Professor Roberto Gaspari Beck
2 ÍNDICE: 2. Índice. 3. Introdução à Cinesiologia. 4. Ementa da disciplina de Cinesiologia. 6. Conceito de Cinesiologia; Movimentos Articulares baseados em Planos Anatômicos; Movimentos Articulares Baseados na Forma Anatômica (Classificação das Articulações). 7. Movimentos Articulares do Corpo Humano. 9. Grau de Liberdade Articular; Cadeias Cinemáticas. 10. Estudo das Alavancas. 11. Estudo do Torque. 12. Contrações Musculares. 13. Sinergia e Própriocepção. 14. Divisão do Sistema Nervoso. 15. Doping. 16. Introdução à Análise de Movimentos. 18. Músculos Motores Primários e Motores Acessórios Segundo Rasch & Burke. 22. Estudo do Ombro. 23. Estudo do Cotovelo; Estudo do Punho. 24. Estudo da Coluna Vertebral. 27. Estudo do Quadril. 29. Estudo do Joelho. 31. Paradoxo de Lombard; Estudo da Patela. 32. Estudo do Tornozelo. 34. Cinesiologia da Postura. 35. Índice Raquidiano de Delmas; Desvios Posturais da Escápula. 36. Estudo Postural da Coluna Vertebral. 37. Hérnia de Disco. 38. Resistência da Coluna Vertebral à Força de Compressão; Estudo da Cifose; Estudo da Escoliose. 39. Método de Cobb (RX); Teste de Adams. 40. Estudo da Lordose; Ritmo Lombo Pélvico. 41. Ação Paradoxal do Psoas; Cinesioterapia. 42. Desvios Posturais do Joelho. 43. Estudo das Lesões Comuns no Joelho. 44. Estudo Postural do Tornozelo e do Pé.
3 DISCIPLINA DE CINESIOLOGIA:
INTRODUÇÃO: A disciplina de Cinesiologia é fundamental na formação acadêmica dos profissionais de Educação Física, nos cursos de bacharelado e licenciatura. Complementando a Anatomia e a Fisiologia e dando suporte teórico para a Biomecânica, esta disciplina constitui-se como uma das que compõem o eixo central de formação acadêmica dos futuros profissionais de Educação Física atuando na construção direta da “Ciência do Movimento Humano”. A seguir estarão listados por módulos os conteúdos básicos desta disciplina para uso nos cursos de graduação em Educação Física, bem como um modelo de Plano de Ensino.
4 Ementa da Disciplina:
Conhecimento e classificação dos músculos que realizam os movimentos das principais articulações do corpo humano. Fatores orgânicos e psicológicos que interferem no desempenho físico. Sequências motoras simples e complexas. Mecânica óssea, articular e muscular. Prática pedagógica, sob a orientação e supervisão docente, compreendendo atividades de observação dirigida ou experiências de ensino. Justificativa:
A disciplina de Cinesiologia é de extrema importância na formação acadêmica do profissional de Educação Física. A presente disciplina tem como finalidade fornecer elementos teórico-práticos que possam contribuir na atuação do profissional de Educação Física nas áreas de docência e agente da saúde. Os conteúdos programáticos apreendidos nesta disciplina estão diretamente relacionados com os conteúdos das disciplinas que envolvem o profissional da Educação Física na sua totalidade. Objetivo Geral:
Compreender, cinesiológicamente, o movimento humano de forma intrínseca e extrínseca. UNIDADE 1 – CONTEÚDOS:
Introdução à Cinesiologia. Osteologia e mecânica óssea. Artrologia e mecânica articular. Conceito de alavancas. Cálculo da força muscular através do torque. Diferenças da Anatomia Estática para a Anatomia Funcional. Fatores fisiológicos e mecânicos na função muscular. Miologia. A Contração muscular a partir de um conceito mecânico. Sinergia e Própriocepção. Fatores que afetam o desempenho motor. Sistemas Simpático e Parassimpático.
Objetivos Específicos da UNIDADE 1: Adotar corretamente a terminologia cinesiológica. Compreender e ressignificar a anatomia estática para a anatomia funcional. Entender de forma extrínseca, através da interpretação da ação das alavancas, a contração muscular. Identificar as contrações musculares em exercícios pré-estabelecidos de forma intrínseca e extrínseca. Compreender as ações do sistema nervoso autônomo e do voluntário durante a prática dos exercícios físicos e dos desportos. UNIDADE 2 – CONTEÚDOS: Estudo segmentado das articulações do Ombro, cintura escapular, cotovelo, punho, coluna vertebral, quadril, cintura pélvica, joelho e tornozelo. Anatomia funcional das articulações e análise de movimentos. Paradoxo de Lombard. Objetivos Específicos da UNIDADE 2: Identificar os músculos motores primários das articulações e suas ações articulares. Compreender o movimento articular através da ação dos músculos agonistas, antagonistas, sinergistas e fixadores. Analisar movimentos simples e complexos de forma cinesiológica. UNIDADE 3 – CONTEÚDOS: Estudo dos problemas posturais (Escápula alada, escápula abduzida; Ombro elevado, Ombro deprimido, Lordose, Escoliose, Cifose; Joelho valgo; Joelho varo; Joelho flexo; Joelho recurvado; Pé plano; Pé cavo; Pé equino; Pé calcâneo; Tornozelo Varo e Tornozelo valgo). Cinesioterapia; Ritmo lombar Pélvico; Ação paradoxal do Psoas durante a prática de exercícios abdominais. Objetivos específicos da UNIDADE 3: Conhecer, identificar e elaborar exercícios corretivos para os problemas posturais. Entender e relacionar com a prática de exercícios físicos a Fisiopatologia da Coluna Vertebral.
5 Bibliografia Básica:
Rash & Burke. Cinesiologia e Anatomia Aplicada. 5ª ed. ED. Guanabara RJ 1987. Philip J. Rash. Cinesiologia e Anatomia Aplicada. 7ª ed. ED. Guanabara Koogan, 1989. W. Hollmann e Th Hettinger. Medicina de Esporte. Edição revisada. ED. Manole. SP 1989. Astrand e Rodahl. Tratado de Fisiologia do Exercício. 2ª ed. ED. Guanabara RJ. 1987. Kapandji, ª I. fisiologia Articular. 5ª ed. Panamericana: SP. 1998.
Bibliografia Complementar:
Angelo Machado. Neuroanatomia Funcional. 2ª ed. ED. Atheneu SP, 2005. Sebastião Vicente de Castro. Anatomia Fundamental. 2ª ed. ED. McGraw-Hill do Brasil SP, 1974. Calais-Germain, B. Anatomia para o Movimento: Introdução as técnicas corporais. Vol 1. Manole SP 1992. Carr, G. Biomecância dos Esportes. Manole: SP, 1998. Durward, R. B. et al. Movimento Funcional Humano - mensuração e análise. Manole: SP, 2001. Rolf Wirhed. Atlas de Anatomia do Movimento. Manole. SP. 1986. J. Weineck. Anatomia Aplicada ao Esporte. Manole. SP. 1984. Settineri. Biomecânica, Noções Gerais. Livraria Atheneu. SP. 1988. Hay/Reid. As Bases Anatômicas e Mecânicas do Movimento Humano. Prentice/Hall do Brasil. RJ. 1985 Hall, S.J. Biomecânica Básica. Guanabara Koogan. RJ. 2000. Miranda, E. Bases de anatomia e cinesiologia. Sprint. RJ. 2000. Campos, M. A. Biomecânica da Musculação. Sprint. RJ. 2000.
6 CONCEITO DE CINESIOLOGIA: A palavra Cinesiologia é derivada do Latim, onde Kinesis (movimento) e Logus (Estudo) definem Cinesiologia como o “Estudo do Movimento Humano”. Em cinesiologia estudamos os movimentos articulares e todas as suas relações com o tempo e o espaço, logo a Cinesiologia está intimamente ligada aos estudos da Anatomia, Fisiologia e a Física, tornando-se básica para o entendimento da Biomecânica. TERMINOLOGIA CINESIOLÓGICA: Em cinesiologia adotamos uma terminologia singular na descrição dos movimentos articulares, assim deixaremos de falar em flexão de pernas ou de braços e falaremos em flexão de joelhos e flexão de cotovelos!!! Esta terminologia justifica-se para ressaltar-mos e compreender-mos melhor a análise de movimentos complexos do corpo humano, e como aprendemos em Medidas e Avaliação, no comprimento da perna ou do braço não existem articulações, logo para flexionarmos estes segmentos causaríamos uma fratura de seus componentes ósseos! MOVIMENTOS ARTICULARES BASEADOS NOS PLANOS ANATÔMICOS: EIXO SAGITAL – PLANO SAGITAL Divide o ser humano em lado esquerdo e direito, Distal e Proximal. EIXO TRANSVERSAL – PLANO FRONTAL OU CORONAL. Divide o ser humano em Anterior e Posterior, Ventral e Dorsal. EIXO VERTICAL – PLANO HORIZONTAL Divide o ser humano em Superior e Inferior, Cranial Caudal.
MOVIMENTOS ARTICULARES BASEADOS NA FORMA ANATÔMICA: As articulações de acordo com suas características anatômicas , executam movimentos distintos; de acordo com a sindesmologia, estudo das articulações, classificamos em: - Articulações móveis ou diartroses. - Articulações semimóveis ou Anfiartroses - Articulações imóveis ou Sinartroses. Para efeito de estudos, consideramos apenas as articulações que possuem movimento, móveis e semi-móveis.
DIARTROSES: Também chamadas de junturas sinoviais, são as que apresentam uma membrana serosa chamada sinovial (que secreta um líquido viscoso), a qual forra interiormente este tipo de articulação. ESFERÓIDE OU ENARTROSES: Quando de um lado há ma seperfície esférica (cabeça) articulando-se com uma cavidade correspondente. Ex: Articulações do ombro e do quadril. CONDILAR OU CONDILARTROSE: De um lado encontramos uma seperfície saliente alongada em um dos sentidos, que recebe o nome de côndilo (capítulo), a qual se articula com a competente cavidade do outro osso. Ex: Articulação têmporo-mandibular e articulação do joelho. ELIPSÓIDE: Nos casos em que uma das superfícies é saliente e tem um dos eixos mais alongado, porém seus movimentos se realizam no sentido dos 2 eixos. Ex: Articulação rádio-cárpica. (Na qual encontramos o rádio de um lado e o escafóide e o semi-lunar do outro. GÍNGLIMO OU TROCLEARTROSE: Na extremidade de um dos osso encontramos uma tróclea (carrretel), enquanto no outro osso encontramos acidentes correspondentes, ou seja, uma crista com duas facetas. Ex: Articulação do Cotovelo. TROCÓIDE: Um cilindro ósseo com um pino que gira dentro de um anel óstero-fibroso. Ex: Articulação rádio-ulnar proximal. SELAR OU POR ENCAIXE RECÍPROCO: Várias superfícies côncavas e convexas correspondendo a superfícies convexas e côncavas do osso vizinho. Ex: Articulação calcâneo-cubóide. PLANAS OU ARTRÓDIAS: São 2 superfícies planas ou quase planas que se articulam. Ex: Processos Articulares das vértebras cervicais.
7 ANFIARTROSES: São semi-móveis e classificam-se em 2 tipos: JUNTURAS SINFIBROCONDROSES SIMPLES OU ANFIARTROSES TÍPICAS (VERDADEIRAS): Nestas articulações encontramos uma fibrocartilagem em forma de disco interpondo-se a superfícies ósseas. Ex: Articulações dos corpos intervertebrais torácicos e lombares entre si. JUNTURAS SINFIBROCONDROSES CAVITÁRIAS OU DIARTROANFIARTROSES: Verificamos a presença de um esboço de cavidade articular. Entre as superfícies ósseas dispõe-se um disco fibrocartilaginoso perfurado. Ex: A sínfise púbica, articulação dos 2 ossos do quadril MOVIMENTOS ARTICULARES DO CORPO HUMANO: As articulações de acordo com suas características anatômicas executam movimentos distintos, a seguir estudaremos os movimentos articulares relacionando-os com os planos anatômicos e as articulações onde estes movimentos ocorrem.
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FLEXÃO: A flexão de qualquer articulação ocorre quando um segmento corporal move-se num plano ântero-posterior ou póstero-anterior, de maneira que sua superfície anterior ou posterior, se aproxime da superfície anterior ou posterior, respectivamente, de um segmento corporal adjacente. Todas as articulações executam este movimento, Exceto a radio-ulnar. Este movimento ocorre no plano sagital. Obs: A coluna também executa a flexão lateral, neste caso o movimento é no plano frontal. EXTENSÃO: É o oposto da flexão, ou seja, há um movimento de uma posição fletida até a posição anatômica, ou ultrapassa (hiperextensão), se isso for possível. Todas as articulações executam este movimento, exceto a radio-ulnar. Como na flexão, este movimento ocorre no plano sagital. ABDUÇÃO: Significa mover um segmento para fora a da linha central do corpo . Uma vez iniciado, o movimento se denomina abdução em toda a sua amplitude mesmo que, como no caso da abdução do ombro, o segmento pareça voltar em direção à linha central do corpo durante os segundos 90 graus de sua execução. As articulações que executam abdução são: Ombro, quadril e punho. Este movimento ocorre no plano frontal. ADUÇÃO:
É o contrário da Abdução, é o retorno de uma posição de abdução até a posição anatômica e que ultrapassa, se isso for possível. (Obs: no punho, a abdução e a adução também são chamadas de Flexão Ulnar e Flexão Radial). A adução ocorre nas mesmas articulações que da abdução. Ocorre no Plano frontal. ROTAÇÃO:
É a rotação em torno de um eixo maior de um osso A rotação pode ser interna (medial) ocorrendo quando a superfície anterior volta-se para dentro ou externa (lateral) quando a superfície anterior gira para fora. Obs: A posição anatômica é considerada como posição neutra; desta forma, de uma posição de rotação interna, a coxa pode voltar-se para for a até a posição neutra e prosseguir depois, até mais para fora. A rotação pode ocorrer no ombro, quadril, coluna vertebral e no joelho (fletido). A rotação ocorre no plano horizontal ou transversal. CIRCUNDUÇÃO:
É um movimento no qual parte do corpo descreve um cone, cujo vértice está na articulação e cuja base se encontra no extremo distal da parte referida. Não há nenhum termo que possa diferenciar a circundução em torno de uma base que se faz em torno de um rádio pequeno e que se faz em torno de um rádio grande. A circundução não inclui rotação; desta forma, ela pode ocorrer em articulações biaxiais, mediante uma combinação de flexão, extensão, abdução e adução. A circundução ocorre no ombro, no quadril, na coluna vertebral, punho e tornozelo. A circundução ocorre nos planos frontal e sagital em conjunto. FLEXÃO HORIZONTAL OU ADUÇÃO HORIZONTAL:
Movimento exclusivo da articulação do ombro; ocorre quando o ombro já estiver abduzido a 90 graus em movimento póstero-anterior. Ocorre no plano horizontal. EXTENSÃO HORIZONTAL OU ABDUÇÃO HORIZONTAL:
É o oposto da flexão horizontal, é também um movimento que só o ombro executa, partindo de uma flexão a 90 graus e indo no plano horizontal no sentido ântero-posterior até o limite que articulação suportar. Obs: Não existe hiperextensão horizontal, pois o ombro, em nenhuma fase do movimento, passa pela posição anatômica. PRONAÇÃO:
A pronação é um movimento exclusivo das articulações rádio-ulnar e do tornozelo, no cotovelo só é possível quando ele se encontra fletido. Na pronação rádio-ulnar a palma volta-se para baixo ou para trás e o no tornozelo a planta volta-se para fora. Este movimento ocorre no plano horizontal.
