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Luiz Gonzaga de Carvalho Neto Copyright 2016 © by Luiz Gonzaga de Carvalho Neto
Os direitos desta edição pertencem à E������ C������� Rua Barão do Gravataí, 342, portaria – Bairro Menino Deus – CEP: 90050-330 Porto Alegre – RS – Telefone: (51) 9916-1877 – e-mail:
[email protected]
E�����: Renan Martins dos Santos R������: Juliano Alcântara Alcântara C��� � E���������: Hugo de Santa Cruz
F���� C�� C������������ ���������� Carvalho Neto, Luiz Gonzaga de, ����C����o O Pai Nosso [livro eletrônico] / edição de Renan Santos. – Porto Alegre, RS: Concreta, ����. ���p. :p&b ; �� x ��cm Sign up to vote on this title
ISBN ���-��-�����-��-�
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�. Filosofia. �. Espiritualidade cristã. �. Cristianismo. �. Religião. I. Título.
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A��� ���������� ���������� ��� ��� ��� ��� ��� ����������
Através de campanha no website da Concreta para financiar O Pai Nosso 584 pessoas fizeram sua parte para que este livro se tornasse realidade, um gesto pelo qual lhes seremos eternamente gratos. A seguir, listamos aquelas que colaboraram para ter seus nomes divulgados nesta seção: Abner Schmuller Adailso Janesko Adilson Caravelli Adlai Lustosa Adriano Pereira Silva Adyson da Silva Diógenes Alexandre Ferreira
Ana Nely Castello Branco Sanches Andre Couto André Ferreira André Guedes Vieira Sign up to vote on this title André Kugland Not useful André Lu Useful Luis is Vaz Vaz Bez André Medeiros Grangeiro
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Antonio Carlos Correia de Araújo Jr Jr.. Antonio Mendes Vieira Filho Aristóteles Leal Arthur Crisóstomo Arthur de Souza Artur Klaus Müller Aruan Freitas Ary Alfredo Fortes Augusto Caballero Fleck Augusto Carlos Pola Jr. Bernardo Augusto Sperandio Filho Bernardo Jordão Nogueira de Sá Bernardo Teixeira Bráulio Matos Bruno Floriani Bruno Gama Duarte Bruno Magalhães Bruno Marinho Bruno Rodrigues Bruno Rodrigues da Cunha Bruno Solís de Campos Bruno Vallini Caio Cardoso Caio d’Acampora Caio de Melo Fonseca Caio Graco da Silva Purita Ferreira Caio Marcelo Lourenço Carlos Alberto Alberto Leite de Moura Carlos Alexander de Souza Castro Carlos Crusius Carlos Eduardo de Aquino de Pádua
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Cleber Silva Cleverson Shimizu Cristano Goulart Schülter Cristiano Azevedo Azevedo Cristiano dos Santos Badluk Cristiano Eulino Damáris de Lima Martins Daniel Argollo Daniel da Mota Castelo Branco Daniel Sanches Danilo Faria Danilo Miyazaki Danilo Roberto Fernandes Danilo Xavier David Ricardo Damasceno Davide Francesco Campos Lanfran Diego de Carvalho Diego Franco Gonçales Diego Gonçalves de Araújo Diego San Dilhermando Fiats Diogo de Oliveira Gonçalves Coe Diogo Gonçalves Diogo Reggiani Djalma Maranhão Marques Dorival Vendramini Jr. Eddie Trevizano Ederson Oliveira Sign up to vote on this title Edgar Zacchi useful Useful Not de Eduardo Cardoso Moraes Eduardo Chaves Bueno
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Eliane Fonceca Elisa A. C. da Silva Elisa Santos Lima Elisson Magalhães Elpídio Fonseca Emerson Couto Emílio Vagnon Figueiredo da Silva Eric Cari Primon Ettore Nicolau José da Rocha Evandro Ferreira Evandro Maria S. de Albuquerque Everton Marinho dos Santos Evilasio Tenorio Silva Jr. Fábio Augusto Guzzo Fábio Borges de Moura Fábio Kurokawa Fabio Lauton Fábio Salgado de Carvalho Felipe Almico Fraga Felipe Augusto V. de Bragança Alves Felipe dos Santos Felipe Kronéis Felipe Leite Massarenti Felipe Staudt Felipe Valletta Valletta Marques Marq ues Fellipe Pessôa Ribeiro Fernando Ferreira da Silva Paiva Fernando Golombieski Fernando Henrique Pereira Menezes Fernando Lima Fernando Mota
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Francisco Hayashi Francisco Penço Fred Giovani Mezaroba Frederico Correa Filho Frederico Montezuma Gabriel Henrique Knüpfer Gabriel Hugo Camilo Gabriel Melati Gabriela Marotta Vidigal Genésio Saraiva Gilberto Conde Gilson César Gio Fabiano Voltolini Jr Jr.. Gisele Sulsbach Giuliano Araújo Lucas de Carvalho Gleydson dos Santos Teixeira Avelino Gracian Li Pereira Grazielli Pozzi Guilherme Batista Afonso Ferreira Guilherme Cantuária Guilherme de Berredo Peixoto Guilherme Ranal Gustavo Abadie Gustavo Alves Sousa Gustavo Bertoche Gustavo de Araújo Gustavo Manzochi Gustavo Marquim Firmo de Araujo up to vote on this title GustavoSign Ribeiro useful Useful Not Haberlandt Pereira Duarte Haroldo Vital do Carmo
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Hubertus Guimarães Hugo Rossi Figueirôa Iago Uliano Iara Faria Ícaro Matheus Silva Barbosa Ígor de Paula Silva Igor Vieira Jean Carlos Carlos Diniz Lopes Lopes Jefferson Bombachim Bombachim Ribeiro Ribeiro Jefferson Lima Lima Barbosa Barbosa Alves Jefferson Zorzi Zorzi Costa João Antonio Mendes Mendes Léo João Francisco Francisco Winckler João Marcelo Marcelo Silva Zigurate João Paulo Gurgel de Medeiros Medeiros João Siufi Neto Jonas Caldeira Caldeira da Conceição Jorge Camargo Camargo Josafá Miguel Miguel José Alexandre Jose Barboza Barboza Jose Dias José Renato Nascimento Lima Josi Tanaka Juliano Erichsen Erichsen Martins Martins Neto Julio Belmonte Belmonte Júlio César César Stanczyk Stanczyk Beatriz Julio Prático Prático Julius Lima Lima Junio Cesar Cesar Kleber Rocha de Alcântara
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Leopoldo Ferezin Lhuba Saucedo Liana Calixto Lucas Antunes Lucas Fischer Zapelini Lucas Lacerda Lucas Monachesi Rodrigues Lucas Oliveira Luciana Antoniolli Lúcio de Miranda Luís Caldas Luis Eduardo Leon Luis Henrique de Morais Luis Marcelo Massareli Luis Pereira Luiz Antonio Folador Luiz Augusto Carreira Luiz Augusto Correia Costa Luiz Gustavo Jardim da Costa Luiz Vergilio Vergilio Dalla-Rosa Da lla-Rosa Luiza Jandira Jand ira Varela Varela de Araujo Marcel Pupo Marcel Rigolin Marcelo Correia Pereira Marcelo Guizzo Marcelo Hamam Marcelo Mallmann Marcelo Marques de Oliveira Sign up to vote on this title Marcelo Pera Useful Márcio Elton Not useful Marco Victor Hermeto
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Marilia Tavares Markian Kalinoski Marli da Silva Martha Gandra Mateus Cruz Mateus Rauber Du Bois Matheus Bazzo Matheus Cabral Gonçalves Matheus Ferrari Hering Matheus Henrique Blauth Matheus Oliveira Mauro Ventura Maya Bonderman Míriam Santoro Murilo Rosa Natalia Cerqueira Pinto Natalie Pessoa de Souza Clark Nathalia Mori Tannus Tannus Nayara Yone Bueno Yamashita Nelson Souza Filho Noelço Dias Jr. Jr. Nogueira Paulo de Meira Omar Mansour Oscar André Frank Jr Jr.. Ovidio Rovella Patrícia Frantz Paulo Brito Paulo de Tarso Gonçalves Leopoldo Paulo Henrique Brasil Ribeiro Paulo Leão Alves Paulo Marcelo Moraes Santana
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Peterson Silvestre Rafael Azevedo Ferreira Rafael Cardoso Carvalho Rafael Cursino Rafael Plácido Rafael Ramos Rafael Silva Rafael Virgino Vanni Rafael Zorzi Raimunda Alves de Sousa Ramona Repoles Raul Lemos Rebeca Moraes Reis Dias Regina Sugimoto Ueno Reginaldo Magro Reginaldo Vital do Carmo Renan Melo Renato Elesbão Renato Emydio da Silva Jr. Roberto Flavio Machado Freire Roberto Smera Rodney Eloy Rodolfo Bertoli Rodolfo Melchior Lopes Rodolfo Milfont Rodrigo Dubal Rodrigo Evaristo Silva Rodrigo Fernandez Peret Diniz up to vote on this title RodrigoSign Prestes Useful Not useful Sevilha Rodrigo Rogério Perego
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Sandro Mainardi Selso Costa Sérgio Koloszwa Sérgio Vidal Araújo Sidnei Lourenço Alves Silvia Elizabeth Silva Silvio José de Oliveira Taiguara Fernandes de Sousa Taíne Zimmer Telmo Ferreira F erreira Tharsis Madeira Thauan de Assis Monteiro Thiago de Andrade Tiago Aurich Tiago dos Santos Vitale Tiago Henrique Laudares Feltrim Tiago Leonel Tiago Pietro Tobias Marcolin Tomoyuki Honda Ullysses Josué Siqueira Ulysses de Siqueira Valdemir Ezequiel Chiquito Valéria Saldanha Sald anha
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Victor Geraldine Victor Hugo Barboza Victor Madera Victor Samuel Vinicius Augusto Diniz Nunes Vinicius Braga Comaretto Vinícius Tavares Tavares Silva Vitor Montenegro Vitório Menconi Wagner Pulido Rodrigues Walther Anna Weber Braga Wellington Rossi Kramer Willian De Oliveira Wilson Arnhold Chagas Jr. Yuji Ikeda Ik eda Yuri Rehme Reh me
������� ������������
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S������
P�������
13
A���� �� ������
17
A�������������
19
Pai nosso que estais no céu
21
Santificado seja o Vosso Nome
29
Venha a nós o Vosso Reino
41
Seja feita a Vossa Vontade assim na terra como no céu
51
O pão nosso de cada dia nos dai hoje Perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores
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P�������
PE. LUÍS FILIDIS
S
eria natural se um escritor iniciasse seu primeiro livro com um tema simples e específico, lançando luzes e descobertas particulares sobre seu tema de preferência, sondando o terreno sobre o qual pisarão seus leitores, uma vez que entre estes encontrará também críticos e pares à sua altura. Mesmo um bom nadador costuma aproximar-se da piscina e molhar uma mão ou pé para avaliar a temperatura da água antes do mergulho. Não é o que temos aqui. O livro inaugural de Luiz Gonzaga de Carvalho Neto mais se parece com um salto olímpico de uma plataforma de dez metros. A audácia, coragem, auto-confiança, concentração e segurança de atleta são marcas evidentes, e essas qualidades serão notadas desde seus primeiros capítulos. Assim como no salto olímpico, a beleza que surpreende nossa alma no conjunto e precisão dos movimentos do nadador à medida em que corta Sign up to vote on this title o ar em direção à água também fica explícita na condução das explicações Useful Not useful dos pedidos do Pai Nosso. Um profundo mergulho nos seus significados com graça e beleza. Com a graça, especialmente.
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Orar para quê? Para atualizar a promessa feita por Nosso Senhor Je Cristo, para que nos unamos a Ele como Ele é um com o Pai. A theos conhecida entre os cristãos orientais como processo de unificação com D – é a expressa vontade de Cristo, porque Ele quer que vivamos em plenitu É um processo trinitário, porque necessita do concurso do Espírito San como prometido em Pentecostes. Cristo mesmo o prenunciou quando su ao Pai, pois não poderia explicar essa experiência aos apóstolos, mesmo quisesse. Somente através do Espírito Santo se manifestaria toda a verda
Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em m nome, ele vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar tudo o que tenho dito. (Jo 14, 26)
Para contextualizar melhor o leitor leitor,, convido-o a ler o evangelista Mat tanto nos capítulos 3 e 4, onde fala sobre estes “preparativos”, a pregação João Batista, o batismo na água, as tentações no deserto, que depois cul narão no rico ensinamento do Sermão da Montanha, quanto nos capítu 5, 6 e 7, onde está inserida a oração do Pai Nosso. João Batista incitav conversão, à preparação pura e simples. Cristo abrirá a porta do Reino Céus. O precursor leva à salvação, o Redentor à santidade. Nas palavras de João Batista: Eu na verdade vos batizo em água para
trazer à penitência: porém o que há de vir depois de mim, é mais poder do que eu, e eu não sou digno de lhe ministrar o calçado. Ele vos batizará Espírito Santo, e em fogo. (Mt 3,11). Nas palavras de Cristo: Fazei peni cia, porque está próximo o Reino dos Céus (Mt 4,17). E assim cumprem
as palavras do profeta Isaías. Todos conhecemos conhe cemos pessoas de bom caráter caráter,, excelentes profissionais, profi ssionais, p soas cuja moral não colocaríamos em dúvida. São os que, mesmo não s do cristãos, vivem de forma honrada como pedia o precursor João Bati Lembrando a parábola do jovem rico, isso não é o bastante paramuitos up to vote on this title nós, como eu espero que não seja para quemSign agora lê estas linhas. Deus Useful Not useful muito mais a nos n os oferecer. oferecer. É disso que trataesta obra. Nos três capítulos Sermão da Montanha há uma nova proposta de vida. Há grandes promes
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O Pai Nosso · Prefácio
como Cristo pede, mas com atitudes e mudanças de vida. Tenho certeza de que os ensinamentos expostos levarão muitas pessoas a essa metanóia – uma conversão, uma mudança a partir de dentro. Eu não vou adiantá-los, para não ser um u m estraga-prazeres. Antes de finalizar, um pedido meu, se o autor assim o permitir. Dedica-te à oração não como quem coloca os dedinhos dos pés na água da piscina e, dependendo da temperatura do dia, da temperatura da água e dos banhistas ao redor decidirá se dará ou não um mergulho. Faz tua oração com ardor, vontade comprometida, verdadeiro amor a Deus. E vamos à leitura. Será compensadora. Além da profundidade do conteúdo, o autor tem o raro atributo de nos conduzir em suas palavras com a fluência de quem descortina diante de nós novas e surpreendentes paisagens Uma viagem que vai aderindo à nossa memória. Será uma “ des-coberta” O que estava encoberto e oculto passará a estar vivo e presente. Assim é o Evangelho. Assim é que deve ser para a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo. Boa leitura!
