Propedêutica
Prof. Alexandre H. Reis
a uma flosofa da cultura
A Idéia de Universidade e as idéias das classes médias Otto Maria Carpeaux
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In Ensaios Reunidos Editora Topbooks
Jamai Jam aiss es esqu quec ecer erei ei o di dia a em qu que e en enttre reii pe pela la primeira vez com toda a in!enuidade dos meus dezoito anos no solene recinto da Universidade da min"a cidade natal# Um p$rtico silencioso# %as paredes viam&se os bustos dos pro'essores que ali estudaram e ensinaram( no busto de um "elenista lia&se a inscri)*o+ ,Ele , Ele acendeu e transmitiu a flâmula sagrada,( sagrada,( e no busto de um astr-nomo+ , O princípio que traz o seu nome ilumina-nos os espaços celestes ,# %o meio do p.tio num pequeno /ardim sob o ameno sol de outono er!uia&se uma est.tua de mul"er nua com ol"os eni!m.ticos+ a deusa da sabedoria# 0il1ncio# %*o esquecerei nunca# A decep)*o 'oi muito !rande# 2ia a biblioteca coberta de poeira os audit$rios barul"entos estupidez e cinismo em cima e em baixo das cadeiras dos pro'essores exames '.ceis e 'raudulentos brutalidades de bandos que !rititav !r avam am os im imbe beci ciss sl slo! o!an anss po pol3l3titico coss do di dia a e qu que e se c"amavam ,acadêmicos ,acadêmicos,# ,# A 4ltima vez que passei perto deste , templo das Musas, Musas , o edi'3cio estava 'ec"ado( os estudantes "aviam&se /untado a uma imensa mani'esta)*o popular# 0abia muito bem be m o qu que e iss sso o si si!n !nii'i'ica cava va pa para ra mi mim m+ um ad adeu euss pa para ra sempre# Ol"ando pelas 'restas das portas monumentais 5 est.vamos na primavera 5 via sob a luz branda do sol os p$rticos as vel"as pedras o /ardim e a deusa nua tendo
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nos l.bios o sorriso eni!m.tico da morte# E recon"eci um 'im de'initivo# 6or toda parte as universidades s*o doentes sen*o moribundas e isto é !rande coisa# Os iniciados bem sabem que n*o é esta uma quest*o para os peda!o!os especializados# 7as universidades depende a vida espiritual das na)8es# O 'im das universidades seria um 'im de'initivo# O abismo entre o pro!resso material e a cultura espiritual aumenta de dia para dia e as armas desse pro!resso nas m*os dos b.rbaros é 'ato que clama aos céus# Os edi'3cios das universidades resistem ainda e neles trabal"a&se muito demais 9s vezes mas o edi'3cio do esp3rito esta catedral invis3vel est. amea)ado de cair em ru3nas# Em tempos mais 'elizes a sueca Ellen :e; dizia com sutileza+ ,Cultura é o que nos resta depois de termos esquecido tudo quanto aprendemos, E deste modo somos riqu3ssimos de saber e mendi!os de cultura#
ells pode dizer+ !e are entered in a race "et#een education and catastrop$e# ?Entramos numa corrida entre educaç%o e cat&strofe@ A3 est. a quest*o da Universidade# uem é o culpadoB Evidentemente é inadmiss3vel simpli'icar uma discuss*o de tal enver!adura# Acusa&se o Estado por ter&se intrometido e acusa&se o Estado por n*o se intrometer# Acusam&se os pro'essores por mer!ul"arem nos ensinos pro'issionais e descuidarem&se da ci1ncia desinteressada e acusam&se os pro'essores por mer!ul"arem na ci1ncia pura sem saberem ensinar# Aqui queixam&se de as universidades n*o 'ornecerem elites de que a na)*o tem necessidade( ali queixam&se de que as universidades 'ornecem elites demais um proletariado intelectual# Abundam os remédios propostos# 7ese/am salvar as universidades pela separa)*o entre as institui)8es puramente cient3'icas e os institutos de ensino o que a!ravaria o problema em vez de o resolver+ a ci1ncia seria assim a'astada da vida e o ensino entre!ue 9 rotina# al"am i!ualmente as tentativas mais bem pensadas de curar a doen)a in'undindo uma nova cren)a ou uma vel"a 'é+ teremos os mesmos estudantes os mesmos bac"aréis os
