ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico . 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
Palavras-chave: metodologia.
PARTE I – REQUISITOS BÁSICOS 1. A importância da leitura Os livros, de modo geral, expressam a forma pela qual seus autores vêem o mundo; para entende-los é indispensável não só penetrar em seu conteúdo básico, mas também ter sensibilidade, espírito de busca, para identificar, em cada texto lido, vários níveis de significação, várias interpretações das ideias expostas por seus autores. P.15
1.1 Tipos de leitura - apresenta tipos de leituras não-verbais, como a leitura icônica (leitura de símbolos, como os sinais de trânsito) e a leitura gestual (leitura de gestos, como os sinais de libras e de jogadores de vôlei);
1.2 Finalidades da leitura - leitura informativa: informação sobre fatos ou notícias; - leitura formativa: informação para a aquisição de conhecimentos;
1.3 Modalidade s de leitura A leitura pode ser oral ou silenciosa; técnica e de informação; de estudo; de higiene mental e prazer (SALOMON, 1977, p. 59).
1.4 Fases da leitura informativa - leitura de reconhecimento ou pré-leitura ou leitura prévia ou leitura de contato: a finalidade desta leitura é dar uma visão global do assunto, ao mesmo tempo que permite ao leitor verificar a existência ou não de informações úteis para seu objetivo específico; - leitura seletiva: objetiva a seleção de informações que interessam à elaboração do trabalho em perspectiva; - leitura crítica ou reflexiva: exige estudo, compreensão dos significados; feita através da análise, comparação, diferenciação e julgamento das ideias contidas no texto; - leitura interpretativa: mais complexa e feita em três etapas – procura-se saber o que realmente o autor afirma, quais os dados e informações que ele oferece, correlacionamse as informações do autor com os problemas para os quais se está procurando uma
solução, julga-se o material coletado em função do critério de verdade; feita a análise e o julgamento, procede-se à síntese, ou seja, a integração racional dos dados descobertos;
1.5 Tipos de análise de textos - análise textual: leitura que tem por objetivo uma visão global, assinalando: estilo, vocabulário, fatos, doutrinas, época, autor (levantamento dos elementos importantes do texto); - análise temática: apreensão do conteúdo ou tema; identificação da ideia central e das secundárias, processo de raciocínio, tipos de argumentação, problemas (esquema do pensamento do autor); - análise interpretativa: demonstração dos tipos de relações entre as ideias do autor em razão do contexto científico e filosófico de diferentes épocas; análise crítica ou avaliação; discussão e julgamento do conteúdo do texto;
2. Técnicas para a elaboração dos trabalhos de graduação 2.1 Técnica de sublinhar para esquematizar e resumir - procedimentos: leitura integral do texto para tomada de contato; esclarecimento de dúvidas de vocabulário; termos técnicos e outras; releitura do texto para identificar as ideias principais; ler e sublinhar, em cada parágrafo, as palavras que contêm a ideianúcleo e os detalhes mais importantes; assinalar com uma linha vertical, à margem do texto, os tópicos mais importantes; assinalar, à margem do texto, com um ponto de interrogação, os casos de discordâncias, as passagens obscuras, os argumentos discutíveis; ler o que foi sublinhado para verificar se há sentido; reconstruir o texto, em forma de esquema ou resumo, tomando as palavras sublinhadas como base; - sublinhar com dois traços as ideias principais e com um traço as ideias secundárias;
2.2 Elaboração de esquemas - esquema: radiografia do texto; feito com as palavras-chave; - usado para explicar mais concretamente determinadas ideias ou para memorizar mais facilmente o conteúdo integral de um texto; - características: fidelidade ao texto original (conter as ideias do autor sem alteração); estrutura lógica do assunto (de posse da ideia principal, dos detalhes importantes, organizar esse texto dela para as consequentes); adequação ao assunto estudado e funcionalidade (um assunto mais rico, trará um esquema com mais detalhes; um assunto menos profundo, terá um esquema com apenas indicações-chave); utilidade de seu emprego (deve facilitar a consulta ao texto; explicitar páginas e relacionamento entre páginas do texto, etc); cunho pessoal (pode ser lógico, cronológico, psicológico, pode ser imagético ou apenas textual);
2.3 Tipos de resumos