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A���� �� ��� � ����� ���
(��� �����, ���� ����� �� ��� � �������� �� �����)
O
livro que está em suas mãos é somente uma transcrição, mais ou menos polida, e bastante resumida, de duas séries de aulas ministradas em Curitiba. Ele não é, realmente, um trabalho de erudição ou de alta teologia. O propósito deste livro, assim como das aulas que lhe deram origem, é bem simples e peço que o leitor o julgue segundo esse propósito. Antes de ler os capítulos que se seguem, volte para o sumário e note que você pode ler o Pai Nosso nessa primeira página. Leia a oração e se faça as seguintes perguntas:
1. Sei realmente o que estou pedindo quando faço essa oração? 2. Quero realmente isso que suponho saber? 3. Tenho alguma percepção real e bem fundada de que minhas intenções
up to votede on this title Cristo ao ao fazer esses pedidos correspondem à Sign intenção Jesus Useful Not useful ensinar essa oração?
4. Existe algo que eu possa fazer para apresentar a Deus alguma prova da
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pedidos, mas apenas algumas indicações para ajudar a responder a es seis perguntas. E é por isso que tem de ser lido com atenção e boa vonta Os capítulos são meros pontos de pardida para suas próprias meditaçõ Depois de ler a oração e fazer essas perguntas, leia o livro. Se possível c atenção e boa vontade. Por fim, tente avaliar se alguma resposta a qualq uma das seis perguntas acima está um pouco mais clara. Se estiver, estiver, o pro sito do livro terá sido alcançado e sua oração possivelmente se terá torna um pouco mais profunda e mais sincera. No seu conteúdo fundamental, o livro não é nada original. Praticame tudo que se encontra nele pode ser encontrado nos escritos de diversos S tos e Doutores da Igreja. Minha contribuição foi quase que somente resu tudo numa só fonte e falar numa linguagem mais claramente compreens para o leitor de hoje. Cada um dos pedidos do Pai Nosso será relacionado com um Dom Espírito Santo e com uma Bem-aventurança Evangélica num ciclo qua nário: Pedido - Bem-aventurança - Dom do Espírito Santo - Recompensa Bem-aventurança . Cada um desses ciclos completos constitui uma perfei espiritual, uma qualidade ou conjunto de qualidades que torna o hom mais próximo de Deus e dos santos.
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A�������������
É
sempre bom agradecer a algumas pessoas quando se publica um livro. Mas isso me encabula um pouco, porque tenho muitas pessoas a agradecer por qualquer coisa que eu tenha aprendido e que possa eventualmente transmitir a outros. Como a lista de pessoas a quem devo gratidão é muito grande (é realmente maior do que o livro todo), vou mencionar aqui somente as pessoas diretamente ligadas à publicação deste livro. As turmas de alunos em Curitiba que puxaram o assunto; o Carlos Vargas, que fez a primeira transcrição das aulas; o Juliano Alcântara, que pegou as trancrições do Carlos e as gravações das aulas e reformulou tudo num texto que eu podia corrigir; o Marcelo Brandão Cipolla, que revisou o texto por mim corrigido e me deu muitas dicas importantes; meu irmão Tales de Carvalho, que empurrou o livro para ser publicado; o Renan Martins dos Santos, que topou publicar o livro sem pestanejar; todos os amigos que contribuíram para a campanha de lançamento; lançamento ; o Padre Luís Filidis, que nos agraciou com um prefácio maravilhoso; e, finalmente, minha esposa Florentina, que me municiou com café e sossego paraSign criar o texto final. A todas up to vote on this title essas pessoas, e a muitas outras, agradeço sinceramente. Useful Not useful
Luiz Gonzaga de Carvalho Neto,
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uando começamos uma oração nos dirigindo a Deus como Pai, distinguimo-la de toda e qualquer outra, pois começamos estabelecendo ou recordando um tipo de relacionamento específico com Deus. Diferentemente de senhor, pai denota uma comunidade de natureza entre as partes, que faz do filho herdeiro dos bens do pai. Não há entre o servo e o senhor um desenvolvimento natural que faça um u m tomar o lugar do outro. No dia em que o senhor senho r morrer, morrer, não será o servo o herdeiro das posses e funções dele. É evidente que o servo pode se tornar mais amigo do senhor, mas essa relação não tende à liberdade; ela pode tender à intimidade, mas não necessariamente à liberdade. Não há comunidade de natureza entre o senhor e o servo. Já entre pai e filho existe essa comunidade de natureza e uma espécie de preparação para uma mudança futura. O pai vê no filho alguém que se tornará pai e ocupará seu lugar lugar,, herdando seus bens e funções. Por isso, uma oração que comece estabelecendo uma relação de filiação com Deus tem de se referir à natureza espiritual do homem. Porque é em nossa natureza espiritual que reside nossa particular afinidade com Deus. Essa natureza espiritual é tal que a nossa existência no mundo implica um perigo: podemos a cada momento avançar na direção do céu ou do inferno. Nossa natureza espiritual pode elevar-se e se aproximar de Deus ou rebaixar-se e se afastar d’Ele. Mas chegará o momento em que essa situação se resolverá. Com a morte, nossa situação espiritual se fixa e sua direção geral se cristaliza. Já a relação geral da nossa vida corporal com Deus é diferente: ela não é uma relação que progride em uma direção, mas uma relação circular. O que eu quero dizer é que nenhum fator puramente corporal muda nossa relação com Deus. Ninguém está mais perto ou mais longe de Deus por ter uma vida mais longa ou mais curta, por viver mais ao norte ou mais ao sul, por ter se alimentado ou se vestido melhor ou pior. A relação entre a vida corporal e Deus é como a relação do servo Sign up to vote on this title com o Senhor: ela pode ser melhor ou pior pior,, mas por si mesma não tende a useful Useful Notpode transmutar-se transmutar -se numa relação de outro tipo. A vida do servo ficar mais fácil ou mais difícil, assim como a vida corporal, mas o servo não herda os
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a Deus como Senhor. Se fôssemos pedir bens temporais seria menos ap priado começá-la com Pai, porque Deus não tem necessidades tempor quem estaria pedindo seria uma parte do nosso ser que não tem muito comum com Deus. Mas, quanto às perfeições espirituais, Deus as po por seu próprio ato de ser, porque a vida divina é a a posse dessas perfeiç espirituais. Se Deus possui os bens espirituais por natureza, nós podem possuí-los por participação. Há uma semelhança entre nossa vida espirit e a vida divina: a vida espiritual humana é a mesma coisa que a vida div só que em escala finita fin ita e participada. Já a vida temporal ou vida corporal n é do mesmo tipo que a vida divina. Por exemplo: a vida espiritual e a v divina não têm fim, a vida corporal tem; a vida corporal é basicamente u relação com bens que são exteriores ao sujeito, bens que não estão inscr na natureza dele e que não o qualificam; já a vida espiritual é uma rela com bens interiores que determinam o valor do sujeito que os possui. D é interior a Si mesmo, Deus não está nada fora fo ra de Si mesmo. Então, come uma oração dizendo “Pai” significa saber desde o começo que o que s pedido são bens espirituais. Em seguida, Cristo explicita que Pai é esse, dizendo: “Pai nosso que es no céu”. A pessoa de Cristo tem duas naturezas: a divina e a humana. Ma própria pessoa dele era uma Pessoa divina. O Cristo não foi um hom que atingiu ou recebeu uma natureza divina. Pelo contrário, Ele era D revestido da natureza humana. Então a pessoa que agia ali, que se pressava por meio de uma natureza humana, era uma Pessoa divina. I quer dizer que o Cristo não era um indivíduo como os outros; em term humanos, Ele era a própria natureza humana. Os atos de Cristo não er apenas atos de um indivíduo, eram simultaneamente atos de Deus e humanidade como espécie. Isso significa que a medida humana,que nã up to vote on this title plena em nenhum indivíduo humano, n’EleSignera plena. Então, quando Useful Not useful o faz a oração, está simplesmente mostrando que é a humanidade dia de Deus. É por isso que a oração que Jesus Cristo faz tem valor univer
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Devemos lembrar também que é costume comum c omum chamar de pai a muitas pessoas: primeiro temos nosso pai biológico, com o qual compartilhamos a espécie e a natureza corporal; segundo, qualquer outro homem mais velho por quem sentimos especial reverência e que nos tenha transmitido alguma coisa de importante. Todos os monges chamam seu chefe de pai, todos os religiosos chamam o fundador da sua ordem de pai, porque eles compartilham alguma natureza com ele. Quando o Cristo fala “Pai nosso que estais no céu” , Ele está diferenciando esse Pai dos outros pais, está explicando a que Pai se refere. Se chamarmos simplesmente a Deus de Pai, damos a Ele a mesma qualidade dada ao nosso pai biológico ou aos pais espirituais dos diversos tipos. Ao destacar “que estais no céu” , diferenciamos claramente: só Deus é esse pai. Num certo sentido também, quando Ele fala “Pai nosso” , lembramos da semelhança entre Deus e nós, nó s, e quando fala “que estais no céu” recordamos da diferença que há entre esse Pai e nós mesmos. Ou seja, em primeiro lugar, lugar, a oração estabelece um tipo de relação entre o indivíduo e Deus: a relação de filiação como comunidade espiritual que há entre Deus e o homem. Em segundo lugar, no entanto, devemos ter em mente que, se Deus sabe tudo o que precisamos, não necessariamente nós queremos tudo o que precisamos. E justamente o que põe em ato a nossa filiação divina é desejarmos os mesmos bens que o Pai Celestial deseja, isto é, desejarmos a própria natureza divina, é querermos aquilo que Deus é, pois Deus não deseja nada fora de Si mesmo. Ora, as exigências fundamentais da nossa natureza espiritual passam a maior parte do tempo fora do nosso campo de consciência. Nós não estamos o tempo todo pensando ou recordando quais as coisas que nosso espírito precisa e exige. Então, o primeiro efeito da oração é colocar diante do próprio sujeito a medida espiritual que ele deve preencher. Sign up to vote on this title Essa medida é a da natureza humana em sua plenitude. Quando repetiNot useful Useful natureza mos essa oração, colocamos diante de nós mesmos nossa humana. Em Cristo, a humanidade se tornou filha de Deus. Podemos participar dessa
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grande; tendo em vista que o sujeito é apenas um indivíduo, ele é um fr mento da espécie e não é capaz de colocar-se diante de Deus como um ig ou um semelhante, porque Deus nunca é parte ou fragmento. f ragmento. Isso estabe a diferença e a semelhança entre o homem e Deus. O homem só alcanç comunidade com Deus quando o que ele faz representa a espécie humana mais especialmente, a finalidade divina da espécie humana. Há diferença entre os atos que são representativos da espécie e os o s que representativos do indivíduo. É claro que as duas atitudes não são opos elas são apenas hierarquicamente subordinadas. É evidente que se tor pleno representante da espécie humana não exclui ser plenamente um divíduo; pelo contrário, só um indivíduo pode ser representante da esp humana como um todo, e a plenitude da espécie no indivíduo é ao mes tempo a plenitude da individualidade. A coletividade total dos indivíd não pode representar a espécie, porque a coleção não é a espécie inteir uma comunidade não pode ter consciência de si mesma senão por inter dio de seus membros individuais. De todo modo, quando um indivíduo humano faz f az a oração do Pai No ele está representando a espécie diante de Deus. Essa representação p oscilar de um puro fingimento até uma representação no sentido estrit etimológico da palavra: tornar realmente presente aqui e agora. A qualid da representação depende em grande parte da intenção com a qual o suj faz a oração. A intenção mínima é fazê-la porque Cristo a fez. Esta inten mínima é suficiente em algumas circunstâncias, quando o sujeito não t condições objetivas de captar intenções mais sutis ou quando está cans ou distraído e só pode colocar esse mínimo na oração. Às vezes o sujeito relaciona com Deus só para ele mesmo, ou só para sua família e amig Mas aí ele tem de lembrar que não está falando com Deus Pai, que não estabelecido na relação de filiação. Essa relação se refere à nossa natur Sign up to vote on this title espiritual. Ora, essa essa natureza espiritual é universal e não individual, ou s Not useful Useful de ela é a mesma em todos todo s os homens. Podemos precisar uma coisa ho claro que é perfeitamente possível a existência de um sujeito que não pre
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compatibilizar com nossas necessidades espirituais. Estes se dividem em duas categorias:: atos que objetivamente não podem ser compatibili categorias compatibilizados zados com a vivência espiritual da natureza humana, e atos que subjetivamente não podem ser compatibilizados com nossa vocação espiritual fundamental. Isto é, existem atos que não podem ser compatibil compatibilizados izados com nossa natureza espiritual em razão dessa mesma natureza espiritual, e atos que são incompatíveis por razões individuais. Um exemplo de incompatibilidade objetiva, que deriva da própria natureza do ato, é o caso do roubo: independentemente das nossas disposições individuais, roubar é incompatível com a vida espiritual. Os atos objetivamente incompatíveis com a nossa natureza espiritual são aqueles que a Lei divina proíbe, ou a omissão daqueles que a Lei obriga. Há, porém, casos em que essa incompatibilidade é subjetiva. Um exemplo é o caso de São Paulo: ele era um judeu exemplar, mas havia nele tal descontinuidade entre cumprir os mandamentos da lei judaica e cumprir as exigências espirituais de sua natureza que todo o seu judaísmo se reduzia, red uzia, na prática, a matar cristãos. Do ponto de vista objetivo, cumprir os mandamentos da lei judaica é espiritualmente favorável; porém, naquela circunstância concreta, aquilo não valia nada em termos espirituais. Temos Temos aí um exemplo de incompatibilidade subjetiva entre determinados atos e a natureza humana. Não é uma incompatibilidade objetiva, porque não é por cumprir a lei judaica que alguém se torna um inimigo da sua própria essência espiritual. Naquele caso particular, porém, isso acontecia. É dessa possibilidade de realizar atos que são de fato incompatíveis com a natureza espiritual que se segue o primeiro pedido do Pai Nosso, “ santificado seja o Vosso Nome”, que vamos examinar no próximo capítulo. Sign up to vote on this title
