O BEHAVIORISMO AGOSTO/2002 "O ESTUDO DO COMPORTAMENTO" APRESENTAÇÃO O texto elaborado pelo grupo formado por André Luiz Holanda, Cristiane Pontes Freitas, Cristina Jacó da Silva, David de Sousa Cavalcanti, Fabiana Fernandes Veloso, Hercílio Jorge Rodrigues de Melo, Karinne Pereira Rodrigues, Ricarda Magalhães de Lima e Sonia Ferreira Santiago, solicitado pela professora Rosa Falcão, da disciplina de Psicologia I, trata de um estudo sobre o Behaviorismo e sua aplicação. INTRODUÇÃO O termo behaviorismo foi comentado pela primeira vez pelo americano John B. Watson, em 1913. Em inglês o termo behavior significa comportamento, e por estar voltado para o estudo do comportamento de acordo com os estímulos recebidos denomina-se esta tendência de behaviorismo. Através desta maneira de estudo foi possível dar a psicologia um objeto de estudo, relacionando os aspectos do comportamento com meio em que se vive. Faz-se importante esclarecer que as unidades básicas para o estudo do comportamento são estímulo e resposta, onde através deles pode se chegar a um ponto de partida ou uma descrição para um estudo comportamental. Cada estímulo tem como conseqüência uma resposta, e desde a infância o homem vive cercado por estes estímulos desenvolvendo então determinados traços de sua personalidade, portanto, a resposta a cada um desses estímulos. O ESTUDO DO COMPORTAMENTO Como sabemos o termo behaviorismo foi inicialmente aplicado pelo americano John B. Watson em um artigo em 1913. E por derivar de um termo que em inglês significa comportamento o behaviorismo recebe outras designações como: comportamentalismo, teoria comportamental e analise experimental do comportamento. A psicologia precisava usar métodos objetivos e estudar comportamentos observáveis, sendo assim, aprender através da experiência, principal influência sobre o comportamento, tendo um tópico central de investigação, deixando de lado a introspecção. Foram feitas duas razões para provar que existia a relação indivíduo e ambiente, ou seja, as ações do indivíduo (suas respostas) e o ambiente (as estimulações). A razão metodológica, onde os analistas investigam os comportamentos através de um método experimental e analítico, chegando a unidade de análise, e a razão histórica elaborada pelos estudiosos posteriores, que são termos escolhidos e popularizados tendo um uso generalizado. O behaviorismo consiste no estudo do comportamento, na interação entre indivíduo (respostas) e ambiente (estímulos) A ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO O psicólogo B. F. Skinner foi o behaviorista sucessor de Watson e o responsável direto pelo avanço da análise experimental do comportamento. A análise experimental do comportamento foi de grande importância no mundo da psicologia e influenciou muitos psicólogos americanos, como também brasileiros. O behaviorismo considera a personalidade como a totalidade dos padrões de comportamento. E para que se forme uma determinada personalidade, é necessário que se passe por meios de condicionamento que podem ser reforçados ou extintos no decorrer da vida, onde iremos perceber que não existem padrões de comportamento fixos, e que as mudanças nesses padrões ocorrem gradativamente. Se observarmos um indivíduo desde sua infância até a sua maturidade, iremos perceber fases no seu desenvolvimento. Perceberemos que atitudes tomadas durante sua adolescência, talvez não sejam mais tomadas na sua maturidade, o que caracterizaria o seu desenvolvimento gradativo. Podendo ou não corresponder de melhor maneira aos padrões de comportamento da sociedade.
Foi através desse tipo de estudo que se desenvolveu o behaviorismo, analisando os mais diversos tipos de comportamento e aplicando neles o condicionamento para que se modificasse ou aprimorasse um determinado traço de comportamento. E através desse condicionamento haverá a formação de uma personalidade, ou o fato de um indivíduo aprender a ler, pintar, falar uma outra língua, o aprimoramento de uma capacidade profissional e tatos outros atos que podem ser desenvolvidos pelo ser humano. Esses condicionamentos podem ser divididos em respondente ou operante, sendo o operante dividido em reforço, podendo este ser positivo ou negativo, extinção, generalização e discriminação.
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O CONDICIONAMENTO RESPONDENTE
O comportamento respondente pode ser entendido como sendo um comportamento involuntário, ou seja, que independe da nossa vontade de responder ou não a um determinado estímulo. É um comportamento reflexo, ou seja, um tipo de comportamento produzido por alterações do próprio ambiente. Se rasparmos um garfo em outro sentiremos um arrepio, e esse tipo de comportamento não é um comportamento voluntário e sim, produzido por alterações de estímulos do meio ambiente. O que não impede que se associe um estímulo neutro a um estímulo do ambiente, tendo como resposta o mesmo comportamento reflexo. Se fizermos soar algum tipo de som toda vez que rasparmos um garfo a outro, após repetirmos por diversas vezes este ato, perceberemos que se soarmos apenas o som já sentiremos involuntariamente o mesmo arrepio. Estaremos condicionados a sentirmos determinada sensação.
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O CONDICIONAMENTO OPERANTE
O comportamento operante é o comportamento voluntário do ser humano desde bebê, até ações mais sofisticadas do adulto. O comportamento voluntário opera sobre o mundo, ou seja, existirá uma ação e um efeito. Quando se observa um bebê pode se notar que ele chora quando deseja algo, isto é um comportamento voluntário. Quando abrimos uma janela e sentimos a brisa entrar, praticamos um comportamento voluntário, onde nossos atos irão modificar o meio. O que ocasiona a aprendizagem dos comportamentos é a ação do organismo sobre o meio.
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REFORÇO
O reforço é uma forma que se usa para enfatizar um comportamento fazendo com que este mesmo comportamento tenda a ser repetido ou condicionado. Para tanto, podemos utilizar dois tipos de reforço: o positivo e o negativo. O reforço positivo é o instrumento pelo qual se induz ao indivíduo criar um hábito, seja ele de consumo de um determinado produto ou serviço. Como exemplo temos as propagandas publicitárias, que oferecem qualidades e benefícios almejados para determinada fatia de mercado fazendo com que esses indivíduos consumam seu produto. Já o reforço negativo é a maneira ela qual se tenta inibir ou coibir o consumo de determinado produto ou serviço, fazendo com que o usuário sinta-se prejudicado por utilizá-lo. Campanhas educativas de combate às drogas, consumo de álcool antes de dirigir, tabagismo e tantas outras, fazem o uso do reforço negativo, tentam passar para o público alvo os malefícios que aqueles produtos ou atitudes lhes trarão.
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EXTINÇÃO
Durante o estudo do comportamento foi possível perceber que também era possível descondicionar uma resposta, eliminar comportamentos indesejáveis ou inadequados. Skinner trabalhou neste processo e denominou-o de extinção. Sabemos que as regras da sociedade são no fundo um conjunto de estímulos. Padrões de comportamentos são formados por meio de condicionamentos que por sua vez, são reforçados ou extintos. O ser humano repete os mesmos comportamentos dos animais de laboratório. Dê-lhe um presente e será apresentado um comportamento, dê-lhe um castigo e o comportamento será extinto.
È preciso ter cuidado para não confundir o reforço negativo com a punição. No reforço negativo o indivíduo é induzido a não cometer determinado ato, pois poderá ser prejudicado. Já na punição cada vez que o indivíduo praticar um ato indesejado será punido, o que fará com que ele pare de praticar determinado ato. Se em uma empresa existe um funcionário relapso que nunca é promovido, com o passar do tempo ele perceberá que todos os outros receberam suas promoções e ele não, o que fará com que ele mude suas atitudes, irá se instalar um outro tipo de comportamento, diferente do atual. Este é um exemplo de reforçamento negativo. Se um outro funcionário recebe uma punição por chegar sempre atrasado ele irá eliminar este comportamento, pois cada vez que ele chegar atrasado será punido, recebendo um estímulo aversivo. "No caso do reforçamento negativo, um comportamento está sendo instalado para evitar um estímulo desagradável; no caso da punição, um determinado comportamento estará sendo eliminado através da emissão de um estímulo aversivo".
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GENERALIZAÇÃO
A generalização pode ser entendida como um complemento para nossa compreensão a respeito da teoria do reforço, como uma teoria de aprendizagem, mas, o que seria generalização? Seria uma capacidade de responder de forma semelhante a situações que percebemos como semelhantes. Quando assimilamos informações que podem ser usadas em nosso cotidiano, estamos propensos a fazer uso da generalização. Se ao chegar em nosso trabalho fizermos o uso de qualquer uma das informações que adquirimos durante nossas aulas do curso de administração, estaremos fazendo uso da generalização. As teorias que aprendemos, as operações e os conceitos nós podemos transferir para diferentes situações, e estaremos fazendo o uso da generalização. Se fizermos uma simples soma estaremos fazendo uso da generalização, pois aprendemos essa operação ainda no ensino médio. Ou seja, a generalização é nada mais do que transferirmos nossos conhecimentos, para as mais variadas situações.
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DISCRIMINAÇÃO
Na generalização percebemos semelhanças entre estímulos respondendo de maneira semelhante e até mesmo igual. Já na discriminação agimos de maneira oposta, percebemos as diferenças entre os estímulos e reagimos de maneira diferente a cada um deles. Socialmente aplicamos a discriminação, pois respondemos a uma infinidade de estímulos de forma diferente nas mais variadas situações. Podemos seguir normas e regras de conduta, porém para cada situação pode existir uma regra de conduta diferente, e somos capazes de discriminar essas situações. Essa capacidade de discriminar aguça o nosso desenvolvimento que é gradual e pode ou não ser espontâneo, dando-nos armas para desenvolvermos nossa personalidade. BEHAVIORISMO: SUA APLICAÇÃO A principal área de aplicação do behaviorismo tem sido a educação através de métodos de ensino programado. Más, como se trata de uma análise experimental do comportamento, pode nos auxiliar nos mais diversos setores, como, publicidade, psicologia e na área de treinamento empresarial. Por ser uma análise comportamental faz com que possamos observar nosso comportamento e modificá-lo quando for necessário, para que possamos melhorar condições de vida, trabalho e até mesmo uma condição psicológica. Aplicamos as técnicas do behaviorismo nas mais diversas áreas, vivemos cercados de regras, e são essas regras que fazem com que o behaviorismo seja aplicado a todo instante, entrando em jogo a questão do controle, onde não podemos mais pensar que não somos controlados, pois no estudo do behaviorismo fica claro que todos controlamos e todos somos controlados. Pode ser muito útil também para aguçar a capacidade de tomar decisões, pois se todos os dias passamos por situações em que somos obrigados a tomar decisões seja
dentro do trabalho ou não, mais cedo ou mais tarde estaremos amadurecidos e tomaremos decisões de maneira mais rápida e correta. CONSIDERAÇÕES FINAIS O Problema do Controle Visto pelo behaviorismo que sendo o homem um ser fácil de controlar e ser controlado, houve uma grande preocupação nas organizações com este sistema. Havendo assim uma modificação no sistema controlador a rigor e criando variações que se adequassem no comportamento humano. Sabendo-se que o ser humano é um ser emocional, ficava difícil para as grandes organizações criar um equilíbrio de controle emocional. Até então analisando-se os conhecimentos científicos dos estudos do behaviorismo chegou-se a uma definição de controlar o indivíduo dentro das normas dos setores onde eles vivem ou trabalham. Ou seja, ao chegar a determinado local seja de trabalho ou lazer tendo ele passando por um sistema terapêutico, passará a exercer um novo controle dentro das suas percepções ficando para trás os problemas anteriores. Mesmo assim, pelos conhecimentos científicos, sabemos que este problema que ficou para trás depois do tratamento terapêutico ou por indução do sistema, poderá vir à tona, podendo o sujeito tornar-se incontrolável chegando a cometer atos de descontrole ou de negação ao sistema. Dependendo dos recursos do indivíduo, ele poderá sofrer sentindo-se sem apoio, podendo passar a viver em função de outras pessoas ou sistemas, tendo realmente a necessidade de ser controlado, pois já não terá capacidade de tomar decisões sozinho. BIBLIOGRAFIA Gade, Christiane Psicologia do Consumidor e da Propaganda Davidof, Linda L. Introdução a Psicologia Haire, Mason Psicologia Aplicada a Administração OUTROS AUTORES: ANDRÉ LUIZ HOLANDA, CRISTIANE PONTES FREITAS, CRISTINA JACO DA SILVA, DAVID DE SOUZA CAVALCANTI, FABIANA FERNANDES VELOSO, HERCÍLIO JORGE R. DE MELO, RICARDA MAGALHÃES DE LIMA, SÔNIA FERREIRA SANTIAGO.
