Qualidade na Construção Civil
Antonio Carlos da Fonseca Bragança Bragança Pinheiro Marcos Crivelaro
Qualidade na Construção Civil
1ª Edição
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Antonio Carlos da Fonseca Bragança Bragança Pinheiro Marcos Crivelaro
Qualidade na Construção Civil
1ª Edição
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Pinheiro, Antonio Carlos da Fonseca Bragança Qualidade na construção construção civil civil / Antonio Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro, Marcos Crivelaro -- 1. ed. -- São Paulo : Érica, 2014. Bibliograa ISBN 978-85-365-0947-1 1. Construção civil civil 2. Construção civil civil - Controle d a qualidade 3. Construção civil - Materiais 4. Construção civil - Orçamentos 5. Indústria de construção construção civil - Administração Administração I. Crivelaro, Marcos. II. Título. 14-03959
CDD-690.092
Índices para catálogo sistemático sistemático:: 1. Construção civil : Mão-de-obra Mão-de-obra : Qualicação : Tecnologia 690.092
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Qualidade na Construção Civil
Agradecimentos Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) – autarquia ederal de ensino gratuito – que, pelo exercício do magistério, nos permitiu a aquisição de experiência docente e a convivência com alunos do curso técnico de nível médio em Edi�cações. Ao centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS), que, por meio das Escolas Técnicas Estaduais (ETEC) Getúlio Vargas, Guaracy Silveira e Martin Luther King e da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP) – instituições paulistas de ensino gratuito –, possibilitou-nos aprimoramento pro�ssional mediante a prática docente exercida no ensino tecnológico em cursos de Construção Civil. Ao corpo docente das instituições citadas, pelo convívio repleto de alegria e troca de conhecimentos. Às empresas do setor privado ornecedoras de materiais e prestadoras de serviços, que sempre colaboraram em palestras, minicursos e doações voluntárias. Às instituições de ensino e pesquisa, que permitiram a obtenção de titulação na graduação e no stricto sensu: Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP) e Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen-USP).
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Sobre os autores
Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro é bacharel em Engenharia Civil pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e doutor em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP). Na área de construção civil, foi chefe de departamento de projetos, gerente de engenharia e diretor técnico. Foi professor e diretor da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, diretor de campus, coordenador e docente na área de construção civil do Instituto Federal de São Paulo (IFSP). É docente da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP), da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid) e da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul). Marcos Crivelaro é bacharel em Engenharia Civil pela EPUSP e pós-doutor em Engenharia de Materiais pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares de São Paulo (Ipen-USP). Na área de construção civil, foi diretor de engenharia e planejamento de obras residenciais e comerciais de grande porte. É professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP) e da Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP). É também pesquisador e orientador no curso de mestrado do Centro Paula Souza.
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Sumário Capítulo 1 - História da Qualidade ..........................................................................................9
1.1 Introdução à qualidade...................................................................................................................................9 1.2 A qualidade no Brasil ......................................................................................................................................... 15 Agora é com você!...............................................................................................................................................20 Capítulo 2 - Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo ................................................ 21
2.1 A natureza da qualidade...............................................................................................................................21 2.2 Qualidade no Egito antigo ......................................................................................................................24 2.3 Qualidade nas dinastias chinesas................................................................................................................28 2.4 Qualidade no Império Romano .............................................................................................................34 Agora é com você!...............................................................................................................................................40 Capítulo 3 - Normas ISO – Evolução e Descrição ........................................................... 41
3.1 Origem e objetivos das normas ISO ...........................................................................................................41 3.1.1 Crescimento econômico......................................................................................................................42 3.1.2 Igualdade social ....................................................................................................................................43 3.1.3 Integridade ambiental..........................................................................................................................43 3.2 Família ISO 9000 – qualidade .....................................................................................................................43 3.2.1 Origem da amília ISO 9000 ...............................................................................................................43 3.2.2 Normas componentes da amília NBR ISO 9000.............................................................................44 3.2.3 Beneícios da utilização da norma NBR ISO 9001:2008 .................................................................46 3.2.4 Critérios para normalização de procedimentos...............................................................................47 3.2.5 Terminologia básica da NBR ISO 9000 .............................................................................................48 3.3 ISO 14000 – meio ambiente.........................................................................................................................48 3.3.1 Comitê brasileiro de gestão ambiental (ABNT/CB-38) ..................................................................51 3.3.2 Relação e intenções das normas ISO 14000 ......................................................................................57 3.3.3 De�nições e diretrizes para uso da NBR ISO 14001........................................................................58 3.4 OHSAS 18000 – saúde e segurança do trabalhador .................................................................................60 Agora é com você!...............................................................................................................................................62 Capítulo 4 - Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil...................... ......... 63
4.1 Histórico da qualidade na construção civil ...............................................................................................63 4.2 Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H) .........................................65 4.3 Programa da Qualidade da Construção Habitacional (QUALIHAB)..................................................69 4.3.1 Comitê de Projetos e Obras (CPO)....................................................................................................70
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4.3.2 Comitê de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos (CMCS) ........................................72 4.3.3 Programa de Qualidade de Obras Públicas (QUALIOP) ...............................................................74 4.4 Programa Mineiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PMQP-H)...........................................75 Agora é com você!...............................................................................................................................................78 Capítulo 5 - Qualidade no Canteiro de Obras ................................................................. 79
5.1 Ações da qualidade em serviços no canteiro de obras .............................................................................79 5.2 Cadeia produtiva na construção civil .........................................................................................................95 5.2.1 Etapas do processo de produção de edi�cações ...............................................................................96 5.2.2 Agentes envolvidos na cadeia produtiva da construção de edi�cações ........................................97 5.2.3 Setores da cadeia de produção de edi�cações ..................................................................................98 Agora é com você!.............................................................................................................................................100 Capítulo 6 - Qualidade no Projeto de Obras de Edificações ............................................ 101
6.1 A dinâmica em obras de edi�cações ........................................................................................................101 6.2 O planejamento da execução de obras de edi�cações............................................................................102 6.3 Ferramentas de gestão da qualidade.........................................................................................................102 6.3.1 Diagrama de Pareto ...........................................................................................................................102 6.3.2 Diagrama de causa e eeito................................................................................................................103 6.3.3 Fluxograma .........................................................................................................................................104 6.3.4 Ciclo PDCA ........................................................................................................................................104 6.3.5 Folha de veri�cação...........................................................................................................................105 Agora é com você!.............................................................................................................................................106 Capítulo 7 - Gestão de Resíduos na Construção de Edificações ..................................... 107
7.1 Impactos ambientais...................................................................................................................................107 7.2 Greenhouse Gas Protocol (GHG) .............................................................................................................108 7.3 Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) ...............................................109 7.4 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) .........................................................................113 7.5 Quali�cação de ornecedores ....................................................................................................................115 Agora é com você!.............................................................................................................................................116 Bibliografia ..........................................................................................................117
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Qualidade na Construção Civil
Apresentação O livro Qualidade na Construção Civil é de undamental importância para estudantes e pro�ssionais que desejam realizar o planejamento e apropriar os custos de obras de edi�cações. No Capítulo 1, História da Qualidade, é realizada uma introdução à qualidade, apresenta a importância da qualidade para as relações comerciais. Logo em seguida, é apresentada a história dos programas da qualidade no Brasil. O Capítulo 2, Qualidade nas Edi�cações do Mundo Antigo, apresenta a natureza da qualidade e a qualidade no Egito antigo, nas dinastias chinesas e no Império Romano. No Capítulo 3, Normas ISO - Evolução e Descrição, apresenta a origem e os objetivos das normas ISO. É apresentada a amília ISO 9000, sua origem, suas normas componentes, os beneícios de sua utilização, seus critérios para normalização de procedimentos e a terminologia básica. Também, apresenta a NBR ISO 14000 (meio ambiente), o comitê brasileiro de gestão ambiental ABNT/CB 38, a relação e intenções das normas ISO 14000 e as de�nições e diretrizes para uso da NBR ISO 14001. Também é apresentada a OHSAS 18000 (saúde e segurança do trabalhador). O Capítulo 4, Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil, apresenta o histórico da qualidade na construção civil, o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H), o Programa da Qualidade da Construção Habitacional (QUALIHAB), o Comitê de Projetos e Obras (CPO), o Comitê de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos (CMCS) e o Programa de Qualidade de Obras Públicas (QUALIOP). Também é apresentado o Programa Mineiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PMQO-H). O Capítulo 5, Qualidade no Canteiro de Obras, apresenta as ações da qualidade em serviços no canteiro de obras e a cadeia produtiva da construção civil. O Capítulo 6, Qualidade no Projeto de Obras de Edi�cações, apresenta a dinâmica em obras de edi�cações e o planejamento da execução de obras de edi�cações. Também erramentas de gestão da qualidade: diagrama de Pareto; diagrama de Causa e Eeito; �uxograma; ciclo PDCA; e olha de veri�cação. Finalmente, o Capítulo 7, Gestão de Resíduos na Construção de Edi�cações, apresenta os impactos ambientais, o Greenhouse Gas Protocol (GHG), o Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) e o Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS). Também a quali�cação de ornecedores (prestadores de serviço, transportadoras e recebedores de resíduos). Os autores
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1 História da Qualidade
Para começar Este capítulo tem por objetivo apresentar as origens da qualidade nas atividades do homem, bem como de�nir seus conceitos básicos ao longo da história.
1.1 Introdução à qualidade No início do século XXI, a qualidade pode ser entendida como uma necessidade e uma exigência social. A necessidade – como o ornecimento de água potável ou o ar que respiramos, em condições adequadas à saúde do homem – deve ser estendida a toda a população. O grau de exigência, por sua vez, está ocado no consumidor, isto é, devem-se oerecer produtos ou serviços que superem as suas expectativas. A qualidade de um produto está diretamente relacionada à sua concepção, às necessidades do consumidor e ao preço a ser pago. Fique de olho!
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabelece que o Estado deve promover, na forma da lei, a defesa do consumidor.
O conceito sobre qualidade (do latim qualitas) surgiu com o �lósoo grego Aristóteles (384322 a.C.); porém, até os dias de hoje ainda não há consenso sobre o seu signi�cado.
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Os estudiosos da qualidade, importantes especialistas da segunda metade do século XX, serão apresentados na sequência, mas já é possível destacar como alguns eles entendiam esse conceito. A Figura 1.1, por exemplo, apresenta as rases de Deming, Juran, Crosby e Ishikawa. Deming
“melhoria contínua”
Juran
“próprio para o uso”
Crosby
“em conformidade com os requisitos”
Ishikawa
“o mais econômico, o mais útil e que sempre satisfaça o consumidor”
Figura 1.1 - Frases amosas dos “gurus” da qualidade.
Com certeza, você concorda com as rases apresentadas na Figura 1.1. Todas podem ser identi�cadas quando, por exemplo, se compra um aparelho celular. A rase de Deming (“melhoria contínua”) demonstra o interesse do consumidor por um aparelho com uma melhor tecnologia, uma câmera de melhor resolução, com utilização de 4G, dentre outros. A rase de Juran (“próprio para o uso”) lembra que não adianta possuir um teleone móvel que não az nem recebe chamadas. A rase de Crosby (“em conormidade com os requisitos”) estabelece que o celular somente unciona utilizando determinada aixa de requências. E por �m, a rase de Ishikawa (“o mais econômico, o mais útil e que sempre satisaça o consumidor”) alerta que nem sempre o mais caro e o mais moderno satisazem o consumidor. Continuando no exemplo do celular, a possibilidade de usar simultaneamente dois chips de operadoras distintas não está presente nos celulares top de linha. Em termos gerais, a prática da qualidade deve ser uma �loso�a organizacional, expressa por meio de ações que ocalizem o processo produtivo e que busquem a vantagem competitiva a longo prazo. Mas como conseguir isso? A melhoria contínua, o respeito, a participação e a con�ança de todos os ornecedores, clientes e colaboradores são as atitudes necessárias. O conjunto de processos que determinam a excelência de um produto ou serviço é denominado Gestão para a Qualidade Total (GQT), Gerência da Qualidade Total (GQT) ou Controle de Qualidade Total (CQT). Essas siglas surgiram no período após a Segunda Guerra Mundial. Nessa época era necessário abricar armas em grande quantidade e que não alhassem perante o conronto com o inimigo. Entretanto, quando teve início a concepção da qualidade? Como isso aconteceu? Provavelmente com os primeiros seres humanos, que tinham que caçar (e não ser caçados) para a subsistência de suas amílias. Os caçadores mais hábeis e com os melhores instrumentos garantiam a melhor caça. Assim, intrinsecamente eles sabiam o que era qualidade para ter sucesso na caçada e se manter vivos. A Figura 1.2 (a) apresenta a caricatura de dois homens pré-históricos carregando sua caça e (b) apresenta �guras rupestres marcadas em cavernas rochosas mostrando os hábitos e as práticas de caça.
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(a) (b) Figura 1.2 - (a) (a) Caça Caça sendo carregada e (b) e (b) ilustrações ilustrações pré-históricas em rochas (pinturas rupestres).
Avançando na linha do tempo, nos séculos XVIII e XIX, a qualidade era controlada pelos artesãos, que abricavam seus arteatos. Eles escolhiam a matéria-prima e realizavam todas as etapas do processo construtivo, bem como a venda de seus produtos. Se durante o processo produtivo ocorressem erross de abricação, eles mesmos percebiam e corrigiam. erro A partir da Revolução Industrial, a necessidade de produção em grande escala ocasionou a troca dos artesãos por mão de obra não especializada auxiliada por máquinas de grande porte, movidas a vapor. James Watt, construtor de instrumentos cientí�cos, destacou-se pelos melhoramentos que introduziu no motor a vapor, que se constituíram um passo undamental para a Revolução Indust Industrial. rial. A Revolução Industrial oi a transição para novos processos de manuatura (trabalhos com máquinas) no período entre 1760 e 1840. Essa transormação incluiu a abricação de novos produtos produtos químicos, os novos processos de produção de erro, a maior e�ciência da energia da água e o uso crescente da energia a vapor. A primeira atividade abril de mecanização oi a abricação de tecidos. Teares de grande capacidade produtiva oram desenvolvidos na Europa, Estados Unidos e Japão. A Figura 1.3 mostra tecelões peruanos coneccionando coneccionando tapetes e apresenta um selo comemorativo com a ilustração representando James Watt e a máquina a vapor. m o c . k c o t s r e t t u h S / C Y N n o g E
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(a) (b) Figura 1.3 - (a) (a) Trabalh Trabalhoo manual de artesãos e (b) (b) trabalho trabalho mecanizado mecanizad o utilizando vapor.
História da Qualidade
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O aumento de escala da produção introduziu o chamado controle da qualidade, com qualidade, com o objetivo principal de evitar os custos do retrabalho. Inicialmente com oco na inspeção do produto �nal, o controle da qualidade evoluiu com a adoção da inspeção em dierentes etapas do processo produtivo, como o controle estatístico da qualidade, as cartas de controle, dentre outros. Todavia, o controle da qualidade tinha ênase na detecção de deeitos ou alhas. O distanciamento entre quem produzia e quem consumia e a segmentação do controle da qualidade, como consequência da produção seriada, diluíram a responsabilidade pela qualidade e os problemas com a qualidade dos produtos surgiram com maior intensidade. A produção em grande escala, proporcionada pelas grandes máquinas, precisava de trabalhadores integrados a esse novo cenário. Esse movimento, conhecido como taylorismo, procurava aliar o máximo de produção e rendimento ao mínimo de tempo e de atividade. Elaborado pelo engenheiro e economista americano Frederick W. Taylor (1856-1915), tal sistema promoveu grande racionalização do trabalho e alta produtividade, por meio do trabalho em série. E a qualidade? Na maioria dos casos, ocorria uma diminuição da qualidade dos produtos. No início do século XX, o norte-americano Henry Ford undou a Ford Motor Company e inventou a montagem em série, produzindo grande quantidade de automóveis em menos tempo e a um menor custo. Seu modelo Ford T, lançado em 1908, promoveu uma revolução nos transportes e na indústria dos Estados Unidos. Tratava-se de um veículo con�ável, robusto, seguro, simples de dirigir e principalmente barato. Sua abricação tomou novo rumo em 1913, quando Ford baseou-se nos processos de produção dos revólveres Colt e das máquinas de costura Singer, para criar a linha de montagem e a produção em série, proporcionando outra revolução, dessa vez na indústria automobilística. A Figura 1.4 apresenta um selo comemorativo com a imagem de Henry Ford com o modelo Ford T ao undo e uma otogra�a do modelo Ford T. m o c . k c o t s r e t t u h S / i k s r a k o T w a l s i n a t S
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(a) (b) Figura 1.4 - (a) (a) Selo Selo comemorativo com imagem de Henry Ford e (b) (b) modelo modelo Ford T.
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a situação de ocorrências de inúmeros deeitos em produtos militares e bélicos levou muitos estudiosos a buscar soluções cientí�cas. A publicação,
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de 1931, intitulada Economic Control of Manufactured Products , do matemático americano W. A. Shewart, revolucionou revolucionou os princípios da qualidade, porque pela primeira vez a qualidade oi abordada com um caráter cientí�co, utilizando-se utilizando-se os princípios da probabilidade e da estatística para inspecionar a produção. No início da Segunda Guerra Mundial (1939), houve uma grande conversão das indústrias para a abricação de produtos militares com qualidade e dentro dos prazos. O período seguinte ao �m da Segunda Guerra Mundial (1945) trouxe o controle de processos. Esse tipo de controle engloba toda a produção, desde o projeto até o acabamento. No período pós-guerra, os japoneses decidiram partir para a industrialização, importando recursos naturais (commodities) e exportando produtos manuaturados. Seria necessário qualidade, preço e abricação e�ciente, bem como importar conhecimento. Por isso, em 1950 chegou ao Japão o proessor W. Edwards Deming, levando um método de controle estatístico do processo. Esta época oi considerada o apogeu do controle estatístico da qualidade. Deming criou uma lista de 14 pontos undamentais para a implantação da qualidade: »
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1o princípio: princípio: estabeleça estabeleça constância de propósitos para a melhoria do produto e do serviço, objetivando tornar-se competitivo e manter-se em atividade, bem como criar emprego, 2o princípio: princípio: adote adote a nova �loso�a. A administração ocidental deve acordar para o desa�o desa�o,, conscientizar-se de suas responsabilidades, 3o princípio: princípio: deixe de depender da inspeção para atingir a qualidade. Elimine a necessidade de inspeção em massa, introduzindo a qualidade no produto desde seu primeiro estágio, 4o princípio: princípio: cesse a prática de aprovar orçamentos com base no preço. Em vez disso, minimize o custo total. Desenvolva um único ornecedor para cada item, em relacionamento de longo prazo undamentado na lealdade e na con�ança, 5o princípio: princípio: melhore melhore constantemente constantemente o sistema de produção e de prestação de serviços de modo a melhorar a qualidade e a produtividade e, consequentemente, reduzir de orma sistemática os custos, 6o princípio: princípio: institua institua treinamento no local de trabalho, 7o princípio: princípio: institua institua liderança. O objetivo da che�a deve ser o de ajudar as pessoas, as máquinas e os dispositivos a executarem um trabalho melhor. melhor. A che�a administrativa está necessitando de uma revisão geral tanto quanto a che�a dos trabalhadores de produção, 8o princípio: princípio: elimine o medo, de orma que todos trabalhem de modo e�caz para a empresa, 9o princípio: princípio: elimine elimine as barreiras entre os departamentos. As pessoas engajadas em pesquisas, projetos, vendas e produção devem trabalhar em equipe, de modo a prever problemas de produção e de utilização do produto ou serviço, 10o princípio: princípio: elimine elimine lemas, exortações e metas para a mão de obra que exijam nível zero de alhas e estabeleçam novos níveis produtividade. Tais exortações apenas geram inimizades, visto que o grosso das causas da baixa qualidade e da baixa produtividade encontra-se no sistema, estando, portanto, ora do alcance dos trabalhadores,
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11o princípio: elimine padrões de trabalho (quotas) na linha de produção. Substitua-os pela liderança; elimine o processo de administração por objetivos. Elimine o processo de administração por ciras e por objetivos numéricos. Substitua-os pela administração por processos por meio do exemplo de líderes, 12o princípio: remova as barreiras que privam o operário horista de seu direito de orgulhar-se de seu desempenho. A responsabilidade dos chees deve ser mudada de números absolutos para a qualidade. Remova as barreiras que privam as pessoas da administração e da engenharia de seu direito de orgulhar-se de seu desempenho. Isso signi�ca a abolição da avaliação anual de desempenho ou de mérito, bem como da administração por objetivos, 13o princípio: institua um orte programa de educação e autoaprimoramento, 14o princípio: engaje todos da empresa no processo de realizar a transormação. A transormação é da competência de todo mundo (DEMING, 1990).
Em 1954, o engenheiro Joseph M. Juran também oi ao Japão ensinar qualidade e colaborou na criação da JUSE (Japanese Union o Scientists and Engineers) para acompanhar e desenvolver as normas da qualidade. No �nal dos anos 1950 e no início dos anos 1960, Kaoru Ishikawa aprendeu os princípios do controle estatístico da qualidade desenvolvido por Deming e Juran. Seu papel-chave ocorreu no desenvolvimento de uma estratégia especi�camente japonesa da qualidade. A característica japonesa é a ampla participação na qualidade, não somente de cima para baixo, dentro da organização, mas igualmente começando e terminando no ciclo de vida de produto. Em conjunto com a JUSE, em 1962, Ishikawa introduziu o conceito de Círculo de Qualidade. Em 1982, criou o Diagrama de Causa e Eeito, também conhecido como Diagrama de Ishikawa, erramenta poderosa que acilmente pudesse ser usada por não especialistas para analisar e resolver problemas. A Figura 1.5 apresenta munição utilizada durante a Segunda Guerra Mundial, que oi uma das preocupações do desenvolvimento dos procedimentos da Qualidade e o desembarque de tropas americanas, durante esse mesmo con�ito, em uma ilha do Oceano Pací�co, ocasião em que a qualidade dos armamentos e equipamentos – que estavam molhados – deveria garantir seu uncionamento ao chegarem a terra �rme. m o c . k c o t s r e t t u h S / n o i t c e l l o C t t e r e v E
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(a) (b) Figura 1.5 - (a) Munição de guerra e (b) desembarque de soldados.
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Philip B. Crosby �cou conhecido, na década de 50, pela rase “A qualidade é grátis”. O livro assim denominado teve tanto sucesso que Crosby estabeleceu a sua própria empresa de consultoria e undou um colégio para a qualidade, na Flórida. Os dois pilares das suas obras são o “azer bem à primeira” e a �loso�a de “zero deeito” (pressupõe que a empresa não parte do princípio de que haverá erros de abricação). Novamente motivada por um con�ito, a Guerra da Coreia (década de 1960), a indústria bélica americana se destacou com o programa “zero deeito”, criado por Philip Crosby. Paralelamente, nesse período, no Japão oram desenvolvidos os Círculos de Controle de Qualidade por Kaoru Ishikawa. Nas décadas que seguiram até a virada do século XX para o século XXI, os Estados Unidos e o Japão representavam as maiores potências no processo da qualidade, porém deendiam enoques estratégicos dierentes. Os EUA investiram na visão de mercado e nas necessidades do consumidor; o Japão cresceu investindo na melhoria contínua de seus processos. A década de 1990 marcou o início da utilização das normas ISO 9000 sobre modelo de garantia da qualidade. A versão 2000 da ISO 9000 ampliou sua abordagem e trata agora de Sistema de Gestão da Qualidade (NBR ISO 9001:2000). Isso permitiu ormar um único sistema: o Sistema Integrado de Gestão (SIG), que é a gestão integrada de todos os aspectos da qualidade da empresa. Amplie seus conhecimentos
O Código de Defesa do Consumidor – CDC, foi criado pela Assembleia Nacional Constituinte e apresenta a responsabilidade por vício do produto e dos serviços, indicando que os vícios de qualidade se dão por inadequação do bem de consumo à sua destinação, sendo eles aparentes ou ocultos. Para ler mais sobre o CDC, acesse: e .
1.2 A qualidade no Brasil A qualidade no Brasil “desembarcou” na década de 80 impulsionada pela indústria automobilística e seus amosos controles da qualidade implantados nas montadoras e nos seus ornecedores. Criado na década de 90, o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP) valorizava a consciência do cidadão enquanto consumidor e a sua exigência por qualidade. O setor privado também embarcou “nessa moda”, porque, com a abertura da economia ao mercado internacional, as empresas sentiram a necessidade de garantir sua sobrevivência, sendo de extrema necessidade o aumento da produtividade e da qualidade. Cliente é o nome dado a quem compra e Consumidor é a denominação de quem Ocorreu inicialmente com a indústria automobilística e posteutiliza. Podem ser a mesma pessoa ou riormente se espalhou em empresas de todos os setores, indúspessoas distintas. trias de transormação e de construção, comércio, serviços, setor agrícola e inclusive o serviço público. A Figura 1.6 apresenta o processo automatizado de soldagem da estrutura do automóvel e uma linha de montagem de uma empresa automobilística.
