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EVANGELHO DE JOÃO E CARTAS JOANINAS HISTÓRIA LITERÁRIA OU HISTÓRIA DO TEXTO: A TRADIÇÃO NARRATIVA DOS SINAIS DE JESUS 1. A quantidade dos sinais
No quarto evangelho existem muito menos “gestos extraordinários” de Jesus do que nos e sinóticos. “Jesus fez, diante de seus discípulos, muitos outros sinais ainda, que não se acham escritos ne (20,30).
2. Classificação dos sinais
O tipo de relatos de “milagres” do quarto evangelho coincide fundamentalmente com o dos sinóti dos sinais do Jesus joanino se encontram também na tradição sinótica: a cura do filho do funcion a multiplicação dos pães, e Jesus caminha sobre as águas. Existem mais três atos que são muito semelhantes à tradição sinótica: a cura de um paralítico, um cego e a ressurreição de um morto. Permanece sem paralelismo a transformação da água em capítulo 2.
3. Estrutura dos relatos dos milagres m ilagres
Esquema tradicional dos relatos de milagres:
apresentação das pessoas necessitadas e do taumaturgo, petição implícita ou explícita de cura por parte do enfermo, resposta de Jesus mediante um gesto ou uma palavra, realização-constatação do milagre, efeito que produz nos presentes (admiração, louvor, etc.).
Este esquema pode ser detectado na maioria das narrações sinóticas, se bem que nem se encontrado e reproduzido nos cinco pontos referidos. Este esquema também pode ser redesco sinais joaninos, apesar de que a unidade estilística que o autor colocou em todos os materi bastante mais difícil a tarefa de identificar em Jo todos estes pontos.
4. Tradição e redação no evangelho
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No evangelho de João existe um nível tradicional que depois foi ampliado. No início, portanto, distinguir entre tradição e redação, apesar de que a unidade estilística da obra torne mais difíc nos sinóticos entrever onde começa e onde acaba a tradição. Esta constatação que, como afirmamos anteriormente, pode ser realizada com os outros relatos d inclusive no caso de Caná - tem levado a pensar se não teria existido uma coleção prévia de r “milagres” que teria sido a base do evangelho atual, coleção de milagres milagres que muito bem poder mini-evangelho, base daquele que hoje conhecemos. O que dizer sobre esta temática? Principalmente, confessar que o evangelho não nos ajuda dem tarefa de recuperar este hipotético mini-evangelho. Não existem outras indicações além das de C é fácil, pois, refazer esta hipotética coleção de “sinais”. Uma coisa é afirmar que não é nada fác este documento-base, e outra, negar que no evangelho de João existam relatos tradicionais, qu servido de base para a redação do mesmo evangelho. A hipótese de um mini-evangelho base, que através de diálogos e controvérsias, controvérsias, continua sendo a mais provável. É possível afirmar que João foi sendo elaborado pouco a pouco, presumivelmente com base na a de uma tradição narrativa sobre Jesus, paralela àquela que temos na base dos evangelhos sinótico Consequência importante para nossa leitura do quarto e evangelho: esta obra não apresenta simp um conjunto de dados e tradições sobre Jesus, mas há um aprofundamento nestes dados tradições. E este aprofundamento leva a um enriquecimento do sentido original da tradição, em f questões e das preocupações da comunidade à qual este evangelho foi dirigido. 5. Os “sinais” no evangelh ev angelho de João
O evangelho de João nunca utiliza a palavra dynamis para referir-se aos gestos de Jesus de Naz tão pouco narra exorcismo exorcismo algum de Jesus. Jesus. Por outro lado, fala dos atos portentosos portentosos de Jesus Jesus co
a) Ausências de atos poderosos
Para os sinóticos, os dynameis de Jesus são os atos poderosos que acompanham a presença ativa entre os homens. É lógico, então, que João não fale de dynameis de Jesus, porque os atos prodi Jesus não estão essencialmente relacionados relacionados com a destruição do poder do demônio. A vitória se outro nível.
b) Os sinais nos sinóticos
A palavra semeion (sinal) é utilizada pelos evangelhos sinóticos em três sentidos diferentes escatológico, prova a apologética que legitima as pretenções de Jesus, no livro dos Atos dos Ap palavra semeion se une à palavra teras com uma expressão técnica que designa os “milagres” d dos apóstolos.
c) Caracterização dos sinais joaninos
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No evangelho de João existe um nível tradicional que depois foi ampliado. No início, portanto, distinguir entre tradição e redação, apesar de que a unidade estilística da obra torne mais difíc nos sinóticos entrever onde começa e onde acaba a tradição. Esta constatação que, como afirmamos anteriormente, pode ser realizada com os outros relatos d inclusive no caso de Caná - tem levado a pensar se não teria existido uma coleção prévia de r “milagres” que teria sido a base do evangelho atual, coleção de milagres milagres que muito bem poder mini-evangelho, base daquele que hoje conhecemos. O que dizer sobre esta temática? Principalmente, confessar que o evangelho não nos ajuda dem tarefa de recuperar este hipotético mini-evangelho. Não existem outras indicações além das de C é fácil, pois, refazer esta hipotética coleção de “sinais”. Uma coisa é afirmar que não é nada fác este documento-base, e outra, negar que no evangelho de João existam relatos tradicionais, qu servido de base para a redação do mesmo evangelho. A hipótese de um mini-evangelho base, que através de diálogos e controvérsias, controvérsias, continua sendo a mais provável. É possível afirmar que João foi sendo elaborado pouco a pouco, presumivelmente com base na a de uma tradição narrativa sobre Jesus, paralela àquela que temos na base dos evangelhos sinótico Consequência importante para nossa leitura do quarto e evangelho: esta obra não apresenta simp um conjunto de dados e tradições sobre Jesus, mas há um aprofundamento nestes dados tradições. E este aprofundamento leva a um enriquecimento do sentido original da tradição, em f questões e das preocupações da comunidade à qual este evangelho foi dirigido. 5. Os “sinais” no evangelh ev angelho de João
O evangelho de João nunca utiliza a palavra dynamis para referir-se aos gestos de Jesus de Naz tão pouco narra exorcismo exorcismo algum de Jesus. Jesus. Por outro lado, fala dos atos portentosos portentosos de Jesus Jesus co
a) Ausências de atos poderosos
Para os sinóticos, os dynameis de Jesus são os atos poderosos que acompanham a presença ativa entre os homens. É lógico, então, que João não fale de dynameis de Jesus, porque os atos prodi Jesus não estão essencialmente relacionados relacionados com a destruição do poder do demônio. A vitória se outro nível.
b) Os sinais nos sinóticos
A palavra semeion (sinal) é utilizada pelos evangelhos sinóticos em três sentidos diferentes escatológico, prova a apologética que legitima as pretenções de Jesus, no livro dos Atos dos Ap palavra semeion se une à palavra teras com uma expressão técnica que designa os “milagres” d dos apóstolos.
c) Caracterização dos sinais joaninos
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À primeira vista, poderíamos afirmar que o sinal joanino é aquele gesto feito por Jesus que, uma pelos homens, conduz à fé. Mas esta primeira impressão deve ser corrigida, se quisermos elucidar mais específico da obra joanina. Devemos sublinhar que a terminologia do sinal não é unívoca. sinal tem diversos sentidos, os sinais são uma manifestação da glória para aqueles que estão di penetrar no ministério de Jesus: os sinais são um meio que os leva à verdadeira fé: contemplar a Jesus, a glória do filho único.
d) O sentido dos sinais joaninos
Os sinais são instrumento de manifestação da glória para aqueles que estão dispostos a seguir a da fé. O sentido dos atos extraordinários de Jesus, conforme São João, é duplo. Por um lado, co prodigioso de Jesus, convida o homem a uma penetração do mistério de Jesus que se aproxima do Mas existe um outro sentido, o mais específico do evangelho de João: em Jesus já se realiza a ple salvação. Jesus é a plenitude da revelação salvadora de Deus. Por isso, os sinais são, sobretudo, raio desta glória que se dá na sarx . O interesse de João não se cinge, efetivamente, aos gestos de Jesus mas à sua origem e fundam isso, podemos afirmar que o que caracteriza os sinais joaninos é o seu sentido revelador. Os sin conhecer a fonte e a origem da atividade de Jesus, o que valoriza o seu agir, a razão mais profun presença entre os homens.
DIMENSÃO LITERÁRIA: DIÁLOGOS, CONTROVÉRSIAS E NARRATIVA DA PAIXÃO
I. DIÁLOGOS E CONTROVÉRSIAS 1. Uma palavra sobre o gênero literário
O diálogo é muito conhecido como gênero literário. Sobretudo, era utilizado como veículo apresentação mais ou menos elaborada dos aspectos doutrinais que deviam ser aprofundados ou e aos poucos. Este gênero literário não é freqüente nos livros bíblicos. Não obstante, é utilizado pelos e sinóticos através de um esquema simples que parece constar de quatro pontos: 1) um brev narrativo, sem concretizações de lugar, nem de pessoas implicadas, nem de tempo; 2) pergunta ou crítica contra Jesus ou contra os discípulos; a iniciativa corresponde, portanto, aos interloc breve debate de duas ou três perguntas a respostas no máximo, encaminhando encaminhando para uma sentença que sobressaia claramente e que constitua desta forma o “princípio” do fragmento; 4) efeitos d nos presentes.
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2. As controvérsias e os diálogos do evangelho de João
a) Controvérsias
TEMPO: É interessante observar que estas controvérsias sempre ocorrem por ocasião de uma fest festa da Páscoa, festa dos judeus, os Tabernáculos, a festa da Dedicação, etc. Segundo João, a at Jesus se dá preponderantemente na Judéia, não na Galiléia, e mais concretamente em Jerusalé sinóticos, Jesus atuou fundamentalmente na Galiléia e, ao que parece, somente teve atuação p transcorrer de um ano.
INTERLOCUTORES: Em todas estas controvérsias, sem exceção, os interlocutores de Jesus são os j Jerusalém ou, mais concretamente, os fariseus.
