UNIVERSIDADE PAULISTA CARLA ALMEIDA AL MEIDA SEMIDAMORI SEMIDAMORI CASTRO
A IMPORTÂNCIA IMPORTÂ NCIA DA PSICOLOGIA PSICOL OGIA DO TRÂNSITO NOS DIAS ATUAIS
SÃO PAULO 2017
CARLA ALMEIDA AL MEIDA SEMIDAMORI SEMIDAMORI CASTRO
A IMPORTÂNCIA IMPORTÂ NCIA DA PSICOLOGIA PSICOL OGIA DO TRÂNSITO NOS DIAS ATUAIS
Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de especialista em Psicologia do Trânsito apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Orientadores: Profª. Ana Carolina S. de Oliveira Profª. Hewdy L. Ribeiro
SÃO PAULO 2017
CARLA ALMEIDA AL MEIDA SEMIDAMORI SEMIDAMORI CASTRO
A IMPORTÂNCIA IMPORTÂ NCIA DA PSICOLOGIA PSICOL OGIA DO TRÂNSITO NOS DIAS ATUAIS
Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de especialista em Psicologia do Trânsito apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Orientadores: Profª. Ana Carolina S. de Oliveira Profª. Hewdy L. Ribeiro
Aprovado em: BANCA EXAMINADORA: _________________________/____/____ Prof. Hewdy Lobo Ribeiro Universidade Paulista - UNIP _________________________/____/____ Profa. Ana Carolina S. Oliveira Universidade Paulista - UNIP
À minha querida família, em especial à minha filha Giulia e ao meu marido Roberto, por todo apoio e compreensão dos momentos em que estive ausente.
AGRADECIMENTOS
A execução deste trabalho é resultado de várias forças de familiares, amigos, colegas e professores que se somaram, cada uma na sua proporcionalidade, resultando na sua consolidação. Para alguns desses, gostaria de deixar registrada a minha gratidão. Para os demais, gostaria que soubessem que o sentimento é o mesmo, mas o espaço é pequeno para tanta gente. Dessa forma, agradeço de forma especial: A Deus, pelo dom da vida, por me conceder saúde e pela oportunidade de estar inserida no aprendizado deste curso. Aos meus pais, que sempre me apoiaram em todas as minhas decisões, me instruindo com muito carinho e dedicando todo amor à minha formação. À minha família, meu alicerce, pelo amor, carinho, compreensão e incentivo. Sua existência é o maior estímulo para lutar em busca de meus ideais. Aos amigos de agora e de antes, pelo apoio e solidariedade nesta empreitada e em diversos momentos de minha vida. Aos meus colegas de classe, onde cada um acabou, de algum modo, contribuindo na minha formação, seja me fazendo pensar acerca de algumas possibilidades, ou me fazendo “bater o pé” defendendo meus posicionamentos. Aos professores com os quais tive contato, pela convivência harmoniosa, pelas trocas de conhecimento e experiências que foram tão importantes em minha vida acadêmica e pessoal, contribuindo para o um novo olhar profissional. Sendo assim, agradeço a todos que, de algum modo, contribuíram para que eu chegasse até aqui, seja por uma palavra de incentivo, por um empréstimo de um livro ou simplesmente por torcer por mim. MUITO OBRIGADA!!!
“O principal objetivo da terapia psicológica, não é transportar o paciente para um impossível estado de felicidade, mas sim ajuda-lo a adquirir firmeza e paciência diante do sofrimento. A vida acontece num equilíbrio entre a alegria e a dor. Quem não se arrisca para além da realidade jamais encontrará a verdade”.
(Carl Gustave Jung)
RESUMO
Todos os dias os noticiários informam acidentes no trânsito, porém, o foco sempre está direcionado para as tragédias, com mortos e feridos, raramente são notícias de trabalhos orientados para a segurança e a educação no trânsito. De um modo geral, são motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres que agem de forma imprudente e acabam provocando estresse e outros distúrbios emocionais, elevando os índices de acidentes, gerados, sobretudo, por falha humana, onde as atitudes agressivas do motorista desencadeia a agressividade do outro, gerando um quadro desordenado de motoristas mal-humorados, agredindo-se reciprocamente, elevando a violência urbana. O trânsito consiste numa negociação contínua do espaço, coletivo e repleto de conflitos, com indivíduos diferentes. Para mudar este quadro é necessário um processo eficaz de conscientização educacional que seja focado na vida, uma vez que esse problema pode provocar grandes perdas na sociedade. Diante disso, surge a psicologia do trânsito com o intuito de analisar o comportamento humano no trânsito, identificando os fatores e as causas desse comportamento, bem como levantando possíveis soluções para uma melhor interação biopsicossocial dos condutores. Para tanto, a formação de especialistas em psicologia tem sido uma das exigências dos Conselhos Nacionais de Trânsito a partir das resoluções nº 267/08 e nº 283/08. Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo analisar a importância do psicólogo do trânsito nos dias de hoje para tornar o trânsito um espaço mais seguro. Como metodologia utilizou-se a Revisão Bibliográfica, que permitiu concluir que a educação para o trânsito tem se tornado uma alternativa importante junto a outras instituições, a partir de projetos e práticas de conscientização. A psicologia do trânsito trouxe contribuições efetivas nos estudos dos mecanismos subjetivos do indivíduo em prol de entender e atuar na diminuição e compreensão dos acidentes e infrações automobilísticas. Todavia ainda há muitas lacunas e deficiências nessa área, pois as pesquisas ainda se mostram bastante deficitárias e escassas, o que expõe uma necessidade de aprofundamento em relação à psicologia no trânsito.
Palavras-chave: Trânsito, Psicologia, Educação, Comportamento.
ABSTRACT AB STRACT
Every day the news reports report traffic accidents, but the focus is always on the tragedies, with dead and injured, rarely news of jobs oriented to safety and education in traffic. In general, drivers, motorcyclists, cyclists and pedestrians act recklessly and end up provoking stress and other emotional disturbances, raising the rates of accidents, generated mainly by human failure, where the aggressive attitudes of the driver triggers the aggressiveness on the other, creating a disordered picture of moody drivers, mutually attacking each other, raising urban violence. Transit consists of a continuous negotiation of space, collective and full of conflicts, with different individuals. To change this framework requires an effective process of educational awareness that is focused on life, since this problem can cause great losses in society. Thus, traffic psychology emerges with the purpose of analyzing human behavior in traffic, identifying the factors and causes of this behavior, as well as raising possible solutions for a better biopsychosocial interaction of drivers. For that, the training of specialists in psychology has been one of the requirements of the National Traffic Councils from resolutions 267/08 and 283/08. In this sense, the present article aims to analyze the importance of the traffic psychologist nowadays nowadays to make traffic a safer space. As a methodology the Bibliographic Review was used, which allowed to conclude that traffic education has become an important alternative to other institutions, based on projects and practices of awareness. The psychology of traffic has brought effective contributions in the studies of the subjective mechanisms of the individual in order to understand and act in the reduction and understanding of the accidents and automobile infractions. However, there are still many gaps and deficiencies in this area, since the researches are still very deficient and scarce, which exposes a need for deepening in relation to psychology in traffic.
