Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto CBC2005
Setembro / 2005 ISBN 85-98576-07-7 Volume XII - Projetos de Estruturas de Concreto Trabalho 47CBC0059 - p. XII274-285 © 2005 IBRACON.
CARACTERÍSTICAS E PARÂMETROS ESTRUTURAIS DE EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS ANDARES EM CONCRETO ARMADO CONTRUÍDOS NA CIDADE DO RECIFE CHARACTERISTIC AND STRUCTURAL PARAMETERS OF REINFORCED CONCRETE MULTISTORY BUILDINGS CONSTRUCTED IN RECIFE
Antonio Oscar Cavalcanti da Fonte ; Felipe Luna Freire da Fonte ; Arlen Angélica Hilda Espinosa Castillo; André Victor Alves da Costa Pedrosa (1) Professor Doutor, Departamento de Engenharia, Universidade Católica de Pernambuco email:
[email protected] (2) Mestre em Engenharia Civil, Divisão de Arquitetura e Projetos Civis de Subestações, CHESF email:
[email protected] (3) Bolsista de Iniciação Científica, Departamento de Engenharia, UNICAP (4) Bolsista de Iniciação Científica, Departamento de Engenharia, UNICAP Universidade Católica de Pernambuco – Departamento de Engenharia Rua do Príncipe, Boa Vista, Recife, PE
Resumo A cidade de Recife, situada no nordeste do Brasil, tem apresentado nas três últimas décadas, um expressivo aumento na construção de edifícios residenciais de múltiplos pavimentos. Neste período, observou-sem, a evolução das alturas destas edificações que passaram de 20 pavimentos em 1970 para 50 pavimentos nos dias atuais. Estes edifícios, apresentando esbeltez sempre crescente, têm colocado os projetistas em situações desafiadoras, para definição de sistemas estruturais que permitam compatibilizar os requisitos de arquitetura com as condições necessárias à estabilidade. O objetivo deste trabalho é apresentar um levantamento de características de 236 edifícios de múltiplos andares, em concreto armado, projetados, e construídos na cidade do Recife, no período 1996 a 2003. Tal levantamento apresenta a variação dos parâmetros altura, dimensões em planta, número de pavimentos e índice de esbeltez de corpo rígido. Estes parâmetros são comparados com os de edifícios altos construídos em outros estados do Brasil e em outros países. Como resultado conclui-se que, alguns dos edifícios modernos construídos na cidade do Recife, estão incluídos entre os mais esbeltos do mundo. Palavras-Chave:edifícios altos; edifícios em concreto armado; parâmetros estruturais.
Abstract The city of Recife, situated in the northeast of Brazil, has presented in the last three decades a great increase in construction of residential multistory buildings. In this period, the growth in height of these constructions was also observed, passing from 20 floors in 1970 to 50 floors in the current days. These buildings, presenting greater slenderness always, have placed the designers in challenging situations for definition of structural systems to make compatible the requirements of architecture with the necessary conditions to the stability. The objective of this work is to present some characteristics of 236 reinforced concrete multistory buildings, designed and constructed in Recife from 1996 to 2003. The paper presents the variation in parameters like height, plan dimensions, number of floors and slenderness. These parameters are compared with the ones of tall buildings constructed in other states of Brazil and other countries. Keywords: multistory buildings ; structural parameters ; reinforced concrete buildings. Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON.
XII.274
1 Introdução A construção de edifícios múltiplos de andares, no Nordeste do Brasil, teve início, na cidade do Recife, na década de 40 do século passado. Como causa principal para esta forma de urbanização, apontava-se a pouca oferta de terrenos nos bairros onde eram desenvolvidas as atividades comerciais à época, associada à busca de empreendimentos imobiliários economicamente mais atrativos. A difusão da tecnologia de aplicação do concreto armado às edificações e o aparecimento do elevador, além da vocação da cidade do Recife para a modernização, contribuíram para esta tendência. Como dado de interesse, Câmara (1998) cita, no período 1940 a 1965, a construção de 11 edifícios com alturas variando na faixa de oito a dezesseis andares, que à época eram considerados como altos. Durante a década de 70, a construção de edificações em altura, foi bastante impulsionada pela fase de crescimento econômico experimentada pelo país, constatando--se, na cidade do Recife, o aparecimento de edifícios para uso comercial e residencial até a altura correspondente a 20 pavimentos. Este panorama da construção de edifícios de múltiplos andares, se bem que em ritmo bem menos acelerado que na década de 70, continua até os dias atuais. Observou-se, entretanto, a partir de 1996 a ocorrência de uma forte e permanente tendência de aumento da altura destes edifícios, que chegaram a atingir, nos dias atuais, 50 pavimentos. Estes edifícios, apresentando esbeltez sempre crescente, têm colocado os projetistas em situações desafiadoras, para definição de sistemas estruturais que permitam compatibilizar os requisitos de arquitetura com as condições necessárias à estabilidade.
