Curso Técnico em Telecomunicações
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Armando de Queiroz Monteiro Neto Presidente
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Conselho Nacional Armando de Queiroz Monteiro Neto Presidente
SENAI – Departamento Nacional José Manuel de Aguiar Martins Diretor Geral
Regina Maria de Fátima Torres Diretora de Operações
Confederação Nacional da Indústria Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional
Curso Técnico em Telecomunicações
Silvano Munay
Componente Curricular na Modalidade a Distância Brasília 2010
© 2010. SENAI – Departamento Nacional Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.
Equipe técnica que participou da elaboração desta obra Coordenador Projeto Estratégico 14 DRs Luciano Mattiazzi Baumgartner - Departamento Regional do SENAI/SC Coordenador de EaD - SENAI/RN João Xavier - Centro de Tecnologias em Informática Aluízio Alves
Design Educacional, Design Gráfco,
Diagramação e Ilustrações Equipe de Desenvolvimento de Recursos Didáticos do SENAI/SC em Florianópolis Revisão Ortográfca e Normativa
Contextual Serviços Editoriais e FabriCO
Coordenador de EaD – SENAI/SC em Florianópolis Diego de Castro Vieira - SENAI/SC em Florianópolis
Ficha catalográfica elaborada por Kátia Regina Bento dos Santos - CRB 14/693 - Biblioteca do SENAI/SC Florianópolis.
M963a Munay, Silvano Análise de circuitos elétricos / Silvano Munay. – Brasília : SENAI/DN, 2010. 377 p. : il. color ; 28 cm. Inclui bibliografias.
1. Circuitos elétricos. 2. Grandezas elétricas. 3. Potência elétrica. I. SENAI. Departamento Nacional. II. Título. CDU 621.3.049
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Setor Bancário Norte, Quadra 1, Bloco C Edifício Roberto Simonsen – 70040-903 – Brasília – DF Tel.:(61)3317-9000 – Fax:(61)3317-9190 http://www.senai.br
Sumário
Apresentação................................................................................................... 09 Plano de estudos ........................................................................................... 11 Unidade 1: Grandezas elétricas básicas ................................................ 13 Unidade 2: Resistores .................................................................................. 67 Unidade 3: Lei de OHM .............................................................................. 81 Unidade 4: Potência elétrica em corrente contínua e associação de
resistores ................................................................................................................91 Unidade 5: Leis de Kirchhoff ...................................................................115 Unidade 6: Análise de circuitos por teoremas..................................179 Unidade 7: Magnetismo...........................................................................217 Unidade 8: Princípio de geração de energia elétrica .....................235 Unidade 9: Armazenamento de energia elétrica: capacitores ....257 Unidade 10: Circuito RC série em corrente alternada ...................293 Unidade 11: Potência elétrica em corrente alternada ...................353
Palavras do autor .........................................................................................373 Conhecendo o autor ...................................................................................375 Referências .....................................................................................................377
Apresentação da disciplina Olá! Seja bem-vindo ao Componente Curricular Análise de Circuitos Elétricos do Curso Técnico em Telecomunicações. O objetivo geral é analisar fenômenos elétricos em função dos componentes constituintes de um circuito elétrico. O conteúdo referente aos temas Grandezas elétricas básicas, Resistores, Lei de OHM, Potência elétrica em corrente contínua e associação de resistores, Leis de Kirchhoff, Análise de circuitos por teoremas, Magnetismo, Princípio de geração de energia elétrica, Armazenamento de energia elétrica através de capacitores, Circuito RC série em corrente alternada e Potência elétrica em corrente alternada, constituem-se na base imprescindível para o progresso dos estudos da eletricidade como fonte de energia. Portanto, sua dedicação à aprendizagem desses conteúdos, em paralelo ao apoio do seu professor tutor, é fator de sucesso. Estamos juntos nessa caminhada. Conte com o nosso integral apoio.
Bons estudos!
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Plano de Estudos Carga-horária 120 horas 72 horas a distância e 48 horas em encontros presenciais
Ementa
Grandezas elétricas (tensão, corrente e resistência)
Resistores (tipos, associação série, paralela, mista e divisor de tensão)
Lei de OHM
Potência elétrica
Redes/malhas/Leis de Kirchhoff
Teoremas de Norton, Thevenin e Superposição
Tensão alternada (valor de pico, pico a pico, valor médio, frequência, período)
Sinais não simétricos (valor médio, valor ecaz)
Capacitores (tipos, reatância capacitiva e constante de tempo)
Indutores (tipos, reatância indutiva e constante de tempo)
Circuitos RC, RL, RLC
Ressonância
Transformadores
Potência elétrica em CA
Impedância
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Objetivos
Objetivo Geral Analisar fenômenos elétricos em função dos componentes constituintes de um circuito elétrico
Objetivos Específcos
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Propiciar conhecimentos técnicos e cientícos que possibilitem a aplicação da eletricidade como fonte de energia;
Promover bases conceituais para a execução dos processos inerentes a sistemas elétricos;
Propiciar fundamentos técnicos relativos à instalação e manutenção de equipamentos elétricos.
Grandezas Elétricas Básicas Objetivos de aprendizagem Ao nal desta unidade você terá subsídios para:
compreender a composição e a estrutura da matéria; identicar fontes geradoras de energia elétrica;
identicar as unidades de medida elétrica;
realizar a conversão de medidas elétricas;
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realizar medição com instrumento de medida; compreender o funcionamento de um circuito elétrico simples.
Seções de estudos Acompanhe nesta unidade o estudo das seções seguintes. Seção 1: Matéria. Seção 2: Eletrização da matéria. Seção 3: Atração e repulsão entre cargas elétricas. Seção 4: Unidade de medida de tensão elétrica. Seção 5: Medição de tensão em corrente contínua. Seção 6: Corrente elétrica. Seção 7: Resistência elétrica. Seção 8: Circuito elétrico.