Keywords: Transit, Psychology, Education, Behavior.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................... ............ ........................... .......................... .......................... .......................... ........................... .......................... ............ 9 2 OBJETIVOS OBJ ETIVOS ......................... ............ .......................... ........................... ........................... .......................... .......................... .......................... ............... .. 11 2.1 Objeti Obj etivo vo Geral ...................... ................................. ...................... ...................... ...................... ...................... ...................... .................... .........11 2.2 Objet Ob jetiv ivos os Específ Esp ecífic icos os ............................... .......................................... ...................... ...................... ...................... .................... .........11 3 METODOLOGIA ......................... ............ .......................... .......................... .......................... ........................... ........................... ..................... ........ 12 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................... ............. .......................... .......................... ........................... ........................ .......... 13 4.1 A Psi colo co logi gia a do Trâns ito it o .......................... ..................................... ...................... ...................... ...................... .................... .........13 4.1.1. 4.1.1. Surgim Surg imento ento da Psic Ps icol ologi ogi a de trânsi tr ânsito to no Brasil Br asil ........ ............ ........ ........ ........ ........ ........ ....... ...15 4.2 Comportamento de Risco no Trânsito ......................................................... 17 4.3 Educaç Edu cação ão para par a o Trâns ito it o ...................... ................................. ...................... ...................... ...................... ...................... ...........19 4.3.1 4.3.1 Educação Educ ação para p ara o Trânsi to e Psicol Psi col ogi a do Trânsi to ...... .......... ........ ........ ........ ........ ....... ...22 4.3.2 Projet Pro jetos os Educat Edu cativ ivos os ......................... .................................... ...................... ...................... ...................... ...................... ............. 26 5 CONCLUSÕES ........................... .............. .......................... .......................... .......................... ........................... ........................... ..................... ........ 28 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 30
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1 INTRODUÇÃO Com o crescimento da frota, dos congestionamentos, da poluição sonora gerada pelos motores e buzinas, motoristas imprudentes e pedestres que não respeitam as regras de circulação, acabam provocando estresse e outros distúrbios emocionais, e, em consequência, elevam os índices de acidentes, causados, sobretudo, por falha humana, onde o comportamento agressivo do motorista desencadeia a agressividade do outro, resultando num quadro caótico de motoristas mal-humorados, agredindo-se reciprocamente, elevando a violência urbana. Diante desse contexto, questiona-se: Qual a importância do psicólogo do trânsito nos dias atuais para tornar o trânsito um espaço mais seguro? A psicologia de trânsito é uma área de primordial relevância para compreensão dos desvios e barbáries que ocorrem no trânsito todos os dias. Na opinião de Sampaio (2012), trata-se de uma área de estudo fundamental que tem como objetivo a harmonia nas vias urbanas e promover a organização entre os diversos agentes que transitam nas vias públicas, como os participantes do trânsito. Cabe ao psicólogo do trânsito analisar o comportamento daqueles que compõem o trânsito, identificando as causas e consequências desses comportamentos, levantando possíveis soluções para uma melhor interação biopsicossocial dos condutores. Também é papel do psicólogo do trânsito definir o perfil do futuro do motorista, considerando-o apto ou inapto não apenas para condução de um veículo nas vias urbanas, mas também capacitado ou não para enfrentar as adversidades provenientes do convívio diário com outros motoristas no trânsito (SAMPAIO, 2012). Há medidas legais de natureza normativa e educativa, no entanto, tais medidas não são suficientes para evitar que fatos danosos ocorram nas vias. Desse modo, a educação de trânsito surge com o intuito de amenizar a violência do trânsito, oferecer maior segurança ao condutor e ao pedestre, em função dos altos índices de acidentes de trânsito (RODRIGUES; VASCONCELOS, 2011). De acordo com Sampaio (2012), a Psicologia enquanto ciência que objetiva promover o bem-estar tanto individual quanto grupal no convívio social é fundamental para a formulação de novas políticas públicas para o trânsito tendo em vista a nova organização urbana de tráfego que se estabelece no Brasil. Para tanto,
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deve-se levar em conta três fatores preponderantes que alteram direta ou indiretamente a maneira de como os motoristas conduzem, como o aumento da frota automotiva, principalmente, de motos; o sucateamento das vias públicas; e a carência, por parte do Estado, de agentes fiscalizadores para o cumprimento das leis básicas que permitem o convívio ordenado no transito. O profissional psicólogo atua enquanto agente do Estado que avalia individualmente cada motorista e isso é determinante para a elaboração de políticas públicas eficazes para fins de conscientização dos principais problemas decorrentes de comportamentos individuais que interferem na harmonia nas vias urbanas, como o abuso de bebida alcoólica no trânsito, a quebra de limites de velocidade, e o desrespeito à sinalização usual. Portanto, considerando tamanha relevância da psicologia de trânsito no cenário atual e a necessidade de se criar políticas educativas e programas de formação dos condutores de veículos, assim como dos pedestres e as condições gerais do trânsito brasileiro, a presente pesquisa se faz necessária, haja vista a demanda de novos profissionais que atuem no trânsito como mediadores da educação e da conscientização dos sujeitos partes da complexidade do trânsito. Além disso, é importante salientar que a pesquisa tem como objetivo analisar a importância da psicologia de trânsito junto aos órgãos responsáveis pela formação de condutores e de pedestres que enfrentam cada vez mais as dificuldades de locomoção nas grandes cidades. Também objetiva compreender as causas de acidentes e como mudar esse cenário através da educação e de práticas inovadoras proporcionadas por instituições parceiras.
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2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral
Analisar a importância do psicólogo do trânsito nos dias atuais para tornar o trânsito um espaço mais seguro.