8 SUPINAÇÃO:
Supinar compara-se a suplicar, assim quando este movimento ocorrer na articulação rádio-ulnar a palma volta-se para cima ou para frente, no tornozelo a planta volta-se para dentro. Plano horizontal. PARTICULARIDADES DOS MOVIMENTOS DO TORNOZELO:
No tornozelo encontramos terminologias distintas para os movimentos de flexão e Extensão, a Flexão pode ser Dorsal (flexão pura) ou Plantar (extensão). Assim temos os termos Flexão Dorsal (Dorsiflexão) e Flexão Plantar, porém ressaltamos que, uma vez adotada uma terminologia ela não pode ser alterada na análise do mesmo movimento. Plano sagital. MOVIMENTOS DA ESCÁPULA:
Elevação – Ombros para cima (Plano frontal) Depressão – Ombros para baixo (Plano frontal) Protração/abdução – Ombros para frente (Plano sagital) Retração/adução – Ombros para trás (Plano sagital) Rotação Inferior – A glenóide gira para baixo (Plano frontal) Rotação Superior – A glenóide gira para cima (Plano frontal) MOVIMENTOS DA CINTURA PÉLVICA:
Anteversão: A crista ilíaca anterior projeta-se para frente (Plano sagital) Retroversão: Conhecida como “encaixe do quadril” a crista ilíaca anterior projeta-se para trás (Plano sagital) Lateroversão: Elevação de um dos lados da pelve (Plano frontal). MOVIMENTOS PARTICULARES DA PELVE/COLUNA/QUADRIL:
Antepulsão: A pelve a coluna e o quadril se deslocam em “bloco” para frente. Retropulsão: A pelve a coluna e o quadril se deslocam em “bloco” para trás. Lateropulsão: A pelve a coluna e o quadril se deslocam em “bloco” para um dos lados.
9 GRAU DE LIBERDADE:
O “GRAU DE LIBERDADE” de uma articulação é definido pelo número de movimentos axiais em um mesmo plano que ela pode executar: (Um movimento de flexão e extensão, por exempo, representa 1 grau de liberdade). CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO GRAU DE LIBERDADE:
Articulação UNIAXIAL – 1 grau de liberdade (Ex: Cotovelo e rádio-ulnar) Articulação BIAXIAL – 2 graus de liberdade (Ex: Punho, joelho e tornozelo) Articulação TRIAXIAL – 3 graus de liberdade (Ex: Ombro, quadril e coluna vertebral). GRAU DE LIBERDADE E MOVIMENTOS ARTICULARES: 1 Grau de Liberdade: Cotovelo (Flexão e extensão) Rádio-Ulnar (Pronação e supinação). 2 Graus de Liberdade: Punho (Flexão, extensão, abdução e adução); Tornozelo (Flexão, extensão; inversão e eversão); Joelho (Flexão, extensão; rotação interna e rotação externa quando fletido). 3 Graus de Liberdade: Coluna Vertebral (Flexão, extensão, flexão lateral e rotação); Quadril (Flexão, extensão, abdução; adução; rotação interna e rotação externa); Ombro (Flexão, extensão, abdução; adução; rotação interna e rotação externa) No ombro a flexão horizontal e a extensão horizontal não representam um grau de liberdade a mais pois este movimento não parte da posição anatômica e já foi somado aos movimentos de flexão, extensão + abdução e adução. CADEIAS CINEMÁTICAS E GRAU DE LIBERDADE: Entende-se por Cadeia Cinemática, em Cinesiologia, um sistema composto por segmentos rígidos (ossos), unidos através de juntas móveis (articulações). Classificamos as cadeias cinemáticas em 2 tipos a seguir:
CADEIA ABERTA: A extremidade distal da cadeia encontra-se livre, não há limitações no número de movimentos articulares ,o grau de liberdade de cada articulação permanece inalterado. Ocorre, geralmente em esportes coletivos, na ginástica aeróbica, na ginástica localizada, etc.
CADEIA FECHADA: A extremidade da cadeia está fixa, ocorrem limitações de movimentos em algumas articulações reduzindo o grau de liberdade das mesmas. Observa-se esta situação em quase todos os aparelhos de musculação e em alguns esportes, como a ginástica artística com aparelhos.
CONSIDERAÇÕES SOBRE AS CADEIAS CINEMÁTICAS: Exercícios em cadeia fechada proporcionam uma maior estabilidade articular direcionando o movimento para o grupo muscular desejado durante o exercício, porém a maioria das lesões nos esportes coletivos, acontecem nesta situação. As máquinas de musculação são projetadas em cadeia fechada na sua grande maioria, facilitando a execução de exercícios para alunos iniciantes.
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ALAVANCAS: DEFINIÇÃO: São máquinas simples utilizadas para a realização de um trabalho. FINALIDADES: Obter ganho de equilíbrio, de força ou de velocidade.
COMPONENTES DE UMA ALAVANCA: Barra rígida. Ponto fixo (eixo) Força de potência Força de resistência. O CORPO HUMANO COMO UM SISTEMA DE ALAVANCAS: No corpo humano a barra rígida é representada pelos ossos, o ponto fixo as articulações, a força da potência é a exercida pelos músculos motores (braço de alavanca da potência) e a força da resistência é o segmento distal de um segmento corporal contendo ou não sobrecarga (braço de alavanca da resistência). CLASSIFICAÇÃO DAS ALAVANCAS: As alavancas são classificadas em 3 tipos: ALAVANCAS INTERFIXAS ALAVANCAS INTERRESISTENTES ALAVANCAS INTERPOTENTES
ALAVANCA INTERFIXA, DE PRIMEIRA CLASSE OU TIPO 1: A alavanca interfixa é a mais versátil, pode-se obter através dela ganho de força, de equilíbrio ou de velocidade. Em uma extremidade temos a resistência, em outra a força da potência e entre as duas o ponto de apoio. Ex: Balança, gangorra, tesoura, etc. Exemplos de Alavancas Interfixas no Corpo Humano: Na articulação do atlas com o axis e na articulação do cotovelo quando a potência é exercida pelo músculo extensor.
Versatilidade da Alavanca Interfixa: Esta alavanca permite ganho de equilíbrio, força e velocidade, conforme esquematizado nos exemplos abaixo:
ALAVANCA INTERRESISTENTE, DE SEGUNDA CLASSE OU TIPO 2:
A alavanca interresistente é uma alavanca para ganho de força. Nesta alavanca encontramos o ponto de apoio em uma extremidade e a força da potência em outra, a resistência está entre estes dois elementos. Exemplos de alavancas interresistentes: carrinho de mão, quebra-nozes, caçamba do caminhão basculante. Exemplo de alavanca Interresistente no corpo Humano: No pé, quando há ação dos músculos flexores plantares (extensores). ALAVANCA INTERPOTENTE, DE TERCEIRA CLASSE OU TIPO 3:
A alavanca interpotente é uma alavanca para ganho de velocidade. É a alavanca que mais ocorre no corpo humano. Nas extremidades encontramos o ponto de apoio de um lado e a força da resistência no outro, entre estes elementos está a força da potência. Exemplos de alavancas interpotentes: Pegador de gelo, pinça, vara de pescar, etc. Exemplos de Alavancas Interpotentes no Corpo Humano: Alguns exemplos de alavancas interpotentes mais comuns temos na articulação do joelho com a ação de seus extensores; no cotovelo na ação dos seus flexores, etc.
11 TORQUE:
Torque é o que chamamos de “momento de força”, serve para calcularmos a força que um músculo age em determinada situação de exercício. Sua fórmula é: T=fXd (T- Torque; f – força e d- distância. O torque varia de acordo com o ângulo de atuação de uma alavanca.
EXEMPLOS DA APLICAÇÃO DO CÁLCULO DO TORQUE EM SEGMENTOS CORPORAIS:
PROPORÇÕES CORPORAIS DE PESO SEGMENTAR SEGUNDO ROLPH WIRHED, 1986. Cabeça: 7% Braço: 3,6% Antebraço: 2,2% Mão: 0,7% Tronco: 43% Coxa: 11,4% Perna: 5,3% Pé: 1,8%
12 CONTRAÇÕES MUSCULARES:
Existem dois tipos de contrações musculares: Contração Dinâmica e Contração Estática.
As contrações dinâmicas se dividem em: Contração Dinâmica Anisométrica Concêntrica. Contração Dinâmica Anisométrica Excêntrica Contração Isocinética.
Mecanicamente: A força da potência será sempre maior que a força da resistência, ou seja, os músculos motores primários do movimento realizarão seus movimentos funcionais.
Mecanicamente a força da potência será sempre menor que a força da resistência, ou seja, os músculos motores primários do movimento serão vencidos em sua força e realizarão movimentos funcionais diferentes ou opostos.
CONTRAÇÃO ISOCINÉTICA: A contração isocinética é um tipo de contração menos comum, geralmente faz-se uso de um equipamento especial. Diferente da contração isotônica porque combina as características tanto da isometria quanto do treinamento com pesos, a fim de proporcionar uma sobrecarga muscular com uma velocidade. Exercícios isocinéticos são aqueles nos quais se impõe uma resistência ao movimento, sem permitir que este ocorra. São iniciados com um mínimo de resistência, que é aumentada gradativamente. São indicados para relaxamento e oxigenação muscular, e para a sua coordenação. O exercício isocinético favorece a resistência muscular; pode ser efetuado através de equipamentos que possam oferecer diversos graus de resistência. Neste tipo de exercício, o praticante pode ajustar a velocidade exata do exercício, assim como aumentar ou diminuir a tensão do exercício, com a finalidade, de acrescer a sua própria força muscular. A força muscular é a mesma em todos os ângulos do movimento! Como exemplos de exercícios isocinéticos, temos a bicicleta estática, máquinas de remo, natação e etc. Uma das vantagens dos exercícios isocinéticos, é o fato de nunca se alcançar o esgotamento total do músculo trabalhado, como frequentemente acontece através do exercício isotônico. Estudos apontam que este tipo de contração favorece ao ganho de força e da hipertrofia muscular de forma mais eficiente, a desvantagem é o preço do aparelho. Fonte: Bárbara França – Camila Magalhães – Carla Medeiros – Gahya Cristina – Vinícius Busson. Alunos de Graduação em Fisioterapia – UNIVERSO / São Gonçalo.
Mecanicamente a força da potência é exatamente igual a força da resistência neutralizando o movimento.
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SINERGIA: “Concurso de diversos órgãos na realização de uma função / ação simultânea” (dicionário Koogan Larousse). Sinergia e Cinesiologia: A sinergia pode ser definida, em Cinesiologia, como: a ação involuntária de músculos, não motores primários na ação do movimento articular, mas que auxiliam na performance (desempenho) do movimento. Exemplos: Ao fecharmos os dedos (cerrarmos o punho) observamos uma ação dos extensores do punho, o contrário ocorre ao afastarmos e estendermos os dedos da mão, o punho flexiona ligeiramente! Músculos Bi-articulares e Cinesiologia: A sinergia permite também a ação de parte de um músculo no gesto articular, como exemplo temos os músculos biarticulares que se neutralizam em ações não comandadas pelo nosso sistema nervoso. O exemplo disso é a ação do reto anterior para estender o joelho sem flexionar o quadril ou vice-versa. PRÓPRIOCEPÇÃO: Própriocepção é “A capacidade que o indivíduo possui de se localizar no tempo e no espaço”. (Dicionário Aurélio). Importância da Própriocepção: A própriocepção está relacionada com o ato motor desde o seu aprendizado. (Ex: noção espaço-temporal) até o gesto complexo de um movimento esportivo ou artístico (Ex: Ataque no vôlei, defesa do goleiro de futebol, etc.). Divisão da Própriocepção: A própriocepção divide-se em atos voluntários (velocidade de reação) e atos involuntários (reflexos diversos). Atos voluntários são os atos ou gestos treináveis (defesa no vôlei, goleiro de handebol e futebol, interceptação da bola em passes no basquete e futebol, etc.) O ato involuntário ou ato reflexo é um ato de sobrevivência e proteção, portanto: não treinável. (Ex: colocar a mão à frente do rosto para protegê-lo de um objeto ou em uma queda, desviar de um carro em alta velocidade em uma rua, etc.). A Própriocepção e os sentidos: Ainda observamos a presença da própriocepção quando relacionamos este fato com os sentidos corporais, audição, olfato, tato, visão e paladar. Diferenças individuais que afetam o aspecto motor: Somatótipo ou biótipo, estatura corporal e comprimento das alavancas ósseas, proporções do corpo, músculos e gordura, densidade e flutuabilidade do corpo, acuidade da visão, da audição, própriocepção e outras sensibilidades, mobilização de várias articulações, hereditariedade ou anormalidades estruturais congênitas e defeitos residuais de doenças e traumatismos. Visão do Educador e do Professor de Educação Física: O Educador Físico e o Professor de Educação Física que conhece a Cinesiologia observa um executor ou um executor em potencial com um olho analítico, avaliando suas capacidades no desenvolvimento de suas habilidades; podendo chegar a uma potencialidade para determinadas atividades.
14 DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO: O sistema nervoso é um todo. Sua divisão em partes tem um significado exclusivamente didático, pois as várias partes estão intimamente relacionadas do ponto de vista morfológico e funcional. O sistema nervoso pode ser dividido em partes, levando-se em conta critérios anatômicos, embriológicos e funcionais.