- resumo descritivo ou indicativo: descreve os principais tópidos do texto original e indica seus conteúdos; não dispensa a leitura do texto original; - resumo informativo ou analítico: reduz o texto a 1/3 ou 1/4 do original, abolindo gráficos, imagens, citações, e mantendo apenas as ideias centrais; não contém as opiniões do autor do resumo; deve dispensar a leitura do texto original; - resumo crítico: reduz o texto a 1/3 ou 1/4 do original, abolindo gráficos, imagens, citações, e mantendo apenas as ideias centrais; permite opiniões do autor do resumo; deve dispensar a leitura do texto original; - resenha: tipo de resumo crítico, mais abrangente; reduz o texto, permite opiniões e comentários, inclui julgamentos de valor, tais como comparações com outras obras da mesma área do conhecimento, a relevância dela em relação às outras, etc.; - sinopse: indica tema ou assunto e suas partes principais;
2.4 Redação de resumos: parágrafos e capítulos - aplicar técnica de sublinhar ou de fazer esquemas;
2.5 Redação de resumos de livros - procedimentos: leitura integral do texto para conhecimento do assunto; aplicação da técnica de sublinhar para ressaltar as ideias importantes e os detalhes relevantes em cada capítulo; reestruturar o plano de redação do autor (identificar pelo sumário as principais partes do livro; em cada parte, os capítulos, títulos e subtítulos e elaborar um plano ou esquema de redação do resumo); tomar por base o plano ou esquema para fazer um rascunho resumindo por capítulos ou partes; concluído o rascunho, fazer uma leitura para verificar se há possibilidade de resumir mais ou se não houve omissão de algum elemento importante; refazer a redação com as alterações necessárias; transcrever em fichas, conforme normas de fichamento; - um resumo bem elaborado deve: apresentar de maneira sucinta o assunto da obra; não apresentar juízos críticos ou comentários pessoais; respeitar a ordem das ideias e fatos apresentados; empregar linguagem clara e objetiva; evitar transcrição de frases do original; apontar conclusões do autor; dispensar consulta ao texto original;
3. Técnicas de pesquisa bibliográfica 3.1 O uso da biblioteca: fontes bibliográficas 3.2 Identificação das fontes 3.3 Classificação das fontes - livros de leitura corrente, livros de referência, periódicos, impressos diversos, obras de estudo;
3.4 Fontes primárias e secundárias - fontes primárias: obras que, por sua relevância, dão origem a outras obras que vão formar uma literatura sobre um determinado assunto;
4. Fases da pesquisa bibliográfica 4.1 Escolha e delimitação do tema - critérios: acessibilidade da bibliografia; relevância; exequibilidade (possibilidade de desenvolver bem o assunto dentro dos prazos estipulados e a adaptabilidade em relação aos conhecimentos do - autor); - delimitar: definir a extensão e profundidade do tema e o tipo de abordagem; Ex: tema – mídias locativas; onde? Em que nível? Qual o enfoque? Qual a modalidade do enfoque?
4.2 A coleta de dados - selecionadas as obras que poderão servir para o desenvolvimento do trabalho, procede-se à localização das informações úteis;
4.3 Localização das informações - caso seja necessário ampliar o levantamento bibliográfico, deve-se procurar na bibliografia de cada obra, nas notas de rodapé, nas referências bibliográficas, a indicação de outras obras e autores que poderão ser consultados;
4.4 Documentação dos dados: anotações e fichamentos - utilizar o método de fichamento para a documentação dos dados;
4.4.1 Fichas: tamanhos e conteúdos - tipos de fichas: de indicação bibliográfica (autor, obra, assunto); de transcrições (para citações); de apreciação; de esquemas; de resumo; de ideias sugeridas para leitura;
4.4.2 Uso das fichas e organização dos fichários - não misturar as fichas;
4.5 Seleção do material - selecionar o maior número possível de obras relativas ao tema que se vai abordar; - selecionar (retirar autores que repetem pontos de vista, retirar obras que não se encaixam exatamente no enfoque ou que apresentem controvérsias indesejadas);
1º: escolhe-se o material que poderá contribuir para o trabalho; 2º: classifica-se o material que pode ser utilizado em cada parte do trabalho;
4.6 Plano do trabalho - elaborar plano de redação para evitar dispersões, mudanças de rumo e acúmulo de informações desnecessárias;
4.7 Redação das partes - se bem elaborado o plano de trabalho, pode-se começar por qualquer parte;