O BEHAVIORISMO O behaviorismo surgiu com John Watson (1878-1958) em 1912. O período de 1913 a 1930 é conhecido como o do behaviorismo clássico, polêmico e programático. Sua linha era nitidamente contra a introspecção, método até então preferido pelos psicólogos, apesar das críticas já feitas por William James. Entre 1930 e 1940, surgiu o neo-behaviorismo, com Clark L. Hull, que transformou o clássico num sistema mais minucioso experimentalmente, baseado na teoria do comportamento adaptado, de Pavlov. Dentre os neo-behavioristas encontra-se Skinner. O processo do condicionamento clássico, como foi descrito por Pavlov, consiste numa substituição de estímulos: "Um estímulo, antes neutro, adquire o poder de eliciar a resposta que originalmente era eliciada por outro estímulo". Skinner chama o experimento pavloviano de condicionamento do tipo S e o seu de tipo R. No primeiro, as respostas são eliciadas (respondentes) e no segundo, emitidas (operantes). O reforço no condicionamento operante é dado após a resposta exigida, quando aparece a resposta condicionada. A ação do organismo produz o agente que reforça. Portanto, o condicionamento do tipo S diz respeito a respostas do sistema nervoso autônomo e o do tipo R ao comportamento motor (músculos estriados). Tipos de Reforços
a) Reforço Positivo: é aquele que apresentado a uma situação favorece o surgimento da resposta operante. Água e alimento, por exemplo. b) Reforço Negativo: é um estímulo que, removido, fortalece a probabilidade de uma resposta operante. Choque elétrico, calor ou frio intenso, barulho etc. c) De Intervalo: é o reforço intermitente apresentado em intervalos fixos de tempo (de 5 em 5 minutos, por exemplo). d) De Razão: o reforço é apresentado em intervalos de tempo padrão, após um número x de respostas. No experimento do rato na caixa, o alimento (bolinha de queijo) reforça a pressão da barra. Ele só aparece quando o rato pressionar a barra e se for suspenso, dar-se-á a extinção do operante. O rato também pode discriminar: só recebe alimento quando a barra é pressionada e uma lâmpada acende; quando pressiona no escuro, não. Por discriminação, só pressionará com a lâmpada acesa. A teoria de Skinner teve pronta aceitação porque na prática o reforço é dado justamente pela ação do indivíduo. O pai só elogia o filho quando este dá a resposta esperada; o filho, fazendo o desejado pelo pai recebe o prêmio, a recompensa, o reforço positivo. E vai aprendendo a buscar o incentivo positivo com diferentes tipos de comportamento, Uma série de operantes podem ser estabelecidos, com reforços primários e secundários (alimentos e palavras, por exemplo), formando encadeamentos. Através de sucessivas aproximações é possível obter-se uma seqüência desejada. Para o behaviorismo, o organismo se parece com um responding (um ser respondente) às condições (estímulos), produto de processos ambientais e internos. O objeto da Psicologia tinha sido até então a alma, ou a consciência, a mente. A personalidade para o behaviorista é um conjunto, um sistema de hábitos. Os hábitos são organizações de reflexos condicionados. A maior importância é dada aos fatores ambientais e a hereditariedade é relegada para segundo plano. O homem é produto do ambiente, e essa afirmação é valida no sentido bem radical. Podemos resumir a posição de Skinner nas seguintes declarações: Quando ocorrer uma reação, reforce-a e o sujeito tenderá a reagir de novo da mesma maneira. Negue o reforço ou castigue o sujeito e a reação tenderá a desaparecer. O reforço operante é um meio extremamente possante para "modelar a personalidade". Skinner e outros o usaram em grande número de problemas práticos, incluindo aprendizagem programada ("máquinas de ensino") e o tratamento de distúrbios comportamentais. Em Walden Two (1948), ele chegou até a esboçar o esquema para uma sociedade utópica, baseada em seus métodos de controle de comportamento. Sua disposição para os métodos de moldar o comportamento por meio de reforços numa escala extremamente ampla de comportamento e opiniões e seu talento para apresentar seu ponto de vista a um público geral, fizeram dele uma figura controvertida.
SOBRE O SURGIMENTO DO BEHAVIORISMO RADICAL DE SKINNER Emmanuel Zagury Tourinho RESUMO Este artigo analisa um texto de Skinner intitulado The Operational Analysis of Psychological Terms, no qual o autor distingue sua abordagem dos demais "behaviorismos" então existentes. Consideram-se alguns dados relativos ao momento em que Skinner elaborou o texto, apresentam-se as principais idéias ali contidas e, por último, discute-se sua relevância no desenvolvimento da epistemologia behaviorista radical. O Behaviorismo Radical constitui uma abordagem em Psicologia estreitamente identificada com as proposições de B. F. Skinner para uma ciência do comportamento. Falar de seu surgimento implica considerar duas alternativas: por um lado, podemos tratar dos primeiros textos de Skinner, nos quais encontramos tanto relatos de pesquisas empíricas quanto ensaios teóricos; por outro, podemos analisar a ocasião em que este autor distingue sua abordagem psicológica de todas as demais então existentes. Embora consideremos as primeiras obras de Skinner como importantes na construção de sua epistemologia, estaremos examinando o surgimento do behaviorismo radical em termos da segunda alternativa enumerada. Isto é, procuraremos, neste trabalho, analisar o artigo intitulado The Operational Analysis of Psychological Terms (Skinner, 1945/1984a)***, onde Skinner pela primeira vez caracteriza sua epistemologia como behaviorista radical, apontando os aspectos que a distinguem de outras versões comportamentais em Psicologia. Para realizar esta tarefa, recorreremos, também, a outras informações que facilitem a compreensão do momento em que Terms foi escrito, bem como da importância de seu conteúdo. Terms foi elaborado para ser lido em um Simpósio sobre Operacionismo, realizado em 1945. Deste evento participavam psicólogos que então trabalhavam com investigação sobre o comportamento, mas a partir de uma perspectiva que Skinner refutaria, denominando-a de behaviorismo (meramente) "metodológico". No artigo, Skinner questiona alguns princípios desta abordagem e apresenta, então, seu modelo behaviorista radical. No
centro das discussões, como o próprio título do Simpósio indica, estava a possibilidade de chegar-se a uma psicologia efetivamente operacionista. Assim, iniciamos levantando alguns aspectos relativos ao surgimento da doutrina operacionista e suas influências na Psicologia. Em 1928, Percy Bridgman, um físico, publicou uma obra intitulada Logic of Modern Physics, na qual eram apresentados, pela primeira vez, os princípios operacionistas da ciência. Bridgman preocupava-se com o impacto provocado pela teoria da relatividade de Einstein no meio científico da física. A fim de compreender por que isso havia ocorrido, começou a estudar os hábitos de pensamento e expressão na física que precedeu Einstein, particularmente na física de Newton. E observou que Newton explicava conceitos como tempo, espaço e comprimento (exatamente os conceitos sobre os quais a teoria de Einstein impunha uma drástica revisão) a partir de supostas propriedades não disponíveis na natureza, ou seja, explicava conceitos físicos em termos de propriedades sobre as quais não indicava uma relação precisa com o próprio mundo físico. Bridgman considerava que estes conceitos eram ambíguos e não se articulavam com o trabalho científico dos físicos. Isto é, a atitude de Newton excluía a possibilidade de que aqueles conceitos fossem reformulados com maior precisão a partir do progresso que as pesquisas da Física pudessem alcançar no futuro. Insistir neste tipo de conceito significava manter a Física como uma ciência permanentemente sujeita a revoluções. Para Bridgman, a alternativa era formular os conceitos da Física de uma forma que pudessem ser sistematicamente revistos, à medida que as pesquisas fossem estabelecendo novos fatos. Isso seria possível definindo-se os conceitos físicos em termos de eventos igualmente físicos -como o fez Einstein, mesmo sem discutir o problema como levantado por Bridgman. De um modo geral, o que Bridgman postulava é que os conceitos não deveriam ser definidos em termos de suas supostas propriedades, mas sim a partir do conjunto de operações relativas às circunstâncias em que são empregados. Este procedimento eliminaria a possibilidade de explicação de fenômenos através do recurso a conceitos por natureza não verificáveis empiricamente. Bridgman exemplifica sua postura tratando do conceito de comprimento. "O que é que entendemos pelo comprimento de um objeto? Sabemos, evidentemente, o que queremos dizer com comprimento se pudermos indicar qual é o comprimento de todo e qualquer objeto; e, para o físico, nada mais ( necessário. Para apurar o comprimento de um objeto temos de realizar certas operações físicas. Portanto, o conceito de comprimento é fixado quando se fixam as operações pelas quais o comprimento é medido; quer dizer, o conceito de comprimento implica, nem mais nem menos, um conjunto de operações; o conceito é sinônimo do conjunto correspondente de operações" (Bridgman, 1928, p.5, grifos do autor). Como indicam Day (1969) e Moore (1981), as propostas de Bridgman tiveram grande repercussão entre os psicólogos experimentais da época. Tanto Skinner, quanto seus colegas na Universidade de Harvard, principalmente Boring e Stevens, foram fortemente influenciados pelos argumentos daquele discurso. Skinner teve contato direto com a obra de Bridgman, pouco tempo após sua publicação. Em um artigo publicado em 1931 (mas escrito em 1930), ele já se referia a Bridgman e procurava aplicar os princípios operacionistas em uma análise do conceito de reflexo (Skinner, 1931/1961). Mais tarde, em 1945, ele afirmaria que seu artigo de 1931 trilha sido não só a primeira publicação psicológica a apresentar uma referência a Bridgman, como também a "primeira análise explicitamente operacio-na1 de um conceito psicológico" (Skinner, 1945/1984a, p.551). A despeito deste fato, um outro tipo de operacionismo surgiu na psicologia, através de outros behavioristas de Harvard. Este outro modelo (como se deduz de um relato de Boring, 1950), contudo, já surgiu comprometido com outros princípios que nada tinham diretamente a ver com as proposições originais de Bridgman. Boring (1950) relata que o primeiro contato dos psicólogos de Harvard com o trabalho de Bridgman ocorreu em 1930, através de Herbert Feigl, um positivista lógico, membro do Círculo de Viena. Este fato teria tido uma implicação séria no tipo de operacionismo a ser desenvolvido por psicólogos como o próprio Boring, Stevens e até Spence (Moore, 1981). Estes, ao interpretarem a obra de Bridgman, teriam atribuído uma ênfase exagerada à questão da objetividade e chegado, assim, a uma ciência dos fenômenos publicamente observáveis, fundamentada num critério de verdade por consenso público. Segundo Day (1969), Stevens viria a tomar-se o líder deste grupo, tendo publicado, em 1939, um artigo que sumarizava sua postura acerca dos problemas levantados pelos operacionistas. Neste trabalho, o problema do comportamento verbal do cientista é abordado a partir da perspectiva de uma teoria de referência do significado. De acordo com esta teoria, a linguagem deve ser explicada em termos de um conjunto de proposições simbólicas, descritivas de conteúdos da consciência. Para efeito de tratamento científico, deve-se identificar os elementos deste conjunto com operações mensuráveis, a respeito das quais possa haver concordância pública. Na opinião de Moore, esta posição. ".., admitia a possibilidade de uma linguagem privada. Isto é, ao assumir que a linguagem era uma atividade simbólica, eles assumiam que havia entidades (tais) como significados subjetivos privados que possuíam uma existência independente. (...)... esta posição implica na existência de algum sistema não comportamental que, com efeito, é responsável pela linguagem, Ela implica em que as pessoas sejam automaticamente capazes de descrever elementos de sua própria experiência privada - e que a linguagem seja essencialmente descritiva de manipulações lógicas destes elementos. Quando seguida a este extremo, esta posição impõe um dualismo pernicioso e um agente controlador interno ..." (1981, p.58). Boring (1950) refere-se àquele artigo de Stevens como "o manual da nova ’psico-lógica’" (p.657). E é exatamente nesta linha que o behaviorismo de Boring, Stevens, e Spence irá desenvolver-se nas décadas de 30