2.2 2.2 Objetivo Objetivoss Específicos
Descrever os campos de intervenção da Psicologia do Trânsito
•
identificando quais os comportamentos humanos no trânsito; •
Investigar os fatores determinantes dos comportamentos de risco no trânsito;
•
Discriminar como o psicólogo do trânsito pode contribuir para tornar o ambiente do trânsito num espaço mais seguro;
•
Avaliar como o psicólogo psicólogo do trânsito atua atua na busca de soluções para os problemas provocados no trânsito em função dos comportamentos humanos;
•
Analisar a importância importância da Educação Educação para o Trânsito como aliada da Psicologia do Trânsito atuando na prevenção de comportamentos de risco e na melhora da qualidade de vida do ser humano.
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3 METODOLOGIA Na elaboração da pesquisa, optou-se pelo padrão da Pesquisa Exploratória Qualitativa, uma vez que se pretende esclarecer uma situação presente no cotidiano do trânsito no Brasil e também evidenciar os fatores passíveis de transformação, como o apoio do psicólogo do trânsito. Para tanto, utiliza-se como metodologia nesta pesquisa a revisão bibliográfica abrangendo a questão por ele delimitada, procurando obter um retrato da situação atual do trânsito no país e um panorama sobre os trabalhos já realizados nessa área de interesse. Dessa forma, pesquisou-se em livros, revistas, jornais, artigos, sites, que tratam sobre o assunto. A pesquisa na internet se deu com consultas no Google Acadêmico, em sites como Scielo (Scientific Eletronica Library Online), Dedalus (apresenta o acerco da Biblioteca da USP), Biblioteca digital Unicamp, Detran, entre outros. Com respaldo em Gil (2002), acredita-se que a opção por tal procedimento metodológico para esta pesquisa se justifica pelo fato de que a bibliografia adequada fornece não apenas recursos para elucidar e solucionar problemas já conhecidos, mas também explora novas áreas onde os problemas não estão suficientemente claros, como é o caso do assunto deste trabalho. Cada posicionamento é investigado através de um procedimento técnico de análise textual, temática e interpretativa. O uso desse procedimento é apropriado, visto que a primeira abordagem do texto, que visa à preparação da leitura, torna possível compreender os instrumentos de expressão utilizados pelos autores e, em consequência, compreender a mensagem global difundida, para que, assim, seja possível adotar uma atividade de interpretação, visando que o grupo consiga alcançar uma posição própria com relação às ideias expostas.
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4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4.1 4.1 A Psicol ogia do Trânsit o
De acordo o Conselho Federal de Psicologia (2000), o trânsito é uma situação onde participam e convivem motoristas ocupantes de veículos e pedestres. Todo trânsito se constitui por deslocamento de indivíduos e veículos, e todo deslocamento gera comportamentos, que, muitas vezes, podem ser perigosos. Na opinião de Rozestraten (1988), demorou muito para que tais comportamentos perigosos viessem a serem pesquisados de forma científica pelos psicólogos. Para o autor: A Psicologia do Trânsito pode, portanto, ser definida como uma área da psicologia que estuda, através de métodos científicos válidos, os comportamentos humanos no trânsito e os fatores e processos externos e internos, conscientes e inconscientes que os provocam ou os alteram. Em síntese: é o estudo dos comportamentos deslocamentos no trânsito e de suas causas (ROZESTRATEN, 1988, p. 9).
Conforme Thielen (2011), a Psicologia do Trânsito tem como principal tarefa compreender e intervir no comportamento humano. É ela que investiga diferentes aspectos relacionados ao ser humano no exercício do direito de ir e vir. O psicólogo do trânsito deve realizar um trabalho de prevenção, no qual seja possível reduzir ao máximo as possibilidades de um condutor se expor a situações de risco iminente. Ele tem um papel fundamental no sentido de diagnosticar quando uma pessoa apresenta traços impulsivos no trânsito ou em qualquer outra situação específica. Além do comportamento de condutores, a Psicologia do Trânsito estuda também como se comportam os pedestres e tantas outras situações vinculadas ao trânsito em geral, pois não se trata de educar apenas os motoristas, é preciso cuidar de todas as demandas advindas do contexto estradas, vias urbanas, pessoas e veículos. Dessa forma, pode-se entender que a psicologia de trânsito é uma área de crescente importância que amplia o seu leque de aplicações baseado na relevância social de manter uma relação harmônica entre os condutores no trânsito (THIELEN, 2011). Consoante o Conselho Federal de Psicologia (CFC, 2000, p. 15), “A Psicologia do Trânsito é uma área da psicologia que investiga os comportamentos
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humanos no trânsito, os fatores e processos externos e internos, conscientes e inconscientes que os provocam e os alteram”. Segundo Sampaio (2012), atualmente, para a realização dessa avaliação, os psicólogos precisam ter o título de especialista em Psicologia do Trânsito, regulamentado pelo Conselho Federal de Psicologia. Essa exigência, explicitada nas Resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) nº 267/08 e nº 283/08, as quais estabelecem critérios para o credenciamento de psicólogos que a partir de 15/02/2013 não puderam mais atuar sem o título em questão, conforme disposto no Art. 18 - III, da Resolução nº 267/08, com nova redação da Resolução nº 283/08. Dessa forma, os artigos mais importantes da referida Resolução, serão ligeiramente mencionados e abordados para melhor compreensão do texto. Desde o início da vigência da lei federal que exige exame psicológico para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), há uma preocupação em manter pessoas com propensão a desenvolver atos infracionais longe do trânsito. A partir do início do uso da Avaliação Psicológica para o trânsito, esse processo tem sido chamado de Exame Psicotécnico. Porém, com a publicação do novo Código Brasileiro de Trânsito de 1998, o termo foi substituído por Avaliação Psicológica Pericial. Desde então, duas mudanças relevantes aconteceram: as avaliações apenas poderiam ser efetuadas por psicólogos de trânsito e a exigência de que possuíssem Curso de Capacitação para Psicólogo Perito Examinador de Trânsito com carga horária mínima de 120 horas/aula e conteúdo pré-determinado, sendo obrigatório para todo profissional responsável pela avaliação psicológica, seja em instituição pública ou em clínica privada credenciada (RODRIGUES; VASCONCELOS, 2011). Vários estudos indicam que comportamentos considerados como agressivos no trânsito podem ser resultado da constituição do ambiente, conduzindo a uma frustração por parte do sujeito. De acordo com pesquisa realizada por Carvalho (2003) sobre os fatores de risco de acidentes de trânsito, ficou evidente que condutores envolvidos em acidentes apresentaram personalidade instável e considerável descontrole emocional, que podem provocar alterações bruscas de humor inclinadas a serem projetadas para o ambiente. O estudo ainda constatou que, alguns motoristas acidentados manifestam uma maior agressividade, impulsividade e grande emotividade. Com relação ao cometimento de infrações de trânsito no Brasil e fazendo uma analogia às ideias de comportamento de erro, lapso e violação, é possível