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(a) (b) Figura 1.6 - (a) Processo robotizado de soldagem e (b) linha de montagem de automóveis.
A qualidade está presente não apenas no setor secundário, a indústria, mas também no setor primário (agricultura) e terciário (comércio). Aliás, nesses setores, o Brasil possui a liderança em vários segmentos de mercado. O conceito da qualidade evoluiu na agricultura. O conceito antigo da qualidade entende a palavra qualidade como associada a certas maniestações ísicas mensuráveis no produto. Por exemplo: tamanho, peso e aspecto exterior dos produtos hortirutigranjeiros, percentagem de gordura no leite e produtividade de cereais em kg/ha. O conceito moderno da qualidade entende a palavra qualidade no seu sentido amplo e dinâmico. Por exemplo: em uma ruta, mais importante que seu aspecto ou tamanho serão, por exemplo, a quantidade de resíduos tóxicos que ela possui e as alterações da riqueza da vida microbiana do solo, induzidas por aqueles insumos, que acabam se embutindo no processo produtivo. A Figura 1.7 apresenta o ciclo de engarraamento de um recurso natural, a água. Em (a), a amostra de água é coletada; em (b), a amostra de água é analisada em laboratório; e em (c), a amostra de água é engarraada sem contato manual por meio de um processo industrial. m o c . k c o t s r e t t u h S / l a t i g i D k c o R k c a l B
(a)
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(b) (c) Figura 1.7 - (a) Coleta da amostra de água, (b) análise laboratorial e (c) engarraamento.
Qualidade na Construção Civil
A agricultura no Brasil é responsável pela maior quantidade de recursos monetários vindos do exterior. Por exemplo, citando o cultivo de tomates: no mundo e no Brasil, são valorizados produtos alimentícios de qualidade e sem agrotóxicos (plantio orgânico). A Figura 1.8 apresenta uma estua de cultivo de tomate; um uncionário colhendo tomates; caixas de madeira que dani�cam a superície do tomate e uma caixa de plástico para armazenamento mais adequado. m o c . k c o t s r e t t u h S / 6 6 r e z e s
m o c . k c o t s r e t t u h S / e n i l e m i t G R
(a)
(b) m o c . k c o t s r e t t u h S / 1 y n n e k
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(c) (d) Figura 1.8 - (a) Plantio, (b) colheita, (c) armazenamento em caixa de madeira e (d) armazenamento em caixa de plástico.
Esse exemplo demonstra que a qualidade deve estar presente em todas as etapas do processo. De nada adianta ser cuidadoso na escolha da semente, no cultivo e na colheita e depois descuidar-se nas etapas de armazenamento e transporte. E perceba que a solução adotada oi simples, sem encarecer demasiadamente o preço do produto �nal.
História da Qualidade
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Em 1991, a Fundação Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ) oi criada e, a partir do estudo de vários modelos de prêmios de excelência, de�niu e passou a conceder anualmente o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ). Em 2005, a FPNQ tornou-se a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), cuja missão é propagar os undamentos da excelência em gestão para o aumento da competitividade das organizações e do Brasil. As empresas que implantaram qualidade apresentaram três conceitos básicos para detectar deeitos e oportunidades de melhorias: »
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a inormação interna e em relação aos concorrentes; a redução do tempo de ciclos e processos; o acompanhamento e a documentação de tareas e processos.
A prestação de serviço apresenta como característica um contato próximo ao consumidor. De nada adianta o produto ser de qualidade e a sua exposição à venda não seduzir o cliente. Deve ser percebido pelo cliente itens como limpeza, organização e atendimento adequado, com gentileza e ornecimento de inormações sobre o produto. As pessoas costumam acreditar que a qualidade está relacionada ao produto �nal. No entanto, na realidade a qualidade deve ser mantida em cada etapa do processo de execução de um serviço, pois em muitos casos, um material de péssima qualidade pode ocasionar sérios problemas ao consumidor e grandes prejuízos na vida do trabalhador. Por isso, é extremamente importante manter a qualidade presente no �uxo de todos os procedimentos. A Figura 1.9 apresenta a preocupação com a qualidade de carnes expostas em um supermercado e apresenta a preocupação com a qualidade de pães rescos recém-saídos do orno. m o c . k c o t s r e t t u h S / s n e r u o L e t l o N
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(a) (b) Figura 1.9 - (a) Exposição de carnes rerigeradas (venda de carnes) e (b) prateleira repleta de pães de orma (venda de pães).
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Qualidade na Construção Civil
A implantação de um sistema da qualidade total leva tempo, porque revoluciona o conhecimento até as bases do nível organizacional, como a educação constante, a permissão para a participação e a criatividade, bem como a valorização do ser humano pela política do crescimento e da qualidade de vida. Desse modo, estabelecer o sistema da qualidade não signi�ca aumentar ou reduzir a qualidade dos serviços ou produtos, mas aumentar ou reduzir a certeza de que os requisitos e as atividades especi�cados sejam cumpridos. Os avanços nas tecnologias de inormática, transportes e comunicação aumentaram ainda mais a velocidade das mudanças e transormaram o dierencial competitivo, que passa a ser a rapidez e a competência da empresa em aprender, interagir e responder ao mercado. Amplie seus conhecimentos
A qualidade é um conceito dinâmico e estratégico para as empresas e sociedades. A qualidade de um produto está diretamente relacionada com a percepção das pessoas envolvidas. Isso ocorre desde a sua concepção na fase de projeto, sua elaboração na etapa de produção, seu nível de desempenho quando de sua utilização como produto final e seu descarte no pós-utilização. Leia mais sobre qualidade em:
Vamos recapitular? Neste capítulo oi visto como se deu a origem do conceito de qualidade nas atividades do homem, bem como oram de�nidos seus conceitos básicos ao longo da História. A preocupação com a qualidade sempre oi relacionada à sobrevivência do homem, particularmente em situação de guerra, ou em ambientes mercadológicos.
História da Qualidade
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gora é com você! 1) Quem apresentou pela primeira vez o conceito da qualidade? 2) Quando oi criado o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP)? 3) O proessor W. Edwards Deming criou um método de controle estatístico da qualidade de processos. Ele criou uma lista de 14 pontos undamentais para a implantação da qualidade. Cite cinco pontos undamentais dessa teoria. 4) Cite os três conceitos básicos para detectar deeitos e oportunidades de melhorias que as empresas que implantaram qualidade apresentaram. 5) Quais são as dierenças entre a qualidade do setor secundário e terciário? 6) Como a qualidade de produtos interere na produtividade de serviços?
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Qualidade na Construção Civil
2 Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo
Para começar Este capítulo tem por objetivo apresentar como os parâmetros da qualidade eram observados pelos principais povos do mundo antigo.
2.1 A natureza da qualidade O homem, desde os seus primórdios, tem percepção sobre o que é qualidade. Para sobreviver, quando extraía da natureza alimentos, ele já se preocupava com a qualidade. A adoção de práticas agrícolas permitiu cuidar da qualidade daquilo que plantava e colhia. A preocupação com a segurança também estava presente na qualidade das pedras selecionadas para a abricação de armas e erramentas. Lascas a�adas de pedras vulcânicas (mais macias) serviam para cortar carne e retirar polpa de plantas conorme observa-se na Figura 2.1. Diversos tipos de ossos, pedaços de madeira e de pedras oram característicos da presença humana na Era Paleolítica. Eles eram abricados por meio do manuseio de grandes pedras de maneira a lhes dar orma adequada para cortar, raspar ou urar. E quais oram os principais instrumentos abricados? Pontas de �echa, machados de mão e mais tarde agulhas de osso, arcos e �echas. Os ancestrais humanos também se interessaram por maniestações artísticas, por exemplo, com a conecção de pinturas. Desenhos e sinais eram as representações grá�cas que compunham a arte rupestre presente em paredes de cavernas pelos homens da Pré-História.
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Figura 2.1 - Ferramentas e armas eitas de pedra.
As principais “erramentas” utilizadas para a execução das pinturas rupestres eram os dedos das mãos e, na sequência evolutiva, apareceram os pincéis rudimentares de penas ou de madeira. A matéria-prima utilizada para obter uma grande variedade de cores eram o carbono e as rochas em pó, com destaque para o óxido de erro, do qual se obtinha a coloração vermelha-alaranjada. A �xação nas paredes de rocha ocorria por conta da diluição em substâncias gordurosas ou seivas vegetais. m o c . k c o t s r e t t u h S / k c u T y r r a B
Figura 2.2 - Pintura rupestre com desenhos em vermelho.
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Qualidade na Construção Civil
A grandiosidade das grandes obras da Antiguidade ocorreu principalmente pela grande capacidade de organizar milhares de trabalhadores em atividades organizadas. Por isso é possível a�rmar que o Controle de Processo oi mais relevante que o Controle Estatístico da Qualidade. Exemplos dessa a�rmação são as construções das pirâmides do Egito Antigo, das obras arquitetônicas da Grécia Antiga, a construção naval de Veneza no século XVI e a organização militar dos persas. Os métodos utilizados para conduzir exércitos de trabalhadores baseavam-se na obediência às normas e nos procedimentos relativos às sequências construtivas. O artesão, desde que começou a abricar produtos para o seu próprio uso e para a venda, controlava todo o processo de artesanato: concepção, projeto, escolha da matéria-prima, abricação, controle da qualidade e comercialização. Ele praticava o que hoje se pretende implantar – o autocontrole. A proximidade entre o produtor e o consumidor permitia um retorno imediato de inormação sobre o desempenho do produto. Isso permitia que o artesão soubesse rapidamente quais eram as necessidades, expectativas e os desejos de seus consumidores, sem a necessidade de procedimentos administrativos ou a existência de intermediários. E, da parte dos consumidores, estes, conhecendo as aptidões e as limitações do artesão, criavam uma expectativa mais próxima em relação à qualidade do produto e da prestação de serviço que estavam prestes a receber. A Figura 2.3 apresenta um arteato de vidro sendo abricado em orno artesanal na cidade de Murano, Itália. m o c . k c o t s r e t t u h S / u i o t i r d n A i a h i M
Figura 2.3 - Arteato de vidro sendo produzido por método artesanal.
Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo
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2.2 Qualidade no Egito antigo Os egípcios desejavam eternizar reinados porque a religião existente na época tinha como dogma a vida após a morte. A arte e a arquitetura tinham um papel undamental para a existência perene do nome e dos eitos realizados pelos araós egípcios. Até os dias atuais, muitos turistas visitam as diversas pirâmides, esculturas, painéis com hieróglios e pinturas. As técnicas construtivas utilizadas das pirâmides e suas câmaras secretas intrigam até os estudiosos no assunto e motivam roteiristas de �lmes a ambientarem suas gravações no Egito. A Figura 2.4 apresenta um mapa do Egito Antigo. É possível perceber a importância do rio Nilo na evolução do império egípcio. Atualmente muitas regiões do planeta ainda sorem com as cheias de grandes rios, mas sabemos da importância desse enômeno. E os egípcios também conheciam os dois principais aspectos positivos da cheia cíclica de um grande rio: a oerta de água e a adubação natural de grandes aixas de terra em razão dos nutrientes trazidos pela cheia. Por isso, às margens do Nilo oram construídos diques e reservatórios, a �m de reter as águas que seriam utilizadas. m o c . k c o t s r e t t u h S / o t o S o i c a n g I e s o J
Figura 2.4 - Mapa do Egito Antigo.
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Qualidade na Construção Civil
Esse “domínio” sobre o rio Nilo auxiliou na evolução da cultura egípcia porque conseguiam ter água disponível em época de estiagem e também tinham anualmente áreas desérticas aptas para o cultivo de lavouras. A regularidade no ornecimento de alimentos permitiu abastecer a população e os soldados que constituíam o exército, responsável por muitas conquistas. As pirâmides, construções destinadas aos araós, tinham base quadrangular. Esses monumentos ganhavam altura com a sobreposição em camadas de pedras que pesavam de 15 a 25 toneladas e mediam de 10 a 15 metros de largura, além de serem admiravelmente lapidadas. A pirâmide em degraus do araó Zoser é a mais antiga criação em pedra talhada existente no mundo, sendo considerada o berço da arquitetura. Essa pirâmide em degraus oi o primeiro arranha-céu da história, com 60,96 metros de altura. Muitos dos eitos antigos chegaram até os nossos dias porque causaram enorme impacto na cultura local da época. Imhotep, o arquiteto-chee das obras do Faraó Zoser, da Terceira Dinastia, eternizou sua marca em virtude da construção da primeira pirâmide egípcia, construída em orma de degraus. Ele conseguiu projetar um sistema de normas para extração, corte e polimento de pedras que, mesmo abricadas a longa distância do local da montagem, eram cortadas com precisão, numeradas e identi�cadas de acordo com o local da montagem. Antes da pirâmide de Zoser, os araós eram enterrados em mastabas (palavra árabe que signi�ca “banco de pedra”). Tratava-se de túmulos construídos com pedra ou tijolos, submetidos à exposição solar (o que permitia o enrijecimento e um sequente corte mais preciso). Apresentavam ormas de pirâmide truncada e dimensões de, em média, 30 metros de comprimento, 15 metros de largura e 6 metros de altura. A Figura 2.5 apresenta a pirâmide de Zoser, datada de 2650 a.C. Atualmente ela não apresenta o revestimento original de pedra calcária branca polida. m o c . k c o t s r e t t u h S / y e l s d u a M n a i r B
Figura 2.5 - Pirâmide de Zoser.
Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo
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São três as Pirâmides de Gizé, por ordem decrescente de tamanho: a Grande Pirâmide de Gizé (também conhecida como Grande Pirâmide, Pirâmide de Quéops ou Khuu), a Pirâmide de Quéren (ou Chephren) e as Pirâmides de Miquerinos (ou Menkaure). Ao lado leste desse complexo, vê-se a Grande Es�nge. A maior delas, Pirâmide de Quéops (147 metros de altura), é também a mais antiga e a mais bem construída. É ormada por blocos encaixados com precisão micrométrica, cada um com peso de duas toneladas e meia. Foi necessária a orça de trabalho de aproximadamente 100 mil homens livres durante 20 anos, segundo estimativas. Até 1900, ano da construção da Torre Eiffel, detinha o posto de mais alta estrutura eita pelo homem. À distância, a pirâmide dava a impressão de ser entalhada em uma única rocha, tal era a precisão da abricação dos blocos de pedra calcária. É bem provável que os pesados blocos ossem colocados sobre trenós de madeira e arrastados sobre uma longa rampa. À medida que a pirâmide se tornava mais alta, a rampa �cava mais longa a �m de manter o mesmo nível de inclinação. Já outra teoria diz que uma rampa envolvia a pirâmide como uma escada em espiral. Como a luz do sol era re�etida pela pedra calcária, a pirâmide se tornava visível a uma grande distância. Mas o ato mais curioso é que os quatro lados da Pirâmide de Quéops apontam, com precisão, os quatro pontos cardeais da bússola: Norte, Sul, Leste e Oeste. A Figura 2.6 apresenta o complexo de pirâmides de Gizé, o detalhe da montagem dos blocos de pedra da pirâmide de Quéops e o detalhe do tamanho dos blocos de pedra perante a dimensão das pessoas. m o c . k c o t s r e t t u h S / t d l o w k c e r B n a D
(a) Figura 2.6 - Pirâmides de Gizé.
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Qualidade na Construção Civil
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(b) m o c . k c o t s r e t t u h S / e y E s n o e l e m a h C
(c) Figura 2.6 - Pirâmides de Gizé (continuação).
Em um sistema construtivo, mesmo de civilizações antigas, além de um excelente projeto e um atuante gestor que organize as atividades da obra, são necessários alguns cuidados no aspecto técnico. Diversas pirâmides, obras e construções ocorrendo de maneira simultânea exigiram a adoção de um padrão de medida para concretizar corretamente as orientações presentes nos projetos. O araó Khuu criou o primeiro padrão de medida no Egito, um padrão de granito preto, chamado de “cúbito real egípcio”. Como oi obtido o comprimento de 524 mm que se subdividia em 28 partes? Foi adotado o comprimento da distância do cotovelo até a ponta do dedo médio do araó Khuu. O araó também percebeu a importância da disseminação desse padrão em todas as suas obras. Por isso, os trabalhadores detinham nos locais de trabalho cópias desse padrão, em pedra ou madeira, cuja manutenção era da responsabilidade do arquiteto real.
Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo
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A Figura 2.7 apresenta o esquema do cúbito real egípcio e a máscara mortuária de um araó. m o c . k c o t s r e t t u h S / e d i s n r u B e l l e h c a R
R i c h W o l f / S h u t t e r s t o c k .c o m
(a) (b) Figura 2.7 - (a) Medida-padrão e (b) máscara mortuária de um araó mostrando o antebraço.
O que muitos historiadores chamam de milagres ou mistérios nas grandes construções egípcias pode ser traduzido por: »
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adoção de sistemas construtivos inovadores; planejamento detalhado do sistema de construção; atendimento às normas de qualidade estabelecidas; implantação de novos materiais; controle rígido de processos.
2.3 Qualidade nas dinastias chinesas A China é uma das mais antigas nações a ter desenvolvido uma civilização. O sucesso obtido pelas dinastias da China, desde a primeira – Dinastia Xia (século XXI a.C.) até a destruição da Dinastia Qing (1911) – pode ser atribuído a um sistema político rígido que atuou no controle do país, auxiliando a instalação de práticas gerenciais sólidas e uniormes. Por exemplo, a Dinastia de Zhou (séc. XI a.C.–séc. VIII a.C.) estabeleceu um sistema composto de um número especí�co de organizações gerenciadas por o�ciais. Essas organizações oram divididas em grandes departamentos de acordo com as unções por elas desempenhadas:
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coleta, processamento, armazenamento e distribuição de matéria-prima e materiais semiacabados; manuatura de produtos; armazenamento e distribuição de produtos; elaboração de normas para qualidade e produtividade; inspeção e ensaios regidos por normas.
A Figura 2.8 apresenta o mapa da China Antiga. O império chinês manteve, de maneira centralizada e documentada, a tecnologia construtiva de templos, edi�cações e muralhas. m o c . k c o t s r e t t u h S / k r o j B r a v g n I
Figura 2.8 - Mapa da China Antiga.
Há um velho provérbio chinês que diz: “O povo chinês tem uma mente histórica”, ou seja, o passado é considerado um ator crucial para o entendimento da mentalidade chinesa. Durante o período da dinastia Zhou, muitos avanços importantes oram conseguidos, como: »
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surgimento de grandes �lósoos, como Conúcio (nome latino do pensador chinês Kung-Fu-Tze), a �gura histórica mais conhecida na China; ormação de um sistema de comércio sólido, que utilizava dinheiro em vez da prática do escambo, ou seja, troca de mercadorias como meio de pagamento; proibição da venda de utensílios e matérias-primas cujas dimensões ou qualidade não atendessem às exigências das normas.
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Nessa mesma época existia um sistema de medição de comprimento, volume e massa com a utilização de instrumentos-padrão para tais medições. A exigência no sistema de qualidade era tamanha que eram obrigatórias, duas vezes por ano, a aferição e a calibração de instrumentos, que só podiam ser usados após a fixação do selo de calibração. A Figura 2.9 apresenta artefatos cerâmicos fabricados na China, sujeitos ao controle de qualidade da época.
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(a)
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(b) Figura 2.9 - (a) Prato e (b) jarros cerâmicos chineses.
Atualmente os carros de luxo têm em seu motor, por exemplo, a inscrição do nome do engenheiro que o fabricou. Na China Antiga, durante a Dinastia Tang (618 d.C.–907 d.C.), a venda de armamentos de guerra somente ocorria se seguisse padrões estipulados pelos governantes e se eles tivessem o nome dos trabalhadores inseridos na própria peça. As punições nessa época não eram multas, mas castigos físicos. Já na Dinastia Ming (1368 d.C.–1644 d.C.), as punições tinham foco nos artigos e utensílios de baixa qualidade (produtos descartáveis) e para aqueles que tecessem seda abaixo das especificações. A Figura 2.10 apresenta armamentos de guerra e roupa feita de seda.
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Qualidade na Construção Civil
A Muralha da China, também chamada de “Grande Muralha”, oi ormada por diversas muralhas construídas no decorrer de várias dinastias chinesas, iniciando-se a construção em 220 a.C. e concluindo-se no século XV, durante a Dinastia Ming, um total de quase 2 mil anos. A �m de se proteger de invasões dos povos ao norte, os chineses começaram a erguer muros, o que ocorreu antes da uni�cação do império. Com a uni�cação dos sete reinos em um país, o imperador Qin Shihuang (259–210 a.C.), da Dinastia Chin, procedeu à uni�cação da muralha, com o apro veitamento de outras orti�cações existentes. Medindo cerca de 3.000 km de extensão naquela época, oi gradativamente ampliada nas dinastias seguintes. Diversos segmentos desta obra oram construídos com tijolos, tendo-se alcançado um alto nível de tecnologia. m o c . k c o t s r e t t u h S / n o o m d n i w
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(a) (b) Figura 2.10 - (a) Cavaleiro com armamentos e (b) bailarina com antasia em seda.
Houve uma reconstrução durante os séculos XV e XIX, concluída com 2.400 km que cruzam parte do país de leste a oeste, atravessando planícies e montanhas. Sua parte mais estreita tem 40 cm de espessura e a mais larga mede 6 metros, com altura de 7 metros. Em toda a sua história, a muralha só oi medida em 1700, por ordem do imperador Kangxi, (quando se contaram aproximadamente 8.000 km) e em 2006 (ocasião em que oram registrados 21.196,18 km). Como a muralha oi construída com materiais disponíveis em cada região, ela conta com partes eitas de pedra e outras revestidas de tijolos. As construções realizadas tinham garantia de um ano; caso houvesse danos durante esse período, eram aplicadas punições aos o�ciais e artesãos responsáveis pelo trabalho, sendo reeito o trabalho sem qualquer ônus para o Estado. A Figura 2.11 apresenta trecho superior da Muralha e per�l da Muralha.
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(a) m o c . k c o t s r e t t u h S / e i j g n a h z e u y i e f
(b) Figura 2.11 - (a) Trecho superior da Muralha da China e (b) per�l da Muralha.
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Qualidade na Construção Civil
Madeira e tijolo são perecíveis e os chineses cuidaram muito pouco de seus monumentos, ao contrário dos japoneses. Tudo o que caía em ruínas era requentemente abandonado, até que osse necessário e �nanceiramente possível construir uma edi�cação com nova planta. Assim, oram raras as obras de tempos antigos mantidas nos dias atuais. A estrutura de madeira dessas construções conheceu progresso durante a Dinastia Ming; houve amadurecimento das artes decorativas e oram utilizados tijolos para a construção de casas populares. A Figura 2.12 apresenta uma edi�cação pertencente à China antiga. m o c . k c o t s r e t t u h S / l n u k l
Figura 2.12 - Edi�cação chinesa antiga.
A pedra é um dos materiais antigos mais utilizados. As técnicas de sua obtenção e de sua utilização eram conhecidas pelas civilizações antigas. Rochas coloridas e de texturas exclusivas eram consideradas como material nobre. A sua utilização ocorria em partes ou em todos os templos, monumentos e obras de arte. O mármore era muito cobiçado pelos imperadores em arcadas de janelas, por exemplo. Existiam artesãos com grande habilidade na conecção de esculturas que eram anexadas às edi�cações e aos monumentos. A Figura 2.13 apresenta a imagem de um dragão esculpido em rocha.
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Figura 2.13 - Dragão esculpido em rocha.
A Dinastia Sui (581 d.C.–618 d.C.) cravou a sua marca da história chinesa com a construção da Cidade de Shang-Na, construída com a utilização de cerca de 2 milhões de trabalhadores civis. Além de sua beleza arquitetônica dierenciada, a extensão de uma área de 84 quilômetros quadrados é um destaque. A inovação urbanística residia nas grandes avenidas na direções norte-sul e leste-oeste, com ormação de grandes quadras divididas por 108 alamedas. A ligação do povo chinês com a natureza se materializou com a construção de rios e canais. Além da prática de pesca artesanal em grande escala, esses sistemas aquaviários eram utilizados nos sistemas de abastecimento de água potável, nos sistemas de drenagem e como vias de transporte. A rápida construção perante os padrões existentes (nove meses) somente oi possível graças ao extraordinário planejamento. Outros atores que também podem ser atribuídos a esse sucesso são: »
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detalhamento do projeto (uso de escala 1:100 nos projetos); controle rígido da qualidade da construção; gestão detalhada as atividades.
A qualidade era uma preocupação dos governantes de grandes impérios da Antiguidade, sendo colocada em prática por meio de decretos governamentais.
2.4 Qualidade no Império Romano Os romanos utilizaram os conhecimentos arquitetônicos desenvolvidos pelos gregos para cobrir os diversos campos da engenharia civil. A Figura 2.14 apresenta o mapa da expansão do Império Romano. Muitas tecnologias construtivas e controles da qualidade oram adquiridos em cada uma das nações conquistadas.