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Para iniciar O objetivo principal desta unidade é fazer com que você compreenda o que de fato é eletricidade, conhecendo desde a forma como a mesma é gerada e chega a nossas residências até as principais unidades de medidas (tensão, corrente e resistência). Ainda durante esta unidade você também aprenderá a efetuar medições com o multímetro, referenciando-se à corrente contínua (CC) para melhor compreender a instalação de um circuito elétrico e todos os seus componentes. É importante destacar que o conteúdo desta unidade é base para todas as outras, portanto, que atento e leia com bastante atenção! Ah! Sempre que precisar, entre em contato com o seu tutor, ele estará à sua disposição para ajudá-lo durante o processo de aprendizagem por meio de uma sólida parceria, na qual ele também estará disposto a aprender com você. Lembre-se sempre: o seu contato, além de indispensável, será sempre muito bem-vindo! “A adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, teriam cado
adormecidas.” – Horácio –
Seção 1: Matéria Quem nunca ouviu falar sobre o conceito de matéria? O que lhe vem à cabeça quando você escuta ou lê essa palavra? Átomos? Moléculas? Espaço? Vamos ver juntos!
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Análise de Circuitos Elétricos
O átomo é uma partícula divisível, sendo constituído pelo núcleo, onde estão os prótons e os nêutrons, e pela eletrosfera, onde estão os elétrons. A eletrosfera, por sua vez, é composta por camadas ou órbitas formadas pelos elétrons, que se movimentam em trajetórias circulares em volta do núcleo. Os prótons são partículas subatômicas que possuem carga elétrica positiva. Já os elétrons são partículas subatômicas dotadas de carga elétrica negativa. E por último, os nêutrons são partículas subatômicas sem carga elétrica. A seguir conra a imagem que representa um átomo.
Figura 1 - Representação do átomo Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Modelo atômico de Rutherford e Bohr De acordo com Niels Henrick David Bohr (físico dinamarquês), os elétrons se movimentam ao redor do núcleo seguindo trajetórias circulares denominadas de camadas ou níveis.
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Essas camadas foram especicadas por letras a partir da camada mais interna:
Nota K , L, M, N, O, P e Q .
Os elétrons podem ir de um nível mais interno para outro mais externo absorvendo energia. Caso o processo fosse inverso, ocorreria emissão de energia. Os postulados de Bohr permitem que você conheça quantos elétrons um dado átomo possui em cada uma das camadas.
Figura 2 - Camadas do modelo atômico Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Acompanhe a seguir a quantidade máxima de elétrons em cada uma das camadas.
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Análise de Circuitos Elétricos
Tabela 1 - Valor máximo de elétrons em cada camada
Camada
Número máximo de elétrons
K
2
L
8
M
18
N
32
O
32
P
18
Q
2
Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
A camada mais externa de um átomo não pode possuir mais de oito elétrons. Nem todo átomo possui a mesma quantidade de camadas. Que tal agora conhecermos um pouco mais sobre a eletrização da matéria? Conra este assunto na próxima seção.
Seção 2: Eletrização da matéria Quando o número total de prótons e elétrons é igual, diz-se que a matéria está eletricamente neutra. Conra a seguir alguns exemplos de materiais eletricamente neutros.
Figura 3 - Materiais eletricamente neutros no seu estado natural Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
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É importante destacar que essa neutralidade pode ser alterada por meio do processo de eletrização. Os processos de eletrização atuam sempre nos elétrons que estão na última camada dos átomos conhecida como camada de valência. Quando um processo de eletrização retira elétrons da camada de valência dos átomos, o material ca com o número de prótons maior que o número de elétrons. Nestas condições, o corpo ca eletricamente positivo. Quando um processo de eletrização acrescenta elétrons a um material, o número de elétrons se torna maior que o número de prótons. Nestas condições, o corpo ca eletricamente negativo.
Tipos de processos de eletrização Na natureza há vários processos de eletrização. Por exemplo:
eletrização por atrito;
eletrização por contato;
eletrização por impacto;
eletrização por indução.
No caso da eletrização por atrito a gura a seguir demonstra quando o corpo ca eletricamente positivo por atrito, veja.
Figura 4 - Processo de eletrização positiva Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
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Quando um corpo está com uma quantidade maior de prótons do que de elétrons ele ca positivamente eletrizado!
Pergunta Mas como um corpo ca negativamente eletrizado?
Agora conra na gura a seguir quando o corpo ca negativamente eletrizado:
Figura 5 - Processo de eletrização negativa Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Quando o corpo está com excesso de elétrons, ele ca negativamente eletriza do! Nos corpos sólidos são os elétrons que se movimentam de um átomo para outro. Os prótons permanecem em seus núcleos. Siga o passo a passo do pequeno experimento a seguir e veja como funciona a eletrização por atrito.
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1º – Pegue um papel.
2º – Rasgue o papel em vários pedaços.
3º – Coloque os pedaços de papel sobre uma superfície.
4º – Pegue um pente de plástico.
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5º – Penteie o cabelo três vezes.
6º – Aproxime o pente dos pedaços de papel que estão sobre a superfície.
Pergunta Então, conseguiu fazer o experimento? O que aconteceu? Qual foi o resultado obtido?
Possivelmente o pente atraiu os pedaços de papel, não é mesmo? Mas por qual motivo que isso aconteceu, você sabe? A resposta é simples, vamos ver juntos! Primeiro, o atrito do pente com os cabelos causa uma eletrização positiva, pois esse atrito retira elétrons do pente. Depois, ao aproximar o pente dos pedaços de papel, os elétrons dos átomos do papel são atraídos pelos prótons que estão em maior quantidade no pente. Como os elétrons não podem saltar para o pente, eles arrastam os pedaços de papel por causa da força de atração.
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Outro exemplo Quando as nuvens se atritam com o ar, as mesmas adquirem cargas elétricas. Você já viu um relâmpago? O relâmpago comprova a existência de carga elétrica nas nuvens. E então, está gostando do assunto? Vamos à próxima seção.
Seção 3: Atração e repulsão entre cargas elétricas A aproximação de dois corpos eletrizados causa uma reação entre eles. Quando um dos corpos está eletrizado positivamente e o outro está eletrizado negativamente há uma tendência para que eles se atraiam mutuamente. Entretanto, se os dois corpos estiverem igualmente eletrizados (positivo e positivo ou negativo e negativo), eles se repelem.
Atenção Lembrando que:
+; e a carga negativa é representada por -. a carga positiva é representada por
Potencial elétrico Você sabe o que é potencial elétrico? O potencial elétrico de um corpo é denido como a capacidade que esse corpo tem para realizar trabalho. Neste caso, o trabalho é atrair ou repelir outras cargas elétricas.