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remeter às modalidades de atos ilícitos culposos. Na visão de Carvalho (2003), tais modalidades são as seguintes: a imprudência, que significa a ausência de cautela; a negligência, quando se age com desleixo, desatenção ou descuido e; por último, a imperícia, que ocorre quando o ato é consequência da inexperiência ou falta de
aptidão. Percebe-se que os acidentes ocorridos corriqueiramente no trânsito poderiam ser evitados se os condutores atentassem mais às regras previstas no Código de Trânsito Brasileiro. A maioria das ocorrências presentes no crescente índice de acidentes de trânsito no país demonstra irresponsabilidade, imprudência, falta de atenção ou inabilidade dos motoristas (BETHONICO; OLIVEIRA, 2017). Um estudo recente, realizado pelo Detran (2016), constatou que os acidentes de trânsito são provenientes de três fatores: humano, veicular e vias. Mas, principalmente, se deve ao fator humano, como: alcoolismo; excesso de velocidade; uso de celular; negligência, como não usar setas; imprudência, como não respeitar a sinalização. Nesse contexto, o papel do psicólogo de trânsito seria avaliar os indivíduos a fim de prever comportamentos agressivos ou inadequados no trânsito e evitar algumas barbáries que ocorrem todos os dias no mundo todo, vitimando milhões de pessoas e tornando tantas outras incapazes. É fundamental salientar que a partir da observação das normas do CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito), fica claro o papel estratégico do psicólogo de trânsito no intuito de prevenir e evitar situações de risco dadas à incapacidade ou ineficiência de alguns indivíduos na condução de um veículo. Assim sendo, entende-se que o papel do psicólogo de trânsito tem grande relevância e merece ser tratado de forma valorizada e como uma profissão indispensável na formação de condutores e pedestres, pois estes são os mais afetados com os conflitos cada vez mais intensos no trânsito brasileiro. 4.1.1. Surgimento da Psicologia de trânsito no Brasil A Psicologia do Trânsito é uma área recente, quando comparada aos demais campos da Psicologia. Conforme Madeira (2009), no Brasil, a história da psicologia aplicada ao trânsito teve seu início na década de 1930, quando começaram as primeiras
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aplicações de ferramentas psicológicas de orientação e seleção dos futuros profissionais das ferrovias em São Paulo. A partir 1940, com o avanço da indústria automobilística, o qual gerou problemas de segurança e saúde pública em decorrência do aumento de acidentes de trânsito, e com o acréscimo da demanda por segurança, formação e orientação dos condutores, a psicologia do trânsito evoluiu como área profissional colaborando com o trânsito rodoviário no país a partir das aplicações psicotécnicas nos condutores (ROZESTRATEN, 1988). Segundo Hoffmann, Cruz e Alchieri (2009), a psicologia do trânsito despontou como área aplicada com o desenvolvimento de instrumentos de seleção e treinamento de trânsito. Na década 1950, o Detran do Rio de Janeiro contratou psicólogos, com o propósito de analisar o comportamento dos condutores. Esse fato se deu em função do avanço da indústria automobilística e do crescimento da demanda por formação, segurança e orientação dos condutores, e fez com que a psicologia do trânsito direcionasse suas atividades para o transporte rodoviário, com o intuito de tentar reduzir os índices de acidentes. A partir de então, foi inserida a avaliação psicológica (exame psicotécnico) no processo de habilitação, sendo, até os dias atuais, uma etapa obrigatória e eliminatória para todos os condutores e candidatos à obtenção da CNH. Nos anos posteriores, o DETRAN passou a prestar assessoria e treinar seus psicólogos na área de Psicologia de Trânsito (SILVA; ALCHIERI, 2007). Embora o reconhecimento da profissão de psicólogo do trânsito no Brasil tenha ocorrido apenas na década de 1960, os profissionais responsáveis pela avaliação das condições psicológicas dos condutores já atuavam na área a mais de uma década na aplicação dos exames psicológicos (HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011). No ano de 1968, a partir da evolução da legislação de trânsito e da psicologia praticada na década de 60, foi regulamentada a criação dos serviços psicotécnicos nos departamentos de trânsito. Com isso, o psicólogo foi inserido no processo de habilitação dos Detrans realizando a avaliação psicológica dos condutores, antes chamado de exame psicotécnico, sendo, atualmente, um procedimento obrigatório para todos os candidatos que querem obter e renovar a carteira de motorista (SILVA; GUNTHER, 2009). Para Silva e Gunther (2009), a Psicologia do Trânsito e a Avaliação Psicológica são áreas similares, visto que, a Avaliação Psicológica consiste em um processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações acerca
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dos fenômenos psicológicos, realizado a partir de estratégias psicológicas como métodos, técnicas e recursos que tornem possível um conhecimento de capacidades cognitivas
e
sensório-motoras,
componentes
sociais,
emocionais,
afetivos,
motivacionais, aptidões específicas e indicadores psicopatológicos. Esse processo é de extrema importância, pois remete informações fundamentadas cientificamente, as quais possibilitam um diagnóstico orientador, que ajuda e fundamenta o processo de tomada de decisão nesse contexto específico. Dessa maneira, os psicólogos de trânsito utilizam a avaliação psicológica para analisar as características psicológicas dos candidatos à obtenção, alteração ou renovação da CNH. Portanto, o processo de avaliação psicológica e a própria psicologia são instrumentos indispensáveis para garantir que motoristas e pedestres sejam orientados no que se refere ao trânsito e à boa convivência nesta sociedade moderna, tecnológica e complexa. Os instrumentos legais como as Resoluções do CONTRAN, e o Código de Trânsito também são necessários para assegurar os direitos daqueles que direto ou indiretamente, se beneficiam com o trânsito e dele fazem parte.
