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CRISTOLOGIA (Doutrina de Cristo) Sumário: Resumo Histórico da Doutrina de Cristo Sua Preexistência Sua Encarnação Sua Humanidade Sua Divindade Sua Vida Terrena A Kenosis Sua Impecabilidade Sua Morte Sua Ressurreição Sua Ascensão Sua Volta
Bibliografia: BERKHOF, Louis Berkhof. Teologia Sistemática. São Paulo. Editora Cultura Cristã, 2004; pgs. 281-303. BÍBLIA ANOTADA. Versão Almeida, Revista e Atualizada. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1991. GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo. Vida Nova, 2002; pgs. 435-470. LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. Rio de Janeiro. JUERP, 1993. SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Sistmática. Curitiba. AD Santos Editora, 2003; pgs. 221-252.
CRISTOLOGIA – A DOUTRINA DE CRISTO Relação entre Antropologia e Cristologia. Há uma relação muito estreita entre a doutrina do homem e a de Cristo. A primeira trata do homem, criado à imagem de Deus e dotado de verdadeiro conhecimento, justiça e santidade, mas que, pela voluntária transgressão da lei de Deus, despojou-se da sua verdadeira humanidade e se transformou em pecador. Ela mostra o homem como uma criatura de Deus altamente privilegiada, trazendo ainda alguns traços da sua glória original, mas, todavia, uma criatura que perdeu os seus direitos de nascimento, sua verdadeira liberdade e justiça originais. Significa que a doutrina dirige a atenção não apenas, nem primeiramente, à condição do homem como criatura, mas, sim, à sua pecaminosidade. Salienta a distância ética que há entre Deus e o homem, distância resultante da queda do homem e que, nem o homem nem os anjos podem cobrir, e, como tal, é virtualmente um grito pelo socorro divino. A cristologia é em parte a resposta a esse grito. Ela nos põe a par da obra objetiva de Deus em Cristo construindo uma ponto sobre o abismo e eliminando a distância. A doutrina nos mostra Deus vindo ao homem para afastar as barreiras entre Deus e o homem pela satisfação das condições da lei em Cristo, e para restabelecer o homem em Sua bendita comunhão. A antropologia já dirige a atenção à provisão da graça de Deus para uma aliança de companheirismo com o homem que provê uma vida de bem-aventurada comunhão com Deus; mas a aliança só é eficiente em Cristo e por meio de Cristo. E, portanto, a doutrina de Cristo como Mediador da aliança deve vir necessariamente em seguida. Cristo, tipificado e prenunciado no Velho Testamento como o Redentor do homem, veio na plenitude do tempo, para tabernacular entre os homens e levar a efeito uma reconciliação eterna.
Resumo Histórico da Doutrina de Cristo Com a morte dos apóstolos não demorou para que a Igreja se sentisse ameaçada pelas várias doutrinas que surgiam a respeito de Jesus Cristo.
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A doutrina que mais foi atacada ou que mais trouxe confusão se refere ao que chamamos na teologia de união hipostática. União hipostática (também conhecida como união mística ou dupla natureza de Cristo) é a doutrina clássica da cristologia que afirma ter Jesus Cristo duas naturezas, sendo homem e Deus ao mesmo tempo. Até o Concílio de Calcedônia surgiram algumas doutrinas que sacrificavam a divindade em detrimento da humanidade, como os: • Ebionitas – Na busca de defender o monoteísmo negavam a divindade de Cristo. Eles o consideravam como um simples homem, filho de José e Maria, qualificado em seu batismo para ser o Messias, pela descida do Espírito Santo sobre Ele. Quando recebeu o Espírito Santo conscientizou-se de que era o messias. • Alogianos – Rejeitavam os escritos de João por que entendiam que sua doutrina do logo estava em conflito, com o restante do Novo Testamento. Também viam em Jesus apenas um homem, nascido miraculosamente de uma virgem e que no batismo receberá o espírito do Cristo, recebendo poder sobrenaturais. • Monarquistas Dinâmicos – Acreditavam de maneira muito semelhante aos alogianos, Jesus se tornou o Cristo após o batismo, ao se tornar habitação do Cristo. Paulo de Samosata era seu principal representante. Para eles Jesus nascera de José e Maria.
