UFCD
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO E FORMAS
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RELACIONAIS E PEDAGÓGICAS DA CRIANÇA
Formadora: Bernardete Cambado Setembro 2013
Processo de comunicação e formas relacionais e pedagógicas da criança
ÍNDICE 1.Processo de comunicação……………………………………………………………………2 1.1.Conceito……………………………………………………………………………………………………2 1.2.Elementos do processo de comunicação……………………………………………………….2 1.3.Feedback /Empatia…………………………………………………………………………………….5 1.4.Barreiras à comunicação………………………..…………………………………………………..6 2.Comportamentos comunicacionais………………………………………………………10 2.1.Atitudes ineficazes……………………………………………………………………………………10 2.2.Comunicação assertiva………………………………………………………………………………11 3.Relacionamento interpessoal…………………………………………………………….15 3.1.Complexidade e riqueza da personalidade………………………………………………….15 3.2.Dinâmica do relacionamento humano………………………………………………………..16 3.3.Importância das primeiras impressões no relacionamento interpessoal………18 3.4.Tensões do relacionamento humano………………………………………………………..19 4.Comunicação e relação pedagógica………………………………………………….…21 4.1.Regras como elemento estruturante da comunicação e relação pedagógica...21 4.2.Rotinas como elemento estruturante na organização espácio-temporal……..24 5.Relacionamento e educação na infância……………………………………………..26 5.1.Relação da criança com outras crianças……………………………………………………26 5.2.Relação da criança com adultos………………………………………………………………..27 5.3.Impacto das relações entre adultos, na criança…………………………………………29 6.Importância do envolvimento parental……………………………………………….32 6.1.Abordagem sistémica da família……………………………………………………………….32 6.2.Modelo ecológico do desenvolvimento humano (Bron Feubrenner)…………….35 6.3.Participação da família no projecto educativo e na vida da instituição educativa………………………………………………………………………………………………………38 Bibliografia…………………………………………………………………….….……………..41
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1.Processo de comunicação 1.1.Conceito A palavra “comunicação” deriva do latim “communicare”, que significa pôr em comum, associar, entrar em relação, estabelecer laços, tornar comum, partilhar. Troca de ideias, opiniões e mensagens, sendo que contempla o intercâmbio de informação entre sujeitos ou objectos. É um fenómeno espontâneo e natural, que usamos sem darmos conta que esconde um processo muito complexo, que envolve a troca de informações, e utiliza os sistemas simbólicos como suporte para este fim. Estão envolvidos neste processo uma infinidade de maneiras de se comunicar.
1.2.Elementos do processo de comunicação Atendendo à definição mais usual de comunicação que refere ser o “processo pelo qual os seres humanos trocam entre si informações”, surgem implicitamente os elementos nucleares do acto comunicativo: o emissor, o receptor ("seres humanos") e a mensagem ("informações"), o código, o canal e o contexto.
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O emissor e o receptor representam as partes envolvidas na comunicação (quem emite e quem recebe a mensagem).
A mensagem e o meio - representam as principais
ferramentas de comunicação. A Codificação, descodificação, reposta e feedback são os elementos que dizem respeito ao processo de comunicação em si. O último elemento – ruído – corresponde a todos os factores que possam interferir na mensagem que se pretende transmitir. Para haver comunicação é necessária a intervenção de pelo menos dois indivíduos, um que emita, outro que receba; algo tem que ser transmitido pelo emissor ao receptor; para que o emissor e o receptor comuniquem é necessário que esteja disponível um canal de comunicação; a informação a transmitir tem que estar "traduzida" num código conhecido, quer pelo emissor, quer pelo receptor; finalmente todo o acto comunicativo se realiza num determinado contexto e é determinado por esse contexto. Resumidamente, podemos apresentar as seguintes etapas do processo de comunicação: Emissor (ou fonte da mensagem da comunicação): Representa quem pensa, codifica e envia a mensagem, ou seja, quem inicia o processo de comunicação. A mensagem pode ser transmitida sob a forma de palavras, símbolos, gestos, ou qualquer outra forma, desde que compreensível para os intervenientes no processo. Mensagem: Informação, ideia ou pensamento que se pretende transmitir. Corresponde ao que vamos dizer. Código:
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Corresponde à forma como a mensagem é transmitida, sendo um sistema de significados comuns aos membros que efectuam (ou pretendem efectuar) a comunicação. A codificação da mensagem pode ser feita transformando o pensamento que se pretende transmitir em palavras, gestos ou símbolos que sejam compreensíveis por quem a recebe. Canal de transmissão da mensagem Trata-se do meio físico pelo qual a mensagem é transmitida, ou seja, é o elemento que faz a ligação entre o emissor e o receptor. Contexto: Situação específica onde se processa a transmissão da mensagem. O contexto varia consoante o tipo de canal de transmissão utilizado e consoante as características do emissor e do(s) recepto(es), consoante o local onde se processa a situação, da escolha do canal de transmissão e do tipo de codificação
Receptor: É quem recebe e descodifica a mensagem transmitida. Este pode ser uma pessoa individual, ou um grupo de pessoas, pois podem existir numerosos receptores para a mesma mensagem. Depois do receptor receber e interpretar a mensagem transmitida, emite uma informação de retorno à mensagem recebida, sendo esta acção designada por feedback. A linguagem e a comunicação estão intimamente ligadas, pois é o meio que permite a comunicação. Assim, a linguagem é um sistema (conjunto articulável) de signos que combinados entre si, podem produzir uma multiplicidade infinita de significados.
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A linguagem pode ser agrupada em:
LINGUAGENS VERBAIS, que utilizam as palavras.
LINGUAGENS NÃO VERBAIS, que não usam palavras.
LINGUAGENS MISTAS, que utilizam simultaneamente a linguagem verbal e a não verbal.
1.3.Feedback /Empatia Formas de melhorar a comunicação interpessoal A) HABILIDADES DE TRANSMISSÃO 1. Usar linguagem apropriada e directa (evitando o uso de jargão e termos eruditos quando palavras simples forem suficientes). 2. Fornecer informações tão claras e completas quanto for possível. 3. Usar canais múltiplos para estimular vários sentidos do receptor (audição, visão etc.). 4. Usar comunicação face a face sempre que for possível. B) HABILIDADES AUDITIVAS 1. Escuta activa. A chave para essa escuta activa ou eficaz é a vontade e a capacidade de escutar a mensagem inteira (verbal, simbólica e não-verbal), e responder apropriadamente ao conteúdo e à intenção (sentimentos, emoções etc.) da mensagem. Como administrador, é importante criar situações que ajudem as pessoas a falarem o que realmente querem dizer. 2. Empatia. A escuta activa exige uma certa sensibilidade às pessoas com quem estamos tentando nos comunicar. Em sua essência, empatia significa colocar-se na posição ou situação da outra pessoa, num esforço para entendê-la.