4.2 4.2 Compo Comportamento rtamento d e Risc Risc o no Trânsito
Conforme dados da OMS (apud MARIN; QUEIROZ, 2000), os acidentes de trânsito são considerados a segunda maior causa de morte por fatores externos entre adolescentes do sexo masculino no mundo. No Brasil, o acidente de trânsito é indicado como a segunda maior causa de morte de jovens, independentemente do sexo, e é a primeira causa na região Sul. Todavia, não somente os jovens são gravemente feridos ou mortos nos acidentes, seus familiares e amigos têm suas vidas marcadas pra sempre. O grande índice de vítimas fatais por acidentes de trânsito, sobretudo entre jovens, representa um grave problema de saúde pública que merece mais atenção (PANICHI, WAGNER, 2006). Em conformidade com a maioria da bibliografia levantada para realização deste trabalho, os acidentes provocados por uma condução perigosa, na maior parte das vezes, são gerados pelo comportamento abusivo dos condutores. Fazendo uma revisão da Literatura científica das variáveis do comportamento de risco no trânsito, são encontrados resultados de estudos que têm trazido colaborações relevantes. Uma pesquisa realizada em Campinas-SP, com 2116
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estudantes universitários de 18 a 25 anos, revelou um maior risco de acidentes de trânsito em jovens do sexo masculino, com 20 anos ou mais, e de elevado nível socioeconômico. O estudo também revelou que os jovens com histórico de acidentes de trânsito apresentaram um perfil transgressor marcado; já aqueles sem antecedentes quantificaram alta frequência de alguns comportamentos inapropriados para o trânsito seguro, como excesso de velocidade, transgressão dos sinais da circulação e dirigir sob o efeito de álcool (MARÍN-LEÓN; VIZZOTO, 2003 apud PANICHI; WAGNER, 2006). Dentro desta mesma linha, a variável sexo também se apresentou expressiva em distintos estudos. Para Harré (2000 apud PANICHI; WAGNER, 2006), os jovens de sexo masculino subestimam os riscos e conduzem de modo mais perigoso do que condutores do sexo feminino. Da mesma forma, o estudo desenvolvido por Simon e Corbett (1996 apud PANICHI; WAGNER, 2006) comprovou que os acidentes de trânsito entre indivíduos do sexo masculino estão mais frequentemente relacionados à violação de alguma regra de circulação. Na opinião de Assailly (1997 apud PANICHI; WAGNER, 2006), a influência do contexto familiar interfere como um fator de proteção ao jovem, instituindo-se uma equação entre os fatores protetivos e de risco ao dirigir: a) fatores de proteção (importância da qualidade do monitoramento e controle familiar e as características da educação ao risco eminente, referindo-se à educação preventiva ao risco); b) fatores de risco (ambiente físico - infraestrutura, condições da via, condições do veículo, outros usuários - e vulnerabilidade do jovem frente ao risco no trânsito predisposição ao risco, características psicológicas, biológicas, etc.). A pesquisa realizada por Yagil (1998 apud PANICHI; WAGNER, 2006) também comprova esses dados, evidenciando que condutores do sexo masculino, com idades entre 18 e 24 anos, apresentaram uma menor motivação para cumprir as normas da circulação e maiores taxas de violação das regras de trânsito, quando comparados a motoristas da mesma idade do sexo feminino. Assim sendo, os estudos supracitados apontam um maior risco de envolvimentos em acidentes e a prática de comportamentos de risco no trânsito entre adolescentes e adultos jovens do sexo masculino. Conforme Elvik e Vaa (2004 apud BETHONICO; OLIVEIRA, 2017), o índice de vítimas fatais entre condutores e passageiros pode diminuir, no mínimo de 25 a 50% com o uso do cinto de segurança e de 25 a 45% o número de vítimas com ferimentos graves. Ainda para esses autores, a ultrapassagem pelo semáforo
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amarelo também pode provocar acidentes como atropelamento ou colisões diversas ou o fechamento de um cruzamento. A fim de evitar transtornos, alguns dispositivos são capazes de auxiliar no tempo de reação do condutor, como informadores de tempo de verde ou vermelho, que, de acordo com Bethonico e Oliveira (2017), podem reduzir o índice de acidentes em 25%. É praticamente unânime a opinião dos autores em afirmar que o excesso de velocidade é o principal fator associado aos acidentes com vítimas fatais. Consoante Bethonico e Oliveira (2017), cerca de 30% das mortes no trânsito em países desenvolvidos e 50% em países em desenvolvimento são causadas por veículos em alta velocidade. A cada 1 km/h de aumento de velocidade, cresce a incidência de acidentes com vítimas em 3% e o risco de morte de 4 a 5%. Também o uso de celulares ao volante é apontado pelo Detran (2016) como um fator de risco de acidentes de trânsito em função de reduzir a atenção dos condutores e, também sua mobilidade ao usar uma das mãos para manusear o aparelho. Trata-se de um problema contemporâneo em virtude do uso crescente do aparelho nos últimos anos e do desenvolvimento de sua tecnologia. A ultrapassagem pela faixa da direita também é apontada como um fator de risco de acidentes de trânsito, além de ser considerada uma violação, podendo provocar colisões traseiras e laterais. Quase sempre acontece quando o motorista fica impaciente com o condutor que dirige de forma lenta na faixa da esquerda (BETHONICO & OLIVEIRA, 2017). Além dos mencionados, outros fatores também podem estar relacionados aos acidentes de trânsito, como é o caso das variáveis situacionais como o dia da semana, hora do dia e a presença de passageiros. Conforme Panichi e Wagner (2006), há um aumento significativo de acidentes de trânsito no fim de semana e no período da noite.
4.3 4.3 Educação para o Trânsito
O crescimento exacerbado da quantidade de veículos no Brasil, o aumento do número de condutores de automotores e a violência cada vez maior causando mortes e prejuízos para o país, tem pressionado as autoridades a criar normas mais severas e iniciativas educativas que possam melhorar as condições de trânsito das
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rodovias e, consequentemente, diminuir o número de mortos e de inválidos, fatores responsáveis pelo gasto de milhões na área de saúde pública do país. No Brasil, o trânsito ainda pode ser considerado uma problemática que muitas vezes se dá em detrimento do avanço tecnológico, pois a sofisticação dos veículos e o aumento de usuários que cada vez mais dividem espaços nos grandes centros e nas estradas. Com isso, a psicologia coloca-se a serviço do trânsito criando a Psicologia de Trânsito. Nesse sentido, é preciso que se busquem possíveis alternativas, alternativas, impulsionadas, principalmente pela Psicologia de Trânsito, de modo que possam diminuir os problemas decorrentes do trânsito. Para o psicólogo Dametto (2009), no Brasil, uma das mais importantes inciativas foi a criação de leis que inibam os condutores e pedestres e se exporem diante dos riscos. A principal delas, a “Lei Seca”, vem mostrando resultados animadores desde a sua implantação e com as novas mudanças tem demonstrado maior eficácia e certamente os resultados poderão ser ainda mais positivos, dado o empenho das autoridades e a mudança de comportamento de motoristas, pedestres e usuários de transporte. Conforme Dametto (2009), é preciso que os órgãos competentes continuem avaliando os resultados da referida lei. Ele afirma que: Até quando esta nova lei terá os efeitos positivos que vem mostrando é uma questão que caberá analisar com o passar do tempo, dado que a “cultura” da corrupção e da impunidade existente no Brasil tende a degradar até as melhores iniciativas (DAMETTO, 2009, p. 22).
