EXPLOSÃO DE PÓS
Efeito devastador Explosões em locais onde existe muita poeira acumulada são ameaça constante Ary de Sá R E N N E R L E I R B A G
Neste artigo procuramos abordar sobre os efeitos dos incêndios e explosões que acontecem com poeiras em suspensão ou acumuladas. Como nossa atividade está vinculada à agroindústria, os exemplos são desta área, porém lembramos que situações tão ou mais graves com poeiras explosivas acontecem também nas indústrias química, farmacêutica, metal mecânica, entre outras. Os incêndios ocorrem com quaisquer materiais combustíveis, mas para que aconteçam é necessário que a quantidade de material seja muito grande, e as partículas tenham pouco espaço entre si, impedindo um contato direto e abundante com o oxigênio do ar. As partículas devem Ary de Sá - Engenheiro de Segurança do Trabalho.
Especialista em ventilação industrial e controle de riscos ambientais com poeiras explosivas
[email protected] JANEIRO / 2007
estar afastadas entre si, de maneira que apesar da existência da fonte de ignição e da conseqüente combustão local, não seja permitida a propagação instantânea do calor de combustão às partículas localizadas nas camadas mais internas, devido à insuficiência de ar. Desta forma, a queima se dá em locais onde poeiras estejam depositadas ao longo das jornadas de trabalho ou empilhadas, em camadas, armazenadas em tulhas, depósitos, outros. A ignição deve ser controlada com cuidado para evitar que o material depositado em estruturas, tubulações e locais de difícil visualização e limpeza, seja colocado em suspensão, formando uma nuvem de poeira que evoluirá para explosão, pois há no ambiente os fatores de deflagração da mesma, isto é, fogo e combustível. O
incêndio por camadas, igualmente, é de difícil extinção, podendo prolongar-se por várias horas após após sua extinção. Explosões ocorrem freqüentemente em unidades processadoras, processadoras, onde as poeiras tenham propriedades combustíveis. É necessário porém, que as mesmas este jam dispersas no ar e em concentrações adequadas. Isto acontece nos pontos das instalações onde há moagem, descarga, movimentação, transporte, etc. sem controle de exaustão e desde que, obviamente existam os fatores desencadeantes. Exemplos de locais onde acontecem freqüentes explosões são nos ambientes em que são processadas farinhas de trigo, trig o, milho, soja, cereais e/ou particulados como açúcar, arroz, chá, cacau, couro, carvão, madeira, enxofre, magnésio, eletrometal (ligas). REVISTA PROTEÇÃO 63
EXPLOSÃO DE PÓS
EXPLOSÕES A poeira depositada ao longo do tempo nos mais diversos locais da planta industrial, quando agitada ou colocada em suspensão e na presença de uma fonte de ignição com energia suficiente para a primeira deflagração, poderá explodir, causando vibrações subseqüentes pela onda de choque. Isto fará com que mais pó depositado entre em suspensão e mais explosões aconteçam, cada qual mais devastadora que a anterior, causando prejuízos irreversíveis ao patrimônio, paradas no processo produtivo e o pior, vidas ceifadas ou alijadas de sua capacidade laborativa com as conseqüências por todos conhecidas (incapacidades totais e permanentes). A mudança de incêndio para explosão, pode ocorrer facilmente, desde que poeiras depositadas nas cercanias cerca nias do fogo, se jam agitadas, entrem em suspensão, ganhem concentração mínima, e como o local já está com os ingredientes necessários, o próximo passo é o desencadeamento
64 REVISTA PROTEÇÃO
das subseqüentes explosões. Ao contrário, se as poeiras em suspensão causarem uma explosão, as partículas que estão queimando saem da suspensão e espalham o fogo. Nestes termos os danos podem ser consideravelmente maiores evoluindo ainda para incêndios. Uma análise rápida, porém conclusiva sobre se uma poeira pode ser ou não explosiva pode ser obtida na maioria das plantas de armazenamento. Tomamos uma amostra do produto e após fazê-la passar por uma peneira de malha adequada, fazemos sua quantificação quantific ação em pó e em grão, extraindo desta, elementos quantitativos (quantidade de pó da amostra e de produto) que são grandes auxiliares no dimensionamento dos sistemas de controle posterior. O passo seguinte à quantificação é o ensaio de combustividade (ilustrado no quadro acima), onde ambas as amostras pó e grão - são colocadas sobre a placa de amianto do bico de bunsen; o pó, para tes-