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Análise de Circuitos Elétricos
Pergunta Lembra do experimento que você fez com o pente na seção anterior?
O pente estava eletrizado e por este motivo teve a capacidade de realizar o trabalho de mover o papel em sua direção, conforme você pode vericar nova mente na gura a seguir.
Figura 6 - Processo de eletrização por atrito Fonte: adaptado de SENAI-CTGAS (2005).
Pode-se dizer então que:
Figura 7 - Bastões carregados positivamente e negativamente Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
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Ao se comparar os trabalhos realizados por dois corpos eletrizados, automaticamente estão sendo comparados os seus potenciais elétricos. A diferença entre os trabalhos expressa diretamente a diferença de potencial elétrico (cuja abreviação é ddp) entre os dois corpos. Nos campos da eletrônica e da eletricidade, utiliza-se quase exclusivamente a expressão tensão ou tensão elétrica para indicar a diferença de potencial elétrico (ddp). É possível vericar a existência de diferença de potencial entre corpos eletrieletri zados com cargas diferentes ou com o mesmo tipo de carga. Para que isso aconteça é necessário que a quantidade de carga seja diferente, conforme você pode vericar na gura a seguir:
Figura 8 - Diferença de potencial entre cargas diferentes e entre cargas iguais Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Dica A diferença de potencial é também denominada de tensão elétrica. elétrica.
E por falar em tensão elétrica, esse é o assunto da próxima seção. Acompanhe!
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Seção 4: Unidade de medida de tensão elétrica A tensão entre dois pontos pode ser medida por meio de instrumentos. A unidade de medida de tensão é o volt volt e e o símbolo desta grandeza elétrica é V.
Pergunta Você sabia que a unidade volt é uma homenagem ao cientista italiano Você Alessandro Volta? Sim, Volta mostrou que a origem da corrente elétrica, descoberta por Luigi Galvani, não estava nos seres vivos, mas sim no contato entre dois metais diferentes num meio ionizado. Decorrente dessas suas investigações construiu as primeiras pilhas químicas no nal do século XVIII, marcando o início do estudo da eletricidade e dos circuitos elétricos. (FEUP, 2009).
Em algumas situações, a unidade de medida padrão se torna inadequada. Por exemplo: o exemplo: o metro, que é uma unidade de medida de comprimento, não é adequado para expressar o comprimento de um pequeno objeto, como por exemplo, o diâmetro de um botão. Para tomada de medidas tão pequenas, são utilizados os submúltiplos do metro, como o centímetro (0,01 m) ou o milímetro (0,001 m). Da mesma forma, a unidade de medida de tensão volt também tem múltiplos e volt também submúltiplos adequados a cada situação. Aliás, em eletrônica é muito comum expressar um determinado valor – tanto da corrente, da resistência ou da tensão elétrica – por meio de um múltiplo ou submúltiplo.
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Pergunta Mas o que seria múltiplo e submúltiplo? s ubmúltiplo?
Múltiplos são Múltiplos são valores acima da unidade, no caso mil vezes maior.
Submúltiplos são valores abaixo da unidade, no caso mil vezes menor.
A tabela seguinte mostra alguns deles: Tabela 2 - Múltiplos e submúltiplos
De no mina çã o Múltiplos
S ímbo lo
Valor com relação ao volt
M eg avol t
MV
106 V ou 1.000.000 V
Qu i l ovo l t
kV
103 V ou 1.000 V
Volt
V
1V
M i l iv ol t
mV
10-3 V ou 0,001 V
Microvolt
mV
10-6 V ou 0,000001 V
U n i d ade Submúltiplos
Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
No campo da eletricidade, usam-se normalmente o volt volt e e o quilovolt quilovolt.. Porém, na área da eletrônica, usa-se normalmente o volt volt,, o milivolt milivolt e e o microvolt microvolt.. A conversão de valores é feita de forma semelhante à conversão de unidades de medida. Você se lembra como transformamos 1 quilômetro em metros? Então, este processo de conversão acontece da mesma forma, veja! Tabela 3 - Conversão de valores- volts
Q uil ovo lt
Volt kV
Mi livo lt V
M ic ro vol t mV
mV
Posição da vírgula Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Fontes geradoras de tensão elétrica A existência de tensão é condição fundamental para o funcionamento de todos os aparelhos elétricos. A partir dessa necessidade, foram desenvolvidos disposi-
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tivos que têm a capacidade de criar um desequilíbrio elétrico entre dois pontos dando origem a uma tensão elétrica. Esses dispositivos são denominados genericamente de fontes geradoras de tensão. Existem vários tipos de fontes geradoras de tensão. Acompanhe a seguir alguns exemplos.
Figura 9 - Exemplos de fontes geradoras de tensão Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Como você pôde perceber, as pilhas, por exemplo, são fontes geradoras de tensão. Elas são constituídas basicamente por dois tipos de metais mergulhados em um preparado químico:
cobre (Cu); e
zinco (Zn).
Este preparado químico reage com os metais retirando elétrons de um e levando para o outro. Um dos metais ca com potencial elétrico positivo e o outro ca com potencial elétrico negativo. Portanto, entre os dois metais existe uma ddp ou tensão elétrica, conforme demonstra a gura a seguir.
Figura 10 - Exemplo do funcionamento de uma bateria Fonte: SENAI-CTGAS (2005). Unidade 1
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Pela própria característica de funcionamento das pilhas, um dos metais se torna positivo e o outro negativo. Cada um dos metais é denominado de polo. Sendo assim, as pilhas dispõem de um polo positivo e um polo negativo, observe.
Figura 11 - Identicação dos polos positivo e negativo de uma pilha Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Atenção Os polos de uma pilha nunca se alteram. O polo positivo sempre tem potencial positivo e o polo negativo sempre tem potencial negativo. Normalmente se diz que as polaridades de uma pilha são fxas.
Devido ao fato de as pilhas terem polaridade invariável, a tensão fornecida é denominada de tensão contínua, tensão em corrente contínua (tensão CC) ou ainda tensão DC (do inglês direct current ). Tensão contínua é a tensão elétrica entre dois pontos cuja polaridade é invariável. Todas as fontes geradoras de tensão que têm polaridade xa são denomina das fontes geradoras de tensão contínua. As pilhas utilizadas em gravadores, rádios e outros aparelhos fornecem uma tensão contínua de aproximadamente 1,5 V independente do seu tamanho físico, conforme você pode vericar a seguir.