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Qualidade na Construção Civil
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Figura 2.14 - Mapa da expansão do Império Romano.
O Panteão romano é o principal prédio romano e o único ediício da Antiguidade Clássica que se encontra em pereito estado de conservação. Esse é apenas um exemplo das grandes construções romanas que demandaram um grande volume de mão de obra (sem quali�cação). Isso realmente era um problema. Por isso, oi necessário desenvolver métodos simpli�cados e de ácil entendimento de construção. Essas grandes realizações somente ocorreram porque existiu um incremento no número de supervisores e oram criados procedimentos de inspeção para acompanhar a orça de trabalho não quali�cada. Muitos historiadores relatam que nessa época oram criadas associações de artesãos e de sindicatos de trabalhadores quali�cados. A Figura 2.15 apresenta a achada do Panteão romano e a vista interna onde ocorre a incidência de luz solar através de uma abertura circular vazada, sem echamento.
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(a) m o c . k c o t s r e t t u h S / a r r e C o d e r f l A
(b) Figura 2.15 - Panteão romano: (a) achada e (b) vista interna.
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Qualidade na Construção Civil
A argamassa romana era obtida misturando-se terra vulcânica (pozolana) com cal. Existiam descrições bastante precisas dos materiais a empregar (e que variavam de acordo com as regiões), assim como as dosagens e a maneira conveniente de se proceder à sua mistura. A argamassa pronta recebia pedra britada, alcançando-se a conormação desejada por meio de ormas de madeira. Utilizava-se o mesmo processo para a construção dos arcos e das cúpulas. Eles privilegiavam a estrutura de tijolo com enchimento de concreto, que não exigia tanta precisão quanto às técnicas de corte de pedra. O assentamento de placas de mármore travertino por pedreiros quali�cados servia para “esconder” deeitos de construção da etapa construtiva anterior. Utilizava-se muito o travertino, uma pedra de superície granulosa e, portanto, com excelente rugosidade para seu assentamento com argamassa. A Figura 2.16 apresenta uma placa de mármore travertino, que é uma rocha calcária natural. Em seu processo de ormação, ela sore a ação de água doce subterrânea, responsável pela criação dos espaços ocos, tão característicos desse material. Por que artistas e construtores tornaram esse material tão cobiçado? Podem ser listadas as seguintes propriedades: diversidade de padrões, qualidades estéticas e durabilidade.
Fique de olho!
A definição da qualidade no mundo antigo é cultural, pois recebe influência dos objetivos dos governantes e das condições de mão de obra, materiais e tecnologias existentes.
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Figura 2.16 - Mármore travertino.
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No telhado de sua residência, talvez exista a cobertura realizada com telhas de barro chamadas de telha romana. Esse tipo de cobertura inspirou-se no modelo grego. Ela chegou até os nossos dias porque apresenta as seguintes características: baixa impermeabilidade; baixa rugosidade, ou seja, ser lisa para permitir um rápido vazamento da água; dureza apropriada; e ter a resistência mecânica necessária para suportar o peso de agentes atmoséricos como a chuva. A Figura 2.17 apresenta telhas antigas de edi�cações romanas. m o c . k c o t s r e t t u h S / b d v n e e L
Figura 2.17 - Telhas romanas eitas à mão.
Os romanos herdaram dos povos conquistados as suas técnicas construtivas. Os enícios contribuíram com as técnicas aplicadas na construção de portos e aróis em todo o Mediterrâneo. A construção de aróis é classi�cada como obra de grande porte, na qual o problema mais grave era o do levantamento de cargas pesadas, eetuado por guindastes de roldanas. Esses equipamentos so�sticados para a época e de grandes dimensões tinham como onte de energia a orça ísica dos escravos. Amplie seus conhecimentos
O maior e mais famoso símbolo do Império Romano foi o Coliseu. Ele era um enorme anfiteatro reservado para as lutas entre gladiadores, ou entre eles e animais selvagens. Sua construção foi iniciada em 72 d.C. por ordem do imperador Flávio Vespasiano, sucessor do imperador Nero. Tinha uma altura de 48,5 metros e uma forma elíptica com 189 metros no maior eixo e 156 metros no menor eixo. Sua arena tinha 85 metros por 53 metros. Suas arquibancadas foram construídas a partir de 3 metros do solo e tinha capacidade para mais de 50 mil pessoas. Em sua construção, foram utilizados 100 mil metros cúbicos de mármore travertino, principalmente no revestimento da fachada exterior, além de tijolos de barro, blocos de tufa (pedra vulcânica) e concreto. Para ler mais sobre o coliseu, acesse: e
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Quais dimensões tinham essas edi�cações? O arol de Bolonha, com 60 metros, e o de Alexandria, com seus 87 metros, �guravam entre os mais altos. E quais eram as suas utilizações? Assinalavam as zonas perigosas e atraíam os marinheiros para a segurança dos portos. A luminosidade dos aróis provinha da queima de madeira de árvores resinosas. m o c . k c o t s r e t t u h S / ) k i m e S d r a h c i R ( z c . B H P
Figura 2.18 - Farol de sinalização marítima.
Amplie seus conhecimentos
Os romanos antigos eram um povo objetivo, com mentalidade aberta e receptiva. O que era considerado bom dos povos conquistados era copiado e adaptado às suas necessidades. Como consequência dessa mentalidade, surgiu uma forte indústria da construção, com legislação específica para regular alguns aspectos construtivos e algumas normas de serviços obrigatórios para a mão de obra (similares às do serviço militar). Eles estabeleceram também regulamentações específicas para o controle da qualidade dos materiais, dentre elas a obrigatoriedade, a partir do séc. II a.C., do uso de marcas nas unidades de alvenaria (tijolos e blocos de pedra) que identificassem o fabricante. Conseguiram, dessa forma, unificar as técnicas construtivas em todo o império, porém sempre respeitando as vantagens dos sistemas construtivos locais. Para ler mais sobre arte e arquitetura romana, acesse: .
Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo
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Vamos recapitular? Neste capítulo oi visto como os parâmetros da qualidade eram observados pelos principais povos do mundo antigo. O Império Romano oi o que mais tempo durou, e uma das razões é a de que ele era muito pragmático; azia uso das normas da qualidade dos povos conquistados, adaptando e introduzindo-as em suas práticas culturais.
Agora é com você! 1) Qual a altura da Grande Pirâmide de Quéops? 2) Qual a origem da Grande Muralha da China? 3) Qual a essência do antigo controle de processo? 4) Quais as qualidades de uma antiga telha romana?
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3 Normas ISO – Evolução e Descrição
Para começar Este capítulo tem por objetivo apresentar a amília de normas ISO 9000 (Qualidade), bem como sua origem, seus objetivos, sua terminologia e os beneícios de sua utilização. É também apresentada a NBR ISO 14000 (meio ambiente) e sua relação, suas intenções, de�nições e diretrizes. Por �m, são apresentadas as normas OHSAS 18000 – saúde e segurança do trabalhador.
3.1 Origem e objetivos das normas ISO Em 1926 oi criada a primeira entidade para padronização internacional, denominada International Federation o the National Standardizing Associations (ISA), que terminou suas atividades em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial. Logo após o �m desse con�ito, representantes de 25 países se reuniram na cidade de Londres, em 1946, com o objetivo de criar uma organização internacional que, em nível mundial, acilitasse a coordenação e a uni�cação de normas industriais. Assim, começou a uncionar oicialmente, em 23 de evereiro de 1947, a International Organization or Standardization (ISO – Organização Internacional de Normalização), com sede na cidade de Genebra, Suíça. A ISO é uma organização não governamental internacional que reúne mais de uma centena de organismos nacionais de normalização. Hoje ela representa cerca de 160 países que respondem por cerca de 95% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial, e tem por objetivo promover o desenvolvimento
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da padronização de atividades correlacionadas de orma a possibilitar o intercâmbio econômico, cientí�co e tecnológico entre os países. Fique de olho!
O PIB (Produto Interno Bruto) é a soma de todos os bens e serviços produzidos em um país durante certo período.
O campo de ação da ISO sobre normalização está estabelecido em quase todos os campos do conhecimento. Ela não atua em normas da área de engenharia eletrônica e elétrica, que são de responsabilidade da International Eletrotechnical Commission. No Brasil, é representada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A ISO procura conciliar interesses de produtores, usuários, governos e da comunidade cientí�ca na preparação de normas internacionais. Seu trabalho é desenvolvido por intermédio de mais de 2.600 grupos técnicos de trabalho, compostos por mais de 20 mil especialistas de todo o mundo, e que participam anualmente dos trabalhos técnicos da ISO, dos quais já resultou a publicação de mais de 13 mil normas desde a undação da organização. Os objetivos da normalização realizada pela ISO são: »
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Proteção do consumidor: prover a sociedade de meios e�cazes para aerir a qualidade de bens e serviços, Segurança: proteger a vida e a saúde, Economia: proporcionar a redução da crescente variedade de produtos e procedimentos, Comunicação: proporcionar meios mais e�cientes de troca de inormações entre o abricante e o cliente, melhorando a con�abilidade das relações comerciais, Eliminação de barreiras técnicas e comerciais: evitar a existência de regulamentos con�itantes sobre bens e serviços em dierentes países, acilitando, assim, o intercâmbio comercial.
Dessa orma, a normalização encontra-se na abricação dos produtos, na transerência de tecnologia e na melhoria da qualidade de vida, por meio de normas relativas à saúde, à segurança e à preservação do meio ambiente. As práticas da ISO estão relacionadas aos campos do crescimento econômico, da igualdade social e da integridade ambiental. Assim, suas ações nesses campos são: 3.1.1 Crescimento econômico »
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disseminação de novas tecnologias; boas práticas de negócios; acilitação de comércio; comércio eletrônico; economias emergentes; redução da pobreza.
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3.1.2 Igualdade social »
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proteção ao consumidor; proteção ao trabalhador; serviços de saúde; segurança; comércio justo; ética.
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administração de resíduos; qualidade da água, do solo e do ar; e�ciência energética e recursos renováveis; emissões de gases de eeito estua (GHG) e recursos renováveis; análise do ciclo da vida e trabalho verde; administração do meio ambiente.
A qualidade é um conceito que firma um compromisso social, sendo relacionada com a economia, com as pessoas e com o meio ambiente.
3.2 Família ISO 9000 – qualidade Relacionada com a palavra isonomia, que é um princípio de igualdade, a ISO tem como objetivo a padronização do gerenciamento do sistema da qualidade, visando sua uni�cação de orma universal. Assim, a sua unção é a de promover a normalização de produtos (bens e serviços) para que sua qualidade seja permanentemente melhorada. 3.2.1 Origem da família ISO 9000
No ano de 1979, o Comitê Técnico ISO TC 176 elaborou as normas sobre qualidade. Com a globalização ocorrida na década de 1980, aumentou a necessidade de normas internacionais, principalmente a partir da criação da União Europeia. Em 1987, a ISO lançou um conjunto de normas denominado ISO 9000, ortemente baseadas nas normas britânicas da qualidade e nas experiências e contribuições de especialistas e representantes de diversos países. Para isso, os elaboradores conseguiram superar divergências quanto a terminologia, conceitos e práticas e chegaram a um resultado, que pode ser considerado um marco histórico na evolução da garantia e da gestão da qualidade. A partir desse instante as normas começaram a evoluir. A primeira norma – ISO 9000:1987 – baseou-se principalmente na norma de origem britânica BS-5750 (British Standard) e em normas militares: »
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Normas Militares Americanas (MIL STD) – padronização; MIL-Q-9858 – oi a primeira norma de especi�cações de sistema da qualidade;
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MIL-I-45205 – requisitos de um sistema da qualidade; AQAP (Allied Quality Assurance) OTAN – garantia da qualidade; DEF-STAN (Deense Standard) Reino Unido – normas das Forças Armadas sobre sistemas da qualidade; BS-5750 (British Standard).
Essa norma �cou conhecida como norma de gestão, porque, além de especi�car como produzir, também discriminava como gerenciar o processo de produção. A expressão ISO 9000 designa um grupo de normas técnicas que estabelecem um modelo de gestão da qualidade para organizações em geral, não importando a sua dimensão. 3.2.2 Normas componentes da família NBR ISO 9000
Como visto, as normas ISO oram publicadas pela primeira vez em 1987 com o objetivo de padronizar requisitos para o desenvolvimento de sistemas de qualidade para empresas. A primeira versão tinha uma estrutura de três normas sujeitas à certi�cação – a ISO 9001, 9002 e 9003 –, além da ISO 9000, que era um guia para escolher a norma mais adequada a cada tipo de organização. A série ISO 9000 é uma amília de normas que ormam um modelo de gestão da qualidade. Foram desenvolvidas para apoiar as organizações no estabelecimento, na implantação e na manutenção de Sistemas de Gestão da Qualidade, independentemente do ramo de atividade ou porte. »
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NBR ISO 9000:1987: Normas de Gestão da Qualidade e Garantia da Qualidade – diretrizes para seleção de uso, NBR ISO 9001:1987: Normas de Sistema da Qualidade – modelo para garantia da qualidade em projeto, desenvolvimento, produção, instalação e serviços associados. Aplicava-se a organizações cujas atividades eram voltadas à criação de novos produtos, NBR ISO 9002:1987: Normas de Sistema da Qualidade – modelo para garantia da qualidade em produção, instalação e serviços associados, compreendia essencialmente o mesmo material da anterior, mas sem abranger a criação de novos produtos, NBR ISO 9003:1987: Normas de Sistema da Qualidade – modelo para garantia da qualidade inspeção e ensaios �nais, abrangia apenas a inspeção �nal do produto e não se preocupava como o produto era eito, NBR ISO 9004:1987: Normas de Gestão da Qualidade. Elementos do Sistema da Qualidade: diretrizes para melhoria do desempenho.
Em 1994, a série oi revisada, mas sem grandes modi�cações, mantendo a mesma estrutura, ou seja, três normas sujeitas à certi�cação. Com a revisão em 1994, passou-se a adotar o termo “amília ISO 9000” para indicar o con junto ormado pelas normas da série 9000. Nesse mesmo período, a ABNT alinhou-se ao restante do mundo e passou a adotar a seguinte nomenclatura para versão nacional: “NBR ISO 9000”. É o con junto de normas da série “amília NBR ISO 9000” pelo sistema Brasileiro de Normalização e publicadas pela ABNT:
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Norma NBR ISO 9000:1994: essa norma continha as de�nições e os termos relativos à norma ISO 9001:1994. Não era uma norma certi�cadora, apenas explicativa de termos e de�nições da garantia da qualidade. Norma NBR ISO 9001:1994: essa norma tinha a garantia da qualidade como base da certi�cação.
Em dezembro de 2000, a série oi totalmente revisada; além das alterações em sua estrutura, as vinte cláusulas oram reduzidas para cinco, �cando, agora, apenas uma norma sujeita à certi�cação – a ISO 9001:2000. Assim, a amília de normas NBR ISO 9000:1994 (9001, 9002 e 9003) oi cancelada e substituída pela série de normas ABNT NBR ISO 9000:2000, que é composta de três normas: »
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Norma ABNT NBR ISO 9000:2000 (versão �nal da revisão das normas ISO 8402:1994 e ISO 9000-1:1994): descreve os undamentos de sistemas de gestão da qualidade e estabelece a terminologia para estes sistemas (undamentos e vocabulário). É aplicável a organizações que buscam vantagens por meio da implementação de um sistema de gestão da qualidade; organizações que buscam a con�ança, em seus ornecedores, de que os requisitos de seus produtos serão atendidos; usuários dos produtos; aqueles que têm interesse no entendimento mútuo da terminologia utilizada na gestão da qualidade etc. Norma ABNT NBR ISO 9001:2000 (versão �nal da revisão das normas ISO 9001:1994, ISO 9002:1994 e ISO 9003:1994): especi�ca requisitos para um Sistema de Gestão da Qualidade, no qual uma organização precisa demonstrar sua capacidade para ornecer produtos que atendam aos requisitos dos clientes e aos requisitos regulamentares aplicá veis, e que objetiva aumentar a satisação dos clientes por meio da eetiva aplicação do sistema, incluindo processos para melhoria contínua e a garantia da conormidade com requisitos do cliente e requisitos regulamentares aplicáveis. Dela poderão ser excluídos, com a devida justi�cativa, os itens que não se aplicam ao tipo de atividade realizada pela empresa. Assim, está ocada na e�cácia do Sistema de Gestão da Qualidade em atender os requisitos dos clientes. Norma ABNT NBR ISO 9004:2000 (versão �nal da revisão das normas: ISO 9004-1:1994, ISO 9004-2:1991 e ISO 9004-3:1993, ISO 9004-4:1993 e ISO 9004-4/Cor.1:1994): ornece diretrizes, além dos requisitos estabelecidos na NBR ISO 9001, que consideram tanto a e�cácia como a e�ciência do sistema de gestão da qualidade e, por consequência, o potencial para melhoria do desempenho de uma organização. O objetivo dessa norma é a melhoria contínua do desempenho global da organização (e�ciência e e�cácia) medida por meio da satisação dos clientes e das outras partes interessadas.
Nas versões anteriores à de 2000, as normas ISO não exigiam que as empresas tivessem objetivos ou adotassem ações para a melhoria da qualidade nem que demonstrassem quaisquer resultados nesse sentido. Nessa condição, era possível observar a tendência das empresas terem o objetivo de apenas obter suas certi�cações, em vez de ocarem na melhora dos seus processos, produtos e serviços. As últimas revisões da “amília ISO 9000” são: »
Norma NBR ISO 9000:2005: Sistemas de gestão da qualidade – Fundamentos e vocabulário – oi a única norma lançada nesse ano, descrevendo os undamentos de sistemas de gestão da qualidade que, no Brasil, constituem o objeto da amília ABNT NBR ISO 9000,
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de�nindo os termos a ela relacionados. É aplicável a organizações que buscam vantagens por meio da implementação de um sistema de gestão da qualidade, »
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Norma NBR ISO 9001:2008: Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos – esta nova versão oi elaborada para apresentar maior compatibilidade com a amília da ISO 14000, e as alterações realizadas trouxeram maior compatibilidade para as suas traduções e consequentemente melhor entendimento e interpretação de seu texto, Norma NBR ISO 9004:2009: Sistema de Gestão da Qualidade – diretriz para melhoria de desempenho. Essa nova versão substitui a versão 2000 e ornece às organizações um modelo de “sucesso sustentado”. É a terceira versão (a primeira publicada em 1987), Norma NBR ISO 19011:2012: diretrizes para auditorias de sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiental.
A revisão da NBR ISO 9001:2000, que originou a versão NBR ISO 9001:2008, trouxe poucas mudanças. Elas serviram para melhorar o entendimento sobre a norma ISO 9001 e para aprimorar sua utilização. O comitê técnico ISO/TC 176 é responsável pela amília ISO 9000. Ele reúne peritos de 80 países participantes e 19 organizações internacionais ou regionais, além de outras comissões técnicas. A NBR ISO 19011:2012 apresenta as diretrizes para auditorias de sistemas de gestão. 3.2.3 Benefícios da utilização da norma NBR ISO 9001:2008
A norma ISO 9001:2008 se baseia em oito princípios de gestão, que podem ser usados como guia para a melhoria da perormance das organizações: 1) Foco no Cliente: as organizações dependem de seus clientes e, portanto, devem entender suas necessidades atuais e uturas, satisazer seus requisitos da qualidade e implementar métodos para monitorar sua percepção quanto aos produtos (bens e serviços) entregues, 2) Liderança: a liderança é necessária para promover a unidade de objetivos e direção e criar um ambiente no qual as pessoas se tornem plenamente envolvidas em atingir os objetivos da organização, 3) Envolvimento das pessoas: as pessoas são a essência da organização, seu principal recurso. Sua cooperação, seu envolvimento e sua motivação permitem que suas capacidades sejam plena e e�cazmente utilizadas para o beneício da organização, 4) Abordagem por processos: para alcançar os objetivos organizacionais, os recursos e as ati vidades necessitam ser tratados como processos, entendendo-se que as saídas de um processo aetam as entradas de outro, 5) Abordagem sistêmica para a gestão: os processos se relacionam entre si de modo a constituírem sistemas; assim, a abordagem sistêmica para o gerenciamento é o princípio que orienta a organização a identi�car, entender e gerenciar os processos inter-relacionados,
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6) Melhoria contínua: deve ser um objetivo permanente da organização. Este princípio garante que, a partir de ações de correção e de prevenção, siga-se na busca da excelência de seus produtos e processos, 7) Abordagem actual para a tomada de decisões: decisões e�cazes são tomadas com base na análise dedutiva de dados e inormações, 8) Beneícios mútuos nas relações com ornecedores: uma organização e seus ornecedores são interdependentes, e uma relação mutuamente proveitosa aumenta, para ambos, a habilidade de agregar valores. Assim, as empresas que utilizarem os princípios contidos na NBR ISO 9001:2008, como condição de suas ações, terão como beneícios: »
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maior condição para quanti�cação dos produtos e das melhorias; consequentemente, maior capacidade de análise para a tomada de decisões gerenciais mais objetivas e eetivas; maior habilidade para revisar, desa�ar e mudar opiniões e decisões; maior capacidade de identi�car oportunidades de melhorias, dirigidas e priorizadas; maior �exibilização e rapidez nas respostas às oportunidades oerecidas pelo mercado, bem como às oportunidades internas advindas de um monitoramento estruturado de produtos e processos; melhor capacidade de comunicação interna entre os dierentes níveis da empresa; uni�cação, ajuste e implementação da avaliação das atividades; maior compreensão de objetivos e metas pelas pessoas, bem como seus papéis dentro da organização e, consequentemente, maior motivação para alcançá-los; redução dos custos e dos ciclos de tempo para a execução das atividades, por meio do uso eetivo dos recursos; maior integração e adaptação dos processos que melhor contribuem para a obtenção dos resultados desejados.
3.2.4 Critérios para normalização de procedimentos
Os critérios para a normalização partem do princípio de que as normas técnicas da série ISO oram elaboradas por consenso internacional sobre as práticas que uma empresa deve tomar a �m de atender plenamente os requisitos da qualidade. A NBR ISO 9000 não �xa metas a serem atingidas pelas empresas a serem certi�cadas; elas próprias é que devem estabelecê-las. Para obter a certi�cação, as empresas devem adotar alguns procedimentos, como: »
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padronização de todos os processos-chave da organização, isto é, dos processos que aetam seus produtos (bens e serviços) e, consequentemente, o consumidor; monitoramento e medição dos processos de produção para assegurar a qualidade dos produtos (bens ou serviços), por meio de indicadores de perormance e desvios;
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implementar e manter os registros adequados e necessários para garantir a rastreabilidade dos processos; inspeção da qualidade e meios apropriados de ações corretivas quando necessárias; revisão sistemática dos processos e do sistema da qualidade para garantir sua e�cácia.
3.2.5 Terminologia básica da NBR ISO 9000
A terminologia básica utilizada na série ISO é: »
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Ação corretiva: ação para eliminar a causa de uma não conormidade identi�cada ou de outra situação indesejável, Ação preventiva: ação para eliminar a causa de uma potencial não conormidade, Cliente: organização ou pessoa que recebe um produto, Conormidade: satisação com um requisito, E�cácia: medida em que as atividades planejadas oram realizadas e obtidos os resultados planejados, E�ciência: relação entre resultados obtidos e recursos utilizados, Fornecedor: organização ou pessoa que ornece um produto, Política da qualidade: conjunto de intenções e de orientações de uma organização, relacionadas com a qualidade, como ormalmente expressas pela gestão de topo, Procedimento: modo especi�cado de realizar uma atividade ou um processo, Processo: conjunto de atividades inter-relacionadas e interatuantes que transormam entradas em saídas, Produto: resultado de um processo, Qualidade: grau de satisação de requisitos dado por um conjunto de características intrínsecas, Requisito: necessidade ou expectativa expressa, geralmente implícita ou obrigatória, Satisação de clientes: percepção dos clientes quanto ao grau de satisação dos seus requisitos, Sistema de gestão da qualidade: sistema de gestão para dirigir e controlar uma organização no tocante à qualidade.
3.3 ISO 14000 – meio ambiente Em 1991 a ISO criou um Grupo Assessor Estratégico sobre Meio Ambiente (Strategic Advisory Group on Environment – SAGE), com o objetivo de analisar a necessidade de desenvolvimento de normas internacionais na área do meio ambiente. Durante a Conerência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992, o Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, presidido pelo empresário suíço Stephan Schmidheiny, apoiou a criação de um comitê especí�co, na ISO, para tratar das questões de gestão ambiental.