tar a autocombustão e o grão, a inflamabilidade. Após o aquecimento nota-se pelo desprendimentoo de fumaça branca, a desdesprendiment tilação dos voláteis. Se o produto não se auto inflama (autocombustão), aproximamos uma chama para confirmar sua combustividade, que se confirmada entra em processo de inflamação. Em nosso ensaio, ambos os produtos atenderam a combustividade, queimando e evidenciando os cuidados em seu manuseio. As misturas combustíveis finamente pulverizadas são, em geral, muito perigosas. Os depósitos de poeiras combustíveis sobre vigas, máquinas em torno dos locais de transferência no transporte, são suscetíveis de incendiar com chamas. Ao entrar em ignição, as poeiras combustí veis suspensas suspensas no ar podem produzir forfortes explosões. Por outro lado, se as poeiras são agentes oxidantes e se acumulam sobre superfícies combustíveis, o processo de combustão se acelera consideravelmente no caso de incêndio. Se misturado um agente oxidante finamente pulverizado com outras poeiras combustíveis, a violência da explosão resultante será muito mais grave do que se faltasse tal agente. Para sufocar ou deter os incêndios ou deflagrações de poeiras combustíveis se em-
JANEIRO / 2007
de explosividade derivados dos ensaios mencionados no Quadro 1, Poeiras agrí- colas , todos os resultados se relacionam com uma poeira de carvão conhecida como de “Pittsburg” tomando como amostra uma concentração de 0,5 kg/m 3, kg de pó de carvão por m 3 de ar, exceto dos pós metálicos. Observe os Quadros 2, Defini- ções e 3, Nomenclatura.
pregam materiais inertes tais como a pedra cal, gases inertes etc. Embora as explosões de poeiras tenham sido contabilizadas contabi lizadas desde 1795 e os métodos para controlá-las tenham sido publicados, ainda hoje seguem produzindo gra ves acide acidentes. ntes. Em menos menos de uma uma semana semana,, produziram-se importantes explosões em armazéns de grãos em dezembro de 1977, com 54 vítimas fatais. Nos meses seguintes foram contabilizadas outras explosões com número adicional de mortes.
explosivas. A sensibilidade de ignição é função da temperatura de ignição e da energia necessária, enquanto que a gravidade de explosão vem determinada pela pressão máxima de explosão e pela máxima velocidade de crescimento da pressão. Para facilitar as comparações dos dados
CONCLUSÕES Ordem de grandeza dos produtos Comparando os nossos efeitos aos índices da tabela parametral, temos: - “ie”(índice de explosivi explosividade) dade) seqüência em ordem crescente; arroz, soja trigo e milho. - “si” (sensibilidade de ignição) seqüên-
FATORES A possibilidade de explosão de uma nu vem de pó está está condicionada condicionada à dimensão dimensão de suas partículas, sua concentração, às impurezas, à concentração de oxigênio e à potência da fonte de ignição. As explosões de pó se produzem frequentemente em série. Muitas vezes, a deflagração inicial é muito pequena em quantidade, porém de suficiente intensidade para colocar o pó das cercanias em suspensão, ou romper peças de máquinas ou instalações dentro do edifício, como os coletores de pó, com os quais se cria uma nuvem maior que pode se propagar e resultar em explosões secundárias. Não é raro produzir-se uma série de explosões que se propagam de um edifício a outro. ACIDENTES Danos provocados por explosões (veja quadro acima ) causadas por poeiras de cereais podem ser mencionados, evidenciando que a explosão iniciou internamente, ganhando propagação e aumentando seus efeitos até atingir a edificação como um todo. O perigo de uma classe determinada de poeira está relacionado com sua facilidade de ignição e com a gravidade da explosão resultante. Para tal, foi criado nos Estados Unidos um equipamento experimental para testar poeiras explosivas, com sensores diversos que permitem conhecer as características das poeiras JANEIRO / 2007
REVISTA PROTEÇÃO 65
EXPLOSÃO DE PÓS de maneira que não haja propagação de chama através da nuvem de pó.
