P R O J E T O
ARARIBÁ
Informes e Documentos
HISTÓRIA TEMPO E HISTÓRIA
Distribuição exclusiva para professores Venda proibida
Maria Inez Turazzi é historiadora e doutora em Arquitetura e Urbanismo pela USP. Carmen Teresa Teresa Gabriel é historiadora e doutora em Educação pela PUC-RJ.
Informes e Documentos
Introdução
Repensando as noções de tempo
Ensinar história é trabalhar com o tempo. Para os professores dessa disciplina, o tempo é uma ferramenta imprescindí vel à compreensão dos conteúdos que integram as grades curriculares dos diferentes ní veis de escolarizaçã o. Um dos principais objetivos do ensino de história é contribuir para que as geraçõ es mais jovens possam compreender o mundo em que vivem, e uma das chaves mestras para essa compreensão é justamente a noçã o de tempo e sua tessitura histórica. Esse objetivo pode ser alcançado, por exemplo, quando o aluno compreende que os significados atribu í dos ao mundo plural em que vivemos não s ão t ão “naturais”, como muitos costumam pensar, pois até mesmo as nossas referências temporais dependem da época, do lugar e das rela çõ es sociais que construí mos à nossa volta. Ensinar história não deixa de ser, portanto, um combate permanente contra a fatalidade e uma aposta renovável na utopia. O objetivo principal deste Informe é oferecer material de apoio ao professor de história e de matérias afins, para uma reflexão sobre o tempo e sua aplicabilidade no ensino de suas disciplinas. A relação estreita entre história e tempo é ela pr ópria construí da historicamente. Por isso mesmo, diferentes concepçõ es de história trabalham com diferentes formas de significar e representar o tempo histórico. Trata-se, portanto, de uma r eflexão que procura resgatar, em um primeiro momento, o caráter histórico das múltiplas noções de tempo que conhecemos. Em seguida, procuramos discuti r como a relação tempo e hist ória se apresenta atualmente nas propostas curriculares adotadas no paí s e nos livros didáticos que circulam nas escolas brasileiras, com o intuito de contribuir para o enriquecimento das aulas de Hist ória.
“Fomos treinados para associar ‘século passado’ ao XIX. Quem tem 40 anos há 40 anos pensa no século XIX como o século passado, e quem tem 80 pensa assim há 80. O hábito mental é tão arraigado como o de associar peixe com água, ou pássaro com vôo. E, no entanto, agora, é o século XX que passa a ‘século passado’. A um simples golpe do calendário, um simples arrancar de páginas de uma folhinha, o pobre século XX, tão vivo, tão dinâmico, tão presente, o século do avião, da televisão e do computador, transfere-se para o passado. Junto com sua reclassificação, todos os que vivemos hoje viraremos pessoas do século passado, rigorosamente todos, até os bebês, mas isso impressiona menos do que a simples idéia de que este século tão ufano de si próprio, tão fanático pelo ‘novo’, pelo ‘veloz’ e pelo ‘moderno’, entrará para o arquivo morto da História. Como foi ele chegar a esse ponto?” TOLEDO, Roberto Pompeu de. Ano 2000, ano 2001: o que esperar deles. Veja , 22 de setembro de 1999. p. 154.
Natureza, sociedade e indivíduo
“O tempo tornou-se a representa çã o simbólica de uma vasta rede de rela çõ es que re úne diversas seqüê ncias de caráter individual, social ou puramente f í sico. [...] Muitas vezes o indiv í duo parece sentirse um ser isolado frente à totalidade do universo e se comportar como conv ém. Do mesmo modo, a sociedade e a natureza aparecem freq üentemente como mundos separados. Uma reflex ã o sobre o tempo deve permitir corrigir essa imagem de um universo dividido em setores hermeticamente fechados, desde que reconhe ç amos a imbrica çã o m útua e a interdepend ência entre natureza, sociedade e indiv í duo.
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Basta olharmos para um rel ógio ou um calendário para nos darmos conta disso. Ao constatar, por exemplo, que é meio-dia do d écimo segundo dia do d écimo segundo mês do ano 1212, fixamos, simultaneamente, um marco temporal no fluxo de uma vida individual, na evolução de uma sociedade e no devir da natureza. Em seu atual est ágio de desenvolvimento, a no ção de tempo representa uma s í ntese de ní vel altí ssimo, uma vez que relaciona posi ções que se situam, respectivamente, na sucess ão dos eventos f í sicos, no movimento da sociedade e no curso de uma vida individual. ” ELIAS, Norbert. Sobre o tempo . Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. p. 17.
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Tempo e história
O tempo na história e os tempos da história O desenvolvimento da biologia e da geologia, com a descoberta e o estudo dos fósseis de animais que viveram há milhões de anos, tornou conhecida a evolução da vida na Terra e a descoberta da imensidão do tempo, por isso mesmo chamado de tempo geol óg ico . Os cientistas calculam que o Universo exista há uns 15 bilhões de anos; que a Terra tenha s urgido h á mais ou menos 4,5 bilh ões de anos; e que os seres humanos estejam aqui há uns 100 mil anos. As datações do tempo geológico e do tempo biológico marcam a duração de lentas transformações da Terra e das formas de vida sobre o planeta, pela erosão das rochas, pela explosão dos vulcões e pelo aparecimento ou desaparecimento de montanhas, rios, plantas e animais.