2 Objetivo O objetivo deste trabalho é apresentar, características e parâmetros estruturais de edifícios de múltiplos andares projetados e construídos na cidade do Recife, no período 1996 a 2003.
3 Metodologia Foi procedido um levantamento de edifícios de múltiplos andares, projetados por três escritórios de cálculo estrutural da cidade do Recife, no período 1996 a 2003. Tal levantamento abrangeu 236 edifícios, admitindo-se como altura mínima a correspondente a 15 pavimentos. Este levantamento considerou como parâmetros de interesse, o número de pavimentos, a altura da edificação e as dimensões em planta. A partir dos dados acima levantados, foi possível traçar gráficos e tabelas mostrando a variação da altura das edificações, ao longo do período, o crescimento do número de pavimentos e a tendência da variação da esbeltez de corpo rígido. Em seguida, estes resultados foram comparados com os de algumas edificações de múltiplos andares construídas em outros estados do Brasil e em outros países.
4 Resultados 4.1 Variação do número de pavimentos dos edifícios no período 1996 a 2003
Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON.
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50 45 s o t 40 n e 35 m i v 30 a p e 25 d o r 20 e m15 ú N 10 5 0 1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
Figura 01 - Estudo dos edifícios altos do Recife - variação do número de pavimentos.
A figura 01 mostra o gráfico de variação do número de pavimentos ao longo do período estudado. Observa-se claramente, uma tendência do aumento do número máximo de pavimentos, que evoluiu de 35 em 1996 e atingiu 45 em 2001.Deve-se acrescentar que, esta tendência de verticalização dos edifícios residenciais em Recife, vem ocorrendo desde os anos 70, onde a altura máxima era de aproximadamente 20 pavimentos, tendo entretanto, apresentado aumento na velocidade de crescimento a partir de 1996. 4.2 Gráfico freqüência versus número de pavimentos dos edifícios construídos no período 1996 a 2003 25
20
s o i c í f i d e 15 e d e d a d 10 i t n a u Q
5
0 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 Número de pavimentos
Figura 02 - Estudo dos edifícios altos do Recife - Frequência versus número de pavimentos
A figura 02 mostra, correspondente aos 236 edifícios estudados, o gráfico freqüência versus número de pavimentos. As maiores freqüências (faixa de variação de 15 a 20), ocorreram para os edifícios de 16, 17, 18 e 20 pavimentos. À medida que o número de pavimentos aumenta, ocorre uma tendência de diminuição da freqüência correspondente. No universo estudado a quantidade de pavimentos variou de 15 a 45.
4.3 Parâmetro esbeltez de corpo rígido dos edifícios estudados Outro parâmetro de grande interesse é a esbeltez de corpo rígido da edificação, segundo as direções principais X e Y, definida como: Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON.