Diferenças entre o Sistema Nervoso Central (SNC) e o Sistema Nervoso Periférico (SNP): O Sistema Nervoso Central (SNC) é aquele que se localiza dentro do esqueleto axial (cavidade craniana e canal vertebral). O Sistema Nervoso Periférico (SNP) é aquele que se localiza fora deste esqueleto. Esta distinção, embora muito esquemática, não é perfeitamente exata, pois, como é óbvio, os nervos e raízes nervosas, para fazer conexão com o sistema nervoso central, penetram no crânio e no canal vertebral. Demais alguns gânglios (SNP) localizam-se dentro do esqueleto axial. Gânglios e Sinapse: No SNP encontramos a presença de GÂNGLIOS, que através de uma reação química levam até os centros nervosos impulsos originados em receptores periféricos (via aferente), informando-os o que se passa no meio ambiente. A via eferente conduz aos músculos estriados esqueléticos o comando dos centros nervosos, resultando, pois, movimentos VOLUNTÁRIOS. SISTEMA NERVOSO VISCERAL (AUTÔNOMO): O sistema nervoso visceral é aquele que se relaciona com a inervação e controle das estruturas viscerais. É muito importante para a integração das diversas vísceras no sentido da manutenção da constância do meio interno. No sistema nervoso visceral uma parte aferente e outra eferente. O componente aferente conduz os estímulos nervosos originados em receptores das vísceras (visceroreceptores) a áreas específicas do sistema nervoso. O componente eferente do sistema nervoso visceral é denominado SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO, e pode ser dividido em SIMPÁTICO E PARASSIMPÁTICO. Funções do Sistema Nervoso Autônomo: O sistema nervoso autônomo independe do controle voluntário. Regula processos como: Contração e relaxamento dos músculos lisos. Batimentos cardíacos. Secreção de hormônios. Processos metabólicos. Sistema Nervoso Simpático: Relaciona-se com as reações adrenérgicas de LUTA e FUGA. Em situações de luta ou fuga, ocorrem transformações que não são controladas pela nossa vontade. Midríase (dilatamento das pupilas)Relaxamento do musculo ciliar, para que possamos ampliar nossa visão em relação a situações adversas. Aumento da frequência cardíaca; aumento da contratilidade, favorecendo um aumento na circulação periférica (músculo esquelética) aumentando a ação muscular. Dilatação da musculatura esquelética e constrição da pele, mucosas e vísceras. Favorecendo a performance muscular e protegendo as camadas mais externas do corpo. Broncodilatação, favorecendo a absorção do oxigênio com mais eficiência nos alvéolos pulmonares e consequentemente aumentando a resistência respiratória. Gliconeogênese, aumentando a produção de glicose (açúcar) para suprir a energia gasta pelo músculo em exercício. (Aumento do metabolismo aumentado a glicose pela síntese do Piruvato (ácido) que gera ATP). Sistema Nervoso Parassimpático: Relaciona-se com as situações de REPOUSO E DIGESTÃO. Em situações de repouso e digestão ocorrem transformações como: Miose (Constrição das pupilas) contração do músculo ciliar, favorecendo a presença do sono. Diminuição da frequência cardíaca, diminuição da contratilidade, fazendo o coração bater mais devagar. Broncoconstrição, nesta situação a uma diminuição nos alvéolos pulmonares, fazendo com que o indivíduo respire mais profundamente e em ritmo lento. Aumento da motilidade (peristaltismo), Dilatação dos esfíncteres, aumento da secreção glandular, aumento da secreção do HCL (Ac. Clorídrico), favorecendo a digestão enquanto o corpo repousa.
15 DOPING: O “doping” é um estímulo incorporado ao Sistema Nervoso Simpático de forma não natural (através de esteróides anabólicos, por exemplo) adotado por alguns “atletas” ou “treinadores” de péssima reputação. Esta prática deve ser banida do esporte pois causa danos, muitas vezes irreversíveis, ao usuário e denigre a imagem de que o esporte é saudável e promove a harmonia e o respeito entre os povos.
16 ANÁLISE DE MOVIMENTOS: A análise e a avaliação do desempenho humano é o aspecto primordial da Cinesiologia. Permite ao estudioso desenvolver e testar novas teorias, e, ao profissional prático, selecionar ou desenhar movimentos efetivos e condições ambientais afins, com o objetivo de estabelecer critérios específicos de desempenho. Tipos de análises: Análise Dedutiva: Começa com um movimento humano específico ou uma situação de desempenho, identifica suas características e, finalmente, avalia esse movimento em relação ao critério escolhido. Esta análise responde a pergunta: Como é exatamente este movimento realizado e quais são os efeitos sobre o organismo? Análise Indutiva: Começa com um desempenho desejado como, por exemplo, uma boa postura; depois o analista prescreve o exercício corretivo, finalizando com a análise e avaliação dos meios propostos a fim de conseguir o objetivo para sua eficácia na satisfação dos critérios. Esta análise responde as perguntas: Como podem ser realizados os objetivos específicos? O que é possível para este paciente/aluno? Formas para a análise cinesiológica: Nunca haverá uma forma universalmente apropriada para o procedimento analítico. Muitos pesquisadores utilizarão uma forma muito mais avançada e detalhada do que a proposta a ser apresentada, porém, nesta análise procuramos sintetizar os componentes básicos para o entendimento do movimento, fazendo de forma dedutiva e de fácil aprendizagem, já que não dispomos de equipamentos de alta tecnologia e, também, desta maneira estaremos aproximando o profissional à realidade que vai enfrentar, futuramente, no exercício da profissão.
Componentes Básicos para a Análise de Movimentos: 1- Fase. 2- Articulação Analisada. 3- Ação articular observada. 4- Tendência articular devido às forças externas. 5- Grupo Muscular Ativo. 6- Músculos Motores Primários (Rasch&Burke) 7- Tipo de contração. 8- Grupo Muscular Distendido.
Fase: As fases de um movimento são as etapas de execução que irão acontecer durante o processo de seu desenvolvimento. Um movimento de qualquer natureza pode ter várias fases; por exemplo: Subida e descida, ida e volta, para frente e pra trás, fase única, etc. Quem define as fases de um movimento é o analisador, e estas devem servir para simplificar sua análise! Articulação Analisada: Não devemos iniciar uma análise sem definirmos qual segmento articular estamos observando. Assim, é necessário definirmos qual articulação estaremos analisando, independente do movimento das outras! EX: Punho, cotovelo, ombro, etc. Ação Articular Observada: Definida pelo movimento que a articulação está executando na fase analisada, lembrando que esta análise deve partir sempre da POSIÇÃO ANATÔMICA! Ex: Flexão, extensão, abdução, adução, etc. Tendência Articular Devido às Forças Externas: É a ação articular que a articulação analisada irá realizar por influência das forças externas (gravidade, sobrecarga, peso do segmento, etc.) quando estas vencem a força muscular ou quando o grupo muscular relaxa na sua ação. A tendência é definida por ações articulares como exemplo: flexão, extensão, adução, rotação, etc. Este é um dos principais elementos da análise! Grupo Muscular Ativo: É o grupo muscular que atua no exercício e na articulação analisada, definidos pela sua função articular. Ex: Flexores, abdutores, supinadores, etc. Neste ítem não mencionamos o nome dos músculos envolvidos! Músculos Motores Primários: São os músculos que pertencem ao grupo muscular ativo, definidos no ítem 5. Aqui descrevemos o seu nome anatômico. Ex: Bíceps femoral, Tríceps braquial, etc. Obs: Neste item apenas serão descritos os músculos primários (MP) definidos segundo Rasch & Burke. Tipo de Contração: Definição das contrações musculares estudadas, durante a execução da fase analisada. Ex: Dinâmica Concêntrica, Dinâmica Excêntrica ou Estática Isométrica. Grupo Muscular Distendido: O grupo muscular distendido é o grupo muscular (Flexores, extensores, etc.) que executa o movimento antagônico ao grupo motor primário, precisa estar sendo alongado e não atuar em contração sinérgica! Alguns autores definem este grupo como o grupo estabilizador da articulação ativa, geralmente é este grupo que sofre lesões por estiramento ou distensão muscular. Lembre-se: É antagonista – Está alongando – Não está em contração sinérgica!
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Obs: Para facilitar as análises dos exercícios que serão propostos, é necessário a confecção de uma tabela. A seguir a sugestão para um Modelo da Tabela.
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MÚSCULOS MOTORES PRIMÁRIOS E MOTORES ACESSÓRIOS: Fundamentado no Livro: Cinesiologia e Anatomia Aplicada, Rasch & Burke, 5 Ed. 1987 Ed. Guanabara.
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IMPLICAÇÕES PARA A ANÁLISE DE MOVIMENTOS: Para análise de movimentos, considere apenas os músculos MOTORES PRIMÁRIOS (M.P.) para os músculos do Grupo Muscular Ativo. Os músculos Acessórios (Acess.) serão utilizados para análises de movimentos complexos e também para identificar se há ou não Grupo Muscular Distendido durante a análise do exercício ou do movimento desportivo.
22 ESTUDO DO OMBRO:
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Movimentos Articulares do Ombro: Flexão Extensão Abdução Adução Rotação Interna Rotação Externa Flexão Horizontal Extensão Horizontal
Músculos Motores Primários dos movimentos do ombro: ► Flexão: Deltóide anterior e Peitoral Maior porção Clavicular. ► Extensão: Peitoral Maior porção Esternal, Grande Dorsal e Redondo Maior. ► Abdução: Deltóide Médio e Supra-espinhal. ► Adução: Peitoral Maior porção Esternal, Grande Dorsal e Redondo Maior. ► Rotação Interna: Subescapular e Redondo Maior. ► Rotação Externa: Infra-espinhal e Redondo Menor. ► Flexão Horizontal: Deltóide Anterior, Peitoral Maior Porções Clavicular e Esternal, Coracobraquial. ► Extensão Horizontal: Deltóide Médio, Deltóide Posterior, Infra-espinhal e Redondo Menor. Deltóide: Origem: Ao longo de uma linha curva que segue o terço externo da borda anterior da clavícula, a parte superior do acrômio e a borda posterior da escápula. Inserção: Sobre a tuberosidade do úmero, um pouco acima do centro deste osso. Supra-Espinhal: Origem: Os dois terços internos da fossa supra-espinhal. Inserção: A parte superior do tubérculo maior do úmero. Peitoral Maior: Origem: Os dois terços internos da borda anterior da clavícula, toda a extensão do esterno e as cartilagens das seis primeiras costelas, próximo a união delas com o esterno. Inserção: Através de um tendão plano medindo aproximadamente 7,5 cm de largura, na crista que forma a borda externa da goteira bicipital (Sulco intertubercular) do úmero, estendendo-se desde um pouco mais abaixo das tuberosidades desse osso até quase a inserção do deltóide. Coracobraquial: Origem: O processo coracóide da escápula. Inserção: A superfície ântero-medial do úmero, oposto ao deltóide. Grande Dorsal: Origem: Os processos espinhosos das seis vértebras torácicas inferiores e todas as lombares, a parte posterior do sacro, a crista ilíaca e as três costelas inferiores. Inserção: O fundo do sulco intertubercular do úmero, por meio de um tendão plano inserido paralelamente aos três quartos superiores da inserção do peitoral maior. Redondo Maior: Origem: A superfície dorsal da escápula na extremidade inferior de sua borda lateral. Inserção: A crista que forma a borda interna da goteira bicipital do úmero, paralela à metade média da inserção do peitoral maior. Infra-Espinhal: Origem: Os dois terços mediais da fossa infra-espinhal. Inserção: No centro do tubérculo maior do úmero. Redondo Menor: Origem: A superfície dorsal da borda lateral da escápula. Inserção: Na porção interior do tubérculo maior e na diáfise adjacente do úmero. Subescapular: Origem: Toda a superfície costal da escápula, com excessão de um pequeno espaço junto da articulação. Inserção: O tubérculo menor do úmero. Manguito Rotador: Segundo O’Donoghue, o manguito rotador é uma convergência de tendões, semelhante a um capuz, dos músculos subescapular, supra-espinhal, infra-espinhal e redondo menor em redor da cabeça do úmero. Eles atuam em conjunto, no sentido de manter firmemente a cabeça do úmero na cavidade glenóide e, dessa forma, impedir uma subluxação para baixo desse osso e ainda fazem a rotação e a abdução do ombro. Steindler sugere que os tendões desses músculos rotadores fundem-se dentro da cápsula articular, realizando uma função ESTABILIZADORA, embora eles façam simultaneamente a rotação.
23 ESTUDO DO COTOVELO: O cotovelo é um gínglimo duplo ou uma articulação em dobradiça, cujas superfícies articulares são: 1. A incisura troclear da ulna (que se articula com a tróclea do úmero e suporta a maior parte do peso) e 2. A superfície proximal da cabeça do rádio (que se articula com o capítulo do úmero). A cápsula e a membrana sinovial envolvem estes dois pares articulares e, também, a articulação proximal entre o rádio e a ulna. Os espessamentos longitudinais desta cápsula são designados como ligamentos anterior, posterior, colateral radial e colateral ulnar. Aspectos Funcionais da Articulação do Cotovelo: Funcionalmente existe uma diferença nítida entre a articulação do cotovelo e a rádio-ulnar: a primeira permite a flexão e a extensão do rádio e da ulna, em relação ao úmero, e a última permite a pronação e a supinação do antebraço. A flexão e a extensão do cotovelo ocorrem numa amplitude de, aproximadamente, 150 graus, dependendo das variações individuais na anatomia e no uso da articulação. A flexão é limitada pelo contato com as partes moles do braço e antebraço e a extensão é limitada pelo contato do olécrano da ulna com o úmero. Movimentos Articulares do Cotovelo e da Rádio-Ulnar: COTOVELO: Flexão e extensão RÁDIO-ULNAR: Pronação e Supinação (somente possível com o cotovelo fletido). Músculos Motores Primários do Cotovelo: Flexores: Bíceps Braquial. Origem: A porção longa provém da escápula, na parte superior da cavidade glenóide; seu tendão passa sobre a cabeça do úmero e se fusiona com o ligamento capsular da articulação do ombro; a porção curta, de a apófise coracóide. Inserção: A tuberosidade do rádio. Braquial. Origem: A superfície anterior da metade inferior do úmero e do septo intermuscular. Inserção: A tuberosidade da ulna e a superfície anterior do processo coronóide. Braquiorradial. Origem: Os dois terços superiores da crista supracondilar do úmero e do septo intermuscular lateral. Inserção: Superfície lateral do rádio, na base do processo estilóide. Extensor: Tríceps Braquial. Origem: 1. A porção longa, que parte da escápula, diretamente abaixo da articulação do ombro; 2. A porção lateral que nasce num espaço de 1,2 cm de largura, situado na parte posterior do úmero, estendendo-se desde o centro da diáfise até o tubérculo maior; 3. A porção medial que se origina na superfície inferior do dorso do úmero, num amplo espaço que ocupa quase dois terços do comprimento do osso. Inserção: A extremidade do olécrano da ulna através de um tendão comum. Pronador da Rádio Ulnar: Pronador Quadrado. Origem: No quarto inferior da face anterior da ulna. Inserção: No quarto inferior da face anterior do rádio. Supinador da Rádio Ulnar: Supinador. Origem: O epicôndilo lateral do úmero, a crista supinadora da ulna e os ligamentos intermediários. Inserção: Superfície lateral do terço superior do rádio. ESTUDO DO PUNHO: Anatomia do Punho: A articulação radiocárpica e as várias articulações intercarpianas constituem, coletivamente, a articulação do punho. A articulação radiocárpica (uma articulação condilóide) está situada entre a extremidade do rádio e os três ossos da primeira fileira do carpo, o escafóide, o semilunar e o piramidal. Nem a ulna nem o pisiforme participam, pois a ulna está separada dos ossos do carpo por um disco articular fibrocartilaginoso. Os três ossos do carpo deslizam, transversalmente, sobre a extremidade do rádio e a direção depende da natureza do movimento. Movimentos Articulares do Punho: Flexão Extensão Abdução (Flexão Radial) Adução (Flexão Ulnar) Músculos Motores Primários do Punho: Flexão: Flexor Radial do Carpo. Origem: O epicôndilo medial do úmero. Inserção: Superfície anterior da base do II metacárpico, com uma faixa que vai até a base do terceiro metacárpico. Flexor Ulnar do Carpo. Origem: Epicôndilo medial do úmero e borda medial do olécrano e os dois terços superiores da borda dorsal da ulna. Inserção: As superfícies palmares dos ossos pisiformes, hamato e do V metacárpico. Extensão: Extensor Radial Longo do Carpo. Origem: O terço inferior da crista supracondilar lateral do úmero. Inserção: A superfície dorsal da base do II metacárpico. Extensor Radial Curto do Carpo. Origem: O epicôndilo lateral do úmero. Inserção: A superfície dorsal da base do terceiro metacárpico. Extensor Ulnar do Carpo. Origem: O epicôndilo lateral do úmero e o terço médio da estreita crista localizada na borda dorsal da ulna. Inserção: A superfície posterior da base do V metacárpico. Abdutores e Adutores do Punho: Os movimentos de abdução e adução do punho ocorrem por SINERGIA dos músculos flexores e extensores. Para que a ABDUÇÃO aconteça há uma ação dos músculos Flexor Radial do Carpo, Extensor Radial Longo do Carpo e Extensor Radial Curto do Carpo, por este motivo este movimento também é conhecido como FLEXÃO RADIAL. Para que a ADUÇÃO aconteça há uma ação dos músculos Flexor Ulnar do Carpo e Extensor Ulnar do carpo, por este motivo este movimento também é conhecido como FLEXÃO ULNAR.