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Figura 12 - Relação entre tamanho físico d a pilha e sua carga Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Perceba que todas as pilhas têm a mesma tensão contínua de 1,5 V porque a tensão fornecida por uma pilha comum é independente do seu tamanho. O que diferencia uma pilha pequena de uma pilha grande é a quantidade de carga que podem oferecer num determinado intervalo de tempo.
Atenção É importante destacar também que a tensão fornecida por uma pilha comum é invariável ao longo do tempo.
Por exemplo, se você realizar a leitura da tensão de 1,5 V fornecida por uma pilha comum ao longo de três minutos, a leitura observada será a mesma em qualquer instante de tempo. Veja no gráco a seguir:
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Gráco 1 - Evolução da tensão por um determinado tempo Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
E por falar em pilhas, veja a imagem da família a seguir e tente adivinhar o que cada um deles faz com as pilhas e baterias usadas.
Então, conseguiu identicar o que cada um dos integrantes dessa família faz com as pilhas e baterias usadas? Vamos ver juntos?
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Pergunta Foi o que você imaginou? E você, o que faz com as pilhas e baterias usadas?
Todos precisam saber... Apesar de parecerem inofensivas, as pilhas e baterias representam um grave problema ambiental. O seu processo de oxidação, promovido pela exposição ao calor e à umidade, acaba liberando materiais altamente tóxicos (mercúrio, chumbo e cádmio, por exemplo) que atingem o ar, o solo e a água. Esses materiais podem car no meio ambiente durante muitos anos. Alguns dos problemas causados pelos mesmos são danos no sistema nervoso central, nos rins, nos pulmões, no fígado e mutações genéticas . No Brasil, a resolução nº. 257 publicada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) regula o descarte apropriado de pilhas e baterias após o seu uso. Uma dica: para saber se o produto pode ser descartado junto com o lixo comum, leia a sua embalagem. ...e TODOS devem colaborar! O meio ambiente é o nosso ambiente.
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Seção 5: Medição de tensão em corrente contínua A medição de tensão em corrente contínua consiste na utilização de um instrumento com o objetivo de determinar a tensão presente entre dois pontos de uma fonte geradora de tensão, conforme você pode vericar na gura a seguir.
Figura 13 - Multímetro medindo tensão em corrente contínua Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
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Existem dois tipos de instrumentos com os quais se pode medir tensão em corrente contínua: o voltímetro e o multímetro. Conra!
Figura 14 - Voltímetro e multímetro Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Existem voltímetros e milivoltímetros destinados especicamente para medição de tensões contínuas. O símbolo em destaque * na gura a seguir é utilizado para indicar que o voltímetro de bobina móvel é utilizado para medir tensões CC.
Figura 15 - Identicação do voltímetro Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
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Os voltímetros e milivoltímetros para tensões contínuas têm dois bornes na parte posterior que se destinam a receber a tensão cujo valor será indicado na escala, conforme a gura a seguir.
Figura 16 - Localização dos bornes de conexão do voltímetro Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Os bornes são identicados com os sinais “+” e “-” porque os voltímetros de CC têm polaridade estabelecida para ligação. Os voltímetros e milivoltímetros para tensões contínuas têm polaridade de ligação especicada. Para realizar a medição, utiliza-se normalmente conectar dois condutores denominados pontas de prova aos bornes do instrumento, conforme você pode vericar na gura a seguir.
Figura 17 - Identicação das pontas de prova do voltímetro Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
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Quando se usam pontas de prova (com as cores preta e vermelha), deve-se utilizar a ponta de prova vermelha no borne positivo (+) do instrumento. Após a conexão nos bornes do instrumento, as extremidades livres das pontas de prova são conectadas nos pontos onde se deseja medir a tensão CC. A ponta de prova vermelha ou o condutor que estiver conectado ao borne positivo (+) do instrumento deve ser ligado no ponto positivo a ser medido e a outra ponta de prova no ponto negativo, como mostra a gura a seguir.
Figura 18 - Medição de tensão CC com voltímetro Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
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Pergunta Possivelmente neste momento você esteja se questionando: “Depois de conectar as pontas de prova, o que acontece?”
Quando as pontas de prova são conectadas com a polaridade correta nos pontos de medição, o ponteiro do instrumento sai da posição de repouso, deslocando-se no sentido horário em direção ao m da escala. O valor da tensão medida é indicado na escala do instrumento. Acompanhe!
Figura 19 - Voltímetro indicando valor de tensão Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Um pouco sobre leitura de escala de instrumentos elétricos Para realizar uma leitura correta é preciso conhecer alguns conceitos. Razão (R), por exemplo, é quanto vale cada espaço entre dois traços da escala. Para saber a Razão de uma escala, tem-se a seguinte expressão matemática: R = M –m NIC Sendo: M = maior número em um intervalo considerado. Por exemplo, entre 1 e 2, M = 2. m = menor número em um intervalo considerado. Por exemplo, entre 1 e 2, m = 1. NIC = número de espaços entre o intervalo considerado. Por exemplo, entre 1 e 2, NIC = 8.
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Então, aplicando a fórmula:
R = 2 – 1 = 1 = 0,125 8 8 A Leitura (L) mostrada pelo instrumento é: L = m + número de intervalos de m até o ponteiro vezes R . Assim, L = 1 + 4 x 0,125 = 1 + 0,5. Portanto, L = 1,5 unidades.
Refita
E caso a pessoa não consiga conectar corretamente as pontas de prova, o que deve ser feito?
Simples, caso as pontas de prova sejam ligadas com a polaridade invertida, o ponteiro se deslocará no sentido anti-horário (sentido incorreto). Neste caso, você deverá inverter as pontas de prova nos pontos de medição. Então, achou fácil? Lembre-se sempre, qualquer dúvida entre em contato com o seu tutor, ele estará à disposição para ajudá-lo.
O multímetro O multímetro, também conhecido por multiteste, é um instrumento que tem a possibilidade de realizar medições não só de tensão, mas também de várias outras grandezas de natureza elétrica. A gura a seguir mostra um tipo de multímetro comum nos laboratórios de eletrônica, conra.
