A FUNÇÃO DO DOGMA NA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA POR T.S. KUHN JOCINEI LOPES ARAÚJO1
Introdução. Neste trabalho buscou-se apresentar apres entar as ideias e conceitos utilizados pelo autor na explicação da função do dogma ao tratar sobre a investigação científica. Para fins de esclarecimento, o texto do autor foi publicado primeiramente, como parte de uma monografia datada de 1!", assim como, em trabalho anterior datado de 1#a. $alar de dogma dentro da investigação científica parece algo anacr%nico, no entanto, o autor demonstra de forma clara o papel &ue tal tema representa no processo formativo dos cientistas. 'uscamos compreender e apresentar de forma sucinta estas ideias para percebermos &ue o meio científico tamb(m enfrenta o dogma e &ue tal como ( entendido por muitos, de forma leiga ( claro, não se faz presente apenas dentro de instituiç)es instituiç)es doutrin*rias doutrin*rias religiosas. + dogma, dogma, segundo o &ue pudemos perceber do autor, autor, demonstra ter papel essencial na manutenção e aprofundamento dos conhecimentos dentro do campo de pes&uisas. Para expressar todas estas ideias, utilizaremos o m(todo de síntese pessoal da obra referida do autor, construindo uma uma redação baseada na problem*tica levantada pelo texto.
A Função do Do!" n" In#$%t&"ção C&$nt'(&)". + autor inicia sua apresentação elencando um &uestionamento essencial para nossa atualidade e &ue muitos tm como referencial ao tratarmos do perfil do pes&uisador científico, sea ela, a ideia de &ue o pes&uisador ( a&uele sueito desprovido de preconceitos e &ue est* sempre em busca da verdade obetiva dos fatos. er cientista, segundo ele, ( ser obetivo e ter espírit espírito o aberto. aberto. /sta /sta primei primeira ra caracter caracterizaç ização ão do profis profissio sional nal das cincia cinciass demons demonstra tra uma verdadeira discord0ncia com a realidade. omo defende o autor, a investigação científica
1 2cadmico do curso de $ilosofia #3 semestre, pela 4niversidade $ederal de 5ato 6rosso do ul.
7rabalho apresentado como forma de avaliação e nota para a disciplina de /pistemologia e 8ist9ria das incias ministrada pelo Professor :outor /ric;son ristiano dos antos. ontato do acadmico< lopes=cn>hotmail.com
como um todo at( pode apresentar tal característica, ou sea, ser obetiva e ter um espírito aberto, no entanto, tal realidade não condiz com a pessoa do investigador. 5ais a frente
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veremos &ue este perfil do profissional se deve em grande parte ao modo como sua formação o coloca diante da problem*tica a ser investigada. No processo investigativo, percebe-se uma antecipação das respostas almeadas para a&uilo &ue se est* pes&uisando. /ste procedimento visa alcançar os resultados pretendidos pelo problema estudado usando todo o aparato tecnol9gico disponível para isto, al(m de toda a carga de conhecimento herdada dos pes&uisadores &ue se debruçaram sobre o problema anteriormente. 8* neste processo, certa resistncia a outras teorias &ue pretendam contradizer a&uilo &ue est* sendo estudado. /sta reeição en&uadra-se dentro de duas características apresentadas por ?uhn, &ue perpassam toda investigação, sendo elas a @esistncia e o Preconceito demonstrando &ue o investigador nem sempre est* com espírito aberto como se pensa. omo nos mostra ?uhn, Preconceito e @esistncia demonstram ser a regra no processo de desenvolvimento científico. /mbora a presença destes fatores possa apresentar-se como um freio As inovaç)es e ao progresso, estas podem tornar-se características no processo de continuidade e vitalidade da investigação científica, tal procedimento ser* demonstrado com mais clareza &uando o autor apresentar os aspectos relacionados A educação. + papel desempenhado pelo material did*tico na formação científica dos pes&uisadores entendidos a&ui como instrumentos de trabalho a &ue os cientistas são submetidos para introduzirem-se no campo de pes&uisa e formação individual, apresentam características marcantes voltados apenas aos estudantes para ensinar-lhes o modo como irão fazer suas dissertaç)es. 2ntes de sua formação efetiva, os estudantes raramente entram em contato com a produção de profissionais das cincias. Nem mesmo uso de manuais originais para a investigação apresenta relev0ncia dentro do processo formativo, os estudantes são desencoraados a us*-los ou mesmo buscar nestas fontes &ual&uer forma de revisão sobre os problemas estudados. Bsso se d*, pela função dos manuais de ensino, preparados pelos formadores, &ue carregam em si a tarefa de preparar o profissional das cincias para a resolução dos paradigmas vigentes. Não havendo assim, uma preocupação de resolver ou mesmo gerar novas discuss)es sobre as diversidades de t(cnicas &ue a experincia elencou at( então.