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sentido cristão primeiro p rimeiro e mais imediatamente captável do “Nome” que pedimos que seja santificado é o próprio Jesus Cristo (o Verbo Divino – a expressão que Deus dá a Si mesmo – é, certamente, o sentido mais elevado que podemos dar à expressão “Nome de Deus”). Ness caso, “santificado” se refere principalmente ao ato de tratá-lo de acordo com sua Santidade intrínseca e não de aumentá-la, pois é difícil acreditar que esse Nome não seja em si mesmo sumamente santo. Mas um segundo sentido está implicado no fato de recebermos a instrução de chamar Deus D eus de Pai. Em algumas passagens dos evangelhos, e vangelhos, o Cristo fala de “meu Pai e vosso Pai” indicando claramente que há um sentido em que Ele é Filho de Deus e um sentido em que nós somos filhos de Deus. Do mesmo modo, há um sentido em que Ele é o Nome de Deus e um sentido em que nós somos nomes de Deus. Podemos começar lembrando que um nome é um sinal que representa algo. Um nome é basicamente um sinal sensível de algo inteligível. Como não vemos os pensamentos uns dos outros, as palavras ou nomes são sinais sensíveis dos nossos pensamentos. Do mesmo modo, não vemos as almas das pessoas, vemos apenas uma figura de cada uma; mas não as chamamos de figura, as chamamos pelos seus nomes próprios, que são os sinais sensíveis das pessoas captadas pela inteligência. O mais claro sinal sensível de Deus na criação é o próprio homem. Quem tiver dúvida a respeito da realidade de Deus deve observar atentamente a natureza humana perfeita, pois ela é o sinal mais evidente, o sinal mais pleno da Natureza Divina. O ser humano é o nome de Deus neste mundo e para este mundo. Uma das primeiras coisas que se ensina sobre a realidade nas Escrituras Sagradas é que existe um sinal sensível de Deus na criação, que é o próprio ser humano: “ Façamos o homem à nossa imagem e semelhança”. Isso quer dizer que a espécie humana – espécie aqui entendida como forma estruturante dos seres individuais, ind ividuais, não up to vote on this title como coletividade – é justamente o sinal visível Sign da divindade. Por isso, quanNot useful Usefulumdos do o Cristo fala “Santificado seja o Vosso Nome”, significados de “Nome” se refere a esse nome divino visível e santificável que é o indivíduo
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pode contribuir para santificar o Verbo de Deus (de acordo com o prime sentido dado a “Vosso Nome”), isto é, para preservar de ser aviltado o q é em si mesmo Santo. Quando pedimos “santificado seja o Vosso Nome”, pedimos então Deus nos santifique. Afirmamos diante de Deus que somos um sinal vis d’Ele neste mundo, mas um sinal impuro e contaminado; quer dizer, um s que já não é perfeitamente adequado para expressar seu significado. Estam pedindo que Deus exclua de nossa existência tudo aquilo que é contrário incompatível com o status humano, com o status de representante de Deu Terra, de nome de Deus. Algo que não é santo é algo que não está limpo, não está puro; é algo que absorveu elementos que são estranhos à sua próp natureza. Um sinal que não é puro contém uma série de elementos não sig ficantes, isto é, elementos que não significam aquilo de que ele é sinal e q tendem a dificultar a captação de seu significado. Um exemplo é acrescen ao que se fala uma série de sons sem significado algum: seria um discurso n -santo, um discurso impuro; porque o discurso é um tipo de sinal – ou um c junto de sinais –, mas, quando acrescentamos ao discurso sons aleatórios, n tudo que chega ao ouvinte é sinal; esse discurso mesclado é de mais dificil terpretação. Pois bem, cada indivíduo humano é justamente um sinal impu Desse modo, algumas coisas que as pessoas fazem nos recordam do signific da palavra Deus, e outras, pelo contrário, nos fazem esquecer completame o sentido dessa palavra. Numa certa medida as pessoas são um sinal, mas outra não, e às vezes elas são um contra-sinal deliberado. Portanto, fazer e pedido significa pedir que seja eliminado da nossa vida aquilo que é inca de comunicar Deus, de significar Deus. Até aqui, não é difícil perceber que as coisas são assim. Todo mun aceita com facilidade o fato de conter em si mesmo características positi e negativas, e a maioria é capaz inclusive de listar ao menos algumas des Sign up to vote on this title características. No entanto, a necessidade de pedir a Deus a eliminação Not useful Useful do que é incompatível com Ele vem do desconhecimento que é que deve eliminado. Por mais estranho que pareça, é desse jeito que se dá o início
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que as recompensas da segunda parte sejam recebidas. É fácil perceber que “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” indica a necessidade de sermos pobres de espírito para nos tornarmos habitantes do Reino dos Céus. A dificuldade está em saber no que consiste essa pobreza de espírito. A hipótese de que devemos ser pobres do Espírito Santo deve ser descartada desde o início. O propósito das virtudes cristãs justamente é ser preenchido pelo Espírito Santo; é tornar-se “rico” de Espírito Santo. Como pobreza sugere a noção de escassez, o esforço em questão indica que somos ricos de um espírito que nos afasta do Reino de Deus. Somos sinais de Deus mas somos sinais impuros, cheios de “interferência”. Somos animais racionais. A inteligência objetiva e total é o traço mais característico que nos diferencia dos outros animais. Ora, é essa mesma inteligência que faz de nós seres espiritualmente privilegiados neste mundo. “Deus é Espírito, e em espírito e verdade quer ser ador adorado ado”. Como uma das faculdades humanas mais características é a inteligência objetiva, ela é um importante componente da nossa natureza de sinal, e é no maior empecilho ao bom funcionamento da inteligência objetiva que encontraremos algo da interferência de que somos “ricos”: o conjunto das opiniões que temos acerca das coisas e que tratamos como verdades evidentes e imutáveis. O primeiro e maior obstáculo para a operação da nossa inteligência objetiva é o conjunto de opiniões que esquecemos serem meras opiniões. O conjunto das nossas opiniões serve como uma espécie de lente ou tela entre nós e nossa própria inteligência. Tudo o que vem da realidade para a inteligência é filtrado por essa tela; se houver correspondência entre o que vem e os moldes da tela, nós concordamos; se não houver, houver, não concordamos Isso é assim e não está estruturalmente errado; o problema é que o conteúdo mesmo das opiniões pode estar errado e, com isso, não estaremos apreenden Sign up to vote on this title do a realidade como ela é. Nem sempre a tela está certa, e não temos garantia Not useful Useful que distingue alguma de que ela o esteja ou o u não. Uma característica as opiniões humanas da inteligência é a instabilidade dessas opiniões. op iniões. Nós mudamos
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ou não a nós, e somente a nós, individualmente, para termos uma rela pessoal com Deus. O homem não pode, pelo seu próprio esforço e desejo, se livrar de tud que é incompatível com Deus. Não é possível simplesmente decidir não fa mais nada que seja contrário a Deus e, por força dessa mesma decisão, n fazer mais nada que O contrarie. Mas podemos renunciar às nossas próp opiniões acerca do que Deus quer para nós. Podemos parar de achar tudo o que fazemos é exatamente o que Deus mandou, parar de pensar nosso convívio com Deus esta no mesmo nível da relação de Deus com M sés. Podemos abandonar essa ilusão. Na medida em que abandonamos e espírito do mundo, na medida em que nos tornamos pobres desse espí de opinião, nos tornamos ricos do Espírito Santo, do Espírito verdadeiro passamos a poder saber como as coisas realmente são. Ora, nenhum ser humano tem, para cada ato seu, uma demonstraç uma revelação ou uma certeza total e evidente de que aquele ato esteja acordo com a vontade divina. Temos no máximo uma opinião razoável a ca disso. Ou, às vezes, uma opinião nada razoável. Excetuados os atos inspiração divina direta, mesmo o mais santo dos santos só pode ter u opinião razoável. Acerca de um ou outro ato, podemos ter certeza absol de ter feito algo de acordo com a vontade de Deus. Mas ninguém pode a mesma certeza sobre todos os seus atos. Para a maioria deles, dispom apenas de opiniões. É nesse sentido que os mandamentos servem para todos, porque a medida mínima para se pertencer à nação divina, para ser um servo Deus; mas o que cabe a um sujeito não cabe a outro quando a questã uma relação direta e pessoal pesso al com Deus. O que é bom ou mau para um n caminho pode não sê-lo para outro, e ninguém está seguro de saber o cabe ou não a si próprio. Temos de lembrar que progresso espiritual to vote on this title é um treinamento de boa cidadania; Deus Sign nãoupchega com uma listinha Not useful Useful coisas das quais não gosta e nos proíbe delas para sermos Seus amigos que Deus faz é falar quais as ações proibidas na sua nação, e isso serve
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De um modo geral, cada pessoa tem impurezas objetivas o bjetivas e subjetivas. Matar gratuitamente um indivíduo humano é objetivamente incompatível com Deus; mas, em certas ocasiões, matar de modo justo pode ser apenas subjetivamente incompatível, ainda que moralmente justificável; existem atos que, embora não sejam imorais dentro de uma moral religiosa, podem ser subjetivamente incompatíveis com uma amizade com Deus. Por que algumas pessoas se tornam celibatárias e outras fazem votos de pobreza? Porque a fruição de certos bens objetivamente lícitos pode ser subjetivamente incompatível com a amizade pessoal com Deus. Alguns bens podem ser essencialmente lícitos e ao mesmo tempo acidentalmente inapropriados. A diferença entre ser um membro da nação divina e ser um membro do grupo de amigos de Deus está indicada na resposta do Cristo ao jovem rico. Quando o jovem lhe pergunta sobre a salvação, Cristo responde o que serviria para qualquer pessoa: “não mates, não cometas adultério...”, adultério...”, porém, como o jovem já respeitava isso desde a juventude e queria ir além, Cristo responde: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo que tens, dá aos pobres, depois vem e segue-me”. Por que Ele fala isso para aquele sujeito? Num certo sentido, sentido , essas três ações são símbolos das três etapas fundamentais da vida espiritual e, portanto, são válidas para qualquer pessoa; mas, para aquele sujeito, Nosso Nosso Senhor não deu somente um simbolismo a respeito da vida espiritual; Ele deu uma instrução completa, direta e literal. Por que Ele deu aquelas instruções? Por que não falou para o sujeito ser mais bonzinho, rezar mais? Porque na vida real daquele jovem concreto, possuir aqueles bens concretos era incompatível com uma amizade com c om Deus era impossível que ele se tornasse amigo de Deus sem se desfazer de seus bens. A posse de riquezas não é em si um obstáculo à perfeição. Entretanto, para aquele jovem era certamente um obstáculo. Talvez o problema dele ao possuí-las fosse a impressão geral que os bens dão de segurança, e isto é um obstáculo tremendo para o progresso espiritual. É impossível ter um pro to vote on this title gresso espiritual quando a sensação do sujeito Sign é deupestar totalmente seguro useful Useful Not no mundo. Pode ser que a relação do jovem com os bens fosse o contrário da primeira perfeição espiritual, ou das demais. Talvez, ainda, o problema
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Alguém poderia, por exemplo, ter aquela riqueza e encará-la como um far uma responsabilidade tremenda, e isso também ser um obstáculo para a v espiritual. Poderiam ser muitos os fatores internos. O importante é saber não são apenas fatores externos que servem de obstáculo. O que serve obstáculo para o sujeito ser um súdito de Deus, estar dentro de uma na divina, é determinado por enquadramentos quase que puramente extern Mas isso ainda não é vida espiritual. Para viver uma vida espiritual, devem entender esses enquadramentos como símbolos que terão reverberaç reverberações ões s jetivas distintas. As coisas podem variar muito em impacto subjetivo, su bjetivo, elem tos centrais na vida de uns podem ser irrelevantes para outros. E os elemen centrais na vida de um sujeito podem servir de veículo à ascensão espirit ou de obstáculo para a mesma ascensão. O mesmo enquadramento obje pode servir subjetivamente de obstáculo ou veículo. Um exemplo quase oposto ao do jovem rico é a famosa história do da França, São Luís IX. O rei queria renunciar a todos os bens, dar tudo pobres e virar franciscano; mas apareceu um monge que lhe disse: “N você não fará isso, você ficará aqui cuidando do reino, tendo esse e sse trabalh Ele ficou e, mesmo envolto em riqueza e poder, alcançou a perfeição importante na vida espiritual é estabelecer uma adequação entre a alma dividual e o Espírito Santo que favoreça a influência deste sobre aquela. E adequação se dá por meio de instrumentos exteriores: por meio das açõ relações com as coisas. Mas não existe uma relação unívoca ou literal en o estado de adequação interna e uma determinada ação externa no mun Esses dois exemplos servem para ilustrar que Deus só pode responder primeiro pedido do Pai Nosso se o sujeito renunciar às próprias opiniõe respeito do que é bom ou mau para ele mesmo. Porque, se não for assim bem possível que haja uma revolta contra Deus. A cada coisa tirada da v o sujeito reclamará sem parar e correrá o risco de se apegar cada vez m Sign up to vote on this title àquilo de que deveria se afastar. Deus interferir intensamente na vida Not useful Useful quem encara suas opiniões como certezas apodíticas é enlouquecer enlouqu ecer o suje A partir do momento em que há a intenção deliberada de tratar as o
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O Pai Nosso · 1º pedido
