ARENA CONTA TIRADENTES AUGUSTO BOAL E GIANFRANCESCO GUARNIERI
PERSONAGENS CORINGA TIRADENTES CORIFEU DOMINGOS de Abreu Vieira Padre Oliveira ROLLIM Tomá A!"#!io GON$AGA CLAUDIO Ma!oel da Co"a Vi%o!de de BARBACENA &oa'uim SILV(RIO Do Rei FRANCISCO de Paula &o) *lvare MACIEL ALVARENGA Pei+o"o MAR,LIA C-NEGO Lui. Vieira B*RBARA /ELIODORA Padre CARLOS de Toledo ESCRIV0O &o) &oa'uim da MA1A &EFFERSON VENDEDORA Lui. da Cu!2a MENE$ES MUL/ER 3 MUL/ER 4 CL(RIGO M-NICA CABO &ER-NIMO DEOLINDA MINEIRO TAVERNEIRO B5BADO /OMEM 3 /OMEM 4 GARIMPEIRO IN*CIA FIL/A de I!á%ia &UI$
36 TEMPO DEDICAT7RIA (NO ESCURO, CORO POLIFÔNICO COM TEMA DE SERESTA. ANDAMENTO E TEMA VÃO SOFRENDO MODIFICAÇÕES, TORNANDO-SE MAIS AGRESSIVOS.)
CORO 2
Dez vidas eu tivesse, Dez vidas eu daria. Dez vidas prisioneiras Ansioso eu trocaria Pelo bem da liberdade, Nem que fosse por um dia. Se assim fizessem todos, Aqui não existiria Tão nera su!ei"ão #ue d$ fei"ão de vida Ao que % mais feia morte& 'orrer de quem aceita (iver em escravidão. Dez vidas eu tivesse, Dez vidas eu daria. 'ais vale eruer a espada Desafiando a morte Do que sofrer a sorte De sua terra aluada. De sua terra aluada, Do que sofrer a sorte, 'ais vale eruer a espada Desafiando a morte. Dez vidas eu tivesse, dez vidas eu daria... (ESFUMA-SE.) (LUZ (LUZES ES.. TODO TODO O ELEN ELENCO CO EM CENA CENA.. CORI CORING NGA A DIRI DIRIGE GE-S -SE E À PLAT PLATÉI ÉIA A E AOS AOS COLEGAS.) CORINGA8 )Dez vidas eu tivesse, dez vidas eu daria...*, palavras textuais de um condenado + morte. (CORTE DE PERCUSSÃO.) CORIFEU8 Sala do rat-rio da adeia P/blica do 0io de 1aneiro, abril de 342. (ENTRA TIRADENTES ENCADEADO. TIRAM-LHE AS CORRENTES PARA UE OUÇA A SENTENÇA. VESTE-SE VESTE-SE DA MANEIRA TRADICIONAL.) TRADICIONAL.) ESCRIV0O 5fala branda e suavemente, com carin6o78 Portanto, condeno o r%u 1oaquim 1os% da Silva 9avier, por alcun6a, o Tiradentes : alferes, que foi da Tropa Paa da apitania de 'inas a que, com bara"o e prea"ão, se!a conduzido pelas ruas p/blicas ao luar da forca e nela morra morte natural para sempre e que depois de morto l6e se!a cortada a cabe"a e levada + (ila 0ica de Nossa Sen6ora do Pilar de uro Preto, onde no luar mais alto dela ser$ preada em um poste alto, at% que o tempo a consuma& e o seu corpo ser$ dividido em quartos e preados em postes pelos camin6os das 'inas, no s;tio da (arin6a e das ebolas, aonde o r%u teve suas infames pr$ticas, e os mais nos s;tios de maiores povoa"isco e ?mara 0eal. = a casa em que vivia ser$ arrasada e salada para que nunca mais no c6ão se edifique... CORO Dez vidas eu tivesse, Dez vidas eu daria, Dez vidas prisioneiras Ansioso eu trocaria Pelo bem da liberdade... @
(CORO ESTANCA NA PEN!LTIMA S"LA#A DA PALAVRA FINAL. SIL$NCIO. DURANTE A CANÇÃO VOLTAM A ENCADEAR TIRADENTES.) CORINGA 5diriindo:se ao p/blico78 =sta foi a senten"a. N-s vamos contar a 6ist-ria do crime. (ENUANTO O CORINGA PROSSEGUE, O CORO CONTINUA CANTANDO.) E9PLICA:0O 3 CORINGA8 N-s, somos o Teatro de Arena. Nossa fun"ão % contar 6ist-rias. teatro conta o 6omem& +s vezes conta uma parte s-8 o lado de fora, o lado que todo mundo v mas não entende, a fotorafia. Pe"as em que o ator come macarrão e faz caf%, e a plat%ia s- aprende a fazer caf% e comer macarrão, coisas que !$ sabia. utras vezes, o teatro explica o lado de dentro, pe"as de id%ia8 todo mundo entende mais ninu%m v. =ntende a id%ia mas não sabe a quem se aplica. teatro naturalista oferece experincia sem id%ia, o de id%ia sem experincia. Por isso, queremos contar o 6omem de maneira diferente. #ueremos uma forma que use todas as formas, quando necess$rio. )Arena conta Tiradentes* : 6ist-ria de um 6er-i da liberdade nacional. Por isso, dedicada a 1os% 1oaquim da 'aBa, que foi o primeiro 6omem a se preocupar com a liberdade no Crasil. >oi o primeiro e desde então, at% 6o!e, todo mundo continua s- pensando nisso. CORIFEU8 1os% 1oaquim da 'aBa, estudante brasileiro em 'ontpellier, >ran"a, escreve a T6omaz 1efferson. er-i da Endependncia norte:americana. (MA%A E &EFFERSON ASSUMEM POSIÇÃO DE EST'TUAS. CONTUDO A INTERPRETAÇÃO DEVE SER A MAIS REALISTA POSS"VEL.) MA1A8 )1e suis br%silien et vous sav%z que me mal6ereuse patrie emit dans un affreux esclavae qui deviente c6aque !our plus insupportable. 5Aqui come"a a tradu"ão.7 puis que les barbares estraneres nFepernente rien pour nous rendre mal6ereux, de crome que nous suivon vos pos. =t comme nous conoissons que ces usurpateurs contre la ai de Ea nature et de lF6umanit% ne sonent que a vous accaber, nous sommes decid%s a suivre les frappants exemples que vous venez de nous donner e par consequence a briser notre c6ames et + faire rev;vre notre l;bert%, que est tout a fait morte... (DIMINUI A VOZ, #AIA A #G, ETINGUE-SE OS DOIS CONTINUAM A CENA MUDA.) CORIFEU 5traduzindo durante a leitura78 =u sou brasileiro e bem sabeis que min6a infeliz P$tria eme sob a escravidão mais afrontosa e que se torna cada dia mais insuport$vel pois os .b$rbaros estraneiros nada poupam a fim de nos tornarem mais infelizes, temerosos de que possamos seuir o exemplo da vossa Endependncia... (DIMINUI A VOZ ATÉ ETINGUIR-SE.) CORO =u sou brasileiro mas não ten6o meu luar. Pois l$ sou estraneiro, estraneiro no meu lar. A quem nasceu l$ fora tudo seu a terra d$8 =ssa P$tria não % min6a, % de quem não vive l$. p$ssaro na aiola, !$ nascido em cativeiro, Aprende a cantar e canta se permanece prisioneiro. 'as se l6e abrem a portin6ola bem capaz % de morrer. om seu medo + liberdade, !$ não sabe nem viver. #uem aceita a tirania Cem merece a condi"ão. Não basta viver somente, G preciso dizer nãoH Não basta viver somente, G preciso dizer nãoH MA1A 51ovem sincero78 I
=stamos dispostos a seuir o vosso exemplo e necessitamos da vossa a!uda. 0ompam rela"
CORINGA8 = feita a dedicat-ria, eis que, enfim, come"a a 6ist-riaH (ORUESTRA* ACORDES) CORIFEU8 33J8 (ila 0ica de nossa Sen6ora do Pilar de uro Preto. Kovernador8 Luiz da un6a 'enezes. Nas cartas anMnimas con6ecido com >anfarrão 'in%sioH CORO (ENUANTO CANTAM, OS ATORES PREPARAM O CEN'RIO.) idade de ouroH (ila douradaH rio % de ouroH ar % de ouroH verde % douradoH A fera % de ouroH A fruta % de ouroH As almas douradasH 6omem % de ouro. A virtude % de ouro. A santidade dourada. roubo % de ouroH A morte % de ouroH A pena que assina, A pena de morte, A pena que mata, G pena douradaH ouro que mata. ouro que mata. ouro que mataH orpo de 1esus, 'eu Salvador =ruido na ruz.
Tem sanue douradoH Tem sanue douradoH Tem sanue douradoH amor que se diz, amor que se tem, amor que se faz, amor % douradoH =m cama de ouroH =m cama de ouroH =m cama de ouroH A morte % querida, A morte % dourada, A morte assassinadaH om bala de ouroH om bala de ouroH om bala de ouroH 5Preão cantado.7 VENDEDORA8 #uem quis% v, ven6a vH #ue % coisa doce de se comH l6e que, ado"ando os l$bio, aumenta o bem querH (#IS TOTAL.) (O CORO DA CANÇÃO DO OURO FICA EM #G) CORINGA8 Luiz da un6a 'enezes construiu casa. rua, pal$cio. =xtraiu min%rio, ouro, diamantesH #uis esquecer que o Crasil era colMnia, mas não esqueceu de tudo& esqueceu s- de mandar ouro para Portual. =squeceu no seu bolso. >ez obra monumentalH bra s;mbolo do Crasil : a adeia P/blica : s;mbolo do Crasil olMniaH =ra 6omem 6onesto. Para sua constru"ão, abriu concorrncia p/blica e 6onestamente contratou quem 6onestamente ofereceu mel6ores condi"
constru"ão dessa bel;ssima cadeiaH 'as pelo amor de Deus, que mal 6$ nissoHO Trabal6ando aqui eles acabam morrendo do mesmo !eitoH Não 6$ sa/de que aQenteH CL(RIGO8 GH que pode a mão do 6omem com a a!uda da... 5Sempre am$vel, tudo aprova.7 C; MENE$ES8 Pois %, >lorindo, eu sei que Deus pode muito... 'as em que que eu estou desrespeitando a rain6aO G muito mais dino morrer trabal6ando do que morrer na forcaH MUL/ER 48 'ais 6umanoH 5omovida com tanta bondade.7 C; MENE$ES8 ala a bocaH >lorindo, o orul6o pode ser pecado, mas o meu se !ustifica. A6H #uem viu (ila 0ica antes de un6a 'enezes e quem v duranteH... CL(RIGO8 'uito !ustoH que pode a mão do 6omem com a a!uda da mão de DeusH 5Passa Dominos de Abreu (ieira.7 C; MENE$ES8 Passando quietin6o, seu DominosH 'as 6o!e não escapa da descompostura, nãoH = o ferro, seu Dominos, o ferroH s muros !$ estão altos e em luar de porta e !anela s- tem buracoH 1$ viu prisão sem rades. seu DominosHO DOMINGOS8 Perdoe (ossa =xcelnciaH om esse ritmo tão acelerado... 5 seu Rperdoe* % um tique sem nfase.7 C; MENE$ES8 'as pra pear o din6eiro do overno o sen6or foi mais acelerado que o ritmo, não %O DOMINGOS8 Perdoe (ossa =xcelncia. mas faltam bra"osH C; MENE$ES8 'anda virem escravos e ente de todo o Crasil, 6omemH DOMINGOS8 Perdoe (ossa =xcelncia. mas quem tin6a pra vir !$ veio. Pra for!a do ferro sobrou pouco. C; MENE$ES8 Não tem ente nessa terraO DOMINGOS8 Perdoe (ossa =xcelncia, a popula"ão não cresce... C; MENE$ES8 quHO =pidemia de impotncia. aoraH... DOMINGOS8 Perdão, falta ente pra exercitar a potnciaH C; MENE$ES8 Não me dia. mas isso % raveH que % que %, timidezO DOMINGOS8 Pelo contr$rio, =xcelncia, me perdoe, mas o que falta % mul6er mesmoH C; MENE$ES 5un6a aarrando com mais for"a as duas mul6eres faz muxoxo de d/vida78 TszH A6H DOMINGOS 5comovidamente encantado, com as maravil6as que narra de sua p$tria, a mais bela de todas as p$trias78 om perdão de ( =xcia., a nossa deprava"ão % o que 6$ de mais not$vel na capitania& e em quantidade s- superada pela produ"ão do ouro. Para evitar acidentes, quem pode manda as fil6as para a orte& quem não pode, para o convento. = tem de ser assim, porque a promiscuidade aqui % tanta que as donzelin6as p/beres permitem aos escravos todas as liberdades que se permitem aos animais dom%sticos. = não % raro que um desses animaizin6os dom%sticos empren6e uma dessas donzelin6as p/beres. #ue 6onra de pai resisteO Atendem ao ditado8 )Pon6a:se a tranca antes que arrombem a portaH* : e mandam as meninas amar a DeusH 3
CL(RIGO 5absorto, distra;do78 que pode a mão do 6omem com a a!uda da mão de DeusH C; MENE$ES8 =u ac6o muito !usto esse devotamento. 'as não % necess$rio dedicar tempo interal +s ora"lorindo, me lembra de escrever pra Portual pedindo pra estimular a exporta"ão de donzelas não fan$ticas e sen6oras independentesH #uero ver se vai ter bra"o ou não vaiH CORO DE OPER*RIOS Pea a p$, constr-i a prisãoH Pedra em pedra, prosseue a constru"ãoH 'enino e menina, não vale demorar8 (ão pra cama oper$rio fabricarH (#IS DOIS !LTIMOS VERSOS.) C; MENE$ES8 G, min6as fil6asH = o Konzaa sempre me criticando. 'as fazer o que % /til ele não faz. Nem um operariozin6o foi capaz de fabricar. = fica a; dois anos empatando a vida da Dorot6%ia& pra mim ele, - 5>az um esto sinificativo de )% um de nada*.7 (e!a l$, >lorindo, a 0ua do uvidor, que diferen"aH (e!a o ar satisfeito e rison6o do meu povoH 5aras contrastantes.7 bra de quemO Desse >anfarrão ';n%s;o aquiH 5Cate no peito.7 CL(RIGO8 que pode a mão do 6o... 'as ve!a quem vem a;H5Suriu Padre liveira 0ollim.7 C; MENE$ES8 Sen6or Padre 0ollimH G uma enorme aleria encontrar o sen6or aqui, ao ar livre, na pra"aH... ROLLIM8 =u não sou assim tão perioso, =xcelnciaH C; MENE$ES8 #uando eu não sei onde o sen6or est$, pon6o meus soldados de prontidão ao lado do meu din6eiroH ROLLIM8 Não se!a in!usto. A /nica vez que eu roubei aluma coisa sua, não era sua. =ra a fic6a de sua pol;cia secreta sobre a min6a pessoa. = não me parece !usto que eu, sendo 'inistro apenas da 0ain6a... C; MENE$ES8 =nquanto o sen6or tratar de coisas divinas, eu não me meto. Todo o pa;s bem con6ece o meu proverbial desapeo +s coisas santas. 'as os documentos roubados se referiam aos quintos que o sen6or não quer paar. = sobre a riqueza da terra tem !urisdi"ão a 0ain6a, e não 1esus, viuOH = % por isso que eu resolvi confiscar metade das minas que o sen6or tem, e expulsar (ossa Sant;ssima Paternidade da apitania onde quem manda sou eu, viuHO 5A discussão se encrespa, 6omem pra 6omem.7 ROLLIM8 Pois eu vou escrever uma carta + 0ain6a... C; MENE$ES8 Pode escrever at% pro Papa. 1$ estou cansado dessa 6ist-ria de padre propriet$rioH MUL/ER 48 Esso, benzin6oH Afinal quem % o alo desta apitaniaH 5>eliz, comovida e nervosa com o poder do seu 6omem.7 C; MENE$ES8 sen6or tem vinte e quatro 6oras pra sumir daqui com todos seus trastesH ROLLIM8 (ossa =xcelncia pensou bemO C; MENE$ES8 Pensei coisa nen6uma. = uma decisão intuitivaH J
MUL/ER 48 ocoroc-H 5G quase um c?ntico de solidariedade.7 ROLLIM8 (ossa =xcelncia vai ser !ulado pela ist-riaH C; MENE$ES8 =u sou um dos poucos overnantes que não fazem questão nen6uma de entrar pra ist-ria. A eternidade que se vire e o sen6or !unto com elaH CORO DE OPER*RIOS Pea a p$, constr-i a prisãoH Pedra em pedra, quase pronta a constru"ãoH Decida depressa, não vale demorar8 'enezes tem a for"a, não adianta reclamar. Emperando a violncia, a lei não tem luar. A lei % a verdade da for"a a overnarH C; MENE$ES8 Acontece que eu sou bom, >lorindo. Deus me deu pacincia. 'as esse seu correliion$rio % um perioH (ENTRA GONZAGA.) CL(RIGO8 Decisão s$bia da mão do 6omemH C; MENE$ES8 Al%m de tudo isso que eu fiz com min6as mãos, a olMnia me deve esse servi"o. 'odernizei a leiH Antes se esperavam trs meses as senten"as da coroa. o!e % na 6ora. 0esolvo em cima da perna. =m nome da min6a rain6a, % claroH CL(RIGO8 GH... que pode a mão do 6omem com a a!uda da mão de DeusH C; MENE$ES 5vendo que Konzaa se aproximo78 6iH EsolaH GON$AGA8 $ trs meses que busco uma audincia, mas parece que (ossa 'erc não me quer ver em particularH C; MENE$ES8 =u sou um overnador democr$tico. 'in6as audincias são todas p/blicas. No meio da rua. Na pra"aH GON$AGA8 Nem todas. A constru"ão da adeia deve ter sido discutida + meia:luz e meia:vozH C; MENE$ES8 Elustre uvidor Konzaa, se fosse assim tão particular o sen6or não ficaria sabendoH GON$AGA8 A mim me parece in/til essa entrevista. (ossa 'erc não pretende modificar nen6um crit%rio. C; MENE$ES8 Pelo contr$rio. Todo dia mudo de opinião. #uando comecei a construir a cadeia, s- se trabal6ava de dia. 'udei. Trabal6a:se aora a toda 6ora. ntem pensava inauur$:la inteira. o!e comecei a aluar as pe"as que !$ estão prontas. GON$AGA8 = quem vai a; morarO C; MENE$ES8 Ninu%m. Aluo + 6oraH ma prisão % um luar triste. #uero que se!a alere a constru"ãoH GON$AGA8 =u me curvo. (ossa 'erc não aceita nen6uma moral viente. >az a sua. 4
C; MENE$ES 5tentando uma discussão de intelectual pra intelectual78 Perfeito. =u sou de opinião que se devem satisfazer os mais baixos instintos do 6omem a fim de que se possam atinir os mais altos ideais da 6umanidade, 6omem % vil, mas a 6umanidade % belaH 6omem % fornicador, ladrão& mas a 6umanidade % a obra perfeita da cria"ãoH Enfelizmente, eu não sou a 6umanidade, Sou um 6omem s-. Elustre Sen6or Konzaa, uma na"ão florente % sempre obra de canal6as satisfeitosH GON$AGA Kovernador, (ossa 'erc me lembra %sarH C; MENE$ES8 Por causa da barriaO GON$AGA %sar, imperador onipotente, certa vez nomeou senador o seu cavalo... C; MENE$ES8 #ue desra"a para os romanosH GON$AGA8 Ao contr$rio, =xcelnciaH Se comparados a n-s, como estamos, seria ventura nossa se fMssemos overnados apenas por cavalosH 5Sai radiante.7 C; MENE$ES 5sinceramente ofendido pela aressão pessoal78 >lorindo, cuidado com os 6omens maros8 eles não tm senso de 6umor. =u os quero lone de mim. Perto, s- prostitutas, e, se poss;vel, bem ordasH CORO DE OPER*RIOS Deixa a p$, est$ pronta a prisãoH Pedra em pedra, terminou:se a constru"ãoH A adeia est$ pronta pra quem quiser morarH Pra isso % bastante a 'enezes insultarH C; MENE$ES 5fervor patri-tico8 sente a mesma aleria do primeiro 6omem que construiu uma cadeira el%trica78 A; est$, emboabas e mazombos, criolos e pardos, brancos e pretos, livres e escravos, esperando por v-s, a mais imponente constru"ão que !amais se viu por esses brasis + foraH = quando se falar nas Kerais, % com admira"ão que os povos contarão a randeza da adeia P/blica de (ila 0ica. (amos l$, >lorindo, aben"oa a;H CL(RIGO8 #ue Deus aben"oe mais esta obra do poder 6umano. Sempre me admirei do que pode a mão do 6omem com a a!uda da mão de Deus. Am%mH (O CORO SE A&OELHA, ENUANTO O CLÉRIGO #ENZE, E DEPOIS CANTA M!SICA UE LEM#RA CANTO GREGORIANO.) Deixa a p$, est$ pronta a prisão. Pedra em pedra, terminou:se a constru"ão padre contente acabou de aben"oar Crasileiro !$ tem casa pra morar. 5(olta o ritmo anterior.7 Pea a p$, 6$ mais pra construirH Pedra em pedra novas obras vão surirH As obras crescendo irão enriquecer Ao un6a 'enezes e a quem souber vender. povo tamb%m não tem nada pra perder8 avendo trabal6o sempre sobra o que comerH Pea a p$ trabal6a em mutirão& Pedra em pedra, cresce a novo constru"ãoH CORINGA8 =nquanto isso, na apitania do 0io de 1aneiro, Tiradentes, de passaem numa casa de Pilotas, a toda ente espantava. Tiradentes semeava vento.