Por outro lado haviam aqueles que sacrificavam a humanidade em detrimento da divindade, como os: • Gnoticismo – Estes foram profundamente influenciados pela concepção dualista dos gregos, em que a matéria, entendida como inerentemente má, é descrita como completamente oposta ao espírito. Rejeitavam a idéia de uma encarnação, de uma manifestação de Deus em forma visível, visto que isto envolveria um contato direto do espírito com a matéria. (Bem contra o mal; espírito vs carne, etc.). • Docetismo (antecedeu o gnoticismo) – A palavra doceta vem de doketes, dokein (parecer). Para os docetas, Jesus era só divino, o seu corpo era apenas um ilusão. Não podia ser humano, pois consideravam que a matéria era intrisecamente má. O corpo e o sofrimento de Jesus eram apenas aparentes, não reais. Era a filosofia grega se infiltrando nas igrejas. Existe hoje um docetismo disfarçado na crença em um Cristo tão distante da realidade humana, como se pod e verificar na teologia popular católica, onde os “santos” estão mais próximos das pessoas do que Jesus Cristo. • Alexandrinos – Defenderam a divindade de Cristo, e na busca de se colocarem em oposição aos gnósticos, criaram a concepção de Cristo como subordinado ao Pai. • Tertuliano – Também defendeu a idéia de Cristo estar subordinado ao Pai, neste sentido ser um pouco menor que Deus. • Orígenes – Foi ele que criou a idéia da subordinação quanto à essência. • Arianismo – Partindo do principio de Orígenes fez distinção entre Cristo e o Logos como a razão divina. Cristo é apresentado como uma criatura pré-temporal, super-humana, a primeira das criaturas, não Deus, e todavia, mais que um homem. Em outras palavras: Jesus é Deus, mas não igual ao Pai. • Atanásio – Contestou a Ário e defendeu vigorosamente a posição de que o Filho é consubstancial com o Pai e da mesma essência do Pai, posição que foi oficialmente adotada pelo Concílio de Nicéia, em 325. • Theodoro de Mopsêstia e Nestório (Nestorianismo) – Acentuavam a completa humanidade de Cristo e entendiam que a habitação do Logos nele era apenas uma habitação moral. Ele compreendiam Cristo lado a lado com Deus, mas não unido a Ele numa unidade de vida pessoal única. As duas naturezas estavam separadas uma da outra. Jesus agia uma ora com a natureza humana e ora com a natureza divina • Eutico (Eutiquianismo) – Acreditava que a natureza humana de Cristo foi absorvida pela divina, ou que as duas se fundiram
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resultando numa só natureza (uma terceira natureza), posição que para muitos era a negação das duas naturezas de Cristo. O Concílio de Calcedônia, em 451, condenou esses conceitos e manteve a crença na unidade da pessoa, como também na dualidade das naturezas.
Após
o Concílio de Calcedônia o erro Eutiquiano continuou com os Monofisitas e Monotelitas, mas finalmente foi dominado pela Igreja. A conclusão do Concílio de Calcedônia foi de que Jesus teve uma natureza humana completa e uma natureza divina também completa, duas naturezas em uma só pessoa. Portanto, na pessoa de Jesus as duas naturezas estão unidas, sem confusão, sem mudanças, sem divisão, sem separação, conservando cada qual a sua própria especificidade.
A Idade Média acrescentou muito pouca coisa à doutrina da pessoa de Cristo. • Alguns do escolásticos expuseram em sua Cristologia um conceito docético de Cristo. Para Tomaz de Aquino a pessoa do Logos tornou-se composta na encarnação, e Sua união com a natureza humana “impediu” esta última de chegar a ter uma personalidade independente. Até o século XIX não houve grandes mudanças na doutrina da pessoa de Cristo. A Reforma não contribuiu muito com relação a essa doutrina. A confissão Helvética retrata o pensamento do século XVI a meados do século XVIII sobre este assunto.
Confissão Helvética: “reconhecemos, pois, que há no único e mesmo Jesus, nosso Senhor, duas naturezas – a natureza divina e a humana; e dizemos que estas são ligadas ou unidas de modo tal, que não são absorvidas, confundidas ou misturadas, mas, antes, são unidas ou conjugadas numa pessoa (sendo que as propriedades de cada uma delas permanecem a salvo e intactas), de modo que podemos cultuar a um Cristo, nosso Senhor, e não a dois. Portanto, não pensamos nem ensinamos que a natureza divina em Cristo sofreu, ou que Cristo, de acordo com a Sua natureza humana, ainda está no mundo e ,assim, em todo lugar”.
