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PERCEPÇÃO E A CONSTÂNCIA PERCEPTIVA
Maria das Graças Teles Martins* Percepção é, em psicologia, neurociência e ciências cognitivas, a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais, a partir de histórico de vivências passadas. Através da percepção um indivíduo organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio. Consistem na aquisição, interpretação, seleção e organização das informações obtidas pelos sentidos. A percepção pode ser estudada do ponto de vista estritamente biológico ou fisiológico, envolvendo estímulos elétricos evocados pelos estímulos nos órgãos dos sentidos. Do ponto de vista psicológico ou cognitivo, a percepção envolve também os processos mentais, a memória e outros aspectos que podem influenciar na interpretação dos dados percebidos.
O que é a percepção?
A percepção possui as seguintes características: características:
é o conhecimento sensorial de configurações ou de totalidades organizadas e dotadas de sentido e não uma soma de sensações elementares; sensação e percepção são a mesma coisa;
é o conhecimento de um sujeito corporal, isto é, uma vivência corporal, de modo que a situação de nosso corpo e as condições de nosso corpo são tão importantes quanto a situação e as condições dos objetos ob jetos percebidos;
é sempre uma experiência dotada de significação, isto é, o percebido é dotado de sentido e tem sentido em nossa história de vida, fazendo parte de nosso mundo e de nossas vivências;
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Na psicologia, o estudo da percepção é de extrema importância porque o comportamento das pessoas é baseado na interpretação que fazem da realidade e não na realidade em si. Por este motivo, a percepção do mundo é diferente para cada um de nós. Cada pessoa percebe um objeto ou uma situação de acordo com os aspectos que têm especial importância para si própria. A percepção de um objeto e de suas propriedades como alguma coisa constante, apesar das variações de sensações que recebem órgãos sensoriais, é, de maneira geral, o que se estuda sob o título: Constância Perceptiva. Dessa maneira, após percebermos o objeto temos que filtrar as informações recebidas para que não sejamos enganados pelos indicadores é nesse momento que entra a constância perceptiva possibilitando que percebamos o objeto como imutável, embora advindo de diferentes estímulos. As pessoas percebem os objetos como se eles tivessem sempre o mesmo tamanho, forma, cor, localização, etc., apesar das grandes mudanças dos dados sensoriais. Quando você observa uma pessoa se afastar, a projeção da pessoa em sua retina diminui. Ela não diminuiu de tamanho, apenas sabemos que ela se afastou, isso é denominado constância do tamanho. A constância de tamanho se refere à tendência a perceber os objetos como se eles tivessem um tamanho constante, apesar de que o tamanho da imagem retiniana se torne menor quanto mais o objeto se distancia. A constância de tamanho parece ser um resultado da aprendizagem que se processa, em grande parte, sem que a pessoa dela se aperceba. Damo-nos conta, pelo menos em parte deste processo, quando observamos objetos familiares de posições menos comuns, como, por exemplo, automóveis vistos do alto de arranha-céus. Outras constâncias incluem a habilidade de reconhecer que as formas dos objetos são as mesmas, apesar dos diferentes ângulos sob os quais eles possam ser visto, denominada constância da forma. A constância de forma é responsável por podermos reconhecer o formato de objetos conhecidos, apesar da forma constantemente mutável da imagem retiniana. Não importa o ângulo, vemos uma porta como retangular.
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A habilidade de reconhecer que as cores são constantes, mesmo com a mudança de luz ou sombra sobre elas, denominada de constância da cor. Os estudos sobre as constâncias de cor e brilho reforçam a conclusão de que a constância não é uma resposta a indicações específicas e sim a um conjunto de relações. Se um pedaço carvão e uma folha branca de papel forem iluminados de forma que o papel se torne mais escuro que o carvão, ainda assim, o carvão parecerá preto e a folha branca. A constância de localização é que nos permite julgar estáveis os objetos no espaço, apesar de sua localização variável no campo visual. Não percebemos as coisas rodando se viramos a cabeça. Os estudos sobre esta constância perceptiva levam a concluir que a estabilidade dos objetos se deve também a aprendizagem. A percepção depende das relações entre os fatores do estímulo, captados pelos órgãos dos sentidos e as nossas experiências passadas com este estímulo. O comportamento de um indivíduo depende, em grande parte da forma pela qual ele percebe o meio ambiente; a percepção do mundo exterior não pode ser encarada, atualmente, como um processo passivo e sim como base de adaptação humana, dinâmica, que regula e dirige as reações (Siqueira, 2013).
NOTA: 1) *Maria das Graças Teles Martins, psicóloga, professora, mestre em educação, mestre em saúde coletiva. 2) Texto utilizado na disciplina Processos Psicológicos Básicos II/FAMA-AP 2014.1
Referência Bibliográfica:
BRAGHIROLLI, Elaine Maria; BISI, Guy Paulo; RIZZON, Luiz Antônio; NICOLETTO, Ugo. Psicologia Geral. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2009. SIQUEIRA, B. O fenômeno da Percepção. Texto 2013.
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STERNBERG, RJ Psicologia Cognitiva. São Paulo: Cengage Learning, 2010