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H / l x,y
λ x,y =
( Equação 01 )
sendo : H – altura total da edificação ;
l x,y = largura média segundo as direções X e Y
16 14 12
a m i x á M z e t l e b s E
10 8 6 4 2 0 1996
1997
1998
1999
Ano
2000
2001
2002
2003
Figura 03 - Estudo dos edifícios altos do Recife - Esbeltez máxima em cada ano ao longo do periodo 1996 a 2003
A figura 03 apresenta, os valores do parâmetro esbeltez máxima de corpo rígido dos edifícios, em cada ano ao longo do período estudado. É possível observar a tendência de crescimento da esbeltez que atinge o valor máximo 14,8 no ano 2000. Com o objetivo de classificar os edifícios estudados por faixas de esbeltez, adotou-se o seguinte critério : λ x,y
≤
4< λ x,y λ x,y
4 ≤
-------- edifício de pequena esbeltez 6
>6
------------
edifício de média esbeltez
-------------
edifício de alta esbeltez
Este parâmetro é um importante indicador estrutural, principalmente quanto às dificuldades de estabilidade da estrutura, relativamente ao carregamento proveniente da ação do vento segundo as direções principais X e Y. Os gráficos da figura 04 mostram, para cada edifício, a esbeltez em função da altura, para o período 1996 a 2003. Estudo dos Edifícios Altos do Recife Ano 1997
Estudo dos Edifícios Altos do Recife - ano 1996 -
esbeltez pequena :8 ; esbeltez média : 10 ; esbeltez alta :3
esbeltez : pequena : 10 ; média : 9 ; alta : 05 9,00
12,000
8,00 10,000
7,00
z e t l e b s e
8,000
6,00
6,000
z e 5,00 t l e b s 4,00 e
4,000
3,00 2,00
2,000
1,00 0,00
0,000 0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
0,00
20,00
altura (m)
Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON.
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
altura (m)
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Estudo dos Edifícios Altos do Recife
Estudo dos Edifícios altos do Recife
esbeltez pequena : 11 - esbeltez média : 07 - esbeltez alta :06
esbeltez pequena : 12 - esbeltez média : 11 - esbeltez alta : 07
Ano : 1998
14,000
ANO 1999
12,000
12,000
10,000
10,000 8,000 z e t l e b s e
z e t l e6,000 b s e
8,000 6,000
4,000
4,000
2,000
2,000 0,000
0,000
0 ,0 0
2 0, 00
4 0, 00
6 0, 00
8 0, 00
1 00 ,0 0 1 20 ,0 0 1 40 ,0 0 1 60 ,0 0
0,00
20,00
40,00
altura (m)
100,00
120,00
140,00
Estudo dos Edifícios Altos do Recife
esbeltez pequena : 9 - esbeltez média : 18 - esbeltez alta : 18 Ano 2000
14,000
esbeltez pequena : 7 - esbeltez média : 7 - esbeltez alta : 16 Ano 2001 14,000 12,000
12,000
10,000
10,000
z e 8,000 t l e b 6,000 s e
z e t l e 8,000 b s e
6,000
4,000
4,000
2,000
2,000 0,000 0 ,00
80,00
altura (m)
Estudo dos Edifícios Altos do Recife 16,000
60,00
0,000
2 0, 00
40 ,00
60 ,0 0
80 ,0 0
altura (m)
10 0, 00
1 20 ,00
140 ,0 0
0,00
20,00
40,00
60, 00
80,00
100, 00
120, 00
140, 00
altura (m)
Estudo dos Edifícios Altos do Recife esbeltez pequena :03 - esbeltez média : 06 - esbeltez alta : 16
Estudo dos Edifícios Altos do Recife esbeltez pequena : 06 - esbeltez média : 15 - esbeltez alta :15 Ano 2002
12,000
12,000
10,000
10,000
8,000
z e 8,000 t l e b 6,000 s e
4,000
4,000
2,000
2,000
z e t l e6,000 b s e
0,000 0,00
Ano 2003
14,000
0,000 2 0,00
4 0,00
6 0,0 0
80 ,0 0
100,00
120,00
140,00
0,00
20, 00
altura (m)
40, 00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
altura (m)
Figura 04 - Estudo dos edifícios altos do Recife – gráficos altura versus esbeltez máxima de corpo rígido.
É possível observar, nos citados gráficos, a tendência de crescimento da esbeltez ao longo do tempo. Os edifícios que vêm sendo construídos, além do aumento da altura, vêm também apresentando maiores valores do parâmetro λ, o que significa maior desafio ao projeto estrutural, pois com o aumento da altura o carregamento lateral do vento cresce. Para contrabalançar este incremento de carregamento, seria desejável uma diminuição da esbeltez de corpo rígido, através do aumento, em maior proporção, das dimensões em planta, o que não vem ocorrendo.