4.8 Leitura crítica para a redação final - a redação das partes é sempre um rascunho, uma redação prévia; - terminada a redação das partes, faz-se uma leitura crítica para corrigir possíveis erros de redação ou de argumentação; - verifica-se a articulação entre as partes do trabalho para evidenciar uma linha lógica de raciocínio; - terminar a redação com uma certa antecedência, guardar o trabalho por umas duas semanas e depois submetê-lo à revisão crítica;
4.9 Organização da bibliografia - plano provisório de assunto: determina o aproveitamento ou não das obras referentes ao assunto;
5. Fases da elaboração dos trabalhos de graduação 5.1 Escolha do tema - surgem de: leituras, outras pesquisas, artigos de revistas ou jornais, conversas ou comentários com colegas, experiências pessoais, curiosidade sobre determiando assunto ou reflexões sobre um tópico; - pesquisa exploratória sobre um tema pode facilitar, informando se há fontes fidedignas para a pesquisa e de fácil acesso; - o tema deve corresponder ao gosto, aptidões, vocação e interesses de quem vai abordálo; adequado à sua capacidade intelectual; - o assunto deve apresentar alguma utilidade prática ou teórica; - deve apresentar alguma novidade;
- observar aspectos práticos: por exemplo, o tempo e o custo daquela pesquisa;
5.2 Delimitação do assunto - quanto mais delimitado o assunto, maior a possibilidade de aprofundar a abordagem; - para delimitar o tema, é necessário conhecer um pouco sobre o assunto; portanto, ela é feita após algumas leituras exploratórias; - a análise de uma coisa específica (um aplicativo, por exemplo) poderia trazer mais novidades do que fazer apenas um estudo geral; - delimitar: selecionar aspectos de um tema, limitando a escolha de um deles para que o assunto seja tratado com a suficiente profundidade;
5.3 Pesquisa bibliográfica: leituras e fichamentos - deve começar pelas obras de caráter mais geral, que indicarão fontes de pesquisa mais específicas; - ordem da pesquisa: fazer lista de indicações; fazer leitura prévia; selecionar as obras para leitura seletiva; localizar as obras que contêm informações úteis para o trabalho em questão; fazer leitura crítica ou reflexiva; compreender, apreender e anotar as ideias contidas no texto; destacar o indispensável, o complementar e o desnecessário do texto lido;
5.4 Seleção do material coletado - ordem: expor sobre uma mesa grande as fichas e anotações que serão selecionadas e organizadas; - separam-se primeiro as fichas que contêm subsídios ou informações úteis para o trabalho, de maneira geral, descartando-se as que repetem informações; - selecionam-se as anotações, classificando-as em relação às partes do trabalho; - as fichas de transcrições serão selecionadas em duas etapas: primeiro as que serão aproveitadas em citações; depois, especifica-se em que parte da redação cada citação poderá ser incluída; esta seleção inclui a escolha seletiva dos trechos transcritos, que muitas vezes correspondem às mesmas ideias, expostas por autores diferentes; - procede-se à reflexão;
5.5 Reflexão - imaginar o tipo de abordagem, os tópicos que serão focalizados e quais deles merecerão maior ênfase, como se pretende conduzir o desenvolvimento (em quantas partes o texto será dividido, quais elementos podem ser usados na argumentação, etc);
5.6 Planejamento do trabalho - elaboração de um plano geral escrito, especificando todas as partes do trabalho; - deve ser o mais minucioso possível, indicando as partes, os tópicos, os elementos que constarão das diferentes partes do trabalho;
5.7 Redação prévia das partes 5.8 Revisão do conteúdo e da redação - verificar vocabulário, ortografia, concordância, extensão das frases, clareza, conceitos, clareza das ideias, lógica da argumentação, articulação e equilíbrio entre as partes;
5.9 Redação final e organização da bibliografia 6. Partes que compõem um trabalho de graduação 6.1 Folha de rosto - traz as informações sobre autoria e contexto onde o trabalho foi realizado;
6.2 Sumário / Índice 6.3 Partes obrigatórias ou corpo do trabalho - três partes obrigatórias: introdução, desenvolvimento e conclusão;
6.3.1 Introdução - anunciar o tema do trabalho; esclarecer de maneira sucinta o assunto; delimitar a extensão e profundidade que se pretende adotar no enfoque do tema; dar ideia, de forma sintética, do que se pretende fazer (ou seja, as ideias mestras do desenvolvimento do assunto); apontar os objetivos do trabalho; evidenciar a relevância do assunto a ser tratado; - faz-se referência às teorias, conceitos e ideias que embasam o desenvolvimento ou argumentação; indicam-se os trabalhos importantes do mesmo gênero; - por sua finalidade, não deve ser alongada;