24 ESTUDO DA COLUNA VERTEBRAL: Para efeito de estudos dos movimentos da coluna vertebral, analisaremos em particular as regiões torácicas e lombares durante a graduação.
Sistema Esquelético: Os músculos do tronco contraídos transforma as cavidades abdominal e torácica em cilindros semi-rígidos que aliviam a carga exercida sobre a coluna, conclui-se, desta forma, a grande importância de fortalecermos estes grupos musculares. (Fonte: Astrand e Rodahl. Tratado de Fisiologia do Exercício. 2 Edição. Ed. Guanabara 1987). Fortalecendo a Musculatura Abdominal: Na Educação Física escolar e não escolar, os movimentos que visam fortalecer a região abdominal merecem um lugar de destaque. Em todas as aulas deverá haver um lugar específico para fortificar a musculatura desta região.
Sugestões para exercitação: A) Sempre que se exercitar os músculos abdominais, devemos observar o fortalecimento em equilíbrio dos músculos dorso-lombares. B) O número de repetições deverá ser superior ao número de vezes que o indivíduo realiza o movimento no seu dia a dia. C) Fazer exercícios individuais e em duplas para aumentar a intensidade dos mesmos. D) Empregar contrações isométricas. E) Colocar exercícios com sobrecarga. (Anilhas, halteres, medicine-ball, pranchas, elásticos, etc.) Dicas úteis: Quando o objetivo é fortificar a musculatura abdominal não se deve fixar os pés e nem a parte superior do tronco do executante, porém ao utilizarmos a prancha evitamos problemas posturais (quando fixamos os pés) no entanto vamos, desta forma, fortalecer os flexores do quadril. O Abdômen Dividido em Regiões: Segundo diversos autores, o movimento do tronco sobre os membros inferiores tem ação mais intensa na região supraumbilical. Os movimentos de membros inferiores sobre o tronco, na região infra-umbilical, por isso, devemos executar estes dois tipos de exercícios em nossas aulas. Os movimentos devem ser executados, também, com rotação do tronco em relação aos membros inferiores e vice-versa. Assim a musculatura dos oblíquos laterais também se fortificará. Informações Técnicas: Diversos estudos vêm pesquisando a prática dos exercícios abdominais, a maioria destes estudos ou quase a sua totalidade, admitem que um ângulo de 30 graus, relativo à inclinação do tronco com o solo, trabalhará quase que exclusivamente a musculatura abdominal, à partir deste ângulo entram em ação também a musculatura dos flexores do quadril, para auxiliarem na flexão do tronco.
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Concluindo: O fortalecimento das musculaturas abdominal e dorso-lombar também contribuem para reduzir graus de compressão e cisalhamento sobre a coluna vertebral, prolongando a vida útil dos discos intervertebrais e das estruturas anatômicas das vértebras.
Movimentos Articulares da Coluna Vertebral: Flexão. Flexão Lateral. Extensão. Rotação.
Músculos Motores Primários da Coluna Vertebral e suas ações articulares: Flexores: Reto Abdominal, Oblíquo Externo e Oblíquo interno. Extensores: Iliocostal Torácico, Iliocostal Lombar, Longo do Tórax, Espinhal do Tórax, Semi-espinhal Torácico, Intertransversais, Interespinhais, Rotadores e Multifido. Flexores Laterais: Oblíquo Externo, Oblíquo Interno, Quadrado Lombar, Iliocostal Torácico, Iliocostal Lombar, Longo do Tórax, Espinhal do Tórax, Semi-espinhal Torácico, Intertransversais e Multifido. Rotação Para o Mesmo Lado: Oblíquo Interno, Iliocostal Torácico, Iliocostal Lombar e Longo do Tórax. Rotação Para o Lado Oposto: Oblíquo Externo, Semi-espinhal Torácico, Rotadores e Multifido.
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Reto Abdominal. Origem: A crista do púbis INSERÇÃO: A quinta, sexta e sétima cartilagens costais.
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Oblíquo Externo: ORIGEM: Através de inserções denteadas, nas oito costelas inferiores, alternando-se com a do serrátil anterior e as do grande dorsal. INSERÇÃO: A metade anterior da crista ilíaca, a borda superior da fáscia da coxa, a crista do púbis e a linha alba.
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Oblíquo Interno: ORIGEM: A fáscia lombar, os dois terços anteriores da crista ilíaca e a metade lateral do ligamento inguinal. INSERÇÃO: A oitava. nona e décima costais e a linha alba.
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Quadrado Lombar: ORIGEM: A crista ilíaca, o ligamento iliolombar, e o processo transverso das quatro vértebras lombares inferiores. INSERÇÃO: O processo das duas vértebras lombares superiores e a borda inferior da última costela.
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Ilio Costal Torácico: ORIGEM: As bordas superiores dos ângulos das seis últimas costelas. INSERÇÃO: As bordas superiores dos ângulos das seis costelas superiores.
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Ilio Costal Lombar: ORIGEM: A face posterior do sacro, as espinhas da vértebra lombar, e a crista ilíaca. INSERÇÃO: As bordas inferiores dos ângulos das seis ou sete costelas inferiores.
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Longo do Tórax: ORIGEM: A face posterior do sacro, as espinhas da vértebra lombar, e a crista ilíaca. INSERÇÃO: Os processos acessórios da primeira a quinta vértebra lombar; os processos transversos da primeira vértebra torácica à quinta lombar, e entre os tubérculos e ângulos da segunda a décima segunda costelas. Espinhal do Tórax: ORIGEM: Os processos espinhosos das duas primeiras vértebras lombares e das duas últimas vértebras torácicas. INSERÇÃO: Os processos espinhosos das vértebras torácicas superiores, variando seu número de quatro a oito.
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Semi-Espinhal do Tórax: ORIGEM: Os processos transversos da sexta até a décima vértebra torácica. INSERÇÃO: Os processos espinhosos das quatro vértebras torácicas superiores e das duas vértebras cervicais inferiores.
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Intertransversais: Pares de pequenos músculos anteriores e posteriores, situados em ambos os lados da coluna vertebral, unindo os processos transversos de vértebras contíguas. Eles se estendem desde o atlas até a primeira vértebra torácica e da décima vértebra torácica à última lombar.
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Interespinhais: Pares de pequenos músculos que unem os processos espinhosos de vértebras contíguas; um em cada lado do ligamento interespinhal. Na região cervical, eles se estendem do áxis à segunda vértebra torácica e, na região lombar, da primeira vértebra lombar ao sacro. Rotadores: ORIGEM: O processo transverso da vértebra. INSERÇÃO: As bases dos processos espinhosos da primeira vértebra situada acima. Multifidos: ORIGEM: A parte posterior do sacro; a extremidade dorsal da crista ilíaca e os processos transversos das vértebras lombares e torácicas, e os processos articulares da quarta a sétima vértebra cervical. INSERÇÃO: Os processos espinhosos de todas as vértebras, com exceção do atlas.
Relevância Biomecânica dos Músculos Multifidos para a ESTABILIZAÇÃO da Coluna Vertebral: (Artigo:http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/biomecanica/multifidos_mauro/multifidos_mauro.htm) Os músculos posteriores profundos, onde se inclui o multífidos, intertransversais, interespinhais e rotadores, seguem bilateralmente para cima e para baixo na coluna vertebral e criam extensão quando ativados ambos os lados e rotação ou flexão lateral (não é realizada pelo multífidos) quando ativado unilateralmente (HAMILL e Knutzen, 1999). Esses músculos profundos contribuem com a geração de suporte para a coluna vertebral, manutenção da rigidez e produção dos movimentos mais finos no segmento móvel ( BARTELINK, 1957 apud HAMILL e Knutzen, 1999 ). Os músculos multífidos são mais espessos nas regiões cervical e lombar, gerando uma força extensora do tronco (HAMILL e Knutzen, 1999). Suas origens de forma ascendente começam a partir do dorso do sacro e da fáscia que cobre o eretor da espinha, apartir dos processos mamilares nas vértebras lombares e nos processos transversos e articulares nas vértebras torácicas e cervicais, respectivamente. Nessa extensa origem,as fibras musculares são dispostas em três camadas à medida que ascende medialmente fixando-se na espinha de todas as vértebras, de L5 ao áxis. A camada mais profunda se insere na vértebra imediatamente acima, a camada média na segunda ou terceira vértebra acima e a camada externa na terceira ou quarta vértebra acima(PALATANGA et al, 2000). Suas ações já foram citadas acima, porem o seu relevante papel é o de promover a estabilização vertebral (Palatanga et al , 2000) atuando como ligamentos extensíveis, ajustando seu comprimento para estabilizar as vértebras adjacentes independentemente da posição da coluna vertebral. Os multífidos possuem fibras mistas onde 57 à 62% é de fibras do Tipo I, e também proporções de fibras do Tipo IIa e Tipo IIb, dando uma versatilidade funcional, gerando assim movimentos rápidos e forçados e, ao mesmo tempo sendo resistente à fadiga para manutenção da postura por longos períodos (CYRON, 1978 apud HAMILL e Knutzen, 1999). Além de promover a extensão do tronco, esse músculo proporciona estabilidade posterior para coluna vertebral, contrapondo a gravidade na manutenção da posição ortostática, tendo também importância na flexão de tronco ( DEMPSTER, 1993 apud HAMILL e Knutzen, 1999). Com maiores detalhes anatomofuncionais, Bonjadsen et al (1999) relatou que com relação a sua posição na coluna lombar, os músculos multífidos são uma massa superficial e espessa que se situa abaixo da aponeurose de origem do músculo eretor da espinha. No que diz respeito à trajetória dos feixes musculares observou-se que há feixes verticalizados inseridos nos processos espinhosos de L5, T12 e T11. Entre a porção medial do sacro e o processo espinhos de L5 então localizados os feixes mais distais dos músculos multifidos,apresentando este na sua maioria uma trajetória vertical que cobrem a transição lombossacra. Uma maior obliqüidade é apresentada nos feixes que se inserem acima de L5, uma vez que se inserem nos pontos anatômicos mais laterais dos processos espinhosos, como na região lateral da crista ilíaca e os processos mamilares. Os feixes vão se tornando oblíquos progressivamente à medida que eles se tornam mais proximais. Feixes verticais recobrem a transição toraco-lombar, sendo esta uma exceção. Estas fibras são superficiais e surgem da porção medial da aponeurose de origem do músculo eretor da espinha na altura de L2 e prolongando-se aos processos espinhosos de T12 e T11 (Bonjadsen et al,1999). Bonjadsen et al (1999) observou que a massa muscular dos músculos multifidos (figura 6) na coluna lombar são espessas e formadas por inúmeras camadas de feixes musculares que se sobrepõem e originárias de diferentes pontos anatômicos. Os feixes mais distais, no sacro e na coluna lombar, são recobertos pelos mais proximais, dando origem a essa massa espessa. Esta por sua vez insere-se em cada um dos processos espinhosos lombares através de tendões igualmente espessos e facilmente individualizados. Em uma primeira análise,os músculos multífidos parecem ser um único músculo. As inserções nos processos espinhosos só vistas após a dissecção. Seus feixes decrescem progressivamente nos segmentos superiores da coluna vertebral. Richardson et al (1999) observou que o controle das forças de cisalhamento que ocorrem na coluna durante a flexão anterior do tronco não dependem somente dos elementos passivos, mas também do sistema muscular. O controle dessa força de cisalhamento é de extrema importância, pois protege a junção intervertebral, especial nos níveis mais baixos onde estas forças são maiores. O multífido é envolvido nesse controle do cisalhamento vertebral devido sua ação de rotação sagital, que uma vez ativado bilateralmente promove um movimento de translação posterior vertebral estabilizando assim o movimento (RICHARDSON et al, 1999). Além da ação estabilizadora, Richardson et al (1999) observou diferentes funções primárias para cada fascículo do músculo multífido. Os fascículos mais longos, que originam-se no processo espinhoso , têm uma vantagem mecânica sobre as fibras mais curtas, mais profundas. Os fascículos mais longos contribuem mais para o torque extensor, quando as fibras mais profundas mais curtas, que têm pouca força de alavanca para a produção do torque, podem ser mais envolvidas em um papel de estabilizador. Este fato foi comprovado através de estudos eletromiográficos onde se verificou que durante o ortostatismo, movimentos ativos do tronco, o andar e a extensão de tronco houve uma ativação tônica das fibras mais profundas num nível quase contínuo.