LUGAR: As controvérsias com os judeus e os fariseus se dão sempre em Jerusalém, e mais concr no templo. Isto já ficou claro pelo fato de que pelo motivo das festas judaicas Jesus sobe a Jerusa
TEMAS DE DISCUSSÃO: Apesar da tonalidade de ensinamento que caracteriza as intervenções de J deixa de ser interessante constatar que as controvérsias de Jesus com os judeus de Jeru centralizam em temas doutrinais de uma certa importância para o judaísmo e com um aprofu que não se encontra nas tradições sinóticas. Eis o elenco dos principais temas o templo; o s legitimidade do testemunho de Jesus; Moisés e Jesus; a Escritura; a lei; a circuncisão; a o Messias; a filiação de Abraão; a liberdade; a filiação divina; Jesus Messias; Jesus-Filho de Deus.
FORMA DE PROGREDIR NAS DISCUSSÕES: Todas estas controvérsias avançam, pouco a pouco, ensinamento cada vez mais profundo, com uma técnica literária muito clara: o mal-entendido. uma declaração e os interlOcutores a entendem mal. Estes mal-entendidos tornam-se motivo esclarecimento posterior de Jesus. Nestas controvérsias o mal-entendido é, às vezes, grosseiro e t conotações de ironia que caracterizam tantos fragmentos deste evangelho.
O ÁPICE DAS DISCUSSÕES: Em quase todas estas controvérsias o tema se inicia com uma discus alguns dos pontos aludidos por ele, mas sempre finaliza com uma relação a Jesus. É o que po chamar “princípio” dos fragmentos dialogais. Todos os temas judaicos convergem para Jesus e é Jesus quem lhe dá sentido e os ilumina: Escritura, o templo, o Messias, Abraão e Moisés, todos estes pontos capitais do judaísmo são
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indicadores que apontam para Jesus. Encontramos aqui um cristocentrismo que não se enc sinóticos e que serão analisados quando apresentamos a cristologia do evangelho de João.
TONALIDADE: O tom que caracteriza estes encontros entre Jesus e os judeus é o de opo interlocutores de Jesus lhe pedem explicações daquilo que faz desde o primeiro encontro ( escandalizam com a doutrina de Jesus (5,18) e o perseguem abertamente (5,16).
CONCLUSÕES: Todas estas característica procuram centralizar as controvérsias no templo de J por motivo das festas judaicas. As festas são importantes na articulação destas controvésias, através das festas que nos colocamos em contato com os judeus de Jerusalém e, mais concretame os fariseus e os oficiais do templo que levaram a termo a sua perseguição conseguindo a conde Jesus.
b) Diálogos
Referimo-nos, sobretudo, aos diálogos com Nicodemos (2,23-3,21), com a samaritana (4,7-42 multidão em Cafarnaum (6,24-59) e com as irmãs de Lázaro (11, 17-44).
TEMPO: As indicações sobre o tempo são pouco importantes no caso dos diálogos. Na realid sabemos quando aconteceram. Em nenhum destes diálogos se encontram indicações temporais.
INTERLOCUTORES: São bastante variados, mas claramente delimitados e definidos: Nicodermos, de Samaria, multidão, judeus, irmãs de Lázaro.
LUGAR: Se as controvérsias se mantiveram em Jerusalém, temos a dizer que os diálogos se realiz lugares diferentes, mas sempre fora de Jerusalém
TEMAS: o batismo (Nicodemos), o culto (samaritana), a eucaristia (Cafarnaum) e a ressurreição Lázaro).
O MODO DE ROGREDIR: Esta é uma característica estilística. Não devemos nos surpreender ao perc a técnica, aqui, é a mesma que encontramos no caso das controvérsias: o mal-entendido. No enta o mal-entendido é menos grosseiro.
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O ÁPICE DOS DIÁLOGOS: Os temas vão sendo aprofundados, pouco a pouco, no transcorrer do mediante o mal-entendido. No fundo, o “princípio” ou o ápice destes diálogos é uma revelação de Jesus (“Eu Sou”).
A TONALIDADE UNDAMENTAL: O que caracteriza estes diálogos é a disposição em aceitar a rev Jesus. Por isso, Jesus se revela de uma forma mais aberta. Por isso, os diálogos terminam referência à fé e à vida eterna. A atitude aberta dos interlocutores se encontra nas petições: dápão..., dá-me desta água... Além das diferenças observadas em relação às controvérsias, o que caracteriza estes diálogos é são introduzidos por uma pergunta de Jesus, mas por questões que surgem dos sinais. O que é preciso sublinhar é que, nestes diálogos, existe um trabalho de instrução e catequese.
3. Tempo de Escritura e chave de interpretação
a) Diálogos e controvérsias: reflexos do tempo em que João foi escrito Nos evangelhos sinóticos, as críticas contra Jesus ou contra os discípulos, que originam os diál controvérsias, levam-nos a suspeitar que estas controvérsias e estes diálogos poderiam ser proven ambiente vital da comunidade, no qual o judaísmo oficial questionava a doutrina e a práxis dos s de Jesus. Neste caso, a comunidade cristã responderia a estas críticas apelando par o que Jesu fez, quer dizer, para a autoridade de seu Mestre e Senhor. No evangelho de João esta conjectura apresenta-se com maior consistência se considerarmos q alusão às práticas judaicas contra os cristãos que começaram a ser levadas a termo somente n primeiro século. Quando o quarto evangelho nos fala da expulsão dos cristãos da sinagoga (9,22; 12,42; 16,2) e época de Jesus, está cometendo um aparente anacronismo. Está projetando sobre a época de Je estava acontecendo na comunidade onde o evangelho estava sendo redigido. Isto nos leva a p muitas das discussões com os judeus (fariseus), que encontramos no evangelho de João, talv reflexo das discussões entre a igreja cristã e a sinagoga judaica, herdeira do farisaísmo da época d Muitos dos temas das controvérsias são perfeitamente situados: são temas sobre os quais a co joanina não concorda com a sinagoga farisaica. Os temas são propostos a partir da interpretaçã que é contrastada com a interpretação cristã: e aqui nos encontramos com a centralidade de Je ponto de referência fundamental. É através de Jesus que se deve interpretar o judaísmo.
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b) Uma chave de leitura do evangelho de João Temos aqui uma das chaves de leitura do evangelho: convém ter presente este duplo nível em que a apresentação de João. Por um lado, nos fala de Jesus e do mistério de Jesus. Existem muitos p é preciso esclarecer para poder entender o que fica implicado na confissão dos que crêem em Je Messias, e Filho de Deus. Mas, por outra parte, João nos fala de sua própria época, das dificuldades doutrinais que comport relação ao judaísmo oficial (a sinagoga). Daí a importância do elemento doutrinal nesta obra.
4. O caráter teológico dos diálogos e das controvérsias
Além de dar-nos uma pista da problemática da comunidade, os diálogos e as controvérsias são ta expoente muito profundo de um ponto de vista teológico que caracteriza de forma marcante o de João.
a) Indicação terminológica Na perspectiva de determinar o papel e o alcance dos diálogos e controvérsias na progressiva for evangelho existe, todavia, um dado que convém assinalar: a forma como os gestos de J caracterizados nos diálogos e nas controvérsias. Nos diálogos e as controvérsias, quando se fala dos gestos de Jesus, não se fala de sinais, mas (ergon, erga) que Jesus realiza. Isto com duas características: primeira, somente Jesus fala das ele realiza e os interlocutores, por sua vez, não falam desta forma. Por outro lado, esta terminologia, “as obras que eu faço”, nos introduz na visão teológica do e Jesus fala das “obras que faz”, referindo-se à missão que recebeu de leva-las a termo e à (teleioun) por parte daquele que o enviou ao mundo. Desta forma, as obras são um termo est teológico.
b) Reflexão sobre os gestos e as palavras de Jesus Jesus não fala de seus gestos como de “suas obras”. De fato, as obras que Jesus realiza são as obr e é o Pai quem as realiza mediante o Filho. Pois bem, o Pai mostra as obras ao Filho, e as dá ao Filho as realiza, leva-as a cumprimento e à perfeição. Neste sentido, as obras que Jesus testemunho. Os homens, por sua parte as vêem e se maravilham. E as obras conduzem os hom Uma fé que os leva ao conhecimento do pai que enviou Jesus. A estrutura interna das palavras de Jesus é exatamente a mesma que a das “obras”. Jesus palavras que pronuncia não são propriamente suas, mas daquele que o enviou ao mundo. Observadas a partir do Pai que enviou Jesus, palavras e obras são a missão que Jesus recebeu e h
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la a cumprimento. E, neste sentido, palavras e obras são primordialmente uma revelação daq enviou Jesus, porque são suas as palavras e suas as obras. II – O RELATO DA EXALTAÇÃO DE JESUS
1. A morte de Jesus e o resto do evangelho
a) Três passagens significativas Não deixa de ser surpreendente o fato de que três passagens, que nos evangelhos sinóticos dese um papel de suma importância na preparação da paixão de Jesus, tenham paralelismos em João, precisamente como preparação da Paixão. Estas três passagens são a expulsão dos vendilhões do unção e o discurso eucarístico de Jesus. Estas passagens também se encontram em João, mas e diferentes e muito distantes da Paixão. Estas três passagens se constituem em três aspectos contínuos e importantes no evangelho, pois t fazem referência à festa da Páscoa e, por outro lado, os três textos aludem explicitamente à Jesus. É interessante observar que a morte de Jesus, como princípio interpretador, está presente o evangelho, pois as três passagens, mencionadas contam com ela necessariamente para pod sentido e a interpretação dos fatos que apresentam.
b) O tema da hora de Jesus Em contraste também com os sinóticos, que só falam da “hora” de Jesus um pouco antes da evangelho de João desenvolveu este tema no transcorrer de todo o livro, de modo que, desde o nos encontramos com a referência a uma hora que ainda não chegou e que chega ao final. Esta h hora especial de Jesus. Toda a atividade de Jesus está situado à luz de sua glorificação, isto é, de sua morte. A morte culmina toda a apresentação de sua vida.
c) O quarto evangelho como um crescendo dramático Não faltam nos evangelhos sinóticos uma série de dados que vão tornando cada vez mais tensa a r Jesus com as autoridades judaicas. Em João a oposição judaica contra Jesus é muito mais sistemática e esmagadora. Poder-se-ia dizer que neste evangelho estamos convencidos, desde o início, de que tudo o que se diz desembocará irremediavelmente na morte de Jesus. Nesta linha nos encontramos sempre sob a a perseguição esmagadora que conduzirá Jesus à morte.