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Em março de 1993, a ISO estabeleceu o Comitê Técnico de Gestão Ambiental, ISO/TC207, para desenvolver uma série de normas internacionais de gestão ambiental, a exemplo do que já vinha sendo eito pelo ISO/TC 196, com a série ISO 9000 de Gestão da Qualidade. A série, que recebeu o nome de ISO 14000, reere-se a vários aspectos, como sistemas de gestão ambiental, auditorias ambientais, rotulagem ambiental, avaliação do desempenho ambiental, avaliação do ciclo de vida e terminologia. A Associação Canadense de Normas dá suporte ao secretariado e administra o programa geral de trabalho do TC 207, com os órgãos de normalização de diversos países se responsabilizando pelos dierentes grupos subsidiários do TC 207. As normas de gestão ambiental abrangem vários assuntos de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) e Auditorias Ambientais até Rotulagem Ambiental e Avaliação do Ciclo de Vida. O Comitê Técnico de Gestão Ambiental, ISO/TC 207, conta com a participação de representantes de cerca de 60 países nas suas reuniões plenárias anuais. O campo de trabalho do TC 207 está em constante evolução. Em maio de 2002 oi aprovado um novo item de trabalho na área de mudanças climáticas: “Medição, Comunicação e Veri�cação de Emissões de Gases Estua”. Quando um TC tem um grande volume de trabalho, o procedimento normal é dividir o trabalho de desenvolvimento das normas e distribuí-lo para um grupo de subcomitês, cada um cobrindo uma área especí�ca. O TC 207 atualmente tem cinco subcomitês tratando dos seguintes assuntos: »
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SC 01: Sistemas de Gestão Ambiental. SC 02: Auditorias Ambientais. SC 03: Rotulagem Ambiental. SC 04: Avaliação de Desempenho Ambiental. SC 05: Avaliação de Ciclo de Vida.
Além desses subcomitês, o TC 207 conta com dois grupos de trabalho (WGs) que lidam com comunicações ambientais e mudanças climáticas. Existe também um grupo de trabalho que cuida de termos e de�nições, e do qual participam representantes de todos os subcomitês e grupos de trabalho, para evitar que os diversos SCs e WGs usem termos com interpretações dierentes (pois os técnicos que participam em cada grupo são dierentes). Desde a sua ormação em 1993, o TC 207 tem organizado plenárias anuais, realizadas em dierentes localidades em todo o mundo, para equilibrar os custos de viagem e os custos de sediar esses eventos. As mais recentes reuniões plenárias do TC 207 ocorreram no Rio de Janeiro (1996), São Francisco (EUA), Seul (Coreia), Estocolmo (Suécia), Kuala Lumpur (Malásia), Johannesburgo (Árica do Sul), Bali (Indonésia), Buenos Aires (Argentina) e Madri (Espanha, 2005). Grande parte dos grupos subsidiários (subcomitês, grupos de trabalho, grupos tarea etc.) do TC 207 reúne-se simultaneamente com a plenária anual, e toda a série de reuniões ocorre em cerca de oito dias. Os subcomitês e grupos de trabalho podem organizar reuniões adicionais durante o ano para adiantar o trabalho. Existem três idiomas o�ciais na ISO: inglês, rancês e russo. Na prática, o russo não é utilizado em reuniões, apenas nos glossários de termos da ISO. Reuniões plenárias do TC 207 são geralmente conduzidas exclusivamente em inglês, com serviço de tradução simultânea para o rancês. Todas as
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reuniões de grupos de trabalho do TC 207 são conduzidas em inglês. A pedido dos países de idioma espanhol, o TC 207 montou uma Força Tarea de Tradução para o Espanhol, que az uma tradução “semio�cial” das normas da série ISO 14000. Em virtude da impossibilidade de a ABNT criar, em 1994, um comitê brasileiro para acompanhar e in�uenciar o desenvolvimento das normas da série ISO 14000, oi criado com o apoio da ABNT o Grupo de Apoio à Normalização Ambiental (GANA), com sede na cidade do Rio de Janeiro e com a participação de empresas, associações e entidades representativas de importantes segmentos econômicos e técnicos do país. O grupo tinha como objetivo acompanhar e analisar os trabalhos desenvolvidos pelo ISO/TC 207, e avaliar o impacto das normas ambientais internacionais nas organizações brasileiras. O GANA, por meio de uma participação eetiva nos trabalhos do ISO/TC 207, in�uiu decisivamente para que os interesses da indústria brasileira e dos países em desenvolvimento ossem levados em conta no desenvolvimento da série ISO 14000. Como resultado, temos hoje mais de 2 mil certi�cados ISO 14001 (algumas empresas, como a PETROBRAS, têm vários), contribuindo, portanto, para promover maior competitividade dos produtos nacionais no mercado internacional. As normas ISO 14000 são de adoção voluntária pelas empresas, mas na prática, tornam-se quase obrigatórias para empresas que vendem seus produtos no exterior. Nesse período, várias normas da série ISO 14000 oram traduzidas para o português e publicadas como normas brasileiras NBR ISO (como a NBR ISO 14001 e a NBR ISO 14010). A ISO lançou, em 1996, a série de normas ISO 14000, que têm como objetivo a criação de um sistema de gestão ambiental que auxilie as empresas a cumprir compromissos assumidos com o ambiente natural, estabelecendo também as diretrizes para as auditorias ambientais, avaliação de desempenho ambiental, rotulagem ambiental e análise do ciclo de vida dos produtos. No �nal do ano 1998, o GANA encerrou suas atividades e, em abril de 1999, a ABNT criou o Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental (ABNT/CB-38), que substituiu o GANA na discussão e no desenvolvimento das normas ISO 14000 em âmbito internacional e na tradução e publicação das normas brasileiras correspondentes. O ABNT/CB-38 oi criado com estrutura semelhante ao ISO/ TC 207 e seus subcomitês. Para apresentar eetivamente uma posição que represente os interesses do país no desenvol vimento das normas de gestão ambiental, é undamental a participação do mais amplo espectro da sociedade brasileira no CB-38. Por esse motivo, o comitê é aberto à contribuição de todos os interessados na ormulação dessas normas. A participação de uma empresa ou instituição pode ser eita como cotista do CB-38, condição por meio da qual é possível participar ativamente na discussão e votação das posições brasileiras adotadas nas reuniões internacionais de desenvolvimento das normas. Universidades, organizações não governamentais e instituições não cotistas são convidadas e estimuladas a participar nas reuniões das comissões de estudos, durante a ase de discussão das posições brasileiras e da redação dos documentos. Como oi dito anteriormente, a estrutura operacional do comitê é semelhante à estrutura do ISO/TC 207, visando acilitar os contatos de mesmo nível e atribuições de responsabilidades. As principais atribuições e responsabilidades dos órgãos que constituem o comitê seguem o regimento interno da ABNT.
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O CB-38 tem hoje em sua estrutura os seguintes subcomitês: »
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SC 01: sistemas de gestão ambiental. SC 02: auditorias ambientais. SC 03: rotulagem ambiental. SC 04: desempenho ambiental. SC 05: avaliação de ciclo de vida. SC 06: termos e de�nições. SC 07: integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos (ecodesign). SC 08: comunicação ambiental. SC 09: mudanças climáticas.
3.3.1 Comitê brasileiro de gestão ambiental (ABNT/CB-38)
O Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental ABNT/CB 38 ez os seguintes estudos: 3.3.1.1 SC 01 – Sistemas de gestão ambiental
Foram aprovadas e publicadas (em 1996) as seguintes normas: »
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ISO 14001: Sistemas de Gestão Ambiental – Especi�cação e diretrizes para uso. ISO 14004: Sistemas de Gestão Ambiental – Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio.
Foi também aprovado o Relatório Técnico ISO TR 14061, o Guia para Orientar Organizações Florestais no Uso das Normas ISO 14001 e a ISO 14004 (esta última publicada em 1998). A ABNT publicou, também em 1996, a tradução das normas de sistemas de gestão ambiental, que são a NBR ISO 14001 e a NBR ISO 14004. A ISO 14001 é, por enquanto, a única da série ISO 14000 que pode ser certi�cada por uma terceira parte, isto é, uma entidade especializada e independente, reconhecida em um organismo autorizado de credenciamento 2 (ou acreditação): no Brasil, tal organismo é o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). O TC 207 já realizou uma revisão das normas 14001 e 14004 para um melhor alinhamento com a norma ISO 9001-2000 e para esclarecer melhor partes do texto das normas. As ISO 14001:2004 e 14004:2004 oram publicadas pela ISO em 2004. A ABNT já publicou a NBR ISO 14001:2004. No Brasil, praticamente todas as empresas certi�cadas com a ISO 14001 melhoraram seus desempenhos ambientais e �caram mais competitivas, pois reduziram o consumo de água, energia e matérias-primas, passando a produzir menos e�uentes para serem tratados. Para obter a certi�cação ISO 14001, uma empresa deve de�nir a sua política ambiental, implantar um sistema de gestão ambiental, cumprir a legislação ambiental aplicável (ao país e àquela localidade) e assumir um compromisso com a melhoria contínua de seu desempenho ambiental.
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3.3.1.2 SC 02 – Auditorias ambientais
Em 1996, três normas de auditorias ambientais oram aprovadas e publicadas pela ISO: »
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ISO 14010: Diretrizes para auditoria ambiental – princípios gerais. ISO 14011: Diretrizes para auditoria ambiental – procedimentos de auditoria. ISO 14012: Diretrizes para auditoria ambiental – critérios de quali�cação para auditores ambientais.
Nesse mesmo ano, a ABNT publicou as NBR ISO correspondentes. As normas de auditoria são importantes porque garantem a credibilidade do processo de certi�cação. São dirigidas às auditorias de terceira parte, por entidades externas e independentes, que veri�cam se o sistema de gestão implantado está de acordo com a ISO 14001. Essas três normas oram substituídas em 2002 por uma única, que uniu os procedimentos de auditoria ambiental e da qualidade, a ISO 19011 (Diretrizes para auditorias da qualidade e ambiental). A ABNT já publicou sua tradução, a NBR ISO 19011. Foi publicado em 2001 o Relatório Técnico ISO TR 14015 (Sistemas de Gestão Ambiental – avaliações ambientais de localidades e organizações), muito útil para veri�car o passivo ambiental de empresas. A NBR ISO 14015 oi publicada em 2003. 3.3.1.3 SC 03 – Rotulagem ambiental
A “rotulagem ambiental” já é praticada em vários países, como Alemanha, Suécia, Japão, Canadá e Holanda, mas com ormas de abordagem e objetivos dierentes. A conscientização dos consumidores sobre as questões ambientais propiciou o surgimento de sistemas de rotulagem ambiental (conhecido como selo verde), destinados a identi�car beneícios ambientais em processos e produtos. Num programa de selo verde (Rotulagem Tipo I), o selo é concedido a produtos que satisaçam a um conjunto de requisitos pré-determinados. A rotulagem começou com iniciativas nacionais, em geral com a participação de órgãos governamentais. A iniciativa mais antiga é da Alemanha (Blue Angel, 1978), seguida pelos países nórdicos (Nordic Swan, 1988), Canadá (Environmental Choice, 1988), Japão (Eco Mark, 1989), Estados Unidos (Green Seal, 1990), França (NF-Environnement, 1991), Índia (Eco Mark, 1991), Coreia (Eco Mark), Cingapura (Green Label), Nova Zelândia (Environmental Choice) e União Europeia (European Ecolabelling), todos em 1992, e Espanha (Aenor, 1993). Esses programas usam critérios dierentes para a concessão do selo verde, com alguns (como Japão e Canadá) ocalizando as externalidades ambientais do consumo (uso e descarte �nal) e outros (como França e União Europeia) ocalizando as externalidades ambientais da produção. O selo dos países nórdicos adota, como critério para concessão, a avaliação do ciclo de vida do produto. Por iniciativa da organização Green Seal, oi criada uma rede mundial de rotulagem ambiental, denominada Global Ecollabeling Network (GEN). O interesse pela rotulagem ambiental vem aumentando, assim como a preocupação com a possibilidade do sistema (Rótulo Tipo III) ser usado como barreira não alandegária no comércio internacional.
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Para harmonizar esses procedimentos dierentes, o SC 03 do ISO/TC 207 publicou as seguintes normas de rotulagem ambiental: »
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ISO 14020: Rótulos e declarações ambientais – princípios básicos (1998). ISO 14021: Autodeclarações ambientais (rótulo ambiental tipo II, 1999). ISO 14024: Rótulo ambiental tipo I (de terceira parte, 1999). A ABNT publicou a NBR ISO 14020 em 2002, e as NBR ISO 14021 e 14024 em 2004.
A NBR ISO 14020 da ABNT estabelece nove princípios gerais, aplicáveis a todo tipo de rotulagem ou declaração ambiental, cujo objetivo �nal é assegurar correção técnica, transparência, credibilidade e relevância ambiental. Os princípios são: 1) Rótulos e declarações ambientais devem ser precisos, veri�cáveis, relevantes e não enganosos. 2) Procedimentos e requisitos para rótulos e declarações ambientais não devem ser elaborados, adotados ou aplicados com intenção de – ou eeito de – criar obstáculos desnecessários ao comércio internacional. 3) Rótulos e declarações ambientais devem basear-se em metodologia cientí�ca su�cientemente cabal e abrangente para dar suporte às a�rmações, e que produza resultados precisos e reproduzíveis. 4) As inormações reerentes aos procedimentos, às metodologias e a quaisquer critérios usados para dar suporte a rótulos e declarações ambientais devem estar disponíveis e ser ornecidas a todas as partes interessadas sempre que solicitadas. 5) O desenvolvimento de rótulos e declarações ambientais deverá considerar todos os aspectos relevantes do ciclo de vida do produto. 6) Os rótulos e declarações ambientais não devem inibir inovações que mantenham ou tenham o potencial de melhorar o desempenho ambiental. 7) Quaisquer requisitos administrativos ou demandas de inormações relacionadas a rótulos e declarações ambientais devem ser limitados àqueles necessários para estabelecer a conormidade com os critérios e normas aplicáveis dos rótulos e declarações ambientais. 8) Convém que o processo de desenvolvimento de rótulos e declarações ambientais inclua uma consulta participatória e aberta às partes interessadas. Convém que sejam eitos esorços razoá veis para chegar a um consenso no decorrer do processo. 9) As inormações sobre aspectos ambientais dos produtos e serviços relevantes a um rótulo ou declaração ambiental devem ser disponibilizadas a compradores e potenciais compradores junto à parte que az o rótulo ou declaração ambiental. Rotulagem Tipo I – Programas de selo verde (NBR ISO 14024): Estabelece os princípios e procedimentos para o desenvolvimento de programas de rotulagem ambiental, incluindo a seleção de categorias de produtos, critérios ambientais e características uncionais dos produtos, critérios para avaliar e demonstrar sua conormidade. A NBR ISO 14024 estabelece também os procedimentos de certi�cação para concessão do rótulo ambiental.
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A Rotulagem Ambiental Tipo I apresenta os seguintes problemas: a) A impossibilidade de estabelecer critérios objetivos e cienti�camente deensáveis que identi�quem os melhores produtos do ponto de vista ambiental em uma dada categoria. b) Os selos verdes orientam os consumidores a procurar símbolos. No Brasil, temos apenas selos verdes setoriais, como no setor papel e celulose. Rotulagem tipo II – Autodeclarações ambientais (NBR ISO 14021) Especi�ca os requisitos para as autodeclarações ambientais, incluindo textos, símbolos e grá�cos, no que se reere aos produtos. Descreve os termos selecionados usados comumente em declarações ambientais e ornece quali�cações para seu uso. Essa norma descreve também uma metodologia de avaliação e veri�cação geral para autodeclarações ambientais e métodos especí�cos de avaliação e veri�cação para as declarações selecionadas. No Brasil, existe a tendência de utilização cada vez mais ampla das autodeclarações ambientais, que oerecem inormações mais precisas, relevantes e de ácil entendimento para o consumidor (consumidor �nal ou relação entre empresas – B2B, business to business). Rotulagem tipo III – Avaliações de ciclo de vida A ISO TR 14025 oi publicada em 2000 e exige a Avaliação do Ciclo de Vida do produto para ser concedido. Em 2002, iniciou-se o trabalho de desenvolvimento da ISO 14025:2006 para os rótulos ambientais do tipo III, que apresenta alto grau de complexidade em razão da utilização da metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida do produto. 3.3.1.4 SC 04 – Avaliação de desempenho ambiental
Em 1999, o ISO/TC 207 publicou uma norma e um relatório técnico: »
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ISO 14031: avaliação do desempenho ambiental – diretrizes. ISO TR 14032: exemplos de avaliação de desempenho ambiental.
A ISO 14031 objetiva medir e analisar o desempenho ambiental de uma empresa, a �m de comparar os resultados com as metas de�nidas no estabelecimento do sistema de gestão ambiental e comprovar as melhorias alcançadas. Foi publicada em 2004, e os indicadores de desempenho ambiental escolhidos pela empresa devem ser especí�cos para uma determinada área, como quantidade de e�uentes e de resíduos sólidos perigosos gerados por unidade de produto, peso da embalagem produzida etc. Os indicadores escolhidos devem ser relevantes, cienti�camente válidos, de ácil comprovação, e devem ter custos de medição aceitáveis em relação aos objetivos da avaliação. 3.3.1.5 SC 05 – Avaliação do Ciclo de Vida
A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) de um produto é uma erramenta cada vez mais aplicada aos processos produtivos, por permitir uma visão abrangente dos impactos ambientais ao longo de toda a cadeia de produção, incluindo a extração e aquisição das matérias primas, a abricação do produto, a sua embalagem, transporte e distribuição, o seu uso e seu descarte no �nal de sua vida útil. Considera também a possibilidade de reciclagem do produto. Por esse motivo, a ACV é conhecida como uma abordagem do “berço ao túmulo” para o estudo dos impactos ambientais, que pode ser aplicada a produtos, atividades, processos ou serviços. Trata-se de um estudo caro, pois exige uma equipe de pro�ssionais especializados e demanda tempo para sua execução. Na maioria dos
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países desenvolvidos, já existem bancos de dados básicos sobre matérias primas, energia, transportes etc., que reduz o tempo e o custo da elaboração da ACV de um produto. O ISO/TC 207 já publicou as seguintes normas de Avaliação de Ciclo de Vida: »
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ISO 14040: Avaliação do ciclo de vida – princípios e estrutura (1997). ISO 14041: Avaliação de ciclo de vida – de�nição de escopo e análise do inventário (1998). ISO 14042: Avaliação do ciclo de vida – avaliação do impacto do ciclo de vida (2000). ISO 14043: Avaliação do ciclo de vida – interpretação do ciclo de vida (2000). ISO 14048: Avaliação de ciclo de vida – ormato da apresentação de dados (2002).
Foram publicados também dois relatórios técnicos: »
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ISO TR 14047: Avaliação do ciclo de vida – exemplos para a aplicação da ISO 14042 (2002). ISO TR 14049: Avaliação do ciclo de vida – exemplos de aplicação da ISO 14041 para a de�nição de escopo e análise de inventário (2000).
A ABNT publicou a NBR ISO 14040 em 2001, e as NBR ISO 14041 e 14042 em julho de 2004. Em 2003, o ISO TC 207 decidiu que as quatro primeiras normas (40, 41, 42 e 43) seriam condensadas em apenas duas – 14041 e 14044 –, para acilitar a aplicação da ACV de produtos. A primeira norma, 14041, conteria apenas os princípios e as de�nições da ACV, sem os requisitos (sem os shall), e a outra conteria todas as exigências e requisitos. 3.3.1.6 SC 06 – Termos e definições
A norma ISO 14050 (Termos e de�nições) oi publicada em 1998 e sua revisão, a ISO 14050 Rev. 1, oi publicada em 2002. A NBR ISO 14050 Ver. 1 oi publicada em 2004. 3.3.1.7 SC 07 – Aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos (ecodesign)
Em 2000 oi criado um Grupo de Trabalho (WG 05) e iniciado o trabalho para a elaboração do relatório técnico ISO TR 14062 (Integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos – Ecodesign). Esse relatório técnico oi publicado em 2002, e a ABNT publicou a NBR ISO TR 14062 em 2004. Esse documento oi produzido porque produtos e serviços provocam impactos sobre o meio ambiente, que podem acontecer durante todos os estágios dos seus ciclos de vida: extração e produção das matérias-primas, transporte, energia necessária, abricação, distribuição, uso e disposição �nal. Com a integração dos aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos e serviços, o que é geralmente denominado de ecodesign, vários beneícios ambientais e econômicos são alcançados: redução de custos (redução do consumo de energia, água, matérias-primas e menor geração de resíduos para serem tratados), melhor desempenho ambiental, estímulo à inovação, novas oportunidades empresariais e melhor qualidade do produto ou serviço.
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O processo de integração dos aspectos ambientais deve ser contínuo e �exível, devendo levar em consideração a unção do produto, a sua perormance, a segurança e saúde dos usuários, o custo, a aceitação pelo mercado, a qualidade, bem como legislação, regulamentos e normas em vigor. Aqui no Brasil, já existem várias iniciativas de ecodesign. Em São Paulo, a Federação das Indústrias (FIESP), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico (SCTDE-SP), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientí�co e Tecnológico (CNPq) e o Programa São Paulo Design criaram em 2001 o Centro São Paulo Design, com o objetivo de consolidar o design como erramenta undamental para a melhoria contínua dos processos de produção e de seus produtos. A FIESP organiza e patrocina o Prêmio Ecodesign – FIESP, realizado a cada dois anos, para estimular o desenvolvimento de produtos de maneira sustentável em todo o seu ciclo de vida, desde a escolha das matérias-primas, passando pelo processo produtivo, até a embalagem e a distribuição. Em 2002, oi criada a comunidade virtual Ecodesign-net, ruto de uma parceria entre o Centro de Gestão Estratégica do Conhecimento em C&T, do Ministério das Relações Exteriores – CGECon, com a Associação Brasileira de Instituições de Pesquisa Tecnológica (ABIPTI). A Ecodesign-net possui hoje um universo de 145 membros de universidades, ONGs, empresas privadas, órgãos governamentais etc. e é uma reerência no Brasil e no cenário internacional como importante rede de atores de ecodesign. 3.3.1.8 SC 08 – Comunicação ambiental
As grandes empresas, particularmente nos países nórdicos e na Alemanha, começaram a ser pressionadas para publicar anualmente um relatório sobre seu desempenho ambiental. Não havia, entretanto, um modelo que acilitasse a comparação do desempenho ambiental de empresas dierentes. Por esse motivo, a ISO/TC 207 resolveu iniciar o desenvolvimento da norma internacional ISO 14063 (Comunicação ambiental – diretrizes e exemplos). Para isso, oi criado um novo grupo de trabalho, o WG 4. O objetivo é aprovar diretrizes sobre como comunicar o desempenho ambiental e outros aspectos ambientais das empresas, ornecendo exemplos. A ISO 14063 oi publicada em 2006. 3.3.1.9 SC 09 – Mudanças climáticas
O Grupo de Trabalho do ISO/TC 207 sobre mudanças climáticas (WG 5) oi criado em 2002. O objetivo é desenvolver normas internacionais para a medição, monitoramento, comunicação e veri�cação das emissões e absorção de gases estua, no âmbito de projetos e entidades: »
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ISO 14064 – Parte 1: Gases Estua: especiicação para quantiicação, monitoramento e comunicação de emissões e absorção por entidades. ISO 14064 – Parte 2: Gases Estua: especi�cação para quanti�cação, monitoramento e comunicação de emissões e absorção de projetos. ISO 14064 – Parte 3: Gases Estua: especi�cação e diretrizes para validação, veri�cação e certi�cação.
As três normas oram publicadas em 2006. Foi também criado o WG 6, sobre acreditação. Esse grupo de trabalho desenvolveu a norma ISO 14065:2007 – Gases de Eeito Estua (GEE) ou Greenhouse Gases (GHG) – Requisitos para vali-
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dação e veri�cação de organismos para uso em acreditação ou outras ormas de reconhecimento. Tal norma oi publicada no Brasil como NBR ISO 14065:2012. 3.3.2 Relação e intenções das normas ISO 14000
As normas ISO 14000 são: »
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ISO 14001: Sistema de gestão ambiental – especi�cações para implantação e guia. ISO 14004: Sistemas de gestão ambiental – diretrizes gerais. ISO 14010: Guias para auditoria ambiental – diretrizes gerais. ISO 14011: Diretrizes para auditoria ambiental e procedimentos para auditorias. ISO 14012: Diretrizes para a auditoria ambiental – critérios de quali�cação. ISO 14020: Rotulagem ambiental – princípios básicos. ISO 14021: Rotulagem ambiental – termos e de�nições. ISO 14022: Rotulagem ambiental – simbologia para rótulos. ISO 14023: Rotulagem ambiental – testes de metodologias para veri�cação. ISO 14024: Rotulagem ambiental – guia para certi�cação com base em análise multicriterial. ISO 14031: Avaliação da perormance ambiental. ISO 14032: Avaliação da perormance ambiental dos sistemas de operadores. ISO 14040: Análise do ciclo de vida – princípios gerais. ISO 14041: Análise do ciclo de vida – inventário. ISO 14042: Análise do ciclo de vida – análise dos impactos. ISO 14043: Análise do ciclo de vida – migração dos impactos.