Segundo o Detran (2017, p. 18): O trânsito caracteriza-se pela relação homem-necessidade de circulação, num contexto determinado. O trânsito é a utilização das vias por pessoas, veículos e animais. Transitar é uma necessidade de todo ser humano. Todos, portanto, são usuários do trânsito, independente do papel que estejam desempenhando.
Nesse sentido, de acordo com a opinião de Banaszeski e Ecco (2009, p. 04): Educar para o trânsito é preservar a vida, evitar acidentes, exercer a cidadania, no qual respeito, cortesia, cooperação, solidariedade e responsabilidade constituem os eixos determinantes da transformação do comportamento do homem no trânsito.
A educação para o trânsito promove e incentiva ações educativas para condutores e comunidade, por meio de campanhas e seminários relativos ao trânsito. Estudiosos do assunto indicam diversos caminhos para que a educação para o trânsito seja efetuada de modo efetivo nas instituições escolares brasileiras, a
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partir de projetos e parcerias com órgãos competentes, como a Polícia Rodoviária Estadual e Federal, o Corpo de Bombeiros, o DETRAN, promovendo atividades diversificadas que auxiliam os educadores nesta tarefa, juntamente com campanhas educativas viabilizadas pelo governo e outras instituições. Conforme Banaszeski e Ecco (2009), para que sejam alcançados resultados efetivos é preciso incentivar o desenvolvimento de uma consciência crítica e consequentemente mudanças de atitudes. A necessidade de uma conscientização ampla e urgente sobre a Educação para o Trânsito é visível aos olhos de todos, em virtude da complexidade dos problemas que surgem no cotidiano de todas as cidades. Na atualidade, toda população está envolvida, de distintas maneiras, com os problemas associados ao trânsito. As escolas estão abordando a Educação para o Trânsito, uma vez que a situação é um problema de educação que envolve não somente condutores de veículos e pedestres. As normas e condutas no trânsito precisam ser compreendidas e assimiladas por todos. Apesar de um espaço de tempo considerável, a impunidade ainda tem deixado vários motoristas dirigindo sem habilitação e sem atender as regras da lei. Por isso, além das avaliações psicológicas outras demandas devem ser atendidas para o processo de habilitação. Thielen (2011) afirma que além da avaliação psicológica utilizada para o processo de habilitação de condutores, há outras possibilidades importantes voltadas para todas as relações entre os sujeitos e os espaços ocupados por eles. Nesse sentido, o Relatório do Seminário de Psicologia do Trânsito, realizado no Brasil em 2012, pelo Conselho Federal de Psicologia (2010), trouxe algumas propostas que merecem destaque. Psicologia de trânsito no Brasil e no mundo; Mobilidade urbana e políticas públicas de trânsito; Avaliação psicológica no contexto do trânsito; Formação e pesquisa. Desses aspectos, dois merecem destaque e foram enfatizados nas discussões: a educação para o trânsito e a formação e pesquisa. O primeiro aspecto diz respeito à divulgação da atuação do psicólogo do trânsito a partir de palestras e seminários e, o segundo aspecto, este mais abrangente, delimita as responsabilidades dos conselhos de psicologia, os quais devem se encarregar da promoção de eventos, mapeamento dos fatores de risco e de proteção, incentivo para a contratação de psicólogos do trânsito e incentivo a pesquisas para ampliar o universo de instrumentos psicológicos, assim como, promover discussões com o Ministério da Educação para que sejam incluídos
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conteúdos de psicologia do trânsito na formação dos alunos ainda no período escolar (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2010). Dentre as várias propostas apontadas no relatório do Seminário de Psicologia do trânsito, a avaliação psicológica também recebeu atenção no sentido de que sejam feitas modificações nos modelos atuais para ampliar a qualidade dos serviços prestados e delimitar o campo de atuação (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2010). Os aspectos teóricos mencionados justificam a necessidade de uma educação preventiva para o trânsito, ou seja, é fundamental que os órgãos responsáveis pela formação de novos motoristas não se apeguem à apenas regras ou determinações. É salutar que haja orientações psicológicas, que as escolas desde cedo preparem os alunos, os quais futuramente irão para as ruas e nelas conviverão com os problemas já existentes e outros que, mediante o crescimento da população urbana, surgirão como desafios para as autoridades e para as próprias pessoas (LIMA, 2013). 4.3.1 Educação para o Trânsito e Psicologia do Trânsito Ensinar as regras do trânsito e as consequências de seus descumprimentos não são suficientes para trabalhar a redução do elevado número de mortes proveniente de acidentes no trânsito que ocorre na atualidade. Desse modo, trabalhar educação na psicologia do trânsito é trabalhar com enfoque em redução e prevenção dos diversos fatores de riscos, ou seja, inserir o profissional de psicologia em programas de intervenção, como por exemplo, uma proposta de educação numa perspectiva psicológica, visando desencadear um bom comportamento no trânsito, assim, evitando atitudes de negligência (SANTOS, 2017). Conforme Lima (2013), a Psicologia do Trânsito frente à educação oferece diretrizes educacionais, indicando recursos mais eficazes para um ensino mais adequado. Dirigir é aparentemente uma tarefa fácil, porém um pequeno erro pode gerar consequências gravíssimas. Diante disso, a educação para o trânsito oferece subsídios para garantir a todo ser humano condições de maior segurança, diminuindo os acidentes e mortes. Sabemos que para a psicologia sozinha será uma tarefa difícil inserir tais propostas de educação. Assim sendo, faz-se necessário um trabalho em conjunto do profissional psicólogo com os órgãos responsáveis pelo trânsito, como o