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O tema deste Informe , no entanto, é o tempo como experiência humana, coletiva e, portanto, histórica. O tempo fí sico e o tempo biológico (individual, psicológico, etc.), por exemplo, não podem ser dissociados dessa experiência, mas sabemos que o tempo histórico tem sua especificidade: é aquele que está enraizado nos calendários e nas cronologias, na sucessão dos fatos e na narrativa dos diferentes acontecimentos compartilhados pelos homens. No livro Tempo e hist ór ia , as historiadoras Maria Inez Turazzi e Carmen Teresa Gabriel procuraram introduzir a questão para o público jovem, destacando o caráter histórico da noção de tempo e dos instrumentos utilizados para medi-lo (calendários, relógios, etc.):
“A idéia de um tempo grande, comprido e único, que corre em uma direção, está enraizada à maneira de vermos a nossa própria vida e de contarmos a história de homens e mulheres que vivem à nossa volta ou que viveram no planeta em outras épocas. Por isso mesmo, dificilmente lembramos que existem muitas outras noções de tempo, criadas por outras maneiras de ver a vida e o mundo. As nossas idéias e as nossas experiências sobre o tempo, que nos parecem tão ‘naturais’, têm também uma história (ou muitas histórias). Em outras palavras, o próprio tempo, ou a maneira como ele é percebido, organizado e explorado por nós, para viver ou para narrar o acontecido, tem também um passado. O tempo tem sua história e a história, por sua vez, não pode abrir mão do tempo.”1 A compreensão do tempo é seguramente um grande desafio para o ser humano: ele não pode apreendê-lo pelos sentidos, mas pode reconhecer sua existência, medir sua duração, interpretar seu significado e quantificar seu fluxo, sem jamais conseguir controlá-lo. Falamos de tempo individual, coletivo, biológico, psicológico, fí sico, histórico e assim sucessivamente, porque todas essas distintas concepções fazem parte do esforço humano de compreender e ordenar esse grande enigma representado pelo tempo. No ensino da hist ória, trata-se de uma ferramenta essencial para que a disciplina seja trabalhada de forma crí tica e problematizadora. TURAZZI, Maria Inez; GABRIEL, Carmen Teresa. Tempo e hist ó ria . São Paulo: Moderna, 2000. p. 4. Cole ção Desafios. 1
Um outro olhar
“Existem milhões de toneladas de livros, arquivos, acervos, museus guardando uma chamada memória da humanidade. E que humanidade é essa que precisa depositar sua mem ória nos museus, nos caixotes? Ela n ão sabe sonhar mais. Então ela precisa guardar depressa as anotações dessa memória. Como estas duas memórias se juntam, ou não se juntam? É muito importante para nossos povos tradicionais que ainda guardam esta memória, herdeiros dessa tradição, cada vez mais restrita no planeta, ilhados em alguns cantinhos do Pací fico, da Ásia, da África, aqui da América, num mundo cada vez mais mudado pelo homem, onde o dia e a noite j á não t êm mais fronteira, porque inventaram artifí cios para ele rodar direto – dia-noite-dia. Quando o homem rompe a separa ção entre o dia e a noite, como ele vai sonhar? [...] Para estes pequeninos grupos humanos, nossas tribos, que ainda guardam esta herança da antiguidade, esta maneira de estar no mundo, é muito importante que essa humanidade que está cada vez mais ocidental, civilizada e tecnológica, lembre, ela também, dessa memória comum que os humanos têm da criação do mundo, e que consigam dar uma medida para sua história, para sua história que está guardada, registrada nos livros, nos museus, nas datas, porque, se essa sociedade se reportar a uma mem ória, nós podemos ter alguma chance. Senão, nós vamos assistir à contagem regressiva dessa memória no planeta, até que só reste a história. E, entre a hist ória e a memória, eu quero ficar com a memória.” KRENAK, Ailton. Antes, o mundo n ão existia. In: NOVAES, Adauto (Org.). Tempo e hist ó ria . São Paulo: Companhia das Letras/Secretaria Municipal de Cultura, 1992. p. 204.
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Informes e Documentos
A percepção e a experiência do tempo A percepção do tempo pelo ser humano é fí sica e concreta, sem deixar de ser, simultaneamente, uma experiência simbólica e cultural. Somos regidos por diferentes ritmos, sensações, tempos e movimentos que comandam tanto o funcionamento do nosso corpo (a batida do coração, o sono e a vigí lia, etc.) como as lembranças que povoam a nossa memória (imagens, acontecimentos, etc.). Os fenômenos que começam num ponto e a ele retornam, repetindo o seu movimento, como a rotação da Terra, a sucessão dos dias e das noites, as fases da Lua ou as estações do ano, s ão parte de um tempo c íc lico , representado por um cí rculo. Esse tempo perceptí vel na natureza orientou os homens, ao longo de sua história, no estabelecimento de medições temporais (como, por exemplo, o dia, o mês e o ano). O envelhecimento, por outro lado, é para o ser humano uma das formas mais evidentes da existência de um tempo linear , isto é, de um tempo contí nuo que segue sempre em frente e não se repete, geralmente representado por uma seta.
próprio corpo e no mundo à sua volta, o homem foi capaz de perceber a sucessão dos acontecimentos e suas variações, criando assim diferentes interpretações para a passagem do tempo, bem como vários instrumentos para determinar a sua duração. Por essa razão, o reconhecimento de que as interpretações e as medições do tempo que adotamos também têm uma história, isto é, refletem uma determinada experiência cultural do tempo, em meio a outras experiências do gênero existentes no passado e no presente, parece ser a melhor forma de começarmos a vencer o desafio de compreender o tempo, tarefa cada vez mais compartilhada pelo professor com seus alunos. ID C
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Observando os ritmos do dia-a-dia, os ciclos da natureza e as marcas do envelhecimento em seu ©
Aplicação em sala de aula Ao ingressar no terceiro ciclo do ensino fundamental, o aluno já traz consigo percep ções e experiências com relação ao tempo, constru í das nos diferentes espaços de socialização por onde passou (inclusive nos primeiros anos na escola, no ensino fundamental). As noções de continuidade, irreversibilidade e simultaneidade já estão, de certa forma, enraizadas em sua leitura do mundo. As suas pr áticas cotidianas estão reguladas pela noção de tempo da sociedade em que vive. É essa noção que lhe oferece os referenciais para estar “atrasado”, “sem tempo para nada ”, “perdendo tempo”, etc. Uma maneira de introduzir a disciplina no in í cio do terceiro ciclo pode ser justamente problematizando as noções de tempo t ão enraizadas em nossa sociedade. Isso pode ser realizado por meio de atividades que permitam ao aluno refletir sobre a sua pr ópria forma de perceber e vivenciar o tempo. Alguns exemplos de situações didáticas:
Etapa 1 – Solicitar aos alunos que fa çam um levantamento em jornais, revistas ou em ou tros meios de co-
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municação de massa, de express ões e/ou frases com o termo tempo relacionadas com a percep ção da sua “passagem”, duração e/ou ritmos de mudan ças que caracterizam o nosso presente. Discutir o significado dessas expressões e as implicações nas práticas sociais cotidianas. Organizar um painel com essas expressões e lançar a quest ão: será que todas as sociedades, no passado e no presente, percebem e vivenciam o tempo dessa forma?
Etapa 2 – Apresentar aos alunos diferentes sociedades e suas distintas rela ções com o tempo. Exemplos: sociedades antes da Revolução Industrial, sociedades não-industrializadas no mundo contempor âneo, etc. Etapa 3 – Estabelecer semelhanças e diferen ças entre as sociedades que percebem e vivenciam o tempo do mesmo modo que a nossa e as que o fazem de forma diferenciada. Solicitar aos alunos que levantem informações e hipóteses capazes de explicar as raz ões pelas quais algumas sociedades pensam e vivenciam o tempo de forma semelhante ou diferente da nossa.
Tempo e história
Os instrumentos de medição do tempo A divisão do tempo já foi definida como “uma das concepções mais ousadas e mais úteis do espí rito humano”2. O Sol foi essencial para a contagem da dura çã o do tempo cí clico da natureza e, conseqüentemente, para a medição natural do tempo (os dias e as noites, as estações do ano, etc.). A criação de medidas de tempo com base nesses ciclos contribuiu para a ampliação do controle do mundo fí sico pelo homem e instituiu nas sociedades humanas relações de poder fundadas no conhecimento e domí nio dessas medidas. Afinal, são elas que determinam os ritmos de trabalho, o tempo livre e as comemorações festivas. Mas essas medições só puderam ser realizadas com o estabelecimento de convenções temporais compartilhadas pela coletividade.