sabemos nada. Ao perceber que não sabemos nada acerca disso, entramos num estado de temor diante da realidade. Quando recordamos o pedido feito a Deus (Santificado seja o Vosso Nome) e a atitude que nos comprometemos a realizar (pobreza de espírito) no momento em que sentimos esse temor, ele se transforma em e m Temor Temor de Deus, Deus , o primeiro Dom do Espírito Espíri to Santo, que nos levará a um estado de apego a Deus. Aqui está o início de uma impassibilidade diante do mundo e de uma receptividade diante de Deus. O sujeito se voltará para Deus sempre que algo do mundo tido como bom lhe for tirado. O hábito de buscar a Deus nessas situações é imprescindível imprescind ível para a efetivação dos sete pedidos do Pai Nosso. Todos os grandes mestres espirituais de todos os tempos sempre souberam que toda e qualquer atitude ativa na vida espiritual depende de uma prévia passividade diante de Deus; e esta, por sua vez, depende de uma certa impassibilidade diante dian te do mundo. Como foi dito, o conjunto de opiniões e sentimentos que temos acerca da realidade é uma tela que filtra nossas relações com as coisas que acontecem em nossas vidas. Essa tela determina a passividade diante das coisas relativas. Quando agimos com base em opiniões que são tidas como verdades, os sofrimentos da vida tendem a nos envolver em ilusões ainda mais profundas do que antes. O ensinamento que poderia ser extraído de uma situação difícil é distorcido por sua associação com uma opinião errada que não pode ser corrigida enquanto a tratamos como verdade inquestionável. A conjunção de opinião errada com situação difícil é o entimema da auto-ilusão impotente. Nessa condição, a forma dos desejos é determinada pelos acontecimentos em relação aos quais somos passivos. Nesse estado, não determinamos nossa psique; ela é totalmente determinada pelos fatos. E a principal causa dos fatos contingentes terem esse poder de determinação sobre a nossa alma é o conjunto de opiniões que temos acerca do valor real dos Sign up to vote on this title fatos. O que é operado nessa primeira perfeição espiritual é a inclinação useful Useful Notque da psique como um todo para Deus. Para isso, é preciso primeiro o sujeito renuncie a ter a sua psique reconfigurada pelos eventos mediados
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opiniões – ou seja, na ignorância – foi retirado do sujeito. A segunda pa da Bem-aventurança é uma recompensa dada pelo esforço de adquirir adq uirir a q lidade da primeira parte. A descrição do primeiro dia da criação tem rela com isso: “Faça-se a luz; e a luz se fez; e Deus separou a luz das trevas separação entre luz e trevas corresponde ao sujeito que percebeu a difere entre agir e ter de tomar decisões na cegueira das opiniões acerca de sua tuação presente neste mundo e o sujeito que age com base na certeza ace de seu destino final no outro mundo. Essa primeira perfeição espiritual se refere à consciência que o suje tem da incerteza das coisas. Nós guiamos nossa vida por uma u ma série de c vicções acerca do que é bom e mau, do que é preferível e preterível; m essas convicções são baseadas em opiniões não provadas, elas são to incertas. Claro que é perfeitamente natural que se aja com base em op ões. O ponto é sabermos que as opiniões são apenas opiniões e estarm efetivamente prontos para corrigi-las quando necessário. É preciso vi com base em opiniões porque a maior parte das coisas é incompreend ou desconhecida pelo ser humano; o conjunto de fatores que determ um acontecimento qualquer está, geralmente, além da capacidade de a milação humana. No entanto, todo e qualquer acontecimento se reduz última análise a um único princípio, porque a realidade não é múltipla, é uma só; o princípio que dá consistência e realidade a qualquer coisa existe é um só. O que chamamos Deus é em primeiro lugar esse princí que dá realidade às coisas, Ele é a própria raiz das coisas co isas na realidade. E princípio é completamente desconhecido por nós. Mesmo quando tem fé em Deus, temos fé no quê? Essa é uma pergunta legítima. Quando zemos que acreditamos em Deus, que temos esperança em Deus, o qu esse Deus? No quê temos fé, do quê estamos falando? Claro que podem listar alguns traços muito abstratos como Eterno, Infinito, Onipotent Sign up to vote on this title dizer que estes são os traços que caracterizam Deus; porém, quanto m Useful Not useful listamos os atributos que são compatíveiscom Deus, menos temos u sensação, ou impressão clara, do ser do qual qu al estamos falando, menos c
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O Pai Nosso · 1º pedido
Lembrando que os dois primeiros passos são iniciativa nossa e os dois últimos são graças divinas correspondentes, o resumo do ciclo quaternário desse primeiro pedido pode ser feito assim: •
•
•
•
Santificado seja o Vosso Nome – Pedimos a Deus que nos santifique,
que remova de nossas vidas tudo que nos afasta de uma amizade pessoal com Ele. Bem-aventurados os pobres de espírito – Determinamo-nos diante de Deus a aceitar que algumas das coisas a serem removidas podem nos parecer muito boas e indispensáveis. Achamos que temos “certeza” que Deus não faria isso conosco. Mas não temos essa certeza; pobreza de espírito é parar de colocar palavras na boca de Deus. Temor de Deus – Quando algo nos for tirado (pois é isso mesmo que pedimos) e aplicarmos a pobreza de espírito, a insegurança sentida esconderá em si uma semente do Temor Temor de Deus. Semente que podemos po demos plantar justamente nesse momento. Temor de Deus tenPorque deles é o Reino dos Céus – A aplicação do Temor de a se completar numa graça em que percebemos com profunda certeza: sei muitas coisas sobre a minha vida, mas não sei o que é realmente bom ou mau para mim. Ao mesmo tempo, nada sei sobre Deus, D eus, exceto que Ele é o único que pode me fazer escapar desse vale de lágrimas e entrar no Reino dos Céus
Essa graça é uma reversão cognitiva: antes pensávamos que sabíamos o que é nossa vida e o mundo em que vivemos e ignorávamos o que era Deus. A primeira perfeição espiritual refere-se a quem percebeu claramente que não sabemos o que é a nossa vida e este mundo, mas sabemos que Deus é a única saída dessa condição e a única cura para nossas deficiências. Sign up to vote on this title
E Deus Disse: Faça-se a luz! Ea Useful Luz se fez. Not useful E Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas.
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O Pai Nosso · 2º pedido
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m reino é um lugar em que existe certa ordem. o rdem. Não existe nenhum reino que não tenha um corpo de leis. Para que um indivíduo faça parte de um reino, é preciso que ele tenha nascido em um ou seja dominado por um; e como o pedido diz “venha a nós...”, o indivíduo que pede isso conscientemente quer que Deus tome sob Seu domínio a parte da vida que está sob o domínio dele, e, ao mesmo tempo, afirma ser um estrangeiro em relação ao Reino Divino. Como foi dito anteriormente porque estamos falando com o Pai, toda a oração do Pai Nosso se refere principalmente a questões espirituais. Com isso, o Reino que pedimos que venha a nós é um domínio em que a ordem presente p resente é a própria lei divina. Reconhecer-se, então, como estrangeiro nesse Reino é o mesmo que afirmar estranheza à vida dos santos e às histórias da Bíblia, porque quem as vive e escreve são súditos no Reino de Deus, eles escrevem e vivem como participantes da vida divina. Nas vidas dos santos e nos livros das Sagradas Escrituras, com freqüência nos deparamos com passagens “estranhas”. Mas a realidade é que os estranhos somos nós, não os santos e os profetas. Nós é que estamos afastados do tipo de vida que eles levam; somos nós que, ao ler esses relatos, entramos num território desconhecido, onde tudo o que vemos é novidade. Como foi explicado no capítulo anterior, o primeiro passo para nos tornarmos em algo semelhantes aos habitantes do Reino é nos darmos conta da nossa ignorância a respeito do real valor das coisas que nos acontecem. Não sabemos se o que nos acontece é bom ou mau em termos espirituais. O segundo passo é saber que não sabemos se o que fazemos é bom ou não, se as decisões que tomamos são boas ou más em termos espirituais. O problema é que diante de uma decisão qualquer não adianta lembrar que de nada sabemos e tomar a decisão a esmo, pois Deus mesmo disse que seremos responsabilizados por nossas ações. A consciência de ignorância Sign up to vote on this title é um instrumento de aperfeiçoamento espiritual em relação às coisas que Not useful Useful nos acontecem, mas sabermos que não sabemos o que fazer quando temos de tomar uma decisão não ajuda em nada, porque teremos que decidir de
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é ter alguma idéia das conseqüências de algumas ações e estar seguro de as ações terão efetivamente essas conseqüências. O indivíduo humano é o vice-rei da criação. Agora, qual a parte da c ção sobre a qual imperamos? Nossas próprias ações. Não imperamos bre os nossos desejos, nem sobre a nossa inteligência, nem sobre o mun exterior, mas imperamos absolutamente sobre as nossas ações. E para q elas se adéqüem ao necessário aos habitantes do Reino, o indivíduo dev tornar manso, como na segunda Bem-aventurança: “Bem aventurados mansos...” O manso é o sujeito que espontaneamente age em conformidade c um modelo, segue um exemplo ou acata uma instrução. Então, se o jeito se efetivar o primeiro pedido é uma atitude de pobreza, no segundo trata de uma atitude de mansidão ou de aceitação. Isso porque existem mu elementos na lei divina cuja compreensão não é evidente. Em muitas o siões, os mandamentos e conselhos espirituais das Escrituras parecem n ter razão suficiente. Nessas ocasiões, sentimos que podemos acatar ou n as ordens divinas. Há coisas cuja razão não captamos na hora. Óbvio q alguns dos mandamentos são captados com facilidade, mas outros, não. exemplo: ainda que seja clara a necessidade de rezarmos, não é claro que temos de fazê-lo todos os dias. Isso não é evidente. Quando um man mento divino não é evidente, temos que criar uma atitude de mansidão. é obediência ao Pai. Alguns atos ordenados por Deus parecem mais ou menos incompatív com a nossa personalidade ou, pelo menos, com nossos desejos espontâne É difícil termos o desejo espontâneo espontâne o de rezar todos os dias. Na prática, estranho à natureza da maioria das pessoas. Quando o sujeito se esforça p aceitar os mandamentos – e aqui se trata especialmente dos mandamen positivos, aqueles que visam que o sujeito faça alguma coisa efetivament up to vote on this title não os mandamentos negativos, embora elesSign também estejam incluídos – Not useful Useful pelo menos quando ele faz da mansidão uma atitudesincera, cedo ou ta lhe será infundido o Dom de Piedade. Existem várias passagens das Escr
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importante ali. A mansidão é uma espécie de reverência para p ara com a Palavra Divina e com a lei de Deus. Essa atitude de aceitação infundirá no sujeito o Dom de Piedade. Em que consiste a Piedade? A piedade consiste em uma natural e espontânea herança ou transferência para o piedoso de atributos daquele a quem a piedade se dirige. Quer dizer, a piedade consiste em uma espécie de inclinação espontânea à imitação. Ao aceitar os mandamentos e as palavras que não entendemos, no decorrer de algum tempo receberemos o Dom de Piedade, que fará com que as palavras das Escrituras e das vidas dos santos apareçam como expressão espontânea de nossas próprias vidas. Isso significa que, estando em meio a uma atividade qualquer, qualquer, perceberemos de repente que aquela atividade é a mesma de certa c erta passagem que lemos na Escritura. É por isso que Santo Agostinho disse que a aquisição do Dom de Piedade efetiva o pedido de “venha a nós o Vosso Vosso Reino”. Esse dom é facilmente obtido por meio de freqüente leitura das Escrituras e vidas dos santos e da oração. O sujeito vai lendo, lendo, lendo as Escrituras e quando encontra uma passagem que lhe parece estranha e stranha ou absurda, ele a aceita (“Deve ter alguma coisa importante aqui, essa passagem me parece estranha porque eu sou estranho ao Reino de Deus”, D eus”, isso é mansidão) e se conforma a ela; com isso, chegará uma hora em que as coisas que ele estiver fazendo se referirão às Escrituras com facilidade. A vida do sujeito, como conjunto de atos ou ações, começa a recordá-lo da Escritura, e assim o sentido de muitas passagens é revelado de modo muito pessoal. A mansidão se refere à aceitação da palavra divina como lei; e, para que haja esta aceitação, evidentemente tem de haver uma decisão: todo dia devemos ler um pouco p ouco da Bíblia. Todo Todo dia devemos ler as Escrituras um pou quinho e, cada vez que encontrarmos alguma coisa estranha ou cansativa, devemos converter a reação espontânea de estranheza e aceitar que nós é que Sign up to vote on this title somos estranhos a esse reino divino. Isso efetivará o Dom da Piedade, que Not useful terá como efeito a infusão na alma do sujeitodeUseful uma qualidade final, que corresponde à recompensa da segunda Bem-aventurança: “Bem aventurados
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e oposto a essa insegurança. Na medida em que nossos atos se tornam u expressão natural das Escrituras, estamos firmes e seguros. Se no prime pedido renunciamos às nossas opiniões, no segundo pedido aceitamos as niões” de Deus que estão nas Escrituras. Na verdade, as “opiniões” de D são verdades puras que somente aparecem como opiniões porque não sa mos qual o sentido ou a verdade delas, porque ainda somos estrangeiros Reino de Deus. Mas o efeito do Dom da Piedade é fazer essas “opiniões” Deus surgirem como explicações claras dos acontecimentos em torno de n porque elas são opiniões op iniões de Deus. Então caminhamos com segurança. Usei a expressão opiniões de Deus simplesmente porque o sentido palavras da Sagrada Escritura não é evidente para nós, a Bíblia não a rece primeiro no seu status de verdade revelada. Em termos subjetiv ela aparece para nós assim: “Eu tenho a minha opinião e Deus está dan aqui nas Escrituras a ‘opinião’ d’Ele”. Qual a que você aceita? Prime você renuncia às suas e depois você aceita as d’Ele. Na medida em q você aceita as d’Ele como leis, sua vida passa a ser uma expressão des “opiniões” divinas. Mas, no fundo, você sabe que Deus não pode err Isso significa que as opiniões d’Ele dão alguma segurança com relação que você está fazendo, uma segurança muito mais real do que a segura aparente que você tinha quando vivia segundo as suas próprias opiniõ Isso acontece porque algo se inverteu. As suas opiniões eram meios ligação entre você e o que você pode receber da vida. As opiniões divi não são isso. Elas são um meio entre você e o que você pode realizar mundo. Elas são um elo de ligação entre você e as suas ações, são co um filtro entre você e o que você faz. Quem aceita as opiniões de D passa a ter mais segurança no que realiza; e para chegar a isso não é cessário, por incrível que pareça, se preocupar antes de tudo em agir acordo com as Escrituras. É preciso primeiro pedir sinceramente“ venh Sign up to vote on this title nós o Vosso Reino ”: que venha esta Sua ordem para mim, que ela ord Useful Not useful tudo a minha vida; e, então, aceitar mansamente que não compreendem nas ordens divinas.