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d) As predições da glorificação No quarto evangelho Jesus prediz três vezes a sua morte: Jo 3,14; 8,28; 12,32. O quarto evangelho também contou com a Paixão e morte de Jesus, como em Marcos, desde o 3,14; cf. Mc 3,6) . Por outra parte, a terminologia “exaltação” e “glorificação” é própria do joanino e apresenta a morte de Jesus de uma forma especial e característica.
e) Os discursos de despedida de Jesus Uma das maiores características de João é que o ensinamento de Jesus aos seus discípulos não se acolá no transcorrer da sua atuação pública, mas está concentrado nos capítulos 13-17. Est passagens são um verdadeiro pórtico da narração da exaltação de Jesus e, neste sentido, constit verdadeira introdução à narrativa de sua morte. Os capítulos 13-17 estão claramente marcados pelo gênero discursivo-dialogal. Os diálogos de Jesu 17 estão inscritos no gênero literário do discurso de despedida. A função principal dos discursos de despedida é preparar a leitura da morte de Jesus. Os capítulos 13-17 apresentam, uma visão teológica da morte de Jesus. Neste sentido constit preparação ótima para a leitura das passagens que narram a prisão, a condenação e a morte de morte de Jesus, interpretada em termos de glorificação, é o verdadeiro ponto básico da est evangelho de João.
2. O relato da morte de Jesus como relato da glorificação
a) Comparação com os evangelhos sinóticos
Alguns dados dos sinóticos que não se encontram em João
Conhecesse ou não os sinóticos, a narrativa de João é, por contraste, mais cristológica. Todas as de tipo biográfico que poderiam distrair a atenção do leitor, como por exemplo a figura de Cirene, a mulher de Pilatos, a intervenção dos ladrões crucificados junto a Jesus etc., não estão Portanto, a concentração cristológica é de fato mais intensa do que nos sinóticos. Se o autor conheceu os sinóticos, o contraste torna-se todavia mais marcante. Passagens e dados de João que não se encontram nos s inóticos
O que por primeiro nos surpreende nesta lista é que os dados topográficos, pessoais e cronoló muito distintos daqueles que se encontram nos sinóticos. É difícil pensar que, se a tradição utili
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IV Evangelho é a mesma que a dos sinóticos, tenha omitido tantas coisas e assim mes acrescentado outras tão diferentes. É muito mais razoável apelar para uma tradição independent máximo, tenha tido alguns pontos de contato com a tradição pré-lucana. Passagens comuns nos quatro evangelhos, mas com sentido mui diverso
A prisão de Jesus (Jo 18,1-12; cf. Mc 14,43-52; Mt 26,47-56; Lc 22,47-53). O lugar já é diferente: chamado Getsêmani” (Mt-Mc), o “monte das oliveiras” (Lc), “do outro lado da torrente do Ced havia um horto” (Jo). Alguns vêm com espadas e paus (Mt-Mc), outros com lanternas, tochas e ar e os outros, aparentemente sem nada (Lc). Mas as maiores diferenças se dão no nível dos aconte fundamentais. Em Mc sublinha-se a odiosidade do aprisionamento: “Prendei-o e levai-o com ca também “Rabbi, e lhe deu um beijo” (Mt e Lc suavizaram o relato com um diálogo entre Jesus Em lugar da ação violenta contra Jesus que Marcos nos narra, João nos relata uma teofania.
A morte de Jesus. Um pouco antes de Jesus morrer, os sinóticos mencionam os insultos e zomb presentes. João não fala nada disto. O IV evangelho é sóbrio e comemora o domínio de Jesus: Jesus que tudo estava consumado”; “e inclinando a cabeça entregou o espírito”. Nem o cataclism de Mateus nem tão pouco o arrependimento da multidão de Lucas acompanharam este acont fundamental.
b) O sentido da Paixão segundo o evangelho de João Majestade de Jesus
A pessoa de Jesus que aparece na Paixão é, pelo menos, tão majestosa como no resto do evangel conhecia tudo o que devia acontecer. É Jesus quem dá a própria vida, ninguém lha tira. O tema da hora de Jesus, presente em todo o e marca esta liberdade que é, por sua vez, a obediência. A Paixão se converte numa marcha triunfal par a cruz. A morte de Jesus é mais uma vitória do que uma derrota. A cruz é mais um trono d patíbulo.
Entronização de Jesus
O dilálogo de Jesus com Pilatos sobre o tema da realeza está repleto de temas joaninos: vir a est dar testemunho, ser da verdade, não ser deste mundo, escutar a voz de Jesus. O relato da inscrição é, o último ato da Paixão como revelação da realeza de Jesus. Os diálogos co serviram para preparar a interpretação da cruz e da morte. A ironia joanina aparece uma vez mais nestes relatos. Quando os judeus acreditam poder ter d Jesus no momento em que Pilatos entrega Jesus para que o crucifiquem e os soldados reparte vestes, é justamente nesse momento que Jesus é elevado e glorificado.
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A morte de Jesus como cordeiro pascal
A festa da Páscoa envolve toda a narrativa da Paixão segundo o evangelho de João. Existem detalhes que é preciso ter presentes. Em primeiro lugar, a unção de Jesus – a consagração – acontece “seis dias antes da Páscoa”, quer dizer, no momento em que as prescrições rituais pedem que se separe o cordeiro destinado ao sacrifício pascal. Convém recordar, também, morre no dia da preparação, na hora em que os cordeiros pascais eram sacrificados para a cele festa. João nos apresenta a morte de Jesus como a morte do cordeiro pascal, Jesus, portanto, mo antes da Páscoa. O relato da Paixão como revelação de Jesus
Toda a Paixão pode ser chamada uma “epifania real”, na qual aquele homem, acusado e maltr autoproclama rei que veio dar testemunho da verdade. A morte de Jesus é, pois, uma vitóri príncipe deste mundo. Esta passagem da exaltação de Jesus na cruz dá a conhecer a sua v realidade: Jesus volta ao Pai, volta àquele que o enviou, volta ao mundo do alto. O relato da paixão é dos mais antigos do Novo Testamento. Desta forma, é muito provável que a sobre a Paixão tenha estado presente na comunidade joanina desde o início e que, na catequ liturgia – nas homilias -, paralelamente à ampliação dos sinais mediante os diálogos, também tradicional da Paixão tenha sido objeto de uma ampliação e de um aprofundamento. Na base do relato atual da morte de Jesus segundo o evangelho de João existe um relato mai provavelmente independente daquele que temos como base em Marcos -, que fora estruturado com os meios e o método que caracteriza todo o IV evangelho.
4. Conclusão: estrutura literária do evangelho
A condenação de Jesus no IV evangelho não se dá, propriamente falando, durante a sessão diante o processo oficial contra Jesus se encontra neste evangelho muito antes. Dá-se, depois da ressur Lázaro, quando o Sinédrio se reúne e decide oficialmente pela morte de Jesus. A importância do tema judicial
No evangelho de João, existe uma forte concentração do que poderíamos chamar de vocabulário Krinein (julgar); Krisis (juízo); martyreo (dar testemunho); martyria (testemunho); Kategoreo kategoria (acusação) homologeo (confessar); elencho (declarar culpado); parakletos (advogado, de O conjunto mostra uma acentuação muito forte do marco judicial na apresentação da atividade de sua vida e de sua morte.
O processo contra Jesus
Vemos no evangelho um verdadeiro processo contra Jesus que culmina com a sua morte. Este asp
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nos evangelhos sinóticos tem tratamento reduzido à narrativa do interrogatório dentro do relato d tem sido ampliado em João, de maneira que toda a atividade de Jesus se encontra situada n verdadeiramente judicial. Nele os judeus pedem contas a Jesus de sua atuação, perseguem-no p lo, declaram-no culpado e, finalmente, o prendem e conseguem do governador romano a sen morte.
O processo de Jesus contra o mundo
Paralelamente ao processo contra Jesus, temos em João um processo de Jesus contra aqu acreditam poder julga-lo. De modo que, quando os juízes acreditam ter vencido e aparentemen que o processo terminou e que Jesus foi executado, o leitor sabe que a vitória é de Jesus. Est objeto de especial atenção nos discursos de despedida de Jesus e no mesmo relato da paixão. O processo das autoridades judaicas contra Jesus tem um aspecto mais profundo e mais real: o pr Jesus contra as autoridades judaicas e contra o mundo e o seu príncipe. O que nos diz Jesus em J que temos de lutar contra o diabo, mas que o diabo foi vencido e que é possível a verdade e a v os irmãos. Os exorcismos não são necessários neste evangelho. Esta é a razão fundamental pela existem relatos de exorcismos no evangelho de João: todo ele é um grande exorcismo e u combate entre Jesus e Satanás. III – O ESPÍRITO SANTO NO EVANGELHO DE SÃO JOÃO 1. O Espírito Santo e Jesus
a) O Espírito nos primeiros capítulos do evangelho A primeira parte do evangelho de João nos fala do Espírito em diversas passagens. O que cara figura do Espírito, nos primeiros doze capítulos, é a sua íntima relação com Jesus. É Jesus quem b o Espírito Santo (1,33), na medida em que o Espírito selou Jesus com a sua permanência sobre 33). Existe no evangelho uma verdadeira preparação do tema do Espírito. b) Jesus e o Espírito da verdade
Nome e origem do Paráclito
Nos diálogos de despedida, Jesus nos fala indistintamente do paráclito, do Espírito da verdade e d Santo. A palavra Paráclito, do verbo grego parakalein, significaria “o que foi chamado par acompanhante, aconselhar”. Neste sentido, alguns o traduziram como “advogado”. O primeiro a sobressair quando analisamos a origem do termo paráclito é que é um enviado (14,2 16,7). Quem envia este Paráclito? Parece que, por uma parte, é o mesmo Pai de Jesus que (14,26). No entanto, o fará em nome de Jesus. Por outra parte, é o mesmo Jesus quem o envi
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15,26), mas o enviará a partir do Pai. Segundo João, o Pai não atua no mundo à margem de Jesus. Quer dizer, se é o pai quem Paráclito, o fez forçosamente através de Jesus. Neste sentido, o Paráclito procede do Pai de u distinta daquela em que saiu Jesus do Pai. De fato, os verbos não são os mesmos: proced ekporeuomai; sair, excechomai .