6.3.2 Desenvolvimento - parte nuclear do trabalho que apresenta os argumentos, juízos; - composto, em geral, de: exposição (processo através do qual são descritos e analisados os fatos ou apresentadas as ideias); argumentação (defende-se a validade das ideias através dos argumentos – raciocínio lógico, evidência racional dos fatos, de maneira ordenada, classificando-os e hierarquizando-os); discussão (comparação de ideias;
refutam-se ou confirmam-se os argumentos apresentados mediante um exercício de interpretação dos fatos ou ideias demonstrados);
6.3.3 Conclusão - síntese interpretativa dos argumentos ou elementos contidos no desenvolvimento; não admite nenhuma ideia, fato ou argumento novo; - deve ser breve, exata, concisa; - será chamado de conclusões se o conteúdo do trabalho permitir chegar a dedução de várias conclusões; - será chamada de considerações finais se o trabalho não for conclusivo;
6.4 Parte referencial - apêndices, anexos e bibliografia;
6.4.1 Apêndices e anexos - contêm elementos ilustrativos do texto; apêndices são do autor; anexos não são do autor do trabalho;
6.4.2 Bibliografia - referências bibliográficas: tudo o que foi citado no corpo do trabalho; - bibliografia: trabalhos usados como base, podem ou não ser usados no corpo do texto;
7. Apresentação dos trabalhos: aspectos exteriores 7.1 Tamanho das folhas e numeração - A4; usar somente anverso; todas as páginas numeradas;
7.2 Margens e espaços - títulos e subtítulos separados com espaço duplo;
7.3 Títulos e subtítulos 7.4 A escrita: normas gerais 8. Normas para a redação dos trabalhos 8.1 Objetividade
- usar linguagem denotativa: cada palavra deve apresentar significado próprio, referencial e não dar margem a interpretações; - frases simples, curtas; termos técnicos e estrangeiros devem ser usados apenas quando indispensáveis;
8.2 Impessoalidade - uso da terceira pessoa;
8.3 Estilo - evitar retórica, preciosismos vocabulares ou termos muito eruditos, em desuso; - evitar adjetivos e repetição de termos;
8.4 Clareza e concisão - um parágrafo deve apresentar apenas uma ideia principal, em torno da qual giram as ideias secundárias e os detalhes importantes;
8.5 Modéstia e cortesia - saber reconhecer suas próprias limitações ao longo do trabalho e saber reconhecer as devidas contribuições, sem exageros;
8.6 Técnica de citações no corpo do trabalho - finalidades das citações (também chamadas de testemunho de autoridade): exemplificar, esclarecer, confirmar ou documentar a interpretação de ideias contidas no texto; - não exagerar nem no tamanho e nem no número;
8.7 Notas de rodapé - finalidades: indicações de textos paralelos para reforçar citações textuais ou fazer referências a outros trechos ou outras obras, inclusive do autor citado no corpo do trabalho; transcrição de textos originais de trechos traduzidos; observações pertinentes; definição de termos e conceitos; indicação das fontes das citações; - abreviaturas que podem ser usadas: idem (o mesmo autor, referido anteriormente); ibidem (a mesma obra); op. cit. (na obra citada); loc. cit. (no lugar citado); cf. (confira); v. (vide ou veja); fig. (figura);
9. A elaboração de seminários 9.1 Conceitos e finalidades
- técnica de estudo que inclui pesquisa, discussão e debate; - aprofunda o estudo a respeito de determinado assunto; desenvolve a capacidade de pesquisa;
9.2 Objetivos do seminário 9.3 Modalidades do seminário - clássico (individual); clássico em grupo; em grupo (um conteúdo é dividido em partes e distribuído pelos grupos);
9.4 Temas 9.5 Roteiro para a elaboração dos seminários 1ª reunião: estabelece coordenador (define as etapas da pesquisa, atribui tarefas e verifica o cumprimento delas), secretário (anota as sugestões, a pauta das reuniões e as tarefas atribuídas para cada componente), relator (membro que avalia a comenta o andamento dos trabalhos, a suficiência do material coletado e o desempenho das tarefas propostas); demais membros - define-se o tema, delimita-se o assunto; cada componente apresenta sua sugestão, que será analisada e discutida por todos; - plano de pesquisa, compreendendo pesquisa bibliográfica, entrevistas com técnicos e especialistas no assunto, relatos de observações e experiências, plano geral para coleta de dados; - distribuição das tarefas a serem executadas segundo plano geral para a coleta de dados; o secretário anota tudo e marca-se a segunda reunião; 2ª reunião: apresentação das tarefas executadas ao coordenador; - avaliação do material coletado (é suficiente qualitativa e quantitativamente?); - análise dos dados levantados e distribuição de tarefas (quem vai fichar o que?); - planejamento para a reunião seguinte; 3ª reunião: apresentação dos fichamentos para interpretação e discussão dos dados levantados; - verbalização: cada membro fará a exposição oral do material coletado para que todos fiquem a par do conteúdo de toda a pesquisa bibliográfica; em seguida, os dados são confrontados, discutidos os pontos de vista, expostos os argumentos que levarão às conclusões;