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esse o ponto. pon to. Temos de nos preocupar em ler as Escrituras e aceitá-las. Lemos e aceitamos porque pedimos a Deus que o reino d’Ele venha sobre sob re nós O ciclo quaternário do segundo pedido pode ser resumido assim: •
•
•
•
Venha a nós o Vosso Vosso Reino Re ino – Pedimos a Deus que nos aceite no Reino
celestial e que nos guie e nos julgue segundo sua lei. Bem aventurados os mansos – A mansidão é a atitude de aceitação da Palavra e da Lei divinas expressas nas Escrituras e nas vidas e escritos dos santos. Essa aceitação é crucial quando o que é lido soa “estranho” para nós. Todos Todos “aceitam” aquilo que está em conformidade com suas próprias opiniões; mansidão é aceitar justamente as opiniões estranhas ao que estamos acostumados. Sem a mansidão, pedir para ser julgado segundo a lei divina é um pouco po uco arriscado, pois é pedir para ser julgado segundo uma lei que já estamos transgredindo. Piedade – O Dom da Piedade se manifesta quando as situações que encontramos na vida evocam imediatamente passagens, normas, conselhos e exemplos das Escrituras e das vidas dos santos que explicam claramente essas situações e evidenciam como temos que agir diante delas. Porque herdarão a terra – Percebendo que a lei de Deus expressa nas Escrituras e nas vidas dos santos mede e explica as circunstâncias das nossas próprias vidas, sentimos já neste mundo forte segurança de estarmos num bom caminho.
De um ponto de d e vista mais geral, os procedimentos acima descritos compõem uma técnica espiritual; eles não são um conjunto de ordens, como os mandamentos. O Pai Nosso, as Bem-Aventuranças e os Dons do Espírito Santo não se referem diretamente ao que devemos fazer fazer,, mas ao que devemos querer.. É por esse motivo que primeiro o sujeito faz um pedido e depois toma querer a decisão de manter uma certa atitude, que nãoSign é um ato defi nido, up to votedefinido, on this title uma ação particular, mas, no primeiro pedido uma certa diante das próprias Useful Not useful atitude opiniões; no segundo pedido, uma certa atitude diante das Escrituras, e assim por diante. Isso compõe uma técnica espiritual e não simplesmente um
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renunciando concretamente às suas próprias opiniões representa a espé humana como um todo. Uma coletividade inteira seguindo uma determi da regra não é capaz da mesma coisa. Os pedidos do Pai Nosso estão referindo a atitudes e disposições interiores, coisas que são impossíveis ser realizadas pela coletividade. É impossível encontrar uma coletividade mana qualquer, por exemplo, que renunciou a tudo que é incompatível c Deus, porque isso não é possível coletivamente, não é possível como um coletivo. Tudo o que há na coletividade é simplesmente a soma das aç externas dos indivíduos que a compõem. Então, em certo sentido, em rela à espécie humana, o indivíduo representa um fragmento, mas, em relaçã coletividade, o indivíduo representa uma totalidade da qual a coletividad um fragmento. É importante entendermos esta diferença entre a espécie humana e u coletividade humana qualquer. A coletividade humana, mesmo que seja sete bilhões de seres humanos, enquanto coletividade é menos que um divíduo. Porque ela não tem uma consciência própria, ela é somente u coleção de fragmentos dos indivíduos. A coletividade nada mais é do qu soma dos efeitos externos dos indivíduos. Mas a espécie enquanto tal é m do que os indivíduos, porque ela é a medida dos indivíduos. Porque o in víduo é ele mesmo na medida em que ele realiza a vocação da espécie, m não necessariamente na medida em que ele se identifica com a coletivida Então, uma coletividade humana participa da espécie humana na medida que os indivíduos – membros daquela coletividade – participam da espé Uma sociedade humana qualquer é humana na medida em que são huma os indivíduos que vivem nela. Ou seja, a participação da coletividade na cação da espécie é mais indireta ainda que a do indivíduo. Uma coletividade humana pode primar pelo cumprimento dos man mentos. É isso que torna uma coletividade melhor do que a outra. Uma Sign up to vote on this title letividade que impõe fortemente o cumprimento dos mandamentos e pro Useful Not useful o que é contrário a eles, evidentemente, é uma comunidade mais huma Mas uma comunidade humana não pode realizar-se espiritualmente. Ela
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uma técnica de aproximação entre o indivíduo e Deus. Não são instruções detalhadas do que ele tem de fazer, mas do que ele tem de querer. Tornar-se mais santo é querer mais o que Deus quer para nós. Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os Meus caminhos são mais altos do que os vossos caminhos, e Meus pensamentos, mais altos que os vossos pensamentos.
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O Pai Nosso · 3º pedido
O
s dois primeiros pedidos do Pai Nosso dizem respeito a perfeições espirituais ligadas à relação do indivíduo com o mundo exterior. O primeiro pedido fala do sujeito passivo diante do mundo, como testemunha do que acontece com co m ele; fala do que ele aprende acerca de Deus D eus observando as coisas que acontecem acontece m com ele. No primeiro pedido, o pedinte é o sujeito passivo do que lhe acontece, os acontecimentos são ruins e Deus é a única saída, o único Refúgio contra o destino. O segundo pedido trata do sujeito como agente no mundo externo, numa relação em que ele é o elemento ativo, o mundo é o palco da sua ação e Deus é o Legislador que regra essa ação. Os três pedidos seguintes não dizem respeito à relação do indivíduo com o mundo externo, mas à relação dele com a sua própria alma, especialmente com seus desejos, preferências, gostos e vontades. Entender a seqüência dos pedidos do Pai Nosso em sua relação com as bem-aventuranças e os dons do Espírito Santo vai exigindo de nós um u m esforço imaginativo e abstrativo cada vez maior, porque esses pedidos estão relacionados a perfeições espirituais progressivamente mais sutis, tornando-se mais difícil captar o sentido de cada um deles. Quando chegarmos aos dois últimos pedidos, veremos que são sutis ao ponto de ser extremamente difícil entendê-los se não participar mos ao menos numa nu ma medida mínima das perfeições anteriores. Mas o que significa a expressão perfeição espiritu espiritual al ? Uma perfeição espiritual é algo de dupla natureza: por um lado é um hábito humano – um “mov mento” da alma – e, por outro, é um hábito formado formad o ou conformado conformad o segundo uma vida divina, segundo o próprio Deus. As perfeições do Pai Nosso se referem a perfeições desse tipo: modificações que Deus faz na alma do homem para que este adquira certa capacidade de operar opera r que não possuía antes. Compreender essas perfeições é extremamente sutil e difícil, pois cada uma delas subentende um modo de experiência da vida divina ou de familiarida Sign up to vote on this title com Deus. Ao descobrir novas propriedades num objeto físico, ampliamos as useful Useful oNot maneiras de interagir com o mundo físico, físic o, de operar sobre mundo físico; do mesmo modo, ao descobrirmos novos aspectos da realidade do Espírito, quer
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podíamos realizar, porque desconhecíamos os meios para realizá-las. Ao d cobrir novos aspectos da vida divina, de repente descobrimos um jeito de modificar e modificar o mundo num sentido novo. Esse é um dos moti de chamarmos o Evangelho por esse nome: Evangelho, quer dizer, boa n ou novidade. Na medida em que realizamos ou experimentamos um no aspecto da vida divina, divi na, descobrimos uma nova maneira de operar o perar,, e esta n maneira é sempre boa. Como as perfeições espirituais subentendem experiências da vida divin perceber o que é a vida do próprio Deus –, é difícil descrever uma perfei espiritual. Quem não viveu aquela experiência ou uma experiência anál terá, no mínimo, de fazer um tremendo esforço imaginativo. As duas prim ras perfeições são relativamente fáceis de entender e explicar, pois elas se ferem à relação entre o indivíduo indivíd uo e o mundo mund o exterior, exterior, e, para todas as pe normais, é evidente que o mundo exterior existe. Mas não é evidente p todos os indivíduos que a alma deles existe. Em que sentido isso não é dente? É evidente para qualquer indivíduo normal que existem os fenôme psíquicos – pensamentos, sentimentos, desejos, etc: “agora estou pensa nisso, depois estou sentindo aquilo, depois estou desejando aquilo outro” evidente para ele que esses atos existem. O que não é evidente é a semelha estrutural entre esses atos e os fenômenos particulares do mundo. Cada nômeno particular do mundo físico – esta árvore, aquele sol, aquela nuvem existe num pano de fundo de fenômenos que é indefinidamente grande, p de fundo este que está subentendido no fenômeno singular; para existir é preciso existir esta galáxia, neste grupo de galáxias, etc; para existir sol é nuvem é preciso existir este planeta, com esta atmosfera, com este siste solar, com estes oceanos e tudo mais. Cada evento subentende um unive de eventos anterior, cada coisa particular existe num mundo. Pois bem, c evento particular na sua mente, cada pensamento, desejo, sentimento, ta Sign up to vote on this title bém subentende um grande numero de outros fenômenos, também ex Useful Not useful num mundo, no universo psíquico que é asua alma, e esse mundo inte também é incalculavelmente maior do que pensamos. Assim como o mun
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conhecem uma grande sucessão de atos psíquicos seus que os outros não testemunham; mas muitas vezes elas ignoram amplamente o pano de fundo em que nascem esses atos e geralmente desconhecem desconhec em as “leis naturais” que regem a geração e destruição dos eventos psíquicos. Do mesmo jeito que um sol ou uma nuvem não surge do nada, mas sim da interação de inúmeros outros eventos de acordo com determinadas leis, cada um dos desejos, sentimentos ou pensamentos que emergem em nossas mentes também são o resultado da composição de inúmeros outros fenômenos de acordo com determinadas leis. Essa ignorância acerca da natureza do psiquismo, acerca do fato de cada psique ser como um universo inteiro, faz com que determinados eventos psíquicos que aparecem como normais para as pessoas, mas que são de caráter excepcional e anormal, ou supranormal, apareçam como eventos normais. Determinados eventos que são excepcionais não são percebidos como tais porque já aconteceram algumas vezes na vida do sujeito (e não geram curiosidade nele). Por exemplo: se de repente irrompesse um furacão ou caísse um meteorito imenso do seu lado, isso atrairia imediatamente a sua atenção e curiosidade, porque o caráter excepcional desse evento seria evidente para todos. Mas suponha que você recebesse diariamente uma lista de todos os meteoritos que caem na Terra Terra e soubesse que eles caem com imensa freqüência; com isso o evento já não seria tão excepcional: “agora caiu aqui, mas duas horas atrás caiu em outro lugar, e três horas atrás em outro ainda”. Como não percebemos o caráter excepcional de certos eventos que se dão em nossas almas, tambem não nos damos conta das oportunidades espirituais extraordinárias oferecidas por esses eventos. Um desses eventos excepcionais, mas que não aparece como excepcional na experiência comum, é a ocasião em que sentimos pleno contentamento com alguma coisa. Você deve se lembrar de pelo menos uma ou duas oca Sign up to vote on this title siões em que algo o contentou tanto que, naquele momento, nada mais era Useful Not useful necessário, naquele momento a vida estava plena e acabada, ela era uma obra completa. Pode ter sido na apreciação de uma peça musical, ao ganhar
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contentam, um determinado tipo de infelicidade tem de ser reorientad aproveitado no sentido de ordenar corretamente os sentimentos decorren da realização do segundo pedido. Para explicar esse terceiro pedido, vam lembrar alguns detalhes da cosmovisão medieval. O mundo é uma criação de Deus, o mundo é obra da Arte de D Arte de Deus é uma das maneiras de chamar o Verbo Divino, pois p Verbo foram feitas todas as coisas. Por serem feitas pelo Verbo, todas coisas estão dotadas de significado. Assim, o mundo é um discurso sim lico que fala de Deus. Em todas as coisas criadas há vestígios nos quais pode conhecer seu Autor e Criador. Cada coisa e cada evento, interno externo, leva uma indicação de como é Deus. Mas esse significado prof do das criaturas passa amplamente desapercebido por nós. Por causa pecado original e de suas inúmeras renovações em nossos pecados ind duais, o significado divino das coisas fica enterrado e raramente é ap veitado. A perfeição espiritual a ser alcancada pelo terceiro pedido do Nosso visa nos tornar aptos a recuperar algo desse significado profun da Criação e nos conduzir a uma real antecipação da beatitude celest ao mesmo tempo em que nos liberta do excessivo apego às maravil deste mundo terreno. Lembre-se que a segunda perfeição espiritual implica em dar um rumo terminado para as ações, implica numa plena aceitação da Escritura Sagr e, portanto, dos mandamentos ou leis divinas. Quer dizer que, para atin a segunda perfeição espiritual precisamos estar firmemente submetidos a corpo de leis e, no mínimo, aceitar as Escrituras como plena verdade. verdad e. Ente que aceitar um corpo de mandamentos é uma conseqüência lógica de ace a Escritura como verdadeira, pois entre outras coisas ela fala do que devem fazer e do que não podemos fazer. Ora, é certo que todo sujeito que sistem ticamente segue a Escritura Sagrada passou pela experiência de desejar Sign up to vote on this title algo que a contrariava, de desejar contrariar sua religião. Essa talvez n Useful Not useful seja uma experiência tão comum nos nossos dias porque hoje, para mu pessoas, a religião é feita quase que somente soment e de “boas intenções”, intençõ es”, e é evide