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mesmos doutores que antes e as suas boas cren)as n*o resolver*o a doen)a da Universidade# 6orque n*o cabe 9 Universidade 'ormar crentes nem sequer su!erir convic)8es mas dar ao estudante capacidade para escol"er a sua convic)*o# J. abundam os "omens ce!amente convictos muito ,pr.ticos, ,4teis, para os servi)os do Estado da I!re/a dos partidos e das empresas comerciais# 6ode ser que todas essas institui)8es lamentem em breve a abundDncia de "omens convictos e a 'alta de "omens livres# Ent*o acusar&se&. amar!amente o utilitarismo das universidades modernas# O utilitarismo é o inimi!o mortal da Universidade# Mas o que quer dizer pr&tico 'til B A resposta n*o é t*o simples# 6or 'elicidade os poderosos deste mundo introduziram um novo ponto de vista ao qual /ul!o que devemos al!umas perspectivas novas# 6ara a mentalidade média do nosso tempo a utilidade das ci1ncias é determinada se!undo as aplica)8es pr.ticas+ a '3sica e a qu3mica que nos 'orneceram a luz elétrica e os !ases as'ixiantes s*o as ci1ncias 4teis( a "ist$ria e a 'iloso'ia que n*o nos 'ornecem nada s*o ci1ncias ,in4teis,# Apelo desta senten)a para a sabedoria de certos "omens pr.ticos que disso entendem muito bem# Certos re!imes ditos totalit.rios ac"aram indispens.vel re!ular pela 'or)a o estudo das ci1ncias cu/as conseq1ncias pr.ticas poderiam abalar estes re!imes# Ora que vemos n$s com surpresaB Estes re!imes n*o se ocupam absolutamente com as ci1ncias ,pr.ticas, a '3sica e a qu3mica que continuam bem tranqilas# Mas as ci1ncias totalmente in4teis a "ist$ria a 'iloso'ia os estudos liter.rios s*o /ustamente as 'avoritas dos re!imes totalit.rios que as abra)am até su'oc.&las# F di!no de nota# Mas o que é ainda mais not.vel é uma certa coincid1ncia# 0abemos que a Universidade (ni)ersitas *itterarum é uma cria)*o da Idade Média# Ora os ditos re!imes n*o se ocupam com as ci1ncias naturais que a Idade Média con"ecia pouco e que se /untaram mais tarde 9 Universidade# Tratam somente das ,vel"as, ci1ncias
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das *itterae que na Idade Média /. eram con"ecidas e que 'ormam a verdadeira alma da Universidade# Est. claro# oram /ustamente estas *itterae que 'ormaram os caracteres das na)8es( e aquele que dese/ar trans'ormar uma na)*o dever. trans'orm.&las inte!ralmente# Eles sabem o que é uma universidade# A "ist$ria das universidades é a "ist$ria espiritual das na)8es# A ran)a medieval é a 0orbonne cu/o en'raquecimento coincide com a 'unda)*o renascentista do CollG!e de rance e cu/o prolon!amento moderno é a Ecole %ormale 0upérieure# A In!laterra mais conservadora é sempre Ox'ord e Cambrid!e# A Aleman"a luterana é >ittember! e Iena( a Aleman"a moderna é Honn e Herlim# As vel"as universidades s*o de utilidade muito reduzida# Elas n*o 'ornecem "omens pr.ticos( 'ormam o tipo ideal da na)*o+ o lettré o gentleman o+e"ildeter # Elas 'ormam os "omens que substituem nos tempos modernos o clero das universidades medievais# Elas 'ormam os clercs# As universidades americanas t1m a mesma ori!em# As vel"as universidades da América atina 5 ima México Ho!ot. C$rdova 5 s*o 'unda)8es da Coroa de Espan"a( mas 'oram desde o in3cio con'iadas aos 'rades e /. a primeira cédula de 'unda)*o a ordem real do imperador Carlos 2 de K de setembro de KLLK d. claramente a entender o sentimento da responsabilidade perante o esp3rito o esp3rito desinteressado da Universidade medieval+ ,ara ser)ir a eus. /osso 0en$or. e ao "em p'"lico de nossos reinos. con)ém que nossos )assalos. s'ditos e naturais ten$am (ni)ersidades e Estudos +erais em que se1am instruídos e titulados em todas as ciências e faculdades. e pelo muito amor e )ontade que temos de $onrar e fa)orecer aos de /ossas 2ndias. e desterrar deles as tre)as da ignorância. criamos. fundamos e constituímos na cidade de *ima dos reinos do ,eru. e na cidade de Mé3ico da /o)a Espan$a. (ni)ersidades e Estudos +erais# %ada mais eloqente admir.vel do que semel"antes termos "averem sido empre!ados quando os puritanos 'undaram em KN a primeira universidade da América
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in!lesa a de