Organizações de todos os tipos estão progressivamente preocupadas em alcançar e demonstrar um desempenho ambiental adequado por meio do controle do impacto ambiental de suas atividades e produtos (bens e serviços), levando em conta suas políticas e objetivos ambientais. Isso é eito no contexto de uma legislação progressivamente mais exigente, do desenvolvimento de políticas econômicas e outras medidas para promover a proteção ambiental e do aumento geral da apreensão das partes interessadas a respeito dos assuntos ambientais, inclusive do desenvolvimento sustentável. Muitas organizações têm realizado “análises críticas” ou “auditorias”, para avaliar seus desempenhos ambientais. Entretanto, essas “análises críticas” e “auditorias” por si próprias podem não ser su�cientes para ornecer às organizações a garantia de que elas não só atingirão, mas que também continuarão atingindo as exigências legais e de sua política. Para serem eetivas, elas precisam ser conduzidas dentro de um sistema de gestão estruturado e integrado com a atividade da gestão empresarial. Espera-se que normas internacionais de gestão ambiental orneçam às organizações os elementos de um sistema de gestão ambiental eetivo, que possa ser integrado com outros requisitos gerenciais, a �m de auxiliar as organizações a alcançar objetivos ambientais e econômicos. Essas normas, como outras normas internacionais, não são destinadas à criação de barreiras comerciais não tariárias ou para incrementar ou mudar as obrigações legais das organizações. Elas
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especi�cam os requisitos desse tipo de sistema de gestão ambiental e oram eitas para serem aplicá veis a todos os tipos e tamanhos de organizações, bem como para se ajustar às dierentes condições geográ�cas, culturais e sociais. O sucesso do sistema depende do comprometimento de todos os níveis e unções da organização, especialmente da alta administração. Um sistema desse tipo habilita uma organização a estabelecer e avaliar a eetividade de procedimentos para estabelecer uma política ambiental, atingir os objetivos e a conormidade com estes, e a demonstrar essa conormidade para outros. O propósito geral dessas normas é apoiar a proteção ao meio ambiente e a prevenção da poluição em equilíbrio com as necessidades socioeconômicas. Deve ser notado que muitos dos requisitos podem ser alcançados simultaneamente ou retomados a qualquer tempo. Há uma importante distinção entre essa especi�cação, que descreve os requisitos para a certi�cação/registro e/ou declaração própria de um sistema de gestão ambiental, e uma diretriz não certi�cável, que se destina a ornecer uma assistência genérica a uma organização para implementar ou melhorar o sistema de gestão ambiental. A gestão ambiental abrange uma ampla aixa de elementos, inclusive aqueles com implicações estratégicas e competitivas. A demonstração da implementação bem-sucedida da norma poderá ser utilizada pela organização para garantir às partes interessadas que um sistema de gestão ambiental adequado está sendo aplicado. A norma de especi�cação contém somente os requisitos, que podem ser objetivamente auditados para �ns/propósitos de certi�cação/registro e/ou propósito de declaração da própria empresa. As organizações que necessitem de diretrizes mais genéricas, em uma aixa mais abrangente dos itens do sistema de gestão ambiental, devem basear-se na ISO 14004 (Sistemas de Gestão Ambiental – Diretrizes gerais em princípios, sistemas e técnicas de suporte). Deve-se notar que esta norma não estabelece requisitos absolutos para o desempenho ambiental além do compromisso, dentro da política, com o cumprimento da legislação e regulamentos ambientais aplicáveis e com a melhoria contínua. Assim, duas organizações com atividades similares, mas com dierentes desempenhos ambientais podem, ambas, estar cumprindo seus requisitos. A adoção e a implementação de um conjunto de técnicas de gestão ambiental de uma maneira sistemática podem contribuir para ótimos resultados das partes interessadas. Entretanto, a adoção dessa norma de especi�cação não garante, por si só, ótimos resultados ambientais. A �m de se atingir os objetivos ambientais, o sistema de gestão ambiental deve encorajar as organizações a considerar a implementação das melhores tecnologias disponíveis quando apropriadas e onde economicamente viáveis. Além disso, deve ser considerada a relação custo-beneício dessa tecnologia. Essas normas não têm a intenção de indicar nem tampouco inclui requisitos para os aspectos de saúde ocupacional e gestão da segurança (do trabalho); entretanto, procura não desencorajar uma organização a desenvolver a integração entre esses elementos do sistema de gestão. De qualquer maneira, o processo de certi�cação/registro será aplicável apenas para os aspecto do sistema de gestão ambiental. 3.3.3 Definições e diretrizes para uso da NBR ISO 14001
A norma NBR ISO 14001 (Sistemas de gestão ambiental – especi�cação e diretrizes para uso) apresenta as seguintes de�nições:
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Melhoria contínua: processo de apereiçoamento do sistema de gestão ambiental para alcançar melhorias no desempenho ambiental global alinhadamente com a política ambiental da organização. Observação: o processo não precisa ser realizado simultaneamente em todas as áreas de atividade, Ambiente: cercanias nas quais a organização opera, incluindo ar, água, terra, recursos naturais, �ora, auna, seres humanos e suas inter-relações. Observação: cercanias, neste contexto, estende-se desde dentro da organização até ao sistema global, Aspecto ambiental: elemento das atividades, dos produtos ou dos serviços de uma organização que pode interagir com o ambiente. Observação: um aspecto ambiental signi�cativo é aquele que tem ou pode ter um impacto ambiental signi�cativo, Impacto ambiental: qualquer mudança no ambiente, quer adversa, quer bené�ca, inteira ou parcialmente resultante das atividades, produtos ou serviços de uma organização, Sistema de gestão ambiental: aquela parte do sistema de gestão global que inclui a estrutura organizacional, o planejamento de atividades, as responsabilidades, as práticas, os procedimentos, os processos e os recursos para desenvolver, conseguir implementar, analisar criticamente e manter a política ambiental, Sistema de auditoria da gestão ambiental: um processo de veri�cação sistemático e documentado para, objetivamente, obter e avaliar evidências para determinar se o sistema de gestão ambiental da organização está de acordo com o critério de auditoria ambiental estabelecido pela organização, e realizar a comunicação dos resultados desse processo à gerência, Objetivo ambiental: metas ambientais globais, quanti�cadas onde praticável, resultantes da política ambiental, que uma organização estabelece para si própria alcançar, Desempenho ambiental: resultados mensuráveis do sistema de gestão ambiental, relacionados com o controle da organização sobre os aspectos ambientais, baseados na sua política, seus objetivos e metas, Política ambiental: declaração da organização sobre suas intenções e seus princípios relacionados com seu desempenho ambiental global, que provê uma estrutura para ações e para o estabelecimento dos seus objetivos e metas ambientais, Meta ambiental: requisito detalhado de desempenho, quanti�cado onde praticável, aplicável à organização ou à parte dela, resultante dos objetivos ambientais e que necessita ser estabelecido e alcançado de maneira a permitir atingir aqueles objetivos, Parte interessada: indivíduo ou grupo relacionado ou aetado pelo desempenho ambiental de uma organização, Organização: empresa, corporação, �rma, empreendimento, instituição ou parte ou combinação destas, quer incorporada, quer não, pública ou privada, que tenha suas próprias unções e administração. Observação: havendo mais de uma unidade de operação, uma única pode ser de�nida como organização, Prevenção da poluição: uso de processos, práticas, materiais ou produtos que evitam, reduzem ou controlam a poluição, os quais podem incluir reciclagem, tratamento, modi�cações de processo, mecanismos de controle, uso e�ciente de recursos e substituição de
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materiais. Observação: os beneícios potenciais da prevenção da poluição incluem a redução de impactos ambientais adversos, melhoria de e�ciência e redução de custos, Tais normas internacionais são aplicáveis a qualquer organização que deseja: a) b) c) d) e)
implementar, manter e melhorar o sistema de gestão ambiental; certi�car-se de estar em conormidade com sua política ambiental declarada; demonstrar esta conormidade a outros; solicitar certi�cação/registro do sistema de gestão ambiental por uma organização externa; assumir o compromisso e azer declaração de conormidade com a norma.
Amplie seus conhecimentos
A rotulagem ambiental ou “selo verde” é a certificação de produtos adequados ao uso, que apresentam menor impacto no meio ambiente em relação a outros produtos comparáveis disponíveis no mercado. Para apender mais sobre selo verde acesse: e .
3.4 OHSAS 18000 – saúde e segurança do trabalhador A Occupational Health and Saety Assessment Services (Serviços de Avaliação de Saúde e Segurança Ocupacional – OHSAS) é um conjunto de normas internacionais que consiste em diretrizes de um sistema de gestão, assim como a ISO 9000 e ISO 14000, porém com o oco voltado para a saúde e a segurança ocupacional. Em outras palavras, são erramentas que permitem a uma empresa atingir e, sistematicamente, controlar e melhorar o nível do desempenho da saúde e segurança do trabalho por ela mesma estabelecido. As normas que compõem o sistema OHSAS 18000 são: »
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OHSAS 18001:2007: diretrizes para a implementação da OHSAS, OHSAS 18002:2008: sistemas de gestão da segurança e saúde no trabalho.
Essas especi�cações da OHSAS ornecem os requisitos para um sistema de gestão da Segurança e Saúde Ocupacional (SSO), permitindo a uma organização controlar seus riscos de acidentes, suas doenças ocupacionais e melhorar seu desempenho. Elas não prescrevem critérios especí�cos de desempenho da SSO nem ornecem especi�cações detalhadas para o projeto de um sistema de gestão. Essas especi�cações da OHSAS se aplicam a qualquer organização que deseje: a) estabelecer um sistema de gestão da SSO para eliminar ou minimizar riscos dos uncionários e de outras partes interessadas que possam estar expostos aos riscos de SSO associados a suas atividades; b) implementar, manter e melhorar continuamente um sistema de gestão da SSO; c) assegurar-se de sua conormidade com sua política de SSO de�nida;
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d) demonstrar tal conormidade a terceiros; e) buscar certi�cação/registro do seu sistema de gestão da sso por uma organização externa; ou ) realizar uma autoavaliação e emitir autodeclaração de conormidade com esta especiicação. A certi�cação pela OHSAS 18000 acentua a abordagem pela minimização do risco, procurando reduzir, com sua implementação, os acidentes e as doenças do trabalho, os tempos de paragem por esses motivos e, consequentemente, os custos econômicos e sobretudo humanos. Identi�cam-se ainda como possíveis beneícios da implementação de um sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho, como: »
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integração das responsabilidades de higiene, segurança e saúde ocupacional em todas as atividades da organização; adoção de boas práticas em saúde e segurança do trabalho; manutenção de um meio ambiente de trabalho seguro; redução dos riscos de acidentes e incidentes nas operações; evidenciar o uncionamento da saúde e segurança na empresa; permitir a existência de um sistema de gestão integrado; promover a melhoria da e�ciência nas organizações; evitar multas e demais sanções ou ações judiciais motivadas por temas desta ordem, por implementar o cumprimento dos requisitos legais, contratuais e sociais; detectar oportunidades de melhoria no desempenho global da empresa; possibilidade de redução de custos com seguros; responder às demandas de clientes e acionistas; melhora da imagem da empresa; motivação do pessoal.
O êxito do sistema OHSAS 18000 depende da garantia, do compromisso de todos, do engajamento essencial da gerência e da direção superior no processo como um todo. Fique de olho!
Os gases de efeito estufa (GEE) ou greenhouse gases (GHG) são os gases considerados responsáveis pelo aquecimento global. De acordo com o Anexo A do Protocolo de Quioto, os GEEs: » »
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dióxido de carbono (co2); metano (ch4); óxido nitroso (n 2o); hidrofluorcarbonos (hfcs); perfluorcarbonos (pfcs); hexafluoreto de enxofre (SF 6).
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Vamos recapitular?
Neste capítulo oi abordada a amília de normas ISO 9000 (qualidade), bem como sua origem, seus objetivos, sua terminologia e os beneícios de sua utilização. Foi também apresentada a NBR ISO 14000 (meio ambiente) e sua relação, suas intenções, de�nições e diretrizes. Por �m, oram apresentadas as normas OHSAS 18000 (saúde e segurança do trabalhador).
Agora é com você! 1) Cite dois problemas da rotulagem ambiental tipo I. 2) O que são as normas internacionais OHSAS? 3) Comente sobre a organização ISO, suas características, sua abrangência, seu campo de ação e sua representatividade no Brasil. 4) O que é a série ISO 9000?
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Qualidade na Construção Civil
Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil
4 Para começar
Este capítulo tem por objetivo dei nir os programas e as políticas Construção Civil.
da qualidade
no setor de
4.1 Histórico da qualidade na construção civil O Governo Federal deu um grande passo em 1991 para a reestruturação da indústria nacional, com o lançamento do PBQP (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade). O objetivo oi de omentar a gestão da qualidade nas empresas nacionais e prepará-las para competir com as empresas internacionais. O oco residiu na produção com melhor qualidade, menor custo e aumentando a produtividade na busca por maior competitividade por meio da atualização e do aprimoramento em processos de gestão e tecnologia. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) realizou outros trabalhos relativos à elaboração de documentos para construção de ediícios na década de 1980. Um deles oi desenvolvido no âmbito do Programa de Controle da Qualidade das Construções Habitacionais (Procontrol). Foram elaborados documentos de reerência para ediícios habitacionais de interesse social de até quatro pavimentos, com o objetivo de orientar projetos, execução e controle das obras que utilizavam práticas con vencionais. Outro trabalho, no âmbito estadual, desenvolvido para a então Secretaria da Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, originou documentos denominados Estudos para o Controle da Qualidade dos Componentes, Elementos e do Produto Final de Conjuntos
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Habitacionais. Eram recomendações técnicas para subsidiar as Companhias de Habitação (Cohabs) na implantação de um Programa de Controle da Qualidade das obras. Incluíam recomendações para projeto, recebimento de materiais e controle da execução, cujos conteúdos baseavam-se em normas nacionais e estrangeiras e em manuais de bem construir. O primeiro trabalho de ordenamento da cadeia produtiva da construção, no âmbito do PBQP, oi o Subprograma Setorial da Qualidade e Produtividade da Indústria da Construção Civil, elaborado em 1992. A eetiva mobilização do poder de compra do Estado no sentido de induzir o desen volvimento da qualidade e produtividade da indústria da Construção Civil oi de ato implementada pelo Programa da Qualidade da Construção Habitacional do Estado de São Paulo (QUALIHAB), instituído em 1996. E na sequência oi instituído o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), de âmbito nacional, instituído em 1998. O modelo PBQP oi transormado em uma nova orma de atuação denominada Movimento da Qualidade e Produtividade no Brasil, passando a integrar o Movimento Brasil Competitivo (MBC) em 2001. A seleção de ornecedores por critério exclusivo de menor preço pode acarretar problemas ao empreendimento, desde a má qualidade dos serviços até sua não execução por inviabilidade técnica e/ou �nanceira da empresa contratada. Esses programas governamentais têm como conceito a parceria do poder público com o setor produtivo, i rmada por meio de acordos setoriais privilegiando, nas contratações governamentais, as empresas que tenham aderido ao Programa Setorial da Qualidade, valorizando-as quando da escolha de ornecedores. O poder de compra do Estado serve para omentar a qualidade das moradias, entendida aqui em suas múltiplas dimensões (arquitetônica, construtiva, desempenho ao longo da vida útil, ambiental etc.). Fique de olho!
A qualidade presente na construção de uma edificação é função do trabalho contínuo de todos os envolvidos (gestores, operários, fornecedores, agentes financeiros, governo, incorporadores e clientes). m o c . k c o t s r e t t u h S / l l e b a H y n n h o J
Figura 4.1 - Fachada de um conjunto habitacional.
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Qualidade na Construção Civil
Com técnicas e erramentas especí�cas, as construtoras conseguem alcançar altos níveis de satisação dos clientes e aumentar a competitividade no mercado. Ação que passa necessariamente pelo sistema de gestão de qualidade da empresa, requisito que já se tornou básico para as construtoras não só em busca de e�ciência como também na obtenção de �nanciamento. Apesar de ser, em sua essência, uma técnica para gerenciar lucros, o custeio-meta basicamente se constitui em uma nova maneira de desenvolver produtos, partindo da de�nição do custo-meta e dos padrões de uncionalidade e qualidade para o novo produto. Consiste em um conjunto de atividades por meio das quais se busca – com base nas necessidades do mercado e nas possibilidades e restrições tecnológicas, considerando as estratégias competitivas e de produto da empresa – chegar às especi�cações de projeto de um produto e de seu processo de produção, a �m de que a manuatura seja capaz de produzi-lo. Trata-se de sistemas para elaboração de documentos técnicos de reerência nacional que consolidam as boas práticas do processo de produção de ediícios existentes em diversos países, sendo utilizados dierentes nomes, tais como Building Codes nos Estados Unidos, Canadá e Austrália, Codes of Practice na Inglaterra e Documents Techniques Uni�és na França. No Brasil, entretanto, esse tema é recente, mas o setor da construção de ediícios tem-se conscientizado da importância de ormalizar e harmonizar as melhores práticas desde o projeto até a execução, o uso e a manutenção dos ediícios. Todavia, mesmo considerando as peculiaridades de cada sistema, os resultados de sua implantação oram positivos, não havendo dúvida de que a existência de um conjunto de boas práticas contribui para orientar o setor da construção de ediícios, balizar as relações contratuais e melhorar a qualidade das obras e o desempenho dos ediícios. Contribui para a orientação desse setor a ormalização de seu conhecimento, uma vez que grande parte desse conhecimento ainda é tácito, e não explícito, encontrando-se disperso e sem registros, inormalmente entre pro�ssionais. Além disso, o conhecimento passa a ser harmonizado e disseminado de orma e�ciente para esses pro�ssionais. Quanto às relações contratuais, um conjunto de boas práticas é um instrumento de reerência para contratantes e contratados, sejam empresas projetistas, construtoras, seguradoras, responsáveis pelo acompanhamento e licenciamento de obras etc. Outrossim, o ato de se utilizarem soluções consagradas e boas práticas nas etapas de projeto, execução e controle das obras contribui para que o ediício tenha melhor qualidade e atenda aos principais requisitos de desempenho. Os impactos e os beneícios da criação e utilização de um conjunto de boas práticas na construção de ediícios demonstram que o tema é uma contribuição importante e necessária para a modernização desse setor no país.
4.2 Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H) O Governo Federal, por meio da Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano (SEDU), instituiu em 1998 o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade na Construção Habitacional (PBQP-H), cujo objetivo básico oi o de apoiar o esorço de modernidade do país e promover a qualidade e a produtividade do setor da construção habitacional, com vistas a aumentar a competitividade de bens e serviços por ele produzidos. O Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade na Construção traz, como beneício para as empresas, aumentar o seu poder de competitividade por meio da redução de desperdícios,
Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil
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melhor ormação de pro�ssionais, acesso a projetos, materiais e componentes de melhor qualidade e adequação às normas técnicas. Ele serve também para que a empresa se adapte às disposições do Código de Deesa do Consumidor, evitando as penalidades previstas para empresas e comerciantes que coloquem no mercado produtos em não conormidade com as normas brasileiras. O Programa envolve um espectro relativamente amplo de ações, entre as quais se destacam as seguintes: quali�cação de construtoras e de projetistas, melhoria da qualidade de materiais, ormação e requali�cação de mão de obra, normalização técnica, capacitação de laboratórios, aprovação técnica de tecnologias inovadoras, comunicação e troca de inormações. Dessa orma, espera-se o aumento da competitividade no setor, a melhoria da qualidade de produtos e serviços, a redução de custos e a otimização do uso dos recursos públicos. Fique de olho!
Os objetivos específicos do PBQP-H são os seguintes: »
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promover o aperfeiçoamento da estrutura de elaboração e difusão de normas técnicas, códigos de práticas e códigos de edificações; promover a articulação internacional, apoiando a introdução de inovações tecnológicas; desenvolver e implementar mecanismos de garantia de qualidade de projetos, obras, materiais, componentes e sistemas construtivos; criação de programas específicos visando a formação e a requalificação de mão de obra em todos os níveis da construção civil; coletar e disponibilizar informações, estimulando o inter-relacionamento entre agentes do setor; universalizar o acesso à moradia, ampliando o estoque de moradias e melhorando as existentes.
As entidades públicas ou privadas que contratam empresas da Construção Civil sentem uma pressão interna bastante agressiva no sentido de utilizar seu poder de compra, mas, ao mesmo tempo, veri�cam que somente criar erramentas pré-quali�catórias para selecionar empresas construtoras participantes de processos licitatórios não é su�ciente. Faz-se necessário também atentar a alguns atores prioritários: » » » » » » » »
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comprometimento de todos com a qualidade; objetivos claros com relação à implantação de um sistema da qualidade; ormação e requali�cação de pro�ssionais; boa remuneração aos uncionários; estratégia de implantação do programa da qualidade; cronograma e metas de implantação; desenvolvimento de sistemas de �scalização; existência de possibilidade de punição para as empresas que não trabalharem dentro dos padrões da qualidade (liberação de aturas, impossibilidade de participar das próximas licitações); publicação interna e externa dos resultados do programa da qualidade.
No ano 2000, o escopo do Programa oi ampliado: ele passou a integrar o Plano Plurianual “Avança Brasil” (PPA) e agora também engloba as áreas de saneamento, inraestrutura e transporte
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Qualidade na Construção Civil
urbano. Assim, o “H” do Programa passou de “habitação” para habitat , conceito mais amplo e que re�ete melhor sua nova área de atuação. O Comitê Nacional de Desenvolvimento Tecnológico da Habitação (CTECH) é um órgão colegiado da Secretaria de Política Urbana cuja �n alidade é p romover o r elacionamento entre os dierentes agentes do setor da Construção, com divisão de responsabilidades, estabelecer indica dores da qualidade e produtividade para o Programa, propor sugestões e diretrizes para seu apereiçoamento e para o acompanhamento de sua implementação, bem como estimular o desenvolvimento tecnológico na produção de habitações. O CTECH é composto pelo Governo Federal – da Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano (Sedu/PR), Secretaria de Política Industrial (SPI/MDIC) e Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (SETEC/MCT) –, por agências de omento – Caixa Econômica Federal, Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) – e pela iniciativa privada – Associação Brasileira de Cohabs e Agentes Púbicos de Habitação (ABC Cohabs), Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC), Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Comitê Brasileiro de Construção Civil (Cobracon/ABNT) e Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco). A adesão ao Programa PBQP-H pode ser voluntária individual, por iniciativa própria de determinada construtora ou mediante o estabelecimento de acordos setoriais. Tais acordos são estabelecidos pelas partes interessadas, compreendendo o governo estadual, representantes do setor de construção em geral e sindicatos patronais. Uma vez estabelecido o acordo setorial, este é ormalizado por meio de uma portaria, norma administrativa ou lei estadual. Nessa situação, o acordo passa a ter orça de lei e a ser um requisito mandatório para todas as construtoras que desejem participar em processos licitatórios cujo objeto de contratação seja compatível com o Programa. Trata-se do exercício do poder de compra do Estado, visando ao desenvolvimento de ornecedores con�áveis do ponto de vista de sistema de gestão da qualidade. O Sistema de Quali�cação de Empresas de Serviços e Obras – Construtoras (SiQ-Construtoras) oi criado pelo PBQP-H com o objetivo de estruturar a empresa com um sistema de quali�cação evolutiva, que receberá a cada nível de progresso de implantação do sistema de qualidade um atestado de quali�cação, emitido por um organismo certi�cador de terceira parte. As empresas, ao alcançarem o nível evolutivo mais elevado, encontrar-se-ão em condições de obter o certi�cado ISO 9002. O SiQ-Construtoras oi elaborado contendo uma lista de 25 serviços que devem ser relativos à área em questão. Esse material inicial reere-se a serviços correlatos à construção habitacional que, com a nova diretriz do PBQP-Habitat, deve ser ajustado para os demais setores da construção. Assim, o SiQ-Construtoras tem como objetivo estabelecer o reerencial técnico básico do sistema de quali�cação evolutiva adequado às características especí�cas das empresas construtoras atuantes no subsetor de ediícios, baseando-se nos seguintes princípios: »
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Reerencial da série de normas ISO 9000: ser reerencial nacional para essas normas. Caráter evolutivo: o reerencial estabelece níveis de quali�cação progressivos, segundo os quais os sistemas de gestão da qualidade das empresas são avaliados e classi�cados. Isso
Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil
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visa induzir e dar às empresas o tempo necessário para a implantação evolutiva de seu Sistema da Qualidade. »
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Caráter proativo: visando à criação de um ambiente de suporte que oriente da melhor orma possível as empresas, no sentido que estas obtenham o nível de quali�cação almejado. Caráter Nacional: o Sistema é único e se aplica a todos os tipos de contratantes (públicos municipais, estaduais, ederais ou privados) e a todas as obras de ediícios, em todo o Brasil; o que varia são os prazos de exigência dos contratantes. Flexibilidade: o Sistema se baseia em requisitos que possibilitam a adequação ao Sistema de empresas de dierentes regiões, que utilizem dierentes tecnologias e que atuem na construção de ediícios.