27 O multífido em atividade é responsável por dois terços da rigidez segmentar, sendo assim responsável pela diminuição significativa na escala de movimento de todos os movimentos, exceto a rotação (RICHARDSON et al, 1999). McGill (1991 apud RICHARDSON et al, 1999) confirmou o papel dos multifidos lombares em um estudo tridimensional da mecânica espinhal lombar, onde concluiu que a geometria inalterável dos multifidos através de uma escala de posturas indicando que a finalidade deste músculo é ajustar finamente a vértebra com movimentos pequenos. 3.2 – Os músculos multifidos e a lombalgia Hides et al (1996) demonstrou que os músculos multifidos apresentam-se, na maioria das vezes atrofiados o primeiro episódio agudo de lombalgia por esforço. Um resultado funcional pobre era secundário à perda da sustentação funcional do músculo, o que perturba a mobilidade segmentar, e aumenta a tensão mecânica e a incapacidade (HIDES et al, 1996). Foi demonstrado por Hides et al (1996) que a disfunção segmentar localizada no músculo multífido pode ocorrer após um primeiro episódio agudo ou subagudo. Também, uma atrofia unilateral foi demonstrado ipsilateral à posição da dor com ultra-som de imagem. Essa atrofia localizada no multifido tem sido demonstrada com o uso do ultra-som de imagem em tempo real e confirmado pela ressonância magnética. Na presença da lombalgia crônica há maior atividade das fibras fásicas do músculo, ou seja, as fibra mais superficiais. Em pacientes com dor lombar aguda há uma inabilidade na ativação do multifido. Essa situação leva a um controle motor inadequado dos músculos multifidos o que promove a instabilidade segmentar vertebral (RICHARDSON et al, 1999). A recuperação do músculo multífidos não ocorre espontaneamente após a remissão dos sintomas dolorosos e sim com um programa de reabilitação adequado desse músculo. Os mecanismos possíveis para a diminuição da secção transversa do músculo é a inibição reflexa, deixando assim o controle motor desse músculo deficiente. (HIDES et al, 1996 e RICHARDSON et al, 1999). ESTUDO DO QUADRIL: Cada metade da cintura pélvica consiste de 3 ossos; o ÍLIO, acima e no lado do quadril; o PÚBIS, abaixo e na frente; e o ÍSQUIO, abaixo e atrás. Eles são separados no início da vida, mas no adulto estão unidos formando uma sólida estrutura denominada osso coxal ou osso do quadril. A bacia pélvica está fechada posteriormente pelo sacro, situado entre os dois quadris, com os quais se articula. A articulação formada pelo sacro pelo ílio é cartilaginosa, sustentada por três dos mais fortes ligamentos do corpo humano: os ligamentos sacroilíacos anterior e posterior e pelo ligamento interósseo. As articulações do sacro com os dois ossos do quadril são tão imóveis que, praticamente, toda a estrutura da cintura pélvica pode ser considerada como um só osso. Um novo estudo mostra que 25% das mulheres sofrem de moderada a severa fraqueza muscular pélvica, com o valor que aumenta para 30% ou mais em obesos e em mulheres mais velhas (Nygaard e outros, 2008). A maioria das mulheres que tiveram filhos são alertadas quanto à importância dos exercícios para o assoalho pélvico (exercícios de Kegel) com o objetivo de restaurar o tônus muscular após o parto, e de fortalecimento muscular. Fatores como incontinência urinária (decorrente da popular bexiga caída), perda da libido e da lubrificação vaginal, dores pélvicas crônicas, inflamações e corrimentos vaginais podem ser trabalhados e até curados quando exercitamos os exercícios da prática do pompoarismo (ginástica pélvica). A pelve está unida na sínfise púbica, porém os dois púbis são separados por um grosso disco de fibrocartilagem. Esta também é uma articulação rígida e é reforçada por ligamentos (o ligamento púbico superior e o ligamento púbico arqueado, abaixo) e pelos tecidos ligamentosos relacionados com o disco interpúbico. Por estes motivos, a pelve movimenta-se quando há ação da coluna lombar ou da articulação do quadril, reagindo de forma a melhorar a amplitude e performance dos movimentos atléticos. A articulação do quadril é formada pela articulação da cabeça do fêmur com o acetábulo (cavidade situada na superfície externa do quadril, no local da união entre o ílio, o púbis e o ísquio). Movimentos Articulares do Quadril: Flexão. Extensão. Abdução. Adução. Rotação Interna. Rotação Externa. A Flexão do Quadril e seus músculos primários: O movimento do Fêmur para frente é chamado de Flexão, pode ter uma amplitude de 150 graus ou mais, quando se detém, ao contato da coxa com a parte anterior do tronco. Quando o joelho está em extensão, a articulação do quadril pode ser flexionada somente até a amplitude permitidos pela tensão dos músculos ísquios poplíteos. Músculos Flexores do Quadril: Psoas Ilíaco Reto Femoral Pectíneo
Psoas: Origem – As faces laterais dos corpos da última vértebra torácica e de todas as lombares e suas cartilagens intervertebrais; as superfícies anteriores e as bordas inferiores dos processos transversos de todas as vértebras lombares. Inserção: no trocânter menor do fêmur. Ilíaco: Origem: A superfície interna do ílio e parte da superfície interna do sacro, próximo ao ílio. Inserção: Seu tendão se une ao do psoas, no local onde este último cruza a parte anterior da pelve, para se inserir com ele no trocânter menor.
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Reto Femoral: Origem: Espinha ilíaca ântero-inferior, entre a sua ponta e a articulação do quadril e uma segunda porção, a posterior, numa incisura acima da borda do acetábulo. Inserção: A borda proximal da patela. Pectíneo: Origem: Um espaço de 2,5 centímetros de largura na parte anterior do púbis, logo abaixo da base da bacia pélvica, entre a eminência íliopectínea e o tubérculo do púbis. Inserção: Uma linha rugosa, que vai desde o trocânter menor à linha áspera.
A Extensão do Quadril e seus músculos motores primários: O movimento do Fêmur para baixo e para trás é chamado de Extensão (contrário à flexão); é livre, até que o membro encontre-se verticalmente em linha com o tronco, quando é, então, interrompido pela tensão do ligamento iliofemoral e dos músculos psoas e ilíaco, tornando IMPOSSÍVEL qualquer híperextensão da articulação do quadril, em indivíduos normais. Um exame cuidadoso mostrará que, na híperextensão aparente da articulação do quadril (que se apresenta quando se leva um membro para trás o máximo possível, enquanto se está de pé sobre o outro membro), ocorre, uma ligeira anteversão da pelve e uma ligeira híperextensão da coluna lombar. Músculos Extensores do Quadril: Glúteo Máximo Bíceps Femoral (porção longa) * Semitendíneo * Semimembranáceo * * ÍSQUIOPOPLÍTEOS.
Glúteo Máximo: Origem: A superfície externa do ílio, ao longo do quarto posterior de sua crista; a superfície posterior do sacro próximo ao ílio, o lado do cóccix e a fáscia da região lombar. Inserção: Uma linha rugosa, de 10 centímetros de comprimento, aproximadamente, na face posterior do fêmur, entre o trocânter maior, a linha áspera e trato iliotibial da fáscia lata. Bíceps Femoral (Porção Longa): Origem: A porção longa se origina na faceta medial da tuberosidade isquiática; a porção curta, no lábio lateral da linha áspera. Inserção: O côndilo lateral da tíbia e a cabeça da fíbula. O tendão de inserção deste músculo forma a parte lateral dos isquipoplíteos.
Semitendíneo: Origem: A faceta medial da tuberosidade do ísquio, através de um tendão comum com o bíceps femoral. Inserção: A parte posterior da superfície medial da tíbia, ao longo com o sartório. O tendão de inserção deste músculo constitui um dos músculos isquipoplíteos.
Semimembranáceo: Origem: A faceta lateral da tuberosidade isquiática. Inserção: A face medial posterior do côndilo medial da tíbia; o tendão de inserção deste músculo constitui um dos músculos isquiopoplíteos mediais.
A Abdução do Quadril e seu músculo motor primário: O movimento de um membro para longe do outro, no sentido lateral (Plano Frontal) denomina-se abdução e é, geralmente, possível até 45 graus ou mais. A limitação, neste caso, se deve à resistência dos músculos que estão em oposição (antagônicos), pois a articulação, por si só, permite quase 90 graus de amplitude, principalmente se os artelhos estiverem orientados para fora.
Músculo motor primário da Abdução do Quadril: Glúteo Médio: Origem: A superfície externa do ílio, próxima à crista compreendida entre a linha glútea posterior (acima) e a linha glútea anterior (abaixo). Inserção: A crista oblíqua da superfície lateral do trocânter menor.
Adução do Quadril e seus músculos motores primários: A adução é limitada pelo contato entre o membro em movimento e o outro membro; pode ser mais ampla, quando o membro que se move está um pouco atrás, ou à frente, do outro membro, ou quando o tronco é inclinado para o lado. A articulação do quadril direito também é aduzida quando o quadril esquerdo é deprimido para abaixo do nível do direito enquanto se está em pé sobre a perna direita.
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Músculos Motores Primários da Adução do Quadril: Pectíneo (Ver flexores) Grácil Adutor Longo Adutor Breve Adutor Magno
Grácil: Origem: A margem anterior da metade inferior da sínfise púbica e a metade superior do arco púbico. Inserção: A parte superior da superfície medial do corpo da tíbia, abaixo do côndilo.
Adutor Longo: Origem: A parte anterior do púbis, logo abaixo da crista. Inserção: A linha áspera, no terço médio da coxa.
Adutor Breve: Origem: A superfície externa do ramo inferior do púbis. Inserção: A metade superior da linha áspera.
Adutor Magno: Origem: A parte anterior do púbis, a tuberosidade isquiática e toda a extensão do ramo que une a ambos. Inserção: Toda a extensão da linha áspera, a linha supracondilar medial e o tubérculo adutor, situado no côndilo medial do fêmur.
A Rotação Interna do Quadril e seu músculo motor primário: A rotação pode ser realizada em um ângulo 90 graus, aproximadamente; e diz-se ser externa ou interna, de acordo com a orientação dos artelhos. Devido à angulação pronunciada do fêmur, o colo deste entra em contato com o lado da cavidade e limita o movimento. A forma pelo qual os ossos entram em contato, explica porque a flexão é tão livre e porque a rotação é tão limitada.
Músculo Motor Primário da Rotação Interna: Glúteo Mínimo: Origem: A parte inferior da superfície externa do ílio. Inserção: A parte anterior do vértice do trocânter maior. Rotação Externa do Quadril e seus músculos motores primários: Os movimentos de rotação longitudinal do quadril efetuam-se em torno do eixo mecânico do membro inferior. A rotação externa é o movimento que leva a ponta do pé para fora.
Músculos Motores Primários da Rotação Externa: Glúteo Máximo (Ver Extensores)Piriforme * Obturador Interno * Obturador Externo * Quadrado Femoral * Gêmeo Superior * Gêmeo Inferior * Obs: * Grupo dos “Seis Rotadores Externos”.
Os seis Rotadores Externos do Quadril: Origem: As porções posteriores da pelve. Inserção: O trocânter maior do fêmur. ESTUDO DO JOELHO:
O Complexo do Joelho: A articulação do joelho é um elemento importante do membro inferior e fornece estabilidade e mobilidade para todos os aspectos da cinemática. Funcionalmente, o joelho consiste em duas articulações: a TIBIOFEMORAL e a articulação PATELOFEMORAL. Os movimentos que ocorrem no complexo do joelho são resultado da interação das estruturas ósseas e dos tecidos moles de ambas as articulações.Esta interação pode ser influenciada tanto elas articulações proximais como as distais e se o movimento ocorrer em cadeia cinemática aberta ou fechada. (Jeff G. Konin – Cinesiologia prática para fisioterapeutas – 2006).
Movimentos Articulares do Joelho: O Joelho executa 4 movimentos articulares distintos: Flexão. Extensão. Rotação Interna. * Rotação Externa. * * Obs: Movimentos permitidos somente quando o joelho está fletido.
30 A Flexão e a Extensão do Joelho: A flexão e a extensão são os movimentos fundamentais da articulação do joelho, porém o joelho não é uma simples articulação em dobradiça (gínglimo), além disto, esta é a maior articulação do corpo humano. Com o Joelho em extensão completa, os côndilos femorais se projetam, posteriormente, desde a linha da diáfise do fêmur. À medida que o joelho é flexionado, os côndilos femorais apresentam a tendência de escapar, rodando pela borda posterior da tíbia, se eles não fossem retidos pelos ligamentos cruzados, pela fáscia lata e por outras estruturas aponevróticas e musculares. À proporção que a flexão progride, o ligamento cruzado anterior torna-se tenso e força os côndilos femorais a deslizarem para frente, sobre os meniscos. Assim, há uma tendência para que aproximadamente o mesmo ponto da tíbia faça contato com as partes progressivamente mais posteriores que os côndilos do fêmur. A partir de uma flexão completa, à medida que ocorre uma extensão, haveria ma tendência do fêmur rodar para fora da margem anterior da tíbia, se o ligamento cruzado posterior não ficasse tenso, forçando os côndilos femorais a deslizarem para trás, sobre os meniscos. Amplitude de Movimento do Joelho: A amplitude de movimento da articulação do joelho é, geralmente, considerada com sendo de 10 até 135 graus, quando é detida pelo contato com os tecidos situados na face posterior da coxa e da perna e pelos ligamentos capsulares e cruzados. Como o ângulo da articulação do joelho tem um efeito definido sobre a potência do movimento, é possível comparar os resultados da força de elevação da perna, somente se são registrados com o joelho flexionado em um ângulo específico. Fixação do Joelho: A articulação do joelho pode hiperestender-se ligeiramente. A hiperextensão adicional é limitada pelo ligamento cruzado anterior, pelos ligamentos colaterais e outros tecidos conjuntivos. Quando o corpo está em equilíbrio na posição ereta, a linha da gravidade cai, ligeiramente, na frente dos pontos de contato da articulação tibiofemoral. Portanto os músculos extensores do quadríceps podem se relaxar porque os joelhos estão efetivamente “fixados” na hiperextensão, devido ao pequeno torque gravitacional. Não se consegue o bloqueio do joelho, somente com a extensão, enquanto o corpo está na posição ereta para a sustentação do peso. Os diâmetros do menisco medial e do côndilo femoral medial são maiores do que os diâmetros do menisco lateral e do côndilo femoral lateral. A extensão do joelho atinge seu limite, quando o côndilo femoral lateral tornase firmemente encaixado. Mas, neste ponto, o lado medial ainda não está completamente encaixado. A rotação interna do fêmur sobre a tíbia ainda é possível, podendo ser produzida pela contração contínua do quadríceps, ajudado pelas forças de sustentação de carga, até que a articulação esteja completamente encaixada ou “bloqueada”. Ação do Músculo Poplíteo: A ação do músculo poplíteo é necessária para “desencaixar” o joelho, em posição de sustentação de peso, antes de flexioná-lo. O Poplíteo é considerado um motor primário da rotação interna da articulação do joelho, considerando-se a tíbia como a parte móvel. Porém a tíbia está bem estabilizada quando o peso atua sobre a extremidade, de modo que a contração do poplíteo atua girando o fêmur para fora, invertendo, efetivamente, o movimento em “parafuso”. Quando não se está sustentando peso, o desencaixe pode ocorrer passivamente, como uma ação acessória da flexão do joelho. A Rotação do Joelho: Quando o joelho está bloqueado em extensão, não pode realizar a rotação, embora o pé ainda possa girar para dentro e para fora, através das rotações do tornozelo e principalmente do quadril. À medida que o joelho é flexionado, os ligamentos colaterais e a fáscia vão se afrouxando, permitindo a rotação interna e externa. Amplitude de Rotação do Joelho: Depois de aproximadamente 90 graus de flexão, é possível fazer-se uma rotação de 60 a 90 graus. Com o joelho estendido, a estabilidade postural aumenta pela ausência da rotação, embora a articulação seja vulnerável a lesões provenientes de forças laterais. Própriocepção da Articulação do Joelho: Durante a atividade física, quando o joelho pode ser flexionado até um certo grau, a capacidade de rotação permite uma grande variedade de movimentos tais como: girar sobre si mesmo, mudar a direção do movimento, apreender objetos entre as plantas dos pés, chutar com o tornozelo voltado para dentro ou para fora, etc. Por isso o ato automático da flexão dos joelhos quando nos colocamos em posição de expectativa em quase todos os esportes! Músculos Motores Primários da Articulação do Joelho:
Flexores: Semitendíneo. * Semimembranáceo. * Bíceps Femoral. * Obs: Todos foram estudados na articulação do quadril
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Extensores: Reto Femoral (Já estudado no quadril). Vasto Lateral. Vasto Intermédio. Vasto Medial
Vasto Lateral: Origem: A superfície do fêmur, logo abaixo do trocânter maior e da metade superior da linha áspera. Inserção: As bordas superior e lateral da patela e o tendão do quadríceps femoral.