No século XIX deu-se grande mudança no estuda da pessoa de Cristo. Até àquele tempo, o ponto de partida fora predominantemente teológico, e a Cristologia resultante era teocêntrica,; mas durante a última parte do século dezoito houve crescente convicção de que se alcançariam melhores resultados partindo de algo mais próximo, a saber do estudo do Jesus histórico. Assim foi introduzido o “segundo período Cristológico”, assim chamado. O novo ponto de vista era antropológico, e o resultado foi antropecêntrico. Isto evidenciou-se destrutivo para a fé cristã. O Cristo sobrenatural deu lugar a um Jesus humano; e a doutrina das duas naturezas deu lugar para a doutrina de um homem divino. • Scheleiermacher - Esteve a frente do novo desenvolvimento. Ele considerava Cristo como uma nova criação, na qual a natureza humana é elevada ao nível da perfeição ideal. Acreditava que Cristo atingiu essa perfeição por que estava unido a natureza divina. • Hegel - Seu conceito a respeito de Cristo é parte integrante do seu sistema panteísta de pensamento. O verbo se fez carne significa para ele que Deus se encarnou na humanidade, de modo que a encarnação expressa realmente a unidade de Deus e o homem. “A doutrina das duas naturezas de Cristo desapareceu da teologia moderna e em seu lugar temos uma identificação panteísta de Deus e o homem. Essencialmente, todos os homens são divinos, desde que todos têm em si um elemento divino; e todos são filhos de Deus, diferindo de Cristo somente em grau. O ensino moderno acerca de Cristo está baseado na doutrina da continuidade de Deus e o homem. E é exatamente contra essa doutrina que Barth e os que pensam como ele ergueram sua voz. Nalguns círculos atuais há sinais de um retorno à doutrina das duas naturezas” (Louis Berkhof – pág. 155).
Informação Extra: Concílios da Igreja Indivisa 50 C. de Jerusalém As leis judaicas e os cristãos 325 1º C. de Niceia Contra o arianismo. Credo 381 1º Constantinopla Finalização do Credo 432 C. de Éfeso Contra o nestorianismo 451 C. de Calcedónia Contra o monofisitismo princípio da união hipostática 553 2º Constantinopla Contra os nestorianos
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681 3º Constantinopla Contra o monotelitismo 767 2º C. de Niceia Legaliza veneração de imagens 867 e 1064:Cismas entre as Igrejas Romana e Ortodoxas
Concílios da Igreja Romana 869 4º Constantinopla A paz entre o Ocidente e o Oriente 1123 1º de Latrão Disciplina. contra os Valdenses e Albigenses. 1139 2º de Latrão Idem 1179 3º de Latrão Idem 1215 4º de Latrão Idem 1245 1º de Lião 1274 2º de Lião 1311 C. de Viena 1414 C. de Constância Fim da rivalidade entre os papas 1431 Basileia-Ferrara- Florença-Lausana Reforma e união com as igrejas orientais 1512 5º de Latrão
A partir de 1517: Reforma e surgimento das Igrejas Protestantes 1545 Concílio de Trento Contra- Reforma 1870 1º Concílio Vaticano Doutrina da infalibilidade papal 1962 2º Concílio Vaticano Aggiornamento da Igreja
1 – SUA PREEXISTÊNCIA Jesus afirma sua eternidade quando diz: “... antes que Abraão existisse, EU SOU” (Jo 8.58) e também quando diz: “Eu sou o Alfa e o Ômega” (Ap 22.13).
1.1 – Provada pelo A.T. • Miquéias 5.2 • Isaías 9.6
1.2 – Provada pelo N.T. • João 1.1, em comparação com o versículo 14. • João 8.58. • 1 Pe 1.20
1.3 – Provada por obras Certas obras atribuídas a Cristo exigem Sua preexistência (ex.: criação em 1 Coríntios 8.6; Colossenses 1.16).
1.4 – Provada por aparições As aparições do Anjo do Senhor (Gn 48.16; Êx 3.2,4; Jz 13.18). Estas eram teofanias, manifestações do verbo antes da sua encarnação, e só ocorreram antes dela.