cia em ordem crescente; arroz, soja, trigo e milho. - “ge” (grau de explosividade) seqüência em ordem crescente; arroz, soja trigo e milho. Concluímos que o pó de milho é o que produz efeitos mais catastróficos no túnel analisado, seguido pelo trigo, soja e o menor é o arroz, porém também danoso. A Tabela 1, Propriedades das poeiras , é a compilação dos dados; a Tabela 2, Efei- tos das explosões retrata retrata nosso exemplo para as situações adotadas; e a Tabela 3, Relatos para análise faz faz a comparação dos dados e seu grau de segurança a observar na proteção. EFEITOS No nosso exemplo prático, todos os materiais analisados seriam catastróficos para as edificações e equipamentos participantes do evento. Veja ao lado os quadros resumos dos efeitos das explosões nos elementos envolvidos em sinistros:
Escolhendo o melhor método A forma de proteção adotada vai depender de características específicas Industrialmente precauções devem ser tomadas na presença de fontes de ignição. Em alguns casos, as mesmas estão presentes por fazerem parte do processo, como é o caso dos secadores de cereal que usam o fogo direto na secagem. A proteção não poderá ser obtida após o início de uma explosão ou incêndio. Por isso não pode ser feita uma generalização de métodos de proteção em relação ao risco de explosão, pois a mesma dependerá das propriedades da poeira, tipo de projeto, planta industrial, equipamentos existentes, risco de instalações vizinhas, e valor do equipamento em risco. Assim, os métodos são agrupados em várias categori categorias as abaixo definida definidas, s, mas, as mesmas não são todas alternativas, algumas se usadas em comum podem conferir mais segurança à indústria em foco. Deve ser dada atenção à eliminação completa das poeiras dos edifícios que compõem a planta industrial, pois as explosões secundárias nos prédios vizinhos são potencialmente mais destruidoras. Quando há formação de depósitos de poeira, a limpeza deve ser feita tanto mais cedo, quanto possível. Quando pós se acumulam, com exceção das unidades pre66 REVISTA PROTEÇÃO
vistas para o seu armazena armazenamento, mento, tais como silos, os depósitos de pó devem ser removidos regularmente. Esta exigência se aplica também para unidades de despoeiramento como filtros, ciclones, precipitadores, câmaras inerciais etc. que recebem e acumulam as poeiras coletadas. As mesmas devem ser retiradas nos intervalos definidos para não causar entupimento e conseqüente vazamento das poeiras para o ambiente. Uma explosão de pó pode gerar pressões na ordem de até 7 kg/cm 2 em recintos fechados como em linhas de transportran sporte pneumático, redlers, silos, roscas transportadoras etc., portanto para evitar danos maiores estes elementos devem pro ver válvulas válvulas de alívio, alívio, contra aumento de pressões. Um recinto fabril raramente resistiria a tal pressão, as máximas de edificações, são da ordem de 0,07 kg/cm 2, portanto devem ter: telhados, aberturas, portas, e outros itens de resistência inferior às da construção, sob pena de haver perdas totais em tais eventos. As explosões de poeiras podem ser pre venidas com o emprego de gases ou poeipoeiras inertes, os quais reduzem a concentração de oxigênio no interior do prédio
SUPRESSÃO AUTOMÁTICA Em termos de equipamentos de controle existem no mercado empresas especializadas em sistemas de supressão automática para o controle de riscos por poeiras explosivas. Estes sistemas possuem um sensor de chama em um ponto localizado em regiões de risco, que quando identifica uma chama ou faísca, aciona um dispositi vo que libera substâncias adequadas no processo, interferindo em sua propagação. O mecanismo de dispersão do agente supressor deve funcionar em alta velocidade para chegar em milésimo milésimoss de segundos ao recinto. A atuação do equipamento deve ser inicializad