- ordenação do assunto em partes (introdução, desenvolvimento e conclusão), divisão em tópicos, títulos e subtítulos; - elaboração de roteiro de texto; 4º reunião: redação do trabalho; redação prévia das partes, depois redação final;
9.6 Normas para a apresentação escrita e oral 9.7 Avaliação do seminário PARTE II – INTRODUÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA 10. Pesquisa científica: noções introdutórias 10.1 Conceitos de pesquisa - conjunto de procedimentos sistemáticos, baseado no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para problemas propostos mediante a utilização de métodos científicos;
10.2 Requisitos de uma pesquisa - requisitos da pesquisa: qualificação do pesquisador; recursos humanos, materiais e financeiros; - qualidades intelectuais e sociais do pesquisador: conhecimento do assunto a ser pesquisado; curiosidade; criatividade; integridade intelectual; atitude autocorretiva; sensibilidade social; imaginação disciplinada; perseverança e paciência; confiança na experiência;
10.3 Finalidades da pesquisa - classificadas em dois grupos: - motivadas por razões de ordem intelectual: objetivo de alcançar o saber, satisfação do desejo de adquirir conhecimento, denominada pura/fundamental, contribui para o progresso da ciência; - motivada por razões de ordem prática: atender às exigências da vida contemporânea; contribui para a resolução de problemas de ordem prática; denominada pesquisa aplicada;
10.4 Tipologia da pesquisa 10.4.1 Pesquisa quanto à natureza
- trabalho científico original: pesquisa realizada pela primeira vez, que venha a contribuir com novas conquistas e descobertas para a evolução do conhecimento científico; - resumo de assunto: dispensa originalidade; fundamentada em trabalhos mais avançados;
10.4.2 Pesquisa quanto aos objetivos - pesquisa exploratória: primeiro passo de todo trabalho científico; finalidades (principalmente quando bibliográfica) proporcionar maiores informações sobre determinado assunto, facilitar a delimitação de um tema de trabalho; definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou descobri novo tipo de enfoque para o trabalho que se tem em mente; permite avaliar a possibilidade de desenvolver uma boa pesquisa sobre determinado assunto; na maioria do caso, constitui um trabalho preliminar ou preparatório para outro tipo de pesquisa; - pesquisa descritiva: observa, registra, analisa, classifica e interpreta dados sem que o pesquisador interfira neles; incluem a maioria das pesquisas desenvolvidas nas ciências sociais e humanas, pesquisas de opinião, mercadológicas, levantamentos socioeconômicos e psicossociais; possui técnica padronizada de coleta de dados, realizada principalmente por meio de questionários e da observação sistemática; - pesquisa explicativa: tipo de pesquisa mais complexo; registra, analisa, interpreta, e identifica os fatores determinantes (causas) dos fenômenos estudados; busca aprofundar o conhecimento procurando o porquê das coisas; a maioria das pesquisas explicativas usam o método experimental, com manipulação das variáveis;
10.4.3 Pesquisa quanto aos procedimentos - procedimentos: maneira pela qual se obtêm os dados necessários; - pesquisa de campo e pesquisa de fontes “de papel”; - pesquisa documental: utiliza fontes primárias de dados (documentos de primeira mão – que ainda não foram manipulados por outro pesquisador, registros, originais, etc); - pesquisa bibliográfica: utiliza fontes secundárias de dados (livros, artigos, etc); - pesquisa de campo: baseada na observação dos fatos tal como ocorrem na realidade; a coleta de dados é efetuada em campo, diretamente no local da ocorrência dos fenômenos; utiliza técnicas específicas, como a observação direta, os formulários e as entrevistas;
10.4.3 Pesquisa quanto ao objeto - bibliográfica: pode ser tanto um trabalho independente como constituir-se no passo inicial de outra pesquisa;