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Figura 20 - Multímetro analógico Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
O multímetro é o principal instrumento na bancada de quem trabalha com eletrônica e eletricidade. Tal importância é devida à sua simplicidade de operação, transporte e capacidade de possibilitar medições de diversas grandezas elétricas.
Atenção Você conhecerá agora os procedimentos para a medição de tensão contínua utilizando o multímetro.
Sempre que você utilizar um multímetro para uma medição, é importante que siga um procedimento padronizado. A correta utilização deste procedimento deve se tornar um hábito para que o instrumento não seja danicado em uma operação mal executada. Conra a seguir o passo a passo deste procedimento. PASSO
1
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TÍTULO Conexão das pontas de prova ao multímetro
DESCRIÇÃO Conectam-se as pontas de prova nos bornes do instrumento. Ponta vermelha no borne DC ou positivo (+) e ponta preta no borne comum (COM) ou negativo (-).
Análise de Circuitos Elétricos
Veja:
Figura 21 - Pontas de prova do multímetro Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
PASSO
TÍTULO
DESCRIÇÃO É a determinação da posição correta do seletor de escalas para a realização de uma medição de tensão.
2
Seleção da escala de tensão contínua no multímetro
A seleção da escala possibilita a realização da medição e garante a segurança do equipamento. Quando se conhece aproximadamente o valor que vai ser medido, posiciona-se a chave seletora para a escala de tensão imediatamente superior ao valor estimado. A chave seletora deve ser sempre posicionada para um valor mais alto que a tensão que será medida. Por exemplo, para medir a tensão de uma pilha que tem valor máximo de 1,5 V, seleciona-se uma escala de 2,5 V ou 3 V, ou outras próximas a essas, tudo dependerá das escalas de que o instrumento dispuser.
Veja:
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Figura 22 - Multímetro na es cala de tensão CC Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
PASSO
3
Veja:
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TÍTULO
Conexão do multímetro para medição
DESCRIÇÃO Após a colocação das ponteiras e a correta seleção da escala, as extremidades livres das pontas de prova são conectadas aos pontos de medição. A ponta de prova vermelha é conectada ao ponto de medida positivo (+) e a preta ao negativo (-). Com a conexão correta das pontas de prova, o ponteiro do instrumento deve se mover no sentido horário.
Análise de Circuitos Elétricos
Figura 23 - Multímetro realizando medição de tensão CC Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
PASSO
4
TÍTULO
Leitura da escala
DESCRIÇÃO Após a conexão das pontas de prova nos pontos de medição, o ponteiro se move para em uma posição denida. Para realizar a leitura corretamente, o observador deve se posicionar frontalmente ao painel de escalas.
Veja:
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Figura 24 - Posição de leitura do multímetro analógico Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Em geral, os multímetros têm cinco ou mais posições na chave seletora para a medição de tensão CC e apenas três escalas no painel de leitura. Inicialmente, a interpretação de valores de tensão a partir do multímetro pode parecer difícil. Entretanto, com o uso constante desse instrumento o procedimento de leitura será automaticamente exercitado e se tornará fácil. O manuseio do multímetro requer a observação de alguns procedimentos, conra.
Procedimentos de segurança
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Mantenha o multímetro sempre longe das extremidades da bancada. O multímetro não deve ser empilhado sobre qualquer objeto ou equipamento.
Análise de Circuitos Elétricos
Sempre que o instrumento não estiver em uso, posicione a chave seletora de escala para a posição desligada (OFF). Caso isto não seja possível, posicione a chave seletora para a posição ACV na maior escala.
Procedimentos de manuseio
A chave seletora deve ser posicionada adequadamente para cada tipo de medição. As pontas de prova devem ser introduzidas nos bornes apropriados. A polaridade deve estar sempre sendo observada nas medições de tensão CC. A tensão a ser medida não deve exceder o valor determinado pela chave seletora do instrumento.
Procedimentos de conservação
Faça a limpeza do instrumento apenas com pano limpo e seco.
Na próxima seção vamos embarcar em uma viagem rumo a corrente elétrica. Então pronto para este passeio? Vamos la!
Seção 6: Corrente elétrica A corrente elétrica consiste em um movimento orientado de cargas provocado pelo desequilíbrio elétrico (ddp) existente entre dois pontos. Observe:
Unidade 1
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Curso Técnico em Telecomunicações
Figura 25 - Movimento de cargas elétricas Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Assim, a corrente elétrica é a forma pela qual os corpos eletrizados procuram restabelecer novamente o equilíbrio elétrico.
Pergunta Você sabe o que signica descarga elétrica?
As descargas elétricas são fenômenos comuns na natureza. Os relâmpagos são exemplos característicos de descargas elétricas. O atrito contra o ar faz com que as nuvens quem altamente eletrizadas, adquirindo um potencial elevado (tensão muito alta). Quando duas nuvens com potenciais elétricos diferentes se aproximam uma da outra, ocorre uma descarga elétrica (relâmpago) entre elas, como você pode conferir na gura a seguir:
Figura 26 - Descarga elétrica entre duas nuvens Fonte: SENAI-CTGAS (2005). 42
Análise de Circuitos Elétricos
A descarga elétrica entre duas nuvens com potenciais diferentes nada mais é do que uma transferência orientada de cargas elétricas de uma nuvem para a outra. Cabe destacar ainda que a descarga elétrica é o movimento de cargas elétricas orientado entre dois pontos onde existe uma ddp. Durante a descarga, um grande número de cargas elétricas é transferido numa única direção para diminuir o desequilíbrio elétrico entre dois pontos. Podemos exemplicar como isso ocorre com a gura a seguir:
Figura 27 - Movimento de cargas elétricas Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Os elétrons que estão em excesso em uma nuvem se deslocam para a nuvem que tem falta de elétrons. O deslocamento de cargas elétricas entre dois pontos onde existe uma ddp é denominado de corrente elétrica.
Nota Assim, a corrente elétrica é o deslocamento orientado de cargas elétricas entre dois pontos quando existe uma ddp entre esses pontos.
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A partir da denição de corrente elétrica, pode-se concluir que o relâmpago é uma corrente elétrica que ocorre devido à tensão elétrica existente entre as nuvens. Durante o curto tempo de duração de um relâmpago, um grande número de cargas elétricas ui de uma nuvem para outra. Dependendo da grandeza do desequilíbrio elétrico entre as duas nuvens, a descarga (corrente elétrica) entre elas pode ter maior ou menor intensidade.