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/ste padrão sistem*tico dos manuais apresentado pelo autor, não datam de antes do s(culo CBC, anterior a isto, o meio científico discutia seus conteDdos em forma de livros, &ue podemos chamar de obras originais, &ue todos os praticantes conheciam intimamente e admiravam como padr)es de avaliação e resultados pr9prios. + &ue se nota, ( &ue estes cl*ssicos eram referencias paradigm*ticas para seu tempo. 2 partir deles, a comunidade científica optava por um ou outro problema, a&uele &ue era reeitado ficava de lado e os escolhidos eram levados adiante como material de pes&uisa at( &ue novo referencial fosse criado e o anterior tamb(m deixado de lado. /ssa dedicação exclusiva a determinado paradigma apresenta uma adesão da comunidade científica aos resultados obtidos at( então, para eles, a certeza das respostas alcançadas permitem uma se&uncia de pes&uisa e apresentação mais clara do paradigma. Não parece haver a aceitação de reinterpretaç)es A&uilo &ue ( tido como resolvido, assim sendo, os paradigmas vão determinando todo um es&uema para o desenvolvimento das cincias maduras. +s paradigmas são assim, uma a&uisição &ue se chega no processo de desenvolvimento investigativo. +s períodos &ue antecedem e sucedem um paradigma são marcados por mDltiplos pontos de vista sobre determinado campo de atuação. Para fins de elucidação, o autor nos apresenta o caso da natureza da eletricidade &ue em seu tempo v*rias escolas buscavam, apesar de semelhanças, uma característica particular dos fen%menos el(tricos estudados por elas. Neste processo investigativo do campo el(trico, os grupos te9ricos elencavam o modo de funcionamento de suas teorias, no entanto, cada um a sua maneira, esbarrava em dificuldades &ue impediam o prosseguimento da pes&uisa. Pela falta de um conunto de convicç)es as investigaç)es acabavam girando em círculos, onde cada investigador começava seus experimentos sempre a partir da base dos problemas. Bsso se dava pela falta de uma teoria &ue pudesse ser apresentada de forma amplamente aceita e bem articulada. 2 partir de $ran;lin e sua teoria, o processo investigativo na *rea el(trica ganhou novo f%lego. ua teoria buscava explicar se não todos, mas a maioria dos efeitos el(tricos estudados anteriormente pelas escolas. Nota-se assim, &ue com a presença de um paradigma a comunidade se une e o desenvolvimento acontece. em a necessidade de revisitar constantemente suas bases fundamentais, a comunidade consegue prosseguir com sua
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investigação. /sse fator propicia o investimento e a concentração de esforços em novas f9rmulas e ferramentas &ue audem a elucidar o paradigma, dando assim, uma coerncia na pes&uisa e uma linha-mestra para orientar os trabalhos investigativos. om base na&uilo &ue * fora apresentado pelo autor, começa-se a esclarecer o &ue ele tomava como sendo um paradigma. 7rs definiç)es permitem-nos compreender melhor a concepção do autor sobre o assunto. /m primeiro lugar o paradigma seria um resultado fundamental que inclui ao mesmo tempo um\ teoria e algumas aplicações E em segundo caso apresenta-se como resultado cujo completar está em aberto e que deixa toda espécie de investigação ainda por ser feitaE por Dltimo e complementando as anteriores, o paradigma é um resultado aceito no sentido de que é recebido por um grupo cujos membros deixam de tentar opor-lhe rival ou criar alternativas. + paradigma nos conceitos apresentados ( evidente no processo investigativo das comunidades científicas, tal presença favorece o desenvolvimento das cincias maduras e vai se passando de um paradigma a outro a medida &ue as possibilidades de elucidação vão se esgotando. umpre-se assim um caminho investigativo e progressivo de desenvolvimento das cincias. 2ssim sendo, a partir de um determinado paradigma a comunidade científica ter* um olhar e modo de investigação ditado pelo modelo paradigm*tico vigente. /legendo desta forma, &uais &uest)es e t(cnicas sobre a natureza podem ser devidamente aplicadas na busca de soluç)es aos problemas. 2 partir da divulgação ou descoberta de um paradigma a comunidade científica passa a dedicar-se cada vez mais em conseguir coloc*-los de acordo com a natureza. + empenho investido nesta tentativa de austamento abarca grande parcela da comunidade de pes&uisa &ue aceita tal paradigma como desafio de pes&uisa. 7oda esta parcela de dedicação proporciona, ao longo do tempo, o desenvolvimento de novos, assim como o aprimoramento dos * existentes, sistemas e aparelhagens de pes&uisas. Para fins de elucidação, dois aspectos são desta&ues na an*lise do autor dentro do meio de pes&uisa. + primeiro aspecto demonstra &ue determinadas implicaç)es surgem dentro do 0mbito de pes&uisa de um paradigma, problemas &ue são apresentados como parte de uma grande problem*tica e &ue se fossem apresentados isoladamente não teriam o desta&ue ou mesmo a relev0ncia &ue tiveram. /m segundo lugar, um aspecto relevante diz respeito As