- de laboratório: não é sinônimo de pesquisa experimental, embora issoa aconteça com frequência; tem condições de provocar, produzir e reproduzir fenômenos; - de campo: não se caracteriza como experimental; a coleta dos dados é feita no ambiente onde espontaneamente acontecem os fenômenos;
11. Métodos e técnicas de pesquisa 11.1 Métodos - metodologia: conjunto de métodos ou caminhos que sã percorridos em busca do conhecimento; - método de abordagem: conjunto de procedimentos utilizados na investigação de fenômenos ou no caminho para chegar à verdade; referem-se ao plano geral do trabalho, a seus fundamentos lógicos, ao processo de raciocínio adotado; constituídos de procedimentos gerais, baseados em princípios lógicos; - método dedutivo: originário do pensamento de Descartes; é possível chegar-se à certeza por meio da razão; suas técnicas se fundamentam em esclarecer ideias através de cadeias de raciocínio; começa por proposições simples até se chegar, por deduções lógicas, à conclusão final; raciocínio silogístico (baseado em duas premissas, a maior – universal – e a menor – particular – que, através da dedução, levam à conclusão; proposto pela lógica de Aristóteles e usada por Descartes); - método indutivo: Francis Bacon; caminho inverso da dedução; privilegia a observação para chegar-se ao conhecimento; enumera os enunciados sobre o fenômeno que se quer pesquisar e, através da observação, procura-se encontrar algo que está sempre presente na ocorrência do fenômeno; - método experimental: compreende observação (manifestação da realidade espontâneas ou provocadas), hipótese (tentativa de explicação), experimentação (observa-se a relação de causa e efeito imaginada na etapa anterior), comparação (classificação, análise e crítica dos dados recolhidos), abstração (verificação dos pontos de acordo e de desacordo dos dados recolhidos) e generalização (estende a outros casos – da mesma espécie – um conceito obtido com base nos dados observados); - método hipotético-dedutivo: lógico; relacionado com a experimentação; pode levar à construção de teorias e leis; - método dialético: investiga a realidade pelo estudo de sua ação recíproca; baseado em três princípios, o da unidade e luta dos contrários (os fenômenos apresentam aspectos contraditórios, que são organicamente unidos e constituem a indissolúvel unidade dos opostos), o princípio da transformação das mudanças quantitativas e qualitativas (quantidade e qualidade são características inerentes a todos os objetos e fenômenos, e estão inter-relacionados; no processo de desenvolvimento, as mudanças quantitativas graduais geram mudanças qualitativas); princípio da negação da negação (o desenvolvimento processa-se em espiral, isto é, as fases repetem-se, mas em nível superior); contrário a todo conhecimento rígido, visto que tudo é visto em constante
mudança, pois sempre há algo que nasce e se desenvolve e algo que se desagrega e se transforma; - método do raciocínio analógico ou raciocínio por classificação: Francis Bacon; - método classificatório: usado nas pesquisas das ciências da natureza, principalmente Botânica, Zoologia, Geologia, Mineralogia, mas também Tecnologia; - métodos racionais: abrangem ciências formais e parte das ciências da natureza; - métodos empíricos: baseados na observação sensorial, abrangem parte das ciências da natureza e as da cultura ou sociais;
11.1.2 Métodos e procedimentos - tem caráter mais específico que os métodos de abordagem, relacionando-se com as etapas do plano de trabalho, e não com ele em geral; - principais métodos de procedimentos ná área de ciências sociais: histórico, comparativo, estatístico, funcionalista, estruturalista e monográfico; - método histórico: investiga os processos e instituições do passado para verificar sua influência na sociedade de hoje; - método comparativo: verifica semelhanças e explica divergências; - método estatístico: busca comprovar relações dos fenômenos entre si, obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência e significado; - método funcionalista: mais um método de interpretação do que de investigação; investiga as relações e o ajustamento entre diversos componentes de uma cultura ou sociedade; estuda a sociedade do ponto de vista da função de suas unidades; - método estruturalista: desenvolvido por Lévi-Strauss; caminha do concreto para o abstrato e do abstrado para o concreto, dispondo, na segunda etapa, de um modelo para analisar a realidade concreta dos diversos fenômenos; - método monográfico ou estudo de caso: criado por Le Play; estudo de determinados indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou comunidades com a finalidade de generalizações; respeita a totalidade solidária dos grupos em primeiro lugar;