e 40. No intuito de enfrentar os problemas da psicologia mentalista, estes autores desenvolvem um operacionismo bastante influenciado pelo positivismo lógico da época e que acabará desembocando numa postura com implicações igualmente mentalistas e dualistas em Psicologia. É contra este tipo de operacionismo que Skinner se levantará em seu artigo The Operational Analysis of Psychological Terms (ao qual estaremos nos referindo denominado-o de Terms, como o fazem alguns autores que o comentaram recentemente). Terms trata basicamente de três questões: a natureza dos eventos privados, o problema do critério de verdade por concordância pública e os processos através dos quais um indivíduo passa a relatar eventos que lhe ocorrem de forma privada. Sobre a natureza dos eventos privados, Skinner é enfático ao negar-lhes qualquer status distinto daqueles dos eventos públicos. Para ele, o que ocorre de forma privada a um indivíduo é tão físico quanto comportamentos publicamente observáveis. São eventos pertencentes a um mesmo sistema de dimensões que os eventos publicamente reconhecidos como físicos."... a minha dor de dente é simplesmente tão física quanto minha máquina de escrever, embora não (seja) pública..." (Skinner, 1945/1984a, p.552). Esta posição tem uma implicação fundamental que é a eliminação de uma perspectiva dualista no estudo do comportamento humano. Ela implica uma visão monista de homem que não seda compartilhada pelos behavioristas metodológicos. Estes últimos (representados por Boring e Stevens), embora concordassem em tomar a Psicologia como ciência do comportamento, admitiam que o mundo está dividido entre eventos públicos (físicos) e eventos privados (de outra natureza), devendo a Psicologia confinar-se aos primeiros afim de estabelecer-se como ciência. Este último aspecto já diz respeito à questão do critério de verdade por consenso público. Vejamos o que ela implica para o behaviorismo metodológico e como será tratada pelo behaviorismo radical. A necessidade de distinguir os eventos entre públicos e privados não é gratuita para o behaviorismo metodológico. Segundo Skinner, por trás desta distinção encontramos uma forte preocupação de ordem epistemológica. Aquela abordagem repousaria na crença de que um estudo só pode ser tomado como científico enquanto tratar de fenômenos acessíveis a dois ou mais observadores. Já para o behaviorismo radical, o problema da concordância pública deve ser tomado como secundário, em favor de um critério mais pragmático e de coerência interna do sistema teórico. "A distinção público-privado enfatiza a filosofia árida da ’verdade por consenso’. O público, na verdade, acaba sendo simplesmente aquilo sobre o que se pode concordar porque é comum a dois ou mais concordantes. Isso não é uma parte essencial do operacionismo; ao contrário, operacionismo nos permite dispensar esta solução demais insatisfatória do problema da verdade. (...) O critério último para a boa qualidade de um conceito não é se duas pessoas entram em acordo, mas se o cientista que usa o conceito pode operar com sucesso sobre seu material - sozinho, se precisar. O que importa para o Robison Crusoé não é se ele está concordando consigo mesmo, mas se ele está chegando a algum lugar com seu controle sobre a natureza" (Skinner, 1945/1984a, p.552). Resumindo estas duas questões, o behaviorismo radical trata dos eventos privados como eventos físicos (enquanto os behavioristas metodológicos tendem a atribuir-lhes uma outra natureza) e acredita ser tarefa da Psicologia tratar destes eventos; mesmo que de forma inferencial (enquanto os behavioristas metodológicos insistem no princípio de verdade por consenso público). A terceira e principal questão tratada naquele artigo de Skinner é um pouco n1a$ complexa e diz respeito aos processos através dos quais um indivíduo se toma capaz de relatar seus próprios eventos privados. Para tratar deste assunto, Skinner mia examinando o problema de respostas verbais a eventos públicos. E um ponto que se coloca de forma importante para ele é como explicar o comportamento verbal do cientista. Na perspectiva de Skinner, termos como conteúdo, significado ou referente devem ser desprezados, pelo menos enquanto propriedades de respostas verbais. Estes termos só fariam sentido enquanto especificações das contingências sob controle das quais uma dada resposta verbal ocorre. Isto é, deve-se lidar com os termos verbais na forma como são observados, qual seja, como respostas verbais. Dessa forma, precisamos compreendê-los no contexto de uma análise funcional. O princípio geral da análise funcional que Skinner postula para o tratamento das respostas verbais pode ser entendido sem dificuldades. O que acontece é que uma comunidade verbal ensina o indivíduo a emitir uma dada resposta verbal (a "expressar um termo") provendo estímulos reforçadores quando esta resposta ocorre na presença de um dado estímulo discriminativo (da "coisa" para a qual o termo será tornado como "referente"). O indivíduo, então, aprende a dizer "cadeira" na presença de uma cadeira ou objeto similar, não por uma questão de "apreensão do significado" de cadeira, mas porque esta resposta, na presença de cadeira, tem uma história de reforçamento provido pela comunidade verbal. A abordagem Skinneriana pretende eliminar a necessidade de recorrência a explicações linguísticas ou filosóficas para que se compreendam as bases do discurso verbal. Como, para Skinner, cada resposta verbal deve ser entendida enquanto funcionalmente relacionada a um conjunto de estímulos que tomem sua ocorrência (mais) provável, o comportamento verbal constitui-se num problema a ser tratado pela Psicologia e não por outras disciplinas.
Neste ponto, vale à pena fazer um parêntese para acrescentar que esta questão da relação funcional entre termos e estímulos que aumentam sua probabilidade de ocorrência será tratada de forma mais sistemática no livro Verbal Behavior (Skinner, 1957/1978), onde aparece sob a classe de operantes verbais denominados "tatos". "O tato surge como o mais importante operante verbal, por causa do controle incomparável exercido pelo estímulo anterior. Este controle é estabelecido pela comunidade reforçadora (...) No tato (...) estabelecemos uma relação excepcional com um estímulo discriminativo. . Fazemos isso reforçando a resposta tão consistentemente quanto . possível na presença de um estímulo, com muitos reforçadores diferentes ou com um reforçador generalizado. O controle resultante é feito por meio do estímulo. Uma dada resposta ‘específica’ uma dada propriedade-estímulo. Isto é a ‘referência’ da teoria semântica. . (Skinner, 1957/1978, p.109, grifo do autor). Quando Terms foi escrito, as diversas classes de operantes verbais ainda não haviam sido (pelo menos publicamente) formuladas por Skinner. O que viria a ser chamado de "tato", porém, já era claramente delineado neste artigo. Além disso, as formulações acerca do papel da comunidade verbal na instalação de repertórios verbais dos indivíduos e do estímulo discriminativo no controle do tato são claramente . ali explicitadas. E isto ocorre, fundamentalmente, quando Skinner começa a tratar da privacidade, no que acredita residir a grande contribuição de seu artigo. "Substitua ‘cadeira’ por ‘dor’ e chega-se ao problema de ’a definição operacional de um termo psicológico’ " (Skinner, 1945/1984b, p.573, grifos do autor.) Vejamos como este problema é examinado. Admitindo-se que um indivíduo seja ensinado a emitir uma certa resposta verbal (a verbalizar um certo termo) através do reforçamento provido pela comunidade verbal quando esta resposta ocorre na presença de um dado estimulo discriminativo (da "coisa referente"), como tratar daquelas respostas cujos estímulos discriminativos só estão acessíveis ao próprio indivíduo, e não à comunidade verbal que deve ensiná-lo a emitir a resposta "correta" naquela circunstância? Aí reside todo o problema a ser enfrentado pelo behaviorismo no tratamento da privacidade. A proposta de Skinner para uma análise funcional das respostas verbais na presença de estímulos discriminativos parte do princípio de que estes últimos estejam acessíveis tanto ao indivíduo que emite a resposta quanto a comunidade que o ensina a emití-la, e isso não é possível no caso de estímulos discriminativos privados. Como, então, o indivíduo aprende a relatar aqueles eventos aos quais só ele próprio tem acesso? Skinner enumera quatro estratégias através das quais a comunidade verbal procura ensinar respostas verbais a estímulos privados, a partir da inferência de ocorrência destes últimos, já que o acesso direto não é possível. No primeiro caso, a comunidade utiliza-se de estímulos públicos associados ao estimulo privado para reforçar a resposta do sujeito. É o que ocorre, por exemplo, quando se ensina a res. posta verbal à estimulação tátil de um objeto, tendo-se acesso à estimulação visual deste mesmo objeto. Para o indivíduo que emite a resposta verbal, a estimulação que adquire o controle da resposta é privada (tátil), mas quem lhe ensina a resposta o faz com base em um outro estimulo público associado (a estimulação visual do objeto). Uma segunda estratégia consiste no reforçamento da resposta verbal ao estímulo privado na presença de outras respostas colaterais públicas não verbais (geralmente incondicionadas) àquela mesma estimulação. Neste caso, temos o exemplo do indivíduo que relata uma dor de dente, ao mesmo tempo em que põe uma mão na mandíbula ou geme. A partir da resposta colateral, a comunidade infere uma certa estimulação privada ao indivíduo e reforça sua resposta verbal. A terceira possibilidade diz respeito à situação em que o indivíduo descreve seu próprio comportamento. Quando se trata de um comportamento aberto, a comunidade pode reforçar a resposta verbal com base na observação deste comportamento, enquanto para o indivíduo os estímulos proprioceptivos envolvidos naquele comportamento podem também adquirir o controle da resposta. Quando se trata de um comportamento que era público e retrocedeu ao nível encoberto, entretanto, há três possibilidades: o relato (do comportamento agora encoberto) pode ser reforçado com base numa resposta aberta tomada como acompanhamento daquela resposta encoberta, o que se assemelha à segunda estratégia enumerada; a resposta encoberta pode ser similar (embora menos intensa) à resposta aberta e assim prover um mesmo estímulo público, embora de forma enfraquecida; e a resposta pode não ter sempre um acompanhamento público, mas ser reforçada ocasionalmente quando a mesma estimulação ocorre com manifestações públicas. Estas três possibilidades caracterizam as alternativas de que a comunidade verbal dispõe para reforçar respostas au-w-descritivas, mesmo quando o comportamento descrito retrocedeu ao nível encoberto. Uma quarta e última estratégia diz respeito à generalização de estímulos. Uma resposta pode ser adquirida em conexão com um estímulo público e posteriormente ser emitida em conexão com uma estimulação privada, com base em propriedades coincidentes. Um exemplo disso, é descrever unta estimulação privada como "agitada" ou "ebuliente". É o que Skinner mais tarde (1957/1978) chamará de tato metafórico. Uma primeira constatação que estas estratégicas suscitam é que a comunidade verbal não precisa ter necessariamente aquele acesso direto aos eventos privados de um indivíduo para que possa ensiná-lo a descrevê-los. De fato, este acesso não é estritamente necessário. Por outro lado, como fica bastante claro, nenhuma das estratégias citadas é suficiente para prover a instalação de um repertório verbal preciso a respeito dos estímulos privados. Nenhuma delas pode ser eximida da possibilidade de erro/imprecisão ou de limitação na sua aplicação. Isso significa dizer que o indivíduo não pode "claramente conhecer-se, no sentido em que conhecimento identifica-se com comportar-se discriminativamente" (Skinner, 1945/1984 a, pp. 549-