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3. Reflexão. Uma das formas de se aplicar a escuta activa é reformular sempre a mensagem que tenha recebido. A chave é reflectir sobre o que foi dito sem incluir um julgamento, apenas para testar o seu entendimento da mensagem. 4. Feedback. Como a comunicação eficaz é um processo de troca bidireccional, o uso de feedback é mais uma maneira de se reduzir falhas de comunicação e distorções. C) HABILIDADES DE FEEDBACK 1. Assegurar-se de que quer ajudar (e não se mostrar superior). 2. No caso de feedback negativo, vá directo ao assunto; começar uma discussão com questões periféricas e rodeios geralmente cria ansiedades ao invés de minimizá-las. 3. Descreva a situação de modo claro, evitando juízos de valor. 4. Concentre-se no problema (evite sobrecarregar o receptor com excesso de informações ou críticas). 5. Esteja preparado para receber feedback, visto que o seu comportamento pode contribuir para o comportamento do receptor. 6. Ao encerrar o feedback, faça um resumo e reflicta sobre a sessão, para que tanto você como o receptor tenham mesmo entendimento sobre o que foi decidido.
1.4.Barreiras à comunicação As principais barreiras à comunicação situam-se a 3 níveis:
Ao nível pessoal;
Ao nível físico;
Ao nível semântico.
1. BARREIRAS PESSOAIS
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Pode acontecer durante os processos de codificação e descodificação da mensagem, podendo assim situar-se: Ao nível do emissor
Quando não assimilou os conteúdos que deve transmitir, devido à má percepção das motivações do receptor.
Pelo seu egocentrismo, associado a uma incapacidade para se colocar no lugar do seu receptor.
Pela utilização de um código inadequado, em que os factores conotativos da mesma língua podem revelar-se significativos.
Deficiente elaboração mental da mensagem.
Deficiente escolha dos meios e/ou do local onde se estabelece a comunicação.
Ao nível do receptor
Falta de interesse para captar a mensagem.
Antecipação da resposta, por não saber escutar activamente.
Competição entre interlocutores, que em casos extremos gera monólogos colectivos.
Preconceitos em relação ao emissor, com hipóteses de valorização ou desvalorização da imagem do emissor e da mensagem recebida.
Posição que ocupa na rede de comunicação.
Estado psicológico - emoções, situação actual, etc..
2. BARREIRAS FÍSICAS Interferem ao nível do canal onde se desenvolve a comunicação.
Ruídos ou barulhos - no exterior, conversas de terceiros, etc.
Desproporção do volume de informação em relação aos meios de comunicação.
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Avarias ou deficiências nos meios escolhidos para enviar a mensagem.
3. BARREIRAS SEMÂNTICAS São constituídas pelas limitações presentes nos símbolos com que comunicamos, já que estes podem possuir significados diferentes.
Não adequação da linguagem aos papéis sociais.
Conotações não entendidas à luz do grupo social de que o indivíduo faz parte (ex: meio rural/meio citadino).
Não correspondência da linguagem verbal à linguagem não-verbal.
A importância da escuta activa A escuta activa é uma atitude de disponibilidade para receber as mensagens dos outros e tentar compreendê-las. A escuta activa encoraja o receptor a explicitar as suas necessidades, ao mesmo tempo que dá a quem atende a certeza de estar a compreender o que ele está a dizer. De facto, temos a tendência para ouvir o que queremos ouvir e ver o que queremos ver. Quando usamos a escuta activa, estamos a enviar um sinal ao receptor de que confiamos nele, de que damos importância às suas palavras e de que o estamos a ouvir. Isto faz com que em troca, o cliente se sinta mais confiante e tenha prazer em estar com quem o atende. Regras para uma escuta activa
Saber deixar falar;
Colocar-se em empatia com o outro;
Centrar-se no que é dito;
Manter os canais abertos;
Eliminar qualquer juízo imediato;
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Não interromper o outro;
Reformular;
Utilizar as capacidades cerebrais.
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2.Comportamentos comunicacionais 2.1.Atitudes ineficazes A fim de minimizar choques comunicacionais, convencionaram-se ferramentas e meios de múltiplas utilizações que passam a ser usados pelas pessoas na comunicação interpessoal. Como exemplo de ferramenta podemos considerar a fala, a mímica, os computadores, a escrita, a língua, os telefones e a rádio. A escolha dos meios de comunicação e a utilização das ferramentas disponíveis deve ser observada de modo a facilitar todo o processo com o menor índice de ruídos possível. Os recursos usados para anular ruídos são: a)Redundância: é todo o elemento da mensagem que não traz nenhuma informação nova. É um recurso utilizado para chamar à atenção e eliminar possíveis ruídos. Nesse sentido, deve-se repetir frases e informações julgadas essenciais à compreensão do receptor; b) Feedback: conjunto de sinais perceptíveis que permitem conhecer o resultado da mensagem; é o processo de se dizer a uma pessoa como você se sente em função do que ela fez ou disse. Para isso, fazer perguntas e obter as respostas, a fim de verificar se a mensagem foi recebida ou não. Uma vez transmitida a informação, o receptor processa-a e, segundo os seus objectivos transforma-a em conhecimento. O importante na comunicação interpessoal é o cuidado e a preocupação dos interlocutores na transmissão dos dados ou das informações em questão para que se obtenha o sucesso no processo desejado.
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Como o simples acto de receber a mensagem não garante que o receptor vá interpretá-la correctamente (ou seja, como se pretendia), convém considerar: 1. Quem comunica a quem, em termos de papéis que essas pessoas desempenham (por exemplo, administração e funcionários, gerente e subordinado). 2. A linguagem ou o(s) símbolo(s) usados para a comunicação, e a respectiva capacidade de levar a informação e esta ser entendida por ambas as partes. 3. O canal de comunicação, ou o meio empregado e como as informações são recebidas através dos diversos canais (tais como comunicação falada ou escrita). 4. O conteúdo da comunicação (boas ou más notícias, relevantes ou irrelevantes, familiares ou estranhas) 5. As características interpessoais do transmissor e as relações interpessoais entre transmissor e o receptor (em termos de confiança, influência etc.). 6. O contexto no qual o comunicação ocorre, em termos de estrutura organizacional (por exemplo, dentre de ou entre departamentos, níveis e assim por diante). Vejamos alguns comportamentos menos assertivos: • Dificuldade em olhar os outros de frente (desviar ou baixar os olhos); • Dificuldade em iniciar ou estabelecer uma comunicação com outrem (tom de voz menos audível ou tom imperativo); • Incapacidade para ver ou escutar alguém (fazer que não vê ou não ouve); • Posicionamento duro, intransigente, altivo, rígido; • Utilização de gestos agressivos (gritos, encenações); • Incapacidade prática de comunicação gestual (rigidez muscular); • Indisponibilidade para tomar a palavra em público…
2.2.Comunicação assertiva Poderemos nós relacionar-nos com alguém de forma positiva? É disso que se trata quando falamos de assertividade.