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terminar os estudos# Junte&se a isto a benevol1ncia plenamente /usti'ic.vel que os examinadores l"es devem como recompensa dos seus es'or)os# Em suma o n3vel baixa sensivelmente# O n3vel baixa dizemos até o n3vel dos estudantes ,ricos,# 0*o estes os que t1m necessidade de um !rau acad1mico porque o pai tem um porque isto d. certa considera)*o na sociedade ou para adornar 'ortuna um pouco recente# Entre os estudantes ,ricos, existem os pobres que dese/am manter penosamente o standard de uma 'am3lia em decad1ncia o que é ali.s muito louv.vel# Existem outros verdadeiramente ricos que n*o t1m necessidade de estudar mas que através dos estudos testemun"am !rande respeito 9s ci1ncias( e estas por sua vez precisam deles para subsistir materialmente# Em todo caso os seus estudos n*o s*o de necessidade absoluta( eles n*o estudam mais do que o necess.rio o indispens.vel para passar nos exames( os es'or)os ulteriores parecem& l"es rid3culos# E s*o eles que pela sua situa)*o social determinam o n3vel !eral# E esse n3vel é a morte da Universidade# ueixam&se de que as universidades /. n*o 'ornecem elites# 0im mas em compensa)*o 'ornecem verdadeiras massas porque as ci1ncias modernas e suas investi!a)8es t1m menos necessidade de cérebros que de batal"8es de estudantes( e para isto eles satis'azem# A inteli!1ncia que é precisa para estudar uma pro'iss*o mesmo acad1mica n*o é t*o !rande como os lei!os ima!inam# <. v.rios séculos um s.bio in!l1s o c-ne!o dr# Copleston 'elloP do Ariel Colle!e em Ox'ord predizia+ 4inda que a ciência se1a fa)orecida por essas concentraç:es de inteligência a seu ser)iço. os $omens que se encerram nas especializaç:es têm a inteligência em regresso ?Citado pelo cardeal %ePman =$e idea of a uni)ersit7 p# Q@# F o re!redir de uma elite 9 condi)*o de massa ornada de t3tulos acad1micos# F preciso que se di!am aqui al!umas verdades muito impopulares e muito desa!rad.veis# Existe Inteligência e existem ,intelectuais,# Intelectuais s*o
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os médicos os advo!ados os 'uncion.rios superiores de toda espécie os especialistas cient3'icos de toda sorte# Mas deve&se dizer que somente uma parte desses ,intelectuais, pertence 9 Inteligência que é por seu lado o resto dos ,clercs, da elite de outrora# 0e/amos sinceros+ podemos ser bom médico bom advo!ado bom pro'essor e ter o esp3rito preso aos limites da pro'iss*o( e sabemos que o !rau acad1mico nem sequer é sempre a !arantia de boas qualidades pro'issionais# Mas ele con'ere sempre uma autoridade social# José Orte!a ; =asset caracterizou essa nova espécie de intelectuais violentamente mas sinceramente+ /ue)o "&r"aro. retrasado com respecto a su época. arcaico 7 primiti)o en comparaci el ingeniero. el médico. el a"ogado. el científico# ?Misi
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instrumento se mostrou en'im mais 'orte do que o mestre e que os oper.rios e os capitalistas perderam /untos a liberdade de movimento pela a)*o deste inimi!o de ambos 5 as classes médias# ato 'undamental do nosso tempo+ o 'ascismo propa!a&se e vence através das classes médias das quais é a express*o triun'al# O 'ascismo 'oi imposs3vel na 4ssia# F também um 'ato 'undamental que a 4ssia n*o con"eceu n*o teve uma classe média# Ora se!uindo a corrente da época o bolc"evismo criou uma classe média# A burocracia soviética os stak"anovistas e outras camadas privile!iadas do operariado n*o s*o outra coisa sen*o uma nova classe média# Considerando nos outros pa3ses a ascens*o de camadas i!ualmente novas que o século I ainda n*o con"ecia verdadeiros exércitos de empre!ados privados de 'uncion.rios p4blicos de pequenos empres.rios todos 'ormados num re!ime de ensino secund.rio ou superior muito 'acilitado essas massas de "omens todos mais ou menos educados essas multid8es de , pequenos intelectuais,( considerando essas multid8es de "omens novos nem capitalistas nem trabal"istas que :arl Marx n*o podia prever deve&se precisar o pensamento+ o 