11.2 Técnicas de pesquisa - relacionadas à coleta de dados; parte prática da pesquisa; - o método traça as etapas fundamentais de pesquisa (procedimento geral) enquanto a técnica significa os diversos procedimentos ou a utilização de diversos recursos
peculiares a cada objeto de pesquisa, dentro das diversas etapas do método (procedimentos específicos);
11.2.1 Documentação indireta - pesquisa bibliográfica e pesquisa documental;
11.2.2 Documentação direta - modalidades de observação direta intensiva: sistemática (planejada e estruturada), assistemática (não estruturada), participante (o pesquisador participa dos fatos a serem observados), não participante (o pesquisador limita-se à observação dos fatos), individual, em equipe, na vida real (fatos observados em campo ou em ambiente natural), em laboratório (fatos observados em ambiente artificial); entrevista; - observação direta extensiva: baseia-se na aplicação de formulários e questionários, medidas de opinião e de atitudes, testes, pesquisas de mercado, história de vida, etc.;
12. Pesquisa de campo - exige um planejamento geral e um plano específico de coleta de dados; - exige um relatório escrito das várias etapas da pesquisa;
12.1 Projeto de pesquisa - deve conter: título (deve obedecer aos critérios de relevância, viabilidade e originalidade), delimitação do assunto (determinar o tipo de enfoque, extensão e profundidade), objetivos (esclarecer o que se pretende, quais resultados quer obter com a pesquisa), justificativa (pq foi escolhido o tema em questão, qual a relevância e oportunidade do assunto), objeto de pesquisa (unverso da pesquisa, a que ela se refere, quais sujeitos são investigados, qual seu objeto), metodologia (quais métodos e técnicas serão utilizados, pode incluir roteiro com as principais etapas do trabalho), cronograma (tempo necessário para cada fase da pesquisa), orçamento (recursos humanos e materiais, com estimativa de custos) e bibliografia básica (lista com as bases teóricas);
12.2 Planejamento da pesquisa - planejamento geral: parte teórica e coleta de dados/execução da pesquisa;
12.2.1 Escolha do tema - deve respeitar os critérios de originalidade (mesmo que ela não seja original, deve apresentar um novo enfoque, novos argumentos e pontos de vista), relevância (deve estar ligado a alguma questão de interesse geral ou social) e viabilidade.
12.2.2 Delimitação do assunto
- pode estar relacionado à extensão ou ao tipo de enfoque (psicológico, sociológico, histórico, filosófico, estatístico; - pode-se, também, fixar circunstâncias (de tempo, de espaço, de tipo de material...);
12.2.3 Levantamento bibliográfico 12.2.4 Formulação do problema - não se limita a identifica-lo, deve-se especifica-lo com detalhes precisos, defini-lo, circunscrever seus limites, isolar e compreender seus fatores peculiares, identificar as variáveis que sobre ele intervêm e as possíveis relações entre elas;
12.2.5 Construção das hipóteses - hipótese: solução provisória que se propõe para o problema formulado; é provisório pois o decorrer da pesquisa é que vai confirma-lo ou refutá-lo; - pode ser tanto formulado na form a afirmativa ou na interrogativa; - não deve contrariar as evidências e deve ser verificável;
12.2.6 Indicação das variáveis - variáveis: fatores ou circunstâncias que influem direta ou indiretamente sobre o fato ou fenômeno que está sendo investigado; podem ser dependentes ou independentes;
12.2.7 Delimitação do universo da pesquisa - ligado às pessoas envolvidas (não entendi muito bem);
12.2.8 Seleção de métodos e técnicas - devem ser adequados às características da pesquisa;
12.2.9 Construção dos instrumentos de pesquisa - instrumentos de pesquisa: meios através dos quais se aplicam as técnicas selecionadas; - exclusivos de cada pesquisa
12.2.10 Teste dos instrumentos e procedimentos - aplica-se os instrumentos da pesquisa em uma parcela da amostra a fim de verificar a validade ou relevância dos quesitos, a adequação do vocabulário empregado, o número e a ordem das perguntas, etc.; - afere-se os instrumentos e também os procedimentos: a maneira de iniciar e conduzir uma entrevista, como abordar um informante, as atitudes que deve-se ou não adotar, etc;
- procede-se à adequação dos instrumentos, caso necessário;