1.5 – Provada pelos Seus nomes • Logos – O termo logos trazia para os gregos uma dupla referência. Era tanto à Palavra de Deus poderosa e criadora do Antigo Testamento, pela qual os céus e a terra foram criados (Sl 33.6), como ao princípio organizador ou unificador do universo, dando-lhe conjunto e sentido dentro do pensamento grego. João ao fazer uso desta palavra, com certeza estava identificando Jesus com essas duas idéias e acrescentando que Ele não só era a Palavra poderosa, criadora e a força que organiza e unifica o universo como também se fez homem. • Deus – A palavra Deus (Theos) é atribuída a Cristo. Apesar de a palavra “theos” (Deus) ser em geral reservada no Novo Testamento para Deus Pai, há algumas passagens em que é também empregada em referência a Jesus Cristo. Em todos esses trechos, a palavra “Deus” é empregada com um sentido denso em referência àquele que é Criador do céu e da terra, o governante de tudo. Entre essas passagens encontram-se: João 1.1; 1.18 (em manuscritos mais antigos); 20.28; Romanos 9.5; Tito 2.13; Hebreus 1.8 e 2 Pedro 1.1.
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Um exemplo veterotestamentário do nome Deus aplicado a Cristo encontra-se numa passagem bem conhecida: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte...” (Isaías 9.6). • Filho de Deus – Ainda que o título “Filho de Deus” possa às vezes ser simplesmente empregado em referência a Israel (Mt 2.15), ou ao homem criado por Deus (Lc 2.38), ou ao homem regenerado em geral (Rm 8.14, 19,23), há, entretanto, casos em que a frase “Filho de Deus” refere-se a Jesus como o Filho celestial eterno igual ao próprio Deus (Mt 11.2530; 17.5; 1 Co 15.28; Hb 1.1-3, 5, 8). Isso ocorre especialmente no evangelho de João, em que Jesus é visto como um Filho singular do Pai (Jo 1.14, 18, 34, 39) que revela plenamente o Pai (Jo 8.19; 14.9). Ele é também aquele que possui toda a autoridade proveniente do Pai para dar vida, pronunciar julgamento eterno e governar sobre tudo (Jo 3.36; 5.20-22, 25; 10.17; 16.15). Como Filho, ele foi enviado pelo Pai e, portanto, existia antes de vir ao mundo (Jo 3.37; 5.23; 10,36). • Javé (Jeová ou Iavé) – Ás vezes a palavra Senhor (Gr. Kyrios) é empregada simplesmente como tratamento respeitoso dispensado a um superior (Mt 13.27; 21.30; Jo 4.11). Às vezes pode simplesmente significar “patrão” de um servo ou escravo (Mt 6.24; 21.40). Ainda assim, a mesma palavra é também empregada na Septuaginta (a tradução grega do Antigo Testamento, de uso comum na época de Cristo) como uma tradução do hebraico yhwh (Javé ou Iavé) o “Senhor” ou “Jeová”. A palavra kyrios é empregada para traduzir o nome do Senhor 6814 vezes no Antigo Testamento grego. Assim, qualquer leitor grego da época do Novo Testamento que conhecesse um pouco o Antigo Testamento grego reconheceria que, nos contextos apropriados, a palavra “Senhor” era o nome do Criador e Mantenedor do céu e da terra, o Deus onipotente.
2 – SUA ENCARNAÇÃO Embora a palavra não ocorra de maneira explicita na Bíblia, a igreja tem empregado o termo encarnação para referir-se ao fato de que Jesus era Deus em carne humana. A encarnação foi o ato pelo qual Deus filho assumiu a natureza humana. Mas o equivalente grego do latim "in carne" ( τη σαρκι, en sarki, "na carne") se encontra em algumas declarações importantes no Novo Testamento a respeito da pessoa e obra de Jesus Cristo. Em 1 Timóteo 3.16 fala sobre "Aquele que foi manifesto na carne". João atribui ao espírito do anticristo qualquer negação que Jesus Cristo "veio em carne" (1 João 4.2). Paulo diz que Cristo realizou sua obra de reconciliação "no corpo da sua carne" isso quer dizer que Cristo pela sua morte nos reconciliou com DEUS (Colossenses 1.22; Efésios 2.15), e, que ao enviar Seu Filho "em semelhança de carne pecaminosa" Deus "condenou ... na carne, o pecado" (Romanos 9.3). Todos esses textos mostram de diversas maneiras que Cristo garante a salvação porque veio em "carne" e morreu "na carne". No grego “sarx etc., em outras palavras, ela não é meramente o corpo, mas o homem todo como pessoa. No grego “soma ões, carne e pele, representando o corpo fisico ou material. Nesse sentido teológico, "carne" não é de maneira nenhuma alguma coisa que o homem possui, mas é antes uma coisa que o homem é, sinalizado pela fraqueza e fragilidade próprias da criatura e nesse particular aparece em contraste com "espírito".