Unidade de medida da intensidade de corrente elétrica A corrente elétrica é uma grandeza elétrica e a sua intensidade pode ser medida com um instrumento. A unidade de medida da intensidade da corrente elétrica é o ampère e é representada pelo símbolo A. Uma intensidade de corrente de 1 A signica que 6,25 x 10 18 cargas elétricas passam em 1 segundo por um determinado ponto. Esta unidade de intensidade de corrente também possui múltiplos e submúltiplos conforme você pode conferir na tabela a seguir: Tabela 4 - Múltiplos e submúltiplos da corrente
Denominação
Símbolo
Relação com a unidade
Quiloampère
kA
103 A ou 1.000 A
Ampère
A
1A
Miliampère
mA
10-3 A ou 0,001 A
Microampère
mA
10 -6 A ou 0,000001 A
Nanoampère
nA
10 -9 A ou 0,000000001 A
Picoampère
PA
10 -12 A ou 0,000000000001 A
Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
No campo da eletrônica são mais utilizados o ampère, o miliampère e o microampère. Por exemplo, caso você queira transformar miliampère em ampère, você deverá deslocar a vírgula três casas para a esquerda. Veja o exemplo. A quantos ampères (A) equivalem 200 miliampères (mA)? 200,0 mA (a vírgula está no último zero). Desloque-a três casas para a esquerda, assim: 200 = em mA 20,0 = 1 casa para a esquerda
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2,00 = 2 casas para a esquerda 0,200 = 3 casas para a esquerda Ou seja: 200 mA equivalem a 0,2 A. Tabela 5 - Conversão de valores- ampères
Quiloampère
Ampère
kA
Miliampère A
Microampère Nanoampère
mA
mA
nA
Posição da vírgula Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Pergunta Você sabe qual é o instrumento utilizado para medir a intensidade da corrente elétrica? Não sabe? Não lembra? Vamos ver juntos?
O instrumento utilizado para medir a intensidade de corrente elétrica é o amperímetro. Dependendo da intensidade da corrente, você poderá usar ainda:
miliamperímetro;
microamperímetro;
nanoamperímetro;
picoamperímetro.
Uma pausa para reexão! A eletricidade é uma força poderosa que exige respeito e cuidado da parte de quem lida com ela. Por isso, aí vão alguns conselhos que lhe ajudarão a trabalhar com segurança e manter a sua saúde e a sua vida:
verique a ausência de tensão em equipamentos elétricos;
assuma posição ou postura adequada;
utilize equipamentos de proteção;
utilize métodos e procedimentos adequados;
leia os manuais dos equipamentos;
em caso de dúvida, procure sempre mais informações.
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Às vezes abrimos mão de fazer a coisa da forma certa porque não temos tempo a perder. Mas, como diz o velho ditado, “é melhor perder cinco minutos na vida do que perder a vida em cinco minutos”. Ou em menos tempo ainda... Pense nisso!
Dica Procure conhecer as Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança do Trabalho (NRs) que tratam sobre esse assunto.
Seção 7: Resistência elétrica Resistência elétrica é uma propriedade dos materiais que reete o grau de oposição ao uxo de corrente elétrica. Em outras palavras, resistência elétrica é a oposição que um material apresenta à passagem da corrente elétrica. Todos os dispositivos elétricos e eletrônicos apresentam uma determinada oposição à passagem da corrente elétrica. A resistência que os materiais apresentam à passagem da corrente elétrica tem origem na sua estrutura atômica. Sendo assim, para que a aplicação de uma ddp a um material origine uma corrente elétrica, é necessário que a estrutura desse material propicie a existência de cargas elétricas livres para movimentação. Quando um material propicia a existência de um grande número de cargas livres, a corrente elétrica ui com facilidade através do material, conforme ilustrado na gura a seguir. Neste caso, a resistência elétrica desse material é pequena.
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Figura 28 - Movimento de cargas livres em um material de baixa resistência elétrica Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Por outro lado, no material que propicia a existência de um pequeno número de cargas livres a corrente elétrica ui com diculdade. Veja a gura na seguir a resistência elétrica deste material é grande.
Figura 29 - Movimento de cargas livres em um material de elevada resistência elétrica Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Atenção A resistência elétrica de um material depende da facilidade ou diculdade com que esse material libera cargas para a circulação.
O efeito causado pela resistência elétrica, que pode parecer inconveniente, encontra muitas aplicações práticas em eletricidade e eletrônica. Alguns exemplos práticos de aplicação da elevada resistência de alguns materiais são:
aquecimento – em chuveiros e ferros de passar;
iluminação – lâmpadas incandescentes.
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Unidade de medida da resistência elétrica A unidade de medida da resistência elétrica é o ohm e é representada pelo símbolo Ω. A unidade de medida da resistência elétrica também possui múltiplos e submúltiplos. Entretanto, na prática, usa-se quase que exclusivamente os múltiplos. Veja a tabela a seguir:
Tabela 6 - Múltiplos de resis tência
Denominação
Símbolo
Relação com a unidade
Megohm
MΩ
10 6 ou 1.000.000 Ω
Quilohm
kΩ
10 3 ou 1.000 Ω
Ohm
Ω
1Ω
Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Cabe ressaltar que a conversão de valores obedece ao mesmo procedimento de outras unidades que estudamos anteriormente. Dessa forma:
120 Ω é igual a 0,12kΩ; 5,6 kΩ é igual a 5.600 Ω; 2,7 MΩ é igual a 2.700 kΩ; 390 kΩ é igual a 0,39 MΩ; 470 Ω é igual a 0,00047 MΩ; 680 kΩ é igual a 0,68 MΩ.
O instrumento destinado à medição de resistência elétrica é denominado de ohmímetro. Raramente se encontra um instrumento que seja unicamente ohmímetro. Em geral, as medições de resistência elétrica são realizadas por meio de um multímetro. Os multímetros têm uma escala no painel e algumas posições da chave seletora destinadas à medição de resistência elétrica, conforme você pode acompanhar na gura a seguir.