função do Paráclito Se procurarmos elencar todas as funções que se encontram nos texto sobre o Paráclito, deduzirem reduzem fundamentalmente a duas: dar testemunho de Jesus (15,26) e conduzir à verdade plena ( Estas duas funções – revelar e dar testemunho – não só não se excluem, mas coincidem. A testemunial de Jesus fora apresentada por João como revelação, justamente no aspecto de tes Pois bem, o Espírito é o continuador da obra de Jesus, é o agente de Jesus. A diferença fundamental entre o Paráclito e Jesus é que a ação deste deu-se na sarx (carne) efêmera do homem chamado Jesus. Por outro lado, o Paráclito, o Espírito, se fará presente nos d os consolará, os ajudará. É preciso relembrar, finalmente, uma imagem que ajuda a compreender a função e a real Paráclito: a do defensor no juízo final. O Espírito será o guia, o conselheiro, o defensor..., que d no crente a realidade de Jesus e, portanto, demonstrará o equívoco radical do mundo. 2. Aceitação de Jesus: a fé joanina
a) A importância do tema no evangelho de João No evangelho de João a expressão “crer” é extremamente freqüente. Na realidade vale a pena que o verbo “crer” ( pisteuein) aparece 98 vezes em João (Mt, 11; Mc, 14; Lc, 9). Por outr substantivo fé ( pistis) nunca aparece no evangelho de João. A importância do “crer” em João é sublinhada também através das promessas que são feitas ao Quem crê, nunca mais terá sede (6,35), tem a vida eterna (5,24; 6,40.47), ainda que morra, viver não permanecerá nas trevas (12,46), fará as obras que Jesus fez e fará até maiores do que estas (1
b) Objeto do crer A expressão “crer em...” (pisteuein hoti...)
Aparece 13 vezes no evangelho de João. Segundo esta fórmula, o único conteúdo doutrinal “verdade”) que João anuncia como conteúdo de fé faz referência à pessoa de Jesus e à sua relaç Pai. A expressão “crê por meio de...” (pisteuin eis)
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Aparece 36 vezes no evangelho de João. A fé tem um tom de relação pessoa muito marcante e t objeto Jesus de Nazaré, o homem chamado Jesus.
A expressão “ crer + dativo” Esta expressão encontra-se 18 vezes no evangelho de João. A tradução comum desta frase de “confiar em”. No fundo, João conserva de modo preferencial este sentido menos pessoal e a expressão a objetos que não são Jesus. Numa palavra, as testemunhas que falam em favor de Jesu
A expressão “crer” em sentido absoluto Encontramos esta expressão 30 vezes no evangelho de João. A utilização desta expressão indi realidade da fé está claramente formulada e que se conhece o conteúdo da expressão: crer estabelecer uma relação direta com Jesus de Nazaré.
c) O momento da fé Em todos os relatos da vida de Jesus, apesar de se fazerem referências freqüentes á fé interlocutores e serem citados casos que parecem inequívocos – e inclusive algumas das confiss parecem estar com fé plena -, se bem que ninguém chegue verdadeiramente a crer. Nem discípulos. É que a fé não era possível antes que chegasse o mistério de Jesus à sua plenitude. Crer e conhecer: Existe um primeiro aspecto importante que devemos relembrar: o crer joa muito de conhecimento, de penetração no mistério de Jesus. Por isso, crer e conh fundamentalmente sinônimos. Mas o momento da intelecção não chega até que venha o Espírito. A elevação de Jesus e a fé. Esta elevação do texto que acabamos de citar é o momento da fé: “q for elevado da terra, atrairei todos a mim” (12,32-33). É o momento da plena realização de seu m o momento da caminhada, da passagem, da volta àquele que o enviou. A fé e a recordação de Jesus . Convém, aqui, destacar que uma das atividades fundamentais do será recordar o que Jesus disse e fez (14,26). Neste sentido, sem o dom do Espírito é impossível mas, sobretudo, é impossível penetrar no sentido fundamental das palavras e dos gestos de Jesus. O crer e o dom do Espírito . O crer, segundo João, é a posse atual e plena da vida de Deus, que através de Jesus: Esta plenitude, que Jesus oferece desde o início e que João refere ao Jesus somente se realiza depois da elevação.
3. Um contraste o pecado A apresentação que João faz da fé não é possível entendê-la completamente se não leva consideração o esquema dualista que marca profundamente o ensinamento doutrinal desta obra. de ser surpreendente que, ao lado das freqüentes e enfáticas referências à fé de muitos, João se
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balizado pelas diversas anotação que salientam a existência de uma rejeição frontal a Jesus. A fé é iluminada, através de um contraste com aqueles que não seguem Jesus, com aqueles recebem o seu testemunho nem a sua palavra; com aqueles que se opõem a Jesus e o pers incredulidade não se contenta com ignorar Jesus, mas torna-se agressiva e mata Jesus. O pecado será este desprezo homicida contra a luz.
a) “Os judeus” É evidente que existe um grupo especialmente hostil a Jesus no evangelho de João. Este caracterizado por João como “os judeus”. Existe um grupo, especialmente ligado ao templo, à sin tradição, que se opõe radicalmente a Jesus: são os fariseus. Jesus (o evangelho de João) discutirá sobre o sentido da tradição, mas sobretudo sobre o sentido e o valor da lei para saber onde en vontade de Deus.
b) “O pecado” O tema do pecado é uma contraposição plena ao tema do crer. De fato, João fala do crer em t “agir segundo a vontade” (3,21), em contrapartida, fala da incredulidade em termos de “c pecado” (8,34; cf. 1Jo 3,8). “O pecado” dos judeus (no singular e com artigo determinativ definitivo, matar Jesus. O pecado é fundamentalmente uma atitude da auto-suficiência e de fe que impede aos judeus um verdadeiro conhecimento de Deus: “o Pai que me enviou dá teste mim. Jamais ouvistes a sua voz, nem contemplaste a sua face” (5,37). Neste sentido, a realidade do pecado é anterior à do aparecimento de Jesus; não esqueçamos aparece para “tirar o pecado do mundo”. No contexto do evangelho de João, o pecado é a não do dom de Deus que leva à confissão: o Espírito.
c) O mundo O pecado é também maior e mais poderoso do que o desprezo dos judeus. É uma atitude que car vida dos homens: “a luz veio ao mundo mas os homens preferiram as trevas à luz, porque as s eram más” (3,19). O evangelho de João amplia aqui o seu horizonte e fala do “pecado do mundo” e de como os assimilaram ao mundo. O pecado do mundo responde a atitudes profundas e essenciais, que se co no desprezo a Jesus, na não aceitação da confissão cristológica da comunidade.
4. Conclusão: uma chave de leitura confirmada
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A sucinta apresentação do tema do “crer” nos confirma uma chave de leitura que já tínhamos e quando falarmos dos diálogos e das controvérsias: que João, ao falar da fé em Jesus e explicá-la e de conhecimento pleno do mistério de Jesus, fala propriamente da fé pós-pascal. O evangelho de apresentar a fé, não refere a confissão desta fé somente a Jesus elevado, mas se refere também forma clara e inequívoca, ao Jesus histórico. A estrutura teológica de João vem confirmar a estrutura literária. Porque é a teologia do eva João o que constitui a sua estrutura mais profunda: a exaltação de Jesus (Jesus na cruz) é o pont que une a vida histórica de Jesus e a vida da comunidade pós-pascal. O que ocorre é que ambos o a vida de Jesus e a vida da comunidade pós-pascal, se encontram imbricados e superpostos. E razão mais profunda pela qual João, ao querer apresenta a sua fé, não pode fazê-lo de outra for ser narrando a vida de Jesus. Esta confissão de fé narrativa corresponde ao núcleo mais fundame e da confissão deste peculiar grupo de cristãos que aflora constantemente no transcorrer das p evangelho de João.
Vocabulário bíblico de João
ÁGUA
I – A água de ruptura. A água caracteriza o batismo de João (1,26.31.33), por oposição ao ba Messias, que batiza com Espírito Santo (1,33). Segundo os dados do tempo, o batismo com água, imersão, simbolizava uma mudança de situação, em particular a liberdade para o escravo ou a mu religião para o prosélito II – A água-vinho da purificação . O tema da água aparece pela segunda vez nas núpcias de Caná As talhas de pedra, figura da Lei (tábuas de pedra), destinadas a conter água para a purificaç vazias (cf. 2.7; Enchei as talhas de água ); a antiga Lei não pode purificar. Fazendo encher as talhas de água, Jesus significa sua vontade de purificar (restabelecer a rel Deus), o que a antiga instituição não conseguira fazer; ao converter em vinho somente a amostr que oferece o mestre-sala (2,9), explica que sua purificação é independente da Lei da antiga água foi tirada das talhas). III – A água-Espírito. Além da oposição entre as duas alianças que se estabelece em Caná, Jo, ass linguagem dos profetas, faz da água o grande símbolo do Espírito. A primeira vez que se associam água e Espírito é em 1,33: o que batizará com Espírito Santo “batizar” não tem neste caso o significado de “submergir”, mas de “embeber”, como a chuva (c alento = Espírito), de acordo com o duplo sentido do verbo grego. Essa água-Espírito substitui a Lei, como aparece na cena de Caná (água-vinho = Espírito) e, mais episódio da samaritana, onde o manancial de Jesus (4,6.14) substitui o poço de Jacó, também fig
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(4,12); é, pois, o guia interior da conduta do homem. A água-Espírito aparece também em 7,37-39, onde se identifica explicitamente com o Espírito q caso, brota de Jesus novo templo, segundo o simbolismo próprio da festa das Tendas (7,37). IV – A água do serviço. Na Ceia, Jesus lava os pés de seus discípulos com água que ele próprio de bacia (13,5). A ação de Jesus é serviço que expressa o seu amor até ao extremo (13,1.4) e que de exemplo para os seus (13,15). O lava-pés encena o mandamento de Jesus (13,34s), que é a mens purifica (15,3). V – A água de vã esperança. Além da água da Lei, incapaz de matar a sede do homem (4,14), en no evangelho outra água de sentido negativo: a da piscina das Ovelhas, que representa a vã esp cura (5,7); a agitação da água figura as turbulências populares contra a instituição dominante, co ao malogro. O nome de Siloé (o Enviado), aplicado à segunda piscina (9,7), onde o cego obté alude a Is 8,6: as águas de Siloé que correm mansamente , e se opõe assim à de 5,7. Sendo a p Enviado (Jesus), esta água identifica-se com o Espírito.