(CASA DE PILOTAS. MÔNICA. SENTADA DE #OCA A#ERTA. TIRADENTES DE PÉ, TRATA-LHES OS DENTES. VESTE-SE DE ALFERES DA TROPA PAGA. UMA RAPARIGA COSTURA UMA FARDA DE SOLDADO CENA REALISTA.) TIRADENTES8 Todo poder vem do povo e em nome do povo vai ser exercidoH M-NICA8 = o povo l$ tem cabe"a pra essas coisasO TIRADENTES8 Tudo que % preciso resolver, re/ne o povo na pra"a e perunta8 afinal, o que % que vocs queremO = o povo responde8 )#ueremos pãoH #ueremos trabal6arH* = l$ vem o pão. l$ vem o trabal6oH Nesse dia, 'oniquin6a, voc vai ficar de boca mais aberta do que est$ aoraH M-NICA 5para ela a conversa de Tiradentes % muito enra"ada& tem tanta ra"a como se 6o!e ele falasse de 0eforma Ar$ria, etc.7 5U outra mo"a.7 uve s-, DeolindaH #uando eu dio que louco se trata a pau, não % + toaH ad povo pra essas coisas, seu AlferesH ada um quer fazer sua fortunin6a sozin6o. = pra mim t$ certoH = a rain6a tamb%m t$. Pens$ nos outros a troco de quO TIRADENTES 5empun6ando amea"ador o ferro de dentista78 =taH #ue d$ vontade de abrir sua cabe"a a ferro pra voc entenderH Numa 0ep/blica, tudo % de todos. =ntão, a ente pensa tamb%m nos outros porque os outros somos n-s. M-NICA 5empurrando:o78 AiH Tamb%m não precisa me cort$ a bocaH TIRADENTES8 >ica me irritandoH M-NICA8 omo % que vai !unt$ todo mundo numa pra"a e perunt$8 )o que % que vocs quer*O ada um vai querer uma coisa, ninu%m vai entend. S- o que pode d$ % um pau de acab$ com o mundoH TIRADENTES8 G claro que não vai perunt$ de um em um. Na pra"a se escol6e o Koverno, que tamb%m % povo, e pensa que nem a ente. A; sim o Pa;s fica rico. 'as s- % rico quando cada um % tamb%m. Não % como aora... M-NICA (ai diz que essa terra não % ricaO TIRADENTES8 (ou simH 0ico % PortualH Crasil s- vai ficar no dia em que o din6eiro não sair daqui. que % nosso, nossoH Trabal6o nosso, nossoH De todos, menos delesH M-NICA8 #uem descobriu isso aquiO Antes era s- mataal e os ;ndios com tudo de foraH >oram eles que vieram e a!eitaramH TIRADENTES 5terminando o trabal6o78 arambaH #ue 6ouvesse mais brasileiros como euH... M-NICA8 Seu Alferes, seu AlferesH Deixe como est$ que % pra não piorar. Esso aqui % olMniaH TIRADENTES8 No mundo inteiro as colMnias estão s% libertando. S- a ente est$ indo pra tr$s... (#ATEM À PORTA.) M-NICA (ai atender, min6a fil6aH 5A mo"a sai.7 = me fa"a o favor, se!a quem for, ve!a se cala a boca e não fica dizendo essas coisas de perio como % de seu costume. 1$ fa"o muito em não denunciar. Se na frente do freus falar o que não deve, sou testemun6a contra. (ENTRA O CA#O &ERÔNIMO.)
M-NICA8
=ntra, cabo 1erMnimoH omo %O 'udou o diaO CABO &ER-NIMO8 Trocaram a folaH M-NICA8 Dessa vez o que %O niforme pra fazerO CABO &ER-NIMO8 =sse ainda t$ bomH M-NICA8 Pois então não perca tempo. Pode escol6er. As outras tão l$ dentroH CABO &ER-NIMO 5apontando Deolinda78 =ssa mesmoH DEOLINDA 5meio c6ateada78 Sempre euH M-NICA (ai l$ pra dentro, andaH Deixa que eu fa"o. 5toma o luar da mo"a na costura.7 CABO &ER-NIMO8 om licen"a. 5Sai atr$s da mo"a.7 TIRADENTES8 #uando os franceses invadiram isso aqui e puseram todo mundo pra correr, quem foi que comprou a cidade de voltaO Portual mandou pra c$ um miser$vel de um mil r%isO ada um comprou de volta o que era seu e a >ran"a tomou. Teve de comprar casa, rua, navio, at% cac6orro de estima"ão. Teve de comprar tudo que !$ tin6a. Se isso aqui era de Portual, eles perderam na uerra e n-s compramos no mercado. N-s compramos o 0io no mercado. Por que deve ser deles outra vezO M-NICA Se era deles e deixou de ser, ficou sendo, aora %H TIRADENTES8 m dia vou armar uma meada nessa terra que vai levar cem anos pra desatarH M-NICA (ai armar uma meada em volta do pesco"o, isso simH TIRADENTES8 (ou contar uma coisa que não % pra contarH A >ran"a foi inimia, veio aqui, roubou o que pode. Pois bem, a >ran"a deixou de ser.
M-NICA8 A >ran"a t$ tão lone que nem sei onde % que fica... TIRADENTES8 Duas vezes deixou de estar. Pode c6ear perto uma terceira. Aora do nosso ladoH M-NICA 5!$ c6ateada de tanta coisa enra"ada78 l6e, Alferes, comio não fale mais, se não eu rito. >alar dessas coisas % que nem doen"a, pea e acaba com a enteH sen6or % soldado, !$ devia ter aprendido. Soldado obedece, cumpre ordem e cala a boca. TIRADENTES 5quando lembra, vive o momento lembrado e torna a sentir o prazer da tortura. =nquanto fala, arruma sua maleta de instrumentos78 Pois %... #uando sa; das Kerais, fui ca"ar arimpeiro. Kovernador mandou, obedeci. No mesmo dia peuei um. Se c6amava 'anuel Pin6eiro. Peuei ele pelo pesco"o e mandei confessar. 'andei quem comprava o ouro dele, quem tin6a mandado, quem eram os outros. Disse que não dizia. Peuei no c6icote e laruei dez vezes, s- pra meter medo. Disse que não dizia. = disse mais, disse at% o que não devia. Disse que eu podia matar ele, mas que ele tava no seu direito. =ra terra do Crasil, e ele era brasileiro, não tava roubando um iual. Peuei num pau de madeira, dez vezes laruei no lombo, dez vezes peruntando quem trabal6ava com ele. Disse que não diziaH... Se c6amava 'anuel Pin6eiro... Peuei a pistola da cinta, meti:l6e na boca a dentro, mandei confessar. Disse que não confessava não. =u obedeci. Levei ele pra cadeia. adeia nova. Deve estar ainda l$. 2
Deve apan6ar todo dia, mas disse que não dizia. =ra 6omem. Se c6amava 'anuel Pin6eiroH M-NICA8 Pois a; sim o sen6or aiu no certo. Se não pode arimpar, não arimpa. >eito eu. S- fa"o o que me deixam. (REAPARECEM O CA#O E DEOLINDA.) TIRADENTES8 =ra um 6omem. Tin6a uma coisa que ele queria e briou. Não conseuiu& mas briar, briou. 5Para Deolinda.7 (oc briaH DEOLINDA8 =u 6eimH 'e deixa trabal6arH TIRADENTES. 5para 'Mnica78 (oc briaOH (O CA#O P'RA.) M-NICA8 Seu Alferes, eu !$ aviseiH... TIRADENTES 5para o abo78 = vocO CABO &ER-NIMO8 #ue que %O Criar com quemO que % que ele querO TIRADENTES8 (oc briaO CABO &ER-NIMO8 Pra quO Por quO Não o quH >ui bem atendido, não ten6o queixa nen6uma... Criar por quO TIRADENTES8 (oc não briaO CABO &ER-NIMO8 Cri$O Não, bri- eu brio... CrioH 'as quem quer briarO Tem alu%m briandoO TIRADENTES 5acesso anarquista. A Tiradentes, nesta fase, tudo l6e parece merecedor de destrui"ão78 Não, não tem ninu%m briando, não. (ai emboraH Não tem ninu%m briando. 'as, se tivesse, at% voc que % um animal ia mel6orar. At% as meninas daqui iam an6ar maisH At% o 0io de 1aneiro ia ter $ua do dia, porque eu ia trazer o rio 'aracanã pra dentro da cidade... CABO &ER-NIMO8 Aaaaaa6nH Aora eu entendi. O sen6or % aquele que anda dizendo que o 0io de 1aneiro pode ter $ua todo diaH 'as % claro que eu brio, meu vel6o. Crio simH Crio quanto o sen6or quiser, viuO =u vou sair correndo daqui pra ir briarH... At% looH At% louin6oH 5Sai voando.7 M-NICA8 (iu no que deuH Não faz assimH Sei que o sen6or não % maluco, pelo menos não % maluco de todo. 'as as coisas que o sen6or vive falando8 liberdade, liberdade, liberdade, o tempo todo... nde !$ se viuH... =u sei que o sen6or não % maluco... Pelo menos não % caso de 6osp;cio... #uer dizer... Se o sen6or colaborar, pode at% ficar bom como qualquer um de n-s... #ualquer um de n-s não reclamaH... Não d$ esse nervoso que o sen6or tem... A ente at% conseue dormir mel6or, se não reclama... TIRADENTES8 Tem brasileiro de todo !eito... Tem brasileiro que nem voc... #ue nem esse cabo... Tem brasileiro que nem eu... Tem brasileiro c6amado 'anuel Pin6eiro... Desses tm muitos... 'as onde % que eles estãoO =stão todos na cadeia... =u botei eles l$... = preciso soltar... 5(ai at% a porta.7 5As mul6eres estão amedrontadas.7 G preciso soltar... 5Sai.7 (ACORDES. ENTRA O CORO, DE CORTE, PARA OUTRO SE+$NCIA.)
CORO Tiradentes semeava vento, @
Ninu%m ouvia ou queria saber Se certo e !usto o que dizia, =, se o fosse, o que fazerO >oi quando então que um rec%m: c6eado De terras dF=uropa aqui aportou. 1os% Vlvares 'aciel que com novas id%ias c6eou. CORIFEU8 Taverna do Tartuo : 0io de 1aneiro : 3JJ. (PRESENTES* O TAVERNEIRO, UM MINEIRO, UM #$#ADO E DOIS HOMENS. MACIEL SENTA-SE MAIS AFASTADO, ACOMPANHANDO A CENA.) MINEIRO 5bbado bate na mesa78 'eu vin6oH... ad meu vin6oH... , portuus, traz meu vin6oH TAVERNEIRO8 S- sirvo o que se paaH B5BADO8 que falta ao Crasil % veron6a na caraH MINEIRO8 1$ pauei. 1$ dei todo o ouro que eu tin6aH TAVERNEIRO8 #ue era pouco e se acabou. MINEIRO8 Não faz nem dois meses, eu tin6a tanto que era capaz de comprar vocs todos com meu ouro. At% voc que % portuus e portanto % mais caroH... =u sou 6omem de 'anuel Pin6eiroH... B5BADO8 que % preciso % mudar as conseqQnciasH... Toda a mudan"a come"a aquiH 5Aponta a cabe"a.7 MINEIRO8 = aoraO... (im corrido l$ das Kerais, senão eles .... 5Emitando o tiro com a boca e arcabuz com os bra"os,7 TibunfoH 'e d$ mais vin6oH TAVERNEIRO8 G por isso que isso aqui não vai pra dianteH
MINEIRO8 que foi, portuusO que % que %O Não vai pra diante porque aqui s- tem overno ladrãoH Não vai pra diante porque vocs vivem suando a enteH Nem mais tir$ diamante se pode... Tudo pra dona l$... 'a!estosaH =u sou 6omem de 'anuel Pin6eiroH /OMEM 38 ala a boca, que vem fardado a;H (ENTRA TIRADENTES.) B5BADO8 Deus salve a 0ain6aH MINEIRO8 6eou a autoridade... Esso... Prende, prende, me prende... Pode atirar, meu fil6o... (ocs sempre tm razão... Atira primeiro, depois voc perunta o que foi que eu disse... Atira, Alferezin6o de bosta... TIRADENTES8 (ai embora. 5'ineiro sai.7 TAVERNEIRO8 =st$ vendo o sen6or como são as coisasO Por isso que esses desra"ados acabam na forca... Sorte dele o sen6or não levar a mal. /OMEM 48 I
Absurdo. Se dependesse de mim, eu peava cada um desses e quebrava os ossos + ma"a antes de enforcar... /OMEM 38 omo Pombal fez com os T$voras... B5BADO8 A lei tem de ser severa. Se não, não % lei. TIRADENTES8 sen6or % a favor da forcaO /OMEM 48 laro, pra que meias medidasO >orca e esquarte!amentoH TIRADENTES8 Ser$ que adiantaO /OMEM 38 Adiantar, sempre adianta, que serve de exemplo. que eu sou contra % quebrar os ossos + ma"a antes de enforcar.