inicializadaa pelo próprio sensor, para evitar desfasamento. O agente supressor deve ser disperso em forma de neblina ou pó muito fino, com grande rapidez, aproveitando a própria força da explosão inicial. Os dois tipos mais conhecidos são os frágeis e os pressurizados. FRÁGEIS São constituídos por depósitos de fina parede no qual se introduz uma carga explosiva detonada por um sensor. Como o recipiente não é pressurizado é a carga explosiva que rompe as paredes do depósito liberando substâncias adequadas à interrupção do processo. PRESSURIZADOS Os pressurizados são extintores de grande velocidade de descarga contendo agente supressor sob pressão de nitrogênio. A abertura é por carga explosiva, é mais lento que o frágil, porém, adequado para pressões médias ou lentas. O agente supressor deve apresentar como características características principais principais que o líquido seja compatível com o processo de combustão e que os pós sejam específicos ou agentes halogenados. Esta substância deverá estar dentro de um recipiente selado colocado na parte superior do pavilhão e deve descarregar rapidamente rapidamente seu conteúdo através de detonador acionado eletricamente em presença de fogo. PRÓS E CONTRAS A vantagem deste processo é que a explosão pode ser evitada. A atmosfera at mosfera inerte serve para controlar e extinguir incênJANEIRO / 2007
EXPLOSÃO DE PÓS dios que se desenvolvem na poeira, além de poder ser utilizado onde o método de ventilação é ineficiente. ineficiente. Em termos de desvantagens há a questão do rígido controle para a manutenção da composição do gás e dos sensores e um custo bem mais elevado do que para implantação do sistema de ventilação local exaustora. VENT ILAÇÃO VENTILAÇ ÃO A ventilação de operações, processos e equipamentos dos quais emanam contaminantes tem se tornado, mais modernamente, uma importante ferramenta no campo de controle da poluição do ar e segurança patrimonial. O controle adequado da poluição do ar tem início com uma adequada ventilação das operações e processos poluidores da atmosfera, que também concorrem com os riscos de explosividade no caso das poeiras. Seguindo-se da escolha adequada de um equipamento para a coleta dos poluentes captados pelo sistema de ventilação ventilação.. A ventilação tem sido utilizada tradicionalmente no campo da Higiene do Trabalho não só para evitar a dispersão de contaminantes no ambiente industrial como também para promover a diluição das concentrações de poluentes e para a manutenção e promoção do conforto térmico. Em qualquer dos campos de utilização, a importância da ventilação industrial é de grande amplitude, e seus conceitos básicos devem ser bem conhecidos e sedimentados para possibilitar sua adequada utilização. V entilação dil uidora é o método método entilação geral diluidora mais comum de insuflar ar em um ambiente ocupacional, a fim de promover uma redução na concentração de poluentes nocivos. Essa redução ocorre, uma vez que, ao introduzirmos ar limpo, e não poluído, em um ambiente contendo certa massa de um determinado poluente, faremos com que essa massa seja dispersa ou diluída em um volume maior de ar, reduzindo, portanto, a concentraçã concentraçãoo desses poluentes. A primeira observação a ser feita é a de que esse método de ventilação não impede a emissão dos poluentes para o ambiente de trabalho, mas simplesmente os dilui a valores adequados. adequados. Existem empresas que na busca de uma solução de menor custo, executam sistemas de injeção de ar nos locais poeirentos. Porém, esta medida não é efetiva na segurança uma vez que locais de difícil a68 REVISTA PROTEÇÃO