12.3 Técnicas de pesquisa de campo - buscam recolher e registrar de maneira ordenada os dados sobre o assunto em estudo; - as técnicas de pesquisa de campo são aquelas que integram o rol da documentação direta: a observação direta e a entrevista;
12.4 Técnica de entrevistas - objetivos: averiguar fatos ou fenômenos; identificar opiniões sobre fatos e fenômenos; determinar, pelas respostas individuais, a conduta previsível em certas circunstâncias; descobrir os fatores que influenciam ou determinam opiniões, sentimentos ou condutas; comparar a conduta de uma pessoa no presente e no passado para deduzir seu comportamento futuro, etc.; - três tipos de entrevistas: estruturada, não estruturada, painel; - entrevista estruturada: consiste em fazer uma série de perguntas a um informante conforme um roteiro pré-estabelecido; o teor e a ordem das perguntas não deve ser alterado para que as respostas possam ser, posteriormente, comparadas; - entrevista não estruturada: conversação informal que pode ser alimentada com perguntas abertas; pode ser focalizada (mesmo sem obedecer a uma estrutura formal preestabelecida, o pesquisador utiliza um roteiro com os principais tópicos relativos ao assunto da pesquisa), clínica (perguntas específicas são organizadas para que se possa esclarecer a conduta, os sentimentos do entrevistado) ou não dirigida (o informante tem liberdade total para relatar experiências ou apresentar opiniões); - painel: realizado com várias pessoas, que são levadas a opinar sobre determinado assunto; feita por meio de roteiro; as perguntas podem ser repetidas, de formas diferentes, para que as respostas sejam confirmadas; - deve-se: estabelecer o objetivo da entrevista; reconhecer o entrevistado (se preenche os requisitos para ser informante, se conhece o assunto e se está disposto a prestar informações); escolher as condições favoráveis para realizar a entrevista (marcar dia, hora e lugar com antecedência); escrever o roteiro ou formulário; definir se ela vai ser gravada ou apenas anotada; contato inicial com o informante (explicar as finalidades da entrevista, solicitar colaboração, garantir sigilo); eleborar as perguntas; - no dia da entrevista: deixar o entrevistado à vontade; criar clima cordial, ou mesmo informal, para que o entrevista não se sinta inibido; deixar o informante falar e incentivar ele a terminar seu raciocínio; agradecer e ressaltar a importância da colaboração para a entrevista;
1.5 Instrumentos da pesquisa
- questionário: conjunto de perguntas que o informante responde, sem necessidade de presença do pesquisador; as perguntas devem ser auto-explicativas; preferência por perguntas fechadas; - formulário: conjunto de perguntas que o informante responde, mas não dispensa a presença do entrevistador; permite obtenção de respostas mais amplas; - entrevista: padronizada – ajuda a quem tem pouca experiência; focalizada – requer mais destreza;
12.6 A coleta de dados 12.7 A elaboração dos dados - compreende: seleção, categorização e tabulação; - seleção: visa à exatidão das informações obtidas; caso haja indicativo de erro, deve-se voltar a campo para corrigir a distorção; tem finalidade corrigir tanto falhas quanto excesso de informações; - categorização: classifica os dados e agrupa-os em categorias, em seguida, atribui-se um código, número ou letra para cada categoria; realizada mediante sistema de codificação (transformação dos dados em símbolos); no planejamento da pesquisa já se deve definir se a codificação será feita antes ou depois da coleta; - tabulação: consiste em dispor os dados em tabelas para maior facilidade de representação e verificação das relações entre eles; manual ou eletrônica; - análise: organiza, classifica os dados para que deles se extraiam as respostas para o problema proposto; começa pela apresentação e descrição dos dados coletados; verificação das relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores, os limites da validade dessas relações; busca-se esclarecer a origem dessas relações; procede-se a avaliações e generalizações, inferências de relações causais; - interpretação: procura um sentido mais amplo nas respostas, estabelecendo uma rede de ligações entre os resultados da pesquisa;
12.8 Representação dos dados - feita, principalmente, por tabelas e gráficos; - a lateral das colunas de uma tabela devem permanecer sempre abertas;
13. Relatório de pesquisa 13.1 Partes que compõem um relatório - idem trabalhos relatados anteriormente;
REFERÊNCIAS SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia: elementos de metodologia do trabalho científico. 5. ed. Belo Horizonte: Interlivros, 1977.