TIRADENTES8 = qual a diferen"aO /OMEM 3 5com vol/pia78 A diferen"a % que quebrar os ossos ninu%m v. A ente acorda bem cedin6o, vai l$ na pra"a, mas nunca adianta8 a primeira fila est$ sempre tomada. Ninu%m v direito. S- v quem t$ na frente. #ue exemplo % esseO Sofrimento !oado fora. 1$ o esquarte!amento não. A ente v at% da !anela de casa. Penduram os quartos nos postes, o sanue escorre, todo mundo v, sente o c6eiro. Esso, sim, mete medo. TIRADENTES8 'ete medo em quemO /OMEM 38 No povar%u. TIRADENTES8 Pra quO /OMEM 38 ai, pra ter ordem. TIRADENTES8 Pra quO /OMEM 38 omo pra quO =u estou defendendo o sen6or, e o sen6or fica a; pra qu, pra quO TIRADENTES8 Não preciso que ninu%m me defenda. /OMEM 38 Não, mas eu fa"o questão de defender o sen6or. sen6or % autoridade, sen6or % a ordem. TIRADENTES8 = se eu disser que vou enforcar o sen6or, o sen6or me defendeO /OMEM 38 =u não fiz nada pra ser enforcado. Tudo que eu devo + 0ain6a eu pauei... TIRADENTES8 = se eu disser que todos n-s !untos devemos enforcar a 0ain6a, o sen6or me defendeO... /OMEM 38 sen6or não vai dizer uma coisa dessasHHH B5BADO8 ferece aleremente teus d;zimos + 0ain6a. TIRADENTES8
= se eu disser que os cariocas são vis e covardes, o sen6or me defendeO /OMEM 38 Podemos discutir... /OMEM 48 ala a boca, que esse % o Tiradentes. 5Apavorado.7 /OMEM 3 8 =sse % doido varrido, sM. /OMEM 48 Doido não, % perioso. (amos andando que eu não quero ser visto com ele. 5Alto a Tiradentes.7 Alferes8 sou um 6omem de coraem, mas respeito a autoridade. amio tome tento. 5>ala aressivo.7 5Tiradentes faz men"ão de atac$:lo, e os dois foem correndo.7 TIRADENTES8 Celos 6omens de coraem. B5BADO8 peixe morre pela boca. 5'aciel, que tudo ouviu sentado a um canto, aproxima:se de Tiradentes, sentando:se + sua mesa.7 MACIEL8 'eu nome % 'aciel. om licen"a. 5Senta:se.7 ompreendo que o sen6or este!a descontente com o overno, mas !$ nomearam um novo overnador para as 'inas... G o (isconde de Carbacena, por coincidncia meu amio. TIRADENTES8 Não l6e inve!o a amizade. MACIEL8 G um 6omem bom e 6onesto. TIRADENTES8 Antes fosse o diabo, que mais depressa se levantavam os povos do Crasil. MACIEL8 sen6or ac6a que sofrer levanta o povoO TIRADENTES8 Ac6o. MACIEL8 s escravos sempre se 6abituam.
TIRADENTES8 =ntão, pro sen6or não 6$ sa;da, se por acaso o sen6or estiver + procura de umaO MACIEL $. TIRADENTES8 #ualO MACIEL8 Se existissem mais brasileiros como o sen6or. TIRADENTES8 Pelo menos mais um, sei aora que 6$. MACIEL8 'as % pouco. Na =uropa todos se admiram por que o Crasil ainda não seuiu o exemplo do Norte. Por que o povo ainda não se libertou. TIRADENTES8 Aqui, quando alu%m fala, todos foem espantados. Todos preferem seuir em paz o camin6o pro matadouro. Aqui, liberdade s- vem se alu%m de fora a!udar. MACIEL8 G uma questão de lucro. Crasil livre % com%rcio aberto. Todos de fora vão querer a!udar.
TIRADENTES8 = por que at% aora não a!udaramO MACIEL8 N-s temos que come"ar. TIRADENTES8 N-s doisO MACIEL8 Kente não falto. >alto descobrir os 6omens certos. Kente que possa mobilizar soldado, din6eiro e armas. TIRADENTES8 A6, os rão:sen6ores. 5ErMnico.7 ouvidor Konzaa. por exemploO MACIEL Se!a quem for que possa lutar. >rancisco de Paula % meu cun6ado e comandante da Tropa Paa. Konzaa e l$udio 'anuel são meus amios e 6omens de lei. Padre arlos 0oll;m o oronel Alvarena são ente s%ria que levanta ente. P-lvora se conseue. ma ponta de lan"a no 0io, outra na Ca6ia, e 'inas se levanta. Se tudo isso se faz, vai 6aver muito mais ente como n-s. TIRADENTES8 om toda a raiva que eles tin6am do un6a 'enezes, não ia ser dif;cil conseuir a adesão de todos. MACIEL Pena que o (isconde se!a um 6omem dino... TIRADENTES8 Não tem import?ncia. No principio, todos os overnos são bons. Depois, se ensopam de riquezas e deixam o povo na mis%ria. MACIEL ulpado % quem nos 6umil6a. TIRADENTES8 ulpado % quem suporta 6umil6a"ão sem se revoltar... CAN:0O CORO = assim foi este encontro pela 6ist-ria bem marcado. Tiradentes decidido. 'aciel inconformado. = assim !untou:se a fome com a vontade de comer. 'ãos + obra, min6a ente, A con!ura % pra valer. FANFARRAS CORIFEU8 (ila 0ica, Pal$cio do Koverno, 3JJ. Sai un6a 'enezes, Carbacena toma posseH Todo mundo alereH Aleria dura pouco. GON$AGA8 N-s e o povo !$ d$vamos sinais de rande inquieta"ãoH N-s e o povo estamos felizes com a nomea"ão de ( =xcia.H (ossa vinda traz de volta a paz e o retornoH BARBACENA8 'ais que retorno, mais que a paz, trao aleria, apesar de tudo. Trao esta carta da 0ain6a que me ordena lan"ar a derrama. #ue todos se!am felizes, apesar de tudo. Crasil finalmente 6onrar$ suas dividas a PortualH A derrama ser$ lan"adaH (PNICO. ESPANTO PROFUNDO. M!SICA DE PERCUSSÃO.) GON$AGA8 3
'as, =xcia.H São nove mil6ala:se mal da oroa, por%m n-s sabemos que todos nossos males tm uma s- oriem e esta como todos sabem se constitui apenas de uma s%rie de continncias. Dio mais8 diversas continncias, a maioria das quais oriinadas no overno passado. 'as n-s venceremos, venceremos na medida em que cada um criticar menos e trabal6ar mais. Pelo trabal6o superaremos ressentimentos e venceremos -dios : -dios tão pouco inerentes + nossa ;ndole enerosaH S- vos pe"o isto8 diam comio : onfiamos no CrasilH Apostamos no CrasilH ritique menos e trabal6e maisH TODOS EM CORO onfiamos no CrasilH Apostamos no CrasilH ritique menos e trabal6e maisH CORO 5'arc6a 0anc6o7 alado, trabal6e maisH Se o overno % bom ou mal, (amos todos mel6orar8 D seu ouro a Portual. =xistem muitas colMnias, #ue se tornam mais florentes, #uando paam suas d;vidas = + oroa são tementes. Trabal6e sem entender, D din6eiro e se!a ousado. Paando somos felizes, Num Pa;s escravizado. Num Pa;s escravizado. Num Pa;s escravizado. E9PLICA:0O 4 CORINGA 5em todas as )=xplica"
cient;fica. =le c6eou a ser vaiado um dia na -pera por causa disso. 'as veio D. 1oão (E e esse pro!eto foi executado e at% 6o!e % con6ecido como o )anal do 'anue*. As fi%is Pilotas continuam l$, mas aora totalmente especializadas. Terceiro, por que a troca de un6a 'enezes por CarbacenaO Porque + 0ain6a s- interessava um overnador das 'inas Kerais que fosse fiel, 6onesto e austero, porque s- assim podia ter certeza de que o nosso ouro seria fiel, 6onesta e austeramente embarcado para Portual. #uarto, a derramaH omo bom pa;s colonizador, Portual cobrava imposto sobre tudo. Emporta"ão, exporta"ão. escravo, boi, vaca, terra, casa, cabe"a... Nasceu pr;ncipe, a colMnia paa imposto. 'orreu, paaH Catizou, crismou, fez primeira comun6ão. casou, separou. recasou : paaH pr;ncipe sorriu, paa impostoH 'as mesmo somando tudo isso, D. 'aria ainda ac6ava pouco. e l$ vin6a a Derrama, com soldado na porta, pra cobrir a diferen"a. Não escapava ninu%m, fosse mineiro ou nãoH Koverno decidia quanto % que cada um tin6a de dar e podia reduzir + pobreza quem 6oras antes fora um potentado. =ra o Terror. A revolta era a /nica solu"ão. (MUDANÇA #RUSCA DE LUZ. CORINGA CONVERTE-SE EM &UIZ. TIRADENTES É O RÉU. VESTIDO DA FORMA TRADICIONAL.) CORINGA 5como !uiz78 Alferes 1oaquim 1os% da Silva 9avierH A que veio a esta cidadeO TIRADENTES8 (im ao 0io em virtude da informa"ão de que 6aviam c6eado trs requerimentos meus. m a respeito de umas $uas. outro de um trapic6e e um terceiro sobre embarque e desembarque de ado. CORINGA8 = quais as pessoas de sua amizadeO TIRADENTES8 Não ten6o pessoas de particular amizade. =is porque estou morando em casa aluada. CORINGA8 Nea o respondente que concitava os povos + revoltaO Não foram estas sua palavras8 )Se existissem mais brasileiros como eu o Crasil seria uma 0ep/blica Endependente*O TIRADENTES8 Não sou nem louco nem bbado para dizer semel6antes expressDE$ VIDAS EU TIVESSE;;;?@
46 EPIS7DIO CORIFEU8 3JJ. Kovernador (isconde de Carbacena convoca o Tenente:oronel >ranci aman6ã. 'as vivemos sempre o 6o!e. aman6ã s- faz tardar. povo !$ não aceita promessas de futuro. BARBACENA8 Não % vosso dever, coronel, pensar em fun"ão do povoH FRANCISCO8 A Derrama far$ com que o povo se levante. 'inas ser$ livreH BARBACENA8 povo não se levanta nunca, nem que o a"oitem : se e forte a mão que a"oita. A Derrama ser$ o a"oite do povo. FRANCISCO8 Perdoe, =xcelncia. A Derrama % cobran"a de d;vida. Não deve ser castioH 4
BARBACENA8 A oroa v mais loneH Crasil !$ se come"a a pensar como Pa;s. Não s- os mazombos que aqui nasceram, mas os remos que aqui ficaram, todos come"aram a pensar nas vantaens de cortar os la"os com a 'ãe P$tria. G perioso deixar o povo pensar sozin6o. 'esmo que a Derrama não trouxesse nen6um lucro, devia ser exiida. S- usando a for"a o povo sentir$ a presen"a divina da oroa. FRANCISCO8 0az
BARBACENA8 =studo apenas a data. GON$AGA8 Saiba que os povos das 'inas se levantarãoH BARBACENA8 'eu dispositivo militar me arante a obedincia e o apoio do povo. 5A >rancisco de Paula.7 Não % verdadeO FRANCISCO8 'eu reimento est$ preparado para tranqQilizar a popula"ão em vinte e quatro 6oras. SILV(RIO8 omio não tem problema. porque eu sou bom vassalo e fiel& mas com essas medidas os donos de f$bricas ficarão a p%. com a Derrama ficarão de rastros. DOMINGOS8 omio não tem problema, que eu sou dono de f$brica, mas escravo fiel de . '. 'as os que vivem de emprestar din6eiro, talvez não se!am tão bons vassalos como o Dr. l$udio 'anuel. CLAUDIO8 De min6a parte eu me preocupo mais com as leis e as letras do que com os ne-cios. 'as ente existe que ter$ de escol6er entre a morte e a revolta. Seria preciso saber se todos os comandantes são tão fi%is vassalos como o nosso Tenente:oronel. FRANCISCO8 Soldado cumpre ordens. BARBACENA8 = (ossa 'erc, ouvidor KonzaaO =mbora vossa fidelidade não ten6a sido aora proclamada. % por todos bem con6ecidaH (ossa 'erc que tão bem sabe da ;ndole do povo, (ossa 'erc, que pensaO GON$AGA8 Não % necess$rio saber a ;ndole, basta con6ecer as matem$ticas. Se as f$bricas estão fec6adas. se a extra"ão de diamantes, s- a faz a oroa, se o cr%dito % extinto, a Derrama ter$ apenas um sentido simb-lico, pois o ouro !$ ter$ sido todo embarcado. BARBACENA8 Por%m a Derrama % ordem expressaH GON$AGA (amos examinar. A oroa quer mais din6eiro. Pa;s não tem. Portanto, existe a 6ip-tese de não lan"ar a Derrama. BARBACENA8 G este o vosso consel6oO GON$AGA8 S- estamos conversando por 6ip-teses. Se não se lan"ar a Derrama, existem duas 6ip-teses8 a 0ain6a tanto pode concordar, como pode nomear outro Kovernador em seu luar. BARBACENA8 =ntão, a Derrama % inevit$vel. GON$AGA8 Neste caso tamb%m existem duas 6ip-teses8 lan"$:la por todos os atrasados ou s- pelo /ltimo ano. omo o primeiro caso % totalmente inexeqQ;vel, ainda resta a seunda 6ip-tese. BARBACENA Talvez se!a a solu"ão. GON$AGA8 'as neste caso o povo entender$ que se trata de uma primeira medida e que loo a oroa exiir$ o paamento interal. Portanto, lan"ar a Derrama por um ano s-, ou por todos os anos, vem a ser a mesma 6ip-tese. BARBACENA 5diplomaticamente irritado78 Sen6or Konzaa, afinal qual a vossa opiniãoO (ossa 'erc % a favor da 6ip-tese de não lan"arO GON$AGA8 2
=u vou confessar com toda a sinceridade8 eu sou a favor da 6ip-teseH BARBACENA8 Sen6ores, c6euei a uma conclusão que, apesar de tudo, tamb%m tem seus aspectos 6ipot%ticos. De min6a parte, necessito da colabora"ão de todos. De vossa parte, a min6a colabora"ão % indispens$vel. Por isso, eu estou disposto a escrever imediatamente + 0ain6a propondo o adiamento da Derrama )sine die*, desde que os sen6ores se comprometam a não s- obedecer +s leis aora impostas, mas sobretudo divul$:las, defend:las e !ustific$:lasH De acordoH SILV(RIO8 Se % essa a vossa vontade, se!a feita. DOMINGOS8 #ue !eitoOH 5Saem todos. Carbacena % interceptado pelo orina& a cena % feita como entrevista em campo de futebol.7 CORINGA8 (iscondeH ma peruntin6a. Por que essa reviravolta a respeito da DerramaO sen6or não tin6a dito que mais importante que o lucro era a 6umil6a"ãoO BARBACENA8 =m pol;tica, meu amio, % necess$rio antes de mais nada saber conciliar. Percebi que essas novas leis são tão violentas, que se eu me decidisse a aplic$:las todas de uma s- vez, eu ia acabar perdendo. CORINGA8 sen6or ac6a que alcan"ou um resultado positivoO BARBACENA8 Sem d/vida. =u conseui, apesar de tudo, a certeza da aplica"ão das leis principais em troca de um 6ipot%tico adiamento da Derrama. At% l$ eu preparo meu ex%rcito, e at% l$ muita coisa pode acontecer. CORINGA8 Kovernador, o sen6or se ac6a um canal6aO BARBACENA8 Absolutamente. Sou um fiel servidor de Sua 'a!estade. Se tudo que eu fa"o fizesse por min6a livre e espont?nea vontade, então sim poderia ser classificado como canal6a. 'as eu apenas cumpro com o dever que me % imposto.