2.1 – Significado
Estar em carne (Jo 1.14) – em corpo humano. Estas palavras o apóstolo João ataca duas posições claras do gnosticismo: É um repudio a idéia do logos jamais se encarnar. Repudia a idéia de que o grande mal do homem está no corpo (carne matéria
– soma).
2.2 – Seu meio O nascimento virginal. - Predito – Isaías 7.14 - Consumado – Mt 1.18-25; Lc 1.26-38 - Provado – O pronome feminino empregado em Mateus 1.16 indica que o nascimento de Jesus veio por Maria apenas, sem participação de José.
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Milagres: Um corpo humano foi maravilhosamente concebido sem contribuição de um pai terrestre. Deus adicionou na encarnação toda a natureza humana, mas sempre retendo toda a natureza divina (“união hipostática”).
2.3 – Suas razões -
Revelar Deus aos homens (Jo 1.18); Prover um exemplo de vida (1 Pe 2.21); Prover um sacrifício pelo pecado (Mc 10.45; Hb 10.1-10); Destruir as obras do diabo (Lc 4.18; 1 Jo 3.8; Hb 2.14); Reconciliar o homem com Deus (2 Co 5.19: 1 Tm 2.5-6); Ser um sumo sacerdote misericordioso (Hb 5.1-2, Hb 9.26); Cumprir a aliança davídica (Lc 1.31-33); Ser sobremaneira exaltado (Filipenses 2.9).
2.4 – A Pessoa A pessoa de Cristo encarnado incluía: - Divindade plenamente mantida (100% Deus); - Perfeita humanidade (100% homem); - União numa única pessoa para sempre (Deus e homem). Jesus terá um corpo com aparência humana para sempre. Depois da ressurreição Ele tinha a aparência de um homem (Jo 20.15; 21.4-5). Hoje, está no céu como homem (1 Tm 2.5). Voltará como homem (Mt 16.27-28; 25.31; 26.64-65). Julgará como homem (At 17.31).
3 – SUA HUMANIDADE Ontologia é a parte da filosofia que trata do ser enquanto ser, isto é, do ser concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres. Tendo-se em conta que " onto", do grego, vem a significar indivíduo ou ser, e " logia", significa estudo; tem-se que "ontologia" vem a ser o estudo investigativo e comparativo do indivíduo - aqui tido como exemplar da espécie humana - frente aos demais seres vivos, passando pela sua concepção, criação, evolução e extinção. Busca, portanto, o conhecimento profundo acerca da natureza do ser humano, levando em conta os aspectos fisiológicos e espirituais, confrontando-os com aqueles que caracterizam e distinguem os demais seres vivos. - Jesus enquanto homem estava subordinado ao Pai. Contudo essa subordinação é de ofício, operação (Jesus veio para fazer a vontade do Pai), mas ela não é de essência-poder. Jesus Cristo não é menor que o Pai.
3.1 – Ele possuía um corpo humano – 1 Tm 2.5 “... Jesus Cristo, homem”. -
Nascido de mulher (Galatas 4.4); Sujeito ao crescimento (Lucas 2.52); Visto e tocado por homens (1 João 1.1; Mateus 26.12); Sem pecado (Hebreus 4.15);
3.2 – Ele possuía alma e espírito humanos -
Mateus 26.38 Lucas 23.46 Orou – Mc 1.35; Lc 11.1
3.3 – Ele foi sujeito às limitações da humanidade -
Ele sentiu fome (Mateus 4.2); Ele sentiu sede (João 19.28); Ele se cansou (João 4.6); Ele chorou (João 11.35); Ele foi tentado (Hebreus 4.15); Ele teve sono (Mt 8.24); Dependeu do Pai (Mc 1.35; Jo 6.15); Morreu (Mt 27.50; Jo 19.34).
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3.4 – Ele recebeu nomes humanos -
Filho do homem (Dn 7.13; Lucas 19.10); Jesus (Mateus 1.21); Filho de Davi (Marcos 10.47); Carpinteiro (Mc 6.3).
3.5 – Ele morreu -
Romanos 5.6 1 Coríntios 15.3
Implicação da humanidade: Expiação aplicável em nosso benefício. O Cristo pôde ser nosso sacerdote, empatizando e intercedendo (Hb 4.15) por nós. Jesus, homem, mostra-nos a verdadeira natureza humana.