AMOR I – Termos. O amor é designado em Jô com dois substantivos: charis, o amor gratuito e genero traduz em dom (1,14), e agapê, que neste Evangelho significa o amor enquanto é entrega de 13,35; 15,9), praticamente sinônimo de charis. II – Equivalências. A charis, o amor gratuito, qualificado de “leal”, equivale à “glória”, a qual traço de luminosidade, significa o esplendor do amor leal, ou seja, sua visibilidade e sua evidên manifestado (1,14.17). O termo alêtheia, no seu sentido de “lealdade”, qualificação de charis (1,14.17), usa-se também para indicar o amor leal (3,21: o que pratica a lealdade = o amor leal). Vida, Zôê, está em relação com o amor enquanto ele (o Espírito) é princípio vital: daí que a co do Espírito seja comunicação de vida. A verdade, alêtbeia, desde o ponto de vista subjetivo, é então a experiência de vida que produz do amor (8,31s) III – Símbolos do amor . Os símbolos doa mor que Jesus comunica aos homens são os do ( Espírito 1, IV). Na cruz, o sangue e a água que saem do lado de Jesus (19,34) simbolizam o pelo homem, que chega ao ponto de dar sua vida (sangue: amor demonstrado, a plenitude d lealdade; cf. 1,14) e o amor que comunica aos homens (água: amor comunicado, o amor e a lea Espírito; cf. 1,17;7,39). IV – O amor de Deus: o Pai. a) Característica de Deus como pai é a plenitude de amor e lealda que eqüivale a ser Espírito (4,24), força e dinamismo de amor. O amor de Deus é universal, atinge a humanidade inteira (3,16: o mundo) e o demonstra che
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ponto de dar o seu Filho único. b) O Pai ama o Filho e amou-o desde antes de existir o mundo (17,24), ou seja, o Pai previa a real seu projeto em Jesus e o seu amor o impulsionava a realizá-lo. Demonstra o seu amor comunicando-lhe a plenitude de sua glória, o amor leal (1,14), o Espírito, que é a definição do pró (1,32: 4,24). c) O Pai quer bem também aos discípulos com amor de amizade porque eles querem, por sua ve Jesus e lhe dão sua adesão. A quem responde ao amor cumprindo a mensagem de Jesus, o Pai de seu amor vindo com Jesus e ficando para viver com o discípulo (14,23), tornando-se companheiro V – Amor de identificação e amor de entrega. A) O amor do pai para com Jesus e para com tod evidencia-se na entrega de si mesmo pela qual comunica sua própria glória (1,14), o Espír princípio de vida. b) Jesus, que recebe a plenitude do Espírito (1,32s), é “um” com o Pai (10,30), está identificado (10,38;14,9s). c) O discípulo recebe de Jesus o Espírito-amor que Jesus recebe do Pai, ficando dessa forma int “unidade”, identificado com Jesus e, através dele, com o Pai, a nível comunitário (14,20) (14,23). VI – O amor de Jesus. a) Jesus ama o Pai e o manifesta com sua entrega, cumprind mandamento/ordem (10,18), que o leva a dar sua vida pelo homem (14,31); ou seja, expressa o ao Pai amando o homem até ao extremo, como ele e em união com ele (13,1). b) Jesus se entrega pela humanidade inteira e a todos oferece sua mensagem de vida. Manifesta o pai aos homens mediante os seus sinais, que culminam em sua morte, manifestação suprema do se c) Jesus ama aos discípulos. Um discípulo não nomeado, seu amigo íntimo e confidente, é o protót vínculo de amor. d) Jesus explica aos seus a qualidade do seu amor no lava-pés (13,4-17), onde, sendo “o Senhor” servidor, dando também a eles a categoria de “senhores” ) = homens livres; cf. 8.36); dá-l exemplo que servirá para o seu modo de agir no futuro. VII – O mandamento do amor . O mandamento novo, que substitui todos os da antiga Lei e é fundação da comunidade messiânica, é o mandamento de amor mútuo como o que Jesus teve (13,34; 15,12.17), explicado no lava-pés e na aceitação da morte. VIII – O amor dos discípulos a Jesus . A identificação com Jesus, que se expressa em termos (14,15), ou, em outros termos, assimilação de Jesus, de sua vida e morte (6,54: comer a sua carn o seu sangue), é condição para que o discípulo possa cumprir a mensagem do amor (14,15). Por outro lado, a assimilação e prática dos seus mandamentos ou de sua mensagem (o amor par outros) é a prova de que existe a identificação/amor com Jesus (14,21.23). IX - O amor na comunidade . Na comunidade resplandece o amor, “ a glória”, que Jesus recebe comunica aos seus (17,22). A glória, visibilidade do amor, é a presença do Pai neles; em virtude d comunidade torna-se então o santuário de Deus entre os homens.
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A missão da comunidade realiza-se em ambiente de amizade com Jesus, e faz com que a alegria seja partilhada (15,11; cf. 4,36). Assim como o amor do Pai e o de Jesus, também o amor dos discípulos se manifesta na partilh possuem e na entrega de se mesmos no dom. X – O amor, condição para conhecer a verdade . XI – Os que não ama . Fora do âmbito do amor estão os que, tendo apego a si mesmos, não querem no meio do mundo hostil, ou seja, os que se acomodam ao sistema injusto (12,25). Esta atitude i se com buscar a própria glória (5,44;), preferindo a glória humana à que vem de Deus (12,43; 5,44 Optar pelas trevas e contra a luz é a mesma coisa que optar contra o amor e pela glória humana 12,43). Isso faz com que os dirigentes judeus não conheçam ao Pai, porque não está neles o amo (5,42).
DISCÍPULO
I – Termos. O termo “discípulo” (matbêtês) é correlativo de “Mestre” (rabbi, didakalos ). Aparece o termo “discípulo” referido aos de João Batista (1,35.37;3,25) e aos de Moisés (9,28). restantes se refere aos de Jesus. “Seguir” (akoloubtheô) é o verbo que descreve metaforicamente a fidelidade do discípulo à p mensagem de Jesus (12,26). A atividade própria do discípulo, “aprender” (manthanô), aplica-se a todo homem, que pode ap Pai (6,45). II – Eqüivalência. Eqüivalente de discípulos é “ajudante/colaborador” (12,26: diakonos, diakoneô o serviço prestado de acordo com as instruções de outrem, ou em união com ele, não por subo como doulos, mas por amor; cf. 15,15). Designa, portanto, o discípulo enquanto associado à Jesus. III – Os primeiros discípulos . Os primeiros que se reúnem são cinco: o não-nomeado e André ( Simão Pedro (1,40-42), Filipe e Natanael (1,43-51). Representam três tipos de discípulos: a) O não-nomeado e André eram discípulos de João batista (1,35) e tinham escutado suas (1,37.40). sendo discípulos de João, romperam com as instituições do passado. Preparados pela de João, seguem espontaneamente a Jesus (1,37.38.40), escolhem-no por mestre no lugar de Joã desejam conhecer sua morada. A ausência de nomes próprios (1,35-39); o de André aparecerá so 1,40) eleva a cena à categoria de paradigma: Jo descreve nela o modelo de encontro com plenitude do seu efeito. b) O segundo tipo está representando por Simão Pedro, o qual é discípulo de João, recebeu, po
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batismo de água rompendo com as instituições do passado e espera o Messias; contudo, não e palavras de João (1,40), e por isso não conhece as características do Messias que este descreveu: do Messias é diferente. Daí provém que não vá espontaneamente ver Jesus, mas conduzido pelo s Pedro, embora estabeleça contato com Jesus, não o reconhece por Mestre nem se pronuncia; su fica suspensa. c) O terceiro tipo de discípulos está representado por Filipe e Natanael. Estes não pertencem ao Batista. Por isso sua espera do Messias não é concreta nem imediata, como de alguém que presente” (1,26). Daí o fato de Jesus ter que chamá-lo, convidando-o a ser discípulo dele (1,4 me), proposta aceita também por Natanael (1,49 Rabbi) Não romperam com as instituições do pas Natanael aparece como figura representativa. Representa o Israel fiel à aliança e que cumprimento das promessas (1,47: verdadeiro israelita) Na figura de Natanael, Jesus, como renova a eleição de Israel para o reino messiânico. Este tipo de discípulo reconhece Jesus por mestre e Messias, ainda que no sentido exposto (1,49). Não fica a viver com Jesus, ou seja, não entra ainda na esfera do Espírito, mas Jesus lhes essa visão para o futuro. Como representante do Israel fiel, a figura de Natanael eqüivale à feminina da Mãe de Jesus. O p representa enquanto o objeto de renovada eleição (“dom de Deus”) por parte do Messias; a enquanto origem (“mãe” ) do Messias. d) O discípulo a quem Jesus queria bem . A relação que aparece entre este discípulo e o nãocompanheiro de André permite inserir sua figura em seguida ás dos primeiros discípulos. A partir da Ceia (13,23ss), Jô associa cinco vezes a Pedro a figura de um discípulo não-nomeado. E delas (cf. também 19,26) é designado como “o “discípulo a quem Jesus queria bem”, usando trê verbo agapaô (13,23; 21,7.20; também 19,26) e uma vez o verbo pbileô (20,2). O discípulo é, “amigo de Jesus”. “O amigo de Jesus” é a personagem masculina que corre feminina, Maria Madalena, que, como personificação da comunidade, representa o papel de “espo Na ceia, este discípulo, em contraste com Pedro, aparece como o confidente de Jesus, e go intimidade com ele que pode se reclinar sobre o seu peito, gesto de absoluta familiaridade. A cena de 18,15s, segunda vez em que aparece este discípulo, é de capital importância para com o significado que Jô atribui a esta figura. O evangelista omite a denominação habitual ( o discípul Jesus queria bem), para sublinhar o amor com o discípulo responde ao de Jesus, entrando com ele O discípulo leva o distintivo próprio dos que são de Jesus, porque pratica o seu mandamento, ama ele (13,34). Ao pé da cruz (19,26s) aparece o discípulo com a mãe de Jesus (=Maria de Cléofas), tomando o irmã da mãe ( = Maria Madalena), personagem que a acompanhava na primeira parte da cena Nesta passagem é onde aparece com mais clareza o caráter representativo do discípulo, em c com o da mãe. Se esta representa o resto de Israel, fiel a Deus e ao Messias, o discípulo rep comunidade universal, a nova humanidade que será fruto da morte de Jesus. Na cena do sepulcro, dirige-se para lá junto com Pedro (20,2.3): o que conhece e experimenta o Jesus corre mais do que Pedro, e este, que não seguiu a Jesus, segue o seu companheiro até ao