550). Não fica difícil, então, compreender por que nunca se chegou a um vocabulário estável, acerca dos eventos privados, que tivesse um uso razoavelmente uniforme por parte dos membros de uma comunidade verbal. Uma outra observação importante sobre aquelas estratégias diz respeito ao fato de que, ao descrevê-las, Skinner consegue demonstrar que sua proposta de uma análise funcional para o tratamento de episódios verbais não só permite que se trate dos chamados termos psicológicos fiem necessidade de recorrência a conceitos como "significado" ou "conteúdo consciente", como também constitui o caminho adequado para a abordagem do problema privacidade numa perspectiva coerente com sua teoria do comportamento (indo além das tradições behavioristas metodológicas). Por outro lado, Skinner não oferece, naquele artigo, elementos adicionais em termos do tipo de pesquisa a ser desenvolvido nesta área. Este último aspecto pode ser tomado como bastante relevante se considerarmos que Skinner (em um artigo posterior, 1963/1984c) conceberá o behaviorismo radical como uma filosofia do comportamento que trata dos métodos e do objeto de estudo da Psicologia. De qualquer maneira, este problema parece exigir um exame do desenvolvimento posterior do behaviorismo de Skinner em termos de pesquisa sobre o comportamento humano complexo. Esta questão será retomada, mais adiante, com a apresentação de outros aspectos do problema. Ainda no Terms, Skinner aborda diretamente o problema da consciência, u1n dos mais freqüentes quando se fala de vida privada. Diz ele que estar consciente é reagir ao próprio comportamento de forma verbal. Assim, um indivíduo que está consciente é um indivíduo capaz de descrever seu próprio comportamento. Como esta descrição só se torna possível a partir de contingências arranjadas pela comunidade verbal, desta proposição resulta uma concepção de consciência como produto social. "... é somente porque o comportamento do indivíduo é importante para a sociedade que a sociedade, toma-o, então, importante para o indivíduo. Alguém torna-se consciente do que está fazendo somente após a sociedade ter reforçado respostas verbais com respeito ao seu comportamento como a fonte de estímulos discriminativos" (Skinner, 1945/1984 a, p.551). A consciência, então, deve ser abordada enquanto uma questão de descrição do próprio comportamento, ou melhor, enquanto uma questão de instalação de um adequado repertório verbal descritivo do próprio comportamento. Este tipo de tratamento tem uma implicação que Skinner chega a considerar irônica: é o desenvolvimento de um vocabulário mais efetivo. para a análise do comportamento que pode aumentar as possibilidades de um indivíduo tornar-se efetivamente consciente. De um modo geral, estas são as idéias principais contidas no artigo de Skinner de 1945. Este texto foi comentado recentemente por vários autores. Destacaremos, a seguir, três questões importantes levantadas nestes comentados e as respectivas respostas de Skinner aos comentadores. Uma primeira observação diz respeito à importância histórica do artigo, assinalada por vários autores (Brinker e Jaynes, 1984; Lowe, 1984; Meehl, 1984; Moore, 1984; Ringen, 1984 e Zuriff, 1984). Nestes casos, adjetivos como "brilhante" ou "significativo" não são nada escassos na caracterização do trabalho. Todos são unânimes ao considerar Terms como um marco no desenvolvimento da epistemologia behaviorista radical. Esta constatação pode parecer irrelevante, em princípio. Entretanto, quando consideramos que Skinner responde àqueles comentados sem acusar nenhum exagero na caracterização de seu artigo, podemos concluir que ele próprio concebe as proposições ali presentes como aquilo que distingue sua epistemologia psicológica. Esta constatação, aliás, é confirmada em outras obras do próprio Skinner (por exemplo, Skinner, 1974/1982). Uma segunda questão é que vários daqueles comentadores (Brinker e Jaynes, 1984; Lowe, 1984; Moore, 1984; e Ringen, 1984) destacam que, a despeito da importância do artigo, os princípios ali presentes nunca chegaram a ser aplicados a um programa de investigações acerca do comportamento humano. Brinker e Jaynes, por exemplo, afirmam que muitas das criticas hoje enfrentadas pelo behaviorismo ocorrem exatamente porque as proposições contidas no Terms... nunca culminaram no programa prometido de pesquisa em comportamento humano que demonstraria as diferenças entre o velho e o novo operacionismo" (1984, p.554). Respondendo a esta questão, Skinner é absolutamente explícito ao concordar com a demanda de seus comentadores. Ele chega, inclusive, a juntar-se a Lowe "... ao exigir o próximo passo: pesquisa sobre auto-conhecimento e autogerenciamento e seus possíveis efeitos no comportamento humano em geral’’ (Skinner, 1984b, p.576). A terceira e última observação nesta linha de comentários, também relacionada à questão anterior, diz respeito ao tipo de leitura provida pelo artigo de Skinner. Alguns autores (Terrace, 1984; e Stalker e Ziff, 1984) argumentam que o artigo de Skinner distingue-se pelo fato de ser um material filosófico. Skinner responde afirmando que seu texto não é filosofia, mas interpretação. E define interpretação como a aplicação de princípios cientificamente comprovados como efetivos (na investigação de fenômenos menos complexos) a assuntos mais complexos, sobre os quais o conhech1Rnto existente não é suficiente para tomar a previsão e o controle possíveis. Em principio, podemos tomar esta resposta como bastante plausível. Entretanto, se Skinner reconhece seu artigo como uma interpretação acerca do comportamento humano, podemos questionar em que medida ele poderia subsidiar pesquisas na área Isto é, não fica claro, em nenhum momento, como este caráter interpretativo pode ser conciliado com uma demanda explícita por pesquisa empírica sobre fenômenos relativos ao comportamento humano complexo. Com base no exposto acima, concluímos destacando dois pontos importantes: 1. Por um lado, podemos afirmar que o behaviorismo radical de Skinner constituiu sua identidade (no sentido de distinguir-se das demais abordagens psicológicas então existentes) através do reconhecimento da vida interna dos indivíduos e da proposição de uma perspectiva científica para o tratamento de fenômenos a ela relacionados. Um aspecto interessante, a este respeito, é que ainda hoje o behaviorismo de Skinner é acusado
de ignorar a vida mental. Em 1974, quase trinta anos após a publicação de Terms, Skinner contestou este tipo de crítica (Skinner, 1974/1982) repetindo muito do que afirmara em 1945. No entanto, tanto em 1974 quanto atualmente, a opinião corrente no meio acadêmico da Psicologia indica o mesmo tipo de problema, a despeito do que Skinner vem afirmando desde 1945. 2. Por outro lado, é importante notar que, ao reconhecer a vida interna dos indivíduos, Skinner o faz por razões de ordem epistemológica, e não por compartilhar uma tendência histórica de construção da Psicologia como uma ciência da vida mental. O rato de que seu artigo . de 1945 não tenha dado origem à pesquisas na área do comportamento humano complexo deve, então, ser investigado (afora outras possíveis razões) em termos dos diversos pressupostos que compõem a epistemologia behaviorista radical. E isto implica ir muito além dos aspectos operacionistas desta abordagem. Neste ponto, concordamos com Boring (1950), quando afirma que o operacionismo não é uma escola psicológica, mas apenas um principio. Ao tratar, pela primeira vez, dos eventos privados, Skinner discutia os elementos operacionistas de sua ciência que, na verdade, é muito mais do que meramente operacionista. O passo seguinte nesta tinha de análise deve ser, então, o de tentar compreender o não desenvolvimento de pesquisas na área citada, a partir de uma consideração mais abrangente dos diversos princípios (operacionistas ou não) que compõem a abordagem Skinneriana. É o que pretendemos desenvolver num próximo trabalho.
REFERÊNCIAS Boring, E. G. A History of Experimental Psychology. New York: Appleton-Century-Crofts, Second Edition, 1950. Bridgman, P. The Logic of Modern Physics. New York: The MacMillan Company, 1928. Brinker, R.P, e Jaynes, J. Waiting for the world to make me talk and tell me what I meant. The Behavioral and Brain Sciences, 1984, 7, 554-555. Day, W. F. On certain similarities between lhe Philosophical Investigations of Ludwig Wittgenstein and the operationism of B. F. Skinner. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 1969, 12, 489-506. Lowe, C. F. The flight from human behavior. The Behavioral and Brain Sciences, 1984, 7, 562-563. Meehl, P. E. Radical behaviorism and mental events: four methodological queries. The Behavioral and Brain Sciences, 1984, 7, 563-564. Moore, J. On mentalism, methodological behaviorism and radical behaviorism. Behaviorism, 1981, 9 (1), 5577. Moore, J. On Skinner's radical operationism. The Behavioral and Brain Sciences, 1984, 7, 564-565. Ringen, J. D. B. F. Skinner's operationism. The Behavioral and Brain Sciences, 1984, 7, 567-568. Skinner, B. F. The concept of the reflex in the description of behavior. Em: B. F. Skinner Cumulative Record. New York: Appleton-Century-Crofts, enlarged edition, 1961, pp. 319-346. Skinner, B.F. O Comportamento Verbal. São Paulo: Cultrix/EDUSP, 1978. Tradução de M. P. Villalobos. Skinner, B.F. Sobre o Behaviorismo. São Paulo: Cultrix/EDUSP, 1982. Tradução de M. P. Villalobos. Skinner, B.F. The operational analysis of psychological terms. The Behavioral and Brain Sciences, 1984a, 7, 547-553. Skinner, B. F. Coming to terms with private events. The Behavioral and Brain Sciences, 1984b, 7, 572-581. Skinner, B.F. Behaviorism at fifty. The Behavioral and Brain Sciences, 1984c, 7, 615-621. Stalker, D. e Ziff, P. B. F. Skinner's theorizing. The Behavioral and Brain Sciences, 1984, 7, 569. Terrace, H. S. A behavioral theory of mind? The Behavioral and Brain Sciences, 1984, 7, 569-571. Zuriff, G. E. Radical behaviorism and theoretical entities. The Behavioral and Brain Sciences, 1984, 7, 572.