4 – SUA DIVINDADE Ao falarmos da divindade de Jesus mostraremos que Seu nome prova sua divindade, contudo iniciaremos dando ênfase primeiramente aos dois nomes mais usados, pois estes descrevem sua natureza e sua obra. -
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O nome “Jesus” – O nome Jesus é a forma grega do hebraico, Jehoshua, Joshua (Josué 1.1); Zc 3.1), ou Jeshua (forma normalmente usada nos livros históricos pós-
exílicos), que significa salvação ou redenção. Afirma-se que este nome é derivado de Jeho (Jehova) e shua (socorro). O nome “Cristo” – Se Jesus é o nome pessoal, Cristo é o nome oficial do Messias. É o equivalente de Maschiach (ungido) do Antigo Testamento.
4.1 – Provada pelos Seus nomes -
Deus (Hebreus 1.8); Filho de Deus (Mateus 16.16; 26.61-64a); Senhor (Mateus 22.43-45); Rei dos reis e Senhor dos senhores (Apocalipse 19.16); Advogada (1 Jo 2.1); Alfa e Ômega (Ap 1.8).
4.2 – Provada por Suas características -
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Onipotência – Essa é demonstrada quando Jesus acalmou a tempestade no mar com uma palavra (Mt 8.26-27), multiplicou os pães e peixes (Mt 14.19) e transformou a água em vinho (João 2.1-11). Podemos incluir vários outros textos que mostram seu poder. Ex. Mateus 28.18. Jesus operava sinais e maravilhas e Seu nome era glorificado e Ele era adorado. Onisciência – Era demonstrada no fato de conhecer os pensamentos das pessoas (Mc 2.8), de ver, de muito longe, Natanael sob a figueira (Jo 1.48), de conhecer “desde o principio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair” (Jo 6.64). Outros texto: João 1.48. Onipresença – Durante seu ministério terreno esse atributo não foi manifestado. Contudo Jesus afirma sua onipresença ao declarar que quando a Igreja fosse estabelecida onde ela se reunisse Ele estaria presente (Mateus 18.20). Além disso, antes de deixar a terra, disse aos discípulos: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28.20). Eterno (João 1.4; 5.26) – Jesus possuía o atributo divino da imortalidade, a incapacidade de morrer. Ele é a própria vida. Vemos isso indicado no início do evangelho de João, quando Jesus fala aos judeus: “Destruí esse santuário, e em três dias o reconstruirei” (Jo 2.19). Precisamos insistir que Jesus realmente morreu, mas a morte não o podia deter. Também é significativo observar que o próprio Jesus afirma que atuaria em sua ressurreição, embora outras passagens digam que o Pai atuou na ressurreição. Em outra passagem do Evangelho de João, Jesus alega ter poder para entregar a vida e reassumi- la: “Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu
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espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai” (Jo 10.17,18). Verdade (João 14.6); Imutabilidade (Hebreus 13.8).
4.3 – Provada pro Suas obras -
Criação (João 1.3, Cl 1.16) – criador do universo, dos anjos, etc.; Sustentação e preservação da criação (Colossenses 1.17; Hb 1.3); Perdão de Pecados (Lucas 7.48); Ressurreição dos Mortos (João 5.25; 10.28; Fp 3.21) – Doador da vida imortal; Julgamento (João 5.27; 2 Tm 4.1) – Juiz dos vivos e dos mortos; Pastor (Sl 23.1; Jo 10.11; 1 Pe5.4); Envio do Espírito Santo (João 15.26).
4.4 – Provada pela adoração oferecida a Ele -
Por anjos (Hebreus 1.6); Por homens (Mateus 14.33); Por todos (Filipenses 2.10).
4.5 – Provada por Sua igualdade na Trindade -
Com o Pai (João 14.23; 10.30); Com o Pai e o Espírito Santo (Mateus 28.19; 2 Coríntios 13.13). Consubstancialidade é um conceito cristológico introduzido na profissão de fé pelo Concílio de Niceia (325 d.C) e que diz respeito à divindade de Cristo, por ser da mesma substância do Pai. O termo consubstancialidade é o correspondente ao termo grego homoousios, termo original que designa essa realidade. Este termo provém da junção de homos, que significa “o mesmo”, e ousios, proveniente de ousía, que significa substância ou essência. Assim, o termo tem o sentido de “da mesma substância, com a mesma essência”.
5 – SUA VIDA TERRENA 5.1 – Sua Preparação -
Nascimento Infância, pré-adolescência e crescimento até a maturidade Batismo Tentação
5.2 – Sua Pregação -
Ministério inicial na Judéia (João 2.13-4.3) Ministério na Galiléia (Marcos 1.14-9.50) Ministério da Peréia (Lucas 9.51-19.28).