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Sigilo: quanto às inormações de caráter con�dencial das empresas.
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Transparência: quanto aos critérios e decisões tomadas.
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Caráter público: o SiQ não tem �ns lucrativos e a relação de empresas quali�cadas é pública e divulgada a todos os interessados. Harmonia com o Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro): toda quali�cação atribuída pelo Sistema será executada por organismo credenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e o processo evolutivo visa ampliar o número de empresas do setor que venham a ter certi�cação de conormidade na área de sistemas da qualidade por ele reconhecido.
Os quatro itens do Sistema Evolutivo de Garantia da Qualidade de Empresas Construtoras são: »
previsão de quatro níveis de quali�cação (D, C, B e A);
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contemplação dos mesmos requisitos da ISO 9002;
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de�nição da lista de 25 serviços obrigatoriamente controlados;
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controle de, no mínimo, 30 itens do material a ser empregado (não há lista).
No que diz respeito à lista de serviços, é prevista uma evolução do número de serviços controlados, conorme o nível de quali�cação: nível C – 15%; nível B – 40%; e nível A – 100%. Para obtenção da quali�cação em determinado nível, a empresa construtora deve ter desenvol vido os procedimentos e treinado pessoal buscando atingir, pelo menos, as porcentagens mínimas dos serviços controlados determinados acima, e os aplicados eetivamente em obra, gerando registros, no mínimo, na metade desses casos (50%). Para os materiais, estabeleceu-se um mínimo de 30 itens que devem estar associados aos 25 serviços; também é prevista a evolução do número de itens de materiais controlados, conorme nível de quali�cação, baseando-se em 30 itens do material: nível C – 20%; nível B – 50%; e nível A – 100%.
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Qualidade na Construção Civil
4.3 Programa da Qualidade da Construção Habitacional (QUALIHAB) Em 1996, o então Governador do Estado de São Paulo, Mario Covas, instituiu o Programa de Qualidade da Construção Habitacional do Estado de São Paulo (QUALIHAB). Foi instituído pelo Decreto no 41.337, de 25 de novembro de 1996, para garantir um trabalho de melhoria contínua ao atendimento dessas condições. O Programa QUALIHAB é coordenado pela Companhia de Desen volvimento volvimen to Habitacional Habitacional e Urbano Urbano do Estado de São Paulo Paulo (CDHU). (CDHU). O compromisso central parte do princípio de que a população de baixa renda tem o direito a moradia de boa qualidade, baixo custo, ampliável e durável (principalmente porque os �nanciamentos são de longos prazo). m o c . k c o t s r e t t u h S / i k s w o d e l B j e i c a M
Figura 4.2 - Vista - Vista aérea da cidade de São Paulo.
O QUALIHAB possui diversos comitês, que tratam de criação de projetos, gestão de obras, abricação de materiais e componentes que congregam as entidades dos produtores de insumos para as obras e de sistemas construtivos. Busca induzir os segmentos do meio produtivo a estabelecerem o desenvolvimento de programa da qualidade para cada um dos setores representados. O Programa deseja motivar a evolução tecnológica de processos produtivos e produtos, criando maior valor agregado; modi�car o per�l dos pro�ssionais do setor; criar novas pro�ssões que �xem os trabalhadores na Construção Civil. As construtoras seriam auxiliadas para serem transormadas em montadoras integradoras de serviços e produtos, tendo como resultado o aumento de competitividade dentro dos padrões internacio internacionais. nais. A Figura 4.3 apresenta um conjunto habitacional que utiliza estrutura metálica na construção das varandas das edi�cações.
Programas Program as e Políticas da Qualidade na Construção Civil
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Figura 4.3 - Conjunto - Conjunto habitacional que utiliza estrutura metálica. Fique de olho!
O financiamento da construção de edificações leva em consideração as políticas de qualidade praticadas pela construtora.
4.3.1 Comitê de Projetos e Obras (CPO)
A atividade de desenvolvimento de projetos é essencialmente ligada à ormação pro�ssional. O processo de produção do setor é intensivo em conhecimento técnico, azendo com que as maiores necessidades de investimento estejam centradas no desenvolvimento dos recursos humanos. É importante destacar que se entende por projetos todas as especialidades envolvidas para o desenvolvimento de projetos tecnicamente adequados para a Construção Civil em obras de toda natureza. Os projetos podem ser classi�cados da seguinte maneira: arquitetura, estruturas, undações, sistemas prediais (hidráulicos, elétricos, ar-condicionado, transporte vertical, acústica), geotécnico, urbanístico,, paisagismo, impermeabilização, vedações. urbanístico O setor é organizado em empresas ormalmente constituídas e possuem a signi�cativa participação de pro�ssionais autônomos que participam como prestadores de serviços. As empresas não ultrapassam o número de, em média, 15 uncionários. O desenvolvimento do projeto é um processo compartilhado entre projetistas das várias especialidades envolvidas e o contratante. Envolve a identi�cação das necessidades dos clientes/usuários e a interação com a tecnologia que viabiliza a construção da edi�cação projetada. Inclui ainda legislação urbana e normas relacionadas aos serviços públicos.
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Qualidade na Construção Civil
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Figura 4.4 - Exemplo - Exemplo de conjun conjunto to habitacional de casas cas as populares.
As responsabilidades pela qualidade e produtividade do processo de desenvolvimento e do produtoo �nal gerado são assim divididas entre os vários intervenientes do processo. É desejável que a produt empresa atinja atinja um incremento signi�cativo da produtividade e garantia da qualidade no que diz respeito à con�abilidade possibilitada pela padronização de etapas e automação por meio de sistemas inormatizados inormatiz ados especí�cos. O CPO, criado pelo decreto do governo do Estado de São Paulo n o 41.337, de 25 de novembro de 1996, quando da criação do QUALIHAB, deve: »
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de�nir a política da qualidade para serviços, em conjunto conjunto com o meio produtiv produtivo; o; estabelecer acordos setoriais que de�nam metas, prazos e indicadores para que os padrões adequados de qualidade sejam atingidos e mantidos; acompanhar e avaliar as ações propostas pelo CPO. As entidades participantes desse Comitê são: Associação Brasileira de Engenheiros Consultores Consultores em Estrutura (Abece). Associação Brasileira de Engenharia de Fundações (Abe). Associação Brasileira das Empresas de Projeto e Consultoria em Engenharia Geotécnica (Abeg). Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais (Abrasip). Associação das Empresas de Topogra�a do Estado de São Paulo (Aetesp). Associação Paulista de Empre Empresários sários de Obras Públicas (Apeop). Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitet Arquitetura ura (Asbea).
Programas Program as e Políticas da Qualidade na Construção Civil
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Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). Instituto de Engenharia (IE). Sindicato Nacional das Empresas de Engenharia Consultiva (Sinaenco). Sindinstalação: Sindicato das Indústrias de Instalações Elétrica, Gás, Hidráulica e Saneamento do Estado de São Paulo. Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon). Sindicato Intermunicipal de Araçatuba das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon Oesp). As principais di�culdades do setor estão ora do alcance da unidade produtiva. Entre elas, temos a deterioração do ensino tecnológico, a alta da cultura de planejamento dos pro�ssionais do setor, o exercício ilegal da pro�ssão, bem como a heterogeneidade e os con�itos na legislação de caráter ederal, estadual e municipal nos aspectos que aetam o projeto. A Figura 4.5 apresenta um conjunto habitacional com paisagismo aplicado nas ruas e calçadas. m o c . k c o t s r e t t u h S / h s y m a r a k
Figura 4.5 - Conjunto habitacional com solução paisagística.
4.3.2 Comitê de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos (CMCS)
É um órgão subordinado à Coordenação Geral do QUALIHAB, com a responsabilidade de promover e assegurar a implementação, por meio de entidades representativas pertinentes, dos Planos Setoriais da Qualidade em todos os setores ornecedores de materiais, componentes e de sistemas construtivos para os empreendimentos habitacionais da CDHU.
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Entidades participantes do CMCS: »
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Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP); Associação Brasileira das Indústria de Lajes (Abilaje); Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux); Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI); Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE); Associação Brasileira da Indústria de Tubos e Acessórios em Geral (Abitam); Associação Brasileira de Materiais Compósitos (ABMACO); Associação Brasileira dos Produtores de Cal (ABPC); Associação Brasileira de Tubos Polioleínicos e Sistemas (ABPE); Associação Brasileira dos Produtores de Tinta (Abraati); Associação Brasileira dos Produtores Atacadistas e Varejistas dos Produtos de Madeira (Abramade); Associação Brasileira de Rerigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava); Associação Latino-Americana dos Fabricantes de Tubos Cerâmicos (Acertubos); Associação Brasileira dos Fabricantes de Per�s de PVC para Construção Civil (Aap-PVC); Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Aço (Aeaço); Associação Nacional dos Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (Aeal); Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco); Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimento (Anacer); Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais e Equipamentos para Saneamento (Asamas); Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento (Aspacer); Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS); Sindicato da Indústria de Arteatos de Metais não Ferrosos no Estado de São Paulo (Siamesp); Sindicato das Indústrias de Esquadrias e Construções Metálicas do Estado de São Paulo (Siescomet); Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento (Sinaprocim); Sindicato da Indústria da Cerâmica (Sindicato Cerâmica); Sindicato das Indústrias de Conduto, Tre�lação e Laminação de Metais não errosos do Estado de São Paulo (Sindicel); Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento do Estado de São Paulo (Sinprocim).
Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil
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4.3.3 Programa de Qualidade de Obras Públicas (QUALIOP)
O QUALIOP oi desenvolvido de acordo com as diretrizes do PBQP-H e estabelecido via acordo setorial �rmado em 27 de abril de 2000 entre o Governo do Estado da Bahia, o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado da Bahia (SINDUSCON-BA) e o Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva – Bahia (SINAENCO-BA), e o�cializado pelo Decreto Estadual no 7.795/00. O Governo do Estado de�niu inicialmente, como campo de aplicação do QUALIOP, as obras públicas contratadas pelos seguintes órgãos: »
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Superintendência de Construções Administrativas da Bahia (Sucab). Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Conder). Departamento de Inraestrutura de Transportes da Bahia (Derba). Companhia de Engenharia Rural da Bahia (Cerb). Empresa Baiana de Águas e Saneamento S/A (Embasa). Instituto Pedro Ribeiro de Administração Judiciária (IPRAJ). Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Sudic). Caixa Econômica Federal.
A Figura 4.6 apresenta um conjunto de edi�cações históricas do centro da cidade de Salvador, utilizadas como moradias e comércio. m o c . k c o t s r e t t u h S / r e l d A . P . E
Figura 4.6 - Moradias do centro histórico de Salvador.
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Qualidade na Construção Civil
O QUALIOP, dierentemente do PBQP-H, era um programa de via dupla. Se, por um lado, o Governo necessitava melhorar o nível de qualidade de seus ornecedores, por outro se comprometia a resolver situações de con�ito na execução dos contratos. Conorme o Programa, os atores críticos são os seguintes: »
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Aplicação de Programa de Gestão da Qualidade na contratação e recebimento de projetos pelos órgãos contratantes. Aplicação de Programa de Gestão da Qualidade nas licitações: discussão e padronização dos editais; padronização de procedimentos licitatórios; quanti�cação e orçamentação das obras; adoção de critérios tecnicamente consensuais para apuração de beneício e despesas indiretas das empresas atribuíveis às obras; adoção consensual de valores e índices de encargos sociais e trabalhistas. Aplicação de Programa de Gestão da Qualidade na Administração dos Contratos de Obras Públicas: �scalização das obras; medições, liberações e ordem no pagamento de aturas; equacionamento de situações que demandem aditivos contratuais; disponibilização de recursos �nanceiros; pagamentos em atraso; recebimentos das obras. Viabilização da capacidade local de certi�cação e melhoria eetiva da qualidade dos seguintes materiais: blocos cerâmicos, blocos de cimento, telhas cerâmicas, madeira para telhado, esquadrias de madeira, argamassas, concreto, pré-moldados leves.
4.4 Programa Mineiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PMQP-H) O PMQP-H é um programa realizado pelo Governo do Estado em parceria com a iniciativa privada, e visa a modernização tecnológica, organizacional e gerencial da cadeia produtiva das obras públicas por meio de adesão gradativa ao sistema da qualidade. A Figura 4.7 apresenta uma igreja histórica de Minas Gerais representante da arquitetura mineira da época colonial.
Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil
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Figura 4.7 - Arquitetura mineira do período colonial.
A dinâmica de implantação do programa tem, como cliente principal e �nal, o cidadão e segue duas grandes linhas de ação: a negociação de acordos setoriais, que promovem a integração e o envolvimento de ornecedores de serviços no Estado junto às áreas de abrangência do programa; e o desenvolvimento de Programas Setoriais da Qualidade, que realizam diagnósticos de situação, identi�cam demandas e de�nem as atividades necessárias para atender aos requisitos especí�cos de cada um dos setores envolvidos, bem como das entidades participantes. Fique de olho!
As políticas da qualidade têm proporcionado redução do desperdício nas obras e, consequentemente, aumento do lucro das construtoras.
O PMQP-H oi instituído pelo Governo de Minas Gerais em julho de 2003, por meio do Decreto n 43.418. O objetivo do programa é promover o desenvolvimento econômico e social por meio da melhoria da qualidade das obras contratadas pelo Governo de Minas Gerais, considerando o ortalecimento do mercado mineiro e o desenvolvimento de novas tecnologias. o
São muitas as ações desse Programa. Entre elas, podemos citar: »
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quali�cação, certi�cação e padronização dos procedimentos de contratação, gerenciamento e �scalização de projetos e obras dos órgãos contratantes do Estado; implantação de sistema de avaliação da conormidade dos serviços contratados;
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implementação de projetos para atender atores críticos da contratação que intererem na qualidade �nal dos produtos e serviços prestados.
São documentos do PMQP-H: »
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Acordo Setorial: documento que deve ser �rmado entre entidades representativas de empresas de determinadas especialidades técnicas dos setores de projeto e de serviços de engenharia e entidades contratantes de serviços e obras, pelo qual as primeiras se comprometem a implantar um Programa Setorial da Qualidade junto a seus associados, e as segundas a introduzirem, em seus processos de contratação, mecanismos de indução à participação de empresas no respectivo Programa Setorial da Qualidade, bem como aprimorarem seus processos de contratação e gerenciamento de serviços e obras. Programa Setorial da Qualidade (PSQ): documento elaborado por entidades representati vas dos dierentes setores envolvidos na produção do habitat , que contém o programa da qualidade especí�co, com seu diagnóstico, metas, prazos e requisitos da qualidade a serem implantados pelas empresas. Sistema de Avaliação da Conormidade (SiAC): sistema que possui suas próprias regras de procedimentos e gestão para que a empresa aça sua Declaração de Adesão ao PMQP-H e de Conormidade a um Reerencial Normativo adequado à sua especialidade técnica. O certi�cado de conormidade deve ser emitido por um Organismo de Certi�cação Credenciado pelo Inmetro de orma a comprovar o atendimento ao Reerencial Normativo e à sua subsequente manutenção. Níveis de quali�cação: a quali�cação das empresas se dá por meio de um processo evolutivo de adesão ao sistema da qualidade com base na Norma NBR ISO 9001:2000, por meio do qual a empresa deve instituir, documentar, implementar, manter e melhorar continuamente a e�cácia do seu sistema de gestão da qualidade, de acordo com os requisitos previstos no Sistema de Avaliação de Conormidade (SiAC) e em conormidade com os níveis de quali�cação evolutiva (D, C, B e A). Vamos recapitular?
Neste capítulo oram vistas as de�nições dos programas e políticas da qualidade no setor de Construção Civil.
Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil
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gora é com você! 1) Quais são os objetivos especí�cos do PBQP-H? 2) Qual o compromisso central do QUALIHAB? 3) O que é o SiQ-Construtoras? 4) Quais são as ações do PMQP-H?
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Qualidade na Construção Civil
5 Qualidade no Canteiro de Obras
Para começar Este capítulo tem por objetivo apresentar as percepções quanto às ações da qualidade em serviços no canteiro de obras. É apresentada a cadeia produtiva presente na construção de edi�cações, os setores envolvidos e sua complexidade.
5.1 Ações da qualidade em serviços no canteiro de obras No mundo competitivo do século XXI, o grande desa�o é conseguir convencer o cliente de que a sua empresa, ou a empresa na qual você trabalha, é a melhor opção. Como vimos no capítulo anterior, um ou vários atores podem ter sido decisivos para isso. Menor preço e uma proposta comercial bem apresentada são importantes, mas a certeza de que, durante a realização da obra, em todas as suas etapas, existirá qualidade pode ser primordial. Todavia, para isso, a percepção da qualidade deve ocorrer desde o planejamento do método construtivo da obra, na escolha dos equipamentos que serão empregados e nos serviços básicos de construção. A Figura 5.1 apresenta um engenheiro otograando e �lmando, com um tablet , o local da obra que se inicia. Tal procedimento permite uma análise posterior mais detalhada a ser realizada pela equipe de obra. Existem sofwares que, por meio de otos, eetuam cálculos de distâncias e determinação de ângulos de inclinação, dentre outros. Também apresenta um engenheiro que retirou da sua maleta um notebook e está veri�cando a execução da obra perante o projeto que está na tela. Essa prática é muito mais vantajosa em relação ao uso de plantas impressas. As plantas impressas necessitam de um controle rígido de distribuição, para se ter certeza de que todos na obra estão utilizando a última versão do projeto elaborado para a obra.
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A utilização de projetos em arquivos eletrônicos oerece diversas vantagens: agilidade na distribuição de versões atualizadas, possibilidade de manipular os desenhos com a ampliação de imagem e cálculo automático de distâncias, áreas e volumes. Além disso, permite eetuar na própria obra a alteração do projeto original (as built ) perante modi�cações realizadas na obra. m o c . k c o t s r e t t u h S / L V I
m o c . k c o t s r e t t u h S / r a m e r u a
(a) (b) Figura 5.1 - (a) Foto e vídeo com tablet e (b) visualização de projeto com notebook.
Segundo um ditado popular, “a primeira impressão é a que �ca”. Qualquer pessoa que entra no canteiro de obras precisa utilizar capacete para se proteger da queda de um tijolo, por exemplo. A Figura 5.2 apresenta capacetes disponíveis na portaria da obra, para sua utilização por operários ou por visitantes. Em sua opinião, leitor, esses capacetes apresentam condição adequada para um cliente, um ornecedor ou uma visita utilizar? Certamente, não! Esses capacetes usados são aceitáveis no uso cotidiano dos operários, porque é comum estarem sujos pela condição das obras. Entretanto, devem ser periodicamente limpos e, em caso de avaria, substituídos. De nada adianta um operário utilizar um capacete trincado, pois não irá proteger sua cabeça em caso de queda de objeto. Também apresenta operários que causam boa impressão. Eles estão utilizando uniormes com tecidos resistentes, capacetes novos, luvas, cintos porta-erramentas e erramentas novas e adequadas. m o c . k c o t s r e t t u h S / m a r g a i d e M m o c . k c o t s r e t t u h S / n a h r u k
(a)
(b)
Figura 5.2 - (a) Capacetes em mau estado de conservação; (b) equipe de obra com equipamentos de segurança e erramentas adequadas.
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Qualidade na Construção Civil
O ornecimento de erramentas da qualidade para medição e verii cação de ângulos, aliado à capacitação dos operários para sua correta utilização, garante qualidade na execução de diversos ser viços em todas as etapas construtivas. A Figura 5.3 apresenta o metro de madeira dobrável. Atualmente também é abricado em plástico. São materiais rágeis, acilmente danii cáveis e não apresentam qualidade na escala numérica, tanto no sistema métrico como no sistema inglês (polegadas). Também apesenta um operário utilizando uma trena metálica. Ela é mais resistente, mais ácil de manusear e de ser armazenada, bem como oerece melhor precisão. Fique de olho!
Cuidado para não esticar a trena metálica além de sua medida máxima e evite que ela fique com areia, terra ou grama no ato de enrolá-la.
Em construções com estruturas metálicas, é necessário eetuar medições mais precisas, em milímetros. Nas obras de Construção Civil em geral, as medições são baseadas em centímetros; por isso, a utilização do metro dobrável oi muito diundida. Na Figura 5.3 é apresentado um paquímetro com leitor digital de medidas de comprimento. Perceba que é um instrumento mais re�nado, destinado aos materiais de acabamento �nal. A �gura também mostra um operário medindo as dimensões de um per�l metálico. As abas superiores do instrumento permitem medir o diâmetro interno de uma tubulação ou de um uro em uma bancada de mármore, por exemplo.
m o c . k c o t s r e t t u h S / y k s v o n i l a K y r t i m D
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(a)
(b)
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(c)
(d)
Figura 5.3 - (a) Metro, (b) trena, (c) paquímetro digital e (d) paquímetro sendo utilizado para medir um per�l metálico.
Qualidade no Canteiro de Obras
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Talvez você esteja se questionando: “Mas um centímetro a mais ou a menos az dierença?” Sim. A precisão das medidas é muito importante, por exemplo, para trabalhos como a divisão de lojas em um shopping center ou para a instalação de móveis planejados em um quarto, ou mesmo para a implantação de uma cozinha industrial, com equipamentos de dimensões conhecidas. A leitura de medidas no local de execução da obra é muito importante. Todavia, a leitura e a obtenção correta dessas medidas nas plantas impressas e nos desenhos eitos em computador são também de undamental importância. Na execução de obras, a adoção de medidas dierentes das existentes no projeto ocorre, normalmente, por um problema de escala. Os tipos de escalas para desenho técnico podem ser: »
»
»
Escala natural: essa escala está para o desenho na razão 1 para 1, ou seja, o objeto real está representado no desenho na sua medida real. Essa escala é representada pelo símbolo 1/1. Escala de redução: é utilizada quando o objeto a ser representado é de grandes dimensões, para que possa caber no papel. As escalas de redução são representadas pelos símbolos 1/10; 1/20; 1/25; 1/30; 1/50; 1/100; 1/200; 1/250; 1/300; 1/500; 1/1000 etc. Escala de ampliação: é utilizada quando o objeto a ser representado é muito pequeno, necessitando ser ampliado para melhor compreensão. As escalas de ampliação são representadas pelos símbolos 2/1; 5/1; 10/1 etc. Essa escala geralmente é utilizada na área da engenharia mecânica e engenharia elétrica.
Na Construção Civil, como os objetos a serem representados são muito grandes, as medidas dos desenhos são muito menores em relação às medidas reais de execução. A Figura 5.4 apresenta uma série de escalas de redução e de ampliação de medidas utilizadas na Construção Civil. m o c . k c o t s r e t t u h S / z e n e m i J a r e r b a C o r a v l A
Escala natural
Escala de redução
Múltiplas escalas
Escala de ampliação
Figura 5.4 - Escalas de redução e de ampliação.
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Qualidade na Construção Civil
Executar os ângulos corretos é procedimento primordial para que uma laje ou uma viga seja situada na posição horizontal. A verticalidade, ou seja, o prumo também é importante para que um pilar ou uma parede sejam construídos com qualidade. A garantia do ângulo reto (90º) é eita utilizando-se um esquadro metálico. A Figura 5.5 mostra um operário medindo o ângulo reto de uma esquadria de madeira, apresenta um operário marcando em uma parede o ângulo reto, para a instalação de uma prateleira e um operário veriicando o prumo de uma parede de blocos. A erramenta utilizada chama-se prumo de ace. A utilização correta do prumo de ace é eita da seguinte maneira: uma das mãos segura o �o do prumo enrolado e a outra segura uma peça de madeira (taco) encostada à parede. Dessa maneira, o prumo estará correto se o peso cilíndrico de metal da extremidade encostar levemente na ace dos tijolos, ou blocos, que estão na segunda �ada.Também apresenta um operário conerindo a horizontalidade (nível) de um corrimão de um guarda-corpo de madeira de uma escada. O instrumento chama-se nível de bolha. O modelo utilizado permite três tipos de visualizações.
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(a)
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(b)
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(c)
(d)
Figura 5.5 - (a) Esquadro em madeira, (b) esquadro em parede, (c) prumo de ace e (d) nível de bolha.
Qualidade no Canteiro de Obras
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A utilização de ângulos dierentes de 90º é comum (como 30º, 45º e 60º). A Figura 5.6 apresenta um talude de 30º com o plano horizontal sendo construído com o auxílio de uma escavadeira. A avaliação da construção é eita utilizando-se relações trigonométricas (isto é, baseando-se no triângulo de Pitágoras, que contém ângulos de 30º, 60º e 90º; os lados, catetos, proporcionais a 3 m e 4 m; e a hipotenusa proporcional a 5 m). Tendo como base o per�l do talude, medem-se as distâncias de corte. m o c . k c o t s r e t t u h S / I I s r e y e B . J t r e b o R
Figura 5.6 - Construção de um talude utilizando uma escavadeira.