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(20,4.6). Em contraste com Pedro, compreende os sinais e crê na ressurreição (20,8). Mais importante do que identificar este discípulo com uma ou várias personagens históricas é função que desempenha no relato evangélico, ou seja, o significado teológico desta figura. Aquele que, conforme aparece descrito por Jô, “esteve com Jesus desde o início”, tanto e cronológico como teológico, está capacitado para dar testemunho de Jesus perante o mundo (2 seus traços retratam no evangelho os traços do discípulo e da comunidade segundo o ideal q propõe, os do homem novo e da nova comunidade. IV – A comunidade de Betânia. Em estreita conexão com o terceiro dos tipos de discípulos Natanael) que aparecem na seção introdutória, como o mostra a idêntica construção de 1,44 e 11, grupo dos discípulos de Betânia próxima de Jerusalém. São discípulos, objeto do amor de Jesus, romperam com a instituição judaica, como o mostra a deferência que lhes demonstram os partidá que se mostraram sempre inimigos de Jesus. Por não terem rompido com o assado, conservam a c judaica da morte e da ressurreição longínqua (11,24), que leva Maria a pranto desconsolado co “Judeus” (11,33). De fato, colocaram Lázaro no sepulcro dos antepassados (11,38b). Diante da Lázaro do sepulcro, manifestando a glória de Deus, o seu amor que concede vida capaz de supera (11,43s), esta comunidade crê. V -”Os Doze”. A cifra doze é simbólica em Jo. Aparece pela primeira vez aplicada aos cestos de s recolhem os discípulos após repartirem os pães (6,13); há aqui clara alusão a Israel, que está presente ao aplicar-se aos discípulos (6,67). “Os Doze” são, a comunidade cristã enquanto nela desemboca o passado e é herdeira das pro Israel. Este significado confirma-se ao se comparar as duas mensões de Judas, que põem em pa Doze”com “os seus discípulos”. Por outro lado, depois da ressurreição, no episódio da pesca, o número doze é substituído pelo sete discípulos (21,2). Aludindo o número sete à totalidade dos povos, indica o futuro da comu Jesus. VI - A eleição e a entrega pelo Pai . Jesus afirma que ele escolheu os doze e os discípulos em geral eles que o escolheram (15,16). Por outro lado, é o Pai quem lhos entrega; o Pai atrai o homem e Jesus (6,44), ensina ao homem a aproximar-se dele (6,45), lho concede (6,65). A eqüivalência da entrega pelo Pai e a eleição feita por Jesus aparece na identidade do efeito: mundo” (15,19; 17,6). VII – Seguimento. a) A adesão inicial a Jesus, condição para ser discípulo, expressa-se em t aproximar-se dele (6,35); é a resposta do homem ao oferecimento de vida que o Pai faz em Jesus adesão permanente, porém, expressa-se em termos de seguimento. “Seguir” a Jesus é met indica a adesão permanente à sua pessoa, traduzida num modo de agir como o seu. b) O desempenho da missão a que Jesus envia (17,17;20,21) equivale ao seguimento; este ac porém o matiz de associação; a missão do discípulo desenvolve-se em colaboração com Jesus, mesmo o indica. A metáfora do seguimento tem, porém, matiz particular, o do caminho (14,4.5.6), que indica a progresso. O discípulo segue o mesmo caminho de Jesus, que leva à mesma meta, à união com o P Por outro lado, o próprio Jesus é o caminho (ibd.): só se pode percorrer este caminho por assimil
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(14,15), de sua vida e morte (6,53). c) Se a característica do verdadeiro discípulo é o seguimento, pode haver discípulos que não o verdade, por não se aterem à mensagem de Jesus (8,31), não se entregando ao trabalho pel homem. O caso extremo é o de Judas (12,4). VIII – O distintivo dos discípulos – Jesus estabelece como distintivo de sua comunidade e de cada dela o amor mútuo. Este amor, que tem a mesma qualidade do de Jesus, funda sua comunidade sua identidade no meio do mundo. IX – A comunidade messiânica, terra prometida. a) A comunidade de Jesus é a alternativa ao “m seja, ao sistema ou ordem injusta (cf. 8,23). Daí os seus, unidos a ele, não pertencem ao mundo. que Jesus faz tira do “mundo” (15,19); essa saída é o ponto de partida do seu êxodo; o ponto de c a comunidade a seu redor (cf. 15,5.9), que assim é chamada de “a terra”, no sentido prometida”. b) A descrição figurada do êxodo que chega à terra prometida encontra-se em 20,19-23. De noit Tendo já anoitecido ), como no Egito (Ex 12,42), o Senhor (20,20) apresenta-se entre os seus (20,19: medo dos dirigentes judeus) e lhes dá a paz. Como Cordeiro imolado que tira o pecado (a opressão; cf. 1,29), dá realidade ao êxodo libertando da apressão e da morte. c) Outra figura da comunidade é a de Jesus como “a porta” onde o homem fica a salvo e e pastagem (10,9). Em relação com esta “pastagem” está o alimento que Jesus dá, o pão que é el e que, produzindo a assimilação dele, produz vida (6,35); este pão é sua carne (6,51), sua carne (6,53ss). d) Outra forma de designar a comunidade em sua fase presente e futura é “o reino de Deus” ( iniciado na história, mas tendendo à sua plenitude. e) É também designada como “o lar do Pai” (14,2), ou seja, a família do Pai, da qual Jesus vai faz membros. Esta designação encontra-se já na cena de Betânia, onde a fragrância do perfume enc casa (oikia): o lar do Pai é o lugar onde o amor enche tudo. f) A constituição da comunidade, pelo amor que o Espírito comunica, é o fundamento da ativi objetivo da missão. X – Outras figuras de discípulos . a) A comunidade nova está representada, como a esposa, Madalena; e, como amiga de Jesus, pelo discípulo. b) José de Arimatéia aparece unicamente na cena da sepultura de Jesus (19,38-42). É caracteriz discípulo clandestino por medo dos dirigentes judeus (19,38). Aparece, como figura represen atitude dos discípulos depois da morte de Jesus. Sua associação com Nicodemos o fariseu na cena da sepultura (19,40.42) está em paralelo com o Maria, igual aos de “os Judeus” por ocasião da morte de Lázaro. José e Nicodemos consideram Jesus como mero homem. De fato, José aceita as cem libras de per leva Nicodemos, tentando perpetuar a memória do injustamente condenado, em vez de levar o que Jesus tinha encomendado conservar para o dia de sua sepultura (12,7): o amor que crê na vida sobre a morte.
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HORA I – A espera da hora. Já no episódio de Caná, onde dá início a seus sinais, Jesus faz menção de “a (2,4), advertindo que ainda não chegou. Jo cria assim tensão narrativa em espera deste mo acontecimentos de narrativa em espera deste momento. Os acontecimentos de “a hora” são a c interpreta os fatos e a atividade de Jesus. II – A chegada da hora . O último período de seis dias antes da Páscoa abre-se depois que o Consel a decisão de dar morte a Jesus (11,53.55;12,1). Mal começa, Jesus faz alusão à sua sepultura (1 dia seguinte, no meio da aclamação popular, adverte que a hora chegou. III – Conteúdo da hora . Ao indicar ele mesmo a chegada de “a hora”, indica o seu signi manifestação da glória do Homem (12,23), explicando imediatamente que essa manifestação se através de sua morte. Sua morte manifestará a glória-amor do Filho e, por isso mesmo, a do Pai ( o fato de, no episódio de Caná, que anunciava e antecipava sua hora, se manifestasse sua glória (2 IV – A antecipação da hora. A atividade de Jesus não é só caminho para “a hora”, mas anteci mesma. A atividade de Jesus não era só promessa de salvação, e sim salvação em ato, que receb termo e sua eficácia definitiva em “sua hora”, quando desse o Espírito na cruz (19,30). V – O fruto da hora . A mãe de Jesus, figura do resto de Israel, compreende a promessa de nov nova aliança, implícita na frase de Jesus (2,4); fica, portanto, na espera da hora. Quando integrada na nova comunidade, representada pelo discípulo a quem Jesus queria bem, que a receb casa (19,27). O discípulo é figura do homem novo, da nova humanidade. VI – A hora dos discípulos. “O mundo” odeia os discípulos como odiou a Jesus (15,18), e busca s Também para os discípulos chegará “uma hora”, semelhante à de Jesus (16,2), que lhes darão (16,4) e manifestarão também eles a glória de Deus (21,19a) sua fecundidade fará nascer o ho (16,21), filho de Deus (1,12).