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A palavra assertividade vem de “assero”, afirmar. Diferente de acertar, afirmar não tem relação com o certo ou errado e sim com a exposição positiva do que se deseja transmitir. Uma pessoa assertiva é capaz de expressar o mais directamente possível o que pensa, o que deseja, escolhendo um conjunto de atitudes adequadas para cada situação, de acordo com o local e o momento. A assertividade permite uma comunicação directa por meio de um comportamento que habilita o indivíduo a agir no seu interesse, defender-se sem ansiedade excessiva, expressar os seus sentimentos de forma honesta e adequada, fazendo valer os seus direitos sem negar os dos outros. Portanto, a assertividade pode ser entendida como uma forma comportamental de comunicar que significa afirmar o que eu quero, sinto e penso, dando simultaneamente espaço de afirmação ao outro. A assertividade é um treino sistemático, em que o indivíduo tem de reaprender a autenticidade através de uma prática gradual e regular. Ser verdadeiro não consiste em "dizer tudo o que me vem à cabeça", mas sim em exprimir-me eficazmente, tendo como objectivo a evolução satisfatória e realista da situação. É necessário, então, saber que tipo de comportamento provoca esta reacção; evitar a mímica e a entoação contrária às palavras; tentar descrever as próprias reacções, em vez de avaliar as acções dos outros; exprimir-me de forma positiva em vez de desvalorizar, julgar, criticar, ridicularizar ou fazer interpretações, facilitando a expressão dos sentimentos dos outros. O comportamento assertivo resulta na fusão de quatro factores:
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• Bom contacto visual • Tom de voz neutro • Atenção à linguagem, e • Postura aberta.
As pessoas assertivas sabem ouvir os outros, admitem os seus pontos de vista e procuram de forma construtiva cooperar com estes. Um líder assertivo não pressiona, manipula ou culpabiliza os elementos da equipa, aceita que estes possam ter reacções positivas ou negativas e sabe dar feedback construtivo, porque tem autoconfiança em si próprio. Um comportamento assertivo implica
O respeito do indivíduo por si próprio, ao exprimir os seus gostos, interesses, desejos e direitos;
O respeito pelos outros, pelos seus gostos, ideias, necessidades e direitos.
É Assertivo quem:
Está à vontade na relação face a face;
É verdadeiro consigo mesmo e com os outros, não dissimula os seus sentimentos;
Coloca as coisas muito claramente às outras pessoas, negoceia na base de objectivos precisos e claramente determinados;
Negoceia na base de interesses mútuos e não mediante ameaças;
Não deixa que o pisem;
Estabelece com os outros uma relação de confiança e não de dominação e de calculismo;
Vantagens da Comunicação Assertiva
Está na base de relacionamentos honestos e saudáveis;
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É o comportamento requerido para resultados “ganhar-ganhar” numa negociação, na resolução de conflitos, na vida profissional e familiar diária;
Produz a sensação de bem-estar no ambiente profissional e familiar;
Traduz-se em melhores resultados para o próprio e para o grupo;
Evita os conflitos e o desgaste nas relações.
Em cada dia deparamos com sinais de insegurança, que conduzem a expressões desajustadas dos sentimentos. Aí surge a assertividade: um processo de auto-afirmação construtiva que se vai aprendendo e mantendo progressivamente com os outros, no nosso agir diário. À medida que a assertividade se vai desenvolvendo, aumenta na pessoa a capacidade de se afirmar como ser único e original: expõe mais os seus desejos íntimos, revela mais claramente as suas intenções e preocupações, aumenta a sua percepção do real e de análise/resolução dos preconceitos próprios. Numa palavra: adquire maior confiança para fazer opções e maior abertura face aos outros a quem concede espaço e tempo de se afirmarem, eles também. É importante que o educador conduza os trabalhos no sentido da descoberta de formas assertivas de relacionamento, estabelecendo com os participantes um clima de autoafirmação, que permita desenvolver: • O sentido do humor, da simpatia e do acolhimento; • A capacidade de observação das situações; • Um relacionamento aberto e franco fundado na segurança da personalidade; • A qualidade da informação/comunicação, ou de dar/receber feedback; • A capacidade de escutar e apreciar os outros.
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3.Relacionamento interpessoal 3.1.Complexidade e riqueza da personalidade Todos somos diferentes, isto é, temos traços de personalidade diferentes, e isso faz com que as nossas reacções sejam diferentes, a forma como nos relacionamos e damos ao outro vai sofrer variações de pessoa para pessoa. O que é a personalidade?
Conjunto de características psicológicas que determinam a individualidade pessoal e social.
Conjunto de padrões comportamentais, (incluindo pensamentos e emoções) que caracterizam a maneira de cada individuo se adaptar às situações da sua vida.
Sobre a complexidade e riqueza da personalidade de cada um em relação com os outros, Rogers enunciou uma teoria sobre o funcionamento óptimo da personalidade que é importante aplicar à situação de aprendizagem. (ensinamentos da experiência)
Cada pessoa possui uma disposição inata a actualizar as potencialidades do seu organismo.
Cada pessoa tem a aptidão de apresentar a sua experiência de maneira correcta e de manter uma situação de acordo entre o self e a experiência.
A pessoa experimenta uma urgência de apreciação positiva, total de si mesma, por si mesma e por parte de pessoas significativas.
Quando esta apreciação positiva total se revela ao sujeito no seio de uma ligação onde se sente compreendido duma maneira empática, a pessoa funciona integralmente.
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3.2.Dinâmica do relacionamento humano Podemos definir relacionamento interpessoal com a Relação estabelecida entre dois ou
mais intervenientes num processo de comunicação. Neste âmbito podemos distinguir duas formas de relação: Relações convencionais São mais ou menos prescritas por normas sociais hierárquicas. É o caso das relações profissionais, onde a relação não é escolhida livremente. Relações não convencionais Têm uma dimensão mais pessoal. A relação traduz-se por uma escolha livre e uma grande implicação pessoal. O homem relaciona-se com os outras através de: •
Relações formais (a de um cidadão com uma repartição administrativa)
•
Relações informais (grupo de amigos)
•
Íntimas (relações familiares)
•
Públicas (participação num concerto)
•
Ocasionais (pedido de informação a um transeunte desconhecido)
•
Sistemáticas (relações de trabalho e de vizinhança)
Factores que influenciam as relações interpessoais: •
Os contextos
•
Os papéis
•
O conteúdo da relação
•
Os intervenientes
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Os contextos •
Relações com os pais e familiares
•
Relações com amigos, colegas de trabalho e vizinhos, comunidade
•
Relações amorosas
O contexto em que vivemos influencia os nossos comportamentos, a nossa qualidade de vida e o modo como nos relacionamos com os outros Papel desempenhado Ao se relacionarem com os outros, as pessoas adquirem novos comportamentos, dividem tarefas e adoptam diferentes papéis. O mesmo indivíduo pode desempenhar o papel de pai em relação ao filho, de filho em relação aos pais, de chefe em relação aos subordinados, etc. As relações interpessoais envolvem interacções, percepções partilhadas, laços afectivos e interdependência de papéis. Os papéis podem ir evoluindo em função da interacção. Conteúdo da relação A relação pode ter como conteúdo um assunto estritamente pessoal, uma matéria de estudo ou um problema profissional. As trocas entre os indivíduos variam de acordo com o conteúdo ou a matéria da relação. Com a família e os amigos, os conteúdos serão, sem dúvida, mais informais. Os interlocutores Os outros nunca são neutros para nós, eles transportam consigo significados e é em função desses significados que nos comportamos.