ACESSO A SKINNER PELA SUA PRÓPRIA OBRA: PUBLICAÇÕES DE 1930 A 1990 Kester Carrara - UNESP / Marília RESUMO: Extensa e controvertida, a obra publicada de B. F. Skinner está reunida, sob a forma de lista de referências, no presente trabalho. As publicações incluem artigos, livros, revisões, cartas a editores, comentários e outras manifestações de algum modo chanceladas pelo behaviorista de 1930 a 1990. Notas explicativas, ao final, acrescentam esclarecimentos importantes sobre vários dos seus trabalhos. PALAVRAS-CHAVE: Análise do comportamento; behaviorismo; behaviorismo radical; publicações de Skinner. Uma primeira versão deste trabalho foi publicada na revista Didática, v.28, p.195-212, 1992. Esta versão, preparada por sugestão de Behaviorism, para a Internet, teve autorização da direção do referido periódico. Algumas alterações foram feitas, com o objetivo de aperfeiçoar a primeira publicação: passado mais tempo desde o desaparecimento de Skinner, bibliotecas, instituições de ensino e a própria B. F. Skinner Foundation possuem, agora, um agrupamento de informações mais sólidas acerca das publicações do autor. Na lista que se segue, foram acrescentadas algumas novas referências às 234 mencionadas anteriormente: as atualizações dizem respeito ao período 1961-1990 e valem-se, especialmente, do trabalho de compilação de R. Epstein (An updated bibliography of B. F. Skinner’s works, 1995, que pode ser encontrada em Todd, J. T. & Morris, E. K., Modern perspectives on B. F. Skinner and contemporary Behaviorism. Westport: Greenwood Press, 1995). Tal lista, apresentada em ordem cronológica anual, mas sem maiores comentários, pode ser acessada no site da B.F. Skinner Foundation. Na seqüência, segue-se, na medida do possível, a redação introdutória e o formato da versão inicial (1992). Observações julgadas importantes foram acrescentadas entre colchetes. Críticas e sugestões serão bem-vindas e poderão ser encaminhadas via e-mail para o autor. O presente trabalho reúne a obra publicada por B. F. Skinner, cobrindo toda a sua vida profissional ativa na área de Psicologia. O autor, nascido a 20.3.1904 e falecido a 18.8.1990, recebeu sua maior láurea em 10.8.1990, da American Psychological Association (...) o Citation for Outstanding Lifetime Contribution to Psychology pretendeu homenagear Skinner, autor de mais de 230 publicações e cujo último artigo, Can Psychology be a science of mind? teve sua redação completada apenas no anoitecer do dia 17.8.1990, véspera de sua morte. Quando se trata de um autor controvertido tal como Skinner, é fundamental sair do conhecimento por vezes superficial e distorcido, gerado por fontes secundárias de referência, para ir direto a sua obra angariar argumentos que pretendam sustentar, derrubar ou apenas compreender os postulados do behaviorismo radical. Conhecer mais profundamente as publicações desse autor não é tarefa simples, dada sua extensão, seu caráter polêmico e as dificuldades para reuni-las. Também Epstein (1977) não se disse completamente certo da exatidão e completitude de sua lista de publicações, embora a tenha elaborado a partir de entendimento com o próprio Skinner e tenha desfrutado das facilidades de contato direto com editores de revistas e periódicos norte-americanos, na época em que escreveu seu artigo [primeira parte da bibliografia] para Behaviorism [periódico]. Algumas razões contribuem, às vezes em conjunto, para dificultar a elaboração: primeiro, Skinner não se prendia aos padrões comuns de publicação, através de livros e artigos de pesquisa (ao longo da carreira, foram divulgadas também revisões, cartas a editores, resumos, prefácios, verbetes, etc.); segundo, muitas de suas publicações têm sido parcial ou completamente republicadas em diferentes ocasiões ou lugares; terceiro, as obras de referência (como Current Contents ou Psychological Abstracts) cobriram apenas parte do seu trabalho, tornando-se impraticável tê-las como único parâmetro para elaborar uma lista aceitável; quarto, tem-se um conhecido problema local, que é o fato de não se dispor, nas bibliotecas públicas brasileiras, de um número adequado de assinaturas de revistas e periódicos [problema que permanece]. Contraposta às limitações de caráter técnico para mais competente elaboração de trabalhos do gênero, está a evidente necessidade de uma tal lista, como instrumento de consulta rotineira, com que se espera abreviar o tempo para localização dos trabalhos de Skinner. Diferentemente de Epstein, não se procedeu, aqui, a uma caracterização das publicações, dividindo-as em cartas, artigos, livros, etc., embora nas notas, posteriores à lista, estejam indicadas as características das obras. Ainda uma breve observação é necessária: dadas as considerações feitas, entende-se justificado o título do presente trabalho: são mais de duzentos (aproximadamente, conforme os critérios de classificação que se empregue) os trabalhos publicados durante o período citado; importa, aqui, facilitar o acesso a eles, supondo que isso deva ampliar o conhecimento de estudantes, professores, pesquisadores, a respeito do trabalho de B. F. Skinner. Não fazem parte deste levantamento, mas existem produções que expressam pontos de vista do autor e que, por diferentes razões, não foram integralmente publicadas. São casos importantes:
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Something to think about, 1930 (um embrião da instrução programada);
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Properties of behavior paced by an external stimulus (trabalho apresentado com W. H. Morse na reunião anual da Eastern Psychological Association, New York, abril de 1957); The concept of the reflex in the description of behavior (Tese de doutoramento defendida em 1930, na Harvard University, Cambridge, Massachusetts - apenas parcialmente publicada no ano seguinte, conforme entrada 4); Sketch for an epistemology, 1932 (os primeiros rascunhos teóricos para uma ciência do comportamento); On writing an autobiography (conferência, a convite, na reunião anual da American Psychological Association, New York, em 3 de setembro de 1979); Studies in behavior therapy: status report I & II (material mimeografado, com H. C. Solomon, O. R. Lindsley e M. Richards, a partir de pesquisa subsidiada pelo Office of Naval Research, em 1969);
Naturalmente, também estão excluídas as entrevistas, os pronunciamentos, comentários, comunicações pessoais, programas estabelecendo contingências e excertos ou apreciações menos sistematizadas. Nesses gêneros, foram importantes, por exemplo:
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"I have been misunterstood..." - An interview with B. F. Skinner, por R. I. Evans, em The Center Magazine, 1972 (março/abril), 5(2), p.63-5; trata-se de síntese do publicado na forma de livro, sob mesmo título e pelo mesmo autor, em 1968, New York, E. P. Dutton, 140p.;
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Will sucess spoil B. F. Skinner?, por E. Hall, no Psychology Today, 1972, novembro, 6, p.65-72, 130;
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Particular communication to Ernest Hilgard, em 28.12.1954, citada em E. Hilgard, Theories of Learning. New York, 1956, p.94 (na edição brasileira: Teorias da Aprendizagem, São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1975, 4ª reimpressão, p.115-6).
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What price utopia?, pronunciamento gravado no Reed College, Portland, Oregon. Portland State University, 21.5.1964;
Particular communication to R. L. Shoemaker, Dean of students, em 30.4.1946, Indiana University: Archives, Bloomington, Indiana; Handwriting with write and see, programa de contingências escrito em co-autoria com Sue Ann Krakower. Chicago: Lyons and Carnahan, Inc., 1968. Excertos (p.44) foram publicados em J. Holland, C. Solomon, J. Doran & D. A. Frezza, The behavior analysis in planning instruction. Reading, Massachusetts: Addison-Wesley Publishing Company, 1976 (p.101-3).
Seguem-se as publicações de B. F. Skinner, referentes ao período de 1930 a 1990 (inclusive); informações adicionais podem ser encontradas nas Notas. [Nestas, são citadas algumas edições brasileiras, a título de exemplo. Em geral, existem várias, naturalmente.]
BEHAVIORISMO 1. O Estudo do Comportamento BEHAVIORISMO como vocês já devem saber é uma palavra de origem inglesa, que se refere ao estudo do comportamento:"Behavior", em inglês. O Behaviorismo surgiu no começo deste século como uma proposta para a Psicologia, para tomar como seu objeto de estudo o comportamento, ele próprio, e não como indicador de alguma outra coisa, como indício da existência de alguma outra coisa que se expressasse pelo ou através do comportamento. Na Idade Média, a igreja explicava a ação, o comportar-se pelo homem pela posse de uma alma. No início deste século, os cientistas o faziam pela existência de uma mente. As faculdades ou capacidades da alma causavam e explicavam o comportamento deste homem. Os objetos e eventos criavam idéias em suas mentes e estas impressões mentais ou idéias geravam seu comportamento. Vejam que ambas são posições essencialmente dualistas: o homem é concebido como tendo duas naturezas, uma divina e uma material, ou uma mental e uma física, como quiserem. É uma posição difícil, conflitante, porque devo demonstrar como essas naturezas contatuam, já que estão em planos diferentes. Notem além disso, a circularidade do argumento: ao mesmo tempo em que essa alma ou mente causavam e explicavam o comportamento, esse comportamento era a única evidência desta alma ou desta mente. No mentalismo, o acesso às idéias ou imagens se faria somente através da introspecção, que seria então revelada através de uma ação, gesto ou palavra. Temos aqui um modelo causal de ciência: (a) o indivíduo
passivo recebe impressões do mundo; (b) estas impressões são impressas na sua mente constituindo sua consciência; (c) que é então a entidade agente responsável por, ou local onde ocorrem processos responsáveis por nossas ações. É preciso destacar que os processos cognitivos, tão falados hoje em dia, são uma forma de animismo ou mentalismo, em suas origens. A cognição é algo a que não tenho acesso direto mas que fica evidente no comportamento lingüístico das pessoas, no seu resolver problemas, no seu lembrar, etc., esquecendo que linguagem é produto de comportamento verbal; que solução de problemas é produto de contingências alternativas, e que lembrar é produto de manipulação de estímulos discriminativos. O cognitivista recupera o conceito de consciência quando afirma estados disposicionais e/ou motivacionais que poderiam ser modificados de fora (instruções) ou de dentro (auto-controle) através de reestruturações cognitivas alcançadas por trocas verbais (ou seja, o comportamento verbal do outro é decodificado por mim e meu relato verbal, versão moderna da introspecção, dá acesso ao outro às minhas cognições). Estes estados disposicionais assim modificados, agiriam então afetando e modificando comportamentos expressos. Não estou negando que existam crenças, sugestões, representações etc., mas estas são formas de se comportar, são classes de respostas, não eventos mediacionais, não causas diretas do comportamento. Aceito consciência como uma metáfora, um resumo de minhas experiências passadas (assim também aceito personalidade, como um conceito equivalente a repertório comportamental). Mas rejeito consciência como self, como agente decisor, causador, ou mediador do comportamento. De qualquer modo, o Behaviorismo surgiu em oposição ao mentalismo e ao introspeccionismo. Em fins do século passado a ciência de modo geral começou a colocar uma forte ênfase na obtenção de dados ditos objetivos, em medidas, em definições claras, em demonstração e experimentação. Esta influência se fez sentir na Psicologia, no começo deste século, com a proposta behaviorista feita por Watson em 1924, postulando o comportamento como objeto da Psicologia, dava a esta ciência a consistência que os psicólogos da época vinham buscando - um objeto observável, mensurável, cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes condições e sujeitos. Essas características foram importantes para que a Psicologia alcançasse o status de ciência, rompendo definitivamente com sua tradição filosófica. Watson também defendia uma perspectiva funcionalista para a Psicologia, isto é, o comportamento deveria ser estudado com função de certas variáveis do meio. Certos estímulos levam o organismo a dar determinadas respostas e isso ocorre porque os organismos se ajustam aos seus ambientes por meio de equipamentos hereditários e pela formação de hábitos. Apesar de colocar o "comportamento" como objetos da Psicologia, o Behaviorismo foi, desde Watson, modificando o sentido desse termo. Hoje, não se entende comportamento como uma ação isolada de um sujeito, mas sim, como uma interação entre aquilo que o sujeito faz e o ambiente onde a ação ocorre, assim os psicólogos chegaram aos termos "ações do individuo" (respostas) e "estimulo" (situação, ambiente), ou chamado de reflexo resposta não eliciados. S-R portanto independem de aprendizagem.
2. A Análise Experimental do Comportamento Behaviorismo Radical O mais importante dos behavioristas que sucedem Watson é B.F. Skinner (1904-1990). A linha de estudos ficou conhecida como Behaviorismo Radical, termo dado pelo próprio Skinner em 1945, para designar uma filosofia da Ciência do Comportamento (que ele se propôs defender) por meio da analise experimental do comportamento. A base da corrente skinneriana esta na formulação do comportamento operante. Para entendermos esse conceito, vamos voltar e entender as noções de comportamento reflexo ou respondente. 2.1. O Comportamento Respondente O comportamento respondente ou reflexo é o que ocorre involuntariamente, e inclui respostas que são eliciadas ("reproduzidas") como a salivação que ocorre quando sentimos um aroma saboroso, contração das pupilas quando uma luz forte incide sobre os olhos, o arrepio da pele quando um ar frio nos atinge e etc. Esse comportamento é a interação do estímulo-resposta (ambiente-sujeito) incondicionais, nas quais em certas situações impostas pelo ambiente estimulam respostas do organismo que não dependem de "aprendizado". Mas tais organismos podem ser condicionados a responder a certos estímulos que antes não respondia, assemelhando uma situação a outra, a essas novas interações chamamos também de reflexos, que agora são condicionadas devido a uma historia de pareamento, o qual levou o organismo a responder a estímulos que antes não respondia. EX: Suponha que, numa sala aquecida, sua mão direita seja mergulhada numa vasilha de água gelada. A temperatura da mão cairá rapidamente devido ao encolhimento ou constrição dos vasos sanguíneos, caracterizando o comportamento como respondente. Esse comportamento será acompanhado de uma
modificação semelhante, e mais facilmente mensurável, na mão esquerda, onde a constrição vascular também será induzida. Suponha, agora, que a sua mão direita seja mergulhada na água gelada um certo numero de vezes, em intervalos de três ou quatro minutos, e que você ouça uma campainha pouco antes de cada imersão. Lá pelo vigésimo pareamento do som da campainha com a água fria, a mudança de temperatura nas poderá ser eliciada apenas pelo som, isto é, sem necessidade de imergir uma das mãos. Skinner com o desenvolvimento de seu estudo levou-o a Teoria sobre um outro tipo de relação do individuo com seu ambiente, na qual seria uma nova unidade de analise de sua ciência, o comportamento operante. 2.2. O Comportamento Operante. O Comportamento Operante abrange uma grande variedade de atividades humanas, que vai desde Tocar uma musica até ler este trabalho feito por nós. O Comportamento Operante é aquele que opera sobre o mundo, isso é, foi aprendido para satisfazer uma necessidade do organismo em seu meio que antes não fazia, o que propicia o aprendizado é a ação do organismo sobre o meio. Devido à experiência com rato privado de água durante 24h e colocado em uma caixa (Caixa de Skinner) onde na qual devia aprender a pressionar uma alavanca, que era pressionada pelo pesquisador sempre que o rato se aproximava, para receber água, foi formulada a lei comportamental, nesse caso o que propícia o aprendizado é a ação sobre o meio e o efeito dela resultante – a satisfação de alguma necessidade. Esse comportamento pode ser representado pela Resposta-Estimulo (R-S), que é a interação da variação com o ambiente de forma condicionada e aprendida, aqui o estimulo é também reforçado (água). Esse estimulo reforçador é chamado de reforço. O termo "estimulo" foi mantido da relação R-S do comportamento respondente para designar-lhe a responsabilidade pela ação, apesar de ela ocorrer após a manifestação do comportamento. O comportamento operante refere-se à interação sujeito-ambiente. Nessa interação, chama-se de relação fundamental à relação entre a ação do individuo (a emissão da resposta) e as conseqüências. É considerada fundamental porque o organismo se comporta (emitindo esta ou aquela resposta) sua ação produz uma alteração ambiental, que retroage sobre o sujeito, assim operando o mundo de acordo com a situação criada. As conseqüências da resposta são as variáveis de controle mais importantes. 2.3. Reforçamento; Chamamos de reforço a toda conseqüência que, seguindo uma resposta, altera a probabilidade futura de ocorrência dessa resposta. O reforço pode ser positivo ou negativo.