'ascismo e o bolc"evismo t1m o lado comum de serem express8es das novas classes médias# E a ideolo!ia que permite explicar o esp3rito das novas classes médias é a ideolo!ia pequeno& bur!uesa violentamente revolucion.ria e anti&intelectualista# Explica&se por isso que =eor!es 0orel o pai espiritual comum do 'ascismo e do bolc"evismo =eor!es 0orel o ide$lo!o da viol1ncia se/a um "omem pro'undamente pequeno&bur!u1s representante t3pico das classes médias 'rancesas preocupado com a decad1ncia das ,autoridades sociais, que ele concebeu 'ielmente no esp3rito conservador de e 6la;( preocupado en'im com a decad1ncia vital da ra)a latina pela qual ele responsabiliza violentamente aInteligência( ao esp3rito ele pre'ere a vitaliza)*o pelos instintos b.rbaros da massa# ica&se a admirar que 0orel 'ale em decad1ncia na ran)a dos Taine e Her!son dos laubert e 6roust dos
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Mallarmé e Claudel dos 7e!as e Cézanne dos odin e 7ebuss; dos 6asteur e
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!rande capitalismo precisa mais de exércitos de pequenos empre!ados do que de self-made men( as pro'iss8es liberais est*o superlotadas( o movimento socialista repele os que resistem 9 proletariza)*o e suas "umil"a)8es e priva)8es# 6rivada dos privilé!ios da Inteli!1ncia a classe média quebra 'uriosamente o instrumento como uma crian)a quebra o brinquedo insubmisso# F uma crian)a essa nova classe média( mas uma crian)a peri!osa c"eia dos ressentimentos dos déclassés 'uriosa contra os livros que /. n*o sabe ler e cu/as li)8es /. n*o !arantem a ascens*o social# Est. madura para a viol1ncia# A viol1ncia é o 'en-meno ,espiritual, central das novas classes médias e da nossa época( si!ni'ica a determina)*o de empre!ar todas as armas todas as que o es'or)o do esp3rito criou para conse!uir um 'im material+ a salva)*o social da classe# %*o se admitem outros 'ins# idiculizam ou anatematizam todos os es'or)os independentes desinteressados do esp3rito# Admiram a especializa)*o 4til do ,intelectual de pro'iss*o, e banem o "umanismo do ,pro'essor,# A viol1ncia anti&intelectualista das novas classes médias é a'inal uma 'alta de educa)*o ou antes o 'ruto de uma 'alsa educa)*o# ruto da 'alsa idéia que as classes médias 'ormavam da Universidade+ da nova Universidade que 'ornece exércitos de médicos advo!ados e técnicos em vez de ,clercs, de uma elite# O problema capital do nosso tempo o problema da elite é no 'im das contas um problema de peda!o!ia "uman3stica# Existe mesmo "o/e pol3tica que consiste na extermina)*o das elites pelas armas dos especialistas# E 'oi bem preparada+ da diminui)*o das li)8es latinas existe apenas um passo para a destrui)*o dos livros e dos museus# O resultado mais 'reqente da moderna educa)*o universit.ria é um decidido adeus aos livros# Mais tarde combater*o as ,l3n!uas mortas, na escola# En'im declarar*o in4til todo o ensino secund.rio com as suas idéias va!as e in4teis duma ,cultura !eral,( talvez toquem com isso no ponto nevr.l!ico da discuss*o# Todo o problema espiritual dos nossos dias é pois um problema de 'alta de educa)*o
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"uman3stica um problema peda!$!ico( e todo o problema peda!$!ico dos nossos dias é um problema da escola espec3'ica das classes médias da escola secund.ria# 0e!undo o re!ime escolar vi!ente em todos os pa3ses sem exce)*o a Universidade dedica&se ao ensino pro'issional superior enquanto a ,cultura !eral, 'ica reservada ao ensino secund.rio aos !in.sios e aos liceus# uer dizer+ o ensino da cultura !eral limita&se aos /ovens de dez a dezoito anos# 7epois a ,cultura, termina e a medicina e a /urisprud1ncia come)am sem nen"uma ,cultura !eral,# Os con"ecimentos do ensino secund.rio empalidecem naturalmente com o tempo( mas ainda ". coisa pior+ todo esse ensino de ,cultura !eral, é 'eito ao alcance de /ovens de dez a dezoito anos+ a "ist$ria a 'iloso'ia a literatura amoldadas ad usum elp$ini e 'or)osamente puerilizadas# E