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Não só contribuímos para as relações em que estamos envolvidos como somos mudados por elas. Uma das exigências fundamentais para que a comunicação e as relações interpessoais se tornem progressivamente mais ricas, produtivas e maduras, é a necessidade de compreensão de si próprio e dos outros. Associamo-nos aos outros para alcançarmos certos objectivos e satisfazer necessidades que, sozinhos, não conseguiríamos realizar. Os outros alimentam a nossa auto-estima, fazem-nos sentir bem, importantes, responsáveis pelo bem-estar deles, fazem-nos companhia, divertem-nos.
3.3.Importância
das
primeiras
impressões
no
relacionamento
interpessoal Todo o adulto conhece e sente aquela ponta de ansiedade inicial de quem começa um trabalho com pessoas com as quais ainda não teve contacto. Podemos causar ou boa ou má imagem de nós próprios nos outros. Os nossos actos, atitudes e comportamentos vão ficar gravados na memória daqueles com quem nos relacionamos pela primeira vez. Devemos criar um espaço de à-vontade e entendimento para se vencerem aqueles momentos de incomunicação, para se “partir o gelo” do desconhecido e ultrapassar a ansiedade do começo. Por isso, vá com um sorriso nos lábios, seja simpática, acessível e calorosa.
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Apresente-se com simplicidade dizendo quem é, o que faz. Introduza uma ou outra brincadeira, um poema, uma cantilena, uma música, uma conversa, de modo a “partir o gelo” e a incentivar resposta por parte dos seus interlocutores – as crianças e/ou adultos. Promova, também, o grupo e ao fazê-lo vá-se inserindo nele e ganhando a sua própria naturalização como membro desse grupo. Quando se ganha esta aposta inicial, as pessoas predispõem-se a ouvi-la, a comunicar, o grupo começa a ser uma realidade e o adulto é aceite como seu animador. Para que cause uma primeira impressão positiva apoie-se nos comportamentos assertivos, nas atitudes, estratégias e gestos corporais positivos a ter com a criança, falados anteriormente. Para evitar uma má impressão evite todos os maus comportamentos, atitudes e estratégias desadequados à promoção de um bom relacionamento interpessoal.
3.4.Tensões do relacionamento humano As estratégias de negociação interpessoal são muito importantes para as crianças, elas são o mecanismo que mais influência tem no progresso do desenvolvimento interpessoal. É importante que os adultos que lidam com crianças conheçam os diversos níveis de estratégias de negociação interpessoal, que saibam identificar em que nível ou níveis se situam as crianças do seu grupo de trabalho, para poderem intervir no sentido de promover o seu desenvolvimento a este nível. Nível 0 – impulsiva A criança utiliza estratégias físicas para atingir os seus objectivos, age impulsivamente. Tem dificuldade em diferenciar a sua perspectiva da do outro, bem como em distinguir entre acções e sentimentos. Não colabora com os outros, em vez disso foge ou usa a força.
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Nível 1 – unilateral A criança utiliza estratégias unilaterais para obter controlo ou satisfazer a sua pessoa. Não considera as perspectivas em separado. Verificam-se ordens e alegações de sentido único ou simples acomodação passiva às necessidades do outro. A sua perspectiva é relevante, é a que prevalece. Nível 2 – recíproca As estratégias deste nível envolvem esforços no sentido de satisfazer ambos os participantes, de forma recíproca. Envolve formas de negociação, trocas e contratos, estratégias de persuasão (tentar convencer o outro). Não há compromissos. A criança diferencia as perspectivas subjectivas considerando-as em simultâneo. Ela resolve, geralmente com autonomia problemas com outras crianças (como esperar pela sua vez, partilhar materiais, etc.).
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4.Comunicação e relação pedagógica 4.1.Regras como elemento estruturante da comunicação e relação pedagógica
Definir, estabelecer e fazer cumprir regras é absolutamente necessário para a educação das crianças. Regras são comportamentos que os pais esperam que as crianças tenham em determinadas situações. As regras são uma base de segurança e de tranquilidade para as crianças, sem elas sentem-se ansiosas e confusas. Primeiro que tudo, para que a criança seja capaz de compreender e cumprir as regras, é necessário que: • Sejam muito claras e explícitas; • A criança saiba sempre quais são as consequências da infracção e do cumprimento dessas regras; • A aplicação das regras seja coerente, isto é, sejam aplicadas sempre, e não numas situações sim e noutras não, e entre todas as pessoas que educam a criança, para que a criança as possa compreender. É muito importante que os pais estejam de acordo em relação à educação dos filhos e que estes possam contar com a ajuda de outros adultos próximos à criança (os avós, amigos íntimos, etc.). Estratégias educativas antagónicas e inadequadas podem impedir a criança de manifestar comportamentos adequados à sua idade e competências.