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pleno acordo com os mandamentos da sua religião, saiba que ela é de invenção sua, e que o deus da sua religião é você. É impossível concordarmos com Deus em todas as ocasiões. Os maiores exemplos morais e espirituais da humanidade falaram que tentaram mas não conseguiram concordar com Deus sempre. Mesmo Jesus Cristo teve Seu momento de preferir não ter de fazer algo da Sua missão. De vez em quando, até a nossa consciência é contrariada por nossos sentimentos e desejos. Se não são poucos os momentos em que queremos fazer algo condenado por nossa consciência, imagine em que medida tem essa experiência alguém que, tendo realizado a segunda perfeição, sistematicamente tenta cumprir os mandamentos de Deus. Imagine, por exemplo, o cristão que realizou a segunda segund a perfeição e tenta sistematicamente cumprir os exemplos, conselhos e mandamentos do Evangelho. Como ele realizou a segunda perfeição, já adquiriu uma grande familiaridade com o Evangelho (o exercício da segunda perfeição consiste c onsiste justamente no contato cotidiano com a Escritura); ele sabe tudo tud o o que o Evangelho manda fazer e tenta fazê-lo. Pois bem, o número de vezes em que ele terá de lutar contra si mesmo para se manter no caminho é imenso; chegará uma hora em que ele lembrará de todas as oportunidades que teve de satisfazer a si mesmo, mas em que, ao invés disso, cumpriu um mandamento ou seguiu um conselho ou modelo evangélico, e com isso acabará achando que perdeu muito. Isso vem à mente porque as coisas são boas e podem causar satisfação, e ele se privou delas só porque Deus mandou. Em resumo, são muitos os momentos em que nossos desejos entram em conflito com a nossa consciência. Pode acontecer, é certo, de sentirmos uma satisfação e um prazer moral em agir naturalmente de acordo com nossa consciência; mas às vezes sentimos a experiência do conflito entre a consciência e os sentimentos ou desejos. Este conflito entre a consciência e os desejos é um tipo de infelicidade. Pois bem, a terceira perfeição espiritual visa justamente libertar osujeito Sign up to vote on this title desse terceiro tipo de infelicidade. Cada perfeição espiritual visa libertar o Useful Not useful indivíduo de um tipo de infelicidade fundamental, e a terceira visa libertá-lo da infelicidade gerada pelo conflito entre os sentimentos e a consciência. Mas
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sensível proibido pelo mesmo mandamento. As duas coisas são boas e, algumas situações, não podem ser obtidas ao mesmo tempo. O método p o sujeito realizar essa terceira perfeição e libertar-se desse conflito é enten que, na verdade, a causa mais profunda da sua infelicidade é outra. V não está infeliz porque se priva de um bem qualquer qualquer,, mas por estar priv de Deus. Quando você cumpre um mandamento e isso o priva de um b externo, causando infelicidade, por incrível que pareça essa infelicidade se dá por você estar privado desse bem externo: ela se dá porque você e privado do próprio Deus, em nome do qual você operou. E você está profundamente distante de Quem escreveu aquele mandamento que voc entristece por falta de comida, ou dinheiro, ou sexo, ou qualquer coisa de tipo. Isso significa que, nesse processo, você deve reorientar a sua tristeza método para reorientar essa tristeza só funciona quando você já passou um tempo de saturação desse tipo de tristeza; quer dizer, depois de cump sistematicamente os mandamentos da religião e os preceitos da sua consci cia durante muito tempo. Se o seu costume for às vezes ceder, às vezes aca a tristeza não aparecerá com força total. Quem cumpre “mais ou menos” mandamentos não passará por isso. Além do seu valor moral evidente, em geral os mandamentos negati têm o propósito de induzir ind uzir essa experiência. É muito fácil para o sujeito a gar a própria consciência – justificando internamente o seu descumprime –, porque ela é um fenômeno puramente interno. Ninguém pode testem nhar de fora que você não a seguiu, mas qualquer um pode testemunhar você não cumpriu um conjunto de mandamentos formais. Se você ma uma pessoa, ninguém pode dizer que, na sua consciência, c onsciência, você estava faz do uma maldade, mas qualquer um pode dizer que você a matou. Um c junto de mandamentos formais é, portanto, um suporte para a consciên O ser humano tem a grande habilidade de, depois de violar um preceito to vote on this title consciência, criar uma justificativa como seSign elaupestivesse na mente antes useful Useful ato. Criar justificativas a posteriori para violações dosNotpreceitos da no própria consciência é a coisa mais fácil do mundo, e costumam ser pou
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Essa pessoa ainda está aqui neste mundo, não está no céu, e provavelmente tem alguns anos de vida pela frente. Necessariamente virá à mente desse sujeito tudo o que ele perdeu por cumprir os mandamentos e a questão de se vale a pena continuar se privando disso tudo em vista de uma recompensa interior que ele não vê. Ele passou vinte anos fazendo isso, e vê que todas tod as as pessoas da sua geração, violando os mesmos preceitos, prosperaram incalculavelmente mais do que ele. Tudo o que ele pode falar em seu favor é que dorme com a consciência tranqüila. Você Você pode imaginar a tristeza que surgirá nessa alma na hora em que perceber isso? Trata-se Trata-se de um tipo de tristeza que hoje em dia experimentamos num grau excepcionalmente baixo para a norma humana, porque estamos menos dispostos a cumprir um corpo de normas do que q ue o estavam e stavam as gerações anteriores. Todos Todos nós acreditamos que Deus é Papai Noel, um velhinho bonzinho a quem você escreve uma carta e ganha a entrada para o céu; ou pensamos que o importante é o “amor”, as “intenções interiores”, etc. Ou seja, muitas dessas experiências não são mais vividas no mesmo grau em que as gerações anteriores as viviam. Até umas cinco ou seis décadas atrás, a maior parte das pessoas vivia cumprindo um conjunto de mandamentos rigorosos e muitas vezes sentiam que prosperavam menos do que aquelas que não faziam isso. Por isso, a tristeza de que estamos falando era uma experiência humana bem mais comum até duas ou três gerações atrás, mas é rara hoje. Uma vez instalada a tristeza, como o sujeito faz para se libertar dela? Os tratados de teologia mística citam duas saídas positivas. A primeira, segundo Santa Teresa d’Ávila, consiste em “canonizar o seu modo de proceder”. O sujeito estabelece para si mesmo que a norma que segue é a certa, que basta a moralidade superior da sua opção para confortá-lo; com isso, ele se fixa em sua posição e não volta mais atrás. A vantagem dessa atitude é justamente esse não voltar atrás, pois quem a toma se torna um ótimo sujeito, mas, por Sign up to vote on this title outro lado, fecha a porta para o progresso espiritual. Isso acontece porque Useful Not useful a forma de vida em questão foi tratada como por excelência, a forma certa causando um enrijecimento, fazendo com que o sujeito não retroceda nem
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divina. Se ele estivesse em Deus e Deus D eus nele, sentiria as coisas como Deu D eu sente, e só desejaria aquilo que Deus deseja para ele. É importante, por não confundir as coisas: estar privado de Deus não é não ter o sentime da presença d’Ele, não ter fé, ou não ter qualquer dos chavões atuais q descrevem a experiência religiosa. Experiência religiosa não é isso. No d de Santo Antão, estar privado de Deus é não “ser capaz de perceber D tão claramente quanto se percebe uma dor de dente”. É por não perce Deus como Ele é que que o sujeito deseja, da maneira que deseja, coisas infin mente menores do que Ele. Ao perceber Deus como Ele é, o sujeito perce ria que o elemento desejável que há nas coisas já está presente em Deus grau e modo infinitamente maiores. Se um santo vir uma mulher nua, c certeza os sentimentos dele serão muito diferentes dos nossos, porque an de ver a beleza na mulher nua, nu a, ele já viu a raiz daquela beleza em Deus. I funciona da mesma maneira que experimentar o melhor e o pior em a sensível do mesmo gênero. Quando alguém experimenta um vinho mu bom, os outros vinhos passam a parecer vinagre. Do mesmo modo, u vez que o sujeito experimenta o bem ilimitado, os bens limitados passam parecer vinagre para ele. Se o sujeito experimentasse Deus, adquiriria senso das proporções bem diferente do comum em relação relação ao que é bom não. Em resumo, o desejo desordenado por um objeto não deriva da cap ção do objeto, mas, sim, da não-captação da sua raiz em Deus. Acima dissemos que as coisas criadas são vestígios de Deus. Ora, é j tamente seu caráter de “vestígio” que as torna desejáveis. É a indicação que é Deus que faz das coisas algo de profundamente atraente para n Agora, quem ama a imagem, com muito mais razão deveria amar o mod original. Se sentimos tristeza por abandonar uma coisa particular em no de Deus, isso significa que não amamos Deus o suficiente; que, apesar constância da nossa prática, ainda estamos muito distantes dele.O suje up to vote on this title que experimenta esse conflito intenso entre aSign consciência e os bens de qu useful Not priva deve, portanto, mudar a direção da suaUseful tristeza e perceber que “e tristeza é um sinal evidente do quão distante estou de Deus”; com isso
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O Pai Nosso · 3º pedido
Na medida em que o sujeito começa a usar essa ocasião para refletir sobre a sua distância de Deus e perceber o quanto outros estiveram tão mais próximos, a tristeza que ele estava sentindo começa a se dirigir num outro sentido. Ela começa a se encaminhar na direção da segunda tristeza. O fluxo de sentimentos que antes tinha um determinado objeto começa a se dirigir para outro. Para entender esse redirecionamento, tomemos um exemplo: imagine que alguém lhe deu um tapa na cara; a partir da sensação do tapa, você lembra da sua dignidade (que você não deveria tomar tapa), e, com isso o objeto mudou da sua sensação física para a auto-imagem interna; a partir da auto-imagem interna, você vira para o sujeito que deu o tapa e revida. Veja bem que o fluxo psíquico começou com uma sensação física, mudou para um sentimento interno e, quando você olha o agressor, vira raiva. É a mesma atividade psíquica que foi tomando rumos diferentes. Ao mudar o objeto no qual você está prestando atenção, o fluxo da força psíquica muda de direção e de forma. Quando você toma o tapa, a sensação não é de raiva nem de humilhação, mas é uma sensação física; depois da dor você olha para sua auto-imagem interna e daí vem a humilhação; então você olha o agressor e daí vem a raiva. Mas veja bem, a raiva é uma força na direção da ação; essa força tem sua origem no sentimento de humilhação, é o sentimento de humilhação transformado; se você não tivesse se sentido humilhado, não teria raiva; e o sentimento de humilhação, antes de ser um sentimento qualquer, foi uma sensação física. Uma série de mutações foi reconduzindo reconduz indo a sensação, ou o influxo da atividade psíquica, e dando a ela uma nova forma. Pois bem, com a tristeza de que estamos falando acontece a mesma coisa. Ao sentir essa profunda tristeza por ter perdido muitos bens deste mundo, o sujeito percebe a sua distância de Deus; e, se ele passou anos e anos cumprindo os mandamentos, certamente não queria estar distante de Deus. Isso gera uma segunda tristeza: a tristeza pela distância entre ele e Deus. Esta segunda tris up to vote on this title teza, por sua vez, atrai para si o fluxo fl uxo da energiaSign psíquica da tristeza anterior Useful Not useful de e no final toda tod a ela vira tristeza por estar distante Deus. Isso aí é a terceira Bem-aventurança do Cristo: “Bem-aventurados os que choram, porque se-
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felicidade, a infinita beatitude. Como vivem aqueles que já alcançaram promessa divina? Vivem em infinita felicidade. Quando o sujeito pede feita a Vossa Vontade assim na terra como no céu , está pedindo que a vida aqui seja tão feliz quanto a vida dos santos no céu. É inconcebível assim não seja. Qual é a vontade de Deus no céu? É punir os santos que lá? Ou fazer com que eles sofram até alcançarem o “supra-céu”? Não é céu é justamente o lugar da divindade. O Reino dos Céus é aquilo que um jeito que tem religião está buscando alcançar. alcançar. Por quê? Porque é justame o lugar de infinita infi nita felicidade, o estado de felicidade, fe licidade, de beatitude. Fazer pedido é pedir a Deus: faça da minha vida um céu. c éu. Os símbolos mais cla que temos do que é o céu são justamente os momentos de pleno conten mento. Então, imagine uma vida que é pleno contentamento o tempo tod Alguns poderiam achar que seria uma monotonia, mas não é, pois a m notonia é uma forma de descontentamento. Se a vida de pleno contentame só tivesse um tipo de contentamento o tempo todo, ela seria de fato mu pobre e monótona; mas uma vida constante de pleno contentamento imp necessariamente a renovação ilimitada do contentamento em novas form de contentamento. Uma vida de pleno contentamento, por definição, excl monotonia, não é uma vida de repetição das mesmas experiências confo veis. A própria infinitude divina exclui a monotonia. Um bem aqui pode monótono porque todo e qualquer bem temporal é limitado na sua cara rística de bem, é somente um vestígio do Sumo Bem; quer dizer, uma h você pode ter de tal modo fruído de todos os aspectos atraentes de um ob terreno, que ele já não é atraente. Mas se você tivesse objetos que são infin nos seus aspectos de atração, nunca poderia se cansar deles, porque estar todo momento descobrindo novas razões de atração que eram desconheci antes e que então serão experimentadas pela primeira vez. Não se trata de u vida meramente confortável, de um conforto que se repete ciclicamente, p Sign up to vote on this title que isso não seria uma vida de pleno contentamento. A vida celeste nunc Usefula mesma. Not useful torna habitual porque ela nunca é repetitivamente rep etitivamente É a repetição mesmas coisas que as tornam monótonas. Mas suponha que você tivesse u
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pode ser entregue ao indivíduo na medida em que ele se comprometa com a correspondente intenção ou atitude espiritual. Para recebermos esse tipo de contentamento, que só existe nos céus, é preciso nos tornarmos um dos que choram. É preciso converter a tristeza moral em tristeza espiritual, a tristeza por estar privado de bens em razão dos mandamentos na tristeza por estar privado de Deus. Quando o sujeito faz isso, ele converte a tristeza, e nele é infundido o Dom da Ciência, o terceiro dom do Espírito Santo. O Dom de Ciência consiste na capacidade de perceber nos bens deste mundo a sua raiz em Deus. Ele faz com que os objetos desse mundo, que se mostram opacos para as outras pessoas, sejam para o sujeito véus transparentes que mostram a raiz desses objetos na realidade divina. O sujeito que recebeu o Dom de Ciência experimenta uma causa de prazer aqui e percebe, como que por trás ou na profundidade desse objeto, o que é saboreá-lo no paraíso. Não se trata de compreender que as coisas deste mundo são símbolos das coisas do outro, pois isso qualquer pessoa com um pouco de inteligência e alguma instrução pode aprender; se trata de captar um bem do outro mundo no próprio ato de fruir de um bem neste mundo e, com isso, realmente antecipar a fruição da recompensa celestial. Isso é o Dom de Ciência. Usando um exemplo simples, seria como, ao saborear uma torta de maçã, experimentar a torta de maçã que Deus dá aos santos no céu. Porque, se existe uma torta de maçã aqui, existe de certo modo mo do uma torta de maçã no n o céu. Ao captar esse bem do outro mundo, o sujeito recebe então a recompensa da Bem-aventurança: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados”. O consolo que o sujeito recebe é perceber as coisas de que ele fruirá no paraíso. As quatro etapas desse pedido podem ser resumidas assim: •
•
Seja feita a Vossa Vontade assim na terra como no céu – Pedimos a
Deus para participar na visão beatífica que os santos gozam no céu. Bem-aventurados os que choram – Convertemos Sign up to voteaontristeza this title causada useful pela privação dos bens terrenos em tristeza por nosso de Useful Notafastamento Deus.