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20 18
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
16 s o i c í f i d e e d e d a d i t n a u Q
14 12 10 8 6 4 2 0 esbeltez pequena
esbeltez média
esbeltez alta
Figura 05 – Edifícios construídos no período 1996 a 2003, distribuídos em classes de esbeltez
A figura 05 mostra a distribuição dos 236 edifícios estudados por classes de esbeltez, segundo o critério estabelecido em 4.3. De acordo com este critério, tem-se: 67 edifícios de pequena esbeltez, 82 edifícios de média esbeltez e 87 edifícios de alta esbeltez. Conclui-se que, no período estudado, ocorreu uma forte tendência de construção de edifícios com esbeltez crescente. A elevação do valor deste parâmetro conduz, sem dúvida, a um maior desafio do projeto sob o ponto de vista estrutural. Estes edifícios passam a exigir sistemas estruturais de maior capacidade resistente, principalmente em relação aos carregamentos laterais provenientes da ação do vento. Uma forte interação, do Arquiteto com o Engenheiro responsável pelo projeto estrutural, ainda na fase de concepção do ante-projeto, é indispensável para a viabilidade da construção destes modernos edifícios. 4.4 Esbeltez de corpo rígido de alguns edifícios construídos em outros estados do Brasil Para efeito de comparação com os edifícios altos construídos no Recife, em termos de altura e esbeltez, são apresentados, na tabela 01 e ilustrados nas figuras 06 e 07,dados de sete edifícios altos construídos em outros estados do Brasil, sendo seis deles em São Paulo e um no Rio de Janeiro. Tabela 01 – Parâmetros de alguns edifícios construídos em São Paulo e no Rio de Janeiro
Edifício CENU – Torre Norte E – Tower Citibank Torre Almirante Aché Faria Lima Garagem San Siro Porto Fino
Local São Paulo São Paulo São Paulo Rio de Janeiro São Paulo São Paulo São Paulo
H (m) 180,0 162,0 130,0 128,0 128,0 93,0 91,0
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l (m) 45,0 31,0 23,0 21,0 13,0 9,3 11,0
máx
4,0 5,2 5,7 6,1 9,8 10,0 8,3
XII.279
12 10
CENU - Torre Norte E - Tow er
8 z e t l e b s E
Citibank 6
Torre Almirante Aché Faria Lima
4
Garagem San Siro Porto Fino
2 0 CENU E - Tow er Torre Norte
Citibank
Torre Almirante
Aché Faria Lima
Garagem San Siro
Porto Fino
Figura 06 - Estudo de alguns Edificios de São Paulo e Rio de Janeiro - Gráfico edifício versus esbeltez
12 10 Porto fino Garagem San Siro Aché Farias Lima Torre Almirante Citibank E - Tower CENU - Torre Norte
8 z e t l e b s E
6 4 2 0
91
93
128
128 Altura (m)
130
162
180
Figura 07 - Edifícios altos construídos em São Paulo e no Rio de Janeiro - Gráfico altura versus esbeltez.
É interessante observar que embora com alturas maiores, variações de 91m a 180m, tais edifícios apresentam tendência de diminuição da esbeltez com a altura, o que é desejável do ponto de vista estrutural. Ou seja, nestes edifícios, à medida que as alturas são maiores, tem ocorrido crescimento em maior proporção das dimensões em planta, trazendo como conseqüência a diminuição do parâmetro esbeltez de corpo rígido. Isto facilita substancialmente, a definição de sistemas estruturais com rigidez adequada à estabilização frente à ação do vento. 4.5 Esbeltez de corpo rígido edifícios construídos em outros Países Ainda para efeito de comparação com os edifícios altos construídos no Recife, em termos de altura e esbeltez, são apresentados na tabela 02 e ilustrados nas figuras 08 e 09 dados de 12 edifícios altos construídos em diversos países.
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Tabela 02 - Parâmetros de alguns edifícios altos construídos em outros países
Edifício Empire State Building World Trade Center Bank of China Tower Bank of America Plaza 311 South Wacker Jin Mao Tower Petronas Tower Bank One Tower Tokio City Hall Hong Kong Central Plaza Fox Plaza Bell Atlantic Tower
Local New York New York Hong Kong Dallas Chicago Shangai Malasya Indianapolis Tokio Hong Kong Los Angels Philadelphia
Ano 1931 1973 1990 1985 1990 1998 1998 1990 1991 1992 1987 1991
H (m) 381,0 415,0 369,0 280,7 293,0 421,0 452,0 247,0 243,0 310,0 150,0 225,3
l(m) 56,9 63,0 51,8 38,8 41,1 54,0 46,0 37,0 44,8 50,0 45,0 46,0
máx.