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O reforço positivo é todo evento que aumenta a probabilidade de futura da resposta que o produz; O reforço negativo é todo evento que aumenta a probabilidade de futura da resposta que o remove ou atenua.
Assim, poderíamos voltar à nossa "caixa de Skinner" que, no experimento anterior, oferecia uma gota de água ao ratinho sempre que encostasse na barra. Agora, ao ser colocado na caixa, ele recebe choque do assoalho. Após varias tentativas de evitar os choques, o ratinho chega à barra e, ao pressiona-la acidentalmente, os choque cessam. Com isso, as respostas de pressão à barra tenderão a aumentar de freqüência. Chama-se de reforçamento negativo ao processo de fortalecimento dessa classe de resposta (pressão à barra), isto é, a remoção de um estimulo aversivo controla a emissão da resposta. É condicionamento por se tratar de aprendizagem, e também reforçamento, porque um comportamento é apresentado e aumentado em sua freqüência ao alcançar o efeito desejado. O reforçamento positivo oferece alguma coisa ao organismo (gosta de água com a pressão da barra, por exemplo); o negativo permite a retirada de algo indesejável (os choques). Alguns eventos tendem a ser reforçadores para toda uma espécie, como, água, alimento e afeto. Esses são denominados reforços primários. Os reforços secundários, ao contrario, são aqueles que adquiriram a função quando pareados temporalmente com os primários, alguns desse quando emparelhados com muitos outros, tornam-se reforçadores generalizados, como o dinheiro e a aprovação social. No reforçamento negativo, dois processos importantes merecem destaque: a esquiva e a fuga: A esquiva é um processo no qual os estímulos aversivos condicionados e incondicionados estão separados por um intervalo de tempo apreciável, permitindo que o individuo execute um comportamento que previna a ocorrência ou reduza a magnitude do segundo estimulo. Você, com certeza, sabe que o raio (primeiro estimulo)
precede à trovoada (segundo estimulo), por isso tapamos os ouvidos antes do trovão, isso acontece, pois, quando os estímulos ocorrem nessa ordem, o primeiro torna-se um reforçador negativo condicionado (aprendido) e a ação que o reduz é reforçada pelo condicionamento operante. As ocorrências passadas de reforçadores negativos condicionados são responsáveis ela probabilidade da resposta de esquiva. Outro processo semelhante é o de fuga, nesse caso, o comportamento reforçado é aquele que termina com um estimulo aversivo incondicionado já em andamento. A diferença é sutil. Se posso colocar as mãos nos ouvidos para não escutar o rojões, este comportamento é de esquiva. Mas se os rojões começam a pipocar e só depois apresento um comportamento para evitar o barulho que incomoda, seja fechada a porta, indo embora ou mesmo tapando os ouvidos, pode-se falar em fuga. Ambos reduzem ou evitam os estímulos aversivos, mas em processos diferentes. 2.4. Extinção; Outros processos foram sendo formulados pela Análise Experimental do Comportamento. Um deles é a da extinção. A extinção é um procedimento no qual uma resposta deixa abruptamente de ser reforçada. Como conseqüência, a resposta diminuirá de freqüência e até mesmo poderá ser emitida. O tempo necessário para que a resposta deixe de ser emitida dependera da historia e do valor do reforço envolvida. Assim, quando uma menina, que estávamos paquerando, deixa de nos olhar e passa a nos ignoras, nossas "investidas" tenderão a desaparecer. 2.5. Punição. A punição é outro procedimento importante que envolve a consequenciação de uma resposta quando há apresentação de um estimulo aversivo ou remoção de um reforçador positivo presente. Os dado de pesquisas mostram que a supressão do comportamento punido só é definitiva se a punição for extremamente intensa, isto porque as razões que levaram à ação – que se pune – não são alteradas com a punição. Punir ações leva à supressão temporária da resposta sem, contudo, alterar a motivação.
3. Controle de Estímulos; Quando a freqüência ou a forma da resposta é diferente sob estímulos diferentes, diz-se que o comportamento está sob o controle de estímulos. Se o motorista pára ou acelera o ônibus no cruzamento de ruas onde há semáforo, sabemos que o comportamento de dirigir está sob o controle de estímulos. Dois importantes processos devem ser apresentados: discriminação e generalização: 3.1. Discriminação; Diz-se que se desenvolveu uma discriminação de estímulos quando uma resposta se mantém na presença de um estimulo, mas sofre certo grau de extinção na presença de outro. Isto é, um estimulo adquire a possibilidade de ser conhecido como discriminativo da situação reforçadora. Sempre que ele for apresentado e a resposta emitida, haver reforço. Assim, nosso motorista de ônibus vaio parar o veiculo quando o semáforo estiver vermelho, para ele, o semáforo vermelho tornou um estimulo discriminativo para o comportamento. 3.2. Generalização. Na Generalização de Estímulos, um estimulo adquire controle sobre uma resposta devido ao reforço na presença de um estimulo similar, mas diferente. Freqüentemente, a generalização depende de elementos comuns a dois ou mais estímulos. Poderíamos aqui brincar com as cores do semáforo, colocando vermelho e rosa, mas correríamos o risco dos motoristas acelerarem seus veículos no vermelho, pois poderiam generalizar os estímulos. Mas isso não acontece com o verde e com o vermelho, que são cores muito distintas. Na generalização, portanto, respondemos de forma semelhante a um conjunto de estímulos percebidos como semelhantes. Esse principio da generalização é fundamental quando pensamos na aprendizagem escolar. Nós aprendemos na escola alguns conceitos básicos, como fazer contas e escrevermos. Na vida cotidiana, também aprendemos a nos comportar em diferentes situações sociais, dada a nossa capacidade de generalização no aprendizado de regras e normas sociais.
4. Behaviorismo: sua aplicação; Uma área de aplicação dos conceitos apresentados tem sido a Educação. São conhecidos os métodos de ensino programado, o controle e a organização das situações de aprendizagem, bem como a elagoraçao de uma tecnologia de ensino. Entretanto, outras áreas também tem recebido a contribuição das técnicas e conceitos desenvolvidos pelo Behaviorismo, como a de treinamento de empresas, a clinicas psicológica, o trabalho educativo de crianças excepcionais, a publicidade e outras mais. No Brasil, talvez a área clinica seja, hoje, a que mais utiliza os conhecimentos do Behaviorismo. Na verdade, a Analise Experimental do Comportamento pode nos auxiliar a descrever nosso comportamentos em qualquer situação, ajudando-nos a modifica-los.
Bibliografia Psicologias - Uma Introdução ao Estudo da Psicologia Ana Mercês Bahia Bock – Odair Furtado – Maria de Lourdes Trassi Teixeira Dep. Psicologia – USP Profª Maria Amélia de Matos Laboratório de Psicologia Experimental da Faculdade de Psicologia da PUC – SP
ABORDAGEM BEHAVIORISTA OU COMPORTAMENTAL 1. ORIGEM A Teoria Comportamental surgiu no final da década de 40, redefinindo os conceitos de administração a partir da oposição da Teoria das Relações Humanas, que enfatiza as pessoas, à Teoria Clássica, que se alicerça nas tarefas e na estrutura organizacional. Apesar de tecer críticas à teoria das Relações Humanas, a Teoria Comportamental se utiliza e repara algumas de suas idéias fundamentais como ponto de referência, apesar de considera-la ingênua e romântica. Da mesma forma, alguns autores behavioristas criticam a Teoria Clássica no que diz respeito à organização formal, conceito de autoridade formal, princípios gerais de administração e outros. O início da Teoria Comportamental na Administração é marcado pela publicação, em 1947, do livro "O Comportamento Administrativo", de Herbert A. Simon, que ataca os princípios da Teoria Clássica e acata, com as devidas restrições, os conceitos da Teoria das Relações Humanas. A partir do surgimento da Teoria Comportamental a administração não somente revisou sua abordagem, mas também ampliou seu conteúdo e diversificou sua natureza. 2. PRINCIPAIS TEÓRICOS:
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FREDERICK HERZBERG – Teorias dos dois fatores; ABRAHAM MASLOW – Hierarquia das necessidades; DOUGLAS McGREGOR – Teoria X e Y; CHRIS ARGYRIS OUTROS TEÓRICOS
FREDERICK HERZBERG
Herzberg nasceu em 1923 em Lynn, Massachusets, EUA e graduou em história antes de servir o exército. Concluiu os estudos na Universidade de Nova York e obteve mestrado e doutorado na Universidade de Pittsburgh após a Guerra. Trabalhou, na década de 50, em vários projetos de pesquisa para o Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos, quando desenvolveu sua classificação dos elementos de trabalho em dois conjuntos: os que atendem às necessidades básicas das pessoas e os que atendem as necessidades humanas. Essa classificação foi feita a partir de entrevistas com 200 engenheiros, com o objetivo de estudar as causas de distúrbios mentais. Herzberg pedia que os entrevistados recordassem os acontecimentos que os tivessem feito sentir muito bem ou muito mal no ano que antecedeu a entrevista e os eventos que afetaram seu desempenho ou moral. Sua preocupação era baseada em sua experiência quando serviu na Segunda Guerra, no campo de concentração de Dachau. A partir dessas entrevistas ele concluiu que, na maioria dos casos, os fatores que geram satisfação estimulam o desempenho e o moral e os fatores que geram insatisfação tem um efeito negativo. Após essa conclusão Herzberg desenvolveu a teoria dos dois fatores, quais sejam:
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Fatores HigiÊnicos; Fatores Motivacionais.
FATORES HIGIÊNICOS: São considerados fatores extrínsecos, pois estão diretamente ligados às condições e ao ambiente onde a pessoa desenvolve suas atividades e estão fora do seu controle, visto que são administrados e decididos pela empresa. Os principais fatores higiênicos são:
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Salário; Benefícios sociais; Estilo de supervisão; Relações interpessoais; Políticas e diretrizes da empresa; Condições físicas e de segurança no trabalho;
Antigamente, só se levava em consideração os fatores higiênicos devido ao fato do trabalho ser considerado desagradável. Por isso, para que as pessoas desempenhassem bem suas funções era necessário que as empresas recorressem a incentivos em troca do trabalho, tais como prêmios, incentivos salariais e outros, como formas de prevenir as perdas de moral e eficiência. Mas, para Herzberg, se os fatores higiênicos são bons eles apenas evitam a insatisfação, mas não necessariamente geram a satisfação. Mas se esses fatores são precários, levam à insatisfação do funcionário. FATORES MOTIVACIONAIS: São considerados fatores intrínsecos por estarem relacionados com o próprio trabalho que o indivíduo desempenha estando, portanto, sob o seu controle. Os principais fatores motivacionais são:
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O conteúdo do trabalho em si; Realização pessoal; Exercício de responsabilidade; Reconhecimento; Possibilidade de crescimento Outros.
Segundo Herzberg, se os fatores motivacionais são bons, isso gera satisfação nas pessoas. Porém, se estes são péssimos, eles apenas evitam a insatisfação. Em resumo, para Herzberg, a satisfação está diretamente ligada aos fatores motivacionais e a insatisfação aos fatores higiênicos.