CORINGA8 sen6or ac6a que o Crasil tem c6ance de se libertarO BARBACENA8 1ovem8 a independncia pol;tica não est$ muito distante. resto depende de vocs... CORINGA8 =ntão por que o sen6or não ap-ia a causa dos patriotasO BARBACENA8 Não % da competncia do crocodilo dizer8 )uidado com o crocodiloH* CORINGA8 'uito obriado, (isconde de Carbacena. Coa sorte para o sen6orH BARBACENA8 Coa tarde, meu amio. 5Sai.7 CORINGA 5diriindo:se a Konzaa78 Sen6or... GON$AGA 5cortando78 Não ten6o nen6uma declara"ão a fazerH CORINGA8 briado. oronel 1oaquim Silv%rioH SILV(RIO8 Lei % lei... 'as a ente sempre d$ um !eitin6oH 22
CORINGA8 = o sen6or, Padre 0ollim, que não participou desta reunião de alto n;vel, dia:me c$8 o clero tem alum interesse na Endependncia do CrasilO ROLLIM8 Sem d/vida. =m primeiro luar tem o interesse 6umanit$rio e cristão. =m seundo. A Endependncia pode trazer a nossa autonomia. s d;zimos não seriam mais paos + oroa. 'as sim diretamente aos cMneos. CORINGA8 #uer dizer que o sen6or ap-iaO ROLLIM8 Se eu não fosse tão vassalo, certamente apoiaria... 5Sai.7 (ACORDE.) CORINGA 5puxando o oro78 Ser bom vassalo o que %O 'e responde quem souber. CORO 5s atores se arupam na cl$ssica disposi"ão de oral.7 Ser bom vassalo % esquecer aquilo que a ente quer. Ser bom vassalo % morrer. Ser bom vassalo quem quer. 'e responda que quiser. CORINGA8 S- quer ser um bom vassalo, quem vive seu bom viver, quem explora e não % explorado, quem tem tudo pra perderH = o Tiradentes onde est$O 'e responda quem souberH CORO Na casa do oronel, Aposto com quem quiserH (TIRADENTES, FRANCISCO DE PAULA E MACIEL EM CASA DE FRANCISCO, ACAMADO COM UM PÉ DOENTE.) FRANCISCO8 Dia de uma vez, Alferes. Afinal o que dese!a8 receber o soldo retido ou tem l$ outras id%iasO TIRADENTES8 (im falar de tudo, meu coronel. Do din6eiro que % importante e que eu preciso e não sei por que o sen6or não d$. De sua sa/de que eu prezo e das coisas que por a; vão e que eu ou"o pelos camin6os. FRANCISCO8 povo fala o que não sabe e v o que não existeH TIRADENTES8 G certo quando % ente pouca. 'as quando % todo mundo a falar... FRANCISCO8 >ale de uma vezH 'as não esque"a que eu sou o comandante. TIRADENTES8 G !ustamente por isso que falo. Sei que eu vou me arriscar, coronel. sen6or pode me prender, e eu sei que a pena % a morte. FRANCISCO8 =ntão, uarde para si. =u não fa"o as coisas que dese!o. m soldado cumpre ordens. TIRADENTES8 2@
= pode continuar cumprindo, meu coronel, aliando dever e dese!o, trocando quem dita as ordens. Servindo os que aqui estão e não os ausentesH FRANCISCO8 aladoH Não % a primeira vez que me falam nisso e não quero ouvir uma terceiraH MACIEL8 alma, cun6adoH on6e"o o Alferes. que ele fala não 6$ mal em ouvir. G claro, a troca de obedincia tem suas vantaens, mas no momento não % poss;vel. S- se obedece + for"a. e a for"a nos vem de fora. TIRADENTES8 A vontade do povo tamb%m % for"a. Sem ordem e sem rumo, e for"a sem vassalos. om a obedincia de ( '., o rumo certo se encontraH FRANCISCO8 6ea, !$ disseH Por muito menos a outro eu !$ teria prendido. ma obedincia que troca de sen6or % sempre trai"ãoH TIRADENTES8 'aior trai"ão % não trair quem trai o povo. FRANCISCO8 G, 'acielH Cem que voc me avisou que eu 6avia de tratar com um doidoH TIRADENTES8 Doidos como eu, coronel, !$ aora não são poucos. Desde os lutadores do arimpo, at% o ouvidor KonzaaH Desde mim at% (ossa 'ercH 5s dois se ol6am : Tiradentes estende a mão& sem apert$: la, >rancisco, sorrindo, bate:l6e no ombro.7 CORINGA 5cantando78 = Konzaa onde est$O 0esponda quem souberH CORO 3 5cantando78 >azendo revolu"ãoO CORO 48 Ser$O CORO 38 onclamando a multidãoH
CORO 48 Ser$O CORINGA 5cantando78 G uma 6ip-tese muito poss;vel, mas quem quiser ao certo encontrar !unto a 'ar;lia v$ procurar. CORO = 2 5cantando7 1unto a 'ar;lia v$ procurarH (CASA DE MAR"LIA.) GON$AGA8 G, meu bem... =u sei que para voc % dif;cil entender o pensamento po%tico... MAR,LIA8 ada idade entende as coisas da sua idade. #uando eu for tão vel6a quanto o sen6or, vou entender muito maisH Por enquanto, entendo o que % preciso, na min6a idade. GON$AGA8 Primeiro enanoH Ser !ovem % perioso. (oc disse o que voc pensa. = como a idade % pouca, pensa poucoH 'as +s vezes, quando tm a sua idade, as pessoas precisam tomar decis
'as eu sou 6omem, e 6omem não tem idadeH MAR,LIA8 =u con6e"o muita ente que pensa assim. =specialmente os amios do vovM. GON$AGA (ou fazer uma perunta. que % mais importante para uma mul6er !ovem8 ser bela, ou ser amada por um poetaO MAR,LIA8 Sem querer ofender a sua poesia, eu prefiro ser belaH GON$AGA8 Seundo enanoH A beleza morre... S- pode ser usada enquanto dura e dura pouco. A cada ano que passa existe menos. 1$ a mul6er casada com um poeta, vai:se embelezando nos seus versos. = quanto mais vel6o o poeta, mel6or o estilo, maior a beleza daquela que, embora feia, % casada com o poeta. MAR,LIA8 Perfeito, mas a beleza da mul6er !ovem % ozada pela mul6er !ovem. A beleza da feia casada % ozada pelos leitores. GON$AGA Terceiro enanoH ozo % sempre tamb%m de outro. #uando a !ovem um !ovem ama, o !ovem :quando % !ovem : não disp
atinem o meu quintal& enquanto se fec6am f$bricas, cresce meu canavialH 'as em %pocas de crise não se pode confiar& quando trocam uma lei, muitas mais podem trocarH = o espectro da derrama não me deixa mais dormir. Se se cobram os atrasados, vou lutar ou... fuirH CORINGA8 = o poeta l$udio 'anoel nesse instante o que far$O #uem possa saber que ven6a contarH CORO poeta 'anoel !$ não pode mais rimar. valor de suas liras uma lei veio tirarH LADE8 Triste terra, triste vida, desta terra abandonada. (ila 0ica empobrecida. pobre vila mal usada. =sta ente tão sofrida, !$ não eme. conformada. =sta ente tão ferida pela sina malsinada. CLAUDIO8 #ue não pensem os sen6ores que a obedincia % ilimitada. Se lan"arem a derrama, rebelião ser$ lan"ada. CORINGA8 = o Dominos de Abreu, onde pode estarO #uem dele souber que ven6a falarH CORO Dominos est$ triste nem pode c6orar. Se um dia foi rico, não vai continuarH DOMINGOS8 Tanto bem que eu produzi quanta ente eu !$ vesti, quanto ferro por a;, pus na for!a pra servirH Se um overno roubava, esse outro % pior. primeiro s- tirava, o que est$ não % mel6orH S- se tira do que existe, s- se rouba de quem tem. de aora s- não rouba, porque !$ não tem a quem. Pois todo nosso povo foi ficando 2
sem vint%mH = o espectro da Derrama, não me deixa mais dormir. Não fosse eu bom vassalo, min6a raiva iam sentirH CORINGA8 T$ ficando bomO CORO T$O CORINGA8 T$ ficando bomO CORO T$H pessoal t$ come"ando a enrossarH pessoal t$ come"ando a enrossarH
CORINGA8 0esponda, min6a ente, e o povo onde % que est$O CORO 3 =st$ sofrendo calado, sofrendo a trabal6ar. =xtraindo tesouro pras burras entul6ar CORO 4 Da 0ain6a 'aria #ue quer se fartar. CORINGA 5modulando78 = dia, min6a ente, ninu%m quer protestarO CORO 3 protesto % valente pra quem quiser escutarH CORO 4 Trabal6o s- p$ra #uando % pra lut$H Soldado que c6ea e quer nos roub$H >izemos arimpo pro ouro extrair, o ouro que fique aqui sem sairH CORO 3 Karimpeiro %O CORO 4 per$rio lutadorH CORO 3 Karimpeiro %O CORO 4 'ineiro lutadorH CORO 3 e 4 #uem quiser Endependncia o arimpo v$ c6amar, 23
pois são mil bocas douradas que num rito vão apoiarH (CORINGA INTERROGA O GARIMPEIRO, O NEGOCIANTE, UM MINEIRO E O ESCRAVO CORINGA INTERPRETA OS DOIS PAPÉIS.) CORINGA8 'as diam l$, compan6eiros dessas 'inas, #ue % que 6$ com o povo que não se manifestaO GARIMPEIRO8 = eu sei l$O #uem entendeO pessoal s- fica a; reclamando, falando. Na 6ora do pra val, cadOH Ninu%m faz nadaH Esso % que falta, -... 5Cate com a mão na testa.7 TutanoH Tutano % o que não temH CORINGA8 'as, se vier a Derrama, mesmo assim ninu%m faz nadaO GARIMPEIRO8 Arma tem aos monteH =ssas picareta a;, -H (ou te cont$H Pea um 1oaquim desses com uma picareta, eu não quero nem vH 'as % que o pessoal não sabe, fica tudo pelos canto, procurando lei a favor,.. CORINGA8 'as, se alu%m oranizasse a resistncia, o povo ia !untoO GARIMPEIRO8 A6, isso % mais que mais que certo. =stourou o fuzel. n-s t$. dif;cil % estour$. CORINGA8 G, mas aora, parece que vaiH MINEIRO8 G, eu tamb%m ouvi dizendo por a;. Diz que tem uns padre meio aoniado, uns doutores.,. Diz que tem uns fardadão tamb%m a; que -.. 5>ec6a a boca com zip.7 CORO 3 Karimpeiro %O CORO 4 per$rio lutadorH CORO 3 Karimpeiro %O CORO 4 'ineiro briadorH
CORO 3 E 4 #uem quiser independncia o arimpo v$ c6amar, pois são mil bocas douradas que um rito vão apoiarH CORINGA8 'as ninu%m foi !$ c6amarHH (NUM CORTE #RUSCO, LUZ SO#RE #AR#ACENA COMPORTA-SE COMO SE ESTIVESSE FALANDO A TELESPECTADORES.) BARBACENA8 ompete ao Koverno manifestar sua aleria8 todos os sen6ores, apesar de tudo, cumpriram a promessa feita. rul6osamente, devo dizer que de min6a parte cumpri tamb%m. =screvi + 0ain6a implorando o adiamento da Derrama. = nossa Soberana, D. 'aria, a Piedosa, pesando as circunst?ncias, 6ouve por bem recusar a ra"a pedida. Assim sendo, cumprido o nosso acordo. A Derrama ser$ lan"ada. Coa noite, sen6oresH CORO Triste terra, triste sina dessa terra abandonada. (ila 0ica empobrecida 2J
Pobre (ila malsinadaH =sta ente tão sofrida !$ não eme. conformada, (ila 0ica empobrecida Pobre (ila mal usadaH (SO#RE A SEGUNDA ESTROFE ENTRA O CORINGA.) E9PLICA:0O CORINGA8 No fim deste seundo epis-dio. eu devia explicar aluma coisa. 'as parece que tudo ficou claro. Por exemplo8 quando 'ar;lia pensou em pensar na proposta de Konzaa, queria pensar mesmo porque não estava tão animada assim, nãoH = quando o 6omem do povo fez8 5Kesto de zip na boca.7, ele quis dizer exatamente 50epete o esto.7 Da; por diante % que a con!ura"ão tomou for"aH (CORTE #RUSCO DE LUZ. CORINGA CONVERTE-SE EM &UIZ. TIRADENTES É O RÉU.)
CORINGA8 onfirma o respondente ter dito a quem quisesse ouvir que a sedi"ão e motim era iminenteO TIRADENTES8 Devo ter dito, se testemun6as 6$ que dizem ter ouvido. 'as nunca o disse com ?nimo de ofensa, nem veneno. CORINGA8 respondente tem faltado + verdade em todo o sentidoH =ra o respondente que convidava a todos quanto podia e tão alucinadamente que nem escol6ia pessoa nem ocasiãoH TIRADENTES8 Sem ?nimo de ofensa nem veneno, afirmei que os povos das 'inas estavam desesperados... CORINGA8 >azendo assim reparos + pol;tica realH TIRADENTES8 G muito m$ pol;tica vexar os povos, porque eles poderão fazer como !$ fez a Am%rica Enlesa, muito principalmente se se c6earem a unir outras capitanias e se existirem pessoas de ?nimo e coraem, pois que se poder$ at% mesmo atacar o ilustr;ssimo (ice:0ei em seu pal$cioH 'as ao diz: lo não convidei ninu%m a que o fizesse. nem dei mostras de querer faz:lo. >oi apenas mat%ria de conversa"ão, considerando o perio e as conseqQncias que se seuem quando os overnantes não se preocupam em contentar o povo. 6 EPIS7DIO CORIFEU 38 (ila 0ica : 3J4. asa do Tenente:oronel >rancisco de PaulaH CORIFEU 48 (ila 0ica : 3J4. asa de Tom$s AntMnio KonzaaH (NA CASA DE FRANCISCO DE PAULA ESTÃO PRESENTES* FRANCISCO DE PAULA, TIRADENTES, MACIEL, DOMINGOS A#REU VIEIRA, CARLOS DE TOLEDO, &OAUIM SILVÉRIO DOS REIS E, ÀS VEZES, ALVARENGA. NA CASA DE TOM'S ANTÔNIO GONZAGA ESTÃO PRESENTES* GONZAGA, CL'UDIO MANOEL DA COSTA, #'R#ARA HELIODORA E, ÀS VEZES, ALVARENGA E CÔNEGO LUIZ VIEIRA.) (CASA DE FRANCISCO - ESCRITRIO DE ARMAS E MUNIÇÕES.) DOMINGOS8 = uma calamidadeH G uma calamidadeH G certo que temos de ser bons vassalosH 'as tm muitos por a; que não são e mesmo assim não fazem nada. A6H Se n-s não fMssemos tão bons vassalos, ia ser diferenteH... P; CARLOS8 Ea ser iual. que conta % a for"a. =les a tm e n-s não. = por isso que temos de continuar a ser 24
bons vassalos. TIRADENTES8 Cem, se o que est$ em discussão % a vassalaem, então % mel6or continuar tudo como est$. 'as, se o que se discute % a for"a, ai nãoH DOMINGOS8 Carbacena tem um ex%rcito bem armadoH TIRADENTES8 u!o comandante est$ aqui presente, conversando conoscoH FRANCISCO8 onversando nãoH uvindo. TIRADENTES8 = % a vossa aten"ão que nos anima, coronelH ALVARENGA8 =ssa questão de for"a não se discute. #uem duvida que a for"a somos n-sO DOMINGOS8 Se a temos, onde est$, oronel AlvarenaO ALVARENGA8 0espeitando as reservas do nosso comandante, que % a for"a decisiva, eu, de min6a parle, em 0b (erde, consio levantar trezentos 6omens. Sei que % pouco, mas )são* trezentos 6omens armadosH DOMINGOS8 Não c6ea nem para uma uarda pessoalH TIRADENTES 5rindo irMnico78 Sim, de quem tem muito medoH P; CARLOS8 omem por 6omem, eu c$ do meu canto bem que posso a!untar mais aluns. Diamos, talvez quin6entosH 5esita.7 Cem, mas o problema não % esse, o problema % a vassalaemH TIRADENTES8 erto, certoH 'as, por 6ip-tese, como diria o ouvidor Konzaa, somando !$ são oitocentosH DOMINGOS8 Com, 6ip-tese eu sei que o Padre 0oll;m l$ no Serro >rio completa os milH ALVARENGA8 ma salva de palmas para o Padre 0ollim, 5Crincando, todos aplaudem.7 TIRADENTES 5topando a brincadeira e aplaudindo78 Pra dar tiro não falta quem, fala com quH DOMINGOS8 Nisso, eu !$ não fico de fora. =st$ todo mundo oferecendo soldados, coisa de que eu care"o, mas no 0io de 1aneiro eu ten6o oitocentos mil r%is de p-lvoraH TIRADENTES8 = não temos de contar s- com a que !$ existe. Podemos fabricar. DOMINGOS8 omoO TIRADENTES8 Descobri salitre. ALVARENGA8 'aciel !$ te disse que aquilo não % salitre& % sal cat$rtico... TIRADENTES8 = da;O G uma esp%cie de salitre8 d$ para fazer p-lvora do mesmo !eitoH ALVARENGA8 Sim, d$ para fazer uma esp%cie de p-lvora. S- que não explodeH TIRADENTES8 Depois a ente discute. @
P; CARLOS8 Apesar das controv%rsias sobre o salitre, 6omens e p-lvora temos bastante. FRANCISCO8 'as esse não % o problema. problema % que todos os sen6ores são bons vassalos. ALVARENGA8 N-s somos bons vassalosO = o sen6or, o que %O FRANCISCO8 =u não estou conversando. =stou s- ouvindoH TIRADENTES8 A6H... (CORTE.) (CASA DE GONZAGA - CENA #UCLICA #ANCOS DE &ARDIM E TREPADEIRAS VERDES.) CLAUDIO8 = tu, que pretende fazer, KonzaaO GON$AGA8 Cem, se realmente se fizer a sedi"ão. !$ não sei se deva ir para a Ca6ia. Por um lado não se pode desprezar um posto desses. 'as, por outro, creio que o novo Koverno deve necessitar da min6a colabora"ão... = da tua, principalmente. CLAUDIO8 1untos bem pod;amos elaborar bonitas leis... GON$AGA8 um, 6umH Tempo aora não nos falta. 'as, com o meu casamento, l$udio, as coisas vão se complicar. Sabes, pretendo me dedicar exclusivamente + min6a Dorot%ia, fazer do lar min6a /nica preocupa"ão. Não sei, talvez se!a mel6or ir para a Ca6ia mesmoH... CLAUDIO8 laro que sim. =speraste tanto tempo, que bem merece aora um pouco de repouso. L$ ter$s uma -tima coloca"ão, escravos, servidoresH =u inve!o tua felicidade. GON$AGA8 Na Ca6ia, talvez eu possa mesmo ser muito feliz. Por%m, 6$ o problema do clima. calor % insuport$vel. Temo pela sa/de de Dorot%ia e das crian"as que virãoH #uem sabe se!a mel6or ficar por aqui mesmo e servir + P$tria, clima aqui % mais ameno. CLAUDIO8 =H... climaH Al%m do mais, l$ sentirias saudades dos amiosH GON$AGA8 = quantaH... CLAUDIO8 s amios... e o clima... GON$AGA8 amor... CLAUDIO8 dever... GON$AGA8 surir de uma na"ão... CLAUDIO8 recair da noite... GON$AGA8 A luminosidade dos campos... CLAUDIO8 )Dizei. pastorin6as. dizei8 qual de v-s % meu pecado*... GON$AGA8 @
AlcesteH CL*UDIO8 >en;cioH... GON$AGA8 Sobretudo, o clima... (CORTE.) (CASA DE FRANCISCO.) FRANCISCO8 =u não estou entrando na conversa"ão 'as, a meu ver, se querem uma opinião t%cnica, mil 6omens não bastamH 'il 6omens bastariam se todo o povo apoiasse. TIRADENTES8 =ntão, mil 6omens bastarãoH S- nos falta quem comece. DOMINGOS8 G mel6or ter cuidadoH Precisamos ter a for"a de conduzir o povo antes que ele nos conduza. De que vale lutar contra a opressão e cair na anarquiaHO TIRADENTES8 Por que anarquiaO A tropa do ex%rcito tamb%m % povo. Se se teme o povo em armas desoranizado. que se oranize o povo armadoH DOMINGOS8 'as pode ser que nem sempre o povo armado obede"a + vontade do seu c6efeH TIRADENTES8 =nquanto a vontade do c6efe for a vontade de todos, (ossa 'erc não ter$ o que temer. = n-s aqui estamos falando em nome do povo. DOMINGOS8 Não sei, nãoH TIRADENTES8 omo, não sei nãoO SILV(RIO 5pensando na 6ora e contente com o luzir do pr-prio pensamento78 sen6or Dominos tem razão. Parque. em rela"ão ao povo, ninu%m pode ser totalmente a favor, nem totalmente contra. povo, como ali$s muitas outras coisas, tem o seu lado bom e o seu lado mau. Ao mesmo tempo % /til e perioso.