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é uma experiência do que é o céu, do que é o paraíso. Muitas das co que as pessoas lêem nos profetas ou nos santos e que parecem exigir u determinação supra-humana não parecem tão impressionantes assim s sujeito entender que aquele santo, antes de ser santo, já nesse terceiro g de perfeição provava do paraíso. Ele sabe – no sentido estrito, saboreia que receberá depois da morte seguindo aquele caminho. Isso gera um t de estabilidade na alma que as pessoas comuns não têm. Não quer dizer os exemplos dos santos não são heróicos, porque para chegar nessa exp ência o sujeito teve de trabalhar muito, e depois dessa experiência exis trabalhos espirituais muito mais profundos a serem feitos, os quais ele n imaginava. Para ficar santo mesmo o sujeito tem de realizar todas as s perfeições, que vão ficando cada vez mais difíceis e exigem cada vez mai Eu sei que soa muito estranho aos ouvidos de hoje falar em ter u experiência do céu. É comum encontrarmos quem duvide. Mas nós fom feitos para isso. O ser humano é essencialmente um pontífice, feito para perimentar o céu e a terra ao mesmo tempo, e na terra dar testemunho céu. A constituição humana pede isso. Na época de Santa Teresa d’Ávila pessoas mundanas em geral estavam nesse terceiro grau. É comum tamb hoje classificarmos os antigos como fanáticos. Mas não é que eles eram náticos. Eles tinham uma experiência religiosa muito mais profunda do nós. Como eles experimentavam essas realidades, atitudes profundame religiosas eram simplesmente naturais, eram uma conseqüência direta da periência que eles tinham da realidade. Desci para vos libertar das mãos dos egípcios e vos fazer subir a uma terra boa e ampla, que mana leite e mel.
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O Pai Nosso · 4º pedido
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primeira coisa que notamos no quarto pedido é que a sua formulação é diferente dos três pedidos anteriores. Nos três primeiros pedidos, pedimos algo que pertence a Deus: o Vosso Nome, o Vosso Reino e a Vossa V Vontade. ontade. Neste pedido pedimos o nosso pão. O quinto pedido também se refere a algo nosso, mas algo de que queremos nos livrar (nossas (no ssas dívidas). É exclusivo do quarto pedido pedir algo nosso. Se no terceiro pedido recebemos uma como que antecipação de nossa recompensa celestial, o quarto pedido surge de nosso desejo de corresponder a essa recompensa de modo condigno a ela. Nos primeiros pedidos havia mais de passividade do que atividade; pedíamos simplesmente para receber algo sem poder oferecer nada equivalente em troca – como fazem as crianças –, mas agora queremos oferecer algo nosso que corresponda à recompensa celestial que nos espera, algo que possa ser neste mundo um sinal do paraíso, e que garanta, na medida do possível, que depois da morte lá habitemos. Como, então, é possível estabelecer um acordo em que recebemos o infinito em troca do finito? Como é possível nos tornarmos habitantes do céu? Deus não pode ofender Sua própria Majestade e Santidade, nem a santidade dos santos que estão no paraíso, colocando qualquer um lá. Isso simplesmente não é possível. Para entrar no paraíso é preciso que os santos que lá estão olhem para nós e em nós se reconheçam; da mesma maneira, é preciso que o próprio Deus olhe para nós e em nós Se reconheça. E mais ainda: é preciso que nós mesmos possamos olhar Deus e os santos e neles nos reconhecermos. Acontece que o bem perturba os maus. Para os não-santos, a convivência com os santos é um incômodo. É esse tipo de incompatibilidade existencial que faz as pessoas terminarem no inferno. Se, do jeito que somos, fôssemos para o paraíso, provavelmente detestaríamos o lugar e desejaría Sign up to vote on this title mos ser expulsos de lá, e é assim mesmo que vamos para o inferno. Se não Useful Not useful pudermos nos reconhecer no ambiente e nosmembros da côrte celestial, não poderemos tolerar o céu. Para estar no paraíso é preciso poder olhar
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que podemos ir para o inferno. Para o sujeito mau o inferno causa me sofrimento do que o paraíso. Se experimentarmos algo do paraíso aqui, não o odiaremos; mas, se trarmos realmente num estado paradisíaco, vamos provavelmente odia lugar.. Porque ao olhar para o paraíso e depois para nós mesmos, não agu lugar taremos ser tão piores do que o ambiente em que estamos. Então para en no paraíso é preciso que haja dentro de nós algo que seja como o que santos são no céu. Pedir verdadeiramente a Deus “o pão nosso de cada nos dai hoje” significa querer para nós, dentro da nossa alma, algo que s ao mesmo tempo nosso e de natureza celestial. Nada de finito pode corresponder ao infinito. O próprio Cristo Cristo disse ninguém sobe aos céus senão aquele que desceu dos céus. Então não há m de oferecermos algo equivalente ao paraíso sem que esse algo nos seja da por Deus. Estamos acostumados a desejar os bens deste mundo e a procu os meios de obtê-los. Aqui, essa troca de bens é sempre mais ou menos p porcional: “faço isso e obtenho aquilo”. Mas nenhum bem limitado p corresponder ao bem ilimitado que Deus nos reserva. Ora, se não podem produzir nenhum bem que seja equivalente à bondade d’Aquele que nos d o céu, podemos – se nossa vontade for suficientemente forte – amá-lo c pleno amor de amizade. É por isso que é a nossa própria vontade que d ser usada, e é ela que precisa ser fortalecida para que se instale uma espé de convicção firme e bem fundada da esperança de obtenção do céu. De ce modo, o que precisamos aqui é de uma força de vontade excepcional e a que nos faça ordenar nossa vida de acordo com a vontade de Deus. O P de que precisamos é ele mesmo celestial, mas ele alimenta aquilo que tem de mais “pessoal”: nossa vontade livre. Ele torna a vontade capaz do m elevado fim a que ela pode almejar: a união com o próprio Deus. Como é o fim mesmo para o qual Deus nos criou, ainda que na realidade perte Sign up to vote on this title a Deus, esse Pão é de certo modo nosso – pois é relativamente proporcio Useful Not useful à natureza humana. Qual o efeito do alimento que comemos? É nos dar força para agir, f
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O Pai Nosso · 4º pedido
que dois grandes aficionados em xadrez podem p odem discordar em tudo, mas conseguem conviver enquanto estão prestando atenção no xadrez, assim também podemos ser grandes pecadores, pecado res, mas, se tivermos uma obra regular que é santa, então nós e Deus podemos falar desse assunto, porque nesse assunto somos amigos. É preciso que em alguma coisa, em algum tipo de atividade regular,, não deixemos nada a dever aos santos e a Deus. regular A característica comum das pessoas que alcançaram esse estado é que existem determinadas virtudes que elas não contradizem nunca; por exemplo: há pessoas que jamais cedem à maledicência, outras que nunca negam uma esmola, ou um pedido, outras ainda sempre pacificam os conflitos, e assim por diante. Agora, isso isso só acontece quando o sujeito deseja muito que q ue em pelo menos um aspecto da vida, ele não esteja separado da santidade. Não precisa começar desejando ser santo em tudo; tu do; desejar ser santo em tudo não levará à santidade total. Mas é necessário querer e ser um tanto santo em alguma obra. É necessario entregar algo completamente a Deus. E qual é a condição para que Deus atenda a esse pedido? É ter fome e sede de justiça, como na quarta Bem-aventurança: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça...” Chegar ao ponto de sentir fome e sede de justiça não é nada fácil. Santo Agostinho mesmo diz nas Confissões que queria se livrar dos vários vícios que tinha, e que, para isso, pedia a ajuda de Deus; contudo, ele acrescenta que queria e não queria ao mesmo tempo. Ele pedia, mas não com o coração: no fundo, ele realmente não queria se livrar de coisa alguma. Isso é assim com a maior parte dos vícios. Mas tem de haver uma ou duas coisas que o sujeito realmente quer e que ele nunca deixa de lado. Se tomarmos isso que mais amamos e usarmos para Deus e considerarmos isso como propriedade de Deus e entregarmos esse aspecto da vida por livre decisão, isso é um pacto com Deus. Quando fazemos isso, quem age naquele campo não é mais “eu” up to vote on this title é eu em Deus e Deus em mim. O “eu” ordinário ordinárioSign – aquele que é habitualmenUseful Not useful te isolado da presença de Deus – se torna uma parte numa parceria. Quem quer que se observe cuidadosamente verá que nos momentos em
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própria maldade muda; é a lembrança do paraíso junto com a lembrança nossa maldade que farão que essa raiz de indiferença seja ferida pelo des de mudança espiritual. É preciso muita sutileza para observar isso; não é fácil querer não mau, querer mesmo, do fundo do coração; isso só parece fácil na superf da mente. É disso que Santo Agostinho estava falando quando declarou dec larou “pedia mas não pedia”; toda a alma dele pedia, mas o núcleo do seu ser indiferente à maldade. Só quando percebemos que o núcleo do nosso s indiferente à imoralidade é que percebemos que não correspondemos paraíso, que alguém com essas características não pode po de conviver com D Somente quem percebe isso diz com base em experiência própria que Cristo salva, que ninguém salva a si mesmo. Quando quisermos que essa mudança interior se realize, Deus fará pacto conosco que não pode ser revogado. O que ficar decidido nesse pa não deve ser abandonado; em tudo o mais ainda continuamos desordenad não-santos, mas em alguma obra seremos companheiros dos santos. Nã fácil chegar ao paraíso. Para chegar lá, é necessário que algo em nós já s paraíso, e para isto é preciso recebermos um alimento do paraíso. A experiência de auto-observação da qual falamos é feita com a intelig cia, mas existe uma descontinuidade entre a inteligência e a imaginação, modo que nem sempre um grau espiritual real se traduz de d e modo plenam te consciente numa alma; nem sempre uma perfeição espiritual se manife imediata e literalmente como um modo de autoconsciência. Existem pess de grande santidade que não imaginam que são possuidoras de tesou espirituais. A consciência que viu a indiferença individual não está suj a essa indiferença; a consciência que testemunha isso parece uma parte nossa individualidade, mas ela é mais do que isso: ela é a Imagem de D em nós olhando a condição atual da nossa alma, e por isso essa testemun up to vote on this title pode pedir honestamente, ou sinceramente.Sign Não é fácil nem comum pas Not useful Useful por esse estado espiritual; só por poder passar por ele, em grau maior menor,, já devemos agradecer a Deus o resto das nossas vidas – só por ter e menor
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quase obrigados à elevação espiritual por estados emocionais intensos; no terceiro pedido, o elemento de livre escolha começa a se destacar com mais clareza; mas é nesse quarto pedido que se dá a primeira ocasião em que percebemos claramente que temos certa liberdade. Aqui somos plenamente ativos. É a primeira ocasião na vida espiritual, por se tratar de uma obra à qual aderimos voluntariamente, em que somos rigorosamente ativos. Tudo isso subentende uma convivência intensa com Deus. Imagine que você está numa sala com co m Santo Tomás Tomás de Aquino, São Francisco de Assis, Santo Agostinho, Santo Antão e Santa Teresa, Teresa, e vocês ficarão ali juntos por sessenta ou setenta anos; certamente eles terão coisas interessantíssimas para conversar e para fazer uns para os outros. E você, estará lá fazendo o quê? Qual será a sua parte ali? Isso é a essência do que pedimos aqui. Muito antes do sujeito ficar santo, ele recebe um carisma que pediu, ele recebe uma característica que o define como pessoa na vida espiritual; esse carisma é fruto de uma livre entrega da vontade humana a Deus. Na Epístola aos Gálatas, São Paulo nos fala dos doze frutos do Espírito Santo. Eles são justamente doze sínteses simbólicas da totalidade das virtudes cristãs e da vida cristã. Na obra em que somos perfeitamente conformes à vontade divina, somos motivados por um dos frutos do Espírito Santo: caridade, gozo, paz, paciência, benignidade, bondade, longanimidade, mansidão, fé, modéstia, continência e castidade. Será em um desses frutos que descobriremos nossa vontade espiritual, onde poderemos ter zelo de perfeição. A obra propriamente dita carregará a característica de um dos frutos; ela pode surgir em qualquer domínio normal da vida humana, mas terá uma motivação especial advinda de um dos frutos. Algumas pessoas descobriram sua personalidade espiritual na relação com os bens materiais, como São Francisco, que a viveu em nível heróico; outras a descobriram na pregação, ou no cuidado aos doentes, no perdão e assim em várias coisas. O fato é que é aí que podemos descobrir Sign up to vote on this title a força para realizar uma obra de modo sobrenatural. Useful Not useful Quando o indivíduo descobre isso, recebe o dom do Espírito Santo correspondente, o Dom da Fortaleza. Aparece no íntimo uma força tal que nos
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mais ou menos distante; no Dom D om da Fortaleza, Deus se manifesta como u Força que vem do mais íntimo da nossa própria alma. Quem percebe em o Dom da Fortaleza descobre que tem algo nele que é muito melhor do ele mesmo, e esse algo dá a força necessária para fazer o que deve ser fe porque consiste justamente numa força de vontade que permite ao suj fazer coisas que estão evidentemente acima da capacidade humana norm Usando a Fortaleza para agir segundo o Fruto do Espírito Santo, som saciados do desejo de justiça; com a Fortaleza conseguimos realizar algu obra como os santos a realizam e a quarta Bem-aventurança se compl “Bem-aventurados os que sentem fome e sede de justiça porque serão ciados”. Completando esse quarto círculo quaternário, o sujeito como começa a vivenciar a filiação divina virtual afirmada no início da oraç Como se trata somente de uma obra espiritual em particular e não do c junto total da vida, esse estado de santidade germinal é muitas vezes cham c ham do de “nascimento do Menino Jesus na alma”. Agora possuimos em nós que corresponde efetivamente ao que Deus intencionou ao nos criar. I torna nossa existência mais plena, pois com a vontade livremente entregu uma obra espiritual estamos mais plenamente diante de Deus. Se no terce pedido começamos a captar a raiz das coisas em Deus, agora começamo captar a raiz de nós mesmos em Deus e começamos a descobrir quem r mente somos. A saciedade resulta num senso de dignidade espiritual. Do mesmo je que a capacidade temporal de operar em qualquer campo dá uma dignid temporal, no plano espiritual, quando descobrimos uma capacidade de o rar bem, sentimos dignidade espiritual. Com isso entendemos o signific da expressão: o último dos servos de Deus . Porque, quando olharmos santos, nos perceberemos piores que eles em tudo, exceto nessa obra; n somos servos de Deus exatamente como os santos, pertencemosà mes Sign up to vote on this title comunidade que eles. Essa obra será nossa porta de entrada para o para Useful Not useful É claro que o escopo e o alcance dessa obravariam muito de acordo com diversas capacidades humanas, e ela é apenas a semente da santidade to
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Bem-aventurados Bem-aventur ados os que têm fome e sede de justiça – Para que esse pe-
dido seja atendido, precisamos identificar o fundo de indiferença, nosso coração de pedra, para que nosso pedir seja profundamente sincero Dom de Fortaleza – Deus nos infunde uma força sobrenatural para realizarmos regularmente uma obra realmente santa. Porque serão saciados – Ao saborear o Fruto do Espírito Santo na obra santa, percebemos que nossas aspirações espirituais não foram frustradas e crescemos em humildade e dignidade espiritual vendo que pertencemos à comunidade dos santos, ainda que no lugar mais baixo dessa comunidade.