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É importante que os pais e outros adultos sejam claros em relação ao comportamento que é aceitável e ao comportamento indesejado. As regras devem ser baseadas em expectativas razoáveis para o nível de desenvolvimento das crianças. As crianças confundem-se com facilidade se as regras mudam de dia para dia ou de adulto para adulto. As crianças testam limites e, por isso, a consistência é essencial. Os pais devem ser consistentes no cumprimento das regras e ser previsíveis nas suas reacções. Desta forma, a criança aprende o que é esperado e pode escolher obedecer ou não obedecer, estando consciente das consequências. Tente orientar as crianças de uma forma positiva, referindo o que a criança deve fazer em vez do que a criança não deve fazer. Justifique as regras dando uma explicação que apele ao orgulho da criança, ao seu desejo de ser crescida e à sua preocupação em relação aos outros. Os limites devem ser flexíveis e mudar à medida que a criança cresce, com o objectivo de a ajudar a aprender os comportamentos sociais e emocionais adequados para viver em sociedade. Não se trata de negociar com sentimentos ou dar amor condicional apenas quando a criança se comporta de forma adequada. Os pais devem cumprir o que dizem e ser capazes de manter uma política firme e consistente de disciplina, de modo a que a criança possa esperar que cumpram o que disseram. Se um pai ocasionalmente muda de ideias, não faz mal nenhum dizer à criança que mudou de opinião, explicando as suas razões. Mas, em geral, a vida é muito mais simples para a criança se ela souber que pode esperar que os pais cumprem o que dizem. Apesar de haver muitas excepções, é muito comum os pais e mães terem ideias um pouco diferentes acerca da disciplina. Em geral os pais são mais rígidos e as mães têm mais
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tendência para pensar que a criança está a passar por uma fase e que é melhor ceder um pouco. É importante que a criança sinta a consistência da disciplina de cada pai. Assim, ela começa a saber o que pode esperar de cada um. Independentemente das diferenças entre pais e mães, é muito importante discuti-las em privado e apresentar uma frente unida perante a criança, apoiando as ordens e decisões do outro. A disciplina falha quase inevitavelmente quando um dos pais não apoia o outro, ou pior ainda, quando critica a conduta do outro à frente da criança. É importante recompensar o bom comportamento. Pode ser através de uma demonstração física de afecto, um abraço, um beijo ou uma festinha, ou pode ser um elogio. As afirmações precisas são particularmente úteis porque ensinam claramente à criança o que os pais querem. Os elogios devem ser dados imediatamente, num tom de voz agradável.
As crianças aprendem auto controlo quando os adultos as tratam com dignidade e usam técnicas de disciplina, tais como: • Orientar as crianças através de limites claros, consistentes e justos em relação ao comportamento na sala, ou no caso de crianças mais velhas, ajudando-as a estabelecer os seus próprios limites; • Valorizar os erros como oportunidades da aprendizagem; • Reorientaras crianças para comportamentos ou actividades mais aceitáveis; • Escutar as crianças quando falam sobre os seus sentimentos e frustrações; • Guiar as crianças para que elas resolvam conflitos, modelando competências que ajudem as crianças a resolver os seus próprios problemas; • Lembrar pacientemente às crianças, quando tal seja necessário, as regras e as razões para essas mesmas regras.
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4.2.Rotinas
como
elemento
estruturante
na
organização
espácio-
temporal Uma rotina coerente é uma estrutura. Liberta igualmente crianças e adultos da preocupação de terem de decidir o que vem a seguir e permite-lhes usar as suas energias criativas nas tarefas que têm entre mãos. Uma vez estabelecida e nela integradas as crianças, a rotina torna-se mais flexível. Por exemplo, um bom tempo de trabalho ou brincadeira pode, por vezes, ser prolongado ou a rotina alterada para se adaptar a uma saída ao exterior. A rotina diária tem como fim três objectivos importantes:
Primeiro, proporcionar uma sequência que proporcione à criança um processo de a ajudar a explorar, planear e executar brincadeiras e projectos e a tomar decisões sobre a aprendizagem.
Segundo, dar azo a muitos tipos de interacção – trabalho de grande/pequeno grupo, de adulto/criança, de criança/criança e de adultos em equipa – e a tempos em que as actividades são de iniciativa da criança e de iniciativa do adulto.
Terceiro, proporcionar tempo para trabalhar numa grande variedade de ambientes – dentro de casa, ao ar livre, em excursões ao campo, em diferentes áreas de trabalho. Quando a rotina diária é bem utilizada, pode proporcionar uma estrutura multifacetada que permite a actividade e a criatividade de crianças e adultos.
A existência de diversidade nos períodos de aprendizagem possibilita às crianças um leque de experiências e de interacções. Estes momentos integram o planear-fazer-recordar, tempo em grande grupo e em pequenos grupos, e tempo ao ar livre. Os períodos de aprendizagem activa têm lugar numa sequência razoável e previsível, que vai ao encontro das necessidades particulares do contexto. As experiências têm lugar num
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contexto físico apropriado. Cada período envolve as crianças em experiências de aprendizagem activa, dentro de um clima de apoio. A rotina diária implica a passagem discreta e suave entre experiências atractivas. O papel desempenhado pelas rotinas:
Marco de referência: Uma vez apreendido pela criança, proporciona uma grande liberdade de actuação, tanto às crianças como ao educador.
Segurança: Ao saberem com antecedência o que vão fazer a seguir sentem-se mais seguras e donas do seu tempo.
Captação do tempo: A criança aprende a existência de fases, o seu nome e a sua sequência: o que acontece antes, o que acontece depois, o que se faz no início, o que se faz em todos os momentos da sessão.
Captação cognitiva: A percepção sensorial dos momentos completa-se nas rotinas com uma captação cognitiva da estrutura das actividades.
Virtualidades cognitivas e afectivas: Através da rotina a criança terá a oportunidade de: explorar, auto organizar-se, conhecer a realidade, usar funcionalmente os recursos, autonomizar-se, codificar experiências e tomar decisões.
Actividades: À medida que as crianças se vão apoderando das actividades irão modificando o modo como as realizam.
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5.Relacionamento e educação na infância 5.1.Relação da criança com outras crianças As crianças fazem amigos tal como os adultos. Se são eficientes, aproximam-se dos estranhos com toda a abertura; as que são menos hábeis rondam a brincadeira até que alguém vá ao seu encontro. Na fase em que se formam grupos de crianças em torno de uma actividade, a entrada num grupo é relativamente simples. Se as crianças estão a construir torres, aquela que está à espera pega nos seus próprios blocos e começa a construir também. Pode haver uma troca verbal para comunicar ou comentar qualquer coisa e oferecer ajuda. Mesmo quando as crianças entre os 2 e os 3 anos participam em brincadeiras imaginativas, é relativamente fácil para a outra criança juntar-se ao grupo e fazer o mesmo que as outras estão a fazer. Mais tarde, isto torna-se muito mais fácil. Quando todos estão envolvidos em determinadas actividades, um corpo estranho perturba. Quando as crianças desempenham vários papéis, qualquer outra que entre no jogo tem de conseguir um papel que seja aceitável para as outras. Estudos realizados neste domínio permitem concluir que as crianças populares são: • Amigáveis. As crianças gostam daquelas que as arrastam para uma brincadeira. • Extrovertidas. As crianças sociáveis são mais populares do que as tímidas; as crianças que falam sempre e que nunca ouvem não são populares. • Brilhantes. A inteligência ajuda a criança a compreender rapidamente qualquer coisa e explicar os pormenores às outras.
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• Hábeis. Os talentos específicos são sempre admirados. • Atraentes. Quanto mais imponente é o físico de uma criança, mais ela é admirada pelos seus pares. Outros factores que importam são: • A situação familiar. As crianças mais novas são mais populares do que as que nasceram primeiro. • O tamanho. Ser das mais altas é popular; ser muito alto não é. As crianças gordas são menos populares. • O nome. Um nome apreciado é importante, sobretudo para os rapazes. Características que intimidam os amigos: • O autoritarismo. As crianças agressivas, fanfarronas, más e dominadoras são impopulares, tal como as rancorosas. • A imprevisibilidade. Mau humor e manipulação ao são apreciados; as crianças gostam se saber o que as espera.