MANDAMENTO I – Significado. O termo entolê, ainda que, nos lábio de Jesus, não tenha o sentido de “ordem” “encargo” , traduz-se, porém, por “mandamento” a fim de manter a oposição aos da antiga ali nunca em Jo se chamam de entolai nem rêmata, por terem sido substituídos pelos de Jesus. II – O mandamento do Pai a Jesus – Existe um mandamento/encargo do Pai a Jesus: entregar a leva a cabo a sua obra de salvação (10.18). Por outro lado, o Pai lhe deu um “mandamento” sobre o que tinha que dizer e propor (12, mandamento não é independente do anterior (10,18: entregar sua vida e assim recuperá-la). Sig
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Jesus com o seu ensino e doutrina (cf. 7.16.17) propõe aos outros entrega semelhante à sua formula no seu mandamento aos discípulos: Como eu vos tenho amado , amai-vos também uns aos “Os mandamentos’ do Pai a Jesus (15,10) desdobram a atividade do seu amor dos homens, real obras do que o enviou. III – O mandamento de Jesus aos seus discípulos – a) Para constituir a nova comunidade hum promulga um único mandamento, o mandamento novo, que substitui o código da antiga aliança: vos tenho amado, amai-vos também uns aos outros (13,34); assim como a Lei dava a identidade a Israel, assim também este preceito a dá à nova comunidade, sendo o seu distintivo perante inteiro (13,35). b) Como no caso de Jesus, ao lado de “seu mandamento” existem “seus mandamen mandamento” constitui a comunidade e, criando a unidade, realiza em seus membros o projeto “Os mandamentos” desdobram a atividade, são a prática do amor aos homens, o trabalho para r obras de Deus (9,4). c) O mandamento é, ao mesmo tempo, o protótipo de “os mandamentos”: o amor como o de J caracteriza o mandamento, estende-se também aos mandamentos: Jesus, que dá a vida por se (15,13), entrega-se pela humanidade inteira, objeto do amor de Deus (3,16). d) Existe paralelo entre o uso de “mandamento/mandamentos” e o de “pecado/pecados”. Mand pecado são, por assim dizer, constituintes: cada um funda uma solidariedade: o pecado dá exis “mundo/esta ordem”, a esfera sem Deus; o mandamento dá existência à comunidade de Jesus, a Deus e do Espírito. IV – Os mandamentos e o Espírito – O mandamento não se cumpre como norma exterior que adota, mas é Lei escrita no coração (Jr 31,31), ou seja, a resposta ao impulso do Espírito. Por outro lado, cumprir os mandamentos secundando o dinamismo do Espírito é a prova da ide com Jesus (14,21) e o que atrai o amor do Pai; assim permanece o discípulo no âmbito do amor onde ele comunica sua vida. V – As exigências (remata) de Jesus . “As exigências” (ta rêmata), em paralelo com “os mandame entolai), significam a prática do amor na atividade (1,17: o amor e a lealdade ); o homem, pela ex de vida que a prática do amor lhe comunica, conhece de maneira imediata a procedência d exigências de Jesus (3,34). Quem não cumpre as exigências promulgadas por Jesus, que são sua mensagem, dá-se ele sentença (12,47). Isso significa que a única possibilidade de vida para o homem é a prática de am de Jesus; quem se recusa a amar, condena-se a morrer.
MULHER
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I – Uso do termo . Encontra-se como apelativo dado por Jesus à sua mãe (2,4;19,26), à samaritana Maria Madalena (20,15). “Mulher” não era apelativo que os filhos usassem ao se dirigirem à sua mãe. Pelo contrári conotação de “esposa’, “mulher casada”. II – A mãe de Jesus representa o Israel fiel às promessas (o resto de Israel), enquanto é origem d portanto, figura do povo fiel da antiga aliança e, neste sentido, é chamada de Esposa de Deus (2 mulher), segundo a concepção da aliança como núpcias entre Deus e o povo. III – A samaritana aparece como a esposa (4,21: mulher) adúltera, a quem o Messias (4,25ss solidão e volta ao amor primeiro depois da denúncia de suas idolatrias-adultérios (4,18); ela propagadora da boa notícia (4,28.29) IV – Maria Madalena representa a nova comunidade, que começa na cruz, no seu papel de espos mulher). Constituída ao pé da cruz, aparece desorientada diante do fato da morte de Jesus. No horto-jardim (20,15: o hortelão) escuta a voz de Jesus, mas só o reconhece quando a cham nome. Jesus e Maria Madalena representam o casal primordial que dá começo à humanidade nova. V – Maria, irmã de Lázaro – Maria é figura daquela comunidade como esposa; não é chamada, p “mulher”, porque o sinal de Lázaro somente antecipa o que haverá de ocorrer na morte de Jesus de Maria, a irmã, antecipa por sua vez a de Maria Madalena, que representará a comunidade nova, Espírito dado na cruz. VI – A mulher que dá à luz . A mulher que sofre no parto e dá à luz um homem (16,21) represen humanidade, que, começada em Jesus, prolonga-se na sua comunidade. No meio da dor, pers morte (dores de parto) dá à luz para o mundo o homem segundo o projeto divino.
NÚMEROS I – O um – A unicidade pode vir expressa pelo numeral heis ou pelo adjetivo monos. Assim Deus, único Deus verdadeiro. O termo um (his, hen) não se aplica por Jo a Deus, mas à unidade que cria entre o Pai e Jesus (10,30). II – O dois. Por alusão a Os 6,2: Depois de dois dias nos fará reviver , o número dois se aplica à Jesus com os samaritanos (4,40-43). Encontra-se com freqüência a menção de “dois discípulos”, também há dois crucificados com Jes e dois anjos ou mensageiros divinos que estão junto do sepulcro (20,12). III – O três. No AT é o número da divindade. Em Jo encontra-se indicado os três dias em que Jesus o santuário do seu corpo (2,19.20.21). Referido à morte, três, por oposição a quatro dias, indic
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morte ainda não era definitiva, por não se terem apagado os traços faciais. IV – O quatro – O número quatro simboliza a totalidade indeterminada ou indefinida. Em sen indica a extensão indefinida que ocupa a humanidade. Assim o manto de Jesus, que representa o pelo Espírito, dividi-se em quatro partes por estar destinado à humanidade inteira (19,23). V – Cinco, cinco mil. O número cinco encontra-se em 4,18: maridos, tiveste cinco , por alusão ao idolátricos erigidos em Samaria (2Rs 17,24-41). Pondo em relação os cinco pães com os cinco mi “adultos” (plenitude humana que o Espírito produz), Jô indica que o Espírito se recebe atravé dom com o qual se comunica o amor. VI – O seis – Em relação com o sete, a totalidade determinada, o acabamento, o seis é a incompleto, seja por ser ineficaz, seja porque espera e anuncia a completude: “a sexta hora” d entrega de Jesus no seu aspecto de morte. VII – O sete – Por oposição à sexta hora, a sétima hora indica a morte de Jesus como obra terminad b) - O número sete indicava a totalidade determinada ou definida. O dia sétimo, dia de descan terminada a obra criadora não se menciona nunca neste evangelho; o termo sabbaton tem o sen genérico de descanso de preceito, correspondente tanto ao sábado como a uma festa. c) - Sete, totalidade determinada, soma dos cinco pães e dos dois peixes em 6,9, indica a tota alimento possuído pela comunidade, representada pelo “menino”. d) - São também sete os discípulos presentes em 21,2. Este número, por oposição à cifra Doze, sí Israel, alude à totalidade dos povos; designa, pois, a comunidade de Jesus não como herdei passado (os Doze, Israel), mas como aberta a um futuro universal. VIII – O oito. O oito era a cifra que simbolizava o mundo definitivo, passada a primeira criação ( datação “aos oito dias” (20,26) indica, pois, o caráter pleno e definitivo do tempo messiâ escatológica presente; completa assim o caráter de novidade e princípio indicado por “o primei semana”. IX – O dez . Aparece somente em “a décima hora” em que os primeiros discípulos ficam para Jesus (1,39). Parece que se deve interpretar em relação com a hora duodécima ou final do d indicando provavelmente que Jesus traz a salvação quando Israel está para terminar sua história. X – O doze – O doze é o número simbólico de Israel. “Os Doze”, cuja lista Jô nunca apresenta de comunidade inteira de Jesus, como destinatária das promessas de Israel, que se cumprem com o M XI – Trinta e oito anos – O inválido da piscina já há trinta e oito anos estava enfermo (5,5); é al 2,14-16, onde se descreve a duração da caminhada dos que saíram do Egito para acabar n ordinariamente se usava a cifra quarenta (Nm 32,13; Js 5,6; Sl 95,10). XII – Cento e cinqüenta e três peixes – A cifra pode-se interpretar como composta de três uni cinqüenta, que, segundo o simbolismo explicado, representam comunidades do Espírito, e o mul três número divino e, ao mesmo tempo, símbolo de Jesus ressuscitado (2,9). A missão produz proporção direta da presença de Jesus nela.
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Introdução das Epístolas de São João Fichamento
EPÍSTOLAS DE SÃO JOÃO
INTRODUÇÃO Circunstâncias da composição . As Epístolas joaninas, ao menos as duas primeiras, praticam contêm detalhes sobre as circunstâncias de sua composição nem sobre a pessoa do autor. Mas o próprio texto permite conhecer com suficiente certeza a situação em que se encontra destinatários e as razões que levaram o autor a lhes escrever.
Do tom polêmico de várias passagens pode-se deduzir que as comunidades às quais as cartas são atravessavam grave crise. A difusão de doutrinas incompatíveis com a revelação cristã comprometer a pureza da fé. Sobretudo, tinham uma posição herética em matéria de cristologia: recusavam ver em Jesus (2,22) e o Filho de Deus (4,15: 2Jo 7); rejeitavam a Encarnação (4,2; 2Jo 7) e “dividiam” Jesus, que separavam nele o Jesus da história do Filho de Deus, e negavam que este tivesse vindo realm água e pelo sangue (1Jo 4,3; 5,6). Seu comportamento moral não era menos repreensível. A finalidade do autor, porém, não é combater esses hereges; ele se dirige diretamente aos crist pô-los de sobreaviso contra as pretensões dos gnósticos, e mostrar-lhes que são eles, os crentes sua própria fé possuem verdadeiramente a comunhão com Deus (1Jo 1,3). Autor - As três cartas são, quase certamente, do mesmo autor. Crise idêntica se reflete nas duas e mesmo, indiretamente, na terceira. Pelo pensamento, vocabulário e estilo, as três cartas assem de tal modo que só dificilmente se pode atribuí-las a autores diferentes.