cesso não são ventilados e ali poderá ocorrer um evento danoso. Ainda por serem sistemas de baixa velocidade, em função de áreas grandes para a passagem do ar, acabam não arrastando as poeiras que sedimentam em locais diversos e que, se acionadas, podem evoluir para as indese jáveis explosões. explosões. V entilação local exaustora, exaustora nos proentilação local cessos de geração de pó, além de usar menores vazões, evitam que o pó se disperse no ambiente, formando depósitos indesejáveis sobre estruturas, tubulações e muitos outros locais de difícil acesso, porém com enorme potencial de incêndio e explosões. Desta forma, medidas devem ser obserobse r vadas no sentido sentido de se adequar um eficieficiente sistema exaustor para os locais onde haja formação de pó. Estas medidas quando tomadas na fase de projeto são as que melhor satisfazem, além de minimizar o custo de implantação, pois evitam arran jos improvisados improvisados e pouco eficientes. Entretanto, em uma planta existente, um bom projetista poderá com bom senso conciliar sistemas seguros. PROJETO Uma boa orientação é importante para a análise das diferentes situações a fim de que a implementação das medidas de proteção coletiva nas instalações com poeiras explosivas seja eficiente. Principalmente com relação ao estado físico do produto, sob o qual o projetista define o sistema adequado à sua captura e a condução ao separador. Itens importantes a serem observados no desenvolvimento do projeto: Grau de limpeza desejado na área está intimamente ligado a NR, uma vez que é necessário capturar os resíduos sem deixá-los evoluir para concentrações acima dos limites de tolerância Composição química do prod produto uto - importante o conhecimen conhecimento to principalmente JANEIRO / 2007
no que tange aos equipamentos para evitar sua degradação prematura Temperatura do produto produt o - é importanimportante pois podem auto regir entrando em combustão sem a presença da chama V iscosidade iscosidade iscosidade-- deve ser observada pois pode haver situações de agregação das partículas aos elementos de transporte e separação Umidade -- importante porque pode definir as condições de trato do produto quanto aos riscos de explosividade Combustividade Combustivid Combustivida ade de--alguns produtos poCombustividade dem dar início aos incêndios pelo contato do ar e seus agentes Reatividade química -- semelhante ao Reatividade química anterior. Cargas Cargas -- observar os valores LIE (Limite Inferior de Explosividade), pois o sistema não deve oferecer oxigênio em massa suficiente para haver um desencadeamento durante o processamento, e ainda o produto pode conter energia estática que é um dos vilões neste ramo de atividade Captação Captação -- a captura dos resíduos de ve obedecer obedecer a critérios critérios técnicos técnicos que além além de capturar os elementos com menor vazão exaustora não sejam um empecílio empecí lio ou obstáculo ao operador Rede de de dutos dutos -- as tubulações devem ser dimensionadas a não permitir decantação dos resíduos em seu interior e com velocidades velocidad es que não propiciem propiciem formação formação de nuvem ou estática, devem ainda conter dispositivos de alívio de pressões. Equipamento de separação separação -- captuEquipamento de rados, separados e transportados os resíduos devem passar por um processo de
JANEIRO / 2007
separação que atenda aos padrões requeridos pelos órgãos controladores, pelas NRs, e pela eficiência que se fizer necessária, existindo vários modelos Destinação dos resíduos resíduos -- existem normas apropriadas a cada tipo de produto e sua destinação. Uma delas é o seu aproveitamento como biomassa, quando possível, gerando inclusive os “créditos de carbono”, além de propiciar uma economia do passivo ambiental e monetário. DESENCADEANTES O estudo das possíveis causas desencadeantes deve passar por situações já estudadas por órgãos competentes e confiá veis como a NFP NFPA, A, bem como acidentes ocorridos, no exemplo adiante, do qual extraímos as informações do