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O historiador G. J. Whitrow, analisando a evolução de nossa consciência temporal e seu significado em diferentes sociedades, explica-nos que “a fusão de dia e noite numa única unidade de 24 horas não ocorria ao homem primitivo, que os via como fenômenos essencialmente distintos. [...] Uma grande variedade de convenções foi usada para estabelecer quando começava a unidade dia . Os egí pcios antigos escolheram a aurora, ao passo que babil ônios, judeus e muçulmanos escolheram o pôr-do-sol. Os romanos de iní cio escolheram o nascer do Sol, mas depois a meia-noite, em razão da duração variável do perí odo iluminado”3. Observando os fenômenos da natureza e o movimento dos astros, camponeses, artesãos, marinheiros e, principalmente, astrônomos aprenderam a calcular a duração dos dias e das noites, a elevação das marés, a mudança das estações, a chegada de um novo ano e o seu recomeço a intervalos regulares de tempo. Graças a essas observações, criaram os primeiros instrumentos para medir a dura çã o , isto é, para calcular a passagem das horas (como os relógios) e a sucessão dos dias, meses e anos (como os calendários). Os relógios de sol, por exemplo, foram criados há mais de 4.000 anos pelos eg í pcios, pois estes aprenderam muito cedo a interpretar o tempo graças à regularidade das cheias do Rio Nilo, todos os anos, entre os meses de junho e outubro. As clepsidras, as ampulhetas, as lamparinas, assim como os relógios de sol, foram alguns dos instrumentos de medida do tempo criados pelo homem, com recursos encontrados na própria natureza (luz, água, areia, pedra, etc.). O surgimento do relógio mecânico na Europa, no século XIII, instituiu novas formas de organização social, fundadas na medição do tempo, e isso foi tão importante para a história da humanidade quanto a invenção da pólvora, da imprensa ou da máquina a vapor. Embora a origem do primeiro relógio mecânico não possa ser determinada com precisão, ela tem sido atribuí da à colaboração de sábios e artesãos, “do monge que primeiro o concebeu e do ferreiro que efetivamente o construiu”4. A frase é de Hertault-Lamerville, relator do projeto de um novo calend ário republicano francês (1799). Apud LE GOFF, Jacques. Calend ário. Memó ria-hist ó ria . Enciclopédia Einaudi. v. 1. Lisboa: Imprensa Nacional e Casa da Moeda, 1984. p. 264. 2
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WHITROW, G. J. O tempo na hist ó ria . Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. p. 29.
Relógios de sol ID C
O rel ógio de sol é um dos meios mais simples de medir o tempo. Uma haste fixada a uma pedra ou ao solo projeta sua sombra e esta vai mudando conforme a Terra se movimenta. A sombra é menor ao meio-dia, quando o Sol está quase a pino, e maior de manh ã e à tarde.
Relógios mecânicos
“Nos séculos XI e XII desenvolve-se na Europa uma nova vida urbana: o artesanato prospera, enquanto nascem a ind ústria e os bancos. Essas atividades trazem um tempo novo, mais premente que o da vida no campo: um tempo que deve ser conhecido com precisão a todo momento e que n ão pode ser medido pelos antigos mecanismos. Reúnem-se assim as condições para que se invente, no fim do século XIII, o rel ógio mecânico acionado por pesos e pêndulos, que institui um marco na história da ciência e da tecnologia. [...] Do s éculo XII ao XX, os relógios mecânicos, atendendo a uma demanda cada vez mais exigente, não cessaram de se aperfeiçoar sob todos os aspectos, tornando-se menores, mais precisos, confiáveis e baratos.” MATRICON, Jean. Escalas e medi- das . Correio da Unesco, junho de 1991. p. 12.
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Idem, p. 122.
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Informes e Documentos O crescimento das atividades urbanas e a multiplicação dos meios de comunicação entre os habitantes das cidades (trens, telégrafos, navios a vapor, etc.) favoreceram o desenvolvimento de modelos cada vez mais aperfeiçoados de relógios mecânicos e sua ampla difusão em todo o mundo. No século XIX, o estabelecimento da chamada hora universal tornou possí vel a adoção de uma referência temporal compartilhada por várias cidades simultaneamente, o que representou um marco importante na crescente padronização e sincronização das medidas do tempo. S O T O H P K C O T SIS B R O /C R E N R O H Y M E R E J
“Quando os trens começaram a circular de uma cidade para outra da Inglaterra, no século XIX, as medidas de tempo dessas cidades não coincidiam. Para organizar o horário de chegada e saí da dos trens nas diferentes estações foi preciso criar uma hora padrão que servisse de referência para o horário dos trens e a contagem do tempo nos relógios de cada cidade. O sistema de fusos hor ár ios inventado pelos ingleses (todas as cidades com horas diferentes, mas com minutos sincronizados por um tempo universal ) foi proposto aos representantes de vários paí ses em uma convenção internacional em 1885 e em menos de trinta anos ele passou a ser adotado no mundo inteiro. Hoje, o Tempo Universal Coordenado é controlado por um laboratório em Paris e os relógios atômicos utilizados pelos cientistas têm a precisão de milésimos de segundo”5. Relógios mecânicos ou atômicos, fusos horários e tempos coordenados em laboratórios são exemplos de um domí nio cada vez maior e mais preciso do homem sobre o tempo c í clico dos dias e das horas. Mas para situar um acontecimento em relação aos demais no transcurso do tempo contí nuo, sucessivo e linear, isto é, para ordenar os acontecimentos do passado em uma cronologia , era preciso um outro instrumento de medida do tempo capaz de fazê-lo: o calend ár io .
Atividade Proponha aos alunos uma pesquisa na literatura e/ou na música brasileira sobre as diferentes percepções do tempo.
Calendários: diálogo entre natureza e sociedade Os calendários são o resultado de um “diálogo” complexo entre o mundo fí sico e as sociedades humanas, portanto, entre natureza e história6. Os calendários, por isso mesmo, trazem a marca da experiência cultural de diferentes sociedades na observação empí rica da natureza e eles têm a sua própria história. Por outro lado, para o ensino e o aprendizado da História como disciplina dedicada ao conhecimento do passado, também é fundamental o estudo da origem e da transformação dos calendários, como mostra o texto do boxe da página ao lado. TURAZZI, Maria Inez; GABRIEL, Carmen Teresa. Tempo e hist ó ria . São Paulo: Moderna, 2000. p. 32.
Sede do Observatório de Greenwich, em Londres.
O relógio
“Nenhum igual àquele. A hora no bolso do colete é [furtiva, a hora na parede da sala é [calma, a hora na incidência da luz é [silenciosa. e d
Mas a hora no rel ógio da Matriz é grave como a consciência. E repete. Repete. Impossí vel dormir, se n ão a [escuto. Ficar acordado, sem sua batida. Existir, se ela emudece. Cada hora é fixada no ar, na [alma, continua soando na surdez. Onde não há mais ningu ém, [ela chega e avisa varando o pedregal da noite. Som para ser ouvido no [longilonge do tempo da vida. Imenso no pulso este relógio vai comigo.”
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LE GOFF, Jacques. Calend ário. Memó ria-hist ó ria . Enciclopédia Einaudi. v. 1. Lisboa: Imprensa Nacional e Casa da Moeda, 1984. p. 286. 6
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ANDRADE, Carlos Drumond de. Nova reuni ão . Rio de Janeiro: Jos é Olympio, 1987. p. 565-6.