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Figura 30 - Medição de resistência elétrica com um multímetro Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Materiais condutores e isolantes Os materiais são denominados de condutores quando permitem a passagem da corrente elétrica e são denominados de isolantes quando não permitem a passagem da corrente elétrica, conforme você pode vericar a seguir:
Figura 31 - Efeitos da ddp em condutores e isolantes Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Os materiais condutores e isolantes são empregados em todos os dispositivos e equipamentos elétricos e eletrônicos. Os materiais condutores se caracterizam por permitir a existência de corrente elétrica toda vez que se aplica uma ddp entre seus extremos, conforme ilustrado a seguir:
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Figura 32 - DDP fornecido pela bateria Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Existem materiais sólidos, líquidos e gasosos que são condutores elétricos. Entretanto, na área da eletricidade e eletrônica, os materiais sólidos são os mais importantes. Nos materiais sólidos, as cargas elétricas que se movimentam são os elétrons, como você pode vericar na gura a seguir:
Figura 33 - Movimento dos elétrons com e sem ddp Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Os elétrons que se movimentam no interior dos materiais sólidos, formando a corrente elétrica, são denominados de elétrons livres. Para que um material sólido seja condutor de eletricidade é necessário que esse material possua um grande número de elétrons livres. Quanto mais elétrons livres existirem em um material, melhor condutor de corrente elétrica ele será. Os metais são os materiais que melhor conduzem a corrente elétrica porque os átomos da sua estrutura possuem um pequeno número de elétrons na camada externa (até três elétrons). Esses elétrons se desprendem facilmente porque
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estão fracamente ligados ao número de átomos, tornando-se elétrons livres, acompanhe na gura a seguir.
Figura 34 - Fuga de um elétron Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Exemplo Os átomos de cobre que formam a estrutura atômica do “metal cobre” têm 29 elétrons, dos quais apenas um está na última camada. Este elétron se desprende do núcleo, vagando livre no interior do material. A mobilidade dos elétrons da última camada energética do cobre é tal que a sua estrutura química se compõe de um grande número de núcleos xos rodeados por elétrons livres que se movimentam intensamente de um núcleo para outro, conforme você pode vericar na gura a seguir.
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Figura 35 - Estrutura do cobre Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
A grande liberdade de movimentação dos elétrons no interior da estrutura química do cobre fornece a esse material a característica de boa condutividade elétrica. Dessa forma, os materiais condutores podem ser classicados segundo a resistência que apresentam. Os melhores condutores (chamados de bons condutores) são aqueles que apresentam menor resistência elétrica. Conra a seguir a classicação de condutividade elétrica em ordem decrescente de alguns materiais condutores, a partir da prata: Prata Cobre Alumínio Constantan Níquel-cromo
Refita
Você sabia que eliminando a prata (que é um metal precioso), o cobre é o melhor condutor elétrico sendo muito utilizado para a fabricação de condutores para instalações elétricas?
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E quanto aos materiais isolantes? Os materiais classicados como isolantes são os que apresentam grande oposição à circulação de corrente elétrica no interior da sua estrutura. Isto se deve ao fato de que a sua estrutura atômica não propicia a existência de elétrons livres. Nos materiais isolantes, os elétrons dos átomos que compõem a estrutura química são fortemente ligados aos seus núcleos, sendo dicilmente liberados para a circulação. Estes materiais têm a sua estrutura atômica composta por átomos que têm cinco ou mais elétrons na última camada energética, conforme ilustrado no exemplo a seguir:
Figura 36 - Estruturas atômicas do nitrogênio e do enxofre Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Em condições anormais, um material isolante pode se tornar condutor. Esse fenômeno, denominado ruptura dielétrica, ocorre quando a quantidade de energia entregue ao material é tão elevada que os elétrons (normalmente presos aos núcleos dos átomos) são arrancados das órbitas, provocando a circulação de corrente.
Nota A formação de faíscas no desligamento de um interruptor elétrico é um exemplo típico de ruptura dielétrica. A tensão elevada existente entre os contatos no momento da abertura fornece uma grande quantidade de energia que provoca a ruptura dielétrica do ar, propiciando formação da faísca. Vamos continuar nossa viagem pelo mundo do conhecimento? Desta vez vamos pegar uma carona com o circuito elétrico. Acompanhe!
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Seção 8: Circuito elétrico O circuito elétrico é um caminho fechado por onde pode circular a corrente elétrica. Veja como isso ocorre na gura a seguir:
Figura 37 - Exemplo de circuito elétrico Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Os circuitos elétricos podem assumir as mais diversas formas com o objetivo de produzir os efeitos desejados, tais como:
luz;
som;
calor; e
movimento.
Pergunta E quais são os componentes de um circuito elétrico?
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São eles:
fonte geradora;
carga; e
condutores.
O circuito elétrico mais simples que se pode construir é constituído desses três componentes. Conheça a seguir um pouco sobre cada um deles.
Fonte geradora Todo circuito elétrico necessita de uma fonte geradora que forneça um valor de tensão necessário para a existência de corrente elétrica.
Pergunta Mas o que são fontes geradoras?
Fonte geradora é qualquer dispositivo ou sistema que gere uma força eletromotiva entre seus terminais. As pilhas são um exemplo de fonte geradora.
Figura 38 - Fonte geradora (pilhas) Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Carga A carga, também denominada de consumidor ou receptor de energia elétrica, é o componente do circuito elétrico que transforma a energia elétrica fornecida
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pela fonte geradora em outro tipo de energia – mecânica, luminosa, térmica, etc. As cargas são o objetivo-m de um circuito. Os circuitos elétricos, por sua vez, são constituídos visando o funcionamento da carga. São exemplos de carga:
lâmpada – transforma energia elétrica em luminosa (e térmica, pois também produz calor);
motor – transforma energia elétrica em mecânica (movimento de um eixo);
rádio: transforma energia elétrica em energia sonora.
Condutores Constituem a ligação entre a fonte geradora e a carga. São utilizados como meio de transporte para a corrente elétrica. Uma lâmpada ligada por meio de condutores a uma pilha é um exemplo característico de circuito elétrico simples formado por três componentes. Veja na gura a seguir:
Figura 39 - Circuito elétrico simples Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Cabe ressaltar que a lâmpada tem no seu interior uma resistência chamada de flamento que se torna incandescente quando percorrida por uma corrente elétrica, gerando luz.
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A gura a seguir mostra uma lâmpada incandescente com as partes indicadas. Veja que o lamento recebe a tensão por meio dos terminais de ligação.
