a decisão de incluir a remuneração do proprietário na planilha de custo de produção ser facultativa, não há limitação sobre a inclusão dessa despesa sobre o tamanho e a classicação do tipo de produtor, o critério de utilização ou não cará a cargo do gestor nanceiro. Questão 3: C a) Alternativa correta. Trata-se de uma maneira simples e direta de se obter os valores para os insumos produzidos na propriedade, considerando o valor de mercado do insumo produzido, que tem grande aproximação com seu custo de produção. b) Alternativa correta. Esta é a forma ideal para a formação dos custos para os insumos produzidos na propriedade, como silagem, feno, banco de forragens variadas, etc.
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c) Alternativa incorreta. A alternativa C, para ser correta, deveria vir acompanhada da informação de que o custo de produção será obtido ao nal do ano civil; dessa forma, não haverá impacto nos custos de produção nos meses de maior incidência das despesas trabalhistas, como férias, décimo terceiro, indenizações etc. No entanto, se o modelo de custo de produção adotado pelo gestor tiver viés de apuração mensal, deverá ser adotado outro mecanismo para inclusão das despesas dos direitos trabalhistas, evitando o carregamento desses valores nos meses de incidência, com a demonstração do custo do produto fora da realidade para a média do ciclo anual. d) Alternativa correta. A alternativa D arma corretamente que o gestor nanceiro poderá adotar qualquer das três modelagens de custos, assim como a mescla de uma ou de todas, o importante é que ele mantenha o controle e possa ter respostas favoráveis para a tomada de decisão. e) Alternativa correta. A alternativa está correta, pois o modelo de custo dinâmico utiliza as mesmas bases de coleta das despesas dos outros modelos apresentados, a grande diferença está na apresentação do horizonte dos custos analisados. Questão 4: A a) Alternativa correta. Para o controle efetivo das nanças do empreendimento do agronegócio, todos os gastos com insumos, bem como suas quantidades e seus preços de aquisição, têm de ser sempre anotados. b) Alternativa incorreta. O estoque e seus custos não deverão ser apresentados na planilha, já que não foram utilizados no processo produtivo. c) Alternativa incorreta. A má gestão das despesas nanceiras geradas pelos estoques poderá fazer com que o livro-caixa exiba um mau resultado sem que isso seja necessariamente verdade. d) Alternativa incorreta. Os pecuaristas que produzem alimentos para os animais na propriedade podem tratar os custos de produção desses insumos de duas formas: uma delas é considerando o preço de mercado dos insumos; e a outra é trabalhando com centro de custos, desenvolvendo uma planilha de custo de produção para cada insumo. e) Alternativa incorreta. O custo de produção, no ponto de vista das nanças, não precisa estar atrelado às regras estabelecidas pela contabilidade, pois é considerado uma ferramenta para a tomada de decisões dos gestores do agronegócio. Questão 5: A a) Alternativa incorreta. Rentabilidade é rentabilidade, e o empreendimento tem rentabilidade ou não, mas o agronegócio apresenta características especícas, o que o diferencia dos demais tipos de negócio. A TIR, ao projetar a rentabilidade do projeto, estará ao mesmo tempo demonstrando o suporte máximo de juros a serem pagos pelo capital solicitado para o desenvolvimento do empreendimento.
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b) Alternativa correta. A TIR também é um importante informativo para o gestor nanceiro quando da decisão de encontrar linhas de nanciamento para os empreendimentos propostos. c) Alternativa correta. Desde que a análise nanceira do empreendimento considere apenas as depreciações dos imobilizados semixos do empreendimento, como benfeitorias, equipamentos e máquinas, animais e plantas. Se o gestor colocar, em sua análise nanceira, remunerações de capitais, assim como pagamento de salários do proprietário na análise do VPL, deverão ocorrer maiores sobras no livro-caixa, apesar de o VPL informar que não haverá sobra nanceira. O gestor tem total liberdade para trabalhar sua planilha de custeio da forma que lhe convier. d) Alternativa correta. O payback sem desconto não informa corretamente o tempo necessário planejado para que o empreendedor obtenha o retorno total do capital a ser imobilizado no projeto, já que não considera o valor do dinheiro no tempo. e) Alternativa correta. Ao se projetar os volumes de produções esperados e, com base neles e na média de preços desses produtos, o gestor terá o chamado ponto de equilíbrio da atividade. Como o custo dinâmico, em sua modelagem, permite o acompanhamento mensal das despesas e produções, uma vez determinado o ponto de equilíbrio para a atividade, este poderá ser balizador e monitorado pela modelagem do custo dinâmico, principalmente para ciclos de produções contínuas, já que tal modelagem opera com visualização mensal em confronto com a média ou acúmulo de despesas e produções obtidas nos últimos doze meses, superando a visão do ano civil ou ano contábil.