a3 'ica# %unca mais o /ovem médico ou en!en"eiro ouve 'alar em "ist$ria 'iloso'ia literatura exceto pela imprensa ou pelo r.dio que se colocam ao alcance do esp3rito das !randes massas pueris por natureza# esultado+ um esp3rito arti'icialmente preservado no estado pueril com uma 'orma)*o pro'issional superposta# Con"e)o bem as numerosas exce)8es que 'elizmente existem# Mas em !eral estas massas !raduadas se distin!uem dos iletrados somente por uma autoridade pro'issional que as torna menos 4teis que peri!osas# Ainda uma vez cito Orte!a ; =asset+ *a peculiarísima "rutalidad 7 la agresi)a estupidez con que se comporta un $om"re. cuando sa"e muc$o de una cosa 7 ignora de raiz todas las dem&s# ?O c # p# KSK@# Eles porém os iletrados t1m sempre raz*o porque s*o muitos e ocupam um lu!ar de elite esse ,proletariado intelectual, sem din"eiro ou com ele isso n*o importa# Jul!am tudo e tudo deles depende# 1em os livros e decidem sobre os sucessos de livraria criticam os quadros e as exposi)8es aplaudem e vaiam no teatro e nos concertos diri!em as correntes das idéias pol3ticas e tudo isto com a autoridade que o !rau acad1mico l"es con'ere# Em suma desempen"am o papel de elite# 0*o os nou)eau3 ma?tres
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os se@oritos arro!antes !raduados e violentos( e n$s so'remos as conseq1ncias amar!amente cruelmente# !e are entered in a race "et#een education and catastrop$e >ells tem muita raz*o# Mas é de !rande importDncia datar a des!ra)a# Esta cat.stro'e irrompeu sob o si!no do pro!resso e o pro!resso ilimitado muito do !osto de um >ells cavar. mais pro'undamente o abismo# O verdadeiro camin"o é a volta# Temos mais uma vez ,a disputa do medievalismo,# Uma coisa 'ica porém+ a Universidade é uma cria)*o da Idade Média# Todas as universidades medievais s*o por princ3pio institui)8es ,clericais,+ elas 'ormam os clercs# O restabelecimento das universidades ,clericais, é uma restaura)*o de tradi)8es# uatro ou cinco 'aculdades reunidas n*o constituem ainda uma universidade# Elas n*o criam esta ,con)i)ence of sciences. #$ic$ forms a p$ilosop$ical $a"it of mind , de que 'ala o cardeal %ePman# %*o se trata destas ci1ncias ou daquelas pro'iss8es# Trata&se do esp3rito comum que as anima do esp3rito 'ilos$'ico anti&utilit.rio desinteressado que as nossas universidades perderam e que é a pr$pria Idéia de Universidade# 7errubemos pois este estado de coisas# F ao ensino secund.rio que cabe o preparo do ensino pro'issional dispensado nos "ospitais e na ma!istratura# Em conclus*o é 9 Universidade que incumbe a 'orma)*o do esp3rito da ,clericatura,# 2oltemos aos estudantes+ o seu utilitarismo mais peri!oso que o das ci1ncias perdurar. enquanto a 'req1ncia das universidades 'or a c"ave para as posi)8es de mando na sociedade# 2erdadeiramente o oposto deste utilitarismo é o desinteresse no qual %ePman via o esp3rito e a idéia de universidade o esp3rito do clero universit.rio medieval que se sentia independente do mundo e somente respons.vel perante 7eus# 0em tais padres o altar 'ica vazio e o culto abandonado# 6oderia c"e!ar o dia em que nin!uém compreenderia mais as '$rmulas nem os poemas em que os quadros de embrandt seriam peda)os de tela e as
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partituras de Heet"oven 'arrapos de papel( dia da barbaria em que a "ist$ria "umana se trans'ormaria pela sucess*o de des!ra)as num 'ormi!ueiro mal or!anizado# E este dia talvez /. este/a mais pr$ximo do que realmente pensamos# ,0omos a 'ltima reser)a. fiquemos conscientes disto#, 5 dizia
* Otto Maria Carpeaux nasceu na Áustria em 1900 e veio para o Brasil por instância e esforço pessoal de Pio X! "aturali#ou$se %rasileiro em &aneiro de 19''( tendo se destacado como cr)tico e ensa)sta de literatura %rasileira e universal! rudito de s+lida formaç,o -uman)stica( Carpeaux tra%al-ou no Correio da Man-,( foi diretor da Bi%lioteca da .aculdade "acional de .ilosofia e da .undaç,o /etlio ar2as! .aleceu em 3 de fevereiro de 1945!