5.3 – Sua Paixão -
A última semana em Jerusalém (Lucas 19.29-22.46); Traição e prisão (João 18.2-13); Julgamento perante Anás (João 18.12-24); Julgamento perante Caifás (Marcos 14.53-15.1); Julgamento perante Pilatos (Marcos 15.1-5); Julgamento perante Herodes (Lucas 23.8.12); Segundo julgamento perante Pilatos (Marcos 15.6-15); Crucificação; Sepultamento; Ressurreição.
6 – A KENOSIS 6.1
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Significado
A palavra “kenosis” significa literalmente esvaziamento.
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O texto que fundamenta esta doutrina se encontra na carta que o apóstolo Paulo escreveu aos irmãos da igreja de Filipo – “a si mesmo se esvaziou (ekenosen), assumindo a forma de servo” (Filipenses 2.7).
6.2 – A verdadeira doutrina da Kenosis A doutrina da “kenosis” envolve: - O encobrimento de Sua glória pré-encarnada; - Sua condescendência em assumir a semelhança de carne pecaminosa (a forma humana) durante a encarnação; - O não uso voluntário de alguns de Seus atributos durante Sua vida terrena
6.3 – Teoria falsa da Kenosis O grande erro cometido por muitos a respeito desta teoria: - Alguns kenoticistas defendem que Cristo transformou-se literalmente num homem, reduzindo-se total ou parcialmente às dimensões de um homem, e depois cresceu em sabedoria e poder, até que afinal se tornou Deus de novo. - Cristo perdeu, ao abrir mão, certos atributos durante Sua vida terrena. Se isso tivesse acontecido, Ele teria deixado de ser Deus durante este período.
7 – SUA IMPECABILIDADE Ainda que o Novo Testamento seja claro em afirmar que Jesus era plenamente humano exatamente como nós, também afirma que Jesus era diferente em um aspecto importante: ele era isento de pecado e jamais cometeu um pecado durante sua vida. Algumas considerações: - Devemos nos lembrar que a natureza humana de Jesus era a mesma de Adão antes do pecado. O que nos mostra que ele poderia pecar. - Devemos considerar que diferentemente de Adão, Jesus também possui uma natureza divina. Portanto não poderia pecar. - A união de ambas as naturezas o impediu de pecar.
7.1 – Significado Cristo era incapaz de pecar.
7.2 – Objeção Se Cristo era incapaz de pecar, não poderia ter sido genuinamente tentado e, portanto, não poderia ser um sumo sacerdote compassivo (Hebreus 4.15). Jesus foi verdadeiramente tentado? A tentação que Jesus sofreu era real para Ele? Jesus foi verdadeiramente tentado e viveu esta tentação de maneira real.
7.3 – Resposta A realidade da tentação não está na natureza moral da pessoa tentada e nem depende dela, e a possibilidade de compaixão não depende de uma correspondência específica entre os problemas enfrentados. Devemos considerar que a grande tentação de Jesus em usar seu poder e seus atributos como Deus era muito grande, contudo Ele suportou todas as coisas como qualquer outro homem e as venceu.
7.4 – Resultados -
A tentação provou a impecabilidade de Cristo; A tentação o capacitou a ser um sumo sacerdote misericordioso.
8 – SUA MORTE 8.1 – Destacada em toda Palavra -
No A.T. ela é como que um fio escarlate percorrendo a história, como o próprio Cristo demonstrou (Lucas 24.27,440. No N.T. ela é mencionada pelo menos 175 vezes. É o propósito máximo da encarnação de Cristo (Mateus 20.28; Hb 2.14).
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É o coração do próprio evangelho (1 Coríntios 15.1-3).
8.2 – Sua descrição -
Um resgate – A morte de Cristo pagou o preço da penalidade pelo pecado (Mateus 20.28; 1 Timóteo 2.6); Uma reconciliação – A posição do mundo em relação a Deus foi modificada pela morte de Cristo, de tal modo que todos os homens agora podem ser salvos (2 Coríntios 5.18-19); Uma propiciação – A justiça de Deus foi satisfeita com a morte de Cristo (1 João 2.2); Uma substituição – Cristo morreu no lugar dos pecadores (2 Coríntios 5.21); Uma prova do amor de Deus – A entrega de Seu único filho demonstra todo o amor que Deus sente pelo mundo e pelo homem em especial (João 3.16; Romanos 5.8).