6,7 6,6 5,9 7,3 7,1 7,8 9,8 6,7 5,4 6,2 3,3 4,9
12 Empire State Building World Trade Center
10
Bank of China Tower Bank of America Plaza
8 z e t l e b s E
311 South Wacker Jin Mao Tower
6
Petronas Tower Bank One Tower
4
Tokio City Hall Hong Kong Central Plaza
2
Fox Plaza Bell Atlantic Tower
0
Figura 08 - Estudo de alguns edifícios altos em outros países - Gráfico edifícios versus esbeltez máxima de corpo rígido.
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12 Fox Plaza Bell Atlantic Tower
10
Tokio City Hall Bank One Tower
8 z e t l e b s E
Bank of America Plaza 311 South Wacker
6
Hong Kong Central Plaza Bank of China Tower
4
Empire State Building World Trade Center
2
Jin Mao Tower 0
150
225
243
247
281
293
310
Altura (m)
369
381
415
421
452
Petronas Tower
Figura 09 - Estudo de alguns edifícios altos em outros países - Gráfico esbeltez versus altura.
Nestes edifícios observa-se tendência de crescimento da esbeltez até a altura de 293 m. A partir deste valor, ocorre tendência semelhante à apresentada nos edifícios construídos em outros estados do Brasil, ou seja à medida que cresce a altura, ocorre crescimento em maior proporção das dimensões em planta, com conseqüente diminuição da esbeltez. Exceção ocorre com os edifícios Jim Mao Tower e Petronas Tower que estão incluídos entre os mais altos e esbeltos do mundo.
5) Considerações sobre os edifícios altos projetados e construídos na cidade do Recife. Com base nos dados apresentados ao longo deste trabalho, é possível observar, a tendência de construção de edifícios modernos em Recife, com altura e esbeltez crescentes. A altura máxima que no período estudado variou de 35 a 45 pavimentos, ou seja, aproximadamente 105m a 135 m, veio acompanhada do crescimento da esbeltez de corpo rígido de 8,5 para 14,4. Comparando com dados de outros estados do Brasil e de outros países, conclui-se, sem dúvida, que em Recife estão sendo construídos edifícios que devem ser incluídos entre os mais esbeltos do mundo. Este fato merece especial divulgação, pelo caráter pioneiro e desafiador da Engenharia praticada no Recife e pelo espírito empreendedor do Empresariado de Pernambuco. A constatação, todavia, da tendência de aumento da esbeltez de corpo rígido, como conseqüência natural do crescimento da altura, em contraposição ao que ocorre em outros estados brasileiros e, em parte, em outros países, merece uma reflexão e uma análise mais aprofundada sobre a questão. Em primeiro lugar, são citadas, diversas razões importantes, que estão tornando viáveis projetos de edifícios com esbeltez tão elevada : •
a cidade do Recife apresenta como velocidade básica de vento 30 m/s, valor este o menor considerado tanto pelas Normas Brasileiras como pelas Normas Internacionais;
•
no Rio de Janeiro este valor é de 35 m/s e em São Paulo esta velocidade é de 35 a 45 m/s, a depender da localidade considerada;
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•
como as pressões do vento variam com o quadrado das velocidades básicas, é possível a obtenção de carregamentos de vento para edifícios construídos em Recife cerca de 36 % inferiores aos do Rio de Janeiro e 78% inferiores aos projetados em São Paulo. Fato que pode ser extrapolado para a maioria dos países, ou seja, é comum internacionalmente a consideração de velocidades básicas de projeto em valores que variam de 35 a 55 m/s, portanto, muito superiores à velocidade de 30 m/s considerada no Recife;
•
as alturas das edificações apresentadas, em outros estados do Brasil e em outros países, são ainda bem superiores às dos edifícios construídos em Recife;
•
é comum, em muitos dos países citados, a consideração do efeito de terremotos no projeto das edificações, fato que não ocorre em Recife;
•
outro dado real que permite comparação entre Recife e outros estados do Brasil, é o fato da utilização, na construção destes edifícios, de valores da resistência característica do concreto de 35 MPa a 50 MPa, que são em média superiores aos normalmente adotados no Brasil.