Tema 3 Questão 1: C O crédito rural é a principal fonte de nanciamento para empreendimentos rurais e pode ser utilizado por produtores pequenos, médios e grandes. Apesar de todos os agentes nanceiros que constam no SNCR serem obrigados a cumprir a exigibilidade para o crédito rural, eles também podem repassar valores para outros agentes nanceiros e ou cooperativas de crédito rural. O contrato futuro é uma inteligente estratégia para a garantia de preços no momento da comercialização dos produtos, seja por compra ou por venda. A CPR é um importante instrumento de obtenção de recursos para custear a atividade agropecuária, no entanto, para saber se essa é a melhor opção de custeio, é necessário analisar caso a caso. O contrato de opção é uma alternativa de alto risco, mas não precisa ser evitada, apenas feita com certa cautela e muito preparo. As melhores possibilidades de altos ganhos estão relacionadas a grandes riscos. Questão 2: B a) Alternativa incorreta. As operações de custeio têm a nalidade de nanciar os insumos destinados apenas a um ciclo de produção, seja em atividade agropecuária anual (milho, soja, trigo etc.), seja de processo contínuo (fruticultura, pecuária de leite, suinocultura etc.).
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b) Alternativa correta. As operações de investimento, seja este agrícola ou pecuário, têm a nalidade de nanciar equipamentos, construções, animais e demais insumos qu e servirão ao longo de vários ciclos produtivos. c) Alternativa incorreta. O programa de crédito rural que nancia as atividades no agronegócio voltadas para a diminuição de carbono na atmosfera é o Programa ABC. d) Alternativa incorreta. O Proagro não cobre incêndio, erosão, plantio fora de época ou em momento impróprio, práticas inadequadas de controle de pragas e doenças, deciências nutricionais, tecnologia inadequada, cancro da haste, nematoide de cisto na lavoura da soja, gripe aviária e mal da vaca louca. e) Alternativa incorreta. A CPR não substitui o crédito rural. Ela é um título privado que tem a nalidade de captar recursos para serem utilizados no agronegócio com taxas de juros livremente negociadas. Questão 3: D a) Alternativa incorreta. O crédito rural é a principal fonte de nanciamento para todos os produtores rurais, independentemente do porte. b) Alternativa incorreta. Todos os agentes nanceiros que constam no SNCR são obrigados a cumprir a exigibilidade para o crédito rural. c) Alternativa incorreta. A CPR, tanto a física como a nanceira, são importantes instrumentos de obtenção de recursos para custear as atividades rurais. d) Alternativa correta. O Proagro é um seguro voltado ao nanciamento da operação de crédito rural que pode, também, segurar a parcela de recursos próprios, mas não cobre os lucros cessantes. e) Alternativa incorreta. Apesar de o SNCR prever algumas situações que possam dicultar os pagamentos de dívidas ao crédito rural, a responsabilidade de comunicar possíveis problemas e atrasos é do beneciário. Questão 4: E a) Alternativa incorreta. O leite bovino não faz parte dos produtos negociados no mercado a termo, pois não faz parte das commodities da BM&FBovespa. b) Alternativa incorreta. As operações do mercado a termo devem, obrigatoriamente, ocorrer por meio da BM&FBovespa, com a regulamentação da CVM. c) Alternativa incorreta. O mercado prefere a liquidação nanceira dos contratos negociados, evitando os possíveis transtornos que possam vir a ocorrer na entrega física de mercadorias negociadas na BM&FBovespa.
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d) Alternativa incorreta. O contrato de opções apresenta alto grau de riscos, enquanto o contrato futuro garante o travamento do preço contratado. e) Alternativa correta. O contrato futuro funciona tanto para o comprador como para o vendedor, garantindo o preço inicial do produto negociado no contrato. Questão 5: A a) Alternativa correta. O contrato futuro é uma inteligente estratégia para a garantia de preços no momento da comercialização dos produtos, seja de compra ou de venda. b) Alternativa incorreta. O contrato de opção é uma alternativa de alto risco, mas também apresenta as melhores possibilidades de altos ganhos, por isso o gestor do agronegócio deve avaliar cuidadosamente o uso desse contrato. c) Alternativa incorreta. O objeto do contrato futuro deve ser uma commodity aprovada pela BM&FBovespa. d) Alternativa incorreta. Os produtos que podem ser travados no contrato futuro são os mesmos do contrato de opções. e) Alternativa incorreta. Cada empreendedor deverá destinar o volume de produção esperado para ns de travamento de preço. O sucesso ou a melhor performance do contrato futuro independe do volume de produção travado.
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