Vasto Medial: Origem: Toda a extensão da linha áspera e a linha supracondilar medial. Inserção: A borda medial da patela e o tendão do quadríceps femoral.
Vasto Intermédio: Origem: A face anterior lateral do fêmur, com exceção dos dez centímetros inferiores. Inserção: A borda superior da patela, através do tendão do quadríceps femoral.
Músculos Rotadores Internos do Joelho: Semitendíneo. * Semimembranáceo. * Poplíteo.
Quadríceps
Poplíteo: Origem: Um tendão triplo, com a porção mais forte se originando da face lateral do côndilo lateral do fêmur, com ramos provenientes da face póstero-medial da cabeça da fíbula e do corno posterior do menisco lateral. Inserção: O lado medial posterior da tíbia, acima da origem do sóleo. Função: Rotação interna do joelho e “destrava” o joelho no início de sua flexão.
Músculo Rotador Externo do Joelho: Bíceps Femoral. *
PARADOXO DE LOMBARD: Quando estamos sentados em uma cadeira e fizemos uma preensão da coxa, de modo que o polegar palpe o ventre do reto femoral e os demais dedos palpem os ventres dos músculos isquiopoplíteos, à medida que levantamos da cadeira , através da extensão do quadril e do joelho, sentimos que entram em ação (contraem) todos músculos! Como isto é possível? Lembre-se: Enquanto o reto femoral tende a estender o joelho, ele tende também a flexionar o quadril e que, enquanto que os músculos isquipoplíteos tendem a estender o quadril, tendem, também a flexionar o joelho. Poderíamos então esperar que os músculos envolvidos neutralizassem suas ações pois são antagônicos em suas funções em relação ao quadril e ao joelho! Esta situação, aparentemente contraditória, é conhecida como P pois foi descrita pelo cientista e pesquisador W.P. Lombard. Como então é possível levantarmos da cadeira? Resposta: Este mesmo estudo nos mostra, através de uma simples comparação mecânica entre os braços das alavancas dos músculos biarticulares do quadril e do joelho, como os movimentos de sentar e levantar podem ocorrer naturalmente: Observe o quadro a seguir:
Conclusão: As alavancas extensoras, do quadril e do joelho são maiores que as alavancas flexoras! A PATELA: Funções da Patela: A patela apresenta funções distintas na articulação do joelho. Ela protege as estruturas da porção anterior do joelho contra traumatismos ao cobri-las. O alinhamento fisiológico permite que o quadríceps femoral esteja centralizado, o que por sua vez aumenta a vantagem mecânica do músculo quando se produz movimentos na articulação do joelho. A patela também converte algumas forças compressivas provenientes da articulação tibiofemoral em forças de tensão através do ligamento patelar.
32 Função Primária da Patela: A função primária da patela consiste em aumentar o braço de alavanca do músculo quadríceps femoral e reduzir a força vetorial necessária para estender concentricamente o joelho. Observação: Indivíduos que sofrem remoção da patela, processo conhecido como patelectomia, apresentarão uma redução de 15% a 49% na capacidade de estender o joelho.
ESTUDO DO TORNOZELO: A estrutura relativamente rígida que constitui o pé humano tem evoluído, a partir do órgão de preensão flexível do animal pré-humano que vivia nas árvores. Jones o considera a parte mais tipicamente humana da anatomia do homem e comenta que constitui o sinal distinto que o separa de todos os outros membros do reino animal. (Cinesiologia e Anatomia Aplicada – Rasch & Burke).
Funções do Tornozelo e do Pé: Servem como uma base de suporte. Atuam como amortecedores de impacto. Atuam como um adaptador dinâmico. Funcionam como uma alavanca rígida.
Arcos do Pé: O pé apresenta dois arcos: O arco longitudinal e o arco transversal. Estes arcos são estruturados de tecidos moles que fornecem suporte às articulações ósseas e às formas do pé. O arco longitudinal é descrito como uma curva que se estende posteriormente do calcâneo até anteriormente às cabeças dos metatarsos. O arco é contínuo medial e lateralmente por todo o pé. Por ser mais alto medialmente, o arco longitudinal é em geral o lado de referência. O arco transversal também é uma estrutura contínua, sendo mais proeminente no tarso anterior e tornando-se gradualmente menos côncavo distalmente e quase retificado sobre as cabeças dos metatarsos.
Movimentos do Tornozelo: Flexão Plantar ou Extensão. Flexão Dorsal ou Dorsiflexão ou ainda, Flexão. Inversão ou Supinação. Eversão ou Pronação. Obs: Para análise de movimentos devemos adotar apenas uma nomenclatura para o movimento do tornozelo.
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Movimentos Articulares do Tornozelo: Flexão Dorsal (Dorsiflexão/Flexão) Flexão Plantar (Extensão) Eversão (Pronação) Inversão (Supinação)
Dorsiflexão; Flexão Dorsal ou Flexão: Consiste na elevação do pé em direção da superfície anterior da perna. A dorsiflexão ocorre, principalmente na articulação do tornozelo e, um pouco, nas articulações do tarso. Flexão Plantar; Extensão: Consiste em abaixar o pé, de modo a alinhar seu eixo maior com a perna. A flexão plantar ocorre, principalmente nas articulações do tornozelo e, um pouco nas articulações do tarso. Eversão (Pronação): A eversão do pé ocorre quando a planta é voltada para fora ou lateralmente. A eversão não pode realizar-se sem que haja deslocamento simultâneo do eixo longo do pé com os “artelhos para fora”. Este movimento ocorre apenas nas articulações do tarso. Inversão (Supinação): Este movimento ocorre quando a planta é voltada medialmente ou para dentro. A inversão não se realiza a menos que haja o deslocamento do eixo longo do pé na posição com os “artelhos para dentro”. A inversão só ocorre nas articulações do tarso.
33 Observações Importantes: Alguns autores definem a pronação como uma ação normal composta da eversão em combinação com a abdução, e supinação como uma ação normal composta da adução em combinação com a inversão, porém estes termos serão estudados, de forma reservada, nos desvios posturais do pé. Lesões por inversão, geralmente lesionam o tornozelo, já na lesão por inversão a sobrecarga passa a ser direcionada para o joelho, lesionando frequentemente esta articulação. Particularidades do Estudo do Tornozelo: Para efeito de estudo, especificamente, como no punho, neste capítulo veremos apenas os músculos extrínsecos do tornozelo.
Músculos Motores Primários da Dorsiflexão: Tibial Anterior. Extensor Longo dos Dedos. Fibular Terceiro. Tibial Anterior: Origem: Os dois terços superiores da superfície lateral da tíbia e a porção correspondente à membrana interóssea que une a tíbia com a fíbula. Inserção: A superfície medial e plantar do osso cuneiforme medial e a base do primeiro metatarso.
Extensor Longo dos Dedos: Origem: O côndilo lateral da tíbia, os três quartos superiores da superfície anterior da fíbula, a membrana interóssea adjacente e a fáscia profunda que a envolve. Inserção: Face dorsal dos quatro menores artelhos e suas expansões extensoras.
Fibular Terceiro: Origem: O terço inferior da superfície anterior da fíbula e a porção Inferior da membrana interóssea. Inserção: A superfície dorsal da base do quinto metatarso.
Músculos Motores Primários da Flexão Plantar: Gastrocnêmio. * Sóleo. * Obs: * Estes músculos também são chamados de Tríceps Sural da perna.
Gastrocnêmio (Gêmeos): Origem: Através dos dois tendões que partem da face posterior dos côndilos femorais. Inserção: A superfície posterior do calcâneo.
Sóleo: Origem: A parte superior da superfície posterior da tíbia, da fíbula e da membrana interóssea. Inserção: Através do tendão de Aquiles, no calcâneo.
Músculos Motores Primários da Inversão do Tornozelo: Tibial Anterior . * (Já visto na dorsiflexão) Tibial Posterior.
Tibial Posterior: Origem: A metade superior da superfície posterior da membrana interóssea e as partes adjacentes da tíbia e da fíbula. Inserção: A tuberosidade da superfície inferior do navicular, com prolongamentos aos ossos adjacentes.
Músculos Motores Primários da Eversão do Tornozelo: Extensor Longo dos Dedos. * Fibular Terceiro. * Fibular Longo. Fibular Curto.
Fibular Longo: Origem: O côndilo lateral da tíbia e os dois terços superiores da face lateral da fíbula. Inserção: A face lateral do primeiro osso cuneiforme e a face lateral da extremidade proximal do primeiro metatarso.
Fibular Curto: Origem: Os dois terços inferiores da superfície lateral da fíbula. Inserção: A tuberosidade da extremidade proximal do quinto metatarso.
34 CINESIOLOGIA DA POSTURA:
Definição de Postura: “É uma posição ou atitude do corpo, o arranjo relativo das partes do corpo para uma atividade específica ou uma maneira característica de alguém sustentar o corpo”. (Cailliet). “Posição que o corpo assume no espaço em função do equilíbrio dos 4 constituintes anatômicos: vértebras, discos, articulações e músculos”. (Knoplich).
Postura é o conjunto em posição das articulações de um corpo em um determinado momento atuando para fornecer o equilíbrio no espaço, uma entidade formada em conjunto com o sistema nervoso e os músculos. A Coluna Vertebral e a Postura: Embora muitas pessoas achem que postura seria só o conjunto ditado pela coluna vertebral, esta também é parte primordial e essencial da postura por que irá determinar sob diversas influências a direção dos membros superiores e inferiores. A evolução humana: A postura bípede do homem é extremamente eficaz e constitui o mecanismo antigravitacional mais econômico por que é gasto pouca energia para nos mantermos em pé, usando um pouco de cada músculo e criando nossa própria postura. A Própriocepção e a Postura: Em um indivíduo, ocorrem informações entre o sistema nervoso e o cérebro, provenientes de três fontes para o equilíbrio do corpo no espaço a sua volta, seja em pé, sentado ou em movimento. O Equilíbrio: Informações providas dos olhos, ouvidos, músculos, articulações, ligamentos e tendões. Nesses quatro últimos citados, existem proprioceptores que informam uma estrutura chamada cerebelo, para depois então, informar o cérebro o grau de tensão a que cada um está sendo submetido e depois retransmitem essa informação de volta para os mesmos músculos, articulações, ligamentos e tendões, fazendo com que nos equilibramos conscientemente ou inconscientemente. A Percepção Corporal: Graças a esses receptores, se fecharmos nossos olhos ou tampássemos nossos ouvidos e realizássemos um movimento, perceberíamos perfeitamente a nossa posição no espaço em que nos localizamos. Briccot, B. Posturologia. São Paulo: Ícone, 2004. Cipriano, J. Testes Ortopédicos e Neurológicos. São Paulo: Manoel, 2005. Kendall, P. Provas e funções. São Paulo: Manole, 2008.
A avaliação da Postura: Podemos avaliar a postura de duas maneiras: Avaliação estática. Avaliação dinâmica.
Indicadores de uma BOA POSTURA: - Curvaturas fisiológicas equilibradas; - Posição não cansativa; - Indolor; - Sem causar danos estruturais; - Aparência “esteticamente” aceitável.
Influenciadores Posturais: Família – hereditariedade; - Estruturas anatômicas sadias; - Hábitos individuais e culturais; - Psicológico; - Trabalho.
Técnicas de Avaliação Postural: Podemos avaliar a postura de várias maneiras, existem inúmeras técnicas para diagnosticarmos desvios posturais, vamos estudar as mais viáveis e atualizadas. SIMETRÓGRAFO: O simetrógrafo é um instrumento de fácil confecção, podemos utilizar apenas uma parede clara e traçar nela linhas verticais e horizontais, podemos também utilizarmos aparelhos industrializados, feitos em acrílico transparente. Esta técnica também permite a fotoimagem, para ser analisada posteriormente com mais detalhes e eficácia.
35 Teoria do fio de Prumo: Consiste no alinhamento pela projeção da linha da gravidade. A linha da gravidade deve incidir na frente da articulação do tornozelo e entre os maléolos mediais – à frente. (POLÍGONO DE SUSTENTAÇÃO). “O homem fica em equilíbrio quando as oscilações de sua linha de gravidade ocorrem dentro do polígono de sustentação”. (Souchard).
Avaliação da Postura Dinâmica: A Postura Dinâmica é avaliada pelos movimentos de deslocamento do corpo com o equilíbrio adequado, sem desgastes (vértebras, articulações, discos e músculos), o desgaste é acusado pela presença da DOR.