Por outro lado, do ponto de vista de projeto, considera-se que cabem recomendações específicas para estes edifícios de elevada esbeltez, tais como : •
considerar tais edifícios como estruturas especiais onde, muitas das hipóteses e recomendações normativas que se aplicam bem para estruturas usuais, deixam de ter validade ;
•
adoção de critérios de projeto que contemplem:
a) modelos realistas de discretização, que levem em conta o caráter tridimensional da edificação, com elementos específicos para efeitos globais e locais ; b) realização das seguintes análises, além das tradicionais elásticas lineares globais : -
-
-
-
-
-
-
-
análises não lineares geométricas P-Delta para as ações de serviço e de cálculo; verificação quanto à instabilidade do equilíbrio global por métodos ‘exatos’; verificações dinâmicas quanto à amplificação do carregamento do vento na direção das rajadas; verificação quanto ao conforto humano induzido pelas vibrações provocadas pala ação do vento; verificação do efeito da seqüência de construção e aplicação seqüencial do carregamento vertical; verificação do efeito da interação solo-estrutura; verificação do efeito da interação estrutura/alvenaria de vedação/ revestimento; ensaio da edificação em túnel de vento.
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6) Conclusão O estudo dos edifícios altos projetados e construídos na cidade do Recife no período 1996 a 2003, permite as seguintes conclusões: •
a tendência de verticalização dos edifícios residenciais fez evoluir o número de pavimentos de 20, na década de 70 do século passado, a cerca de 50 nos dias atuais;
•
a partir de 1996 houve forte aumento de altura destes edifícios;
•
a maioria das edificações está compreendida na faixa de 16 a 21 pavimentos, entretanto, ocorre significativa quantidade de edificações acima de 30 pavimentos;
•
o aumento de altura destas edificações veio acompanhado de forte crescimento da esbeltez;
•
tendência contrária ocorre com os edifícios construídos em outros estados do Brasil e, em parte, em outros países;
•
dos edifícios levantados neste trabalho, o de maior esbeltez, entre os construídos em outros países, foi o Petronas Tower com índice de esbeltez 9,8. Nos outros estados do Brasil, o mais esbelto foi o Garagem San Siro com índice 10 e no Recife um edifício que apresentou índice 14,4;
•
os edifícios modernos construídos no Recife, estão pois classificados entre os mais esbeltos do mundo, o que recomenda tecnologia de projeto e execução de alto nível, que leve em conta as peculiaridades dos mesmos e o tratamento como edificações especiais onde muitas das simplificações usuais e mesmo recomendações normativas de caráter geral, deixam de ter validade;
•
recomenda-se uma forte interação do Arquiteto responsável pelo projeto, com o Engenheiro estrutural, ainda na fase de concepção do ante-projeto, para viabilizar a construção destes modernos edifícios.
7 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – Forças devidas ao vento em edificações - NBR 6123, Brasil, 1987 CÂMARA, A. A malha como geratriz, Dissertação de Mestrado, MDU, Universidade Federal de Pernambuco, 1998. COUNCIL ON TALL BUILDINGS AND URBAN HABITAT. International Conference Rio de Janeiro, Brasil,1993. COUNCIL ON TALL BUILDINGS AND URBAN HABITAT. Tall Buildings Structures – A World View, Chicago, USA,1996.
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SMITH, B. S. ; Coull A. Tall Buildings Structures – United States of America, John Wiley & Sons,1991. TARANATH, B.S. Stell, Concrete, & Composite – Design of Tall Buildings – New York, McGraw-Hill,1998. VASCONCELOS, A.C. O Concreto no Brasil – Pré-fabicação, Monumentos, Fundações, vol.III, São Paulo, Brasil, Studio Nobel, 2202. VASCONCELOS, A.C. O Concreto no Brasil – Records, Realizações, História, vol.I, São Paulo, Brasil, Editora PINI, 1992.
Agradecimentos À Universidade Católica de Pernambuco pelo apoio à Pesquisa. À Engedata Engenharia Estrutural Ltda, à Engest Engenharia Estrutural Ltda, à Nassar Engenharia Estrutural e ao Escritório Técnico Júlio Kassoy e Mario Franco Engenharia Civil Ltda, pelo fornecimento dos dados relativos aos edifícios estudados.
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