5.2.Relação da criança com adultos O modo como o adulto se comporta perante a criança e impõe ordem e respeito, advém da sua experiência anterior e pode ser definido em três estilos: • Autoritário e Rígido: o adulto impõe regras sem considerar as circunstâncias e o ponto de vista da criança. A vontade do adulto tem de ser cumprida. • Democrático ou Flexível: é um estilo que permite às crianças construir regras. Estas não são impostas arbitrariamente pelo adulto. As regras são estabelecidas pelos participantes de comum acordo. • Livre ou Inconsistente: Não há regras claras e estabelecidas. As regras são confusas e as crianças podem interpretá-las à sua maneira.
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Uma boa regra é bem definida, razoável, forte e necessária. Deve ser usada de forma consistente, deve ser revista e verificada por todas as crianças, deve também ignorar condutas irrelevantes e dever ser modelada aos comportamentos estabelecidos. O adulto reage de maneira diferente aos comportamentos e atitudes adoptadas pela criança: • Não preocupado: as necessidades a actividades das crianças são ignoradas pelo adulto. O adulto não se vê responsável pelas crianças. • Culpado: o adulto sente-se responsável pelas atitudes e conduta da criança. • Preconceito: o adulto tem preconceitos acerca das atitudes da criança. • Super protector: o adulto preocupa-se demasiado com as crianças, resolve tudo pela criança. O adulto limita as experiências das crianças e não lhe permite correr qualquer risco. • Excesso de explicações: para parecer menos autoritário o adulto tenta convencer a criança falando demais e dando explicações em excesso. • Rígido: o adulto apresenta um modelo que não permite qualquer mudança. Não há alternativas, as regras são impostas e não se tem em conta o ponto de vista da criança. Não há flexibilidade, o adulto é uma pessoa rígida. • Hipercrítico: o adulto procura a perfeição, apenas se concentra nos erros e nos aspectos negativos. • Arbitrário: o adulto não sabe como expressar os seus sentimentos. Não estabelece regras e não actua de acordo com as regras já existentes. Há certas estratégias, comportamentos e atitudes que sendo levadas a cabo pelos adultos, usadas com paciência e de forma persistente permite às crianças desenvolver uma capacidade de controlo interno e aprender a resolver os seus conflitos com os outros, utilizando formas de interacção adequadas.
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Ao nível das estratégias são: • Organização do ambiente físico, do espaço e materiais; • Estruturação de uma rotina diária consistente; • Adopção por parte do adulto de um papel de apoio (nem permissivo, nem autoritário. Ao nível dos comportamentos e atitudes são: • Intervir imediatamente para parar um comportamento que seja destrutivo ou que ponha em perigo a segurança da criança; Usar a linguagem verbal para identificar os sentimentos e as preocupações das crianças; • Pedir às crianças que exprimam por palavras os seus desejos e sentimentos; • Levar as crianças a apresentar as suas próprias soluções para a resolução de problemas; • Dar às crianças escolha para a resolução de um problema, apenas quando elas se apresentem como opções possíveis de concretizar; • Evitar o uso de linguagem punitiva ou que expresse julgamento; • Quando se depara um comportamento que é inaceitável, deve-se explicar as razões às crianças; • Antes de aparecer uma situação de conflito, verificar se as crianças conseguem resolvê-la sem o apoio do adulto.
5.3.Impacto das relações entre adultos, na criança Nem só de palavras vivem as pessoas. Vivem também, e muito, daquilo que lhes é transmitido através de sensações, sentimentos, emoções, e estados de alma. Os pais, dentro das suas casas, longe dos olhares indiscretos do mundo, comportam-se, falam e sentem como realmente são, sem disfarces. Os filhos observam e aprendem.
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Os filhos imitam os pais para lhes agradar, para que os aceitem, para que não os rejeitem. O olhar das crianças é total, abrangente e cristalino. Muito do que aprendem é resultado de imitação, de absorção directa da essência do pai e da mãe. É por isso que, mesmo sem troca de palavras, uma criança percebe quando o pai falta à verdade em presença de estranhos, ou adopta determinada atitude em determinada situação. As crianças estão permanentemente atentas aos comportamentos dos adultos, aprendem com eles e reproduzem-nos na primeira oportunidade. O peso do exemplo na aprendizagem de comportamentos permite ainda aos pais influenciar o comportamento da criança de uma forma indirecta, isto é, elogiando ou criticando o comportamento de outras pessoas. Por exemplo, é provável que a criança aprenda quais as consequências associadas à infracção de uma norma quando observa o castigo que o irmão recebe ao transgredi-la. "Olha para o que eu digo! Não olhes para o que eu faço!" é uma atitude que não se revela eficaz na educação de uma criança ou adolescente. Os pais devem estar conscientes do poder do exemplo e considerar os seus actos, palavras e emoções como lições que as suas crianças aprendem diariamente. Isto aplica-se ao cumprimento das regras estabelecidas, comportamentos de generosidade, educação e delicadeza, comportamentos de risco (consumo de tabaco, álcool, drogas, etc.), linguagem, motivação para a leitura, optimismo, etc. Por exemplo, no que diz respeito à linguagem, é importante que os pais forneçam bons exemplos ao longo do dia, falando devagar, pronunciando claramente as palavras, dando instruções claras, usando palavras exactas nas descrições e nas conversas, etc. Mais eficaz que dizer a uma criança “fala mais devagar” ou “pensa no que estás a dizer”, é responder à criança de uma forma lenta, deliberada e significativa.
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Também o optimismo é uma atitude ou maneira de ser que se aprende de pequenino (mais uma vez, através do exemplo). Filhos de pais optimistas terão mais probabilidade de ser crianças optimistas. E ser optimista é vantajoso: uma pessoa pessimista fica paralisada, agarrada à negatividade em vez de agir. Ser um bom exemplo implica não lançar as mãos à cabeça, desesperado, à mínima contrariedade, não maldizer a vida sempre que surgem problemas nem se autoproclamar a pessoa mais infeliz do mundo se as coisas não correm como desejava. Em vez de exprimir pensamentos negativos, é importante habituar-se a ver o mundo de uma forma positiva. Quase sempre há várias hipóteses de resolver um problema. Os adultos devem analisá-las com calma e actuar em conformidade, em vez de desmoralizar à primeira. A criança comportar-se-á da mesma forma quando for a sua vez de enfrentar um obstáculo. Os pais devem usar e abusar do humor, relativizar as contrariedades e aproveitar o que existe de positivo em todas as situações negativas. Os filhos seguir-lhes-ão o exemplo. Os pais podem funcionar como modelos em praticamente todos os aspectos da vida. A própria relação do casal assume uma grande importância: se os pais tiverem um relacionamento feliz, harmonioso, caracterizado pela partilha de tarefas e pelo respeito mútuo, é mais provável que os seus filhos também consigam construir uma relação harmoniosa, quando chegar a vez deles. Além da importância de uma relação conjugal equilibrada enquanto modelo a seguir (e forma indirecta de ensinar estratégias de relacionamento entre o casal), permite ainda que as crianças cresçam felizes, sem assistir a discussões infinitas que as sobrecarrega com problemas com os quais ainda não conseguem lidar e que podem afectar o seu desenvolvimento a vários níveis.