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Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), órgão máximo normativo, consultivo e coordenador da política nacional de trânsito, responsável pelas regulamentações do código de trânsito brasileiro e pela autorização permanente das leis (SANTOS, 2017). A psicologia do trânsito é uma área em ascensão se considerada sua importância, pois além de estudar o comportamento humano no contexto do trânsito, ela também se preocupa em compreender como ocorrem os fatos e como criar condições que possam conduzir os motoristas para uma condução mais eficiente (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2010). É importante salientar que, segundo o Conselho Federal de Psicologia (2010), as graduações dessa área não apresentam disciplinas específicas, cursos de aperfeiçoamento ou experiências que embasem sobre a temática, haja vista a dificuldade de se encontrar bibliografias que tratem do assunto. As bibliotecas e sites dispõem apenas de artigos, resenhas e relatórios que trazem informações sobre a psicologia de trânsito, por isso, é um campo com vasto objeto de pesquisa que requer dos estudiosos, mais investigação e empenho para construir material pedagógico e teórico que venha a contribuir na prática, como os sujeitos do trânsito. Conforme Silva e Gunther (2009), a formação de psicólogos e de especialistas em níveis de mestrado e doutorado, ainda não ocorre de acordo com a demanda, mas é uma necessidade urgente para ampliar o universo de atuação e, consequentemente, melhorar a qualidade do atendimento. Nesse sentido, é fundamental que instituições de educação superior também façam sua parte, pois seguramente, o Brasil é carente desses profissionais. Ainda retomando a discussão sobre as propostas previstas no relatório citado, o mesmo já traz a exigência de melhor preparo dos psicólogos para atuarem nas políticas de trânsito e que estes tenham acesso ao histórico dos condutores para que possam realizar estudos e que o Conselho Federal de Psicologia promova campanhas de valorização do trabalho dos profissionais da psicologia. Não basta avaliar pontualmente um indivíduo sem compreender o seu percurso enquanto aprendiz numa autoescola ou num rápido curso preparatório. É preciso aprofundar sobre as condições psicológicas e pessoais de um futuro motorista. De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (2010), no que se refere aos métodos “confiáveis”, há os testes, as entrevistas, as dinâmicas de grupo, os questionários e as observações, enfim, técnicas bem conhecidas do profissional da
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psicologia, sendo que o teste psicológico é o ponto mais “objetivo” de todo o processo, tendo um valor documental. Assim, um teste psicológico deve preencher os seguintes requisitos para sua utilização: A existência de dados científicos acerca as ferramentas, sobretudo validade e precisão; O registro preciso e objetivo de todas as respostas do indivíduo, que conforme o tipo de prova podem ser gráficas, de execução ou verbais; A existência de uma situação padronizada tanto para a aplicação quanto para as condições do material do teste, demonstrando objetividade e clareza nas instruções, de modo que o teste possa ser administrado igualmente para todos os sujeitos; A presença de normas padronizadas para avaliação e classificação das respostas que o sujeito apresentou, em relação a um grupo de referência (CFP, 2010, p. 09).
Bruns (2006) afirma que, no trânsito, a competição e o individualismo podem provocar sentimentos de medo ou raiva, pois, a proximidade de outro indivíduo (motorista, pedestre, etc.), compartilhando o mesmo espaço urbano é percebida como ameaça ou obstáculo. Essa é uma realidade marcante e, na prática, as pessoas não se respeitam, não colaboram umas com as outras e causam cada vez mais conflitos e até mortes. Por isso, na visão de Bruns (2006, p. 27): educar para o Trânsito possibilita intervir nessa situação, procurando desenvolver ações geradoras de melhor qualidade de vida e mais segurança, com atitudes cooperativas no trânsito. Um ambiente educacional deve propiciar a confrontação de pontos de vista divergentes, de concepções diferentes a respeito de uma mesma situação ou tarefa.
Ainda para Bruns (2006), a formação de pessoas implica em se preparar para conviver em harmonia nos mesmos espaços ocupados por pessoas com características e comportamentos diversos. As pessoas são frutos de culturas heterogênicas e com formações também diferentes, por isso, formar para o trânsito é certamente uma oportunidade de conviver com experiências diversas. É fundamental que se construam mecanismos de formação e de regulamentação de regras que garantam aos motoristas, mais segurança e menos conflitos, embora estes sejam inevitáveis. Segundo Bruns (2006, p.5), as estratégias e os materiais da Educação para o Trânsito são elaborados para serem usadas em grupo, visto que, nos trabalhos em equipe, cada pessoa tem uma parcela de autoridade e condições para a formação do mecanismo social de respeito mútuo, de troca de informações e pontos de vista, que é à base da cooperação.
Assim como em outras categorias profissionais, a formação não pode ser pontual, pois o cidadão está em constante preparação para novos desafios. Nesse sentido, Lima (2013) salienta que a situação atual do trânsito é um problema de
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educação, tanto do motorista quanto do pedestre e afirma ser necessário divulgar as normas de trânsito nas instituições escolares, visto que os educandos também são pedestres e, em sua maioria, irão conduzir automóveis no futuro. Na infância, tornase mais fácil a aceitação de ensinamentos e condutas. A escola enquanto instituição formadora, juntamente com outros órgãos, também precisa organizar no currículo, elementos que, desde o início da formação, ou seja, na Educação Infantil, tornam possível aos alunos conhecer regras de trânsito e tornar isso um aprendizado continuo durante o período escolar, pois as crianças de hoje não se restringem a um único espaço de convivência e logo cedo, frequentam outros espaços que exigem preparo para enfrentar os desafios cotidianos. De acordo com Bruns (2006), além do aspecto teórico, a Educação tem por finalidade o aprofundamento e a tomada de consciência da realidade, fazendo questionar a “naturalidade” dos fatos sociais, entre eles o trânsito, e fazendo perceber que a realidade não é imutável. Dessa forma, a Educação para o Trânsito precisa promover o desenvolvimento do educando de modo sistemático, fornecendo-lhe conteúdos desde a Educação Infantil até o Ensino Superior, por meio de discussões, campanhas e, sobretudo, sensibilização para os temas essenciais do transito como uma atividade humana a exercer sua cidadania, consciente de seus direitos, deveres e responsabilidades (LIMA, 2013). A sociedade brasileira é muito desacreditada em relação ao conjunto de leis, assim como não acredita no processo educacional do sujeito para o trânsito, ou seja, a escola já não dá conta currículo mínimo a ela atribuído, haja vista a qualidade dos profissionais que têm sido formados em várias áreas do conhecimento. Na educação de trânsito, quando proposta por DETRANs, há também certa resistência em função do tempo previsto para cada curso, de custos para os condutores, com isso, há sempre questionamentos: Será que educar os motoristas e pedestres funciona? Segundo Lima (2013), países que investiram em Educação para o Trânsito obtiveram excelentes resultados. Bons exemplos disso são a Suécia e o Japão, que já amargaram estatísticas tão lamentáveis como as nossas e hoje são referências de trânsito seguro no mundo. A experiência de países que já passaram por situações críticas mostra que a Educação para o Trânsito funciona.