DESVIOS POSTURAIS DA ESCÁPULA: Estão associados 4 desvios posturais referentes a postura da cintura escapular. • • • •
Escápula Alada o Abduzida. Escápula Protraída. Escápula Deprimida. Escápula Elevada.
Escápula Alada: Caracteriza-se pela projeção posterior da cintura escapular, dando a esta um aspecto de “asas”, ocasionado pela deficiência do equilíbrio muscular de seus adutores. Escápula Protraída (Ombro protraído): Caracteriza-se pelo aspecto dos ombros estarem projetados à frente, projetando o acrômio anteriormente. Pode estar associado ou não a escápula alada, sua correção é através da cinesioterapia, se o problema não estiver estruturado. Escápula Deprimida: Sua aparência é como estivesse caído, aumentando a área da região cervical. Ocasionada pela deficiência dos músculos elevadores da escápula. Escápula Elevada: Possui um aspecto de ombro alto, ao contrário do ombro deprimido, há uma diminuição do comprimento da região cervical, ocasionado, principalmente, pela tensão excessiva dos músculos elevadores da escápula.
36 A seguir estudaremos os músculos responsáveis pelos movimentos e postura da cintura escapular, lembrando que suas origens e inserções já foram estudadas anteriormente. ELEVAÇÃO: Trapézio I, Trapézio II, Elevador e Rombóide. DEPRESSÃO: Peitoral Menor e Trapézio IV ABDUÇÃO: Peitoral Menor e Serrátil Anterior. ADUÇÃO: Trapézio III e Rombóide. ROTAÇÃO SUPERIOR: Serrátil Anterior, Trapézio II e Trapézio IV. ROTAÇÃO INFERIOR: Peitoral Menor e Rombóide.
Exercícios Corretivos para os Desvios da Escápula: Os exercícios corretivos para desvios da escápula devem ser ministrados o mais cedo possível, em crianças na idade escolar é fundamental a intervenção do professor de Educação Física sempre que este detectar alterações posturais que possam prejudicar futuramente o bom desenvolvimento motor de seus alunos. Os desvios posturais podem ser funcionais ou estruturados (sem correção através do exercício), porém, em ambos os casos a intervenção através da cinesioterapia contribui de forma significativa para frear a evolução do problema e, principalmente, combater as dores inerentes a estes problemas!
Exercícios para escápula alada: Fortalecer os adutores da escápula (Trapézio III e 36omboide), alongar os abdutores da escápula (Peitoral menor e serrátil anterior)
Exercícios para escápula protraída: Semelhante ao anterior, porém aconselha-se a fortalecer os flexores horizontais do ombro e os adutores da escápula, alongar todos os músculos flexores horizontais.
Exercícios para escápula deprimida: Fortalecer os elevadores da escápula: Trapézio I, Trapézio II, Elevador e Rombóide.
Exercícios para escápula elevada: Alongar os elevadores da escápula: Trapézio I, Trapézio II, Elevador e Rombóide.
ESTUDO POSTURAL DA COLUNA VERTEBRAL: Para compreendermos as alterações posturais da coluna vertebral é necessário um estudo sobre as forças que alteram suas estruturas. Quatro forças podem agir sobre a coluna vertebral: Compressão Tensão Torção Cisalhamento A compressão: A força de compressão é a que mais se manifesta diariamente sobre a coluna vertebral, nesta força há uma diminuição do espaço intervertebral provocando um “amassamento” do seus discos. Esta força inicia-se no momento em que ficamos eretos, estudos apontam uma diferença de estatura de 2 cm ou mais, de quando acordamos para o final do dia em virtude da compressão. A tensão: Ao contrário do que se imagina, a força de tensão quando submete a coluna em níveis aceitáveis, provoca um estado de alívio e relaxamento, aumentando o espaço entre as vértebras e permitindo ao disco intervertebral a recomposição de seus anéis fibrocartilaginosos bem como a reposição do núcleo pulposo. Frequentemente esta força atua em exercícios de alongamento para a coluna. A torção: A força de torção se faz presente quando rotamos a coluna para um dos lados, neste movimento de rotação obtemos de um lado a força de compressão e no lado oposto temos uma tensão.
37 O cisalhamento: De todas as forças a mais indesejável e danosa para a coluna vertebral é a força de cisalhamento, causada por doenças degenerativas da coluna (Schevermann/paralisia infantil/desgaste de vértebras/listese/osteoporose) ou por fraturas em acidentes pode levar a consequências irreparáveis como a paraplegia ou até mesmo a morte do indivíduo. Caracteriza-se pelo deslizamento de uma vértebra sobre outra, em sentidos opostos. Como a força de compressão é a que mais a nossa coluna vertebral é submetida no dia a dia, vamos estudá-la em separado, pois a maioria das patologias da coluna vertebral são consequências da ação desta força.
Ao observarmos o quadro anterior notamos que em pé, com a postura ereta (correta) a força de compressão é menor do que quando estamos sentados também com a postura correta; isto se deve ao fato de que quando estamos em pé nosso peso corporal se divide em boa porcentagem para os membros inferiores e quando sentamos todo o peso do corpo + membros superiores + cabeça, fica apoiado, na sua totalidade, sobre os ísquios e sobre a coluna lombar. Portanto a postura ideal, para carregar ou elevar pesos, é com o apoio dos membros inferiores (em pé) e com a coluna em boa postura! A força de compressão sobre a coluna vertebral traz como consequência uma patologia chamada de “hérnia de disco”, que estudaremos a seguir. HÉRNIA DE DISCO: Ocasionada pela compressão da coluna vertebral, diminuindo o espaço entre as vértebras e achatando parte do disco intervertebral temos como consequência a hérnia de disco, que passa por quatro fases de evolução, conforme rompe os anéis fibro cartilaginosos do disco: Protrusão (degeneração) Prolapso Extrusão Sequestro
Comprometimentos da Hérnia de Disco: A Hérnia Discal pode migrar lateralmente comprimindo a raiz nervosa da raiz correspondente. Nestes casos, pode haver 3 comprometimentos: Sensitivo, Motor ou Sensitivo-Motor. Quando levar a uma lesão sensitiva, o paciente apresenta formigamentos ou adormecimentos (até a perda total da sensibilidade) e dor intensa, localizada na região que o nervo acometido inerva. No caso da lesão motora o paciente apresenta perda da força muscular progressiva no membro relacionado ao nervo comprimido, podendo chegar até a paralisia.
38 Outras consequências da hérnia de disco: Uma hérnia não tratada provoca uma reação do organismo, esta reação, que não pode ser considerada como uma patologia (doença) é chamada de osteófito ou vulgarmente chamado de “bico de papagaio” que nada mais é do que uma calcificação óssea provocada pelo atrito entre as parte de uma vértebra com outra, podemos ter osteófitos também em outras articulações, como no joelho, no quadril e no tornozelo. Considerado como uma defesa do organismo a uma patologia que não foi tratada adequadamente (hérnia) e que causava dor, o osteófito procura calcificar os ossos que estavam sendo desgastados por atrito, provocando uma desmineralização dos mesmos entre suas superfícies de contato e assim formando pequenas saliências (bicos) para impedir que ocorra movimento nas regiões afetadas e consequentemente uma diminuição da dor. Importância das curvaturas fisiológicas da coluna vertebral: As curvaturas fisiológicas da coluna vertebral auxiliam na absorção do impacto,principalmente em corridas, saltos ou movimentos desportivos que causam compressão sobre os discos intervertebrais. Assim, a coluna vertebral possui graus de resistência, que são obtidos através de um simples cálculo:
Desvios Posturais da Coluna Vertebral: A coluna vertebral pode ser acometida de desvios posturais ocasionados por vários fatores, conforme estudaremos a seguir. Os desvios posturais da coluna são conhecidos como: Cifose Escoliose Lordose (cervical e/ou Lombar).
CIFOSE: DEFINIÇÃO: Exagero da curvatura dorsal (torácica) fisiológica. Causas da Cifose: Posturais (Atitude na escola, na profissão, etc.) Deficiências Fisiológicas (astenia, osteoporose) Traumatismos Vértebras em cunha (Doença de Schevermann) Lordose Lombar. Osteoporose. Tipos de Cifose: CIFOSE ALTA: Lordose grande, rígida, lordose cervical e projeção da cabeça. CIFOSE LONGA: Lordose baixa, antepulsão, hipotonia, flexível na criança.
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Consequências da Cifose: Diminuição da expansão torácica Ombros protraídos Escápulas abduzidas Lordose lombar compensatória Ligamento longitudinal posterior estirado
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Tratamento da Cifose através da Cinesioterapia: Para tratamento da Cifose, é preciso compreender que o equilíbrio muscular deve ser observado, conforme descrito abaixo: Músculos encurtados (Intercostais – peitorais – paravertebrais lombares isquitiobiais – psoas – deltóide anterior). Músculos alongados (Adutores da escápula – paravertebrais dorsais deltoide posterior). ESCOLIOSE:
Definição: Desvio lateral da coluna vertebral, sua denominação é convencionada pela convexidade da curvatura. Pode vir sem rotação vertebral ou associada com rotação. Tipos de Escoliose: Funcional – Sem rotação vertebral (Flexível, corrigida através de exercícios) Estrutural – Com rotação vertebral. (Estruturada, não corrigível através de exercícios).
39 Classificação da Escoliose: Pelos tipos de curvaturas a escoliose é classificada em: A) “C” Parciais ou totais B) “S” ou dupla curvatura C) Tripla curvatura D) Múltipla ou complexa. OBS: A curva torácica para a direita é o tipo mais frequentemente encontrado. Curvas que fogem deste padrão devem ser melhor estudadas para o diagnóstico diferencial com outras etiologias. Causas da Escoliose: Funcional: Idiopática Hábitos posturais Desigualdade de membros inferiores Desequilíbrio pélvico (assimetria ilio-sacro) Alteração unilateral de joelhos e/ou pés Hemiplegia (paralisia de um dos lados do corpo) Paralisia infantil Estruturada: - Idiopática - Genética/congênita - Evolução da Funcional Prevalência da Escoliose: Atinge 2-3% da população. Felizmente as curvas maiores de 40º Cobb representam apenas 0.1% da população. Meninas são 10 vezes mais acometidas do que os meninos. Para medirmos o grau da escoliose utilizamos o método de Cobb (RX).
CLASSIFICAÇÃO: Leve: até 20 graus Moderada: de 21 a 50 graus. Grave: Maiores que 50 graus> Notas importantes: 1. Ainda não há evidências científicas de que programas de exercícios, manipulação vertebral ou RPG melhorem ou impeçam a história natural da escoliose. 2. Nenhuma restrição deve ser feita para realização de qualquer tipo de atividade física ou esportiva. 3. Na presença de história familiar positiva para escoliose vertebral é recomendado o exame das crianças da mesma família, pois a EIA (Escoliose Idiopática em Adolescentes) pode apresentar herança genética com maior risco de ocorrência na mesma família. 4. Curvas de menor valor (<20º) são comuns, mas apenas três adolescentes do sexo feminino em cada 1.000 possuem deformidade vertebral que necessite de tratamento com colete ou cirurgia. Recomendações: A orientação abaixo pode ser utilizada como regra para o tratamento da maioria dos pacientes portadores da EIA. • Para curvaturas < 20º: Observação periódica durante o período do crescimento e estímulo à pratica de atividades recreativas. • Para curvaturas 20 º-40º: A órtese (colete) é indicada nas crianças com potencial de crescimento ósseo. Sinais e sintomas da escoliose: Nos estágios iniciais, os sinais e sintomas da escoliose são pouco exuberantes e requerem um examinador atencioso. A dor normalmente não é relatada em uma criança com escoliose e quando isso ocorrer deve-se realizar uma investigação mais profunda para a procura de alguma outra etiologia para deformidade. Testes para detecção da escoliose: Teste de Inclinação Anterior (Teste de Adams) Este teste tem por objetivo a busca por um sinal físico de rotação vertebral fixa (estruturada) da coluna vertebral (gibosidade). A criança curva-se anteriormente com os braços para frente, palmas viradas uma para a outra e com os pés juntos. Uma visão tangencial do dorso facilita a visualização da gibosidade costal ou da saliência da silhueta dos músculos lombares. Uma diferença na altura entre o gradil costal direito e esquerdo é sugestivo de escoliose e merece melhor investigação.
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Curvaturas torácicas são mais bem detectadas com o examinador posicionado diretamente atrás da criança. Já na curva lombar, a forma mais fácil de visualização é pela frente.
Dica de exercícios para a escoliose: Para escoliose torácica, movimentar a cintura escapular. Para escoliose lombar, movimentar a cintura pélvica Fortalecimento X Alongamento 3X1 / 1X3; ou seja, em uma escoliose a parte convexa deve ser fortalecida 3 vezes e alongada 1 vez, a parte côncava deve ser fortalecida 1 vez e alongada 3 vezes. LORDOSE: Definição: Acentuação patológica da curvatura cervical e/ou lombar fisiológica.
Causas da Lordose: Anteversão da pelve (1) Antepulsão da pelve (2) Gravidez Uso do salto alto prolongado Obesidade Astenia Má postura Diagnóstico da Lordose: Avaliada pelo ângulo lombo-sacro (L-S) que é medido através de uma linha que passa na borda superior do sacro e forma um ângulo com uma linha paralela ao solo. Quanto maior o ângulo lombo-sacro maior a lordose. (Normal – 23 a 68 graus). Podemos avaliar a lordose através também do ângulo da lordose, que é medido pelo encontro da linha que parte do platô superior de L1 e cruza com a linha que passa no platô superior de S1. Ângulo da curvatura lombar fisiológica: Admite-se uma variação de 23 graus até 68 graus para o ângulo da curvatura lombar, acima deste valor considera-se a presença da LORDOSE. Ritmo Lombo-pélvico: Os movimentos da coluna lombar, da pelve e do quadril são sinérgicos, ou seja, atuam quase que sempre conjuntamente em exercícios que envolvam um destes segmentos, chamamos esta sinergia de RITMO LOMBO PÉLVICO. O equilíbrio pélvico: O equilíbrio pélvico é definido pela relação da ação dos músculos anti-gravitários posteriores em sintonia com os músculos da região anterior do tronco. O equilíbrio pélvico depende da ação muscular equilibrada: anterior e posterior. Músculos atuantes: Região Anterior: Reto femoral, Ilíaco, Psoas e Reto abdominal. Região Posterior: Tríceps Sural, Isquio-tibiais, Glúteo Máximo e Dorso Lombares. O Ritmo Lombo Pélvico: No somatório dos movimentos lombares da coluna vertebral, existe movimentos simultâneos da cintura pélvica e do quadril. Na flexão anterior da coluna vertebral, até 45 graus temos apenas a ação da própria coluna lombar que se “enrola”, possibilitando esta amplitude de movimento. Após 45 graus de flexão da coluna ocorre a rotação da pélvis (retroversão) que provoca, consequentemente, uma extensão do quadril. Movimentos da Pelve: Anteversão: Projeção da crista ilíaca anterior para frente (acentua a Hiperlordose) Retroversão: Também vulgarmente chamado de “encaixe do quadril”, a crista ilícaca anterior se projeta para trás diminuindo a curvatura da lordose lombar. Lateroversão: Elevação de um dos lados da pelve isoladamente (báscula lateral), elevando a coxa e provocando uma flexão lateral da coluna lombar.