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Tempo e história A semana de sete dias é uma das divisões do nosso calendário que não se originou no tempo cí clico da natureza, como o dia, o mês e o ano. A semana é uma divisão artificial do tempo que tem origem nos calendários de diversos povos, como os caldeus, os romanos e os hebreus. Ela estabeleceu um ritmo para a ordenação dos dias dedicados ao trabalho e ao descanso, assim como para as orações e as cerimônias praticadas em várias religiões. A sua importância foi destacada pelo historiador Jacques Le Goff ao se debruçar sobre o tema:
“A semana é a grande invenção humana do calendário; a descoberta de um ritmo que tem cada vez mais peso nas sociedades contempor âneas
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desenvolvidas. Poucos povos ignoram a semana. [...] A grande virtude da semana é introduzir no calendário uma interrupção regular do trabalho e da vida cotidiana, um perí odo fixo de repouso e tempo livre. A sua periodicidade pareceu adaptar-se muito bem ao ritmo biológico dos indiví duos e também às necessidades econômicas das sociedades.”7 Como instrumentos essenciais para a datação dos acontecimentos no fluxo temporal que liga o presente ao passado, os calend ários tornaram-se imprescindí veis à construção da memória coletiva e do conhecimento histórico. O calendário chinês, por exemplo, estabelece a contagem dos anos a partir do nascimento de Buda, da mesma forma como os antigos egí pcios realizavam essa contagem pelo iní cio do reinado de um faraó e os antigos romanos, pela fundação da cidade de Roma. As teorias sobre a “origem do mundo” e o “começo dos tempos” estão na base de praticamente todos os calendários conhecidos e elas têm em comum a preocupação de localizar certos acontecimentos no tempo cronológico e, portanto, explicar a História. Assim sendo, não é possí vel compreender ou narrar os acontecimentos históricos sem conhecer as divisões (naturais ou artificiais) e os marcos comemorativos do calendário adotado na sociedade em que vivemos. Na maior parte do mundo atual, o calendário vigente é o calend á rio gregoriano , mas sua existência está baseada na evolução e na adaptação de outros calendários. Além das medidas de tempo baseadas nos ritmos da natureza (como o dia, o mês e o ano), os historiadores também se utilizam de medidas “nãonaturais” relacionadas a durações mais longas no
Calendários lunares e solares
“Os calendários surgiram, a princ í pio, para marcar aqueles acontecimentos que se repetiam de tempos em tempos, como a colheita dos alimentos e as festas religiosas. Observando a natureza e os astros na tentativa de medir e contar o tempo com a maior exatid ão possí vel, sábios e astr ônomos criaram calend ários lunares, que se orientavam pelas fases da Lua (doze luas iguais a cada 354 dias), e calend ários solares, que se baseavam no movimento da Terra em torno do Sol (uma volta completa a cada 365 dias e algumas horas. O ano lunar era onze dias menor do que o ano solar e n ão coincidia muito bem com o tempo de duração das esta ções (verão, outono, inverno e primavera). O m ês lunar de 28 dias, por sua vez, correspondente às quatro fases da Lua (nova, crescente, cheia e minguante), também n ão era um bom divisor para o ano de 365 dias. Por isso mesmo, sábios e astr ônomos acabaram preferindo o calendário solar, para o qual estabeleceram uma contagem de tempo bastante precisa a fim de definir a duração dos dias, meses e anos. ” TURAZZI, Maria Inez; GABRIEL, Carmen Teresa. Tempo e hist ór ia . São Paulo: Moderna, 2000. p. 32.
transcurso do tempo cronológico: era , mil ê nio , ulo ou d éc ada são “fatias de tempo” criadas s éc pelo homem para compreender e explicar o movimento das sociedades ao longo de sua história.
Atividade 1 Proponha aos alunos uma pesquisa sobre as principais religiões existentes no mundo e sugira que investiguem os calendários utilizados por elas. Organize com eles uma cronologia com a história dos diferentes calendários adotados no mundo atual.
Atividade 2 Sugira a visita de seus alunos a um museu ou centro cultural. Nesses espaços será possí vel identificar e relacionar os sí mbolos de um outro tempo diferente do nosso. Promova a pesquisa em livros, revistas e sites , estimulando os alunos a reconhecer e analisar as diferentes representações do tempo na história das artes visuais.
LE GOFF, Jacques. Calend ário. Memó ria-hist ór ia . Enciclopédia Einaudi. v. 1. Lisboa: Imprensa Nacional e Casa da Moeda, 1984. p. 280.
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Breve história do calendário gregoriano A ordenação do tempo no calendário que adotamos é tão familiar que parece ser a “única possí vel”: o Ano Novo começa em 1o de janeiro, os dias têm 24 horas, os meses têm 30 ou 31 dias (com exceção de fevereiro) e os anos compreendem 12 meses, distribuí dos em 365 dias (de quatro em quatro anos, temos um ano chamado bissexto , com 366 dias). Estas são as divisões do tempo cí clico no calendário gregoriano, um calendário inteiramente solar, isto é, baseado na rotação da Terra em torno do Sol, independente das fases da Lua. Esse calendário teve sua origem no calendário oficial do Império Romano, o chamado calendário juliano, um modelo de calendário fixado há mais de dois mil anos pelo governante Júlio César (45 a.C.), com base em medições do tempo estabelecidas pelos calendários de outros povos e em estudos matemáticos e astronômicos realizados pelo astrônomo Sosí genes. A reforma do calendário juliano por um grupo de cientistas e astrônomos comissionado pelo papa Gregório XIII (1502-1585), no século XVI, procurou corrigir as distorções provocadas pelo calendário juliano. Alguns séculos depois da adoção desse calendário, as evidências climáticas das estações do ano (determinadas pela rotação da Terra em torno do Sol) haviam deixado de coincidir com a ordenação dos dias e meses, pois a medição do ano no calendário juliano era maior do que a duração do ano real (chamado ano trópico), em 11 minutos e 10 segundos. Essa distorção criou a diferença de um dia a mais a cada cento e vinte e cinco anos, e depois de algumas centenas de anos essa diferença ficou tão grande que o calendário juliano passou a confundir as pessoas, ao invés de ajudá-las. O calendário gregoriano foi adotado por Roma e pela maior parte da Europa em 1582, mas a Inglaterra e suas colônias não o aceitaram até 1752, e a França, na época da Revolução, chegou a criar um outro calendário, como forma de resistência e contestação ao domí nio da Igreja Católica. O estudo das transformações, oposições e adesões à lenta universalização do calendário gregoriano permite-nos hoje compreender a força do simbolismo representado pelas divisões de um calendário e as relações de poder que o cercam. A influência do cristianismo sobre a divisão básica seguida pelo calendário gregoriano na ordenação de uma cronologia para o fluxo de tempo contí nuo, linear (“antes de Cristo” e “depois de Cristo”, a.C. e d.C.), indica-nos que as divis ões de um calendário não s ão “as únicas possí veis”. Elas são, antes de tudo, uma determinada criação cultural que tem sua origem, “de um lado, no tempo cósmico que se fundamenta nos conhecimentos astronômicos, e, de outro, na experiência humana baseada em acontecimentos inaugurais que pertencem à memória coletiva e são objeto de eventos comemorativos”8. Embora o calendário gregoriano esteja hoje disseminado pela maior parte do planeta, não podemos esquecer que existem outras formas de contar o tempo e rememorar as experiências humanas representadas pelos demais calendários. RICOEUR, Paul. O tempo relatado. In: Correio da Unesco . Visões do tempo, junho de 1991. p. 7. 8
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A reforma do calendário
“O objetivo n úmero um da reforma do calendário, lançada pelo papa Greg ó rio XIII em 1575, era religioso: ele queria harmonizar o tempo da Igreja e o tempo natural, estabilizando a data do equinócio para manter a Páscoa na primavera [...]. A este motivo religioso, se somava sem d úvida o desejo de reafirmar a domina çã o da Igreja sobre o tempo, em plena época de guerras religiosas [...]. A comiss ã o encarregada desse trabalho, diante das dificuldades estruturais da tarefa (o ano solar n ão totaliza um número inteiro de dias), decidiu adotar uma solu çã o simples, proposta por um m édico calabr ês, de nome Luigi Lillio: anular tr ês dias do calend ário a cada 400 anos, suprimindo os dias bissextos de tr ês em cada quatro anos seculares. Somente os anos divis í veis por 400 (isto é, 1600, 2000, 2400) permaneceriam bissextos. Os outros anos seculares (1700, 1800, 1900) compreenderiam 365 dias. Para eliminar a defasagem acumulada pelo calendá rio juliano, Lillio sugeriu a supress ão de 10 dias. [...] Sem mexer na ordem dos dias da semana, Gregório XIII ordenou a supressão de 10 dias do calendário, no m ês de outubro de 1582, estabelecendo que o dia seguinte à quinta-feira 4 de outubro deveria ser a sexta-feira 15 de outubro. Ele também fixou o come ço do ano para toda a cristandade a primeiro de janeiro, festa da circuncisão de Cristo. ” BOURGOING, Jacqueline de. Le ca- lendrier, ma ît re du temps? . Paris: Gallimard, 2000.