Visando proporcionar aumento da motivação no trabalho, Herzberg propõe o enriquecimento de tarefas ou enriquecimento do cargo, de forma a dar mais conteúdo ao trabalho e mais responsabilidade ao homem, com a finalidade de acompanhar o crescimento individual de cada empregado, dando condições de desafio e de satisfação profissional no cargo. Para ele os efeitos desse enriquecimento proporciona o aumento da motivação e da produtividade e a redução do absenteísmo e da rotatividade de pessoal, o que é altamente desejável. Esse enriquecimento pode ser vertical ou horizontal. O enriquecimento vertical consiste na substituição das tarefas mais simples por tarefas mais complexas. O enriquecimento horizontal consiste na substituição de tarefas relacionadas com uma mesma atividade por outras diferentes, porém no mesmo nível de responsabilidade. Entretanto, há, segundo alguns críticos, vários efeitos indesejáveis a saber:
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Aumento da ansiedade, principalmente quando o empregado tem dificuldades nas primeiras experiências com as tarefas novas e diferentes; Aumento do conflito entre as expectativas pessoais e os resultados de seu trabalho; Sentimento de exploração, quando ocorre o enriquecimento das tarefas mas não o de remuneração; Redução das relações interpessoais devido à maior dedicação que as tarefas enriquecidas demandam.
ABRAHAM MASLOW Maslow nasceu no Brooklyn, em Nova York, EUA, e formou-se em psicologia na Universidade de Wisconsin. Tornou-se membro carnegie do Colégio de Professores Universitários. Formulou sua teoria motivacional baseado, assim como Herzberg, nas necessidades humanas. Segundo ele, essas necessidades estão organizadas e dispostas em vários níveis obedecendo uma hierarquia de importância e influenciação a qual ele denominou Hierarquia das Necessidades. Para Maslow a satisfação dessas necessidades deve seguir uma hierarquia, de modo que uma necessidade satisfeita não sirva mais como um motivador principal do comportamento. Ele concorda com a linha teórica de McClelland que diz que a teoria da motivação não é sinônima da teoria do comportamento. A motivação é uma das partes determinantes do comportamento dentro de uma hierarquia , que começa com as fisiológicas e termina com as de auto-realização, na seguinte ordem:
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NECESSIDADES FISIOLÓGICAS NECESSIDADES DE SEGURANÇA: NECESSIDADES SOCIAIS; NECESSIDADES DE ESTIMA; NECESSIDADES DE AUTO-REALIZAÇÃO
NECESSIDADES FISIOLÓGICAS: São as necessidades diretamente relacionadas à condição física e a sobrevivência do ser humano. Dentre elas podemos destacar as necessidades de alimentação, sono e repouso, abrigo, desejo sexual e outras. São as necessidades mais primárias do ser humano. Se uma dessas necessidades fisiológicas não está satisfeita ela domina a direção do comportamento e quando todas as necessidades humanas estão insatisfeitas, as necessidades fisiológicas assumem a maior motivação fazendo com que o indivíduo procure encontrar alívio para a pressão que elas provocam no organismo NECESSIDADES DE SEGURANÇA: Essas necessidades só surgem no comportamento humano quando este já tem relativamente satisfeitas suas necessidades fisiológicas É o segundo nível das necessidades humanas e está relacionado com segurança e estabilidade, busca de proteção contra ameaça ou privação, ou seja, a fuga ao perigo. Essas necessidades são importantes no comportamento humano visto que, todo empregado fica a mercê das decisões administrativas tomadas pela empresa, que se forem arbitrárias ou incoerentes, geram incertezas e inseguranças quanto à permanência no emprego. Se essas decisões refletem favoritismo ou discriminação ou alguma política imprevisível, podem gerar inseguranças em todos os níveis hierárquicos da empresa. NECESSIDADES SOCIAIS: Essas necessidades só vão aparecer no comportamento quando as necessidades mais baixas estiverem relativamente satisfeitas. Dentre elas estão a necessidade de associação, de participação, de aceitação por parte dos colegas, de troca de amizade, de afeto e de amor. Se elas não estão satisfeitas o suficiente, gera no indivíduo um comportamento antagônico, hostil e resistente com as pessoas que o cercam. Vale lembrar que a
frustração das necessidades de amor e de afeto prejudica a adaptação do indivíduo à sociedade e o leva à solidão. NECESSIDADES DE ESTIMA: São aquelas relacionadas com a auto-avaliação do indivíduo. Estão neste contexto a auto-apreciação, autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio e consideração. Os sentimentos que resultam da satisfação dessas necessidades são de autoconfiança, força, poder, valor, prestígio, capacidade e utilidade. Se há a frustração dessa satisfação, os sentimentos são opostos aos acima citados e podem levar o indivíduo ao desânimo ou a procurar atividades compensatórias.
NECESSIDADES DE AUTO-REALIZAÇÃO: É o grau mais elevado das necessidades humanas e reflete a necessidade que cada pessoa tem de realizar o seu próprio potencial, de autodesenvolvimento e de realização pessoal, o que se expressa através do impulso da pessoa querer ser sempre mais do que é. De acordo com a teoria de Maslow, enquanto as necessidades básicas não forem satisfeitas, só elas serão capazes de motivar o comportamento, o que significa que o que motiva o comportamento é a insatisfação e não a satisfação, pois as necessidades já satisfeitas não influenciam na motivação e dão lugar para o aparecimento de outras necessidades. Um nível de necessidade que foi parcialmente satisfeito pode despertar necessidade de outro nível. Maslow constatou que os ciclos motivacionais são diferentes para cada tipo de necessidade. Os níveis mais baixos de necessidade tem um ciclo mais curto, visto que sua satisfação ou insatisfação são imediatas, enquanto que para os níveis mais elevados a satisfação das necessidades se dá um processo bastante demorado pois exigem um longo período para se realizarem. Mas nem todas as pessoas chegam ao topo da pirâmide de necessidades. Algumas pessoas se preocupam demasiadamente com as necessidades de auto-realização; outras estacionam nas necessidades de estima; outras nas sociais enquanto muitas outras só se preocupam com as necessidades de segurança e fisiológicas, sem, no entanto conseguir satisfazê-las adequadamente. De acordo com a teoria de Maslow são válidas as seguintes premissas: As necessidades básicas manifestam-se em primeiro lugar, e as pessoas procuram satisfazê-las antes de se preocupar com as de nível mais elevado; Uma necessidade de uma categoria qualquer precisa ser atendida antes da manifestação da necessidade de outra categoria; Uma vez atendida, a necessidade perde sua força motivadora, e a pessoa passa a ser motivada pela ordem seguinte das necessidades; Quanto mais elevado o nível das necessidades, mais saudável a pessoa é; O comportamento irresponsável é sintoma de privação das necessidades sociais e de estima; O comportamento negativo é conseqüência de má administração; Há técnicas de administração que satisfazem as necessidades fisiológicas, de segurança e sociais. Os gerentes podem trabalhar no sentido de possibilitar que as outras sejam satisfatoriamente atendidas. DOUGLAS McGREGOR: Nasceu em Detroit, EUA em 1906 e foi professor de administração em Massachusetts. É um dos mais famosos autores behavioristas da administração. Ele acredita que existam vários estilos de se administrar, ou seja, várias teorias administrativas baseadas em diferentes convicções de como se comportam as pessoas dentro de uma organização. Cabe ao administrador escolher qual é a mais adequada para ser implantada na sua organização. Esta escolha será feita de acordo com as convicções que o administrador tem sobre o comportamento humano na organização.
McGregor se preocupa em estudar dois estilos administrativos completamente antagônicos e opostos. Um é a chamada Teoria X, baseada na teoria tradicional da administração. Já o outro estilo baseia-se nas concepções modernas e é chamado de Teoria Y.
TEORIA X: Esta teoria seque uma forma administrativa rígida, autocrática que esquematiza e padroniza o trabalho dos subordinados para assim alcançar os objetivos da organização esquecendo a opinião e os objetivos individuais dos trabalhadores. Ela é baseada em convicções sobre o comportamento humano, que são consideradas errôneas e incorretas por McGregor. Entretanto existam administradores que se identificam com essas convicções e implantam essa forma autocrática de se administrar em suas organizações. Convicções do comportamento humano nas organizações segundo a teoria X:
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O homem é preguiçoso por natureza. Se puder evita o trabalho ou trabalha o mínimo visando uma recompensa salarial.
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O homem é egocêntrico, sendo assim, seus objetivos se opõe aos da organização.
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De pendente se torna incapaz de desenvolver auto controle e autoconfiança. Necessita do administrador para dirigi-lo.
Naturalmente resiste à mudanças, pois não quer arriscar a sua segurança. Não é ambicioso, preferindo manter uma dependência ao seu supervisor do que adquirir maiores responsabilidades. Mantém assim, uma segurança.
Características da forma administrativa da teoria X:
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É de responsabilidade da administração cuidar dos recursos da organização, como dinheiro, materiais, equipamentos e pessoas. Para assim garantir os objetivos econômicos da mesma. O processo administrativo baseia-se em : Dirigir os esforços das pessoas, incentiva-las, controlar suas ações e modificar o comportamento. A administração deve então, persuadir os empregados; recompensa-los, ou puni-los com salários; coagi-los e controla-los, padronizando e dirigindo suas atividades.
É bom lembrar que todas as atividades acima tem o exclusivo interesse de atender as necessidades da empresa para que essa alcance seus objetivos, sem levar em conta os interesses dos trabalhadores.
TEORIA Y: Esta teoria ao contrário da falada anteriormente, segue uma forma administrativa bastante aberta , dinâmica e democrática. Integrando os objetivos individuais dos homens com os da organização Ela se baseia em concepções atuais e não possui preconceitos em relação ao comportamento humano e sua natureza. Convicções do comportamento humano nas organizações de acordo com a teoria Y:
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O homem não tem desprazer em trabalhar e dependendo das condições de trabalho, este pode se tornar satisfatório e recompensador. Sendo assim, o dispêndio do esforço físico e mental no trabalho é tão natural como o divertimento e o descanso.
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Não é característica das pessoas serem intrínseca, passivas ou resistentes às necessidades da empresa. Entretanto podem se tornar devido a uma experiência negativa em uma outra empresa.
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As pessoas naturalmente tem motivação básica, potencial para desenvolver, padrões de comportamento adequado e capacidade de assumir responsabilidades. Deve exercitar a auto-direção e o autocontrole a serviço dos objetivos que lhe são confiados pela empresa.
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O homem aprende em condições adequadas a aceitar e a até procurar responsabilidades.
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Devido as condições e vida moderna certas potencialidades intelectuais das pessoas não são utilizadas por completo.
A capacidade de exercer imaginação e criatividade na resolução dos problemas na empresa é distribuído entre todos e não só confiados a diretoria.
Características da forma administrativa da teoria Y:
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A administração possibilita que todos possam tomar decisões e delega responsabilidades a todos, permite assim maior liberdade para as pessoa dirigirem suas tarefas e assumir os desafios, com isso satisfazem sua necessidade de auto-realização. O cargo é ampliado, ou seja, é reorganizado e as atividades são estendidas, fazendo com que as pessoas conheçam, e tenham idéia do significado do seu trabalho pessoal para as operações da empresa como um todo. Possibilitam a participação nas decisões mais altas, passando assim a comprometer-se a alcançar os objetivos da empresa. Praticam a administração consultiva que é conceder a todos os empregados a oportunidade de serem consultados sobre suas opiniões e pontos de vista a respeito de decisões a serem tomadas. Desenvolvem o programa de Auto-Avaliação do desempenho para encorajar as pessoas a planejar e avaliara sua contribuição para os objetivos da empresa e a terem maiores responsabilidades.