8.3 – Falsas teorias sobre Sua morte -
Teoria do exemplo ou da influência moral – O único propósito da morte de Cristo foi exercer uma influência positiva sobre o homem. Teoria governamental – O governo de Deus sobre o universo exigia que Ele fizesse da morte de Cristo um exemplo de Seu ódio ao pecado. Teoria neo-ortodoxa – A morte de Cristo foi uma revelação do amor de Deus e da pecaminosidade do homem, mas não uma substituição pelo pecado do homem. Resgate e Satanás – O resgate efetuado pela morte de Cristo foi efetivamente pago a Satanás.
9 – SUA RESSURREIÇÃO 9.1 – A ressurreição um fato -
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O túmulo vazio; As aparições: Maria Madalena (João 20.11-17); Às outras mulheres (Mateus 28.9-10); A Pedro (1 Coríntios 15.5); Aos discípulos no caminho de Emaús (Lucas 24.13-35); Aos dez discípulos (Lucas 24.36-43); Aos onze discípulos (João 20.26-29); A sete discípulos junto ao mar da Galiléia (João 21.1-23). A mais de 500 pessoas (1 Coríntios 15.6); Aos onze em Sua ascensão (Mateus 28.16-20); A Paulo (1 Coríntios 15.8) A existência da Igreja; A mudança operada nos discípulos que antes da ressurreição estavam com medo; O dia de pentecostes; A mudança do dia de culto para domingo.
9.2 – A natureza de Seu corpo ressurreto -
Era um corpo real (João 20.20); Não era uma ressurreição como a de Lázaro (Jo 11). Cristo se tornou as primícias de um novo tipo de vida humana (1 Co 15.20-23). Foi identificado com aquele que fora colocado no túmulo (João 20.25-29); Foi transformado de modo a nunca mais ser sujeito à morte e a limitações (Romanos6.9).
9.3 – O significado da Ressurreição -
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Para Cristo Provou que Ele era o Filho de Deus (Romanos 1.4); Confirmou a verdade de tudo que Ele dissera (Mateus 28.6). Para todos os homens Tornou certa a ressurreição de todos (1 Coríntios 15.20-22); Garante a certeza do juízo vindouro (At 17.31).
Cristologia – Página 11
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Para os crentes Dá certeza de aceitação perante Deus (Romanos 4.25); Supre poder para o serviço cristão (Efésios 1.19-22); Dá garantia a ressurreição dos crentes (2 Coríntios 4.14); Designa Cristo como Cabeça da Igreja (Efésios 1.19-22) Garante-nos um Sumo Sacerdote misericordioso no céu (Hebreus 4.14-16).
10 – SUA ASCENSÃO 10.1 – Características -
Atos 1.9-11 - Subiu para um lugar (uma nuvem...). Onde é o céu? Em algum lugar no nosso universo de espaço e tempo.
10.2 – Significado -
Fim do período de limitação que Cristo se sujeitou. Exaltação (Efésios 1.20-23; 1 Pe 3.22; Fl 2.9). Precursor (Hebreus 6.20). Início de Seu ministério sumo sacerdotal (Hebreus 4.14-16). Preparação de um lugar para Seu povo (João 4.2). Senhorio sobre a Igreja (Colossenses 1.18).
10.3 – Os estados de Jesus Cristo -
Humilhação: encarnação, sofrimento, morte e sepultamento. Exaltação: ressurreição, ascenção, sentar-se à destra de Deus e a volta em poder e glória.
11 – SEU MINISTÉRIO ATUAL 11.1 – Figuras que demonstram Sua atuação hoje O atual ministério de Cristo no céu é todo relacionado, direta ou indiretamente, à Sua função de mediador, e é revelado por sete ilustrações. - O último Adão e a Nova Criação (1 Co 15.45; 2 Co 5.17). Significado – Cristo como o doador da vida, aquele que pagou o preço do pecado original e deu início a nova raça humana. - Cristo o Cabeça e a Igreja Seu corpo. Significado – Direção, sustento, concessão de dons espirituais. - Pastor e ovelhas (João 10.10). Significado – Direção e cuidado. - Videira e ramos (João 15). Significado – Produção de fruto espiritual. - Pedra angular e pedras do edifício (1 Co 3.11; 1 Pe 2.4-8). Significado – Fundamento de nossa existência, vida e segurança. - Sumo sacerdote e sacerdócio real (1 Pe 2.5-9). Significado – Sacrifício e intercessão. - Noivo e noiva (Ef 5.25-27). Significado – prontidão e santidade
12 – SUA VOLTA 12.1 – Anunciada pelo próprio Cristo -
Mateus 24.27, 37, 42; 25.1-13