Resumo do texto Nacionalismo Literário de Antônio Cândido
O nacionalismo literário é a característica principal do romantismo brasileiro, segundo Cândido ³ele foi o espírito diretor que animava a atividade geral da literatura´. A presença da ³cor local´, o próprio país, é condição para a definição de literatura no Brasil, o que é e o que não é obra literária é definido pela presença de elementos peculiares brasileiros . Essa valorização da pátria passa pelo desejo dos autores brasileiros de reconhecimento do Brasil na Europa, ou seja, a afirmação da sua capacidade de fazer literatura de qualidade , passa também pela pela vontade de valorização do país, ou do dever patriótico de contribuir para a criação da identidade ³puramente brasileira ´ após a Independência política. E, esse último, o de se construir a nação, se reflete nas muitas peculiaridades do Romantismo brasileiro em relação aos movimentos europeus; apesar de ser efetivamente Romantismo, identificado com a corrente européia, ele se originou de uma ³convergência de fatores locais e sugestões externas´: a estética do movimento europeu com a temática brasileira. Como já foi dito, há a presença do próprio país ± suas tradições, costumes, instituições, paisagens, sentimentos etc. ± no nosso movimento. Há, sim, elementos brasileiros na literatura, mas o Brasil do Romantismo Romantismo é irreal e idealizado. Para ilustrar as suas características e peculiaridades, o autor descreve os temas Religião e Indianismo nas obras. A temática religiosa aparece em todas as obras do Romantismo brasileiro. Entretanto, a religião dominante no país, a católic a, tem menor expressão se comparada à religiosidade, tida como ³abertura da sensibilidade para o mundo e as coisas através de um espiritualismo mais ou menos indefinido´. A presença do sentimento religioso oscila entre a fé específica, ³institucionalizada´ até a um quase panteísmo. O segundo elemento do movimento é o indianismo. O principal objetivo do cultivo desse tema é a criação do brasileiro brasileiro típico, do herói da fundação do
país. Para os autores, o índio é a ilustração do Brasil, assim sendo, como o próprio país, ele passa pelo filtro do olhar europeizado . O personagem é ³embranquecido´, é representado como parente de uma figura mitológica ou talvez de um cavaleiro medieval. Segundo Cândido, ³Não há dúvida que, deformado pela imaginação, ele se prestava a receber as características que a este conferiu o Romantismo´. O movimento romântico buscava dotá-lo das ³armas´ necessárias para ³competir´ com o conquistador, o ³cavalheirismo, a generosidade, a poesia´. Esse herói faz parte do esforço para criar uma literatura, segundo os autores brasileiros, de mesma qualidade que a europeia. Há a presença da natureza exuberante Cândido afirma que a valori zação do ³nacional´ (idealizado) reflete o desejo de valorização do pessoal. A criação do que é brasileiro permitiria o direito de expressar os sentimentos individuais, permitiria ³a libertação graças à definição da autonomia estética e política´. A crença que a literatura brasileira existe e é legítima surgiria pela presença de elementos universais particularizados, e essa crença daria o direito da expressão individual dos autores . Essa legitimação viria com a presença dos grandes elementos ± as atitudes que deveriam ser comuns a todos os romantismos ±, mas dos grandes elementos particularizados, ³assim, o espírito cavalheiresco é enxertado no bugre, a ética e a cortesia do gentil homem são trazidas para interpretar o seu comportamento´.