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Se em outros países educar foi uma alternativa para diminuir custos, acidentes e tornar os condutores mais humanos, por que não se pensar situações parecidas no Brasil? É preciso acreditar que a educação, do ponto de vista da sociologia, ainda é uma das melhores alternativas para salvar as pessoas da miséria, portanto, a psicologia de trânsito também pode ser a mentora de proposições para a melhoria das práticas de direção e convivência harmônica na sociedade. Apesar do fato de que a educação para o trânsito esteja regulamentada em lei, ainda não atinge os objetivos educacionais propostos. Isto porque, embora seja considerada tema transversal, o próprio Ministério da Educação ainda não a reconhece como tal. Por falta de uma melhor organização das diretrizes que podem nortear a educação para o trânsito no ensino regular, o currículo sobre o tema encontra-se estratificado, inconsistente e não raro desmotivante para os professores. Desse modo, conclui-se que a questão da educação para o trânsito precisa ser revista, já que é de fundamental importância que as crianças e adolescentes tenham contato com a mesma, de preferência, nos primeiros anos de vida. 4.3.2 Projetos Educativos No Brasil já se realizam projetos muito interessantes e que têm como o principal objetivo a prevenção e educação desde os primeiros anos das crianças na escola. A saber, serão apresentados alguns desses projetos com os seus objetivos, os quais segurem ações relevantes e que podem ser adotados por escolas, comunidades e sociedade em geral. É interessante citar o Projeto Bi-Bi Fom-Fom: Aprender a conviver com o trânsito da professora Rosa Maria Mesquita Ceia que objetiva educar para o trânsito, o qual tem atividades e objetivos específicos muito bem definidos como conscientizar a comunidade escolar sobre as regras e normas relativas ao trânsito, de modo a preservar a integridade física de pedestres e condutores de veículos; construir valores que possam ser viabilizados na vida prática dos membros da comunidade. A ideia de construir valores é muito importante em qualquer área do conhecimento, haja vista que tais valores têm se perdido e com isso, as formas de convivência também se perdem (CEIA, 2017).
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Outro objetivo imprescindível no projeto da professora é valorizar ações de cooperação, desenvolvendo atitudes compartilhadas. Essas ações contribuirão para que as crianças que convivem direta e indiretamente com o trânsito, possam disseminar práticas que denotem a boa convivência por último, a professora apresenta o um objetivo que se propõe a incentivar o educando a expressar seus anseios e conhecimentos relativos ao trânsito por meio de diversas áreas de conhecimento, ou seja, a interdisciplinaridade presente, evitando que um projeto dessa natureza fique apenas sob responsabilidade uma pessoa ou de uma disciplina. A semana do trânsito também é uma ação de maior abrangência, a qual ocorre todos os anos com ações dentro das escolas que a critério de cada instituição, são realizadas palestras, oficinas, debates, passeatas e principalmente discussões em sala de aula, pois é um projeto de todos para todos. Ainda em relação aos projetos de cunho educativo, pode-se mencionar o XII Prêmio DENATRAN de Educação no Trânsito (LOPES, 2017), o qual traz seis objetivos grandiosos e que seguramente, incentiva a convivência harmônica no trânsito, pois Compreender o trânsito como um espaço de convivência diária; Desenvolver a Linguagem Oral e Escrita; Estimular a participação ativa dos educandos no processo ensino e aprendizagem; Promover pesquisas de campo; Sensibilizar os alunos e a comunidade e realizar análises, reflexões e debates sobre a importância de seguir as regras e as normas sociais e legais que disciplinam as pessoas para o uma convivência saudável sem causar danos ao outro.
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5 CONCLUSÕES Ao final deste trabalho, alguns aspectos merecem ser tratados com maior ênfase e possíveis proposições para novas pesquisas e principalmente, novos cursos na área da Psicologia do trânsito para melhor preparar os profissionais que realizam exames, testes e outras atividades inerentes ao trânsito. É imprescindível também que outras instituições, especialmente a escola, se engajem na formação das crianças a fim de que estas tenham conhecimento acerca dos riscos e aprendam a enfrentar os desafios a elas impostas. Para isso, os Estados, através dos seus mecanismos de formação, precisam investir para prevenir e não para criar hospitais que atendam aos milhares de acidentados que a cada ano cresce em razão do grande número de automóveis e de pessoas que circulam nas grandes cidades e rodovias. É fundamental que as leis já existentes sejam cumpridas. Essa é outra situação que há anos se discute, mas a eficácia das mesmas fica restrita aos tribunais e muitas vezes, a vida custa apenas alguns reais pagos para que os infratores sejam soltos. Da mesma forma, é imprescindível que os recursos arrecadados sejam revertidos para a manutenção de rodovias, fiscalização e segurança para os que trafegam nas estradas. A formação de psicólogos de trânsito também é uma necessidade urgente, e não apenas em nível de graduação, é fundamental que o Estado brasileiro oportunize cursos de pós-graduação que garantam melhor qualidade de vida aos profissionais que lidam com os conflitos inerentes ao trânsito. O surgimento da psicologia de trânsito na década de 30 e a contratação de profissionais da mesma, somente 20 anos depois, demonstra o quanto as mudanças são lentas. Ainda assim, é possível acreditar que a realização de ações conjuntas, a criação de regras e se preciso, o endurecimento das leis de trânsito, culminará numa sociedade mais consciente e, consequentemente, menos acidentes, menos conflitos. Além disso, é fundamental que as autoridades pensem em novas alternativas a partir de projetos educativos, como os apresentados neste trabalho e que a sociedade também faça sua parte, pois nenhuma lei terá valor se as pessoas não assumirem as responsabilidades que lhes são convencionadas.
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De acordo com dados levantados, a imprudência e a desobediência à legislação de trânsito são as principais causas de Acidentes de Trânsito no país, causando enorme impacto na morbidade e na mortalidade populacional, ocasionando custos sociais elevados com a previdência e cuidados com a saúde. O problema trânsito transformou-se numa questão cultural urgente. A educação para o trânsito não pode ser isolada do contexto da cidade em que tem lugar, mas sim, estar ligada ao contexto social e cultural mais amplo. Trânsito é pedestre, passageiro, ciclista, catador de papel e demais condutores. Preparar culturalmente a sociedade para o Trânsito é transformar a história em favor da preservação da vida e sua inclusão desde a pré-escola pode se tornar numa importante aliada na luta pela preservação da mesma.
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