ALVARENGA8 =u ten6o uma solu"ãoH n/mero de escravos % maior do que o de 6omem livres. Se n-s arantirmos a liberdade a todos os escravos, teremos batal6
P; CARLOS8 =u ap-io. Ser$ um ato profundamente 6umanit$rio, !$ que a maioria dos mulatos % descendente de amios muito c6eados. SILV(RIO8 =mbora voto vencido, continuo discordando. Esso assim não p$ra maisH Todo mundo pensa que % branco, todo preto pensa que % mulatoH TIRADENTES8 Perdão, sen6ores, mas n-s estamos pensando apenas em 'inas Kerais, enquanto que a liberta"ão deve ser a do Pa;s inteiro. #uando estive no 0io, falei com todos os omandantes de 0eimentos, com todas as uarni"
Se % como nos contam, em trs anos teremos a niversidade em (ila 0ica e a apital em São 1oão Del:0eiH CLAUDIO8 = eis que insisteH Pois não v que não 6$ l-ica em se trocar de apital s- porque se funda uma niversidadeH GON$AGA8 'eu caro, % a marc6a para o centro:oesteH L$ fica o poder mais arantido. amplia:se o dom;nioH ALVARENGA 5entrando78 De que dom;nio se trataO GON$AGA8 Salve, meu caroH Dormiste bemO ALVARENGA8 = quem ainda conseue dormir nesta cidadeH C-NEGO8 = a nossa )Princesin6a do Crasil*, como est$O ALVARENGA8 'ais linda que nuncaH Dorme aora com as mãozin6as entrecruzadas sob o queixoH Assim... 5Emita a postura.7 m verdadeiro an!oH GON$AGA8 >am;lia felizH ALVARENGA8 =ntãoO 1$ decidiram onde pomos a apitalO CL*UDIO8 Não. Konzaa continua insistindo. ALVARENGA8 'as isso % a coisa para o futuro. s ex%rcitos estão a postos, e ainda não temos uma bandeiraH CL*UDIO8 Ainda não temos as cores, mas para o d;stico !$ pensei numa suestão. GON$AGA8 Dia l$, mestreH CL*UDIO8 )Aut libertas, aut ni6il*H ALVARENGA 5ap-s um instante de medita"ão78 m belo prop-sito. sem d/vida. Do ponto de vista liter$rio, % uma frase perfeitaH No entanto, não me arada esta identidade dos termos. Liberdade ou nada... Não sei. (isto assim na bandeira pode dar a impressão de que tanto faz... =ntendeO... Liberdade ou nada... Não sei se me compreende... GON$AGA8 D$ mais id%ia de desespero do que de vit-ria. Talvez esta8 )Libertas aequo spiritusH* CL*UDIO8 Tamb%m não me parece nada feliz. = um contra:senso falar no esp;rito, enquanto os can6
C$rbara belaH =ste caf% c6ea num momento 6ist-rico. Acabamos de encontrar o d;stico para a bandeira da liberdade. )Libertas quae sera tamem*H #ue talO B*RBARA8 Conito. (ocs astaram tanto tempo fazendo o d;stico que aora s- ficou faltando fazer a independncia. Se tivessem asto o mesmo tempo fazendo a Endependncia, aora s- faltaria o d;stico. C-NEGO8 eliodora, a C$rbaraH ALVARENGA8 Não te preocupes meu an!o. A coisa !$ est$ adiantada. As revolu"
GON$AGA8 elE$s, D. C$rbara est$ sinistraH B*RBARA8 =u s- espero que da mesma maneira com que vocs conclu;ram tão bem a etapa intelectual da sedi"ão, ten6a a bra"al o mesmo xitoH GON$AGA8 =sta não depende de n-sH B*RBARA8 =nquanto ficarem a; sentados, claro que nãoH C-NEGO8 =u me levanto assim que termine este delicioso caf%. A6H #ue mãos privileiadasH #uem mais poderia fazer um caf% tão perfumadoO =ssas lindas mãos nos presenteiam aromas de caf% e poesiaH (CORTE.) (CASA DE FRANCISCO.) FRANCISCO8 Cem, aora eu vou entrar na conversa. Pelo que ve!o, todos precisam de mim. Sou a seunda pessoa em import?ncia em toda a apitania. A primeira % o overnador, que foi nomeado pela vontade da 0ain6a. A seunda8 eu, que com min6a tropa sustento essa vontade. Portanto, se % verdade que as tropas do 0io estão dispostas a marc6ar sobre 'inas& s% verdade que os 6omens do Padre arlos de Toledo são capazes de convencer ou dominar as tropas de São 1oão Del:0ei& e se % verdade que em toda a volta de (ila 0ica : em Serro >rio, Ti!uco e 0io verde : podem:se levantar 6omens que cerquem a cidade e se dispon6am a obedecer ao meu comando& se % verdade que os padres são capazes de exortarem seus fi%is a seuirem min6a palavra& se % verdade que Carbacena pode ser preso sem que eu o fa"a& se isto tudo % verdade e se isto tudo for feito, então eu serei um 6omem entre v-sH DOMINGOS8 Cravo, Tenente:oronelH ALVARENGA8 Sab;amos que o nosso comandante não nos faltariaH CARLOS DE T;8 =ssas palavras acabam de proclamar a 0ep/blica no CrasilH ALVARENGA8 Salve nosso omandante >rancisco de PaulaH TODOS8 SalveH TIRADENTES8 m momento, sen6oresH Se tudo isto for verdade, se tudo isso for feito e se tudo isso for necess$rio @
para a adesão do nosso querido Tenente:oronel, não ser$ necess$ria a adesão do nosso querido Tenente:oronelH FRANCISCO8 Esso vem provar que muito do que foi dito, não % verdadeH TIRADENTES8 que eu disse, reafirmo, 0io se levanta, mas não antes que o sen6or o fa"aH = mesmo que se levantasse primeiro, Carbacena ordenaria imediatamente que o sen6or marc6asse contra eles, = o sen6or teria de obedecer antes de poder decidir. = mesmo que desobedecesse, seria o seundo, pois as tropas do 0io !$ teriam c6efe. N-s queremos que o nosso 6efe se!a o primeiroH = os dois randes 6er-is da Endependncia de nossa P$tria serão o Tenente:oronel >rancisco de Paula, omandante Supremo das >or"as 0eulares, e o oronel Alvarena, que comandar$ o povo rebeladoH ALVARENGA8 $ um terceiro8 Tiradentes, que com seu ardor nos mant%m animadosH = que ter$ a tarefa principal de esclarecer o povo para que ele nos apoieH TIRADENTES8 Para mim, sen6ores, s- exi!o que me se!a dada a missão de maior perio e riscoH FRANCISCO8 =ntão, dos trs, um ter$ de ser o c6efe Supremo, pois não 6$ revolu"ão sem cabe"aH ALVARENGA8 =u discordoH =ste % um movimento de ente valorosa em que todos são iuais. Não se pode entender a subordina"ão de iuais a seus iuais. Devemos todos ser cabe"as. 'uitas cabe"as num corpo s-. CARLOS DE T;8 'uito bem ditoH
Ser$ tão radiosa assim a liberdadeO 5nem:se os dois planos. Aora todos estão !untos, menos Konzaa, que não se move.7 ALVARENGA8 om p-lvora, c6umbo e sal lutaremos dois anos contra qualquer for"a que tente subir a serraH FRANCISCO8 plano existe, mas precisa ser articulado. menor enano ser$ fatal. Todos estão de acordo8 dia em que se lan"ar a Derrama ser$ o dia do levante. DOMINGOS8 Precisamos encontrar um !eito para que todos saibam ao mesmo tempo e comecem !untosH CARLOS8 Precisamos de uma sen6aH FRANCISCO8 Aman6ã ser$ o batizadoH
DOMINGOS8 #ue batizadoO FRANCISCO8 G a sen6a. Tal dia ser$ meu batizadoH DOMINGOS8 = quando eu souber qual % o dia do seu batizado, o que % que eu fa"oO FRANCISCO8 =st$ vendoO G por isso que precisamos fazer um ensaio. #ue cada um dos sen6ores pense bem no que tem a fazer. =u rito a sen6a e come"amos !$. ALVARENGA8 Coa id%ia. TIRADENTES8 Ninu%m precisa me dizer nada que eu sei o que eu fa"o. FRANCISCO8 =ntão vamosO Aten"ãoH... o!e % o dia do meu batizadoH (MOMENTOS DE CONFUSÃO. RISADAS. COMEÇO SEM COMEÇO. FINALMENTE DISPARAM.) P; CARLOS8 Porque l$ no Serro >rio... SILV(RIO8 Duzentos escravos eu posso dar... mesmo que morram... P; CARLOS8 = o Dominos, onde vai estarO DOMINGOS8 =u estou por ai... nessa 6ora... ALVARENGA 5toma a iniciativa e deslanc6a78 =u, oronel Alvarena, avan"o com meus duzentos p%s rapados pelo fundo da ampan6a, onde me encontro com os 2 escravos que o 1oaquim Silv%rio acabouF de oferecer. P; CARLOS8 =u, Padre arlos, divido min6a tropa. 'etade fica a postos pra dar combate a quem vier do 0io, a outra subleva São 1os% e vem para (ila 0ica acelerada. TIRADENTES8 =u, Tiradentes, depois de convencer a tropa, !unto com ente escol6ida vou ao pal$cio da ac6oeira, e corto a cabe"a do Kovernador, e pon6o a cabe"a do Kovernador dentro de um saco, e corto a cabe"a daquele desra"ado daquele A!udante de rdens daquele miser$vel AntMnio da Anuncia"ão, que !$ est$ metido em mais de 3 ne-cios depois de dois meses que c6eou de Portual : canal6a : miser$vel, p/stula : volto a cavalo pra pra"a e atiro a cabe"a do Kovernador aos p%s do povo amotinado ritando8 WAqui !$ não manda PortualH Crasil % livre de sen6oresH* ) @3
Crasil*... FRANCISCO8 P$raH P$raH alma, calma. (amos discutir primeiro o que vamos fazer com o (isconde. ALVARENGA8 Não tem outra sa;da8 cortamos a cabe"a. Não 6$ boa revolu"ão sem cabecin6a foraH SILV(RIO8 De fato, as revolu"il6o, qualquer sanue manc6ar$ o ber"o da 0ep/blica. TIRADENTES8 Não vamos perder tempo, vamos em frente. FRANCISCO8 Aten"ão, vamos come"ar outra vez. Atentos todos. o!e % o dia do meu batizadoH (NA REPETIÇÃO, OS ATORES FAZEM EM M"MICA A CENA DA TOMADA DO PODER COMO SE FOSSE FATO PRESENTE.) TIRADENTES8 =u, Tiradentes, depois de instruir a tropa, vou com meus 6omens para ac6oeira : não corto a cabe"a do overnador, pon6o a ferros aquele maldito animal do A!udante de ordens, prendo o Carbacena, conduzo:o at% a pra"a diante do povo amotinado. DOMINGOS8 =nquanto isso, eu com min6a ente !$ teremos trazido os seiscentos barris de p-lvora e distribu;do por todas as uarni"
niversidade... DOMINGOS 5baixin6o78 Endependncia... ALVARENGA 5baixin6o78 0ep/blica... DOMINGOS 5baixin6o78 >$bricas... omercio... P; CARLOS 5baixin6o78 1usti"a... 5ada vez falando mais alto,7 Liberdade... TODOS 5alterando:se, cada vez mais alto.7 Liberdade.,. liberdade.. liberdade... 5=ntra a orquestra, e tem in;cio a can"ão final do primeiro tempo.7 TIRADENTES8 G 6o!e o dia do meu batizadoH CORO 1$ estou preparado, Sei bem que fazer8 o povo est$ armado, liberdade ou morrer. ALVARENGA8 'eus duzentos p%s rapados irão loo se !untar aos escravos de Silv%rio !$ armados pra lutar. CORO 1$ armados pra lutar. P; CARLOS8 'eus 6omens então divido em duas partes iuais8 metade luta no 0io, metade aqui nas Kerais. CORO 'etade aqui nas Kerais. TIRADENTES8 1$ com 6omens bem treinados ao Pal$cio vou c6eando dando fim ao cativeiro8 vida nova ou levando. CORO (ida nova vou levando. FRANCISCO8 (endo o povo amotinado ven6o a cavalo exclamando8 )Liberdade ou Tirania8 dia o povo qual seu mandoH* CORO povo aqui nesta pra"a com vontade decidida, resolve ter liberdade e por ela d$ sua vida. (TODOS VOLTAM A CANTAR AO MESMO TEMPO CADA UMA ESTROFE E DEPOIS PROSSEGUEM &UNTOS)* CORO povo aqui nesta pra"a poder vai destro"ando, dando fim ao cativeiro, vida nova vai criando. (ida nova vai criando povo aqui nesta pra"a, dando fim ao cativeiro @4
o poder vai destro"ando. poder vai destro"ando dando fim ao cativeiro vida nova vai criando. FIM DO / TEMPO
46 TEMPO INTRODU:0O (AINDA NO ESCURO, O CORO POLIFÔNICO CANTA*) CORO Liberdade % uma mo"a que tem muito de faceira, quem a quer que v$ pro ataque, que a conquiste + sua maneira. Liberdade % namorada que precisa de bom trato8 não a deixe abandonada, não confie em seu recato. S- tem quem sabe certo, que a quer mais do que + vida& Liberdade % bem sem dono, flor que morre se tra;da. (ACENDEM-SE AS LUZES. A CENA DEVE SER REPRESENTADA À MANEIRA DE TEATRO INFANTIL* &' PRESENTE UMA VISÃO ED$RCICA DE MUNDO REPU#LICANO.) = l$ vai 1oaquim 1os%, vai pro 0io de 1aneiro no seu mac6in6o rosil6o alopando prazenteiro. 5Kalope de cavalo.7 =m cada canto que passa vai dizendo sem temor8 c6ear$ o fim da desra"a, não teremos mais sen6or. 5Kalope de cavalo.7 Ao ouvi:lo, os rostos se espantam, quem não escuta não quer crer, mas seu tom % decidido, se ele fala % por saber. 5Kalope de cavalo.7 46 TEMPO
Kalopando na certeza de pisar em terra nova, se liberdade % beleza brasileiro quer a prova. TIRADENTES8 =i, tropeiroH #ue vai levandoO TROPEIRO8 Sal, s- sal... sempre sal... TIRADENTES8 G bom, (ão subindo, vão subindo, que muito sal iremos precisar nessas 'inas... CORO 5cantando78 uidado, meu bom Alferes, o pr-ximo encontro % s%rio8 eis que cruza teu camin6o um certo 1oaquim S;lv%rio. TIRADENTES8 Salve, meu coronel, aonde vai ainda tão cedoO SILV(RIO8 Pros lados de São 1os%. = o Alferes, por que madruaO TIRADENTES8 (ou pro 0io de 1aneiro. SILV(RIO8 'ais ne-ciosO TIRADENTES8 Trabal6ar por todos n-s. SILV(RIO8 #ue a (irem o acompan6e... CORO 5cantando78 = % a; que come"a a teia da trai"ão& Tiradentes vai sem medo mas cruzou com a declara"ão. (CORINGA TIRA O CHAPÉU E VOLTA A SER CORINGA. ENTREVISTA PINGA-FOGO.) CORINGA8 =i, 1oaquim S;lv%rio, o que e que voc tem a; no bolsoO SILV(RIO8 Não importa. CORINGA8 Todo mundo !$ sabe. SILV(RIO8 Se sabe, por que peruntaO CORINGA8 #uero ouvir da sua boca. SILV(RIO8 Se quer me ouvir, que me escute8 % uma carta de dela"ão. (ou aorin6a mesmo entrear ao (isconde Keneral.