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Movimentos da Pelve, quadril e coluna em conjunto: Antepulsão: Coluna, pelve e quadril se deslocam em bloco para frente, formando um arco posterior. Retropulsão: Oposto a antepulsão, o arco agora se projeta anteriormente. Lateropulsão: Coluna, quadril e pelve se deslocam em bloco para um dos lados, provocando uma curvatura lateral na coluna. Graus de flexão da coluna vertebral: A COLUNA LOMBAR APRESENTA 30 GRAUS DE CURVATURA ESTÁTICA, A 45 GRAUS DE FLEXÃO OCORRE A INVERSÃO LOMBAR E ACIMA DESTE VALOR INICIA-SE A ROTAÇÃO PÉLVICA, POIS SEM ESTES MOVIMENTOS NÃO SERIA POSSÍVEL O INDIVÍDUO ALCANÇAR OS PÉS COM OS JOELHOS EM EXTENSÃO!
Posição Estática
Inversão Lombar Rotação Pélvica
A inversão lombar e a rotação pélvica: INVERSÃO LOMBAR: A coluna passa de uma posição de lordose para uma de cifose em virtude da sua flexão a 45 graus ROTAÇÃO PÉLVICA: Acima de 45 graus a pelve rota para trás em retroversão para auxiliar na amplitude de movimento de flexão da coluna sobre os membros inferiores.
Ação Paradoxal do Músculo Psoas: Definição: É a inversão da função do músculo Psoas. “no qual o músculo Psoas, enquanto flete o quadril, causa a hiperextensão da região lombossacral através da inclinação pélvica anterior, embora o Psoas seja considerado um flexor do tronco”. O paradoxo é a inversão do papel de flexão/extensão, pode ser observado durante exercícios como os "abdominais" com os membros inferiores estendidos e elevação de ambos os membros inferiores. As vértebras lombares são puxadas para frente e para baixo pela contração do psoas. “A contração do abdome evita a inclinação anterior da pelve a menos que esses músculos estejam fatigados ou fracos; assim a pelve não gira para frente nem as vértebras lombares são hiperextendidas.” (Cinesiologia e Anatomia aplicada, Philip J Rasch). A cinesioterapia: A cinesioterapia pode ser classificada como um segmento da fisioterapia e da Educação Física que busca utilizar os movimentos musculares como fonte terapêutica. O tratamento por meio de movimentos é estritamente direcionado a casos específicos, não sendo, portanto, uma prática genérica a qualquer paciente que necessite de fisioterapia. Ainda assim, registros da prática da cinesioterapia remetem a 395 d.C a aplicação por sacerdotes que objetivavam equilibrar o corpo dos indivíduos, o que demonstra a força da cinesioterapia. Um dos pontos que nos chamam atenção à cinesioterapia é que sua busca promove variações de exercícios estáticos e dinâmicos, que resultam em melhorias na postura, consciência corporal e reabilitação de pessoas que passaram por traumas. Outro aspecto interessante é a junção de elementos da anatomia, fisiologia e biomecânica na cinesioterapia, resultando em movimentos completos e que podem ser realizados de forma natural ou na água, relacionando-se assim à hidroterapia. Por fim, é importante dizer que o movimento citado na cinesioterapia não corresponde apenas às atividades musculares voluntárias, mas também involuntárias e/ou por meio de reflexos.
42 DESVIOS POSTURAIS DA ARTICULAÇÃO DO JOELHO: O Joelho pode apresentar os seguintes desvios posturais: - Joelho Valgo. - Joelho Varo. - Joelho Recurvado. - Joelho Flexo.
Joelho Valgo ou Genu Valgum: CARACTERÍSTICAS: Joelhos em “X” Côndilos medias se aproximam Maléolos mediais se afastam Alteração do ângulo formado pela união do fêmur com a tíbia.
Causas: Na infância: Raquitismo; paralisia infantil Adolescentes: idiopática (próx. Aos 16 anos) Outras: Obesidade associada a má atitude postural, pés pronados ou supinados, fraturas, hereditariedade
Diagnóstico: Avaliação postural RX do ângulo fêmur-tíbia (normal x=10 graus e y=170 graus) Genu valgum y=150 a 160 graus (raro – menor que 145 graus) Obs: genu valgum em crianças entre 3 a 7 anos de idade deve ser observado com acompanhamento médico.
Joelho Varo ou Genu Varum: CARACTERÍSTICAS: Joelhos em “arco” Côndilos mediais afastados Maléolos mediais próximos Característica normal no latente até 3 anos
Causas: Raquitismo Paralisia infantil Inibição do crescimento do côndilo medial Andar precoce Fraldas muito volumosas Obesidade associada com má atitude postural
Avaliação do joelho varo: Avaliação do ângulo “Q”, ângulo entre a linha do quadríceps (espinha ilíaca ântero-superior até o ponto médio da patela) e a linha do tendão patelar (ponto médio da patela até a tuberosidade tibial) O ângulo “Q” médio é de 12 a 13 graus para homens e de 15 a 18 graus para mulheres, o ângulo “Q” avalia tanto o geno varo quanto o genu valgum.
Joelho Recurvado ou Genu Recurvatum: Joelho em hiperextensão Tensão dos músculos ísquiotibiais “Encurtamento” do quadríceps Debilidade dos ligamentos posteriores
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Joelho Flexo ou Genu Flexum: Joelho em flexão Tensão do quadríceps “Encurtamento” dos isquiotibiais
LESÕES COMUNS NO JOELHO: O Joelho é vulnerável a lesões, uma vez que as superfícies articulares são relativamente superficiais e servem para separar os maiores segmentos do corpo. Consequentemente, o joelho está sujeito a lesões por forças externas e desequilíbrios musculares. Os entorses do joelho são ocorrências frequentes. Uma distensão isolada do ligamento colateral medial pode ocorrer quando o pé do indivíduo mantêm-se fixo e uma força em valgo é aplicada ao joelho. Por exemplo isso ocorre quando a perna de um jogador de futebol mantêm-se fixa e um oponente cai sobre seu joelho, impulsionando-o látero-medialmente. Uma distensão isolada do ligamento colateral ocorre principalmente pela ação de uma força em varo em um contato direto que é aplicada ao joelho enquanto o pé mantêm-se fixo. Esta lesão é menos frequente, uma vez que a morfologia do joelho contribui menos para as forças em varo externas, neste caso é comum o entorse do tornozelo em supinação. Uma lesão comumente encontrada é o entorse do ligamento cruzado anterior. A estrutura anatômica co LCA torna-o predisposto à lesão tanto por mecanismos de contato como sem contato. A lesão por contato pode ocorrer quando uma força externa coloca o joelho em posição de hiperextensão. Aqui, o LCA é tracionado e tensionado, sofrendo um cisalhamento. A lesão sem contato frequente é observada quando um corredor para bruscamente (desaceleração rápida) ou “corta”(como no voleibol) lateralmente enquanto o seu pé está apoiado (fixo). Isto leva o joelho a postura em valgo, à medida que a tíbia é rodada lateralmente sobre o fêmur. Um estalido frequente é ouvido pelo indivíduo. Estiramento do ligamento cruzado posterior: Este estiramento é menos frequente do que no LCA. O mecanismo de lesão se dá mais frequentemente por uma força posterior à tíbia proximal com o joelho em 70 a 90 graus de flexão. Isto é frequentemente observado em acidentes de trânsito, nos quais o indivíduo é empurrado contra o painel do automóvel após o impacto. Uma vez que estes ligamentos funcionam para proporcionar estabilidade à articulação do joelho, a reabilitação após a lesão de qualquer uma dessas estruturas não deve apenas incluir o fortalecimento muscular para ajudar a restaurar a mecânica normal, mas também o treinamento próprioceptivo. Lesões do Menisco: Os meniscos podem ser lesados por um evento traumático ou por estresses repetitivos. Quando induzidos por trauma, em geral o mecanismo responsável consiste na compressão e rotação da articulação tibiofemoral, enquanto o pé mantêm-se fixo sobre a superfície. Isto ocasiona pequenas e grandes lesões. As rupturas de menisco que ocorrem por ação do tempo são devidas a estresses repetitivos. Não é correto rotular estes eventos como não-traumáticos, já que ocorrem microtraumatismos. Condromalacia: A condromalacia é definida como amolecimento ou fissura da cartilagem hialina; quando ela ocorre na superfície posterior da patela, trata-se de condromalacia patelar. A cartilagem hialina recebe nutrição por compressão; assim quando a compressão for excessiva ou deficiente, a cartilagem estará sujeita a degradação. A cartilagem hialina também não recebe inervação, resultando em incapacidade de o indivíduo perceber o desconforto até que ocorra a degradação completa com o envolvimento do osso subcondral. Subluxação e luxação da patela: A luxação da patela pode resultar de um golpe direto sobre esta estrutura ou, caracteristicamente, da desaceleração e mudança de direção do indivíduo. Na maioria das vezes, a patela está deslocada lateralmente do sulco troclear. A pode reduzir-se espontaneamente (subluxação) ou pode permanecer fora de posição e de mandar manipulação para a sua redução (luxação). Embora este seja considerado um incidente traumático, fatores predisponentes tornam o indivíduo mais sujeito a ele. Desequilíbrios musculares, ângulos “Q” aumentados, deformidades ósseas e restrições de tecidos moles são apenas alguns dos distúrbios subjacentes que podem predispor a uma luxação da patela. Assim, como formar de prevenção e tratamento, a estrutura que favorece a ocorrência de problemas deve ser tratada para restaurar o alinhamento e a função fisiológica da articulação patelofemoral.
44 ESTUDO POSTURAL DO TORNOZELO E DO PÉ: A estrutura relativamente rígida que constitui o pé humano tem evoluído, a partir do órgão de preensão flexível do animal pré-humano que vivia nas árvores. Jones o considera a parte mais tipicamente humana da anatomia do homem e comenta que constitui o sinal distinto que o separa de todos os outros membros do reino animal. (Cinesiologia e Anatomia Aplicada – Rasch & Burke). Os músculos funcionais de preensão, embora não utilizados devido a evolução do pé ainda se fazem presentes, embora reduzidos em tamanho e subordinados às necessidades estruturais requeridas para proporcionar uma alavanca propulsiva. A maioria dos lactentes apresenta um pé plano quando começam a andar. Os músculos plantares curtos vão, gradualmente, se colocando em tensão; os tibiais anterior e posterior elevam a borda interna formando o arco longitudinal. Nenhum tipo de arco pode ser considerado normal e sua altura e forma não têm valor na avaliação à força do pé. Curiosidades: Os pés dos povos primitivos que não usava sapatos apresentam uma mobilidade extraordinária. Seu aspecto é quase plano, quando suportam peso e estão relaxados apresentando, porém, uma arco acentuado, ao entrar em ação. Tais pés se cansam facilmente ao assumir aposição ereta por muito tempo, mas suas capacidades funcionais são comprovadas pelo fato de que frequentemente são encontrados nos corredores e bailarinos. Os pés dos homens civilizados se caracterizam por um arco longitudinal pronunciado que não se deprime quando sustenta um peso, nem se eleva durante a ação. Atribui-se esta condição estática ao fato de que os calçados modernos colocam os pés numa verdadeira tala. Os ligamentos se encurtam, as cápsulas articulares se contraem, formam-se aderências e o arco torna-se relativamente rígido. Aproximadamente 60% de qualquer grupo de pessoas possui algum tipo de incapacidade no pé. A seguir estudaremos as mais frequentes deformidades do pé. Desvios Posturais do Pé: Pé Calcâneo. Pé Equino. Pé Varo. Pé valgo. Pé cavo. Pé Plano. Pé Calcâneo: A paralisia do tríceps sural, ou do fibular longo, ou de ambos, permite que os músculos anteriores elevem a parte anterior do pé de modo que o peso gravite sobre o calcanhar. Pé Equino: A paralisia do tibial anterior, do extensor longo dos dedos ou de outros dorsiflexores permite a contratura do tríceps sural de modo que o calcanhar seja elevado e o peso gravite sobre os artelhos. O pé equino moderado é comum em mulheres que usam, habitualmente, sapatos de salto alto. Neste caso há um estiramento excessivo do tibial anterior e do flexor dorsal com um encurtamento adaptativo do tendão de Aquiles. Calosidades e dedos em martelo são consequências comuns dessa deformidade. Pé Varo: A paralisia do fibular longo,do fibular curto, ou de ambos, pode permitir que o tibial anterior e o posterior tracionem o pé para uma posição na qual a planta do pé é voltada para dentro. Pé Valgo: A perda do tibial posterior, dos músculos plantares intrínsecos, ou de ambos, ou a contratura do fibular longo, podem produzir a eversão da planta do pé. Pé Cavo: Ocorre quando a perda do tríceps sural permite que os flexores desloquem o calcâneo para a frente. Dessa forma o talus se dorsiflexiona e a fáscia plantar se contrai formando um arco muito acentuado e encurtando os extensores longos dos artelhos. Estes ficam projetados para cima ocorrendo também o chamado “pé em garra”. Este tipo de pé absorve melhor o impacto, porém é mais instável e sujeito a entorses. Pé Plano: Também conhecido como “pé chato”, neste desvio os calcanhares se desviam para dentro lançando uma percentagem muito grande do peso corporal sobre os ligamentos plantares.Os músculos tibiais anterior e posterior e os plantares intrínsecos estão distendidos, permitindo que o pé desabe. Esta ação pode continuar até que a porção medial entre em contato com o solo. O pé plano pode ser classificado como sendo de grau 1, 2 e 3, dependendo da extensão de sua queda. O pé plano é mais estável, porém absorve pouco impacto e entra em fadiga mais rapidamente. O pé fraco, o pé pronado e o pé plano podem ser estágios sucessivos do mesmo defeito.
45 Diagnóstico pela impressão plantar: Através da impressão plantar podemos observar os desvios posturais dos pés cavos e planos.
Diagnóstico pelo desvio do “Tendão de Aquiles”: Observando o indivíduo posteriormente, podemos, através da observação do desvio do tendão de Aquiles, com ou sem o apoio no solo, identificar os pés pronados e supinados.
Desgaste na sola dos calçados: Outro fator de observação para os desvios do pé pode ser pelo desgaste do calçado. As linhas de força, representadas abaixo, devem ter um desgaste uniforme.