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Tempo e história
Presente, passado e futuro na sala de aula Saber lidar com as questões que envolvem passado, presente e futuro é uma competência das mais especí ficas e importantes dos professores de História. A forma de relacionar essas dimensões temporais está na base da concepção de História que, por sua vez, orienta a seleção dos conteúdos a ser ensinados e a forma privilegiada de organizá-los em seqüências didáticas.
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Pelas orientações das propostas curriculares mais recentes, como os Parâmetros Curriculares Nacionais, o professor de História deve selecionar e organizar o ensino de sua disciplina nas diferentes séries do ensino fundamental, levando também em consideração as questões e os desafios que estão colocados no presente histórico em que ele e seus alunos se situam. Coerente com o objetivo maior do ensino de História na concepção privilegiada neste documento curricular, cabe ao professor oferecer aos seus alunos instrumentos de análise — perspectivas temporais, conceitos, formas de raciocí nio — e informações factuais no sentido de ajudá-los a compreender e analisar de forma crí tica o mundo que lhe é contemporâneo.
Objetivos gerais de história para o terceiro e o quarto ciclos do ensino fundamental.
• “Identificar rela ções sociais no seu pr óprio grupo de conví vio, na localidade, na regi ão e no paí s e outras manifestaçõ es estabelecidas em outros tempos e espaços. • Situar acontecimentos hist óricos e localizá-los em uma multiplicidade de tempos.” PCN Hist ó ri a . Bras í l ia: MEC/SEF, 1998. p. 43.
Assim, a idéia de um presente como lugar a partir do qual significamos passados e futuros, memórias e projetos e no qual sujeitos históricos vivem e buscam soluções para os desafios que lhe são contemporâneos torna-se a tela de fundo para a construção das práticas curriculares desta disciplina. Apostar na fertilidade metodológica das escolhas dos conteúdos históricos escolares a partir de questões significativas, atuais, que estejam direta ou indiretamente relacionadas com as experiências de vida dos alunos bem como apreender as experiências passadas como tempo presente para os sujeitos que a vivenciaram significa assumir a importância do tempo presente na compreensão e na explicação histórica, não mais apenas como uma questão de retórica, mas como ponto de partida da produção e da veiculação do conhecimento desta área. Como apreender o tempo presente sem memória ou sem projetos? Nesse sentido, visto a partir sempre de um presente histórico, o passado tende a ser visto não como “algo que realmente aconteceu” como um fato dado, acabado e definitivo, que carrega em si seu próprio sentido, mas como um “campo de experiência” (Koselleck, 19909) onde os diferentes sujeitos históricos buscam sentidos possí veis e verossí meis, dão significado ao seu próprio presente em função de seus interesses e projetos de sociedade. Percebe-se, assim, que o passado estudado nas salas de aula não deixa de ser uma escolha em função dos interesses que estão em jogo naquela instituição especí fica e na aposta do professor no lado do jogo jogado. Essa aposta, por sua vez, está intimamente relacionada com um tempo futuro, com a utopia buscada, com os “horizontes de expec KOSELLECK, R. Le futur passe: contribuition à la semantique des temps historiques. Paris: Edition de l ´École des Hautes Études Sociales, 1990. 9
Conteúdos e intenções
“A proposta sugere que o professor problematize o mundo social em que ele e o estudante estão imersos e construa relações entre as problem áticas identificadas e questões sociais, polí ticas, econômicas e culturais de outros tempos e de outros espaços a elas pertinentes, prevalecendo a história do Brasil e suas relações com a hist ória da América e com diferentes sociedades e culturas do mundo. ” PCN Hist ó ri a . Bras í l ia: MEC/SEF, 1998. p. 46.
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Informes e Documentos tativa” (Koselleck, 1990) que se apresentam como viáveis e desejáveis naquele presente e para aqueles sujeitos históricos — professores da disciplina, autores de propostas curriculares e livros didáticos — determinados.
como se o apelo a qualquer referencial cronológico fizesse correr o risco de cair nas armadilhas de uma concepção linear tradicional da disciplina. Trata-se de uma confusão conceitual que precisa ser superada. Como afirma Lévi-Strauss:
Através do tempo histórico, um tempo narrado, essas três dimensões temporais — passado, presente e futuro — se articulam e dão sentido ao mundo, tecendo o fio das diferentes meadas que compõem a história dos homens e mulheres vivendo em sociedade.
“Não há história sem datas; para convencermo-
Tempo cronológico e tempo histórico: como relacioná-los no ensino desta disciplina? As concepções de história privilegiadas nos documentos curriculares mais recentes tendem a se posicionar, de maneira geral, contra uma História dita “tradicional”, cujas caracterí sticas se resumiriam em uma História linear, de sentido predeterminado, com ênfase nos fatos polí ticos de curta duração e na ação individual de alguns sujeitos promovidos a heróis. O combate no âmbito da historiografia escolar a esse tipo de História, embora salutar por diferentes razões que não cabem aqui discutir, tem trazido, no entanto, algumas confusões e impasses para a reelaboração didática dos pressupostos teóricos — e, em particular, as questões relativas ao tempo histórico — dessas matrizes historiográficas mais atuais, como, por exemplo, as que se referem às linhas de pesquisa da História sociocultural, tal como privilegiada nos PCN. Muitas vezes esse tipo de combate manifestase no ensino desta disciplina pela negação, por parte dos seus agentes, do uso da cronologia,
nos disto basta considerar como um aluno consegue aprender a História: ele a reduz a um corpo descarnado, do qual as datas formam o esqueleto. Não foi sem motivo que se reagiu contra esse método enfadonho, mas caindo, freqüentemente, no excesso inverso. Se as datas não são toda a História, nem o mais interessante da História, elas são aquilo na falta do qual a própria História desaparece, já que toda sua originalidade e sua especificidade estão na apreensão da relação do antes e do depois, que seria votada a dissolver-se, pelo menos virtualmente, se seus termos não pudessem ser datados.”10 A cronologia permite ordenar os fatos estudados no tempo, estabelecendo a noção de anterioridaZI R O T U
“A atribuição de uma linearidade intr í nseca à opção cronológica parece partir de um equ í voco em associar este caminho a toda uma concep ção tradicionalista da história. É importante esclarecer que nossa escolha não significa crí tica a priori da produção acadêmica ligada à história-problema, pelo contrário. Em termos gerais, a hist ória-problema representou importante avan ço em rela ção à história positivista tradicional, bem como em relação ao dogmatismo e mecanicismo com freq üência presentes na historiografia marxista. N ão h á por que n ão trazer essa produ ção para a sala de aula, ainda que se trabalhe — a princí pio — com um ordenamento cronológico dos temas hist óricos.”
