AS COBIÇADAS CONTAS AFRICANAS AFRICANAS Fundamentais no nosso culto, nas mais diversas nações do Candomblé, os fios de contas funcionam como insígnias que identificam o ancestral para o qual fomos consagrados, o grau de aprofundamento no culto, cargos e f unções, alem da tradição ou nação à qual se pertence. Basicamente estes "colares" são confeccionados com miçangas chinesas ou tchecas, mas também t ambém são utilizados outros componentes como pedras, madeira, sementes, ossos, dentes, conchas, cascas de ovos, chifres, metais, etc. As contas africanas estão entre as mais cobiçadas e mais tradicionais. Feitas artesanalmente em vidro a partir de diversas técnicas, vamos conhecer um pouco sobre elas. As pedrarias foram algumas das primeira formas de moeda utilizadas. utilizadas. A partir do século XVI, uma grande produção de contas decorativas era voltada para a troca por bens, serviços e escravos. Elas facilitaram a entrada de exploradores
europeus, principalmente nos continentes africano e americano. Elas eram produzidas em toda a Europa, com os venezianos no domínio da produção. Milhares de toneladas de contas foram enviados à África como lastro em navios negreiros nas suas viagens de ida à África. Contas não só foram trocadas por carga humana, mas também por peças de ouro, marfim, pedras preciosas, entre outros artigos muito desejados na Europa e em outras partes do mundo. O sucesso das contas na África pode ser atribuído ao elevado valor agregado pelos africanos a este tipo de adorno. Nestas civilizações, o status social era facilmente determinado pela quantidade, qualidade e estilo de j óias usadas, o que criou a alta demanda por contas em toda a região. Elas também eram utilizadas em adornos para importantes rituais de nascimento, maioridade, casamento e morte. Muitas pessoas eram sepultadas com os seus colares sagrados ou indicativos de status. Sepulturas rasas, inclusive, muitas vezes faziam "milagrosas" contas brotarem do chão. As peças eram feitas na Europa em quantidade e dentro dos padrões de design atraentes para os povos com os quais se estabeleciam as relações comerciais. As contas chevron foram comercializados em todo o mundo a partir do final do século 15. Cristóvão Colombo disse ter negociado chevrons ao descobrir o Novo Mundo. Elas foram introduzidos na África por mercadores holandeses. Os primeiros exemplares foram criados por fabricantes de contas de vidro em Veneza e Itália Murano. Chevrons foram originalmente chamado “roseta”, ou contas estreladas. Eram tradicionalmente feitas de camadas superpostas vermelhas, azuis e brancas, moldadas no formato cilíndrico de diversos diâmetros e lapidadas ou facetadas e em suas extremidades para exibir ainda mais sua formação interna estrelada. As que têm extremidades planas são ainda conhecidas como rosetas. Além das naturais, na África também eram produzidas contas artificiais para adorno. Algumas são populares até hoje, têm origem bastante antiga no continente. As primeiras contas de vidro conhecidas foram descobertas em escavações arqueológicas na África do Sul e datam do período entre 970 e 1000 d.C. Eram produzidas a partir do pó de vidro moído e posteriormente fundido. Gana é o centro de produção de contas de pó vidro na África, onde foi documentada pela primeira vez por pesquisadores em 1746. A grande maioria das peças são produzidas por artesãs de Krobo, na região Ashanti de Gana, apesar de também serem fabricadas em outros países. A técnica de produção em Krobo consiste em preencher moldes verticais de argila com o vidro em pó obtido de uma variada gama de garrafas e potes, combinando-os ou utilizando isoladamente, para alcançar a combinação de efeitos e cores desejada. Elas são predominantemente cilíndricas ou alongadas. Uma haste de folha de mandioca é colocada no centro de cada molde como um pavio, preservando o furo central na fusão feita em fornos a
lenha. Outras peças são perfuradas com instrumento de ferro pontiagudo enquanto ainda estão quentes. Existem outros estilos ashantis, como o de contas duplas, formadas por duas metades, como cones duplos ou esferas. As duas metades produzidas separadamente e são unidas depois, em um processo de queima mais curto. Outro tipo são as contas escritas. Elas são como as convencionais, de vidro em pó, com decorações pintadas em suas superfícies com uma pasta de pó de vidro e fundidos em uma segunda queima. Ainda existe a variante no formato esférico, chamadas akoso, predominantemente amarelas e, às vezes, verdes. As contas meteyi são produzidas em moldes horizontais, ao contrário das demais. Os povos yorubas também têm suas produções típicas de contas de pó de vidro. As ateyun são moldadas à mão, a partir de uma massa de pó de vidro e água ou saliva. São sempre vermelhas para imitar corais mediterrâneos. Keta awuazi são feitas na Nigéria e em Togo e muito populares. São contas azuis, cilindricas, também a partir de pasta de vidro, mas levadas ao forno horizontalmente sobre uma base de areia. Existem outras variedades, todas tilizando estas técnicas. Na Mauritânia, as contas kiffa também são feitas de pó de vidro molhado, mas pintados coloridos e em padronagens variadas que são associadas aos famosos millefiori de Veneza. Millefiori (as contas-mosaico) - O nome millefiori significa milhares de flores. É um detalhada técnica de trabalho com vidro que produz peças de arte refinadas. O termo aparece pela primeira vez na Inglaterra, no Séc. XIX, mas já existia anteriormente desde a Roma Antiga, Fenícia e Alexandria, sob o nome mosaico. As contas millefiori ou contas-mosaico, são algumas das mais populares e comercializadas. São feitas a partir de finas fatias da base para a produção das contas roseta, cortadas mais finamente, expondo suas coloridas camadas internas. Elas são dispostas lado a lado sobre u m tubo de vidro simples, revestindo-o por completo resultando num belo efeito. A produção das millefiori em larga escala começou por volta de 1800. As pequenas camadas são feitas a mão uma a uma, e fixadas à peça central enquanto o vidro ainda está quente.