Quadro 5, Fatores desencadeantes . Há alguns elementos sinalizadores que podem ser relacionados ao princípio de incêndio, é preciso estar atento a eles e ainda importante frisar que o projetista deve estar atento às NRs no que diz respeito aos locais confinados e postos de trabalho visando a integridade física dos trabalhadores e ainda propiciar treinamentos e SIPATs regulares para o pleno esclarecimento dos elementos envolvidos nos processo. Os trabalhadores, em função de suas atividades, deverão estar protegidos por EPI conforme orienta legislação de saúde e segurança. Os Equipamentos de Proteção Individual deverão ser especificados em função da atividade e por profissionais conhecedores de suas características e normas regulamentadoras. Em instalações que possuam os siste-
O V I U Q R A
Equipamentoss danificado Equipamento danificadoss pela explosão
mas de proteção coletiva por ventilação industrial, os EPIs respiratórios serão dispensados desde que as concentrações estejam abaixo dos limites de tolerância. Os principais fatores causadores desencadeantes são falta de manutenção, espaço confinado e incêndio. Um dos grandes vilões de incêndios e explosões são falta de atividades de manutenção executadas de forma desa visada. Deverão Deverão sempre obedecer ao cricritério preventivo, onde nas paradas é que são efetuados os trabalhos de trocas de componentes sujeitos ao desgaste de vida útil. Nestas ações é sempre providencial o uso de equipes, os locais devem ser previamente limpos de seus resíduos, ventilados através de equipamentos portáteis, umedecidos onde se fizer necessário efe-
REVISTA PROTEÇÃO 69
EXPLOSÃO DE PÓS O V I U Q R A
Em agroindústria, a provável causa foi realização de manutenção inadequada
tuar trabalhos com abrasão ou soldas di versas. Todos os procedimentos de manutenção devem ser objetivados em situações preventivas com paradas programadas e com todos os recursos de segurança envolvidos. No caso dos espaços confinados, hoje temos a NBR 14787 que trata deste assunto com seus devidos cuidados uma vez que nestes locais os operários não possuem uma rota de fuga convencional e rápida e que acidentes podem ceifar vidas, seja pelas explosões, ou pelos gases delas resultantes. Estes ambientes podem ainda gerar os gases da decomposição orgânica, H2S que em ambientes mal ventilados, levam, dependendo de sua concentração, rapidamente ao óbito. Em se tratando de pequenos focos de fogo iniciando em locais de atrito eventual, esteiras, redlers, etc., quando em locais de muita poeira, não devem ser extintos com água, abafados ou com extintores convencionais. Deve-se sempre usar gases inertes, pois a movimentação em atmosfera normal pode causar turbulência, le vantar nuvem e iniciar explosões. explosões. IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS NFP A NFPA Os sistemas de informação de riscos estabelecem quatro classes ou níveis de materiais perigosos. Observe-se que os materiais classificados como perigosos são os que podem provocar uma situação de emergência; os materiais classificados como menos perigosos têm menos probabilidade de provocar uma situação de emergência, porém, poderiam complicar seriamente uma situação destas. Mais claramente: um líquido combustível poderia não incendiar-se e, portanto, não causar uma situação de perigo, porém, em pre70 REVISTA PROTEÇÃO