conteúdo de todo o ano escolar. Por exemplo, as questões relativas à discriminação racial e à exclusão social de grande parte da população brasileira na atualidade podem ser uma porta de entrada para discutir, entre outros temas, o século XIX na História do Brasil, o processo de independência, o movimento abolicionista, a polí tica de branqueamento, etc.
LÉVI-STRAUSS, Claude. O pensamento selvagem. São Paulo: Nacional, 1976. p. 294.
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Depoimento de uma professora de História do ensino fundamental
Atividade Proponha aos alunos que procurem, em jornais e revistas, fatos e situações que caracterizem o mundo na atualidade. Juntos, indaguem desde quando essas situações existem e o porquê de elas existirem. Procure fazer com que os alunos percebam as relações entre o presente e o passado. Esse tipo de atividade pode ser o pontapé inicial para organizar o
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Tempo e história de, posterioridade e simultaneidade. Essa preocupação em colocar em ordem cronológica as experiências humanas não significa reforçar a persistência de uma história ensinada e ritmada pela cronologia do mais antigo ao mais recente, ela é uma necessidade intrí nseca ao saber histórico e não precisa ser vista necessariamente como o oposto de uma história-problema, como evidencia a fala de uma professora de História do ensino fundamental, reproduzida no boxe ao lado. L S E O B L E A H IC M T R E B U /H A P DA P E O T
Assim, o tempo histórico que narra os acontecimentos e dá sentido ao mundo opera também com o tempo cronológico. Através dele problematizamos o presente em que vivemos, atualizamos memórias e apostamos no futuro. É justamente para não perdermos o fio das diferentes meadas que precisamos de referenciais cronológicos que nos situam em relação à História construí da, narrada nos livros didáticos e nas aulas do professor dessa disciplina. Não se trata de contar uma história linear em que os fatos se articulam “uns após os outros”, numa direção única e preestabelecida, mas de garantir a inteligibilidade narrativa especí fica da História na qual as experiências históricas ganham sentido na relação estabelecida de “uma por causa da outra”.
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Os chamados fatos históricos, ingredientes indispensáveis das tramas estudadas nessa disciplina , a despeito dos ní veis da realidade a que se referem (polí tico, econômico, social, cultural, etc.), de suas duraçõ es e/ou ritmos de mudança, ocorrem em um local definido e em uma época determinada. Sua compreensão pressupõe situá-los no conjunto de outros fatos anteriores, simult âneos e posteriores nos quais est ão inseridos. Por isso, sempre podemos contextualizá-los historicamente, tendo como referência o calendário adotado e privilegiado. Assim, quando falamos que Roma foi fundada no ano de 753 a.C., que o continente africano foi dividido entre as potências européias a partir do século XIX d.C. ou que a famí lia real portuguesa se instalou no Brasil no ano de 1808 d.C., todos aqueles que organizam o tempo segundo esse calendário são capazes de situar cronologicamente esses fatos históricos e inseri-los em contextos históricos mais amplos. E esse tipo de referencial cronológico torna-se indispensável para a construção dos diferentes sentidos possí veis em torno de um mesmo fato histórico.
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As Torres Gêmeas de Nova Iorque, no momento em que foram atingidas por aviões de terroristas, em 11 de setembro de 2001.
Atividade Peça aos alunos que leiam o manifesto da Comissão Indí gena (abaixo) e identifiquem os referenciais cronológicos citados. Em seguida, solicite que contextualizem os fatos históricos citados e construam uma explicação a partir do ponto de vista dos diferentes sujeitos históricos que estão envolvidos.
Manifesto da Comissão Indígena 500 anos [...] “O dia 22 de abril de 1500 para n ós representa a origem de uma hist ória. Em continuidade aos atos de violaçã o da nossa integridade f í sica e diversidade sociocultural os governos do Brasil e de Portugal comemorar ão o V centen ário do ‘descobrimento ’ [...] Sendo a hist ória oficial incorreta, tendenciosa e destinada apenas a colocar os invasores como protagonistas únicos e vencedores incontestáveis, tendo seus personagens sido guindados à posiçã o de heróis de uma vers ão mistificada e falsa do processo histórico. Para nós, povos indí genas, esta comemora ção significa a continuidade de viola ção de nossos direitos,
inviabiliza a constituição de uma Na ção multiétnica […], tomando como exemplos os assassinatos e outros delitos como os casos: o massacre dos Ticuna em 22 de março de 1988, na localidade conhecida por Capacete, em Benjamin Constant, Amazonas, o assassinato do lí der indí gena Marçal Tupãi, em 20 de maio de 1983, na cidade de Dourados, em Mato Grosso do Sul, o caso de Galdino de Jesus dos Santos, queimado vivo em Brasí lia no dia 19 de abril de 1997” [...] Trecho do Manifesto da Comiss ão Indí gena 500 anos, de dezembro de 1998, assinado por Sab á Manchery, l í der da sua Nação, a Mamuadate do Acre, em nome de 98 representantes de diferentes povos ind í genas.
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Informes e Documentos
As periodizações da história ensinada
Periodização da história européia
O tempo cronológico, além de situar as experiências humanas em uma determinada época, contribui igualmente para dar sentido às mudanças sociais quando é utilizado na construção dos chamados perí odos históricos.
IDADE CONTEMPORÂNEA IDADE MODERNA
Era cristã
Historiadores e professores de história, com o intuito de melhor compreender e ensinar as experiências passadas, procuram articulá-las a um conjunto de fatos históricos inseridos em uma “fatia de tempo” com caracterí sticas comuns, no que se refere à maneira como as pessoas que viveram nesse perí odo se relacionavam entre si e com o espa ço onde viviam. Estudar um perí odo histórico significa apreender o sentido de uma época, de “uma forma de estar no mundo” em um determinado momento histórico.
Há várias formas de dividir a história em perí odos. Uma delas, que divide a história em cinco idades, elaborada por historiadores franceses do século XVIII, foi a mais difundida e at é hoje ainda é usada nas escolas: Pré-História, Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea.