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6.Importância do envolvimento parental 6.1.Abordagem sistémica da família A criança convive, cresce e comunica com a família; a ela cabe, em primeiro lugar, a função educativa (um direito e um dever). A família é um elemento activo que desempenha funções e tem responsabilidades distintas das que competem às instituições educativas. Os juízos e os actos que têm lugar no seio da família não devem criar diferenças significativas nem demarcar-se excessivamente em relação aos parâmetros sociais vigentes; gerar-se-ia uma duplicidade e controvérsia prejudiciais nos critérios educacionais básicos. A influência exercida pelo núcleo familiar condiciona, facilita e pode mesmo alterar o desenvolvimento da criança. No seio da família verifica-se a primeira aprendizagem dos valores essenciais e travam-se relações afectivas indispensáveis no amadurecimento global do indivíduo. Os pais são as pessoas mais importantes na vida de uma criança pequena e aqueles cuja aprovação significa mais do que qualquer outra coisa no mundo. “Lendo” as respostas emocionais dos pais ao seu comportamento, as crianças continuamente absorvem informação acerca de qual a conduta que os pais aprovam. À medida que a criança processa, armazena e utiliza essa informação, o seu forte desejo de agradar os pais leva-a a fazer como ela sabe que os pais querem que ela faça, quer os pais estejam ou não ali para ver. Este crescimento na auto-regulação é paralelo ao desenvolvimento de emoções tais como empatia, vergonha e culpa. Exige flexibilidade e capacidade de adiar a gratificação.
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Contudo, quando as crianças pequenas querem muito fazer uma coisa, elas rapidamente se esquecem das regras sociais; são capazes de atravessar a rua a correr atrás de uma bola, ou comer uma guloseima proibida. Na maioria das crianças o completo desenvolvimento da auto-regulação demora pelo menos 3 anos. Algumas crianças internalizam as regras sociais mais rapidamente do que outras. O modo como os pais vivem o seu trabalho, conjuntamente com o temperamento da criança e a qualidade da relação entre a figura parental e a criança podem ajudar a predizer o quão difícil ou fácil será socializar a criança. Factores relevantes no sucesso da socialização podem incluir a segurança da vinculação (ligação emocional recíproca e duradoura entre o bebé e a figura parental, em que cada um contribui para a qualidade da relação), a aprendizagem por observação do comportamento dos pais e responsabilidade mútua entre a figura parental e a criança. Todos estes factores, assim como factores de natureza socioeconómica e culturais podem ter um papel importante na motivação para a obediência. Um estudo revelou que o estilo parental seguido pelos pais influencia o modo como a criança responde às regras sociais e forma a sua personalidade. Pais Autoritários
Valorizam o controlo e a obediência inquestionável.
Tenta fazer com que as crianças se conformem com um determinado padrão de conduta e punem-nas violentamente pela sua violação.
Eles são mais desligados e menos calorosos do que os outros pais.
Crianças de Pais Autoritários:
São crianças tímidas e pouco tenazes.
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Actuam influenciados pelo Prémio ou castigo.
Têm uma baixa auto-estima.
Tendem a ser pouco alegres, infelizes, irritáveis e vulneráveis às tensões.
Pais Permissivos:
Valorizam a auto-expressão e a auto-regulação.
Consideram-se recursos e não modelos.
Fazem poucas exigências às crianças e permitem-lhes monitorizar as suas próprias actividades tanto quanto possível.
Quando têm de estabelecer regras, explicam as razões para tal.
Consultam as crianças acerca das decisões a tomar e raramente punem.
São calorosos, não controladores e não exigentes.
Crianças de Pais Permissivos:
Têm problemas para controlar os seus impulsos.
Têm dificuldade em assumir responsabilidades.
São imaturos.
Têm baixa auto-estima.
Contudo, são crianças mais alegres e vitais.
Pais Democráticos:
Respeitam a individualidade da criança mas também enfatizam os valores sociais. Têm confiança na sua capacidade para orientar as crianças, mas também respeitam as decisões, interesses, opiniões e personalidade destas.
São afectuosos, consistentes, exigentes, firmes na afirmação dos padrões e dispostos a aplicar uma punição limitada e sensata – mesmo o bater moderado e ocasional – quando necessário, dentro do contexto de uma relação calorosa e apoiante.
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Explicam qual é o raciocínio que esta subjacente aos seus padrões e encorajam as trocas de opiniões verbais.
Crianças de Pais Democráticos:
Têm níveis altos de auto controlo e auto-estima.
São capazes de enfrentar situações novas com confiança e iniciativa.
São persistentes no que iniciam.
São independentes, carinhosas e de fácil relacionamento com outras.
Possuem critérios pessoais acerca de questões morais.
O ser humano transforma-se num ser social após um longo e gradual processo, articulado com o próprio desenvolvimento biológico e intelectual. Assim a família juntamente com a instituição educativa e outros elementos traz progressivamente um conjunto de conteúdos e cria ao mesmo tempo critérios que permitem questionar os padrões e modelos sociais vigentes.