A tomada de medidas de grandes distâncias nas obras pode ser eita com trenas comuns, produzidas em �bra de vidro ou aço, com comprimento variando entre 1 e 100 metros. Durante as medições, deve-se manter a trena sempre horizontalmente e, assim, obter-se no campo diretamente as distâncias horizontais. A Figura 5.7 apresenta trenas de dierentes comprimentos: quanto maior o comprimento, maior a largura da trena; também apresenta uma trena de 50 metros utilizada em ser viços de topogra�a.
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Qualidade na Construção Civil
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(a) m o c . k c o t s r e t t u h S / g n o w m a n A a r i S
(b) Figura 5.7 - (a) Trenas de diversos tamanhos; (b) trena utilizada em serviços topográ�cos.
Os distanciômetros eletrônicos são aparelhos que determinam as distâncias usando como padrão de medida o comprimento de onda do espectro eletromagnético, nas gamas de luz ou micro-ondas. Os distanciômetros podem ser manuais ou acoplados a teodolitos eletrônicos, possuindo microprocessadores para armazenamento e processamento de dados, resultando em um equipamento de dimensões e peso reduzidos, alta produtividade e acilidade de operação denominado Estação Total. A Figura 5.8 apresenta uma trena eletrônica digital ultrassônica com mira a laser e um topógrao utilizando um equipamento denominado Estação Total, que está acoplada a um notebook.
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k r e a t o r e x / S h u t t e r s t o c k . c o m
(a)
(b) Figura 5.8 - (a) Trena eletrônica; (b) estação total.
A utilização de equipamentos com alta tecnologia está cada vez mais comum nas obras de Construção Civil. Logo após a conclusão dos serviços de terraplenagem, por exemplo, já podem ser escavadas valas e instalados tubos metálicos que transportarão combustíveis, por exemplo. O risco de explosão deve ser evitado a todo custo. A Figura 5.9 apresenta um operário no canteiro de obras inspecionando com equipamento eletrônico a qualidade do tubo metálico (espessura da parede e existência de deeitos de abricação), dois tubos sendo unidos por meio de um processo de soldagem e a veri�cação da qualidade da solda aplicada e a busca por pontos deeituosos utilizando a técnica de inspeção com a aplicação de partículas magnéticas. m o c . k c o t s r e t t u h S / t r e b l e D n a i t s i r h C
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(a) (b) (c) Figura 5.9 - (a) Inspeção do tubo, (b) processo de soldagem e (c) veri�cação da solda.
O uso de tecnologias não precisa estar relacionado necessariamente a componentes eletrônicos. Novos equipamentos manuais são criados para oerecer melhores condições de trabalho e produtividade. Utilizando as leis da Física, por exemplo, com alavancas é possível realizar determinadas atividades com maior rapidez e melhor precisão empregando menos orça ísica. A Figura 5.10 apresenta uma mulher utilizando um grande alicate, para corte de barras de aço, sem a exigência de grande esorço ísico, e um pequeno alicate, que acilita a retirada da capa de �os elétricos, evitando desperdícios.
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(a) (b) Figura 5.10 - (a) Alicate de grande porte; (b) alicate de pequeno porte.
O maior uso de equipamentos que substituem o trabalho manual também demonstra uma preocupação com a qualidade. Geralmente, a utilização de equipamentos promove o aumento da produtividade e da qualidade. Por exemplo, demolir um piso de concreto é uma tarea diícil, mas que é acilitada com a utilização de equipamentos adequados. A Figura 5.11 apresenta três soluções para a demolição de um piso de concreto: (a) manual – picareta; (b) mecanizada – rompedor pneumático manual; (c) mecanizada – rompedor pneumático acoplado a uma retroescavadeira. m o c . k c o t s r e t t u h S / v a t s u G
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(a)
(b)
(c)
Figura 5.11 - (a) Rompimento manual com picareta; (b) rompimento mecanizado com rompedor pneumático manual; (c) rompimento mecanizado com rompedor pneumático de grande porte.
Outros exemplos de ganho de produtividade no canteiro de obras podem ser citados, como o da Figura 5.12, na qual é apresentado o transporte de areia manual – carrinho de pedreiro – e o mecanizado – trator carregadeira.
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(a) (b) Figura 5.12 - (a) (a) Transpo Transporte rte manual – carrinho de pedreiro; (b) (b) transporte transporte mecanizado – trator carregadeira.
A Figura 5.13 apresenta exemplos de transporte de carga tradicionais versus soluções inovadoras; um andaime, no qual se utiliza uma corda amarrada a um balde para transportar material em pequenas quantidade; um guindaste de grande capacidade de carga; uma grua; e uma ponte rolante para a movimentaç movimentação ão de peças pré-moldadas de concreto armado ao longo do canteiro de obras. m o c . k c o t s r e t t u h S / s e r r o T s o l r a C s i u L
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(a) (b) Figura 5.13 - (a) (a) Transpo Transporte rte com andaime, corda e balde; (b) (b) transporte transporte com guindaste de grande capacidade de carga.
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(c) (d) Figura 5.13 - (c) (c) Transporte Transporte com grua; (d) grua; (d) transporte com ponte rolante (continuação).
A Figura 5.14 mostra equipamentos destinados à conecção de undações. Apresenta equipamento destinado à cravação de estacas, mostrando a execução desse serviço em uma área ampla e desabitada. Em área urbana, é mais adequada a utilização de equipamento que execute a undação por meio de uma peruração, utilizando um sistema de rosca sem �m, sem a vibração do impacto da cravação. Essa tecnologia é adequada para evitar danos a residências e prédios vizinhos, com a ocorrência de rachaduras e danos estruturais. m o c . k c o t s r e t t u h S / n o t n r o h T d r a h c i R
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(a) Figura 5.14 - (a) Cravação de estacas; (b) (b) peruração peruração tipo rosca sem �m.
(b)
A Figura 5.15 apresen apresenta ta dois métodos de conecção de argamassa e concreto. O item (a) é uma betoneira manual. É undamental que, após cada lote de argamassa, ou concreto eito, esse equipamento
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seja limpo. Caso isso não aconteça, será necessário bater com martelo de borracha ao redor do tambor para destacar o resto de argamassa seca. O uso constante dessa prática danifica o tambor e o equipamento de transmissão de movimento. O item (b) é um caminhão-betoneira que fornece argamassa e concreto usinado. A evolução dos programas da qualidade, existentes nas empresas fornecedoras de concreto usinado, tem melhorado nos prazos e variedades ofertadas.
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(a)
(b) Figura 5.15 - (a) Betoneira (a) Betoneira manual; (b) (b) caminhão caminhão betoneira.
O assentamento de alvenaria utiliza grande quantidade de argamassa. Um mesmo tipo de fiada de bloco é assentado muitas vezes, e a manutenção constante da espessura da argamassa de assentamento gera economia na quantidade de argamassa. A Figura 5.16 apresenta um serviço de assentamento de alvenaria de blocos cerâmicos sendo executado com qualidade e mostra um operário retirando o excesso de argamassa no assentamento de bloco de concreto, que pode ser reutilizado, evitando desperdícios. m o c . k c o t s r e t t u h S / g n u e L n h o J
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(a) (b) Figura 5.16 - (a) Alvenaria de bloco cerâmico; (b) (b) alvenaria alvenaria de bloco de concreto.
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A conecção de parede de alvenaria estrutural exige cuidados redobrados, porque é ela a responsável por suportar a distribuição de cargas do ediício. A Figura 5.17 apresenta o operário posicionando corretamente os blocos cerâmicos de acordo com o projeto de alvenaria estrutural depositando cuidadosamente, com a utilização de erramenta especí�ca, argamassa de preenchimento da alvenaria. É possível perceber que ele habilmente despeja a argamassa, evitando seu desperdício. Muitos sistemas construtivos de alvenaria dispensam o uso de equipamentos mecânicos para homogeneizar a argamassa. É um sistema que utiliza areia, aglomerante e aditivo previamente dosados e embalados em sacos plásticos de 20 kg. Basta abrir e ir adicionando água em uma argamassadeira. m o c . k c o t s r e t t u h S / r a m e r u a
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(a) (b) Figura 5.17 - (a) Posicionamento dos blocos cerâmicos; (b) preenchimento com argamassa.
A Figura 5.18 ressalta a importância da atenção na realização dos serviços e na acuidade visual. Apresenta barras de aço destinadas à conecção de estruturas de concreto armado, cujos cuidados são, por exemplo, utilizar o diâmetro, as dimensões e curvaturas adequadas para as armaduras; e as armaduras para a montagem de pilares, cujos cuidados são, por exemplo, unir as barras adequadamente com arame de aço recozido, na sequência indicada no projeto e com os diâmetros adequados.
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(a) (b) Figura 5.18 - (a) Barras de aço dobradas; (b) armadura para montagem de pilares.
A Figura 5.19 apresenta a �nalização da montagem da armação de uma estrutura de concreto armado. Os cuidados nessa etapa são, por exemplo, posicionar corretamente as armaduras, pois o emaranhado de barras pode acilitar erros de montagem. Também apresenta um operário despe jando concreto sobre a armadura de aço e um bloco de undação. O cuidado nessa etapa, por exemplo, é observar a parte da brita do concreto que �ca retida na armadura, o que prejudicaria a qualidade �nal do concreto. m o c . k c o t s r e t t u h S / o t o h p a d a s a c
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(a) (b) Figura 5.19 - (a) Finalização da armadura de aço; (b) lançamento de concreto.
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A Figura 5.20 apresenta duas peças de mármore. É o mesmo tipo de mármore? Certamente não! Mas, em razão da distração ou sujeira, uncionários podem conundir-se. Outra possibilidade de erro na utilização de mármore são os veios que compõem os desenhos de uma parede revestida desse tipo de pedra. m o c . k c o t s r e t t u h S / t r a t a r u m
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(b) Figura 5.20 - (a) Mármore rosa e (b) mármore cinza.
O recebimento de produtos e sua conerência é outra atividade que exige atenção e rotina administrativa. A Figura 5.21 apresenta um operário contando os produtos recebidos e operários do almoxariado abrindo embalagens e conerindo o conteúdo.
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(a) m o c . k c o t s r e t t u h S / s e g a m I s s e n i s u B y e k n o M
(b) Figura 5.21 - (a) Contagem de produtos; (b) conerência de produtos.
Amplie seus conhecimentos
Um edifício, em termos de qualidade, além dos atributos da construção, é constituído por atributos como o terreno no qual está implantado, isto é, o preço e a qualidade do empreendimento imobiliário estão vinculados à localização do imóvel (padrão socioeconômico do bairro/entorno) e às condições da infraestrutura e equipamentos urbanos disponíveis na proximidade (pavimentação; redes de água, luz, telefone; proximidade de escolas; hospitais; comércio; etc.). Para saber mais sobre os atributos da construção, acesse: .
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Qualidade na Construção Civil
5.2 Cadeia produtiva na construção civil A cadeia produtiva é o conjunto de atividades inter-relacionadas, desde os insumos básicos até o produto �nal, incluindo a distribuição e a comercialização, constituindo-se em segmentos de uma cadeia. Assim, a cadeia produtiva é uma interconexão de empresas que, por meio de seus produtos (bens ou serviços), vai agregando valor a produtos adquiridos ao utilizá-los como componentes, ou utilizando-os como agentes transormadores de matérias primas, com o emprego de mão de obra e processos. O planejamento e o controle da cadeia de suprimentos devem ser eitos de orma integrada com todos os elos da cadeia produtiva. Portanto, ela é o conjunto de todos os integrantes do processo produtivo, desde a extração da matéria-prima até a comercialização do produto �nal junto ao último consumidor. No caso especí�co da Construção Civil, por exemplo, os ornecedores de madeira, agregados, cimento, aço, PVC, e alumínio são considerados como os primeiros segmentos da cadeia produtiva e os compradores dos imóveis como consumidores �nais. A cadeia produtiva também abrange os agentes �nanciadores, os abricantes de equipamentos e de materiais e componentes, os contratantes e investidores, os órgãos públicos, as imobiliárias, as entidades técnicas, os projetistas, as incorporadoras, as construtoras, os empreiteiros e os revendedores de materiais. Com a ampla de�nição de cadeia produtiva, ela não se limita apenas ao processo de produção do imóvel, restrito ao canteiro de obras e à construção da edi�cação. Amplie seus conhecimentos
A construção de edificações envolve uma complexa cadeia produtiva. É necessária, para sua execução, uma série de insumos materiais (materiais de construção, componentes e equipamentos) e serviços (projetos, subempreiteiros), que são gerados em diversos segmentos industriais e com graus de industrialização, patamares tecnológicos e exposição internacional discretos. Assim, a cadeia produtiva da construção é marcada pela heterogeneidade, abrangendo o fornecimento de diferentes tipos de produtos (bens e serviços), bem como a participação de empresas de porte completamente diferentes. Para saber mais sobre a cadeia produtiva da construção, acesse: .
A cadeia produtiva envolve ações integradas, como abricação, transporte, vendas, planejamento de materiais, suprimentos, planejamento da produção, manuatura, armazenagem e comercialização do produto �nal, ocupação da edi�cação e os serviços de pós-ocupação. Essa integração tem como objetivo a garantia da qualidade do produto �nal, de modo a atender os requisitos do cliente e especi�cações das normas técnicas, Figura 5.22.
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Idealização
Projetos
Transporte
Marketing
Legalização
Insumos básicos
Vendas
Marketing
Insumos elaborados
Financiamento
Cliente consumidor final
Conservação e manutenção
Ocupação
Pós-ocupação
Legalização
Incorporação Mão de obra
Seguro Máquinas e equipamentos Início
Pré-obra
Obra
Pós-obra
Figura 5.22 - Cadeia produtiva da construção de edi�cações.
De maneira sistêmica, as etapas podem ser agrupadas em três ases: pré-produção, produção e pós-produção. 5.2.1 Etapas do processo de produção de edi ficações 5.2.1.1 Pré-produção »
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Idealização: intenção de lançar um empreendimento imobiliário; Projetos: elaboração dos projetos e estudo de viabilidade; Legalização: documentação e taxas para legalização da obra; Marketing: pesquisa de mercado; Incorporação: incorporação de capital que viabilize a execução do projeto.
5.2.1.2 Produção »
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Transporte: caminhões, elevadores, gruas, guinchos, carrinhos de mão etc.; Insumos básico: areia, brita, madeira etc.; Insumos elaborados: aço, cimento, caixilharia, metais de acabamento, louças sanitárias etc.; Mão de obra: construção da edi�cação; Máquinas e equipamentos: betoneiras, erramentas, EPIs etc.
5.2.1.3 Pós-produção »
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Marketing: divulgação; Vendas: corretores imobiliários; Financiamento: agentes �nanceiros;
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Legalização: ligações de água, luz, esgoto sanitário, habite-se, escritura etc.; Seguro: seguro do imóvel; Cliente/Consumidor Final: aceite da edi�cação; Conservação e Manutenção: repinturas, limpeza de caixas de água, manutenção de telhados etc.
5.2.2 Agentes envolvidos na cadeia produtiva da construção de edificações »
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Agentes do setor público: governos estaduais, municipais, empresas públicas e órgãos da administração pública. Atuam promovendo a articulação dos diversos agentes do setor da construção. Visam promover o exercício do poder de compra e passam a exigir a adesão e a posterior quali�cação evolutiva das empresas que participarem de licitações. Agentes do setor privado: empresas de engenharia e arquitetura, incorporadoras, construtoras, abricantes, ornecedores de serviços e materiais etc. Organizam os diversos segmentos do setor para elaboração de Programas Setoriais de Qualidade. Agentes �nanceiros e de omento: Caixa Econômica Federal, bancos estaduais, BNDES etc. Incumbidos da concessão de crédito para construção habitacional, podem exigir atestado de quali�cação do PBQP-H (SiQ) das empresas construtoras. Agentes de �scalização e de direito econômico: PROCON etc. Utilizam a aplicação de instrumentos de controle, como o Código de Deesa do Consumidor e outros mecanismos de combate à não conormidade intencional.
Para a construção de uma edi�cação, há um complexo processo de produção que envolve elos da indústria da construção, da indústria de materiais, do comércio, dos serviços e da indústria de equipamentos. Como visto, o conjunto desses elos é chamado de cadeia produtiva. Cada material de construção empregado na obra tem sua própria cadeia produtiva. Por exemplo, os blocos de concreto utilizados nas edi�cações pertencem à cadeia produtiva dos produtos de calcário. Essa cadeia inicia-se na extração do calcário, que é a principal matéria-prima. Nela, o cimento é o produto intermediário e, em um estágio de maior transormação, encontra-se o bloco de concreto. A indústria da Construção Civil, o núcleo dentro da cadeia produtiva, é o destino da produção dos demais segmentos envolvidos e é responsável por cerca de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) e 70% do emprego da cadeia da construção. Dessa maneira, a Construção Civil determina, em grande medida, o nível de atividade de todos os setores que a circundam. No caso da indústria de materiais de construção, ela representa cerca de 20% do PIB e 5% do emprego da cadeia produtiva. Nela destacam-se oito cadeias de produção: »
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madeiras; argilas e silicatos calcários; materiais químicos e petroquímicos;
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siderurgia; metalurgia de não errosos; materiais elétricos; máquinas e equipamentos.
Cada uma dessas cadeias é ormada por vários setores responsáveis por uma grande quantidade de produtos. 5.2.3 Setores da cadeia de produção de edi ficações 5.2.3.1 Madeira
A cadeia produtiva de produtos de madeira se inicia na extração, passa pelo comércio de produtos in natura e chega às serrarias, onde ocorre o desdobramento da madeira, ou seja, onde ela é serrada e trabalhada. Ela é adquirida diretamente pela Construção Civil (na orma de vigas e tábuas, por exemplo) ou é laminada ou transormada em chapas (compensada, prensada ou aglomerada), ou ainda é utilizada para a abricação de esquadrias, de casas pré-abricadas, de estruturas de madeira e artigos de carpintaria. 5.2.3.2 Argilas e silicatos
A cadeia produtiva de argilas e silicatos (minerais não metálicos e não orgânicos) se inicia na extração, sendo composta por produtos cerâmicos não reratários (tijolos, telhas e ladrilhos), pisos e azulejos, louças sanitárias, vidro, pedra e areia. Cada um desses produtos pertence a distintas cadeias produtivas. 5.2.3.3 Calcários
A cadeia produtiva dos calcários (minerais não metálicos e não orgânicos) se inicia na extração, seguindo para a abricação de produtos à base de calcários, como cimento, cal, gesso, concreto e �brocimento. 5.2.3.4 Materiais químicos e petroquímicos
Tal cadeia produtiva é ormada por produtos derivados de materiais químicos e petroquímicos. Nela, encontram-se os compostos de plásticos (pisos, revestimentos etc.), de PVC (tubos, conexões, revestimentos), bem como tintas, vernizes, impermeabilizantes, solventes, asalto e �bras têxteis, que dão origem a arteatos de tapeçaria. Nesta cadeia produtiva também está o óleo diesel, empregado como combustível. 5.2.3.5 Siderurgia
Essa cadeia produtiva é composta por produtos metálicos de siderurgia, de abricação de produtos de metais errosos.
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Qualidade na Construção Civil
As cadeias de produtos metálicos ferrosos englobam vergalhões e outros produtos do aço (como pregos e arames), portas e esquadrias (aço ou ferro), estruturas metálicas e tubos de ferro gal vanizado. 5.2.3.6 Metalurgia de não ferrosos
Cadeia composta por produtos metálicos de siderurgia, de fabricação de produtos de metais não ferrosos. As cadeias de produtos metálicos não ferrosos englobam produtos não ferrosos (como perfis), portas e esquadrias (de alumínio), estruturas metálicas, metais sanitários e ferragens (como dobradiças e fechaduras). 5.2.3.7 Materiais elétricos
Cadeia que combina produtos de outras cadeias produtivas citadas anteriormente. É responsá vel pela produção de fios e cabos elétricos, de materiais para instalações em circuito de consumo de energia e de aparelhos e equipamentos para distribuição e controle de energia. 5.2.3.8 Máquinas e equipamentos
Essa cadeia também combina produtos de outras cadeias produtivas citadas anteriormente. Faz parte da indústria de bens de capital, sendo responsável pela produção de máquinas e equipamentos de elevação de cargas e pessoas e de aparelhos de ar-condicionado (para uso central). Emprega produtos da indústria metal-mecânica e de material elétrico.
A qualidade na indústria da Construção Civil é formada pela percepção da grande desverticalização da produção e, geralmente, com a participação significativa de fornecedores de serviços de obra (subempreiteiros).
Fique de olho!
Para a construção de edifícios, a percepção da qualidade está na evolução tecnológica de técnicas, materiais e componentes, bem como nos procedimentos organizacionais (planejamento, administraç o e controle das operaç es construtivas).
Vamos recapitular? Foi vista a importância das percepções quanto às ações da qualidade em serviços no canteiro de obras e apresentada a cadeia produtiva da construção de edificações, os setores envolvidos e sua complexidade.
Qualidade no Canteiro de Obras
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Agora é com você! 1) O que é cadeia produtiva? 2) Na cadeia produtiva de uma edi�cação, quais os elementos constituintes da ase de produção? 3) Comente as escalas de redução em desenho técnico. 4) Comente a cadeia produtiva das argilas e silicatos.
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Qualidade na Construção Civil
6 Qualidade no Projeto de Obras de Edificações
Para começar Este capítulo tem por objetivo apresentar a dinâmica em obras de edi�cações. Também apresenta o planejamento da execução e as erramentas de gestão da qualidade.
6.1 A dinâmica em obras de edi ficações O planejamento de obras de edi�cações deve prever os serviços envolvidos em cada uma das etapas, bem como apresentar a sequência das atividades com base em seus inter-relacionamentos. Assim, como visto, para atender as características das obras de edi�cações, o canteiro de obras deve ter uma estrutura organizacional muito dinâmica (passa por variações ao longo da obra) e �exível (sore a in�uência de vários intervenientes ao mesmo tempo). Durante o desenvolvimento do projeto de uma ediicação, deve ser previsto que o canteiro de obras irá assumir características distintas em unção dos operários, das empresas, dos materiais e dos equipamentos presentes nele. Diversas atitudes devem ser tomadas com o objetivo de acilitar o desenvolvimento da obra, tais como a implantação de uma política da qualidade, o desenvolvimento de ornecedores de materiais e subempreiteiros, a utilização de erramentas computacionais etc.
101
6.2 O planejamento da execução de obras de edificações A empresa construtora deve ter uma organização administrativa que represente sua visão de negócios. Eis as etapas de planejamento: »
»
»
Estratégico: neste nível deve-se de�nir os objetivos do empreendimento (de�nição do prazo da obra, ontes de �nanciamento, parcerias etc.) com base nas diretrizes do cliente ou do proprietário. Tático: este nível intermediário de decisões envolve, principalmente, a seleção e a aquisição dos recursos necessários para atingir os objetivos do empreendimento (por exemplo, tecnologia, materiais, mão de obra etc.), bem como a elaboração de um plano geral para a utilização desses recursos; Operacional: este nível está relacionado à de�nição detalhada das atividades a serem realizadas, seus recursos e momento de execução.
Cada nível hierárquico pode ter a necessidade de ser subdividido em outros níveis, dependendo da natureza do empreendimento. Cada um desses níveis requer inormações em um grau de detalhe adequado. Se o planejamento não or bem detalhado, é muito diícil utilizá-lo para a execução da obra. Fique de olho!
O sucesso de uma obra depende muito de seu planejamento. necessário que se tenha a integração de todas as ações, presentes nos diversos níveis de planejamento.
6.3 Ferramentas de gestão da qualidade Na etapa de construção do empreendimento, o acompanhamento do planejamento é a etapa chamada controle. O controle é realizado por meio de mecanismos dinâmicos que possam mostrar as variações existentes entre o planejado e o realizado. É mediante o controle, entre o planejado e o realizado, que é eita a gestão da qualidade.
A qualidade é um objetivo que deve ser constantemente observado no decorrer da obra.
A seguir, serão apresentadas algumas das erramentas para a gestão da qualidade. 6.3.1 Diagrama de Pareto
O diagrama de controle oi desenvolvido pelo economista italiano Vilredo Pareto. Ele veri�cou que, em qualquer meio, existem algumas poucas atividades que contribuem muito e outras em maior quantidade que têm pouca contribuição. O diagrama indica que 80% dos itens resultam de cerca de apenas 20% dos custos, isto é, 20% dos itens correspondem a 80% dos custos.
102
Qualidade na Construção Civil
É possível azer o estudo de Pareto por meio da estrati�cação de condições como: »
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»
Tempo: quais horas, dias da semana ou turnos devem ser mais controlados. Serviço: quais serviços custam mais e devem ser mais controlados. Materiais: quais materiais estão em menor quantidade e custam mais.