CHRIS ARGYRIS: Nasceu em 1923 , graduado em psicologia, mestre em economia e doutor em comportamento organizacional. É o único autor behaviorista que não se baseia em uma hierarquia de necessidades para formular uma teoria sobre a motivação humana. Para ele os fatores ego, autoconsciência e auto estima são os principais para explicar o comportamento humano nas organizações. Sendo assim, concentrou suas pesquisas em como as estruturas formais e organizacionais influenciam e provocam conseqüências não intencionais sobre os indivíduos, a liderança e os sistemas de controle e de informação gerencial. Em seu livro mais conhecido, Personalidade e organização: o conflito entre o sistema e o indivíduo. O autor se preocupa em analisar o comportamento humano em termos dos efeitos da interação do homem com a organização formal e como estes se relacionam entre si e as conseqüências dos conflitos proveniente desta interação . Argyris se uniu com outro teórico, Donnald Schon, e juntos criaram uma teoria de aprendizagem. Essa teoria esclarece que para se ter uma boa base para o diagnóstico e a ação do comportamento humano era necessário observar não só o comportamento humano em si. Era necessário também observar o funcionamento do raciocínio humano. Eles foram os primeiros a apresentar o conceito de organização que se aprende em um livro cujo titulo é a tradução do conceito para o inglês: Orgaditional Learning. Este conceito nasce da definição do que é organização e explica como esta concebe procedimentos para tomar decisões em nome da coletividade, delega autoridade a indivíduos para agirem pela coletividade e estabelecem limites entre a coletividade e o resto. Eles identificaram em seu livro dois tipos de aprendizagem em organização: Laços Simples – São situações em que os empregados reagem à mudanças quando detectam erros e a seguir os corrigem, visando manter a situação inicial que é a correta. Apenas modifica estratégias e suposições dentro de um conjunto de normas razoavelmente constantes; Laço Duplo – Acontece quando ocorre um conflito que põe em dúvida as normas organizacionais. Caso esses conflitos resultem em significativas mudanças na imagem que o indivíduo tem sobre o seu papel na organização, fará com que o indivíduo desenvolva conflitos de valores que desencadeará em um processo de indagação, provocando reformulação de normas da organização relativa a estratégias e suposições correlatas ao negócio. Criando assim, um novo modelo que servirá para aprendizagens futuras.
OUTROS TEÓRICOS: ROSS STAGNER: Autor behaviorista que em seu livro Aspectos psicológicos de conflitos industriais: motivação, defende que os conflitos , entre a organização industrial e o sindicato, são resultados naturais da interação entre grupos. Se origina das diferentes percepções entre os componentes de uma organização e suas maneiras peculiares de satisfazer seus próprios anseios. Para minimizar estes conflitos, o autor propõe um entendimento comum, ou seja, uma correlação entre princípios e efeitos do processo de percepção física e social nas relações interpessoal e intergrupal. Ross Stanger acredita que subjacente a análise deste conflito, exista o fator motivação, pois a organização além de um fenômeno econômico , e também um grupo social aonde todo ato humano organizado e executado e motivado pela vontade de satisfazer as necessidades que estariam em quatro níveis ascendentes: biológico, físico, social e ideológico.
Ele enfatiza também, a importância de que todos interessados na vida de uma organização tem a necessidade de se familiarizarem com a mecânica de funcionamento para assim serem aptos a entender o comportamento organizacional da mesma. DAVID McClelland:
Nasceu em Lynn, EUA. Mestre e doutor em história. Acredita que a motivação está relacionada com a existência das necessidades, tanto as aprendidas quanto as adquiridas culturalmente. Sendo assim, defende a forte correlação existente entre uma necessidade adquirida, o desempenho e sucesso administrativo. Esta correlação funciona da seguinte forma : a pessoa sente uma necessidade, desempenha com determinação a tarefa para satisfazer esta necessidade e consequentemente atinge o sucesso. As três necessidades que levam a motivação segundo David McClelland:
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Necessidade de Realização: A busca pelo reconhecimento de uma tarefa concluída com êxito em relação a um padrão pré- estabelecido de existência. Necessidade de Afiliação: Busca por um bom relacionamento com os outros individuais. Necessidade de poder: Desejo de controlar e influenciar os outros. Almejam posições de destaque.
O teórico acredita que essas são as principais necessidades aprendidas na infância. Elas não são fixas, podendo ser ou não desenvolvidas na fase adulta e a intensidade delas varia dependendo do setor ou da tarefa desenvolvida.
3. QUESTÃO DA MOTIVAÇÃO: As primeiras hipóteses foram levantadas por filósofos gregos em discussões sobre a felicidade, e as outras teorias começaram a se inspirar nestas antigas idéias que reconhecem três principais motivos:
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A motivação do ganho material A motivação do reconhecimento social A motivação interior da realização pessoal.
Cada uma destas corresponde a uma hipóteses da natureza humana. Motivação do Homem - Racional A primeira hipótese estabelece a felicidade como resultados dos ganhos materiais, o comportamento humano é acionado ou motivado pela perspectiva de ganho. De acordo com esta hipótese as recompensas materiais são as que oferecem maior atrativo para as pessoas. Motivação do Homem- Social Outra boa tradução da idéia de felicidade é o reconhecimento público, algumas pessoas nem dão tanta importância os bens materiais, a glória as atraem mais, são vaidosas e gostam de ser vistas , esta idéia divulgada pela Escola de Relações Humanas, indica que o grupo tem papel importante no desempenho das pessoas, sendo seres sociais que não podem viver sem convivência, enfatizando o lado social e humano das da organização. Motivação do Homem Auto-Realizador O que mais importa é a felicidade íntima que será alcançada com a realização pessoal, não importa a opinião alheia ou o ganho, e sim a realização pessoal, as pessoa preferem fazer aquilo que gostam, e a recompensa que funcionara será aquela que a pessoa julga importante. Motivação do Homem Complexo
Esta complexidade torna quase que interminável a busca da explicação sobre a motivação, sendo nenhuma das hipótese aceitas isoladamente. As pessoas são motivadas por várias circunstâncias, sendo assim cada teoria só oferece parte da explicação necessária para o entendimento do comportamento humano. A pesquisa motivacional é o campo do conhecimento que lida com as razões de ordem comportamental que leva as pessoas a consumir, abrange também as causas ou motivos que produzem determinado comportamento, seja ele qual for. No campo da administração, pessoa motivada significa alguém que demonstra alto grau de disposição para realizar uma tarefa ou atividade de qualquer natureza. No entanto, as pessoas também se motivam para fazer coisas que vão em direção oposta a desejada pela empresa, tais como greves, sabotagens ou invasões de fábricas. Para muitos autores o que desencadeia problema da motivação é insatisfação das necessidades humanas. Quando estas não são satisfeitas o resultado são frustrações levando indivíduo a ansiedade e angustia, se satisfeitas o indivíduo entra em um estado de equilíbrio, só sendo motivado pelas necessidades ainda não satisfeitas. Portanto, passa a ser uma questão simples, caso a questão da motivação seja tida como um problema exclusivo da Administração. Sendo assim a questão da motivação se resume em verificar se os administradores estão conseguindo motivar seus subordinados na busca de um desempenho produtivo, sendo este positivo quando a administração obtiver uma resposta positiva no comportamento de seus trabalhadores. O fundamental está em perceber que tipo de motivação deve ser usada para estimular os trabalhadores, sendo necessário o uso das hierarquias das necessidades, necessidades adquiridas e condições intrínsecas e extrínsecas . A Teoria da Administração visa facilitar o trabalho do administrador na busca de maior produtividade e desempenho, podendo dizer que o comportamento é causado com a observação do mundo, de suas necessidades e estímulos. O modelo de comportamento Estímulo – Pessoa – Objetivo é uma das principais teorias que explicam como os motivos determinam o comportamento. O modelo assume três hipóteses principais :
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Todo comportamento é motivado O comportamento é orientado para a realização de algum objetivo O comportamento que procura realizar algum objetivo pode ser perturbado por conflitos, frustrações ou ansiedade.
O comportamento é normalmente motivado por causas internas ao próprio indivíduo ou causa externas , do ambiente, sendo tida como causação, relação de causa e efeito no comportamento das pessoas. Motivação não significa necessariamente entusiasmo ou disposição elevada, significa que todo o comportamento tem sempre uma causa. O modelo assume a premissa de que o comportamento de todas as pessoas é similar, no sentido de que o mecanismo de funcionamento de todas as pessoas tem o mesmo desenho. As teorias sobre motivação se dividem em três categorias:
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Teorias Prescritivas Implícitas Teorias de Processo Teorias de Conteúdo
TEORIAS PRESCRITIVAS IMPLÍCITAS: As teorias prescritivas implícitas dizem como motivar os empregados, na suposição de que existem princípios que traduzem instruções específicas para a motivação do empregado. Dentro dessa teoria podemos citar a Abordagem Taylorista que considera que os incentivos financeiros são a melhor forma de motivar os empregados, e a Abordagem de Relações Humanas que defende o bom relacionamento dos empregado entre si e com o supervisores é o mais importante fator motivador. TEORIAS DE PROCESSO: As teorias de processo tratam da origem do comportamento humano e como ele funciona, assumindo duas hipótese: Teoria da direção e teoria da expectativa. Teoria da Direção:
A teoria da direção é baseada na lei do efeito de Thorndike, para quem o comportamento presente seria determinado por associações passadas, pois respostas sucedidas de satisfação se repentem com mais freqüência das que sucedidas por desconforto, tornando o comportamento uma combinação entre hábito e direção. Teoria da Expectativa Esta teoria procura explicar como as crenças e expectativas que as pessoas tem a respeito de seu trabalho, combinados a seus desejos produzem um tipo de motivação, propondo três pontos básicos:
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O desempenho que se alcança é proporcional ao esforço que se faz O esforço que se faz é proporcional ao valor que se dá a recompensa Se a recompensa for atraente, a motivação para fazer o esforço será grande
A teoria procura explicar a cadeia de causas e efeitos que vai desde o esforço inicial até o recompensa final. Valor de recompensa - Valor ou importância da recompensa é relativo e depende de cada pessoa. Recompensas muito desejadas tem a probabilidade de produzir altos níveis de desempenho, que, por sua vez, requerem grande esforço para serem alcançados. Desempenho e Recompensa - Existe uma crença de que o desempenho permite alcançar as recompensas, sendo utilizados instrumentos para se alcançar as recompensas, o desempenho deste modo é instrumental na obtenção de recompensas. Desempenho e esforço - O primeiro componente da teoria das expectativas é a crença de que os esforços produz o desempenho, propõe ainda que a motivação como processo liga o esforço ao desempenho e este à recompensa. De acordo com esta teoria, como tudo depende da importância da recompensa, administrar a motivação torna-se um processo de administrar recompensas. Estas também desempenham papel importante nos princípios do behaviorismo.
TEORIAS DE CONTEÚDO: As teorias de conteúdo destacam as necessidades que o funcionário procura satisfazer com o cargo, envocando a pergunta, Quais são as causas que altera o comportamento humano? As necessidades e os motivos impulsionam forçando os empregados a ação, tendo como incentivo os relacionamentos que induzem ao desempenho. Julga- se que as necessidades são motivos internos aos indivíduos, e os incentivos são fatores externos que levam ao comportamento desejado do empregado. Behaviorismo O behaviorismo é um ramo do comportamento que se baseia em experimentações de laboratório com animais. Esse ramo de estudo não focaliza especificamente a motivação humana para o trabalho, mas as suas hipóteses dão base para o entendimento dos mecanismos do comportamento humano. O behaviorismo é uma área de controversa do enfoque comportamental, dada a sua associação com adestramento de animais.
TEORIA DA EQUIDADE A sua principal crença é de que as recompensas devem ser proporcionais ao esforço e iguais para todos. Se duas pessoas focalizem o mesmo esforço, a recompensa deve ser igual. A percepção da falta de equidade pode produzir uma combinação de seis tipos de comportamento:
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Alteração no esforço exercido. Alienação dos resultados produzidos Distorção da auto percepção Distorção da percepção dos outros Escolha de outra referencia
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Abandono da situação presente
Teoria das necessidades Quanto mais forte é a necessidade mais forte será a motivação, certas necessidades são instantâneas, outras tem um ciclo de satisfação mais longo. Portanto cada recompensa ou objetivo do comportamento tem um valor que é determinado pela capacidade de satisfação das necessidades.
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Necessidades básicas Necessidades adquiridas
Necessidades básicas Estas tornam todas as pessoas iguais, tais necessidades como abrigo, alimentação, reprodução, são necessidades inerentes as condições humanas. Necessidades Adquiridas São adquiridas com o convívio com outras pessoas ou por meio de experiências , pela incorporação dos valores de uma sociedade.
FRUSTRAÇÃO Decorrem de necessidades insatisfeitas, ou da percepção da falta de equidade. Uma necessidade insatisfeita produz crescente sentimento de frustração e ansiedade, como conseqüência a pessoa pode ter um comportamento de fuga, compensação, agressão ou deslocamento
BIBLIOGRAFIA: PARK, Kil Hyang. Introdução ao Estudo da Administração MOTTA, Fernando C.P. Teoria Geral da Administração : Uma introdução CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Teoria Geral da Administração