1453 (séc. XV): Tomada de Constantinopla
IDADE MÉDIA 476 (séc. V): Queda do Império Romano NASCIMENTO DE CRISTO
A mudança de um perí odo para outro significa que as caracterí sticas mais importantes de um perí odo se transformaram tanto que é preciso dar um novo nome aos novos tempos. O tempo de duração das transformações das sociedades se movimenta com avanços mais ou menos rápidos, com solavancos e até com recuos... As mudanças, muitas vezes, encontram resistências e levam tempo para se instalar plenamente. O tempo histórico é, assim, feito de mudanças e permanências. Para os historiadores e professores de história, há possibilidades diversas de construir periodizações em função do que se quer investigar, ensinar, explicar e compreender. Diferentes periodizações podem ser construí das, dependendo de cada sociedade e do aspecto da sociedade que se quer compreender, pois cada qual tem seu próprio ritmo de mudança.
1789 (séc. XVIII): Revolução Francesa
IDADE ANTIGA OU ANTIGUIDADE A D A ZI R O T U A IA P
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3500 (séc. –XXXV): Invenção da escrita PRÉ-HISTÓRIA
Periodização clássica da história em cinco períodos: uma periodização possível
“Hoje se sabe que esta periodização serve mais para a história de certas regi ões da Europa do que para toda a humanidade e mesmo assim para um tipo de hist ória, aquela que valoriza os acontecimentos pol í ticos. Basta olhar os fatos hist óricos que estão servindo de marco da passagem de um per í odo a outro: queda do Império Romano, invasão da cidade de Constantinopla, Revolução Francesa. Além do que, essa divisão entre préhistória e história também j á não corresponde mais ao que hoje sabemos sobre esta forma de conhecimento. O acontecimento que marca a passagem entre esses dois perí odos é a invenção da escrita, significando
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que até os homens aprenderem a escrever n ão se podia falar em história, pois não havia documentos escritos que pudessem fornecer informa ções sobre aquele passado. Só que hoje sabemos que não são apenas os documentos escritos que nos ajudam a contar a hist ória, qualquer outro tipo de documento — objetos do uso diário, testemunhos orais, etc. — pode servir de mat éria-prima para os historiadores. Os povos sem escrita também têm história, cabe aos historiadores saber investigá-la e interpretá-la.” TURAZZI, Maria Inez; GABRIEL, Carmen Teresa. Tempo e hist ó - ria . São Paulo: Moderna, 2000.
Tempo e história A linha do tempo Um instrumento importante para o estudo da história
“Desde quando os homens aprenderam a escrever? A primeira guerra mundial foi antes ou depois da Revoluçã o Industrial? Quanto tempo durou a escravid ão no Brasil? Quando foi proclamada a Rep ública no Brasil ainda existiam escravos? Para poder responder a essas e a outras perguntas, torna-se necess ário saber situar no tempo cada um desses fatos históricos. N ão pelo simples prazer de decorar datas, mas para poder come çar a compreender o tempo histórico. [...]
A linha do tempo foi a maneira que os historiadores encontraram para apresentar graficamente todas as caracterí sticas do tempo hist órico mencionadas anteriormente. Ela serve para localizar os inúmeros fatos históricos no tempo , para avaliar o tempo de dura çã o de cada um deles e tamb ém para situ á- los uns em rela ção aos outros. Fica mais fácil perceber, por exemplo, que os fatos históricos não se sucedem apenas uns ap ós os outros no tempo, eles tamb ém ocorrem simultaneamen- te , isto é, ao mesmo tempo. [...]
Dicas para trabalhar com a linha do tempo
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Como para os mapas, precisamos tamb ém interpretar a linha do tempo para saber o que os seus sinais gráficos estão querendo nos informar sobre os fatos hist óricos. Utilizam-se duas retas paralelas, abertas nas extremidades. Sobre uma dessas retas se situa o eixo cronológico, orientado para a direita, como uma seta e que indica a escala utilizada. No interior dessas duas retas est ão os fatos hist óricos que podem ser representados por pontos quando se tratarem de acontecimentos, isto é, fatos de curta dura ção, ou por barras de diferentes comprimentos, dependendo da dura ção dos fatos hist óricos que elas representam.
Assim como fazem os cart ógrafos quando constroem os seus mapas, os historiadores precisam tamb ém escolher a escala com que v ão trabalhar. Em ambos os casos a escala é uma rela çã o entre duas medidas. No caso da hist ória, entre uma medida de tempo (mil ênio, s éculo, d écada, ano, etc.) e uma medida de comprimento (metro, dec í metro, cent í metro, etc.). A escala de tempo pode variar e o eixo cronol ógico pode se dividir em milh ões de anos, mil ênios, em s éculos, meios s éculos, em décadas etc. ” TURAZZI, Maria Inez; GABRIEL, Carmen Teresa. Tempo e hist ó- ria . São Paulo: Moderna, 2000.
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Atividades O perí odo histórico em que vivemos: Peça aos alunos que se situem cronologicamente na periodização clássica e destaquem o fato de eles terem nascido e viverem no perí odo contemporâneo. Essa periodização nos indica que, a partir do final do século XVIII, após a Revolução Francesa, novos tempos teriam começado com caracterí sticas que até hoje permanecem as mesmas. Leve os alunos a refletir sobre as seguintes questões: 1.Mas será que realmente o mundo de hoje, que nos é contemporâneo, mesmo se nos limitarmos à Europa, está organizado de forma idêntica, como há mais de dois séculos? 2.Será que a sua maneira de viver hoje, de estar no mundo, ainda tem muito a ver com o dia-a-dia dos homens e mulheres que viveram no final do século XVIII ou no século XIX?
3.Será que um tempo sem televisão, sem telefone, sem carro, sem avião, sem astronauta que vai até a Lua, sem computador, pode ter caracterí sticas parecidas com o nosso de hoje? Não estaria na hora de encontrar um novo nome para caracterizar estes novos tempos em que vivemos? 4.Será também que todas as sociedades se transformam da mesma forma e no mesmo ritmo? Ou que, dentro de cada sociedade, tudo se transformaria no mesmo ritmo? Considerando que a industrialização é um dos traços mais marcantes do perí odo histórico chamado “contemporâneo”, será que podemos enquadrar neste tempo histórico todas as sociedades que existem hoje, isto é, que nos são contemporâneas? 13
Informes e Documentos
Seleção e organização dos conteúdos de história e o tempo histórico Uma das tarefas mais difí ceis para o professor de História é estabelecer os critérios que estão na base da seleção dos conteúdos a ser ensinados em uma determinada série e/ou turma. Entre as diferentes variáveis que devem ser consideradas nesse processo seletivo, a concepção de tempo histórico privilegiada pelo professor é um dos fatores mais desafiadores e de difí cil enfrentamento. Embora as orientações dos PCN desta disciplina apontem que “não deve existir uma preocupação especial do professor em ensinar, formalmente, uma dimensão ou outra do tempo histórico, mas trabalhar atividades didáticas diversificadas” (p. 97), as sugestões contidas nesse documento curricular evidenciam a centralidade dessa noção no ensino da disciplina. Percebe-se que essas sugestões indicam que o ensino do tempo histórico — suas concepções e representações — pode ser trabalhado como objeto de reflexão e de ensino — ele mesmo percebido como uma construção histórica — e também como ferramenta indispensável para a compreensão e a explicação de qualquer conteúdo clássico desta disciplina. Como ferramentas, as noções de duração, ritmo, continuidade e ruptura tornam-se indispensáveis à leitura de mundo passado e presente. Essas noções permeiam os tipos de fatos hist óricos selecionados para ser ensinados. Dependendo da concep ção de história predominante, das experiências ou práticas sociais que se quer explicar e compreender, os professores de história operam com fatos históricos de durações e ritmos de transformação diferentes. Esses fatos históricos, cuja mudança segue um ritmo mais lento, são chamados de estrutura. A sua mudança não pode ser percebida no tempo de uma vida humana, muitas vezes leva séculos e séculos para ocorrer. Só com ajuda da história é que a gente consegue perceber isso. É nessa perspectiva que se fala de “estrutura agrária” ou ainda “estrutura escravocrata”. Outros tipos de fatos têm durações relativamente longas e, em geral, são percebidos no tempo de uma vida ou de uma gera ção. Os historiadores os chamam de conjuntura. É dessa forma que historiadores e professores de hist ória falam de “conjuntura da crise econômica ou polí tica”, “conjuntura do pós-guerra”, etc. Um outro tipo de fato é aquele que é mais comumente relacionado com a história: os acontecimentos, de duração relativamente curta, e que são mais fáceis de ser percebidos, como uma guerra, uma revolução, um assassinato polí tico, etc. Eles podem ser medidos por anos, meses ou dias. Só que essa diferença de ritmos de mudança e, por conseqüência, de tipos de fatos hist óricos, na história vivida, no dia-adia, não aparece assim separada claramente. Esses diferentes fatos históricos estão todos relacionados, entrelaçados, e a história tem que levar todos em consideração. 14
Sugestões de atividades didáticas
• Estudar medições de tempo a partir de calend ários para dimensionar diferentes durações (dia, mês, ano, d écada, século, milênio, era).