Figura 40 - Elementos de uma lâmpada Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Quando a lâmpada é conectada à pilha por meio dos condutores, forma-se um circuito elétrico. Os elétrons em excesso no polo negativo da pilha se movimentam através do condutor e do lamento da lâmpada em direção ao polo positi vo da pilha. A gura a seguir ilustra o movimento dos elétrons livres saindo do polo negativo, passando pela lâmpada e se dirigindo ao polo positivo. Conra!
Figura 41 - Movimento de elétrons em um circuito simples Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
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Enquanto a pilha tiver condições de manter um excesso de elétrons no polo negativo e uma falta de elétrons no polo positivo, haverá corrente elétrica no circuito e a lâmpada se manterá acesa.
Simbologia dos componentes de um circuito elétrico
Refita
Imagine se a cada vez que você necessitasse desenhar um circuito elétrico, precisasse reproduzir os componentes na sua forma real! Possivelmente esse seria um dicultador, não é mesmo?
Por essa razão foi criada uma simbologia, de forma que cada componente é representado por um símbolo toda vez que se for preciso desenhar um circuito elétrico. A tabela a seguir mostra alguns símbolos utilizados e os respectivos componentes, acompanhe. Tabela 7 - Símbolos dos componentes elétricos
Designação Condutor
Cruzamento sem conexão
Cruzamento com conexão
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Componente
Símbolo
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Fonte, gerador ou bateria
Lâmpada
Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Atenção É importante destacar que a representação gráca de um circuito elétrico por meio da simbologia é denominada de esquema ou diagrama elétrico.
Na prática, funciona conforme ilustra a gura a seguir.
Circuito Elétrico
Figura 42 - Representação na forma real e na forma de esquema elétrico Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Quando se necessita representar a existência de uma corrente elétrica em um diagrama, utiliza-se normalmente uma seta acompanhada pela letra “I”, como você pode vericar na gura a seguir.
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Figura 43 - Representação da corrente I Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Pergunta Possivelmente você esteja se questionando: “Mas o que comanda o funcionamento de um circuito elétrico?”
Os circuitos elétricos possuem normalmente um componente adicional além da fonte geradora, consumidor e condutor. Esse componente é o interruptor ou a chave. Os interruptores ou chaves são incluídos nos circuitos elétricos com a missão de comandar o seu funcionamento, conforme você pode vericar na gura a seguir.
Figura 44 - Circuito sem passagem de corrente elétrica e circuito com passagem de corrente elétrica Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
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Dica Os interruptores ou chaves podem ter as mais diversas formas, mas cumprem sempre a função de ligar ou desligar o circuito, ok?
Nos esquemas ou diagramas elétricos, os interruptores e as chaves são representados pelo símbolo da gura a seguir, conra!
Figura 45 - Símbolo de interruptores e chaves
Cabe ainda ressaltar que na posição desligado ou aberto o interruptor provoca uma abertura em um dos condutores. Nesta condição o circuito elétrico não corresponde a um “caminho fechado” porque um dos polos da pilha (positivo) está desconectado do circuito. Veja na gura a seguir:
Figura 46 - Representação de uma chave na condição “desligado” Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Dica Ao trabalhar com eletricidade, lembre-se sempre de usar os equipamentos de proteção individual!
Na posição ligado ou fechado, o interruptor tem os seus contatos fechados, tornando-se um condutor de corrente. Nesta condição, o circuito corresponde a um “caminho fechado” onde circula corrente elétrica, conforme você pode vericar na gura a seguir:
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Figura 47 - Representação de uma chave na condição “ligado” Fonte: SENAI-CTGAS (2005).
Pergunta Você sabia que antes que se compreendesse de forma mais cientíca a natureza do uxo de elétrons, a eletricidade já era utilizada para algumas aplicações, como na iluminação, por exemplo?
Sim, isso mesmo! Naquela época, estabeleceu-se por convenção que a corrente elétrica se constituía de um movimento de cargas elétricas que uía do polo positivo para o polo negativo da fonte geradora. Este sentido de circulação do mais (+) para o menos (-) foi denominado de sentido convencional da corrente. Sendo assim, no sentido convencional da corrente, as cargas elétricas se movimentam do polo positivo para o polo negativo. Porém, com o aprofundamento e melhoramento dos recursos cientícos, veri cou-se mais tarde que nos condutores sólidos a corrente elétrica se constituía de elétrons em movimento do polo negativo para o polo positivo. Este sentido de circulação foi denominado de sentido eletrônico da corrente.
Atenção Cabe ressaltar que o sentido que se adota como referência para o estudo dos fenômenos elétricos (eletrônico ou convencional) não interfere nos resultados obtidos, razão pela qual ainda hoje se encontram defensores para cada um dos sentidos. O sentido da corrente utilizado neste material didático será o convencional: do positivo para o negativo.
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Dica Lembre-se que durante seus estudos você pode contar com o apoio do tutor, para compartilhar ideias, tirar dúvidas e discutir os assuntos abordados. Vamos lá! Aproveite esses momentos de interação com tutor para explorar o aprendizado, construindo novos conhecimentos.
Colocando em prática Chegou o momento de colocar em prática os conhecimentos apreendidos.Acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) na ferramenta Sala de Aula e realize as atividades que preparamos para você. Aproveite para sanar as dúvidas que surgirem com o seu tutor, ele estará à disposição para ajudá-lo.
Encontro presencial A aprendizagem acontece também quando experiências se concretizam, por isso, você é convidado a participar do encontro presencial. Esse é um ótimo momento para rever e explorar os assuntos estudados junto com o professor e colegas. Aprender exige envolver-se por múltiplos caminhos de forma colaborativa, assim as descobertas serão signicativas para você.
Relembrando Durante o estudo desta unidade você teve a oportunidade de aprender um pouco sobre o conceito de matéria, que nada mais é do que tudo aquilo que tem massa e ocupa lugar no espaço. Conheceu ainda as principais unidades de medidas elétricas e pôde vericar que tensão é a diferença de potencial entre dois pontos distintos. Aprendeu também a converter as unidades de medidas em outras unidades, facilitando assim a leitura e interpretação dos instrumentos de medidas. Enm, esses foram os principais assuntos estudados nesta unidade, lembrando sempre que nosso alvo neste momento são as variações das grandezas elétricas em circuitos de corrente contínua. Unidade 1
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