CORINGA8 Por quO SILV(RIO8 I
Porque não sou trouxa... 1$ ouviu o !eito desse Tiradentes falarO (isconde !$ foi muito bom de ter deixado esse 6omem solto at% aora. 'as se deixou, ele que % muito esperto, deve ter alum plano. NãoH $ por mim !$ tomei min6a decisão e resolvi que meu batizado particular vai ser 6o!e mesmo escondido. =ssa Enconfidncia não vai dar em nada mesmo, quero ser o primeiro a delatar... = estou dentro do prazo. CORINGA 5com meia ironia78 (oc sabe que a sua mem-ria vai ficar manc6ada pra sempreO SILV(RIO8 Sei. (ão me c6amar de 1udas, as criancin6as na =scola desde pequeninin6as vão aprender a me odiar. 'as, e da;O Antes um traidor vivo e rico que um 6er-i morto sem vint%m. A lei portuuesa não % sopa, meu amio... CORINGA8 #uer dizer que, pra voc, trair ou não tanto fazO SILV(RIO8 (amos conversar a s%rioO Trai"ão aqui entre n-s est$ institucionalizada. G leal e at% d$ lucro. A oroa não quer astar din6eiro aqui pra manter uma pol;cia secreta. #ual a solu"ãoO Transformou cada cidadão num alcaQete em potencial. 'uito !usto #uem denunciar contrabando fica com a metade dos bens seqQestrados. 'etade pra ele, metade pr$ oroa... Com ne-cio... CORINGA8 Ao que leva o medo. 6ein, Silv%rioO SILV(RIO8 'edo coisa nen6uma. Se valesse o risco, at% que o medo a ente enruste. 'as vamos falar com franqueza8 !$ pensou direito em quem est$ metido nessa rebeliãoO m bandin6o de intelectuais que s- sabe falar. Porque a liberdade... a cultura... a coisa p/blica... o exemplo do Norte... Na 6ora do arroxo quero ver. outro l$ comandante das tropas. o que quer mesmo % posi"ão. se!a na 0ep/blica, na 'onarquia, no comunismo primitivo& o que ele quer % estar por cima. l6a, vel6o, dessa ente a maioria est$ trepada no muro8 conforme o balan"o, eles pulam pra um lado. = eu aqui vou nessaO 'as nunca. CORINGA8 =ntão voc não acredita mesmo nesse levanteO
SILV(RIO8 ondi"
tão safado como todo mundo dizia, nem o alferes tão 6er-i como constava. Depois, estudando, c6eamos + conclusão de que Tiradentes foi mais 6er-i ainda do que se diz e Silv%rio tão safado quanto consta. 'as não podemos discordar totalmente da an$lise que ele fez de aluns Enconfidentes8 % bem verdade que a maioria estava em cima do muro pronta pra pular pra qualquer lado, conforme o balan"o. =, se % verdade que muitas revolu"
TIRADENTES8 Sim. &UI$8 Lembra ter encontrado no camin6o do 0io um bando de tropeiros que se diriiam +s Kerais transportando salO TIRADENTES8 Pelos camin6os muita ente se encontra. &UI$8 Nea ter peruntado que levavam e, ouvindo a resposta. exclamou8 )(ão subindo, vão subindo que de muito sal iremos precisar nessas 'inas... TIRADENTES8 Das express
não sei sem mi onde vou. Divino, simplesmente divinoH B*RBARA8 Konzaa, voc vai ter que explicar muito direitin6o o que voc tem contra o Sã de 'irandoH GON$AGA8 ontra ele, nada. =xcelente poeta. 'as o tipo de amor que ele tem, voc 6$ de concordar, deixa um pouco a dese!ar. Ac6o que nen6uma mul6er se apaixonaria por um 6omem assim, BARBARA8 Absolutamente, eu o adoroH GON$AGA8 Sã de 'irando faz linda poesia, mas, em mat%ria de amor, escuta esta que voc vai me entender8 )No s% porque me fatio pu%s con raz-n me venci, no siendo nadie conm;o, B v-s B Bo contra mi. X por 6averos querido B v-s a mi desamado con vuestra fuerza B mi rado 6avemos a mi vencido, X pu%s fui mi enemio en me dar como me di qui%n osar$ ser amio del enemio de s;... >a"a:me o favor. Se ele !$ come"a assim... ALVARENGA8 Cem. Konzaa, nem todos precisam ter essa f/ria onzauiana8 )Não corres como Safo sem ventura em seuimento de um cruel inrato que não cede aos encantos da ternura& seues um fino amante que a perder:te morria. #uebra os ril6
Arc$dia. ALVARENGA8 Aceito s- o c;nicoH CL*UDIO8 0eivindico esse brinde. Não ten6am medo, que dessa vez não direi nen6um verso do meu pessimismo8 !$ que a poesia % em 6onra de uma criaturin6a tão mimosa, usarei o pessimismo do Sã de 'iranda. 5Aplausos.7 )#ue me deixem erros passados consel6os mal atinados em que eu por meu mal entrei, e por meu mal sairei. =u ve!o vir a correr Sobre mim meus matadores e fuir os valedores. (DENTRO, UM GRITO AGUDO E ASSUSTAD"SSIMO DE MULHER. TODOS SE PRECIPITAM PARA A PORTA COM ECLAMAÇÕES.) BARBARA8 Deus meuH ALVARENGA8 nde est$ a menina. GON$AGA8 Alu%m caiuHO... (DE REPENTE RECUAM UANDO ENTRAM TR$S HOMENS EM#UÇADOS. A CENA É FEITA MELODRAMAT"CAMENTE A SÉRIO.) ALVARENGA8 #ue quereis em min6a casaHO EMBU:ADO 8 Perdoai, sen6ores, invasão tão brusca, mas a nova que trazemos % de tal risco que não podemos perder tempo com mesurasH ALVARENGA8 #ue quereisO >alaiH EMBU:ADO 48 Somos amiosH EMBU:ADO 8 Somos ma"onsH EMBU:ADO 48 Todos, sem perda de tempo, devem ir para suas casas e procurar e queimar todos os pap%is que possam compromet:los. CLAUDIO8 >omos descobertos. EMBU:ADO 48 uvidor Konzaa. Não pernoite em sua casa. Sabemos que soldados vão prend:lo antes que aman6e"a. Tiradentes acaba de ser preso no frio. >oram todos tra;dosH >u!amH >u!am sem demoraH (COM UMA R'PIDA REVER$NCIA, SAEM COM A MESMA RAPIDEZ COM UE ENTRARAM.) GON$AGA8 Atr$s deles, depressa. Não podemos confiar em mascaradosH
ALVARENGA 5sai correndo78 =u os aarroH CL*UDIO8 Não, KonzaaH G verdadeH G o fim de tudoH A forcaH I
GON$AGA8 Não se desesperem, ainda podemos vencer. A vit-ria % de quem ataca primeiro. B*RBARA8 Konzaa, corre + tua casa. Seue o consel6o dos embu"adosH GON$AGA8 Não são os pap%is que me comprometem8 % a min6a conscincia... B*RBARA8 'esmo assim, % in/til correr o risco... ALVARENGA8 Nada. Desapareceram na noite. = aoraO #ue faremosO GON$AGA8 Temos que iniciar o levante. CLAUDIO8 = >rancisco de PaulaO GON$AGA8 1$ deve saber de tudo. tempo conta a nosso favorH ALVARENGA8 Nestas poucas 6oras podemos prender o Kovernador e rebelar o 0eimentoH #ue cada um cumpra a sua parte do planoH o!e % o nosso batizadoH (#'R#ARA A#RAÇA-O COMOVIDA, UANDO NUM ROMPANTE ENTRA MAR"LIA DESGRENHADA E ARFANTE0) GON$AGA8 'ar;liaH 'in6a 'aria Dorot%iaH MAR,LIA8 Amor meuH Amor meuH >oe, Konzaa, foe, foeH Tua casa est$ cercadaH GON$AGA8 #ue a queimemH m patriota não foe nuncaH MAR,LIA8 Não 6$ tempo a perder. As patrul6as estão na ruaH B*RBARA8 #ue sabes, 'ar;liaO MAR,LIA8 Ao cair da noite notei um estran6o movimento de tropas. omens armados percorriam as ruas invadindo casas. Sem mais demora, fui dos meus padrin6os, fui da min6a casa, do meu larH =ncostava:me as paredes para não ser descoberta, subi ladeiras e montes, s- para dizer:te que fu!o contioH Para onde me levares, irei contioH =stou disposta a romper os ril6u!amos, meu amorH $ tempo aindaH GON$AGA8 'ar;lia, entre dois randes amores, a escol6a % sempre dolorosa8 entre o amor + P$tria e o amor que ten6o pela min6a 'ar;lia bela, mais amo a P$tria, amor maior que inclui o delaH MAR,LIA8 Não me abandonesH Não corras para a morteH GON$AGA8 (olta para a casa e reza pelo Crasil, P$tria nossa que um dia ser$ livreH ompan6eiros, a camin6oH 5s atores assumem posi"ão de quadro 6ist-rico.7 MAR,LIA8 KonzaaH GON$AGA8 I
'ar;liaH MAR,LIA8 AdeusH 5ai em solu"os.7 GON$AGA8 AdeusH 5Sai altaneiro.7 CORINGA8 A cena % bela e tr$ica. Tem, por%m, o defeito de ser pura fantasia. Alvarena nunca demorou com a fam;lia em (ila 0ica. =sta cena % uma tradi"ão mineira. onta:se que um ou mais vultos misteriosos, de 6omens ou de mul6eres, andaram avisando os con!urados na noite em que seriam presos. 'as a 6ist-ria verdadeira % outra, se não tão bela, iualmente tr$ica. (amos contar. CORO Aten"ão, aten"ão8 !$ foi dado o sinal, a 6ora % de perioH Leve a mão ao pun6alH Aten"ão, aten"ão. 'entirosa % a paz, foi feita a dela"ão, foi feita a dela"ão, foi feita a dela"ão. (VOLTAM OS ATORES PARA A REPETIÇÃO DA CENA, AGORA NA VERSÃO VERDADEIRA.) MACIEL 5num rompante entra em cena cercado por Konzaa, l$udio e Alvarena78 Amios, trao m$s novasH... GON$AGA8 #ue 6ouve, 'acielHO MACIEL8 (en6o do Pal$cio. (isconde suspendeu a DerramaH GON$AGA8 G certoO MACIEL8 Seuro. ALVARENGA8 Por quO MACIEL8 Deixo a vocs a resposta. CLAUDIO8 Trai"ãoH Alu%m nos denunciou. GON$AGA8 Nada de afoitezas& pode ser outra razão. Todos nearemos. LADE8 = o levanteO MACIEL8 'udam:se os planos. ALVARENGA8 #ue mais sabeO MACIEL8 De concreto, nada. Carbacena deve saber mais do que deixa parecer. o!e em conversa comio, manifestou estran6eza pela tua atitude, Alvarena& disse que fostes procur$:lo e que l6e pareceu que tin6as o ar um tanto espantado. ALVARENGA8 Ser$ que ele desconfia de mimO Ser$ que ele sabeO I3
MACIEL8 = mais que prov$vel. ALVARENGA8 #ue Deus me prote!a. CLAUDIO8 = o levanteO GON$AGA8 A ocasião !$ passou. Se nos peruntarem, todos nearemos. 5=ntra Silv%rio num rompante.7 MACIEL8 uidadoH SILV(RIO8 #ue bom encontr$:los !untos sen6ores. 5Todos tremem.7 #ue % issoO =u vim s- pra me despedir. Parto ainda 6o!e para o 0io. GON$AGA8 #ue fa"a boa viaem. 5>alam todos sem ol6$:lo.7 SILV(RIO8 =ncontro:me l$ com o nosso Alferes. Podem contar comio. GON$AGA8 Para quO SILV(RIO8 Pra o batizado. MACIEL8 1$ não se lan"a a Derrama. SILV(RIO8 raH ra, ora, como nãoO MACIEL8 Not;cia certa. Acabo de c6ear do Pal$cioH SILV(RIO8 nde mora, ali$s. = se todos os dias como com o Kovernador, a not;cia não seria dada por mel6or fonte... ALVARENGA8 Esso talvez ven6a mudar um pouco as coisas. SILV(RIO8 #ue contratempo. Sen6ores, que tal adiantarmos o nosso batizadoO CL*UDIO8 Disso eu nada sei. ALVARENGA8 Depende tudo de >rancisco de Paula. Não % ele que seria o cabe"a da 0evolu"ãoO SILV(RIO8 Pois auardemos sua decisão. 'aciel nos trar$ bem informados. (ive no Pal$cio... Cem, sen6ores, podem contar comio. Adeus. Se alo 6ouver, num relance estarei de volta. = não s-. GON$AGA8 Adeus... 5Silv%rio sai.7 ALVARENGA8 >oi ele. )Podem contar comio*, eu seiH >oi ele, S- pode ter sido ele. MACIEL8 =steve no Pal$cio ontem, falando com Carbacena. S- pode ter sido ele. LADE8 om o (iscondeO MACIEL8 'ais de 6ora. LADE8 IJ
#ue vai acontecerO GON$AGA8 alma, calma, sen6ores. Somos 6omens de posi"ão. Esso ser$ levado em conta. Carbacena % 6$bil. Não vai criar conflitos in/teis. N-s não fizemos mais que discutir... #ue motivos pode ter para nos querer prenderO CL*UDIO8 Podemos servir de exemplo ao povo, para que ele não fa"a o que n-s pensamos fazer. 'aus fados, amiosH ALVARENGA8 A6, se >rancisco ordena o levanteH... GON$AGA8 Precisar;amos de um 6omem mais decidido. >rancisco de Paula tem cautela... ALVARENGA8 Avan"o meus 6omens 6o!e mesmo, ao cair da noite. Temos que atacar8 % a /nica salva"ão.