Então, a primeira perfeição espiritual voltará à mente do sujeito todas as vezes que ele estiver numa situação em que perceber que Deus é quem determina tudo na sua vida. A segunda perfeição aparecerá toda a vez que ele tiver de tomar uma decisão e Deus lhe inspirar uma resposta segundo as escrituras ou as vidas dos santos. A terceira perfeição aparecerá quando ele saborear algo do céu e de Deus nas coisas deste mundo. Ora, ele não pode trazer essas três perfeições à sua mente quando quiser. quiser. Isso se deve ao fato essas três perfeições serem como um espírito intangível veiculado por meio de circunstâncias ou situações alheias à vontade do sujeito. Cada uma das três perfeições implica um tipo de situação humana, e nós não criamos as situações em que vivemos; elas simplesmente acontecem, e nelas Deus aparece como um Espírito que as engloba, transcende e que dá sentido a elas. Nelas Deus aparece como o céu, como algo que não podemos conter, não podemos segurar, não podemos tocar. Na quarta perfeição, Deus aparece como uma obra que podemos realizar e reproduzir sempre que a circunstância propícia aparecer. aparecer. Existe uma analogia quase evidente entre esse processo e o nascimento Sign upsão to vote this title Jesus. É temporal do Cristo. As imagens próprias do Natal doonMenino Usefulà direita Not useful interessante que nos presépios tradicionais se coloca do Cristo um boi e à esquerda um burro. Isso não é desprovido de sentido, pois no simbo-
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Ainda que o sujeito possa, junto com essa obra, no decorrer da sua v fazer muitas coisas boas, ou muitas coisas ruins, nada cancela a centralid dessa obra. Todas as coisas boas e ruins são feitas na tempestade dos se mentos, desejos, eventos, etc.; todas elas são feitas quando quand o o sujeito está f do seu centro, sejam as boas ou as más; mas essa obra é como uma ânc central, assim como o Menino Jesus. Nesse pedido, pela primeira vez, D toma uma forma concreta na alma. No nascimento do Cristo, pela prim vez também, Deus toma uma forma concreta. Essa obra central, que é mesmo tempo voluntária e sobrenatural, tem uma força de atração que minará todas nossas inclinações, boas e más, e assim nos conduzirá à pá celeste. Quem perseverar até o fim será salvo. É interessante também a ligação entre essa perfeição espiritual e o q dia da criação, quando Deus criou o sol, a lua e as estrelas. O sol cria por Deus no quarto dia é feito da luz espiritual do primeiro dia, luz e que representa o Espírito, o qual não possui forma. Isso significa que o humano não pode conter o Espírito. Com o nascer do Cristo, Deus to uma forma, e assim podemos tocá-lo e interagir com ele de modo ativ livre. Na experiência espiritual individual é a mesma coisa: até que o suj tenha essa aliança pessoal com Deus, na medida em que ele progrediu experiências anteriores, as diferenças entre bem e mal, céu e terra, ser salv não pecar, pecar, podem ser claras, mas Deus é para ele uma inspiração que ele segura, não alcança, é alguém com quem ele não pode interagir diretame de modo livre e ativo. Nas três perfeições anteriores, a desproporção entre a iniciativa hum e a resposta divina é muito evidente, mas na quarta perfeição não é tão e dente assim; nela parece que há algo de proporcionalidade entre o home Deus, porque essa perfeição se refere justamente à função do homem co representante de Deus. Nesse ponto, então, existe uma proporção entre Sign up to vote on this title dois; Deus é Infinito e Absoluto, mas na vontade livre você é incondicion Useful Not useful em relação às circunstâncias. Como nessaobra você é livre em relaçã tudo que há dentro ou fora de você, existe um ponto de analogia evide
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indivíduo e o Cristo que qu e se entrega na cruz. Essa semente espiritual crescerá e um dia se entregará na cruz exatamente como o Cristo se entregou, e quando isso acontecer, acontecer, nada separa o sujeito do paraíso. Com isso a alma individual se torna um espelho no qual Deus Se enxerga. Tenho um alimento que não conheceis... Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e conduzir sua obra obra à perfeição.
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Perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores 5º pedido Useful
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O Pai Nosso · 5º pedido
O
conceito de dívida neste pedido é muito mais adequado que o conceito de ofensa. É mais fundamental que o conceito de ofensa porque, sem ter ofendido a ninguém, já estamos em dívida com quem nos gerou e com quem nos alimentou, vestiu e educou até nos tornarmos adultos independentes. Mais profundamente, e em primeiro lugar, estamos em dívida com Deus, que nos criou. Sem contar inúmeros outros eventos, dos quais não nos recordamos, e que constituem uma dívida com a existência de um modo geral. Quem chegou à idade adulta está cheio de dívidas existenciais. A existência do indivíduo não é um epifenômeno espontâneo da existência das outras coisas, nem um efeito do próprio individuo. Por esses mesmos motivos, esse conceito se aplica até a quem estivesse no Éden: mesmo antes da queda, pelo simples fato de existir, Adão já estava em dívida. Ainda, o conceito de dívida abarca tudo o que está contido no conceito de ofensa e muitas outras coisas que este último não compreende; toda ofensa gera uma dívida para com o ofendido, mas nem toda dívida envolve uma ofensa. Além disso, a noção de dívida se refere também ao descompasso existencial que há entre a natureza do ser individual e a individualidade concreta, entre a natureza humana entendida como medida de perfeição e o indivíduo humano medido por essa natureza. Esse descompasso é a raiz do ditado “ninguém é perfeito”. Em outras palavras, em cada indivíduo humano existe algo da perfeição humana que não é cumprido ou completado. Essa incompletude é uma dívida com nossa própria natureza. Isso quer dizer que existem dívidas que não podem ser saldadas, mas somente perdoadas. Se queremos nos tornar livres dessas dívidas, será somente por meio do perdão porque não há como pagá-las. A dívida que temos com quem cuidou de nós na infância também não pode ser paga, já que é impossível cuidar das mesmas pessoas na infância delas. Essa dívida pode ser compensada se cuidarmos delas na velhice ou up to vote on this title criarmos alguma criança; isso de certa maneiraSign fecha um ciclo vital. Outras Useful Not dívidas não podem sequer ser compensadas. Não há meios deuseful compensar as imperfeições da existência individual advindas de não agirmos como Moisés
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diferentes do nosso ser. As necessidades do corpo, da alma e do espír devem ser saciadas segundo uma medida hierárquica adequada à nossa tureza. Entretanto, na sucessão de momentos que constitui a vida tem ral, a consciência pode se identificar de tal modo com um desses elemen – ou com um aspecto parcial de um u m desses elementos – que nossas reaç a eventos semelhantes podem variar imensamente de um momento p outro. Quando, por exemplo, estamos num momento de grandes intuiç espirituais, uma pessoa qualquer que nos venha perturbar será perdoa com muita facilidade, porque agimos à luz do que estamos vendo. Ao c trário, quando acordamos depois de uma noite mal dormida, se a mes pessoa fizer a mesma coisa, agiremos de maneira completamente difere É claro que as pessoas são muito diferentes d iferentes umas das outras nesse trân da subjetividade; as mais profanas, por assim dizer, agem quase const temente em função das necessidades mais baixas, e as mais espirituais, função das mais altas. As melhores pessoas, na verdade, passam de estado de consciência a outro sem perder o fio da continuidade do verdadeiro eu. Mesmo quando o estado de consciência no qual elas se contram corresponde ao mais baixo, todo o seu ser se comporta co mporta dentro limites estabelecidos pelo estado de consciência mais elevado. A disparidade entre os diversos estados de consciência só não const uma descontinuidade de individualidades no indivíduo perfeito. As qualida que definem a nossa pessoa aparecem e desaparecem de acordo com no estado de consciência. Passamos tanto por momentos nos quais não tem virtudes – quando, diante de um problema qualquer, nos comportamos co as piores pessoas –, quanto, ao contrário, por momentos em que somos virtudes e nos comportamos muito acima do nosso normal. A descontinuid entre esses momentos é tanta que parece que as ações não foram realiza pela mesma pessoa. Essa fragmentação da personalidade em função dos e Sign up to vote on this title dos de consciência é mais uma dívida que contraímos com a realidade. Useful Not useful Existir,, portanto, é receber uma medidaessencial Existir determinada. Essa m dida deve ser preenchida, e seu preenchimento resultará em nossa com
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O Pai Nosso · 5º pedido
Ser um indivíduo implica assimilar elementos do mundo na individualidade; isto significa, portanto, que nosso existir coordena substâncias heterogêneas dotadas de propósitos os mais diversos. Se a sua natureza é ser dessa de ssa ou daquela forma, a natureza dos elementos que assimilamos do mundo é completamente indiferente a isso; quer dizer, o ferro, o carbono e os elementos psíquicos que absorvemos do mundo para formar nosso organismo psicofísico são completamente indiferentes à finalidade da nossa existência. Os elementos químicos que compõem nosso corpo poderiam perfeitamente compor uma outra coisa qualquer e, com isso, eles estariam “cumprindo” igualmente o sentido de suas próprias existências; esses elementos não estão especialmente empenhados em compor nosso organismo. Isso quer dizer que a individualidade é feita de inúmeros elementos que não favorecem a realização da natureza individual; sob este aspecto, a existência individual concreta, que é o ponto de partida para a realização plena da personalidade se torna acidentalmente um obstáculo a essa mesma realização, podendo ser considerada uma espécie de âncora. É justamente por observar as coisas e senti-las exclusivamente de um ponto de vista parcial que não conseguimos transpor o hiato entre um estado de consciência e outro. Entre um estado e outro existe uma semi-fase de obscuridade, ob scuridade, um momento de não-consciência Os diversos estados de consciência surgem de uma obscuridade e depois voltam para essa mesma obscuridade. É a lógica das conseqüências e da existência temporal que nos dá a impressão de que os estados são mais ou menos contínuos, quando, na verdade, são uma sucessão de estados independentes independen tes O único jeito de manter uma unidade entre os diversos estados de consciência enquanto passamos de um a outro é encontrar o que em nós permanece o mesmo em cada um dos estados particulares. Na medida em que um ser está todo num estado particular, é evidente que esse mesmo ser não existirá no estado seguinte; o que existirá é um outro ser muito parecido com o priSign up to vote on this title meiro. Se você está inteiro num determinado capítulo da sua vida, é evidente Useful Not useful que no capítulo seguinte será outro sujeito queestará lá, e não você; será um sujeito parecido com você, que você continuará pensando que é você mesmo
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Luiz Gonzaga de Carvalho Neto
individualidade que não consegue se manter a mesma é o organismo físico ele a única coisa que mantém mant ém a coesão. Se o sujeito morresse nesse estado, esta do, é, se perdesse o organismo físico, após passar por três ou quatro estados consciência ele imediatamente se perguntaria: “Quem é esta pessoa que estou mais reconhecendo? Quem sou eu? Não me lembro!” O importante aqui é perceber que os nossos sentimentos, desejos, pen mentos, inclinações e ações não são harmoniosamente proporcionais uns outros. Se você observar e anotar os seus sentimentos e ações no decorrer um mês, verá que há em você pelo menos vinte pessoas diferentes diferente s e que elas são realmente compatíveis umas com as outras. Você só tem a experiência ser um porque a mudança do organismo organis mo físico é gradual e coerente. coerente . A narra que conta a sucessão dos meus sentimentos, desejos e pensamentos no curso um mês é imensamente mais variada do que uma série de fotografias do m rosto tiradas dia a dia d ia no curso do mesmo mesm o mês. Tanto a narrativa quanto qua nto a s de imagens estão de algum modo presentes na mente. Essas duas presenças c comitantes nos fazem pressentir instintivamente que, perdendo o organis físico, perderemos a coesão interna; por isso temos tanto medo da morte. Te corpo para se reconhecer é uma tremenda fonte de segurança. Mas, do po de vista espiritual, essa é na verdade uma segurança ilusória. Não podem contar com o organismo para sempre. Do ponto de vista espiritual, o orga mo serve para a pessoa como um instrumento que a recorda da existência uma coesão, para que ela tenha alguma consciência de continuidade, mas mesmo não é um princípio de permanência; pelo contrário, uma das causas sucessão dos estados de consciência é justamente o corpo. Pois bem: se a raiz das nossas dívidas impagáveis é a fragmentação nossa consciência, e se o que pedimos a Deus no quinto q uinto pedido do Pai No é que nos perdoe essas dívidas, o objeto desse quinto pedido é que possam nos tornar independentes da pseudo-segurança, ou pseudo-continuida Sign up to vote on this title dada pelo organismo físico, e ao mesmo tempo que se criem possibilida Useful Not useful autênticas de nos fixarmos numa segurançareal, quer dizer, num princí de coesão real do ser e da pessoa.
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