No diagrama de Pareto, as condições de estrati�cação são divididas em regiões (Figura 6.1): »
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»
Região A: 7% das atividades que representam 53% do custo total. Região B: 14% das atividades que representam 32% do custo total. Região C: 79% das atividades que representam 15% do custo total. 100,00% 90,00% 80,00% 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00%
C
B
A
20,00% 10,00% 0,00% 0
1
2
3
4
5
Figura 6.1 - Curva ABC das atividades da obra.
6.3.2 Diagrama de causa e efeito
Esse diagrama, também chamado de espinha de peixe ou diagrama de Ishikawa, é uma representação grá�ca que permite à construtora organizar as inormações, possibilitando a identi�cação de possíveis causas de determinado problema ou seus eeitos (Figura 6.2). Máquinas e equipamentos
Meio ambiente
Dimensões
Efeito
Mão de obra
Metodologia executiva
Matéria-prima
Figura 6.2 - Diagrama de causa e eeito.
Qualidade no Projeto de Obras de Edificações
103
6.3.3 Fluxograma
O �uxograma é uma representação grá�ca de procedimentos que contém várias etapas ilustradas de modo encadeado por meio de símbolos geométricos (Figura 6.3). Falta cimento para argamassa
Sim
Há cimento no almoxarifado?
Não
Pegar cimento
Comprar cimento
Figura 6.3 - Fluxograma da aquisição de cimento.
6.3.4 Ciclo PDCA
O Ciclo PDCA (Figura 6.4) indica a maneira – ou a sequência – correta de se executar as tareas. A sigla são as primeiras letras de palavras em inglês que signi�cam: »
»
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»
Plan: planejar; Do: azer, executar; Check: veri�car; Act: agir, ações, corrigir.
As ações de cada setor do círculo PDCA são: Planejar »
»
»
»
identi�car o problema; reconhecer as características do problema; analisar as causas principais do problema; elaborar plano de ação para combate às causas do problema.
Fazer »
»
»
atuar de acordo com o plano de ação; treinar e educar os envolvidos; coletar dados.
Veri�car »
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con�rmar a eetividade da ação.
Qualidade na Construção Civil
Agir »
»
eliminar de�nitivamente as causas do problema; rever as atividades e o planejamento para outras ações Situação atual
Ocorrência do problema Análise das causas
Definir metas
A
Ações: corretivas preventivas melhorias
P
Estabelecer prioridades Planejar as ações
Definir métodos
Estabelecer medições
Educar e treinar Verificar metas x resultados
Executar Coletar dados
C
D
Figura 6.4 - Ciclo PDCA.
Amplie seus conhecimentos
O ciclo PDCA é contínuo, isto é, deve ser constantemente retroalimentado para se alcançar excelentes níveis da qualidade. Saiba mais sobre o ciclo PDCA em: .
6.3.5 Folha de verificação
A olha de veri�cação é uma planilha com o objetivo de acilitar a coleta de dados pertinentes a um problema especí�co (Tabela 6.1). Tabela 6.1 - Folha de veri�cação Ocorrências de atraso de medição de obra
Ocorrência
Verificação (dias com problema)
Total
1; 5; 24; 30
4
6; 25
2
7
1
11; 15; 23
3
Atraso no pagamento de pessoal
5
1
Outros
17
1
Dias de chuva Falta de pessoal Atraso na entrega de materiais Falta de pagamento de fornecedores
Total
Qualidade no Projeto de Obras de Edificações
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Amplie seus conhecimentos
O diagrama de causa e efeito, também chamado de diagrama de Ishikawa ou espinha de peixe, pode ser utilizado para evitar atrasos em obras por meio da análise dos fatores intervenientes em cada uma das atividades. Para estudar mais sobre o diagrama de causa e efeito, acesse:
Vamos recapitular? Foi vista a dinâmica em obras de edi�cações. Também oi apresentado o planejamento da execução e as erramentas de gestão da qualidade.
Agora é com você! 1) Quais são os níveis de planejamento de uma obra? 2) O que signi�ca a sigla PDCA? 3) Cite a utilidade do diagrama causa e eeito. 4) O que é um �uxograma?
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Qualidade na Construção Civil
7 Gestão de Resíduos na Construção de Edificações
Para começar Este capítulo tem por objetivo apresentar a de�nição de impacto ambiental e a classi�cação dos resíduos. Também são apresentados o Greenhouse Gas Protocol (GRH), o Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) e o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS). Por �m, é apresentada uma metodologia para quali�cação de ornecedores.
7.1 Impactos ambientais Existem algumas de�nições sobre o que signi�ca impacto ambiental. Vamos adotar a de�nição das normas técnicas brasileiras, que está apresentada na NBR ISO 14001: “Impacto Ambiental – Qualquer mudança no ambiente, quer adversa ou bené�ca, inteira ou parcialmente resultante das atividades, produtos ou serviços de uma organização”. A construção de edi�cações pode gerar resíduos que causariam impactos ambientais. Os resíduos são classi�cados pela NBR 10.004:2004 como: »
Resíduos de Classe I: são considerados perigosos e requerem maior atenção por parte do gestor, uma vez que os acidentes mais graves e de maior impacto ambiental são causados por essa classe de resíduos. Podem ser condicionados, armazenados temporariamente, incinerados ou dispostos em aterros sanitários especialmente desenhados para receber resíduos perigosos. Nessa classe estão, por exemplo, tintas, solventes, diesel, graxa e óleo. Lâmpadas �uorescentes e incandescentes, pilhas e baterias também são consideradas resíduos perigosos e sua disposição é regida por legislação especí�ca.
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Resíduos de Classe II-A: são resíduos não inertes; assim como os de Classe II-B, podem ser dispostos em aterros sanitários ou reciclados. Entretanto, devem ser observados os componentes destes resíduos (matérias orgânicas, papeis, vidros e metais), a �m de que seja avaliado o potencial de reciclagem. Esses resíduos, em contato com a água com pH neutro, alteram o padrão de potabilidade da água. A qualidade é relacionada com os resíResíduos de Classe II-B: inertes, podem ser disposduos gerados no processo de fabricação tos em aterros sanitários ou reciclados. São aqueles de todos os componentes utilizados na que, em contato com a água com pH neutro, não construção. alteram o padrão de potabilidade da água.
7.2 Greenhouse Gas Protocol (GHG) O Greenhouse Gas Protocol (GHG Protocol), também chamado Gases de Eeito Estua (GEE), é um protocolo elaborado pelo World Business Council or Sustainable Development (WBCSD) e pelo World Resources Institute (WRI), sendo o mais utilizado para a preparação de inventários de emissões de gases de eeito estua. Este protocolo está relacionado com o Protocolo de Quioto e com a United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC), utilizando as metodologias da UNFCCC para a redução de emissões e abrangendo, em suas bases de cálculos, os seis gases de eeito estua identi�cados por Quioto: »
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dióxido de carbono (CO2); metano (CH4); óxido nitroso (N2O); hidro�uorocarbonos (HFCs); per�uorocarbonos (PFCs); hexa�uoreto de enxore (SF6).
Para a aplicação deste Protocolo, é necessário de�nir os limites da construção, devendo ser considerados a estrutura da construtora, seus limites operacionais e o contexto de seus negócios. É necessária uma análise de suas atividades, pois dentro dos limites devem constar não apenas as principais atividades da construtora como também todas as atividades que emitam quantidades signi�cativas de gases de eeito estua. Devem ser analisadas as emissões diretas e indiretas de GEEs. Denomina-se emissão direta de GEE toda emissão proveniente de ontes pertencentes ou em poder da construtora; e emissão indireta de GEE toda emissão que é consequência das atividades da construtora (mas que vem de ontes controladas por outras empresas). Uma vez identi�cados os limites da construtora, é necessário analisar e selecionar as metodologias que serão aplicadas para o cálculo e a análise das emissões. Diversas metodologias oram desenvolvidas pelo GHG Protocol Foundation, mas podem ser usadas outras, como as metodologias aprovadas pela UNFCCC. Independentemente da escolha, seu uso deve ser justi�cado e estar de
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Qualidade na Construção Civil
acordo com o tipo de atividade, limites e emissões de cada obra. A metodologia do GHG Protocol é compatível com as normas ISO. Somente após a determinação da metodologia a ser utilizada é que as emissões serão eetivamente calculadas. A coleta de dados deve ser eita, de preerência, diretamente no local da obra. Caso seja necessário, será eita a monitorização de alguns dados e somente depois o cálculo das emissões. As emissões de GEEs calculadas são transormadas para a unidade de toneladas de CO 2 equi valente (tCO 2eq) e após a conclusão do inventário de emissões é que são propostos e de�nidos os mecanismos para a redução ou neutralização das emissões.
7.3 Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) O PGRCC deve ser elaborado para os pedidos de licença prévia e de instalação em conjunto ou para a ase da licença de instalação, bem como para os empreendimentos de construção civil de média e alta complexidade. Os geradores de resíduos da construção civil são os responsáveis pelo gerenciamento desses resíduos, desde sua geração até a correta destinação �nal, conorme disposto na reerida Resolução. Em razão da complexidade que envolve a delimitação de um método quantitativo, para caracterização dos resíduos produzidos em obra, considerou-se uma estimativa para edi�cações executadas por processos tradicionais. Se orem adotadas outras técnicas construtivas ou procedimentos para a redução do volume gerado de resíduos na construção, deverá ser anexado estudo que comprove as novas estimativas apresentadas. O PGRCC deve ser elaborado por pro�ssional habilitado no CREA. Deve ser emitida uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) sob responsabilidade do gerador dos resíduos (proprietário do estabelecimento), contemplando o conjunto de procedimentos a serem executados visando à não geração de resíduos, à minimização da geração, à reutilização, à reciclagem, ao armazenamento, ao transporte, ao transbordo, ao tratamento e ao destino �nal adequado, observando a normalização reerente à saúde pública e à proteção ambiental. Os resíduos gerados nas obras devem ser classi�cados, conorme a Resolução CONAMA 307/02, em: »
Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir sua utilização ou reciclagem utura, tais como: de construção, demolição, reormas e reparos de pavimentação e de outras obras de inraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; de construção, demolição, reormas e reparos de edi�cações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;
Gestão de Resíduos na Construção de Edificações
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de processo de abricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-�os etc.) produzidas nos canteiros de obras. Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem utura, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros. Classe C: são os resíduos para os quais não oram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam sua reciclagem/recuperação. Deverão ser armazenados, transportados e destinados em conormidade com as normas técnicas especí�cas, tais como os produtos oriundos do gesso. Classe D: são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção. Deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em conormidade com as normas técnicas especí�cas. Por exemplo: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reormas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros.
Amplie seus conhecimentos
No campo da qualidade devemos utilizar os conceitos dos 3Rs da logística reversa: reduzir, reutilizar e reciclar. Leia mais sobre os 3Rs em e .
Devem ser inormados no PGRCC os seguintes itens: 1) Identi�cação do empreendimento: inormar os dados reerentes ao empreendimento. 2) Inormações gerais: identi�cação do responsável técnico pela elaboração do PGRCC; nome do contador; número de operários próprios e prestadores de serviço; responsável legal pelo empreendimento (proprietários). 3) Caracterização do empreendimento: 3.1 Inormar a área total do terreno. 3.2 Inormar a área a ser construída (m2), inclusive as áreas não computáveis. 3.3 Inormar se haverá demolição ou não. 3.3.1 Se houver demolição, inormar o volume (m3) de resíduos gerados na demolição, calculados da seguinte maneira: área das paredes x espessura média das paredes + área do piso e/ou cobertura x espessura média do piso e/ou cobertura. 3.3.2 Inormar o peso (kg) dos resíduos gerados, calculados da seguinte maneira: multiplicar o volume obtido no item acima pelo peso especí�co, estimado em 1300 kg/m3. 3.4 Movimento de terra com necessidade de empréstimo ou bota-ora, de acordo com o pro jeto de terraplenagem (apresentar o projeto).
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Qualidade na Construção Civil
3.4.1 No caso de necessidade de bota-ora, inormar o volume (m3) e o peso (kg). Para cálculo do peso, adotar o peso especí�co do solo de 1300 kg/m3. 3.4.2 No caso de necessidade de empréstimo, inormar o volume (m3) de empréstimo de terra e peso (kg), assim como as inormações sobre a jazida prevista para o empréstimo e a qualidade do material da jazida (documento que comprove que o material não está contaminado). 4) Croqui do canteiro de obras, indicando o local de triagem e o armazenamento dos resíduos: apresentar o croqui do canteiro de obra, indicando a área prevista para a triagem dos resíduos e a área para a armazenagem temporária dos resíduos segregados, com dimensões compatíveis ao volume de resíduos previsto. A área de armazenagem deve ser impermeabilizada e coberta, e os resíduos devem ser dispostos separadamente, conorme sua classi�cação. 5) Reciclagem e/ou reutilização de resíduos da construção civil: se estiver prevista a reutilização dos resíduos na própria obra, deve ser inormada a quantidade dos resíduos a serem reutilizados, assim como sua classi�cação. No caso de estar prevista a reciclagem de resíduos, deve ser inormada a quantidade do resíduo, sua classi�cação, o processo da reciclagem e como o resíduo reciclado será aplicado na própria obra. 6) Caracterização dos resíduos: inormar a quanti�cação, a classi�cação, a etapa da obra (demolição e/ou construção) e o destino �nal previstos. Para o cálculo da quantidade do resíduos, em peso, multiplicar a área total a ser construída (inormado no item 3.2) por 150 kg/m². Somar, a esta quantidade, o peso obtido no item 3.3 (demolição), obtendo o peso total dos resíduos gerados. No caso de movimento de terra com necessidade de bota-ora, considerar o peso previsto do bota-ora separadamente, somando-se este peso (valor calculado no item 3.4.1), posteriormente, ao peso dos demais resíduos da classe A. Fique de olho!
Transporte: deve ser apresentada a descrição do tipo de transporte interno e externo utilizado para remoção e existência de áreas de transbordo. O transporte deverá ser realizado de acordo com normas técnicas; Tratamento: devem ser apresentados o tratamento e a destinação para cada grupo ou classe de resíduo; Plano de contingência: deve ser apresentado o plano contingência para o caso de o tratamento e a destinação final propostos falharem temporariamente; Empresas recebedoras: deve ser informado o nome das empresas recebedoras dos resíduos, se estas possuem Licença Ambiental e ainda solicitar cópia da Licença de Operação; Rotinas: o Plano deve prever a elaboração de rotinas com instruções de procedimento para a higienização, o manuseio, a segregação e a coleta interna dos resíduos, que deverão permanecer à disposição de todos os operários; Treinamento: deverá ser previsto treinamento para novos contratados e reciclagem periódica para a aplicação de rotina e sua modernização, com todos os operários do empreendimento, contemplando, assim, a origem dos resíduos até a destinação final. Deverá ainda possuir um funcionário treinado para o controle do Plano de Gerenciamento; Relatórios: devem ser apresentados relatórios semestrais de avaliação do PGRCC, identificando necessidades de melhorias, alterações necessárias, mudanças de procedimentos, entre outros; Planilha: deve ser elaborada uma planilha referindo a geração mensal de resíduos, tipos de resíduos, classificação, forma e local de armazenamento, destino final, entre outros.
Gestão de Resíduos na Construção de Edificações
111
Tabela 7.1 - Modelo de ormulário para a elaboração do PGRCC 1.
Identificação do empreendimento Endereço: Bairro: CNPJ:
2.
Identificação do responsável pela elaboração do projeto de gerenciamento de resíduos da construção civil - PGRCC Nome: R.G.: Profissão: Registro no CREA:
3.
Caracterização do empreendimento
3.1
Área a construir:
3.2
Haverá demolição de edificação existente?
m2
Não: Sim:
3.3
3.2.1
Estimar o volume de resíduos gerado na demolição:
m3
3.2.2
Estimar o peso dos resíduos de demolição gerados:
kg
Haverá movimento de terra com necessidade de empréstimo ou bota-fora? (Informar o local de empréstimo/jazida e documento que comprove que o material não está contaminado). Não: Sim: Volume Bota-fora:
m3
3.3.1 Peso Bota-fora
kg
Empréstimo Volume: 3.3.2
m3
Empréstimo kg
Peso: 4.
Apresentar croqui do canteiro de obras, indicando locais previstos para a triagem e para o armazenamento temporário dos resíduos segregados (os locais de armazenamento devem ser cobertos e impermeabilizados) Não: Sim:
5.
Informar se será realizada reciclagem e/ou reutilização de resíduos da construção civil na própria obra Não: Sim:
112
Qualidade na Construção Civil
A Tabela 7.2 apresenta um quadro com as inormações que devem ser apresentadas, no caso de estar prevista a reutilização e/ou a reciclagem dos resíduos da construção civil. Tabela 7.2 - Tabela de reutilização ou reciclagem dos resíduos da obra Reciclagem Tipo de Resíduo
Reutilização
Quantidade (m3) Processo
Aplicação
Classe A
Classe B
A Tabela 7.3 apresenta a caracterização dos resíduos de uma obra de edi�cação. Tabela 7.3 - Caracterização de resíduos Quantidade (m3) Classe
Material
Etapa da obra Construção
Total
Destino Final
Demolição
Argamassa, concreto, cerâmica, tijolos, blocos de concreto etc. A
Solo (bota-fora) Total Classe A Plásticos, papel, papelão, metais, vidros etc.
B
Madeira Total Classe B
C
D
Gesso etc. Total Classe C Tintas, óleos, solventes, materiais contaminados (embalagens com restos destes produtos), matérias com amianto etc. Total Classe D
7.4 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) O PGRS deve ser elaborado com base na legislação vigente, que estabelece os princípios básicos da minimização da geração de resíduos, identi�cando e descrevendo as ações relativas ao seu manejo adequado, levando em consideração os aspectos reerentes a todas as etapas, compreendidas pela geração, segregação, acondicionamento, identi�cação, coleta, transporte interno, armazenamento temporário, tratamento interno, armazenamento externo, coleta e transporte externo, tratamento externo e disposição �nal devidamente licenciados pelo órgão ambiental competente.
Gestão de Resíduos na Construção de Edificações
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Os resíduos produzidos na obra devem ser dispostos em contentores, de acordo com a Resolução 275/01 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama, com as seguintes cores: »
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Amarelo: metal. Azul: papel/papelão. Branco: resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde. Cinza: resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de separação. Laranja: resíduos perigosos. Marrom: resíduos orgânicos. Preto: madeira. Roxo: resíduos radioativos. Vermelho: plástico. Verde: vidro.
Os resíduos devem ser classi�cados como: »
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Orgânicos: restos de comida, casca de rutas e verduras, grama, galhos pequenos etc. Rejeitos: papel higiênico, absorventes íntimos, palitos de dentes, �ltros de cigarro etc. Rejeitos Perigosos: lâmpadas �uorescentes, �ltros de ar condicionados, baterias, pilhas etc. Recicláveis: papel, papelão, plásticos em geral, metais etc.
Deve ser inormada a produção diária de cada tipo de resíduo sólido na obra (kg/dia). A obra é considerada uma Unidade Geradora de Resíduos Sólidos e deverá realizar a educação ambiental entre seus operários e terceirizados. Isso será eito por meio de palestras, debates e campanhas, visando à conscientização de todos eles em relação ao procedimento que deverá ser adotado para a eetivação do processo de coleta seletiva que será implantado pelo presente Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Visando implantar procedimentos adequados para eetivação do Programa de Coleta Seletiva previsto no Plano de Gerenciamento de Resíduos da Obra, devem ser obedecidas as seguintes etapas: »
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Coleta: eetuada por operários devidamente treinados e equipados com luvas, botas, materiais de proteção adequados, que, diariamente, em horários especí�cos, arão o recolhimento dos resíduos previamente selecionados nos setores da obra e acondicionados em sacos plásticos. Transporte: realizado após o recolhimento, por meio de carrinhos/manualmente até o local de armazenamento dos resíduos existente nesta unidade geradora. Acondicionamento: será eito no local de armazenamento, que �ca na (especi�car área [pátio interno/pátio externo/etc.], com as seguintes características ísicas: céu aberto, cimentado etc.) onde os sacos plásticos recolhidos e previamente selecionados serão dispostos dentro de contêineres/galões/lixeiras, seguindo esta padronização: Orgânicos: serão depositados em contêineres/galões/lixeiras, com volume (litros) e identi�cação padronizada, na cor marrom, seguindo resolução do 275/01 do Conama. Qualidade na Construção Civil
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Rejeitos: serão depositados em contêineres/galões/lixeiras, com volume (litros) e identi�cação padronizada, na cor cinza, seguindo resolução do 275/01 do Conama. Rejeitos perigosos: serão depositados em contêineres/galões/lixeiras, com volume (litros) e identi�cação padronizada, na cor laranja, seguindo resolução do 275/01 do Conama. Recicláveis: serão depositados em contêineres/galões/lixeiras, com volume (litros) e identi�cação padronizada, na cor verde/azul/amarelo/vermelho, seguindo resolução do 275/01 do Conama.
O construtor deverá apresentar a declaração de contratação de empresa, ou serviço para transporte e destinação �nal dos resíduos, recicláveis, incluindo as respectivas licenças ambientais. Um modelo de planilha de destinação de resíduos é apresentado na Tabela 7.4. Tabela 7.4 - Planilha de destinação de resíduos Tipo de material
Período de recolhimento
Responsável pelo recolhimento
Dados do responsável exemplos
Destinação final exemplos
Orgânico
Determinado pela construtora
Concessionária pública
Empresa de Engenharia Ambiental
Usina de compostagem
Rejeitos
Determinado pela construtora
Concessionária pública
Empresa de Engenharia Ambiental
Aterro sanitário
Rejeitos perigosos
Determinado pela construtora
Fábrica produtora
Fornecedor
Unidade produtora (fábrica)
Recicláveis
Determinado pela empresa geradora
Determinado pela empresa geradora
Dados da empresa coletora a ser contratada pela empresa geradora do resíduo
Centro de triagem licenciados
7.5 Qualificação de fornecedores A qualidade apresentada em uma obra depende consideravelmente dos ornecedores contratados para o empreendimento. A interação e a comunicação entre os ornecedores e a construtora devem ser as mais transparentes possíveis, considerando que as inormações sejam con�áveis e justas. A construtora deve ter uma política de relacionamento com seus ornecedores, por meio da qual se deve acreditar e esperar que haja sempre honestidade na determinação de preços, bem como discussões rancas e abertas sobre redução de custos e disposição para solução de problemas gerais. É esperado que os ornecedores compartilhem inormações sobre o mercado, sobre seus novos desenvolvimentos, suas regulamentações legais e suas inovações sobre produtos e serviços. É desejado que os ornecedores adotem uma gestão socialmente responsável, visando a uma sociedade com melhores produtos e menores riscos sociais, econômicos e ambientais. É também desejável que haja o gerenciamento, de maneira equilibrada, dos impactos de seus produtos e ati vidades sobre os ecossistemas e a sociedade, a proteção e a sustentabilidade ambiental, com as necessidades socioeconômicas. É esperado que os ornecedores ajam dentro de princípios e valores relacionados à saúde e à segurança no trabalho, bem como respeitem o disposto no art. 7 o, inciso XXXIII da CF/88, inerente à contratação de trabalho de menores e na condição de aprendiz.
Gestão de Resíduos na Construção de Edificações
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Fique de olho!
A qualidade de uma obra não é apenas relacionada aos produtos empregados na construção, mas pela escolha criteriosa de seus fornecedores.
Os ornecedores devem ter condições para desenvolver seus processos com pro�ssionalismo e comprometimento, primando a importância em requisitos como: »
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analisar criteriosamente as especi�cações dos pedidos de compra; atender às especi�cações de entrega e os prazos acordados; ornecer inormações imediatas na con�rmação dos pedidos sobre quaisquer mudanças; ornecer todas as documentações solicitadas; ornecer os dados estatísticos, mostrando os parâmetros críticos de teste e os parâmetros do processo, quando solicitados; apresentar as inormações solicitadas em tempo hábil; ter a �exibilidade em casos de mudanças nas quantidades dos pedidos e nas datas de entrega; Todos os resíduos gerados na construção cumprir os preços acordados; de uma edificação devem ser classificados, quantificados, acondicionados, transrealizar todos os procedimentos de aturamento corportados e dispostos conforme a legislação retamente; vigente. prestar feedback durante todo o processo de compra. Vamos recapitular?
Neste capítulo oram vistas a de�nição de impacto ambiental e a classi�cação dos resíduos. Também oram apresentados os signi�cados do Greenhouse Gas Protocol (GRH), Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) e do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS). Por �m, oi apresentada uma metodologia para a quali�cação de ornecedores.
Agora é com você! 1) O que é GRH? 2) O que é PGRCC? 3) De�na impacto ambiental. 4) Comente as expectativas de conduta dos ornecedores das construtoras.
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Qualidade na Construção Civil
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