MACIEL8 Para encontrar os escravos de Silv%rioO ALVARENGA8 Portuus malditoH 5Apertam:se as mãos.7 PERCUSS0O CORO Aten"ão, aten"ão. 1$ foi dado o sinal. A 6ora % de perio, leve a mão ao pun6alH (RUFOS DE TAM#OR, #ATIDA DE PARADA MILITAR.) CORINGA8 Carbacena % bom pol;tico, e mel6or 6omem de a"ão. Antes que o ven6am prender, manda quem vai prend:lo + prisão. >rancisco de Paula, comandante da Tropa Paa, pensa que ainda pode decidir, tomar randes resolu"
MACIEL8 Ainda temos tempo. (ence quem ousar primeiroH s soldados cumprem as suas ordens. (oc (oc ainda % o comandante. A mel6or defesa % o ataque. (ence quem ousar primeiro. FRANCISCO8 u se salva quem primeiro se arrependerH 'aciel, o levante est$ morto. 1$ ninu%m confia em ninu%m. S- 6avia um camin6o8 a dela"ão. (em, vamos ao Pal$cio. (amos nos salvar. MACIEL8 ArredaH (ai sozin6o. De voc eu esperava a sen6a, não a rendi"ão. FRANCISCO8 G o que me restaH... (ou me salvar. CORINGA8 G tarde. s soldados estão na rua, estão na rua pra prender. CORO DE SOLDADOS #uem mandava !$ não manda, !$ mudou meu comandante8 comandante8 comandante me deu ordem de prender meu comandanteH comandanteH omandante me deu ordem de prender meu comandante. comandante. (PERFILAM-SE ENUADRANDO FRANCISCO DE PAULA.) SOLDADO8 omandanteH omandante me deu ordem de prender meu comandante. comandante. (FRANCISCO A#AIA A CA#EÇA E SAEM OS SOLDADOS COM ELE.) CORO DE SOLDADOS Se!a qual for o reime, liberdade ou tirania, c6ea a 6ora de almo"ar quando bate o meio dia. 6ea 6ora de almo"ar quando bate o meio dia. CORINGA8 = no 0io de 1aneiro outra ca"a principia. De Tiradentes todos foem, menos dois 6omens que o seuem, espias do (ice:0ei. (TIRADENTES #ATE À PORTA DA CASA DA VI!VA IN'CIA.) IN*CIA 5aparecendo78 #uem bateO TIRADENTES8 Sou eu, 1oaquim 1os%. IN*CIA8 #uem bateO TIRADENTES8 Tiradentes. Abre, por favor. IN*CIA8 'as a esta 6ora, meu AlferesO TIRADENTES8 Dois 6omens me seuem8 são espias do vice:0ei. IN*CIA8 Nossa Sen6ora que o uarde. uarde. >u!a, Alferes. >u!a antes que o prendam, prendam, fu!a. TIRADENTES8 Não ten6o pra onde. onde. Lembrei da sen6ora. sen6ora. 'e uarde uarde esta noite em sua sua casaH IN*CIA8 'as como posso uard$:lo se sou vi/va e com donzela em casaO
TIRADENTES8 Donzela que curei de um p% doente. Abra s- por esta noite, ninu%m vai ficar sabendo. IN*CIA8 1$ l6e aradeci e não me canso de dizer que o sen6or % um 6omem bom. >u!a, Alferes, que não quero que nada l6e aconte"a. TIRADENTES8 Se fico mais tempo na rua, % certo que me prendem. Pela /ltima vez, abraH IN*CIA8 ompreenda a min6a situa"ão8 se eu o fizer, ficarei desonrada. TIRADENTES8 Pois então, pela sua 6onra dou min6a vidaHO IN*CIA8 Não desespere. Procure Padre AntMnio, na Ere!a da 'ãe dos omens. =le l6e encontra pousada. Coa noite. ($ com Deus. 5>ec6a a !anela. Tiradentes s- sob o refletor azul.7 CORINGA8 (ai, amio, todos foem de voc. S- 6$ dois 6omens que te seuem. São espias do vice:0ei. (ai, amio, vai sozin6o. CORO DE SOLDADOS 5resce tom e volume.7 Somos soldados da lei, sem direito de pensar. 'andando fazer faremos, se um comandante mandar. CORINGA8 s soldados estão nas ruas de (ila 0ica. =stão na rua pra prender. = ninu%m sabe. Todos pensam em se defender. 'as todos serão presos. um a um, e ninu%m sabe. l$udio e Konzaa não sabem. CL*UDIO8 KonzaaH =stamos perdidos. Por que fomos ouvir aquele 6omemO 'aldito Tiradentes. =m m$ 6ora me armei em libertador. omo se !$ não me bastassem os males da vel6ice. A6, Konzaa, amio. quanto me arrependoH laro, sou mau, libertino, pusil?nimeH 1$ nos ve!o na forca, ossos partidos. Konzaa. vamos fuirH (amos fuirH Para a Ca6ia, vamos a PortualH GON$AGA8 l$udio 'anuel, ?nimoH De n-s não podem saber nada. As leis que pensamos não foram escritas. s planos não foram feitos. S- podem saber de n-s o que n-s dissermos. e n-s não diremos nada. alma. >iquemos no neaH l6a bem pra mim8 estou tão clamo que antes da noite vou escrever uma ode. CL*UDIO8 Não, vamos fuir, fuir, vamos fuir. Ainda % tempo. (amos fuir. fuir. 50ufos.7 CORINGA8 G tarde. s soldados estão na rua. =stão na rua pra prender. (AUMENTAM OS RUFOS.) CORO DE SOLDADOS Todos ostam de Konzaa, 6omem bom quase perfeito. 'andaram prender eu prendo, não importa se % direito. 5Perfilam:se enquadrando Konzaa.7 SOLDADO8 Tom$s AntMnio Konzaa. =m nome da 0ain6a est$ preso. 'andaram prender eu prendo, não me importa se % direito. (GON (GONZA ZAGA GA E CL'U CL'UDI DIO O #AI #AIAM AM A CA#E CA#EÇA ÇA E SAEM SAEM ENU ENUAD ADRA RADO DOS S PELO PELOS S SOLDADOS.) CORO DE SOLDADOS Se!a qual for o reime.
liberdade ou tirania, c6ea a 6ora de almo"ar quando bate o meio dia. CORINGA8 = no 0io de 1aneiro outra ca"a continua. De Tiradentes todos foem, menos dois 6omens que o seuem, espias do (ice:0ei. (M!SICA LIT!RGICA. TIRADENTES NO CONFESSION'RIO.) TIRADENTES8 1$ estou instalado, padre, e l6e arade"o. A casa % seura e o dono 6omem s%rio. 'as no 0io estou sozin6o. sozin6o. Preciso Preciso com urncia urncia encontra encontrarr alu%m. alu%m. sen6or sen6or % a /nica /nica pessoa pessoa que me pode prestar prestar mais esse favor. Ten6o que me encontrar com o amio que me resta. G um rande amio e compan6eiro. PADRE8 Dia o nome que eu vou buscar. TIRADENTES8 1oaquim Silv%rio dos 0eis. (CONTINUA A M!SICA SACRA.) CORINGA8 Não, amio, todos foem de voc. (oc est$ sozin6o. sozin6o. S- 6$ dois 6omens que te seuem8 são espias do (ice:0ei. CORO DE SOLDADOS 'andando fazer faremos, se um comandante mandar& somos soldados da lei, sem direito de pensar. CORINGA8 s soldados estão nas ruas de (ila 0ica. =stão na rua pra prender. = ninu%m sabe o que fazer. 'uitos pensam delatar e ninu%m sabe. G o que Alvarena quer. 'as !$ não pensa assim sua mul6er. ALVARENGA8 uidadoHH... S- tem um camin6o8 delatar. 'as tudo depende de vocH Se eu resolvo delatar e voc não me impede, voc % respons$vel. Se eu resolvo delatar e voc me impede, voc tamb%m % respons$vel. B*RBARA8 = voc, não % respons$vel por nadaO ALVARENGA8 Não fui eu o primeiro a pensar em Endependncia, não fui eu o primeiro a contar tudo ao visconde, não fui eu que fiz nada. Aora me obriam a fazer. B*RBARA8 Tamb%m voc não vai ser o primeiro a trair. ALVARENGA8 'as assim eu me salvoH B*RBARA8 'as o que % que voc quer salvarO A voc sozin6o, ou +s id%ias que vocs defendiam !untosO ALVARENGA8 Não 6avia id%ia coisa nen6uma, nen6uma, que 6avia %ramos %ramos nos !untos. !untos. B*RBARA8 que te interessava não era a causa, era o sucesso. ALVARENGA8 Não % verdade8 quando quando penso em delatar, delatar, penso no que a min6a salva"ão salva"ão pode trazer trazer no futuro. #ue adianta se todos os 6omens com ideais desse pa;s forem enforcados. =nquanto um sobreviver, a id%ia não morre... 2
B*RBARA8 1$ % tarde, ninu%m se preserva mais. S- o primeiro que delatou. =le pode alear virtude. Nos que vem depois fica claro o medo... (oc não vai delatar, eu não deixo. Nem que se!a preciso usar a for"a, eu não deixo. CORINGA8 G tarde. s soldados estão nas ruas. =stão nas ruas pra prender. que foi dito se ouviu, e quem o disse responde. 5Soldados em coro de CK. Avan"am, enquadram Alvarena e o levam como aos outros, durante a fala do orina, cantando a melodia em boca c6iusa.7 = todos foram presos, um a um. #uem disse uma palavra, quem a ouviu dizer, quem soube que a tin6am dito, um a um foram presos. At% 1oaquim 1os% da Silva 9avier, o Tiradentes, que foi o primeiro. 5Soldados saem com ordens de marc6a e cantos, s- com vocaliza"ão sem texto.7 SILV(RIO8 Não % poss;velH TIRADENTES8 Silv%rio, 6$ trs dias que eles me seuem. São dois 6omens de biodes, como os da Tropa Paa. nde eu vou eles !$ estão& se eu fico, eles aparecem. Da pr-xima vez vou com eles pra uma esquina e os arrebento com min6a espada... SILV(RIO8 alma, 1oaquim 1os%. TIRADENTES8 = o pior % que o (ice:0ei não me quer dar autoriza"ão pra voltar para as 'inas... >ala com ele voc, talvez voc consia... SILV(RIO8 Pode deixar que eu falo. 5Tudo que diz, diz sincero.7 TIRADENTES8 'as tem cuidado. Toda vez que falo com ele, sinto que ele con6ece at% meu pensamento. Kostaria de saber quem instruiu o (ice:0ei dessa maneira. SILV(RIO8 >ica sosseado. 'ais cedo do que voc pensa o (ice:0ei d$ o passaporte. TIRADENTES8 A6, se eu me apan6o nas 'inasH... 6eando l$, mesmo sozin6o, levanto os mineiros, peo e acabo com o Carbacena. Ten6o que fazer tudo sozin6o. =ssa ente que tem muito pra perder, não pode pensar em liberdade. (oc não, meu amio, voc % diferente, eu sei que % SILV(RIO8 Sim de fato. =u tin6a muito a perder com a Endependncia. TIRADENTES8 >oi duro pra voc, não foiO SILV(RIO8 G... =u arrisquei tudo... (ale a pena... TIRADENTES8 G que voc tem o que falta aos outros8 um idealH SILV(RIO8 Deixa disso... =ntãoO onseuiu pousoO TIRADENTES8 onseui, mas não foi f$cil. SILV(RIO8 ndeO TIRADENTES8 Na 0ua dos Latoeiros. SILV(RIO8 Na casa de quemO TIRADENTES8 @
De Dominos >ernandes. Com 6omemH SILV(RIO8 uidado para que ninu%m saiba onde voc est$. G bom desconfiar de todo mundo. TIRADENTES8 Cananas eles são, mas trair ninu%m trai. SILV(RIO8 Sei, não. =sse 'aciel.,. ama e mesa com o Carbacena... TIRADENTES8 Não faz mau !u;zo. Sabe, arran!ei um bacamarte emprestado. ansei de esperar autoriza"ão. (ou pra 'inas de qualquer !eito. Pelo meio do mato, enfrentando o que vier. 6eando l$, a coisa est$ feita. SILV(RIO8 alma, 1oaquim 1os%. =u falo com o (ice:0ei. Dependendo da resposta, voc vai. A; eu vou com voc. A ente abre camin6o + bala. TIRADENTES 5estendendo a mão78 =u te esperoH SILV(RIO8 =u fico te proteendo. TIRADENTES8 Coa sorte. SILV(RIO8 0ua dos Latoeiros, casa de Dominos >ernandes. 50ecua e permanece em cena, vis;vel.7 CORINGA8 s espi
CORO DE SOLDADOS Prender padre % sacril%io, eu que ten6o meu respeito, mas mandam prender eu rezo e prendo do mesmo !eito. SOLDADO 5Soldado, a!oel6ando:se em frente ao padre78 'andaram prender, pe"o a bn"ão. 5Levanta:se.7 = prendo do mesmo !eito. 5 padre sai com o oro de Soldados.7 CORO DE SOLDADOS Se!a qual for o reime, liberdade ou tirania, c6ea a 6ora de almo"ar, quando bate o meio dia. CORINGA 5entra violentamente como personaem78 uidado, Tiradentes. =stão batendo na porta. G ente que vem prender. TIRADENTES8 #ue ven6amH l6a pela !anela. 5Pea o bacamarte.7 CORINGA8 I
G Silv%rio dos 0eis, teu amio. TIRADENTES8 'as, então, por que o espantoO Deixa entrar. (CORINGA VOLTA A SER CORINGA E AFASTA-SE.) CORINGA8 espanto % que ele ven6aH espanto % que ele entreH 5=ntra Silv%rio.7 espanto % que ele sorriaH 5Silv%rio sorri.7 espanto % a confian"a que tiveram nele. 5Tiradentes abre os bra"os.7 espanto % que eles se abracem. 5Abra"am:se.7 espanto % a trai"ãoH (GUARDAS E SOLDADOS ENTRAM. SIL$NCIO. TIRADENTES OLHA SILVÉRIO OLHA PARA OS SOLDADOS. DEIA DE LADO O #ACAMARTE SILVÉRIO PEGA-O E APONTAO CONTRA TIRADENTES. OS SOLDADOS O ENUADRAM E O ALGEMAM. S"LVÉRIO COMANDA O PELOTÃO COM ECLAMAÇÕES UE NÃO FORAM PALAVRAS. TODOS SAEM.) CORINGA8 espanto % a morteH = a morte vir$H (EPLODE A CANÇÃO DAS 1CAMPANHAS DE LI#ERTAÇÃO2 COM TODO O ELENCO.) CAN:0O =spanto que espanta a ente, tanta ente a se espantar, que o povo tem sete fMleos. #uanto mais cai, mais levanta& e mais sete tem pra dar. 'il vezes !$ foi a c6ão. De p%H 'il vezes !$ foi ao c6ão. Povo levanta na 6ora da decisão. =spanto que espanta a ente, tanta ente a se espantar, não % de 6o!e que esse povo vem dando demonstra"ão8 Alfaiates na Ca6ia, Calaios no 'aran6ão, abanada no Par$, Palmares no Sertão. Não s- contra os de fora foi o povo !usticeiro8 contra a fome e a mis%ria levantou:se o arimpeiro& contra os fortes desta terra levantou:se o consel6eiro& de p%, contra toda tirania sempre de p% est$ o brasileiro. =spanto que espanta a ente tanta ente a se espantar, que o povo tem sete fMleos. #uanto mais cai, mais levanta& e mais sete tem pra dar. 'il vezes !$ foi ao c6ão. De p%H 'il vezes !$ foi ao c6ão Povo levanta na 6ora da decisão.