sença de fogo originado por outra causa, poderia entrar em ignição e aumentar a gravidade da situação existente. Nas práticas atuais de etiquetação dos produtos de consumo, os materiais que podem causar uma situação de emergência levam à palavra “perigo”. Os materiais que podem agravar uma situação de emergência geralmente levam às palavras “precaução” ou “atenção”. Nota-se, por outro lado, que os líquidos inflamáveis cujos pontos de inflamabilidade inflamabil idade encontram-se entre 10 e 30º C levam o sinal de “precaução”. Os sistemas de informação de riscos constituem um compromisso frente às exigências em conflito: a necessidade de informação imediata e os detalhes adequados da dita informação. Um símbolo de risco como a caveira e as tíbias, empregado nos venenos, pode compreender-se à primeira vista, é de interpretação imediata. Porém, não explica o grau de ameaça do material perigoso, nem atua por penetração no corpo pela pele, pulmões ou sistema digestivo. Faltam detalhes. Uma folha de dados de risco pode proporcionar informação in formação adequada adequada e detalhada, porém sua leitura requer tempo e boa iluminação. Ainda que alguém possa inteirar-se tem que estar muito próximo do objeto perigoso. As folhas de dados sobre riscos são adequadas, porém não informam instantaneamente. instantaneamente. As classes ou níveis de materiais perigosos são: Materiais extremamente perigosos podem causar a morte ou lesões permanentes como conseqüência de uma breve exposição às mesmas (líquidos voláteis inflamáveis, gases inflamáveis ou materiais detonáveis. Por sua vez se classificam em: explosivos e materiais explosivos instáveis; materiais com alto nível de radio-
atividade; gases muito inflamáveis e materiais que emitem vapores extremamente inflamáveis; materiais extremamente tóxicos, tão venenosos que não devem em nenhum momento entrar em contato com o corpo, como exemplo cianureto de hidrogênio; materiais extremamente corrosivos para os tecidos vivos como o bromo que pode causar lesões instantaneamente, o ácido hidrofluorídrico que pode penetrar na pele e causar queimaduras de recuperação muito lenta nos tecidos mais profundos. Também se incluem nesta classificação os materiais que podem causar graves lesões nos olhos. E por fim, todos os materiais cujos produtos de combustão ou de decomposição coincidam com as descrições anteriores. Materiais Materia is perigosos per igosos - que por seus seus efeiefeitos nocivos podem causar lesões por exposição ou contato que retardam o tempo de cura: líquidos e sólidos inflamáveis; materiais muito tóxicos que podem causar lesões e enfermidades, mas não causando a morte, como conseqüência de uma exposição moderada às mesmas; materiais que podem causar a destruição de tecidos, especialmente dos olhos, se não eliminados do corpo em prazo muito breve; materiais moderadamente radioativos. Os materiais perigosos deste grupo, em casos extremos, podem causar alguma lesão permanente, porém não incapacitante. Materiais menos perigosos -- podem causar uma lesão ou incapacidade temporária, que presumivelmente podem transformar-se em lesões permanentes. São moderadamente combustíveis ou autoreativas e incluem gases lacrimogêneos, irritantes fortes, materiais não extremamente tóxicos, materiais combustíveis que necessitam pré-aquecimento para entrar em ignição. Materiais de efeitos nocivos -- podem causar uma irritação ou incômodo temporário que desaparece ao cessar a exposição, são ligeiramente combustíveis. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Klaassen C.D. (1991) Bases Farmacológicas da Terapêutica Toxicologia To xicologia Editora Guanabara Koogan AS., Editora Guanabara Koogan SA., 8 a . Edição Mesquita A. L.S., Guimarães F. A ., Nefussi N., (1985), Enge- nharia de Ventilação Industrial 1a . Reimpressão Editora W. Roth & Cia. Ltda. Buffalo New York York (1970) Fan Engeenering “Buffalo Forge” Edi- tora Wm. J. Keller, Inc. 17 a . Edição Macintyre A . J. (1990) Enge- nharia de Ventilação Industrial Editora Guanabara Koogan SA., 2 a .Edição Editora Mapfre, S. A 2 a . Edição trad. Da 15 a . ed. USA Fire Protection Handbook ACGIH (1970) Industrial Ventilation Editora Edwards Brothers Inc. 11a . Edição Nascimento E.S. (1991) Segurança e Medicina do Trabalho Editora Gráfica Fundacentro 31a . Edição JANEIRO / 2007