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buscas por resultados previstos de antemão. /sta previsão coloca-se como meta de pes&uisa na busca de austamento das respostas aos problemas propostos. om o aprofundamento das pes&uisas, problemas relacionados ao paradigma surgem e tomam parte do tempo de investigação, não se busca por(m, desvendar o desconhecido pelo contr*rio, o &ue se busca ( uma obtenção precisa do processo de acontecimento da&uilo &ue * ( conhecido, busca-se entender fen%menos existentes e &ue a partir do paradigma ganham desta&ue e seu entendimento d* aos pes&uisadores, bases de apoio para a resolução ou tentativa de resposta ao paradigma vigente. om a apresentação destes aspectos o autor define a noção de paradigma como o fornecedor das regras e obetivos, al(m ( claro, dos materiais necess*rios para os &uais o pes&uisador ir* se preparar e iniciar sua busca por respostas. 2 partir da adesão feita pelo individuo ou comunidade científica ao paradigma, e sua insistncia na busca pelos resultados exigidos, perceberemos o processo de evolução científica e a resolução de grandes problemas desafiadores. 2o &ue fora dito at( agora, podemos compreender melhor o papel desempenhado pelo cientista ao aceitar um paradigma e tom*-lo como campo de pes&uisa. Percebe-se &ue a natureza em sua complexidade e grandeza não permite descobertas ao acaso, explic*-la sem algo &ue conduza nossa investigação ou &ue d os par0metros de desenvoltura parece trabalho bastante *rduo e sem nenhuma produtividade. 2 presença de um paradigma na &ual o cientista recebeu sua carga de formação d* a ele as bases para a percepção e desenvolvimentos dos obetivos &ue tal paradigma pressup)e. om o empenho em austar os paradigmas A natureza novos fen%menos e teorias vão sendo descobertas, embora não sea este o obetivo inicial do investigador. 5as neste processo nem sempre h* o xito, e com a previsão de resultados o cientista detm unto de si, ao menos grande parte da&uilo &ue se espera alcançar. 2 partir de anomalias no processo de investigação, novos fen%menos e problemas podem ser descobertos. / ao analis*-los coloca-se em &uestão se são apenas erros de procedimentos ou se em algum momento determinado fen%meno não foi previsto, se em dada situação os aparelhos utilizados não foram suficientes para a conclusão das respostas. /nfim, analisando estes fatos novas descobertas podem ocorrer ou at( mesmo a revisão das bases paradigm*ticas se fazem necess*rias com o obetivo de dar continuidade e corrigir os problemas encontrados. + &ue se
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v ( &ue uma anomalia dentro do processo investigativo pode ter papel significativo para se preparar novas teorias e mesmo novas descobertas. Para as novas teorias surgirem deve-se primeiramente estar de acordo com as anteriores observando assim a&uilo &ue est* indo errado e buscando-se solucion*-lo com a nova.
Con%&d$r"ç*$% F&n"&%. Perceber a função do dogma dentro do campo de investigação científica proporcionanos uma visão mais ampla de como o processo de descobertas acontecem. onforme frisado pelo autor, a comunidade possui m(todos formativos &ue não permitem grandes mudanças, o dogma delimita a &ue *rea, &ual material e &ual obetivo de pes&uisa a&uele grupo focar*. :iversidades dentro deste processo, novas percepç)es ou &uestionamentos sobre as bases de pes&uisas s9 ganham relev0ncia &uando o processo de descoberta esbarra em situaç)es &ue não permitem a se&uncia dos estudos, nesse caso a comunidade observar* &ue tal impedimento ( uma anomalia consider*vel ou apenas um problema a ser resolvido. +bservando-se este círculo de aprimoramentos e estudos e a certeza das respostas &ue ele se prop)e alcançar percebemos a necessidade de buscar, no saber científico, a exatidão das nossas escolhas e a certeza &ue o austamento dos fen%menos A natureza &uando alcançados dão margem para &ue novos eventos se firmem e as inovaç)es aconteçam. 2t( mesmo o erro, &uando dado o devido valor, pode representar o início de uma nova ornada investigativa em busca de novas respostas.
REFER+NCIAS ?48N, 7omas amuel. 2 função do dogma na investigação científica. Bn< :/4, Forge :ias de. G+rgH. A )r't&)" d" )&,n)&". @io de Faneiro< Iahar editores, 1JK.