6 EPIS7DIO
E9PLICA:0O CORINGA8 = todos foram presos : um a um. = o processo come"ou. >oram trs anos de suspense, trs anos de terror. A 0ain6a !$ 6avia resolvido comutar a pena capital de todos. 'enos de um8 o cabe"a. 'enos de um8 Tiradentes. Tudo podia ter sido feito em menos tempo. Por%m a 0ain6a tin6a leis severas contra a popula"ão. =ra necess$rio prolonar o terror para aplicar as leis. s !uizes não eram autMnomos8 representavam a 0ain6a que encarnava o =stado. Por isso, não 6avia necessidade de advoados de defesa durante a fase de instru"ão de processo. Depois, um foi nomeado. m para todos. Sua tarefa8 produzir alea"oi ali que lamentou o r%u ter cumprido a ordem de seu comandante quando interroou e espancou na forma de lei o arimpeiro 'anuel Pin6eiroH Na casa de 'Mnica 'aria que instou o abo 1erMnimo de astro e Souza a que iniciasse, ali mesmo no bordel, uma subleva"ão e motim contra o poder realH &UI$8 onfirma o respondente as declara"rancisco de Paula >reire de Andrade. (ossa 'erc % acusado de primeira cabe"a contra a pessoa e o =stado de nossa Auusta Soberana D. 'aria. Tem alo mais a declarar ou demncia a pedirO FRANCISCO8 lemncia pe"o. pois a meu ver, um militar deve sempre ser perdoado. &UI$8 = por que não um civilO FRANCISCO8 A 6onra do militar % a obedincia. =u sempre obedeci. &UI$8 Diz a lei, e dizem os costumes, que % dever de todo vassalo, militar ou civil, denunciar qualquer infidelidade de que se torne sabedor. FRANCISCO8 = eu assim o fiz. &UI$8 (ossa carta de den/ncia c6eou dez dias depois da primeira, quando a on!ura"ão !$ era fato con6ecido. FRANCISCO8 'in6a culpa são dez dias. &UI$8
= mais8 em casa de (ossa 'erc se reuniam os con!urados. nde estava a obedinciaO FRANCISCO8 A quem obedece o soldadoO Ao poder que vie. Por%m, nen6um poder se eterniza. s que o tornam se sucedem8 +s vezes por dinastia, outras por violncia. Neste tr?nsito, 6$ um momento vazio, quando co:existem dois poderes8 o deposto e o que vence. Neste vazio, a obedincia se dualiza. Por isso, o militar deve ser sempre perdoado. &UI$8 Saiba, oronel, que o tr?nsito não % natural. Não procede por necessidade. S- se faz, se o con!unto de obedincias se desloca. Dois poderes não viem a um s- tempo. Se a obedincia de (ossa 'erc se deslocasse em favor dos rebeldes, estariam eles aora no poder, e os r%us ser;amos n-s. FRANCISCO 5depois de uma pausa, sorrindo78 Se min6a obedincia não se deslocou, de que me acusamO... &UI$ 5tamb%m depois de pausa78 Se não se deslocou, ter$ sido por virtude ou covardiaO
FRANCISCO8 Na falta de prova evidente, % certo que foi virtude. &UI$8 =vidente % vossa casa como local de reuni
p-lvora e ferro. r%u afirmou que os nativos desta terra viveriam bem mel6or sem o !uo estraneiro, salientando que se 6ouvesse mais 6omens como ele : o 0%u :, o Crasil seria uma na"ão florente. = a sua loucura c6eou ao ponto de bradar que pelo bem desta p$tria seria at% mesmo capaz de esquarte!ar e quebrar + ma"a os sarados ossos de nossa Auusta Soberana, que Deus nos livre e Deus a uarde. &UI$8 onfirma o respondente as declara"
&UI$8 0everendo8 um poder não existe em sua essncia. =xiste no dia:a:dia. #uando % dif;cil para o povo aceit$:lo, o poder se revela em seus excessos. =le se aplica com brandura ao povo d-cil, com eneria ao amotinado. Não % por capric6o que o =stado se mostra de uma ou de outra forma8 % por necessidade, % por dese!o de preservar:se. Numa 0ep/blica Democr$tica como a que foi son6ada por (ossa Paternidade, o povo descontente elee e troca seus overnantes. 'as num sistema como este em que vivemos, a impopularidade do poder % compensada pela sua for"a. s excessos de um sistema são a sua essncia. = se contra eles luta a ire!a, não luta apenas contra os excessos do poder mas contra o poder em si. = assim se torna revolucion$ria. >ica provada a vossa culpaH P; CARLOS8 Se min6a culpa % o que dizeis, aceito a culpaH (RETORNA O TEMA MUSICAL DE 1ESTOU S2 - AMPLIADO.) &UI$8 onfirma o respondente ter participado de reunirancisco de PaulaO TIRADENTES8 Não. Se l$ estive, participei apenas de conversa"ão informal. SILV(RIO8 = nessas conversa"
Koverno, criassem uma bandeira e proclamassem a 0ep/blica. At% mesmo falou na liberta"ão dos escravos, em ex%rcitos de apoio que viriam do 0io e da Ca6iaH = o que % mais rave, em apoio militar do estraneiro. CORO 5baixin6o78 =stou s-. Sempre estive s-. Aprendi e aora sei8 s- dois 6omens me seuiam, espias do (ice:0eiH &UI$8 onfirma o respondente as declara"
DOMINGOS8 ulpa eu não ten6oH s soldados são testemun6asH #uando fui preso, eu at% que estava eloiando as medidas de violnciaH =u ac6o at% que era pouco, precisava de mais. #uem tem culpa % o Alvarena, que, por mando de Tiradentes, me mandou trazer a p-lvoraH &UI$8 En$cio 1os% de Alvarena PeixotoH ALVARENGA8 ulpa eu não ten6oH =u at% que estava me divertindo + randeH Todo mundo pensando em cortar a cabe"a de todo mundoH abecin6a fora aquiH abecin6a fora aliH S- podia levar na al6ofa. ulpa tem min6a mul6er, que, dando ouvidos a Tiradentes, ac6ava de bom tom que eu participasse do movimento, e : na frente de l$udio 'anoel da osta : c6eou a dizer que mel6or seria fazer o motim primeiro e a bandeira depoisH &UI$8 l$udio 'anoel da ostaH 5Silncio.7 l$udio 'anoel da ostaH SOLDADO8 l$udio 'anoel da osta faleceu na prisão, =xcelnciaH Suicidou:se no dia I de !ul6o de 3J4. &UI$8 #ue conste dos autos. 56amando.7 Sarento:'or >rancisco AntMnio de liveira LopesH OLIVEIRA8 ulpa eu não ten6oH #ue eu falei que estava a favor da revolu"ão, falei mesmo. 'as % que eu encontrei Tiradentes a camin6o das Kerais e ele paava tudo que eu comia e bebiaH =u não podia fazer uma desfeita a eleH Tin6a at% de concordar com essas id%ias, malditas. sen6or não concordavaO Se ele paasse, o sen6or não concordavaO ulpa tem a vi/va En$cia que deu uarida pra ele no 0io de 1aneiroH &UI$8 (i/va En$cia de TalH IN*CIA8 ulpa eu não ten6oH =u at% que disse a ele8 )Seu Alferes, seu Alferes, o sen6or acaba se perdendo, e eu não quero complica"il6a Donzela de P% Doente da (i/va En$ciaH FIL/A8 ulpa eu não ten6oH #ue culpa eu posso terO =u estava andando descal"a na rua e espetei o p%& arruinouH (eio min6a mãe vi/va e disse que tin6a um 6omem a; que, al%m de tirar dente, entendia de curativo. (eio ele e me curou. ulpa quem tem % ele, pondo todo mundo nesse embrul6o e não 4
tin6a nada de buli com meu p%H CORO 5baixin6o78 Celo son6o que eu sentava. =ra o povo que son6ava. A contar o meu son6o + ente, não era ao povo que eu contava. =stou s-. Sempre estive s-H =u pensava ser seuido, mas sempre estive s-. &UI$8 1oaquim 1os% da Silva 9avierH onfirma sua neativas anterioresO TIRADENTES8 SimH &UI$8 Nea estivesse o ouvidor Tom$s AntMnio Konzaa incumbido de elaborar as leis da 0ep/blica que se pretendiaO TIRADENTES8 ouvidor Konzaa era meu inimio. Não ten6o nen6uma razão para defend:lo, mas nunca soube que fosse entrado em nen6uma conspira"ão, nem nunca ouvi falar em conspira"
GON$AGA8 G poss;vel. Não querendo me envolver na onspira"ão bem podem ter dito a outros que eu nela !$ estivesse. &UI$8 om que fimO GON$AGA8 Para que não me procurassem ou para mel6or conseuirem adeptos. &UI$8 As informa"
GON$AGA8 onstando ou não, nunca me arriscaria a entrar numa con!ura contra os parentes da min6a noiva. #ue conste tamb%m que todos eles são militares. &UI$8 Dos Autos consta que muitos militares entraram na sedi"ãoH GON$AGA8 s parentes de min6a noiva, al%m de militares, são portuueses que não lutariam contra sua P$tria. Ali$s, portuus tamb%m sou eu. &UI$8 >il6o de brasileiro, por%m. = os portuueses que para c$ vm sem pretender voltar, são brasileiros. GON$AGA8 'uitos pretendiam. padre arlos de Toledo tin6a viaem marcada para Portual, e tamb%m o Tenente:oronel >rancisco de Paula. 1os% 0ezende osta preparava o fil6o para a niversidade de oimbra. &UI$8 Não sendo (ossa 'erc um dos con!urados, % de admirar que sobre eles con6e"a tantoH GON$AGA8 on6e"o de ouvir dizer. &UI$8 #uando se ouve, um pouco se fala. GON$AGA8 omo exerc;cio intelectual, % poss;vel que muita coisa ten6a eu dito. 'as sempre como 6ip-tese de potncia e não de ato. &UI$8 Parece razo$vel. omo 6ip-tese de potncia (ossa 'erc teria fabricado as leis da Nova 0ep/blicaH GON$AGA8 Sempre em teoria. Sendo !urista, % meu dever pensar em tudo que pode ser pensado, mesmo que imposs;vel. omo !urista, alumas leis foram imainadas. Todas partindo de uma premissa falsa e odi$vel8 a 0ep/blica Democr$tica. &UI$8 #ue leisO GON$AGA8 fim da escravidão, por exemplo. Todos os neros seriam livres, fim da su!ei"ão a qualquer Pa;s estraneiro. Todos os brancos, neros e mulatos seriam livres. fim de qualquer poder 6omoneo, militar ou econMmico. Toda a na"ão seria florescente. Tudo isso foi pensado como 6ip-tese de potncia e não de ato. 'as se eu soubesse que essas conversas eram mais que mero entretenimento, eu as teria denunciado. &UI$8 Sen6or Konzaa, quando um vassalo, ainda que teoricamente, discute os camin6os que levam + liberdade do povo, ainda que não pretenda, lan"a luzes para que o povo se liberte. Portanto, % criminoso. Não seria crime se (ossa 'erc discutisse 6ip-tese de fatos imposs;veis. Por%m, como a liberdade do povo depende tão somente de que o povo a conquiste, como a liberdade do povo % sempre poss;vel, % sempre crime discuti:la. Liberdade, pois, % uma palavra que deve ser esquecida, pois mencion$:la % o primeiro passo para conseui:la. GON$AGA8 A 6ip-tese de (ossa =xcelncia me parece bem defendida e explicada. Por%m, quando eu falava em liberdade, eu o fazia como um simples exerc;cio intelectual. Nunca pensei que fosse fato poss;vel. Sen6or 1uiz, quem afirma que a liberdade % poss;vel % (ossa =xcelnciaH = isto eu aprendo aora. aqui, nesta sala e tribunalH Não posso ser acusado de não con6ecer o que s- aora % revelado. Portanto, sou inocenteH
&UI$8 Sem d/vida... = uma 6ip-tese... (OS DOIS CONTINUAM-SE FITANDO COM UM MEIO SORRISO, UANDO SÃO INTERROMPIDOS.) TIRADENTES8 =xcelnciaH 1$ aora nada mais ratifico. At% aora neuei, não por querer encobrir min6a culpa, mas por não querer perder ninu%m. Por%m, + vista das fort;ssimas inst?ncias com que me ve!o atacado e !$ sabendo os !u;zes tudo quanto sabem 5Sobe o tema de )=stou s-* apenas com m/sica.7, at% mesmo meus pensamentos mais ;ntimos, não posso continuar neando, pois, se o fizesse, seria faltando clara e con6ecidamente + verdade. Por isso, resolvo diz:la, innua e livremente, como ela %. G verdade que se pretendia o levante. = verdade que me encontrei com 'aciel no 0io e l6e disse que o Crasil não necessitava do dom;nio estraneiro. G verdade que a todos falava de um 'otim e Sedi"ão contra a oroa Portuuesa. G verdade que o povo sofre e que induzi muita ente a combater em (ila 0ica. G verdade que o povo inora que se pode libertar a si mesmo e que induzi muita ente a que armasse o povo para que se libertasse. G verdade que eu queria para mim a a"ão de maior risco e % verdade que, se existissem mais brasileiros como eu, o Crasil seria uma Na"ão florente. G verdade que eu dese!ava meu pa;s livre, Endependente. 0epublicano. = verdade que eu confiei demais, e % verdade que abandonei aqueles para quem outros diziam querer a liberdade. = % verdade que s- os abandonados arriscam, que s- os abandonados assumem, e que s- com eles devia tratar. G verdade que eu ten6o culpa e s- eu ten6o culpa. = % verdade que estou s-. (IRROMPE A CANÇÃO.) CORO Dez vidas eu tivesse, Dez vidas eu daria, Dez vidas prisioneiras Ansioso eu trocaria Pelo bem da liberdade, Nem que fosse por um dia. Se assim fizessem todos, Aqui não existiria Tão nera su!ei"ão, #ue d$ fei"ão de vida Ao que % mais feia morte8 'orrer de quem aceita (iver em escravidão. Dez vidas eu tivesse, Dez vidas eu daria 'ais vale eruer a espada Desafiando a morte Do que sofrer a sorte De sua... Dez vidas eu tivesse, Dez vidas eu daria, Dez vidas prisioneiras Ansioso eu trocaria Pelo bem da liberdade... (CONTINUA O CORO EM 1#OCA CHIUSA2 - FESTA E FEIRA DO ENFORCAMENTO EEMPLAR.) CORINGA8 = todos foram presos, um a umH m a um foram !ulados. m a um sentenciados, numa senten"a comum. Na mesma forca 6aviam de morrer. Na forca mais alta que se pudesse construir. ns esquarte!ados para que suas partes fossem exemplo. utros c6icoteados pelas ruas da cidade. m 2
com preão e bra"o conduzido. Preão que apreoava8 PREG0O8 =ste 6omem indino % das nossas mem-rias, mas se ficar de todo no esquecimento, nen6um proveito tiraremos de seu exemplar castio. 5Seue sua ladain6a.7 (CONTINUA O CORO DE #OCA CHIUSA.) CORINGA8 =sse 6omem : TiradentesH >oi tempo de desespero. nze 6omens condenados, dois mortos na prisão, absolvidos. m terceiro morto, um suicida, infamado at% a terceira era"ão. >oi tempo de desespero. VO$ES 5Atores alomerados a um canto, superpondo frases78 Ai que não pode ser verdadeH = eu que ia para oimbraH 'aldita loucura do alferesH Alu%m ainda vai me salvarH Sou 6omem de posi"ãoH 1$ não 6$ respeitoH Esso % inf?miaH 'in6a fil6a tin6a doze anosH = eu que deixo um na barriaH #ue mais querem, !$ me a!oel6eiH 1$ neuei tudo o que disse e que fizH Pedi perdão e demnciaH Padre, existe o outro ladoO #uem se arrepende encontra perdãoH Não !$, depois da morteH =u te absolvo em nome do Padre, do >il6o, do =sp;rito SantoH s confessados !$ podem morrerH = eu que nunca me meti em pol;ticaH 5Kritando.7 1ulianaH 1ulianaH TIRADENTES8 Dez vidas eu tivesse. Dez vidas eu daria, dez vidas prisioneiras, Ansioso eu trocaria pelo bem da Liberdade, #ue fosse por um diaH #ue fosse por um dia, Ansioso eu trocaria... (AS VOZES VÃO SE MISTURANDO, REPETEM-SE AS ECLAMAÇÕES A VOZ DE TIRADENTES E O ACOMPANHAMENTO MUSICAL FICAM MAIS FORTES.) A0AT 5interrompendo78 Aten"ãoH Todos de p%H (CESSA TUDO.) ARAUTO8 arta da nossa Piedos;ssima, lement;ssima e Auust;ssima Soberana, D. 'ariaH CORINGA8 =sta carta !$ estava na mão dos !u;zes 6$ dezoito meses. $ dezoito meses os !uizes se compraziam. $ dezoito meses. ARAUTO8 Por vontade da tal Sen6ora, a todos se comuta a pena de morte para deredo em Vfrica. 5=ntusiasmo eral.7 'enos a um que se fez indino da 0eal Piedade da mesma Sen6oraH 5A rquestra sozin6a volta com o tema de )=stou s-*. ontinuam a alazarra. distinuindo:se os ritos78 #uerid;ssima 0ain6a, sou vosso servo mesmo que ao inferno me mand$sseisH (iva D. 'aria H #ue pelo menos dessa vez eu possa diz:la min6aH Cei!o o p-, bei!o os p%s de cada soldadoH Deus, $ Deus, tu existesH =u te arade"oH (iva PortualH ARAUTO8 0%u >rancisco de Paula, desterrado para Pedra Ancoc6e. 0%u 1os% Vlvares 'aciel, para 'ozano. @
0%u Alvarena Peixoto, para Dande, 0%u Luiz (az, para abambi. 0%u liveira Lopes, para Ci%. 0%u Dominos de Abreu, para o pres;dio de 'ac6imba. 0%u Amaral Kurel, para atalã. 0%u 0ezende Pai, para Cisal. 0%u 0ezende >il6o, para abo (erde. 0%u Tom$s AntMnio Konzaa, para 'o"ambique. (TODOS. AO SEREM CHAMADOS, FORAM SAINDO, A#RAÇANDO-SE UNS AOS OUTROS. FICAM S TIRADENTES, O ARAUTO E O CORINGA.) ARAUTO8 'enos a um que se tornou indino da 0eal Piedade da Dina Sen6ora8 Alferes 1oaquim 1os% da Silva 9avier. (SAI O ARAUTO. FICA S TIRADENTES ACORRENTADO. O CORINGA APROIMA-SE LENTAMENTE EM PROFUNDO SIL$NCIO. ACOCORA-SE DIANTE DELE.) CORINGA8 = então, como % que %O TIRADENTES8 Dez vidas eu tivesse, dez vidas eu daria pra que eles não morressem por um crime que não cometeram. CORINGA8 = aora. como %O TIRADENTES8 Não sei... Armei uma meada taman6a que nem em cem anos eles vão conseuir desatar... (CORINGA OLHA-O POR INSTANTES. A#RAÇA-O FIRMEMENTE E SAI.) (ENUANTO ISSO, SURGE O CORTE&O. CARRASCO À FRENTE, E OUVE-SE O PREGÃO.) PREG0O8 =sse 6omem indino % das nossas mem-rias, mas se ficar de todo no esquecimento. nen6um proveito tiraremos do seu exemplar castioH (O CORO REPETE O PREGÃO. SURGE A FORCA O CARRASCO, CAPITAN", A&OELHA SE DIANTE DO CONDENADO.) CAPITANI8 PerdãoH =u mato cumprindo pena, e min6a pena % matarH VO$8 =smolasH =smolas pra missa pra salva"ão da alma do infame r%uH =smolasH =smolas pra missa pra salva"ão da alma do infame r%uH TIRADENTES8 =st$ perdoado. irmão. Todos estão cumprindo penaH 'enos eu. (TIRADENTES SO#E A FORCA.) CORO Dez vidas eu tivesse, Dez vidas eu daria, Dez vidas prisioneiras Ansioso eu trocaria Pelo bem da liberdade, #ue fosse por um diaH #ue fosse por um dia, Ansioso eu trocaria. VO$; =smolasH =smolasH =smolas pra missa pra salva"ão da alma do infame r%uH CORO Dez vidas eu tivesse, Dez vidas eu daria, I