• Localizar acontecimentos em linhas cronológicas e construir relações entre eles utilizando critérios de anterioridade, posterioridade e simultaneidade.
• Identificar em linhas de tempo cronológicas as durações dos acontecimentos.
• Estudar a história e o contexto de como foram constru í das e denominadas as clássicas divisões da história — em PréHistória e História —, que repercutem na dificuldade do estudo da história de povos que não desenvolvem a escrita.
• Estudar os contextos em que a história foi dividida em perí o-
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dos, como Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna ou Brasil Colônia, Brasil Imp ério, etc.
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• Construir novas periodizações,
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dependendo do tema de estudo e da identificação de mudanças e permanências nos hábitos, costumes, regimes pol í ticos e sistemas econômicos das sociedades estudadas, etc.
• Estudar a concepção do tempo métrico e matem ático dos relógios. • Estudar a concepção de tempo cí clico da natureza, suas relações com a constru ção de calendários [...] e com hist órias de indiví duos, de povos ou da humanidade. [...]
• Identificar os ritmos de ordenação temporal das atividades das pessoas e dos grupos, a partir de predomin âncias de ritmos de tempo que mant êm relações com os padr ões culturais, sociais econ ômicos e polí ticos vigentes. [...] PCN Hist ór ia , Brasí lia: MEC/SEF, 1998. p. 97-98.
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Tempo e história
Sugestões de atividades 1. Analisar os tí tulos e subtí tulos das diferentes unidades temáticas do livro didático de história adotado, para identificar, juntamente com os alunos, as diferentes durações dos fatos históricos selecionados pelo autor (fatos de curta, média e longa duração). 2. Em função da temática que está sendo estudada, propor aos alunos a elaboração de uma linha do tempo que permita perceber:
• A "fatia de tempo" que está sendo estudada. • A ordem cronológica dos fatos históricos estudados (sucessão no tempo).
• A duração de cada um desses fatos hist óricos (acontecimento, conjuntura, estrutura).
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• Os fatos históricos que servem de marcos para as transformações estudadas. • A relação que pode ser estabelecida entre eles. Utilizar os recursos gráficos necessários para transmitir todas essas informações. A escala ficará a critério do aluno. Se preferir, indique uma escala-padrão para todos os alunos. A
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3. Escolha um fato histórico de curta duração que se refira à temática que está sendo trabalhada e peça ao aluno que, individualmente ou em grupo:
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• Relacione-o com a conjuntura na qual o fato se insere. • Relacione-o essa conjuntura com o fato de longa duração (estrutura) no qual ela está inserida. 4. Estimule os alunos a elaborar diferentes periodizações possí veis para a história do Brasil, em função da unidade temática que está sendo trabalhada. Procure chamar a atenção para:
• Movimentos da nossa sociedade que apresentam avanços e recuos no decorrer do seu processo de transformação. • A possibilidade de construir outras periodizações que traduzam as transformações da nossa sociedade, não necessariamente vinculadas aos aspectos polí ticos. • Elaborar linhas do tempo que respeitem a escala e os sinais gráficos correspondentes a diferentes durações dos fatos históricos representados graficamente.
• Identificar as rupturas e permanências presentes nos diferentes perí odos estudados. 5. Escolha um acontecimento histórico que sirva de marco de mudanças importantes na história do Brasil. Procure identificar o tipo de mudança à qual o acontecimento escolhido se refere e o grau de profundidade e de repercussão das mudanças acarretadas. Peça aos alunos que identifiquem fatos conjunturais e estruturais que estejam relacionados com o fato selecionado. 15
Informes e Documentos
Bibliografia BOSI, Ecléa. Memó ria e sociedade: lembranç as de velhos . São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
GOULD, Stephen. Seta do tempo, ciclo do tempo . São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
CORREIO DA UNESCO. Em busca do passado: hist ór ia e memó ria . Ano 18, n. 5, maio de 1990.
GRIBBIN, John; GRIBBIN, Mary. Tempo e espa ç o. São Paulo: Globo, 1995.
. Em busca do passado: construindo a hist ór ia . Ano 18, n. 6, junho de 1990.
KOSELLECK, R. Le futur passe: contribuition à la semantique des temps historiques . Paris: Edition de l´École dês Hautes Études Sociales, 1990.
s do tempo . Ano 19, n. 6, junho de . Vis õe
1991. DUNCAN, David Ewing. Calend á rio . Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.
REIS, José Carlos. Nouvelle histoire e o tempo his- t ó rico . São Paulo: Ática, 1994.
ECO, Umberto; GOMBRICH, E. H et al. The story of time . Londres: National Maritime Museum, 2000.
SNEDDEN, Robert. Tempo . São Paulo: Moderna, 1997.
ELIAS, Norbert. Sobre o tempo . Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. Memó ria-hist ór ia . Enciclopédia Einaudi, v. 1. Lisboa: Imprensa Nacional e Casa da Moeda, 1984. . Tempo-temporalidade . Enciclopédia Einaudi, v. 29. Lisboa: Imprensa Nacional e Casa da Moeda, 1993.
TURAZZI, Maria Inez; GABRIEL, Carmen Teresa. Tempo e hist ór ia . São Paulo: Moderna, 2000. WHITROW, G. J. O tempo na hist ór ia . Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. R
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WONG, Wei Han. Tempo . São Paulo: Melhoramentos, 1994. -
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Equipe editorial Maria Raquel Apolinário Geraldo Oduvaldo Fernandes Carlos Zanchetta
Elaboração de originais Maria Inez Turazzi Historiadora e doutora em Arquitetura e Urbanismo pela USP. Carmen Teresa Gabriel Historiadora e doutora em Educação pela PUC-RJ.
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