6.2.Modelo ecológico do desenvolvimento humano (Bron Feubrenner) O comportamento humano não pode ser interpretado à margem do contesto em que surge. A interacção entre pessoa e ambiente constitui o foco principal de atenção da psicologia da educação baseado no conceito interaccionista. A perspectiva ecológica exige a análise dos contextos e das relações estabelecidas entre eles. Só assim é possível chegar a uma compreensão do funcionamento e desenvolvimento dos seres humanos. Bronfenbrenner é o representante mais reconhecido da psicologia ecológica e, segundo ele, o contexto no qual as pessoas se desenvolvem é constituído por uma série de sistemas
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funcionais ou estruturas concêntricas e encaixadas umas nas outras. Com base na perspectiva ecológica, o conceito de contexto transcende a sua descrição. O que interessa é o contexto compreendido: a forma como o indivíduo compreende o contexto em que actua. Assim, podem distinguir-se as seguintes estruturas: Microssistema: padrão de actividades, papéis e relações que a pessoa em desenvolvimento experimenta num determinado meio, com características físicas, materiais e particulares (ex.: a escola); Mesossistema: compreende as inter-relações de dois ou mais meios nos quais a pessoa em desenvolvimento participa activamente (ex.: para uma criança são as relações entre a família, a escola e os amigos do bairro; para um adulto, seriam as relações entre a família, o trabalho e a vida social); Exossistema: refere-se a um ou mais meios que não incluem a pessoa em desenvolvimento como participante activo, mas nos quais se produzem acontecimentos que afectam o que acontece à sua volta (ex.: o sistema económico e político relativamente à escola); Macrossistema: refere-se às correspondências em forma e conteúdo dos sistemas de ordem menor que existam ou poderiam existir, ao nível da subcultura ou da cultura na sua totalidade, juntamente com qualquer sistema de crenças ou ideologia que sustente estas correspondências. Da mesma forma, existem mudanças que se produzem nas pessoas como consequência de qualquer tipo de educação, a partir das quais é possível estabelecer três categorias:
Educação formal ou educação regulamentada ou escolarização;
Educação não formal é constituída por processos educativos específicos e diferenciados com uma finalidade clara e objectiva, mas situa-se “à margem” do
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sistema
educativo
(educação
de
adultos,
formação
ocupacional
não
regulamentada…);
Educação
informal
é
baseada
em
processos
educativos
indiferenciados,
subordinados a outros objectivos e processos sociais, nos quais a função educativa não é a dominante (ex.: mass media). Do ponto de vista educativo, o indivíduo, ao longo do ciclo vital, pode passar por uma série de contextos educativos: família, escolarização formal em todos os seus níveis, formação profissional e formação continuada, etc. Assim, analisar um contexto significa fixar-se nas actividades, nos papéis e nas relações em que uma pessoa intervém. Os “padrões de actividade” no sistema educativo incluem o comportamento verbal e não verbal dos professores e dos alunos. As actividades escolares são planificadas, intencionais e são direccionadas para provocar mudanças no comportamento dos alunos. Podem variar quanto aos objectivos, complexidade estrutural, adequação às características, etc. segundo o modelo ecológico, a aquisição de novas capacidades depende, principalmente, do significado ou intenção que tenham para o sujeito as actividades nas quais está implicado, assim como a variedade e a complexidade estrutural de tais actividades. No que diz respeito aos papéis, são vistos como expectativas de comportamento associadas à posição que uma pessoa ocupa. Isto implica certas previsões de comportamento. A sociedade tem distribuído os comportamentos esperados do papel de aluno, de educador, de pai, etc. Uma mesma pessoa pode desempenhar diferentes papéis: pai,
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profissional, irmão, filho. O conceito de desempenho de papel implica que cada pessoa tem uma forma especial de o desempenhar. As relações interpessoais são um ingrediente especial de qualquer microsssistema. No sistema educativo destacam-se três relações básicas: a interacção educador-aluno, a relação entre colegas e as relações família-escola.
6.3.Participação da família no projecto educativo e na vida da instituição educativa O objectivo comum da família e da instituição educativa é conseguir a formação integral e harmoniosa da criança. Ao longo das diferentes fases do processo educativo, estas duas formas de intervir trouxeram referências coerentes e suficiente mente abertas à integração na cultura e na sociedade. Ambas devem orientar-se na mesma direcção, de forma a garantir a estabilidade e o equilíbrio, factores indispensáveis a uma formação correcta. Como consequência, pode afirmar-se que a educação compete ao mesmo tempo a pais e educadores. Há, portanto, necessidade de uma estreita colaboração, que se reflicta em acções conjuntas e coordenadas. Cabem múltiplas funções à família como membro activo da comunidade educativa e social. Para além da função biológica de reprodução e de transformação cultural, convém salientar a sua função de agente socializador. O processo de socialização do ser humano pressupõe determinados elementos ambientais, mediante os quais se accionam os mecanismos necessários para o seu desenvolvimento. Numa época não muito recuada, os pais costumavam levar os filhos mais pequenos a um tipo de instituições que “tomavam conta deles”, enquanto eles trabalhavam. Mais tarde
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passavam para outro centro onde a aquisição de conhecimentos se processava de forma rápida, a leitura, a escrita, a aritmética, com vista a ficarem preparados para o ensino obrigatório. Em ambos os casos se esquecia que o processo de desenvolvimento físico e neuropsicológico das primeiras idades não é totalmente autónomo, mas encontra-se estreitamente vinculado ao processo de aquisição dos conhecimentos básicos. Em caso algum a criança amadurece primeiro e, numa segunda fase, aprende; vai amadurecendo à medida que se forma e é educado. Como consequência, a finalidade educativa deve estimular os processos internos do desenvolvimento integral do indivíduo. As propostas específicas da escola infantil apresentam formas de integrar a criança. É indubitável que a escola prepara o homem e a mulher para a sociedade, por isso a sua tarefa é especificamente social, sem esquecer que não é o único factor responsável dentro da comunidade educativa. Os acontecimentos do dia-a-dia marcam os seres humanos; portanto, na preparação para a vida, deve agir-se mediante experiências directas e indirectas. Na escola as crianças observam, actuam, investigam; e podem alcançar-se resultados positivos desde que as propostas docentes tenham relação com as situações e as realidades existentes. A actuação da escola infantil tem de respeitar as necessidades fundamentais das crianças, sem alterar a realidade quando procura formas de progredir na aquisição de conhecimentos. Deve exercitar-se a opinião das crianças com actividades colectivas e ao mesmo tempo desencadeando situações em que cada indivíduo tenha de agir por si.
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Nas diferentes fases de desenvolvimento verificam-se várias aquisições simultâneas do ponto de vista orgânico, psicomotores, linguístico, conceptual, afectivo de maneira a que cada pessoa, de acordo com o seu próprio meio, vai progredindo como indivíduo e membro da sociedade. Um programa adequado em termos de desenvolvimento implica interacções positivas entre os adultos e as crianças. As interacções adequadas em termos de desenvolvimento são baseadas no conhecimento que o adulto tem das crianças; nas expectativas do comportamento adequado à idade; na consciência que os adultos devem ter da existência de diferenças individuais entre as crianças.
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Bibliografia
AA VV., Enciclopédia da psicologia infantil e juvenil, Ed. Lusodidacta, 1995 AA VV., Orientações curriculares para a educação pré-escolar, Ministério de Educação: Departamento de Educação Básica, 1997 AA VV., Pensar formação – Formação de pessoal não-docente (animadores e auxiliares/
assistentes de acção educativa), Ministério de Educação: Departamento de Educação Básica, 2003 Dias, J.M., A Comunicação Pedagógica, 3ª ed., Colecção Formar Pedagogicamente, Lisboa, I.E.F.P, 1993 Fachada, Maria Odete, Psicologia das relações interpessoais, Edições Sílabo, 2010
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