A identificação do autor cria um problema. Ao contrário de Paulo, em parte alguma ele indica s Em 2 Jo 1 e 3Jo 1, ele se designa como “o Ancião”. Era, alguém que gozava de autoridade considerável, enquanto testemunha do início da tradição a Por outro lado, o autor apresenta a si mesmo como testemunha ocular da vida de Jesus (1 Jo 1,1 -3 Pano de fundo literário e doutrinal - A primeira vista, a influência do AT sobre as cartas reduz-s coisa, pois nelas João faz uma única alusão direta a um texto da Lei (cf. 1 Jo 3,12). A presença carta maior deve ser procurada sobretudo no tema central que desenvolve, o da comunhão com “conhecimento” de Deus.
No plano do vocabulário, é com o judaísmo palestinense, especialmente com a corrente represent escritos de Qumran, que o autor tem mais afinidade. O dualismo joanino não é metafísico e cósmi no gnosticismo, e sim moral e escatológico: pois reside no coração do homem, por certo fraco e mas capaz de conversão e, portanto, de união com Deus. Pela importância acentuada atri conhecimento, as cartas situam-se na corrente do judaísmo apocalíptico e sapiencial, que se in
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particularmente pela revelação dos mistérios. Outra influência, e esta preponderante, foi particularmente evidenciada pelos estudos recente tradição cristã primitiva, sobretudo a da catequese batismal. Todos esses temas, judeus ou cris retomados e atualizados pelo autor para descrever a situação presente dos crentes, no conflito qu ao mundo. O gênero literário desta epístola é difícil de definir. Como é desprovida de endereço (destinatá conclusão, e não faz menção a nome algum, é difícil considerá-la como uma simples carta, seq carta dirigida a uma comunidade local (como é a maioria das cartas de Paulo). A carta parece dirigida a um grupo de Igrejas ameaçadas pela mesma heresia. Trata-se provavelmente de I província da Ásia, como refere antiga tradição. A respeito da estrutura da epístola, as opiniões são divididas. O problema se complica pelo fat nela se encontram poucas partículas de ligação. Mas um fenômeno revelador permite discernir um o fato de que o autor volta várias vezes aos mesmos temas, sempre na mesma ordem. O pensa desenvolve seguindo um movimento em espiral, em torno de um tema central, a nossa comu Deus. O autor quer comunicar aos cristãos uma certeza: eles, os crentes, possuem a vida eterna. Mostra confronto com os hereges, em que condições eles obtêm esta vida, e com que critérios reconhecida. Toda a epístola é uma descrição desses critérios e dessas condições da vida cristã a numa série progressiva de quadros paralelos:
Prólogo (1,1-4): enunciado do tema fundamental. I – Primeira exposição dos critérios de nossa comunhão com Deus (1,5-2,28) II – Segunda exposição dos critérios de nossa comunhão com Deus (2,29-4,6) III – terceira exposição dos critérios e condições da nossa comunhão com Deus (4,7-5,12).
A análise da epístola permitiria, conforme certos críticos, discernir em sua redação várias literárias. Alguns procuram mesmo separar um texto primitivo, de proveniência gnostici qumraniana, desenvolvimentos parenéticos acrescentados pelo autor. Mas a diversidade dos est prova da pluralidade das fontes. O caráter mais doutrinal de uma ou outra passagem explica-se m pela influência da catequese batismal. E a própria regularidade da estrutura da epístola é um favor de sua unidade literária. As duas epístolas menores. A diferença de 1Jo, estes dois pequenos escritos têm todas as carac de verdadeiras epístolas.
A segunda é dirigida “à Senhora eleita e a seus filhos”, título dado pelo Ancião a uma das Igrej que dele dependem. A fé dos cristãos, nesta comunidade, está sendo ameaçada pela presença de sedutores que r Encarnação (v.7) e não permanecem fiéis a doutrina de Cristo (v.9). João quer prevenir os crent
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semelhante ensinamento. A terceira, que apresenta surpreendentes semelhanças estilísticas com a segunda, tem contudo u muito mais pessoa. Ela é dirigida a certo Gaio, que o Ancião felicita por andar na verdade. À primeira vista, este bilhete tem um caráter pastoral e não contém alusão alguma ás doutrinas de que falam as duas outras cartas. Nenhum indício preciso permite dizer com certeza em que ordem as três cartas foram escritas. alguns autores, 1 Jo seria a última em data. O modo como o autor fala dá a entender, parece, qu se generaliza. Depois de se ter dirigido a uma comunidade local, em 2 Jo e 3Jo, ele se vê obrigad repisar os mesmos temas numa carta coletiva, destinada agora às diversas Igrejas da Ásia autoridade. Teologia da primeira epístola . A intenção do autor está claramente expressa no versículo de c “tudo isso vos escrevi, para que saibais que tendes a vida eterna, vós que tendes a fé no nome d Deus” (5,13). Na perturbação causada pelas doutrinas heréticas, João quer dar aos crentes uma são eles, e não os profetas da mentira, que possuem a vida divina.
O grande tema da carta é a comunhão dos crentes com Deus: ela é “comunhão com o Pai e com Jesus Cristo” (1,3), mas se manifesta entre os cristãos como comunhão entre irmãos (1,3-6). É preciso ainda acrescentar, a expressão bíblica “conhecer a Deus”. É se podemos “conhecer o Ve é porque estamos “em seu Filho Jesus Cristo”, pois ele mesmo “é o Verdadeiro, é Deus e a vida et Uma vez que possuem o conhecimento de Deus (4,6-7), os verdadeiros cristãos descobrem semp quem é Deus. João indica três aspectos sob os quais o mistério de Deus se manifesta àquele que é luz, Deus é justo, Deus é amor. Desde o começo da epístola, João proclama aos cristãos uma grande mensagem, cujo sentido ple revelar-lhes: Deus é luz (1,5). Aqui como no judaísmo, o vocábulo luz significa revelação. É o prólogo repetido: em Jesus Cristo foi-nos revelada a vida eterna, isto é, a vida do pai e a vida Verbo” voltado para o Pai (1.2). Outra perfeição divina é mencionada por duas vezes: Deus é justo (1,9; 2,29). Mas o título é aplicado duas vezes a Cristo (2,1;3,7), porque é em sua obra de salvação que se revelou ao mundo de Deus. A terceira definição joanina de Deus é a mais célebre; encontra-se verdadeiramente no cerne da neotestamentária: Deus é amor (4,8.16). Para João, o amor é ao mesmo tempo dom de si e comu Deus, o amor une o Pai e o Filho. Mas este amor divino se revela e comunica: todo amor vem de D Entretanto, João não se esquece de que os doutores da mentira também pretendem “conhecer Esta é a razão por que multiplica as advertências, indicando os critérios da vida cristã autênti critérios podem-se repartir em duas séries. Primeiro, critérios de ordem moral; Mas também d Quanto ao dom do Espírito (3,24; 4,13), não se trata propriamente de um critério, mas de u interior que suscita a fé e o amor fraterno. Conclusão
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O que dizer diante de tanta beleza, inspiração e sabedoria? Cada evangelho tem suas peculia belezas próprias. Mas temos que convir, quem entre os quatro evangelhos, João merece um especial. Pelo pouco que ainda sei a respeito dos escritos joaninos, posso dizer que o quarto evangelho teológico. Trata da natureza e da pessoa de Cristo, e do significado da fé nEle. A apresentação faz de Cristo como o divino Filho de Deus se vê nos títulos que Jesus recebe no livro: “o Verbo (1,1), “o Cordeiro de Deus” (1,29), “o Messias” (1,41), “o Filho de Deus” e “o Rei de Israel” ( Salvador do Mundo” (4,42), “Senhor... e Deus (20,28). O evangelho de João poderia muito bem ser intitulado de o Evangelho do “EU SOU”! Inúmeras ve se declara como “aquele que é” (6,35; 8:12; 10,7.9.11.14; 11,25; 14,6). Não é por acaso que o quarto evangelista é simbolizado por uma águia. Ao lermos seus escritos, sua intenção: Jesus é o Filho de Deus! Podemos resumir a intenção de todo o evangelho no versículos: “Jesus, pois, operou também, em presença de seus discípulos, muitos outros sinais, estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (20,30-31). A estrutura e o estilo deste Evangelho são diferentes daqueles dos outros três (os sinópticos). contém parábolas, menciona apenas sete milagres – “sinais” (cinco dos quais não registrados e dos sinópticos) e registra várias entrevistas pessoais. A análise de alguns vocábulos do evangelho de João nos fez ver a grandiosidade e a necessidade constante para compreendermos, com maior perfeição e nitidez, as verdades de fé ali Certamente o professor conseguiu seu intuito, pois a leitura dos vocábulos pedidos para este despertou a curiosidade de ler o livro todo. Realmente o estudo de Jo ão é fascinante. Enquanto o evangelho fala de Jesus como o Filho de Deus, as Epístolas joaninas expõem uma s vida cristã autêntica. Vida de comunhão com Deus, ela realiza com perfeição a Nova Aliança ent os homens, anunciada pelos profetas para os tempos da salvação. Esta Aliança é nova, antes de revelação trazida por Jesus Cristo, mas também pela interiorização desta verdade sob a ação do E fé e o amor tornam-se assim a nova lei dos discípulos de Cristo. Se estas cartas contêm um ensinamento sobre a comunhão com Deus, uma moral e uma teologi elas nos propõem também uma escatologia. Com efeito, não pode deixar de impression importância que nelas se dá à perspectiva do fim dos tempos. A atualidade da mensagem de João para o nosso tempo e para todos os tempos é evidente. Hoje outras épocas, a fé está em crise. Os cristãos querem saber onde está a verdade da fé, procuram para reconhecer o Espírito de Deus. A esses crentes, na posse do conhecimento da verdade, J simplesmente que permaneçam firmes na doutrina de Jesus Cristo. E que sejam, por sua vida testemunhas de sua fé no Filho de Deus. Aproveito para agradecer ao professor Benjamim pela oportunidade que nos concede de aprofund conhecimentos evangélicos e vermos muito além das letras. Como o sr. sempre diz: “o padre nã saber a Bíblia de memória, mas ele não tem o direito de ensinar coisas erradas no altar”! Preten parar de estudar a Bíblia. Mesmo depois de ordenado, quero reservar um tempo para aprofunda palavras de Nosso Senhor. Tudo isso devo ao sr. que despertou, não só em mim, mas em muitos